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ALGUNS PENSAMENTOS E ALGUMAS CONTRADIÇÕES DOS CORAÇÕES E DAS VIDAS DOS HOMENS

OS PENSAMENTOS NESTA PÁGINA SÃO, NA TOTALIDADE, DE MINHA AUTORIA. NO ENTANTO, ACHAM-SE AQUI ALGUNS (MUITO POUCOS) QUE SE ASSEMELHAM A PENSAMENTOS DE OUTROS AUTORES PORQUE OS MODIFIQUEI UM POUCO PARA PODEREM EXPRESSAR MELHOR O QUE ME VAI NA ALMA. O QUE CONTARÁ, NO FINAL, É O CONTEÚDO E A VERDADE DO PENSAMENTO E NÃO O SEU AUTOR. OS AUTORES "TERMINARÃO", MAS, AS PALAVRAS DE DEUS PERMANECERÃO. ATÉ LÁ, "...ENTRE OS PERFEITOS FALAMOS SABEDORIA, NÃO PORÉM A SABEDORIA DESTE MUNDO...", 1Cor.2:6.

São pequenas reflexões e resumos fruto da minha relação com Deus e com a Sua palavra. Inicialmente eu queria anotar tudo o que aprendia nos meus momentos de comunhão com Deus, mas, isso tornou-se impossível a menos que escrevesse longos textos. Então, decidi resumir e guardar como pensamentos curtos para voltar mais tarde e preencher com mais detalhes. Chegaram a 100, depois a 200, a 1.000, a 2.000, a 3.000... sem nunca se repetirem. Assim, decidi mantê-los como breves reflexões e resumos. Nosso dia só tem 24 horas e não podemos trabalhar sequer em metade dele. Deixo estes pensamentos como os escrevi para mim. Meu pedido a Deus é que possam trazer alguma bênção para alguém, mesmo que pequena. Estas são minhas pérolas preciosas. Espero que você as trate bem.

  1. "Aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam para que não se convertam e lhes sejam perdoados os pecados", Marc.4:12. Existem muitas doutrinas aproveitadoras que usam certas partes mal interpretadas das Escrituras para se substanciarem. Estas afirmações de Jesus é um desses casos. Ele diz: "...para que não se convertam e sejam perdoados seus pecados". À primeira vista parece algo estranho, mas, se vermos bem, enxergaremos aqui um certo jogo de palavras que não sei se é devido às traduções ou não. Se este versículo afirma que Deus não quer que certas pessoas se convertam, as Escrituras contradizem-se, pois, lemos claramente que é a vontade de Deus que todos se salvem. Mas, podemos crer que este trecho diz que Deus não quer que certas pessoas sejam perdoadas porque não se converteram ou porque não se querem converter. Creio ser essa a interpretação correta. Foi por essa mesma razão que Deus colocou "uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida (para que não vivessem para sempre, pecando)", Gen.3.24,22. É a conversão que leva ao perdão. Logo, crendo que Deus evita que alguns sejam salvos é claramente um erro de interpretação e não dá substância às doutrinas que afirmam isso, o que, também não tem nada a ver com a verdadeira doutrina da predestinação, mas, apenas da forma que muitos acreditam nela. Até mesmo a doutrina da predestinação contém nela a verdade intrínseca que Deus quer que todos se salvem e é com essa finalidade que Deus predestina. Quando a interpretação dessa doutrina deixa de fora a verdade de que tudo se resume a que todos possam ser salvos sem exceção, é uma má interpretação por pessoas que acham que sabem muito e não sabem nada. Tudo que vem escrito tem como alvo e objetivo único a salvação de todos. Mas, voltando ao versículo acima, creio que a interpretação correta é distinta daquela que, à primeira vista, podemos ser levados a crer. Se vermos aquilo que Paulo diz em 2Cor.3:16 podemos crer que o entendimento vem com a conversão genuína. Paulo diz: "quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará". Também podemos afirmar, categoricamente, que o perdão de pecados é concedido pela conversão da pessoa e que a confissão minuciosa de cada pecado leva ou induz a essa conversão; e induz a que essa conversão se vá tornando genuína. Não somos perdoados porque confessamos, mas, porque nos convertemos; a confissão detalhada de cada pecado leva a essa conversão. Então, olhemos novamente para o versículo acima: "para que se não convertam e lhes sejam perdoados os pecados". Esta afirmação pode ser vista como o fato de que as pessoas não se quererem converter para que seus pecados possam ser perdoados. Caso houvesse perdão sem conversão, certamente desejariam ser perdoados. Só não desejam ser convertidos. Até o diabo quereria ser perdoado sem ser convertido. Imaginemos um assassino ser perdoado sem se haver transformado em distribuidor ou dador de vida (como aconteceu com Paulo)! Ou um ladrão ser perdoado sem começar a trabalhar para dar a quem precisa, fazendo o oposto daquilo que fazia! Ou um mentiroso que não falasse a verdade sendo verdadeiro e experimentando a verdade da qual fala! Muitos podem falar a verdade sem se haverem tornado verdadeiros. Caso essas pessoas começassem a entender a Palavra sem estar convertidas, teriam como criar uma aparência de Cristianismo, de santidade, de verdade e de pureza que não corresponderia àquilo que são em seus corações. Mas, daí a ser afirmado que é para que não se convertam é ir longe demais com alguma má interpretação. Na verdade, não se querem converter genuinamente para poderem ser verdadeiramente perdoados.

  2. "Não entristeçais (extingais) o Espírito Santo", 1Tes.5:19. Quando Deus se manifestou em nossas vidas, a forma como se manifestou - desde que essa revelação tenha sido real e não apenas crença assumida - é um ponto de partida para compararmos aquilo que Deus começou a fazer para compararmos com aquilo que faz atualmente. É uma boa maneira de sabermos se entristecemos o Espírito Santo ou não. É bom compararmos o estado das igrejas atuais com seu início no tempo dos apóstolos para obtermos uma ideia do quanto o Espírito de Deus se entristeceu. Também podemos verificar se, ao invés de se ter entristecido, o quanto se alegra. Para se alegrar é necessário que se possa ver um progresso claro na qualidade do fruto que Sua presença é capaz de produzir. "Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor", Os.6:3. Se conhecer o Senhor de maneira real é como o raiar do dia que vai aumentando de qualidade e luz, podemos assumir que, ao invés de estarmos a entristecer o Espírito de Deus, estaremos a alegrá-Lo.

  3. "Esforça-te e tem bom ânimo", Jos.1:6. Muitas vezes e durante provações prolongadas, a pessoa deixa de fazer as coisas normais dos seus deveres quotidianos perdendo seu ânimo a pouco e pouco e qualquer pessoa nota que seu ânimo já não é aquilo que era. Mesmo tendo a força da graça sempre à distancia duma oração sincera, já não consegue executar se depender do animo que começa a desvanecer com o prolongar do tempo. Vemos que Abraão e Isaque também ficaram "fartos de dias" embora tenha sido por outras razões (e não pelas razões que irei mencionar aqui), mas, devido à sua velhice (Gen.25:8; 35:29). O cansaço dum esperar prolongado, de ter de esperar espiritualmente pelos que se atrasam ou se desleixam, a promessa que tarda em cumprir-se e a labuta normal de cada dia ou a sua monotonia são capazes de fazer surgir certa maneira de pensar e de avaliar que leva a extinguir o "bom animo". Esse animo só é bom porque vem de Deus e é devido à Sua presença infalível. Só existe como fruto devido à comunhão da Sua presença. Por essa razão é que é "bom". Mas, precisamos enxergar outra verdade a esse respeito. A pessoa não deixa de executar pela falta de animo bom, mas, é precisamente o inverso: entristece o "bom animo" porque deixa de fazer. Por isso é que lemos "esforça-te e tem bom ânimo" - nessa ordem. Na ordem cronológica (que é a ordem espiritual) o esforçar-se vem antes do ânimo. Não podemos querer alterar essa ordem, pois, a ordem da carne é ter ânimo antes para se poder esforçar. A carne é sempre contrária e inversa ao Espírito. A carne busca ânimo para se esforçar e o espírito esforça-se e obtém ânimo bom como fruto do Espírito. Ao tornar-se negligente, a pessoa perde o animo que é bom porque se separa de Deus pelo pecado do desleixe, pois, entristece o Espírito que até é capaz de animar um morto ou de pegar numa pedra e fazer dela um filho de Abraão. O "bom ânimo" é fruto dum relacionamento real, sincero e verdadeiro com Deus. Mas, sendo negligente em qualquer dever espiritual, a pessoa perderá esse ânimo bom devido ao afastamento de Deus causado pelo pecado da negligencia. O fruto do "bom ânimo" deixará de existir pela quebra dessa comunhão real com Deus. Logo, não é o bom ânimo que fará com que nos esforcemos, mas, será esforçando-nos que obteremos esse "bom ânimo". "Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza", Is.52:1. Esse ânimo não é e nunca será um tipo de ânimo qualquer: é fruto alcançado por via dum relacionamento sincero, não fingido, não forçado e real com Deus. Isto só é possível de experimentar por aqueles que são verdadeira e inegavelmente cheios do Espírito Santo. Nenhum outro poderá comprovar isto que afirmo aqui. Não é um ânimo carnal, operado pelo homem no homem, seja esse homem o próprio ou algum outro que o tenta animar ao invés de incentivar a esforçar-se onde foi negligente. Quando Paulo afirmava que "estamos sempre de bom ânimo" era porque não deixava de ser fiel na execução de cada detalhe da vontade de Deus. É por essa razão que estava sempre de "bom ânimo". Para que isso se tornasse possível, teria de buscar o poder da graça minuciosa e fielmente para cada tarefa de cada momento de cada dia. "Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia". Qualquer pessoa negligente irá de mal a pior e até mesmo aquilo que o rodeia piorará a olhos vistos dia após dia. E o perigo de não se esforçar enquanto pode - enquanto é dia - é o de chegar ao ponto onde não mais se consegue esforçar. "Andai enquanto tendes luz para que as trevas não vos apanhem", João 12:35.

  4. "...O Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem", At.5:32. Pouco se fala na obediência e da sua importância como condição prévia para a experiência da Vida Eterna, isto é, da vida abundante a qual Deus dá àqueles que lhe obedecem; e o pouco daquilo que se fala não explica quase nada a respeito do que é a verdadeira obediência e em que consiste. Se tivermos em conta que Deus prima por um coração ativamente voluntário, não podemos sequer olhar para a obediência como os humanos a enxergam, isto é, como se a obediência da qual Deus fala fosse uma subjugação de alguém que é obrigado a obedecer sob pena de perda ou punição. O desobediente está fora do Reino de Deus, mas, não apenas por desobedecer e antes por ter uma natureza contrária à do Reino. Se a pessoa "obedecer" de forma forçada não significa que a sua natureza haja sido transformada, mas, que foi subjugado por falta de opções. Sua natureza continua sendo a mesma de sempre sendo subjugado ou obrigado. Logo, também está fora do Reino ainda que obedeça, pois, não é possível reiná-lo tendo uma natureza contrária. Quando obedeço contrariado, desapontado ou de forma custosa não me posso considerar como pessoa de natureza obediente tal como a jumenta de Balaão não se podia considerar gente por ter falado uma vez. E é esse tipo de "obediência" que é considerada como normal entre a grande maioria dos crentes e com a qual os humanos se contentam. Isso significa que vivem um engano que consideram ser uma virtude em vez de verem isso como uma falsificação da obediência. "O engano deles é falsidade", Sal.119:118. "Mas, para (o Seu povo) diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente", Rom.10:21. Toda a obediência a Deus tem de ser uma de natureza, de conivência dum coração que se revê no mandamento. Na nova criatura, a obediência não é e nunca será uma contrariedade, mas, é a luz que busca ansiosamente, é o mais puro e mais sincero anseio e deleite de todo um ser a ponto de estar integralmente envolvido no executar da vontade de Deus com toda a inteligência e com toda a diligencia assim que acha os meios para tal. (Ninguém consegue executar a vontade de Deus sem achar esses meios da graça para que consiga fazer aqui na terra da mesma maneira que se executa no céu). "Levantarei as minhas mãos para os Teus mandamentos, os quais amo"; "Os teus estatutos têm sido os meus cânticos"; "Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos", Sal.119:48;54;112. Quando alguém inclina o coração para poder guardar os estatutos, é fazer muito mais e muito mais profundamente que apenas inclinar os passos do dia a dia. Isso significa que todo o coração, todo o deleite e alegria agem como parte integral da obediência. Mas, logo surge uma pergunta: por que razão, então, as Escrituras dizem para nos negarmos a nós mesmos se nos quisermos tornar Seus discípulos? Devemos saber distinguir quando a nova natureza é contrariada, tentada ou mesmo impedida pelo diabo, cansaço, demora das concretizações de certas promessas que nos tocam, entre muitas outras coisas. É sob essas circunstâncias que devemos negar-nos a nós mesmos. É muito diferente quando é a natureza velha a tentar cumprir contrariada e ser crente de aparência com as suas naturais dificuldades e impossibilidades. São esses que criam doutrinas que desculpam o pecador e afirmam que é impossível ser-se santo como se ser santo fosse uma coisa doutro mundo.

  5. "Dai ao Senhor (...) força"; "Dai ao Senhor fortaleza", Sal.96:7; 68:34. Existem palavras nas Escrituras que, por vezes, são difíceis de entender/colocar na perspectiva correta. Como é que alguém pode dar força a Deus? Como é que alguém lhe pode dar fortaleza? Na verdade, é simples de entender. Damos força a Deus submetendo-nos a Ele para que seja Deus a construir a casa; limpando nossa vida; permanecendo n'Ele e Ele em nós. Tudo isso conjugado dá força visível a Deus, isto é, Sua força torna-se visível, prática e demonstrativa. Da próxima vez que você disser que Deus é a sua força, certifique-se que é mesmo assim na prática, pois, você pode estar a falar duma força emocional que o próprio pode fabricar para o próprio, o qual lhe permite persistir ou mesmo perseguir a sua vidinha de sempre. E isso pode estar a acontecer quando Deus pode estar a operar o inverso, dando-lhe razões para negar a sua vida própria, sua forma de poder e de força. Existem inúmeras partes nas Escrituras onde é afirmado que Deus resiste alguém enquanto essa pessoa, na sua ignorância e teimosia, busca força onde não tem para contra-resistir, isto é, para persistir contra Deus. E se for Deus quem lhe está a resistir e você pensa que é o diabo? Se não estiver mesmo sujeito a Deus com toda a sua vida limpa, duvido muito que Deus seja a sua força. Talvez seja a ideia de Deus que lhe dá alento emotivo, mas, pode crer que quem bebe dessa água terá, necessariamente, de beber dela de novo. Não é e nunca será o tipo de água que se bebe uma vez e que se mantém para sempre.

  6. "Quem te deu tal autoridade?" Mat.21:23. Muito se fala sobre autoridade em termos gerais, enfatizando apenas uma das partes: aquele que exerce autoridade como se tudo dependesse dele. No tocante a quem a exerce, a autoridade é um dom mesclado com exemplo de vida. Ninguém pode separar o exemplo da autoridade que pode exercer. Quem dá, pode pedir; quem faz, pode pedir para ser feito. Até Jesus exerceria pouca autoridade espiritual caso não fosse cumpridor de toda a Lei e se não fosse santo. Mas, existe o outro lado da autoridade sobre o qual nunca falamos: aqueles sobre quem essa autoridade é exercida. Os Fariseus colocaram bem a pergunta a Jesus e não é nada inocente. "Quem te DEU essa autoridade". A autoridade é dada, é permitida e aceite. Mas, logo surge a pergunta: é dada por quem? A autoridade é dada, concedia, permitida e obedecida por aqueles sobre quem ela é exercida. Quem dá autoridade a alguém é aquele sobre quem essa autoridade é exercida sujeitando-se a ela. Sou eu que me submeto à autoridade de Deus, à autoridades mundanas ou qualquer outro tipo de autoridade. Eu dou autoridade sobre a minha vida ou mesmo sobre parte dela ao submeter-me a ela. É bom, aos olhos de Deus, que a pessoa seja submissa de natureza com inteligência. Poderíamos ser submissos a Deus temendo o Seu imenso poder, recebendo Sua imensa bondade ou por qualquer outra razão dum vislumbre de qualquer aspeto da infinita grandeza de Deus. Mas, logo surgiria a pergunta: como seria essa pessoa sem ver tal grandeza? Seria, ainda assim, submissa, humilde e simples de coração? O que Deus deseja e opera em nós é uma natureza nova e voluntária desde o mais íntimo de nosso coração. Sendo submisso ou humilde e simples sob algum poder (e não de natureza) é, muito provavelmente, sê-lo somente na aparência por temor ou por necessidade.

  7. "Não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar", Luc.12:11,12. Não estar solicito ou preocupado evita muitos pecados ou erros em momentos quando não se pode errar. Aceitar a pressão nunca foi boa em momentos de aperto. Pode causar precipitação, pressa, falta de confiança e pouco interesse ou desejo de esperar algo de Deus, isto é, de esperar em Deus. Quando Jesus fala a respeito de responder, não significa que essa seja sempre uma resposta falada. Por vezes é, mas, nem sempre. Jesus guardou silêncio diante de Pilatos e escreveu na terra quando queriam apedrejar a mulher adúltera. Ainda assim, essas atitudes não deixaram de ser respostas com enorme significado iguais às outras que deu sempre que falou.

  8. É sumamente verdade que a Palavra vinda de Deus (as Escrituras) é "proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça", 2Tim.3:16. (Mas, tenhamos em conta que podemos estar a ler as Escrituras sem ter Deus a ensinar-nos). À primeira vista e por intuição carnal, somos capazes de argumentar que este alerta ou recomendação tem como alvo quem ensina e não a quem aprende. Por norma, as pessoas aprendem para ensinar a outros e crê-se que as Escrituras falam muito nesse tom para quem ensina, isto é, para professores, educadores e pastores. Contudo, devemos entender que, na verdade, a Palavra é dirigida a quem lê e a quem descobriu o segredo de se ensinar a ele próprio. As Escrituras falam ao próprio para que aprenda e nunca para que aprenda a ensinar. Ainda que ensinar seja um dom que vem de Deus, há que entender que só podemos tentar explicar o caminho daquilo que, para nós, já é um vida quotidiana normalizada. Ensinar aos outros não é ser ensinado. Saber transmitir aquilo que já se tornou a nossa própria vida, aquilo que já aprendemos em sua forma prática e já criou raízes em nós, falando da própria experiência, é a única coisa que se exige dum pregador ou evangelista. "...Para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado", 1Cor.9:27. "Aquilo que recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei", Fil.4:9. É isso mesmo que Paulo queria transmitir a Timóteo, "para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra", 2Tim.3:17. Neste caso, ele (Timóteo) era esse homem de Deus. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos", 2Tim.2:6. Logo, a Palavra é dirigida a quem lê para que possa ser corrigido, redarguido, contestado, confortado e instruído nos caminhos dos justos, isto é, nos caminhos da justiça. É um erro sem tamanho quando um pastor, pregador ou evangelista acredita que tem de preparar um sermão para os demais quando, na verdade, ele tem de conseguir retirar, reiterar e explicar aquilo que já aprendeu com a prática da verdade e partilhar como chegar lá, explicando o caminho para a Vida que começa necessária e inquestionavelmente somente com essa pratica da verdade. "Aquele que pratica a verdade...". Contudo, convém que consiga falar daquilo que, em sua vida prática, já se tornou usual e natural para que não esteja falando somente duma experiência nova, dando a impressão que é algo passageiro ao invés de demonstrar que a Vida e Sua prática veio para ficar eternamente. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos" somente quando esses frutos já estiverem prontos para a colheita e nunca antes disso. "Permanecei...". Devemos falar somente daquilo que já permanece em nós, isto é, daquilo que já é capaz de permanecer. Se assim não for, seremos condenados juntamente com os mentirosos. Seremos da laia dos mentirosos e seremos julgados com e como eles.

  9. Podemos e devemos ser sinceros a ponto de não deixar nada por esclarecer entre irmãos. Uns optam por se calar porque não querem abdicar de suas posições ou mesmo questioná-las. Calam-se para não terem de rever suas posições. Isso não é concordar. Não é e nunca será estar de acordo. Logo, não podem andar juntos, caminhar juntos, orar juntos sem ser de forma frígida, fingida e forçada, Amos3:3. Mas, existem pessoas mais nobres, mais honestas e mais sinceras em relação à verdade e às Escrituras. Esses ouvem-se mutuamente, analisam as Escrituras atentamente e, negando-se a si mesmos, deixam as Escrituras ter a última palavra. "...Mais nobres (...) examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim", At.17:11. Aquele que não se nega a si mesmo para poder dar a última palavra às Escrituras ainda não sabe o que é o Evangelho e, se assim é, não saberá o que é viver o Evangelho.

  10. O Perdão que Deus concede graciosamente a qualquer pecador que foi plena e inegavelmente convertido não pode ser colocado no mesmo patamar ou com o mesmo significado que os humanos dão à palavra "perdão". Vamos por partes. Se lermos atentamente e entendermos corretamente os capítulos de Romanos (Cap.6 a 8), podemos entender melhor como e por que razão o perdão de Deus é concedido. Por aquilo que lemos, o pecador morre. A culpa e a capacidade de transgredir morrem com o transgressor culpado. O perdão é concedido não somente porque Cristo morreu, mas, porque a Sua morte é capaz de alcançar o mesmo tipo de morte do pecador crucificando-o com Ele. Se o perdão fosse concedido com base, apenas, na morte de Cristo, todo mundo estaria perdoado. O perdão é concedido porque o tipo de morte de Cristo consegue que o pecador também possa morrer crucificado com Ele, isto é, estando semelhantemente morto para o mundo (pecado) e o mundo para ele. Segundo aquilo que Paulo nos transmite, entendemos que por via do (verdadeiro) Batismo com o Espírito Santo, o tipo de morte que Jesus experimenta para o mundo para sempre, será a herança de todos aqueles que experimentam a Sua vida na plenitude prometida, isto é, no poder da Sua ressurreição. "Se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da Sua morte, também o seremos na da Sua ressurreição", Rom.6:5. Na verdade, Jesus não morreu no verdadeiro sentido da palavra, pois, se assim fosse não teria dito "hoje estarás comigo no paraíso". Nenhum morto podia estar no paraíso, muito menos estar vivo por lá. No tocante à morte de Jesus, Ele morreu para o pecado e para o mundo e o mundo para Ele. "Quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado", Rom.6:10. Sua morte foi, apenas, um certo tipo de morte. E será nessa semelhança de morte que somos participantes e da qual podemos usufruir caso possamos permanecer na plenitude Cristo. Esse tipo de morte é um tipo específico de morte - é uma morte para o pecado, para o mundo e para tudo aquilo que é oferecido por cá. E é neste tipo de morte que nós, também, somos plantados caso experimentemos a Sua plenitude de maneira continuada. Daí a importância daquilo que Paulo diz aos crentes: "Enchei-vos do Espírito", Ef.5:18. Por essa razão, Paulo usa as palavras "semelhança da Sua morte", isto é, o tipo de morte que Cristo experimentou ao ser crucificado. Cristo não morreu no verdadeiro sentido da palavra. Caso a plenitude de Cristo tenha como abundar em alguém, o tipo de morte e o tipo de vida que Cristo experimenta atualmente será plantada, implantada e consolidada nessa pessoa também. "Não vivo eu, mas, Cristo vive em mim", Gal.2:20. Caso isso aconteça, experimentará o mesmo tipo de morte que Cristo experimenta e, o mesmo tipo de vida ressurrecta. Isto é, o pecador estará tão morto para o pecado e para o mundo quanto um cadáver está para tudo aquilo que o rodeia nesta terra atual - ou pode estar tão morto quanto Cristo está caso se possa manter pela graça e nunca por outro meio ou outro tipo de poder. Caso isso aconteça sem qualquer sombra de dúvida, a pessoa que nasce de novo é e será sempre outra pessoa e nunca mais será aquela que morreu caso se mantenha em Cristo e Cristo nela. Se o pecador morreu, não haverá a quem imputar culpa. Quando falamos da verdadeira conversão - quando ela é mesmo real - é disso que estamos falando. Pedro converteu-se em Pentecostes. "(Pedro), quando te converteres…" Luc.22:32. Se a pessoa não se transforma a esse ponto, precisa insistir em oração e não dar descanso aos seus joelhos e olhos até que seja cheia de Deus em toda a plenitude prometida, vendo se não existe alguma coisa, alguma atitude por transformar, alguma força residual da carne para se manter ativa na salvação, ou pecado por confessar que possa estar impedindo o fluir ou aproximação dessa Vida Eterna. Ainda que demore oito dias até alcançar Pentecostes, alcança-o pela insistência, Luc.11:13. A nova pessoa nasce inocentada porque é uma nova pessoa e todas as coisas passaram, isto é, tudo se fez verdadeira e inegavelmente novo. O velho homem morreu literalmente e, com ele, as suas transgressões. Cabe a si alcançar a promessa dessa Vida (eterna) que começa aqui e agora, ainda aqui na terra. "… A vida que agora vivo…" Gal.2:20; "… A presente Vida…" 1Tim.4:8.

  11. "Um mandamento novo (...) Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas", 1 João 2:8,9. Esta palavra "aborrece" usada aqui não é um aborrecimento ocasional dum mau dia, um coisa ocasional seja por que razão for, um mal-estar momentâneo entre pessoas, uma contrariedade ou discussão sem raízes no coração. Trata-se duma aversão continuada, uma mágoa impura contra alguém, um rancor ou contrariedade contra alguém pela pessoa que esse alguém é ou se imagina que ela é. Queria tentar explicar: existem desentendimentos por causa de desencontros de argumentos, de ideias diferentes, culturas e até mesmo doutrinas diferentes. Esses desentendimentos passam facilmente a ponto de ninguém sequer se lembrar deles no dia seguinte. São coisas pontuais que podem ocorrer e os honestos de coração acabam por se entender ouvindo-se mutuamente e buscando a verdade plena nas Escrituras dando às Escrituras a primazia da última palavra em total transparência e honestidade. Isso não é aborrecer o irmão e trata-se, antes, duma busca de entendimento entre iguais. Mas, é muito diferente quando alguém não gosta de outro e contradiz apenas pela pessoa que é, isto é, está na defensiva ou no ataque contrariando assim que se encontra perante a pessoa que é o objeto da sua desconfiança, rancor, discordância ou devido ao seu aspeto ou a algo que se associe a certa pessoa, seja por algo que somente se imagina sem constatar a verdade a seu respeito, ou algo verdadeiro que nunca foi falado com o próprio. Quando uma esposa e o esposo se desentendem por causa duma escova de dentes, podemos ter a certeza que o problema não reside na escova de dentes, mas, é substanciado por algo mais grave. Conheço um marido que diz que se esposa está sempre na oposição. Se ele diz direita, ela tem de dizer esquerda; se ele disser esquerda, ela diz direita. Eu creio que a palavra "aborrecer" neste versículo cai nessa categoria de significado. Há algo nas pessoas que os torna insensíveis após anos de convivência mutua e a defesa criada pelo e para o egoísmo entra subtilmente nas relações. Um casamento, por exemplo, tem como ser cada dia como se fosse o primeiro dia. Se isso não acontecer, passará a existir uma porta escancarada para que certas coisas se solidifiquem sorrateiramente de forma subtil e inconsciente nos corações que se juntaram em uma só carne. E essas coisas caem dentro do significado da palavra "aborrecer", que, traduzido no sentido espiritual é o mesmo que ódio aos olhos de Deus. É por essa razão que algumas traduções traduzem essa palavra "aborrecer" no Novo Testamento como "odiar". "Se alguém não aborrece (odeia) a vida própria, pai, irmão... não pode ser meu discípulo".

  12. "Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai", 1 João 2:1. Não existe e nunca existirá perdão sem conversão. "Aquele que confessa e deixa as suas transgressões, alcançará misericórdia", Prov.28:13. Por essa razão e sabendo que as Escrituras não se podem contradizer, este versículo leva-nos a questionar aquilo que se crê em círculos supostamente evangélicos a esse respeito. Neste contexto, o significado da palavra "advogado" aqui estende-se muito mais além daquilo que possa parecer num primeiro entendimento. Este advogado para com o Pai dá a garantia de não permitir (nem mesmo sendo apenas em forma residual) que qualquer intenção, capacidade ou ideia de voltar a cometer os mesmos pecados se mantenha. Ele tem e mantém a capacidade de converter quem ainda peca e que só peca por ser pecador de natureza. (Não sei como qualificar aqueles que pecam havendo já sido verdadeiramente transformados desde o mais íntimo de seus corações. Será que são esses que pecam para a morte? 1João 5:16,17. Não tenho essa certeza). É nesse sentido de ter a capacidade de levar à conversão e de converter aqueles que foram capazes de O alcançar que Jesus se torna um verdadeiro Advogado diante do Pai. Ele tem a capacidade de perdoar pecados porque transforma um assassino em doador de vida; um ladrão em ajudador do próximo; um mentiroso na pessoa mais verdadeira; pois, sabemos que, para Ele, nada é impossível. "Ele salvará o Seu povo dos seus pecados (da sua capacidade de pecar)", Mat.1:21. Liberta-os verdadeiramente de seus pecados. Mas, para que Jesus possa tornar-se esse advogado que extermina a capacidade ou vontade de pecar, há que conhecê-lo intimamente. Ninguém pode confiar num advogado que não conhece e se é a partir do coração que os pecados do homem surgem, há que conhecer Jesus muito intimamente e de forma real e não apenas conhecê-Lo. "Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e nele não está a verdade", 1João 2:4. Se "nele não está a verdade", significa que sua fé é fingida, duvidosa, naufragada ou forçada. Logo, para que Ele possa tornar-se esse advogado, é necessário que estejamos vivendo em total harmonia com Ele, experimentando-o verdadeira e inequivocamente no mais profundo de nosso ser porque é a partir dali que o mal surge - é ali que tem suas raízes e é desde lá que precisam ser exterminadas. É a partir de lá que Jesus deve operar. Não podemos curar a ferida do povo de Deus superficialmente, podando somente na aparência.

  13. "Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer/desfalecer",Luc.18:1. Aqui temos um segredo escondido: Sem apreender este segredo, muitos acabam tropeçando e ter uma grande queda. É mesmo uma queda enorme no erro, na interpretação e na escuridão das doutrinas onde se ensina a orar, mas, não a obter respostas concretas da parte de Deus. O segredo aqui não é e nunca foi ir orar, mas, perseguir uma resposta concreta. Aqueles que estão numa fase onde sua comunhão com Deus ainda deixa muito a desejar, podem obter um não concreto - o que é um bom sinal, pois, se Deus disser que não, respondeu. Se Deus não respondesse, não dissesse nada, seria muito pior. E é neste estado "pior" que a maioria dos crentes se encontram - ainda que não queiram reconhecê-lo. O que perseguimos sem desfalecer é a resposta a cada uma de nossas orações. Mas, por falta de respostas, o cristianismo começou a acomodar-se e contentar-se com orar e orar, jejuar e jejuar sem obter qualquer sinal de resposta concreta. Os verdadeiros de coração perseguem insistentemente essa resposta, dure o que durar, custe o que custar - seja esse custo pessoal, moral, sentimental ou qualquer outro. Qual é o segredo e como devemos agir perante essa descoberta? A promessa de Deus é elevar-nos a um patamar de santidade que nos levará a uma proximidade de Deus tal que Deus pode mesmo atender as orações enquanto falamos e, em alguns casos, ainda antes de pronunciarmos qualquer palavra porque a oração já se encontra formulada no coração. "E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei", Is.65:24. Mas, enquanto não alcançamos esse estatuto de limpeza de coração que nos faz chegar, estar e permanecer bem próximos de Deus de forma continuada e ininterrupta, resta-nos a opção de orarmos até obtermos resposta concreta. Qual a razão ou quais as razões que nos podem levar a uma situação onde possamos chegar mesmo à exaustão até alcançarmos a resposta? Devemos lembrar que o alvo é a resposta. Sem isso, não podemos desistir. Sendo a resposta o objetivo de qualquer oração e sabendo que o normal seria obter resposta imediata, devemos saber que existe algo que está a impedir que qualquer oração seja atendida. Através dessa insistência de coração genuíno, Deus poderá revelar aquilo que está impedindo a oração, dando a oportunidade de ser regularizado. Na verdade, não é preciso muito para que as orações sejam impedidas. "Vós, maridos, coabitai com a esposa com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco (...) para que não sejam impedidas as vossas orações", 1Ped.3:7. O mesmo poderíamos dizer às mulheres que não assumem a submissão ao marido como algo que faz parte da sua própria criação; ou que não se submetem a Deus inquirindo diligentemente sobre a educação de seus filhos, como pilares do próprio lar que elas são. Mulher que não é submissa ao marido, não é submissa a Deus - ainda que o tente ser pela aparência. Tudo começa nas bases. Se não é submissa ao marido que vê diariamente como poderá sê-lo a Deus que não vê?

  14. "Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?" João 5:44. Quando Jesus fala aqui em buscar honra uns dos outros, tem um sentido muito vasto, isto é, engloba muitas coisas. Buscar honra significa, em muitas ocasiões agradar pessoas para ser agradado; manter as aparências buscando elogios ou evitando criticas; ser simpático, não porque se é simpático de natureza, mas, para se evitar ser mal visto, discriminado ou algo nessa linha. Existem muitas formas óbvias de se buscar honra, tanto quanto existem formas camufladas e disfarçadas. A estas pessoas com tais delitos naturais, Jesus pergunta como será que podem crer sendo assim. Esta pergunta vai muito além daquilo que possa parecer. Na verdade, o que Ele quer dizer é o seguinte: "Por que é que vocês pensam que conseguem crer buscando honra uns dos outros?" Vou tentar explicar aquilo que se entende espiritualmente por revelação de Deus ao coração. A fé que salva (crer) é fruto duma comunhão com Deus. É um filho do relacionamento entre Deus e o coração. Caso exista algum tipo de crer quando esta comunhão entre Deus e a pessoa é irreal, comprometida ou inexistente, estaremos falando duma fé naufragada ou crença sem fundamento. Tal crença é como uma casa construída na areia do mar onde as ondas batem regularmente. Não existe fé verdadeira que não seja fruto dum relacionamento profundamente genuíno entre Deus e homem. Sendo assim, qualquer pessoa que busca honra nos olhares, na admiração e na consideração de pessoas está efetivamente separada de Deus. Não pode crer, não tem como crer porque não tem esse relacionamento. E há os que podem crer porque tiraram a parede de separação que existia entre eles e Deus, confessando e abandonando cada pecado pelo nome e restituindo aquilo que não lhes pertence, ainda que seja a honra da qual se apropriaram indevidamente. Efetivamente, há os que podem crer e os que não podem. "E Jesus disse: Se tu podes crer..." Marcos 9:23. Há que tirar, confessar e destruir tudo aquilo que nos separa de Deus para não termos que viver/conviver com uma fé naufragada. "...Conservando a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé", 1Tim.1:19. Estes naufragados continuam pregando, evangelizando, frequentando os cultos e reuniões de oração assiduamente como se tudo ainda estivesse normal. Criam-se novas mentalidades, inverdades e irrealidades acerca das coisas de Deus e da verdade para que as pessoas continuem frequentando as igrejas sem temor daquilo que pode chegar inesperadamente, como acontece quando um ladrão chega pela calada da noite. Por exemplo, as pessoas começam a crer que importante é orar e não que importante é ser ouvido por Deus obtendo respostas à oração. Desde que orem e jejuem, tudo está bem; começam a crer que aquilo que importa é ir à igreja e ser frequentador fiel dos cultos em vez de alcançar graça para ter como cumprir, confirmar e guardar a palavra. Na verdade, seria como um pescador que se contenta com a vara de pesca quando não pesca nada; ou como alguém que compra uma extensão elétrica, liga seus utensílios elétricos nela, mas, a outra ponta continua fora da tomada na parede; ou uma casa com uma instalação elétrica perfeita, mas, que não está conectada à rede da empresa publica de eletricidade. E é assim que se criam religiosos em vez de seres viventes, os quais sabem muito daquilo que não têm e acreditam ter, os quais continuam desconectados porque algo ainda os separa de Deus.

  15. "Acautelai-vos primeiramente, do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia", Luc.12:1. Aqui, Jesus não diz que o perigo são os Fariseus, mas, a hipocrisia. Mas, hoje, tudo é muito moderno e ninguém se considera hipócrita, forçado ou fingido porque já não existem Fariseus. Existe diferença entre ser esforçado e ser auto-forçado, isto é, entre ser esforçado com aquilo que já se tem dentro ou forçar-se naquilo que não se tem e nunca se alcançou de Deus, criando a aparência pelo esforço carnal. Vejo muitas pessoas (e com alguma frequência) puxarem por emoções criando hábitos religiosos emotivos sem se aperceberem que aquilo que não é da nossa pessoa em nossa vida quotidiana é hipocrisia; vejo que agradar pessoas é considerado amor e não hipocrisia; não vivem o Evangelho na rua, não tendo vida real, mas, tentam espremê-la dentro da igreja através de hinos bonitos, liturgia e leituras bíblicas; vejo aqueles que se querem mostrar falando aos demais nos cultos, como se de algum testemunho real se tratasse crendo que se entra pela porta estreita sabendo ensinar aos outros, "querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam", 1Tim.1:7. Muitas mais coisas poderia mencionar aqui sobre os "que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade", 2Tim.3:7, os quais se enchem de mandamentos, doutrinas, crenças, enganos e não de vida. Mas, ficarei por aqui. O fermento dos Fariseus modernizou-se e tornou-se o fermento do Evangélicos e religiosos. Tornou-se doutrina e estudo em vez de ser vida real que pode ser explicada e aprimorada pelo estudo das Escrituras. Uma coisa é explicar aquilo que alcancei em Deus confirmando as Escrituras estudando-as com afinco e cumprindo (guardando); outra coisa é estudar as Escrituras (muitas vezes sem entendê-la da forma que deve ser entendida) e esforçar-me para igualar aquilo que entendo. Essa é a diferença entre ter vida e ser hipócrita. "O fim do mandamento é (...) uma fé não fingida", 1Tim.1:5. Contudo, a hipocrisia não existe apenas naqueles que não experimentam a vida eterna em seu interior de forma real e que tentam imitá-la ou praticá-la por via do esforço daquilo que pensam que entendem. A hipocrisia também existe de outra forma e em sentido inverso nos que verdadeiramente acharam vida plena: podem ter a parte importante já no coração, mas, ainda vivem da aparência em suas vidas quotidianas. Isto é, vivem conforme os hábitos anteriores tendo já alcançado vida verdadeira; vivem em conformidade com as circunstâncias ou conformados com as regras do mundo, pensando que agradar pessoas e ser agradado é amor. Imaginemos um profeta que tem tudo no coração para expressar as palavras de Deus no momento certo e da maneira certa, mas, conclui algo assim: "Ai de mim! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios", Is.6:5. Este profeta já havia expressado as Palavras de Deus corretamente, tinha tudo no coração, contudo, ainda vivia e falava conforme as pessoas que o rodeavam. Mas, não são somente os hábitos culturais que nos tornam hipócritas. A vergonha de falar de Deus tendo-O vivo no coração; o encobrir do verdadeiro coração por motivos errados; ter o Evangelho vivo no coração envergonhando-se dele na frente das pessoas ou ter medo das consequências. Tudo isso pode tornar-nos hipócritas. Aqueles que não alcançaram vida podem ser hipócritas tanto quanto os que já alcançaram essa vida e não a vivem. O conhecimento naqueles que não alcançaram vida é um peso. Quem se esforça naquilo que não tem, esforçar-s-e-á naquilo que imagina ter e isso é outra forma de idolatria. Mas, para todos quantos alcançaram vida verdadeira, crendo, esse mesmo conhecimento vindo de Deus deve ser ou tornar-se um verdadeiro alívio das cargas emocionais, principalmente se essas cargas emocionais forem religiosas.

  16. Existem muitas coisas que ocupam as pessoas, muitas das quais parecem ser nobres, mas, deixam muito a desejar por não serem finalizadas. Uns vão à igreja e não ouvem - não finalizam; outros ouvem e não guardam a palavra. "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam", Luc.11:28. Uns lêem, mas, não ouvem; outros conseguem ouvir e não guardam. Há quem nem sequer consiga ouvir pelo coração e tente cumprir aquilo que não achou em forma de vida real; há os que estudam, mas, não são cumpridores fiéis. Ocupam-se tanto com o conhecimento que não acham tempo para a prática daquilo que já existe no coração - se existe mesmo. E tudo isso deve-se à forma humana e enraizada de querer cumprir pela carne, colocando a carne a servir no templo de Deus. Hoje em dia existem bibliotecas inteiras de sabedoria Bíblica como nunca houve na história do mundo. No entanto, creio mesmo que nunca houve uma época da história onde houvesse tantos pagãos dentro das igrejas. Existe muito estudo e pouca prática que se identifique como vida vinda do coração e da própria essência da pessoa onde possamos afirmar que a pessoa é a própria palavra. A partir daí começaram a aparecer práticas por via do conhecimento ilimitado ao qual temos acesso hoje, as quais se tornaram práticas religiosas e não são uma demonstração prática do ser da pessoa, isto é, não têm origem no homem interior por não se encherem e preencherem de vida, mas, apenas de conhecimento. Logo, privilegiam-se as práticas religiosas acima da vivência e experiência da própria vida eterna dentro de quem a possui - se a possui. Estes dias assisti a batismos de pessoas que nunca se converteram, que não abandonaram o vício do cigarro e da bebida e, para que se cumprisse a doutrina de batizar apenas adultos, desceram às aguas, fazendo essas pessoas pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas. Se é criminoso não guardar a palavra quando se tem a capacidade de ouvi-la, imaginemos o quão criminoso é ter estudo amplo e diversificado das Escrituras sem sequer conseguir ouvir. E são essas pessoas que hoje são batizadas e agregadas como irmãos, os quais, por haverem sido batizados, sentam-se à mesa da ceia com crimes que nunca confessaram e/ou nunca abandonaram. "Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem", 1Cor.11:30.

  17. "A paz (...) como o mundo a dá", João 14:27. A questão aqui é saber se Jesus está falando de algum tipo de paz que o mundo pode dar ou se está falando da maneira como o mundo tenta dá-la ou alcançá-la (em vão). Se optarmos por entender este versículo pela forma como o mundo tenta obter paz, isto é, pela maneira "como o mundo dá", podemos acreditar que no mundo não existe paz e, apenas, que o mundo tenta dá-la ou alcançá-la da sua maneira. Jesus fala aqui de "como o mundo dá" e não afirma que o mundo consegue dá-la. E creio que é essa a verdade que Jesus nos quer fazer passar porque "no mundo, tereis aflições" e não paz. E que maneira ou formula é esta do mundo lutar por paz? O mundo tenta obter sua paz indo ao encontro das concupiscências de cada um e daquilo que a carne mais deseja. Satisfazendo seus desejos, o homem carnal deleita-se em seu prazer (temporariamente) e engana-se a si mesmo assumindo isso como sendo 'paz'. Esses deleites são sempre temporários e o coração (ou a carne) nunca é capaz de se sentir plenamente satisfeito ou realizado no dia seguinte. O dia seguinte será sempre um dia de ressaca e não de realização. Se alguém se sente realizado ou feliz matando, tornará a matar porque o deleite que teve não se mantém no dia seguinte. Isso faz com que vá de mal a pior. O mesmo pode ser dito do beber, do vício de comer, da lascívia, da ganância ou de qualquer outra coisa que o mundo dá - se Deus permitir, claro. Quem beber dessas águas tornará a ter sede com toda a certeza. Quem busca a paz da maneira que o mundo dita, certamente tornará a buscar essa paz vazia que se esgota rapidamente porque não é eterna, não é constante, não tem sustentação e não tem como se manter.

  18. "No mundo tereis aflições", João 16:33. Vamos falar das aflições que nos podem ocorrer. Existem as aflições externas e as internas. Todos aqueles que vivem piamente manifestando Jesus de forma real sofrerão perseguições. O mundo nunca ficará indiferente a respeito de qualquer um que manifeste Jesus em sua vivência de forma real. Contudo, rir-se-ão dos hipócritas porque o mundo distingue-os de longe embora os crentes se recusem a distinguir. Podemos crer que essas aflições são-nos externas e não alcançam nosso íntimo caso Jesus nos reine por inteiro e integralmente. Mas, as Escrituras falam claramente dos "deleites, que nos vossos membros guerreiam", Tgo.4:1. "Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes (...) Pedis e não recebeis", Tgo.4:2,3. Pedir e não receber traz conflitos nos que se recusam ser hipócritas em relação a Deus e Suas realidades. O que significa isto? Significa que todo o crente que é capaz de crer (enganosamente) que Deus está disposto a satisfazer os deleites ao invés de salvar a pessoas desses deleites terá conflitos e guerras em seu próprio coração. Essa conflituosidade será transportada para a vida quotidiana exterior, criando, também, hipócritas que vivem uma vida dupla, isto é, uma vida conflituosa real a par duma vida de aparência conveniente que serve apenas para encobrir esses conflitos, pecados e desejos. E sabemos que aquele que encobre suas transgressões, desejos ou pecados nunca prosperará espiritualmente (Prov.28:13). Logo, se ainda existirem resíduos do mundo nos corações, se não "estou morto para o mundo e o mundo para mim", haverá aflições no coração e guerra constante entre Deus e a carne onde o coração é a arena desses conflitos até ao dia que Deus disser algo parecido com aquilo que disse nos tempos de Noé: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne", Gen.6:3. Convém, pois, que não sejamos carne também sempre que temos o Espírito de Deus ou o Evangelho tentando tomar posse de todo o nosso ser. Se o mundo ainda estiver em nós - ainda que apenas residualmente - teremos aflições no coração. Onde ainda existir mundo, haverá aflições e se existir no coração será ali mesmo que haverá aflições de todo tipo. Onde existe mundo, existem aflições e conflituosidade, seguramente.

  19. Existem muitas razões para que as orações não possam ser atendidas. Mas, digamos que a pessoa não tem qualquer pecado por confessar; não tem nada para restituir a alguém; não trata o esposo ou a esposa desrespeitosamente devido à habituação da vivência como casal; não negligencia seus deveres; não negligencia seus filhos, educando-os nos caminhos de Deus rigorosamente; etc. Ainda assim e não tendo nada que separe essa pessoa de Deus (Is.59:1,2) fica claro que certas orações dentro da vontade de Deus (orações que deveriam ser atendidas) nunca são atendidas conforme prometido. Eu vejo mães orando por seus filhos em suas tribulações sem serem ouvidas e, mesmo assim, ficando satisfeitas somente por haverem orado; pais em dificuldades extremas orando sem obter respostas concretas e outros orando por eles ficando satisfeitos com o simples fato de alguém dizer que está orando por eles; "irmão, estamos orando" vulgarizou a satisfação de quem ora e ninguém é capaz de afirmar que foi ouvido por Deus. Depois, perguntamos:"as mães oram porque estão preocupadas com seus filhos ou porque acreditam que Deus resolve? É a preocupação que as move ou a fé?

  20. "Marta! Marta! Andas inquieta (distraída, ocupada) e te preocupas com muitas coisas (...) pouco é necessário ou mesmo uma só coisa", Luc.10:41,42. Existem muitas formas de nos abstermos daquilo que é verdadeiramente importante e que, segundo Jesus, "pouco é necessário". Significa que aquilo que realmente importa é pouca coisa, fácil, simples e de extrema importância. Existem pessoas que se abstêm ou distraem servindo comida, bens materiais ou outras coisas e nunca se ocupam com aquilo que importa verdadeiramente. Contudo, é necessário ter em mente que existem muitas outras formas de estarmos ocupados que não são mencionadas aqui, negligenciando, assim, a parte que realmente importa. A pessoa pode estar ou manter-se ocupada com a ira que consome o coração; com medos e receios; com problemas que ocupam a cabeça que necessita estar desocupada para Deus; com doutrinas e discussões religiosas que não se centram em arranjar o próprio coração colocando tudo e mais alguma coisa na luz e na transparência.

  21. "Outra (semente) caiu entre espinhos e, crescendo com ela os espinhos...", Luc.8:7. É extremamente difícil semear a boa semente sem que algumas caiam em boa terra onde, também, nascem espontaneamente espinhos e outras ervas daninhas. O segredo reside em não deixar crescer os espinhos com a boa planta que advêm da boa semente, alimentando esses espinhos. Hoje, alimenta-se muito os espinhos tais como: Deus cura, Deus dá, Deus abençoa (tudo menos a vida espiritual). É bom lembrarmos, com frequência, a oração de Jabez: "preserva-me do mal". A pessoa, mesmo crescendo espiritualmente, não pode permitir que os espinhos sejam alimentados e nutridos, pois, se os espinhos e abrolhos crescem até mesmo em terra ruim, imagine em terra boa!

  22. "Aos pobres é anunciado o Evangelho", Luc.7:22. Hoje não se insiste em pregar o Evangelho para os pobres. Prega-se prosperidade material se eles derem do pouco que têm.

  23. "Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras...", Luc.6:47. A capacidade de ouvir tais palavras é muito mais do que ouvir de forma audível. É um ouvir profundo, é ouvir de palavras que falam segundo o coração, é ouvir aquilo que se anseia - ouvir desde o mais profundo do nosso ser. Quem não ouve assim, ainda não ouviu nada. "Vede, pois, como ouvis", Luc.8:18. É dessa forma de ouvir que vem a fé e não é conforme se apregoa por aí.

  24. "Mas, a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos (...) bendizei os que vos maldizem (...) oferece-lhe também a outra (...) emprestai, sem nada esperardes...", Luc.6:27-35. É bom contextualizarmos corretamente toda a palavra que vem de Jesus. Jesus dirigia-se aqui especificamente aos que ouvem: "A vós que ouvis...". Teria muito para dizer a este respeito, mas, não sei se terei palavras para fazê-lo. Em primeiro lugar, tenho a certeza que este tipo de mandamentos não pode ser dirigida a quem não ouve com um coração praticante. Palavras dirigidas oportunamente a um coração já de si rendido e praticante é o que significa ouvir. Explicar, dirigir ou confrontar quem não ouve com o coração é criar problemas e tropeços para o verdadeiro Evangelho (e para a própria pessoa) de muitas formas. Criam-se hipócritas nas igrejas, criam-se opositores que nunca entendem e discordam com agressividade embora nem sempre é possível evitar que a boa semente caia fora da terra boa. Quando uma semente cai em terra boa e frutifica, serve de testemunho e admiração aos que se opõem, coisas essas que despertam e aguçam a curiosidade deles. Somente esse tipo de testemunho praticante e vivente (evidente) capaz de ouvir tem a capacidade de despertar qualquer opositor em qualquer parte do mundo.

  25. "Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras e as observa (...) pôs seus alicerces sobre a rocha (...) e nada o pode abalar...", Luc.6:47. Hoje em dia dá-se enorme ênfase a estudar a palavra e até memorizá-la como se isso fosse criar praticantes, lidando com as pessoas como se fossem papagaios. "Importa fazer essas coisas e não deixar as outras", Lk.11:42. Em primeiro lugar, ler a palavra sem ouvir com o coração mais profundo, isto é, sem que essa palavra seja dirigida aos anseios mais profundos e mais relevantes de cada alma é ler em vão. É uma pura perda de tempo. Este tipo de ouvintes são os que podem e devem observar (cumprir, guardar) a palavra que lhes é dirigida. Sendo verdadeira esta afirmação, devemos e podemos entender que um ouvinte sedento ainda não é cumpridor da palavra. Se ouve dessa forma tem o caminho aberto para a graça que capacitará plenamente para ser um cumpridor tal como se nunca tivesse vivido doutra maneira. Devemos ter em conta que existe um longo caminho para percorrer entre ouvir com o coração e guardar a palavra de tal forma que a pessoa acaba se tornando a própria palavra em formato prático e visivelmente espontâneo. Ouvinte ainda não é cumpridor.

  26. "Mas o que ouve e não pratica...", Luc.6:49. Muitos acreditam e assumem que praticar (o Evangelho) é orar, ler a palavra, não faltar às reuniões, ir à igreja e ser religioso. Nada está mais longe da verdade. Praticar aquilo que somos capazes de ouvir com o coração sedento é transformar nossa vivência no emprego, em casa, no transito, na escola, na limpeza de casa, no arrumar do quarto, no lidar com outras pessoas seja de que tamanho/idade forem. Mas, nunca nos podemos esquecer que temos o dever inegociável de transformar nossos próprios corações em primeiríssima mão para que as nossas práticas sejam uma manifestação visível, transparente do nosso coração integralmente e sem qualquer pingo de esforço (fingimento). "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. "Amarás teu próximo com a ti mesmo" terá de ser uma forma de vida espontânea, natural e instintiva. Se assim não for é uma aparência de vida, uma fingida e forçada - e isso não é vida

  27. "(A semente) que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom e dão fruto com perseverança", Luc.8:15. Um versículo recheado de muitas coisas. 1.Ouvir a palavra: ouvir é algo que vai muito além do audível, pois, é ouvir algo de interesse para o coração e que mexe com ele; 2.Conservar num coração honesto e bom: a)não é manter somente na memória e na mente; b)não podemos lançar sementes em qualquer outro tipo de coração (nem no nosso), pois, a boa semente tem a capacidade de transformar e quando o coração não é "honesto e bom" acerca da palavra, quando a palavra não encontra um coração de igual estatuto, quando a verdade não encontra um verdadeiro, quando não se é extremamente sincero até com o próprio, essa palavra tem uma capacidade limitada de transformar o semblante e a aparência das pessoas, as quais se tornam crentes na aparência, hipócritas sem vestes nupciais. Tornam-se "manchas em vossas festas de (amor a Deus), banqueteiam-se convosco, apascentando-se a eles mesmos sem temor", Jud.1:12. Conservar a palavra boa para poder fazê-la frutificar após isso é pensar nela, meditar nela a ponto de ir transformando a nossa mente e o nosso ser. 3.Mas, isso nunca pode ser considerado como frutificar, pois, frutificar é outra coisa e vai muito além de ter a capacidade e a disciplina de conservar essa palavra com vontade e dedicação. Frutificar será possível com perseverança continuada errando cada vez menos e acertando cada vez mais até que não seja possível errar mais devido a nova cultura e estatura do novo homem que ganhamos. Mas, errando ainda, devemos ainda manter a palavra boa em coração bom que não se desmotiva por nada deste mundo perseverando na confiança, na fé, sabendo que iremos conseguir tudo na dependência de Deus e se não lançarmos mão de meios alternativos chamados ao serviço pela impaciência, meios que nos possam levar a querer construir a casa, mas, sem ser Deus a construí-la. 4.Isto significa que ninguém deve desistir no primeiro percalço, na tentação insistente e na dificuldade, pois, logo tudo se pode tornar fácil e natural se não negligenciarmos a ajuda de Deus em nos ir salvando de cada pecado. Errando, devemos manter a capacidade de ainda manter a palavra no coração sabendo que logo tudo muda estando em Deus. Quais são os principais inimigos da perseverança? A distração; a falta de atenção, a qual é negligência; ausência de "bom ânimo"; fracassos anteriores que, na aparência, parecem repetir-se; a tentação de querer alcançar o prometido por meios próprios, o desânimo e desmotivação. "Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, porque mandas, lançarei a rede", Luc.5:5. Aqui, Pedro não respondeu, apenas, a Jesus, mas, ao seu próprio ânimo e pensamentos contraditórios. E o que é o fruto? Muitos acreditam que o fruto é mudar o mundo, converter os milhares de perdidos e salvar almas. Mas, o verdadeiro fruto que é necessário alcançar tem a ver com a nova pessoa em que nos tornamos, nas atitudes do coração e tudo aquilo que é pessoal e inerente ao homem interior. É nisso que devemos frutificar perseverando. O resto vem por acréscimo. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. É neste criar dum coração novo através da luz e da transparência que devemos manter a perseverança continuada e acesa. A aparência qualquer pessoa pode mudar. Mas, mudar o coração e as consequentes atitudes práticas é conseguido somente perseverando em ser rigorosamente transparentes sob a luz de Deus que não deixa nada invisível ou escondido.

  28. Muitas pessoas sinceras e dedicadas tentam ensinar muitas coisas para, mais tarde, chegarem à conclusão que nada daquilo que ensinaram frutificou. Isto tenho confirmado em muitos lugares e em muitas pessoas na igreja, nos lares, nas escolas e em todo lugar onde o ensino é praticado. Vezes sem conta, aqueles que são ensinados acabam fazendo o oposto daquilo que lhes foi ensinado. Noutras ocasiões, criam-se hipócritas que aprendem uma vida hipocritamente e de forma cultural onde o coração está ausente daquilo que fazem e ensinam ou, então, está subjugado ao ênfase religioso quando a verdadeira vida cristã é virtuosismo espontâneo prático. Na verdade, quando ensinamos uma vida não é conseguido qualquer fruto por via de teoria, doutrina ou religiosidade pragmática. A vida aprende-se por via duma prática daquilo que enche o coração. A doutrina é para uso daqueles que ensinam e não dos que precisam aprender. É praticando que se ensina. É a vida espontânea de quem ensina que cria e recria aqueles que aprendem. Mas, se alguém praticar aquilo que não surge do coração, criará ambientes fictícios de engano prático e nunca fruto celestial. As pessoas de fora aprendem aquilo que tem coração, aquilo que sai espontaneamente e que tem raízes profundas no homem interior, seja para bem ou para mal.

  29. "Enchei-vos do Espírito", Ef.5:18. Apesar daquilo em que se acredita nos círculos evangélicos mais tradicionais atuais, não podemos ignorar que ser cheio do Espírito é uma ordem, é uma condição para a real vida cristã, é uma necessidade imprescindível e inegável sem a qual ninguém pode passar caso queira pertencer a Deus e comparecer diante d'Ele sem mácula. Aqueles que querem remendar a sua veste velha com um pano novo evitando a realidade da promessa duma veste totalmente nova e completa - da qual se devem revestir por inteiro - devem prestar melhor atenção às Escrituras. Por outro lado, existe a euforia do erro em meios pentecostais que não tem nada a ver com o verdadeiro batismo com o Espírito Santo. Em muitos desses meios é mesmo um outro espírito e não o Santo. Tenho a consciência e certeza plena de que essas práticas pentecostais são uma forma de inimizade contra o verdadeiro Espírito de Deus, não passando duma imitação barata daquilo que existe no céu e na terra. Esses dois pólos que mencionei rejeitam-se mutuamente estando ambos longe da verdade e da realidade duma vida verdadeiramente cheia de Deus. Não podemos ignorar ou mesmo rejeitar aquilo que é certo somente porque existem muitas práticas erradas, deficitárias e maléficas nos muitos movimentos supostamente evangélicos. Ninguém rejeita o dinheiro somente porque muitos usam-no para fazer guerra; ninguém rejeita o pão porque existem muitos obesos. Há que prestar mais atenção ao verdadeiro Evangelho que é promovido, capacitado e confirmado apenas numa vida cheia do Espírito - desde que essa experiência seja real e não somente crida, assumida por via do fingimento, mentirosa, fingida, teatral, enganosa, implementada por via da ficção porque alguém desconhece a realidade que nunca experimentou como realidade. Devemos, contudo, realçar que este mandamento de sermos cheios do Espírito não é assim tão linear quanto parece. Ninguém manda no Espírito de Deus. ninguém se enche por si só. Não é ordenando, forçando ou mesmo fossando que podemos ser cheios do Espírito. Para podermos ser cheios d'Ele, devemos prestar a maior das atenções às condições e (pré)requsitos que nos permitem entrar fundo no Santo dos Santos, isto é, no Santuário de Deus. Somente cumprindo as condições diligentemente, trabalhando nosso coração e consolidando tudo que somos e fazemos (incluindo a nova maneira de orar) podemos entender o que é ser verdadeiramente cheio do Espírito na vida prática.

  30. "Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos..." Luc.3:7,8. Creio que o que João queria dizer aqui é: "Quem vos ensinou? aquele que vos ensinou, ensinou mal pensando que poderiam escapar pelo batismo sem se haverem convertido". Existem muitas outras maneiras de tentar fugir da ira vindoura, todas elas em vão. No caso dos Fariseus, umas das formas de "fugir" (temporariamente) das acusações da ira seria convencerem-se a si mesmos através certas afirmações teimosas que não podiam ser fundamentadas pela verdade, mas, somente por suas próprias mentes torcidas e pelas conveniências de suas consciências manchadas ou mesmo calcinadas. Convenciam-se que eram filhos de Abraão, que eram circuncidados, que eram escolhidos, que eram descendentes de Davi ou qualquer outra coisa que serviria para evitarem o arrependimento genuíno. Hoje em dia acontece o mesmo: sou crente porque vou à igreja; sou batizado; sou escolhido; nunca foram verdadeiramente salvos e contudo afirmam que não perderão a salvação. Poderia mencionar mais coisas, afirmações e doutrinas tais. Mas, teria, provavelmente, uma lista infinita de formas e formulas atuais de tentar fugir da ira vindoura - em vão. Nem irei falar daqueles que afirmam que faziam milagres, expulsavam demónios e profetizavam em nome de Deus e outro tipo de palha que será queimada assim que Deus limpar a eira (Mat.7:21-23). Todas essas formas e doutrinas serão palha para o fogo que nunca se apagará. Contudo, é bom saber que não será essa palha que alimentará o fogo que foi, inicialmente, criado para o diabo e seus anjos e que, agora, também engolirá homens e mulheres. Todas as formulas e doutrinas que tentam desculpar, apaziguar ou diminuir a culpa de qualquer pecado é palha que será queimada. Se a fé de muitos é tentar contornar a verdade e a realidade dos fatos andam alimentando seus corações com palha. Quem pratica a iniquidade precisa ser salvo de si próprio, de seu pecado eliminando a teimosia dos seus pecados pelo poder da graça. Nunca separe a verdade da realidade das coisas, pois, andam sempre juntas e são inseparáveis.

  31. "Todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Este versículo só fala do pico do iceberg da verdade que se esconde por baixo dele. Fala, apenas, da parte visível, do desenlace e resultado de certas condições cumpridas. Vamos dissecá-lo por partes. Sabemos o que é luz. A luz de Deus revela, manifesta as coisas como são e não como desejaríamos que fossem. Mas, de momento, revela ao próprio sobre o próprio. Paulo fala aqui daquelas coisas que se fazem em oculto e que são reprováveis. Se não fossem reprovadas pela consciência e pela luz de Deus não seriam praticadas em oculto. Existem pessoas que aprovam aquilo que elas próprias fazem em oculto e quase sempre essa aprovação também é ocultada. Ocultam o que fazem e ocultam a sua aprovação. E acabam ocultando a sua desaprovação quando mudam para não darem a entender que praticaram aquilo que passaram a reprovar. Quando viemos para a luz devemos saber fazer o oposto: revelar (manifestar) o que fazemos ou fizemos e reprovar abertamente com toda a sinceridade. Isso não é o mesmo que reprovar as obras dos outros abertamente para ocultar o fato de que nós próprios praticamos aquilo que vemos nos demais. Contudo, somente andando na luz de Deus com paz de espírito e sendo totalmente transparentes poderemos afirmar que andamos com Deus. Ser transparente é uma ofensa para o mundo e se a pessoa ainda é mundana nunca será verdadeiramente transparente. Isso significa que não anda na luz porque não é capaz devido ao que pratica e/ou aprova. Assim que consegue reprovar aquilo que se oculta por natureza, obtém aquela luz de Deus em forma de vida eterna e constante que tudo manifesta para que seja revelado aquilo que ainda falta ver. Um passo dado leva ao passo seguinte. Todas as demais coisas são reveladas quando alguém consegue reprovar de coração e com toda sinceridade aquilo que ocultava. Nunca obterá mais luz para todas as outras coisas que se seguem se não conseguir reprovar de coração e publicamente aquilo que é reprovável. Para que a luz incida sobre aquilo que ainda precisa regularizar pelo poder da graça, é necessário que tenha a capacidade honesta e sincera de reprovar aquelas coisas que são reprovadas e condenadas pela luz de Deus. Só assim as coisas podem ser manifestas claramente nos dias seguintes. Mas, existe um senão: ninguém pode esperar que as coisas sejam reprovadas em oculto. Se alguém andou nas trevas desde sempre vai ser tentado a fazer isso pela força da vergonha de haver cometido atos mantidos em oculto. Quando alguém começa a reprovar aquilo que faz ou fez mostra tanto aquilo que é ou foi quanto aquilo que praticou ou pratica. Logo, reprovar em oculto, por muito sincero que alguém possa ser, tem a intenção de ocultar aquilo que praticou ou pratica. E isso não é e nunca será andar na luz.

  32. "Tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Por norma, as pessoas continuam envergonhadas e, por vezes, com sentimentos de culpa depois que manifestaram e revelaram todos os seus pecados. Mas, a verdade afirma categoricamente que aquilo que já se encontra manifesto é luz e ninguém deve ressentir-se de nada estando na luz, sendo luz e vivendo na/da luz. Esse tipo de ressentimento, seja qual for a forma ou formato em que se apresente, será sempre um convite para voltar a andar nas trevas e abandonar a transparência.

  33. "...Aprovando o que é agradável ao Senhor", Ef.5:10. Esta palavra "aprovando" tem um significado especial, tanto no original quanto em nosso idioma atual. A raiz da palavra é "provar". Significa conseguir provar primeiro com o intuito de decidir a favor, no caso, aprovar. Ninguém deve aprovar aquilo que não provou experimentando na primeira pessoa. Não pode aprovar por via do testemunho de outros, mas, experimentando pessoalmente. Para aprovar é necessário experimentar de forma real - é necessário provar. Havendo experimentado, há que gostar de seguida sem qualquer ponta de hipocrisia. Se não experimentar e se não gostar não pode aprovar. Se aprovar não experimentando e não gostando será hipócrita e nenhum hipócrita entrará o reino de Deus, nem no Seu reino aqui na terra e nem depois da morte. Não é possível e muito menos aceitável aprovar por intuição, rótulo ou decisão sem haver provado e gostado. Isto tem muito que se lhe diga quando falamos de pessoas que viviam em inimizade contra Deus e se opunham à verdade por natureza. São essas pessoas que devem experimentar na primeira pessoa e gostar daquilo que nunca amaram e, agora, experimentam, isto é, experimentam na primeira pessoa. "Agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas, porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo", João 4:42. "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida", 1João 1:1.

  34. "Aquele que observar (guardar) e ensinar..." Mat.5:19. Estas palavras estão ordenadas de forma sequencial. Primeiro vem o observar e guardar. Só depois se pode ensinar. Não é isto que vemos hoje nos nossos púlpitos. Ouço com muita frequência - mais frequentemente do que possa imaginar - as pessoas ensinarem e logo de seguida afirmarem algo assim: "Mas, nós somos imperfeitos e todos nós erramos" e não sabem o mal que fazem à igreja! Se é assim, por que razão ensinam? Afirmam que não cumprem e ensinam ou, então, usam as palavras para manifestar uma "falsa humildade" que é igualmente condenável, Col.2:23. Paulo dizia: "Sede meus imitadores", 1Cor.4:16; 11:1; Ef.51; Fil.3:17. "O que vistes em mim, isso praticai", Fil.4:9.

  35. "...Firmes em um só espírito..." Fil.1:27. Esta firmeza tem alguns pontos que nunca poderemos ignorar ou mesmo desprezar. Não é o fato de as pessoas se entenderem que as torna firmes. São as pessoas firmes (em Deus) que são capazes de se entender. Essa firmeza tem de começar (e terminar) no espírito e nunca na carne. Não é agradando pessoas que se constrói esse tipo de firmeza de espírito. Antes pelo contrário: é deixando de agradá-las ou não conseguindo mais agradar pessoas. Somente deixando de se agradar mutuamente podem verificar se têm um mesmo espírito ou não. É a firmeza em Deus entre todos que faz com que as pessoas se possam tornar unidas em um mesmo espírito. Se têm um mesmo espírito não precisam de se agradar mutuamente para se tornarem uma união de firmeza. Na verdade, torna-se necessário deixarem de se agradar mutuamente. Não é necessário regar a terra onde já choveu. Caso tenham alcançado um mesmo espírito em Deus, agradarem-se mutuamente trará desunião e nunca verdadeira união. As coisas em Deus operam doutro modo, por via doutro poder e primam-se pela verdade e por optarem ser verdadeiros de coração. "Falai a verdade cada um com o seu próximo", Zac.8:16. Se o espírito não for igual nas pessoas nunca existirá união firme. Após estarem verdadeiramente firmes em Deus - de igual modo e no mesmo nível entre todos - terão, apenas, de permanecer em um mesmo espírito para que essa firmeza possa ser mantida. Isso é diferente daquelas uniões falsas onde o mundo e o cristianismo se juntam para se entenderem. Onde o mar e o rio se juntam, o sal torna-se insípido e isso favorecerá o mundo e não o sal. A verdadeira paz entre pessoas (um tipo de paz sem qualquer sintoma ou nuance de hipocrisia) depende da semelhança em essência das pessoas ou em que se tornaram desde o coração. As pessoas são unidas por via da essência e não pelo seu esforço. Os mentirosos entendem-se entre eles; os ladrões juntam-se facilmente e formam quadrilhas; os avarentos conversam avidamente uns com os outros; e os santos que buscam exclusivamente toda a glória de Deus sentam-se facilmente à volta da mesma mesa com verdadeira alegria. Sendo ou obtendo uma mesma essência, o pequeno esforço exigido após isso para se tornarem uma verdadeira união advém do fato de haverem construído mentes obstinadas e diferentes na vida anterior num mundo flutuante, sem eixo e sem qualquer tipo de firmeza real por estarem longe de Deus como ovelhas desgarradas que seguiram seus próprios caminhos. Mentes diferentes foram construídas ao longo dos anos em pessoas distintas que, agora, obtiveram um mesmo coração, uma mesma essência que as faz concordar umas com as outras caso deixem de fazer uso dos modos/métodos antigos e de fórmulas carnais. Cada um se havia desviado pelo seu próprio caminho e são essas mentes autónomas que devem ser reintegradas numa nova essência que já se tornou comum em todos aqueles que são verdadeiramente santos e obtiveram um mesmo alvo/propósito: seu Senhor e a busca exclusiva de toda a Sua glória desde o coração. Falando para pessoas com suas essências transformadas em Deus, precisamos, apenas, dizer: "transformai-vos pela renovação da vossa mente", Rom12:2. Aos tais basta somente que lavem seus pés e não tudo. "Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo", João 13:10. Necessitam, apenas, acertar agulhas. Não existe paz verdadeira ou verdadeira concordância entre pessoas com essências distintas. Se existir será, apenas, uma paz e uma concórdia aparentes entre elas na medida do egoísmo e da necessidade de cada um desde que não sejam ultrapassados os limites dum dos envolvidos. Mas, a paz entre pessoas da mesma essência é fácil, mesmo entre pessoas diferentes, raças diferentes e até mesmo com idades diferentes. Sempre que as pessoas não se entendem, nunca devemos optar por curar esse ferimento superficialmente, embora, muitos nem achem que isso seja um ferimento. Devemos, antes, deixar a ferida aberta para que se cure naturalmente após o tratamento da essência de quem busca verdadeira paz e verdadeira concórdia. Não devemos optar por estabelecer uma paz falsa, pois, existe um fosso que não se pode ultrapassar entre pessoas de jugo desigual. "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, Eu vo-lo afirmo; antes, divisão", Luc.12:51. Uma nova essência é capaz de trazer divisão, dissensão e incurável discórdia entre familiares antes muito unidos. A única cura é a transformação de cada pessoa começando pela sua essência. Não optemos por sanar esse tipo de conflituosidade (inimizade) de forma superficial e hipócrita. "Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá", Luc.16:26. Somente os que se tornaram "de cá" em sua essência se poderão entender com os de cá. Qualquer tipo de esforço ou tentativa para tentar unir os de lá com os de cá será sempre um esforço inútil e vão. Nem vale a pena tentar. Optemos, antes, por trazer o verdadeiro Evangelho em sua essência mais pura e mais original e somente isso operará a verdadeira paz e união entre pessoas, entre inimigos e até memo entre nações. "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus", Mat.5:9. Não creio que aqueles que tentem ser outro tipo de pacificadores trazendo outro tipo de paz possam ser chamados filhos de Deus. Os que têm paz com Deus terão paz e concórdia entre eles porque são dum mesmo espírito. Basta viverem como tal, assumindo uma nova realidade.

  36. "Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida", João 8:12. Um versículo recheado - muito recheado. Muito se pode dizer ou deduzir desta afirmação de Jesus. É frequente ouvir alguém dizer que não sabe o que fazer e, por norma, entrega-se àquilo que acha ser a opção mais óbvia, mais aprazível ou mais apetecível. Eva destruiu o mundo optando pelo aprazível e óbvio. Ainda hoje sofremos as consequências desse ato. Para seguir Jesus é necessário estar com Ele, havê-lo achado sem sombra de dúvida e permanecer em Sua presença real. Se essa presença não for real, se for uma de crença que se assume por conta da dita "fé" que apregoam por aí, não se está seguindo o verdadeiro Jesus, mas, um outro Jesus que convém à carne. Logo, é indispensável achar o verdadeiro de forma real. Achando-O será sempre em forma de Vida abundante, eterna, constante e sem altos e baixos, permanente. E é essa vida que se reverterá em luz. "A Vida é a luz dos homens", João 1:4. É por essa razão que Jesus diz que "terá a luz da Vida", isto é, essa vida servirá como luz integralmente. Isso é diferente de termos uma ideia, uma iluminação, um sonho ou revelação. Essas coisas servem de sinais àqueles que não experimentam essa vida verdadeira, real e constante, isto é, eterna. "Se entre vós há profeta, eu, o Senhor, me faço conhecer a ele em visão, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor", Núm.12:6-8. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus", Mat.5:8.

  37. Quais são as piores consequências duma pessoa que lidera sendo errada, não somente errada de coração, mas, também de conduta? Imaginemos um lar onde um filho deve, pela lei de Deus, ser obediente ao pai e à mãe; e imaginemos que esse pai ou mãe são errados de coração ou patrocinam uma conduta errónea. Esse filho fica numa encruzilhada, dividido entre ser obediente a Deus ou aos pais. Se obedece aos pais, desobedece a Deus; se obedece a Deus, desobedece aos pais. Duma maneira ou de outra quebra um dos mandamentos, embora saibamos, pelas Escrituras que nos é perguntado algo assim: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus", At.4:19. Todos os pais que não são capazes de ser integralmente fiéis em toda a casa de Deus destruirão seus lares com muitos géneros de encruzilhadas.

  38. Existem certas virtudes ou mesmo características gerais que nascem conosco desde o primeiro dia. Tal como um bebé nasce sabendo mamar, também nasce com certos conceitos importantes para qualquer ser humano. Por exemplo, todos nascem com o conceito de eternidade implantado em seus corações e ideias. Ninguém acha que será ele o próximo a morrer, nem mesmo sabendo que irá morrer algum dia. "Deus pôs a eternidade no coração do homem", Ecl.3:11. Da mesma maneira, colocou no homem o sentido de obediência, de justiça e todo tipo de aptidão para tudo aquilo que é celestial. Contudo, essas aptidões não funcionam em sua forma original separadas duma comunhão real e verdadeira com Deus. E quando separados de Deus, todos os seres com essas aptidões inatas tornam-se diferentes (mas, nunca indiferentes) e, muitas vezes, tornam-se o inverso ou oposto fazendo uso dos mesmos meios, isto é, fazem uso da forma invertida das aptidões com as quais ou para as quais foram criados. O sentido de eternidade leva ao suicídio, seja o suicídio espiritual ou físico; a obediência inverte-se em contrariedade e é por essa razão que a Bíblia, falando de desobediência como feitiçaria ou idolatria, descreve-a como rebelião, contrariedade, obstinação tendo sempre sempre pronta uma atitude/palavra do contra. E por que razão ser do contra ou ter uma ideia, conduta ou palavra paralela como Saul teve (1Sam.15:22) é um formato camuflado de idolatria ou feitiçaria? Porque usa outro tipo de poder, serve outro que não Deus (seja servindo o próprio ou agradando pessoas por medo ou 'simpatia'). Quem agrada pessoas engana-se a ele mesmo. Essas duas coisas são inseparáveis: todo aquele que agrada pessoas - seja com que finalidade for - serve um qualquer tipo de engano próprio. Podemos falar, também, do sentido inato de agradar Deus que se transforma em agradar pessoas ou ao próprio porque a aptidão de agradar existe pela criação. Teria muitas mais coisas para mencionar aqui, mas, é necessário saber, apenas, que ninguém fica indiferente ou inativo acerca da criação que é. Se não tiver e não conseguir permanecer em plena comunhão continuada com Deus nunca ficará inativo e será sempre uma versão contrária ou inversa por via das aptidões com as quais foi criado ou para as quais foi feito. Inativo nunca fica, Is.57:20. Seria o mesmo que dizer que um bebé que nasceu com a aptidão para mamar e engolir usa essa mesma aptidão para mamar e cuspir no rosto da mãe aquilo que mama. Quem não vive e convive com Deus será sempre contra-natura usando aquilo que é como criatura para cuspir no rosto de Deus. Para quem consegue viver e conviver com Deus e afirmar como Elias, "Deus em cuja presença estou" (e que isso seja real e verdadeiro), a sabedoria e o conhecimento serão sempre um complemento e não uma capacidade. Aqueles que não convivem com Deus experimentalmente usarão sempre o conhecimento e a sabedoria como a (única) fonte de capacitação porque tentam empreender por contra própria. É por essas razões que a falência das igrejas de hoje é tão óbvia.

  39. "Por que procurais matar-me?" João 7:19. É difícil admitir que a maioria dos crentes procura matar o Jesus verdadeiro dentro deles. Mas, quando são chamados à atenção respondem da mesma forma que os Judeus: "Quem procura matar-te?" A ignorância sobre fatos reais é indescritível! Sempre que se opta por cair numa transgressão cedendo a qualquer tipo de tentação podemos ter a certeza que isso é matar Jesus dentro de nós, isto é, se Ele está mesmo dentro de nós e não é ficção. Quando essa "presença" é fictícia ou apenas crida, qualquer transgressor nunca sentirá a diferença e é por essa razão que se afirma por aí que nada nos acontece quando pecamos.

  40. "Se e em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor", 2Ped.1:8. A ociosidade é um problema sério. Pedro fala aqui o que são "estas coisas" as quais não permitem que alguém se torne ocioso. Mas, sempre que as pessoas já se encontram espiritualmente ociosas, acham razões para se entreterem com aquilo que não edifica e, pior ainda, que as torna pessoas ainda mais estéreis, isto é, incapazes de reproduzir a espécie santa. Por essa razão, vemos igrejas que não crescem e, quando crescem, não é com a espécie santa que enchem suas congregações. O que acontece quando as pessoas se encontram ociosas e quais as razões para se tornarem ociosas? A razão é que aquelas coisas celestiais não aumentam, não são devidamente trabalhadas da maneira certa e através do poder certo e isso cria ociosidade. E sabemos o que acontece com pessoas ociosas: buscam sarna para se coçarem. Buscam qualquer coisa com que se entreter e ainda justificam essas condutas por estarem ociosas. Pensando sobre isto esta madrugada entre dois sonos, lembrei-me das mil esposas de Salomão. Com tantas esposas seria difícil Salomão estar com cada uma delas pelo menos uma vez por ano. Para estar com cada esposa uma vez por ano deveria estar com três delas por dia. Não sei se isso é humanamente possível. Creio que não. Contudo, não podendo estar com Salomão, a "ociosidade" dessas esposas não lhes permitia estar com outros. Seriam culpadas de adultério se o fizessem. Devemos lembrar isso sempre que estamos aguardando alguma coisa de Deus, mantendo-nos imaculados para que nada mais possa impedir que tudo se cumpra a seu tempo. "Se tardar, espera-o", Hab.2:3. A ociosidade é uma maternidade para adultérios, a qual nos pode levar a pensar que temos o direito de passar o nosso tempo com aquilo que não edifica. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus", Tgo.4:4. São as pequenas raposas que destroem a sementeira da santidade. Evitamos sempre os Golias desta vida, mas, o que destrói a colheita são aquelas pequenas e insignificantes raposinhas. Quando sua igreja não crescer espiritualmente, quando sua vida não frutifica na proporção da promessa, olhe para dentro e não para as circunstâncias de fora. É, seguramente, dentro de cada um que está o problema.

  41. "Jesus andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo", João 7:1. Jesus fazia isto não porque temesse os Judeus, mas, para não aumentar seus pecados antes do tempo. Ele ainda precisava terminar sua tarefa antes que se endurecessem em demasia.

  42. "Aquele que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça", João 7:18. Existem muitos enviados e outros tantos que se acham enviados. Mas, Jesus afirma, falando dos que foram verdadeiramente enviados, que sobressai uma característica específica que distingue os sinceros e verdadeiros de coração: buscam a glória de Deus a qualquer custo dentro dos limites da santidade. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente", 2Tim.2:5. Mas, também podemos ver esta verdade expressa no sentido inverso: aqueles que buscam verdadeiramente a glória de Deus havendo sido enviados são verdadeiros de coração. Os demais não são. Mas, há algo revelador nestas palavras: quem busca a Sua glória deixa de ter qualquer tipo de injustiça dentro dele. Olhem algo surpreendente para todos os fãs das doutrinas que justificam os pecadores e aqueles que apregoam ser impossível ser-se santo aqui na terra! Quem busca Sua glória de todo coração obterá todos os meios para que a injustiça não se apegue a ele. Isto é revelador acerca da capacidade que os motivos certos são capazes de fornecer ou alcançar.

  43. Existem pessoas que ensinam os caminhos maus, mas, existem aqueles que colocam as pessoas em caminhos maus de forma prática. Pensemos nos pais que põem os filhos nos filmes do mundo, levam-nos onde não devem e fazem muitas outras coisas. Não precisam ensinar o mal sequer - colocam-nos lá já em antecipação e esses seres começam a tirar as próprias conclusões e prazeres sem qualquer ensino a favor ou contra. Qual será o fim dessas criaturas do mal e qual o juízo que recairá sobre tais pais?

  44. Quem fala demais também é alguém que fala sempre rápido demais e, também, diz muitas vezes o que não deve e expressa-se sobre coisas que não sabe. É o hábito de falar sempre ao invés de falar apenas quando deve a respeito do que deve.

  45. Todos nós já passamos por situações onde nos fazem sentir culpados com ou sem razão. E outras vezes nós próprios nos culpamos com ou sem razão também. Há sempre um acusador dentro de cada um de nós que precisa ser crucificado com Cristo. Quantas vezes pessoas fiéis a Deus se culpam a si mesmas das coisas que acontecem e ficam-se questionando que mal fizeram para que certas coisas lhes estejam acontecendo. Depois, oram e a situação não muda. E eles também não mudam. Procuram onde erraram sabendo que podem ser repreendidos, corrigidos e transformados por serem filhos e não bastardos. Jó passou por isso, ainda mais sendo induzido pelos supostos amigos que afirmavam categoricamente que Deus nunca castigaria sem razão. E essas afirmações ajudaram Jó não somente a detectar sua inocência e pureza de coração, mas, também a achar a chave para deixar de se sentir culpado além de já sentir muita dor e desconforto. Nem sempre somos inocentes aos olhos de Deus, mas, também podemos chegar ao ponto de poder afirmar que estamos inocentes ou mesmo inocentados. E sempre que estamos inocentes (ou inocentados) fazemos de tudo, oramos e imploramos para que as circunstâncias mudem ao invés de ver que também podemos usar as circunstâncias adversas a nosso favor para melhorar nosso coração, para aprender um novo comportamento, alcançar uma nova forma de falar ou de responder ao mau e ao bom caso tivermos vivido e convivido muito tempo entre pessoas de lábios impuros. Seja de que maneira for, há sempre forma de usar qualquer circunstância para o bem daqueles que amam Deus verdadeiramente. Como Jesus, devemos dizer, apesar das circunstâncias: "Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19. Se meu esposo não mudar, se meu filho continuar na rebeldia, se os milagres demorarem a acontecer, devemos saber que haverá sempre algo importante que podemos aproveitar ou fazer enquanto outras situações nos querem tragar. Não há noite que dure para sempre. Logo, podemos aproveitar para alcançar algo útil e prático enquanto passamos por adversidades, sejam elas extremas ou não, externas ou internas. Tenho absoluta certeza que todo o homem que é incapaz de usar bem seu tempo e capacidades da graça sob alguma pressão das circunstâncias adversas, será sempre alguém que irá relaxar sempre que tudo lhe correr aparentemente bem. Essas pessoas, quando oram e alcançam a graça de Deus para poderem viver plenamente seja sob que circunstâncias for, também costumam ficar perplexos por seus problemas terrenos não ficarem resolvidos mesmo havendo-se purificado e santificado. Há um tempo após essa santificação e/ou purificação para que aquilo que foi alcançado possa ganhar raízes, solidez e possa permanecer como dado adquirido, desde que seja mantido pelo poder da graça. Da mesma maneira que um adulto necessitou de pão para chegar à idade adulta, precisará desse pão (graça) para se alimentar e manter enquanto adulto.

  46. Existem coisas que incomodam muito o dia-a-dia e as vidas daqueles que agem com fidelidade por se haverem tornado fiéis desde o coração. Todos precisamos aprender a ser fiéis de forma inteligente; também, que essa fidelidade se torne a nossa própria natureza, a nossa forma de estar, de ser e única maneira possível de viver. Quando a finalidade de Deus é criar ou recriar um ser celestial, os fiéis passam por situações onde aprendem a ser ainda mais fiéis a todos os valores imputados por Deus e que estão sendo escritos no coração na fornalha de Seu fogo, sendo sempre fiéis a nível prático e, obviamente, a nível da natureza e do próprio coração. Os puros tornam-se ainda mais puros a todos os níveis, os sábios ainda mais sábios e os fiéis ainda mais fiéis desde a própria natureza. É comum ouvirmos orações e desejos dessas pessoas que passam por situações incomodas a respeito das circunstâncias que podem e devem ser usadas com a finalidade de se tornarem ainda mais fiéis e mais puros de natureza, menos fingidos e menos forçados em sua santidade a ponto de que, aos olhos de Deus, essa pureza e fidelidade seja incontestável. "Observaste o meu servo Jó? Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal", Jó 1:8. É Deus quem dá esse testemunho e não o próprio. Deus não pode negar a Sua própria natureza e todo homem fiel e puro deve tornar-se alguém que também se torna incapaz de negar a própria natureza quando esta é fiel e pura. E quando nos encontramos sob as pressões das circunstâncias podemos ouvir, com alguma frequência, orações como: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!", Mat.26:42. Há casos, por exemplo, onde um esposo ou esposa extremamente fiel a Deus e ao Evangelho sofra constantes ataques e coisas despropositadas de seu próprio parceiro matrimonial, de seus próprios filhos e de onde essa pessoa fiel teme que a aparência das coisas possa dar um mau testemunho tanto acerca do casamento que Deus deu, emprego ou ambiente familiar e de Deus. "Isso é que é casar na vontade de Deus? É este tipo de emprego que Deus dá?" São comentár ghfhios que podem atordoar. Esquecem que a vontade de Deus é que se tornem puros e fiéis e não, como as novelas e contos de fadas dizem, "que vivam felizes para sempre". Pedir que o cálice passe, que o ambiente mude, que a pessoa errada se transforme ou mude de lugar são tudo coisas apetecíveis e até mesmo desejáveis. Mas, o que deve mudar é o coração daquele que é fiel sob qualquer circunstância a ponto de assegurar, enraizar e cimentar a sua própria fidelidade ainda mais solidamente. "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois", 1Ped.4:12,14. Em vez de se pedir, apenas, que passe o cálice, devemos saber pedir de coração que se faça a vontade de Deus, isto é, que o coração puro se purifique ainda mais; que o fiel se torne menos forçado e mais fiel de natureza, expressão e coração; que a obra que estava fazendo não sofra atrasos ou que seja relegada para segundo plano de importância substituído pelos problemas nesse grau de importância, etc. Como Jesus, devemos aproveitar o momento para poder dizer: "Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19. É uma questão de decidir escolhendo a melhor parte. É uma decisão - uma excelente decisão mesmo quando as circunstâncias mudam para melhor.

  47. "O efeito da justiça será paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança", Is.32:17. Existem pessoas que se esforçam (e outros nem tanto) para manterem uma compostura de paz quando essa paz que Deus dá deve e pode ser natural por via duma real comunhão com Ele - desde que essa comunhão seja real. É isso que significa quando lemos nas Escrituras sobre a "paz em Tua presença". Essa falta de paz pode acontecer por algumas razões, mas, menciono apenas duas. Uma delas é a pessoa estar em pecado ou ter ainda algum pecado que nunca foi confessado ou restituído e, na presença de Deus, não terá paz enquanto rejeitar a convicção desse pecado e não fizer o que lhe compete fazer. Ser-lhe-á até difícil conseguir a paz que o mundo dá estando na presença de Deus. Não terá paz com Deus enquanto não confessar ou restituir e, também, não poderá manter a paz que o mundo dá devido à presença de Deus. A paz que o mundo dá é aquele tipo de paz onde não há convicção de pecado pela ausência de Deus e é possível manter a compostura pela hipocrisia, fingimento e esforço tendo em mente algum motivo maior. Outra razão para a falta de paz é mais complexa: fomos criados para vivermos de Deus, não apenas com o Seu sopro de ar, mas, do verdadeiro vento de Seu Espírito que sopra dando e mantendo vida interiormente. Qualquer pessoa sentirá as consequências de viver longe de Deus porque seu íntimo foi criado para viver apenas de Deus. É por essa razão que as Escrituras falam de alguém vazio quando não está cheio de Deus. Esse vazio nunca será preenchido com nada a não ser Deus e esse vazio acentua-se mil vezes mais na eternidade vazia do inferno. Eu creio mesmo que o maior incómodo no inferno vai ser o acentuar sem medida desse vazio, pois, a pessoa estará sempre morrendo sem nunca poder morrer. Por essa razão é que se chama "morte eterna" - estará num vazio interior sem medida, sempre morrendo.

  48. "...Nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia", Heb.5:7. Era a vontade de Deus não somente livrar da morte como também era vencê-la para sempre e duma vez por todas. Mas, poderíamos não estar a falar da morte, mas, da vontade de Deus. Tudo que é vontade de Deus - seja para nós pessoalmente ou para algum bem geral - deve obter a mesma seriedade de qualquer coração puro a ponto de se clamar com lágrimas, orações e súplicas apenas por se tratar da vontade de Deus. Quantas lágrimas você já verteu pela vontade de Deus?

  49. "Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vem para a luz", João 3:20,21. Há aqui um jogo de palavras que precisamos entender. Por um lado, João fala daqueles que praticam o mal e, por consequência, escondem-se juntamente com seus atos. Não se expõem na luz. Mas, falando dos verdadeiros, João não diz que são aqueles que praticam o bem que se colocam na luz e na visibilidade e, antes, aqueles que praticam a verdade independentemente do que fizeram de mau ou de bom, de mal ou de bem. Andar na luz não é e nunca será mostrarmos a nossa melhor cara, maquilharmos o nosso rosto, vestirmos a nossa melhor vestimenta disfarçando a nossa aparência. Andar na luz - e precisamos de iniciativa para nos colocarmos na luz - é começarmos a ser transparentes, sinceros a nosso respeito e honestos praticando, dessa maneira, a verdade - seja diante de quem for. Se fizemos mal, revelamos e expomos as coisas tal qual são. É por essa verdade que devemos começar a praticar toda a verdade.

  50. "Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras", João 3:20. Acho estranho que um homem faça qualquer coisa, suporte qualquer dificuldade somente para não ser arguido e responsabilizado pelas suas obras más. Estar na luz é ser transparente praticando a verdade - não apenas crendo na verdade, mas, praticando-a começando por aquilo que se é verdadeiramente. Se fiz mal, devo vir para a luz e desmascarar-me a mim mesmo e nunca agir como se nada tivesse acontecido. E se é verdade que o homem faz qualquer coisa para se encobrir, fará qualquer coisa para não se descobrir. Logo, podemos assumir que enganando-se até a si mesmo (e os demais a seu respeito) é o que significa andar nas trevas ou, digamos, mentir, fugir da luz ou evitá-la. Não pratica a verdade e pratica a mentira. Andar nas trevas e a mentira são coisas inseparáveis. Quem não anda na luz é mentiroso. A formula mais pratica de se encobrir é dar uma de bom, criar uma imagem de crente e mostrar - ou mesmo crer - nas coisas boas que faz ou pensa que faz. Nicodemus veio a Jesus falando dos milagres que ninguém poderia fazer sem Deus. Mas, Jesus respondeu sem hesitação que os milagres de nada valiam caso a pessoa não se tornasse uma nova criatura. Isto significa que os milagres poderiam servir de cobertura para uma criatura má e para que alguns nunca se considerem maus. Que os milagreiros ouçam isso! Ir à Igreja, pulando o muro para dentro do aprisco, cantar no coro da igreja, ler e estudar a Bíblia, ser o melhor no seminário, entre muitas outras coisas, podem ser razões para condenar qualquer pessoa porque podem, facilmente, tornar-se formas de encobrir pecados e não de dedicação a Deus. Sabemos que ninguém alcançará misericórdia encobrindo seus pecados - ainda que seja um só pecado. "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará", Prov.28:13.

  51. Muito se fala sobre as tentações hoje em dia. Uns falam delas como se fosse algo invencível, outros como se nada fosse. Uns desculpam seus pecados atribuindo-as às tentações e à força da carne; outros sentem-se culpados quando são tentados sem haverem sequer transgredido. Outros, ainda, menosprezam as transgressões como se nunca fossem ser responsabilizados - ou mesmo condenados - por elas. Cada cabeça com sua sentença ignorando as verdades afirmativas das Escrituras. Não vou falar da tentação em si, pois, existirá sempre. Mas, falemos da sua força e aquilo que lhe dá força. Existem muitas razões para as tentações ou para a ausência delas. Também existem razões - ou condições - para que as tentações se tornem fortes quando existem. Contudo, a causa dessa força nem sempre é a mesma embora tenham em comum um afastamento da Vida eterna e abundante. É verdade que o tentador está atento a tudo aquilo que possa causar uma transgressão, pois, qualquer transgressão é uma vergonha e desonra o Criador de quem transgride. Devemos lembrar que foram os nossos pecados e transgressões que crucificaram Jesus. Mas, atribuir somente à carne a força da tentação é dizer muito pouco sobre isso. O que dá maior força à tentação é o afastamento de Deus, seja em novas criaturas ou em pessoas mais experientes no Caminho. Nas pessoas que odeiam Deus, as tentações já são um modo de vida e não se pode dizer que é tentação para eles. As tentações existem, de fato para aqueles que buscam Deus. Mas, existem muitas causas para a transgressão, isto é, para se cair em tentação. Lembremos que a forma de orar que Jesus ordenou é: "não nos induzas em tentação". Não é uma oração para exterminar a tentação, mas, para evitar que se entre nela ou se caia. Sabendo nós que "a carne e suas paixões podem e devem ser crucificadas com Cristo" (Gal.5:24), as tentações podem passar com toda a sua força que, quem está literal e verdadeiramente morto por via da plenitude de vida eterna que experimenta, não reage a elas. Já viu algum morto olhar para o sexo oposto ou para o dinheiro com concupiscência? Logo, a primeira causa para a força da tentação é não estar verdadeiramente crucificado com Cristo. Mas, existem mais causas. Se Cristo disse para estarmos (permanecermos) n'Ele e Ele em nós, saindo nós desse reduto estaremos expostos às marés do inimigo. E, estando expostos ao inimigo, estaremos novamente expostos às tentações e/ou transgressões. Outra causa é não andarmos quando temos luz. Podemos estar parados sem fazer o que nos compete. "Se procederes mal (se não procederes bem), eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra/para ti e a ti cumpre dominá-lo", Gen.4:7. Jesus disse: "Se alguém andar de dia não tropeça", João 11:9. Alguém pode ter luz e não andar. Quem não age fazendo aquilo que deve estará exposto às tentações e será, apenas, uma questão de tempo até cair nelas. "Andai enquanto tendes luz", João 12:35. Sob qualquer uma dessas situações, a pessoa em questão tem como única alternativa tentar dominar a tentação, cortar a mão que o faz tropeçar ou arrancar o olho da concupiscência e não tem como se considerar morto para o pecado. Não deve e não pode mais considerar-se morto para a carne. E isso não são Boas Novas.

  52. "Se alguém andar de dia não tropeça", João 11:9. Muito se fala, hoje em dia, da possibilidade ou da impossibilidade de nos mantermos puros e sem mácula. Essa discussão teológica proliferou-se entre todas as nações onde a carne prega o Evangelho que lhe convém. O fato de Jesus haver dito "NÃO TROPEÇA" não cabe nas suas teologias. No entanto, há que cumprir certas condições andando na luz (e não estar estagnado nela) para que "não tropeçar" se torne possível. Se a luz revelar algum pecado ou transgressão e a pessoa não reagir da maneira que deve expondo seu pecado em todo pormenor ou fazendo restituição, não está andando; se Pedro passar ao lado do coxo na porta do Templo onde já havia passado inúmeras vezes e olhado para ele cada vez que passava ali sem que Deus revelasse alguma coisa e, de repente em certo dia, vem a ordem para dizer ao coxo para se levantar e Pedro questiona aquela ordem, não está andando enquanto tem luz; e se o homem ouvir a ordem de Pedro e hesitar, mas, Pedro não lhe estender a mão para erguê-lo porque teme que nada vá acontecer, também não está andando. Logo, quem não anda será, certamente, apanhado pelas trevas e tropeçará mais dia menos dia, mais hora menos hora.

  53. "A fé é... a prova das coisas...", Heb.11:1. Não é bom darmos pouco valor ou passar por cima do sentido ou do significado das palavras originais sempre que lemos as Escrituras. Quando se fala em "PROVA" é necessário que exista algo substancial, concreto, claro e real que revela ao próprio com clareza aquilo que é afirmado em/por Deus. E tem de ser prova para o próprio em primeira instância. A fé de muita gente, hoje e sempre, baseia-se em crenças, esperanças ou mesmo ilusões nas quais acreditam ou, apenas, desejam acreditar. Tudo se baseia em algo superficial e sem fundamentos fortes, claros e visíveis. Nada disso é prova. Uma prova é algo muito muito concreto e substancial - é algo que existe e que é impossível de negar até mesmo para o próprio. Uma prova é algo que fecha qualquer boca capaz de contestar e não precisa abrir a boa daqueles que aprovam de tão evidente que é. "Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos", João 3:11. "Porque a vida (eterna) foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos ESSA vida eterna", 1João 1:2. "Essa vida eterna" é aquela que se vê, que se experimenta e não pode ser negada ou escondida. Pergunte-se a si mesmo por que razão os Fariseus não conseguiam conter a sua raiva a ponto de decidirem apedrejar o que viam de forma tão clara e evidente. A sua única saída era tentar matar quem evidenciasse tão claramente ESSA vida eterna.

  54. "Se tu podes crer (...) Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade", Mar.9:23,24. "Acrescenta-nos a fé", Luc.17:5. Poucos acham a verdadeira e única chave para abrir as portas da fé, isto é, a solução para a falta de fé. Tudo começa na sinceridade (reconhecendo e confessando, seja de que maneira for). Mas, não termina aí. Não nos podemos esquecer que as Escrituras ensinam que Jesus é o autor e consumador da nossa fé (Heb.12:2). Saber isso e agindo em conformidade (aproximando-nos d'Ele) vai um pouco mais além de haver achado a chave para a solução.

  55. É comum, pelas doutrinas de hoje, acreditar-se que uma palavra ou bênção pronunciada por alguém para alguém obtém a sua força pela pessoa que a pronuncia. Mas, as coisas não são e nunca serão assim tão lineares. Se a palavra vem mesmo da boca de Deus obterá seus efeitos. Com toda a certeza que não voltará vazia. Mas, isso é muito diferente de quando alguém pronuncia uma palavra para obrigar Deus a executar em conformidade. Isto é, querendo meter Deus em seus próprios assuntos e desejos. Em primeiro lugar, é necessário que a palavra venha de Deus e não do coração e desejos do homem. Em segundo lugar, há que cumprir as condições para que a palavra vinda de Deus se cumpra ou se efetive. Por norma, as condições que necessitam ser cumpridas depende maioritariamente da pessoa que recebe a palavra e raramente da pessoa que a pronuncia. Hoje dá-se muito valor a quem pronuncia palavras como se Deus fosse o discípulo que precisa cumprir aquilo que alguém falou.

  56. "Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará", Dan.12:4. Não é sem razão que Paulo afirmou que os últimos tempos serão muito difíceis para toda a humanidade. A razão principal é que o conhecimento, o estudo e a ciência se espalhará enquanto os corações continuam sem ser verdadeiramente transformados. Logo, não sendo transformados serão adaptados. Isto é, a linguagem do mal será adaptada, os sistemas mudarão de rosto, mas , não de coração. É por essa razão, por exemplo, que o comunismo é o sistema que mais usa palavras como democracia, liberdade e o pecado usa p