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PORQUE RAZÃO NINGUÉM É OBRIGADO A FAZER A VONTADE DE DEUS?
"Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu", Mat.6:10

Esta Terra tem uma vontade muito própria e peculiar – tem um jeito dela mesma também, um certo jeito de a encetar e empreender muito seu. E quando Deus vem para habitar no homem, não apenas se confronta com a vontade do homem, mas acima de tudo com o jeito dela. O pior que pode acontecer a um crente será tentar fazer a vontade de Deus do seu próprio jeito. Por essa razão lemos que Jesus ensinou a orar que a vontade do Pai seja feita aqui na Terra como ela seria feita no Céu - do mesmo modo, do mesmo jeito através do mesmo poder, com a mesma simplicidade e com a mesma realidade e obediência.

Caso a vontade deste mundo funcionasse, tudo estaria bem por cá; se o jeito de arranjar matrimónio fosse o ideal e não necessitássemos ouvir a opinião de Deus acima do sentimento, nunca haveria divórcios; se Deus não tivesse de me retirar o dinheiro e o amor por ele do meu coração, se a riqueza fosse o alvo a atingir sem pestanejar e sem perguntar a Deus qual a Sua opinião sobre o assunto; se Deus não tivesse uma vontade funcional, se nunca tivesse razão quando não se explica a nós e quando nem sequer se sujeita às tempestades das vontades da terra ou à vontade dos próprios homens, se Deus existisse para o homem e não o homem para Deus, logo de nada nos valeria aprender o jeito de nos aconchegarmos no seio de nosso Criador.

Mas, se assim é, se de facto a vontade de Deus é perfeita e capaz e além disso tem um poder e um jeito próprio de se instalar, de se promover, multiplicar e frutificar, se não existe bem melhor que essa vontade para cada humano viver em seu próprio lugar dentro duma vontade especial que germina e deixa semente para o próximo passo também, a qual o pode encaixar perfeitamente dentro dum todo global, se assim é, porque razão ela não é antes obrigatória e forçada sobre todo o ser humano? Porque e como terão os humanos de escolhê-la ainda como seu bem maior, para nunca andarem à deriva, sem que nem essa vontade se cumpra nem a maneira de se cumprir se instale dentro do homem e através dele? Vamos ver e levemos em linha de conta que o ser humano deve ser, acima de tudo, um ser responsável e decidido, mas acima de tudo de achar um jeito de conseguir cumprir após a decisão ou o voto de ir cumprir a vontade de Deus. Ele tem de ter os meios para cumprir, ou no mínimo saber qual o caminho de os obter. Os meios e os jeitos de se cumprir, são na verdade tudo o que o Novo Testamento é, Jer.31:30-34. E quem obtiver esses meios, conseguir viver e conviver com eles, pode morrer que estará apto a viver no céu também.

Havia um homem muito rico. Seus herdeiros nunca gostaram do jeito dele. Ele era justo, preciso, muito alegre e de poucas palavras, não se repetia e tudo que fazia dava certo porque era preciso e bastante fiel a seus princípios folgados de liberdade dentro da sua forma de justiça interior, os quais seus filhos ou achavam muito rígidos ou nem entendiam. Como eles sempre usufruíram do trabalho e obra de seu Pai, achavam que poderiam fazer suas próprias coisas através do que beneficiavam dele também, sem serem justos por dentro, já que seu pai o era por eles. Mas seu Pai queria que eles herdassem seu manancial e sabia que eles tinham de adoptar seu jeito primeiro, ou então tudo que construiu estaria severamente perdido e irremediavelmente destruído, destituído e seria desperdiçado nas mãos deles.

Ali começou a luta deste Pai. Ele fez de tudo para os filhos que ele criou amarem o jeito que mantinha seu império e reino folgado e flutuando naturalmente. Mas seus filhos achavam que sabiam melhor e desejavam fazer as suas próprias coisas usufruindo dos bens que o jeito do pai deles adquiriu e manteve intactos até então. Foi então que este pai, para bem desses mesmos filhos, incluiu em seu testamento que, caso eles não tivessem acesso ao seu jeito e não buscassem isso mesmo dele, não teriam nenhum dos direitos de herdeiros. E foi assim que começou a luta entre muitos filhos e pai.

Os filhos começaram a falar entre eles e o descontentamento fê-los afastarem-se ainda mais de quem os criou e gerou. Como viveram muito tempo longe tanto de seu próprio pai como do jeito dele fazer as coisas, começaram a viver da ilusão, pois com dificuldade aceitaram estarem destituídos de seus direitos de filhos. Quando nunca aceitamos realidades, apenas teremos a ilusão como alternativa. Foi ali que seu Pai arranjou um jeito de eles terem um acesso à aprendizagem do seu jeito em primeiro lugar sem terem acesso à sua fortuna e isso para bem deles, para que seu testamento novo fosse cumprido e seu império se pudesse manter através deles depois (pois, haviam-se alienado por completo de seu pai e da sua forma de estar na vida, da forma como ele a conhecia, tanto pelo esquecimento como pela falta de desejo de abrir mão do jeito que entretanto apanharam e se enraizou na sociedade que formaram). É muito difícil para alguém que viveu da ilusão, achar que tudo que seja real possa trazer-lhe algo de bom. É por isso que Jesus diz: "E ninguém, tendo bebido o (vinho) velho, quer logo o novo; porque ainda diz: O velho é que é bom", Lucas 5:39.

Eis aqui um dilema para este Pai resolver. Mas, na verdade, quem tem de resolver este dilema serão os filhos, mesmo que os filhos achem que é o pai (que já fez de tudo), pois não só ficou claro que o jeito é imperial para aquela vida que se criou dentro daquele império exclusivo onde a humildade e a justiça abundam e estão sempre na ordem do dia, como também está claro para eles que existe um jeito para aprender a aprender esse mesmo jeito e que já está tudo consumado. A condição de herdarem seu reino seria amarem seu jeito e não apenas adoptarem alguns de seus métodos.

Esta parábola é em tudo semelhante ao que aconteceu em nosso universo, onde entretanto nasceram filhos aos filhos em lugares distantes, onde estes estavam alienados do jeito do seu Pai. Logo, apenas aprenderam o jeito de onde viviam. Só não arranjavam explicação pelos anseios de justiça e honestidade que guerreavam dentro de seu ser contra os métodos de vida que conheciam e com os quais foram criados e que não existiam no lugar onde seu Pai os queria. Só que lhes era evidente que nunca entrariam dentro de Seu reino a menos que seus corações se mudassem para poderem fazer a vontade de quem queria um império de maior justiça ainda. Assim, caso rejeitassem o jeito do Pai, rejeitariam a vida também. Por essa razão, porque ninguém gosta de achar que pode perder sua vida, conciliaram-se com um jeito peculiar de acharem que, mesmo vendo os outros morrerem, que eles não morreriam e que continuariam em seus planos. Quando ouviram falar de seu Pai original, sempre acharam que ele seria a pessoa ideal para que eles conseguissem tudo que desejavam em seu próprio mundo. Então, começaram a bajulá-lo com formas de respeito mas nunca aceitando seu verdadeiro jeito. Diziam que O respeitavam, que o adoravam, que faziam homenagens a ele, que lhe rezavam e que lhe davam honras de boca. Sempre que pensavam nele, era apenas para forçá-lo a aceitar seus jeitos – os quais aprenderam. Tornaram-se negociantes e vendedores até com seu Pai. Começou-se, então, a inventar doutrinas que se espalharam apenas porque diziam e falavam aquilo que todo aquele que nasceu por cá gostaria que fosse verdade – cada qual com seu jeito e sua ideia. Foi então que nasceu a maior confusão, pois cada um tinha uma doutrina, a qual, para ele próprio acreditar nela mais e melhor ainda, achou por bem angariar adeptos que o seguissem. Quanto mais adeptos, maior seria sua "fé" e confiança no engano. O grande número de seguidores sedimentava conceitos e desejos de ilusão ainda maiores. Mas seu pai lá de cima nunca aceitou seus jeitos – nem podia, sob pena de destruir seu próprio reino caso os viesse a aceitar.

Na verdade, o homem rejeitou, não apenas o que é bom para seu Pai e Criador, mas ainda rejeita tudo que seria muito bom e excelente para si próprio. Ao ganhar uma vida própria, também ganhou uma teimosia e um jeito próprio de se impor, pois sua vontade nunca se tornaria funcional de outro jeito. Só a vontade de Deus não se impõe, pois esta tem um jeito peculiar de funcionar por si mesmo e é suave porque funciona por si, no descanso. Sempre que algo se impõe, é porque na verdade não é funcional. Daí nasceu a maneira dos homens de serem teimosos e obstinados e de acharem formas orgulhosas e próprias de se incentivarem uns aos outros. Os homens não apenas perderam o jeito natural de deus e que funciona sem o uso do esforço (pois Seu Jugo é sempre suave e leve), como também colheram e fabricaram um jeito que se impõe através da força porque nunca funciona porque precisamos nos opor pela força para nos afastarmos de Deus e duma consciência limpa. Mas, vindo a Deus, com isto perderam sua própria vida. Se não rejeitarem a "vida própria" à qual se acostumaram, perderão sua própria vida também. "Quem achar a sua vida perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á", Mat.10:39.

Agora podemos ver porque razão Jesus não ensinou a orar apenas que "A Tua vontade seja feita", mas antes, isso sim, "Que a Tua vontade seja feita como ela é feita no Céu"; isto é, que o jeito seja aprendido. Também podemos entender porque as pessoas terão de desejá-la de todo seu coração, porque seu coração se acha dividido entre seus anseios e desejos de seus jeitos se manterem vivos diante de Deus. Quem a busca de todo coração, jamais deixará espaço nele para seu próprio jeito.

Porque razão, então, Deus nunca força Sua vontade sobre os humanos? Permita-me perguntar-lhe algo: se alguém lhe viesse oferecer uma vida luxuriosa, um emprego com salários exorbitantes, se tudo isso lhe fosse oferecido como ser responsável que é, na condição de que apenas aprendesse o jeito justo e peculiar da empresa por troca de sua vida de trapos e enganos, porque razão seria ainda obrigado a aceitar tudo isso pela força? O homem não pensa, não sente que essa vontade é sua oportunidade única de se salvar ainda? Quem necessitaria ser obrigado a trocar um excelente emprego num bom local de trabalho por um ambiente péssimo e podre? Quem pode ser obrigado a trocar a liberdade num paraíso por uma prisão? Espero que já saiba porque razão a vontade de Deus nunca lhe será imposta, pois terá de a buscar para a desejar como ela é e não como você desejaria que ela fosse. Espero que ache Cristo. Amem.

José Mateus

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