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PORQUE RAZÃO O CAMINHO É ESTREITO?
"Segui (…) a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor", Heb.12:14

O caminho estreito é deveras estranho para aqueles olhos que ainda se queiram manter humanos, pois tudo lhes parece ser contraditório. Mesmo assim, parecendo estar repleto de contradições na sua aparência (por causa da maneira como os humanos se amam a si mesmos e também devido à consequente maneira de verem as coisas por se amarem a si próprios), é o caminho mais seguro que existe na face de toda a terra. Logo, vamos investigar este fenómeno, pois caminho mais simples de seguir nunca haverá, desde que Deus o provou por Cristo e o aprovou.

A luta entre a fé e a santidade parece ser algo a que nunca escaparemos por várias razões. Uma delas é que parece que a fé é aparentemente uma maneira de vir a receber as coisas que vamos e podemos vir a achar em Deus. Mas, a santidade também se opõe ao egoísmo e parece que leva ao sacrifício. Mas, o sacrifício e a obediência nunca foram a mesma coisa e por essa razão existe algo mais na vida de fé que prescindir das coisas que Deus nos poderá dar para glória Sua. Permitam-me explicar um pouco mais. 

O pólo central de todo tipo de pecado é o egoísmo, seja este aparentemente puro ou perverso. Ser egoísta nem sempre será ser-se perverso, pois lemos em 1 Cor.13 que alguém pode vir a oferecer sua própria vida por algo errado, por mero egoísmo apenas ou por algo certo sem ser aprovado por Deus. A bússola de todo homem afastado de Deus tem tendência para apontar para si mesmo, quer este ofereça, quer ele roube, quer ele abençoe ou amaldiçoe praguejando, quer este renuncie a tudo, quer se atire à posse de todas as coisas. O homem só sabe fazer as coisas por si mesmo e tudo quanto faz leva em conta seus sentimentos, sua maneira de ser, suas próprias ideias e conceitos, sua benevolência cultural, seu estatuto ou falta dele. Ser uma freira dedicada pode ser sinónimo de pecado e mero egoísmo e nunca santidade e castidade. A freira dedica-se ao que sente e os órfãos a quem se dedica são a causa do que sente. Deus desgosta-se mais com algo que se possa parecer com amor do que com o ódio aberto porque o ódio aberto é claro quando aquilo que parecer ser amor engana até ao próprio. Mas ambas as coisas são inteiramente desprezíveis do ponto de vista divino, pois para Deus o homem interior tem de morrer e não ganhar uma capa de santidade para se encobrir com ela.

Assim, podemos concluir que, caso Deus entre mesmo numa vida (caso isso seja real e não um assumir de coisas apenas), Seu alvo destina-se a alcançar o homem interior – tão só. O quartel-general de todo pecado é o egoísmo e por essa razão a Lei de Deus se resume a amar os outros como a nós mesmos e a Deus, que nunca teve uma mácula, de todo nosso coração e ser, como tudo que somos ou possamos vir a ser ainda.

Como desmembrar o egoísmo, então, sendo que Deus nos comanda a pedir? E mais ainda: comanda que recebamos, sendo que pedir nem basta?

Podermos receber de Deus tudo quanto pedimos, na ausência de qualquer tipo de egoísmo, de prazer veloz e encoberto da possessão, honra no feito e desgosto na perda. O santo apenas glorifica Deus com o que é e será para glorificar Deus que ele foi criado e vive. Um rico não se pode considerar santo sem vir a ser provado com seu dinheiro, tal como um pobre nunca se poderá considerar santo a não ser sendo plenamente provado pela sua pobreza. Desejar ser rico enquanto pobre, é o mesmo pecado que um rico tem quando deseja ser pobre para poder viver para Deus, pois ambos colocam condições à sua própria salvação.

Assim, alguém pode pedir paciência a Deus porque teme o inferno e não porque acha que será essa a única maneira de pensar, andar e caminhar dentro dos caminhos sóbrios e tolerantes de Deus. Impaciência é mais fruto de pecado do que pecado propriamente. Logo, deixando de existir a fonte a qual gera o pecado em nós, podemos usufruir de paciência pela nova vida que emana em nós no dia a dia. O pecado é coisa estranha ao ser criado à imagem de Deus. Mas os homens preferem pensar que não é. O homem tornou-se anti-natural ao ceder ao pecado. Logo, entrando nele esse pecado anti-natural, o homem deixa de ser constante e eterno, e sua vida consequente permite-lhe apenas aprender a andar conforme o vento que sopra, é paciente ou impaciente apenas mediante o que dita seu prazer ou desconforto. Eu já presenciei pessoas que se dizem impacientes passarem largos minutos num corredor diante dum cinzeiro fumando seu cigarro pacientemente até este terminar sem manifestarem um único sinal de impaciência enquanto fumam, parecendo que nem têm mais nada para fazer. Todo pecador tem aparência de santo quando se acha fazendo o que quer fazer, pois sua alegria transfigura seu rosto. Mas, bem aventurados são aqueles que se alegram no Senhor.

Logo, estando alguém fazendo as coisas que quer como quer, do modo que acha certo, tem uma aparente paz em seu ser que em muito o engana. É isto que as pessoas podem chamar de felicidade. Mas, será precisamente isto que levará todo ser humano para uma cova sem volta, para um fogo eterno, pois acha-se bem onde deveria estar a sentir-se mal.

Eis aqui uma história interessante de alguém que preferia passar a dor da perda a deixar de ser egoísta.

Uma senhora foi com seu esposo ao médico. Depois da consulta, o homem saiu do consultório e o médico mandou a esposa ficar ali para ter uma conversa com ele. O doutor disse-lhe que seu esposo morreria dentro de um ano a menos que ela ajudasse o esposo a sobreviver. Ela disse que, se a vida de seu amado esposo dependesse dela, estaria bem entregue. Mas, quando o médico começou a falar, seu sorriso começou a desvanecer logo ali. O médico disse: “Seu esposo tem graves problemas cardíacos e de úlceras no estômago que podem virar cancerígenas devido a stress, caso ele se sinta seja perturbado em casa. Assim, no durante todo este ano, a senhora deverá tratar seu marido muito bem, alimentando-o com a comida certa, sempre a horas, não perturbá-lo com problemas caseiros, nunca brigar com ele, respeitá-lo como, acarinhá-lo de forma não fingida, não perturbar seu sono, conceder-lhe um lar sem questões. No fundo, terá de andar com ele nas palmas de suas mãos. Acho que, nessas condições, a saúde de seu esposo ainda pode ser revertida”.

A senhora saiu silenciosa e pensativa dali e quando entraram no carro o esposo notou um silêncio muito estranho na esposa. Ela estava a ponderar sabiamente tudo o que o médico lhe havia dito. Mas, o marido que já não aguentava aquele silêncio, acabou por inquirir sobre o que o médico lhe havia falado em particular. Ela disse: “Meu esposo, o médico disse que vais morrer – não tem saída”. Foi assim que concluiu o seu raciocínio. É fácil amar quando somos amados, mas mesmo quando se trata de entes queridos, a pessoa tem tendência a recusar fazer algo que não seja por si própria.

José Mateus

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