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ALGUNS PENSAMENTOS E ALGUMAS CONTRADIÇÕES DOS CORAÇÕES E DAS VIDAS DOS HOMENS

(NOTA: OS PENSAMENTOS NESTA PÁGINA SÃO, NA TOTALIDADE, DE MINHA AUTORIA. NO ENTANTO, ACHAM-SE AQUI ALGUNS (MUITO POUCOS) QUE SE ASSEMELHAM A PENSAMENTOS DE OUTROS AUTORES PORQUE OS MODIFIQUEI UM POUCO PARA PODEREM EXPRESSAR MELHOR O QUE ME VAI NA ALMA. O QUE CONTARÁ, NO FINAL, É O CONTEÚDO E A VERDADE DO PENSAMENTO E NÃO O SEU AUTOR. OS AUTORES "TERMINARÃO", MAS, AS PALAVRAS DE DEUS PERMANECERÃO. ATÉ LÁ, "...ENTRE OS PERFEITOS FALAMOS SABEDORIA, NÃO PORÉM A SABEDORIA DESTE MUNDO...", 1Cor.2:6.

  1. "Todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Este versículo só fala do pico do iceberg da verdade que se esconde por baixo dele. Fala, apenas, da parte visível, do desenlace e resultado de certas condições cumpridas. Vamos dissecá-lo por partes. Sabemos o que é luz. A luz de Deus revela, manifesta as coisas como são e não como desejaríamos que fossem. Mas, de momento, revela ao próprio sobre o próprio. Paulo fala aqui daquelas coisas que se fazem em oculto e que são reprováveis. Se não fossem reprovadas pela consciência e pela luz de Deus não seriam praticadas em oculto. Existem pessoas que aprovam aquilo que elas próprias fazem em oculto e quase sempre essa aprovação também é ocultada. Ocultam o que fazem e ocultam a sua aprovação. E acabam ocultando a sua desaprovação quando mudam para não darem a entender que praticaram aquilo que passaram a reprovar. Quando viemos para a luz devemos saber fazer o oposto: revelar (manifestar) o que fazemos ou fizemos e reprovar abertamente com toda a sinceridade. Isso não é o mesmo que reprovar as obras dos outros abertamente para ocultar o fato de que nós próprios praticamos aquilo que vemos nos demais. Contudo, somente andando na luz de Deus com paz de espírito e sendo totalmente transparentes poderemos afirmar que andamos com Deus. Ser transparente é uma ofensa para o mundo e se a pessoa ainda é mundana nunca será verdadeiramente transparente. Isso significa que não anda na luz porque não é capaz devido ao que pratica e/ou aprova. Assim que consegue reprovar aquilo que se oculta por natureza, obtém aquela luz de Deus em forma de vida eterna e constante que tudo manifesta para que seja revelado aquilo que ainda falta ver. Um passo dado leva ao passo seguinte. Todas as demais coisas são reveladas quando alguém consegue reprovar de coração e com toda sinceridade aquilo que ocultava. Nunca obterá mais luz para todas as outras coisas que se seguem se não conseguir reprovar de coração e publicamente aquilo que é reprovável. Para que a luz incida sobre aquilo que ainda precisa regularizar pelo poder da graça, é necessário que tenha a capacidade honesta e sincera de reprovar aquelas coisas que são reprovadas e condenadas pela luz de Deus. Só assim as coisas podem ser manifestas claramente nos dias seguintes. Mas, existe um senão: ninguém pode esperar que as coisas sejam reprovadas em oculto. Se alguém andou nas trevas desde sempre vai ser tentado a fazer isso pela força da vergonha de haver cometido atos mantidos em oculto. Quando alguém começa a reprovar aquilo que faz ou fez mostra tanto aquilo que é ou foi quanto aquilo que praticou ou pratica. Logo, reprovar em oculto, por muito sincero que alguém possa ser, tem a intenção de ocultar aquilo que praticou ou pratica. E isso não é e nunca será andar na luz.

  2. "Tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Por norma, as pessoas continuam envergonhadas e, por vezes, com sentimentos de culpa depois que manifestaram e revelaram todos os seus pecados. Mas, a verdade afirma categoricamente que aquilo que já se encontra manifesto é luz e ninguém deve ressentir-se de nada estando na luz, sendo luz e vivendo na/da luz. Esse tipo de ressentimento, seja qual for a forma ou formato em que se apresente, será sempre um convite para voltar a andar nas trevas e abandonar a transparência.

  3. "...Aprovando o que é agradável ao Senhor", Ef.5:10. Esta palavra "aprovando" tem um significado especial, tanto no original quanto em nosso idioma atual. A raiz da palavra é "provar". Significa conseguir provar primeiro com o intuito de decidir a favor, no caso, aprovar. Ninguém deve aprovar aquilo que não provou experimentando na primeira pessoa. Não pode aprovar por via do testemunho de outros, mas, experimentando pessoalmente. Para aprovar é necessário experimentar de forma real - é necessário provar. Havendo experimentado, há que gostar de seguida sem qualquer ponta de hipocrisia. Se não experimentar e se não gostar não pode aprovar. Se aprovar não experimentando e não gostando será hipócrita e nenhum hipócrita entrará o reino de Deus, nem no Seu reino aqui na terra e nem depois da morte. Não é possível e muito menos aceitável aprovar por intuição, rótulo ou decisão sem haver provado e gostado. Isto tem muito que se lhe diga quando falamos de pessoas que viviam em inimizade contra Deus e se opunham à verdade por natureza. São essas pessoas que devem experimentar na primeira pessoa e gostar daquilo que nunca amaram e, agora, experimentam, isto é, experimentam na primeira pessoa. "Agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas, porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo", João 4:42. "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida", 1João 1:1.

  4. "Aquele que observar (guardar) e ensinar..." Mat.5:19. Estas palavras estão ordenadas de forma sequencial. Primeiro vem o observar e guardar. Só depois se pode ensinar. Não é isto que vemos hoje nos nossos púlpitos. Ouço com muita frequência - mais frequentemente do que possa imaginar - as pessoas ensinarem e logo de seguida afirmarem algo assim: "Mas, nós somos imperfeitos e todos nós erramos" e não sabem o mal que fazem à igreja! Se é assim, por que razão ensinam? Afirmam que não cumprem e ensinam ou, então, usam as palavras para manifestar uma "falsa humildade" que é igualmente condenável, Col.2:23. Paulo dizia: "Sede meus imitadores", 1Cor.4:16; 11:1; Ef.51; Fil.3:17. "O que vistes em mim, isso praticai", Fil.4:9.

  5. "...Firmes em um só espírito..." Fil.1:27. Esta firmeza tem alguns pontos que nunca poderemos ignorar ou mesmo desprezar. Não é o fato de as pessoas se entenderem que as torna firmes. São as pessoas firmes (em Deus) que são capazes de se entender. Essa firmeza tem de começar (e terminar) no espírito e nunca na carne. Não é agradando pessoas que se constrói esse tipo de firmeza de espírito. Antes pelo contrário: é deixando de agradá-las ou não conseguindo mais agradar pessoas. Somente deixando de se agradar mutuamente podem verificar se têm um mesmo espírito ou não. É a firmeza em Deus entre todos que faz com que as pessoas se possam tornar unidas em um mesmo espírito. Se têm um mesmo espírito não precisam de se agradar mutuamente para se tornarem uma união de firmeza. Na verdade, torna-se necessário deixarem de se agradar mutuamente. Não é necessário regar a terra onde já choveu. Caso tenham alcançado um mesmo espírito em Deus, agradarem-se mutuamente trará desunião e nunca verdadeira união. As coisas em Deus operam doutro modo, por via doutro poder e primam-se pela verdade e por optarem ser verdadeiros de coração. "Falai a verdade cada um com o seu próximo", Zac.8:16. Se o espírito não for igual nas pessoas nunca existirá união firme. Após estarem verdadeiramente firmes em Deus - de igual modo e no mesmo nível entre todos - terão, apenas, de permanecer em um mesmo espírito para que essa firmeza possa ser mantida. Isso é diferente daquelas uniões falsas onde o mundo e o cristianismo se juntam para se entenderem. Onde o mar e o rio se juntam, o sal torna-se insípido e isso favorecerá o mundo e não o sal. A verdadeira paz entre pessoas (um tipo de paz sem qualquer sintoma ou nuance de hipocrisia) depende da semelhança em essência das pessoas ou em que se tornaram desde o coração. As pessoas são unidas por via da essência e não pelo seu esforço. Os mentirosos entendem-se entre eles; os ladrões juntam-se facilmente e formam quadrilhas; os avarentos conversam avidamente uns com os outros; e os santos que buscam exclusivamente toda a glória de Deus sentam-se facilmente à volta da mesma mesa com verdadeira alegria. Sendo ou obtendo uma mesma essência, o pequeno esforço exigido após isso para se tornarem uma verdadeira união advém do fato de haverem construído mentes obstinadas e diferentes na vida anterior num mundo flutuante, sem eixo e sem qualquer tipo de firmeza real por estarem longe de Deus como ovelhas desgarradas que seguiram seus próprios caminhos. Mentes diferentes foram construídas ao longo dos anos em pessoas distintas que, agora, obtiveram um mesmo coração, uma mesma essência que as faz concordar umas com as outras caso deixem de fazer uso dos modos/métodos antigos e de fórmulas carnais. Cada um se havia desviado pelo seu próprio caminho e são essas mentes autónomas que devem ser reintegradas numa nova essência que já se tornou comum em todos aqueles que são verdadeiramente santos e obtiveram um mesmo alvo/propósito: seu Senhor e a busca exclusiva de toda a Sua glória desde o coração. Falando para pessoas com suas essências transformadas em Deus, precisamos, apenas, dizer: "transformai-vos pela renovação da vossa mente", Rom12:2. Aos tais basta somente que lavem seus pés e não tudo. "Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo", João 13:10. Necessitam, apenas, acertar agulhas. Não existe paz verdadeira ou verdadeira concordância entre pessoas com essências distintas. Se existir será, apenas, uma paz e uma concórdia aparentes entre elas na medida do egoísmo e da necessidade de cada um desde que não sejam ultrapassados os limites dum dos envolvidos. Mas, a paz entre pessoas da mesma essência é fácil, mesmo entre pessoas diferentes, raças diferentes e até mesmo com idades diferentes. Sempre que as pessoas não se entendem, nunca devemos optar por curar esse ferimento superficialmente, embora, muitos nem achem que isso seja um ferimento. Devemos, antes, deixar a ferida aberta para que se cure naturalmente após o tratamento da essência de quem busca verdadeira paz e verdadeira concórdia. Não devemos optar por estabelecer uma paz falsa, pois, existe um fosso que não se pode ultrapassar entre pessoas de jugo desigual. "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, Eu vo-lo afirmo; antes, divisão", Luc.12:51. Uma nova essência é capaz de trazer divisão, dissensão e incurável discórdia entre familiares antes muito unidos. A única cura é a transformação de cada pessoa começando pela sua essência. Não optemos por sanar esse tipo de conflituosidade (inimizade) de forma superficial e hipócrita. "Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá", Luc.16:26. Somente os que se tornaram "de cá" em sua essência se poderão entender com os de cá. Qualquer tipo de esforço ou tentativa para tentar unir os de lá com os de cá será sempre um esforço inútil e vão. Nem vale a pena tentar. Optemos, antes, por trazer o verdadeiro Evangelho em sua essência mais pura e mais original e somente isso operará a verdadeira paz e união entre pessoas, entre inimigos e até memo entre nações. "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus", Mat.5:9. Não creio que aqueles que tentem ser outro tipo de pacificadores trazendo outro tipo de paz possam ser chamados filhos de Deus. Os que têm paz com Deus terão paz e concórdia entre eles porque são dum mesmo espírito. Basta viverem como tal, assumindo uma nova realidade.

  6. "Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida", João 8:12. Um versículo recheado - muito recheado. Muito se pode dizer ou deduzir desta afirmação de Jesus. É frequente ouvir alguém dizer que não sabe o que fazer e, por norma, entrega-se àquilo que acha ser a opção mais óbvia, mais aprazível ou mais apetecível. Eva destruiu o mundo optando pelo aprazível e óbvio. Ainda hoje sofremos as consequências desse ato. Para seguir Jesus é necessário estar com Ele, havê-lo achado sem sombra de dúvida e permanecer em Sua presença real. Se essa presença não for real, se for uma de crença que se assume por conta da dita "fé" que apregoam por aí, não se está seguindo o verdadeiro Jesus, mas, um outro Jesus que convém à carne. Logo, é indispensável achar o verdadeiro de forma real. Achando-O será sempre em forma de Vida abundante, eterna, constante e sem altos e baixos, permanente. E é essa vida que se reverterá em luz. "A Vida é a luz dos homens", João 1:4. É por essa razão que Jesus diz que "terá a luz da Vida", isto é, essa vida servirá como luz integralmente. Isso é diferente de termos uma ideia, uma iluminação, um sonho ou revelação. Essas coisas servem de sinais àqueles que não experimentam essa vida verdadeira, real e constante, isto é, eterna. "Se entre vós há profeta, eu, o Senhor, me faço conhecer a ele em visão, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor", Núm.12:6-8. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus", Mat.5:8.

  7. Quais são as piores consequências duma pessoa que lidera sendo errada, não somente errada de coração, mas, também de conduta? Imaginemos um lar onde um filho deve, pela lei de Deus, ser obediente ao pai e à mãe; e imaginemos que esse pai ou mãe são errados de coração ou patrocinam uma conduta errónea. Esse filho fica numa encruzilhada, dividido entre ser obediente a Deus ou aos pais. Se obedece aos pais, desobedece a Deus; se obedece a Deus, desobedece aos pais. Duma maneira ou de outra quebra um dos mandamentos, embora saibamos, pelas Escrituras que nos é perguntado algo assim: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus", At.4:19. Todos os pais que não são capazes de ser integralmente fiéis em toda a casa de Deus destruirão seus lares com muitos géneros de encruzilhadas.

  8. Existem certas virtudes ou mesmo características gerais que nascem conosco desde o primeiro dia. Tal como um bebé nasce sabendo mamar, também nasce com certos conceitos importantes para qualquer ser humano. Por exemplo, todos nascem com o conceito de eternidade implantado em seus corações e ideias. Ninguém acha que será ele o próximo a morrer, nem mesmo sabendo que irá morrer algum dia. "Deus pôs a eternidade no coração do homem", Ecl.3:11. Da mesma maneira, colocou no homem o sentido de obediência, de justiça e todo tipo de aptidão para tudo aquilo que é celestial. Contudo, essas aptidões não funcionam em sua forma original separadas duma comunhão real e verdadeira com Deus. E quando separados de Deus, todos os seres com essas aptidões inatas tornam-se diferentes (mas, nunca indiferentes) e, muitas vezes, tornam-se o inverso ou oposto fazendo uso dos mesmos meios, isto é, fazem uso da forma invertida das aptidões com as quais ou para as quais foram criados. O sentido de eternidade leva ao suicídio, seja o suicídio espiritual ou físico; a obediência inverte-se em contrariedade e é por essa razão que a Bíblia, falando de desobediência como feitiçaria ou idolatria, descreve-a como rebelião, contrariedade, obstinação tendo sempre sempre pronta uma atitude/palavra do contra. E por que razão ser do contra ou ter uma ideia, conduta ou palavra paralela como Saul teve (1Sam.15:22) é um formato camuflado de idolatria ou feitiçaria? Porque usa outro tipo de poder, serve outro que não Deus (seja servindo o próprio ou agradando pessoas por medo ou 'simpatia'). Quem agrada pessoas engana-se a ele mesmo. Essas duas coisas são inseparáveis: todo aquele que agrada pessoas - seja com que finalidade for - serve um qualquer tipo de engano próprio. Podemos falar, também, do sentido inato de agradar Deus que se transforma em agradar pessoas ou ao próprio porque a aptidão de agradar existe pela criação. Teria muitas mais coisas para mencionar aqui, mas, é necessário saber, apenas, que ninguém fica indiferente ou inativo acerca da criação que é. Se não tiver e não conseguir permanecer em plena comunhão continuada com Deus nunca ficará inativo e será sempre uma versão contrária ou inversa por via das aptidões com as quais foi criado ou para as quais foi feito. Inativo nunca fica, Is.57:20. Seria o mesmo que dizer que um bebé que nasceu com a aptidão para mamar e engolir usa essa mesma aptidão para mamar e cuspir no rosto da mãe aquilo que mama. Quem não vive e convive com Deus será sempre contra-natura usando aquilo que é como criatura para cuspir no rosto de Deus. Para quem consegue viver e conviver com Deus e afirmar como Elias, "Deus em cuja presença estou" (e que isso seja real e verdadeiro), a sabedoria e o conhecimento serão sempre um complemento e não uma capacidade. Aqueles que não convivem com Deus experimentalmente usarão sempre o conhecimento e a sabedoria como a (única) fonte de capacitação porque tentam empreender por contra própria. É por essas razões que a falência das igrejas de hoje é tão óbvia.

  9. "Por que procurais matar-me?" João 7:19. É difícil admitir que a maioria dos crentes procura matar o Jesus verdadeiro dentro deles. Mas, quando são chamados à atenção respondem da mesma forma que os Judeus: "Quem procura matar-te?" A ignorância sobre fatos reais é indescritível! Sempre que se opta por cair numa transgressão cedendo a qualquer tipo de tentação podemos ter a certeza que isso é matar Jesus dentro de nós, isto é, se Ele está mesmo dentro de nós e não é ficção. Quando essa "presença" é fictícia ou apenas crida, qualquer transgressor nunca sentirá a diferença e é por essa razão que se afirma por aí que nada nos acontece quando pecamos.

  10. "Se e em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor", 2Ped.1:8. A ociosidade é um problema sério. Pedro fala aqui o que são "estas coisas" as quais não permitem que alguém se torne ocioso. Mas, sempre que as pessoas já se encontram espiritualmente ociosas, acham razões para se entreterem com aquilo que não edifica e, pior ainda, que as torna pessoas ainda mais estéreis, isto é, incapazes de reproduzir a espécie santa. Por essa razão, vemos igrejas que não crescem e, quando crescem, não é com a espécie santa que enchem suas congregações. O que acontece quando as pessoas se encontram ociosas e quais as razões para se tornarem ociosas? A razão é que aquelas coisas celestiais não aumentam, não são devidamente trabalhadas da maneira certa e através do poder certo e isso cria ociosidade. E sabemos o que acontece com pessoas ociosas: buscam sarna para se coçarem. Buscam qualquer coisa com que se entreter e ainda justificam essas condutas por estarem ociosas. Pensando sobre isto esta madrugada entre dois sonos, lembrei-me das mil esposas de Salomão. Com tantas esposas seria difícil Salomão estar com cada uma delas pelo menos uma vez por ano. Para estar com cada esposa uma vez por ano deveria estar com três delas por dia. Não sei se isso é humanamente possível. Creio que não. Contudo, não podendo estar com Salomão, a "ociosidade" dessas esposas não lhes permitia estar com outros. Seriam culpadas de adultério se o fizessem. Devemos lembrar isso sempre que estamos aguardando alguma coisa de Deus, mantendo-nos imaculados para que nada mais possa impedir que tudo se cumpra a seu tempo. "Se tardar, espera-o", Hab.2:3. A ociosidade é uma maternidade para adultérios, a qual nos pode levar a pensar que temos o direito de passar o nosso tempo com aquilo que não edifica. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus", Tgo.4:4. São as pequenas raposas que destroem a sementeira da santidade. Evitamos sempre os Golias desta vida, mas, o que destrói a colheita são aquelas pequenas e insignificantes raposinhas. Quando sua igreja não crescer espiritualmente, quando sua vida não frutifica na proporção da promessa, olhe para dentro e não para as circunstâncias de fora. É, seguramente, dentro de cada um que está o problema.

  11. "Jesus andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo", João 7:1. Jesus fazia isto não porque temesse os Judeus, mas, para não aumentar seus pecados antes do tempo. Ele ainda precisava terminar sua tarefa antes que se endurecessem em demasia.

  12. "Aquele que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça", João 7:18. Existem muitos enviados e outros tantos que se acham enviados. Mas, Jesus afirma, falando dos que foram verdadeiramente enviados, que sobressai uma característica específica que distingue os sinceros e verdadeiros de coração: buscam a glória de Deus a qualquer custo dentro dos limites da santidade. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente", 2Tim.2:5. Mas, também podemos ver esta verdade expressa no sentido inverso: aqueles que buscam verdadeiramente a glória de Deus havendo sido enviados são verdadeiros de coração. Os demais não são. Mas, há algo revelador nestas palavras: quem busca a Sua glória deixa de ter qualquer tipo de injustiça dentro dele. Olhem algo surpreendente para todos os fãs das doutrinas que justificam os pecadores e aqueles que apregoam ser impossível ser-se santo aqui na terra! Quem busca Sua glória de todo coração obterá todos os meios para que a injustiça não se apegue a ele. Isto é revelador acerca da capacidade que os motivos certos são capazes de fornecer ou alcançar.

  13. Existem pessoas que ensinam os caminhos maus, mas, existem aqueles que colocam as pessoas em caminhos maus de forma prática. Pensemos nos pais que põem os filhos nos filmes do mundo, levam-nos onde não devem e fazem muitas outras coisas. Não precisam ensinar o mal sequer - colocam-nos lá já em antecipação e esses seres começam a tirar as próprias conclusões e prazeres sem qualquer ensino a favor ou contra. Qual será o fim dessas criaturas do mal e qual o juízo que recairá sobre tais pais?

  14. Quem fala demais também é alguém que fala sempre rápido demais e, também, diz muitas vezes o que não deve e expressa-se sobre coisas que não sabe. É o hábito de falar sempre ao invés de falar apenas quando deve a respeito do que deve.

  15. Todos nós já passamos por situações onde nos fazem sentir culpados com ou sem razão. E outras vezes nós próprios nos culpamos com ou sem razão também. Há sempre um acusador dentro de cada um de nós que precisa ser crucificado com Cristo. Quantas vezes pessoas fiéis a Deus se culpam a si mesmas das coisas que acontecem e ficam-se questionando que mal fizeram para que certas coisas lhes estejam acontecendo. Depois, oram e a situação não muda. E eles também não mudam. Procuram onde erraram sabendo que podem ser repreendidos, corrigidos e transformados por serem filhos e não bastardos. Jó passou por isso, ainda mais sendo induzido pelos supostos amigos que afirmavam categoricamente que Deus nunca castigaria sem razão. E essas afirmações ajudaram Jó não somente a detectar sua inocência e pureza de coração, mas, também a achar a chave para deixar de se sentir culpado além de já sentir muita dor e desconforto. Nem sempre somos inocentes aos olhos de Deus, mas, também podemos chegar ao ponto de poder afirmar que estamos inocentes ou mesmo inocentados. E sempre que estamos inocentes (ou inocentados) fazemos de tudo, oramos e imploramos para que as circunstâncias mudem ao invés de ver que também podemos usar as circunstâncias adversas a nosso favor para melhorar nosso coração, para aprender um novo comportamento, alcançar uma nova forma de falar ou de responder ao mau e ao bom caso tivermos vivido e convivido muito tempo entre pessoas de lábios impuros. Seja de que maneira for, há sempre forma de usar qualquer circunstância para o bem daqueles que amam Deus verdadeiramente. Como Jesus, devemos dizer, apesar das circunstâncias: "Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19. Se meu esposo não mudar, se meu filho continuar na rebeldia, se os milagres demorarem a acontecer, devemos saber que haverá sempre algo importante que podemos aproveitar ou fazer enquanto outras situações nos querem tragar. Não há noite que dure para sempre. Logo, podemos aproveitar para alcançar algo útil e prático enquanto passamos por adversidades, sejam elas extremas ou não, externas ou internas. Tenho absoluta certeza que todo o homem que é incapaz de usar bem seu tempo e capacidades da graça sob alguma pressão das circunstâncias adversas, será sempre alguém que irá relaxar sempre que tudo lhe correr aparentemente bem. Essas pessoas, quando oram e alcançam a graça de Deus para poderem viver plenamente seja sob que circunstâncias for, também costumam ficar perplexos por seus problemas terrenos não ficarem resolvidos mesmo havendo-se purificado e santificado. Há um tempo após essa santificação e/ou purificação para que aquilo que foi alcançado possa ganhar raízes, solidez e possa permanecer como dado adquirido, desde que seja mantido pelo poder da graça. Da mesma maneira que um adulto necessitou de pão para chegar à idade adulta, precisará desse pão (graça) para se alimentar e manter enquanto adulto.

  16. Existem coisas que incomodam muito o dia-a-dia e as vidas daqueles que agem com fidelidade por se haverem tornado fiéis desde o coração. Todos precisamos aprender a ser fiéis de forma inteligente; também, que essa fidelidade se torne a nossa própria natureza, a nossa forma de estar, de ser e única maneira possível de viver. Quando a finalidade de Deus é criar ou recriar um ser celestial, os fiéis passam por situações onde aprendem a ser ainda mais fiéis a todos os valores imputados por Deus e que estão sendo escritos no coração na fornalha de Seu fogo, sendo sempre fiéis a nível prático e, obviamente, a nível da natureza e do próprio coração. Os puros tornam-se ainda mais puros a todos os níveis, os sábios ainda mais sábios e os fiéis ainda mais fiéis desde a própria natureza. É comum ouvirmos orações e desejos dessas pessoas que passam por situações incomodas a respeito das circunstâncias que podem e devem ser usadas com a finalidade de se tornarem ainda mais fiéis e mais puros de natureza, menos fingidos e menos forçados em sua santidade a ponto de que, aos olhos de Deus, essa pureza e fidelidade seja incontestável. "Observaste o meu servo Jó? Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal", Jó 1:8. É Deus quem dá esse testemunho e não o próprio. Deus não pode negar a Sua própria natureza e todo homem fiel e puro deve tornar-se alguém que também se torna incapaz de negar a própria natureza quando esta é fiel e pura. E quando nos encontramos sob as pressões das circunstâncias podemos ouvir, com alguma frequência, orações como: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!", Mat.26:42. Há casos, por exemplo, onde um esposo ou esposa extremamente fiel a Deus e ao Evangelho sofra constantes ataques e coisas despropositadas de seu próprio parceiro matrimonial, de seus próprios filhos e de onde essa pessoa fiel teme que a aparência das coisas possa dar um mau testemunho tanto acerca do casamento que Deus deu, emprego ou ambiente familiar e de Deus. "Isso é que é casar na vontade de Deus? É este tipo de emprego que Deus dá?" São comentár ghfhios que podem atordoar. Esquecem que a vontade de Deus é que se tornem puros e fiéis e não, como as novelas e contos de fadas dizem, "que vivam felizes para sempre". Pedir que o cálice passe, que o ambiente mude, que a pessoa errada se transforme ou mude de lugar são tudo coisas apetecíveis e até mesmo desejáveis. Mas, o que deve mudar é o coração daquele que é fiel sob qualquer circunstância a ponto de assegurar, enraizar e cimentar a sua própria fidelidade ainda mais solidamente. "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois", 1Ped.4:12,14. Em vez de se pedir, apenas, que passe o cálice, devemos saber pedir de coração que se faça a vontade de Deus, isto é, que o coração puro se purifique ainda mais; que o fiel se torne menos forçado e mais fiel de natureza, expressão e coração; que a obra que estava fazendo não sofra atrasos ou que seja relegada para segundo plano de importância substituído pelos problemas nesse grau de importância, etc. Como Jesus, devemos aproveitar o momento para poder dizer: "Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19. É uma questão de decidir escolhendo a melhor parte. É uma decisão - uma excelente decisão mesmo quando as circunstâncias mudam para melhor.

  17. "O efeito da justiça será paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança", Is.32:17. Existem pessoas que se esforçam (e outros nem tanto) para manterem uma compostura de paz quando essa paz que Deus dá deve e pode ser natural por via duma real comunhão com Ele - desde que essa comunhão seja real. É isso que significa quando lemos nas Escrituras sobre a "paz em Tua presença". Essa falta de paz pode acontecer por algumas razões, mas, menciono apenas duas. Uma delas é a pessoa estar em pecado ou ter ainda algum pecado que nunca foi confessado ou restituído e, na presença de Deus, não terá paz enquanto rejeitar a convicção desse pecado e não fizer o que lhe compete fazer. Ser-lhe-á até difícil conseguir a paz que o mundo dá estando na presença de Deus. Não terá paz com Deus enquanto não confessar ou restituir e, também, não poderá manter a paz que o mundo dá devido à presença de Deus. A paz que o mundo dá é aquele tipo de paz onde não há convicção de pecado pela ausência de Deus e é possível manter a compostura pela hipocrisia, fingimento e esforço tendo em mente algum motivo maior. Outra razão para a falta de paz é mais complexa: fomos criados para vivermos de Deus, não apenas com o Seu sopro de ar, mas, do verdadeiro vento de Seu Espírito que sopra dando e mantendo vida interiormente. Qualquer pessoa sentirá as consequências de viver longe de Deus porque seu íntimo foi criado para viver apenas de Deus. É por essa razão que as Escrituras falam de alguém vazio quando não está cheio de Deus. Esse vazio nunca será preenchido com nada a não ser Deus e esse vazio acentua-se mil vezes mais na eternidade vazia do inferno. Eu creio mesmo que o maior incómodo no inferno vai ser o acentuar sem medida desse vazio, pois, a pessoa estará sempre morrendo sem nunca poder morrer. Por essa razão é que se chama "morte eterna" - estará num vazio interior sem medida, sempre morrendo.

  18. "...Nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia", Heb.5:7. Era a vontade de Deus não somente livrar da morte como também era vencê-la para sempre e duma vez por todas. Mas, poderíamos não estar a falar da morte, mas, da vontade de Deus. Tudo que é vontade de Deus - seja para nós pessoalmente ou para algum bem geral - deve obter a mesma seriedade de qualquer coração puro a ponto de se clamar com lágrimas, orações e súplicas apenas por se tratar da vontade de Deus. Quantas lágrimas você já verteu pela vontade de Deus?

  19. "Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vem para a luz", João 3:20,21. Há aqui um jogo de palavras que precisamos entender. Por um lado, João fala daqueles que praticam o mal e, por consequência, escondem-se juntamente com seus atos. Não se expõem na luz. Mas, falando dos verdadeiros, João não diz que são aqueles que praticam o bem que se colocam na luz e na visibilidade e, antes, aqueles que praticam a verdade independentemente do que fizeram de mau ou de bom, de mal ou de bem. Andar na luz não é e nunca será mostrarmos a nossa melhor cara, maquilharmos o nosso rosto, vestirmos a nossa melhor vestimenta disfarçando a nossa aparência. Andar na luz - e precisamos de iniciativa para nos colocarmos na luz - é começarmos a ser transparentes, sinceros a nosso respeito e honestos praticando, dessa maneira, a verdade - seja diante de quem for. Se fizemos mal, revelamos e expomos as coisas tal qual são. É por essa verdade que devemos começar a praticar toda a verdade.

  20. "Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras", João 3:20. Acho estranho que um homem faça qualquer coisa, suporte qualquer dificuldade somente para não ser arguido e responsabilizado pelas suas obras más. Estar na luz é ser transparente praticando a verdade - não apenas crendo na verdade, mas, praticando-a começando por aquilo que se é verdadeiramente. Se fiz mal, devo vir para a luz e desmascarar-me a mim mesmo e nunca agir como se nada tivesse acontecido. E se é verdade que o homem faz qualquer coisa para se encobrir, fará qualquer coisa para não se descobrir. Logo, podemos assumir que enganando-se até a si mesmo (e os demais a seu respeito) é o que significa andar nas trevas ou, digamos, mentir, fugir da luz ou evitá-la. Não pratica a verdade e pratica a mentira. Andar nas trevas e a mentira são coisas inseparáveis. Quem não anda na luz é mentiroso. A formula mais pratica de se encobrir é dar uma de bom, criar uma imagem de crente e mostrar - ou mesmo crer - nas coisas boas que faz ou pensa que faz. Nicodemus veio a Jesus falando dos milagres que ninguém poderia fazer sem Deus. Mas, Jesus respondeu sem hesitação que os milagres de nada valiam caso a pessoa não se tornasse uma nova criatura. Isto significa que os milagres poderiam servir de cobertura para uma criatura má e para que alguns nunca se considerem maus. Que os milagreiros ouçam isso! Ir à Igreja, pulando o muro para dentro do aprisco, cantar no coro da igreja, ler e estudar a Bíblia, ser o melhor no seminário, entre muitas outras coisas, podem ser razões para condenar qualquer pessoa porque podem, facilmente, tornar-se formas de encobrir pecados e não de dedicação a Deus. Sabemos que ninguém alcançará misericórdia encobrindo seus pecados - ainda que seja um só pecado. "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará", Prov.28:13.

  21. Muito se fala sobre as tentações hoje em dia. Uns falam delas como se fosse algo invencível, outros como se nada fosse. Uns desculpam seus pecados atribuindo-as às tentações e à força da carne; outros sentem-se culpados quando são tentados sem haverem sequer transgredido. Outros, ainda, menosprezam as transgressões como se nunca fossem ser responsabilizados - ou mesmo condenados - por elas. Cada cabeça com sua sentença ignorando as verdades afirmativas das Escrituras. Não vou falar da tentação em si, pois, existirá sempre. Mas, falemos da sua força e aquilo que lhe dá força. Existem muitas razões para as tentações ou para a ausência delas. Também existem razões - ou condições - para que as tentações se tornem fortes quando existem. Contudo, a causa dessa força nem sempre é a mesma embora tenham em comum um afastamento da Vida eterna e abundante. É verdade que o tentador está atento a tudo aquilo que possa causar uma transgressão, pois, qualquer transgressão é uma vergonha e desonra o Criador de quem transgride. Devemos lembrar que foram os nossos pecados e transgressões que crucificaram Jesus. Mas, atribuir somente à carne a força da tentação é dizer muito pouco sobre isso. O que dá maior força à tentação é o afastamento de Deus, seja em novas criaturas ou em pessoas mais experientes no Caminho. Nas pessoas que odeiam Deus, as tentações já são um modo de vida e não se pode dizer que é tentação para eles. As tentações existem, de fato para aqueles que buscam Deus. Mas, existem muitas causas para a transgressão, isto é, para se cair em tentação. Lembremos que a forma de orar que Jesus ordenou é: "não nos induzas em tentação". Não é uma oração para exterminar a tentação, mas, para evitar que se entre nela ou se caia. Sabendo nós que "a carne e suas paixões podem e devem ser crucificadas com Cristo" (Gal.5:24), as tentações podem passar com toda a sua força que, quem está literal e verdadeiramente morto por via da plenitude de vida eterna que experimenta, não reage a elas. Já viu algum morto olhar para o sexo oposto ou para o dinheiro com concupiscência? Logo, a primeira causa para a força da tentação é não estar verdadeiramente crucificado com Cristo. Mas, existem mais causas. Se Cristo disse para estarmos (permanecermos) n'Ele e Ele em nós, saindo nós desse reduto estaremos expostos às marés do inimigo. E, estando expostos ao inimigo, estaremos novamente expostos às tentações e/ou transgressões. Outra causa é não andarmos quando temos luz. Podemos estar parados sem fazer o que nos compete. "Se procederes mal (se não procederes bem), eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra/para ti e a ti cumpre dominá-lo", Gen.4:7. Jesus disse: "Se alguém andar de dia não tropeça", João 11:9. Alguém pode ter luz e não andar. Quem não age fazendo aquilo que deve estará exposto às tentações e será, apenas, uma questão de tempo até cair nelas. "Andai enquanto tendes luz", João 12:35. Sob qualquer uma dessas situações, a pessoa em questão tem como única alternativa tentar dominar a tentação, cortar a mão que o faz tropeçar ou arrancar o olho da concupiscência e não tem como se considerar morto para o pecado. Não deve e não pode mais considerar-se morto para a carne. E isso não são Boas Novas.

  22. "Se alguém andar de dia não tropeça", João 11:9. Muito se fala, hoje em dia, da possibilidade ou da impossibilidade de nos mantermos puros e sem mácula. Essa discussão teológica proliferou-se entre todas as nações onde a carne prega o Evangelho que lhe convém. O fato de Jesus haver dito "NÃO TROPEÇA" não cabe nas suas teologias. No entanto, há que cumprir certas condições andando na luz (e não estar estagnado nela) para que "não tropeçar" se torne possível. Se a luz revelar algum pecado ou transgressão e a pessoa não reagir da maneira que deve expondo seu pecado em todo pormenor ou fazendo restituição, não está andando; se Pedro passar ao lado do coxo na porta do Templo onde já havia passado inúmeras vezes e olhado para ele cada vez que passava ali sem que Deus revelasse alguma coisa e, de repente em certo dia, vem a ordem para dizer ao coxo para se levantar e Pedro questiona aquela ordem, não está andando enquanto tem luz; e se o homem ouvir a ordem de Pedro e hesitar, mas, Pedro não lhe estender a mão para erguê-lo porque teme que nada vá acontecer, também não está andando. Logo, quem não anda será, certamente, apanhado pelas trevas e tropeçará mais dia menos dia, mais hora menos hora.

  23. "A fé é... a prova das coisas...", Heb.11:1. Não é bom darmos pouco valor ou passar por cima do sentido ou do significado das palavras originais sempre que lemos as Escrituras. Quando se fala em "PROVA" é necessário que exista algo substancial, concreto, claro e real que revela ao próprio com clareza aquilo que é afirmado em/por Deus. E tem de ser prova para o próprio em primeira instância. A fé de muita gente, hoje e sempre, baseia-se em crenças, esperanças ou mesmo ilusões nas quais acreditam ou, apenas, desejam acreditar. Tudo se baseia em algo superficial e sem fundamentos fortes, claros e visíveis. Nada disso é prova. Uma prova é algo muito muito concreto e substancial - é algo que existe e que é impossível de negar até mesmo para o próprio. Uma prova é algo que fecha qualquer boca capaz de contestar e não precisa abrir a boa daqueles que aprovam de tão evidente que é. "Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos", João 3:11. "Porque a vida (eterna) foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos ESSA vida eterna", 1João 1:2. "Essa vida eterna" é aquela que se vê, que se experimenta e não pode ser negada ou escondida. Pergunte-se a si mesmo por que razão os Fariseus não conseguiam conter a sua raiva a ponto de decidirem apedrejar o que viam de forma tão clara e evidente. A sua única saída era tentar matar quem evidenciasse tão claramente ESSA vida eterna.

  24. "Se tu podes crer (...) Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade", Mar.9:23,24. "Acrescenta-nos a fé", Luc.17:5. Poucos acham a verdadeira e única chave para abrir as portas da fé, isto é, a solução para a falta de fé. Tudo começa na sinceridade (reconhecendo e confessando, seja de que maneira for). Mas, não termina aí. Não nos podemos esquecer que as Escrituras ensinam que Jesus é o autor e consumador da nossa fé (Heb.12:2). Saber isso e agindo em conformidade (aproximando-nos d'Ele) vai um pouco mais além de haver achado a chave para a solução.

  25. É comum, pelas doutrinas de hoje, acreditar-se que uma palavra ou bênção pronunciada por alguém para alguém obtém a sua força pela pessoa que a pronuncia. Mas, as coisas não são e nunca serão assim tão lineares. Se a palavra vem mesmo da boca de Deus obterá seus efeitos. Com toda a certeza que não voltará vazia. Mas, isso é muito diferente de quando alguém pronuncia uma palavra para obrigar Deus a executar em conformidade. Isto é, querendo meter Deus em seus próprios assuntos e desejos. Em primeiro lugar, é necessário que a palavra venha de Deus e não do coração e desejos do homem. Em segundo lugar, há que cumprir as condições para que a palavra vinda de Deus se cumpra ou se efetive. Por norma, as condições que necessitam ser cumpridas depende maioritariamente da pessoa que recebe a palavra e raramente da pessoa que a pronuncia. Hoje dá-se muito valor a quem pronuncia palavras como se Deus fosse o discípulo que precisa cumprir aquilo que alguém falou.

  26. "Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará", Dan.12:4. Não é sem razão que Paulo afirmou que os últimos tempos serão muito difíceis para toda a humanidade. A razão principal é que o conhecimento, o estudo e a ciência se espalhará enquanto os corações continuam sem ser verdadeiramente transformados. Logo, não sendo transformados serão adaptados. Isto é, a linguagem do mal será adaptada, os sistemas mudarão de rosto, mas , não de coração. É por essa razão, por exemplo, que o comunismo é o sistema que mais usa palavras como democracia, liberdade e o pecado usa palavras como fé, amor, liberdade entre outras mais. Os corruptos parecerão ser generosos, obterão fama de benfeitores pelas palavras e pelos seus falsos discursos. Isso acontecera até ao dia que Deus decidir colocar um fim à hipocrisia. "Ao louco nunca mais se chamará nobre; e do avarento nunca mais se dirá que é generoso. Porque o louco fala loucamente e o seu coração pratica a iniquidade para usar de hipocrisia e para proferir erros e para deixar vazia a alma do faminto", Is.32:5-6.

  27. Eu não me torno mais crente por ler muito as Escrituras ou por passar muitas horas em oração. Eu creio melhor, confio mais e com maior simplicidade na medida da intimidade real que tenho com Deus. Posso ler as Escrituras sem estar a ser ensinado por Deus quanto posso ser ensinado por Deus estando em meu emprego ou outros afazeres. "Está escrito: E serão todos ensinados por Deus", João 6:45a. E quando falo em ser ensinado, falo em ser transformado e não apenas em ser instruído. Ser transformado e instruído em simultâneo é o que significa ser ensinado por Deus. "Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim", João 6:45b. Não é somente ouvindo, mas, aprendendo pelo que ouvimos que nos aproximamos de Deus. E é essa aproximação que torna minha confiança em Deus mais espontânea, mais sincera, menos fingida e menos forçada. Fé forçada é fé fingida.

  28. Hoje é muito fácil entoar hinos e afirmar que se está louvando Deus. Mesmo quando o coração está afastado de Deus, canta-se por causa da beleza do hino ou da melodia. "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade", 2Tim.2:19. Já vi pessoas do mundo da podridão moral entoares certos hinos que se tornaram famosos na história da musica. São estranhos à verdade e, contudo, cantam sem entender do que se trata. Se não é certo que um coração sincero entoe uma canção de Sião estando na busca de sua paz com Deus (Sal.137), imaginemos quão grave é o pecado de entoar hinos sendo do mundo. "Quem requereu que viésseis pisar os meus átrios?" Is.1:12. Sabemos o que significa a palavra "pisar" na sua verdadeira essência. Significa mais que humilhar. Quando pisam uma bandeira de certo país significa grande desprezo por esse país. Esse mesmo significado Deus dá a quem não se aparta da iniquidade e canta Seus louvores. Que se arrependam os homens e conheçam Deus de verdade e na primeira pessoa. Então entoarão louvores sinceros, não por causa da melodia ou da beleza das palavras, mas, por verem Deus em Sua beleza e grandeza de amor.

  29. "Participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus", 2Tim.1:8. É muito fácil ler por cima daquilo que pensamos que entendemos somente porque conhecemos o significado das palavras e não nos apercebemos da real profundeza da experiência que essas palavras tentam ilustrar. Devemos saber que é extremamente difícil explicar por palavras uma verdadeira experiência da vida eterna, isto é, da vida que agora começa e não tem altos e baixos, mas, é constante e permanente. A essa vida devemos nos entregar sem qualquer receio de errar, seja pelo receio de errar porque acontecem certas coisas que não prevíamos ou porque outras coisas demoram certo tempo a acontecer. Em todo caso, é muito fácil para o homem carnal suportar carnalmente aquilo que lhe acontece. Outra coisa é consegui-lo "segundo o poder de Deus", isto é, por via do poder da graça. Abdicar do poder da carne é mais difícil que o suicídio, pois, ninguém gosta de abdicar das suas próprias capacidades e força para executar. O homem carnal prefere perder a vida do que tornar-se incapaz física ou carnalmente. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto", João 12:24. Não podemos ser participantes ingénuos que ainda não se familiarizaram com o poder de Deus a ponto de conseguir depender inteiramente da graça, isto é, ser sóbrios o suficiente para conseguir esperar (esperar de esperança e de expectativa) "inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo", 1Ped.1:13. Esta é a aprendizagem mais difícil da vida Cristã - ainda que seja a mais simples de ser conseguida e alcançada. Devemos aprender a fazer a vontade de Deus da maneira que ela é feita no céu, pois, tentar executá-la doutra maneira ou por via doutro poder é idolatria. É fundamental que estejamos tão familiarizados com a vida eterna e seu poder executivo (poder e forma de executar) que recusemos veementemente que a vontade de Deus se execute doutra forma ou viver como se fosse possível executá-la doutra forma. Eu não creio que seja possível executar a vontade de Deus doutra forma, mas, há quem viva crendo que pode e deve. É por essa razão que entramos em situações que não conseguimos resolver, pois, somente assim aprenderemos a nos conciliarmos com a forma e com o poder de Deus. As coisas não funcionam? Aprenda a depender de Deus e a familiarizar-se com Ele ao invés depender da pressa. É isso que significa sermos reconciliados com Deus. E é por essa razão que Paulo manda que os crentes se reconciliem com Deus, isto é, que se familiarizem com Ele a tal ponto de conseguirem entender de que forma se deve e se pode tornar participante das aflições de Cristo e do Evangelho. É preciso ver que Jesus poderia livrar-se da morte de muitas formas, mas , preferiu, "nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia", Heb.5:7. Precisamos mesmo nos livrar da morte. A questão aqui é de que forma e não se nos devemos livrar dela ou não. Desistir ou resignar-se à morte - seja ela de que tipo for - (ou resignar-se a outra coisa qualquer) não é fazer a vontade de Deus. Estando em condições de pureza para que sejamos ouvidos dá-nos a opção de sermos ajudados por Deus em tempo oportuno ou quando seja necessário. Mas, não podemos procurar esse azeite no momento que precisamos dele - há que achá-lo antecipadamente. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno", Heb.4:16.

  30. Por norma, os paridos políticos têm uma linha de orientação pela qual se regem. Isto é, se existe alguma ideia boa ou má terá de passar, primeiro, pela aprovação e escrutínio da doutrina. O comunismo não deixa passar nada que não lhe interesse, o socialismo a mesma coisa - ainda que ambos tenham o mesmo espírito na prática. Não são as pessoas e suas necessidades que são levadas em conta, mas, a doutrina e tudo o que ela diz e aprova. Era isso que os Fariseus e Saduceus faziam: se não batesse com suas doutrinas nem a verdade teria qualquer hipótese de sucesso. Sabemos que hoje existem doutrinas sem fim, ideias fixas pelas quais as igrejas se regem, umas razoáveis e outras menos boas, algumas inofensivas, mas, que ainda assim, regem as mentes e são capazes de controlar atitudes, manietar, influenciar ou mesmo automatizar muitas ações. E é pena que a lei do amor por Deus e pelo próximo não seja a única regra de doutrina. Não pode ser a doutrina a ser consultada, mas, o amor de Deus - o Seu tipo de amor, o qual tem somente o alvo final como orientação ou motivação. Nem mesmo as boas doutrinas podem sequer ser mandatarias. É a doutrina que deve passar pelo escrutínio do amor e não o inverso. "Todas as coisas me são lícitas, mas, eu não me deixarei dominar por nenhuma", 1Cor.6:12.

  31. "Convém que seja irrepreensível, vigilante, sóbrio...", 1Tim.3:2. As palavras ou induzem em erro ou ensinam convenientemente. Tudo depende do sentido que lhe damos, do tom de voz que empregamos e das expressões de quem fala e das impressões de quem ouve. Muitos deixam-se convencer por aquilo que os impressiona e isso abre a porta para aqueles que conseguem desenvolver formas de expressão que convencem os impressionáveis. Por isso Jesus avisa: "Vede como ouvis!" Luc.8:18. E quando se trata duma tradução, ainda existirão mais fatores a levar em conta. A tradução deste versículo é um desses casos. Por exemplo, a palavra "vigilante" aqui significa circunspecto no sentido de vigiar o próprio coração sendo que somente o coração pode impedir Deus de agir. Ora, sendo assim, altera toda a nossa perspectiva em prol da verdade salvadora. No mundo, os vigilantes vigiam outras pessoas, contra perigos externos e vigiam contra ameaças vindas de fora. Os terroristas vigiam contra os bons, os bons vigiam contra os perigos dos ladrões e por aí vamos. Mas, segundo a verdade, vigiar tem somente a ver com o vigiar do nosso próprio ser e coração para que nada nos venha a separar de Deus, da Sua força e do Seu poder, da Sua companhia salvadora, constante e permanente, isto é, eterna (sem altos e baixos). Muitos vigiam na vida cristã da maneira que o mundo vigiaria contra os perigos esquecendo que o único perigo para nós é aquele que vem de dentro. "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios...", Mat.7:21. Logo, "Se alguém deseja o episcopado" (v.1) deve saber, também, desejar e cumprir as condições que lhe permitem alcançar tal dever privilegiado e louvável. Um barco ou navio só se afunda pela água dentro dele e não pela água fora dele. A água fora ajuda a navegar ainda melhor. "Tem cuidado de ti mesmo", 1Tim.4:16.

  32. "João enviou dois dos seus discípulos a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?" Luc.7:19. Há qualquer coisa aqui que não é fácil de entender. Há algo que nos escapa. Que é feito daquele homem seguro e assegurado que disse com toda a certeza isto: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Eis aqui o Cordeiro de Deus", João 1:29,36. Dizia isso quando ainda nem sequer o conhecia, tal era a segurança nas suas afirmações! Onde e quando é que essa certeza começou a desvanecer? Onde começou a dúvida e por que razão? João agiu bem mandando perguntar quando duvidou, isto é, mandou perguntar para se certificar. Há quem se fique pela dúvida com medo de ser criticado ou mesmo repreendido por estar a duvidar. João enfrentou e confrontou a dúvida com audácia. Agiu muito bem e livrou-se da tentação mandando perguntar sem receio de ser confrontado, sem receio daquilo que os Fariseus e outras pessoas poderiam pensar depois de todas as certezas e afirmações do Rio Jordão. Mas, a questão aqui é: como se sai da certeza e se chega a esta dúvida e por que razão ou razões? Em primeiro lugar, isto só pode significar que a certeza que tinha não era sua, mas, a de Deus n'Ele. A verdadeira fé é fruto e nunca é operada pelo próprio nele mesmo. Convencer-me a mim mesmo de algo que não existe em meu coração é enganar-me a mim próprio. Logo, se a certeza (fé) murcha, morre ou desvanece é porque Deus se afastou ou minha comunhão com Ele sofreu dano com alguma coisa. E é assim que surge a dúvida a respeito da verdade e a certeza sobre a mentira e o engano. A certeza no engano cresce na medida e na proporção que a dúvida na verdade (em Deus) cresce. Creio que João esperava algo mais desta vida após haver cumprido a sua dupla missão de apresentar o Messias ao mundo e de preparar o povo para recebê-Lo. Creio que esperava viver o resto da sua vida tranquilamente, mas, foi preso. Ou, então, queria ter a certeza que já havia cumprido sua missão para poder morrer em paz - o que não deixa de ser dúvida. Também creio que sua comunhão com o Espírito Santo foi colocada em segundo plano após haver cumprido essa missão. Devemos entender que a nossa comunhão com Deus tem, primeiramente e acima de tudo, de ser mantida para nosso próprio bem e para consumo próprio para nunca juntarmos sem Ele. Estando bem com Deus, cumpriremos nossa missão com total perfeição. Após essa missão, ainda manteremos a comunhão. Após havermos cumprido nossa missão, a comunhão com Deus deve ser mantida na primeira chama e no primeiro amor para que a principal razão dessa comunhão seja cumprida eternamente. Essa comunhão com Ele é a nossa missão. A razão principal é a nossa própria vida com Deus e Deus nela. A razão principal duma vida de plenitude é salvar a nossa vida para glória de Deus. Negligenciando nossa comunhão com Deus, se nossos motivos não se mantiverem puros nessa aproximação a Deus, se renegarmos ou negligenciarmos nossa comunhão com Deus apenas porque já cumprimos nossa missão, já casamos, já pregamos ou já alcançamos algum propósito da vontade de Deus, podemos facilmente entrar nas trevas da dúvida desnecessariamente. É muito fácil facilitarmos após uma conquista, ou após o término duma missão ou tarefa muito exigente. Precisamos saber que a parte principal é a comunhão com Deus e não a missão. Precisamos tomar plena consciência, também, que a principal razão de havermos obtido vida abundante é para permanecermos em Deus e Deus em nós eternamente. A nossa obra não é e nunca será a principal razão para termos, obtermos ou para mantermos uma comunhão cheia de saúde com Deus. A concretização da nossa obra, missão ou tarefa é e será sempre uma consequência da comunhão que mantemos com Deus e nunca será a razão. Se é a razão, devemos de nos arrepender e mudar porque não pode ser assim sob pena de nos perdermos, tornando-nos fúteis sem qualquer necessidade. O que vale querer ganhar o mundo perdendo a própria alma? Quando isto acontece, significa que perdemos o primeiro amor. "Tenho contra ti que deixaste teu primeiro amor", Ap.2:4. Durante anos sempre entendi mal este versículo. Na verdade, é um erro de interpretação por causa das possíveis traduções da palavra "primeiro". A palavra "primeiro" pode ser interpretada de muitas maneiras e só uma é a correta. Pode ser interpretada como o primeiro antes do segundo. Mas, o real significado dessa palavra neste versículo não é esse. O sentido é muito diferente desse. Neste versículo significa que esse amor é coisa primária, principal, única, o mais alto grau de importância ou mesmo o único. O primeiro dum reino é o rei e é nesse sentido que esta palavra é usada aqui. Perder o primeiro amor significa que começamos a amar outra coisa acima do amor por Deus ou em conjunto com esse amor. O amor a Deus, a obediência e tudo aquilo que engloba nossa vivência ou convivência com Deus não pode obter um grau de importância secundário ou mesmo de igual importância a outro. O amor a Deus não deve sequer concorrer com outro amor de segundo ou mesmo de terceiro grau. Na minha opinião, o amor a Deus deve ser o único amor e, quando assim é, não podem sequer existir amores em lugares secundários. Esse amor é único e exclusivo. Só existe o amor a Deus de todo coração e o amor ao próximo e mais nenhum outro. Não pode existir qualquer outro amor em nossas vidas, seja em que grau for. Não sei se foram estas coisas que aconteceram com João Batista, mas, creio que a minha percepção não deve andar longe da verdade. Se a fé/certeza das coisas é operada pelo amor (Gal.5:6), pode estar explicado o que aconteceu com João Batista ao começara duvidar. O maior perigo para as pessoas ultra-fiéis a Deus é quando completamos uma missão com a total bênção de Deus. Deus deve permanecer acima de tudo. Ou será que devo dizer Deus exclusiva e unicamente? É a missão que é para Deus e não Deus para a missão. É o meu filho para Deus e não Deus para a salvação de meu filho, pai, mãe, casa ou país.

  33. "Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre", 1João 2:17. A pessoa que faz a vontade de Deus não permanece para sempre porque faz a vontade de Deus, mas, porque têm uma real comunhão de cumplicidade com Deus que o capacita para fazê-la/executá-la da maneira que é feita no céu. Conseguindo executar essa vontade é sinal que tem essa comunhão com Deus intacta. Para executar essa vontade é necessário poder cumprir certas condições e certos requisitos na comunhão com Deus. Em primeiro lugar, precisamos ter uma comunhão REAL com Deus. Uma comunhão fictícia ou unilateral não resultará e nunca alcançará a vontade de Deus - muito menos poder executá-la da maneira que se executa no céu. Essa comunhão precisa ser real e não unilateral. Em segundo lugar, é imprescindível que se obtenha graça para executar; para achar essa graça (o poder de Deus) é preciso buscá-la e achá-la; buscando-a, só será achada tendo todo coração envolvido naquela vontade e no desejo de poder executá-la com perfeição, amando Deus e Sua vontade ardentemente e acima de tudo. Cumprindo todos esses requisitos, torna-se possível executar a vontade de Deus porque se é capaz de juntar com Ele e incapazes de fazê-la sozinhos. "Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim", João 15:4. O que isto significa é que a pessoa permanece para sempre porque tem essa comunhão com Deus que lhe permite todo o acesso às providências de Deus, ao poder da Sua graça, à Sua liderança, às suas providências e comunhão e a tudo que é necessário para que essa vontade possa ser executada aqui na terra do mesmo modo que ela é executada no céu, isto é, "aqui na terra como no céu". O conseguir fazer a Sua vontade da mesma maneira que se faz no céu é sinal fidedigno que existe aquela comunhão com a vida eterna dentro de todo o ser. Sendo assim, permanece para sempre porque está verdadeiramente enraizado em Deus e Deus nele a ponto de conseguir alcançar e fazer a Sua vontade. Tal pessoa permanece para sempre porque tem a sua comunhão com Deus em dia e o fato de conseguir executá-la mostra por que razão permanece para sempre. Permanece para sempre porque está verdadeiramente em Deus e Deus nele e não porque faz a Sua vontade. Na verdade, consegue fazer a Sua vontade porque está em Deus e Deus nele. O fato de conseguir fazer a vontade de Deus revela que tem a vida abundante (a vida eterna) dentro dele, fluindo abundantemente. E é essa vida que faz com que permaneça para sempre. Quem consegue fazer a Sua vontade mostra que tem essa vida na abundância prometida. Logo, permanece para sempre. Não podemos interpretar as Escrituras de maneira errada e para conveniência da carne, isto é, consultar Sua vontade sem consultar a Ele por Ele. Fazer a Sua vontade não é e nunca será porta de entrada para essa comunhão com Deus. É a comunhão com Ele, Sua presença real (não-fictícia ou imaginada) que nos abre a porta da Sua vontade e o conseguir executá-la. "Anda em Minha presença e sê perfeito", Gen.17:1. Estas palavras encontram-se colocadas numa certa ordem. Não diz "sê perfeito e anda em Minha presença", mas, anda em Sua presença vem primeiro.

  34. "Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne", Gal.5:16. Sabemos o que significa "andar". É estar ativo, movimentando-se para adiante. Muitos acreditam que estar no Espírito é ficar inerte e extasiado. Andar no Espírito é percorrer o nosso dia-a-dia de forma natural, mas, pelo poder de Deus. Andamos e vivemos na presença real com Deus como se nunca houvéssemos vivido de outra maneira. Outra coisa a respeito deste versículo: se a transgressão só existe quando a concupiscência é cumprida, isto é, cedendo à tentação e não sendo tentado, também é verdade que a obediência existe quando se cumpre - quando se anda. Deixar de andar no mal ainda não é andar no Espírito. Deixar de andar no mal é ficar parado e andar no Espírito é estar ativo em Deus, por Deus e para Ele. "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito", Gal.5:25.

  35. "Fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus", Rom.10:17. Este é um dos versículos da Bíblia mais mal interpretados nos meios evangélicos atuais. Na verdade, a maioria dos crentes usa e abusa das interpretações que soam bem ao ouvido. Existe a ideia generalizada de que quanto mais eu ler a Bíblia, quanto mais eu ouvir pregações, mais a minha fé cresce. E isso não é verdade, isto é, raramente pode ser verdade. Não podemos confundir conhecimento com fé e vice-versa. Ler é bom e aumenta o conhecimento e pode mesmo aumentar a sabedoria. E é verdade que "a sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto e a dureza do seu rosto se muda", Ecl.8:1. Na verdade, o conhecimento e a sabedoria são coisas excelentes, ainda que diferentes. Mas, não podemos confundir esse brilho no rosto com a fé que faz brilhar o coração em toda a essência do homem pelas suas raízes mais profundas. Ler as Escrituras aumenta o conhecimento de quem lê e não necessariamente a sua fé. Permitam-me explicar melhor. Em primeiro lugar, precisamos entender muito bem o que significa a palavra "ouvir". Neste versículo - e nas Escrituras em geral - ouvir significa algo diferente. Ouvir é quando Deus fala ao coração e diz/revela/manifesta algo que faz muito sentido a esse coração, o qual é (ou se tornou) conforme Deus porque só assim poderia fazer todo esse sentido. É necessário que essas duas coisas aconteçam mesmo, isto é, que seja Deus a falar e que o coração entenda plenamente com aquela alegria de receber algo que precisava ouvir e entender. Isto é, o coração precisa estar em plena concordância com Deus recebendo com alegria, exultando naquilo que lhe fez muito sentido - e se foi Deus quem, realmente, falou. Isso é ouvir. Isso acrescenta a fé, anima o espírito sedento de verdade, expulsa a dúvida e consolida o todo da pessoa em Deus. Isso também se pode chamar de "bom ânimo", encorajamento e o crescer daquela fé que só pode ser operada pelo amor. "A fé que opera pelo amor", Gal.5:6. Isto é, por norma, confiamos sempre (ou somente) em quem mais amamos. Neste caso, isto significa que existe uma comunhão e intimidade tal entre Deus e o coração que Seu amor é derramado abundantemente para que, através desse amor, se possa amar. Havendo essa comunhão, Deus pode falar a um coração que está em plena conformidade com Ele, o qual tem uma sede de Deus tal que nada mais além d'Ele consegue desejar com essa mesma extrema intensidade. Sendo esse coração segundo Deus, se esse coração se agrada n'Ele e d'Ele, qualquer palavra ou revelação vinda da boca de Deus fala conforme esse coração porque está conforme Deus. Logo, esse ouvir aumenta a fé e a confiança em Deus dando os devidos passos de obediência. Sendo assim, não podemos confundir a aquisição de conhecimento e de sabedoria com a fé que vem pelo ouvir porque não são a mesma coisa. Isso é o que significa ouvir quando uma palavra vem de Deus.

  36. "A luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela", João 1:5. Ontem, ruminava sobre o fato do mal estar a espalhar-se desenfreadamente com muita rapidez, vendo mesmo muitos países e governos a substanciar, apoiar e a promover aquilo que é muito mau e incorreto. Mas, ao mesmo tempo estava ouvindo a Bíblia em áudio e este versículo fez tanto sentido em mim que me maravilhei: "As trevas não prevaleceram...". Por muito que aumentem as trevas, nunca prevalecerão tal como não prevaleceram no momento mais sombrio da história da humanidade quando crucificaram Jesus. Até à data de hoje, nunca houve momento mais escuro que aquele quando crucificaram o próprio Criador da humanidade ao ter vindo para os seus e para aquilo que era seu. "Veio para o que era seu e os seus não o receberam", João 1:11. Se não prevaleceram nessa altura, também não prevalecerão agora. Na verdade, nunca prevalecerão. Mas, há algo mais na compreensão deste versículo que nos pode escapar. A palavra "prevalecer" também poderia ser traduzida como apreender, compreender ou mesmo entender com o intuito de prevalecer contra a luz. Essa interpretação dá um sentido muito vasto quanto à esperteza e aplicação das trevas para prevalecerem contra a luz. São capazes de enormes sacrifícios e feitos somente para tentarem prevalecer contra a luz. São muito engenhosos e persistentes contra aquilo que é certo, chegando mesmo a assemelharem-se à luz para enganar. O diabo não é anjo da luz? O anticristo assemelha-se muito com aquilo que vem de Cristo. Daí que a palavra "anticristo" nas epístolas de João signifiquem "parecidos com Cristo" para melhor operarem contra Ele, pois, um inimigo interno causa maiores danos que um externo à verdade. Se apreendem algo da luz tornam-se mais mortíferos. Ainda assim, nunca prevalecerão.

  37. "Se o deixamos assim, todos crerão nele e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação", João 11:48. Jesus disse que que aquele que perder a vida própria por amor a Ele, salvá-la-á e aquele que a quiser salvar perdê-la-á. Não foi isto que aconteceu aqui? Queriam salvar a sua nação negando Jesus e perderam-na poucos anos depois para os Romanos. Isso aconteceu porque quiseram salvar a nação negando Jesus. Perderam aquilo que queriam salvar.

  38. "Vós não credes porque não sois das minhas ovelhas", João 10:26. Existem muitas razões que levam as pessoas a não crer (na verdade). Isso não significa, contudo, que não creiam na mentira, isto é, afirmando que conhecem Jesus quando é mentira. Uma coisa é certa: quem não consegue crer em Jesus, crê facilmente na mentira, na ilusão e nos enganos desta vida. Existem ovelhas do engano que não fazem parte da rebanho de Jesus. Por essa razão é que Jesus diz, para que fique claro, "não sois das minhas ovelhas" ainda que pensassem que eram suas ovelhas e o estivessem seguindo. Isto quer dizer que existem outros tipos de ovelhas doutros senhores com um coração cheio de apetências para o pecado, isto é, que escutam facilmente o que é moralmente errado porque isso lhes é querido e familiar. Uma ovelha é alguém que tem uma enorme cumplicidade com seu pastor, com seus desejos e, acima de tudo, com sua forma de operar. Um lobo também pode seguir as ovelhas. Uns são ovelhas do mal e alguns de Jesus. As ovelhas do mal podem "crer" em Jesus por via duma fé naufragada, pretensiosa ou mesmo falsificada tanto moral quanto emocionalmente. Vemos que Paulo fala de pessoas com uma fé naufragada que continuavam pregando como se nada estivesse errado. É até esse ponto que o engano próprio pode levar. "Rejeitando a boa consciência, alguns naufragaram na fé", 1Tim.1:19. Contudo, os naufragados continuavam pregando Jesus parecendo ser fiéis.

  39. "Eu sou o bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e das minhas sou conhecido", João 10:14. Quando Jesus afirma que "das minhas sou conhecido", quer dizer que Ele se dá a conhecer. Logo, se Ele não se der a conhecer, não será conhecido - e muito menos reconhecido. Quem tem o poder de fazê-lo aparecer caso Ele se esconda? Isto tem muito significado, pois, a grande maioria dos crentes que conheço afirma que conhece Jesus porque oram e lêem suas Bíblias e não porque Ele se dê a conhecer aos tais. Não é possível existir um relacionamento quando esse relacionamento é unilateral, quando é afirmado e confirmado apenas por um dos lados. Jesus tem de se dar conhecer (experimentalmente) e essas ovelhas são conhecidas d'Ele da mesma forma e no mesmo grau que O conhecem. Se aquilo que separa Deus das pessoas e as pessoas de Deus não for retirado, se os caminhos não forem preparados devida e ordenadamente, como poderá alguém afirmar que conhece Jesus apenas orando e lendo? "Conhecei ao Senhor", dizem as Escrituras. Contudo, isto não é apenas um mandamento para alguém se aproximar, mas, é para nos limparmos devidamente de nossos pecados confessando-os cada um pelo nome com a aproximação a Ele, abandonando-os de seguida para serem cumpridas as condições mínimas para que Deus se aproxime e se dê a conhecer sem qualquer sombra de dúvida "porque, no que cabe ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra para mostrar-se àqueles cujo coração é perfeito para com ele", 2Cron.16:9.

  40. "O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas", João 10:13. Jesus fala aqui de alguém que foge de algum perigo e abandona as ovelhas. Mas, o que dizer dos que desistem, daqueles que desanimam, ou dos que negligenciam, ignoram ou não estão atentos às necessidades primárias das ovelhas? Ou, o que dizer daqueles que não são capazes de as levar para os melhores pastos, ou não têm condições espirituais de ouvirem o sumo pastor para serem guiados por Ele nesse aspecto? O mercenário não é somente aquele que foge por causa de algum perigo.

  41. "Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância", João 10:10. Jesus veio para que tenhamos vida eterna, constante, abundante, sem altos nem baixos, permanente. A vida eterna começa aqui e agora. Muitas pessoas falam em mudar de vida, mas, interpretam isso de maneira errónea. Quando se fala em mudar de vida, qualquer humano pensa na vida que tem melhorando-a, isto é, melhorando a que já tem, usando suas apetências de sempre doutra maneira ou algo nessa linha de pensamento. Mas, se isso fosse o verdadeiro significado de "mudar de vida", não seria necessário nascer de novo. Permitam que me explique. Quando a Bíblia fala em mudar de vida, significa abandonar aquilo que consideramos ser vida (que é, biblicamente uma morte) em troca doutra vida. Mudamos literalmente de vida nascendo numa nova. Deixamos de existir numa certa forma de vida que as Escrituras afirmam ser morte, para nascermos noutra vida onde tudo se faz novo, incluindo a forma de poder através do qual operamos e existimos a partir de então. Mudar de vida não é e nunca será mudar de crença; não é e nunca será modificar nossos hábitos e costumes para parecermos melhores a nossos próprios olhos ou aos olhos de outras pessoas; não é melhorar a vida atual - é mudar literalmente o tipo de vida juntamente com tudo aquilo que a engloba. Toda a forma de vida tem seu próprio poder; tem suas motivações; tem seus ideais; tem o poder pelo qual se move ou movimenta; e tudo isso necessita ser morto para que tudo se faça novo.

  42. "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens", João 10:9. Hoje em dia, as pessoas são convidadas a frequentar uma igreja e quando o fazem são tidas como crentes e, a partir daí, não é difícil que alguém se considere mesmo crente por imposição, não das mãos, mas das circunstâncias. Poucos pastores e pregadores hoje apresentam Jesus às pessoas. E quando falo em apresentar, falo de uma realidade, isto é, onde Jesus é mesmo apresentado em pessoa sem palavras e sem doutrina. Os que não conhecem Jesus apresentam doutrina, igreja, ensino, batismos, profissões de fé e tantas outras coisas que não podem ser consideradas como Jesus em pessoa. Creio mesmo que é mais uma forma de idolatria do que verdadeira vida. Todo o pregador que não é capaz de apresentar Jesus de forma real não faz bem o seu trabalho e é um obreiro fraudulento meso quando tem a doutrina e o ensino mais puros.

  43. "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus", 1João 5:1. Nos dias de hoje, deturpa-se facilmente este versículo ou outros iguais a este. Vamos recuar no tempo e ver o que significam estas afirmações. Para os Judeus e para aquelas pessoas que viram Jesus ao vivo era muito difícil crerem que um homem pudesse ser Deus - ainda mais porque era verdade. Isto é, além de ser difícil crerem que aquele homem também era Deus, qualquer pessoa que tenha um coração enganoso creria mais facilmente em algo que fosse engano ou mentira, pois, essa é a base para qualquer tipo de idolatria. Por essa razão é que se tornara mais difícil alguém crer que aquele homem era o Cristo, pois, além de ser homem também era a verdade. Se fosse mentira não seria tão difícil crerem nele. Crer num cristo falso é bem mais fácil para um coração dedicado e aplicado ao engano. Sendo assim e naquelas circunstâncias, a única maneira de alguém conseguir crer em Jesus como Deus ou como o Cristo seria nascer de novo, experimentando a Sua própria natureza na primeira pessoa. Logo, todo aquele que conseguisse crer só podia haver nascido de Deus. "Se podes crer...", Mar.9:23.

  44. "Sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro", 1João 5:20. Jesus é a Vida Eterna ("Jesus Cristo é (...) a vida eterna", 1João 5:21). Jesus é a salvação. A Salvação não é o ensino que preferimos ou assumimos; Jesus não é doutrina; Ele é uma pessoa - Ele mesmo é a vida abundante. Conhecemo-lo aqui e agora de maneira real. O ensino vem com o propósito de conseguirmos distinguir e reconhecermos o Verdadeiro, pois, muitos falam em nome de Cristo. Como podemos ser guiados por Ele se, no mínimo, não conseguirmos distingui-lo? Quem não apresenta Jesus não apresenta nada, nem mesmo quando tem o ensino correto bem delineado e bem exposto.

  45. "O Espírito é quem dá o testemunho", 1João 5:6. Muitos dão testemunho deles mesmos, dão seu próprio testemunho diante de pessoas e, por vezes, diante de multidões. Nada de errado a respeito disso desde que esse testemunho seja verdadeiro, pois, Jesus mesmo falou inúmeras vezes a Seu próprio respeito. Mas, Jesus também afirmou que "Eu testifico de mim mesmo e o Pai, que me enviou, também testifica de mim", porque "está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro", João 8:18,17. O testemunho do Espírito sozinho e isolado do nosso já seria verdadeiro por si só porque Ele é a verdade. "E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade", 1João 5:6. Mas, o nosso testemunho quando não é corroborado, substanciado e autenticado por Deus não tem qualquer valor, mesmo que já tivesse tido algum valor. Se já teve valor e agora não tem, nosso testemunho fala contra nós e será motivo de condenação porque já experimentamos aquilo que não experimentamos mais. Vamos ver se Deus testemunha de nós e a nosso favor agora, tanto por via daquilo que fazemos e Deus abençoa. "Tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos", Gen.39:3. Também, por via daquilo que o próprio Deus diz a nosso respeito. "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo", Mat.3:17. E através daquilo que nos diz e revela pessoalmente. "Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho", 1João 5:10. Se Deus não der esse testemunho, se não for Ele a testemunhar seja de quem for e de que maneira for, não haverá testemunho válido aos olhos do céu. "Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria Verdade...", 3João 1:12. Jesus é essa Verdade que testemunha. Existem pessoas que, por força de doutrina, tentam convencer-se a eles mesmos que são crentes ou filhos de Deus. Mas, o verdadeiro testemunho existe somente quando "o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus", Rom.8:16. Por outro lado, também existem pessoas que por medo, por ignorância ou mesmo por ainda não conhecerem o vinho novo a ponto de amá-lo devida e exclusivamente, não dão valor a esse testemunho que Deus dá - quando o dá. Não sabem que isso é classificar Deus como mentiroso. Quando não se acredita em alguém temo-lo por mentiroso. Por isso é que João acrescenta afirmando que, "Aquele que não dá crédito a Deus (quando testifica) o faz mentiroso", 1João 5:10. E, também, não tendo esse testemunho para recorrer a ele, a pessoa terá Deus como inexistente - ainda que afirme que Ele existe por força duma qualquer doutrina ou crença. Não precisamos afirmar que Deus não existe para sermos réus desse crime – basta não termos esse testemunho em nós devido a alguma separação existente entre Ele e nós, vivendo como se Ele não existisse; e, também, não sendo guiados por Ele. "Os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus", Rom.8:14. Não podemos afirmar o mesmo a respeito daqueles que não são guiados por Ele, ainda que se firmem nas providências normais de Deus, sendo que Deus dá a chuva a todos - bons e maus - sem exceção.

  46. O tamanho da multidão não pode servir de sinal de avivamento. Mas, o tamanho da santidade da multidão diz muito a respeito dum verdadeiro avivamento. "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados", Ef.2:1. Isto é, uma multidão cheia de pecados - ou com apenas um pecado - está morta e não vivificada.

  47. "...Sem Deus no mundo", Ef.2:12. É algo aterrador viver neste mundo, andar nele, morrer nele e tudo isso sem Deus. Cada um decide por si, muitos constroem suas próprias torres de Babel e vivem por eles para eles mesmos mesmo quenado usam o nome de Deus (em vão). Existe algo pior que isso neste vasto universo? É essa a vida de pecado: "sem Deus no mundo".

  48. "...Fiéis em Cristo Jesus", Ef.1:1. É muito fácil ler as Escrituras. Mas, ver a colocação das palavras é muito importante para não estarmos a entender aquilo que desejamos e, antes, aquilo que elas realmente dizem. Melhor ainda seria a sua leitura explicarem em detalhes aquilo que se está passando dentro de nós. Dito isto, podemos perguntar por que razão Paulo diz aqui "fiéis em Cristo" e não "fiéis a Cristo". Parece algo fácil de explicar, mas, tem muito que se lhe diga. Para estarmos em Cristo, precisamos entrar pela porta - precisamos começar com João Batista, percorrer todo o caminho e chegar a Pentecostes. Após havermos limpado toda a nossa vida de pecados passados que nunca foram confessados pelo nome e abandonado pecados presentes na presença de Cristo, entramos numa busca para entrarmos numa vida de Pentecostes continuada e sem altos nem baixos. Há que achá-la. Havendo chegado aí, estamos em Cristo e Cristo em nós sem qualquer sombra de dúvida. Mas, nada termina aí porque é precisamente aí que tudo começa. Deixem-me explicar. Precisamos aprender a gostar, a usar e a entender o vinho novo havendo nós sido tornados odres novos. Precisamos, a partir de então, aprender a ser fiéis apenas usando e usufruindo do poder da graça, usando seus meios e negando veementemente todos os nossos próprios recursos e capacidades que não estejam plenamente santificados. Quando uma pessoa vem a Deus torna-se mais difícil negar as próprias capacidades e poder que advém da carne do que negar-se a si mesmo de forma sacrificial/comercial em jeito de troca. "E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará", 1Cor.13:3. E é bom entendermos que NADA, mas, nada mesmo obterá algum proveito ou benefício se a casa não for construída por Deus. Tudo terá sido em vão.

  49. "Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos, tenho feito isto. E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim", Gen.20:5,6. Falando humanamente, quando alguém não sabe que algo é errado e pratica, é inocentado. Contudo, para Deus não deixa de ser uma transgressão igual a qualquer outra. A única diferença é que Deus impede a pessoa de transgredir contra Ele, ao contrário do que pode acontecer com os obstinados. Caso Deus inocentasse um transgressor apenas porque ele não sabia que era transgressão, estaria encobrindo a transgressão e seria cúmplice de pecado porque Deus sabe que é transgressão. Se alguém cair num precipício não morre porque era cego quando caiu? Ou não morre porque não sabia que ali existia um precipício, ou porque não conseguiria evitar a queda? "Agora, pois, restitui (...) para que vivas; porém, se não restituíres, sabe que certamente morrerás", Gen.20:7.

  50. "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade", 2Tim.2:19. Não temos noção da importância e seriedade desta afirmação. Hoje vi um famoso que vive uma vida promíscua e desrespeitosa para com Deus ouvindo musica evangélica à vista de todos, apregoando que era crente - apregoando que era carne. Muitas pessoas do mundo revêem-se nesse fantasma como exemplo. É um exemplo de mundanismo e não de cristianismo. Imaginemos qual será o tamanho da sua condenação! O nome Jesus tem um significado especial: "Seu nome será Jesus porque Ele salvará o Seu povo de seus pecados", Mat.1:21. Estas pessoas revelam pela suas vidas promíscuas e vazias que Jesus significa que se podem manter em seus pecados. Anulam por completo a mensagem do Evangelho e pregam o caminho mais certo para o inferno.

  51. "O homem benigno faz bem à sua própria alma, mas, o cruel perturba a sua própria carne", Prov.11:17. Lembremo-nos que a carne é a força do homem cruel. Logo, se faz mal à própria carne, quer dizer que até faz mal ao poder que o move em seu dia-a-dia.

  52. É comum crer-se que a justificação antecede a santificação e que ambos são pela fé em Jesus. E isso é verdade. Se é por via duma experiência real dum Pentecostes pessoal que somos justificados (e não duvido disso), se é por essa experiência de vida abundante que nos tornamos verdadeira e inegavelmente justos (justificados), a santificação vem aprimorar nossa vida externa, mudar costumes, hábitos, ideias, ideais, pensamentos, alvos, objetivos e tudo mais que deve compor a nossa vida quotidiana a partir de então para que se torne compatível com a transformação que ocorreu em nosso interior por meio da justificação e presença real (não fingida) de Deus. Contudo, devemos entender que nem sempre é esta a ordem cronológica daquilo que nos acontece. Podemos perguntar se os apóstolos foram santificados antes ou depois de Pentecostes e vemos claramente que foi antes e não depois. Dessa mesma forma, existem crentes, pastores, obreiros (e por vezes obreiros incansáveis) que vivem uma vida regrada, disciplinada e exteriormente apelativa e respeitada, mas, que nunca passaram por uma experiência real de Pentecostes. Esses não devem rejeitar o verdadeiro avivamento somente porque existem muitos falsos avivamentos no terreno. Mas e por outro lado, também não se devem sentir sozinhos ou estranhos a ponto de negar tudo aquilo que se tornaram caso se apercebam  de haver vivido uma vida pobre até então, pois, seria um erro. Necessita, apenas, aprender, gostar e usar o vinho novo ao contrário daqueles que necessitam, apenas, de limpar seus pés. Os apóstolos passaram pela mesma situação. Seja qual for a circunstancia em que alguém se possa encontrar, terá de passar pelas duas coisas, isto é, pela justificação e pela santificação, seja uma antes ou depois da outra. Sem elas, ninguém verá Deus.

  53. "Muitos ali creram n'Ele", João 10:42. É um erro assumir que este tipo de crer em Jesus seja ou fosse considerado como fé. A verdadeira fé viria após este crer - se viesse. Temos de ler nas entrelinhas das circunstâncias destes acontecimentos. Não era e nunca foi fácil para os judeus (ou para qualquer outra pessoa) acreditarem que um homem pudesse ser Deus. Era preciso crerem nisso - ou mesmo ver para crer. Até mesmo para um povo já de si idólatra seria difícil. Mas, era ainda mais difícil por ser verdade. Permitam que me explique. Se fosse mentira seria mais fácil crerem. Mas, era verdade. Um coração enganador ou mesmo mentiroso só se revê em alguma mentira. Se um coração enganoso crer na verdade, fá-lo contrariado, opondo-se a ele mesmo. "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo", Luc.9:23. Dito isto, é necessário realçar o fato de que a verdadeira fé vem por meio duma real e verdadeira comunhão com Deus em Seu Espírito. Esta comunhão só se torna possível numa vida limpa de seu passado e presente, com cada pecado confessado pelo nome porque é isso que separa de Deus. Após isso, abre-se o caminho para buscar com segurança e achar a verdadeira abundância de vida eterna e constante que nos foi prometida. É necessário preparar o caminho para receber o Senhor. Essa vida, por sua vez, gera a verdadeira fé como fruto dessa comunhão. Também somos inclinados a acreditar em quem amamos incondicionalmente. É por essa razão que Paulo fala da "fé que opera pelo amor", Gal.5:6. E é por essa razão que a fé é fruto e não a origem da vida (eterna). "Aquele que crê (aquele que tem fé), (já) tem a vida eterna", João 5:24. É essa vida que o faz crer sem que possa negar as evidências. Mas, devemos ter em conta que existe outro tipo de "crer" que ainda não é fé e é por essa razão que Jesus também afirma em outro lugar a forma invertida dos fatos: "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha (possa vir a ter) a vida eterna", João 3:16. É um outro tipo de crer do qual Jesus fala aqui. Não podemos confundir estes fatos para não errarmos na nossa aproximação ao Evangelho. Alguns que creram (mas, não tinham fé verdadeira) tentaram apedrejar Jesus pouco depois de haverem "crido".

  54. "As ovelhas o seguem porque ouvem a Sua voz", João 10:4. Hoje em dia aplica-se muito o mito duma doutrina correta como base para uma fé sã. O que torna a fé sã é uma comunhão real, simples, verdadeira e contínua com o Senhor. A fé surge quando é Deus quem fala ao coração (e não somente aos ouvidos) e é pelo coração que devemos ouvi-lo falar. Qualquer um pode pregar a doutrina certa. Mas, ouvir a palavra significa ouvir com o coração e não com os ouvidos. Quando o coração ouve dificilmente se coloca em palavras concretas aquilo que se passa e como acontece. "Vem e vê". O ouvido ouve palavras que explicam, mas, no coração ouve-se aquilo que transforma a partir do lado de dentro. E o coração só se pode rever quando é Deus quem fala a um coração que é (ou está em vias de ser) conforme Ele. Logo, qualquer um pode ter ou mesmo obter o ensino correto porque aprendeu numa escola Bíblica ou pelo convívio continuado com os filhos de Deus num ambiente onde predomina a verdadeira santidade. Aquilo que conta é esta verdade incontornável: é a vida que traz/produz o ensino e não é o ensino que produz a vida verdadeira. E é nesse ponto onde podemos entender um pouquinho melhor esta relação entre a ovelha e a voz do pastor. Se uma voz diferente diz ou afirma à ovelha a mesma coisa que o Pastor, distinguimos o erro pela ausência de vida na voz. "E aconteceu que nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo", At.16:16,17. Qualquer um de nós tem a capacidade de reconhecer quem fala somente pela sua voz, independentemente daquilo que diz ou afirma. Não podemos reconhecer o pastor apenas pelo ensino, mas, muito mais pela voz e pela intimidade. E a voz só se aprende a conhecer por via da intimidade e cumplicidade sem limites com o pastor. E o coração ouve aquela voz que é conforme esse coração. Por essa razão é que precisamos ser ovelhas para entendermos e reconhecermos o pastor. Ovelha ouve e distingue essa voz. A parte crucial é tornarmo-nos ovelhas e não tentar distinguir vozes porque ovelha ouve e distingue por natureza. É importante que a palavra seja ouvida pelo coração. E quando algo vindo de Deus fala ao coração raramente chega em forma de letras ou frases, mas, em forma de transformação, operando interiormente em forma de vida expectante. Seremos nós a tentar colocar tudo isso em palavras e são essas palavras que viram ensino. "Vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada)", 1João 1:1-2. Contudo, é importantíssimo nunca inverter essa ordem das coisas. Temos exemplos claros onde as pessoas "criam", mas, não pela palavra dirigida ao coração. "Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura, um demónio abrir os olhos aos cegos?" João 10:21. Aquilo que acontecia aqui, era as pessoas tentando crer nas palavras porque viram milagres e nunca porque a palavra houvesse alcançado seu íntimo e coração. Os milagres faziam-nos duvidar, questionar e atormentar ao invés de fazer crer. "Pode, porventura, um demónio abrir os olhos aos cegos?" Isto é um questionamento e não uma afirmação, uma pergunta e não uma certeza. Estavam e ficavam na dúvida e não na certeza. Queriam ter certeza e não vida. Isso tipo de certezas que buscavam é operado pela força da carne e não por Deus. Não acharam certezas incontestáveis vendo milagres, pois, o milagre não fala ao coração. Somente Deus fala ao coração que o busca verdadeiramente. Esse tipo de certezas tem como manter a carne viva e a carne é algo que Deus quer morta. Esse tipo de certeza é outra forma de duvidar camuflada como da certeza. A verdadeira certeza chega a nós por via dum verdadeiro e real convívio com Deus em Seu Espírito - algo que aniquila a carne juntamente com qualquer forma de seu poder. Qualquer tipo de certeza que não seja alcançada por viva do poder da graça numa comunhão real com Deus é do tipo vacilante e inconstante, a qual mantém a carne no templo de Deus. "Não pense tal homem que receberá alguma coisa de Deus", Tgo.1:7. E é a vida que traz e produz a verdadeira fé. "Aquele que crê em Mim tem a vida eterna (vida constante, permanente e sem altos e baixos)". Crê por ter essa vida dentro dele, seja em forma embrionária ou já em abundância.

  55. "Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo", João 9:35-37. Esta pergunta, se fosse colocada a um teólogo ou professor das Escrituras, obteria outro tipo de resposta. Certamente que responderia que era descendente de Davi ou alguma explicação extensa nessa linha. Mas, Jesus simplesmente se apresentou como sendo quem esse homem procurava. Não usou doutrina, não fez rodeios, não usou de sabedoria e foi direto ao assunto: "Sou eu". Mas, podemos perguntar o que fez com que aquele homem cresse somente com essa apresentação. Jesus, ao invés de responder à pergunta, simplesmente se apresentou. Perante tal "resposta", o homem cria ou não cria. É bom sermos colocados perante situações ou não temos uma terceira opção.

  56. "Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é", João 9:29. As pessoas que não crêem na verdade ou não aceitam a realidade quando confrontados com Deus de forma real e clara são poucos honestas com elas mesmas e não são sinceras. E quem não é sincero com ele próprio não o será com ninguém. Jesus estava na frente deles, fazendo aquilo que ninguém podia negar. Contudo, os que se opunham afirmavam que conheciam Moisés que nunca viram; e diziam que não sabiam quem era Jesus que se encontrava mesmo ali na frente deles. Esses que afirmavam tais coisas nunca haviam visto Moisés - algo interessante de notar em pessoas que criam somente vendo. Eles nunca viram Moisés e, ainda assim, afirmavam que o conheciam. São as tais contradições dos homens de pouca ou nenhuma fé. E são essas contradições que Jesus veio despertar do seu sonambulismo ou da sua hibernação. "Eis que este é posto para (...) sinal que é contraditado (...) para que se manifestem os pensamentos de muitos corações", Luc.2:34,35.

  57. "Conheço-o e guardo a Sua palavra", João 8:55. Não há como guardar a Sua Palavra sem O conhecer. "Anda em minha presença e sê perfeito". Aqui não diz, "sê perfeito e anda em minha presença". Do mesmo modo, não diz que "guardo a Sua Palavra e (por isso) conheço-o". Existe sempre uma ordem nas palavras de Deus, uma sequência natural que não podemos omitir ou ignorar sob pena de estarmos a mudar a Sua palavra e entrar, assim, em condenação. Como é que se entra em condenação? Ao mudarmos a verdade não a conheceremos de forma real e íntima e essa é a condenação, pois, é a verdade que nos liberta. A condenação é não conseguirmos entrar no caminho de forma prática por estar vedado ao uso de qualquer outro poder e aberto para o bom uso do poder da graça.

  58. "...Não se firmou na verdade porque não há verdade nele", João 8:44. É uma utopia crer ou confiar que as pessoas se firmam em Deus ouvindo a verdade. A verdade precisa alcançar alguém que tenha verdade nele para poder alojar-se em seu coração, isto é, busca uma pessoa que é ou começa a ser verdadeira, sincera com ela mesma e transparente em cada momento da sua vida. A verdade só pode alojar-se num verdadeiro; a realidade num realista; a luz numa pessoa integralmente transparente; a sabedoria num sábio que é capaz de se corrigir e, também, de se corrigir e transformar pelo poder da graça e nunca de qualquer outra forma.

  59. "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", João 8:32. Creio de todo coração que estas palavras estão colocadas propositadamente de forma sequencial. Permanecer na Palavra transforma alguém num discípulo e, seguidamente, faz com que conheça a verdade de forma experimental, pessoal, fluida e real. Quem conhece a verdade dessa maneira tem, como consequência num passo seguinte, tudo para ser liberto de qualquer tipo de pecado ou tentação, mas, alcançar isso é trabalho e frutifica somente pelo bom uso do poder da graça - desde que saibamos como usufruir desse poder com a finalidade de sermos libertos de nós mesmos. E isso só acontece a quem deseja verdadeiramente ser liberto de seus pecados e prazeres. Ser liberto de tudo aquilo que dá prazer é, deveras, algo incomum e indesejável para qualquer pessoa que preferiria associar os prazeres da carne aos incontáveis e intermináveis benefícios duma vida espiritual constante e eterna. Isso equivaleria a deixar o pecado comer da Árvore da Vida. Mas, nós mesmos devemos colocar "uma espada inflamada que anda ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida" em nós, protegendo, assim, o nosso Éden, que é, na verdade, a nossa real e verdadeira comunhão com Jesus. Logo, não existem discípulos se não permanecem na Palavra; não existem pessoas que experimentem o fluir da verdade em seu íntimo sem antes se tornarem verdadeiros discípulos; e não existe pessoa capaz de se libertar sem primeiro haver conhecido a verdade dessa forma real, fluida e constante. Para se conhecer a verdade dessa maneira, devemos ouvi-la, primeiramente, na primeira pessoa pelos ouvidos do coração. Mas, ouvi-la ainda está longe de a conhecermos de forma real e íntima. Conhecer a verdade significa experimentá-la de forma real, operando em nós com nossa total conivência, sem que seja possível negá-la.

  60. "Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida", João 8:12. Vejo muitas pessoas sem saber qual o próximo passo, ou para onde devem ir ou o que fazer. E são esses mesmos que afirmam que seguem Jesus. É uma contradição, pois, Jesus diz que quem o segue nunca andará em trevas. Quando muito, estagnará surgindo alguma forma ou indício de trevas para começar a andar assim que achar luz novamente. E devemos sempre lembrar que a luz dos os é a vida que experimentam em seu interior. Por essa razão se lê aqui "a luz da vida". "E a vida é a luz dos homens", João 1:4. Logo, vida abundante significa luz abundante; vida intermitente, luz intermitente.

  61. "Sai daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes (...) Porque nem mesmo seus irmãos criam nele", João 7:3-5. Os irmãos de Jesus sabiam dos milagres de Jesus, sabiam que Ele os executava e, quem sabe, viram alguns. Mas, é afirmado que eles não criam n'Ele. Os milagres podem chamar a atenção, mas, não transformam o coração. Afirmar que um verdadeiro avivamento é quando ocorrem milagres é andar longe da verdade. Os milagres podem acontecer e, na maioria dos casos, ocorrem em avivamentos reais. Contudo, o verdadeiro avivamento tem a ver exclusivamente com a Vida que se aloja num coração após a sua purificação. O verdadeiro fruto dum avivamento real é a transformação genuína que ocorre dentro de cada ser obediente a Deus. "O Espírito que Deus dá àqueles que Lhe obedecem..." At.5:32.

  62. O milagre de Namaan é maravilhoso. Mas, aqueles que lêem são, muitas vezes, ofuscados pelo destaque que dão ao milagre. O milagre é uma mera consequência da obediência a Deus. Não podemos destacar a consequência e, consequentemente, ofuscar Deus; senão Jesus dirá, também a nós, algo assim: "Não me buscais a Mim, mas, buscais-Me pelo pão que comeste, pelo milagre que fiz ou pela bênção que dei". Concentrando-nos no milagre que cabe a Deus executar, esquecemos o obediência e reverência a Deus que cabe a nós evidenciar com alegria. Neste milagre, também vemos que a menina no exílio (na casa de Namaan, na Síria) servia a Deus por lá e, assim, podemos interpretar que qualquer lugar serve para sermos fiéis a Deus. José era fiel a Deus em cativeiro e era lá que achava Deus de forma real. Muitos dizem que podemos estar com Deus em qualquer canto deste mundo sendo que Deus está em todo lado. Mas, quando se encontram em algum cativeiro ou dificuldade esquecem-se dessa verdade, pois, associam Deus à prosperidade física. E qualquer associação que possamos fazer de/a Deus é idolatria, pois, não se mede Deus pelo que faz, mas, por aquilo que Ele realmente é. É necessário que Deus se manifeste como pessoa que é para que Ele possa dizer uma vez mais, "Eu sou o que sou".

  63. "O que busca cedo o bem, busca favor (de Deus)", Prov.11:27. Existem os que buscam verdadeiramente. Mas, entre estes que buscam, existe uma maioria que não sabe o que significa achar e contentam-se com o buscar. A base da religiosidade oca e sem vida é, precisamente, ficar pelo buscar e achar contentamento nisso. Vemos que uma multidão buscava Jesus, mas, para achar pão e não a água da vida (João 6:24-26). Bem-aventurados os que buscam Jesus pela água da vida. Depois, também temos aqueles que buscam, acham e rebuscam o que já está à mão sem imaginar que esse tipo de rebuscar é uma forma de oposição paralela e camuflada à verdade. Quem rebusca pode estar querendo achar algo diferente daquilo que se pode achar buscando (e achando) Jesus. Deus disse "Me buscareis e Me achareis", Jer.29:13. Acharemos a Ele buscando-o. Não podemos buscá-Lo para poder achar algo mais além d'Ele. Só pelo amor se busca o Amado e não aquilo que Ele tem ou pode dar.

  64. "Tu tens as palavras da vida eterna", João 6:68. As palavras não são a vida eterna, pois, é a vida eterna tem palavras. Jesus é a Vida Eterna. Ele mesmo disse que era a verdade e a Vida. Contudo, nunca devemos esquecer que uma vez que as palavras de Deus se tornem a expressão da nossa vida, se essas palavras descrevem a nossa vida, se apontam para a nossa forma de viver, se descrevem com precisão aquilo que experimentamos na primeira pessoa pela comunhão real, verdadeira e inequívoca com Deus, também é certo que nós próprios temos as palavras da vida eterna.

  65. "Pedro disse a Jesus: Senhor e o que será deste? Disse-lhe Jesus: (...) que te importa a ti? Segue-me tu", João 21:21,22. Vejo tantas pessoas preocupados com o que será dos demais. Uns porque se preocupam com os familiares, outros porque querem tornar-se úteis e outros, ainda, porque têm algum interesse na salvação de alguém. Conheci uma moça que queria converter alguém para poder casar com ele e, assim, evitar o jugo desigual. No fundo, essas preocupações ou anseios não passam de maneiras de desviar do principal que é: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem", 1Tim.4:16. As pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para desviar o foco do principal e evitar mexer em sua própria vida interior através de Deus. Existem sempre interesses sentimentais, anseios de todo tipo, enganos e distrações que acabam funcionando como espinhos em boa terra. Somente completando a obra e dando-lhe continuidade exclusiva dentro de nós poderemos algum dia aspirar a sermos úteis na plena salvação dos demais. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra", 2Tim.2:21. Ninguém será vaso de honra sem se purificar a ele mesmo. "Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas, uma só é necessária", Luc.10:41,42. A nossa obra é ter e manter uma proximidade real e verdadeira com Jesus, estando sempre em plena comunhão com Ele. Tudo que possa impedir isso, seja pecado ou simples distração com os demais, deve ser exterminado sem pensar duas vezes. A vida eterna é conhecê-lo dessa forma, isto é, experimentando-o de forma real. "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", João 17:3. Se tratarmos de nós mesmos em relação a Deus, ao nosso próximo e à lei de Deus, também não nos preocuparemos a respeito daquilo que os demais nos fazem ou mesmo a respeito daquilo que pensam e assumem a respeito de nós. Mas, algo mais importante nos acontecerá: ouviremos pessoalmente de Deus a respeito da Sua obra em nós. E assim se cumprirá o Novo Testamento em nós: "Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim", João 6:45. "...Se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados...", Ef.4:21. Veremos o que responderemos quando Jesus nos perguntar algo assim: "Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?" João 18:24. É nisto que se resume o Novo Testamento. "...Este é o concerto que farei (...) porei a Minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração (...) E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o Senhor", Jer.31:30-34. Se o relacionamento com Deus for verdadeiro, real, não-fingido ou não-simulado e autoassumido, temos garantias de sermos pessoalmente ensinados por Ele. "E a unção que vós recebestes dele fica em vós; e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas e é verdadeira...", 1João 2:27. Também existem pessoas desapontadas (com razão) com seus líderes, instituições ou igrejas. Mas, nem isso nos deve privar de sermos ovelhas que ouvem seu pastor. Ninguém pode medir a importância de alcançarmos este tipo de relacionamento com Deus onde tudo nos é ensinado e dado pessoalmente. Contudo, poucos alcançam aquilo que é para qualquer um.

  66. "Fiz calar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada para com sua mãe, tal é a minha alma para comigo", Sal.131:2. Existem muitas coisas a ter em conta neste texto. Existem aquelas pessoas que se asseguram a elas mesmas contra os testemunhos de Deus em seu interior; existem os que são assegurados por Deus e convencidos por Ele e fazem sua alma sossegar sem esforço; e existem aqueles que são convencidos e assegurados por Deus, mas, precisam de fazer com que sua alma sossegue na verdade,