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ALGUNS PENSAMENTOS E ALGUMAS CONTRADIÇÕES DOS CORAÇÕES E DAS VIDAS DOS HOMENS

OS PENSAMENTOS NESTA PÁGINA SÃO, NA TOTALIDADE, DE MINHA AUTORIA. NO ENTANTO, ACHAM-SE AQUI ALGUNS (MUITO POUCOS) QUE SE ASSEMELHAM A PENSAMENTOS DE OUTROS AUTORES PORQUE OS MODIFIQUEI UM POUCO PARA PODEREM EXPRESSAR MELHOR O QUE ME VAI NA ALMA. O QUE CONTARÁ, NO FINAL, É O CONTEÚDO E A VERDADE DO PENSAMENTO E NÃO O SEU AUTOR. OS AUTORES "TERMINARÃO", MAS, AS PALAVRAS DE DEUS PERMANECERÃO. ATÉ LÁ, "...ENTRE OS PERFEITOS FALAMOS SABEDORIA, NÃO PORÉM A SABEDORIA DESTE MUNDO...", 1Cor.2:6.

São pequenas reflexões e resumos fruto da minha relação com Deus e com a Sua palavra. Inicialmente eu queria anotar tudo o que aprendia nos meus momentos de comunhão com Deus, mas, isso tornou-se impossível a menos que escrevesse longos textos. Então, decidi resumir e guardar como pensamentos curtos para voltar mais tarde e preencher com mais detalhes. Chegaram a 100, depois a 200, a 1.000, a 2.000, a 3.000... sem nunca se repetirem. Assim, decidi mantê-los como breves reflexões e resumos. Nosso dia só tem 24 horas e não podemos trabalhar sequer em metade dele. Deixo estes pensamentos como os escrevi para mim. Meu pedido a Deus é que possam trazer alguma bênção para alguém, mesmo que pequena. Estas são minhas pérolas preciosas. Espero que você as trate bem.

  1. "Aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam para que não se convertam e lhes sejam perdoados os pecados", Marc.4:12. Existem muitas doutrinas aproveitadoras que usam certas partes mal interpretadas das Escrituras para se substanciarem. Estas afirmações de Jesus é um desses casos. Ele diz: "...para que não se convertam e sejam perdoados seus pecados". À primeira vista parece algo estranho, mas, se vermos bem, enxergaremos aqui um certo jogo de palavras que não sei se é devido às traduções ou não. Se este versículo afirma que Deus não quer que certas pessoas se convertam, as Escrituras contradizem-se, pois, lemos claramente que é a vontade de Deus que todos se salvem. Mas, podemos crer que este trecho diz que Deus não quer que certas pessoas sejam perdoadas porque não se converteram ou porque não se querem converter. Creio ser essa a interpretação correta. Foi por essa mesma razão que Deus colocou "uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida (para que não vivessem para sempre, pecando)", Gen.3.24,22. É a conversão que leva ao perdão. Logo, crendo que Deus evita que alguns sejam salvos é claramente um erro de interpretação e não dá substância às doutrinas que afirmam isso, o que, também não tem nada a ver com a verdadeira doutrina da predestinação, mas, apenas da forma que muitos acreditam nela. Até mesmo a doutrina da predestinação contém nela a verdade intrínseca que Deus quer que todos se salvem e é com essa finalidade que Deus predestina. Quando a interpretação dessa doutrina deixa de fora a verdade de que tudo se resume a que todos possam ser salvos sem exceção, é uma má interpretação por pessoas que acham que sabem muito e não sabem nada. Tudo que vem escrito tem como alvo e objetivo único a salvação de todos. Mas, voltando ao versículo acima, creio que a interpretação correta é distinta daquela que, à primeira vista, podemos ser levados a crer. Se vermos aquilo que Paulo diz em 2Cor.3:16 podemos crer que o entendimento vem com a conversão genuína. Paulo diz: "quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará". Também podemos afirmar, categoricamente, que o perdão de pecados é concedido pela conversão da pessoa e que a confissão minuciosa de cada pecado leva ou induz a essa conversão; e induz a que essa conversão se vá tornando genuína. Não somos perdoados porque confessamos, mas, porque nos convertemos; a confissão detalhada de cada pecado leva a essa conversão. Então, olhemos novamente para o versículo acima: "para que se não convertam e lhes sejam perdoados os pecados". Esta afirmação pode ser vista como o fato de que as pessoas não se quererem converter para que seus pecados possam ser perdoados. Caso houvesse perdão sem conversão, certamente desejariam ser perdoados. Só não desejam ser convertidos. Até o diabo quereria ser perdoado sem ser convertido. Imaginemos um assassino ser perdoado sem se haver transformado em distribuidor ou dador de vida (como aconteceu com Paulo)! Ou um ladrão ser perdoado sem começar a trabalhar para dar a quem precisa, fazendo o oposto daquilo que fazia! Ou um mentiroso que não falasse a verdade sendo verdadeiro e experimentando a verdade da qual fala! Muitos podem falar a verdade sem se haverem tornado verdadeiros. Caso essas pessoas começassem a entender a Palavra sem estar convertidas, teriam como criar uma aparência de Cristianismo, de santidade, de verdade e de pureza que não corresponderia àquilo que são em seus corações. Mas, daí a ser afirmado que é para que não se convertam é ir longe demais com alguma má interpretação. Na verdade, não se querem converter genuinamente para poderem ser verdadeiramente perdoados.

  2. "Não entristeçais (extingais) o Espírito Santo", 1Tes.5:19. Quando Deus se manifestou em nossas vidas, a forma como se manifestou - desde que essa revelação tenha sido real e não apenas crença assumida - é um ponto de partida para compararmos aquilo que Deus começou a fazer para compararmos com aquilo que faz atualmente. É uma boa maneira de sabermos se entristecemos o Espírito Santo ou não. É bom compararmos o estado das igrejas atuais com seu início no tempo dos apóstolos para obtermos uma ideia do quanto o Espírito de Deus se entristeceu. Também podemos verificar se, ao invés de se ter entristecido, o quanto se alegra. Para se alegrar é necessário que se possa ver um progresso claro na qualidade do fruto que Sua presença é capaz de produzir. "Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor", Os.6:3. Se conhecer o Senhor de maneira real é como o raiar do dia que vai aumentando de qualidade e luz, podemos assumir que, ao invés de estarmos a entristecer o Espírito de Deus, estaremos a alegrá-Lo.

  3. "Esforça-te e tem bom ânimo", Jos.1:6. Muitas vezes e durante provações prolongadas, a pessoa deixa de fazer as coisas normais dos seus deveres quotidianos perdendo seu ânimo a pouco e pouco e qualquer pessoa nota que seu ânimo já não é aquilo que era. Mesmo tendo a força da graça sempre à distancia duma oração sincera, já não consegue executar se depender do animo que começa a desvanecer com o prolongar do tempo. Vemos que Abraão e Isaque também ficaram "fartos de dias" embora tenha sido por outras razões (e não pelas razões que irei mencionar aqui), mas, devido à sua velhice (Gen.25:8; 35:29). O cansaço dum esperar prolongado, de ter de esperar espiritualmente pelos que se atrasam ou se desleixam, a promessa que tarda em cumprir-se e a labuta normal de cada dia ou a sua monotonia são capazes de fazer surgir certa maneira de pensar e de avaliar que leva a extinguir o "bom animo". Esse animo só é bom porque vem de Deus e é devido à Sua presença infalível. Só existe como fruto devido à comunhão da Sua presença. Por essa razão é que é "bom". Mas, precisamos enxergar outra verdade a esse respeito. A pessoa não deixa de executar pela falta de animo bom, mas, é precisamente o inverso: entristece o "bom animo" porque deixa de fazer. Por isso é que lemos "esforça-te e tem bom ânimo" - nessa ordem. Na ordem cronológica (que é a ordem espiritual) o esforçar-se vem antes do ânimo. Não podemos querer alterar essa ordem, pois, a ordem da carne é ter ânimo antes para se poder esforçar. A carne é sempre contrária e inversa ao Espírito. A carne busca ânimo para se esforçar e o espírito esforça-se e obtém ânimo bom como fruto do Espírito. Ao tornar-se negligente, a pessoa perde o animo que é bom porque se separa de Deus pelo pecado do desleixe, pois, entristece o Espírito que até é capaz de animar um morto ou de pegar numa pedra e fazer dela um filho de Abraão. O "bom ânimo" é fruto dum relacionamento real, sincero e verdadeiro com Deus. Mas, sendo negligente em qualquer dever espiritual, a pessoa perderá esse ânimo bom devido ao afastamento de Deus causado pelo pecado da negligencia. O fruto do "bom ânimo" deixará de existir pela quebra dessa comunhão real com Deus. Logo, não é o bom ânimo que fará com que nos esforcemos, mas, será esforçando-nos que obteremos esse "bom ânimo". "Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza", Is.52:1. Esse ânimo não é e nunca será um tipo de ânimo qualquer: é fruto alcançado por via dum relacionamento sincero, não fingido, não forçado e real com Deus. Isto só é possível de experimentar por aqueles que são verdadeira e inegavelmente cheios do Espírito Santo. Nenhum outro poderá comprovar isto que afirmo aqui. Não é um ânimo carnal, operado pelo homem no homem, seja esse homem o próprio ou algum outro que o tenta animar ao invés de incentivar a esforçar-se onde foi negligente. Quando Paulo afirmava que "estamos sempre de bom ânimo" era porque não deixava de ser fiel na execução de cada detalhe da vontade de Deus. É por essa razão que estava sempre de "bom ânimo". Para que isso se tornasse possível, teria de buscar o poder da graça minuciosa e fielmente para cada tarefa de cada momento de cada dia. "Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia". Qualquer pessoa negligente irá de mal a pior e até mesmo aquilo que o rodeia piorará a olhos vistos dia após dia. E o perigo de não se esforçar enquanto pode - enquanto é dia - é o de chegar ao ponto onde não mais se consegue esforçar. "Andai enquanto tendes luz para que as trevas não vos apanhem", João 12:35.

  4. "...O Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem", At.5:32. Pouco se fala na obediência e da sua importância como condição prévia para a experiência da Vida Eterna, isto é, da vida abundante a qual Deus dá àqueles que lhe obedecem; e o pouco daquilo que se fala não explica quase nada a respeito do que é a verdadeira obediência e em que consiste. Se tivermos em conta que Deus prima por um coração ativamente voluntário, não podemos sequer olhar para a obediência como os humanos a enxergam, isto é, como se a obediência da qual Deus fala fosse uma subjugação de alguém que é obrigado a obedecer sob pena de perda ou punição. O desobediente está fora do Reino de Deus, mas, não apenas por desobedecer e antes por ter uma natureza contrária à do Reino. Se a pessoa "obedecer" de forma forçada não significa que a sua natureza haja sido transformada, mas, que foi subjugado por falta de opções. Sua natureza continua sendo a mesma de sempre sendo subjugado ou obrigado. Logo, também está fora do Reino ainda que obedeça, pois, não é possível reiná-lo tendo uma natureza contrária. Quando obedeço contrariado, desapontado ou de forma custosa não me posso considerar como pessoa de natureza obediente tal como a jumenta de Balaão não se podia considerar gente por ter falado uma vez. E é esse tipo de "obediência" que é considerada como normal entre a grande maioria dos crentes e com a qual os humanos se contentam. Isso significa que vivem um engano que consideram ser uma virtude em vez de verem isso como uma falsificação da obediência. "O engano deles é falsidade", Sal.119:118. "Mas, para (o Seu povo) diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente", Rom.10:21. Toda a obediência a Deus tem de ser uma de natureza, de conivência dum coração que se revê no mandamento. Na nova criatura, a obediência não é e nunca será uma contrariedade, mas, é a luz que busca ansiosamente, é o mais puro e mais sincero anseio e deleite de todo um ser a ponto de estar integralmente envolvido no executar da vontade de Deus com toda a inteligência e com toda a diligencia assim que acha os meios para tal. (Ninguém consegue executar a vontade de Deus sem achar esses meios da graça para que consiga fazer aqui na terra da mesma maneira que se executa no céu). "Levantarei as minhas mãos para os Teus mandamentos, os quais amo"; "Os teus estatutos têm sido os meus cânticos"; "Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos", Sal.119:48;54;112. Quando alguém inclina o coração para poder guardar os estatutos, é fazer muito mais e muito mais profundamente que apenas inclinar os passos do dia a dia. Isso significa que todo o coração, todo o deleite e alegria agem como parte integral da obediência. Mas, logo surge uma pergunta: por que razão, então, as Escrituras dizem para nos negarmos a nós mesmos se nos quisermos tornar Seus discípulos? Devemos saber distinguir quando a nova natureza é contrariada, tentada ou mesmo impedida pelo diabo, cansaço, demora das concretizações de certas promessas que nos tocam, entre muitas outras coisas. É sob essas circunstâncias que devemos negar-nos a nós mesmos. É muito diferente quando é a natureza velha a tentar cumprir contrariada e ser crente de aparência com as suas naturais dificuldades e impossibilidades. São esses que criam doutrinas que desculpam o pecador e afirmam que é impossível ser-se santo como se ser santo fosse uma coisa doutro mundo.

  5. "Dai ao Senhor (...) força"; "Dai ao Senhor fortaleza", Sal.96:7; 68:34. Existem palavras nas Escrituras que, por vezes, são difíceis de entender/colocar na perspectiva correta. Como é que alguém pode dar força a Deus? Como é que alguém lhe pode dar fortaleza? Na verdade, é simples de entender. Damos força a Deus submetendo-nos a Ele para que seja Deus a construir a casa; limpando nossa vida; permanecendo n'Ele e Ele em nós. Tudo isso conjugado dá força visível a Deus, isto é, Sua força torna-se visível, prática e demonstrativa. Da próxima vez que você disser que Deus é a sua força, certifique-se que é mesmo assim na prática, pois, você pode estar a falar duma força emocional que o próprio pode fabricar para o próprio, o qual lhe permite persistir ou mesmo perseguir a sua vidinha de sempre. E isso pode estar a acontecer quando Deus pode estar a operar o inverso, dando-lhe razões para negar a sua vida própria, sua forma de poder e de força. Existem inúmeras partes nas Escrituras onde é afirmado que Deus resiste alguém enquanto essa pessoa, na sua ignorância e teimosia, busca força onde não tem para contra-resistir, isto é, para persistir contra Deus. E se for Deus quem lhe está a resistir e você pensa que é o diabo? Se não estiver mesmo sujeito a Deus com toda a sua vida limpa, duvido muito que Deus seja a sua força. Talvez seja a ideia de Deus que lhe dá alento emotivo, mas, pode crer que quem bebe dessa água terá, necessariamente, de beber dela de novo. Não é e nunca será o tipo de água que se bebe uma vez e que se mantém para sempre.

  6. "Quem te deu tal autoridade?" Mat.21:23. Muito se fala sobre autoridade em termos gerais, enfatizando apenas uma das partes: aquele que exerce autoridade como se tudo dependesse dele. No tocante a quem a exerce, a autoridade é um dom mesclado com exemplo de vida. Ninguém pode separar o exemplo da autoridade que pode exercer. Quem dá, pode pedir; quem faz, pode pedir para ser feito. Até Jesus exerceria pouca autoridade espiritual caso não fosse cumpridor de toda a Lei e se não fosse santo. Mas, existe o outro lado da autoridade sobre o qual nunca falamos: aqueles sobre quem essa autoridade é exercida. Os Fariseus colocaram bem a pergunta a Jesus e não é nada inocente. "Quem te DEU essa autoridade". A autoridade é dada, é permitida e aceite. Mas, logo surge a pergunta: é dada por quem? A autoridade é dada, concedia, permitida e obedecida por aqueles sobre quem ela é exercida. Quem dá autoridade a alguém é aquele sobre quem essa autoridade é exercida sujeitando-se a ela. Sou eu que me submeto à autoridade de Deus, à autoridades mundanas ou qualquer outro tipo de autoridade. Eu dou autoridade sobre a minha vida ou mesmo sobre parte dela ao submeter-me a ela. É bom, aos olhos de Deus, que a pessoa seja submissa de natureza com inteligência. Poderíamos ser submissos a Deus temendo o Seu imenso poder, recebendo Sua imensa bondade ou por qualquer outra razão dum vislumbre de qualquer aspeto da infinita grandeza de Deus. Mas, logo surgiria a pergunta: como seria essa pessoa sem ver tal grandeza? Seria, ainda assim, submissa, humilde e simples de coração? O que Deus deseja e opera em nós é uma natureza nova e voluntária desde o mais íntimo de nosso coração. Sendo submisso ou humilde e simples sob algum poder (e não de natureza) é, muito provavelmente, sê-lo somente na aparência por temor ou por necessidade.

  7. "Não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar", Luc.12:11,12. Não estar solicito ou preocupado evita muitos pecados ou erros em momentos quando não se pode errar. Aceitar a pressão nunca foi boa em momentos de aperto. Pode causar precipitação, pressa, falta de confiança e pouco interesse ou desejo de esperar algo de Deus, isto é, de esperar em Deus. Quando Jesus fala a respeito de responder, não significa que essa seja sempre uma resposta falada. Por vezes é, mas, nem sempre. Jesus guardou silêncio diante de Pilatos e escreveu na terra quando queriam apedrejar a mulher adúltera. Ainda assim, essas atitudes não deixaram de ser respostas com enorme significado iguais às outras que deu sempre que falou.

  8. É sumamente verdade que a Palavra vinda de Deus (as Escrituras) é "proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça", 2Tim.3:16. (Mas, tenhamos em conta que podemos estar a ler as Escrituras sem ter Deus a ensinar-nos). À primeira vista e por intuição carnal, somos capazes de argumentar que este alerta ou recomendação tem como alvo quem ensina e não a quem aprende. Por norma, as pessoas aprendem para ensinar a outros e crê-se que as Escrituras falam muito nesse tom para quem ensina, isto é, para professores, educadores e pastores. Contudo, devemos entender que, na verdade, a Palavra é dirigida a quem lê e a quem descobriu o segredo de se ensinar a ele próprio. As Escrituras falam ao próprio para que aprenda e nunca para que aprenda a ensinar. Ainda que ensinar seja um dom que vem de Deus, há que entender que só podemos tentar explicar o caminho daquilo que, para nós, já é um vida quotidiana normalizada. Ensinar aos outros não é ser ensinado. Saber transmitir aquilo que já se tornou a nossa própria vida, aquilo que já aprendemos em sua forma prática e já criou raízes em nós, falando da própria experiência, é a única coisa que se exige dum pregador ou evangelista. "...Para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado", 1Cor.9:27. "Aquilo que recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei", Fil.4:9. É isso mesmo que Paulo queria transmitir a Timóteo, "para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra", 2Tim.3:17. Neste caso, ele (Timóteo) era esse homem de Deus. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos", 2Tim.2:6. Logo, a Palavra é dirigida a quem lê para que possa ser corrigido, redarguido, contestado, confortado e instruído nos caminhos dos justos, isto é, nos caminhos da justiça. É um erro sem tamanho quando um pastor, pregador ou evangelista acredita que tem de preparar um sermão para os demais quando, na verdade, ele tem de conseguir retirar, reiterar e explicar aquilo que já aprendeu com a prática da verdade e partilhar como chegar lá, explicando o caminho para a Vida que começa necessária e inquestionavelmente somente com essa pratica da verdade. "Aquele que pratica a verdade...". Contudo, convém que consiga falar daquilo que, em sua vida prática, já se tornou usual e natural para que não esteja falando somente duma experiência nova, dando a impressão que é algo passageiro ao invés de demonstrar que a Vida e Sua prática veio para ficar eternamente. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos" somente quando esses frutos já estiverem prontos para a colheita e nunca antes disso. "Permanecei...". Devemos falar somente daquilo que já permanece em nós, isto é, daquilo que já é capaz de permanecer. Se assim não for, seremos condenados juntamente com os mentirosos. Seremos da laia dos mentirosos e seremos julgados com e como eles.

  9. Podemos e devemos ser sinceros a ponto de não deixar nada por esclarecer entre irmãos. Uns optam por se calar porque não querem abdicar de suas posições ou mesmo questioná-las. Calam-se para não terem de rever suas posições. Isso não é concordar. Não é e nunca será estar de acordo. Logo, não podem andar juntos, caminhar juntos, orar juntos sem ser de forma frígida, fingida e forçada, Amos3:3. Mas, existem pessoas mais nobres, mais honestas e mais sinceras em relação à verdade e às Escrituras. Esses ouvem-se mutuamente, analisam as Escrituras atentamente e, negando-se a si mesmos, deixam as Escrituras ter a última palavra. "...Mais nobres (...) examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim", At.17:11. Aquele que não se nega a si mesmo para poder dar a última palavra às Escrituras ainda não sabe o que é o Evangelho e, se assim é, não saberá o que é viver o Evangelho.

  10. O Perdão que Deus concede graciosamente a qualquer pecador que foi plena e inegavelmente convertido não pode ser colocado no mesmo patamar ou com o mesmo significado que os humanos dão à palavra "perdão". Vamos por partes. Se lermos atentamente e entendermos corretamente os capítulos de Romanos (Cap.6 a 8), podemos entender melhor como e por que razão o perdão de Deus é concedido. Por aquilo que lemos, o pecador morre. A culpa e a capacidade de transgredir morrem com o transgressor culpado. O perdão é concedido não somente porque Cristo morreu, mas, porque a Sua morte é capaz de alcançar o mesmo tipo de morte do pecador crucificando-o com Ele. Se o perdão fosse concedido com base, apenas, na morte de Cristo, todo mundo estaria perdoado. O perdão é concedido porque o tipo de morte de Cristo consegue que o pecador também possa morrer crucificado com Ele, isto é, estando semelhantemente morto para o mundo (pecado) e o mundo para ele. Segundo aquilo que Paulo nos transmite, entendemos que por via do (verdadeiro) Batismo com o Espírito Santo, o tipo de morte que Jesus experimenta para o mundo para sempre, será a herança de todos aqueles que experimentam a Sua vida na plenitude prometida, isto é, no poder da Sua ressurreição. "Se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da Sua morte, também o seremos na da Sua ressurreição", Rom.6:5. Na verdade, Jesus não morreu no verdadeiro sentido da palavra, pois, se assim fosse não teria dito "hoje estarás comigo no paraíso". Nenhum morto podia estar no paraíso, muito menos estar vivo por lá. No tocante à morte de Jesus, Ele morreu para o pecado e para o mundo e o mundo para Ele. "Quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado", Rom.6:10. Sua morte foi, apenas, um certo tipo de morte. E será nessa semelhança de morte que somos participantes e da qual podemos usufruir caso possamos permanecer na plenitude Cristo. Esse tipo de morte é um tipo específico de morte - é uma morte para o pecado, para o mundo e para tudo aquilo que é oferecido por cá. E é neste tipo de morte que nós, também, somos plantados caso experimentemos a Sua plenitude de maneira continuada. Daí a importância daquilo que Paulo diz aos crentes: "Enchei-vos do Espírito", Ef.5:18. Por essa razão, Paulo usa as palavras "semelhança da Sua morte", isto é, o tipo de morte que Cristo experimentou ao ser crucificado. Cristo não morreu no verdadeiro sentido da palavra. Caso a plenitude de Cristo tenha como abundar em alguém, o tipo de morte e o tipo de vida que Cristo experimenta atualmente será plantada, implantada e consolidada nessa pessoa também. "Não vivo eu, mas, Cristo vive em mim", Gal.2:20. Caso isso aconteça, experimentará o mesmo tipo de morte que Cristo experimenta e, o mesmo tipo de vida ressurrecta. Isto é, o pecador estará tão morto para o pecado e para o mundo quanto um cadáver está para tudo aquilo que o rodeia nesta terra atual - ou pode estar tão morto quanto Cristo está caso se possa manter pela graça e nunca por outro meio ou outro tipo de poder. Caso isso aconteça sem qualquer sombra de dúvida, a pessoa que nasce de novo é e será sempre outra pessoa e nunca mais será aquela que morreu caso se mantenha em Cristo e Cristo nela. Se o pecador morreu, não haverá a quem imputar culpa. Quando falamos da verdadeira conversão - quando ela é mesmo real - é disso que estamos falando. Pedro converteu-se em Pentecostes. "(Pedro), quando te converteres…" Luc.22:32. Se a pessoa não se transforma a esse ponto, precisa insistir em oração e não dar descanso aos seus joelhos e olhos até que seja cheia de Deus em toda a plenitude prometida, vendo se não existe alguma coisa, alguma atitude por transformar, alguma força residual da carne para se manter ativa na salvação, ou pecado por confessar que possa estar impedindo o fluir ou aproximação dessa Vida Eterna. Ainda que demore oito dias até alcançar Pentecostes, alcança-o pela insistência, Luc.11:13. A nova pessoa nasce inocentada porque é uma nova pessoa e todas as coisas passaram, isto é, tudo se fez verdadeira e inegavelmente novo. O velho homem morreu literalmente e, com ele, as suas transgressões. Cabe a si alcançar a promessa dessa Vida (eterna) que começa aqui e agora, ainda aqui na terra. "… A vida que agora vivo…" Gal.2:20; "… A presente Vida…" 1Tim.4:8.

  11. "Um mandamento novo (...) Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas", 1 João 2:8,9. Esta palavra "aborrece" usada aqui não é um aborrecimento ocasional dum mau dia, um coisa ocasional seja por que razão for, um mal-estar momentâneo entre pessoas, uma contrariedade ou discussão sem raízes no coração. Trata-se duma aversão continuada, uma mágoa impura contra alguém, um rancor ou contrariedade contra alguém pela pessoa que esse alguém é ou se imagina que ela é. Queria tentar explicar: existem desentendimentos por causa de desencontros de argumentos, de ideias diferentes, culturas e até mesmo doutrinas diferentes. Esses desentendimentos passam facilmente a ponto de ninguém sequer se lembrar deles no dia seguinte. São coisas pontuais que podem ocorrer e os honestos de coração acabam por se entender ouvindo-se mutuamente e buscando a verdade plena nas Escrituras dando às Escrituras a primazia da última palavra em total transparência e honestidade. Isso não é aborrecer o irmão e trata-se, antes, duma busca de entendimento entre iguais. Mas, é muito diferente quando alguém não gosta de outro e contradiz apenas pela pessoa que é, isto é, está na defensiva ou no ataque contrariando assim que se encontra perante a pessoa que é o objeto da sua desconfiança, rancor, discordância ou devido ao seu aspeto ou a algo que se associe a certa pessoa, seja por algo que somente se imagina sem constatar a verdade a seu respeito, ou algo verdadeiro que nunca foi falado com o próprio. Quando uma esposa e o esposo se desentendem por causa duma escova de dentes, podemos ter a certeza que o problema não reside na escova de dentes, mas, é substanciado por algo mais grave. Conheço um marido que diz que se esposa está sempre na oposição. Se ele diz direita, ela tem de dizer esquerda; se ele disser esquerda, ela diz direita. Eu creio que a palavra "aborrecer" neste versículo cai nessa categoria de significado. Há algo nas pessoas que os torna insensíveis após anos de convivência mutua e a defesa criada pelo e para o egoísmo entra subtilmente nas relações. Um casamento, por exemplo, tem como ser cada dia como se fosse o primeiro dia. Se isso não acontecer, passará a existir uma porta escancarada para que certas coisas se solidifiquem sorrateiramente de forma subtil e inconsciente nos corações que se juntaram em uma só carne. E essas coisas caem dentro do significado da palavra "aborrecer", que, traduzido no sentido espiritual é o mesmo que ódio aos olhos de Deus. É por essa razão que algumas traduções traduzem essa palavra "aborrecer" no Novo Testamento como "odiar". "Se alguém não aborrece (odeia) a vida própria, pai, irmão... não pode ser meu discípulo".

  12. "Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai", 1 João 2:1. Não existe e nunca existirá perdão sem conversão. "Aquele que confessa e deixa as suas transgressões, alcançará misericórdia", Prov.28:13. Por essa razão e sabendo que as Escrituras não se podem contradizer, este versículo leva-nos a questionar aquilo que se crê em círculos supostamente evangélicos a esse respeito. Neste contexto, o significado da palavra "advogado" aqui estende-se muito mais além daquilo que possa parecer num primeiro entendimento. Este advogado para com o Pai dá a garantia de não permitir (nem mesmo sendo apenas em forma residual) que qualquer intenção, capacidade ou ideia de voltar a cometer os mesmos pecados se mantenha. Ele tem e mantém a capacidade de converter quem ainda peca e que só peca por ser pecador de natureza. (Não sei como qualificar aqueles que pecam havendo já sido verdadeiramente transformados desde o mais íntimo de seus corações. Será que são esses que pecam para a morte? 1João 5:16,17. Não tenho essa certeza). É nesse sentido de ter a capacidade de levar à conversão e de converter aqueles que foram capazes de O alcançar que Jesus se torna um verdadeiro Advogado diante do Pai. Ele tem a capacidade de perdoar pecados porque transforma um assassino em doador de vida; um ladrão em ajudador do próximo; um mentiroso na pessoa mais verdadeira; pois, sabemos que, para Ele, nada é impossível. "Ele salvará o Seu povo dos seus pecados (da sua capacidade de pecar)", Mat.1:21. Liberta-os verdadeiramente de seus pecados. Mas, para que Jesus possa tornar-se esse advogado que extermina a capacidade ou vontade de pecar, há que conhecê-lo intimamente. Ninguém pode confiar num advogado que não conhece e se é a partir do coração que os pecados do homem surgem, há que conhecer Jesus muito intimamente e de forma real e não apenas conhecê-Lo. "Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e nele não está a verdade", 1João 2:4. Se "nele não está a verdade", significa que sua fé é fingida, duvidosa, naufragada ou forçada. Logo, para que Ele possa tornar-se esse advogado, é necessário que estejamos vivendo em total harmonia com Ele, experimentando-o verdadeira e inequivocamente no mais profundo de nosso ser porque é a partir dali que o mal surge - é ali que tem suas raízes e é desde lá que precisam ser exterminadas. É a partir de lá que Jesus deve operar. Não podemos curar a ferida do povo de Deus superficialmente, podando somente na aparência.

  13. "Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer/desfalecer",Luc.18:1. Aqui temos um segredo escondido: Sem apreender este segredo, muitos acabam tropeçando e ter uma grande queda. É mesmo uma queda enorme no erro, na interpretação e na escuridão das doutrinas onde se ensina a orar, mas, não a obter respostas concretas da parte de Deus. O segredo aqui não é e nunca foi ir orar, mas, perseguir uma resposta concreta. Aqueles que estão numa fase onde sua comunhão com Deus ainda deixa muito a desejar, podem obter um não concreto - o que é um bom sinal, pois, se Deus disser que não, respondeu. Se Deus não respondesse, não dissesse nada, seria muito pior. E é neste estado "pior" que a maioria dos crentes se encontram - ainda que não queiram reconhecê-lo. O que perseguimos sem desfalecer é a resposta a cada uma de nossas orações. Mas, por falta de respostas, o cristianismo começou a acomodar-se e contentar-se com orar e orar, jejuar e jejuar sem obter qualquer sinal de resposta concreta. Os verdadeiros de coração perseguem insistentemente essa resposta, dure o que durar, custe o que custar - seja esse custo pessoal, moral, sentimental ou qualquer outro. Qual é o segredo e como devemos agir perante essa descoberta? A promessa de Deus é elevar-nos a um patamar de santidade que nos levará a uma proximidade de Deus tal que Deus pode mesmo atender as orações enquanto falamos e, em alguns casos, ainda antes de pronunciarmos qualquer palavra porque a oração já se encontra formulada no coração. "E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei", Is.65:24. Mas, enquanto não alcançamos esse estatuto de limpeza de coração que nos faz chegar, estar e permanecer bem próximos de Deus de forma continuada e ininterrupta, resta-nos a opção de orarmos até obtermos resposta concreta. Qual a razão ou quais as razões que nos podem levar a uma situação onde possamos chegar mesmo à exaustão até alcançarmos a resposta? Devemos lembrar que o alvo é a resposta. Sem isso, não podemos desistir. Sendo a resposta o objetivo de qualquer oração e sabendo que o normal seria obter resposta imediata, devemos saber que existe algo que está a impedir que qualquer oração seja atendida. Através dessa insistência de coração genuíno, Deus poderá revelar aquilo que está impedindo a oração, dando a oportunidade de ser regularizado. Na verdade, não é preciso muito para que as orações sejam impedidas. "Vós, maridos, coabitai com a esposa com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco (...) para que não sejam impedidas as vossas orações", 1Ped.3:7. O mesmo poderíamos dizer às mulheres que não assumem a submissão ao marido como algo que faz parte da sua própria criação; ou que não se submetem a Deus inquirindo diligentemente sobre a educação de seus filhos, como pilares do próprio lar que elas são. Mulher que não é submissa ao marido, não é submissa a Deus - ainda que o tente ser pela aparência. Tudo começa nas bases. Se não é submissa ao marido que vê diariamente como poderá sê-lo a Deus que não vê?

  14. "Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?" João 5:44. Quando Jesus fala aqui em buscar honra uns dos outros, tem um sentido muito vasto, isto é, engloba muitas coisas. Buscar honra significa, em muitas ocasiões agradar pessoas para ser agradado; manter as aparências buscando elogios ou evitando criticas; ser simpático, não porque se é simpático de natureza, mas, para se evitar ser mal visto, discriminado ou algo nessa linha. Existem muitas formas óbvias de se buscar honra, tanto quanto existem formas camufladas e disfarçadas. A estas pessoas com tais delitos naturais, Jesus pergunta como será que podem crer sendo assim. Esta pergunta vai muito além daquilo que possa parecer. Na verdade, o que Ele quer dizer é o seguinte: "Por que é que vocês pensam que conseguem crer buscando honra uns dos outros?" Vou tentar explicar aquilo que se entende espiritualmente por revelação de Deus ao coração. A fé que salva (crer) é fruto duma comunhão com Deus. É um filho do relacionamento entre Deus e o coração. Caso exista algum tipo de crer quando esta comunhão entre Deus e a pessoa é irreal, comprometida ou inexistente, estaremos falando duma fé naufragada ou crença sem fundamento. Tal crença é como uma casa construída na areia do mar onde as ondas batem regularmente. Não existe fé verdadeira que não seja fruto dum relacionamento profundamente genuíno entre Deus e homem. Sendo assim, qualquer pessoa que busca honra nos olhares, na admiração e na consideração de pessoas está efetivamente separada de Deus. Não pode crer, não tem como crer porque não tem esse relacionamento. E há os que podem crer porque tiraram a parede de separação que existia entre eles e Deus, confessando e abandonando cada pecado pelo nome e restituindo aquilo que não lhes pertence, ainda que seja a honra da qual se apropriaram indevidamente. Efetivamente, há os que podem crer e os que não podem. "E Jesus disse: Se tu podes crer..." Marcos 9:23. Há que tirar, confessar e destruir tudo aquilo que nos separa de Deus para não termos que viver/conviver com uma fé naufragada. "...Conservando a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé", 1Tim.1:19. Estes naufragados continuam pregando, evangelizando, frequentando os cultos e reuniões de oração assiduamente como se tudo ainda estivesse normal. Criam-se novas mentalidades, inverdades e irrealidades acerca das coisas de Deus e da verdade para que as pessoas continuem frequentando as igrejas sem temor daquilo que pode chegar inesperadamente, como acontece quando um ladrão chega pela calada da noite. Por exemplo, as pessoas começam a crer que importante é orar e não que importante é ser ouvido por Deus obtendo respostas à oração. Desde que orem e jejuem, tudo está bem; começam a crer que aquilo que importa é ir à igreja e ser frequentador fiel dos cultos em vez de alcançar graça para ter como cumprir, confirmar e guardar a palavra. Na verdade, seria como um pescador que se contenta com a vara de pesca quando não pesca nada; ou como alguém que compra uma extensão elétrica, liga seus utensílios elétricos nela, mas, a outra ponta continua fora da tomada na parede; ou uma casa com uma instalação elétrica perfeita, mas, que não está conectada à rede da empresa publica de eletricidade. E é assim que se criam religiosos em vez de seres viventes, os quais sabem muito daquilo que não têm e acreditam ter, os quais continuam desconectados porque algo ainda os separa de Deus.

  15. "Acautelai-vos primeiramente, do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia", Luc.12:1. Aqui, Jesus não diz que o perigo são os Fariseus, mas, a hipocrisia. Mas, hoje, tudo é muito moderno e ninguém se considera hipócrita, forçado ou fingido porque já não existem Fariseus. Existe diferença entre ser esforçado e ser auto-forçado, isto é, entre ser esforçado com aquilo que já se tem dentro ou forçar-se naquilo que não se tem e nunca se alcançou de Deus, criando a aparência pelo esforço carnal. Vejo muitas pessoas (e com alguma frequência) puxarem por emoções criando hábitos religiosos emotivos sem se aperceberem que aquilo que não é da nossa pessoa em nossa vida quotidiana é hipocrisia; vejo que agradar pessoas é considerado amor e não hipocrisia; não vivem o Evangelho na rua, não tendo vida real, mas, tentam espremê-la dentro da igreja através de hinos bonitos, liturgia e leituras bíblicas; vejo aqueles que se querem mostrar falando aos demais nos cultos, como se de algum testemunho real se tratasse crendo que se entra pela porta estreita sabendo ensinar aos outros, "querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam", 1Tim.1:7. Muitas mais coisas poderia mencionar aqui sobre os "que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade", 2Tim.3:7, os quais se enchem de mandamentos, doutrinas, crenças, enganos e não de vida. Mas, ficarei por aqui. O fermento dos Fariseus modernizou-se e tornou-se o fermento do Evangélicos e religiosos. Tornou-se doutrina e estudo em vez de ser vida real que pode ser explicada e aprimorada pelo estudo das Escrituras. Uma coisa é explicar aquilo que alcancei em Deus confirmando as Escrituras estudando-as com afinco e cumprindo (guardando); outra coisa é estudar as Escrituras (muitas vezes sem entendê-la da forma que deve ser entendida) e esforçar-me para igualar aquilo que entendo. Essa é a diferença entre ter vida e ser hipócrita. "O fim do mandamento é (...) uma fé não fingida", 1Tim.1:5. Contudo, a hipocrisia não existe apenas naqueles que não experimentam a vida eterna em seu interior de forma real e que tentam imitá-la ou praticá-la por via do esforço daquilo que pensam que entendem. A hipocrisia também existe de outra forma e em sentido inverso nos que verdadeiramente acharam vida plena: podem ter a parte importante já no coração, mas, ainda vivem da aparência em suas vidas quotidianas. Isto é, vivem conforme os hábitos anteriores tendo já alcançado vida verdadeira; vivem em conformidade com as circunstâncias ou conformados com as regras do mundo, pensando que agradar pessoas e ser agradado é amor. Imaginemos um profeta que tem tudo no coração para expressar as palavras de Deus no momento certo e da maneira certa, mas, conclui algo assim: "Ai de mim! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios", Is.6:5. Este profeta já havia expressado as Palavras de Deus corretamente, tinha tudo no coração, contudo, ainda vivia e falava conforme as pessoas que o rodeavam. Mas, não são somente os hábitos culturais que nos tornam hipócritas. A vergonha de falar de Deus tendo-O vivo no coração; o encobrir do verdadeiro coração por motivos errados; ter o Evangelho vivo no coração envergonhando-se dele na frente das pessoas ou ter medo das consequências. Tudo isso pode tornar-nos hipócritas. Aqueles que não alcançaram vida podem ser hipócritas tanto quanto os que já alcançaram essa vida e não a vivem. O conhecimento naqueles que não alcançaram vida é um peso. Quem se esforça naquilo que não tem, esforçar-s-e-á naquilo que imagina ter e isso é outra forma de idolatria. Mas, para todos quantos alcançaram vida verdadeira, crendo, esse mesmo conhecimento vindo de Deus deve ser ou tornar-se um verdadeiro alívio das cargas emocionais, principalmente se essas cargas emocionais forem religiosas.

  16. Existem muitas coisas que ocupam as pessoas, muitas das quais parecem ser nobres, mas, deixam muito a desejar por não serem finalizadas. Uns vão à igreja e não ouvem - não finalizam; outros ouvem e não guardam a palavra. "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam", Luc.11:28. Uns lêem, mas, não ouvem; outros conseguem ouvir e não guardam. Há quem nem sequer consiga ouvir pelo coração e tente cumprir aquilo que não achou em forma de vida real; há os que estudam, mas, não são cumpridores fiéis. Ocupam-se tanto com o conhecimento que não acham tempo para a prática daquilo que já existe no coração - se existe mesmo. E tudo isso deve-se à forma humana e enraizada de querer cumprir pela carne, colocando a carne a servir no templo de Deus. Hoje em dia existem bibliotecas inteiras de sabedoria Bíblica como nunca houve na história do mundo. No entanto, creio mesmo que nunca houve uma época da história onde houvesse tantos pagãos dentro das igrejas. Existe muito estudo e pouca prática que se identifique como vida vinda do coração e da própria essência da pessoa onde possamos afirmar que a pessoa é a própria palavra. A partir daí começaram a aparecer práticas por via do conhecimento ilimitado ao qual temos acesso hoje, as quais se tornaram práticas religiosas e não são uma demonstração prática do ser da pessoa, isto é, não têm origem no homem interior por não se encherem e preencherem de vida, mas, apenas de conhecimento. Logo, privilegiam-se as práticas religiosas acima da vivência e experiência da própria vida eterna dentro de quem a possui - se a possui. Estes dias assisti a batismos de pessoas que nunca se converteram, que não abandonaram o vício do cigarro e da bebida e, para que se cumprisse a doutrina de batizar apenas adultos, desceram às aguas, fazendo essas pessoas pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas. Se é criminoso não guardar a palavra quando se tem a capacidade de ouvi-la, imaginemos o quão criminoso é ter estudo amplo e diversificado das Escrituras sem sequer conseguir ouvir. E são essas pessoas que hoje são batizadas e agregadas como irmãos, os quais, por haverem sido batizados, sentam-se à mesa da ceia com crimes que nunca confessaram e/ou nunca abandonaram. "Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem", 1Cor.11:30.

  17. "A paz (...) como o mundo a dá", João 14:27. A questão aqui é saber se Jesus está falando de algum tipo de paz que o mundo pode dar ou se está falando da maneira como o mundo tenta dá-la ou alcançá-la (em vão). Se optarmos por entender este versículo pela forma como o mundo tenta obter paz, isto é, pela maneira "como o mundo dá", podemos acreditar que no mundo não existe paz e, apenas, que o mundo tenta dá-la ou alcançá-la da sua maneira. Jesus fala aqui de "como o mundo dá" e não afirma que o mundo consegue dá-la. E creio que é essa a verdade que Jesus nos quer fazer passar porque "no mundo, tereis aflições" e não paz. E que maneira ou formula é esta do mundo lutar por paz? O mundo tenta obter sua paz indo ao encontro das concupiscências de cada um e daquilo que a carne mais deseja. Satisfazendo seus desejos, o homem carnal deleita-se em seu prazer (temporariamente) e engana-se a si mesmo assumindo isso como sendo 'paz'. Esses deleites são sempre temporários e o coração (ou a carne) nunca é capaz de se sentir plenamente satisfeito ou realizado no dia seguinte. O dia seguinte será sempre um dia de ressaca e não de realização. Se alguém se sente realizado ou feliz matando, tornará a matar porque o deleite que teve não se mantém no dia seguinte. Isso faz com que vá de mal a pior. O mesmo pode ser dito do beber, do vício de comer, da lascívia, da ganância ou de qualquer outra coisa que o mundo dá - se Deus permitir, claro. Quem beber dessas águas tornará a ter sede com toda a certeza. Quem busca a paz da maneira que o mundo dita, certamente tornará a buscar essa paz vazia que se esgota rapidamente porque não é eterna, não é constante, não tem sustentação e não tem como se manter.

  18. "No mundo tereis aflições", João 16:33. Vamos falar das aflições que nos podem ocorrer. Existem as aflições externas e as internas. Todos aqueles que vivem piamente manifestando Jesus de forma real sofrerão perseguições. O mundo nunca ficará indiferente a respeito de qualquer um que manifeste Jesus em sua vivência de forma real. Contudo, rir-se-ão dos hipócritas porque o mundo distingue-os de longe embora os crentes se recusem a distinguir. Podemos crer que essas aflições são-nos externas e não alcançam nosso íntimo caso Jesus nos reine por inteiro e integralmente. Mas, as Escrituras falam claramente dos "deleites, que nos vossos membros guerreiam", Tgo.4:1. "Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes (...) Pedis e não recebeis", Tgo.4:2,3. Pedir e não receber traz conflitos nos que se recusam ser hipócritas em relação a Deus e Suas realidades. O que significa isto? Significa que todo o crente que é capaz de crer (enganosamente) que Deus está disposto a satisfazer os deleites ao invés de salvar a pessoas desses deleites terá conflitos e guerras em seu próprio coração. Essa conflituosidade será transportada para a vida quotidiana exterior, criando, também, hipócritas que vivem uma vida dupla, isto é, uma vida conflituosa real a par duma vida de aparência conveniente que serve apenas para encobrir esses conflitos, pecados e desejos. E sabemos que aquele que encobre suas transgressões, desejos ou pecados nunca prosperará espiritualmente (Prov.28:13). Logo, se ainda existirem resíduos do mundo nos corações, se não "estou morto para o mundo e o mundo para mim", haverá aflições no coração e guerra constante entre Deus e a carne onde o coração é a arena desses conflitos até ao dia que Deus disser algo parecido com aquilo que disse nos tempos de Noé: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne", Gen.6:3. Convém, pois, que não sejamos carne também sempre que temos o Espírito de Deus ou o Evangelho tentando tomar posse de todo o nosso ser. Se o mundo ainda estiver em nós - ainda que apenas residualmente - teremos aflições no coração. Onde ainda existir mundo, haverá aflições e se existir no coração será ali mesmo que haverá aflições de todo tipo. Onde existe mundo, existem aflições e conflituosidade, seguramente.

  19. Existem muitas razões para que as orações não possam ser atendidas. Mas, digamos que a pessoa não tem qualquer pecado por confessar; não tem nada para restituir a alguém; não trata o esposo ou a esposa desrespeitosamente devido à habituação da vivência como casal; não negligencia seus deveres; não negligencia seus filhos, educando-os nos caminhos de Deus rigorosamente; etc. Ainda assim e não tendo nada que separe essa pessoa de Deus (Is.59:1,2) fica claro que certas orações dentro da vontade de Deus (orações que deveriam ser atendidas) nunca são atendidas conforme prometido. Eu vejo mães orando por seus filhos em suas tribulações sem serem ouvidas e, mesmo assim, ficando satisfeitas somente por haverem orado; pais em dificuldades extremas orando sem obter respostas concretas e outros orando por eles ficando satisfeitos com o simples fato de alguém dizer que está orando por eles; "irmão, estamos orando" vulgarizou a satisfação de quem ora e ninguém é capaz de afirmar que foi ouvido por Deus. Depois, perguntamos:"as mães oram porque estão preocupadas com seus filhos ou porque acreditam que Deus resolve? É a preocupação que as move ou a fé?

  20. "Marta! Marta! Andas inquieta (distraída, ocupada) e te preocupas com muitas coisas (...) pouco é necessário ou mesmo uma só coisa", Luc.10:41,42. Existem muitas formas de nos abstermos daquilo que é verdadeiramente importante e que, segundo Jesus, "pouco é necessário". Significa que aquilo que realmente importa é pouca coisa, fácil, simples e de extrema importância. Existem pessoas que se abstêm ou distraem servindo comida, bens materiais ou outras coisas e nunca se ocupam com aquilo que importa verdadeiramente. Contudo, é necessário ter em mente que existem muitas outras formas de estarmos ocupados que não são mencionadas aqui, negligenciando, assim, a parte que realmente importa. A pessoa pode estar ou manter-se ocupada com a ira que consome o coração; com medos e receios; com problemas que ocupam a cabeça que necessita estar desocupada para Deus; com doutrinas e discussões religiosas que não se centram em arranjar o próprio coração colocando tudo e mais alguma coisa na luz e na transparência.

  21. "Outra (semente) caiu entre espinhos e, crescendo com ela os espinhos...", Luc.8:7. É extremamente difícil semear a boa semente sem que algumas caiam em boa terra onde, também, nascem espontaneamente espinhos e outras ervas daninhas. O segredo reside em não deixar crescer os espinhos com a boa planta que advêm da boa semente, alimentando esses espinhos. Hoje, alimenta-se muito os espinhos tais como: Deus cura, Deus dá, Deus abençoa (tudo menos a vida espiritual). É bom lembrarmos, com frequência, a oração de Jabez: "preserva-me do mal". A pessoa, mesmo crescendo espiritualmente, não pode permitir que os espinhos sejam alimentados e nutridos, pois, se os espinhos e abrolhos crescem até mesmo em terra ruim, imagine em terra boa!

  22. "Aos pobres é anunciado o Evangelho", Luc.7:22. Hoje não se insiste em pregar o Evangelho para os pobres. Prega-se prosperidade material se eles derem do pouco que têm.

  23. "Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras...", Luc.6:47. A capacidade de ouvir tais palavras é muito mais do que ouvir de forma audível. É um ouvir profundo, é ouvir de palavras que falam segundo o coração, é ouvir aquilo que se anseia - ouvir desde o mais profundo do nosso ser. Quem não ouve assim, ainda não ouviu nada. "Vede, pois, como ouvis", Luc.8:18. É dessa forma de ouvir que vem a fé e não é conforme se apregoa por aí.

  24. "Mas, a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos (...) bendizei os que vos maldizem (...) oferece-lhe também a outra (...) emprestai, sem nada esperardes...", Luc.6:27-35. É bom contextualizarmos corretamente toda a palavra que vem de Jesus. Jesus dirigia-se aqui especificamente aos que ouvem: "A vós que ouvis...". Teria muito para dizer a este respeito, mas, não sei se terei palavras para fazê-lo. Em primeiro lugar, tenho a certeza que este tipo de mandamentos não pode ser dirigida a quem não ouve com um coração praticante. Palavras dirigidas oportunamente a um coração já de si rendido e praticante é o que significa ouvir. Explicar, dirigir ou confrontar quem não ouve com o coração é criar problemas e tropeços para o verdadeiro Evangelho (e para a própria pessoa) de muitas formas. Criam-se hipócritas nas igrejas, criam-se opositores que nunca entendem e discordam com agressividade embora nem sempre é possível evitar que a boa semente caia fora da terra boa. Quando uma semente cai em terra boa e frutifica, serve de testemunho e admiração aos que se opõem, coisas essas que despertam e aguçam a curiosidade deles. Somente esse tipo de testemunho praticante e vivente (evidente) capaz de ouvir tem a capacidade de despertar qualquer opositor em qualquer parte do mundo.

  25. "Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras e as observa (...) pôs seus alicerces sobre a rocha (...) e nada o pode abalar...", Luc.6:47. Hoje em dia dá-se enorme ênfase a estudar a palavra e até memorizá-la como se isso fosse criar praticantes, lidando com as pessoas como se fossem papagaios. "Importa fazer essas coisas e não deixar as outras", Lk.11:42. Em primeiro lugar, ler a palavra sem ouvir com o coração mais profundo, isto é, sem que essa palavra seja dirigida aos anseios mais profundos e mais relevantes de cada alma é ler em vão. É uma pura perda de tempo. Este tipo de ouvintes são os que podem e devem observar (cumprir, guardar) a palavra que lhes é dirigida. Sendo verdadeira esta afirmação, devemos e podemos entender que um ouvinte sedento ainda não é cumpridor da palavra. Se ouve dessa forma tem o caminho aberto para a graça que capacitará plenamente para ser um cumpridor tal como se nunca tivesse vivido doutra maneira. Devemos ter em conta que existe um longo caminho para percorrer entre ouvir com o coração e guardar a palavra de tal forma que a pessoa acaba se tornando a própria palavra em formato prático e visivelmente espontâneo. Ouvinte ainda não é cumpridor.

  26. "Mas o que ouve e não pratica...", Luc.6:49. Muitos acreditam e assumem que praticar (o Evangelho) é orar, ler a palavra, não faltar às reuniões, ir à igreja e ser religioso. Nada está mais longe da verdade. Praticar aquilo que somos capazes de ouvir com o coração sedento é transformar nossa vivência no emprego, em casa, no transito, na escola, na limpeza de casa, no arrumar do quarto, no lidar com outras pessoas seja de que tamanho/idade forem. Mas, nunca nos podemos esquecer que temos o dever inegociável de transformar nossos próprios corações em primeiríssima mão para que as nossas práticas sejam uma manifestação visível, transparente do nosso coração integralmente e sem qualquer pingo de esforço (fingimento). "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. "Amarás teu próximo com a ti mesmo" terá de ser uma forma de vida espontânea, natural e instintiva. Se assim não for é uma aparência de vida, uma fingida e forçada - e isso não é vida

  27. "(A semente) que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom e dão fruto com perseverança", Luc.8:15. Um versículo recheado de muitas coisas. 1.Ouvir a palavra: ouvir é algo que vai muito além do audível, pois, é ouvir algo de interesse para o coração e que mexe com ele; 2.Conservar num coração honesto e bom: a)não é manter somente na memória e na mente; b)não podemos lançar sementes em qualquer outro tipo de coração (nem no nosso), pois, a boa semente tem a capacidade de transformar e quando o coração não é "honesto e bom" acerca da palavra, quando a palavra não encontra um coração de igual estatuto, quando a verdade não encontra um verdadeiro, quando não se é extremamente sincero até com o próprio, essa palavra tem uma capacidade limitada de transformar o semblante e a aparência das pessoas, as quais se tornam crentes na aparência, hipócritas sem vestes nupciais. Tornam-se "manchas em vossas festas de (amor a Deus), banqueteiam-se convosco, apascentando-se a eles mesmos sem temor", Jud.1:12. Conservar a palavra boa para poder fazê-la frutificar após isso é pensar nela, meditar nela a ponto de ir transformando a nossa mente e o nosso ser. 3.Mas, isso nunca pode ser considerado como frutificar, pois, frutificar é outra coisa e vai muito além de ter a capacidade e a disciplina de conservar essa palavra com vontade e dedicação. Frutificar será possível com perseverança continuada errando cada vez menos e acertando cada vez mais até que não seja possível errar mais devido a nova cultura e estatura do novo homem que ganhamos. Mas, errando ainda, devemos ainda manter a palavra boa em coração bom que não se desmotiva por nada deste mundo perseverando na confiança, na fé, sabendo que iremos conseguir tudo na dependência de Deus e se não lançarmos mão de meios alternativos chamados ao serviço pela impaciência, meios que nos possam levar a querer construir a casa, mas, sem ser Deus a construí-la. 4.Isto significa que ninguém deve desistir no primeiro percalço, na tentação insistente e na dificuldade, pois, logo tudo se pode tornar fácil e natural se não negligenciarmos a ajuda de Deus em nos ir salvando de cada pecado. Errando, devemos manter a capacidade de ainda manter a palavra no coração sabendo que logo tudo muda estando em Deus. Quais são os principais inimigos da perseverança? A distração; a falta de atenção, a qual é negligência; ausência de "bom ânimo"; fracassos anteriores que, na aparência, parecem repetir-se; a tentação de querer alcançar o prometido por meios próprios, o desânimo e desmotivação. "Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, porque mandas, lançarei a rede", Luc.5:5. Aqui, Pedro não respondeu, apenas, a Jesus, mas, ao seu próprio ânimo e pensamentos contraditórios. E o que é o fruto? Muitos acreditam que o fruto é mudar o mundo, converter os milhares de perdidos e salvar almas. Mas, o verdadeiro fruto que é necessário alcançar tem a ver com a nova pessoa em que nos tornamos, nas atitudes do coração e tudo aquilo que é pessoal e inerente ao homem interior. É nisso que devemos frutificar perseverando. O resto vem por acréscimo. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. É neste criar dum coração novo através da luz e da transparência que devemos manter a perseverança continuada e acesa. A aparência qualquer pessoa pode mudar. Mas, mudar o coração e as consequentes atitudes práticas é conseguido somente perseverando em ser rigorosamente transparentes sob a luz de Deus que não deixa nada invisível ou escondido.

  28. Muitas pessoas sinceras e dedicadas tentam ensinar muitas coisas para, mais tarde, chegarem à conclusão que nada daquilo que ensinaram frutificou. Isto tenho confirmado em muitos lugares e em muitas pessoas na igreja, nos lares, nas escolas e em todo lugar onde o ensino é praticado. Vezes sem conta, aqueles que são ensinados acabam fazendo o oposto daquilo que lhes foi ensinado. Noutras ocasiões, criam-se hipócritas que aprendem uma vida hipocritamente e de forma cultural onde o coração está ausente daquilo que fazem e ensinam ou, então, está subjugado ao ênfase religioso quando a verdadeira vida cristã é virtuosismo espontâneo prático. Na verdade, quando ensinamos uma vida não é conseguido qualquer fruto por via de teoria, doutrina ou religiosidade pragmática. A vida aprende-se por via duma prática daquilo que enche o coração. A doutrina é para uso daqueles que ensinam e não dos que precisam aprender. É praticando que se ensina. É a vida espontânea de quem ensina que cria e recria aqueles que aprendem. Mas, se alguém praticar aquilo que não surge do coração, criará ambientes fictícios de engano prático e nunca fruto celestial. As pessoas de fora aprendem aquilo que tem coração, aquilo que sai espontaneamente e que tem raízes profundas no homem interior, seja para bem ou para mal.

  29. "Enchei-vos do Espírito", Ef.5:18. Apesar daquilo em que se acredita nos círculos evangélicos mais tradicionais atuais, não podemos ignorar que ser cheio do Espírito é uma ordem, é uma condição para a real vida cristã, é uma necessidade imprescindível e inegável sem a qual ninguém pode passar caso queira pertencer a Deus e comparecer diante d'Ele sem mácula. Aqueles que querem remendar a sua veste velha com um pano novo evitando a realidade da promessa duma veste totalmente nova e completa - da qual se devem revestir por inteiro - devem prestar melhor atenção às Escrituras. Por outro lado, existe a euforia do erro em meios pentecostais que não tem nada a ver com o verdadeiro batismo com o Espírito Santo. Em muitos desses meios é mesmo um outro espírito e não o Santo. Tenho a consciência e certeza plena de que essas práticas pentecostais são uma forma de inimizade contra o verdadeiro Espírito de Deus, não passando duma imitação barata daquilo que existe no céu e na terra. Esses dois pólos que mencionei rejeitam-se mutuamente estando ambos longe da verdade e da realidade duma vida verdadeiramente cheia de Deus. Não podemos ignorar ou mesmo rejeitar aquilo que é certo somente porque existem muitas práticas erradas, deficitárias e maléficas nos muitos movimentos supostamente evangélicos. Ninguém rejeita o dinheiro somente porque muitos usam-no para fazer guerra; ninguém rejeita o pão porque existem muitos obesos. Há que prestar mais atenção ao verdadeiro Evangelho que é promovido, capacitado e confirmado apenas numa vida cheia do Espírito - desde que essa experiência seja real e não somente crida, assumida por via do fingimento, mentirosa, fingida, teatral, enganosa, implementada por via da ficção porque alguém desconhece a realidade que nunca experimentou como realidade. Devemos, contudo, realçar que este mandamento de sermos cheios do Espírito não é assim tão linear quanto parece. Ninguém manda no Espírito de Deus. ninguém se enche por si só. Não é ordenando, forçando ou mesmo fossando que podemos ser cheios do Espírito. Para podermos ser cheios d'Ele, devemos prestar a maior das atenções às condições e (pré)requsitos que nos permitem entrar fundo no Santo dos Santos, isto é, no Santuário de Deus. Somente cumprindo as condições diligentemente, trabalhando nosso coração e consolidando tudo que somos e fazemos (incluindo a nova maneira de orar) podemos entender o que é ser verdadeiramente cheio do Espírito na vida prática.

  30. "Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos..." Luc.3:7,8. Creio que o que João queria dizer aqui é: "Quem vos ensinou? aquele que vos ensinou, ensinou mal pensando que poderiam escapar pelo batismo sem se haverem convertido". Existem muitas outras maneiras de tentar fugir da ira vindoura, todas elas em vão. No caso dos Fariseus, umas das formas de "fugir" (temporariamente) das acusações da ira seria convencerem-se a si mesmos através certas afirmações teimosas que não podiam ser fundamentadas pela verdade, mas, somente por suas próprias mentes torcidas e pelas conveniências de suas consciências manchadas ou mesmo calcinadas. Convenciam-se que eram filhos de Abraão, que eram circuncidados, que eram escolhidos, que eram descendentes de Davi ou qualquer outra coisa que serviria para evitarem o arrependimento genuíno. Hoje em dia acontece o mesmo: sou crente porque vou à igreja; sou batizado; sou escolhido; nunca foram verdadeiramente salvos e contudo afirmam que não perderão a salvação. Poderia mencionar mais coisas, afirmações e doutrinas tais. Mas, teria, provavelmente, uma lista infinita de formas e formulas atuais de tentar fugir da ira vindoura - em vão. Nem irei falar daqueles que afirmam que faziam milagres, expulsavam demónios e profetizavam em nome de Deus e outro tipo de palha que será queimada assim que Deus limpar a eira (Mat.7:21-23). Todas essas formas e doutrinas serão palha para o fogo que nunca se apagará. Contudo, é bom saber que não será essa palha que alimentará o fogo que foi, inicialmente, criado para o diabo e seus anjos e que, agora, também engolirá homens e mulheres. Todas as formulas e doutrinas que tentam desculpar, apaziguar ou diminuir a culpa de qualquer pecado é palha que será queimada. Se a fé de muitos é tentar contornar a verdade e a realidade dos fatos andam alimentando seus corações com palha. Quem pratica a iniquidade precisa ser salvo de si próprio, de seu pecado eliminando a teimosia dos seus pecados pelo poder da graça. Nunca separe a verdade da realidade das coisas, pois, andam sempre juntas e são inseparáveis.

  31. "Todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Este versículo só fala do pico do iceberg da verdade que se esconde por baixo dele. Fala, apenas, da parte visível, do desenlace e resultado de certas condições cumpridas. Vamos dissecá-lo por partes. Sabemos o que é luz. A luz de Deus revela, manifesta as coisas como são e não como desejaríamos que fossem. Mas, de momento, revela ao próprio sobre o próprio. Paulo fala aqui daquelas coisas que se fazem em oculto e que são reprováveis. Se não fossem reprovadas pela consciência e pela luz de Deus não seriam praticadas em oculto. Existem pessoas que aprovam aquilo que elas próprias fazem em oculto e quase sempre essa aprovação também é ocultada. Ocultam o que fazem e ocultam a sua aprovação. E acabam ocultando a sua desaprovação quando mudam para não darem a entender que praticaram aquilo que passaram a reprovar. Quando viemos para a luz devemos saber fazer o oposto: revelar (manifestar) o que fazemos ou fizemos e reprovar abertamente com toda a sinceridade. Isso não é o mesmo que reprovar as obras dos outros abertamente para ocultar o fato de que nós próprios praticamos aquilo que vemos nos demais. Contudo, somente andando na luz de Deus com paz de espírito e sendo totalmente transparentes poderemos afirmar que andamos com Deus. Ser transparente é uma ofensa para o mundo e se a pessoa ainda é mundana nunca será verdadeiramente transparente. Isso significa que não anda na luz porque não é capaz devido ao que pratica e/ou aprova. Assim que consegue reprovar aquilo que se oculta por natureza, obtém aquela luz de Deus em forma de vida eterna e constante que tudo manifesta para que seja revelado aquilo que ainda falta ver. Um passo dado leva ao passo seguinte. Todas as demais coisas são reveladas quando alguém consegue reprovar de coração e com toda sinceridade aquilo que ocultava. Nunca obterá mais luz para todas as outras coisas que se seguem se não conseguir reprovar de coração e publicamente aquilo que é reprovável. Para que a luz incida sobre aquilo que ainda precisa regularizar pelo poder da graça, é necessário que tenha a capacidade honesta e sincera de reprovar aquelas coisas que são reprovadas e condenadas pela luz de Deus. Só assim as coisas podem ser manifestas claramente nos dias seguintes. Mas, existe um senão: ninguém pode esperar que as coisas sejam reprovadas em oculto. Se alguém andou nas trevas desde sempre vai ser tentado a fazer isso pela força da vergonha de haver cometido atos mantidos em oculto. Quando alguém começa a reprovar aquilo que faz ou fez mostra tanto aquilo que é ou foi quanto aquilo que praticou ou pratica. Logo, reprovar em oculto, por muito sincero que alguém possa ser, tem a intenção de ocultar aquilo que praticou ou pratica. E isso não é e nunca será andar na luz.

  32. "Tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Por norma, as pessoas continuam envergonhadas e, por vezes, com sentimentos de culpa depois que manifestaram e revelaram todos os seus pecados. Mas, a verdade afirma categoricamente que aquilo que já se encontra manifesto é luz e ninguém deve ressentir-se de nada estando na luz, sendo luz e vivendo na/da luz. Esse tipo de ressentimento, seja qual for a forma ou formato em que se apresente, será sempre um convite para voltar a andar nas trevas e abandonar a transparência.

  33. "...Aprovando o que é agradável ao Senhor", Ef.5:10. Esta palavra "aprovando" tem um significado especial, tanto no original quanto em nosso idioma atual. A raiz da palavra é "provar". Significa conseguir provar primeiro com o intuito de decidir a favor, no caso, aprovar. Ninguém deve aprovar aquilo que não provou experimentando na primeira pessoa. Não pode aprovar por via do testemunho de outros, mas, experimentando pessoalmente. Para aprovar é necessário experimentar de forma real - é necessário provar. Havendo experimentado, há que gostar de seguida sem qualquer ponta de hipocrisia. Se não experimentar e se não gostar não pode aprovar. Se aprovar não experimentando e não gostando será hipócrita e nenhum hipócrita entrará o reino de Deus, nem no Seu reino aqui na terra e nem depois da morte. Não é possível e muito menos aceitável aprovar por intuição, rótulo ou decisão sem haver provado e gostado. Isto tem muito que se lhe diga quando falamos de pessoas que viviam em inimizade contra Deus e se opunham à verdade por natureza. São essas pessoas que devem experimentar na primeira pessoa e gostar daquilo que nunca amaram e, agora, experimentam, isto é, experimentam na primeira pessoa. "Agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas, porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo", João 4:42. "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida", 1João 1:1.

  34. "Aquele que observar (guardar) e ensinar..." Mat.5:19. Estas palavras estão ordenadas de forma sequencial. Primeiro vem o observar e guardar. Só depois se pode ensinar. Não é isto que vemos hoje nos nossos púlpitos. Ouço com muita frequência - mais frequentemente do que possa imaginar - as pessoas ensinarem e logo de seguida afirmarem algo assim: "Mas, nós somos imperfeitos e todos nós erramos" e não sabem o mal que fazem à igreja! Se é assim, por que razão ensinam? Afirmam que não cumprem e ensinam ou, então, usam as palavras para manifestar uma "falsa humildade" que é igualmente condenável, Col.2:23. Paulo dizia: "Sede meus imitadores", 1Cor.4:16; 11:1; Ef.51; Fil.3:17. "O que vistes em mim, isso praticai", Fil.4:9.

  35. "...Firmes em um só espírito..." Fil.1:27. Esta firmeza tem alguns pontos que nunca poderemos ignorar ou mesmo desprezar. Não é o fato de as pessoas se entenderem que as torna firmes. São as pessoas firmes (em Deus) que são capazes de se entender. Essa firmeza tem de começar (e terminar) no espírito e nunca na carne. Não é agradando pessoas que se constrói esse tipo de firmeza de espírito. Antes pelo contrário: é deixando de agradá-las ou não conseguindo mais agradar pessoas. Somente deixando de se agradar mutuamente podem verificar se têm um mesmo espírito ou não. É a firmeza em Deus entre todos que faz com que as pessoas se possam tornar unidas em um mesmo espírito. Se têm um mesmo espírito não precisam de se agradar mutuamente para se tornarem uma união de firmeza. Na verdade, torna-se necessário deixarem de se agradar mutuamente. Não é necessário regar a terra onde já choveu. Caso tenham alcançado um mesmo espírito em Deus, agradarem-se mutuamente trará desunião e nunca verdadeira união. As coisas em Deus operam doutro modo, por via doutro poder e primam-se pela verdade e por optarem ser verdadeiros de coração. "Falai a verdade cada um com o seu próximo", Zac.8:16. Se o espírito não for igual nas pessoas nunca existirá união firme. Após estarem verdadeiramente firmes em Deus - de igual modo e no mesmo nível entre todos - terão, apenas, de permanecer em um mesmo espírito para que essa firmeza possa ser mantida. Isso é diferente daquelas uniões falsas onde o mundo e o cristianismo se juntam para se entenderem. Onde o mar e o rio se juntam, o sal torna-se insípido e isso favorecerá o mundo e não o sal. A verdadeira paz entre pessoas (um tipo de paz sem qualquer sintoma ou nuance de hipocrisia) depende da semelhança em essência das pessoas ou em que se tornaram desde o coração. As pessoas são unidas por via da essência e não pelo seu esforço. Os mentirosos entendem-se entre eles; os ladrões juntam-se facilmente e formam quadrilhas; os avarentos conversam avidamente uns com os outros; e os santos que buscam exclusivamente toda a glória de Deus sentam-se facilmente à volta da mesma mesa com verdadeira alegria. Sendo ou obtendo uma mesma essência, o pequeno esforço exigido após isso para se tornarem uma verdadeira união advém do fato de haverem construído mentes obstinadas e diferentes na vida anterior num mundo flutuante, sem eixo e sem qualquer tipo de firmeza real por estarem longe de Deus como ovelhas desgarradas que seguiram seus próprios caminhos. Mentes diferentes foram construídas ao longo dos anos em pessoas distintas que, agora, obtiveram um mesmo coração, uma mesma essência que as faz concordar umas com as outras caso deixem de fazer uso dos modos/métodos antigos e de fórmulas carnais. Cada um se havia desviado pelo seu próprio caminho e são essas mentes autónomas que devem ser reintegradas numa nova essência que já se tornou comum em todos aqueles que são verdadeiramente santos e obtiveram um mesmo alvo/propósito: seu Senhor e a busca exclusiva de toda a Sua glória desde o coração. Falando para pessoas com suas essências transformadas em Deus, precisamos, apenas, dizer: "transformai-vos pela renovação da vossa mente", Rom12:2. Aos tais basta somente que lavem seus pés e não tudo. "Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo", João 13:10. Necessitam, apenas, acertar agulhas. Não existe paz verdadeira ou verdadeira concordância entre pessoas com essências distintas. Se existir será, apenas, uma paz e uma concórdia aparentes entre elas na medida do egoísmo e da necessidade de cada um desde que não sejam ultrapassados os limites dum dos envolvidos. Mas, a paz entre pessoas da mesma essência é fácil, mesmo entre pessoas diferentes, raças diferentes e até mesmo com idades diferentes. Sempre que as pessoas não se entendem, nunca devemos optar por curar esse ferimento superficialmente, embora, muitos nem achem que isso seja um ferimento. Devemos, antes, deixar a ferida aberta para que se cure naturalmente após o tratamento da essência de quem busca verdadeira paz e verdadeira concórdia. Não devemos optar por estabelecer uma paz falsa, pois, existe um fosso que não se pode ultrapassar entre pessoas de jugo desigual. "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, Eu vo-lo afirmo; antes, divisão", Luc.12:51. Uma nova essência é capaz de trazer divisão, dissensão e incurável discórdia entre familiares antes muito unidos. A única cura é a transformação de cada pessoa começando pela sua essência. Não optemos por sanar esse tipo de conflituosidade (inimizade) de forma superficial e hipócrita. "Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá", Luc.16:26. Somente os que se tornaram "de cá" em sua essência se poderão entender com os de cá. Qualquer tipo de esforço ou tentativa para tentar unir os de lá com os de cá será sempre um esforço inútil e vão. Nem vale a pena tentar. Optemos, antes, por trazer o verdadeiro Evangelho em sua essência mais pura e mais original e somente isso operará a verdadeira paz e união entre pessoas, entre inimigos e até memo entre nações. "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus", Mat.5:9. Não creio que aqueles que tentem ser outro tipo de pacificadores trazendo outro tipo de paz possam ser chamados filhos de Deus. Os que têm paz com Deus terão paz e concórdia entre eles porque são dum mesmo espírito. Basta viverem como tal, assumindo uma nova realidade.

  36. "Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida", João 8:12. Um versículo recheado - muito recheado. Muito se pode dizer ou deduzir desta afirmação de Jesus. É frequente ouvir alguém dizer que não sabe o que fazer e, por norma, entrega-se àquilo que acha ser a opção mais óbvia, mais aprazível ou mais apetecível. Eva destruiu o mundo optando pelo aprazível e óbvio. Ainda hoje sofremos as consequências desse ato. Para seguir Jesus é necessário estar com Ele, havê-lo achado sem sombra de dúvida e permanecer em Sua presença real. Se essa presença não for real, se for uma de crença que se assume por conta da dita "fé" que apregoam por aí, não se está seguindo o verdadeiro Jesus, mas, um outro Jesus que convém à carne. Logo, é indispensável achar o verdadeiro de forma real. Achando-O será sempre em forma de Vida abundante, eterna, constante e sem altos e baixos, permanente. E é essa vida que se reverterá em luz. "A Vida é a luz dos homens", João 1:4. É por essa razão que Jesus diz que "terá a luz da Vida", isto é, essa vida servirá como luz integralmente. Isso é diferente de termos uma ideia, uma iluminação, um sonho ou revelação. Essas coisas servem de sinais àqueles que não experimentam essa vida verdadeira, real e constante, isto é, eterna. "Se entre vós há profeta, eu, o Senhor, me faço conhecer a ele em visão, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor", Núm.12:6-8. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus", Mat.5:8.

  37. Quais são as piores consequências duma pessoa que lidera sendo errada, não somente errada de coração, mas, também de conduta? Imaginemos um lar onde um filho deve, pela lei de Deus, ser obediente ao pai e à mãe; e imaginemos que esse pai ou mãe são errados de coração ou patrocinam uma conduta errónea. Esse filho fica numa encruzilhada, dividido entre ser obediente a Deus ou aos pais. Se obedece aos pais, desobedece a Deus; se obedece a Deus, desobedece aos pais. Duma maneira ou de outra quebra um dos mandamentos, embora saibamos, pelas Escrituras que nos é perguntado algo assim: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus", At.4:19. Todos os pais que não são capazes de ser integralmente fiéis em toda a casa de Deus destruirão seus lares com muitos géneros de encruzilhadas.

  38. Existem certas virtudes ou mesmo características gerais que nascem conosco desde o primeiro dia. Tal como um bebé nasce sabendo mamar, também nasce com certos conceitos importantes para qualquer ser humano. Por exemplo, todos nascem com o conceito de eternidade implantado em seus corações e ideias. Ninguém acha que será ele o próximo a morrer, nem mesmo sabendo que irá morrer algum dia. "Deus pôs a eternidade no coração do homem", Ecl.3:11. Da mesma maneira, colocou no homem o sentido de obediência, de justiça e todo tipo de aptidão para tudo aquilo que é celestial. Contudo, essas aptidões não funcionam em sua forma original separadas duma comunhão real e verdadeira com Deus. E quando separados de Deus, todos os seres com essas aptidões inatas tornam-se diferentes (mas, nunca indiferentes) e, muitas vezes, tornam-se o inverso ou oposto fazendo uso dos mesmos meios, isto é, fazem uso da forma invertida das aptidões com as quais ou para as quais foram criados. O sentido de eternidade leva ao suicídio, seja o suicídio espiritual ou físico; a obediência inverte-se em contrariedade e é por essa razão que a Bíblia, falando de desobediência como feitiçaria ou idolatria, descreve-a como rebelião, contrariedade, obstinação tendo sempre sempre pronta uma atitude/palavra do contra. E por que razão ser do contra ou ter uma ideia, conduta ou palavra paralela como Saul teve (1Sam.15:22) é um formato camuflado de idolatria ou feitiçaria? Porque usa outro tipo de poder, serve outro que não Deus (seja servindo o próprio ou agradando pessoas por medo ou 'simpatia'). Quem agrada pessoas engana-se a ele mesmo. Essas duas coisas são inseparáveis: todo aquele que agrada pessoas - seja com que finalidade for - serve um qualquer tipo de engano próprio. Podemos falar, também, do sentido inato de agradar Deus que se transforma em agradar pessoas ou ao próprio porque a aptidão de agradar existe pela criação. Teria muitas mais coisas para mencionar aqui, mas, é necessário saber, apenas, que ninguém fica indiferente ou inativo acerca da criação que é. Se não tiver e não conseguir permanecer em plena comunhão continuada com Deus nunca ficará inativo e será sempre uma versão contrária ou inversa por via das aptidões com as quais foi criado ou para as quais foi feito. Inativo nunca fica, Is.57:20. Seria o mesmo que dizer que um bebé que nasceu com a aptidão para mamar e engolir usa essa mesma aptidão para mamar e cuspir no rosto da mãe aquilo que mama. Quem não vive e convive com Deus será sempre contra-natura usando aquilo que é como criatura para cuspir no rosto de Deus. Para quem consegue viver e conviver com Deus e afirmar como Elias, "Deus em cuja presença estou" (e que isso seja real e verdadeiro), a sabedoria e o conhecimento serão sempre um complemento e não uma capacidade. Aqueles que não convivem com Deus experimentalmente usarão sempre o conhecimento e a sabedoria como a (única) fonte de capacitação porque tentam empreender por contra própria. É por essas razões que a falência das igrejas de hoje é tão óbvia.

  39. "Por que procurais matar-me?" João 7:19. É difícil admitir que a maioria dos crentes procura matar o Jesus verdadeiro dentro deles. Mas, quando são chamados à atenção respondem da mesma forma que os Judeus: "Quem procura matar-te?" A ignorância sobre fatos reais é indescritível! Sempre que se opta por cair numa transgressão cedendo a qualquer tipo de tentação podemos ter a certeza que isso é matar Jesus dentro de nós, isto é, se Ele está mesmo dentro de nós e não é ficção. Quando essa "presença" é fictícia ou apenas crida, qualquer transgressor nunca sentirá a diferença e é por essa razão que se afirma por aí que nada nos acontece quando pecamos.

  40. "Se e em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor", 2Ped.1:8. A ociosidade é um problema sério. Pedro fala aqui o que são "estas coisas" as quais não permitem que alguém se torne ocioso. Mas, sempre que as pessoas já se encontram espiritualmente ociosas, acham razões para se entreterem com aquilo que não edifica e, pior ainda, que as torna pessoas ainda mais estéreis, isto é, incapazes de reproduzir a espécie santa. Por essa razão, vemos igrejas que não crescem e, quando crescem, não é com a espécie santa que enchem suas congregações. O que acontece quando as pessoas se encontram ociosas e quais as razões para se tornarem ociosas? A razão é que aquelas coisas celestiais não aumentam, não são devidamente trabalhadas da maneira certa e através do poder certo e isso cria ociosidade. E sabemos o que acontece com pessoas ociosas: buscam sarna para se coçarem. Buscam qualquer coisa com que se entreter e ainda justificam essas condutas por estarem ociosas. Pensando sobre isto esta madrugada entre dois sonos, lembrei-me das mil esposas de Salomão. Com tantas esposas seria difícil Salomão estar com cada uma delas pelo menos uma vez por ano. Para estar com cada esposa uma vez por ano deveria estar com três delas por dia. Não sei se isso é humanamente possível. Creio que não. Contudo, não podendo estar com Salomão, a "ociosidade" dessas esposas não lhes permitia estar com outros. Seriam culpadas de adultério se o fizessem. Devemos lembrar isso sempre que estamos aguardando alguma coisa de Deus, mantendo-nos imaculados para que nada mais possa impedir que tudo se cumpra a seu tempo. "Se tardar, espera-o", Hab.2:3. A ociosidade é uma maternidade para adultérios, a qual nos pode levar a pensar que temos o direito de passar o nosso tempo com aquilo que não edifica. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus", Tgo.4:4. São as pequenas raposas que destroem a sementeira da santidade. Evitamos sempre os Golias desta vida, mas, o que destrói a colheita são aquelas pequenas e insignificantes raposinhas. Quando sua igreja não crescer espiritualmente, quando sua vida não frutifica na proporção da promessa, olhe para dentro e não para as circunstâncias de fora. É, seguramente, dentro de cada um que está o problema.

  41. "Jesus andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo", João 7:1. Jesus fazia isto não porque temesse os Judeus, mas, para não aumentar seus pecados antes do tempo. Ele ainda precisava terminar sua tarefa antes que se endurecessem em demasia.

  42. "Aquele que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça", João 7:18. Existem muitos enviados e outros tantos que se acham enviados. Mas, Jesus afirma, falando dos que foram verdadeiramente enviados, que sobressai uma característica específica que distingue os sinceros e verdadeiros de coração: buscam a glória de Deus a qualquer custo dentro dos limites da santidade. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente", 2Tim.2:5. Mas, também podemos ver esta verdade expressa no sentido inverso: aqueles que buscam verdadeiramente a glória de Deus havendo sido enviados são verdadeiros de coração. Os demais não são. Mas, há algo revelador nestas palavras: quem busca a Sua glória deixa de ter qualquer tipo de injustiça dentro dele. Olhem algo surpreendente para todos os fãs das doutrinas que justificam os pecadores e aqueles que apregoam ser impossível ser-se santo aqui na terra! Quem busca Sua glória de todo coração obterá todos os meios para que a injustiça não se apegue a ele. Isto é revelador acerca da capacidade que os motivos certos são capazes de fornecer ou alcançar.

  43. Existem pessoas que ensinam os caminhos maus, mas, existem aqueles que colocam as pessoas em caminhos maus de forma prática. Pensemos nos pais que põem os filhos nos filmes do mundo, levam-nos onde não devem e fazem muitas outras coisas. Não precisam ensinar o mal sequer - colocam-nos lá já em antecipação e esses seres começam a tirar as próprias conclusões e prazeres sem qualquer ensino a favor ou contra. Qual será o fim dessas criaturas do mal e qual o juízo que recairá sobre tais pais?

  44. Quem fala demais também é alguém que fala sempre rápido demais e, também, diz muitas vezes o que não deve e expressa-se sobre coisas que não sabe. É o hábito de falar sempre ao invés de falar apenas quando deve a respeito do que deve.

  45. Todos nós já passamos por situações onde nos fazem sentir culpados com ou sem razão. E outras vezes nós próprios nos culpamos com ou sem razão também. Há sempre um acusador dentro de cada um de nós que precisa ser crucificado com Cristo. Quantas vezes pessoas fiéis a Deus se culpam a si mesmas das coisas que acontecem e ficam-se questionando que mal fizeram para que certas coisas lhes estejam acontecendo. Depois, oram e a situação não muda. E eles também não mudam. Procuram onde erraram sabendo que podem ser repreendidos, corrigidos e transformados por serem filhos e não bastardos. Jó passou por isso, ainda mais sendo induzido pelos supostos amigos que afirmavam categoricamente que Deus nunca castigaria sem razão. E essas afirmações ajudaram Jó não somente a detectar sua inocência e pureza de coração, mas, também a achar a chave para deixar de se sentir culpado além de já sentir muita dor e desconforto. Nem sempre somos inocentes aos olhos de Deus, mas, também podemos chegar ao ponto de poder afirmar que estamos inocentes ou mesmo inocentados. E sempre que estamos inocentes (ou inocentados) fazemos de tudo, oramos e imploramos para que as circunstâncias mudem ao invés de ver que também podemos usar as circunstâncias adversas a nosso favor para melhorar nosso coração, para aprender um novo comportamento, alcançar uma nova forma de falar ou de responder ao mau e ao bom caso tivermos vivido e convivido muito tempo entre pessoas de lábios impuros. Seja de que maneira for, há sempre forma de usar qualquer circunstância para o bem daqueles que amam Deus verdadeiramente. Como Jesus, devemos dizer, apesar das circunstâncias: "Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19. Se meu esposo não mudar, se meu filho continuar na rebeldia, se os milagres demorarem a acontecer, devemos saber que haverá sempre algo importante que podemos aproveitar ou fazer enquanto outras situações nos querem tragar. Não há noite que dure para sempre. Logo, podemos aproveitar para alcançar algo útil e prático enquanto passamos por adversidades, sejam elas extremas ou não, externas ou internas. Tenho absoluta certeza que todo o homem que é incapaz de usar bem seu tempo e capacidades da graça sob alguma pressão das circunstâncias adversas, será sempre alguém que irá relaxar sempre que tudo lhe correr aparentemente bem. Essas pessoas, quando oram e alcançam a graça de Deus para poderem viver plenamente seja sob que circunstâncias for, também costumam ficar perplexos por seus problemas terrenos não ficarem resolvidos mesmo havendo-se purificado e santificado. Há um tempo após essa santificação e/ou purificação para que aquilo que foi alcançado possa ganhar raízes, solidez e possa permanecer como dado adquirido, desde que seja mantido pelo poder da graça. Da mesma maneira que um adulto necessitou de pão para chegar à idade adulta, precisará desse pão (graça) para se alimentar e manter enquanto adulto.

  46. Existem coisas que incomodam muito o dia-a-dia e as vidas daqueles que agem com fidelidade por se haverem tornado fiéis desde o coração. Todos precisamos aprender a ser fiéis de forma inteligente; também, que essa fidelidade se torne a nossa própria natureza, a nossa forma de estar, de ser e única maneira possível de viver. Quando a finalidade de Deus é criar ou recriar um ser celestial, os fiéis passam por situações onde aprendem a ser ainda mais fiéis a todos os valores imputados por Deus e que estão sendo escritos no coração na fornalha de Seu fogo, sendo sempre fiéis a nível prático e, obviamente, a nível da natureza e do próprio coração. Os puros tornam-se ainda mais puros a todos os níveis, os sábios ainda mais sábios e os fiéis ainda mais fiéis desde a própria natureza. É comum ouvirmos orações e desejos dessas pessoas que passam por situações incomodas a respeito das circunstâncias que podem e devem ser usadas com a finalidade de se tornarem ainda mais fiéis e mais puros de natureza, menos fingidos e menos forçados em sua santidade a ponto de que, aos olhos de Deus, essa pureza e fidelidade seja incontestável. "Observaste o meu servo Jó? Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal", Jó 1:8. É Deus quem dá esse testemunho e não o próprio. Deus não pode negar a Sua própria natureza e todo homem fiel e puro deve tornar-se alguém que também se torna incapaz de negar a própria natureza quando esta é fiel e pura. E quando nos encontramos sob as pressões das circunstâncias podemos ouvir, com alguma frequência, orações como: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!", Mat.26:42. Há casos, por exemplo, onde um esposo ou esposa extremamente fiel a Deus e ao Evangelho sofra constantes ataques e coisas despropositadas de seu próprio parceiro matrimonial, de seus próprios filhos e de onde essa pessoa fiel teme que a aparência das coisas possa dar um mau testemunho tanto acerca do casamento que Deus deu, emprego ou ambiente familiar e de Deus. "Isso é que é casar na vontade de Deus? É este tipo de emprego que Deus dá?" São comentár ghfhios que podem atordoar. Esquecem que a vontade de Deus é que se tornem puros e fiéis e não, como as novelas e contos de fadas dizem, "que vivam felizes para sempre". Pedir que o cálice passe, que o ambiente mude, que a pessoa errada se transforme ou mude de lugar são tudo coisas apetecíveis e até mesmo desejáveis. Mas, o que deve mudar é o coração daquele que é fiel sob qualquer circunstância a ponto de assegurar, enraizar e cimentar a sua própria fidelidade ainda mais solidamente. "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois", 1Ped.4:12,14. Em vez de se pedir, apenas, que passe o cálice, devemos saber pedir de coração que se faça a vontade de Deus, isto é, que o coração puro se purifique ainda mais; que o fiel se torne menos forçado e mais fiel de natureza, expressão e coração; que a obra que estava fazendo não sofra atrasos ou que seja relegada para segundo plano de importância substituído pelos problemas nesse grau de importância, etc. Como Jesus, devemos aproveitar o momento para poder dizer: "Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19. É uma questão de decidir escolhendo a melhor parte. É uma decisão - uma excelente decisão mesmo quando as circunstâncias mudam para melhor.

  47. "O efeito da justiça será paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança", Is.32:17. Existem pessoas que se esforçam (e outros nem tanto) para manterem uma compostura de paz quando essa paz que Deus dá deve e pode ser natural por via duma real comunhão com Ele - desde que essa comunhão seja real. É isso que significa quando lemos nas Escrituras sobre a "paz em Tua presença". Essa falta de paz pode acontecer por algumas razões, mas, menciono apenas duas. Uma delas é a pessoa estar em pecado ou ter ainda algum pecado que nunca foi confessado ou restituído e, na presença de Deus, não terá paz enquanto rejeitar a convicção desse pecado e não fizer o que lhe compete fazer. Ser-lhe-á até difícil conseguir a paz que o mundo dá estando na presença de Deus. Não terá paz com Deus enquanto não confessar ou restituir e, também, não poderá manter a paz que o mundo dá devido à presença de Deus. A paz que o mundo dá é aquele tipo de paz onde não há convicção de pecado pela ausência de Deus e é possível manter a compostura pela hipocrisia, fingimento e esforço tendo em mente algum motivo maior. Outra razão para a falta de paz é mais complexa: fomos criados para vivermos de Deus, não apenas com o Seu sopro de ar, mas, do verdadeiro vento de Seu Espírito que sopra dando e mantendo vida interiormente. Qualquer pessoa sentirá as consequências de viver longe de Deus porque seu íntimo foi criado para viver apenas de Deus. É por essa razão que as Escrituras falam de alguém vazio quando não está cheio de Deus. Esse vazio nunca será preenchido com nada a não ser Deus e esse vazio acentua-se mil vezes mais na eternidade vazia do inferno. Eu creio mesmo que o maior incómodo no inferno vai ser o acentuar sem medida desse vazio, pois, a pessoa estará sempre morrendo sem nunca poder morrer. Por essa razão é que se chama "morte eterna" - estará num vazio interior sem medida, sempre morrendo.

  48. "...Nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia", Heb.5:7. Era a vontade de Deus não somente livrar da morte como também era vencê-la para sempre e duma vez por todas. Mas, poderíamos não estar a falar da morte, mas, da vontade de Deus. Tudo que é vontade de Deus - seja para nós pessoalmente ou para algum bem geral - deve obter a mesma seriedade de qualquer coração puro a ponto de se clamar com lágrimas, orações e súplicas apenas por se tratar da vontade de Deus. Quantas lágrimas você já verteu pela vontade de Deus?

  49. "Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vem para a luz", João 3:20,21. Há aqui um jogo de palavras que precisamos entender. Por um lado, João fala daqueles que praticam o mal e, por consequência, escondem-se juntamente com seus atos. Não se expõem na luz. Mas, falando dos verdadeiros, João não diz que são aqueles que praticam o bem que se colocam na luz e na visibilidade e, antes, aqueles que praticam a verdade independentemente do que fizeram de mau ou de bom, de mal ou de bem. Andar na luz não é e nunca será mostrarmos a nossa melhor cara, maquilharmos o nosso rosto, vestirmos a nossa melhor vestimenta disfarçando a nossa aparência. Andar na luz - e precisamos de iniciativa para nos colocarmos na luz - é começarmos a ser transparentes, sinceros a nosso respeito e honestos praticando, dessa maneira, a verdade - seja diante de quem for. Se fizemos mal, revelamos e expomos as coisas tal qual são. É por essa verdade que devemos começar a praticar toda a verdade.

  50. "Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras", João 3:20. Acho estranho que um homem faça qualquer coisa, suporte qualquer dificuldade somente para não ser arguido e responsabilizado pelas suas obras más. Estar na luz é ser transparente praticando a verdade - não apenas crendo na verdade, mas, praticando-a começando por aquilo que se é verdadeiramente. Se fiz mal, devo vir para a luz e desmascarar-me a mim mesmo e nunca agir como se nada tivesse acontecido. E se é verdade que o homem faz qualquer coisa para se encobrir, fará qualquer coisa para não se descobrir. Logo, podemos assumir que enganando-se até a si mesmo (e os demais a seu respeito) é o que significa andar nas trevas ou, digamos, mentir, fugir da luz ou evitá-la. Não pratica a verdade e pratica a mentira. Andar nas trevas e a mentira são coisas inseparáveis. Quem não anda na luz é mentiroso. A formula mais pratica de se encobrir é dar uma de bom, criar uma imagem de crente e mostrar - ou mesmo crer - nas coisas boas que faz ou pensa que faz. Nicodemus veio a Jesus falando dos milagres que ninguém poderia fazer sem Deus. Mas, Jesus respondeu sem hesitação que os milagres de nada valiam caso a pessoa não se tornasse uma nova criatura. Isto significa que os milagres poderiam servir de cobertura para uma criatura má e para que alguns nunca se considerem maus. Que os milagreiros ouçam isso! Ir à Igreja, pulando o muro para dentro do aprisco, cantar no coro da igreja, ler e estudar a Bíblia, ser o melhor no seminário, entre muitas outras coisas, podem ser razões para condenar qualquer pessoa porque podem, facilmente, tornar-se formas de encobrir pecados e não de dedicação a Deus. Sabemos que ninguém alcançará misericórdia encobrindo seus pecados - ainda que seja um só pecado. "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará", Prov.28:13.

  51. Muito se fala sobre as tentações hoje em dia. Uns falam delas como se fosse algo invencível, outros como se nada fosse. Uns desculpam seus pecados atribuindo-as às tentações e à força da carne; outros sentem-se culpados quando são tentados sem haverem sequer transgredido. Outros, ainda, menosprezam as transgressões como se nunca fossem ser responsabilizados - ou mesmo condenados - por elas. Cada cabeça com sua sentença ignorando as verdades afirmativas das Escrituras. Não vou falar da tentação em si, pois, existirá sempre. Mas, falemos da sua força e aquilo que lhe dá força. Existem muitas razões para as tentações ou para a ausência delas. Também existem razões - ou condições - para que as tentações se tornem fortes quando existem. Contudo, a causa dessa força nem sempre é a mesma embora tenham em comum um afastamento da Vida eterna e abundante. É verdade que o tentador está atento a tudo aquilo que possa causar uma transgressão, pois, qualquer transgressão é uma vergonha e desonra o Criador de quem transgride. Devemos lembrar que foram os nossos pecados e transgressões que crucificaram Jesus. Mas, atribuir somente à carne a força da tentação é dizer muito pouco sobre isso. O que dá maior força à tentação é o afastamento de Deus, seja em novas criaturas ou em pessoas mais experientes no Caminho. Nas pessoas que odeiam Deus, as tentações já são um modo de vida e não se pode dizer que é tentação para eles. As tentações existem, de fato para aqueles que buscam Deus. Mas, existem muitas causas para a transgressão, isto é, para se cair em tentação. Lembremos que a forma de orar que Jesus ordenou é: "não nos induzas em tentação". Não é uma oração para exterminar a tentação, mas, para evitar que se entre nela ou se caia. Sabendo nós que "a carne e suas paixões podem e devem ser crucificadas com Cristo" (Gal.5:24), as tentações podem passar com toda a sua força que, quem está literal e verdadeiramente morto por via da plenitude de vida eterna que experimenta, não reage a elas. Já viu algum morto olhar para o sexo oposto ou para o dinheiro com concupiscência? Logo, a primeira causa para a força da tentação é não estar verdadeiramente crucificado com Cristo. Mas, existem mais causas. Se Cristo disse para estarmos (permanecermos) n'Ele e Ele em nós, saindo nós desse reduto estaremos expostos às marés do inimigo. E, estando expostos ao inimigo, estaremos novamente expostos às tentações e/ou transgressões. Outra causa é não andarmos quando temos luz. Podemos estar parados sem fazer o que nos compete. "Se procederes mal (se não procederes bem), eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra/para ti e a ti cumpre dominá-lo", Gen.4:7. Jesus disse: "Se alguém andar de dia não tropeça", João 11:9. Alguém pode ter luz e não andar. Quem não age fazendo aquilo que deve estará exposto às tentações e será, apenas, uma questão de tempo até cair nelas. "Andai enquanto tendes luz", João 12:35. Sob qualquer uma dessas situações, a pessoa em questão tem como única alternativa tentar dominar a tentação, cortar a mão que o faz tropeçar ou arrancar o olho da concupiscência e não tem como se considerar morto para o pecado. Não deve e não pode mais considerar-se morto para a carne. E isso não são Boas Novas.

  52. "Se alguém andar de dia não tropeça", João 11:9. Muito se fala, hoje em dia, da possibilidade ou da impossibilidade de nos mantermos puros e sem mácula. Essa discussão teológica proliferou-se entre todas as nações onde a carne prega o Evangelho que lhe convém. O fato de Jesus haver dito "NÃO TROPEÇA" não cabe nas suas teologias. No entanto, há que cumprir certas condições andando na luz (e não estar estagnado nela) para que "não tropeçar" se torne possível. Se a luz revelar algum pecado ou transgressão e a pessoa não reagir da maneira que deve expondo seu pecado em todo pormenor ou fazendo restituição, não está andando; se Pedro passar ao lado do coxo na porta do Templo onde já havia passado inúmeras vezes e olhado para ele cada vez que passava ali sem que Deus revelasse alguma coisa e, de repente em certo dia, vem a ordem para dizer ao coxo para se levantar e Pedro questiona aquela ordem, não está andando enquanto tem luz; e se o homem ouvir a ordem de Pedro e hesitar, mas, Pedro não lhe estender a mão para erguê-lo porque teme que nada vá acontecer, também não está andando. Logo, quem não anda será, certamente, apanhado pelas trevas e tropeçará mais dia menos dia, mais hora menos hora.

  53. "A fé é... a prova das coisas...", Heb.11:1. Não é bom darmos pouco valor ou passar por cima do sentido ou do significado das palavras originais sempre que lemos as Escrituras. Quando se fala em "PROVA" é necessário que exista algo substancial, concreto, claro e real que revela ao próprio com clareza aquilo que é afirmado em/por Deus. E tem de ser prova para o próprio em primeira instância. A fé de muita gente, hoje e sempre, baseia-se em crenças, esperanças ou mesmo ilusões nas quais acreditam ou, apenas, desejam acreditar. Tudo se baseia em algo superficial e sem fundamentos fortes, claros e visíveis. Nada disso é prova. Uma prova é algo muito muito concreto e substancial - é algo que existe e que é impossível de negar até mesmo para o próprio. Uma prova é algo que fecha qualquer boca capaz de contestar e não precisa abrir a boa daqueles que aprovam de tão evidente que é. "Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos", João 3:11. "Porque a vida (eterna) foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos ESSA vida eterna", 1João 1:2. "Essa vida eterna" é aquela que se vê, que se experimenta e não pode ser negada ou escondida. Pergunte-se a si mesmo por que razão os Fariseus não conseguiam conter a sua raiva a ponto de decidirem apedrejar o que viam de forma tão clara e evidente. A sua única saída era tentar matar quem evidenciasse tão claramente ESSA vida eterna.

  54. "Se tu podes crer (...) Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade", Mar.9:23,24. "Acrescenta-nos a fé", Luc.17:5. Poucos acham a verdadeira e única chave para abrir as portas da fé, isto é, a solução para a falta de fé. Tudo começa na sinceridade (reconhecendo e confessando, seja de que maneira for). Mas, não termina aí. Não nos podemos esquecer que as Escrituras ensinam que Jesus é o autor e consumador da nossa fé (Heb.12:2). Saber isso e agindo em conformidade (aproximando-nos d'Ele) vai um pouco mais além de haver achado a chave para a solução.

  55. É comum, pelas doutrinas de hoje, acreditar-se que uma palavra ou bênção pronunciada por alguém para alguém obtém a sua força pela pessoa que a pronuncia. Mas, as coisas não são e nunca serão assim tão lineares. Se a palavra vem mesmo da boca de Deus obterá seus efeitos. Com toda a certeza que não voltará vazia. Mas, isso é muito diferente de quando alguém pronuncia uma palavra para obrigar Deus a executar em conformidade. Isto é, querendo meter Deus em seus próprios assuntos e desejos. Em primeiro lugar, é necessário que a palavra venha de Deus e não do coração e desejos do homem. Em segundo lugar, há que cumprir as condições para que a palavra vinda de Deus se cumpra ou se efetive. Por norma, as condições que necessitam ser cumpridas depende maioritariamente da pessoa que recebe a palavra e raramente da pessoa que a pronuncia. Hoje dá-se muito valor a quem pronuncia palavras como se Deus fosse o discípulo que precisa cumprir aquilo que alguém falou.

  56. "Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará", Dan.12:4. Não é sem razão que Paulo afirmou que os últimos tempos serão muito difíceis para toda a humanidade. A razão principal é que o conhecimento, o estudo e a ciência se espalhará enquanto os corações continuam sem ser verdadeiramente transformados. Logo, não sendo transformados serão adaptados. Isto é, a linguagem do mal será adaptada, os sistemas mudarão de rosto, mas , não de coração. É por essa razão, por exemplo, que o comunismo é o sistema que mais usa palavras como democracia, liberdade e o pecado usa palavras como fé, amor, liberdade entre outras mais. Os corruptos parecerão ser generosos, obterão fama de benfeitores pelas palavras e pelos seus falsos discursos. Isso acontecera até ao dia que Deus decidir colocar um fim à hipocrisia. "Ao louco nunca mais se chamará nobre; e do avarento nunca mais se dirá que é generoso. Porque o louco fala loucamente e o seu coração pratica a iniquidade para usar de hipocrisia e para proferir erros e para deixar vazia a alma do faminto", Is.32:5-6.

  57. Eu não me torno mais crente por ler muito as Escrituras ou por passar muitas horas em oração. Eu creio melhor, confio mais e com maior simplicidade na medida da intimidade real que tenho com Deus. Posso ler as Escrituras sem estar a ser ensinado por Deus quanto posso ser ensinado por Deus estando em meu emprego ou outros afazeres. "Está escrito: E serão todos ensinados por Deus", João 6:45a. E quando falo em ser ensinado, falo em ser transformado e não apenas em ser instruído. Ser transformado e instruído em simultâneo é o que significa ser ensinado por Deus. "Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim", João 6:45b. Não é somente ouvindo, mas, aprendendo pelo que ouvimos que nos aproximamos de Deus. E é essa aproximação que torna minha confiança em Deus mais espontânea, mais sincera, menos fingida e menos forçada. Fé forçada é fé fingida.

  58. Hoje é muito fácil entoar hinos e afirmar que se está louvando Deus. Mesmo quando o coração está afastado de Deus, canta-se por causa da beleza do hino ou da melodia. "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade", 2Tim.2:19. Já vi pessoas do mundo da podridão moral entoares certos hinos que se tornaram famosos na história da musica. São estranhos à verdade e, contudo, cantam sem entender do que se trata. Se não é certo que um coração sincero entoe uma canção de Sião estando na busca de sua paz com Deus (Sal.137), imaginemos quão grave é o pecado de entoar hinos sendo do mundo. "Quem requereu que viésseis pisar os meus átrios?" Is.1:12. Sabemos o que significa a palavra "pisar" na sua verdadeira essência. Significa mais que humilhar. Quando pisam uma bandeira de certo país significa grande desprezo por esse país. Esse mesmo significado Deus dá a quem não se aparta da iniquidade e canta Seus louvores. Que se arrependam os homens e conheçam Deus de verdade e na primeira pessoa. Então entoarão louvores sinceros, não por causa da melodia ou da beleza das palavras, mas, por verem Deus em Sua beleza e grandeza de amor.

  59. "Participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus", 2Tim.1:8. É muito fácil ler por cima daquilo que pensamos que entendemos somente porque conhecemos o significado das palavras e não nos apercebemos da real profundeza da experiência que essas palavras tentam ilustrar. Devemos saber que é extremamente difícil explicar por palavras uma verdadeira experiência da vida eterna, isto é, da vida que agora começa e não tem altos e baixos, mas, é constante e permanente. A essa vida devemos nos entregar sem qualquer receio de errar, seja pelo receio de errar porque acontecem certas coisas que não prevíamos ou porque outras coisas demoram certo tempo a acontecer. Em todo caso, é muito fácil para o homem carnal suportar carnalmente aquilo que lhe acontece. Outra coisa é consegui-lo "segundo o poder de Deus", isto é, por via do poder da graça. Abdicar do poder da carne é mais difícil que o suicídio, pois, ninguém gosta de abdicar das suas próprias capacidades e força para executar. O homem carnal prefere perder a vida do que tornar-se incapaz física ou carnalmente. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto", João 12:24. Não podemos ser participantes ingénuos que ainda não se familiarizaram com o poder de Deus a ponto de conseguir depender inteiramente da graça, isto é, ser sóbrios o suficiente para conseguir esperar (esperar de esperança e de expectativa) "inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo", 1Ped.1:13. Esta é a aprendizagem mais difícil da vida Cristã - ainda que seja a mais simples de ser conseguida e alcançada. Devemos aprender a fazer a vontade de Deus da maneira que ela é feita no céu, pois, tentar executá-la doutra maneira ou por via doutro poder é idolatria. É fundamental que estejamos tão familiarizados com a vida eterna e seu poder executivo (poder e forma de executar) que recusemos veementemente que a vontade de Deus se execute doutra forma ou viver como se fosse possível executá-la doutra forma. Eu não creio que seja possível executar a vontade de Deus doutra forma, mas, há quem viva crendo que pode e deve. É por essa razão que entramos em situações que não conseguimos resolver, pois, somente assim aprenderemos a nos conciliarmos com a forma e com o poder de Deus. As coisas não funcionam? Aprenda a depender de Deus e a familiarizar-se com Ele ao invés depender da pressa. É isso que significa sermos reconciliados com Deus. E é por essa razão que Paulo manda que os crentes se reconciliem com Deus, isto é, que se familiarizem com Ele a tal ponto de conseguirem entender de que forma se deve e se pode tornar participante das aflições de Cristo e do Evangelho. É preciso ver que Jesus poderia livrar-se da morte de muitas formas, mas , preferiu, "nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia", Heb.5:7. Precisamos mesmo nos livrar da morte. A questão aqui é de que forma e não se nos devemos livrar dela ou não. Desistir ou resignar-se à morte - seja ela de que tipo for - (ou resignar-se a outra coisa qualquer) não é fazer a vontade de Deus. Estando em condições de pureza para que sejamos ouvidos dá-nos a opção de sermos ajudados por Deus em tempo oportuno ou quando seja necessário. Mas, não podemos procurar esse azeite no momento que precisamos dele - há que achá-lo antecipadamente. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno", Heb.4:16.

  60. Por norma, os paridos políticos têm uma linha de orientação pela qual se regem. Isto é, se existe alguma ideia boa ou má terá de passar, primeiro, pela aprovação e escrutínio da doutrina. O comunismo não deixa passar nada que não lhe interesse, o socialismo a mesma coisa - ainda que ambos tenham o mesmo espírito na prática. Não são as pessoas e suas necessidades que são levadas em conta, mas, a doutrina e tudo o que ela diz e aprova. Era isso que os Fariseus e Saduceus faziam: se não batesse com suas doutrinas nem a verdade teria qualquer hipótese de sucesso. Sabemos que hoje existem doutrinas sem fim, ideias fixas pelas quais as igrejas se regem, umas razoáveis e outras menos boas, algumas inofensivas, mas, que ainda assim, regem as mentes e são capazes de controlar atitudes, manietar, influenciar ou mesmo automatizar muitas ações. E é pena que a lei do amor por Deus e pelo próximo não seja a única regra de doutrina. Não pode ser a doutrina a ser consultada, mas, o amor de Deus - o Seu tipo de amor, o qual tem somente o alvo final como orientação ou motivação. Nem mesmo as boas doutrinas podem sequer ser mandatarias. É a doutrina que deve passar pelo escrutínio do amor e não o inverso. "Todas as coisas me são lícitas, mas, eu não me deixarei dominar por nenhuma", 1Cor.6:12.

  61. "Convém que seja irrepreensível, vigilante, sóbrio...", 1Tim.3:2. As palavras ou induzem em erro ou ensinam convenientemente. Tudo depende do sentido que lhe damos, do tom de voz que empregamos e das expressões de quem fala e das impressões de quem ouve. Muitos deixam-se convencer por aquilo que os impressiona e isso abre a porta para aqueles que conseguem desenvolver formas de expressão que convencem os impressionáveis. Por isso Jesus avisa: "Vede como ouvis!" Luc.8:18. E quando se trata duma tradução, ainda existirão mais fatores a levar em conta. A tradução deste versículo é um desses casos. Por exemplo, a palavra "vigilante" aqui significa circunspecto no sentido de vigiar o próprio coração sendo que somente o coração pode impedir Deus de agir. Ora, sendo assim, altera toda a nossa perspectiva em prol da verdade salvadora. No mundo, os vigilantes vigiam outras pessoas, contra perigos externos e vigiam contra ameaças vindas de fora. Os terroristas vigiam contra os bons, os bons vigiam contra os perigos dos ladrões e por aí vamos. Mas, segundo a verdade, vigiar tem somente a ver com o vigiar do nosso próprio ser e coração para que nada nos venha a separar de Deus, da Sua força e do Seu poder, da Sua companhia salvadora, constante e permanente, isto é, eterna (sem altos e baixos). Muitos vigiam na vida cristã da maneira que o mundo vigiaria contra os perigos esquecendo que o único perigo para nós é aquele que vem de dentro. "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios...", Mat.7:21. Logo, "Se alguém deseja o episcopado" (v.1) deve saber, também, desejar e cumprir as condições que lhe permitem alcançar tal dever privilegiado e louvável. Um barco ou navio só se afunda pela água dentro dele e não pela água fora dele. A água fora ajuda a navegar ainda melhor. "Tem cuidado de ti mesmo", 1Tim.4:16.

  62. "João enviou dois dos seus discípulos a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?" Luc.7:19. Há qualquer coisa aqui que não é fácil de entender. Há algo que nos escapa. Que é feito daquele homem seguro e assegurado que disse com toda a certeza isto: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Eis aqui o Cordeiro de Deus", João 1:29,36. Dizia isso quando ainda nem sequer o conhecia, tal era a segurança nas suas afirmações! Onde e quando é que essa certeza começou a desvanecer? Onde começou a dúvida e por que razão? João agiu bem mandando perguntar quando duvidou, isto é, mandou perguntar para se certificar. Há quem se fique pela dúvida com medo de ser criticado ou mesmo repreendido por estar a duvidar. João enfrentou e confrontou a dúvida com audácia. Agiu muito bem e livrou-se da tentação mandando perguntar sem receio de ser confrontado, sem receio daquilo que os Fariseus e outras pessoas poderiam pensar depois de todas as certezas e afirmações do Rio Jordão. Mas, a questão aqui é: como se sai da certeza e se chega a esta dúvida e por que razão ou razões? Em primeiro lugar, isto só pode significar que a certeza que tinha não era sua, mas, a de Deus n'Ele. A verdadeira fé é fruto e nunca é operada pelo próprio nele mesmo. Convencer-me a mim mesmo de algo que não existe em meu coração é enganar-me a mim próprio. Logo, se a certeza (fé) murcha, morre ou desvanece é porque Deus se afastou ou minha comunhão com Ele sofreu dano com alguma coisa. E é assim que surge a dúvida a respeito da verdade e a certeza sobre a mentira e o engano. A certeza no engano cresce na medida e na proporção que a dúvida na verdade (em Deus) cresce. Creio que João esperava algo mais desta vida após haver cumprido a sua dupla missão de apresentar o Messias ao mundo e de preparar o povo para recebê-Lo. Creio que esperava viver o resto da sua vida tranquilamente, mas, foi preso. Ou, então, queria ter a certeza que já havia cumprido sua missão para poder morrer em paz - o que não deixa de ser dúvida. Também creio que sua comunhão com o Espírito Santo foi colocada em segundo plano após haver cumprido essa missão. Devemos entender que a nossa comunhão com Deus tem, primeiramente e acima de tudo, de ser mantida para nosso próprio bem e para consumo próprio para nunca juntarmos sem Ele. Estando bem com Deus, cumpriremos nossa missão com total perfeição. Após essa missão, ainda manteremos a comunhão. Após havermos cumprido nossa missão, a comunhão com Deus deve ser mantida na primeira chama e no primeiro amor para que a principal razão dessa comunhão seja cumprida eternamente. Essa comunhão com Ele é a nossa missão. A razão principal é a nossa própria vida com Deus e Deus nela. A razão principal duma vida de plenitude é salvar a nossa vida para glória de Deus. Negligenciando nossa comunhão com Deus, se nossos motivos não se mantiverem puros nessa aproximação a Deus, se renegarmos ou negligenciarmos nossa comunhão com Deus apenas porque já cumprimos nossa missão, já casamos, já pregamos ou já alcançamos algum propósito da vontade de Deus, podemos facilmente entrar nas trevas da dúvida desnecessariamente. É muito fácil facilitarmos após uma conquista, ou após o término duma missão ou tarefa muito exigente. Precisamos saber que a parte principal é a comunhão com Deus e não a missão. Precisamos tomar plena consciência, também, que a principal razão de havermos obtido vida abundante é para permanecermos em Deus e Deus em nós eternamente. A nossa obra não é e nunca será a principal razão para termos, obtermos ou para mantermos uma comunhão cheia de saúde com Deus. A concretização da nossa obra, missão ou tarefa é e será sempre uma consequência da comunhão que mantemos com Deus e nunca será a razão. Se é a razão, devemos de nos arrepender e mudar porque não pode ser assim sob pena de nos perdermos, tornando-nos fúteis sem qualquer necessidade. O que vale querer ganhar o mundo perdendo a própria alma? Quando isto acontece, significa que perdemos o primeiro amor. "Tenho contra ti que deixaste teu primeiro amor", Ap.2:4. Durante anos sempre entendi mal este versículo. Na verdade, é um erro de interpretação por causa das possíveis traduções da palavra "primeiro". A palavra "primeiro" pode ser interpretada de muitas maneiras e só uma é a correta. Pode ser interpretada como o primeiro antes do segundo. Mas, o real significado dessa palavra neste versículo não é esse. O sentido é muito diferente desse. Neste versículo significa que esse amor é coisa primária, principal, única, o mais alto grau de importância ou mesmo o único. O primeiro dum reino é o rei e é nesse sentido que esta palavra é usada aqui. Perder o primeiro amor significa que começamos a amar outra coisa acima do amor por Deus ou em conjunto com esse amor. O amor a Deus, a obediência e tudo aquilo que engloba nossa vivência ou convivência com Deus não pode obter um grau de importância secundário ou mesmo de igual importância a outro. O amor a Deus não deve sequer concorrer com outro amor de segundo ou mesmo de terceiro grau. Na minha opinião, o amor a Deus deve ser o único amor e, quando assim é, não podem sequer existir amores em lugares secundários. Esse amor é único e exclusivo. Só existe o amor a Deus de todo coração e o amor ao próximo e mais nenhum outro. Não pode existir qualquer outro amor em nossas vidas, seja em que grau for. Não sei se foram estas coisas que aconteceram com João Batista, mas, creio que a minha percepção não deve andar longe da verdade. Se a fé/certeza das coisas é operada pelo amor (Gal.5:6), pode estar explicado o que aconteceu com João Batista ao começara duvidar. O maior perigo para as pessoas ultra-fiéis a Deus é quando completamos uma missão com a total bênção de Deus. Deus deve permanecer acima de tudo. Ou será que devo dizer Deus exclusiva e unicamente? É a missão que é para Deus e não Deus para a missão. É o meu filho para Deus e não Deus para a salvação de meu filho, pai, mãe, casa ou país.

  63. "Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre", 1João 2:17. A pessoa que faz a vontade de Deus não permanece para sempre porque faz a vontade de Deus, mas, porque têm uma real comunhão de cumplicidade com Deus que o capacita para fazê-la/executá-la da maneira que é feita no céu. Conseguindo executar essa vontade é sinal que tem essa comunhão com Deus intacta. Para executar essa vontade é necessário poder cumprir certas condições e certos requisitos na comunhão com Deus. Em primeiro lugar, precisamos ter uma comunhão REAL com Deus. Uma comunhão fictícia ou unilateral não resultará e nunca alcançará a vontade de Deus - muito menos poder executá-la da maneira que se executa no céu. Essa comunhão precisa ser real e não unilateral. Em segundo lugar, é imprescindível que se obtenha graça para executar; para achar essa graça (o poder de Deus) é preciso buscá-la e achá-la; buscando-a, só será achada tendo todo coração envolvido naquela vontade e no desejo de poder executá-la com perfeição, amando Deus e Sua vontade ardentemente e acima de tudo. Cumprindo todos esses requisitos, torna-se possível executar a vontade de Deus porque se é capaz de juntar com Ele e incapazes de fazê-la sozinhos. "Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim", João 15:4. O que isto significa é que a pessoa permanece para sempre porque tem essa comunhão com Deus que lhe permite todo o acesso às providências de Deus, ao poder da Sua graça, à Sua liderança, às suas providências e comunhão e a tudo que é necessário para que essa vontade possa ser executada aqui na terra do mesmo modo que ela é executada no céu, isto é, "aqui na terra como no céu". O conseguir fazer a Sua vontade da mesma maneira que se faz no céu é sinal fidedigno que existe aquela comunhão com a vida eterna dentro de todo o ser. Sendo assim, permanece para sempre porque está verdadeiramente enraizado em Deus e Deus nele a ponto de conseguir alcançar e fazer a Sua vontade. Tal pessoa permanece para sempre porque tem a sua comunhão com Deus em dia e o fato de conseguir executá-la mostra por que razão permanece para sempre. Permanece para sempre porque está verdadeiramente em Deus e Deus nele e não porque faz a Sua vontade. Na verdade, consegue fazer a Sua vontade porque está em Deus e Deus nele. O fato de conseguir fazer a vontade de Deus revela que tem a vida abundante (a vida eterna) dentro dele, fluindo abundantemente. E é essa vida que faz com que permaneça para sempre. Quem consegue fazer a Sua vontade mostra que tem essa vida na abundância prometida. Logo, permanece para sempre. Não podemos interpretar as Escrituras de maneira errada e para conveniência da carne, isto é, consultar Sua vontade sem consultar a Ele por Ele. Fazer a Sua vontade não é e nunca será porta de entrada para essa comunhão com Deus. É a comunhão com Ele, Sua presença real (não-fictícia ou imaginada) que nos abre a porta da Sua vontade e o conseguir executá-la. "Anda em Minha presença e sê perfeito", Gen.17:1. Estas palavras encontram-se colocadas numa certa ordem. Não diz "sê perfeito e anda em Minha presença", mas, anda em Sua presença vem primeiro.

  64. "Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne", Gal.5:16. Sabemos o que significa "andar". É estar ativo, movimentando-se para adiante. Muitos acreditam que estar no Espírito é ficar inerte e extasiado. Andar no Espírito é percorrer o nosso dia-a-dia de forma natural, mas, pelo poder de Deus. Andamos e vivemos na presença real com Deus como se nunca houvéssemos vivido de outra maneira. Outra coisa a respeito deste versículo: se a transgressão só existe quando a concupiscência é cumprida, isto é, cedendo à tentação e não sendo tentado, também é verdade que a obediência existe quando se cumpre - quando se anda. Deixar de andar no mal ainda não é andar no Espírito. Deixar de andar no mal é ficar parado e andar no Espírito é estar ativo em Deus, por Deus e para Ele. "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito", Gal.5:25.

  65. "Fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus", Rom.10:17. Este é um dos versículos da Bíblia mais mal interpretados nos meios evangélicos atuais. Na verdade, a maioria dos crentes usa e abusa das interpretações que soam bem ao ouvido. Existe a ideia generalizada de que quanto mais eu ler a Bíblia, quanto mais eu ouvir pregações, mais a minha fé cresce. E isso não é verdade, isto é, raramente pode ser verdade. Não podemos confundir conhecimento com fé e vice-versa. Ler é bom e aumenta o conhecimento e pode mesmo aumentar a sabedoria. E é verdade que "a sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto e a dureza do seu rosto se muda", Ecl.8:1. Na verdade, o conhecimento e a sabedoria são coisas excelentes, ainda que diferentes. Mas, não podemos confundir esse brilho no rosto com a fé que faz brilhar o coração em toda a essência do homem pelas suas raízes mais profundas. Ler as Escrituras aumenta o conhecimento de quem lê e não necessariamente a sua fé. Permitam-me explicar melhor. Em primeiro lugar, precisamos entender muito bem o que significa a palavra "ouvir". Neste versículo - e nas Escrituras em geral - ouvir significa algo diferente. Ouvir é quando Deus fala ao coração e diz/revela/manifesta algo que faz muito sentido a esse coração, o qual é (ou se tornou) conforme Deus porque só assim poderia fazer todo esse sentido. É necessário que essas duas coisas aconteçam mesmo, isto é, que seja Deus a falar e que o coração entenda plenamente com aquela alegria de receber algo que precisava ouvir e entender. Isto é, o coração precisa estar em plena concordância com Deus recebendo com alegria, exultando naquilo que lhe fez muito sentido - e se foi Deus quem, realmente, falou. Isso é ouvir. Isso acrescenta a fé, anima o espírito sedento de verdade, expulsa a dúvida e consolida o todo da pessoa em Deus. Isso também se pode chamar de "bom ânimo", encorajamento e o crescer daquela fé que só pode ser operada pelo amor. "A fé que opera pelo amor", Gal.5:6. Isto é, por norma, confiamos sempre (ou somente) em quem mais amamos. Neste caso, isto significa que existe uma comunhão e intimidade tal entre Deus e o coração que Seu amor é derramado abundantemente para que, através desse amor, se possa amar. Havendo essa comunhão, Deus pode falar a um coração que está em plena conformidade com Ele, o qual tem uma sede de Deus tal que nada mais além d'Ele consegue desejar com essa mesma extrema intensidade. Sendo esse coração segundo Deus, se esse coração se agrada n'Ele e d'Ele, qualquer palavra ou revelação vinda da boca de Deus fala conforme esse coração porque está conforme Deus. Logo, esse ouvir aumenta a fé e a confiança em Deus dando os devidos passos de obediência. Sendo assim, não podemos confundir a aquisição de conhecimento e de sabedoria com a fé que vem pelo ouvir porque não são a mesma coisa. Isso é o que significa ouvir quando uma palavra vem de Deus.

  66. "A luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela", João 1:5. Ontem, ruminava sobre o fato do mal estar a espalhar-se desenfreadamente com muita rapidez, vendo mesmo muitos países e governos a substanciar, apoiar e a promover aquilo que é muito mau e incorreto. Mas, ao mesmo tempo estava ouvindo a Bíblia em áudio e este versículo fez tanto sentido em mim que me maravilhei: "As trevas não prevaleceram...". Por muito que aumentem as trevas, nunca prevalecerão tal como não prevaleceram no momento mais sombrio da história da humanidade quando crucificaram Jesus. Até à data de hoje, nunca houve momento mais escuro que aquele quando crucificaram o próprio Criador da humanidade ao ter vindo para os seus e para aquilo que era seu. "Veio para o que era seu e os seus não o receberam", João 1:11. Se não prevaleceram nessa altura, também não prevalecerão agora. Na verdade, nunca prevalecerão. Mas, há algo mais na compreensão deste versículo que nos pode escapar. A palavra "prevalecer" também poderia ser traduzida como apreender, compreender ou mesmo entender com o intuito de prevalecer contra a luz. Essa interpretação dá um sentido muito vasto quanto à esperteza e aplicação das trevas para prevalecerem contra a luz. São capazes de enormes sacrifícios e feitos somente para tentarem prevalecer contra a luz. São muito engenhosos e persistentes contra aquilo que é certo, chegando mesmo a assemelharem-se à luz para enganar. O diabo não é anjo da luz? O anticristo assemelha-se muito com aquilo que vem de Cristo. Daí que a palavra "anticristo" nas epístolas de João signifiquem "parecidos com Cristo" para melhor operarem contra Ele, pois, um inimigo interno causa maiores danos que um externo à verdade. Se apreendem algo da luz tornam-se mais mortíferos. Ainda assim, nunca prevalecerão.

  67. "Se o deixamos assim, todos crerão nele e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação", João 11:48. Jesus disse que que aquele que perder a vida própria por amor a Ele, salvá-la-á e aquele que a quiser salvar perdê-la-á. Não foi isto que aconteceu aqui? Queriam salvar a sua nação negando Jesus e perderam-na poucos anos depois para os Romanos. Isso aconteceu porque quiseram salvar a nação negando Jesus. Perderam aquilo que queriam salvar.

  68. "Vós não credes porque não sois das minhas ovelhas", João 10:26. Existem muitas razões que levam as pessoas a não crer (na verdade). Isso não significa, contudo, que não creiam na mentira, isto é, afirmando que conhecem Jesus quando é mentira. Uma coisa é certa: quem não consegue crer em Jesus, crê facilmente na mentira, na ilusão e nos enganos desta vida. Existem ovelhas do engano que não fazem parte da rebanho de Jesus. Por essa razão é que Jesus diz, para que fique claro, "não sois das minhas ovelhas" ainda que pensassem que eram suas ovelhas e o estivessem seguindo. Isto quer dizer que existem outros tipos de ovelhas doutros senhores com um coração cheio de apetências para o pecado, isto é, que escutam facilmente o que é moralmente errado porque isso lhes é querido e familiar. Uma ovelha é alguém que tem uma enorme cumplicidade com seu pastor, com seus desejos e, acima de tudo, com sua forma de operar. Um lobo também pode seguir as ovelhas. Uns são ovelhas do mal e alguns de Jesus. As ovelhas do mal podem "crer" em Jesus por via duma fé naufragada, pretensiosa ou mesmo falsificada tanto moral quanto emocionalmente. Vemos que Paulo fala de pessoas com uma fé naufragada que continuavam pregando como se nada estivesse errado. É até esse ponto que o engano próprio pode levar. "Rejeitando a boa consciência, alguns naufragaram na fé", 1Tim.1:19. Contudo, os naufragados continuavam pregando Jesus parecendo ser fiéis.

  69. "Eu sou o bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e das minhas sou conhecido", João 10:14. Quando Jesus afirma que "das minhas sou conhecido", quer dizer que Ele se dá a conhecer. Logo, se Ele não se der a conhecer, não será conhecido - e muito menos reconhecido. Quem tem o poder de fazê-lo aparecer caso Ele se esconda? Isto tem muito significado, pois, a grande maioria dos crentes que conheço afirma que conhece Jesus porque oram e lêem suas Bíblias e não porque Ele se dê a conhecer aos tais. Não é possível existir um relacionamento quando esse relacionamento é unilateral, quando é afirmado e confirmado apenas por um dos lados. Jesus tem de se dar conhecer (experimentalmente) e essas ovelhas são conhecidas d'Ele da mesma forma e no mesmo grau que O conhecem. Se aquilo que separa Deus das pessoas e as pessoas de Deus não for retirado, se os caminhos não forem preparados devida e ordenadamente, como poderá alguém afirmar que conhece Jesus apenas orando e lendo? "Conhecei ao Senhor", dizem as Escrituras. Contudo, isto não é apenas um mandamento para alguém se aproximar, mas, é para nos limparmos devidamente de nossos pecados confessando-os cada um pelo nome com a aproximação a Ele, abandonando-os de seguida para serem cumpridas as condições mínimas para que Deus se aproxime e se dê a conhecer sem qualquer sombra de dúvida "porque, no que cabe ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra para mostrar-se àqueles cujo coração é perfeito para com ele", 2Cron.16:9.

  70. "O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas", João 10:13. Jesus fala aqui de alguém que foge de algum perigo e abandona as ovelhas. Mas, o que dizer dos que desistem, daqueles que desanimam, ou dos que negligenciam, ignoram ou não estão atentos às necessidades primárias das ovelhas? Ou, o que dizer daqueles que não são capazes de as levar para os melhores pastos, ou não têm condições espirituais de ouvirem o sumo pastor para serem guiados por Ele nesse aspecto? O mercenário não é somente aquele que foge por causa de algum perigo.

  71. "Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância", João 10:10. Jesus veio para que tenhamos vida eterna, constante, abundante, sem altos nem baixos, permanente. A vida eterna começa aqui e agora. Muitas pessoas falam em mudar de vida, mas, interpretam isso de maneira errónea. Quando se fala em mudar de vida, qualquer humano pensa na vida que tem melhorando-a, isto é, melhorando a que já tem, usando suas apetências de sempre doutra maneira ou algo nessa linha de pensamento. Mas, se isso fosse o verdadeiro significado de "mudar de vida", não seria necessário nascer de novo. Permitam que me explique. Quando a Bíblia fala em mudar de vida, significa abandonar aquilo que consideramos ser vida (que é, biblicamente uma morte) em troca doutra vida. Mudamos literalmente de vida nascendo numa nova. Deixamos de existir numa certa forma de vida que as Escrituras afirmam ser morte, para nascermos noutra vida onde tudo se faz novo, incluindo a forma de poder através do qual operamos e existimos a partir de então. Mudar de vida não é e nunca será mudar de crença; não é e nunca será modificar nossos hábitos e costumes para parecermos melhores a nossos próprios olhos ou aos olhos de outras pessoas; não é melhorar a vida atual - é mudar literalmente o tipo de vida juntamente com tudo aquilo que a engloba. Toda a forma de vida tem seu próprio poder; tem suas motivações; tem seus ideais; tem o poder pelo qual se move ou movimenta; e tudo isso necessita ser morto para que tudo se faça novo.

  72. "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens", João 10:9. Hoje em dia, as pessoas são convidadas a frequentar uma igreja e quando o fazem são tidas como crentes e, a partir daí, não é difícil que alguém se considere mesmo crente por imposição, não das mãos, mas das circunstâncias. Poucos pastores e pregadores hoje apresentam Jesus às pessoas. E quando falo em apresentar, falo de uma realidade, isto é, onde Jesus é mesmo apresentado em pessoa sem palavras e sem doutrina. Os que não conhecem Jesus apresentam doutrina, igreja, ensino, batismos, profissões de fé e tantas outras coisas que não podem ser consideradas como Jesus em pessoa. Creio mesmo que é mais uma forma de idolatria do que verdadeira vida. Todo o pregador que não é capaz de apresentar Jesus de forma real não faz bem o seu trabalho e é um obreiro fraudulento meso quando tem a doutrina e o ensino mais puros.

  73. "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus", 1João 5:1. Nos dias de hoje, deturpa-se facilmente este versículo ou outros iguais a este. Vamos recuar no tempo e ver o que significam estas afirmações. Para os Judeus e para aquelas pessoas que viram Jesus ao vivo era muito difícil crerem que um homem pudesse ser Deus - ainda mais porque era verdade. Isto é, além de ser difícil crerem que aquele homem também era Deus, qualquer pessoa que tenha um coração enganoso creria mais facilmente em algo que fosse engano ou mentira, pois, essa é a base para qualquer tipo de idolatria. Por essa razão é que se tornara mais difícil alguém crer que aquele homem era o Cristo, pois, além de ser homem também era a verdade. Se fosse mentira não seria tão difícil crerem nele. Crer num cristo falso é bem mais fácil para um coração dedicado e aplicado ao engano. Sendo assim e naquelas circunstâncias, a única maneira de alguém conseguir crer em Jesus como Deus ou como o Cristo seria nascer de novo, experimentando a Sua própria natureza na primeira pessoa. Logo, todo aquele que conseguisse crer só podia haver nascido de Deus. "Se podes crer...", Mar.9:23.

  74. "Sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro", 1João 5:20. Jesus é a Vida Eterna ("Jesus Cristo é (...) a vida eterna", 1João 5:21). Jesus é a salvação. A Salvação não é o ensino que preferimos ou assumimos; Jesus não é doutrina; Ele é uma pessoa - Ele mesmo é a vida abundante. Conhecemo-lo aqui e agora de maneira real. O ensino vem com o propósito de conseguirmos distinguir e reconhecermos o Verdadeiro, pois, muitos falam em nome de Cristo. Como podemos ser guiados por Ele se, no mínimo, não conseguirmos distingui-lo? Quem não apresenta Jesus não apresenta nada, nem mesmo quando tem o ensino correto bem delineado e bem exposto.

  75. "O Espírito é quem dá o testemunho", 1João 5:6. Muitos dão testemunho deles mesmos, dão seu próprio testemunho diante de pessoas e, por vezes, diante de multidões. Nada de errado a respeito disso desde que esse testemunho seja verdadeiro, pois, Jesus mesmo falou inúmeras vezes a Seu próprio respeito. Mas, Jesus também afirmou que "Eu testifico de mim mesmo e o Pai, que me enviou, também testifica de mim", porque "está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro", João 8:18,17. O testemunho do Espírito sozinho e isolado do nosso já seria verdadeiro por si só porque Ele é a verdade. "E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade", 1João 5:6. Mas, o nosso testemunho quando não é corroborado, substanciado e autenticado por Deus não tem qualquer valor, mesmo que já tivesse tido algum valor. Se já teve valor e agora não tem, nosso testemunho fala contra nós e será motivo de condenação porque já experimentamos aquilo que não experimentamos mais. Vamos ver se Deus testemunha de nós e a nosso favor agora, tanto por via daquilo que fazemos e Deus abençoa. "Tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos", Gen.39:3. Também, por via daquilo que o próprio Deus diz a nosso respeito. "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo", Mat.3:17. E através daquilo que nos diz e revela pessoalmente. "Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho", 1João 5:10. Se Deus não der esse testemunho, se não for Ele a testemunhar seja de quem for e de que maneira for, não haverá testemunho válido aos olhos do céu. "Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria Verdade...", 3João 1:12. Jesus é essa Verdade que testemunha. Existem pessoas que, por força de doutrina, tentam convencer-se a eles mesmos que são crentes ou filhos de Deus. Mas, o verdadeiro testemunho existe somente quando "o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus", Rom.8:16. Por outro lado, também existem pessoas que por medo, por ignorância ou mesmo por ainda não conhecerem o vinho novo a ponto de amá-lo devida e exclusivamente, não dão valor a esse testemunho que Deus dá - quando o dá. Não sabem que isso é classificar Deus como mentiroso. Quando não se acredita em alguém temo-lo por mentiroso. Por isso é que João acrescenta afirmando que, "Aquele que não dá crédito a Deus (quando testifica) o faz mentiroso", 1João 5:10. E, também, não tendo esse testemunho para recorrer a ele, a pessoa terá Deus como inexistente - ainda que afirme que Ele existe por força duma qualquer doutrina ou crença. Não precisamos afirmar que Deus não existe para sermos réus desse crime – basta não termos esse testemunho em nós devido a alguma separação existente entre Ele e nós, vivendo como se Ele não existisse; e, também, não sendo guiados por Ele. "Os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus", Rom.8:14. Não podemos afirmar o mesmo a respeito daqueles que não são guiados por Ele, ainda que se firmem nas providências normais de Deus, sendo que Deus dá a chuva a todos - bons e maus - sem exceção.

  76. O tamanho da multidão não pode servir de sinal de avivamento. Mas, o tamanho da santidade da multidão diz muito a respeito dum verdadeiro avivamento. "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados", Ef.2:1. Isto é, uma multidão cheia de pecados - ou com apenas um pecado - está morta e não vivificada.

  77. "...Sem Deus no mundo", Ef.2:12. É algo aterrador viver neste mundo, andar nele, morrer nele e tudo isso sem Deus. Cada um decide por si, muitos constroem suas próprias torres de Babel e vivem por eles para eles mesmos mesmo quenado usam o nome de Deus (em vão). Existe algo pior que isso neste vasto universo? É essa a vida de pecado: "sem Deus no mundo".

  78. "...Fiéis em Cristo Jesus", Ef.1:1. É muito fácil ler as Escrituras. Mas, ver a colocação das palavras é muito importante para não estarmos a entender aquilo que desejamos e, antes, aquilo que elas realmente dizem. Melhor ainda seria a sua leitura explicarem em detalhes aquilo que se está passando dentro de nós. Dito isto, podemos perguntar por que razão Paulo diz aqui "fiéis em Cristo" e não "fiéis a Cristo". Parece algo fácil de explicar, mas, tem muito que se lhe diga. Para estarmos em Cristo, precisamos entrar pela porta - precisamos começar com João Batista, percorrer todo o caminho e chegar a Pentecostes. Após havermos limpado toda a nossa vida de pecados passados que nunca foram confessados pelo nome e abandonado pecados presentes na presença de Cristo, entramos numa busca para entrarmos numa vida de Pentecostes continuada e sem altos nem baixos. Há que achá-la. Havendo chegado aí, estamos em Cristo e Cristo em nós sem qualquer sombra de dúvida. Mas, nada termina aí porque é precisamente aí que tudo começa. Deixem-me explicar. Precisamos aprender a gostar, a usar e a entender o vinho novo havendo nós sido tornados odres novos. Precisamos, a partir de então, aprender a ser fiéis apenas usando e usufruindo do poder da graça, usando seus meios e negando veementemente todos os nossos próprios recursos e capacidades que não estejam plenamente santificados. Quando uma pessoa vem a Deus torna-se mais difícil negar as próprias capacidades e poder que advém da carne do que negar-se a si mesmo de forma sacrificial/comercial em jeito de troca. "E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará", 1Cor.13:3. E é bom entendermos que NADA, mas, nada mesmo obterá algum proveito ou benefício se a casa não for construída por Deus. Tudo terá sido em vão.

  79. "Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos, tenho feito isto. E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim", Gen.20:5,6. Falando humanamente, quando alguém não sabe que algo é errado e pratica, é inocentado. Contudo, para Deus não deixa de ser uma transgressão igual a qualquer outra. A única diferença é que Deus impede a pessoa de transgredir contra Ele, ao contrário do que pode acontecer com os obstinados. Caso Deus inocentasse um transgressor apenas porque ele não sabia que era transgressão, estaria encobrindo a transgressão e seria cúmplice de pecado porque Deus sabe que é transgressão. Se alguém cair num precipício não morre porque era cego quando caiu? Ou não morre porque não sabia que ali existia um precipício, ou porque não conseguiria evitar a queda? "Agora, pois, restitui (...) para que vivas; porém, se não restituíres, sabe que certamente morrerás", Gen.20:7.

  80. "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade", 2Tim.2:19. Não temos noção da importância e seriedade desta afirmação. Hoje vi um famoso que vive uma vida promíscua e desrespeitosa para com Deus ouvindo musica evangélica à vista de todos, apregoando que era crente - apregoando que era carne. Muitas pessoas do mundo revêem-se nesse fantasma como exemplo. É um exemplo de mundanismo e não de cristianismo. Imaginemos qual será o tamanho da sua condenação! O nome Jesus tem um significado especial: "Seu nome será Jesus porque Ele salvará o Seu povo de seus pecados", Mat.1:21. Estas pessoas revelam pela suas vidas promíscuas e vazias que Jesus significa que se podem manter em seus pecados. Anulam por completo a mensagem do Evangelho e pregam o caminho mais certo para o inferno.

  81. "O homem benigno faz bem à sua própria alma, mas, o cruel perturba a sua própria carne", Prov.11:17. Lembremo-nos que a carne é a força do homem cruel. Logo, se faz mal à própria carne, quer dizer que até faz mal ao poder que o move em seu dia-a-dia.

  82. É comum crer-se que a justificação antecede a santificação e que ambos são pela fé em Jesus. E isso é verdade. Se é por via duma experiência real dum Pentecostes pessoal que somos justificados (e não duvido disso), se é por essa experiência de vida abundante que nos tornamos verdadeira e inegavelmente justos (justificados), a santificação vem aprimorar nossa vida externa, mudar costumes, hábitos, ideias, ideais, pensamentos, alvos, objetivos e tudo mais que deve compor a nossa vida quotidiana a partir de então para que se torne compatível com a transformação que ocorreu em nosso interior por meio da justificação e presença real (não fingida) de Deus. Contudo, devemos entender que nem sempre é esta a ordem cronológica daquilo que nos acontece. Podemos perguntar se os apóstolos foram santificados antes ou depois de Pentecostes e vemos claramente que foi antes e não depois. Dessa mesma forma, existem crentes, pastores, obreiros (e por vezes obreiros incansáveis) que vivem uma vida regrada, disciplinada e exteriormente apelativa e respeitada, mas, que nunca passaram por uma experiência real de Pentecostes. Esses não devem rejeitar o verdadeiro avivamento somente porque existem muitos falsos avivamentos no terreno. Mas e por outro lado, também não se devem sentir sozinhos ou estranhos a ponto de negar tudo aquilo que se tornaram caso se apercebam  de haver vivido uma vida pobre até então, pois, seria um erro. Necessita, apenas, aprender, gostar e usar o vinho novo ao contrário daqueles que necessitam, apenas, de limpar seus pés. Os apóstolos passaram pela mesma situação. Seja qual for a circunstancia em que alguém se possa encontrar, terá de passar pelas duas coisas, isto é, pela justificação e pela santificação, seja uma antes ou depois da outra. Sem elas, ninguém verá Deus.

  83. "Muitos ali creram n'Ele", João 10:42. É um erro assumir que este tipo de crer em Jesus seja ou fosse considerado como fé. A verdadeira fé viria após este crer - se viesse. Temos de ler nas entrelinhas das circunstâncias destes acontecimentos. Não era e nunca foi fácil para os judeus (ou para qualquer outra pessoa) acreditarem que um homem pudesse ser Deus. Era preciso crerem nisso - ou mesmo ver para crer. Até mesmo para um povo já de si idólatra seria difícil. Mas, era ainda mais difícil por ser verdade. Permitam que me explique. Se fosse mentira seria mais fácil crerem. Mas, era verdade. Um coração enganador ou mesmo mentiroso só se revê em alguma mentira. Se um coração enganoso crer na verdade, fá-lo contrariado, opondo-se a ele mesmo. "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo", Luc.9:23. Dito isto, é necessário realçar o fato de que a verdadeira fé vem por meio duma real e verdadeira comunhão com Deus em Seu Espírito. Esta comunhão só se torna possível numa vida limpa de seu passado e presente, com cada pecado confessado pelo nome porque é isso que separa de Deus. Após isso, abre-se o caminho para buscar com segurança e achar a verdadeira abundância de vida eterna e constante que nos foi prometida. É necessário preparar o caminho para receber o Senhor. Essa vida, por sua vez, gera a verdadeira fé como fruto dessa comunhão. Também somos inclinados a acreditar em quem amamos incondicionalmente. É por essa razão que Paulo fala da "fé que opera pelo amor", Gal.5:6. E é por essa razão que a fé é fruto e não a origem da vida (eterna). "Aquele que crê (aquele que tem fé), (já) tem a vida eterna", João 5:24. É essa vida que o faz crer sem que possa negar as evidências. Mas, devemos ter em conta que existe outro tipo de "crer" que ainda não é fé e é por essa razão que Jesus também afirma em outro lugar a forma invertida dos fatos: "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha (possa vir a ter) a vida eterna", João 3:16. É um outro tipo de crer do qual Jesus fala aqui. Não podemos confundir estes fatos para não errarmos na nossa aproximação ao Evangelho. Alguns que creram (mas, não tinham fé verdadeira) tentaram apedrejar Jesus pouco depois de haverem "crido".

  84. "As ovelhas o seguem porque ouvem a Sua voz", João 10:4. Hoje em dia aplica-se muito o mito duma doutrina correta como base para uma fé sã. O que torna a fé sã é uma comunhão real, simples, verdadeira e contínua com o Senhor. A fé surge quando é Deus quem fala ao coração (e não somente aos ouvidos) e é pelo coração que devemos ouvi-lo falar. Qualquer um pode pregar a doutrina certa. Mas, ouvir a palavra significa ouvir com o coração e não com os ouvidos. Quando o coração ouve dificilmente se coloca em palavras concretas aquilo que se passa e como acontece. "Vem e vê". O ouvido ouve palavras que explicam, mas, no coração ouve-se aquilo que transforma a partir do lado de dentro. E o coração só se pode rever quando é Deus quem fala a um coração que é (ou está em vias de ser) conforme Ele. Logo, qualquer um pode ter ou mesmo obter o ensino correto porque aprendeu numa escola Bíblica ou pelo convívio continuado com os filhos de Deus num ambiente onde predomina a verdadeira santidade. Aquilo que conta é esta verdade incontornável: é a vida que traz/produz o ensino e não é o ensino que produz a vida verdadeira. E é nesse ponto onde podemos entender um pouquinho melhor esta relação entre a ovelha e a voz do pastor. Se uma voz diferente diz ou afirma à ovelha a mesma coisa que o Pastor, distinguimos o erro pela ausência de vida na voz. "E aconteceu que nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo", At.16:16,17. Qualquer um de nós tem a capacidade de reconhecer quem fala somente pela sua voz, independentemente daquilo que diz ou afirma. Não podemos reconhecer o pastor apenas pelo ensino, mas, muito mais pela voz e pela intimidade. E a voz só se aprende a conhecer por via da intimidade e cumplicidade sem limites com o pastor. E o coração ouve aquela voz que é conforme esse coração. Por essa razão é que precisamos ser ovelhas para entendermos e reconhecermos o pastor. Ovelha ouve e distingue essa voz. A parte crucial é tornarmo-nos ovelhas e não tentar distinguir vozes porque ovelha ouve e distingue por natureza. É importante que a palavra seja ouvida pelo coração. E quando algo vindo de Deus fala ao coração raramente chega em forma de letras ou frases, mas, em forma de transformação, operando interiormente em forma de vida expectante. Seremos nós a tentar colocar tudo isso em palavras e são essas palavras que viram ensino. "Vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada)", 1João 1:1-2. Contudo, é importantíssimo nunca inverter essa ordem das coisas. Temos exemplos claros onde as pessoas "criam", mas, não pela palavra dirigida ao coração. "Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura, um demónio abrir os olhos aos cegos?" João 10:21. Aquilo que acontecia aqui, era as pessoas tentando crer nas palavras porque viram milagres e nunca porque a palavra houvesse alcançado seu íntimo e coração. Os milagres faziam-nos duvidar, questionar e atormentar ao invés de fazer crer. "Pode, porventura, um demónio abrir os olhos aos cegos?" Isto é um questionamento e não uma afirmação, uma pergunta e não uma certeza. Estavam e ficavam na dúvida e não na certeza. Queriam ter certeza e não vida. Isso tipo de certezas que buscavam é operado pela força da carne e não por Deus. Não acharam certezas incontestáveis vendo milagres, pois, o milagre não fala ao coração. Somente Deus fala ao coração que o busca verdadeiramente. Esse tipo de certezas tem como manter a carne viva e a carne é algo que Deus quer morta. Esse tipo de certeza é outra forma de duvidar camuflada como da certeza. A verdadeira certeza chega a nós por via dum verdadeiro e real convívio com Deus em Seu Espírito - algo que aniquila a carne juntamente com qualquer forma de seu poder. Qualquer tipo de certeza que não seja alcançada por viva do poder da graça numa comunhão real com Deus é do tipo vacilante e inconstante, a qual mantém a carne no templo de Deus. "Não pense tal homem que receberá alguma coisa de Deus", Tgo.1:7. E é a vida que traz e produz a verdadeira fé. "Aquele que crê em Mim tem a vida eterna (vida constante, permanente e sem altos e baixos)". Crê por ter essa vida dentro dele, seja em forma embrionária ou já em abundância.

  85. "Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo", João 9:35-37. Esta pergunta, se fosse colocada a um teólogo ou professor das Escrituras, obteria outro tipo de resposta. Certamente que responderia que era descendente de Davi ou alguma explicação extensa nessa linha. Mas, Jesus simplesmente se apresentou como sendo quem esse homem procurava. Não usou doutrina, não fez rodeios, não usou de sabedoria e foi direto ao assunto: "Sou eu". Mas, podemos perguntar o que fez com que aquele homem cresse somente com essa apresentação. Jesus, ao invés de responder à pergunta, simplesmente se apresentou. Perante tal "resposta", o homem cria ou não cria. É bom sermos colocados perante situações ou não temos uma terceira opção.

  86. "Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é", João 9:29. As pessoas que não crêem na verdade ou não aceitam a realidade quando confrontados com Deus de forma real e clara são poucos honestas com elas mesmas e não são sinceras. E quem não é sincero com ele próprio não o será com ninguém. Jesus estava na frente deles, fazendo aquilo que ninguém podia negar. Contudo, os que se opunham afirmavam que conheciam Moisés que nunca viram; e diziam que não sabiam quem era Jesus que se encontrava mesmo ali na frente deles. Esses que afirmavam tais coisas nunca haviam visto Moisés - algo interessante de notar em pessoas que criam somente vendo. Eles nunca viram Moisés e, ainda assim, afirmavam que o conheciam. São as tais contradições dos homens de pouca ou nenhuma fé. E são essas contradições que Jesus veio despertar do seu sonambulismo ou da sua hibernação. "Eis que este é posto para (...) sinal que é contraditado (...) para que se manifestem os pensamentos de muitos corações", Luc.2:34,35.

  87. "Conheço-o e guardo a Sua palavra", João 8:55. Não há como guardar a Sua Palavra sem O conhecer. "Anda em minha presença e sê perfeito". Aqui não diz, "sê perfeito e anda em minha presença". Do mesmo modo, não diz que "guardo a Sua Palavra e (por isso) conheço-o". Existe sempre uma ordem nas palavras de Deus, uma sequência natural que não podemos omitir ou ignorar sob pena de estarmos a mudar a Sua palavra e entrar, assim, em condenação. Como é que se entra em condenação? Ao mudarmos a verdade não a conheceremos de forma real e íntima e essa é a condenação, pois, é a verdade que nos liberta. A condenação é não conseguirmos entrar no caminho de forma prática por estar vedado ao uso de qualquer outro poder e aberto para o bom uso do poder da graça.

  88. "...Não se firmou na verdade porque não há verdade nele", João 8:44. É uma utopia crer ou confiar que as pessoas se firmam em Deus ouvindo a verdade. A verdade precisa alcançar alguém que tenha verdade nele para poder alojar-se em seu coração, isto é, busca uma pessoa que é ou começa a ser verdadeira, sincera com ela mesma e transparente em cada momento da sua vida. A verdade só pode alojar-se num verdadeiro; a realidade num realista; a luz numa pessoa integralmente transparente; a sabedoria num sábio que é capaz de se corrigir e, também, de se corrigir e transformar pelo poder da graça e nunca de qualquer outra forma.

  89. "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", João 8:32. Creio de todo coração que estas palavras estão colocadas propositadamente de forma sequencial. Permanecer na Palavra transforma alguém num discípulo e, seguidamente, faz com que conheça a verdade de forma experimental, pessoal, fluida e real. Quem conhece a verdade dessa maneira tem, como consequência num passo seguinte, tudo para ser liberto de qualquer tipo de pecado ou tentação, mas, alcançar isso é trabalho e frutifica somente pelo bom uso do poder da graça - desde que saibamos como usufruir desse poder com a finalidade de sermos libertos de nós mesmos. E isso só acontece a quem deseja verdadeiramente ser liberto de seus pecados e prazeres. Ser liberto de tudo aquilo que dá prazer é, deveras, algo incomum e indesejável para qualquer pessoa que preferiria associar os prazeres da carne aos incontáveis e intermináveis benefícios duma vida espiritual constante e eterna. Isso equivaleria a deixar o pecado comer da Árvore da Vida. Mas, nós mesmos devemos colocar "uma espada inflamada que anda ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida" em nós, protegendo, assim, o nosso Éden, que é, na verdade, a nossa real e verdadeira comunhão com Jesus. Logo, não existem discípulos se não permanecem na Palavra; não existem pessoas que experimentem o fluir da verdade em seu íntimo sem antes se tornarem verdadeiros discípulos; e não existe pessoa capaz de se libertar sem primeiro haver conhecido a verdade dessa forma real, fluida e constante. Para se conhecer a verdade dessa maneira, devemos ouvi-la, primeiramente, na primeira pessoa pelos ouvidos do coração. Mas, ouvi-la ainda está longe de a conhecermos de forma real e íntima. Conhecer a verdade significa experimentá-la de forma real, operando em nós com nossa total conivência, sem que seja possível negá-la.

  90. "Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida", João 8:12. Vejo muitas pessoas sem saber qual o próximo passo, ou para onde devem ir ou o que fazer. E são esses mesmos que afirmam que seguem Jesus. É uma contradição, pois, Jesus diz que quem o segue nunca andará em trevas. Quando muito, estagnará surgindo alguma forma ou indício de trevas para começar a andar assim que achar luz novamente. E devemos sempre lembrar que a luz dos os é a vida que experimentam em seu interior. Por essa razão se lê aqui "a luz da vida". "E a vida é a luz dos homens", João 1:4. Logo, vida abundante significa luz abundante; vida intermitente, luz intermitente.

  91. "Sai daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes (...) Porque nem mesmo seus irmãos criam nele", João 7:3-5. Os irmãos de Jesus sabiam dos milagres de Jesus, sabiam que Ele os executava e, quem sabe, viram alguns. Mas, é afirmado que eles não criam n'Ele. Os milagres podem chamar a atenção, mas, não transformam o coração. Afirmar que um verdadeiro avivamento é quando ocorrem milagres é andar longe da verdade. Os milagres podem acontecer e, na maioria dos casos, ocorrem em avivamentos reais. Contudo, o verdadeiro avivamento tem a ver exclusivamente com a Vida que se aloja num coração após a sua purificação. O verdadeiro fruto dum avivamento real é a transformação genuína que ocorre dentro de cada ser obediente a Deus. "O Espírito que Deus dá àqueles que Lhe obedecem..." At.5:32.

  92. O milagre de Namaan é maravilhoso. Mas, aqueles que lêem são, muitas vezes, ofuscados pelo destaque que dão ao milagre. O milagre é uma mera consequência da obediência a Deus. Não podemos destacar a consequência e, consequentemente, ofuscar Deus; senão Jesus dirá, também a nós, algo assim: "Não me buscais a Mim, mas, buscais-Me pelo pão que comeste, pelo milagre que fiz ou pela bênção que dei". Concentrando-nos no milagre que cabe a Deus executar, esquecemos o obediência e reverência a Deus que cabe a nós evidenciar com alegria. Neste milagre, também vemos que a menina no exílio (na casa de Namaan, na Síria) servia a Deus por lá e, assim, podemos interpretar que qualquer lugar serve para sermos fiéis a Deus. José era fiel a Deus em cativeiro e era lá que achava Deus de forma real. Muitos dizem que podemos estar com Deus em qualquer canto deste mundo sendo que Deus está em todo lado. Mas, quando se encontram em algum cativeiro ou dificuldade esquecem-se dessa verdade, pois, associam Deus à prosperidade física. E qualquer associação que possamos fazer de/a Deus é idolatria, pois, não se mede Deus pelo que faz, mas, por aquilo que Ele realmente é. É necessário que Deus se manifeste como pessoa que é para que Ele possa dizer uma vez mais, "Eu sou o que sou".

  93. "O que busca cedo o bem, busca favor (de Deus)", Prov.11:27. Existem os que buscam verdadeiramente. Mas, entre estes que buscam, existe uma maioria que não sabe o que significa achar e contentam-se com o buscar. A base da religiosidade oca e sem vida é, precisamente, ficar pelo buscar e achar contentamento nisso. Vemos que uma multidão buscava Jesus, mas, para achar pão e não a água da vida (João 6:24-26). Bem-aventurados os que buscam Jesus pela água da vida. Depois, também temos aqueles que buscam, acham e rebuscam o que já está à mão sem imaginar que esse tipo de rebuscar é uma forma de oposição paralela e camuflada à verdade. Quem rebusca pode estar querendo achar algo diferente daquilo que se pode achar buscando (e achando) Jesus. Deus disse "Me buscareis e Me achareis", Jer.29:13. Acharemos a Ele buscando-o. Não podemos buscá-Lo para poder achar algo mais além d'Ele. Só pelo amor se busca o Amado e não aquilo que Ele tem ou pode dar.

  94. "Tu tens as palavras da vida eterna", João 6:68. As palavras não são a vida eterna, pois, é a vida eterna tem palavras. Jesus é a Vida Eterna. Ele mesmo disse que era a verdade e a Vida. Contudo, nunca devemos esquecer que uma vez que as palavras de Deus se tornem a expressão da nossa vida, se essas palavras descrevem a nossa vida, se apontam para a nossa forma de viver, se descrevem com precisão aquilo que experimentamos na primeira pessoa pela comunhão real, verdadeira e inequívoca com Deus, também é certo que nós próprios temos as palavras da vida eterna.

  95. "Pedro disse a Jesus: Senhor e o que será deste? Disse-lhe Jesus: (...) que te importa a ti? Segue-me tu", João 21:21,22. Vejo tantas pessoas preocupados com o que será dos demais. Uns porque se preocupam com os familiares, outros porque querem tornar-se úteis e outros, ainda, porque têm algum interesse na salvação de alguém. Conheci uma moça que queria converter alguém para poder casar com ele e, assim, evitar o jugo desigual. No fundo, essas preocupações ou anseios não passam de maneiras de desviar do principal que é: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem", 1Tim.4:16. As pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para desviar o foco do principal e evitar mexer em sua própria vida interior através de Deus. Existem sempre interesses sentimentais, anseios de todo tipo, enganos e distrações que acabam funcionando como espinhos em boa terra. Somente completando a obra e dando-lhe continuidade exclusiva dentro de nós poderemos algum dia aspirar a sermos úteis na plena salvação dos demais. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra", 2Tim.2:21. Ninguém será vaso de honra sem se purificar a ele mesmo. "Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas, uma só é necessária", Luc.10:41,42. A nossa obra é ter e manter uma proximidade real e verdadeira com Jesus, estando sempre em plena comunhão com Ele. Tudo que possa impedir isso, seja pecado ou simples distração com os demais, deve ser exterminado sem pensar duas vezes. A vida eterna é conhecê-lo dessa forma, isto é, experimentando-o de forma real. "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", João 17:3. Se tratarmos de nós mesmos em relação a Deus, ao nosso próximo e à lei de Deus, também não nos preocuparemos a respeito daquilo que os demais nos fazem ou mesmo a respeito daquilo que pensam e assumem a respeito de nós. Mas, algo mais importante nos acontecerá: ouviremos pessoalmente de Deus a respeito da Sua obra em nós. E assim se cumprirá o Novo Testamento em nós: "Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim", João 6:45. "...Se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados...", Ef.4:21. Veremos o que responderemos quando Jesus nos perguntar algo assim: "Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?" João 18:24. É nisto que se resume o Novo Testamento. "...Este é o concerto que farei (...) porei a Minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração (...) E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o Senhor", Jer.31:30-34. Se o relacionamento com Deus for verdadeiro, real, não-fingido ou não-simulado e autoassumido, temos garantias de sermos pessoalmente ensinados por Ele. "E a unção que vós recebestes dele fica em vós; e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas e é verdadeira...", 1João 2:27. Também existem pessoas desapontadas (com razão) com seus líderes, instituições ou igrejas. Mas, nem isso nos deve privar de sermos ovelhas que ouvem seu pastor. Ninguém pode medir a importância de alcançarmos este tipo de relacionamento com Deus onde tudo nos é ensinado e dado pessoalmente. Contudo, poucos alcançam aquilo que é para qualquer um.

  96. "Fiz calar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada para com sua mãe, tal é a minha alma para comigo", Sal.131:2. Existem muitas coisas a ter em conta neste texto. Existem aquelas pessoas que se asseguram a elas mesmas contra os testemunhos de Deus em seu interior; existem os que são assegurados por Deus e convencidos por Ele e fazem sua alma sossegar sem esforço; e existem aqueles que são convencidos e assegurados por Deus, mas, precisam de fazer com que sua alma sossegue na verdade, precisando dum esforço pessoal extra para entrar no descanso que existe para os verdadeiros filhos de Deus (Heb.4:9). Se, por alguma razão, não entramos nesse descanso, a porta para a desobediência fica permanentemente aberta. "Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência", Heb.4:11. Os que se asseguram a elas mesmas por conta própria - ou mesmo contra os testemunhos de Deus em seu interior - não querem deixar seus pecados e muito menos admitir que precisam corrigir seus caminhos; os que são assegurados por Deus e convencidos por Ele e fazem sua alma sossegar sem esforço têm uma comunhão com Deus na proporção prometida; aqueles que são convencidos e assegurados por Deus, mas, precisam de fazer com que sua alma sossegue na verdade ainda não associaram plenamente seu coração com a verdade em total conformidade a Deus e aos rios de água viva na proporção desejada em plena união com essa promessa. Contudo, podem existir outras razões, como ter traumas ou haver falhado em tempos de pobreza espiritual e carregam essas dívidas com eles após haverem alcançado aquela realidade prática da verdade. Não é bom que um ex-escravo olhe para as marcas que a escravatura lhe deixaram na pele sendo clara a realidade duma libertação verdadeira e prática.

  97. "Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos", Sal.119:1,2. A pergunta que se coloca é muito pertinente: as pessoas são bem-aventuradas porque trilham esses caminhos de Deus, ou trilham os caminhos por serem bem-aventuradas? Ou ambas as coisas? A pergunta fica no ar. Contudo, é de realçar que aqui fala dos que "O buscam de todo coração". Certamente que, achando-o cumprirão pela capacitação da graça, pelo poder da graça que nos chega pela comunhão viva com Deus e pela providência de Deus em forma dos caminhos que podemos seguir. "Tomara que os meus caminhos sejam dirigidos de maneira a poder eu observar os teus estatutos", Sal.119:5. Aqueles que O acham tornam-se bem-aventurados. Mas, todos quantos conhecem e meditam nos mandamentos e não têm um verdadeiro relacionamento com Deus (se não o acharam) ainda que sendo sinceros de coração e objetivos em seus pensamentos e conclusões a respeito disso, ficarão confusos e atormentados por pensamentos vários. "Então, não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos", Sal.119:5,6. Apenas conhecendo-o de verdade estarão seguros e serão assegurados. Esses são os bem-aventurados, pois, foi-lhes ensinado como observar - através de Deus. "...Ensinando-os a observar (como observar)...", Mat.28:20. Há que aprender a juntar com Ele para não sermos achados a espalhar.

  98. "O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam (...) É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem", Sal.118:8,9. Quando alguém nos ajuda, apoia ou suporta temos sempre aquela tendência de nos reclinarmos nessas pessoas, confiando nelas por aquilo que nos fazem e por aquilo que passam a significar para nós. Mas, segundo este Salmista, é o Senhor quem está entre essas pessoas operando nelas a nosso favor e a favor d'Ele. Logo, é melhor confiar no Senhor que está entre aqueles que nos ajudam sendo que é Deus operando neles para esse fim. Ao começarmos a confiar no braço dos homens que nos ajudam, deixamos de lado a confiança em Deus que opera neles e retiramos a Sua glória para a dar a estranhos.

  99. "Então, naqueles dias, jejuarão", Luc.5:35. Orar é um dever. Orar da maneira certa é o maior dever e único que obtém respostas. A resposta é o alvo de qualquer oração. Contudo, existe um bem maior ao orarmos sem desistir, isto é, sem cessar. Esse bem maior é a comunhão verdadeira, real e não fingida que alcançamos com Jesus. Não falamos aqui duma comunhão unilateral onde somente se ora. Falamos dum tipo de oração bilateral onde Deus também intervém em nosso íntimo além de poder responder categoricamente. É nesse sentido que Jesus fala do "vinho novo" na oração. E esse tipo de oração requer um "odre novo", senão, será desperdiçado todo o vinho e o esforço. Mas, estando com Jesus num processo de transformação e de criação ou recriação do odre novo poderemos negligenciar a oração por nos sentirmos confortados e assegurados. Mas, um odre novo cheio de vinho novo tem a capacidade de abrir as portas do céu e fazer cair chuvas de bênção ao seu redor. Nesses dias devemos e podemos orar e jejuar guiados e assistidos pelo Espírito Santo em nossas fraquezas. Essas fraquezas podem ser a falta de fé sincera e não-fingida; podem ser lembranças de falhanços antigos no passado; podem ser desapontamentos quando ainda nos mantínhamos pelo vinho velho e não gostávamos do vinho novo; podem ser sentimentos de culpa por rejeitarmos anteriormente o vinho novo do qual não gostávamos. Em todas essas fraquezas Deus nos assistirá orando em Sua vontade e por essa vontade. Muitos não oram porque dizem: "Como é a vontade de Deus, não é necessário orar". E não oram. Mas, é precisamente nessas circunstâncias que devem orar, pois, sabendo que é a vontade de Deus gera maior confiança segura, um tipo de segurança e de certeza que não é falsa.

  100. "Orando, não useis de vãs repetições", Mat.6:7. As repetições podem ser enquanto oramos ou podem ser aquelas repetições porque oramos sempre sobre as mesmas coisas, isto é, não repetimos como rezas, mas, oramos sobre o mesmo assunto todos os dias ou todas as semanas ainda que seja só uma vez por semana ou uma vez por dia. A repetição em si pode não ser má, pois, Jesus mesmo falou que devemos orar sem desistir. Mas, orar sem cessar, isto é, orar sem desistir, não é repetir e é, antes, insistir. A pessoa que insiste tem verdadeira noção de quando ainda não foi atendido, ao contrário dos que repetem por acreditarem que devem orar como ritual e não para serem atendidos. E todos quantos obtêm noção de não haverem sido atendidos, também saberão quando Deus responde. É precisamente isso que João nos quer transmitir ao afirmar que "sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos", 1João 5:15. Aquilo que Jesus deseja transmitir é para não nos entregarmos presunçosamente a alguma repetição que seja vã. Repetições vãs nunca andam afastadas de pessoas presunçosas. O pão de cada dia de qualquer crente presunçoso são as repetições vãs. Devemos entender que a ênfase está na palavra "vãs" e não nas repetições em si. Existem "repetições" que não são vãs. Existem repetições que não são repetições. Da mesma maneira, também existem orações que são feitas somente uma vez, mas, em vão. Precisamos descobrir o que torna qualquer oração vã. Deus não é surdo que não possa ouvir e atender no imediato, Is.59:1,2; 65;24. Quando não há resposta(s) válidas devemos equacionar a possibilidade de haver algo a impedir a oração, ou de haver algo de errado na própria oração, ou na pessoa que ora. Não é normal que Deus não atenda ou não ouça mesmo porque Jesus afirmou categoricamente que "tudo que pedirdes, vos será feito". Se isso não acontece assim, algo está errado - muito errado - e não é com Deus que está o erro.

  101. "Não andeis, pois, inquietos", Mat.6:31. Outra palavra mal entendida, muito mal interpretada e mal aplicada na vida prática. Andar inquieto não é apenas estar mais ansioso que o normal, seja ansioso em expectativa ou em preocupação. Estar preocupado ou expectante é ser ansioso, seja em que circunstância for. Mas, ser inquieto significa pensar mais do que se deve em algo, remoer no que não é celestial, afastar nossa consciência e presença interior da real comunhão com Deus - desde que essa comunhão tenha como ser real e não apenas unilateral. Inquietude significa pensar demais em uma só coisa ou relacionado com essa coisa. Sabemos, também, que aquele que pensa em demasia em algo que o preocupa faz pouco mais a respeito disso do que pensar. Pensa muito e faz pouco. A inquietude incapacita em muitos aspectos e quando não incapacita faz com que o inquieto se precipite por algum caminho de fuga. Muitas vezes, tenta cumprir por Deus e ainda louva a Deus por isso. E, agindo assim, para além de incapacitar, previne, adia ou cancela a própria intervenção de Deus. A inquietação é um poço de lama movediça que chama pela precipitação ou pela estagnação. Todo aquele que se precipita abandona Deus ainda que creia estar a fazer algo em nome de Deus, orando e clamando para ser guiado por caminhos paralelos e longe do verdadeiro Caminho que é Cristo em pessoa. "Aquele que crê não se apresse", Is.28:16. Lembremo-nos que o Caminho é uma pessoa e não uma luz para iluminar nos caminhos paralelos ou desviados. Deus não guia desviados. E os desviados não são somente aqueles que se desviam para o pecado. São, também, todos aqueles que, crendo, se deviam por caminhos que parecem direitos.

  102. "...Vosso Pai celestial vos perdoará (as vossas ofensas)", Mat.6:14. A palavra "ofensa" é aplicada aqui com um sentido muito vasto. No original, significa um desvio, um erro não intencional, uma transgressão, um pecado. A maioria das pessoas distingue entre erros/transgressões intencionais e aqueles que não são intencionais. Mas, biblicamente, não existe diferença entre pecado intencional ou não intencional. Deixem-me explicar. Se eu me atirar para um precipício intencionalmente sofrerei as consequências da queda. Mas, se eu não estiver consciente do precipício e cair nele inadvertidamente, será que não sofrerei danos da queda? O erro intencional operado por teimosia, ou por desejo descabido, tem sua origem num afastamento de Deus propositado ou consciente. Mas, quem erra sem intenção de errar, isto é, querendo fazer uma coisa, mas, faz outra, também tem ou mantém essa conduta de afastamento de Deus sem que consiga os meios e as transformações que chamem pelo poder e ações da graça. É Deus quem opera o querer e o fazer. No primeiro caso, a pessoa em questão alojou-se no pecado e não tem qualquer intenção sair de lá ainda que tente evitar as consequências desse afastamento de Deus para gozar o pecado. No segundo caso, a pessoa também reside afastada de Deus num mundo da carne, de certo modo contra vontade, mas, também não querendo fazer aquilo que lhe compete para restaurar plenamente sua relação e vida com Deus. Logo, peca "sem intenção" porque quer viver afastado de Deus servindo um deus de sua própria cabeça. Não quer nem uma e nem a outra coisa, isto é, não quer pecar, mas, também não tem como usar os meios de Deus para se poder afastar do pecado porque vive pelos próprios meios. Imaginem um peixe fora de água. Fora de seu ambiente não consegue nadar, não tem como comer e correr atrás de comida e fica ressequido. Assim acontece com os crentes fora de real e verdadeira comunhão numa presença de Deus que seja real e que não seja presunção. Mas, a razão principal é o fato de estar fora de seu ambiente que nos é providenciado pelo ato da criação. Não pode desejar ser normal fora da água da vida. Assim acontece com todas as criaturas que não querem ficar ressequidas e não desejam passar a fome consequente de qualquer transgressão distantes de Deus e duma comunhão real com Ele.

  103. "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje", Mat.6:11. Este é um versículo com muitas verdades contidas nele - com muitas coisas importantes para levar a sério. 1."O pão": pão é o pão celestial que não é feito de trigo, mas, de verdade revelada, manifestada e prática. "Vendo, pois, o seu senhor que o Senhor estava com ele e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em sua mão", Gen.39:3. Isso é o quão manifesta se torna a vida e a bênção de Deus sobre ela! E para ser prática, precisa tornar-se em algo que se pratica de forma espontânea, natural e como se, a partir de certo momento, nunca tivéssemos vivido doutra maneira ou como se nunca tivéssemos experimentado algo diferente. O praticar da verdade tem muito que se lhe diga. Precisa tornar-se algo nosso, que seja vivido, experimentado e praticado espontaneamente. Isso é o que os profetas queriam dizer ao escrever para desaprendermos o mal e praticar o bem. "Sede meninos na malícia e adultos no entendimento", 1Cor.14:20. Existem muitas coisas para dizer a respeito da prática da verdade ou da sua praticabilidade. "Se (...) temos comunhão com Ele (...) praticamos a verdade", 1John 1:6. Isso implica várias coisas. Precisamos ter um coração igual ao mandamento, isto é, que acha seu deleite e prazer no mandamento, experimentando-o na primeira pessoa. "Folgo com a tua palavra, como aquele que acha um grande tesouro (despojo)", Ps.119:162. Precisamos tornar-nos o próprio mandamento (Jer.31:30-34). Mas, também precisamos aprender a conviver com, a usar e a obter o poder da graça diariamente porque, quando algo se torna espontâneo, torna-se imperceptível à nossa consciência, isto é, dificilmente nos apercebemos daquilo que somos ou precisamos sendo viventes espontâneos e naturais. E, sendo assim, podemos negligenciar o fato de termos de pedir para cada dia. 2."O pão nosso": devemos entender claramente que esse pão é para nós e não para distribuir sem que se haja tornado uma coisa pessoal e nossa. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos", 2Tim.2:6. Nós distribuímos vida e não conhecimento. Ensinamos a achar e não a entender. Ensinamos como cumprir e não incentivamos a saber quais os mandamentos. Explicamos como alcançar e o que alcançar porque já alcançamos e já se tornou nosso. "Vem e vê". é por essa razão que o Evangelho é um caminho e não um fim ou um mandamento. Nós somos o fim do mandamento, tornamo-nos o pão que será repartido e multiplicado e não as nossas palavras. É a nossa vida que deve ser quebrada aos pedacinhos e distribuída. 3."Pão de cada dia": no dia de hoje precisamos do pão para hoje. Não podemos recolher o maná para usar amanhã vivendo com o medo desse dia porque, quando o amanhã chegar, o pão já não nos servirá e estará completamente apodrecido. Já entendeu por que razões as vidas de algumas pessoas nunca dão certo, andando desconectadas da realidade e estando descontextualizadas da realidade e da verdade prática de cada dia? É porque recolhem o pão para usar no dia de amanhã com medo daquilo que esse dia possa trazer. Amanhã será hoje no seu devido tempo e não agora. Posso ter planos dados por Deus, objetivos celestiais, mas, vivendo e experimentando apenas o dia de hoje. "Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele", Ps.118:24. Se o dia de hoje for um buraco porque estou dando mais atenção aos dias que ainda não chegaram, se o agora for um falhanço, todo o dia de amanhã também estará comprometido porque nada impede que tenha, amanhã, o mesmo costume de antecipação que tenho hoje.

  104. "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve", Mal.3:18. Isto significa que existem pessoas com muitas atividades dentro do templo que não servem ao Senhor, mas, a si próprios, à carne ou a outros; significa, também, que existem pessoas que, realmente, servem - ou tentam servir - o Senhor. Mas, também significa que existem pessoas que servem ao Senhor fora do templo em afazeres do dia-a-dia e que parece estarem a servir a eles mesmos e não estão; também existem os que se esforçam para doar e fazer servindo-se a eles mesmos.

  105. "Dizeis: a mesa do Senhor é desprezível", Mal.1:7. Não sei por que razão os Israelitas diziam isso. Mas, creio que algum dia entenderei. Hoje, não se ouve mais os crentes afirmarem que a mesa do Senhor é desprezível. Pelo contrário, todos quantos se consideram crentes - ou muito crentes - entraram numa onda de louvores sem limites, a ponto de desprezarem a própria pregação da Palavra em seus cultos. É porque alimentam-se de doutrinas e de comidas que não deveriam ser servidas em cultos. Já sei, já entendi. Quando a comida é boa, os crentes de hoje ignoram-na silenciosamente como desprezível porque não vai de encontro aos seus interesses e expectativas. Mas, se a comida for realmente desprezível numa mesa que não sabemos se ainda é do Senhor, todos vivem afirmando que a comida é boa.

  106. "...Não duvidando (...) O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos", Tgo.1:6,8. A fé que salva verdadeiramente é fruto duma comunhão com Deus. Ela depende integralmente da presença e da pessoa de Deus que nos assegura. Deus é constante, poderoso, fiel e basta conhecê-lo como Ele é, experimentando-o profundamente desde nosso interior, para estarmos seguros e para nos sentirmos como tal. Mas, quando a pessoa não tem esta comunhão; ou quando essa comunhão é inconstante com altos e baixos (algo que cria e sustenta a dúvida); ou quando se encontra separado de Deus por causa de alguma transgressão que não foi devidamente confessada ou restituída a quem de direito; quando algo assim acontece, vai depender mais daquilo que vê, vai olhar para as circunstâncias e terá um coração dividido entre Deus e o mundo e, consequentemente, duplicado. Começará a confiar por via dum poder carnal (algo que é idolatria) e tornar-se-á inconstante em todos os caminhos. Ser inconstante deve-se, maioritariamente, ao fato de não estarmos bem com Deus e não às dificuldades, circunstâncias ou apelos da carne e dos perigos. Tais pessoas separadas da comunhão real com Deus serão sempre inconstantes, seja nas dificuldades ou mesmo na abundância. Na abundância não serão fiéis a Deus e nas dificuldades olharão para aquilo que os rodeia.

  107. "Tenho grandes zelos de Sião e com grande indignação tenho zelos dela", Zac.8:2. Zelo é sinónimo de amor e dedicação. É estanho que Deus junte indignação com amor, isto é, ter grande zelo com indignação; mas, isso é estranho apenas para os que têm uma visão errada do que é o verdadeiro amor pela glória de Deus.

  108. Podemos estar sem luz porque não queremos ver aquilo que nos revela.

  109. "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus", (Rom.8:14). Sermos guiados por Deus é a única e verdadeira certeza de que estamos em bons termos com Deus. E Deus guia de várias maneiras, tanto de várias maneiras em conjunto como separadamente. Uma das maneiras é uma pessoa que já é, finalmente, ovelha poder ouvir a Sua voz. Somente ovelha é capaz de ouvir claramente. O homem na Cruz ao lado de Jesus ouviu a Sua voz após tornar-se ovelha. Essa voz não é apenas audível pelos ouvidos, mas, pelo coração que corresponde àquilo que foi dito. Muitos não ouvem essa voz porque não são ovelhas, embora afirmem o contrário. Repito que Deus pode guiar de muitas e variadas maneiras. Mas, ouvir a Sua voz é uma delas para todos aqueles que são capazes de fazer pleno uso do poder e das capacidades outorgados pela graça de forma exclusiva. Aquele que não ouve porque - por alguma razão - deixou de ter uma comunhão bilateral e real com o verdadeiro Deus, seguirá seu caminho de crente unilateralmente iludido por caminhos que parecem direitos à primeira vista. Procurarão conselhos e conselheiros revelando uma aparência de humildade enquanto as evidencias persistem em condenar seus corações falidos e sem luz. "Se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração que conhece todas as coisas", 1João 3:20. Quando alguém nos vem pedir um conselho porque não consegue ouvir de Deus, o melhor que se pode fazer é mostrar, incentivar e criar as circunstâncias para que tal pessoa se torne ovelha e possa ouvir de Deus conforme foi prometido ao invés de lhe responder a respeito daquilo que deseja ouvir. Ovelha ouve Deus, ovelha ouve de Deus. E Deus ouve quem se tornou ovelha. Essa é a verdade - essa é a promessa. "Os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra", Is.30:21.

  110. "Não ouvistes vós as palavras que o Senhor pregou pelo ministério dos profetas precedentes, quando Jerusalém estava habitada e quieta?" Zac.7:7. Quando tudo está bem, sempre que tudo decorre calmamente e a gosto, as pessoas envolvem-se tanto nos seus gostos e prazeres do dia-a-dia e no normal decorrer de suas vidas que dificilmente ouvem a voz de Deus ou prestam atenção inteligente/diligente e crente ao que lhes é dito ou revelado acerca de algo que possa tornar-se diferente de suas expectativas ou que seja diferente do seu dia-a-dia. Isso também pode ocorrer sempre que estamos demasiada e egoisticamente envolvidos em qualquer tipo de vida, seja ela quieta ou não, seja ela fácil ou difícil, pois, existem muitos tipos espinhos numa vida que sufocam qualquer palavra - até a palavra dum amigo. Mas, isso não significa que o único tipo de espinhos que existe sejam os problemas e os cuidados deste mundo. Existem cuidados do mundo que são prazerosos e não são considerados problemas, ainda que sejam um problema para a eternidade da qual ninguém toma real consciência. "Casei e não posso vir; comprei uma junta de bois (um carro) e vou experimentar", Luc.14:20. Casar é algo grande grandioso para o ser humano, mas, segundo Jesus pode ser um espinho que sufoca a semente da palavra. A quietude no mundo ou o prazer nele também não permite ouvir atentamente e sufoca a boa palavra. E quando algo acontece sobre o qual Deus estaria avisando anteriormente (e não se prestou atenção), as pessoas são apanhadas desprevenidas e começam a duvidar ou mesmo a culpar Deus. E quando duvidam, mudam seu curso de vida, mudam seus planos, estratégias, mas, não para se entenderem com Deus; e alguns ainda atribuem essas mudanças a Deus que nunca muda. Nem sempre é bom entremetermo-nos nos detalhes das vidas das pessoas que mudam de planos constantemente porque elas querem desesperadamente seguir seu curso de vida a qualquer custo para evitarem a dúvida querendo incluir Deus nesses planos para garantirem suas teimosias; e qualquer aviso lhes soará a negatividade. "Não te entremetas com os que buscam mudanças", Prov.24:21. Isso são alguns dos sintomas de quem quer incluir Deus em seus próprios planos. Assim sendo, ficam sem saber se algo vem de Deus ou se acontece conforme aquilo que Deus dizia ou disse. Na verdade, as pessoas envolvidas em mudanças de plano contínuas acabam ficando sem o seu norte e começam a acreditar que algo de anormal lhes está acontecendo, vindo mesmo a duvidar de Deus num caminho desviado ao invés de duvidarem do caminho/rumo que seguem determinadamente. Deus ajuda desviados a acharem o caminho, mas, não ajuda a desviarem-se ainda mais. Por essa razão se mantém calado. Quando Deus não colabora nos caminhos que parecem direitos, os tais persistem em seguir adiante por falta de alternativas à sua maneira de ser, alternativas essas que buscam para se enquadrarem em sua forma de agir e de pensar. A culpa de tudo isso é a falta de atenção inteligente e crente a tudo aquilo que Deus diz quando as pessoas acham que têm algo melhor para acreditar, para fazer do que estar a ouvir atentamente e crer em algo que as contraria. Também pode acontecer que, caso prestassem alguma atenção, diriam que ouvem algo negativo que não encaixa nas suas perspetivas. Existem muitas e variadas razões para não se prestar atenção inteligente, consciente e diligente sobre as quais não irei falar aqui. Mas, quando isso acontece, não saberão que as palavras anteriormente dirigidas vinham do Senhor abrindo caminho para serias dúvidas durante a caminhada desviada causada com origem em alguma forma de desobediência anterior. "Sabereis que o Senhor dos Exércitos me tem enviado a vós; e isso (saber que Deus enviou) acontecerá, se ouvirdes muito atentos a voz do Senhor, vosso Deus", Zac.6:15. "Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus", João 7:37. Se não se ouvir atentamente, não se saberá que foi Deus quem enviou. Ouvir atentamente também significa crer que uma palavra que contraria é uma boa palavra - uma palavra bastante positiva, pois, somos corrigidos e não abandonados aos nossos próprios caminhos como acontece aos bastardos que não são filhos (Heb12:8). Deus guia e atende, mas, cala-se quando lhe é pedido para guiar por rumos/caminhos paralelos, parecidos, desviados ou com sérias semelhanças aos caminhos de Deus. "Não é, acaso, porque Me calo; e isso desde muito tempo; e não me temes?" Is.57:11. E sempre que Deus se cala devemos ter em mente que pode ser um sinal sério de aviso para voltarmos lá onde caímos. Somente os que são guiados por Deus podem considerar-se Seus filhos (Rom.8:14). E quando Deus não fala, não vale a pena pedir opinião a um homem de Deus tentando-o para pecar aconselhando contra Deus; e se esse homem de Deus falar como deve, será sempre com uma palavra "negativa" que, em sua essência, é extremamente positiva e necessária.

  111. "Sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé; sede sóbrios", 1Tes.5:8; 1Ped.4:7; 5:8. Ser sóbrio é mantermos a capacidade de pensarmos e raciocinarmos de forma perfeita e lógica. Existem muitas maneiras de deixarmos de ser sóbrios e não estamos falando somente em relação à embriaguez. Quando confiamos em Deus mediante as coisas que nos acontecem ou não acontecem, podemos ficar temporariamente ou mesmo permanentemente petrificados na fé, presos em tristeza, desapontamento, distrações, pensamentos e tentações de desistir ou mesmo de fazer chantagem com Deus ou homens. Isso também é deixar de ser sóbrio, claro e confiante na pessoa que Jesus é porque andamos distraídos com os desejos que esta vida proporciona e cria, com seus desapontamentos ou alegrias.

  112. A confiançaem Deus pode ser propulsionada e inflamada pela força da carne e pelos motivos da carne; ou pode ser aquela que salva e que é assegurada pela pessoa que Deus é e não daquilo que a vista ou as circunstâncias mostram, exigem ou propõem. "Maior é o que está em nós". Por norma, os sonhos da carne, os desejos desta vida e em seus valores, criam um tipo de esperança e de confiança que deseja incluir Deus em seus próprios planos e desejos, sejam esses desejos escondidos ou óbvios. Na verdade, desejam iludir Deus porque se iludem a si mesmos. Tratam Deus da mesma forma que se lidaria com pessoas, agradando Deus da forma que se agrada pessoas. "Fareis aceitação da Sua pessoa? Contendereis por Deus? Certamente, vos repreenderá, se em oculto fizerdes distinção de pessoas", Jó 13:8, 10. Quando Deus recusa ou atrapalha os planos da confiança carnal, qualquer crente começa a vacilar, a duvidar e a entender mal os caminhos de Deus. Quando se confia em Deus, em Seu carácter verdadeiro não nos abalamos com nada que possa acontecer em sentido aparentemente contrário à nossa vida diária. "Se alguém vier a Mim e não aborrecer (...) a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo", Lc.14:26.

  113. Qualquer tipo de semelhança obriga a viver de aparência e do fingimento. É possível criar uma semelhança para tudo que existe no céu ou na terra. Existem semelhanças de amor, de paciência, de Deus, do diabo, de confiança, de prosperidade, de pobreza e de tantas outras coisas que não é possível enumerar aqui. Mas, a diferença é que quem pratica qualquer tipo de semelhança nunca tem seu coração profunda e sinceramente envolvido naquilo que faz ou pratica. Logo, toda a sua vida prática é um esforço do fingimento e da emoção do momento. Não existe semelhança que consiga fazer alguém viver da realidade e da verdade, pois, a semelhança não tem vida em si mesma, não obtém essa vida, não obtém a bênção de Deus, não tem alicerces fundamentados e é impraticável em sua essência. Por essa razão é que o Evangelho é a verdade ou que a verdade é o Evangelho. "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", João 8:32.

  114. "E dei-lhe tempo para que se arrependesse...", Ap.2:21. Por vezes, a única coisa que Deus dá para que se arrependam, é tempo. Muitos esperam uma emoção especial ou forte para sentirem que são chamados ao arrependimento. Ignoram que, muitas vezes, só lhes é dado tempo e a oportunidade para se arrependerem e nada mais que isso. Quando as Escrituras dizem que Deus dá o arrependimento (2Tim.2:25), o tempo que dá faz parte dessa dádiva e é a coisa principal que Deus dá para que o arrependimento se torne possível. Quanto mais sóbrio, decidido e quanto menos emotivo for qualquer tipo de arrependimento, tanto mais eficaz e tanto mais duradouro será.

  115. "Não entristeçais (extingais) o Espírito Santo", 1Tes.5:19. Extinguir ou entristecer o Espírito de Deus é a mesma coisa. Os seus resultados serão idênticos. Contudo, é de notar que, aquilo que as pessoas acreditam, é diferente da forma como ocorre e têm consequências diferentes daquilo que possam imaginar. Existem muitas coisas que extinguem o Espírito de Deus de nossas vidas. Mas, nem sempre as pessoas apercebem-se disso quando acontece. Sansão não sentiu nada diferente quando o poder de Deus o abandonou. Agiu como se ainda tudo estivesse na mesma. Só nos apercebemos de haver entristecido ou extinguido o Espírito pelos frutos de tudo aquilo que fazemos, dizemos ou pensamos. Qualquer um via que Deus abençoava tudo que José fazia; mas, se ele entristecesse o Espírito todos também aperceberiam pelos frutos que deixara de obter ou produzir. Sempre que entristecemos o Espírito de Deus, nada resultará mais em bênção, ainda que oremos incessantemente, jejuemos e roguemos sem parar. Precisamos voltar lá onde nos separamos de Deus, lá onde caímos inicialmente. "Lembra-te, pois, onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras (de arrependimento)", Ap.2:5. Mas, o coração do homem é enganoso e encontrará sempre alguma forma de enganar até ao próprio. E quando se entristece o Espírito e não voltamos aonde caímos para regularizar (ou restabelecer) o nosso relacionamento com Deus, começaremos a viver de aparência ou a insistir nessa falsidade de vida. De seguida, criamos discípulos iguais, os quais aprendem a viver na/da aparência crendo que isso é ser crente e que não existe nada mais além disso. Para os tais, tornar-se crente é mudar de ideias e não de coração e de vida prática consequente. E é isso que extingue ou entristece o Espírito grandemente a ponto de ninguém mais experimentar aquilo que os apóstolos experimentaram e da maneira que experimentaram. Já se perguntou por que razão as coisas já não são como eram e por que razão não existem avivamentos genuínos? É porque Deus está profundamente entristecido (ou será revoltado?) com todas as semelhanças de crentes e, também, semelhanças de igrejas. Muitas semelhanças são criadas diariamente. Centenas de missionários percorrem o mundo de lés a lés criando falsos crentes que injuriam grandemente o verdadeiro testemunho do Evangelho. Já ouvi muitas pessoas do mundo dizer algo assim: "Se isso é ser crente, prefiro ficar como estou".

  116. "...do diabo, em cuja vontade estão presos", 2Tim.2:26. Nem sei bem como explicar isto, mas, vou tentar. O diabo tem uma vontade. Sua vontade é pecar e satisfazer qualquer forma de egoísmo porque odeia Deus e tudo que Lhe está associado. O egoísmo é o oposto do amor,  o inverso do amor de Deus. Quando se diz que as pessoas estão presas na vontade do diabo, significa que estão presas no mesmo tipo de vontade de pecar e não propriamente que estão no pecado porque o diabo assim quer e que tem poder para as manter sob sua alçada. Na verdade, o que este versículo quer dizer é que as pessoas se encontram presas num tipo de vontade igual à do diabo, o qual é egoísta e pecaminoso. Estão presos na vontade de pecar como o diabo está nessa mesma situação. Este versículo significa, na parte prática, que as pessoas estão presas numa vontade similar à do diabo com pretensões de pecar e de transgredir para proveito próprio, satisfazendo o egoísmo.

  117. A história verídica de Sansão e Dalila, aos olhos do mundo, mais parece uma história de ficção igual àquelas que as crianças costumam ver para entretenimento. Mas, é verídica e cheia de significado. Retrata fielmente o que acontece quando Deus não está mais conosco. Juntar sem Deus é espalhar, disse Jesus. Os meios da graça, o seu poder são o cerne da questão para todos quantos empreendem a vontade de Deus, pois, ela deve ser feita da maneira que é feita no céu (e pelos mesmos motivos) e nunca doutra maneira.

  118. "É necessário (...) que sejam de uma só palavra...", 1Tim.3:8. Deus tem uma só palavra sempre que fala. Se nos indicou, guiou, mostrou, revelou, ensinou e aplicou precisamos não somente manter essa palavra, mas, precisamos de nos manter a nós mesmos nela por via da limpeza de coração. A nossa palavra pode mudar? Pode e deve sempre que fomos induzidos em erro, sempre que fomos iludidos e sempre que o nosso coração nos enganou. Conseguirmos nos corrigir é uma virtude salvadora e louvável. Ninguém deve camuflar o fato de se estar a corrigir, pois, esse é o maior testemunho de vida prática que pode dar. Muitos dizem que isso é dar o braço a torcer, mas, na verdade, é endireitar o braço útil para não permanecer inutilizado.

  119. "Moisés, tornando-se ao Senhor, disse: Ó Senhor, por que afligiste este povo? Por que me enviaste? Pois, desde que me apresentei a Faraó, para falar-lhe em teu nome, ele tem maltratado este povo; e tu, de nenhuma sorte, livraste o teu povo", Êx.5:22,23. Por norma, quando Deus diz uma coisa queremos que aconteça logo. Na verdade, ficamos sempre com a sensação de que vai acontecer de imediato. Se não acontece, duvidamos de tudo e mais alguma coisa. Os sonhos de José não aconteceram de imediato; Davi não se tornou rei no dia seguinte à unção de Samuel; o Messias não chegou no dia que os profetas profetizaram a seu respeito. E eis aqui Moisés reclamando porque Deus não havia libertado o povo nos primeiros dias de sua chegada ao Egito. Nunca devemos esquecer que mil anos para Deus é como um dia. Contudo, existem raras ocasiões onde aquilo que é dito ou revelado acontece no momento desde que a fé esteja prontificada e à altura do acontecimento (ou do mandamento). Foi assim com o coxo ao qual Pedro estendeu a mão para levantá-lo. Logo, um dia também pode ser como mil anos para Deus. "Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos, como um dia", 2Ped.3:8. Eu creio que toda a pessoa que não é capaz de conceber o fato de ter de esperar no Senhor, é a mesma pessoa que não tem a capacidade de executar a obra no momento que Deus manda executar. São uma e a mesma pessoa, é o mesmo descrente que é capaz de duvidar em ambas as situações.

  120. "E o povo creu; e, tendo ouvido que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e lhes vira a aflição, inclinaram-se e o adoraram", Ex.4:31. É muito fácil adorar Deus quando  nos livra da aflição em que estamos. Mas, é outra coisa adorá-Lo por Ele, pela pessoa que é, seja na riqueza ou na pobreza, na tristeza ou na alegria. Não nos esqueçamos que Paulo diz para nos alegrarmos no Senhor e não por causa do Senhor. Vemos que as pessoas que "conhecem" Deus somente nas bênçãos e o adoram por essa razão, isto é, aqueles que se deslumbram, são os que reclamam e estagnam nos percalços do caminho. São esses os primeiros a reclamar e a voltarem-se contra Deus.

  121. "Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu isso de vossas mãos, que viésseis pisar os meus átrios?", Is.1:12.A verdade é que os falsos, os fingidos que se chegam a Deus, mas, não para mudarem a vida interior, entram em vão nos átrios de Deus, isto é, em Sua presença. Mas, os que se limpam e querem ser limpos, transformados, convertidos no coração e que anseiam pelos"dias do céu aqui na terra" necessitam entrar nos átrios de Deus. A esses é exigido que assim o façam. Não é bom que pensem que podem viver longe dos Seus átrios só porque se limparam e se tornaram justos desde o coração, isto é, só porque foram justificados. Seria o mesmo que pensar que uma planta, depois de crescer, pode ser retirada da terra, que uma criança pode sobreviver sem comer apenas porque já cresceu. Aos fingidos é exigido que não se aproximem e aos santos que não saiam de Seus átrios nem por um momento. Esses átrios não são a igreja, mas, a verdadeira, real e inegável presença de Deus, seja onde for. "Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar se não permanecerdes em Mim", João 15:4.

  122. "Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia", João 10:6. Jesus falava aqui da relação entre ovelha e pastor - algo muito fácil de entender e assimilar. Contudo, é muito estranho que, em muitas situações onde Jesus se expressava através de coisas normais e quotidianas, as pessoas não o entendiam. Isto significa que as pessoas notavam de imediato que Ele estava falando de algo que nunca haviam experimentado e não da vida quotidiana que era familiar a todos. Percebiam logo que as Suas palavras tinham outra dimensão e outra intenção que não aquilo que poderiam entender através dos exemplos e de parábolas.

  123. "As as palavras que eu vos disse são espírito e vida", João 6:63. Tudo se resume a Vida e esta sem altos e baixos, isto é, vida eterna e constante. Existem dois problemas com aquilo que muitos chamam de comunhão com Deus. As pessoas sempre tiveram tendências para serem religiosas. Ora, se me dedico ao estudo da Bíblia e a Palavra não se torna vida, se não é vida, serei mais um religioso sem Deus. É preciso saber que a Palavra - cada Palavra - é vida. Não é estudo, não pode ser conhecimento, mas, vida e esta eterna (sem altos e baixos), constante e permanente.

  124. Tudo que Satanás faz é impulsionado, começado e terminado através do ódio e rancor que sente de Deus. Suas atitudes são conscientes, obsessivas, meticulosas e inspiradas pelo ódio e egoísmo extremado. Esse ódio faz com que seus piores temores fiquem cegos e ignorados. Na verdade, esses temores de destruição e condenação impulsionam-no ainda mais e fazem que seu ódio se multiplique e se amplifique em minuciosidade e detalhes ainda mais macabros. Ele é conscientemente contrário a Deus e quer que, no mínimo, as pessoas não se tornem amor. Ele é um tipo de ser errado, mas, não equivocado. Nós também nos podemos tornar em seres equivocados. Se o diabo não fizer pessoas desapontadas em Deus a ponto de odiarem seu Criador, basta que se tornem indiferentes a Ele.

  125. "Tudo o que não é de fé é pecado", Rom.14:23. Se tivermos em conta que a palavra "graça" significa "poder ativo" ou "influência divina no coração que se reflete na vida prática", este versículo é uma verdade incontornável. Se não juntarmos com Ele, estamos a espalhar - ainda que haja um juntar autónomo da nossa parte. Sendo que é pelo poder da graça e através da afluência de Deus que qualquer bom fruto é produzido, devemos ser bem próximos de Deus para darmos todos os nossos passos com Ele, através d'Ele e para Ele. E se isto tudo é verdade, devemos levar em conta o outro lado da questão. É sabido que qualquer homem que anda somente quando é autónomo, não saberá andar, executar e caminhar por via do poder da graça. Logo, quando Deus intervém e ficamos estagnados ao invés de dar o passo duma verdadeira fé, também pecamos.

  126. "Os caminhos de Sião estão de luto", Lam.1:4. Podemos expressar este mesmo pesar nos dias de hoje. As igrejas estão falsificadas, os evangelhos são falsos, as mentiras e os escândalos abundam e as ovelhas andam perdidas pelos montes sem haver quem as busque. Existe maior ou mais sentido luto que este?

  127. Um mentiroso ou enganador pregando a pura verdade torna-se um mentiroso ainda melhor. A arma mais forte do diabo é ter um mentiroso pregando a verdade ou um verdadeiro de coração crendo ou pregando uma mentira. O sincero de coração pregando a mentira ou crendo nela não o torna mais sincero, mas, o mentiroso pregando a verdade torna-se ainda melhor e mais enganador.

  128. Existe um consenso generalizado sobre o que é a graça de Deus no meio Cristão que não reflete o seu verdadeiro significado. Todos afirmam categoricamente que graça significa "favor imerecido". É verdade que a graça de Deus não nos chega por mérito. Ninguém a merece. Contudo, eu posso afirmar que não mereço o sol do dia-a-dia (e é verdade) e o significado da palavra sol não passa a ser "imerecido" só porque não o mereço. A palavra "sol" significa calor, vida, luz e ainda assim não descreve seu verdadeiro significado sendo que o sol é uma estrela, a estrela central do universo. Não acho que se deva mudar o significado da palavra "sol" para "imerecido" somente porque eu não mereço aquilo que me dá. O mesmo se pode dizer da palavra graça: é um favor imerecido, mas, a palavra graça significa no seu sentido original "influência divina no coração que se reflete na vida prática". Graça é um poder ativo. Não merecemos esse poder ativo, mas, o fato de não merecermos o poder de Pentecostes para efeitos de transformação de vida não nos permite transformar o verdadeiro significado da palavra em "imerecimento". A graça é o poder ativo de Deus em sua manifestação prática; não é alcançada por mérito, mas, não deixa de ser necessário que seja alcançada e achada ainda que por outras vias.

  129. "...Morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com Ele", 1Tes.5:10. É interessante ver as palavras que Paulo usa aqui. Ele usa a palavra "vigiar" como sinónimo de viver - de ainda estar vivo. Isto é o mesmo que dizer, "quer vivamos, quer morramos" vivamos (para sempre) com Ele. Ele usa a palavra "vigiar" no lugar de "viver". Toda a nossa vivência aqui na terra deve ser uma vida de vigília porque, a qualquer momento chega o noivo. Contudo, muitos entendem muito mal a palavra "vigiar". Na maioria das vezes, usam essa palavra e essa prática relacionando-a com os ataques do diabo. Nada está mais longe da verdade. Vigiar é estar atento ao nosso coração e conduta sob tentação ou provação, aguardando o Noivo com azeite suficiente para a espera da noite toda, para sermos achados n'Ele e sem nada nos separando duma verdadeira e real comunhão com Ele. Vencer não é vencer uma tribulação anulando-a, mas, é ser achado em plena comunhão no fim. Se terminar a provação ou tentação e eu já não estiver em plena comunhão com Ele na força do primeiro amor, saí derrotado da provação. Lembremos duma coisa: o diabo não tem poder para sufocar a semente, as perseguições não têm como nos separar da experiência e usufruto de todo  o amor de Deus para sermos amor em conformidade com realidade e a imagem real que enxergamos do Deus vivo. Somente os cuidados deste mundo, o amor pelas suas coisas, o medo do mundo ou da morte nos podem separar duma experiência viva, real e eficaz de Cristo que é a própria Palavra de Deus. Vigiar o nosso coração é o que se chama vigiar: "Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti", Sal.119:11.

  130. "Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado", 1João 1:7. Andar na luz significa sermos transparentes em nossa sinceridade. Colocar na luz significa expor tudo que anda ou andava escondido, encoberto, disfarçado ou ignorado. Havendo colocado tudo na luz, não tendo mais o que esconder, camuflar ou disfarçar, também não teremos mais do que nos envergonhar. Logo, podemos estar completamente à-vontade sendo integralmente transparentes. Sendo transparentes como Deus que nada tem para esconder, teremos comunhão uns com os outros (e com Cristo) e somos tornados puros pela convivência real com Deus (tem de ser real). Isto fez-me lembrar o quanto é pregado acerca da obrigatoriedade dos irmãos andarem em comunhão uns com os outros e amarem-se uns aos outros. E essa obrigatoriedade faz com que as pessoas usem de esforço para se entenderem em vez de cumprirem as condições que levam a esse tipo de comunhão. Passam por cima das condições e pulam pelo muro para entrar no aprisco da comunhão com Deus e com os homens. Agindo como se nunca pecámos e escondendo nossa verdadeira essência para dar lugar à aparência é promover comunhão falsificada e fingida quando a comunhão é conseguida somente andando e colocando na luz.

  131. Existem algumas maneiras de enfrentar a tentação ou a provação: 1) Encarando a tentação como algo que nos pertence e desejamos ou não desejamos excluir da nossa vida; 2) Encarando a tentação como algo que nos pertence pela natureza que temos e que, por essa razão, não podemos resistir e vencer; 3) Encarando a tentação como derrotados que querem muito vencer, mas, achando que não conseguimos resistir; 4) Encarando a tentação com luta feroz, mas, sem lutar para nos submetermos a Deus; 5) Lutando pela submissão a Deus para encarar qualquer provação em paz e tranquilidade como se a tentação nunca tivesse tido a força e a preponderância que diz ter em nossas vidas. "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo", 1Cor.15:55-57. Analise seu coração e veja qual a sua maneira de encarar as provações e as tentações.

  132. "No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra", Tito 1:16. As boas obras das quais Paulo fala aqui, são aquelas que começam em Deus, são executadas pelo poder da graça em toda a sua perfeição e terminam, também, no Espírito. É a isso que podemos chamar de avivamento. Mas, conforme lemos aqui, podemos deduzir que existem pessoas que professam Deus, mas, não conseguem executar essas boas obras da maneira abençoada. Por essa razão, vemos igrejas flácidas, com pouco ou nenhum crescimento, com crentes carnais e às quais Deus recusa aquela bênção de transformar o mundo. E esses que professam Deus e doutrina - por muito certa que seja a doutrina - não alcançam aquilo que foi alcançado pelos discípulos em Pentecostes porque são reprovados por Deus, ainda que aceites pelos homens e pelos concílios das igrejas. Hoje, tudo se resolve com uma profissão de fé, com um batismo ou com um envolvimento numa igreja como membro fidelizado. Todos são ensinados a professar Deus dessa maneira. O que conta para os tais é a profissão de fé onde as pessoas se dizem rever em Deus e nas Escrituras. Ninguém pergunta pelo testemunho que Deus dá a respeito dos muitos que professam conhecê-lo. E é Deus quem tem de dar um testemunho prático através das obras que se fazem, isto é, se frutificam e se multiplicam ou não. "O mesmo Espírito testifica..." Rom.8:16; "...O testemunho de Cristo confirmado entre vós", 1Cor.1:6; "... tendo testemunho de boas obras", 1Tim.5:10; "...alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons", Heb.11:4; "...Alcançou testemunho de que agradara a Deus", Heb.11:5.

  133. "Como os olhos dos servos atentam para as mãos do seu senhor e os olhos da serva, para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o Senhor, nosso Deus", Sal.123:2. Quanto mais leio a Bíblia e quanto mais experiência ganho na vida com Deus, na vivência e na convivência com Ele, mais creio que nosso relacionamento (com Deus) deve ser real e contínuo. Como pode alguém atentar para o Senhor da maneira que um servo olha para as mãos do seu senhor e a serva as mãos da sua senhora se não vemos Deus? Como vamos atentar para o Senhor para aprender se não o vemos? "Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai, porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente", João 5:19. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus", Mat.5:8.

  134. "E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará", 2Cor.3:16. Temos duas coisas aqui que parecem ser uma certa contradição, mas, não são. Se, nos dias de hoje, Moisés representa a religião de forma geral, então podemos assumir que, enquanto alguém for religioso (e não transformado pelo novo nascimento), tem um véu que não lhe permite enxergar a verdade. Mas, a parte interessante aqui - a qual parece ser uma contradição - é que as pessoas não começam a enxergar quando deixam de ler Moisés, mas, somente quando se convertem. Isto é, mudar de religião, deixar os ídolos para ser evangélico, deixar de ser muçulmano para se tornar cristão ou vir de qualquer outra religião para ser evangélico não tira o véu dos olhos de ninguém. O que nos permite enxergar é a conversão do coração para que se torne afim de a Deus e da nova vida em sua essência mais prática. Quando a pessoa se converte deixa de ler Moisés e não é deixar de ler Moisés que a faz converter-se. Por isso é que as pessoas que crêem ser missionarias percorrem mundos e fundos para tornarem seus seguidores mais condenáveis que eles próprios, isto é, convencem-nas a "deixar de ler Moisés" em vez de as converter verdadeiramente.

  135. Não devemos dar asas aos nossos filhos antes de lhes havermos dado raízes. Essas raízes são dadas através daquilo que praticamos de coração. E quando nossos filhos (sejam filhos da carne ou do espírito ou ambas as coisas) não lhes devemos cortar as asas. "Bem-aventurados vós, que semeais sobre todas as águas e que dais liberdade ao pé do boi e do jumento", Is.32:20.

  136. Quem se sente culpado será sempre desconfiado, mas, todo aquele que se limpa confiará cada vez mais - até em Deus.

  137. Ouço muita gente falar de forma incessante sobre a salvação pelas obras e salvação pela fé. Além de se ter tornado assunto predominante nos círculos evangélicos, virou uma distracção daquilo que é principal: conhecer Cristo como Ele realmente é. Eu creio que essa discussão cessará em todos aqueles que verdadeiramente conhecem experimentalmente o verdadeiro e único Senhor na abundância ou na intimidade prometida. Contudo, não queria deixar de dizer que além de se ser salvo pela fé, ou por obras, existe algo mais que se ignora: sermos salvos pelo poder da carne. Davi fala em ser salvo pelo próprio braço. Nos profetas lemos sobre aqueles que fazem uso do braço da carne. Eu creio mesmo que a grande maioria dos que discutem se é pela fé ou por obras que somos salvos têm esse problema em comum: usar a fé carnal, o poder carnal, a esperança que não vem de cima como fruto entre muitas outras coisas. É verdade que a carne pode salvar de muitas coisas: pode deixar de fumar; pode deixar de beber e de se drogar; pode deixar de se prostituir; pode deixar de roubar e muitas mais coisas. Mas, nunca irá além disso. Não transformará o coração ainda que consiga moldar a conduta. Sempre que o homem se salva a ele mesmo fará uma reforma exterior, mas, nunca uma verdadeira transformação desde o interior. Isso fará dele um hipócrita e não um salvo.

  138. "Tu és o lugar onde me escondo", Sal.32:7. Quando nos escondemos é porque somos atacados ou tentados a trair o nosso Senhor por via de algum ato pecaminoso, levando, com isso, a negá-lo. Mas, ao invés de negá-lo, escondemo-nos nele.

  139. "Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade e em cujo espírito não há engano", Sal.32:2. Este engano não é, apenas, aquele tipo de engano onde a pessoa diz uma coisa para enganar ou para encobrir aquilo que quer fazer. É claramente qualquer coisa que não está de acordo com a Palavra de Deus e que engana o próprio. Contudo, ainda que seja feito na sinceridade do homem, não estando de acordo com a Palavra e a Lei de Deus, é engano.

  140. Quando as Escrituras dizem que Deus não lida conosco conforme os nossos pecados (antigos), significa que a pessoa que transgrediu deixou de existir havendo sido crucificada com Cristo e ressuscitado numa nove vida. Isto é, o transgressor foi transformado em cumpridor. Por essa razão é que a conversão é extremamente importante.

  141. "Ninguém vem ao Pai senão por mim", João 14:6. Hoje, é muito comum usar ou aplicar certas partes das Escrituras de forma deficiente ou mesmo, por vezes, desprezível. Este versículo é uma dessas situações. É usual as pessoas levantarem a mão na igreja e "aceitar Jesus" crendo que vieram a Jesus e que mal façam isso chegaram ao Pai. E o pior é que ninguém lhes mostra que, para chegar ao Pai, existe um caminho para percorrer. Chegamos ao Pai percorrendo um caminho e não bloqueando a porta de entrada. Quem fica nas portas das entradas são os mendigos. Esses pregadores que criam crentes desses serão dignos de dupla condenação. Percorrem mundos para trazer uma mensagem flácida e pouco credível para tornar as pessoas ainda mais condenáveis do que já eram. Saíram à procura de pessoas frias para as tornarem mornas ou falsas. Sabemos que a maioria das pessoas aproxima-se de Deus, inicialmente, para não serem condenadas. Isso significa que se amam a elas próprias e não querem sofrer danos. Contudo, o caminho leva a um ponto onde se ganha outro coração que, como Jesus diz, "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará", João 14:23. E sabemos que, qualquer um que ama Jesus verdadeiramente, deixa de amar a própria vida, chegando mesmo a aborrecê-la por completo. Quem fica na porta impede muitos de entrar. E quem entra precisa saber que existe um caminho para percorrer até chegar ao Pai e ser-se amado por Ele.

  142. Se Deus guia nossos passos e nos leva a bom porto, qualquer coincidência pode e deve ser considerada como a providência de Deus. Dizia um certo homem que a coincidência era Deus sendo discreto em Sua providência.

  143. "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão e, o vosso suor, naquilo que não satisfaz?" Is.55:2. Podemos, também, dizer "por que gastais o tempo naquilo que não conta para a eternidade? Por que ouvis aquilo que não salva? Por que vês aquilo que não edifica?"

  144. "O povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou", Mat.4:16. Podemos dizer muitas coisas sobre este versículo, mas, direi apenas uma que nos escapa quando o lemos e interpretamos. Já viu alguém tranquilo e assentado na sombra da morte e em trevas? Por norma, as pessoas entram em pânico perante a morte, choram e desesperam na sua incapacidade para evitarem a tragédia que se aproxima. Contudo, vemos que ficam assentados e tranquilos diante da maior tragédia que pode acontecer a qualquer ser, humano ou não. Ficam tranquilos em seus empregos, em seu dia-a-dia, em suas ilusões a tal ponto de rejeitarem qualquer aviso de tragédia preferindo nunca acreditar que correm perigo eterno. E é sobre estes que resplandece uma grande luz. "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam", João 1:11. Por essa razão é que Jesus dizia que, repentinamente, muitos serão apanhados de surpresa. Estamos sendo avisados para não sermos apanhados de surpresa.

  145. "Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós de ânimo dobre, limpai o coração", Tgo.4:8. "Chegai-vos a Deus". Este chegai-vos a Deus tem muito a haver com uma aproximação de carácter e de santidade e não de religiosidade. O nosso carácter e santidade deve-se aproximar ao que Deus é a todos os níveis, tanto em fidelidade, em pureza e em todos os aspetos de todas as virtudes que são o todo de Deus. Por isso é que se fala aqui sobre "purificar as mãos", entre muitas outras coisas que devem ser igualmente purificadas. Para isso acontecer, não necessitamos apenas de vontade em consegui-lo, mas, precisamos percorrer um certo caminho de limpeza tanto do nosso passado quanto do nosso presente. O passado também nos separa de Deus e precisa ser reparado onde for possível. Vou repetir: o passado também nos separa de Deus. Não há ninguém que possa ser aprovado por Deus no presente momento mantendo o seu passado no esquecimento. É preciso confessar e restituir onde é possível ser restituído. É necessário pedir perdão a pessoas e a Deus por cada pecado que nos seja revelado ou do qual nos lembramos, mencionando cada transgressão pelo nome. Quem não limpar seu passado de pecado longe de Deus nunca irá ter um presente constante, pois, será sempre uma pessoa de duplo ânimo, inconstante, incoerente e instável em toda a sua conduta cristã. Ora peca, ora não peca; ora anima-se e ora desanima-se. Será sempre inconstante em todos os seus caminhos. Nunca será constante nos caminhos de Deus, mas, poderá ser constante nos caminhos do mundo.

  146. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. O que acontece quando cumprimos aquilo que Jesus nos diz sem havermos transformado o nosso coração? Podemos cumprir pelo medo de sermos castigados; pela vergonha que teremos diante das pessoas; para sermos exemplos aos filhos ou às pessoas ao nosso redor; para sermos elogiados e andarmos debaixo dos holofotes. Isso significa que "cumprimos" sem havermos transformado nosso coração. Significa, também, que caso não houvesse castigo, caso não passássemos vergonha, se não quiséssemos ou não pudéssemos brilhar não iríamos cumprir porque os mandamentos não são a nossa própria natureza. E o que o Evangelho faz é tornar-nos naquilo que fazemos ou fazermos aquilo em que nos tornamos. Se não somos aquilo que fazemos, somos hipócritas - ainda que, aos olhos do mundo e dos crentes, sejamos grandes exemplos. Não fomos feitos para sermos colocados nas vitrinas, mas, para sermos como Deus. Não nos podemos esquecer que devemos estar aqui em Seu nome, isto é, em Seu lugar sendo Seus fiéis representantes.

  147. "Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes", 1Tes.2:10. Esse comportamento de Paulo foi irrepreensível para os que creram. Mas, como foi visto pelos que não creram? É bom notar que Paulo frisou que seu comportamento foi bem aceite pelos que creram. Os que não creram nunca aceitariam Paulo, nem mesmo se vissem algum milagre. É necessário que haja uma convergência de corações para que este tipo de testemunho possa ser dado fielmente. Se a pessoa não gostar ou não aceitar o comportamento de quem vive o verdadeiro Evangelho só pode dar mau testemunho contra dele - a não ser que, na sua sinceridade, reconheça que o errado não é quem vive o Evangelho, mas, ele próprio. Não gostando, também pode reconhecer que é seu coração que está errado.

  148. "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar/terminar/consumar a sua obra", João 4:34. Hoje em dia prega-se muito sobre a extrema necessidade de lermos e ouvirmos a Palavra de Deus. E é bom que assim seja. Contudo, pregam de tal forma sobre o assunto que se cria a impressão que a comida para uma alma faminta é somente ler a Palavra. E nada está mais longe da verdade. A leitura da palavra pode fornecer apenas conhecimento ou, então, pode transformar a pessoa. Só se torna alimento quando transforma e mantém transformada a pessoa dedicada à Palavra - não apenas à sua compreensão, mas, à sua parte prática. É praticando que se aprende verdadeiramente. "Se alguém quiser fazer a vontade d'Ele (...) conhecerá...", João 7:17. "Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente (inteligente, sábio - cheio de sabedoria", Mat.7:24. Em termos espirituais, ninguém pode separar a prática da palavra do verdadeiro ensino, isto é, aprendemos praticando. Assim sendo, a comida para uma alma sedenta de Deus é, principalmente, chegar ao ponto de conseguir executar a vontade d'Ele. E isso não é alcançado por qualquer um. Só conseguiremos fazer a vontade de Deus alcançando o poder da graça, praticando-a/fazendo-a aqui na terra da maneira que é feita no céu, isto é, "aqui na terra como no céu", usando os mesmos meios; fazendo pelos mesmos motivos; juntando com Deus e nunca sozinho pelo poder da carne. Isso é comida para quem anda com Deus de maneira real, ao contrário daqueles que lêem a palavra para não se sentirem culpados. Mas, além de conseguirmos executar a vontade de Deus, nunca podemos esquecer que terminar ou consumar a Sua vontade também é comida. "Minha comida é (...) consumar/realizar Sua obra". Obra que não seja concluída é, para uma alma cheia de Deus, como morrer faminto segurando promessas de abundância. Tendo as promessas e morrer faminto aumentaria a agonia da fome nessa pessoa. Muitas pessoas tornam-se irresponsáveis a ponto de segurarem nas promessas para fins de consolo e não como algo para ser alcançado e obtido. Em vez de olharem para as promessas como um dever, usam-nas para alimentarem suas lastimas e esperanças confusas para poderem prosseguir conforme são, isto é, para não mudarem.

  149. "...São adversários de todos os homens", 1Tes.2:15. Toda a ação ou mesmo reação de cada homem depende, em larga medida, do tipo de coração que ele tem. Dizem que as ações ou reações dos homens são originadas pelo tipo de tentações que sofrem. Mas, quantas vezes é a própria pessoa que busca a tentação e busca a ocasião propicia para alimentar o coração que tem? Se a pessoa tem um coração briguento, busca a briga - seja com quem for; se é contrária ao verdadeiro Evangelho - toda a carne é - busca o adversário crente para maltratar ou mesmo destratar. Assim é cada pessoa nesta vasta humanidade. Os religiosos, insatisfeitos por estarem separados de Deus devido às suas doutrinas, tornam-se sempre adversários de TODOS os homens. Eles existem para destruir toda a humanidade, seja por via da perseguição ou por via das suas doutrinas destrutivas.

  150. "Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição", Fil.3:12. Aqui Paulo relaciona/associa a perfeição a haver recebido Cristo. E este receber de Cristo não é, nunca foi e nunca será aquilo que as pessoas entendem ser receber ou aceitar Cristo. Receber Cristo em toda a Sua plenitude é algo completamente diferente. Não é fácil entrar por essa porta estreita e caminhar por esse caminho apertado. Mas, é preciso chegar lá.

  151. "Deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo", Fil.3:8. A causa dessa atitude determinada de Paulo foi o haver conhecido Cristo como Ele é. Muitos abandonam coisas por outros motivos. Há mesmo quem abandone muitas coisas para melhor se opor a Cristo. Paulo, ao conhecer Cristo como Ele é verdadeiramente, viu a incompatibilidade mortal que existia entre Cristo e tudo aquilo que considerou como lixo. Ele diz que abandonou tudo "para ganhar a Cristo". Este versículo corrige a ideia das obras e das ações que muitos apregoam por este mundo fora. Paulo não abandonou tudo para ganhar a salvação e sim para ganhar a Cristo. Ganhando a Cristo pode ser salvo de qualquer coisa e de qualquer pecado. Não se pode parar de beber e continuar visitando o boteco; não se pode ser salvo da promiscuidade e da lascívia vendo pornografia; não se pode pensar que parar de roubar basta quando temos algo para devolver ou alguém a quem pedir perdão pelos nossos furtos antigos.

  152. "Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus", 1João 5:13."A fim de saberdes que tendes a vida eterna" significa que muitos podem acreditar que estão a lidar com coisas de menor importância. A vida eterna começa aqui e agora. Quem não a tem, não a terá. Mas, se a temos, se verdadeiramente recebemos a sua vida abundante na medida prometida, devemos saber que estamos lidando com algo de extrema importância e não podemos lidar com essa vida como lidaríamos com a vida terrena daqui. É bom sabermos com o que estamos lidando caso tenhamos/alcancemos essa vida abundante aqui e agora.

  153. Quando qualquer pessoa se encontra separada de Deus, esforça-se muito sem sucesso para alcançar aquilo que Deus prometeu acerca de ser verdadeiramente liberto de qualquer pecado. Tais pessoas são aquelas das quais Paulo diz haverem decaído da graça (Gal.5:4), isto é, perderam o poder de Deus e são como Sansão sem cabelo quando confrontados por qualquer pecado ou tentação. Mas, estando em boas relações com Deus e sem qualquer coisa que os possa separar d'Ele, esforçam-se e conseguem. Dizer que ninguém se deve esforçar havendo obtido graça (ou mesmo graça sobre graça) é mentir. Havendo alcançado a graça de Deus (Seu poder ativo) pode e deve esforçar-se e, certamente, obterá seu devido e respetivo sucesso. A diferença é que esse esforço espiritual numa rendição total a Deus, dependendo exclusiva e integralmente de Seu poder e da obediência a Deus, obtém os resultados prometidos enquanto que, o esforço sem Deus (ou separado d'Ele por algum pecado que não foi exterminado pela confissão) nunca obterá os resultados esperados nos caminhos de Deus. Se não houvesse esforço havendo entrado em estado de graça - ainda que seja um esforço diferente - não seríamos exortados a ser fiéis até ao fim e a permanecer n'Ele.

  154. "A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo", João 1:17. Precisamos entender melhor esta verdade, isto é, este versículo. E para entendê-lo melhor, devemos ver em que contexto João o coloca. Ele associa esta verdade a duas coisas: receber da sua plenitude ("temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça"); e ver Deus ("Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigénito, que está no seio do Pai, é quem o revelou"). Olhando desta maneira para o que vem escrito, podemos definir ainda melhor as palavras "graça" e "verdade". A graça é recebida, achada e podemos crescer ou decrescer nela. A graça é um poder ativo. É o poder de Pentecostes. Dizer que a graça é somente um favor imerecido, é dizer muito pouco a respeito dela. É muito mais que isso. É o próprio poder ativo de Deus operando e manifestando-se. Por essa razão é que João associa a plenitude de Deus a esta graça que recebemos (de graça em graça). Se Jesus veio para que possamos ter Sua vida em abundância e Seu poder na medida prometida (João 10:10), significa que todo aquele que não alcança esta plenitude de vida não alcançou o propósito de Deus. Ponto final! Quem não experimenta Pentecostes, ainda não experimentou nada. Em segundo lugar, temos a palavra "verdade", a qual João associa a ver Deus. Esta palavra em vocabulário verdadeiramente Bíblico significa realidade, veracidade - algo verdadeiro, mas, real. Não é apenas verdadeiro, mas, verdadeiramente real. Se não for real, ainda não é verdade. Em termos verdadeiramente bíblicos, a verdade não é apenas algo que está de acordo com os fatos, mas, é algo que se torna real. Quem não experimentou a realidade do Deus vivo ainda não experimentou a verdade - ainda não o viu.

  155. "Os eleitos o alcançaram e os outros foram endurecidos", Rom.11:7. Paulo diz algo que contradiz muitos teólogos atuais: "Tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus", 2Tim.2:10. Se olharmos para o contexto destas palavras, vemos que não fala apenas dos Israelitas, mas, dos escolhidos em geral. São estes eleitos que (ainda) precisam alcançar as promessas. Se alcançarem, amolecem e tornam-se humildes. Se não alcançarem serão endurecidos como os que ficam de fora. Quando o Evangelho nos chega, ou amolecemos ou seremos endurecidos, dependendo da nossa resposta àquilo que germina a semente que se encontra em nós desde a criação do mundo. Ninguém fica igual depois de ouvir o Evangelho verdadeiro: ou fica mais duro ou amolece. O mesmo já não se pode afirmar quando se ouve um evangelho falso.

  156. "Com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação", Rom.10:10. Hoje (e sempre que a religiosidade impera nos meios evangélicos) afirma-se que é a boca que crê afirmando-se positivamente. Mas, as ditas profissões de fé afirmam crer enquanto o coração está em dúvida. Quando é o coração que crê e experimenta a verdade de forma inequivocamente real, a boca fala por si. E quando a boca fala por si, distingue-se daquelas bocas nas quais as palavras são colocadas. Quando se coloca palavras na boca, seja de outro ou até mesmo na nossa, isso nunca pode ser considerado como verdadeira fé. A fé verdadeira é espontânea, natural vinda dum coração puro e simples - mas, é uma fé do coração e da essência da própria pessoa. Somente desses se pode afirmar que "aquele que n'Ele crer não será confundido", Rom.10:11. A fé precisa tornar-se a própria natureza da pessoa e deixa de ser um esforço, seja ele emocional, intelectual ou qualquer outro esforço. Quem respira com esforço ou com dificuldade é pessoa doente, a qual precisa tratar-se. O mesmo acontece com quem se esforça para crer.

  157. Nos dias de hoje, os verdadeiros homens de Deus demoram muito mais a serem verdadeiros e a obter a realidade e a verdade do Evangelho porque todos eles começaram com um Evangelho disfuncional, precário, falso, acomodado e enganador. Antes, as pessoas que se iam salvando sabiam que teriam de abandonar o mundo a ponto de aborrecê-lo e odiá-lo como inimigo do Evangelho. Hoje, precisam fazer isso também, mas, para o conseguirem precisam aborrecer e negar o Evangelho ao qual se acostumaram nos primeiros anos de crente e o qual temem negar por muitos e variados motivos. E a grande maioria desses Evangelhos aceitam o pecado como algo impossível de vencer. Aliás, chegam mesmo a aceitar a sua "inevitabilidade" para continuarem a desfrutar dele e a amá-lo. É muito penoso e demorado converter os que se acham convertidos pelos falsos evangelhos.

  158. "O Evangelho (...) está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade", Col.1:5,6.Este é um versículo muito estranho e de difícil compreensão. Mas, faz todo sentido. Faz-me lembrar o que Paulo escreveu acerca daqueles que nunca ouviram o Evangelho: "...Os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração", Rom.2:15. É um fato que Paulo afirma que o Evangelho chegou a todo mundo, isto é, está nos corações dos homens - ainda que infrutífero. Só frutificará 1.ouvindo, 2.experimentando a graça de forma real e, necessariamente, que seja na 3.sinceridade quando é real: "1.ouvistes e 2.conhecestes a graça de Deus em 3.verdade". A fé é fruto, isto é, algo que frutifica. Uma semente pode existir durante muito tempo na terra até que venha a chuva que a fará frutificar. Isso ocorre muito nos desertos. A semente do Evangelho existe no deserto deste mundo. Mas, ouvindo, havendo sinceridade quando se ouve e, experimentando deveras o poder da graça de Deus, frutifica para salvação. É necessário que haja algo que obrigue as pessoas a serem sinceras sempre que seus pensamentos, corações e transgressões sejam manifestados.

  159. "Rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade", 2Cor.4:2. Tudo que envergonha e tudo aquilo que pede ou exige ser encoberto, disfarçado ou mentido pertence às trevas - a menos que a pessoa tenha vergonha de Cristo. Cristo não pertence às trevas, mas, quem tem o hábito de se envergonhar e de se esconder cairá na tentação de ter vergonha de Cristo quando o conhecer. O erro maior aqui nem é ter vergonha de Cristo, mas, de manter o hábito de ter vergonha. O pecado ensina a andar com astúcia, escondendo isto e aquilo mesmo quando não existe qualquer razão para isso. Ao longo dos anos que andamos e vivemos em pecado, aprendemos esse costume hediondo de andar nas trevas, isto é, andar escondendo. Se já praticamos aquilo que nos faz envergonhar, devemos colocar na luz e confessar abertamente. É assim que exterminamos o pecado e aniquilamos o velho hábito de esconder por tudo e por nada. E tem mais: todo aquele que ainda oculta aquilo que envergonha, falará com orgulho e pela vaidade das coisas que não envergonham e que pratica, com o intuito claro de se esconder a si mesmo e às suas obras más por trás da barreira de boas obras ou de boas coisas. Quem esconde, também se gaba. É uma lei da natureza e todo coração tem esses dois lados. Mas, quem se manifesta e anda na luz pratica a verdade e assumirá tudo que é bom como algo normal e não como algo que o faça gabar-se ou gloriar-se. Quem anda na luz terá ou obterá sempre a tendência para não mais necessitar de falar de si mesmo. "Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas, a Cristo Jesus", 2Cor.4:5. Andar na luz é humildade. A melhor definição de humildade é sermos nós mesmos diante de Deus e dos homens. Se não tivermos nada que envergonhe, tanto melhor. Mas, se ainda temos algo que envergonha não é e nunca será razão suficiente para nos escondermos nas trevas ou para não manifestarmos tudo na luz e pela luz.

  160. "A Vida se manifestou (...) e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada", 1 João 1:2. Pela doutrina entendemos que a vida eterna começa depois que falecemos estando em Cristo. Mas, pela Palavra de Deus entendemos que a vida eterna se manifesta desde agora e começa aqui e agora. Paulo fala da "vida que agora é". Também fala da "vida neste presente século". Em João lemos que "a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro; e a Jesus Cristo", João 17:3. Moisés fala dos "dias do céu aqui na terra", Dt.11:21. Existem muitas evidências nas Escrituras que nos afirmam que a vida eterna começa aqui e agora. A palavra "eterna" significa "constante, permanente, sem altos e baixos, sem fim e sem princípio". Quem a busca achá-la-á.

  161. A tentação na vida dum crente verdadeiramente liberto funciona como a propaganda para quem tem dinheiro. Se aceitamos a propaganda e se desejarmos o que diz, gastaremos à toa e sem necessidade. Assim funciona a tentação - é só propaganda. É como a propaganda dum partido político corrupto: se acreditarmos em suas mentiras, seremos seriamente prejudicados/lesados. Contudo, não funciona dessa maneira com aqueles que vivem na mentira e nas mentiras do coração: a mentira é a sua própria vida e não é mera propaganda.

  162. "Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu Espírito, e anunciará aos gentios o juízo (...) até que faça triunfar o juízo", Mat.12:18-20. Eu sempre acreditei que um verdadeiro avivamento funciona como o dia do juízo com a diferença de que no dia do juízo não existe forma de sermos salvos de nossos pecados, enquanto que, no aviamento todos os nossos pecados serão manifestos para nos levar ao arrependimento. O juízo triunfa exterminando o pecado. Ou o transgressor morre com Cristo, morrendo literalmente para este mundo e para o pecado, ou será exterminado juntamente com o pecado. Duma maneira ou de outra o transgressor deixa de existir e o juízo triunfará sempre, seja de que modo for.

  163. "Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta", Tgo.2:17. Se é verdade que a fé sem obras é morta, também é verdade que as obras sem fé são mortas. "Tudo o que não é de fé é pecado", Rom.14:23.

  164. "Qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos", Tgo.2:10. O pecado é o oposto da lei de Deus. O oposto da lei de Deus não é o ódio, mas, o egoísmo. O ódio é, apenas, mais uma forma de egoísmo. Seremos arguidos pela lei de Deus caso o egoísmo ainda esteja ativo e vivo em qualquer um de nós. Ainda que fosse possível não transgredir sendo egoísta de forma muito obscura e camuflada, seríamos sempre tidos como transgressores, pois, o Evangelho julga o interior do homem e a lei julgava, apenas, o exterior. A lei julga aquilo que o homem faz, enquanto o Evangelho julga aquilo que o homem é. Por isso é que nos tornamos culpados de todos os pontos quando transgredimos num só ponto, pois, hoje somos julgados pelo Evangelho. "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus?" Mat.12:24.

  165. "Não se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé", 1Tim.1:4. Muitos ocupavam-se com questões que passavam ao lado do verdadeiro Evangelho e da essência da Cruz de Cristo. Ocupavam-se com genealogias e outras coisas importantes para os judeus carnais. Hoje, nada é diferente, havendo mudado apenas o tema das discussões, passando o tema para outro tipo de doutrinas que não são a verdadeira essência do Evangelho que é o poder de salvar de qualquer pecado. Fala-se muito sobre batismos, predestinação, prosperidade e tantas outras coisas que não vale a pena mencioná-las aqui. Mas, também vemos pessoas a discutir politica; a usar tempo desnecessário e além do aconselhável com redes sociais e seus vídeos; e poderíamos mencionar muitas outras coisas que são usadas para preencher o tempo que deveria ser aplicado em coisas essenciais e necessárias. Não são estas coisas fábulas vãs também?

  166. "Pronto para ouvir", Tgo.1:19. Ninguém consegue fazer duas coisas em simultâneo: ou ouve ou fala. Mas, estar "pronto para ouvir" é muito mais que estar calado e prestar atenção. Como ouvimos pelo ouvido e, também, ouvimos pelo coração através da revelação, estar pronto para ouvir é muito mais do que estar concentrado naquilo que se ouve. Precisamos estar na disposição interior correta, dispostos corretamente diante de Deus (um povo bem-disposto e preparado, Luc.1:17), ansiando por aquilo que nos será ou é revelado e desejando ardentemente entender e receber aquilo que mexe em nós e ainda não entendemos plenamente. "Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual", 1Ped.2:2. Há os que desejam leite desde que não seja o genuíno, mas, que seja aquele que desejam ouvir ou entender. Logo, tem de haver um compromisso e uma disponibilidade de coração em forma de desejo ardente para ouvir, receber e praticar aquilo que é genuinamente vindo de Deus. Isso é estar pronto/disposto para ouvir.

  167. Existem muitas formas que se usam para manter as pessoas nas igrejas, mas, longe de Cristo. Não entram na porta estreita e bloqueiam a via daqueles que querem entrar.

  168. Tudo que nos desculpa diante dos homens, condena-nos diante de Deus.

  169. É interessante notar que Deus mostrou a José que o sol e a lua e seus irmãos se iriam curvar diante dele, mas, nunca lhe revelou que iria ser escravo no Egito e que seus irmãos o iriam trair e querer matar. Aquilo que Deus nos revela é onde devemos manter nosso foco. O resto é caminho.

  170. "Mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus", At.14:22. Se isto é verdade, isto é, se para entrar no Reino de Deus é necessário passar por muitas tribulações - e não apenas uma tribulação - por que razão hoje se prega que basta levantar a mão na igreja e dizer que se aceita Jesus para já estarmos seguros dentro desse reino? E se levarmos em conta que entrar nem é permanecer onde já entramos, imagine-se como a porta é verdadeiramente estreita e como é apertado o caminho!

  171. A todos aqueles que acreditam ser fácil descobrir qual é a vontade de Deus em certos momentos de nossa existência, eu afirmo que se não estivermos virados para ela com um coração afim sem amar a própria vida, a nossa mente não será renovada com a finalidade clara de descobrirmos essa vontade e, também, de descobrirmos o segredo de como conseguir executá-la. É algo que poucos entendem: não é fácil entrarmos na vontade de Deus. Muitas coisas precisam acontecer em nós para que se torne possível chegarmos ao ponto de conseguirmos executá-la. E para executá-la precisamos saber qual é a vontade e de que modo ou por que meios conseguiremos executá-la com perfeição e simplicidade.

  172. Quando deixarmos de confundir a vontade de Deus com a nossa e começarmos a amar a Sua vontade desejando-a ardentemente porque amamos Deus de todo coração - e por nenhuma outra razão - certamente que descobrir como executá-la será mais fácil.

  173. Ser cuidadosos no caminho que trilhamos tem dois lados. Por um lado, faz-nos impedir de sermos enganados. Mas, olhando pelo outro lado, só podemos ser cuidadosos sendo apoiados pelo conhecimento que temos das coisas. Caso o nosso conhecimento seja limitado, atrofiado, tendencioso ou parcial, teremos sérios problemas com todos os nossos cuidados. Esses cuidados já não serão cuidados, mas, desvios tendenciosos ou impedimentos facciosos. Neste caso, todos os cuidados que temos são aquilo que nos desviam da verdade e do caminho que devemos seguir. Isso ocorrerá porque todo e qualquer tipo de cuidado dependerá sempre do conhecimento que temos ou da concepção daquilo que entendemos ser verdade ou não.

  174. "Tende grande gozo quando cairdes em várias tentações", Tgo.1:2. Este gozo também é um gozo que depende, de certa maneira, do nosso entendimento das coisas e das circunstâncias pelas quais passamos por causa do Evangelho. E esse entendimento precisa ser correto e preciso. Vamos por partes. Os Apóstolos foram presos uma primeira vez (Atos 4) e explicaram-se diante do Sinédrio sobre o benefício feito a um homem que se encontrava paralítico há 40 anos. Contudo, na 2ª vez que foram presos lemos que "eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome", At.5:41. Isto não havia acontecido na 1ª vez que foram presos. Mas, na 2ª vez começaram a entender melhor as razões por que haviam sido presos e maltratados. E com esse entendimento, veio o gozo. Por essa razão é que Tiago fala em adquirir sabedoria sempre que nos falta certo entendimento a respeito das circunstâncias adversas que nos rodeiam. É importante não apenas saber quais as razões que nos levam a passar por certas tribulações e tentações, mas, também é de extrema importância perceber o que Deus pretende alcançar, seja uma ou várias coisas tanto fora quanto dentro de nós. E quando nos apercebemos de qual seja a vontade de Deus, prosseguimos e persistimos em direção a essa vontade com grande gozo sem que nada nos impeça.

  175. "...Cheios do Espírito Santo...", At.4:31; 6:3. Muito se tem falado do Espírito Santo e do que significa estarmos cheios de sua vida de plenitude. Na verdade, a plenitude de vida afeta diretamente a própria pessoa, isto é, o indivíduo, para estar apta e para manter-se firme, fiel e pura durante os piores e os melhores momentos da sua existência.

  176. A determinação pode ser uma forte aliada de qualquer pessoa no caminho de Deus. Mas, existem muitas pessoas determinadas que vivem sem sabedoria, caminham por lugares de morte e essa determinação, tornando-se assim numa aliada da morte e do erro, é a pior inimiga da própria alma e de todo o bom senso. A determinação e a perseverança não devem tornar-se as nossas características predominantes. Devem tornar-se características de servidão à sabedoria, devem ser servas e não lideres, devem seguir e não liderar, deve ser capazes de ser orientadas pela sabedoria vinda de Deus sempre que iluminada pelo Espírito em ocasiões específicas e apropriadas. A determinação e todo tipo de perseverança não devem ser orientadoras, mas, orientadas e usadas por faculdades maiores como a sabedoria de Deus que é mansa. A perseverança/determinação que quer orientar torna-se brutalidade, teimosia monocrata, cega e irreconciliável. Essas são algumas das características dos ditadores implacáveis. "Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. A sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz", Tgo.3:13,17,18.

  177. "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia", João 6:44. O último dia pode ser várias coisas. Este último dia é quando Jesus vem para concluir toda a obra que começou, ressuscitando os santos para os recolocar no mundo d'Ele e ressuscitando os ímpios para o fogo eterno. Mas, também existe o último dia da terra. Contudo, o último dia também é aquele onde o santo fica consumado e toda a obra no homem interior termina e diremos: "Deus viu que é bom". É por essa razão que nos devemos esforçar para chegarmos lá imaculados, isto é, chegarmos ao ponto onde Deus afirma que somos imaculados independentemente daquilo que as pessoas possam afirmar. "...Para conhecê-lo e a virtude da sua ressurreição e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos", Fil.3:10,11.

  178. "Porém, Samuel ainda não conhecia o Senhor e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor", 1Sam.3:7. Samuel era crente praticamente desde nascença. Conhecia as Escrituras e todos os rituais do Templo. Servia Deus fielmente desde pequeno. No entanto, as Escrituras afirmam que não conhecia o Senhor. Que quer isto dizer? Além do mais, a palavra de Deus ainda não lhe havia sido manifestada. Isto não significa que não conhecesse as Escrituras e as leis em boa medida. Certamente que era um estudioso aplicado, além de obediente e fiel. Apenas significa que a Palavra não tinha verdadeiro significado salvador a não ser que não seja revelada no homem interior e ao próprio. O estudo da Palavra não salva ninguém, mas, a revelação da mesma salva e tem muito poder. Ainda que a palavra exista na mente por via do estudo, precisa tornar-se viva por via duma revelação pessoal e individual. Isto é, a Palavra precisa estar ativa dentro da pessoa quando ela é ouvida para ser recebida. E só então tem a capacidade de salvar. "Recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma", Tgo.1:21. Apenas uma palavra já enxertada pode ser recebida e somente essa palavra tem poder para salvar seja do que for. "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo", 1Ped.1:13. Jesus Cristo é, também, a própria Palavra. Ainda que tenhamos muito estudo, apenas sendo revelado pode salvar a alma. Toda a Palavra precisa tornar-se uma revelação. Senão, nunca obterá efeitos eternos dentro de nós. Todo o nosso estudo nunca terá a capacidade de nos transformar, pois, o nosso cérebro não é o Espírito. Aquilo que estudamos sem revelação cria, apenas, a aparência; e toda a aparência evita qualquer tipo de transparência. Por outro lado, toda a pessoa que é verdadeiramente transformada pelo interior por via duma palavra já enxertada não teme ser transparente. Antes, busca tornar-se inteiramente transparente.

  179. "Recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma", Tgo.1:21. Qualquer palavra de Deus tem de ser ou tornar-se uma revelação dentro de nós, isto é, precisa estar enxertada dentro de nós quando lhe prestamos atenção - quando a ouvimos verdadeiramente. E não importa se é antes ou depois de a havermos estudado. O estudo sem revelação e sem enxerto interior cria a aparência, mudando o exterior e deixando o coração intacto. Isso faz a pessoa enganar-se a ela mesma, pois, a aparência engana até o próprio. "...Enganando-vos com falsos discursos", Tgo.1:22. A palavra revelada no interior ou enxertada, quando é ouvida, revela aquilo que a pessoa é "porque se contempla a si mesmo", Tgo.1:24. Por outro lado, o estudo realça aquilo que a pessoa pensa que é e, quando isso é realçado, tem a capacidade de encobrir aquilo que a pessoa é verdadeiramente. Aquilo que a pessoa pensa ser, aquilo que pensa de si mesmo, nunca é verdadeiramente aquilo que realmente é. O ouvinte esquecediço que "logo se esqueceu de como era" e não pratica ou não age imediatamente sobre a palavra que se tornou revelação, volta àquilo que pensa que é e isso só mostra o quanto é dominado e convencido por aquilo que acredita ser. Isso é sinónimo de se enganar a si próprio, ou seja, mentir para si mesmo, "enganando-se com falsos discursos". A outra verdade é que somente aqueles em quem a palavra também é verdadeira revelação podem torna-se verdadeiros praticantes dessa palavra. Os demais tornam-se hipócritas esforçados e esses hipócritas agem em conformidade com aquilo que pensam ser - não agem conforme são e nunca serão totalmente transparentes agindo dessa forma.

  180. "Recebei com mansidão a palavra em vós enxertada", Tgo.1:21. Por que razão a palavra que é revelação deve ser recebida com mansidão? A pessoa não gosta de se ver tal e qual ela é, preferindo que lhe digam aquilo que ela própria acredita ser seja através de elogios, mentiras ou sendo agradada pelos demais de muitas formas. Contudo, a palavra revelada mostra ao próprio aquilo que é verdadeiramente. Humanamente falando, isso é aquela situação onde as pessoas reagem dizendo-se ou sentindo-se ofendidas. "Está-me ofendendo!" Ninguém recebe uma verdade a seu próprio respeito com mansidão e agradecimento. Antes, recebe tal palavra com agressividade conflituosa, sentindo-se na necessidade de se defender e de se resguardar. Prefere encobrir e quem encobre seu pecado nunca prospera espiritualmente. "Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas, antes, dissensão", Luc.12:51. O Espírito Santo traz conflito na alma que não se quer limpar crendo somente naquilo que acredita ser.

  181. "Noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou (...) para vos apresentar santos, irrepreensíveis e inculpáveis", Col.1:22. Por que razão é pelas obras más que nos tornamos "inimigos de Deus no entendimento"?  Paulo quer dizer aqui que esta inimizade é um antagonismo, uma resistência natural a Deus e a qualquer de suas operações no homem interior. Existe um estado de inimizade dentro de qualquer pecador. Esse estado de inimizade pode estar adormecido, camuflado, disfarçado de crente ou de qualquer outra coisa. Mas, existe de fato. As obras más, isto é, as transgressões, separam-nos de Deus. Separando-nos de Deus, separa-nos, também, do poder da graça, das operações desse poder e de tudo aquilo que nos pode tornar seres celestiais. Logo, se as más obras nos separam de Deus, é certo que, havendo sido transformados e reconciliados com Deus, toda a boa obra nos faz aproximar ainda mais d'Ele. Se são as más obras que nos tornam inimigos de natureza, se são elas que criam a inimizade contra Deus, distanciamento e de nos tornar estranhos de Deus e tornando Deus um estranho para nós, as boas obras feitas em Cristo e pelo poder da graça conseguem o oposto, isto é, tornam-nos próximos e iguais a Deus em nosso interior sendo renovados a cada momento.

  182. "Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor", 2Tim.1:8. É necessário prestarmos melhor atenção ao que lemos nas Escrituras. Lemos que é Deus quem dá testemunho a nosso respeito: "O Espírito testifica (...) que somos filhos de Deus", Rom.8:16. "Todos dão testemunho de Demétrio, até mesmo a Verdade", 3João 1:12. É fácil encontrar pessoas que dão o seu próprio testemunho, mas, é mais difícil achar alguém cujo testemunho é dado por Deus e pela Verdade (Jesus é a Verdade). Dito isto, ninguém se deve envergonhar quando Deus dá esse testemunho. "Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor". Não se deve envergonhar de Deus e nem do testemunho que é dado por Deus. Imaginemos José no Egito. Escravo, sujo, preso e, ainda, era Hebreu no Egito (os Egípcios desprezavam os Hebreus); no entanto, o testemunho que Deus dava a seu respeito prevalecia sobre tudo o que era visível e invisível. Nunca vimos José envergonhar-se desse testemunho que Deus dava a seu respeito sendo pobre, desprezado e preso inocentemente pela vontade de Deus. "Confia em Deus e olha como vive!" Não vimos José dizer que se lastimava por ser preso, decente e imaculado. Toda a sua pureza e beleza espiritual só lhe trouxeram problemas. No entanto, nunca se envergonhou do seu Deus, do testemunho que dava a seu respeito e nem do nome que carregava e a sua origem.

  183. "Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida", Luc.1:13. A oração ideal é aquela onde obtemos uma resposta imediata ainda que se concretize mais tarde, tendo ou obtendo uma comunhão tal com Deus que torne essa resposta possível, audível ou acessível. A resposta pode ser dada muito antes da concretização como pode ser dada no momento da concretização; podemos saber que fomos atendidos assim que oramos. "E será que, antes que clamem, Eu responderei; estando eles ainda falando, Eu os ouvirei", Is.65:24. E devido à proximidade que temos com Deus podemos saber que resposta nos deu ou dá. "...Sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos", 1João 5:15. Contudo, isso não significa que não haja pessoas que não experimentam isso dessa maneira - algo que é uma promessa para qualquer um. Muitos ainda não chegaram lá ou devido a problemas ou impedimentos religiosos e crenças; ou porque ainda assumem ou inventam respostas que Deus não deu; ou porque desistem crendo que Deus atendeu quando ainda nem se pronunciou a esse respeito. No caso de Zacarias podemos assumir duas coisas: ele não sabia que sua oração já havia sido atendida; e, deduzindo pelo diálogo que teve com o anjo Gabriel, já havia perdido qualquer esperança de vir a ter um filho. Ainda assim, foi atendido e usado por Deus depois de ser repreendido. "Se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra", 2Tim.2:21.

  184. "Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor", Mat.9:28. Logo de seguida, Jesus curou estas pessoas. Se sabemos que Jesus conhece todos os corações e até mesmo os pensamentos secretos de cada homem, qual seria o motivo de haver perguntado a estes homens se criam que Ele os poderia curar? Por que razão seria tão importante eles afirmarem que criam? É importante que a pessoa expresse em palavras aquilo que se passa em seu homem interior para seu próprio bem e para sua própria consciencialização daquilo que se passa em seu próprio coração. Não é por causa dos que ouvem, mas, por causa dele próprio porque nenhum homem conhece o próprio coração a não ser que lhe seja revelado por Deus. Por vezes, precisamos reformular nossas ideias quando Jesus opera dentro de nós porque nem sempre sabemos o que se passa em nós quando Jesus está operando em nosso interior; por norma, temos uma ideia falsa a esse respeito, ou uma ideia anterior de quando fomos convictos e antes de havermos sido transformados e tudo isso fica desactualizado após haver ocorrido uma transformação real. Reformulando: precisamos saber que mudamos. Na verdade, se crescemos diariamente, devemos saber que necessitamos ser atualizados a esse respeito diariamente também para podermos assumir essa transformação na vida prática. E quando essa transformação ocorre verdadeiramente, nem sempre a nossa mente assume aquilo que realmente aconteceu, ainda que tenhamos plena consciência de algo se haver passado dentro de nós. No entanto, é necessário que aquilo que acontece dentro de nós seja real e, de seguida, se torne prático. E é nessas circunstâncias que se aplicam estas palavras, "a saber: se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação", Rom.10:9,10. Existem pessoas que gostam de contrariar com palavras aquilo que se passa em seu interior ou apenas sonegar. E isso não é virtuoso - é, antes, destrutivo.

  185. O único verdadeiro sinal ou prova de que conhecemos a verdade e, também, que conhecemos essa verdade de maneira intima, é estarmos completamente libertos de todos os nossos pecados. Tudo o resto não prova nada - nem uma confissão sentida de que cremos na verdade.

  186. Como sabemos que Deus faz ou fará alguma coisa? Muitos dirão que se Ele já fez uma vez, fará de novo, isto é, se já mostrou que pode fazer por que não poderá fazer de novo? Mas, isso não é a resposta correta. Se Deus fez algo antes, poderá não fazer porque a pessoa pode estar desviada dos caminhos de Deus. A única resposta correta para essa pergunta é Deus estar presente, isto é, nós com Ele e Ele conosco. Essa é a única garantia de que Deus fará aquilo que disse que faria.

  187. "...Para que não dês a outros a tua honra, nem os teus anos a cruéis", Prov.5:9. Isto significa que os maus terão melhor nome que o homem correto que se desvia. A honra dele passará para os maus e a fama de mau carácter passará a ser-lhe atribuído a ele.

  188. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus", Mat.5:8. Como será maravilhoso ver Deus, conhecê-Lo como Ele é verdadeiramente e não como o imaginamos. "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas, agora te vêem os meus olhos", Jó 42:5. Todos sabemos o que é sermos limpos de coração - ou pensamos que sabemos. A consciência tem de estar limpa e precisa estar tranquila caso esteja sob a luz e escrutínio de Deus, isto é, em Sua presença de forma real (estar tranquilo quando Deus não está presente é ter a paz que o mundo dá e não a que Deus dá); devemos ser sinceros e honestos com nós próprios, com Deus e com qualquer pessoa, seja ela qual for. Mas, existe algo que nem sempre levamos em conta: estarmos limpos de coração também significa estarmos sem qualquer perturbação, preocupação ou problema que ofusque nosso bem-estar com Deus. A nossa mente deve estar desimpedida, transparente, livre e liberta de coisas que preocupam e impeçam nosso ser de estar total e soberanamente ativo naquilo que Deus quer. Isto também é ser limpo de coração. "Não se turbe o vosso coração", João 14:1. E isto deve poder acontecer sob quaisquer circunstâncias, sob qualquer privação ou provação. O coração perturbado impede qualquer um de ver Deus como Ele é. A nossa paz precisa acontecer quando estivermos verdadeiramente em união com Deus, desfrutando de Sua presença real e não quando somos negligentes estando afastados ou separados de Deus seja por que motivo for, isto é, tendo Deus como nosso opositor. Sabemos que Deus resiste aos soberbos e a outros mais. Mas, aos humildes dá graça e são os que recebem verdadeira graça que devem estar tranquilos na presença de Deus quando Ele é real. Se a presença de Deus não for real, ninguém deve estar tranquilo, ainda que tenha a paz que o mundo dá.

  189. "A doçura no falar aumenta o saber; palavras agradáveis são como favo de mel", Prov.16:21,24. Toda a palavra agradável pode ser verdadeira ou hipócrita. Mas, não são somente as palavras que podem ou devem ser agradáveis. O coração deve ser verdadeiro, manso, quieto e sábio sempre que as palavras são agradáveis. A doçura nas palavras só aumentam o saber de quem ouve caso o seu coração seja sábio (ou busque sabedoria quando ainda não é sábio) e caso se reveja livremente e pelo lado de dentro naquilo que é verdadeiro. Sabemos como as palavras sábias e doces de Daniel acalmaram a ira do rei quando mandou matar todos os sábios da Babilónia. Contudo, é o dever de cada ser celestial aqui na terra conseguir que seja o coração a falar na doçura do falar. Toda a expressão dos lábios precisa ser a verdadeira expressão do coração. Precisamos adotar uma linguagem que corresponda à doçura dum coração transformado ainda que vivamos "no meio dum povo de lábios impuros", Is.6:5.  Se não for, é melhor que o coração se expresse da maneira que é - ainda que não seja doce - do que camuflar o coração através de palavras vãs. Do que nos vale se as palavras forem doces, mas, o coração estiver sendo hipócrita? Daremos contas de cada palavra vã que for dita. Palavra vã é e será sempre aquela que não corresponde à verdade. Dito isto, existem duas coisas que nunca devemos esquecer: 1. É necessário que o coração de quem ouve esteja alinhado ou esteja na eminência de ser alinhado pelas palavras que ouve. Deus é manso em seu falar, mas, fala a verdade, revela realidades e fatos que são contraditórios aos pensamentos dos corações dos homens. Assim sendo, Deus não é tido como manso em Seu falar quando o coração é duro. Mas, para um coração e uma mente que desejam ardentemente serem refeitos e reconstruídos pela verdade sendo verdadeiros, todas as palavras de Deus serão sempre doces ainda que pareçam ser as palavras mais duras que alguém possa ouvir. "Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca", Sal.119:103. "E não é assim que fazem bem as minhas palavras ao que anda retamente?" Miq.2:7. 2. Em segundo lugar, se o coração não assimilar prontamente as palavras verdadeiras que saem de lábios cheios de doçura, as palavras soarão suaves, mas, o coração permanecerá hipócrita. Logo, nem sempre a doçura dos lábios resolve questões eternas e pode acontecer que, em breve, as palavras soem duras para esse tipo de ouvinte ainda que possam sair de lábios doces. Um despertador nunca soa de forma agradável para quem ama dormir e é preguiçoso, nem mesmo quando o som é suave, melodioso ou agradável. Mas, por muito violento ou agressivo que seja o som dum despertador, será sempre algo agradável aos ouvidos de quem gosta de despertar para o dia e está entusiasmado para fazer aquilo que ama de coração.

  190. Permitam-me dizer algo que sei que vai acontecer: um dia, não sei quando, o mundo que atualmente chamam de mundo muçulmano irá trazer o verdadeiro Evangelho ao mundo ocidental e às igrejas desviadas, mortas e sem rumo do ocidente. Lá não é permitido que os Cristãos vivam e os que lá vivem sabem que não podem ser falsos ou viver duma fé falsificada. Sobreviverão a tudo e manterão o verdadeiro Evangelho vivo. "Está escrito: Por gente doutras línguas e por outros lábios, falarei a este povo'", 1Cor.14:21.

  191. "Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições", 2Tim.3:12. Se vivemos mesmo com Cristo (mesmo piamente), se a Sua vida em nós é real e não apenas crença, seremos perseguidos; e, também, mesmo se (ainda) não vivemos piamente e estamos buscando o caminho certíssimo, seremos perseguidos. O diabo nos perseguirá até não poder mais. Mas tudo acontecerá sob permissão e sob supervisão de Deus. Mas, se não vivermos piamente em Cristo Jesus, o diabo não nos perseguirá. Contudo, não vivendo piamente em Cristo, não devemos esquecer que quem nos perseguirá será Deus e não precisará de pedir a autorização do diabo para fazê-lo. Sendo assim, cabe a nós decidirmos por quem desejamos ser perseguidos e contrariados. "Deus resiste aos soberbos", 1Ped.5:5; Tgo 4:6.

  192. "Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo", Gal.1:10. Eu não sei como é possível alguém (um pastor, evangelista ou qualquer outro crente) conseguir considerar-se servo de Cristo agradando pessoas ainda. Agradar pessoas é uma forma de idolatria. É idolatria porque dá confiança sendo agradado de volta e tudo que dá confiança, esperança e alento fora de Cristo é falso. A verdadeira confiança vem a nós sendo operada pelo lado de dentro por Cristo - isto é, se Ele estiver mesmo operante em nós.

  193. "Sendo Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfeito", Gen.17:1. Andar com Deus é ser-se ativo. Não é inatividade. Muitos negligenciam a sua vida diária e prática do dia-a-dia em vez de andarem com Deus. Crêem que estar com Deus é somente estar orando e lendo a Bíblia, seja por muito ou pouco tempo, com muito ou pouco esforço. Mas, que sentido faz passarmos tempos preciosos com Deus em nossos quarto (ou em outro lugar) se isso não afetar toda a nossa vida prática, momento a momento? A parte mais importante de toda a nossa essência Cristã é o podermos andar (com Deus) sendo capacitados a andar com Ele em seu passo, em seu ritmo e através de Seu poder. A vida Cristã é podermos estar continuamente na Sua presença de forma real e não de termos nosso tempo religioso nos cultos ou em nossos quartos. Pensa-se que estar com Deus é passarmos esse tempinho com Deus e nada mais que isso. Mas, esse tempo precioso com Deus é necessário apenas para sermos capacitados a andar, caminhar e juntar com Deus em nosso dia-a-dia e em toda a nossa vida prática sem que nos seja sequer possível usarmos qualquer espécie de fogo estranho para tal efeito. Tenho a plena convicção e certeza que todos aqueles que pensam que estar com Deus é apenas termos tempo lendo a Bíblia e orando ou jejuando, querem, no fundo, viver a própria vida e obter o apoio de Deus para tal efeito.

  194. "Não busco a minha vontade, mas, a vontade do Pai, que me enviou", João 5:30. Quando Jesus disse que não buscava a própria vontade, Ele queria dizer mais que aquilo que transparece. No original esta palavra (não buscar) significa "tramar", fazer uma desfeita à própria vontade. Como faria isso? Buscando a vontade do Pai. E eis aqui outro segredo escondido, outro tesouro da verdade: buscar significa fazer tudo para achar, esforçar-se para encontrar - não é somente buscar. Saber qual é a vontade não é e nunca será sermos capacitados e revestidos com as capacidades para empreender e fazer. É fácil dizer que queremos a vontade de Deus, mas, o segredo é que essa vontade só pode ser feita por via do poder que emana no céu. Quem não acha os meios de fazer a vontade de Deus nunca conseguirá fazê-la. Buscar a vontade sem buscar e achar os meios para poder fazê-la seria executá-la sem o poder da graça e isso seria impossível, pois, somente fazendo as coisas da maneira que são feitas no céu é que conseguiremos fazer a vontade de Deus. "Tua vontade seja feita aqui na terra como no céu", isto é, da maneira que é feita no céu. E isso tem de ser buscado e achado.

  195. A voz de Deus pode ser uma voz audível. Mas, o que conta é aquilo que tem repercussão dentro de nós. Os Israelitas ouviram a voz de Deus no monte Sinai e de nada lhes valeu em termos eternos. Mas, sempre que a voz de Deus tem ou acha assento dentro de nós, faz toda a diferença. O coração do homem deve ser movido pelo poder da graça para que possa alcançar aquilo que Deus pretende da forma que Ele pretende. Se não houver repercussão dentro de nós, se o testemunho não for confirmado no homem interior (isto é, sendo o testemunho de Deus e não do próprio para o próprio), será a carne a decidir o que fazer. Ou a carne esquece aquilo que ouviu e continua com sua vida de sempre ou tenta alcançar as coisas através de fogo estranho, isto é, pelo poder da carne 'exigindo' mesmo a aprovação de Deus.

  196. Uma das muitas diferenças entre os pregadores de hoje e os de antigamente é que hoje convidam as pessoas para aceitar um qualquer evangelho dizendo: "Não importa quem você é". Paulo usou essa expressão para revelar a ira de Deus: "Ó homem, quem quer que sejas (não importa quem você é), porque te condenas a ti mesmo...", Rom.2:1. Hoje falam do amor de Deus que aceita qualquer um que venha a Ele - algo que toda a gente já sabe. Paulo dizia isso aos "que Deus há de julgar e os seus segredos, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho", Rom.2:16. Ele dizia que esse era o seu Evangelho. E hoje ninguém quer falar do juízo de Deus nos púlpitos.

  197. "...Sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder...", Heb.1:3. Nós sabemos que existem muitas coisas trocadas na linguagem evangélica de hoje. Todos dizem que a palavra tem poder, mas, lemos aqui que o poder é que tem ou pode ter palavra. Nem toda a palavra tem poder. O poder de Deus envia a palavra e não é a palavra que envia, alcança ou desbloqueia o poder de Deus. É o poder de Deus que desbloqueia e envia a palavra. Se trocarmos esta sequência ou se beliscarmos esta ordem teremos sérios problemas e sérios desvios difíceis de corrigir.

  198. "Ore por mim, irmão. Eu oro por si". Não existe nada de errado que as pessoas orem umas pelas outras. Contudo, nota-se uma grande apetência para usar a oração como meio de manter amizades, como forma de criar laços entre pessoas quando a verdadeira oração busca a vontade de Deus, busca resposta concreta. E existem pessoas que contam aquilo que falaram com Deus como forma de cativar os seus ouvintes. "Hoje, antes de pregar, antes de cantar na igreja, orei para que Deus estivesse conosco e abençoasse aquilo que vou fazer". Se oramos a Deus e Deus nos ouviu, esperamos o fruto dessa oração pela presença de Deus. Não será necessário comunicar isso a ninguém. Essa linguagem evangélica precisa ter fim se quisermos ver Deus atuando verdadeiramente. Deus precisa dar testemunho daquilo que é dito. "¶ Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro", João 5:31. Se precisa de provisão de Deus e falou com Ele sobre esse assunto, por que razão ou razões deve dar a entender a outras pessoas que está necessitando disto ou daquilo? Se Deus não atende minhas orações, devo corrigir-me descobrindo qual a razão para isso acontecer ao invés de tentar resolver as coisas de forma humana ou humanizada. Pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas nunca foi e nunca será solução para nossas vidas.

  199. "Pelo que Deus os abandonou às paixões infames", Rom.1:26. Isto é muito grave. Não dá para imaginar a gravidade duma situação deste género onde a pessoa aprova e gosta de se submeter a paixões infames, chegando mesmo ao ponto de lutar por elas como sendo direitos incontestáveis que a própria sociedade deva aceitar e respeitar. Lembre-se disto sempre que observar que há "iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia", Rom.1:30-31. Quão terrível é ser-se abandonado por Deus e quão pior será sermos abandonados e entregues às próprias paixões para fazer o que não convém.

  200. Existem coisas que se curam com tempo, pois, Deus precisa de tempo para fazer algo de todos os impacientes ou preocupados.

  201. "Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder", At.1:7. É bom darmos a devida importância a estas palavras de Jesus. Vejo muita gente discutindo aquilo que não sabem como se fosse importante saber. Será que não devemos saber o que está para acontecer? Creio de todo o coração que é mais importante saber que vai acontecer do que saber o que vai acontecer. Sempre que Jesus mencionou o fim dos tempos foi com o intuito de nos prepararmos e não era sua intenção sabermos os detalhes daquilo que irá acontecer. Ele realçava o fato de que irá acontecer e dava menos ênfase aos detalhes de tudo aquilo que vai acontecer. Algumas vezes, terminava seus discursos com as palavras "estejam preparados, preparem-se" ou algo com o mesmo significado. Eu desconfio muito daqueles discursos e pregações que tentam desvendar aquilo que irá acontecer, sendo que o objetivo de todas as nossas pregações e discursos é sermos "zelosos para nos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo (...) para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível; no corpo da sua carne, pela morte, para, perante ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.", 2Cor.11:2; Ef.5:27; Col.1:222; 2Tm.2:15.

  202. Jesus falou naquelas pessoas que pulam o muro para dentro do aprisco das ovelhas, os quais não entram pela porta. Existem muitos que não se limpam, não confessam um pecado e tentam arranjar doutrinas para pular o muro, tais como "aceitar Jesus como Salvador" entre outras tantas. Mas, do mesmo jeito que existem pessoas que pulam esse muro para dentro, existem outros que pulam o muro para fora do aprisco das ovelhas, pessoas essas que desanimam, ficam fartas com saudades do mundo. O que pensar delas? Trocam vida real pela fantasia, trocam a verdade pela mentira e dificilmente voltam ao aprisco pela porta novamente. Se voltarem, pulam o muro.

  203. "Mas, qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus", Mat.10:33. Sempre que lemos este versículo vem-nos à mente um negar verbal de Jesus. Mas, a verdade é que existem muitos - muitos mesmo - que negam Jesus em sua vida prática vivendo como pessoas do mundo que não conhecem Deus. Podemos negar Deus com nossa forma de viver, de vestir, de falar e de ser. Além do mais, existem pessoas que verbalmente nunca negam Deus, mas, suas vidas práticas nunca demonstram nada d'Ele. A maioria dos hipócritas recusa negar Deus verbalmente, mas, estão duplamente mortos.

  204. Sempre que lemos ou interpretamos as Escrituras, devemos levar em conta muitas coisas que, por vezes, estão escondidas aos olhos mais doutrinados e mais obstinados num tipo de ensino. Creio que nunca existiu uma era onde obras de santidade e pureza tivessem tanta oposição. E essa oposição em círculos evangélicos só existe devido a teimosias doutrinárias. No fundo, são teimosias que, à luz da Bíblia e por serem teimosias, são tão graves quanto são todas as formas de feitiçaria e de idolatria (1Sam.15:23). Mas, devemos saber que a graça - o poder da graça - quando estiver verdadeiramente vivente e ativa leva a uma santidade sem limites, na qual não existe qualquer sombra de dúvida. Por outro lado, não vemos Deus confiar certas coisas importantes ou o conhecimento de certos acontecimentos a qualquer um. Deus confiou o Salvador a uma virgem que era pura e que, por essa razão, achou a graça de conceber o Salvador. Zacarias e sua esposa "eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor", Luc.1:6. E todos quantos foram chamados ainda vivendo em seus pecados, tiveram de passar por um processo de purificação e santificação antes de se poderem tornar úteis nas mãos de Deus. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra", 2Tim.2:21. Aconteceu com Paulo que passou sete anos nos desertos da Arábia antes de ser tornado vaso útil nas mãos de Deus; aconteceu com todos os apóstolos que tiveram de passar por tudo que Jesus passou. E assim acontecerá com todos quantos se querem tornar úteis nas mãos de Deus. Então, tenha mais cuidado sempre que pregar contra as obras como se elas estivessem em oposição direta à fé em Cristo.

  205. É verdade que a Bíblia nos ensina a não nos sentarmos à mesma mesa com aqueles que se dizem crentes e vivem dissolutamente. Mas, isso só funciona para o arrependimento dessas pessoas se nosso testemunho for vivo, real e verdadeiro, isto é, se for Deus a testemunhar a nosso respeito. Caso esse testemunho não lhes seja dado por Deus, nenhum daqueles que se desviaram da verdade real e experimental sentir-se-á separado de Deus ao nos separarmos deles, mas, apenas de nós que, em sua opinião, os estamos julgando. Nunca nos podemos esquecer que isso só funciona quando é um ato de misericórdia porque, caso não seja um ato de misericórdia, torna-se um ato de juízo. E nós não somos o juiz de ninguém. "Vós julgais segundo a carne, Eu a ninguém julgo", João 8:15. A mesma Bíblia que diz para nunca nos sentarmos na mesma mesa com tais pessoas como uma última tentativa de os converter provocando neles o sentimento verdadeiro de que se encontram factualmente separados de Deus, sendo-lhes misericordiosos negando o que sentimos a seu respeito ao queremos agradar-lhes (humanamente falando), também fala contra os que se separam acusando os demais. Esses são os que "dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são uma fumaça no Meu nariz, um fogo que arde todo o dia", Is.65:5. "Busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria", Prov.18:1. Também temos outra solução (outra arma), vinda de Paulo, como ministros do verdadeiro Evangelho: "Guarda-te dele", 2Tim.4:15. Se estivermos na presença de alguém que se diz crente, o qual vive dissolutamente, certamente que se aperceberá que não confiamos nele - ainda que nos sentemos na mesma mesa. Essa falta de comunhão e interacção será sentida da mesma forma que será quando nos recusarmos sentar à mesma mesa. Existem muitas maneiras de ajudarmos aqueles que se desviam da verdade para outro caminho. Mas, se a nossa separação daqueles que se desviam não for um ato de misericórdia, pode ter a certeza que lhes ficará devendo um pedido formal de perdão pelas suas atitudes de juiz. Deve pedir-lhes perdão enquanto ainda estão por cá. Ainda que estejam a caminho do inferno, você tem a enorme responsabilidade de lhes pedir esse perdão enquanto ainda sejam vivos porque, depois da sua morte, já não poderá fazê-lo. "Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão", Mat.5:25.

  206. As pessoas que se desviam da verdade não se desviam por causa da doutrina, mas, para a doutrina. Desviam-se por causa do pecado, tendo a transgressão como causa de sua separação de Deus que é a verdade. Jesus disse que aquele que conseguir fazer a vontade de Deus - nem todos conseguem, nem mesmo querendo, pois, conseguirão apenas usando os meios que são usados no céu (poder da graça) - aquele que conseguir fazer saberá se a doutrina que segue ou seguia vem de Deus ou não. Por isso, cabe-nos a nós criar aquela intimidade entre pecador e Deus, intimidade que salva verdadeiramente, libertando, para que tudo o resto seja composto com o decorrer do tempo. Compor ou corrigir doutrina não é a nossa obra. A nossa obra principal é reconciliar corações com Deus, para que sejam um, seja esse coração o nosso ou de outro. Tudo o resto é e será corrigido durante o normal decorrer dessa intimidade continuada com Deus. Enquanto essa intimidade decorrer tudo se vai corrigindo e compondo neles pela instrução direta de Deus. "E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira", 1João 2:27. "Cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus (...) para que não sejamos (...) levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens..." Ef.4:14.

  207. "Os Israelitas saquearam para si, entretanto, o gado e os despojos daquela cidade, segundo a palavra do Senhor, que ordenara a Josué", Jos.8:27. Isto aconteceu depois da batalha de Jericó onde Acan foi desterrado por haver tomado do anátema. Deus resolveu dar tudo aos Israelitas para contrapor ao sucedido anteriormente, mostrando que não se tratava dos bens que pudessem acumular, mas, da obediência a Deus. Podemos afirmar o mesmo vendo Deus enviar todo o exército Israelita contra apenas 12.000 homens em Ai quando, anteriormente e quando foram derrotados, os líderes haviam aconselhado a irem poucos soldados de Israel contra a cidade. É tudo uma questão de obediência e nada mais. Devemos aprender a obediência e não a olhar para números, posses ou qualquer outra coisa - nem a favor e nem contra qualquer dessas coisas.

  208. "Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram", João 20:29. Por que razão ou razões as pessoas capazes de crer mesmo sem haverem visto são tão bem-aventuradas? Isso significa que sua vida e comunhão com Cristo é tão real que chega a ser natural; a sua realidade espiritual é tão simples e verdadeira que vivem daquilo que são ou que se tornaram. São humildes porque são aquilo que são, isto é, não se forçam e nem se obrigam a crer, a fazer e a entender. Sua Vida é real, simples, verdadeira e eles não têm nada para esconder ou inventar vivendo sem complexos, sem métodos porque têm essa vida na abundância prometida. Não precisam ver para crer. E se vêem alguma coisa não se admiram e isso em nada influencia seu modo de vida e sua existência - muito menos seus deveres diários. Sua vida continua como sempre e, como a de Moisés, continuou vivendo o momento que se seguia mesmo havendo passado o mar vermelho como se nada de anormal tivesse acontecido. Bem aventurados os que crêem dessa maneira, pois, é a Vida eterna que os sustêm. É essa Vida que os faz crer, por essa razão é que, quem crê tem a Vida Eterna dentro dele.

  209. "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida", Prov.4:23. Existem pessoas que são capazes de se resguardar a respeito daquilo que falam, isto é, tentam usar o guarda que têm nos seus lábios. Tentam controlar ou domesticar a língua, embora nem sempre consigam porque não começaram por guardar o seu coração. Se guardar a língua - que é indomável quando se abstém do poder da graça e da obediência incondicional - é tão importante, guardar nosso coração é mil vezes mais importante. Da boca saem palavras que ferem ou curam, mas, do coração "procedem as saídas da vida". Logo, alimentar o coração continuamente com a Palavra de Deus, aproximarmo-nos de Deus de maneira cada vez menos fingida e menos religiosa, sendo verdadeiros com toda a simplicidade e sinceridade é, provavelmente, a coisa mais importante que alguma vez podemos fazer em toda a nossa existência. A língua fala daquilo que procede do coração.

  210. Os Judeus escolheram ou preferiram mandar soltar um criminoso em lugar de Jesus, o Inocente. Preferiram inocentar um criminoso que, aos olhos de Deus, não estava perdoado de nada. Se isto fosse simbólico teria muito que dizer-nos nos dias de hoje. Ainda hoje os líderes religiosos, os pastores e tantos outros que se acham na posição de autoridade para se pronunciar sobre o perdão de pecados, inocentam aqueles a quem Deus (ainda) não perdoou. Aconteceu comigo no início de minha caminhada. Diziam-me que estava perdoado quando nunca havia confessado e abandonado meus pecados, apenas porque "aceitei" Jesus como meu salvador! Creio que o pecado daqueles que me queriam inocentar daquilo que Deus ainda não me havia perdoado pela libertação é maior ou igual ao daqueles que inocentaram e libertaram Barrabás sem qualquer autoridade moral para fazê-lo.

  211. Eliseu pediu sal e um prato novo. Naquele tempo, estas coisas que eram usadas não tinham significado nenhum e eram mudados conforme as palavras dos profetas. O ideia que se queria transmitir era que não tinha nada que ver com os utensílios usados e antes com o poder de Deus. Era uma questão de obediência sem qualquer simbolismo nas coisas que fossem usadas. Hoje, dá-se ênfase aos utensílios e óleos que se usam como se algo dependesse dessas coisas para se concretizarem.

  212. "Pois, será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria", Sal.1:3. Seria de esperar que uma árvore plantada à beira de ribeiros de águas, cujas raízes estão sempre devidamente regadas, desse fruto todo o ano. Mas, vemos que sendo bem irrigada dá fruto somente na estação própria. Isto é, qualquer árvore boa precisa ser irrigada quando não está no seu tempo de dar fruto para que, assim que a sua estação chegar esteja pronta para frutificar. Muitos buscam Deus somente no momento que precisam de algo importante. E isso não é e nunca foi buscar Deus. Isso é buscar aquilo que necessitam. As virgens loucas ficaram de fora porque foram buscar azeite no momento que deveriam estar a usá-lo. Tenhamos cuidado com as nossas intenções quando buscamos Deus. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno", Heb.4:16. "E tudo quanto fizer prosperará". Isto significa que Deus se agrada da pessoa, cujo coração é segundo Ele. Sempre que a pessoa e o coração estejam bem ordenados, sempre que sua comunhão com Deus esteja em dia, todo tipo de aptidão dada por Deus é abençoada com fruto.

  213. Nós somos salvos pela Palavra. Mas, essa palavra precisa estar viva para ter o poder de salvar de nosso pecado. Jesus também é - ou pode ser para nós - a própria palavra. Mas, para isso, Ele precisa ser real para nós e estar efetivamente (e não ficticiamente) operante em nós. Se assim não for, não pode ser nosso salvador. Precisamos estar em plena comunhão com Ele, ter nossa comunhão em dia, limpa, ter a palavra de cada dia viva e atual se quisermos que essa palavra (ou Ele) atue em nossas tentações. Sejam as tentações insistentes ou não, sejam mais ou menos descaradas, tornam-se inúteis e parecerão coisas fracas demais para nos importunarem caso tenhamos nossa vivência e comunhão em dia com Deus e nossa vida limpa e bem ordenada. A nossa comunhão com Deus pode ser medida pela força que qualquer tentação é capaz de exercer sobre nós: quanto mais forte for, mais distantes estamos de Deus. Se estiver chovendo, posso estar num abrigo ou na chuva. Estando no abrigo só me molho se quiser; e se estiver à chuva só me seco se quiser. Esse abrigo é aquela comunhão com Deus que é real e não aquela que é forçada, fictícia ou apenas fingida.

  214. "Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas, porque comestes do pão e vos saciastes", João 6:26. Jesus repreendeu algumas pessoas por crerem apenas quando vissem milagres. Mas, estas pessoas já não se preocupavam sequer em ver os milagres porque o egoísmo só queria comer. Já não se admiravam com os milagres. É isso que as teorias e doutrinas da prosperidade são capazes de fazer a um coração egoísta. Podemos ver além do milagre: ou vemos Deus e aprendemos a conhecê-Lo; ou vemos aquilo que o egoísmo pede, exige ou quer.

  215. Se o nosso coração nos condena podemos ter a certeza que Deus também nos condena. A condenação do coração é prova real e em primeira mão que Deus nos condena também. Contudo, da mesma maneira que alguém sem aquela luz de Deus é capaz de aprovar seus próprios atos e pessoa, dessa mesma maneira alguém pode estar a condenar-se sem luz e sem Deus. É importante saber que a condenação que conta, neste caso, é aquela em cujo coração a luz ilumina, revela, coloca a nu e mostra verdadeiramente.

  216. A confiança em Jesus durante, antes e depois da oração depende muito se nosso coração nos condena ou se nos defende/aprova, isto é, se nossa consciência nos defende ou se nos acusa. Contudo, sabendo (conhecendo, experimentando) que Deus nos ouve não é o mesmo que experimentar a resposta. Devemos saber (conhecer, aperceber, experimentar, ouvir) quando somos atendidos e não apenas ouvidos. A resposta à oração é o cerne da questão e nunca a oração. Oração sem resposta não é, nunca foi e nunca será a verdadeira oração que Jesus e a Bíblia ensina ou ensinou.

  217. A reconciliação com Deus é, para os humanos, algo pouco entendido e muito mal explicado. Por norma, olham para Deus como se Ele fosse humano ou se lida com Ele como se lidaria com um qualquer humano. Com os humanos, nós conversamos e esclarecemos as coisas que nos separam, fica tudo resolvido e vai cada um para o seu canto. No fundo, aquilo que o homem tem é o desejo de poder agradar a Deus da mesma forma que se agradaria a um qualquer homem. "Fareis aceitação da sua pessoa?", Jó 13:8. Como Deus nos faz voltar àquela comunhão com Ele íntima e profunda - mais profunda que os próprios pensamentos do homem - a reconciliação com Ele tem muito a ver com isso. Para as pessoas se darem bem não precisam apenas entenderem-se, mas, precisam ser iguais ou compatíveis. "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?", Amos 3:3. A verdadeira reconciliação é uma de obter coração igual, valores iguais, o uso do mesmo poder da graça (saber usá-lo) e ser em tudo e sob qualquer circunstância integralmente compatível com Deus em todas as Suas movimentações interiores. Isso é a verdadeira conciliação com Deus: sermos um com Ele em tudo e em todas as circunstâncias.

  218. "Tu, pois, sofre a tua vergonha, tu que julgaste a tuas irmãs, te fizeste mais abomináveis do que elas pelos teus pecados; mais justas são do que tu; envergonha-te logo também e sofre a tua vergonha, pois, justificaste a tuas irmãs", Ez.16:52. As irmãs de quem Deus estava falando aqui eram Sodoma, Gomorra e Samaria. É triste saber que até mesmo Sodoma se tornava justificada quando comparada com o povo de Deus em seus pecados. Ainda hoje isso acontece. Os pecados da Igreja 'justificam' os ímpios, tornando-os mais justos que a própria igreja. Já vi isso acontecer com meus próprios olhos.

  219. "Vós maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco (...) para que não sejam impedidas as vossas orações", 1Ped.3:7. Esta palavra "impedidas" tem um significado mais vasto que aquele que possamos imaginar. No original significaria mais ou menos isto: "para que as vossas orações não sejam frustradas". Todos nós sabemos o que significa frustração. Essa frustração pode surgir de muitas maneiras. Impedir que as orações sejam ouvidas é só uma dessas maneiras. Se alguma pessoa insistir na oração recusando endireitar seus caminhos, poderá chegar a um ponto onde Deus dá o oposto daquilo que pede ou, então, dar algo que retira logo de seguida antes que possa ser usado ou gozado, como aconteceu com Jonas na questão da planta que nasceu e morreu no mesmo dia, Jon.4:6. Isso traria uma frustração ainda maior. Muitos preferem insistir na mesma oração e na mesma melodia murmuradora do que lerem os sinais em suas vidas para entenderem que precisam pedir perdão e mudarem seus caminhos, modos, atitudes ou forma de falar. Se Deus não é surdo, as razões de não sermos atendidos podem ser outras e podem ter outras causas. Também devemos saber que este princípio sobre a frustração não se destina apenas aos maridos, mas, entenda-se que se aplica a todos. Pode acontecer a uma esposa, a uma mãe, a um pai, a um filho, a um professor, a um irmão, a um empregado ou até mesmo a um patrão.

  220. Davi tentou usar a armadura de Saul para enfrentar o gigante Golias. Logo percebeu que não podia usar a armadura doutra pessoa. Não é isso que acontece com muitos crentes hoje? Perante um problema deixam de ser eles próprios diante de Deus e tentam passar por outra pessoa, com a 'fé' de outro, com os métodos de outro ou tentando mesmo passar por outra pessoa. "E alguns (...) tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega", At.19:13. A imitação nunca deu certo e nunca resolveu nada. A imitação é e será sempre uma mentira que tem pernas curtas. Na vida prática, será sempre negada por Deus. Quem não é ele próprio diante de Deus, não é alguém diante dele - é um simples ninguém.

  221. "Caifás que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo e que não pereça toda a nação", João 11:49,50. É interessante ver que Deus não deixou de falar por Caifás, da mesma maneira que não deixou de falar a Ana pela boca de Eli. Eram ambos sacerdotes instituídos por Deus, mas, destituídos da glória d'Ele. Contudo, Deus exerceu o seu direito/dever de falar por serem legítimos líderes instituídos por Deus.

  222. "Já vo-lo tenho dito e não o credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim", João 10:25. Não me lembro de nenhuma ocasião onde Jesus tenha dito ser o Messias exceto quando falou com a mulher Samaritana. Contudo, Ele afirmou que já o tinha dito (e não se referia a essa ocasião da mulher Samaritana); e explicou que eram as Suas obras em nome do Pai que atestavam e diziam isso. Podemos não crer ou não querer crer, mas, o fato é que as obras alcançadas em nome do Pai falam e respondem a muitas das nossas dúvidas. Só não espere que correspondam às suas dúvidas, pois, elas apenas respondem. E se responderem deixe de pedir palavras para aquilo que já sabe e já é claro. Por outro lado, existem muitas questões que não são respondidas nos dias de hoje e, também, muitas dúvidas, porque não vemos as obras de Deus acontecerem conforme prometido.

  223. Li algo assim estes dias: Foi dito que Deus falou com a terra quando fez as árvores e plantas; e que falou com o mar e as águas quando fez os peixes. Mas, quando fez o homem falou com Ele mesmo: "E disse Deus, Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança", Gen.1:26. Assim, nenhuma planta ou árvore sobrevive fora da terra e nenhum peixe sobrevive fora da água. Do mesmo modo, o homem não é e nunca será vivente caso não tenha um relacionamento profundo, íntimo, exclusivo e pessoal com Deus.

  224. Existem alguns motivos pelos quais muitas pessoas examinam seus corações ou, devo dizer, muitas coisas que as fazem ou as levam a examinar seus corações. Algumas dessas coisas não são motivadas pela santidade, mas, pelo sentimento de perda. Por exemplo, se meu filho sofre, ou meu relacionamento com alguém querido é atingido por uma flecha dolorosa, ou qualquer coisa querida ou próxima de mim sofre, minha mente humana é sempre levada a acreditar que pode ser por minha culpa ou por causa de mim. É assim que funciona a mente humana. Até os discípulos tiveram essa ideia (antes do Pentecostes) e perguntaram a Jesus: "Mestre, quem pecou, ​​este homem ou seus pais, para que nascesse cego?" É por isso que muitas vítimas ficam cada vez mais sujeitas a quem as vitimiza. As pessoas têm essa ideia de que todo tipo de sofrimento ou mágoa é um castigo por alguma coisa. E porque as pessoas desejam tanto algo, elas analisam seus corações imediatamente - ou mesmo espontaneamente. Não é errado examinar seu coração, especialmente se isso for feito sob a luz de Deus. A parte errada é terminar com conclusões erradas e dar um veredicto final que não está de acordo com a verdade. Muitos preferem presumir que a culpa é deles - mesmo quando sabem que não é verdade. Eles farão isso para evitar ferir um relacionamento ou para evitar brigas, para agradar as pessoas ou até mesmo para evitar perder algo que lhes é querido. A mente está concebida ou determinada a não ferir mais ou destruir algo querido para eles ou mesmo querido para Deus. Evitará culpar outra pessoa para evitar um mau ambiente ou para evitar destruir um relacionamento ou algo importante. Não é errado desejar ou mesmo ter um relacionamento saudável, um ambiente sólido ou mesmo estar saudável e bem. O errado é tentar construí-lo, mas, não por via da verdade. Só a verdade pode libertar, construir, manter tudo o que é bom e querido para nós, para Deus ou qualquer outra pessoa. Mesmo quando a verdade dói agora, é uma base sólida para um bom futuro próximo e distante. Mais cedo ou mais tarde dará bons frutos. Além disso, não é preciso ferir outra pessoa, culpar ou mesmo acusar quando não é nossa culpa. Basta, apenas, resumir-nos e sujeitarmo-nos àquilo que é verdade. Conhecer a verdade é fundamental seja para o que for.

  225. "Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares", Jos.1:9. O fato de Josué ter visto tantos milagres e tantos feitos grandiosos de Deus e de os haver presenciado na primeira pessoa não mudou o interior do seu coração. Não há milagre que tenha a capacidade de mudar alguém. Mudou a sua visão sobre Deus, mas, não modificou quem ele era. Ele era ou ainda seria pessoa que se pasmava com uma obra grandiosa, que temia aquilo que não devia ser temido na presença de Deus. Logo, a sua transformação seria operada pelo seu esforço na presença de Deus. Quem alcança o poder da graça deve e pode esforçar-se, pois, não errará. É da nossa responsabilidade a criação desse coração novo em nós. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. Este coração deve chegar ao ponto de conviver com um Deus grandioso como se nunca tivesse vivido doutra maneira.

  226. Nunca se esqueça de que o nosso pão de cada dia deve ser diário, contínuo. Não negligencie a palavra ou palavras de Deus ou você ficará enfraquecido contra a tentação ou quando estiver sob alguma pressão; sua luz ficará fraca quando você precisar ter uma visão completa; seus tempos de reação ou mesmo tempo de ação será temerário, fora de tempo ou mesmo adormecido e não será uma obediência simples, espontânea e vitoriosa. E, na falta de uma palavra viva, as dúvidas surgirão e o "bom ânimo" se tornará em desespero ou algo semelhante. "Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena", Prov.24:10. E sabemos que a nossa força será pequena sempre que não nos alimentamos convenientemente. Nosso pão é algo que Deus diz ou nos revela pessoalmente a partir das palavras das Escrituras. Você também precisa disso e não apenas do que Deus mostrou aos outros, por mais importantes ou bem-sucedidos que tenham sido nos seus ministérios.

  227. Quando um homem de fé alcança qualquer promessa da parte de Deus, todos gostam de colocar ênfase no homem que creu e não na fidelidade de Deus. O exemplo do homem é mais badalado que a fidelidade de Deus. E isso não é e nunca será bom. Existe uma pressão enorme para nos tornarmos exemplos - ou exemplares - a ponto de nos tornarmos reféns das opiniões dos homens a nosso respeito. Isso são ataduras e nada tem a ver com a liberdade que Cristo nos dá. Ninguém pode querer brilhar às custas de Deus. A atitude de quem é soberanamente usado por Deus tem uma enorme influência sobre a direção dos olhares de todos aqueles que presenciam a obra alcançada. Quando Jesus fazia uma obra, o louvor das pessoas a Deus era imediato e espontâneo."E logo viu e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus", Luc.18:43. Tudo depende da atitude e da sinceridade de quem Deus usa a esse respeito. "Certamente, vos repreenderá, se em oculto fizerdes distinção de pessoas (distingui-las, elevá-las)", Jó 13:10.

  228. Não existe obediência se não soubermos quais as intenções e alvos que Deus pretende alcançar. Falar em obediência quando não se sabe qual a finalidade o o alcance das palavras de Deus é uma utopia. Por exemplo: Jesus curou os dez leprosos dizendo-lhes para se irem mostrar aos sacerdotes. Assim que se viraram para irem ter com os sacerdotes, ficaram curados. Essa era a finalidade e não que se fossem mostrar aos sacerdotes naquele momento. Um deles voltou e não se foi mostrar aos sacerdotes. Desobedeceu voltando para glorificar Deus? Esse estrangeiro 'desobediente' foi o único que foi louvado por Jesus. Não ficaram curados quando se mostraram aos sacerdotes, mas, quando se viraram para ir. Poderiam ir mostrar-se depois, sendo que a finalidade das palavras de Jesus era que dessem aquele passo de fé que os levou à cura. Foi um passo ousado a mando duma palavra de Jesus. Eles só se podiam mostrar aos sacerdotes estando completamente curados. A verdade é que, antes de se virarem e quando Jesus mandou ainda não estavam curados. Só quando se viraram é que ficaram curados. O alvo é que obedecessem e não que se mostrassem aos sacerdotes.

  229. Quando existe uma disputa doutrinária entre crentes ou qualquer outra disputa onde se criam dois lados em vez duma união, escolher um dos lados é entrar nessa disputa.

  230. As pessoas nascem como uma habilidade nata para imitar e assimilar. É assim que as crianças aprendem as coisas. Contudo, todos aqueles que já têm uma personalidade formada precisam separar-se das suas respectivas cápsulas, como se de um vaivém se tratasse. "Acabemos com as coisas de menino", 1Cor.13:11. Por que razão? Porque, o interior da criança consegue transformar aquilo que aprende em coisa do coração pela assimilação. Um adulto com sua personalidade já formada torna-se um hipócrita se não abdicar da sua cápsula de lançamento. Assim que, as coisas de Deus precisam ser operadas pelo lado interior de cada homem, tornando-o uma nova natureza pela qual deve cingir-se e ser guiado. Deus guia uma nova criatura e nunca uma criatura qualquer. Ele ensina uma nova criatura. Ora, essa nova natureza só é gerada pela íntima aproximação do Criador à criatura pelo Seu Espírito. E essa natureza só pode ser mantida, guiada e usada numa plenitude do Espírito Santo a ponto de Ele conseguir habitar permanentemente nessa criatura. Caso isso não aconteça, a criatura "crente" irá tornar-se um obstáculo ao verdadeiro Evangelho porque o mundo consegue enxergar um crente hipócrita à distância - algo que outros crentes iguais não enxergam por serem iguais. Os iguais não se enxergam - colam-se. Da mesma maneira que um imitador ou hipócrita é facilmente detectado pelos demais, dessa mesma maneira um crente fingido enxerga facilmente os pecados dos demais e julga-os. Esse crente julga porque tem aqueles pecados que vê nos outros, seja em que forma for que os têm. Então, aqui temos algo que podemos afirmar: a pessoa do mundo será sempre o primeiro a enxergar um crente hipócrita; e o crente cuja natureza é uma imitação da nova enxergará e julgará qualquer pessoa do mundo por ter os mesmos pecados que o mundo, os quais enxerga nos outros por ser crente mundano. "Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida", 1Tim.1:5.

  231. Aprendi ao longo da vida que devemos ter vida ao invés de aprender um estilo de vida; que devemos seguir o Senhor ao invés de seguir um modo de vida de forma cultural. É muito fácil aprender a dar os passos que outros dão, de assimilar modos e comportamentos. Contudo, é muito diferente termos vida e andar em conformidade com essa vida. Andar conforme a vida, conforme a luz (a luz é a vida interior eterna e constante em nós), andar e caminhar segundo aquilo que somos ou em que nos transformamos por uma obra de Deus verdadeira e real (não fictícia e verdadeiramente consolidada e efetuada dentro de nós) é muito distinto de termos modos e aptidões culturais aprendidas ao longo dos anos de convívio com a espécie santa. Hoje, admiro-me muito quando as pessoas afirmam que são ensinados pelo Espírito quando não alcançaram a vida de plenitude que Deus prometeu. "Estes são sensuais, que não têm o Espírito", Jud.1:19.

  232. "Porque nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou também reconheceis", 2Cor.1:13. Nós apenas podemos reconhecer aquilo que já conhecemos. Isto significa que a Palavra de Deus, a verdade é confirmada no íntimo dos sinceros e daqueles que ouvem. Existe um reconhecimento, uma concordância no interior dos sinceros acerca de qualquer palavra que, por alguma razão, esteja adormecida, esquecida ou desprovida da devida atenção dentro de nós. Se podemos reconhecer alguma palavra vinda da parte de Deus, é porque essa palavra, antes de ser ouvida, já estava muito perto de nós - em nosso coração. Logo, é necessário haver uma dureza no coração, um resistência infernal e deliberada para alguém poder negar uma palavra que é reconhecida em seu próprio íntimo. É muito triste quando "a suprema sabedoria altissonantemente clama de fora", Prov.1:20. Esta sabedoria deve clamar pelo lado de dentro. Quando clama do lado de fora, algo está terrivelmente errado em nós.

  233. "Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem as palavras da prudência", Prov.1:2. Existem traduções que, por falta de palavras similares no idioma para o qual é traduzido, não podem explicar toda a extensão do significado de certas expressões, tendo nós de usar outras frases que expliquem melhor, em nosso próprio idioma, o original. Este versículo deve ser entendido mais ou menos da seguinte forma: "Para se conhecer a sabedoria=(ganhar habilidade, saber executar, saber praticar, tornar prático e simples) e a instrução=(castigo, repreensão, aviso, correção); para se entenderem as palavras da prudência=(do conhecimento, do saber, do entendimento, a explicação da prática)". Em primeiro lugar, é necessário aprender, ou mesmo reaprender, a vida prática da santidade, sabendo andar num mundo perverso como se estivéssemos vivendo e andando no céu, isto é, aqui na terra como no céu. E não se deve tentar andar nessa vida sem Deus. A caminhada deve ser com Ele, sendo que sempre nos acostumamos a andar sozinhos, fazer sozinhos, decidir sozinhos e a fazer para nós próprios. Mas, agora, além da santidade, tudo necessita ser feito com Deus, através d'Ele, para Ele. Deus nunca andará com alguém que não anda - nem pode andar - e cuja vida com Deus não se torna prática. Saber andar na luz é o primeiro passo para o entendimento das coisas, isto é, da percepção da verdade. Na vida com Deus, devemos andar com Ele e não estarmos parados numa encruzilhada de pensamentos e conhecimentos. Caminharmos é o que se pede para podermos entender as coisas. Não é o inverso, isto é, muitos querem saber para andar. E nada na caminhada para o alto monte funciona dessa maneira. Se saber das coisas fosse suficiente para caminharmos, significa que não necessitaríamos que Deus andasse conosco sendo que conseguiríamos fazer tudo sozinhos, bastando para isso sabermos como funcionam as coisas. E a carne não é capaz de caminhar ou andar no Espírito sendo que a carne e o Espírito são e serão sempre incompatíveis, existindo inimizade eterna entre ambos. Deus nunca permitirá que a carne opere no Templo d'Ele. Esse templo é você. Em segundo lugar, quando somos repreendidos, avisados, corrigidos (quando recebemos instrução) torna-se necessário entender e conhecer o padrão de Deus conosco de forma individual e pessoal. Torna-se necessário entender e apreender por que razão ou razões somos repreendidos, avisados ou instruídos e de que forma. Dessa maneira, podemos tentar cooperar com Deus em um mesmo sentido, tornando-nos cooperadores de Cristo, evitando, assim, sermos Seus opositores sem nos darmos conta disso. Sabendo disso, podemos cooperar com Deus aceitando alegres e de coração todo e qualquer tipo de correção. Contudo, levemos em conta que Deus corrige uma vida e não um conhecimento. O conhecimento chegará por via duma vida prática. "Se alguém fizer (de forma prática) a vontade d'Ele, pela mesma doutrina, conhecerá (saberá)..." João 7:17. Após conseguirmos tornar prática a vida de/com Deus, entenderemos as coisas. E o caminhar com Deus de forma prática e real só se torna possível andando em compatibilidade e uníssono com Deus e Seu Espírito de forma igualmente real (algo que impedirá que a carne opere seja em que sentido for). "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?" Amos 3:3. E, por último, "para entender as palavras da prudência (do conhecimento, do saber, do entendimento)". O conhecimento de Deus tem uma linguagem própria, tem uma maneira de falar e de se expressar que precisa ser aprendida e entendida. Mas, tudo isso só se torna possível quando nossa vida COM DEUS se torna prática. O verdadeiro conhecimento só é possível num pós-prática. O entendimento vem após ou com a prática. Quando a carne opera, o conhecimento chega antes e a carne consegue transpor ou transformar em prática hipócrita aquilo que aprende. Mas, as coisas de Deus funcionam de forma inversa. Primeiro vem a aprendizagem prática com nascente no coração ou, no mínimo a vontade incontrolável de tornar prática a vida eterna e constante que Deus nos tem dado do lado de dentro.

  234. "E creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna", At.13:48. Não é nada bom aceitar certos conceitos, doutrinas ou ensinos atuais nas igrejas ainda que sejam verdadeiros e infalíveis.  Questionar e permitir que a verdade fale por ela é tão necessário que não se pode avaliar o valor de tal necessidade. Quando confrontamos uma verdade, essa mesma verdade passa a confrontar-nos a nós. Se confrontarmos uma mentira, a verdade irá resplandecer. Este versículo acima tem um significado muito distinto daquele que transparece à primeira vista, o qual não se torna claro e evidente a menos que o "confrontemos" de maneira sóbria e objetiva. Na verdade, não tem nada a ver com a doutrina da predestinação, como muitos desejariam. No original, a palavra ordenados significa preparados, postos em ordem, prontos ou na posição correta. Os bebés, para nascerem, precisam estar na posição correta. Neste caso, poderíamos dizer que estavam bem "ordenados" para nascer, isto é, em ordem e na posição de saírem para verem a luz. Que estavam destinados a nascer já todos sabiam desde os primeiros momentos que a gravidez se tornou perceptível. Mas, só podiam nascer estando na posição correta. É disto que se fala neste versículo. "Àquele que bem ordena o seu caminho, Eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23.

  235. Se o sexo fosse mesmo uma necessidade incontornável (biologicamente falando), então, todos estariam sujeitos aos problemas que todo pervertido enfrenta. Contudo, o sexo é somente aquilo que é e nada mais. Não dá e nunca pode dar aquilo que a mentira diz que dá. Também faz acreditar e agir como se uma mulher ou um homem fossem um objeto e não uma pessoa, um objeto feito para o prazer. Qualquer mulher ou homem é o seu próximo e deve ser visto como uma pessoa feita cuidadosamente pelas mãos de Deus para glória dele e não para uso humano. Você não pode tratar uma pessoa como uma coisa. E é isso que o sexo promíscuo obriga a fazer e pensar para agir em conformidade. Esse tipo de sexo é uma ilusão e não dá a ninguém mais do que a porção para a qual foi criado. Não pode dar. É limitado àquilo que realmente é. Além disso, os impulsos e as tentações sobre 'sexo' (sexo mentiroso) usam as circunstâncias para prender ainda mais e melhor. Usa decepções, tristezas, sentimentos de entedio, cansaço, insônia, solidão, insatisfação com qualquer coisa como sentimentos de culpa, aborrecimentos e muitas coisas que tomam conta de sua mente com alguma força e insistência para levá-lo à transgressão. Usa qualquer tipo de tensão mórbida para surgir em sua mente usando argumentos contra os quais você não vai argumentar devido à vulnerabilidade do momento pelo qual está passando. Faz de si o seu próprio objeto também. Um objeto é um escravo. Ele trata-o conforme lhe apetece manipulando ou usando qualquer circunstância para atender aos seus apetites, controlando totalmente sua mente e seus pensamentos. Também cria uma mentalidade, uma forma de pensar e acreditar, uma cultura, um edifício o qual você começa a acreditar não ter saída e do qual não ter como escapar crendo não ser possível outra maneira de viver ou que não há nada melhor fora dessa mentalidade. Os hábitos dominam e manipulam sua mente e, consequentemente, suas ações, como bem desejam dentro desse tipo de cultura mental. Podem ser drogas, sexo, homossexualidade ou o que quer que esteja à mão e incomode a consciência até que a consciência desista de acusar. A homossexualidade é o que é porque a pessoa cede a ela e começa a acreditar que é assim que ela é de nascença. E é uma mentira da qual você pode escapar. E esse tipo de escravidão tem meios de fazer acreditar que é uma situação crónica da qual ninguém consegue escapar. E não é verdade - não pode ser verdade com Deus por perto e a verdade sobre isso por perto também.

  236. "Se alguém me serve, siga-me; e, onde eu estiver, ali estará também o meu servo" João 12:26. Por norma, todo Cristão mediano, deseja o inverso disto e assim ora sem se dar conta de estar desviado da essência do Evangelho. Ele pede para Deus estar onde ele está quando Cristo diz que o servo deve estar onde Jesus está. É o homem quem deve seguir Cristo e nunca o inverso.

  237. "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna", João 6:47. Crer em Jesus é muito distinto daquilo que se acredita ser crer n'Ele. Crer n'Ele é violento para carne - muito violento. A fé verdadeira extermina a carne. Na verdade, crer n'Ele é sinónimo de conviver com Ele, amá-Lo, segui-Lo e tudo mais que isso pode acarretar para toda a nossa experiência diária e contínua. Não é possível crer n'Ele da forma que devemos, vivendo a vida da carne. É necessário termos a vida eterna e vivermos somente dela para conseguirmos crer n'Ele da maneira que deve ser vivida uma vida de fé. Logo, somente aqueles que já têm essa Vida Eterna ativa neles conseguem crer em Jesus. Crer assim, por essa via, não é aquela forma de crer que o diabo também tem de crer em Deus.

  238. "Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade", 2Cor.13:8. Muitas vezes, a verdade (a realidade das coisas) é sobre os nossos pecados - se os mantemos secretos, escondidos ou camuflados. Logo, a verdade da salvação (aquela que salva verdadeiramente) será contra essa verdade (realidade) dos pecados existentes, salvando todo pecador de qualquer um de seus pecados, tal como da força desses pecados, expondo tudo. Estando na luz e cada pecado sendo minuciosamente confessado, somem os pecados juntamente com a sua força - força essa que é a sua associação à tentação. O pecado obtém seu poder mantendo-se nas trevas, escondido e disfarçado na escuridão. Na escuridão nada é totalmente visível e na luz fica tudo exposto. Nas trevas, todas as coisas são invisíveis ou apenas parcialmente visíveis. A força da tentação depende muito do quanto desejamos manter qualquer pecado ou tentação secretos, escondidos, camuflados ou disfarçados, enganando-nos a nós mesmos e aos demais. Pecado que seja colocado na luz (na visibilidade) torna-se inerte e perde toda a sua força. Essa é a principal razão para a confissão sincera, total e totalmente transparente de cada pecado, seja diante de quem for. É por essa razão que João afirma que quem anda na luz é purificado. Andar na luz é ser integralmente transparente. "Se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão (...) e Jesus Cristo nos purifica de todo pecado", 1João 1:7. Essa purificação é tornar todo pecado inerte e, eventualmente, morto por via da exposição. A purificação é sinónimo da morte do pecado. E o pecado só morre sendo colocando na luz para ser exterminado de vez e eficazmente, seja ele de que tamanho for ou tenha a força que tiver. E, também, somente pela exposição na visibilidade o velho homem morre (crucificado com Cristo). E somente esses mortos são considerados justificados. "Porque aquele que está morto está justificado do pecado", Rom.6:7. É contra essa verdade (dos fatos) que a verdade opera. Somente ela, a Verdade (transparência, realidade de Cristo, sinceridade na luz e na exposição sendo exposta por Cristo de forma real e verdadeira), é eficaz contra a realidade do pecado. E nada podemos contra a força e o poder desses fatos e dessa verdade que nos atormenta - se nos atormenta verdadeiramente - a não ser pela Verdade. Podemos tentar tirar a força de qualquer pecado qualquer de outra maneira, mas, a experiência dirá que tanto a tentação quanto o pecado em si obtêm cada vez mais força se não forem expostos, chegando mesmo a fazer crer que são indestrutíveis. E isso é real sempre que se mantém qualquer parte de suas raízes nas trevas; mas, é mentira pelo confronto da Verdade e sangue de Cristo, pois, na luz, destrói-se e desintegra-se qualquer tipo de pecado. "Senão pela verdade". Se não for "pela verdade" que confrontamos a nossa essência e a do pecado, tudo é em vão. A não ser que a verdade dos fatos seja exposta pela verdade abençoada do sangue de Jesus - que significa perdão e, consequentemente, purificação total (tornando puro) - nada podemos fazer. Ainda que creiamos que conseguiremos, será em vão. Ninguém poderá chegar-se ou aconchegar-se ao Pai doutra maneira. Somente pela via da verdade. "Eu sou a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim", João 14:6.

  239. "Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros", 1João 1:7. Não existe e nunca existirá verdadeira comunhão entre seres a não ser por via duma transparência real, total, verdadeira como única forma de vida. Estar ma luz, integralmente expostos, é a única forma de obtermos uma comunhão verdadeira entre irmãos.

  240. "Em Jerusalém há, próximo à Porta das Ovelhas, um tanque (...) Nestes jazia grande multidão de enfermos (...) Um anjo descia em certo tempo ao tanque e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse", João 5:2-4. Deus nunca deixou Israel sem o conhecimento de Deus. Podemos perguntar por que razão somente um se curava e, se levarmos em conta que este tanque era real e existia, dificilmente deixaremos de fazer essa pergunta. Isso acontecia porque havia um bem maior ao qual era necessário dar ênfase: a existência de Deus e Seu cuidado em atrair a atenção para a salvação da alma sendo que, curados ou não, todos acabariam por perecer mais dia menos dia. Logo, era necessário que ninguém se esquecesse que Deus era real, existia e era poderoso até para curar. Este tanque servia, apenas, como uma chamada de atenção à Sua existência e nada mais. Por muito que nos custe, devemos levar em conta que Deus tem pensamentos mais altos que os nossos e que as necessidades físicas são futilidades se as compararmos com o bem maior. E foi por essa mesma razão que apenas um dos muitos enfermos foi curado por Jesus: para colocar a atenção e o ênfase sobre Jesus.

  241. "Porque te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás", João 1:50. Parece haver um certo tom de repreensão nestas palavras de Jesus. Os crentes, por vezes, impedem, com sua admiração e por via de conclusões rápidas, uma convicção mais profunda contentando-se com a primeira revelação que lhes surge. E ainda mais quando a pessoa é alguém em quem não há dolo, como era o caso de Natanael. Devemos e podemos alegrar-nos com as primícias das revelações de Jesus à nossa alma. Contudo, devemos recusar o ideia de que não existe algo maior ou que, havendo recebido alguma coisa, não temos que ir de graça em graça e de fé em fé. Uma coisa levará à outra, um passo ao outro. Deixemos as conclusões para o fim.

  242. José, como escravo de Potifar, tinha tudo em sua mão, andava livre, cuidava de tudo que pertencia a Potifar. A pergunta que surge é: por que razão - ou razões - José não usou as oportunidades que teve para fugir e voltar à sua terra de origem e para seu pai sendo que andava livre e tinha esse poder em sua mão? Depois, vemos José como dono e senhor do Egipto. Não poderia ter enviado alguém buscar seu pai e restante família? O que o impediu? É preciso andar com Deus em intimidade exclusiva para se ter a verdadeira noção de quando é tempo de fazer ou de quando não é. Não podemos ouvir o coração, mas, a Deus. Devemos ser "destros na ciência dos tempos, para saber o que (se deve) fazer", 1Cron.12:32. Este dom profético permite que nunca nos adiantemos e nem nos atrasemos acerca de nada. Ora, se José tinha tudo em suas mãos para sair dos "tempos de Deus" e não saiu, antes, tranquilizou-se. Imagine o quanto é mais fácil estarmos tranquilos sempre que nada podemos mudar e nada podemos fazer - se vivemos, realmente, em Sua presença. É por isso que se torna muito mais difícil sempre que não nos falta nada, pois, mesmo que não nos prostituamos com aquilo que temos de sobra podemos sair da vontade de Deus sem nos darmos conta.

  243. "Vede como ouvis", Luc.8:18. É preciso ver que existem formas de ouvir que não são salvadoras, isto é, a forma de ouvirmos aquilo que pode salvar verdadeiramente pode impedir que sejamos salvos de algum pecado. Ouvir e entender para pregar para os outros é uma das formas de ouvir mal. Se estamos entendendo aquilo que ouvimos, a palavra está sendo dirigida a nós e não aos outros. Ouvir para tirar proveito material usando a palavra de Deus é ter um ouvido do inferno e não do céu. Ouvir dessa maneira não é fazer da maneira que se faz no céu e, aqui na terra, tudo deve ser feito da maneira que todas as coisas são feitas no céu.

  244. "O Senhor estava com José e foi varão próspero", Gen.39:2. Em que sentido é que José era próspero? Era escravo; não recebia salário; tinha somente o que comer e onde dormir; não tinha horário de trabalho; não tinha casa própria; duvido que a cama onde dormia fosse sua; não era dono da sua vida; não tinha o que queria; vivia longe da família; era desprezado entre os Egípcios por ser hebreu, além de ser escravo. Então, em que consistia a sua prosperidade? O que é que se destacava tanto assim nele? Ele não era somente próspero em seu tipo de prosperidade, mas, essa prosperidade era visível e apetecível para todos quantos conviviam com ele. Até mesmo preso dentro da masmorra prosperava. De que forma podia prosperar num cárcere daqueles? Deus estava com ele. Tudo que tocava era abençoado, ainda que nada daquilo em que tocasse fosse seu e muito menos para seu próprio proveito. É necessário que todos quantos somos ricos ou pobres, saudáveis ou enfermos, ovelhas ou pastores, tenhamos plena consciência em que consiste a verdadeira prosperidade. Você deseja ser visto ou deseja estar sob esta prosperidade de Deus de forma visível? Você deseja um carro novo ou deseja que Deus se torne seu companheiro visível e inequívoco enquanto anda descalço na rua ou sobrevive de seu trabalho honesto? Deseja mostrar sua casa aos amigos ou deseja que Deus dê o Seu testemunho a respeito do seu caminhar, no seu falar e pensar? Quem se senta na poltrona da sua vida? Quem é visto em sua vida?

  245. Sabemos o quão importante é qualquer testemunho de vida, principalmente para os descendentes e arredores. Mas, normalmente, toda a ênfase é colocada sobre aquilo que o homem é, pode ser, demonstra em forma de virtuosismo ou aparência direta. Reconheço que isso é deveras importante como exemplo. Mas, devemos saber distinguir entre exemplo e testemunho. Aquilo que nossos filhos irão recordar e tentar alcançar é o testemunho evidente de como Deus esteve conosco de forma inequívoca. Se Deus realmente agiu, evidenciou-se, manifestou-se, abençoou, tornou-se visível e real por causa da vida de alguém, se ouviu nossas orações publicamente, podemos considerar isso como testemunho e evidência. Os filhos dirão: Se Deus ajudou meu pai (mãe) daquela maneira, certamente que pode fazer o mesmo comigo". "Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo", Gen.26:28. Esse é e será sempre um verdadeiro testemunho e não aquele que coloca o ênfase sobre a conduta ou a mensagem de alguém. A conduta dá testemunho da própria pessoa e é importante, mas, apenas como exemplo. O exemplo pode afastar ou aproximar alguém do evangelho, mas, precisamos dar (evidenciar) verdadeiro testemunho de Deus, sendo Ele próprio a dá-lo. "...Testificando também Deus com eles", Heb.2:4. Esse testemunho atrairá até aqueles cuja face se opõe ao exemplo que presencia. E o testemunho ocorre, apenas, com a proximidade d'Ele. Se nos negar, não teremos esse testemunho. "Todos dão testemunho de Demétrio, até a mesma Verdade (o próprio Jesus que é a Verdade)", 3 João 1:12. Uma coisa é aquilo que exalta e elogia o homem. Outra coisa é aquilo que cria reverência a Deus. Se não for Deus a dar o testemunho, não será reverenciado.

  246. "No monte do Senhor se proverá", Gen.22:14. Muitos clamam pelas providências de Deus e, muitos outros, reclamam porque essas providências não lhes chegam ou não lhes chegam a tempo. Este monte do Senhor é alto e sublime e é necessário que se suba a ele porque será lá que Deus proverá. "Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade", Sal.24:3,4. Se formos levar à letra toda a verdadeira palavra vinda de Deus, podemos acreditar que somente os que sobem a esse monte podem esperar (ter a esperança viva) de que Deus proverá havendo confiado n'Ele. Os outros serão negados por Ele, certamente. Ao serem negados devem entender que não conseguiram subir ao monte da santidade e, por essa razão, são negados e sê-lo-ão sempre que confiarem em Deus para tal.

  247. "No monte do Senhor se proverá", Gen.22:14. Outra coisa que Deus proverá em Seu monte santo (quando lá chegamos) é a proteção das meninas de Seu olho. "Criará o Senhor, sobre toda a habitação do monte de Sião e sobre as suas congregações, uma nuvem de dia, uma fumaça e um resplendor de fogo chamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção", Is.4:5. Devemos ter em conta que Jesus disse: "Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz", João 11:10. É bom sabermos andar sempre que temos luz e sabermos ficar parados quando não a temos. Se temos promessas que são validadas porque cumprimos as condições que ativam essas promessas; se estamos andando no ritmo de Deus, sem atrasos, sem medos que nos detenham e sem precipitações que nos fazem sair do caminho, isto é, sem atrasos, sem recuos e sem nos adiantarmos; é óbvio que podemos caminhar seguros sem duvidar que ocorrerão as verdadeiras, genuínas e pontuais providências de Deus. "O Senhor proverá". Disso teremos toda a certeza em Seu santo monte - e somente lá, pois, fora de lá estaremos sempre duvidando e quem duvida não recebe.

  248. profeta e rogará por ti", Gen.20:7. Um profeta é e será sempre alguém que expressa e fala a palavra de Deus, embora, neste caso de Abraão, seja alguém que roga a Deus e é atendido. Logo, é alguém muito próxima a Deus. Sabemos que toda a palavra vinda de Deus é palavra provada e purificada como se de ouro se tratasse que precisa passar por fogo em alta temperatura para obter sua pureza. Podemos dizer que a palavra "profeta" ou "profecia" tem algo que nos faz lembrar "prova" ou "provação". Eu creio que tanto o profeta quanto a profecia são purificados como que pelo fogo e que a profecia é uma palavra que sai da fornalha da purificação e é dada ainda em forma de fogo flamejante. Toda a verdadeira palavra de Deus é purificada em motivos, tanto do profeta quanto da própria profecia (palavra) em si; essa palavra está isenta de agradar ou desagradar pessoas, pois, essa questão nem vem ao de cima; e ela produz fruto e exige confirmação naqueles que são verdadeiramente puros e ouvem essa palavra.

  249. "Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão, dizendo: Não temas, Abrão, Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão", Gen.15:1. Abrão havia rejeitado tudo o que os reis lhe haviam dado como recompensa do seu feito. Mas, por causa da honra de Deus ele recusou. Contudo, falou por ele e não falou pelas pessoas que o assistiram, pois, disse que a esses lhes fosse dado aquilo que fosse correto. E foi nessas circunstâncias que Deus se aproximou e disse que Abrão havia chegado ao ponto onde somente Deus seria o seu verdadeiro galardão. O seu galardão não era mais a riqueza, a descendência ou qualquer outra coisa além do próprio Deus em pessoa sempre presente. "...Para conhecê-lo e a virtude da sua ressurreição...", Fil.3:10. Devemos chegar ao ponto em nossa existência onde Jesus é verdadeira e exclusivamente o nosso verdadeiro galardão e onde nada mais pode ser considerado como galardão ou recompensa. "A minha alma disse ao Senhor: Tu és o meu Senhor; não tenho outro bem além de ti". "A quem tenho eu no céu senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de Ti", Sal.16:2;73:25.

  250. Existem coisas inseparáveis. Eu sempre acreditei que qualquer sentimento de inferioridade é um sentimento de superioridade camuflado e disfarçado. Qualquer sentimento de inferioridade não anda separado de sentimentos de superioridade. A pequenez de qualquer homem ou mulher não se manifesta através daquilo que ele sente ou pensa dele mesmo. A pequenez de qualquer homem é a sua forma de vida diante de Deus e dos homens e não a sua forma de se sentir diante de pessoas ou Deus. Sempre que alguém se acha pequeno - ou se diz ser pequeno - não está morto. E nós devemos e podemos estar mortos com Cristo - literalmente mortos. Ainda não vi um morto achar-se pequeno ou grande. Morto não se acha, não pensa nada dele mesmo. Morto é morto. Morto também não se acha morto - só se não estiver realmente morto para este mundo ou para o pecado. Também tenho outra certeza: todo aquele que se acha pequeno nem sempre é verdadeiro consigo próprio, muito menos a seu respeito. A verdadeira humildade é sermos nós próprios dentro da grandeza de Deus. Sermos verdadeiros, praticantes da verdade a nosso respeito dentro do contexto de Deus é no que consiste a humildade. Muita gente é capaz de acreditar em muitas coisas e a maioria delas não é verdade. Logo, quando uma pessoa se acha pequena e tenta demonstrar pequenez terá sempre tendência para se elevar assim que for exaltada porque só é pequena na aparência. É  um perigo exaltar, elogiar ou promover essas pessoas. Elas têm tendência e aptidões para se tornarem orgulhosas e caírem na tentação do diabo.

  251. A ira, raiva, amargura ou qualquer outro sentimento malévolo torna-se sempre predominante em todas as nossas ações e até mesmo opiniões. Quando pensamos nos outros julgamos em conformidade com aquilo que sentimos e não segundo a verdade. Duma maneira ou de outra, sempre que estejamos amargurados, achamos sempre algum argumento para ferir, magoar e descarregar o lixo dessa amargura sobre alguém que não concorde conosco. Nestas pessoas, o importante é dar despejo àquilo que sentem e nunca praticarem a verdade.

  252. Todos quantos vivemos com Deus e para Deus sabemos o quão importante é dedicarmos tempo ao estudo, entendimento e busca da palavra de Deus e que essa palavra seja viva, fluente e realmente vinda de Deus. Ninguém pode passar sem isso. Mas, existe algo tanto ou mais importante que isso que nunca deve ser negligenciado por um minuto sequer: o caminhar nessa palavra a cada momento da nossa existência. É necessário lembrar com ou sem esforço, estar atento, concentrados e dar a exclusividade de todo nosso tempo e dedicação em forma de prioridade para fazermos de tudo para nos tornarmos cumpridores de cada palavra vinda de Deus. E isso deve ser feito de forma exclusiva. "Sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos", Tgo.1:22. Um "falso discurso" não é algo que não diga aquilo que é verdade, mas, é uma verdade falada e entendida que não corresponde à realidade praticada de quem fala ou de quem ouve. Sendo assim, torna-se um "falso discurso". "Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes", João 13:17. E quando começarmos a ser praticantes, precisamos começar sempre onde é mais difícil, no lugar mais complicado, na provação, no ambiente que nos envolve e com as pessoas mais difíceis que encontrarmos.

  253. "Quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade", João 16:13. Temos aqui uma palavra-chave nesta afirmação/promessa de Jesus: a palavra "verdade". Muitos desejam ser guiados por Deus, sendo que alguns exigem mesmo ser guiados. Mas, Jesus não prometeu apenas guiar as pessoas; antes, prometeu guiar em toda a verdade. Em primeiro lugar, seremos guiados pela senda da verdade e não apenas naquilo que nos convém. Também não é guiar em parte da verdade. Quem deseja apenas uma parte da verdade nunca será guiado pelo Espírito Santo. Logo, devemos ter aquele cuidado especial de não exigirmos de Deus que nos guie dentro da nossa doutrina ou daquilo que cremos doutrinariamente. Em segundo lugar, somente um verdadeiro desejará ser guiado pela/na verdade. Torna-se necessário tornarmo-nos seres verdadeiros, não fingidos, sinceros a respeito de tudo que nos rodeia, acontece, ou que não acontece e dizemos que acontece. Um ser verdadeiro não teme a verdade. A verdade aloja-se naqueles que são realmente verdadeiros a respeito deles próprios e de todas as verdades. Um verdadeiro nunca foge duma verdade, não se esconde, não disfarça - e não se disfarça. Ele quer a verdade - é o que mais deseja. A sua fé não é fingida - ou crê ou não crê; a realidade não é alterada, camuflada ou ignorada; não se engana a ele mesmo; não constrói castelos de irrealidade. Em terceiro lugar, ninguém pode separar a verdade de realidade prática. "Quem pratica a verdade...". Se não se torna realidade, ainda não é verdade. Em ultimo lugar, a verdade é inseparável da transparência. Andar na luz, integralmente transparente é parte integral da verdade. Sermos verdadeiros, transparentes sem nada encoberto é o que define a verdade a nível pessoal. E é essa a raiz da humildade e nenhuma outra. Essa verdade é praticada e é relevante como modo de vida natural e normal. "Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus", João 3:21.

  254. "Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta", João 4:19. Quando somos aquilo que somos, não existe necessidade de dizer o que somos, pois, salta à vista o que somos. Essa transparência é o que significa andar na luz. Tenho a certeza que alguém que afirma ser algo tenta encobrir aquilo que realmente é com palavras a respeito daquilo que diz ser. E tanto faz que a pessoa acredite mesmo naquilo que diz a seu respeito ou não. Por essa razão, certamente, não é aquilo que afirma ser. Ninguém se conhece a ele próprio a não ser através de Jesus. Até esta verdade (a respeito de nós mesmos) é preciso conhecer para sermos verdadeiramente livres e plenamente libertos daquilo que pensamos que somos.

  255. "Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas", Lam.3:57. Muitas pessoas assumem muito facilmente e, diria eu, muito levianamente que Deus os ouve ou ouviu em oração. São capazes de assumir uma resposta que nunca saiu da boca de Deus. É muito fácil falar por Deus quando Ele nada disse; é muito fácil assumir que nos respondeu quando não o fez. Precisamos ter Deus como real, Alguém que fala conosco, responde de forma concreta e que se aproxima de forma palpável, real e verdadeira. Não precisamos inventar ou imaginá-Lo. "Tu te aproximaste no dia em que te invoquei". A falsidade faz com que muitos troquem a realidade dum Deus real por aquilo que pensam d'Ele. Deus precisa falar por Ele, responder por Ele e ser real. Verdade que não se torna realidade ainda não é verdade. Se Deus não for real, pessoal e não agir como a pessoa que é verdadeiramente, precisamos esquadrinhar todos os nossos caminhos e coração para ver onde está o problema ao invés de assumirmos levianamente que Deus ouve ou atende como forma de nos animarmos para podermos prosseguir em nossos próprios caminhos - para podermos continuar como sempre. Quando Deus não atende, qualquer pessoa sincera que tem ou teve Deus como real e verdadeiro, dirá: "Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração", Lam.3:44. E isso é fé. Fé é acreditar na verdade, assumir realidades e se Deus não nos atende devemos crer nessa verdade e assumir isso como a nossa realidade. Isso é fé: crer na verdade ao invés de assumir respostas que Deus não deu - ou ainda não deu devido à nossa falsidade que busca irrealidade ou que recusa realidade. Nunca se esqueça que Deus é real. Ninguém precisa imaginar Deus a falar para que Deus fale. Na verdade, enquanto as pessoas forem capazes de fingir a voz de Deus e forem capazes de imitá-la ou de ouvir vozes que não são d'Ele, falando por Ele, Deus não falará. Este é um problema que os incrédulos precisam resolver em seus corações caso queiram ouvir a voz de Deus mais claramente de forma real e verdadeira. Deus disse que quem é ovelha ouve a Sua voz. Então, concentremo-nos em nos tornarmos ovelhas e não em tentar esquadrinhar e ouvir vozes. Ovelha ouve. Quem não é ovelha não ouvirá Deus e ouvirá a voz dos estranhos - ainda que esse estranho seja ele próprio.

  256. Existe algo que se chama "a ordem das coisas". Por exemplo, Jesus disse: "Se me amardes, guardareis os meus mandamentos", João 14:15. Não disse, "se guardardes os meus mandamentos amar-me-eis". "Quem não me ama não guarda as minhas palavras", João 14:24. Logo de seguida, fala do que se segue: "E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre", João 14:16. Isto é, "o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem (que cumprem todos os Seus mandamentos)", At.5:32. Tudo em sua ordem e sequência. Uma coisa leva à outra. Para alguém chegar a Pentecostes precisa seguir essa sequência natural e ainda pedir uma vida de plenitude havendo cumprido todas as condições prévias. E toda a pessoa que pede tem plena noção da sequência e do momento de cada passo. Essa vida de plenitude é a verdadeira presença de Deus de forma real - algo que ninguém tem como não reconhecer; ou ficar indiferente a ela; ou ficar sem se aperceber dela. E é nessa presença que tudo se torna possível, pois, Deus disse a Abraão: "Anda em Minha presença e sê perfeito", Gen.17:1. Não disse: "Sê perfeito e anda em Minha presença". Eis a sequência das coisas clamando por nossa atenção novamente. E estas coisas precisam ser achadas e não apenas definidas ou entendidas. Tudo precisa tornar-se real em sua sequência natural, real e normal. Verdade que não se torna realidade ainda não é verdade. Logo, a sequência é: amando Jesus, cumpriremos; cumprindo receberemos o Consolador em Sua plenitude, isto é, "o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem (que cumprem todos os Seus mandamentos)", At.5:32.

  257. "Qualquer que beber desta água tornará a ter sede", João 4:13. Isto é para todos. Também é para aqueles que bebem ou beberam daquela água eterna e, de vez em quando, vão beber da água do mundo. Não se pode afirmar que esses nunca mais terão sede, pois, bebendo da água do mundo terão sede ainda que sejam crentes. Isso toca a todos e não apenas a alguns. A promessa de nunca mais ter sede é para todos aqueles que bebem da água que Jesus der, mas, que a bebam e não bebam de nenhuma outra. Isto é, essa promessa é para quantos bebam somente dessa água. Essa água não apenas mata a sede eternamente, mas, torna-se uma fonte de água viva que jorra para alimentar a vida de plenitude naqueles que a têm e naquele que a buscam ter. Não saciará outro tipo de vida. "A água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna", João 4:14.

  258. "E começou a entristecer-se e a angustiar-se muito", Mat.26:37. Jesus não fazia nada por antecipação e nem por atraso. Tudo tinha seu tempo. Até aquele momento havia pregado, curado, falado, exortado e feito tudo que havia de fazer. Só se dedicou àquele momento de tristeza e angustia no momento que havia chegado a sua hora. Uma das características da eternidade é que o dia de amanhã não existe e o de ontem já passou. Só existe um momento, aquele momento que estamos vivendo. Cada coisa tem o seu lugar e não devemos fazer as coisas por antecipação. Não nos podemos ocupar previamente com aquilo que não diz respeito ao momento que estamos vivendo. Toda a pré-ocupação (preocupação) é pecado e faz de nós pessoas instáveis e negligentes, as quais negligenciam e desprezam o momento que vivem, isto é, o presente. A carga do dia de amanhã não pode ser carregada hoje porque será sempre uma sobrecarga do dia. Não é somente a angustia ou o medo que nos trai a ponto de sobrecarregarmos o dia de hoje. A insatisfação, os desejos da carne, os anseios, os sonhos entre muitas outras coisas tentam-nos para fazer certas coisas por antecipação ou, no mínimo, para nos ocuparmos com elas. O maior problema destas tentações quando se tornam antecipações é criarem na pessoa hábitos de fugir sempre ao momento que vive e isso causa maior insatisfação. E quando chegar o dia com o qual se preocupou, está sendo vencido pelo hábito de pensar nos dias que ainda não nasceram. É muito difícil uma pessoa mudar os próprios hábitos e é por essa razão que devemos evitar todos os maus hábitos, inclusive o habito de pensar no dia de amanhã com preocupação. "Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes", 1Cor.15:33. Não podemos conversar com o dia de amanhã e nem falar dele. Existem bons e maus hábitos e antecipar o dia de amanhã pode facilmente tornar-se um hábito ou um vicio. Viver somente o momento que estamos vivendo também pode e deve tornar-se hábito. Não nos esqueçamos o que Paulo disse: "Os perfeitos, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir...", Heb.5:14. Vamos obter o costume de viver somente o momento atual no extenso dia de hoje.

  259. "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos", Mat.25:41. É muito triste entender que as pessoas que desconhecem ou negam Jesus vão parar num lugar que, originalmente, foi preparado para o diabo e os seus anjos.

  260. Existem certas verdades acerca de nossa forma de agir que devemos entender. Por exemplo: falamos alto ou gritamos porque tenho pouco para dizer; os pregadores mais barulhentos são os mais vazios, tal como uma carroça vazia faz mais barulho que uma carregada e cheia numa estrada com buracos;

  261. "O céu e a terra passarão, mas, as minhas palavras não hão de passar", Mat.24:35. Podemos deduzir duas coisas destas palavras. Em primeiro lugar, vemos o quanto Deus presa cada palavra que pronuncia, a ponto de nunca a deixar passar. Em segundo lugar, vemos que Deus (ou Jesus) nunca pronuncia uma palavra vã, isto é, nunca falou por falar. Nunca pronunciou uma única palavra em vão ou ociosamente. Podemos levar cada uma das Suas palavras à letra. Veja que Deus perfeito é este! "Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo", Tgo.3:2. Assim devemos ser nós também. "Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo", Mat.12:36.

  262. "Acautelai-vos, que ninguém vos engane", Mat.24:4. Jesus também disse que "se possível fora, enganariam até os escolhidos", Mat.24:24. Isto significa que mesmo que Deus torne impossível que os seus sejam enganados, torna-se necessário que nos acautelemos o suficiente para que ninguém nos engane. Existem dois tipos de cautela que precisamos exercitar, aperfeiçoar e tornar habitual. Em primeiro lugar, existem os enganadores que podem ser muito parecidos com a verdade e com os verdadeiros. O anticristo mais perigoso é precisamente aquele que mais se assemelha a Cristo. Esses enganadores podem ser muito subtis, inteligentes e dedicados. Contudo, não se deixam disciplinar pela verdade na vida prática do dia-a-dia. Paralelamente, devemos ter extremo cuidado de não nos enganarmos a nós próprios também. "Não vos enganeis", 1Cor.1.5:33. Podemos nos enganar a nós mesmos de várias maneiras. Uma dessas maneiras é irmos para o outro extremo sempre que algum enganador nos tente desviar do verdadeiro caminho. Ir para o outro extremo não é ir a Jesus para sermos guiados e liderados. Ir para o outro extremo é buscar um nosso próprio caminho que seja contrário ao engano e isso é algo que faz de nós enganadores. O engano costuma ser parecido com a verdade e não aparenta ser o contrário da verdade. O enganador é aquele que segue o seu próprio caminho. "Cada um se desvia para o seu próprio caminho", Is.53:6. Tanto quanto nos devemos acautelar contra os fermentos alheios, devemos ter a noção que existe a capacidade em nós mesmos de criarmos o nosso próprio engano. E, também, para que um enganador consiga enganar-nos é necessário que esse enganador consiga alcançar e convencer o enganador que somos ou podemos ser. Se o enganador não alcançar o nosso coração, não nos consegue enganar. E agradar ou desagradar pessoas é uma forma de nos entregarmos aos enganadores.

  263. "Então, eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus", At.4:13. Nunca devemos deixar de ser verdadeiros, tanto diante de Deus quanto diante das pessoas. Caso não sejamos verdadeiros devemos deixar de pregar a verdade, pois, a verdade só tem seu efeito perfeito na boca de quem é verdadeiro. O tom da sinceridade e o som dum coração verdadeiro é audível a quilómetros de distância. Os discípulos falavam de Jesus porque haviam estado com Ele. Não O podiam negar ainda que quisessem porque estiveram com Ele. Sendo verdadeiros a respeito da verdade, não tinham a capacidade de mentir. "E, se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós", John 8:55. Não podiam dizer que não O conheciam porque O conheceram pessoalmente. Muitos nunca viram e nunca experimentaram Jesus e falam d'Ele. Essa é a diferença daqueles tempos para os tempos de hoje. É bom que você tenha estado com Jesus de forma real e verdadeira para que possa ser verdadeiro sempre que fala d'Ele. Será que aqueles que o ouvem podem dizer que você esteve com Jesus?

  264. "Errais não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus", Mat.22:29. Existem muitas formas de errar o/no nosso caminho. Uma delas é não conhecendo as Escrituras. Os que se desleixam nesse aspeto certamente errarão seu caminho quando quiserem entrar no aprisco das ovelhas. Mas, existe algo que ocorre em nossos tempos que não podemos ignorar: não conhecer o poder de Deus. O ênfase no conhecimento das Escrituras é tão predominante nos meios teológicos e religiosos que se ignora que devemos conhecer o poder de Deus em nossas vidas, experimentando-o continuamente. Sem o conhecimento experimental deste poder, sem o experimentarmos na primeira pessoa (que é o poder ativo da graça ou, em outras palavras, o poder de Pentecostes) até o conhecimento das Escrituras será deturpado, mal intencionado, imaturo, condicionado por doutrinas e desejos variáveis, rotulado, incapaz, criando hipócritas que não conseguem viver aquilo que pregam. É um erro crasso não esperarmos em nossa Jerusalém até que o poder do alto nos possa encher de tal forma que possa permanecer conosco também. "Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele permanecer...", João 1:33.

  265. "Demorando-se ela no orar perante o Senhor (...) Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma", 1Sam.1:12,13. Existem duas coisas nesta oração que não podemos ignorar. Uma delas é que Ana não estava gritando e clamando como os crentes modernos que falam como se Deus fosse surdo ou estivesse longe. Esses, no fundo, querem ser ouvidos pelas pessoas e não por Deus. Ana foi ouvida nos céus movendo apenas seus lábios. Na terra não se ouvia a sua voz. A outra coisa foi a determinação de Ana naquela oração silenciosa. Ela cumpriu aquilo que determinou fazer caso Deus lhe desse o filho que pedia. A determinação do coração não se vê e nem se revê na força das palavras, mas, na força e na determinação do coração. Falar demais ou mesmo falar alto demais nunca foi sinónimo de determinação. A maioria das pessoas que clama nas igrejas de hoje não se lembra sequer daquilo que disseram uma semana depois de haverem feito tanto barulho e alvoroço. Ana nunca se esqueceu da oração que fez. Esta oração é uma boa lição para os crentes atuais que pensam que é pelas suas palavras e pela forma barulhenta como oram que são ouvidos.

  266. "Ouvi e entendei", Mat.15:10. Lembro que Jesus também disse: "Vede como ouvis", Luc.8:18. Embora muitos não ouçam com ouvidos de ouvir, sabemos que ouvir é uma tarefa fácil para quem quer ouvir. Contudo, não deixa de ser uma tarefa. Ouvir requer atenção, disponibilidade e esforço. Por essa razão, não deixa de ser uma tarefa - algo que atarefa uma pessoa e que a ocupa. Pode ocupar de tal maneira que não consiga fazer, ouvir ou ocupar-se com mais nada. Só que devemos saber que o fim não é apenas ouvir. Há que entender também. E, depois de haver entendido, há que se tornar prático pelo temor ou amor que esse entendimento é capaz de produzir num coração. Esse temor é o início da verdadeira sabedoria. Logo, existe algo nestas palavras que não podemos negligenciar: entender também é uma tarefa. Na verdade, é uma tarefa à parte. É uma outra tarefa. E este entendimento que se torna prático pode ser um esforço tanto quanto pode ser um desejo intenso que se transforma em esforço. Sabemos que os pecadores estão todos sob uma maldição de cegueira. Sabemos que quem vive nas trevas nunca praticou a tarefa de entender. Entender nunca foi sua praia. É essa maldição que impede este entendimento (2Cor.3:16). Lembremos que Jesus disse: "Ouvis e não entendeis". "O coração deste povo está endurecido; com os ouvidos ouviram pesadamente e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem com os ouvidos ouçam, nem do coração entendam e se convertam e eu os cure", At.28:27. São as pessoas que não querem ouvir para entender e para não serem salvas daquelas coisas que amam. Sabemos que aquele que entende a nível do coração pode ser curado, perdoado e restaurado a Deus - sendo que é do coração que sai tudo aquilo que o homem é capaz de efectuar, efectivar e fazer. Precisamos ter a noção do quão grandiosas podem ser as tarefas de ouvir e de entender, ainda que separada e autonomamente. Ouvir e entender nem sempre acontecem em simultâneo. Posso entender mais tarde quando me dedico à tarefa de entender o que guardei ouvindo bem. Por outro lado, só ouve bem aquele que assume que a palavra é para si e não para os outros. Ninguém entende para os outros ou pelos outros. Se entendemos e ouvimos bem é e será sempre para nós. Se não for para nós não estaremos ouvindo da maneira que devemos. Se entendemos, esse entendimento destina-se a nós e não aos outros. É bom que você tenha noção disso antes de desviar para qualquer outra pessoa alguma seta vinda de Deus, a qual atinge seu coração. É muito fácil querer ensinar aos outros aquilo que foi dirigido a nós de forma pessoal. É óbvio que se a pessoa entender bem aquilo que ouve e entender desde logo a quem esse entendimento se destina, pode ser curado e salvo. Também devemos ter em conta que ninguém se salva sem se aplicar e sem pensar muito naquilo que é capaz de a salvar. Quem não pensa não se salva. A verdadeira salvação não funciona como um fast-food. A salvação é uma obra que envolve todo o ser do homem que procura e deseja ser salvo de todos os seus muitos pecados. Uma obra não é e nunca foi uma tarefinha.

  267. Descobri ao longo da vida que aquilo que é verdadeiramente sabedoria é senso comum em alguém que ouve, isto é, parece ser algo que a pessoa já sabe sem o saber, ao contrário daqueles que ouvem e não são capazes de entender. Creio que essa sabedoria existe em cada um, mas, encontra-se adormecida e escondida dos olhos espirituais. Logo, quando é mencionada encontra repercussão e concordância imediata no coração. O pecado é a pessoa rejeitar aquilo que sabe ser verdade por um ou muitos motivos convenientes. Por essa razão é que a Bíblia chama tal ato de "resistir à verdade". "Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos", Rom.2:15.

  268. "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" Mat.12:34. Até Jesus se admirou disto: como é possível alguém dizer coisas que não são achadas no coração? A resposta é clara: o mundo dificilmente o faz, pelo menos não de forma contínua; e os filhos de Deus também não o fazem. Mas, os religiosos são capazes de dizer e fazer coisas contrárias ao seu próprio coração, sendo mesmo que a maldade abunda nesse coração. E aquilo que abunda no coração, normalmente, sai pela boca. Se não abundasse poderia não sair. Nem mesmo o bem, quando não abunda e não toma conta de todo nosso ser, sai pela boca. Por essa razão é que precisamos ter e obter vida abundante e não nos ficarmos pelos preliminares dessa vida eterna. Contudo, conseguir contrariar aquilo que abunda no coração é uma proeza que somente os religiosos conseguem fazer. "Mas, Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo", Mat.12:36. "Palavra ociosa ou frívola" significa palavra vazia, sem conteúdo e sem correspondência com a realidade daquilo que se passa dentro do coração. Os religiosos não acreditam que podem ser verdadeiramente transformados pelo lado de dentro. Creio que não queiram acreditar. Logo, precisam criar uma conduta pública para não serem rejeitados e, principalmente, para que possam ser aceites de forma a enganar e fazer mais prosélitos para o inferno. Também não desejam perder os benefícios duma boa conduta. Se cressem que podem mudar pelo lado de dentro não fingiriam suas ações e palavras; e não adaptariam as suas palavras às circunstâncias e às pessoas que os rodeiam. A sinceridade nunca fez mal a alguém, pois, os de coração transformado são árvore boa que se manifesta como é; e os de mau coração terão oportunidade de se enxergarem tal e qual são se não tentarem parecer diferentes para que, talvez, se possam arrepender genuinamente por via do incentivo da vergonha. Por isso é que é importante fazer a árvore boa ou má. "Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore", Mat.12:34. E isso só se alcança promovendo e criando a sinceridade de coração. Isso é o que significa não nos enganarmos a nós mesmos. "Não vos enganeis", 1Cor.6:9; 15:33; Gal.6:7; Tgo.1:16; Jer.37:9.

  269. Em todas as lutas, brigas, dissensões, disputas e em todos os desafios, isto é, onde existem dois adversários, inimigos ou antagonistas envolvidos em alguma disputa há algo que acontece sempre: um adversário busca sempre algum ponto fraco no seu oponente para insistir nele tentando vencê-lo com alguma astúcia e precisão. É inevitável que isso aconteça. Acontece no desporto, nas lutas e nos ringues do desporto violento. E é isso que acontece, também, entre casais que não se entendem. As acusações, ameaças e foco recaem sempre sobre aquilo que alguém considera ser o ponto fraco do outro. Se a irritação ou impaciência é o ponto fraco de um, será nessa tecla que o outro irá insistir tentando vencê-lo de alguma forma para ficar por cima em qualquer situação. Logo, ou reconhecemos os nossos pontos fracos vigiando ou entregaremos a nossa alma ao adversário. E o nosso adversário não é somente o diabo, pois, Jesus mesmo disse que "daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três", Luc.12:52. Não deve entregar seus pontos fracos ao seu adversário. Descubra quais são e coloque-os na luz. Faça questão de se entregar a Jesus nesses momentos. Reconheça suas debilidades e fragilidades diante de Deus e coloque-se sempre perante o fortalecimento de Deus com toda a disponibilidade de coração para ouvi-lo sempre e somente a Ele de forma contínua e exclusiva. Depois, faça o que Deus fizer e não aquilo que o adversário quer que você faça. Quando lhe colocarem uma casca de banana na frente, tente não pisar nela. Existem esposas que ameaçam abandonar o lar sabendo que isso pode atingir um pai que ama seus filhos; tentam ou somente ameaçam com o adultério para provocar; desleixam-se com coisas importantes do lar; buscam aquilo que pode irritar seu parceiro ou parceira com o único intuito de atingir naquilo que acreditam ser um ponto fraco; buscam o suicídio como forma de magoar e fazer chantagem; etc. Na verdade, procuram vencer por via dum golpe baixo que é o oposto dum ato de misericórdia. A parte mais triste é que isso acontece com muita frequência entre crentes, principalmente quando um se tenta endireitar nos caminhos de Deus e o outro não. Se é verdade que a união faz a força, a desunião busca e traz a fraqueza. E é nessa fraqueza que devemos estar inteiramente e exclusivamente disponíveis para sermos fortalecidos e vencidos por Deus. Não se deixe ser vencido pelo adversário. Antes, deixe-se ser vencido por Deus sob qualquer circunstância. "Não te deixes vencer do mal, mas, vence o mal com o bem", Rom.12:21. Fortaleça-se em Deus e não entre no engano da auto-defesa. Busque Deus e refugie-se n'Ele com total confiança e com disponibilidade total para depender somente e exclusivamente d'Ele. "Esperai inteiramente na graça", 1Ped.1:13. Nenhum adversário de Deus tem como sair vencedor contra Ele. Anime-se.

  270. O fogo estranho existe em mais situações e ocorre com mais frequência que aquilo que possamos imaginar. Quando Deus começa a operar verdadeiramente, é muito fácil alguém tentar imitar Deus naquilo que Ele faz e opera pensando que é por esse o caminho que deve seguir. Por exemplo, se Deus convence alguém de pecado e essa pessoa confessa publicamente por não poder conviver mais um segundo com aquela convicção, os que assistem podem insistir em que se confesse todos os pecados sem que haja aquela convicção de se haver cometido um crime gravíssimo pecando contra Deus ou contra pessoas. É muito fácil tentarmos fazer de Deus nas vidas de outros e até mesmo nas nossas próprias vidas. É muito triste e muito perigoso não estarmos atentos a essa forma de idolatria. É difícil estarmos atentos a ela. Substituir Deus nunca trouxe nada de bom. Uma coisa é agirmos em nome d'Ele, juntarmos com Ele em obediência total; outra é substituirmos as Suas operações e presença com imitações de algo que poderia existir no céu ou na terra. Um representante de Deus nunca será um Seu substituto. Lembre-se sempre que o diabo caiu querendo ser Deus ou como Deus. E ele caiu sendo um anjo muito querido e com um alto estatuto nos céus. Fazer de Deus ou substitui-lo em Suas operações é trabalhar sem Ele; e trabalhar sem Ele é trabalhar contra Ele. "Aquele que não junta comigo, espalha", Mat.12:30.

  271. "Eu vo-lo disse, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis", João 14:29. O nosso conceito ou a nossa ideia sobre o que a fé realmente é sofreu muitas alterações desde o dia que começamos a ter ideias próprias sobre o assunto. Aqui, Jesus dá-nos uma outra visão sobre outra faceta da fé: crer quando acontecer. Muitos dizem que se deve crer para acontecer e Jesus diz que devemos estar em tal estado espiritual de comunhão aprimorada com Ele que, quando acontecer algo que Ele nos disse, possamos crer e não duvidar. A fé tem muito a ver com a realidade das coisas que não se vêem - ou que ainda não se vêem. Devemos crer na verdade e a verdade, em Deus, significa, também, a realidade das coisas. Se não se tornar real, é falso. Se não se tornar real e não é falso, o crente não é o crente que pensa que ser e, provavelmente, não está cumprindo as condições para que se possa cumprir o que Deus disse que iria acontecer. As pessoas gostam de se congratular, gostam de se animar ou mesmo de se convencer com qualquer coisa. Isso dá-lhes ânimo. Mas, esse ânimo é falso. Paulo dizia que era convencido por Deus a ponto de não conseguir negar nada de tudo que lhe estava ocorrendo. Deus precisa confirmar as Suas obras, precisa ser Ele a confirmar o crente, precisa ser Ele a confirmar e abençoar toda a obra. Se tivermos alguma raiz de descrença ou falta de fé, seja isso visível ou seja algum pecado secreto, certamente que surgirão dúvidas sempre que acontecer aquilo que Deus disse que aconteceria, seja algo bom ou mau. Samuel lamentava-se muito porque Saul caiu. Agia como se algo estranho lhe estive acontecendo. "Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel?" 1Sam.16:1. Será que Samuel não sabia que isso poderia acontecer ou iria acontecer? "Se não derdes ouvidos à voz do Senhor, a mão do Senhor será contra vós", 1Sam.12:15. Sempre que as coisas acontecerem da forma que Deus disse que aconteceriam, não devemos agir ou sentirmo-nos como se algo estranho nos estivesse acontecendo. Não nos podemos maravilhar com nada.

  272. Deus não se detém para explicar palavras e frases difíceis de entender porque Ele revela ou ainda revelará seu significado espiritualmente. Mas, sempre que os humanos recebem essa sabedoria ou revelação maravilham-se como se algo de extraordinário lhes estivesse acontecendo. Não é por culpa de Deus que as pessoas se maravilhem com o pouco que Deus faz com eles ou lhes revela, pois, quem se maravilha e quem é incrédulo têm sempre algo em comum. Uma coisa nunca anda separada da outra. "Varões israelitas, por que vos maravilhais disto?" At.3:12. Esta é uma pergunta que deve ser respondida com toda a verdade e sinceridade. Procure a razão por que se maravilha com alguma coisa que Deus faz e deixe de pensar que essa manifestação de incredulidade é uma forma de louvor. Jonathan Edwards disse algo assim: "Resolvi que todas as vezes que praticar uma ação visivelmente má, analisarei a mesma até chegar a sua causa original e então me esforçarei cuidadosamente para não repeti-la, bem como para lutar e orar, com todas as minhas forças, contra o que a originou".

  273. "Se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz", João 11:10. Isto significa que a pessoa tropeça somente se não tiver luz dentro de si. Se tiver luz, não tropeça. A questão nem é o esforço de tropeçar ou não tropeçar, mas, de obter luz e de andar nela continuamente.

  274. "De modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele", João 10:5. Eu só acho estranho que muitos hoje ouvem a voz do estranho e ninguém foge. Será que são mesmo ovelhas? Ouvem a voz do mundo, dos pregadores falsos, das novelas, dos filmes, das tentações e ninguém foge. "Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão", 1Tim.6:11.

  275. "Falou Jesus: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida", João 8:12. É de nosso interesse notar algo nestas palavras: Jesus não disse que quem vem a Ele não andará em trevas, mas, quem o segue. "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", João 8:31,32. É claro que ninguém pode segui-lo sem antes vir a Ele. Mas, cada coisa em seu tempo e lugar. Tudo em sua própria sequência. E para alguém poder seguir Jesus, necessita vê-lo a agir, tal deve ser a proximidade e comunhão com Ele. "Nada faço por mim mesmo; mas, falo como o Pai me ensinou (...) como ouço, assim julgo (...) Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai, porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente (...) o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo (...) Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito", João 8:26,28; 5:30; 12:50. Nos tempos de Jesus na terra, as pessoas viam-no e não queriam segui-lo; hoje, as pessoas dizem que desejam segui-lo, mas, não o querem ver. Como podemos segui-lo sem o vermos verdadeiramente de forma real e sem o vermos fazer para fazermos igualmente?

  276. "Eu a ninguém julgo", João 8:15. Existe um conceito muito errado entre os crentes sobre isto de julgar. Jesus disse (afirmou) que a ninguém julga. No entanto, convence a todos de pecado. Disse aos Fariseus que eles eram hipócritas (e não os julgava); disse a Pedro que Ele era Satanás ou que falava por ele; chamou de ladrões e salteadores àquelas pessoas que negociavam no templo, entre muitas mais coisas que disse e fez. No entanto - e se Jesus falou a verdade dizendo que a ninguém julga - como podemos entender tudo isto que Ele fazia e dizia? É óbvio que falar a verdade a respeito dos pecados que existem com o intuito de convencer de pecado todos os que se acham justos para ter como salvá-los nunca pode ser considerado como julgar e antes como salvar - ou mesmo como manter o Evangelho intacto e fora das mãos dos impuros. Um médico que dá um diagnóstico correto não está julgando ninguém, mas, está tentando curar sendo sério no diagnóstico. Além do mais, se revelar os pecados de quem se acha justo fosse julgar, Jesus estaria dizendo aquilo que o Pai lhe mostrava e dizia. Logo, seria o Pai julgando e não Ele. "E, se, na verdade, julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai, que me enviou", João 8:16.

  277. A aparência é o principal opositor ou rival da transparência. Andar na luz é ser transparente e a raiz da humildade é sermos aquilo que somos verdadeiramente. As pessoas criam uma aparência com a qual vivem e ainda a aperfeiçoam. Essa aparência não é apenas a aparência física, mas, pode ser um sorriso, uma boa obra, ou mesmo o inverso disso. Sejamos audazes a ponto de transformarmos todo o nosso coração pelo poder da graça e sejamos aquilo que somos verdadeiramente sem qualquer outra aparência para desviar o olhar e a atenção da nossa sinceridade. A grande questão é que as pessoas acreditam mais na sua aparência do que na obra que Deus pode fazer dentro delas. São fiéis à sua aparência e não a Deus, pois, desejam acreditar em suas próprias capacidades ao invés de acreditar em Cristo e de confiar em Sua obra alcançada no homem interior. "Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo", Fil.1:6.

  278. "A minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou", João 7:16. Tomara que muitos pudessem dizer o mesmo. Hoje, os pregadores colocam as suas doutrinas na frente do púlpito e esquecem aquilo que Deus quer dizer ou diria em suas circunstâncias. O que conta hoje é a doutrina de cada um e não a palavra da verdade a respeito do Evangelho e das pessoas e seus corações. "Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo", João 7:17. E isto é o que acontece com todos aqueles que conseguem chegar ao ponto de executar toda a vontade de Deus através do poder da graça: eles saberão de onde vem a doutrina que praticam, se vem de Deus ou se vem do inferno. "Quem fala de si mesmo (ou da sua própria doutrina) busca a sua própria glória", João 7:18. Este é um fato que ninguém pode contestar - ainda que pareça ser outra coisa. E, segundo Jesus, as únicas pessoas verdadeiras são aquelas que buscam de todo o coração a glória de Deus. São verdadeiras de coração e puras de motivos. "O que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e não há nele injustiça", João 7:18.

  279. "Senhor, dá-nos sempre desse pão", João 6:34. Tal como a mulher Samaritana que pediu "daquela" água para que nunca mais tivesse de voltar ao poço de Jacó, estes homens pediram o pão para nunca mais terem fome. É verdadeiramente estranho que as pessoas não saibam o que estão a pedir quando pedem. Ainda hoje as pessoas se querem consolar com o pão que não alimenta e a água que não mata a sede. Pedem pão e água carnal que dure para sempre e duma vez por todas. Pedem a Deus como se aquilo que eles entendem e querem fosse aquilo que Deus quer ou quer dizer. É muito mau viver com um coração enganoso, o qual é capaz de alterar as palavras de Deus e de transformar as mensagens espirituais em mensagens carnais. Sempre que um coração não muda, ele tenta mudar a mensagem. Ainda hoje se dá um significado diferente às palavras de Deus e acrescenta-se à Sua palavra como se nada de grave estivesse acontecendo. Acrescenta-se e tira-se à palavra de Deus sem alterar a letra escrita - sem alterar uma vírgula dela. O mesmo pode acontecer sempre e com qualquer um que busque o carnal em Jesus. Podemos mesmo estar diante de Jesus, ser confrontados por Ele e, ainda assim, não entender. Podemos estar a vê-lo como é sem nunca O desejarmos. "Mas, já vos disse que também vós me vistes e, contudo, não credes", João 6:36. Deus nos livre duma mentalidade dessas! Uma mentalidade que vem a Deus para casar, para comer, beber, prosperar e nunca para ser salvo com a finalidade de poder conviver com Deus noite e dia pela pessoa que Ele realmente é.

  280. "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida", João 5:24. Não existe doutrina mais mal interpretada, a qual todas as igrejas assumem hoje a respeito deste assunto. Mas, não me vou alongar sobre erros doutrinários. Vou tentar explicar esta verdade. A vida eterna começa aqui e agora. É uma vida constante, permanente, sem altos nem baixos e sem fim. A palavra "eterna" significa, constante, permanente e que permanece. Ela começa aqui. Quem a tem saberá o que é ter vida abundante - algo que apenas uma pequeníssima minoria dos crentes tem. A descida de Pentecostes foi a descida da Vida Eterna. Essa vida é verdadeira, real e toma posse de todo o ser que a tem verdadeiramente. Ora, se alguém tem essa vida, pode crer em Jesus porque Ele é essa vida. Aquele que crê já tem essa vida. Não entra em condenação porque essa vida não tem nada condenável. Mudou de vida, saiu da morte (que considerava vida) e entrou na  verdadeira vida. O Seu Espírito, a Sua essência é a vida eterna. "A vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", João 17:3. Este conhecer é um conhecer de experimentar e de gozar a própria essência de Deus. É óbvio que se alguém entrou nesta vida, aquilo que considerava vida (mas, que em sua essência era o início duma morte eterna) deixa de existir. A pessoa sai duma forma de vida (uma forma de morte, a bem dizer) para a verdadeira vida. E é esta vida que nos possibilita a crer em Jesus da forma que devemos. Tendo esta vida, crer passa a ser um dever. Há quem 'creia' em Jesus de forma carnal, algo que não passa de idolatria. Não é a fé que traz vida, mas, a verdadeira vida que traz fé. Não é o ovo que dá a galinha, mas, a galinha que dá o ovo. A verdadeira fé é fruto do Espírito e não é o Espírito que é fruto da fé. Quando as pessoas se encontram separadas de Deus por algum pecado, a fé que existe é uma fé naufragada. Existe, embora naufragada, (1Tim.1:19). E é com esta fé naufragada que a maioria dos crentes vive e canta nas igrejas de hoje. Mas, essa fé não é a fé que nos chega por via da vida eterna sendo que o pecado separa a pessoa dessa vida. A fé naufragada é fruto da morte eterna dentro de quem não vive e experimenta Deus de forma real e verdadeira. Quem tem essa vida saiu de sua vida anterior, isto é, saiu da morte que considerava vida. Se saiu do mundo e do pecado porque entrou numa vida verdadeira de santidade por via duma convivência real com Deus em Espírito, a qual tomou posse total de todo o seu ser, não tem mais como viver a 'vida' antiga. Se a viver, sai da verdadeira vida para viver a morte. Quem pode entender estas coisas? Apenas aqueles que experimentam ou experimentaram verdadeiramente a essência da Vida Eterna. Quem nunca a experimentou, nunca entenderá. E quem nunca experimentou, cria doutrinas convenientes para abastecer a carne e sua ânsia de sobrevivência carnal e mortal. É por essa razão que as igrejas de hoje são endurecidas, algumas das quais mais duras que aço.

  281. "Creram no seu nome. Mas, o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia", João 2:23,24. Muitos (a maioria) contenta-se com crer em Jesus. Mas, devemos e podemos chegar ao ponto onde Jesus possa confiar em nós. Ele não vai entregar a Sua própria vida (o Espírito Santo) nas mãos de pessoas em quem não confia porque o Seu Espírito é a Sua própria essência. Lemos que "Deus colocou no Éden o homem que havia formado". Ora, o homem foi criado e formado. Ainda hoje funciona da mesma maneira: se Deus não formar o pregador - ainda que tenha nascido de novo - se não for Deus a criar e, de seguida, formar o crente nunca será colocado em nenhum Éden espiritual. Se tal pessoa obtiver algum lugar de chefia, liderança ou mesmo um simples testemunho não havendo sido formado por Deus é alguém que pulou o muro para dentro do aprisco das ovelhas.

  282. "Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo", João 1:47. Existem certas atitudes ou mesmo características das quais os humanos se ressentem, mas, que Jesus aprecia. Uma delas é esta de não ter dolo, falar reto e direto sem meias palavras. Jesus gosta que se vá direto ao assunto sem rodeios. É bom que tomemos consciência disso. 

  283. "Nascer de novo". Este termo tornou-se uma gíria na boca de todos os crentes e a grande maioria das pessoas nem sabe do que se trata. Nascer de novo significa nascer em outra vida onde a antiga tem um final imediato. "Eis que tudo se fez novo", 2Cor.5:17. Se algo da vida antiga persistir ou sobreviver, seja a vida de pecado ou o modo de operar e fazer, a pessoa não está em outra vida. Se nasceu de novo e pratica outra vida, pode ter morrido à nascença. O termo "novo" também contém algo para se entender. É algo divino, puro e inocente. E isso acontece com arrependimento, confissão de cada pecado e conversão. Eu não me preocupo em nascer de novo porque não me posso fazer nascer; antes, ocupo-me em me arrepender e abandonar a vida antiga, seu modo de operar, sua força carnal apoderando-me das novas armas da luz e do Espírito.

  284. "Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus", João 3:3. Entrar no Reino de Deus pode não significar estar a ser reinado por Deus. Tudo se faz novo nesse reino, incluindo a nossa forma de viver e de sermos reinados pelo poder da graça em detrimento do poder da carne e dos pensamentos. Agora, nascer de novo é somente nascer para ver esse reino. Para vermos este mundo terreno precisamos nascer nele. Mas, isso não significa que seremos úteis nele. Para o vermos precisamos nascer nele. Para - futuramente - vivermos nele, precisamos nascer nele. Desse mesmo modo funciona o nascer de novo para vermos o reino de Deus. Nascer não é nada mais que nascer. Não nos podemos esquecer do que deve seguir esse novo nascimento.

  285. Todo homem tem um coração, uma maneira de ser, personalidade e essência escondida dentro dele. A mensagem de Cristo vem para transformar o coração. Ora, se a mensagem penetra no homem e o coração não se transforma; e se o homem em questão gosta da mensagem que não o transformou, certamente que ele irá transformar a mensagem. Ou a mensagem transforma o coração, ou o coração transforma a mensagem. Nada ficará igual depois de ouvirmos a mensagem: ou o coração muda ou nascerá um falso crente, um falso pregador, um herético, isto é, ou o coração se transforma ou nasce um anticristo.

  286. "Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens", João 1:4. Devemos saber que a luz ilumina, revela, mostra tudo como verdadeiramente é. Nada fica encoberto em nossos corações se a luz resplandecer verdadeiramente e se assim permitirmos que aconteça. A vida de plenitude é essa luz e ilumina para dentro conforme aquilo que "o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais", 1Cor.2:13. Quem não tem essa vida na plenitude prometida não terá luz, viverá cego nas trevas. Além de cego, viverá num ambiente de escuridão total - ainda que creia que vê. Vive num meio escuro e ainda é cego, tendo uma dupla escuridão. Na nossa pequena medida, também nos tornamos luz se a plenitude de vida tiver realmente condições para permanecer em nós. Uma lâmpada não ilumina apenas para dentro dela, mas, ilumina à sua volta. E existe luz que ofusca e outra cujo alvo é iluminar. Se a luz ofusca, não estamos iluminando da maneira que devemos. E quem se sente ofuscado deve olhar ao seu redor para ver melhor e não olhar diretamente para a luz. Ninguém olha diretamente para o sol para se sentir iluminado.

  287. "Vós sois os que vos justificais a vós mesmos", Luc.16:15. É muito difícil achar alguém que não se justifique a ele próprio. No mundo, cada pessoa gosta de acreditar em tudo que é de bom para ele. No entanto, poucos levam em conta que existem dois mundos: o da mente e o mundo da realidade prática. Essa mentalidade existe em cada pessoa. É muito fácil tapar os olhos para a morte eterna crendo numa vida eterna; ou crer que Deus e o mundo andam juntos quando amamos o mundo; etc. Mas, devemos saber que devemos ser justificados por Deus e nunca através de nossa própria opinião ou força a nosso respeito. Quando o homem se esforça para se tornar bom ou justo negligenciando o poder da graça, muda somente a sua aparência. E é essa aparência que pode influenciar a nossa opinião sobre nós mesmos, a par daquilo que desejamos que nos aconteça de bom. A nossa opinião a nosso respeito, seja para bem ou para pensar mal de nós mesmos, é sempre suspeita. Vamos permitir que fale Quem conhece os corações de todos. A justificação - a verdadeira justificação - vem de Deus. É Ele  quem torna justo desde o coração e, logo, estando o interior limpo, a parte de fora estará igualmente limpa. E se for Ele a justificar (a tornar justo), "quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus"? Rom.8:33. Vamos permitir que seja Deus a justificar ou mesmo a condenar porque mesmo estando a condenar a sua intenção é de salvar.

  288. "Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no Reino dos céus", Mat.19:23. Quando se fala no Reino dos Céus todos acreditam que se trata da vida depois da morte. Mas, nada pode estar mais longe da verdade. O Reino vem dos Céus e é igual ao que existe nos Céus, mas, acontece aqui na terra - começa aqui. Além do mais, se não acontecer agora, não acontecerá nunca. O Reino de Deus ou dos Céus é onde Deus reina sem qualquer resistência da parte de quem é reinado. Aliás, sem resistência é dizer pouco: acontece que a pessoa deseja ser guiado, reinado e torna-se inteiramente e voluntariosamente ativo nesse reino. Esse Reino opera pelo interior. "O Reino de Deus está em vós", Luc.17:21. Logo, precisamos saber que ser reinado por Deus é algo para alguns, embora esteja destinado para todos. É um privilégio enorme conseguirmos chegar ao ponto de sermos verdadeiramente reinados por Deus a partir de nosso interior a ponto de desejarmos intensamente sermos somente d'Ele. E é nesse reino que poucos entram por muitos e variados motivos. Poucos entram nesse Reino.

  289. "Em vão me adoram", Mat.15:9. É possível adorar o Deus vivo, o verdadeiro, em vão.

  290. Faleceu um amigo meu. Ele conhecia a verdade melhor que muitos, pregava, ajudava os missionários e, no entanto, suicidou-se. São coisas que não entendo. Como é que é possível alguém chegar a esse ponto sabendo que nunca mais sairá do inferno que sabe que existe? Então, pus-me a pensar a respeito do suicídio e não demorou muito até meus pensamentos me levarem a pensar no suicídio espiritual porque o outro não consigo explicar. Quantas pessoas olham para a esposa do outro, a menina bonita na rua, o carro ou a casa do seu próximo sem se darem conta que estão cometendo suicídio espiritual? No final de meus pensamentos concluí que é tão fácil cometer suicídio porque a maioria dos suicídios não é tão óbvia. É verdade que cometemos suicídio imaginando o pecado e vendo as coisas do mundo, seus filmes e novelas, suas intrigas e fofocas. É pena que muitos não se dêem conta da seriedade do pecado ou do ato de amar o mundo. "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele", 1João 2:15.

  291. "Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes diante de si mesmos!" Is.5:21. Também poderemos afirmar sem estarmos a errar: "Ai dos que são crentes a seus próprios olhos e não é Deus quem dá o seu testemunho a respeito deles!"

  292. "Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim", João 14:6. Não podemos ignorar que Jesus dizia isto para discípulos formados, embora muitos usem este versículo para pessoas que pertencem a outras religiões ou crenças. A palavra "caminho" significa o modo ou o meio; a "verdade" significa mais que ser mera verdade. Significa realidade, veracidade - algo que necessita tornar-se real. Quando as coisas não funcionam ou não se realizam (não se tornam reais), Jesus não está sendo a verdade para nós; o mesmo se pode afirmar quando Ele não se torna vida abundante, real, verdadeira e exclusiva para nós. Existe o perigo de, ao sabermos qual é a verdade, tentarmos praticar sem ser pelos meios de Jesus e sem ser pelo poder da graça - na qual devemos sempre esperar. "Esperai inteiramente na graça", 1Ped.1:13. Se não for alcançado por via do poder da graça, tudo é em vão e, possivelmente, idólatra. E se a graça não tornar real, isto é, se o poder de Deus não realizar, não podemos buscar outros meios para fazer aquilo que Deus não faz - ou ainda não fez. E, se Deus fizer, isso também significa que nós próprios podemos estar muito ativos e envolvidos nessa obra.

  293. "Esperai inteiramente na graça (que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo)", 1Ped.1:13. Não existe maior fonte para o desânimo que aquela frustração de não se conseguir fazer. É essencial aprender a depender, a viver e a usufruir do poder da graça. Quando deixamos de depender da força da carne - seja de que forma ela for - deparamo-nos com uma encruzilhada, pois, deixar de depender da carne ainda não é conseguir viver pela graça. A  inactividade não é e nunca será viver pela graça ou poder de Deus. "As armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas", 2Cor.10:4. E é precisamente nesta encruzilhada onde a pessoa precisa depor as armas da carne e aprender a manejar as armas da luz e da graça que muitos desistem, desviam-se para outras doutrinas e explicações, ou perecem. "Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz", Rom.13:12. Não nos podemos ficar por rejeitar as armas e as obras da carne. Temos de aprender a reconhecer, usar e manejar bem todas as armas da luz e da graça.

  294. "Aqueles que amam a tua salvação digam continuamente: Engrandecido seja Deus", Sal.70:4. Poucos assumem ou reconhecem o fato de que a nossa salvação engrandece Deus. Deus não fica maior do que já é salvando-nos, mas, sua fama e nome precisam tornar-se iguais àquilo que Ele é.

  295. "Fiquem envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma", Sal.70:2. Não podemos esquecer que toda e qualquer perseguição, maldade ou injuria da parte do diabo tem como alvo ou como objectivo exclusivo roubar a alma de alguém. Ele faz isso tanto através do engodo quanto através do mal que causa. Nunca permita que sua alma seja atingida pelo pecado quando o diabo anda a tentar caçá-la.

  296. "Não sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos Exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel", Sal.69:6. É necessário entender quão grande estrago causa qualquer escândalo. Sabemos que, por vezes, não é possível evitar que alguém se escandalize com nosso viver ou com alguma de nossas atitudes. E é bom saber que existem escândalos que glorificam Deus e escandalizam as pessoas; e existem outros escândalos que escandalizam as pessoas e Deus; e que existem escândalos que glorificam pessoas e escandalizam Deus e Seus anjos. Além do mais, não existimos para agradar pessoas. Existimos para sermos agradáveis a Deus. E se não agradamos pessoas e agradamos Deus haverá sempre algo que escandalize alguém. Mas, devemos ter em conta que tanto o diabo quanto o mundo busca algo plausível e verdadeiro em nossa vida para escandalizar ou sujar o nome de Deus e denegrir o verdadeiro Evangelho. Por essa razão, devemos andar sempre com Deus tendo toda nossa vida na luz. A pessoa que anda encoberta fica sempre hiper-consciente de si mesma, estando sempre a encobrir o seu coração porque nasceu num mundo onde a cultura é esconder e encobrir o motivo e o coração. Logo, por amor ao nome de Deus, devemos andar limpos sob intensa luz, onde essa luz não permite que nada fique oculto, encoberto ou invisível. Lemos, no entanto que Davi ia muito mais além: "Restituí o que não furtei"; "Porque por amor de ti tenho suportado afronta", Sal.69:4,7. Os que são verdadeiramente inocentes não se ressentem sempre que são acusados falsamente, pois, sabem que estão sempre sendo julgados por Deus a cada momento na Sua luz, andando nela como Ele anda nela conosco.

  297. Quando algo nos ocupa e atrai subjugando a nossa atenção e concentração tendo nós o dever de estar com a Palavra de Deus em oração, podemos incorrer no perigo de nos forçarmos mentalmente para nos concentrarmos estando o coração ausente daquilo que fazemos. É verdade - e sempre será verdade - que todo o nosso coração deve estar envolvido em qualquer coisa que fazemos para Deus - ou com Deus. Logo, precisamos ter em conta que devemos estar aptos a a ter ou obter um coração disponível para essa tarefa tão importante que é colocarmo-nos sob a alçada, admoestação, exortação, ensino e instrução da Palavra de Deus. O nosso coração deve estar presente e não apenas a nossa mente de tal forma "que, quando Ele vier e bater, possam abrir-lhe logo (de imediato)", Luc.12:36.

  298. "Os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos", Is.1:28. Existe uma 'mania' ou doença entre a maioria dos crentes que dizem que transgridem e andam com o Senhor ao mesmo tempo. Por este versículo podemos deduzir que o caminho da transgressão é o inverso de andar com o Senhor.

  299. Sempre que executamos uma obra ou fazemos alguma coisa, qualquer motivo por trás dessa obra torna-se claro. É mais fácil esconder a obra que o motivo. Aquilo que motiva qualquer ação transparece sempre e será sempre pelo motivo que qualquer obra é avaliada. Até aos olhos do mundo as obras são avaliadas dessa forma.

  300. "Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem coração, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis", Jer.5:21. Se alguém tem ouvidos é porque pode ouvir e se tem olhos é porque pode ver. Logo, estando ocupado com outras coisas sendo consumido e concentrado noutros assuntos ou afazeres certamente que não ouvirá como deve e não enxergará como deve. "Vede como ouvis"! Luc.8:18. Existem muitas coisas capazes de sufocar e mesmo exterminar a semente dos nossos corações. A tristeza errada, a alegria errada, a ira, os desejos, outras crenças e religiosidade, o humor errado - seja ele bom ou mau humor -  os afazeres terrenos e sem futuro eterno e tantas outras coisas podem fazer com que aqueles que têm ouvidos não ouçam e com que aqueles que têm olhos não vejam o fim (a finalidade) das coisas.

  301. "Negaram ao Senhor e disseram: Não é ele; nem mal nos sobrevirá, nem veremos espada nem fome", Jer.5:12. Existem muitas formas de negarmos ao Senhor. Pedro negou Jesus com medo de morrer e ser torturado; os Fariseus negaram o Cristo porque não quiseram ler os sinais dos tempos; e aqui vemos que alguém pode negar Jesus quando Ele bate à porta e não é reconhecido: "Não é Ele"! Certamente que também é possível estar negando a Jesus quando um estranho bate à porta e dizemos: "É Ele". Aceitar estranhos em Seu nome é negá-lo. "Sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe", Luc.12:36.

  302. "Deixa a ira e abandona o furor; não te indignes de forma alguma para fazer o mal", Sal.37:8. Não é apenas o furor e a ira que devem ser exterminados da nossa vida. A preguiça, o desleixo, a negligência, a impaciência, a insatisfação e muitas outras coisas que podemos considerar serem as raízes e embriões para todo tipo de ira devem ser levados à exterminação pelo poder da cruz de Cristo. A ira não surge do nada. Ela tem razões de ser no mais profundo do coração do homem, razões essas que costumam estar ocultas ao olho espiritual do próprio, estando escondidas no segredo. Torna-se, pois, necessário lidar tanto com a origem da ira quanto com a própria ira em si. Lidar apenas contra a ira é curar algo muito superficialmente. Devemos saber que a ira não vem do nada. Ela tem raízes, causas e razões que se transformam em direitos para quem alimenta ou contém a sua ira. Um preguiçoso pode irar-se porque lhe pedem para fazer algo e ainda culpa quem lhe pediu por sua ira e não sua preguiça ou seu próprio coração. A ira é uma defesa de direitos que nunca foram entregues a Cristo. Quando nos entregamos a Cristo verdadeiramente, entregamos todo e qualquer direito que pensamos possuir neste mundo e no mundo vindouro. Deixamos de ter direitos perante a cruz de Cristo. Logo, lidar apenas com a ira é ignorar as suas causas e origens, sufocando-a e mantendo-a dentro daquilo que consideramos ser seus limites razoáveis. E tudo na ira é mau? Nem toda a ira é má. Devemos saber que existe uma ira santa, a qual deve permanecer intocável. Mas, mesmo sendo santa não deixa de ter suas causas e origens no amor pela glória de Deus. Foi esse tipo de amor e zelo que levou Jesus a pegar num chicote para expulsar negociadores do templo e da casa de oração. Esse tipo de ira é intocável e assim deve permanecer. Uma coisa 'boa' da ira é que os motivos para essa ira transparecem sempre; o próprio tarda em reconhecer porque a ira é uma defesa de direitos, mas, os de fora apercebem-se facilmente tanto da ira quanto daquilo que a motiva. Não é fácil esconder para os outros os motivos da ira. Por essa razão, também, a ira santa não necessita ser explicada e não precisa redimir-se com pedidos de desculpa. Redimir-se, neste caso, seria estar pecando e transgredindo.

  303. Existe uma ligação direta entre os sonhos (de olhos abertos) das pessoas e a insatisfação e inquietude. E muitos ainda falam dos "sonhos de Deus" como se Deus sonhasse ou fosse inquieto! Os sonhadores são pessoas perturbadas e insatisfeitas com Deus e com aquilo que já têm. Sonhador nunca vai deixar de ser sonhador - ainda que já tenha alcançado tudo que sonhou, pois, criou o hábito de sonhar.

  304. Tudo o que pode apoderar-se do homem, dos seus sentidos, da sua temperança ou da sua quietude é impedimento à verdadeira sabedoria. Na verdade, cria uma barreira inultrapassável para a entrada da sabedoria e faz com que a tolice permaneça no coração e na vida da pessoa. Entre essas coisas encontram-se a ira, a luxúria, a preocupação, os sonhos e a insatisfação e tudo que consome e se apodera da alma. "Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no íntimo dos tolos", Ecl.7:9. A ira consome os sentidos de qualquer pessoa e apodera-se de todos os instrumentos que a sabedoria necessita para ensinar, redarguir, admoestar e estabelecer-se no coração, tais como a imaginação, a perspicácia, a quietude entre tantas outras coisas necessárias para essa finalidade. Logo, quando pedimos sabedoria a Deus, estamos pedindo, indiretamente, um coração quieto, uma consciência limpa - e tudo isso sob quaisquer circunstâncias. Não é possível tornar alguém sábio nos verdadeiros caminhos de Deus sem que se alcance antecipada ou simultaneamente todos os requisitos necessários para que essa sabedoria possa estabelecer-se de forma permanente. "Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas, é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz para os que exercitam a paz", Tiago 3:13-18. "Porque assim diz o Senhor: Preparai para vós o campo de lavoura e não semeeis entre espinhos", Jer.4:3.

  305. "Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheciam", Jer.2:8. A maioria dos crentes têm medo de fazer esta pergunta: "Onde está o Senhor?" Preferem afirmar que Deus está ali, com eles ou em suas circunstâncias. Qualquer outra coisa é tida como falta de fé. Aquilo que consideram fé é uma aberração, pois, não têm Deus como real. Deus, sendo real, manifesta-se de tal modo que não é necessário alguém confundir essa realidade com ficção. Quando Deus se revela num lugar (ou numa pessoa) ninguém se enganará a esse respeito e as palavras e afirmações sobre essa realidade tornam-se supérfluas e desnecessárias.

  306. Vezes sem conta, na Bíblia, tropeçamos na palavra "abominação" sem entendê-la muito bem. Creio que esta palavra refere-se aos crentes e não ao mundo em geral. Quando um crente conhecedor da verdade, pregador, cantor ou com outra atividade popular não tem uma vida pessoal celestial, a qual seja condizente com o verdadeiro Evangelho, essa pessoa torna-se uma abominação. No mundo temos os descrentes e na igreja temos os abomináveis.

  307. Tudo aquilo que é capaz de gerar a confiança e a fé em Deus também é capaz de gerar a desconfiança. "Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse", 1Ped.4:12. Não podemos pensar que é algo estranho sermos provados sempre que estamos de bem com Jesus. Se não estivermos bem com Deus não podemos falar da mesma maneira.

  308. "O que semeia pouco, pouco também ceifará", 2Cor.9:6. Esta verdade não se aplica somente na esfera material. Aplica-se, também, ao pregador que semeia a palavra. Tudo vai depender do que semeia, do quanto semeia e da qualidade da sua semente. Pena é que muitos pastores e pregadores escolham pregar continuamente em solos rochosos, isto é, para crentes que ouvem a palavra anos a fio tendo tanta gente na rua que precisa ouvir para se converter. Os crentes limpos e sãos aprendem de Deus praticando e não apenas ouvindo pregar. Aquele que faz, aprende mais e aquele que tem, mais se lhe dará. A sabedoria adquire-se de Deus e aquele que pratica receberá mais porque Deus dá ao fiel que lhe pede. Nunca nos esqueçamos que a vida exemplar de qualquer Cristão é o principal convite para uma salvação genuína.

  309. "Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos", João 6:53. É necessário termos essa vida em nós mesmos, isto é, obter uma vida eterna e constante que nos domina. Mas, essa vida não predomina em nós paralelamente com outra forma de vida, isto é, ou existe uma ou existe a outra. Muitos falam de morrer para o mundo e o mundo morrer para eles. Comer da carne de Cristo significa isso: morrer para o mundo. Contudo, muitos querem comer de Sua carne indignamente. "Examine-se, pois, o homem a si mesmo e assim coma deste pão e beba deste cálice", 1Cor.11:28. Ninguém entra numa realidade de estar verdadeiramente, literalmente morto para o mundo e o mundo para ele se não passar por uma limpeza verdadeira e completa de cada um de seus pecados conhecidos. Todos os pecados conhecidos precisam ser reconhecidos e abandonados. Fingir que estamos mortos para o pecado porque o acesso a essa realidade é-nos negado também é tentar comer dessa ceia indignamente. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23.

  310. "Não vos prendais a um jugo desigual", 2Cor.6:14. A palavra "prender" precisa ser levada em conta e entendida dentro do seu contexto. Podemos ajudar, comunicar o Evangelho verdadeiro, mas, nunca nos podemos deixar prender em jugos desiguais. Jugos desiguais não são apenas aqueles que prendem por via do matrimónio, mas, podem ser jugos desiguais por via de amizades, entre familiares, amigos, pai e mãe, no emprego ou por via de qualquer outro tipo de cumplicidade. Devemos entender que, uma vez em Cristo, a desigualdade entra em cena com tudo que fede a mundo.

  311. As maiores lutas a que eu já assisti foi a luta de Deus com o meu coração e somente agora me apercebi disso. Quando eu lutava com Deus, era Deus lutando com meu coração, com meus motivos, contra minha força e poder, conta minha própria sabedoria.

  312. "Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra e tudo o que nela há; e seja o Senhor Deus testemunha contra vós (...) Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel", Miq.1:2,5. Conheço uma canção que diz: "Ó Israel, ainda hoje o sol se esconde por causa dos teus pecados", falando sobre as trevas que ocorreram em pleno dia quando Cristo foi crucificado. Parece estranho que toda a terra sofra e seja julgada devido aos pecados de Israel. Mas, é um fato. Era suposto o mundo salvar-se através de Israel, tal como é suposto o mundo ser salvo pelas vidas dos crentes de hoje. E Paulo chama os líderes que crucificaram Cristo como "príncipes deste mundo" e não apenas como príncipes em Israel. E hoje vemos que os testemunhos e a vida dos crentes levam o mundo a uma maior perdição e escuridão. Ó Cristãos, toda a terra será julgada por causa dos vossos pecados! O vosso testemunho está contaminado e a terra despreza o verdadeiro Evangelho por causa dos evangelhos falsos. O cristianismo de hoje é uma mancha em todo o Universo ao invés de ser uma enorme fonte de luz gratuita e salvadora. E se a terra será julgada por causa desses pecados, imaginem o juízo que cairá sobre os crentes de hoje! "Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus", 1Ped.4:17.

  313. "...Andarão no Seu nome, diz o Senhor", Zac.10:12. Existem pessoas que não conseguem andar em nome de Deus. Tropeçam e cambaleiam quando em nome de Deus. Só andam em seu próprio nome - ainda que usem o nome de Deus (em vão). Terá de chegar o dia em cada crente onde a pedra de esquina não os faz tropeçar e duvidar, mas, erguer.

  314. "...Com vaidade consolam, por isso seguem o seu caminho como ovelhas", Zac.10:2. Muitas vezes, as pessoas necessitam de algo para poderem continuar. Por vezes, necessitam consolo, outras vezes encorajamento e outras vezes correção. Mas, aquele que anda com Deus deve conseguir discernir que tipo de consolo, encorajamento ou repreensão chega até ele. Se qualquer coisa que o faz seguir caminho não é o consolo do Consolador, mas, é algo humano e carnal - algo que é uma imitação carnal - já nos tornamos humano-dependentes. Deus pode falar e consolar através de alguma pessoa, mas, precisamos obter essa confirmação pelo lado de dentro. Os falsos recebem glória, consolo e exortações uns dos outros e, por isso, seguem seu caminho como se fossem ovelhas - mas, não são.

  315. "Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores (principalmente os da circuncisão)", Tito 1:10. Parece que Paulo estaria falando de pessoas diferentes com defeitos diferentes. Mas, na verdade, trata-se da(s) mesma(s) pessoa(s) com comportamentos diferentes, comportamentos esses que cooperam entre si. Estes defeitos são inseparáveis. A pessoa desordenada é faladora ou torna-se faladora; consequentemente, tornam-se vãos e a necessidade de se estabelecerem e auto-promoverem como forma de se sentirem seguraras é a consequência inevitável que se segue. Vamos por partes: a vida desordenada significa alguém que não colocou, ou deixou de colocar ou não mantém a sua vida na luz e ordenada diante de Deus e, consequentemente, diante de seus próprios olhos. "Descrevi-te todos os meus caminhos (...) Considerei os meus caminhos (...) todos os meus caminhos estão diante de ti (...); conheces todos os meus caminhos, Sal.119:26,59,168; Sal.139:3. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23. As pessoas desordenadas (neste sentido) tornam-se pessoas faladoras e quem fala muito nada ouve - está sempre ocupado falando e quem se ocupa com uma coisa não tem como fazer outra. Torna-se faladora porque é desordenada e fala de tudo um pouco - até mesmo daquilo que nunca entendeu. É assim que se conforta e se assegura diante duma consciência manchada e sem ordem. Consequentemente, torna-se uma pessoa vã. Quando falamos duma pessoa vã significa que ela canta hinos, prega, estuda as Escrituras, mas, faz tudo em vão. Isso quer dizer que nada do que faz - por muito que faça - tem como lhe trazer proveito verdadeiro porque sua vida está desordenada e Deus não se deixa enganar com religiosidade. Daí que Paulo mencione os da circuncisão entre muitos outros com qualquer outro tipo de religiosidade. De seguida, não podem evitar tornarem-se enganadores. Uma das formas mais apetecíveis e mais comuns de alguém se sentir assegurado é rodear-se de discípulos e ouvintes, como se fossem as pessoas e suas opiniões que dão segurança e não a convicção e certeza gerada pelo lado de dentro pelo Espírito de Deus. Tudo que ilude o homem com segurança é uma forma de idolatria. Tal como o dinheiro e a avareza (que são idolatria) existem outras coisas que falsificam segurança nas pessoas.

  316. A abstenção de qualquer pecado, vicio ou concupiscência, já desde o coração e do pensamento, preenchendo o vazio com a prática da verdade partindo essa prática, também, desde o coração e do pensamento, elimina o pecado de qualquer vida que tenha sido cheia do Espírito Santo. Aos que andam e vivem cheios do Espírito Santo (desde que não seja somente ficção e crença da ilusão e da mentira do desejo) é dito que "vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma", 1Ped.2:11. Esse é o segredo. Quem se abstém, estando cheio do Espírito, será limpo - verdadeiramente limpo - a ponto de nem sequer ter lembrança da prática do pecado que o prendia e consumia anteriormente. Esse pecado pode ser qualquer um, desde a ira à prostituição, desde a impaciência ao ódio.

  317. "...Sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna", Tito 3:7. A herança da qual todo o Novo Testamento fala é uma herança de natureza, isto é, da natureza de Cristo, a qual herdamos quando certas condições são cumpridas. Essa herança começa aqui e agora, na terra, tal como a vida eterna. A vida eterna é uma vida interior, constante, permanente e sem altos e baixos. E é consoante a esperança viva e real que a vida eterna dentro de nós nos dá - desde que na abundância prometida - que nos assegura dessa herança. Nós não vamos herdar mais tarde porque Cristo já morreu (e já ressuscitou). Se já morreu, a hora da herança é agora. Agora é a hora de receber a herança e não mais tarde. Recebemos a Sua natureza aqui e agora. Você tem essa ideia ou doutrina sobre o que é realmente a herança dos santos? Tem essa herança? Alcançou-a?

  318. "...Cuidando que a piedade seja causa de ganho", 1Tim.6:5. O ganho é a piedade em si. Quem ganha a piedade ganhou tudo que há para ganhar. Deus pode acrescentar as outras coisas, mas, nada do que acrescenta pode ser ganho porque não é. Todas as doutrinas atuais de prosperidade - ou com indícios de prosperidade - são uma falácia. Quem se sentir realizado e satisfeito com a piedade alcançada e com a santidade que vem pela graça e pelo poder do Espírito, é pessoa próspera. "Grande ganho a piedade com contentamento", 1Tim.6:6. Até mesmo "o conhecimento da verdade é segundo a piedade", Tito 1:1.

  319. "...Nos salvou (...) não segundo as nossas obras, mas, segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos", 2Tim.1:9. Muita gente prega que somos salvos pela graça. Até aí estamos de acordo, mas, não deixa de ser uma pregação ao invés de ser uma verdadeira e enorme constatação da sua realidade. A questão é que a maioria dos que pregam que somos salvos pela graça não manifesta essas obras concluídas pela graça - se é que alguma vez foram verdadeiramente iniciadas. A sua pregação serve para se tornarem infrutíferos, estagnados e sem a verdadeira ação da graça, de forma que se torne manifesta e conclusiva. Mostrem que são salvos pela graça ao invés de se ficarem, apenas, pela pregação. Essa graça precisa ser alcançada, intensamente desejada por alguém que deseja aprender a viver e conviver doutra forma e com outra maneira de tocar a sua vida e existência para a frente. A graça busca-se e acha-se. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno", Heb.4:16.

  320. Quando Faraó mandou os filhos de Jacó de volta para buscarem seu pai e suas famílias, ele disse: "E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso", Gen.45:20. Ora, se os irmãos de José não deveriam estar preocupados com suas possessões em Canaã porque receberiam do melhor no Egito quando chegassem, imaginem o mal que fazem todos aqueles que se apegam às coisas da terra tendo a sua vida em ordem para o céu. "E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios; porque o melhor de todo o céu do será vosso". Lembrem-se da mulher de Ló, pois, olhou para trás e, por isso, ficou para trás.

  321. "(Os irmãos de José) não podiam falar com ele pacificamente", Gen.37:4. Você pode falar pacificamente com todas as pessoas? Falar pacificamente significa que você tem paz no coração e não que os demais estejam em paz consigo.

  322. "Peregrina nesta terra e serei contigo e te abençoarei (...) a ti e à tua descendência (...) e confirmarei", Gen.26:3. Sabemos que, crendo em Jesus, nos tornamos automaticamente descendência de Isaque e Abraão. "Eis-Me aqui a Mim e aos filhos que Deus me deu", Heb.2:13. Logo, tudo que foi dito aos pais da fé é, também, dito a nós agora. Só existe uma coisa que devemos entender melhor: "Peregrina nesta terra". "Todos estes (...) confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra", Heb.11:13. Você sente-se estrangeiro nesta terra? Vive como estrangeiro aqui? Você peregrina nesta terra ou apodera-se dela, tomando posse daquilo que é terreno? Todos quantos "tomam posse disto e daquilo" não se podem considerar peregrinos na terra. As suas "bênçãos" são ilusões porque usam o nome de Deus em vão. Peregrino não toma posse de nada, tal como Abraão nunca tomou posse da terra prometida porque era Deus quem teria de dar, tal e qual como prometeu fazer. "Jurei que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma", Gen.14:23.

  323. "...E esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus", Gen.3:8. Eles não se esconderam do Senhor - evitaram a presença d'Ele. No fundo, não deixaram de querer Deus, mas, apenas de não serem iluminados e convictos, sendo condenados pela consciência. Esconderam, isto é, deixaram de andar na luz e de ser transparentes. No fundo, começaram a ocultar aquilo que envergonha e condena estando na luz (na presença de Deus). E a maneira de o fazer é evitar que a consciência seja iluminada e que a presença de Deus (que é luz) possa revelar ao próprio aquilo que a luz condena. Existem coisas que não são condenáveis vivendo nas trevas, as quais se tornam "aceitáveis", mas, que se tornam condenáveis estando na luz e pela luz. E sendo condenáveis pela luz, precisam ser condenáveis pela mente de quem anda na luz e deixou de andar nas trevas. A mentalidade das trevas precisa ser renovada em uma outra que posa estar sempre de acordo com a luz. E essas coisas não devem apenas tornar-se condenáveis, mas, devem ser rejeitadas ou mesmo pré-rejeitadas. "Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade", 2Cor.4:2.

  324. "Pois, que não conheceste o tempo da tua visitação", Luc.19:44. Devemos saber que existe um tempo de visitação para todo ser aqui na terra. Um dia Deus baterá à nossa porta. Mas, devemos ter em conta que precisamos tomar conhecimento da realidade desse dia de visitação e alcançar a promessa, seja ela qual for. Se isso não acontecer, pode acontecer que a Pedra rejeitada, negligenciada, esquecida ou desprezada seja, afinal, a principal pedra de esquina.

  325. "Diz a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns e perseguirão outros", Luc.11:49. Jesus define a profecia como sabedoria. Qualquer tipo de profecia que não seja sabedoria ou que não provenha da sabedoria é fútil. Não pode vir da emoção, da amargura, da ilusão, do desejo ou de qualquer outra forma de sentimento humano. A sabedoria de Deus não é sentida de forma emotiva ou emocional, mas, surpreende-nos de forma a frutificar.

  326. "A que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados, riquezas, deleites da vida e não dão fruto com perfeição", Luc.8:14. É importante verificar que as pessoas são as principais culpadas da falta de verdadeiro fruto em suas vidas. O diabo não é o culpado, nem as circunstâncias, mas, o próprio - apenas o próprio. E tem mais: o amor ou desejo pela riqueza, as preocupações e ocupações com o mundo ou os prazeres da vida terrena têm o poder de sufocar o poder e o efeito da palavra de Deus - de toda e qualquer palavra de Deus. O diabo não tem esse poder, o inferno não consegue alcançar aquilo que as coisas do mundo no coração conseguem, isto é, anular a palavra de Deus, a qual é poderosa, criadora e recreadora. Com uma palavra Deus fez o céu e a terra e com uma preocupação ou ocupação mundana o poder dessa palavra é anulado ou sufocado. Em segundo lugar, não é preciso alguém ser rico para ter amor pela riqueza, pois, até os mais pobres podem esconder o amor secreto pelas riquezas; não é necessário alguém ir ao baile mundano para ter uma apetência pela música do mundo, pois, o coração pode estar desejando aquilo de que se priva e não tem ou é capaz mesmo de manter esperanças secretas sobre o que nunca alcançou - aquilo que as pessoas dizem ser sonhos. Esses sonhos também são espinhos que sufocam a palavra. Afirmar que somente os ricos têm amor pela riqueza ou que qualquer pobre não ama o dinheiro é estar a faltar à verdade. O pecado que resiste no coração pode existir ou co-existir com o Evangelho em qualquer um, seja rico ou pobre. E é isso que sufoca o fruto já a partir do coração. Dizer que alguém que se abstém de transgressões sexuais está liberto dessa forma de concupiscência apenas porque se abstém, lutando secretamente contra o desejo, é faltar à verdade, pois, quando Cristo liberta, Ele liberta verdadeiramente até desses tipos de pecado e eles deixam de sufocar a palavra; e o Espírito disponibiliza todo o ser interior para o verdadeiro serviço de Deus e da Palavra. É uma promessa e qualquer promessa vinda de Deus é um dever. É bom que o mal, o maligno e a tentação nunca achem o desejo ou a propensão para pecar em nós. "Vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em Mim (nada acha em Mim)", João 14:30. Se não encontra nada em nós não devemos ter receio da aproximação do maligno e do seu confronto. Toda a forma de legalismo é um medo de pecar associado a um coração que esconde (encobre) a sua apetência para pecar, impondo sobre os demais aquilo que nega reconhecer que faz em secreto ou que faria se pudesse.

  327. Achar o nosso caminho hoje, é como passar por mato e matagal. Se não formos guiados, não enxergaremos a direção do nosso destino e nunca saberemos por onde ir - ainda que saibamos para onde ir.

  328. Por que razão ou razões Jesus não queria que os demónios dissessem quem Ele era? Ainda não sei explicar. Mas, eu creio que é muito mau quando alguém fala bem de mim e essa pessoa não anda nos caminhos de Deus e eu ando; e, também, quando alguém que anda nos caminhos de Deus pensa ou fala mal de mim quando eu ando nesses mesmos caminhos de Deus. Precisamos ter extremo cuidado com as pessoas que dizem estar identificados conosco e que não estão no verdadeiro sentido da palavra. O verdadeiro evangelho não deve ser divulgado por quem não experimenta esse evangelho na plenitude prometida.

  329. A confissão de cada pecado pelo nome foi e será a mensagem inicial de todo o processo de salvação. Se queremos ser verdadeiramente salvos de nossos pecados e plenamente libertos deles, precisamos começar em João Batista. Esse começo é apenas o começo. Tudo o resto se torna possível a partir daí. A vida de plenitude estará ao alcance daqueles que fizeram uma limpeza minuciosa de cada pecado antigo e presente (Todo o vale se encherá após isso); e, como as Escrituras dizem, preparar o caminho do Senhor é confessar cada pecado pelo nome e endireitar cada coisa torta. Após isso acontecer, muitas outras coisas começam a ganhar forma: "Todo vale se encherá; e se abaixará todo monte e outeiro (a humildade ganhará forma e não será fingida); e o que é tortuoso se endireitará (as pessoas ganharão rumo); e os caminhos escabrosos se aplanarão (uma vida sem altos e baixos, constante e permanente estará ao alcance dum coração verdadeiro que busca. Quem busca achará e a oração não será mais somente buscar e buscar); e toda carne verá a salvação de Deus (seremos verdadeiramente salvos de nossos pecados e libertos deles)", Luc.3:5,6. E é certo que ninguém chegará a tudo isso se não houver passado por João Batista.

  330. "Ou delibero segundo a carne, para que haja em mim sim, sim e não, não?", 2Cor.1:17. Existem duas coisas aqui que podem acontecer: ou deliberar segundo a carne e tentar agir no Espírito; ou deliberar segundo o Espírito e tentar andar segundo a carne. Quando militamos segundo Deus, o sentimento pode acompanhar tudo o que fazemos, mas, não é a motivação para fazer ou efetuar. Se o sentimento acompanha, cumprimos melhor a lei de Deus porque a lei de Deus determina que o possamos amar com tudo que somos – incluindo o que sentimos. Mas, quando o sentimento é a motivação em vez de se tornar um mero aliado ou acompanhante, somos carnais. Os espirituais agem de tal forma que parece que agem carnalmente e é por essa razão que as "semelhanças de crentes" dificilmente se distinguem dos verdadeiros. Paulo explica isso assim: "…como se andássemos segundo a carne. Mas, andando na carne, não militamos segundo a carne", 2Cor.10:2,3.

  331. "Já estou crucificado com Cristo e (...) Cristo vive em mim", Gal.2:20. Nós somos responsáveis actuantes para levarmos nossa cruz para morrer. Mas, não somos gestores da vida de Cristo, isto é, nosso dever é entregar à morte os nossos direitos, as nossas coisas, as nossas ideias e permitir que Cristo viva em nós. A nossa tarefa é entregarmo-nos à cruz para sermos crucificados para sempre e deixarmos de estar sempre a levar a cruz para evitar morrer. Cristo viverá a própria vida d'Ele em nós.

  332. "Estai em mim e eu em vós", João 15:4. Não podemos comprometer tudo quanto Deus nos dá por uma interpretação má, deficiente ou parcial daquilo que nos deseja transmitir. Devemos analisar em separado o que significa estar em Deus e aquilo que significa Deus estar em nós. São duas afirmações e não uma. É preciso que Deus esteja em nós quanto é necessário que permaneçamos n'Ele. A pessoa pode crer que Deus está nela porque permanece na oração (muitas vezes sem resposta) ou porque estuda assiduamente a Bíblia com ou sem compreensão. Mas, torna-se necessário Deus dar testemunho pessoal para que, aquilo que cremos, seja confirmado da parte de Deus e não apenas da nossa parte. As pessoas que têm um relacionamento com Deus superficial, parcial, religioso, pouco profundo - ainda que exista - não entenderão este raciocínio. Mas, quem tem um relacionamento na medida prometida, profundo, exclusivo, permanente sentirá de imediato assim que haja ou aconteça algo que possa fazer com que Deus se abstenha dessa comunhão. Lembro-me dum homem de Deus, Andrew Murray, que era conhecido como "Aquele que anda com Deus". Um dia, caminhando na rua caiu sobre seus joelhos como se lhe tivesse acontecido algo grave. Um agente da policia correu e perguntou-lhe o que se passava. Andrew Murray respondeu que havia perdido a comunhão com Deus naquele momento. Não esperou para chegar a casa e orar, não se dirigiu a casa de alguém, mas, ajoelhou-se de imediato no meio da rua. Precisamos saber que algo pode fazer com que Deus não esteja em comunhão conosco ainda que nós nos estejamos a esforçar como sempre.

  333. "Louco, esta noite te pedirão a tua alma e o que tens preparado para quem será?" Luc.12:20. Aqui, Jesus fala sobre a loucura dum homem rico. Mas, o que poderíamos afirmar sobre a beleza duma mulher linda? "Louca, o que te vale ser tão bela e que valeu teres usado grande parte do teu tempo na frente do espelho e buscando a aprovação dos bobos? Tua alma será pedida e que tens para apresentar? Ou, o que se dirá sobre a teimosia dum homem errado?

  334. O legalismo tem várias coisas a levar em conta. Aquilo que consegue cumprir é carnal e o que é espiritual não cumpre. Mas, acredita ser cumpridor aceitável e recomendável. Tod e qualquer tipo de legalismo é uma forma de tentar pular o muro sem entrar pela porta, isto é, tentar alcançar os fins evitando passar pelos meios.

  335. Muitas pessoas não buscam verdadeiramente a verdade - eles buscam ser assegurados e sentirem-se seguros e convencidos. Buscam sentimentos de segurança e não verdade, buscam certeza e não verdade. É um erro fatal para muitos. Por isso é que a dita doutrina da certeza da salvação se proliferou tanto enganando a muitos.

  336. Creio que a sabedoria e o coração raramente andam juntos. É uma combinação difícil. Mas, quando conseguem andar juntos são uma arma invencível.

  337. "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Omnipotente descansará", Sal.91:1. Habitar no esconderijo do Altíssimo não é visitar o Altíssimo - é viver com Ele em habitação d'Ele permanentemente e ininterruptamente. "Permanecei em Mim e Eu em vós". Ou convivemos com Ele de forma permanente em território d'Ele ou não descansaremos e muito menos em Sua sombra. No original, a palavra "habitar" significa permanecer como quando se casa e se muda de habitação, significa estar e sentir-se em casa com muito à-vontade. É achar morada noutro lar, estar noutra sombra. À sombra do omnipotente é lugar de luz intensa ainda que seja à sombra. Essa luz não faz sombra, torna tudo transparente e visível. Consequentemente, só conseguem descansar nela aqueles que estão limpos de consciência, cujos corações não tem qualquer intenção ou pensamento de esconder, encobrir ou disfarçar seja o que for. Ninguém achará descanso à sombra de Deus Todo-Poderoso, a menos que tenha uma consciência verdadeiramente tranquila, limpa, avivada e que se sinta em casa convivendo continuamente com a santidade. É preciso que nos sintamos em nosso meio para habitarmos onde quer que seja. "Quem estará no Seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração", Sal.24:3,4.

  338. "Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza e nele confiarei", Sal.91:2. Há quem diga muito sem falar e quem fale sem expressar nada. É preciso estar nesta presença, sob este fogo e sob esta luz intensa que torna tudo transparente antes de se poder afirmar isto que é afirmado pelo Salmista. Sob essa luz - e somente sob ela - se saberá se Deus é um refúgio ou um juiz; se é uma fortaleza ou causa de instabilidade e auto-condenação; se podemos e devemos confiar n'Ele ou se nos devemos lamentar profundamente. Não podemos afirmar nada daquilo que Deus é para nós antes de nos acharmos verdadeiramente nessa presença real, verdadeira e intensa como era Sua presença em Pentecostes. Somente ali se pode saber o que Deus é para nós. O verdadeiro avivamento é um dia do Juízo antecipado. A única diferença entre um avivamento real (verdadeiro) e o Dia do Juízo é que no Dia Final já não existirá maneira de alguém se salvar. No resto são, em tudo, semelhantes. Pense bem antes de orar por um avivamento. Reveja os custos e analise bem o preço, pois, nada será igual a partir desse dia quando o Espírito Santo tornar a descer sobre uma nação, uma igreja ou um único individuo. É e será sempre sob essas circunstâncias que saberá o que Deus é para si, se é seu Deus ou seu Juiz, seu refúgio e se a verdade que abraça vem mesmo de Deus e se é lá (na sombra dessa verdade) que você se alberga, habita e abriga sentindo-se à-vontade.

  339. "Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa", Sal.91:3. O laço do passariheiro tem muito a ver com o pecado, a tentação, a provocação e tudo que pode contaminar a alma a ponto de alguém ser excluído da sombra do Omnipotente (Is.59:1,2). A peste perniciosa e o passarinheiro têm algo em comum: a astúcia, a manha, a tentativa de ludibriar e agarrar quem se aproxima demasiado do limite daquilo que pode constituir uma tentação para sua carne, alma ou espírito. Nem todo tipo de tentação é tentação para todos. Uns são mais vulneráveis a certas situações ou são mais tentados por certas coisas do que outros. Convém que você descubra que tipo de coisa pode tentar o indivíduo que você é em Deus. Esse é o seu laço de passarinheiro. Não se aproxime dele e evite chegar a esse limite, a essa fronteira. O pecado não respeitará essa linha e pode atraí-lo para o lado de lá seja em forma de convite, engano, aparência ou susto. Fuja daquilo que são os seus limites e não apenas do pecado, os quais podem não ser os limites doutras pessoas. Evite, também, julgar as pessoas levando os seus limites em conta ou julgar-se a si próprio de acordo com os limites dos demais. Descubra os seus próprios e evite chegar perto ficando o mais distante possível deles. Ajude as outras pessoas a afastarem-se dos limites deles - e não dos seus.

  340. "Ele te cobrirá debaixo das suas asas e estarás seguro; a sua verdade é escudo", Sal.91:4. Existem muitas verdades. Existe a verdade sobre muitos fatos, mas, a verdade que liberta não é a verdade sobre coisas ou a respeito das realidades deste mundo. Qualquer verdade é e será sempre boa, mas, só um tipo de verdade é libertadora: aquela que penetra na alma a respeito do pecador e do Salvador. Outra característica dessa verdade é que ela se torna real, flui, é avassaladora e simples. Se não for real não deixa de ser verdade, mas, também não salva. Ninguém pode separar essa verdade da sua correspondente realidade prática. Se não for real não é verdade para essa pessoa. A verdade que salva verdadeiramente é a única que flui no/do interior da pessoa. Mas, é preciso que flua como rios impetuosos de água viva. As outras verdades são externas e, por muito verdadeiras que sejam, nunca penetram além do pensamento e do conhecimento da sabedoria. A que flui é a que salva. Por essa razão é que as Escrituras falam da Sua verdade, diferenciando-a das demais verdades.

  341. "Não temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia, nem peste que ande na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia", Sal.91:5,6. Espanto noturno tem muito a ver com as trevas. Tudo que é noturno é associado às trevas. O espanto, no original, significa terror ou susto aterrorizante. Estes terrores ou temores nem sempre são constituídos por terrores reais. O que mais move as pessoas são as coisas que imaginam. A realidade costuma andar muito distante da imaginação das pessoas. Logo, o que mais pode assustar alguém não é, apenas, aquilo que é real, mas, aquilo que vive na imaginação da pessoa. A pessoa assusta-se mais com aquilo que imagina do que com aquilo que vê, a não ser que o que vê provoque a imaginação. Por norma, quando a realidade se conjuga com as imaginações, tudo se torna mais dramatizado e aquilo que se imagina é e será sempre maior e mais assustador que a realidade. Logo, ao invés de fingirmos que cremos ou confiamos, devemos demarcar os limites das imaginações para encarar e ponderar todas as realidades de maneira sóbria e realista. O perigo é real? Se for real, é maior que Deus? O perigo é a morte? A Vida eterna é real e vence a morte? É isso que nos fará deixar de temer espanto noturno. De dia e na luz enxergamos todas as coisas como são e na imaginação vemo-las como não são. "Não temerás seta que voe de dia". A seta que voa de dia tem, por norma, uma ponta de fogo e chama - incendeia tudo onde espeta. São setas incendiárias que fazem soar os alarmes da tentação. Aqueles que desejam ser verdadeiramente salvos de todos os seus pecados temem ser atingidos por essas setas. Mas, se é a verdadeira fé que extingue essas setas, devemos olhar melhor para que lado nos concentramos: se para o susto ou se para a solução. "...O escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno", Ef.6:16. A maioria dos crentes sinceros com fé real (uma que seja fruto dum verdadeiro relacionamento entre coração e Deus e não seja mero esforço parar crer), tenta desviar os dardos ao invés de aprofundar a fé, tornando-a real, eficaz e verdadeira, isto é, não fingida ou forçada. Uma senhora de saia no vento deve segurar a saia ou o vento? Desse mesmo modo, as pessoas que temem as setas que voam de dia concentram-se mais nas setas do que na comunhão com Deus e na entrega incondicional a Ele - algo que é a única coisa capaz de produzir essa fé que é verdadeira, real e é, exclusivamente, o verdadeiro fruto dessa comunhão. Não é a fé que traz comunhão com Deus - é a comunhão com Ele que produz essa fé verdadeira e real.

  342. "Mil cairão ao teu lado e, dez mil, à tua direita, mas, tu não serás atingido. Somente com os teus olhos olharás e verás a recompensa dos ímpios", Sal.91:7,8. Muitos olham para este versículo pensando e acreditando que cairão aqueles que os perseguem e sobre quem desejam vingar-se. Mas, não é assim. A destruição virá sobre todos, mas, os que se abrigam em Deus escaparão dela. A destruição não virá sobre as pessoas por causa dos que se abrigam em Deus. Não se trata duma vingança - é uma destruição anunciada para exterminação do mal e do pecado. Poderíamos ser igualmente destruídos caso a verdade não nos estivesse protegendo e se a verdade não fosse a nossa forma de viver. Veremos a vingança de Deus consumada e não a nossa vingança consumada por Deus. Na nossa salvação não haverá espaço para qualquer forma de egoísmo. Vingança humana é egoísmo pedindo satisfação e prazer. A recompensa dos ímpios é dada por a pessoa ser ímpia e não por me ter feito dano ou mal. E se eu escapar a essa recompensa e destruição eterna é porque me arrependi e fui transformado. Será como escapar dum acidente de avião: fico alegre por haver escapado, mas, não fico alegre pelos outros haverem perecido. Os outros não pereceram por causa de mim. Só verei isso acontecer. Nesse dia terei de ser forte e alegrar-me no Senhor sob pena de ser visto a olhar para trás.

  343. "Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio! O Altíssimo é a tua habitação", Sal.91:9. Existem afirmações de boca. E existem afirmações de crença, as quais muitas pessoas afirmam ser fé. Também existem aquelas afirmações de quem provou aquilo que afirma (mas, ainda não comprovou e nem se alimentou). Creio que nenhuma destas situações é o caso neste versículo. Uma coisa é cheirar e provar uma boa comida e outra é ser alimentado por ela permanentemente, onde o prazer de comê-la não conta mais, mas, a força e energia que ela proporciona. Contudo, existem realidades tão evidentes que vão muito além do que se pode explicar ou descrever. Se afirmaram de Salomão "que não me disseram a metade da sua grandeza e que sobrepujaste a fama que ouvi", imagine alguém receber toda a plenitude de Deus e ter de descrever aquilo que recebe e acontece com ele. Creio que é esse o caso deste versículo. A realidade extravasou tanto e muito além das expectativas que o Salmista teve de encontrar palavras como "habitação" ou "refúgio" para tentar descrever aquilo que acontecia com ele. Seu cálice transbordava. É preciso que alguém viva e experimente esta plenitude na primeira pessoa para poder entender do que se trata. É algo impossível de se negar, impossível de descrever em palavras, algo que não deixa qualquer dúvida, é avassalador, transborda muito além das palavras e da imaginação. Experimente-o e confirmará. Todos quantos ainda não acharam e não experimentaram esta vida de abundância também falarão dela e concordarão em absoluto com tudo que é dito a respeito dela. Contudo, isso não significa que a hajam achado. E também não significa que estejam perdidos. Existe o buscar e o achar. Mas, mesmo após haver achado precisamos ser lembrados constantemente que nem por sombras chegamos ao fim da estrada ou do nosso percurso. Devemos chegar ao ponto onde vivemos dessa vida, convivemos com essa vida e vivemos nosso dia-a-dia com ela como se nunca houvéssemos vivido de outra maneira. Poderá experimentar problemas novos tentando reconciliar-se com a nova vida de Deus, a qual se renova a cada dia. Lembre sempre que reconciliar-se com ela não é e nunca será adaptar-se a ela. "Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus", 2Cor.5:20. E isto foi dito para pessoas que já haviam nascido de novo.

  344. "Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda", Sal.91:10. O mal do qual se fala aqui é o mal eterno, pois, o Salmista tem a sua vista virada para o eterno. Vê a eternidade claramente. Os pequenos contratempos terrenos nunca conseguem separar a pessoa desta realidade avassaladora. Um homem de Deus, John Sung, dizia que quem caça leões não se preocupa com moscas ou mosquitos. A cobra entrou em sua tenda? Seu veneno não terá qualquer efeito nefasto. A provocação ou tentação batem à porta? A sua realidade é outra e basta ocupar-se somente com ela. O amanhã é impróprio para cardíacos? Deus cuida do dia de hoje e amanhã também será hoje.

  345. "Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos", Sal.91:11. Os anjos são participantes ativos do Reino de Deus. Deus não precisa deles para suster os humanos, tal como não necessita de nós para expandir o verdadeiro Evangelho. Mas, por decreto eterno estabeleceu que cada um tivesse a sua participação ativa no Reino de Deus. Cada um tem a sua função e responsabilidade. Contudo, a responsabilidade não é apenas executar tendo cada um ocupado somente com aquilo que lhe cabe. Não se limita apenas a isso. A vontade de Deus precisa ser buscada, achada e, juntamente com os meios da graça, precisa ser alcançada como tesouro que é. Não se executa a vontade de Deus sem se apoderar dos meios para tal e não se aplica esses meios sem se saber onde devem ser aplicados e para que fim. A graça é um poder ativo e precisa ser buscada atempadamente (e não em cima do acontecimento como queriam fazer as virgens loucas) tendo em vista a vontade de Deus que foi revelada e se tornou clara. Cada um deve buscar Deus com a intenção de saber qual é essa vontade para a sua vida. É como buscar um mapa perdido que precisa ser achado - algo que poucos conseguem. Havendo achado, precisam, de seguida ou antecipadamente e sem demoras, alcançar os meios da graça para que essa vontade de Deus possa ser executada aqui na terra da maneira que tudo é executado no céu. Havendo achado esses meios e havendo conciliado o coração tanto com a vontade quanto com os meios, tempo e forma de Deus executar, a obediência já tem de ser uma prontidão espontânea como se nada mais nos pudesse chamar a atenção. E isso só acontece se a pessoa em questão, entretanto, não se tiver cansado e extenuado na busca da vontade e dos meios. "Trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste", Ap.2:3. Nesse sentido, os anjos também serão participantes ativos do Reino de Deus e ajudam aqueles que Deus está salvando e ajudando a salvar neste mundo. Logo, qualquer falta ou falha dum anjo pode criar um prejuízo para a pessoa e para o Reino de Deus globalmente. Sendo que seremos nós os beneficiados da obra dos anjos, torna-se claro por que razão serão julgados por nós, isto é, por que razões seremos a causa do juízo deles para bem ou para mal. É dessa maneira que julgaremos os anjos ou seremos a causa do juízo pelo qual passarão. As nossas carências falarão contra eles caso sejamos fiéis em tudo e o nosso suprimento testemunhará a seu favor. "Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?" 1Cor.6:3.

  346. "Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra", Sal.91:12. Os anjos são seres obedientes a Deus. Não sabemos de que forma são tentados ou se são tentados, embora tenhamos plena consciência de que um terço deles foi tentado juntamente com Satanás e caíram. Logo, sendo seres obedientes, somos assegurados de que nos sustentarão em suas mãos. Contudo, não devemos ignorar que isto é uma forma de expressar e de afirmar que Deus nos sustentará e que é Ele quem nos sustenta. Existem muitas maneiras de dizer a mesma coisa.

  347. "Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente", Sal.91:13. Aqui não fala somente das nossas capacidades após havermos sido transformados em seres ultra-obedientes, mas, também, em nossas responsabilidades. Ninguém pisa numa serpente tendo ou mantendo seus medos e receios acerca de serpentes; ninguém se atreverá contra o rugido dum leão sem encarar de frente tanto o leão quanto tudo que imaginou até ali a respeito dele e dos perigos que representa. Contudo, tudo aquilo que um leão ou serpente representam deixa de ser verdade para quem se encontra verdadeiramente em Deus. É necessário que tudo se torne verdadeiramente novo e que tudo aquilo que se tornou realmente novo seja assumido como uma nova realidade onde a realidade antiga não tem mais o que dizer, não tenha mais como fazer ou como fazer temer. A realidade é outra ainda que, anteriormente, não tivesse sido assim. Um ser transformado deve tornar-se alguém capaz de transformar sua mente e de abdicar de todas as suas imaginações anteriores sabendo que, agora, a realidade é outra. A pessoa verdadeiramente renascida deve ser alguém apto a mudar - a mudar de ideias, de mentalidade, de iniciativa, de formas de reagir e agir e de tudo aquilo que ainda a possa ligar à vida antiga e aos laços anteriores. Nada funciona como antes. "Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento", Rom.12:2.

  348. "Pois, que tão encarecidamente Me amou, também Eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o Meu nome", Sal.91:14. Embora este versículo seja uma profecia a respeito de Cristo, não deixa de ser verdade para qualquer um que alcança os meios da graça e um coração cheio de prontidão para aquela vontade de Deus que é específica para a vida de quem a descobriu ou a achou com muito custo. Também vemos, aqui, que tudo aquilo que se falou sobre os anjos era, no fundo, uma forma de dizer que Deus estava por trás de tudo. Era Deus quem sustentava, quem faria que nosso pé nunca tropeçasse entre muitas outras coisas. Mas, para isso acontecer é necessário cumprir certas condições e certos requisitos que nunca poderão deixar de ser atuais e nunca poderão deixar de estar atualizados, sendo realidade exclusiva. "Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis", 2Ped.1:10.

  349. "Ele me invocará e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; livrá-lo-ei e o glorificarei", Sal.91:15. O segredo da vida é Deus estar conosco e não importa onde. Pode ser na angústia. No original, esta palavra "angustia" significa muito mais do que aquilo que entendemos em nosso idioma. Significa ser perturbado por um rival concorrente de Deus, como uma mulher de fora que é uma rival ou concorrente num casamento. Não nos podemos esquecer que a confiança em Deus precisa ser testada por um concorrente forte e é na angustia que as pessoas clamam - ou reclamam. Clamar ao verdadeiro parceiro especialmente quando um rival atraente e convincente se manifesta é algo que nos faz aproximar e dedicar ao nosso verdadeiro, único parceiro e amigo de verdade. Reclamar pela 'falta de atenção' seria afastarmo-nos dele e aproximarmo-nos do rival. Em segundo lugar, existem versículos na Bíblia que nos falam duma proximidade tal entre nós e Deus que pode acontecer que ele nos responda ainda antes de havermos clamado e que nos atenda enquanto clamamos estando ainda falando. Ninguém atende dessa maneira a não ser que esteja muito próximo e que seja conhecedor da nossa realidade ainda antes de o invocarmos ou clamarmos a Ele. "E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei", Is.65:24. Busque e ache essa proximidade. Ela existe. Mas, nela não existe espaço para rivais - nem mesmo a mínima atenção ou consideração por qualquer rival.

  350. "Dar-lhe-ei abundância de dias e lhe mostrarei a minha salvação", Sal.91:16. A salvação precisa ser mostrada, isto é, precisa ser experimentada e não apenas crida. Ser salvo é uma experiência de vida real, estando livre do pecado, vivendo acima das tentações. Existem tentações? Sim, claro. Mas, uma coisa é essa tentação ter solo no coração e outra coisa será não existir terreno onde possa inflamar, proliferar ou incendiar o que toca. Para haver incêndio é preciso haver matéria de combustão. A tentação é a chama, mas, para haver fogo é necessário que haja outras coisas. O fogo morre se não houver elementos de combustão. O fogo e a chama existem? Sim, claro que existem, mas, não achando o que queimar extingue-se naturalmente. É dessa maneira que se experimenta sermos salvos de nossos pecados e salvos de nós mesmos. É assim que seremos VERDADEIRAMENTE livres e libertos de tudo e qualquer coisa. É assim que a salvação é mostrada ao próprio. Que seja assim, Senhor. Amém.

  351. Para muitos, a morte ainda é um mistério. Mas, deixe-me esclarecer um pouco mais sobre ela. O que causa a morte não é a doença; não é uma mordida de cobra: não é a bala perdida. A verdadeira morte é aquela onde alguém morre para Deus vivendo como um zumbi aqui na terra. Esse é o verdadeiro salário que qualquer pecado dá a quem toca nele. Essa morte é o verdadeiro e único salário do pecado. Quem tem essa morte está morto ainda que viva. E quem tem verdadeira vida, vive ainda que morra.

  352. "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia", João 6:44. Havendo um último dia significa que existe uma caminhada. Vir a Cristo e chegar ao fim do caminho ainda com Ele significa muito mais que ser trazido ao ponto de partida. Quando alguém é trazido, é levado dum ponto ao outro. Não é deixado no ponto de partida. Trazer a pessoa a Cristo ou a Deus é muito mais que chegar à igreja e tomar uma decisão de braço levantado. Comparando isso com o que significa mesmo vir a Ele, é como comparar o nada com o universo. Trazer uma pessoa a Cristo é uma caminhada até ao céu, a qual é, para alguns, mais longa ou mais curta que para outros. "...Para conhecê-lo e a virtude da sua ressurreição e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos", Fil.3:10,11.

  353. Quando Deus usa um problema, tribulação ou mesmo tentação para exterminar uma atitude, reduzi-la a nada ou modificá-la devemos conseguir detectar o alvo que Deus pretende alcançar. Se não o detectarmos, podemos ser levados a concentrar nossas forças, acções e perspectivas para o momento que a tormenta passe. Vamos querer que a tormenta passe e não que sejamos corrigidos e que essa correção seja profunda e que seja uma transformação eterna e permanente. Ao pensarmos que aquilo que devemos alcançar é o fim da tormenta, voltaremos ao que éramos assim que a tormenta passar e cairemos nas mesmas tentações de sempre. Se assim acontecer e o Espírito Santo ainda não houver sido entristecido, tudo irá repetir-se novamente porque aquilo que Deus pretendia alcançar através da tribulação não foi alcançado. Mas, se acreditamos que Deus é quem nos coloca naquelas circunstâncias pelas quais passamos, devemos sempre ter o alvo d'Ele em mente e segurar a Sua perspectiva para que nos tornemos cooperadores de Cristo num mesmo sentido e através dos mesmos meios e, assim, estaremos aptos para redimir o tempo e até mesmo para encurtá-lo - quiçá até mesmo evitar mais tribulações pela obediência e cooperação consumada no mesmo sentido que Deus pretende para se alcançar o mesmo alvo através dos mesmos meios. Se assim não fizermos, teremos passado por tribulações em vão e tanto nós como Deus perderemos o nosso tempo.

  354. Basta as pessoas serem diferentes para não se entenderem. Podem dizer a mesma coisa, mas, a diferença entre corações é e será sempre um abismo inultrapassável. A animosidade entre o amor e a inimizade de coração nunca se entenderão. Uma pessoa de coração impaciente e a que tem coração paciente nunca se entenderão ainda que digam a mesma coisa. A menos que sejam fingidas, uma é e será sempre inimiga da outra e estarão sempre em campos opostos. "A carne é inimizade contra Deus" e Deus contra a carne, Rom.8:7. "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?" Amos 3:3. Se o jugo é desigual nunca haverá verdadeiro entendimento, ainda que possa haver entendimento fingido e penosamente forçado. As pessoas não se entendem apenas falando umas com as outras - entendem-se por aquilo que são ou por aquilo que se tornam pelo lado de dentro.

  355. "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus", Rom.1:1. "Servo de Jesus Cristo". Quando um apóstolo deixa de ser somente servo, também deixará de ser apóstolo. O mesmo pode ser afirmado de qualquer membro da igreja, esteja em que função estiver. Quando estamos diante de Deus, devemos saber que não existe mais apóstolo, mas, servo – um servo diante e perante seu Deus. Diante de Deus termina o estatuto, cessam os direitos, começa a obediência incondicional e ali Deus é tudo e nós simples servos. E isso não pode ser algo fingido, forçado ou trabalhado. Ou é ou não é. E se estivermos continuamente diante de Deus, como Elias afirmava que estava, seremos continuamente servos. "Deus, diante de quem estou…". Isso disse e afirmou Elias diante dum rei, não se incomodando por estar diante dum rei, mas, diante de Deus. O que você pensaria ou faria caso se achasse diante do presidente do seu País?

  356. A incapacidade é a principal causa da frustração. Causa frustração porque não conseguimos fazer e porque desejamos mais intensamente aquilo que se nos afigura impossível de realizar. Ora, a incapacidade tem suas coisas boas e é uma encruzilhada para todos aqueles que se sentem frustrados por não conseguirem amar seu próximo como a eles mesmos ou frustrados ao tentarem obter qualquer outro virtuosismo celestial. Ensina-nos a aceitar e a amar a graça de Deus, a qual capacita. Qualquer frustrado que se sente frustrado porque deseja intensamente o pão que vem do céu (atenção redobrada aos motivos) e por ele clama, pode tornar-se alguém que afirma que "posso todas as coisas naquele que me fortalece" ainda que seja a longo prazo. A frustração pode levar-nos a desistir ou a rendermo-nos a Cristo. Tudo depende se realmente e verdadeiramente cremos nele ou não. Nenhuma fé fingida, forçada, pouco natural ou fé em alguma doutrina conseguirá chegar a esse ponto. Desistirá eventualmente e seu fim será sempre a frustração final.

  357. Imagine um cenário de guerra. Ali, algum soldado se acobarda e tem medo de enfrentar o inimigo de sua alma. É verdade que o inimigo pode matá-lo. Mas, também não deixa de ser verdade que pode ser ele a derrotar o inimigo. Ninguém vence uma batalha - e muito menos uma guerra - sem enfrentar ou confrontar o seu inimigo olhos nos olhos. O mesmo acontece com o pecado. Todo aquele que não se confronta com o pecado de seu coração como seu pior inimigo ou do pecado fora dele, fugindo da realidade, está, apenas, antecipando a sua própria derrota. E ao antecipar a derrota e para não ser confrontado com o inimigo, ou se torna amigo do inimigo ou desiste da luta rendendo-se ao pecado. Esse é o destino de todos quantos cedem ao medo de se confrontarem com suas próprias tentações e temores. Nunca será mais que vencedor e nunca provará aquela vitória que só Cristo dá. Devemos enfrentar nossos inimigos olhos nos olhos. Se tememos o pecado e a tentação ainda não conhecemos o Salvador como Ele é. Esses tornam-se mais que derrotados sendo defrontados olhos nos olhos. Não será qualquer pecado que se tornará mais que vencedor havendo um poder tão ativo à mão quanto a graça, a qual é o poder de Deus numa vida de plenitude.

  358. "A todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome", João 1:12. Receber Jesus não é e nunca será aquilo que as pessoas dizem ser e praticam levantando o braço na igreja. Não podemos confundir uma mudança de ideias com uma transformação de coração. Para alguém o receber, Ele precisa estar presente e ser real. Jesus precisa manifestar-se como Ele é, representando todos os valores que representa, assumindo tudo aquilo que Seu nome verdadeiro engloba. Quando Jesus se apresenta dessa maneira e é real, certamente que "muitos dos seus discípulos tornam para trás e já não andarão com ele", João 6:66. 'Aceitar' alguém que não se apresenta ou não está presente é aceitar um cristo qualquer da nossa cabeça. Aceitar um cristo da nossa cabeça significa aceitar aquele cristo que desejamos e queremos. Com toda certeza que esse é um cristo falso - e, consequentemente, cria-se um falso cristão. Se existem falsos cristos, certamente que existem falsos cristãos.

  359. "Dizendo-se sábios, fizeram-se loucos", Rom.1:22. Não existe tolo que se ache tolo, tal como não existe nenhum sábio que se ache sábio. É de suspeitar de todo aquele que se acha sábio – ainda que não diga que o é - e muito mais daquele que diz ser sábio. A verdadeira sabedoria afeta a conduta da pessoa e não o ego dela. A verdadeira sabedoria destrói o ego por completo.

  360. "Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória", João 7:18. Isto é a pura verdade. Contudo, existem muitas mais maneiras de buscar a própria glória que Jesus não mencionou neste versículo e mencionou no resto das Escrituras, sendo que Ele é a própria Palavra. Por exemplo, alguém que interrompe outra pessoa quando ela está falando pode estar a buscar o que quer e não ama seu próximo como a si - mesmo muito menos a sua opinião; alguém que faz pressão a favor de seus próprios pontos de vista busca glória própria; alguém que, através de sua sabedoria falsa ou não, humilde ou não, busca impressionar, manipular, torcer, ignorar o que é certo e vem de Deus, pode estar a buscar a sua própria glória sem falar de si mesmo, colocando-se a si mesmo sob os holofotes da glória. Mas, o erro não está no falar de nós mesmos, pois, Jesus falava muito d'Ele próprio; o erro não reside no colocar o ponto de vista da verdade sem rodeios, pois, Jesus fazia isso sempre; não consiste em colocarmo-nos sob os holofotes do escrutínio das pessoas, pois, Jesus e os apóstolos faziam isso sempre andando na luz sendo transparentes. O erro existe no conteúdo da mensagem, na essência dela e, principalmente, no motivo pelo qual nos regemos para fazermos o que fazemos e o que se pretende alcançar por via da forma como nos expressamos. Posso falar de mim mesmo tendo como esforço uma busca incessante da glória de Deus como alvo final? Posso pressionar meus pontos de vista - não pelo ponto de vista, mas, pelo amor que deseja salvar pela verdade, sem querer impressionar e de forma a nunca virar as atenções para a minha pessoa e revelar Cristo através de tudo que digo, expresso ou pretendo alcançar? Quando Jesus fala em "falar de si mesmo", Ele quer dizer que alguém diz algo que carrega a semente da glória própria. A mensagem e a intenção final é a glória da própria pessoa; ou de outra pessoa que é admirada e não a de Deus.

  361. Por vezes, alguém que persiste e insiste em ser guiado por Deus pode parecer teimoso buscando a verdade que outros consideram ser a sua verdade e não a verdade. Uma vida assim acha a verdade e protege-se das outras pessoas. Lembro de Evan Roberts (durante o poderoso Avivamento de Gales) que dizia algo assim: "Aqui, em minha mesa, as minhas lágrimas correm! Porquê? Acabei de abrir meu coração para meu Mestre dizendo que sou o único obreiro na sua seara que faz o seu melhor e, enquanto faço isso, outros obreiros que trabalham para o mesmo Mestre abandonam Seu trabalho para virem perturbar o meu. Pedi ao meu Mestre para me proteger". Existem virtudes que exteriormente parecem ser defeitos. Jesus escorraçou pessoas do templo de Deus, cheio de virtuosismo. Parece-lhe certo e correto? Isso ainda hoje intriga muitas pessoas; Paulo recusou levar Marcos com ele e teve uma enorme discussão com Barnabé acerca disso a ponto de se separarem. Contudo, não se falou mais em Barnabé no livro de Atos e a obra de Paulo continuou prosperando poderosamente - algo que não aconteceria caso Paulo tivesse pecado ou tivesse errado. Não nos podemos deixar guiar pelas semelhanças das coisas. A persistência e perseverança podem parecer teimosia; esperar em Deus pode parecer desleixe e irresponsabilidade; isolarmo-nos de tudo para estar somente com Deus pode parecer que buscamos o nosso próprio caminho, sendo que até as Escrituras dizem isso (Prov.18:1); trabalhar incansavelmente para Deus sendo guiado por Ele pode parecer hiperactividade que não cumpre o mandamento do descanso; e por aí. Tudo que é virtuoso tem sua semelhança maligna e não importa para qual lado nos viramos - isso ocorre sempre e existirá sempre uma contra-semelhança. Qualquer virtude tem a sua contra-semelhança. Por essa razão, a espada de Deus tem dois gumes e corta para os dois lados. Abençoados são todos aqueles que não se deixam levar por aparências - nem pelas próprias. Contudo, há que levar em conta que quem se protege dos outros tem alguém mais de quem se proteger: de si próprio. Devemos saber protegermo-nos dos outros tanto quanto nos protegemos de nós mesmos ao estarmos sendo guiados por Deus de forma real e incontestável. Lembre-se sempre que também existe uma semelhança para estar sendo guiado por Deus, semelhanças de graça e semelhanças de Seus caminhos que parecem certas. Proteja-se tanto de si próprio quanto se protege dos demais seres carnais (e espirituais). São todos igualmente perigosos. Lembre-se que aquele que não confia em Cristo confia nele próprio e deseja que Cristo fortaleça esse seu ser (o próprio) para que possa ser confiável (acima dos outros).

  362. Qualquer pessoa que estuda, havendo-se familiarizado com alguma matéria, desliga-se do estudo repetido que já conhece. Isto é, os níveis de concentração baixam, a motivação não é a mesma e o dilema da distração ataca em força por já estar suficientemente familiarizado com a matéria. Por essa razão é que aperfeiçoar é mais difícil que aprender o que ainda não sabemos ou não conhecemos. O mesmo acontece com todos os estudantes da Bíblia, com a ligeira diferença de que são capazes de se entusiasmar para ensinar os outros, preparando algo com motivos inaceitáveis para alguém que está no Reino. Mas, devemos ter em conta que o saber e estar familiarizado com tudo que há na Bíblia não é o que se exige de nós. É-nos exigido muito mais que isso ou algo muito distinto disso. A Palavra não precisa apenas ser conhecida, mas, necessita tornar-se vida, tornando-se prática por se haver tornado a nossa própria natureza. A explicação da Palavra precisa ser uma confidência do que se passa em nós ou descrição do que já se passa no homem interior e para o que achamos uma explicação. Como nada depende de nós, não podemos pensar que sabendo faremos, pois, o inverso é que é verdade: fazendo, saberemos. "Se alguém quiser fazer a vontade d'Ele (...) conhecerá", João 7:17. Se acreditarmos que faremos se soubermos, acreditamos que depende das nossas capacidades e já não é Deus quem opera tanto o querer quanto o fazer. A verdade é que aquele que pratica e vive, conhecerá e tomará conhecimento da verdade.

  363. Jesus disse que aquele que busca acha. Mas, lemos nas entrelinhas que não significa buscar qualquer coisa e, antes, o Reino de Deus para sermos reinados aqui e agora. Se não buscarmos o Reino para sermos reinados e acharmos o que precisamos materialmente, corremos o risco de achar aquilo que não desejamos no fim dos tempos e da vida.

  364. Conceitos criam preconceitos. Além do mais, um conceito de Deus não torna Deus real. Um conceito de Deus torna-se uma forma de idolatria. Devemos achar Deus de forma real e vê-lo da forma que Ele se apresenta, conhecendo-o como ele realmente é. "Filhinhos, livrai-vos dos ídolos", 1João 5:21.

  365. "Porque me teve por fiel, pondo-me no ministério", 1Tim.1:12. Poucos têm a noção de que só os que se tornam fiéis podem ser colocados no ministério e cuja fidelidade possa ser comprovada em suas vidas durante um bom período de provação. Há os que se colocam a eles mesmos no ministério e a falta de fruto ou o aumento de fruto errado demonstra o quanto estão por conta própria. Fiel no pouco será fiel no muito. "E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?", Luc.16:12.

  366. "Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente", 1Tim.1:8. Existe grande diferença entre usar a lei legitimamente e ser legalista. Aliás, são duas coisas em campos opostos. O legalista martela nos demais com aquilo que ele mesmo não vive e não faz. "Atam fardos pesados e difíceis de suportar, põem-nos  sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los", Mat.23:4. Mas, um pregador que vive a vida de Deus e experimenta a vida na plenitude prometida deve fazer uso da lei de forma apropriada sabendo que a lei é um aio que leva a Cristo. A espada da lei traz convicção a quem precisa e essa convicção leva a Cristo. "De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados", Gal.3:24. Não permita que o temor pelo legalismo o leve a negar um bom uso da lei, pois, há uma maneira legitima de usá-la para conduzir a Cristo. Trazer alguém a Cristo sem que esteja sob uma convicção de pecado é uma fraude e cria uma fraude de crente - um crente fraudulento. Não se pode fazer uso do evangelho fraudulentamente, pois, o verdadeiro evangelho vem depois da lei, isto é, após a aplicação prática e legitima da lei.

  367. "Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus (...) Sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos", Rom.6:6,10,11. Este é o verdadeiro avivamento, estando verdadeiramente, literalmente vivos através duma vida de ressurreição e mortos para sempre para o pecado. As duas características proeminentes de Cristo tornam-se por demais evidentes em todos aqueles que são, foram e serão batizados pelo Espírito Santo. "Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim", João 15:26. E isso não acontece em esforço, não é uma crença, mas, é uma realidade tão evidente que ninguém tem a capacidade de negar – nem o próprio. O batismo com o Espírito Santo manifesta-se pelo fruto que gera – não pelos dons. E este tipo de morte para o pecado e o tipo de vida que vive somente para Deus em todo seu esplendor e poder são o fruto principal e a prova exclusiva e única do verdadeiro Batismo do Espírito Santo. A pessoa que experimenta essa característica de Cristo por ter Cristo vivendo nele confessa que Cristo veio em carne. Tal pessoa vive sua vida normal, quotidiana, espontânea manifestando essa morte para o pecado e para o mundo. Está tão morto para o pecado quanto um cadáver estaria para qualquer coisa deste mundo. Esse tipo de morte é factual, literal, verdadeira quanto a vida eterna é ao manifestar-se na pessoa e pela pessoa em toda a sua vivência pessoal. Mas, como já experimentamos outro tipo de vida no passado, o qual se encontra gravado em nossas mentes e, agora, experimentamos a vida constante e eterna – se a experimentamos verdadeiramente – devemos viver como se nunca tivéssemos tido conhecimento daquilo que passou verdadeiramente. "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas, vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor", Rom.6:11.

  368. Talvez você deva a prosperidade atual às imensas provações pelas quais passou durante a vida; quem sabe se deve a sua saúde à fome que passou já que muitos são aquilo que comem e adoecem por causa dos seus vicios na alimentação; quem sabe se aprendeu a amar verdadeiramente por haver sido rejeitado toda a vida; se ama seus filhos porque seus pais eram brutos e violentos; deseja muito dar o melhor a seus amigos porque não teve ajuda de amigos antigos. Tudo pode cooperar para o bem daqueles que verdadeiramente amam Deus. Talvez seja o momento de parar de reclamar e começar a agradecer.

  369. "Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz", Mat.6:22. Há aqueles que têm olhos bons, mas, olham para coisas más sem que as possam evitar e não os afeta; e há os que têm olhos maus e olham para as coisas boas e isso também não os afeta.

  370. Há quem possa transgredir tendo um coração de amor e transgride contra a sua natureza por falta de cultura, falta de conhecimento ou por estar desatento; essa transgressão pode ser perdoada com muita facilidade por ser fácil de deixar esse pecado. "Aquele que confessa e deixa seu pecado alcança misericórdia", Prov.28:13. E há quem cumpra tendo um coração egoísta, isto é, um coração contrário ao amor e, contrariando a sua natureza, cumpre tendo o benefício próprio em mente. Cumprir assim não será aceite e, como Caim, será rejeitado. Tudo aquilo que o amor faz naturalmente é da sua natureza; quem não é amor tenta fazer por 'simpatia', admiração ou pela paz da convivência e entendimento mútuo, mas, fá-lo para sua própria conveniência. O amor não precisa de regras de convivência, ou de leis para o comportamento porque comporta-se de maneira justa, leal e correta de forma natural. Não sabe viver ou conviver doutra maneira. O amor vive disso e a lei é para quem é transgressor de coração e, por essa razão, precisa regrar-se para que o mal do coração não se solte e não se manifeste. É o transgressor quem precisa usar suas rédeas. Mas, mesmo que use essas regras e cumpra não deixa de ser transgressor porque tem um coração carnal.

  371. "E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo", 1João 2:20. São palavras fortes, as quais, muitos líderes e pastores rejeitam liminarmente em suas vidas práticas. Não gostam de ouvi-las. Toda a pregação deve tornar-se uma confirmação daquilo que já se passa dentro de quem ouve. Até mesmo muitos dos que ouvem rejeitam a percepção de que sabem tudo, isto é, que a palavra é-lhes revelada e manifestada pelo lado de dentro. Quem tem a unção verdadeira, uma que não seja apenas crida ou não seja uma mera pretensão, deve prestar muita atenção ao que se passa em seu interior em forma de movimentações do Espírito Santo.

  372. "Se fossem de nós, ficariam conosco", 1João 2:19. É muito importante prestarmos toda a atenção às palavras das Escrituras e seu alcance ou alvo, pois, os maiores segredos e os maiores tesouros são os mais escondidos. Cristo fala muito em "permanecer n'Ele", Paulo fala em "permanecer na fé" e João fala em "ficariam conosco". "Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele permanecer..." João 1:33. O fruto não é receber o Espírito Santo, o Evangelho, mas, permanecer nele e o Espírito em nós. O Espírito não permanece em muitos dos que O receberam. Sendo Santo, o Espírito permanece em vasos com igual característica. E toda a característica é algo de carácter e não apenas vindo de esforço, assimilação ou de imitação.

  373. "Também, agora muitos se têm feito anticristos", 1João 2:18. A palavra "anticristo" pode ser interpretada de muitas maneiras. Mas, um fato sobressai sobre todas as interpretações: seja qual for a interpretação, fala de alguém que está contra Cristo, seja de forma consciente ou inconsciente. Eu creio na interpretação que diz que "anticristo" é alguém parecido com Cristo, isto é, que tem alguma semelhança, propriedade ou nome que faz com que seja achado dentro do aprisco das ovelhas havendo pulado o muro ou havendo-se poluído após haver entrado. "Amigo, como entraste aqui não tendo veste nupcial?", Mat.22:12. Há algo mais nestas palavras que tornam tudo um pouco assustador: "Muitos se têm feito anticristos". Não nasceram anticristos, não foram obrigados a serem contra Cristo, mas, eles mesmos se tornaram anticristos. Fizeram-se anticristos pelas próprias mãos. "Saíram de nós, mas, não eram de nós", 1João 2:19.

  374. "E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele", Ap.5:4. Já não existem muitas pessoas assim. Vejo muitos usarem o fato de não serem santos como desculpa para perseverarem em suas próprias vidas à sua maneira. Isso não lhes causa muita tristeza a ponto de chorarem. Para João era um enorme motivo de tristeza não existir alguém digno de abrir o livro e de o ler.

  375. "Até agora, nada pedistes em Meu nome", João 16:24. É estranho que Jesus diga isto aos Apóstolos, os quais haviam participado e feito muitos milagres até então. Mas, deixa de ser estranho se pensarmos que Jesus ia partir e que os Apóstolos ficariam em Seu lugar, fazendo as coisas em nome d'Ele. Eles seriam, a partir de então, os fiéis representantes de Jesus, tanto em Sua forma de viver como nas obras, nos motivos e no tipo de poder e armas da luz com as quais batalhariam em prol da verdade prática. Tanto era assim que os discípulos seriam a própria imagem de Jesus aqui na terra, pois, estariam ali em Seu nome, no seu lugar. E representaram Jesus tão bem que Ele - que não mente e não finge para agradar pessoas - nunca se envergonhou deles e identificou-se plenamente com os discípulos, pois, perguntou a Saulo (Paulo) "por que Me persegues?". A sua identificação com os discípulos de então era tal que o próprio Jesus se sentia perseguido sempre que Seus fiéis representantes era perseguidos ou maltratados. "Pelo que, também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus", Heb.11:16. Você é um fiel representante de Jesus a esse ponto? Sua vida é em tudo igual à de Jesus? Representa-o fielmente?

  376. Lemos, muitas vezes e em muitos lugares das Escrituras, sobre andar na luz ou viver na luz. Isso significa andar em total transparência e sem nada para esconder. Mas, sabemos que uma coisa é andar na luz e outra é entrar na luz ou colocarmos nossos corações expostos na visibilidade. Muitos dos que se iniciam nessa caminhada mantêm a ideia de que precisam realmente colocar toda a sua vida passada e atual na luz e, a partir daí, podem tornar a viver escondidos e camuflados. Viver na luz não é um ato isolado ou pontual, mas, é uma forma de vida a partir de então. Devemos andar e viver continuamente na luz a partir de então, sendo integralmente transparentes e visíveis. "E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso ou a põe debaixo da cama", Luc.8:16.

  377. A prática é a principal evidência da verdade. Se não funciona, é mentira. Um pregador que prega a verdade e não a experimenta pessoalmente é mentiroso ainda que pregue a verdade sem qualquer mácula e sem qualquer sombra de mentira. Quem ora não mostra que Deus existe, mas, aquele que é atendido em oração demonstra isso; quem prega sobre a graça não mostra nada e muito menos quem se debate pela doutrina, mas, todo aquele que manifesta o poder da graça em sua vida diária demonstra que tudo é pelo poder da graça e nunca por outro poder alternativo; quem fala do Espírito Santo não é quem experimenta o verdadeiro avivamento, mas, somente aquele que é dominado, plenamente guiado sendo alegremente obediente a Jesus; um vencedor não é aquele que motiva os demais e empolga os emotivos carentes com palavras de vitória, mas, é aquele que demonstra em toda a sua vida pessoal e prática que seus próprios pecados deixaram de ter força e domínio e é capaz de viver como se o pecado não existisse porque deixou de existir em sua própria vida. A verdade falada só é demonstrada tornando-se verdade prática e demonstrativa. Por essa razão ouvimos as Escrituras falar sobre a manifestação da verdade. "A vida se manifestou e nós a temos visto, dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada", 1João 1:2. A verdade revelada de forma prática é o cerne da questão e nunca a verdade falada ou debatida em forma de doutrina.

  378. Quando alguém é enganado por um falso profeta, pregador ou circunstância, cerra seus ouvidos para não ouvir mais ninguém. A dúvida instala-se a respeito de todos e qualquer um. Josafá, provavelmente, saiu à guerra acompanhando Acabe por essa razão depois de ouvir um profeta de Deus, pois, havia muitos falsos profetizando também e ele não discerniu a voz da verdade, (2Cron.18:28).

  379. "E caiu Asa doente de seus pés (...); grande por extremo era a sua enfermidade e, contudo, na sua enfermidade, não buscou ao Senhor, mas, antes, aos médicos", 2Cron.16:12. Existe diferença entre doença vinda como castigo ou repreensão e doenças por outros motivos ou razões. Quando a doença vem como repreensão e castigo, buscar os médicos é ironizar contra Deus.

  380. "Porque a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis", Gal.5:17. Enquanto a carne não estiver morta na vida dum crente que achou vida plena e real, haverá esta luta, a qual impedirá de fazer aquilo que o crente quer. Não podemos estar envolvidos nas duas coisas ao mesmo tempo. Vou explicar. Ou nos envolvemos na luta ou fazemos aquilo que queremos. Uma pessoa que se encontre envolvida numa luta não pode estar disponível para fazer aquilo que é preciso fazer por estar envolvido noutra coisa por outro motivo. Envolvendo-se nessa luta, não necessita cair no pecado ou ser vencido para deixar de fazer a vontade de Deus, pois, envolvendo-se na luta não se envolve no fazer e executar toda a vontade de Deus com perfeição. "Não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências";  "Não te deixes vencer do mal, mas, vence o mal com o bem", Rom.13:14; 12:21. Nunca venceremos o mal lutando contra ele e antes fazendo tudo o que é certo sem lhe dar qualquer importância. A rendição a Jesus é a única forma de vencer essa luta para estar disponível para fazer aquilo que se quer fazer, desde que aquilo que se quer executar seja a vontade de Deus.

  381. "'Eis que te sirvo há tantos anos sem nunca transgredir o teu mandamento e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos'. (...) 'Filho, tu sempre estás comigo'...", Luc.15:29,31. Aqui é realçado o lado dos filhos, tanto do filho pródigo como o do outro. Mas, existe o lado do pai que devemos ver. O pai também nunca fez uma festa por existir e nunca lhe haviam dado uma festa por dar tudo aos filhos ou por outra boa razão. Isso acontece porque o pai "sempre está conosco". Quantas vezes fazemos isso com Deus? Jesus afirmou que estaria sempre conosco - até mesmo no fim dos tempos. Quantos de nós celebramos isso e manifestamos alegria por Sua presença? É muito fácil acostumarmo-nos a ela e sermos engolidos e absorvidos pelos nossos afazeres por nos havermos esquecido de Deus. Elias, Eliseu, Abraão nunca se esqueceram da presença de Deus e nunca a ignoraram, nem mesmo diante dum rei. "Deus, em cuja presença estou". Vemos isso na vida de Eliseu (2Reis 3:14;5:16) e na vida de Abraão (Gen.24:40;48:15). Podemos entender por que razão havia tantas festas religiosas em Jerusalém. O povo não podia e não devia esquecer-se de Deus, celebrando-o sempre por tudo e por nada. "Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus", Sal.9:17.

  382. "Ouvindo alguém a palavra do Reino e não a entendendo, vem o maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração", Mat.13:19. Por aqui vemos como é importante que o Evangelho se torne entendido, perceptível e concludente para que, depois, possa ser aceite. Muitos pregadores não se fazem entender sempre que falam a verdade. Outros, ainda, deixam de ser ouvidos - ou mesmo entendidos - pela forma como se expressam, falam ou explicam. Podem fazê-lo de forma arrogante, ou lisonjeando, ou agradando pessoas, ou como se estivessem falando com crianças dando a impressão que se estão superiorizando aos que os ouvem e, sempre que o fazem, deixam no ar o cheiro da hipocrisia, da arrogância e do fingimento. Com isso, criam hipócritas e afastam todos os sinceros.

  383. "Aquele que crer não se apresse", Is.28:16. Para quê tentar apressar as coisas, os dias e antecipar decisões se tudo pode acontecer no dia certo e da maneira certa?

  384. "Ide às ovelhas perdidas", Mat.10:6. Uma ovelha perdida é alguém perdido para Deus, alguém que não sabe ou não acha o caminho para Deus e, conforme lemos em Isaías 53, é alguém que, necessariamente, anda por caminhos próprios por falta de opções válidas por onde caminhar. Se a ovelha está perdida, dificilmente saberá o caminho de volta para casa. É uma característica das ovelhas, ao contrário das cabras e dos bodes. Está perdida. A ovelha conhece ou reconhece o Pastor - não o caminho. Por isso é que o Pastor é o caminho. Logo, um bom pastor procura-a até achá-la. A essas devermos ir. E o pior é quando, além de perdida, a pessoa é cega para a verdade. Um cego perdido tem problemas maiores que um simples perdido.

  385. "Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão", Mat.6:16. Existem muitas formas de parecer aos homens que jejuamos, oramos, pregamos e falamos de Deus. Orando para sermos ouvidos por pessoas e não sairmos mal na fotografia ou no agrado dos elogios e das pessoas é obra de hipócrita. O mesmo se passa com as pregações, com as canções e com muitas outras coisas que fazemos em nome de Deus, isto é, usando Seu bendito nome em vão.

  386. "O Senhor restaura a glória de Jacó, como a glória de Israel", Naúm 2:2a. É bom notar que, por vezes, Deus refere-se a Israel como Jacó e outras como Israel. Neste versículo específico fica-nos uma ideia diferente da usual. Ora vejamos. Israel era Jacó antes de haver lutado com Deus e vencido e, ao vencer, seu nome foi mudado para Israel. Em primeiro lugar, Jacó não lutou contra Deus, mas, com Deus. É algo que devemos realçar. Em segundo lugar, fica-nos a ideia de que o povo regrediu e começou a ser chamado de Jacó novamente e, por essa razão, tornou-se necessário voltar à glória de ser Israel. Era necessário serem restaurados, como povo, para os parâmetros de lutarem com Deus de forma a conseguirem vencer "porque saqueadores (pecados) os saquearam e destruíram os seus sarmentos", Naúm 2:2b.

  387. "Pede-me e eu te darei...", Sal.2:8. Jesus disse algo que nos faz pensar - se é que estamos verdadeiramente atentos: "Até agora, nada pedistes em meu nome", João 16:24. Ele falava para discípulos que haviam feito e presenciado muitos milagres até então, que expulsaram demónios, que repartiram o pão que se ia multiplicando em suas próprias mãos - entre outras coisas que não sabemos sequer. Mas, Jesus afirmava que eles nada haviam pedido em Seu nome. Certamente que haviam pedido (e recebido), mas, não em Seu nome. A verdadeira prova de que estamos dentro da vontade de Deus é quando pedimos em Seu nome e recebemos e não apenas quando pedimos e recebemos. Em Seu nome significa em Seu lugar, como Seu representante, pelos Seus interesses, para Sua glória de Seu Reino. Pedir e receber nunca foi prova de Deus estar conosco, pois, já houve demónios condenados a pedirem e a receberam. Deus dá tanto aos bons quanto aos maus.

  388. A função da verdadeira oração é a aproximação à pessoa de Deus para o conhecermos e experimentarmos como Ele é - e nunca como pensamos que Ele é, sendo que isso é uma forma de idolatria. Deus vai, no entanto, fazer como se não soubesse das necessidades para as apresentarmos diante dele de forma real - ou direi, antes, para nos apresentarmos diante d'Ele. Mas, nunca devemos esquecer que isso só acontece com o intuito claro de o conhecermos tal e qual Ele é. E para Deus nos "conhecer" tal e qual somos, devemos desejar ardentemente conhecê-Lo como pessoa e não apenas para alcançar aquilo que Ele dá. Para Deus se aproximar de nós, conhecendo-nos, devemos apresentar-nos diante d'Ele para o conhecermos a Ele, sem nada do que possa dar.

  389. Existem pessoas que em vez de virem ajudar vêm-se mostrar; em vez de serem uma ajuda são uma complicação em forma de competição com quem tentam ajudar.

  390. "Eu sou a luz do mundo; quem me segue (...) terá a luz da vida", João 8:12. Existe ainda outro versículo bem esclarecedor a este respeito: "A vida era (é) a luz dos homens", João 1:4. Muitos procuram luz para os seus caminhos, esquecendo que a luz - a única luz - que Deus dá é aquela que vem através do tipo de vida interior que Ele dá, a qual faz-nos comparar um coisa com a outra recebendo a confirmação instantânea do Espírito Santo, 1Cor.2:13. Quem recebe essa vida tem essa luz e quem não tem luz nunca recebeu essa vida - ainda que afirme ou creia que recebeu.

  391. A maioria dos Cristãos de hoje preocupa-se com aquilo que fazem (mesmo sendo importante). Contudo, o verdadeiro Evangelho transforma aquilo que a pessoa é. Devemos prestar mais atenção a isso, pois, o que fazemos deve brotar daquilo em que nos tornamos, sob pena de estarmos a fazer com que o ladrão não roube, mas, continue ladrão; ou que o mentiroso não minta, mas, mantenha-se mentiroso de coração.

  392. "Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo", 1Cor.12:3. Ainda não vi alguém dar uma explicação sóbria e precisa sobre este versículo. Em primeiro lugar, temos algumas passagens na Bíblia onde demónios afirmam que Jesus é Cristo e Senhor (Mat.8:29); e ainda temos outra passagem onde demónios afirmam que Paulo era servo do Deus Altíssimo, (Atos 16:17). Ora, devemos saber o que significa afirmar que Jesus é Senhor nos termos nos quais Paulo expõe aqui. Jesus deve ser Senhor real da vida de quem afirma isso. Isto é, não são palavras, mas, uma constatação no terreno e na vida do dia a dia. Quem toma decisões próprias - ainda que consulte Deus a esse respeito - não tem Jesus como Senhor; quem não é ou não consegue ser integralmente obediente a Deus em todas as coisas não tem Jesus como Senhor; somente aqueles que seguem e são instruídos, guiados e verdadeiramente transformados pelo Espírito Santo têm Jesus como Senhor. São alguns desses que podem verdadeiramente afirmar que Jesus é, de fato, seu Senhor. E isso constata-se e afirma-se conforme constatação na vida prática - e nunca conforme a crença. Eu sei que muitos sofrem do medo de que Deus não esteja com eles. Mas, é preciso sermos verdadeiros se quisermos chegar à Verdade.

  393. "Porque nós somos cooperadores de Deus", 1Cor.3:9. Um cooperador de Deus só pode ser alguém com quem Deus anda literalmente. Isto é, a presença de Deus precisa ser real, verdadeira e nunca apenas um assumir de que Deus está presente. Não é concebível haver um cooperador de Deus quando a Sua presença é apenas crida ou assumida como sendo verdade. Não existem cooperadores de Deus de ficção ou à distancia.

  394. "Eu não aceito testemunho humano", João 5:34. Todo o testemunho humano é dado ou estimulado pelas afinidades, preferências e opiniões pessoais. Não é dado conforme a verdade. O mesmo se pode dizer da glória que os homens dão e atribuem - até mesmo a Deus. Tudo depende daquilo que recebem d'Ele e não depende daquilo que Deus é, sendo que é cheio de glória por si próprio. "Eu não aceito glória que vem dos homens", João 5:41. "Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros?" João 5:44.

  395. Não existo para resolver meus problemas. Existo para cumprir minha missão para Deus e colocar as pessoas diante de quem pode resolver os seus problemas espirituais.

  396. Aquele que jura, promete ou faz um voto só o faz porque é fraco, não tem capacidade ou vontade de cumprir e por essa razão faz seus votos. Quem faz e tem a capacidade de executar, faz e pronto. Os votos são uma tentação maligna para fazer os fracos transgredirem não cumprindo. "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna", Mat.5:37. Ora, devemos entender a palavra "procedência". O problema dos votos é que transparece a ideia de que a pessoa não é de procedência aquilo que vota ser ou fazer. Isto é, o seu comportamento não vem do coração e vem, antes, dos votos que faz; por essa razão, faz votos. Logo, podemos assumir que é muito mais fácil formar um hipócrita através dos votos do que criar um santo. O verdadeiro Evangelho transforma as pessoas pelo lado de dentro para que possam fazer e ser naturalmente aquilo em que se transformaram pelo lado de dentro e isso não tem procedência maligna.

  397. O pecado leva-te mais além do que desejas, prende-te mais tempo do que pensas, farás mais mal do que o planeado e em vez de prazer trará fel, amargura, tristeza, desconforto e insaciabilidade. Todo aquele que abandona o pecado, sendo salvo de todos seus pecados por Cristo, irá ver uma regressão total em todas essas consequências do pecado. Cada dia sem pecado tornará mais fácil deixar de pecar e cada dia pecando tornará mais difícil permanecer limpo e em Cristo. Cabe a si decidir se o dia de amanhã será um passo mais fácil no encalço duma santidade total e incondicional ou se se tornará mais difícil de alcançar.  

  398. Não é o dormir que nos dá o verdadeiro descanso, mas, uma alma limpa de seus pecados pelo sangue de Jesus; a comida não mata a verdadeira fome, mas, isso consegue a Palavra de Deus; o mesmo se pode afirmar da verdadeira sede que só a água da vida consegue saciar. Poderíamos, ainda, falar do verdadeiro amor, do verdadeiro dinheiro, da verdadeira riqueza e tantas outras coisas as quais os humanos perseguem com todas as suas forças, as quais nada dão após serem achadas deixando apenas o hábito de correr atrás dessas coisas.

  399. "Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor", 2Ped.1:2. É muito fácil interpretar as Escrituras por conta própria sem a noção do seu verdadeiro significado. Imagine-se na presença de Deus da maneira que Ananias e Safira estiveram, Pedro, João e outros mais. Se, nessa presença, a paz é multiplicada e não a convicção ou a condenação, se nessa presença recebemos graça ou mais graça é porque estamos verdadeiramente limpos diante de Deus. Caso contrário, essa paz não será multiplicada e será, antes, um atrito e uma tribulação sem tamanho. "Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas? Aquele que anda em justiça e que fala com retidão, que arremessa para longe de si o ganho de opressões, que sacode das suas mãos todo o presente; que tapa os ouvidos para não ouvir falar de sangue e fecha os olhos para não ver o mal, este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado e as suas águas serão certas", Is.33:14-16.

  400. "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a Seu tempo, vos exalte", 1Ped.5:6. O problema de muitas pessoas é que não aceitam, esquecem ou ignoram um fato: é no tempo de Deus (e nunca do próprio) que alguém é exaltado havendo sido ou estado humilhado debaixo da potente mão de Deus. O mesmo não se pode dizer quando não estamos debaixo da mão de Deus. E quanto maior for o tempo e a intensidade da humilhação, tanto maior será a obra adiante e maior a responsabilidade pós humilhação. Contudo, muitos nunca chegam a essa fase pós humilhação porque ou não se deixam humilhar ou querem as coisas em seus próprios tempos ou nos próprios termos. Essa é uma das razões porque as pessoas não se limpam, sendo que apenas aquele que se "purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra (que está adiante)", 2Tim.2:21 e não aqueles que tentam apressar todas as coisas. Devemos saber usar e aproveitar todas as nossas circunstâncias to para nos limparmos por via duma humilhação sincera diante de Deus e Seu poder.

  401. "Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por (...) torpe ganância", 1Ped.5:2. A ganância não se manifesta, apenas, no dinheiro das ovelhas ou suas posses. Manifesta-se, também, como ganância de almas e do poder sobre elas, de glória pelo tamanho do rebanho ou pela sua obediência e submissão. Tudo isso é torpe ganância e ninguém deve ser movido por motivos desses - ou motivos similares e paralelos.

  402. "O justo apenas se salva", 1Ped.4:18. Muitos pregam mais coisas além da salvação. Pregam a prosperidade, os cumprimentos dos desejos da sua própria carnalidade e tantas outras coisas. Mas, devemos ter em conta que o justo "apenas se salva".

  403. "Os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe a sua alma, como ao fiel Criador, fazendo o bem", 1Ped.4:19. Fazer o bem sob essas circunstâncias não significa dar o bem como troco vingativo ou fazer o bem como forma de vingança para se mostrar, mas, significa continuar a fazer e a ser como se nada estivesse acontecendo. Significa não mudar o rumo sem tentar mudar as circunstâncias. Encomendar ou entregar a alma sob essas circunstâncias significa isso mesmo. Não significa entregar as circunstâncias para serem alteradas ou mudadas, mas, significa segurar a alma em Jesus e não o corpo ou a carne. Quando vem o vento e levanta a saia duma senhora, ela não tenta segurar o vento e antes a saia.

  404. "Não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas, segundo a vontade de Deus", 1Ped.4:2. Viver segundo a vontade de Deus significa muito mais do que tentar fazer apenas aquelas coisas que Deus quer. Significa fazer as coisas todas - as mesmas coisas de sempre - de outra maneira, usando outros meios, tendo ou obtendo outros motivos e mudar o alvo da glória ou da glorificação pelas coisas alcançadas de forma perfeita. Não é apenas andar por outros caminhos, mas, é, principalmente, a forma como andamos em todos os nossos caminhos. As coisas precisam ser feitas aqui na terra da maneira que são feitas no céu. Tudo tem a ver com a forma como andamos e não apenas por onde andamos. Mudar o nosso rumo é apenas uma pequena parte do fazer a vontade de Deus, pois, a parte principal é a maneira como andamos em todos os nossos caminhos, que poder usamos, quais os motivos, de quem dependemos e a quem agradamos se a nós mesmos ou a Deus. "Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!" 1Ped. 4:10.

  405. "Estas são as verdadeiras palavras de Deus", Ap.19:9. Isto só pode significar que existem palavras que chegam com o rótulo de serem palavras de Deus, não sendo. Por vezes, perguntamo-nos por que razão Deus enviou Elias àquela viúva de Sarepta e não a outros. Vemos que era uma viúva que nunca se deixou impressionar por um milagre e que, embora não tendo rejeitado a multiplicação do azeite e da farinha, também não se deixou impressionar por Elias, pois, demorou algum tempo a ser convencida que Elias era realmente de Deus. Foi preciso seu filho falecer e ser ressuscitado para ser convencida, sendo que somente Deus é capaz de ressuscitar dos mortos. "Então, a mulher disse a Elias: Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade", 1 Reis 17:24.

  406. "Dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali (não) houver algum filho de paz (...) a vossa paz (...) voltará para vós",  Luc.10:5,6. Lemos o mesmo em Mat.10:13, mas, com uma pequena diferença. Lá, diz: "Torne para vós a vossa paz". Parece que num lugar diz que a paz voltará pelos próprios pés e que na outra são os discípulos que a fazem voltar. Mas, não é bem assim. Os discípulos não têm autoridade para fazer voltar essa paz deixando perturbado quem ouviu. Ela volta pelos próprios pés e cabe aos discípulos aceitarem isso. Eles têm a capacidade de não insistir quando eles e o Evangelho são rejeitados e de não permitirem que sua própria paz seja beliscada, insistindo por haverem sido rejeitados. Não existimos para agradar pessoas. Isto é, uma das características do Evangelho que tem poder, daquele que é verdadeiro, é marcar para sempre o coração de quem o rejeita e os tais nunca o esquecerão. É o evangelho sem poder que insiste e persiste em ser aceite, pois, não é capaz de deixar marcados para sempre os corações das pessoas, não aceitando ou não permitindo que a sua própria paz volte (isto é, o seu tipo de paz que não é em nada igual à paz que o mundo dá), deixando os corações perturbadíssimos como o mar revolto - algo que é a vontade de Deus que aconteça, Is.57:20,21.

  407. "Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; (...) e vos levarei a Sião. Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência", Jer.3:14,15. É verdade que todos os verdadeiros avivamentos começam com a conversão dos líderes e dos cristãos. Não depende do lugar, das circunstâncias e nem mesmo das perseguições e da força do pecado. Tudo depende se os crentes realmente se convertem ao Senhor ou se caminham por caminho próprios, os quais chamam de caminhos de Deus.

  408. "Recebei com mansidão a palavra", Tgo.1:21. É extremamente importante receber a palavra com mansidão, pois, ela confronta para limpar. "Estais limpos pela palavra que vos tenho falado", João 15:3. Tive um familiar idoso que não gostava de tomar banho. Um dia, precisou ir ao médico e meu pai obrigou-o a tomar banho para poder levá-lo à consulta. Dois homens agarraram nele e deram-lhe banho. Quase morreu. Deu-lhe ataques de pânico, aceleração cardíaca, orgulho ferido e tudo mais. Não recebeu a limpeza com mansidão. Muitos crentes são assim quando são confrontados pela palavra e dificilmente a recebem com mansidão por se sentirem confrontados.

  409. Existem pessoas que afirmam cansar-se de fazer o que é certo, de praticar ou ler a palavra e nunca se cansam de fazer outras coisas que lhe dão prazer. Logo, conclui-se que somente o que dá prazer não 'cansa' quem pratica. Imaginemos alguém capaz de afirmar com toda a sinceridade algo assim: "Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer"; "Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo"; "Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia"; "Os teus mandamentos são o meu prazer"; "Suspiro, Senhor, por tua salvação; a tua lei é todo o meu prazer", Sal.119:16;24;47;92;143;174. "Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite", Sal.1:1,2. Não creio que uma pessoa dessas consiga afirmar que se cansa de ler a Palavra e de praticá-la.

  410. "Tornai-vos praticantes da Palavra", Tgo.1:22. Quando colocamos um alvo ou objectivo diante de nós, não apenas vemos o final ao longe com inteira intenção de nunca perdê-lo de vista, mas, também buscamos os meios, pensamos nas formas e em todos os mecanismos legais para que possamos alcançar aquilo a que nos propusemos. Todo o nosso coração deve estar disponível, todos os meios devem estar ao nosso alcance, tudo que possa impedir esses meios de serem alcançados é sumariamente analisado e extinguido e só depois disso podemos falar de todo o nosso empenho, dedicação, confiança e motivação operando no sentido desse alvo. Tornarmo-nos praticantes da Palavra é algo que funciona da mesma maneira. Existem meios da graça que precisamos alcançar previamente (Heb.4:12); Todo o nosso coração deve estar disponível (disposto e preparado, Luc.1:17) para tal efeito e, também, pronto para os muitos e variados efeitos consequentes de nos havermos tornado praticantes da palavra. Não basta querer ser praticante da Palavra, pois, precisamos amar os meios e dedicarmo-nos na busca contínua daquilo que é capaz de nos habilitar na parte prática da Palavra.

  411. "Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz", Tgo.1:13,14. Há quem não culpe Deus por estar a ser tentado, mas, culpe as circunstâncias, as pessoas, o clima e tantas outras coisas. É verdade que a providência de Deus é responsável pelas circunstâncias que nos podem aprimorar e transformar. Mas, uma coisa é cada provação ter a capacidade de transformar ou santificar e outra coisa é ser-lhe dada a capacidade de fazer cair e tropeçar. Devemos saber que diante de nós está tanto a morte quanto a vida e que devemos poder escolher a vida. Quando pecamos, os culpados não são as circunstâncias, não são as pessoas e não é nada mais e nada menos que o tipo de coração que temos em nós. Mudando de lugar não transforma o coração e, mudando de lugar ou de circunstâncias, o coração que temos irá conosco para onde formos. A tentação só é tentação devido ao coração que possuímos e nada mais. "Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz".

  412. "Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência", Tgo.1:2,3. É preciso saber que, se não tivermos esse gozo sendo provados por várias tentações, estando realmente em Deus e nunca fora d'Ele, será produzida a impaciência e nunca a paciência ou perseverança. A alegria ou tristeza durante esses momentos dirá qual é o nosso tesouro, pois, quem busca o tesouro da santidade terá gozo sendo provado e quem busca outro tipo de tesouro terá tristeza quando for colocado sob provações pela providência de Deus. "Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma", Tgo.1:4. De que forma pode a paciência ter a sua obra perfeita? Se realmente soubermos que as provações nos chegam da parte de Deus ou por estarmos realmente achados n'Ele, concluiremos que essas provações visam alcançar algo dentro ou fora de nós para sermos agradáveis a Deus. Logo, não devemos impedir e nem orar contra aquelas coisas que sabemos que nos chegam como provações da fé. Devemos, antes, saber cooperar no mesmo sentido esforçando-nos e cooperando na mesma direção para alcançar o mesmo fim. Ao invés de tentarmos mudar as circunstâncias, devemos aplicar nossos esforços e atenções fielmente para alcançarmos o que Deus pretende cooperando com as provações para o mesmo fim. Assim, a paciência não apenas terá a sua obra perfeita, mas, terá total cooperação da nossa parte sem fingimentos de qualquer tipo. Não podemos ter falta neste tipo de sabedoria, pedindo-a a Deus com fé e paciência. E para isso acontecer deve existir total disponibilidade de coração para esse fim, nunca permitindo que nosso coração se ocupe com os espinhos que sufocam essa sabedoria tentando desviar de nós as circunstâncias e situações que são meras provações instituídas por Deus para nosso eventual benefício final. "Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam", Tgo.1:12.

  413. "Quem amar a abundância nunca se fartará da renda", Ecl.5:10. Paulo diz - e com toda a razão da sabedoria suportando-o - que, "tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes", 1Tim.6:8. Todo aquele que se contenta com o estar em Cristo, esteja na pobreza ou na riqueza, nunca mudará. Mas, todo aquele que ama a abundância, correrá sempre atrás do dinheiro e do conforto até mesmo quando já o tem. Devemos, contudo, distinguir entre amar a abundância e ter a abundância. Existem muitos pobres que amam a abundância, ainda que não a possuam. "O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro", Ecl.5:10. E os pobres também amam o dinheiro.

  414. "Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás", Dt.12:32. É e será sempre muito fácil diminuir naquilo que Deus manda, diz ou revela seja por negligência, esquecimento, infidelidade, falta de fruto e consequentes frustrações, ou qualquer outra razão. Mas, existe uma lei na natureza espiritual à qual ninguém escapa: todo aquele que é capaz de diminuir ao que Deus diz, tem toda a capacidade de lhe acrescentar também, acrescentando desejos próprios e ideias mais convenientes. Uma coisa leva à outra.

  415. Uma longa caminhada começa sempre com um passo, avança com um passo - ainda que seja o seguinte; e termina sempre com um passo - ainda que seja o último. E se for o último, precisa ser dado como se fosse o primeiro.

  416. "E respondeu Acã a Josué e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor", Jos.7:20. Há confissões que chegam tarde e outras que não resolvem nada. Até uma confissão de pecado pode ser rejeitada por vários motivos. Isso aconteceu com Acã. "Por que nos turbaste? O Senhor te turbará a ti este dia", Jos.7:25.

  417. É possível tentar fazer algo para o próprio Deus e, ainda assim, isso ser mais uma forma de idolatria porque não sabemos quem Ele realmente é. "Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e, se fizeres holocausto, o oferecerás ao Senhor. Porque não sabia Manoá que fosse o Anjo do Senhor", Juízes 13:16. Isto é: podemos estar na presença de Deus sem saber que é Deus e alguém pode servir aquilo que pensa conforme o que lhe convém ainda que esteja em Sua presença.

  418. Sendo verdade que o diabo tenta os filhos de Deus, isto é, aqueles que estão verdadeiramente limpos de coração, para servirem outros deuses e outras coisas, também é verdade o inverso. Vou explicar. O diabo tenta os maus a servirem o Deus verdadeiro para que O sirvam - ou tentem servi-lo - através dum coração impuro e através de meios fraudulentos. O Evangelho é desacreditado de ambas as maneiras. Enganam-se todos aqueles que não acreditam que o diabo não tenta com a Bíblia e com a igreja. Ele coloca os maus que nunca foram verdadeiramente transformados e os desviados a servir dentro do templo de Deus.

  419. "Se a tua lei não fora toda a minha alegria, há muito que teria perecido na minha angústia", Sal.119:92. É muito bom que nada nos possa alegrar ou entristecer a não ser a palavra vinda de Deus. Todo aquele que tenha outro tipo de alegrias ou que as busque, certamente, perecerá.

  420. "Tu firmaste a terra e firme permanece", Sal.119:90. Firma-me também, Senhor e firme permanecerei para sempre tal como a terra. Não quero ser eu a afirmar-me porque, se for, nunca permanecerei firme por muito tempo.

  421. "A sua terra está cheia de prata e ouro (...) também está cheia de ídolos a sua terra", Is.2:7,8. Quando o coração não muda de forma permanente, isto é, se não é transformado de modo a que viva a vida nova como se nunca tivesse vivido de outra forma, acontece que a abundância ou a providência simples será transformada em ídolos de vários tipos. Uma terra cheia de ouro em conjunto com um coração que não se firmou verdadeiramente na verdade pegará no ouro e fará ídolos dele, pois, havendo alcançado aquilo que deseja, o coração fica ocioso. Mas, isso nunca acontece quando o alvo é Jesus, quando o desejo exclusivo é conhecê-lo como Ele realmente é, ainda que o ouro se multiplique ou ainda que se experimente a miséria.

  422. "Alimentam-se do pecado do meu povo", Os.4:8. Sabemos que os pregadores falsos usam os anseios e os pecados do povo para se aproveitarem desse mesmo povo. Só quem é ganancioso dá a um pregador ganancioso; só uma moça pervertida oferece-se a um pregador pervertido. Os maus alimentam-se e aproveitam-se dos maus. Os pregadores falsos subsistem somente porque existem crentes falsos. "Por isso, como é o povo, assim será o sacerdote", Os.4:9.

  423. "Visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos", Os.4:6. É bom vermos a Palavra por aquilo que ela diz sem passar por cima dela ou ao de leve. Aqui não diz que Deus esquecerá de quem se esquece d'Ele, mas, de quem se esquece de Sua lei. Muitos há que se lembram de Deus, cantam e pregam, mas, "esquecem-se" de cumprir toda a palavra. Seus filhos e familiares mais íntimos serão esquecidos por Deus.

  424. Não posso ser líder se não for liderado. Um bom líder é e será sempre o bom seguidor. "Se alguém me serve, siga-me", João 12:26.

  425. "Se Eu não te lavar, não tens parte comigo", João 13:8. Jesus falava, aqui, de lavar os pés de quem, no mais, estava todo limpo. E falava a Pedro. Pedro poderia ficar de fora do Reino e sem parte em Jesus caso seus pés não fossem lavados por Jesus. Não deveriam ser apenas lavados, mas, lavados por Jesus - algo que é muito diferente, embora não pareça. Tenho a certeza que Jesus falou desta maneira em sentido figurativo, pois, por muito fedorentos ou sujos que fossem os pés de Pedro, isso não impediria que entrasse no céu - a menos que estivessem sujos por negligência ou desleixe. Para qualquer homem é honra conseguir ser melhor por mérito, conseguir ser limpo pelas próprias forças e capacidades. Todo homem gosta de mostrar trabalho e aparecer, principalmente se for aprovado e aplaudido. E tenta agir assim com Deus também - principalmente diante d'Ele. Essa é uma das razões porque não se deixa limpar e prefere limpar-se a ele mesmo. Muitos desejam ser perdoados e terminar na carne aquilo que foi começado pelo Espírito. Esses nunca obterão parte em Cristo. "Se Eu não te lavar (os pés, ainda que no mais estejas limpo)...". "Também vós deveis lavar os pés uns dos outros", João 13:14. E será sempre muito mais humilhante alguém ser corrigido por um ser humano igual a ele, pois, muitos prezam a opinião dos homens acima de tudo. E se for homem a lavar os pés (o caminhar) de outro homem sente-se menor que aquele que o corrigiu. Isso apenas mostra que essa pessoa ainda não acredita que o menor será sempre o maior e que quem aceita a correção com alegria e agradecimento pode ser maior que aquele que o corrige.

  426. Os conselhos dão-se a quem quer saber como fazer ou o que fazer. Não se dão aos obstinados. Os obstinados precisam do ensino da vara e não de conselhos que eles rejeitam.

  427. "...Cheio de graça e de verdade"; "Em todos eles havia abundante graça", João 1:14; At.4:33. Existem muitas outras palavras para o batismo com o Espírito Santo. Estar cheio de graça ou de poder de Deus são duas delas. Graça é sinónimo de poder. A pessoa precisa crescer em graça na proporção que cresce em estatura espiritual. Não se pode pular o muro para "crescermos" na graça. Para crescer nessa graça, torna-se necessário familiarizar-se mais (e melhor) com o próprio Jesus e o crescimento será natural e proporcional ao crescimento em estatura. Já viu alguém crescer em corpo e não crescer em força muscular? Assim são os que crescem em estatura e conhecimento, mas, decrescem em intimidade com Jesus e humildade.

  428. Sendo ou querendo ser a noiva de Cristo, qualquer olhar imprudente para o mundo é adultério. Contudo, existem muitas pessoas que dizem que não conseguem viver sem o mundo e ainda o acolhem como amante. Outros casam com o mundo e querem Deus somente como amante. Depois, afirmam que não são adúlteros. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?", Tgo.4:4,5.

  429. É bom corrigir quem erra, mas, é bom para o corrigido - se ele se corrigir - e não para quem corrige. Porém, corrigir é um dom de sabedoria aplicada e sóbria. Não existe a cadeira de "matemática aplicada" na Faculdade? Também deve existir Sabedoria Aplicada na vida prática. Nessa sabedoria devemos aprender que existe diferença entre corrigir alguém cujas bases e alicerces são corretas e que precisa corrigir uma fase ou algum detalhe no caminho certo; e aqueles cujas bases estão erradas ou corrompidas desde o início, ou desde a base ou desde os alicerces. Não posso endireitar uma fase dum caminho que nasceu torto ou de alguém que vai na direção errada, pois, melhor lhe será que suas fases sejam muito tortas para que encontre razões suficientes para voltar ao início e recomeçar tudo. Há que saber como corrigir ou quem corrigir e de que maneira. Não vale a pena tentar ajustar detalhes num caminho em sentido contrário, como não se pode fazer reiniciar todo aquele "que está lavado e não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo", João 13:10. Não se pode querer reconstruir todo um carro quando tem apenas uma peça estragada e, também, não se pode querer colocar uma peça de carro numa carroça com semelhança de carro. Não se pode corrigir alguém que nunca lidou com cada um de seus pecados seriamente desde o início e que, consequentemente, colocou suas esperanças numa doutrina falsa e numa vida de fraude espiritual. Aprendamos a nunca colocar remendo novo em pano velho.

  430. "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam", Luc.11:28. Ninguém guarda uma palavra que nunca ouviu. Mas, alguém que não guarda o que ouviu não tornará a ouvir de Deus. Pode acreditar que ouve, mas, crê falsamente.

  431. A vontade é uma parte importante de qualquer ser racional. A Bíblia diz-nos muito quando fala da boa-vontade. E quando se trata da vontade de Deus no homem, existe um envolvimento da vontade de qualquer homem, seja ele quem for. Ou existe boa-vontade do homem em relação àquilo que é a expressa vontade de Deus; ou existe apenas vontade (mas, não boa-vontade); ou existe má-vontade da sua parte, fazendo-a contrariado; ou existe contra-vontade; ou existe indiferença. Creio que a indiferença é o grau mais baixo da baixeza do homem. É mais fácil converter um rebelde do que um indiferente que é capaz de se ocupar somente com a sua vida pessoal e material.

  432. "O caminho dos ímpios perecerá", Sal.1:6. O próprio caminho ímpio está minado de nascença e possui em si mesmo as inerências que o fazem perecer sem intervenção de ninguém. O caminho perece por ele, tem as condições inerentes nele para perecer. Deus tem a Sua natureza - Ele é uma natureza. Nessa natureza só cresce, nasce e desenvolve-se aquilo que é próprio dessa natureza. A impiedade perece por essa razão. Não se desenvolve num ambiente criado por Deus. Cada coisa que existe precisa duma natureza adequada e compatível para se desenvolver. Se não tiver, nunca se desenvolverá e perecerá. É o que acontece com a impiedade quando perece. A impiedade não precisa de intervenção para perecer, pois, perece por ela mesma de forma natural. Com a intervenção de Deus apenas perece mais depressa e sem ela perece no seu devido tempo e forma. A santidade, por sua vez, subsiste porque vive sob a natureza de Deus que é eterno. Mas, existe algo mais: "O Senhor conhece o caminho dos justos", isto é, participa nele de forma ativa e vivente. Logo, existem muitas razões para que se mantenha eternamente sob a bênção de Deus.

  433. Quando se tenta angariar pessoas para nossas igrejas através do agrado, isto é, agradando e lisonjeando-as, além de sermos considerados hipócritas por Deus e pelos Céus, tornamo-nos idólatras. Como as pessoas não têm o Espírito e dizem que têm, tentam alcançar os pecadores por outros meios ilícitos e enganadores, arranjando substitutos para o poder de Deus ou por poderes alternativos devido à ausência desse poder. O que tinha João que falava a verdade afirmando que as pessoas que vinham a ele eram ladrões, raça de víboras e hipócritas e, ainda assim, ninguém deixava de vir a ele para se arrepender e ser batizado?

  434. Quem teme perder por amor a Deus é idólatra, pois, substitui o temor a Deus por outro temor. Se a avareza é idolatria porque faz alguém sentir-se seguro na insegurança da falsidade, imagine-se o que será temer algo que não seja Deus! Quem teme perder não teme a Deus - exige d'Ele.

  435. Todo homem ou mulher manifesta-se através daquilo que diz ou pensa dos outros. Quando Pedro falou de Paulo, fiquei a saber mais de Pedro do que de Paulo.

  436. "Arrependimento que leva ao conhecimento da verdade", 2Tim.2:25. Existe um tipo de "arrependimento" que não leva ao conhecimento da verdade. Se não leva a esse conhecimento, não foi arrependimento genuíno. Devemos ter isso em conta. E todo o conhecimento da verdade deve ser um de experiência pessoal e não apenas intelectual.

  437. "Segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor", 2Tim.2:22. Precisamos entender este versículo. Muitos tentam seguir a fé, a paz, a justiça e até ao Senhor. Contudo, nem mesmo com lágrimas e súplicas alcançam, a menos que consigam enveredar, previa e antecipadamente, pelo caminho dum coração puro. Logo, não podemos orar, buscar, pedir e suplicar com os que não o fazem com um coração puro. Não podemos crer que receberemos sem esse coração purificado. Podemos buscar as coisas certas, mas, se o buscarmos sem que o coração seja purificado antecipadamente, nunca acharemos. Há que escolher as pessoas com quem buscamos caso optemos por buscar conjuntamente e verificar se nosso próprio coração está limpo quando buscamos com outros ou mesmo a sós.

  438. "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me", Luc.9:23. Todas as palavras de Jesus aplicam-se a circunstâncias e situações. Existem palavras para iniciantes, para fracos, para fortes, para momentos de prosperidade e para momentos menos bons. Não podemos querer aplicar palavras a nós mesmos que não se aplicam ao momento. Quando Jesus fala para as pessoas se negarem, fala a pessoas e situações específicas. Existem pessoas cujos desejos, cujas circunstâncias e cujo modo de operar e fazer vêm de Deus. Sabendo distinguir entre tempos e situações, essas pessoas não podem negar e devem, antes, ser fiéis mordomos à obra que recebem de Deus. Devem saber negar aquilo que os quer impedir nesse caminho, sem que se distraiam resistindo ao mal. Há que saber manejar sabiamente a palavra de Deus.

  439. Quem faz cada vez menos também faz cada vez pior tudo aquilo que ainda faz. Isto é, aquilo que ainda faz ficará cada vez mais incompleto, mais mal feito e despachado rapidamente. E aquilo que tem de fazer e não pode evitar trará impaciência, mau humor e irritabilidade que atingirá quem está próximo. Esse é o preço que pagam todos aqueles que não conseguem ou não querem ser fiéis em tudo.

  440. "Alegra-te com a mulher da tua mocidade e pelo seu amor sê atraído perpetuamente. Por que, filho meu, andarias atraído pela estranha?", Prov.5:18,19. Sabemos que a vida é comparada a água nas Escrituras. A água flui para o lado que for canalizada. A mulher estranha pode atrair, mas, em direção oposta e contra a corrente natural da vida. Sabemos que o amor da esposa ou esposo têm rumos válidos e fluem para o lado oposto ao dos estranhos, o qual evita que a atração pela estranha seja sequer possível. É pouco provável que uma pessoa seja atraído pelas duas coisas ao mesmo tempo: o amor da estranha/o e o amor da esposa/o. Ou se é atraído por um ou pelo outro. Não creio que seja possível as duas coisas ao mesmo tempo, a não ser que alguém trate sua esposa como uma estranha ou lide com ela como se fosse prostituta. A pessoa que é capaz de misturar as duas coisas não ama a sua esposa - ama a perversidade.

  441. Muitos lutam pelo futuro, mas, a verdade é que o nosso futuro começou há muito tempo, isto é, começou no dia em que nascemos. Por essa razão devemos corrigir nosso passado para que aquilo que resta de nosso futuro não se desalinhe. Se erramos no passado, deve ser corrigido, confessado e perdoado, pois, Deus pode reconstruir e ainda multiplicar aquilo que os gafanhotos destruíram. Se no passado houve desvios e não forem alinhados e corrigidos, todo o futuro estará comprometido.

  442. "Não te desamparem a benignidade e a fidelidade", Prov.3:3. A benignidade não é apenas ser benigno, mas, é uma forma de estar na vida. Essa benignidade não se permite contaminar e mantém-se pura. Mantém-se segregada para não se contaminar, não se misturando, principalmente, com o que lhe é parecido ou oposto. Logo, se eu me misturar com o que é contrário ou parecido com a benignidade, ela afasta-se de mim e ser-me-á retirada. É assim que sou desamparado da benignidade, pois, ela é derramada no coração.

  443. Por certo, existem muitas coisas que ofendem Deus das quais as pessoas não se dão conta. E muitas outras nunca são catalogadas como pecado, como a falta de fé ou mesmo como a falsa humildade. Eu percebo hoje que, sempre que se diga, afirme ou se pense que é difícil abandonar o erro, o pecado ou qualquer outra coisa que não presta e seja inútil ou destruidora, ofende-se Deus. Falam como se Deus não existisse ou como se Ele fosse mais fraco do que a carne. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé", 1João 5:4. "Porventura não existe Deus em Israel?", 2Reis 1:6.

  444. A palavra iniquidade tem trazido muitas dúvidas a respeito do seu significado. Esta palavra tem muito a ver com a aprovação, exaltação e aceitação do mal. É como moralizar o erro e aceitá-lo, seja de que maneira for. Um coração iníquo é um coração que faz isso ou vive disso. "...Conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas, também consentem aos que as fazem", Rom.1:32. Iniquidade é a moral torcida e depravada.

  445. O problema não reside no fato de o mau ou o mal querer invadir o palco para se mostrar, mas, principalmente, em mostrar-se como bom ou atraente. Esse problema torna-se sério quando o mal é visto e aceite como bom. Devemos ter muitas precauções com todos aqueles que se querem mostrar ou que precisam mostrar-se com a finalidade de se imporem. A pessoa só se quer mostrar porque nutre a ideia que não tem fruto. No fundo é o fruto que fala de sua saúde espiritual. O querer mostrar revela que existe falta dele. Ninguém precisa mostrar-se a não ser aquele que, no fundo, acredita não estar à altura das exigências de Deus. Quanto mais caído ou quanto mais acredita estar aquém do que deve, maior a dívida para mostrar-se para se convencer convencendo os outros acerca dele próprio. Na verdade, o mostrar-se é uma concupiscência idólatra, pois, proporciona uma confiança falsa às pessoas. Essa concupiscência é uma forma de encobrir e de disfarçar. Eu creio que não é apenas uma forma de encobrir, mas, é uma formula de se sentir garantido e de encobrir aquilo que é claramente visível aos olhos do céu. E tudo aquilo que gera confiança ou segurança própria no homem é idolatria. Por essa razão é que a avareza é idolatria, pois, faz os homens sentirem-se seguros naquilo que nunca será capaz de assegurar, Col.3:5.

  446. "O meu Reino não é deste mundo", João 18:36. Todos aqueles que desejam prosperar neste mundo e naquilo que perece deveriam considerar esta afirmação de Jesus. Se o reino de Deus fosse deste mundo, todos os crentes estariam ricos, protegidos e materialmente prósperos. E todos aqueles que são materialmente prósperos deveriam saber o quanto precisam trabalhar para não perderem nada eterno. Contudo, existem muitos 'servos' de Cristo que lutariam com muito mais vigor e determinação caso o Seu reino fosse deste mundo. "Se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos; mas, agora, o meu Reino não é daqui", João 18:36b. Como muitos se alegrariam caso o Reino de Deus fosse deste mundo! Vergonhoso! Triste!

  447. "O mundo os odiou, porque não são do mundo", João 17:14. Não é preciso muito para que o mundo odeie alguém. Basta não pertencer-lhe, pois, o mundo é possessivo e obsessivo contra a rejeição. Basta alguém não pertencer-lhe para ser odiado, desprezado, ignorado ou mesmo maltratado. As pessoas agem e reagem em conformidade com aquilo que gostam ou não gostam. Se gostarem de alguém, tratam-na bem; se não gostarem, tratam-na mal. Nunca ficam indiferentes. Contudo, esse tipo de ódio, torturas e maus tratos nunca foi e nunca será razão para Jesus levar os fiéis para fora deste mundo. A única razão que leva as pessoas para fora dele é a vontade de Deus. "Não peço que os tires do mundo, mas, que os livres do mal", João 17:15.

  448. "Eu neles e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (união)", João 17:23. Esta união, desde que verdadeira e não fingida e nem forçada, significa muito. As pessoas de igual coração estão de acordo e são uma união natural. Existem uniões forçadas, pensadas e ensaiadas entre pessoas que discordam a nível de coração. Mas, não é nenhuma dessas uniões da qual Jesus fala aqui. A união da qual Jesus fala é uma unanimidade que só existe em pessoas de coração igual, com motivos e motivações idênticas (e nunca apenas parecidas), com poder igual, com meios comuns, com propósitos em comum ou convergentes, havendo experimentado a mesma transformação e usando o mesmo tipo de poder. São iguais em tudo. Qualquer união forçada ou carnalmente conseguida é superficial e não dura muito - ainda que dure até à morte. Nada que seja superficial resiste a uma prova de fogo.

  449. "Aqueles que me deste são Teus...", João 17:9. Quantos se apoderam das almas daqueles que Deus dá para serem salvos de seus pecados? Não são propriedade do pregador, da igreja ou da instituição. Nem os nossos próprios filhos são propriedade nossa. Atam as pessoas às suas doutrinas, prendem-nos às suas igrejas, aos seus propósitos e dependem de seus dízimos. Tudo isso é avareza, não apenas de dinheiro, mas, de almas. "Bem-aventurados vós, que semeais sobre todas as águas e que dais liberdade ao pé do boi e do jumento", Is.32:20.

  450. "Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque não me vereis mais", João 16:8-10. Existem palavras difíceis de entender porque existem muitos desejos e interesses naqueles que dizem crer em Deus. Os que não crêem são convencidos do pecado pela simples razão que é a fé que nos faz vencer qualquer pecado. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé", 1João 5:4. Se não crêem, não vencem o pecado. Logo, serão convencidos do pecado porque não o exterminaram pela fé e ainda se encontram em seus pecados. "Eu retiro-me e buscar-me-eis e morrereis no vosso pecado", João 8:21. Também é notório o fato de que só somos convencidos da justiça não vendo mais Jesus, isto é, "bem-aventurados os que não viram e creram!" João 20:29.

  451. As doutrinas da prosperidade, juntamente com todas as outras doutrinas falsas e seus ensinos, são muito pesadas sobre as pessoas por muitas razões. Por um lado, é muito difícil abandoná-las. As pessoas temem errar e, abandonando uma doutrina da prosperidade, fá-las crer que entram numa falta de fé que as levará para alguma necessidade material. Precisamos anular a mentalidade que essas doutrinas deixam para trás, pois, o egoísmo teme ficar a perder. Isso acontece com todos os que se desviaram da verdade. Por experiência, já vi católicos com muito medo de destruir imagens que antes veneravam, ainda que essas imagens não se mexam, não falem e nunca deixem de ser coisas inertes; Satanistas que temem sair do seu mundo por temerem ser mortos pelo diabo; etc. Esse mesmo temor prevalece nos ditos evangélicos falsos, pois, temem sair a perder ao invés de temerem somente a Deus, quando a única coisa que perdem é a falsidade e o que ganham pode ser a vida.

  452. "Vede prudentemente como andais, não como néscios, mas, como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus", Ef.5:15,16. A questão de remir o tempo tem muito que se lhe diga. Remir o tempo não é apenas sair do sonambulismo e da preguiça, mas, trata-se, também, de não perder tempo desnecessariamente com ocupações que não acrescentam nada à eternidade e de conseguir, pelos meios da graça, alcançar a vontade e a vida de Deus o quanto antes.

  453. Não preciso confrontar o mundo para ser perseguido por ele. Não preciso fazer nada para ser confrontado pelo mundo, pois, o mundo vai perseguir-me, diga eu o que disser e faça o que fizer. "Aborreceram-me sem causa", João 15:25. Se o mundo me ama, eu não amo Deus. Caso me aperceba que não amo Deus por perceber que o mundo me ama, não devo confrontar o mundo para provar o contrário a mim próprio ou a qualquer outra pessoa, mas, devo, antes, amar Jesus cumprindo todos os Seus mandamentos.

  454. "Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer", João 15:5. Este versículo não se aplica literalmente a todos. Existem os que sem Deus fazem muito, mas, não para Deus. Os discípulos haviam chegado a um estado onde já não lhes era possível fazer qualquer coisa sem Deus, isto é, nada frutificaria se não estivessem em Jesus e Jesus neles. É excelentemente maravilhoso chegarmos a esse ponto. "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna", João 6:68. Depois, não se trata apenas de poder frutificar pela bênção de Deus, mas, que esse fruto permaneça. Se o fruto não permanecer, de nada vale frutificar. "Nomeei-vos para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça", João 15:16.

  455. Ouço, muitas vezes, as pessoas dizerem algo assim: "Quero voltar para aquilo que tinha, para a comunhão que tinha com Deus e com os irmãos puros; tenho muitas saudades". Essas pessoas podem até voltar para uma vida cristã aparente, mas, dificilmente voltarão para Deus de forma real porque não voltam por estarem constrangidas e arrependidas de seus pecados e com o desejo intenso de alcançarem perdão para glorificar Deus. Seu desejo de voltar é o prazer da paz. Tendo motivos errados e motivação carnal não alcançará Deus até que mude seus motivos e, consequentemente, não alcançará os meios da graça que levam ao arrependimento genuíno e eficaz até isso ocorrer. Pode acontecer que a saudade leve ao arrependimento, mas, é necessário chegar a esse ponto para que os motivos se componham. Sem os motivos compostos devidamente, não haverá quem alcance Deus.

  456. Muitas orações não são ouvidas porque aquilo que a pessoa pede, diz ou expressa não corresponde ao verdadeiro significado que Deus lhe dá, mesmo quando são usadas as mesmas palavras. Por exemplo, alguém pode pedir para andar na luz e não sabe que isso significa andar e viver exposto e transparente. Essa é uma de algumas razões para as orações não serem atendidas. "Pois, qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos para ver se tem com que a acabar?" Luc.14:28.

  457. Aquele que esconde e aquele que se quer mostrar têm o mesmo pecado. Ambos deixaram de andar na luz. Um encobre escondendo-se e o outro quer esconder através da aparência, isto é, mostra uma coisa que não é, provavelmente para esconder alguma outra realidade em seu coração que recusa reconhecer.

  458. "Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes", João 13:17. Se isto é verdade na questão de lavar os pés aos discípulos, quanto mais em outras ocasiões e situações! Devemos ter a noção de que isto que Jesus disse se aplica a todas as áreas de toda a nossa existência. O fazer tem muito que ver com o conseguir fazer, havendo sido capacitados por Deus. Existem pessoas capacitadas que não fazem; e incapacitadas que tentam fazer, mas, não da maneira que se faz no céu. E existem várias fases do fazer: uma é a decisão de começar; outra é de terminar o que se começou; outra é a capacidade de fazer como se faz no céu - até o impossível; e, depois, há que estar firmes depois de tudo haver sido feito (isto é, "havendo feito tudo, ficar firmes", Ef.6:13), estando ainda na frescura do primeiro amor. Por muitas razões, as pessoas não se levantam. Não chegam ao ponto de se levantarem para começar a fazer aquilo que é necessário fazer ou porque acham insignificante, ou acham impossível e difícil. A pior fase é a fase da indecisão inicial. Depois de iniciada qualquer tarefa importante, o prazer e a força de Deus motivará quem faz. Nessa fase inicial podem surgir problemas e espinhos que devem ser ignorados ou banidos (dependendo do que funciona melhor com cada qual), pois, não existe virtude que não vá ser contrariada por tribulações, tentações e distrações cuja função é somente tirar-nos do foco. Apesar de toda a adoração, bajulação e perseguição, Jesus nunca permitiu que seu foco se nublasse, o qual era a cruz em Jerusalém. Nunca permitiu qualquer desvio desse foco. Assim devemos ser e fazer "se sabemos destas coisas".

  459. "As ovelhas ouvem a sua voz, chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora", João 10:3. É muito tentador manter as ovelhas encerradas, isoladas e fechadas evitando que sejam confrontadas para que a verdade subsista dentro delas e se fortaleçam nessa verdade sendo confrontadas. O mal é propenso a colocar contra ele as pessoas verdadeiras em Cristo. É uma das faculdades do mal. O mal pode, por via da perseguição, fortalecer as pessoas de bem no bem que acharam, pois, tem essa faculdade e propensão. Logo, os que se fortalecem passam a odiar o mal. Mas, os que não estão firmados na verdade ou não são verdadeiros, cairão e desviar-se-ão. "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas, isto é para que se manifestasse que não são todos de nós", 1João 2:19. É bom notar que Jesus leva as ovelhas para fora e guia-as, saindo à frente delas e não deixando-as sozinhas. Não as deixa fechadas e não as deixa sozinhas se saírem. Ficarão sozinhas se não saírem. Os corações precisam ser confrontados para que se possa manifestar do que são feitos. Não sai nada de bom de qualquer tipo de proteccionismo, seja de que espécie for. O proteccionismo é egoísmo querendo apoderar-se das ovelhas. "E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós", 1Cor.11:19. Só assim se separam as ovelhas dos bodes de forma natural. "Bem-aventurados vós, que semeais sobre todas as águas e que dais liberdade ao pé do boi e do jumento", Is.32:20.

  460. "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas, sobe por outra parte, é ladrão e salteador", João 10:1. Neste caso Jesus está falando de entrar no aprisco das ovelhas. Mas, existem muitas formas de evitar a porta em muitas situações muito diversificadas. Por exemplo, podemos tentar chegar ao coração de alguém com subtileza ao invés de ser pela verdade sendo verdadeiros, o que, por sua vez, fará as pessoas responderem no mesmo espírito; podemos usar métodos fraudulentos e dúbios nos negócios e no emprego, tentando chegar ao lucro ou à riqueza pulando o muro da honestidade e da sinceridade; podemos tentar reformar a vida sem transformar o coração; etc. Existem muitas formas de saltar o muro para dentro do objectivo pretendido. Um coração salteador agirá sempre da mesma forma em todas as situações da sua vida. Aquilo que faz com uma coisa fará semelhantemente com a outra. É ladrão e salteador.

  461. "O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada", João 8:29. Muitas pessoas queixam-se de estarem distantes de Deus ou mesmo abandonados por Ele. Uma das razões é quererem um Deus que faça o que lhes agrada ao invés de serem eles a fazerem sempre o que agrada a Deus. E isso não significa que façam de vez em quando aquilo que agrada a Deus, mas, sempre e somente isso. Não sei porque se admiram de se sentirem sós se não fazem sempre e somente a vontade de Deus.

  462. "Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo", João 7:17. As coisas de Deus resultam. Não apenas resultam, mas, resultam em algo puro, santo e celestial. Contudo, só se tira a prova quando a vida (ou a doutrina) se torna pratica. Os resultados duma vida prática é que comprovam a veracidade e a verdade da doutrina ou do ensino. Se dá frutos bons, é verdadeira.

  463. "Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele. Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?" João 6:66,67. É interessante notar que um dos que ficou até ao fim foi Judas Iscariotes. Os falsos também são perseverantes. Jesus, no entanto, nunca se deixou enganar por sua perseverança e manteve total lucidez e sinceridade a respeito da verdade. "Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo", João 6:70.

  464. "Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?", João 5:44. Ninguém pode considerar-se discípulo de Deus agradando pessoas ou agradando Deus da maneira que se agradariam pessoas. "Fareis aceitação da Sua pessoa? Contendereis a favor de Deus? Certamente vos repreenderá se em oculto vos deixardes levar por respeitos de humanos", Jó 13:8-10. Deus agrada-se doutras coisas, com outra vida que não finge amor, respeito ou qualquer outra virtude.

  465. "Sou grato para com (...) Cristo Jesus que me considerou fiel, designando-me para o ministério", 1Tim1:12. Para termos um ministério abençoado por Deus não é apenas necessário sermos chamados. Precisamos tornar-nos fiéis. Os que não se tornam fiéis podem até ter um ministério, mas, serão como aqueles que pulam o muro para dentro do aprisco, tentando alcançar por meios humanos aquilo que só através Deus se deve fazer. Esses ministérios tornam-se pobres espiritualmente e é através deles que começaram a entrar os erros de vida e de doutrina que destruíram as igrejas por completo. As igrejas já não são templos espirituais.

  466. Quando os Fariseus confrontaram Jesus sobre se Ele era o Cristo, não obtiveram resposta da parte d'Ele. Não vemos Jesus a dar respostas ao confronto. Contudo, vemos Jesus dizer à mulher Samaritana: "Eu o sou (o Cristo), Eu que falo contigo", João 4:26. O confronto não quer revelação, antes busca confrontar-se. A mulher Samaritana buscava a Verdade, buscava uma revelação e uma resposta para o coração, quer soubesse o que buscava ou não. Os Fariseus buscavam maneira de refutar e de anular a revelação neles próprios e nos outros. O confronto busca forma de rejeitar enquanto que a verdadeira busca quer achar. Jesus não responde diretamente a quem quer rejeitar pelo confronto, mas, a quem busca. Ele dá até aquelas respostas que não conseguimos verbalizar, ou quando não entendemos o que se passa no coração para poder formalizar as perguntas.

  467. "Sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei", Mat.25:26. Muitas pessoas sentem-se defraudadas, ressentidas ou mesmo magoadas quando Jesus não se dirige a elas pessoalmente ou não as chama de maneira pessoal e direta, enviando outros para fazê-lo por Ele. Mas, sabemos que Jesus colhe onde não semeia e que um chamado indireto vale tanto ou mais que um dirigido pessoalmente. Jesus não chamou Pedro pessoalmente. Seu irmão André foi buscá-lo. Contudo, Ele disse: "Não vos escolhi Eu?", João 6:70. Felipe achou Natanael trazendo-o a Jesus. Poucos foram aqueles a quem Jesus chamou pessoalmente. E todos eles tornaram-se apóstolos. Todos aqueles que foram chamados por terceiros foram acolhidos por Jesus como se tivessem sido chamados de forma pessoal e íntima. Jesus, realmente, colhe onde não semeia.

  468. Devemos saber que aquilo que mais impede o futuro de acontecer é o passado e as suas falhas que nunca foram corrigidas. Tudo aquilo que fizemos ontem juntamente com o que fazemos hoje vai-se repercutir, duma forma ou de outra, no dia de hoje e no futuro que já começou. Neste aspecto, não existe semente que não germine. Ninguém pode semear espinhos e colher trigo e ninguém tem como semear trigo e colher espinhos. O nosso futuro começou no dia que nascemos. Se começou torto ou se algo entortou ao longo do caminho, tem de ser corrigido, reconhecendo erros e confessando-os abertamente. Não se pode esperar colher trigo havendo uma sementeira de espinhos e abrolhos numa terra por limpar. Também não se pode esperar colher espinhos havendo semeado trigo. Cada um colhe e colherá aquilo que semeou. E tudo que foi semeado crescerá e deixará novas sementes da própria espécie. Se não desejamos colher espinhos e abrolhos, há que desenterrar suas sementes pela confissão, trazendo-as para a luz do dia para serem inutilizadas e eliminadas. O nosso futuro começou no dia que nascemos.  

  469. Pessoas perfeitas são aquelas que fazem o melhor que sabem, o melhor que podem e têm a capacidade simples de realizar e de ser quem são em Deus diante de todos. Se não dependem do esforço para serem quem são em Deus, dependendo somente d'Ele, são perfeitas. Quando são incapacitados é porque não andam com Deus e tentam realizar de forma auto-suficiente e independente. Essas são e serão imperfeitas.

  470. Para que possa haver união entre pessoas sinceras são necessárias algumas coisas: que a disposição ou estado de espírito seja a mesma entre elas e que tenham um mesmo parecer, propósito e usem os mesmos meios para alcançá-los. "Sejam inteiramente unidos na mesma disposição mental e no mesmo parecer", 1Cor.1:10. Não adianta as pessoas tentarem concordar ignorando suas diferenças, pois, correm o risco de serem hipócritas. Não podemos viver ou conviver numa união falsa pensando que ela existe. Se quisermos ser uma verdadeira união, a transformação tem de ocorrer a nível profundo e de forma igual nos que se unem. Nunca busquemos uma união superficial, pois, além de não obter a bênção de Deus, terminará em desastre. Ainda que comece bem, terá um fim indesejado.

  471. "Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis", Gal.5:17. Existem muitas formas de cobiça. Cobiça não é apenas um cobiçar aquilo que os outros têm, mas, é um cobiçar de qualquer coisa que não se tem ou que já se tem. Na verdade, a cobiça é uma forma de idolatria que tenta preencher a alma com o vazio que existe em tudo. Sendo verdade que não preenche nada, logo, a cobiça só serve para que "não façais o que quereis", isto é, partindo do princípio que alguém queira conseguir fazer o que é certo. Qualquer tipo de cobiça cria confusão, impedimentos, tropeços, perdas de tempo, ocupações e situações onde as pessoas se emaranham com coisas fúteis e sem futuro eterno. A capacidade e finalidade da cobiça é apenas conseguir estar contra o Espírito, isto é, a sua função é estar contra o Espírito criando confusão, inactividade espiritual, inércia, desmotivação e inaptidão. A sua função não é preencher e antes evitar que sejamos cheios (do Espírito), atrapalhando ou mesmo impedindo seja por que meios for. Por vezes semeando espinhos na boa terra se não conseguir evitar que se semeie a boa semente ou se não puder evitar que a terra seja boa; semeando joio no meio do trigo caso a boa terra não tenha espinhos; em cada fase tem uma estratégia e o alvo exclusivo é fazer com que não se consiga fazer aquilo que é certo caso seja o que a pessoa queira fazer. A sua função resume-se a estar contra o Espírito e nada mais. Tenha isso em mente sempre que cobiçar seja o que for, sejam roupas, bonitas, sapatos, dinheiro, carros de luxo, mulheres ou homens e todos os demais vazios que existem neste mundo. O alvo da cobiça é "que não façais o que quereis", ocupando-o com qualquer coisa fútil e vazia. Isso mostra o quão importantes são as nossas obras da fé, pois, a cobiça faz qualquer coisa para impedi-las.

  472. "O que vos digo às escuras, dizei-o em plena luz; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o dos eirados", Mat.10:27. Dizer em plena luz é muito mais que que dizer para que se ouça na luz. A pessoa que proclama na luz é alguém familiarizado com ela, isto é, vive nela e não é alguém que grita sentindo-se incomodado dentro dela. No original "em plena luz" significa estar à vontade na luz para falar, sentir-se em casa na luz e falar. Quem fala na luz deve estar sólido nela, seguro e estável. Qualquer pessoa que se sente vigiada, notada, apreciada, depreciada, com vergonha ou mesmo o alvo das atenções por estar na luz e ser transparente ainda não é pessoa estável vivendo nessa luz.

  473. Não creio que as doutrinas ou o crer nelas seja determinante para o destino das pessoas. Mas, acredito que existem doutrinas que condenam a alma de muitos. Qualquer tipo de apego a um ensino ou doutrina que desculpe, minimize, prolongue ou passe por cima da culpabilidade, perigo ou seriedade de qualquer pecado, seja este grande ou pequeno, é pior que suicídio, pois, matam a alma e o espírito para sempre. Existem doutrinas que estão do lado da carne e outras que estão do lado do Espírito na luta pela santidade. Veja de que lado você se encontra pelo tipo de doutrina que escolhe. "Vê, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas", Luc.11:35.

  474. "Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte", Mat.5:14. Deus separou a luz das trevas como o Seu primeiro ato na criação. Ser luz significa ser transparente em nossa vida prática. Além do mais, este versículo fala-nos de estarmos edificados sobre um monte. "Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade", Sal.24:3,4. Além de andarmos na luz - não escondendo nada seja por que motivo for - devemos estar no monte e permanecer lá. E só sobe e permanece lá quem estiver limpo em todos os aspectos de toda a sua existência, senão, essa luz pode tornar-se em trevas. A esses limpos de coração é dito que será impossível permanecerem escondidos.

  475. Todos os envolvimentos levam a desenvolvimentos e, quando começam, nunca se sabe como irão terminar. "Não participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro", 1Tim.5:22. Não precisamos praticar os pecados alheios com quem os tem para sermos participantes neles. Basta estarmos envolvidos de maneira errada com as pessoas em questão, dando aval às suas formas de viver. Esse envolvimento será recebido como aval. Basta apoiarmos as pessoas para que sintam que seus caminhos são apoiados e aceites. Podemos e devemos manter a nossa equidistância de forma segura e sem criar tropeços a ninguém. Se nos mantivermos puros poderemos tornar-nos uma via segura para que os demais saiam de seus pecados. Se nos envolvermos seremos uma porta fechada para saírem do pecado.

  476. "Muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo", Fil.3:18. O que é ser inimigo da Cruz de Cristo? A Cruz, na sua verdadeira essência, significa a morte para o pecado e para o mundo. Sabemos que o oposto do verdadeiro amor é o egoísmo. Logo, há os que pregam de forma a que se estabeleça a carne e tudo que convém a esta vida carnal para fins próprios. Pregam Cristo, mas, no fundo, buscam o terreno e o carnal e querem que Cristo faça o mesmo por eles. Para os tais, a Cruz não representa a morte da carne como essência e antes a sua sobrevivência e o seu 'bom' uso. Tornaram-se inimigos da Cruz pregando uma cruz de sua mente extraviada e terrena. "O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas", Fil.3:19.

  477. "...Não duvidou por incredulidade...." Rom.4:20. Uma coisa é duvidar da aparência da verdade e duvidar da mentira; outra coisa é duvidar da verdade ou de Deus por termos um coração incrédulo, o qual se sente mais confortável colocando-se em parceria com a mentira e a dúvida - algo que seria duvidar por incredulidade. O estado do coração é quem determina a conduta e os pensamentos de cada pessoa. Se o coração for incrédulo e instável duvidará daquilo que é verdadeiro, estável e eterno. Logo, duvida por incredulidade. Mas, nenhum coração estável, crédulo e amigo da verdade - na qual se revê instintiva e espontaneamente - se entrega a qualquer aparência de verdade fundamentada pela mentira e pelo engano. Isso não é duvidar por incredulidade e, antes, duvidar por sermos crédulos e amigos da verdade. Duvidar da mentira é fé. Se não fosse, a ovelha verdadeira não fugiria da voz dum qualquer lobo.

  478. "Ainda que saibais e estejais confirmados na presente verdade", 2Ped.1:12. Muitos contentam-se com o saber e obter conhecimento de toda a verdade. Mas, não podemos agir como se pudéssemos cumprir sem o poder da graça. Há que estar confirmados na verdade. E quem confirma é Deus - não o seu testemunho ou qualquer outra coisa que possa acreditar a seu próprio respeito. Deixe ser Deus a testemunhar a seu respeito.

  479. "Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando (...) procedendo assim, nunca jamais tropeçareis", 2Ped.1:8-10. Não é apenas necessário que existam as coisas que Pedro menciona e aquelas que não menciona. É preciso que elas aumentem e tenham condições para aumentar futuramente. Pelo que lemos aqui, a pessoa em quem as virtudes e o virtuosismo de Deus não aumentam é estéril.

  480. "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas, aquele que faz a vontade de meu Pai", Mat.7:21. Para se ter como fazer a vontade de Deus é preciso estarmos bem com Deus e não existir nada que seja desagradável a Deus entre nós e qualquer pessoa ou entre nós e Deus. Não é decidindo fazer a vontade de Deus que conseguiremos fazê-la. É preciso sermos achados no ponto. Estando no ponto de alcançar graça, conseguiremos executar a Sua vontade alcançando-a. Se houver alguma coisa impedindo a comunhão com Deus ou com nosso próximo, certamente que não alcançaremos graça para executar toda a vontade de Deus. Poderemos alcançar graça para nos limparmos - se é que já não vamos tarde. Só depois poderemos ser capacitados para executar a vontade de Deus. É disso que se trata quando Paulo diz: "Estejam preparados para toda boa obra", Tito 3:1. Além do mais nem toda a boa obra é aceite por Deus. Caim nunca foi aceite por Deus, embora tenha tido a iniciativa de ofertar a Deus em reconhecimento e, talvez, em agradecimento por aquilo que Deus lhe deu.

  481. "E foi grande a sua queda", Mat.7:27. Em que sentido é que a queda é grande? Na verdade, quanto mais elevadas forem as expectativas, maior o desapontamento e maior o efeito que tem sobre a alma. É precisamente isso que torna a queda grande. A pessoa com poucas expectativas em relação a Deus não tem uma queda grande. É, no entanto, uma ideia assustadora esperar pouco de Deus. Contudo, quantos crentes ficarão desapontados a ponto de sua queda tornar-se grande?

  482. "Não julgueis, para que não sejais julgados", Mat.7:1. Julgar os outros pode ocorrer por varias razões, além de ser uma perda de tempo e de se tornar uma desculpa para alguém nunca se julgar a ele próprio. (E quem se julga a ele mesmo sob a intensa luz de Deus não será julgado). Uma delas é porque a pessoa que julga tem os pecados que enxerga nos outros. No mínimo tem a mesma aptidão ou propensão para os mesmos pecados que vê nos demais. Mas, existem pessoas que julgam por estarem amargas ou mesmo por serem amarguradas de natureza. Muitas dessas pessoas dizem coisas que nem sequer vêem nos outros. Dizem a primeira coisa que lhes vem à cabeça. Duma maneira ou doutra, seu destino está traçado e precisam ser salvas, pois, serão julgados na mesma medida e pelos mesmos pecados que julgam nos outros.

  483. "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo", Luc.9:23. Os preguiçosos precisam negar-se a si mesmos para obterem uma atitude construtiva, uma iniciativa prontificada, prontidão contínua e alerta máximo às movimentações do Espírito de Deus. Mas, não é apenas o preguiçoso que se deve negar a si mesmo. O hiperactivo incapaz de esperar em Deus, aquele que não descansa em Deus e tem dificuldade em sair da linha da frente para dar espaço à verdade e à operação ativa da graça deve, igualmente, saber negar-se a si mesmo. Cada qual tem a sua afronta contra Deus e a carne pode operar de muitas e variadas maneiras. Cabe a si colocar-se na luz de Deus para que saiba o que fazer e como fazer a vontade de Deus.

  484. "Está escrito: sede santos porque eu sou santo", 1Ped.1:16. Este versículo e a verdade que contém tem dois sentidos, os quais, em união, formam toda a verdade. Podemos entender um sentido que diz que devemos saber que, como Deus é santo, temos a responsabilidade de sermos santos caso desejemos lidar com Ele frontalmente. Por outro lado, também existe outro significado:  como Ele é santo, a nossa santidade será uma consequência de andarmos em Sua presença continuamente. Além do mandamento e aviso, existe a consequência também. Contudo, devemos dar maior atenção ao mandamento porque é a parte que nos cabe, desde que nunca tentemos Deus querendo ser santos longe d'Ele. A consequência cabe a Deus e à Sua providência.

  485. "A misericórdia triunfa sobre o juízo", Tgo.2:13. A linguagem da Bíblia não é a mesma que a humana. Um entendimento nocivo sobre a misericórdia pode levar a uma má interpretação deste versículo e, também, do próprio Evangelho. De que maneira a misericórdia triunfa sobre o juízo? O juízo de Deus acontecerá sempre. Isto é, o pecado não será aceite ou desculpado diante do juízo. Logo, esta misericórdia não é e nunca será uma forma de aceitação da transgressão, seja por que razão for. Não podemos aceitar o pecado. Isso seria desviar da misericórdia do seu real propósito, a qual extermina o pecado. Aceitar qualquer pecado, desculpá-lo, entendê-lo ou menosprezar sua culpabilidade é anular ou mesmo desprezar a própria função da misericórdia. Existe diferença entre aceitar qualquer pecado e aproveitar os meios da misericórdia e da graça para aniquilar todo o pecado pela sua raiz enquanto é tempo. A misericórdia de Deus extingue o pecado, mesmo sob tentação intensa, se fizermos bom uso dos meios que ela coloca ao nosso alcance. 

  486. Muitos pecam e não se sentem culpados, outros pecam e ficam inconsoláveis. Mas, quando peco sinto mais culpa por estar afastado de Deus, pois, estando afastado d'Ele ou mesmo semi-afastado, leva-me a pecar ou a ficar mais vulnerável às tentações. Devemos permanecer em Deus estando já limpos de tudo, pois, sem estarmos limpos não entraremos em Sua presença - quanto mais permanecer nela! É verdade que se o meu devocional e a minha aproximação a Deus forem deficientes nunca poderei sequer imaginar a possibilidade de viver sem pecar ou de ter uma fé capaz de me salvar de qualquer pecado. Logo, mesmo sentindo-me inconsolado por haver transgredido, devo sentir maior culpa por estar afastado de Deus do que por haver pecado. É sempre bom atacar o problema pela raiz e não apenas tentar evitar a consequência. "Anda em Minha presença e sê perfeito", Gen.17:1. Existe uma ordem nessas palavras e o sermos perfeitos vem depois, como consequência normal de andarmos em Sua presença. Se antes, estando em Deus, havia conflituosidade da parte do mundo, alguém terá menos conflitos com o mesmo mundo e com a mesmas pessoas havendo-se afastado d'Ele e isso será um falso conforto e uma motivação enganadora; se antes era impensável ver, ouvir ou falar coisas do mundo e falar da espiritualidade da forma como o mundo fala dela, qualquer afastamento de Deus operará precisamente o oposto. Devemos cuidar de nossa alma permanecendo em Deus, custe o que custar. Somente permanecendo n'Ele e Ele em nós poderemos cuidar bem de nossa alma e fazer bom uso de todos os meios da graça ao nosso alcance. Somente permanecendo em Jesus teremos acesso a todos esses meios da graça e alcançaremos a forma de usá-los para permanecer em Cristo e na fé.

  487. "O que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa", Tgo.1:6,7. Não é apenas pela falta de fé que tal pessoa deixará de receber seja o que for de Deus. Perde aquilo que pede e, também, outras coisas que venham do Senhor - não apenas aquilo que pede. Isso acontece não apenas pela falta de fé, mas, por ser pessoa inconstante e vacilante. A vida eterna é uma vida constante, permanente, sem altos e baixos. Essa vida aloja-se numa pessoa constante e que não é levada de uma para a outra com qualquer vento de doutrina ou de circunstância. "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?" Amos 3:3. "O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos", Tgo.1:8. Se é inconstante em todos os caminhos, logo, não receberá nada - tanto aquilo que pede e como o que não pede, sendo que Deus responde acima daquilo que possamos pedir. E se pode dar acima do que pedimos, pode recusar aquilo que está acima do que não pedimos ou achamos. Assim sendo, podemos viver sem nos darmos conta de que perdemos algo importante e que não imaginávamos. Não receberá nada de Deus. Nada lhe será acrescentado não tendo o principal.

  488. Muitas pessoas honestas de coração a respeito de sua vida espiritual e de sua obediência costumam ter um problema na questão de quando devem agir e de quando devem esperar e deixar nas mãos de Deus. Por vezes, sentem-se mesmo culpadas se agirem e, também, se não agirem. Ora, é óbvio que estando atentos na espera e na expectativa em Deus, chegarão momentos que as coisas começam a acontecer. Logo, devemos agir em conformidade. Por exemplo, Jesus sabia que seu tempo havia chegado e que as ovelhas não iriam ou não poderiam ser presas com Ele para que as Escrituras se cumprissem. Logo, Ele não se inibiu pedindo que deixassem ir os discípulos quando foi preso. "Pois, me buscais a mim, deixai ir estes", João 18:8. Aquilo que fez ou tentou fazer estava em uníssono com as Escrituras, com o tempo e com a providência de Deus. Não o fez antes e não negligenciou a oportunidade quando o momento oportuno chegou.

  489. "E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho", João 14:13. Existem certas condições para que isto aconteça tal e qual está escrito. Em primeiro lugar, só acontece quando o Pai é verdadeiramente glorificado e o coração de quem ora esteja atento a essa glória do Pai e o motivo mais profundo seja somente glorificá-lo. Em segundo lugar, devemos orar sobre aquilo de que temos total certeza que Deus nos vai atender e sobre aquilo que Ele quer e isto só conseguem aqueles que oram estando em Espírito. É pelo Espírito que conseguimos não somente discernir o que Deus quer, mas, é a única maneira de o alcançarmos. "Orando (...) no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança...", Ef.6:18; "Orando no Espírito Santo...", Judas 1:20. Existe outra questão: o alvo da oração não pode ter nada que impeça essa oração: "Orando (...) no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos", Ef.6:18; "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios", 1Tim.5:22. Não é apenas quem ora que deve estar limpo, mas, dependendo da oração que se faça, a outra pessoa não pode ter nada que possa impedir essa oração de ser atendida. Existe ainda outra questão importante. Existem pessoas santas com quem alguém pode não conviver usualmente ou com quem não costuma ter sintonia sendo essa pessoa santa. Torna-se necessário poder orar por qualquer um com o mesmo coração e amor e não apenas por aqueles que nos são mais chegados porque todos são amados de Deus e chegados a Ele. Estamos perseguindo e tentando alcançar aquilo que Deus mais deseja e não somente aqueles que estão próximos do nosso coração. Desde que sejam chegados a Deus, devemos poder orar por eles com a mesma perseverança e súplica porque buscamos tudo e somente aquilo que é querido para Deus. É Ele quem deve sair glorificado pelas nossas orações e não as nossas preferências.

  490. "Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado", João 16:9-11. As pessoas só são convencidas do pecado tendo pecado. Ora, a fé extermina o pecado, logo, não crendo da maneira que devem, o pecado permanece e serão convencidas dele por não haverem crido. "Morrereis em vossos pecados se não crerdes que eu sou", João 8:24. Esse é um dos pontos, isto é, a razão principal para serem convictos de pecado se não crêem. O segundo ponto: É interessante ver que somos convencidos da justiça na vinda do Espírito Santo. Isto é, a pessoa não foi justa e não tem qualquer experiência de ser verdadeiramente justa. Pensar que é justo e ser verdadeiramente justo são coisas muitos distintas e inteiramente diferentes, pois, qualquer pecador acredita ser justo e qualquer santo assume-se como pecador. E tem mais: era preciso Jesus sair do meio carnal para que tudo isso acontecesse. A fé dos apóstolos antes de Pentecostes era uma fé de vista e de aproximação carnal. Era necessário deixar de ser assim. E o choque da morte de Jesus operou dentro deles nessa direção. Com a vinda do Espírito Santo passou a ser uma fé verdadeira desde o coração, tornando-se a essência de todos os limpos de coração. "Bem aventurados os limpos de coração porque eles verão Deus", Mat.5:8. E também é interessante verificar que o diabo já foi julgado e, contudo, ainda anda por aí. É necessário que o Juízo seja primeiramente exercido sobre o pecado em si para que se salvem (dos seus pecados) alguns daqueles que aceitam o poder de Deus para poderem viver sem eles.

  491. "Agora, não têm desculpa do seu pecado", João 15:22. O discurso preferido de qualquer pecador é desculpar o pecado. Gosta de desculpar-se e de 'entender' o pecado, o que significa aceitar, viver e conviver com ele. Mas, com Jesus à porta, deixou de haver desculpa para o pecado pois "Ele salva seu povo de seus pecados", Mat.1:21.

  492. "E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio", João 15:27. É muito fácil entender mal ou não entender sequer este versículo. "Testificareis" está na forma futura. Isto é, algo aconteceria no futuro próximo que levaria todos os discípulos a uma experiência real da qual poderiam testemunhar, revelar, manifestar e testificar do que é celestial. E isso aconteceria porque eles permaneceram com Cristo desde o princípio sem nunca o haver abandonado pelo meio das tribulações e provações severas de perseguição. A palavra testificar vem de "teste", isto é, testar, experimentar e viver a experiência pessoalmente. Hoje, testemunhar é entendido de maneira diferente. Hoje testemunha-se daquilo que se ouve ou ouviu, daquilo que se acredita e não daquilo que se vê e experimenta.

  493. As igrejas de hoje estimulam a criação de anticristos: criam semelhanças de crentes através de suas doutrinas. Esse é o perigo que existe quando as pessoas aprendem a doutrina sem nunca haverem alcançado a verdadeira vida eterna, isto é, aquela vida constante, permanente, abundante e sem altos e baixos. Isso estimula e cria crentes de aparência. Cada semente gera aquilo que lhe é próprio. Um falso crente é um anticristo. Anticristo não é apenas aquele que se opõe a Cristo e à verdade, mas, é aquele que se parece com Cristo e se esforça para assemelhar com Ele ou com o cristão verdadeiro e cujo testemunho de vida prática operam contra Deus. O inimigo mais eficaz é e será sempre aquele que se assemelha ao seu inimigo. A inimizade mais eficaz é aquela que se assemelha ao amor. Por isso é que criar semelhanças do que há no céu é tão perigoso e tão condenável.  

  494. Quem andou nas trevas aprendeu a viver escondido e criou hábitos de vida relacionados com as suas trevas. Os cegos não apenas deixaram de ver, mas, criaram hábitos de orientação, percepção e de vida que não são em nada iguais aos das pessoas que vêem bem. Logo, entrando para a luz, tudo precisa fazer-se novo e os novos hábitos e a nova conduta precisam ser assimilados. Já não podem andar apalpando seu caminho e orientando-se apenas pelos sons. Na vida espiritual, quem aprendeu a viver nas trevas aprendeu a esconder, a encobrir, a disfarçar, a minimizar a culpabilidade do pecado ou do próprio e a esconder-se. A coisa mais encoberta de qualquer pessoa é o seu íntimo. Quando a pessoa deixa de se encobrir e de falar sobre ele próprio ou por ele, o seu íntimo torna-se visível porque a pessoa é transparente. O íntimo de qualquer pessoa é a coisa mais escondida e mais dissimulada de alguém. A pessoa verdadeira não o esconde por nada deste mundo. Isso é o mesmo que ter verdade desde o nosso íntimo: é sermos quem somos de verdade e nunca assumirmos qualquer outro tipo de posturas. "Eis que amas a verdade no íntimo", Sal.51:6.

  495. Ninguém pode amar quem não conhece ou quem não viu. Do mesmo modo, não pode odiar quem não viu. Só quem tem conhecimento do bem e do mal pode verdadeiramente amar o bem e odiar o mal e vice-versa. E como as pessoas estão continuamente num estado de inimizade contra Deus, isso mostra que Deus luta com elas desde sempre. "O que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou", Rom.1:19.

  496. Aquilo que muita gente busca é que Deus os guie andando nas trevas. Não querem sair das trevas e querem que Deus os guie nelas - não para fora delas. E quando estão na luz, os menos espirituais não sentem a necessidade de serem guiados.

  497. "Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito", Ap.5:3,4. João viu coisas extraordinárias como, provavelmente, nunca alguém as viu. Nada disso o impressionou a ponto de não atender à imensa tristeza de não poder abrir o livro e de não ser achado digno de o fazer. Muitos diriam que deve ser assim mesmo, isto é, ninguém deve ter esse privilégio a não ser Deus. Esse tipo de falsa humildade e sua doutrina é uma de desculparem seus próprios pecados. João desejava o supremo e é por essa razão que era tão amado de Jesus. Por essa razão era tão especial para Jesus. Ficou extremamente triste por não poder abrir os livros e por não haver ninguém para fazê-lo. A sua tristeza maior era de não haver alguém capaz de alcançar a vontade de Deus.

  498. Quem se envaidece por ser belo e quem se entristece por se achar feio têm um e o mesmo pecado. O pecado existe quando se pensam ou pensamos demais de nós próprios; ou quando apenas desejamos pensar; ou que pensem mais de nós mesmos. Da mesma maneira que desejar uma mulher já é adultério, desse mesmo modo qualquer um que deseja poder pensar demais de si próprio transgride pelo orgulho.

  499. "E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Se admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior", 1 João 5:6,9. Ora, aqui está. Embora reconheça que João está falando para pessoas que alcançaram uma vida de plenitude, os quais conseguem manter o testemunho de Deus acima de todos os outros testemunhos, nada disto deixa de ser verdade em qualquer pessoa. Os crentes que andam mal não aceitam o testemunho de Deus porque é contra eles. A partir daí tornam-se um alvo fácil da opinião dos homens. Ser vulnerável perante a opinião dos homens é uma forma de escravatura. Tal pessoa não é liberta e o Filho não a libertou. O mesmo se pode afirmar de qualquer ímpio mundano. Existem pessoas vulneráveis à opinião pública e, por serem vulneráveis, obtém uma noção deturpada da santidade, pois, têm como santidade aquilo que é capaz de agradar pessoas. Logo, tentam conciliar seu andar com essa visão torpe. E é de esperar que, assim, nada funcione como deveria funcionar. Isto é o que acontece com aqueles que, além de admitirem o testemunho de homens, têm esse testemunho em estima igual ou maior que o de Deus. Tenhamos em conta que o único testemunho verdadeiro é e será sempre aquele que Deus dá. "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus", Rom.8:16. Se sou eu ou qualquer outro carnal quem testifica de mim, meu testemunho é falso ou falsificado. Não precisamos rejeitar pessoas para rejeitar seus testemunhos, sejam estes acerca de nós ou de qualquer outra coisa e não precisamos aceitar seus testemunhos para aceitarmos pessoas, para que possam entrar na porta estreita que é Cristo e para que a nossa aceitação não se torne uma forma de evitarem a entrada na porta estreita. A nossa aceitação de pessoas não faz com que entrem na porta estreita e a nossa rejeição não fará com que rejeitem Deus. As razões para isso acontecer encontram-se escondidas na profundidade dos corações dos homens. O tipo de coração que têm é que determina se aceitam ou se rejeitam a verdade.

  500. Se sua fé for pequena ou falsa, seus pecados serão como insistentes parasitas que não morrem. É esse o sinal que sua fé é falsa: quando não vence qualquer um de seus pecados. "Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé", 1João 5:4.

  501. "Andai enquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem, pois, quem anda nas trevas não sabe para onde vai", João 12:35. O segredo duma vida cristã consiste em andar ou não andar. "Andai na luz" e, a mesma palavra é usada em relação às trevas: "quem anda nas trevas (não sabe para onde vai)". Isto é, quem não fica parado estando nas trevas não sabe para onde vai. E quem não anda tendo luz não vai a lado nenhum. Ora, se não temos luz e nos deparamos com trevas em nosso caminho ou vida, não devemos andar. Se andarmos, nunca saberemos para onde vamos. Devemos parar para alcançar luz antes de dar qualquer passo. "Aquietai-vos e sabei que sou Deus", Sal.46:10. Havendo alcançado essa luz (ou ela havendo-nos alcançado), devemos aprender mais uma coisa, tendo a necessidade dessa aprendizagem em alta consideração como dever inegociável e inquestionável: andar através do poder da graça e não confiar minimamente em qualquer capacidade carnal. A carne sabe andar estando em trevas. A carne tem as suas capacidades e sabe andar, mas, seus feitos não servem para o reino dos céus e seu serviço não é aceite no templo de Deus. Você é ou deveria ser o templo de Deus onde a carne não deveria poder servir usando as capacidades que tem. Não se pode andar na luz da maneira que se andaria nas trevas, usando os mesmos métodos e o mesmo tipo de poder. Um pecador sempre andou ou tentou andar. Mas, fá-lo em suas trevas. Ele sabe andar (em trevas) e não sabe ficar parado. Não existe pecador que fique parado e que não ande enquanto se encontra nas trevas. "Os perversos são como o mar agitado que não se pode aquietar", Is.57:20. Com a aparição da luz assusta-se e fica estagnado porque não sabe andar na luz. E é preciso que aprenda a andar na luz e recomece a andar, dando seus primeiros passos fora das trevas e penetrando cada vez mais na luz intensa de Cristo - algo que nunca fez ou nunca soube fazer. Mas, também precisa desaprender a andar no escuro. "Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz", João 11:9,10. São duas as coisas que devemos aprender: andar na luz e ficar parados nas trevas. E ambas as coisas precisam ser aprendidas e praticadas até se tornarem vida prática e intuitiva.

  502. Por norma, todas as pessoas querem ser guiadas sob as trevas porque ali acreditam que precisam duma luz guiadora. E logo que alcançam luz não vêm qual a necessidade de serem guiadas. Sob a luz querem continuar a usar os meios e os mecanismos das trevas, mantendo um caminhar carnal. Não enxergam qualquer razão para serem guiadas vendo à custa da sua luz precária. Confiam neles próprios. E é assim que a carne começa a servir no Templo de Deus. Também podemos concluir que, sendo guiados somente quando estiverem nas trevas, não desejam abandonar a falsa prosperidade do pecado, o falso prazer duma vida pecaminosa e desonesta para com Deus e traidora para com Suas palavras. O seu maior desejo é serem guiados nas trevas e, em alternativa, continuar a usar os seus meios carnais caso obtenham qualquer tipo de luz.

  503. "Todas essas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta", Ef.5:13. Não é a luz que condena as obras e os pecados. A luz não condena, mas, revela e torna visível. A visibilidade dos pecados é que os mostra como são, isto é, revela como são condenáveis e detestáveis. E é esse ato de colocar na luz que é capas de exterminar o pecado do coração. Não é culpa da luz que esses pecados existem. A luz apenas revela o que já existe nas trevas, no obscuro e na invisibilidade. Além do mais, todos os pecados são condenados à morte por causa da sua incompatibilidade com a luz e não por causa da luz. O pecado não sobrevive em quem decide permanecer na luz e permanece. A condenação mortal é um efeito da luz, visibilidade do pecado e transparência do coração e não uma ação da luz - é um efeito, uma consequência. Imagine um quarto escuro onde existem baratas, teias de aranha e lixo que não se vê por estar escuro. Quando a luz aparece, não a podemos culpar das coisas que se tornam visíveis.

  504. Normalmente, todos nós, ao falarmos da verdade, comentamos que devemos falar a verdade. E assim deve ser. Contudo, as Escrituras falam em "praticar a verdade", 1João1:6. A verdade é uma forma prática de estar na vida, é sermos verdadeiros e genuínos. Precisamos ser a própria verdade de forma prática. Quem pratica a verdade, também fala a verdade. Mas, quem fala a verdade nem sempre pratica a verdade.

  505. "Não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus", João 12:42,43. É interessante ver duas coisas: que a Sinagoga era glória de homem e lugar de homem; e que amando mais a glória de homem pode nunca impedir de mentir para nós mesmos fazendo-nos crer que, ainda assim, continuamos sendo crentes.  Não podemos permitir que sejamos enganados, nem por nós próprios e nem por nenhuma razão ou por quaisquer meios. "Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?", João 5:44.

  506. "Quem Me vê a Mim vê Aquele que me enviou", João 12:45. As pessoas a quem Jesus se dirigiu viam-no. Mas, Jesus afirmava que não o viam porque não viam n'Ele o Pai. Muitas pessoas têm uma imagem errada de Cristo, uma ideia de como Ele é ou deveria ser. E quando o verdadeiro não corresponde a essa imagem é tido como falso. Ao contrário do verdadeiro, a imagem não se mexe, não fala, não age. Basta Jesus deixar de ser uma imagem e uma imaginação para nunca ser aceite. Logo, abre-se caminho para que os falsos sejam aceites como verdadeiros. Todas as pessoas têm uma certa imagem de Deus. Têm-na porque andam desviados do verdadeiro. Não existe ninguém que nunca tenha tido, obtido ou criado uma imagem de Deus em sua mente e imaginação. "Eu sou a luz que vim ao mundo", João 12:46. Ora, a luz revela, manifesta e expõe tudo aquilo que não se vê nas trevas, seja bom ou mau. Não existem pessoas neste mundo que gostem de andar expostas e transparentes porque suas obras são más (João 3:20,21). E Cristo veio precisamente "para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas". Pense bem antes de pedir para estar na presença de Cristo ou em Sua luz. Muitas orações não são ouvidas porque aquilo que a pessoa pede, diz ou expressa não corresponde ao verdadeiro significado que Deus lhe dá. "Pois, qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos para ver se tem com que a acabar?" Luc.14:28.

  507. "Se alguém me serve, siga-me", João 12:26. Muitas pessoas sinceras acreditam que servir Jesus é o auge do seu chamado. Mas, não é, pois, por estas palavras podemos deduzir que há os que servem Jesus e não o seguem. Ainda que tais pessoas possam ser honradas pelo Pai por servirem Jesus, o perigo de não estar com Jesus é real e existe. "Se alguém me serve, siga-me; e, onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará". Seguir Jesus pode levar a servir, mas, servir pode nunca terminar em segui-Lo.

  508. "Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte", João 6:15. Todos os que querem forçar Jesus a ser rei enganam-se a eles próprios em muitos sentidos. Jesus já é rei. Mas, não é rei da carne, não pode sê-lo e nem deseja sê-lo. Os que desejam torna-lo rei esquecem que Ele já é rei e que, na verdade, são eles quem se devem submeter. Antes, desejam exaltá-lo sobre a carne porque Ele não reina sobre ela. Ele recusa e rejeita reinar sobre ela. Ponto final. Deveriam submeter-se ao Rei dos reis que já é rei sobre tudo que é espiritual. Quem quer torná-lo rei à força não deseja submeter-se ao Espírito e ao espiritual. Muitos desejam que Jesus se torne rei do seu mundo, do orgulho e da carne e não desejam submeter-se ao mundo espiritual da humildade onde Jesus já reina - para sempre e sempre. "Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, humilde e assentado sobre uma jumenta e sobre um jumentinho, filho de animal de carga", Mat.21:5.

  509. A função duma boa doutrina é levar a pessoa a um bom fim. A doutrina não é e nunca será a finalidade ou um fim em si mesmo, mas, um instrumento, um mecanismo ou um meio. Cada doutrina tem a sua funcionalidade e um objectivo para alcançar. A doutrina verdadeira é um mecanismo e não um fim. A partir do momento que esse alvo é alcançado, a doutrina torna-se obsoleta e impraticável. É como uma ogiva que lança seu foguete e deixa de ter utilidade após haver cumprido a sua missão. Além do mais, as pessoas que vão numa aeronave não se sentam no foguete. Caso se sentassem, morreriam juntamente com ela. Ora, sempre que a doutrina é colocada como alvo, como destino ou como objectivo final torna-se uma ameaça e não mais um instrumento - seja essa doutrina boa ou má. "Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus. E isso faremos, se Deus o permitir", Heb.6:1-3.

  510. "E ninguém, tendo bebido o velho, quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho", Luc.5:39. Esta é uma das razões por que as pessoas que já são crentes são difíceis de converter verdadeiramente. Se alguém já se considera 'convertido' por que razão desejaria converter-se ou por que razão estenderia sua mão para alcançar os meios da graça para alcançar a sua conversão? Aquele que bebe doutrina falsa ou bebe doutrina verdadeira que não dá frutos pode levar muito tempo até beber da verdadeira água viva. É mais fácil trazer uma pessoa do mundo para águas vivas do que alguém que já é crente, pastor ou teólogo.

  511. "A Sua palavra não permanece em vós, porque naquele que Ele enviou não credes vós", João 5:38. Por vezes, as pessoas tentam, mas, não conseguem cumprir aquilo que entendem. É uma forma de não conseguir que a Palavra permaneça em alguém. Permanecer significa torná-la a nossa vida prática de forma exclusiva, espontânea e imperial. Ora, se algo separar qualquer pessoa de Deus, é óbvio que a dependência de Deus é impossível. E sem Ele nada (celestial) conseguiremos. Estando em comunhão com Ele - que é a própria vida eterna - conseguimos crer para que o pão do dia-a-dia frutifique e permaneça uma realidade possível e acessível. Se não juntarmos o conhecimento da palavra com a vida que lhe dá força prática, é tudo em vão, pois, falaremos duma coisa e faremos outra. Isso significa que a palavra não permanece em nós e fica apenas flutuando na nossa imaginação e nos nossos desejos permanecendo distante da nossa vida prática. A Palavra não é apenas o que entendemos dela. Jesus deve tornar-se a própria Palavra para nós, pois, Ele também é a Palavra. O verbo é Ele em presença real. Sem Sua presença, tudo que sabemos nunca significará qualquer coisa para nós.

  512. "Todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas", João 3:20. Todas as coisas têm seus efeitos e consequências. Já viu alguém que não suporta ser reprovado e que contra-ataca por tudo e por nada? É sinal que não anda na luz e aborrece-a, isto é, contraria-a. É aquele que tenta corrigir ou engaqnar a luz. A sua vida prática revela aquilo que é verdadeiramente e mostra se vive nas trevas ou na luz.

  513. "Para se receber a instrução do entendimento...", Prov.1:3. Muitos não sabem qual a função do entendimento em todo o contexto da vida Cristã. Em primeiro lugar, devemos ter vida verdadeira, eterna, constante e abundante dentro de nós. O entendimento será servo dessa vida, será um instrutor dos passos que essa vida dá - nunca um dominador dos passos. Nunca substituirá a vida. A sabedoria será um mero instrutor e servo. A vida verdadeira é que será a luz dos homens. "Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens", João 1:4. Quem não a tem, anda em trevas e o entendimento será, então, servo das trevas. E é aí onde a teimosia e a obstinação começam.

  514. "O louco fala loucamente, o seu coração pratica a iniquidade, para usar de hipocrisia e para proferir erros contra o Senhor", Is.32:6. Existe diferença entre dizer que os loucos praticam a iniquidade e dizer que os que praticam a iniquidade são loucos. Segundo a interpretação desta porção das Escrituras, os que praticam a iniquidade são os verdadeiros loucos. Também, quando se afirma que profere erros contra o Senhor, não significa que fala mal de Deus, mas, que comete erros que operam contra Deus. Fala de Deus - e até pode falar muito bem d'Ele. Contudo, são os seus erros, vida e crenças que operam contra Deus na sua forma prática.

  515. A verdadeira fé e a rendição andam sempre lado a lado. É, na verdade, duma rendição que se trata no verdadeiro sentido da palavra, uma rendição total, incondicional, inquestionável e irrevogável. A fé é obediência que se rende à Palavra de Deus. Muitos crêem que a fé é a forma de alcançar coisas, quando na verdade, pode tratar-se dum abrir mão de certas coisas - ou de todas as coisas. Entregam-se as armas da carne, as soluções, ideias, desejos, aspirações e pensamentos comuns dos mortais para se acertar o passo com uma realidade até então desconhecida em sua forma prática e de valor eterno, inquestionavelmente superior e diferente. Quando Deus enviou a Assíria para destruir Israel, vemos como Ele trabalhou nos corações e falou para que os Israelitas se rendessem aos Assírios para poderem salvar suas vidas. Seria um ato de fé, um passo no escuro e na direção certa crendo em Deus. Mas, esse passo na 'escuridão' seria um enorme passo na luz de Deus. Uns, contudo, resolveram fugir para o Egipto e para a Etiópia, buscando refugio e apoio carnal por lá. Temeram muito os Assírios por causa das atrocidades que eram capazes de cometer. A maioria dos líderes e estudiosos de Israel nunca aceitou tal solução sendo eles descendentes de Abraão, os quais tinham como Deus o Todo Poderoso e único Deus. Para eles, o ato de fé seria poderem vencer os Assírios. A rendição seria algo contra natura e contra a corrente de suas aspirações e crenças. Seria algo impensável. Para eles a fé não era obediência ao que Deus dizia, mas, seria a formula para conseguirem o que queriam. Eram os falsos pregadores da prosperidade daquela época. Por essa razão, também, crucificaram Cristo, pois, esperavam outro tipo de Messias, um que não fosse desprezado e de quem os inimigos fizessem caso e do qual os amigos não virassem o rosto, Is.53:3. Você não costuma virar o rosto para a vontade de Deus, desprezando aquilo que lhe cabe pela providência d'Ele? A fé é uma entrega total, ativa e alegre à vontade expressa de Deus trabalhando mesmo com entusiasmo em prol dela. Seja qual for essa vontade, a fé opera nesse sentido, cooperando e até lutando por ela. "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação", Hab.3:17,18. O que conta é a salvação - é que alcancemos essa pureza sendo salvos de cada um de nossos muitos pecados. E não existe salvação de qualquer pecado sem uma rendição e sem uma conciliação total e incondicional com a vontade de Deus.

  516. "Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda", Prov.3:9. Honrar Deus com toda a nossa fazenda significa muito mais que dar a Deus e a quem precisa. O pior acontece com aquilo que sobra para nós, pois, podemos ser libertinos a ponto de gastarmos o que sobra em coisas fúteis para o céu.

  517. "Reconhece-o em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas", Prov.3:6. Existem muitas más interpretações deste versículo. Muitos pensam tratar-se daquela linguagem supostamente evangélica onde as pessoas precisam afirmar coisas cujo conteúdo não experimentam. Afirmam acreditando virem a experimentar se afirmarem, sendo uma falsidade sonhadora de seus corações. A verdadeira palavra da fé é mais uma de confirmação do que de afirmação. A fé vem pela Vida e não é a vida que vem pela fé. É por aí que começam muitos dos caminhos do erro. Para alguém poder reconhecer, é preciso haver conhecido. Só reconhece quem conhece. Existem pessoas que conhecem Deus verdadeiramente em todos os caminhos de sua vida interior e exterior. Mas, como a graça opera pelo homem e usa-o, fica parecendo que o operar vem do homem. Logo, torna-se difícil alguém, em sua sinceridade, reconhecer Deus naquilo que ele próprio faz e alcança. Através da observação e da humildade, contudo, é muito fácil comprovar, ver e reconhecer Deus operando quando é Ele quem opera verdadeiramente. Pode não ser Ele, mas, quando é, Ele deve ser reconhecido. A verdade acima de tudo. Essa foi uma das grandes lutas de Jesus. Os discípulos conheceram-no, mas, a grande luta de Jesus foi que reconhecessem que Jesus era aquilo que era e que veio de onde veio sem que estivessem fingindo. "O fim do mandamento é (...) uma fé não fingida", 1Tim.1:5; 2Tim.2:5. "Agora (e não antes), já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti (...) têm verdadeiramente conhecido que saí de ti e creram que me enviaste", João 17:8. Sei que existem os faladores que vivem longe de Deus e atribuem a Deus tudo o que lhes acontece. Fazem-no como fariam aqueles que supõem as coisas. Qualquer um pode supor qualquer coisa e pode mesmo supor a verdade. A verdade que não conhecem e não experimentam de forma real começa a tornar-se uma suposição. Os discípulos chegaram ao ponto de poderem reconhecer a verdade através dum coração verdadeiro. "O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (...) (porque a vida foi manifestada e nós a vimos, testificamos dela e vos anunciamos a vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada); o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo", 1João 1:1-3. Muitos podem reconhecer sem serem verdadeiros. Se reconhecem sem serem verdadeiros mentem sobre a verdade - mentem com a verdade na boca. Mas, este versículo não se refere a esses e antes àqueles que conhecem Deus verdadeiramente e cujos caminhos estão verdadeiramente nas mãos de Deus por via duma entrega voluntária e através duma rendição total, onde acontece uma troca de armas e uma troca de lados como se duma troca de exército se tratasse num verdadeiro cenário de guerra. Na verdade, a pessoa que se rende a Deus não é apenas um desertor rendido, mas, torna-se alguém que troca de lado e pega nas armas da luz para se confrontar com aquilo que antes defendia acerrimamente. É mais que um traidor da carne e do pecado. É essa pessoa que começa a lidar com Deus de forma real, experimentando a presença de Deus em toda a sua existência. São esses que devem ter o cuidado de reconhecer Deus em todos os seus caminhos por se tratar dum fato e duma verdade incontestável. Esse reconhecimento torna-se necessário tanto quando estamos sendo corrigidos como quando estamos sendo usados. Os que são corrigidos podem não se dar conta que é Deus quem os está corrigindo por desejarem coisas diferentes e podem achar-se resistindo Deus sem se darem conta. "Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua repreensão (...) Pega-te à correção e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida", Prov.3:11; 4:13. Nos que são usados, a tentação pode surgir para que se sintam poderosos e consumados, estando a um passo do orgulho pessoal por algo que é Deus quem vem alcançando. Por essa razão, o versículo seguinte conclui: "Não sejas sábio a teus próprios olhos, teme a Deus...", Prov.3:7. Reconhecer Deus pode ser levado para muitas outras áreas de toda a nossa existência. Pode acontecer alguém ser perseguido pela fé e ter medo de reconhecer Deus abertamente para evitar consequências carnalmente piores. Mas, seja de que maneira for, o princípio da verdade precisa manter-se intacto: aquilo que dizemos e afirmamos deve ser uma constatação da verdade (realidade) partindo dum coração verdadeiro. "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas, isto é para que se manifestasse que não são todos de nós", 1João 2:19.

  518. "Eis que amas a verdade no íntimo", Sal.51:6. A verdade de Deus não pode andar somente na boca, em livros e leitura, em estudos ou estudiosos, ou viajar de boca em boca para coçar ouvidos, mas, tem de achar alojamento permanente no íntimo. O íntimo de cada pessoa é o lugar mais protegido e mais fechado de cada ser. Quase ninguém gosta de revelar seu íntimo desde que Adão pecou porque tem a intuição de protegê-lo de algum acesso de terceiros. E Deus costuma ser um terceiro do íntimo de cada um. Isto é, a verdade dificilmente se aloja lá e raramente tem acesso a ele (ao íntimo). Logo, quando a verdade de Deus deixa de ser um terceiro para passar a dominar aquilo que é mais protegido pelo homem e é o mais secreto que existe dentro de toda a criatura, o homem transforma-se porque está exposto (anda na luz) e entra nas graças de Deus. Deus ama a verdade no íntimo, isto é, quando a acha lá Deus conviverá com os tais intimamente. Ora, para que a verdade tenha como achar poiso no íntimo da criatura, é preciso que o íntimo se torne verdadeiro. A verdade só acha lugar onde não possa ser incomodada ou contrariada. A verdade precisa dum verdadeiro para se alojar. "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?", Amos 3:3. "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto", Sal.51:10.

  519. "Os que exultam com a Minha majestade", Is.13:3. Há mais nestas palavras que aquilo que o crente normal ou crente moral pode entender. Entendem menos do que devem porque assumem que já sabem o que não sabem e não olham para um Deus a quem pertence todo aquele domínio que muitos desejam ter para eles. Vamos por partes. Deus é majestoso e a Ele pertence todo o domínio. Já é assim, quer lhe demos essa glória ou não. Contudo, isso não significa que os homens já não detenham aquilo que não lhes pertence e pertence a Deus. Podem, também, crer que o que sabem fazer é proveniente deles próprios e não de Deus. "Pois, o seu Deus assim o instrui devidamente e o ensina", Is.28:26. Ainda existem ladrões e enganados que roubam alguma glória de Deus. O homem prefere controlar os próprios caminhos, estando no controle de suas próprias rédeas e ações. Para o carnal que se torna crente, o momento de entrega desse domínio a Deus - desde que seja uma entrega voluntariosa, permanente e de coração - pode tornar-se um momento de enorme tristeza, de incerteza carnal e de luta feroz. Mas, o homem verdadeiramente espiritual alegra-se com essa majestade quando ela passa a pertencer a Deus em sua forma prática. Esses são capazes de exultar com essa majestade.

  520. Qualquer pessoa que se sinta culpada diante de Deus fica sempre com aquela sensação de lhe faltar a fé depois de haver sido verdadeiramente perdoada e a ousadia de se aproximar de Deus com o intuito ou a certeza de vir a ser atendido fica mancando. Eu creio que se trata dum sentimento carnal e não espiritual, o qual perdura após o perdão haver sido verdadeiramente outorgado. Não podemos servir a carne dessa maneira. Ora, vejamos o inverso, isto é, alguém que se sente limpo e tem aquela ousadia e certeza de que irá ser ouvido por estar limpo. É verdade que se não nos limparmos não seremos ouvidos acerca de mais nada além de alcançar essa limpeza. Mas, não podemos estar perante um sentimento de fariseu, o qual também é carnal, de confiar em nossa limpeza. Confiar nela não é e nunca será o mesmo que confiar em Jesus exclusivamente de todo coração. Há que conciliar as duas coisas em nosso coração: estar limpo e confiar em Jesus.

  521. "Não tragam mais as vossas ofertas debalde", Is.1:13. Precisamos perceber quando é que as ofertas, dízimos, orações e tudo o que hoje se diz ser cultuar é feito em vão. Isto é, quando é que são coisas que não alcançam os efeitos desejados. Nessas circunstâncias, será sempre melhor ficar quieto e não fazer nada (para não provocar Deus à ira) ou, então, buscar limpar-se de tudo que possa contaminar qualquer tipo de oferta. "Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração?", At.5:4. Deus não se corrompe aceitando ofertas de corações hipócritas. Se não aceitou a oferta de Caim, poderá não aceitar de qualquer um de nós. Os homens vão sempre preferir dar daquilo que têm do que dar-se a si próprios, reconhecendo e confessando seus pecados para que possam tornar-se sacrifícios vivos. Um sacrifício vivo não é um sacrifício morto pelo pecado. Existem duas maneiras de se cultuar em vão, isto é, sem alcançar os frutos que Deus exige que consigamos alcançar, sendo que esses frutos só chegam através do poder e da bênção de Deus. Uma delas é estarmos em pecado tentando agradar Deus com ofertas e sacrifícios - o que provoca Deus à ira contra uma pessoa, contra um povo e até mesmo contra uma nação. "É para Mim abominação a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento solene", Is.1:13. A outra é financiada pelas experiências anteriores de falta de fruto. Deixem-me explicar. A pessoa limpa-se de todos os seus pecados, mas, como até ali nunca acreditou verdadeiramente que isso impedia as orações e impedia de ser aceite e atendido por Deus, o acumular de experiências sem fruto anteriores levam a que a certeza esteja enferma e, consequentemente, se acenda o fogo de Deus em vão e se abandone o posto de vigia, de espera e de esperança viva. Não espera em Deus com expectativa e não leva seus pedidos a sério quando demoram ou porque se revê em experiências infrutíferas antigas de quando ainda andava em pecado e orava em vão. A cada um é dado conforme a sua fé. "Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar?" Mal.1:10. "Sobre a minha guarda estarei, sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver Aquele que fala comigo", Hab.2:1.

  522. Existem provocações e tentações que estimulam a rebeldia. Contudo, existe uma humildade falsa que aparenta ser obediência e não é. Se não é obediência, é rebeldia - ainda que aparente ser obediência. E se isso é verdade, existe uma rebeldia falsa, isto é, uma rebeldia que não é rebeldia contra Deus. Lembre-se que qualquer santo é considerado um traidor pelo pecado e pelo mundo. Os que ainda são mundanos, crentes ou não, tal como o mundo em geral, sentir-se-á extremamente desapontado e desgostoso com qualquer santo a ponto de agir contra ele. No entanto, aquilo que Deus considera rebeldia é um pecado tão grave quanto a feitiçaria ou a idolatria, 1Sam.15:22. Ora, existem muitas formas de rebeldia e de obstinação. A mais comum é aquela que não espera em Deus ou que não espera pacientemente com Deus. Esperar com impaciência não é esperar pacientemente. Saul não conseguiu esperar por Samuel até ao último minuto, ainda que Samuel lhe tenha dito uma só vez um ano antes: "Tu, porém, descerás diante de mim a Gilgal e eis que eu descerei a ti para sacrificar holocaustos e para oferecer ofertas pacíficas; ali, sete dias esperarás, até que eu venha a ti e te declare o que hás de fazer", 1Sam.10:8. Ele esperou sete dias, mas, desistiu de esperar no finalzinho do último dia. Deus disse-lhe que seu pecado era rebeldia e que era igual à feitiçaria ou idolatria, 1Sam.15:22,23. Morreu na praia após haver superado o alto mar e, por essa razão, o reino foi-lhe retirado e dado a Davi. Logo, a preocupação que induz a pegar nas rédeas de qualquer das nossas circunstâncias pelas próprias mãos é uma das muitas provocações e incitações à rebeldia. Se Deus falar sobre alguma coisa, devemos esperar; se entregamos algo nas mãos fiéis de Deus, devemos esperar. E o esperar não deve ser vazio, pois, a expectativa e a verdadeira certeza da esperança fazem parte da palavra "esperar" em Deus. E, quanto maior for a expectativa, tanto mais fácil será esperar até ao fim.

  523. "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam", Sal.127:1. Por vezes, parece que este versículo iliba quem trabalha e não tem sucesso. Mas, é da responsabilidade de quem trabalha andar bem com Deus, achá-lo em suas orações e achar o poder da graça para executar somente através dela, isto é, pela graça e seu poder de forma exclusiva. A carne tem as suas capacidades. Achar Deus enquanto se edifica é uma responsabilidade - muito acima de ser um privilégio. Que ninguém se atreva a edificar sem Ele ou sem estar bem com Ele, não tendo toda a sua existência colocada em ordem e correndo o risco de construir sem Deus e, consequentemente, em vão. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23.

  524. "Eu sou devedor...", Rom.1:14. Conheço alguém que devia e cujo coração se lamentava dia e noite por estar devendo a algumas pessoas e não conseguia pagar. No dia que conseguiu pagar uma das dívidas por inteiro, sentiu um alívio enorme e uma inexplicável leveza em seu coração. Foi como se um enorme peso lhe houvesse saído dos ombros. Pensando nisso, veio ao meu coração este versículo: "Eu sou devedor". Logo imaginei o que devo a Deus, toda a vasta obra que ainda não terminei e questionei-me a respeito disso. Quão pesada é a minha dívida. Se um devedor estiver cansado, não deixa de ser devedor por isso; se não tiver posses continua devendo; se lhe faltar graça para poder cumprir com suas obrigações, continua devendo e precisa achar essa graça. Um devedor só deixa de ser devedor quando morre ou quando sua dívida lhe é perdoada. O enorme peso duma dívida nunca deve ser menosprezado. É uma carga eterna. E todas as dívidas têm um prazo para serem liquidadas na íntegra.

  525. "E fez que era mau aos olhos do Senhor; todos os seus dias não se apartou dos pecados de Jeroboão", 2Reis 15:18. Os pecados de Jeroboão eram dois ídolos em Samaria que foram feitos com o intuito de impedir que os Samaritanos fossem adorar em Jerusalém. Ora, isto é mencionado acerca dum Rei de Samaria (Menáem) que degolou pessoas, abriu grávidas pelo meio e foi responsável por muitos crimes horrendos. Um desses crimes foi a conspiração que o levou a matar o rei existente, sendo que os reis em Israel deveriam ser apontados por Deus e não pela força da espada e derramamento de sangue. Apesar de todos estes crimes horrendos, vemos as Escrituras condenarem-no porque "todos os seus dias se não apartou dos pecados de Jeroboão". O pecado da idolatria é tão grave que se sobrepõe acima de todos os outros. Além do mais, leva a outros crimes, sendo a causa e raiz de muitos outros pecados horrendos. Esse homem, Manáem, seria condenado pelos crimes que cometeu, com toda a certeza. Contudo, as Escrituras destacam o crime da idolatria acima de todos os outros crimes hediondos que cometeu. Não se deve menosprezar a enormidade da culpa e da condenação do pecado da idolatria. Destaca-se acima de todos os demais pecados e crimes. Eu creio que leva a outros pecados e crimes. Lembre-se disso enquanto mantiver um ídolo em seu coração. Um ídolo no coração traz consigo outros crimes. Não existe ideologia idólatra que não tenha cometido crimes e pecados horrendos. "E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes", Rom.1:28.

  526. As pessoas instáveis e indecisas cometem alguns erros ou pecados cruciais/mortais. Mandam demais e sentem-se ultrajadas quando não são ouvidas. Agem assim porque querem pular o muro para dentro da paz mantendo a confiança própria. Sem essa confiança neles mesmos sentem-se perdidos quando deveriam sentir-se achados. E isso apenas contribui para uma maior instabilidade nelas porque tentam manter/assegurar seus pecados e nenhum pecado pode entrar pela porta, esteja ele confessado ou não. A falta de confiança verdadeira (e a presença de auto-confiança) leva a que se tornem mandões e busquem meios fraudulentos para se auto assegurarem. Outro erro é que perguntam muito o que devem fazer, principalmente a quem não sabe, pois, tais pessoas não são verdadeiramente uma ameaça à sua auto-confiança. Os que são iguais buscam-se mutuamente e encorajam-se entre eles. Buscam a atenção e o consolo uns dos outros. Uma pessoa hesitante e instável é capaz de confiar apenas nela própria na maioria das vezes e de preferência; e, também, é capaz de confiar em quem lhe é igual. E, muitas vezes e por razões inexplicáveis, evitam fazer perguntas a quem sabe mesmo. Por norma, qualquer hesitante é uma pessoa errada e só busca sentir-se apoiada e não busca estar verdadeiramente certa ou ser corrigida. Logo, a opinião boa de alguém que sabe verdadeiramente o que é certo, sendo eterno e constante, é uma provação aniquiladora daquela auto-confiança que busca ter. Ouvir tal pessoa cria conflitos no interior dos instáveis. Isso acontece com quem busca uma coisa e acha outra. Auto-confiança e confiança em Deus são coisas opostas e opõem-se uma à outra porque são inimigos mortais e incompatíveis. Por essas razões, haverá sempre problemas conflituosos entre essas pessoas e as que são estáveis, eternas e constantes, pois, os constantes e eternos tomam decisões certas que levam até ao fim e isso é um espírito ameaçador para quem é instável e busca apenas auto-confiança e não busca estar verdadeiramente certo. "Nós (...) não confiamos na carne", Fil.3:3. O instável é mandão para manter-se instável. Raramente se vê uma pessoa instável pedir uma opinião a uma pessoa decidida, com a eternidade alojada em seu interior, firmada na verdade e estável de espírito. Os instáveis concluem sempre que os estáveis (os seres eternos e constantes) são pessoas teimosas e obstinadas e que não ouvem os demais (neste caso, não os ouve a eles porque a simples atitude de quem tem a eternidade/estabilidade em seu interior destrói todo tipo de auto-confiança para sempre). Acusam-nos falsamente - acusam-nos duma falsidade que não têm.

  527. A fé consiste em que se creia que Deus existe e, também, que Ele é bom, Heb.11:6. Os mandamentos que Deus dá raramente explicam as razões por que Deus manda. Ora, quando Deus manda, podemos vê-lo como alguém que coloca muitas restrições ou, então, como alguém que tem excelentes razões para criar tais mandamentos. Os mandamentos de Deus não podem ser vistos como simples mandamentos, pois, são apenas e tão só a comida que alimenta o ser nascido de Deus. Os Seus mandamentos são comida para os que buscam a eternidade em seu interior. Se Deus não explica as razões, tem muito a ver com uma provocação à obediência inteligente, pois, cabe a quem é capaz de se tornar obediente ser colocado sob prova de fogo para que saiba que se Deus manda, existe uma boa razão para o fazer. O mesmo se aplica quando Deus dá ou tira. Deus não explica Suas razões por esse motivo, para que promova e alcance a fé em quem é obediente de coração. Apenas quem obedece verá quais as razões que Deus tem para colocar-nos sob mandamentos que não explica e que, muitas vezes, só se tornam claros após havermos alcançado um coração obediente e estável na verdade prática. Por isso é que aprendemos e obtemos conhecimento praticando a verdade e não apenas estudando.

  528. Uma pessoa errada que acha que tem razão irá ficar cada vez mais convencida a cada passo que dá contra Deus ou a cada dia que passa distante d'Ele, a não ser que volte depois de haver sido chamada à atenção. Ainda que rebata e se defenda, a chamada de atenção evitará que entre num ciclo de erro sem volta, escorregadio e, aparentemente, sem espinhos.

  529. Tudo o que se exalta opera contra Deus e contra o próprio porque não alcança Deus. Se não alcança Deus, não alcança vida porque Deus é vida. Usemos um exemplo. Antigamente, as pessoas cobriam-se de saco e cinza para se humilharem. Até mesmo o orgulhoso e idólatra rei Acabe se humilhou dessa maneira e foi aceite, 1Reis 21:29. Não era fácil um orgulhoso aparecer sujo de cinza e vestido de saco, sendo que a aparência é e sempre será a principal expressão do orgulho e da vaidade. Sendo a aparência o principal meio da vaidade e do orgulho, é de esperar que a humilhação comece por aí. Contudo, à medida que os anos foram passando, o saco e a cinza tornaram-se motivo de orgulho porque o povo era religioso. Da mesma maneira que os Fariseus oravam nas esquinas para serem vistos pelos homens, muitos praticavam o "saco e a cinza" com o intuito de serem vistos e apreciados. A partir desse momento, o vestir-se de saco e sujar-se de cinza deixou de obter o efeito desejado sobre a alma da pessoa. Tornou-se mais uma forma de exibição orgulhosa. Consequentemente, deixou de atrair a atenção de Deus para que respondesse às orações feitas nesse estado. O efeito da humilhação deixou de ser produzido e o "saco e cinza" começou a operar contra Deus e contra a alma. Hoje, podemos dizer o mesmo a respeito de muitas orações que são feitas onde se mostra que se sabe orar ou que alguém tem privilégios diante de Deus acima dos outros. Não fazem isso para serem ouvidos. Sendo vistos alcançam o que pretendem e já receberam o galardão pretendido, pois, serem atendidos não é o que pretendem. Essa forma de orar opera contra Deus. Muitos chegam a chorar e a gritar em oração para se mostrarem. Não será difícil concluir por que razões as igrejas se tornaram tão pobres espiritualmente. A única dúvida é se as igrejas oram assim por serem pobres espiritualmente, ou se se tornaram pobres porque oram assim - ou as duas coisas.

  530. "Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal", Prov.3:7. Não podemos ser nada a nossos próprios olhos porque não somos nada. Não podemos ser pastores a nossos olhos quando somos pastores, pois, deixaríamos de ser ovelhas de Jesus; não podemos ser santos e consumados a nossos próprios olhos, pois, deixaríamos de olhar para nós como pessoas salvas de nossos pecados, as quais vivem num mundo onde o pecado predomina e busca os desatentos e aqueles que não vigiam e oram em conformidade. Não sei bem como isso funciona, mas, segundo as Escrituras, "isso será remédio para o teu umbigo e medula para os teus ossos", Prov.3:8. Nada impede, contudo, de sermos verdadeiramente santos. Sejamos somente de Jesus. E nunca me posso sentir triste por não ser o nada que sou vendo-me por aquilo que sou. Isso poderá significar que Jesus é tudo. E não é fazendo nada que sou nada. Mesmo fazendo coisas grandiosas por/através de Jesus continuo sendo nada, pois se é Ele quem faz as obras verdadeiramente, nada sou além dum privilegiado que pode ver as grandiosas obras de Deus acontecendo. "Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer", Luc.17:10.

  531. "Confia ao Senhor as tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos", Prov.16:3. Isto não pode acontecer se meus pensamentos forem selvagens e desordenados de forma a que não possam ser pastoreados, coordenados e inspirados por Jesus. Não posso confiar as minhas obras ao Senhor se não houver confiado, também, todo o meu coração a Ele para que tenha como dirigir os meus pensamentos. Confiando as obras a Deus sem Lhe haver confiado todo meu coração também é sinónimo de falsidade e, na verdade, não confiei verdadeiramente as obras a Deus nos termos desta promessa, ainda mais quando essas obras sejam realizadas por mim. Todas as promessas têm condições para se poderem realizar.

  532. Esta vida vale(u) a pena, porque foi nela que conheci Jesus. E a morte ainda mais porque nela verei Jesus face a face.

  533. Existe uma verdade que nos deve causar enorme temor: os olhos de Deus percorrem todo o universo sem cessar e nada lhe fica oculto, nem mesmo nas profundezas do lugar mais remoto deste vasto universo. Isso é aterrador, principalmente para quem vive escondendo pecados e não se expõe andando na luz. Mas, é um enorme consolo para quem deseja ardentemente colocá-los todos na luz. E se nada passa despercebido a Deus, podemos ter a certeza que nenhuma das nossas justiças, atos, disponibilidade de coração e pureza passará despercebida a Jesus.

  534. O ponto fulcral de toda a oração nunca é o momento que oramos, mas, o momento que Deus responde. A resposta é a parte essencial de toda a oração. Sem resposta a oração não vale de nada. Muitas orações são respondidas enquanto oramos. Essa resposta é clara e sabemos que Deus nos atendeu. É tão clara quanto a percepção de que estamos sendo ouvidos por Ele. É uma percepção. "Se sabemos (nos apercebemos) que (Deus) nos ouve em tudo no que pedimos, sabemos (apercebemo-nos) que alcançamos as petições que lhe fizemos", 1João 5:15. Essa percepção é real, clara e espiritualmente perceptível. Contudo, a percepção de que estamos sendo ouvidos não é a resposta. Nenhuma oração deve parar antes da resposta, ainda que a resposta seja um "não". "Não" também é resposta. Por outro lado, existem orações às quais Deus dá confirmação da resposta algum tempo depois de haver sido feita. Foi o que aconteceu com Salomão. "E o Senhor lhe disse: Ouvi a tua oração e a tua súplica que, suplicando, fizeste perante mim", 1Reis 9:3. Não sabemos quanto tempo depois da oração Deus lhe falou a respeito dela, mas, deu a entender que atendeu sua oração. Deus falou.

  535. Eu acredito que todas pessoas pensam em Deus, duma maneira ou doutra. E os que não pensam, já pensaram e ainda pensarão, seja aqui na terra ou na eternidade. Contudo, sempre que alguém pensa em Deus aqui na terra, surgem dúvidas ou certezas. Ou surge a dúvida ou a certeza - ninguém fica indiferente. Tudo vai depender da proximidade que a pessoa tem de Deus e da realidade da sua presença. A certeza de todas as coisas, principalmente daquelas que não se vêm, depende somente da intimidade real que se têm com Deus. Dessa intimidade nasce a fé como fruto. Qualquer outro tipo de fé é falsa. Caso não exista essa intimidade com Deus ou caso haja algo que a perturbe minimamente, o fruto será a dúvida e não a fé.

  536. "Agora, o Senhor meu Deus, me tem dado descanso de todos os lados; adversário não há, nem algum mal encontro E eis que eu intento edificar uma casa ao nome do Senhor, meu Deus", 1Reis.5:4,5. Muitos pedem coisas a Deus para as quais não estão preparados correndo o risco de usarem o que Deus dá para seus próprios deleites e concupiscências. Salomão, após haver recebido tanto de Deus lembrou-se d'Ele para Lhe erigir um templo. Muitos construiriam um templo para eles próprios. É muito bom e bonito de se ver que o foco de alguém se mantém, sabendo que não se tornou nada mais e nada menos que um mordomo havendo recebido tudo que recebeu de Deus. Não é de admirar que um rei experiente se tenha regozijado tanto a respeito de Salomão a esse respeito. "E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de Salomão, muito se alegrou e disse: Bendito seja hoje o Senhor, que deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo", 1Reis.5:7.

  537. Uma pessoa contrariada, contraria o bom e o mau, o bem e o mal. Contraria tudo e está sempre na contramão porque é um espírito contrariado. E só existe uma maneira de deixar de contrariar: submetendo-se a Deus, obedecendo de coração ao que é certo e arrependendo-se de cada um de seus pecados do passado e do presente para que seu próprio coração e consciência deixem de ser uma arena de confrontos. Quem luta continuamente contra a convicção ou contra a consciência, é uma pessoa conflituosa, quer o reconheça ou não. E não é fácil lidar com tais pessoas estando nós em Deus. "São todos como os espinhos  porque se lhes não pode pegar com a mão (...) qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança", 2Sam.23:7.8. Haja misericórdia! Contudo, é de notar que os contrariados entendem-se entre eles, tal como os gatunos ou alcoólatras se entendem entre eles e confiam uns nos outros. As espécies entendem-se e comungam entre eles.

  538. "Toda a minha salvação está n'Ele", 2Sam.23:5. Por vezes, existem palavras e afirmações na Bíblia que nos podem passar ao lado por vários motivos. Um desses motivos é parecerem palavras bonitas que não entendemos muito bem, que rimam ou que nos caem bem - ou caem mal. Este versículo é uma dessas situações. Davi fala em "toda a minha salvação". Isso pode significar algumas coisas. Significa, logo à partida, que a 'salvação' parcial é possível, isto é, alguém pode crer estar salvo quando Deus apenas o livrou de certos pecados ou de certos meios usados pelo que o faziam cair. Um fumador, por exemplo, tem uma luta feroz contra o vício e quando o vence acaba por acreditar estar completamente salvo porque a luta era grande contra algo que o dominava impiedosamente. A enormidade dessa luta fê-lo menosprezar outros pecados que ficaram sem atenção e dos quais ainda não foi salvo. A alegria da vitória sobre o vício colocará todos os outros pecados em segundo plano ou dar-lhe-á menos importância como ameaça. E qualquer pecado mata. É necessário que a salvação seja completa e total, sendo salvos de tudo e nunca confiar numa salvação parcial. Não é preciso que uma bomba atómica caia sobre sua casa para você ser morto. Uma pequena bala mata com a mesma facilidade. Por outro lado, Davi afirma que essa salvação total e completa "está n'Ele". Sempre que começamos a ver o pecado como uma ameaça séria demais para passar despercebida, a tentação de nos salvarmos a nós próprios surge das trevas para que não sejamos salvos por Jesus e Seu poder. E Ele é o único Salvador e não existe outro. Qualquer outro salvador ou outra metodologia de salvação torna-se Seu competidor e não Seu auxiliar. Sendo nós a tentar salvar-nos a nós próprios, a nossa salvação não está n'Ele. "E bendito o teu conselho (...) que hoje me estorvou (...) de que a minha (própria) mão me salvasse", 1Sam.25:33,26.

  539. A fase de crescimento é crítica por causa das convivências e das circunstâncias onde fomos achados por Deus. Devemos escolher com o que e com quem conviver em qualquer fase de crescimento pessoal.

  540. Será possível que Deus me abandone? Sim, isso é possível como também é possível que nunca me abandone. E se um dia me abandonar, será por uma boa causa e boa razão, pois, Deus não consegue ser mau. Até abandonando-me será justo e estará fazendo o que é certo e bom.

  541. "No seu furor os confundirá", Sal.2:5. Lemos em muitos lugares das Escrituras e em situações variadas e multiformes que os homens serão confundidos. Lemos, também, que muitos dos que ficam confusos são os que se chamam pelo nome de Deus: os crentes. A confusão torna-se ainda mais aguda precisamente por serem crentes. E por que razão serão confundidos? Toda a pessoa confusa neste aspecto é e será sempre alguém que crê uma coisa e sai-lhe outra ou que espera uma coisa e acontece algo muito diferente ou mesmo oposto. E é precisamente isso que acontecerá: alguém espera uma coisa da parte de Deus e acontece-lhe o oposto. Muitos dos que esperam o céu, receberão o inferno; os que fazem piadas a respeito das coisas do céu verão Deus rir-se deles e não da piada, ao invés de lhes estender a mão; os que esperam alcançar misericórdia só no fim das suas vidas, havendo-a rejeitado para que conseguissem ser salvos de todos os seus pecados atempadamente, serão surpreendidos com a ira e a rejeição de Deus. Não nos enganemos a respeito de Deus. Ele nunca mudou e nunca mudará.

  542. Existem coisas que dão certo ou demoram a dar certo e outras que não dão certo sequer. Mas, o que conta é o testemunho interior verdadeiro, pois, deve haver um testemunho de Deus que deve prevalecer acima de tudo. E sempre que qualquer coisa que Deus tenha pronunciado demore a concretizar-se - se foi realmente Deus quem falou e se a pessoa permanece n'Ele - o testemunho interior prevalecerá. Nas pessoas que não têm esse testemunho ou que não conseguem tê-lo por se encontrarem afastadas de Deus no verdadeiro sentido da Palavra por algum pecado, um substituto desse testemunho prevalecerá. Esse substituto é uma mistura de teimosia com um sentimento perverso vindo duma imagem que o próprio criou a seu respeito onde pensa demais dele mesmo e a qual, por vezes, é instigada e patrocinada por demónios. É um sabe tudo, um faz tudo, um sabe melhor e um consegue tudo que insiste que deve ser ouvido em tudo, ofendendo-se sempre que não é levado em conta ou ouvido. Torna-se um impositor. Quem impõe é um impostor. E qualquer impõe torna-se um opositor de Deus e de todo o tipo de bom senso. Nunca nos devemos esquecer que existe um substituto carnal para cada virtuosismo ou para cada virtude vinda de Deus, pois, fomos criados para essas virtudes. Estando vazios pela ausência dessas virtudes, a orgânica da criatura tratará de preenchê-la com qualquer outra semelhança. E semelhança de qualquer coisa da terra ou do céu é uma forma de idolatria. É por essa razão que a teimosia é idolatria (1Sam.15:23), pois, preenche com substitutos de Deus. Por isso é que os carnais se enganam muito a respeito da santidade ou da santificação. Para não desagradarem pessoas, tentam agradá-las elevando essa atitude como amor. E agradar não é amor - é um substituto. Por isso é que a 'santificação' carnal é repressiva e a verdadeira substitui o pecado completamente, eliminando costumes e gostos antigos e preenchendo a alma com a santidade e o desejo por ela. A carne quebra o vaso que tem água suja para evitar que torne a encher-se; a verdadeira justificação e santificação limpa o vaso e (pre)enche-o de água viva e limpa. A teimosia é substituída por obediência ao testemunho; crença é substituída pela fé que vem dum convívio real com Deus; a verdadeira esperança substitui o engano próprio; e, assim, todo vaso é transformado ao invés de ser reprimido ou quebrado. Tapar a boca do vaso para não tornar a encher-se de água suja é, também, tapá-lo para não ser preenchido de água pura, abundante e viva. Todo aquele que impõe, opõe-se à verdadeira obra de Deus e cria oposição ao invés de disposição para com Deus. "Irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto", Luc.1:17. Você cria disposição nas pessoas ou indisposição?

  543. "Eu te tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses o chefe sobre o meu povo, sobre Israel", 2Sam.7:8. É bom levar em conta o que Jesus disse: "Quem for fiel no mínimo será fiel no muito". Ora, Davi foi fiel como pastor de ovelhas, provavelmente, ao contrário de seus irmãos. Sendo fiel nisso e dependendo de Deus integralmente nesse aspecto poderia ser colocado como chefe do povo de Deus porque lá também dependeria de Deus para tudo. José foi fiel em tudo dentro da prisão e durante seu tempo como escravo de Potífar, mantendo uma comunhão contínua e sã com Deus a ponto de poder ouvir diligentemente e prontamente a voz de Deus. Manteve-se assim, também, depois de se haver tornado rei do Egipto. São homens assim que Deus procura. Ninguém sentir-se-á satisfeito num lugar diferente se não estiver satisfeito em Deus no lugar mais incómodo do mundo. "Teme ao Senhor, filho meu e não te entremetas com os que buscam mudanças", Prov.24:21. O coração que a pessoa tem irá com ele. Ninguém será fiel na riqueza se não for permanentemente fiel de coração nos seus poucos recursos da pobreza, com seu tempo, sua energia. Ninguém será fiel no casamento se não for fiel antes de casar. E por aí podemos seguir o raciocínio em todas as áreas da nossa vida. É preciso sermos fiéis de coração e de natureza. Deus só busca um coração fiel. O resto é com Ele. "Já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração", 1Sam.13:14. "Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele", 2Cron.16:9.

  544. "Vai e faz tudo quanto está no teu coração, porque o Senhor é contigo", 2Sam.7:3. Um profeta que anda com Deus falando assim sabe o que diz. Quando uma pessoa está com Deus e Deus com ele, como acontecia com Davi, deve fazer aquilo que está em sua mão para fazer, seguindo toda a providência de Deus. Foi isso que o profeta assumiu como verdade naquele momento, mesmo tendo voltado atrás com sua palavra por Deus ter dito outra coisa posteriormente. E haja profetas que se corrigem e expressem melhor aquilo que Deus corrige.

  545. "Será árvore (...) que dá fruto na estação própria...", Sal.1:3. Todos sabemos que o tempo de Deus existe, de facto. Ninguém pode negar isso. Contudo, lendo aqui que existem árvores que dão fruto na estação própria por estarem plantadas junto a ribeiros de água viva, podemos assumir que existem árvores cujo fruto é fora de tempo ou mesmo inexistente por dependerem muito das intempéries, do clima e das circunstâncias. Existem pessoas que se esforçam apenas sob problemas e circunstâncias adversas, cujo fruto vemos apenas quando se sentem pressionadas a recorrer a Deus, isto é, a recorrer às chuvas temporãs. Fazem isso porque não estão permanentemente plantadas junto aos ribeiros de água viva. Somente sob circunstâncias adversas conseguem mostrar algum fruto. Não estão plantadas junto dos ribeiros de água viva, isto é dizer que, na verdade, o seu prazer não é propriamente na Palavra do Senhor e seu tempo não tem espaço para meditar nela a não ser que sejam obrigado pelas carências e pelas circunstâncias. Aproximam-se de Deus sob o aperto e dificuldades. Mas, quando estão bem, afastam-se d'Ele. Não são as mesmas pessoas no bem e no mal, na doença e na saúde, na pobreza e na riqueza. Mudam conforme as circunstâncias. "Se vós estiverdes em Mim e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito", João 15:7. "Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade", Fil.4:12. Há que estar na posição onde se permanece em Deus, estando permanentemente plantados n'Ele. "Se alguém não estiver em Mim (se alguém não conseguir permanecer em Mim), será lançado fora como a vara e secará", João 15:6.

  546. Se eu, algum dia tivesse o enorme privilégio de poder pregar todos os dias da semana, certamente que usaria no mínimo um dia de cada semana para pregar sobre o inferno.

  547. Se eu, algum dia tiver o privilégio de alcançar uma obra da dimensão de Pentecostes, sei que até meus erros serão louvados e engrandecidos por muitos e que muito do que fiz de perfeito será severamente criticado por outros. Não sei qual dos partidos seria o mais errado, pois, ambos contribuem para a mentira se engrandecer. Os que louvam os erros (ao invés de reconhecê-los com um espírito de mansidão, compreensão e de perdão no coração) fazem com que os opositores tenham razões para desmentir tudo que diz a esse respeito.

  548. "O Senhor pagará ao malfeitor conforme a sua maldade", 2Sam.3:39. Se é verdade que Deus pagará ao malfeitor conforme a sua maldade, também é verdade que pagará ao benfeitor conforme a real bondade que existe no coração. Isto é, não será o ato bom que determinará o pagamento daquilo que fez, mas, a verdadeira bondade que existe dentro da pessoa responsável pelo dito ato que praticou. Muitos fazem bem aos demais com motivos dúbios e sem verdadeira bondade interior. Serão recompensados de acordo com o que existe dentro do coração no momento do ato ou obra e não conforme o tamanho do ato. Um ato pequeno vindo dum coração de grande bondade será recompensado acima dum ato enorme com uma bondade pequena dentro do coração. É possível o louco ser tido como o nobre que não é; e que o avarento seja tido como generoso, Is.32:5. Uma obra pequena será galardoada em conformidade com a bondade que existe no coração e não conforme o tamanho da obra. "Em verdade vos digo que lançou mais do que todos esta pobre viúva", Luc.21:3. O mesmo princípio é aplicável relativamente à transgressão e ao pecado. Uma transgressão ocasional ou impensada de alguém que tem coração transformado e bondoso (santo), sendo algo que não saiu do coração e antes da inaptidão ou da ignorância, nunca receberá o mesmo tratamento ou galardão que alguém que transgride tendo um coração mau.  "Repreenderá com equidade os mansos da terra", Is.11:4. Mesmo que o ímpio cumpra em algum aspecto, mas, tendo um coração mau, será julgado. Cada qual receberá de acordo com a maldade que existe em si, isto é, conforme o coração que tem. Até mesmo o arrependimento de ambos é diferenciado. Enquanto um deve alcançar perdão e a transformação - sem transformação não há perdão - o que tem coração puro deve alcançar perdão para poder manter o que já tem (ou teve). "Não retires de mim o teu Espírito Santo", Sal.51:11

  549. "Porque eu conheço que o Senhor é grande", Sal.135:5. Eu ouço muitas pessoas louvando e cantando e sempre achei que existe uma falsidade de coração, uma falta de veracidade em seus cânticos de louvor, uma falta de realidade que tentam compensar puxando por sentimentos que não têm ou gostariam de ter. Na verdade, poucos enxergam isso como hipocrisia ou como um vómito abominável pelo qual puxam e o qual forçam. Quem não experimenta na vida prática toda a grandeza de Deus deveria repensar a forma como canta para ver se, por acaso, aquilo que canta é uma constatação da realidade de sua vida e experiência pessoal. O Salmista diz que conhece que Deus é grande. Ele não suspeita que Deus seja grande, não crê apenas, mas, conhece por experiência. E só quem conhece Deus dessa forma tem a capacidade de reconhecer verdadeiramente que Ele é grande. Será que todos os cânticos que se ouvem são aceitáveis para Deus e será que os corações são verdadeiros naquilo que cantam? Talvez estejam cantando apenas sobre aquilo que ouviram dizer ou pela melodia em si.

  550. Uma mulher que não se submete ao marido ou um homem que se submete à esposa torna-se num dos maiores tropeços e maiores enganos do planeta. A esposa que não se submete não consegue ser homem por muito que tente e, ao mesmo tempo, não está sendo mulher. Desocupa o espaço dela para tentar ocupar um espaço ao qual não pertence e o qual não consegue preencher. Acontece a mesma coisa com um homem que se submete à sua própria esposa.

  551. "As mulheres (...) sejam boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada", Tito 2:5. É algo que devemos ter em conta: toda a mulher que não se sujeita ao próprio marido contribui para que a Palavra de Deus seja blasfemada, mal vista e pouco desejável. Já ouvi pessoas dizendo das mulheres que não estão à altura do verdadeiro evangelho de Deus: "Se é assim que se serve a Deus, não quero nada com o Deus dela! Se isso é ser crente, Deus me livre disso!"

  552. "Os meus inimigos se esqueceram da tua palavra", Sal.119:139. Pela via humana cria-se aquela ideia romântica de que, se nos tornarmos agradáveis a Deus, agradaremos a todos. É puro romantismo, ainda mais quando nos tornamos verdadeiramente de Deus. É preciso notar que a Bíblia afirma que os justos serão perseguidos por serem justos - e não por outra razão qualquer. Lemos que o Salmista afirma que os seus inimigos são aqueles que se esqueceram da Palavra de Deus. Não são seus inimigos porque o Salmista tem inimizade dentro dele, mas, porque a inimizade existe ou passa a existir em quem se esqueceu da Palavra. A Palavra de Deus, quando amada e reverenciada, tem a capacidade de transformar para bem todos quantos se apegam a ela de coração. Por outro lado, esquecer a Palavra, desprezá-la, ignorá-la ou abandoná-la tem a capacidade de transformar qualquer pessoa para o pior. Daí que todos aqueles que se esqueceram da Palavra de Deus se tornaram inimigos do Salmista que preza e ama extremamente cada palavra de Deus em sua plenitude. Foram levados para pólos opostos. "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada", Mat.10:34.

  553. O erro é sempre mais insistente e tenta ser mais persuasivo que todo caminho certo porque não tem paz.

  554. sempre um caminho direito no meio de tudo que é torto quando Deus nos guia verdadeiramente. No meio da confusão (que não nos deve afetar) devemos seguir por esse caminho sem que nada e nenhuma razão nos interrompa.

  555. "A salvação está longe dos ímpios, pois, não buscam os teus estatutos", Sal.119:155. Existe uma vaga enorme de crentes que busca tudo de Deus menos a capacidade de cumprir a verdade através de seus corações. Buscam prosperidade, buscam paz e felicidade, tudo aquilo que qualquer demónio buscaria também. O diabo também gostaria de ser feliz. O próprio diabo ficaria muito feliz obtendo tudo isso. Nesse aspecto, não vejo qualquer diferença entre esse tipo de crente e o diabo. Dizem-se salvos porque frequentam a igreja, cantam bem e fazem tudo com segundas intenções, isto é, desejam subornar Deus com sua adoração querendo um Deus Todo-Poderoso do seu lado e ao seu serviço. Mas, se os estatutos de Deus não são buscados acima de toda a coisa que exista e se não são buscados pelo estatuto em si, não creio que se torne fácil salvar verdadeiramente tal pessoa. Não creio em crente que não busca um coração cumpridor e os meios de poder cumprir pela graça - e não de outra forma. É preciso um coração transformado por Deus - e não transformado pelo próprio - para poder ser cumpridor através do poder da graça de forma exclusiva. Quem não busca isso como um fim em si ou não acha se busca, não tem por que considerar-se salvo. Salvo de quê? Somos salvos dos nossos pecados e somos libertos da nossa capacidade de pecar e da capacidade de nos tentarmos salvar a nós mesmos. Achar tal coração e os meios para conseguir isso não é o mesmo que buscar a salvação como um meio para ter acesso a outros fins. Nem mesmo a felicidade eterna deve ser a nossa finalidade embora seja uma consequência inevitável. A nossa finalidade é buscar forma de nos tornarmos cumpridores. Caso não seja, permaneceremos ímpios quer acreditemos ou não que somos crentes, pastores ou doutores da lei. Nunca nos esqueçamos que até mesmo Saul acreditava que Deus estaria do seu lado. "E foi anunciado a Saul que Davi era vindo a Queila. E disse Saul: Deus o entregou nas minhas mãos, pois está encerrado, entrando numa cidade de portas e ferrolhos", 1Sam.23:7. Parecia muito lógico para o endemoninhado Saul que Deus entregaria o ungido Davi nas suas mãos para o matar. Até onde pode chegar o engano de alguém!

  556. Além do engano em si, as doutrinas da prosperidade têm como alvo a desmotivação de muitos e conseguem colocar muitos corações contra Deus, principalmente os corações daqueles que acreditam nesse tipo de doutrina. Um fato irrefutável é que Deus usa muitas das circunstâncias da vida terrena (senão todas) para alcançar todos os Seus propósitos dentro e fora dos corações das pessoas. "O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens; Ele é que forma o coração de todos eles", Sal.33:15. Ora, sempre que não conseguimos separar Deus e toda a Sua obra da prosperidade, seremos confrontados com certas realidade que nos farão crer que Deus não nos ama, ou que não existe ou que nos levará a procurar uma agulha no palheiro tentando achar a razão de não sermos prósperos. A  verdadeira prosperidade prometida é, na verdadeira essência da Palavra, sermos ricos em entendimento e, muito principalmente, em verdadeira vida. O resto depende da vontade de Deus e do que Ele puder acrescentar sem colocar em risco a nossa eternidade.

  557. "A Tua lei é a verdade", Sal.119:142. Muitos falam da Lei como um advogado falaria. Mas, é preciso ter em conta que, no caso de Deus, a verdadeira Lei tem outra definição. Quem é verdadeiro de coração e anda na verdade, anda na Lei. A Lei de Deus é a verdade e é ser-se verdadeiro.

  558. "Desviei os meus pés de todo caminho mau, para observar a tua palavra", Sal.119:101. É verdade que quem observa a Palavra desvia seus próprios pés de todo o caminho mau. Mas, não podemos confundir a manutenção com as condições e com os requisitos para o início ou mesmo o reinício duma obra séria no coração do homem. Para se observar a Palavra é necessário e imprescindível desviar os pés de toda a aparência do mal. É uma condição. É uma decisão e um ato do coração do homem. A graça, sendo um poder ativo, não será achada doutra maneira, a não ser com a finalidade de manter os pés e o coração de alguém longe do mal. A graça é o poder do alto e o poder do alto é uma manifestação inequívoca do poder da graça.

  559. "Andarei em liberdade, pois, busquei os teus preceitos", Sal.119:45. Andar em liberdade tem mais que se lhe diga do que conseguir superar ou vencer o pecado. Significa que andamos em santidade de maneira natural, como se nunca tivéssemos andado ou vivido doutra maneira. Significa que o pecado se torna algo absurdo e, por isso, tal pessoa nunca será sábia aos próprios olhos e nem sequer se verá como santo aos próprios olhos porque vive na santidade como se nunca houvera vivido de outra maneira. Não discute a sua própria santidade da forma que não discute o seu próprio respirar. Só se manda respirar aqueles que têm sérios problemas respiratórios e só discute a sua própria santidade aquele que não se tornou santo.

  560. Qualquer pessoa que se engana a ela própria dirá sempre que está sendo enganada pelos outros. "Todos os caminhos do homem são limpos aos seus (próprios) olhos", Prov.16:2.

  561. "O engano (dos que desviam dos Teus estatutos) é falsidade", Sal.119:118. Vamos entender este versículo melhor. "O engano (dos que desviam dos Teus estatutos) é falsidade existente". Muitas pessoas enganam-se e dizem-se enganadas. Mas, o engano só se desenvolve plantado em solo apropriado. Existe um tipo de engano que ocorre por causa da falsidade que existe no coração e o qual a pessoa não reconhece como tal por ser algo do próprio coração. O olho do homem vê adiante, mas, não se vê a ele próprio. A mão não consegue agarrar a ela própria. O mesmo acontece com o coração, o qual necessita da mão externa da graça ativa e operante. Quando o homem se desvia e permanece no engano (mesmo a ponto de conseguir cantar os cânticos de Deus em terra estranha), não é devido a um engano casual ou pontual, mas, é por causa da falsidade existente a nível do coração. (Isso não significa que o desviado não prega a verdade ou que deixa de cantar os hinos de Deus. Também nem sempre é verdade que a pessoa que permanece no caminho sob tentação já esteja transformada, mas, significa, apenas, que se mantém no caminho onde pode ser transformada). Essa é a causa do desvio e não a tentação: a falsidade no/do coração. "Saíram de nós, mas, não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas, isto é para que se manifestasse que não são todos de nós", 1João 2:19. A pessoa não se desvia por ser tentada, mas, porque é falsa para Deus a nível de coração. Sabemos que qualquer pessoa pensa bem demais dela própria e confia mais nela mesma que em Deus ou em Sua palavra, a qual afirma que o coração é enganoso acima de todas as coisas. Nisso o homem torna-se incapaz de crer porque confia no que sente a seu respeito. Por norma, também, nunca olha para seu próprio coração como opositor de Deus e acredita, antes, que Deus é amigo do seu coração. Se o coração nutrisse amizade por Deus e não inimizade contra Ele, não necessitaria ser transformado. Por essa razão, quando o homem se sente enganado em seus próprios caminhos busca outros culpados e assume estar inocente ou a ser injustiçado. Por vezes, chega a culpar Deus pelos erros dos seus próprios caminhos. Os enganos surgem tendo como causa o engano do próprio coração, a duplicidade encoberta aos próprios olhos ou os pecados do coração que impedem de andar com Deus de forma real - sejam esses pecados secretos, esquecidos, ignorados ou apenas encobertos. Não andando com Deus de forma real, busca alternativas onde se afirmar, incluindo a crença que já anda com Deus. É nesse aspecto que "o engano é falsidade" ou que tem a falsidade encoberta como causa.

  562. Muitos creem que é pelo esforço que se demonstra que cumprimos os mandamentos de Deus quando, na verdade, o mandamento deve ser uma coisa do coração e não do esforço. Quando algo é do coração é natural, simples e, muitas vezes, quase inconsciente. O esforço é chamado para exercer os mandamentos do coração apenas quando existem interferências e contrariedades como a perseguição, a distração, cansaço e outras coisas mais que nos possam afetar a ponto de não estarmos em condições de viver daquilo que realmente somos ou que nos tornamos em Jesus. O esforço sentimental não é uma demonstração ou revelação do coração e pode ser prova de não termos no coração aquilo que nos esforçamos para sentir. Por não ser do coração tenta-se forçar aquilo que não somos ou aquilo que não temos em nós.

  563. "Seja reto o meu coração para com os teus estatutos, para que eu não seja confundido", Sal.119:80. É possível alguém tentar ser cumpridor ou mesmo cumpridor aparente por causa dos ataques de consciência que sofre, ou pelo medo da condenação ou por outro motivo maior. Contudo nem todos aqueles que tentam cumprir alcançaram um coração reto naquilo que tentam cumprir. É desejável que os mandamentos de Deus sejam uma forte expressão do coração de quem os cumpre e nunca uma contrariedade para ele. Caso isso acontecesse, seria como alguém que casou e não abandonou o coração de solteiro e que persiste em pensar como solteiro. Devemos saber que toda a nossa conduta deve revelar o verdadeiro conteúdo de todo o nosso coração, isto é, os mandamentos devem ser a expressão dum coração verdadeiramente transformado. Todo o nosso coração deve estar estampado e visível em nosso rosto e em nossa conduta normal. Quando isso não acontece, seremos como Saul que profetiza pelo Espírito de Deus e atirava lanças assassinas pelo espírito do diabo. O coração torna-se um traidor dos mandamentos e isso leva à confusão. Ouvem-se vozes que se cumprem ao mesmo tempo que se ouve uma voz que se deveria obedecer em detrimento das outras. Será dessa maneira que alguém é confundido, pois, o coração não é reto dentro dele. É preciso andarmos com Deus sem um coração contrariado e, ao invés de tentarmos cumprir tendo ou mantendo esse um coração confuso ou contrariado, será melhor orarmos para obter um coração novo. Mas, torna-se muito difícil alguém pedir um coração novo quando crê que já o alcançou. O nosso coração precisa estar em uníssono com cada vontade de Deus e com cada um de todos os Seus mandamentos. Se assim não for, seremos confundidos ao longo do nosso caminho. "Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro e ainda mais do que o ouro fino (...) Considera como amo os teus preceitos; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua benignidade (...) A minha alma tem observado os teus testemunhos; amo-os extremamente", Sal.119:127,159,167.

  564. Tanto o bem como o mal devem poder produzir em nós o fruto da justiça, isto é, eles têm a capacidade de tornar mais justos.

  565. "De noite, me lembrei do Teu nome, ó Senhor (...) Isto fiz eu, porque guardei os Teus mandamentos", Sal.119:55,56. Muitos falam da graça e de como opera, mas, muito poucos entendem verdadeiramente o que significa, numa vida prática, o real poder da graça. Se o Salmista afirma que conseguiu lembrar-se do nome de Deus por haver guardado os Seus mandamentos, podemos e devemos tirar muitas elações contrárias à corrente das doutrinas atuais a respeito da graça de Deus. É graça activa que nos faz lembrar Deus como Ele é. Mas, para nos lembrarmos de Deus precisamos andar com Ele e se não andarmos com Ele, esquecê-lo-emos ou, no mínimo, não nos lembraremos d'Ele em todos os nossos caminhos. Não é difícil lembrarmo-nos de alguém que nos toca continuamente, que vive em nós e que se faz sentir através da Sua presença real. É verdade que quem anda com Deus guarda todos os Seus mandamentos e que quem guarda os Seus mandamentos por amor a Deus anda com Ele. Contudo, nunca devemos esquecer que a graça (poder e favor) implora-se e recebe-se. "Implorei deveras o teu favor (graça) de todo o meu coração (...) Considerei os meus caminhos e voltei os meus pés para os teus testemunhos", Sal.119:58,59.

  566. "Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos teus estatutos e guardá-lo-ei até o fim", Sal.119:33. Existem certas condições e certos acontecimentos para que alguém possa guardar os mandamentos de Deus até ao fim e, chegando lá, conseguir dizer sem mentir: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé", 2Tim.4:7. Uma dessas condições é sermos ensinados por Deus de forma pessoal e não pela boca dos homens. "E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim", João 6:45. Ninguém vem a Deus aprendendo de homem, a não ser que Deus use aquilo que o homem ensina. Ainda assim, devemos ser ensinados por Deus pessoalmente e individualmente esquecendo o homem que nos ajuda ou ajudou.

  567. "Meus caminhos te descrevi e tu me ouviste", Sal.119:26. A Bíblia afirma que caso confessemos cada um de nossos muitos pecados pelo nome seremos prontamente perdoados, assumindo que quem os confessa tem toda a intenção de abandoná-los também. Isso tem muitas semelhanças com descrever para Deus todos os nossos caminhos. Mas, tenhamos em atenção que é preciso que Deus nos ouça. Para que Deus ouça é necessário que descrevamos todos os nossos caminhos detalhadamente sem encobrir nada a ninguém sobre ninguém e, também, que a nossa descrição seja perfeita e esteja de acordo com a verdade, isto é, não deve ser aquilo que pensamos de nós mesmos, mas, aquilo que é realmente verdade. Devemos descrever aquilo que Deus vê da forma que Ele vê. Caso contrário, nunca seremos ouvidos a respeito dessa descrição e muito menos a respeito de qualquer outra coisa para sermos perdoados.

  568. "Os Teus testemunhos são o meu prazer e os meus conselheiros", Sal.119:24. Sabemos que todas as pessoas carnais buscam prazer através daquilo que fazem, pensam e desejam. Outros buscam ter prazer nos testemunhos de Deus e na Palavra. Sempre é melhor achar esse prazer na Palavra, pois, significa que não o busca naquilo que lhe é oposto. Mas, o prazer em si não acrescenta nada demais à vida prática, pois, o mandamento deve tornar-se vida e virtude interior e o prazer pode, quanto muito, tornar-se um incentivo para alcançar vida verdadeira, mas, nunca pode tornar-se um fim em si mesmo. O prazer não pode ser o motivo pelo qual pegamos na Palavra de Deus. Por isso é que ninguém se deve contentar com o fato de achar prazer nos testemunhos de Jesus, pois, esses testemunhos são dados para serem conselheiros profundos desde o mais fundo da alma da pessoa e não mero prazer. Precisam trazer vida e não mero prazer.

  569. "Então, tomou Saul o reino sobre Israel e pelejou contra todos os seus inimigos em redor", 1Sam.14:47. Parece que tudo começou a evoluir no bom sentido depois que Saul assumiu o trono, tirando-o de Deus. Já ouvi muitos crentes sinceros afirmarem que desde que se tornaram crentes as coisas deixaram de funcionar conforme o desejado. Com um rei carnal, contudo, o povo carnal entende-se bem e sente-se protegido e abençoado. Mas, Deus é espiritual e havendo falta de espiritualidade real em todo o Israel, torna-se óbvio por que razão "a palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias e por que não havia visão manifesta", 1Sam.3:1. Nos homens da carne, as coisas funcionam através do poder da carne; nos espirituais, somente pelo poder ativo da graça. Ora, quando os homens esperam em Deus e continuam carnais, é óbvio que não ouvirão Deus; e para as coisas funcionarem com eles ou se tornam espirituais ativos no verdadeiro sentido da palavra ou se voltam para o poder do mundo, caso contrário permanecerão estagnados - ou enganados. A nossa opção não deve ser entre se as coisas funcionam ou não e antes se são alcançadas através de Deus ou da carne. O maior sinal da nossa segurança espiritual é se tudo que fazemos aqui na terra é feito da maneira que tudo é feito no Céu e alcançado dessa forma, isto é, "aqui na terra como no Céu".

  570. "...Para que me vingue dos meus inimigos", 1Sam.14:24. Foram palavras de Saul proferidas a respeito dos Filisteus. Ora, quando os inimigos passam a ser nossos inimigos e não os temos mais como inimigos de Deus - sendo inimigos de Deus - acontecerá que lutaremos pela força da raiva e do furor que não vem de Deus. Esse tipo de ira não opera a justiça de Deus e muito menos a Sua santidade (Tiago 1:20). O que nos deve mover é a força de Deus e da graça, a qual, inúmeras vezes é imitada pela força da carne. Sendo imitada, a vontade de Deus é limitada ou simplesmente anulada. O nosso zelo nunca deve ser a raiva, o ódio, a impaciência, o medo ou outra coisa carnal que nos faça mover em prol do que é certo (e deixou de sê-lo por causa do pecado do coração e porque os motivos pelos quais executamos se tornaram pessoais e carnais). Se lutamos, lutemos por Deus - com Deus. Senão, iremos ter ideias carnais que nos prejudicarão nos nossos caminhos em muitos sentidos, tal e qual a maldição de Saul prejudicou o povo ao não alimentar-se durante a dura batalha (1Sam.14:29), enfraquecendo o povo quando deveria ser fortalecido. E será assim que um caminho mau nos parecerá bom e o errado nos parecerá certo. Tenhamos o pecado como o inimigo de Deus e não meramente apenas como nosso inimigo. Todos os inimigos de Deus são os nossos inimigos. Contudo, isso não significa que os nossos inimigos sejam todos inimigos de Deus.

  571. "Vivifica-me no Teu caminho", Sal.119:37. É bem possível alguém tentar entrar nos caminhos de Deus e não andar neles vivificado. Isto é, os caminhos são seguidos na base de leis e preceitos e nunca pela vida do coração e pelo amor a Deus no poder da graça. Precisamos, não apenas andar nos caminhos de Deus, mas, sermos vivificados neles.

  572. "Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do Senhor!", Sal.119:1. Esta bem-aventurança tem mais que se lhe diga do que apenas a recompensa real (atual ou final) daqueles que conseguem ser retos e justos diante de Deus e de todos os homens. Tem muito a ver, também, com o estado de graça prévio no qual se possam encontrar todos aqueles que são capazes de andar com Deus ininterruptamente. Se não forem bem-aventurados não conseguirão trilhar todos os caminhos de Deus. É através do poder da graça que conseguimos andar e permanecer erguidos em todos os caminhos de Jesus. "Faz bem ao teu servo, para que viva e observe a tua palavra"; "...Concede-me piedosamente a tua lei", Sal.119:17;29. Há que ser vivo e manter a graça fluindo através da obediência. Sem essas coisas ninguém conseguirá ser bem-aventurado e ter um final feliz. Há que buscar graça e achá-la sem qualquer demora.

  573. "Folgo mais com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as riquezas", Sal.119:14. existe sinceridade numa afirmação destas quando a pessoa é realmente materialmente rica e sua vida prática demonstra ou comprova aquilo que diz e afirma. Sendo o pobre a dizer isto, não sendo rico, não passará duma boa intenção de princípios difícil de comprovar pela sua vida prática. Contudo, existe uma forma de testar essa capacidade ou virtude no pobre. Basta olhar para o quão insatisfeito ou quão satisfeito ele se encontra em sua situação de precariedade material e se apenas Jesus o satisfaz sob essas circunstâncias. Se ele vive satisfeito com a providência que lhe cabe da parte de Deus certamente poderá tornar-se alguém que folgará ou folgaria mais nos testemunhos de Deus que nas riquezas.

  574. Eu tenho a opção de partir para a guerra quando sou agredido ou de passar ao lado da agressão mantendo o meu rumo intacto, isto é, continuar fazendo o que estava fazendo. "Enquanto os príncipes se conluiavam e falavam contra mim, o teu servo meditava nos teus estatutos"; "Os ímpios me esperam para me destruírem, mas, eu atentarei para os teus testemunhos", Sal.119:23,95. Não é possível ter comunhão com o mal e, agredi-lo, é ter essa comunhão. Caso seja filho de boa gente, isto é, de Jesus, não sinto o mal e nem me ressinto dele. Contudo, não posso obter essa sabedoria de vida enquanto agradar ou desagradar pessoas, pois, a agressão pode conseguir de mim tanto uma coisa quanto a outra e, por vezes, em simultâneo. E tanto numa quanto na outra estarei envolvendo meu coração nos pecados alheios e ser participante neles, 1Tim.5:22.

  575. "Com os meus lábios declarei todos os juízos da tua boca", Sal.119:13. Eis aqui um exemplo de sermos imitadores de Cristo. Aqui não lemos que "com os meus lábios declararei todos os juízos" e sim "todos os juízos da Tua boca". Aquilo que Deus diz, nós dizemos; aquilo que Deus pensa, nós pensamos - não dizemos; aquilo que Deus faz, nós fazemos - não dizemos. "Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se não vir fazer o Pai, porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente", João 5:19. Mas, é necessário ver Cristo e obter plena comunhão com Ele para podermos fazer o que Ele faz como Ele faz. Como seremos imitadores de quem não vemos?

  576. "E verás o aperto (...) em lugar de todo o bem que houvera de fazer", 1Sam.2:32. Para muitos daqueles cuja fé que se baseia em doutrinas é inaceitável a verdade de que o bem que Deus determinou fazer possa tornar-se em mal sem igual. "Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo", Heb.4:3. Há que ter em conta que Deus pode e deve irar-se. Quem suportará toda a ira de Deus?

  577. "A minha boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação", 1Sam.2:1. É preciso entender a diferença entre palavras e expressões. "Porquanto me alegro" não é o mesmo que "por isso me alegro". Não nos podemos alegrar na salvação por Deus nos ter dado outras coisas. Nós alegramo-nos noutras coisas porque Deus nos deu a salvação. A nossa verdadeira alegria deve consistir no fato real de que nos livramos do nosso próprio pecado, que fomos salvos de todos os nossos pecados e de todos os amores pelo mundo. Esse tipo de alegria nesse tipo de salvação significa que, a partir de então, o mundo entristece-nos e não temos mais saudades dele e antes sentimos pudor dele. O mundo estuprava-nos e a salvação compõe-nos novamente. A nossa verdadeira alegria não consiste na queda de nossos inimigos, mas, no fato de estarmos ou sermos salvos de todos os nossos pecados.

  578. "Fala disto, exorta (...) ninguém te despreze", Tito 2:15. É importante que ninguém que tem o dom de exortar se veja limitado pelo desprezo dos demais. Esse desprezo pode surgir por muitas razões ou não fosse Tito avisado por Paulo a esse respeito. Excluindo o fato de que um profeta da casa nunca ser reconhecido e respeitado em seu próprio ambiente, contudo, existem outras maneiras de perder o respeito e de ganhar o desprezo de muitos. Uma vida de tropeços pode provocar o desprezo dos demais, principalmente quando esses tropeços não tenham como origem um evangelho puro e limpo (pois, o verdadeiro Evangelho faz tropeçar tal como a Pedra de Esquina e é tropeço para muitos dissolutos e irreconciliáveis; contudo, esse tipo de tropeço não dá origem ao tipo de desprezo do qual Paulo fala aqui). Cada um deve analisar a própria vida de forma a que a única causa de desprezo possa ser aquela que tem como causa um Evangelho puro. Ser desprezado como Jesus foi ao recusar sair da Cruz para fazer a vontade do Pai, é divino. Mas, ser desprezado por falar o que Jesus não mostra ou de viver mundanamente é diabólico. Que cada um analise a sua vida à luz verdadeira do Espírito Santo.

  579. "Morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou não podeis vós ir", João 8:21. Se não podemos morrer com algo que não nos permita entrar nos céus, certamente que também não poderemos viver com isso antes de morrermos. A vida eterna começa aqui e recebemos essa vida de Jesus. Ora, se o pecado nos impede de usufruir dessa vida eterna após a morte, certamente que nos impede de vivê-la enquanto aqui na terra. Se algo nos impede de entrarmos na eternidade em paz com Deus, certamente que esse algo nos impedirá de vivermos em paz com Ele aqui. Tudo o que impede que a morte se transforme em vida eterna, impede de caminharmos com Jesus aqui na terra e Ele conosco. Não nos custará apenas a eternidade, mas, impedirá a comunhão com Jesus, a Sua aprovação, o caminhar com Deus e tudo o que isso implica e acarreta. Se não vivermos bem com Ele agora, não viveremos com Ele depois.

  580. "E, com ira e com furor, exercerei vingança sobre as nações que não ouvem", Miq.5:15. Já vi muitas pessoas queixarem-se de que não ouvem Deus. É verdade que muitos ouvem e não entendem que ouvem. Mas, existem os que realmente não conseguem ouvir a voz de Deus e muito menos distingui-la de outras vozes. É para todos este aviso sério. Deus irá vingar-se disso, certamente. Sabendo que quem consegue ouvir é ovelha, significa que todos os que não ouvem não se tornaram ovelhas. Daí a vingança sobre quem não ouve.

  581. "Ele apascentará o povo na força do Senhor", Miq.5:4. Muitos dizem-se apascentados. A Bíblia também fala dos que se apascentam a eles próprios sugando os recursos das ovelhas. Como eles se apascentam a eles próprios e os demais apenas se sentem apascentados, daí a afirmarem que são apascentados por Deus é um pequeno passo. Lembremo-nos que só seremos apascentados por Deus caso consigamos sê-lo pela Sua força. Se é a força própria que tenta apascentar pelos caminhos de Deus, logo a pessoa comete o enorme crime de se apascentar a ela própria. Onde há pastores que se apascentam a eles mesmos haverá seguidores que são apascentados pela força da carne. Lembre-me que deve estar firme, mas pela força do Senhor. Case se sinta firme, mas não é pela força do Senhor, você está em processo de queda e sua vida corre o maior perigo. 

  582. "Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus", Dan.3:8. Os Caldeus, principalmente os mais proeminentes, começaram a odiar os Judeus por causa da piedade, ascensão, fidelidade e integridade de Daniel e seus pares. Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que a causa desse ódio que se disseminou contra todos os judeus deriva de pessoas como Daniel. O mundo nunca perdoa a integridade dum santo, pois, não consegue alcançar nada daquilo que a integridade alcança a longo prazo. "E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições", 2Tim.3:12.

  583. Quando tudo acabar, Deus virará as costas para sempre a todos aqueles que não se salvaram. É uma perspectiva aterradora a de nunca mais ser lembrado por Deus. Aqui na terra, até o mais vil pecador mantém a esperança de que um dia possa ser lembrado por Deus. Depois da terra passar, não haverá mais essa esperança e muito menos essa possibilidade de alguém ser lembrado por Ele.

  584. "E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos", Ap.19:8. Sabemos que muitas figuras das palavras da Bíblia representam verdades inconfundíveis. Aqui ouvimos sobre o linho fino (branco) do qual se veste a noiva de Cristo. O branco representa a santidade e a pureza; o linho representa os atos e a vida das pessoas. Para além disso, resplandece, isto é, revela aquilo que é e chama a atenção sobre si. Casando-se com tal noiva, é com essas características que Jesus se casa porque os dois se tornam um. Jesus, ao ver-se junto e associado a tal noiva assume e associa-se necessariamente àquilo que os santos são e do que se vestem, isto é, o linho do qual se vestem não mais representa apenas a pureza e santidade da noiva, mas, revela Jesus também porque eles são Seus. Será que Jesus pode vestir-se das suas justiças no presente momento sem aparecer manchado e sujo? Nunca se esqueça que, aos olhos do mundo, Jesus se veste das justiças que você tem, pratica e revela sem fingimento. Tudo o que é forçado é fingido. E de fingimento Jesus nunca se vestirá. "O nome de Deus é blasfemado por causa de vós", Rom.2:24. Quer queira quer não, aqui na terra você continuará carregando o Seu nome sobre seus ombros e o testemunho de Jesus para com o mundo depende muito daquilo que você vive sem qualquer fingimento e não daquilo que você é capaz de dizer ou pregar. É disso que o nome de Jesus se veste. Jesus será amado ou odiado por causa daquilo que você representa e veste. Aquilo de que você se veste representa fielmente tudo aquilo que Jesus realmente é? Sua vida é uma fiel imagem de Jesus aqui na terra? É através de sua vida pessoal que Jesus é lido e visto aqui na terra. Por essa razão, "qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade", 2Tim.2:19.

  585. "Todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos", Ap.15:4. Eu acredito que a maioria dos estudiosos bíblicos nunca entenderam a Bíblia. Na verdade, não levam a Bíblia a sério. No mínimo, não a entendem da maneira que deve ser entendida. Perdem-se em seus próprios pensamentos e deixam de estar abertos à verdadeira instrução e ao verdadeiro ensino da verdadeira sabedoria da verdade instruídos pela verdadeira sabedoria através do verdadeiro Espírito Santo. Sempre que lêem a Bíblia não estão abertos aos ensinos do Espírito Santo e seguem seus próprios pensamentos e interpretações. A interpretação própria das coisas depende em grande medida da experiência que alguém tem dessas coisas. Depois, sentem-se congratulados com seus pensamentos 'bíblicos', algo que serve de incentivo para prosseguirem na mesma senda de sempre. Sendo assim, evitam o enorme impacto que a Palavra de Deus pode causar dentro da alma. Quando os juízos de Deus são manifestos no verdadeiro sentido da Palavra, as pessoas prostram-se. Deixem-me explicar. Quando algo é manifesto dentro da alma da pessoa, o impacto é tão grande quanto aquilo que aconteceu com aqueles cujos corações foram cortados em consequência de Pentecostes. E mesmo quando não existe motivo (pecado) para se ser cortado no coração dessa maneira, como aconteceu com os discípulos que já estavam preparados e limpos para a vinda de Jesus (do Espírito Santo), ainda assim o impacto nesses tem um efeito duradouro e permanente de permanecia em Deus. É dessa maneira que desejamos que a Palavra de Deus e todos os seus juízos sejam manifestos em nós. Nada mais e nada menos que isso pode ser considerado como uma manifestação de Deus. Um verdadeiro avivamento tem quase tudo aquilo que o Dia do Juízo final trará. Através dum avivamento somos julgados nesta presente vida, seja para salvação ou para condenação.

  586. A vontade de mudar e de ser transformado é o que faz Deus operar dentro e fora daquele que deseja mudar. Quando Deus vê que o desejo existe de fato, atende à oração e ao pedido de quem pede o poder da graça para ser mudado. A vontade de mudar será, depois, transformada em vontade de permanecer mudado quando a transformação ocorrer.

  587. Creio que é necessário haver provas e tribulações ao longo do caminho para sermos limpos e podados de muita coisas. Contudo, existem vários tipos de tribulações e provações. Existem provas que passam rapidamente e existem as provações de longa duração. As de longa duração podem tornar-se extenuantes, ainda que não sejam provas duras. Mas, são absolutamente necessárias para um exercício espiritual que tem como finalidade alcançar a constância e anular a intermitência na vida espiritual. É necessário que permaneçamos em pé e não estar sempre a levantar-nos ou a sermos erguidos. Se ainda existem áreas onde se resiste a Deus crendo que se está a fazer a coisa certa, uma prova de longa duração extermina todas as esperanças falsas. Se essas provações não exterminarem todas as esperanças falsas e todas as doutrinas falsas de sua mente, exterminarão a si. Uma das maneiras de resistir a Deus é persistir em crer que Deus dará aquilo que Ele deseja exterminar de nossas esperanças mais remotas, ou que fará aquilo que não faz.

  588. Parte da minha obra é encorajar quem está no caminho de Deus ou em vias de entrar nele e, também, desencorajar todos aqueles que não andam com Deus ou que estão em vias de desprezar aqueles caminhos por onde Deus guia. Dar ânimo e coragem aos tais que se desviam seria operar contra a vida e contra a verdade.

  589. "Aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra", Sal.37:9. Esperar no Senhor tem muito mais que se lhe diga do que um esperar de tempo. É verdade que existe o tempo de Deus, como existe o tempo de nascer para uma criança em gestação. Contudo, o tempo de gestação é determinado pela formação da criança para chegar ao ponto de nascer. Não é o tempo que determina a gestação, mas, é a gestação que determina o tempo. Mas, muitos esperam em vão, pois, não existe gestação no espírito por aquilo que esperam. Esperar em Deus tem muito a ver com expectativas operadas por Deus dentro do coração e com certezas. Não se trata apenas de deixar passar o tempo. Se não existe algo de concreto dentro da pessoa operado pelo Espírito Santo, se a esperança não tiver fundamento, toda a espera é em vão e tornar-se-á um desapontamento sem igual. Além disso, o tempo de espera é um tempo de preparação e de instrução para que a pessoa possa estar preparada para permanecer fiel quando receber. Imagine uma senhora esperando um bebé. Ela sabe que carrega algo dentro dela e ninguém lhe pode dizer o contrário. Podem tentar convencê-la que não está grávida, mas, nunca a convencerão. E ela sabe que, se tudo correr bem, a seu tempo nascerá. Também acontece uma mudança de mentalidade ao longo do tempo de gestação. A responsabilidade de ser mãe e de cuidar duma criança chega ao ponto de tornar-se prazer, tal é a mudança no comportamento e mentalidade de quem gera um filho. Assim funciona a expectativa dentro de cada pessoa em quem Deus se manifesta. É disso que se trata quando falamos duma espera no Senhor, de esperança e de esperança que não engana. "Dele vem a minha esperança", Sal.62:5. "Cristo em vós, esperança da glória", Col.1:27. Existem muitos que insistem num tipo de esperança que não é operada por Deus neles. É uma esperança própria, a qual não tem certezas de nada. Existem muitos com um tipo de esperança sem terem Cristo verdadeiramente neles.

  590. Pode acontecer a pessoa não saber qual a razão que faz Deus enviar a tribulação ou pela qual permite a angústia. Contudo, isso não deve impedir o gozo e a alegria vinda dos céus caso nossos caminhos estejam realmente todos entregues a Deus. E se não estiverem todos entregues em confiança total na providência de Deus, ainda está em tempo de entregá-los. "Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência", Tgo.1:3. Por aquilo que lemos ou podemos interpretar desta parte de Tiago, a recusa ao gozo sob estas circunstâncias tem muito a ver com a falta de sabedoria verdadeira. "E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus e ser-lhe-á dada", Tgo.1:5. Pedindo esta sabedoria caso não a tenhamos ou não a saibamos aplicar, é um ato de fidelidade da nossa conduta e de nossa parte, isto é, é um lance lógico e o único passo prático desejável.

  591. "Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda em sinceridade, pratica a justiça e fala a verdade segundo o seu coração", Sal.15:1,2. Esta é uma combinação rara. Existem pessoas sinceras com os demais na injustiça porque o mundo aprecia o incorreto e o imoral. Basta alguém ter motivos errados para o bom tornar-se mau. Logo, os que praticam a justiça de coração tendem a calar-se e a tornar-se menos transparentes por não serem apreciados pelo mundo - o que equivale a dizer que se tornam menos sinceros e mais fingidos. Sendo assim, a combinação entre a sinceridade, a prática da justiça e falar a verdade segundo o coração permanecendo nessa justiça é rara e difícil de achar. Contudo, essa conjugação de virtudes é condição inegociável para alguém permanecer em Cristo e Cristo n'Ele, isto é, para alguém permanecer no santo monte.

  592. "Os lábios são nossos; quem é o senhor sobre nós?" Sal.12:4. Devemos entender muito bem a enormidade do pecado de quem não controla a sua língua ou de quem a usa para tentar prevalecer. Não devemos usar argumentos e as muitas palavras para prevalecermos. É a Deus que pertence qualquer tipo de vitória. Tentar prevalecer pela língua ou pela linguagem é resistir a Deus. Cabe a Ele o argumento final e é Ele quem o tem.

  593. "Cada um fala com falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e coração dobrado", Sal.12:2. Por norma, as pessoas que lisonjeiam acreditam que isso é amor. Tudo o que for lisonjear, encorajar falsamente, dar esperanças que Deus retira ou não dá, é falsidade. Poucos lisonjeadores e bajuladores têm a capacidade de se aperceber que têm um coração dobre, isto é, que buscam seus próprios interesses lisonjeando os demais. Buscam amizade, destaque ou elogio em retorno.

  594. "Em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam", Sal.9:10. Se Deus nunca desampara aqueles que o buscam, você buscou Deus hoje?

  595. "Então, lhes falará na sua ira e no seu furor os confundirá", Sal.2:5. Muitos serão confundidos por muitas razões. Uns porque não crêem e subestimam a verdade em relação a um Deus real; outros porque se crêem crentes estando rejeitados; outros ainda porque se crêem corretos, sérios ou sábios. Evitarão todo o tipo de confusão quando Deus se tornar real a tempo de evitar serem confundidos e for feito rei, antecipadamente, de forma real e prática, de toda a sua existência. "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião", Sal.2:6.

  596. Quando Deus me tirar o emprego, o sustento ou qualquer outra coisa por eu me haver afastado d'Ele, não o devo buscar por causa do que me foi tirado e antes para retornar a Ele. Os motivos contam muito, pois, sempre que isso acontece é para me fazer voltar para Deus e não para reaver o que me foi tirado. Devo virar-me para Ele pelos mesmos motivos que Ele me desamparou porque senão serei como um bebé que não se encontra na posição certa para nascer. "Dores de mulher de parto lhe virão; ele é um filho insensato, porque é tempo e não está no lugar (na posição) em que deve vir à luz", Os.13:13.

  597. Deus não tem a obrigação de nos ajudar - Ele tem o amor, o poder e a misericórdia de nos ajudar em tudo e em qualquer coisa.

  598. "Depois, eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se o seu coração; por isso, se esqueceram de mim", Os.13:6. Os motivos nas orações e em qualquer forma de aproximação a Deus devem ser os corretos na perspectiva de Deus. Os motivos impedem as orações e os motivos certos, por si só, podem alcançar uma resposta concreta de Deus. Mas, ainda que Deus atenda a uma oração com motivos errados, assim que a pessoa tiver em mãos aquilo que a levou a aproximar-se de Deus, esquecer-se-á d'Ele. A pessoa com motivos errados não quer Deus - quer algo que Deus possa dar. Havendo recebido, agirá como se não precisasse mais d'Ele. "Para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra Mim, contra o teu Ajudador", Os.13:9.

  599. Existem pessoas insatisfeitas porque as coisas estão mal e desejam o bem; e existem pessoas insatisfeitas porque as coisas estão bem e desejam o mal. O seu desejo mais intenso é a vontade de Deus ou a da carne?

  600. "A incontinência (...) tira a inteligência", Os.4:11. Isto é verdade a respeito de qualquer tipo de incontinência, seja do vinho, do ciúme, da língua solta, da critica ou qualquer outra forma de incontinência. Até dentro do casamento podem ocorrer alguns tipos de incontinência.

  601. A fé é aquela confiança em Jesus que não é intermitente. Mas, confiarmos em Jesus não é confiar na nossa fé, pois, confiar na nossa fé é sinónimo de confiar em nós próprios. E muitos confiam tanto em sua fé que acabam por não perceber que já não estão confiando em Jesus.

  602. "Tem cuidado de ti mesmo (...) porque, fazendo (...) salvarás (...) os que te ouvem", 1Tim.4:16. É bom que tenhamos isto em mente: a salvação de quem nos ouve depende em grande parte se fazemos e praticamos com todo o sucesso todas as coisas que somos capazes de ensinar. Não é estudando e elaborando sermões que conseguimos isso, mas, vivendo exemplarmente toda a vida de Deus. Toda a nossa existência precisa estar de acordo com a dimensão da promessa de Deus. Caso contrário, ainda não entramos no descanso que nos é prometido.

  603. "Orai sem cessar", 1Tes.5:17. Se eu fosse traduzir este versículo diria: "Orai sem desistir". Mas, traduzido dessa maneira ficaria, ainda assim, um pouco aquém do que ele pretende transmitir. Pode significar "orai incessantemente" ou mesmo "orai sem omissão". Há que saber juntar esses significados numa só palavra. Orar incessantemente pode e deve ser feito. Mas, há que ter cuidado com repetições vãs; com pedidos de coisas às quais Deus já atendeu - o que pode ser considerado como falta de fé; ou mesmo estar a orar por orar, sem coração e apenas incitado pelo dever de orar sempre - e qualquer oração sem coração não é oração; ou pode significar que alguém anda pesado de coração sem se dirigir a Deus. Depois, olhando para "orai sem omissão", teríamos de ver e rever as causas que levam as pessoas a deixar passar a ocasião de fecundar qualquer oração que exista no coração, isto é, ser atendido a respeito de qualquer tipo de peso do Espírito sobre o coração no momento que ele surge; depois, existem, também, aquelas orações do dia-a-dia que se podem tornar monótonas pela ausência de coração quando se ora. Sendo que o coração se ausenta, qualquer pessoa pode distrair-se e omitir a oração, seja de agradecimento ou de busca da bênção de Deus sobre algo que fazemos ou comemos. Depois, existe "orai sem desistir" e pensamos logo na mulher Cananeia que insistiu em ter apenas as migalhas que caiam da mesa dos filhos e naquela que perturbou a Juiz a meio da noite em busca de justiça. Caso Deus não queira atender por alguma razão - como aconteceu com os cegos de Jericó - devemos saber que, insistindo sem desistir e gritando mais alto como os cegos fizeram perante a tentação da desmotivação e do 'desprezo', Deus não apenas atenderá a oração como resolverá aquilo que nos impede de sermos atendidos por Ele. Há que chegar ao ponto onde possamos dizer sem nos enganaros, como Jesus: "Eu bem sei que sempre me ouves", João 11:42. "E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei", Is.65:24.

  604. É muito fácil enganar uma pessoa enganada, tal como é relativamente fácil encaminhar uma pessoa em cujo coração não predomina qualquer tipo de engano. Os caminhos da vida dependem muito do tipo de coração que temos - ou obtemos. É por essa razão que Deus muda o nosso coração em primeiro lugar. É preciso saber que tudo depende do coração que alguém possa ter ou obter. A medida exata de revelação da verdade ou da manifestação do engano tem ligação e proporção direta com o tipo de coração que temos ou que obtemos. Nunca nos enganemos a esse respeito. Se é verdade que Deus dá o "Seu Espírito àqueles que Lhe obedecem", também será verdade que deixa os desobedientes entregues a eles próprios para serem guiados por qualquer vento de doutrina ou de pecado. "Acima de tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida", Prv.4:3. "Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo", Heb.3:12.

  605. A curiosidade pode ser uma virtude. Pode ser um dom e, como todos os dons, pode tornar-se um tropeço.

  606. Existem muitos sermões longos, contínuos e extenuantes cuja intenção ou alcance é somente manter os ouvintes nas igrejas para fazerem numero. O seu alvo não é salvar pessoas de seus pecados e antes ter pessoas na igreja.

  607. Existem muitos pecados que não chegam a ser exterminados e extintos por existir alguma recusa em expor todas as suas raízes na luz. Cortar os ramos duma árvore não a matará e poderá mesmo fazer com que, podando-a, a torne uma melhor árvore. Mas, com as raízes fora da terra criam-se as circunstâncias para não mais nos preocuparemos com os seus frutos venenosos e indigestos e a sua sombra venenosa e condenada. Por exemplo, existem pecados que são filhos de outros pecados. As invejas e os ciúmes, por exemplo, fazem com que se fale mal de alguém; com que hajam irritações e certo tipo de impaciência com pessoas; cria a arrogância e chama glória (vanglória) para si próprio; faz com que haja certo tipo de agressões verbais e físicas; o ciúme e a inveja consomem a pessoa, consomem seu tempo, seus pensamentos e orientam a sua conduta normal, o que, por sua vez, pode ser considerado como tornar-se infiel naquilo que poderia estar fazendo e não faz por se encontrar ocupado com outros assuntos. Esse é um exemplo dum pecado com ramificações. Existem muitos mais. Logo, expondo e anulando esse pecado pela sua raiz, muitos outros pecados e suas ramificações morrem automaticamente por serem privados de sua raiz. Um complexo de inferioridade pode levar alguém a querer mostrar-se, a buscar amor carnal, a ter segundas intenções naquilo que faz; pode incentivar o orgulho e a defender-se a si próprio de fantasmas e ilusões; e tudo isso fica condenado a partir do momento que a pessoa expõe os complexos de inferioridade como pecado e como raiz de pecado para serem extintos. As  heresias nascem, por exemplo, porque a pessoa não anda com Deus. Elas exterminam-se resolvendo o problema pela raiz. O sexo ilícito, a pornografia e os pecados a isso associados exterminam-se conhecendo ou reconhecendo a verdade sobre a ilusão que existe à volta desse tema. Tudo à volta da sexualidade pecaminosa é ilusão sobre coisas que o verdadeiro sexo não é capaz de dar ou de cumprir. Mas, ainda que as ilusões dessem o que não conseguem dar, a pessoa amando Deus acima de tudo e sabendo que tudo isso opera contra Ele, daria motivação suficiente para exterminar essas ilusões. É tudo ilusão e quando tudo for exposto como ilusão será extinto. De resto, todos os pecados e suas origens obtêm sua vida na carnalidade, a qual, sendo verdadeiramente extinta e aniquilada pela cruz e sendo substituída pela vida da ressurreição libertará o novo ser para ser totalmente livre em Cristo. Isto é, ser livre dessas coisas para viver para Ele.

  608. Não é insistindo contra o erro que ele será exterminado - é praticando a justiça exclusivamente. Vivendo de Deus, aquilo que é passado vai-se decompondo para servir de estrume para a nova vida. Só se aprende vivendo e praticando a verdadeira vida através de Cristo, usando a graça como poder - como poder exclusivo. A vida velha não merece mais atenção. Se receber atenção, sobreviverá.

  609. Tudo aquilo que começa em Deus deve ser terminado em Deus e nada do que é começado n'Ele pode terminar sem Ele. Não podemos terminar na carne nada daquilo que foi começado pelo Espírito de Deus. Deus nunca deve ser abandonado a meio do percurso quando nos introduz ou nos induz em algo muito desejado ou ansiado. Devemos ter o cuidado de permanecer em Deus. Certamente que seremos colocados à prova nesse aspecto.

  610. "Fiéis em Cristo Jesus..." Ef.1:1. É importante notar quantas vezes Paulo (e as Escrituras) realçam este termo de estar em Jesus e as virtudes se tornarem funcionais n'Ele. Não é apenas por Ele (através d'Ele), mas, n'Ele. Para isso acontecer são necessárias duas coisas: estar em paz com Ele e tornar-se funcional através duma vida nova, num novo estado. É fácil um pecador permanecer com relativa paz longe de Deus, isto é, ter aquela paz que o mundo dá; tal como é para um santo estar em plena paz em Deus, na presença real d'Ele. O santo sentir-se-á muito mal afastado de Deus tal como o pecador perto d'Ele. Deus não muda para se adaptar a alguém. Deus é e será sempre o mesmo. É, pois, necessário que a pessoa comece a sentir-se em casa estando em Jesus e é necessário que essa vivência ou experiência seja real. Mas, de seguida, há que conseguir ser fiel, ser virtuoso, ser cooperante e viver todas as virtudes de forma prática através d'Ele. São duas coisas distintas. Nada mais deve funcionar como antigamente: "Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos", Dt.12:8.

  611. "Se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados", Rom.8:17. Não existe qualquer benefício espiritual em passarmos por tribulações sozinhos, isto é, não padecendo com Cristo naquilo que padecemos. Há que padecer com Ele se desejarmos ser glorificados com Ele e sofrer naquelas coisas pelas quais Ele sofreria. Se padecermos sem Ele, quereremos ser glorificados sem Ele, isto é, queremos para nós toda a glória ou que, no mínimo, alguma dessa glória nos seja atribuída. Existem pelo menos duas maneiras de sofrer sem Ele: sofrendo naquelas coisas pelas quais Ele nunca sofreria; ou tentando alcançar as coisas celestiais através do braço da carne e por meios próprios, os quais glorificam o homem.

  612. A rapidez com que saímos de nossos pecados tem uma relação direta com a intensidade do desejo de sair deles. A intensidade da luta também tem relação direta com esse desejo: quanto maior for o desejo de sair do pecado e quanto mais sincero, tanto mais intensa, tanto mais rápida e tanto mais eficaz será essa luta. Vencemos com Ele.

  613. Em vários lugares, as Escrituras fazem alusão às obras da carne, tanto direta como indiretamente. Creio, no entanto, que é um grande erro associar as obras da carne apenas àquilo que é mau, como a avareza, prostituição, ira e outras coisas mais. Essas obras e a força da carne estendem-se e entendem-se muito para além disso e chegam a tentar praticar o bem. Isto é, não apenas tentam fazer o que é certo por via dum poder errado e inaceitável para Deus como impedem que a graça de Deus seja livre de atuar e de alcançar por si mesma e de forma exclusiva. Não se pode considerar aceitável ou mesmo razoável que o diabo trabalhe dentro do templo de Deus - nem mesmo fazendo o que é "certo". A graça é o poder alternativo que opera com o aval de Deus e através da bênção de Jesus. Mas, deve operar verdadeiramente de forma única e exclusiva. O poder da graça nunca opera em conjunto com o poder da carne; opera contra ele. Por isso, é de assumir que as obras da carne também sejam aquelas 'boas' obras praticadas por via do poder do braço do homem ou para engrandecer qualquer homem.

  614. "Por isso, lhes falo por parábolas, porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem", Mat.13:13. Vemos que Deus também disse que falava com Moisés cara a cara porque ele era fiel em toda a sua casa. Existe, realmente, uma relação entre a fidelidade e o ouvir as coisas da parte de Deus de forma mais clara e mais evidente. Os que são fiéis em tudo têm bom ânimo suficiente - independentemente das circunstâncias onde se possam encontrar - para serem fiéis a Deus em todos os detalhes e não necessitam de iscos para se moverem em direção àquilo que não entendem. Os humanos gostam muito de mistérios e de desvendar aquilo que entendem mal, ou entendem pelo meio ou, como Jesus disse, entendem sem entender. O fato de não entenderem aquilo que 'entendem' incentiva-os a perseguirem no encalço daquilo que os poderá tornar fiéis. É a sabedoria de Deus operando em prol da salvação. E quem diz isso, pode dizer que existem os que recebem aquilo que não recebem; que ouvem o que não ouvem; que tocam no que não tocam; etc. Moisés tornou-se fiel, mas, viveu momentos quando aquilo que se concretizava, não se concretizava, isto é, aconteciam os milagres, mas, Israel não saía do Egipto. No final, ao tornarmo-nos fiéis em tudo, devemos saber que as coisas mudam, tornam-se diferentes e que precisamos doutros mecanismos e outros procedimentos para nos podermos manter numa linha de conduta capaz de ser agradável a Deus. A maneira de operar conosco muda quando nos tornamos fiéis em tudo. Vai mudando na medida que a fidelidade se vai aperfeiçoando.

  615. "Quando o exército sair contra os teus inimigos (...) e entre ti houver alguém que não esteja limpo, sairá fora do exército; não entrará no meio do exército", Dt.23:9,10. É bom saber e ter em conta que Deus nunca mudou. Ainda hoje temos de estar limpos se queremos ser prósperos contra o mal, contra o pecado e colocarmos o Evangelho da verdade a vencer. Ainda hoje deveríamos estar com a mesma força inicial de Pentecostes. Só não estamos porque existem muitas impurezas dentro do exército que ora e anseia por avivamento real.

  616. Lemos em muitos lugares das Escrituras que é possível invalidar qualquer dos concertos que Deus fez ou faz conosco. Qualquer concerto ou testamento é um acordo entre duas ou mais partes. Sempre que uma das partes entra em incumprimento, anula-se todo o concerto.

  617. Existem pessoas que, na hora de colher é que começam a semear. Quando vêem a colheita, começam a acreditar e a semear. Já vi muita gente assim. Na hora de ir para o culto é que se começam a preparar, tomar banho e vestir. Devemos saber preparar-nos, devemos criar o hábito de estarmos preparados em antecipação. As virgens loucas - embora fossem virgens e limpas - foram procurar azeite no momento que precisavam de usá-lo. Não se prepararam. Muitos buscam graça em cima da necessidade quando ela deve ser achada antecipadamente. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno", Heb.4:16. Somente os preparados antecipadamente continuarão firmes depois dum dia mau ou duma provação impiedosa. Esse dia mau virá, com toda a certeza. Mas, os que se encontram preparados passarão por ele como passariam por um dia bom. "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes", Ef.6:13. O segredo, porém, não consiste em antecipar o dia mau que virá sem sombra de dúvida, mas, em aconchegar-se no seio de Deus a tempo e horas, isto é, enquanto a graça pode ser achada. devemos estar já aconchegados quando o dia mau chegar se desejarmos que a tempestade nos passe ao lado quando ela chegar. A tempestade chegará com certeza.

  618. A Lei penalizava todo o transgressor. Mas, a intenção primária da Lei não era proteger o lesado - embora isso fosse uma das finalidades da Lei - e antes livrar a sociedade daquilo que contamina. E conseguia-o de várias maneiras: servia de aviso a quem quisesse transgredir; e exterminava o mal e o mau exemplo.

  619. "Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao Senhor", Ex.19:9. Parece que Deus se manifestou a Israel a favor de Moisés por ele haver relatado as palavras do povo a Deus. Por aqui vemos a intimidade com Deus e a humildade de Moisés, pois, sabemos que Deus sabe tudo, vê tudo e nunca necessita que alguém lhe diga o que se passa ou o que se falou. "Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes", Mat.6:8. Vemos a mesma atitude em Elias que respondeu a Deus quando este lhe perguntou duas vezes o que fazia ali, na montanha de Deus. Elias respondeu as duas vezes sem se alterar, usando precisamente as mesmas palavras nas duas respostas. Isso demonstra que as suas palavras eram pensadas e medidas meticulosamente.

  620. "Enganoso é o coração acima de todas as coisas", Jer,17:9. Precisamos levar isto em linha de conta. Não é fácil obter um coração perfeito. Mas, pelo poder ativo da graça tudo é possível. Vejamos a que ponto o coração pode enganar. Muitos não se atrevem a murmurar contra Deus. Mas, murmuram contra as pessoas - e até mesmo contra quem os lidera no caminho de Deus, se é que os lidera mesmo no caminho de Deus. Os Israelitas murmuravam contra Moisés e contra Aarão. Faziam isso pensando que evitariam ser acusados de murmurar contra Deus, pois, não se atreviam a fazê-lo tão descaradamente. Foi preciso Moisés alertá-los para esse fato e mesmo assim não conseguiu convencê-los. "As vossas murmurações não são contra nós, mas, sim contra o Senhor", Ex.16:8. Cabeça endurecida dificilmente muda sua forma de pensar e crer.

  621. "Um pouco de fermento leveda toda a massa", Gal.5:9. Precisamos saber que somos massa e precisamos saber viver com isso, assumindo esse fato sempre que nos queremos colocar em certas situações e sob certas circunstâncias. Sem fermento, a massa não é capaz de levedar no mau sentido. Se não fermentar, toda a massa é boa. Se não tocarmos no que fermenta, permaneceremos simples, sinceros, puros desde que já tenhamos sido purificados e santificados em pleno. Agora, se andarmos a cultivar o que fermenta, seremos levedados e tornar-se-á difícil escaparmos de transgredir. O ciúme é massa que já levedou; a ira prolongada é massa levedada; a inveja, a promiscuidade, o encanto pelo pecado são coisas que borbulham de fermentação; o medo, o tipo de tristeza que é pecado e muitas outras coisas são sinais de que existe ou já existiu fermento na massa. Toda a massa levedada deixou de prestar e de poder ser preservada. Já não é pura. Estamos falando daquilo que a criminologia destacaria como crime premeditado, ainda que haja apenas sido crime consentido. A coisa vai fermentando e vai-se formando e vai formando a mente, tornando-se difícil resistir depois porque a mente não é capaz de se resistir a ela própria. Nenhum médico é capaz de fazer uma cirurgia de coração nele próprio. É por isso que não devemos tentar Deus tendo o que fermenta nas redondezas. Não é a massa que é perigosa: é o que pode fermentá-la. Não culpe a massa que você é e não se desculpe no fato de haver sido feito de carne. Evite as situações, as coisas, os filmes e tudo mais que possa fazer fermentar sua mente. Você é e será sempre o resultado daquilo que aprende, daquilo que vê, aprecia e ingere. Existe um ditado que diz que "somos aquilo que comemos". Na vida espiritual, esse ditado não podia ser mais verdadeiro. Lembre-se que você é massa e sê-lo-á sempre. Só não recuse ser massa porque pode ser levedada: recuse o fermento e evite qualquer situação que possa fermentar a massa que é. "Não se ache nenhum fermento nas vossas casas (...) tirareis o fermento das vossas casas (...) nem ainda fermento seja visto em todos os teus termos", Ex.12:15,19; 13:17.

  622. Quando Deus chamou Moisés inicialmente, já existia uma atitude que recusa, um espírito de contradição, em seu coração ou uma razão para nunca mais voltar ao Egipto. Ele não tinha aquela disposição para obedecer a Deus, muito menos a respeito de voltar ao Egipto. Provavelmente, sentia-se enganado e desapontado em Deus por ter fugido do Egipto e esse antagonismo prevaleceu durante todos os anos que se manteve longe das garras de Faraó. Penso que existe alguma verdade nisso, senão muita. Havia uma resistência dentro de Moisés que ele próprio não assumia, o qual foi crescendo e solidificando com o decorrer dos anos no deserto e que se manifestava quando era colocado perante o dever da obediência a Deus. Por essas razões, procurava sempre algum argumento, desculpa ou contrariedade em seu caminho ao invés de dizer abertamente que não se sentia afim de ser obediente. Dando a primazia e importância à obstinação e contrariedade, também não se ligava a tudo que Deus dizia. Na primeira contrariedade diante de Faraó, Moisés reclamou diante de Deus, dizendo: "Senhor! Por que fizeste mal a este povo? Por que me enviaste? Porque, desde que entrei a Faraó para falar em teu nome, ele maltratou a este povo; e, de nenhuma maneira, livraste o teu povo", Ex.5:22,23. Reclamou porque não havia colocado todas as palavras de Deus em seu coração e não as teve em conta em momento oportuno. Deus já havia dito que, "Eu sei, porém, que o rei do Egipto não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte", Ex.3:19. Não se lembrava disso porque sua mente estava contrariada e pouco submissa. Se fosse submisso e se a vontade de Deus fosse o seu amor e prazer, certamente que consumiria TODAS as palavras de Deus com agrado e amor. O seu coração obstinado e contrariante não lhe permitiu levar todas as palavras em conta, lembrando-se delas no momento que mais precisava. Na primeira contrariedade, usou o estado do seu coração para se insurgir argumentando contra a boa vontade de Deus. Notava-se que tinha uma ferida mal curada e que obedeceu contrariado desde o início. Damos graças a Deus que Moisés não foi morto no deserto; ("E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou e o quis matar", Ex.4:24); e que ele mudou com o decorrer dos dias, convertendo-se num homem de mansidão e prontidão inigualável. A verdadeira conversão significa isso mesmo, isto é, implica que nos tornemos o preciso oposto daquilo que éramos, sendo olho por olho e dente por dente em sentido inverso. "E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra", Num.12:3.

  623. "O Senhor atente sobre vós e julgue isso, porquanto fizestes o nosso cheiro repelente diante de Faraó e diante de seus servos, dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar", Ex.5:21. O povo colocou as culpas em Moisés e não em Faraó. E Moisés sentiu-se culpado e foi reclamar diante de Deus que o havia enviado. Flectiu a culpa que colocaram sobre ele. Estas acusações de Moisés contra Deus e do povo contra Moisés estavam saturadas de falta de vontade em prosseguir com a vontade de Deus. Mas, é verdade que muita gente se sente culpada de muitas coisas. Outras carregam as culpas que advêm da obediência. "Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus", 1Ped.4:14. Elias foi tido como culpado pela falta de chuva em Israel; Jesus foi tido como culpado pelo alvoroço entre o povo; Moisés foi fustigado pela boca do povo como culpado pelas coisas que lhes estavam acontecendo. É tudo culpa da obediência. O mal não gosta de ser perturbado, nem despertado da hibernação da sua rebeldia adormecida contra a verdade e procura quem culpar quando é perturbado, insurgindo-se contra Deus ou contra quem prega a verdade. A culpa é da verdade? Ou é do mal? Imagine alguém que vive num quarto escuro sem ver o que se passa na escuridão e alguém acende uma luz. Assim que se acende a luz, as baratas fogem, correm, escondem-se, o lixo acumulado e as teias de aranha tornam-se visíveis. Até ali não havia consciência da existência dessas coisas. Mas, com a luz, tomou-se plena consciência do que se passa nas trevas. A culpa da existência das baratas é da luz? Devemos saber carregar os pesos do Senhor sendo 'culpados' pelo Senhor, em obediência. Ninguém entra numa guerra sem ferir o adversário. Ninguém pega nas armas da luz sem afetar as trevas e a escuridão. Não nos devemos sentir culpados de nada sempre que andamos na luz. As culpas têm outro dono. Se não nos sentirmos inocentes e se não mantivermos a verdade como inocente e coerente, seremos tentados a reclamar contra Deus e/ou contra pessoas.

  624. "Porque, se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?" 1Cor.14:8. Sem querer tirar este texto de seu contexto, desejo aplicá-lo noutro sentido: a voz de Deus. Muitos ouvem a voz de Deus e não têm a certeza de que se trata de Deus falando. É possível que já tenham ouvido vozes erradas e isso os leve a não ter a certeza a respeito daquilo que ouvem. Mas, é preciso saber que é a voz de Deus para poder ser executada e para manter em nossa memória até ao fim aquilo que nos foi dito. Outros sentem-se indignos de ouvi-la e duvidam por via duma humildade falsa quando a ouvem. Existe alguém digno? "Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o coração do Senhor, Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera", 1Reis 11:9. Quando Deus nos fala e, por alguma razão, não nos mantemos na linha do que falou, seremos criminosos. Um enorme crime se cometeu ainda que se tenha ouvido mal. Quem ouve mal deveria poder ouvir melhor. Tem tudo para ouvir melhor. As razões que levam alguém a desprezar a voz de Deus são várias, como a negligência; o esquecimento; a ocupação com coisas que não são prioritárias, mas, que são levadas como prioritárias; a teimosia e a obstinação; e, também, quando não se leva a voz a sério porque não se crê nela por termos a voz como som incerto. O fato do som ser incerto pode ter a ver com o coração que é incerto. Se algo soa incerto ou se damos ouvidos ao nosso coração incerto acima de manter o mandamento de Deus como a prioridade das prioridades, seremos, não apenas instáveis e ofensivos contra Deus, mas, faremos grande mal às nossas almas, pois, tornamo-nos hesitantes ora fazendo e ora não fazendo a vontade de Deus e optando pela nossa própria vontade ou pela de outro. E somente aqueles que executam toda a vontade de Deus se tornam firmes e constantes até ao fim. "Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre", 1 João 2:17. Se permanece é porque se tornou constante e persistente ao longo do caminho.

  625. "Pede para ti ao Senhor, teu Deus, um sinal (...) Acaz, porém, disse: Não o pedirei, nem tentarei ao Senhor", Is.7:11,12. O fato de alguém recusar tentar o Senhor pedindo um sinal não significa necessariamente que a incredulidade no coração não exista ou que não irá persistir. Recusando o sinal não é a mesma coisa que sossegar o coração confiando e crendo plenamente no Senhor - algo que pode acontecer com ou sem o sinal. Mas, receber o dito sinal também não significa que o coração se tornará crédulo e seguro a partir dali. Talvez confie momentaneamente, mas, há que mudar o coração para que não volte ao vómito da teimosia que resulta da incredulidade, pois, quando a consciência do sinal houver passado, o coração pode voltar a ser o que era. Uma coisa é ser convencido momentaneamente e outra coisa totalmente diferente é ser transformado para crer poder permanentemente. "Aquele que pode crer...", Marc.9:23.

  626. Por vezes, não olhamos para trás, mas, tememos seguir em frente. Se estivermos estagnados em nossa caminhada temendo o passo seguinte da mesma forma que tememos olhar para trás, devemo-nos aproximar de Deus ao invés de nos afastarmos d'Ele, pois, todo o afastamento d'Ele implica entrar no medo e no temor e, consequentemente, no mundo e no pecado. Não existe caminho intermédio: quando se sai dum, entra-se no outro - ou permanece-se no outro. Quem teme caminhar ou seguir em frente - ainda que não olhe para trás - transgride da mesma maneira que aquele que olha para trás. Cometem o mesmo pecado e são culpados de idêntica transgressão. O pecado é um e o mesmo, tal como os dois sonhos de Faraó. É bom lembrarmos aquele homem que escondeu o seu talento para o entregar intacto. Se não olha para trás, mas, também não segue em frente, está fazendo teatro e não é sério em sua obediência e muito menos em sua confiança em Jesus. Contudo, há que ter a certeza que estamos saindo mandatados por Deus e não por conta própria. "Então, pôs-se Jacó a pé e foi-se à terra dos filhos do Oriente", Gen.29:1. Em seu pensamento mais genuíno, ele estava deixando o lugar onde cria que Deus estava para seguir em frente em obediência e fé.

  627. Na maioria das situações, remediar, mitigar, atenuar e aliviar os pesos da alma de forma ilegítima é camuflar, isto é, é tapar os olhos para a realidade. Devemos ter a capacidade de enfrentar as coisas, olhar tudo nos olhos com toda a honestidade e frontalidade, atendendo à mais pura realidade através da perspectiva de Deus. O que se remedeia hoje, piora amanhã e trará sérias consequências para qualquer alma.

  628. "Porque quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça", Rom.6:20. Servo do pecado, livre da justiça; servo da justiça é livre do pecado. Você serve quem no seu dia-a-dia?

  629. Jacó seguiu caminho para Harã até à casa de Labão. Ali ficou cerca de vinte anos e Deus mandou-o regressar à casa de Isaque, seu pai. E assim fez. Para o caminho em direção a Harã, ele foi guiado por Deus sem se dar conta (pensava que estava fugindo) e no caminho da volta ele foi mandado regressar por Deus. Para sermos guiados por Deus não é necessário recebermos mandamentos diretos ou de recebermos ordens audíveis. Jacó não recebeu mandamento de Deus para partir para Harã, pois, foi a providência que o levou. Embora eu não creia que Jacó estivesse cheio do Espírito nesta fase de sua vida, foi guiado por Deus sem se dar conta. Mas, para sermos verdadeiramente guiados por Jesus, basta estarmos entregues a Deus dependendo inteiramente d'Ele. Nada e ninguém neste mundo é Deus para que se possa depender deles, nem para as coisas mínimas e mais insignificantes. "Porque quem despreza o dia das coisas pequenas?", Zac.4:10. Uma entrega absoluta e uma vida cheia do Espírito Santo cria todas as condições para que nossos próprios pensamentos, ações, caminhos e certas decisões venham de Deus - muitas vezes sem nos darmos conta e nas coisas mais pequenas. "Nós temos a mente de Cristo", 2Cor.2:16. São esses os filhos de Deus: os que são guiados por Ele. Não creio que os outros possam ser credenciados como filhos de Deus, nem mesmo quando se consideram filhos d'Ele, fazendo mesmo profissão de fé e auto-acreditando-se como filhos d'Ele. Nenhum testemunho próprio é válido. "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus", Rom.8:14.

  630. Muitas vezes demoramos a aceitar certas realidades e, consequentemente, acabamos flectindo a verdade noutro sentido, criando uma meia verdade. Quando se cria esse hábito de flectir a verdade ou de tentar ludibriar a realidade, o hábito irá manter-se sempre - até mesmo em sentido inverso. Deixe-me explicar melhor. Olhemos para o sonho de Jacó onde viu anjos subindo e descendo do céu por uma escadaria. Jacó achou-se confrontado com a realidade de Deus ao vê-lo no topo da escada. Então, Deus disse-lhe: "Eis que estou contigo", Gen.28:15. Mas, Jacó disse para ele mesmo: "Na verdade, o Senhor está neste lugar", Gen.28:16. Criou uma meia verdade. Ele flectiu e desviou a verdade em outro sentido. Deus estava com ele e não propriamente no lugar. Deus disse-lhe uma coisa e ele assumiu outra. Não tinha como negar a realidade de Deus, mas, flectiu essa realidade dizendo que Deus estava no lugar e não aceitou o fato de Deus haver dito que estava com ele. Não sentia essa liberdade de assumir que era com ele que Deus estava, mas, também não podia negar que Deus havia estado ali. Não tinha como negar a realidade de Deus sendo que até então Deus havia sido uma crença e não realidade. Logo, flectiu a verdade. A crença não assume a realidade daquilo em que crê. A crença deseja manter tudo como crença. Enquanto for irreal, seja a verdade sem realidade ou a mentira, não cria conflito interior. Na sua forma prática, a realidade é diferente da crença. A realidade assusta e confunde a crença. Quem crê num Jesus de sua mente assusta-se quando Ele se apresenta de forma real. "Fui buscado e Eu disse: Eis-me aqui", Is.65:1. As pessoas são capazes de assumir um Deus irreal, mas, dificilmente se conciliam com um real. A irrealidade entra sempre em conflito com a realidade. A crença e a realidade são coisas distintas e são vividas e evidenciadas distintamente, ainda que falem da mesma pessoa, digam as mesmas coisas e usem as mesmas palavras. Sua forma prática é distinta. Quando isto acontece, podemos acreditar que o desejo de Jacó de que Deus estivesse com ele era tão grande que sentia certa dificuldade em assumir esse fato quando se tornou realidade. Ele vivia duma esperança remota de que Deus existisse, mas, não o tinha como tão real e tão próximo. E quando foi confrontado com a realidade da existência de Deus, teve enorme dificuldade em assumi-la tal e qual lhe foi apresentada. E é assim que se cria esse hábito de flectir a verdade que, na maioria das vezes, se mantém durante anos e anos como hábito até que um dia alguém se aperceba dele e tente eliminá-lo a muito custo. Todos os hábitos de personalidade e do modo de pensar são muito difíceis de eliminar. Será como eliminar uma cultura, um modo de ser. Esse hábito alimenta-se de qualquer coisa, esteja onde estiver e seja qual for a verdade. Se, ao contrário do que acontecia com Jacó, Deus não estiver com a pessoa, ela irá querer que Deus esteja e não dirá que Deus está no lugar e antes com ela porque essa é a irrealidade. Fará sempre isso ao invés de remover e confessar aquilo que a esteja a separar de Deus. Flectirá a verdade em sentido inverso por causa do hábito de flectir a verdade e de escamotear a realidade. Nunca ganhemos esse hábito de flectir a verdade e de mentir para nós próprios. Conciliemo-nos com a verdade e com a realidade para assumi-la. Só assim seremos salvos. E aquele voto que Jacó fez foi motivado pela descrença na realidade. "Se Deus for comigo...". Deus já havia dito que estava com ele. O voto também flectiu Deus para o futuro sendo que Deus era presente, estando já ali. Deus já estava com Jacó. Estava ali e não foi aceite. "Veio para o que era seu e os seus não o receberam", João 1:11. Existem muitas resoluções e muitos votos inspirados na descrença, os quais não vêm da fé. A fé é a certeza na realidade - é o assumir duma realidade, é o assumir duma situação quando ela é real. Se não for realidade, a crença assumirá e se for real, a crença rejeitará e tentará negar, seja flectindo ou seja agindo doutra forma. Se a realidade de Deus não partir como o princípio de tudo, ou como a necessidade para tudo, será tida como o fim, isto é, como a finalidade. Logo, iremos trabalhar para algo que já temos e não seremos capazes de usar o que temos para outras finalidades como a santificação e outras coisas importantíssimas para nosso caminhar, para nossa sinceridade e para nossa segurança. Seremos negligentes em nosso dever. "Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus", 2Cor.5:20. Se Deus é tornado realidade em nossos corações, devemos ser conciliados com essa realidade a ponto de poder assumi-la sem fingimentos e sem sermos forçados nesse aspecto - desde que seja realidade e não crença ou fé forçada pela falsidade do coração. Depois, devemos assumir que isso se trata do princípio do caminho quando é real e não o fim porque, "estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida", Rom.5:10. Seremos salvos de nossos pecados e não doutra coisa qualquer que nem sabemos o que é. Devemos conseguir permanecer na realidade porque a nossa imaginação é fértil em tentativas de fuga para a irrealidade.

  631. É preciso criar todas as condições para que o acesso a Deus e à comunhão com Ele se mantenha livre, intocável e que nunca possa ser interrompida por aquilo que Jesus afirmou serem espinhos que sufocam as sementes - ou pecados que anulam a vida. Deus precisa tornar-se a prioridade em todos os aspectos, em todas as ocasiões e sob quaisquer circunstâncias. Se estou com Ele em comunhão secretamente em meu quarto, nem um terramoto deve perturbar-me ou distrair-me do essencial. É muito fácil ser-se interrompido até por um telefone que toca. Esta atitude de estar com Deus sem ser interrompido deve ser uma maneira de ser, uma forma de estar, uma característica da personalidade e do coração. Não deve ser, apenas, algo conseguido através de resoluções e de esforço, pois, o esforço neste aspecto demonstraria que não estamos com Deus verdadeiramente e apenas que queremos estar com Ele ou que temos enorme dificuldade em estar a sós com Ele de forma exclusiva e prioritária. Deve ser algo da nossa própria natureza, tornando-se algo do nosso instinto mais puro e mais simples. E, para isso acontecer, essa comunhão deve ser mesmo real. Isto é, Jesus precisa estar mesmo presente ali comigo. Eu preciso ser verdadeiramente achado em Sua presença. Essa presença nunca deve ser fictícia ou irreal e imaginária.

  632. Todas as discussões doutrinárias surgem devido à insegurança de quem as discute. Não é a doutrina que leva a Deus e antes Deus que leva à doutrina. Quando Paulo fala a respeito da "sã doutrina" pode parecer que devemos defendê-la ou lutar por ela. Mas, a verdade é que a sã doutrina é fruto dum relacionamento verdadeiro e real com Jesus e devemos defender e interceder pelo relacionamento com Jesus, o qual abre caminho para a sã doutrina. O que deve ser privilegiado é a comunhão com Deus, estando purificados duma má consciência e abolindo tudo que possa anular, prejudicar, perturbar, matar ou complicar essa comunhão. A doutrina sã surgirá naturalmente aos olhos de quem anda com Deus. Os olhos dos que se convertem, abandonando seus pecados e voltando-se para Deus, abrem-se. Logo, não preciso discutir a doutrina e aperrear as pessoas com elas. Basta conseguir que alguém obtenha uma comunhão pura, real e sólida com Deus abandonando e abominando qualquer tipo de comunhão fictícia, falsa e irreal. E sempre que acharmos a sã doutrina, nunca devemos cair na tentação de depender dela, lutar por ela ou mesmo interceder por ela. Guardemos nossos esforços para tornar real a comunhão com Jesus, para ser sem hipocrisia, verdadeira e pura. Essa comunhão é conseguida buscando-a após cada pecado do passado e presente haver sido confessado a quem de direito e abandonado. Devemos manter-nos em Deus e não gastar nosso tempo e energia para permanecermos na doutrina. Se começarmos a lutar pelo ensino e pela doutrina obtemos um espírito idólatra, pois, confiamos em algo que não é Deus - ainda que venha de Deus. Essa comunhão com Deus deve ser mesmo real - não ocorre por via duma resolução e antes via realidade, havendo colocado cada pecado na luz através da sua confissão publica e/ou privada.

  633. Na verdade, neste mundo é mais fácil para os humanos acreditarem na mentira que na verdade, embora a mentira seja mais difícil de entender ou mesmo de explicar. Até Eva conseguiu crer naquilo que a serpente lhe disse acerca da Árvore do Bem e do Mal em detrimento do que Deus lhe havia dito. É mais difícil para uma mente racional e séria acreditar que um peixe decidiu sair do mar, evoluir, mais tarde virar macaco e depois homem, do que acreditar que Deus criou cada espécie no seu devido lugar e tempo. A evolução não faz sentido, não tem sentido e, ainda assim, as pessoas optam por acreditar nela. Se a evolução fosse verdade, ninguém acreditaria nela. E é por isso que poucos crêem em Deus porque Ele é a verdade. Por alguma razão é necessário admoestar e insistir para alguém crer na verdade. Mas, ninguém precisa ser admoestado a crer na mentira, pois, por norma, crê-se naturalmente nela.

  634. Muitos falam com pudor e lastima contra os falsos que roubam os homens nas igrejas e que assaltam os bolsos daqueles que dão seus dízimos e ofertas. E é de lamentar que haja tantos falsos a espalhar doutrinas falsas e contraditórias. Contudo, a culpa deve ser dividida entre esses e aqueles que os sustentam dando-lhes o que pedem e exigem através de promessas e ameaças - ainda que dêem pouco. Isto é, quem dá é tão culpado quanto aquele que faz de tudo para extorquir e levar o que não é seu. Não podemos ignorar que aqueles que dão são os que mantêm e defendem os que usam esses dinheiros para proveito próprio e para espalhar doutrinas falsas que convêm muito a quem é falso porque essas doutrinas farão com que enriqueçam ainda mais. Os que dão são os principais cúmplices da falsidade, pois, contribuem para que a falsidade se espalhe mais rapidamente que a verdade. Hoje não é o joio que está entre o trigo e antes o trigo que está entre o joio. E não nos esqueçamos que o trigo será arrancado do meio do joio, ao contrário do joio do meio do trigo. Sem essas doutrinas, nunca enriqueceriam à custa dos dízimos e ofertas e se não houver quem lhes dê, empobrecem e caem na desgraça porque Deus nunca os sustentará e deixá-los-á ao abandono.

  635. Sempre que Deus se põe contra alguém, contra um povo, contra uma congregação ou mesmo contra uma família, intenta corrigi-los e buscar o seu arrependimento e conversão. Quando não se arrependem e não se voltam para Deus, hajam estado em Deus anteriormente ou não, Deus continuará castigando para benefício daqueles que se venham a arrepender. Muitos não ouvem e não crêem nessas correções pela sua natureza, teimosia, orgulho ou vergonha. Não crêem que qualquer correção ou castigo possa chegar-lhes da parte de Deus. Assumem inconscientemente que um Deus de amor não os pode corrigir, admoestar, castigar, negar ou mesmo destruir. O amor carnal juntamente com a quantidade de amor pelo próprio instiga a crer que Deus ama da mesma forma carnal e que ama a ponto de aceitar os desígnios dos corações do carnal que afirma crer em Jesus. Começam a crer que são provações ou alguma coisa que não entendem. Com isso, a tendência é continuarem a ser como sempre foram e não se corrigirem. É nesse meio que emergem sonhos, desejos próprios e fé falsa juntamente com inúmeras orações que não são ouvidas. E é, também, nesse meio onde começam a surgir falsas esperanças, profecias falsas e, consequentemente, desapontamentos após desapontamentos. As ditas "provações" leva-os a insistir em seus erros como se não estivessem tendo Deus como opositor. Sempre foi assim. Aumentam, também, as insistências diante de Deus - algo que consideram ser perseverança quando, na verdade, para Deus é abominação. Assumem que um Deus de amor não negará as suas orações. O amor pelo próprio leva a extremos impensáveis. O ponto extremo de toda a abominação é alcançado quando se começa a acreditar que Deus aceita o mal e o pecado. Dificilmente Deus é tido como o inimigo. E Deus pode ser o inimigo e opositor! Ele sempre foi e sempre será inimizade contra a carne e haja quem acredite que a carne também é inimizade contra Deus e contra os bons valores e nada mais que isso. Faça o que fizer, a carne é e será sempre e somente inimizade ativa contra Deus. Nunca creia em seus supostos "bons motivos". Sua função é a destruição ou contaminação daquilo que Deus é, tem e criou. Surgiram imensos falsos profetas nos tempos de Jeremias, de Isaías e todos os demais profetas que falavam a verdade contra Israel. Eu acredito que esses falsos profetas - os quais se inspiravam em desejos pessoais e próprios enquanto afirmavam falar em nome de Deus - surgiram precisamente porque os verdadeiros falavam a verdade contra Israel e eles sentiam-se pressionados a abandonar a fé falsa e as esperanças sem fundamento. Todas as falsas profecias eram maioritariamente reações defensivas à verdade. O povo e principalmente os seus líderes não aceitavam que se falasse contra Israel, muito menos que alguém dissesse vir da parte de Deus com castigos e repreensões, sendo que se achavam especiais e escolhidos de Deus intocáveis. Contudo, é de notar que um falso profeta que fala contrariamente a Deus ou que faz algo nessa linha de conduta enquanto Deus faz ou fará o oposto daquilo que diz o profeta, isto é, fala em prosperidade estando Deus operando o inverso, sendo movido por uma fé falsa e no qual muitos crerão pelas mesmas razões que o falso profeta se impõe, se move e fala, acontecerá a esse profeta e a quem nele crê precisamente o oposto daquilo que diz e prega. Essa é a regra. Se o falso promete o céu, ele e quem acredita nele receberão o inferno. "Portanto, assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado e dizem que nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas", Jer.14:15. Por isso é que muitos pregadores da prosperidade precisam roubar e assaltar os bolsos de seus dizimistas para enriquecerem, pois, Deus não lhes dá. E se Deus não lhes dá, eles tentam roubar e apoderar-se daquilo que não é seu. Os tolos e enganados dão-lhes o que pedem e mantêm o engano vivo e ativo. Mas, cairão na desgraça e na vergonha, tanto quem pratica a extorsão como quem dá aos tais - é só uma questão de tempo até isso acontecer. Ambos tornam-se culpados do mesmo pecado, sendo que quem dá compromete o evangelho verdadeiro e mantém quem espalha e dissemina a falsidade. A falsidade espalha-se com mais facilidade e rapidez com a ajuda de quem contribui com ofertas e dízimos para os tais. São culpados e cúmplices dos mesmos pecados e obterão a mesma recompensa e serão envergonhados com a mesma vergonha. Com Deus não se brinca e quem não se sujeita a Ele e às suas reprovações irá ser forçado a envergonhar-se para sempre. 

  636. Muitos falam de avivamento e oram para que a igreja e seus líderes se convertam ou que alcancem avivamento genuíno. Lembre-se duma coisa: o verdadeiro avivamento começa por si, começa sempre por quem sente a falta dele. Não tente passar essa responsabilidade para outros. E se você alcançar avivamento pessoal, certamente que algo também acontecerá à sua volta. è buscar e achar.

  637. Quando somos atingidos por Deus por causa da rebeldia ou qualquer outro desvio do caminho, é preciso conseguir crer verdadeiramente que estamos sendo atingidos por Ele. Obter a percepção de que é Deus quem se está opondo a nós e poder crer nisso - quando é verdade - é poder salvar-se. Nenhuma outra conclusão ou elação pode ser tirada. Qualquer outra conclusão seria rebeldia e não fé. Se a pessoa começa a crer que são meras provações ou que é coisa do diabo - que, em sua perspectiva prática, é mais forte que Deus em sua vida - dificilmente conhecerá a verdade e, não a conhecendo, nunca será liberto de tudo. Abençoados são aqueles "que podem crer" e que possam ser corajosos a ponto de encarar essa realidade de estarem a ser consumidos por Deus. Qualquer outra conclusão será vista como uma maneira de não querer voltar-se para Deus para endireitar seus caminhos todos. "Feriste-os e não lhes doeu; consumiste-os e não quiseram receber a correção; não quiseram voltar", Jer.5:3. Haja corajosos!

  638. "No mês dela a acharão", Jer.2:24. Na natureza, as fêmeas dos animais entram no cio e são achadas pelos machos. Elas deixam sinais por todo lado para serem achadas. Por vezes, os machos estão bem longe delas e, ainda assim, as acham. Elas querem ser achadas. Assim é, também, com aquelas pessoas que estão propensas para o pecado: serão achadas por ele. O cio para o pecado clama pela transgressão. Se houver disposição para pecar em seu coração ou mente, pode ter a certeza que o pecado irá achá-lo, irá fecundar toda a sua conduta e irá contaminá-lo. Ainda que haja somente indiferença para com o pecado, ele se achegará ao seu coração para manipulá-lo. Será achado com toda a certeza. E se for achado pelo pecado, tenha a certeza que também será achado pelo Juízo de Deus. Não pode querer uma coisa e evitar a outra. Ou você odeia o pecado o ama-o. "Aproxima-se o príncipe deste mundo e nada tem (nada acha) em Mim", João 14:30.

  639. É comum acontecer que um justo se sinta acusado ou busque ser acusado estando justificado em Deus e que aquele que vive em pecado e persiste nele se sinta justificado e busque sentir-se justificado vivendo condenado por uma consciência entenebrecida pela ausência de luz verdadeira. Tenha cuidado quando alguém se justifica a ele próprio.

  640. O desapontamento em Deus pode ter várias causas e origens, mas, nunca podemos duvidar do carácter de Deus por não haver razão para isso. Em primeiro lugar, temos o desapontamento onde a pessoa acredita que Deus lhe prometeu algo e a crença, revelação ou profecia era falsa, adulterada ou falsificada e, consequentemente, as expectativas terminam em frustração porque Deus não prometeu aquilo que a pessoa espera. Se não prometeu, nunca cumprirá. Por norma, as pessoas esperam e esperam e nada acontece quando se encontram nessas circunstâncias - algo que é diferente de quando esperamos verdadeiramente em Deus, sendo que nunca é possível alguém cansar-se esperando dessa maneira, pois, é Deus quem fortalece a esperança e não o coração do próprio. Se Deus realmente prometeu e a fé é assegurada por Suas operações dentro do coração, o que foi prometido cumprir-se-á quando menos se espera. Em segundo lugar, a pessoa, ao receber uma promessa de Deus - quando foi realmente Deus a prometer - deve preparar-se para recebê-la. Se Deus prometeu é porque a pessoa ainda não está pronta ou as circunstâncias ainda não estão maduras. Se depender apenas da preparação da pessoa, Deus promete para que se prepare e se transforme a ponto de poder manter-se fiel após haver recebido. Se tudo estivesse preparado, Deus não prometeria - Ele daria. Se a pessoa já estivesse reparada e pronta, receberia logo e Deus daria ao invés de prometer. 

  641. Quando Deus nos promete alguma coisa pessoal - e se Deus o fez mesmo, sem qualquer sombra de dúvida - devemos usar o nosso tempo para nos prepararmos para receber e, também, para podermos viver numa nova realidade sem sobressaltos e sem querermos olhar para trás. Essa preparação é fundamental e é prévia ao receber. Muitos voltam atrás por nunca se haverem preparado para receber quando Deus promete. Ninguém deve buscar azeite no momento de chegada do noivo e ninguém começa a preparar a boda no dia marcado para casar. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno", Heb.4:16. Contudo, ainda que muito bem preparados, devemos saber confiar em Deus e esperar n'Ele após havermos recebido. Não podemos confiar na preparação e antes no Senhor para termos como ficar firmes. "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que (...) havendo feito tudo, possais ficar firmes", Ef.6:13.

  642. Existe a comunhão com Deus e existe a comunhão com a Palavra estando n'Ele e sendo abençoados. Muitos confundem as duas coisas, isto é, dizem que a comunhão com Deus é a comunhão com a Palavra e vice-versa. A comunhão com Deus estabelece-nos e pode estabelecer a Palavra; a Palavra deve endireitar nossos caminhos (se formos achados em Deus) para que essa comunhão com Jesus seja mais firme, mais sólida e para que tudo possa depender exclusivamente d'Ele, pois, Jesus recusa caminhar conosco nos caminhos do pecado ou nos "bons" caminhos que não vêm d'Ele. Se não formos achados em Deus lendo e estudando a Palavra, Jesus será uma pedra de tropeço e não a nossa salvação. A comunhão sã e pura com a Palavra de Deus, onde o próprio Deus também se apresenta de forma real para abençoá-la, cria e faz crescer a fé; essa fé, por seu turno, fortalece, solidifica e mantém a comunhão real com Deus e destrói a comunhão falsa. Que ninguém se alarme quando o seu tipo de comunhão se transforma para maior agrado de Deus e maior desagrado da carne, tanto da carne do próprio como da carne dos demais. Mas, vemos muitos filhos de Jesus mantendo-se firmes sem acesso à Palavra durante anos a fio (por estarem presos pela fé onde a Bíblia é proibida); e vemos muitas pessoas lendo a Bíblia todos os dias encontrando-se distantes dos caminhos de Deus e da verdadeira comunhão com Ele.

  643. Lembram-se de Paulo no caminho de Damasco? Muitos acreditam que ele se converteu quando a forte luz o impediu de continuar errante. Eu creio que não. Ele teve a oportunidade de arrepender-se de seus pecados quando Jesus o confrontou com essa luz. Mas, foi convertido quando Ananias lhe impôs as mãos e recebeu o Espírito Santo, havendo antes orado e jejuado e, quem sabe, confessado cada pecado um por um durante os três dias que ali esteve em oração e jejum. Devemos perceber que a conversão e o arrependimento, embora sejam inseparáveis, não são a mesma coisa. Também devemos reconhecer que em ambos existem duas componentes: a parte que cabe à pessoa e a que cabe a Deus que. "Sucedeu, pois, que, virando ele (...) Deus lhe mudou o coração em outro", 1Sam.10:9. São obras diferentes e ambas precisam acontecer. O arrependimento tem a ver com as transgressões passadas e a conversão tem a ver com a essência da pessoa, aquela que leva a pessoa a pecar ou a ser santo, a qual é transformada numa nova pessoa "quando se vira". O arrependimento e a conversão em conjunto formam a justificação. A pessoa é tornada justa. Ninguém é convertido antes de haver recebido o que os Apóstolos receberam em Pentecostes. Foi o que Jesus deu a entender a Pedro nas entrelinhas. "(Pedro), quando te converteres, confirma teus irmãos", Luc.22:32. O sinal do batismo com o Espírito Santo é a conversão verdadeira. Podemos divergir em diferentes pontos de vista doutrinários, mas, o que importa aqui é o que acontece deveras. A parte prática é o que conta. Seja antes ou depois, duma forma ou doutra, esse batismo com o Espírito precisa ocorrer. Esse acontecimento pode vir com sinais e milagres, pode vir sem eles. Não são os sinais que provam o batismo e antes a transformação da pessoa. Por isso é que o nome do Espírito no qual se é batizado é "Santo". Por alguma razão se chama o Espírito Santo. Pedro converteu-se em Pentecostes. Contudo, andou com Jesus durante três anos antes disso acontecer. Provavelmente, mesmo antes de andar com Jesus e ser chamado por Ele já buscava Deus e a providência já o guiava. Mas, o medroso Pedro que andava com Jesus e o negou três vezes com medo foi transformado em alguém que era capaz de dormir descansado sabendo que estava a horas de ser morto, At.12:6. O Paulo assassino foi transformado em alguém que distribuía Vida. "Convém que Eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós", João 16:7. Onde quero chegar? Desejo que todos entendam que não podemos abandonar as pessoas que se arrependeram como se já tivessem alcançado tudo que precisam para uma vida de plenitude. Não se abandona um embrião. Mesmo depois de haver achado essa vida abundante, eterna e constante ninguém deve ser deixado por conta própria sem haver aprendido a ser guiado por Jesus. Ninguém ficará impune fazendo isso. Há que levar todos a acharem Vida abundante, entrar nela, saber manter-se nela e aprendendo como guardar e como cumprir. "...Ensinando-os a guardar todas as coisas...", Mat.28:20. Nem que sejam necessários rogos e orações incessantes e insistentes todos devem achar maneira de entrarem nessa vida abundante e serem cheios do Espírito Santo. "Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" Luc.11:13. Não podemos negar o facto de que Jesus afirma aqui que são aqueles que já o consideram como Pai que devem pedir e fazer de tudo para receber Seu Espírito.

  644. "Para que (...) não te lembrasses de mim, nem no teu coração me pusesses? Não é, porventura, porque Eu me calo...?" Is.57:11. Existe um grande problema quando Deus se cala. Não é que Deus esteja sempre a falar, mas, quem guia faz-se lembrar quando a memória do discípulo falha. Lembrar de Deus e de tudo que Ele disse de forma pessoal é extremamente importante e quem não se lembra pode incorrer em grande culpa. Devemos poder lembrar tudo da forma que foi dito dentro do contexto que Deus expressou. Sabemos que a memória funciona muito bem quando se encontra livre para lembrar. A paz de espírito e a memória são aliados inseparáveis. É verdade que uma memória degrada-se se não se mantiver ativa, mas, melhora muito com atividade e dedicação. Se somos dedicados a Jesus de coração e com grande amor, certamente que nos lembraremos mais facilmente de tudo quanto nos falou. E para nos lembrarmos de Deus não precisamos de muita memória, pois, basta não estar semeando entre espinhos, os quais sufocam toda a boa Palavra. Os espinhos conseguem um efeito na pessoa que nem o diabo consegue com todo o seu poder e persistência.

  645. A desconfiança é um instrumento cruel da pessoa carnal. Pode ser infundada ou com fundamento e é cruel tanto para quem desconfia quanto para a pessoa de quem se desconfia. Mesmo com fundamento é sempre infundada e não se torna arma do amor apenas por ser fundada. Pode ser falsa ou fundamentada. Contudo, ainda que possa ser fundamentada, nunca é uma revelação de Deus. A desconfiança e a suspeita não são certezas e ainda que desejemos ajudar o próximo e ser-lhe úteis, só podemos fazê-lo tendo certezas dum diagnóstico obtido em Deus. Havendo obtido uma revelação precisa e fidedigna, devemos agir em conformidade para não sermos acusados de negligência. Deus nunca usa a desconfiança para revelar. Deus manifesta à pessoa e não a faz desconfiar. Alertar não é fazer desconfiar. Dar ouvidos à revelação não é desconfiar de alguém e é, antes, ser obediente a Deus. Se ainda temos um espírito que desconfia, devemos ir ter com Deus para anular as nossas desconfianças e para exterminar esse espírito, (o qual é a origem de todo tipo de desconfiança) e interceder diante d'Ele para que ganhemos um espírito que ouve Jesus e se torna capaz de segui-lo. Se não confiamos em alguém, deve ser por indicação de Deus e por revelação expressa d'Ele. E não confiar não é a mesma coisa que desconfiar. E se as pessoas não forem confiáveis, a nós nada nos afeta caso nossa confiança total esteja somente em Deus. Estando em Deus, tanto se nos dá que a pessoa seja de confiança ou não, pois, entregamo-nos a Jesus e não nos entregamos a pessoas. E se não confiamos nelas, não podemos agir de forma malévola apenas porque Deus nos revelou o mal escondido no coração de alguém. Devemos interpelar a pessoa em conformidade com a verdade revelada - se é que a verdade foi mesmo revelada - e abandonar as desconfianças agindo através da causa do amor de Deus para salvação dos que ainda andam cativos no mal. A desconfiança é um instrumento de Satanás e a certeza (a verdade) é a arma que Deus usa. Devemos aprender, também, a agir em conformidade com a verdade, pois, se vamos agradar pessoas nunca mais nos irá ser revelado por Deus aquilo que precisa ser colocado na luz. Deus revela por alguma razão específica e essa razão tem de ser alcançada e cumprida integralmente.

  646. "Vinde e comprai sem dinheiro", Is.55:1. É interessante notar que ainda que seja de graça, precisamos comprar. Ora, ninguém compra sem dar nada em troca. Comprar é comprar. Quando compramos da água da vida, mas, sem dinheiro e sem preço, devemos entender que a compramos com nossa vida, isto é, a vida velha perece por troca com uma vida nova. É com nossa vida antiga que compramos, dando-a por troca da água viva. Por essa razão é que, no mesmo texto, lemos: "Deixe o ímpio o seu caminho e, o homem maligno, os seus pensamentos e converta-se ao Senhor", Is.55:7. Ainda que se possa comprar sem dinheiro e de graça, custará tudo aquilo que temos e tudo aquilo que somos. Ninguém pode obter uma vida mantendo outra. É vida por vida.

  647. "Não te deixes vencer do mal, mas, vence o mal com o bem", Rom.12:21. É possível alguém chegar a um ponto onde desiste e deixa o mal vencê-lo - isto é, onde permite a própria derrota. Se o mal vencê-lo, você é conivente. A pessoa luta, cansa-se e desiste, talvez, porque luta e persevera através de forças erradas, por motivos errados ou porque haja outro motivo qualquer que o leva a deixar de praticar o bem para entrar em confronto direto com o mal. Ninguém pense que apaga um incêndio soprando contra ele. Por vezes, tem expectativas incorrectas em relação a Jesus, cuja missão exclusiva é salvar do pecado. Pode ter deixado o Caminho, também, por muitas outras razões. Na verdade, havendo algo de errado em seu coração ou em sua forma de luta já não se encontra do lado do bem e dá, antes, toda a força ao mal. Deixa o mal vencer e permite a própria derrota. Ser vencido é entregar-se ao mal - ainda que seja contra o próprio mal - é render-se a ele e não é apenas permitir que o mal domine. E aquele que se rende ao mal, certamente irá praticá-lo - ainda que contra sua vontade. Para o mal vencer é necessário que quem está do lado do bem permita que ele vença. Ser vencido do mal é, em primeiro lugar, perder a sua vida para ele; em segundo lugar, não conseguir alcançar toda a vontade de Deus. É preciso saber que qualquer um que se encontra do lado do bem só é vencido por haver-se deixado vencer. "Não te deixes vencer do mal". Isto é um mandamento e não apenas um conselho.

  648. Muitos pregam o Evangelho, tornam-se doutores das Escrituras, teólogos e acomodam-se numa doutrina que lhes parece mais credível. Outros encontram uma outra doutrina que lhes seja mais aceitável ou conveniente. Sem se darem conta, começam a pregar a doutrina e não mais o Evangelho. Tivemos grandes homens de Deus em pólos doutrinários divergentes em sua forma de pensar, mas, que foram amplamente usados para pregar o Evangelho. Whitefield e Wesley divergiam muito. Muitos acreditavam que eram opostos e não que se complementavam. "Mestre, vimos um (...) e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós", Luc.9:49,50. Contudo, ninguém pode negar que foram amplamente abençoados por Deus em sua obra de pregar o Evangelho, cada um em seu devido lugar e tempo. O que faziam e aquilo que viviam estava muito acima de tudo o resto e a força e o poder do Evangelho evidenciava-se através de suas vidas. "É bom que o coração se fortifique com graça", Heb.13:9 e não com versões doutrinárias. O Pólo Norte e o Pólo Sul são pólos opostos? Opõem-se um ao outro ou sustentam a terra, cada qual em seu devido lugar? Nem todos os que se consideram opostos são realmente opostos ainda que se oponham mutuamente e desde que ambos preguem o verdadeiro Evangelho e não passem a pregar as doutrinas. Contudo, é extremamente importante que aquilo em que acreditam não seja contrário ao Evangelho em toda a sua plenitude, santidade e salvação. Lembremo-nos, também, que, caso cada Pólo tentasse atrair para si os moradores da Terra, esses moradores não achariam nada diferente em seu íntimo ou vida pessoal. Ambos os pólos são gelados e criam gelo, o qual só é derretido através do calor da verdadeira Vida.

  649. Muitos não conseguem discernir entre sabedoria e conhecimento. Embora seja muito fácil discernir entre as duas coisas, nunca é fácil de explicar. Por exemplo, conhecimento é saber que o tomate é uma fruta e sabedoria é saber que nunca se coloca tomate na salada de fruta e antes se coloca numa salada de alface ou cebola, isto é, usa-se com legumes. Podemos ter muito conhecimento, mas, podemos não saber evidenciá-lo, expressá-lo e vivê-lo de forma prática. A sabedoria é a forma prática de toda a nossa existência. Devemos ser preparados para vivê-la. "Preparai o Caminho do Senhor".

  650. É através da comunhão com Deus que as coisas nos correm bem - ainda que estejam tortas - e que o nosso coração é assegurado. Quando isso não acontece, existe alguma questão relacionada com essa comunhão que deve ser prontamente resolvida ou que já deve estar sendo resolvida. Nem tudo são provações, como as pessoas pensam e creem. Jó foi provado, mas, nem todos estão sendo provados - muitos estão separados de Deus. Ora, se alguém estiver alienado do poder ou da comunhão com Jesus, o braço da carne, a sua própria maneira de pensar e fazer juntamente com a sua força própria estarão à porta batendo para se tornarem alternativas ao poder de Jesus. Quando Jó estava sendo provado sem saber se estava alienado de Deus, recusou determinantemente resolver qualquer coisa à sua maneira ou por conta própria. É a provocação da carnalidade que incita a deixar de esperar no Senhor para se separar ainda mais d'Ele fazendo a coisa errada ou tentando fazer a coisa certa da maneira errada, extemporaneamente, sem nexo ou por via do poder errado e de tomadas de decisão próprias. O que o diabo mais deseja é poder servir dentro do Templo. Ele não deseja que um desviado abandone o Templo de Deus. A carne assegura-se bem por lá e sente-se confortável servindo dentro do templo, isto é, sente-se menos condenada quando, na verdade, sua condenação é maior servindo ou tentando servir dentro do Templo de Deus. Logo, se a pessoa estiver nos caminhos da ser salvo de seus pecados, tudo quanto faz carnalmente fica sem poder para funcionar. Tudo se torna difícil, traiçoeiro e desanimador com desempenhos que terminam em desapontamentos atrás de desapontamentos e com esperanças fortes sendo continuamente negadas de forma brutal. As coisas são rejeitadas, transtornadas e negadas por Deus. É Deus quem resiste aos soberbos e não o diabo. Precisamos ter isso em conta. Torna-se necessário a pessoa parar seu dia-a-dia, seus pensamentos, tentar sossegar seu coração e ir ter com Deus para resolver o assunto que impede o fluir do poder e da operação de Jesus. É ele quem opera o querer e o fazer nos que Lhe pertencem verdadeiramente. Mas, há que ser d'Ele verdadeiramente, há que estar n'Ele factualmente para isso acontecer. As coisas de Deus fluem nesses sem impedimentos, mas, com impedimentos nunca fluem. O ex-gago começa a gaguejar novamente, a dúvida instala-se e começa-se a crer que são apenas provações que acontecem quando, na verdade, é Deus resistindo e contrariando o pecador ou o desviado para fazê-lo reconsiderar todos os seus caminhos - e não apenas alguns dos seus caminhos. "Tirai os tropeços do caminho do meu povo", Is.57:14

  651. Deus já ajudou muitas pessoas através de outros. Existem servos de Deus que, quando usados para ajudar outros, impressionam os necessitados que são ajudados criando uma dependência nos tais que pode não ser saudável. Recordemos que todas as mentes carnais tendem a ser idólatras. Mas, por vezes, há algo que acontece em muitos arrogantes: depois de ajudados, raramente se lembram onde tudo começou e alguns chegam mesmo a desprezar quem foi usado para serem ajudados nos caminhos de Deus, pois, depois de ajudados, passam a confiar mais e melhor neles próprios. A simplicidade do servo que Deus usou contrasta, então, com a complicada mente de quem era incrédulo e que, por essa razão, só podia ser ajudado por via da fé de terceiros. Ora vejamos. Deus ajuda qualquer um que se aproxime dele de todo coração e com esse coração puro e sincero dentro da verdade e realidade de Jesus. Se Deus usou alguém para ajudar é porque se tornou necessário fazê-lo, pois, havia algo de errado na comunhão dessa pessoa com Deus e havia algo certo em quem foi usado para ajudar. É necessário que essas duas coisas se conjuguem, pois, um cego nunca deve deixar-se guiar por outro cego e quem enxerga bem só precisa ser guiado por Deus e precisa Sua bênção para o caminho que deve seguir e nunca desprezar qualquer outro servo de Deus - desde que seja verdadeiramente servo. Mas, todos quantos eram errados terão sempre tentações para voltarem à mentalidade antiga e à sua anterior forma de ser e isso depois de haverem sido ajudados. E se essas tentações não forem resistidas e tidas como coisas abomináveis, uma porta abre-se para desprezar quem, na sua simplicidade de coração, foi usado para colocar os pés perdidos no caminho pelo qual deveriam enveredar. Desprezar tal pessoa será o mesmo que desprezar o próprio Senhor Jesus. É bom que nos lembremos de onde saímos, isto é, onde tudo começou. Por vezes, isso não acontece assim. Mas, ainda existe outro caminho de erro. Se Deus usou outra pessoa e a sua fé para ajudar quem se encontrava preso numa mente incrédula e em desespero de causa, deduzimos que existia uma mente que não se apoiava em Jesus de pleno direito, isto é, integralmente e por conta própria. E se estava realmente em Jesus, não usou esse estatuto. A pessoa foi ajudada pela fé de terceiros por essa razão, sendo-lhe indicado o melhor caminho e, também, sendo-lhe proporcionado saída pelo poder e bênção de Deus que surgiu pela fé de terceiros. O alvo de Deus, quando usa terceiros, não é apenas ajudar alguém, mas, é principalmente fazer nascer uma fé própria capaz de se apoiar em Jesus também, de forma real e por conta própria, sem cair na tentação de desprezar quem vive de "igual fé". "Porque quem te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o houveras recebido? Já estais fartos (satisfeitos, cheios)! Já estais ricos! Sem nós reinais! E prouvera Deus reinásseis para que também nós reinemos convosco!" 1Cor.4:7-8. Se a fé em Jesus não surge, uma de duas coisas acontecerá: ou a pessoa se incha e despreza quem a tem e que, por tê-la, pôde ajudá-la inicialmente; ou ela cria uma mentalidade de dependência no homem ou mulher por quem foi ajudado. Parecem coisas diferentes, mas, na verdade, é a mesma mentalidade incrédula que se manifesta de maneiras diferentes. Essa mentalidade de carência espiritual pende para um lado ou para o outro. Contudo, não deixa de ser a mesma doença ainda que os sintomas sejam distintos. O diagnóstico para ambos é o mesmo.

  652. O mal nunca será bom. Nunca poderá ser reformado ou melhorado. O mal tem como destino o extermínio e não a reforma e uma eventual aceitação. Já ouvi pessoas dizer que irão melhor seus modos, que desejam ser melhores e coisas parecidas. Não temos de ser melhores: temos de ser crucificados e mortos eternamente para ressuscitarmos com Cristo em novidade de vida.

  653. A ira, a raiva e a agressão desmotiva tanto quem a pratica quanto quem é atingido por ela, direta ou indiretamente. Isso acontece com todos quantos desejam prevalecer nos caminhos de Deus e em toda a Sua justiça.

  654. "E destruirá (...) o véu com que todas as nações se escondem", Is.25:7. O véu mantém as pessoas nas trevas consequentes de seus próprios pecados. São mantidos cegos e endurecidos. Nunca enxergam nada para além do véu. Mas, eis o milagre: "Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará", 2Cor.3:16. Depois disso, todos serão capazes de enxergar além do véu. Mas, antes de se converter, nenhum pecador pode ver com bons olhos qualquer coisa além dos seus pecados e prazeres. Esse véu esconde a beleza da santidade de seus olhos, de tal maneira que nunca a conseguem desejar ou alcançar. Contudo, por aquilo que lemos neste versículo de Isaías, o véu também é apreciado e usado pelos pecadores para se esconderem nas trevas para que seus pecados se possam esconder, camuflar ou mesmo ser desculpados e justificados pelos próprios para que as suas vidas de prazer e ilusão possam ser continuadas e mantidas. A auto-justificação tem a capacidade de incentivar quem peca a amar o pecado a cada dia que passa e a não ter razões para se desfazer dele.

  655. "Fizeste também um reservatório entre os dois muros para as águas do viveiro velho, mas, não olhastes para cima, para aquele que o tinha feito, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade", Is.22:11. Vejamos se consigo expor aquilo que deve ser entendido através destas palavras. Sabemos que o reservatório foi feito a mando dos líderes de Judá. Mas, aqui lemos que quem o fez foi Deus e que já o havia formado desde a antiguidade. Ainda não havia sido construído e Deus já o havia formado. E era apenas um reservatório de água para Jerusalém. A queixa de Deus é que aqueles que o construíram nunca olharam para Deus que o formou desde a antiguidade. Ainda assim foi feito por amor a Jerusalém e a Davi. O facto de as pessoas envolvidas na sua construção nunca haverem reconhecido Deus em sua obra não impediu a sua construção. Mas, os que construíram, certamente, perderam-se para o Reino. "Reconhece-o em todos os teus caminhos e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos...", Prov.3:6,7.

  656. Na verdade, o que vai determinar a qualidade de meu dia e, também, o estado de meu espírito durante esse dia, a capacidade e a prontidão em enfrentar os problemas com paz e determinação ou a gratidão com que recebo da mão de Jesus, será o aproveitamento e qualidade do meu tempo com Deus bem cedo e nunca a quantidade de tempo que passo com Ele trancado. A quantidade do tempo conta, pois, precisa ser suficiente; mas, as resoluções e a luz que transformam o coração e que, além de o limpar, mantêm-no limpo, será o que determinará a qualidade e o aproveitamento de todo o meu dia em tudo que faço. O aproveitamento mede-se pela aceitação de Deus e nunca pela quantidade de serviço. É isso que aprendemos através de Caim.

  657. Não é possível a pessoa não ser guiada naquilo que é a vontade de Deus mantendo-se limpa e irrepreensível diante d'Ele e em oração. Ninguém será fraco estando limpo - nem mesmo quando se sente fraco ou enfraquecido. A fraqueza da pessoa chega quando se separa de Deus ou sempre que algo a separe de Jesus. Isto não significa, de maneira nenhuma, que a carne necessita ser fortalecida ou sentir-se forte. A carne está exterminada naqueles que se apresentam fortes diante de Deus. Não devemos procurar aceitação e, antes, buscar ser irrepreensíveis nos caminhos de Jesus. E, estando nessas condições, podemos e devemos aproximar-nos de Jesus com nossos pedidos e orações que, com toda a certeza, serão todos ouvidos. Se buscamos fruto verdadeiro, tenhamos a coragem de recusar satisfação com meio fruto.

  658. Existem enormes perigos quando as coisas que ouvimos, sejam promessas ou mandamentos, não se cumprem. Por vezes, uma promessa demora a cumprir-se. Mas, muitas vezes, quem ouviu não se apresenta diante de Deus para ser transformado e moldado de forma a que a dita promessa possa ser cumprida. E também não faz da promessa um motivo de oração intensa e séria, crendo em Deus. Na verdade, existem muitas e variadas razões para que as promessas não se cumpram e algumas para que o cumprimento seja tardio. Pode acontecer termos uma noção do tempo de Deus diferente daquilo que Ele deseja alcançar para nós. "Se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará", Hab.2:3. Uma promessa que não se torna motivo de oração, certamente que não se cumprirá. E quando algo não se cumpre, a pessoa quer estar sempre a ouvir ser-lhe prometido para tentar ganhar ânimo e lutar contra as evidências duma maneira que não deve. E é aí que começam a surgir as vozes falsas, sejam estas de origem demoníaca ou do próprio. Mas, pelo meio pode surgir a voz de Deus que, quando ecoa, não é crida ou não será lembrada por muito tempo porque tal pessoa é incrédula e instável. Ainda que os desapontamentos sejam combatidos, deixam sempre marcas e a pessoa desapontada neste aspecto acaba por não levar a sério quando é Deus falando. E quem não leva Deus a sério, não recebe d'Ele.

  659. "A inveja de Efraim (...) Efraim não invejará a Judá e Judá não oprimirá a Efraim", Is.11:13.  A inveja de Efraim devia-se, provavelmente, ao facto de Judá haver sido separada para Deus e, ao invés de se arrependerem de seus pecados para que Deus pudesse aproximar-se deles também, seguiram o caminho da inveja e da agressão. É muito difícil viver ou conviver com a inveja e o ciúme, ainda mais se é dentro do lar ou entre irmãos na igreja. Mas, sempre que isso acontece ou o invejoso sentir-se-á oprimido e injustiçado quando as coisas são feitas de maneira correta ou o invejado será dominado. O mal está em quem inveja. E aquele que inveja é uma pessoa inconstante e incapaz de liderar - e muito menos dominar. Por essa razão não deve dominar e nunca se pode ceder a qualquer uma de suas pretensões, mesmo porque o invejoso é e será sempre uma pessoa insistente nessas pretensões e o invejado terá sempre tendência para ceder por não se importar muito com isso caso seja humilde e simples de coração. Contudo, devemos saber que a inveja faz mal ao invejoso e, se nos deixarmos levar, não estamos amando quem inveja. Devemos saber que Deus prometeu que "o leão comerá palha com o boi", mas, o boi já comia palha antes e quem foi transformado foi o leão agressivo. Não lemos que o boi foi comer carne com o leão. Não é o boi que tem de mudar e, da mesma maneira, podemos dizer que não é o invejado que necessita mudar. Aliás, não deve mudar sua conduta santa em nenhum aspecto seja por que razão for. O mesmo princípio pode ser aplicado ao ciúme e a quaisquer outros crimes.

  660. "Verdadeiramente, tu és o Deus que te ocultas", Is.45:15. O ideal da vida Cristã é que Deus nunca se oculte, pois, se está oculto é por razões específicas. No caso de Israel, Deus ocultava-se por causa dos pecados de Israel e como não abandonava Israel à sua sorte por causa das promessas, ocultava-se. Ocultar-se foi a alternativa que achou ao abandono. Era o suficiente para que os incrédulos ou os infiéis se sentissem abandonados. Muitos usam versículos como este para se desculparem e para justificarem a ausência de Deus em suas vidas e em seus ministérios. Nunca nos podemos esquecer que Deus só é capaz de se ocultar por certas razões específicas por razão do amor. Não existindo essas razões, certamente que nunca se ocultará. "A nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo", 1 João 1:3. E cremos que o mandamento de Jesus é claro a esse respeito, pois, essa comunhão precisa ser contínua, permanente e sem interrupção. "Permaneçam em Mim e Eu em vós", João 15:4. É um mandamento. Deve ser a coisa mais triste deste mundo um crente ter uma vida onde Deus se oculta. Não consigo imaginar algo mais triste.

  661. Muitos gostam de praticar o mal. Esses, por consequência, enfrentam o bem e confrontam-no. Muitos outros praticam o bem e enfrentam o mal e são confrontados por ele. Não se sinta culpado ou com vontade de mudar se o mal o confronta estando em sua inocência. Alegre-se se, sendo justo, se é perseguido pelo mal. Se não for perseguido pelo mal, algo está muito mal em sua existência.

  662. Muitos queixam-se de nunca haverem experimentado a ajuda ou o poder de Deus. Contudo, nunca alcançaram o ponto de necessitarem essa intervenção peculiar de Deus em suas vidas. Não alcançam aquele ponto onde abandonam todas forças próprias e as negam para sempre e não trabalham além do que podem. Deus opera sempre quando estamos com Ele e, principalmente, sempre que vivemos acima das nossas capacidades porque vivemos e agimos com as capacidades d'Ele. Muitos só se aproximam de Deus quando já mão têm saída. Mas, bem-aventurados são aqueles que optam por juntar com Ele sabendo que podem ou podiam juntar sozinhos. Quem não junta com Ele, espalha; quem não espera com Ele, adia as coisas, complica tudo ou compromete a intervenção de Deus. "Bendito o teu conselho e bendita tu, que hoje me estorvaste de que a minha mão me salvasse", 1Sam.25:33.

  663. Tenha extremo cuidado com a vingança. Olhe com outros olhos para ela, tanto quando é você que deseja vingar-se como quando é alguém a vingar-se de si. A vingança faz-nos ser mais ruins do que somos, mais adúlteros do que somos, mais maldosos do que somos. A vingança faz com que ultrapassemos todos os limites do bom senso. E quando alguém se vinga de si, pense que a pessoa está agindo acima daquilo que ela é; e que ela pode ser uma pessoa menos maldosa do que aquilo que aparenta ser através da vingança. A vingança leva qualquer pessoa além do seu limite da maldade. Por isso é que, após uma vingança, a pessoa torna a parecer como uma pessoa normal novamente.

  664. "A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim", Is.6:8. Nós existimos para fazer a vontade de Deus e não a nossa. Atingiu-me o fato de Isaías haver sido enviado para que o povo se endurecesse ainda mais. Tudo que Deus faz termina em bem e cremos que esse endurecimento tinha uma finalidade específica, pois, tornara-se necessário adiantar o juízo anunciado para que tudo acontecesse sem mais demora e que a salvação chegasse com a exterminação do pecado do povo. Desejamos ser enviados para que as pessoas se arrependam e se convertam. O nosso sucesso na obra é conseguirmos alcançar tudo aquilo que Deus pretende. Fora disso, nada é sucesso. Sei que esta afirmação servirá para muitos a usarem como desculpa ou justificação para suas incapacidades e insucessos, mas, existem fatos que devemos sublinhar. Elias não conseguiu qualquer avivamento, contudo, cumpriu toda a vontade de Deus e alcançou tudo que lhe estava destinado. O facto do seu povo nunca se haver convertido nunca o impediu de alcançar toda a vontade de Deus para sua vida e não o impediu de viver uma vida isenta de erro e sem culpas. A sua santidade e exclusividade para Deus nunca estiveram em causa - nem mesmo nos seus piores momentos.

  665. É bom que, logo desde o início, as pessoas aprendam a analisar seus corações e a colocá-los sob a luz intensa de Jesus e sob Seu escrutínio preciso. Mas, o coração deve ser visto conforme a verdade; em segundo lugar, ser entregue a essa mesma verdade para ser transformado por ela - e não por conta própria. Contudo, existe esta ideia dentro das doutrinas que devemos sempre tentar agradar a Deus como se agrada pessoas, isto é, afirmando sempre que somos pecadores. Ora, é verdade que somos pecadores, como também é verdade que, havendo já sido perdoados, devemos viver conforme essa verdade e sermos capazes de reconhecê-la para glória de Deus. Devemos viver actualizados. O perdão vem com a conversão e a conversão chega (ou pode chegar) com a confissão e o abandono do pecado. Devemos conseguir viver em total conformidade com aquilo que é verdade a respeito de nós mesmos e de Deus. Sempre que Deus entra em cena de forma real, nada fica igual e devemos poder reconhecer as verdades e as realidades na medida que somos transformados. Conformemo-nos com a verdade sem darmos terreno ao orgulho espiritual ou ao desprezo negligente daquilo que se tornou real e verdadeiro. Não temos nada do que nos orgulharmos e temos bastante do que nos humilharmos.

  666. "E Ele exercerá o seu juízo sobre as nações (...) e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças, em foices; não (...) aprenderão mais a guerrear", Is.2:4. Esta transformação radical é conseguida através do Juízo de Deus. Existem várias formas de juízo e muitas maneiras de julgar. Além disso, existem os motivos e o tipo de poder (ou ausência dele) com que o juízo é feito. Segundo aquilo que as Escrituras nos ensinam, existe um tipo de juízo que Deus ama e outro que Deus abomina. Sabemos que todos os bons médicos precisam ter diagnóstico preciso caso desejem curar alguma enfermidade. Ninguém cura sem um diagnóstico preciso e correto. O mesmo acontece com o juízo de quem deseja curar a alma e salvá-la: ninguém o consegue passando por cima dos pecados cometidos e ocultos pela vergonha. Ninguém é perdoado sem colocar seus pecados na luz para serem condenados à morte e sem confessá-los como crimes hediondos. Ora, o juízo de Deus é segundo a verdade e o amor. Seus motivos são salvar ou salvar o que resta, condenando aquilo que não presta. É o amor que o move. Sempre acreditei que um avivamento real funciona como o dia do Juízo, onde os pecados são julgados e manifestados. Nunca devemos fugir ao Juízo que salva, pois, do outro juízo (do final) ninguém escapa. "Ele exercerá o Seu Juízo (...) e se converterão...". Muitos escapam do Juízo que salva "rompendo as suas ataduras e lançando deles as Suas cordas de amor". Nunca nos esqueçamos que aqueles que apedrejaram Estêvão foram cortados no coração da mesma maneira que foram todos os que perguntaram o que deveriam fazer para estarem em paz com Deus. Contudo, reagiram mal à convicção de pecado.

  667. Segundo as Escrituras, a opressão, o suborno e a corrupção são inseparáveis. Onde existe uma dessas coisas, certamente existem as outras ou, no mínimo, existem as circunstâncias para que as outras aconteçam. É só uma questão de procurar se quiser comprovar isso como fato.

  668. A sabedoria, quando vem de Deus, vale para sempre. Por norma, as pessoas que crescem em sabedoria têm aquela ideia de que aquilo que lhes foi ensinado anteriormente perde a sua importância ou mesmo a sua relevância perante aquela sabedoria recebida de fresco e na media que se vai crescendo nela. Nada mais errado de pensar. Devemos manter, lembrar e dar a devida importância a toda a instrução do passado vinda de Deus. A sua validade não termina e permanece para sempre. A sabedoria nunca anula a própria sabedoria, pois, seria dividir o seu reino. Se a sabedoria anulasse a sabedoria não seria crescer nela e seria substitui-la.

  669. "O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se perturbe quer se ria, não terá descanso", Prov.29:9. Devemos saber o que é que a Bíblia define como um tolo. Tolo não é apenas aquele que é bobo ou se faz de bobo. Tolos existem muitos e de muitos tipos. Existem pessoas que crêem nas coisas inertes ou erradas e são classificados como tolos. Outros tornam-se tolos porque não crêem em nada real e verdadeiro, muito menos em Jesus. O que a Bíblia diz é que argumentar com tais pessoas vai tirar-nos todo o nosso descanso futuro. A única forma de lhes falar ou o único argumento que se deve tentar uma ou duas vezes é tentar mostrar ao tolo que ele é tolo. Se ele acreditar nisso, tudo o resto pode vir a compor-se porque a convicção de pecado pode operar milagres.

  670. "Na transgressão do homem mau há laço", Prov.29:6. Não existe apenas transgressão na transgressão, mas, existem laços também. Devemos saber que a transgressão torna o homem mau e que o mau cria mais e maior transgressão. Mas, por aquilo que a Bíblia afirma ser verdade, não se trata apenas duma transgressão - o que por si só já seria bem grave. Além da transgressão, laços são lançados e tentações futuras são criadas por cada transgressão cometida. Todos os transgressores tornam-se pedras de tropeço e haverá laços no presente e no futuro devido às transgressões presentes. Cuide de sua vida, segure sua coroa afastando-se de quem transgride e da transgressão própria. Se o transgressor for você, arrependa-se de imediato para evitar ser tropeço futuro para si próprio e para aqueles que o rodeiam, não vá acontecer ser lançado no fundo do abismo com uma mó amarrada nas costas.

  671. "Quando o ímpio domina, o povo suspira", Prov.29:2. Isto é uma verdade incontornável. E é de ver que é a Bíblia que o afirma. Contudo, aqueles que suspiram dificilmente reconhecem a origem de seus problemas, pois, admiram sempre quem os lidera. Quem admira ímpio, ímpio é. E aí não há nada a fazer até alguém tornar-se justo e abandonar as impiedades todas. Mas, é Deus quem repreende quem lidera e quem escolhe quem os deve liderar.

  672. "Quando os ímpios (...) perecem, os justos multiplicam-se", Prov.28:28. Isto é algo a ter em conta pessoal: se você abandonar seus pecados criará as circunstâncias para que se multipliquem justos à sua volta. Nunca se esqueça disso. A principal causa falta de avivamentos ou a principal razão para haver avivamentos falsificados são os pecados dos crentes. Na verdade, eu creio que a única causa da ausência de avivamentos genuínos é essa.

  673. Existemmuitas razões para nunca se falar de alguém com alguém. Por vezes, devemos mesmo evitar falar bem de alguém com outras pessoas. O mal existe em falar dos outros e criar um hábito mau, pois, falar dos outros pode tornar-se hábito. É melhor falarmos com os próprios dentro das regras do amor verdadeiro de Deus. Mas, existe um outro lado nesta questão: ouvir quando alguém fala dos outros. Todo aquele que ouve é co-participante de quem fala dos demais. Existem muitos perigos sérios para quem ouve. Ouvir mentiras ou verdades alteradas podem fazer surgir suspeições onde deveria surgir a misericórdia e o amor. "...Não julgará segundo (...) o ouvir dos seus ouvidos", Is.11:3. Somos capazes de pensar bem ou mal sem fundamento e, se queremos ser úteis, devemos saber avaliar segundo a correção e sermos justos; podemos preferir umas pessoas acima das outras ouvindo falar das vidas alheias e isso é pecado: "Se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores", Tiago 2:9.

  674. "O homem que lisonjeia a seu próximo arma uma rede aos seus passos", Prov.29:5. Ninguém gosta de ser considerado culpado de qualquer crime, nem mesmo quando o comete. Eis aqui um crime sério e ao qual poucos dão importância: lisonjear o próximo. É crime pelas consequências desastrosas que traz com ele. Esta palavra "lisonjear" significa, pelo menos no original hebraico, muito mais que elogiar. Significa dar preferência a alguém por razões pessoais ou dúbias; ter estima por alguém acima dos outros a ponto de lidar com tal pessoa diferenciadamente, seja algo temporário no caso de estranhos ou permanente no caso de familiares próximos ou amigos; (devemos tratar todos como se fossem muito queridos por nós); louvar com o intuito de promover uma aproximação à pessoa; dar relevo a alguém por motivos escondidos que não sejam para glória de Deus, etc. Existem muitas mais maneiras de cometer este crime sério contra a alma de alguém. Quantas moças sérias são desapontadas por haverem casado com alguém que não foi apontado por Deus por haverem recebido umas meras flores (ou outra coisa qualquer) dum lisonjeador?

  675. A Deus cabe perdoar e ser misericordioso no tocante aos meus pecados e a mim cabe ser implacável contra eles e nunca desculpá-los. As duas coisas andam juntas e que ninguém se atreva a separá-las - nem em discurso.

  676. A sinceridade é parceira da pureza, isto é, quem é sincero de coração e anda na luz sem nada escondido, torcido ou camuflado pode ser sincero porque não tem do que se envergonhar. E, também, quem anda na luz anula a força do pecado, combate a tentação e mantém seu coração limpo e impecável diante de Deus e pessoas. É crucial, seguro e fundamental para ambas as virtudes serem inseparáveis. Uma coisa funciona com  a outra. Por norma, a falta de sinceridade e a falta de honestidade espiritual está ligada a quem tem alguma coisa para esconder - ou a quem quer esconder. E quem esconde mantém o pecado, o seu poder e as suas culpas. "Vinde e andemos na luz", Is.2:5.

  677. "Não presumas do dia de amanhã, porque não sabes o que produzirá o dia", Prov.27:1. Isto é uma lição para todos os tipos de pessoas. Os pessimistas e profetas do infortúnio pensam que o dia seguinte será sempre pior e os optimistas tentam crer no contrário. Embora exista alguma diferença entre ambos, devemos saber que a linha que os separa é muito ténue, pois, o optimista tenta não ser pessimista e qualquer pessimista só não se expressa optimisticamente por teimosia ou para buscar atenção diante das pessoas que não podem salvar. Presumir do dia de amanhã é pecado tanto para os pessimistas quanto para os optimistas, pois, o dia de amanhã cabe a Deus decidir sobre ele e a mim cabe-me depender de Cristo e nunca do dia de amanhã. Se Deus me falar sobre o dia de amanhã, não serei otimista, mas, expectante e confiante. Posso estar confiante em Deus sempre que meus caminhos Lhe são agradáveis. Mas, isso não é e nunca foi optimismo, pois, é uma certeza. Tudo aquilo que não for uma certeza não é fé e nunca poderá ser. Optimismo não é fé - é algo carnal. Optimismo não faz Deus mover-se. Eu creio mesmo que decepciona Deus e que, ao invés de o fazer mover-se, faz precisamente o oposto. Por vezes, o optimismo é uma forma preguiçosa de adiar coisas importantes e de evitar obter certezas concretas.

  678. Muitos interpretam o bom senso espiritual como incredulidade. Uma coisa é dizer: "Senhor, se tu puderes fazer, ajuda-me". Outra coisa é dizer: "Senhor, se quiseres podes ajudar-me". "E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra", Mat.8:2,3. Este homem nunca teria sido limpo se tivesse sido a incredulidade a falar da maneira que falou. Ao dizer "se quiseres" ele assumia que Jesus podia. Ele era submisso a Jesus é à vontade de Deus.

  679. "A glória do homem é passar sobre a transgressão", Prov.19:11. Isto não significa que o homem que se tornou justo, isto é, que se justificou interiormente, aceite o pecado. Significa, apenas, que vive sem ser influenciado pelos pecados à sua volta. Não reage à provocação; não perde o seu alvo divino quando precisa passar por caminhos armadilhados de provocações e de perseguições e passa por cima dessas transgressões sem ser detido em seu caminho para manter a sua coroa e alvo a salvo. No fundo, ele segura, assegura e mantém aquilo que tem para que ninguém possa tirar-lhe a sua coroa. Isso é e será sempre a glória do homem. É assim que será glorificado.

  680. "Cada um é amigo daquele que dá presentes", Prov.19:6. Isto é verdade na maioria dos homens da terra. Mas, esse sistema não funciona com Deus. "Não tragais mais ofertas debalde; o incenso é para mim abominação e os sábados e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento solene (...) Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço (...) Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos", Is.1:13-18. Lembre-se que Deus não aceitou os presentes de Caim. Poderá não aceitar os seus. Desse mesmo modo devem viver os justos, cuja conduta nunca deve mudar por via dum presente.

  681. "O caminho do homem culpado é inteiramente perverso", Prov.21:8. Aqui não é distinguido entre os seus caminhos maus e aqueles que se poderiam considerar decentes. Qualquer caminho de qualquer pessoa que ainda carrega as suas culpas é perverso aos olhos de Deus e é um peso para ele próprio, além de ser mau para a humanidade em geral. E são perversos aos olhos de Deus porque são verdadeiramente perversos. Deus só vê conforme a verdade.

  682. "Inclina o teu ouvido, ouve as palavras dos sábios e aplica o teu coração à Minha ciência. Porque é coisa suave se as guardares no teu coração, se as aplicares todas aos teus lábios", Prov.22:17,18. Isto também significa que caso o homem não tenha um coração aplicado e diligente para com a boa palavra que ouve, a sabedoria lhe será um tormento e não lhe será suave.

  683. A Bíblia diz que "cova profunda é a boca das mulheres estranhas; aquele contra quem o Senhor se irar cairá nela", Prov.22:14. É de notar que a ira de Deus é efectivada quando Deus entrega alguém aos seus próprios pecados. Muitos estão sob a ira de Deus estando entregues aos pecados, mas, não se apercebem por crerem que a ira de Deus manifesta-se quando passam mal, adoecem, empobrecem ou são perseguidos. Não existe crença mais errada. Basta lermos os Sal.73 para termos uma ideia mais acertada a respeito da ira de Deus e de como se manifesta ou concretiza. A maneira mais comum da ira de Deus se manifestar numa pessoa é a incapacidade ou a falta de vontade de se ver livre dos próprios pecados. Deus retém a Sua graça de tal pessoa. Isso é a ira de Deus operando por via do abandono ao pecado. "Achei uma coisa mais amarga do que a morte: a mulher cujo coração são redes e laços e cujas mãos são ataduras; quem for bom diante de Deus escapará dela, mas, o pecador virá a ser preso por ela", Ecl.7:26.

  684. Todo aquele que ouve sem interromper faz com que também ele fale sem ser interrompido. Hábito cria hábito. Quem interrompe alguém enquanto fala não ama o seu próximo como a si mesmo.

  685. "A preguiça faz cair em profundo sono; e a alma enganadora padecerá fome", Prov.19:15. É sabido que a maioria dos preguiçosos tem um compromisso sério com o sono e com a cama. Mas, o mais interessante desta verdade é que aqui é afirmado que o preguiçoso possui uma alma enganadora, a qual o engana continuamente. Na verdade, todo preguiçoso tem um concerto com a morte e dificilmente desfaz esse concerto. "O que desprezar os seus caminhos morrerá", Prov.19:16.

  686. "O pobre fala com rogos, mas, o rico responde com durezas", Prov.18:23. Mesmo sendo pobre ou rico, não deixam de ser o mesmo tipo de pessoa. Todo o pobre que fala com rogos aos ricos, responderia com dureza se fosse rico e todo o rico que responde com dureza rogaria caso fosse pobre. É bom conseguir rogar pela nossa alma e para sermos salvos de nossos pecados eternamente, sejamos ricos ou pobres.

  687. "As contendas são como ferrolhos de um palácio", Prov.18:19. Sabemos que esses ferrolhos nunca se abrem sozinhos. Somente os próprios podem abri-los. Não deixe o tempo passar. Reconcilie-se logo sem mais demoras. "Concilia-te depressa com o teu adversário". "Quando, pois, vais com o teu adversário, procura livrar-te dele no caminho; para que não suceda que te conduza ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te encerre na prisão. Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil", Mat.5:25; Luc.12:58,59.

  688. "O negligente na sua obra é irmão do desperdiçador", Prov.18:9. O preguiçoso, o negligente, o distraído, o sonhador e muitos outros mais são desperdiçadores. São todos jumentos do mesmo saco. Agem sem responsabilidade e reagem mal a qualquer chamada de atenção. Deve ser tão difícil para os tais mudarem de hábitos quanto será para um rico abandonar suas riquezas pelo Reino de Deus. Desperdiçam oportunidades quando passam por elas, não atendem à voz da consciência e vivem como se não devessem nada a ninguém neste mundo. E quem vive como se não fosse devedor viverá como se todas as pessoas lhe devessem algo - ou tudo. Toda a sua existência é uma de viver em risco sério e contínuo, tanto para eles próprios quanto para aqueles que os rodeiam.

  689. A obediência é crucial na vida de quem deseja viver duma vida abundante em Cristo. Sem essa obediência não existirá vida abundante. Devemos obediência à verdade (o que implica desobedecer à mentira); devemos obter um espírito ternamente obediente para com quem expressa a verdade e a pratica fielmente; e devemos ser obedientes a Deus incondicionalmente. Existe a obediência condicional às pessoas e a incondicional a Deus. A obediência incondicional deve-se a Jesus e à liderança do Espírito Santo.

  690. "Reprovados para toda boa obra (...) Todas as coisas são puras para os puros, mas, nada é puro para os contaminados e infiéis", Tito 1:16,15. Isto significa que as obras boas não mudam e quem muda é o praticante. Isto é, para que a obra possa ser considerada boa, a pessoa precisa ser aprovada. O problema não é a obra e antes a pessoa. O emblema bonito não faz a instituição. Toda a boa obra será aprovada ou rejeitada - tudo depende do praticante. Ainda que as obras dos infiéis pareçam boas, nunca trarão o que é bom e nunca obterão fim bom. "Nos frutos do ímpio há perturbação", Prov.15:6. Caim ofertou a Deus e não foi aceite. Não havia nada de mal na oferta - somente em Caim havia mal. "O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor; O caminho do ímpio é abominável ao Senhor; Abomináveis são para o Senhor os pensamentos do mau; O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável", Prov.15:8,9,26; 28:9. E aqui não diz que são apenas seus pensamentos maus que são abomináveis. Sejam quais forem os pensamentos - sejam bons ou maus e sejam quais forem as orações, são todos abomináveis.

  691. "O caminho do preguiçoso é como uma cerca de espinhos", Prov.15:19. Não deve existir pessoa mais agressiva de palavra e mais defensiva que um preguiçoso quando é confrontado. O preguiçoso é como um porco de espinho para quem o repreende ou o chama à atenção. Mas, mal sabe que todo o seu caminho é espinhoso, seja em que dia for e seja onde for.

  692. "Os pensamentos do justo são retos, mas, os conselhos do ímpio, engano", Prov.12:5. Isto não significa que o ímpio tenha intenção de enganar, ainda que isso possa acontecer. Na verdade, sempre que os ímpios aconselham parecem sinceros e corretos. O que este versículo nos deseja transmitir é o fato de que o próprio ímpio vive enganado e enganando-se a si próprio. "Não sabem o que fazem". Os seus conselhos surgem dum coração enganado e nunca virão de Deus. Os conselhos de qualquer pessoa afastada de Deus são o próprio engano - até mesmo quando quem os dá é sincero. "A lavoura do ímpio é pecado", Prov.21:4.

  693. "Melhor é o que se estima em pouco e tem servos do que o que se honra a si mesmo e tem falta de pão", Prov.12:9. Este pensamento, esta ideia, pode ser transportada para muitas áreas da vida comum de cada um. Por norma, os desleixados querem parecer fiéis, isto é, tentam mostrar uma coisa quando a sua realidade é outra; as prostitutas gostam de se mostrar como mulheres sérias; os ladrões como honestos; e assim por diante. "Tens a testa de uma prostituta e não queres ter a vergonha", Jer.3:3. Essas pessoas preocupam-se e esforçam-se mais em parecer fiéis do que para serem fiéis. Os que não arrumam a casa, só arrumam quando chegam visitas; os que não se cuidam arranjam-se muito bem para os eventos; e os que pecam são aqueles que mais se mostram nas igrejas de hoje. Honram-se a eles mesmos tendo falta daquilo que querem mostrar. "Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras", Tito 1:16.

  694. "A justiça do sincero endireitará o seu caminho", Prov.11:5. Muitos preocupam-se em se promover e que seus caminhos sejam vistos e apreciados. Outros tentam que pareça direito aquilo que se entortou falando e conquistando os corações para conseguir que mudem de opinião a seu respeito. A menos que seja um pedido sincero de perdão e de reconhecimento público de erros cometidos, toda a conversa será em vão. Há que abandonar esse meio de promoção sabendo que andando na sinceridade todos os caminhos se manifestarão como direitos, aconteça o que acontecer e quando acontecer. Até os olhos tortos acabarão por ver e reconhecer isso mesmo. Será apenas uma questão de tempo. Ninguém deve buscar a promoção e antes a sinceridade achando a justiça de forma a tornar-se justo. Será isso que endireitará todos os caminhos.

  695. "O sábio de coração aceita os mandamentos, mas, o louco palrador será transtornado", Prov.10:8. Como louco palrador entende-se que também sejam aquelas pessoas que contra-atacam ao invés de aceitar os mandamentos. Quando convictos, tentam defender-se apontando os pecados dos outros - principalmente dàqueles por quem se sentem confrontados - quando deveriam reconhecer os seus próprios. Tentam desviar de si aquilo que consideram acusações acusando os outros. Também existem aqueles que falam tanto que não ouvem nada. Isto é, a pessoa ou fala ou ouve e o louco palrador não tem maneira de ouvir e entender porque está sempre ocupado a falar. Uma das formas de não aceitar os mandamentos é não ter disponibilidade para os ouvir.

  696. "A violência cobre a boca dos ímpios", Prov.10:6. Muitos acreditam que violência é apenas física. Mas, o homem violento usa a própria boca para demonstrar aquilo que é verdadeiramente. Toda a violência provém dum ser violento. Existe o ser e o ato. São coisas distintas. Logo, ainda que não haja violência visível nesse ser, ele não deixa de ser violento só porque não consumou o acto. É normal que qualquer pecador tenha tendências para a hipocrisia e para encobrir. Logo, o violento pode não demonstrar aquilo que é ou não reconhecer tudo que é. Ainda que nunca violente alguém, será condenado por ser violento porque Deus julga os corações e julga todas as obras à luz dos corações.  "O Senhor pesa os corações", Prov.21:2. Existe o ato e existe o coração que induz ao ato. Se o ato não se concretizar, isso não significa que o coração não seja julgado. Pela boca se revelam muitos corações.

  697. "As produções do ímpio conduzem ao pecado", Prov.10:16. Existem ímpios que, pela sua aparência, parecem santos. Seja o que for que façam, sejam bem vistos ou mal vistos pelos demais, conduzirá sempre ao pecado. Já o justo não é assim: seja o que for que faça, seja mal visto ou bem visto, conduzirá sempre à vida e à reconciliação verdadeira. Nunca tema ser justo. Tema, antes, ser hipócrita e, assim, poderá trazer vida a todos os que estão para morrer em seus pecados.

  698. "O amor cobre as transgressões", Prov.10:12. É preciso entendermos bem as Escrituras, isto é, entender precisamente e somente aquilo que elas querem dizer. Muitos entendem que este versículo significa que o amor encobre as transgressões quando, na verdade, o amor faz precisamente o oposto. Cobrir não é encobrir. O amor coloca tudo na luz condenando o pecado à morte pela luz, sem condenação para o pecador. O amor não encobre o pecado quando ele ainda existe. Colocar na luz também significa confessar pelo nome cada pecado revelado. Extermina-se qualquer pecado dessa maneira, isto é, colocando-o na luz. A luz anula a possibilidade de se transgredir porque, ao colocar na luz, sendo-se transparente, alcança-se a capacidade de exterminar qualquer pecado. O pecador é eficazmente crucificado com Cristo e deixa de existir. O pecador torna-se tão morto para o mundo e seus pecados quanto um defunto estará para este mundo. Colocando tudo na luz, ocorre isso como consequência por via do batismo com o Espírito. Um morto não pode mais ser condenado por nenhuma lei, pois, morreu. Mas, essa verdade só se torna efetiva quando essa morte é uma realidade. É assim que a luz tem a possibilidade de exterminar a possibilidade de se pecar. Isto é uma promessa e mal irão aqueles que a refutam não crendo nela para a buscar ativamente e achá-la. A luz cria a possibilidade de exterminar o pecador transformando-o num santo. Deseja ver um sinal para o batismo com o Espírito Santo? Esse é o sinal. Será assim que o pecador morre para a lei, lei essa que passa a existir apenas para quem é transgressor. "Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei Contra essas coisas não há lei", Gal.5:18,23. Paulo disse que a "lei é para os transgressores". Logo, o ser ressuscitado com Cristo (aqui na terra) está morto para a lei. Deixa de estar debaixo da lei porque o pecador não existe - deixou de existir. O pecador é convertido e transformado pela porta do arrependimento. Contudo, a porta não é a casa - não é o habitáculo. Ao falar, aqui, do fato do amor cobrir as transgressões, está-se falando das transgressões do próprio e não dos demais. A transgressão é puro egoísmo ativo que busca satisfação, seja em que sentido for. Logo, a pessoa que se converteu do egoísmo para o amor de Deus - e não para o amor próprio - é perdoado por haver sido transformado e convertido. "Convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados", At.3:19. Logo, o amor cobre as transgressões nesse sentido e não mais serão lembradas por via da conversão que vem com o arrependimento. "Aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador (...) cobrirá uma multidão de pecados", Tgo.5:20. "O ódio (no próprio) excita contendas (e transgressões do próprio), mas, o amor (no próprio) cobre todas as transgressões (do próprio)". 

  699. Por vezes, admiro-me muito com certas teologias e certas declarações de pessoas que se dedicam ao Evangelho. Muitas de suas teologias não passam de ideologias. Vários pastores afirmam sem qualquer pudor ou dúvida que a pessoa em Cristo só será verdadeiramente santa depois de morrer. Passam por cima de muitos trechos das Escrituras, como este: "Porque a graça de Deus se há manifestado (...) ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente", Tito 2:11,12. Existem abundantes textos como este, afirmando a mesmíssima coisa. Preferem assumir a doutrina acima de penderem para o lado da verdade. Parece-me que tentam fazer acreditar que a santidade é coisa doutro mundo, isto é, que é difícil ou impossível alguém ser honesto, alguém primar pela verdade e correção, que é impossível ser fiel, etc. Já vi muitos pastores afirmarem isso mesmo a pessoas que começam a carreira cristã e até mesmo no próprio dia que começam. As suas doutrinas parecem mais desculpas invertidas para dentro, tentando convencer a própria consciência. Parece que anulam qualquer motivação no sentido da santidade logo desde o início. Não é algo do diabo? Quem mais desejaria desmotivar alguém que mal começa a carreira Cristã? Diga-me: é difícil falar a verdade e ser verdadeiro? É complicado ser honesto em seu trabalho? É impossível parar de mentir ou de roubar? Como vê, a santidade é algo simples, é algo deste mundo para este mundo agora e já. Muitos condenam-se através daquilo que ensinam e crêem.

  700. "Peça-a (...) não duvidando (...) O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos", Tgo.1:6,8. Digamos que, através deste texto, entendemos que a pessoa que duvida de Deus, d'Ele que tudo pode, é inconstante de coração. No mínimo é inconstante em relação a Deus. Ora, quando uma pessoa é inconstante num aspecto de sua vida, sê-lo-á em todos os seus caminhos, dizem as Escrituras: "É inconstante em todos os seus caminhos". Mas, não podemos torcer as Escrituras por causa de doutrina. O que, na verdade, entendemos sobre este texto é que a pessoa de coração inconstante no tocante a confiar em Deus é inconstante em todos os caminhos de Deus e talvez só neles. É muito provável que não se torne inconstante nos caminhos do mundo e do pecado. Inconstante num caminho, é constante no outro porque são pólos opostos. Inconstante no pecado - caso tenha caído em alguma tentação inadvertidamente -  significa ser possível tornar-se constante nos caminhos de Deus caso entre neles. Sendo inconstante em Deus, será constante no pecado se enveredar por esses caminhos.

  701. A parcialidade é hipocrisia. Há quem se coloque ao lado dos seus crendo que isso é amor. Contudo, o amor é sempre imparcial. A parcialidade nunca busca a verdade. Quem não é verdadeiro, é falso. E ninguém precisa do amor dum falso.

  702. O ensino é desejável para quem deseja aprender. Para aqueles que não desejam aprender ou ser corrigidos, o ensino transforma-se numa forma de afronta. "O fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz", Tgo.3:18. Mas, para os que não exercitam a paz de forma prática, nunca é semeada na paz. Existem os românticos da justiça, os quais sonham e não praticam. E existem aqueles que praticam. Os que não são capazes de praticar sentem-se confrontados quando, na verdade, o ensino tem outro espírito, isto é, o de amor e de mansidão. "A sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia", Tgo.3:17. O fato da verdadeira sabedoria ser imparcial e, consequentemente, não agradar pessoas, é tido como confronto por quem não deseja aprender. Uma das características de quem não deseja aprender é o desejo de ser agradado. Caso esse desejo não seja cumprido, surge o terreno para o confronto. A mansidão costuma ser tida como agressão pelos que são rebeldes de coração. O confronto entre a mansidão e a dureza ou rebeldia é inevitável. Por isso é que existe e existirá sempre uma forma de inimizade ativa entre a carne e aquilo que é espiritual, seja em quem for ou em que ocasião for. É o confronto mais antigo de todos os tempos - sempre existiu desde que o diabo caiu. "O escarnecedor não ama aquele que o repreende", Prov.15:12.

  703. A pessoa que compra por comprar, fala por falar, gasta por gastar, ou faz qualquer coisa só por fazer, certamente que vive por viver. Isto é, não tem rumo, não tem uma razão para viver, não vive por uma causa e não tem objectivo de vida. E se tem, não o cumpre. A sua existência é um peso para a criação e não contribui para nada. Até pode ter outras ideias e outros pensamentos, mas, na vida prática, vive por viver, lê a Bíblia por ler, ora para cumprir dever religioso e nada mais. Não faz nada para glorificar Deus, não se importa em ter ou obter uma real comunhão com Ele.

  704. Muitas orações são feitas pelo dever de orar, ou pelo 'dever' de mostrar que se ora. Isso acontece de tal maneira que retira qualquer possibilidade de ser o coração falar com Deus e de obter uma real comunhão com Ele.

  705. Quando as pessoas louvam Deus, acreditam que estão a agradá-lo, mas, usam palavras lisonjeadoras e elogios como se Deus fosse carnal e necessitasse de ser elogiado para agir ou reagir. Na verdade, o verdadeiro louvor que surge devido ao conhecimento da verdade sobre todas as coisas ou sobre qualquer coisa demonstra que a pessoa não apenas aprova as coisas boas, mas, que tem grande apreço por elas e por Quem foi, é e será responsável por elas. O que agrada Deus é que a pessoa tenha olhos, coração e amor pelas coisas que importam a ponto de Deus ser louvado. Deus não precisa de nossos louvores para nada - e muito menos para se aproximar de nós. Contudo, o fato de sermos capazes de apreciar aquilo que realmente importa a ponto do louvor brotar espontaneamente, alegra Deus. Daí que Deus abomine todo tipo de louvor falso ou falsificado. Ninguém compra Deus através de louvores ou elogios. Aquilo que leva a louvar é de extrema importância, pois, determina se seremos aceites ou rejeitados como um Caim qualquer.

  706. Quando Jesus disse que não perecerá nenhum cabelo da minha cabeça, Ele estava dizendo que me protegia e amava a mim ou ao meu cabelo? Pense nisso da próxima vez que se assustar, entrar em pânico - se é que você tem mesmo uma comunhão real com Deus e que essa comunhão não não seja unilateral e imaginária ou, apenas, desejada.

  707. A genética de cada um determina a altura, o formato e, segundo dizem, a saúde do corpo. Mas, para que servirá essa genética sem o alimento apropriado, sem os cuidados necessários, sem a disciplina simples duma vida regrada? Ora, aí está. Desse mesmo modo funciona a nova pessoa em Cristo. Precisamos saber que não basta nascermos de novo: precisamos manter-nos em Cristo, precisamos exterminar e negar cada pecado sabendo como fazê-lo, precisamos alimento cada dia mais sólido e necessitamos cuidar e manter o corpo de Cristo saudável.

  708. "...Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias", Mat.23:35. O sentido de justiça de Deus é muito diferente do nosso. Sobre aquela geração iria cair o sangue dos justos - todo o sangue justo desde Abel! É interessante notar que seriam imputados das mortes todas até ao último profeta do Antigo Testamento e não pelo sangue de Jesus. Quem tem, no coração, a mesma apetência para o mesmo tipo de pecados incorre na mesma pena ainda que não os cometa por falta de ocasião ou por outra razão. Se o pecado reside somente a nível do coração, a culpa já existe.

  709. "Mas, eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo", Mat.12:36. Por "palavra ociosa", principalmente neste versículo, entende-se qualquer palavra que não corresponde à verdade do coração ou da verdade. É neste sentido que Jesus fala sobre os que falam coisas boas sendo maus. Assim sendo, cada palavra que não corresponder, duma maneira ou doutra, à verdade do coração será vista como palavra ociosa. Não é apenas necessário que cada palavra corresponda à verdade, mas, que corresponda, também, à verdade vivida e experimentada dentro do coração de quem a pronuncia. "Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado", Mat.12:37.

  710. "Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes", Mat.12:7. Será que aqueles que desejam sacrificar e tentam conquistar Deus através de feitos são os que mais facilmente são capazes de condenar os inocentes?

  711. "Aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda", Mat.7:26. Muitos contentam-se em ouvir a Palavra, seja pela rádio ou nos cultos. Na verdade, ouvir a Palavra não é o fim da picada. Aqui, Jesus fala dos que ouvem e podem terminar mal - muito mal ou mesmo pior que todos. O insensato não é aquele que não ouve e antes aquele que ouve, mas, não cumpre. Há que ter isso em mente, pois, aqueles que não falham um culto, não perdem uma pregação na rádio e parecem ser extremamente zelosos podem ser os que Jesus considera insensatos por se dedicarem somente a ouvir e não são extremamente dedicados a cumprir e nem a achar os meios para poderem cumprir.

  712. A verdade, para significar alguma coisa para quem a recebe, precisa tornar-se uma revelação do Espírito que marca a alma com essa revelação. Imagine alguém que não leu, não ouviu e, de repente, algo se revela dentro dela com tal significado capaz de mudar ou transformar toda a sua conduta e vida. Agora, imagine alguém que lê e, ao mesmo tempo, obtém essa revelação com igual impacto. Na verdade, esse tipo de manifestação da Palavra pode ser recebida mesmo estudando a Palavra com profundidade. O que importa é que se torne uma manifestação ou revelação que marca a alma e todo o ser da pessoa, algo que pode transformar tudo em obediência, não apenas imediata e espontânea, mas, duradoura. Isso não é uma revelação com origem no estudo, mas, na aplicação da Palavra pelo Espírito Santo. O estudo é bom para que a palavra exista dentro da pessoa para ser usada pelo Espírito Santo. É um tesouro que pode ser usado. Mas, como a pessoa em questão não consegue salvar-se a ela própria não pode crer que se salvará através do estudo ou porque sabe e antes porque Deus usa o que ela sabe. Se não houver essa revelação dessa maneira, a verdade não obterá os resultados esperados. A verdade continuará a manter o seu significado, mas, não significará nada para a pessoa em questão.

  713. "Orai pelos que vos maltratam e vos perseguem", Mat.5:44. Quando oramos, fazemo-lo para sermos ouvidos. Não podemos orar com a intenção de contrapormos aos sentimentos causados pela perseguição e maus tratos. É criminoso e egoísta orar pelos outros para que meus sentimentos de contrariedade ou vingança sejam vencidos orando pelos que causaram essa situação. Oramos para sermos atendidos. Os pecados vencem-se doutra maneira, pelo poder de Deus através da obediência. Muitos acreditam que devemos orar pelos nossos inimigos para não os odiarmos ou para os amarmos quando, na verdade, a oração feita deveria ter como alvo que as pessoas em questão possam amar e ser salvas delas próprias e não para minimizar os nossos sentimentos. Isto significa que posso estar orando pelos outros por causa de meus próprios pecados e tentações. E são os motivos que determinarão se serei ouvido ou não. Posso e devo ser perfeito como o Pai até nesse aspecto, desejando como Ele a verdadeira salvação de quem maltrata e persegue. Se a pessoa trata mal é porque está perdida. Se está perdida, ofende Deus e não o glorifica. Antes de cada oração, seja ela uma oração pontual ou de hábito como quando fazemos ao comer e beber, devemos analisar o nosso coração descobrindo se queremos realmente ser ouvidos e atendidos, ou se queremos apenas orar, ou se queremos orar sobre uma coisa tendo outra em mente como fazem os de dobre coração e todos aqueles que não são sinceros. Caso desejemos ser atendidos, devemos analisar rapidamente os nossos motivos vendo se realmente temos cumpridas todas as condições de sermos atendidos.

  714. "Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus", Mat.5:19. Este é um daqueles versículos que muitos entendem mal, os quais podem ser torcidos. Significa que, qualquer um que se atreva a ensinar o que é certo estando ele próprio em más condições de vida, carregará com as consequências, pois, as pessoas assimilam o exemplo de vida que está associado ao ensino de quem fala e ensina.  Aqui, Jesus não fala dos que ensinam as coisas erradas e antes dos que ensinam as coisas certas que, eles próprios, não cumprem. Isto é, estas palavras são dirigidas àqueles que não cumprem as coisas certas que pregam, aos que ensinam bem em seu estado de incumprimento. Tudo que ensinam não funciona em suas vidas, não se torna visível em seu dia-a-dia, em sua vida em casa e onde andam. Os Fariseus ensinavam as coisas certas. Porém, não as cumpriam. As suas vidas não eram amostras reais de que o Evangelho funciona mesmo. Os Saduceus ensinavam as coisas erradas e também não cumpriam as certas. Jesus não falou dos Saduceus e antes dos Fariseus quando disse "porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus", Mat.5:20. Quando alguém prega uma coisa e vive outra, os seus seguidores assimilarão a mesma atitude e o mesmo tipo de vida, contentando-se com o ensino e afastando-se do seu cumprimento integral e incondicional. Iria criar mentalidades consistentes com palavreado vazio, ao qual os ouvintes se acostumariam e veriam como normal. Ensinariam as pessoas a ensinar aquilo que não vivem como se essa situação absurda fosse a coisa mais normal do mundo e como se isso fosse a consequência normal do Evangelho. Contudo, o mandamento é claro: "Ensinando-os a guardar...", Mat.28:20. A mentira manteria o seu apelo sobre o coração dos envolvidos porque a hipocrisia tem um enorme apelo sobre qualquer coração que nunca foi transformado criando, assim, uma conduta de hipocrisia. Havendo dito isto, podemos dar o próximo passo em relação a esta verdade. O Reino de Deus chegou à terra com Jesus e chega aos homens hoje através da presença real do Espírito Santo. Isso é o Reino de Deus, isto é, o Reino é onde Deus reina verdadeiramente. Ele pode chegar e não ser apreciado e quem não se submete a ele não pode considerar-se participante desse Reino. Podemos, então, considerar um avivamento real e genuíno como o Reino de Deus, pois, Deus reina os que experimentam tal vida abundante. Muitos pastores e muitas igrejas nunca experimentaram um avivamento real e as expectativas de um dia virem a experimentá-lo são escassas ou nulas. São pequenos ou insignificantes nesse Reino ou o Reino não chegou a eles. Isto pode significar que uma das causas para a ausência continuada dum avivamento - senão a principal ou quiçá a única causa - é os crentes não viverem de acordo com as exigências de Deus. Isso não é apenas real dentro de muitos círculos chamados Evangélicos, como se torna um ambiente propício para os avivamentos falsos, falsificados ou imitados. Os que imitam o Evangelho não o vivem. Crer até o diabo crê. É preciso experimentar e viver uma vida pura, santa e casta para podermos dar os primeiros passos de acesso a esse Reino onde somente Deus reina.

  715. "Então, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo", Mat.4:1. Eis aqui uma coisa que muitos não gostam: serem conduzidos para serem tentados e provados. Todos desejam ser guiados pelo Espírito, muitos até suplicam por isso. Contudo, a maioria vive numa ideia romântica de que Deus os guiará para aquilo que eles próprios desejam para suas vidas pessoais ou mesmo para suas vidas carnais. Mas, assim que o Espírito nos começa a guiar verdadeiramente, perdemos o controle total do rumo que seguiremos. Não nos cabe decidir mais nada e nossas decisões (a não ser que sejam tomadas em Deus) de nada servirão. Quando Deus nos guia verdadeiramente, não apenas somos guiados, mas, o alvo a alcançar também é o d'Ele. E como no deserto não havia comida - ainda que Moisés a tivesse recebido do alto - Jesus teve de jejuar quarenta dias e noites.

  716. "...Concebeu trabalhos...", Sal.7:14. Isto pode significar que a maior parte dos problemas do dia-a-dia de cada pessoa achada em seu próprio caminho (não estando em Deus) é mera consequência de seu próprio caminhar. Muitos culpam Deus pelas coisas que lhes acontecem quando devem culpar a eles próprios. Os que esperam de Deus sendo justos voam alto como as águias mais saudáveis e os outros concebem trabalhos e dão à luz problemas atrás de problemas, pois, um problema gera sempre outros problemas.

  717. "Cavou um poço, o fez fundo e caiu na cova que fez", Sal.7:15. Muitos cavam para beber da suposta água que desejam achar e não sabem que estão cavando a própria cova. Isto de cavarem fundo tem o seu significado. Os enganados são movidos pelos desejos e não pela realidade da fé ou através da realidade de Deus. Não são coerentes com a realidade e os fatos. Na realidade, não querem ser coerentes com os desejos e a vontade de Deus. Logo, prosseguem e insistem em seus caminhos crendo e tentando Deus com sua fé falsificada. É assim que o poço vai ficando mais fundo, pois, seus desejos pessoais levam-nos a cavar mais e mais porque nada que desejam se concretiza. Logo, seguem cavando e cavando ao invés se ordenarem suas vidas e seus caminhos com Deus. O incredulidade também é persistente e dominadora.

  718. Quando um justo perde tempo com distrações ou perde qualidade do tempo de comunhão diária com Deus ou Sua palavra, dificilmente passará bem seu dia, isto é, dificilmente passará seu dia sem sucumbir ou ceder sob alguma tentação. O pecado jaz à porta esperando os menos preparados para o enfrentarem. O pecado é como os leões na selva: buscam os mais fracos da manada para deles se alimentarem. Devemos, por essa razão, ter extremo cuidado com as distrações, os desvios de atenção, as vozes falsas que nos tentam durante o tempo que separamos para estar a sós com Deus. Prestar-lhes atenção é uma ofensa para a alma e um desrespeito para com Deus. Eu creio mesmo que, enquanto a pessoa der ouvidos a essas vozes e distrações sabendo que elas são de estranhos, dificilmente reconhecerá a voz de Deus durante seu dia, distinguindo-as das outras. Dará crédito demais às vozes erradas e obterá uma tendência natural para duvidar da voz certa.

  719. "...Deixai-vos instruir...", Sal.2:10. Por norma, quem não se deixa instruir, 'desinstrui-se'. É maravilhoso quando encontramos alguém que se deixa instruir, pois, cabe a qualquer um fazer questão de ter uma atitude de se deixar instruir. O homem carnal não se deixa instruir, mas, permite facilmente o inverso. O homem espiritual deixa-se ser instruído e busca isso de coração. Contudo, não permite ser 'desinstruído'. Por isso é que, muitas vezes, é acusado de não querer ouvir enquanto o homem carnal é elogiado por se deixar levar pelas bocas dos que ainda são do mundo.

  720. "Pois, será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria", Sal.1:3. A promessa não é apenas dar fruto, mas, dá-lo na estação própria, isto é, no seu devido tempo. Tudo aquilo que é bem planeado tem os seus tempos. "Porque o Senhor conhece o caminho dos justos", vers.5. Se tudo tem o seu tempo em nossas vidas, devemos alegrar-nos extremamente, pois, isso significa que estamos encaixados dentro dos planos de Deus. "Não são assim os ímpios", vers.4. Não acontece assim com eles.

  721. É normal que o engano existente no coração e nos desejos das pessoas se torne o seu próprio inimigo. Mas, aquilo que é próprio deveria ser a coisa mais fácil de resolver, pois, não depende das decisões de outros, não depende das circunstâncias e não depende sequer da providência atual de Deus porque Deus já providenciou a solução através de Cristo. Mudar está ao nosso alcance, ainda mais quando a graça se disponibiliza no imediato e assim que a pessoa quiser ser transformada.

  722. O engano espalha-se pelos caminhos e pela vida de todos aqueles que recusam ser transformados em outra pessoa através de Cristo para estar de acordo com Ele. A pessoa que se diz crente, acredita supostamente em tudo que vem na Bíblia. Quem não acredita e não é transformado não tem culpa igual ao que crê e recusa ser transformado pelo poder de Jesus. A culpa do crente é maior que a culpa do descrente no tocante à recusa ou à resistência em ser transformado.

  723. Quando algo vem de Deus, desistir é tão grave quanto insistir no que não vem d'Ele.

  724. "E creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna", At.13:48. Antes de dizer alguma coisa acerca deste versículo, permitam-me dizer que creio solenemente na doutrina verdadeira da eleição ou predestinação. Também creio que é, provavelmente, uma das doutrinas mais disseminadas pelas Escrituras. Contudo, não creio que este versículo caia dentro da categoria dessa doutrina. Existem palavras que, mal entendidas, podem criar confusão. Por vezes, as palavras são mal entendidas porque a nossa doutrina, ideia ou anseios e desejos podem manipular as nossas interpretações e até mesmo as nossas crenças. Podemos crer conforme aquilo que desejaríamos que fosse verdade. E, por vezes, existem palavras que, traduzidas, não produzem os mesmos significados do original. Neste versículo encontramos um desses casos. De acordo com o original, as palavras "ordenados para a vida eterna", neste versículo, significam "ser preparado e colocado em ordem, ser colocado/achado na disposição de receber". Quando se fala, aqui, dos que se encontravam ordenados para a vida eterna, significa que haviam sido preparados para a receberem naquele momento - foram colocados em ordem. Uns iriam estar preparados mais tarde e, talvez, outros nunca chegassem ao ponto de estarem preparados para receberem tal tipo de vida abundante, constante e permanente. Os tais tornar-se-iam úteis para preparar os santos ainda melhor através de perseguições e provações. Nada é desperdiçado no Reino de Deus e até mesmo o estrume é usado para fazer as flores florirem melhor e terem ainda mais vida e serem mais saudáveis. Por exemplo, João Batista preparou o povo para receber Cristo, fazendo-os arrependerem-se, confessar cada pecado pelo nome e abandonar todos eles. Isso viria criar uma disposição no coração para Cristo ser recebido como Ele é, destituindo a ideia fixa de como Ele seria. Foi dito de João que "ele iria diante Cristo (...) para preparar um povo bem disposto", isto é, com para obterem a disposição de coração para receber Cristo como Ele é, Luc.1:17. Cristo, por sua vez, preparou o povo - e muito principalmente os discípulos - para receberem o Espírito Santo (isto é, a vida eterna, abundante e constante). E o Espírito Santo prepara as pessoas para uma entrada no céu. O que nos iremos tornar depois disso ou para o que seremos preparados ainda não sabemos. Ora, todas etapas são preparos para as etapas seguintes. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23. Tem tudo a ver com o ordenar de caminhos e corações. Cristo falou daqueles que não estavam aptos para o Reino: "Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus", Luc.9:62. Ora, existe sempre uma preparação prévia, quer a pessoa ou pessoas estejam conscientes disso ou não. Existe uma preparação solene para um avivamento da dimensão daquele que ocorreu nos tempos de Paulo. Logo, os que já estavam ordenados, cujos caminhos haviam sido preparados, salvaram-se. Não se perdeu um deles sequer. Os demais poderiam preparar-se através do que ocorreria após isso ou, então, endureceram-se. Como Paulo disse aos Coríntios, "para levar o Evangelho para além de vós". Por essas razões é que aqueles que trabalham na obra nunca devem estar desenquadrados com a liderança de Deus. Existem planos feitos por Deus que devem ser seguidos. E onde existem bons planos, existem passos em seus tempos para serem dados, coisas para serem alcançadas e vontade para ser feita duma maneira específica. Ele é o Caminho e sabe quando e como fazer tudo. Sabemos que o coxo curado por Pedro e João na porta do templo em Jerusalém nunca havia sido curado em anos anteriores, nem mesmo quando Cristo entrava e saía do Templo. Ele era colocado ali há anos todos os dias. Não deve haver coisa mais importante para fazer o Reino avançar que seguir Jesus em Seus tempos. Ele torna tudo belo a Seu tempo. Tudo segue em Sua rota e conforme Seus planos e tempos, isso em ordem absoluta. Precisamos estar prontos para viver de acordo com planos em seus tempos. Estejamos prontos para viver dessa maneira.

  725. Falando de José, as Escrituras dizem que Deus lhe deu "graça e sabedoria ante Faraó", At.7:10. Se formos analisar bem, vemos que se entende que a interpretação dos sonhos e o dom de profecia verdadeiro que possuía era sabedoria. Em primeiro lugar, ele não podia (e ninguém podia) interpretar a não ser que um sonho houvesse sido dado e a não ser que tivesse vindo de Deus. Existem sonhos que não vêm de Deus. Logo, existe sabedoria profética, isto é, sabemos das coisas por manifestação de Deus. Sabedoria é algo que se sabe ou veio a saber, algo que pode ser pensado e repensado, interpretado através da sabedoria, lembrado, talvez, durante anos e anos a fio depois disso. Devemos saber construir sobre as revelações verdadeiras de Deus sem incorrer no crime de acrescentar ou retirar seja o que for ao que foi manifestado. Podemos saber dessas coisas porque Deus nos revelou e, sejam coisas do futuro ou do presente, são sabedoria. Mas, não é sabedoria própria e nunca pode ser tratada como tal. 

  726. Muitos são levados, pela força das circunstâncias, a imitar ou tentar imitar, em seus comportamentos aparentes ou forçados, aqueles que andam no Espírito e em oração, os quais vivem enfrentando cada situação sendo guiados por Jesus em tudo e de todas as formas. Mas, a vida de imitador não resulta. O que resulta é andarmos igualmente no Espírito sendo nós próprios em Jesus e sendo igualmente guiados. Não podemos querer ser iguais aos outros e devemos, antes, seguir seus exemplos de serem eles próprios diante de Deus. Não devemos tentar imitar aquilo que fazem, mas, sermos, nós próprios, aquilo que são diante de Deus.

  727. Nunca tente alcançar as suas perfeições sem reconhecer e dar a conhecer as suas imperfeições. Uma coisa está e estará sempre ligada à outra. Não busque a santidade sem reconhecer publicamente todos os seus pecados. Se o fizer, os seus pecados viverão para sempre e sua devoção e santidade serão sempre fingidas, cansativas e forçadas.

  728. "E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados (...) Qualquer que permanece nele não peca", 1João 3:5,6. Muitas pessoas anseiam que Jesus se manifeste e que se faça sentir. Contudo, a razão ou a condição para Ele se manifestar é que alguém deseje ardentemente ficar sem seus pecados para sempre, mudando de coração de forma a que tudo se torne verdadeiramente novo e diferente. A razão por que Jesus não se tem manifestado é, seguramente, esta: as pessoas desejam que Jesus apareça e se manifeste naquelas coisas que seus corações selecionam como desejos. Não desejam que se manifeste para tirar seus pecados de dentro deles e eles de seus pecados. Não desejam ficar sem seus pecados e muito menos reconhecê-los como pecados. Desejam, antes, que tais coisas sejam vistas e reconhecidas como virtudes e nunca como pecados que Deus manifesta e extermina. "Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo", 1João 3:8. Já pensou, creu e assumiu que tem as obras do diabo dentro de si que necessitam ser desfeitas? Ou só vê essas obras nos demais terrestres?

  729. "Agora somos filhos de Deus e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas, sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro", 1João3:3. Isto é uma verdade e, de facto, ocorre mesmo desta maneira. Tendo a esperança do Céu, a pessoa purifica-se a si mesma. Se essa esperança tornar-se real e não for apenas uma miragem, a tendência é para isso acontecer ao invés de ver os pecados dos outros ou de tentar consertar as vidas alheias intrometendo-se nelas. Mas, quando a pessoa abraça uma doutrina ou uma esperança terrena de que as coisas da terra se concretizem, é de notar que raramente tem a tendência de se purificar a si própria e, se tiver, tem os motivos errados. Havendo motivos errados, haverá, seguramente, a força errada a operar no coração da pessoa para crer e persistir nesse caminho errante.

  730. Quando Deus nos dá algo que consideramos grandioso demais para nós, ou difícil demais para nossas capacidades, teremos a capacidade de nos ensoberbecermos havendo conseguido tais feitos ou crendo que os conseguimos ou que os conseguiremos. A falta de fé é quase sempre a entrada para a soberba caso as coisas de Deus se concretizem duma maneira ou de outra. Por isso, devemos conseguir viver das coisas grandiosas de Deus como sendo algo normalíssimo estando com/em Deus, vivendo e convivendo com Ele continuamente. Elias não se admirou quando soube que iria ser levado vivo para o Céu e não achou estranho o Rio Jordão haver-se aberto diante dele.

  731. Os mais perigosos não são aqueles que perseguem e atribulam e antes aqueles que bajulam ou tentam conquistar com gracejos e lisonjas.

  732. Existem sinais que nos revelam estarmos a desanimar. Por vezes, o desânimo é subtil e muitas pessoas só se apercebem dele quando já entraram em colapso ou em desespero de causa. Por exemplo, quando a pessoa começa a mudar uma boa conduta ou muda de hábitos saudáveis só por mudar, isto é, sem qualquer razão aparente, pode estar a entrar num ciclo de desânimo e insatisfação com alguma coisa. Existem coisas por resolver em sua vida, as quais deixou ao léu ou a pairar sem atenção. Quando, sendo espiritualmente forte, alguma coisa começa a tornar-se forte demais para aguentar ou resistir; quando existem caídas ou recaídas para fazer as coisas carnais ou fazer as coisas espirituais carnalmente; quando se pára de andar no Espírito; quando se começa a ver erros nos outros e nenhum próprio é assumido; quando se luta contra a corrente ao invés de caminhar a favor de Deus; devemos acautelar-nos, pois, temos desânimo à vista. Se não estamos bem com Deus, Ele impedirá que tenhamos sucesso porque, sem Ele, nada faremos.

  733. Todos acreditam que Deus controla as coisas ou mantêm a esperança tentando convencer-se disso. Logo, se algo corre mal ou diferente daquilo que esperam, a tendência para duvidar e a tentação para questionar é enorme. Estando bem em Deus, a tribulação e a perseguição são provações enormes para todos aqueles que verdadeiramente acreditam que Deus controla todas as coisas. São verdadeiros testes à confiança e a fé que sobrevive a tais testes é verdadeira.

  734. "...Fazendo o bem e não temendo nenhum espanto", 1Ped.3:6. Não temer nenhum espanto significa não ter medo das consequências dos seus atos porque é Deus quem justifica. Mas, quem ainda não é transformado ao ponto de "fazer o bem", só tem que temer qualquer tipo de espanto - principalmente da parte de Deus.

  735. A fé tem recompensas. Nem sempre a fé dá aquilo que se espera e nem sempre dá somente aquilo que se espera. O homem que foi ajudado a entrar pelo telhado para chegar a Jesus foi recompensado. De início, não lhe foi dada a cura física e antes o perdão de seus pecados porque havia crido em Jesus para ser curado. Jesus achou que tal fé merecia algo superior à cura física. Creio que a sua cura física lhe foi atribuída por causa da disputa que surgiu a respeito de Jesus poder ou não perdoar pecados, verdade essa que era contestada pelos crentes incrédulos. A sua fé conseguiu que se tornasse justo e perdoado. "Pela fé, Noé, divinamente avisado (...) preparou a arca (...) foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé", Heb.11:7. Isto é, Noé recebeu a justiça, o que significa a capacidade de ser justo diante de Deus que tudo vê como é. Não era uma forma de justiça fingida porque Deus não finge que vê. A sua recompensa foi ser justo a partir de certo momento.

  736. As Escrituras afirmam que achamos Deus buscando-O. Mas, existe uma enorme dificuldade em achá-Lo e vemos muitas pessoas clamando, muitas orações sendo feitas e tudo continua na mesma. Qual é a dificuldade em achá-Lo? Onde reside a dificuldade? Certamente que não é na distância. Ele anda bem perto e não existe problema no ouvido dele, pois, ouve bem. Ele não nos vê? Não existe nada encoberto para ele - nem nas mais profundas trevas. Então, em que consiste essa dificuldade de achá-Lo de forma real? Muitos mentem quando afirmam que o acharam. Estamos falando em achá-Lo verdadeiramente, de forma real. A dificuldade está relacionada com os pecados das pessoas. Uns buscam sem intenção de abandonar seus pecados e sem intenção de achar solução definitiva para eles. Alguns outros querem uma solução seletiva de seus pecados, isto é, resolver aqueles que eles escolhem e não todos de forma permanente. Outros buscam para serem abençoados mantendo seus pecados. Que alguém o busque pelos motivos certos e com plena intenção de abandonar todos os seus pecados! Verá se é assim tão difícil achá-Lo, (Is.59:1,2).

  737. "O homem não viverá só de pão, mas, de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem", Dt.8:3. Isto significa que não importa o que sai da Sua boca, seja para bem ou mal, o homem viverá disso.

  738. Por que razão a religião acusa os verdadeiros de serem falsos? Pela mesma razão por que os cegos acusam os demais de não enxergarem.

  739. "Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os cumprir", Dt.8:1. É bom ver qual a razão de guardarmos os mandamentos de Deus em nossos corações: é para os cumprir. Não é para martelar a cabeça das pessoas com eles e antes para os cumprir. Nós não aprendemos os mandamentos para poder infligi-los nas mentes e condutas das pessoas. Esses mandamentos devem ser preservados e cumpridos a partir do coração. São para nós. Destinam-se a quem os quer ensinar aos outros e não aos outros. Devem ser preservados dentro da alma para serem cumpridos - e cumpridos fielmente. Guarde todos os mandamentos no coração, mas, lembre-se de que lembrá-los o tempo todo ainda não é caminhando de acordo com eles - mesmo que lembrá-los seja uma grande ajuda para esse fim. Muitos contentam-se em ter os mandamentos salvos no coração para serem lembrados constantemente. É por aí que se condenam. Nós não devemos apenas carregá-los no coração, defendê-los e lutar por nossas doutrinas (se essas doutrinas vêm mesmo de Deus), mas, existem para nunca nos esquecermos de fazer, experimentar e ser capacitados a cumprir. De que vale amar os mandamentos de Deus se não se tornam vida prática? Não nos devemos contentar em conhecê-los - mesmo que os conheçamos todos, amando-os. Devem ser armazenados no coração para serem cumpridos de forma prática. Nós precisamos de nos tornar o próprio mandamento.

  740. Paulo diz: "Para que, pregando para os demais eu próprio não me condene ou seja condenado", 1Cor.9:27. Se isto podia acontecer com Paulo, significa que pode acontecer com qualquer um. Logo, existe a possibilidade da pessoa entrar no mundo da sabedoria e ficar tão envolvido nela que negligencia o fato de ter de viver em conformidade com aquilo que sabe, esforçando-se para achar a graça necessária para conseguir garantir a sua conduta. Tenhamos em conta que deixar de pregar para os outros porque não vivemos aquilo que pregamos ou ensinamos é moralmente correto e honesto. Contudo, deixar de pregar por esse motivo não impede a condenação porque parar de ensinar não é ser transformado ao ponto de obter uma conduta celestial. Por norma, o problema não está na pregação e antes em quem prega. Paulo pregava a verdade. Contudo, ele tinha em mente que, mesmo pregando a verdade, poderia ser desclassificado e ver as nuvens sendo levadas pelo vento por não conseguir viver aquilo que pregava. A nossa pregação deve ser uma exposição de experiências pessoais e não fruto de aprendizagem, cultura geral ou estudo.

  741. Muitos pais dizem: "As crianças de hoje já não respeitam os mais velhos". Contudo, devemos saber que as crianças são aquilo que aprenderam. Os adultos de hoje já não ensinam as crianças de acordo com padrões de respeito, temor e amor. Hoje acredita-se que a criança aprenderá sozinha e o mundo assalta os nossos lares com imundícies e males sem afim. Quando as crianças estão por conta própria, não têm experiência e conhecimento para poderem escolher o que devem aceitar ou rejeitar e aquilo que não devem aprender. Cabe aos adultos terem a sabedoria de escolher por/com elas.

  742. A hipocrisia até pode ser definida de muitas formas. Contudo, a verdadeira hipocrisia não pode ser confundida com malícia, pois, muitos não se dão conta ou preferem não se dar conta de se haverem tornado hipócritas diante de Deus. Hipocrisia é vir a Deus com algum assunto diferente daquele que importa a Deus no momento da nossa aproximação. Se a vida corre mal a alguém por causa de seus pecados e vem a Deus para resolver os resultados e as consequências duma vida de pecado ao invés de resolver todos os seus pecados pela raiz, é hipócrita diante d'Ele mesmo que não saiba ou não admita que a causa de seus problemas são seus pecados; se alguém chorar lágrimas diante d'Ele, mas, não arranja sua vida em seu lar, não se transforma, não muda suas atitudes, não disciplina sua casa, não regra a sua própria vida, nunca devolveu aquilo que roubou, não pede perdão a quem de direito pelas mentiras que cometeu por palavras ou atos, é óbvio que será considerado hipócrita diante do altar ainda que suas lágrimas e seus sentimentos sejam muito sentidos. O sentimento não entra na definição de hipocrisia diante de Deus. Sentir muito não tem nada a ver com sinceridade.

  743. "Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro", 1Tim.1:5. Muitos buscam amar e ser amor com a finalidade de serem abençoados, vistos ou mesmo recompensados. Para esses, o fim do mandamento não é o amor, isto é, não é conseguir amar qualquer pessoa através dum coração puro. Para os tais, o 'amor' é o veículo ou o meio para alcançarem o que pretendem quando, na verdade, todas as coisas devem e podem contribuir para alcançarem o amor verdadeiro como o fim de tudo. A finalidade das coisas que temos ou possuímos são para alcançarmos esse fim: o amor num coração puro.

  744. Sabemos que o oposto do amor é pecado e que o pecado é o egoísmo. O oposto da lei do amor é o egoísmo. O ódio é apenas mais uma forma de egoísmo emocional. O oposto do amor abrange muito mais que o simples ódio ou falta de amor sentimental, pois, qualquer forma de egoísmo ou egocentrismo quebra a lei do amor. Contudo, existe um facto acima de contestação: quando desejamos as coisas excelentes, as desejamos para nós - embora as desejemos para os demais também. Por isso, deduzimos que as pessoas podem desejar coisas excelentes e celestiais para elas próprias sem quebrar a lei do amor - e até nos é dito que "qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro", 1João 3:3. Isso significa que faz de tudo para ser puro desejando as coisas excelentes e não quebra a lei de Deus porque isso glorifica Deus. Isto é obediência pura através dum coração transformado.

  745. "Voz do que clama no deserto (...) endireitai as Suas veredas", Mat.3:3. Vemos algumas coisas neste versículo. Em primeiro lugar, é uma voz no deserto. Isto significa muito. Significa que João falava sozinho ou, pelo menos, começou sozinho. Era um deserto da verdade e somente os campos da mentira floresciam. Os terrenos da mentira não eram desertos. Em segundo lugar, havia muitas coisas para endireitar. Essas coisas deviam estar direitas antes da chegada ou do aparecimento de Cristo. João estava preparando (reparando) o caminho para o Senhor. Por último, não eram as veredas do mal que deveriam ser endireitadas - eram as veredas de Deus. Isto significa muito mais do que parece. Os caminhos, as doutrinas, os meios, os mecanismos, os motivos, os alvos e muitas outras coisas estavam torcidos e tortos. Os caminhos do diabo eram simplesmente destruídos e rejeitados e as veredas do Senhor eram endireitadas. Dá para você entender estas coisas?

  746. "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração", Mat.11:29. Aprender tem uma certa relação com querer aprender porque aprender é trabalhoso - é obra. Contudo, existem coisas em quem ensina que podem perturbar quem aprende. Um professor cheio dele próprio costuma obter uma aversão da parte de quem aprende. Outro de muitos problemas é a falta de paciência em quem já sabe e tenta ensinar como se aquele que aprende estivesse ao mesmo nível. Outro problema é a subestimação de quem aprende. Então, as pessoas ganham uma certa aversão contra aprender devido à maneira, atitudes e modos de quem ensina. Neste mundo, todos têm uma imagem má de quem ensina, pois, os que ensinam são prepotentes e ásperos quando ensinam. Sua forma de ensinar é mundana porque seus corações pertencem ao mundo. Logo, foi necessário Jesus assegurar que Ele ensina doutra forma e através doutra atitude. Ele é manso e humilde de coração e, se o que nos repulsa é a prepotência e a rigidez de quem ensina, podemos acreditar, então, que nada em Cristo impedirá que aprendamos d'Ele - desde que Ele nos seja real e não seja mais um Jesus fictício. Tudo dependerá de querermos aprender ou não. Se Jesus ainda é uma imagem ou uma miragem, teremos, também e obviamente, uma imagem de como Ele é quando ensina que se assemelha em muito àquilo que nos acostumamos vindo deste mundo. Uma imagem não é o Verdadeiro. "Filhinhos, livrai-vos das imagens", 1João 5:21.

  747. Não é necessário ensinar as coisas erradas para que o erro se propague ou para sermos condenados pela Lei de Deus - basta não aprendermos ou não ensinarmos as coisas certas da maneira certa ou sem viver e sem experimentar tudo aquilo que pregamos. Muitos falam bem a verdade ou sobre a verdade como se duma mentira ou duma ficção se tratasse. A única coisa necessária para sermos condenados pela Lei de Deus é não sabermos ou não conseguirmos a forma de se poder cumprir tudo aquilo que Jesus ensinou como os (novos) mandamentos de Deus. Saber ensinar a cumprir implica sermos exemplos vivos e naturais do próprio Evangelho de Cristo, experimentando o Evangelho em toda a Sua plenitude e força. É isso que ensina e convence. Aprendemos a ser e não a saber.

  748. "Quem recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo", Mat.10::41. Se isto é verdade, devemos saber que quem recebe um justo na qualidade de hipócrita, receberá galardão de hipócrita; e quem recebe um verdadeiro como sendo mentiroso receberá galardão de mentiroso - a menos que se converta antes de receber seu galardão.

  749. "Mas, o que sai da boca procede do coração e isso contamina o homem", Mat.15:18. Esta verdade coloca muitas questões na ordem das coisas. Imaginemos que não sai nada da boca por alguma razão maior e isso quando o coração está contaminando. Isso é possível de acontecer. Se a pessoa não diz nada resistindo aos impulsos do coração, tem mérito e pode mesmo estar a desejar o que é certo. Contudo, isso não transforma o coração e apenas evita a transgressão. Mas, pode acontecer, também, a pessoa ficar em silêncio por malícia, desejando cometer um mal maior. Nesse caso, o silêncio que sai contamina o homem e esse tipo de silêncio também é transgressão. Logo, o que necessita ser transformado, em primeiro lugar, é o coração e, só depois, a boca.

  750. Existe um engano generalizado que paralisa as almas das pessoas. Esse engano é: se alguém conhece os mandamentos pensa que já está tudo feito. Mas, é necessário assaltar os céus para conseguir cumpri-los da mesma maneira que são cumpridos no céu. A forma de cumprir é o que nos capacita para cumpri-los todos, sem excepção. O orgulho do homem fá-lo crer que consegue executar desde que saiba do que se trata. Mas, executar está muito longe do saber e o importante é conseguir executar naturalmente, isto é, espontaneamente. Existem os que executam e não sabem, Mat.25:35-39, porque acharam o poder e a capacitação da graça. Por isso, o saber não tem qualquer influência na sua capacidade de cumprir. O coração precisa estar transformado a esse ponto e ao ponto, também, de conseguir receber graça para essa finalidade de cumprir espontaneamente de coração. "E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos", 1João 2:3. Um coração que ainda se esforça para cumprir a lei do amor ainda é um coração dividido. O esforço é para aquilo que requer esforço e não para se ser alguma coisa. A pessoa que se esforça para ser, muda a aparência e não a essência. Existe muito mais além de acreditar na verdade e da capacidade de desacreditar as mentiras. Devemos saber disso. "Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis", 1 João 2:21.

  751. "Aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles", Mat.11:1. É sabido que assim que saímos em obediência - "aborrecendo pai, mãe e filhos" - Deus abençoa nossos familiares. Mas, caso a pessoa retroceda penalizando, assim, os que seriam filhos de Deus através da nossa obra concluída, isto é, penalizando a futura família de Deus, a nossa própria família sofrerá penalizações equivalentes. Serão os primeiros a serem beneficiados pela nossa obediência e os primeiros a serem penalizados por nossa desobediência ou retrocesso - a menos que Deus tenha outros planos para qualquer deles.

  752. "Posso todas as coisas por Cristo que me fortalece", Fil.4:13. Este é um dos versículos mais mal usados da Bíblia e mais indecentemente aplicados. Raramente o seu verdadeiro significado é entendido. Permitam que me explique. Por decreto de Deus, o pecado enfraquece o coração. É a vontade de Deus que qualquer pecado torne o homem fraco. A verdadeira força do homem consiste em sua santidade, desde que seja adquirida caminhando perto de Deus pela força da graça. Aquilo que a Bíblia diz ser fraqueza, é uma fraqueza em tornar-se santo, pois, estando separado de Deus ninguém conseguirá alcançar o monte santo. Esta fraqueza não é nenhuma outra - é uma falta de aptidão e de vontade para com Deus. Na verdade, a falta de força capacita qualquer homem a ser pecaminoso e perverso. Por vezes, os mais sinceros cumpridores da lei são os que desejam tornar-se santos sem alcançar graça de forma exclusiva, isto é, para que se tornem santos somente pela graça. Tentam outros caminhos e outros meios sacrificiais. Por essa razão a lei se tornou fraca para salvar o homem, pois, podemos cumprir a lei de Deus apenas pela graça. Sem essa graça se tornar real, fluente e verdadeira ninguém alcança Deus porque o sangue de cabras e de touros não são capazes de tirar o pecado do coração do homem - e nenhum outro sacrifício o conseguirá. Paulo afirma que a lei se tornou fraca para salvar devido ao pecado. Esta falta de força ou de poder é a vontade de Deus para o homem que vive do pecado. É um decreto eterno, o qual nunca mudará. Mesmo assim, muitos tentam mudar este decreto segurando em seus pecados e clamando por uma entrada airosa no céu. A força de Deus é um tipo de força ou de poder que capacita todo o homem a tornar-se santo, isto é, a tornar-se filho de Deus. "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem tornados filhos de Deus", João 1:12. Contudo, muitos há que desvirtuam esta verdade clamando por força e graça para propósitos que não são os da graça, isto é, não são exclusivamente para que o coração se torne santo. O tipo de força que estes enganados buscam é uma tal que os capacite a viver como sempre. Querem força sem saírem de seus pecados. Na verdade, isso seria uma anulação do decreto eterno de Deus. Também pedem força para capacitá-los a fazerem as coisas por eles mesmos, através duma força carnal, a qual é a principal opositora da graça. Querem que Deus opere contra Ele próprio e a seu favor. Pedem uma força sua e não a de Deus. Não querem graça para os propósitos para os quais a graça é disponibilizada gratuitamente. Antes, buscam uma maneira de poderem fazer as coisas pelo poder da carne. "Na tua comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança; achaste novo vigor na tua mão", Is.57:10. Sempre que Paulo fala de fraqueza, ele fala da incapacidade carnal de se purificar ou de tornar santo. "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios", Rom.5:6. Devemos lembrar que esta falta de força ou poder da qual se fala extensivamente na Bíblia é um verdadeiro poder a favor do pecado e da carne. Caso assim não fosse, Cristo não teria morrido para desfazer as obras da carne. Esta fraqueza em prol da santidade é um grande poder em prol do pecado. Um fraco para a santidade tem muita habilidade e muito poder a favor do pecado. Essa fraqueza é um poder que afasta de Deus. Isso acontece por decreto e vontade de Deus. Deus quer que assim seja desde que cortou o acesso à árvore da vida. Sempre que alguém diga que "pode todas as coisas por Cristo que me fortalece", devemos ver em que contexto isso é dito. Provavelmente, estão querendo crer em uma mentira para poderem continuar como sempre nas suas iniquidades. Gostam de acreditar que Deus os fortalecerá. O poder de Deus torna santo e é por essa razão que esse poder vem associado ao Espírito Santo. Deus não dá poder animal e carnal e também não dá o poder da graça para que alguém possa viver da carne sem se condenar. Esse poder próprio só é dado pela carne, cuja força é fraqueza para com Deus. É na fraqueza da carne que nos tornamos fortes e é na força da carne que nos tornamos fracos. Sempre que alguém esteja entregue a ele mesmo, peca mais e peca mais facilmente e com menos pudor. A sua luta por direito é, nada mais e nada menos, que uma luta interior contra a própria consciência. E não nos podemos fortalecer contra a verdade na consciência. Até as simpatias de quem é forte na carne são uma busca de aceitação pelos demais e não uma busca de santidade, a qual foi rejeitada por depender do braço e da força da carne.

  753. "Porque não sabem fazer o que é reto...", Amós 3:10. É comum qualquer pessoa sentir-se desculpada ou justificada sempre que não sabe ou não consegue fazer algo. Na verdade, essa teoria de "quem não sabe fazer não tem culpa" é uma falsidade. Com Deus por perto - se Ele realmente anda conosco - aprendemos e somos capacitados através d'Ele. Se não andamos com Ele, deveríamos andar; e se andamos com Ele, deveríamos saber. Não saber fazer não é desculpa - é motivo para condenação. "Posso todas as coisas naquele que me fortalece", Fil.4:13. "Aprendei de Mim", Mat.11:29. Se a ignorância não fosse crime, Deus não diria: "Não sabem fazer o que é reto, um inimigo surgirá...".

  754. O desânimo é perigoso porque faz com que as pessoas comecem a desprezar aquilo que mais prezam e a espezinhar tudo aquilo que gostariam de ver exaltado.

  755. "Ele se levantará (...) contra a ajuda dos que praticam a iniquidade", Is.31:2. É preciso sabermos que existem pessoas contra quem Deus se levanta. Essas pessoas são afligidas por variadíssimas coisas e de variadíssimas maneiras. Logo, buscam ajuda e aqueles que ajudam nem sempre entendem que ajudam contra Deus, isto é, opõem-se a Deus ao prestarem ajuda. Com isso, entram em confronto contra Deus inadvertidamente. E Deus coloca-se contra esses que ajudam. Ele será contra a ajuda de quem pratica a iniquidade. A única ajuda que pode ser premiada contra essas pessoas é aquela que os leva a arrependerem-se de todos os seus pecados. Por isso, nunca se coloque nessa posição dramática contra Deus inadvertidamente. É humano desejar ajudar, mas, devemos seguir Deus e não opormo-nos a Ele inadvertidamente. "Quando o Senhor estender a mão, todos cairão por terra, tanto o auxiliador como o ajudado e todos juntamente serão consumidos", Is.31:3.

  756. Quando se fala em tropeço, qual é a primeira coisa em que lhe vem à cabeça? Sabemos que o pecado faz tropeçar. Mas, tenhamos em mente que não é apenas o pecado que pode tornar-se tropeço, pois, Jesus pode ser o principal tropeço para muitos. Quando você anda bem com Jesus, o pecado é ou pode ser o tropeço; mas, se anda mal com Ele, Deus será o próprio tropeço. "Então, ele vos será santuário, mas, servirá de pedra de tropeço e de rocha de escândalo às duas casas de Israel (...) E muitos dentre eles tropeçarão e cairão e serão quebrantados e enlaçados e presos", Is.8:14.

  757. Se quiserem medir o tamanho do amor que as pessoas têm pelo pecado, vejam que nem sob a ameaça real e verdadeira duma eternidade num inferno dentro dum abismo vazio de vida as pessoas procuram abandoná-lo.

  758. Quando ainda existem feridas e ferimentos, devemos tentar saber se as feridas estão abertas e sarando ou se estão abertas e putrificando ou apodrecendo. Uma coisa é ter um ferimento sarando e outra é ter um ferimento apodrecendo. Devemos aplicar o mesmo princípio de percepção na alma.

  759. Vemos, por vezes, que receber graça ou apoderar-se dela nos chega como um mandamento. Isto é, receber graça e saber orientar a nossa vida através dela é uma exigência moral - é um mandamento de Deus. Quando os teólogos falam a respeito da graça criam a impressão que ela torna a pessoa inativa ou passiva quando, na verdade, é uma força e um poder muito ativo no homem e a qual torna o homem ativo. O maior problema da graça é o poder alternativo da carne, o qual pode querer alternar com a graça ou mesmo substitui-la integralmente. A graça opera em quem consegue tornar-se operante através dela. Muitos falam como se aquele que recebe graça se torna inoperante. Pode ser verdade naqueles que não sabem ser instruídos através dela nos caminhos de Deus, sendo que a graça apenas se manifesta nesses caminhos e retrocede se a vontade do homem quiser prevalecer ou sobrepor-se. Logo, quem atenta para as coisas da carne torna-se inactivo esperando pela graça já que a graça nunca opera sob essas circunstâncias. Mas, a graça é um poder ativo, é um rio que não pode ser parado, o qual vai inundando com vida todos os lugares por onde passa. Paulo fala em apoderar-nos da graça; Jesus foi crescendo nela; e vemos em Prov.3:3,4 que, sob certas condições, o homem precisa trabalhar ou manter a obra para poder recebê-la, achá-la ou mesmo crescer nela. A graça é dom gratuito, mas, não é distribuída em vão. Lemos, também, que os olhos do Senhor percorrem toda a terra buscando alguém cujo coração seja perfeito para com Deus. Isso significa que Deus escolhe quem cumpre certas condições ou preenche certos requisitos para dar-lhe certos dons da graça. "Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça...", Prov.3:3,4.

  760. Deus responde às orações. Se um "sim" é resposta, podemos crer que um "não" também é. Quando as pessoas não recebem qualquer resposta devem verificar se estão cumprindo todas as condições que levam a que Deus atenda. Devem ver se realmente crêem, se estão separados de Deus por algum pecado contra Deus, contra uma pessoa ou contra o próprio. Deus atende duma maneira ou doutra. Importa receber resposta concreta, orientação clara ou esperança segura que não seja auto-concebida a respeito do assunto, ainda que essa resposta seja contrária ao que esperaríamos receber. Devemos insistir e perseverar até obtermos resposta. Menos que isso é estar pecando.

  761. "...Que sejais sábios no bem, mas símplices no mal", Rom.16:19. Todos os que praticam o mal fazem planos e pensam bastante em como irão alcançar seus propósitos. Querem ser sábios no mal, pois, dedicam muito do seu tempo fazendo planos e desenhando esquemas. Ora, é-nos dito ou exigido que façamos assim em relação ao bem. Sejamos sábios no bem. O significado de "ser símplices" no mal é não pensar, não estar prevenido e preparado e ser apanhado de surpresa. A pessoa que não pensa nas coisas certas que deve fazer é símplice no bem. Este tipo de inocência é crime contra o bem, mas, torna-se uma virtude se aplicada ao mal.

  762. Não são somente as preocupações que conseguem absorver e sufocar a alma mantendo-a longe da Palavra de Deus. As muitas ocupações - sejam elas de alegria ou de tristeza - também obtêm o mesmo efeito.

  763. Parou em mim a luta de querer diferenciar-me e assim fiquei diferente; parou a luta de me querer distinguir e, assim, distingui-me.

  764. O problema principal do homem é ele não sustentar a ideia de que ele precisa mudar. Logo, assume que a reconciliação é tarefa de outros para com ele, quando, na verdade, a sua parte é a única responsabilidade real que tem em mãos. Mudando, ajuda a mudar. Devemos saber que a transformação pessoal é um dever moral, algo que o próprio precisa fazer e não terceiros. "Senhor e o que será deste? Disse-lhe Jesus: (...) que te importa a ti? Segue-me tu", João 21:21,22. Mas, tenhamos em conta que não nos devemos transformar naquilo que os demais exigem de nós e antes naquilo em que Deus transforma e em conformidade com os padrões que Ele requer de nós. Quando as pessoas querem que mudemos, na verdade, querem que mudemos em relação a eles e não para sermos fiéis a Deus. Aquela transformação que Deus opera raramente é do agrado das pessoas.

  765. "Somente que o povo sacrificava sobre os altos, porque até àqueles dias ainda se não tinha edificado casa ao nome do Senhor", 1 Reis 3:2. Se não houver lugar ou pregador que seja integralmente dedicado à prática da verdade ou um ponto de referência da verdade de forma prática, as pessoas continuarão a "sacrificar nos altos". A verdade precisa estar instalada e estabelecida porque, se não estiver, as pessoas procurarão e acharão o que é falso - ou aquele que é falso.

  766. "Estava porém, ali, naquele dia, um dos criados de Saul, detido perante o Senhor", 1Sam.21:7. Andam muitas pessoas "detidas perante o Senhor", as quais não perdem um culto e não deixam de cantar e louvar com toda a força. Cumprem todos os rituais e não perdem uma única reunião de oração. Contudo, nada muda à sua volta. Andam "detidos perante o Senhor", mas, nenhuma das suas orações é ouvida e servem, apenas, de religiosidade, a qual convence ao próprio de estar detido diante de Deus. Mas, tal como este Doegue, servo de Saul, não se comunicam com Deus e nem Deus com eles. Doegue fez a coisa errada e contrária a Deus após sair do Templo, isto é, após "estar detido diante do Senhor". Nota-se que estava "detido" diante dele próprio, usando força própria e lutando com desejos próprios. Não fazia a vontade de Deus e não era para poder executá-la que se achava detido no Templo perante Deus. Pouco tempo depois, matou os sacerdotes de Deus a mando de Saul.

  767. A fé é fruto dum relacionamento genuíno com Jesus. Se isso é verdade, a incredulidade advém dum relacionamento inexistente, falso, fictício ou quebrado com Deus. Logo, a pessoa incrédula sente uma enorme necessidade de ser apoiada por Deus e homens. É levada a falsificar as coisas e tenta crer carnalmente querendo ver sinais, recebendo bênçãos e outras coisas mais. Pedir um sinal ou pedir uma bênção hoje em dia é uma e a mesma coisa. Tudo que deseja é sentir-se amada e apoiada por Deus. Essa é uma das razões por que Deus não dá esses sinais, pois, recusa alimentar a incredulidade e as ilusões num coração enganoso.

  768. "...Fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu", 1Sam.3:13. Vemos que Eli chamou a atenção de seus filhos pelo fato de pecarem tanto contra Deus e os homens. "E (Eli) disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Porque ouço de todo este povo os vossos malefícios. Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor. Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele?", 1Sam.2:23-25. Assim sendo, podemos concluir facilmente que repreender, para Deus, tem um significado diferente daquele que lhe damos em muitas ocasiões e bastante diferente daquele que Eli usou. Humanamente falando, Eli repreendeu seus filhos, mas, para Deus, os seus filhos nunca foram repreendidos. Neste caso, repreender poderia ser excluí-los inteiramente da casa de Deus e até da linhagem do próprio pai. Falar contra e chamar a atenção não é repreender. Como os filhos de Eli não foram excluídos, toda a casa dele foi julgada a ponto de nunca mais poderem servir o Senhor. É triste ver que Eli se colocou numa posição tão dramática. Era um homem cuja palavra não caía facilmente por terra e vemos que algumas coisas que ele dizia acabavam-se concretizando. Ainda assim, a ira de Deus permanecia sobre ele e a sua linhagem. Deus fazia isso pelo povo, por pessoas como Ana, mas, seria bem melhor para Eli sentir que Deus não estava com ele. Assim, poderia arranjar-se devidamente com Deus. Mas, de certa maneira, o fato de suas palavras não caírem por terra deu a Eli uma confiança falsa até ao dia que deixou de se importar.

  769. Aquele que confunde a voz de Deus, isto é, aquele que ouve o diabo e acredita que foi Deus quem falou, certamente que quando Deus falar não crerá que foi Deus. Quem tem algo que o impede de tornar-se ovelha no verdadeiro sentido da palavra não fugirá da voz do estranho e, também, não conseguirá reconhecer a do Bom Pastor e, antes, fugirá d'Ele.

  770. "Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e, se fizeres holocausto, o oferecerás ao Senhor. Porque não sabia Manoá que fosse o Anjo do Senhor", Juízes 13:16. Manoá desejava sacrificar sem saber que era realmente o Anjo do Senhor. Isto significa que poderemos estar crendo noutro Jesus enquanto convivemos com o verdadeiro. Por isso, o pecado da idolatria pode consumar-se, também, ofertando ou servindo ao Deus verdadeiro desde que o confundamos com aquele que só existe em nossa cabeça.

  771. "E nunca mais apareceu o Anjo do Senhor a Manoá, nem à sua mulher; então, conheceu Manoá que era o Anjo do Senhor", Juízes 13:21. É interessante notar que Manoá conheceu ou percebeu que era o Anjo do Senhor por Ele nunca mais ter aparecido. Os falsos é que aparecem e reaparecem insistindo vezes sem conta nas mesmas coisas convencendo pela força da carne e induzindo as pessoas a fazer o que não devem ou na forma que não deve ser feito.

  772. Muitos afirmam que vivem à base das promessas de Deus sempre que a realidade não bate com o que é pretendido ou com aquilo que é ideal. Existem algumas semelhanças entre a provação e ser-se negado por Deus. As pessoas esquecem que só vive das promessas aquele que é capaz de se manter integralmente santo o tempo todo. Ser expectante é como uma grávida esperando seu bebé: ela sabe que carrega esse bebé dentro dela e que é um bebé e não gordura desenvolvendo em seu ventre. Não consegue negar e nem esconder o fato porque a expectativa cresce na medida que seu ventre vai crescendo. Muitos Cristãos obtêm falsas gravidezes nos meios que frequentam. De seguida, tentam viver de acordo com as esperanças falsas que obtêm. São facilmente enganados, tanto por outros como pelo próprio coração. Suas esperanças crescem mesmo que seus ventres estejam sempre do mesmo tamanho, sem crescer - sem fruto. Crêem na falsidade.

  773. A santidade é uma promessa e deve ser o ardente desejo de todos aqueles que não desejam que essa santidade sirva de moeda de troca por alguns desejos da carne. Quando é moeda de troca não é santidade e a fé será negligenciada depois de se haver recebido aquilo que se pretende. Tudo o que é moeda de troca é entregue em troca do que se pretende. É assim que as pessoas entregam a própria fé como moeda de troca. Se apresento uma propriedade como moeda de troca por um carro ou camião, perco a propriedade no momento que recebo o carro ou camião. Assim ocorre com a fé sempre que ela se torna moeda de troca.

  774. Sabemos que Israel não destruiu as nações todas que Deus havia mandado destruir. Mas, isso não aconteceu por várias razões. Nem era pelo fato de não quererem, pois, creio que muitos queriam e não conseguiam. "Porém, (Judá) não expeliu os moradores do vale, porquanto tinham carros de ferro", Juízes 1:19. Não basta querer fazer a vontade de Deus. Há que estar em condições de a executarmos e acharmos os meios da graça. Faltava poder aos que queriam fazê-la. Não andavam bem com Deus e, por isso, faltava-lhes aquele poder inicial de expelir todo o pecado de suas terras. "Esperai inteiramente na graça de Deus", disse Pedro. Devemos ser achados num estado em que se possa receber graça. (Isto não significa que os Israelitas estivessem em boas relações com Deus no deserto. Mas, ao entrarem na Terra Prometida, acrescentaram a esse pecado o desejo de viverem uma vida própria - algo que não conseguiam fazer enquanto no deserto). Para que as coisas cheguem a funcionar pela graça e para que possam chegar a dar certo é necessário andarmos bem próximos de Deus, desejando os desejos de Deus e cumprindo-os de forma prática e zelosa através dos Seus meios para não sermos achados a querer juntar sozinhos, tornando-se isso uma forma de vida e não apenas uma ocorrência pontual criada pela necessidade. Se assim não for, a espera das coisas principais será em vão - se é que alguém pode exercer verdadeira esperança não estando bem com Jesus.

  775. "Portanto, guardai muito a vossa alma, para amardes ao Senhor, vosso Deus", Jos.23:11. Por que razão se deve guardar a alma para termos como amar ao Senhor? É porque o amor por Deus é derramado em nossos corações. Se não andarmos nos caminhos de Deus, esse amor perece ou não é derramado em nós em abundância. Não podemos andar separados de Deus por algum pecado não confessado ou não abandonado.

  776. É muito comum as pessoas trocarem as coisas eternas por aquilo que perece. Existem mesmo coisas muito úteis que perecerão ou que passarão como a ciência, a profecia e outras coisas mais. "...Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo ciência, desaparecerá...", 1 Cor.13:8. É muito fácil dependermos daquilo que conseguimos fazer, daquilo que sabemos ou nos é manifestado, das coisas que podemos alcançar pessoalmente e da nossa visão. A ciência é boa, mas, a obediência é melhor, pois, através dela temos pleno acesso ao que Deus sabe; a profecia é boa, mas, andar com Cristo é melhor sendo que, ao contrário da profecia que cessará, Cristo nunca nos será tirado se andarmos verdadeiramente com Ele. Além do mais, Cristo traz com Ele a Sua recompensa. Se buscamos e achamos aquilo que Cristo é, se o acharmos verdadeiramente como é e se não for mais um Cristo de nossas cabeças vivendo em nossas ilusões, a recompensa vem com Ele. Mas, não é minimamente garantido que, buscando e achando apenas a recompensa, ela traga Cristo com ela.

  777. "Os caminhos de Sião pranteiam, porque não há quem venha à reunião solene; todas as suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes suspiram; as suas virgens estão tristes, e ela mesma tem amargura", Lam.1:4. É de notar que Cristo também foi afligido e não terminou em amargura. A amargura é algo que se detém contra Deus, é uma chantagem contra Deus, pois, sabemos que é Ele quem comanda os nossos destinos. A amargura surge em é afligido por causa de seus próprios pecados. Os que andam limpos não se amarguram sendo afligidos porque Jesus toma conta das suas almas e isso é perceptível. A amargura é quase sempre o golpe final no relacionamento com Jesus.

  778. "Não confiamos na carne", Fil.3:3. Uma confiança é algo que nos assegura ou convence e dá segurança. Ora, essa segurança pode ser falsa e a confiança pode ser enganosa. Enganosa ou não, ela faz com que se confie numa coisa e se desconfie de tudo o resto. As confianças podem tornar-se formas de teimosia e obstinação. Existem confianças exageradas, emocionais e existem teimosias que se transformam em confianças. Nada disso é fé, mas, é a própria mente enganando por motivos dúbios ou próprios. (Contudo, não podemos confundir o fato de que a fé verdadeira é decidida e persistente). A carne não faz confiar sem motivo, pois, tem motivações próprias para enganar. A confiança na carne mantém-na viva e ativa. Mas, o pior de tudo é que uma pessoa que confia não busca caminhos alternativos e é fiel ao que pensa e somente ao engano que lhe dá certezas. As confianças não criam a necessidade de alguém se certificar ou de buscar ou obter a certeza. A verdadeira fé é uma certeza e não uma confiança. A confiança da fé advém duma certeza incontestável porque buscou e achou o caminho certo e único.

  779. Existe perigo de morte após uma vitória. Se a pessoa busca vencer alguma provação pode ser tentada a ser negligente no seu relacionamento com Deus após haver vencido uma etapa importante de sua vida. Um dia de vitória deve ser tratado como mais um dia igual a qualquer outro. Se a pessoa se dedica a Deus com o intuito de conseguir alcançar algo importante, isso significa que, na verdade, não é dedicada a Deus e antes ao propósito. Havendo alcançado esse propósito, pode deixar de se dedicar a Deus como anteriormente por não sentir necessidade para tal. Aprendeu a dedicação ao objectivo e, havendo alcançado, fica o vazio e entra a inércia. Mas, a nossa necessidade deve ser Jesus e não aquilo que Ele pode acrescentar. A pessoa que se desleixa em seu relacionamento com Deus assim que alcança alguma promessa ou vitória em Jesus, na verdade nunca foi dedicada a Deus, mas, a si própria. Devemos saber que a nossa vida é de extrema importância para Deus. Se a queremos salvar deve ser por Ele e não por nós. Enquanto a nossa vida for importante para nós, não estamos salvos. "Se alguém vier a mim e não aborrecer (...) a sua própria vida, não pode ser meu discípulo", Luc.14:26. Existe um fato que quero realçar: aquele que se desleixa em seu relacionamento com Deus após uma vitória saborosa e importante era a pessoa que durante a provação ficava desmotivado e encalhado em seus pensamentos e desesperos, sentindo-se sem rumo. Por isso, caso você se desmotive facilmente sob provações, saiba o que o espera após alguma vitória: a inércia e o desleixe no seu relacionamento com Deus.

  780. Para nós, Deus não deve ter apenas a ultima palavra, mas, a única palavra também. A ultima palavra Ele tem e terá sempre, mas, devemos esperar tão bem n'Ele que as Suas palavras sejam as únicas. Ninguém deveria murmurar ao longo do caminho e nem esperar noutra coisa senão na misericórdia de Jesus.

  781. Lamentável é o estado da pessoa que está entregue a ela própria. A pessoa nesse estado é dominada pelos desejos que não consegue controlar. Está entregue a caminhos que não consegue evitar ou controlar, nem mesmo sob a ameaça de morte, pobreza, doença ou de desgraça. E uma pessoa entregue a ela mesma não é apenas aquela a quem Deus abandonou, mas, aquela que abandonou Deus - ou algum dos Seus caminhos, o que dá no mesmo.

  782. "No primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro", Luc.24:1. É comum as pessoas buscarem um Cristo morto e ainda fazerem grandes sacrifícios para tal. São poucos os que se levantam bem de madrugada para irem ter com um Cristo vivo. Essas mesmas pessoas não sabem interagir com um Cristo vivo devido a tanta dedicação e devoção a um Cristo morto.

  783. A negligencia não acontece apenas quando a preguiça comanda. Ela ocorre quando nos metemos no que não devemos esquecendo aquilo que é principal; ou quando fazemos a obra de Deus duma forma zelosa, mas, pouco espiritual e mundana sem nos tornarmos cooperantes do Espírito. É preciso sermos fiéis ao ponto de acharmos a devida graça de forma real antecipadamente para podermos executar até ao fim da forma que devemos executar. Tudo o resto será classificado como negligência. Quem não busca graça e poder ou outra virtude necessária em Deus de forma a poder executar da forma que deve, isto é, como se faz no céu, é negligente, sem sombra de dúvida. Que outra coisa podemos pensar de alguém que busca os fins sem achar os meios ou sem passar pelos meios? Existe uma condenação séria para todos aqueles que pulam o muro e evitam entrar pela porta.

  784. Todo aquele que não faz o que deve, seja por preguiça, falta de tempo ou qualquer outra razão, acaba fazendo o que não deve fazer ou da maneira que não deveria executá-lo. É uma lei da natureza espiritual.

  785. Sairmos vencedores no final da nossa carreira não significa termos obras para apresentar, progressos alcançados ou milagres conseguidos pela fé. Significa que terminamos permanecendo em Cristo, sendo achados ainda n'Ele no final de tudo. "Tens obras, paciência, trabalho, não sofres os maus, puseste-os à prova e os achaste mentirosos e sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que perdeste o teu primeiro amor. Arrepende-te...", Apoc.2:2-4. Aquela união verdadeira, real, intima e que poucos conhecem deve estar fresca como se nada tivesse acontecido durante todo o curso duma vida difícil e complicada ou mesmo no fim duma vida fácil e tranquila. Deve estar tão ou mais fresca e simples quanto ela era no início da nossa caminhada - se é que o nosso início foi real e verdadeiro. "...e seja achado nele (...) para conhecê-lo e a virtude da sua ressurreição (...) sendo feito conforme a sua morte", Fil.3:9,10. "Se alguém não estiver em mim, será lançado fora", João 15:6. E no final de tudo precisamos ser achados ainda n'Ele.

  786. "Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores", Luc.19:46. Intrigou-me o fato de Jesus chamar as pessoas que negociavam dentro do Templo de "ladrões e salteadores". Para se ser ladrão, é necessário roubar o que não nos pertence. Ora, as pessoas vendiam o que era deles. Apenas, usavam o Templo para tal fim. A Lei de Moisés previa a possibilidade das pessoas venderem seus bens nas suas terras para comprar o que sacrificar com esse dinheiro na cidade de adoração caso lhes fosse difícil transportar até Jerusalém o que era para ser oferecido ao Senhor. O que não era lícito era criarem-se negociantes dentro do Templo para tal fim. E porquê? É comum, neste mundo, existirem direitos de autor e direitos de imagem, os quais só podem ser usados por aqueles que detêm esses direitos. Os benefícios devem ser gozados por quem de direito. Ora, para que fossem ladrões e salteadores seria preciso usar a imagem ou os recursos que não lhes pertenciam para vender e comprar. Não nos podemos aproveitar de Deus e de nenhuma circunstância de qualquer pessoa para negociar ou enriquecer. E se não podemos fazer isso com Deus, também não o podemos fazer com pessoas. Não nos podemos aproveitar das debilidades, dos anseios, dos desejos ou dos deveres dos outros para proveito próprio - e nem para "proveito" do Evangelho. O Evangelho está "debilitado" aos olhos do mundo embora continue com o mesmo poder de sempre. Não nos podemos aproveitar de ninguém e de nenhuma circunstância. E é de notar que quem comprava também se tornava ladrão e salteador por cumplicidade. Quem comprava dentro do Templo era cúmplice de quem vendia e contribuía para esse pecado que ofendia Deus grandemente.

  787. "Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me", Luc.18:4,5. A palavra original no Grego para "molestar-me" significa cansar a ponto de ser vencido. Existem duas possibilidades: ou a pessoa que pede é derrotada e cansada de morte ou o Juiz a quem é feito o pedido é 'vencido' e atende o pedido. Certamente que uma das duas coisas irá acontecer e não existe qualquer outra alternativa ou meio termo. Lembremo-nos que esta é "uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer", Luc.18:1. E esta regra aplica-se a todos - sem qualquer excepção - seja a Paulo ou a um abandonado e triste ao lado da estrada.

  788. Neste mundo, quando promovem greves é obrigatório garantir serviços mínimos. Creio que é assim que funciona na maioria dos países. Isto significa que quem faz o mínimo está em greve e trabalha contrariado ou infeliz com alguma coisa. Lembre-se disso sempre que faz o mínimo na obra de Deus e sempre que não completa qualquer obra ou não deixa a obra completar-se. Muitos grevistas perturbam os que trabalham conforme devem. "Quem não ajunta Comigo, espalha", Mat.12:30.

  789. Quando andamos de forma a agradar pessoas somos colocados em rota de colisão com outros, pois, nem todos andam na mesma direção, ou têm os mesmos objectivos ou têm as mesmas maneiras de fazer as coisas. As pessoas não se entendem entre elas. O mundo costuma dizer que não se pode querer agradar a todos. Jesus disse que não podemos agradar ninguém. Num ambiente onde pessoas são agradadas, falamos demais, falamos depressa e somos condicionados por muitas outras coisas que não conseguimos controlar. Existem muitos pecados onde se agrada pessoas, seja dentro ou fora da igreja. Agradar não é amar - é egoísmo.

  790. A mente  é muito fértil em imaginações. O diabo usa-a ou incita-a de muitas maneiras. Uma das maneiras é fazer imaginar aquilo que a pessoa não terá para que o desejo seja, no mínimo, aguçado e mantido vivo para agudizá-lo através da sensação de perda. A sensação de perda ou de falta num carnal aumenta-lhe sempre o apetite e a inconformidade.

  791. O que você pensaria de alguém que pegasse num martelo e batesse com toda força na sua própria unha? E se você não soubesse qual a causa da dor e a ouvisse chorar e reclamar? Pois, eu conheço muitas pessoas assim. Pecam, debatem-se e ofendem e, depois disso, querem um ombro onde chorar. Se não acharem, sentem-se vitimadas.

  792. Um dia, deram-me troco a mais e só me apercebi disso quando cheguei a casa. Voltei ao lugar para tentar corrigir o erro. A senhora foi corrigida e ficou feliz com isso. Eu só não entendo qual a razão que leva as pessoas a ofenderem-se quando são corrigidas nos caminhos de Deus, sendo que recebem algo mais valioso que uns meros trocos sempre que acertam seus passos com a verdade. Não é a vida eterna muito mais valiosa que os trocos desta vida terrena? Não deveríamos ficar extremamente felizes sempre que alguém nos vem corrigir de algum erro de nossos passos, de nossas atitudes ou mesmo de nossa maneira de pensar? Não devemos ficar agradecidos e satisfeitos com o altruísmo e disponibilidade de quem nos vem corrigir da maneira que deve e pelos motivos certos?

  793. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra", João 14:23. Esta palavra tem muito que se lhe diga. Como pode alguém tentar guardar a palavra sem antes amar Jesus de todo coração? E como pode alguém afirmar que ama Jesus se não guarda a Sua palavra se amar Jesus vem antes de guardar a palavra? Muitos tentam cumprir para não serem condenados ou para dar mau exemplo a seus filhos. Traduzindo isso, significa que tentam cumprir porque se amam a si próprios. E falham no cumprimento. É verdade que os filhos aprendem pelo exemplo dos pais, mas, aprendem mais daquilo que os pais são do que daquilo que fazem. Ninguém é capaz de cumprir se não amar Jesus acima da própria vida. "Quem não me ama não guarda as minhas palavras", João 14:24.

  794. Ensinar e educar não são a mesma coisa e nem sempre andam juntos. Ensinar é extrair daquilo que sabemos e distribuir; educar é oferecer aquilo que somos - se somos. Se somos algo em Deus, devemos ser abertos, disponíveis e andar na luz de maneira a que nada possa estar encoberto através das nossas ações. Antes, as nossas ações devem manifestar e revelar tudo que somos em total simplicidade de coração. Esse é o professor que sabe educar. O conhecimento ensina e serve de aliado à educação, mas, o conhecimento é um servo e nunca um mestre. A vida é o mestre e o mestre é a própria vida eterna e que começa agora, vida constante, permanente, transformadora e sem altos e baixos. O conhecimento é servo dessa vida. O conhecimento é a expressão verbal, é o entendimento daquilo que se experimenta, é o explicar da vida que existe em nós - se existe em nós de fato.

  795. Aqueles que realmente andam com Deus com um coração verdadeiro, ouvem Deus. Se ouvirem a voz errada é porque ainda ouvem a voz dos desejos e das próprias vontades. O coração que é tentado pela carne e seus desejos pode ser forçado a ouvir a voz do engano que, muitas vezes, se faz passar por Deus.

  796. "Agora, é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe deste mundo", João 12:31. É interessante notar que, para o mundo, era Jesus quem iria ser julgado e lançado fora. Mas, com este ato foi o diabo quem foi expulso e julgado. Não devem temer nada todos aqueles que vivem em Cristo ao serem julgados pelo mundo e ao serem expulsos das suas sinagogas.

  797. As pessoas são muito rápidas a julgar o caminho certo, especialmente quando esse caminho certo é crido pelas pessoas erradas, as quais caminham erradamente crendo na coisa certa. Se já julgam quem anda acertadamente, imaginem quantas pedras atirarão a quem anda errado crendo no Evangelho. O alvo do mundo é apedrejar o Evangelho. No entanto, ninguém do mundo é rápido a julgar os próprios caminhos. Na verdade, são rápidos a encobri-los e a mantê-los secretos. Se julgassem os próprios caminhos estariam perto da salvação de Jesus. "Se nos julgássemos a nós mesmos, não seriamos julgados", 1Cor.11:31.

  798. "Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura, um demónio abrir os olhos aos cegos?" João 10:21. Existem pessoas que são levadas a crer nas palavras por haverem presenciado milagres. Isso significa que não crêem ou não creram na Palavra e são levados a crer nela. Por outro lado, existem pessoas - como a mulher Samaritana e aqueles a quem ela foi chamar para verem o Cristo - que creram por causa da própria Palavra em si. "E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo", João 4:41,42.

  799. "O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir", João 10:10. Isto significa que quem destrói, mutila ou rouba é do diabo. Se você destrói o seu próprio casamento, vida ou a de outro, é ladrão e salteador a soldo do diabo.

  800. Se orarmos para passarmos tempo perdidos em oração não estamos orando para que sejam resolvidos ou explicados os problemas ou para acharmos respostas concretas a respeito de questões concretas. Nem tudo é pedir quando devemos orar, mas, devemos poder receber uma certa orientação e rumo (a qual somente alguns conhecem) sempre que oramos para não se tornar pecado orar.

  801. Se eu não mudar sob as circunstâncias onde me encontro, agora, nunca mudarei quando as circunstâncias houverem mudado. Não são as circunstâncias que têm o poder de nos transformar - elas servem, apenas, para nos mostrar aquilo que somos verdadeiramente. Melhores circunstâncias não são capazes de transformar alguém. Boas circunstâncias são capazes de encobrir algo que somos secretamente e as más são capazes de revelar.

  802. Quem peca não apenas arranja desculpas para os seus pecados, mas, também acha sempre culpados para eles. Culpa os demais pelos seus próprios pecados e acusa-os facilmente de qualquer defeito que possa ser visto neles. A constante busca de erros nos outros e a má-língua são prova de que alguém encobre os seus próprios pecados. Morrerá neles e perder-se-á para sempre enquanto encobrir seus pecados, isto é, enquanto achar culpas, culpados ou desculpas para eles. Desculpar os próprios pecados é uma artimanha para tentar encobri-los. É outra forma de encobri-los e de tentar não responder por eles. Todo aquele que encobre qualquer de seus pecados nunca achará misericórdia - nem agora e nem depois (Prov.28:13). Que ninguém se engane a esse respeito.

  803. "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas, como agora dizeis: Vemos, por isso, o vosso pecado permanece", João 9:41. Isto fez-me lembrar as palavras de Jesus, as quais sublinham o enorme perigo de morrermos em nossos pecados, isto é, de nossos pecados permanecerem conosco até ao fim. Jesus tira o pecado, tanto na sua origem como nas inevitáveis consequências de culpa e do poder cíclico desse pecado, o qual aumenta cada vez que pecamos porque fragiliza o homem e arruína a fé verdadeira impondo uma fé falsa. E é a fé verdadeira que vence o mundo e extermina o pecado de quem consegue crer. O pecado gera a morte. Quem entra em pecado, peca cada vez mais e acentua a tendência da cegueira, isto é, arranja mais desculpas e culpas para os seus próprios pecados ao invés de reconhecer que peca, isto é, em vez de reconhecer com o intuito de buscar e achar salvação desses mesmos pecados. Jesus salva do pecado. Quem não reconhece todos os seus pecados; ou os encobre afirmando que vê; ou afirma que tem Cristo enquanto peca; ou se permanece em seus pecados; ou seus pecados permanecem nele; não será salvo desses pecados, pois, recusa reconhecê-los. E se não os reconhece, também será privado da visão abençoada de que é Cristo que liberta do pecado e torna alguém verdadeiramente livre. "Por isso, vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados", João 8:24. Se não permitirmos ou se não alcançarmos Cristo para nos salvar e libertar de todos os nossos pecados, morreremos neles. O pecado também permanece quando afirmamos que somos crentes, salvos ou usamos alguma afirmação semelhante e de hipócrita nessa linha, estando em pecado. Se ainda permanecemos em pecado, fomos salvos de quê?

  804. "Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas, porque comestes do pão e vos saciastes", João 6:26. Os Judeus e os que não querem crer buscam um sinal para obter uma razão para crerem. Na verdade, alguns querem provar-se certos assumindo que o sinal não acontecerá. Desejam, com essa atitude, provar que estão certos. A busca dum sinal é perverso - é malvadez. É mais uma forma de desafiar Deus. Desafiam Deus com essa atitude como se Ele não fosse capaz de executar algo - o que provaria estarem certos não crendo. A perspectiva das pessoas afastadas do Caminho a respeito de Deus está alterada. Na perspectiva de Deus é a fé que deve produzir o sinal e na dos homens deve ser o sinal a produzir a fé. "Fé" ou crença em alguma outra coisa que não seja Deus em Sua realidade (sendo real) é fácil de produzir sem qualquer sinal. Qualquer pessoa consegue crer numa mentira sem um sinal. Estão pervertidos os seus princípios, as suas perspectivas são contrariantes, isto é, opõem-se à realidade dum Deus vivo. Permitem-se crer num Deus morto ou inexistente mesmo tendo o mesmo nome e os mesmos ensinos. Mas, opõem-se a tudo que possa contrariar qualquer ponto da sua essência egoísta, enganosa e egocêntrica. Contudo, vemos Jesus dizer que existe algo ainda mais perverso que buscar o sinal para crer: é buscar Jesus para comer. Isso significa que as pessoas 'crêem' para poder comer. E Jesus opõe-se a isso. Sendo assim, a presença de Deus arruína de forma peremptória qualquer doutrina moderna de prosperidade. A fé oportunista é uma fé de falsidade que provém dum coração contaminado e solidificado na falsidade. Podemos concluir, então, que crer, para Deus, tem outro significado diferente daquele que os pecadores lhe são capazes de dar. Jesus disse que crer e ter vida andam juntos. Logo, crer é viver - é a capacidade de viver em conformidade com a lei de Deus e com aquilo que Ele é. Qualquer homem poder viver e conviver com uma crença. Mas, poucos conseguem viver ou conviver na presença de Deus quando essa presença é realmente real. "Os retos habitarão na Tua presença", Sal.140:13.

  805. "Eu não recebo glória dos homens", João 5:41. A palavra "receber" é muito usada nesta porção das Escrituras. Quando Jesus diz que não recebe glória dos homens, poderia ter dois significados e somente um deles é o que Jesus lhe deseja dar. Poderia significar que não recebe porque os homens não Lhe dão glória - o que é meia verdade. Os homens, de facto e ao contrário de toda a natureza, não dão glória a Deus. Mas, também pode significar que Jesus não recebe ainda que lha dêem. Não é por aí que irá receber ou aceitar qualquer pessoa. Não depende disso. É muito triste ver que muitos dizem que estão dando glória a Deus em seus cânticos e cultos, mas, sem que Deus os aceite.

  806. "Eu não recebo glória dos homens", João 5:41. A maior prova de que alguém ainda recebe ou quer receber glória dos homens, é ver com que facilidade rejeita conselhos e correções, o quanto ainda se ofende com acusações e o quanto se defende ou promove diante de pessoas.

  807. A maioria das guerras - sejam as guerras entre indivíduos, familiares ou mesmo entre países - obtém a sua força em consciências sujas e agressivas. A pessoa de consciência suja aprende a ser agressiva, retalia para se defender e vive do engano. Sempre que a consciência está manchada, ela acusa e agride. Essa acusação obtém uma reação agressiva da pessoa. Essa reação pode, por sua vez, tornar-se incontrolável e cheia de justificações capazes de manchar a consciência ainda mais. O sinal mais evidente duma consciência manchada é a agressividade com que cada um se defende e protege a si próprio. Por vezes, a pessoa encontra-se num estado de auto-defesa contínuo, a qual se defende mesmo sem haver sido acusada. Essa defesa pode ser encetada com ira ou com um sorriso. Qualquer pessoa agredida reage assim se não tiver um coração que cumpre a Lei de Deus e todos sabemos que uma consciência suja agride. A pessoa que está bem com Deus e sua consciência quando esta é iluminada através d'Ele nunca reage à agressão porque não existe agressão. Está em plena paz em Deus. Reagir à agressão é vicio apanhado por alguém que tem ou teve a consciência manchada. Se teve a consciência manchada e já não a tem, mas, reage à agressão, o vício/hábito manteve-se. Precisa lidar com isso, também, após haver-se limpado no sangue de Jesus de todos os pecados sem haver omitido um sequer. Ninguém precisa dos hábitos antigos para viver a nova vida. A maior agressão que pode existir é a da consciência - é, no mínimo, algo que as pessoas consideram agressão. As pessoas desabituadas à paz de consciência reagem mal apenas com o intuito de fugir a esse tipo de agressão, à qual nunca conseguem escapar. Tentam sonegar os aguilhões da própria consciência acusando os outros ou mascarando-se de inocentes. Nenhum mascarado é aquilo que a máscara diz ser. Todos os que andam de consciência suja reagem sempre da mesma maneira por tudo e por nada. Vivem em estado de alerta contínuo e reagem até mesmo quando não são acusados de nada. Já reagem mal mesmo antes de se sentirem acusados. Agridem até mesmo para prevenir a agressão que imaginam ir receber.

  808. "Ele era a candeia que ardia e alumiava", João 5:35. Existem candeias que ardem e não iluminam. Devemos arder e ser luz. Não devemos arder de forma a deitar apenas fumo e não haver chama ou não haver luz. A fumaça pode prejudicar a luz.

  809. "Quem não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou", João 5:23. Isto é verdade em todos os sentidos. Um desses sentidos é que quem não honra ou não é capaz de honrar quem o pai envia - seja essa pessoa quem for - não honra o Pai, ainda que diga que o honra. E quem não honra qualquer homem, Também não honra Deus - ainda que o honre com os lábios.

  810. Quando achamos o caminho, devemos considerar algumas coisas e tê-las em mente. O caminho é certo, puro e intocável. A pessoa que entra nele é, inicialmente, pessoa errada de coração. Por isso, temos a pessoa errada de coração entrando num caminho certo e direito. Haverá conflitos? Claro que sim, pois, não existe errado que não tenha o hábito de se considerar certo. O Caminho não se pode considerar errado para se adaptar ao errado e concordar com ele, sendo que somente os que estão de acordo conseguem andar juntos. Logo, haverá conflitos e somente um jogo de paciência e persistência pela parte da verdade - sem se comprometer - poderá alcançar a transformação total daquele que está errado para que sejam um.

  811. "...Rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte. Então, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis", João 4:47,48. Não é nada fácil conseguir ver que alguém busca um sinal quando tem um filho à morte. Mas, Jesus viu. É triste, também, saber que até mesmo com um filho à morte se busca mais o sinal que a cura do filho pela fé em Cristo.

  812. Deus pode chamar-nos para a obra ou nós podemos oferecer-nos a nós próprios para isso. Contudo, duma maneira ou doutra devemos saber esperar até sermos enviados.

  813. Existe o ódio e a indiferença. Há quem diga que a indiferença é pior que o ódio. Mas, há quem diga que a indiferença não se vinga e não pune. No tocante a Deus, a indiferença em relação a Ele é ódio em hibernação. É pura inimizade adormecida. Não existe alguém neste mundo indiferente a Deus. Aqueles que não o visitaram na prisão por estarem envolvidos e ocupados com a vida própria são, foram e serão penalizados com a mesma sentença que aqueles que colocaram Jesus e os seus na prisão para os maltratar sem misericórdia. É verdade que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. Mas, todos aqueles que odeiam Jesus ou lhe são indiferentes irão sofrer a mesma condenação eterna. E não era para ser assim.

  814. Responsabilidade e o aumento dos deveres deve levar-nos a uma maior e mais sincera aproximação a Deus para que Ele possa efetuar em nós o querer e  o fazer. Não basta saber qual é a vontade de Deus. Devemos, também, mudar os nossos hábitos com o aumento das responsabilidades para que nos possamos adaptar com alegria a uma nova realidade subsequente duma verdadeira aproximação a Deus. Cada aumento de responsabilidade deve obter esses efeitos em nós. Manter a mesma rotina, o mesmo hábito de vida e a mesma maneira de agir não são compatíveis com o aumento da responsabilidade. E a responsabilidade primária é chegarmo-nos ao trono da graça para acharmos graça. A graça é o poder e a capacitação de Deus. Prepare-se para mudanças drásticas, práticas e transformações caso Deus lhe entregue Seus talentos como servo.

  815. A vida é uma escola e todos somos seus estudantes. Contudo, existem alguns que são mais aplicados que outros, menos rebeldes e mais conscienciosos.

  816. A purificação, seja ela do espírito ou da carne, não é necessariamente abandonar o que consideramos carnal ou pecaminoso. (Existe imundície do espírito e da carne). É, isso sim, santificar tudo a Deus, conseguindo fazer as coisas através d'Ele, para Ele e com Ele. Todas as coisas que nos são lícitas são necessárias para uma vida de harmonia e paz. Mas, o pecado meteu a mão naquilo que é ou foi santo. Logo, a purificação ou santificação não é rejeitar por completo, mas, fazer com Deus para Deus - é tornar a dedicar a Deus tudo aquilo que Lhe pertence, isto é, aquilo que o pecado e a carne absorveram ou roubaram.

  817. Muitos admiram-se do facto do filho de Davi ter sentido uma repulsa grande pela outra filha de Davi depois de a haver possuído. Mas, isso acontece com todos quantos praticam sexo pré-marital: acabam sempre mal depois de casar. Conheço muitos casais que, depois de haverem casado, tornaram-se frios e frígidos e eu creio que tem muito a ver com o facto de haverem pecado antes de casar. Esse ato pecaminoso apela às pessoas enquanto é ilegal perante Deus ou proibido. Assim que se torna legal, um dever marital perde o seu apelo.

  818. Muitos crêem que o temor ao Senhor é o passaporte que falta para entrarem no Reino da justiça e da pureza. Contudo, sabemos de alguém que temia o Senhor e dizia "atemorizado, escondi o teu talento na terra" e o entregou intacto e bem guardo ao Senhor. O temor, por si só, não consegue muito se estiver misturado com negligência, interesses próprios ou qualquer outra coisa carnal. O temor deve levar-nos a buscar os meios da graça para frutificar, cumprir, ser fiéis e para fazer a vontade de Deus. Abandonar o mal ainda não é fazer o bem; parar de roubar ainda não é dar do que temos; parar de matar ainda não é dar vida; parar de mentir ainda não é falar a verdade. "Não queremos ser despidos, mas, revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida", 2Cor.5:4.

  819. Quando os servos receberam cada um os seus talentos, não vemos o Senhor explicar para que seriam esses talentos. Cada um fez conforme bem entendeu. Devemos obter fé que nos possa fazer alcançar a liderança/graça de Deus e que ela seja real.

  820. "Porém, se aquele mau servo disser consigo: O meu senhor tarde virá..." Mat.24:48. Há várias coisas que passam despercebidas em muitos versículos. Este é um deles. A pergunta é: o servo tornou-se mau porque diz o que diz, ou ele diz o que diz porque é mau? Eis a minha certeza: quem fala contra Deus já se encontra separado dele por outras coisas e por outros motivos. Logo, havendo-se tornado mau servo, diz o que diz. Quem sabe se a provação não veio apenas revelar aquilo que o servo é verdadeiramente. Não podemos ignorar que era um servo e não um ímpio qualquer. Todos os servos têm tendência para acreditar que são fiéis e puros. Mas, uns servem sem se haverem purificado; outros servem para encobrir os seus pecados; e outros servem sem se a consciência que precisam manter-se purificados. O segredo é esperar (com expectativa) mantendo a santificação e nunca tornar-se mau ou impaciente pelo caminho.

  821. A franqueza é uma virtude louvável. Mas, é uma virtude que não pode subsistir sozinha, isto é, não pode viver desacompanhada da verdade. A verdade é o amor de Deus. Imaginem uma pessoa franca que crê na mentira - ela irá mentir com franqueza e sem se dar conta que mente; ou alguém que acredita no erro sendo franca sem reconhecer o erro e tendo o erro como certeza de vida. A franqueza é louvável, sempre será. Mas, devemos saber que deve estar associada à verdade, à bondade, à benignidade e ao amor de Deus. Se assim não for, essa franqueza torna-se uma arma de destruição e uma fonte de problemas muito sérios.

  822. A pessoa que busca a verdade de coração nunca terminará a sua carreira enganado ou sendo enganado. De fato, é a própria verdade quem busca os tais e a Verdade nunca os perderá de vista. A verdade procura um coração verdadeiro e a mentira um coração onde se possa alojar confortavelmente. Ninguém permanecerá enganado sendo verdadeiro de coração buscando a verdade com intuito de absorvê-la e praticá-la sem hesitações. A verdade misturada com a hesitação é uma fonte de tribulação - é uma ofensa ao céu.

  823. "Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus", 2Cor.5:20. Não é estranho que seja pedido a crentes firmes que se reconciliem com Deus? Alguém poderia perguntar se eles já não estariam reconciliados. Se Paulo dissesse isso nas igrejas de hoje, certamente que muitas pessoas se ofenderiam ou escandalizavam. Mas, a realidade é que a reconciliação com Deus tem muito mais que se lhe diga que aquilo que hoje é pregado ou crido. A reconciliação com Deus implica que estejamos em uníssono com Ele, através d'Ele e pelos mesmos motivos através do mesmo poder. Não é somente aceitar a Sua vontade, mas, aceitar tornar-se alguém que consiga fazê-la da mesma maneira, com a mesma alegria e através do mesmo poder que ela é feita no Céu. "Aqui na terra como no céu".

  824. Muitos dos pecados que as pessoas cometem sendo crentes ocorrem quando se encontram expostas a tentações que poderiam ser evitadas. Alguém pode visitar os amigos antigos com quem bebia; expor-se à tentação quando poderia evitar a nudez e a pornografia; poderia evitar a descrença, sabendo que Deus é fiel e buscando a verdadeira razão ou motivo de qualquer provação e, assim, evitar ficar exposta a dúvidas e a questões sem nexo - é pela verdade que somos firmados; evitar caminhos próprios preferindo a reconciliação com Deus em todo o tempo; etc.

  825. O maior problema do mundo e dos que são enganados nem é a incapacidade de ver o erro, mas, de rejeitar o erro em prol dos motivos certos. Rejeitar o erro não basta. Ver o erro ou rejeitar o mal não é o fim do percurso. "Não queremos ser despidos, mas, revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida", 2Cor.5:4. As pessoas enganadas costumam rejeitar as coisas com azedume e nunca com confiança - isso quando rejeitam. Quando assim fazem, aceitam esses pecados secretamente. A base da sua determinação nunca é a confiança na verdade e antes a raiva contra o erro que se manifestou contra eles. Contudo, a grande maioria acaba por se conciliar com o erro e aceitá-lo devido à insistência dos falsos. Os falsos nunca param e não hesitam em usar suas heresias com insistência.

  826. Um dia, até os casados, os pais e os filhos serão colocados sozinhos diante de Deus. Precisamos manter essa ideia em mente, com alegria. Entretanto, devemos usar aquilo que ainda temos para exercitar a fidelidade, o amor e todas as outras virtudes que enriquecem um coração, uma vida e um mundo. Quando tudo o resto nos faltar e formos colocados diante de Deus, seremos fiéis, virtuosos e cheios de Jesus. É disso que se trata nesta vida. É à volta desse ponto que tudo gira. Tudo deve contribuir para que haja um povo o qual Deus possa escolher entre os demais quando tudo terminar.

  827. "...Porque o homem violento terá fim; a destruição é desfeita..." Is.16:4. O homem violento ou pecador terá fim. Isso acontecerá ou porque se converteu ou porque Deus o destruiu. De qualquer maneira, seu fim é anunciado desde há muito tempo e a maioria deles já teve o seu fim. Se você ainda não se converteu ou se está mal convertido, lembre-se que seu fim está anunciado desde o início da criação.

  828. Se o dinheiro é fonte de problemas e provações, a falta dele também traz o seu tipo de provações. Logo, somente um coração recto e puro é capaz de se manter tanto na hora de abundância como na falta de dinheiro e meios. E quem fala na falta de dinheiro, pode falar na falta de oportunidades de usar bem esse dinheiro ou na ausência das circunstâncias ideais. Se os ricos se desviam com maior facilidade, os pobres passam por tribulações espinhosas que, igualmente, os impede de ver a verdade ou de praticá-la. Os espinhos que sufocam a Palavra nascem tanto em terra boa como em terra má.

  829. Todos já afirmaram algo, uma vez ou outra, sobre o tempo de Deus. "Ah, é porque não era a hora certa!" Mas, devemos levar em conta algumas coisas sobre o tempo de Deus. A primeira coisa é que existe, de fato, o tempo de Deus. Devemos ter isso em conta sempre que oramos, esperamos ou vigiamos pedindo algo em oração. Mas, o tempo é de Deus no sentido que é Ele quem determina o acontecer. Esse tempo não depende apenas da hora e do calendário, mas, também depende das circunstâncias, do estado em que a pessoa se encontra e algumas outras coisas. Como é Deus quem determina que aconteça, pode nunca acontecer o que de bom esperamos por estarmos em mau estado espiritual. Não são apenas o relógio e o calendário que influenciam os tempos de Deus. Muitos esperam quando o tempo de Deus já passou porque não se aprontaram ou não se apresentaram diante de Deus. Contudo, ainda esperam porque não receberam. Outros fazem precisamente o oposto: obrigam Deus a antecipar aquilo que ainda está por vir.

  830. Muitos insistem em crer que têm ou temos direitos que precisam ser protegidos e atendidos. Mas, diante de Deus só temos privilégios que não merecemos. Existem direitos entre pessoas e pessoas, os quais devem ser respeitados. Deus fala dos "direitos dos aflitos do Meu povo". Contudo, esses direitos são os dos outros diante de nós e não os nossos diante das outras pessoas. Devemos salvaguardar esses direitos que as pessoas detêm perante nós e Deus. Não são os nossos direitos, mas, os dos demais perante nós. Os perdidos têm direitos sobre a comida espiritual que obtemos; os pobres sobre o nosso salário e possessões; etc.

  831. Se eu for intolerante para os maus, serei capaz de ser intolerante para qualquer pessoa. Tudo aquilo que faço, faço-o porque é o que sou. O mundo acredita que as nossas atitudes dependem das pessoas com quem lidamos. Mas, a verdade diz que depende daquilo que somos e nunca daquilo que os outros são ou fazem - não são os outros que nos fazem ser. Não é mau rejeitar o mal ou sentirmo-nos muito mal na roda dos escarnecedores. Só não podemos afirmar que é por causa desses escarnecedores que nos sentimos mal, pois, existe quem se sinta bem por lá. Sentimo-nos mal na roda dos escarnecedores devido à transformação que ocorreu em nós. E os maus sentem-se mal na mesa da justiça devido àquilo que são. A culpa não é da justiça. E se isso é verdade, então, a causa do desconforto e das náuseas nos justos perante o mal é o coração que obtiveram.

  832. "Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro..." Prov.6:1. Perante Deus não podemos responder pelas vidas de ninguém, nem mesmo de nossas esposas ou filhos. Se houvermos feito tudo para que a comida espiritual esteja sempre pronta e distribuída, à disposição, não nos podemos considerar fiadores de ninguém. Cada um responderá pela sua própria vida.

  833. "...Pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar da mão do mal", Hab.2:9. Muitos caem nesta armadilha de desejarem ficar ricos ou saudáveis para que seu ninho esteja alto e, supostamente, livre do mal. Mas, só está livre do mal aquele que entrega os seus caminhos ao Senhor, seja rico ou pobre, saudável ou enfermo. Ninguém morre se Deus não quiser e ninguém vive se Deus não quiser. Entreguemo-nos a Ele que tem as chaves da vida e, também, da morte.

  834. "Desvia de ti a tortuosidade da boca e alonga de ti a perversidade dos lábios", Prov.4:24. Muitos não acreditam ou não desejam acreditar que a maneira como falamos é o melhor retrato do nosso coração. Não é somente o assunto que nos mostra o que existe em nós, mas, a forma como o expressamos mostra o que somos. Entretanto, a forma de falar tornou-se um hábito, uma cultura. Logo, a maioria tenta mudar a forma de falar, isto é, o hábito, sem mudar de coração. Seria como secar um chão onde pinga água constantemente. Na verdade, secamos algo que se tornará a molhar. Não devemos, também, menosprezar este sério aviso de desviar a boca e os lábios da tortuosidade. Muitos menosprezam este tipo de pecado. Qualquer pecado é muito sério quando olhado desde o lado de Deus. Os pecados da boca também crucificaram Cristo e também é desses pecados que Deus nos salva. O mesmo podemos dizer dos pecados dos olhos e de todos os nossos sentidos. Aquilo que mais gostamos de ver alimenta o coração que temos. O que mais gostamos de ouvir revela as coisas pelas quais o coração mais anseia e quais as ilusões que tem ou mantém. Vamos colocar-nos a nós mesmos à prova e dar liberdade aos nossos sentidos. Assim, obteremos uma percepção mais fiel do estado do nosso coração. Não precisamos mentir perante a verdade.

  835. "Pega-te à correção e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida", Prov.4:13. Ninguém gosta de ser corrigido, contudo, a maioria deseja ser correto. Como é que alguém se torna correto sem ser corrigido? Todos desejam o fim sem passar pelos meios. Aqui, somos instruídos a amarmos a correção e a desejá-la. Para que a "paciência tenha a sua obra perfeita", todos nós devemos chegar ao ponto de cooperarmos e de ouvirmos a correção sem ressentimentos e com a alegria de estarmos a ser corrigidos. Isso acontece porque somos amados. O amor carnal tem como norma o ser aceite. O amor espiritual corrige tendo um bom final em mente. É muito fácil acreditar que somos corrigidos ou castigados porque somos desprezados ou abandonados. Fazemos um peso daquilo que deveria ser um jugo fácil de suportar. A correção deveria ser uma alegria sabendo que, se é o Senhor quem nos corrige, certamente chegaremos a bom porto. Se você conseguir saber qual é o alvo da correção e qual o fim que ela pretende alcançar, coopere avidamente e mostre a Deus que você está com Ele naquilo que Ele faz e pretende alcançar.

  836. "Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus", Prov.4:14. Existem muitas maneiras ou razões para se optar pelo caminho dos maus. Quando Deus nega algo a alguém como repreensão, esse alguém pode optar por fazer as coisas doutra maneira em vez de escutar a repreensão; quando a demora parece ser longa, alguém pode pensar estar errado no caminho certo e desvia-se acreditando que está a fazer bem desviando-se e escondendo talentos. Existe um sem número de razões para alguém entrar no caminho dos maus.

  837. Sempre que as coisas não dão certo ou não resultam nos caminhos de Deus, as pessoas procuram alternativas para que tudo dê certo ao invés de buscarem o motivo do fracasso. Deus pode ter uma razão para negar a pessoa na frente de homens e anjos e é essa razão que devemos achar ao invés de tentar caminhos alternativos para alcançarmos as coisas que fracassaram. Todos os caminhos alternativos serão considerados como formas de idolatria. Devemos prestar maior atenção à repreensão de Deus em vez de ignorar o aviso tentando recorrer a outros meios ou mecanismos para solucionar o que Deus encravou. Não podemos abandonar o caminho da sabedoria e da salvação ignorando um aviso ou uma correção vinda do Senhor. "Filho meu, não rejeites a correção do Senhor", Prov.3:11.

  838. Alguém pode começar um caminho insinuando que já é mestre nele. Isso pode acontecer por variadíssimas razões. Uma delas é que um raio de luz na escuridão é uma novidade tão grande que pode levar a pensar que se descobriu o sol. E quem acredita que descobriu o sol ou vive como se o tivesse descoberto, não evolui e pode terminar seu caminho crendo ser mestre sem nunca haver aprendido muito mais. Mas, o oposto também pode acontecer: pode ser mestre acreditando que não o é. A humilhação que sofrem para destruir toda a sua arrogância durante os anos que são instruídos pode levar tais pessoas a não crerem mais que poderão ser úteis a Deus quando nas mãos de Deus. Todas as correções podem ser tidas como rejeições da parte de Deus e não são.

  839. Muitas pessoas sabem que se pedirem sabedoria a Deus, Ele dá e não lança em rosto. É o que Tiago afirma. E muitos também sabem que isso é verdade por experiência própria. Mas, devemos saber que as Escrituras também afirmam que "Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos", Prov.2:7. Se a fé de quem pede é uma condição para acharmos essa sabedoria, não devemos esquecer que existem outras condições que também precisam ser satisfeitas para que a sabedoria possa ser recebida ou condições que precisam ser cumpridas através dela quando e se for recebida. A retidão, a pureza, a confiança na verdade, a rejeição da mentira e da sabedoria falsa, a ausência de motivos duplos e a sinceridade devem ser levados em conta, além de muitas outras coisas. Mas, uma coisa é certa: quem recebe a sabedoria verdadeira tem a aprovação de Deus. A verdadeira sabedoria vem ou advém duma vida experimental e não dum conhecimento mental que vem pelo estudo. Estudar é bom até para que hajam palavras que expliquem o que experimentamos. Mas, não confundamos estudo com experiência pessoal e nem estudo com sabedoria. Não são a mesma coisa e nunca serão, pois, existe um mundo seprando-os.

  840. É bom saber muitas coisas. Mas, é indispensável e necessário pegar numa coisa de cada vez e chegar a bom porto com ela. Levar cada coisa até ao fim não pode ser visto como incompatível com o saber muito. Contudo, se soubermos muito e não pegarmos em cada coisa em sua vez para levá-la até ao fim, todo o conhecimento servirá para nos condenar e nunca como ajuda preciosa. Isso acontece tanto na vida terrena como na vida espiritual. Precisamos lidar com cada assunto, com cada pecado, com cada virtude, com cada verdade até chegarmos a bom porto - cada com seu respetivo porto - com todas as coisas que nos forem entregues para sermos fiéis nelas, com elas, por causa delas ou através delas. "A minha comida é (...) completar a sua obra", João 4:34.

  841. Muitos falam sobre vigiar. Mas, eu creio que poucos sabem o que isso significa realmente. Vigiar é estar atento. Mas, estar atento a quê? É verdade que o diabo entra para roubar e destruir. Mas, será que ele só entra na casa de quem não está de guarda contra ele? Ou entra na casa daqueles sobre os quais tem poder? Deixo essa pergunta no ar, pois, o diabo costuma ser descarado também. Ele é capaz de enfrentar um adversário. Olhando bem fundo nas Escrituras, vejo Jesus expressar-se sobre o vigiar, mas, em outro sentido. Jesus descreve-se a Ele próprio como "o ladrão que vem de noite numa hora que ninguém espera". "Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!" Luc.12:36.  O nosso verdadeiro vigiar também é um estado de expectativa em relação a Jesus. "E, se vier na segunda vigília e se vier na terceira vigília e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do Homem à hora que não imaginais", Luc.12:38. Eu poderia vigiar contra o diabo se estivesse na minha mão o poder de me salvar a mim próprio. Mas, como é Jesus quem me salva de qualquer pecado, devo estar sempre esperando a salvação d'Ele sempre que esteja em apuros. Por essa causa, vigio. "Sobre a minha guarda estarei e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei para ver o que fala comigo e o que eu responderei quando eu for arguido", Hab.2:1. Pode chegar a qualquer momento e não posso ser achado dormindo. Devo estar pronto a receber essa salvação de bom grado e com muita alegria, não se vá dar o caso de me entristecer com algum tipo de perda quando Jesus tirar o pecado do meu mundo. Não devo permitir que minha casa seja minada até que Ele chegue apenas porque meu coração afirma: "O meu senhor tarda em vir". Devo ser achado num estado impecável no momento que Ele chegar. Não haverá oportunidade de me limpar depois de Ele chegar, a não ser  que essa limpeza seja a razão da minha expectativa. Serei tratado como um ladrão apanhado em flagrante delito caso seja achado numa condição que Deus desaprova.

  842. "...Porque Eu estendi a minha mão e não houve quem desse atenção...", Prov.1:24. Quantas vezes se rotulam de inocência aqueles que, por algum motivo, não prestam atenção? "Ah, desculpe! Não estava prestando atenção!" E ninguém leva a mal e todos repetem o que estavam dizendo a quem não estava prestando atenção. Todos acham isso normal. Mas, se alguém estiver ocupado com outras coisas, se estiver distraído, concentrado seja no que for sendo Deus quem está falando, o fato de não Lhe prestarmos atenção é coisa muito séria. Tenha extremo cuidado, também, com o seu estado de espírito, pois, o mau humor faz cerrar os ouvidos. Não existe nada com maior importância ou prioridade que as palavras de Deus, ainda mais quando ela é tão escassa. Tenha extremo cuidado, pois, Deus pode falar ou expressar-se a qualquer momento. Permaneça atento e mantenha essa possibilidade em aberto. "E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, para que, quando vier e bater, lhe possam atender logoLuc.12:36. Sempre que se concentrar em qualquer coisa ou se emocionar com algo, mantenha em aberto a possibilidade de Deus poder interromper e falar. Ele vai querer ser ouvido de imediato, independentemente do que esteja acontecendo com você. Para Deus, não é normal que alguém não preste atenção quando Ele fala. Você pode ser testado e deve passar no teste sem repreensão. "Mas, o que me der ouvidos habitará seguramente e estará descansado do temor do mal", Prov.1:33.

  843. "Regozijai-vos no Senhor, vós, justos, pois aos retos convém o louvor", Sal.33:1. Por que razão convém o louvor aos retos de coração? Porque a própria retidão em si depende do Senhor. Sem Jesus, a retidão não seria possível. Logo, o louvor deve existir simplesmente pelo fato de existir a retidão. A retidão, só por si, já é motivo de louvor.

  844. Tudo quanto as pessoas têm, é Deus quem dá; tudo quanto as pessoas não têm, é Deus quem tira. E isso ocorre tanto aos bons quanto aos maus.

  845. Não existe diferença entre quem diz ser ateu e aquele que crê em Deus e age em sua vida prática como se Ele não existisse. "Disseram os néscios no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. (...) Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um", Sal.14:1,2. Se o ateu afirma que Deus não existe para poder andar em seus próprios caminhos da maneira que entende, ou se alguém se desvia do caminho afirmando que Deus existe, ambos agem como se Deus não existisse. Conta mais a forma como você vive que a crença que expressa. Seja ateu ou não, o que os carnais desejam é poder viver em seus pecados e da sua maneira própria. Uns preferem crer que Deus existe e que Ele cumprirá os seus desejos carnais; os outros preferem crer que Deus não existe para viverem igualmente da carne. A carne não quer ter lei. Eu creio que existem mais ateus entre aqueles que afirmam que Deus existe, pois, vivem suas vidas práticas nas trevas como se Deus não existisse.

  846. Quando existem falsas testemunhas ou falsos rumores devemos saber distinguir entre os que são falsos intencionalmente com o propósito de esmagar e destruir; e entre aqueles rumores ou falsidades que têm origem na ignorância. Contudo, não devemos ter ilusões, pois, ambos são igualmente destrutivos. Nunca se torne uma testemunha contra seu próximo, antes, tente salvar quem estiver prestes a ser apedrejado. Guarde a sua boca para expressar a salvação de Jesus, pois, salva tanto os 'bons' quanto os maus de seus pecados.

  847. Pensa-se que aqueles que nos odeiam ou simplesmente não nos suportam melhorarão as suas atitudes para conosco se nos aperfeiçoarmos. Muitos aperfeiçoam-se com o intuito de serem bem aceites pelos que os rejeitam. Mas, a verdade diz que ocorre precisamente o oposto disso: não suportam o fato de que aqueles que odeiam se aperfeiçoem. Quem odeia, está errado e não quem é odiado. Quem odeia é quem deve tentar a aproximação e a reconciliação. Na verdade, quem continua odiando ou desprezando deseja muito ver erros nos que se aperfeiçoam em vez de acertos e perfeição. A perfeição nesses aumenta a sua raiva e rancor e quem liga a essa raiva nunca se aperfeiçoará da forma que deve. Você deve prestar contas da sua vida a Deus e não aos que o odeiam. Ore por eles em secreto cheio de misericórdia em seu coração e não procure fazê-lo para conseguir a sua aceitação. Se o fizer, Deus o verá como hipócrita fingido que deseja ser aceite acima de que Seus inimigos se salvem. Eles agem assim por serem inimigos de Deus em primeira mão.

  848. Quem busca o Senhor somente quando tem problemas por causa dos problemas, certamente deixará de buscá-Lo quando esses ou outros problemas estiverem resolvidos. Devemos buscar e achar Deus por Ele e não somente por causa dos problemas e regozijarmo-nos no fato de termos Jesus e não de termos os problemas resolvidos. É verdade que alguém pode começar mal ou pelos motivos errados e, ainda assim, terminar bem, isto é, pode começar a buscar Deus devido aos problemas que tem e terminar com Jesus por aquilo que Ele é. Mas, quanto mais cedo o coração mudar os seus motivos, melhor será para todos em todos os sentidos, principalmente para aqueles que nos são mais chegados.

  849. "Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau", Amos 5:13. Guardar silêncio durante tempos maus é prudência e excelência. Podemos ser levados a pensar mal de Deus; ou a tomar as decisões erradas; podemos decidir sem consultar Deus, sem levá-lo em conta; as nossas palavras podem sair ásperas e duras; as nossas queixas podem chamar a insegurança e a incredulidade, obrigando-nos a entrar no reino do diabo. É preciso saber que existe muita sabedoria em guardar silêncio quando não devemos dizer nada.

  850. A maneira como falo pode determinar o curso duma vida que me ouve. É bom não ser um tropeço com palavras. Se eu disser as palavras certas do jeito errado ou se disser as palavras erradas do jeito certo farei com que tropecem, tentando as pessoas através duma maneira hipócrita de falar. E isso não é bom, nem para mim e nem para quem me ouve.

  851. Não preciso ignorar as coisas más para que elas não me afectem. Basta saber que elas existem, estar a contar com elas para não ser apanhado de surpresa e basta estar em Cristo amando outros interesses celestiais e esperando em Deus em enorme expectativa para que se cumpram as coisas de Deus (em mim).

  852. "Ele nos gerou pela palavra da verdade (...) Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar", Tgo.1:18,19. Como somos gerados pela Palavra, vemos qual a importância de saber ouvir e de poder ouvir. Quem não ouve não é gerado e isso pode significar a nossa vida e a nossa eternidade."Vede como ouvis", Luc.8:18.  Quem fala muito, ouve pouco ou nada - sejamos tardios para falar. Quem estiver irado, nunca escuta aquilo que deve porque tem a sua mente ocupada com outros assuntos - sejamos tardios para irar. Contudo, devemos distinguir entre aqueles que ouvem para poderem responder e aqueles que ouvem para serem gerados ou transformados através da Palavra que passam a praticar. 

  853. O caminho de Deus é uma vida e não uma teoria ou doutrina. Aquele que não vive nunca deveria falar em doutrina para não se condenar a si mesmo.

  854. "Não havendo profecia, o povo perece", Prov.29:18. Pense numa pessoa sem rumo, numa ovelha sem orientação, numa legislatura sem lei ou em alguém que não sabe o que fazer, mas, que sabe fazer. A pessoa não se torna apenas desorientada, mas, ociosa. Qualquer pessoa ociosa ainda pensa e raramente consegue controlar os seus pensamentos, sejam esses de preocupação ou de qualquer outro tipo de pecado. Na verdade, somente uma pessoa ociosa consegue dar liberdade total aos seus pensamentos. Contudo, esses pensamentos são sempre os mesmos - eles repetem-se continuamente. Sem Cristo, qualquer pessoa presa pela sua fé se torna descontrolada. Pode estar sem Cristo pela mesma razão que Pedro se afundava quando caminhava sobre a água. Se alguém fica numa cela sem nada que fazer e muito em que pensar tem uma boa oportunidade para santificar sua mente porque os pensamentos surgirão desenfreados, descontrolados e soltos.

  855. Quando Deus não faz aquilo que desejamos, a tendência é para duvidar. A pessoa, quando é posta à prova, por norma, não recebe aquilo que deseja, ou não recebe da forma que desejaria receber ou no tempo que quereria receber. Existe um ditado que diz que os verdadeiros amigos manifestam-se somente quando não temos dinheiro. Por vezes, Jesus apresenta-se a nós "como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado e não fizemos dele caso algum", Is.53:2,3. Não se admire se Jesus se apresentar dessa forma, pois, será assim que se revelará se você é Seu verdadeiro amigo ou não.

  856. Qual é a pessoa que, estando a ser provada, entende tudo aquilo que se passa com ela? Jó entendeu, a meio das provações, que estava sendo provado. Mas, nem assim entendia mais do que isso, pois, não entendia as provas e nem a forma como chegaram a ele. Apenas concluiu que estava sendo provado e nada mais. Por essa razão, somos aconselhados por Tiago a pedir sabedoria sob provações caso essa nos falte. Sabedoria é, também, prudência com as palavras que saem da nossa boca; controlar pensamentos e acusações descontroladas; não tirar conclusões apressadas, precipitadas e muito menos injustificadas, etc. "Bom é para o homem suportar o jugo (...) assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele. Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança. Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta. Porque o Senhor não rejeitará para sempre", Lam.3:28-31.

  857. "A prova da vossa fé opera a paciência", Tgo.1:3. Como a fé é fruto dum relacionamento e a filha duma comunhão com Jesus, devemos ter em conta que, para que essa fé possa ser provada e possa operar a paciência, a comunhão com Jesus e, muitas vezes, a comunhão com os irmãos deve ser mantida dentro dos parâmetros de Deus e da santidade. Não é tanto manter a fé - é, antes, manter a comunhão na ausência de egoísmo ou motivos pessoais e tudo aquilo que isso implica. Sem Jesus de forma real e sem o verdadeiro auxílio exclusivo do Espírito Santo (desde que seja real) não passaremos essa prova. E é necessário passá-la. Se não estivermos em condições de passar essa prova, ela operará a impaciência e nunca a paciência. A paciência também é fruto (filho) da comunhão com Jesus. Se isso é verdade, a impaciência é fruto da falta dessa comunhão, ou, então, da comunhão onde o egoísmo se impõe e se manifesta. Caso essa comunhão não seja mantida durante as provações, não passaremos a prova e será a incredulidade a ser provada e não a fé. Logo, só pode dar em impaciência, queixas e palavras mais ásperas e feias juntamente com maus pensamentos a respeito de Deus e das pessoas mais próximas.

  858. Todos passamos por momentos e situações complexas em nossas vidas. Um pregador precisa aprender a pregar a Palavra, mas, precisa, também, cuidar de sua vida pessoal. Ele precisa viver o dobro daquilo que prega. Só depois se poderá considerar um pregador. Por essa razão, existem momentos que lemos a Palavra apenas para cuidar de nossos corações e outros momentos para delinear um sermão ou um estudo, o qual deve corresponder à necessidade do momento de quem ouve e, também, deve corresponder sempre àquilo que vivemos e já praticamos. "... Para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado", 1Cor.9:27. Contudo, todo o sermão deve estar carregado de incentivo e intuição que leve qualquer ouvinte a passar a ser praticante da Palavra e não apenas ouvinte. Os que louvam o sermão e o pregador são ouvintes da palavra e não são praticantes assíduos. "E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos", Tgo.1:22.

  859. A fé que cura enfermidades nem sempre salva a alma. "E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou", Luc.17:15-19. A nove, a fé deles apenas os curou da lepra, mas, ao outro também lhe salvou a alma.

  860. "É impossível (inevitável) que não venham escândalos (...) olhai por vós mesmos", Luc.17:1-3. Sabemos que cada pessoa deve cuidar de seu próprio património, casa ou lar. Ninguém pode fazer isso por ela. Se for outra pessoa a fazê-lo não terá o mesmo amor e disponibilidade de coração para aquilo que faz. Os escândalos dos quais Jesus fala aqui, além de ser um sério aviso contra quem faz tropeçar, é aviso mais sério ainda para quem tropeça ou é levado a tropeçar. Por isso, Jesus diz para olharmos por nós mesmos. Não é possível evitar esses tropeços, mas, é possível e recomendável que evitemos tropeçar, pois, estamos avisados. Esses tropeços chegam de onde menos esperamos, isto é, chegam através duma esposa, dum filho, duma mãe ou dum pai. "Porque, daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três", Luc.12:52. Damos graças a Deus por homens de Deus que têm esposas perfeitas e mulheres de Deus que têm esposos divinos. Mas, oremos pelos que casaram com uma serpente.

  861. Sempre que não se está bem num lugar, não estaremos bem em nenhum outro. O lugar onde você diz não se sentir bem é a desculpa e não a razão de seu mal-estar - é a desculpa para não se arranjar com Deus ou com as pessoas à sua volta. Dê graças a Deus por haver lugares e pessoas que conseguem tornar visível o pior que existe em seu coração. Aproveite todas as ocasiões para se julgar e ser julgado antes do Juízo final, pois, sendo julgado agora evita que seja julgado depois. E se é verdade que um lugar, uma situação ou uma circunstância pode fazer sair o pior de nós para que se torne visível aos nossos olhos, também é verdade que poderia ou poderá fazer sair o melhor que há em nós - se houver esse melhor e se for exclusivo em nós havendo sido plantado por Deus.

  862. Desde os tempos que comecei a ler a Bíblia me falam sobre "conhecer as Escrituras". Jesus disse que os Fariseus conheciam as Escrituras. No entanto, eles não viviam as Escrituras. Encontrei, pelo meu caminho, pessoas que memorizavam as Escrituras - e não acho que isso seja errado de todo. No entanto, tomar conhecimento das Escrituras de forma prática, experimentar, viver e obedecer será mais que memorizar. Na verdade, tendo as Escrituras em nós, sendo as próprias Escrituras, conheceremos cada versículo sem havê-lo memorizado sequer. Há que conhecer Jesus como sendo a própria Palavra também.

  863. Se eu estiver doutrinariamente correto e estiver bem com Deus e usar/desperdiçar meu tempo para contrariar o erro ou para me impor ou opor às falsidades todas que existem, não sobrará tempo para pregar o verdadeiro Evangelho. É um desperdício de vida e de tempo tentar devastar as falsidades e incoerências do mundo, ainda mais quando essas coisas tendem a destruir-se a elas próprias. E caso me ache envolvido com o mundo, ainda que seja em sentido contrário, a minha obra não dará qualquer fruto por não me encontrar envolvido com Cristo. Não poderei servir dois mestres ou viver dois tipos de vida. Se estiver envolvido com fogo estranho não poderei estar envolvido com o fogo de Deus. Colocando Deus e o verdadeiro evangelho de lado não poderei tornar-me agradável a Deus. Devemos, apenas, manter o mundo fora do nosso coração. Esse deve ser o único envolvimento que devemos ter com o mundo. No mais, sabemos que as ervas daninhas crescerão sempre em qualquer jardim negligenciado e não importa o quanto me esforce contra isso, nunca poderei impedir que o mal cresça nos jardins dos outros e onde existe negligência e afastamento de Deus. O salário dum coração errado será sempre um caminho torto. Se eu atacar o mal, faço precisamente aquilo que o mal quer que faça. O mal busca confronto, pois, esse é o seu prazer. Não devo ser achado a fertilizar o campo do mal. E, enquanto me confronto com o mal, negligencio o meu jardim que deveria ser como o Jardim do Éden a tempo integral. A única maneia de aniquilar o mal para sempre é estar sempre bem com Deus, ser achado a fazer o que Deus nos entregou para fazer e ser achado no caminho certo da maneira certa através do poder certo. O meu caminho não é o caminho dos outros. Ninguém pode caminhar pelos outros. Se eu não for achado em Deus e estiver usando fogo falso para tentar extinguir o mal, estarei a deitar combustível inflamável na fogueira do mal. Mesmo estando correto doutrinariamente, estarei ocupado com um desvio em minha forma prática de viver. O mal aproveitar-se-á da minha atitude de confronto para me atacar ainda mais. Não posso lançar as minhas pérolas aos porcos. Se o fizer, o mundo terá o que quer, pois, tem matéria para contra atacar por estar sendo atacado por mim. Tal curso de vida fere o caminho da verdade sem retorno possível. Devemos somente viver indiferentes ao mal para podermos viver com Deus, para Deus e em Deus. Essa forma de viver será já de si uma afronta para o mal e é tido como um confronto contra o mundo. Ninguém poderá resistir sempre que Deus age verdadeiramente. Agiremos doutra maneira somente se formos guiados a fazê-lo. "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo", João 5:30.

  864. Todo aquele que fala por trás das pessoas, só é capaz de ser frontal sendo grosso e maldoso. Só um coração ruim fala dos outros e esse mesmo coração só poderá falar com os outros de maneira grossa e imprudente.

  865. Toda a impaciência é como um espinho grande num musculo importante: além de doer muito, incapacita o músculo e o membro ao qual esse músculo é útil. Quando um membro sofre, todo o corpo passa mal. Até a maneira de falar da impaciência faz tropeçar, não adianta e nem apressa em nada. Antes, complica o normal desenrolar dos acontecimentos. A impaciência é um impedimento e engana todos aqueles que acreditam ser uma forma de apressar as coisas. Impede a perfeição, impede a conclusão daquilo que é certo e será sempre como uma pedrinha num sapato dum atleta de longa distância.

  866. A autoridade espiritual tem muitas características ou virtudes misturadas, mas, todas elas têm de assentar numa base de humildade. Isto é, como os alicerces duma casa estão para o edifício, assim está a humildade em relação à autoridade espiritual. Mas, os alicerces não são a casa. Contudo, a casa sem os alicerces nada é.

  867. "Mas, aquele a quem pouco é perdoado pouco ama", Luc.7:47. Isto não é a verdade a respeito daqueles que pecaram pouco, pois, se fosse seria uma contradição já que o amor é o oposto do pecado. É mais uma verdade a respeito daqueles a quem pouco foi perdoado e não daqueles que pecaram pouco. Se pecaram pouco é porque amaram muito e, quanto menos pecado existe, maior o amor a Deus. Se o amor é o oposto do pecado, havendo pecado pouco significa que tem muito amor. Ora, o que significa isto, então? Os que pecaram pouco amam muito. O amor é o oposto do pecado e o pecado consiste em egoísmo. O egoísmo é o oposto do amor. Significa que existem pessoas a quem pouco é perdoado de seus muitos pecados, isto é, ou não reconheceram seus pecados todos devidamente; ou nunca os confessaram pelo nome; ou simplesmente ignoraram-nos; ou calcularam mal a grandeza da culpa do pecado. Logo, havendo-lhes sido perdoado pouco, amam pouco porque os outros pecados aos quais ainda se agarram são o oposto do amor. Isto não significa, também, que quem ama muito, ama por haver sido perdoado. Antes, significa que foi perdoado porque ama muito. Havendo sido convertido do egoísmo para o amor, foi perdoado, pois, sem conversão genuína não existe perdão. A conversão é o ponto base do perdão. Deus perdoa o assassino quando este começa a distribuir vida, como Paulo; perdoa o que rouba quando este começa a dar ao próximo; perdoa o mentiroso quando este começa a falar a verdade e não somente quando deixa de mentir. Ninguém pode separar a conversão da confissão de pecados, pois, é pela confissão que alcançamos a conversão. A confissão detalhada, pormenorizada e sincera leva à transformação de vida. Se não levar, foi feita em vão, parcialmente ou com falsidade.

  868. Ouvir Deus é uma questão de vida ou de morte. Quem não ouve, perde-se nos caminhos, em pensamentos e dúvidas. Sendo que somente ovelha ouve, devemos esforçar-nos para nos tornarmos ovelhas e assim permanecermos para sempre. Ovelha ouvirá, com certeza. Ovelha também fugirá doutras vozes.

  869. Se Deus estiver falando ao seu coração, não o interrompa com argumentos, desvios ou contra-propostas porque tudo isso será visto como resistir ao Espírito Santo. "Não resistais ao Espírito".

  870. "Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?" João 21:15. Podemos deduzir que quem mais amava Jesus era Pedro e quem Jesus mais amava era João. É interessante notar que Jesus constituiu líder quem mais amava a Jesus e não a quem Jesus mais amava. É o amor a Jesus que é determinante e Jesus não dá a preferência a quem mais ama. A quem ama muito a Jesus foi pedido que cuidasse de quem Jesus muito ama. Amando Jesus, ama-se quem Ele ama.

  871. O relacionamento que devemos ter é com Jesus e não com o Espírito Santo. O relacionamento com Jesus é com o Pai e é através do Espírito Santo. Devemos conhecer Jesus - o que é a Vida Eterna - e o Espírito Santo é quem nos assiste para conhecermos o Pai como Ele realmente é.

  872. "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama", João 14:21. Ninguém guarda um mandamento que não tem, o qual não se apoderou de todo o seu coração. Isto é, se a lei de Deus é escrita nos corações dos fiéis, ter o mandamento significa que o coração tornou-se o próprio mandamento de Deus ou que o mandamento se tornou o coração. A transformação foi conseguida. Depois, há que ter a capacidade e os meios de os guardar, pois, há que obter a graça de forma satisfatória. E para se ter como alcançar as duas coisas é necessário existir uma tal proximidade com Jesus que se torne cumplicidade em todos os aspectos do Reino, da vontade de Deus e dos meios e mecanismos para alcançá-la, no alvo, nos desejos eternos e no abandono ou desprezo pelo mundo que fica para trás. Em resumo, sem essa cumplicidade e amor ninguém tem os mandamentos e ninguém os conseguirá guardar. Se conseguimos, finalmente, adquirir um carro, precisamos alcançar, também, os meios para usá-lo no dia-a-dia. Não podemos empurrá-lo dum lado para o outro, mantê-lo numa vitrina ou usar a própria força para fazê-lo andar. Precisamos alcançar (achar) ambas as coisas, isto é, alcançar um coração segundo Deus e, também, os meios para guardar os mandamentos que, entretanto, vão sendo escritos nesse coração. Isso tudo é conseguido apenas através duma real comunhão com Jesus, de tal forma que nunca mais saibamos ou consigamos viver doutra forma. Um coração verdadeiramente transformado não pode fazer mais nada a não ser que permaneça em Deus e Deus nele. Sem Deus e sem o mandamento ninguém conseguirá guardar nada. Para conseguirmos guardar Seus mandamentos precisamos ter (ser) esses mandamentos.

  873. "Eu retiro-me; e buscar-me-eis e morrereis no vosso pecado", João 8:21. É triste alguém buscar Jesus e, ainda assim, vir a morrer em seus pecados. É possível alguém chegar a um ponto de não mais achar Jesus ainda que O busque.

  874. "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela", João 8:7. É interessante ver que o único que não tinha pecado foi o que ficou com a mulher adúltera e não atirou qualquer pedra a ela. "Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais", João 8:11. Mas, será que o que Ele mandou era menos difícil para a mulher que apanhar com pedras? "Não peques mais...". Deixo essa pergunta no ar.

  875. O discurso de Jesus em João 6 foi muito duro e incompreensível para os que estavam ouvindo. Mas, Jesus não se deteve por isso. Muitos viraram-lhe as costas e foram-se embora. Ainda assim, Jesus confrontou os doze: "Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?", João 6:67. Contudo, os doze ficaram com Ele. Apesar de tudo, não podemos esquecer que um dos que ficou com Jesus era um diabo. Esse também 'permaneceu' com Jesus. Nem todos os discípulos que permanecem firmes são de Jesus. Muitos nem indiferentes são à verdade - são o próprio diabo em si e representam seus valores fielmente.

  876. Se a confissão de pecados não for acompanhada do abandono de tudo aquilo que confessamos e que Deus desaprova e condena, ainda que com enormes prejuízos, acabaremos pior do que estávamos antes da confissão.

  877. Uma das faculdades da carne é acreditar em fantasias, lutar por elas e viver como se elas fossem possível. Quando as pessoas crêem em Jesus Todo-Poderoso, ao invés de abandonarem e exterminarem as suas fantasias por ser coisa com origem na carne e seus anseios, procuram que Deus as cumpra e afirmam que Deus cumprirá os seus sonhos. Ninguém 'sonha' conseguir os  planos de Deus e de fazer a Sua vontade, a qual tem como cerne da questão o conhecermos Cristo como Ele é (pois, nem todos conseguem chegar a esse ponto) e, também, salvar o mundo da perdição em que se encontra. Só sonham com seus próprios interesses e agem como se Deus fosse obrigado a cumprir os desejos e as ânsias da carne. Deus e a carne estão em inimizade eterna - nunca se reconciliarão um com o outro.

  878. Muitos crêem que a fé é um fim e não um meio. Pregam como se a fé em Cristo fosse o fim que devemos atingir. Na verdade, a fé é o meio e não o fim. Pela fé alcançamos as promessas de santidade e pureza.

  879. "O meu Deus os rejeitará, porque não o ouvem; e desocupados andarão entre as nações", Os.9:17. Andar desocupado entre as nações, nos dias de hoje, pode significar andar desempregado querendo fazer algo e não ter o que fazer; ter tempo demais para pensar em problemas e alimentar a ocupação mórbida da mente que não vê solução para a sua situação; significa acreditar em esperanças falsas que depois desapontam; significa não lembrar que as esperanças em que acredita hoje para o futuro eram as mesmas que aquelas em que acreditou no passado quando o dia de hoje ainda era o futuro, não enxergando a repetição das 'esperanças', algo que se tornou um ciclo imperceptível; etc. Se está passando por essas situações, pondere voltar para Deus para confessar seus pecados e se arrepender de todos eles. Não espere recompensas arrependendo-se e espere, apenas, salvar a sua vida de todos os seus pecados.

  880. A maior parte dos ditos dons que abundam nas igrejas de hoje são auto-atribuídos. As pessoas decidem que querem ou que vão profetizar ou curar e acreditam que Deus tem a obrigação de executar conforme ordenarem e decidirem. Mas, ao contrário do que muitos crêem, se for algo auto atribuído deixa de ser dom e passa a ser engano.

  881. "Por causa da abundância da tua iniquidade, também avultará o ódio", Os.9:7. Já vieram pessoas perguntar-me como se podiam livrar do ódio e do rancor. A resposta deveria ser simples, mas, infelizmente não é. É verdade que o ódio acaba por se tornar um hábito, isto é, um dos caminhos do coração. Odeia-se por qualquer razão porque o coração é hediondo. Mas, antes de se tornar um caminho, teve uma origem. Logo, devemos lidar com a origem para podermos lidar, eventualmente, com a mudança de caminhos. O ódio não é o oposto do amor. O oposto do amor é o egoísmo e o ódio é só mais uma forma de egoísmo que procura satisfação seja no que for e em quem for. A iniquidade separa de Deus, que é a única fonte de amor. Estando alguém separado de Deus - e o pecado separa não só de Deus como dos que andam com Ele - o egoísmo não tem limitações nem razões para se limitar ou lesar. Logo, avultará o rancor e o ódio porque o peso na alma de qualquer forma de egoísmo torna-se insuportável.

  882. "...Todos os que dele comessem seriam imundos, porque o seu pão será para o seu apetite", Os.9:4. E se falássemos da casa que desejamos, do casamento, do carro e outras coisas mais que são desejadas e servirão apenas para satisfazer um certo apetite e não para servir Jesus? Sua casa serve ao Senhor? Seu casamento é o exemplo de harmonia celestial, pelo menos de sua parte? Tudo o que apenas serve o apetite da pessoa não serve para entrar no Templo de Deus por se haver tornado imundo. Mas, o que este versículo deixa transparecer é algo diferente também: é que servirá o apetite apenas porque não foi permitido entrar no Templo. Como se tornou imundo e foi excluído de ser usado pela graça, servirá apenas para o apetite. A pessoa fica entregue a ela própria. Isto é, sempre que Deus exclui só servirá para condenar. Deus excluiu e logo servirá apenas o apetite.

  883. Uma pessoa que tem a consciência manchada e é, consequentemente, cega, vê nos outros os seus próprios erros e julga essas pessoas de acordo com os pecados que carrega. Julga porque é culpado naquilo que julga. Mas, não se fica por aí: atribui a si mesma as virtudes dos outros e aquelas coisas boas que vê neles. Isto é, vê em si aquilo que os outros têm de bom e vê nos outros aquilo que ela própria tem de mal. Se um dia quiser saber quais são as suas falhas ou os seus pecados, faça uma lista daquilo que vê nos outros. Você tem esses pecados e será, certamente, julgado por eles.

  884. "Eles fizeram reis, mas, não por Mim; constituíram príncipes, mas, Eu não o soube", Os.8:4. Deus também pode dizer o mesmo doutras circunstâncias: escolheram a esposa ou esposo, mas, não me consultaram; decidiram o negócio e eu não soube; viajaram e não me consultaram; escolheram o pastor e não o conheço; etc.

  885. "Israel rejeitou o bem; o inimigo persegui-lo-á", Os.8:3". Quando se fala em perseguição do inimigo, muitas pessoas assumem que essa perseguição chega através de doenças, pobreza ou outros males que ninguém deseja. No entanto, é preciso saber que a maioria dessas perseguições do inimigo são perseguições interiores, isto é, são as tentações. A pessoa que abandona Deus encontra-se numa situação frágil e torna-se uma presa fácil para qualquer tentação. A pessoa está por conta própria, entregue a si mesma e à mercê das provocações do diabo, o qual incita o pecador a ser cada vez mais carnal. O que acontece na vida material ou no corpo são apenas as consequências do pecado ou da ira de Deus. Arrependa-se e venha a Cristo.

  886. Uma pregação firme, direta, cortante, justa, precisa e verdadeira só obterá resultados plenos se for acompanhada do poder do Espírito Santo. Se não for, antagoniza todos os seus ouvintes. É da responsabilidade de todos os verdadeiros servos de Deus, os quais se revêem em tal forma de pregar e de viver o Evangelho, estarem sempre em plena comunhão com Deus e de se certificarem de que nada em suas vidas fique por resolver entre eles e Deus ou entre eles e pessoas. Por que razão João Batista pregava afirmando que seus ouvintes eram víboras oportunistas e, ainda assim, voltavam uma e outra vez para o ouvirem e confessarem seus pecados na sua frente? Ninguém confessa pecados perante alguém em quem não confia. Mas, caso você, como pregador, esteja antagonizando quem se deveria estar convertendo, não pode cair na tentação de mudar sua forma cortante de pregar: precisa, antes, concentrar-se em ajeitar aquilo que impede Deus de operar plenamente e de acompanhar as suas obras ou palavras.

  887. Deus criou a alegria e disponibilizou-a para quem Lhe pertence para dispor dela em qualquer momento, sob qualquer circunstância, por qualquer razão. Essa alegria não depende da grandeza do motivo, mas, se estamos bem com Jesus, de bem com Ele e de consciência em dia, tranquilizada e limpa. Estando bem com Deus qualquer coisa será motivo de alegria e agradecimento. Esta alegria não se compra - tem-se. Quando a temos, o motivo é o de menos, pois, existe por si só e não é do tipo que o mundo dá, a qual depende das circunstâncias. Contudo, muitos assumem que esta alegria existe por causa de certas coisas quando, mas, na verdade, ela existe por si mesma e manifesta-se por qualquer motivo - ou até mesmo sem razão aparente. Essa alegria é consequência (fruto) duma comunhão real, verdadeira e simples com o Cristo pelo Espírito.

  888. Muitos acreditam que basta saber a diferença entre o bem e o mal. Mas, a Bíblia diz duas coisas: é necessário saber rejeitar o mal e saber escolher o bem. São duas sabedorias distintas que precisam ser dominadas, aplicadas e praticadas individualmente. Ninguém pode fazer isso por ninguém. Uma coisa também não leva necessariamente à outra. É preciso saber como rejeitar o mal e como se sujeitar ao bem de Deus. Também devemos saber que existem males que parecem bem e coisas boas que nos parecem mal. Existem pessoas que chamam o mal de bem e o bem de mal e afirmam que o amargo é doce e que o doce é amargo.

  889. "Esperei com paciência no Senhor", Sal.40:1. É interessante saber que aqui não diz que David esperou com impaciência, mas, com paciência. Muitos esperam em desespero, impacientes e até maldizentes (queixosos). Será que quando se espera com impaciência poderemos afirmar, mais tarde, que "Ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor"? Eu não sei se os que esperam com impaciência obtêm o mesmo prémio. Honestamente, não sei. "Esperei com paciência no Senhor e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor".

  890. Antes de perguntar o que Deus quer da sua vida, saiba que Deus quer a sua vida. A sua vida deve pertencer-lhe por inteiro antes de Ele decidir fazer alguma coisa com ela ou através dela. Não são as coisas que importam - nem poderiam ser - mas, é você quem precisa salvar-se. Sua vida não deve pertencer a si mesmo, mas, a Jesus somente. Esse testemunho precisa tornar-se real em primeiro lugar.

  891. "Não dizem no seu coração que eu me lembro de toda a sua maldade", Os.7:2. Existem muitas maneiras de Deus ser lembrado de nossas iniquidades, até mesmo daquelas que já haviam sido perdoadas. Basta voltarmos a ser capazes de cometer esses pecado. Deus tem de se lembrar desses pecados porque precisa usar o fato de haverem sido perdoados para condenar quem voltou ao mundo do pecado. "Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o que está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados", 2Ped.1:9. Se a conversão faz Deus perdoar quem pecou, voltar a ser mundano fará Deus lembrar tudo aquilo que havia perdoado.

  892. "Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; mas, a ninguém achei", Ez.22:30. Estar na brecha não significa apenas que se ora e se intercede: é preciso ser alguém que seja ouvido por Deus pela causa de Deus. Sem dúvida que havia muita gente orando a favor de Israel no tempo que Deus disse isto através de Ezequiel e até mesmo antes. Mas, Deus não achou alguém que estivesse na brecha. Por isso, orar e jejuar não é suficiente: é preciso sermos alguém a quem Deus ouve. Interceder significa estar perante Deus pelos homens e pela causa de Deus e, também, interceder perante os homens pela causa de Deus.

  893. "...Todos gemendo, cada um por causa da sua maldade", Ex.7:16. Isto não significa que aqueles que gemem saibam que gemem por causa dos pecados cometidos e nunca confessados. Não significa que creiam nisso ou que o assumam. Significa, apenas, que os seus pecados são a verdadeira causa, estando conscientes disso ou não. Caso soubessem não seria necessário enviar profetas para se repetirem vezes sem conta a respeito dos seus pecados. Era preciso crerem naquilo que os profetas diziam porque era algo em que não criam. "O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem conhecem aquilo em que tropeçam", Prov.4:19.

  894. "Queixe-se cada um dos seus pecados", Lam.3:39. É pena que as pessoas não façam aquilo que a Bíblia diz. Queixam-se cada um dos pecados dos outros e nunca dos seus próprios - ainda que os outros também tenham pecados para reconhecer. O mundo seria bem diferente se cada um buscasse apenas os próprios pecados e os admitisse. Deus perdoaria e os homens se entenderiam muito bem. "Esquadrinhemos os nossos caminhos, experimentemo-los e voltemos para o Senhor", Lam.3:40.

  895. Não é possível haver entendimento entre um certo e um errado. Um errado entende-se com outro errado e o certo com o certo. Os que andam em fofocas entendem-se entre eles, mas, quem fofoca não se entende com quem recusa falar da vida dos outros. Uma das razões por que parece que tudo vai bem entre aqueles que erram o caminho é porque são iguais. Ninguém, no mundo, se nega a ele mesmo - a menos que queira vir a Deus de coração inteiro e verdadeiro.

  896. "Os pecados (...) não se acharão, porque perdoarei...", Jer.50:20. Lemos esta afirmação de Deus em vários lugares das Escrituras, isto é, que não mais se achará pecado porque as pessoas em questão foram perdoadas. Ora, para sermos perdoados (conforme as Escrituras) há que confessar e abandonar os pecados; para se abandonar os pecados, precisamos achar o poder da graça para nos libertar deles para sempre, pois, uma libertação temporária não resolve esta questão do perdão; logo, há que haver conversão para haver perdão. Ora, se os pecados não são mais achados por haverem sido perdoados, isto significa que ninguém acha a vida que se segue sem antes haver passado pelo perdão. Havendo colocado cada pecado na luz, temos acesso à vida que anula toda a hipótese de pecar. Logo, somente passando pelo perdão obtemos acesso ao poder real da graça de Deus. Não existe outra maneira de termos acesso a tal vida. Por isso, não vale a pena saltar o muro para entrar no aprisco das ovelhas. Ninguém vem ao Pai senão por Jesus.

  897. Não sei por que razão isto acontece, mas, a maioria das pessoas carregadas de culpas sentem medo das consequências dos pecados dos outros. Temem sempre que lhes aconteça algo pelo fato dos demais haverem pecado. Creio que isso acontece porque as suas próprias consciências não lhes dão paz e não conseguem crer na verdade e nos fatos. Não são capazes de crer ou de confiar na sua inocência por não serem inocentes noutros aspectos. Sentem a ameaça da culpa sobre as suas cabeças, mas, só enxergam os pecados dos outros e não conseguem enxergar os seus. Quando ouvem um sermão que entendem e lhes toca, dizem: "Assim e assim deveria ouvir isto!" Que condição mais triste pode existir que aquela onde alguém não reconhece os próprios pecados?

  898. É possível uma pessoa manifestar impaciência ou outro pecado que o tenta para fazê-lo tropeçar tendo um coração sincero e transformado, tal como é possível alguém manifestar exteriormente 'paciência' e calma sem ser havido transformado. Não podemos ser mudados apenas na aparência.

  899. Aquele que fala doutro, fala contra ele próprio, pois, será condenado pelas suas próprias palavras. Não são os outros que serão condenados pelas suas palavras, como pretende.

  900. "Vi também que a terra fértil era um deserto", Jer.4:26. Por vezes, culpamos Deus pelos fracassos da obra d'Ele na terra. Contudo, vemos que o deserto que existe é ou era uma terra fértil ou, então, era suposto ser uma terra fértil. Essa terra tem tudo para dar certo, pois, precisa ser lavrada e cuidada para que Deus possa enviar as chuvas que necessita, independentemente da altura em que as envia. "Lavrai para vós o campo de lavoura e não semeeis entre espinhos", Jer.4:3. "Observei a terra e eis que estava assolada e vazia; e os céus, e não tinham a sua luz", Jer.4:23. É com dor que se pode notar que Deus, olhando para a terra agora, usa a mesma expressão que é usada antes da terra ser criada. "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo", Gen.1:2. O estado da terra atual é igual ou parecido com aquele que existia antes da criação, pelo menos aos olhos de Deus. "Ainda que te vistas de carmesim, ainda que te adornes com enfeites de ouro, ainda que te pintes em volta dos teus olhos com o antimónio, debalde te farias bela", Jer.4:30. Existem muitos que tentam encobrir, disfarçar ou até mesmo atenuar o mal que praticam ou são capazes de praticar embelezando o seu comportamento ou sua maneira de falar. Mas, enquanto não se resolverem os problemas de fundo em seus corações e lavrar profundamente suas almas, não devem semear essas sementes, pois, serão como cisternas rotas que não retêm as águas. Os seus corações não têm bases para assegurar aquilo que pretendem ser exteriormente.

  901. A raiva contra pessoas é um pecado que nunca anda sozinho. A raiva mente e imagina coisas a respeito dos demais - nunca é objectiva; ela já tem respostas antes de ouvir as perguntas; tem imaginações injustas e vãs com o intuito de se justificar; está sempre na defensiva, mesmo quando não é provocada e Jesus disse para nunca nos defendermos nem mesmo quando os ataques são reais e verdadeiros. Poderia mencionar muitos mais pecados resultantes da raiva ou da intolerância, mas, deixarei isso a cargo da sua consciência e da sua capacidade de investigar todas as coisas e reter o bem. A raiva é raiz para muitos outros pecados.

  902. Existe uma lei na natureza que ninguém pode ignorar: enquanto eu for capaz de ser desagradável, ainda sou capaz de agradar pessoas e enquanto eu agradar pessoas serei capaz de tornar-me desagradável.

  903. Não se pode confiar em quem fala dos outros e nunca se pode acreditar no que dizem por muitas razões. Em primeiro lugar, quem fala dos outros busca algo para si mesmo, ainda que seja somente consideração ou atenção indevida. Acusa para se beneficiar ou para se justificar. Há quem acuse alguém perante quem nutre os mesmos sentimentos. Existe sempre cumplicidade em qualquer tipo de fofoca. A pessoa que fala dos demais é desonesta até com ela própria porque não reconhece aquilo que busca e muito menos aquilo que é.

  904. Sabemos que colheremos aquilo que semeamos, seja bom ou mau. Contudo, muitos pensam que o que se semeia não são pequenas sementes que se tornam grandes acontecimentos. Tudo começa pequeno e minúsculo. Não colheremos as coisas do tamanho que semeamos. As sementes são pequeninas e a colheita será enorme. "E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas, o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente", 1Cor.15:37.

  905. Se é verdade que "a mulher é a glória do varão (do homem)" (1Cor.11:7), então, também é verdade que ela é a desonra do seu marido quando se porta indecentemente ou não cumprindo qualquer parte da lei de Deus. "A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos", Prov.12:4. O marido perde honra através dos pecados de sua própria esposa e ganha honra através da simplicidade dela em Cristo. Tudo aquilo que é honroso e feito por Deus em Sua vontade pode tornar-se a maior desonra quando nos afastamos d'Ele. As coisas de Deus só funcionam perto de Deus, sendo efetuadas por Ele e através d'Ele. Permaneçamos n'Ele e Ele em nós.

  906. Qualquer forma de idolatria está intimamente ligada ou relacionada com o desejo de praticar coisas más com aprovação. O ídolo nunca persegue um infractor. Os que praticam o mal escolhem sempre um deus incapaz de os condenar de forma prática. "(...) Não cobiceis as coisas más (...) não vos façais, pois, idólatras (...) conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar", 1Cor.10:6,7. Sempre existiu uma enorme associação entre a idolatria e as coisas más que se cobiçam. A religião consola o pecador contra as agressões da consciência e contra a espada da Lei de Deus. O homem sempre procurou um deus que aprove o seu estilo de vida, os seus anseios e pecados mais proeminentes. A religião sempre criará terroristas.

  907. Qualquer pessoa propensa a entrar, aceitar ou acreditar em erro doutrinário tem um coração errado. Logo, o problema dessa pessoa não é o erro doutrinário e não se resolve o problema dela levando-a a aceitar a doutrina certa renunciando à errada. O problema de fundo reside num coração desordenado e condenado pela consciência. Acima de tentar resolver problemas doutrinários ou crenças, sejam estes de conveniência ou não, devemos saber levar a pessoa a ajeitar sua vida total com Deus. A doutrina errada é como uma parede à volta duma cidade. Ela protege o coração e empurra a guerra para o lado de fora, desviando a atenção da verdadeira questão. Se resolvermos o problema do coração do homem, a doutrina errada perece por si mesma porque o coração deixa de precisar dela.

  908. Paulo (e a sabedoria) diz que não nos devemos sentar à mesa onde servem a carne sacrificada aos ídolos caso isso faça tropeçar os irmãos fracos de consciência. Eles podem achar isso um escândalo. É uma situação diferente daquela onde Jesus entra na casa dum Fariseu como convidado onde se deixa tocar por uma (ex)prostituta. Os Fariseus escandalizaram-se. Era um tropeço para eles, um escândalo. Mas, eles eram opositores da fé e não irmãos fracos.

  909. Quem não ama os que são maus e indecentes, não é capaz de amar os que são bons pelos motivos certos. Amará os bons porque lhe são amáveis e isso só prova o quanto a pessoa se ama a ela mesma acima aos demais.

  910. Não se descansa de Deus, mas, em Deus.

  911. Separação não significa santidade. A separação pode e deve levar à santidade caso mantenhamos a nossa comunhão com Cristo nela. A separação é necessária, mas, não é santidade. O coração precisa ser transformado e a separação apenas evita que alguém seja (mais) contaminado. Estar separado sem manter uma comunhão saudável com Deus não leva à santidade, mas, apenas cria uma outra forma de egoísmo.

  912. Existem os que não sabem o que fazem, conforme Jesus afirmou. Mas, também existem os que não sabem o que dizem e os que não sabem o que ouvem ou vêem.

  913. Uma pergunta para os pregadores de hoje, muitos dos quais fecham os púlpitos para quem anda com Deus: desejam que a verdade prevaleça ou desejam ser os pregadores?

  914. Admira-me muito como é frágil ou inexistente a fé de muitas pessoas, as quais se ressentem ou duvidam com a mínima acusação ou perseguição. A coisa mais insignificante serve para duvidarem e pensar alterar seus caminhos. Vê-se que não existem bases reais que os possam manter em alegria sob perseguição pelo fato de serem perseguidos. Ser perseguido pode significar que estamos no caminho certo ou contrário ao mundo e nós não somos os perseguidores. "Em nada vos espanteis dos que resistem, o que (...) é indício (...) para vós, de salvação, e isto de Deus", Fil.1:28.

  915. "Não perecerá um único cabelo da vossa cabeça", Luc.21:18. Parece estranho que a alguém que será morto pela palavra (segundo estas palavras de Jesus) lhe seja dito que nem um cabelo da sua cabeça perecerá. Mas, é verdade.

  916. "Proponde, pois, em vosso coração não premeditar como haveis de responder", Luc.21:14. Existem duas coisas que devemos entender neste versículo: o egoísmo e a vontade de salvar a própria vida (como se Deus não estivesse ao corrente de tudo); e a falta de confiança em Deus que guia. Quando alguém tenta salvar-se pelas próprias mãos, deve pensar no mal que está fazendo. "E bendito o teu conselho e bendita tu que hoje me estorvaste (...) de que a minha mão me salvasse", 1Sam.25:33.

  917. Todos quantos querem salvar-se a si próprios estão tentando fazer uma coisa que nunca conseguirão fazer.

  918. Quando Jesus afirma que os cuidados deste mundo sufocam a Palavra de Deus, isso não significa que sufoca o entendimento dela ou que atrapalhe o lembrar da Palavra, embora isso possa ocorrer. Na verdade, isso significa que atrapalha a vida prática de quem tem a Palavra viva dentro dele. Não se pode servir dois mestres de forma prática, mas, não é difícil falar dum e servir outro. É difícil alguém estar disponível para uma vida em Cristo, a qual se cinge pela Palavra, andando ansioso e (pré)ocupado com as coisas deste mundo.

  919. O que diria de alguém que lança sementes de qualquer tipo (ou coisas parecidas com sementes) para colher algo específico que pretende ou necessita? Por exemplo, lançando sementes de abrollhos querendo que, no final, possa colher trigo bom? Que diria de alguém que começa uma conta pelo resultado, isto é, já tem um resultado em mente e lança números e algarismos à toa crendo que irá dar no resultado que pretende? Esse é o tipo de pessoa que vende mentira e que se engana a ela mesma, pois, não entende que só pode colher aquilo que semeia. Não se podem semear espinhos a vida toda esperando que Deus, pela Sua misericórdia, nos dê uma colheita de bom trigo.

  920. O que determina se existe avivamento ou não não é a quantidade de orações e antes a quantidade de orações que são ouvidas.

  921. Cristo nunca disse que ganhou o mundo e antes que venceu o mundo. Ele é inimigo do mundo e não amigo. Muitos querem ganhar o mundo e não vencê-lo. Imaginemos o que acontecerá com uma equipe em campo que, ao invés de jogar, passa o tempo a convencer a outra para lhe passar a bola e para se tornarem aliadas e não adversárias. Perderá o jogo, seguramente, pois, nenhuma equipa adversária joga para perder. Temos de entrar na arena para vencer. Tornar-se aliado do inimigo é a pior opção, a pior forma de rendição e de traição.

  922. Aquilo que Deus mais quer é que existam muitas pessoas (ou alguém) a quem Ele nunca possa negar.

  923. A pessoa que não se ensina a ela própria, não conseguirá ensinar aos outros. Ensinar aos outros é mais difícil e requer mais perícia que ensinar a nós mesmos porque, para ensinar alguém eficazmente, precisamos já conseguir viver de forma natural tudo que ensinamos. O auge da hipocrisia é tentar ensinar aos outros aquilo que não funciona em nossas vidas ou ensinar aquilo que não praticamos.

  924. Não vemos Jesus repetir o sermão da montanha. Contudo, os seus apóstolos relataram as Suas palavras fielmente muitos anos depois. O que é que Jesus tinha que não precisava repetir-se acerca dos assuntos mais importantes desta vida? "Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito", João 18:21.

  925. Muitas pessoas têm medo da realidade. Isso acontece porque viveram sendo negados e excluídos por Deus. Mas, aceitam a fantasia e reconhecem o mundo das fábulas como o seu mundo. Os incrédulos conseguem acreditar no irreal e na fantasia. Buscar a realidade é, para eles, buscar decepções e desapontamento. A incredulidade rejeita a realidade e busca um caminho fácil cujo fim é a morte. Isto é, se alguém rejeita a realidade, é incrédulo e provoca a ira dos céus.

  926. "Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria se cumpra", João 16:24. Esta palavra de Jesus é estranha. Quantas coisas os discípulos haviam pedido até então, inclusive para se sentarem à sua direita e esquerda no Reino? Mas, não haviam pedido nada em nome de Cristo, isto é, as coisas que Ele pediria por causa do Reino de Deus.

  927. É de esperar que as coisas não corram conforme esperado sempre que prestamos atenção às coisas certas sem um coração capaz de ouvir Deus. O conhecimento pode não ser fruto dum verdadeiro relacionamento real e prático com a Vida de Cristo.

  928. É possível estar em Cristo e não dar fruto. Precisamos ter cuidado, pois, podemos ser crentes ou mesmo líderes e nosso fruto - se o tivermos - ser rejeitado pelos Céus. Se isso não fosse possível, Jesus não diria: "Toda a árvore em Mim que não der fruto o Pai a tira e lança fora", João 15.

  929. "...Para que a vossa alegria seja completa", João 15:11. A alegria nunca será completa a não ser quando temos uma alegria verdadeira, genuína e substanciada em Cristo quando não temos mais nada em que nos "alegrar". Se não temos nada e permanecemos alegres, a nossa alegria é e será verdadeira porque Cristo a mantem.

  930. Sempre que é revelado o pecado de alguém, espera-se que se arrependa e se converta. Mas, nem sempre isso acontece. Muitas vezes acontece o inverso. Quando Jesus mostrou o pecado de Judas, Satanás entrou nele; quando Estêvão mostrou o pecado dos fariseus e eles foram convictos a ponto de serem "cortados no coração", eles mesmo o apedrejaram.

  931. Por vezes, Jesus parece chegar tarde aos acontecimentos, como no caso de Lázaro onde chegou quatro dias depois de ele haver morrido. Mas, nunca é tardia a Sua chegada. Ainda que tarde, não tarda. "Se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará", Hab.2:3. Esperar se tardar é um mandamento. Não pode existir forma de desistência ou para desespero e nem razão para isso. Devemos manter a expectativa para esperar de forma que agrade a Deus.

  932. Quem não confia, desconfia. Mas, a desconfiança fundamentada é chão sólido para pisar e ficar firme. "Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos", João 10:5. Uma coisa é confiar em Jesus e outra é desconfiar d'Ele; ainda outra é não confiar no diabo. Quem não crê em Deus, consegue confiar no diabo (ainda que ele esteja disfarçado) ou, no mínimo, não desconfiar dele; quem crê em Deus, não consegue ter confiança nas coisas do diabo e do mundo. Duvidar do erro é fé.

  933. É comum as pessoas não quererem ouvir as palavras de quem fala por Deus, atribuindo tais palavras e tudo menos a Deus. Mas, sempre que algo falha por não haverem crido, culpam essa pessoa que falou como se a culpa fosse dela e como se ela fosse Deus. O rei Acab culpou Elias pela falta de chuva e pela miséria de Israel. "...Manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas", 1Reis 18:36.

  934. A fé é confiar em quem não se acredita para alcançar aquele poder ativo da graça para abandonarmos definitivamente aquilo que não se deseja deixar.

  935. A incredulidade pode pensar que receberá. Se tal não fosse possível, Tiago não dizia: "Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa", Tgo.1:7. É provável que pense que irá receber.

  936. Se é verdade que "perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade", por que razão existe tanta gente invocando Deus e nada acontece?

  937. A disciplina é coisa muito boa para quem a tem. Quem não a tem, sente muita dificuldade debaixo dela e muitas provações sem ela. Mas, até mesmo os disciplinados precisam ter o coração naquilo que se disciplinaram para fazer. A disciplina deve ser uma ajuda para o coração, isto é, disciplina sem o coração estar presente não serve para nada ou quase nada. A disciplina sem coração é como a vara sem amor.

  938. Esperar no Senhor é vital para muitas coisas. Esperar n'Ele ou d'Ele, significa abdicar doutros meios (o que significa negar a vida própria e seus meios); significa uma inteira confiança no Senhor (e essa fé salva); significa o descanso dos meios próprios, a ausência de amor pela carne ou pelos seus meios (deixando de confiar na carne); na verdade, a esperança (esperar de expectativa) é tudo em um. Mas, tenhamos cuidado, pois, nem sempre o desistir do amor próprio significa estarmos esperando de/em Deus. Existem pessoas que desistem de tudo quando não conseguem fazer as coisas pelos próprios meios e isso é uma forma de chantagem contra Deus.

  939. Muitas vezes nos perguntamos qual a razão de muita gente se desviar do que aprenderam de certo. Existem pessoas que aprendem as doutrinas erradas e suas bases nunca as sustentam porque não as podem sustentar. Contudo, continuam nelas e não abdicam do engano. Mas, existe um fenómeno inexplicável: os que aprendem as coisas certas são os que abdicam e se desviam delas. Estou plenamente convencido que tudo tem a ver com a fonte de quem aprendemos. Se aprendermos as coisas certas da boca do homem, certamente que serão conhecimento, mas, nunca se tornarão vida. Se as aprendermos diretamente de Deus, permanecerão conosco e nós permaneceremos com elas e com Deus. "Não me apartei dos Teus juízos porque Tu me ensinaste", Sal.119:102.

  940. "... aqueles que se lembram de Ti nos Teus caminhos...", Is.64:5. Importante não são os caminhos, mas, o lembrar de Deus neles. São os caminhos que nos ensinam a conhecer Deus até mesmo quando Deus nos ensina os caminhos. Deus lembra-se dos nossos caminhos e nós d'Ele, pois, Ele é um Deus "que trabalha para aqueles que n'Ele esperam", Is.64:4. Não podemos assumir que Deus trabalhe para quem não tem a capacidade de esperar n'Ele, por Ele ou para Ele.

  941. "A luz semeia-se para o justo e a alegria para os retos de coração", Sal.97:11. É interessante tomar nota que muitos querem luz sem se tornarem justos e desejam alegrias sem se tornarem retos de coração. Por essa razão o mundo se queixa tanto contra Deus.

  942. Da mesma maneira que espero qualquer coisa do mundo onde o mal não impõe limites à consciência, também espero qualquer coisa de Deus onde Sua bondade e Seu poder não têm limites.

  943. Existem momentos em que o poder do silêncio supera o poder das palavras e outros onde as palavras minam o poder do silêncio expressivo e falador. A nossa vida deve ser uma combinação sincronizada entre silêncios e palavras, onde os objectivos e motivos de ambos não entram em conflito e antes se complementam. Sempre que tentamos alcançar o que é de Deus agindo, falando, ou agindo em silêncio temos o mesmo propósito em mente contando com a intervenção do próprio Deus naquilo que fazemos. Mas, existem os que se silenciam com medo (ou por outros motivos próprios) e falam para, supostamente, alcançar almas; e existem os que se dizem ser sábios do silêncio para, supostamente, alcançar almas, quando falam pelos cotovelos a respeito de outras coisas. A nossa vida deve ter um único objectivo: a glória de Deus. Toda a nossa vida deve estar sincronizada para alcançar esse fim.

  944. Existem queixas de corações que ouvem mal ou que, quando ouvem, as coisas não se cumprem da forma que ouviram. Mas, a experiência afirma que sempre que estou fazendo a vontade de Deus para Deus e através dos Seus meios, sou guiado de forma segura e clara. Busque e ache a vontade de Deus, faça-a cumprindo as condições de poder executá-la através do Seu fogo (sem lançar mão de fogo falso esperando em/de Deus) acima de buscar distinguir vozes que não distingue. A ovelha ouve, os demais não ouvem ainda que Deus fale. Torne-se ovelha ao invés de tentar distinguir vozes. Ovelha ouve e distingue naturalmente.

  945. Quem não sabe aprender, não sabe ensinar; quem não sabe ouvir, não sabe falar; quem não sabe entender, não sabe transmitir; quem não escolhe o que ouvir através dum paladar celestial, não sabe expressar aquilo que deve; quem não sabe quando ouvir, não saberá quando falar; quem não chega às portas da morte com um sorriso, nunca conheceu Deus e não soube viver e nem o que é a vida ou, talvez, o tenha simplesmente negado.

  946. Deus pode ser ofendido em muitas circunstâncias e por variadíssimas razões. Muitas dessas razões parecem ser boas e decentes. A pessoa com fome pode ofender Deus se a fome é provação; a pessoa solteira pode exigir de Deus a pessoa com quem deseja casar em vez de pedir; a pessoa naquela solidão que prova os corações pode-se submeter a queixumes e disenteria espiritual. "E ainda prosseguiram em pecar contra ele, provocando ao Altíssimo na solidão (...) Quantas vezes o provocaram e o ofenderam na solidão!", Sal.78:17,40. É preciso saber esperar em Deus e, também, esperar de Deus para não fazer a nossa própria coisa quando algo demora para acontecer no tempo de Deus, ou, tentar fazer a coisa certa por meios próprios e por via dum fogo falso. Os desejos podem levar à dúvida, à ofensa e até mesmo à blasfémia. Porque Deus é extremamente misericordioso, muitos podem ser levados a pensar que Ele é ou pode ser um suprimento para o egoísmo. E não é. Ele é o exterminador do egoísmo. Ele usa as coisas onde somos egoístas para as fazermos sem egoísmo. Seria como levar um alcoólico ao bar para pregar o Evangelho verdadeiro e não para beber.

  947. Deus é bom a toda a hora. Até quando nos rejeita está sendo bom.

  948. É importante notar que se nos ocuparmos com a Palavra e faltar tempo para outras coisas, Deus abençoará as outras coisas e Ele mesmo sairá na nossa frente, "trabalhando para aqueles que n'Ele esperam". Mas, o inverso já não funciona dessa maneira, isto é, se estivermos ocupados com outras coisas e 'faltar' tempo para estarmos ao redor do altar de Deus, a Palavra não será compensada, recompensada ou abençoada e, provavelmente, nem aquilo que nos manteve ocupados será abençoado.

  949. "Dai a Deus fortaleza...", Sal.68:34. Como se dá fortaleza a um forte? Neste caso, decididamente que não é Deus quem precisa de fortaleza. Somos nós. Mas, como somos uma fortaleza que se defende de tudo, precisamos dá-la - rendê-la -  a Deus.

  950. A fé vem pelo ouvir, sem dúvida. Todos quantos têm fé verdadeira podem experimentar e atestar esta verdade. Mas, isso não significa que a fé seja estabelecida ouvindo algo relacionado com o objecto sobre o qual a fé incide. Na verdade, a pessoa pode crer apenas quando ouviu Deus expressando e ensinando a Sua Palavra no geral e, principalmente, no tocante a coisas pessoais. Ninguém consegue crer a ponto de executar certa obra em Deus se a obra principal dentro do coração não for executada. Isto é, se não ouviu Deus sobre a vida interior no geral, não crerá a respeito dos detalhes que importa mestrar.

  951. "Bendizei ao nosso Deus que sustenta com vida a nossa alma e não consente que resvalem os nossos pés", Sal.66:8,9. Quando as Escrituras dizem que Deus não consente que nossos pés resvalem, tem dois sentidos. Por um lado, significa que não permite porque segura e assegura os fiéis - e somente esses - porque Ele é "poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis", Judas 1:24. Por outro lado, significa, também, que aqueles que são fiéis não podem buscar ocasião ou razão para tropeçarem já que Deus não consente que isso aconteça. Além de retirar a capacidade ao inimigo de vencer-nos numa batalha feroz, não nos dá permissão para pecarmos negligenciando o poder da graça unindo-nos ao inimigo.

  952. "O justo se alegrará no Senhor e confiará nele", Sal.64:10. Isto significa que antes de alguém conseguir confiar, precisa tornar-se justo, isto é, herdar a justiça de Deus em seu coração. Nem todos conseguem crer. Os injustos nunca conseguirão confiar num Deus justo. Só andam juntos aqueles que são iguais. "Se tu podes crer..." Mar.9:23. Há uns que não podem, não conseguem porque nunca limparam suas vidas no sangue de Jesus, confessando pecado por pecado a quem de direito. Não foram justificados, isto é, não e tornaram verdadeiramente justos.

  953. As pessoas, quando pecam, reagem cada uma à sua maneira. Uns reagem com arrependimento; outros com agressividade e impaciência por não suportarem a acusação; outros reagem com vergonha e escondem-se; muitos outros de outras maneiras. Não sei de que maneira você reage usualmente. Mas, há algo que devemos saber: existe diferença entre ser tentado e pecar. Também existe diferença entre uma tentação acelerada ou inflamada pelo diabo de forma sorrateira e camuflada e uma tentação onde o próprio se coloca nas portas do pecado, seja por que motivo for, isto é, se busca pessoalmente as circunstâncias e se se coloca no meio da tentação inadvertidamente. No meio disto tudo, existe um problema sério quando confundimos tentação com pecado. Se isso acontecer, a pessoa reage sob tentação da maneira que reagiria caso houvesse pecado e vice-versa. Reage à sua maneira. E não é bom reagir diante da tentação da forma que reagiríamos havendo pecado porque é suposto usarmos armas diferentes de forma distinta sob cada situação. Não podemos vencer a tentação da mesma forma que anulamos a culpa, mesmo quando existem ligações fortes entre uma coisa e outra. E o pior de tudo é que quem confunde a tentação com pecado, certamente que também será levado a crer que apenas foi tentada quando pecou. Terá tudo trocado e coloca-se numa situação muito difícil. Quando pecamos, devemos baixar as nossas armas, expor o nosso coração e confessar abertamente todo o nosso pecado seja a quem for e diante de quem for. Mas, quando somos tentados, devemos erguer as armas da luz e resistir através de Deus. Isso requer aprendizagem e experiência. Ora, se a pessoa confunde tudo, nunca obterá a experiência correta a respeito do que deve fazer. Logo, andará sempre aos tropeços, pois, não podemos apagar uma vela com um fósforo e não podemos acender o fogo de Deus com um extintor. Reagindo ou agindo da maneira errada, você nunca entenderá a maneira como deve reagir mediante situações distintas, as quais lutam contra a nossa vida. Logo, não saberemos lidar com pecado, com tentação ou com pecados ocultos da maneira que devemos. Embora haja fatores comuns em qualquer uma dessas situações que é aproximarmo-nos de Deus, não nos podemos aproximar d'Ele já com ideias fixas de como iremos lidar com um problema ou situação ou de como Deus deve lidar com a nossa situação. Os resultados serão catastróficos para a alma caso erremos no medicamento e no diagnóstico da situação, mais ainda se fazemos as coisas autonomamente sem nos rendermos a Deus. Dentro dessa situação catastrófica, a pessoa irá arranjar uma "fé" de conveniência, a qual não passará duma fé naufragada (1Tim.1:19) porque a desonestidade espiritual tomará conta dela. Como não deixa de crer na existência de Deus, a fatalidade da sua vida prática levá-la-á a buscar uma explicação para a sua situação, a qual não explicará nada e, consequentemente, adotará uma vida alternativa onde persiste em ler a Bíblia, cantar, ir aos cultos e falar em Deus dando um testemunho mau e contradizente através da vida prática. A maior parte das doutrinas de hoje são concebidas para serem nutridas, desejadas e aceites por desonestos espirituais.

  954. "Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos", Sal.19:12. Os pecados ou são ocultos ou estão na luz mediante a autenticidade ou a qualidade da nossa comunhão com Cristo. Quanto menos sincera e menos exclusiva for essa comunhão, mais os pecados estarão ocultos. Sem luz, ninguém enxerga. Os pecados estão ocultos ou revelados na proporção do tipo e da autenticidade da comunhão continuada que mantemos com Cristo. E se juntarmos a isso a teimosia e a rebeldia - as quais são a força de qualquer pecado - estamos sendo dominados por uma força irresistível. Logo, a falta de rendição total (a qual, no fundo, é uma falsa rendição) leva a que muitos pecados permaneçam ocultos. Onde há luz verdadeira, nada se esconde e nada consegue ficar oculto.

  955. Existe um problema sério nas pessoas, do qual nunca se dão conta: existe um caminho que parece direito aos olhos do homem, o qual é torto e termina muito mal. Isso acontece sempre com todos aqueles que não andam bem com Deus. É muito raro um pecador conseguir reconhecer que o mal que pratica é mau. Os seus caminhos, formas de pensar e acreditar parecer-lhe-ão sempre certos e correctos. Há que desconfiar da aparência dos nossos caminhos quando verificamos que nossa conduta não é exclusivamente bíblica. Devemos ter uma capacidade inerente de não confiar em nenhum de nossos próprios caminhos.

  956. "Como O ouvimos, assim O vimos", Sal.48:8. Não sei o quanto esta palavra pode servir para desmascarar os hipócritas do louvor. Existem pessoas que 'louvam' Deus cantando e, contudo, nunca viram e nunca provaram a bondade de Deus e a Sua grandeza. Imaginam Deus em suas vidas próprias e acreditam que isso é Deus. Tanto o louvor como a fé podem ser falsas ou falsificadas. Deus nunca aceitou palavras falsas e não será agora que irá aceitar. Se fossem sinceros de coração, muitos acabariam reconhecendo o quanto Deus os tem negado ao invés de tentar 'suborná-lo' com palavras e cânticos.

  957. Se colocar Deus em dúvida é pecado ainda quando não se ouviu nada d'Ele, imagine o tamanho do pecado quando alguém duvida havendo recebido uma palavra verdadeira da parte d'Ele, isto é, "havendo recebido as promessas"! "E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade", Rom.4:20. É lícito duvidar (mas, não de Deus) por motivos dúbios e enganadores. Desde que não seja "por incredulidade", podemos e devemos duvidar ou colocar em dúvida certas coisas ou situações. Não podemos crer na mentira, mas, somente no que é verdade; não podemos determinar o tempo de Deus e antes esperar pelo tempo d'Ele; não podemos aumentar ou diminuir no que Deus disse instigados pelo que desejamos que aconteça; todas essas coisas trazem dúvidas, mas, ai dos que duvidam de Deus por causa dessas coisas, pois, além de crerem nas coisas erradas pelo pecado (pela incredulidade), anulam a vontade de Deus colocando-O em dúvida. Se é possível duvidar de Deus "pela incredulidade", também é possível crer nas coisas erradas pela incredulidade.

  958. Todos os inseguros crónicos temem a segurança e procuram refúgio na insegurança. Como tal, abominam qualquer sentimento de segurança, evitam a certeza (a menos que seja falsa) e serão sempre opositores assíduos da verdadeira fé (porque é segura). Vou explicar. As pessoas confiam nelas mesmas. Logo, conhecem, apreciam e seguram aquilo que são ou aprenderam a ser. Fora desse ambiente que lhes é conhecido sentem-se como peixe fora de água. A insegurança é o habitual da pessoa que não tem seu coração próprio extinto e, consequentemente, não consegue assegurar-se em Jesus de forma real. Sua pessoa velha, junto com o conhecimento da insegurança e o amor por ela, devem estar literalmente mortos – tão mortos quanto um cadáver está para este mundo. Caso isso não seja um fato concreto e irrefutável, isto é, caso não seja uma realidade e seja apenas crença que assim é, aquilo que a pessoa conhece é a insegurança e é para lá que converge, isto é, é isso que a atrai e será lá onde se sente bem. A pessoa busca bem-estar em terrenos que conhece e não realidade. Sente-se bem confiando somente nela mesma e naquilo que conhece e assimilou sendo e existindo. Logo, a insegurança torna-se um refúgio sentimental, pois, a pessoa insegura sente-se bem em seu ambiente como uma criança se sentiria bem perto da mãe, ainda que essa mãe fosse ruim.

  959. A maioria dos crentes de hoje falam de Deus como alguém falaria duma mulher ou dum marido de sonho que nunca tiveram, mas, que afirmam estar presente. Quando Davi dizia que nada temia "porque Tu estás comigo", ele afirmava um facto impossível de desmentir. Deus era tão real que até refrigerava a sua alma e o seu cálice transbordava visivelmente. Que pensaria dum homem que afirmasse que sua bonita esposa estava sempre com ele e, sempre que era visto, andava sozinho? Já entrei em muitos cultos onde se afirmava que Deus estava por lá e eu via-o ausente e distante daqueles lugares. Nos cultos e em muitos lugares as pessoas cantam e consolam-se afirmando que Deus está ali. Até têm hinos que dizem isso e que, quando cantam, é apenas musica que gostam de cantar e nunca pela realidade ou irrealidade da questão. Cantam o que gostam de cantar ou gostariam que fosse verdade e nem sempre é a tradução duma realidade que se possa constatar. Quando Deus está mesmo presente de forma real, Ananias e Safira não sobrevivem. Hoje, temos muitos Ananias e Safiras cantando nos cultos afirmando que Deus está ali presente. Contudo, as Escrituras dizem que "os ímpios e os pecadores não subsistirão na congregação dos justos", Sal.1:5. Nas congregações de hoje não apenas subsistem como ainda geram e dominam. E ninguém enxerga isso. Hoje, são os justos que não sobrevivem nas congregações dos injustos.

  960. O louvor não compra Deus, não serve de suborno. Ninguém pode passar essa ideia sem ser condenado por ofensa grave, pois, ninguém tem como subornar Deus. O verdadeiro louvor tem de vir da sinceridade, quando o coração realmente se depara com a grandeza e bondade de Jesus. O louvor não traz bênção, mas, sendo verdadeiro, manifesta um tipo de coração coerente com a verdade, do qual Deus se aproxima. Além do mais, o verdadeiro louvor, quando sai dum coração sincero é o lado oposto da soberba. Não existe verdadeiro louvor fora duma humildade chocante. "O meu louvor virá de ti", Sal.22:25.

  961. A soberba é o oposto da sinceridade. Quando as pessoas não são sinceras, não são humildes e são soberbas. A humildade é sermos aquilo que somos, revelando o que Deus vê em nós. Tudo que for esconder, manipular, diminuir ou aumentar à aparência do coração é soberba.

  962. "A Lei do Senhor refrigera a alma...", Sal.19:7. É bom saber que isso é verdade. Por essa razão é que vemos muitas pessoas amarguradas e instáveis, acreditando que seu caminho parece direito sendo torto. Afastam-se da leitura, consulta ou estudo da Palavra e passam mal. Ainda que o refrigério não seja tudo, pois, há que cumprir ainda pela graça (e nunca doutra forma), devemos saber que a lei de Deus realmente refrigera a alma.

  963. Precisamos saber distinguir entre os invernos e os verões da nossa vida. Eles existem. Quanto a isso, nunca tenhamos dúvidas. É um dever saber distingui-los das coisas que nos acontecem quando nos encontramos separados de Deus. Existe o mal e o 'bem' que nos ilude sempre que nos possamos encontrar afastados de Deus. Nem a prosperidade e nem a falta dela devem servir de prova do estado do nosso coração - apenas a nossa consciência e o testemunho de Jesus em nós. Não nos podemos fiar no nosso testemunho e antes naquilo sobre o que Jesus dá testemunho pessoal. Se não testifica, somos como Saul, o qual dizia que Deus não lhe respondia por razões óbvias.

  964. "O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; tu sustentas a minha sorte", Sal.16:5. Tenho visto muitas pessoas tentando viver para Deus e Sua vontade, os quais nunca conseguem alcançar o que Deus tem para eles. Isso intrigava-me bastante. Não conseguem dizer: "Tu sustentas a minha sorte". Mas, reparemos que pessoas Deus sustenta dessa forma. São pessoas que conseguem afirmar algo que é verdade neles: "O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; não tenho outro bem além de Ti". E essas linhas - esses limites - são preciosas a tal pessoa. A sorte dos tais será sustentada por Deus, seguramente. Os demais continuarão a ser confundidos.

  965. "Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que (...) fala a verdade no seu coração...", Sal.15:1,2. Normalmente, ouvimos falar dos que falam a verdade com seu próximo. Mas, aqui lemos sobre os que falam a verdade no seu coração, isto é, aqueles que não mentem para eles mesmos, nunca se iludem e não se enganam a eles mesmos a respeito de nada.

  966. "Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem", Sal.14:1. Não vejo qualquer diferença entre quem diz que Deus não existe e aquele que acredita em Deus e peca pensando que nunca será condenado. Ambos vivem da mesma forma, isto é, como se Deus não existisse.

  967. "Os ímpios andam por toda parte quando os mais vis dos filhos dos homens são exaltados", Sal.12:8. O que é que vemos no mundo hoje? Os cantores profanos são exaltados, os corruptos são os que se candidatam a eleições e ganham, os atores obscenos e que encenam a maldade e a perversidade são os mais queridos, os homossexuais ganham terreno nos media, etc. Quando isso acontece, a impiedade multiplica-se, a maldade anda desenfreada e faltará gente boa. "Salva-nos, Senhor, porque faltam os homens bons", Sal.12:1. Pense nisso da próxima vez que exaltar um cantor do mundo. Se um pai exaltar um cantor mundano, certamente que o mundo entrará em seu lar e não terá boas intenções quando entrar.

  968. "Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?" Sal.11:3. Todos os edifícios têm fundamentos, isto é, alicerces. Quanto maior o edifício, mais fortes deverão ser esses fundamentos. Não poderia ser doutra maneira no tocante a um edifício celestial. Nunca se pode e nunca se deve construir onde não existem fundamentos. Não vale a pena, pois, todo edifício sem eles ruirá. Não existe milagre contra isso. Ainda que Deus faça um milagre, será o de colocar fundamentos e nunca de suster sem eles.

  969. "O ímpio diz em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na adversidade", Sal.10:6. Toda a atitude do ímpio assemelha-se muito à fé. Na verdade, muitos cristãos que não andam bem com Deus têm esse mesmo tipo de fé que os ímpios têm. A única diferença é que usam o nome de Deus quando falam acerca do que desejam em sua arrogância.

  970. A confiança conquista corações e a insegurança ganha adeptos. As pessoas gostam de estar perto de quem é capaz de confiar na verdade porque elas mesmas não querem confiar. A insegurança parece ser uma fortaleza para quem não está bem com Deus. Contudo, por alguma razão gostam de ser achados na companhia dos fortes em Deus.

  971. Muitos pensam que é preciso sofrer como Jó para se gemer diante de Deus. Mas, eu creio que basta recebermos o Espírito Santo em toda a Sua plenitude para tal acontecer e sermos um com Ele, desejar tudo que Ele deseja com a mesma intensidade que o deseja.

  972. Confiança é uma coisa deliberada e decidida sobriamente. É uma decisão do coração que sabe ponderar a verdade. Não podemos basear a confiança naquilo que sentimos, pois, o sentimento, além de ter fundo falso, é a principal arena onde o diabo brinca. Além do mais, confiar naquilo que sentimos é confiarmos naquilo que somos e não em Deus. Confiar noutro que não seja Deus é idolatria e idolatria é ilusão. E confiando em mim, confio noutro. "Não tens como tornar um cabelo branco ou preto", Mat.5:36.

  973. Muitas pessoas aventuram-se naquilo que chamam de fé e quebram o pescoço contra uma parede inabalável. Aventuram-se para alcançar coisas que desejam e esperam o apoio de Jesus nisso. Quando Deus não apoia, iram-se. A fé não tem nada a ver com aventura. A fé deve e pode ser exercitada sempre que Jesus a origina, manda e envia - não quando os desejos enviam. Não posso desejar? Posso, mas, devo colocar diante de Deus todo desejo santo e esperar até que Ele se expresse a esse respeito. Davi tinha como mandamento destruir os povos que contaminavam a Terra Prometida. Contudo, antes de cada batalha ele inquiria de Deus. Não saía sem inquirir. Decidir por Deus é uma calamidade e exigir, esperar ou crer na bênção de Deus sempre que se deseja mandar n'Ele é crime enorme. É idolatria, pois, assumimos o papel de Deus e colocamos Deus como discípulo. Existirá maior aberração que essa ou maior pecado que esse? A condenação desses tais é segura. Não foi por causa dum pecado similar que  diabo caiu?

  974. "Bem aventurado é o homem (...) que não se detém no caminho dos pecadores", Sal.1:1. Quando vemos um acidente na estrada, os carros que passam param ou abrandam para ver a desgraça dos acidentados. Eles detêm-se no caminho e atrasam o trânsito. Creio que quando as pessoas se detêm no caminho dos pecadores para criticar, para condenar ou para apreciar algum detalhe de tudo que se passa, podem não mais ser tão bem aventurados quanto pensam que são.

  975. Dizem-me, algumas vezes, que me excedo quando prego a Palavra e que pareço zangado e frontal demais. Embora a sinceridade não tenha preço e seja uma virtude que nunca se deva trocar por nada, ainda assim isso perturbava-me um pouco. Tenho dedicado algum tempo pensando sobre isso. Mas, acabei percebendo que o pecado dum pregador não advém da maneira como fala, mas, se vive e experimenta aquilo que prega, se fala de sua experiência pessoal a respeito da verdade. Se sua vida estiver de acordo com tudo o que prega e se prega a verdade, é um santo. Se sua vida não estiver de acordo com a verdade, é um criminoso sem escrúpulos, pois, a nossa vida fala mais alto mais que as nossas palavras. As formigas pregam muito e não falam.

  976. Tenha cuidado com tudo que lhe parece ser bom demais. O que é "bom demais" pode causar incredulidade, tanto quanto tudo que é mau demais. Lá porque acredita que algo é bom demais para ser verdade, não significa que não seja algo normalíssimo para Deus. "Eis que, ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poder-se-ia fazer isso? E ele disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém daí não comerás", 2Reis 7:2. Não existe nada que seja bom demais para ser verdade, sendo que Deus, além de ser extremamente poderoso, é extremamente bom. Podemos esperar qualquer coisa vinda de Deus.

  977. Todas as palavras produzem consequências, seja no próprio ou a quem são dirigidas ou a ambos. Quem fala é e será sempre responsável pelo que diz. Quem ouve, será tido por responsável pela forma como reage a essas palavras, sejam elas boas ou más. Se as palavras visam agradar, devemos repudiá-las, pois, são mentirosas e falsas. Se falam o que Deus mandou dizer, devemos levá-las em conta e nunca esquecer delas em momento algum de nossas vidas. E quem crê em palavras ou profecias falsas, será tido como responsável único por seus erros e por haver crido em palavras mentirosas. Palavras minhas dirigidas a outros ou de outros dirigidas a mim, podem constituir-me como réu ou santo. Tudo depende do estado de meu próprio coração.

  978. "Vence o mal com o bem", Rom.12:21. Isto não significa necessariamente que se tem de responder com o bem ou fingindo o bem, mas, que se deve continuar a nossa vida normal com Cristo sem nos deixarmos alterar e sem permitir que nosso caminho se altere por causa do mal. Este versículo não nos induz a responder a quem nos faz mal - embora isso possa ser feito. Significa, acima de tudo, que devemos manter o nosso rumo sem sermos abalados caso pratiquemos naturalmente o que é certo e bom. O objectivo do mal é fazer-nos parar a nossa carreira através do impedimento, desmotivação ou crítica. Não nos podemos deixar vencer pelo mal. O objectivo não é responder ao mal, mas, não nos deixarmos vencer hesitando na nossa carreira por causa do mal - ou por causa do bem.

  979. Fugir duma voz que se parece com a de Deus, não pode ser pecado e muito menos colocá-la em dúvida. Pecado seria crer nela. Duvidar do erro nunca pode ser equiparado a duvidar de Deus. A dúvida pode ser santidade como pode ser pecado. Tudo depende de quem se duvida e em quem se acredita.

  980. Muitas vezes, as pessoas 'resolvem' não pecar mais por temor ou medo do inferno. Assustam-se e tomam decisões que, muitas vezes e por várias razões, não são cumpridas. A menos que alguém comece a odiar o seu próprio pecado por amor a Deus, dificilmente abandonará o mal que pratica.

  981. Se vivemos de cada palavra vinda da boca de Deus, torna-se necessário que cada palavra que falamos ou cremos tenha mesmo saído da boca de Deus. Caso contrário, seremos enganados quando aceitamos ou transformamos uma palavra escrita que não haja sido pronunciada por Deus pessoalmente para nós. Se desejamos que as pessoas se salvem verdadeiramente, devemos transmitir as palavras que Deus pronuncia para elas. Mas, caso falemos fora de tempo, ou que sejam palavras desconectadas que não vieram de Deus com um verdadeiro propósito de alcançar alguém especificamente em tempo determinado e específico, essas pessoas não alcançarão vida. O mesmo acontecerá se redireccionarmos para outros palavras dirigidas a nós.

  982. Um adversário não é aquele que odiamos e antes aquele que nos odeia. Muitas vezes, as pessoas pedem vingança a Deus porque detestam certas pessoas. Isso significa que, se alguém odiar o justo, pede a Deus para se opor a esse justo. Ora, Deus não agrada pessoas e não vai desagradar alguém somente por ser odiado. Os nossos adversários são os que se opõem à verdade, a quem amamos com o amor de Deus por causa d'Ele. Deus nunca se levantará contra alguém apenas porque assim desejamos. Se Deus pode salvar, por que razão se levantaria contra alguém para satisfazer a maldade dum coração que deseja vingança ou satisfação para a sua raiva ou ciúme?

  983. A vida de pecado é a consequência de se haver alcançado um coração podre, o qual já não se controla. Se o homossexualismo é o salário que recebem todos aqueles que trocam Deus por outra coisa, não nos enganamos se assumirmos que uma vida desviada e pecaminosa é e será sempre o fruto que se obtém havendo negado Deus de alguma forma. Mas, é pena que haja terceiros que sofrem com essas consequências, algo que faz aumentar em muito a culpabilidade de quem negou Deus nas obras - ainda que os lábios afirmem que amam Deus.

  984. A mentira pode percorrer o mundo enquanto a verdade ainda se prepara para sair e para se manifestar. A parte boa de tudo é que a mentira tem pernas curtas e somente os enganadores e mentirosos confiarão nela. A parte má é que entretanto criou ou recriou corações enganosos. Esse é seu castigo, isto é, por serem perversos de coração confiarão no que não devem. A confiante verdade sobreviverá a tudo, pois, tem Vida nela. A mentira tem a morte desde a sua saída. Não irá longe porque a verdade chegará com som de trombeta que alcança todo o mundo.

  985. Deve existir uma intimidade tal entre o homem e Deus que haja deleite na verdadeira e real presença de Deus e sofrimento sem igual fora dela. Atualmente, os crentes contentam-se com uma presença de 'Deus' fictícia. Também aconteceria que os sentidos do homem na presença real de Deus se aperceberiam constantemente do que se passa na mente de Deus mesmo antes de Ele falar. É isso o que significa estar na presença de Deus. Quando Abraão intercedia pelos justos que ainda poderia existir em Sodoma e Gomorra, ele apercebeu-se logo quando Deus parou de ouvir havendo Abraão chegado aos dez justos. "E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão", Gen.18:33. Foi Deus quem abandonou a intercessão de Abraão e ele apercebeu-se disso, pois, "Abraão tornou-se ao seu lugar". Um fato permanece claro: Abraão sabia que a conversa havia terminado por ali. Era esse o tipo de relacionamento que mantinha com Deus, pois, apercebia-se de imediato de qualquer movimentação da vontade de Deus.

  986. Existem milhões de caminhos errados e apenas um caminho certo que se encontra espalhado e disseminado por todo mundo. Por norma, todas as pessoas desconfiam desse caminho certo porque ele não está errado. Se, por acaso, começam a confiar nele sem Deus, é porque ou conseguem tratar ou lidar com esse caminho como fariam com qualquer outro caminho errado ou, então, converteram-se.

  987. Quando as nossas palavras vêm de Deus e carregam verdade e poder, não se torna necessário repetir, enfatizar ou usar outros meios que não sejam usados pelo poder de Deus para alcançar seus devidos efeitos. Esse poder é autónomo e não necessita de ênfase humana, emocional ou qualquer manifestação física que, por norma, é enganadora.

  988. Eis algo em que pensar para todos aqueles que ainda conseguem distinguir entre pecados. Muitos ainda consideram existir diferenças entre pecados e acreditam que uns pecados são menos danosos que outros. Se uma arma de pequeno calibre for apontada à minha cabeça, matará. O mesmo acontecerá se um míssil me for apontado. O tamanho da arma não conta. Não ficarei menos morto com uma bala do que com um míssil. O mesmo ocorre com os pecados. O tamanho do salário do pecado não depende e nunca dependerá do valor ou da condenação que a sociedade dá a certos pecados. O pecado mata, seja qual for o tamanho da condenação que a sociedade agrega a esse pecado. O que conta é o tamanho da pessoa contra quem transgredimos: Deus.

  989. As pessoas que não têm um verdadeiro relacionamento com Jesus, ainda que consigam crer n'Ele seriamente (Jó 42:5), necessitam de se agarrar a alguma outra coisa exterior emotiva, intrigante ou mesmo misteriosa para se ocuparem com as coisas de Deus ou para "manter a fé". Por isso é que muitos crentes se achegam a Deus somente quando têm problemas. Caso tivessem um relacionamento sério, real e irrefutável com Jesus, nunca necessitariam de algo mais para serem confortados, encorajados ou motivados para seguir em frente. Por isso, muitos buscam línguas e sinais e, sempre que Deus não dá, o enganador imita ou inventa tudo que pedem e desejam. E é daí que resultam as maiorias das profecias falsas, línguas e todo tipo de engano dentro das igrejas. Sempre foi assim.

  990. Se Paulo fala numa "boa esperança", (2Tes.2:16), certamente existe um tipo de esperança que é má, enganadora e nociva. Se assim não fosse, falaria, apenas, de esperança e não adjectivava essa esperança como boa. Se existe um caminho que parece certo e tem a morte como fim, podemos concluir com alguma sinceridade que existirá uma esperança que não é a verdadeira, a qual terminará em desapontamento ou mesmo morte. Podemos ler em muitos lugares das Escrituras que a palavra "boa" é usada muitas vezes sempre que se fala das virtudes de esperança, ânimo, coragem e outras coisas mais. "Bom ânimo; boa esperança; fé não fingida"; etc. Vamos ter cuidado: nem toda a esperança ou fé ou amor são de Deus. Nem tudo é aquilo que parece ser e, consequentemente, nem tudo aquilo que parece ser mau aos homens é mau, como o chicote de Jesus no templo. "E pareceu esta palavra muito má aos olhos de Abraão (...) Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos..." Gen.21:11,12.

  991. Sempre que lemos sobre "o Deus vivo" e como as pessoas "se voltaram dos ídolos para o Deus vivo", isso significa muito mais que aquilo que os Protestantes e Evangélicos transmitem. Isso significa que as pessoas experimentam Deus em seu meio como vivo e real. Jesus não está vivo lá no céu distante, mas, a Sua presença é sentida, temida e incontornável entre o povo, seja essa presença contra ou a favor de quem a experimenta.

  992. Muitas vezes, quando as pessoas nos encorajam ou apoiam, não sabemos se o fazem apenas por simpatia, dever, educação cultural ou se o fazem por se aperceberem que estamos realmente fazendo o que Deus deseja que façamos sem perder o fulgor, a coragem ou o amor inicial, isto é, o primeiro amor. Ajuda muito podermos obter uma percepção real e verdadeira nas palavras daqueles que nos encorajam para que não sejamos apanhados a agradar pessoas e a ser agradados por elas.

  993. "O amor seja não fingido", Rom.12:9. Isto significa que o amor verdadeiro não pode ser algo imposto ou forçado sobre o coração que nunca foi verdadeiramente transformado. Significa que o verdadeiro amor que é derramado no coração novo deve transformar todo o exterior do homem. Ninguém precisa fingir aquilo que não tem ou que não é. Não se cura o mal com o mal, isto é, não se começa a "amar" sendo hipócrita. O mal no coração apoderou-se de todo o ser de cada pecador. Logo, o amor deve sobrepor-se e tomar de volta tudo aquilo que o pecado levou para tornar a ser dedicado à prática do amor. Em vez de forçar o coração e criar uma conduta alternativa de hipocrisia, devemos ajoelhar-nos diante da fonte de amor para que sejam removidas todas as coisas e todos os pecados que nos possam separar dessa fonte de amor. Torna-se necessário aproximarmo-nos de Deus e suplicar-lhe que Seu amor seja derramado em nós. Isso é uma conduta mais sincera do que fingir o amor e é totalmente eficaz. Em segundo lugar, a continuação desse versículo afirma: "Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem". Sair da prática do mal é abrir caminho para nos apegarmos e praticarmos aquilo que vem dum coração puro e pleno de amor verdadeiro. Não basta sair do mal ou aborrecê-lo - há que nos apegarmos ao bem para que a nossa casa não fique vazia para tornar-se sete vezes pior do que aquilo que estava antes de haver abandonado o mal. Abandonar o mal é esvaziar a casa. Depois dessas duas coisas ocorrerem sem sombra de dúvida, isto, chegar ao ponto de odiar e aborrecer o mal e o bem ser consagrado como forma de vida, torna-se possível sermos atendidos para recebermos esse amor que é derramado dos céus para amarmos através dele.

  994. "Sede unânimes entre vós; (...) não sejais sábios em vós mesmos", Rom.12:16. A unanimidade verdadeira e não fingida ou forçada é: ter a mesma mentalidade, usar os mesmos meios para se mover como se fosse um só homem, elevando o mesmo Deus com toda a sinceridade. Ser sábios aos próprios olhos é o principal obstáculo a que isso aconteça. Na verdade, é oposto extremo de andar e viver em unanimidade. Ninguém pode ser unânime pensando menos dos outros ou pensando menos dele próprio. Quando somos nada, nunca nos sentiremos superiores ou inferiores a alguém, pois, nada não pensa nessas coisas, não pensa dessa maneira. Não se fazem comparações quando se anda em unanimidade.

  995. As Escrituras dizem que onde dois ou três concordam em oração, onde estiverem de acordo, obterão tudo aquilo que pedem. Isso implica que o Espírito Santo tem liberdade total para operar a mesma coisa nesses corações que se unem. Por essa razão estão de acordo. Isso precisa ser bem entendido antes de nos aventurarmos em orar com o propósito de recebermos respostas concretas. Os homens podem estar de acordo por muitas outras razões. Podem estar de acordo por terem a mesma cultura, as mesmas dificuldades ou os mesmos desejos e atitudes. Isso nunca pode ser visto como aquilo que Jesus diz ser concordar em oração. Concordar em oração significa que Deus opera as mesmas coisas em corações diferentes.

  996. "Se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis", Rom.8:13. Muitas das expressões neste capítulo de Romanos têm tanto significado que não se consegue transmitir a plenitude de tudo ao mesmo tempo. Lemos que a carne não é apenas mortificada, mas, que precisa sê-lo através do Espírito de Deus e não doutra maneira ou através doutros meios. Por via doutros meios nunca resultaria em santidade que agrade a Deus. Se temos mesmo o Espírito de Deus, existe uma maneira de tudo funcionar como vem descrito nas Escrituras. Certamente que ninguém pode ser achado a lutar da maneira errada. Paulo afirmou que a nossa luta não é contra carne e sangue. A nossa luta torna-se fácil abstendo-nos desse engano de sermos achados a lutar contra pecado e tentação. Quando temos verdadeiramente o Espírito de Deus e quando não é um espírito enganoso passando pelo Espírito Santo, há que considerar a carne como defunta e morta. Ninguém tem razões para bater num morto ou de lutar contra ele. Morto não oferece perigo a ninguém. Caso o Espírito de Deus reine em absoluto e seja uma experiência real e não ficção religiosa, a carne é considerada verdadeiramente morta porque está mesmo morta. A carne encontra-se tão morta para este mundo quando um cadáver. Assim, podemos envolver-nos com a Vida Eterna que habita em nós, isto é, aquela vida constante sem altos nem baixos. Quando chegarem as tentações, deveremos ser achados e absorvidos vivendo a Vida e não combatendo o pecado morto. "Guarda (segura) o que tens...", Apoc.3:11. Quanto mais penso nisto, mais me convenço que o cerne da questão reside no achar a verdadeira plenitude do Espírito de Deus. Achando o Espírito da forma que Ele foi achado em Pentecostes, as coisas começam a funcionar da maneira que dizem as Escrituras. Ele será achado por quem o buscar de todo o coração.

  997. Se julgo a lei, não estou cumprindo a lei. Não se podem executar duas tarefas distintas e contrárias ao mesmo tempo. É isso que a Bíblia afirma. Sempre que não esteja cumprindo a lei de Deus, estou transgredindo e quebrando essa lei. Não existe meio termo e nunca será possível a indiferença para com a lei de Deus.

  998. Todas as vezes que alguém caia na armadilha de fingir ou imitar a humildade, esquiva-se a destruir a raiz do orgulho do seu coração. Fingir a humildade é encobrir o orgulho para deixá-lo viver. Fingir não é colocar tudo na luz e nunca pode ser andar na luz. 

  999. É um facto que a sabedoria da pessoa permanece com ela quando se afasta de Deus. Salomão afirmou que a sua sabedoria permaneceu nele quando se entregou à bebida e a outras coisas que não devem ser feitas. Essa sabedoria servirá para duas coisas: ou para salvar ou para condenar. Para ambas as situações torna-se necessário que a sabedoria permaneça com quem se desviou. Contudo, isso não significa que Deus continuará instruindo com a verdade aquele que se desviou após haver-se desviado, aumentando a sua sabedoria. O mais provável é que o diabo a use. Tudo quanto aprendeu permanece com o desviado, nem que seja apenas para atormentar a sua consciência e tirar-lhe a paz. Se a pessoa se conforta a ela mesma concluindo que a sua sabedoria permanece com ela havendo-se desviado de Deus, fá-lo acreditando que continua nos caminhos de Deus apenas porque a sabedoria permanece com ela. Devemos perceber que podemos estar desviados continuando a pregar a verdade. A falta do poder de Deus ou o poder do diabo operando atestam para esse facto e testemunham contra quem se desviou.

  1000. Paulo fala, em Rom.7, sobre o homem que não consegue fazer o bem que deseja e pratica o pecado que não deseja. Paulo fala duma pessoa debaixo da lei, contrastando-a com alguém debaixo da graça em Rom.8. Vamos focar alguns pontos aqui a esse respeito: a maioria das pessoas que pecam, amam o pecado. Por isso, aqueles que tentam desculpar-se ou justificar-se dos pecados que amam usando esta passagem bíblica não caem na categoria dos que são mencionados por Paulo. Paulo fala de alguém que ama o bem e odeia o mal que pratica e não dos que amam o mal que praticam. O homem que Paulo descreve é aquele que deseja ardentemente ser cumpridor da lei de Deus, cujo coração nutre esse sonho e, contudo, faz tudo pela lei e não alcança a graça porque não é capaz de buscar aquilo que desconhece. Por essa razão, somos incentivados a buscar e achar o verdadeiro poder da graça que aniquila o homem velho a ponto de poder considerar-se morto - verdadeira e inquestionavelmente morto. A pessoa descrita por Paulo em Rom.7 não opera através da graça de Deus, a qual só se acha por Jesus Cristo. Ainda que acredite em Cristo, Ele não é o seu caminho, a sua verdade e vida. Tal homem é carnal porque só consegue confiar nele mesmo inspirado pelo medo que sente no estado de condenação no qual se encontra. Em segundo lugar e contrariamente à crença de muitos pregadores que se revêem neste capítulo das Escrituras, Paulo não diz que esse estado de coisas é um estado de vida e antes de morte. Ele diz que existe um corpo da morte preso a tal pessoa do qual se deve livrar por Cristo Jesus e cuja experiência de libertação deve tornar-se real e não apenas fictícia. Quem se acha a ele mesmo nesse tipo de dificuldade ou tribulação encontra-se condenado e não salvo. São más notícias para quem deseja continuar pecando e, ainda assim, manter esperanças numa vida no céu. Precisamos ser libertos desse corpo de morte, pois, não é um corpo de vida. "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor", Rom.7:24,25. Ninguém se encontra a salvo agarrado a esse corpo de morte.

  1001. "Posso todas as coisas por Cristo que me fortalece", Fil.4:13. Este é um dos versículos mais mal usados da Bíblia e mais indecentemente aplicados. Raramente o seu verdadeiro significado é entendido. Permitam que me explique. Por decreto de Deus, o pecado enfraquece o coração. É a vontade de Deus que qualquer pecado torne o homem fraco. A verdadeira força do homem consiste em sua santidade, desde que seja adquirida caminhando perto de Deus pela força da graça. Aquilo que a Bíblia diz ser fraqueza, é uma fraqueza em tornar-se santo, pois, estando separado de Deus ninguém conseguirá alcançar o monte santo. Esta fraqueza não é nenhuma outra - é uma falta de aptidão e de vontade para com Deus. Na verdade, a falta de força capacita qualquer homem a ser pecaminoso e perverso. Fraco em Deus é forte em pecar; forte em Deus é incapacitado na vida de pecado. Por vezes, os mais sinceros cumpridores da lei são os que desejam tornar-se santos sem alcançar graça de forma exclusiva, isto é, para que se tornem santos somente pela graça. O nome que se dá ao poder de Deus é GRAÇA. Tentam outros caminhos e outros meios sacrificiais. Por essa razão a lei se tornou fraca para salvar o homem, pois, podemos cumprir a lei de Deus apenas pela graça. Sem essa graça se tornar real, fluente e verdadeira, ninguém alcança Deus porque o sangue de cabras e de touros não são capazes de tirar o pecado do coração do homem - e nem o sangue e suor do homem e nenhum outro sacrifício o conseguirá. Paulo afirma que a lei se tornou fraca para salvar devido ao pecado. Esta falta de força ou de poder é a vontade de Deus para o homem que vive no pecado e para que o homem viva de e para Deus. É um decreto eterno, o qual nunca mudará. Mesmo assim, muitos tentam mudar este decreto segurando em seus pecados e clamando por uma entrada airosa no céu. A força de Deus é um tipo de força ou de poder que capacita todo o homem a tornar-se santo, isto é, a tornar-se filho de Deus. "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem tornados filhos de Deus", João 1:12. Contudo, muitos há que desvirtuam esta verdade clamando por força e graça para propósitos que não são os da graça, isto é, não são exclusivamente para que o coração se torne santo. O tipo de força que estes enganados buscam é uma tal que os capacite a viver como sempre. Querem força sem saírem de seus pecados. Na verdade, isso seria uma anulação do decreto eterno de Deus. Também pedem força para capacitá-los a fazerem as coisas por eles mesmos, através duma força carnal, a qual é a principal opositora da graça. Querem que Deus opere contra Ele próprio e a seu favor. Pedem uma força sua e não a de Deus. Pedem que Deus os fortaleça e não que sejam fortalecidos em Deus e pelo Seu poder, o qual retira qualquer papel ou intervenção da a carne no panorama da santidade. Não querem graça para os propósitos para os quais a graça é disponibilizada gratuitamente. Antes, buscam uma maneira de poderem fazer as coisas pelo poder da carne. "Na tua comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança; achaste novo vigor NA TUA MÃO", Is.57:10. Sempre que Paulo fala de fraqueza, ele fala da incapacidade carnal de se purificar ou de tornar santo. "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios", Rom.5:6. Devemos lembrar que esta falta de força ou poder da qual se fala extensivamente na Bíblia é um verdadeiro poder a favor do pecado e da carne. Caso assim não fosse, Cristo não teria morrido para desfazer as obras da carne. Esta fraqueza em prol da santidade é um grande poder em prol do pecado. Um fraco para a santidade tem muita habilidade e muito poder a favor do pecado. Essa fraqueza é um poder que afasta de Deus. Isso acontece por decreto e vontade de Deus. Deus quer que assim seja desde que cortou o acesso à árvore da vida. Sempre que alguém diga que "pode todas as coisas por Cristo que me fortalece", devemos ver em que contexto isso é dito. Provavelmente, estão querendo crer em uma mentira para poderem continuar como sempre nas suas iniquidades. Gostam de acreditar que Deus os fortalecerá. O poder de Deus torna santo e é por essa razão que esse poder vem associado ao Espírito Santo. Deus não dá poder animal e carnal e também não dá o poder da graça para que alguém possa viver da carne. Esse poder próprio só é dado pela carne, cuja força é fraqueza para com Deus. É na fraqueza da carne que nos tornamos fortes e é na força da carne que nos tornamos fracos. Sempre que alguém esteja entregue a ele mesmo, peca mais e peca mais facilmente e com menos pudor. A sua luta por direito é, nada mais e nada menos, que uma luta interior contra a própria consciência. E não nos podemos fortalecer contra a verdade na consciência. Até as simpatias de quem é forte na carne são uma busca de aceitação pelos demais e não uma busca de santidade, a qual foi rejeitada por depender do braço e da força da carne.

  1002. Homossexuais (de acordo com a Bíblia), são pessoas entregues a elas mesmas e foi Deus quem as entregou. Clamam por direitos que não têm ou não existem, tentam viver uma vida inexplicável e ainda exigem que os demais aceitem as suas perversões como normalidades. Porque não conseguem atingir a paz e o sossego que pretendem em suas vidas impraticáveis, esforçam-se cada vez mais contra a verdade impondo aos outros os direitos que dizem ter. Os governos querem dar-lhes esses direitos esquecendo que em cada direito que obtenham para a sua vida perversa é roubado às pessoas normais. Noutras palavras, os direitos que recebem são extorquidos dos que praticam o bem. Ninguém consegue dar um direito a um homossexual sem tirá-lo de alguém. Até dando-lhes direitos de co-adoção, tiram esses direitos a crianças inocentes, os quais não têm experiência de vida suficiente e nem direitos de opção na escolha dos pais adotivos.

  1003. Se caminhamos verdadeiramente com Deus (como Enoque) e até mesmo parecendo não haver solução à vista para qualquer coisa que esteja acontecendo estando dentro da vontade de Deus, creio firmemente que a solução está bem próxima.

  1004. "Aborreces a correção...", Sal.50:17. Precisamos ter cuidado extremo quando nos ressentimos de algum tipo de correção. Isso poder ser a ponta dum iceberg de teimosia a mostrar-se.

  1005. Temos certas leis na natureza das quais nunca nos livraremos. Essas leis também existem na esfera espiritual. Por exemplo, um mentiroso só escuta outro mentiroso; os mentirosos entendem-se uns com os outros; os verdadeiros entendem-se, por sua vez, uns com os outros. Existirá sempre uma resistência contra a verdade dentro do coração mentiroso. Mesmo que essa verdade diga respeito ao próprio e ele saiba que é verdade, resisti-la-á sempre. Agora, existem pessoas que não apenas acreditam em mentiras facilmente, como as espalham como se fossem fatos. Muitos afirmam que Jesus não nasceu duma virgem, ainda que falem d'Ele. Preferem a mentira e a calúnia acima de rejeitar os pensamentos sobre Jesus totalmente. Ainda falam d'Ele, pois, preferem isso acima de negar a Sua existência. Outros, por sua vez, acreditam que hoje Deus já não faz as coisas que fazia no tempo dos apóstolos; ou que Jesus não salva verdadeiramente dos pecados e que continuaremos pecando. Isso são tudo mentiras que muitas pessoas tendem a acreditar com muita facilidade, por vezes por conveniência. Se as leis que mencionei são verdadeiras, então, só podemos assumir que quem acredita nessas coisas tem, de alguma forma, um coração mentiroso. Por isso acredita nelas.

  1006. Qualquer pessoa que coma cada vez menos, sentirá cada vez menos apetite. Sabemos como as crianças doentes perdem o seu apetite e, consequentemente, o apetite diminuirá de dia para dia. O enfraquecimento diminui o apetite e a falta de apetite aumenta a fraqueza. Por essa razão, alguns pais forçam as crianças a comer nem que seja apenas um pouco. Isso significa que qualquer apetite santo que não seja satisfeito, que seja desprezado ou menosprezado diminuirá a olhos vistos com o decorrer das circunstâncias. Isto parece ser uma lei da natureza, isto é, que a boa fome diminui na medida que seja desprezada ou negligenciada na insatisfação. Escusado será dizer que o mesmo acontece com o ler e aprender a Palavra de Deus e, também, com a verdadeira oração, boas obras e todo o fruto do Espírito. As más obras também funcionam da mesma maneira. Por exemplo, a preguiça diminui na medida que vamos trabalhando e aumenta na medida que vamos parando. O coração deixa de desejar aquilo que é negligenciado, seja bom ou mau. Se negligenciar o mal, deixará de desejá-lo e se negligenciar o bem deixar de desejá-lo também.

  1007. Todos nós sabemos que Jesus é o Caminho. Mas, isso significa muito mais do que aquilo que possamos imaginar. Ele é a solução e o caminho para muitas situações que possamos enfrentar. Logo, se Ele é o (único) caminho, isso significa que existem muitos caminhos alternativos. Caso isso não fosse assim, Ele nunca daria o ênfase que deu ao fato de Ele ser o Caminho. Todos os outros caminhos são falsos e enganadores. Contudo, descobri no meu caminhar que um caminho paralelo é bem mais perigoso que aquele que se opõe frontalmente ao Caminho que devemos seguir.

  1008. Por vezes, temos esta ideia de que todos os mandamentos têm sempre um princípio moral por trás deles e que, sendo capazes de cumpri-los todos, somos santos. Isto é, não é o santo que cumpre, mas, é o cumprir que torna santo. Não sei até que ponto isso é ou foi verdade porque eu creio que é o santo que cumpre. Porém, existe uma outra verdade que, muitas vezes, nos passa despercebida e é sobre ela que desejo falar: existem mandamentos que nos levam a lembrar do Senhor em nosso caminhar. Ao manter esses mandamentos, nossos corações aproximam-se d'Ele para O olharmos e para encararmos a graça de frente, olhos nos olhos. É a graça ativa que salva. Pela graça fazemos tudo, para que tudo o que fazemos tenha como tornar-se aceitável e agradável ao Senhor. Ao cumprirmos alguns mandamentos, somos santos; e cumprindo alguns outros, abrimos o caminho para sermos santificados em pouco tempo, caminhando com o Senhor passo a passo, conhecendo-o como Ele realmente é e reconhecendo-O em nossos caminhos. Existem mandamentos que nossos corações e mentes cumprem naturalmente por sermos santos e existem aqueles mandamentos que, sendo meticulosamente obedecidos abrem o caminho para que nos tornemos aptos e capazes para a santidade e para cumprir a vontade de Deus, o que significa ser santo. Podemos ter esta ideia romântica de que cumprindo os mandamentos nos tornamos santos. É verdade que Deus aponta e espera a nossa santidade. Nós também devemos buscar ser santos ao invés de apontar os erros dos outros. Podemos tornar-nos moralmente corretos, acreditar nas doutrinas certas e pertencer à Igreja ideal sem conhecermos o Senhor. Isso acontece porque não nos lembramos do Senhor em Seus caminhos. Esses caminhos tornam-se, consequentemente, os nossos próprios caminhos e não os do Senhor. Por essa razão existem mandamentos que nos fazem lembrar o Senhor. Você sabe que os caminhos do Senhor não são os nossos? É muito importante poder lembrar o Senhor nos caminhos da santidade, pois, vivemos recebendo graça real. Ele tem outros meios pelos quais devemos caminhar em Seus caminhos. "Saíste ao encontro daquele que se alegrava e praticava justiça e dos que se lembram de Ti nos Teus caminhos", Is.64:5. "Te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é Ele o que te dá força", Dt.8:18.

  1009. Caso obtenha muito sucesso na obra para Deus, cuide de lembrar continuamente que por grandiosa que seja a sua obra, será sempre uma gota no oceano dos perdidos. Haverá sempre mais gente para salvar que aqueles que vão sendo salvos.

  1010. Caso o Senhor Jesus seja verdadeiramente Senhor em sua vida e caso Ele seja realmente o primeiro e o último em coração, tudo o que você possa fazer neste mundo é muito importante. Tudo aquilo em que possa pensar ou fazer ganha outra importância extrema à qual nunca se acostumou. Tudo aquilo que faz descansa na bênção que acha ou na bênção o acha a si. Contudo, se Deus estiver presente em sua vida e, ainda assim, Ele não seja o primeiro e o último, se Ele não for a única razão da sua vida, tudo o que você possa fazer ou pensar é uma perda de tempo. Ao mesmo tempo, a comida da Bíblia será, para si, como estar a apanhar as migalhas que caem da Mesa do Senhor para o chão.

  1011. "Se Eu, em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor a eles", Gen.18:26. Poderá isto explicar a razão porque muitas cidades ainda não foram destruídas?

  1012. Existe uma linguagem na Bíblia da qual as pessoas nem sempre gostam porque pretendem entender as coisas da sua maneira. Esse é o problema principal da crença: é ela quem diz como crer e o que crer e impõe isso a Deus. Por exemplo, eu posso dizer algo assim: os carros foram construídos, não para as pessoas se acidentarem, mas, para se deslocarem dum lado para o outro. O que quero dizer com isso? Quero dizer que existem muitos que se acidentam através de algo que foi criado para outros fins. Mas, o que entendo quando leio algo assim na Bíblia? Ora vejamos: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas, para que o mundo fosse salvo por Ele", João 3:17. Devemos prestar mais atenção à verdade. Ela diz: "(Ele) foi a principal pedra de esquina. E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes", 1Ped.2:7,8.

  1013. O melhor nem sempre é alcançado através do esforço. O melhor que pode ser feito tem, muitas vezes, a ver com a criatividade, a espontaneidade, a destreza e a ligeireza para fazer. O esforço nem sempre significa ligeireza e existem coisas que não precisam esforço. Aliás, existem coisas que se tornam imperfeitas quando feitas pelo esforço. Para eu lidar com chumbo, preciso esforço; mas, se exercer esforço sobre algo frágil e meticuloso, errarei grosseiramente. A perfeição nem sempre é esforço

  1014. Sempre que falamos do bem e de praticá-lo, entendemos sempre que é fácil querer e não fazer. "...assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes", 2Cor.8:11. Mas, o que dizer do inverso? "...Não foi só praticar, mas, também o querer...", 2Cor.8:10.

  1015. A Bíblia fala-nos, muitas vezes, a respeito da vara. Pela Palavra de Deus, Deus usa a vara; os pais e mães devem usá-la com toda prontidão e sabedoria; e os opressores também usam a vara. "... a vara do seu opressor...", Is.9:4.Não devemos desprezar, adiar ou odiar o uso da vara somente porque a opressão faz um mau uso dela. Quando olhamos para o mundo e para a maneira como lidam uns com os outros, apercebemo-nos que se acusam continuamente e que se agridem facilmente, tanto verbal como fisicamente. A acusação como vara é uma das armas do mundo. Corrigir através da vara é um método usado por Deus e pelos pais santos em Deus. Até a consciência usa uma vara, tanto a má como a boa consciência. A má consciência usa-a contra os outros quando se sente agredida e afetada; a boa consciência usa bem a vara quando é iluminada por Deus, isto é, usa-a com o intuito de se corrigir e ser limpa pelo sangue de Jesus. Devemos perder o hábito de usar a vara da maneira que os opressores a usam, isto é, mudando os motivos e os meios e fazendo uso de ameaças, as quais devem ser negadas e abandonadas para sempre. "E vós, (...) deixando as ameaças...", Ef.6:9. Será que o uso de ameaças é umas das razões por que temos lábios impuros e por que vivemos entre um povo de impuros lábios (Is.6)?

  1016. Ainda que Deus esconda o Seu rosto de alguém, deve-se esperar n'Ele. Não podemos buscar vias alternativas. "E esperarei ao Senhor que esconde o seu rosto da casa de Jacó e a Ele aguardarei", Is.8:17.

  1017. Existe grande diferença entre cobrir e encobrir. Eva encobria as suas vergonhas e escondia seus pecados. Mas, os serafins cobriam os seus rostos e pés na presença de Deus. Os serafins cobriam por humildade e não estavam recusando andar na luz. É verdade que aquele que encobre não anda na luz, mas, não era o que estava acontecendo com os serafins. Eva escondia-se da luz quando encobria os seus pecados e as suas vergonhas.

  1018. "Esperou (...) justiça e eis aqui clamor", Is.5:7. Ou existe justiça no coração, isto é, ou as pessoas são justas e puras, ou, então, existe clamor e opressão. Não existe meio termo: ou existem justos ou existem oprimidos e queixosos.

  1019. É de extrema importância saber que a santidade é uma das condições para conseguirmos alcançar as obras de Deus por várias razões. Uma dessas razões é que quando a pessoa entra nos caminhos da santidade, encontra direção, pois, a santidade de coração é a própria obra de Deus. Tudo quanto recebemos deve operar em prol da santidade. Essa santidade não se alcança sem Cristo, Pois, Ele é o caminho. Logo, se buscamos a santidade por causa de outras coisas, não buscamos que as coisas operem no sentido da santidade. Fica tudo trocado. Não podemos pensar que as obras de Deus sejam outras coisas, as quais se alcançam tornando-nos santos. A santidade não é um meio e antes um fim. Se não entrarmos na santidade, ainda não entramos nas obras de Deus. Logo, ao nunca alcançarmos certas coisas não se deve à falta de obras, mas, dum curso errado, dum meio errado na direção errada ou certa. Tentar alcançar outras coisas, seja através das obras ou seja sem elas, é o caminho do erro. O caminho certo é buscar e achar a santidade da maneira certa, isto é, através de Jesus que é o caminho (o meio) e nunca através de qualquer outro meio legalista. Não basta buscar a verdadeira santidade - é necessário achá-la o quanto antes. A razão por que nunca alcançamos certas coisas é estarmos em rumo incerto e não por falta de obras. A razão é porque não buscamos a santidade e as coisas que buscamos devem ser preparadas para alcançar esse tipo de santidade que ser alcança através de Cristo. Ora, quando se buscam coisas sem termos a santidade em vista como ponto final, ou quando se busca a santidade para alcançar certas coisas, entramos nos caminhos do erro. Sendo assim, não alcançaremos essas coisas e nem a santidade.

  1020. Se, no tempo de Salomão, a prata deixou de ter qualquer valor devido à abundância de ouro, espero que no meu ministério seja o ouro que deixe de ter valor devido à abundância de vida e de tesouros vindos do céu.

  1021. Se Davi ia aumentando e crescendo "porque o Senhor Deus dos Exércitos era com ele", (2Sam.5:10), isso significa que existem muitos que vão decrescendo e diminuindo em muitos ou todos os aspectos porque Deus é contra eles.

  1022. É bom apanharmos a vida da doutrina e não apenas aprendermos a doutrina da vida.

  1023. Por vezes, nós pedimos tudo que precisamos sem especificar. Reconheço, no entanto, que nem sempre sabemos quais são as nossas necessidades reais. Mas, existem momentos que pedimos um tudo grande quando o que necessitamos é uma coisa pequena ou apenas um detalhe de algo que completa ou complementa o todo que estamos pedindo. Como a nossa cabeça dá um nó esperando algo enorme, forte ou grandioso, não conseguimos conceber, esperar ou receber algo pequeno ou complementar. Embora não tenhamos um coração que despreza as coisas pequenas, rejeitamos algum detalhe porque esperamos algo maior. Quando esperamos um tudo de algo e precisamos apenas de certos complementos ou acréscimos, também temos a tendência para rejeitar ou ignorar a obra que já foi conseguida, pois, esperamos e pedimos "tudo". Esperando um "tudo" de algo, recusamos um algo do "tudo".

  1024. A força da carne e as suas opções ou alternativas servirão tanto para um homem de quem o Espírito Santo se apoderou quanto serviriam os equipamentos e armadura de Saul para Davi. Apenas atrapalhariam. Para vestirmos uma roupa, tiramos outra. Para vestirmos a couraça de Deus, precisamos tirar a outra da carne.

  1025. Existem muitas pessoas que desejam ser ou tornar-se grandes. Esse espírito instalou-se dentro do povo de Deus e todos querem ser grandes. Fazem de tudo, pregam, insinuam-se e ensinam com esse propósito absurdo, obscuro e egoísta. Contudo, ser grande no Reino de Deus é muito simples. Lembro rapidamente que Jesus falou em sermos os menores para sermos grandes. E também lembro que Jesus disse que existe outra fonte de grandeza: "Qualquer (...) que cumprir e ensinar (a cumprir) será chamado grande no reino dos céus", Mat.5:19. O segredo da grandeza não reside no ensinar, mas, no cumprir. Quem cumpre é grande.

  1026. Todo aquele que ama a verdadeira sabedoria pedirá perdão mil vezes sempre que se esquece de algo importante que Deus lhe revelou. Agirá como se tivesse perdido uma pérola de grande valor e busca-a incansavelmente para poder tornar a lembrá-la.

  1027. "Descansa no Senhor e espera n´Ele", Sal.37:7. Esperar em Deus é e será sempre uma opção. Enquanto esperamos, aparecerão outras opções para resolver o que pretendemos resolver. A impaciência pode tomar essa alternativa porque não espera no Senhor. É como deixar de esperar por Deus porque apareceu uma alternativa antes que Deus se manifestasse. Mas, são rotas diferentes que são tomadas e não oferecem a mesma segurança e não terminam no mesmo lugar. E nós lemos que devemos alcançar o fim que esperamos.

  1028. Em todas as Escrituras lemos que Deus apoia, ajuda e mantém o justo por ser justo. Mas, isso não significa que precisamos tornar-nos justos com o intuito de sermos ajudados. Deus não é comprado e nunca será. O que isso significa é bem diferente. Deus tem uma verdade para defender. Se Deus ajudar o ímpio a estabelecer-se, logo, ajuda a impiedade, pois, a fonte da impiedade é o ímpio.

  1029. Não nos podemos limpar para alcançarmos certas coisas que nos estão vedadas por estarmos sujos diante de Deus. É verdade que não alcançamos certas coisas por estarmos separados de Deus. Mas, nunca nos podemos limpar para alcançarmos essas coisas. Devemos limpar todo o nosso coração e toda a nossa vida com o intuito exclusivo de sermos limpos. Deus dará justiça a quem deseja ser justo.

  1030. Qualquer um que coloque condições a Deus ou aos homens para fazer o que deve ser fazer, também é pessoa para ameaçar quando as coisas não correm a seu gosto e conforme a sua preferência. "...Deixando as ameaças...", Ef.6:9.

  1031. A lógica afirma que todos os que ficam na cama sem estarem a dormir estão doentes. Mas, existem muitos que ficam na cama de manhã sem estarem a dormir, sem serem incapacitados e sem estarem doentes.

  1032. "Assim que já não sois estrangeiros (...), mas, concidadãos dos santos", Ef.2:19. Se alguém é concidadão dos santos, é porque se tornou santo. Não existe concidadão dos santos que não seja santo e puro.

  1033. O tempo joga a nosso favor quando esperamos em Deus. Existem pessoas que esperam em vão porque não estão bem com Deus e não têm a suas vidas em dia no tocante a todos os seus pecados passados e presentes. Pode dar-se o caso, também, de não haverem sido fiéis em algo que receberam e pelo qual esperaram fielmente. Logo, esperam em vão por não haverem sido fiéis e não se haverem corrigido. A fidelidade não termina com a espera, mas, persiste depois que recebemos. Para aqueles que obtiveram uma comunhão e uma intimidade real com Jesus, o tempo passa a seu favor. Tudo opera para o bem dos que esperam verdadeiramente em Deus, pois, as suas esperanças não enganam e não são falsificadas.

  1034. Quando se diz que estamos fazendo algo para Deus porque Ele fez muito por nós, devemos pensar no que estamos dizendo e com que intenções. Se estamos dizendo estamos dando algo em retorno, podemos ter a certeza que esse algo tem muito pouco valor em termos celestiais. O que tem valor para Deus é aquela obra voluntária, a qual é feita de livre e espontânea vontade, cheia de amor e sem condições ou pré-condições para cumprirmos o nosso dever. Todo aquele que coloca condições para fazer o que deve, é aquela pessoa que é capaz de ameaçar sempre que a sua própria vontade não é satisfeita. É pessoa de exigências. Se damos porque Deus nos deu, podemos ser considerados oportunistas agradecidos. Mas, existe outra coisa que é bem verdade quando dizemos que fazemos algo porque Deus fez coisas por nós. Jesus conseguiu uma obra na Cruz que ainda é feita nos corações. A obra da Cruz precisa ser feita ainda hoje. Quando essa obra interior se conclui satisfatoriamente (aos olhos de Deus), nós conseguimos amar voluntariosamente porque Seu amor foi e é continuamente derramado em nós para amarmos através dele. Logo, nós fazemos porque Ele fez primeiro. A má interpretação deste facto é o que leva as pessoas a entenderem que devem retribuir a Deus porque Ele fez algo por eles. Isso significa que a pessoa é carnal e procura retribuir pela própria força e através do sacrifício. Isso não vem da fé e não é operado pela graça. Tudo aquilo que não é da fé é pecado e tudo que não é substanciado, operado e concluído pela graça é fogo falso colocado indevidamente no altar de Deus.

  1035. A intimidade com Deus não é determinada pela obra que devemos fazer, ou pelo dom que temos de exercer, ou pelas virtudes e poder que Deus demonstra em nossa obra para Ele. A intimidade com Deus deve e pode existir sem qualquer motivo especial além de pertencer a Ele. Os dons, as obras e tudo que devemos fazer necessitam da bênção de Deus, mas, cada qual deve cuidar da sua própria vida como se não estivesse fazendo nada para Deus e como se a sua única tarefa na vida fosse ser ou tornar-se íntimo de Deus em toda a santidade e em todos os sentidos. Os milagres, o poder, a pregação poderosa e cheia de convicção não tem o poder de fazer o obreiro aproximar-se intimamente de Jesus, pois, aproximar-se de Jesus e a obra que faz são coisas distintas. Muito além do que faz, qualquer um deve apresentar-se diante de Deus sem nada, sendo somente ele próprio. A tarefa da nossa vida é ser de Deus e pertencer-lhe incondicionalmente. O resto, isto é, tudo aquilo que fazemos é importante para que os outros possam, também, aproximar-se de Deus. A obra que fazemos não nos beneficia em nada além do prazer de estarmos a fazer algo importante pelo Reino. Devemos cuidar das nossas vidas paralelamente para não sermos achados ganhando o mundo e perdendo a própria alma. "Cuida de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem", 1Tim.4:16.

  1036. Um profeta falso raramente acredita ser falso. Não creio que exista um falso profeta que acredite ser falso, embora eu possa estar errado a esse respeito. São pessoas enganadas. Os falsos costumam falar e expressar-se com maior convicção que os que andam perto de Deus porque não temem errar.

  1037. Quando Deus escolhe alguém, fá-lo tendo a Sua vontade em vista. Logo, o bem de Deus significa o bem de quem Ele escolheu.

  1038. "Mas, a indignação e a ira aos que são (...) obedientes à iniquidade", Rom.2:8. Se existe obediência ao pecado, a desobediência a esse pecado só pode ser considerado um virtuosismo de enorme valia. Precisamos ser desobedientes ao pecado e não sentir remorsos, o que equivaleria a olhar para trás.

  1039. Não devemos esquecer que a Palavra é vida e não um mero estudo. Aprender a Palavra é apanhar a vida e não aprender para recitar ou para acrescentar ao saber.

  1040. Uns mentem para se esconderem e outros falam a verdade para encobrirem algumas coisas com ela. Mas, devemos usar a verdade para nos manifestarmos e para nos colocarmos na luz.

  1041. É melhor não dar qualquer esperança que dar esperança falsa. Por isso, busque ter esperança verdadeira, aquela que nunca engana, Rom.5:5.

  1042. "Vós tendes dito (...) Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade são edificados; sim, eles tentam a Deus e escapam", Mal.3:14,15. Sempre que a pessoa tem uma mente terrena, sempre que considera a terra como bênção maior, toda a pessoa vê como maldição quando algo lhe falta. Mas, se isso fosse verdade, os terroristas e assassinos não estariam bem na terra. E enquanto as pessoas acreditarem na terra como bem maior, dificilmente Deus pode perseguir os inimigos do Evangelho e os maus, pois, levaria a estabilizar essa crença que o bem está na terra.

  1043. Nem sempre se trabalha para Deus quando se prega o Evangelho. Existem pessoas que trabalham para ver os frutos. Ora, enquanto a obra for feita por causa dos frutos, não vai ser feita para Jesus. E trabalhar para Jesus dá mais fruto que trabalhar por qualquer outro motivo. Provavelmente, a pessoa que trabalha arduamente pelos frutos não verá os frutos do seu trabalho durante um tempo para que seja santificado e mais dedicado a Jesus que ao trabalho. Somente os entendidos poderão entender e assimilar esta verdade.

  1044. Existem certas verdades que são como uma roupa de lã que ainda não foi terminada: muitos procuram a ponta para continuar a obra, enquanto outros procuram a ponta para desmanchá-la, desintegrá-la e destrui-la.

  1045. O legalismo destrói em vários sentidos e de várias maneiras. Uma das formas: coloca as pessoas contra a pregação da lei. Na verdade, a pregação e divulgação da lei é fundamental para que aconteça a morte do pecador. Sem essa morte, nunca ressuscitará o santo. "Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou", Rom.7:11. Haja mais pessoas a quem a lei mate!

  1046. Se a sabedoria é algo fácil para mim, deve ser porque é algo difícil para os outros; se o dinheiro é fácil de adquirir é porque deve ser difícil para muitos que precisam de mim; se o conhecimento está ao alcance da minha mão, é porque os demais precisam o que lhes é difícil alcançar. Nada nos é dado por acaso. Tudo que possuímos e recebemos é de todos. Que Deus nos continue abençoando muito por causa dos outros. Devemos ter a noção que as bênçãos dos demais encontram-se em nossas mãos.

  1047. "Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente". Já pensou no que pode significar ser limpo de mãos? Hoje estou pensando nisso. Deve ser a maneira como fazemos as coisas, a dedicação á perfeição naquilo que sabemos fazer. "Este receberá (...) a justiça do Deus da sua salvação", Sal.24:3-5. Muitos querem receber outras coisas, mas, Deus promete a justiça, isto é, promete tornar justo quem se limpa. Será que é isso que você espera receber de Deus limpando as suas mãos e purificando todo o seu coração? Ou espera receber qualquer outra coisa?

  1048. "Aparta-te do mal e faz o bem; e terás morada para sempre", Sal.37:27. Propagou-se esta ideia católica de que fazer o bem é ajudar as pessoas e ajudar os mendigos. Mas, fazer o bem é cumprir a lei de Deus em todos os seus aspectos e não apenas ajudar o nosso próximo. Porque as igrejas vêm negando Deus todos estes séculos, criou-se a ideia de fazer bem às pessoas para ninguém se sentir culpado de negar Deus impiedosamente. As boas obras tornaram-se uma camuflagem que não encobre nada, pois, tentam encobrir o desastre que aconteceu a nível do coração.

  1049. Sabedoria é experimentar o que se aprende, é a parte ativa de tudo aquilo que nos acontece. Sabedoria é o jeito personificado da pessoa nos caminhos de Deus, é a agilidade de comportamento e de palavras a respeito daquilo que nos acontece pelo lado de dentro e de fora. Sabedoria é o caminho mais curto para um determinado objectivo.

  1050. O problema da sabedoria é que, quem a obtém, procura saber sempre mais. Deixem-me explicar. Quando queremos resolver alguma coisa, o alvo é resolver pela sabedoria e o poder de Deus. O alvo não é a sabedoria em si, pois, a sabedoria é um instrumento e não o alvo a atingir. As pessoas, por norma, desprezam aquilo que já sabem como se o que lhes foi dado a conhecer tivesse perdido a sua importância porque já sabem. Você despreza o seu filho pelo simples facto de já o conhecer? O que já sabemos, devemos lembrar e não esquecer ou desprezar. "...Ele ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito", João 14:26. "Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas, porque a sabeis", 1João 2:21. Quantas coisas são confirmadas lembrando as coisas que Deus já nos ensinou? Pedro disse: "E lembrei-me do dito do Senhor...", At.11:16. Na verdade, só nos lembraremos com agilidade aquilo que nos transformou e aquilo que nos foi capaz de tornar novos, isto é, aquilo que nos mantém novos.

  1051. Segundo a Bíblia, Balaão era profeta (2Ped.2:16). Mas, quem acredita que ele hoje está no céu?

  1052. As dores passam todas, mas, nós não. "Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre", 1 João 2:17.

  1053. "Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas, Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação", Luc.16:15. Ora, alguém que gosta de justificar-se ou se sente lisonjeado quando se justifica diante dos homens e estes aprovam ou aplaudem esse tipo de justificação, tem como alvo ser visto ou lisonjeado. Logo, quando alguém quer agradar outro, justifica seu próximo. Isso aproxima quem lisonjeia daquele que é lisonjeado. Então, se é verdade que alguém se justifica diante dos homens, é verdade que aquilo que os homens vão pensar a seu respeito é muito importante para o homem hipócrita. A opinião doutros homens é importantíssima para qualquer homem carnal ou fingido. Olhando por esse prisma, todo aquele que lisonjeia e justifica a outro, procura uma aproximação armando um laço para os pés da pessoa a quem se dirige. Se alguém depende da auto-justificação, quem justifica alguém contribui para o engano do seu próximo. "O homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos", Prov.29:5.

  1054. A alegria é como o agradecimento: é preciso haver algo que aconteceu para nos alegrarmos. Hoje existem muitos tolos que se tentam alegrar a eles mesmos sem que estejam experimentando Jesus verdadeiramente. São hipócritas. Da mesma maneira que não posso estar agradecendo por agradecer sem haver recebido nada de ninguém, dessa mesma maneira deve funcionar a alegria no coração.

  1055. "Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual operaste para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!" Sal.31:19. Confiar na presença dos homens nem sempre significa dizer aos homens que estamos confiando. Imaginemos estar cercados de homens maus que nos querem tirar a vida e, ainda assim, confiarmos em Deus na presença deles!

  1056. "As minhas iniquidades me prenderam de modo que não posso olhar para cima", Sal.40:12. Os homens de Deus, caso pecassem nalgum ponto, não conseguiam olhar para cima. Hoje, parece que já não existem os valores da verdade e o engano tomou conta de tudo, pois, vemos milhões de pessoas presas em seus pecados olhando para cima como se Deus fosse responder e atender aquilo que desejam. Já não existe vergonha e desonram Deus usando o Seu nome em vão.

  1057. Onde existem falsas profecias, palavras onde se usa o nome de Deus em vão, frases de conforto que não vem de Deus, condenação que não vem pela convicção do Espírito ou qualquer outra situação onde as pessoas tentam falar por Deus, devemos ter várias coisas em atenção: as pessoas enganadas acreditam forçosamente naquilo que dizem, de tal maneira que a força que aplicam em suas convicções as impede de ser convencidas do contrário; em segundo lugar, não adianta acabar com as profecias onde existem falsas profecias, não adianta entrar num caminho oposto ou inverso, pois, seria o mesmo que afirmar que as profecias não existem. A única maneira de superar o erro é fazer as coisas da maneira certa e isso só acontecerá quando as pessoas estiverem em bons termos com Jesus e pararem de usar o nome de Deus em vão. E é bom que as coisas comecem a ser feitas da maneira certa o mais depressa possível, sob pena de Deus virar as costas definitivamente.

  1058. Para que serviria o amor de Deus por um ungido (para guiar ou ajudar outras pessoas) se não houvesse amor igual pelos que serão guiados ou ajudados por ele? Não devemos crer que só porque não estamos destinados a alcançar certas coisas de certa maneira não somos tão amados quanto os que foram chamados para serem pastores e líderes espirituais. O amor de Deus pelos tais faz com que se escolham líderes. Não existe outra explicação para alguns serem escolhidos.

  1059. A coisa mais difícil que experimento no Evangelho é convencer alguém que não tem e que acredita que achou e tem. Não é fácil fazer alguém buscar o que acha que já tem.

  1060. "...Para te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não", Dt.8:2. Existem erros que se pagam muito caro. Um deles comete-se quando estamos sendo provados. Quando estamos sendo provados, duvidamos disto e daquilo e até colocamos o poder ou a bondade de Deus em causa. Por vezes, negligenciamos nosso trabalho para ficarmos obcecados com as preocupações e acusações contra Deus. Contudo, devemos ter algo em mente: o grau de fidelidade que apresentamos sob provações intensas é proporcional ao grau de fidelidade quando tudo nos corre bem e quando já não somos provados. José foi tão fiel a Deus depois de se haver tornado rei do Egipto quanto era nos calabouços de Faraó. Que ninguém acredite que será mais fiel, mais dedicado ou mais amoroso quando as provações terminarem do que aquilo que é enquanto estiver sendo provado intensamente ou nos limites.

  1061. Assegurar a fome por Deus, pela obediência, pela disciplina, pela fidelidade ou por qualquer outra virtude fundamental garante muito mais que aquilo que possamos imaginar. Essas virtudes sendo cumpridas pressionadas pelo dever não duram muito, ainda que o dever faça parte da nossa vida. O dever sem fome pelo dever não buscará comida por muito tempo e, ainda que a busque, não comerá porque não sente fome ou apetite. Não podemos separar a fome do apetite. Ser cumpridor sem fome não leva ao amor a Deus e, em pouco tempo, levará à rebeldia.

  1062. "Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais e bem vos suceda e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir", Deut.5:33. Existem vários crimes quando não seguimos Deus em tudo que nos indica, além de algumas possíveis consequências. Deus é Deus e não existe melhor guia. Não segui-lo seria o equivalente a suicídio, além de ser uma enorme falta de respeito, pois, a enormidade desse pecado tem muito a ver com a grandiosidade do ser que desrespeitamos. Outro crime que se comete não obedecendo Deus é a negligência infame do enorme privilégio de podermos seguir o caminho mais certo e mais correto com todas as garantias e promessas dum futuro auspicioso em Deus. Por isso, a desobediência não apenas desencadeia uma sucessão de maldições como desvia a pessoa do único caminho que pode ser abençoado.

  1063. "...Os meus ossos estão perturbados. Até a minha alma está perturbada", Sal.6:2,3. Isto significa que ainda tendo os ossos perturbados, a alma nem sempre se perturba acerca disso. Uma coisa não que ver com a outra. Mas, podemos chegar a um ponto onde a alma se perturba por causa da perturbação dos ossos.

  1064. Existe muita pirataria à volta da verdade. A verdade pirateada criou muros, barricadas e barreiras em torno do que é verdadeiro e real. Se quisermos chegar à verdade, teremos de pensar passar por cima de trincheiras organizadas, pular barreiras e sofrer emboscadas de todos aqueles que afirmam que são pregadores.

  1065. Por norma, aquele que não quer fazer, manda muito. Isto significa que aquele que manda fazer não quer fazer por uma ou outra razão. Os bons líderes são aqueles que praticam, fazem e outros seguem-lhes o exemplo.

  1066. Existem e existirão sempre exemplos entre o povo de Deus. Mas, duma coisa eu tenho a certeza: todos aqueles que têm algum homem de Deus como exemplo necessitam necessariamente de chegar ao patamar desse exemplo que que lhes é dado (por Deus). Não digo que lhes seja necessário fazerem o mesmo tipo de obras, mas, que têm de alcançar a mesma fidelidade, o mesmo tipo de coração e o mesmo patamar moral e espiritual do exemplo que lhes foi colocado graciosamente diante de seus olhos. Quem não alcançar a mesma vida do exemplo que lhes é dado, estará em falta diante de Deus. Existem exemplos mais fortes e mais marcantes que outros. Mas, aquele exemplo que é dado ao rebanho é o mínimo que se exige desse mesmo rebanho.

  1067. A falsa profecia é rebeldia. Sempre que as pessoas profetizam falsamente, eles dizem precisamente o oposto daquilo que Deus diria. E fazem-no em nome de Deus. Tanto os que profetizam quanto os que ouvem essas profecias são donos duma rebeldia muito pior que a da feitiçaria. "Porquanto (...) vos profetizou e Eu não o enviei e vos fez confiar em mentiras, eis que o castigarei e a sua descendência; ele não terá ninguém que habite entre este povo, e não verá o bem que hei de fazer ao meu povo, diz o Senhor, porque falou em rebeldia contra o Senhor", Jer.29:32.

  1068. Não use a Bíblia para lisonjear alguém, não use a Palavra de Deus em vão; não se esconda por trás da Bíblia, mas, exponha-se; não tenha preconceitos porque não valem de nada. Quem lisonjeia usa a Palavra em vão, esconde-se atrás dum 'amor' que não ama e cria muitos preconceitos que nem sequer existiriam doutra maneira. Tenha, também, muito cuidado com a língua que lhe lisonjeia, pois, essa mesma língua é capaz de criticá-lo mais adiante e falar mal de si quando não estiver ouvindo. Quem lisonjeia, critica e quem critica também lisonjeia. É uma e a mesma pessoa.

  1069. Não é bom que as pessoas sejam salvas através da ira. Deixem-me explicar. Somos salvos dos nossos pecados e indiretamente da ira futura. Logo, existe perdão onde existe conversão, isto é, onde começa a existir a impossibilidade natural de pecar ou a possibilidade de não voltar a pecar. Quando a pessoa não deseja abandonar todos os seus pecados significa que, na verdade, não deseja ser salva deles. Logo, através da ira de Deus as condições para se parar de pecar começam a surgir daqui e dali. O aperto da ira e a pressão que exerce sobre os corações levam muitos a pararem de pecar. Mas, o que acontece quando a ira é levantada e cessam as repreensões? A possibilidade de se voltar a alguns pecados é enorme, pois, a pessoa (neste caso) cessou de pecar para estancar a ira que paira sobre a sua cabeça. Seu alvo não era parar de pecar e antes estancar a ira de Deus. O amor pelo pecado ainda é uma realidade. Logo, aqueles que verdadeiramente começam a abominar o pecado - independentemente de começarem sendo repreendidos ou não - são os que permanecerão limpos de coração indefinidamente. Por isso, não é de todo aconselhável que a ira de Deus cesse antes da pessoa se encontrar realmente convertida. Torna-se necessário que a pessoa entre nos eixos e ganhe um coração que abomina o pecado natural e instintivamente. A ira deve cessar quando as pessoas já voltaram ao seu estado original da criação. "Torna a trazer-nos, ó Deus da nossa salvação e faz cessar a tua ira de sobre nós", Sal.85:4. Existe uma ordem cronológica nas palavras deste versículo que não devemos menosprezar. Primeiro, voltamos ao nosso estado original e, depois, cessa a ira.

  1070. Os relógios parados estão certos duas vezes por dia. Mas, isso não nos deve enganar a respeito deles e não nos deve levar a aceitá-los como produtos de qualidade. Os falsos também podem estar certos pontualmente. Mas, não devem poder enganar-nos.

  1071. "...Segundo a Sua boa vontade", Fil.2:13. Existem muitas palavras e expressões na Bíblia que são facilmente mal interpretadas devido ao significado que a nossa linguagem corrente lhes dá. Este termo de "boa vontade" é um deles, como poderíamos falar também do "bom ânimo" e outras coisas que a Bíblia tem descritas como boas. Na verdade, quando os anjos apareceram aos pastores nos arredores de Belém e anunciaram "boa vontade para os homens", não significa necessariamente uma mudança de atitude de Deus em relação aos homens. O que os anjos queriam dizer é que a vontade de Deus, a qual é boa, ia ser manifesta no interior dos homens. Devemos entender que é a vontade que é boa - e sempre foi boa - e não está descrevendo a disposição. A vontade  de Deus é boa para tudo e deve ser aceite com alegria. Devemos entender que essa vontade é manifesta aos homens duma forma que não era facilmente manifesta a qualquer um no Antigo Testamento. No Velho Testamento era conhecida como profecia e era experimentada por pessoas fiéis, contudo só se tornou manifesta para muitos em Pentecostes. Você já passou pelo seu Pentecostes?

  1072. "E ele, tremendo e atónito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer", At.9:6. É interessante que quando somos confrontados por Deus, pensamos mudar de rumo e não de coração. Jesus não mudou o rumo de Saulo. Disse-lhe para entrar na cidade onde ele iria destruir os crentes em Jesus. Deus não lhe mudou o rumo - mudou a pessoa. Ao mudar a pessoa, mudou tudo - ainda que as circunstâncias e o lugar continuem os mesmos. Muitas vezes, o rumo é a própria providência de Deus. Caso não seja, Deus também mudará o rumo.

  1073. "Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo", At.6:8. Não é somente a fé a responsável por fazer as coisas de Deus. É necessário o poder de Deus. Esse poder precisa acompanhar quem tem fé. Se a fé já é um dom vindo de Deus, o poder não pode ser considerado como pertencendo ao homem. O homem não se pode agigantar com algo que ele mesmo não possui nele próprio. Não somos nós que mandamos no poder e antes o poder que nos guia e leva.

  1074. "E outra caiu entre espinhos e os espinhos cresceram e sufocaram-na", Mat.13:7. Existe sempre um problema sério quando os espinhos crescem. Se crescem, o terreno é-lhes propício. Não devemos ter ilusões: onde os cuidados do mundo prevalecem acima da confiança e da entrega a Jesus de todas as coisas, acontece algo que nem o diabo é capaz de conseguir: a palavra é sufocada. O diabo não consegue sufocar a Palavra recebida no coração, mas, os cuidados do mundo conseguem.

  1075. "Mas, eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo", Mat.12:36. O que é uma palavra ociosa? Uma palavra ociosa é algo que se diz para não se ficar calado, ou para se mostrar ou quando se fala por falar. São palavras que não têm essência.

  1076. "Como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus?" Mat.12:34. O mesmo tipo de pergunta poderia ser colocada a muitos: "Como podereis dizer coisas más havendo sido transformados?"

  1077. Jesus enviou os Seus discípulos sem ouro e sem prata. Aliás, nem alforge deveriam levar com eles. Contudo, é de realçar que nem todos são chamados para viver assim. Os que se atreverem sem haverem sido chamados, pagarão pelo seu erro grosseiro  e arrogante. Não podemos ser movidos pela arrogância e antes pelo chamado de Jesus. Todos devemos confiar obedecendo, mas, confiar desobedecendo é mais que loucura - é uma forma de burrice teimosa. Lembre-se do que aconteceu aos sete irmãos que tentaram expulsar demónios como Paulo fazia! (At.19:13.16).

  1078. Muitos pensam no Reino dos Céus como aquele reino que vem depois da morte, quando devemos entender que é o mesmo reino que reina nos céus e chegou à terra. Lemos a respeito desse reino algo assim: "Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus", Mat.5:19. Existem pregadores que não sabem por que razão as suas congregações não crescem e por que razão ou razões não se tornam mais importantes ou mais decisivos no Reino de Deus e na propagação do Evangelho. Esta é uma das razões: não ensinam os homens como devem ensinar e nem se ensinam a eles mesmos. Seu testemunho é precário, suas vidas não correspondem ao Evangelho e correspondem somente a esse Evangelho barato que hoje se vê proliferando pelo mundo dos enganados e dos enganadores. Não ensinar da maneira que devemos e não viver da maneira que devemos viver, sendo ou tornando-nos dignos desse Reino dos Céus, é a principal causa da pequenez das coisas que deveriam tornar-se grandiosas.

  1079. Aquele que não é capaz de suportar vaias, acaba caindo com os aplausos. Existe uma relação direta entre sentir-se ofendido com as vaias e sentir-se elogiado com os aplausos.

  1080. Blasfemar é usar o nome de Deus em vão, usá-lo fazendo referências pouco dignas ou maliciosas. Não é à toa que um dos mandamentos é que não usemos o nome de Deus em vão.

  1081. É preferível morrer solteiro ou solteira que morrer casado quando foi o pecado que uniu o casal e não Deus. "Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado", Heb.11:25. Se aqui diz "escolhendo", é porque quem tem tomar uma decisão é você. A escolha é sua, a opção cabe a si. A esquerda e a direita estão diante de si. Deus não vai escolher por si para você afastar-se do pecado ou de qualquer jugo desigual. Escolha logo quem quer servir. Adiar a decisão a favor de Deus prejudica a sua vida futura, ainda que, mais tarde venha a tomar a decisão correcta. "Assim, ao Senhor temiam e, também, a seus deuses serviam, segundo o costume das nações", 2Reis 17:33. Você teme a Deus e também se rege pelas maneiras como o mundo faz as coisas? Vende, compra, fala da mesma maneira que o mundo faz? Os seus costumes são os costumes das nações? É o namoro que decide com quem casará ou é Deus? Os seus sentimentos sabem mais que Deus? São capazes de decidir melhor que Ele?

  1082. Você pode estar mal com Deus sem se aperceber disso, como pode estar bem com Ele sem se dar conta desse facto. Contudo, estando mal com Deus costuma dizer: "Se Deus me falar, se Ele me mostrar, eu resolvo. Deus não me está falando!" Se Deus não lhe está falando, deveria estar. Na verdade, não deve ser Deus quem está calado, mas, você que não se encontra em estado de ouvir. Somente ovelha é capaz de ouvir. Você é capaz de ser ovelha? Não adie as coisas que deve fazer com a desculpa que Deus não falou. Antes, diga que não ouviu ou não quer ouvir e deixe de colocar as culpas em Deus. O problema não está em Deus que fala e antes em quem ouve - ou em quem não ouve.

  1083. O entusiasmo da fé, isto é, a alegria de receber ou a perspectiva de receber pode motivar um tipo de entusiasmo que muitos não consideram são. Embora esse entusiasmo honre Deus, devemos ter em conta que o entusiasmo deve-se a muitas coisas. Alguém pode animar-se vendo o sinal. Isso acontece muito com os incrédulos que se consideram crédulos. Outra situação ocorre quando alguém recebe algo que deseja muito, isto é, encontra-se pessoal e emocionalmente envolvido no que recebe. Mas, existem os que honram Deus e buscam as coisas pensando e amando a honra de Deus. Esses, geralmente, demonstram um espírito pacífico, uma fé firme e uma alegria que raramente expressam através de manifestações ou palavras. Suas palavras são poucas e suas afirmações são seguras.

  1084. Paciência que não esteja associada a um desejo intenso de algo se concretizar em total conformidade com aquilo que Jesus prometeu, não pode ser considerada como paciência. Se não houver expectativa contínua, se a expectativa não se mantiver viva, não creio que exista paciência ou que esteja sendo exercitada.

  1085. É integralmente verdade que nunca haverá um verdadeiro avivamento sem santidade brilhante, sem uma integridade notável aos céus. Contudo, não é inteiramente verdade que, onde haja santidade dessa vá haver avivamento. Jacó santificou-se e santificou o povo e houve um temor a Deus num raio extenso entre os povos à sua volta. Houve um avivamento. Mas, Elias, Eliseu e outros eram santificados continuamente e nunca conseguiram que houvesse esse temor generalizado em Israel e arredores.

  1086. Ainda que fosse tão justo quanto o anjo mais puro, deveria despir-me de minha justiça para revestir-me de Cristo.

  1087. Muitas vezes, as pessoas que passam por tribulações acreditam que isso acontece por um bem maior ou para se livrarem de qualquer mal pior que a tribulação. "Ah, se não tivesse passado por isso, teria sido morto ou algo mau aconteceria". Mas, é um equívoco grande. Embora Deus também nos possa livrar do mal por essas vias, Ele não necessita de nenhuma tribulação para nos livrar de nada. Na verdade, a tribulação só tem um bem maior em conta: a otimização da obediência. A obediência é o bem maior que Deus procura assegurar.

  1088. A transparência é o aliado mais íntimo da santidade. Existem casos onde a transparência é a própria santidade. Andar na luz garante toda a purificação - desde que andemos na luz da mesma forma que Jesus anda nela.

  1089. Um erro ou pecado nunca anda sozinho. Um busca outro ou um traz o outro. Salomão sacrificava nos altos, ainda que sacrificava a Deus. Não terá sido por essa razão que buscou mulheres estranhas e entrou noutros pecados como consequência? É verdade que um pecado pode ser cometido sem haver antecedentes ou causa, mas, se houver um será, certamente, uma das causas principais para outros. Isso acontece porque o pecado nos separa de Deus, isto é, da graça. Somos salvos do pecado pela graça de Deus. Assim sendo, um pecado abre o caminho para a entrada de outro porque separa de Deus.

  1090. Eis uma verdade: se sou realmente guiado por Jesus, se sou filho d'Ele, qualquer lágrima  que eu verta a meu favor é vertida em vão. Devo guardar as lágrimas para os perdidos ao meu redor. Esses realmente precisam delas.

  1091. Estando num caminho que parece certo ou que não é a vontade de Deus - ainda que pareça muito nobre - e caso creiamos estar na vontade d'Ele, 'ouviremos' ou buscaremos ouvir as 'vozes' a respeito desse caminho. É um caminho para o desapontamento, certamente. Seremos enganados pelas vozes que ouvimos e pelo nosso próprio coração, acreditando que é Deus quem se pronuncia a esse respeito. É mais difícil corrigir alguém que pensa estar certo que alguém que sabe que está errado, embora o erro de quem pensa estar certo seja maior que todos os outros.

  1092. "Os ímpios circulam por toda parte quando os mais vis dos filhos dos homens são exaltados", Sal.12:8. Por vezes, pergunta-se por que razão existem tantos assaltantes, assassinos e pessoas más em certos países e por que razão circulam por todo lado impunemente. Segundo a Bíblia, é porque os que são elevados como governantes são vis e não honram Deus com suas vidas. Logo, colhem tudo aquilo que semeiam. Mas, alguém poderá argumentar que quem sofre são aqueles que não governam. E eu respondo: "Quem escolheu aqueles que governam?" Quem os escolhe torna-se cúmplice de tudo o que fazem.

  1093. O medo bateu à porta. A fé foi atender. Ninguém estava lá.

  1094. Eu não posso acreditar em mentiras, mas, posso crer no que é possível com Deus - e tudo é possível com Ele.

  1095. Se eu for uma pessoa fiel e não confiam em mim, se não esperam que eu cumpra e estiverem sempre a lembrar-me os meus deveres, por certo que me sentirei ofendido e injuriado ainda que não reaja a isso. Se até os infiéis se sentem ofendidos quando não confiam neles - imaginem a ofensa que é para os que são realmente fiéis! Tendo isso em mente, imaginemos o que significa não crer em Jesus, não confiar n'Ele e dependermos de nós mesmos para tudo, havendo nós nascido de semente infiel numa terra onde a infidelidade é uma cultura e forma de vida. A semente de Jesus é, em tudo, o oposto disso.

  1096. Se alguém estiver a ser tratado por Deus através de provações e não se corrigir no meio dessas dificuldades ou repreensões, não ficará melhor como pessoa ou como santo quando as coisas começarem a correr bem. Mudando-se as circunstâncias para melhor, as coisas pioram para o coração se a pessoa não se tiver submetido a Deus ou às Suas exigências todas anteriormente. Imaginemos que um casamento enfrenta certas dificuldades e pobreza para que o casal se una e um aprenda a entender o outro enfrentando as coisas juntos. Caso essa união não se forme sob dificuldades e provações, irá piorar assim que as circunstâncias começarem a mudar para melhor. A desunião será maior e os desentendimentos também. Não podemos alimentar a vã esperança de que as coisas melhorarão entre o casal caso as circunstâncias mudem para melhor. Nos caminhos de Deus isso não acontece dessa maneira. Isso não irá acontecer. É uma lei da natureza e é aplicável e extensível a todas as outras situações humanas possíveis. Se alguém rouba, sendo pobre, roubará se enriquecer e será mais desonesto ainda; se alguém mente sob pressão, será maior mentiroso quando exercer essa pressão; etc. Precisamos mudar já e antes que as circunstâncias mudem, independentemente de quais sejam as dificuldades onde nos possamos achar. As circunstâncias não têm nada a ver com o estado do nosso coração. "E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites", Luc.12:47.

  1097. Se a maior honra para o homem é livrar-se de si mesmo e salvar-se dos seus pecados - e se isso é honroso para Deus - isso significa que a maior desonra é ser entregue a si mesmo e ser deixado nos pecados que deseja. "E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém", Rom.1:28.

  1098. "Descansa no Senhor e espera n'Ele", Sal.37:7. Muitos só conseguem estar no Senhor sem descansar n'Ele e sem saber esperar n'Ele. Se 'descansam', não estão no Senhor; e se estão no Senhor, não descansam. É necessário alcançar o nosso sossego estando n'Ele e Ele em nós sem sermos fingidos. Esses nunca se cansarão porque esperam n'Ele verdadeira e ininterruptamente.

  1099. "Olhávamos atentamente para gente que não pode livrar", Lam.4:17. Quantos olham, também, para coisas que não podem salvar. Existem circunstâncias onde nem o ouro pode comprar o que precisamos. Muitos olham para pastores e evangelistas populares que não podem salvar e, contudo, crêem-se salvos.

  1100. Todas as meias verdades tornam-se sempre grandes mentiras. Não há meia verdade que, se não morrer, não se transforme numa enorme mentira mais tarde ou mais cedo.

  1101. Se sabe que as pessoas se inspiram muito através de ações, experimente fazer em vez de falar. Cumpra os mandamentos de Jesus e fale menos.

  1102. Uma obra completa não cansa tanto como uma parte dessa obra feita de forma perfeita ou imperfeita. Fazer mal feito cansa menos - seja no imediato ou a longo prazo - que fazer bem.

  1103. Debater contra a vida é lutar a favor da morte. Deus é vida e a nossa consciência o barómetro. Se Deus se colocar contra nós, devemos ouvir as Suas razões e entendê-las da maneira d'Ele antes de nos exaltarmos contra Ele.

  1104. Deus pode guiar e levar alguém sem que seja notado. Ele pode guiar-nos sem nos apercebermos. Mas, isso não edificaria a obediência e nem construiria um coração que Deus deseja em todos nós.

  1105. A incredulidade opõe-se abertamente à ideia dum Deus real. Um Jesus real assusta o pecador incrédulo. É isso que define a incredulidade. A incredulidade admira-se com a realidade, rejeita ou teme um Jesus real. Contudo, crê num Jesus inativo e busca-o avidamente.

  1106. Muitas vezes, as orações, intercessões e jejuns de muitos são impulsionadas por vontades e desejos dos próprios e não por uma busca da vontade de Deus e para que ela se concretize como vontade de Deus.

  1107. A distração é, por norma, uma luta entre dois ou mais pensamentos que pedem a atenção da pessoa. A atenção é única e os pensamentos mais que um. Logo, surge a distração. Nessas circunstâncias, ao invés de ficar lutando com vários pensamentos, devemos parar e decidir a qual deles iremos dar atenção prioritária: se aquilo que estamos fazendo ou se aquilo que nos chama a atenção.

  1108. Os Apóstolos usavam as palavras "este presente século" para descrever algo que seria difícil descrever como "esta vida". A vida neste mundo não é vida e, por essa razão, tinham alguma dificuldade em usar a palavra vida para falar do que se passa aqui. Passaram a usar as palavras "este século", pois não dura muito.

  1109. As rosas têm muitas semelhanças com quem tem a fragrância do Evangelho de Cristo. Crescem entre espinhos, mas, seu perfume e beleza não são afetados por eles. As pétalas não têm espinhos e a sua fragrância não se torna ruim. Os espinhos não picam a flor e antes todos aqueles que tentam destrui-la.

  1110. viu uma criança que ainda não sabe escrever bem e só sabe fazer letras? Quando aprende a escrever seu nome numa folha, começa sempre com letras grandes para, depois, ver que o nome não cabe na folha e começa a diminuir o tamanho das letras para terminar seu nome. Não seria melhor começar sempre com letras pequenas? Na verdade, é precisamente isso que muitos fazem com as coisas espirituais. O que dizem quando começam é tão desproporcional que, no final, não cabe na folha da sua vida. Antes buscassem as coisas do tamanho certo e falassem delas. Não precisamos letras grandes para descrever coisas grandiosas. Por muito pequenas que sejam as letras, não diminui o tamanho do que se descreve. Se eu escrever "Universo" com letras minúsculas diminuo o tamanha do universo?

  1111. Meu descanso é estar com Deus. Não se descansa de Deus, mas, com Ele.

  1112. Abraão viu o ventre de Sara envelhecer e secar na frente dos seus olhos. Esse envelhecimento era constante e diário. Mas, a promessa de Deus mantinha-se vivificada e vivente nele. Não conseguia negar qualquer das duas realidades. Enquanto o ventre de Sara se ia secando, o fogo da promessa ia aumentando nele. Era real. Cada dia que passava, o contraste era cada vez maior, pois, um secava e o outro aumentava no coração. E tudo terminou em bem. Assim opera nosso Deus. Só devemos estar desconfiados caso Deus não opere dessa maneira. Mas, se operar conosco assim, estamos em conformidade com aquilo que aconteceu com todos os que Deus purificou. Estamos sofrendo dentro do padrão. Os relatos da Bíblia são claros e confirmadores. Se acontecerem conosco estas coisas de maneira contraditória, devemos ganhar ânimo, pois, estamos dentro do programa e dentro do padrão de Deus. Nada melhor para nos confirmar que Deus está, de facto, conosco.

  1113. Não existo para fazer amizades ou ter amigos. Existo para dar filhos a Deus e edificá-los como tal. Ainda que passem a ser meus irmãos e irmãs, não existo para esse fim e nem trabalho com essa finalidade.

  1114. Experimentei a vida de forma real. Fiz um desenho fiel de tudo que ela representa. Agora, alguns tentam alcançar o desenho e não a vida. Por que será? Outros, ainda, tentam pintar a partir do meu desenho porque pinto o que é real. Tudo que eu queria era que buscassem a vida e não que aprendessem a pintá-la. Antes, desejava que a achassem e que, pelo desenho, se tornasse mais fácil e que pudessem entender que existe diferença entre a vida verdadeira e os evangelhos falsos que proliferam por aí. Um facto arrepiante é que todos aqueles que vivem de acordo com as imagens que criaram em suas mentes precisam testemunhar deles próprios porque Deus não testemunha a favor deles. Por isso falam tanto deles próprios e de experiencias passadas. São testemunhos deles próprios, Is.44:9.

  1115. Aprender é vivendo ou experimentando vida real e abundante. A Bíblia fala dos que aprendem sempre e nunca chegam ao conhecimento da vida. Por outro lado, não é preciso saber ou conseguir explicar tudo o que se passa em nós se vivemos e experimentamos a vida eterna que Deus nos deu para viver agora e depois. A Vida falará por ela.

  1116. Como podemos distinguir entre a liderança do Espírito Santo e o impulso da emoção? A emoção é sempre uma consequência de algo. A voz de Deus é uma origem. Por isso, basta conseguir distinguir entre consequências e origens e, depois, ver qual a origem do que se sente para nunca se colocar esperança sobre sentimentos, consequências resultantes.

  1117. "...Não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância", 1Ped.1:14. É necessário olhar para este versículo algumas vezes para entendê-lo melhor. Só assim podemos entender o que quer dizer. Fala das concupiscências que "antes havia". Isto é, já não existem mais (na pessoa) ou já não são concupiscência. Existem coisas boas que as pessoas são capazes de tornar em concupiscência e, anulando a concupiscência, tornam-se coisas boas. Mas, se não existem mais e se já não são motivo de tentação pessoal, como é que alguém ainda se poderá conformar com elas? Parece uma contradição, mas, sabemos que não é. Paulo também diz aos fiéis de Roma para não se conformarem com as concupiscências deste mundo, Rom.12:1,2. Não são as concupiscências deles, em Roma, mas, as do mundo à volta. Falava para pessoas que já eram fiéis. Por isso, podemos deduzir que estar conformado com as concupiscências não tem nada a ver com as tentações pessoais e antes com a conivência ou complacência, aceitação, ignorando tais pecados e suas formas de operar deixando-os em sua paz fingida perto de nós. Isto é, podemos estar indiferentes, coniventes, ignorantes ou aprovando aquilo que a concupiscência faz e o modo como atua. Paulo fala daqueles que aprovam o que os outros fazem de mal, seja assistindo a filmes ou novelas ou seja em forma de amizades com o mundo (Rom.1:32). Ainda que não se tornem praticantes ativos do mal, aprovam a pessoa que pratica. Por exemplo: as nossas palavras e modos de falar podem dar a entender que aquilo que chamam de romance não é uma forma de adultério; que a desonestidade é apenas 'negócio' e que não é necessário estimar o nosso próximo como a nós mesmos buscando o lucro; etc. Existem muitas maneiras de nos conformarmos com as concupiscências deste mundo com atos, sem atos, em palavras ou sem palavras. Até o sentido das nossas palavras deve ser revisto caso queiramos viver sem nos tornarmos desagradáveis ou ofensivos a Deus.

  1118. "Porque praticaram a falsidade, o ladrão entra e a horda dos salteadores rouba cá fora", Os.7:1. Existem certas leis na natureza das quais ninguém escapa. O mesmo acontece com leis espirituais. O ladrão entra onde se pratica a falsidade. Embora existam excepções à regra por causa de outras coisas que Deus possa desejar alcançar, devemos ter em conta que ainda hoje quem mata à espada, morre à espada; quem fala de outros, ouvirá rumores a seu respeito e será afetado por eles; quem pratica a falsidade será roubado; etc. "Não dizem no seu coração que Eu me lembro de toda a sua maldade; agora, pois, os cercam as suas obras; diante da Minha face estão", Os.7:2. Isso é uma forma de Deus se lembrar das iniquidades de muitos: através das leis do universo.

  1119. "Porque a vossa beneficência é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa", Os.6:4. Quantas coisas em sua vida passam rápido? Quantas atitudes boas ou virtudes ficam pouco tempo e quantas permanecem? Existem muitas pessoas cujas boas intenções duram até à primeira provação. Isso acontece àqueles que a Bíblia chama de instáveis e dobres de coração. Quando é que suas atitudes e decisões celestiais irão conseguir permanecer para sempre?

  1120. "Porque o teu povo é como os que contendem com o sacerdote", Os.4:4. Existe quem contenda com o marido, com o pai, com a mãe e até mesmo com as autoridades de seu país ou de outro país. Isso nunca pode ser considerado como uma falha menor e antes como um pecado muito sério. Quem não está de acordo não tem qualquer razão para responder mal, ainda que responda. Mas, nem sempre é necessário responder quando é Deus quem responde por nós. Contudo, por vezes Deus responde através de nós e devemos fazê-lo da maneira que Deus faria, senão, não poderemos dizer que foi Deus quem respondeu.

  1121. "Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo", 2Cor.3:3. O facto de ser manifesto nunca pode significar que seja globalmente aceite. Isto é, alguém está sendo manifesto como uma carta de Cristo por haver-se concertado com Jesus e com pessoas a respeito de todos os pecados antigos e a respeito dos pecados que praticava, abandonando-os para sempre e prosseguindo com aquela vida que somente Ele dá. Se é Deus quem dá essa vida eterna e abundante, a única prova de que a pessoa está bem com Deus é ter essa vida sem sombra de dúvida. Logo, manifesta outro tipo de vida e não apenas outro tipo de profissão de fé ou uma conduta manipulada. Essa vida fala alto e intriga todos os que anteriormente conheciam a pessoa em questão. Mas, nem todos gostarão do que vêem, ainda que se impressionem com a transformação que notam, a qual nunca mais poderão esquecer. Ora, ser uma carta de Cristo, isto é, sê-lo verdadeiramente, não significa necessariamente ser aceite como tal, pois, é possível ser-se rejeitado como tal. Por norma, os últimos a reconhecerem a transformação - se é que vão reconhecer e admiti-la - são os da própria casa e da própria igreja, pois, a maioria das pessoas com parentesco não olham muito para o que se passa em seus parentes íntimos por acreditarem que já conhecem muito bem 'as peças' da casa.

  1122. Toda a forma de esperança é legítima. Com isso quero dizer que posso esperar sempre algo de Deus. Mas, para evitar desapontamentos, preciso distinguir entre a esperança que se baseia numa palavra de Deus dirigida a mim a respeito do que espero; uma esperança com condições; e uma esperança que ainda se baseia naquilo que eu desejo que Deus possa dar. O que desejo que Deus possa dar pode ser mantido como esperança a respeito da qual Deus ainda se pronunciará. Mas, até isso acontecer, não será uma esperança legítima e pode desapontar caso se mantenha como certeza. Devemos poder aceitar, também, um "não" com a mesma alegria, pois, vem de Deus e Ele sabe o que faz. Somente as esperanças legítimas e baseadas numa palavra pronunciada por Deus não enganam, nunca desapontam e não deixam alguém sem rumo seguro e certo.

  1123. "Não folga com a injustiça, mas, folga com a verdade", 1Cor.13:6. Esta 'folga' com a verdade é um tipo de alívio dum peso. A injustiça, isto é, a existência da iniquidade é um peso para o coração do justo. Não é uma ameaça para o justo, mas, para o injusto que nunca foi transformado. Para o justo é um peso. Esse facto torna a injustiça um peso para qualquer coração justo.

  1124. Quem está acostumado a exercitar um tipo de 'fé' que se baseia em esperanças próprias, desejos pessoais ou conclusões que não chegaram de Deus por Seu Espírito (ao espírito do homem), certamente terá grande dificuldade em crer de outra maneira, isto é, quando é Deus que verdadeiramente pronuncia uma palavra ou fala ao coração. Isso acontece porque as formas do coração operar em cada caso são distintas e antagónicas. Crer quando Deus não se pronunciou previamente não é fé. É falsidade. E se isso é verdade, podemos afirmar ainda que aquele que consegue crer quando e sempre que Deus se pronuncia, não conseguirá crer quando é seu coração a mandar na sua fé. Isso não pode ser considerado como incredulidade. Contudo, existe uma enorme possibilidade de existirem pessoas estagnadas por estarem presas e hesitantes entre essas duas coisas.

  1125. "Não te deixes vencer do mal", Rom.12:21. Se o mal conseguir alterar a nossa paz, se conseguir que respondamos na mesma moeda, já fomos vencidos dele.

  1126. Se não tivermos algum mal no coração impedindo a fé, teremos a fé impedindo todo o mal. Nada é indiferente nesta terra. Tudo significa alguma coisa para a outra toda a hora.

  1127. Da maneira que a fé sabe que Deus ajustará todas as Suas contas com os ímpios, dessa mesma maneira sabemos que Ele se achegará aos justos para acertar tudo com eles por causa da justiça existente em seus corações. Crer numa coisa sem poder crer na outra não pode ser considerado como fé.

  1128. "Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas cogitações são que não há Deus", Sal.10:4. Isto não significa que aquele que não busca Deus diga que Deus não existe. Significa, apenas, que age como se Deus não existisse, vivendo sem ser guiado, sem ser reinado por Deus e Seu Espírito e agindo sem temor ao Senhor. Também significa que todo aquele que não busca Deus para ser guiado e reinado é ímpio - ainda que o 'busque' de outra maneira e para outros fins.

  1129. A fé pode mesmo exigir que creiamos em coisas "absurdas" e impossíveis, como uma virgem ter um filho sem conhecer um homem. Mas, ainda que exija de nós tal coisa, a palavra que nos é dada exigindo tal comportamento do coração não é dada de forma absurda e desanexada. A Palavra em que devemos crer deve ter a substância e a força de Alguém que promete por trás dela. No caso de Maria e do marido de Elisabete, o anjo Gabriel apareceu na sua frente. Maior provação passou José que teve informação divina através dum simples sonho. Qualquer um pode duvidar dum sonho. Mas, não deve ser fácil duvidar dum anjo que está sempre diante de Deus, o qual não precisa apresentar-se ou dizer qual o seu nome sempre que aparece.

  1130. "...Falou aos filhos de Israel, mas, eles não ouviram a Moisés por causa da angústia de espírito e da dura servidão", Ex.6:9. Como é duro falar a verdade a alguém que não deseja crer ou que não tem capacidade (vontade) de crer! De seguida, imaginem como será ainda mais difícil dizer ou explicar uma verdade ao descrente que, ao mesmo tempo, não tem esperança ou não a quer tê-la com receio de se iludir. Aqui, já ficam mal e incapacitadas duas virtudes muito importantes para a vida normal de qualquer homem: a fé verdadeira e a esperança que não engana. E se a isso juntarmos o fato de que essa palavra de verdade é dirigida a um coração duro, que não ama e não deseja amar, temos, então, muitos problemas sérios e, em muitos casos, impossíveis de resolver. Ainda bem que tudo é possível para Deus! "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas, o maior destes é o amor", 1 Cor.13:13. "Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta", 1Cor.13:7.

  1131. Todos os pecados têm uma sentença sobre eles. Ainda que essa sentença não seja tão imediata como aconteceu no caso de Ananias e Safira, ela alcançará todo o culpado que não foi totalmente limpo de qualquer de suas culpas. E mesmo aqueles que foram limpos, podem nunca se livrar (neste mundo) de certas consequências dos muitos pecados que cometeram. Imaginemos uma moça que engravidou antes de casar. Nunca mais será virgem e seu filho nunca poderá ser devolvido e deve ser criado como filho de Deus depois de haver recebido seu perdão.

  1132. Deus age de maneira diferente com pessoas. Age duma maneira com aqueles que Ele vê que irão ser fiéis e doutra com aqueles que cambaleiam entre vários pensamentos. Aquele que está sendo fiel, Deus limpa através de provações e de situações onde a sua fé é provada. Os que não são fiéis são provocados com situações que os provocam a crer. Uma coisa é Deus lidar com um Jacó que precisa duma luta com Deus e outra é lidar com um Israel que já lutou com Deus e já venceu. Os descrentes são provocados com sinais e outras coisas que podem convencer a crer, mas, não são provados na fé porque não têm fé para ser provada. Só a fé pode ser provada. Os que já crêem, são provados para se tornarem mais limpos.

  1133. "Eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade", Jonas 1:12. Quantas vezes os males das pessoas ao redor são causadas pelos próprios crentes desobedientes! Mas, poucos assumem isso como assumiu Jonas.

  1134. "Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados", Heb.2:18. Viremos este versículo de trás para a frente. Você tem a disposição de ser socorrido naquelas coisas em que Cristo foi tentado e nas situações onde Ele se encontrou? Ou procura outro tipo de situações onde ser apoiado?

  1135. "Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros", Heb.1:9. Duas coisas a este respeito. Muitos invejam a alegria de certas pessoas que andam com Jesus ininterruptamente. Querem o fruto, mas, sem semear e plantar. A alegria verdadeira resulta do fato da pessoa amar a justiça e odiar a iniquidade. Mas, tenhamos algo em conta: não é necessariamente a iniquidade dos outros que é odiada e antes a que pode residir no próprio. Este versículo fala de coisas pessoais, de santidade, justiça ou iniquidade dos próprios e não aquela que reside nos outros. A justiça habitando em alguém torna essa pessoa justa. Essa justiça deve ser acarinhada, cuidada, apadrinhada e amada. E é a iniquidade no próprio que deve ser odiada, interrompida, abolida, odiada e depreciada. Fazer isso com a iniquidade dos outros é uma prova de cobardia que flecte a verdade em outro sentido.

  1136. "Mas, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências", Rom.13:14. Existem duas coisas aqui, para todos os que desejam parar de pecar. Uma é sermos revestidos de Jesus. E isso precisa ser real. A segunda coisa é não dar qualquer espaço de manobra, provisão ou pensamento à possibilidade de pecar. Por norma, as pessoas só fazem uma dessas coisas e andam cambaleando: ou fazem uma guerra feroz contra o pecado sozinhos ou colocam a desculpa ou culpa em Deus enquanto buscam o pecado e visitam, olham, pensam e cismam com as coisas das trevas e do pecado.

  1137. Qualquer tribulação continuada, ainda que mais leve, é mais difícil de suportar que varias tribulações ocasionais que vêm e vão, isto é, que começam e terminam. Uma gota de água que pinga a cada segundo durante a noite toda perturba mais gente que um estrondo que dura uns segundos.

  1138. "Perseverai na oração", Rom.12:12. A palavra "perseverar" é diferente de "insistir" em muitos sentidos. Mas, a principal característica de quem é capaz de perseverar é que a pessoa tem um alvo bem definido o qual sabe que vai alcançar. No mínimo, sabe que pode alcançar de Deus. Mas, nunca vi alguém conseguir ser perseverante na oração por muito tempo quando, no seu dia-a-dia ou naquilo que pede de Deus depende das suas forças, das suas ideias e dos seus esquemas para conseguir o que pretende. Quem não entrega tudo aos pés de Cristo - tudo mesmo, incluindo a forma habitual de conseguir as coisas - dificilmente perseverará até obter resposta concreta.

  1139. "Sede pacientes na tribulação", Rom.12:12. Esta paciência não se refere apenas a ser paciente a respeito da tribulação, mas, a tudo o resto enquanto estamos sob tribulações. A paciência deve imperar no dia-a-dia e em cada situação nesses momentos. No entanto, devemos conseguir distinguir entre tribulação e falta de higiene espiritual com seus consequentes atritos de alma.

  1140. A graça precisa ser recebida. Quando Deus estende-a até nós isso não significa recebê-la, mas, apenas que ela está sendo oferecida. E recebê-la, ainda que seja bom, ainda não é depender dela. E depender dela, pode não ser depender dela inteira e exclusivamente para tudo. A graça é colocada diante do homem; depois deve ser recebida de bom grado e alegremente e nada melhor para dar alegria que uma busca intensa que termina em achar; se não for bem-vinda a esse ponto, será uma ofensa para Deus. E quando for aceite, torna-se necessária uma inteira, integral e exclusiva dependência dela. Embora uma coisa leve à outra, uma coisa não é a outra. São coisas distintas. Não posso receber graça sem viver cem por cento dependente dela. Se não depender exclusivamente dela não posso afirmar que vivo sob a graça.

  1141. "Não sejais vagarosos no cuidado", Rom.12:11. Precisamos entender bem a Palavra de Deus para nunca dar-lhe um significado que ela não tem. Este cuidado é um de cuidar de fazer as coisas, isto é, cuidar da casa, do dever de mãe, do trabalho, da leitura da Bíblia, do deve de orar, das necessidades das pessoas e de tudo o mais que é preciso ser cuidado. Sendo entusiastas em tudo, não seremos vagarosos em nada.

  1142. "Comunicai com os santos nas suas necessidades", Rom.12:13. Já vi muitas pessoas darem do que lhes sobra para a obra de Deus. Também vi uns poucos darem do que têm e lhes faz falta. Mas, quase nunca vejo quem se tente informar sobre as necessidades de quem não pede e não diz nada a ninguém sobre o que precisa. O verdadeiro santo não comunica a sua necessidade. Segundo Paulo, são os que podem ajudar que devem comunicar com essas necessitados e serem informados a respeito deles, seja de que maneira for - até mesmo quando esse santo recusa falar. Hoje só recebem aqueles que pedem quando deveriam estar pregando o Evangelho da verdade. Os honestos e sinceros, todos aqueles que pregam o Evangelho a partir dum coração puro e desinteressado, passam mal porque não se queixam e porque ninguém é capaz de se informar a respeito das suas necessidades.

  1143. Conhecemos a parábola das dez virgens, entre as quais havia cinco loucas. E eram loucas porque não se haviam preparado ou prevenido. No entanto, existe algo que nos passa despercebido nesta parábola. A luta das virgens era manterem-se acordadas. Como de costume, as pessoas lutam com uma coisa quando o problema é outro. O verdadeiro problema nem era o sono e a fadiga, mas, a falta de óleo que não se resolveu em momento oportuno para o momento que se iria precisar dele.

  1144. Qualquer um pode ser firme. No entanto, poucos são firmes em Deus. Deixem-me explicar. Não existe firmeza em quem não é firme. A pessoa, para ser firme em Deus, precisa ter firmeza nela própria ou saber reagir firmemente estando em Deus, isto é, confiando em Deus sem poder confiar nele próprio ou noutro. Uma pessoa inconstante não será firme porque não exercita a firmeza ou nunca se acostumou a exercitar tal capacidade juntamente com tudo aquilo que lhe é próprio. Uma pessoa que foi firme no pecado tem a sua firmeza. Logo, ela tem a capacidade de firmar-se em Deus por ser pessoa firme, caso se reconcilie com Deus e com Seus caminhos. Ser firme no pecado é uma aberração. Mas, a firmeza em Deus é uma virtude. Deve ser olho por olho daquilo que éramos capazes de ser para o mundo, só que agora devemos sê-lo para Deus. E se nunca fomos firmes no pecado, ainda assim devemos e podemos tornar-nos firmes em Jesus. Qualquer pessoa que era inconstante em sua vida de pecado, chegando-se a Deus deve exercitar a firmeza até que ela se torne a sua natureza. Só os firmes conseguirão ser firmes em Deus.

  1145. Sem graça as pessoas não podem entrar nos caminhos de Deus e só andam em caminhos próprios sob a paciência de Deus. A pessoa sem Deus tem capacidade para optar por qualquer tipo de caminho mau, mas, não tem como entrar na porta estreita e nem de permanecer no caminho estreito caso já tenha entrado nela pela graça e resolva fazer as coisas doutra maneira após haver entrado. A Bíblia é clara sobre o fato de cada um ter a capacidade de seguir o seu próprio caminho. A graça capacita-nos a deixar de seguir caminhos próprios e seguir Jesus pelos d'Ele. Torne-se audaz e siga Jesus.

  1146. Quando são leis, padrões, decisões ou estímulos a oporem-se a qualquer pecado ou sombra de pecado, não podemos afirmar que esse pecado se encontre eliminado. É um bom princípio ter certas razões contra o pecado. Mas, todos os princípios contra o pecado apenas evitam a transgressão, algo que não deixa de ser louvável e apreciável. Contudo, nada disso extermina o pecado do coração. Não há lei que o consiga fazer. Qualquer princípio moral, ao contrário da graça, evita a transgressão, mas, não extermina a fonte do pecado.

  1147. "Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão", Rom.2:25. Muitos falam da eleição e da predestinação. A circuncisão era o sinal dessa aliança. E se traduzimos esta ideia da seguinte forma: "A eleição (predestinação) é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua eleição se torna em não eleito"?

  1148. Lembramos como Deus disse a Josué para ter "bom ânimo". A verdade é que ou se acaba tendo bom ânimo ou se obterá mau ânimo, pois, ninguém fica sem ânimo nenhum por muito tempo. E quem não opta logo por bom ânimo, terminará com ânimo mau.

  1149. "Eliseu disse: Também eu bem o sei; calai-vos", 2Reis 2:3. Não é interessante que os verdadeiros profetas de Deus nem sempre dizem as coisas que lhes são reveladas? Neste caso, Eliseu entendeu que também era dever dos profetas calarem-se a respeito duma revelação importante. Quantos gostariam de se mostrar em ocasiões como estas, falando em sua arrogância! Se já falam quando é mentira e quando Deus não revela nada, imagine-se o que fariam se Deus mostrasse! E que lindo é ver Elias e Eliseu calmos e agindo normalmente mesmo sabendo que algo fora do comum iria acontecer. Precisamos de homens assim novamente, os quais não se admiram com as obras de Deus. Os homens de hoje vendem-se por muito pouco. Na verdade, vendem a sua alma por menos que pouco. Falam demais e falam rápido demais, não esperando para ver o que devem fazer com as revelações ou com as palavras. Consequentemente, por serem muitas as palavras, no dia seguinte já nem são capazes de se recordarem do que foi falado ou dito por eles. Esse espírito não é de Deus.

  1150. É muito fácil alguém falar em nome de Deus, falando dos Seus feitos estando em oposição a Deus. "Vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito", 1Reis 12:28; Ex.32:4,8. Quem fez o povo subir do Egito? No entanto, as meias mentiras têm o seu poder, juntamente com as aparências da verdade, pois, podem 'colar' os feitos de Deus a falsos profetas, falsas profecias e até mesmo a poderes falsos. Também podem atribuir a Deus coisas feitas pelo diabo.

  1151. Antes, no tempo dos apóstolos, toda a boa doutrina esclarecia ser uma forma de vida achada. Era uma profissão de vida. Hoje, tudo é uma profissão de fé. Os que pregam (certo ou errado) contentam-se em lutar pelas doutrinas, ensinos e pensamentos que consideram certos. Por essa razão, fazem tanta questão de ter certas confissões de fé pelas quais guerreiam assiduamente. Quem dera tivessem confissão de vida e não de fé!

  1152. Não são somente os verdadeiros filhos de Deus que falam a verdade. Eu creio mesmo que até o diabo fala a verdade na maioria das ocasiões usando-a para mentir. A diferença marcante entre os filhos de Deus e os que não são filhos d'Ele não pode ser detectada por aquilo que dizem, mas, por aquilo que são. Os filhos de Deus, além de falarem a verdade, são a própria verdade. "A boa semente são os filhos do Reino", Mt.13:38. Os outros apenas falam da verdade em que não conseguem tornar-se. Por isso, não chega para convencer alguém quando um pregador prega muito bem e tem capacidade de influenciar quem o ouve, pois, ele pode falar sobre a verdade sem ser verdadeiro, isto é, sem conseguir viver e experimentar pessoalmente tudo aquilo que ensina. Ainda que ensine o que deve, não experimenta o que deve.

  1153. Sempre que esperamos até ao fim por coisas boas da parte de Deus, os resultados serão sempre superiores ao tempo de espera e maiores em contraste com a demora do tempo em que perseveramos até ao fim havendo permanecido limpos. Esta verdade, contudo, só será bem entendida e plenamente aceite por aqueles que olham para aquilo que já passou e pode ferir quem ainda esta passando pelo seu tempo de espera e de provação.

  1154. Seria bom que as pessoas se preocupassem com aquilo que são acima de se preocuparem com aquilo que fazem. É certo que a pessoa normal e não condicionada vá agir conforme aquilo que é. As suas obras demonstram aquilo que é. Mas, existem pessoas que se condicionam de tal maneira (principalmente nos círculos religiosos, académicos ou mesmo evangélicos) que conseguem evitar demonstrar aquilo que são ou seriam capazes de ser. Encobrem seu próprio coração até mesmo dos próprios olhos. Haja luz onde não se enxerga! Por isso é que as doutrinas que afirmam que as pessoas permanecem pecadoras não conseguem resultados dignos desse nome. São doutrinas que desculpam quem não vê maneira ou não tem desejo de ser transformado profundamente por dentro. Suas 'transformações' são superficiais. Por norma, a pessoa pede desculpa por aquilo que faz ou fez para poder manter-se como é. Também podemos entender por que razão as prostitutas e os ladrões entram à frente no Reino dos Céus: é porque eles não têm palavras para se desculparem ou para explicarem qualquer dos seus atos hediondos: consequentemente, só podem concentrar-se em mudar aquilo que são quando alcançados pela graça. Os demais terão sempre a tendência mórbida, desgastante e extenuante de encobrir aquilo que são através da mutilação daquilo que pensam, fazem, são ou seriam capazes de fazer.

  1155. A vontade de Deus é para ser feita. Podemos estar a fazer a vontade de Deus sem nos darmos conta disso, quanto podemos recusar fazê-la sabendo qual ela é. Alguém que não se dá conta de que faz a vontade de Deus, exercitando-se nela, será duplamente abençoado. Isso revela que tem um coração conforme o de Deus e, por essa razão, consegue fazê-la sem dar-se conta disso. Os que são iguais andam juntos. E saber qual é a vontade de Deus não garante que a pessoa a executará, pois, saber dela não torna a pessoa conforme Deus. "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?", Amós 3:3.

  1156. Existe algo de errado nestes louvores superficiais de pessoas que 'engrandecem' o nome de Deus dizendo que Ele faz coisas grandiosas sem as haver feito (a eles). A falsidade nunca pode ser um louvor a Deus. Lemos que Davi engrandeceu o nome do Senhor. É um fato. Mas, quando o fez? "E falou Davi ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul", 2Sam.22:1. Davi nunca foi fingido e nem mentiroso na sua abordagem a Deus ou às pessoas. Ele, de fato, louvava o Senhor porque Ele era digno de louvor e não porque Davi queria louvar.

  1157. Somente um homem fiel consegue crer numa promessa fiel feita por um Deus que cumpre. Um homem infiel crerá mais facilmente na promessa infiel e na fantasia.

  1158. Se é grave termos o sangue de alguém em nossas mãos, imaginemos como será ter 'o sangue' da alma de alguém nelas! Nunca devemos ser responsáveis pela perdição de alguém, seja essa pessoa quem for.

  1159. "Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim e tu não vinhas nos dias aprazados e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal e ainda à face do Senhor não orei; e constrangi-me e ofereci holocausto", 1Sam.13:11,12. Aqui já se nota o valor idólatra que Saul dava aos sacrifícios, ainda que esses sacrifícios eram supostamente dados a Deus. Saul pensava que o poder vinha do sacrificar. A idolatria do sacrifício não consiste apenas a quem se dá, mas, ao poder que se atribui ao dever e sacrifício. Se pensamos que Deus é agradado ou comprado com sacrifícios, somos idólatras. Do mesmo modo, podemos dar o valor a jejuns e a orações que eles não têm. O jejum deve ser um ato de obediência e não um ato comercial ou de troca de favores com Deus. Também vemos mais adiante, (1Sam.1:22,23) que o problema (crença) de Saul permanecia. Vemos, por isso, que se não lidarmos a fundo logo na primeira convicção contra uma ideia idólatra, algum pecado ou tentação, esse mal seguirá conosco e continuará sendo um problema sério no futuro. A primeira convicção é extremamente importante e deve ser obedecida instantaneamente com sabedoria, inteligência e determinação espiritual, recebendo a salvação de Deus.

  1160. Agradecer não é o mesmo que mostrar agradecimento verdadeiro. Agradecer é bom, são boas maneiras e faz parte da boa educação. Mas, qualquer um pode agradecer sem estar verdadeiramente agradecido.

  1161. "...Fazia-se agradável, assim para com o Senhor, como também para com os homens", 1Sam.2:26. Desde há muito tempo que venho vendo coisas estranhas acontecendo por causa da popularidade. Existem pessoas que trabalham com Deus e alcançam muitos corações devido à pureza dos seus corações e da pureza da sua mensagem. Mas, acabam por tornar-se levianos pensando que, com isso, irão alcançar mais gente ainda. A Bíblia diz claramente para nunca nos tornarmos iguais ao mundo, seja por que razão for. Mas, existe outra coisa que estas pessoas ignoram: as pessoas andam famintas pela verdade e, quando a encontram, magnificam-na. É disso que a Bíblia fala quando diz que alguém se torna agradável, também, para os homens. Então, surge a pergunta: por que razão alguém mudaria o seu curso de vida e de atuação se foi precisamente esse curso verdadeiro e sincero que fez as pessoas aproximaram-se e magnificarem a verdade em quem a estima e preza? Para quê mudar se é sendo puros que atraímos as pessoas? Nós não existimos para atrair pessoas e antes para sermos puros. Devemos levar em conta que não somente nos tornamos agradáveis às pessoas, mas, a Deus também. Ora, não podemos desprezar Deus para angariar o agrado das pessoas. E só sendo verdadeiramente agradáveis a Deus seremos verdadeiramente agradáveis aos homens que buscam a verdade. Os que não buscam a verdade, manterão o respeito à distância - ainda que não o reconheçam!

  1162. A Palavra de Deus é como um bolo: primeiro, fazemos o bolo todo, decoramos e colocamos à disposição de quem deseja comer. Mas, para comer e saborear, não colocamos o bolo inteiro na boca - antes, comemo-lo em fatias. É verdade que não podemos saborear antes que o bolo se torne um todo. Mas, também não podemos saborear comendo-o todo duma só vez e de uma só dentada. Devemos obter um conhecimento vasto, experimental, prático e global de toda a palavra de Deus para, depois, podermos servi-la às fatias para saboreá-la devidamente.

  1163. "Os que contendem com o Senhor serão quebrantados", 2Sam.2:10. Contender com o Senhor é quando Deus, um homem de Deus ou uma consciência iluminada mostram alguma coisa e a pessoa a quem a exortação ou aconselhamento são dirigidos arranja sempre uma explicação, desculpa ou controvérsia para evitar assimilar a verdade. Tais pessoas serão quebrantadas e, muitas delas, para sempre.

  1164. "Não multipliqueis palavras de altivez", 1Sam.2:3. É muito fácil multiplicar palavras de altivez. Basta falar da maneira que o mundo fala. O assunto não importa - basta o modo. Existem palavras de altivez que falam de Deus. A multiplicação significa que uma palavra chama outra e formam-se muitas chamam frases e as frases costumam trazer conversas inteiras à existência. As palavras multiplicam-se sempre e tornam-se conversas inteiras. Devemos deixar de falar da maneira que o mundo fala e abandonar a forma que o mundo usa para expressar a sua maneira de ser altiva. Só assim exterminaremos a altivez, tanto em nós mesmos como em nossos lares. "Nem saiam coisas arrogantes da vossa boca. Os ímpios ficarão mudos nas trevas", 1Sam.2:3,9. "Da soberba guarda o teu servo, para que se não asSenhoreie de mim. Então serei sincero e ficarei limpo de grande transgressão. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a Tua face, Senhor", Sal.19:13,14.

  1165. A única coisa capaz de fazer desfalecer um coração é o pecado. Embora as pessoas pensem que existem muitas coisas capazes de fazê-lo, a verdade é que a principal causa do desânimo é o afastamento de Deus. "As minhas iniquidades me prenderam (...) assim desfalece o meu coração", Sal.40:12.

  1166. Quando uma família não ora junta, não anda junta. Vai cada um para o seu lado e, mesmo involuntariamente, entram em dissensões de vária ordem, ficam indiferentes uns para com os outros e entram por caminhos escusos e de falta de comunhão genuína.

  1167. A falta de disciplina num lar ou numa família é como a falta dum pilar num edifício: ainda que tenha mais pilares, tombará para um lado e a sua queda será enorme. Essa queda trará consequências devastadoras. Por isso, devemos vigiar contra esse espírito onde as pessoas só fazem o que querem quando querem.

  1168. Ouve-se falar muito em gozo, especialmente na Bíblia. Mas, o seu significado é importante. O gozo acontece quando duas coisas que pertencem juntas se encontram havendo estado separadas muito tempo ou havendo sido incompatíveis por longo período. Um coração transformado experimenta gozo ao ser preenchido pela presença de Deus; a fé sente gozo quando aquilo em que crê se cumpre na frente de seus olhos; o desejo da companhia de Deus torna o gozo possível assim que a abundância de Deus é experimentada na alma. Mas, não podemos pensar que um coração velho e podre sinta gozo na presença de Deus, ou que consiga alcançar todos os propósitos da fé. Pelo contrário, um coração sujo sente repulsa na presença de Deus. Estes são os princípios básicos da definição do gozo.

  1169. Preciso ter tanto cuidado com a maneira como as pessoas falam quanto com aquilo que dizem, pois, como dizem pode fazer com que responda e a maneira como dizem pode fazer-me responder da mesma maneira que falam e com o mesmo tom ou intuito. "Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios", Is.6:5. Não devo trilhar o caminho e o modo que é aberto diante de mim e cair no engano, tal como um peixe morderia um isco - mesmo que esse isco seja verdadeira comida de peixe.

  1170. Jesus fala daqueles que ouvem e não entendem e que, por essa razão, lhes falava por parábolas. Paulo também menciona pessoas "que aprendem sempre e nunca chegam ao conhecimento da verdade", 2Tim.3:7. No Evangelho de João, Jesus diz que aquele que pratica conhecerá a verdade. Ora, os que aprendem sem nunca conhecerem a verdade são precisamente os que não praticam ou os que tentam praticar uma coisa que não lhes é exigida para evitarem praticar o que devem. Podemos assumir, então, que todos quantos não chegam ao conhecimento da verdade - ainda que estudem muito e aproveitem bem seu tempo - são aqueles que não praticam as palavras de Deus ou são impedidos de fazê-lo por ainda haver alguma coisa que os separa de Deus e do poder que nos leva a querer e a fazer. É preciso colocar tudo na luz até obtermos a segurança de havermos sido perdoados. Seja qual for a razão que impede de poder fazer (praticar) a vontade de Deus e de efectivar todas as Suas palavras, o fato permanece: não saberão se estão realmente em Deus e não saberão se estão aquém ou além do caminho que Deus traçou para eles. Essa dúvida permanecerá continuamente nos tais em sua maior sinceridade. Também existem pessoas que se esforçam para praticar uma coisa para, assim, evitarem praticar o que devem. Fazem boas obras para evitarem, de alguma maneira, pedir perdão a alguém ou restituir algo que não lhes pertence; enviam palavras e escritos bonitos para outros e congratulam-se com isso; etc. Arranjam substitutos para a vontade de Deus. Também não chegarão ao verdadeiro conhecimento da Palavra de Deus ainda que estejam aprendendo permanentemente.

  1171. Todas as provações e tentações têm a intenção de matar. Mas, Deus tem a intenção de fazer viver através delas. É uma verdadeira luta entre a vida e a morte e é pena que poucos tenham essa consciência disso. Assim, podemos rebelar-nos e amargura-nos contra o que nos prova, como podemos usar as circunstâncias para limpar, aperfeiçoar e para nos tornarmos seres viventes. A opção é de cada um. No entanto, devemos comprovar que são mesmo provações e não meras consequências de pecado, estando a pessoa a pisar os átrios das trevas e provando as vinganças de Satanás.

  1172. "Mas, primeiro convém que Ele (...) seja reprovado por esta geração", Luc.17:25. Por vezes lemos as coisas sem prestar atenção e sem fazer perguntas que fazem todo o sentido. Por que razão era conveniente que Cristo fosse rejeitado? Na verdade, esta geração é uma geração hipócrita, a qual vive para o pecado, para a carne e para os interesses próprios. Contudo, fazem menção (por vezes honrosa) de Deus e falam d'Ele como se Ele fosse seu amigo ou conhecido íntimo. Essa é uma das razões por que Cristo deve ser rejeitado pelo mundo, pois, a sua verdadeira cara anda escondida sob o fingimento. Convém, pois, que os fingidos venham a rejeitá-lo para se revelarem como Seus inimigos.

  1173. Por vezes, temos problemas mais sérios do que aqueles que imaginamos. Por exemplo, imaginemos que temos problemas práticos que precisamos resolver e que, ao mesmo tempo, temos pecados ou atitudes pecaminosas que impedem Deus de atuar nesse sentido. Logo, desejaremos resolver os problemas da vida prática porque esses causam certo desconforto que pode tornar-se insuportável. Mas, ao sabermos que os pecados que temos impedem Deus de resolvê-los, iremos tentar resolver esses pecados por causa dos problemas que temos. Mas, devemos resolver os pecados sem ter segundas intenções, pois, as coisas mais sérias são os nossos pecados. Por isso, todo aquele que não consegue resolver os seus problemas por ter coisas (pecados) que impedem Deus de operar podem ter ou manter a mentalidade de pensar resolver os seus pecados para resolver os seus problemas do que se aproximar de Deus sem segundas intenções. Devemos ter a consciência de que andarmos afastados de Deus é o problema e não as disfunções das coisas práticas que não dão certo nesta vida por causa dos pecados. Não podemos amar esta vida ao ponto de desejar resolver pecados por causa dela. Então, quão sério será amá-la acima de Deus, tentando resolver o nosso problema com Deus para resolver a vida prática! Quão grande é a idolatria das igrejas evangélicas de hoje! Isso é uma forma de idolatria que faz de Deus um instrumento e não o fim e o princípio.

  1174. "Quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer", Luc.17:10. Hoje, vemos de tudo menos servos inúteis nas igrejas. Todos querem ser alguma coisa. Encontramos pessoas querendo mandar em Deus, querendo fazer de Deus seu servo. Quem toca música não se acha inútil, mas, talentoso; quem prega bem nunca se vê como um servo inútil, mas, como alguém que pode ir longe na popularidade; etc.

  1175. "Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demónios; de graça recebestes, de graça dai", Mat.10:8. É interessante notar que a palavra "curai" vem no plural e não no singular. Isto pode querer dizer que é um grupo de pessoas que, em conjunto, alcançam os feitos de Deus. No meio desse grupo pode existir cada qual com o respetivo dom que Deus deu e nem todos têm o mesmo dom. Ora, como grupo, as coisas acontecem, uns apoiando os outros nessas obras e todas elas são consideradas feitos do Deus do grupo e nunca de quem tem o dom. Não é o grupo quem cura e nem o indivíduo, mas, Deus. As obras dos dons são obras de obediência e não nascem por autoria de quem deseja curar ou ser curado. Deus já determinou as obras das quais devemos ser os obreiros. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas", Ef.2:10. Não poderemos conseguir essas obras se não tivermos os ouvidos atentos para sermos guiados por Deus através delas como um só homem.

  1176. Os cuidados (preocupações) deste mundo não apenas sufocam a palavra de Deus que necessitamos lembrar durante o nosso dia e afazeres, mas, também fazem-nos brigar com Deus. Ora, a preocupação que 'mata' as duas coisas mais importantes da vida deveria ser levada mais a sério por todos nós. Esses cuidados anulam (sufocam) a palavra que deve ser lembrada e assegurada até ser confirmada, como brigam com que lhe dá a vida - e a nós. Fazem-nos 'esquecer' o caminho e fazem-nos atentar contra Quem mostra, abre, revela e abençoa esse caminho.

  1177. Todo aquele que só trabalha bem sob supervisão - ainda que seja um bom trabalhador e ainda que seja somente sob a supervisão da lei - a Bíblia considera preguiçoso.

  1178. Muitos perguntam-se por que razão, hoje, é dentro das igrejas que se encontram os piores pecados. Parece um mistério, mas, na verdade não é. A Bíblia diz que isso aconteceria com todos aqueles que não ouvem a instrução e que desprezam a correção: tornar-se-ão piores que os outros. Como as pessoas entregam os seus ouvidos a outras doutrinas como as da prosperidade e aquelas onde pecar é permitido ou desdramatizado, desvalorizam, desprezam, ignoram ou descuidam a correção e a instrução da alma nos caminhos de Deus. Quando isso acontece, é dentro da congregação que os pecados irão aumentar ou manifestar-se. "No meio da congregação e da assembleia foi que eu me achei em quase todo o mal", Prov.5:14. Nos versículos anteriores vemos a quem isso acontecerá. São aqueles que dizem: "Odiei a correção! O meu coração desprezou a repreensão! Não escutei nem inclinei o meu ouvido!", Prov.5:12,13.

  1179. A sabedoria da qual a Bíblia tanto fala, ou se despreza ou se retém. "São bem-aventurados todos os que a retêm", Prov.3:18. Ora, esquecer, ignorar, não levar em linha de conta, não pensar em conformidade com ela, não entrar na linha de pensamento a que ela induz, é desprezá-la. No Novo testamento lemos sobre "aqueles em quem estas coisas são achadas". Jesus fala de "permanecer n'Ele e suas palavras permanecerem em nós". Tudo que não permanece foi desprezado. Não lembrar não é apenas esquecer: é desprezar. "O que desprezar os Seus caminhos morrerá", Prov.19:16.

  1180. "Reconhece-O em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas", Prov.3:6. Teria muito para dizer a respeito deste versículo. A palavrinha "reconhecer" vem de "conhecer". Por isso, os nossos caminhos devem ter sido conhecidos (vividos, compartilhados, experimentados) pelo Senhor antes de podermos reconhecer que foram. Muitos pensam que reconhecer é afirmá-lo diante das pessoas. Mas, na verdade, trata-se de um ver sincero e lembrar de como os nossos caminhos são dirigidos pelo Senhor - quando o são e se o são realmente.

  1181. Muitos sentem-se mal ou desmotivados sempre que um mandamento ou uma palavra os contraria ou exorta. Isso acontece quanto têm algo diferente em mente. Agem como se fosse uma palavra de morte e ficam sem entusiasmo e sem vontade de continuar. Culpam-se ou culpam Deus e acham nisso uma razão para voltar para o mundo. Desculpas! Desculpas! Esquecem que toda a palavra de Deus é palavra de vida. No entanto e a julgar pela sua reação, agem como se fosse palavra de morte. Não se alegram pela exortação e nem se lembram que, se Deus os exorta, é porque Ele está atento e interessado em suas vidas. Não estão abandonados. Não podemos agir como se uma palavra de vida fosse palavra de morte sem ofender Deus. Essa pode ser uma das razões por que Deus deixa as pessoas seguirem seus próprios caminhos. Não é o que querem? E ainda se queixam os homens de haverem sido abandonados por Deus, sendo que Ele é um 'gentleman' deixando-os seguir seus próprios cursos!

  1182. Por que é que quando a pessoa está sob provações, intensas ou não, a primeira coisa que sente ou pensa é que está sendo abandonado por Deus e não suspeita ou pensa que está apenas sendo provada? Jó conseguiu aperceber-se disso e poucos foram tão provados quanto ele. A prova de que Deus está conosco é conseguirmos manter a retidão e a vida sob essas provações, sejam elas intensas ou não. Só isso prova que Deus está realmente conosco porque, sem Ele, não cumpriríamos.

  1183. Na Bíblia é afirmado que o "justo viverá pela fé". Mas, também lemos: "Guarda os Meus mandamentos e vive", Prov.4:4. Não podemos negar que ambas as coisas vêm na Bíblia e que são igualmente válidas. No entanto, os teólogos fazem parecer que são duas coisas opostas levados pelas suas formas de hipocrisia a respeito dos caminhos de Deus. Se levarmos em conta as palavras de Jesus, o qual diz que nem um til será retirado da lei sem que tudo seja cumprido (Mat,5:17,18), devemos entender logo que estas coisas encontram-se unidas e não separadas. A pessoa vive cumprindo e cumpre pela fé. Por isso é que o justo viverá pela fé - porque pela fé tem como cumprir. A fé torna possível o cumprimento da Lei de Deus desde o mais profundo do coração.

  1184. Lemos, na Bíblia, que todos (os que vêm a Ele) serão ensinados por Deus. Ora, uma das condições para permanecermos firmes até ao fim - ainda que passemos por vales de morte - é havermos sido ensinados por Deus. Existem pessoas que aprenderam as Escrituras, mas que nunca foram ensinadas por Deus. Por essa razão nem eles e nem os seus 'convertidos' conseguem manter-se fiéis até ao fim. "Não me apartei dos teus juízos, pois, tu me ensinaste", Sal.119:102. Uma das condições para  permanecermos n'Ele e nunca nos afastarmos dos Seus estatutos, é sermos ensinados por Ele. Não devemos somente desejar aprender ou desejar cumprir, mas, devemos buscar de todo o coração sermos ensinados por Ele. "No caminho da sabedoria te ensinei e por veredas de retidão te fiz andar", Prov.4:11.

  1185. "Os soberbos trataram-me duma maneira perversa, contudo, eu meditarei nos teus preceitos", Sal.119:78. É bom ver pessoas assim. Esta pessoa não ficou a meditar na maneira perversa como foi tratado, mas, nos estatutos de Deus. "Estou como odre na fumaça; contudo não me esqueço dos teus estatutos", v.83. Ele não meditava nas razões da fumaça e antes nos estatutos. Você é assim ou questiona tudo quando sabe que Deus está realmente controlando a sua vida inteira? "Quase que me têm consumido sobre a terra, mas, eu não deixei os teus preceitos", v.87. "A minha alma está de contínuo nas minhas mãos; todavia não me esqueço da tua lei", v.109.

  1186. Sempre que estamos sendo provados na fé por circunstâncias várias, devemos ter em mente algumas verdades sobre as as razões por que nos sentimos provados. A razão porque uma provação ainda é provação nunca é por causa das circunstâncias e antes devido ao coração que temos. A provação ou o seu grau de intensidade tem tudo a ver com o tipo de coração que ainda possamos ter e não com as circunstâncias que nos rodeiam, afligem ou torturam.

  1187. Muitas pessoas são confundidas quando entram nos caminhos de Deus. Ouvem mal ou não ouvem com agrado aquilo que Deus quer delas. Existem, certamente, várias explicações para isso, mas, não existe explicação para quando a pessoa confundida ou enganada persiste em ser enganada e até começa a crer que o engano não é engano. Vamos por partes: a palavra de Deus é reta, pura e direta. Não tem segundas intenções além de salvar a alma de seu erro e de corrigi-la. "Endireitai o caminho do Senhor". Contudo, para alguém poder conviver com uma palavra correta, necessita ter um coração correto. E obter um coração reto implica muito trabalho, tanto da parte de Deus como da nossa, encaixando-nos numa nova realidade de vida continuamente. As coisas iguais aceitam-se e encontram-se sempre. Clamam uma pela outra, buscam-se mutuamente e, quando se acham, sentem enorme gozo. Se não forem iguais, nunca se entenderão, Amos 3:3. Os mortos estão com os que morreram e os vivos com os vivos. Ora, quando misturamos um coração incorreto com a palavra correta, começa a confusão e assim que o coração deseje seguir a palavra sem ser transformado e corrigido profundamente, a confusão aumenta. Enquanto o coração souber que a palavra vem para transformá-lo, tudo estará aparentemente bem. O pior começa quando o coração recusa ser transformado e tenta aceitar a palavra correta parã evitar ser transformado. Tentar cumprir sem ser profundamente transformado é uma forma de evitar essa transformação e é o início da confusão. "Seja reto o meu coração nos teus estatutos, para que não seja confundido", Sal.119:80. Temos a responsabilidade de ter ou de obter um coração reto, sincero, puro, sem duplas intenções, sempre que lidamos com a Palavra da Vida, a verdadeira e caso desejemos andar nos caminhos de Deus sem sermos confundidos. Não é possível misturar a vida com a morte, nem o molhado com o seco.

  1188. O pecado comete-se. Mas, cada pecado cometido tem em si mesmo a capacidade inerente de chamar mais pecado e, também, de chamar outros pecados. Com o tempo, pecar torna-se hábito. Transgredir e violar a própria consciência torna-se uma normalidade que se mantém. E, para se manter, aprecia a crença na sua própria impunidade (até ao Dia do Juízo). A transgressão e o estupro da consciência torna-se habitual e aceitável para que o dia-a-dia possa decorrer 'favoravelmente'. O sentimento de impunidade também começa a tomar posse da mente e da crença na medida que os dias vão passando sem julgamento. Esse sentimento de impunidade começa a reorganizar a mente contra a realidade, contra a verdade e contra a certeza da ira de Deus que se manifestará através dum Juízo futuro. O hábito conveniente de deixar de temer o verdadeiro Juízo de Deus permite crer que Deus não castigará todo o tipo de transgressão, seja em quem for. Contudo, o Juízo de Deus revelará o quão grande é esse engano. Algumas pessoas são julgadas antes do Dia do Juízo e tornarão a ser julgadas nesse dia novamente. É um fato que a mente humana começa a depender duma crença na própria impunidade e começa a ver isso como fé. As trevas fazem crer na impunidade dos culpados, causam essa crença conveniente. Ora, se isto é verdade, devemos ter a noção de que, quando somos verdadeiramente libertos de cada pecado, precisamos, futuramente, lidar contra cada hábito e cada pensamento que cada pecado foi criando ao longo dos anos passados e da cultura passada que se foi mantendo impune o que, por sua vez, criou a crença que seremos filhos da impunidade ainda que Cristo não nos haja transformado. Devemos lidar contra cada crença de impunidade. A impunidade é viver como se as nossas transgressões não clamassem pela justiça de Deus. Será que tudo já passou em sua vida e que tudo se fez realmente novo? A maneira de pensar, de sentar, de sentir, de raciocinar, de agir ou reagir são alguns dos hábitos de pecado que foram criados e que precisam ser modificados radicalmente tendo como referência única a nova vida. Nós entramos numa nova vida com uma mente antiga e condicionada. Ela deve começar a ser transformada logo a partir da primeira experiência com a verdadeira vida eterna. Isso equivale a abandonar uma cultura, uma nacionalidade, uma racionalidade ou forma de raciocinar. "Sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus", Rom.12:2. Essa vida chama-se Vida Eterna, isto é, vida constante, permanente, sem altos nem baixos. 

  1189. Uma coisa é alguém querer ser humilde e importante e outra é a humildade onde a pessoa toma seu lugar de servo do Senhor onde somente o Senhor se exalta. Existem pessoas importantes que são humildes, mas, isso não significa necessariamente que o Senhor seja a pessoa importante dentro dessa humildade. Por isso, podem existir várias combinações desta verdade. Por exemplo, a pessoa pode exaltar o Senhor em Suas palavras, cultos e circunstâncias sem ser humilde, como pode fazê-lo sendo humilde. Mesmo exaltando Deus, qualquer orgulhoso será sempre resistido por Ele. "Deus resiste aos soberbos", Tgo.4:6; 1Ped.5:5.

  1190. "Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis?", Is.1:5. O amor pelo pecado é terrível, pois, as pessoas chegam a defendê-lo acima da própria vida. Preferem rebelar-se ainda mais quando castigados do que se humilharem e abandonarem o mal que tanto amam e defendem. Contudo, as garras que usam para defender os seus modos de vida, pecados e rebeldias fincam-se no próprio rosto. "Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, inchaços e chagas podres não espremidas", v6.

  1191. "Procurai que d'Ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz", 2Ped.3:14. Não é apenas necessário estarmos imaculados e irrepreensíveis, mas, devemos estar assim em total paz e alegria. Isto é, a nossa conduta normal irrepreensível e imaculada deve ser muito natural e normal, sem que seja necessário aplicar força para assim nos mantermos. O nosso ânimo deve ser sincero e, além de ser ânimo, deve ser a coisa mais sincera e mais espontânea que temos, v.1.

  1192. Conseguir depender da providência de Deus é conseguir estar satisfeito com o dia de hoje.

  1193. "...Confirmados na presente verdade", 1Ped.1:12. Pedro não se enganou nas palavras. Ele fala duma presente verdade, significando que haverá uma realidade futura. "Amados, agora somos filhos de Deus e ainda não é manifestado o que havemos de ser", 1João 3:2. A palavra "verdade" dentro deste contexto - como em toda a Bíblia - significa uma realidade experimental, isto é, que se vive experimentando de maneira real. Então, ainda existe algo melhor que a plenitude do Espírito aqui na terra. Será algo muito melhor. De momento, só podemos experimentar a "presente verdade" - ainda que seja uma beleza de vida muito acima daquilo que qualquer ser humano possa imaginar. E nessa "presente verdade" precisamos estar confirmados e não meramente experimentando-a. Precisa tornar-se uma coisa normal de toda a nossa existência, como se nunca tivéssemos vivido de outra maneira.

  1194. "Pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido", Heb.11:11. Sara riu-se quando ouviu que iria ter seu filho um ano depois. Mas, diz aqui que obteve o filho "porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido". Mas, podemos questionar esta afirmação se formos de ânimo leve, pois, se ela riu, como é que teve Deus por fiel? Na verdade, a Bíblia não se está referindo a um momento, mas, a uma vida. Sara sempre esperou em Deus. Por essa razão obteve o que Deus prometera. Ela teve Deus por fiel durante muitos anos de espera e, por isso, recebeu. Aquele riso foi mais um momento de tentação inesperada (devido ao qual Abraão foi repreendido e não ela). Ela não era incrédula, mas, esperava (esperou) em Deus.

  1195. "Abraão, pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó", Heb.11:9. Abraão tinha uma promessa, mas, viveu na terra prometida "como em terra alheia". Isto é um golpe de morte para aquelas doutrinas que dizem que nos devemos apoderar disto e daquilo. Abraão viveu na terra como se fosse terra desconhecida, esperando, por um lado, em Deus a concretização da promessa que lhe havia sido dirigida pessoalmente. Ele não se apoderou dela - esperou que Deus lha desse. Por outro lado, não deixava que a possessão da terra se apoderasse de seu coração, "porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus", v.10.

  1196. Todas as ações começam no coração. Cuide dele e não precisará prestar muita atenção às suas ações, como os hipócritas e manipuladores fazem. "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida", Prov.4:23.

  1197. "Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor", 2Ped.1:2. Muitos falam da paz e da graça que receberam. Mas, poucos sabem do que falam. Digamos que Pedro afirma que a paz se multiplica quando o conhecimento experimental e verdadeiro da pessoa de Cristo é crescente e é real. Este conhecimento tem de ser um conhecimento experimental, real e verdadeiro. Isso é conhecer Jesus da maneira que Ele é. Jesus não muda para se adaptar ao homem. Ora, essa paz multiplica-se na medida que se vai conhecendo Jesus dessa maneira. Isso só pode significar que o homem é transformado experimentando Cristo de forma real e inequívoca. Se o homem não se transformar sob essas circunstâncias, aumentará a falta de paz ao invés de aumentar a paz, sendo que Jesus não muda para se adaptar ao homem. Por isso, verificamos que a multiplicação da paz e da graça depende muito da medida do conhecimento íntimo e experimental que conseguimos manter com Cristo de forma continuada e voluntariosa. E, para isso acontecer, precisamos mudar e ser transformados. Consegue viver em paz com um Cristo santo, puro e irredutível? Sendo que Cristo é luz, consegue encarar tudo o que Ele revela quando se aproxima d'Ele e ser limpo? Se não conseguir, a sua paz diminuirá e não se multiplicará na Sua presença. O mesmo também acontecerá no tocante à graça - ela não aumentará.

  1198. Uma vez, conversando com certo homem, Deus revelou-me que estava muito irado contra ele. Distanciei-me dele de imediato. Esse homem jovem tinha um bom emprego, uma família aparentemente feliz entre muitas coisas que este mundo considera como prosperidade. Pouco tempo depois, ele faleceu duma doença grave e dolorosa. Ontem, pensando nisso, apercebi-me que a prosperidade não significa nada, pois, esse homem era próspero e estava sob a mira da ira de Deus. Ainda que era próspero, não deixou de cair eternamente. Que todos quantos são prósperos deixem de pensar que Deus está com eles ostentando a sua prosperidade como prova e que os mais pobres deixem de acreditar que Deus está contra eles somente porque não conseguem 'prosperar' em nada. Deus está contra o pobre que segura seus pecados e contra o rico pela mesma razão. Ser pobre ou rico não é o sinal de que Deus está a favor ou contra alguém.

  1199. Em muitos aspectos, o mal opera com mais inteligência e intuição. Devemos tornar-nos, na prática, melhores que o mal. O mal sabe que, para vencer e fazer alguém abandonar o bem, essa pessoa precisa praticar o mal. Ora, devemos saber que só poderemos vencer o mal fazendo o bem, Rom.12:21. Tanto o mal como o bem precisam tornar-se práticos caso queiram vencer o outro. Existem muitos dentro das igrejas que acreditam que serão aceites por Deus praticando o pecado. "...Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa", Rom.3:18. Na verdade, a sua condenação será duplamente justa, pois, praticam o mal e ainda acreditam que Deus aprova. Acreditar que Deus aprova o mal é o oposto da fé, pois, "é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que Ele é bom", Heb.11:6. Se Deus aceitar o mal, deixa de ser bom.

  1200. "Sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus", Rom.3:16. Existem pessoas que acreditam que Deus tornou o mundo condenável para que Ele próprio fosse exaltado em glória. Mas, na verdade, entendemos pela verdade que o mundo é, era e sempre foi condenável. Contudo, não parece condenável. Deus quer tornar a imagem e a ideia do mundo igual ao que ele é realmente. Começou por condená-lo na Cruz. Por exemplo, hoje já ninguém fala do diabo como bom. A fama e o nome dele já correspondem ao que ele é, até mesmo entre os seus seguidores. Mas, ele nem sempre foi assim. Agora já está com um nome e uma fama que correspondem àquilo que ele é e representa. Mas, o mundo ainda não é olhado em conformidade com aquilo que é. Ora, quando a Bíblia fala no mundo, não fala das suas pessoas e da terra, mas, da sua essência perante a luz de Jesus. O mundo é é a própria essência do pecado e procura meios para viver eternamente e para se poder apresentar através duma imagem de inocência e de bondade. Isto é, o mundo não procura ser visto como aquilo que é perante a luz da verdade. Por essa razão é que se torna importante ver aquilo que o mundo (o pecado) faz: mata Cristo, o Criador de tudo; abomina o Evangelho da salvação que lhe é oferecida de forma gratuita; repele a verdade; incute sonhos falsos nas mentes das pessoas; etc. Na verdade, o mundo precisa aparecer como condenável, tal como o diabo já é visto como mau. Então, isso é "para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável...". É uma questão de verdade e não para que Deus seja exaltado, pois, exaltado Ele já é e sempre será.

  1201. Se é o amor pelo pecado que endurece um coração, isso só pode significar que o ódio contra o pecado torna-nos mansos. Quanto maior for o ódio e a repulsa pelo mundo no coração, tanto mais mansa a pessoa se torna no verdadeiro sentido da palavra.

  1202. Quando a Bíblia fala sobre a "mentira", ela dá uma definição diferente e mais extensiva que a que nós damos. Para Deus e para a Bíblia, a mentira é algo que não funciona e não dá resultados. Se a sua fé não traz resultados práticos, é uma mentira - ainda que esteja baseada na Bíblia e na verdade.

  1203. Incredulidade passiva (ou uma outra ativa) é e será sempre a prova de falta de dignidade na alma do próprio homem que pretende saber melhor que Deus, ser visto e aceite pelos demais como sendo melhor e como sabendo mais - ainda que carregue uma pedra no lugar de seu coração e trema perante as preocupações!

  1204. Falamos, regularmente, de fé sem obras e mesmo de fé com obras. Sob essa luz, podemos afirmar com toda a segurança que o ato de esperar em Deus é uma das obras da fé.

  1205. Existe um problema sério com aquelas pessoas que se dedicam a comunicar com os demais através de piadas e leviandades: eles não são capazes de se tornarem sérios sobre coisas sérias. Depois, não conseguem retratar-se sobre as coisas que disseram por serem coisas que, à primeira vista, parecem ser desvalorizadas como ofensas. Muitas dessas piadas não deixam de ser uma manifestação clara da falta de amor que exige restituição.

  1206. A humilhação precoce ou antecipada é muito útil e torna possível muitas coisas da parte de Deus. Mas, não existe nada como a capacidade de nos humilharmos no momento da exaltação e da bênção. Nada será capaz de substituir essa pérola de virtude no coração de qualquer homem.

  1207. Imaginemos que Moisés não tivesse ido ver o que se passava com a sarça que ardia. Imaginemos que tivesse fugido da visão, descartado a anormalidade daquela sarça ou ainda que tivesse tido preguiça de se aproximar. Não teria perdido a voz de Deus? Não teria perdido a razão da sua existência? Muitos perguntam-se por que razão não ouvem Deus e por que razão não sabem qual a vontade de Deus para as suas vidas ou mesmo qual a razão da sua existência. E nós, os que ajudamos as pessoas nessas circunstâncias a acharem seu rumo, acabamos por questionar muitas coisas e fazer muitas perguntas ao nosso coração e entendimento sem conseguirmos achar as respostas que gostaríamos de dar.

  1208. Existem momentos que precisamos ler muito da Palavra de Deus. No entanto, ler muito não é sinónimo de praticar muito. As coisas práticas são feitas uma de cada vez e de início ao fim. Mas, ler bem e muito serve para armazenar a Palavra que Deus irá poder usar no dia-a-dia de toda a nossa existência, desde que seja bem entendida e bem preservada em nossos corações. "O Espírito Santo vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito", João 14:26. Essa é a finalidade exclusiva do estudo da Palavra de Deus. Mas, se formos ler muito, aprender muito e saber muito para nos destacarmos em sabedoria ou para saber melhor que os outros, a nossa leitura foi em vão. Os motivos errados nunca alcançarão as coisas de Deus, pois, as coisas de Deus são coisas certas e as coisas certas nunca ligam com as erradas.

  1209. Para podermos ser devidamente corrigidos por Deus de forma real, cooperante e prática, devemos ter uma noção exata da verdade e daquilo que nos perturba a paz - se é que nos perturba. Se alguém exagera a respeito do seu mal, lamentando-se, não será ajudado. O mesmo poderemos afirmar daqueles que não se identificam com a gravidade de algum pecado ou mal com o qual estão familiarizados - só porque estão familiarizados e descansados com ele.

  1210. Uma das maneiras de amar o mundo e do mal passar despercebido é tornar-se familiar. Isso é o que a Bíblia diz ser "amigos do mundo".

  1211. Para um caminho direito parecer direito, o contraste dos caminhos tortos são uma grande ajuda. Por isso, não se admire do fato de seus próprios caminhos parecerem extremamente tortos quando pediu a Deus para endireitar ou aplanar Seus caminhos diante de si, Sal.5:8b. No entanto, devemos ter em mente que Deus revela a verdade.

  1212. "Eu sou aquele homem que viu a aflição pela vara do Seu furor", Lam.3:1. Não importa qual a causa do furor e se ele veio sobre nós próprios ou sobre os que nos rodeiam. Se o furor chega a nós devido aos pecados de outros ou devido aos nossos, havendo todos eles sido expiados e exterminados pelo furor em questão, tudo está bem.

  1213. "Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela", Deut.4:2. Quando Deus nos dá uma palavra, por vezes, pode parecer-nos insignificante ou, quando a explicamos ou escrevemos, dá-nos a sensação de ter ficado mal escrita ou mal explicada. Já aconteceu muitas vezes alguém alegrar-se muito e agradecer de todo coração por uma palavra que me parecia insignificante quando a escrevi ou ao pregá-la. Devemos ter todo o cuidado para não acrescentarmos nada e nem tirarmos nada àquilo que Deus nos entrega fielmente apenas porque nos parece insignificante ou mesmo 'medíocre'. Devemos saber que não podemos acrescentar nada e nem tão pouco tirar alguma coisa de qualquer palavra de Deus. Uns desejam acrescentar por lhes parecer insignificante enquanto outros desejam diminuir devido ao medo de perder ou magoar pessoas, ou por qualquer outra razão.

  1214. "Ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o Senhor Deus de vossos pais vos dá", Deut.4:1. Existe uma ordem que nunca nos pode passar despercebida: cumprir, viver, entrar e possuir. Para entrar na Terra Prometida, alguém precisa estar vivo. Um morto não tem como entrar numa terra e muito menos para a possuir. Alguém só se torna vivo cumprindo. De seguida, isto é, entrando se pode possuir. Para possuir a Terra, só entrando. E Deus não fala aqui de permanecer depois de possuir, mas, em outras partes das Escrituras, acrescenta a palavra "permanecer". Ora, a Bíblia fala em possuirmos a nossa alma por Deus, para Ele e através de Seu poder. Nunca possuiremos esta terra sem entrar nela. E, entrando nela, encontraremos os Seus inimigos lá. Por isso, não se esqueça que, para possuir a sua alma em sua paciência, irá enfrentar todas as tentações e perigos dos inimigos que existem por lá. Se quiser possuir toda a sua alma, precisa passar por isso. Ninguém tira a terra da mão de estranhos sem enfrentá-los e sem confrontá-los. "Na vossa paciência, possuí as vossas almas", Luc.21:19.

  1215. Depois de entrar para possuir a terra, chega um outro problema acrescido: quem começa a possuir 'esquece' qual a razão porque a terra deve ser possuída. Tudo deve continuar a ser feito por Deus e para Deus. No fim da sua vida, via-se que Josué teve muitos problemas acrescidos por causa disso, pois, o povo pensava mais em possuir que em fazer toda a vontade de Deus para glória d'Ele. Possuir não tem qualquer valor em si mesmo, a menos que seja feito por Deus que permanece para sempre. E foi Josué quem foi confrontado com esse problema entre o povo.

  1216. Vemos que Josué não podia fazer mais do que fez, embora o povo pudesse ter feito muito melhor. Depois dum Moisés supra obediente a Deus e puro de motivos e de coração (fazendo tudo para glória de Deus), Josué teve um duro desafio pela frente em todas as frentes. Precisava da autoridade que Moisés tinha, da vontade em glorificar Deus que Moisés tinha, da obediência que Moisés tinha e muitas outras coisas que ele precisava e as quais Moisés teve. E todas essas coisas deveriam ser acrescentadas àquilo que seu próprio coração já possuía.

  1217. conheceremos aquelas verdades que já praticamos com toda a simplicidade. O resto não é conhecimento, ainda que digam que é.

  1218. É muito importante estarmos sempre em condições de obtermos respostas à oração em cada momento da nossa vida. Imaginemos que somos apanhados numa situação de vida ou morte quando existe algo que nos separa de Deus e nos impede de sermos ouvidos?

  1219. "Todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas", João 3:20. Isto significa que todo aquele que se sente reprovado quando é exortado, admoestado, corrigido ou aconselhado, não gosta da luz. A luz revela tudo - e nem podia ser de outra maneira. Mas, aquele que pratica a verdade, vem para a luz com alegria. Caso ainda seja feito com esforço, devemos manter em mente que deve chegar o dia onde a luz é amada e acarinhada. Andemos na luz amando a luz e não tentando evitar ser repreendidos.

  1220. Não existe nada como a Palavra de Deus para tornar alguém humilde, desde que essa Palavra seja perfeitamente entendida, apreciada e praticada sem condições, sem hesitações e sem interrupções.

  1221. Muitos desejam ensinar os outros para ganhar um lugar de destaque e de autoridade perante quem os ouve. Mas, poucos - muito poucos - desejam apenas servir os demais através da Palavra que recebem de Jesus a cada dia que passa. "Apascentai o rebanho de Deus (...) tendo cuidado dele, não por força, mas, voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho", 1Ped.5:2,3. Querer ensinar para se destacar, é uma das formas de apascentar por "torpe ganância".

  1222. Um dos muitos problemas com que nos cruzamos em nossa vida quando não sabemos esperar do Senhor ou esperar n'Ele, é o fato de podermos não ser achados onde deveríamos estar espiritualmente assim que Jesus chegar com a concretização da promessa que nos criou esperança e expectativa. Porque não soubemos esperar devidamente até ao último minuto, saímos de nosso posto de vigia e recusamos prepararmo-nos para estarmos em estado de receber, isto é, com a fidelidade instalada em nós. "Sobre a minha guarda estarei, sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que falará a mim e o que eu responderei quando eu for arguido", Hab.2:1.

  1223. Nenhuma oração obtém as suas respostas através da força, seja essa força emocional ou outra. Antes, alcança pelo cumprimento das condições que Deus estabeleceu como eternas. Os termos e as condições de Deus não são negociáveis.

  1224. Se lemos a Bíblia, certamente que nos cruzaremos com certa frequência com verdades a respeito dos fracos e dos fortes. Contudo, lemos algo que se confirma sempre na prática sem excepções: que os fracos, estando n'Ele, nunca cairão e que os fortes nunca permanecerão. Qual a vantagem de querer ser forte, então?

  1225. A primeira coisa que devemos saber sempre que buscamos uma vida de oração que obtenha resultados, é que devemos começar a orar! Saber como orar não chega. Saber ainda não é orar. É preciso começar a orar.

  1226. Nunca se esqueça que ler a Bíblia e entendê-la não é o alvo. As pessoas tornam-se religiosas por se contentarem com um entendimento das Escrituras e usam muito do seu tempo convencendo-se que Deus se agrada delas e que meditar e orar com devoção é o seu "culto racional". É bom sermos devotos à leitura e compreensão das Escrituras, mas, lembre-se sempre que a Palavra de Deus é uma mistura de meios poderosos e não são um alvo final.  Obter os meios, alcançar a plenitude não é e nunca será o mesmo que alcançar o alvo que é conhecer Cristo como Ele é. A Palavra que é verdadeira (vinda da boca de Deus) deve levar-nos a um Cristo real. Ler e entender a Bíblia não tem qualquer virtude em si mesmo, a menos que nos leve a encontrar Cristo e a mantermos um relacionamento ininterrupto, continuado, suave e verdadeiro com Ele, no qual possamos a permanecer para sempre. Se a Palavra, o pregador ou a igreja não é capaz de levá-lo a encontrar-se em Cristo dessa forma real, todos os seus momentos de devoção e de leitura tornar-se-ão repetições vãs que Deus abomina e das quais a Sua alma se cansará - e a alma de quem comete tais delitos também se cansará extremamente. Mas, estando verdadeiramente em Cristo e sendo sempre achado n'Ele, todos os seus momentos devocionais serão momentos de enorme realidade e alegria inesperada. Convém, pois, não tropeçarmos na verdade que nos pode curar a alma. A Palavra não deve tornar-se uma forma de tropeço sendo que pode tornar-se a cura da alma.

  1227. A alegria não é uma coisa que decidimos ter. Os votos e as decisões são coisas inúteis quando não temos como cumprir aquilo que ambicionamos manter ou alcançar. Mesmo que a alegria seja um mandamento, ela só se materializa indiretamente. A alegria depende da existência dum coração sincero, o qual pode, sem Jesus ou sem crer n'Ele, tornar-se uma fonte de lamento sincero. As pessoas quando se tornam sinceras e honestas ofuscam a realidade de Cristo olhando para seus problemas e crenças enraizadas. Toda a falta de alegria num coração sincero e limpo deve-se exclusivamente a um mau agir quando Jesus está operando dentro dum coração. O oposto de roubar é dar; de mentir é falar a verdade (e não somente deixar de mentir); o oposto de desonestidade é fazer aos outros abertamente conforme aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós; e o oposto da alegria verdadeira é ser carnal.

  1228. "E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões", Mat.21:13. O Senhor Jesus considera ladrão todo aquele que usa o templo, o culto ou a pregação para fazer qualquer tipo de negócio ou para angariar seja o que for.

  1229. Deus dá, mas, não de acordo com mérito. Deus dá de acordo com a necessidade. Esta é a principal lição que extraímos daquela parábola onde várias pessoas são contratadas em diferentes horas do dia e todos acabam por receber o mesmo salário. Aqueles que foram contratados no final do dia tinham as mesmas necessidades que os que começaram o dia a trabalhar.

  1230. "Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa", Tgo 1:6,7. Esta é a minha questão: este versículo significa que a pessoa que duvida não recebe somente aquilo que pede, ou significa que também não recebe qualquer outra coisa? 

  1231. Por que razão a verdade sobre o estado real de qualquer pecador é uma ofensa para ele? Por que razão a verdade fere-o sendo que a verdade tem a capacidade de curar? Não será porque o pecador deseja pensar demais dele próprio?

  1232. "Digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um", Rom.12:3. Os problemas daqueles que pensam demais deles mesmos são vastos. Um dos que podemos realçar é o desapontamento que pode levar a pessoa a nunca mais querer pensar nada dele mesmo com moderação. Vou explicar. Quando as pessoas pensam demais deles próprios no ministério, Deus resiste tudo o que dizem ou fazem. "Deus resiste aos soberbos", Tgo 4:6; 1Ped.5:5. Deus não fica indiferente, mas, resiste-os. Ao serem desapontados por Deus, começam a duvidar sobre aquilo de que estão capacitados por Ele. Uma coisa leva à outra. Por isso, todos os que pensam demais deles mesmos cairão no pecado da desobediência, da infidelidade e da infertilidade espiritual. Serão infiéis nas coisas que podem ou devem fazer. Além do mais, todos quantos pensam demais deles mesmos procurarão fazer aquilo que não lhes compete fazer. Como uma pessoa não pode fazer duas coisas ao mesmo tempo, certamente negligenciarão aquilo que está ao seu alcance para fazerem aquilo que não lhes compete fazer. A falta de fruto e de realização será mais uma razão para duvidar de Deus. Mas, existem mais perigos resultantes desse tipo de soberba, o qual coloca a pessoa a pensar demais dela mesma. Da próxima vez que for tentado a pensar demais de si mesmo ou de se meter nas coisas que não lhe compete fazer, pense seriamente nas consequências trágicas dessa conduta, pois, será resistido por Deus e levará as sequelas para a vida humilde que se manifestar quando já não for soberbo. Essas sequelas podem levar a duvidar de Deus facilmente, tendo-o como mentiroso, algo que tornará seu coração infiel em todos os aspectos de sua vida. Não é à toa que Tiago diz que qualquer homem incapaz de confiar no Senhor é "inconstante em todos os seus caminhos".

  1233. Muitos crêem que falar do Juízo de Deus é pouco benevolente. Contudo, lemos que "a boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala do juízo", Sal.37:30. Mais adiante, é explicado que a razão é que "a lei do seu Deus está em seu coração", v.31. Então, é impensável termos a lei de Deus no coração sem termos a ideia sobre a sanção dessa lei de forma clara. Todas as leis têm uma sanção. Não existe lei sem sanção ou sem pena. Por isso, torna-se impossível não pensarmos na pena ou na recompensa da lei de Deus tendo essa lei viva em nossos corações. Não é possível termos a lei de Deus no coração sem falarmos no Juízo. Quem não fala desse juízo não deve ter essa lei no coração, sendo que o juízo faz parte dessa lei.

  1234. Você pode desejar ter novas experiências todos os dias. Contudo, as novas experiências não o farão crescer espiritualmente. O que faz a pessoa crescer espiritualmente é edificar sobre aquilo que recebemos como dádiva. Devemos construir sobre aquilo que experimentamos. Você pode escolher entre melhorar o que recebeu e construir sobre esses alicerces ou buscar novas experiências a cada dia da sua vida.

  1235. "Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal", Prov.3:7. Vemos neste versículo a ligação entre ser sábio aos próprios olhos e a capacidade de praticar o mal. Isto significa que a sabedoria própria e a sua exaltação são armas do mal e levam à ruína. O mesmo podemos dizer de sermos forte aos próprios olhos ou de sermos convencidos pelo próprio coração quando devemos ser convencidos por Deus.

  1236. Quando estamos mortos com Cristo e justificados pelo Seu poder, não existem momentos bons e maus - existe Cristo em nós.

  1237. Dizem que eu gosto de colocar a fasquia bem alto no tocante à vida com Deus. Mesmo sendo verdade, apercebo-me a cada dia que, ainda que a fasquia esteja alta, não está a meia altura sequer. Que Deus nos ajude.

  1238. "Guarda-te que não te esqueças do Senhor teu Deus (...) Para não suceder que, havendo tu comido e fores farto (...) Se eleve o teu coração e te esqueças do Senhor, teu Deus", Dt.8:11-14. Não é fácil entender, mas, a verdade é que sempre que a pessoa se esquece de Deus ou dos deveres espirituais, o coração elevou-se. A pessoa que se esquece de Deus ainda é orgulhosa, mesmo que não o admita e ainda que mantenha toda a sua postura de humildade. A pessoa que é capaz de esquecer Deus ou do dever que Deus delegou fielmente em suas mãos, é capaz de qualquer outra coisa. É dos piores crimes na face da terra. Contudo, qualquer pessoa que se esquece de Deus seja em que sentido for, seja da Sua própria pessoa ou do dever, dificilmente acredita tratar-se dum pecado tão sério e tão grave assim.

  1239. Deus prometeu o Seu pão a cada dia e não a cada dia anterior. Ele deu o maná no próprio dia e temos muitas razões para pensar que ainda será assim. É dessa maneira que as coisas são feitas no céu. E Jesus ensinou a orar que as coisas na terra sejam feitas como no céu.

  1240. A falta de fé é uma desobediência, Heb.4:2,6,11.

  1241. "Se te adorar com medo do inferno, lança-me no inferno; se Te adorar por causa do Paraíso, exclui-me do Paraíso; mas, se Te adorar pelo que és, não escondas de mim a Tua face. (Rabia, 800DC)". Eu não poderia escrever isto melhor. Subscrevo esta oração. Amem.

  1242. Em muitos lugares nas Escrituras, lemos que Deus é "tardio em irar-se". Ora, devemos levar em conta essa faceta de Deus. Podemos pensar que Deus não se ira contra nós porque estamos de bem com Ele quando, na verdade, Ele só está demorando a manifestar-se. Não nos podemos enganar a esse respeito e permitir que isso esteja operando contra nós. Devemos nos ajeitar com Deus o quanto antes.

  1243. "...Imputou-lhe (...) justiça", Gen.15:6. A imputação é o contrário de amputação. Quando algo ou alguém é amputado significa que fica incapacitado ou fica sem um membro importante. Com a imputação, entendemos que acontece precisamente o inverso: alguém fica capacitado ou completo. A justiça que chove sobre os corações pelos quais Deus passa é implantada ou imputada neles. Não é um enxerto, mas, uma imputação. Isto é, o coração não dá dois tipos de fruto como acontece em árvores enxertadas, mas, um só. Com imputação entendemos que o coração se torna inteiramente justo pela passagem do Justo. A imputação também pode significar que algo com que a pessoa foi criada é colocado de volta nela. Qualquer pecador está amputado da justiça de Deus. Não pode ser justo. Como poderá tornar-se justo sem que essa justiça lhe seja imputada? Quando muito, conseguirá apenas um tipo de justiça própria, pois, encontra-se amputado da de Deus. A amputação de um membro tira da pessoa algo que era dela, a imputação coloca nela algo que era ou seria dela. Algo perdeu-se entretanto e Deus precisa imputar aquilo de que fomos amputados e que se encontra ausente dos corações do Seu povo.

  1244. Quando falamos em sentir a presença de Deus, excluímos por completo o sentir de sentimento. Sentir a presença de Deus é um sentir de tacto e não de sentimento. O sentimento prova, apenas, que a pessoa tem coração e não que Deus está presente. "As nossas mãos tocaram a Palavra da Vida", 1 João 1:1

  1245. Todas as pessoas perturbadas são perturbadoras. É uma bola de neve. O perturbado perturba-se a ele mesmo e perturba os que querem ajudá-lo.

  1246. As boas obras são coisas normais para seres normais criados à imagem de Jesus. Elas não salvam ninguém, mas, a ausência delas condena qualquer um.

  1247. A consciência é mistério maravilhoso. Segundo a Bíblia, ela acusa e defende. Toda a gente fala da consciência como se sua função fosse somente acusar. Na verdade, ela defende também, Rom.2:15. Mas, vemos que a consciência tem de ser deixada livre para não ser influenciada, cauterizada, contrariada ou manipulada. Ela deve ser livre para expressar-se e ser ouvida. E quando é iluminada por Deus deve ser uma autoridade. Só funciona bem na liberdade que Cristo dá e guiando-se/regendo-se pela luz do Espírito na Palavra de Deus. Quando a consciência não é deixada livre para falar e expressar-se de acordo com a verdade, torna-se uma coisa perturbada, perturbadora e confusa. Será como mexer na água quando desejamos que ela espelhe o nosso rosto. Contudo, ela não é apenas perturbada nas suas capacidades de acusar, mas, também nas capacidades de defender e de operar a paz de espírito. Por isso, vemos que todas as pessoas que não conseguem entender as acusações da consciência, também não conseguem atender aquelas defesas que são capazes de estabelecer a homem na verdade. É, pois, muito importante não mexer com a nossa consciência e deixá-la falar por ela. Se a impedirmos de falar, sofreremos duplamente e seremos pessoas confusas e desorientadas. A nossa melhor orientação é a nossa consciência avivada pela palavra de Deus.

  1248. Temos muitas provas que existe, de facto, a fé falsa e a verdadeira. A fé falsa tem por trás dela uma força enorme da qual o engano se aproveita. Não podemos subestimar a força e a capacidade do engano. O engano é muito inteligente. Ele é capaz de enganar as pessoas que sabem que estão sendo enganadas, embora não seja muito difícil enganar quem tem um coração enganoso, pois, seria como dar, de forma invertida, aquilo que esse coração procura ou o ambiente onde se sente acomodado e aconchegado.

  1249. A Vida separa do pecado e o pecado separa da vida. Todo tipo de pecado está ligado à morte e a vida à santidade.

  1250. Sabemos que todas as grandes coisas são uma composição de muitos detalhes, uns maiores que outros e outros mais pequenos que outros. Mas, todos formam um conjunto e nenhum detalhe é mais ou é menos importante dentro do todo. A obediência é uma dessas grandes coisas. A luz sobre os detalhes da obediência abundará na medida que os detalhes são executados como uma pérola de um todo, como uma parte da nossa coroa resplandecente. Devemos saber que as nossas coroas são feitas com pérolas de obediência. Ora, sem a obediência, não teremos coroa. A nossa coroa é construída com obediência.

  1251. "E aconteceu que, aproximando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém", Luc.9:51. Sabemos que ainda faltava um tempo para Jesus ser crucificado. Mas, começou cedo a demonstrar a propósito firme de se apresentar para a Sua missão principal em Jerusalém. Devemos, também, começar a demonstrar o firme propósito de cumprir a vontade de Deus desde muito cedo, sabendo, contudo, que o seu tempo chegará, seguramente. Fazendo isso, exercitaremos a firmeza de propósitos e estaremos aptos para quando surgir a ocasião de nos mantermos fieis.

  1252. Não aconselho uma obediência impulsiva. Mas, uma obediência imediata não é necessariamente impulsiva. Quando algo é impulsivo, deduzimos que é superficial e que a pessoa entendeu apenas um pouco e já quer correr quando ainda mal sabe andar. A obediência requer que tudo seja bem entendido para que seja bem obedecido no momento seguinte. Quem sabe correr que o faça bem, mas, o que só sabe gatinhar que se empenhe em fazê-lo bem também.

  1253. Muitos acreditam ser necessário resolver aqueles problemas pessoais que que se sobrepõem aos espirituais e os desvalorizam, os quais tomam seu tempo e a sua atitude total. Mas, a verdade é que os problemas pessoais devem ficar sem solução para atendermos aos mais importantes e mais celestiais. Agindo dessa maneira, revelamos o que se tornou mais importantes para nós. Logo, em vez de Deus resolver esses problemas, eles tornam-se vales de grandes opções e lugares de decisão. Temos de optar. A luta começou. Começou a guerra santa no vale das decisões, Joel 3:14.

  1254. O desentendimento com o próprio chama-se confusão. É no coração que nasce todo tipo de desentendimento. Podemos estar em discórdia com o coração por duas razões principais: ou o coração tem o céu dentro de si e o mal entrou como convidado; ou o coração é ruim e o bem de Jesus está batendo à porta. Nunca podemos esquecer que o Evangelho puro causa confusão no coração que está apegado ao mal, seja em que estagio for da vida de qualquer crente ou descrente. Essa confusão pode ser vista como fruto e deve animar-nos e não desanimar-nos. Devemos contar com isso para não desanimarmos no caminho.

  1255. Quando não se aprova o bem, o mal é um sério candidato aos nossos gostos. E quanto mais tempo se leva para chegarmos ao estado onde aprovamos o bem de bom grado, tanto mais forte e mais persistente se torna a candidatura do mal ao nosso paladar.

  1256. A obediência é a chave da porta que se abre para sempre e a qual ninguém pode fechar.

  1257. "Vede como ouvis", Luc.8:18. O primeiro passo para uma fé falsa é não vermos como ouvimos.

  1258. O Senhor Jesus é o centro do mundo. Há quem não acredite, mas, é verdade.

  1259. O futuro pertence ao dia que ele acontecer. Hoje era o futuro de ontem. Amanhã será o futuro de hoje. Lidemos com cada dia no seu devido lugar porque cada dia bem vivido na graça de Deus é a preparação sublime para o que aí vem. Em breve o futuro será passado.

  1260. Se estivermos pedindo ficção e religiosidade em oração, ainda que com outras palavras, receberemos aquilo que estamos pedindo: ficção. Se pedirmos Jesus de todo o coração esperando que se manifeste como Ele é, receberemos Jesus como Ele é. Se Lhe pedirmos de forma descrente e fingida, receberemos crença e não realidade; se pedirmos de forma real, recebemos realidade da parte de Quem só é real, isto é, de quem apenas pode ser real. Quem pede, recebe e quem busca acha - acha aquilo que busca. Isto é a mais pura realidade.

  1261. O coração que não estiver preparado para o pior, nunca estará preparado para o melhor. Para os justos, tanto o bem como o mal têm as boas intenções de Deus, ainda que também tenham as más intenções do mundo, do diabo ou do pecado.

  1262. O jeito ou o modo de fazer é mais importante, no momento actual, do que a obra em si, pois, o jeito leva à obra e nem sempre a obra leva ao jeito. Aprender com Jesus é muito importante. Eu creio que é mais importante fazer as coisas da maneira que tudo se faz no céu, do que tentar fazer as coisas do céu. "Seja feita aqui na terra como no céu", isto é, da mesma maneira e usando o mesmo tipo de poder, os mesmos motivos e alegria. O pecador tem, como último recurso, o tentar fazer as coisas de Deus através da sua própria força para poupar da morte a força da carne, seja em sua vida ou na de outro. Usando a força da carne para qualquer coisa, mantém a carne viva e activa. Quando se vê impedido de fazer as suas próprias coisas, tenta fazer as de Deus do seu jeito. Se não consegue as suas próprias coisas pelo poder de Deus, tenta ofender os céus tentando fazer as coisas de Deus de sua maneira usando os seus próprios recursos. Tirar do homem a sua força, os seus modos de fazer, as coisas em que confia e das quais sempre dependeu, é mais frustrante para a carne do que tirar dele os sonhos, as ilusões, os alvos e os objectivos carnais pelos quais lutava ou ainda luta. Tirar-lhe os meios é tirar mais que os objectivos porque, com os meios em sua posse, ainda poderia refazer sonhos e objectivos perdidos e esmiuçados pela fé.

  1263. Toda a pessoa que não anda bem com Deus deseja fazer as coisas de Deus da maneira dele, ou as dele da maneira de Deus.

  1264. Não posso justificar o ímpio, nem mesmo quando o ímpio sou eu ou alguém que me é muito querido.

  1265. Não basta desconfiar da mentira. Desconfiar é pecado, pois, só vivemos da fé e a fé são certezas. Desconfiar da mentira é muito pouco: tem de tornar-se impossível crermos nela, ainda que os mentirosos sejam muito hábeis no uso das palavras. E são mais hábeis que os verdadeiros. A mentira tem de sentir-se desmascarada e incomodada na presença de quem crê e não o inverso, ainda que nada seja dito. "De modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos", João 10:5. Quando o engano ainda exerce algum tipo de fascínio sobre alguém, a verdade dificilmente se instalará em seu coração, a menos que venha para causar instabilidade. Só esse tipo de fé que crê na verdade e descrê da mentira abertamente e espontaneamente conseguirá salvar, mudar, transformar e exercer todos os seus poderes sobre a vida que somos. Você precisa ser verdadeiro de natureza e não apenas na sua forma de expressão.

  1266. Ninguém se esforça para ser o que é em Cristo - só para não sê-lo.

  1267. Porque se lamenta ainda, porque chora e implora para ter pensamento positivo sobre as suas capacidades? "Porventura não existe Deus em Israel?" 2 Reis 1:3. Porque razão deve confiar em si mesmo? E quando irá "arriscar-se" e entregar-se com intuito de vencer com um sorriso no coração sempre que é Deus quem opera? Ainda vai demorar muito?

  1268. A incredulidade é uma incapacidade: ela não permite crer na verdade. Por isso, existem os que conseguem crer e os que não conseguem, conforme Cristo disse: "Aquele que pode crer...", Mar.9:29. Consequentemente, fé é uma capacidade de descrer na mentira, é uma capacidade única em sua forma de se expressar e de afirmar-se na verdade. A incredulidade é a capacidade de crer na mentira e na ilusão em detrimento da verdade. A fé é a capacidade de crer na verdade. Fé não é crer. Fé é crer na verdade.

  1269. A falta de fé tem muitas causas e muitas origens. Também tem muitas consequências. E, onde existe falta de fé, existe uma grande dose de auto-confiança ou, então, uma enorme busca de auto-confiança. O homem precisa confiar em qualquer coisa quando não confia no que deve ou em Quem deve.

  1270. Para começar e terminar um assunto em oração, exige de nós uma atitude e uma disciplina espiritual que se opõe a repetições de orações sem resposta. "Examine-se o homem" em vez de cair na tentação de repetir e repetir, ofendendo Deus. As orações com resposta não precisam ser repetidas. Então, não haverá o pecado das repetições em quem obtém respostas. A atitude de perseguir a resposta torna impossível a repetição, isto é, se formos sinceros diante de um Deus que tudo ouve. A repetição é uma ofensa a um Deus que não é surdo e ouve tudo, tal como vê tudo. Da mesma maneira que Ele vê tudo e nada se encontra oculto para Ele, dessa mesma maneira Ele é capaz de ouvir o ruído mais imperceptível e mais insignificante no Universo. Os que gritam orando só se querem mostrar e não obter respostas. Dão a impressão de serem muito firmes e crentes sendo descrentes. E todos pensam que são espirituais pelo barulho que fazem. E se desejarem obter respostas, será com o mesmo objectivo de se mostrarem através delas. Não sei por que razão as pessoas se orgulham de algo que não foram eles a responder! Oram e mostram-se como sendo os autores das respostas até mesmo quando não existem respostas. A maioria dos Cristãos de hoje são excelentes actores e actrizes! O homem orgulhoso orgulha-se de qualquer coisa e por qualquer motivo. Só deseja ter todos os olhos sobre si, não importa de quem e nem qual o motivo - ainda que sejam somente os seus próprios olhos através dos quais congratula-se facilmente.

  1271. Lembre-se de não ser mal-educado ao ponto de "abrir" a porta que só Deus abre. Você bate - Ele abre. Não presuma a resposta, não seja soberbo e mal-educado abrindo uma porta que não lhe cabe abrir. A pessoa que se atreve a bater e abrir a porta distribuindo promessas que "não viu" é um falso profeta. Ninguém pode prometer alguma coisa, em nome de Deus, que Ele ainda não tenha atendido - ainda que tenha prometido.

  1272. Uma oração que obtém resposta imediata só desafia quem ora e não quem responde. Isso não é um desafio para Deus. Nunca será. Será que ainda é para si? Ou já cessou de orar? Já desistiu antes de obter resposta?

  1273. Já viu algum presunçoso, isto é, alguém que assume coisas como se seu próprio entendimento fosse fidedigno e confiável? Quantas vezes vemos alguém assumir coisas por outros, afirmando: "Pode crer em minha palavra, pois, fulano irá cumprir!" Isso é uma forma de ilusão. Na verdade, é orgulho do coração expressando algo que não deve afirmar, pois, nem sabe se fulano irá cumprir ou se irá estar vivo para poder cumprir. Sermos 'fiadores' de outros é presunção. É uma das muitas formas de orgulho disfarçado que encontramos, pois, esse orgulho encontra-se disfarçado porque vive agradando pessoas e confunde esse seu acto com amor. Na verdade, é um agrado e não amor. "Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho e te deixaste enredar pelas próprias palavras; e te prendeste nas palavras da tua boca; Faze pois isto agora, filho meu e livra-te, já que caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te, e importuna o teu companheiro. Não dês sono aos teus olhos, nem deixes adormecer as tuas pálpebras. Livra-te, como a gazela da mão do caçador e como a ave da mão do passarinheiro", Prov.6:1-5.

  1274. Sabemos que devemos e podemos ter um coração igual ao de Deus. Isso não é novidade, embora não se vejam muitas pessoas com esse coração, ou crendo nessa possibilidade. Devemos ter um coração que se deleita em Deus, que se deleita nas coisas nas quais Ele se deleita. Mas, existe uma coisa que muitos esquecem: não apenas devemos poder achar o nosso deleite naquilo em que Ele é capaz de deleitar-se, mas, devemos poder deleitar-nos da maneira que Ele se deleita nelas. Já viu Deus eufórico fazendo grandes coisas? E já o viu relutante fazendo coisas pequenas e insignificantes a nossos olhos?

  1275. Dizem que Deus não faz mal a ninguém e que o mal vem do diabo. Ora, até o mal que vem do diabo é permitido por Deus. Na verdade, aquela pessoa que acredita em Deus e todo o Seu poder sabe que o mal vem de Deus por causa de alguma coisa e tendo em vista o bem global. Os que não conseguem acreditar em Deus sofrem não apenas os males que lhes acontecem, mas, também sofrem de amargura, ódios e desespero queixoso. Quem confia em Jesus, ainda que seja debaixo do mal, ganha ânimo e pode esticar o braço para alcançar a misericórdia. Mas, quem não confia, não resolve nada e ainda piora o seu estado moral e espiritual.

  1276. A ignorância tem muitas escadas. Aproveitemos os seus degraus para descermos dela evitando o convite para subir cada vez mais naquilo que parece sabedoria. Tudo o que é mau, quer parecer bom. A ignorância quer parecer sábia, a hipocrisia quer parecer simpática, a maldade deseja fazer "o bem". Vamos descer os degraus que subimos no engano e busquemos todas as ocasiões para negar a morte do engano e do mal.

  1277. "Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que baptiza com o Espírito Santo", João 1:33. É interessante que Deus use esta imagem de uma pomba para simbolizar a descida do Seu Espírito sobre Jesus. Deixem-me explicar. A Bíblia fala da descida do Espírito. Mas, existe outra coisa que a Bíblia fala e à qual ninguém presta atenção. Ela fala do Espírito permanecer em alguém e esse alguém permanecer no Espírito. É por isso que as Escrituras falam daqueles que "não têm o Espírito", Judas 1:19. Se o Espírito não permanecer sobre alguém, esse não tem o Espírito, ainda que Ele tenha descido sobre tal pessoa. Sabemos o que é uma pomba. Ainda que seja uma coisa insignificante, serviu de simbolismo e de sinal de confirmação para João (pois, Jesus já era cheio do Espírito, mas, João nunca O havia visto descer sobre Jesus); sabemos que uma pomba não desce facilmente para pousar sobre alguém. Por outro lado, qualquer coisinha faz com que essa pomba levante voo e não permaneça sobre quem pousou. Isto não é interessante? Qualquer coisinha pode fazer a pessoa ficar "sem o Espírito" e tornar-se novamente sensual.

  1278. Na eternidade só existe um grande hoje. A eternidade é um grande hoje. Será que só existe o dia de hoje em nossa mente? Precisamos aprender a ser eternos vivendo o dia de hoje agora e fazendo uma coisa de cada vez em seu devido tempo. Ou nos concentramos na tarefa imediata ou andamos confusos misturando as coisas de amanhã com as de hoje. Um ser eterno ou um que começa a ser eterno - alguém que se arranjou com Deus - será sempre um ser confuso caso não viva dentro das regras da eternidade. Cada um deve viver como é para não se sentir confuso e atrapalhado.

  1279. Ninguém consegue matar um vivo e um morto nunca se pode considerar um ser vivente, ainda que o faça. Sabemos que um morto espiritual é e será sempre mentiroso e, por essa razão, não sente pudor se mentir a seu respeito. Um ser vivente não tem como morrer porque a morte não o alcança. A menos que os viventes pequem em algum aspecto, não têm como morrer.

  1280. As acusações são pensamentos fofoqueiros que ora falam meias verdades e ora mentem sobre o verdadeiro estado do coração. A acusação é uma fofoca da cabeça e fazem parecer as verdades e as mentiras como meias verdades. Isso significa que a verdade parecerá suspeita e que a mentira sobe um grau na consideração desses homens e mulheres. Depois, falam ou falarão da mesma maneira e com o mesmo espírito de acusação a respeito de outras pessoas. O hábito e a atitude construiu-se e será difícil de exterminar algo que se tornou uma personalidade viciada, uma corrente da mente, a qual flui por instinto. Por isso, onde houver um coração que se acusa por conta própria, recusando o perdão e desprezando a convicção que só o Espírito dá para poder permanecer no vício da acusação, haverá fofoca - no mínimo, existirá o espírito e a vontade de fofocar por tudo e por nada. Ninguém consegue separar a fofoca da acusação.

  1281. "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem", Rom.12:21. Vencer o mal não é ficar a rir dele, mas, exterminá-lo. O mal dá-nos muitas oportunidades de nos exercitarmos naquilo que é certo da maneira certa.

  1282. A Bíblia diz que até um tolo, quando se cala, parece sábio. Isso significa, então, que até um sábio, quando fala por falar ou que fala demais parece tolo.

  1283. Por norma, a pessoa que julga e condena o pecado nos outros não é uma pessoa que cuida da própria vida. Ela não é como aquele que "leva a boa semente e semeia em seu campo", mas, tenta semear no terreno dos outros.

  1284. viu alguém reagir mal quando lhe apontam algum erro? As pessoas que reagem dessa maneira costumam lançar as acusações de volta para quem lhes apontou o erro. A pessoa que reage mal e acusa os outros é aquela que se sente acusada. Sempre que sente uma acusação, reage dessa maneira. Isso é o que acontece com quem julga: reage àquilo que a própria consciência acusa. Quando vê um pecado em alguém do qual ele mesmo sofre de uma forma ou de outra, reage julgando. É um mau espírito de auto-defesa da imagem que criou dele próprio. Sempre que é acusado pela própria consciência reage mal a essas acusações. Julgar não é nada mais e nada menos que a defesa de uma imagem e de uma semelhança de 'santidade' que não existe em quem julga. O acusado tem de parecer santo ou os outros precisam parecer pecadores piores. Os julgamentos são reacções venenosas de quem se sente acusado pelos pecados que vê em alguém.

  1285. Toda a pessoa que não cumpre os seus deveres maritais quando os pode cumprir tem um coração adúltero e não o sabe ou não o admite. Ainda que não pratique adultério, seu coração é adúltero.

  1286. Graça é um poder ativo e não uma sala de espera passiva. Não é uma 'esperança' passiva. A graça funciona mesmo! Temos de nos apoderar desse poder e saber crescer nele e através dele.

  1287. "...Na fé que há em Jesus Cristo...", 1Tim.3:13,1;14. Isto significa que existe uma fé em Jesus Cristo e outra fé fora de Jesus Cristo, isto é, existe uma fé de compensação falsificada e acolhedora quando nos encontramos separados d'Ele. Muitos nem se dão conta disso sendo confortados por uma fé falsa e falsificada.

  1288. Quando eu era criança, aprendi a viver sem pai e sem mãe. Era eu a lutar contra o mundo e as correntes de águas violentas e sujas. Aprendi hábitos de sobrevivência, hábitos de viver sem pai. Mas, descobri, agora, que não mais posso viver como se não tivesse pai. Preciso perder esses hábitos e negar a força do braço da carne. Não devo depender mais desse tipo de poder. E ao longo dos anos meu braço carnal tornou-se forte. Preciso, agora, entregá-lo à morte sem medo, pois, não opera segundo Deus. Preciso render-me a Jesus integralmente e não importa quão fortes são esses instintos de sobrevivência. Não preciso ter mais medo de não conseguir vencer. Preciso trocar a minha força carnal pelo poder da graça que é ativo e poderoso. Sinto-o e conheço esse novo poder que desconhecia e do qual ouvia falar.

  1289. A pessoa, para mudar, precisa querer mudar e recusar querer ser aceite e entendida. Por isso é que quando as pessoas tentam explicar-se, tentam mostrar que sabem mais ou tentam fazer outras coisas que fazem as pessoas serem aceites, ela não conseguem mudar. Quem quer mudar não pode tentar pular o muro do aprisco em vez de passar pela porta do reconhecimento do erro e da graça quando caminha. Precisamos ter Jesus nos Caminhos d'Ele e não somente os caminhos. "...Dos que se lembram de Ti nos Teus caminhos..." Is.64:5.

  1290. Não existem muitas diferenças entre ricos e pobres no tocante à possibilidade de entrarem no Reino de Deus. Não estou discordando de Jesus nesse aspecto. De modo nenhum. Deixem-me explicar. Os pobres são tão consumidos por afazeres quanto os ricos. Enquanto os ricos são consumidos pelos pensamentos que o dinheiro traz, por aquilo que possuem, os pobres são consumidos pelos pensamentos e pelas amarguras que a pobreza traz e por aquilo que não possuem. O deus de ambos é o mesmo e o pobre coloca as suas esperanças no dinheiro tanto quanto o rico o faz. A única diferença que vemos entre um e outro é que o pobre não consegue confiar na sua pobreza, embora estenda a sua mão para o deus do dinheiro tanto quanto o rico o faz. O rico pode confiar nas riquezas e é por essa razão que Paulo afirma que a confiança no dinheiro é idólatra. O pobre tem a esperança de, um dia, poder cofiar em Mamon.

  1291. Quando impomos as mãos sobre alguém, acontece uma de duas coisas: ou a pessoa torna-se participante da nossa bênção, ou nós nos tornamos participantes dos pecados alheios. Não devemos impor as mãos precipitadamente sob pena de nos tornarmos culpados dos pecados alheios. "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro", 1Tim.5:22.

  1292. "Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo", 1Cor.12:3. Existem vários versículos que dizem esta mesma coisa, direta ou indiretamente. Contudo, a partir de outros versículos e olhando ao redor vemos que existem muitas interpretações erradas a respeito desta verdade. Por exemplo, em Mat.7:21 lemos: "Nem todos os que me dizem 'Senhor, Senhor' entram no Reino de Deus". Parece que existe uma contradição entre estas duas porções das Escrituras, mas, veremos que não se contradizem. O segredo deste versículo está na palavra 'dizer'. Quando a Bíblia afirma que 'ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor sem ser pelo Espírito', não está falando de um dizer de palavras, mas, de uma constatação real. Por exemplo, eu não posso dizer que consigo voar porque, na prática, não consigo voar. Se conseguisse, poderia dizer que me era possível voar porque a prática mostrava isso mesmo. Do mesmo modo, existem pessoas que, ao olharem para sua vida e experiência, só podem concluir que Jesus é realmente Senhor. Isto é, eles conseguem perceber como sua vida mudou naquilo que nunca conseguiram mudar; que Jesus transformou o impossível em possível; etc. Por isso, podem dizer que Jesus é realmente Senhor porque comprovam isso na prática e a sua experiência é que Ele é realmente genuíno e vivo. Não têm outra explicação para aquilo que vem ocorrendo neles e nos arredores. É isso o que significa poderem dizer que Jesus é realmente Senhor: por aquilo que experimentam de forma real e genuína. Qualquer um pode dizer que Jesus é Senhor através de palavras, mas, poucos podem afirmar havendo sido convencidos além de qualquer dúvida e explicação. Não lhes é possível contestar essa realidade ainda que queiram, pois, a sua realidade comprova precisamente que Jesus é deveras vivo, reina seus pensamentos e seus corações. Não é apenas uma questão de fé, mas, de constatação no terreno e na prática. Isso não é o mesmo que dizer que Jesus é Senhor para poderem entrar no aprisco das ovelhas saltando o muro e evitando a porta.

  1293. "Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo", 1Cor.12:3. Ora, quanto a conseguir dizer que Jesus é Senhor temos muito, mas, muito mesmo para entender - principalmente nos dias de hoje onde proliferam as doutrinas superficiais. A pessoa que tem um Senhor é uma pessoa dominada, guiada, verdadeiramente reinada e toda sua vida, decisões, capacidades e tudo que tem não mais lhe pertencem e não são mais para proveito próprio. Não tem mais qualquer outro senhor, nada mais que o domine, seus filhos não lhe pertencem e tudo que tem ou é não é mais seu. Passa tudo a ser para glória de Deus - tudo pertence a Deus e tudo que se faz é para Ele através d'Ele. Naquele tempo era mais fácil entender a palavra "Senhor", pois, ainda existia escravatura. O escravo era propriedade dum senhor, contrariado ou não. A diferença de termos Jesus como Senhor é, contudo, enorme. A esse Senhor buscamos como tal, isto é, quem busca e acha Jesus para se assenhorear de toda a sua existência (há quem busque e não ache isso ainda que creia que achou) passa a viver nessa posição dentro dum reino que tem Jesus como verdadeiro Senhor. Esse reino, busca-se. Ali, nada mais conta. Contudo, uma coisa é alguém ser escravo contrariado, o qual busca a própria liberdade e a capacidade de tomar suas decisões todas; outra coisa é buscar ser aceite como esse escravo de forma alegre, voluntariosa e cheia de poder, repudiando até a ideia da própria 'liberdade'. Ora, ninguém consegue alcançar (de forma real) esse ponto, ou digamos esse posto de vida dentro desse Reino, sendo verdadeiramente aceite e aprovado (após uma triagem exaustiva), a não ser pelo Espírito Santo. É para esse efeito que devemos buscar ser cheios do Espírito.

  1294. Infelizmente, grande parte do meu tempo e trabalho é endireitar Escritura torcida ou torta. Descobri que se tornou muito difícil pregar o Evangelho simples e expor somente as Boas Novas de Cristo. "Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos", Judas 1:3.

  1295. "E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar", Act.2:47. Existem muitos versículos que são mal entendidos por causa das doutrinas que foram surgindo ao longo dos séculos. Este é um deles. Muitos alegam que este versículo fala da predestinação. E, na verdade, não é assim. Não estou falando contra a predestinação. Estou somente afirmando que este versículo não se aplica ao passado longínquo, mas, ao futuro próximo de quem vem a Cristo. Lembra-se das palavras de Paulo ao carcereiro? "Crê e serás salvo, tu e a tua casa". Essas palavras revertem a salvação para um pós-crer e não para o momento que se crê. O verbo está no futuro. A pessoa que crê tem como salvar-se de seus pecados após crer. A pessoa que crê tem como limpar os seus pecados confessando-os um por um. Ao havê-los confessado diligentemente e seus pecados haverem-se tornado públicos, abre-se o caminho para ser liberto, para sempre, tanto deles como da origem desses mesmos pecados (e de outros que ainda possam surgir). Seremos resgatados nesta presente vida das mentiras (não das dos outros, pois, a mentira do outro nunca me condenará, mas, a minha própria); seremos ainda libertos da má-língua, dos desejos da carne e outras coisas mais que me retém como prisioneiro de direito. Ora, quando lemos este versículo em Atos, podemos constatar que Deus juntava à Igreja aqueles que ainda haviam de ser salvos de todos os seus pecados - futuramente.

  1296. Todos se dão como exemplos. Mas, somente alguns o são-no e muito poucos dos que são têm a confiança e criam as circunstâncias para serem seguidos. Os exemplos que devem ser seguidos já não confiam na carne e podem sentir-se perdidos se não confiarem em Cristo. Por isso, é possível que ainda temam ser seguidos como exemplos. Mas, nunca foi bom para alguém fugir das próprias responsabilidades.

  1297. Quando devo perseverar na oração? Já recebi algo que Deus prometeu ou que é explicitamente a vontade d'Ele? Se ainda não recebi, a ordem é para perseverar e receber de forma real, pois, Deus é real tal como todas as suas respostas.

  1298. "O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu", João 3:27. Por que razão vivem os homens ainda como se tudo dependesse deles próprios e não da obediência?

  1299. A Bíblia nunca se expressa contra as obras, mas, contra "as obras da lei" - a circuncisão, os sacrifícios de animais, etc. Aquilo que as pessoas consideram obras hoje não é o que as pessoas consideravam obras naquele tempo. As verdadeiras obras do amor são uma exigência dum coração puro como leves sacrifícios a Deus.

  1300. "De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé...", Rom.12:6. As coisas que diz são ditas porque Deus mostra ou porque acha que as sabe e quer mostrar-se?

  1301. ouviu falar de pessoas que contradizem tudo e que seu hábito favorito é dizer não contra o sim e sim contra o não? O seu coração está sempre na oposição! É você uma dessas pessoas? Quando alguém diz 'direita' você diz 'esquerda e se alguém diz 'esquerda', você diz 'direita'. De acordo com as Escrituras, rebeldia é isso mesmo. Um coração contradizente é um coração rebelde. Quando João foi enviado a preparar o caminho para o Senhor, ele veio "com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto". Isso é precisamente o oposto de um povo que se opõe a tudo por ter nele um coração contradizente. Deixemos de ser da oposição pelo hábito e usemos as nossas forças para nos opormos ao pecado em nós e estarmos a favor do Senhor sempre. "Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente", Rom.10:21.

  1302. Normalmente, as pessoas acreditam coisas erradas. Acreditam que uma pedra de tropeço é a maneira como falamos quando os ouvintes se irritam com aquilo que ouvem. Dizem: "Temos de ser sábios, irmãos! Não podemos falar assim". Não devemos falar a verdade francamente? Na verdade, uma pedra de tropeço é sempre alguma coisa em nossas próprias vidas que contradiz o Evangelho. Se alguém se irritar contra a verdade falada francamente quando o Senhor a inspira, isso é fruto e não tropeço.

  1303. Se você faz piadas sobre as coisas de Deus ou sobre Deus, será uma piada em breve e será o alvo de grandes risadas. "Também Eu me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo o vosso temor", Prov.1:26.

  1304. "...E guardaram a tua palavra", João 17:6. Muitas vezes me perguntei, até mesmo em momentos de agonia em oração, o que é necessário para que aqueles que se convertem mantenham a palavra viva neles e consigam firmar-se nela até ao fim. "Guardar a palavra". Estive muito tempo procurando uma solução distante e ela encontra-se tão perto! A primeira condição é que seja mesmo a palavra de Deus e não a nossa ou do nosso conhecimento. Lendo mais adiante neste capitulo das Escrituras, vemos que também se torna necessário a pessoa conseguir ver e reconhecer que a palavra é de Deus. E não podemos dar esse reconhecimento hipocritamente. Ela precisa frutificar em nós e ser capaz de convencer-nos. Precisa ser mesmo a palavra de Deus e, também, precisa ser reconhecida como tal. Só assim a obediência será duradoura. Quantos elogiam o pregador! Quantos se admiram muito com as palavras de quem prega! A pessoa só conseguirá a capacidade de manter-se fiel quando tudo se torna uma questão entre ela e Deus. E os pregadores precisam falar a palavra que vem de Deus naquele momento e não extraírem as coisas dos seus conhecimentos - ainda que Deus use esses conhecimentos para Sua glória. Cumprindo esses requisitos, os discípulos terão mais certezas e guardarão a palavra de Deus até ao fim. Certezas é fé.

  1305. É preciso um vivo para enxergar outro vivo. Um morto enxerga outro morto e o vivo vê os vivos e cada qual tem comunhão com um seu igual. "Vós me vereis; porque eu vivo e vós vivereis", João 14:19.

  1306. Devemos consultar Deus a respeito de tudo. Mas, o que nos vale consultar Deus dessa maneira se não obtemos respostas? Devemos chegar ao ponto onde Deus nos ouve sobre todas as coisas. Senão, seremos uns religiosos mais apurados que os demais e satisfeitos por orarmos em todos os momentos, quando entramos e saímos do carro, quando escrevemos ou falamos. É bom orarmos em todas as circunstâncias e consultar Deus sobre todas as coisas, ainda que seja por causa de um par de sapatos. Mas, para nos livrarmos do mercado da hipocrisia, devemos chegar ao ponto onde Deus nos ouve atentamente a respeito de tudo que conversamos com Ele. "E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei", João 14:13.

  1307. "A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito", 1Cor.7:34. Isto só é verdade em alguns casos. Existem solteiras que não servem ao Senhor porque as suas cabeças só pensam em casar. As suas mentes ficam ocupadas com casamento e não com o Senhor ou as coisas d'Ele. Não esqueçam os solteiros que a finalidade é "para vos unirdes ao Senhor sem distracção alguma" (v.35).

  1308. A fé alcança a vontade de Deus - não a nossa. A fé verdadeira consegue fazer-nos alcançar a vontade de Deus para as nossas vidas.

  1309. "Não é boa a vossa jactância", 1Cor.5:6. Paulo diz isto a pessoas que não fizeram nada acerca de alguém que cometeu pecado dentro da igreja dos Coríntios. Diz que aqueles que não fizeram nada acerca do problema sofrem de "jactância". Ora, isso, para muitos, será uma surpresa. Normalmente aceitação é tida como 'amor' e nunca como jactância. Só pode significar que é a jactância quem aceita, dentro da Igreja, aquilo que afasta e impede o Espírito Santo. Outra parte interessante é que Paulo diz aos Coríntios para se limparem por causa do pecado de outro quando seria normal alguém se limpar do próprio pecado.

  1310. Muitos pregam para eles próprios não irem para o inferno. Outros pregam para as pessoas se salvarem. Em qual das categorias você cai?

  1311. Doutrina é para ser seguida por quem ensina. Vida é para ser seguida por quem aprende. E hoje vemos todos aprendendo e seguindo doutrina.

  1312. A auto-justificação tem raízes profundas e nunca anda sem acusar terceiros - ou do Primeiro, o Alfa e o Ómega! Se essas acusações não surgirem logo, acabam surgindo mais tarde. É somente uma questão de tempo até surgirem.

  1313. Se as coisas não funcionam da maneira que Deus disse que funcionariam, ou se não funcionam da maneira que desejamos - se não se cumprem de acordo com as expectativas - porque razão o homem tende a desconfiar mais de Deus do que de si mesmo? Por que razão pensa que é Deus quem está falhando em relação a ele e não ele em relação a Deus?

  1314. Sabemos que existe diferença entre fazer as coisas e fazê-las em Cristo ou através d'Ele. As pessoas que fazem as coisas certas ou tentam fazer sem Cristo, normalmente, desistem ou acabam por se desviarem para o lado do inimigo. Na verdade, desistem de uma maneira ou de outra. Quem falha tem, como primeiro pensamento, desistir de tudo ou fazer outras coisas. E fazer outra coisas em termos práticos do Evangelho significa entrar no pecado. Ora, os que desistem deveriam saber que existe alternativa melhor: tentar de outra maneira. Já tentou as coisas através de Cristo? Saiba hoje que, quando desiste, na verdade está desistindo dos seus próprios caminhos e não do Evangelho. Provavelmente, fez do Evangelho um caminho próprio e, por essa razão, desiste.

  1315. "...Poder, segundo o Espírito de santificação", Rom.1:4. O poder de Deus, seja numa vida ou num local, nunca anda separado da santificação ou da santidade da pessoa ou do local.

  1316. A quantidade de elogios e de glória que você distribui aos homens e mulheres deste mundo ou deseja distribuir, sejam eles crentes ou não, é precisamente a quantidade de glória que gostaria de receber dos outros. E não conseguirá parar esse problema evitando elogiá-los. Caso se esforce para não dar glória ou elogios aos homens sem resolver seu desejo de ser elogiado, querido, apreciado ou amado, fá-lo-á através da amargura e os homens sentirão isso. No mínimo sentirão que algo não está bem consigo. Só pode resolver este problema através da sinceridade: foi Deus ou o homem quem fez ou faz aquilo que admira ou aprecia? Precisa investigar a fundo e, através da sinceridade, dar a glória a quem ela pertence. Se pertencer ao homem, dê-a ao homem. Se pertencer a Deus não a dê ao homem. Não diga que foi Moisés quem fez aquilo que Deus fez. "À tarde sabereis que o Senhor vos tirou da terra do Egipto". Ex.16:6.

  1317. Permitir que seja o Senhor a comandar e a dirigir é, provavelmente, uma decisão tão difícil e necessária quanto aquela que fizemos no dia da maior decisão da nossa vida: a de seguir Cristo.

  1318. Existe uma verdade à qual ninguém pode fugir: se sabemos esperar no Senhor com toda a paciência, o tempo passa depressa e podemos até ser surpreendidos. Mas, para todos os impacientes, o tempo demora a passar e tudo se torna muito difícil! Infelizmente, os que conseguem esperar de consciência manchada, esperam em vão até que limpem as consciências e lhes seja restituído aquilo que os gafanhotos comeram durante os anos de praga.

  1319. Ainda existe alguma dúvida que Deus nos trata conforme os nossos caminhos e obras? Não nos trata de acordo com aquilo que cremos, mas, de acordo com nossos caminhos e vidas práticas. "Assim como o Senhor dos Exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou", Zac1:6. A promessa para bem ou para mal pode tardar, mas, chegará com certeza. Sabemos que só colheremos aquilo que semearmos. Nem poderia ser de outra maneira. Não podemos semear espinhos e esperar colher outra coisa que não seja espinhoso.

  1320. alguma vez tentou fazer Jesus rei à força? Já pensou por que razão tal coisa é condenável? Por norma, a pessoa deseja torná-Lo rei à força para que Ele reine sobre a carne e o sangue, pois, Ele não precisa ser forçado a ser rei sobre as coisas espirituais porque já é rei e Senhor sobre elas. Por norma, as pessoas que forçam Jesus a ser rei sabem que não conseguem alcançar todas as coisas que desejam. Mas, logo ficam desapontadas n'Ele. Têm uma aparência de humildade e de submissão, mas, o tempo traz-lhes desapontamento porque Jesus nunca reinará sobre a carne. A carne é algo que Ele deseja morta. Também sabem que Jesus pode todas as coisas, pois, todo o poder lhe foi dado. Essa mistura força Jesus a ser rei, pois, a carne tem sempre pressa para alcançar seus objectivos. Contudo, Jesus não é forçado a ser Rei sobre as coisas espirituais. As pessoas que forçam Jesus a ser Rei, como fizeram os Israelitas, sabem, esperam ou suspeitam que Jesus tem todo o poder em Suas mãos e que eles mesmos não conseguem alcançar aquilo que pretendem ou da maneira que pretendem. Por isso, querem forçá-lo a ser Rei e Senhor sobre suas vidas. Desejam que o Todo-Poderoso reine sobre os seus desejos carnais e pouco celestiais para que, de alguma forma, possam alcançar as suas pretensões ou desejos egoístas através do Seu poder. Querem que Jesus ajude e fortaleça a carne. Infelizmente, hoje, essas pessoas são chamadas de crentes ou de Cristãs. Na era dos discípulos eram conhecidos como enganadores, pois, distinguia-se facilmente entre o que serve a Deus e o que não serve. Então, se é honesto e ainda deseja pertencer a Jesus, faça este teste: deseja forçar Jesus a ser Rei ou fazer alguma coisa que deseja? Então, é um sinal claro que deve parar e rever seus motivos e seus desejos. Certamente deseja que Jesus reine sobre a carne - a sua carne. Deseja que Jesus concretize os seus desejos terrenos e pessoais. Na verdade, Jesus veio para que nós alcancemos uma vida maior onde se alcança os Seus desejos e isso da maneira d'Ele, a qual funciona da maneira mais simples, obtendo resultados claros. Aqui temos a evidencia dos dois lados do coração do homem bem clara: se tenta fazer Jesus Rei pela força, você ainda é carnal. Precisa lidar com seu coração à luz de Deus primeiro. Se tenta fazer Jesus Rei pela força, significa, também, que está evitando trabalhar no seu próprio arrependimento e conversão, convertendo-se da impiedade para a santidade em Deus. Antes, deseja fortalecer a carne e os seus esconderijos de pecado através do poder de Deus em vez de se mudar para o lado da santidade e pureza de motivos. Existe maior engano que esse? Existe situação mais repelente que essa? 

  1321. Sei que existe uma grande cumplicidade e uma relação muito íntima entre a fé e a fidelidade. Uma nunca anda separada da outra. Nenhum infiel consegue ter fé verdadeira - só uma falsa.

  1322. É bom conseguirmos traduzir pensamentos em palavras, palavras em ensino e ensino em vida - ou vida em ensino. Quem não faz isso raramente cresce ou arrefece e morre para Cristo e para a verdade ao longo do tempo.

  1323. Uma das razões por que Deus não opera é que Ele não tem condições para trabalhar. "Pedis e não recebeis porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites", Tiago 4:3. Devemos ter as condições criadas para Deus poder trabalhar para o Reino d'Ele, senão, Ele estará fortalecendo um inimigo Seu contra Ele mesmo: a carne. "Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo (deserto) vereda a nosso Deus", Is.40:3.

  1324. Os pecadores (os crentes) que nunca se converteram têm por hábito serem impacientes com os pecados dos outros e pacientes com os próprios, chegando mesmo ao ponto de ignorar ou defender os próprios pecados. Mas, quando se vem a Cristo mudamos totalmente e tornamo-nos impacientes com os nossos próprios pecados e muito pacientes com os dos outros que lutam contra eles.

  1325. Não é estranho que, logo após o Mar Vermelho haver-se aberto diante das pessoas, Moisés tivesse de dizer: "À tarde sabereis que o Senhor vos tirou da terra do Egipto"? Ex.16:6. Será que já não sabiam que havia sido Deus ou não aceitavam que havia sido Ele? Se Moisés lhes houvesse dito que havia sido outro deus teriam acreditado? Eles ainda pensavam que havia sido Moisés! Quantas vezes mencionamos as pessoas que oram sempre que uma oração é ouvida? Quantas vezes dissemos: "Tal pessoa orou e fui curado ou alguém foi curado"? Não é o Senhor quem cura ou curou? Devemos lembrar sempre que a maneira como nos expressamos vem daquilo que se passa a nível de coração.

  1326. Quando esperamos de Deus coisas que queremos e que Ele nunca prometeu, vamos ter dois problemas: não enxergamos aquilo que Deus dá e esperamos o que não recebemos. Isso cria o terreno apropriado para o diabo operar em nossa incredulidade, insatisfação e infidelidade. Basta um passo para haver infidelidade no coração. A fé e a fidelidade são coisas inseparáveis, tal como a falta de fé e a infidelidade.

  1327. "O Senhor prova o justo; porém, ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma", Sal.11:5. Isto significa que sermos provados por Deus é sinal de amor e compaixão. Pode significar, também, que o ímpio não é provado. Se isto é verdade, por que razão os justos se queixam quando provados ou quando vêem que os ímpios não sofrem males?

  1328. "Todas as suas cogitações (do ímpio) são que não há Deus", Sal.10:4. Isto não significa, necessariamente, que o ímpio afirma que não há Deus, mas, que as suas acções, a sua maneira de proceder e a forma como vive a sua vida diária nunca leva Deus em conta, nem quando peca e nem quando faz coisas que não são pecado sem saber que deveria depender da graça de Deus para fazê-lo.

  1329. "O ímpio gloria-se (...) bendiz ao avarento", Sal.10:3. Isto é uma verdade, pois, o ímpio nunca fica indiferente à riqueza material de alguém. Mas, existem outras verdades sobre isto. Todos os que louvam os avarentos são ímpios. Mas, esta não é a única verdade, pois, todos os que são capazes de criticar o avarento em vez de ficar indiferentes e confiantes em Jesus, também podem ser considerados ímpios.

  1330. A finalidade do Juízo de Deus é exterminar o mal e o pecado para sempre. O pecado é o mal e o mal é o pecado. O juízo não tem como objectivo final o castigo, mas, a extinção até da lembrança do mal.

  1331. Toda a pessoa que não é espontânea na verdade, criou muitos complexos e instabilidades ao longo da vida; e todo aquele que se tornou espontâneo nas trevas, perdeu toda a vergonha de pecar e perdeu toda qualquer dignidade que ainda pudesse ter. Um santo não anda caso se ache numa súbita escuridão. Ele congela seu andar e espera em Deus até a luz o alcançar para andar na luz. Aquele que é ímpio faz o oposto: consegue andar nas trevas e fica estagnado caso a luz o alcance duma forma real.

  1332. São os pais desobedientes que têm filhos desobedientes. Contudo, isso não é uma regra totalmente segura e fiável. O obediente Samuel não teve filhos obedientes. Eu creio, porém, que isso foi uma excepção. Seja você de coração aquilo que você deseja que seus filhos se tornem achando graça proporcional para esse efeito. Tudo precisa ser feito através do poder da graça. Por norma, seus filhos tomam-se mais naquilo que você é do que naquilo que você lhe ensina a ser. Imagine como você desejaria que seus filhos fossem e torne-se isso você próprio. Ensine-se a si mesmo para seu bem e para o bem de seus filhos. Também aprenderão a ensinarem-se a eles próprios.

  1333. Ou somos povo do Céu ou somos do país onde nascemos. As duas coisas não é possível. Devemos ter cuidado com o 'nacionalismo', pois, Deus quer-nos fiéis a Ele porque, quem Lhe é fiel, será sempre o melhor cidadão de qualquer país, seja do lugar onde nasceu ou noutro. A sua fidelidade real transbordará para sua vida prática na terra em qualquer lugar.

  1334. Tenha a certeza disto: se alguém ainda considera alguns pecados menos graves que outros, se ainda pensa que somente certo tipo de pecados entristecem o Espírito de Deus, essa pessoa, certamente, também não considera alguns pecados como pecado. Certifique-se que lida com isso antes de orar por/com alguém, para não participar dos pecados dos demais. "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro", 1Tim.5:22.

  1335. É verdade que o temor não é amor aperfeiçoado. Mas, não existe amor perfeito que não tenha começado como temor a Deus.

  1336. "E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram rectas, contra o Senhor seu Deus", 2Reis 17:9. Sempre que as pessoas fazem alguma coisa encobertamente ou em segredo, isso significa que sabem que aquilo é errado. Se não soubessem, não o fariam secretamente. E como as pessoas fazem muitas coisas erradas, fazem muitas coisas secretamente. Isso cria um padrão de vida, um hábito de viver e de fazer tudo em segredo. Muitas vezes, também cria o hábito de tentar fazer as coisas da maneira errada primeiro, antes de se tentar a coisa certa da maneira certa, porque o fazer errado e fazer secretamente são inseparáveis. Conheço um homem que mente sempre primeiro, mesmo que a verdade o beneficie muito mais em certas ocasiões. Primeiro mente e só depois de não ter alternativa é que decide falar a verdade. É um hábito de coração, é um padrão de vida ganho na vida de pecado. Essa é a maldição principal de andarmos no pecado. É isso que Deus diz ser andar nas trevas. Devemos colocar tudo na luz para quebrarmos essa maldição e exterminá-la pela raiz. Por isso, quando esses padrões se encontram enraizados na maneira de ser, as pessoas ou fazem a coisa certa da maneira errada, ou tentam fazer a coisa errada da maneira certa. Tem de haver sempre algo de errado em seu comportamento para não se sentirem expostos e para se sentirem seguros de si. Ou fazem as coisas certas em segredo, ou fazem as erradas abertamente. Por essa razão se envergonham do Evangelho puro. Olhe atentamente à sua volta e verifique se isto não é assim. Isso acontece porque tem de haver algo de errado no comportamento de quem tem um coração perverso. Se não houver algo de errado no comportamento de tais pessoas, não se sentem seguras de si mesmas. Andemos na luz, expondo tudo e revelando tudo. Não é possível medir os danos de uma vida nas trevas. "Vinde, ó casa de Jacó e andemos na luz do Senhor", Is.2:5.

  1337. Se as palavras de Salomão num sonho contaram para Deus, quanto mais contará cada palavra que dissermos quando estamos acordados! Vamos ter cuidado com nossas palavras, pois, daremos contas de cada uma delas.

  1338. Um testemunho pode ser considerado como tal apenas quando testemunha de Deus. Testemunhar de Deus é diferente de testemunhar sobre Deus. Muitos testemunham, mas, não de Deus. Falam de Deus para testemunharem, em termos práticos, deles próprios. Falam de como Jesus sofreu por eles, mas, raramente conseguimos testemunhar uma realidade de Jesus em suas vidas.

  1339. Para este mundo, é uma ofensa não fazermos algo por força própria ou por motivos pessoais. "Zombando, diziam: Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo", Marc.15:31.

  1340. Perfeição não é um assunto fácil para muita gente. Contudo, creio que o grande problema nas pessoas é a incompreensão sobre o assunto e a confusão que existe na maioria das cabeças acerca disso. A maioria define a perfeição de acordo com seus próprios padrões e, muitos mais, de acordo com a maneira que gostariam de ser tratados pelos demais. A perfeição descrita na Bíblia é a simplicidade dentro da presença de Deus. Quanto mais simples dentro da vontade de Deus, tanto mais facilmente o coração é tomado e levado pelo Seu Espírito. A Sua presença, juntamente com a simplicidade, é uma combinação inestimável. Esse é o fogo que Jesus prometeu derramar na terra. Na verdade, a perfeição começa assim que as nossas acções correspondem com aquilo que o nosso coração realmente é. E isso não é para ser teatral, porque o humano raramente conhece o seu coração e nunca fará, por isso, uma representação fiel de si mesmo. E ainda que fosse fiel, não passaria duma representação teatral. Precisamos ser tão transparentes a ponto de demonstrar aquilo que somos verdadeiramente e não aquilo que pensamos que somos.

  1341. Existe uma coisa na qual sempre acreditei e que faz cada vez mais sentido para mim a cada dia que passa. Deve ser mais fácil para nós, criaturas de Deus, vivermos uma vida santa do que uma vida de pecado. Com isso, não quero apenas afirmar que é mais suave e mais leve para a alma e vivificador para o coração, mas, que é melhor e mais simples em termos práticos. Também devo afirmar que o acesso a Deus e à Sua vida é mais fácil que o acesso ao pecado. Antes de discordarem comigo, pensemos um pouco juntos: Se formos mergulhados em água e permanecermos lá, será mais fácil ficarmos molhados ou secos? Qual será mais difícil? Creio que não é nada fácil ficarmos secos dentro de água e nem permanecermos molhados fora dela. De acordo com a Bíblia, Deus está em todo lugar e vivemos dentro d'Ele, Act.17:28. Agora, pergunto-me: como é possível o coração ficar seco e sem vida dentro da própria Vida? O pecado, por outro lado e ao contrário do que as pessoas pensam, não está em todo lado. O pecado encontra-se no coração do homem e é por essa razão que parece ao homem que está em todo lado porque, para onde o homem for, o pecado vai junto com ele. Quando os pecados de fora nos perturbam, ele ainda existe dentro do coração. Porém, se a Vida nos domina, estaremos conscientes dela e tornamo-nos uma bênção. A única conclusão verdadeira que podemos retirar desta verdade é que os humanos devem de estar a lutar muito para se manterem longe de Deus e, consequentemente, para serem reinados por um outro senhor cruel ao qual chamamos pecado. É Deus quem está em todo lugar e não o pecado. Concluímos, pois, que deveria ser muito mais fácil vivermos uma vida santa do que uma vida de pecado. Na verdade, se mudarmos os corações dos homens e se esses corações forem purificados, o mundo muda e tudo será diferente. Então, "todo lado" será santo porque o homem é santo. 

  1342. Jesus não morreu ao ser crucificado. Como poderia ter morrido se disse ao homem que morreu ao lado d'Ele que naquele dia estariam juntos no Paraíso? Como poderia estar morto e no Paraíso ao mesmo tempo? Entendendo correctamente o que Paulo escreveu, a morte de Jesus foi uma morte real, mas, para o pecado e para este mundo, Rom.6:10. Esse tipo de morte foi a que Jesus sofreu: morreu definitivamente para o pecado e para o mundo. Esse tipo de morte manifesta-se claramente em todos aqueles que são, realmente, possuídos por Ele em todos os aspectos de toda a sua vida prática. É isso o que significa morrer com Cristo. "Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim, também vós, considerai-vos como mortos para o pecado, mas, vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor", Rom.6:10,11. O tipo de morte que Cristo experimenta passa a ser experimentada por aqueles em quem Ele vive.

  1343. Por norma, as pessoas fazem as coisas de modo a nunca traírem os seus próprios sentimentos. Mas, somos chamados a nunca trair as nossas consciências iluminadas e não os nossos sentimentos. Conheço uma mulher que faz de tudo para não trair os seus sentimentos em relação à sua própria família e em relação à família do marido em sentido inverso. Ela não gosta da família do marido. Quando é necessário partilhar nas despesas de alguma coisa com a família dela, ela certifica-se que eles recebem o máximo que poderiam receber. Ela diz que é uma questão de consciência. Mas, quando toca a família do marido, ela certifica-se que eles recebem o mínimo a que têm direito. Em ambos os casos, ela procura não trair os seus sentimentos, embora afirme que é uma questão de consciência. A consciência, nessas circunstâncias, não tem maneira de expressar a verdade porque vive abafada por aquilo que ela sente. Não consegue negar a própria vida e muito menos o seu sentir. Ela é fiel ao que sente e não à consciência.

  1344. Na Bíblia, cruzamos com palavras que podem-nos chamar a atenção. Uma das coisas que me chamou a atenção, foi o facto de Deus afirmar que pode amaldiçoar uma bênção. Parece um paradoxo, mas, é a verdade. "Amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração", Mal.2:2. Noutras palavras, uma bênção vem revelar a fidelidade de Deus, sendo dada, a qual de nada aproveita ao homem no final das contas. A bênção chega e os gafanhotos comem-na, para frustração de quem a recebe. Isso é o que acontece com todos aqueles que se chamam pelo nome de Deus, mas, não demonstram fidelidade de acordo com a exigência e com os padrões de Deus. É verdade que Deus pode amaldiçoar uma bênção, por estranho que pareça. E se isso é verdade, o que impediria Deus de abençoar uma maldição ou de torná-la uma bênção? Deus abençoou Jó usando tudo que lhe aconteceu; abençoou Davi pela perseguição que Saul lhe infligiu. E poderíamos acrescentar muitos mais exemplos destas verdades. 

  1345. Um pecador busca sempre qualquer tipo de justiça própria para apoiar-se nela e para ter com que justificar-se. Um santo busca qualquer tipo de pecado que ainda possa restar nele para poder acusar-se diante do trono da graça. Um procura justificar-se, enquanto o outro procura acusar-se. Essa é uma das muitas diferenças entre santo e pecador.

  1346. Para Deus, não existe tal coisa como direitos humanos porque é Ele quem nos defende. Se não abdicarmos, a favor de Jesus, de todos os direitos que pensamos ter, podemos ter a certeza que estaremos negando a Deus e ao Seu poder. Abandone os Seus direitos nas mãos de Jesus e aprenda d'Ele que é manso. Entregue tudo a Ele. Nunca mais pense em ter, defender ou assumir direitos neste mundo. Só temos o direito ou o privilégio de servi-Lo com tudo que somos sob qualquer circunstância ou dificuldade. Santidade não é politica. Não temos direitos diante de pessoas e nem de instituições. Somos de Cristo. Ele detém os nossos direitos - são d'Ele.

  1347. Assim que as pessoas abrem espaço para a realidade da salvação neles, ou para a possibilidade da palavra de Deus tornar-se realmente viva em seus corações (para que não possa estar morta lá), entrarão numa fase de pré-conversão. A única coisa que devem fazer é abrir espaço neles para a possibilidade de Jesus ser real e para que o jesus morto de suas cabeças possa ser negado para sempre. Esse também será um estado de pré-conversão. A verdadeira conversão começa a chegar assim que as pessoas colocam em prática, de forma natural, as palavras que se vão tornando vivas nelas.

  1348. Nós estamos bem familiarizados com aquelas palavras de Jesus, que dizem: "Buscai e achareis". Contudo, Jesus também diz nos Evangelhos o seguinte: "Vós Me buscareis e não Me achareis", João 7:34. Isso acontece porque não O buscamos onde Ele está e nem para aquilo que Ele quer. "Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade", Sal.24:3,4. Aqueles que estão sujos buscarão, mas, não acharão, a não ser que busquem a sua própria limpeza em primeiro lugar.

  1349. Avivamento começa quando os crentes se convertem. Só pode começar com a conversão genuína dos crentes.

  1350. Hoje uma senhora falou-me sobre estar-se sufocado por responsabilidades. Ela também me falou de como seu marido a abandonou por não desejar ter a responsabilidade do casamento sobre os seus ombros. Dizia ela que seu marido não queria ter essa responsabilidade e foi essa a razão que invocou para sair do casamento. Ele desejava viver sozinho e sem responsabilidades. Mas, mal sabia ele que é precisamente a irresponsabilidade de sua alma e coração que trazem fardos sobre os seus ombros. Só somos sufocados por irresponsabilidades e não sendo responsáveis. "Os Seus mandamentos não são pesados", 1 João 5:3; "Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve", Mat.11:30 Como é triste ver como as pessoas trocam as coisas e dizem que o mau é bom e que o bom é mau. A irresponsabilidade é um fardo pesado. O cumprimento das responsabilidades em Deus são leves para a alma e traz leveza consigo.

  1351. É comum acreditarmos que o amor pelo dinheiro só existe quando aplicamos ou usamos esse dinheiro para proveito próprio. Nada poderia estar mais longe da verdade. Vemos como existem muitos pregadores angariando fundos para espalhar seus evangelhos falsos e contraditórios. Qualquer pessoa pode ter amor pelo dinheiro pelo simples facto de possuí-lo. Não importa onde esse dinheiro seja aplicado, pois, o amor pelo dinheiro subsiste sob qualquer circunstância. "Do avarento nunca mais se dirá que é generoso...", Is.32:5. Isto significa que podemos ver um avarento como generoso e justo - até ele próprio pode ver-se assim. E se isso é verdade, também podemos concluir que existem pessoas que compram coisas para eles mesmos com a bênção de Deus. Isso não significa, necessariamente, que amam dinheiro. Os servos de Deus não se sentem poderosos quando possuem dinheiro. Jó não se sentiu 'desprezado' quando perdeu tudo e não se sentiu poderoso possuindo a sua fortuna. Os santos pertencem a Deus e Ele pode levá-los ou guiá-los a usar dinheiro nalgumas coisas que necessitam. Deus cuida deles.

  1352. alguma vez pensou no verdadeiro significado das palavras de Jesus quando Ele diz que muitos irão pular o muro em vez de entrar pela porta? Talvez pense que não será uma dessas pessoas. Mas, vamos aprofundar um pouco mais essa verdade. Existem muitas circunstâncias onde isso acontece e, na maioria dos casos, ninguém se dá conta disso. Por exemplo, agradar pessoas significa o uso de outros meios parecidos com o amor. Agradar pessoas é uma forma de alguém esquivar-se do verdadeiro amor. É pular o muro. Por isso, eu creio que só aqueles que agradam pessoas são capazes de se tornar desagradáveis e inconvenientes. E também existem semelhanças de fé, de esperança, da verdadeira oração e todas as outras virtudes importantes. E é interessante notar que é muito mais difícil pular um muro para entrar do que entrar pela porta. Contudo, as pessoas escolhem sempre o caminho mais difícil.

  1353. Muitas vezes, queixamo-nos da falta de frutos em nossas vidas, especialmente, de frutos imediatos. Contudo, hoje apercebi-me profundamente das palavras de Jesus onde ele diz que as coisas do Reino de Deus devem fermentar antes que possam tornar-se úteis, Mat.13:33.

  1354. A Palavra de Deus diz (e podemos confirmar a sua veracidade em termos práticos) que a ira do homem não produz a justiça de Deus. Se isso é verdade, podemos facilmente deduzir que a ira de Deus também não promoverá a justiça do homem. Descansem aqueles que desejam que Deus faça mal ao seu próximo por algum agravo que sofreram. Deus não promove a justiça do homem.

  1355. Sempre que o sol brilha sobre nós, a nossa pele sente o seu calor e testemunha da realidade desse facto. Até a cor da nossa pele pode testemunhar que estivemos ao sol. Quando a luz de Deus brilha sobre nós, todo o nosso ser testemunha disso e qualquer pessoa pode ver que algo surpreendente nos aconteceu. Contudo, já vi muita gente imaginando coisas e acreditando naquilo que nunca foi real para eles.

  1356. Acrescentar ou tirar da Palavra de Deus é uma das maneiras de não a cumprir. "Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando", Deut.4:2. Não ouviu falar, ainda, de como o coração do homem é enganoso? Esse coração é capaz de mudar a Palavra de Deus para cumprir aquilo que quer ou deseja cumprir. Isso é uma maneira de fugir à verdade e, ao mesmo tempo, manter a crença em Deus. Dá uma paz falsa à consciência. A pessoa muda a Palavra em vez de mudar o coração. Quer adaptar a Palavra ao coração que deseja manter intacto. Seria melhor adaptar o coração à Palavra do que a Palavra ao coração. Na verdade, iremos ter sempre esta guerra: a Palavra instiga o coração a mudar e o coração instiga a Palavra a mudar. Sempre foi assim. Mas, nem Deus e nem a Sua Palavra mudarão.

  1357. Podemos distinguir entre glória imediata que Deus pode receber e a Sua glória a longo termo. Por exemplo, quando as nossas orações são ouvidas no local onde oramos, Deus é glorificado de imediato. Contudo, quando isso acontece, significa que Deus já foi glorificado através da nossa santificação cuidada e estendida no tempo. A nossa consagração à verdade é plena e sincera. E quando nos tornamos santos (e algumas pessoas levam algum tempo mais que as outras para alcançarem essa vida plena), então, qualquer um pode falar bem de Deus por aquilo que vê em seres santificados pela Palavra e pelo Espírito de Deus. Mas, eu não creio que todo tipo de glorificação de Deus seja um sinal de salvação da pessoa por quem essa glorificação acontece. Sabemos que Faraó glorificou Deus com a sua morte e, no entanto, encontra-se no inferno. Essa glória foi boa para Deus, mas, foi muito desagradável para Faraó. Bem aventurados são aqueles que se glorificam na glória de Deus. "...Co-herdeiros de Cristo (...) para que também com ele sejamos glorificados", Rom.8:17.

  1358. Uma das maneiras de sermos pessoas "tardias para falar, tardias para se irar" é tornarmo-nos espontâneos na verdade e quebrarmos aquelas barreiras enganadoras de complexos criados ao longo do tempo. Essas barreiras impedem o bom senso e o bom sentido das coisas. E sabemos que toda a conversação santa ou inspirada está cheia de bom senso. O bom senso prevalece sempre sobre o muito falar e sobre a ira.

  1359. Quando a Bíblia se refere à arrogância, fala daqueles que não querem, ou não podem depender somente de Deus. A arrogância é o oposto de esperar em Deus em muitos sentidos e de manter a expectativa n'Ele viva e cheia de força. Se você não consegue esperar em Deus, ainda segura na arrogância. A dependência de Deus é o oposto da arrogância.

  1360. Falamos facilmente da vida abundante que Deus dá. E, até certo ponto, é bom que falemos sobre essa vida, pois, ela existe, de facto, de tal maneira que a pessoa deixa de ter qualquer necessidade eterna. Contudo, devemos lembrar que saímos de uma vida de grandes necessidades interiores. Durante essa vida criamos hábitos de ser, contornos de personalidade, maneiras de pensar e de falar que em nada abonam a perspectivas que essa vida abundante nos dá. Isso pode escalar em conflitos interiores. Esses conflitos interiores ocorrem sempre que a nossa vida interior não está de acordo com a exterior ou vice-versa. A pobreza espiritual deixa marcas que devem e podem ser anuladas para sempre. Se mudamos o vinho, devemos mudar, também, os odres. Coloquemos vinho novo em odres novos. Não podemos viver uma vida de plenitude de forma prática se ainda temos hábitos de necessidade. Abundância significa precisamente a ausência de necessidade. Se ainda sentimos necessidades, isso não pode significar que essa vida abundante não existe. A mulher na fonte de Jacó deveria entender que, bebendo da água que Jesus dá, ela nunca mais teria sede - mesmo que a sede se tivesse tornado um hábito. Não podemos manter o hábito de buscar água viva quando já a temos em nós. Devemos ganhar o hábito de mantê-la - um hábito que nunca tivemos. Mas, para isso é necessário que a tenhamos verdadeiramente e não seja mera ficção da nossa mente.

  1361. "Se apartares o precioso do vil, serás a minha boca", Jer:15:19. Que promessa! Contudo, isto não significa que seremos automaticamente a boca de Deus quando distinguimos as coisas vis das boas, ou as coisas que devemos dizer das que não devemos dizer. Na verdade, existem muitas coisas que precisam acontecer antes que possamos tornar a nossa boca a boca de Deus. Deus ainda precisa falar quando separamos, da nossa vida, as coisas más das coisas boas. Quando somos puros, Deus ainda precisa dizer para falarmos. Não podemos assumir estupidamente que as nossas palavras serão as de Deus. Antes, as palavras de Deus é que devem ser as nossas.

  1362. Tal como existem pessoas que falam facilmente devido ao "engano dos seus próprios corações" (Jer.14:14), também podemos ter pessoas as quais falam porque "têm a mente de Cristo". Contudo, quando obtemos a mente de Cristo, ainda assim devemos conseguir discernir se Deus fala para nós ou por nós. Devemos ter os factos como factos. Devemos conseguir dizer, como Paulo, "não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel", 1Cor.7:25.

  1363. Existem pessoas que criam uma resistência orgulhosa simplesmente por ter sido Deus a falar. O que quero dizer com isto é que tais pessoas resistem por instinto assim que se apercebem que foi Deus quem falou. A simples fragrância de Deus suscita resistência imediata nas pessoas e provoca neles um certo tipo de náuseas. "Não vos ensoberbeçais porque o Senhor falou", Jer.13:15. Se não fosse assim, por que razão Deus se daria ao trabalho de avisar para ninguém se ensoberbecer quando Ele fala?

  1364. É de esperar que a multiplicação de doutrinas de prosperidade em todo o mundo crie mais e mais pregadores desonestos e ladrões. E essas doutrinas prosperam devido à ausência de bênção nas vidas de quem prega tanto a verdade como a mentira. Os que pregam a verdade não são exclusivamente dedicados a Jesus e são co-responsáveis pela propagação de todo tipo de mentira que usa o nome de Deus em vão. Assim, permitem que os pregadores da prosperidade se tentem satisfazer com o espírito de Mamon. Na verdade, a sua maneira de pregar cria um vazio maior e cria um espírito de busca por dinheiro e fama. A desonestidade é e será sempre um poço sem fundo.

  1365. Quando os crentes pecam, não somente começam a caminhar num deserto árido como, também, lhes é dado um coração seco. Obtêm problemas por causa de sua conduta, os quais não conseguem resolver. Obtêm uma dupla maldição, pois, são secos e caminham num deserto sem soluções. 

  1366. Não existe outra maneira de nos tornarmos vasos úteis nas mãos de Deus a não ser através de uma limpeza completa de tudo quanto cheire a pecado. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda a boa obra", 2Tim.2:21. O que desejo afirmar é, de facto, que não existe qualquer outra maneira de sermos plenamente usados por Deus para Sua glória. Não existe seminário, não existe teologia, não existe escola capaz de tornar pessoas sujas em instrumentos de paz e para bom uso nas mãos de Deus. Podemos tornar-nos instrumentos de qualquer coisa, até instrumentos que pregam a verdade. Mas, nunca seremos instrumentos verdadeiros (com verdade no íntimo) e nunca seremos vasos de honra em Suas mãos se não nos limparmos de tudo quanto tenha a suspeita de pecado.

  1367. Muitos filhos não são corrigidos porque muitos pais têm os motivos errados quando os corrigem da maneira certa. Não é a graça que corrige os filhos? Então, devemos ter cuidados redobrados com os nossos motivos. Também corrigem os filhos movidos pela ira ou pela impaciência e, quando estão de bom humor, permitem certas veleidades aos filhos. Na verdade, devemos saber que corrigimos os nossos filhos para os livrar da ira de Deus e do pecado - tudo para que possam glorificar Deus através de suas vidas. Consegue ver uma das principais razões porque os filhos de muitos crentes se tornam pequenos diabinhos corrigidos com a vara? É porque a graça só é derramada sobre os motivos certos. Outros pais deixam de usar a vara porque vêm que se tornou inútil usá-la. Mas, em vez de deixar de usar a vara, devem, antes, mudar os motivos e verão que a vara funciona quando abençoada pela graça. Não existe bênção sem os motivos certos e sem verdade no íntimo acerca deles. Não mudando os motivos e deixando, consequentemente, de usar a vara, tanto os pais como os filhos tornam-se conformes a este mundo. Eles conformam-se com o mundo e seus métodos. Na verdade, a sua atitude diz que a Bíblia não funciona na vida prática e que não frutifica nas vidas deles. Fazem Deus passar por mentiroso aos olhos do mundo e tudo isso porque recusam mudar os seus motivos. Até quando não nos aperceberemos que a santidade de motivos é uma exigência inegociável? Na verdade, também não crêem honestamente que seus próprios filhos possam ir parar no inferno! Essa é uma das razões porque os pais se tornam negligentes na educação espiritual dos filhos que Deus lhes entregou. Devemos lembrar que os nossos filhos são criaturas emprestadas que Deus pedirá de volta em breve. E devemos entregar-Lhe essas criaturas num estado de perfeição aceitável para Deus. Pensava que Deus entregou filhos em sua mão por outra razão? Na verdade, Deus entrega filhos tendo a sua eternidade em vista.

  1368. Eis aqui um pensamento interessante: "...a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade", 2Tim.2:25. Deixem-me explicar melhor. Já ouvi pastores e pregadores orarem mais ou menos desta forma: "Senhor, que estas pessoas tomem conhecimento da verdade para que se possam arrepender". Contudo, aqui lemos que as coisas funcionam de maneira inversa: são as pessoas que se arrependeram que chegam ao conhecimento da verdade e não o inverso. Isso só mostra como o pensamento Cristão actual se desviou da verdadeira essência da verdade! As coisas já não são o que eram porque andam todas torcidas. Este conceito de obter o conhecimento da verdade após o arrependimento vai contra toda a teologia moderna. Isso significa que as pessoas que se arrependem não conhecem a verdade - ainda a podem conhecer. "Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará", 2Cor.3:16. Irão tomar conhecimento da verdade se permanecerem no caminho e na humildade. As pessoas arrependem-se para, futuramente, se verem livres e libertos deles próprios e de suas mentiras ideológicas. E as pessoas que se arrependem também podem tornar "a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos", v.26. Noutras palavras, após o arrependimento genuíno ainda resta muito trabalho a fazer, o qual se torna possível apenas com o arrependimento. Mas, isto de chegar ao conhecimento da verdade para se arrependerem é teologia falsa e adaptada aos sentimentos das pessoas e às conveniências da carne.

  1369. Todos aqueles que ainda confiam em pessoas ou em si próprios não têm a capacidade neles mesmos de confiar em Cristo. E todos quantos se apoiam em pessoas tornam-se independentes de Deus.

  1370. Nada de bom sai da desobediência e nada de mal sai da obediência a Deus.

  1371. Jesus nunca falou com as pessoas de modo a dar a impressão de que vir a Ele seria o fim do caminho. Tudo começa vindo a Ele. Na verdade, Ele deu ênfase ao facto de que Ele é o caminho e não o fim dele. No caminho vamos para algum lugar ou alcançamos alguma coisa. Na verdade, Ele guiará depois que acharmos o caminho. Quantas vezes Jesus falou em terminarmos aquilo que começamos? Tudo começa vindo a Jesus - nada termina ali. Por isso é que Ele é um caminho e não uma meta de chegada.

  1372. "Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio dos loucos", Sal.39:8. Qualquer crente limpo será sempre uma ofensa, um opróbrio para os tolos. Mas, este versículo quer dizer mais do que isso. Este versículo afirma que o crente que não seja limpo será escarnecido pelos tolos e será sal pisado pelos pés do mundo. Não serve para mais nada a não ser para ser pisado pelos homens vãos desta terra. Noutras palavras, o crente sujo estará uns graus abaixo do tolo - daquele que diz que Deus não existe. A verdade é que tais crentes são piores que tolos. Até mesmo Jesus falou daqueles que crêem e serão escarnecidos por não haverem achado graça para terminarem suas carreiras com êxito.

  1373. Qualquer pessoa preocupada faz e recebe as coisas por causa da carne voraz que exige satisfação. A preocupação é uma concupiscência que exige satisfação. Exige ser entendida, aceite e obedecida. A preocupação é totalitária e déspota. Nunca leva em conta as coisas de Deus, Sua glória e o bem-estar universal dos outros em Deus. Só se cala com auto-satisfação.

  1374. Normalmente, quando lemos na Bíblia sobre a herança que Cristo tem para nós, por uma ou outra razão pensamos no Céu, uma mansão lá e outras coisas mais. Na verdade, a nossa herança - aquela da qual a Bíblia fala e à qual se refere - é recebida dentro de nós. A nossa herança é a própria natureza de Cristo. Essa é a promessa: Cristo em nós, sendo nós como Ele e Ele como nós. Essa é a terra prometida. É uma promessa pela qual devemos ansiar e a qual devemos alcançar. Isso é tudo aquilo que a carne nunca conseguiu. Você ainda deseja a sua herança sabendo que não é nenhuma mansão?

  1375. Avivamento não é nada mais e nada menos do que poder para cumprir a Lei de Deus, a Lei do Amor na sua forma mais pura. Muitos pensam que avivamentos são milagres e sinais, mas, a verdadeira essência de qualquer avivamento genuíno é o total cumprimento da Lei de Deus, uma cumplicidade genuína entre o coração e todos os aspectos dessa lei e uma consagração total a Jesus. As pessoas tornam-se a própria lei de Deus no seu dia a dia. Nunca espere mais de um avivamento genuíno que isso, ainda quando haja muitos milagres e sinais. O alvo não é curar pessoas e antes ser como Cristo aqui na terra. Tudo o resto é paralelo e contribui para esse objectivo exclusivo das operações da graça.

  1376. Existem muitas maneiras e formas das promessas de Deus se cumprirem ou não se cumprirem. Caso algumas promessas não se cumpram devido à falta de legitimidade na pessoa e devido à falta de coerência no tocante à natureza real de Cristo dentro do coração, aumentará a desconfiança em relação a Deus ao invés de aumentar a desconfiança em relação à vida interior própria. Deus será tido como culpado pelo pecador sempre que as promessas não se cumpram. A auto-justificação tem raízes profundas e nunca anda separada da acusação de terceiros - ou acusação do Primeiro, o Alfa e o Ómega! Se essas acusações não surgirem logo, acabam surgindo. É uma questão de tempo até surgirem. A partir daí, não será somente a falta de fé a responsável pelo incumprimento de todas as promessas - excepto a promessa da ira - mas, a própria atitude arrogante, dominadora e pecadora anularão qualquer aproximação da graça ao coração. Mas, não se alegrem os pecadores: não haverá acusação capaz de anular a fidelidade de Jesus. Outra armadilha é a expectativa errada - aquela que espera algo diferente a partir daquilo que Deus prometeu ou que se cumpram as coisas de Deus de maneira humana e pecaminosa. Descubra quais as condições que faltam cumprir para que as promessas exerçam a sua força em sua vida. Só depois disso poderá formar opiniões pessoais sobre tudo aquilo que Deus prometeu ou sobre o Seu carácter. Depois - e só depois - conseguiremos ver quem estava certo ou errado. É muito fácil assumir uma postura de acusação contra Deus quando estamos cegos, abraçando algum pecado ou qualquer motivo errado e incoerente com a verdade. "Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?", Rom.3:3.

  1377. Muitas pessoas dizem que não existe mal nenhum indo a cinemas ver e rir sobre a violência e outros tipos de pecado. Na verdade, não fazem essas coisas que apreciam e, por vezes, sonham com aquelas que não conseguem praticar. Mesmo nãos as conseguindo praticar serão culpados do mesmo tipo de crime que aqueles que as praticam. A bíblia afirma que existe igual condenação para todos aqueles que "consentem com os que as fazem", Rom.1:32.

  1378. Muitos têm sérios problemas em para resolver em relação a Deus, problemas como falar demais ou outros do género. Apercebem-se que falam demais e tentam não falar ou ficar calados. Esforçam-se muito com o único propósito de não falarem muito. Mas, logo se apercebem que não conseguem fazê-lo por muito tempo. E por que será? Na verdade, para alguém poder controlar a língua, é necessário mudar ou dominar o coração. A Bíblia afirma claramente que aquilo que sai da boca vem do coração. Então, antes de alguém conseguir ensinar a língua, precisa mudar o coração. É desde lá que esse tipo de problema surge e é a partir de lá que precisa ser resolvido. Fazendo-o de outra maneira não resolve nada. É necessário exterminar o pecado do coração antes que se possa pensar obter uma boca perfeita exterminando hábitos, obter um caminhar exemplar ou um olhar puro. Caso não se resolva o coração primeiro, tudo o resto serão meras hipocrisias e meras semelhanças daquilo que há no Céu.

  1379. Judas não traiu Jesus com um beijo? Por que razão crêem muitos que não é possível trair Jesus lendo a Bíblia, orando ou testemunhando? Existem muitas orações e serviços religiosos que são pura traição a Jesus.

  1380. "Orai, para que não entreis em tentação", Luc.22:40. O que significa entrar em tentação? Será que significa que devemos evitar situações onde existem tentações e dificuldades? Não! Nada mais errado! Isso significa somente que não devemos ter os nossos pensamentos e objectivos andando na mesma direcção que as tentações, ou no sentido delas ou levando-as em conta. Devemos ser achados a pensar e a olhar para as coisas santas, seja onde for e em que circunstâncias for. Os discípulos nunca foram tirados dos lugares de perseguição ou das situações onde corriam perigos tanto espirituais como físicos. Então, orar para não entrarmos em tentação significa não termos um pensamento que coopere com a tentação ou que se movimente na direcção dela e por causa dela.

  1381. Deus ordenou as coisas de tal maneira que as vidas dos Cristãos sejam sempre faladas, comentadas e visualizas. Ninguém conseguirá evitar que as vidas dos crentes sejam comentadas e faladas, tanto para bem como para mal. Parece ser um género de lei da natureza: se os crentes viverem uma vida irrepreensível e forem cartas abertas de Cristo para o mundo, serão falados e comentados na praça pública. E se forem manchas negras do Evangelho, dando uma imagem suja e falsa do verdadeiro Evangelho através de suas vidas, também serão espezinhados pelas línguas dos homens nas ruas, pois, não prestam para mais nada. Seremos sempre testemunhas, seja boas testemunhas ou testemunhas imundas e sujas. Em qualquer dos casos, Deus será glorificado, pois, os imundos serão julgados na frente de todo mundo agora e depois e o mundo temerá.

  1382. Muitos crêem que ter um visão própria das coisas é não ter uma visão extraída da Bíblia. Que grande é esse erro! Ter uma visão própria das coisas significa que lemos a Bíblia e a entendemos da maneira que melhor nos convém ou convém aos outros. E se a visão própria for igual à que Deus dá, não devemos ignorar esse fato.

  1383. Jesus entregou o Seu Espírito Àquele que O feria por causa dos pecados de todo mundo. Você faria ou fará isso também? Ainda confiaria o seu espírito nas mãos daquele que o fere ou feriu? Confiaria em alguém que dilacerou o seu corpo e alma?

  1384. Deus ainda não está distribuindo vingança, ao contrário do que alguns pensam. Ainda distribui salvação, transformação e arrependimento aos seus inimigos. Existe vingança mais doce que essa? Por essa razão é que as Escrituras dizem que a vingança de Deus será doce.

  1385. Misericórdia tem de ser como a semente de mostarda e não como a montanha. As pessoas trocam as coisas e dizem que é a fé que tem de se tornar do tamanho da montanha. Por essa razão, tentam resolver problemas do tamanho da semente de mostarda com uma 'fé' do tamanho de uma montanha! Os valores andam trocados hoje em dia. Se a sua fé do tamanho de uma sementinha não é capaz de resolver nada de forma prática, não tente aumentá-la, pois, existe algo muito errado em seu coração ou em sua vida. O problema não é a fé, mas, o coração. Limpe o seu coração, ordene a sua vida de acordo com os caminhos de Deus ao invés de tentar ter uma fé do tamanho da montanha. Verá que as coisas funcionam de maneira prática daí em diante. Remova tudo que possa impedir Deus de operar da maneira que prometeu.

  1386. tem de ser como a semente de mostarda e não como a montanha. As pessoas trocam as coisas e dizem que é a fé que tem de se tornar do tamanho da montanha. Por essa razão, tentam resolver problemas do tamanho da semente de mostarda com uma 'fé' do tamanho de uma montanha! Os valores andam trocados hoje em dia. Se a sua fé do tamanho de uma sementinha não é capaz de resolver nada de forma prática, não tente aumentá-la, pois, existe algo muito errado em seu coração ou em sua vida. O problema não é a fé, mas, o coração. Limpe o seu coração, ordene a sua vida de acordo com os caminhos de Deus ao invés de tentar ter uma fé do tamanho da montanha. Verá que as coisas funcionam de maneira prática daí em diante. Remova tudo que possa impedir Deus de operar da maneira que prometeu.

  1387. é um mistério incompreensível para muitos. Muitos tentam convencer-se a eles mesmos a respeito da verdade. E outros tentam algo 'melhor' ainda: tentam convencer os outros pensando que isso os confortará e ajudará a convencer ainda mais a eles mesmos. Tentam sentir-se fortes ganhando opiniões e vidas para o seu lado usando a opinião pública como motivo para crer e confundindo aceitação com motivação. Mas, isso nunca deixará de ser uma fé falsa, por muitas opiniões públicas que haja a favor de uma crença, seja ela falsa ou verdadeira. Tentar entrar evitando a porta estreita e pulando o muro nunca deixará de ser assalto a propriedade alheia. Fé é uma situação onde as pessoas já se encontram convencidas pela própria verdade. Quem não tem fé deve buscar verdade e não tentar crer a qualquer custo.

  1388. A ira do homem nem sempre tem a sua origem no diabo ou na tentação. A ira pode surgir de muitas maneiras. O Espírito pode estar a tentar convencer alguém do pecado e esse alguém pode resistir e ficar alterado e irado. Mas, a ira não deixa de ser problemática apenas porque tem 'origem' nas operações do Espírito Santo. O coração do homem altera-se sempre que é resistido. Por isso, é o estado do coração o responsável por muitos tipos de iras e rebeliões. Porque, muitas vezes, o Espírito luta com o homem silenciosamente, ocorrem mudanças de temperamento e de humor com muita facilidade. Muitos irritam-se porque não podem continuar no pecado em total liberdade e não sabem qual a razão do seu mal-estar porque não andam na luz onde tudo se revela - até os mais profundos pensamentos do homem.

  1389. As doutrinas da prosperidade são doutrinas duras e implacáveis. São muitos pesadas para as pessoas. Na verdade, não apenas impedem as pessoas de entrarem no céu, mas, impedem as pessoas de entrarem no caminho leve dos fardos de Cristo. Se alguém precisa corrigir algum detalhe ou motivo na sua vida, as doutrinas de prosperidade assinalam um caminho contrário, pois, podem afirmar que a pessoa não prospera por causa de algum pecado e, se prospera, não precisa arranjar nada. Na verdade, dão a entender que quem tem dinheiro é santo. E que maior mentira pode haver debaixo do sol? Jesus não disse que um rico dificilmente será reinado por Deus? Também, quando a pessoa não prospera materialmente por causa da vontade de Deus, sente-se desprezada, abandonada por Deus e inútil. Noutras palavras, nenhum Jó sobreviveria às suas provações se tivesse sido formado pelas doutrinas de prosperidade actuais.

  1390. Muitos dizem que deve haver santidade e pureza a partir do coração. Eu sou uma dessas pessoas. Contudo, uma das melhores maneiras de consegui-lo é através de bons exemplos práticos. Não temos a noção de como um bom exemplo deixa marcas no mais profundo da alma. Operam poderosamente no lugar mais fundo do coração de qualquer pessoa. Se desejar santos à sua volta que permaneçam santos, seja você santo do fundo do coração. Por outro lado, não existe maior dureza que aquela que resiste abertamente os bons exemplos vindos do Céu. Se seu exemplo dá frutos e é perseguido, nunca deixe de ser você mesmo constantemente. Só quando as árvores más se mostram muito más é possível verem-se e reconhecerem-se como tal e arrependerem-se.

  1391. "...Mas, quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus", João 3:18. Muitas pessoas tropeçam no Evangelho e ficam emaranhados naquilo que acreditam ser verdade quando lêem a Bíblia sem Luz. Perdem o alvo por não estarem na luz e por não permitirem que a palavra revele tudo que se passa em seus corações abertamente, deixando-a operar sem impedimentos. Uma das razões porque os Cristãos tropeçam em todo mundo é o facto de acreditarem em Cristo. Deixem-me explicar um pouco melhor. Somos salvos pela fé. Somos salvos do pecado e através do poder de Jesus e nunca alguém será salvo de si próprio e de seus pecados a não ser através de Jesus. Ao não crer em Jesus, a pessoa condena-se a ela mesma a uma vida de pecado. "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Quando Jesus não se torna real e é apenas uma crença ou uma fé e não uma pessoa, o pecador será sempre condenado. Tendo Jesus de forma real, a porta estreita é acessível e prática. Mas, aqueles que tropeçam no Evangelho pensam que Jesus veio para que evitemos entrar numa porta estreita e num caminho apertado e complicado nesta terra.

  1392. "Mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, baptizando com água", João 1:31. Este versículo esconde um poderoso significado, do qual poucos se apercebem. Em primeiro lugar, devemos saber o que realmente significa que Jesus é revelado. Isso significa que tocamos n'Ele, entendemos bem o Seu olhar, as Suas palavras - mesmo antes de haver falado! Ele torna-se nosso confidente íntimo e inseparável, ao ponto da pessoa não conseguir viver de outra maneira. Ele ouve-nos e temos inteira percepção disso. Mas, para isso acontecer, existe uma primeira fase: João Baptista. As pessoas chegam a João - aquele que afirma sem pestanejar que alguém é uma víbora. Diante dele e de sua doutrina expomos todos os nossos pecados e nos lavamos deles. Precisamos trazer cada pecado para a luz e abandoná-los no baptismo. Somente depois disso Cristo pode ser revelado tal e qual Ele é. Não é possível chegarmos a Cristo ou a uma revelação d'Ele à nossa alma e coração sem antes haver uma confissão completa, minuciosa e especifica de cada pecado que cometemos durante toda a nossa existência. Há que passar por João Baptista primeiro. Ninguém consegue evitar que assim seja. Só chegamos a Cristo passando por João Batista.

  1393. Existem muitas atitudes que induzem as pessoas em erro no tocante ao que essas atitudes provam  ou demonstram. Por exemplo, a negligência tem semelhança de confiança porque ambas são despreocupadas. Contudo, sabemos que a confiança não é negligente, pois, sabe precisamente em quem confia e de que maneira confia! A confiança não se esquece do dever - a negligência ignora-o. Vamos estar atentos às semelhanças das coisas que existem no céu e na terra. A ira assemelha-se ao zelo; gloriar-se pode assemelhar-se a louvor e assim por diante. "Não farás nenhuma semelhança do que há no céu e na terra".

  1394. Lemos na parábola de Lázaro como aquele homem rico no inferno ficaria contente com uma única gota de água. Isto revela muitas coisas. Mostra, primeiramente, que a Lei de Deus ainda aplica a pena de olho por olho e dente por dente. Na terra, Lázaro contentar-se-ia com uma pequena migalha que caísse da mesa do homem rico. Agora, era o rico a desejar contentar-se com uma gota de água. Para ele, uma gota bastava - ou isso pensava ele. A outra coisa que aprendemos com esta parábola é que uma gota de água nunca satisfaria o homem rico no inferno. O desejo e a ilusão persistem mesmo dentro do inferno. Muitos ainda desejam um tipo de contentamento ilusório e superficial ali, tal e qual fazem ou fariam na terra. O pecador persiste na busca daquele alívio que mantém os seus pecados vivos. Em vez de se rebelarem contra Deus e desejarem pequenas gotas de água que não levam a lado nenhum, devem, antes, escolher o alívio verdadeiro. Você deseja uma gota de água ou persegue os rios de água viva de todo o coração?

  1395. "Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas", Luc.11:35. Sabemos que, quando a luz terrena brilha em algum lugar, existe sempre um lado mais claro que o outro. Dum lado existe sombra e, do outro, luz. Creio que era isto a que Jesus se referia aqui. Podem surgir trevas por causa da luz. Não podemos ter nenhum ponto escuro em nossas vidas devido ao brilho da luz. Precisamos buscar a melhor posição debaixo dessa luz para que nenhuma parte de nossa alma ou ser seja abafado pela sombra causada pela luz de Deus. Não vemos sombras no monte da transfiguração e nem quando a luz do céu brilhou sobre Paulo. Lemos que havia luz a toda a volta. É precisamente isso que tem de acontecer connosco no tocante à luz espiritual. Era a isso que Jesus se referia, seguramente. "Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma..." Luc.11:36. É desta maneira que devemos andar na luz. É, também, nesse tipo de luz que devemos querer andar e não sob aquela luz que deixa algumas coisas escondidas pela sombra. A luz desta terra, as doutrinas de homens feitas para agradar certos pareceres criam trevas e são luzes muito fracas. Essas doutrinas e ensinamentos de homens criam as circunstancias onde alguns dos lugares da vida se possam manter escondidos e onde alguns de seus muitos pecados não tenham como ser vistos. Existem muitas trevas debaixo da luz das religiões - incluindo da religião evangélica. Tenha o máximo de cuidado para não ser atraído para as trevas pelo convite de algum tipo de luz de algum fogo estranho. E tenha cuidado com aqueles pecados que se escondem por haver confessado alguns outros.

  1396. Provavelmente, muitos de nós já ouvimos falar de muitas coisas sobre Jonas. Mas, de acordo com as palavras de Jesus, a desobediência dele acabou por servir de sinal para converter a cidade de Níneve. Jesus mesmo afirmou que serviu de sinal para os Ninevitas. Isso significa que a sua fama chegou à cidade antes dele. As pessoas devem ter ouvido falar muito sobre ele antes que houvesse chegado à sua cidade.

  1397. "E estava E estava na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demónio imundo e exclamou em alta voz: (...) 'Bem sei quem és: O Santo de Deus'", Luc.4:34. Tem noção de quantos espíritos malignos falam em nossas igrejas hoje e dizem que Jesus é Deus? Hoje, os demónios andam à solta dentro das igrejas e não se sentem mal nelas. Alguns chegam mesmo a participar dos cultos. Muitos desses demónios que falam nas igrejas de hoje chegam, também, a dizer que Cristo é o Santo de Deus e referem-se a Ele como o Salvador do mundo. Tenha cuidado com isso e tenha isso sempre em mente todas as vezes que entrar em alguma sinagoga actual.

  1398. Tenha cuidado para não começar a exigir que uma pedra seja transformada em pão simplesmente porque tem qualquer tipo de dificuldade em acreditar em Jesus. Muitos 'crentes' fazem-no - até mesmo de forma inconsciente. Não podemos, também, pensar que, só porque é inconsciente, não é grave. Ficaremos surpreendidos só de ver quantos Cristãos dentro de avivamentos puros fazem isso. E essa será a principal razão porque o Pão da vida é tornado em pedra para eles. Ouço, muitas vezes, pessoas perguntarem-se: "Como é possível que estas pessoas dentro de um avivamento não se consigam converter genuinamente?" Essa pode ser uma das razões.

  1399. "Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel", Luc.2:34. Logo a partir do primeiro momento vemos que onde Jesus aparece, as coisas nunca mais são as mesmas. Não têm mais como serem iguais. Alguns caem e outros erguem-se só pelo simples facto de Jesus haver cruzado com suas vidas. A árvore torna-se boa ou má de imediato. Nunca mais será a mesma árvore. Até mesmo diante da Cruz um caiu no inferno e outro foi elevados ao céu. Quando Jesus aparece, não são necessárias palavras para isso acontecer dessa maneira. Isso simplesmente acontece. Se não acontecer assim, o evangelho e o Jesus apresentados são falsos. Isso significa que quem ainda tenta segurar ou esconder algum dos seus pecados, cairá; e aquele que abandonar e reconhecer seu pecado, será erguido aos céus, se perdoado. Tão simples quanto isso. Mais claro não poderia ser.

  1400. "E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura", Luc.2:12. Já alguma vez imaginou que um simples bebé pudesse ser um sinal para alguém? Deixem-me explicar melhor. Apareceram uns anjos a uns pastores meio adormecidos afirmando que o Salvador do mundo havia nascido. Contudo, o facto de haverem aparecido anjos cantando e louvando a Deus não foi sinal e muito menos sinal para prova para aquilo que diziam. Vemos os anjos trazendo os pastores de volta para a terra. Mesmo que os anjos não necessitassem de muito mais para convencerem aqueles pastores, ainda assim referiram que o sinal seria um bebé enrolado em panos numa manjedoura. Abandonaram os seus rebanhos para irem ver aquele sinal 'insignificante', mas, de grande significado para o mundo. Isto deveria ter a capacidade de nos ensinar alguma coisa, principalmente àqueles que buscam coisas grandiosas e maravilhosas. A maioria dos pregadores conhecidos de hoje desprezaria completamente um sinal destes. Nem o teriam como sinal.

  1401. Lemos como um anjo apareceu a Zacarias dizendo-lhe que a sua oração havia sido ouvida, Luc.1:13. Eu creio que Zacarias fez muitas orações sobre o assunto no qual foi atendido. O anjo diz, contudo, que todos os pedidos feitos resumem-se a uma oração. A outra coisa que acredito, também, é que Zacarias já não tinha esperança de ter um filho por haver envelhecido e que o assunto dum filho já havia deixado de fazer parte das suas orações. Contudo, o anjo havia disse que a sua oração foi ouvida porque ainda se encontrava ardente diante do trono de Deus. O incenso de suas orações ainda subia diante de Deus. Você alguma vez pensou que, qualquer de suas orações que não foram impedidas por pecado, tenham sido esquecidas diante de Deus? Se pensou, arrependa-se.

  1402. "E logo viu e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus", Luc.18:43. Quantas pessoas existem na face da terra, hoje, capazes de fazer as obras de Deus de tal maneira que todos aqueles que as presenciam dão instantaneamente glória a Deus e temem Seu nome? Vemos, antes, muitos glorificarem suas igrejas através de suas próprias palavras e outros tentando glorificar pessoas - quando não se glorificam a eles mesmos! E o mais bonito de tudo é que todos aqueles que saem glorificando Deus ignorando completamente o instrumento por quem a obra se fez têm todo o poder de levar muitos outros a glorificar Deus voluntariamente também. Jesus poderia ter recebido a glória por aquilo que fez a este homem. Mas, quem a recebeu foi o Pai. Não vemos Jesus manifestar-se instigando o povo a glorificar Deus. Você consegue fazer todas as obras de Deus sem aquela necessidade de estar sempre a repetir-se dizendo que "toda a glória pertence a Deus"? Será que esse 'slogan' não se tornou uma maneira subtil de se glorificar a si mesmo inspirando-se numa falsa humildade e dando nas vistas por aquilo que diz e tenta afirmar? Será que não existe uma maneira melhor de deixar Deus ser glorificado, excluindo-se da responsabilidade de estar sempre a repetir que dá a glória a Deus? A verdade é que quem está sempre entregando a glória a Deus dá a impressão que está dando algo que pertence ao homem e que 'prefere' dar a Deus. Só dá algo aquele a quem esse algo pertence. Quando glorificamos Deus, não podemos dar a impressão de estarmos a entregar-lhe algo que nos pertence. Só podemos dar aquilo que nos pertence. Somente quando as pessoas pulam glorificando Jesus sem serem incitadas a fazê-lo é que podemos afirmar que esses louvores são puros e livres de pecado. Os outros pulos não contam e não valem para nada.

  1403. "...Orava consigo desta maneira..." Lk.18:11. É fácil perder o principal ponto destas palavras de Jesus. Aqui, Jesus afirma que tal pessoa orava consigo mesmo. Isto significa que ele orava sozinho, para ele mesmo, inspirado por ele próprio e respondendo às próprias orações (sempre que possível) como forma de manter-se enganado em seus próprios juízos e pensamentos. Dando respostas a si mesmo é a única forma que qualquer fingido encontra para manter-se religioso. É, deveras, um estado mental muito triste para todos aqueles que pensam estar a ser ouvidos por um Deus ausente! Seria tão simples concertarem suas vidas, confessarem seus pecados e entrarem na presença de Deus de forma verdadeira e real. Mas, preferem enganar-se a eles mesmos. Existem maiores tolos que os crentes que se enganam a eles mesmos?

  1404. Muitos, quando são alvo de gozação e de desprezo por causa de sua santidade ou dedicação a Jesus, sentem-se estranhamente culpados e incomodados como se tivessem alguma culpa que não conseguissem expressar. Os acusados sentem a pressão imposta sobre eles para mudarem como se estivessem do lado errado, fazendo a coisa errada ou mesmo fazendo a coisa certa da maneira errada. Mas, a verdade é que todo aquele que despreza as palavras que penetram fundo por serem verdade; ou despreza o exemplo que fala bem alto; ou reage contra a vida que brilha acima de qualquer suspeita; sobre esses é que a responsabilidade de mudar foi colocada. Por essa razão reagem dessa maneira, acusando e defendendo-se. Certifique-se que entende que os acusados reagem acusando como forma de reencontrarem sua falsa paz de espírito e sua estabilidade com falsos fundamentos. Quando Jesus falou contra servir Mamom, lemos que "os Fariseus, que eram avarentos (amantes de dinheiro), ouviam todas essas coisas e zombavam d'Ele", Luc.16:14. Não o ridicularizaram por Jesus estar errado em algum aspecto, mas, porque amavam o dinheiro. Ridicularizar Jesus foi simplesmente a sua forma de defesa e de auto-preservação. Não era Jesus quem estava errado ao reagirem daquela maneira. Contudo, Jesus não se doeu nem um pouco sendo ridicularizado por haver dito tudo que disse da forma que disse. Do mesmo modo, não se retratou quando o jovem rico virou as costas ao evangelho; não se sentiu culpado por haver deixado seu lar e sua cidade e de trocar seus irmãos e mãe por quem faz a vontade do Pai; não sentiu tristeza por ser o único responsável por Pedro e os demais apóstolos haverem seguido Seus passos e terem abandonado, igualmente, seus lares e familiares. Tenha cuidado porque as acusações falsas têm o poder de mudar o nosso comportamento e de fazer com que os inocentes se sintam culpados daquilo que não fizeram. Também têm o poder de fazer as pessoas verem as repreensões da sabedoria como acusações falsas e mal intencionadas. Esse é o outro lado desta verdade.

  1405. Você pode tentar ser fiel a tudo quanto prometeu lembrando de seus votos e promessas. Contudo, existem vários problemas tentando ser fiel dessa maneira. Um desses problemas é a dependência da própria força que ainda pode surgir para se manifestar. Outro é que quem tenta ser fiel ainda não é pessoa fiel. Por isso, tenta. Basta as ocupações deste mundo tomarem posse dos pensamentos, sentimentos e emoções para a pessoa esquecer-se de todas as promessas que fez - principalmente aquelas promessas que não estão relacionadas com as preocupações que tem. Se prometeu tornar-se uma pessoa fiel, uma pessoa melhor ou diferente produzindo outro tipo de frutos, certifique-se que sabe que somente os que são fiéis de coração se tornarão permanentemente fiéis. Vamos pensar em alguns exemplos simples. Certifique-se que obtém um coração com os pesos de Deus antes de prometer levantar-se cedo para orar; que vive na presença de Deus de verdade antes de prometer que vai passar seus dias e suas noites pensando n'Ele; que elimina todo amor que tem pelo dinheiro antes de prometer que seu negócio ou emprego servirá para honrar Deus e nada mais; que consegue cumprir todos os requisitos e condições da oração antes de se comprometer com a ideia de obter todas as respostas para todas as orações que faz, tal e qual Jesus prometeu. Poderia citar outros exemplos, mas, se caminhar com Deus e pedir-Lhe sabedoria ficará sabendo deles.

  1406. É verdade que Deus abençoa de acordo com as intenções do coração do homem. Boas obras com más intenções nunca trarão fruto bom e não serão uma bênção para quem as pratica. Mas, devemos alertar a todos que as boas intenções fazem parte das obras de cada um. "Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras", Mat.16:27.

  1407. Os crentes na evolução são pessoas mais fascinadas com a ideia do que verdadeiramente convencidos da sua teoria. Todos gostam de explorar o impensável e de se entreter com o obscuro e a ilusão. Os maiores ilusionistas são considerados artistas neste mundo de mentira. É com as ilusões e as ideias estranhas que preenchem os vazios de suas mentes. É o vazio tentando preencher o vazio. Quem crê na evolução só mostra que, no fundo, não crê em nada - nem nas próprias ideias! Também revela que não tem muito em que pensar e com que se ocupar como aqueles que têm "o seu prazer na lei do Senhor e na Sua lei meditam de dia e de noite", Sal.1:2.

  1408. Existem muitas desculpas e argumentos que as pessoas usam para permanecerem no pecado. Os incrédulos dizem: "Não há Deus". Todos sabemos que essa é a principal desculpa ou argumento que o pecador usa para poder continuar a comandar a sua própria vida. As pessoas corrompem-se porque "não há Deus", Sal.14:1. É assim que acham razão para corromperem-se e para poderem continuar pecando. Já o crente tem outro tipo de argumentos quando quer permanecer em seu pecado. Vamos mencionar apenas alguns. Um deles é acreditar que Deus não está com ele. Ao afirmar ou crer que Deus não está com ele quando está, ilude-se. Assim, encontra a razão para se banquetear no pecado ou para permanecer nele se nunca o abandonou. Sempre que alguém afirma que Deus não está com ele quando está, ilude-se e demonstra que persegue o pecado e não a Deus. Mas, também temos aqueles com quem Deus não está e, ainda assim, afirmam que Deus está com eles. Eles dizem que Deus é amor e que aceitará o pecador com seus pecados. Para os tais, Deus já não é um Deus que limpa e purifica, mas, que aceita e é conivente com o pecado. Todo o pecador acaba sempre arranjando ou concebendo a sua própria desculpa para poder continuar em seus pecados predilectos - e principalmente nesses.

  1409. Se você tem a capacidade de agradar pessoas em vez de agradar Deus, também tem a capacidade de desagradá-las e de desagradar a Deus. E se tem a capacidade de desagradá-las ou de agradá-las, tem a capacidade de cometer todos os outros pecados associados a isso, tais como o ciúme, a inveja, má-língua, amargura, etc. Deixe-me explicar melhor. Agradar pessoas é egoísmo. Quando se agrada alguém não se está levando em conta os interesses maiores desse alguém ou de Deus, mas, os próprios. Quem agrada os outros faz isso por causa dele próprio. Isso significa que, caso não receba nada em troca pelo agrado que demonstra para com os outros, nenhuma recompensa ou nenhum apreço, não obterá satisfação pelo seu acto. Daí a buscar vingança, retribuição ou de ter maus pensamentos é um pequeno passo. Noutras palavras, aqueles que agradam os outros são os que são capazes de desagradá-las.

  1410. Pessimismo pode ser o oposto de esperança. Todo tipo de pessimismo nasce de um coração amargo ou amargurado. Sempre que os fundamentos ou os alicerces de um coração carnal são confrontados, abalados ou contrariados, muitos tipos de pessimismos e pensamentos surgem das profundezas da alma do homem. Pessimismo não existe por ser verdade ou porque fala a verdade. Todo tipo de amargura é uma mentira falando. Como o homem crê nele próprio e confia extremamente nele mesmo exclusivamente, torna-se pessimista quando a fé é depositada em Cristo, isto é, se não abandona (nega) a carnalidade enquanto confia em Cristo. O Espírito de Deus opõe-se directamente ao tipo de confianças que o homem nutre e todo homem carnal sente-se abalado quando confrontado para mudar nessa área. A maioria nem sabe qual a razão de seu mal-estar por recusar reconhecer que ainda confia em si próprio quando expressa confiança em Deus. É nessa área onde Jesus servirá de sinal que será contradito, Luc.2:34. Sempre que o Sinal opera, o homem carnal sente-se abalado e incomodado. Por isso, muitos abandonam o caminho logo no início. Quando o Sinal que 'contradiz' opera verdadeiramente, significa que o homem deve deixar de acreditar/confiar em si próprio. Se não confio em mim próprio, declaro-me incompetente, falho, mentiroso ou alguém em quem não se pode confiar. Será ali onde vários tipos de pessimismo surgem para contaminar todos aqueles cujos corações estão sendo confrontados para confiarem no Senhor, Heb.12:15. Essa contaminação surge de muitas formas através de pensamentos, atitudes, palavras e de muitos outros pecados associados à amargura e ao pessimismo. Para qualquer homem carnal, confiar em Cristo significa que não pode confiar mais em si mesmo. Isso causa uma tempestade, uma catástrofe na alma a qual perdurará até que uma de três coisas aconteça: ou se entrega a Cristo e ganha a paz que Cristo dá; ou abandona o Caminho e ganha a paz que o mundo dá; ou cria a sua própria doutrina usando o nome de Deus em vão para alcançar uma paz falsificada. Aos desviados, o pessimismo parecerá uma verdade falando e expressando a (sua) realidade. O pessimismo é uma mentira falando e enganando. O pessimismo também dá a entender que fé é parecida com optimismo. Mas, optimismo não fala de Cristo e antes do homem.

  1411. Sonhar acordado, mesmo que seja sonhar com as coisas de Deus, tem dois problemas principais: quando as coisas não se realizam de acordo com o sonho - ainda que se concretizem de uma maneira melhor -  pode causar desapontamento na alma carnal. A alma carnal não enxerga para além daquilo que pensa e vê. O outro problema é que isso torna as pessoas infiéis. Se a pessoa usa o seu tempo para sonhar, não o usa para efectuar o que Deus entregou em sua mão para fazer.

  1412. Se já somos seres santos pela convivência com o Senhor, somos Seus representantes aqui na terra. É isso o que significa orarmos ou fazermos as coisas em Seu nome. Nós representamos Jesus em Sua 'ausência'. Nós lemos uma profecia proferida por Davi sobre Cristo, a qual diz: "Pede-me e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão", Sal.2:8. Você está pedindo isso no lugar de Jesus, isto é, em Seu nome? Está mesmo sendo um fiel representante de Jesus aqui na terra?

  1413. Muitos crêem estar numa posição onde podem exigir tudo de Deus, especialmente se acreditam estar a cumprir em relação a Deus e à obra. Ainda acham que têm direitos quando Jesus nos chama precisamente para perdermos os nossos direitos. O facto é que se estamos plantados junto das águas da vida, frutificaremos na estação própria e nunca na estação que queremos. A promessa é frutos na estação própria e não apenas frutos, Sal.1:3. Se uma árvore der fruto fora de época, é uma árvore anormal, deformada ou aleijada. Lemos em Malaquias que receber uma bênção antes do seu devido tempo é uma maldição. Citemos um exemplo: se alguém tentar dar os frutos do Espírito sem se haver encontrado com esse Espírito de Deus, ganha como maldição a hipocrisia. Podemos dizer o mesmo de todas as coisas que vêm ou virão de Deus.

  1414. Haverá sempre uma grande dificuldade em servir a Deus sem um bom uso da nossa memória. Como Lhe poderemos ser fiéis se não nos lembrarmos das coisas que Deus nos diz aqui e ali? Os piores inimigos de uma boa memória são, contudo, os espinhos desta vida e as preocupações amorosas para com o mundo e todas as suas nuances. Esses espinhos do mundo fazem com que o coração não se consiga lembrar aquilo que Deus diz ou disse e que não consiga levar em conta quando se lembra.

  1415. Sempre houve uma grande confusão nas cabeças das pessoas entre sabedoria e conhecimento. Conhecimento é aquilo que sabemos enquanto a sabedoria é a forma como aplicamos o que sabemos. Existem pessoas com conhecimento que não são sábias, como existem pessoas sábias sem conhecimento.

  1416. alguma vez pediu desculpas por coisas que não deveria ter pedido desculpa? Agrada pessoas ainda? A verdade é que todo aquele que pede desculpa sempre que não deve, é pessoa que evita pedir perdão por tudo aquilo que deve pedir. As coisas são simplesmente assim. A impressão de aparência de humildade que querem dar aos outros não passa de hipocrisia. Sempre que alguém pede perdão por coisas que não deve, está escondendo aquilo por que deveria pedir perdão. O coração do homem é enganoso a esse ponto. Devemos andar na luz e não buscar maneiras subtis de caminharmos nas trevas, maneiras essas que se assemelham a andar na luz. "Vinde, ó casa de Jacó e andemos na luz do Senhor", Is.2:5.

  1417. Quanto mais sou abençoado com a sabedoria e o conhecimento de Deus, tanto mais me apercebo que as coisas de Deus jazem em ruínas. Não são mais templos erectos e fortes, pois, o mundo e o pecado apoderaram-se de tudo e o consequente abandono da parte de Deus acabou deixando tudo em ruínas. Agora, cada um faz o que quer, segundo o seu coração. O mundo não sabe cuidar daquilo que pertence a Deus - e ainda bem que assim é. Vamos erguer novamente o templo de Deus e Seu evangelho à qualidade de tempos da igreja primitiva? Onde estão aqueles que se oferecem para fazer isso e exclusivamente isso? "A quem enviarei?", Is.6:8.

  1418. Devemos ter a certeza que as transformações que duram no tempo são as únicas que valem para Deus - e para nós. Mesmo embora as decisões e transformações que não durem muito sirvam para fins de julgamento, as únicas que Deus abençoa são aquelas que são capazes de permanecer. Contudo, sabemos que todos aqueles que terminam bem começaram de alguma maneira em algum lugar. Mas, também sabemos que a maioria que começa bem, nem sempre termina bem. Judas Iscariote é um bom exemplo de alguém que começou bem e terminou mal. Falemos um pouco mais sobre isto. Suponhamos que você achou-se pecando de alguma forma e rapidamente determina "expulsar" tal pecado. Isso mostra as suas boas intenções, mas, para alguns pecados não basta, pois, têm raízes. E sempre que um pecado tem raízes, fazer isso é o mesmo que ignorá-lo ou encobri-lo. E quem encobre pecado, nunca prosperará. A pressa é superficialidade, tal como a falta de paciência e falta de persistência. Se lidarmos superficialmente ou apressadamente contra pecados que têm raízes, não demorará muito tempo até que as tentações nessa área voltem e façam a pessoa tropeçar novamente. Caso a pessoa não tropece, irá desesperar, pois, a graça não alcançou as raízes do mal e haverá guerra declarada no íntimo entre o bem que quer fazer e o mal que faz. Todos aqueles que lidam contra o pecado às pressas são pessoas que querem encobrir. Não são pessoas que querem resolver o pecado de uma vez por todas, isto é, para sempre. E encobrir nunca nos leva a lado nenhum, pois, todo pecado só morre expondo-o e colocando-o na luz, tal e qual os vampiros morriam através da exposição à luz do sol.

  1419. Sempre que abençoamos os outros ou pronunciamos alguma bênção para alguém, devemos ter aquele cuidado de nunca fazê-lo através de algum sentimento de superioridade em relação ao nosso próximo. Com frequência, a bênção que vale é pronunciada por alguém que anda perto (ou mais perto) de Deus. Mas, para que a bênção surta o seu efeito, não pode existir nenhum tipo de sentimento de superioridade em quem a pronuncia e nenhum sentimento de inferioridade em quem a recebe.

  1420. Precisamos ter, com frequência, toda a autoridade de Deus, especialmente quando pregamos o evangelho ou falamos as palavras de Deus. Uma das das maneiras de perder essa autoridade é uma vida que não vive, na prática, à altura do conhecimento que experimenta de Deus e a vida prática que não se acha em conformidade com a verdade que se apoderou do coração. Caso não sejamos achados em conformidade com o que recebemos e temos de Deus, a autoridade de Deus desvanecerá por duas razões. Uma delas é que Deus não se pode manifestar a nosso favor porque o nosso testemunho anula ou contraria aquele que Deus dá ou daria e Ele não daria testemunho falso; a outra razão é que as pessoas desautorizariam a palavra de Deus em nós por verem que vivemos uma vida dupla, dizendo uma coisa e vivendo outra. Uma outra fuga pela qual a autoridade de Deus se desvanece é quando tentamos viver à altura dos princípios de Deus por via da força, isto é, sem o acompanhamento da graça. Quando é o nosso coração que é levado a igualar os princípios, devemos saber que isso nunca é o mesmo que quando os princípios são levados a transformar o nosso coração. Não disse Deus de Davi que havia achado um homem segundo seu coração? Davi tinha um coração segundo Deus. Tendo esse coração, então, devemos acrescentar-lhe princípios adequados para não tornar-se desleixado e negligente nas coisas do Senhor. Mas, as pessoas querem um Deus segundo o seu coração e não um coração segundo Deus.

  1421. Por norma, as pessoas não levam a sério tudo quanto dizem diante de Deus. Essa é a razão principal por que se esquecem facilmente de votos, promessas ou pedidos que fazem a Deus. É por essa razão, também, que muitas orações nunca são atendidas. Quando muito, os nossos pedidos podem estar pendentes por alguma razão ou por algum pecado, 1Ped.3:7. (Mas, estarem pendentes não significa o mesmo que estarem esquecidos). Existe um facto relatado na Bíblia onde vemos que as palavras de Salomão em um sonho (enquanto dormia) foram validas diante de Deus. Se palavras contam enquanto dormimos, quanto não devem contar quando estamos acordados? Será que sabemos que Deus leva as coisas a sério e até todas as nossas palavras? "Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal", Ecl.5:1.

  1422. Em Israel, no tempo de Davi, as pessoas ainda acreditavam que deitar-se com uma virgem sem haver-se casado com ela era coisa de louco. "E tu serias como um dos loucos de Israel", 2Sam.13:13. O tempo foi passando até aos tempos actuais e o diabo foi operando com persistência e com 'paciência' até as pessoas ficarem com a impressão gravada em si que tal acto não é coisa grave. Na verdade, fazer sexo com uma virgem passou a ser o alvo de muita gente. Actualmente, um tal acto de estupidez já nem é considerado crime. A maneira do mundo, agora, é viver com pecado como se fosse a coisa mais normal do mundo. Já se crê que o pecado é vida e que viver é pecar. Já se chegou ao ponto onde a maioria dos crentes não acredita ser possível exterminar o pecado de suas vidas e já não acreditam que os pecados são os verdadeiros inimigos de Deus e da nossa alma. "Persegui os meus inimigos e os derrotei e nunca me tornei até que os consumisse. E os consumi e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram, mas, caíram debaixo dos meus pés", 2Sam.22:38-39. É isso que tem de acontecer com os nossos pecados. É assim que devem ser tratados. É necessário que chegue o tempo, de novo, onde os crentes assumem que todo tipo de pecado é facada inimiga e não uma mera ocasião. Vamos assumir a verdade novamente? Já?

  1423. "Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência", Deut.30:19. Todos sabemos ou, no mínimo, deveríamos saber que a morte e a vida estão diante de nós. Contudo, Deus diz para escolhermos a vida. Isto significa que a pessoa não tem como escolher a morte, pois, pecador já é morto. Pecador já escolheu. Pode um morto escolher a morte? O morto em pecado só pode escolher a vida. Toda a alma que peca, morre. Então, Deus diz-nos para escolhermos a vida. Para o pecador, é a única opção válida. Você escolhe a vida ou continua no pecado da sua vida diária?

  1424. "Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto", João 15:2. Eis aqui dois pensamentos interessantes. O primeiro é que Deus poda quem dá fruto e quem não frutifica não é podado - é cortado fora. (Por que razão aqueles que são podados têm tendência a sentirem-se abandonados quando estão sendo servidos e amados?) O outro pensamento que me atingiu é que Deus poda o lado interior para que haja fruto fora e dentro. Ele não poda as circunstâncias ou qualquer outra coisa exterior. Quem não frutificar sob as circunstâncias onde se encontra, não presta. Por isso, não podemos esperar que Deus faça a vontade do homem, pois, seria uma maneira das pessoas nunca frutificarem. Deus usa as circunstâncias de acordo com as nossas necessidades interiores e não altera as circunstâncias de acordo com os desejos.

  1425. Todos temos assuntos sobre os quais estamos certos e todos temos assuntos nos quais estamos errados. Contudo, para o homem comum, a falta de confiança nele mesmo parece ser um abismo de temor. Se o homem não conseguir confiar nele próprio por alguma razão, sente-se muito mal. Não terá ânimo para prosseguir. Só desespera aquele que ainda confia nele mesmo e não confia totalmente ou somente em Cristo. O homem comum sente aquela necessidade inútil de estar sempre certo sobre tudo. Só ele pode estar certo. Se não conseguir acreditar que está certo sobre tudo, no mínimo precisa manter essa atitude diante das pessoas. Por essa razão teima e argumenta. O homem não gosta de sentir-se perdido e nem de achar-se em desespero. Por isso, precisa acreditar em si mesmo. É por essa razão que a fé verdadeira em Cristo, de entrega total, lhe é tão difícil.

  1426. Todos conhecemos a história da Saul e de como ele não conseguiu ser completamente obediente a tudo aquilo que o Senhor lhe mandara fazer, 1Sam.15. Era-lhe difícil ser fiel em tudo, embora fosse fiel em quase tudo. Contudo, não vemos que lhe tenha sido difícil ser totalmente fiel à coisa errada. Vemos, por exemplo, como ele matou todos os sacerdotes do Senhor e não deixou viva qualquer coisa que respirasse em certa cidade, 1Sam.22:18,19. Não era isso que deveria ter feito com os Amalequitas? A fidelidade é uma daquelas coisas com as quais fomos criados, pois, fomos criados conforme a imagem de Deus. Por isso, seremos sempre obedientes a qualquer coisa. Se não formos obedientes ao Senhor, sê-lo-emos à união mais unida do mundo: pecado, nós mesmos e o mundo. Ninguém conseguirá evitar que assim aconteça. "Se temerdes ao Senhor e o servirdes e derdes ouvidos à sua voz e não fordes rebeldes ao mandado do Senhor, assim vós (...) continuareis seguindo o Senhor vosso Deus", 1Sam.12:14. Paulo também afirmou que todo aquele que não vive para Deus tem, seguramente, todos os seus membros inteiramente entregues ao pecado. E não diz Tiago que qualquer pessoa que ainda peque tem seu coração dividido em relação a Jesus? Por essa razão peca.

  1427. Às vezes, Deus fala através de sonhos porque as pessoas andam demasiado ocupadas quando não estão dormindo. Por essa razão Deus opta por falar-lhes enquanto dormem. É óbvio que existem mais razões por que Deus fala às pessoas durante a noite e durante seu sono. Deus também pode provar alguém para ver se obedece a Deus ou se prefere ficar a dormir.

  1428. Aqueles que não agradam pessoas não têm consciência de estar a viver sem agradar. Só aqueles que ainda agradam é que se 'rebelam' contra o seu próximo com intuito de não agradá-los, tomando consciência que não devem agradar pessoas.

  1429. A paz que Deus dá nunca será igual à do mundo. Não opera da mesma maneira e nem opera a mesma coisa. E essa paz não é barata - não nos chega a qualquer preço. O que quero dizer é que Deus nunca muda para adaptar-se às pessoas e àquilo que sentem. Caso a Sua presença seja real e não seja somente imaginária, precisamos ser seres transformados para nos sentirmos bem nela. Não existe isso de termos paz na presença de Deus se não formos seres realmente transformados e limpos de coração. Deus não veio fazer com que nos sintamos confortáveis, mas, para transformar-nos e para que estivéssemos em paz em Sua presença real. O mesmo não acontece quando essa 'presença' é fictícia e imaginária. Se não estivermos limpos ou se não formos pessoas realmente transformadas, a Sua presença será uma tortura para nós e não um conforto. É por essa razão que muitos abandonam a fé, pois, a presença de Deus causa-lhes desconforto porque Deus não muda para agradá-los e eles não querem mudar e converter-se genuinamente. This is one of the reasons many abandon the faith and create a similarity (likeness) of faith. "You shall not make for yourself any likeness of any thing that is in heaven above, or that is in the earth beneath", Ex.20:4.

  1430. Muitos preocupam-se e ocupam-se tanto em discernir a voz de Deus que perdem completamente todo bom senso. Imaginemos que Deus não está sequer falando e tentam discernir vozes? Por muito bem intencionados que sejam, a verdade é que as pessoas devem concentrar-se em tornar-se ovelhas e não em discernir vozes, pois, é a ovelha quem é capaz de ouvir. Jesus disse que só quem é ovelha é que ouve e que ela ouvirá sem sombra de dúvida. Então, ao invés de tentarmos discernir a voz, devemos colocar todos os nossos esforços em nos tornarmos ovelhas. Ovelha ouve. Mas, eu considero que existe um tipo de relacionamento ainda mais elevado e mais próximo de Deus do que aquele quando somente ouvimos a Sua voz. É quando se vê o que Deus sente, para onde olha, para onde se dirige. Isso pode ser uma maior intimidade ou maior união entre Deus e criatura. "Minha alma Te segue de perto", Sal.63:8. Numa intimidade dessas, as pessoas quase não precisam falar, pois, entendem-se muito bem. Mas, "Andarão dois juntos se não forem iguais?", Amos 3:3.

  1431. Muitos colocam certos pecados numa categoria diferente de outros pecados. Deixem-me exemplificar. Alguns colocam a prostituição ou orgulho como um pecado pior que a má-língua ou outro pecado que lhes dê prazer. Consideram alguns pecados mais insignificantes que outros. Ou então, quando o consideram grave, não querem crer que aquilo que fazem deve-se à má-língua. "Não estou a falar mal de ninguém"! E, por isso, haverá sempre pecados que algumas pessoas não consideram como pecado ou, então, vivem como se não fossem incorrer em condenação quando os cometem. Por exemplo, o orgulho por uma nação terrena por se haver nascido nela não é considerado pecado por muita gente, ainda que se considerem apenas peregrinos nesta terra. Esse foi o grande erro da tribo de Benjamim. Recusaram entregar os bandidos que violentaram a mulher de um levita por pertencer à mesma tribo que eles, Juízes 20:13,14. Devemos ter muito cuidado com aquilo que muita gente chama de nacionalismo. Não podemos estar a inferiorizar-nos ou superiorizar-nos perante o nosso próximo e nem a encobrir ou defender pecados por essa razão. A nossa identidade é causa de muito tipo de tropeço. Ou somos povo do céu ou do país onde nascemos. As duas coisas não seremos, certamente. "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus", Col.3:1.

  1432. Após Moisés, Deus deu Josué como líder de seu povo. Contudo, não vemos Deus dar mais alguém como líder a Israel, depois de Josué, do calibre de Moisés e Josué. Isso poderá significar muitas coisas. Mas, a principal deve ser que o povo teve exemplos de como depender de Deus totalmente e, agora, teriam de ter um relacionamento pessoal com seu Deus tal e qual seus líderes tiveram. Tiveram provas suficientes de que funcionaria com eles e, também, tinham exemplos de como fazê-lo. Agora, teriam a sua oportunidade de não fazerem "conforme a tudo o que (faziam até ali) cada qual conforme o que bem parece aos seus olhos", Deut.12:8,9. Na abundância, a dependência de Deus é crucial. Não podemos passar sem ela. Contudo, creio que não houve mais grandes líderes porque o povo não se identificou com Deus, relacionando-se somente com Ele.

  1433. Muitas pessoas já cometeram grandes erros ou até mudaram o curso de suas vidas por não se haverem aconselhado com Deus. Muitos outros pediram liderança a Deus, mas, não tiveram paciência para esperar a resposta - o que vai dar no mesmo. Sabemos que existirá sempre a próxima dificuldade se a carnalidade ainda existir, pois, se perguntamos a Deus, podemos não esperar, ignorando que pedimos conselho a um grande mestre, desrespeitando-o com nossa impaciência. Se alguém não está ocupado demais para perguntar a Deus, ou se é orgulhoso ou confiante demais para fazê-lo, ainda corre o risco de não saber esperar por uma resposta de Deus por não estar habituado a ter Deus como real e por não ser paciente.

  1434. Somos encorajados, muitas vezes, pelos testemunhos de outras pessoas. E é bom que os testemunhos da obra de Deus sejam capazes de encorajar-nos, pois, eles enfurecem a maior parte do mundo. Contudo, devemos saber que devemos ter uma história própria e que devemos conseguir ser encorajados pela presença de Deus, isto é, por Ele pessoalmente. Normalmente, somos encorajados pelo sucesso daquilo que nosso coração anseia. Se desejamos a salvação de pessoas, somos encorajados pelos testemunhos que dão a esse respeito. Mas, a realidade de Deus deve ser tão real que conseguimos subsistir só por Ele. Isto não significa que não possamos sentir-nos motivados e encorajados pelas vidas de nossos irmãos. Significa, apenas, que na ausência de testemunhos, ainda somos pessoas bem motivadas e cheias do primeiro amor. Jesus deve poder ser o nosso encorajamento continuo. Você possui essa realidade, essa vida que não deixa qualquer dúvida em nós?

  1435. É verdade que as pessoas mornas são responsáveis por muitos crimes na face da terra. Muitas pessoas não nascem de novo por causa delas. Os mornos provocam muitos abortos espirituais, conscientemente ou inconscientemente. Eles não entram na porta estreita e bloqueiam o acesso a quem quer entrar, pois, sempre se aglomeram diante das portas de entrada e não entram. Seria como ter enfermeiras a bloquear a entrada das maternidades de tal maneira que as grávidas verdadeiras não conseguissem entrar. Contudo, estes mornos têm outro tipo de poder: eles, por vezes, condicionam e determinam as atitudes daqueles que são quentes, exercendo um poder sobre eles. Deixem-me explicar: Lembram-se de como Isaías exclamou em agonia dizendo que seus lábios eram impuros porque vivia entre um povo de impuros lábios? (Is.6) Isaías era quente. Contudo, aprendeu a falar da maneira de pessoas de lábios impuros. Agia como eles sendo quente. Ora, quando os quentes são influenciados e limitados pelas acções e costumes dos mornos, é óbvio que esses quentes influenciados se tornam a principal pedra de tropeço para os próprios mornos, tal e qual os mornos são para os frios. Mesmo sendo quentes, se não vigiarem e se não marcarem o seu território, se não marcarem a diferença, agirão como hipócritas e terão galardão de hipócritas. Mesmo quando os quentes não têm intenção de serem hipócritas, tornam-se tais convivendo com quem quer crer em Deus e, ainda assim, não quer mudar ninguém.

  1436. Eis aqui uma sequência interessante: "Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem; e a morte e o mal", Deut.30:15. A vida precede o bem. O bem segue a vida e o mal segue a morte espiritual. O Reino de Deus e toda a Sua justiça deve ser achado primeiro, juntamente com sua Vida.

  1437. Com grande frequência ouvimos as pessoas dizer: "glória a Deus". Mas, torna-se claro que tomam da glória para si próprios secretamente, até mesmo quando dizem isso - ou principalmente quando dizem isso. Existem muitas razões por que as pessoas tomam daquilo que não é seu para si mesmos. Muitos roubam glória apenas porque se sentem solitários e outros porque são diabólicos. Querem fazer-se aceitáveis para outros, como se não fosse possível andarem sempre acompanhados de Deus. Mas, quem usa a glória que não é sua, afasta-se dos outros. É uma lei da natureza. A solidão é um grande aliado desse tipo de roubo. Este tipo de roubo é, frequentemente, resolvido achando Deus, pois Sua presença (quando real) enche todos os vazios. Sua presença assegura, tal como as amizades 'asseguram' os de coração vazio. A falta de confiança em Deus - aquela segurança que não é falsa - faz as pessoas roubarem o que não lhes pertence por direito para, com isso, 'conquistarem' quem nunca preenche seus vazios. O seu tipo de fé fá-los inseguros. São essas pessoas que, devido aos problemas de consciência, dizem da boca para fora: "Glória a Deus!". Isso torna-os hipócritas! Antes ficassem calados e dessem glória a Deus com suas vidas práticas! Precisamos chegar ao ponto onde Deus pode exaltar-nos por causa da glória d'Ele. Você consegue viver dentro de grande glória sem roubar alguma para si? Deus pode exaltá-lo para se glorificar? Você consegue viver no meio da glória de Deus? Vamos lidar com qualquer coisa que possa impedir-nos de alcançar essa glória para Deus, pois, toda glória pertence realmente a Deus e apenas um tolo não enxerga isso. "Hoje declaraste ao Senhor que ele te será por Deus; e que andarás nos seus caminhos e guardarás os seus estatutos, os seus mandamentos, os seus juízos e darás ouvidos à sua voz. E o Senhor hoje te declarou que tu lhe serás por seu próprio povo (...). Para assim te exaltar sobre todas as nações que criou, para louvor, para fama e para glória; e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus", Deut.26:17-19. Será que a sua vida fala de Deus, mesmo sem palavras? Sua vida mais secreta consegue exaltar Deus, até quando você não tem consciência disso? Nunca conseguiremos fazer duas coisas opostas ao mesmo tempo: ou exaltamos Deus ou nos exaltamos a nós mesmos.

  1438. De acordo com a Lei de Deus, um acto de negligência que leve ao acidente ou crime de alguém torna a pessoa negligente culpada do acidente ou do crime. Qualquer negligencia que resulte em dano ao próximo, além da condenação ou culpa da própria negligência em si, também será responsabilizada pelas suas outras consequências. E se a negligência facilitar o crime de alguém, o negligente tornar-se-á co-criminoso.

  1439. O Senhor disse a Israel que deveriam dar suas ofertas de acordo com as bênçãos que haviam recebido de Deus, Deut.16:17. Isto tinha a intenção clara, também, de mostrar a todo mundo como Deus é fiel. Falaria claro e a bom som sobre a grande bondade e capacidade de Deus. Contudo, os inventores das doutrinas de prosperidade trocaram a ordem das coisas: eles dizem que devemos dar para receber ao invés de darmos daquilo que já recebemos, isto é, recebermos para dar. Deus não recebe para dar. Quem pensa que Deus recebe para dar erra o alvo, pois, a obra de Deus na terra é tornar as pessoas santas, misericordiosas e atenciosas para com seu próximo.

  1440. Quando o Senhor fala de liberdade, Ele refere-se a sermos libertos de nós próprios e do pecado. O pior dono de escravo é o próprio, pois, é capaz de manter-se escravo a ele próprio até à morte. É uma combinação terrível, pois, ambos amam a mesma coisa. Por isso, assim que entrarmos na nossa herança de liberdade e paz, não podemos mais pensar ou decidir por nós próprios ou de acordo com a nossa visão das coisas. "Pois, aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são os filhos de Deus", Rom.8:14. A queixa principal que Deus mantém contra todos os pecadores é precisamente o haverem-se desviado "cada um para seu caminho", Is.53:6. "Não fareis conforme a tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos. Porque até agora não entrastes no descanso e na herança que vos dá o Senhor vosso Deus", Deut.12:8,9.

  1441. "Não comereis a carne com a vida", Deut.12:22. Sabemos como Deus expulsou a raça humana do Paraíso e ainda lhes cortou todo o acesso à Árvore da Vida. Não podiam comer da carne e da vida ao mesmo tempo. Deus já havia separado a luz das trevas como Seu primeiro acto de criação. E depois que o pecado entrou no mundo, Ele separou a carne e o pecado da vida para que não pudessem viver para sempre. Isso só prova que Deus não quer mesmo nada a ver com o pecado. E agora temos este mandamento simbólico de não comermos a carne juntamente com a Vida. Se a pessoa comer da carne e da vida, torna-se morna e chega a causar náuseas e vómitos a Deus. Você ainda junta a carne com a vida? Come de ambas? Ou será que o Pão da Vida é sagrado para si? Nunca tente comer ou beber do sangue de Jesus sem antes haver abandonado totalmente toda e qualquer forma de pecado ou de mal que se assemelha a santidade, imitando-a.

  1442. Lemos em Deut.2 que Deus expulsou gigantes de certos lugares para que os Moabitas e os filhos de Esaú pudessem viver neles. Tenho a certeza que nem os Moabitas e nem a descendência de Esaú reconheceram isso como uma obra soberana de Deus e nem que era uma acção que se destinava a destruir povos extremamente pecaminosos. Devem ter-se exaltado a eles próprios ou exaltado seus deuses pela proeza de haverem conseguido expulsar gigantes de suas terras. De ambas a maneiras, isto é, ou exaltando-se ou exaltando seus deuses tornaram-se idólatras. A verdadeira idolatria surge porque permite ao homem exaltar-se a si mesmo. Se você atribuir a si mesmo os grandes feitos de Deus ou se culpar Deus das coisas más que lhe vão surgindo, lembre-se que está praticando a idolatria. A idolatria só existe porque permite ao homem fazer o que quer quando quer. "Não terás outros deuses diante de mim". Nunca permita que você seja alguma vez o objecto de louvor ou de elogios ou que Deus seja o culpado dos males que os pecadores alcançaram.

  1443. Muitos estão sempre com pressa para chegar ao trabalho ou para chegar a outro local ou às suas obrigações porque não tiveram pressa de sair da cama e do sono.

  1444. A complicação de mente é nada mais nada menos que distracções que solicitam nossa atenção e que se multiplicam e espalham entre os deveres e responsabilidades, sejam essas distracções de boa origem ou de má origem. Essas distracções guerreiam dentro do homem para que, no mínimo, seja distraído ou afastado de suas presentes responsabilidades ou tarefas. Pode ser uma coisa feia tentando distrair como pode mesmo ser uma coisa bonita usada pelo diabo fora de tempo. Anulando as distracções e os desejos que guerreiam contra a alma, chegaremos à simplicidade de Cristo para viver dela.

  1445. Toda a duplicidade é uma mentira falando e tentando convencer quem é dividido de coração. O princípio por trás de um coração temerário e abominável é o engano. Pior é aquele tipo de engano que engana ao próprio. As pessoas de "duplo ânimo" são essas pessoas, as quais colocam um pé no mundo e outro em Deus e andam de forma a poderem manter o seu equilíbrio inaceitável. Antes caíssem para se levantarem em um dos lados da linha que separa as trevas da luz. Tais pessoas tentam juntar o que Deus separou para sempre. Somente Deus consegue ver que estas criaturas aberrantes não são quentes. Se fossem frios, saberiam que não são quentes. Mas, ao serem mornos, sabem que não são frios e isso faz com que nunca cheguem ao conhecimento de que também não são quentes. Como não se sentem frios, acreditam estar quentes ou, no mínimo, acreditam estar bem. Ser de duplo ânimo dá-lhes o conforto de se sentirem nas redondezas de Deus, esperançosos, crendo que viverão comendo veneno e alimentando-se dele somente porque o misturaram com as receitas do Céu. Cada pessoa só se alimentará daquilo que come. Outra verdade sobre a duplicidade de coração em relação a Deus é que ofende Deus grandemente. Essas pessoas não são suficientemente frias para irem viver para outro lado, longe da presença de Deus onde perderiam o equilíbrio que buscam mantendo-se perto do Templo. Estes monstros entram no Santo dos Santos e tentam esfregar as suas nojeiras no rosto de Deus, esperando que Ele absorva e aceite tudo que eles fazem na Sua presença. Caso fossem frios, indo viver para outro lado bem longe de Deus, seriam, no mínimo, honestos de coração. Teriam um certo grau de verdade em seu interior o qual seria capaz de mover Deus em Sua misericórdia e persistência para convertê-los. O mordomo infiel não foi louvado por seu Senhor por haver feito uma avaliação correcta de toda a sua situação? (Luc.16:8).

  1446. Muitas desculpas são colocadas por pessoas que afirmam não estarem preparadas para alguma tarefa. Jesus disse, muitíssimas vezes e com muito ênfase: "Preparai-vos!" A ignorância faz as pessoas afirmarem que não conseguem fazer alguma coisa por incapacidade. A capacidade vem através do exercício da devoção ao Senhor, pois, Ele tudo pode, tudo ensina, seja através de nós ou somente por causa de nós em Suas providências. Muitas vezes, somos preparados durante a obra em relação à qual nos sentimos incapazes. Outras vezes, não. Deus requer uma pré-preparação. Por vezes, leva-se anos de fidelidade nas coisas pequenas até serem entregues as coisas e as obras maiores do Reino de Deus. Sempre que alguém não se sente preparado quando a obra chega, isso dever servir de acusação e nunca de desculpa. Jesus nunca desculpou a falta de preparação e nunca ignorou a ignorância. A pessoa com falta de conhecimento deve acusar-se a ela mesma por não haver andado com o Deus da sabedoria tempo suficiente para aprender. E a falta de preparação acusa-as de não haverem sido fiéis nas coisas pequeninas que Deus permitiu que chegassem às suas mãos ou vidas. Não aprenderam a buscar e achar o Senhor durante aquelas provações que pensavam ser pequenas e insignificantes. Logo, assim que aparecem coisas maiores, parecem incapacitados e desleixados. É importante que a pessoa saiba que precisa sair da preguiça para, mais tarde, não ser desleixada em coisas importantes. Você permanece com o Senhor até ao fim das Suas provações consigo? João 15:27, Luk.22:28.

  1447. Ao ler novamente a história de Coré e dos duzentos e cinquenta homens que pereceram com ele, fiquei um pouco surpreendido com algo que Deus disse. Disse que os incensários eram santos porque haviam sido trazidos diante do Senhor, Num.16:37. É muito estranho os incensários haverem sido aceites e homens rejeitados. Lemos na Bíblia, muitas vezes, que é o homem que é aceite. Deus disse várias vezes: "A ele ouvirei (aceitarei)". Deveriam ser as pessoas a serem aceites e não os incensários. Deus disse de Jó que o aceitava a ele, Jó 42:8. Não é surpreendente isto que aconteceu com Coré e seus seguidores? A verdade é que Deus pode ouvir as orações que não saem do coração por falta de palavras, porque Deus aceita o homem por trás delas. A ordem correcta das coisas é Deus aceitar o homem primeiro. Só depois aceita ou rejeita a sua oração ou outra coisa qualquer que seja colocado no altar, tal como aconteceu com Caim e Abel. Você é um sacrifício aceitável ao Senhor? Eu sei que existem pessoas cujas orações são aceites à frente deles por causa da glória de Deus ou mesmo por causa das pessoas por quem são feitas as orações. Contudo, quem ora é, muitas vezes, rejeitado. "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade", Mat.7:22-23. E creio que esta porção das Escrituras não se refere apenas aos falsos profetas ou outros falsários, mas, a todos os que praticam a iniquidade.

  1448. É estranho que os pecadores, os que se rebelaram contra Deus, queiram servir esse mesmo Deus de seu jeito. Foi assim na rebelião de Coré e ainda será assim em muitas igrejas: até ao fim dos tempos as pessoas tentarão 'servir' Deus de uma maneira que não anule a carne e o mal. Tentarão servir na própria força ou de acordo com sua própria visão das coisas, pois, ambas beneficiam o pecado e mantêm-no vivo até ao juízo de Deus. Toda a justiça própria tem como finalidade rejeitar o caminho ou a maneira de Deus fazer as coisas para se poder manter no controle. A fé falsa exige, no entanto, que se faça isso ou para Deus ou em nome de Deus. A fé falsa ajuda os maldosos a manterem a confiança e a esperança enquanto na carne e a perdê-la se não estiverem na carne. Devemos ter em conta que sempre que recusamos os caminhos de Deus para seguirmos Deus da nossa maneira, ou se rejeitamos qualquer homem que seja realmente de Deus por não gostarmos da maneira como fala ou faz as coisas, rejeitamos Deus. Não existe meio termo. Não é possível servir Deus com as armas de Mamom e muito menos com as nossas. Nunca poderemos esquecer que Jesus frisou que as coisas deveriam e poderiam ser feitas aqui na terra da maneira que tudo se faz no céu, quando disse "aqui na terra como no céu". Esse jeito, essa maneira tem prioridade sobre a própria vontade de Deus e prevalece, pois, não existe maneira de fazermos a vontade de Deus sem ser da maneira que ela é executada no céu onde a carne não tem parecer, não impõe seu desejo e não manifesta agrado ou desagrado. Não queremos pôr o diabo ou a carne a servir dentro do Templo de Jesus. Por isso, tenha muito cuidado com aquela possibilidade subtil de tentar servir Deus de seu jeito, do jeito da sua igreja ou através de sua doutrina e inspiração. Isso, seguramente, acontecerá sempre que tiver dentro de si qualquer pedaço de justiça própria. Não podemos voltar-nos para Deus de uma maneira que Ele considera rebelde ou estranha. Não podemos colocar fogo estranho no altar de Deus. (Rebelião é justiça própria e justiça própria é rebeldia. Esteja extremamente atento a qualquer das suas formas!) Se o pecador não assegurar uma pequena forma de justiça própria, sentir-se-á perdido. Por isso é que se convence a ele próprio regularmente de ser bom, bem-sucedido ou crente. Congratula-se a si mesmo para nunca ter de sentir-se como o perdido que é. Qualquer consciência manchada busca refúgio na mentira que a assegura sempre que recuse limpar-se. Duplicidade de ânimo é a comida da rebelião, pois, essa duplicidade consegue acreditar que mantém um pé no templo de Deus. A religião 'preenche' o vazio que a ausência de Deus deixou para trás e dentro do coração e da alma dos humanos.

  1449. A verdadeira oração tem muitos segredos simples, os quais raramente são descobertos e vividos precisamente por serem simples e terem aparência insignificante. As coisas complicadas parecem conseguir apoderar-se mais facilmente da totalidade da mente de qualquer pessoa. Por essa razão é que Jesus pede para sermos simples como pombas. Um desses grandes segredos é a disciplina em oração. Contudo, é muito difícil uma mente conseguir manter sua espontaneidade praticando a disciplina. Espontaneidade e disciplina é uma combinação rara e muito difícil de encontrar na oração. Já viu uma pessoa espontânea ser disciplinada ou vice-versa? Na verdade, é uma combinação rara, mas, essencial para que uma vida de oração possa obter respostas concretas. É difícil manter a continuidade do fogo na oração em meio de uma vida disciplinada. É algo que os humanos precisam aprender a exercitar e a buscar. A disciplina rouba a espontaneidade do coração caso a pessoa não saiba viver somente de Deus e viver uma coisa de cada vez. Cada dia precisa ser novo, ainda que se repitam as coisas dos dias anteriores. O sol nasce todos os dias rotineiramente e, contudo, cada dia é novo. E sabemos que, quando deixa de haver fogo genuíno e aceitável a Deus nas orações, as pessoas buscarão algum tipo de fogo estranho para se apresentarem diante do Senhor ou das pessoas. Tentam viver de emoções fortes ou forçadas, das mentiras, da fé instigada e forçada e dos encorajamentos falsos; e cada coisa dessas será vista como um fogo falso no altar. Na verdade, a disciplina em Deus fará crescer a espontaneidade em relação à verdade e não o oposto. Mas, a pessoa suja sendo disciplinada perderá essa espontaneidade na oração de imediato. Tornou-se comum ver pessoas sem a realidade daquilo que conseguem crer da verdade ao serem disciplinados, quando, na verdade, a disciplina em pessoas limpas aumenta drasticamente a sua espontaneidade em Deus e a realidade dos céus neles. A disciplina em Deus torna as pessoas simples, curtas, objectivas e agressivamente humildes. Outro problema ou segredo da oração é que as pessoas não conseguem resolver um problema de cada vez, entregando-se à oração sobre uma especificidade e levá-la até ao fim, isto é, até à resposta concreta sobre uma coisa de cada vez. E a única coisa que conta na oração é a resposta. Sem resposta, qualquer tipo de oração torna-se uma forma de idolatria. E quando se conseguem abster de outros problemas para resolverem um com Deus, levando-o até ao fim, abandonam os outros e não conseguem sair do envolvimento que foi capaz de lhes garantir a resposta na oração. Deveriam ser capazes de deixar tudo para trás e começar uma nova conversação séria com Deus como se nada mais existisse - nem a realidade da resposta sobre o problema já resolvido. Você consegue viver dessa maneira e falar com Deus sem se desviar nem para problemas por resolver e nem para problemas resolvidos? Por exemplo, você consegue orar sobre algum problema pessoal esquecendo, naquele momento, os problemas de outras pessoas e, assim que houver obtido resposta, consegue orar, logo de seguida, com o mesmo coração e com a mesma espontaneidade sobre os problemas de outras pessoas como se o anterior não tivesse existido? E se orasse sobre os problemas dos outros primeiro, tornar-se-ia negligente em relação aos seus? Poderia mencionar mais alguns destes segredos simples, pois, existem muitas coisas complicadas que roubam a simplicidade na oração.

  1450. Vemos Deus mostrar a Aarão que ele deveria sacrificar um animal sem mácula antes de entrar na presença de Deus. Contudo, nunca vemos Deus dizer isso a Moisés, pois, parecia que Moisés andava sempre na presença de Deus dentro e fora do Tabernáculo. Não é interessante saber disto?

  1451. "Não bebereis vinho nem bebida forte (...) para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo", Lev.10:9,10. Mesmo quando a pessoa já não é dependente de bebidas ou de vícios, mesmo que seja somente para manter ou frisar o exemplo, não se deve tocar em certas coisas, nem mesmo quando essas coisas já possam ser santas para nós. Devemos levar em conta o nosso próximo. "...Para poderdes ensinar...", Lev.10:11.

  1452. Por vezes perguntamo-nos por que razão Deus proibiu tantas coisas ao dar a Sua Lei a Moisés. Haviam muitos animais, pássaros e répteis dos quais os crentes de então não podiam comer. Por que razão? Então lemos: "Para distinguir (fazer diferença) entre o limpo e o impuro", Lev.11:47. Deduzimos que, de alguma maneira, os povos daquelas terras que Israel iria possuir tinham qualquer religiosidade, idolatria ou crença relacionada com todas as proibições de bichos ou de comidas na lei. Por exemplo, sabemos que as pessoas criam que se apoderariam da força de um animal caso comessem ou bebessem seu sangue e essa força, por vezes, manifestava-se na forma de endemoninhamento. Por isso não era permitido comer sangue. Sabemos, também, que distinguir entre o santo e o profano, o impuro e o puro sempre foi uma grande questão para Deus. Por essa razão, Ele fez disso um objecto de promessa com a vinda de Cristo, Mal.3:18. Israel necessitava implementar um exemplo através do qual os próprios Israelitas fossem impedidos de cair nas crenças e nas idolatrias locais. Desse mesmo modo, nós, hoje, não tocamos em coisas que nos possam associar àquilo que chamam 'o gozo deste mundo'. Nem que seja somente para efeitos de exemplo, não tocamos em vinho e não somos vistos em locais onde o mundo se diverte pela noite dentro. Existem, contudo, várias razões por que Pedro podia matar e comer dos animais que desciam no lençol branco vindo do céu. A principal é, claro, o poder de Cristo em transformar pessoas, o que daria ao transformado grande poder sobre as próprias crenças e religiosidades. Outra das razões menores é que, na altura, já não existiam muitas dessas crenças e religiosidades. Actualmente, existem crenças e religiosidades que se assemelham às leis de Moisés, como não comas, não bebas, etc. Os tempos mudaram e também as crenças e as religiões que o diabo disseminou pelo mundo fora. Enquanto as pessoas dormiam, ele espalhou muito joio no meio das culturas de trigo. Todos os nossos caminhos devem falar de Deus e expressá-Lo de forma clara. Assim que alguém possa concluir o oposto disso através de qualquer de nossos caminhos ou maneiras, devemos mudar de caminhos ou de hábitos através de Jesus.

  1453. Muitos falam das suas coroas reservadas nos céus esquecendo que se trata de "coroas de santidade", Lev.8:9. Já alguma vez pensou que essa coroa é a santidade que poucos alcançam? A santidade é a coroa. Essa coroa encaixa com perfeição em sua cabeça, cabe nela? Você anseia por uma coroa desse tipo? É isso que deseja? A coisa mais preciosa (depois do Senhor Jesus) é a santidade.

  1454. Falar demais ou ter uma necessidade de repetir tudo aquilo em que cremos ou que nos aconteceu no passado pode ser um sinal claro de insegurança. Tenha cuidado, pois, somos chamados a pregar a verdade para salvar quem está perdido e não para nos assegurar diante de pessoas cujo fôlego está em seus narizes. 

  1455. É uma verdade comprovada que nenhum homem ou mulher poderá viver somente de pão. No mesmo sentido, podemos afirmar que nenhum homem descansará apenas dormindo ou que satisfará sua sede apenas bebendo. As necessidades do corpo não são apenas minúsculas se as compararmos com as do espírito, como, muitas vezes, entram em conflito directo com as necessidades espirituais. Por exemplo, vemos que comer muito causa nas pessoas uma maior fome de espírito tal como dormir muito tira o descanso das pessoas que querem viver uma vida de pureza. Nunca tente compensar as suas necessidades espirituais negligenciadas abusando da comida, bebida ou do sono. Trabalhe arduamente para obter o maná escondido do céu.

  1456. Todos temos uma noção certa sobre o que é o adultério. Se cada um de nós ficasse sem tocar o sexo oposto - tal qual Paulo aconselha na carta aos Coríntios - até mesmo ficar sem tocar (até ao dia do casamento) na pessoa que Deus nos destinou, certamente que o princípio de pureza seria muito abençoado por Deus e arruinaria qualquer possibilidade de adultério no futuro. A pureza traz pureza, tal e qual a impureza traz impureza. Ninguém pode esperar colher algo diferente daquilo que semeia.

  1457. "Nenhuma oferta, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum oferecereis oferta queimada ao Senhor", Lev.2:11. Muitos iludidos vão orar e insistir diante de Deus tendo algum tipo de fermento surgindo dentro de seus corações contra alguém, contra Deus ou contra eles próprios. Pensam que irão ou poderão ser ouvidos mantendo secretos seus fermentos de coração ou ignorando-os. Persistem em ignorar certas coisas tentando saltar pelo muro para alcançarem Jesus e Seus ouvidos. E Deus recusa ouvir orações de alguém com fermento em seu coração, esteja esse fermento em que fase estiver. Outros, ainda, tentam adoçar suas próprias palavras diante de Deus, tentando forçar um tipo de coração ou de atitude diante d'Ele que não têm ou que não é própria deles. Isso é o que Deus diz ser "colocar mel nas oferendas". Tal coisa também nos é proibida. É melhor sermos nós próprios diante de Deus. É sábio pararmos com todas as orações e resolvermos primeiro aquelas coisas ou pensamentos que se estão levedando em nosso coração para não cairmos na tentação de tirar a prioridade às coisas principais. Se não o fizermos, seremos considerados hipócritas diante de Deus. Quando oramos, o principal é exterminar toda a possibilidade de fermentação de nosso coração. Jesus salva-nos dessas coisas. Quando isso acontecer, as outras orações serão fáceis e prontamente atendidas. Experimente e verá se não é verdade. Confie nestas palavras e limpe seu coração, primeiro, de tudo o que Deus considera pecado, mel ou fermento.

  1458. O Senhor fez Aarão sumo sacerdote juntamente com a sua descendência. Isto significa que Deus pode pronunciar-se sobre a fidelidade de alguém que ainda não nasceu. Por essa razão é que Deus pode usar a sucessão como maneira de ocupar o cargo de sacerdócio ou qualquer outra função divina. E a bênção de Deus acompanha tudo aquilo que sabemos ser a Sua vontade. A mesma bênção vemos pronunciada para as sucessões de Davi e seus filhos sobre o cargo importante de apascentar o povo de Deus. Você sabia que a sua vida poderá tornar-se importante para os seus descendentes até mil gerações? (Ex.20:6)

  1459. A sabedoria verdadeira não necessita e nem pede barulho e fogo estranho para poder penetrar no coração de alguém. A sabedoria colhe a atenção de qualquer coração que a esteja buscando, ainda que secretamente. Só no silêncio e na quietude a sabedoria é entendida. "As palavras dos sábios devem ser ouvidas em silêncio, mais do que o clamor do que domina entre os tolos", Ec.9:17.

  1460. A melhor maneira de calar um falador impulsivo ou crónico é dar-lhe algo em que pensar. O muito falar é sinónimo de mente vazia ou de mente com problemas. E pensar é a solução para ambas as coisas porque, no caso da pessoa de mente vazia, ela não consegue falar e pensar ao mesmo tempo; e, no caso da pessoa com problemas na cabeça, pensar na coisa certa também significa tirá-la da rotina viciada de pensar em problemas, 'distraindo-a' com a verdade. Dando a essas pessoas algo importante em que pensar fará chegar a quietude e o silêncio.

  1461. O grande segredo da obediência nunca foram os mandamentos e nem a autoridade de quem dá mandamentos para serem cumpridos. O segredo da obediência é um coração obediente, o qual se revê nos bons mandamentos de Deus. Adquira esse coração.

  1462. "E depressa se tem desviado do caminho que eu lhe tinha ordenado", Êx.32:8. É interessante ver o que Deus entende por "depressa". Eram quarenta dias. Para o povo, era muito tempo; para Deus, pouco tempo. O povo estava no deserto fustigado pela areia e o calor, possivelmente pela sede ou outros incómodos próprios da sua viagem e de não estarem em sua próprias casas. Para eles, quarenta dias sem Moisés eram muitos dias. Mas, Deus diz que "depressa" se corromperam, pois, para o Senhor aqueles quarenta dias não eram nada. Contudo, vemos que seu pecado atrasou mais ainda as coisas, pois, precisaram ser novamente testados por mais quarenta dias de ausência de Moisés - algo que não teria acontecido caso se tivessem mantido fiéis. Aquilo que Deus considera pressa e que o homem considera demora ou atraso faz adiar ainda mais as coisas de Deus. Nós ainda temos outro conceito da palavra "depressa" em Mat.5:25. Aqueles que têm pressa quando Deus não tem, serão lentos naquelas coisas sobre as quais que Deus tem pressa.

  1463. Existe sempre aquela dúvida em relação ao futuro no tocante a Deus em uma certa geração após grandes feitos ou milagres: saberão as pessoas da geração seguinte que Deus existe e que é real? A verdade é que ninguém precisa de milagres para aperceber-se da realidade de Deus. A presença de Deus fala e falará por si. Por isso, existindo aquelas condições para que Deus se faça presente, qualquer pessoa saberá por experiência própria que Deus é realmente Deus. "E habitarei no meio dos filhos de Israel e lhes serei o seu Deus. E saberão que eu sou o Senhor seu Deus", Êx.29:45-46.

  1464. Deus disse a Moisés: "De todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada", Ex.25:2. Não podemos acreditar que as maneiras modernas de extorquir dinheiro e outros bens das pessoas sejam consideradas ofertas e muito menos ofertas voluntárias. Na verdade, são coisas egoístas movidas por interesses de bênção e de retorno da parte de Deus. As pessoas oferecem a enganadores e aceitam serem enganadas pensando que irão receber de volta, tornando-se eles próprios enganadores para com Deus. Isso é o oposto do voluntarismo. E os pregadores ladrões não somente roubam o dinheiro do povo, mas, assaltam todo o bom senso de quem lhes dá do que é seu, usando o evangelho como a arma de assalto.

  1465. Uma boa regra ou lei nem sempre é a melhor opção para uma norma de vida ou mesmo para usar como motivo de exortação. A sabedoria ensina-nos que devemos usar aquilo que tem retorno e que frutifica para glória de Jesus. Somente quando não existe melhor sabedoria como alternativa para a regra é que devemos considerar seriamente fazer uso da mesma, ainda que seja somente para proteger e realçar a verdade.

  1466. A pior coisa que pode acontecer ao coração do homem é acreditar que Deus aprova algum mal que faz. Não existe terreno mais escorregadio que esse. "Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova", Rom.14:22.

  1467. Que situação pior poderá existir que aquela onde Deus diz "nunca mais passarei por ele"? Amos 7:8.

  1468. A pessoa não precisa entender antes de nascer de novo e, provavelmente, nem depois. Mas, ao nascer de novo, ela entende que qualquer coisa maravilhosa e verdadeira aconteceu nela. "Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro", João 3:33.

  1469. Existem muitas opiniões divergentes acerca do verdadeiro Jesus e muitas opiniões convergentes acerca do Jesus falso e ilusório. E quanto mais nos aproximamos do verdadeiro Jesus, tanto mais divergem as opiniões quando os corações permanecem desonestos ou pouco sinceros. Isso não significa que Jesus seja falso, mas, que os corações são falsos. E quanto mais nos afastamos d'Ele, tanto mais convergentes serão as opiniões acerca do Jesus falso.

  1470. Jesus quer tudo em sua vida e quer ser tudo para si. Mas, ou Ele ou é tudo ou é nada. Por isso, sendo melhor ser frio que morno, seja todo d'Ele ou deixe-O em paz de todo.

  1471. "...Porque se aproxima o príncipe deste mundo e nada tem em mim", João 14:30. Quando o diabo se aproxima de nós por alguma razão própria dele, a nossa maior defesa é não ter nada dele em nós. Só estando totalmente sujeitos a Jesus e totalmente limpos de coração, conseguiremos resistir de modo a que fuja de nós, se envergonhe e que não consiga os seus intentos, ainda que nos tente, perturbe ou faça mal. Como saberá o mundo que amamos o Pai verdadeiramente se o diabo, o pai do mundo, não vier comprová-lo por ele mesmo?

  1472. Sincronia entre o tempo certo e a coisa certa é a melhor maneira de ajudar a nossa memória ou de ajudar a não esquecermos coisas importantes. Mas, isto só resulta com aqueles que não se fazem de esquecidos e que não esquecem Deus em seus próprios caminhos.

  1473. Quando oramos, devemos ser inspirados pela fidelidade, poder e capacidade de Jesus dentro da Sua vontade e não sermos levados a orar pela presunção, preocupação ou outra coisa qualquer que nos leve a querer fazer Jesus Rei pela força, como que obrigando-O a fazer aquilo que Ele não quer fazer, ou como que obrigando-O a fazer o que Ele não quer fazer daquela maneira para fazer como queremos.

  1474. "Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás (para as coisas passadas) e já não andavam com ele", João 6:66. Para qual coisa você tem tendência para voltar? Para um sinal? Para alguma coisa antiga que Deus já fez, mas, no entanto, já passou? Seja para isso ou discretamente para o mundo, voltando atrás deixa de andar com Jesus.

  1475. Jesus não pode ser feito rei pela força, João 6:15. Ele simplesmente se ocultará e se refugiará. As pessoas que querem forçar Jesus a ser seu Rei, normalmente, recusam aquelas condições que podem tornar Jesus nosso Rei, tal como a limpeza de coração e a submissão incondicional. Tentar fazê-Lo Rei à força equivale a saltar o muro para entrar na porta do aprisco das ovelhas. Fazer barulho para que Deus opere, 'obrigando-o' a fazer as coisas que o povo exige, etc, pode ser catalogado como uma certa forma de querer torná-Lo Rei pela força. Já pensou em coisas mais simples como limpar toda a sua vida diante de Deus e ganhar um coração eternamente obediente? Ele aproxima-se sem ser obrigado a tornar-se Rei de toda a sua vida. "Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações", Tiago 4:8.

  1476. Muitos dizem que se Deus lhes falasse pessoalmente acreditariam na Sua existência. Mas, a Bíblia afirma que, quando alguém é incapaz de crer na Palavra escrita, também não crerá ouvindo uma voz do céu ou mesmo vendo um morto ressuscitar, (João 5:47; Luc.16:29-31). Não aconteceu já uma vez Deus ter falado e as pessoas dizerem que era um trovão? (João 12:29). O incrédulo arranjará sempre uma explicação incrédula para explicar ou contrariar quando Deus fala. Então, dizer que alguém crerá quando deus falar, é utopia.

  1477. Ninguém é verdadeiramente capaz de deter um avivamento real a não ser que os vasos usados sujem esse avivamento pelo lado de dentro ou se sujem a eles próprios. Só os de dentro são capazes de parar um avivamento em sua força.

  1478. A Bíblia fala em "andar na luz" em vez de falar em "entrar na luz" porque a luz já está no mundo. Devemos andar expostos e transparentes nessa luz. "Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens", João 1:9,4.

  1479. Todas as preocupações são e serão sempre espinhos dolorosos - muito dolorosos - quer a pessoa sinta a dor ou não.

  1480. Aquele que não sabe qual a vontade de Deus para a sua vida só pode ter um erro: quer que Deus faça a sua própria. De outro modo, saberia o que Deus quer para a sua vida.

  1481. A doutrina dos pregadores avarentos protege-os, mas, a verdade não os protege. Eles pregam a prosperidade e sacam o dinheiro das ofertas para viverem do luxo e na luxúria. De certa forma, eles vivem aquilo que pregam. Sentem-se seguros porque suas doutrinas funcionam e conseguem demonstrar resultados porque é fácil convencer avarentos a darem para receberem de volta. Para eles, pregar é um investimento e vivem como se Jesus fosse cego ou ignorante. E todos aqueles que se juntam à sua volta para ofertar não se sentem roubados por serem igualmente avarentos. As espécies juntam-se de uma maneira ou de outra. Ao demonstrarem sinais de riqueza e de luxo, são protegidos pelas doutrinas que pregam e condenados pela verdade.

  1482. Antigamente, Paulo dizia assim a respeito do diabo: "Porque não ignoramos os seus esquemas", 2 Cor.2:11. Mas, hoje, as pessoas (caso fossem honestas), deveriam dizer: "Nós ignoramos todos os seus esquemas".

  1483. Se você pensa que o diabo não tem nenhum plano ou estratégia para destruir toda a sua vida, você está iludido. Tal como Deus tem planos e opera obras para salvá-lo, o diabo faz planos para que você peque e sinta vontade de afastar-se cada vez mais de Deus. Aprenda com a realidade das coisas e não feche os olhos ao anjo da luz, ignorando as suas estratégias.

  1484. A sabedoria que vem de Deus é maleável quando aprende e muito segura e firme quando ensina. São características próprias dessa sabedoria e é algo que não lhe é auto-imposto.

  1485. Devemos saber que é muito difícil conter um avivamento real e sério. Na verdade, o diabo tenta de tudo por todos os meios para detê-lo. Uma das coisas que faz é, seguramente, 'avivamentos' paralelos que possam desacreditar as obras de Deus perante as pessoas de fora associando esses movimentos paralelos ao real. Já que não consegue fazer mais nada, cria 'avivamentos' paralelos e falsos para distrair quem está pouco atento ou quem está pouco interessado em mudar.

  1486. Existem muitas maneiras de se acrescentar à palavra de Deus. Se alguém estiver ansioso, desejoso, ciumento, bem ou mal disposto, pode interpretar algumas palavras de Deus conforme quer ou de acordo com o seu estado de espírito. Seu próprio desejo o trai para afirmar que Deus disse aquilo que não disse. E, para além desses tipos de pecado, poderíamos estar a falar de qualquer outro tipo de sentimento.

  1487. Temos aquela ideia errada que usar o nome de Deus em vão é falar usando o Seu nome por tudo e por nada. Isso também é usar o nome de Deus em vão. Mas, podemos usar o nome de Deus em vão de muitas outras maneiras - algumas delas sem sequer falar. "...Não venha a furtar e tome o nome de Deus em vão", Prov.30:9. Aqui, este homem afirma que poderia usar o nome de Deus em vão, furtando. Como? Sendo filho de Deus, obviamente que confiava no Senhor para seu sustento e furtando teria sido em vão a sua confiança, pois, acabou furtando. Em que áreas de sua vida você usa o nome de Deus em vão?

  1488. Não se deve tentar evitar o confronto entre a impiedade e a santidade. Não há nada a fazer. É lei na natureza que a impiedade não se dê bem com a pureza e vice-versa. "O ímpio é abominação para os justos; aquele que é recto no seu caminho é abominação para o ímpio", Prov.29:27. Os rectos, ao tentarem evitar o confronto devido à sabedoria que possuem, esquecem que a impiedade não abandonará o seu pecado ou desejo da maneira que o sábio esconde ou nega a sua sabedoria. É essa a razão principal pelo crescimento contínuo e continuado de todo tipo de impiedades e a desvalorização do que é puro e justo.

  1489. Os medos fazem as pessoas imaginarem coisas, tal como a avareza coloca sonhos na cabeça dos sonhadores. Qualquer medroso vê perigos onde não existem e perde a sua cabeça onde eles, realmente, existem. A sua própria cabeça e imaginação são os seus principais inimigos. O medroso fabrica os seus próprios leões. "O receio do homem arma-lhe laços", Prov.29:25.

  1490. "A criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe", Prov.29:15. Nem seria necessário comentar esta verdade. Mas, quantos pais e mães dizem que devem deixar os seus filhos decidirem por eles, fazerem  o que querem, aprenderem o que querem ou quando desejam, estudar ou comer quando querem? A criança não tem experiência de vida suficiente para tomar decisões de conduta ou decisões para o futuro. Você é um daqueles pais que abandona à sua sorte os filhos que Deus lhe confiou, deixando-as por conta própria e à deriva como um barco num mar tempestuoso? Ou ora para saber qual a vontade de Deus para suas vidas?

  1491. É preciso haver um mentiroso para haver quem acredite em uma mentira, um iludido para crer em alguma ilusão e um verdadeiro de coração para detectar a verdade na boca de alguém. As coisas ou as pessoas do mesmo tipo encontram-se sempre e estarão de acordo, pois, existe sempre cumplicidade entre eles que os atrai mutuamente.

  1492. Nunca devemos dar nada acima da indiferença a qualquer tolo. Até conversar com ele será tolice. "O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se zangue, quer se ria, não terá descanso", Prov.29:9.

  1493. Quando um homem mau faz alguma coisa certa, ele ainda é pior que um justo que tropeça sem querer. E sabemos como os erros dos justos são coisas graves! Imagine-se a seriedade de delito que é a pessoa má passar por boa! "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável", Prov.28:9.

  1494. "O homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos", Prov.29:5. Quantas pessoas têm noção disto? Quantos tomam os elogios por simpatia? Quantos se apercebem que lisonjeadores são assassinos de almas?

  1495. "O que confia no seu próprio coração é insensato, mas, o que anda em sabedoria, será salvo", Prov.28:26. Isto significa que quem anda confiando em seu coração não é sábio e nem é capaz de andar sabiamente enquanto confiar em seu coração. Então, para podermos conciliar o nosso coração com a sabedoria e o conhecimento, deve haver uma transformação de muitas coisas em nós que, à partida, não têm uma ligação directa com a sabedoria. Uma das causas de haver tantos incrédulos e desconfiados é essa confiança que o homem tem em seu próprio coração.

  1496. A avareza existe a partir do coração da pessoa. Ela vem de lá. Mas, isso não significa que só o rico seja avarento ou que o pobre esteja livre da avareza. Avareza é desejar cada vez mais sem motivos aparentes. Como exemplo, temos um rei rico que oprime para tornar-se mais poderoso e ainda mais rico. Contudo, quem deseja alguma da riqueza de tal rico e sonha com ela, ainda que muito pobre, é tão avarento quanto ele.

  1497. Dizem que a promessa faz dívida. E isso é verdade até certo ponto. Mas, qualquer promessa depende muito do seu conteúdo. Não poderei cumprir a coisa errada, ainda que tenha prometido. Aquilo que substancia a nossa palavra conta mais que o cumprimento da própria palavra. Não devemos cumprir apenas porque demos nossa palavra se não sabemos escolher onde e como dar essa palavra. Não diz a Bíblia para sairmos fora das armadilhas da nossas palavras? (Prov.6:1-5) Cumprir votos tolos, cumprir ameaças ou demonstrar zelo a favor delas é tão grave quanto cumprir uma promessa feita ao diabo.

  1498. Ninguém que seja sábio a seus próprios olhos é realmente sábio. Não tem como sê-lo, pois, isso não é possível. A sabedoria que vem de Deus só a consegue receber quem não tem mais a capacidade ou a vontade de auto-glorificar-se ou de se gloriar daquilo que não lhe pertence.

  1499. ouviu dizer que o feitiço se vira sempre contra o feiticeiro? Em todo caso, cada feiticeiro acabará comendo do seu próprio veneno. Mas, existe uma cilada maior para qualquer instigador do mal: quando tenta fazer mal ou desviar os rectos de seus caminhos, cai ele próprio. Só existe uma maneira de um recto cair no mal: desejando esse mal. Nenhum feiticeiro conseguirá fazer qualquer justo cair no mal. "O que faz com que os rectos errem por mau caminho, ele mesmo cairá na sua cova", Prov.28:10.

  1500. "Os homens maus não entendem o juízo, mas, os que buscam ao Senhor entendem tudo", Prov.28:5. Quer entendimento? Busque e ache o Senhor. Todo entendimento necessário será um acréscimo sempre que o alvo ou o objectivo é o Senhor.

  1501. Não existe meio-termo: "Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que guardam a lei contendem com eles", Prov-28:4. Será que você tem plena noção disto? Se você deixar a Lei de Deus, acabará aprovando, defendendo, acreditando, confiando e até louvando o ímpio e muitas das suas impiedades. Não terá outra sorte. Por outro lado, guardando a Lei de Deus irá sempre existir confronto entre si e o ímpio, seja da parte dele ou da sua.

  1502. Abençoar um preguiçoso enquanto dorme, conversar com um irado que não quer ver a razão, lavar alguém com água fria quando está frio, cantar a alegria diante de quem está triste e fazer outras coisas desse género é desperdiçar o nosso tempo. "O que, de madrugada, abençoa o seu amigo em alta voz, lho será imputado por maldição", Prov.27:14.

  1503. Se alguém achar vida e conseguir vivê-la integralmente, sua vida será uma resposta àquele mal que afirma que ninguém consegue viver da maneira certa ou que Jesus não existe. Deus responde aos maus através das nossas vidas. "Sê sábio, filho meu e alegra o meu coração, para que tenha alguma coisa que responder àquele que me desprezar", Prov.27:11. Você vive com Jesus? De verdade? Ou é apenas de confissão?

  1504. "O furor é cruel e a ira impetuosa, mas, quem poderá enfrentar a inveja?" Prov.27:4. A inveja não tem rosto - só tem sentir. Logo, raramente tem ponta por onde se lhe pegue. Sendo assim, não poderá ser enfrentada e nem confrontada porque não dá a cara, pois, não tem rosto.

  1505. Por norma, quando as coisas são feitas porque a consciência pressiona, tudo aquilo que deveria ser feito de imediato e de todo coração, acaba sendo feito de forma parcial ou defeituosa. Ainda que a tarefa seja bem completa e levada até ao fim, não havendo sido feita de imediato, revela que a pessoa ainda precisa ser aperfeiçoada. Tem essa necessidade. As obras são feitas para as pessoas e não as pessoas para as obras. Então, a falta de perfeição mostra que as obras se repetirão até que a pessoa seja aperfeiçoada.

  1506. "A maldição sem causa não virá", Prov.26:2. Quantas pessoas culpam Deus daquilo que deveriam culpar todos os pecadores? Deus teve culpa que Adão comesse do fruto da desobediência? Tem culpa que as moças jovens na igreja engravidem devido à promiscuidade? Tem culpa de que as criaturas que criou vivam longe d'Ele, desprezando-O e ignorando-O para fazerem o que querem?

  1507. "Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito", Prov.25:28. Muitos olham para este versículo e logo o associam à ira e à impaciência. Não é errado associá-lo a tais pecados. O mal é associarem-no somente a tais pecados. Quando você não controla os olhos para desejar tudo que não precisa ou não lhe pertence; quando se entrega a uma tentação, seja de preguiça ou outra coisa qualquer; quando se entrega à tristeza por razões vazias e egoístas; quando se deixa enganar por pensamentos ruins; tudo isso pode e deve ser visto como uma forma de não conter o espírito e de permitir descontrolar-se escorregando na mentira e no engano. Pecado é engano e engano é pecado.

  1508. Sabemos que existe a obra para que algo se torne fácil para quem puder beneficiar dela. O agricultor trabalha muito no campo para que, quem não trabalha no campo, possa obter o pão de forma fácil; o evangelho tem seus pioneiros para que a verdade esteja disponível e se torne acessível. Contudo, muitos daqueles que sofrem desejam que os outros sofram também (como eles) e ainda pregam que esse é o caminho apenas porque passaram por ele. Não nos deixemos enganar por sentimentos mesquinhos e por enganos fáceis. "Um é o que semeia e outro o que ceifa", João 4:35.

  1509. Muitos aproveitam-se do evangelho para brilhar e depois ainda cantam: "Brilha Jesus". Falsidade! "A busca da própria glória não é glória", Prov.25:27.

  1510. "Como fonte turvada e manancial poluído, assim é o justo que cede diante do ímpio", Prov.25:26. Existem muitas maneiras de ceder diante de um ímpio. Podemos, por exemplo, sentir vergonha da verdade e da sinceridade e logo aí o ímpio conseguiu aquilo para que existe; podemos ficar impacientes como se o ímpio fosse forte em alguma coisa; podemos perder a calma como se Deus estivesse contra nós e a favor do ímpio; etc. Na verdade, existe uma infinidade de maneiras de cedermos perante a impiedade. "Não vos deixeis enganar!"

  1511. "A face irada afugenta a língua fingida", Prov.25:23. Essa é uma das razões porque a ira de Deus é útil, pois, somente a verdade no íntimo Deus não rejeitará.

  1512. Não é a quietude um fruto do Espírito? Por que razão o barulho e a desordem seriam um culto a Deus onde o Espírito está presente?

  1513. O melhor que você pode fazer por alguém, para além de compartilhar aquilo que tem com quem precisa, é compartilhar-se a si próprio. Dê de si próprio acima de dar do que possui.

  1514. Quem gasta naquilo que não precisa, certamente venderá o que tem. Só assim obterá fundos para gastar no que não deve. E muitos vendem Cristo sem se darem conta.

  1515. Não podemos esperar receber de Deus ou da abundância do Espírito mais do que aquilo que damos de nós mesmos e de nosso coração a Jesus. O tipo de entrega de nós mesmos e de abandono em Deus determina a abundância de vida que recebemos de Jesus e de Suas promessas.

  1516. "Dá-me, filho meu, o teu coração e os teus olhos observem os meus caminhos", Prov.23:26. Quando a Bíblia pede que demos o nosso coração a Jesus, pede-nos a nossa essência e não significa aquilo que os tolos fazem quando vão diante do altar mentir para Jesus ou enganarem-se a eles próprios. Na verdade, dar o coração a Ele significa muito mais que isso: significa entregar nosso coração aos Seus caminhos, às Suas influências e afluências da graça e isso de uma forma contínua e definitiva.

  1517. "O que vê com bons olhos será abençoado", Prov.22:9. É verdade que muita coisa depende de como olhamos para as coisas. Eu não sou defensor do pensamento positivo porque considero tal coisa como um substituto barato da fé. É uma aberração a forma como essa teoria do pensamento positivo é colocada, pois, implica que as coisas são negativas sendo Deus responsável por elas. Mas, sou defensor de olharmos para as coisas e vermos o que existe de bom nelas, pois, Deus fez tudo bem. O que vê com bons olhos será abençoado porque não mente.

  1518. Os adultos queimam seus dedos, destroem suas vidas uma e outra vez cometendo o mesmo erro ainda depois de avisados e ajudados. Contudo, são eles que batem e repreendem as crianças que cometem erros infantis devido à falta de experiência de vida e devido à ignorância.

  1519. A verdade dos factos é esta: o único cantor de louvores que me importa sou eu mesmo. Eu devo cantar ao meu Salvador. Não devo admirar ninguém quando canto além de Jesus.

  1520. Quando alguém me sequestra ou faz mal, devo esperar do Senhor o livramento e a salvação, mas, nunca que venha vingar o mal. O que se deve esperar é o livramento. "Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te livrará", Prov.20:22.

  1521. Sabedoria é a experiência de vida que se consegue explicar e explanar e não o estudo. Sabedoria que não seja experiência pessoal é falsidade e hipocrisia.

  1522. Existem, neste mundo, coisas que serão sempre opostas. Por exemplo, a sabedoria e o pecado, o conhecimento da verdade e a impiedade serão coisas impossíveis de serem achadas em um mesmo coração ao mesmo tempo.

  1523. Muitos fazem birra, amuam, ficam zangados com outros e fazem questão de mostrá-lo pensando que, com isso, arranjam uma forma de se vingarem sobre alguém por causa de alguma coisa que pensam que o resto do mundo lhes deve. Contudo, a verdade única é esta: só fazem mal a eles próprios, pois, a birra e o amuo só ferem quem os tem e quem os pratica. "Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o prenderão e com as cordas do seu (próprio) pecado será detido", Prov.5:22.

  1524. Quando ainda estamos aprendendo, se a nossa fase ainda é a da aprendizagem, é mais importante fazer bem do que fazer tudo, pois, se tentarmos fazer tudo, faremos tudo mal! A aprendizagem ensina a fazer bem - é essa a sua finalidade. "Seja feito na terra da maneira que é feito no céu". A parte mais importante é aprender como fazer.

  1525. "...Para que não ponderes os caminhos da vida", Prov.5:5,6. Uma das armas do pecado é e será sempre a pessoa não querer ou não desejar mais ponderar os caminhos da vida de forma natural e simples. Irá estar ocupada demais com o mundo, ou com questões, ou com problemas e amarguras e haverá sempre alguma coisa capaz de impedir alguém de ponderar os caminhos da vida, pensando e meditando neles calma e solenemente. Tenha cuidado e faça questão de ponderar, pensar e comer da Palavra noite e dia, evitando qualquer coisa que tenha como consequência algum tipo de desinteresse pela meditação nas palavras da vida ou em qualquer um dos seus caminhos, colocando o coração diante desse espelho. Também devemos ter cuidado especial para nunca enveredarmos por caminhos que nos levam a ficar amargurados contra os caminhos de Deus, de Seus servos ou contra a ponderação dos exemplos que dão e que são.

  1526. "...O meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade", João 5:30. Sempre que as nossas próprias vontades e quereres influenciem as nossas vidas, qualquer juízo que façamos será sempre injusto, cruel ou egoísta ainda que esse juízo seja um elogio. Os elogios também são juízos que fazemos. Mas, se buscamos a vontade de Deus e Seu parecer com simplicidade, ainda que expressemos uma repreensão forte e severa, nunca estaremos sendo cruéis, egoístas ou injustos. A crueldade é a quem vem do coração e pode manifestar-se em palavras mansas com motivos pessoais por trás.

  1527. "Os teus olhos olhem para a frente e as tuas pálpebras olhem directo diante de ti", Prov.4:25. Ou as pessoas são falsas quando dão voltas e mais voltas, ou tornam-se falsas quando as dão evitando serem directos, cumpridores, simples e mansos com toda naturalidade. Ou, por vezes, as coisas são 'boas' ou 'más' para nós dependendo de quem as recebemos, isto é: se vem de alguém de quem gostamos, dizemos que é boa ainda que seja ruim; e caso venha de uma pessoa desagradável, dizemos que não presta ainda que seja algo bom. Você é sincero ou julga consoante as pessoas e as circunstâncias à volta dos seus interesses pessoais? Você altera a verdade dependendo de quem vai ouvi-la ou dependendo do seu estado de coração? Altera sua forma de ouvir, dependendo de quem vai falar?

  1528. "O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam", Prov.4:19. Tal como os ímpios não conseguem ver em que tropeçam, muitas vezes, os puros 'esquecem' ou ignoram aquilo que os mantém em pé por se haverem acostumado a uma vida nos caminhos de Deus. Você tem realmente noção que se mantém em pé por Jesus e somente por Ele? Ou já se habituou demais a andar em pé, tanto que perdeu a noção de que é segurado e assegurado por Deus? Quem se esquece de tal coisa começou, novamente, a depender duma justiça própria que precisa ser eliminada de imediato. Os caminhos alternativos ou paralelos são mais perigosos que os caminhos contrários que seguem na contramão.

  1529. Não ter saída é uma bênção sempre que estamos sob aquela pressão de desistirmos da provação por via de um caminho alternativo, preferindo-o acima da nossa entrega a Jesus no caminho que Deus nos confiou. Imagine que você tem a oportunidade ou o poder de sair por um qualquer caminho alternativo e conseguir crer que, ainda assim, se encontra na vontade de Deus! Que maldição! Imagine que você podia alterar o rumo dos acontecimentos tal e qual Davi podia ter feito matando Saúl! Você mataria Saúl ou continuaria esperando em Deus sabendo que você havia sido feito rei por Deus e que Saúl se havia tornado inimigo de Deus e do trono que o próprio Deus lhe deu com promessa e mandamento?

  1530. Existem sinais de trânsito nas estradas, como na vida existem as Palavras de Deus. Por vezes, as pessoas admiram as palavras, falam da sua beleza, da maneira como expressam bem certas coisas que soam bem ao ouvido. Os versículos são bonitos, as ideias verdadeiras e o seu uso apropriado. Contudo, se vamos admirar os sinais de trânsito pelas suas cores, forma e beleza ou se discutimos sobre se ficam bem onde estão, se decoram o lugar, será que não estaremos a distorcer a sua essência? Os sinais foram feitos para serem admirados e apreciados? Eles são colocados onde é necessário com o objectivo exclusivo de serem obedecidos e entendidos.

  1531. Quando Deus faz uma promessa é porque as condições que susterão essa promessa e pelas quais se manterá firme quando cumprida ainda não estão criadas ou não existem. Por essa razão Deus apenas promete - ainda. Por isso, quando existem promessas, devemos trabalhar para a criação de tudo aquilo que sustentará o que Deus promete. Por exemplo: se Deus nos promete um filho, devemos trabalhar para um casamento saudável onde Deus é glorificado e onde o filho possa obter um exemplo de temor e de vida prática; se Deus nos promete uma fonte de rendimento, devemos trabalhar para nos tornarmos isentos de avareza e preocupações sonhadoras ainda enquanto é promessa. Poderíamos mencionar ainda mais coisas.

  1532. Nunca subestimem a palavra de qualquer pessoa que haja passado por provações e as tenha vencido. Suas palavras fazem sentido para o céu. A carne já não se expressa através delas e já não se revê nelas, o pecado não se revê no que diz, os motivos foram moldados e a aprovação de Deus pode ir de grande a ilimitada, dependendo do que faltar concluir no coração e se a dependência d'Ele é total.

  1533. Todos os espinhos precisam sair da sementeira. Nenhum deles pode deixar semente sequer. Realmente, é possível que seja exterminado tudo quanto tem capacidade de crescer paralelamente com a Palavra no coração do homem para sufocá-la. Certamente que nenhum espinho terá como permanecer se formos mais próximos de Jesus do que de nós próprios.

  1534. Legalismo é prova de afastamento de Deus e é a recusa em fazer as coisas da Sua maneira. Sempre que qualquer caminho alternativo é preferido, certamente que existe algo que recusamos arranjar da maneira de Deus. E é aí que começam as vidas legalistas, pois, pendem para a falta de poder devido ao afastamento de Jesus. Legalismo é a tentativa de fazer as coisas próprias na própria força - é uma forma de pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas recusando entrar pela porta.

  1535. Deus prometeu que a descendência de Abraão seria como o pó da terra. Você está 'ajudando' Deus a cumprir essa promessa? Está a converter gente e a torná-los santos? Está contribuindo para isso de todo coração?

  1536. O desgaste é uma provação maior e mais eficaz que qualquer outro perigo ou carência. Abraão esperou vinte e cinco anos pelo seu desejado e prometido filho; Moisés esperou quarenta anos para salvar o povo; Davi e José esperaram treze anos para verem cumprido tudo que Deus lhes havia prometido; etc. E você, vai manter-se firme e inabalável sempre, sabendo que quem prometeu cumpre?

  1537. "Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem", Gen.12:3. Deus amaldiçoaria os que amaldiçoassem Abraão porque, se o fizessem, estariam amaldiçoando uma bênção.

  1538. Existe diferença entre ser ocasionalmente fiel e ser ocasionalmente infiel. Um tem o coração torto e tenta viver direito, enquanto o outro tem um coração certo e tenta viver da maneira errada, tentando Deus e vendo se dá certo ou se escapa ileso. Um é uma pessoa instável tentando demonstrar estabilidade enquanto o outro é pessoa estável tentando viver de forma incoerente e instável.

  1539. A força da má-língua vem da sua aliada fiel: a curiosidade. E, por vezes, as pessoas falam dos outros para tentarem saber mais da vida alheia quanto querem saber para falar delas pelas costas. "...Maldizentes e curiosas...", 1 Tim.5:13.

  1540. Quando Deus opera através de sinais, sejam eles pequenos ou grandes, devemos saber que existe algo de errado com a doutrina de que Deus faz certas coisas somente quando estamos limpos. Caso isso fosse verdade, não seria sinal e antes recompensa. E existem tanto sinais quanto recompensas da fidelidade. O sinal deve incitar-nos a sermos fieis e não é a fidelidade que deve incitar-nos a buscar sinais. Tão-pouco devemos aprender a pensar que a responsabilidade termina assim que acontece o sinal e que, quando Deus faz alguma coisa, é porque estamos limpos e somos o máximo a Seus olhos. Só muito raramente as pessoas não trocam os bois com a carroça nas questões de Deus. Tente viver da maneira certa e seja você um dos que não colocam as carroças a puxarem os bois. Seja fiel e torne-se um exemplo para os fiéis, 1 Tim.4:12.

  1541. Jesus prometeu atender todas as petições feitas em Seu nome. Se alguma oração não é atendida prontamente existe algo de errado com a oração ou, então, com a pessoa que ora.

  1542. "...Tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia..." 1 Tim.3:4. Um modesto que mantém seus filhos em sujeição só pode significar alguém tornar-se mais humilde que um humilde, mais pequeno que o pequeno e sujeito a quem é sujeito de natureza. Esses filhos serão muito bem-aventurados.

  1543. Entregar o rumo das coisas aos sentimentos e deixar que os sentimentos determinem os caminhos a seguir será o mesmo que soltar um maço de notas ao vento e esperar que seja investimento.

  1544. As pessoas ouvem melhor um seu igual e sentem a exortação de maneira mais profunda quando lhes é dirigida por um companheiro. Por isso, nunca precisa agradá-los como se agrada pessoas. Não deixe de ser franco com as pessoas e muito menos com os seus amigos. Use as oportunidades.

  1545. As coisas só começam a ser responsabilidade quando deixam de ser sonho.

  1546. A melhor maneira de amar o meu próximo como a mim mesmo - tal e qual me amo e me sirvo - é eu tornar-me o meu próximo, colocar-me no lugar dele. Assim será mais fácil.

  1547. A grande maioria das pessoas que se tornam crentes e que voltam para o mundo mais tarde, fazem-no apenas porque seu coração nunca mudou. "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam connosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós", 1 João 2:19. Mudaram de ideias, de costumes, mas, não de coração. Para mudar o coração é preciso limpar-se e não esforçar-se. Viver a vida de um coração novo é que pede esforço e persistência. O esforço não é para mudá-la, mas, para viver na transformação. E a transformação (a justificação) pede limpeza de consciência e que se confesse cada pecado pelo nome a quem de direito.

  1548. Muitos imploram a Deus por muitas coisas que acabam alcançando e, depois, deixam de desejá-las precisamente por já as haverem alcançado. Deseje aquilo que alcançou em vez de tentar alcançar aquilo que deseja, já que Deus prometeu ser Ele a dar aquilo que nosso coração deseja quando nos deleitamos n'Ele. Você deixou de desejar seu marido ou esposa depois de haver alcançado de Deus o que muitos alcançam do diabo ou da carne? "Contentai-vos (alegrai-vos) com as coisas que tendes...", Heb.13:5. Deseje o que já tem.

  1549. Dar dinheiro a quem tem os bolsos rotos seria o mesmo que Deus dar qualquer dom a alguém sem que essa pessoa tenha uma vida detalhadamente ordenada, gerida e reinada por Jesus.

  1550. Vivemos na era do "desconhecimento" onde as pessoas acham que sabem porque interpretam tudo do jeito que lhes convém, torcendo as palavras de Jesus e achando-se sábios a seus próprios olhos. E quem se acha sábio não procura aprender, mas, procura ensinar e discutir, pois, pensa que já sabe. E, com este tipo de coração, quem não se acha sábio teme porque vê o abismo que se abre ao confiar em si próprio. "Confia no Senhor (...) e não sejas sábio a teus próprios olhos". São duas coisas difíceis de fazer para quem ainda confia na carne: confiar no Senhor de todo coração e não ser sábio aos próprios olhos. É um drama para quem é sincero de coração e, ainda assim, consegue viver da carne.

  1551. Todo aquele que se gloria também nutre a ideia de que o que é bom e certo dura pouco, ou que a bondade é algo invulgar. Não fosse isso, dificilmente se gloriaria. Os que se gloriam e se congratulam não têm a noção de que as coisas de Jesus duram para sempre. "Por que te glorias na malícia, ó homem poderoso? Pois a bondade de Deus permanece continuamente", Sal.52:1.

  1552. A verdade nunca fica desamparada. Fale da maneira mais curta, mais objectiva e mais certa possível sem receios. Depois, confie em Deus que revela aos corações aquilo que alguém ouviu. Nenhuma verdade voltará vazia ainda que provoque a ira, a ironia, a indignação ou a dureza de quem ouve.

  1553. "No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena e o que teme não é perfeito em amor", 1João 4:18. Muitos, quando temem e se apercebem disso e, devido a este versículo, entendem que não são perfeitos, tentam eliminar o temor em vez de se consagrarem ao amor, o qual se encarregará de eliminar o temor. Não temer quando você não ama seria o mesmo que entrar no redil das ovelhas saltando o muro. Quem não teme quando não ama, não é pessoa sincera e honesta, pois, tem muitas razões para temer. É no verdadeiro amor que não existe temor. Logo, ao invés de sufocar o temor alcance o amor que destruirá todo temor. Atacar o temor em vez de exterminar todo egoísmo é pular o muro para entrar no aprisco. Medo é uma reação do egoísmo.

  1554. A fé não gera o acontecimento. O momento certo, a coisa certa na hora exacta é que gera a fé. Sem essa fé o que estaria para acontecer não acontece. Fora do momento certo não existe fé - existe obstinação e arrogância.

  1555. Se o nosso coração anda na luz naturalmente, se é dos que andam na luz, se somos transparentes, não escolhemos ocasião e nem as pessoas perante quem andar na luz. Andar na luz é uma vida, é uma forma real de estarmos vivendo e não é uma opção para certas ocasiões. 

  1556. "Persuadiste-me, ó Senhor e persuadido fiquei", Jer.20:7. Jeremias era facilmente persuadido por Deus. Mas, existem pessoas a quem Deus "persuade" e, no entanto, não ficam convencidos e nem persuadidos. Permanecem nas suas próprias coisas e insistem em seus próprios pensamentos e sentimentos. Não se deixam persuadir, ainda que Deus faça de tudo para desviá-los do mal. Então, começam a querer persuadir Deus a favor daquilo que desejam. Isso é o que se chama "tentar ao Senhor".

  1557. "Tu és o meu louvor", Jer.17:14. Para muitos Jesus é um problema e não um louvor, principalmente quando não conseguem fazer aquilo que desejam.

  1558. A Palavra de Deus não é uma ciência no verdadeiro sentido da palavra. É suposto ser ou tornar-se uma realidade e nunca uma ciência. Por essa razão é que a simplicidade do que Deus diz confunde muita gente, principalmente os sábios deste mundo. "A palavra da cruz é loucura para os que perecem", 1Cor.1:18.

  1559. Os salteadores, por norma, procuram um lugar onde esconderem-se após os seus assaltos. Procuram cavernas nos montes ou outro lugar onde se refugiarem. Muitos crentes fazem de Deus a sua caverna, onde se vão refugiar para de lá entrarem e saírem para cometerem seus pecados. "Porventura furtareis, matareis, adulterareis e andareis após outros deuses que não conhecestes e, então, vireis e vos poreis diante de Mim e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações? É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos?", Jer.7:9-10.

  1560. "Negaram ao Senhor, dizendo: Não é ele", Jer.5:12. Não é preciso negar Deus descaradamente para o havermos negado. Bastará Deus fazer alguma coisa e não assumirmos que foi Ele quem a fez. Por outro lado, podemos negá-Lo, também, assumindo algo que não vem d'Ele como sendo d'Ele, dizendo que foi Ele quem fez o que não fez.

  1561. Ao lermos sobre santificação, não nos restam dúvidas de que se trata de sermos santos. Lendo sobre justificação assumimos que é tornarmo-nos justos e não 'desculpados'. E, quando Deus fala de purificar, significa alguém tornar-se puro e inocente na sua maneira de agir e de ser. Seria muito duvidosa uma santificação onde alguém não se torna verdadeiramente santo; ou uma purificação onde alguém não se torna puro, ou uma justificação onde alguém não se torna justo.

  1562. "Estes escolhem os seus próprios caminhos (...) também Eu escolherei as suas calamidades", Is.66:3,4. Este é o perigo de estarmos a seguir os nossos próprios caminhos - e ainda mais quando afirmamos que os nossos próprios caminhos são os de Deus!

  1563. Amar como devemos é muito menos que amar conforme podemos. O dever está sempre abaixo da capacidade. Graça exige mais que lei. O dever, a moral, a disciplina respondem à consciência que temos (ou não temos). A capacidade envolve todo o nosso ser e o nosso ser vai muito além da consciência que temos. E se o nosso ser for cheio da Vida Eterna na abundância prometida, a nossa capacidade aumentará significativamente. "O amor de Deus foi derramado em nossos corações..." Esta relação entre dever e capacidade de amar pode ser sublinhada em todas as outras áreas da nossa vida, como por exemplo a relação entre a confiança e a fé, esperar e capacidade de esperança, esperar e expectativa no Senhor, etc. Aquilo que é nosso dever e obrigação é o mínimo dos mínimos das nossas capacidades quando estamos realmente libertos de nós próprios e de todos os nossos pecados, em Cristo Jesus, para cumprirmos a Sua Lei sem impedimentos.

  1564. Quando Deus não mostra nada, quando não diz nem sim e nem não, o melhor é ficarmos quietos para não sairmos desapontados mais tarde, pensando que Deus havia mostrado quando, afinal, não mostrou nada. É precisamente durante essas ocasiões que o coração do homem aproveita para fazer suposições e assumir por ele que aquilo que está fazendo é a vontade de Deus. Na verdade, quer obrigar Deus a pronunciar-se sobre algo que não tem a Sua aprovação ou inspiração, isto é, sobre algo que não começou n'Ele. O coração faz isso porque é impaciente e sente-se pressionado pelas circunstâncias, sejam elas de pobreza, fome, pressão da opinião de pessoas ou outra coisa qualquer que pressione de um certo modo ou em um certo sentido. Como Deus não disse nada e o homem incrédulo afirmou que queria fazer ou estava fazendo a vontade de Deus havendo-se aventurado nessa direção, o que faz acaba por não funcionar e os caminhos por onde entrou acabam por revelar-se becos sem saída. Logo de seguida, chegará a ressaca do desapontamento ou da confirmação que deveria (poderia) ter ficado quieto. Se Deus tarda em responder ou se não responde, fique quieto e deixe de lado tudo aquilo que você fica indicando a Ele, querendo obrigá-Lo a responder ou a pronunciar-se sobre o que não vem d'Ele. Deus não é surdo e nem mudo - você é que pode não ter a capacidade de não ouvir, através do Seu silêncio, o sinal da Sua desaprovação.

  1565. Nem a ira de Deus durará para sempre, imagine se a dos homens durará!

  1566. "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos", 1João 5:21. O pior obstáculo de qualquer homem ou mulher são os seus ídolos, aqueles que mantém em sua cabeça. Todos esses ídolos, manias, teimosias e persistências servem o ídolo principal: o próprio. Não existe ídolo que não sirva o ego ou o próprio. E tudo aquilo que serve o próprio é uma forma de idolatria.

  1567. A pessoa que entende a verdade não está necessariamente convertida, embora muitos convertidos entendam muito bem a verdade. Tal como existem muitos convertidos que não conseguem explicar o que lhes está acontecendo, também existem aqueles que sabem explicar muitas coisas por via do estudo e da leitura, mas, não experimentam a verdade de maneira pessoal ou constante.

  1568. Para obedecer, eu preciso estar em condições de ouvir bem. Quem não ouve bem, também não obedecerá bem. Muitos falam da obediência de forma utópica e sem nexo, pois, não ensinam as pessoas a relacionarem-se com Jesus e a sintonizarem o seu ouvido antes da obediência ser possível. Ninguém pode ser obediente adivinhando. É necessário que, quem tem ouvidos, primeiro consiga ouvir e discernir.

  1569. É muito difícil o homem deixar de ser religioso porque ele tem muito a perder. As pessoas aproximam-se de Deus com interesse, confiando que Deus tudo pode. É por essa razão que se aproximam d'Ele. Não se achegam a Ele pela pessoa que Ele é ou pode vir a ser para qualquer um de nós. Não são movidos por amor à pessoa de Jesus. Quando é o interesse próprio que nos leva a aproximar do Senhor, nasce a religiosidade, pois, Jesus só atende os interesses do Reino de Deus em nós. Mas, como as pessoas não deixam de implorar por aquilo que os levou a aproximarem-se de Deus e Ele não se manifesta e nem pode tornar-se real por esses motivos, a religiosidade tem o seu caminho aberto. E quando Deus é a única saída que resta, tudo piora porque ninguém quer abdicar dos interesses já consagrados no coração, os quais já são assumidos como direitos inegociáveis. Logo, se o homem deixasse de ser religioso, precisaria abdicar desses interesses que já considera direitos. Os interesses próprios são a principal causa da religiosidade, pois, não teremos Deus como real caso nos aproximemos d'Ele por causa daquilo que Ele pode dar. Ele não se manifestará por esses motivos, ainda que dê chuva a bons e a maus secretamente (pois, todos assumem facilmente que a chuva vem das nuvens e não de Deus). Contudo, permaneceremos implorando, orando e lendo a Bíblia. "Jesus respondeu-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que Me buscais (...) porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas, pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou", João 6:26-27. Jesus é essa comida. Busque a Ele para achar a Ele.

  1570. "Perdoaste a iniquidade do teu povo; cobriste todos os seus pecados", Sal.85:2. Eu não conseguia entender muito bem tudo o que significa isto de "cobriste todos os pecados". Orei e logo surgiu a explicação que buscava. Os pecados ficam cobertos assim que a possibilidade de recaída se torne inviável ou impossível. O castigo que Deus impôs sobre Israel, tornou inviável uma volta do povo ao pecado. A conversão genuína presenteia quem se arrepende com uma cobertura total de qualquer uma de suas faltas anteriores, pecados e males. Toda a confissão deve abrir caminho para este tipo de conversão, também, porque senão nunca haverá cobertura de pecados confessando-os.

  1571. A parte importante não é se terminamos por cima dos obstáculos, se terminamos sentados ou fisicamente esgotados. O importante é se o nosso coração está limpo, alegre, leve e simples no final de nossa corrida e se nosso primeiro amor aumentou e não decresceu. Terminarmos materialmente e fisicamente derrotados mantendo um coração que se alegra na presença do Senhor é mais importante que vencer todos os obstáculos e estar com um coração morto e cansado no final. Os piores obstáculos que o homem precisa vencer são os do próprio coração.

  1572. A viúva de Sarepta disse a Elias, depois que este ressuscitou seu filho: "Nisto conheço agora que (...) a palavra do Senhor na tua boca é verdade", 1 Reis 17:24. Isto significa que a palavra de Deus é mentira em muitas bocas e corações. Outra verdade sobre esta viúva: ela não creu de imediato que Elias era, realmente, um homem de Deus, ainda que o azeite e a farinha se multiplicassem dia-a-dia mesmo à frente dos olhos dela. Mas, mesmo não crendo e estando em dúvida, ela obedeceu à palavra de Elias em sua humildade. Elias havia dito que fizesse um bolo para ele com o restinho da farinha que sobrava para o filho dela e lhe desse a ele primeiro. A obediência desta mulher resolveu a sua descrença, isto é, compensou a sua falta de fé. Esta obediência abriu caminho para que, mais tarde, ela chegasse à conclusão que a palavra de Elias era verdadeira e confiável. Ela viu que Elias não era como os outros profetas que existiam na altura.

  1573. Muitos acham-se especiais - ou sentem-se especiais - quando Deus lhes fala ou diz alguma coisa, pois, um mortal não costuma ter essas revelações já que "a palavra de Deus é rara nestes dias". E todas as outras pessoas também acabam por achar especial todo aquele que obtém revelações genuínas, respostas concretas às suas orações, sabedoria de Deus ou outra coisa vinda do céu. Na verdade, isso não tem nada de especial. As pessoas do mundo é que vivem fora do contexto de Deus e de Sua maneira de operar. Essas coisas deveriam ser as coisas mais normais e mais naturais para qualquer homem ou mulher. Por que razão se afastaram tanto de Deus? "Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas", Jer.2:12-13. Eu creio que um servo de Deus só vive a sua vida normal, aquela que deveria viver sempre como criatura. Ele não é especial e nunca poderá ser considerado como tal. A verdade é: os que não experimentam tais coisas são anormais e os que as experimentam só são especiais para os tais.

  1574. "E comereis em qualquer lugar, vós e as vossas famílias (...) pelo que não levareis sobre vós pecado", Núm.18:31,32. As ofertas a Deus deveriam, por lei, ser comidas no templo e em festa a Deus. Contudo, Deus abriu uma excepção para quem levava o seu Nome: podiam comer em qualquer lugar desde que não fossem portadores de pecado. O comer em nome de Deus falaria d'Ele e, por isso, a vida deveria estar em conformidade com Deus e com a Sua verdade. A nossa vida deve ser uma expressão da verdade sobre Deus, pois, somos criados conforme a imagem expressa d'Ele.

  1575. Na Lei de Deus, o melhor é para Deus e o que sobrar pode ser para nós. No entanto, hoje dão-se as sobras a Deus - se não houver mais ninguém a quem dá-las.

  1576. Só existe uma maneira de eu ficar desamparado sendo santo e agradável a Seus olhos: é Deus enfraquecer. E isso é impossível de acontecer.

  1577. "O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu", João 3:27. Quantas coisas você já recebeu que não vieram do céu, as quais pensava que podia receber? Quantas coisas você recebeu aquilo que Deus diz que não pode receber?

  1578. O pecado é uma forma de encenação arrogante. É uma formiga fazendo-se passar por um gigante irresistível.

  1579. alguma vez viu um crente supostamente honesto dizer sim num dia e no outro dizer não com a mesma convicção? Não consultou Deus e aconselhou-se com a carne. "...Não deliberar segundo a carne, para que não haja o sim e o não...", 2Cor.1:17. Torna-se óbvio que a indecisão ou as mudanças de atitudes, opiniões ou decisões devem-se muito ao facto de alguém não deliberar segundo o Espírito, isto é, não ser guiado por Jesus, consultando-O. "O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos", Prov.16:9. Isto significa que Deus pode transtornar as decisões e as deliberações que o homem tomou sem consultá-Lo. O outro lado da verdade sobre quem não consulta Deus sobre sua vida é que irá mudar de opinião muitas vezes. Existem outras verdades sobre quem muda de decisões e atitudes de um momento para o outro. Sempre que alguém tem um coração instável, não se revê na firmeza de Jesus e muito menos no que Ele diz. Logo, esquece facilmente a palavra vinda de Deus. Irá, com certeza, mudar de posição, opinião ou atitude sobre muitas coisas muitas vezes. No dia seguinte esquece as palavras de Jesus e segue seu rumo com incertezas e com mentiras confortantes. Só os firmes nas palavras de Deus deixarão de ser incertos e inseguros. E existem os inseguros a nível de emoção e aqueles que se sentem firmes sendo seus caminhos inseguros e incertos.

  1580. Exibicionismo significa engano próprio, o qual forja a aparência e cria a crença. Exibir ou ser exibicionista, seja sob que pretexto for, é o maior perigo para o verdadeiro cristianismo e para a verdade em Deus. Isso significa que toda a verdade que não seja clara só por si e que não se torne experiência real, intuitiva e inconsciente, tornar-se-á exibicionista. Só através do exibicionismo tal verdade falará, pois não terá outra forma de expressar-se e nem de se impor sobre os demais. Exibicionismo é imposição. Contudo, sabemos que a verdade fala bem mais alto sem qualquer forma de exibicionismo. Exibicionismo é um sinal que diz: "Eu não vivo isto que digo ou tento mostrar!"

  1581. O interpretes da verdade raramente a vivem. Quem realmente vive a verdade não interpreta nada - explica, expressa e tenta colocar em palavras tudo aquilo que já se passa em sua própria alma e, quando lê as Escrituras, recebe as explicações que lhe faltavam sobre tudo que já se passa dentro do seu coração de forma real.

  1582. Quem sabe pouco, nunca sabe o quão pouco sabe. Só quem sabe muito consegue avaliar a falta de conhecimento. Só os sábios sabem que têm poucos conhecimentos.

  1583. Pensamento que não se transforme em comportamento tem mais de tentação que de pecado. E o que se torna comportamento tem mais de pecado que de tentação.

  1584. Muitas tarefas ao mesmo tempo atrasam a perfeição; muitos alarmes confundem a atenção; muitos sinais destroem a fé; muitos palpites anulam o conselho inspirado por Deus.

  1585. Para alguém entender verdade inspirada, precisa estar tão inspirado pelo Espírito quanto está ou esteve aquele que expressou a palavra de Deus para recebê-la de Jesus e para expressá-la.

  1586. Normalmente, correr para algum lado significa sair ou fugir de um lugar. As pessoas que se entregaram a Deus, ao quererem muito ir para certos lugares, na verdade, estão desejando sair da fornalha de Deus para escaparem da transformação que ela opera. A transformação é como um parto: custa muito.

  1587. Por que razão Deus nos coloca perante situações impossíveis de resolver, de aceitar e de aperfeiçoar? Ora pois, para sabermos que temos graça para usar!

  1588. É fácil perceber por que razão o diabo tenta e persegue tanta gente: "...desprezaram o bem; o inimigo persegui-los-á", Oseias 8:3.

  1589. A preguiça é testada quando não se tem nada para fazer. É ali que se vê do que é feito o coração do homem. Quando as pessoas fazem por obrigação, levantam-se cedo por não terem escolha, isso não demonstra nada. Você acorda cedo quando não tem nada para fazer? Pega em sua Bíblia quando está ocioso? Regozija-se quando tem um tempo a mais para estar com Jesus? Você é sempre a mesma pessoa quando tem muito ou pouco para fazer?

  1590. Já viu alguém nadar contra a corrente de um rio? "Ai que canseira!" É o que acontece sempre que um injusto tenta aparentar justiça, quando um egoísta tenta amar e que um mentiroso tenta ser verdadeiro. Por essa razão é que os casamentos do mundo costumam dar errado, pois dizem amar quando se amam a eles próprios. Ninguém pratica a justiça sendo injusto. Ninguém ama sendo egoísta. Por essa razão é que a maioria das pessoas se sente esgotada nos caminhos de Deus e não consegue voar como as águias o fazem. A nossa concentração deve ser no Caminho e não mais no sermos justos. A justiça já não deve ser o nosso alvo e deve já haver-se tornado a nossa única maneira de estar na vida, de ser e de viver quando já estivermos na altura de andar com Jesus.

  1591. Os alvos: quando você precisa acertar em um alvo atirando um dardo um um tiro, mexe no alvo ou na arma? Posiciona o alvo ou o arco? Aponta a flecha ou vai mexer no alvo para ficar alinhado com sua flecha? Se não faz isso com alvos normais, por que razão tenta fazê-lo com o evangelho que Deus já estabeleceu, com a verdade intocável e que não muda, com os objectivos de Deus ou com Sua vontade?

  1592. Deus nunca nos pode motivar, a menos que nossos motivos sejam os Seus. Nunca nos pode ajudar, a menos que a ajuda seja em direcção a Ele.

  1593. Para um torcido o mundo direito é torto, a justiça é injusta e pecar é prazer.

  1594. quem apague as chamas do pecado, mas deixa o fogo aceso em brasas. Cuidam das aparências e 'protegem' o coração da salvação. Hipocrisia, hipocrisia! A pior das hipocrisias é aquela que alguém pratica para com ele próprio escondendo ou camuflando seu próprio coração, enganando-se a ele próprio. "Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo", Sal.51:6.

  1595. Se o diabo fosse o principal responsável pelos meus pecados, não seria a minha carne a ser crucificada com Cristo.

  1596. O elogio é um vazio para quem o recebe. A verdadeira honra é e será sempre silenciosa, tanto na sua atribuição quanto no receber. Você divulga quanto recebe de salário no fim do mês? Tal como o salário é o prémio de quem trabalha, a honra é o prémio de quem é fiel.

  1597. Lemos como Zacarias, o pai de João Baptista, ficou mudo e repreendido durante um tempo por não haver crido nas palavras de um mero anjo, ainda que era Gabriel. Muitos querem ouvir Jesus, Alguém mais importante que o anjo Gabriel e até pedem para ouvir a voz d'Ele. Não sabem o que pedem. Imagine que é Jesus falando consigo e você não crê no que Ele diz ou não lhe obedece!?

  1598. Sempre que vemos alguém vivendo todos os seus momentos perto de Deus, expressando a Sua sabedoria com naturalidade e facilidade, dizemos: "Eu quero ser assim". Infelizmente, não é essa a atitude que Jesus esperava de nós enviando-nos um tal servo fiel. Deveríamos dar atenção aos detalhes do que tal pessoa diz, os quais esse servo expressa com carinho e dedicação. Não queira ser como essa pessoa e, antes, queira ouvir essa pessoa.

  1599. Posso diferenciar entre pessoas, mas, nunca poderei distinguir umas acima das outras. Diferenciar pode ser amor, mas, distinguir assim significa sempre o desprezo de alguém.

  1600. As pessoas que nos são mais próximas e íntimas são as que nos dão mais liberdade incondicional para entrarmos em suas vidas e são aquelas a quem damos maior liberdade de expressão e de espontaneidade para connosco. Contudo, ao invés de se praticar o respeito por elas, a maioria das pessoas aproveita essa liberdade para desrespeitar, falar grosso, falar do próximo e explorar todo o tipo de mal que sentem. "Não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros", Gal.5:13.

  1601. É bom alcançarmos a profundidade destas palavras: "...Quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda", Apoc.22:11. Em Daniel, achamos algo semelhante também. Vemos, através de muitos exemplos na Bíblia que todos quantos são fiéis, puros e santos são colocados sob as provações seguintes, ao contrário dos que não vencem suas provas. Jó era puro aos olhos do próprio Senhor e foi submetido ao inesperado para purificar-se ainda mais. Ele venceu. (Tenhamos em mente que vencer não é resolver um problema e sim sairmos intactos dele, seja com o problema resolvido ou não. "Permanecei em Mim...". Jó não ficou intacto após ter-lhe sido resolvido o seu problema - ele permaneceu intacto todo o tempo. Ele só saiu do problema após haver orado pelos amigos). José também foi parar nos calabouços após haver-se mantido puro. Lemos, também, em Apoc.2:8-11, sobre a Igreja de Esmirna, à qual Jesus não tinha falha a apontar: "Não temas o que hás-de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte...". Às outras Igrejas que haviam prevaricado de uma maneira ou de outra, vemos exortações ao arrependimento e a voltarem ao ponto de restauração, lá onde caíram, para começarem tudo de novo. Não vemos Jesus dizer-lhes que iriam ser provadas. As provações são privilégios para poucos. Aos fiéis é-lhes dado o aviso da próxima dificuldade, da próxima prova. Isso acontece para que os puros se tornem ainda mais puros. Você tem noção do que isto significa? Significa que, os que passam mal devido às suas quedas em pecado pensam que sofrem pela justiça e que assim continuarão (pois, não acharão paz enquanto não voltarem ao ponto onde caíram para confessarem, anulando e expondo o pecado que iniciou o seu atrito interior); os que estão limpos e vivem da paz e da vida plena de Jesus, são tentados com a ideia de que não passarão por mais tribulações por haverem sido fiéis, transparentes e competentes. Isto é, cada qual pode enganar-se à sua maneira.

  1602. Os idealistas lutam por situações ideais. Acabam frustrados porque não existem situações ideais e, mesmo que se tornem ideais, deixarão de sê-lo porque Deus fez com que tudo funcione por ciclos. "O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que já se passou", Ecl.3:15. As ceifas são sazonais, as chuvas também, tudo se renova, tudo recomeça. Até os que experimentam uma vida real em Cristo renovam-se a cada dia. Em contraste com os idealistas, todos os vencedores natos (em Cristo) conseguem aquilo que os idealistas chamam de proezas (por não desejarem envolver-se no que consideram indesejável). Isso acontece porque os vencedores natos não buscam contentamento. Eles buscam a transformação de tudo que possa entrar no céu e que possa ser transformado para o mundo vindouro. Os vencedores buscam trabalho em Cristo, feito através de Cristo, juntando com Ele para nunca espalharem nada. Sabem que seu contentamento chegará com a eternidade. O trabalho de Cristo neste mundo ainda é a transformação e a regeneração. E sabemos que não se regeneram situações ou pessoas ideais. Por isso, os vencedores buscam o que mudar tendo plena consciência do poder de Deus e plena confiança em sua aplicação prática. Consequentemente, não são idealistas - não precisam sê-lo. Os idealistas também não são vencedores porque querem herdar e não trabalhar. Logo, facilmente olham para trás por motivos óbvios: não existem situações ou pessoas ideais e não superam a ideia de que hoje possa ser um dia pior que o de ontem. Só existe uma maneira de existirem pessoas ideais: quando somos nós a tornarmo-nos os tais. As meninas buscam o par ideal para casarem quando deveriam pensar em tornarem-se o par ideal para alguém em Cristo; o empregado busca o patrão ideal e o patrão busca sempre o empregado ideal. Na verdade, está tudo trocado, pois, o patrão é que deveria torna-se ideal e o empregado é que, ao invés de buscar o patrão ideal, deveria esforçar-se para ter o coração ideal. Para os verdadeiros vencedores, cada situação má é um desafio de ânimo; para o idealista, é uma tortura. Não existem pessoas mais opostas que o idealista e o vencedor.

  1603. A depressão é uma montanha de pecados que nunca foram limpos. O stress é a luta de consciência contra esses mesmos pecados ou é uma luta do dia a dia sob o peso enorme deles. O esgotamento pode, por isso, ser um final infeliz, ou uma razão para um bom início caso nos viremos para Cristo que tudo torna novo e inocente. Quer ser inocentado? Deseja sentir-se realmente limpo? Venha a Cristo e verá. Ali termina todo o stress, toda a depressão e toda a luta de consciência, a qual é a única responsável para a depressão, stress e esgotamento. Quando Cristo diz, "vinde a Mim vós oprimidos e cansados" fala aos doentes de consciência e aos que andam sob o peso do pecado na consciência.

  1604. O desejo intenso é uma das condições para alcançarmos em oração o que Deus deseja para nós. Contudo, devemos levar em conta que o desejo também nos pode levar a criar aparências. Por exemplo: uma pessoa que deseja ser santa de todo coração pode optar pela aparência e não pela transformação real desde dentro; alguém que queira ser rico pode querer passar por rico; quem quer expressar-se bem muda o tom de voz e os modos, ao invés de aperfeiçoar o vocabulário e a sabedoria em Deus através duma entrega total a Ele; etc. Devemos saber que todo o tipo de aparência é uma forma de encobrir e mascarar defeitos. A aparência não é transparência e somente a transparência tem como eliminar eficazmente qualquer tipo de defeito, pecado ou mal. Andemos na luz, expondo tudo e optando por nunca encobrirmos nada com o intuito claro de mudarmos em Cristo.

  1605. Todo comportamento que não seja espontâneo, natural, decidido e exclusivo, não passa de fingimento e hipocrisia.

  1606. Por norma, não achamos fingidas aquelas pessoas que nos agradam ou agradariam ou como os hipócritas que são. Contudo, o fingimento é visto à luz de Deus e não daquilo que nos possa agradar.

  1607. Quando queremos andar em direcção à verdade e sentimos dificuldade ou não conseguimos (isso se não estivermos tentando andar na nossa verdade pensando que é a de Deus), é certo que os nossos passos estão embaraçados nas coisas do mundo, o que torna a nossa caminhada pela verdade muito difícil, senão impossível. Imagine que era ou é pescador e Jesus o chama para outro trabalho. Se tentar levar as redes consigo para ser útil naquilo que você considera alguma emergência futura, é óbvio que, além de ser carga incomoda e chata de levar (por muito leve que seja), os pés ficam embaraçados nos fios e nas cordas, tornando assim impossível a sua caminhada. Você tem dificuldade em confiar em certos momentos de sua vida e atira-se ao pescoço de quem tem essa confiança? Reclama? Quando quer amar o próximo como a si mesmo, sente dificuldade? Quando quer esperar (ter esperança e expectativa que não engana), fica impaciente? Quando quer falar a verdade, tem medo das reacções de alguém? Tem medos quando não podia dar-se ao luxo de sofrer deles? Fica incomodado na presença de alguém? Não está à vontade em Deus? Eu explico por que razão isso acontece: seus passos estão embaraçados nas coisas do mundo! Sendo assim, quando quer andar correctamente e estar apto em momentos cruciais de sua existência, faltam-lhe as forças e sobram-lhe os embaraços. Jesus disse que negaria quem o negasse e, quando você dá uma olhada ou uma piscadela para o mundo, é claro que está negando Jesus. Por isso, ao dar uma olhadela para a verdade e para a verdadeira vida será negado por Jesus, a menos que você abandone para sempre e antecipadamente as coisas do mundo e as expulse do seu coração.

  1608. Jesus afirmou que aquele que faz e pratica as coisas de Deus do jeito de Deus entenderá as coisas. O entendimento vem com o fazer. A pessoa não será confundida, não ficará sem entender. Cumprir é forma de entender e entender é o mesmo que não ficar confundido. "Oxalá sejam os meus caminhos dirigidos de maneira que eu observe os teus estatutos! Então não ficarei confundido, atentando para todos os teus mandamentos", Sal.119:5,6. A maneira de não entender as coisas é estudar para que os outros observem; estudar a Bíblia como religioso e não para cumprir e viver.

  1609. Não praticamos a iniquidade para vermos Deus, para o acharmos, Mat.5:8. "Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, que o buscam de todo o coração, que não praticam iniquidade, mas, andam nos caminhos dele!" Sal.119:2,3. Uma coisa está relacionada com a outra, pois Deus só é difícil de ser achado por essa razão. Buscar Deus implica abandonar todo tipo de pecado, isto é, aquilo que Deus considera pecado e não o que o homem assim considera, pois o homem considera pecado aquilo (nos outros) que o afecta a ele e Deus considera pecado aquilo (em nós) que afecta os outros. Consegue ver a diferença e viver nela?

  1610. A maioria das pessoas a quem Deus deu promessas pessoais esquecem essas promessas ao longo dos meses ou dos anos simplesmente porque não ficam esperando nessa palavra, isto é, suas vidas não se tornam dependentes dessas palavras e promessas. O mesmo acontece quando as pessoas esquecem de algum dever ou mandamento vindo de Deus: elas não se tornam activas no cumprimento daquilo que lhes foi mandado fazer e acabam por não se lembrarem do que se tratava. A negligência prática leva sempre ao esquecimento de muitas coisas. E as palavras de Deus necessitam ser uma vida em nós e não uma lembrança - muito menos um esquecimento.

  1611. Ter fé quando tudo corre bem é fácil. "Não fazem os gentios o mesmo?" Será que Deus muda e deixa de ser de confiança sempre que as coisas correm mal? Amar quem nos ama, crer quando tudo está bem, ter paciência quando fazemos o que gostamos, conversar com quem apreciamos ou admiramos, estar feliz e alegre em nosso próprio meio, viver solidário quando nada nos falta, são coisas que qualquer descrente também faz.

  1612. Muitos não chegam a ver o raiar do sol porque não suportam passar a noite. Todas as almas passam pela escuridão da noite para ver o nascer do sol, passam pelo deserto para alcançarem a terra prometida e passam pela obra para desfrutarem o descanso. Só que muitos não chegam ao inicio do dia por não suportarem a escuridão da noite. Suicidam-se com pensamentos vãos contra Deus.

  1613. Deus quer que sejamos jardins em qualquer tipo de terreno, seja em terra fértil ou no deserto. Acha isso possível? "Senhor, eu te conhecia (…) que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não plantaste", Mat.25:24. Do mesmo modo, Deus mandou que o homem dominasse qualquer animal quando nenhum homem tem força para dominar um elefante, nem voo para dominar uma ave e nem fôlego para dominar os peixes. Mas, tudo é possível e viável através de Deus – até sermos um jardim nas piores circunstancias que possamos imaginar. Basta que o nosso coração seja só d'Ele. Então, vamos temer este Deus que colhe onde não semeia e tenhamos cuidado de resplandecer onde não existe luz, de brilhar onde tudo é baço, de obter alegria que não seja falsificada onde a tristeza reina.

  1614. Jesus disse que aquilo que sufoca a palavra de Deus em nós e em nossos corações são as preocupações e tudo aquilo que nos pode desviar ou ocupar nosso coração e mente. Nem o diabo tem esse poder de sufocar a palavra em nós. Na verdade, a ilustração dos espinhos é muito bem aplicada aqui. Imagine alguém com espinhos a picarem a sua pele continuamente. Terá vontade ou disponibilidade de pensar em mais alguma coisa que não seja a sua dor, as acusações contra quem ali colocou os espinhos ou pensar em algo mais para além de remover os espinhos? Tudo o que diz e pensa gira à volta dos espinhos e da sua dor. Então, a pessoa que não muda o seu coração, objectivos e tudo que seja uma raiz para preocupações (e não falo das coisas exteriores e sim das interiores, isto é, do homem interior) será atormentada continuadamente por espinhos em sua carne. Por essa razão é que as pessoas se esquecem de muitas coisas que devem ou deveriam fazer, pois estão completamente absorvidas por suas dores. Esquecimento de muitas coisas, negligência de algumas outras (e até de coisas muito importantes), perdas de tempo infrutíferas entre outras coisas mais, são a principal consequência de um coração ocupado com as coisas do mundo. Quer ser fiel a Deus? Mude seu coração pela Luz e através de súplicas e obediências ao Espírito Santo. Mudar as circunstâncias não ajuda nada, pois, não muda o coração que é a principal causa desses espinhos.

  1615. Os espinhos são um grande problema em qualquer vida. A única maneira de evitá-los é mudarmos o coração sem perder tempo tentando mudar as circunstâncias. A providência de Deus encarrega-se de tudo aquilo que não devemos tentar mudar. A menos que as circunstâncias em questão sejam parte do Reino que devemos buscar em primeiro lugar, devemos deixar ser Deus a cumprir a Sua parte da promessa.

  1616. Viu alguma estrela que lhe guiava pelo caminho? Se a perdeu é porque começou a pensar por sua própria cabeça em relação ao caminho. Os magos, ao serem guiados para Israel, viraram-se logo em direcção a Jerusalém, a capital. Pensaram: "Israel! Vamos para Jerusalém". Pensaram por eles e deixaram de seguir a estrela que, entretanto, se perdeu porque não seguiam em direcção a Belém. Não procure, pois, em Jerusalém o que achará em Belém, senão Ramá poderá chorar os seus filhos de novo, pois, é algum Herodes quem está em Jerusalém e não Jesus.

  1617. Hoje confirmei: uma pessoa impaciente ou com mau coração nunca está certa - nem mesmo quando tem razão. Acaba sempre por errar.

  1618. Se interpretamos tão mal as pessoas com quem falamos e a quem conhecemos, imagine como a maioria das pessoas se engana a respeito de Deus a quem não conhecem e a quem mal ouvem!

  1619. Quando as pessoas não têm nada para fazer (ou acham que não têm), ficam na cama a alimentar a preguiça. Isso seria o mesmo que alguém comer veneno para encher o estômago quando não tem nada para comer.

  1620. O segredo para sermos ouvidos é não nos decidirmos por aqueles discursos que as opiniões e os desejos exigem de nós quando Deus nos mostrou algo diferente ou quando nos deu outro discurso. Quando recebemos de Deus ouvindo bem e falamos de acordo com aquilo que ouvimos, até os que recusam ouvir ou aqueles que se ofendem prestarão atenção. Essa palavra não voltará vazia.

  1621. Quando uma mulher tem dores de parto, é porque vai dar à luz. Quando um crente tem dores de parto em seu espírito, vai dar luz. Quando damos à luz muitos filhos, ficamos com dores de parto muitos anos seguidos. E se não houver aborto, as dores de parto só cessarão com nascimentos e, com toda a certeza, trarão filhos à luz e à vida.

  1622. Deus disse ao homem, "domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra". Sabemos que o homem nunca dominaria os monstros e os paquidermes e outros animais pela força. Como dominaria o homem uma ave que voa mais alto e é mais rápida que ele? Então, Deus quis que o homem dominasse através da inteligência e da sabedoria, pelo amor, pelo afecto e por tudo aquilo com que cada homem foi criado. O homem não tem força para dominar um elefante, não tem asas para dominar uma ave nos céus, não tem fôlego para dominar os peixes debaixo de água. Mas, Deus determinou que dominasse. Era uma mandamento. O único ser que, além de sábio e inteligente, é Todo-Poderoso, é Deus. Deus pode dominar pela força sem fazer algo de errado.

  1623. Quem fala muito ouve pouco; aquele que manda muito obedece pouco; quem grita muito diz pouco.

  1624. "O fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz", Tiago 3:18. Isso não significa que o fruto da justiça não seja semeado quando não há paz. Significa que será semeado sempre, mas, não em paz para aqueles que não promovem ou buscam a paz de consciência e com Deus.

  1625. Nenhuma alegria é válida, nenhuma esperança é segura, nenhum futuro é promissor quando vivemos em pecado ou longe de Deus. Antes sentíssemos as nossas misérias em tais circunstancias! "Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações. Senti as vossas misérias, pecadores, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza", Tiago 4:8-9. E se isso é verdade, também é verdade que nenhuma tristeza, nenhum desânimo, nenhuma falta de esperança é válida sempre que andamos com Deus em sua Santidade. Toda essa tristeza passará e não nos deve fazer vacilar, todo o tipo de desânimo nessas circunstâncias é falso e toda a desesperança ou desespero é uma mentira sempre que Deus está connosco tornando-nos santos. Tudo passará, até o sol e a terra. Mas, quem faz a vontade de Deus permanecerá para sempre, 1 João 2:17.

  1626. Ensina o teu próprio coração e saberás ensinar os outros. Isso é moralidade. Ensina os outros e não saberás ensinar o teu próprio coração. Isso é imoralidade.

  1627. Todo aquele que adia as coisas; ou que começa as coisas e não as termina; ou que faz uma coisa para não fazer outra; ou que não leva em conta que precisa trabalhar o hábito no seu coração não apenas de terminar o que começa mas, também, de fazer a coisa certa desistindo da errada; ou aquele que negligencia o seu dever imediato por qualquer outra razão; qualquer um desses cria e/ou enraíza a maldição de não perseverar. Perseverante apenas desiste do que é errado e não termina os erros que começou. Perseverante tem a coragem de desistir até dos sonhos porque não são de Deus. Mas, tudo de bom que começa, ele termina com fidelidade e em obediência, custe o que custar.

  1628. Muitas pessoas dizem que se sentem perdidas sem saber onde ler na Bíblia. Existem várias razões para estarem perdidas nesse aspecto. Mas, irei mencionar duas. Uma delas é que não dependem de Deus para o seu pão de cada dia. Deixam de pedir e de inquirir d'Ele sobre esse assunto. O outro é mais sério ainda: a sua vida prática está muito aquém daquilo de que sabem. Qualquer pessoa que realmente viva em Cristo e Cristo nele, isto é, se essa vida for uma realidade e não uma mera suposição, consegue viver e experimentar muito mais do que aquilo que consegue explicar. Isto significa que aqueles que sabem mais do que aquilo praticam (quando deveria ser o inverso), estão desactualizados. Sendo assim, Deus não revela mais e não guia quem quer saber onde ler. Isso seria o mesmo que incitar alguém a pecar mais do que já peca tornando-o um hipócrita melhor.

  1629. Não é bom pregar sobre a fé e defini-la a quem precisa crer. Pregue Jesus a quem não crê e não definições. Na verdade, só os que já crêem espontaneamente é que poderão obter benefícios e confirmações através das definições. Todos os demais precisam ver claramente como Deus é fiel, como Ele cumpre, etc. Definir as virtudes para quem não é virtuoso é tentar criar um hipócrita e não um crente espontâneo e puro de coração.

  1630. "Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés", Jos.1:3. Colocar o pé em algum lugar seria sinal de que aquela terra seria dada a Israel. Porquê? Isso acontece a quem é realmente guiado por Deus e levado por Ele. A providência de Deus também serve de sinal para os puros e guiados porque eles sabem que nunca iriam estar onde não deveriam estar ou pisar onde não deveriam pisar sendo guiados e instruídos por Deus de forma real. Isso nem seria possível sequer porque são guiados por Deus. Você é guiado por Deus? Então, você está onde deve estar. Ocupe-se e preocupe-se em obter um coração que é guiado, que cumpre e assumirá o lugar onde seu pé pisa.

  1631. O oposto de vida não é a morte. Segundo a verdade, o oposto de vida é o pecado. O oposto de morte é a santidade vivida e experimentada no Espírito.

  1632. É importante sabermos que só seremos fiéis a Deus na abundância em igual proporção à daqueles momentos quando não temos nada. Isto é, se naqueles momentos que nos falta tudo e mais alguma coisa, se nesses momentos ainda fazemos a obra Deus sem sequer pensar em nossas faltas (se elas não nos vêm à ideia sequer), se somos fiéis a Deus a esse ponto e especialmente nesses momentos, se lhe somos totalmente dedicados e não aparecem espinhos em nosso coração que sufocam a boa semente, se somos totalmente entregues ao Senhor e às Suas coisas sob os problemas mais difíceis e mais improváveis, certamente Lhe seremos igualmente e proporcionalmente fiéis em qualquer momento de abundância, de alegria e de destaque. O José que foi fiel e quieto na presença de Deus quando era prisioneiro permaneceu sendo o mesmo José como dono do Egipto.

  1633. Para Deus não existem coisas mais fáceis que outras - nem mais fáceis e nem mais difíceis.

  1634. Importante não é ver muitos milagres em nossa vida: importante é ver todos os milagres que Deus precisa fazer em nossa vida. Ver muitos pode não significar ver todos e, ver poucos, não significa que não vimos todos.

  1635. Pedir as coisas certas sem a confiança ou certeza de que Deus pode atender os nossos pedidos, não passa de uma lamentação sobre essas mesmas coisas. E nunca deixará de ser mais que uma lamentação por isso mesmo, pois, "Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa", Tiago 1:7.

  1636. Nós submetemo-nos a Deus ou a alguém para permanecermos submetidos e não para que nunca mais necessitemos submeter-nos.

  1637. Nenhum homem pode tornar-se virtuoso por compulsão; as virtudes são adquiridas, trabalhadas e operadas em nós. É uma obra. Você consegue construir um prédio e terminá-lo em um momento de impulso?

  1638. As pessoas, mesmo achando que o mal é mau, ainda assim tentam camuflá-lo através de sorrisos e atenção. Não será encobrindo o mal dentro de seu próprio coração que prosperará, Prov.28:13. Já tentou encobrir abelhas?

  1639. Quem sente esperança pecando tem uma falsa esperança num Cristo falsificado, a qual nunca se concretizará. Quem sabe que não existe esperança pecando está a um passo de poder refugiar-se em Cristo para sempre.

  1640. Tornar as coisas reais e ver ou assumir as coisas como reais quando são reais é o ponto final da luta para crer. Deus permite ao homem lutar com Ele apenas para que o homem possa, depois de ver a realidade que Deus lhe deu a ver, assumir o que viu como verdadeiro. A luta com Deus serve para convencer-nos e mostrar-nos e nunca para convencer Deus.

  1641. Viver aquela vida que Deus pede de nós aqui na terra, sendo humanos, deve ser a coisa mais fácil de todas, pois os fracos e incapazes são os melhores candidatos a viverem essa vida de plenitude porque ela é vivida através de Cristo e, também, porque a vida própria é uma concorrência à vida eterna dentro de nós. Ora pense comigo: quem se sente forte, não busca fortalecimento; quem acha que sabe, nunca busca conhecimento; quem se acha capaz, não busca ser ajudado; e quem acha que crê em Deus não busca confiar n'Ele. Mas, quem se sente fraco e cansado está mais apto a negar-se a si próprio. Sendo que ou vivemos a nossa própria vida ou vivemos através da Vida Eterna em nós, fica claro que os humanos mais fracos e mais frágeis tornam-se automaticamente os melhores candidatos a essa vida de plenitude. Sermos humanos não é, por isso, desculpa para não vivermos a vida de Cristo e sim razão para vivermos uma vida santa - se é que Cristo realmente vive em nós. "Ora, diga o fraco, 'Eu sou forte'".

  1642. Jesus falou do semeador que sai a semear em boa terra e deixa cair algumas sementes fora do terreno e em lugares pedregosos e ruins. Contudo, hoje temos uma outra situação: existem semeadores de falsos evangelhos que saem a semear em terrenos pedregosos, onde os pássaros consomem tudo e apenas ocasionalmente cai uma ou outra semente em boa terra - fora do seu terreno. E a boa terra não gosta de semente falsa.

  1643. Não existem balas perdidas que atingem pessoas? Quando você prega o evangelho, lembre-se que pode alcançar alguém através de uma bala perdida e que alguém que você não espera ouviu tudo que disse para arrepender-se. Leve sempre em conta as balas perdidas se você prega o evangelho de coração puro e imaculado.

  1644. Se é verdade que Deus cuida do mais profundo do nosso ser quando nascemos de novo e após isso, também é verdade que somos e seremos sempre responsáveis pela nossa parte consciente. Deus cuidará tanto do nosso subconsciente como da parte de nós que é prática e vem do coração.

  1645. Eu sei que um dia os homens me elogiarão para escaparem da intenção das minhas palavras. Sei que falarão muito bem de mim para não terem de se arranjar com Deus e para ficarem com novas ideias, mas, continuando iguais.

  1646. O único, verdadeiro e justo castigo para o pecado é a morte eterna, pois o pecado rejeita a vida eterna. Consequentemente, a penalidade tem de ser eterna para ser justa e correspondente àquilo que rejeita. Contudo, as pessoas assumem que Jesus sofreu a penalidade do pecado morrendo na cruz. Isso não corresponde à verdade. Jesus sofreu aquilo que era necessário para cumprir a Lei e substituir aquilo que a lei exigia como oferenda do pecado e não como castigo de pecado. A Lei exigia aquilo que os humanos achariam ser a penalidade para o pecado. Por essa razão é que a Lei de Moisés ainda deixava muito a desejar. O que Jesus fez foi o suficiente para tirar qualquer um do seu pecado e não recebeu a penalidade eterna do pecado sobre Ele. Para Jesus pagar pelo pecado teria de morrer eternamente, pois essa seria a penalidade justa. E Jesus só passou três dias no inferno, mas, por outros motivos e nunca para sofrer a penalidade correspondente do pecado. Jesus não paga pelo pecado e antes salva do pecado cumprindo a Lei. Tudo que Ele fez e ainda faz tem como alvo claro e evidente salvar os homens dos seus pecados. Seu sangue limpa-nos. Seu sangue não significa apenas perdão, mas, garante a limpeza de coração, isto é, Seu sangue é a pureza dele. Por isso é que lemos que Seu sangue nos purifica e nos lava. Essa limpeza de coração é que garante o perdão, Prov.28:13.

  1647. Quando um vizinho rouba o outro, todos os vizinhos falam da anormalidade. Mas, ninguém fala quando não há vizinhos que roubem vizinhos, pois, é coisa normal. Quando as pessoas são más, todos falam das suas maldades. Sempre que alguém é bom, ninguém fala por se tratar de uma normalidade e de um comportamento normalíssimo, esperado e 'usual'. Até a nossa natureza atesta que ser bom é ser normal ou que, ser normal, é ser santo.

  1648. "Também, por amor de vós (...) a vossa vide no campo não lançará o seu fruto antes do tempo, diz o Senhor dos exércitos", Mal.3:11. Você pede as coisas de amanhã para hoje? Sabia que isso seria o mesmo que pedir a Deus uma maldição? Você é impaciente? Contudo, há que distinguir entre não receber agora por ter algo em sua vida que incomoda Deus; e não ser o tempo adequado para os frutos que espera. Cada tipo de fruto tem sua época própria. Caso você não tenha fruto, averigúe se está fora de época ou dentro de época e logo saberá porque razões ainda não deu fruto.

  1649. A fé de muitos é um engano. Deixem-me explicar. Para muitos, fé é crer - simplesmente crer. E a verdadeira fé é realmente crer dessa maneira simples e espontânea. Contudo, fé é uma certeza do certo, uma certeza do que Deus já falou e uma certeza daquilo que Ele anseia e deseja para nós. Fé não é apenas certeza - é a certeza na/da coisa certa. Ter a certeza nunca fez pessoas estarem certas. Estarem certas é que faz as pessoas terem certeza certa, isto é, fá-las ter fé. "Ora, a fé é a certeza das coisas que não se vêem", Heb.11:1. Fé é conseguir crer na verdade - não é conseguir crer. "Aquele que pode crer..." Marc.9:23.

  1650. Tenha cuidado quando espera de coração que Jesus chegue para intervir em sua vida. Os Judeus estavam oprimidos e esperavam o Cristo. Contudo, existe um problema: sempre que Cristo vem até nós, não é para resolver os nossos problemas e sim o coração que temos. Raramente resolve os problemas. Os Israelitas esperavam um Cristo que os retirasse da opressão como havia sido feito no tempo de Moisés. Deram-se mal, pois, ele veio tirá-los do pecado que amavam e através do qual lutavam usando a força da carne, do ódio, da vingança e dos votos pessoais pressionados por interesses próprios. Cristo, ao removê-los disso, retirava deles toda a sua força e toda a existência pecadora, isto é, salvava-os da única forma de vida que conheciam e na qual depositaram todas as esperanças de uma vida. "...E de repente virá aquele a quem desejais. Mas, quem suportará o dia da sua vinda? (...) Assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos e os refinará como ouro e como prata (...) E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam, contra os que não me temem..." Mal.3:1-5. Você anseia por Cristo em sua vida também? O que espera d'Ele? Que espera que ele venha fazer, do que espera ser liberto? Tenha cuidado para não ser desapontado com Sua vinda, especialmente se ela for real. Ele veio salvá-lo dos seus pecados e não dos problemas que enfrenta actualmente. "Por que razão, quando Eu vim, ninguém apareceu? Quando chamei, não houve quem respondesse?", Is.50:2. Muitos não querem mudar, só querem alguém poderoso o suficiente para resolver todos os seus problemas e, de preferência, por milagre. Não se desaponte quando Ele começar a fazer toda a Sua obra e, também, não fique com ideias erradas caso a obra d'Ele tiver de ser feita longe de alguns de seus problemas, pois poderá ficar a pensar que Ele realmente vem tirar dos problemas apenas porque a vontade d'Ele tem outros instrumentos que não os seus problemas actuais (os quais Ele resolve). O mesmo princípio deve ser tido em conta sempre que nos tornamos santos, isto é, não nos tornamos pacientes para Deus nos tirar dos problemas, não nos tornamos caridosos para sermos ajudados, etc. As virtudes são o ponto de destino e não o caminho ou os meios. Não servem como moeda de troca. Muitas vezes, pensamos nos fins como se eles fossem os meios. O que são os meios em sua vida e o que são os fins? Você trocou a ordem das coisas levado, também, por interesses pessoais que não levam os valores eternos em conta? Sempre que a ordem das coisas estiver correcta, você terá mais ânimo e mais alegria enfrentando qualquer tipo de problema. Ora, experimente e verá! Mas, faça-o de coração e limpo porque, senão, até nisso se desapontará!

  1651. A diferença entre a idolatria e a verdade é que na idolatria a pessoa cria o seu próprio deus, aquele que lhe convém criar. Pela verdade sabemos que a criatura foi criada à semelhança de Deus, isto é, criada conforme convém ao Criador. Ora, vejamos a diferença entre o que foi criado por ambos. Deus fez uma criatura viva e o homem criou um deus morto, o qual não se mexe. O deus da criatura é mudo, surdo e, se for humano, insensível, desviado e morto. Contudo, a pessoa persiste em crer em tal deus porque esse deus está de acordo com a sua forma de pensar. Isso significa que a idolatria cresce, nasce e mantém-se apenas através da teimosia. Toda a forma de idolatria nasce do coração do homem, o qual tem uma habilidade extrema de criar deuses que lhe convem. Já a criatura de Deus não é muda, não é surda e conversa com seu Criador que também não é surdo ou mudo.

  1652. Quando a água está suja, não sabemos quais as coisas que a sujam. Existe uma mistura de tantas coisas que distinguir entre elas torna-se difícil. Com as pessoas sujas acontece o mesmo. É difícil destacar um pecado que a suja ou responsabilizar um pecado específico pelo comportamento global de alguém. O comportamento é e será sempre uma mistura de coisas, isto é, o comportamento de um coração sadio será sempre uma mistura de virtudes onde uma dificilmente se destaca; e dificilmente se poderá apontar para um pecado específico como o principal culpado pela forma de vida e pelo comportamento global de alguém que aprendeu a orientar-se através dum coração impuro. Por essa razão é que o pecado deve sempre ser abandonado na sua totalidade.

  1653. Ser reinado não é o mesmo que ser dominado. Demónios é que dominam e possuem pessoas. Ter um Rei em nós significa ser guiado mansamente, ainda que solenemente. O homem duro não reconhece tal mansidão como caminho. Para o homem, tudo tem de ser feito na base da dureza e da tirania. Contudo, o Rei com o qual nos comprometemos eternamente, se estivermos limpos de coração, é suave e sua voz é suave e meiga. É o coração do homem que é duro e essa dureza espera ser guiada rudemente. O homem dificilmente reconhece outra forma de ser guiado. É por isso que devemos tornar-nos ovelhas. "Não sejas como a mula...", Sal.32:9. Deus não usa meios rudes para guiar o homem rude. É o homem quem precisa mudar e não Deus. O homem necessita tornar-se manso para conseguir entender que está sendo guiado mansamente para águas tranquilas e tranquilizadoras, (Sal.23:2). Ter um Mestre não é o mesmo que ser dominado. Ter um Mestre é ter Alguém que me conhece melhor que eu próprio, Alguém que me é mais chegado que um amigo, Alguém que sonda e esquadrinha o mais profundo de todo meu ser e satisfaz aqueles anseios com os quais fui criado originalmente e a quem terei de responder pela minha vida e corresponder com ela também.

  1654. Existe uma vida que salva humanos, tal qual existe outro tipo de vida que se esforça para ser divina sem conseguir sê-lo de verdade. Uma é celestial e a outra é terrena. A vida de Deus nos salvos expressa-se como a própria vida de Deus, não como uma vida humana que se esforça para ser divina. A vida que se esforça para ser divina é falsa. Contudo, essa vida falsa acredita que a outra é a falsa, pois faz as mesmas coisas através da aparência e de outro tipo de essência ou poder. Jesus veio até nós como alguém sem qualquer aparência e sem nada n'Ele que nos fizesse desejá-Lo, Is.53. Contudo, não deixou de ser santo por isso. E isso só pode significar uma coisa: Ele ainda é assim e ainda faz o mesmo. "O reino de Deus não vem com aparência exterior, nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! Pois, o reino de Deus está dentro de vós", Luc.17:20,21. Aquela pessoa que tem uma vida terrena, a qual esforça-se para ser divina, também terá um coração entregue aos sonhos daquelas coisas que não se realizam e as quais gostaria que se realizassem sem ter de mudar ou de mudar de vida interior. Deus não é devedor a quem não muda e Suas promessas nunca se cumprirão com os tais. Se você tem uma vida terrena que se esforça para ser divina, lembre-se que precisa mudar duas coisas: o sonhar de olhos acordados e trocar a sua essência, a sua vida terrena, pela celestial.

  1655. "Não há quem invoque a justiça com rectidão, nem há quem pleiteie com verdade", Is.59:4. É possível invocar justiça sem ser através de rectidão, tal como é possível defender uma causa importante sem ser pela verdade no coração. É isso que lemos neste versículo. Seu coração é recto e verdadeiro ou pleiteia pelas causas próprias? Existem pessoas que pleiteiam honestamente as causas do egoísmo, como há aquelas que pleiteiam as causas de Deus mentirosamente, isto é, sem que todo o seu coração esteja realmente envolvido na causa que pleiteiam. Fazem por fora aquilo que o coração não faz por dentro. Quando pleiteiam causas próprias sem isenção, por norma, confiam em mentiras e no vento como se fossem realmente causas fortes e justas. Nunca se deixe enredar em tais caminhos da mente. "...Confiam na vaidade e falam mentiras; concebem o mal e dão à luz a iniquidade (...) As suas teias não prestam para vestidos...", Is.59:4,6. Tais pessoas experimentam vários problemas. Leiamos: 1. "O caminho da paz não conhecem". Isto significa que estão constantemente em guerra interior que facilmente se exterioriza. 2."Fizeram para si veredas tortas". Era de esperar que isto acontecesse, pois ninguém pratica a justiça sendo injusto. Logo, para aparentarem justiça precisam adaptar seus caminhos. Existem mais consequências lógicas de não praticarmos justiça com rectidão. Este capítulo de Isaías fala em muitos deles. E é óbvio que as pessoas irão tentar fabricar uma paz onde ela não tem como existir, ou tentar aparentar que são rectos sendo tortos. Isso acontece apenas porque se recusam mudar de verdade a partir do homem interior.

  1656. Deus não respeita o mau-humor. Por norma, o 'respeito' e a consideração é uma das maiores exigências de todo tipo de pessoa entregue ao mau-humor. Comprove isso e verá que é realmente assim. Exigem ser respeitados. Contudo, quando o humor muda para o lado do mal, Deus não muda por isso e continua trabalhando sem deixar em paz quem o tem, pois, Ele assume que o mau-humor não deveria existir sequer! O mau-humor firma-se sobre o direito que pensa ter de continuar a ser mau. O outro lado do mau humor é não ser capaz de reconhecer que está errado. A auto-justificação é onde se firma e a cegueira é a consequência. Deus não tem tempo para conversar com tal atitude e assume que ela deve ser prontamente expulsa a pontapé de nosso coração e que somos nós próprios quem deve fazê-lo sem qualquer tipo de hesitação ou demora. Leve todas estas verdades em conta sempre que estiver de mau humor. Certifique-se que coopera com Deus para alcançar todas as atitudes e virtudes celestiais no mais curto espaço de tempo possível.

  1657. Muitos assumem que uma coisa difícil deve ser feita através da graça de Deus enquanto que as fáceis podemos realizá-las sozinhos. Na verdade, o segredo é fazer tudo através da graça, seja fácil ou difícil. A chave de tudo e o mandamento principal do evangelho é que as coisas se processem cá na terra da mesma maneira que se processam no céu: pela graça. Você necessita ter em conta que sempre que alguém manifesta aquela atitude de que precisa orar muito ou lutar muito quando algo parece ser uma dificuldade enorme, logo assumirá que aquilo que considera fácil poderá ser desprezado ou que deverá ser feito através do braço da carne. Não existe melhor maneira de manter a carne viva do que fazer qualquer coisa através da força, dos motivos, da maneira da carne e com a sua intuição. O objectivo de Deus é que vivamos somente pela graça, usando todos os seus recursos seja sob que circunstâncias for. "Aqui na terra como no céu", isto é, do mesmo jeito. É muito importante aquilo que fazemos, mas, é muito mais importante como o fazemos e através de que poder. Por isso, deve saber que todo aquele que se aplica muito para achar graça sob circunstâncias difíceis terá de resolver um problema sério sempre que as coisas se tornam fáceis e simples, pois, negam Deus e seu poder quando tudo está bem, tornando-se, assim, presas fáceis para Satanás. Recuse alimentar a carne e não a deixe sobreviver. "...Derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo", 2Cor.10:5.

  1658. Muitos questionam aquilo que ouvem, ficando na dúvida se vem de Deus, do diabo ou da carne. A única maneira de resolver esse problema é entrarem no santuário e aproximarem-se muito bem de Deus e isso de forma real. Será ali onde nos aperceberemos se foi Deus quem falou ou não. Fora do Santuário seria como imaginar os lábios de alguém mexendo e pronunciando certas palavras e estar dentro seria como reconhecer a voz de quem fala olhando para Ele e vendo. Jesus disse que quem é ovelha ouve a Sua voz. Logo, não tentando discernir entre vozes que se chega lá - é tornando-se ovelha.

  1659. Nós somente podemos ser salvos de algo ou de algum lugar onde já nos encontramos. Não podemos ser salvos do inferno porque ainda não estamos no inferno. As únicas pessoas que se poderiam salvar do inferno são aquelas que já se encontram lá. Eu não posso ser salvo de afogamento se estou em terra ou longe da água. Por isso, salvação não é sermos salvos do inferno. Não pode ser. E não vemos na Bíblia qualquer referência a sermos salvos do inferno. Vemos, isso sim, que Jesus nos salva do pecado e de nós próprios. "Chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados", Mat.1.21. "Livraste (salvaste) a minha alma da corrupção".

  1660. Quando somos conhecedores da verdade e não estamos bem com Deus, as promessas de Deus até nos podem parecer reais. Contudo, são miragens de água para quem está com alucinações devido ao desejo de beber em terra seca e quente. "Será, também, como o faminto que sonha que está comendo, mas, acordado, sente-se vazio; ou, como o sedento que sonha que está a beber, mas, acordando, acha-se desfalecido e ainda com sede", Is.29:8. Um sedento no deserto também tem a certeza que a miragem é água. Mas, a sua certeza não resolve nada e ainda contribui para a sua morte prematura e para o aumento do seu engano. As promessas de Deus ou ajudam a matar ou dão vida, viram miragens enganadoras ou tornam-se essência de vida nos corações. A tendência dos que se apercebem que as promessas se tornaram miragens é para desprezar, mais tarde, as promessas que Deus selou para os puros. Devemos saber que as promessas cumprem-se com todos aqueles que cumprem as condições e os requisitos eternamente estabelecidos por Deus, os quais são e serão sempre inegociáveis. Você é puro de coração? Anda com Deus? Tem sido fiel em todas as coisas e todo o seu dia-a-dia é feito através de Deus? Você junta com Ele ou espalha? Lembre-se que, se qualquer promessa de Deus ainda é uma miragem para si, só existe um culpado: você. Não se descarte das promessas de Deus assim tão facilmente se estiver sujo e descrente. "Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações", Tiago 4:8. É preferível limpar-se do que descartar-se das promessas para poder viver a sua própria vida do seu jeito. E se você estiver puro e tiver o testemunho de Deus vivo dentro de si em relação a qualquer assunto e esse testemunho não é somente do próprio para o próprio, não tema crer nas mesmas coisas que os impuros crêem caso sejam promessas feitas por Deus. Com os infiéis as promessas não funcionam, mas, não se pode afirmar a mesma coisa em relação aos fiéis e em relação às mesmas promessas de Deus para os tais. E se falamos das promessas de Deus, também afirmamos os mesmos princípios em relação à eleição e outras coisas igualmente importantes para quem vive de Deus. "E a miragem tornar-se-á em lago", Is.35:7. "Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição", 2Ped.1:10.

  1661. Cuidado quando é o diabo ou a intuição carnal quem promete as coisas de Deus. Isso acarreta dois tipos de perigo: podemos assumir uma promessa que Deus não fez e ela não se cumpre; e, caso algo não se cumpra que achamos ter vindo de Deus, assim que Deus falar iremos duvidar devido à(s) experiência(s) anteriormente falhada(s). Deus poderá prometer ou cumprir aquilo que a carne também promete a ela própria em nome de Deus assim que a carne deixar de servir no templo de Deus. Nunca podemos confiar no braço da carne, nem mesmo quando tenta fazer tudo certinho. A carne gosta de poder trabalhar no templo de Deus.

  1662. O homem foi a criatura criada segundo a imagem de Deus. Contudo, hoje é a criatura que menos se assemelha a Deus e a única no universo que não glorifica o seu Criador. Até muitos animais revelam mais de Deus que a criatura que foi criada segundo a imagem d'Ele. Coloque a sua esposa dentro do porta-mala do seu carro juntamente com o seu cachorro. Quem acha que vai gritar para sair e quem vai suplicar para sair? Depois de uma hora abra a mala. Qual dos dois manifestará alegria em vê-lo e quem estará irritado consigo? Só por aí vemos qual dos dois demonstra mais da imagem de Deus.

  1663. Uma das razões porque não devemos julgar o nosso próximo é porque existem coisas que não entendemos bem e outras que não são erradas para o nosso próximo, mas, são-no para nós. Por essa razão, a maior luta de quem se quer acertar com Deus é conseguir sair da sua linha doutrinária sem entrar no erro e, muitas vezes, entrar naquilo que achava errado estando certo. Que Deus nos conceda a visão daquela porta por onde podemos escapar de nós próprios!

  1664. "Não andando com astúcia..." 2 Cor.4:2. Isso significa simplesmente não andar de forma planeada, dissimulada, simulada ou através das aparências que sempre escondem as evidências e que querem impor sempre aos outros a opinião própria para facilitar o esconder daquilo que não queremos revelar e deixar nas trevas.

  1665. Os pecados como o ciúme, a inveja, a má-língua, o fingimento e, em certa medida, a amargura, são hábitos e não raízes. São hábitos do corpo da morte. Depois que esse corpo da morte seja desfeito (ou mesmo antes) você precisa recorrer a uma disciplina cerrada, obediente e perseverante para eliminar tudo que ainda é hábito. Não se esqueça disso sempre que assumir que já conhece a Jesus, pois, pode vir a facilitar e deixar seus hábitos de coração sobreviverem só porque já 'conhece' Jesus - ou acha que o conhece. Certamente que voltará a morrer, isto é, o corpo da morte voltará a ressuscitar.

  1666. Assim que obedecermos, entendemos!

  1667. Como não posso enxergar as coisas por longos períodos, então, enxergo-as nitidamente. Que sejam nítidas e claras para si também. Aproxime-se mais e nunca as esquecerá. Não é pensando muito que resolverá seus problemas difíceis e sim sendo simples e sintético sobre eles. Aproxime-se da solução e veja-a nitidamente. Depois, seja obediente à visão até ao fim.

  1668. É preferível eu viver pensando que não estou bem e ter minha vida em ordem, do que pensar que estou bem quando minha vida está desordenada diante de Deus.

  1669. Existem os que vigiam por causa da chegada de Jesus. Contudo, Jesus pede a algumas pessoas que já passaram essa fase para vigiarem com Ele e não por Ele. Você já vigia com Jesus?

  1670. Quando alguém quer os benefícios que Deus dá sem conhecê-Lo verdadeiramente, é óbvio que seria como colher frutos em um pomar sem o conhecimento do dono. Isso seria semelhante a roubo.

  1671. Entender uma criança quando ela tem medo do escuro, é fácil. Mas, como entender um adulto que foge da luz e que prefere viver escondido? "Andai na luz", isto é, sejamos transparentes.

  1672. Deus só confia naqueles que têm o hábito de coração de dependerem só d'Ele e serem fiéis (e não para poderem ser infiéis sem serem castigados). Deus confia em uma obra que Ele faz, começa e termina. Não se pode concluir na carne o que se começou no Espírito e não se pode concluir no Espírito aquilo que começou na carne.

  1673. A guerra de Deus não é contra as pessoas maldosas e sim contra o coração dentro das pessoas. Quem se agarrar a esse mal que Deus destruirá com toda a certeza, será juntamente destruído e quem deixa o mal ser destruído abstendo-se dele seguramente que será salvo. "E virá um Redentor aos que se desviarem da transgressão", Is.59:20.

  1674. Ajudar é fazer aquilo que as pessoas não conseguem fazer e não aquilo que não querem fazer.

  1675. Um coração enganoso é a consequência mais óbvia de um afastamento de Deus. A nossa independência de Deus traz consequências desastrosas a todo o nosso ser, as quais ninguém poderá evitar e, por vezes, são consequências que ninguém consegue calcular ou imaginar de tão desastrosas que se tornam.

  1676. Todos os salvos saem do Egipto. Você saiu das novelas, das mentiras, das ilusões e de todo tipo de pecado? Ou ainda critica Deus, culpando-O por causa de seus pecados? Só quem abandonou todo o Egipto pode considerar-se salvo e liberto da escravatura.

  1677. "Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto; e com duas cobria os pés e com duas voava", Is.6:2. É interessante ver como estes serafins voavam de rosto tapado (sem poderem ver) e, ainda assim, não saírem do curso deles. Só mostra que eles eram guiados pelo Espírito Santo, através do qual serviam. Você não gostaria de ser guiado dessa maneira, seja de olhos fechados ou abertos?

  1678. Culpar um culpado nunca será o mesmo que salvar esse culpado e, para salvar qualquer culpado, não se pode ignorar nem a culpa e nem a honra de Deus. Um bom médico nunca ignora a doença do paciente e somente através dum bom diagnóstico tem como dar o golpe final - não ao paciente, mas, à doença.

  1679. as fábulas têm um fim. Todas as histórias de fantasia que se contam é que têm um fim. A minha história não é de fantasia e ela não terá fim. Viverei eternamente com meu Senhor.

  1680. Sabia que buscar e achar a sabedoria de Deus aplica uma sentença de morte ao orgulho e à soberba do homem? "A sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia", Tiago 3:17. Muitos dizem que ser pobre é ser humilde. Com isso afirmam, ainda que indirectamente, que os ricos são orgulhosos. Na verdade, não vemos a Bíblia dizer que os pobres são humildes de coração e nem que os ricos como Jó, Abraão ou Davi eram orgulhosos. Você já alguma vez pensou tornar-se verdadeiramente humilde de coração, seja rico ou pobre? Ache, viva e experimente a sabedoria de Deus e verá quais as consequências! Ser humilde não é nada mais que ser você próprio totalmente transparente vivendo a vida de Deus em toda a sua plenitude. Aprenda a ser transparente e aprenderá a ser humilde.

  1681. Um amigo chamou minha atenção para o seguinte: se a higiene e o lavar das mãos provocou uma revolução nos círculos da medicina e nos hospitais, se o simples lavar das mãos previne milhares de contágios em hospitais, o que não acontecerá quando se lava e se purifica o coração? Quantas almas deixarão de ser contaminadas?

  1682. Qualquer coisa que o homem deseja será sempre considerada boa porque ele a deseja. Consequentemente, qualquer tipo de bênção parecerá coisa ruim sempre que não vá ao encontro das vontades do homem.

  1683. As coisas só se tornam importantes em seu dia próprio. Fora dele não são importantes e nem são dever, ainda que sintamos de outra maneira. Contudo, devemos manter a visão global de tudo de forma a assistir naquela obra que pertence ao dia de hoje.

  1684. as tuas palavras ao mudo, as tuas pernas ao coxo, os teus olhos ao cego, o teu dinheiro a quem precisa, o teu amor a todos. Não queiras receber nada em troca: não emprestes as tuas palavras esperando louvor em troca, nem os teus olhos, nem as tuas pernas e nem emprestes o teu sono. Dá-te de todo e dá tudo de tudo, pois as tuas palavras diziam que te entregaste de todo a Jesus. Não te entregaste para ti mesmo e nem para teu benefício. Ou foi?

  1685. A minha vida é uma gestão de promessas em cooperação com Deus.

  1686. Qualquer pessoa fica mais rica dando aos mansos do que recebendo dos soberbos.

  1687. Sempre que uma pessoa da família se entrega à cobiça, começam as brigas dentro de casa. "O que se dá à cobiça perturba a sua própria casa", Prov.15:27. Isso acontece porque tal pessoa pode preferir poupar que comprar comida; pode preferir roubar o dinheiro de Deus, pois a corda quebra sempre pelo elo mais fraco; vai estar sempre a mandar na vida dos restantes familiares, querendo dominá-las devido ao excesso de zelo da cobiça e do amor pelo dinheiro. E, quando tudo isso acontece, essas atitudes servirão de formação para os filhos e para os descendentes mais directos, pois os filhos são, em grande parte, um reflexo e uma consequência directa do viver dos próprios pais. Se isso já estiver acontecendo consigo, não acha que já é altura de perguntar se seu zelo pecaminoso compensa e se vale a pena viver assim?

  1688. Tenho a certeza que terei mais esperança e mais expectativa na hora da morte que qualquer homem ou mulher sem Deus no início de suas vidas. No meu fim de vida terei muitas mais expectativas que se cumprirão. As pessoas não entram em um avião para viajar para lugares bonitos? Então, meu caixão será como entrar em um avião que me leva para o céu. Você está preparado para embarcar? Pode embarcar hoje?

  1689. A pessoa que esconde, ignora, negligencia ou enterra aquilo que Deus lhe confiou, cria um cemitério em seu coração. Logo, será condenado pelo cheiro de morte que sai de dentro dele e pelo qual é responsável.

  1690. A ideia de que "a oração muda as coisas" não é tão verdadeira quanto a de que a oração transforma-me e eu mudo as coisas. Mas, nenhuma das duas está completamente correcta. É verdade que Deus nos transforma sempre que nos aproximamos d'Ele em oração. A transformação é uma consequência directa da aproximação a Deus. Contudo, nós aproximamo-nos de Deus por causa das coisas e essas coisas serão transformadas por Deus em nós e por nós em Deus porque fomos transformados. E quando nos aproximamos de Deus por causa de Deus, a transformação que ocorre em nós será mais profunda, mais pura e mais adequada a pessoas santas - ainda que não seja mais acelerada.

  1691. A pessoa que menos aceita conselhos é aquela que tem referências no passado as quais já não experimenta em sua vida actual. Quando a vida de alguém está desactualizada, as referências incitam-na a pensar que sabe tudo, que sabe fazer melhor que todos e que já aprendeu tudo o que havia para aprender. Tenha muito cuidado sobre aquilo que pensa e assume sobre si próprio sempre que as lembranças das experiências passadas se tornam um consolo. E Jesus avisou-nos daquela luz que facilmente se torna trevas em nós. E quão grandes serão essas trevas! Mat.6:23.

  1692. Se alguma coisa lhe tira a paz de Deus, de duas uma: ou você tem algum pecado que não colocou na luz; ou o seu relacionamento com Jesus é falsificado, forçado ou forjado. Você gostaria de estar na companhia de alguém que se sentisse forçado a estar ali, perto de si? Essa companhia seria um gozo para si? Gostaria de estar perto de alguém cujo coração estivesse a milhas dali?

  1693. O pior inimigo do amor são aquelas preferências naturais do homem, porque é isso que o homem considera amor. O pior inimigo da sinceridade é a aparência porque a aparência faz a pessoa parecer aquilo que não é. O pior inimigo de falar correctamente é a eloquência. E assim poderíamos achar mais inimigos de muitas outras virtudes: as suas aparências.

  1694. Jesus nunca nos pediu para o aceitarmos da maneira que somos convidados a 'aceitá-lo' nas igrejas atuais. Essa doutrina não pode ser Bíblica porque Jesus pediu para nos rendermos e para rendermos toda a nossa vontade e ser para sempre a Ele. As doutrinas actuais de "aceitar Jesus" que estão na moda impedem que isso aconteça. Não tenho o mínimo respeito por tais doutrinas, pois impedem a vida em seres já de si mortos barrando a porta de entrada aos que desejam entrar.

  1695. Eu não posso ter como alvo fazer muitas coisas se não conseguir que meu alvo seja somente fazer muito bem cada coisa que pertence ao dia que vivo hoje. A disciplina e a entrega de hoje ao que pertence ao agora são os alicerces de amanhã. A eternidade exige de nós que façamos cada coisa em seu dia em vez de tentarmos fazer muitas coisas ao mesmo tempo - ainda que sejam importantes.

  1696. Deus me vestirá de um manto de justiça, tal qual Jacó fez aquela capa para seu filho, José. Serei justo e terei roupa de justo. Deus fará melhor comigo do que aquilo que Jacó fez com José e o meu manto será ainda mais bonito. Será um sinal de que Deus me ama como aconteceu entre Jacó e José.

  1697. A benignidade é buscar o bem e, também, não aceitar o mal. Não pense que passar a mão pela cabeça do mal é ser benigno, pois, isso é ser maligno. A cumplicidade com o mal nunca será considerada como algo bom. Existe câncer maligno. Mas, a benignidade é um câncer do bem contra o mal. Não pense que o mal sentirá felicidade sendo destruído e que aprovará a sua própria morte. Ninguém coopera com a própria morte. No entanto, se você achar-se mau, coopere e dirija-se de livre vontade para o Calvário como Jesus o fez, ainda que Ele não era mau, mas, fê-lo por sua causa. Se você tiver, dentro de si, um câncer contra o mal, lembre-se que isso é o que Jesus disse ser a tal semente que ninguém pode destruir. É essa semente que nos preserva. "Aquele que é nascido de Deus não peca; a semente de Deus permanece nele e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus", 1 João 3:9. Essa semente é um câncer para o mal - é a semente da benignidade.

  1698. Se, por alguma razão, eu perdesse toda a obra que fiz para Deus durante estes meus curtos anos que vivi até agora, seria pior para mim que perder um filho. Iria sentir-me como Jó se sentiu quando o diabo levou tudo o que tinha. Que Deus me livre de tal coisa!

  1699. "...Os que se deleitam nas perversidades dos maus", Prov.2:14. Já se perguntou se ver os romances e os filmes do mundo é mau? É óbvio que perdermos o nosso precioso tempo com tais bestialidades é mau, pois, até aqueles que não fazem o mal aproveitam para se deleitarem no mal que vêem fazer nos filmes. Paulo fala nos que "aprovam (acham prazer) naqueles que praticam o mal", Rom.1:32.

  1700. Se a Bíblia fala na "prosperidade dos loucos", é porque os loucos podem ser prósperos e abastados. Isso só pode significar que a prosperidade nunca pode servir de prova de que Deus está connosco como a falta dela nunca significou que Deus não estava com Jó.

  1701. Se eu tiver uma dívida em algum banco a qual não paguei, seria absurdo ir pedir mais um empréstimo, pois, sei que nenhum banco emprestaria a quem já lhes deve. Se você deve a Deus e não Lhe dá o que Lhe pertence por direito, se não devolve às pessoas aquilo que lhes pertence, como pode persistir pedindo aquelas coisas importantes a Deus crendo que as irá receber? O que é que você deve a Deus? A sua vida? Quem deve a Deus deveria temer, pois, só quem não deve nada a ninguém é que não teme.

  1702. A cobiça tira a vida daqueles que a possuem. Escolha entre a vida e a cobiça, entre a vida e o desarranjo espiritual. Existe a dor física que tentamos resolver de imediato, embora a dor possa ser um sinal de algo mais sério. Também e da mesma forma, existe o desarranjo espiritual quando tragamos o pecado. O pior é que a maioria das pessoas que têm desarranjos espirituais continuam a comer daquilo que lhes faz mal, enquanto que, num desarranjo intestinal, as pessoas procuram saber o que lhes causou tal desconforto e tal mal. Quando o seu coração se sente mal, quando se sente indignado, quando se sente impaciente, porque razão você não afirma que comeu a comida do diabo como faz quando está mal dos intestinos?

  1703. "Filho meu, se os pecadores te quiserem seduzir, não consintas", Prov.1:10. Existem muitas formas de sedução. Existe aquela sedução directa, a qual é colocada diante dos nossos olhos sem palavras mansas e existem formas de sedução menos óbvias e mais indirectas. Quando uma acção de alguém o incita a errar, isso também pode ser considerado como uma forma de sedução. Por exemplo, alguém pode tratar mal seu filho ou roubá-lo e você reage de forma pecaminosa por causa disso. A intenção do diabo não era maltratar seu filho e sim desviar o pai ou a mãe do caminho. Tenha em mente que existem muitas formas de sedução para se desviar para o erro e contra os quais devemos estar atentos. "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo (...) porque não ignoramos as suas maquinações", Ef.6:11, 2Cor.2:11.

  1704. Quanto mais fundo é o poço tanto mais limpa será a água à superfície. Quanto mais você se aprofundar em Deus, mais limpa estará a sua vida. Não tente mudar a nível de aparências sendo que pode mudar de verdade sendo verdadeiramente transformado a partir do lado de dentro. "Anda comigo e sê perfeito". Isto significa que o segredo consiste em andar com Deus. A perfeição seguirá naturalmente.

  1705. Nunca tema recusar adiantar os tempos que Deus determinou para certas ocasiões específicas, pois, todo aquele que recusa o adiantamento dos tempos facilmente recusará os seus adiamentos. Recusando adiantar as coisas não é adiá-las - é colocá-las no lugar certo dentro do esquema e do tempo de Deus. Contudo, querendo adiantar os tempos de Deus, atrasá-los-emos porque, enquanto a pessoa está ocupada tentando adiantá-los, não se ocupa com o dia de hoje e nem com aquilo que a prepara para receber os amanhãs como coisas naturais e muito esperadas para o seu dia certo. Então, temos esta lei com dois lados: quem recusa adiantar o relógio pontual de Deus, certamente recusará atrasá-lo também. E quem tenta adiantar, atrasa, pois, o dia de amanhã depende inteiramente da perfeição daquilo que se fez hoje!

  1706. Musica são sons organizados; filosofia são pensamentos organizados e cooperantes; a ciência é um conjunto de sabedoria organizada; a melodia é a beleza organizada. Santidade é um ser organizado. Organize-se!

  1707. Por norma e pela lei da espiritualidade, toda aquela pessoa que entende certas coisas, de certa forma, já as pratica. É uma lei da criação. Por essa razão é que Jesus disse que, "todo aquele que pratica, saberá (entenderá)"; não disse que todo aquele que entende, fará. Se você entende o pecado é porque pratica o pecado. Se deixar de o praticar certamente também deixará de o entender. O mesmo princípio pode ser aplicado à santidade, à sabedoria ou a qualquer outra forma de vida, seja oração, linguagem, idioma ou outro. Se você entende o inglês é porque já o pratica ou, então, não o entenderia. Ganhe ânimo se já entende a santidade. Procure vivê-la e entenderá melhor os caminhos de Deus. Tenha em mente que só entenderá aquilo que pratica. Por essa razão é que, muitas vezes, as pessoas hesitam em lançar-se para a santidade ou para Jesus, pois não entendem porque ainda não praticaram. E é difícil entregarmo-nos a qualquer coisa que não entendemos. Parecerá arriscado demais. Mas, haja fé! Haja quem pratique as coisas certas da maneira certa sem entendê-las, pois, isso significa que haverá mais pessoas sábias ou, então, pessoas mais sábias depois de se aventurarem na solidez da obediência. Por isso é que o temor do Senhor é o princípio da verdadeira sabedoria, pois, as pessoas, ao temerem, praticam e, ao praticarem, ganham sabedoria e entendem melhor as coisas de Deus. A sabedoria é a principal consequência de quem pratica, pois "àquele quem tem, ser-lhe-á dado mais", Mat.25:29.

  1708. Podemos estar muito ocupados com as coisas de Deus enquanto o nosso coração está nas coisas do mundo; ou estar ocupados com as coisas do mundo enquanto nosso coração anseia por Deus. Sempre que você estiver ocupado com Deus e suas coisas, deve ter ali todo o teu coração. Só acha Deus todo aquele que o busca sem estar de coração dividido, isto é, quem o busca de TODO coração e sem que parte desse coração esteja em algum outro lugar ou sendo dividido ou compartilhado por outra coisa.

  1709. José aprendeu muitas coisas em seus anos de escravatura e desaprendeu muitas outras. Mas, a principal lição que aprendeu muito bem foi fazer tudo bem sem qualquer recompensa ou sem obter qualquer retorno por seus actos. Desaprendeu de fazer uso da própria força. Por isso geriu o Egipto muito bem mais tarde.

  1710. As pessoas guiadas pela fé quebram sempre alguma regra da sociedade ou mesmo da sociedade religiosa ou cultural onde estão inseridas. Tamar deixou as roupas de viuvez dela e vestiu roupas de prostituta; Abraão quase sacrificou o filho que muito amava e mandou outro embora dando-lhe apenas um odre de água e pão, sendo rico; Davi comia dos pães sagrados destinados aos sacerdotes; Davi também levava o éfode de profeta, o que, tentando alguns se deram muito mal. Tenha sempre em mente que Deus é o Senhor de tudo e nunca tem regras - e muito menos regras absurdas. Deus quer obediência no momento que essa obediência é espontânea e não regras.

  1711. Quando nos esforçamos para obter a vida damos uma ajuda preciosa para que a vida se apodere de nós. Por essa razão é que Paulo diz, "Apodera-te da Vida". Mas, devemos ter em conta que a Vida também se esforça para se apoderar de nós. Se nos esforçamos para nos apoderarmos dela, certamente que apressaremos os tempos e o nosso relógio espiritual será acertado com o de Deus. É uma questão de tempo. Contudo, caso nos esforcemos muito para nos apoderarmos da Vida Eterna em nós, devemos levar em conta que, na prática, estamos a esforçar-nos pela ideia e pela visão que temos dessa Vida - o que não deixa de ser uma imagem do que existe no céu. Então, essa atitude louvável de buscar e achar a Vida deve ser acompanhada de um coração maleável e estável para que vá obtendo, aos poucos ou rapidamente, a percepção correcta do que realmente é a Vida, isto é, a vida por ela, sem a visão ou imagem dela. Não devemos obter a imagem da vida, mas, a própria vida. Se isso não acontecer assim, entraremos muito facilmente em caminhos próprios e estaremos sujeitos a certas manifestações de fanatismo ou de religiosidade sem qualquer realidade prática, algo que Deus irá arrancar de nós com dor da nossa parte e com muito esforço da Sua parte.

  1712. Se me falta compreensão das coisas de Deus, com toda a certeza que sou deficiente na obediência. Só entende aquele que obedece. A escuridão espiritual é o fruto de 1º, 2º e 3º grau da desobediência. Você quer luz? Obedeça a Jesus de todo seu coração até nos aspectos mais pequenos de toda a sua existência. "Ele é teu Senhor; obedece-lhe", Sal.45:11. Pense um pouco e verá que é da desobediência que nasce o fanatismo religioso porque as pessoas tentam o seu próprio caminho quando não têm luz. Olhemos, também, para o outro lado da questão. Você tem muita luz e tem entendimento profundo de Deus e Seus mistérios. Contudo, parece que a sua vida nem ata e nem desata no plano material. Não esteja preocupado, pois, logo desatará e você será um ser completo em Cristo. O entendimento que você tem prova que está sendo obediente a Deus. "Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber...", João 7:17.

  1713. As pessoas têm por hábito pensarem que aprendem sempre algo através dos seus problemas. E até pode ser verdade. Contudo, é mais provável que Jesus queira que você desaprenda algo através dos problemas do que aprender através deles. Os problemas sempre impedem que sejamos aquilo que aprendemos a ser ou impedem que façamos conforme sabemos fazer colocando-nos no fim de nós mesmos e no inicio da graça.

  1714. A razão por que o Senhor parece ser tão rigoroso em relação a cada relacionamento humano, é que ele sabe que todo relacionamento não baseado na lealdade a Ele primeiro, terminará em fracasso. Todos os seus relacionamentos baseiam-se em Deus?

  1715. As tendências do Cristianismo de hoje é fazer as pessoas estarem satisfeitas num esgoto de doutrinas falsificadas. Todas as doutrinas são concebidas para criarem uma mentalidade de satisfação e de aceitação na cova da maldade onde as pessoas se encontram, onde se reúnem e louvam a um Cristo da cabeça deles. Contudo, Deus quer que todos saiam de lá ao invés de se sentirem satisfeitos por lá.

  1716. Nós que queremos ser fiéis, não falamos das experiências pessoais e sim a partir delas. Pregamos Cristo porque experimentamos Cristo. Não acha que já chega de falar de experiências pessoais?

  1717. "Orai sem cessar". Isso significa que não devemos desistir ou parar antes de que a resposta nos seja dada a respeito de qualquer coisa certa. Essas orações respondidas honram muito o Senhor. Através delas Ele é glorificado. Quando estamos bem e limpos diante de Deus nenhuma resposta que tarde nos consegue tornar incrédulos - a menos que queiramos ser incrédulos. O que nos torna incrédulos é a consciência suja com algum pecado que recusamos abandonar ou limpar para sempre. Durante uma espera que parece não conseguirmos qualquer resposta, se insistirmos na busca do Senhor e se estivermos realmente limpos, durante essa demora conseguiremos crer com maior facilidade do que nunca. Parece uma contradição, mas, é a verdade. Também a esperança (a expectativa) são muito afectadas sob essas circunstâncias, tal como o amor. As pessoas amam mais e melhor sob provações enormes. Contudo, a esperança (a expectativa) necessita de ser pura, saudável e acima de qualquer suspeita. Ao esperarmos do Senhor através de uma esperança sólida do tipo que nunca engana, rejeitamos qualquer outra forma de alcançarmos aquilo que sabemos que será Deus a dar ou a efectuar. Davi não recusou matar Saul com sua própria mão? Por que razão fez isso? Não era porque tinha outra expectativa mais excelente acerca de Deus?

  1718. Sempre que alguém (principalmente esposo ou esposa) insiste que o outro faça uma coisa se conversarem sobre o assunto, significa que quem insiste nisso também insiste que as que ele próprio faz não sejam discutidas entre ambos. Se você se queixa de que o seu parceiro ou parceira faz as coisas sem conversar consigo, isso significa que você está a decidir sozinho ou não quer discutir com alguém o que faz. Cada um deve cuidar da sua parte e isso acentuará essa forma de viver perante o outro. Se você conversar sobre as suas decisões ao invés de insistir na discussão das decisões do outro, pode ter a certeza que, o que você fizer, o outro acabará fazendo.

  1719. Não só devemos e podemos ser motivados pelo Senhor, como nossos motivos devem ser os mesmos que os de Deus. Deus não pode motivar quem não tem motivos iguais aos d'Ele. São duas coisas distintas que acabam sendo a mesma coisa.

  1720. Ninguém confia num desconfiado. Nem um cachorro confia em quem tem medo dele. Isso é uma lei da natureza. O desconfiado julga os outros por falta de fidelidade e todos nós sabemos que quem julga dessa maneira sofre dos males que vê nos outros. Desconfiado não é fiel e não pode ser pessoa de confiança. Ele mesmo demonstra que não é de confiança sendo desconfiado. Como conhece a sua própria pessoa, vê nos demais a sua própria falta de fidelidade.

  1721. O Senhor recebeu duros golpes em tempos. Ninguém esteve do Seu lado naqueles momentos. Hoje, Ele ainda recebe golpes e afrontas na pessoa de Seus filhos. Contudo, se cada um de Seus filhos andarem duas ou três milhas sempre que lhes seja exigido ou pedido que andem apenas uma, eles jorram a fragrância do Senhor sobre seus perseguidores e concorrentes. Na verdade, é a glória de Deus que está em causa sempre que somos afrontados por causa do Nome d'Ele. Se andarmos a segunda milha, receberemos o golpe que estava destinado ao Senhor. Agora sim, agora podemos estar do lado de Jesus e receber todos os golpes apontados a Ele. Agora é tempo de podermos fazer isso.

  1722. A razão por que Deus não dá a conhecer os seus tempos a muitas pessoas é que as pessoas se tornam orgulhosas com aquilo que sabem. Uns ensoberbecem-se com o que têm - outros com o que sabem!

  1723. Nossa insistência em provar que estamos com razão é, quase sempre, um indício de que não temos razão em algum aspecto, mesmo quando temos razão no aspecto que focalizamos e no qual somos capazes de insistir.

  1724. A nossa insistência em providenciar por nossos próprios meios prova que estamos a recusar a providência de Deus e o tempo certo de Deus. Também prova que Deus está prestes a providenciar, pois quanto mais perto estiver o tempo de Deus tanto mais impacientes as pessoas se tornam e tanto mais serão tentadas a providenciar pela própria mão.

  1725. Devemos farejar a verdade, pois ela deixa seu cheiro e sua fragrância por todo lado e nós temos as aptidões para detectá-la, achá-la e experimentá-la desde a criação.

  1726. Deus não é hipócrita. Ele é bom para os maus e para os bons porque é sempre como é: bom. Mas, os humanos estão habituados a fazer bem a quem apreciam e ser alegre diante de quem gostam. Logo, assumem que Deus, ao fazer-lhes bem, está de bem com eles. Pensam de Deus aquilo que pensariam de um qualquer pecador humano. Mas, é puro engano, pois, Deus é bom tanto para os maus como para os bons e se Ele é bom para nós isso não significa que estamos de bem com Ele e nem que Deus está satisfeito connosco. Deus, ao ser bom para nós, não prova nada. Deus deixa o joio crescer no meio do trigo sem arrancá-lo até ao dia da ceifa. Lembremo-nos disso! Não se sinta satisfeito apenas porque Deus é bom para si. Sejamos e pensemos como Deus. "Sejam perfeitos como vosso Pai é perfeito. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?", Mat.5:46-48.

  1727. Sempre que colocamos água no fogo e ela ferve rapidamente, é sinal que tem pouca água. Quando há muita água, ela demora mais a ferver. Do mesmo modo, existem pessoas que fervem em pouca água e logo evaporam-se nos caminhos de Deus. A fé e o entusiasmo delas dura pouco tempo. "E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se", Mat.13:5.

  1728. Cuidado com aquelas coisas às quais Deus não diz "não" e fica calado sobre elas. Se Deus não disse não, ainda pode dá-las a nós se permanecermos fiéis até que estejamos prontos a recebê-las. Prontos para receber significa que tudo aquilo que iremos receber já não nos mudará para pior e já não será tropeço para nós.

  1729. Se fosse possível, seria muito melhor para nós podermos fazer a coisa errada da maneira certa (através de Deus e de Seu jeito peculiar) do que tentar fazer a coisa certa da maneira errada, isto é, através da força do braço da carne. É pior usar fogo estranho no altar de Deus do que fazer a oferta errada. Por essa razão é que Davi recusou matar Saul quando o podia ter feito. Devemos recusar sempre qualquer tentativa de nos salvarmos a nós próprios, de providenciar para nós mesmos ou de fazer qualquer coisa por nós (ou por outros) que Deus esteja para fazer pessoalmente.

  1730. Quando Deus fala ao nosso coração, isso nunca significa que é o coração que fala. Ele fala ao coração. E quando assim é, o coração não fala - ouve. Mas, quando respondermos a Deus, falemos com o coração. John Bunyan disse: é melhor que o nosso coração fique sem palavras do que as nossas palavras ficarem sem coração quando falamos com Deus.

  1731. Evite qualquer forma de vida que não leva em conta a possibilidade do erro e do mal. Evite uma vida despreparada. A vida preparada e que vigia também sabe que terá de viver a vida de Deus e não uma vida que resiste ao mal continuamente. A vida preparada não perde tempo com o mal que leva em conta.

  1732. Todas as causas de Deus são importantes, mas, Deus deve ser mais importante para nós que as causas, pois Ele está, verdadeiramente, acima de todas as coisas e causas. Mas, olhemos para este princípio visto do lado de Deus: nós somos mais importantes para Ele que qualquer obra que possamos fazer. "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?", Mat.16:26.

  1733. Não existe ocasião mais confusa que aquela quando nós, os nossos motivos e alvos estiverem a ser mudados ao mesmo tempo. Mas, devemos pressionar e passar essa fase. Não existe caminho alternativo. Tudo precisa ser transformado e mudado. Logo chegará o descanso prometido.

  1734. Aquilo que é limitado também limita. A pessoa vinda do mundo contenta-se com pouco no tocante às coisas de Deus como paz, alegria e outros frutos do Espírito. Contudo, tudo o que recebemos começa sempre através de uma pequena fonte quando Deus deseja transformá-la em rios de água viva. Mas, como o homem nunca experimentou nada igual em seu mundo, logo fica satisfeito com a sua fonte pequenina. Isso impede-o de crescer e super-abundar em Deus. O que vemos ou recebemos de Deus necessita ser multiplicado e estar de acordo com Ele e com Seu poder. Tudo em Deus - aquilo que recebemos d'Ele - deve ser multiplicado. "Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor", 2Ped.1:2.

  1735. Todo homem puro deixa-se convencer por Deus ao invés de se convencer a ele próprio. É assim que o homem puro evita o caminho do erro e, também, evita tentar convencer ou pressionar Deus com a vontade própria. Fé é estar convencido e persuadido por Deus e por Sua Palavra.

  1736. Obra para Deus gira à volta daquilo que somos e não tanto daquilo que fazemos para Ele.

  1737. A melhor visão é a visão do teu coração debaixo da luz de Deus; o melhor dom é conseguirmos arranjar toda a nossa vida com Deus; a melhor revelação é aquela que temos por haver terminado a limpeza de toda a nossa alma. Ninguém se conhece a ele próprio sem ser por Jesus e Sua luz.

  1738. Qualquer descrente ou incrédulo tem e sempre terá sérios problemas para resolver. Eis um exemplo: Quando Deus fala e a pessoa não crê, aquilo que Deus disse não se concretizará. Isso tornará o incrédulo e descrente ainda mais descrente. Mas, não é só isso. A voz que ouviu era a de Deus e vai parecer-lhe falsa, o que tornará as coisas mais difíceis quando Deus tornar a falar-lhe, pois, não vai saber distinguir e a voz certa pareceu-lhe errada por não se haver concretizado. As coisas das vozes falsas é que não se concretizam. Mas, as coisas faladas por Deus também não se concretizam quando associadas a alguma forma de incredulidade.

  1739. Quanto mais eu entendo da Bíblia, tanto mais me apercebo que a verdade anda jogada e abandonada. Agora sei o que sentiram os sacerdotes, o povo e o rei quando acharam as Escrituras abandonadas e cheias de pó num canto do templo, 2 Reis 22:8.

  1740. Existe uma maneira errada de entender ou fazer as coisas certas tal como é possível querer usar a maneira certa para entender ou fazer as coisas erradas. Tenha cuidado, pois existem muitas maneiras de entrar no erro e no engano e apenas uma para sair deles.

  1741. Uma pessoa ignorante e sem sabedoria também costuma ser incrédula e desconfiada. A razão é muito simples: essa pessoa acha que sabe tudo e quando lhe mostram algo novo fica em dúvida simplesmente porque não acredita que algo que ele não sabe e que possa ser verdade ou possa existir. Todo aquele que acha que sabe tudo tem tendência para não ouvir os outros precisamente porque acha que sabe tudo. E essa também pode ser uma das razões por que não crê na verdade que desconhece.

  1742. Falemos agora com aqueles que normalmente andam com Deus. Já reparou que assim que você se desvia (quer se dê conta do facto ou não) é precisamente quando muitas tentações fortes o atormentam? Já se perguntou por que razão isso acontece? Isso é porque Deus deixa quem se desvia entregue e à mercê dos seus pecados e de Satanás. Com isso a pessoa aprende que somente usando a graça será puro e imaculado e, também, que essa graça recebemos andando encostadinhos a Deus.

  1743. Timidez é uma forma de orgulho e os ousados são pessoas humildes os quais, frequentemente, recebem do Deus que dá graça aos "humildes". Se Deus dá a quem é ousado, tal pessoa tem necessariamente de ser humilde porque Deus dá mais graça somente aos humildes.

  1744. Rute era Moabita e foi um exemplo para o povo de Deus. Estranho, não é? Uma estrangeira nascida na idolatria tornar-se um exemplo para o povo de Deus! Quando muito, o povo deveria ser igual a ela e ser consolado pelo exemplo de sua vida. Mas, Rute tinha mais virtudes de Deus que o próprio povo de Deus. Por isso era um exemplo para eles.

  1745. Samuel foi dedicado para sempre ao Senhor por sua mãe. Mas, ele ainda teria de ser dedicado a nível pessoal. Ele teria de dedicar-se a ele próprio, pois, os outros não podiam fazer por ele aquilo que ele deveria fazer. Ninguém pode ser sinceramente e verdadeiramente dedicado quando são os outros dedicá-los porque ninguém possui e ninguém domina a nossa vontade. E a nossa dedicação consiste na dedicação e consagração da nossa vontade a Deus.

  1746. João Batista não era apenas cheio do Espírito desde a madre de sua mãe, mas, também tornou-se famoso desde a nascença. Deus preparou todo o caminho dele por dentro e por fora.

  1747. Tanto Isabel como Zacarias, os pais de João Batista, foram cheios do Espírito (Luc.1:41,67), pois o filho precisava de pais cheios do Espírito e com a Vida certa para o criarem naquilo que deveriam. Serem crentes não bastava. Precisavam ser viventes exemplares para um filho com uma missão clara. Eram crentes e servidores que nunca haviam sido cheios do Espírito. Que vida vã levaram até ali! "Estes são os que (...) não têm o Espírito", Judas 1:19.

  1748. A opinião publica raramente coincide com a de Deus. Lembram-se de como as pessoas queriam chamar de Zacarias a quem Deus queria que se chamasse João (Batista)? (Luk.1:59-63).

  1749. alguma vez se deu ao trabalho de pensar o que são aquelas coisas que condicionam o crescimento espiritual individual ou geral? Só condicionalismos é que condicionam. Condicionalismos são aquelas condições que impomos ou desejamos para que algo suceda ou não suceda. A nossa entrega a Jesus não pode ter condicionalismos e tem de ser incondicional. Esse é o nosso dever. E devemos acrescentar que qualquer condicionalismo individual também é um condicionalismo geral.

  1750. Paulo e Barnabé tiveram uma grande discussão contra algumas pessoas em Antioquia sobre a circuncisão, Act.15:2. A igreja achou por bem enviar Paulo a Jerusalém para apaziguar a discussão e encerrar a disputa. Havia dois lados extremados e um deles estava certo. O mais interessante é notar como a igreja enviava um dos lados interessados para buscar a opinião dos apóstolos em Jerusalém. Eles não enviaram uma pessoa neutra, pois, enviaram Paulo e Barnabé. Isto revela como confiavam na sinceridade de Paulo e como Paulo manifestava ser sincero e demonstrava humildade suficiente num argumento.

  1751. O instinto de esconder começou com Eva e Adão porque se aperceberam do mal que fizeram e da gravidade do seu acto. Contudo, hoje as pessoas já escondem até quando não fazem mal. O instinto já ultrapassa o próprio mal, vive de forma independente e tem vida própria. Para além de aprenderem a ficar limpas, as pessoas precisam aprender a não esconder. Na verdade, é necessário que seja a primeira coisa a aprenderem. Esconder já é uma forma de vida e muitos já escondem por esconder e sem motivo nenhum. Aquilo que as pessoas chamam de "meu jeito" ou de personalidade é, muitas vezes, um hábito que precisa ser revisto e renovado. Não que as pessoas não tenham uma personalidade, mas, a verdade é que existem certos parasitas com vida própria dentro do coração que nasceram pelo pecado e colaram-se na personalidade das pessoas. E é bom que saibamos que Deus veio-nos fazer pessoas novas além de criaturas novas. Não só a essência da pessoa deve e pode ser transformada, mas, também todo o seu exterior deve exibir a correspondente transformação. Cristo não veio fazer uma pessoa nova que mantém questões e maneiras antigas e nem uma pessoa velha com hábitos novos. Tudo precisa ser novo desde dentro para fora.

  1752. É muito importante saber que, quando está sob intensas provações por causa da vontade de Deus, você tem a opção de buscar a solução dos problemas ou de buscar Deus somente. Ainda não se apercebeu que as provas colocam-nos sempre perante duas opções? Ou nos preocupamos ou nos ocupamos com Deus. Ou buscamos Deus para resolver os problemas ou usamos os problemas para resolver a questão da nossa intimidade com Deus. Quais os motivos que o fazem buscar Jesus? Busca o Senhor só por causa d'Ele? Se o faz, então não deixe de olhar para os problemas, pois, sejam quais forem serão resolvidos. É só uma questão de tempo.

  1753. "...Pois, a igreja (...) pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava", Act.9:31. Deixe-me explicar o que era este auxílio do qual a Bíblia fala aqui. Não podemos desprezar este auxílio ou menosprezá-lo como se fosse algo pequeno. Este auxílio era uma convicção de pecado profunda da qual ninguém conseguia livra-se; eram coisas que seriam consideradas extraordinárias por nós e não apenas como o "auxílio do Espírito Santo", coisas essas que iam ocorrendo todos os dias e inesperadamente, apanhando muitas pessoas de surpresa. Quando aquelas pessoas foram compungidas e convictas sob a pregação de Pedro, isso era o auxílio do Espírito Santo. Muitos, hoje, falam do auxílio de Deus com leviandade, pois consideram haverem sido auxiliados quando a própria força é usada e as próprias ideias se impõem pela carne. Os falsos humildes é que falam do auxilio de Deus quando conseguem seus intentos. Mas, não é isso que a Bíblia quer dizer com o "auxílio do Espírito Santo". Aquilo que acontecia com os apóstolos, os falsos humildes considerariam milagres, coisas extraordinárias e nunca como "o auxílio do Espírito Santo". Você consegue entender esta linguagem? Consegue ver o que a linguagem pretende alcançar? Não tropece na palavra. Não dê muito crédito a quem se empolga com as coisas maravilhosas que Deus faz. Essas coisas são o que a Bíblia diz ser "o auxílio do Espírito Santo". Aqueles que se empolgam e afirmam que "o auxílio do Espírito Santo" é coisa milagrosa, são precisamente aqueles que mantêm aquela humildade falsa que diz que as coisas da carne são o auxílio de Deus.

  1754. Certifique-se que os seus inimigos o perseguem por causa da verdade e do evangelho e não por sua causa. Caso você seja perseguido, que seja especificamente porque você é verdadeiro e real e não por algum dano que causou a alguém. Se alguém o perseguir a você, que sua consciência não o esteja perseguindo também. "Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus", 1 Ped.2:20.

  1755. Quando Deus nos livra de quem nos persegue, o que é doce é saber que Deus está connosco e não que está contra os inimigos. Saber que Deus está contra os nossos inimigos não deve ser o motivo da nossa alegria. Quando Deus nos livra de forma real, somos colocados diante da opção de ficarmos cientes que Deus está perto. Sabe bem sermos ajudados por Deus apenas porque todo o tipo de perseguição provoca dúvida e hesitação em nós. Quando Deus nos livra costuma significar o fim dessas dúvidas. Por isso o livramento se torna doce. Isso não é o mesmo que ficarmos felizes com a vingança de Deus.

  1756. O homem pequeno acha-se grande e o homem grande acha-se pequeno. Mas, aquilo que torna um homem realmente grande, forte e seguro é a sua convivência com Deus. Quanto mais Jesus crescer em nossas vidas em detrimento de nós próprios, tanto mais o menor será maior. Por isso, não queiramos ser grandes e antes busquemos a pequenez real. Busquemos a pequenez que não tem como ser fingida ou aparente quando Deus estiver verdadeiramente conosco.

  1757. A vaidade é um sentimento de inferioridade e/ou de falta de identidade. Quem se sente inferior aos outros comporta-se com vaidade para compensar a inferioridade que sente. Mostrando-se, o vaidoso sente-se melhor e mais equilibrado e, por norma, sente-se mal perto de quem sabe que não sente necessidade de se mostrar. A vaidade 'equilibra' aquilo que o sentimento de inferioridade desequilibra e faz pender para um lado. A cura da vaidade passa muito pela percepção de que somos todos iguais - já somos e não é preciso tornarmo-nos iguais a ninguém ou superiores para sermos iguais a alguém. Por muito que tentemos parecer ou ser melhores, nunca deixaremos de ser iguais aos demais.

  1758. Deus não dá porque sou fiel. Eu é que posso receber por ser fiel. Deus não é bom apenas quando dá - Ele é sempre bom. Quando eu recebo é que o acto é bom para mim. Mas, Deus é bom tanto quando dá quanto quando tira.

  1759. É verdade que Deus não nos ouve em oração quando estamos sujos e de consciência manchada. Contudo, quando Deus nos dá respostas à oração não significa que dá por estarmos limpos, mas, porque Ele é fiel. Deus ouve-nos porque estamos limpos. Mas, ouvir e atender não são a mesma coisa. Não recebemos por estarmos limpos. Recebemos porque Jesus é bom e nos dá o Seu nome. Precisamos estar em condições de sermos ouvidos para podermos ser atendidos. A limpeza de coração coloca-nos, apenas, em uma posição onde Deus pode ouvir-nos e nós a Ele.

  1760. Qualquer homem que se envergonha de Deus pode nunca envergonhar-se de seu próprio pecado. Mas, caso você se envergonhe tanto de Deus como do seu pecado, escolha de quem se envergonhar e não queira viver dividido entre dois pensamentos opostos para sempre.

  1761. "No ano primeiro de Dário, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos Caldeus, no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações de Jerusalém, era de setenta anos. Eu, pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, saco e cinza", Dan.9:1-3. Toda a expressão de honestidade de Daniel encontra-se exposta nestes versículos. Ele não gastou o seu tempo com discussões interiores sobre aquilo que ele viu escrito no Profeta Jeremias. Ele não assumiu que tudo iria acontecer automaticamente e nem perdeu tempo a discutir se seria necessário a intervenção dele ou de alguma outra pessoa. Ele viu a promessa, viu que haviam passado os setenta anos e viu, ainda, que ainda continuavam em cativeiro. Daniel não ficou empolgado e a falar como os hipócritas fazem quando lêem as promessas de Deus. Esses hipócritas (que normalmente ficam de fora do cumprimento das promessas de Deus que eles vêem) assumem que as coisas irão acontecer automaticamente porque foi promessa de Deus. Mas, Daniel preferiu ir orar. Ele derramou todo o seu coração diante de Deus até obter resposta. Ele não perdeu tempo com questões doutrinárias. Ele assumiu a promessa e, ao mesmo tempo, assumiu que ainda estavam em cativeiro.

  1762. "...E salvai alguns, arrebatando-os do fogo; e de outros tende misericórdia com temor, abominando até a roupa manchada pela carne" Jud.1:23. Deus sempre nos chamou ao ódio contra o pecado. Aqui vemos que nos chamou até mesmo à abominação contra o cheiro ou o vestígio de qualquer pecado. Deus não nos diz para virarmos a cara com medo de cairmos em tentação, mas, a abominar e a odiar até o cheiro do pecado. Se tivermos medo de olhar para o pecado como iremos olhar para resgatar quem anda preso nele? Mas, é pena que muitos 'odeiem' os pecados dos outros e não os próprios.

  1763. O conteúdo do coração tem de ser transformado antes da expressão ser aconselhável. Muitos tentam expressar antes de mudarem. Isso pode ser apenas hipocrisia. Assim que o nosso interior houver mudado, todo o conteúdo de todo o nosso coração deve encontrar-se estampado em nossos rostos e palavras. Esse conteúdo será dedicado a Deus assim que for expressivo.  

  1764. Quem ora de forma a obter respostas é pessoa corajosa. Não é pessoa negligente e não se contenta com orar. Sabe o que quer de Deus, sabe qual a vontade de Deus e enfrenta qualquer coisa para que ela seja alcançada. Não teme nada e não recua perante nada. Não teme sair desapontado na oração, pois, busca a resposta do Deus que conhece ou quer conhecer como Ele é. A essas pessoas Deus dá as visões reais sobre o verdadeiro estado das coisas e de como elas realmente se encontram. Foi o que aconteceu com Ezequiel, Ez.37. Sempre que Deus nos mostra a desgraça, é para sabermos que temos o dever de achar graça, a qual nos será disponibilizada se persistirmos até a obtenção da mesma. Quando um professor lhe dá uma conta para fazer não está pedindo o resultado dela? Qual seria a outra razão para mostrar-lhe a dificuldade da conta? Por que razão você acha que Deus lhe está mostrando a dimensão do problema? Por isso é que eu acho que quem ora para obter respostas é pessoa de fibra. Ela encara o problema e ora para obter resultados que Deus deseja da forma que Ele deseja. 

  1765. Não posso esperar ser ouvido por Deus se não conseguir ouvir a voz d'Ele. Se ouço Deus, tenho a certeza que Ele também me ouve e se Deus me ouve tenho tudo para poder ouvi-Lo também. Mas, se você ouvir a voz de Deus e Ele a sua e não Lhe for obediente em tudo que ele diz e do jeito que Ele expressou ser a Sua vontade, poderá esperar que Deus lhe torne a falar? E se não pode esperar que Deus lhe fale, pode esperar que Deus já não o ouvirá também.

  1766. Qualquer avivamento genuíno só tem condições para começar, assim que todos os pecados de cada pessoa estejam devidamente expostos um por um e em todos os seus detalhes. Isso precisa ser feito de imediato e sem pré-condições. Se seus pecados foram lavados, espere esse avivamento a qualquer momento.

  1767. Não posso considerar como dúvida aquela que duvida se Deus está connosco quando Ele não está. Para mim isso só pode ser fé e audácia. Hajam mais pessoas que consigam afirmar que Deus os deixou e abandonou sempre que isso é verdade! Fé é conseguir crer na verdade. A dúvida que é pecado é aquela que não acredita no que é verdade. Acreditar na mentira não é fé - é incredulidade. E se isso é verdade, desconfiar ou duvidar da mentira só pode ser fé.

  1768. É comum e facilmente aceite aquele conselho que nos dão que nos deveríamos sentir em casa em qualquer lugar e em qualquer circunstância. Mas, eu descobri que preciso estar em casa para sentir-me em casa; preciso amar para sentir que amo; preciso estar em Deus para estar bem. Não posso acreditar na aparência das coisas e nem acreditar nas coisas a qualquer preço - preciso poder acreditar somente na verdade.

  1769. A Dúvida torna clara a falta de fé, tal como a incredulidade revela que existe algo em que vale a pena crer. A incredulidade também diz que existe algo que precisamos confessar porque qualquer pecado que não for limpo e perdoado (confessado e abandonado) é uma causa para a incredulidade.

  1770. Aquilo que o Senhor ama, eu amo também. E coloquei em meu coração desprezar completamente qualquer coisa que Deus despreza, não gosta ou odeia seja onde for e seja o que for. Também coloquei em meu coração não desprezar o que Ele ama ou nunca despreza.

  1771. É preciso haver um ouvinte orgulhoso para um profeta orgulhoso ser ouvido. Só existem os falsos pregadores porque existem falsos ouvintes que desejam ouvir coisas que estejam sempre de acordo com o coração enganoso que possuem - ou que os possui. "...Tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências", 2Tim.4:3.

  1772. Jesus não nasceu no dia de Natal. Mas, se Ele realmente nasceu em nossos corações, podemos celebrar o Natal como se Ele tivesse mesmo nascido em tal dia. Nós celebramos que Ele veio ao mundo e não que veio ao mundo no dia de Natal. E, para isso, qualquer dia serve.

  1773. Todos os homens de Deus que ensinam e aprendem complementam-se e, se eles se complementam, dificilmente serão iguais. O marido e a mulher complementam-se sendo distintos: Não devemos pensar que sermos distintos separarmo-nos uns dos outros. Eu creio que essas distinções contribuem mais para uma união saudável que que para uma desunião. Todos aqueles que Deus considera realmente servos Seus devem merecer toda a nossa atenção e disponibilidade - desde que sejam realmente servos de Deus e vivam em santidade.

  1774. Pense: quão bem e quão lisonjeado você se sente quando as pessoas falam bem de si? E quão ofendido se falam mal? Quem sabe você é o seu próprio ídolo e busca ser agradado. Quando isso acontece dessa maneira, acredite que será desprezado para sempre. Os ídolos nunca alcançarão qualquer glória. Haverá pessoas que certamente lhe darão uma certa dose de glória temporária. Contudo isso durará pouco, pois quem dá glória ao homem busca glória do homem e apenas por essa razão a dá. Coloque Deus no Seu trono (em seu coração) e deixe de pensar no que os outros pensam e acham sobre si.

  1775. Se até Barnabé foi enganado através de uma atitude de fingimento, de dúvida e de receio de pessoas, Gal.2:13, quanto mais uma atitude de sinceridade perfeita alcançará a sinceridade dentro das pessoas que a presenciam! Se é assim tão fácil levar as pessoas pelo caminho do erro e para uma atitude errada e feia, quanto mais não será levá-las para a sinceridade sendo sinceros.

  1776. Descobrir como viver uma vida santa e vivê-la faria as pessoas adiantarem tempos, redimirem esperanças perdidas e apressar o passo descansadamente. Aí saberiam que tudo o resto dependeria de Deus e não mais deles próprios. Contudo, sendo crente e andando conforme o curso deste mundo não apenas atrasa a concretização das coisas, como pode adiá-las eternamente.  

  1777. O meu cachorrinho tem medo de trovoada e esconde-se sempre que os trovões fazem barulho ao longe. Ele acredita que aquele barulho é perigoso. Quando pego nele, ele sente-se protegido e sente menos medo. Assim que soa outro trovão ele estremece novamente para sentir-se confortado novamente. Se eu pudesse colocar na cabecinha dele que aquele barulho não mata ninguém e que nada tem a ver connosco aqui na terra, ele sentir-se-ia melhor. Ele entenderia que eram disputas entre nuvem e nuvem para que a água caísse sobre a terra. Isso fez-me lembrar de como seria fácil para todos os crentes caso achassem aquela vida profunda e eterna dentro deles, aquela vida que fala dentro deles e é capaz de instruir! Eles não mais temeriam os rugidos do leão e nem as ameaças das tentações. Bastaria só que achassem essa vida. Seriam assegurados pelo lado de dentro e saberiam que as ameaças do barulho estão do lado de fora. A água fora do barco não o faz afundar - fá-lo flutuar.

  1778. Todo aquele que ensina o caminho deve ensinar a aprender também. Todos devemos saber como aprender de Cristo, que é manso de coração. Todo aquele que não ensina como aprender do Criador não receberá o seu galardão, pois falhou em toda a sua missão. O Novo Testamento que Deus fez connosco é precisamente que Deus nos ensinará pessoalmente do mais pequeno ao maior, Jer.31:31-34. Quem não leva Jesus ensinando como aprender d'Ele é contra o Novo Testamento e nem se dá conta disso.

  1779. São os homens experimentados quem mais precisa de exercício. As pessoas que nunca foram santas precisam aprender como obter um novo coração. Contudo, todos os que já têm um coração novo precisam aprender a viver a vida nova - o que nem sempre é fácil. Talvez seja muito mais difícil isso que ganhar um coração novo. A nova vida funciona como um programa de computador: tomamos conhecimento dele, depois baixamos e instalamos. Após esses passos será necessário aprender a usar o programa. Depois de instalado, o exercício é fundamental. "Exercita-te a ti mesmo em piedade", 1Tim.4:7. Devemos, também, estar a viver a vida que foi instalada em nós.

  1780. Aquilo que separa o homem de Deus, também separa Deus do homem. Deus não alcançará o homem que não alcança Deus.

  1781. "Nunca ouça um homem que não ouve Deus". Isso foi o que alguém disse e eu estou plenamente de acordo.

  1782. Nunca descanse e nunca se sinta descansado se Deus não estiver realmente consigo e em si. A Sua ausência deveria ser sentida como não se sente mais nada. Deveria ser algo que nos atormenta noite e dia. É melhor sermos repreendidos por Deus se duvidamos da Sua presença do que sermos assegurados pelo diabo fora dela. Prefiro ser reprovado por Deus que aprovado pelo diabo, pois, quando Deus reprova, eu sei que deverei converter-me imediatamente. A única paz que assegura que entraremos no céu é aquela que sentimos na presença d'Ele. Se sentir paz na ausência de Deus, ou se sentir um mal-estar na presença d'Ele, é claro que você só pode estar mal! É a Vida Eterna dentro de nós que nos faz crer e sossegar diante de Deus. Ache-a já e não espere pela morte pensando que só depois dela irá poder viver para sempre e de forma constante. A palavra "eterna" significa constante, permanente, sem altos e baixos. Será essa vida que recebemos aqui e agora e ela permanece conosco permanentemente.

  1783. Quando confia em sua confiança ao invés de confiar em Jesus, já entrou no domínio da auto-confiança e da carnalidade. As pessoas relacionam-se mais facilmente com aquilo que são e sentem do que com Jesus. Cuidado com esse caminho que parece certo e cujo fim é a morte, Prov.16:25.

  1784. Para nos podermos deleitar em Deus não poderá haver mais deleite em qualquer tipo de carnalidade ou em coisa do mundo.

  1785. Sempre que não somos pessoalmente e individualmente ensinados por Deus estamos a quebrar o Novo Testamento, Jer.31:30-34. E se não levarmos as pessoas a serem ensinadas por Deus, exterminando as barreiras que os separam d'Ele, também transgredimos o mandamento e não somos obreiros do Novo Testamento. O mesmo acontece sempre que não permitimos que as pessoas aprendam de Deus para se sujeitem a nós ou à nossa igreja.

  1786. Qualquer um que seja capaz de distinguir um falso profeta muito hábil e muito versátil em palavras, com certeza que terá olhos para descobrir um Paulo no meio duma multidão de falsos e descrentes. Barnabé não descobriu Paulo?

  1787. Sempre que as pessoas desejam alguma coisa ardentemente, isso causa a crença de que Deus satisfará todos os seus desejos. Como se amam a eles próprios, logo crêem que o amor da parte de Deus é cumprir o que desejam. Na verdade, amor pode ser precisamente o oposto.  Contudo, Deus também pode expressar como Sua vontade aquilo que desejamos. E é aí que entramos em competição com Deus. Por incrível que pareça, quando Deus quer o que queremos, tudo se torna mais difícil para nós e não mais fácil. É mais difícil fazer para outro aquilo que desejaríamos para nós, do que deixar simplesmente de querer tudo o que desejamos. Quando se sentir confuso por causa da voz do seu coração e do seu desejo, não abdique de nada sem consultar qual a vontade de Deus a respeito do que deseja. Antes, abdique do seu coração em relação ao que deseja. Deus não falou contra vivermos a vida para Ele e sim contra não nos negarmos a nós mesmos. Nós achamos a vida sempre que a perdemos por amor de Deus e do Seu evangelho e não quando a abandonamos.

  1788. Se a maior bênção de todas é termos o Senhor Jesus em toda a Sua plenitude, até mesmo quando não possuímos mais nada, seja riqueza ou saúde, então a maior maldição só pode ser não termos Jesus mesmo sendo ricos e abastados. Não existe maior maldição que estar bem onde Jesus não está; enfrentar o que Ele não enfrenta; escorregar pensando que nos erguemos; estar em queda livre sem nos darmos conta e onde Ele não nos ajuda a ver que estamos a ser os enganados deste mundo, Sal.73.

  1789. Houve um tempo que eu não sabia o que pensar sempre que Deus nos dizia alguma coisa que não se cumprisse ou não se cumprisse imediatamente. Logo descobri que a razão era a mesma de quando Jesus disse aos Seus discípulos para irem preparar um lugar para Ele em Samaria e não resultou, Luk.9:51-53; ou como quando não pôde entrar nas cidades depois de haver feito bem a alguém, expulsando dele todos os demónios, Luk.8:39. Se algumas coisas nunca resultaram com Jesus, também podem não resultar comigo.

  1790. Desobediência é pecado grosseiro. Muitas vezes é a própria maldição do pecado, pois, as pessoas tornam-se desobedientes por haverem pecado. O mesmo podemos afirmar de uma disposição do coração em ser obediente ao erro e às coisas que parecem vir de Deus. As pessoas, em sua maioria, não conseguem obter um coração obediente simplesmente porque recusam entrar na porta estreita e preferem saltar o muro para entrar no aprisco das ovelhas. Por isso, a desobediência tanto pode ser pecado como pode ser consequência do próprio pecado obedecendo à coisa errada ou de forma errada.

  1791. Ociosidade é uma forma de impaciência. Também pode ser um desejo de fazer uma coisa diferente daquela que Deus nos pede daquele momento. "Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem ociosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo", 2 Ped.1:8. Também podemos tornar-nos idiotas ociosos porque recusamos fazer as coisas certas do jeito de Deus e, por essa razão, nos tornamos ociosos porque Deus deixa de operar. Se quisermos fazer as coisas do nosso jeito sendo pessoas espirituais, é claro que nos tornaremos inactivos e carnais.  Por isso, concluímos que ociosidade é e será sempre pecado que existe devido a outro pecado.

  1792. Amar por dever e obrigação dificilmente será o mesmo que amar conforme podemos. O dever é sempre menor que a nossa capacidade.

  1793. O que Deus busca é uma transformação total de coração. Ana, mãe de Samuel, queria um filho porque era estéril. Ela era objecto do escárnio e da gozação por parte de todo mundo. Isso fê-la desejar ainda mais aquele filho por motivos errados. Contudo, os motivos errados que nasceram nela devido a essa perseguição anulavam a resposta ao pedido e não a beneficiavam em nada. Graças a Deus que ela descobriu que era egoísta em relação ao filho que pedia. Mas, a parte mais bonita de toda a situação foi ela não haver desistido do filho quando se apercebeu que era egoísta. Enxergou que a haviam tornado uma pessoa egoísta e má. Ela manteve o desejo de ter um filho ardendo diante de Deus abdicando dos motivos errados que alimentava diariamente. Daria o filho a Deus caso o Senhor o concedesse. Desistir do filho não estaria certo, pois tudo aquilo que a carne consegue fazer, faz para ela própria. As coisas devem ser feitas por Deus ao invés de nos fazerem desistir delas. Precisa ser olho por olho e dente por dente para Deus de tudo aquilo que faríamos ou fazíamos por nós ou pela carne. Por isso é que Paulo disse: "Assim (tal e qual) como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação", Rom.6:19. Com a mesma força e empenho devemos entregar todas as coisas a Deus que antes faríamos por motivos carnais e egoístas.

  1794. É tão estranho que a palavra do Deus que disse "Haja luz" e até hoje ainda há luz, seja tornada infrutífera e impotente pelos homens. Mas, o mais interessante é que essa palavra do Deus Todo Poderoso seja tornada infrutífera, não pelo diabo, não pela oposição, não pela perseguição e sim pelos cuidados e desejos deste mundo, Mat.13:7,22.

  1795. Se você consegue estar bem com Deus sempre que Ele lhe tira tudo, com certeza que viverá muito bem com Ele sempre que obtiver a desejada abundância da mão d'Ele e nunca se tornará infiel. Por isso, não cesse de orar até que tudo aquilo que sabe ser a vontade de Deus se cumpra. Como vê, é muito importante ficarmos satisfeitos com o nada tal qual ficaríamos com o muito, pois somos satisfeitos em Deus e vivemos abundantemente d'Ele e não de outras coisas.

  1796. Se Deus ouviu a nossa oração e já nos atendeu, cada pedido sobre o mesmo assunto é uma forma de adiar as coisas e não de adiantar. Só mostra a quantidade de egoísmo relacionado com a obtenção do pedido. Isso é uma forma de incredulidade ou de esquecimento. Ou é incrédulo ou esqueceu-se da resposta. Não pensem tais pessoas que são ouvidas por muito falarem. Isso só atrasa ainda mais aquilo que querem adiantar. Que resolvam o egoísmo ao invés de insistir no pedido. Mas, isto só serve para quando Deus realmente já ouviu e já deu resposta. Devemos saber separar o trigo da palha, a verdade da mentira e a emoção (ou a preocupação) dos factos.

  1797. Todas as pessoas que sentem a pressão das dificuldades materiais estando perto de Deus, não sentem a presença de Deus e não confiam no Todo Poderoso que se encontra tão perto. Logo, buscam apenas o afastamento do jugo e não Deus - por Deus. Buscam que Deus levante o peso e não estão buscando o próprio Deus. Se esse for o caso, assim que o jugo for levantado deixarão de ser fiéis a Deus também. Não é possível sermos fiéis a Deus na abundância se nos queixamos debaixo das tempestades da provação e da tentação. Se nos queixamos das circunstâncias, a nossa satisfação são as coisas materiais e não Deus. A queixa demonstra o que o nosso coração busca. Se nos queixamos da ausência de Deus em nossa vida, queremos Deus. É importante buscar ser fiel a Deus e à Sua pessoa sob qualquer jugo ou circunstância. Só assim Lhe seremos fiéis sempre. Os Israelitas que se entregavam ao queixume sob o jugo de Faraó, Ex.2:25, acabaram por se queixar contra Deus no deserto. Eram infiéis e maldizentes na escravatura. Consequentemente, continuaram infiéis e queixosos na presença de Deus no caminho para a terra prometida. Não sendo fiéis no Egipto, não o seriam no deserto e tão pouco o seriam, depois, na Terra Prometida. E isso ficou provado. Você é fiel a Deus agora? Busca ao Senhor por Ele? Ou busca-O somente para livrá-lo do mal? Insatisfação é fome da carne. A carne precisa morrer e não sentir fome - quanto menos ser satisfeita! José cuidou das coisas de Potifar e de Faraó fielmente e, por essa razão, cuidaria das coisas de Deus. Os Israelitas só trabalhavam para Faraó sendo chicoteados e, por isso, tornaram-se infiéis a Deus no deserto e na Terra onde manava leite e mel. Quão diferente seriam eles em liberdade, tanto no deserto quanto na Terra Prometida, caso fossem fiéis de coração em sua escravatura e fizessem, de coração e por causa da consciência, mais do que aquilo que lhes era pedido como escravos!

  1798. Quando as palavras já são fogo, não é preciso incendiá-las ainda mais. Os pastores que confiam na maneira barulhenta como pregam têm pouco ou nenhum fogo e, se têm, desprezam-no por completo confiando em suas próprias capacidades. Uma coisa é expressarmos tudo o que está no coração de Deus e no nosso - outra é embelezarmos o que dizemos para sermos creditados com algum louvor e consideração.

  1799. Jesus veio libertar-nos para fazermos livremente e não para prender-nos ou para amarrar-nos para fazermos. A liberdade provoca desleixe a ex-escravos porque não sabem fazer sem serem obrigados. Quando a nossa vontade é liberta e obtemos graça para amarmos o que fazemos, nada mais funciona por obrigação - ainda que as coisas tenham de funcionar. A prisão da obrigação inibe todos aqueles que sabem fazer em liberdade. A obrigação não cria seres responsáveis. E é necessário que se tornem responsáveis para terem obrigações.

  1800. Deus não é misericordioso a favor do pecado - Ele é misericordioso contra o pecado. Quanto mais Ele estiver contra o pecado ou quanto mais se mostrar contra ele, mais misericordioso Ele é. 

  1801. Presunção existe porque não vemos o Deus que temos ou, então, não temos o Deus que dizemos ter.

  1802. Todos pensam e sabem que devem entrar numa porta antes que ela se feche. Todos sabem que devem ir a uma loja antes da hora de encerramento. E por que razão pensam que não devem achar graça antes que a porta se feche? Só os bobos deixam a sua salvação para o fim. Não seja como as virgens tolas que deixaram algumas coisas para providenciar somente no fim. A porta nunca mais se abriu para elas.

  1803. Não é errado pensar em matemática quando o fazemos com Deus ou através d'Ele e é errado ler a Bíblia sem ser com Deus e através d'Ele. Devemos saber fazer tudo através d'Ele, para Ele e com Ele.

  1804. As pessoas hoje não rejeitam propriamente Deus e sim os crentes. Não considero pecado rejeitar a maioria dos crentes de hoje juntamente com tudo aquilo que ensinam. Só mostra como muitos buscam verdade e, por isso, rejeitam as mentiras.

  1805. "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Estas foram as palavras de João quando apresentou Jesus ao povo, João 1:29. Sempre que você quiser que exista um louvor espontâneo, apresente Jesus ao povo e não diga ao povo para louvá-Lo. Creio que sempre que alguém olhar para Ele e vê-Lo de facto, nunca será necessário mandar louvá-Lo. Esse louvor será espontâneo e imediato. Apresente Deus às pessoas ao invés de mandá-las louvar. Quem manda é um fraco e até pode ser um hipócrita que não faz, não vive e não experimenta o que manda fazer. Provavelmente, só manda porque ele próprio não o faria.

  1806. Incredulidade ou falta de fé pode significar que existe um pecado em alguma parte de nossa vida que não foi exposto à luz. Se a fé é um dom ou um fruto, é claro que só uma comunhão real com Deus a poderá estabelecer, restabelecer ou fazer frutificar. Senão, não seria fruto. Sempre que lhe faltar fé lembre-se desta verdade que Paulo afirmou: "mantendo o mistério da fé em uma consciência pura", 1Tim.3:9. A fé é preciso ser mantida. Você está incrédulo? Ao invés de esforçar-se para crer, por que razão não tenta antes limpar a sua vida do pecado? "...Conservando (...) uma boa consciência, a qual alguns havendo rejeitado, naufragaram na fé", 1Tim.1:19.

  1807. A descrença e a incredulidade são sempre alimentadas por um rio de teimosia e presunção obstinada. Não existe incredulidade que não seja obstinação e que não se coloque e se predisponha contra a verdade.  Incrédulo é teimoso. E sermos presos a "Deus" do jeito que o imaginamos também é uma forma de teimosia e incredulidade. Só "cremos" se for de nosso jeito. E Deus é como é e não como O imaginamos.

  1808. Cada tentação tem o poder de nos fazer cair quanto tem o poder de nos fazer equilibrar melhor. Ao sermos tentados somos colocados diante de várias opções: ou caímos ou nos manifestamos contra a tentação; ou usamos a nossa força ou a de Deus; ou nos colocamos em um frenesim de lutas interiores; ou somos impelidos e levados a buscar de preferência a paz de espírito e do sossego no poder de Deus.

  1809. Podemos medir o sucesso de uma vida Cristã pela quantidade, pela simplicidade e pela qualidade da obediência a Deus e à verdade. Quanto mais natural e inconsciente a obediência, tanto maior será o sucesso da vida abundante. 

  1810. Se não é a riqueza que nos leva a Cristo, com certeza que a pobreza nunca nos poderá separar d'Ele e nem nos deverá inibir de O conhecermos como Ele é. Nenhuma pobreza tem como separar-nos d'Ele. Devemos saber que todo aquele que se inibe e se preocupa durante tempos de escassez é pessoa para se desleixar depois que Deus providencia. Sempre que Deus providencia devemos saber que aumenta a responsabilidade de Lhe sermos fiéis. Devemos ir muito além da satisfação de havermos sido atendidos e supridos e, também, além da insatisfação de não havermos sido atendidos. O coração que se preocupa e o que se desleixa é um e o mesmo. Se ora a Deus para suprir todas as suas necessidades, certifique-se que se prepara, agora, sendo fiel sob duras provas, senão corre o risco de tornar-se irresponsável assim que Deus lhe der tudo o que Lhe pede, porque Ele certamente dará. Quem busca Deus por ser pobre pode deixar Deus assim que enriquecer porque, enriquecendo, já alcançou o que queria. Devemos buscar Deus por Ele e só por Ele sob quaisquer circunstâncias. Todo aquele que conseguir ser fiel a Deus dentro do pouco que tem e durante o tempo que tem pouco, certamente será fiel quando todo o Egipto lhe for entregue em sua mão. Foi o que José fez: ele foi fiel na prisão e enquanto era escravo de Potifar. Não é de admirar que também tenha sido fiel gerindo todo o Egipto. O mesmo princípio pode ser aplicado a todos os aspectos da nossa vida. Uma moça que cuida bem de seu quarto e casa de forma natural antes de casar, será facilmente uma esposa limpa e asseada após casar. Não pode pensar que se tornará limpa e asseada somente após o casamento. Se formos fieis a Deus durante a doença, seremos d'Ele, também, durante e após a cura. É tudo uma questão de coração, pois, no resto Deus será fiel. Nada funcionará mais do jeito daqueles tempos quando ainda éramos infiéis em nossos corações e buscávamos o nosso próprio proveito, pois, fomos fiéis no pouco e seremos fiéis em qualquer outra circunstância também.

  1811. Todos sabemos que precisamos de graça e dos meios obtidos e consolidados pela graça para podermos viver com Deus do jeito que se vive para Ele no céu. Mas, mesmo assim, muitos são achados a discutirem doutrinas e mais doutrinas como se isso fosse resolver alguma coisa. Como é que você vai saber o que é encontrar-me se nunca me encontrar? Como é que você conhecerá Deus através da discussão de doutrinas? E se encontrar Deus de verdade, para que servirão as doutrinas? Devemos, apenas, conhecer Deus tal qual Ele é. A suposição não salva ninguém - nem aquela que se aproxima muito da descrição da verdade! 

  1812. Quando fazemos do jeito de Deus aquelas coisas que consideramos nossas ou para proveito próprio, não podemos considerar tais coisas como egoístas, pois, Deus não daria a Sua força para o egoísmo conseguir os seus propósitos. Contudo, sempre que fazemos as coisas para outros ou supostamente para Deus na nossa força, não podemos achar que isso é caridade. Isso é egoísmo. 

  1813. O que mais cansa o homem é a carnalidade e não o trabalho. Se a carne, os propósitos próprios e os meios da carne morressem todos, o homem nunca se cansaria. Que sejamos crucificados com Jesus e todo o nosso labor será mais leve que uma pena e tão natural como nosso respirar. Você cansa-se de respirar? Todos respiram mais quando se cansam, mas, respirar não cansa.

  1814. Deus diz que devemos perguntar "Onde está o Senhor" ao invés de afirmar que Deus está connosco quando não está. Muitas pessoas pensam que por afirmarem que Deus está presente em seu meio Ele irá deslocar-se para lá ou apresentar-se. Isso não é fé, pois, fé é crer na verdade e não supor sobre o que poderia ou deveria ser verdade. Muitos afirmam que Deus está no meio deles apenas para se sentirem bem e confortados longe de Deus. "Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram e os governadores prevaricaram contra mim e os profetas profetizaram e andaram após o que é de nenhum proveito" Jer.2:8. O avivamento genuíno começa assim que o povo tiver a audácia de perguntar "Onde está o Senhor de Elias", de Paulo e doutros mais.

  1815. Eva escondeu-se por trás das folhas por se haver apercebido do mal. Contudo, sabemos que ela apenas tentava esconder dela própria o mal que sentia haver feito. Escondia-se da própria vergonha. Escondia-se a ela mesma e não meramente aquilo que fez. Como ela conhecia o que estava escondendo, também Deus o sabia. Tentar esconder de Deus é igual a tentar esconder de nós próprios - não resulta. Seria como uma criança que tapa os olhos para sentir-se escondida de quem ela mesma não vê por ter os olhos tapados.

  1816. As pessoas lutam pela boa opinião que os outros podem ter a respeito deles porque lutam para não perder a opinião que têm sobre eles próprios. O opinião forjada é sempre falsa. Você não precisa ser melhor ou pior que os outros porque já é igual aos outros e sempre será. Nada mudará a esse respeito. Lembre-se que quem luta para conquistar a opinião dos outros também mantém a luta pela influência que tal opinião exterior vai exercer sobre a sua própria opinião dele próprio. Isso é uma forma de viver nas trevas e é por essa razão que quem agrada pessoas não tem como agradar Deus, pois, agradar pessoas é viver escondendo de nós mesmos pensando que escondemos de Deus.

  1817. Muitos escondem coisas por várias razões. Adão e Eva esconderam por se haverem sentido culpados, perdidos e desobedientes. Fizeram o mal e viram o que causaram. Por isso se esconderam. Nunca antes haviam experimentado aquele sentimento de perda total e ficaram sem saber o que fazer. Esconderam-se de Deus principalmente por causa disso, pois, ainda hoje temos vergonha de sermos perdidos. Eles não sabiam lidar com o que lhes aconteceu. Contudo, hoje, os descendentes de Adão já se escondem por outros motivos também. Escondem-se por orgulho, recusam por vaidade e teimosia, gostam que pensem que têm tudo, que sabem tudo e que são perfeitos. A imagem conta muito mais para o pecador de hoje. Por isso é que, muitas vezes, recusam perder até um argumento que possa ser traduzida em mudança de opinião sobre eles. Quem se esconde e defende será um perdedor querendo passar por santo vencedor.

  1818. Creio que um homem rico que viva uma vida exemplar e totalmente entregue a Jesus alcança muito para o Reino de Deus, mesmo tendo de passar por mais provações e contrariedades. Tanto no rico como no pobre, a sua salvação é tornar-se mais simples e rendido ao que a graça de Deus providencia ao longo dos seus dias. Um homem rico passa por mais provações, é certo. Contudo, não podemos achar que um pobre não é provado pelo dó que sente dele próprio juntamente com outras coisas que podem passar pelo seu coração e pela sua vida na pobreza. Sejamos pobres ou ricos, precisamos andar com Jesus continuamente e sem interrupção. Podemos casar e ser ou santos ou impuros; como podemos ficar solteiros e ser santos ou impuros; ser ricos e ser santos ou impuros; ser pobres e ser santos ou impuros. Bom é recebermos das mãos de Deus com alegria tudo aquilo que Ele nos dá, seja pela provação ou pela alegria, seja por doença ou em saúde, seja pelo ministério ou seja num emprego convencional. Seja o que for, façamos tudo por Deus. Façamos bem tudo aquilo que pode ser feito por Ele através d'Ele.

  1819. Conviver com Jesus ou nos torna como Ele ou como o diabo. Os discípulos acabaram por se tornar como Jesus e os fariseus como demónios porque conviveram com Jesus. As árvores ficaram mesmo boas ou mesmo más, Mat.12:33. A convicção profunda ou nos torna santos ou, então, apedrejaremos Estêvão. Ninguém permanecerá igual depois de um encontro real com Jesus - ou acabamos como Judas ou como Pedro e João. Nunca mais seremos os mesmos. Se você estiver orando ardentemente por um avivamento genuíno, espere obter este tipo de realidades, pois as pessoas irão ter encontros reais com o Espírito de Jesus. Não espere nada diferente disto que lhe falo após o caminho chamado "Santo" haver sido aberto no deserto onde vive, Is.35:8. Tudo será realmente distinto. Você verá santidade que nunca imaginou possível e verá o mal como nunca o imaginou também. Não se surpreenda com nada e viva sabendo que quanto piores forem as pessoas tanto melhores se poderão tornar porque Deus está realmente operando. Tudo isto é verdade e acontecerá sempre assim. Se o Mar Vermelho se abrir diante de seus olhos não se admire para não ofender Deus e saiba que isso irá criar e consolidar uma nação para Deus e outra para o inferno. A admiração é a reacção da incredulidade sempre que as coisas acontecem conforme Deus falou.

  1820. Orações sem respostas e sem concretização são uma total perda de tempo. Esteja bem com Deus antes de orar.

  1821. Existem momentos quando nos sentimos bem e estamos bem. Existem outros momentos que não nos sentimos bem, mas, estamos bem. Também é verdade que nos podemos sentir bem estando mal. A perfeição faz-nos sentir bem sempre que estamos verdadeiramente bem (com Deus) e sentir mal quando estamos realmente mal.

  1822. Existem pessoas com medo de fazer as coisas por acharem que estão a usar a força da carne. Estes são preguiçosos e buscam desculpas para não serem obedientes. Outros, no entanto, exageram no querer fazer por nunca haverem aprendido a fazer tudo através do descanso em Deus. Tais pessoas carnais precisam explorar todos os meios para ficarem bem vistos. É muito importante acharmos o nosso lugar dentro do descanso de Deus. Eu creio mesmo que não existe pessoa mais activa no reino que aquela que entrou no descanso de Deus. "Resta, pois, um descanso para o povo de Deus, Heb.4:9.

  1823. Se nos amamos a nós próprios e tentamos fazer a obra de Deus, podemos ter a certeza que essa obra é feita na nossa inconveniência. Mas, caso amemos a obra de Deus e o Senhor Jesus de todo coração, não existe mais o que negar, pois, o amor pelas coisas do mundo foi substituído por um amor incondicional a Deus.

  1824. Se Deus nos fala ou nos tornamos mais dóceis ou mais duros. Nunca mais seremos iguais. Se ouvirmos, seremos mais dóceis; se não ouvirmos seremos mais obstinados, duros e impacientes. A impaciência é uma forma de arrogância. Você já viu alguém estrebuchar e tornar-se mais teimoso? Isso deve-se ao facto de Deus estar operando e essa pessoa estar resistindo ou desobedecendo. Quando Deus opera em nós ou nos tornamos santos ou nos tornamos como demónios.

  1825. Todas as orações de Jesus foram ouvidas e ainda hoje se cumprem. Ele orou que fossemos um com o Pai (João 17). Então, se você se sente sozinho e abandonado é porque Jesus orou que você fosse um com o Pai. Como você rejeita, irá sentir-se só porque não será um com mais ninguém.

  1826. "Pelos teus preceitos alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda de falsidade", Sal.119:104. Isto não significa que os preceitos eram entendimento, mas, que após a obediência a Deus o entendimento é fácil. O entendimento alcança-se devido à obediência e após a obediência. "Se alguém quiser fazer... há-de saber...", João 7:17. Contudo, a minha esperança não pode estar baseada no facto de que cumpro e sim em Jesus me realiza e me refaz por dentro e assim possa cumprir e alcançar.

  1827. Uma das razões por que as pessoas se afastam dos mandamentos ou da vida de Jesus é serem instruídos, mas, não por Jesus. As pessoas podem aprender através da leitura, do estudo, da igreja e tudo mais. Contudo, aprendendo com Jesus garante a firmeza de quem aprende. "Não me aparto das tuas ordenanças porque és Tu quem me instrui", Sal.119:102. E para se aprender com Jesus não precisamos deixar a leitura, a instrução na Igreja que seja pura e nem de ouvir o nosso próximo. Basta sabermos que ler, aprender e ouvir é muito pouco. Precisamos ir além disso: aprender de Jesus pessoalmente.

  1828. "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas, para que o mundo fosse salvo por Ele", João 3:17. As pessoas facilmente assumem que podem pecar, pois, afirmam que Jesus não veio para condená-las. Contudo, não podemos separar este versículo de outros. A verdade é que Jesus é a principal pedra de tropeço no caminho das pessoas. Será principalmente por causa de Jesus que as pessoas serão condenadas. Este versículo significa que as pessoas precisam "ordenar seus caminhos" para que possam ser salvas assim que Ele aparecer em suas vidas. Ele veio para salvá-las. Mas, pela Lei de Deus e por causa da justiça em relação ao Criador e em relação à responsabilidade universal, a pessoa que não muda (que não se converte) antes ou no momento que Jesus lhe aparece, será condenada. "Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição", Mal.4:5-6. E a maldição não é o que Deus quer, mas, se as pessoas não se reconciliarem é o que Ele quer e irá acontecer. "E a condenação é esta: A luz veio ao mundo e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más", João 3:19. Então, é melhor arranjarmos a nossa vida a tempo para sermos salvos assim que Jesus bater à nossa porta.

  1829. Temos de chegar ao ponto onde conseguimos distinguir entre a liderança do Espírito Santo e o impulso da emoção; entre o bom senso e a impulsividade; entre o fazer com o coração e fazer para satisfazer o sentimento. Quanto mais depressa fizermos isso, tanto mais rápido estaremos seguros. Evitaremos sermos enganados quando a voz do Cordeiro nos for supra conhecida e familiar. É que não podemos lançar fora a liderança do Espírito apenas porque nos apercebemos que o impulso da emoção também tenta 'guiar' e não podemos deixar o bom senso apenas porque a emoção faz parte de nós. O problema do homem é que tem as bolas trocadas e tornou-se incoerente. Precisamos ser e viver a criação que somos em sua devida ordem e em devido tempo. Sermos extemporâneos não é sermos eternos.

  1830. Deus deu um cajado a muitos pastores para com ele orientarem o rebanho pelo qual se tornaram responsáveis. Contudo, muitos desses pastores usam esse cajado para se apoiarem nele e não para apascentarem. O mesmo podemos dizer dos dízimos, ofertas e tudo mais. O alvo das ofertas é o sustento do povo pobre que congrega e não somente do pastor da igreja. Você apoia-se no cajado ou usa-o?

  1831. Quando somos atormentados ou tentados não nos podemos contentar com não cair em tentação, mesmo que não cair já é bom. Devemos viver a vida de Jesus. Não ficar zangado e permanecer calado nunca será o mesmo que manifestar a vida de Deus, se é que a temos em nós. Só quem não tem essa vida não a pode manifestar. A nossa função como servos de Cristo não pode ser não cair e sim andar bem como se nada houvesse para nos impedir ou para nos fazer cair. Ache essa vida e viva-a. Isso é muito mais e muito diferente de segurar o seu posto ou a sua postura. E conseguindo isso não pode pensar que é um feito, pois, isso é a normalidade para a qual fomos criados. "Domina no meio dos teus inimigos", Sal.110:2.

  1832. Não pode esperar que Deus o abençoe naquelas coisas que Ele não aprova. Também não pode pensar que Deus nunca abençoará tudo aquilo que Ele aprova. Infelizmente, as pessoas quando oram, asseguram-se pelos desejos que a carne aprova e busca, ou começam a pensar que Deus não irá dar devido às experiências anteriores de não receber sempre que oravam de forma egoísta e carnal. No entanto, se mudarmos, devemos saber que Deus responde, pois, mudamos e não podemos continuar a achar que ainda estamos na pré-história da vida anterior. Temos de assumir que tudo se faz novo quando somos novos de facto.

  1833. Outra coisa infeliz que acontece aos humanos é que o mal raramente aparenta ser mau - nunca aparenta aquilo que é. Os maus não têm o hábito de revelar os seus corações e antes os escondem. São artistas na arte de camuflagem. Nós éramos maus. Mas, desde que viemos para o Senhor e tudo em nós se fez novo, não temos mais o que esconder, pois tudo é limpo. Contudo, os hábitos e as artes antigas de esconder podem sobreviver. Se sobreviverem, iremos viver uma vida nova do jeito antigo e isso nunca resultará. "Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus", João 3:21. Não devemos ter mais o hábito de esconder nada, pois não temos mais nada para esconder. Não podemos viver divididos entre duas ideias e cambalear entre dois pensamentos, 1 Reis 18:21. Se Deus é Deus, andemos com Ele; se Baal é deus, andemos com ele. Na nossa vida prática, devemos saber assumir mentira como mentira, verdade como verdade, bem como bem e mal como mal. Precisamos estar firmados na verdade. Sejamos firmes então. Se a vida de pecado é boa, por que razão a escondemos? E se Jesus é bom e não o pecado, por que razão não O manifestamos ao mundo?

  1834. Dúvida é descrer camufladamente como pode ser crer camufladamente. Contudo, não nos podemos dar ao luxo de crer a qualquer preço. Precisamos ver e experimentar a verdade para irradiar de vez e para sempre qualquer dúvida a respeito da verdade e, assim, exterminar a crença no engano e na mentira para sempre.

  1835. Quem é que se esquece de beber água? Só quem não sente a sua sede ou quem não tem sede! Ou quem é que se obriga a beber água? Só quem está muito doente ou, então, quem não gosta de água. Lembre-se disso quando se esquecer de ler a sua Bíblia ou quando se obrigar a lê-la. Você está doente. A Palavra de Deus é água viva.

  1836. "A luz é semeada para o justo e a alegria para os rectos de coração", Sal.97:11. Muitos querem luz para serem justos, sinceros e puros. Mas, lemos que funciona ao contrário, pois a luz é dada a quem é justo, sincero e obediente. "Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber...", João 7:17. Também não podemos esquecer que a verdadeira alegria é para os que são rectos de coração e somente para eles.

  1837. Medo é uma confiança excessiva e mórbida na carne. As pessoas temem sempre que se apercebem que a carne não lhes valerá de nada.

  1838. "Fiz um pacto com o meu escolhido; jurei ao meu servo Davi: Estabelecerei para sempre a tua descendência e firmarei o teu trono por todas as gerações. Se os seus filhos deixarem a minha lei e não andarem nas minhas ordenanças, então visitarei com vara a sua transgressão e com açoites a sua iniquidade", Sal.89:30. Deus pode abandonar qualquer um que peque e deixá-lo seguir seu próprio caminho. Contudo, parte do pacto que Deus faz com alguém é castigar quem se desvia para não abandoná-lo. Os filhos da verdade podem alegrar-se quando Deus os repreende: Ele está a cumprir o Seu pacto com eles!

  1839. Pecado é ilusão. Muitas vezes é ilusão de óptica. Caso não fosse ilusão, nunca estaria em desacordo com a verdade. (Vamos assumir que verdade e realidade são coisas inseparáveis). Se o pecado não fosse ilusão não seria destronado pela verdade. Se é a verdade quem nos liberta do pecado, só pode significar que o pecado é ilusão e mentira. Como o pecado odeia a verdade e ama a mentira, podemos facilmente deduzir que o pecado é ilusão. É daí que nasce a inimizade entre a verdade e o pecado. Realidade e pecado não colam. E se isso é verdade, temos a garantia de que, crendo na verdade, nunca sairemos desapontados. Por essa razão é que é importantíssimo verificar se a verdade à qual nos agarramos funciona e se é verdadeiramente prática. Caso não se torne prática, caso isso não seja possível, não pode ser verdade e é mentira ou tornou-se mentira por alguma razão. Realidade funcional e verdade não podem andar separadas, seja onde for. Se a verdade que você segura não é realidade, certamente que você será assassinado por essa verdade.

  1840. Sempre que a providência de Deus opera algo, sempre que Deus dá para cobrir as nossas necessidades, o objectivo d'Ele visa alcançar a nossa fé e o coração e não apenas a nossa satisfação. O alvo das dádivas são a fé e a obediência futuras e não a satisfação pessoal.

  1841. Muitas vezes, tememos porque a verdade é pisada e desprezada pelas pessoas. É triste o que fazem. Mas, quem sofre com isso é quem pisa a verdade e nunca a verdade. Se tivermos ouro na rua onde o pó o cobre, onde a chuva o molha ou os pés de todo mundo o pisam, o ouro não se estraga e nem perde o seu valor. Assim é com a verdade. A verdade nunca perderá o seu valor. Quem a despreza é que ficará a perder. Os falsos nunca prevalecerão contra a verdade. Pisando a verdade aumentam as hipóteses de saírem derrotados e de se destruírem a eles próprios. Eles é que saem sempre a perder enquanto o valor do ouro se manterá.

  1842. Nós devemos aprender a fazer as coisas pelos motivos certos. Basta começar a fazer pelos motivos certos que logo faremos tudo desse jeito. Quando Deus mandava matar até o gado dos inimigos de Deus e de Israel, fazia-o para que a gula dos Israelitas pelos despojos não fosse o motivo pelo qual Israel se motivaria a pelejar e a derrotar os povos. Sempre que os motivos de Israel se mantivessem certos, Deus permitia e aconselhava que se apoderassem daquilo que os povos tinham. Davi dedicava tudo a Deus para evitar pecar e Deus usou tudo o que lhe havia sido dedicado com carinho.

  1843. "Mas, Deus esmagará a cabeça de seus inimigos, o crânio cabeludo daquele que prossegue em suas culpas", Sal.68:21. Existe uma inimizade contra o Espírito dentro de cada ser que anda em pecado. Eles tornam-se inimigos de Deus e Deus deles mantendo-se naquilo em que são realmente culpados. Quem anda em suas culpas torna-se antipático para Deus, agnóstico, descrente e perverso. Ninguém terá como evitar que isso aconteça. Basta somente andarmos em nossas culpas para que isso seja uma consequência ou uma sequência natural de acontecimentos. Nunca devemos andar se temos culpa seja do que for. Todo tipo de culpa deve fazer-nos parar para nos reconciliarmos com Deus e com pessoas.

  1844. Se as pessoas não mudam, não será porque o tempo para mudarem ainda não chegou. Na verdade, só não mudam porque não querem mudar. Não tem nada a ver com o tempo de mudança. Se o evangelho nos bate à porta, chegou a hora de mudar. Se não mudamos é porque não queremos.

  1845. É melhor começar uma coisa e terminá-la com perfeição do que começar a fazer muitas coisas boas as quais não terminamos ou não aperfeiçoamos. O último pedaço de cada coisa feita será sempre a parte mais difícil de sair perfeita.

  1846. O sinal de que estou perdoado é eu ter mudado. A mudança na pessoa que pede perdão é sinal de graça nessa vida.

  1847. Ora até que consigas orar. Pede até que consigas pedir e receber. Vai querendo até que consigas querer. Vai falando até que consigas falar e expressar-te melhor e com menos palavras. Vai escutando até que consigas escutar e deliciar-te no que ouves. Vai obedecendo até que consigas ser pessoa obediente. Não esperes até obteres vontade de fazer - começa a fazer logo. Não esperes até teres vontade de orar - ora!

  1848. "Deste um estandarte aos que te temem, para o qual possam fugir de diante do arco", Sal.60:4. É interessante notar que Deus não destrói o arco, antes, cria um abrigo, um estandarte para o qual possamos fugir e ficar seguros. O arco que persegue continuará lá. Será destruído só no final, isto é, após haver cumprido aquilo para o qual Deus o deixou prosperar até ali. Mas, até lá, não atingirá quem se abriga em Deus. "Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer", Luc.12:4. Também é interessante notar que Deus chama de "estandarte" àquilo que chamaríamos de abrigo ou refúgio. A santidade é esse estandarte. Primamos para ser santos e puros pela graça. "E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco", Is.35:8.

  1849. Para existir alegria real e pura é necessário haver uma coincidência ou uma convergência entre o espírito do homem e o de Deus. É mesmo uma incidência, uma convergência de momentos e de espíritos, uma incidência e uma conciliação entre nós e Deus para que tudo se torne real e sem hipocrisia. Já pensou no que realmente é uma convergência? Para muitos será uma coincidência, já que se desviaram do caminho e voltam atrás. O nosso espírito tem de bater certo com o de Deus. Ora, para haver essa convergência ou 'coincidência' é preciso que tanto o homem e Deus estejam afim um do outro. É fácil Deus estar afim do que é certo e real. Mas, o homem também precisa estar em sintonia com Deus. Um aparelho de rádio precisa apanhar a onda na qual a torre transmite. Não é a torre de transmissão que tem de apanhar a onda do rádio receptor. Ora, se a iniciativa estiver do lado de Deus, o homem pode não querer entrar na onda ou pode não se aperceber dela. Por isso é que a iniciativa de Deus costuma ser discreta e invisível. Mas, caso o homem tenha conseguido a ocasião e o espírito propício e natural para convergir com Deus, o Senhor estará sempre afim e irá convergir para o homem de imediato. Deus não muda e não se 'adapta' a situações. Essa é uma das razões por que o homem recebe o mandamento de vir a Deus para que Deus venha a ele também. "Chegai-vos para Deus e Ele se chegará para vós", Tiago 4:8.

  1850. Existe aquela alegria falsa, a qual a pessoa não experimenta por dentro aquilo que demonstra do lado de fora. Pode demonstrar menos ou mais do que é verdadeiro. Ter essa alegria do lado de fora nem é errado, mas, pode e deve corresponder ao que se passa em nós. É verdade que os hipócritas assemelham-se aos certos. Mas, nem será por causa do hipócritas que devemos deixar de ser alegres de forma real. A alegria não é falsidade, mas, a falsidade pode ser 'alegre'.

  1851. Foi prometido um filho a Abraão e não havia maneira do filho nascer; a Isaque pertencia a promessa de uma descendência para glória de Deus e Rebeca era estéril; a Davi foi-lhe prometido o trono por imposição das mãos de Samuel e tardava a realizar-se aquela profecia; podemos falar ainda de José e seus sonhos que não se cumpriam, de Jacó e até de Noé que demorou uns cem anos a construir a Arca. Isto só pode significar uma coisa: aquelas coisas que tardam a acontecer e que, por vezes, parece que não irão acontecer, são precisamente as coisas que são a vontade de Deus. Elas precisam acontecer e quem permanecer fiel a Deus irá herdar a promessa que Deus lhe fez pessoalmente. Existe um padrão na forma como as coisas se processam em relação às coisas que Deus promete. Existem coisas para se cumprirem agora e existem outras que se cumprem quando certas condições estiverem cumpridas.

  1852. "Conforme é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor até os confins da terra", Sal.48:10. Esta afirmação faz-nos pensar. Devemos lembrar que o louvor verdadeiro a Deus estará sempre dependente da realidade da presença de Deus, da experiência genuína de tudo aquilo que Deus é e da realidade da genuína manifestação de Deus. Será sempre conforme o Seu nome. Muitos falsos fazem as pessoas darem louvores falsificados a Deus. Não é disso que estamos a falar aqui. Eles usam o nome de Deus em vão. Você tem usado o nome de Deus em vão? Deus consegue manifestar-se tal e qual Ele é sempre que você anda, fala e esclarece? Será que os louvores de Deus estão mesmo de acordo com o nome verdadeiro de Deus por onde você anda?

  1853. "A segunda maior revelação que o homem pode ter de Deus, é o plano do Senhor para si". Isto foi um amigo que me disse, alguém que deseja ardentemente saber qual o plano de Deus para sua vida. A revelação de Cristo de forma real é a maior das revelações para a alma. Foi uma bênção para mim o pensamento tão lúcido de meu amigo.

  1854. "Esforçai-vos e fortaleça-se o vosso coração", Sal.31:24. O fortalecimento vem principalmente permanecendo em Deus, sendo que Ele é a nossa força se temos um relacionamento com Jesus que seja real e diário. Esse relacionamento só existirá se nos afastarmos do pecado, seja de que tipo for. Por isso, ser forte significa sermos limpos.

  1855. A melhor maneira de impedir que os maus se instalem dentro duma congregação é pregar de tal modo que sintam vontade de ir embora caso não se convertam. Saindo, poderão voltar convertidos. Quantos mais maus houver dentro dos membros duma congregação ou da sua liderança, quantos mais se mantiverem por ali, menos Deus opera.

  1856. Não seria maravilhoso? Eu tocando, Deus toca e eu não teria como dizer que fui eu que toquei. Seria muito maravilhoso, não seria?

  1857. "Confia no Senhor e faz o bem; assim habitarás na terra e te alimentarás de verdade", Sal.37:3. "...Te alimentarás de verdade da verdade..." Quão grande o significado! Você busca verdade? Você cumpre todos os requisitos e todas as condições para achar verdade? então não desanime. Contudo, nunca se atreva a separar a verdade da realidade. Se o fizer, ela será apenas mais uma fantasia. A verdade tem todo poder, mas, precisa tornar-se real. Atreva-se a ter realidade que esteja em conformidade com toda a verdade e será esse o seu alimento.

  1858. Aquele que sabe esperar, saberá receber e ser fiel ao que recebeu. Aquele que não sabe esperar e manter a expectativa em Deus, desperdiçará se receber.

  1859. Um santo aqui na terra das tentações é como um gigante no meio das formigas: por muito que seja molestado, não se torna formiga.

  1860. É bom quando as torturas e perseguições aconteçam connosco somente para cumprimento das profecias, isto é, quando não servem mais para nossa própria santificação e correcção.

  1861. O rancor é um pecado muito feio e grave. Mas, o dó que não é misericórdia é pecado igual.

  1862. Muitos pensam que oração é somente falar. Mas, lemos uma coisa interessante que Davi escreveu: "Atende aos meus gemidos. Atende à voz do meu clamor"; "o Senhor já ouviu a voz do meu pranto", Sal.5:2;6:8. A voz do clamor e do pranto não são palavras. Seria como Deus atender a uma meditação em nós com carimbo de desejo. Seria como reconhecer a voz de alguém que amamos muito e de quem esperaríamos ouvir. Não ligamos tanto ao que diz e sim a quem diz.

  1863. Ninguém poderá sentir-se inferior a mim diante de mim sem minha autorização e consentimento.

  1864. Uma entrega total, incondicional e voluntaria é muita coisa, mas, também é um tira-teimas. A pessoa verá se as coisas de Deus funcionam ou não. Logo tira as dúvidas e coloca Deus à prova colocando-se a ele próprio à prova.

  1865. "Que ninguém te despreze", Tito 2:15. Para que ninguém me despreze se falo a palavra de Deus ou se faço as coisas de Deus, devo ter uma vida e condições onde Deus possa manifestar-se e revelar-se. Para que ninguém me despreze as coisas que falo precisam funcionar e para elas funcionarem Deus precisa ser actuante e demonstrar-se (revelar-se como é). Não será o confronto directo que fará com que não me desprezem. "Em breve, porém, irei ter convosco, se o Senhor quiser e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas o poder", 1Cor.4:19.

  1866. Quem julga ama as aparências e finge a realidade. Aquele que julga, quando o faz, tenta encobrir para si próprio o pecado que vem julgando. Isto é, julgando começa a crer que não tem o pecado que facilmente vê nos outros. Logo, precisa manter as aparências para demonstrar legitimidade no julgar de outros.

  1867. Ser manso não é ser brando ou tolerante quando o pecado bate à porta. Aliás, quanto menos tolerante a pessoa é para com o pecado, tanto mais mansa ela se torna. O pecado traz dureza de coração com ele e a dureza é o oposto da mansidão. Então, o que é ser manso? Mansa é aquela pessoa que não é nada branda com o pecado (principalmente se o pecado é o seu próprio) e, ainda assim, é muito bem aceite e ouvido. A mansidão torna-nos capazes e mais audazes até mesmo para irmos mais longe do que aquilo que imaginaríamos ser humanamente aconselhável ou possível. Exterminar o pecado em nosso coração torna-nos mansos e não duros. Se deseja mansidão ardentemente, participando em algo que provém do Espírito Santo, certamente que só conseguirá alcançar esses desejos mantendo um ódio crescente e inabalável contra qualquer tipo de pecado próprio. Só depois disso poderá aprender a tornar-se verdadeiramente manso. Todos os que ouvem Deus tornam-se capacitados para se tornarem verdadeiramente mansos. Ninguém pode separar a mansidão da disponibilidade de coração para com Deus. Os disponíveis para Deus, tornam-se mansos. Sabemos que todos quantos são mansos para com Deus, tornam-se duros para as coisas do mundo e o mundo recusa aceitá-los enquanto permanecerem na mansidão. Por outro lado, sendo 'mansos' para com o mundo, seremos endurecidos para Deus e para todas as Suas palavras. Uma face importante da mansidão é poder transmitir as palavras verdadeiras do modo que foram manifestas, sem acrescentar em nada e sem retirar de nada. Os mansos fazem precisamente isso. (Por isso, a mansidão e a fidelidade tornam-se inseparáveis). A mansidão torna-se tão óbvia que torna possível falar as maiores verdades da maneira mais direta sem ofender. O coração fica sem qualquer maldade. O que pretendo realçar é que tolerar o (próprio) pecado torna qualquer pessoa dura e não mansa. Esse ódio para com o pecado deve ser contra pecados reais e não contra pecados imaginários e supostos e nem contra acusações falsas. Uma pessoa cheia de mansidão pode expressar as palavras mais severas da maneira mais curta e, ainda assim, ser bem entendido e aceite. Os mansos podem dizer muito mais que qualquer um se atreveria a dizer. A verdade na boca dum manso de coração é certeira, atinge o coração e não fere - antes, ajuda a restaurar e a salvar. A mansidão está para a verdade como está a relação entre a espada e o ser afiada. Essa verdade misturada com mansidão atinge como um raio e corta mais fundo que qualquer coisa. Corta sem esforço, tal como uma espada quente cortaria manteiga. É uma espada bem afiada: corta mais profundamente, corta melhor e não deixa cicatrizes e nem lesões. Mas, a verdade sem mansidão é como uma espada cega: fere e rasga ao invés de cortar mansamente e eficazmente. Se, por acaso, a verdade que falamos não é cortante e se é bruta, não devemos alterar o conteúdo da verdade por causa disso. Devemos, antes, aproximarmo-nos do Senhor para adquirirmos a mansidão da verdade.

  1868. Muitos usam as trevas para andar, outros para se esconderem e para não serem vistos. Mas Deus pede de nós que andemos na luz - sempre. As pessoas normais usam a luz para andarem e não as trevas. "Andai enquanto tendes a luz (...) pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai", João 12:35. É bom não sabermos andar nas trevas. É muito fácil aprendermos a andar sem luz. "Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz", João 11:9,10. Quem anda estando em trevas, estagna e não anda quando chega a luz.

  1869. Se existe amor carnal, por que razão as pessoas pensam que não existe fé carnal, esperança carnal, mansidão carnal, paciência carnal e outras coisas mais que Deus muito abomina por serem imitações do que é certo?

  1870. "Tornai vós para mim e eu tornarei para vós diz o Senhor dos exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?", Mal.3:7. Será que sendo Deus a dizer esse tipo de palavras não chegaria para nós e, ao invés, queremos saber e até questionar os aspectos em que devemos tornar a Ele? Será assim tão difícil acreditar que estamos realmente afastados de Deus quando estamos? Sendo Deus a pessoa que é não basta para Lhe darmos atenção, mesmo que ainda não consigamos ver o Seu ponto de vista? Não podemos acreditar n'Ele só pela pessoa que é?

  1871. "Serei uma testemunha veloz contra os (...) que não me temem, diz o Senhor dos exércitos", Mal.3:5. Ser testemunha veloz significa, acima de tudo, ser eficaz e cujo testemunho permanece por muito tempo dentro da pessoa. O efeito surpresa ajuda muito para que isso aconteça e quando o Senhor fala pessoalmente com alguém, seja de que jeito for, surtirá um maior efeito na pessoa que mil sermões. E esse efeito surpresa raramente é conseguido sendo feito de qualquer maneira e quando a pessoa quer, pois, chegará em um momento que a pessoa não espera ou já não esperava. E Deus afirma que será essa testemunha veloz assim que os sacerdotes forem puros e limpos. "Por eles Me santifico...", João 17:19.

  1872. Um certo tipo de confiança mútua entre homem e Deus opera tão fundo que tanto a indecisão como aquelas coisas que dividem o coração passam a ter as horas contadas. Se formos honestos no tocante à fé que temos - ou que não temos - se somos pessoas que não inventam de ter fé onde ela não está assegurada ou onde ela não existe, saberemos que o grau da nossa fé estará directamente relacionado com o grau da confiança que Deus deposita em nós. Ou será que já nos esquecemos que a fé é tanto um dom como um fruto do Espírito? Você é fiel? Concentre-se em ser fiel nos mínimos detalhes e sua fé será tão fácil como respirar.

  1873. Quem aplaude e encoraja é co-autor tanto do bem quanto do mal. Quem critica o bem mostra o quanto se opõe a ser bom. Quem critica o mal com amargura demonstra o quanto recusa abrir mão dele e o quanto gostaria de ser mau se pudesse.

  1874. Existem provações que não matam. Essas provações são como o poço onde José foi lançado: não têm água e não afogam ninguém. Você ainda tem a presença de Deus consigo? Então esse poço (a provação) não tem água e não mata a alma. "...Libertei os teus presos da cova em que não havia água. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje anuncio que te recompensarei em dobro", Zac.9:11-12.

  1875. Esquecer é uma característica humana, tal e qual lembrar também o é. Esquecer, quando aplicado de maneira apropriada, liberta o nosso cérebro e ser para poderem ocupar-se com aquilo com que devem estar ocupados. Infelizmente, muitos esquecem-se do que devem lembrar para se lembrarem daquilo que podem e devem esquecer. Sonham para esquecerem a realidade e realizam a mentira para não terem de lembrar as suas consciências da verdade.

  1876. A consciência não precisa e não deve ser forçada a acreditar em coisas que ela já sabe. Quem quer fazer a consciência acreditar em algo que ela já sabe, fá-lo porque certamente deseja enganá-la acerca de alguma coisa que gostaria de poder aprovar ou desaprovar. Rejeitar, torcer ou mesmo discutir a Lei de Deus é uma forma de desaprovar e de desacreditar algo que deveria permanecer intocável. E a consciência forçada comete vários tipos de erros desse género. Enganar o coração é um deles. O outro é forçar a acreditar na verdade ou naquilo que já sabe. Forçar a consciência é o oposto da espontaneidade. E o oposto de espontaneidade na verdade pode tornar-se o início do caminho do erro.

  1877. Nos caminhos de Deus que se tornam reais tudo é mais lindo, mais verdadeiro e mais prático. As imaginações podem-nos fazer alucinar por coisas que poderiam ser reais se pudéssemos crer em Cristo quando Ele as menciona ou as dá a conhecer. Você vai trocar realidade por ficção sendo que em Cristo tudo pode tornar-se prático e real? Toda a forma de egoísmo é uma luta irreal para alcançar uma forma de vida que não existe, não sustenta e não se mantém, seja em nós ou fora de nós porque essa vida nunca será sustentada por Deus. Todo tipo de egoísmo é uma luta da fantasia a favor duma vida irreal que se acredita ser real ou possível. Tornando-se real, tal vida de fantasia assusta-se e deixará de lutar por ela. E seria bom que se assustasse com ela própria ao invés de se assustar com a realidade prática das coisas maiores que nem teria como imaginar. Essas fantasias são teimosias e tornam-se decepções caso não se concretizem. Mas, a maior decepção é aquela que não vê a teimosia satisfeita. E Deus não pode satisfazer uma teimosia. Por isso, ou as coisas deixam de ser sonhos para nós ou Deus não as concretizará por serem teimosias. Enquanto não é hora de algo se concretizar, Deus até pode tolerar que a pessoa sonhe e imagine. No mínimo, isso evitará que se esqueça do que pode ser real. Mas, nem deveria ser assim. A impaciência faz as pessoas sonharem e a paciência fará as pessoas lembrarem que se tornará real tudo quanto Deus prometeu.

  1878. Um amor secreto pelo pecado faz-nos julgar os outros e, também, julgar o pecado que desejamos crer ser odiado por nós. Quem julga ama as aparências e finge a realidade. Por outro lado, um ódio secreto para tudo quando é pecado faz-nos julgar a nós próprios, por vezes, muito severamente se não aceitarmos de bom coração o perdão de Jesus. Aqui, contudo, devemos levar em conta que a pessoa pode odiar uns pecados mais que outros ou ser tentado mais facilmente por uns do que por outros. Mas, assim que o amor de Jesus é realmente derramado em nós, todos os tipos de julgamentos sumários cessam, pois, o amor pelo pecado morre e pelo próximo cresce. Logo, juízos sumários acerca da vida dos outros cessam de forma resoluta, natural e espontânea. E como julgar era hábito duma consciência pesada, devemos acabar com ele. Por outro lado, os juízos sumários que fazemos sobre nós próprios também cessam assim que esse amor é derramado em nós porque com o amor vem confiança maior e mais real em Jesus conseguir salvar-nos de qualquer tipo de pecado. Na verdade, esse derramamento de amor em nós é a própria salvação do pecado. E quando somos perdoados e recebemos a paz que Deus dá, deixamos de julgar porque já não somos acusados. Deixar de julgar é fruto ou sinal da pessoa haver sido verdadeiramente perdoada.

  1879. Os hábitos que se ganham são sempre um problema quando as circunstâncias não mudam, ou quando ainda não é tempo de mudá-las. Coisas como a obesidade, a má-língua, a amargura e muitos outros pecados podem ser meras consequências de hábitos aos quais damos pouca relevância. "Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados da vida e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço", Luc.21:34. Não posso ceder à força dos maus hábitos e nem esperar que mudarei quando as circunstâncias mudarem. Se não mudar agora nunca mudarei quando as circunstâncias mudarem. Não posso acreditar que mudarei depois, pois o tipo de coração que tenho agora irá comigo para onde quer que vá. Vamos ter um cuidado especial para ganhar raízes prometidas por Deus antes das promessas de Deus a respeito das circunstâncias se concretizarem. "Ainda que se demore, espera-o; porque certamente virá, não tardará", Hab.2:3.

  1880. Quando falar, precisa ter a certeza que o seu silêncio será prejudicial em termos eternos e as suas palavras o oposto; e quando ficar calado precisa ter a certeza que o seu silêncio diz mais que qualquer coisa que possa dizer. E quando não tiver nada para dizer, não diga nada. E quando tiver que falar, não acrescente e nem retire nada de suas palavras, não altere o seu tom de voz para não sentir que deve pedir desculpas pela maneira como fala.

  1881. Dar o que nos sobra nunca será o mesmo que dar o que temos. Receberemos de Deus a recompensa de acordo com aquilo que não nos sobrou e não apenas de acordo com o que demos. Contudo, muitos dão do que lhes sobra e sentem-se felizes e muitos outros dão do que têm para se sentirem tristes. Têm o mesmo pecado e nem se dão conta disso. Mas, é verdade que também existem pessoas que dão do que lhes sobra com o mesmo coração alegre que têm quando dão do que lhes faltará. O que conta é o tipo de coração que temos quando damos e quando não damos.

  1882. "E não é assim que fazem bem as minhas palavras ao que anda rectamente?" Miq.2:7. Fazer bem a alguém não significa que a pessoa que é abençoada se sinta bem com a maneira como foi tratada. Os sentimentos não demonstram que Deus nos fez bem ou mal. Tudo que sentimos irá depender do que achamos ser bom ou mal, não do que Deus acha bom ou mau e se estamos de acordo com Deus ou não. Deus pode-nos fazer muito bem através daquilo que nos faz sentir mal. E no Sal.73 lemos daqueles a quem Deus faz grande mal dando-lhes tudo para que se sintam bem antes que toda a Sua ira se manifeste contra eles.

  1883. Respostas a todas as orações, mesmo quando recebemos um "não" contundente e claro, significam que temos um relacionamento real com Deus. Se eu ouço Deus, isso só pode significar que Ele também me ouve.

  1884. Se você já aprendeu alguma coisa de Deus, é porque com certeza já ouviu a voz d'Ele. Quem sabe já ouviu sem se dar conta. Haver aprendido d'Ele prova que já detectamos a Sua voz. Só falta aprendermos a distingui-la das outras vozes concorrentes. Bastará separar os genes e apreender espiritualidade real.

  1885. Todo o galardão final vindo de Deus será conforme a qualidade da obra e não conforme a quantidade da obra. O galardão aqui da terra será conforme a necessidade da pessoa e da necessidade da obra que ela satisfaz, isto é, se tal pessoa andar nos caminhos de Deus. Não andando nos caminhos de Deus pode receber a menos ou a mais e ambas as coisas servirão para condenar a pessoa. Recebendo a menos responderá porque suas orações não obtiveram respostas concretas; recebendo a mais tropeçará usando mal o que deveria ter usado bem e com aprovação e a bênção de Deus.

  1886. Não espere ser pessoa especial ou muito considerada para ter como mudar o seu canto no mundo. Basta que Cristo seja muito especial para si continuamente e sem interrupção. Entregue-se a Ele ao invés de querer mudar a ponto de ser especial. Cristo quer que você seja quem você realmente é e não a pessoa em que pensa que se pode tornar. Não espere até mudar para se entregar a Ele, pois, Cristo só confia numa transformação na qual Ele participou de inteiro agrado e pela qual Ele pode responder.

  1887. Digam o que disserem: quando existe alguém que acusa, não existe quem reconhece que errou. Quando alguém reconhecer que errou diante de quem acusa, certamente cessará todo tipo de acusação. Confessar todos os nossos pecados um por um consegue demolir toda a força da acusação. Experimente e verá. O acusador envergonha-se e o Salvador regozija-se. Antes o Salvador envergonhava-se de nós e o acusador regozijava-se. Mas, para acusar nem sempre é preciso haver transgressão: basta apenas haver alguém com uma atitude de não reconhecer. Ainda que não precise reconhecer, a atitude submissa e humilde deve existir. Os inocentes nunca deixarão de ser acusados, pois não têm nada para reconhecer diante de quem os acusa. Não vão mentir para agradar ou desagradar e, assim, não conseguem calar o acusador no momento em que são acusados. Logo, serão acusados falsamente e, como cordeiros, permanecerão calados para, mais tarde, Deus dar-lhes razão. E se continuarmos a ser acusados havendo cometido pecados ou crimes, será tão só porque não reconhecemos e optamos por nos defendermos de alguma acusação. Havendo quem reconheça, cessará a acusação. "Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus", 1 Ped.2:20. Até diante dos tribunais comuns a acusação cala-se e deixa de querer fazer prova quando reconhecemos.

  1888. Sempre que Deus não me dá algo que desejo bastante é porque eu sou mais importante para Ele que qualquer coisa boa que possa desejar para mim. As coisas funcionam assim: se tiver de escolher entre Jesus e Sua obra, Jesus virá em primeiro lugar. Do lado de Deus funciona tudo do mesmo jeito, pois, se Deus tiver de optar entre mim e minha obra, é por mim que opta.

  1889. Muitos podem perguntar: "Por que razões Deus diz-nos para o buscarmos e o acharmos se somos escolhidos para ouvirmos o evangelho?" Ora, é fácil responder. Em primeiro lugar quem é escolhido para ouvir o evangelho é escolhido para mais tarde propagar a mensagem aos que não foram tão escolhidos quanto ele. Se não ouvir e se não obedecer ao evangelho, a eleição não lhe valeu de nada e servirá para aumentar na sua condenação. Por outro lado, sabemos como as coisas funcionam com quem não quer um relacionamento real com Deus. Quem não quer, precisa vir a querer. Ora, que melhor maneira de fazer alguém querer que deixar a iniciativa entregue em sua mão? Tendo a iniciativa, logo anula a falta de vontade e pode inverter todo o processo de rebelião por um de desejo de conhecer Cristo como Ele é.

  1890. A nossa fé real é do tamanho da que temos quando estamos sob pressão, tentação e provações. Ninguém pode pensar que tem mais fé do que aquela que experimenta em momentos de grande tensão e provação. A nossa confiança deve ter como base a pessoa de Deus, o Seu carácter e não as circunstâncias. Confiar e estar alegre em tempos de vacas gordas não é mau, mas, será que Deus muda quando as vacas emagrecem? Ele muda como as vacas? E se Deus não muda, por que razão será Ele de menos confiança em momentos difíceis? Por que razão a nossa alegria diminui e a nossa confiança n'Ele fica abalada se fé é confiar n'Ele e não nas circunstâncias? Confiança que teme ser posta à prova não pode ser considerada fé. Medo de ser provado é não confiar nas bases que nos seguram. Se somos abalados por qualquer ventinho de provação, temos a confiança nas coisas erradas. A nossa confiança depende da fidelidade, do poder, da sabedoria de quem nos coloca à prova para o conhecermos melhor.

  1891. Morrer com Cristo é eu sair de cena entrando em cena - é Cristo viver e todos verem o poder de Deus, verem Jesus sempre que olharem para o meu lado. Sair de cena significa Jesus ser visto assim que olharem para onde estou. Se enxergam Jesus, não me enxergam a mim. Mas, para lá chegarmos não será decidindo ou sentindo que Jesus será visto e não nós. Isso precisa acontecer mesmo. Descubra como e busque achá-Lo de todo coração. É um caminho para lá chegar. Já ouviu falar do caminho do Calvário onde se pega em nossa cruz de forma decidida para irmos morrer de facto? Ninguém pega na cruz para carregá-la o tempo todo. Carrega-a para ir morrer definitivamente.

  1892. Quando Deus disse à casa de Israel, "Buscai-Me e vivei", Amos 5:4, Israel estava sob maldições de todo tipo. Muitas coisas más estavam pairando sobre a cabeça do povo minando toda a sua existência e toda a sua vida prática. No entanto, o povo buscando Deus para viver não significaria que as guerras, a fome e tudo mais que se aproximava fosse evitado. Significaria que o povo deveria achar Deus no meio dessas coisas para, pelo menos, salvarem as suas almas já que a parte material estaria fora de questão. Não podemos buscar Deus com aquelas segundas intenções de levantar o cerco do mal que nos rodeia. Devemos buscar Deus somente por Deus. Foi o que Daniel fez, pois mesmo em cativeiro conviveu com Deus. É precisamente nestas alturas que muitos ficam rancorosos contra Deus e dizem coisas que não deveriam dizer. Mas, Daniel tornou-se amigo intimo de quem o feria. De Daniel não se podia dizer assim: "E os padejei com a pá nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não voltaram dos seus caminhos". "Todavia o povo não se voltou para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos", Jer.15:7; Is.9:13. Por essa razão Deus diz: "Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau", Amos 5:13. Mesmo que Deus use coisas desagradáveis para corrigir-nos ou como meras provações, nem assim deveremos permitir arrogância e rancor contra Deus em nossos corações. Foi o que aconteceu com Jó. "Eis que ele me matará; não tenho esperança; contudo defenderei os meus caminhos diante dele", Jó 13:15. Deus também nos pode fazer passar por males para corrigir os outros.

  1893. "Pois, assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei. Mas, não (...) passeis por Berseba...", Amos 5:4,5. Muitos evitam ir directamente a Deus para se converterem. Eles dão uma volta para chegarem lá e contornam o caminho. Será que você consulta aquilo que perde, consulta o seu caminho antigo antes de ir ter com Deus, antes de confiar em Jesus e somente n'Ele? Passa por Berseba e perde tempo contornando questões tentando evitar o inevitável? Já que irá viver com Ele, por que não começar já e da maneira mais certa, mais reta e mais imediata?

  1894. "Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos exércitos, estará convosco, como dizeis", Amo 5:14. Muitos dizem que Deus está com eles e não é verdade, aliás, nem pode ser verdade. E não podemos obrigar Deus a estar connosco caso Ele não esteja. Podemos, isso sim, buscar as coisas de Deus que deixamos de fazer, podemos cumprir o que Deus quer e podemos dedicar-nos à obediência, ao amor, havendo-nos limpado de nosso passado. Então, Deus estará connosco de livre e espontânea vontade e sem ser obrigado.

  1895. Muitos acham que não ser fingido é ser duro e implacável. Mas, não ser fingido é apenas ser directo, recto e dizer ou fazer todas as coisas da maneira mais curta e mais amorosa. A verdade nunca magoa um verdadeiro de coração - ainda que seja a verdade sobre nós próprios.

  1896. As pessoas quando mudam o seu coração, não mudam por haverem mudado de lugar, de emprego ou de outra coisa qualquer. Ou mudam no lugar onde estão e sob as circunstâncias nas quais se encontram ou, então, não mudarão. É uma ilusão pensar-se que tudo mudará quando as coisas mudarem e forem diferentes, pois o coração continuará sendo o mesmo. Para onde nos mudarmos o coração que temos irá connosco.

  1897. Os hipócritas, quando falam aos outros, elogiam e, muitos deles, até acreditam (ou fazem que acreditam) nas mentiras que dizem de quem falam. O pior dessa situação sobra para quem ouve os elogios, pois essa pessoa também começa a querer acreditar naquilo que houve e começa a colocar a máscara para parecer que é aquilo que não é. A pessoa tenta ser aquilo que pensam dela. É assim que um hipócrita cria outro hipócrita.

  1898. Existem tantas promessas na Bíblia saídas da boca de Deus que nunca se cumpriram. Isso deve-se ao facto de as pessoas a quem eram dirigidas não haverem cumprido as condições e os requisitos de fé para obterem a vontade de Deus para suas vidas e para as vidas dos que os rodeiam. Do mesmo modo, existem muitas maldições que nunca se cumpriram porque as pessoas a quem se destinavam essas maldições arrependeram-se e creram em Deus através dessa mesma palavra de maldição. Importante é crer que Deus cumprirá o que falou, seja maldição ou bênção. Essa fé salva. Vejam quantas vezes Deus quer que se assegure e se tenha a certeza de que o mal que as pessoas recebem vem da parte d'Ele sem sombra de dúvida. Exemplos disso temos em Amós 4. E as pessoas que crêem e se indignam contra Deus, mantendo rancor contra Deus que lhes quer bem porque pronunciou mal contra eles para os salvar se crerem, são pessoas que pensam demais deles próprios, achando-se mesmo especiais ou com direito a sê-lo. Esses certamente que se sentiriam orgulhosos caso Deus pronunciasse qualquer promessa a seu respeito e esta se viesse a cumprir antes de serem pessoas transformadas, humildes e aceitáveis a Deus. Muitas promessas ficam pendentes aguardando as transformações que Deus precisa conseguir em nós antes que se possam cumprir.

  1899. Muitos crentes sãos ficam confusos porque têm coisas no coração que gostariam de discutir com Deus. A confusão vem das muitas coisas que existem em suas imaginações. Na verdade, a maior causa é a desordem dos seus pensamentos. A desordenação pode parecer confusão. Bastaria reduzir ou distribuir melhor a quantidade de matéria do pensamento para funcionarmos melhor. E você pergunta: que irei reduzir? Muitas coisas podem ser reduzidas. Por exemplo, pode reduzir aquelas coisas que são inegociáveis para Deus, isto é, aquelas que Deus nem sequer irá discutir consigo; pode reduzir a fantasia, a religiosidade e todas as coisas associadas à imaginação corrompida; pode reduzir as esperanças falsas; pode reduzir os sonhos e achar realidades; na verdade, pode limitar muito o seu campo de trabalho e tornar-se mais eficaz, mais oportuno e mais perspicaz em todos os aspectos. E como podemos distribuir a matéria de pensamento? Uma das maneiras é tratar profundamente uma coisa de cada vez e ordenar ou disciplinar nossa inteligência; depois, será necessário tratar dos assuntos até um ponto final e onde seja Deus a colocar esse ponto final. Deixar as coisas a meio é espantar a disciplina e chamar a desordem. Nós funcionamos muito como um disco rígido de um computador e do qual podemos tirar muitas coisas para que possa funcionar melhor.

  1900. Um crente limpo sente-se mal perto do mundo tal e qual um crente sujo ou mundano sente-se mal e incomodado perto de Deus ou dos crentes limpos.

  1901. Se as pessoas do mundo animam-se e sentem-se fortalecidos através de uma fé falsa dizendo que têm fé e que tudo irá correr bem, isto é, se através da mentira conseguem animar-se e sentir coragem, imaginemos como se poderiam animar todos aqueles que crêem naquilo que irá acontecer de verdade! Os que se "deixaram enganar por suas próprias mentiras" (Amós 2:4) animam-se sempre e sentem-se encorajados com esperanças falsas e terrenas acerca de Deus. E como têm razões de sobra para se sentirem animados todos aqueles que não crêem em vão e cujas esperanças são bem válidas! Crente limpo está seguro em Deus. Você já parou um minuto para pensar na realidade, na verdade, na certeza das coisas em que acredita e espera de Deus? Tire uns momentos para ver a realidade da esperança que não é e não poder ser falsa e se vem de Deus. Existe muito por trás destas palavras: "Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás...", Josué 1:6. É só uma questão de tempo.

  1902. Seria bom se cada filho de Deus chegasse a um ponto onde o diabo, para tentar, tivesse de dar a cara e dizer quem era, pois isso significaria que ele já não conseguia usar nada da carne e daquilo que o homem considera ser ele ou dele para ser tentado, vendo que era inútil tentar ficar escondido por trás da carne da pessoa que tenta. Sendo assim, só lhe restaria o confronto directo.

  1903. Sabemos que a depressão é uma montanha de pecados por confessar a Jesus, por muitas explicações que a classe médica possa ter sobre o assunto. Leve alguém a confessar cada pecado pelo nome diante da cruz clamando por perdão e transformação e verá como a depressão deixa de existir de forma quase instantânea! Contudo, devemos distinguir entre depressão e frustração, pois aquelas pessoas que honestamente não sabem onde pecam sentem frustração. Os que não confessam sabendo o que devem colocar na luz imediatamente, acabam em depressão se não o fizerem.

  1904. Existem duas maneiras das coisas acontecerem no devido tempo de Deus. Uma das maneiras é a providência de Deus. A outra é a sempre presente confiança no coração, aquele calor de se saber para além de qualquer dúvida que Deus tudo proverá e tudo é capaz de prover. Isso não é uma coisa nossa e não é o próprio a tentar convencer-se ou confortar-se. Contudo, não separe a providência da fé e nem a fé da providência, pois, quando não se confia e a providência chega até nós teremos de confiar ainda; e quando confiamos, a providência de Deus irá prover ainda.

  1905. "A semente mirrou debaixo dos seus torrões", Joel 1:17. Os pecados dos homens não deixam as coisas de Deus eclodir e prosperar. É o que fazem os torrões secos em cima das sementes. Sabia que as suas mágoas ou qualquer outro pecado impedem a obra de Deus tanto em sua vida como nas vidas de todos à sua volta?

  1906. É pena que quando falte alguma coisa terrena aos filhos dos homens eles fiquem sem alegria. Só mostra que não tinham nada quando pensavam que tinham tudo. Revela, também, em que depositavam as suas esperanças. "A vide secou-se, a figueira murchou-se; a romeira também, a palmeira e a macieira, sim, todas as árvores do campo secaram-se; e a alegria esmoreceu entre os filhos dos homens", Joel 1:12. É triste ouvir isto, mas, é uma verdade e um facto. Poucos há que consigam dizer de coração e principalmente no momento quando tudo falta o seguinte: "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação", Hab.3:17-18. Consegue ver o contraste entre os dois tipos de pessoas? Contudo, aquele que se alegra em Deus não se alegra à toa como aqueles que se alegram somente quando tudo lhes corre bem, pois, têm as costas quentes e sabem por que razão se alegram.

  1907. Crer que sabemos tudo quando a verdade tenta convencer-nos de alguma coisa que ainda não praticamos (ainda que saibamos de ouvir) é um hábito ancestral de resistir à verdade.

  1908. Não podemos crer em mentiras. Muitos assumem que ter fé faz a diferença. Mas, que tipo de fé é aquela que somente crê ao invés de crer no que é verdade? Fé é crer na verdade. Não é crer. Caso as coisas não sejam para se tornar reais em nossas vidas, de nada nos vale crer nelas ou crer que existem. Se você acreditar que está a respirar oxigénio se só existe gás à sua volta, poderá a sua crença evitar que morra? Vamos parar de mentir para nós próprios e de nos enganarmos a nós mesmos. A única razão por que podemos e devemos crer antecipadamente (e isso quando é Deus quem pronuncia as coisas que não são como se já fossem), é porque Deus Deus falou e Ele é a verdade. Devemos crer na verdade. Por essa razão podemos e devemos crer momentos antes de algo tornar-se real. Só não podemos crer que já é real e sim crer como se fosse, pois isso é crer na verdade. Não existe nada impossível para Deus. A fé vale de alguma coisa crendo em uma mentira?

  1909. Muitos afirmam confiar em Deus com motivos dúbios, pois, na prática confiam neles mesmos e só confiam para poderem persistir nos próprios caminhos. A crença é uma desculpa ou uma motivação para viverem mal, tal como as aparências.

  1910. O Senhor responde pelas palavras d'Ele e nós pelas nossas. Deus só responderá pelas nossas palavras quando essas palavras são as d'Ele. "A vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um", Col.4:6. "Se alguém fala, fale conforme as palavras do próprio Deus", 1Ped.4:11.

  1911. Se alguém me mente, dificilmente crerei em tal pessoa novamente. E se eu mentir para mim próprio e para Deus não serei uma pessoa confiante, pois sei que finjo e minto para mim próprio e até tenho as provas dessa conduta absurda que pretendo ignorar sem sucesso. Uma pessoa que mente para ela própria ou mente para Deus é como uma casa que ruiu há muito tempo e da qual pretendemos erguer a fachada para mantermos as aparências, isto é, para mostrarmos que não caiu. Sempre que vejo uma pessoa que acha que não consegue fazer qualquer coisa através do poder e do processo de Deus, sei que estou olhando para alguém que mentiu muito para ela própria e não crê nela mesma. Mas, Jesus mandou que crêssemos n'Ele e nunca em nós.

  1912. Eu creio que é necessário terminarmos mais frescos, mais leves e mais espontâneos do que quando começamos a nossa Caminhada. O caminho de Deus não cansa se voarmos como águias. Ao contrário de muitas corridas que vemos, temos tudo para terminarmos mais frescos do que quando começamos a corrida. Pena é que existam aqueles que apenas aplaudem quem corre. Como eles próprios não correm, torna-se cómodo aplaudir quem o faz abnegadamente. Há mais desses que verdadeiros corredores. E eles nunca experimentarão o que é correr sem nos sentirmos cansados e sentirmo-nos menos cansados a cada passo que damos. O processo é o inverso daquele que acontece neste mundo, pois, neste mundo cada passo cansa um pouco mais a cada dia que passa. No mundo de Deus, cada passo cansa um pouco menos. Estará você apto para tal vida? Será fácil para si aceitar essa forma de viver como se nunca tivesse vivido de outra forma?

  1913. O homem só pode imitar aquilo que imagina. Se deixarmos de imaginar certas coisas sobre Deus para recebermos a realidade delas, logo haverá muito menos hipócritas a passarem por santos.

  1914. Quem dá ganha sempre o favor de quem recebe. Imaginemos o que acontecerá com quem dá sem motivações egoístas!

  1915. Existem razões pelas quais um coração acaba por estar dividido em relação a Deus. Quando Deus abandona alguém por causa do pecado, essa pessoa fica tentando viver do modo de Deus e de seu jeito alternativo ao mesmo tempo, pois sabe o que deveria fazer com Deus e, contudo, não dá certo. Logo, tenta a sua maneira. A divisão de coração não são apenas anseios e motivos distintos tentando coexistir em um mesmo coração, como pode ser o uso de forças/poderes diferentes para o mesmo motivo ou objectivo; ou até seguir caminhos diferentes para os mesmos objectivos através da mesma força. De qualquer modo, o homem será sempre o culpado se o seu coração se encontrar dividido. "O seu coração está dividido, por isso serão culpados", Os.10:2.

  1916. A resistência não dura sempre, mas, a obediência pode ser eterna.

  1917. É bom quando conseguimos contrariar certas profecias. Por exemplo, Deus disse que "na Assíria comerão comida imunda", Os.9:3. Contudo, Daniel recusou comer essa comida imunda, mesmo que tenha sido deportado para lá. Ele contrariou aquilo que Deus disse que iria acontecer com ele, Dan.1:8. E Deus agradou-se tanto disso que o amou muito. O anjo disse-lhe: "...És muito amado", Dan.9:23. Você já contrariou as profecias que saíram contra si? Existem muitas coisas que Deus disse que aconteceriam que você pode e deve contrariar. Por exemplo, Deus afirmou que a pessoa limpa e vazia volta a ser sete vezes pior. Contrarie isso, encha-se da vida eterna (vida de plenitude) e não fique pior. Volte-se para ser cheio de Deus como deveria ter sido antes de ter voltado para o mundo sete vezes pior.

  1918. Muitos dão gato por lebre a Deus, isto é, pensam que dão. Na verdade, para eu poder dar alguma coisa a alguém essa pessoa precisa recebê-la. Deus não recebeu a oferta de Caím. Mas, ele deu-a. Existem ofertas que são dadas, mas, que Deus não aceita. O mesmo podemos dizer de orações e estudos bíblicos que se multiplicam sem que sejam aceitáveis para Deus. "Mas o Senhor não os aceita", Os.8:13. Contudo, muitas pessoas não notam que Deus não aceita. Nesse aspecto são piores que Caím, pois, ele conseguiu aperceber-se de haver sido rejeitado por Deus - algo que muitos não se apercebem. Existem pessoas que dão e dão e dizem que dão a Deus sem nunca se aperceberem que Deus não aceita nada de suas mãos. Depois, cobram algo de volta. Se dei, como posso cobrar de volta? O povo engana-se a ele próprio e falam por Deus falsamente, dizendo que é Deus quem aceita. "Quanto aos sacrifícios das minhas ofertas, eles sacrificam carne e a comem (...) pois o seu pão será somente para o seu apetite; não entrará na casa do Senhor", Os.8:13. Você sacrifica carne ou espírito? Não será carne usando as palavras do espírito que você está comendo e sacrificando tão determinadamente?

  1919. "...Da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para si", Os.8:4. O ídolo é uma fantasia. Mas, muitos daqueles que não se consideram idólatras por se haverem constituído evangélicos continuam, contudo, a financiar as suas fantasias usando o seu dinheiro. Pagam pela vaidade, gastam o que Deus lhes dá para se perverterem com fantasias e enganos. "Filhinhos, livrai-vos dos ídolos", isto é, das fantasias, 1 João 5:21. "Mas, Eu enviarei sobre as suas cidades um fogo que consumirá os seus castelos", Os.8:14. Este fogo do Espírito consumirá todos os castelos de areia que as pessoas constroem tão facilmente. A realidade de Deus tira o fôlego a qualquer irrealidade ou fantasia - até mesmo uma fantasia de Deus ou a Sua irrealidade. Haja fogo. "Vim lançar fogo à terra; (...) e como me angustio até que venha a cumprir-se!", Luc.12:49,50.

  1920. Um corpo sem espírito, sem vida é um cadáver. Um crente ou uma igreja sem a plenitude do Espírito, sem a verdadeira vida também é um cadáver.

  1921. A força das minhas mensagens é e deve ser a manifestação de Deus através delas e não a quantidade de sabedoria humana que revelam.

  1922. Por que razão é importantíssimo reconhecermos o pecado e que Deus não está connosco quando não está? Por várias razões, mas, duas delas são: uma é porque isso ajuda-nos e incentiva-nos a tomar medidas para que Deus possa estar realmente connosco; a outra é para que o nome de Deus não seja blasfemado e para que os povos não fiquem com a impressão que Deus não existe sempre que vejam crentes desamparados. Mas, a mais importante é que a confissão de cada pecado leva-nos à conversão e transformação desse pecado em santidade.

  1923. Deus não se torna infiel só porque as coisas demoram a chegar ou demoram a acontecer. Ele é tão fiel quanto quando as coisas acontecem logo. Ele nunca mudou até hoje e, certamente, nunca mudará no futuro!

  1924. Para haver um corrupto, é preciso haver quem corrompa. Para alguém corromper ou ser corrompido, é necessário haver quem seja corrompido e quem corrompa. Se faltar um destes componentes deixa de existir a corrupção como acto. Não pode existir fogo sem haver lenha para ser queimada.

  1925. Quem corrompe e quem é corrompido têm um e o mesmo coração. São pessoas reconciliadas em sua maneira de ser. Os que são iguais andam juntos. "Acaso andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?", Amos 3:3. Para haver um pastor corrupto, um pedinte no púlpito, alguém a extorquir o povo, é necessário que existam subalternos iguais, os quais dão a quem é capaz de os empobrecer e roubar. Porque o povo anda em pecado e cobiça, os pregadores falsos obtêm êxito. Eles aproveitam-se do pecado do povo para poderem progredir com seus roubos. Pedem ao povo porque sabem que não podem confiar em Deus, pois Deus apenas transformaria um coração corrupto e não o alimentaria. Os únicos capazes de alimentar um coração corrupto são outros corruptos. "Alimentam-se do pecado do meu povo e de coração desejam a iniquidade dele. Por isso, como é o povo, assim o sacerdote...", Os.4:9.

  1926. Muitos queixam-se que seus filhos são rebeldes, desobedientes e não ouvem a razão. Pior é quando não sabem quais os motivos de tais comportamentos. Existem vários motivos, mas, o principal é este que Deus afirmou e ninguém leva em conta: "Visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu Me esquecerei de teus filhos", Os.4:6. E, como cada maldição esconde a sua respectiva bênção, o que podemos assumir que Deus fará quando nos lembramos d'Ele e de Suas coisas de forma natural, permanente, minuciosa e espontânea?

  1927. Deus considera um homem que anda com uma prostituta em pior estado moral que a própria prostituta. "Eu não castigarei vossas filhas, quando se prostituem, nem vossas noras, quando adulteram; porque os homens mesmos com as prostitutas se desviam e com as meretrizes sacrificam; pois o povo que não tem entendimento será transtornado", Os.4:14. "O que adultera com uma mulher é falto de entendimento; destrói-se a si mesmo, quem assim procede", Prov.6:32.

  1928. Santificação não é abandonar o pecado: é consagrar minuciosamente quem já abandonou o pecado através do Salvador que salva e liberta totalmente de qualquer pecado. Santificação é encher a casa vazia, a casa que se esvaziou de todo pecado.

  1929. Deus só confia no abandono de pecado em que Ele participou. Ele salva do pecado. Onde Jesus não salvou de algum pecado e esse pecado é abandonado, a pessoa apenas mudou de pecado e a casa continua vazia.

  1930. Muitas vezes, os crentes mornos são rejeitados por pessoas que não os respeitam e nem os querem ter por perto. Mas, aquilo que parece ser resistência ou rejeição ao que afirmam ser a verdade não é mais que uma resistência natural à irrealidade que demonstram através das suas vidas. A maioria das pessoas do mundo verga diante de realidade que seja visível e clara e opõe-se à irrealidade da ficção religiosa facilmente. Sempre que alguém rejeitar o seu evangelho, tente averiguar qual a razão. Pode dar-se o caso de ser a sua vida a principal culpada dessa rejeição. Existem pessoas que nunca experimentaram aquilo que pregam.

  1931. Jesus disse que colheríamos tudo aquilo que semeássemos. Contudo, muitos crentes nunca levam isso a sério. É preciso levar toda a palavra de Deus em conta por igual e não somente as partes que gostamos mais. Muitos semeiam pecado e pedem a Deus que o seu campo dê bons frutos. Pagam para corromper e pedem a bênção de Deus no resto das suas vidas; roubam de Deus e assumem que Deus os irá abençoar na doença, na perseguição e em outras coisas mais; ouvem e contam piadas próprias de impuros e, sentando na roda dos escarnecedores e infiéis, assumem ter direitos exclusivos à bênção de Deus sobre seus filhos e resto das suas vidas normais. Mas, Deus disse: "Visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu me esquecerei de teus filhos", Os.4:6. Na verdade, semeiam abrolhos e espinhos e querem colher frutos comestíveis.

  1932. Os maus tentam entender-se com as pessoas através daquilo que não são, isto é, fingindo simpatia e manipulando o seu comportamento e sentimentos para parecer aquilo que não são. Os filhos do reino tentam entender-se precisamente por aquilo que são por dentro e por fora. Uma vez mais: os caminhos de Deus não são os que conhecemos neste mundo.

  1933. Gritaria é linguagem de quem é hipócrita. Como não consegue crer ser possível sermos bondosos sem fingimento, nunca conseguirá crer que podemos falar francamente toda a verdade sem nos exaltarmos. Falar a verdade ajuda os outros e não é crime. Ninguém precisa de gritar ou estar exaltado para falar a verdade.

  1934. Se Paulo tinha a fé que tinha era porque ele tinha o Deus que tinha. Se Deus não fosse de confiança, por que razão Paulo confiaria n'Ele da maneira que confiou? Se Jesus ainda é o mesmo, posso ser como Paulo a nível da fé. Se confiamos na mesma pessoa, porque razão a nossa fé teria de ser diferente se Deus é o mesmo?

  1935. "Conciliai-vos com Deus...". Esta é uma palavra profunda! Deus tem uma vontade, Deus tem um objectivo, Deus tem uma maneira própria de fazer as coisas, tem um tempo (que pode ser já ou ainda pode estar para chegar). A conciliação significa estarmos dentro do mesmo espírito que Ele, tendo os mesmos objectivos que Ele de coração e usar os mesmos meios que Ele dispõe e aprova para alcançá-los imediatamente. Isso é sermos conciliados com Ele. Você está conciliado com Deus a esse ponto? Consegue estar na expectativa e atento sempre que não recebe logo? Consegue não ficar desorientado e continuar simples sempre que recebe mais ou acima daquilo que imaginava?

  1936. Deus permite e faz coisas impensáveis quando os crentes se desviam d'Ele. E se esses crentes ainda continuarem a usar Seu nome em vão, tanto mais impensáveis serão as coisas. "...Lançou a verdade por terra (...) e prosperou", Dan.8:12. Se o inimigo lança a verdade por terra e ainda assim prospera, isso é uma repreensão aberta aos que se dizem crentes. Quantas pessoas existem à sua volta que lançam a verdade por terra e, ainda assim, prosperam? "...Por causa da transgressão, lançou a verdade por terra (...) e prosperou". É impensável alguém lançar a verdade por terra sob os olhos de Deus e, ainda assim, prosperar. Isso só acontece se Deus estiver muito indignado contra os crentes e contra quem adopta o Seu nome, usando-o em vão de forma obstinada e persistente. "Não me entregues à vontade dos meus adversários..." Sal.27:12. E se isso é verdade, imaginemos como Deus fará prosperar de outro modo quando alguém vive conciliado com Ele em um mesmo espírito de união!

  1937. Daniel teve as suas visões em Babilónia, no lugar da idolatria - não as teve em Jerusalém. Isto significa que o que conta não é o lugar onde estamos e sim a Pessoa com quem lidamos e convivemos e se essa convivência é real e não é somente uma fantasia religiosa.

  1938. Eis um pensamento terrível: daremos contas de tudo, de cada coisa que passou por nossa vida. Fomos fiéis? Temos sido fiéis? Garantimos a graça, a fé para sermos fiéis no futuro?

  1939. Os cegos também usam óculos de sol, tal qual aqueles que enxergam na intensidade da luz. E quando muitos usam óculos de sol não parecem ser cegos. Só podemos distinguir entre eles pela maneira como se comportam e agem. Existem muitos cegos que passam por pessoas da luz dentro das igrejas de hoje.

  1940. Para podermos vigiar bem, precisamos saber viver o dia de hoje somente hoje e o dia de amanhã somente amanhã. É uma das condições necessárias para podermos cumprir o que Jesus disse sobre orar e vigiar a toda hora.

  1941. Os maiores predadores desta vida são aqueles fracos que se fazem passar por fortes, por poderosos e por santos. Aprenderam as doutrinas da vida para que a sua morte possa parecer vida e para que não sintam o poder da morte. Enganam-se até a eles mesmos.

  1942. Todas as pessoas que vivem em pecado e em obstinação são pessoas entregues aos elementos da própria natureza e aos caprichos do diabo. O que o diabo quiser fazer com elas, ele faz. São pessoas de quem Deus diz serem "a terra das aldeias não muradas (...) os que estão em repouso, que habitam seguros, habitando todos eles sem muro e sem ferrolho e nem portas", Ez.38:11. Isto é, um lugar onde o inimigo entra facilmente mesmo quando não é convidado. Estão ao alcance de quem os quiser despojar ou fazer tropeçar para matá-los. A pior coisa que nos pode acontecer é Deus deixar-nos entregues aos caprichos desta vida porque assim o desejamos. "...Deus entregou-os a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm..", Rom.1:28.

  1943. Os maiores responsáveis pelas hesitações naqueles que entendem o evangelho, são os evangélicos. Foram eles que se empolgaram com doutrinas e mais doutrinas que nem sempre funcionam para libertar as pessoas delas mesmas e, muitas vezes, servem para fazer o oposto, isto é, manietá-las e prendê-las ainda mais a ideias e complexos a nível de atitudes e hábitos religiosos. Os religiosos andam presos em coletes de forças e só se mexem conforme esse colete permite. Os religiosos, quando ouvem uma verdade, consultam as suas doutrinas para verem se estas aprovam o que ouvem. Se ouvem algo da Bíblia, consultam as suas doutrinas também. Só depois decidem se aceitam ou se rejeitam. Para eles, não conta se ouvem a verdade ou a mentira e sim se suas crenças e doutrinas aprovam aquilo que ouvem. Assim, é muito fácil engolirem mentiras e vomitarem verdades que os fazem sentir mal.  "Percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós", Mat.23:15.

  1944. Será possível ver quanto tempo alguém esteve a contemplar o Senhor e se, ao ler sua Bíblia, realmente contemplou o Senhor ou esteve apenas e tão só buscando base para as suas próprias ideias e doutrinas de conveniência. Para vermos se essa pessoa realmente contemplou o Senhor, basta vermos o quanto da Sua glória resplandece e manifesta no seu dia a dia involuntariamente depois (ou durante) seu tempo privado com Deus.

  1945. Quando viemos a Cristo (e assim que começamos a mudar a nossa vida de verdade), o maior impedimento é aquela vida que idealizamos como santa. A vida que idealizamos quase nunca é a vida que Cristo quer dar. Uma vida idealizada será a maior pedra de tropeço para uma vida simples de santidade. O pecado é facilmente visto como mal, mas, uma vida ideal raramente é vista como pecado, mesmo sendo uma forma de vida alternativa. Não podemos fazer semelhanças do que existe no céu ou na terra. Seria o mesmo que aceitar que a religiosidade seja vida apenas porque fala em Deus e tem aparências de verdade. Uma vida substituta equivale à outra mulher num homem casado. Se a outra mulher for educada e bonita isso não justifica que deixemos a nossa. Uma vida alternativa é como uma amante em nossa vida. Será má por muitos motivos. Um deles é que as vidas idealizadas são quase sempre premeditadas e pouco espontâneas. Outro motivo é que é uma vida de aparência, pois, não é a nossa. E a vida que deve mudar é a nossa e não a outra. Aqueles que têm uma vida de aparência sempre que tentam transformar a sua vida, mudam a substituta e não a deles pois a deles encontra-se na obscuridade a morrer à fome. É isso que os homens adúlteros fazem: cuidam das amantes e desprezam as esposas.

  1946. Existem factos, ocorrências e decretos na natureza tanto física quanto espiritual que não podemos ignorar. Existe uma grande semelhança entre as doenças e os pecados. Existem doenças virais, rápidas e até quase instantâneas. Mas, existem doenças de longo prazo que acontecem devido a uma continuada má alimentação ou falta de cuidado com o corpo. Desse mesmo modo, existem pecados instantâneos que chegam através de tentações variadas e por estarmos expostos à tentação em ambientes pouco propícios para a paz de Jesus em nossos corações. E, também, existem pecados de longo prazo, como quando as pessoas não se alimentam convenientemente da Palavra ou não ganham experiência pensada e continuada pelo exercício prático da verdade e da fé não fingida. Aprendemos praticando. Sabemos que as doenças são contagiosas e pegam aos que se encontram expostos a elas. Mas, a saúde não é contagiosa. Uma pessoa enferma pode passar um vírus para outra, mas, uma pessoa com saúde não transmite saúde para quem está doente. A saúde é uma consequência da vida que levamos. A santidade também é fruto de nossa vida e de nossa comunhão com Deus. Ela não se pega dos outros. A santidade é uma obra, é trabalho árduo e contínuo, tal qual a saúde.

  1947. Não conseguir estar a sós é um sinal de imaturidade. Mas, só através desse tipo de maturidade acharemos e veremos Deus como Ele é. "Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará", Mat.6:6.

  1948. A voz de Deus tem pouco que ver com aquilo que sentimos. Aquilo que nós sentimos é a nossa própria voz. Temos de ouvir o que Deus sente sobre certos e determinados assuntos caso queiramos ser-Lhe fiéis e obedientes. Sem isso, a obediência será praticamente impossível. Quando ouvimos aquilo que sentimos, estamos sendo obedientes a nós mesmos e não a Deus. As pessoas é que agem como sendo pequenos deuses e passam a depender daquilo que sentem sobre os seus assuntos para serem obedientes a eles próprios. Depois afirmam que é o que Deus quer porque eles sentem. Confiam que aquilo que seu coração dita vem de Deus. Se isso fosse verdade, quem seria o seu Deus? Você ou o Senhor? Só o Senhor é Deus. "O que confia no seu próprio coração é um insensato", Prov.28:26. Isso não significa que você não possa sentir do mesmo modo que Deus sente sobre certos assuntos. Mas, mesmo sentindo o mesmo por certas coisas, o que você sente é o seu sentir e nunca o de Deus. Quando sentimos Deus de forma válida, é um sentir de sensibilidade e de tacto espiritual e não de emotividade ou de emoção. Infelizmente usamos a mesma palavra (sentir) para duas coisas diferentes: sentir de tacto e sentir de emoção. Há que distinguir entre as duas coisas.

  1949. Se é verdade que quem ganha a vida perde a vida, também é verdade que posso estar a fazer grandes progressos na vida com Deus estando a perder, como posso estar a regredir ganhando. Muitos acham que não fazem progressos quando estão a perder. Você já se sentiu abandonado enquanto perdia a sua vida? Por que será que as pessoas nunca levam as palavras de Deus a sério? Ele não afirmou que perderíamos as coisas desta vida e que sairíamos a ganhar? Por que razão, então, sente-se obstinado e injustiçado quando a providência de Deus inutiliza a sua vida própria?

  1950. Nós não arranjamos a nossa vida para lermos a Bíblia, mas, lemos a Bíblia para arranjarmos a nossa vida. O alvo é arranjarmos a nossa vida. Muitos lêem tanto que se esquecem desse pequeno detalhe. Cansam-me lendo e acabam por ficar tal qual eram antes ou piores. Leitura da Bíblia que não leve a uma transformação interior ativa é uma perda de tempo.

  1951. Arrogância é fraqueza camuflada e, quem se gaba, esconde ou gaba-se para evitar ser confrontado pela sua vulnerabilidade. A humildade consiste em sermos aquilo que somos e a arrogância é tentar esconder o que somos.

  1952. A aversão ou falta de disposição é algo mais impeditivo que a incapacidade. Uma pessoa incapaz pede ajuda para poder cumprir seu dever, mas, uma pessoa com ressentimento ou aversão a algo não faz o que deve nem mesmo com ajuda. Tenha cuidado quando estiver com rancor ou ressentimento, pois, você tornar-se-á pior que um incapaz. Não seja contradizente. "Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente", Rom.10:21.

  1953. Quando o pecador insiste e repete as coisas, demonstra o quão impaciente ele é. Quando Deus as repete, mostra a Sua paciência. Quanto mais vezes as repete, maior é a demonstração da Sua paciência e quanto mais vezes o pecador se repete, mais demonstra a sua impaciência. Por essa razão é que devemos ter em conta que os caminhos de Deus não são como os nossos. A impaciência do homem nos caminhos de Deus é o fumo da sua resistência interna. E a paciência de Deus nos caminhos do homem é a Sua persistência. E todo o fumo pode significar que o fogo se está extinguindo ou, então, que se está acendendo. Existem ventos que fazem com que o fogo se propague e existem ventos que extinguem o fogo, dependendo da direcção para onde sopra. Se o vento soprar para o lado onde o fogo já queimou, a impaciência morrerá; se soprar para o lado onde ainda não queimou, o fogo da impaciência alastrará e também alcançará outros.

  1954. "Porque não é aprovado aquele que se recomenda a si mesmo, mas, sim aquele a quem o Senhor recomenda", 2Cor.10:18. Se isto é verdade, logo quem se critica a ele próprio também não obterá mérito, pois, fá-lo pelos mesmos motivos que se elogiaria. Quem se recomenda e quem se critica é a mesma pessoa e tem os mesmos objectivos ocultos quando faz uma e outra coisa. Não nos podemos esquecer que qualquer coração normal tem seus dois lados.

  1955. É preciso permanecer no que aprendemos. O que significa isto? Muitos têm os motivos errados ao aproximarem-se de Deus. Mas, os que têm os motivos certos, isto é, os que querem o emprego para aprenderem a ser guiados por Deus através do trabalho; os que casam para glorificar Deus; esses, assim que se tornam constantes e conseguem ser guiados continuamente, acham que atingiram o cume do seu propósito. Depois, desleixam-se por acharem que atingiram o expoente máximo de tudo. Na verdade, estão no início de tudo, no ponto de partida quando assumem estarem no fim. Por que razão iria aprender a ser guiado por Deus? Para ficar parado depois de haver aprendido a mover-se n'Ele? Qual o estudante universitário que vai descansar depois de terminar o seu curso e a sua aprendizagem? A verdadeira vida começa quando já conseguimos ser guiados por Jesus de forma contínua e através de uma intimidade que o mundo nem sequer consegue imaginar ser possível.

  1956. O mau tenta destruir o bom e vinga-se porque o bom não é mau e não se assemelha a ele e nem lhe é agradável. Deus destrói porque é bom e não viverá com o mau. "O meu Espírito não permanecerá para sempre no homem (...) O fim de toda carne é chegado perante Mim; (...) eis que os destruirei juntamente com a terra", Gen.6:3;13. esta inimizade entre o Espírito e a carne é eterna.

  1957. O que somos é que nos faz julgar os actos dos demais - até de Deus! "Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi, pois, ó casa de Israel: Acaso não é justo o meu caminho? não são os vossos caminhos que são injustos?", Ez.18:25. Quando quisermos parar de Julgar, basta mudar o nosso ser que já não veremos nos outros aquilo que somos. Porque o caminho do injusto é o que ele acha bom, logo, os de Deus lhe parecerão injustos e desajustados. Nós vemos as coisas através do coração que temos. Haja pessoas que tenham corações iguais aos de Deus!

  1958. Quando alguém vive correctamente com Deus e tem a capacidade de manter-se santo n'Ele através da graça e da obediência e, ainda assim, a pessoa visita a transgressão e peca, será tido como um traidor a Deus. Não creio que o seu pecado seja menor que o de Judas ou de Pedro quando cantou o galo. "Mas, desviando-se o justo da sua justiça e cometendo a iniquidade (...) porventura viverá? (...) Pois pela traição que praticou e pelo pecado que cometeu ele morrerá", Ez.18:24. E quem comete traição é traidor.

  1959. "Mas, estando plantada, prosperará?", Ez.17:10. É uma boa pergunta para todos nós! Muitos que estão plantados não prosperam espiritualmente. Você é um deles?

  1960. As pessoas beberão da nossa taça quando ela transborda e não enquanto está sendo cheia. Pregue para si mesmo primeiro e sempre que Deus revele alguma verdade à sua alma.

  1961. Entender a palavra de Deus é mais que ter a percepção do que ela diz e afirma. Perceber o que ela diz está ao alcance de qualquer um. Mas, a Bíblia, quando fala em entendimento, quer dizer obediência, isto é, entendimento é e deve ser prático. É um entendimento prático de como funcionam as coisas em nosso ser, vida e dia-a-dia. Todo o conhecimento memorizado da Bíblia não serve para nada a não ser para tornar-se uma confirmação do juízo de Deus. Na verdade, o conhecimento que não é uma constatação de factos é um estorvo para uma vida real, genuína e simples. Entender tem mais a ver com aplicação prática, com a vivência, com a experiência, com o cumprimento das promessas de forma prática do que com compreensão. Vivendo é que se entende - não é memorizando e estudando. "Se alguém fizer (...) conhecerá...", João 7:17.

  1962. Eu costumo afirmar que aquilo que cansa não é o labor nem o trabalho, mas, é o trabalhador. Quem somos é o que nos cansa ou nos faz sentir alivio.

  1963. Paulo disse que se esquecia de tudo quanto havia passado e lançava-se para a frente. Ele referia-se maioritariamente às grandes obras que Deus havia feito em seu ministério. Ele sabia que o passado não contava para nada se não se mantivesse fiel no dia de hoje. Contudo, Deus faz-nos recordar, algumas vezes, os nossos erros do passado com o intuito de não nos entregarmos a um tipo de segurança superficial. Nossa segurança precisa tornar-se real e fácil.

  1964. Lágrimas por santidade demonstram que realmente desejamos ser santos. Mas, também podem demonstrar o quando desejaríamos sê-lo através de nossa própria força e recursos. Muitos choram porque não vêem saída para o seu coração, isto é, quando olham para os seus próprios recursos e forças. Outros choram porque desejam que o poder da graça se manifeste em suas vidas negando o poder da carne para conseguir alcançar as obras de Deus dentro deles. Se não for feito por/em Deus é tudo em vão.

  1965. As pessoas que são rejeitadas por alguma razão ou pecado, tentam ser aceites mais que qualquer outra pessoa. Em vez de rejeitarem e deixarem as coisas pelas quais são rejeitadas, tentam ser aceites sem se corrigirem. São uma tentação para quem é ou deseja ser misericordioso. Pulam o muro para entrar no aprisco das ovelhas.

  1966. É uma pena que haja alguém que, tendo ouvidos para ouvir, nem mesmo assim ouve. A graça faz o trabalho dela e não obtém qualquer êxito. "...Tu habitas no meio de casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê; e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque é casa rebelde", Ez.12:2. Deixando e abandonando a rebeldia qualquer pessoa pode tornar-se em alguém que tem ouvidos e pode ouvir.

  1967. Para ouvir bem a voz de Deus, antes de tudo, é preciso que Deus realmente fale. Em segundo lugar, será necessário que os corações e os desejos dos corações não superem e não condicionem a voz de Deus tornando a pessoa em alguém com ouvidos para ouvir, mas, que nem assim ouve. Não podemos ter corações que falem por Deus e desejam que Deus seja o discípulo. O pastor não é a ovelha e a ovelha não é pastor. Nem mesmo quando os nossos desejos são iguais aos de Deus Ele, pode deixar de ser o pastor.

  1968. Quando uma pessoa recusa apoderar-se de Deus (ou se apoderado por Deus) e busca as amizades e o apoio de quem anda com Ele, certamente tem algum pecado secreto ou predilecto que recusa deixar para sempre. Pode até mesmo admiti-lo, mas, não demonstra intenção de abandoná-lo. Por essa razão não sai da porta que dá acesso à vida e também não entra nela.

  1969. "...Para que em Mim tenhais paz...", João 16:33. É fácil ter paz. Mas EM Jesus só terá paz quem está bem com Ele, limpo de qualquer tipo de pecado e satisfeito com uma vida pura longe dos vícios e hábitos duma vida antiga. A insatisfação nessa vida eterna é fatal. Os sujos terão paz fora de Jesus. Mas, em Jesus será difícil terem paz porque Jesus não muda e nem se adapta. É bom que estejamos em paz, mas, em Jesus e de forma real.

  1970. Existem várias diferenças entre crédulos e incrédulos, fiéis e infiéis. Uma delas é o que crêem a respeito da condução das suas vidas. Somente os fiéis conseguem crer do fundo do seu coração que Deus organiza toda a sua vida por eles e para Ele. Os que não são fiéis assumem que a sua vida é ou será conduzida por Deus, mas, no fundo não crêem que isso seja verdade. A sua crença é uma 'esperança' ou um desejo de conforto e nunca uma certeza absoluta. Acabam sempre por fazer as coisas da maneira deles. Já os fiéis, ainda que nem sempre assumam que Deus fará tudo por eles, no fundo do seu coração sabem que fará. Bom é quando os fiéis também assumem aquilo que Deus fará - se eles souberem o que é que Ele irá fazer. Contudo, mesmo não sabendo para onde vão porque são levados pelo vento que sopra, sabem que serão fielmente guiados.

  1971. "...Para apresentar-nos sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas, santos e irrepreensíveis", Ef.5:26-27. Quando um saco tem dobras, quando o pano tem vincos, a melhor maneira de tirá-los é aquecer ou encher o saco. Quando o nosso espírito está com rugas, só se endireita e se torna perfeito sendo cheio de Deus e colocado em fogo vindo do céu.

  1972. As leis só existem porque existem transgressores. Se não existissem pecadores, se os corações fossem normalmente puros e sãos, se as pessoas não conhecessem outra forma de vida senão a que é justa e pura, não existiriam leis. "...Reconhecemos que a lei não é feita para o justo, mas, para os transgressores e insubordinados...", 1Tim.1:9-10. Essa é uma das razões por que os justos não vivem debaixo da lei - é porque eles são a própria lei.

  1973. "...Te punirei, enquanto as tuas abominações estiverem no meio de ti..." Ez.7:9. Se tirarmos as abominações do meio de nós, a punição cessará para sempre desde que as abominações não voltem mais. Mas, se as nossas abominações, pecados e pensamentos ainda persistirem no meio de nós, é óbvio que seremos punidos até nos corrigirmos completamente. A outra opção seria Deus não nos tratar como filhos. "Porque o Senhor corrige aquele que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos e não filhos" Heb.12:6-8. Nós tiramos uma certeza daqui: caso os pecados não sejam integralmente removidos de nós e limpos, certamente seremos punidos até nos corrigirmos. Que ninguém se queixe quando não deseja abandonar, confessar ou eliminar a fonte de qualquer tipo de pecado. "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados", Lam.3:39.

  1974. É comum dizermos que Deus fez algo quando algo de bom nos aconteceu. Infelizmente, as pessoas, para se protegerem contra a realidade, nem sempre atribuem o mal - aquilo que consideramos mal - a Deus, pois poderiam corrigir-se e converter-se dos seus caminhos caso o fizessem. "Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos...", Apoc.9:20. Vemos como Deus diz que um dia no meio das coisas más reconheceriam Deus: "Então sabereis que eu sou o Senhor, quando os vossos mortos estiverem estendidos no meio dos seus ídolos", Ez.6:13. "Conforme o seu caminho lhes farei e conforme os seus merecimentos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor", Ez.7:27.

  1975. É fácil aos fibrosos terem fibra; aos que andam perto de Deus terem fé; aos cheios do Espírito serem simples e poderosos. Tudo é fácil para quem tem o coração quente, para quem tem as costas quentes andando com Deus. Esses sabem do que falam. "Eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus", At.4:13. Só os que não andam com Deus se admiram com os tais e os aplaudem ou criticam com inveja.

  1976. Todos os pecados e todos os demónios são sempre imprevisíveis. Cabe a mim ser constante. Uma senhora de saia no vento segura a saia e não o vento. Se sou constante e eterno, não serei surpreendido por nenhuma imprevisibilidade. Quando vier o vento da tempestade segurarei a minha vida perto de Deus e não a tempestade.

  1977. Deus pronunciou muitos juízos contra Israel, Ez.5. Os que não acreditassem nas palavras do profeta, permaneceriam na cidade e passariam por aquilo que Deus disse que lhes aconteceria. Os que acreditassem nas palavras dos profetas, mas, não conseguiam confiar no Deus que os destruía, tentavam fugir da cidade e, sem se haverem tornado fiéis a Deus, seriam perseguidos pela espada. Mas, o que aconteceria com todos aqueles que cressem nas palavras dos profetas e se arrependessem? Creio que Deus os tiraria da cidade como prisioneiros para serem salvos ou os aconselharia a saírem ao invés de levantar as pragas que havia pronunciado contra a cidade. "Saí dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas", Apoc.18:4. Para tais pessoas haveria duas razões para serem levados da cidade sitiada: não aprender os seus pecados e não ficarem debaixo das pragas. O mesmo devemos ter em conta em todos os lados onde a igreja se prostituiu, seja com ídolos ou com outros pecados como a avareza e amor pelo dinheiro. Quem não sair aprenderá ou será participante (mesmo que involuntariamente) dos pecados de tais instituições. Sofrerão ao permanecerem e serão considerados iguais aos que não creram nas palavras dos profetas e aos que não quiseram ou não desejaram ser obedientes somente a Deus e dividiram a sua lealdade com algo mais. É importante realçar que crer nas palavras dos profetas que pronunciavam maldições vindas de Deus é fé que salva. O importante é crer em Deus e acreditar em Suas palavras, sejam elas de bênção ou de maldição. Essa fé salva.

  1978. Os reis magos eram pessoas de palavra e persistiam naquilo que achavam ser certo fazerem. Eles comprometeram-se com o rei Herodes e com certeza que lhe haviam dado a sua palavra para lhe virem dizer onde se encontrava a criança que seria o Rei dos Judeus. Certamente que eles não sabiam de nada do que se passava politicamente em Israel. Contudo, quando tiveram revelações em sonhos para não voltarem a Herodes, ainda que se houvessem comprometido a voltar, não voltaram. Eles foram obedientes ao que lhes havia sido revelado, ignorando a promessa que haviam feito a um rei terreno. A obediência deles significou o incumprimento da palavra dada a Herodes e eles eram homens de palavra. Mas, não se sentiram minimamente culpados por não haverem cumprido a sua palavra. Eles nem enviaram uma explicação a Herodes. Alguém maior que Herodes anulou a promessa que haviam feito e a sua lealdade não ficou dividida. Você obedeceria a quem? A um rei ou a um sonho? Sentiria culpa? "Importa antes obedecer a Deus que aos homens", Act.5:29.

  1979. "E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé e falarei contigo...", Ez.2:1. Isto aconteceu várias vezes com o profeta Ezequiel. Deus mandou Ezequiel pôr-se em pé sempre que falava com ele. Poderíamos perguntar se seria preciso Deus repetir a mesma coisa sempre que lhe aparecia, dizendo-lhe para colocar-se em pé diante d'Ele. Existem coisas que devemos fazer, as quais Deus não gosta de repetir, principalmente se é convicção sobre pecado. Mas, neste caso, era o sentido religioso e o temor de Ezequiel que o levavam a prostrar-se assim diante de Deus sempre que O via. E Deus só falaria com ele em pé diante d'Ele. Deus não aprecia religiosidades muito particularmente. Não sabemos quanto tempo Ezequiel demorou a conseguir fazer as coisas do jeito que Deus queria sem ter de ser religioso para o fazer.

  1980. Ezequiel e muitos outros viram os céus abertos e viram muitas coisas que se passavam por lá. Mas, nenhum deles se impressionou ou temeu em demasia por causa das visões. Contudo, assim que viam a Deus, caiam com o rosto em terra para adorarem. Eles não se vergavam perante visões, mas, apenas diante do Rei dos reis. É bom que seja assim também connosco, pois muitos falam logo e demais assim que têm um sonho de Deus, uma visão e impressionam-se de tal maneira com isso que deixam de ver o Rei. Você pertence a qual grupo? Ao grupo dos tolos ou ao dos homens de Deus?

  1981. A prova que fomos perdoados é que nos opomos àquilo que éramos ou fomos capazes de fazer.

  1982. Existem várias leis na natureza que não mudarão enquanto existir sol e lua. Uma delas é que a espécie reproduz a própria espécie. O sonho reproduz o sonho, a realidade a realidade, a maldade o mal e o bem produzirá aquilo que lhe é próprio. O homem é uma consequência daquilo que tem sido; pensa no que pensa devido ao que pensou; sonha devido a ter-se tornado sonhador; é verdadeiro porque criou o coração que busca a realidade de tudo. Mas, as coisas de Deus estão acima do que podemos sonhar. Por isso, desejamos muito multiplicar realidades por realidades por havermos começado a tornar-nos reais em relação a Deus e às Suas coisas. Deus não tem culpa que o homem apenas sonhe com a Suas grandezas. O que você vai ser? Vai ser sonhador ou concretizador? Josué não se admirou ao passar pelo Jordão. Pedro não se admirou quando o paralítico se pôs a saltar. E ele ainda repreendeu o povo que se admirou dizendo: "Varões israelitas, por que vos admirais...?" Act.3:12. A admiração é o principal impedimento à fé não fingida e simples. E quem quer sinal ao ver realidades, recusa deixar de ser sonhador e incrédulo diante de evidências. Que Deus tenha misericórdia!

  1983. Se a fé é a certeza das coisas que não se vêm, o sonho não é fé e nem é esperança, pois, as esperanças que temos de Deus concretizam-se todas e os sonhos não. "...E a esperança não desaponta", Rom.5:5. Os sonhos desapontam. Se temos as expectativas que o Espírito opera em nós, o momento que essas expectativas se tornarem sonhos, deixarão de ter condições para se concretizarem. O sonho é um engodo para a incerteza e para a insegurança.

  1984. A nossa alma tem como sofrer de um tal modo que nem o corpo será capaz de imaginar o sofrimento. Por essa razão é que as alegrias no Espírito são tão maiores e mais belas também.

  1985. Jesus tornou-se igual a nós e não apenas parecido connosco. Se Jesus se tornou igual a nós, não precisamos ser mais que nós mesmos para termos acesso a Ele e Ele a nós.

  1986. Quando Deus envia males para obrigar as pessoas a converterem-se, muitos não dão crédito ao que Deus faz. Antes, começam a culpar alguém disto e daquilo, criticam o patrão ou o empregado, o tempo ou as circunstâncias e, devido à incredulidade, retiram o poder de persuasão ao que Deus tenta fazer com boas intenções. "Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar aos demónios, e aos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar", Apoc.9:20. E outros dizem que os servos de Deus não são servos de Deus para terem como desacreditar as palavras que Deus fala com intenção clara e genuína. E, no meio desses castigos, lemos que Deus diz: "Buscai-me e vivei", Amos 5:4. O homem em pecado é alguém que se amargura com facilidade. E, sob essas circunstâncias de castigo e repreensão dificilmente se vira para quem o fere para aceitar a correcção e o amor de tal pessoa. "E os padejei com a pá nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não voltaram dos seus caminhos", Jer.15:7. "Todavia o povo não se voltou para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos", Is.9:13.

  1987. A nova natureza fora de uma contínua presença de Deus estaria em tormento absoluto e em desassossego constante. Seria como pato fora de água exposto aos perigos dum deserto. Não estaria bem, nunca se sentiria bem e estaria sempre em busca descontrolada do seu pólo de conforto. Por alguma razão o Espírito Santo é o Consolador. Isso é porque Ele consola quem O busca ardentemente com intenção de achar a Ele. Mas, só será consolador para quem está mal fora de Deus. É necessária essa cumplicidade e essa intimidade entre a nova natureza e Deus. Nada daria certo com a nova natureza fora da real presença de Deus, tal e qual nada daria certo a uma natureza pecadora na presença de Deus, a não ser o arrependimento e a conversão genuína. Nenhum pecador sentir-se-á bem na presença de Deus. A nova natureza busca e ora para achar Deus, enquanto a natureza velha busca sem intenção de achar Jesus.

  1988. Uma coisa para quem quer aprender a discernir: não ganhar hábitos de falar rápido, de dar palpites por conta própria ou por conta das circunstâncias e manter-se atento. Discernimento só decifra aquilo que existe e que possa estar envolto em neblinas. Discernimento não inventa, não fala rápido, não adivinha e não vê o que não existe.

  1989. Não é a minha fé que cuida de mim - é o Senhor Jesus. Eu cuido da minha fé e Jesus de mim. Confio n'Ele e não na minha fé, pois, nada depende de mim.

  1990. Existem peixes na água. Mas, também existem pessoas que sabem nadar. As pessoas dentro da água não estão dentro do seu ambiente, por muito bons nadadores que sejam. Desse mesmo modo, existem pessoas em Deus e outros que sabem nadar, os quais nunca se tornaram verdadeiros viventes da graça. Temos de estar em nosso ambiente, estando em Deus. Não podemos ser corpos estranhos dentro da água viva.

  1991. Uma vitória agora explica que houve uma outra vitória antes desta, a qual assegura a próxima. Antes da anterior também houve uma outra. E antes de todas as vitórias houve a de Cristo na Cruz. A vitória de hoje é uma sequência de vitórias em cadeia. Uma segue-se à outra. Sem uma não haveria outra. Basta começar com a primeira. Atreva-se a vencer olhando para a frente e esquecendo aquilo que vai ficando para trás.

  1992. Lemos: "Então darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor", Sof.3:9. Sabemos que quem ganha lábios puros invocará o nome do Senhor porque deixou de ser pessoa que se engana a ela própria ignorando ou desprezando Deus. Automaticamente, invocarão o Senhor por se haverem tornados puros. Os puros invocarão o Senhor, não tem como ser de outra maneira. Mas, o inverso nem sempre será verdade, pois, haverá muitos impuros cantando a Deus como se fossem os donos da verdade. "Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade", Mat.7:23.

  1993. Sempre que alguém é pessoa inconstante nos caminhos de Deus, isto é, sempre que vacila entre fazer do jeito de Deus ou do jeito do mundo devido à desconfiança em Deus; ou devido à confiança em suas próprias capacidades; ou, então, por não estar segura que Deus irá fazer as coisas que o seu coração carnal deseja, Deus acaba por entregá-la aos seus próprios caminhos. Essa pessoa deixa de ser vacilante e segue o curso do mundo de maneira firme. Normalmente, tais pessoas dizem que abriram os olhos e que começaram a fazer a coisa certa da maneira certa.

  1994. A acusação encobre o pecado e pecado encoberto é pecado vivo e ativo. A exposição do pecado, mata-o para sempre. A exposição pela luz condena o pecado e a acusação encobre o pecado para não condenar quem o cometeu. Aquilo que alguém vê em outro é o que ele mesmo comete e pratica. A exposição do pecado (a confissão) anula a acusação.

  1995. A idolatria tanto é fazer um ídolo passar por Deus como fazer Deus passar por ídolo. Quando Deus não é realíssimo, estamos em idolatria. Neste aspecto, os evangélicos são tão idolatras quanto todos os que servem ídolos.

  1996. Existe uma linguagem muito hipócrita em muitas orações. Muitas pessoas perguntam a Deus: "Senhor, de que jeito vais fazer isto ou aquilo?" Na verdade eles querem saber se Deus vai fazer, ou se Ele consegue fazer e não como o irá fazer.

  1997. Muitas vezes as pessoas querem saber as coisas todas que vão acontecer no seu futuro. Mas, conhecendo Cristo de forma a amarmos somente a Ele, conhecemos o nosso futuro, pois Ele o é.

  1998. Aquilo que somos e fazemos agora, certamente faremos e seremos depois. Se desconfiamos agora, não podemos pensar que iremos confiar depois sem que o coração haja mudado e as circunstâncias mudarem. Se o coração não mudar agora sob as circunstâncias nas quais se encontra, será o mesmo coração a ir conosco para onde quer que vamos. O coração vai junto com a pessoa quando muda de emprego, de casa, de casamento ou de outra coisa qualquer. "Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes", Heb.13:5. Não podemos pensar que iremos mudar no céu se na terra recusamos mudar. Se as circunstâncias houverem mudado, o coração não mudará junto. O coração terá de mudar independentemente do que aconteça às circunstâncias. É preciso mudar agora.

  1999. Quando a Bíblia fala do diabo como o vingador, fala de alguém que faz as coisas ruins que faz para se vingar da sua queda como se alguém, para além dele, fosse culpado pelo pecado que cometeu. Quando se fala de Deus como vingador, dizemos que Deus fará justiça pois não vinga por haver pecado e sim por haver amado incondicionalmente. A vingança de Deus estabelece a justiça e anula todo pecado para sempre. A do diabo só leva em conta a raiva que tem e faz aumentar o tamanho e a gravidade de cada um de seus pecados.

  2000. "Se o homem não se arrepender, Deus (...) já preparou armas mortíferas", Sal.7:12,13. Estas armas mortíferas podem ser qualquer coisa. Podem até ser coisas que o homem acha lindas e boas. O facto é que essas armas mortíferas já existiam antes de nascermos e muito antes de pecarmos. Diante de nós já estão colocadas a bênção e a maldição muito antes de havermos nascido. As armas mortíferas existem para quem vive no pecado e tal pessoa inalará a morte sem se dar conta. Por exemplo: se eu respirar, inalo oxigénio sem estar consciente da operação do oxigénio em mim e nem do que ele faz. Estou somente consciente de que respiro. Quando inalamos pecado, nem nos apercebemos da morte que opera em nós e, por essa razão, muitos ainda são capazes de se considerarem vivos após haverem pecado. Isso é mais uma arma mortífera para quem investe na desobediência. "Abre uma cova, aprofundando-a e cai na cova que fez", Sal.7:15.

  2001. Se não experimentamos as coisas de Deus e ainda falamos delas, falamos daquilo que nos condenará um dia. De que me vale (pessoalmente) saber e ouvir falar das grandezas de Deus se não as busco com intenção e fé de achá-las pessoalmente também? Que tipo de louvor será o meu se não experimentar de forma real as coisas de Deus? Não serei falso e hipócrita? Mas, só acha vida quem perde a vida por amor a Deus. Só acha quem busca Vida do jeito que ela é.

  2002. Quando louvamos alguém, existe algum motivo para o fazermos. Se não existir motivo, existe interesse e, então, o louvor é mentiroso. O louvor a Deus de muitas pessoas é do tipo interesseiro e não porque hajam experimentado genuína graça e visto coisas dentro deles que magnificam Deus. O seu louvor é interesseiro ou é genuíno? O Salmista disse que louvaria Deus "segundo a Sua justiça", (Sal.7:17) e não segundo o que imaginava ser de Deus. Ele dava louvor por coisas concretas. Isto não é louvor segundo o interesse do Salmista e nem louvor com segundas intenções. A vida de Deus é real dentro do seu coração ou é apenas mais uma fantasia da sua cabeça?

  2003. As pessoas sentem-se julgadas quando pecam independentemente do que a outra pessoa fizer. Se alguém fica em silêncio, quem peca sente-se julgada; se fala, também se sentirá julgada. Seja o que for que seja feito, sente-se julgada e excluída. O que iremos conversar com alguém que se afasta de Deus e não quer voltar? Qual será o assunto ou o tema para uma conversa?

  2004. É bom desejar a obra de Deus de todo o nosso coração. "Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja", 1Tim.3:1. Mas, se essa obra não for desejada exclusivamente, raramente será feita. Imaginemos que alguém deseja que essa obra seja feita através da sua vida e, ao mesmo tempo, deseja construir outra obra aqui na terra para glória pessoal. Será muito difícil conciliar as duas coisas. O mesmo será tentarmos viver para Deus e para o nosso pecado ao mesmo tempo. Existem coisas que não irão resultar juntas, seja de que jeito for.

  2005. "Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem?" Sal.4:6. Espero que isto não possa ser dito de mim. Que Deus conceda que ninguém seja capaz de fazer esta pergunta e ficar sem resposta comigo por perto.

  2006. Temos a história do homem rico e de Lázaro, Luc.16:19-31. Sabemos que ninguém entra no céu por ser pobre e não será por alguém ser rico que irá para o inferno. O rico foi para o inferno porque não conhecia Deus e o pobre para o céu porque era íntimo do Pai. Sendo assim, podemos tirar muitas conclusões desta história. Uma delas é que Deus não impediu o homem mau de tornar-se rico e nem Lázaro de continuar pobre e mendigo. As doutrinas da prosperidade não têm fundamento Bíblico.

  2007. Pessoa gastadora tem dois problemas e não um. Quem gasta à toa revela o quanto é insatisfeita e também prova que nada a pode satisfazer, pois, se estivesse satisfeita com uma certa compra logo deixaria de gastar onde não deve. Para tornar a gastar em vão precisa estar insatisfeita após a compra anterior. E, para além de gastar à toa, a pessoa gastadora irá poupar quando não deveria, pois, é avarenta.

  2008. Quando temos pedidos colocados diante de Deus que são importantes para o Reino, pode acontecer uma de duas coisas: ou recebemos logo; ou as coisas demoram a chegar. Se demorarem, não podemos mudar o pedido e nem a intensidade dele. As pessoas acham que Deus não dá sempre que demora e mudam seu curso facilmente. Por outro lado, se Jesus der logo, que ninguém pense que as coisas ficarão melhores ou mais fáceis, pois, a responsabilidade de sermos fieis exige mais de nós que a responsabilidade de mantermos a expectativa acesa em relação a Deus e em relação àquilo que pedimos. Para além do mais, a ausência de expectativa por já havermos recebido pode dar sonolência espiritual a quem não coloca em seu coração ser fiel continuamente após a emoção e a alegria de haver recebido. Nós estamos aqui para sermos fieis e não para nos alegrarmos com as coisas que recebemos, por importantes que sejam.

  2009. Qualquer pessoa que não esteja apta a esperar em Deus mantendo a expectativa calma de que certamente irá receber, será sempre alguém que acabará por tornar-se infiel ao que recebe se o receber. Seria fácil dedicar tudo quando recebe de Deus e consagrar até o que Deus já deu?

  2010. Não existe um único pecado ou erro que afecte apenas quem o cometeu. Os pecados são como os terramotos, os quais destroem muitas pessoas longe do seu epicentro. Imaginar que os seus filhos, os seus amigos e outras pessoas não irão sofrer com os seus erros é uma utopia, é uma cegueira própria daqueles que não querem olhar os factos de frente para poderem ser egoístas e acharem que têm a liberdade ou algum direito de nascença para pecar. Até devido à ausência de bênção nas coisas que faz, as pessoas irão sofrer de alguma maneira.  Um divórcio não afecta apenas quem se divorcia; um roubo afecta a vida das famílias de quem rouba e de quem é roubado; vícios e droga afectam mais gente que aqueles que consomem. O inverso desta verdade incontestável também é real: não existe bênção, virtude ou correcção de erro que deixe qualquer pessoa indiferente perto de nós. Não tema corrigir-se diante das pessoas se vai manter-se corrigido no futuro.

  2011. "Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento (...) animal de carga", Mat.21:5. Este versículo mexeu muito comigo hoje. Fez-me lembrar muitas coisas antigas. Eu era teimoso como jumento, tinha cargas e agia como animal de carga. Tinha as minhas cargas, era pior que jumento e Jesus entra triunfalmente através da minha vida para servir o Seu propósito.

  2012. A vida com Deus exige que sejamos apenas nós e Deus. Se todos fossem exclusivamente de Deus, não haveria dissensões entre os homens, pois todos teriam o mesmo tipo de vida, de amor e de realidades contínuas. Não pode ser você, a sua esposa e Deus, você seu filho e Deus, mas, cada um com Deus. O salmista disse: "A quem tenho eu no céu senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti?" Sal.73:25. Quando disse isto, certamente que era casado, tinha filhos e muitas outras coisas mais.

  2013. Quem não incomoda é negligente. Aquela viúva que perturbou o juiz a meio da noite foi louvada por Jesus, Luc.18:1-6. E aquele que incomodou o amigo a meio da noite por causa de uns pães para dar a quem o visitou, fez algo nobre e louvável segundo Jesus, Luc.11:5-8. Se Jesus os louvou é porque fizeram algo que recebe o louvor dos céus facilmente. Eles não esconderam os seus pedidos como fez aquele homem que escondeu o talento que recebeu.

  2014. Ninguém precisa imaginar Deus a falar para que Deus fale. Na verdade, enquanto as pessoas forem capazes de fingir a voz de Deus e forem capazes de imitá-la, falando por Ele, Deus não falará. Este é um problema que os incrédulos precisam resolver em seus corações caso queiram ouvir a voz de Deus mais claramente.

  2015. "Se dissermos que não temos pecado nenhum, é porque estamos enganando a nós mesmos...", 1 João 1:8. Quando o pecador diz que não tem pecado, ele vive da ilusão, pois gosta de viver uma vida de fantasia e de engano, de mostrar e revelar aquilo que é mentira. Isso é o oposto de andar na luz. Por essa razão é que nenhum santo pode dizer que não é santo. "...Vós não O conheceis; mas Eu O conheço; e se disser que não o conheço e que guardo a Sua palavra, serei mentiroso como vós", João 8:55. E ser santo não é nada de outro mundo - nunca foi.

  2016. A liberdade define-se muito facilmente: ela começa assim que não temos mais liberdade para pecar.

  2017. Nenhum pecado é secreto ou insignificante, nem mesmo aqueles que só conhece quem os cometeu. E, também, nenhum pecado afecta apenas quem o cometeu, pois, todo o pecador está envolvido com pessoas à sua volta. A vida de qualquer pessoa nunca é indiferente à nossa. Ou somos uma bênção ou uma maldição para quem nos rodeia. Não existe meio termo no tocante a essas coisas. Os pecados que cometemos em casa afectam o nosso emprego e vice-versa. Os nossos pecados são como o epicentro dum terramoto: afecta muita gente longe do epicentro.

  2018. Um crente não se transforma quando lê a bíblia, mas, assim que a obedece, tal e qual um condutor na estrada só está seguro quando obedece os sinais de trânsito e não quando os aprende.

  2019. Preparados ou não, um dia tudo termina para qualquer um de nós.

  2020. O pecador não sabe em que tropeça. Na verdade, muitas vezes até defende e protege aquilo que o faz tropeçar. Por isso, não saber em que tropeça não significa que não conhece o mal, pois, convive com ele de forma tão natural que já não consegue definir e detalhar a vida que leva. Devemos viver o bem e experimentá-lo exclusivamente ao ponto de vivermos de forma igualmente natural nele, a ponto de sabermos distingui-lo do mal que já conhecemos devido à experiência de pecador que sempre tivemos. Não precisamos viver o mal para experimentarmos aquilo que sempre experimentamos. Para definir o que já vivemos não exige de nós que experimentemos o mal novamente. "Digo-vos, porém, a vós (...), a todos quantos não têm esta doutrina e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás (...)", Apoc.2:24.

  2021. "Seguiram a vaidade e tornaram-se vãos", 2 Reis 17:15. As pessoas tornam-se inúteis, sem força, sem poder e sem capacidade de significar alguma coisa para alguém neste mundo. E tudo isso sem se darem conta que é devido a alguma vaidade que ainda flutue em sua mente. É fácil tornarmo-nos vãos. Tenha cuidado extremo com futilidades e vaidades.

  2022. Deus irou-se muito contra Israel e destruiu-os "porque haviam temido a outros deuses e andavam segundo os costumes das nações", 2 Reis17:7,8. É pecado sério temer a demónios, deuses e ídolos, tal como é andar e viver conforme os costumes e hábitos do mundo e da nação onde você vive ou onde nasceu. Deus não poupou Israel e tudo garante que não poupará a si se for pelo mesmo caminho que eles. Fugiu da idolatria? Por que razão não foge, também dos costumes do mundo?

  2023. Ouvir e obedecer é importante para se poder ouvir de novo. É muito importante darmos toda a atenção ao que Deus já falou, em vez de estarmos desejosos e ansiosos de que nos fale de novo. É mais importante dar passos a favor daquilo que já ouvimos do que querer ouvir aquilo que ainda não ouvimos. 

  2024. Se ouço Deus quando me fala, significa que Ele também me ouve. Se não o ouço, Ele também não me ouve. A dificuldade em ouvir ou ser ouvido é proporcional ao distanciamento a Deus, isto é, quanto mais longe mais difícil será ouvir e ser ouvido. "...Anda em Minha presença...", Gen.17:1. Se andarmos em Sua presença, será mais fácil ouvi-Lo e sermos ouvidos.

  2025. Qualquer pessoa tem o seu cérebro protegido com osso e por cima dessa protecção de osso tem a pele e cabelo que dão a aparência da sua cabeça. Sem osso por baixo, mesmo que tivesse a pele revestindo e encobrindo o desprotegido cérebro, a pessoa correria sérios riscos de morrer. Uma pessoa transformada por dentro sem estar santificada em seu exterior, tem a sua nova vida exposta ao perigo dessa mesma forma. A sua pureza corre sérios riscos de morte. Basta o diabo atingi-la no local certo para matá-la ou lesioná-la seriamente. Um homem puro por dentro que não foi santificado em algum aspecto da sua vida exterior, é como um cérebro que lhe falta um pedaço de protecção óssea. Como o diabo odeia quem é puro por dentro por muitas razões, é de esperar que uma pessoa que negligencie a sua própria santificação e consagração exterior seja morta a qualquer momento.

  2026. Sou completamente dedicado a Jesus. Não quero ser de mais ninguém. Sob estas circunstâncias não posso deixar de carregar o nome de Deus sobre mim. Se Deus não fosse cumprir todas as Suas promessas comigo, se não cumprisse a Sua palavra, eu seria como um filho sem nome, pois ninguém associaria o nome verdadeiro de Deus a mim e nem o meu ao d'Ele. Todos os filhos normais têm um nome de família. Por essa razão é que creio que Deus cumprirá tudo que prometeu, dar-me-á o Seu nome e eu farei tudo em ou sob Seu nome. Alguém em quem Deus não cumpre o que prometeu, é como filho sem nome de família. Deus vai deixar-nos sem o nome d'Ele? "Até aqui nos ajudou o Senhor".

  2027. O egoísmo é o embrião de todo o tipo de pecado. Sem ele não existiria pecado. E para um assunto ser cuidado por Deus, o egoísmo deve sair daquilo que é importante para nós. Quem sabe Deus quer o mesmo que nós e o egoísmo impede que seja Ele a fazer.

  2028. Se para Deus a obra pequena e a grande são iguais, se para Ele o esforço de abrir o Mar Vermelho ou de dar comida a uma formiga é o mesmo, porque razão devemos ter mais fé fazendo uma coisa grande do que quando fazemos uma coisa pequena? Qual é o mistério do problema? Não somos nós que diferenciamos entre obras e nos maravilhamos mais com umas do que com as outras, ou desejamos umas mais que outras e a nossa ansiedade é maior quando estamos pessoalmente envolvidos em certas questões que são importantes para nós?

  2029. Muitas pessoas têm tanto medo de admitir certas coisas diante de Deus quanto teria alguém de confessar à sua noiva que lhe foi infiel. É precisamente diante de Deus que mais gostaríamos de poder esconder certas coisas, pois queremos muito estar sob as Suas boas graças. Você vai esconder, ignorar ou vai admitir e salvar-se? "Se dissermos que não temos pecado nenhum, é porque nos estamos enganando a nós mesmos...", 1 João 1:8.

  2030. Auto-salvação é crime sério. Equivale em seriedade e em gravidade ao suicídio. O que acha que aconteceria a um médico que decidisse efectuar uma cirurgia de coração em si próprio? Que resultados esperaria de tal cirurgia? Imagine a pessoa operando-se a ela própria: os medos de falhar; a tomada de auto-consciência; a recriminação quando falha; o renascimento do egoísmo em coisas importantes (o qual é embrião de todo tipo de pecado) e a consequente associação e combinação de egoísmo à salvação; a tomada de consciência dos perigos que incorre ao vivo! E tudo isso para além da incapacidade de transformar seja o que for, não conseguindo transformar um coração mau em um bom. Quando uma pessoa tenta salvar-se a ela própria espiritualmente e é sério sobre o assunto, acontecerá o mesmo. Na verdade, aconteceria pior, pois, equivaleria a um mendigo que nunca estudou querendo fazer a cirurgia em si mesmo. Muitos evitam salvar-se precisamente porque não se querem envolver com os atritos próprios de quem se tenta salvar a ele mesmo, pois têm ideia de que isso é que é salvação. Por isso, viram as costas e vão-se embora. Mas, será que alguém que vira as costas à cura e evita entregar-se ao cirurgião é menos suicida que todo aquele que quer salvar-se a ele próprio? Entregarmo-nos a Jesus e aos seus cuidados deve impedir a nossa mão de mexer no que não deve e deve impedir de virarmos as costas a tão grande salvação. "E bendito seja o teu conselho e bendita sejas tu, que hoje me impediste de salvar-me pela minha própria mão!", 1Sam.25:33.

  2031. Incredulidade exige repetições de muitas formas. É por essa razão que a maioria das pessoas ora tanto sem obter respostas concretas. Qualquer oração que não busca uma resposta única de uma vez por todas, nunca lida com aquilo que impede a oração de ser ouvida e é empobrecida e sem visão.

  2032. A incredulidade 'crê' da sua maneira. O pecador não gosta de ser visto como pecador, o incrédulo não quer ser visto como incrédulo - muitas vezes nem por ele próprio. Então, arranja uma maneira irreal de ver Deus e de considerar isso fé. Muitos até dizem: "a nossa fé". Com isso dão a entender que é o seu tipo de fé que têm e nunca a verdadeira que deveriam ter.

  2033. Uma pessoa verdadeiramente santificada é uma pessoa vacinada contra o (seu) pecado e contra o mau procedimento. Não é alguém que agrada pessoas para poder agradar Deus exclusivamente. Não é alguém que foge do pecado, pois, tornou-se imune a ele. A santificação tem uma faceta que é a imunidade. Não podemos ter medo de pisar a cabeça da serpente apenas porque ela é venenosa. "O Senhor, o rei de Israel, está no meio de ti; tu não temerás mais mal algum", Zep.3:15. Contudo, as coisas não funcionarão assim numa vida que não foi plenamente santificada a Deus e que não Lhe pertence exclusivamente.

  2034. Ler a Bíblia em nossa força é pecado e trabalhar em informática com Deus é santidade. Se não quisermos morrer para sempre, não podemos sequer imaginar fazer qualquer coisa sem Deus. Aquilo que Deus não aprova, Ele não fará connosco. Aquilo que Ele aprova e fazemos sozinhos, Ele também não fará connosco. "Aquele que não junta comigo, espalha", Mat.12:30.

  2035. Paulo era uma pessoa que, muitas vezes, andava com roupas rotas, com fome e sendo desprezado pelo povo a quem se dirigia. Quando Deus era glorificado, Paulo raramente deixava de andar roto e de ser maltratado. "...Até o presente somos considerados como o refugo do mundo e como a escória de tudo", 1Cor.4:13. Não vemos Paulo ser aplaudido e nem vemos os seus discípulos acharem que, aplaudi-lo, seria glorificar Deus. Se é verdade que os que concordam andam juntos, sabemos que, quem aplaude e quem recebe o aplauso são da mesma carne. Por isso andam juntos. "Acaso andarão dois juntos se não estiverem de acordo?", Amos 3:3.

  2036. A graça chega lá onde nenhum homem chega e expõe tudo para a morte com Cristo. Não vemos nenhum médico fazer uma cirurgia ou transplante a ele próprio e nem para deixar a doença no lugar onde estava. Não seria nada fácil salvar-se a ele mesmo por muitos motivos. Terá de entregar-se a outro e de confiar entregando a sua vida em mãos alheias juntamente com aquilo que considera mais precioso, isto é, a sua vida. E o que Jesus faz em nós é muito mais que uma cirurgia de peito aberto. Essa transformação é feita em nós. É por essa razão que devemos entregar tudo a Quem sabe o que fazer no momento mais oportuno. Ele é o Salvador e realmente salva.

  2037. O obstáculo principal para um pecador é a sua maneira de ser, é a força que usa e os seus próprios jeitos. Já vi pessoas fazerem o que não gostam apenas para contrariar, apenas com o intuito de ser feito como querem e para não perderem a compostura do "faço, posso e mando". Mesmo que não façam o que querem, fazem como querem para não perderem as rédeas da vida que acham que comandam. No entanto, nem do seu fôlego são donos. Por vezes, até preferem prejudicar-se para não deixarem de ser eles a fazer as coisas, impondo para não lhes ser imposto. Enquanto o homem puder fazer em sua própria força - seja o que for - a carne está viva. Podemos tirar o alvo, mas, somente quando lhe forem tirados os meios é que qualquer homem se sente incapaz. Enquanto mantiver sua força, seus meios e membros sente-se vivo. É por essa razão que efetuar através do poder da graça é uma morte para a carne. A verdadeira frustração de qualquer carnal não chega quando lhe tiram o que fazer. Antes, ocorre quando lhe tiram a capacidade, a força e os meios próprios para poder efetuar de sua maneira. Na vida Cristã é anunciada a morte para essa força do homem para que seja Deus a operar tanto o querer quanto o fazer.

  2038. A fidelidade não é uma emoção: é uma natureza que anda sozinha ou acompanhada sem saber qual a diferença. A fidelidade não se enraíza através do encorajamento ou do elogio; não vive de emoções; não se estabelece por causa de prémios ou recompensa; e não vê mais nada além de fazer tudo bem e ser minuciosamente perfeita, seja com ou sem compensações. É-lhe indiferente haver recompensas. A fidelidade vive em função do Rei que serve e não em função do prémio ou da recompensa. Fiel é aquilo que Deus é. Convivendo com Ele e vivendo através d'Ele, seremos simplesmente fieis também. Se a fidelidade não existir apenas por ela, se não existir por existir, é uma hipocrisia que será desmascarada no dia do juízo. Você passará nesse teste do escrutínio dos olhos de Deus?

  2039. Não é fácil explicar a vida de palácio a quem vive no esgoto do pecado e nem explicar ao cego que nunca viu o que é a vida de luz. É preciso que eles venham experimentar pessoalmente.

  2040. Eu tenho a mais completa certeza que podemos viver e conviver com Deus e toda a Sua grandeza da maneira mais natural e mais simples que possamos imaginar. Mas, para vivermos com o Rei, precisamos habituar-nos à vida de palácio e, para vivermos no palácio desse modo, precisamos conhecer o Rei intimamente. A primeira coisa exigida por essa vida é que estejamos limpos. Seguidamente, que sejamos revestidos do Seu poder, isto é, vestidos com as Suas roupas de realeza. Depois, devemos poder-nos sentir bem com essas roupas e viver como se nunca tivéssemos conhecido qualquer outra forma de vida. Devemos poder viver com Jesus revestidos d'Ele como se tivéssemos nascido nessa vida e como se nunca tivéssemos experimentado qualquer outra, tal deve ser a inocência na vida de plenitude. Você consegue? Na verdade, não tem outra opção senão conseguir e não precisa tentar ganhar tempo lutando com a ideia de ter de conseguir e nem com a suposta impossibilidade dessa ideia. Ou vive assim ou não vive. É preciso conhecer Deus dessa forma, pois, isso é o que a Vida Eterna é. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a Ti...", João 17:3. Você precisa experimentar e viver essa vida eterna, constante e permanente, sem alto e baixos, ainda aqui na terra.

  2041. Sexo nunca foi uma necessidade e antes uma capacidade. A doutrina do mundo é que a tornou uma necessidade.

  2042. Deus havia revelado aos profetas e a Eliseu que Elias seria levado vivo. Só não vemos nada de estranho nessa história porque já a conhecemos muito bem. Mas, a simplicidade e a naturalidade com que os profetas e Eliseu acreditaram em uma coisa que nunca viram acontecer, impressiona qualquer um. Deus falou e eles creram. Nem nos podemos perguntar por que razão eles eram profetas ou admirarmo-nos com esse facto. Eles simplesmente sabiam e agiram da forma mais natural, como se não fosse nada do outro mundo.

  2043. É bom que um orgulhoso não tenha aparência de humilde e que um humilde não tenha aparência de orgulhoso porque as pessoas dão muito valor às aparências para se agradarem mutuamente ou para terem razões para se desagradarem. Quantas vezes as ovelhas seguem um lobo com aparência de ovelha e recusam um homem de Deus porque ele esqueceu-se de ser transparente e exteriorizar aquilo que é por dentro de forma simples e natural? Nenhuma pessoa pura deve ter medo de viver aquilo que é diante de qualquer outro ser. Não podemos viver com os medos de antigamente, os daquele tempo quando tínhamos coisas para esconder. "Eis que tudo se fez novo" e tudo se fez diferente. Andar na luz e sermos claros e transparentes (até mesmo sem palavras) é bom para todos. Ninguém deve ter coisas para esconder e, se tiver, que as revele ao invés de escondê-las. Humildade é sermos e vivermos aquilo que realmente somos e revelarmos até o que fomos.

  2044. Descontentamento pode existir por vários motivos, mas, o principal motivo é o tipo de coração que temos. O problema do descontentamento ou da insatisfação é um egoísmo, é um problema do coração e nunca daquilo que nos parece mal do lado de fora. Esse problema faz com que nos aproveitemos dos outros; com que busquemos atenção ao invés de dar atenção; faz-nos pedir em vez de dar; leva-nos a desejar e a invejar muitas coisas que não são nossas; na verdade, é um problema com muitas consequências sérias.

  2045. Sentimentos devem ser submissos para seguirem o nosso coração e não o inverso. Sentimentos tornam-se teimosias e obsessões quando seguidos, isto é, quando não nos seguem. Se não nos seguem quando não os seguimos para satisfazê-los, são igualmente teimosos. São como um jumento que recusa levantar-se do seu lugar para obedecer. Imagine alguém fazer uma coisa por Deus sem coração e da qual Ele se agrada! Os sentimentos quando não são seguidos podem, em alternativa, recusar seguir. O rumo natural é o sentimento seguir-nos e ser submisso e nunca dominante.

  2046. É bom pensar. Mas, é importante domesticar o que é selvagem dentro da nossa cabeça e direccionar para Cristo tudo quanto somos. Pensamentos errantes podem ser motivo para distracções, tal qual podem tornar-se ideias e pensamentos pendentes e não finalizados em quem já tem a mente de Cristo. Se não for colocado um fim a esses pensamentos, suas pendências podem voltar a perturbar.

  2047. Muitos, quando pedem forças a Deus, assumem que pedem que as suas próprias forças sejam renovadas e não substituídas por outras de outro tipo. Deus quer a força do homem morta e extinta nele. Deus não quer nada com a carne, nunca desejou fortalecê-la. "Diga o fraco 'eu sou forte'". Quando Deus renova as nossas forças, Ele renova o Seu tipo de poder, as Suas forças em nós e nunca as da carne, as quais as quer mortas eternamente.

  2048. Se é possível as pessoas do mal adoptarem as coisas de Deus (como os profetas de Baal adoptaram o sacrifício da tarde a partir da lei de Moisés, 1 Reis 18:29), também é possível os crentes mornos ou mortos adoptarem as coisas do mal. Por essa razão é que muitos desmaiam nas igrejas através de poderes estranhos, crendo estarem a ser baptizados pelo Espírito.

  2049. É muito estranho, para mim, que os homens possam arriscar tudo para perderem a vida e não arrisquem nada para ganhá-la. Na verdade, resistem àquilo que os pode salvar.

  2050. Para muitos, confiar em Deus cegamente é muito atrevimento. Para outros é uma insensatez - mesmo quando não reconhecem abertamente o que pensam. Para muitos outros, é um passo no escuro que facilmente hesitam dar. Como nem todos dão um passo no escuro ou não são atrevidos ao ponto de arriscarem perder tudo o que são por Deus, o mundo fica mais pobre do que aquilo que já é. Contudo, devo sublinhar e afirmar que confiar em Cristo não é confiar cegamente. Antes, é saber em quem confiamos vendo tudo na luz.

  2051. Nenhuma pessoa espiritual saberá agir ou reagir através da força da carne. Por outro lado, para o homem comum, confiar em Deus é, muitas vezes, arriscar ou arriscar demais.

  2052. Quando o homem não puder contar com a força a que se veio habituando (a sua própria), quando não puder contar com os seus próprios recursos, não conseguirá crer que será uma pessoa operante e eficaz. O mesmo já não podemos dizer de um homem espiritual, pois, quem é espiritual crê que se tornará inoperante pela força da carne - e qualquer homem espiritual crê na verdade.

  2053. Todo o homem que hesita ou faz coisas estranhas ou faz as coisas certas contrariado.

  2054. Perder a vida não significa que não iremos ressuscitar em uma nova vida que é igualmente real e prática. Se quisermos evitar o colapso depois de tanto esforço de aprendizagem, devemos saber começar a viver uma nova vida através de outras armas e de outros meios que nos eram totalmente desconhecidos na vida anterior de pecado, a qual agora está extinta  - se é que está, realmente, extinta. Até os motivos que tínhamos para viver essa vida extinguem-se para sempre. Por isso, vamos ter o cuidado de nunca deixar a casa vazia e inoperante depois de limpa, pois, sete demónios espreitam para entrar numa casa arrumada, a qual foi abandonada por um deles.

  2055. Quando lutamos contra uma natureza em nós, ficamos com a ideia que iremos ser consagrados após a vitória e regressar à vida velha sem sermos condenados. A verdade, porém, é outra: iremos viver com a nova natureza que obtivemos por via da provação. Não será uma coroa de vitória, mas, uma vida normalíssima de vitória que iremos poder viver e dela desfrutar passo a passo após aquilo que considerávamos erradamente como sendo a meta final. E cada passo é importante para todas as caminhadas. Quando tropeçamos, não tropeçamos na caminhada e sim no passo que damos. O passo não é a caminhada e, se tropeçarmos, podemos levantar-nos para continuarmos. Assim, não vencemos para nos tornarmos inoperantes, mas, para servirmos de outro jeito em novidade de vida. Ao obtermos uma nova natureza chegamos ao ponto de partida e não ao ponto de chegada. Já viu algum estudante esforçado pensar que irá ficar quieto em casa depois de terminadas as provações, as aulas e as lutas de todo um curso?

  2056. É mais fácil e menos cansativo sermos perfeitos do que errantes crónicos. O erro cansa e esgota qualquer um. A perfeição é leve e suave. Tenha cuidado com aquele tipo de 'perfeição' difícil, forçada, 'impossível' e pesada.

  2057. A inoperância e a confusão devem-se a não sabermos esperar no Senhor. Quem espera no Senhor nunca será pessoa confusa e inoperante, ainda que pareça estar quieta.

  2058. "A palavra do Senhor na tua boca é verdade", 1 Reis 17:24. O que esta viúva também queria dizer é que existiam pessoas em cuja boca a própria palavra do Senhor é mentira. Existem pessoas falsas que falam as palavras de Deus e, muitos deles, muito acertadamente. Mas, as suas vidas não correspondem a essa palavra, não mantêm o passo acertado com Deus, não estão de acordo com Deus e não andam na presença de Deus. Nem a multiplicação do azeite e da farinha haviam convencido esta viúva ainda, pois muitos falsos fazem milagres falsos também - ou dizem que fazem. As palavras de Deus nos profetas de Baal que existiam na altura eram mentira e a viúva vivia no meio desses profetas que misturavam as coisas de Deus com as de Baal, as quais faziam todas as pessoas coxearem entre dois pensamentos.

  2059. Uma das características de quem realmente espera em Deus, é a expectativa que nasce dentro. Quem está expectante reagirá assim que chegar o momento certo e ficará quieto em outros momentos. Mas, quem espera sem ter expectativa, quando o momento certo chegar, continuará a esperar que chegue aquilo que já chegou ou não ficará satisfeito com o que chegou. E quando é o momento errado e não espera de Deus, salva-se e abastece-se pela própria mão e exige que Deus lhe dê a Sua bênção naquilo que faz sem Deus. Esse será o salário daquela 'fé' que, na realidade, nunca creu sempre que dizia que confiava em Cristo.

  2060. "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus", Heb.11:6. Quando Paulo nos diz que sem fé não é possível agradar a Deus, ele não quer dizer que a fé agrada a Deus ou que sendo crentes seguros já Lhe somos agradáveis. O que ele quer dizer é que precisamos tornar-nos agradáveis a Deus e que, se não for através da fé, nunca nos tornaremos justos e puros de tal forma que O possamos agradar em tudo. Será crendo que obteremos essa natureza que Lhe é agradável. Este versículo só afirma que sem ser pela via da fé isso não será possível de alcançar.

  2061. Muitas das coisas que Jesus nos diz são confidenciais. Outras não são. Outras, ainda, devem ser ditas, explicadas e multiplicadas pela sabedoria. Ora, se Jesus nos confidencia algo e divulgamos o que deveria ser pessoal e confidencial, somos ou ainda seremos penalizados com o salário da desobediência. E se Jesus nos disser algo que devemos divulgar e ficarmos calados sobre o assunto, seremos igualmente penalizados como desobedientes. "E por que me chamais "Senhor, Senhor", se não fazeis o que Eu vos digo?", Luc.6:46. Poderíamos interpretar estas palavras assim também: "E por que me chamais "Senhor, Senhor", se não fazeis como Eu vos digo?"

  2062. Quem não busca da maneira certa, não espera receber da maneira que recebe. Por isso, quando recebe, não entende o que está recebendo e fica desapontado.

  2063. Não podemos servir dois dias ao mesmo tempo, nem dois Senhores e nem dois momentos. Tentar viver duas coisas ao mesmo tempo é uma forma carnal e medrosa de estar na vida, vida essa que precisa deixar de existir.

  2064. Não podemos pensar fabricar as munições apenas quando a guerra começa. Não podemos querer aprender a viver com essa força de Deus quando já estivermos nas trincheiras, pois, lá, viver dela já deve ser a nossa natureza, a nossa reacção e o nosso primeiro e único instinto.

  2065. Cada pessoa deve ter, provar e obedecer aos seus próprios rios e aprender a beber deles pessoalmente. Não podemos beber dos rios dos outros e, consequentemente, não esperar que sejam os outros a beber dos nossos quando os temos. Uma mentalidade leva à outra e quem quer beber dos rios dos outros achará que o procedimento normal será pregar para os outros sempre que tiver rios de água viva. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos", 2Tim.2:6. Os outros beberão quando o nosso cálice transbordar.

  2066. A nossa força e ânimo chegam-nos através de uma limpeza que nos garante a proximidade de Deus em nosso interior. "...Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior", Ef.3:16.

  2067. Quem só sabe andar através da força da carne, ao negá-la, correrá o risco de ficar inoperante porque desconhece o que será andar e caminhar através da força que vem de Deus (o poder da graça) para preencher a casa que os demónios da carne deixaram vazia e inoperante.

  2068. Ninguém conseguirá esforçar-se não tendo força; ou crendo que não tem força; ou não crendo que já tem a força certa quando não a tem. Uma das razões para a inoperância é a dúvida quando se tem ou se pode ter a força certa; e, para a operância errada, é precisamente ter, fazer questão de usar e de manter a força errada. Quando a pessoa tem a força errada, seguramente que tentará acender o altar de Deus através de fogo estranho. Será condenado tal qual foram os filhos escolhidos de Aarão, Lev.10:1,2.

  2069. Uma coisa é Deus dizer que nós faremos certa coisa e que Ele estará connosco, tal qual fez com Josué: "...Tu farás a este povo herdar a terra que Eu jurei a seus pais lhes daria", Jos.1:6. Outra coisa é quando Deus promete ser Ele a dar ou a fazer pessoalmente aquilo que nós prometemos em nome de Deus ou que Ele nos prometeu. Você sabe distinguir entre as duas situações? E tanto uma coisa como a outra acontecem no momento certo. "Tão só esforça-te e tem bom ânimo...".

  2070. Não imagine Deus: experimente-o como Santo que é. Só assim você será verdadeiramente santificado e tornado puro. "Mas, o fim desta admoestação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé não fingida", 1 Tim.1:5.

  2071. "Varões israelitas, por que vos admirais...?" Act.3:12. A admiração e o delírio quando Deus faz alguma coisa é uma ofensa a Deus. Só mostra como andamos afastados da realidade da Sua presença. Deus não tem culpa que as pessoas não estejam habituadas a conviver com Ele.

  2072. Confiança forçada não é confiança. Na primeira prova, ela vira desobediência, amargura ou temor. Vira desobediência porque a obediência vem pela fé e não pela fé fingida; vira amargura porque a fé fingida não recebe nada de Deus e fica desapontada; vira temor porque a pessoa fica sem rumo, perdida e, consequentemente, desconfiada.

  2073. Temos algumas alternativas para lidarmos com as verdades que aprendemos: ou constatamos as realidades da pessoa de Deus; ou forçamos o nosso coração a acreditar que Deus é fiel sem experimentar que Ele é realmente fiel devido ao temor que temos de nos enganarmos. Temos medo de desafiar o nosso coração. Devemos dar a oportunidade a Deus para que se revele fiel tal qual Ele diz que é. Você tem medo de quê? De arriscar? Se não resultar consigo, certamente que a sua vida não agrada a Deus e, arriscando, poderá ficar a saber se precisa colocá-la em ordem ou não. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23.

  2074. Um santo em quem o amor de Deus foi derramado, amaria até no inferno. Podemos esperar esse amor incondicional de sua parte?

  2075. O Espírito Santo é luz. Ele é dado a quem Lhe é obediente. Quem não for obediente, não saberá para onde ir. Por essa razão lemos: "...o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem", Act.5:32. Se um desobediente afirmar que tem o Espírito, mente, seguramente.

  2076. Deus quer que a pessoa seja verdadeira, pois, sabermos a verdade não é a mesma coisa que sermos verdadeiros. E Deus não é uma concorrência para quem sabe e conhece a verdade. Não podemos, por isso, ver Deus como uma concorrência, mesmo que Ele não confie em nada vindo da carne e seus meios. Porque desejamos conhecer a verdade ou porque temos em nós uma apetência inerente para conhecê-la de forma pessoal e do jeito certo, por essa razão, devemos desejar ser guiados pelo Espírito. Ele é aliado fiel ao que é verdadeiro e não concorrente.

  2077. A Palavra de Deus é uma das coisas que começam a fazer sentido simultaneamente com a limpeza de todos os nossos pecados. Qualquer palavra vinda da parte de Deus começa a tornar-se simples e objectiva (tal como deve ser) quando limpamos cada uma de nossas transgressões. Assim que a nossa vida é colocada na luz e o Espírito começa a inundar o nosso ser, a primeira coisa que se abre para nós é a Palavra de Deus. O Espírito Santo começa a levar-nos para onde Ele quer que sigamos fielmente. "O vento sopra e não sabes para onde vai". O início dum entendimento real, leve e genuíno da Palavra de Deus é uma limpeza completa de todos os nossos pecados. Devemos confessá-los e abandoná-los um a um, todos, desde que nascemos. Logo de seguida, devemos buscar e achar uma plenitude do Espírito sendo-lhe fiel e obediente. Esse conjunto, essa combinação, será fatal para a ignorância. Nada mais ficará igual a partir de então.

  2078. Quem fala com voz de choro para conseguir a atenção dos outros, com certeza que é mandão quando não choraminga. Tem de conseguir atenção de qualquer jeito! Quem choraminga e quem é mandão são uma e a mesma pessoa. Nem sempre os mandões choramingam, mas, os que choramingam são mandões.

  2079. "Portanto nada julgueis antes do tempo", 1Cor.4:5. É fácil julgarmos as nossas provações antes do tempo quando estamos de coração limpo e virado para o céu. Isto é, não vemos o bem que irá sair dali. Não julguemos antes dos resultados finais se estamos de coração limpo e expectantes diante de Deus.

  2080. "Mas se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados", 1Cor.11:31. Isto não significa necessariamente que não passaremos pelo juízo de Deus e antes que passaremos ilesos pelo Juízo de Deus. Contudo, o que Paulo quer frisar aqui é que, se nos julgarmos a nós próprios antes que sejam as pessoas a julgarem-nos, elas não nos julgarão. Poderão acusar-nos mesmo sabendo que somos inocentes, mas, não poderão ser coerentes julgando-nos. Por isso é que, muitas vezes, os inocentes são acusados falsamente. Se nos julgarmos a nós mesmos antes que nos julguem retiramos as palavras das boca alheias neste mundo e seremos absolvidos por Deus.

  2081. As pessoas que querem ser exemplos para os demais esquecem, muitas vezes, que têm de responder pessoalmente diante de Deus e não diante das pessoas. E os que respondem diante de Deus esquecem, muitas vezes, que é preciso que as suas vidas signifiquem alguma coisa para os que os rodeiam, já que respondem verdadeiramente diante de Deus. Não vivemos apenas para nós próprios. Contudo, devemos sublinhar que uma vida consagrada a Deus será um exemplo naturalmente. Devemos, apenas, saber viver na luz e saber expressar aquilo que é verdade, não para sermos exemplos, mas, por Deus e para sermos sinceros e verdadeiros. Não podemos viver uma coisa e mostrar outra. "Eis que desejas verdade no íntimo", Sal.51:6. Basta vivermos na luz, abertamente e sem preconceitos de inferioridade ou de superioridade, os quais levam os tolos a quererem fazer as coisas para serem exemplos ou para terem como se justificarem diante das pessoas. Não será a carne que nos julgará diante de Deus. Devemos prestar contas, agora, a quem nos irá julgar um dia.

  2082. Por que iria querer uma coisa que não me foi dada por Deus? Por que razão desejaria ter tal coisa? Não vejo qual a utilidade dela, nem mesmo sendo muito bonita ou necessitada. Sem Deus, nem a vida tem qualquer significado. Para quê vivê-la sem Deus? Mas, já que é assim, a vida e os outros dons que nos são dados por Deus devem ser cuidados e bem estimados. Devemos consagrar tudo a Deus novamente para não errarmos pecando através daquilo que recebemos d'Ele.

  2083. Ou somos totalmente entregues a Deus ou não somos. Entrega parcial faz com que as coisas importantes da nossa vida fiquem pendentes. Uma entrega parcial faz de nós pessoas inconstantes e incrédulas. "Não pense tal homem que receberá alguma coisa do Senhor", Tiago 1:7.

  2084. Para a pessoa saber o que se passa em seu interior quando Jesus pega em seu coração, terá de andar com Jesus. Para nos conhecermos e para conhecermos a nova criatura em que nos tornamos, precisamos de Jesus. Conhecendo, também, essas verdades, seremos verdadeiramente livres. Precisamos de Jesus para nos conhecermos a nós próprios tanto quando precisamos d'Ele para conhecê-Lo. A verdade é que cada homem tem ideias formadas sobre ele próprio e sobre Deus que não correspondem à verdade. Precisamos conhecer a verdade. E tudo aquilo que não estiver de acordo com Cristo será transformado pelo conhecimento experimental dessas verdades sobre nós próprios e sobre Deus. Só assim seremos libertos dos fantasmas que nos fazem crer ser impossível sermos como Cristo em essência, isto é, voltarmos a ser conformes à imagem original com a qual fomos criados inicialmente.

  2085. Para David era muito mau derramar sangue inocente ou ser injusto. Mas, havia algo que ele também considerava ser um pecado muito grave: ser liberto pela própria mão, sendo que ele havia entregue todos os seus caminhos ao Senhor para sempre. "E bendito seja o teu conselho e bendita sejas tu, que hoje me impediste de salvar-me pela minha própria mão!", 1Sam.25:33. Se a auto-salvação é coisa tão séria, imagine-se como será a auto-condenação e a auto-flagelação! Não passará de auto-justificação.

  2086. Os dias não são todos iguais e não servem todos o mesmo propósito. Existem uns dias diferentes dos outros, nos quais conseguimos fazer menos ou mais, consoante as provas que Deus neles coloca para vencermos. Nem sempre a finalidade do dia é terminar um trabalho. Mesmo que nem sempre seja assim, muitas vezes as coisas acontecem para se conseguir uma obra dentro de nós através do que fazemos. E, para conseguir essa obra, Deus pode impedir que façamos como pode permitir que terminemos qualquer obra, dependendo do que Ele quer alcançar em nós e o que servirá melhor essa finalidade.

  2087. Um dos grandes obstáculos que as pessoas enfrentam quando querem ouvir Deus é a tentação de falarem por Deus. A incredulidade acha que Deus não fala. E, para não deixarem de ser crentes, as pessoas acham que devem dizer sempre qualquer coisa, pensar qualquer coisa, ouvir alguma coisa que Deus não diz ou fazer algo que Ele não faria por eles. Na verdade, agindo assim, dizem através de seus atos que Deus é um incapaz. Outro dos obstáculos é Deus não repetir muito aquelas coisas que diz. Rei não repete mandamentos e ordens. As pessoas esquecem, não esperam ou não assimilam logo e depois falam por Deus mais adiante.

  2088. "Embora pequeno aos teus próprios olhos, porventura não foste feito o cabeça das tribos de Israel?" 1 Sam.15:17. Aquilo que achamos que somos não impede, não adianta e não atrasa nada do que Deus pode fazer connosco. Isso é assim porque Deus não está a contar com as nossas capacidades para poder fazer. O que somos pode atrapalhar a nossa conduta, pode fazer-nos tropeçar temporariamente ou para sempre, mas, não é determinante para que Deus faça alguma coisa. As pessoas podem corrigir-se ou serem formadas durante o percurso da vontade de Deus. Mas, nem sempre Deus confia nessa possibilidade.

  2089. Quem é imune às críticas deve e pode ser imune aos elogios. A critica e o elogio vêm da mesma fonte e afectam o mesmo tipo de pessoa, pois quem é capaz de elogiar, será capaz de criticar e quem gosta de elogios, detesta ser criticado. Mas, uma coisa é a fonte, outra é o poder que ela exerce sobre nós. Os perigos da critica e do elogio também são os mesmos. Precisamos ter cuidado com ambos. Mas, os que vivem com o propósito de ouvir Deus, consagrar Deus e de receber a opinião de Deus, não se afectam com as criticas ou com os elogios. Deus não elogia - Ele fala a verdade. Deus não critica quando fala - expressa a verdade também.

  2090. Uma pessoa, para poder falar bem, terá de saber ouvir bem. Ouvir bem é a condição principal para falarmos as palavras de Deus a alguém. Se eu não ouvir bem, não poderei obedecer também. Não podemos ser fiéis a algo que não ouvimos bem e nem ser infiéis ao que se ouviu bem. O segredo está na forma como ouvimos. "Vede, pois, como ouvis", Luc.8:18. Não podemos ouvir da forma que queremos.

  2091. Quando Jesus se fez pecado, Ele não simpatizou connosco. Antes, identificou-se connosco para que nos pudéssemos identificar com Ele.

  2092. Fé é como o olho: vê tudo o que está na frente dele, mas, não se vê a ele próprio e nem as suas incapacidades ou capacidades. Vê as capacidades d'Aquele que vê.

  2093. Nenhum daqueles que aprendeu a viver de Deus, mesmo que seja apenas em uma fase inicial, deve pensar que não pode fazer ou alcançar as coisas apenas porque não as pode fazer na sua força. Pensar dessa maneira é um crime. Abandonar os recursos próprios da carne deve poder fazer-nos felizes e não tristes. Na verdade, sabendo que não temos como fazê-las na carne ou via força da carne deve conseguir fazer-nos acreditar que as faremos mais facilmente.

  2094. Quem se rende, logo rende. Quem entrega as suas armas a Deus, logo vence a batalha. Lembre-se que as nossas armas operam sempre contra Deus, mesmo quando usam o Seu bendito Nome fazendo seja o que for. A carne será sempre inimizade contra Deus ainda que trabalhe no Templo. Ser santo é deixar de ser carnal. Não tem como ser de outra forma. Quem se rende agarra a oportunidade de poder frutificar. Nunca permita que a carne opere no templo que você é, nem mesmo quando diz que deseja vencer alguma falha ou pecado dentro de si. Vencer é exterminar a carne a ponto de ela nunca mais operar. Entregue as suas armas a Deus juntamente com qualquer direito que pensa que ainda tem. Mas, quem vence uma batalha que não se atreva a pensar que já venceu a guerra! Contudo, entregando a carne, suas forças e suas armas duma vez por todas de forma real é vencer a guerra.

  2095. não pode ser a pessoa a convencer-se que Deus vai fazer. Fé não é acreditar que Deus falou - é acreditar em Deus sempre que fala. A pessoa pode acreditar que Deus falou quando não foi Deus e sim o seu desejo. Isso não pode ser fé e não trará fruto algum. Fé só pode existir quando Deus fala, só pode ser uma reacção à palavra de Deus e só assim dará frutos visíveis e actuais. Crer em Deus não é o mesmo que crer naquilo que queremos crer sobre Deus. E tem mais: quem não consegue crer quando Deus fala, irá crer em algo que Deus nunca disse - ainda que venha na Bíblia.

  2096. "Porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas, é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos", 2Cor.2:17. "Em Cristo falamos": isto significa que somos a natureza de Cristo. "...Na presença de Deus": falamos na própria presença de Deus, isto é, onde Deus opera e está presente, vê e analisa tudo e não se afasta; está presente tanto na audiência quanto em quem fala; "é da parte de Deus": falamos a palavra que recebemos de Deus para falar especificamente sobre um assunto que toca fundo no coração de Deus; E falamos na nossa sinceridade porque experimentamos e vivemos aquilo que falamos. Se faltar só uma destas coisas, seremos falsificadores da palavra mesmo que nenhuma das outras falte. Por isso, é necessário receber de Deus; falar na sinceridade (e ninguém é sincero se não vive o que fala, isto é, ser o próprio Cristo porque já morremos e ressuscitamos verdadeiramente com Ele); e falar no momento certo, isto é, quando Deus estiver presente para aplicar a Sua palavra. Não podemos falar nem antes e nem depois do momento certo. Deus deve testemunhar por nós e em nós. Ele deve dar vida à Palavra falada. Ele deve estar presente tanto na audiência quanto em quem fala.

  2097. Muitos preocupam-se em dar o dízimo e outras coisas mais que prometeram a Deus. Em certos casos, Deus quer o dono do dízimo enquanto se preocupam em dar o dízimo para não ter de se entregarem totalmente a Deus. Um dia "ao tolo nunca mais se chamará nobre e do avarento nunca mais se dirá que é generoso", Is.32:5.

  2098. Se as pessoas ou as coisas que vêm matar a sua carne passarem por perto, você irá ter com eles e perguntar "a quem buscais"? "Sabendo, pois, Jesus tudo o que lhe havia de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?", João 18:4. Você também se adiantaria?

  2099. Fidelidade não é uma mera disposição emotiva: é uma natureza que as pessoas têm, a qual caminha por ela, sozinha ou acompanhada sem saber qual é a diferença.

  2100. Os olhos de Deus são olhos que revelam. Só podem ser, pois, já vêem tudo. Deus vê tudo até ao infinito. Não precisa olhar para ver aquilo que já vê. Por isso, quando lemos na Bíblia sobre os olhos de Deus, entendemos que somos nós que precisamos ver tudo aquilo que Deus já vê, especialmente aquilo que vê a nosso respeito.

  2101. "...Herança entre os santificados...", Act.20:32. Não existe herança para quem não seja santificado. Você sabe o que é a santificação? Quando deixamos de ter aquele coração que nos faz tropeçar, tornamo-nos justos. Isso é justificação. Mas, muitos acham que isso é santificação. Santificação é conseguir usar e santificar tudo o que tínhamos e temos para os propósitos de Deus. Isto é, você vai gerir aquilo que era seu para glorificar Deus e o faria tropeçar porque, agora, pertence a Deus somente. Ana santificou o filho dela a Deus e não deixou de ser filho dela. Também não deixou de cuidar daquilo que ela havia dado a Deus por já não pertencer-lhe. Quem sabe cuidou do filho dela ainda melhor quando passou a pertencer a Deus! Você é santificado? Tudo o que tem é gerido fielmente para Deus? O seu tempo é de Deus? A sua língua? O seu salário? Ou só dá dez por cento do que tem para outros gerirem e para que possa evitar santificar seu coração totalmente? Vai conseguir "herança entre os santificados"?

  2102. Os Judeus não podiam conviver com os povos das nações para não aprenderem os seus pecados. Não existia mais nenhum motivo para essa segregação. Não era uma segregação racial, mas, uma separação do pecado. O problema não eram os povos, mas, o coração traiçoeiro de Israel que aprendia facilmente os pecados das nações. O problema era interno e não externo - era problema do coração. Mas, por causa do egoísmo, eles achavam que não deveriam conviver com eles por se acharem superiores aos outros povos em redor. Além do mais, é muito bom para qualquer pessoa que ama o pecado renunciá-lo e opor-se-lhe. É um bom exercício espiritual opormo-nos às coisas erradas das quais gostamos. Mas, renunciar não chega. Devemos aproveitar a ocasião para tirar o mal do coração, principalmente aquele mal que não achamos ser ruim devido às tendências enganadoras do coração. Odiar as nações por motivos egoístas e separarmo-nos deles não tem nada de bom - não é uma virtude. É apenas uma prevenção. Jesus não pecou convivendo com prostitutas. Mas, existem homens que pecariam e, por essa razão, devem ficar longe delas. Contudo, nunca fique satisfeito por conseguir negar o pecado e os lugares onde se tem costume de pecar. Precisa mudar o seu coração. Segure a oportunidade com as duas mãos e trabalhe muito sobre os seus joelhos para que também o seu coração mude juntamente com os seus caminhos. Ficar longe do pecado é bom, mas, não tem virtude alguma se o nosso coração continuar a ser o próprio pecado. Precisamos ter um coração novo, o qual vive comodamente instalado dentro da vida nova sem que se sinta incomodado quando o pecado e o desejo pelo pecado não é sequer tido em conta. Se ficarmos longe do pecado, que seja porque estamos bem onde estamos e porque nos sentimos estrangeiros em território de pecado.

  2103. O diabo é uma perversão da sua natureza inicial. Actualmente é uma aberração. Ele foi feito para adorar e não para ser adorado, tal como uma mulher foi feita para ser mulher e não tentar ser homem. Sermos diferentes daquilo para que fomos criados é um tipo de aberração proporcional ao homossexualismo: a pessoa não é aquilo que persiste em querer ser.

  2104. Dizem que são os santos que querem rezas, isto é, que cada santo tem as suas rezas. Mas, não é bem assim. Essa prática idolatra tem outra explicação: são as rezas que querem ter os seus santos. Deixem-me explicar: as pessoas têm certo tipo de ideias e criam uma religião de acordo com os seus desejos. Todas as religiões são concebidas à medida das pessoas que as criam. As idolatrias são fantasias e as religiões são ideias dos homens para servir o que eles próprios pensam. São as rezas que concebem os santos que querem.

  2105. Muitas vezes, as pessoas questionam-se porque razão Deus permite que o homem faça o que quer quando quer. Isso é porque é necessário que os homens se tornem todos sujeitos a Deus voluntariamente e que o façam através do Seu poder e pelos Seus objectivos, tanto os finais quanto os objectivos temporários. A pessoa forçada à sujeição não é verdadeiramente sujeita, tal como aqueles escravos cujos donos dominavam e prendiam pela força. O único escravo que conheço que poderia sair da sua escravatura e não saiu por opção e para se sujeitar à vontade de Deus, foi José. Mesmo assim, havia sido forçado a ser escravo. Mais tarde, tornou-se escravo voluntariamente e era fiel em tudo o que não era seu e que não era feito para ele. Foi com esse mesmo espírito que continuou a governar o Egipto, pois continuou sendo a mesma pessoa sujeita a Deus.

  2106. Quem não se opõe, consente. E eu posso consentir a vida do mundo ou a vida de Deus. Tudo vai depender se me oponho a uma ou à outra, ou se consinto uma mais que outra até que uma se torne exclusiva.

  2107. Quando os dons são distribuídos pela imposição das mãos, serão dados apenas se as mãos de quem impõe forem santas e autorizadas. Vemos, por exemplo, que o Espírito Santo era dado a quem os Apóstolos impunham as mãos. Felipe não impunha as suas mãos com essa finalidade a quem se convertia, pois não tinha autoridade para tal. João e Pedro vieram fazer esse trabalho, Act.8. Paulo tinha essa autoridade, também, por ser apóstolo. Mas, em casos especiais, conta também quem recebe. Ananias não era apóstolo e impôs as mãos sobre Paulo para que recebesse o Espírito Santo. Aqui, não eram as mãos que tinham autoridade, mas, a cabeça da pessoa sobre quem as mãos foram impostas. Não podemos afirmar com segurança que a autoridade que Ananias tinha para fazer o que fez fosse mais que temporária ou mais que ocasional.

  2108. As pessoas do mundo têm o seu jardim. Os puros também têm o seu. Contudo, o jardim onde se cultivam ervas e coisas inúteis não precisa ser cuidado como um jardim onde se quer cultivar flores e plantas úteis e bonitas. Por essa razão, devemos levar em conta que as pessoas do mundo não têm o hábito de cuidar do seu jardim e de terem a disciplina de arranjar tempo para o fazerem analisando a sua própria vida. Sempre que se convertem precisam, consequentemente, mudar de forma de vida e ganhar os hábitos que nunca tiveram quando deixavam crescer ervas daninhas e desenvolver de tudo em suas vidas.

  2109. Simplicidade é o segredo para podermos ver claramente. Uma pessoa complicada não enxerga muito bem e tropeça facilmente. Existe simplicidade para com o mal, tal como existe para o bem. Mas, não coexistem. Quem é complicado fazendo a coisa certa, será simples no mal e vice-versa.

  2110. Vamos distinguir entre um passo e uma caminhada. Uma caminhada é um conjunto de muitos passos que são dados que alcançam seu fim. Tropeçar em um passo não é o mesmo que tropeçar em uma caminhada. Isto é, quando tropeçamos em um passo, podemo-nos levantar para continuar a caminhada. "Porque sete vezes cai o justo e levanta-se", Prov.24:16. O caminho mau também é um conjunto de passos. Ele pode, ocasionalmente, fazer o bem. Mas, isso não significa que esteja na caminho da Vida. Os maus também tropeçam no bem e levantam-se para continuar em seu caminho e para continuarem como são. A diferença entre os passos no caminho largo e no caminho estreito é o rumo que tomam. Os maus tropeçam no próprio caminho e, no final, não se levantarão jamais. "Porque sete vezes cai o justo, e se levanta; mas os ímpios são derrubados pela calamidade. Porque de repente se levantará a sua calamidade; e a ruína deles, quem a conhecerá?" Prov.24:16,22.

  2111. A inoperância espiritual acontece tanto quando a pessoa não sabe andar com Deus como quando não sabe esperar em Deus e nem de Deus. Quem não sabe esperar em Deus activa a carne e andará na sua própria força, muitas vezes, sem se dar conta. E quem não sabe andar na força de Deus sabe esperar na carne. Precisamos aprender a ser espirituais operantes e aprender a andar no Espírito. Andar e conviver com o Espírito e Sua força deve ser o nosso único e exclusivo hábito e forma de vida.

  2112. "Varões israelitas, por que vos admirais deste homem?", Act.3:12. A admiração e o delírio quando Deus faz alguma coisa é uma ofensa a Deus. Só mostra como andamos afastados da realidade da Sua presença. Quem se admira não é recto diante de Deus. "E creu Simão e, sendo baptizado, ficou com Filipe; e admirava-se, vendo os sinais (...) que se faziam. Mas disse-lhe Pedro: (...) o teu coração não é recto diante de Deus", Act.8:13,20,21. Deus não tem culpa que as pessoas não estejam habituadas a conviver com Ele de forma natural. Tenha cuidado com as pessoas que admiram e louvam as obras de Deus mas maravilham-se e admiram-se sempre que ocorrem. Eles trocam facilmente a criação pelo Criador. Não louvam Deus e sim as obras. Conviver com Deus deve ser tão natural para nós como beber um copo de água. Isso é o que glorifica Deus. "Quem dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? Quem dentre nós pode habitar com as labaredas eternas?", Is.33:14.

  2113. "Pedro, vendo isto, disse ao povo: Por que fitais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?" Act.3:12. O coxo não ficou a andar por Pedro ser santo. Mas, Pedro era santo e se não fosse santo, nada daquilo teria acontecido. Isto não significa que quem tem pecado possa fazer milagres verdadeiros em nome de Deus. Significa que, quando a pessoa é santa, Deus pode escolher fazer milagres ou não através dela. É Deus quem faz. Jesus opera por causa da Sua vontade e não por causa da santidade como se as coisas que Deus faz dependessem das decisões do homem. Mas, sem sermos puros, Deus não opera. E sendo puros, Deus não opera por causa da nossa pureza e sim pela vontade d'Ele. A nossa pureza de coração cria as circunstâncias para a vontade de Deus acontecer, seja ela qual for. A nossa pureza permite que Deus possa fazer a vontade d'Ele livremente através de nós, em nós ou para nós. Mas, é Ele quem faz e não a nossa santidade.

  2114. A presença de Deus é a experiência mais horrível pela qual um pecador pode passar sempre que recusa abandonar o seu pecado. Deus separa a luz das trevas (e separa-se das trevas) quando desce da maneira que desceu em Pentecostes. Mas, sempre que as pessoas se convertem, o alívio, o refrigério é tão grande que cantam de leveza e de alegria. "Arrependei-vos e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor", Act.3:19. Os tempos de refrigério acontecem quando a pessoa sai da condenação da convicção de pecado. Caso a presença de Deus seja real, essa é a prova do perdão.

  2115. "Esforça-te e tem bom ânimo..." É possível termos um tipo de ânimo que não é bom e sabermos agir ou reagir apenas sob influências desse tipo de ânimo. Deus não disse para termos ânimo, mas, "bom ânimo". Muitas pessoas só repreendem os filhos, só agem quando ficam indispostos ou afectados. Existem mães que não sabem agir ou reagir por amor tão bem quanto sabem agir por raiva. Um ânimo mau é, muitas vezes, mais esforçado que qualquer outro. Poucos terroristas desistem de ser maus ou de se animarem em suas ideias. Parar o mau ânimo ainda não é tornarmo-nos operantes em ânimo que é bom. Richard Wurmbrand disse: "Como o pecado faz tudo para ser mau, eu irei fazer tudo, entregar todo o meu ser pelo amor de Deus, pelo lado oposto". Ele comprometeu-se a viver e revelar a vida de Deus com a mesma devoção que os maus viviam pelo pecado. E você vai entrar nessa onda?

  2116. Se desprezarmos o dia de hoje e não nos prepararmos aprendendo a conviver com ou através da nova vida, seguramente que seremos derrotados na hora da verdade. As solteiras não podem querer viver uma vida de casadas e as casadas não podem querer viver de forma independente como faziam quando eram solteiras. Desfrute cada coisa em seu devido momento para não desperdiçar cada dia e cada dever de cada momento.

  2117. Existem coisas e atitudes estranhas em muitos dos nossos comportamentos. Por exemplo, uma criança querendo fazer as coisas de gente grande; um homem limpo querendo apressar ou dar cumprimento ao que Deus prometeu fazer pessoalmente, etc.. Abraão recusou tomar um único fio de sapato da terra que Deus havia prometido dar-lhe. Até mesmo quando teve toda a terra em sua mão, recusou apoderar-se dela daquela forma. Logo a seguir, Deus aproximou-se dele para o assegurar e dizer que havia feito a coisa certa, Gen.14:22-15:1. Uma coisa é Deus dizer que faremos e que Ele estará connosco, tal qual fez com Josué: "...Tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria", Jos.1:6. Outra coisa é quando Deus promete que será Ele a dar ou a fazer. Você sabe distinguir? Consegue? Tem a coragem para distinguir? E tanto uma coisa como outra acontecem no momento certo. "Tão só esforça-te e tem bom ânimo...". E a nossa força e ânimo chegam através de uma limpeza que nos garante a proximidade de Deus em nosso interior. Só assim poderemos esforçar-nos.

  2118. Muitas vezes, o desespero nasce ao não aceitar receber outra coisa vinda de Deus ou não aceitar receber da maneira que Deus nos quer dar.

  2119. Deus só nos permite duvidar de algo que não é verdade. Mas, duvidar de uma mentira nunca é o mesmo que estar seguro contra ela. Duvidar de uma mentira faz as pessoas hesitarem tanto quanto aconteceria duvidando duma verdade.

  2120. É tão importante sabermos orar quanto é nunca esquecermos aquilo que pedimos a Deus - quanto mais não seja para aprendermos vendo quais as razões que levam Deus a dar ou a não dar respostas. Se nos esquecermos dos pedidos que fizemos, nunca seremos pessoas de oração. Se nos lembrarmos deles, teremos a opção de aprender ou de descrer caso Deus não responda.

  2121. Jesus prometeu dar resposta concreta a todas as nossas orações. Isto é uma espada de dois gumes. Ou oramos apenas por aquilo que receberá resposta; ou recebemos todas as respostas. A maneira de pedir também é importante para que as respostas sejam obtidas.

  2122. "Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo", 2Ped.1:8. É no conhecimento de Cristo que nunca nos tornamos ociosos e não em outras coisas.

  2123. Existe esta mentalidade que não podemos viver para a pureza de Deus em exclusividade absoluta e incondicional. Todos afirmam que é impossível. Por essa razão oferecem os seus membros a quem acham que pertencem, isto é, ao pecado. Se não crêem que podem viver de um jeito, entregar-se-ão ao outro. É uma consequência lógica. Mas, os limpos precisam saber que podem oferecer tudo o que são, incluindo os seus membros, para viver exclusivamente pela pureza de Deus, pois, se estão limpos, perto de Deus, é facílimo viverem para Ele sem serem contaminados pelo mundo. Não devemos nada ao mundo. "Assim, também vós considerai-vos como mortos para o pecado (...) Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus...", Rom.6:11-14. Crer que não conseguimos viver como Jesus viveu na terra é e será, consequentemente, sempre sinónimo de entregar os nossos membros ao pecado e de viver uma mentira.

  2124. Se o tipo de morte que experimentamos em nós não for semelhante ao tipo de morte que Cristo experimentou, seguramente que não experimentaremos a mesma ressurreição que Ele. "Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição", Rom.6:5. Cristo morreu para o pecado e para o mundo. E você? "Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado", Rom.6:10. Você experimenta este tipo de morte de forma real?

  2125. Muitos, pela força da doutrina, colocam fé em oposição à santidade como se a santidade anulasse a fé em Jesus. Dizem que sermos santos é ganharmos a salvação pelas obras esquecendo que as obras são a autenticação dessa salvação. Na verdade, a santidade consegue-se através da fé. A santidade confirma que temos fé e não que não vivemos pela fé. "...Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé", 1 João 5:4.

  2126. Não existe maneira de quantificar hipocrisias, isto é, de numerá-las. Uma hipocrisia é uma imitação fraudulenta ou interesseira duma virtude. E como não existe fim para o número de virtudes, as hipocrisias serão muitas mais. Por cada virtude existe uma ou mais formas de hipocrisia.

  2127. Se pecando as pessoas trouxessem glória a Deus, não poderiam ser condenadas. Quem glorifica Deus não é condenado. Sabemos, contudo, que o salário de qualquer pecado em qualquer pessoa (crente ou não) é a morte. Se isso é verdade, ninguém pode considerar-se feliz com a ideia de ser pecador diante dum Deus santíssimo. Muitos querem reconhecer-se como pecadores apenas para acharem que não competem com Deus pela glória de ser santo. Na verdade, quem compete pela Sua glória são os que pecam e não os que se tornam santos. Por alguma razão fomos criados conformes à Sua imagem. Se déssemos glória a Deus continuando pecadores, não poderíamos ser condenados. Reconhecer que somos pecadores só é bom porque expressa a verdade. "Não há quem faça o bem, não há nem sequer um", Sal.14:3; 53:13. Isso é uma afirmação triste demais para ser reiterada por um Criador a respeito da criatura criada conforme à Sua imagem! Devemos saber que ali não diz, "não pode haver um que faça o bem, não deve haver um sequer"! Não é essa ideia triste e corrompida que estes versículos querem transmitir. Não podemos pensar que mantendo essa linguagem que "somos pecadores" glorifica Deus por si só. O que traz glória a Deus não pode ser condenável. "Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para Sua glória, por que sou eu ainda julgado como pecador?", Rom.3:7. Não poderei ser condenado quando trago glória a Deus e, quem traz glória a Deus, não pode ser considerado pecador. Por isso, não tenha medo de ser santo! Você não compete com Deus tornando-se santo. "Tendes enojado o Senhor com as vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor e é desses que Ele se agrada", Mal 2:17.

  2128. Existem muitos relacionamentos unilaterais onde uma das pessoas não corresponde. Quando é um relacionamento humano, é fácil ver que é unilateral porque as coisas das pessoas são visíveis. Mas, Deus é invisível. Logo, quando esse relacionamento é unilateral, não temos como ver. Por essa razão é que Deus aconselha a verificarmos os frutos. As pessoas confessam e professam Deus com muita facilidade unilateralmente. É outra coisa quando é Deus quem confessa e fala sobre as pessoas diante dos anjos e dos homens, como confessou Paulo diante de Ananias, Act.9:15,16. "De Demétrio, porém, todos dão testemunho e até a própria Verdade dá", 3 João 1:12. Essa verdade era o Senhor Jesus em pessoa. Os frutos são aquelas coisas que Deus quer e não aquilo que desejamos que sejam. Os relacionamentos unilaterais (no tocante à vida com Deus) inventam até os frutos devido ao medo de reconhecerem que estão errados. Você quer um relacionamento de ficção com Deus? Ou prefere ter um real? Então, deixe de ficar ofendido contra a verdade quando ela fala e corrija-se diante de Deus ao invés de tentar corrigir Deus. Num relacionamento falso (egoísta), um parceiro quer sempre mudar ou manipular o outro. Jesus não se vai adaptar a si. É você quem precisa mudar e entrar nos eixos d'Ele.

  2129. Para medirmos as distâncias usamos metros; para medir líquidos, usamos o litro; e para medir a temperatura usamos graus. A vontade de desistir é o que mede o amor próprio que ainda resiste em alguém que tem um relacionamento real com Deus. Deus quer destruir o corpo da morte e ela resiste chantageando com desistir. Desistir, quando se está dentro do evangelho puro, é apenas uma forma subtil de auto-preservação. Essa vontade de desistir sob as circunstâncias de verdade real é uma forma de chantagem e de resistência. É como os trabalhadores que fazem greve recusando trabalhar porque a vontade deles não está sendo cumprida. Eles não estão a desistir do empregos, mas, a resistir ao patrão. Eles estão contra o patrão e não contra o emprego. E quem desiste quando tem um relacionamento genuíno com Deus está contra Deus. Opõe-se a Deus porque não confia, não gosta ou não crê no que Deus faz e Deus não está a alimentar a exigente carne. Mas, isto é verdade naqueles que têm um relacionamento com Deus ou em vias de o ter. Tenha cuidado, pois existem muitos relacionamentos unilaterais e de ficção.

  2130. "Pois trocaram a verdade de Deus pela mentira e serviram à criatura antes que ao Criador", Rom.1:25. Você serve alguém mais, antes ou preferencialmente que ao seu Criador? Sua esposa, seu filho, seu pai, mãe ou noivo? Você próprio? Você serve alguma coisa mais, antes ou preferencialmente que ao seu Criador, isto é, televisão, sono ou outra coisa qualquer? Sempre que não serve Deus através de qualquer coisa que se chame criatura ou criação e queira servir a criação através do Criador, isto é, usando o Criador para servir a sua criação, você seguramente será réu de poderoso juízo por ter trocado a verdade pela mentira. E as consequências de haver trocado a verdade pela mentira serão visíveis em sua vida ainda antes de ser condenado. Viver nas trevas é o salário do pecado. E, quem vive nas trevas, acha sempre que vive na luz. Se não achasse, não permaneceria nas trevas com tanta facilidade e teimosia.

  2131. Existe um tipo de roubo o qual nunca é consumado e pelo qual ainda assim seremos condenados por duas razões. Esse roubo é quando tentamos tirar o dia de amanhã das mãos de Deus. E a segunda condenação acontece porque negligenciamos o dia de hoje tentando servir o de amanhã. Ninguém pode servir dois dias ao mesmo tempo. Você está sendo fiel ao que deve ser feito agora, ou está adiando as suas decisões tentando adiantar as preocupações e ocupações de amanhã?

  2132. Nunca seremos ajuda para o mundo enquanto formos iguais a ele. E se o mundo precisa de ajuda é porque não está bem. E se não está bem, porque razão seríamos iguais a ele? "... Não vos conformeis a este mundo", Rom.12:2. Não nos podemos tornar iguais e conformes ao mundo se quisermos salvar alguém de lá.

  2133. Existe uma escravatura pior que todas as outras: quando somos o nosso próprio dono, ou o nosso próprio escravo! É só esse dono pedir algo que o escravo faz tudo o que ele quer da maneira que quer! E achávamos que entendíamos as palavras de Paulo que dizem: "Não vivo mais mas Cristo vive em mim"! Você precisa assegurar dois tipos de morte: a morte do escravo e a morte do dono do escravo. São coisas distintas.

  2134. Os preconceitos são aqueles frutos do egoísmo que todos aceitam facilmente e dos quais as pessoas fazem uso para haver aquelas guerras que tanto desejam fora e dentro dos seus corações!

  2135. Porque as pessoas acham que o amor é que sejam amados e não que amem, quando as coisas não saem conforme prevêem, consideram o diabo como o principal culpado da sua situação. Consideram o diabo como o seu inimigo principal. Não que ele não seja o inimigo mortal das suas almas, mas, quem considera que o amor consiste em que sejamos amados, é o seu próprio inimigo. Com esse inimigo devemos ter todos os cuidados possíveis, pois, nenhum outro poderá causar-nos tantos danos eternos. Por causa dele podemos ser condenados. "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma", Mat.10:28. Deus derrama Seu amor em nós para podermos amar tanto a Deus quanto nosso próximo e não para sermos amados. Se Ele derramasse Seu amor em nós para sermos amados, estaria alimentando o egoísmo e não promovendo a santidade. E o egoísmo é a raiz do pecado. Tudo que é egoísta é pecado. O pecado faz com que Deus destrua a alma e o próprio homem é o responsável pelo seu pecado. Se o diabo fosse o único responsável quando peco, ele seria condenado pelos meus pecados e nunca eu.

  2136. Quando a Bíblia fala no injusto, refere-se a quem não é santo. Quem não tem pureza não é justo. Logo, é injusto. Quem é ímpio, isto é, injusto, não conhece a vergonha sempre que peca. Pode chorar porque perde quando peca, mas, não chora porque pecou e, antes, porque perdeu. Chora a perda. "O injusto, porém, não conhece a vergonha", Sof.3:5. "...Tens a fronte de uma prostituta e não queres ter a vergonha", Jer.3:3.

  2137. Nós não nos tornamos santos para receber ou perder as coisas, mas, recebemos ou perdemos as coisas para sermos santos. O único propósito de Deus nesta terra é a criação de santos. Esse deve ser o nosso único propósito também. " ...Aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, honra e incorrupção", Rom.2:7. "...Chamados para ser santos...", 1Cor.1:2. "(...) nos escolheu n'Ele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele", Ef.1:4. O que está no topo da sua lista? Será que as coisas deste mundo são o topo da sua escadaria, o alvo da sua rumaria, ou são as escadas onde pisa para subir para a santidade em Cristo? Você usa a santidade para subir até ao que quer ou usa as coisas para alcançar santidade? Quer ser santo para alcançar as coisas ou quer as coisas para ser santo através delas? Você quer e busca santidade através das coisas ou as coisas através da santidade? Subornar Deus nunca resultou.

  2138. Muitos tornam-se inseguros na vida com Deus porque as coisas não saem conforme previam. Pedem a Deus muitas coisas que não recebem ou ainda não receberam e isso deixa-os confusos. Como as coisas materiais que exigem de Deus não chegam e devido a serem importantes para a pessoa que pede, muitos acham que foram abandonados por Deus ou que andam em erro. Outros ficam ainda mais confusos porque pedem coisas celestiais e elas demoram porque precisam ser feitas do jeito que se fariam no céu e não as fazem dessa maneira. A carne não pode fazer as coisas de Deus. Deus prometeu levar-nos para a santidade. Se você verificar que está cada vez mais santo, isso prova que está no caminho certo. Não precisa ficar inseguro. Nada mais pode provar que o seu relacionamento com Deus está correcto - nem mesmo a prosperidade. "...Chamados para serem santos (...) Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor", 1 Cor.1:2,9. "...Também nos escolheu n'Ele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor", Ef.1:4. Isso não significa que nunca receberemos tudo logo aquilo que pedimos a Deus, seja material ou espiritual. Com certeza que receberemos, mas, nunca como prioridade. Receber e conhecer Cristo como Ele é, é a prioridade - é o alvo.

  2139. Existem provas pelas quais a nossa fé é testada pela verdade, para que se alargue o limite da nossa confiança em Deus. Confiança n'Ele deve ser tão ilimitada quanto a Sua fidelidade. Mas, quem não está bem com Deus também não recebe e pode facilmente crer que está a ser provado e não negado. A fé tem uma recompensa real e um testemunho antes, durante e após cada provação. Assegure-se que cada uma das suas provações estão obtendo um final feliz.

  2140. Da fé dependem algumas obras de Deus. Mas, Deus faz as coisas que precisam ser feitas e não para mostrar as obras a quem tem intenção de buscar sinais para poder crer. É  fé que faz as coisas e não as coisas que aprofundam a fé. A fé nunca é fortalecida por sinais e maravilhas. Os sinais e maravilhas é que são aprofundadas e tornam-se maravilhosas pela fé. O que fortalece a fé é um relacionamento de pureza real e genuíno com Jesus. Sinais não fazem melhores crentes, mesmo que puxe a atenção dos descrentes. Um relacionamento com Jesus é o que fortalece a fé sob qualquer circunstância.

  2141. Sempre  que a nossa fé é provada, não devemos apenas ver e comprovar se o nosso coração é verdadeiro, mas, se Deus é. A prova ou a intensidade dela é o de menos. Aquilo que acharmos ser verdade a respeito de Deus é que vai determinar o fortalecimento ou enfraquecimento da nossa fé e de toda a nossa sinceridade. Olhar para nós próprios enfraquece a fé e vendo ou assumindo aquilo que vemos de Deus como verdade, fortalece-a.

  2142. Não devemos achar que Deus dá porque nos ama e nem que tira porque nos ama menos. Deus tanto dá como tira a quem ama, a bons e a maus.

  2143. Os fiéis pensam na qualidade do seu trabalho acima da quantidade. No entanto, a qualidade do seu trabalho evita que seja repetido. Logo, a longo prazo, a quantidade das obras estará acima do esperado. Os frenéticos fazem muitas coisas de uma só vez. Mas, corrigem ou repetem a maioria daquilo que fazem. Os que são fiéis conseguem ter como objectivo a perfeição. E a perfeição que trabalha de maneira lenta tem mais valor que aquela pressa que é capaz de apresentar uma obra de má qualidade rapidamente. Os apressados também gostam de viver das aparências porque raramente apresentam obra digna desse nome. Os que fazem bem, podem aumentar a sua produtividade à medida que ganham experiência e hábitos de perfeição. Uma coisa leva à outra. O mesmo não podemos dizer dos que são frenéticos e apressados, pois, cada dia surge um problema novo e diferente que, por sua vez, não permite criar hábitos e nem personalidade. O preguiçoso é aquele que descansa menos.

  2144. Deus não faz trocas comerciais. Mas, o homem tem a ideia da troca comercial enraizada nele. Por vezes, Deus aproveita-se da ideia do homem para convertê-lo, mas, isso não significa que Deus faça acordos com a carne. Deus pode prometer abençoar o homem que quer salvar depois que se converta. Mas, a bênção é uma consequência lógica da conversão mesmo quando não é 'prometida'. A vida do homem corre mal quando afastada de Deus e o seu espírito tem paz em qualquer circunstância sempre que está em Deus. Se Deus (que é a nossa maior bênção pessoal) está afastado de nós, a bênção também permanece afastada porque a bênção d'Ele está com Ele. Se Ele se vai de nós, a bênção afasta-se junto com Ele e, se Ele se aproxima, ela vem com Ele. "Eis que o seu galardão está com Ele", Is.40:10. Só que, os homens assumem erroneamente que, se vierem a Deus, serão abençoados por isso e que recebem algo em troca pelo acto de virem a Deus, o qual consideram ousado. Na verdade, vindo a Deus, qualquer pessoa será abençoada, esteja bem antes de vir ou não. Estaremos bem de qualquer jeito perto de Deus. Contudo, o facto de sermos abençoados não se deve a termos vindo, mas, de estarmos com Ele porque a bênção não está separada d'Ele. Para nós, aquilo que podemos considerar como uma recompensa, é a consequência lógica de estarmos de bem com Deus e em bons termos com Ele. Deus não nos abençoa porque nos convertemos e antes porque Ele, em quem estamos, é a bênção em si mesmo e não podemos separá-Lo dela. Usufruímos da bênção porque estamos com Ele e, onde Ele está, está a sua bênção. Quando nos convertemos, estamos com Ele. Por isso, não devemos ir a Deus pela bênção, mas, ir à bênção por causa de Deus.

  2145. "Quando Eu quiser, castigá-los-ei", Os.10:10. Os pecadores, de forma geral, não se sentem incomodados depois de haverem entrado na vida de pecado (Sal.73:4-7). Na maioria dos casos chegam a justificá-la. Deus incomoda aqueles que se desejam salvar e deixa quietos os que escolheram a vida que leva ao inferno para que eles possam prosseguir o seu caminho sem problemas de maior. Eles andam como se nada de mal lhes fosse acontecer. Deus deixa-os em paz até ao dia que Ele quiser e, como será apenas nesse dia que Deus pegará neles, sentir-se-ão ilesos e seguros até lá. Esse dia virá, porém, como o ladrão de noite. Será em uma hora que o pecador não espera e de uma maneira que não esperava ser possível acontecer-lhe.

  2146. O suicídio é o acto mais egoísta de alguém que recusa reconhecer que existe solução reconhecendo onde errou ou erra sobre um assunto específico. Prefere magoar os outros suicidando-se e recusando reconhecer a porta de saída para o seu problema. Por muito que alguém entenda as razões de quem se suicida, por muitas razões que tal acto invoque, o suicídio nunca deixará de ser um acto de egoísmo extremo e de orgulhoso que recusa a reconciliação que está ali bem perto, isto é, na própria pessoa. Muitas vezes, a pessoa suicida-se porque existe uma solução que não quer desejar - suicida-se para não ter de cair na tentação de aceitá-la. Tem qualquer coisa contra a solução. A pessoa que se suicida é, também, uma pessoa extremamente orgulhosa, seja esse orgulho disfarçado ou evidente. Também é um acto de vingança contra alguém, de um jeito ou de outro. Também existem suicídios espirituais onde as pessoas não agridem o seu corpo, mas, sufocam seus espíritos com os espinhos das preocupações.

  2147. Havia um bom pai que tinha um vizinho que era seu inimigo mortal e irreconciliável. Esse pai teve um filho, o qual se uniu ao inimigo do pai. Volta à casa do pai só para comer. A vida que o pai lhe deu, a comida através da qual cresceu, toda a força que tinha, usa para manter-se aliado ao inimigo mortal do pai. Você sabe quem é essa pessoa? É todo o pecador. Você é pecador? "Contudo fui Eu que os ensinei e lhes fortaleci os braços; entretanto maquinam o mal contra Mim. Eles voltam, mas, não para o Altíssimo. Fizeram-se como um arco enganador...", Os.7:15,16. Continuará vivendo em pecado? Ou continuará voltando apenas para comer, mas, não por causa do Pai? "Eles voltam, mas, não para o Altíssimo".

  2148. Sempre que você conseguir abandonar um pecado para sempre, assegure-se que abandona os lugares, as pessoas e tudo aquilo que esteja relacionado com esse pecado. Mude totalmente de vida. "Quanto a Efraim, ele mistura-se com os povos; Efraim é um bolo que não foi virado", Os.7:8. "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores", Sal.1:1.

  2149. Os mais honestos dos pecadores não invocam Deus porque a sua consciência não o permite. Falta-lhes ousadia para com Deus e vontade de abandonar o pecado também. Os menos honestos afirmam que Deus não existe. Qualquer pessoa que afirma que Deus não existe é, seguramente, desonesta nos outros aspectos de toda a sua vida porque é desonesta no geral. Creia nisso e leve isso em conta mesmo que lhe pareça um absurdo. Desonesto é desonesto sempre e em tudo - até mudar. Por essa razão, quando você obtiver a certeza da existência de Deus pelo arrependimento, assegure-se que se torna honesto com o seu próximo também. Dê atenção às extensões desse pecado. São duas as coisas das quais deve arrepender-se e converter-se ao convencer-se da existência de Deus. Caso o seu caminho não se estreite dos dois lados, tornará a alargar-se para os dois lados. Tornar-se honesto apenas em um aspecto, toda a desonestidade que já havia abandonado voltará. Desonesto é quem é capaz de afirmar que a mentira é verdade e que a verdade é mentira. Este pecado é do género daquele de quem fuma e bebe: se deixar apenas um desses pecados, voltará a ter os dois novamente mais cedo ou mais tarde. Existem pecados que não se separam se nasceram juntos e, por isso, precisam morrer os dois ao mesmo tempo. Caso isso não aconteça, um será responsável pela tentação do outro. Esta verdade aplica-se a todos os tipos de pecado que convivem como irmãos da mesma gema. Ou abandona todos, ou voltarão todos sete vezes pior.

  2150. Jesus disse que, se limparmos a parte de dentro, logo, a parte de fora tornar-se-ia limpa também. Mas, limpando a parte de fora nunca garante a limpeza interior, antes impede-a obstruindo o acesso da luz. Por isso, quem limpa o seu interior tem todas as condições para deixar de ter as preocupações que qualquer sujo tem em querer ter boa aparência.

  2151. As aparências convencem tanto o próprio quanto os outros. No entanto, convence mais ao próprio, pois os outros conseguem detectar a hipocrisia mais facilmente que o próprio hipócrita.

  2152. A parte mais importante da verdade é eu ser verdadeiro. Eu preciso ser verdadeiro. Assim que tornar-me verdadeiro sobre tudo o que se passa em mim, começa a surgir a humildade, pois, humildade é sermos aquilo que somos e, quanto menor for o esforço para sermos assim, tanto maior é a humildade. Mas, na fase inicial, o pecado dentro de mim recusa ser revelado e, se sou verdadeiro sobre mim próprio, apercebo-me melhor, através da verdade, que preciso mudar. Quando mudar, necessito continuar sendo verdadeiro. Como os meus pecados são manifestos tal e qual são porque vivo na luz mostrando o que sou sem esforço, uma de duas coisas acontece: ou procuro tornar-me aceitável mudando porque não é agradável sermos aquilo que mostramos; ou escondo aquilo que sou por achar que não é bom mostrar o meu pecado e procuro manter as aparências. Ou sou aquilo que mostro e mostro aquilo que sou ou, então, escondo aquilo que sou e passo a viver das aparências que se estabelecem pela força e pelo engano e não pelo Espírito. Sob a luz, somos levados a essa encruzilhada, isto é: ou mudamos, ou escondemos uma vez mais aquilo que é manifesto. As palavras de Deus não nos são dadas com o intuito de serem agradáveis, mas, para curarem. A verdade liberta-nos sempre que tomamos conhecimento dela e sempre que agimos em conformidade com ela, pois a verdade busca alguém que seja verdadeiro para tornar-se útil a tal pessoa e não condenatória e nem contraditória. Quem resolve ser verdadeiro será liberto de todo o mal por estar obtendo verdade. Sendo verdadeiro, no mínimo, libertou-se da mentira.

  2153. O arrependimento não nos traz momentos de acusação e angústia, mas, de alívio. A angustia e a acusação surgem porque devo estar a adiar o momento de arrepender-me e mudar. Ou, então, quero apressar Deus buscando erros onde já não existem para que Ele faça aquilo que quero ou deixe de ver aquilo que quero esconder.

  2154. Conforme vou escrevendo coisas que surgem em meu coração devido à proximidade e intimidade de Deus com a minha alma, há dias que me apercebo ter feito pouca coisa. Na verdade, são pequenas coisas que são feitas. Contudo, durante esses dias, apercebo-me ter feito coisas importantes, por muito pequenas que sejam. Não quero encher o mundo de livros, mas, de sementes. É verdade que uma semente é muito pequena se a compararmos com a árvore. Mas, não são as árvores que são semeadas e sim as sementes. Creio que, sempre que um fiel faz pouco devido a alguma circunstância, aumenta a qualidade daquilo que faz. Algo de bom acontece sempre que somos fiéis, seja através de coisas pequenas ou das grandes. Conta muito a qualidade das sementes que distribuímos. Gastar tempo para melhorar a qualidade duma sementinha pequenina nunca será tempo perdido. Essa semente dará uma árvore saudável, a qual, por sua vez, dará frutos que terão sementes do mesmo género dentro deles. E tudo começou em uma semente pequena que pensávamos ser insignificante. Na verdade, tudo começou quando se pensava que estaríamos perdendo tempo com uma coisa tão insignificante, pois, a nosso ver, a árvore seria algo maior e mais gratificante. Mas, não é verdade. Por essa razão, não aprendamos a desprezar as coisas que consideramos pequenas ou insignificantes. "Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas?", Zac.4:10. Até o pecado se multiplica através de pequenos pensamentos que são dardos com fogo que acabam por tornar-se grandes incêndios na mente, Ef.6:16.

  2155. Deus é sempre a mesma pessoa, tanto quando nos sentimos bem como quando nos sentimos mal. A forma como nos sentimos não determina o carácter de Deus e nem explica aquilo que Ele realmente é. O que sentimos, fala sobre nós e não sobre Deus. Se achamos que Deus é bom apenas quando tudo nos corre bem, somos hipócritas em relação a Ele. Se Deus só é bom quando tudo nos corre bem, é porque não o conhecemos de verdade.

  2156. Quando Deus fala ou diz alguma coisa, a forma como se expressa é a parte menos importante, seja ela simples ou espectacular. Quando é 'espectacular' tem a ver conosco, pois, Deus faz uma coisa grande demais para o homem e é somente o homem que pensa ser espectacular. Se Deus sussurrar, o que diz não deixa de ter menos importância do que quando Ele usa as trombetas do Apocalipse. O que conta é a importância de quem fala, seja em sussurro ou em bom som. Você é o responsável pela forma como vai catalogar a forma como Deus lhe fala. Se gostar do que Ele diz, sentirá a Sua voz de maneira distinta daquela quando não gostar do que Ele diz. Mas, isso não significa que Ele fala de maneira diferente. Apenas significa que você recebe tudo o que Ele diz de forma diferente, mediante as suas próprias circunstâncias. A autoridade e a voz continua sendo a mesma de sempre. Por isso, tenha o cuidado de não catalogar a voz de Deus levando em conta a forma como se sente sobre o assunto que levou o Senhor a expressar-se.

  2157. Jesus nunca confiou na doutrina de "aceitar Cristo como teu Salvador!" Ela faz crentes frouxos e enganados, os quais tornam-se exemplos que outros seguem para obstruir a passagem daqueles que buscam verdade e realidade em Deus.

  2158. É bom sentirmo-nos bem quando estamos bem e com os pés bem assentes na terra. Mas, estando Deus em nós de forma real, levamos em conta tudo aquilo que Deus é se estivermos bem lúcidos e firmes nessa lucidez. Por isso, ao invés de estarmos com os pés assentes na terra, estamos com eles bem assentes no céu, pois Jesus disse, "na terra como no céu". É que levamos Deus em conta. Temos de ter em conta que, aquilo que Deus tem para nós, é melhor que aquilo que alguma vez desejaríamos ter. Você tem a certeza disso ou ainda tenta convencer-se disso? Quem perde a vida por Deus, ganha-a. Se você não achar que a verdade é verdade, não leva Deus em conta. Imagine, então, o desastre que será não viver em conformidade com isso!

  2159. "O meu povo consulta ao seu pau e a sua vara lhe dá respostas, porque o espírito de luxúria os enganou...", Os.4:12. Quando a pessoa tem desejos, esses desejos falam como se fossem Deus. Eles dão as respostas que Deus nunca deu ou daria. Cuidado quando o seu coração começa a falar por Deus devido à descrença e ao grande amor que você tem por si próprio! Pior será quando o diabo entrar em cena e ajudar com essas respostas, também, porque existe a luxúria e o espírito da luxúria que ele pode e sabe usar. Combinados, são terríveis!

  2160. "...Não se faça culpado Judá; não venham a Gilgal e não subais a Bete-Ávem nem jureis, dizendo: Vive o Senhor", Os.4:15. O adultério é quando a pessoa pertence a um e entrega-se a outro. Se fosse do outro a quem se entrega, não haveria adultério. O problema maior dos idólatras é usarem o nome de Deus enquanto se prostituem espiritualmente com outros, isto é, com o mundo, com as suas ideias próprias, etc.. Caso afirmassem não pertencerem a Deus, o seu pecado seria menor e menos gravoso. A idolatria permite à pessoa viver da maneira que quer. Um ídolo não castiga, não repreende. Mas, também não tira a ideia de fé ou de Deus da mente do pecador. Logo, a pessoa sente-se segura pecando. O pecador não consegue viver com a ideia de ter Deus contra ele. E é a idolatria que permite crer que está tudo bem entre ele e Deus. Logo, caso se aperceba que Deus é seu inimigo, ou que está contra ele, ou que Deus não está com ele, poderá voltar-se para Deus pelo temor. Se você também ama o pecador como Jesus, nunca esconda as verdades e a realidade a quem peca.

  2161. "Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei", Os.4:6. Isto tem uma verdade inversa: se não rejeitarmos o verdadeiro conhecimento de Deus, seremos aceites. O verdadeiro conhecimento de Deus é aquele que conhece Deus como Ele é e não aquele que faz de Deus aquilo que desejamos que Ele seja.

  2162. "E naquele dia, diz o Senhor, não me chamarás mais 'meu Baal'", Os.2:16. Quando o povo do diabo assimila as coisas de Deus para idolatrar, isso dá um certo sossego de consciência que é bastante falso e enganador. Por essa razão, os idólatras usam o nome de Deus em vão. Quando usam o nome de Deus em vão, fazendo-se idólatras, dizem que Jesus é um dos seus deuses. Isto é, eles usam uma forma de idolatria e dão-lhe o nome Jesus ou, então, usam as coisas de Deus e chamam Deus de "meu Baal" dedicando o que é sagrado ao diabo.

  2163. Onde erraram tanto os amigos de Jó? Eles, ocasionalmente, diziam de Jó aquilo que Deus também disse dele. O que tinham de errado foi não terem visto que Jó era, de facto, justo. Eles acreditaram facilmente naquilo que viam e acusavam Jó de pecado que não tinha e sem o terem visto pecar. Quem olha para o que acontece à pessoa e deduz erroneamente que Deus está contra ele, facilmente cairá no mesmo erro de forma inversa, isto é, se alguém canta na Igreja hipocritamente, logo será tido como uma pessoa bem próxima de Deus. Não podemos deduzir pelas aparências. Julgar a favor também é julgar.

  2164. "Pois qual é a esperança do ímpio, quando Deus o cortar, quando Deus lhe arrebatar a alma?" Jó 27:8. Deus corta todo o mundo e, os que ainda não foram cortados, sê-lo-ão ainda com toda a certeza. O que vai contar é o que fica com o homem depois de tudo lhe haver sido cortado. Que ficará consigo? Nos santos, depois de perderem tudo, manter-se-á a esperança e a vida. Todos aqueles que pretendem de Deus que algo terreno se mantenha eterno porque nisso colocam as suas esperanças, logo serão desapontados e, quando forem cortados, nada restará deles. Todos serão eventualmente cortados, até os anjos de Deus. Ninguém escapará disso. A terra terminará e nada sobrará nos céus também. Mas, será necessário manter a esperança na realidade do que ainda vem e ninguém poderá manter dois tipos de esperança contraditórios em seu coração, isto é, ninguém poderá servir dois Senhores. Ou mantém a esperança em Deus (ou sem Deus) por causa das coisas terrenas; ou mantém a esperança apenas em Deus por causa de Deus. Que se manteria em seu coração se tudo lhe fosse cortado - filhos, propriedades, saúde - como aconteceu a Jó?

  2165. Existe esta ideia de que Deus agrada-se de que as pessoas se sintam pecadoras, como se Deus não tolerasse que alguém fosse santo para não competir com Ele em santidade ou glória. Como é que tal ideia tão satânica pode ter-se instalado na Igreja tão comodamente? A verdade é que não existe competição entre santos. A competição existe entre Deus e a pessoa apenas quando alguém entra no mundo do pecado. A competição existe entre pecador e santo, entre a vida que se entregou ao pecado e Deus. Essa é a única competição que existe! Haja pessoas santas e haja as que se tornam cada vez mais santas! Quanto mais santas, menos competem com Deus ou Deus por elas! Tais pessoas são as que glorificam e magnificam Deus e não são as que competem com Ele! A importância da pessoa saber que é pecadora, é simplesmente por causa da verdade - é pela declaração da verdade. Não é necessário que seja pecadora, mas, verdadeira. Deus quer que o pecador se reconheça como tal e que o santo se reconheça como santo, tal qual Jó fazia. Mas, isso será apenas por causa da verdade. Deus quer que o pecador reconheça que é pecador porque é verdade e não para que se mantenha em pecado para não roubar glória a Deus. Deus não quer que o pecador seja pecador, mas, que se reconheça como é por causa da sua salvação daqueles pecados que não reconhece. Reconhecer é um mal menor e pode ser o início do caminho da verdade. Seria muito bom a pessoa ser santa, reconhecer tal graça e ainda ser conhecida como tal. É a verdade que é exigida das pessoas e não que sejam pecadoras, pois, só os santos podem glorificar Deus.

  2166. Deus não consegue terminar a Sua obra através de alguém que desiste. E, se você desiste, não ficará a saber se Deus poderia terminá-la. Noutras palavras, todas as suas dúvidas serão confirmadas sempre que desistir. E, caso alguma dúvida se confirme, a sua mente instável será saciada (pois, a pessoa insegura só se sente bem insegura). Isso dar-lhe-á uma falsa paz que, com toda a certeza, provocará a ira de Deus. É por isso que Jesus preza todos aqueles que vencem. "Aquele que vencer e permanecer até ao fim..."

  2167. Jesus veio libertar-nos de nossos pesos. Ele disse que viéssemos a Ele para que nos tirasse as cargas. Isto é notável, pois ninguém se acha sobrecarregado ou culpado da dificuldade que sente andando. Antes culpa o caminho de ser difícil. Culpam sempre qualquer coisa e não eles próprios. Por exemplo, se um gordo estiver a subir uma montanha com dificuldade, culpa a montanha de ser difícil e não diz que é o seu peso que lhe dificulta a subida. O pecador culpa a dificuldade do seu caminho e nunca o peso dos seus pecados. Deus não vai mudar a montanha, mas, aliviará o pecador. Mas, o pecador não quer abandonar o seu caminho de pecado - antes deseja que o caminho de Deus se torne mais fácil para ele, mesmo sobrecarregado! Não se considera pesado e reclama contra Deus por não ser fácil subir carregando o peso do pecado que recusa abandonar. Quando Jesus afirma que Seu jugo é leve, Ele alude directamente ao fato de que será o pecador a ser aliviado do seus pecados e não que o caminho irá ser facilitado.

  2168. Os amigos de Jó falavam de barriga cheia e o contraste entre a sua barriga e a de Jó destacou-se ainda mais perante a desgraça visível de Jó. Por isso, falavam facilmente. Mas, Jó mantinha esperança de barriga vazia, isto é, o coração dele, a fé dele não poderiam ser afligidos. Quanto aos amigos de Jó, não sabemos. Só sabemos que não foram provados para que se verificasse se a sua confiança e palavreado eram genuínos. É fácil um gordo dizer que irá fazer dieta depois que acabou de comer. Temos de ver se ele diz o mesmo na hora que a fome aperta e quando o estômago ronca. É fácil ter fé na abundância. Mas, será que Deus muda porque passamos mal? Não merece a nossa confiança seja sob que circunstâncias for? Deus não muda juntamente com o nosso estado de espírito. E, quando estamos em apuros sem saídas, também será fácil confiar ao vermos que não temos alternativa senão confiar. Será que também não podemos achar que Deus é fiel ao invés de confiarmos por falta de alternativas?

  2169. aqueles que vivem em pecado desejam a morte para 'irem descansar'. Um santo deseja estar em Cristo, seja na morte ou na vida actual. Ele escolhe Cristo e não a morte. Por isso, quando alguém deseja morrer para descansar é porque não tem descanso em sua alma e acha que irá ter depois de morrer. Vive em pecado e não tem descanso. Acomodou-se ou instalou-se no pecado. Por essa razão é que Jó, mesmo muito doente e cheio de dores, recusou desejar a morte porque viu pecado de tal pensamento. Ele disse: "Se eu olhar para o Seol como a minha casa, é porque fiz nas trevas a minha cama", Jó 17:13.

  2170. Muitos dizem que Deus faz tudo através deles, mesmo quando não cooperam com Ele. Na verdade, a nova natureza só serve para alguma coisa quando está em cooperação e em intimidade real, obediente e incondicional com Jesus. Mas, não pensem os maus de coração que tudo o que eles fazem é de autoria ou da responsabilidade de Deus!

  2171. Quando é Deus que nos guia, não significa que irá falar sempre e nem que irá explicar tudo quanto fala; e, se nos guia continuamente, isso também não significa que estará sempre falando. Guiar é mais que falar. Ser guia é mais que dar mandamentos, ordens, instruções e explicações. O melhor guia é aquele que forma a natureza da pessoa de quem guia fielmente, falando-lhe/revelando/manifestando intimamente quando é preciso. "Portanto, eis que eu a atrairei e a levarei para o deserto e lhe falarei ao coração", Os.2:14. Quando se fala ao coração, nem sempre se usa palavras. Ele forma a ovelha que encaixa com perfeição naquilo que Ele é como Pastor. Sendo assim, fazemos conforme O vemos fazer. O Pastor não muda e, para haver uma comunhão íntima, alguém terá de mudar e ser formado.

  2172. Nós podemos viver a vida poderosa de Deus sem defini-la. Mas, cada dia que passa, o erro vai aumentando e ficando mais ousado. Por essa razão será cada vez mais necessário haver uma definição correcta da Vida Eterna dentro de nós - não para tentar imitá-la, ou tentar viver da aparência por via de meios e métodos carnais, mas, para vermos como se diferencia a Vida das vidas falsificadas que vão aparecendo cada vez mais com o avançar dos tempos. E quanto melhores forem as definições e explicações da vida eterna, mais imitações haverá, pois, muitos tentarão pular o muro ao invés de entrar pela porta estreita. Quem tentar imitá-la ao invés de obtê-la de verdade, será castigado como alguém que não entrou pela porta no aprisco das ovelhas e preferiu saltar o muro. Os seus pés e mãos serão amarrados e será lançado fora onde existe trevas, dor e ranger de dentes junto com todos os hipócritas. As definições tanto podem formar hipócritas que tentam imitar tudo o que aprendem, como podem proteger quem tem a vida. A definição correcta da verdade é como a casca dum fruto. E o fruto não pode ser só casca sem nada dentro; e o fruto sem casca apodrecerá por não estar protegido. Mas, quando for para comer, lembre-se que ninguém come casca. Os pastores de hoje só dão cascas teológicas a quem diz que tem fome.

  2173. falava abertamente diante de Deus através de uma linguagem franca e pura. Mas, os seus amigos achavam que isso era irreverência e falta de temor. Por isso diziam: "Na verdade, tu destróis a reverência e impedes a meditação diante de Deus", Jó 15:4. Mas, Jó falava da maneira certa, pois, havia verdade em seu íntimo e em suas palavras. Ele não aqueles agrados usava com Deus que uma pessoa usa falando com a outra. Ele não tratava Deus como alguém trata humanos, lisonjeando-os com palavras ou actos. "Fareis aceitação da Sua pessoa? Contendereis a favor de Deus? Certamente vos repreenderá se em oculto vos deixardes levar por respeitos de humanos (lidando com Deus como se lida com humanos)", Jó 13:8-10. O que Deus deseja é verdade no íntimo e não aparência de respeito ou temor a Deus.

  2174. Todos os sussurros de Deus são grandes mandamentos. Trate de levá-los até ao fim. Nunca permita que o seu amor por Deus seja fraco. Esse amor é (ou ainda será) do tamanho da sua obediência. Não permita que seja do género de amor ou de obediência que vem e vai. "Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho que cedo passa", Os.6:4.

  2175. Todo o idólatra traz o seu deus na mão (Jó 12:6b) e diz ao tal deus tudo o que deve fazer em troca de sacrifícios. É o idólatra quem manda no deus dele e não o contrário. Todo o tipo de idolatria serve um deus da cabeça de quem venera uma coisa que necessita ser carregada. Idolatria é a religião da conveniência. Jesus não é carregado na mão de ninguém, pois Ele até anda sobre o mar sozinho. Não recebe ordens de ninguém.

  2176. Os amigos de Jó sabiam pregar para os outros. Na verdade, até pregavam muitas coisas certas. Mas, o que conta é a pessoa e não tudo aquilo que ela possa dizer do que vive realmente. Por essa razão é que Deus disse que ouviria a Jó e não a eles. É interessante notar que Deus não disse que ouviria a oração de Jó e antes que ouviria a Jó. A mesma oração, para Deus, é diferente na boca de pessoas diferentes. E aquelas pessoas que se acham superiores em sabedoria são, normalmente, os que precisam ser ajudados. Os crentes, os teólogos e os pastores precisam ser ajudados a conhecer o Altíssimo de forma íntima e pessoal. Só assim teremos um avivamento verdadeiro. Por enquanto conhecem a sua teologia intimamente. São esses a quem Jó também diria: "Sem dúvida vós sois o povo e convosco morrerá a sabedoria!", Jó 12:2. Eles sabem muito bem pregar para os outros, ensinar a orar e tudo mais. Mas, não sabem obter respostas às orações, não sabem ser humildes de coração, desconhecem o verdadeiro poder de Deus, entre muitas outras coisas que também desconhecem.

  2177. Quando Deus guia, não é o assunto que é importante, mas, a pessoa a quem guia. Por essa razão, nenhum assunto é pequeno demais para que Deus nos instrua sobre ele e nenhum dilema ou assunto é importante demais para que Deus seja obrigado a guiar de forma especial. Deus guia a pessoa por causa da pessoa e não por causa do assunto em questão. Importante é que a pessoa seja guiada, pois, só os que são guiados pelo Espírito são ou tornam-se filhos de Deus, Rom.8:14. Os assuntos têm importância relativa e secundária, pois, a importância real e prioritária é a pessoa que aprende a ser guiada e a obedecer. Os assuntos são instrumentais, por muito importantes que sejam ou se tornem. Todos os assuntos devem contribuir para o bem eterno da pessoa, para a sua aprendizagem e não é a pessoa a ser sacrificada por causa dos assuntos.

  2178. O estado de espírito de cada pessoa pode facilmente influenciar a sua própria visão das coisas e até mesmo a visão do futuro. Se alguém se encontra em um momento alegre, achará que tudo lhe sorrirá. Se estiver em momentos difíceis, crerá que irá ser sempre assim ou pior. Devemos ver a verdade se a pudermos ver e não confundi-la com aquilo que sentimos no momento. "Que é que te provoca, para assim responderes?", Jó 16:3. Ainda bem que Deus não faz as coisas em conformidade com aquilo que vemos e da forma como nos sentimos. Ele não depende de nós para fazer as Suas coisas. No entanto, lembremo-nos daquele oficial que estava passando momentos difíceis e, devido ao que sentia, não acreditou nas palavras de Eliseu e deixou a sua amargura expressar-se. Morreu sem que tivesse provado daquilo que Deus providenciou, 2 Reis 7:19. É algo a ter em conta. Nunca permita, sob circunstância alguma, que seu coração ou estado de espírito mude aquela visão que Deus lhe deu, dará ou quer dar.

  2179. O progresso espiritual de qualquer ser depende muito da sua constância - obediência constante, fidelidade constante, crescimento constante. Os seres constantes, para além de crescerem porque são constantes, descansam porque crescem. Qualquer tipo de crescimento é trabalho árduo e, quem trabalha, merece o seu descanso integral. Só existe verdadeiro descanso, tanto interior como exterior, após o trabalho e nunca antes.

  2180. Os inseguros só se sentem bem sendo inseguros. Insegurança é o caminho do erro e, para continuar insegura, a pessoa busca o erro. Mas, a insegurança emocional e a insegurança real nem sempre são a mesma coisa. Existem pessoas seguras delas próprias em lugares escorregadios estando prestes a estatelarem-se à entrada do inferno. "No pensamento de quem está seguro há desprezo para a desgraça", Jó 12:5. E, também, existem pessoas que se sentem inseguras trilhando o caminho que devem, pois se é verdade que quem se sente seguro despreza a desgraça, quem se sente inseguro em Deus despreza a graça porque gostariam de depender daquilo que os faz sentir inseguros: a força do braço da carne. As duas coisas são pecados grosseiros. Aqueles que estão trilhando caminhos escorregadios pecam sentindo-se seguros por lá. Os que se sentem inseguros perto de Deus erram grosseiramente também. Ambos têm o mesmo tipo de coração enganador e deveriam contar com ele ao considerarem os seus caminhos, perspectivas reais e respectivas consequências. "Considera os teus caminhos..."

  2181. Todo o incrédulo acredita em mentiras e mais ainda nas próprias. Ele 'precisa' delas e acredita nelas como se fossem verdades. Incrédulo é enganador e até se engana a ele próprio.

  2182. "Chorarei eu no quinto mês, com jejum, como o tenho feito por tantos anos? (...) Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi mesmo para Mim que jejuastes?", Zac.7:3,5. Deus não se importa se o jejum e a oração acontecem agora, no mês seguinte ou em dias específicos do ano ou do mês. A única coisa que Deus quer saber é se foi para Ele que jejuamos ou se foi por nós. Pode ser agora, no quinto mês ou quando for. Isso é irrelevante. O importante é que seja por Deus, pela causa de Deus, para obter respostas concretas nesse campo e não pelo sacrifício, seja ele obcecado ou não.

  2183. Muitos, para se defenderem contra si próprios e contra as acusações de sua consciência, dizem: "Isto não tem nada de mal!" Não que não tenha nada de mal - querem apenas mostrar a eles próprios que não tem. Mas, muitas vezes, defendem-se fazendo o que está errado para provarem que não tem nada de mal. Serão condenados porque fazem a coisa errada e, também, porque tentam encobrir o pecado fazendo-o e dando-lhe ar de graça.

  2184. Deus usa muitas pessoas acima de nós para nos ajudar. As pessoas acima de nós não são as que têm melhor intelecto ou que pastoreiam, mas, as que são mais santas. Se um analfabeto for mais santo que um cientista, ele ajudará o cientista. O grau e a disponibilidade de obediência a tal pessoa é proporcional ao grau de obediência a Cristo. Dessa obediência vai sair o crescimento. Só crescerei mediante a obediência a Ele e a quem Deus colocou acima de mim.

  2185. A soberba e o orgulho existem porque a pessoa tem ou mantém uma ideia de importância dela própria que não é verdadeira. A humildade é sermos aquilo que somos dentro do contexto da realidade manifestada por Deus como a coisa mais natural do mundo.

  2186. A incredulidade diz sempre: "Eu sou crente!" Por essa razão continua sendo incrédula. Se ao menos as pessoas reconhecessem esse seu pecado, teriam como ser salvos dele. Ao afirmarem-se crentes, afasta-se da possibilidade de serem salvos da incredulidade e, também, de outros pecados.

  2187. "...E lhos entregaste nas mãos, como também os seus reis e os povos da terra, para fazerem deles conforme a sua vontade", Neemias:9:24. Hoje, os inimigos que possuem o nosso coração e a nossa terra fértil, são os nossos pecados. É interessante ver que Deus entregou os inimigos nas mãos de Israel para lhes fazerem conforme fosse a vontade deles. Se eles quisessem destruir os inimigos da sua alma, poderiam fazê-lo, porque, Deus dava-lhes autoridade moral para o fazerem e poder simples para o conseguirem. Mas, estava na sua mão decidir poupar os seus inimigos também. O mesmo acontece connosco ainda hoje: podemos destruir os pecados que Deus entregou na nossa mão (antes estávamos nas mãos dos nossos pecados, tal qual Israel estava na mão dos seus inimigos dos quais Deus os libertou); ou então podemos ter dó, compaixão ou amor por nossos pecados e poupá-los de uma morte certa em Cristo. Deus entregará a sua liberdade e os seus pecados na sua mão para você decidir o que vai fazer com eles. O que irá fazer? "Se, pelo espírito, mortificardes as obras do corpo, vivereis", Rom.8:13.

  2188. Imparcialidade é defendermos as coisas de Deus, por Deus, em Deus. Não defendemos nem as nossas e nem as de mais ninguém. Defendemos as de Deus, estejam elas em nós ou nos outros. Isso é sermos imparciais.

  2189. Onde obedecer não é esforço, desobedecer é. Onde obedecer é esforço, a desobediência não é.

  2190. Quem se culpa em demasia depois de haver sido perdoado, não busca perdão, mas, atenção.

  2191. Agradar pessoas é fazer a vontade delas. Agradar Deus é fazer a vontade d'Ele.

  2192. "E os que exercem autoridade sobre eles são chamados benfeitores...", Luc.22:25. Na verdade, as pessoas olham para este mundo e para as suas coisas e só vêem aquilo que querem ver. O mau é visto como bom, o bom é visto como mau; o cego é quem vê e quem vê é cego. Aqui Jesus diz que aqueles que são maus e exercem autoridade mundana são os que são considerados benfeitores. "Mas, vós não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve", Luc.22:26. Há-de chegar o dia quando o admirador vai ser visto como o hipócrita que é e o lisonjeador será visto como fingido e mentiroso, pois, é mentiroso. "O coração dos imprudentes entenderá o conhecimento e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente. Ao tolo nunca mais se chamará nobre e do avarento nunca mais se dirá que é generoso", Is.32:4-5.

  2193. Jesus não impede que as pessoas façam o mal porque todo o pecado precisa ficar exposto. Nem mesmo entre os fiéis Jesus impedirá que todos os pecados sejam expostos. Na verdade, será principalmente entre os fiéis que isso ocorrerá mais porque pode significar a salvação das pessoas desses pecados e um exemplo para o mundo. Aconteceu com Israel quando foi entregue nas mãos dos malfeitores Babilónicos. O mau testemunho é um mal menor sob essas circunstâncias e se o pecado ficar exposto. Expondo o pecado, Jesus elimina-o e livra a pessoa de tornar a pecar.

  2194. "Então, Satanás entrou em Judas...", Luc.22:3. Nós não vemos Judas endemoninhado quando Satanás entrou nele. Apenas vemos que fazia o mal. O mesmo podemos afirmar de Ananias e Safira quando mentiram a Deus: "Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração?", Act.5:3. Este casal não estava endemoninhado. Existem muitos em quem Satanás entra e não ficam endemoninhados. Tornam-se, apenas, demónios de carne.

  2195. O único tipo de impaciência que Deus louvará é aquele que deseja estar logo perto de Deus quando algo nos separa d'Ele. Mas, nem se atreva a saltar o muro para evitar limpar o pecado que separa d'Ele. Prefira entrar pela porta limpando o coração.

  2196. Se é verdade que "há um caminho que ao homem parece direito e o fim dele conduz à morte", Prov.14:12, também será verdade que existe um caminho que parecerá torto ao homem, o qual conduzirá à vida.

  2197. A faculdade mais profunda do ser humano é a sua vontade. Não é o pecado. Mesmo que o homem tenha a faculdade de pecar, é dentro da sua vontade que nasce a vontade de Deus e será essa a faculdade na qual Deus opera e através da qual se manifesta. Operando o querer, de seguida, operará o fazer. E, o fazer de Deus em nós, não é pecado.

  2198. É bom vivermos aquilo que ensinamos. Mas, isso não é nada comparado com falar sobre o que vivemos. Viver o que ensinamos não é o mesmo que ensinar o que vivemos ou ensinar como chegar lá - se é que experimentamos verdadeiramente a vida eterna dentro de nós.

  2199. As trevas não são a ignorância que temos sobre qualquer pecado ou assunto. Trevas não é necessariamente ignorância. Trevas são esconder o pecado, encobrir, desculpá-lo, amenizá-lo ou dar destaque a algo de bom que possamos ser ou possuir para encobrir ou disfarçar o que fizemos de mal. E só escondemos porque conhecemos o pecado e porque não somos assim tão ignorantes a respeito dele. Ignorante não esconde. Andar nas trevas é andar encobrindo. Quando destacamos as coisas que queremos que as pessoas preferencialmente vejam em nós, quando acusamos os outros, quando fazemos gracinhas estando de consciência manchada, estamos desviando os olhares do mundo para longe daquilo que desejamos manter escondido. Isso é andar em trevas.

  2200. Quando Cristo e a Sua luz mostrarem tudo aquilo que você é ou fez, não se sinta amedrontado com a quantidade e nem com a percepção da maldade dos seus atos. Logo ali, siga-O e faça o que Ele estiver fazendo. Se Ele estiver expondo os seus pecados, exponha junto com Ele. Se Ele apontar para eles, você aponta. Isso é seguir Cristo. Cooperar com Ele e fazer o que Ele está fazendo é segui-Lo. Não encubra quando Ele expõe. Isso não seria seguir Cristo naquilo que Ele faz.

  2201. Aqueles que realmente foram perdoados não conseguirão afirmar honestamente de que não receberam perdão. Quando o perdão é realmente recebido, é impossível de não ser sentido ou reconhecido. Mas, o inverso já não funciona assim. Isto é, muitos que nunca foram perdoados conseguem afirmar que foram.

  2202. Um fanático é alguém que quer chegar ao fim das coisas sem passar pelos meios. Ele é sempre alguém que pula o muro para não ter de entrar pela porta, João 10:1. Ele não é aquilo que faz ou tenta que os outros façam, pois, vive uma coisa e prega outra.

  2203. O medo é uma carência egoísta camuflada.

  2204. Se esconder foi a primeira reacção instintiva de Adão e Eva depois de haverem pecado, seguramente que o oposto será o primeiro passo para a santidade. Revelar e manifestar é a porta para o caminho da vida. Pode não ser o único passo, mas, é o primeiro deles e é o mais importante, o qual deve ser mantido para sempre. Mas, o que vale começarmos na luz (revelar) se não permanecermos na luz?

  2205. Se o pecado morre pela exposição à luz, se revelar e expor detalhadamente é o que mata qualquer pecado, porque razão os homens de Deus que pregam frontalmente revelando e mencionando todos os pecados pelo nome são acusados de estarem julgando as pessoas? Eles estão tentando salvar as pessoas!

  2206. "Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente", Jer.48:10. Fazer a obra de forma negligente é o mesmo que fazer algo para ser recompensado. A pessoa que se concentra no que vai ganhar com o que faz deixa de ser 'fiel' assim que deixa de haver recompensa. Existe uma grande associação entre negligência e fazer por interesse.

  2207. Deus separou a luz das trevas como primeiro acto da criação. Só depois de separar a luz das trevas é que criou o mundo. O seu mundo, o seu lar, o seu casamento ou qualquer outra faceta da sua vida só será construída, também, depois que separar a luz das trevas dela. No mundo chamado evangélico, hoje, anda tudo misturado. Você vai ter de separar a luz das trevas da sua vida em conjunto com Deus. Só depois disso a sua vida poderá ser recriada e você poderá tornar-se uma criatura nova. As trevas não metem medo a ninguém quando são somente trevas. O pior acontece quando se misturam com a luz. Separadas da luz, as trevas não são ameaça. Mas, quando se misturam com a luz, são extremamente perigosas. Você já separou as trevas da luz em sua vida? Já separou a sua vida daquilo que é do mundo?

  2208. Muitos precipitam-se com as suas palavras e pronunciam palavras que Deus ainda não falou. Outros, porque Deus não falou, entregam-se à desmotivação e desistem sem que Deus haja dado um "não" claro ou evidente. Quando Deus não falou, você não pode sequer assumir que Deus disse "sim" e, também, não pode viver como se Deus já tivesse dito "não". Não se precipite com as palavras e nem se entregue à vontade dos pensamentos.

  2209. Aquilo que você sente ser verdade, não deve ser levado em conta se não for mesmo verdade. Se você quiser saber como não é verdade aquilo que defende, tente ver com que raiva, com que força, quanta malícia ou mau espírito você defende os seus pontos de vista.  Deixe a verdade dar a sua opinião por ela. Quem deve mudar é você e não é a verdade que se deve adaptar aos seus modos, anseios e esquemas.

  2210. Imaginemos que você é mulher casada e, ao ler a Bíblia, vê esta palavra em Pedro: "Igualmente vós, maridos, vivei dando honra à mulher como vaso mais frágil para que não sejam impedidas as vossas orações", 1 Ped.3:7. Você é mulher e a palavra é dirigida ao seu marido. Qual deverá ser a reacção instintiva do seu coração? Você deveria dizer: "Isto não é para mim, é para o meu marido. Não tenho nada a ver com isto. A minha parte é ser submissa. Não sou o marido, sou a esposa".

  2211. Se ouvir o evangelho de forma pura, ele entra em sua mente e vida. Quer você obedeça ou não, quer assim deseje ou não, passará a fazer parte da sua vida - seja contra ou a favor dele. Se reagir a ele, esse evangelho ou muda quem você é, ou você mudará esse evangelho para obter sua 'paz' de volta. Ou você ou o evangelho ficará igual depois de ser ouvido, dependendo de quem mudar. Mas, os dois não ficarão iguais, pois, um dos dois vai mudar. Também poderá rejeitar o evangelho e o evangelho, consequentemente, rejeitá-lo-á a si. Mas, ainda que rejeite, ele permanecerá em sua consciência e em seus pensamentos. Se o evangelho entrou mesmo, nunca mais sairá.

  2212. A verdade deve obter o consentimento do coração e a oportunidade de falar por ela mesma, de expressar-se por ela própria sem a interferência de quem a busca e acha. Ser verdadeiro, não é ter razão: é ser a razão. A verdade não discute, não argumenta quando se aloja em um verdadeiro. Daí deduzimos que os conflitos são originados pela junção da mentira com a verdade, isto é, um coração verdadeiro pega na mentira e tenta viver dela ou, então, um coração mentiroso tenta viver da verdade. A paz que o mundo dá é, em parte, aquela quando um mentiroso vive na mentira, um hipócrita vive da hipocrisia, um preocupado vive da ocupação, etc. Contudo, a verdade é o que é e, quem quiser, que veja e que creia.

  2213. A falta de verdade no íntimo está infimamente ligada à falta de fé. Fé é crer na verdade. E existem os que conseguem crer e os que não conseguem, conforme Cristo disse: "Aquele que pode crer...", Mar.9:29. Consequentemente, fé não é a capacidade de crer, mas, sim a capacidade de crer na verdade e é uma capacidade de descrer da mentira. A fé é única em sua forma de se expressar e de se afirmar. A incredulidade é a capacidade de não crer na verdade e de crer facilmente na mentira e na ilusão. Não é a capacidade de descrer. A falta de fé é não crer na verdade.

  2214. Para barulho, bastam os barulhos do meu coração quando não está quieto. Porque irei ouvir mais barulho, seja em forma de música ou em outras coisas próprias da inquietação dos homens dentro das igrejas?

  2215. Cada homem tem mais razões para acertar do que para errar. No entanto erram continuamente. Quem saberá explicar este fenómeno de maneira que eu entenda?

  2216. Salvar alguém dos seus pecados é um dos actos mais altruístas que existe. Não ganhamos nada com isso. Deus ganha uma alma e a pessoa salva ganha a vida dela. Por isso é que Deus dá uma outra recompensa a quem é fiel nesse aspecto, porque recebeu de graça e deu de graça.

  2217. Existe o ódio, a malícia, o rancor e muitas coisas mais que concorrem com o amor de Deus pela posse dum coração. Mas, o que muitos ignoram é que existem outras coisas de melhor aparência que igualmente concorrem com o amor de Deus e disputam o nosso coração e a nossa vida. Essas coisas são: o amor carnal, a forma de pais e mães amarem, a força da carne, a cordialidade carnal, amabilidade e fingimento que procura agradar pessoas ao invés de amá-las com aquele tipo de amor que repreende quando é preciso e consola nas coisas certas e nos momentos certos também. Tenha cuidado com o amor paralelo, a simpatia paralela, a cordialidade paralela, a oferta do dízimo paralela, a leitura da Bíblia paralela, a esperança falsa ou mentirosa - tudo coisas que a carne faz muito bem! Devemos ler a Bíblia para mudarmos a vida e não para passarmos um tempo religioso; ter esperança porque Deus realmente falou; devemos orar para obtermos coisas concretas e importantes para o reino de Deus e não para passarmos um tempo falando sozinhos. Se déssemos o dizimo para que o reino de Deus se espalhasse pelo mundo, recusaríamos dá-lo ao vermos como os que recebem usam-no para se enriquecerem e para viverem no luxo. Precisa ter um cuidado especial com as aparências, com as coisas paralelas, quanto deve ter com aquelas coisas que são pecados óbvios. São coisas igualmente mortais ou ainda piores, pois, são as armas da imitação, tentando imitar tudo aquilo que existe no céu.

  2218. Quem desespera esperando uma promessa é pessoa para se alegrar fora de tempo também. Quem desespera pode facilmente ser enganado com cumprimentos falsos de tudo aquilo que Deus ainda tem para ele e não chegou. O desespero pode significar que a pessoa ainda é inconstante nos caminhos de Jesus.

  2219. Quando estiver conversando com um descrente ou um pecador crónico, lembre-se que os argumentos mais penosos que ele tem para responder, isto é, aqueles que deseja evitar a todo custo, são os dele mesmo. Ache, descubra quais os argumentos que ele silencia e abafa dentro dele e use-os. Depois, será mais fácil mudar a vida dele. Mas, lembre-se que está ali para ganhar uma alma para a verdade e não para ganhar um argumento.

  2220. Para que a palavra de um verdadeiro se possa confirmar mais tarde, ele não deve mudar nada do que disse e nem mudar de atitude. Pode complementar se existirem complementos, mas, nunca mudar uma única virgula de nenhuma frase. Isso parecerá ser teimosia da parte dele, algo que irritará ainda mais quem se opõe a ele. Mas, no final, a palavra ainda falará e tudo se confirmará se a pessoa mantiver a sua atitude e postura diante de Deus.

  2221. As profecias e as manifestações serão quase sempre falsas quando a pessoa não anda em santidade. Dever ser o Espírito Santo quem guia. E o Espírito Santo é santo. Quem não estiver igualmente santo, corre o risco de que o diabo use os mesmos sentidos sensoriais, o mesmo coração e os mesmos meios que Deus usaria caso a pessoa estivesse de bem com Ele e com o seu próximo. E, o pior de tudo, será quando o diabo, para além de usar o que Deus usaria, começa a usar algumas verdades para confirmar certas coisas que nos chegam ao mundo consciente e sensorial através dele. Por isso, a primeira condição para que uma profecia seja verdadeira, é a pessoa que fala estar verdadeiramente limpa em todos os aspectos da sua vida. Mas, existem mais condições. Eis algumas: Deus terá mesmo de falar; a pessoa terá de conseguir crer com simplicidade; a pessoa deve poder descrer com a mesma simplicidade caso não seja Deus quem está falando. Mas, existem mais condições. Descubra-as andando com Deus, arriscando multiplicar os talentos que Deus lhe deu - se os deu e se não é apenas você querendo e desejando que Ele os tivesse dado. Ande na luz; aprenda sendo transparente.

  2222. Ser transparente diante de Deus é sinónimo de ser limpo, mesmo que não seja a mesma coisa. O facto é que Jesus muda quem é transparente diante dele. Cuide de ver que, ser transparente, é diferente de ser transparente diante d'Ele. Não é a mesma coisa. Você pode ser transparente sem estar diante d'Ele, como pode estar diante d'Ele sem ser transparente. Tanto uma coisa como a outra isoladamente não resultam em limpeza espontânea.

  2223. Os profetas tornam-se falsos por várias razões. Muitos falam daquilo que desejariam que acontecesse; outros são movidos por conhecimentos deturpados ou mal aplicados; e ainda existem aqueles que dizem que o que eles expressam em nome de Deus se cumprirá, como se Deus fosse obrigado a sujeitar-se à palavra deles cada vez que falam e não o inverso. Em todos os casos, é e será sempre a arrogância falando. Mas, porque existem falsos, devemos aplicar os nossos corações a praticar o que é de Deus e não deixar de fazer muito bem aquilo que os falsos só tentam imitar. Muitos tentam opor-se aos falsos em vez de fazerem bem o que devem fazer e sabemos que ninguém consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo.

  2224. A mentira é um chão falso onde pisamos. Por baixo desse chão falso existe um abismo de onde será difícil sair depois. E não é bom usarmos Deus para estarmos confiantes sobre as mentiras e enquanto em nossos pecados porque senão esse abismo será ainda mais fundo e mais falso.

  2225. Todo o acto sexual para ser perfeito deve ser consumado sem qualquer sentimento de culpa e sem qualquer acusação na consciência. Por essa razão é que você deve fazer as coisas apenas da maneira que Deus as criou, quando lhe for lícito e quando Deus estiver abençoando tudo o que você faz. Só assim será você perfeito.

  2226. As pessoas nunca tiveram rei. Por essa razão aprenderam a governar as suas próprias vidas. Na ausência ou inexistência dum Rei, elas entregaram-se à obstinação, especializando-se nela. Mas, quando o verdadeiro Rei chega, começa a haver uma disputa pelo reinado do coração e da vida. É preciso que você decida quem vai reinar: ou você ou quem é Rei de verdade. Saul também foi colocado diante da opção de entregar o reino a David, o homem que Deus escolheu para reinar no lugar dele. Caso ele tivesse entregue o reino a David, teria salvo a sua própria vida. Mas, a opção que tomou foi desastrosa, pois, foi a sua queda eterna. Deveria, antes, ter-se sujeitado à vontade de Deus. Quando Deus entrar em sua vida, você também será colocado perante a opção de abdicar do reino e de todos os direitos sobre a totalidade da sua vida. Entregue esses direitos sobre a sua vida a Ele. Não faça como Saul fez. Não seja desastroso.

  2227. Quando entramos numa igreja, vemos muitos que se acham crentes e não são. Falo daqueles que gostariam muito de ser crentes de verdade sem entregarem todos os direitos sobre suas vidas a Deus. Esses, como gostariam de ser crentes sem pagar o preço, passam a achar-se crentes para nunca terem de mudar ou de serem transformados. Do mesmo modo, acharemos os que se acham ateus e não são, aqueles que gostariam de ser ateus e não conseguem sê-lo. Esses são a grande maioria dos ateus. Se juntarmos a isso a teimosia natural do ser humano longe de Deus, logo teremos alguém que persiste em afirmar que Deus não existe com cada vez mais persistência contra a sua própria percepção dos factos.

  2228. O tamanho do homem pode ser medido, muitas vezes, através da facilidade ou da dificuldade com que se desmotiva ou com que se motiva.

  2229. Se entendemos mal alguma coisa quando alguém nos fala, ou se o que nos disse não está de acordo com o nosso raciocínio ou expectativa, temos a tendência para achar que a pessoa se enganou ou que está equivocada. É assim, muitas vezes, que agimos quando Deus nos diz algo que não está de acordo com aquilo que pensávamos, desejávamos ou que nos iria dizer. Quantas vezes tentou torcer as Escrituras com o intuito de obter um entendimento diferente daquele que Deus quis dar? Quantas vezes você disse que foi o diabo que lhe disse uma coisa porque não gostou do que ouviu? E, se assim é, quantas vezes o diabo lhe falou e você disse que foi Deus porque gostou do que ouviu?

  2230. Quando estamos mal, quando a nossa vida corre perigo e estamos longe de Deus, não busquemos Deus para nos dar emprego ou comida, mas, para nos arrependermos. Todo aquele que vier buscar o desvio das pragas ao invés de buscar a limpeza de seus pecados exclusivamente será considerado hipócrita quando orar a Deus. E Deus não ouve hipócritas. Por essa razão é que Deus não ouve muitos crentes, nem mesmo aqueles que não são atormentados por pragas e males, mas, ainda assim, oram a Deus. Deve buscar a limpeza dos seus pecados independentemente do que lhe vier a acontecer a seguir e independentemente do mal que lhe fizeram. "E os homens foram abrasados com grandes calores (...) e não se arrependeram para lhe darem glória", Ap.16:9.

  2231. Buscando e achando ouro. Os pesquisadores de ouro, muitas vezes, buscam durante muitos anos aquilo que não acham mas que sabem que existe. Não perdem a esperança de achar. Muitos diriam que eles são pessoas que não fazem nada, que passeiam pelos campos, que andam com esperanças falsas, que não têm o que fazer. É assim que nos sentimos quando buscamos o Reino de Deus. Mas, quem busca tesouros valiosos, não desiste até achá-los custe o que custar e demore o que demorar.

  2232. Às vezes, o que conta não é se Deus disse algo que consideramos importante quando nos fala. O que conta não é que a coisa seja importante, mas, que quem falou é importante. A importância existe por causa de quem falou. Por essa razão respeitamos tudo o que disse, seja o assunto de maior ou de menor importância. A obediência tem o mesmo valor nas coisas pequenas e nas de grande importância.

  2233. Quem escala uma montanha concentra-se em não escorregar em pedrinhas, em não em encalhar nas rochas grandes. São as pequenas pedrinhas e areias que nos fazem escorregar e cair. Não se concentra na montanha, mas, em seu caminho e nas coisas pequenas nas quais pode escorregar ou tropeçar. As coisas pequenas e os detalhes são as coisas mais perigosas da montanha. O mesmo acontece num caminho estreito e apertado.

  2234. A carnalidade não sabe o que é a espiritualidade. Mas, os que andam no Espírito sabem o que é a carnalidade. A verdade é que, apenas a espiritualidade conhece a diferença entre Espírito e carne. Isto quer dizer que a carnalidade não tem conhecimento do Espírito e, consequentemente, não tem nenhuma noção do que é que o Espírito considera carne na sua forma prática. Se a carne não sabe o que é espiritual, também não sabe o que é carnal. Isto explica porque razão muitos se justificam e se defendem quando são carnais, pois, acham-se justificados quando a Bíblia afirma que somente "aquele que está morto está justificado do pecado", Rom.6:7. Dizem que lêem as suas Bíblias, que oram, que são crentes e tudo mais, mas, continuam com a carne viva. A carne não morreu. Usam essa crença (de que são crentes) como razão ou desculpa para não se converterem genuinamente. Na verdade, aquilo que acham ser razões, aos olhos de Deus não passam de desculpas de quem não crê quando Deus diz que é carnal. Deus é Espírito e vê a carne, mas, a carne não vê a diferença porque não é Espírito. Por essa razão lemos que, "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente", 1 Cor.2:14. E se não enxerga aquilo que é espiritual, também não vê Deus. Na verdade, é muito difícil converter um crente carnal e muito mais difícil convencê-lo que ainda não está convertido. Nunca vi um crente carnal ouvir a verdade sem responder assim: "Não me pode julgar! É pecado julgar-me!"

  2235. Precisamos andar na luz, isto é, expondo realmente tudo tal qual as coisas são e vendo o nosso coração como Deus o vê. Mas, muitos ficam presos nisso sem se aperceberem que, andando exposto e visível na luz, também é vendo Cristo que nos nos leva à transformação, (2 Cor.3:18). É preciso julgar e colocar na luz todo o nosso coração (1 Cor.11:31,32), mas, não podemos ficar presos nisso para não nos tornarmos numa fonte de lamúrias olhando somente para dentro do coração em vez de olharmos para Cristo e viver. Deus disse: "Olhai para Mim e vivei..."; não disse: "Olhai para o vosso coração e vivei". Se olharmos para o nosso coração assimilaremos o que está lá. Se olharmos para Cristo assimilaremos aquilo que Ele é. Mas, como colocaremos o nosso coração na luz sem olharmos para ele? Então, devemos ver tudo o que se passa em nosso coração com o intuito de andarmos na luz, assimilando apenas Cristo que a luz coloca em contraste com o coração que temos.

  2236. Não basta querer ir para o céu: temos de aceitar ir para lá através de Cristo, o Desprezado. Mas, querendo ir para o céu, temos de ter a noção que deixamos a terra para trás para sempre, os seus jeitos de fazer as coisas e todos os seus modos de pensar juntamente com as suas coisas - e tudo isso com alegria!

  2237. O "bem" que a feitiçaria faz - se o fizer - não vale de nada porque não é feita em Deus e acaba por destruir as vidas das pessoas que se envolvem nela, mais tarde ou mais cedo. E as pragas que Deus envia são coisas excelentes para o bem global e fazem as pessoas arrependerem-se ainda que não gostem delas.

  2238. Nem sempre a fé é ver o invisível e nem sempre a mentira é o visível.

  2239. Quando Jesus ensinou os discípulos a orar, Ele disse para orarmos: "Livra-nos do mal". Não é orar para nos livrar do mal que alguém nos possa fazer, mas, do mal que podemos fazer, isto é: "Livra-nos de fazer o mal".

  2240. Ninguém tem como se preocupar sem presumir. Quem presume imagina os acontecimentos do dia de amanhã e esse dia ainda não começou e nem deu a entender o que dará!

  2241. "Não te esqueças (...) das palavras da Minha boca", Prov.4:5. É preciso não deixar que o nosso coração se ocupe facilmente com coisas que nos fazem esquecer ou não deixam lembrar as coisas que Deus nos disse ou mostrou.

  2242. "Ouvi, filhos, a instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o entendimento", Prov.4:1. É muito importante estarmos atentos ao que Deus diz ou nos quer dizer. Muitas vezes, as leis e as disciplinas não dão espaço para ouvir o que Deus nos quer transmitir naquele momento. Os nossos modos é que determinam sobre que assuntos Deus nos deve falar ou não. Os nossos modos e disciplinas é que são nosso deus. O nosso trabalho é (deveria ser) estarmos atentos ao Pai. Mesmo mantendo a nossa disciplina de leitura e de compromisso com a Bíblia, cultos e pregações, devemos estar sempre atentos para os pequenos ajustes ou reajustes a cada palavra vinda do Pai porque, por vezes, não entendemos da maneira que deveríamos aquilo que lemos ou estudamos. Esses ajustes podem e devem ocorrer diariamente.

  2243. "Não se turbe o vosso coração", João 14:1. Jesus aqui pede, diz, manda que nunca deixemos que algo venha perturbar o nosso coração. Sejamos firmes e sóbrios a esse respeito. Ninguém precisa ficar perturbado encarando um problema sério com Jesus por perto. Ninguém precisa, também, virar a cara ao problema para não se perturbar, pois, isso seria uma ausência falsificada de perturbação. Jesus não nos disse para ignorarmos os problemas, mas, para os encararmos sem perturbações. Não devemos permitir que o nosso coração seja perturbado. É do nosso coração que deveremos cuidar dentro de Jesus. Estamos perto do problema e perto de Jesus. Devemos decidir a qual dos dois iremos respeitar e temer mais. "Acima de todas as coisas, guarda com diligência o teu coração", Prov.4:23.

  2244. Todos sabemos que somos salvos crendo. Aliás, nenhum santo faz nada sem ser pela fé e por Jesus. Se isso é verdade, a preocupação, o medo e a instabilidade na fé é pecado muito grosseiro e sério, pois, causa perdas enormes e acarreta prejuízos incalculáveis. Temos por hábito considerar a prostituição e o assassínio como pecados de topo. Mas, a verdade é que todos são muito graves. Não devemos menosprezar pecados como a preocupação. Ela também nos tira a vida. E se isso é verdade, podemos concluir facilmente que não existe virtude que sofra mais imitações e tentações da carne para ser ajudada que a fé. A carne quer ser salva e não morta. Por isso, tentará sempre ajudar a fé, matando-a crendo que lhe está dando vida.

  2245. Existem os que são exagerados sempre que sentem culpas e se culpam de algo que fizeram. Na verdade, ou são incrédulos ou querem atrair as atenções dos outros sobre eles. Por outro lado, existem os que não se sentem minimamente afectados ou culpados pelas coisas erradas que fazem ou fizeram. Por norma, queixam-se apenas das perdas e das pragas e não dos pecados que lhes trouxeram essas perdas e pragas.

  2246. Uma resposta do Senhor, mesmo antes de se concretizar o pedido, coloca um fim a repetições nas orações. Você ora para obter resposta, ora por obrigação, por necessidade de cumprir obrigações religiosas e de satisfazer encargos de consciência ou de religiosidade?

  2247. Um pecado num santo, a mentira ocasional de um homem honesto, o desleixe de um bom trabalhador, uma mancha preta num pano branco torna-se sempre mais visível e, também, demora sempre mais a ser esquecido depois de limpo e perdoado. Por isso é que muitos falam sempre no pecado que Davi cometeu. Se você é santo, tenha cuidado, pois, qualquer pecado de sua parte levará uma eternidade a perder os seus efeitos nefastos.

  2248. "Eu escutei e ouvi; não falam o que é recto", Jer.8:6. É pena que as pessoas orem, sejam ouvidas, mas, não sejam atendidas.

  2249. Deus faz tijolos com as cinzas de pecados e erros passados. Siga em frente e dê tempo para Ele para construir algo importante usando alguns desses tijolos.

  2250. Existem várias garantias que nos são exigidas numa vida espiritual. Uma delas é que lidemos com Deus como Pai. Outra é que permaneçamos assim até ao fim. Deus precisa garantir tanto uma coisa como outra. "Me chamarás meu Pai e de mim não te desviarás", Jer.3:19.

  2251. O pecador quer pecar e não ser visto como pecador; o ladrão quer ser visto como homem de confiança; a prostituta como mulher bonita e indefesa; o mentiroso quer ser considerado verdadeiro. Isto é o que a Bíblia diz: "Tens a fronte de uma prostituta, mas, não queres a (respectiva) vergonha", Jer.3:3.

  2252. Vencer é permanecer em Cristo. Quando temos uma tarefa difícil para fazer, uma prova para passar, o que conta é se ainda estamos em Cristo no final, depois de tudo haver passado. Podemos fazer o que nos compete de forma perfeita, ou podemos falhar a perfeição durante a prova. Mas, no final, quem fez as coisas de forma perfeita tem o mesmo dilema que aquele que as fez de forma imperfeita: permanecer em Cristo. Um pode orgulhar-se por haver cumprido e, pelo orgulho, distanciar-se de Deus através da auto-suficiência pela qual será tentado. Pode mesmo sentir-se auto-realizado e isso é o oposto de ser dependente de Deus (Luc.17:10). Precisa terminar tudo o que ainda vem, seja o caminho bom ou mau, através da mesma graça com a qual começou. O outro que fez tudo de forma imperfeita sente culpa e tem uma enorme dificuldade em aproximar-se de Cristo por essa razão, pois, preferiria ser perfeito e ser tentado pelas tentações dos perfeitos. Mas, para ambos conta a mesma verdade: permanecer em Cristo. Quem permanece em Cristo, quem termina permanecendo em Cristo, esse é o vencedor, independentemente de como fez a sua tarefa ou de como passou pela sua prova. Uns acertam e deixam Jesus. Outros erram e deixam Jesus. No fundo, Jesus é a finalidade, o alvo final. O alvo final não é a perfeição e nem é a tarefa, ainda que seja fácil. A perfeição e a fidelidade de terminar tudo da melhor maneira é permanecer em Jesus até ao fim, sendo aprovados por Ele.

  2253. Ler a Bíblia não é viver para Deus. Conseguir praticar o que já lemos é que é viver para Deus. A leitura deve ser uma confirmação do que se passa em nós. Ler a Bíblia é muito pouco. No entanto, muitos congratulam-se porque leem um capítulo todos os dias! Não leem a Bíblia com boas intenções e já se congratulam! É dessa forma que a auto-congratulação serve para os infiéis se enganarem.

  2254. "Concilia-te depressa, enquanto estás no caminho...", Mat.5:25. Houve poucas vezes que o Senhor Jesus usou a palavra "depressa". Esta é uma delas, pois é assunto muito sério e urgente. Por isso, não guarde para amanhã, não adie aquilo que Jesus disse para fazer depressa. E não importa quem você seja, pois Jesus estava falando para Pedro, João e outros que se consideravam filhos de Deus sem estarem enganados a esse respeito.

  2255. Quando a Bíblia diz "Volta, minha alma, ao teu repouso, pois o Senhor te fez bem", Sal.116:7, ela não incita a voltar a uma estabilidade emocional, mas, ao Senhor. Nós, ao invés de procurar bons sentimentos, buscamos e achamos o Senhor. Achar o Senhor não é sentimento, mesmo que achá-Lo exerça influências sobre a forma como nos sentimos. Bons sentimentos não são segurança para ninguém, pois, são apenas sentimentos. Se você achou o Senhor e, mesmo assim, a sua forma de sentir está turva, mesclada ou perturbada, acalme-se, pois, está em segurança.

  2256. Imagine que alguém lhe dá uma narração fiel de uma melodia linda e agradável. Agora imagine que você está ouvindo essa melodia encantadora pessoalmente. Qual a diferença entre uma coisa e a outra? A diferença é enorme, de facto. É igual à diferença entre ouvir uma narrativa de Cristo e das verdades da Bíblia lendo-a fielmente; e de experimentar e conhecer essas verdades através de uma experiência pessoal, íntima e não fingida.

  2257. Se as dívidas são uma fonte geradora de preocupações, tenho a certeza que pagar em antecipação, não adiar o que podemos fazer agora é fonte para a calma e o sossego. Se não pagar ou não cumprir gera a dívida e a preocupação, cumprir em antecipação é o oposto do endividamento e é contrariar a preocupação logo na sua raiz. Mas, nada disso pode ser comparado com confiar em Jesus em momentos atribulados e tê-Lo verdadeiramente conosco.

  2258. Os Israelitas desejavam a Terra Prometida e Deus desejava o mesmo para eles. Eles queriam o mesmo que Deus queria e é bom sempre que assim seja connosco também, isto é, que exista esta sintonia. E ainda havia outra sintonia: eles desejavam que fosse Deus a dar-lhes essa Terra. Isso faz parte do desejo de qualquer santo e é desejo de Deus para eles também e por muitos motivos. Mas, isso não bastou, pois desejar tudo aquilo que Deus quer e ainda desejar que seja Deus a dar-lhes não bastou. Descubra o que faltou para que Deus não se tenha agradado deles naquele tempo. Eu creio que uma das muitas coisas que falharam foi o fato de que eles queriam que Deus fizesse isso por eles e por causa deles, enquanto Deus queria que tudo fosse feito por Deus, pela Sua glória e por causa d'Ele.

  2259. Imagine aqueles coxos que foram curados quando lhes foi dito "levanta-te e anda!" O que aconteceria se eles só se levantassem e não andassem? Ou se andassem sem se tentarem  levantar, rastejando como fazem as serpentes? Não seria estranho? Porque cumpriremos apenas metade das coisas que Deus diz? Qual é a vantagem? De que vale cumprir parcialmente? Se já cumpriu uma parte e deu certo, porque não cumprir o resto? Ou, porque não cumprir pela ordem do mandamento?

  2260. As pessoas admiraram-se quando Jesus acalmou o mar. O mar ficou calmo em poucos momentos e eles disseram: "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?", Mat.8:27. Mas, O Senhor Jesus também estava admirado com eles e disse: "Por que temeis, homens de pouca fé?" A admiração era mútua: Jesus vivia num mundo e as pessoas noutro e um admirava-se do outro com estupefacção.

  2261. quem se culpe de pecados específicos e há os que buscam do que se culparem. Os que se culpam de pecado específico, estão em fase de arrependimento; os que buscam do que se culpar estão em fase de impaciência sobre alguma outra questão, ou em busca de algum mérito diante de Deus ou em busca de atenção. E, quem busca ter mérito, não busca misericórdia. A busca de misericórdia é especifica. Quando não é específica, com certeza que se busca outra coisa.

  2262. Existe pior solidão que a de solteiro: é a de casar com a pessoa errada. E existe diferença entre casar com a pessoa errada antes de conhecer Deus e casar com ela depois de conhecer Deus.

  2263. A impaciência é o pior inimigo do melhor que Deus tem para nós.

  2264. Você é aquilo que você pensa, não aquilo que pensa que é. Isto é, a forma como pensa é que determina o que você realmente é. Aquilo que o induz a pensar da maneira que pensa e que o leva a fazer o que faz é que determina o que você é. Não é aquilo que faz e antes aquilo que o leva a fazer, o seu motivo, que diz de que matéria você é feito. Lembre-se disso, também, quando vier confessar os seus pecados diante de Deus.

  2265. Uma boa corrida é um conjunto de muitos passos firmes e individuais. Uma parede é feita tijolo a tijolo. Uma limpeza de alma é feita pecado a pecado. Só assim se torna tudo perfeito. A vida com Deus constrói-se dia após dia, um de cada vez bem vivido e bem cumprido. Cada passo firme faz parte de uma grande caminhada. Tudo aquilo que é perfeito foi feito passo a passo, dia a dia, momento a momento. Porque razão você quer que as coisas sejam diferentes agora que vive com Deus?

  2266. Sermos perseguidos porque nos estamos limpando com Deus nem é o mesmo que sermos perseguidos porque nos estamos sujando, pregando doutrina errada, roubando ou falando mal.

  2267. João Baptista foi tentado a achar que era o Cristo. O diabo, ao mesmo tempo, também tentou o povo a pensar na possibilidade de ele ser o Cristo. Ele resistiu e mostrou ao povo que não era o Cristo. Do mesmo modo, devemos resistir a todas as tentações por incríveis que pareçam, pois, não temos controle e nem autonomia sobre aquilo com que o diabo vai tentar usar para ocupar os nossos pensamentos e os de outros para fechar o circulo. Ele vai atacar com qualquer coisa mais ou menos absurda, de qualquer jeito e em qualquer altura, da forma que menos esperamos, da maneira mais vil e no momento menos oportuno. Eu não tenho poder para decidir sobre a tentação que o diabo vai usar - só para resisti-la sem admirar-me e sem desanimar ou sentir-me perturbado. Devo saber que é apenas uma tentação e pronto! Muitas vezes, a única coisa que o diabo busca é um pequeno desânimo e não que caiamos na sua tentação. João nunca se ofendeu sobre ser considerado o Cristo porque sabia que o povo tinha uma verdadeira confusão em suas cabeças sobre a sua verdadeira identidade. Ele revelou-lhes, pacientemente, quem era o Cristo e onde estava Ele quando apareceu. Também sabia que Cristo acabaria por aparecer diante dele. Nunca desespere e não desista quando uma mentira surgir a seu respeito. Logo Cristo aparece para resolver o caso também e as pessoas crerão mais e melhor em Cristo por sua causa.

  2268. Felipe e muitos outros contestavam Cristo precisamente porque conheciam as Escrituras. Porque conheciam as Escrituras, diziam: "Pode haver coisa bem vinda de Nazaré?", João 1:46. As Escrituras não mencionavam Nazaré directamente relacionada com o Cristo. Você pode contestar as Escrituras (ou Deus) por as conhecer bem - ou por julgar que as conhece bem. Tenha cuidado! Os principais opositores de Cristo, da verdade e de Deus são aqueles que 'conhecem' as Escrituras.

  2269. "Pois todos nós recebemos da sua plenitude e graça sobre graça", João 1:16. Quando lemos que recebemos graça sobre graça, significa que uma graça precisa que a outra seja cumprida ou obedecida antes a seguinte seja construída sobre ela. Um estudante de matemática não vai conseguir aprender a matéria de hoje se não assimilou a de ontem. Do mesmo modo, a graça de hoje, a graça que vem sobre outra graça, precisa que tenhamos assimilado, recebido, entendido e obedecido a que lhe antecedeu. E não pense que se trata apenas de entender: é necessário assimilar e tornarmo-nos aquilo que a graça dá a entender para que ela se cumpra. Se não ver as coisas cumpridas, plena e satisfatoriamente assimiladas, não haverá graça sobre essa graça desperdiçada. A graça, para abundar, precisa crescer sobre o que foi previamente realizado, manifestado e cumprido de forma prática.

  2270. "Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens", João 1:4. Muitos querem um sonho, uma voz para guiá-los, algo extraordinário que lhes indique o caminho. Mas, a verdade é que a vida que achamos - se a achamos - é o que será luz para nós. E, muitas vezes, essa luz é oposta ao nosso coração. Outras vezes não é oposta, porque a pessoa foi transformada e aquilo que ouve é o que busca ardentemente. Mas, mesmo que o coração se oponha ao que ouve, nem por isso deixa de ser luz. Tudo aquilo que Deus diz pontualmente ou a consciência iluminada proclama com gritos, é e será sempre luz. Como tais homens não entendem e nem esperam que a luz chegue a eles daquele jeito porque o seu coração ressente-se e opõe-se, rejeitam-na sempre. "A luz resplandece nas trevas e as trevas não a entenderam. Veio para o que era seu e os seus não o receberam", João 1:5,11.

  2271. Quando sofro ou sou maltratado, existe aquilo que as pessoas exigem de mim e aquilo que a Palavra de Deus requer de mim. Existe um apelo do mal sobre mim para sentir-me mal, vingativo e com motivos para me defender; e existe o apelo que a Palavra de Deus exerce sobre mim para ser o oposto. O apelo que a Palavra é capaz de exercer sobre mim é mais forte e, por essa razão, não vou perder o meu tempo e nem gastar os meus recursos tentando agradar aos dois lados, pois, nem resulta porque são lados opostos. Não podemos servir a dois deuses. São dois os apelos e são distintos: um é aquele que a Palavra exerce sobre mim e o outro é aquele que o pecado exige que faça quando sou maltratado. Mas, preciso decidir a qual dos dois apelos vou entregar-me: ou cedo ao apelo do mal, ou persisto em minha vida com Deus normalmente, respeitando-O solenemente, continuando com aquilo que já vinha fazendo e do modo que estava fazendo. "Bem-aventurado aquele servo a quem o seu Senhor, quando vier, achar fazendo...", Luc.12:43. Este mesmo princípio de vida pode ser aplicado quando estamos sob doenças, maus tempos (Ef.6:13), telefones que não param de tocar, barulhos ou sob qualquer coisa que possa ser uma provação especifica e pontual.

  2272. Todo aquele que vive do mundo e das coisas de Deus ao mesmo tempo (Sof.1:5), os que vivem com um pé no mundo e outro na Igreja, são pessoas que acreditam que Deus nem faz o bem que querem e nem faz o mal que lhes tem sido profetizado ou anunciado pelas Escrituras (Sof.1:12). Crentes mundanos vivem num mundo de fantasia, onde tudo se supõe e onde nada se tornará realidade. Assim creem e assim esperam. Em breve, todo o seu mundo ruirá debaixo deles e diante dos seus olhos. Vivendo do mundo é como colocar uma corda ao pescoço e fingir que é um ornamento e ainda acreditar que o chão não irá ruir debaixo de pés. Os crentes que vivem das coisas do mundo são enforcados prematuros. Eles próprios colocam a corda no pescoço antecipadamente. Estão prontos para a matança.

  2273. Cada pão no seu dia. Coma o pão de hoje, hoje. Não o desperdice querendo comer o de amanhã agora. No seu dia só cabe um tipo de pão e o de amanhã ainda está cru. Coma o de hoje. E não o guarde para amanhã, pois estará duro. Não segure o de ontem que já se estragou, que endureceu, pois precisa das duas mãos para partir o de hoje.

  2274. Nós podemos estar a lançar as nossas redes para um lado e para o outro durante toda a noite. Quando não apanhamos nada, podemos acreditar que estamos a fazer a coisa errada ou que estamos fora da vontade de Deus. Mas, quando Jesus chega, Ele só precisa que a rede se lance uma vez mais. No entanto, já começamos a acreditar que estávamos a fazer a coisa errada e será muito difícil aceitarmos fazer o que Jesus nos pede, ainda mais se nem temos a certeza de quem nos está falando. Você lançaria a sua rede de novo? Tentaria novamente como Pedro? Não nos podemos admirar de Pedro ter sido o que foi, pois, ele era daqueles que lançava a rede até mesmo nessas circunstâncias.

  2275. Quando Jesus disse para Pedro lançar as redes para o outro lado do barco, depois de uma noite sem terem pescado um único peixe, podemos perguntar porque razão não houve um único peixinho para as suas redes durante toda uma noite de trabalho e esforço. A resposta pode ser que Jesus tivesse resolvido aparecer apenas pela manhã. No entanto, quando apareceu, eles obtiveram tantos peixes como se tivessem pescado cada vez que lançaram as suas redes naquela noite.

  2276. Vemos que Pedro se prostrou diante de Jesus após ter lançado as redes para o outro lado e depois duma noite sem pescar nada, Luc.5:8. De seguida, Jesus disse-lhe: "Deixa as redes e segue-me". Para que serviu aquele milagre, então? Para muitos, ele significaria que Jesus deveria sair sempre connosco para pescar! Na verdade, não era para Pedro continuar na sua vida antiga que Jesus fez aquele milagre, como não será para enriquecermos que Jesus providencia. Jesus fez aquele milagre para Pedro confiar em Jesus, sair da sua vida de pescador e não para se enraizar ainda mais nela.

  2277. Vemos como o Messias chegou perto dos discípulos e os escolheu, um por um. Depois disso, afirmamos que Jesus também nos deve escolher e chamar pessoalmente. Isso até pode acontecer, mas, digam-me uma coisa: porque razão não aconteceu o mesmo com aqueles magos que saíram do Oriente atrás duma estrela que os levaria ao rei do Mundo e, por tanto buscarem, tenham causado a morte de muitas crianças? Porque razão eles tiveram de esforçar-se tanto para alcançarem o Messias que não os foi chamar lá no Oriente do modo que chamou a Pedro? Crente, ouça-me: Não espere que Jesus venha até si se sabe como achá-Lo! Corra atrás da estrela já! E, quando achar o Messias da sua vida, esqueça a estrela, isto é, o homem de Deus que o levou até Ele. Delicie-se com o seu Criador e deixe as estrelas seguirem o seu caminho para encaminharem outros até o Messias que não os chamou. "Deleita-te no Senhor..." e deixa a estrela seguir o seu rumo, Sal.37:4. Não vemos o Reis Magos procurando a estrela depois de terem achado o Messias.

  2278. É logo diante de Deus que devemos reconhecer todas as nossas falhas. Mas, seria diante dele que preferiríamos colocar a nossa melhor cara, a nossa melhor acção, a nossa melhor ideia ou ideal. Mas isso não funciona assim. Ali, diante d'Ele, vamos colocar-nos como somos não nos enganando a nós mesmos. Quem se engana a ele mesmo age como quem engana Deus também.

  2279. Qualquer pessoa pode parar de mentir sem deixar de ser mentirosa e pode falar a verdade sem ser verdadeira.

  2280. Deus só faz uso da confissão duma mentira para revelar a alguém que é mentiroso e que pode e deve ser transformado. Deus não o faz para acusar o acto, pois, quem acusa é a consciência que é avivada e aliviada pela confissão. Ele apenas tenta convencer as pessoas desse facto do pecado em sua origem. Toda a convicção de pecado serve apenas para alcançar a verdadeira natureza do homem. Quem se acusa dali em diante (ou não) é o próprio homem.

  2281. O mundo acha que, reconhecendo que está errado, perderá a vida. Mas, na verdade, ganhá-la-á se o fizer diante de Cristo.

  2282. "Está escrito na lei: Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor", 1Cor.14:21. Os judeus, os crentes de então, existiam para trazer Deus aos povos perdidos. Devido à sua desobediência e à sua aparente obediência, isso nunca chegaria a acontecer. Um dos sinais que eles estariam realmente afastados de Deus seria que, aqueles povos para quem deveriam significar salvação, estariam a trazer a salvação aos crentes de então. Mas, as pessoas criam tanto que Deus estava com eles que nem viam a contradição de serem os outros a trazer-lhes Deus e isso como sinal ou prova de sua própria desobediência e incredulidade. Já viu algum crente considerar-se incrédulo? O mesmo está a ocorrer em nossos tempos, pois, serão as pessoas de fora das igrejas a acharem Deus de forma real. E como era duro para os judeus aceitarem tal coisa! Imagine porque razão Deus disse a Paulo: "Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões!" Act.26:14. E ainda é coisa dura para os crentes de hoje.

  2283. Sabe qual a dimensão do amor de Deus por si? Sabe que poderá ficar a sabê-lo apenas tornando-se real?

  2284. Porque as coisas nunca nos aconteceram, quando acontecem, duvidamos delas. E essa dúvida é pecado.

  2285. O que aconteceria com alguém aflito para respirar ao lado de cientistas que discutem a composição ou a qualidade do ar? Já imaginou? Eles, em vez de abrirem uma janela, de fazerem alguma coisa para a pessoa poder respirar novamente, ficam discutindo e divagando longe da necessidade. Não é isso que está acontecendo com os teólogos hoje? Eles discutem tanto, mas, não fazem nada. Se alguém abre uma janela para um moribundo espiritual, é repreendido porque aquilo não se encaixa no seu modus operandi ou no programa das suas discussões.

  2286. A triste realidade de hoje, é que aquele monstro que deveria estar morto com Cristo deixou de servir a prostituição, a bebida e os roubos para vir servir dentro do Templo de Deus. É o mesmo monstro que mudou de hábitos. Continua vivo. Ele achou um modo de sobreviver servindo ali. Buscou uma maneira de sobreviver, uma maneira de não morrer adaptando-se ao Templo. Muitos, também, evitam morrer carregando cruzes. Sabemos que Cristo carregou a Sua cruz por um dia para morrer nesse mesmo dia para o pecado e para sempre. Depois disse: "Está consumado!" Para não terem de morrer, muitos carregam as suas cruzes todos os dias, pois sabem que, enquanto as carregarem, não estarão mortos. Você quer carregar uma cruz continuamente ou quer morrer para o mundo e para o pecado?

  2287. Se a sabedoria não vier de cima, também não sobe para receber a sua bênção.

  2288. Quando Deus desce de forma real, ou morre o pecado ou o pecador. Por isso é que eu não entendo por que razão existem pessoas que afirmam haver-se encontrado com Deus e continuam nos seus pecados de sempre.

  2289. Sem Deus, de facto e de forma real, (como Elias disse, "Deus em cuja presença estou!"), nunca existirá beleza que seja bela, santidade que seja santa, milagre que seja considerado milagre, nem mesmo quando se cura alguém de uma qualquer enfermidade grave. Ali, tudo que é bom, grandioso, belo é normal.

  2290. Deus disse que salvará o seu povo dos seus pecados - não disse que nos salvaria dos pecados dos outros. Quando alguém lhe fizer mal, lembre-se disso, pois Deus salvará a si daquilo que se passar em seu coração nesse momento.

  2291. Posso comparecer no Juízo de Deus, no dia final, com uma enfermidade, com câncer, com cicatrizes, com lesões, cego, manco, sem mão e sem o olho que tive de arrancar para não pecar. Deus não disse que o salário da enfermidade seria a morte. Só não posso comparecer nesse Juízo com pecado que nunca confessei ou nunca abandonei. Você sabia que o dia do Juízo pode ser esta tarde ainda ou amanhã? Está pronto, está limpo?

  2292. Se o meu objectivo é pregar o evangelho, logo não será ser abençoado porque prego o evangelho. Eu posso trabalhar numa empresa com o objectivo de fazer bem o meu trabalho ou de ganhar um salário. Dependendo da minha motivação e objectivo, ou eu faço o meu trabalho por causa do salário, ou estou inteiramente absorvido e envolvido no que faço, merecendo todo meu salário. "Se, pois, o faço de vontade própria, tenho recompensa; mas, se não é de vontade própria, estou apenas incumbido de uma mordomia", 1Cor.9:17. Devemos saber que uma recompensa não é um salário. Nós não somos assalariados.

  2293. "Não vos façais escravos de homens", 1Cor.7:23. Existem várias maneiras de deixarmos de ser escravos de homens, empregados de patrão entre outras coisas. Mas, a melhor maneira de deixar de ser escravo de homem é fazer o trabalho de escravo para Deus, fazer tudo para Deus no emprego. Assim, você não será mais escravo de homem.

  2294. Aquele que não usa bem aquilo que tem, agora, não usará bem aquilo que terá.

  2295. Devemos desejar encontrar apenas o que é prático. Apenas o real é bom. A realidade da vida interior e a obediência saudável, incondicional e imediata são chaves importantes para uma fé genuína, a qual resulta sempre em todas as situações.

  2296. Qual a melhor maneira de não acreditarmos que Deus seja capaz de fazer alguma coisa? Não será acharmos que nós somos? Porque cremos que somos capazes, por isso nos preocupamos muito. Preocupação não é apenas descrença em Deus - é uma fome e um desejo insaciável de ser auto-confiante. Precisa de trabalhar dois aspectos do seu coração se deseja parar com a preocupação para sempre: aprender a confiar em Deus incondicionalmente; e deixar de confiar em suas próprias forças para sempre. São duas as coisas e são bem distintas. Crucifique a carne e não a deixe ressuscitar. Muitos, também, ficam sem conseguir eliminar a preocupação completamente porque ainda confiam em alguém de carne, nas capacidades de outras pessoas por serem iguais às suas. Confie no braço de Deus e não no braço do homem, seja esse homem você ou outro. "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem e faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor", Jer.17:5.

  2297. Não se separe das ovelhas para ouvir Deus - separe-se dos bodes! Também não se separe de Deus para ouvir as ovelhas ou os bodes.

  2298. O espírito do mundo é pensar que se deve entender aquilo que ainda se vai fazer, isto é, aquilo que se acha que se consegue e deve fazer. O espírito que foi tocado por Deus e que pertence a Deus, sabe que precisa entender aquilo que recebeu, recebe ou receberá. "Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus", 1Cor.2:12. Cabe a si decidir se quer viver com o espírito do mundo ou com o Espírito de Deus. Mas, que seja real se viver com o Espírito de Deus!

  2299. É melhor ser vivente sozinho, desprezado, solitário, esquecido e perto de Deus, do que morto acompanhado, amado, chorado e lembrado longe d'Ele. "Melhor é o cão vivo do que o leão morto", Ecl.9:4.

  2300. Lemos assim: "E a altivez do homem será humilhada, o orgulho dos varões se abaterá e só o Senhor será exaltado naquele dia. E os ídolos desaparecerão completamente", Is.2:17-18. Vemos que, assim que a altivez do homem é abatida, a idolatria acaba. O problema sempre foi a altivez do homem. A idolatria é uma consequência da altivez do próprio homem. Mudando o coração do homem, o mundo muda também.

  2301. Endireitar uma coisa, não é entortá-la para o outro lado.

  2302. Toda as pessoas querem discutir sobre algo. No fundo, a intenção de toda a discussão é desviar a atenção de outra coisa importante - e nem existe diferença entre quem discute contra e quem discute a favor, pois, ambos contribuem para o mesmo desvio de atenções. Na verdade, quem está a favor ou contra assuntos que tenham pouco a haver com a vida real e constante, são pessoas iguais e nem se dão conta. No fundo, elas estão de acordo não concordando.

  2303. Uns asseguram que todos nós nascemos com o pecado original. Outros tantos afirmam que nascemos com a imagem com a qual fomos criados, isto é, a imagem de Deus. Quem tem razão? Eu sei quem tem razão, mas, nem vou dizer por duas razões: os que asseguram que nascemos com o pecado original, nem estão interessados em saber se isso que afirmam é verdade. Eles só querem assegurar que irão continuar pecando como crentes, achando nessa afirmação uma maneira de dizer que Cristo não liberta verdadeiramente conforme Ele afirmou que o faria a quem conhecesse e experimentasse a verdade, alimentando-se exclusivamente dela. Os que afirmam que nascemos conforme a imagem de Deus, usam este argumento para mostrar que podemos e devemos viver uma vida santa por causa do tipo de criação que somos e não por causa daquilo que Cristo faz. Qual dos dois nega mais Cristo? Na verdade, estas pessoas aparentemente opostas, estão de acordo e nem se dão conta disso! O facto é que as pessoas que discutem são iguais e nem se apercebem. Neste caso, ambos e de forma prática, contrariam que Cristo seja o Caminho, o modo e a única saída sem que se apercebam que é isso que estão fazendo. Cristo torna qualquer um verdadeiramente livre, tenha ele pecado original ou não. O Deus que conheço pode transformar uma pedra em um filho de Abraão. Qual é o problema, qual é o dilema de havermos nascido com pecado original ou não? E, por outro lado, se nascemos conforme a imagem original com a qual Deus nos criou, será que alguém se manterá puro sem Cristo? Não é Cristo que é a nossa santificação? Qual o motivo, qual a razão da discussão então? Estas pessoas que aparentemente discordam, na verdade concordam uma com a outra, não levando em conta aquilo que Cristo quer e pode fazer em qualquer um de nós.

  2304. Temos Caim e Abel. Caim foi o primeiro homem a sacrificar a Deus. Abel imitou Caim e foi bem sucedido diante de Deus. Mas, o pioneiro dos sacrifícios não foi. Vemos que Caim sacrificou porque desejava o que Abel já tinha: o favor e a vida de Deus. Podemos dizer que Caim tentou imitar Abel no ser agradável a Deus (pois, Abel agradava a Deus) e que Abel imitou Caim sacrificando a Deus. O mal tentou imitar o bem e não foi aceite; mas, o bem "imitou" o mal e foi agradável a Deus. Consegue ver qual a diferença, qual a razão de Deus aceitar um e rejeitar o outro? Quando Deus enviou os amigos de Jó a ele para orar por eles, Deus disse: "A Jó ouvirei". Deus não disse que ouviria as orações de Jó, mas, a Jó. Deus ouve a pessoa que ora e não a oração. Deus recebe a pessoa que sacrifica e não o sacrifício.

  2305. Quem busca a alegria de Deus e não o Deus da alegria, é pessoa desonesta e falsa. Nunca será verdadeiramente alegre.

  2306. Todo aquele que afirma que Deus o ouviu quando não ouviu, duvidará da resposta quando Deus atender alguma sua oração. Quem crê em mentira, descrê das coisas quando estas se tornam reais e verdadeiras.

  2307. Se formos moles e maleáveis para o mundo e os seus afazeres, seremos duros para Deus - isso ninguém poderá evitar. Ainda que sejamos "crentes", amando o mundo seremos mortos mostrando hipocritamente que somos a favor de Deus. Mas, se formos maleáveis para Deus, seremos endurecidos para o mundo. Ninguém evita essa consequência, também.

  2308. O diabo, para impedir o homem, só pode consegui-lo se homem se impedir a si mesmo pecando. Isto é, ele vai fazer de tudo para que o homem não se firme em Deus, para não confiar apenas n'Ele, para desviar-se em pensamentos e imaginações ou para pecar, entre muitas outras coisas.

  2309. Se as pessoas crêem não será porque recebem. Antes, recebem porque crêem. Sabe ver e experimentar qual a diferença?

  2310. A santidade atrai quem a rejeita. Por isso rejeitam. Sendo assim, não deixe de ser cada vez mais santo sempre que é rejeitado e se a causa da rejeição é a santidade que experimenta. Nunca se sinta magoado quando o rejeitam, pois, nem sabe o que se está passando nos lugares escuros da alma de quem diz que vai por outro caminho. Não se sinta desanimado com a rejeição, pois, significaria que quer agradar pessoas. Você deve saber que importante é como as coisas terminam e não como começam, E você não sabe como vai terminar. Não seja santo por causa das pessoas, mas, seja cada vez mais santo de natureza, aconteça o que acontecer. Siga o seu caminho, pois, nele crescemos apenas quando não olhamos para o que fica para trás e nem para aquilo que supostamente fica para trás e, também, não olhando para a conquista ou a derrota de ontem. No final é que se fazem as contas todas - até os mortos as farão. Fazer as contas agora, é não querer continuar o caminho. Quem pede as contas, pede a demissão; quem faz as contas agora, terminou o trabalho antes do tempo. A santidade atrai quem a rejeita porque nós fomos criados para a santidade, como um pato foi criado para viver dentro da água. Quem rejeita desconhece aquilo para que foi criado. Até aqueles que crucificaram Jesus acabaram por reconhecer e admitir quem Ele era de fato.

  2311. Termos a percepção clara de que estamos a ser ouvidos por Deus em oração é uma provação e não significa que estamos sendo atendidos. Para muitos, é o fim de algo, de um caminho onde param e chegam ao fim, isto é, até à resposta. Para os incrédulos, basta Deus estar a ouvi-los para se alegrarem com pouco - incrédulo só busca isso mesmo. Tenha cuidado quando Deus lhe der a percepção que Ele está ouvindo o que você diz - você está a ser provado e testado até ao limite. Ir a uma entrevista não significa que conseguiu o emprego. Falar com Deus é pouco; Ele nos ouvir é bom, mas, é muito pouco também; vencermos como Jacó fez é necessário. Não brinque com as coisas de Deus. Ganhe a entrevista com Deus! Também obterá aquela percepção única de Deus haver dado resposta positiva.

  2312. Se você apreciar o que as pessoas pensam sobre si, ou sobre outra coisa, acima da opinião de Deus, as pessoas, cuja opinião tem em alta estima, desprezarão a sua, seja já ou depois, seja hipocritamente ou abertamente. Se você não levar em conta a opinião das pessoas sempre que Deus diz ou disse algo em contrário (ou quando Deus ainda não disse nada), todas aquelas pessoas cujas opiniões você despreza, admirarão a sua, seja imediatamente ou depois, seja abertamente ou em segredo. Não se preocupe em saber o que as pessoas pensam ou acham sobre si. Antes, ocupe-se zelosamente e de todo coração, em dar valor extremo à opinião de Deus - se é que consegue ouvi-la.

  2313. A vida eterna começa aqui na terra e é dentro de nós - mas, precisa ser real. Quem não a tiver agora, não a terá depois. "Cristo (que é Vida) em vós, esperança de glória...", Col.1:27; "... participante da glória que se há-de revelar...", 1 Ped.5:1; "...os dias do Céu sobre a terra", Deut.11:21; "a vida que agora é...", 1 Tim.4:8; "E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, aquele que Tu enviaste", João 17:3.

  2314. Orando por pessoas que nos criticam ou nos fazem mal (orando de coração e tendo em vista a glória de Deus nelas) também evita a critica contra elas em nosso coração. "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem", Mat.5:44. Esse versículo assegura mais que o segredo da salvação dos nossos inimigos - pode estar a assegurar a sua própria também sempre que ora por seus inimigos.

  2315. Só existem duas maneiras de acontecer que a luz de um grande homem de Deus pareça pálida ou se torne pálida diante de outra pessoa: ou Jesus se revelou a essa pessoa pessoalmente e o homem de Deus passou a ser visto não como homem, mas, como um ser superior (João 5:35); ou a pessoa se endureceu e se animou com o mundo ganhando, como consequência, um desprezo natural para com esse homem de Deus.

  2316. Se as pessoas e as suas opiniões ganharem força e importância dentro do seu coração, o evangelho perde o seu poder e todos à sua volta (aqueles cuja opinião lhe é querida) serão colocados ou deixados em densas trevas. Se o evangelho e a sua realidade prática ganharem terreno e importância em seu coração, as opiniões das pessoas contrárias parecerão mentiras, mas, a sua vida será luz e vida para elas. A escolha é sua - só sua.

  2317. Toda a arrogância está construída sobre uma mentira, seja ela qual for - mesmo quando a mentira não esteja directamente relacionada com essa arrogância.

  2318. O nosso perdão começa assim que o nosso pecado é deixado e conclui-se assim que, depois de confessado solene e detalhadamente, não se pensa mais nele - a não ser que veja à tona pelo agradecimento sincero e espontâneo que emerge a partir da realidade sentida desse perdão.

  2319. Antecipar as coisas pode ser tão errado quanto é adiá-las, pois, fazer as coisas no momento certo nem é adiar e nem antecipar. Quem faz as coisas certas no momento certo, dificilmente ficará apressado e muito menos se achará atrasado. Fazer agora o que pertence ao momento, é um dos passos da vitória. O outro passo será fazê-lo com Deus em Deus. Quem não faz bem, tornará a fazer aquilo que já deveria ou poderia estar feito.

  2320. Se pedimos a Deus algo importante para Ele e para o Reino e não recebemos, podemos ter a certeza que Deus também está pedindo algo de nós que não está recebendo. Se pedimos e recebemos de verdade, Deus também está pedindo e recebendo tudo o que nos pede.

  2321. A tua força é proporcional à tua sujeição real a Deus e ao tipo de sujeição, quando estás limpo diante d'Ele e das pessoas. Ninguém terá mais força ou poder de viver ou de concretizar que a medida e a qualidade da sua sujeição exclusiva a Deus. Devemos saber que existem sujeições totais que não duram muito. A nossa sujeição deve ser eterna.

  2322. Deus diz: "Não suporto a iniquidade", Is.1:13. Os humanos não dizem através de palavras, mas, através das suas vidas e desejos afirmam: "Não suporto viver sem a minha iniquidade".

  2323. "Pois, quem anda nas trevas não sabe para onde vai", João 12:35. Jesus não disse que a pessoa nas trevas não anda e nem que ela acha que não sabe para onde vai. A pessoa anda e acha que sabe para onde vai. Só "não sabem o que fazem" e nem o que pensam. Um perdido que acha estar perdido, busca uma saída, um caminho, uma alternativa. Mas, o perdido que não se ache perdido não busca o caminho e segue confiante para a destruição. Você vê os perdidos buscarem o Caminho? Isso significa que eles acham que estão certos. Existe maior maldição que esta? Jesus disse: "Quem anda nas trevas não sabe para onde vai", João 12:35. Mas, isto não significa que a pessoa pense que não sabe para onde vai e sim que está enganada sobre como irá terminar. Dito isto, deixe-me sublinhar alguns segredos com dois lados: a pessoa que anda nas trevas confia somente quando a luz não brilha e quando não ilumina seu caminho. O homem da luz fica abalado quando se acha sem luz. Já imaginou a grande adaptação à luz de um cego que começa a ver? Ele contava os passos para andar, confiava nos sons, no tacto, no olfacto, nas outras pessoas que o guiavam e outras coisas mais. Quando recebe a visão não saberá, momentaneamente, conviver com ela. Não está habituado à luz. Vê precipícios onde nunca viu nada e outras coisas mais que podem assustar quem andava nas trevas. Deve ser uma grande adaptação e um enorme desafio para o cérebro e para a personalidade de um ex-cego. Quem nunca usou a luz saberá usá-la e amá-la? É lógico que precisará aprender a confiar ganhando outra maneira de ser e de estar na vida. Espiritualmente, acontece precisamente o mesmo. As pessoas têm medo da luz. Todo o cego que não sabe o que é luz, faz a sua própria ideia de como ela será porque nunca a viu. E quando abre os olhos tudo é diferente do que imaginava. Além do mais, tudo aquilo que aprendeu a ser até se abrirem seus olhos fica momentaneamente desactualizado, desintegrado e inutilizado para sempre. Já não conta os passos para andar e já não apalpa paredes. Isso seria o mesmo que perder a vida própria. É uma nova vida. Vamos ver o inverso desta verdade. As pessoas da luz não sabem andar onde existem sombras ou lugares sombrios. Estes também precisam aprender a segurar na mão de Jesus e a serem luz em meio das trevas, pois caminharão pelos lugares tenebrosos deste mundo. Saberão eles andar segurando em Alguém que os guia, como os cegos faziam, tendo luz? Que farão?

  2324. "Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz", João 12:36a. Isto significa que seremos a luz quando as trevas chegarem e que estaremos por nossa conta em nome de Deus. Se não aceitarmos agora ou se tivermos alguma dificuldade em aceitá-la já, se não crermos na luz enquanto ainda somos trevas, seja parcialmente trevas ou totalmente trevas, não chegaremos a ser luz na totalidade, independentemente do lugar onde andamos ou quem nos molesta ou perturba. Um dia, estaremos por nossa conta servindo e sendo luz, pois Jesus irá esconder-se de nós também, para dar-nos a oportunidade de sermos luz. "Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles", João 12:36b. Ele pode esconder-se de si para você ter a oportunidade de ser luz.

  2325. "Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas", Tiago 5:7. Muitos usam este versículo para se animarem a respeito de seus desejos carnais que nem consideram carnais por serem crentes. Mas, a Bíblia fala aqui (usando esta imagem do agricultor paciente) sobre a vinda do Senhor (seja a vinda para a vida pessoal, seja para acabar o mundo) e da paciência do homem no tocante a todas as coisas virtuosas e não associando-a a "bênçãos" terrenas. "...Esperamos o que não vemos com paciência", Rom.8:25; "Mas, a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo", Fil.3:20; "Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça", 2 Ped.3:13.

  2326. A verdade forçada torna-se uma fonte de insegurança em nosso íntimo - fé é ter a certeza que uma verdade é verdade. Se a verdade tornar-se real, tudo fica mais fácil. E se a verdade for insegura em nós, nós somos o problema e não a verdade. Morra com Cristo e a verdade nascerá do estrume da sua vida morta e será como uma flor num jardim renovado e verdejante.

  2327. Começar bem e terminar mal é péssimo porque seria de esperar que tal pessoa terminasse bem; começar mal e terminar bem é excelente porque esperávamos que tal pessoa terminasse mal. Vejamos o que aconteceu com o homem que terminou ao lado de Cristo, pedindo com o seu último fôlego para entrar no Paraíso. Ele havia começado mal e terminou muito bem. E olhem como terminou Judas Iscariotes, aquele homem que começou bem e terminou muito mal.

  2328. O homem tem culpa porque pecou; tem coração duro porque pecou; e peca porque pecou. Deixa de pecar porque confessa; amolece porque restitui; e deixa de ter culpa porque se torna mais branco que a neve. Em Cristo, qualquer pessoa pode tornar-se pessoa inocente: é pegar ou largar!

  2329. Seria bom que tratássemos os pecados pequenos como tratamos os grandes (se somos sérios com Deus), pois, todos eles têm a mesma força de matar; e que tratássemos os pecados grandes como trataríamos os pecados pequenos, pois, a vitória sobre eles é fácil. Uma bala pequena mata tanto quando atinge um coração quanto um míssil que nos atinge. Não se trata de tamanho do pecado, mas, da sua mortalidade.

  2330. Deus não tem nada a dizer ao homem frívolo e superficial.

  2331. A depressão é uma montanha de pecados que recusamos abandonar ou que recusamos reconhecer como pecados e confessá-los colocando-os na luz um por um, sejam eles grandes ou pequenos.

  2332. Uma vida, quando não brilha, faz sombra. Ou fazemos parte da luz, ou das trevas. Não existe meio termo. Decida-se.

  2333. Uma pessoa irrequieta (que não se aquieta) é uma pessoa insegura.

  2334. Deus fala através das Escrituras - ache tempo para ouvi-Lo.

  2335. Lê a Bíblia para ganhares sabedoria; crê nela para estares certo; vive dela para seres vivo; pratica-a do jeito certo para seres santo.

  2336. Os que andam com Deus dependem totalmente d'Ele. Mas, nessa dependência total, pode haver momentos em que a pessoa não tem aquilo que deveria ter recebido ou deveria estar recebendo. Isso, para um dependente de Deus, é dramático. Todo aquele que depende de Deus, não obtendo graça, fica muito pobre. Por essa razão lemos assim: "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus", Heb.12:15 - principalmente quando dependemos somente dela! Busque essa graça, pois, ninguém a recebe por merecê-la, mas, por buscá-la. É verdade que se não a merece, Deus não tem obrigação de dá-la - Ele pode fazer o que quiser com ela, tanto dá-la como não dá-la. Mas, se Lhe pedirmos de todo coração, existem promessas feitas e a palavra de Deus necessita ser cumprida integralmente. E as promessas são a palavra de Deus.

  2337. As vozes que mais nos confundem são os ecos de coisas que se ouvem porque leva-nos a decifrar o eco e não o que a voz diz. E, quem dá atenção aos ecos quando a voz era de Deus (se era), pode ter perdido a voz ou perdido perdido tempo e atrasou-se. Ouve com atraso e tenta decifrar o que já passou por ele, decifrando ecos. Mas, poucos ecos são verdadeiros. Em todo caso, eco nem sequer é a voz. A maioria dos problemas de tentações dentro das pessoas limpas, também são ecos e não são verdadeiros problemas. Por essa razão, ouvimos Paulo dizer: "Considerai-vos mortos" - isto se verdadeiramente somos mortos devido à realidade do encontro que obtivemos com Cristo. Morto não ouve ecos de nada, pois, está morto. Não são os ecos que morrem, mas, nós. Os ecos existirão sempre. Nós é que deixamos (ou deixaremos) de existir para este mundo - já ou depois.

  2338. Humildade é sermos aquilo que somos - sempre. Quando nos criticam e depreciam injustamente, devemos permanecer revelando tudo o que somos. Quando nos aplaudem e nos elogiam, devemos, também, permanecer e revelar aquilo que somos mesmo que isso decepcione os que nos elogiam.

  2339. Deus fez um pacto com Abraão e ele circuncidou-se e à sua descendência também. Mas, ele circuncidou Ismael sendo que esse pacto não incluía aquele filho. Podemos ver aqui que, circuncidar Ismael, nunca mudou o pacto em relação a ele e à sua descendência. Por isso, baptizar pessoas à força nunca as colocará em bom estado diante de Deus; nem fazê-los participar dos cultos o fará; e nem cantar como devemos. Seja o que for que façamos, não podemos pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas. Deus fez o pacto com os escravos comprados de Abraão, com os estrangeiros, com os gentios e todos os demais que se quisessem juntar ao Deus de Israel - mas, nunca o fez com Ismael. Hoje, os descendentes de Ismael (os Árabes), são os que mais desejam destruir Israel, que é a descendência de Isaque.

  2340. Quando as coisas são um anseio do coração, nunca precisam tornar-se votos, pois, o anseio do coração permanecerá sempre com o homem. E um voto que não foi feito nunca impedirá esse anseio do coração - quer o façamos quer não, nada impede um anseio dum coração. Um anseio do coração sobrepõe-se à dor, à adversidade, às contrariedades, às inconveniências e tudo mais. O mesmo já não poderemos afirmar dos votos. Sirvamos Deus com o coração e não com votos nos quais o coração não se revê.

  2341. Fazer coisas que me agradam, nunca será o mesmo que fazer as coisas só para me agradar. O mesmo se poderá afirmar em relação a Deus: fazer naturalmente as coisas que Lhe agradam não é o mesmo que fazer coisas só para Lhe 'agradar' e dar lustre à figura de hipócritas que fazemos diante d'Ele. "Porque não sei usar de lisonjas; do contrário, em breve me levaria o meu Criador", Jó 32:22.

  2342. Não saber qual a vontade de Deus ou não saber o que fazer, está directamente relacionado com a falta de vontade em fazê-la ou com a incapacidade interior de estarmos rendidos ao Senhor dentro daquilo que Ele quereria que fizéssemos. Tão só nos disponibilizemos inteiramente ao Senhor para fazer o Seu querer e Ele nos mostrará - se houver alguma coisa para nos mostrar. Por essa razão, necessitamos orar com a obrigatoriedade de acharmos a vontade de Deus, porque, enquanto oramos, tornamo-nos rendidos a Ele - uma coisa leva à outra e o processo de orar sem desistir (sem cessar), pode levar-nos a uma rendição antes de sabermos qual a Sua vontade e como fazê-la. Neste caso, orar é como prepararmos uma viagem e resolvermos qual será o meio de transporte que usaremos. Sempre que você buscar a vontade de Deus, leve em conta que também precisa dar atenção ao estado do seu coração - precisa disponibilizar-se. "...Para converter os corações (...) a fim de preparar para o Senhor um povo que Lhe esteja disponível", Luc.1:17. Não é apenas você quem precisa saber qual a vontade de Deus, mas, também Deus está querendo e desejando saber se vai tomar posse do seu coração no assunto pelo qual você O busca. Sermos rendidos numa coisa, ensina-nos a sermos rendidos no geral também.

  2343. É possível recebermos a graça de Deus e perdermos a nossa vida. Os que se salvam são aqueles que fazem uso dessa graça exaustivamente. Por essa razão Paulo diz: "Também vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão", 2Co 6:1. Podemos recebê-la em vão. Para sermos filhos de Deus, não basta recebermos dessa graça, ainda que, sem ela, não consigamos sê-lo. Para além de recebermos dessa graça e a usarmos exaustivamente, devemos saber que, para sermos tornados filhos de Deus, precisamos separar-nos de todo o tipo de pecado. "Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda e eu vos receberei;  e eu serei para vós Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso", 2Co 6:18.

  2344. Quando formos tentados, devemos permanecer na nova vida que somos e não pender para o lado daquilo que a tentação nos quer induzir ou fazer acreditar que somos. Quando o vento sopra para levantar o vestido de uma senhora, ela segura o vestido e não o vento. "Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa", Apoc.3:11.

  2345. "E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós e não tendes necessidade de que alguém vos ensine", 1João 2:27. Quando precisamos que alguém nos ensine alguma coisa, ou a unção não se mantém em nós (ela entra e sai) porque somos inconstantes; ou somos orgulhosos e não somos a pessoa que ouve os outros e Deus obriga-nos a aprender dos outros humilhar-nos. Mas, isso não significa que Deus não ensine pessoalmente. Seja qual for a razão, deverá sempre verificar e rever a sua vida, para ver qual a razão porque Deus não o ensina pessoalmente.

  2346. Muitos querem chegar ao céu sem terem aprendido a viver uma vida santa. Isso seria como alguém querer e desejar o fim duma coisa sem haver passado pelo inicio dela. Precisamos aprender a viver cá na terra primeiro do jeito que se vive no céu. Se não se torna santo aqui, como vai viver no céu se o jeito de lá é a santidade, o qual você nunca aprendeu?

  2347. Cristo liberta-nos para amar e não nos prende para amar e nem nos liberta para sermos amados. Somos libertos para servir a Deus e nunca a nós próprios. "...De conceder-nos que, libertados, O servíssemos sem temor", Luc.1:74.

  2348. Existem grupos de amigos, os quais se entendem entre eles e, por essa razão, andam sempre juntos. Outros são inseparáveis. No pecado também existem agrupamentos de pecados que andam sempre juntos ou que se entendem - outros que são inseparáveis. Por exemplo: fumar e álcool são pecados que necessitam de ser destruídos ao mesmo tempo, pois, se um ficar, o outro será chamado de volta. Outro exemplo: o descanso e o trabalho são amigos inseparáveis e, quem sabe descansar na hora certa, sabe trabalhar no momento que deve. E trabalhar não é ir para o emprego, mas, fazer bem o nosso trabalho. Por outro lado, a ocupação e a preguiça, a preocupação e a obstinação andam sempre juntas também. Podemos juntar a elas a desmotivação, o desleixe, o desplante, a ociosidade - são amigos que se acharão sempre unidos, nem que seja apenas de coração. 

  2349. Um dom que Deus nos dá, é como um violino: precisamos aprender a usá-lo. A maioria dos "dons" usados na "igreja" hoje, são instrumentos musicais que não estão sendo usados correctamente, fazendo apenas barulhos incompreensíveis e desordenados em vez de saírem notas certas e disciplinadas. Foi para isso que os instrumentos foram criados: para fazerem musicas e não para fazerem sons e barulhos. Precisamos de disciplina, de amor pelo instrumento, muito trabalho para sabermos tocá-lo. Com os dons, tudo funciona do mesmo jeito. Também, se Deus nos der uma arma, uma espada, precisamos treinar muito para sabermos usá-la no momento certo e da maneira certa. Se tivermos outra concepção sobre os dons do Espírito, veremos o diabo entrando e sendo ele a distribuir os dons que as pessoas continuarão a pensar que vêm de Deus.

  2350. As pessoas que se estão afogando não vão pedir ajuda à estação do salva-vidas, ou no posto dos bombeiros. Um acidentado não vai ao hospital pedir socorro. São os socorristas que vão salvar essas pessoas no local onde se encontram.

  2351. Desespero não muda ninguém, mas, alguém muda o desespero; a incredulidade não muda ninguém, mas, alguém pode mudar a incredulidade.

  2352. No mundo do pecado, existem dois tipos de pessoas que brigam muito: os que se odeiam e os que gostam muito uns dos outros. Os que gostam muito uns dos outros, principalmente se estão numa relação que pode ser abençoada por Deus, podem entrar numa comunhão linda ou num desentendimento continuo. Tudo vai depender se um é egoísta em relação ao outro ou não. E isso também acontecerá em relacionamentos entre casais, entre irmãos, famílias ou entre qualquer tipo de pessoas.

  2353. Desejar as mesmas coisas que Deus deseja, querer tudo aquilo que Deus quer, ainda não será garantia que tudo vai bem. Temos de conseguir fazer aqui na terra como se faz no céu. Um exemplo claro disso é Israel. Deus desejava a Terra prometida e eles também, mas, não deu certo para eles mesmo desejando a mesma coisa que Deus. Quando um casal deseja um filho, quando ambos desejam a mesma coisa, o filho já está criado? Já anda nos caminhos de Deus?

  2354. Muitos perguntam quando é que o mundo irá terminar. Eu não sei. Sou como alguém que não tem relógio e sabe que a noite já vai adiantada. Só não sei quando o sol irá nascer, mas, sei que a noite já vai longa, Heb.13:12.

  2355. Podemos estar julgando medindo as outras pessoas através daquilo que Deus quer de nós e não por aquilo que Deus deseja de quem julgamos. Uma coisa é a vontade de Deus para nós e outra é a vontade de Deus para os outros. Não podemos julgar os que pregam mal quando nós pregamos bem, se o ministério deles é um outro. No dia do Juízo, as avaliações serão feitas mediante a vontade de Deus para cada pessoa. Mesmo que existam questões globais e universais a ter em conta - uma vontade igual para todos, como a santificação - ainda assim, cada um será avaliado pela vontade de Deus para si. Os outros não serão medidos (em muitos aspectos) por aquilo que Deus quer para mim. E quando julgamos algumas pessoas por aquilo que somos ou deveríamos ser, julgaremos a nossa conduta, também, mediante as pessoas que admiramos.

  2356. Todos os que terminam uma coisa são os que começaram. Mas, nem todos aqueles que começam, terminam as suas obras. Importante é terminar tudo o que começamos a fazer - desde que tenha sido iniciado na vontade de Deus.

  2357. Quem tem coração de terminar as obras que Deus lhe confiou, tem coração para desistir das obras que não vieram de Deus. Quem tem coração para levar as suas próprias obras até ao fim, tem tudo para desistir das obras de Deus. Quando se render a Deus, o Senhor apenas aproveitará o coração que tem, aquele que sabe terminar as tarefas que começa.

  2358. Uma das maneiras de assegurar que nunca mais olharemos para trás, é tirar a mentira do coração quando deixamos a mentira para trás; tirar o rancor do coração quando já falamos com o nosso inimigo para nos retratarmos (porque podemos fazer as pazes com ele e manter algumas coisas escondidas no coração); tirar pela raiz o desejo de possuir quando devolvemos aquilo que roubamos; ir mesmo atrás das respostas de Deus sempre, já que deixamos de mentir para nós mesmos afirmando que Deus nos ouve e guia. Não permita que se diga de si, também: "Mas, em seus corações voltaram ao Egipto" ainda que, fisicamente, não esteja voltando, Act.7:39. Descubra mais clicando em Deus.

  2359. Quando estamos num barco, indo para um lugar e é Deus quem nos está levando, não podemos sair do barco para buscarmos nosso próprio caminho apenas porque nos sentimos mal no alto mar e, também, sentimos que estamos parados sem fazer nada. Não nos podemos esquecer de duas coisas: se sairmos do barco de Deus, afogamo-nos no mar alto assim que nos cansarmos de nadar - ainda que saibamos nadar; e, se nos dá aquela impressão de que estamos parados, é porque não nos apercebemos (ou não nos queremos aperceber) que o barco está em andamento.

  2360. Quando uma mancha cinzenta cai numa roupa suja, ninguém lhe liga. Mas se cair numa roupa branca como a neve, a pessoa fica inquieta, desapontada e não tira os olhos daquele horror. O mesmo acontece com a alma limpa quando uma pecado vem manchar sua vida. Na alma já suja, a mancha não se nota, enquanto que na alma limpa é um horror. Uma mancha cinzenta no preto, parece mais clara, mas, no branco aparecerá como sujidade. O inverso também é verdade. Quando um pecador se arrepende, a sua limpeza de coração e de motivos brilhará longe. Uma mancha num santo destaca-se da mesma maneira que o arrependimento sincero se destacará num pecador indomável. Serão falados muito longe. Seus testemunhos irão além fronteiras.

  2361. Tal como a escala pela qual se medem e se sentem os tremores de terra, assim é nossa paz interior: assim que o pecado entra, o coração treme. Infelizmente, o povo já se habituou tanto aos tremores dos seus corações que já não ligam quando treme. Mas, se não ligarmos ao facto da terra treme, o tremor de terra deixará de ser perigoso por isso? Não matará na mesma?

  2362. Sempre que algo não acontece conforme esperávamos que acontecesse, ou a vontade de Deus foi feita ou ela não foi feita. Isto é, raramente a vontade de Deus é feita aqui na terra ou devido ao jeito errado, ou devido aos motivos e objectivos errados, ou, então, pela insistência do poder errado. Existem muitas coisas e muitas mais razões para que a vontade de Deus não seja feita. Se as pessoas desejarem conseguir fazer a vontade de Deus, precisam achar os modos, os jeitos, o poder da graça e a vida que existe no céu. Se não for para ser feita como é feita no céu, desse mesmo modo, através do mesmo poder e do mesmo jeito, ela não será feita.

  2363. Uma mulher ciumenta ressente-se muito quando o esposo briga com ela. Mas, ela sente mais sempre que ele não briga, quando não diz nada e não explica nada.

  2364. Temos tão pouco tempo para nos prepararmos para um período tão longo (a eternidade) e muitos gastam a maioria dos seus recursos naquilo que não leva a nada e que não levarão com eles!

  2365. É possível conhecermos um caminho sem sabermos; sabermos a verdade sem nos darmos conta; descobrirmos sem pensar que achamos. Se isso não fosse possível, Tomé não teria perguntado quem era o caminho quando Jesus disse: "E vós conheceis o caminho", João 14:4. E se isso é verdade, o inverso também pode acontecer, isto é, podemos pensar que achamos o caminho sem haver achado de verdade, ou acreditar que estamos no caminho andando desviados.

  2366. "Se não te lavar os pés, não terás parte Comigo", João 13:8; se Pedro perderia a sua herança, a sua parte com Cristo por um orgulho simples de não aceitar que os seus pés fossem lavados, porque acharemos nós que a nossa parte está garantida com coisas iguais ou piores? Muitas pessoas não nos visitam, não aceitam um presente, não nos chateiam apenas porque não querem importunar. Que acontecerá com eles se nunca voltarem atrás em suas atitudes egoístas e não deixarem de ser como bichos do mato, envergonhados, esquivos e rejeitadores? Cristo fala abertamente contra quem se envergonha d'Ele, contra quem rejeita e contra quem se esconde da luz. Sabemos que não importa a maneira que rejeitamos, ou porque razão nos envergonhamos - temos de sair de nosso esconderijo! (Existem muitas formas de rejeitarmos, de nos envergonharmos e nenhuma delas será aceite por Cristo - nenhuma delas passará no teste do dia final).

  2367. "Tendo já o diabo posto no coração de Judas que o traísse...", <>João 13:2. O diabo foi tentando colocar coisas em Judas e acabou conseguindo. O diabo luta até conseguir. Cabe-nos a nós lutarmos até rejeitarmos de tal forma que saia de nosso coração e que saia de tal maneira que nem exista mais luta quando o diabo tentar "pôr no coração" novamente.

  2368. Jesus disse: "E, se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo", João 12:47. Isto não significa que não nos iremos aperceber de que a palavra que falamos ou ouvimos não está sendo guardada ou crida. Só significa que o juízo sobre essa pessoa acontecerá só no final e não agora através de mim.

  2369. "Quem anda nas trevas, não sabe para onde vai", disse Jesus. Isso pode significar que, quem não sabe para onde vai, anda nas trevas e precisa orar e andar na luz que tem enquanto a tem, seja ela pouca ou muita (aprendendo o jeito e acumulando experiências nos tempos de abundância, como José fez no tempo das vacas gordas), João 12:35. Senão o fizer, quando chegarem as trevas, estará perdido e nem terá luz nelas. "Porque tu, Senhor, és a minha candeia; e o Senhor alumiará as minhas trevas", 2Sam. 22:29. Se o Senhor for a nossa luz e nem sentimos aquela necessidade de andarmos por essa razão, recusando ser obedientes estando empancados em alguma teimosia, timidez ou algo semelhante, como é que Ele será nossa luz nas trevas? "Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles", João 12:36. Jesus também se irá esconder de você um dia. Está preparado para isso, conseguindo andar com a luz que tem? Precisamos ter a mesma luz quando as trevas se aproximam (como aconteceu com os discípulos depois de Cristo haver partido) e precisamos ter a mesma comida em tempo de vacas magras como aconteceu com José porque creu na palavra que o tirou da prisão e que o transportou para o tempo das vacas gordas. No tempo das vacas gordas, crendo na palavra de Deus, na luz, tornou-se a luz e a comida para os famintos de todo mundo à sua volta.

  2370. Jesus disse: "aquele que me quiser servir, siga-me". Ele não disse, "Aquele que me quiser seguir, sirva-me", João 12:26. Nós não rejeitamos servir Cristo: apenas rejeitamos a ideia de que, servir Cristo, é segui-Lo ou de que, segui-Lo, não é ser capacitado para servi-Lo.

  2371. As nossas almas e nossos corações purificam-se confessando nossos pecados um a um, é certo. Mas, não podemos esquecer que se mantêm limpos através da obediência à verdade e também se limpam através da obediência, sendo que a confissão de pecados é uma obediência. "Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade...", 1Ped.1:22. "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado...", João 15:3. A obediência purifica e abre-nos as portas para acharmos o que obedecer - um passo abre a porta, para que o outro possa ser dado no caminho estreito que se abre. Quem não obedece a uma revelação, a uma chamada de atenção da parte de Deus, a uma palavra de sabedoria, entra num caminho sem saída e todo o seu caminho chegou ao fim. Terá de voltar ao ponto onde caiu e arrepender-se. "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras", Apoc.2:5.

  2372. Os que não sabem que devem depender inteiramente da graça e buscá-la, (isto é, achá-la porque buscar é pouco), ou acabam por desistir do caminho; ou dão em loucos e entram em desespero; ou, então, tornam-se ateus e descrentes. Os que recebem graça, por sua vez, devem saber que através da graça nada lhes é impossível. "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente (integralmente, exclusivamente) na graça...", 1Ped.1:13.

  2373. Quem pede desculpa da mesma coisa uma e outra vez e não pára com o pecado ou com o erro, está pedindo desculpas para poder continuar errando. O seu pedido de desculpas é um pedido de autorização para continuar a errar porque não quer perder os benefícios duma pessoa perdoada e nem consta da sua agenda parar com o erro para sempre e perder os prazeres do pecado. Pedindo perdão dessa sua maneira, dá uma martelada no cravo e outra na ferradura. Uma pessoa perdoada é como pessoa que nunca pecou - não é como pessoa em liberdade condicional. Melhor seria pedir desculpa depois de parar de pecar - se for reincidente. Mas, felizmente, ainda existem pessoas normais - aquelas que param de pecar quando pedem perdão.

  2374. O tolo nunca se acha tolo, tal como o sábio nunca se acha sábio. Por essa razão é que o tolo não gosta de ouvir dizer que é tolo e por isso é que o sábio se pode ensoberbecer quando lhe afirmamos que é sábio. A humildade é podermos assumir aquilo que somos, tal qual Jesus assume que é Deus sem que isso O perturbe. No entanto, a maior parte da soberba e do orgulho existe apenas porque as pessoas fazem uma ideia errada delas próprias, seja essa ideia acima ou abaixo da verdade.

  2375. Não devemos ver, apenas, se é a pessoa que nega ou aceita Deus, mas, se é Deus quem nega ou aceita a pessoa. Por essa razão é que a actual doutrina de "aceitar" Cristo é muito limitada e falsa.

  2376. Quem acha que tentação é pecado, pode vir a achar que pecado é só tentação.

  2377. Somos tentados, muitas vezes, porque queremos e desejamos ser santos e não porque queremos pecar. E, muitas vezes, já nem somos tentados porque já não é necessário sermos tentados para pecarmos. Nunca nos podemos esquecer que é preciso que haja tentação para que uma pessoa criada à imagem de Deus possa cair em pecado. Se somos pecado não seremos tentados - antes cometemos loucura sem que isso nos perturbe.

  2378. Pecado é loucura, é coisa de louco.

  2379. Quem não sabe o que deve saber, torna-se impaciente para saber tudo que não precisa saber ainda. E também arrisca-se a usar meios fraudulentos para chegar ao que não sabe ou não conhece e vai tentar saltar pelo muro em vez de passar pela do conhecimento querendo mostrar que sabe aquilo que nunca aprendeu de forma prática.

  2380. Qualquer um que arranque o joio do meio do trigo, arrisca-se a arrancar o trigo do meio do joio.

  2381. Uma parte do nosso caminho, a inicial, consiste em parar de pecar. A segunda parte consiste em deixar de amar o pecado. E a falta de hábito de pecar, juntamente com a visão real e realista da nova vida que ocorre precisamente porque deixamos de pecar, ajuda imenso, pois, Deus também está dentro daqueles que são obedientes para os incitar, admoestar, corrigir, encorajar, falar e fazer experimentar tudo aquilo que Ele é. "Os limpos de coração verão Deus", Mat.5:8. Depois, viveremos da nova vida, a qual aprenderemos a amar.

  2382. Preocupado é presunçoso. Não existe um preocupado que não seja presunçoso também. E presunçoso nem sempre se mostra preocupado para poder continuar a presumir. Só se mostrará preocupado se arranjar outra forma de presumir - nem que seja sobre outro assunto em simultâneo. Preocupação é uma paixão: as pessoas não vivem sem ela! Sem ela ficam inactivos, ficam sem saber o que fazer, tornam-se paralisados! E há que viver, há que ser activo sem preocupação numa vida cheia de armadilhas e com muitas carências - mas, vivendo dentro da nova vida, claro.

  2383. Quando Deus diz "aparta-te do mal", Ele simplesmente quer dizer isola-te e vive tua vida como se o mal não existisse quando te molesta. Na verdade, afastarmo-nos do mal significa simplesmente não sermos levados a pensar mal ou bem dele sequer, não permitir que nossos pensamentos possam ser influenciados, ocupados, perturbados ou distraídos pelo mal. Devemos ser completamente isolados dele e ter uma vida à parte e própria independentemente daquilo que o mal faça ou possa cogitar. Que seja o mal a ocupar-se com pensamentos acerca do bem e acerca de nós, que sejam eles perseguidos através dos pensamentos que têm sobre nós e sobre aquilo que falamos em tempo útil.

  2384. A dúvida ou é um hábito ou é uma confirmação de perdição. A fé ou é um hábito que não tem fundamento, ou então é uma prova real de que o que se crê é verdade. A fé e a dúvida, podem, por isso, ser fruto real ou então ser hábito fingido e assimilado pelas circunstâncias de cada um.

  2385. Os que crêem da maneira certa, não crêem à toa, tal como os que duvidam, não duvidam apenas por duvidar. Os que duvidam, fazem-no porque podem estar separados da verdade fluente e real. Os que crêem com aquela fé que é provada pela realidade, também sabem no que crêem - e se não sabem, podem vir saber. 

  2386. As pessoas mais inteligentes são precisamente aquelas que sabem que Deus sabe melhor e mais que elas. Por essa razão não desanimam se estiverem limpas e em condições de serem abençoadas por Deus. Deus não fica indiferente: ou abençoa ou amaldiçoa. Para Ele não existe meio termo.

  2387. Sabiam que fruto antes do tempo é uma maldição? Mal.3:11. É que o homem não sabe poupar para usar no tempo certo - só sabe poupar para usar no tempo errado, ou na coisa errada. Se Deus quiser trocar as voltas a um desonesto, mentiroso ou infiel nas coisas de Deus, poderá enviar os gafanhotos para comerem sua colheita ou então bastará dar-lhe seus frutos antes do tempo. Esse homem será o seu próprio gafanhoto, tal e qual foi o filho pródigo.

  2388. A diferença entre o bem e o mal é o seguinte: o mal tem de ser puxado por nós como um cavalo puxa sua carroça - o mal é pesado; o bem, a verdade e o entendimento é que nos levam a nós e que nos puxam com cordas suaves e invisíveis de amor, Os.11:4. No mal aprendemos a ser como jumentos e a agir e reagir como eles. No bem, o nosso principal dilema será deixarmos de ser como jumentos ou deixarmos de ser jumentos. "Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; aconselhar-te-ei, tendo-te sob a minha vista. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento e cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se atirem a ti", Sal.32:8-9.

  2389. Ninguém poderá presumir do dia de amanhã sem pecar, nem para bem e nem para mal. Existem pessoas que deliram por aquilo que acham bom e que ainda não aconteceu, como existem os profetas do mal que não foi Deus quem pronunciou. Nem o mal e nem o bem podem ser presumidos.

  2390. Existem  aquelas tentações porque estamos com Deus, como existem tentações próprias de quando nos encontramos distantes de Deus. O mesmo poderemos dizer da falta ou da ausência de tentações. O diabo não tenta os caídos de forma a se sentirem mal naquele estado, tal qual Deus dá liberdade e autoria a quem vive com Ele o tempo todo. O único sinal de insatisfação dentro do pecador é o vazio que sente enquanto usufrui e usa ou abusa do pecado, seja ele qual for. Só quando o diabo intervém numa vida santa (e quando lhe permitimos tal veleidade) é que essa vida se torna pesada e só quando Deus intervém (ou os decretos d'Ele como os de Is.57:21) é que uma vida de pecado se torna pesada, seca, vazia e fria. Deus nunca abençoaria o mal e, por essa razão, a vida do mal torna-se pesada e, eventualmente, as suas consequências e frutos insuportáveis, tanto dentro como fora de nós. No entanto, Deus não precisa intervir directamente para que o mal se torne mau e pesado, como o sol não precisa de ser mandado brilhar porque já brilha por decreto. "Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus!", Is.57:21. O mesmo Deus, do mesmo jeito, disse: "Haja luz" e ainda há luz até ao dia de hoje. Também, por essa razão, os ímpios ainda não têm paz dentro de si e nem do lado de fora. E, se a tiverem, será temporária, forjada e falsa.

  2391. Os agricultores sabem esperar e discernir o tempo quando as suas sementes se tornam frutos. Os agricultores espirituais dificilmente distinguem os tempos de semear dos tempos de frutificar. Trocam as estações, estando a semear quando devem colher e colher quando devem semear ou esperar o amadurecimento do fruto. Seria um absurdo um agricultor tentar colher seus os frutos antes do tempo, estragando, assim, toda a sua colheita. Só que ninguém acha absurdo quando um agricultor espiritual começa a arrancar as plantinhas que semeou devido à pressa que tem por causa da sua falta de discernimento. "Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas", Tiago 5:7.

  2392. Deus nunca fica indiferente ou inactivo: ou Ele resiste aos soberbos ou dá graça aos humildes, 1Ped.5:5.

  2393. Este mundo está realmente estranho. Hoje, tanto a fé como incredulidade rejeitam milagres porque existem milagres falsos e verdadeiros.

  2394. Os Fariseus acreditavam que havia vida depois da morte e os Saduceus acreditavam que não havia. Os Fariseus estavam certos. Mas, será que só porque estamos certos sobre uma doutrina Jesus nos irá aceitar? Jesus rejeitou os Fariseus que estavam certos como rejeitou os Saduceus que estavam errados. Cuide de sua vida para não acontecer-lhe estar certo e ser rejeitado também.

  2395. Jesus disse: "Basta a cada dia seu mal", Mat.6:34. Mas também poderíamos dizer "basta a cada dia seu bem", pois as pessoas entusiasmam-se tanto com algo de bom que lhes acontece ou que ainda lhes vai acontecer que negligenciam o dia de hoje completamente e pecam por isso.

  2396. As pessoas sob escravatura intensa só crêem por necessidade – por essa razão não crêem de verdade na verdade. Podemos crer numa verdade sem ela tornar-se realidade e sem que a vida do céu possa ser algo natural com a qual se viva de forma contínua. Isso não é crer de verdade. Também se pode crer numa mentira quando ela ainda não se tornou prática real. Isso também evita que a mentira se manifeste como mentira.

  2397. Os Judeus tinham esperança firme no Cristo que viria: "...a esperança da promessa feita por Deus a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente noite e dia, esperam alcançar", Act.26:7. Mas, quando essa esperança chegou, eles não a reconheceram! "Veio para o que era seu e os seus não o receberam", João 1:11. É possível termos a esperança certa e depois rejeitá-la quando ela aparecer. E quando estamos propensos a rejeitar a promessa certa, temos a possibilidade mesmo à mão de aceitarmos a esperança errada - e isso apenas porque temos a nossa própria esperança que anseia ser cumprida e rejeitamos a certa!

  2398. Pecador acha-se sempre santo sentindo-se pecador e santo sempre se acha pecador sentindo-se santo.

  2399. Ajudar pessoas nem sempre será fazer algo por elas, mas, por vezes, é não fazer e também é permitir que elas o façam, ou que Deus o faça nelas primeiro quando elas se limpam. Esse testemunho será importante para elas. Mas, que nem pensem que Deus fará algo dentro de alguém que não abandonou o mal, seja o mal dentro de si ou do lado de fora.

  2400. A melhor maneira de não mentirmos, é falarmos a verdade e ficarmos calados não é falar a verdade. A melhor maneira de não roubarmos é darmos do que temos. Faça o oposto da tentação e a luta contra a tentação cessará por ela.

  2401. Qualquer fundamento fraco produzirá uma fé fraca. Se a melhor maneira de não nos enlaçarmos numa mentira é falar a verdade, seja a quem for e sob que circunstâncias for, uma fé verdadeira exige de nós o confronto com a verdade e a realidade de Deus. Uma fé fraca ou falsa, mesmo que emocionalmente forte, exige que não nos confrontemos com a verdade. Isso é uma das exigências dela. E quem se emociona quer continuar a emocionar-se e, por essa razão, evita confrontar os fundamentos da sua alegria (ou da sua tristeza, pois muitos confiam em sua tristeza tal e qual outros confiam em suas alegrias - um masoquista confia em suas tristezas e um bêbado acredita em seu riso porque tem aquilo que desejava). Quem tem medo da verdade é mentiroso, quem tem medo da polícia é ladrão e quem pula por cima do muro para entrar no aprisco e nos frutos alegres das ovelhas, é salteador. Quem entra pelas portas e pelas vias da verdade, será abençoado.

  2402. Não existe qualquer futuro para um castelo de areia, não existe coerência para a ilusão e nem segurança real para quem passa os seus dias sonhando. Toda a sua segurança é tão real quanto são os castelos de areia que constrói ou construiu. Assim que chover, eles caem. Assim que chegarem os primeiros problemas vai chegar o desespero e a vontade de desistir.

  2403. É difícil imaginar que alguém possa ser cristão em um aspecto da vida e não ser nos restantes. Não existe isso de alguém viver direito apenas em alguns aspectos de sua vida e negligenciar os outros, entregando-os ao diabo. Eu acho tal pessoa uma aberração da natureza, uma monstruosidade, um incapaz que ainda por cima é mentiroso dizendo que segue Cristo ou que é Cristão.

  2404. A alegria na hora certa é como a comida na hora certa. As pessoas alegram-se e batem palmas quando cantam na igreja. Mas, Jesus disse assim: "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai (nessas horas), porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós", >Mat.5:11-12. Então, alegrarmo-nos quando nos injuriam porque somos honestos e simples, é muito mais certo que estarmos alegres dentro da igreja, mesmo quando não é a errada a alegria dentro da igreja. Temos de saber que, alegrarmo-nos nos momentos certos, é um mandamento de Jesus. A alegria na hora errada, é como a comida na hora errada. Dar comida a quem comeu não é alimentar e devemos alegrar-nos quando nos injuriam se e porque fazemos as coisas certas diante de Deus - não na igreja onde todos nos aplaudem e nos dão palmadinhas nas costas porque querem receber palmadinhas nas costas também. E devemo-nos alegrar porque temos galardão no céu e não porque nos encontramos no meio de quem se alegra e nos afecta e nem para mostrarmos a quem nos injuria que estamos alegres, tornando-nos hipócritas convencidos e vingativos. O nosso galardão é real e nossa alegria deve ser real e baseada na realidade também.

  2405. Nós não precisamos de nos afastar dos pecadores e hipócritas para nos isolarmos deles. Podemos olhar os factos de frente, os hipócritas de frente e, quer falemos ou quer não, eles saberão que são hipócritas. Eles próprios se afastarão e se isolarão de nós. Mas, não precisam reconhecer abertamente os seus pecados para se sentirem acusados e se afastarem. A maioria dos pecadores não reconhece seus pecados abertamente quando sabem deles. E reconhecer quem está certo significa, muitas vezes, reconhecerem que estão errados.

  2406. Quando estamos na amargura, no desespero dum pedido a Deus que não se concretiza, antes de falarmos, deveremos aproximarmo-nos de Deus. Não falemos longe d'Ele, pois, senão Ele não nos poderá responder ou corrigir. Por essa razão, Ele diz: "Cheguem e então falem!" >Is.41:1. Nessa ordem devemos agir. As pessoas ou falam longe de Deus na sua amargura ou, quando se aproximam d'Ele, ficam sem dizer nada.

  2407. O segredo da autoridade de alguém é sua autoridade moral por ascendência. Quem tem vida igual à de Deus, tem autoridade para falar e nem precisa perguntar-se se as pessoas irão ouvi-lo.

  2408. Quem se junta aos errados, mesmo julgando-os, precisa aprender a viver em liberdade. Quem se separa dos errados porque tem medo de cair ou porque não os quer corrigir da maneira certa, também precisa.

  2409. Uma vítima só sabe ou ser vítima ou vitimar.

  2410. É melhor acendermos uma candeia que permaneça acesa até ao fim, que acender muitas que se apagam durante o seu tempo de vida. Mas, é difícil distinguir entre qual irá permanecer e qual se irá apagar. Por isso, será pecado não acendermos luzes que iluminam só porque não sabemos quais irão permanecer acesas.

  2411. Muitos  acham que a pessoa que permanece lutando com o mal ou contra o mal dentro de si, será a pessoa ideal. Mas, na verdade, aquela pessoa que chega ao ponto de não mais lutar contra o mal porque esse mal deixou de existir e permanece naquilo que Deus entregou em sua mão para fazer, aquele que não entra na arena onde se luta contra o mal e antes fica no campo e na arena de Deus, esse homem é quase perfeito. "Não resistais ao mal", disse Paulo. Quem ainda resiste ao mal não é perfeito. Mas, quando a tentação vem e a pessoa fica imperturbável fazendo as coisas de Deus, a perfeição está dentro de si com raízes bem fortes. Se a árvore vai crescer ou não, dependerá apenas da sua permanência em Cristo. Se não permanecer em Cristo, essa árvore com raízes estendidas murchará e nem conseguirá viver de Cristo porque não permaneceu n'Ele, como não conseguirá viver mais no mundo e do pecado que aprendeu a não mais amar.

  2412. Se a minha aptidão, os meus valores e capacidades não são as coisas que irão fazer a diferença, que irão fazer a obra de Deus prosseguir, então, a minha falta de merecimento e inaptidão também não serão impedimento para Deus operar através de mim. 

  2413. Onde o Espírito guia, todos os que estão com Deus concordam entre si. Mas isto não significa que, onde todos concordam, o Espírito os guiou e nem quer dizer que, onde o Espírito guiou, todos concordam. As pessoas podem concordar sem ser por Deus e discordar sem ser através do diabo. 

  2414. Quando o diabo nos fala tentando imitar Deus, se não ficarmos alarmados e amedrontados e se aguardarmos confirmação quando não temos a certeza de que foi o diabo que nos falou, também teremos a capacidade de nunca duvidar de Deus. Aquele que facilmente duvida do engano e da mentira, facilmente crerá na verdade também. Aquele que dificilmente duvida do engano e da mentira, dificilmente crerá na verdade. O grau de dificuldade ou de facilidade será sempre equivalente e proporcional, será olho por olho e dente por dente.

  2415. Deus prefere a perfeição final e definitiva acima da perfeição do momento.

  2416. Quem bate sempre no mesmo prego não é carpinteiro, isto é, quem bate na mesma tecla noite e dia não sabe o resto do recital e prendeu-se em algum ponto da sua duvida.

  2417. Como podemos esperar que algo nascido no inferno não venha tornar-se infernal?

  2418. "Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo", Mat.10:41. Para um ímpio receber um santo na qualidade de santo, equivalerá a um santo receber um ímpio e tratá-lo como se estivesse tratando bem o Senhor Jesus. O grau de dificuldade será o mesmo.

  2419. Só podemos  ser livres do pecado se formos livres em Cristo. Enquanto for um esforço permanecer em Cristo, será um esforço ficarmos livres das tentações. Só dominaremos tudo aquilo que nos rodeia quando formos totalmente, incondicionalmente e eternamente dominados e domináveis por Cristo - e que seja real e não mais somente doutrina. Deixaremos de ser maleáveis para o mundo assim que formos maleáveis para Cristo. Se formos maleáveis para com o mundo, seremos duros para Cristo. Ninguém poderá evitar que tal aconteça. É uma moeda com duas faces - uma lei da criação.

  2420. "Estes sempre erram em seu coração e não chegaram a conhecer os Meus caminhos", Heb.3:10. É interessante notar a sequência das palavras aqui. Não lemos "eles sempre erram em seus caminhos", mas, que "erram em seu coração" e por essa razão não conhecem os caminhos. É pena que se queira sempre mudar os caminhos primeiro ou somente os caminhos para mantermos a aparência de algo que ainda não se estabeleceu pelo lado de dentro. Quem muda o coração pelo poder de Deus de forma real, muda tudo. Se o coração do homem mudar, todo o mundo muda.

  2421. Deus não enviou Noé para salvar o mundo, mas, para fazer uma arca. Mandou Noé para salvar a verdade destruindo o mundo. Ele obedeceu a Deus. Pela sua fé Noé condenou o mundo, Heb.11:7. Quando Jesus nos envia a pregar o evangelho, nós saímos em obediência. Nós não vamos salvar o mundo, mas, obedecer a Cristo. Devemos obediência a Cristo e não à necessidade do mundo.

  2422. Medroso é teimoso, tal como aquele arrogante que enfrenta tudo confiando nele mesmo e em suas próprias capacidades.

  2423. Pensar e vacilar entre Cristo e o mundo, é estar indeciso entre aquele prazer que passa num momento e a eternidade, uma banalidade e um amor sem fim, sem medição e sem igual. É estar indeciso entre aquilo que mata e Quem dá Vida sem fim, sem altos nem baixos. Nem o homem consegue imaginar como será o amor de Deus - apenas o pode experimentar. Mas, nunca o experimentará a qualquer preço.

  2424. Qualquer barco num porto está seguro, longe das ondas, fora de perigo e das tempestades. Mas, será que um barco foi construído para ficar abrigado no porto? Não foi feito para levar pessoas através das profundidades dos perigos? Barco que fica num porto, só poderá ser barco em construção ou em descanso temporário. Os outros que ficam num porto noutras circunstâncias não prestam, mesmo que sejam muito bons. Prefiro atravessar os perigos do Atlântico num barco fraquinho, do que ficar dentro dum barco muito bom num porto calmo.

  2425. A parte mais difícil de todo o nosso trabalho, é esperar mantendo a expectativa com um sorriso, sabendo que, a qualquer momento Deus virá. Será difícil esperar apenas se somos mal formados ou mal informados, sem esperança viva e expectativa. Sendo seres de expectativa real, será muito fácil esperar, mesmo quando clamamos rugindo de ardor de esperança, "aguardando com ardente expectativa a revelação..." Rom.8:19.

  2426. Quando chegar a hora de morrer, tens de ter a certeza que a única coisa que te falta fazer, é morrer. Que o resto esteja tudo pronto, terminado, perfeito e cumprido!

  2427. Ficar sem paz e sem sossego evitará que estejamos atentos ao que se passa dentro de nós e muitos atarefam-se com trivialidades por essa razão. Mas, se ficarmos quietos diante de Deus, logo a nossa vida interior começa a fervilhar e a ficar irrequieta e insegura se não andávamos com Deus anteriormente em todas as nossas ocupações com uma consciência limpa e tranquila. Será aqui que muita gente começa a querer ficar a mexer e a distrair-se logo após haver-se aquietado, pois não suporta ver as abelhas acusadoras picando a sua consciência e alma. A 'quietude' num coração que Deus não limpou muito bem, é como um enxame de abelhas paradas, mas, prontas a picar; e essas pessoas só se querem distrair e ocupar com outras coisas para que as abelhas se despertem. Será muito bom a nossa consciência, alma e coração conseguirem ficar quietos e tranquilos em momentos de quietude diante de Deus - mas terá de ser diante de Deus mesmo, real e verdadeiro, pois, Ele não deixa o pecado ficar quieto e nem permite que a consciência manchada permaneça em quietude diante d'Ele. "Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar e as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus", Is.57:20-21.

  2428. Todos nós sabemos que as feridas que Deus causa curam nossa a alma e que os beijos de amor do mundo matam a nossa vida. E se as feridas de Deus curam outras, mesmo a coisas a longo prazo, os beijos do mundo também matam a longo prazo em muitas circunstâncias. Por essas duas razões muitos morrem e poucos se curam porque a maioria prefere ser beijada.

  2429. Só existe uma maneira de sermos prejudicados pelo poder do diabo (naquelas coisas que Deus disse que não se abalam): andarmos afastados de Deus. E só existe uma maneira de Deus afastar-se de nós: estando nós em pecado. Se os outros pecarem, seja contra nós ou não, isso não nos afasta de Deus.

  2430. Imaginemos que cometemos algo que, para Deus, é pecado, mas, que nós, para querermos viver ou de fachada ou para tentarmos viver santos sem termos de nos arrepender e retratar (para evitarmos ter de voltar atrás e nos retratarmos perante alguém, perante nós mesmos e perante Deus), achámos por bem ignorar e afirmar que não é pecado aquilo que fazemos – o que equivaleria a afirmar que não temos pecado. Aí se confirma a palavra de João para nós, a qual diz assim: "Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso e a sua palavra não está em nós", 1João 1:10.

  2431. Se Deus tiver que fazer algo especial, algo que nos pareça extraordinário para O podermos ouvir ou entender, não será o mesmo que O acharmos normalíssimo quando Ele se manifesta. E se acontecer que não achamos que uma manifestação de Deus seja algo normal, será porque estamos noutra onda descrente onde se acha que Deus não se manifesta. São os incrédulos que, instigados pela carne, ficam em transe de exuberância quando acham que Deus se manifesta. Quem tem o coração descrente e atribulado é quem precisa que Deus grite com ele para ser ouvido. O extraordinário relacionado com a voz de Deus, para nós, equivaleria a alguém ter de gritar para ser ouvido em termos humanos.

  2432. As pessoas, por norma, gritam se estiverem chamando alguém de longe. Estando longe, gritam. Por isso, podemos assumir que todos aqueles que gritam os seus louvores e orações nas igrejas de hoje estão longe de Deus.

  2433. Todos aqueles que recusam mudar a partir do lado de dentro, tornam-se actores que mudam toda a sua conduta exterior, escondendo, através disso, todos aqueles conflitos interiores que, por consequência dessa conduta, passam a existir dentro deles cada dia com maior intensidade. As pessoas querem ser santas e imaculadas por fora para evitarem arrependimento e pedidos de perdão aos outros e a Deus publicamente.

  2434. Ninguém deveria cessar de orar, desistir antes de Deus haver-se pronunciado sobre aquilo que Lhe é colocado em oração, nem mesmo quando nos é revelado que estamos em pecado e que Deus não nos ouvirá assim. As coisas que começam mal, podem sempre terminar bem, pois estamos falando com Deus, o reconstrutor dos humanos. Orar é uma maneira de entrarmos na presença de quem nos transforma também. Deus pode sempre alertar-nos para os motivos que nos levam a orar, para que nos arrependamos e Ele pode-nos atender porque, entretanto, nos transformamos devido a termos entrado em Sua presença. Começar mal nunca deve ser impedimento para orarmos. A rapidez com que muitos desistem das suas orações apenas manifesta como e quanto recusam mudar por dentro. Oferecendo uma oração que na sua essência é ou parece ser egoísta, desde que se queira ouvir Deus atendendo e não apenas nós orando, pode levar-nos a muito mais coisas que sermos atendidos. Pode levar-nos a sermos transformados. Uma oração sem os motivos certos tanto pode ser uma oportunidade de desapontamento quanto pode ser de santificação, ou não fosse Deus aquele que nos transforma. "Deixa tua oferta... vai... e volta..", Mat.5:24. Devemos voltar e não desistir, isto é, não cessar de orar.

  2435. Eu creio mesmo que não existe melhor ocasião, melhores circunstancias do que o tempo de oração para um hipócrita ser criado, formado e informado. Quanto mais informação obtiver, melhor hipócrita se torna.

  2436. Aquilo que o diabo arruína, Deus refaz e molda naquilo que Ele quer, se Lhe permanecermos fiéis.

  2437. São os apressados que se atrasam e não os pacientes. Por muito atrasado que pareça estar quem é fiel, paciente e calmo, os seus passos nunca voltam atrás para tornar a fazer o que foi bem feito através da calma, paciência, persistência e concentração. Os apressados atrasam-se sempre e quem se atrasa fica com tendência a estar com mais pressa porque se atrasou. A pressa pode tornar-se um ciclo de erros. Por isso, lemos que "não é bom agir sem reflectir; e o que se apressa com seus pés erra o caminho", Prov.19:2. "Os planos do diligente conduzem à abundância; mas, todo o precipitado apressa-se para a ruína", Prov.21:5. Os atarefados parecem fiéis e eficientes, mas, na verdade fazem a maioria das suas coisas pela metade ou mal feitas e, por essa razão, voltarão atrás para tornar a fazê-las.

  2438. A fé precisa ser demonstrada e não definida; o amor verdadeiro necessita ser vivido e colocado neste mundo e não apenas pregado e bem definido a partir dos púlpitos. Tudo o que se faz hoje nas igrejas é definir a trindade, definir o amor, saber quais são os dons e ser o mais preciso possível na definição das coisas que se acha serem as verdades. Mas, eu creio firmemente que assim que os próprios pastores conseguirem viver um terço daquilo que pregam e assim que conseguirem demonstrar verdade sem esforço, o mundo salvar-se-á. Ali acabarão as discussões de doutrina e começará uma nova vida e uma nova era.

  2439. Como Cristo é Vida, a obediência é uma forma de vida também – não um esforço. O esforço pode ser o de permanecer nessa vida onde se obedece facilmente, bem quieto e sossegado; mas, onde obedecer não é esforço, desobedecer é.

  2440. Muitas vezes "não vemos" Deus connosco porque Ele foi adiante de nós para preparar o nosso caminho. Mas, raramente reparámos nisso porque o nosso caminho tornou-se fácil por haver sido preparado e porque só perguntamos por Deus no meio das dificuldades. "Eu irei adiante de ti...", Is.45:2.

  2441. Quem tem a mestria e agilidade de enfrentar um Golias em sua vida sem medo porque vive da realidade de Deus dentro dele, nunca irá desprezar um inimigo que todos os outros considerariam insignificante porque vive sendo somente obediente a Deus. Não lhe é possível considerar qualquer inimigo da cruz como insignificante porque ele vive e reage mediante o que tem dentro dele e não mediante aquilo que vê. Qualquer inimigo de qualquer tamanho é igual para quem vive para Deus e vive de Deus. Nenhum inimigo é insignificante ou menor e nenhum é mais significativo que o outro.

  2442. Se aquele que espera em Deus renova as suas forças a longo prazo através dessa esperança (Is.40:31), imagine-se todo aquele que consegue esperar de Deus uma coisa no próprio momento que espera, naquele instante! Esse renovar-se-á ainda mais rapidamente e evitará adormecer como uma virgem tola! Se essa esperança for real, simples e pessoal, isto é, se for realmente operada por Jesus e não pelos desejos do próprio, não terá como ser defraudada. "E a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado", Rom.5:5.

  2443. O ressentimento é aquilo que guardamos contra outras pessoas; a culpa será aquilo que guardamos contra nós mesmos. Tanto uma coisa como outra estão erradas perto de Deus após Ele haver pronunciado nosso perdão e a libertação dos que mantemos cativos em nossa raiva e pensamentos. Se Jesus cuida de nós e se nos perdoou, o ressentimento e a culpa de pecado perdoado é pecado com o mesmo grau de gravidade. Não nos devemos ressentir contra ninguém, nem contra nós mesmos e a culpa é ressentimento contra nós mesmos. Quem se culpa em demasia depois de haver sido perdoado, não busca perdão, mas, atenção.

  2444. O caminho mais excelente será conhecer, apalpar, ter e ver Cristo como Ele é e não como o imaginamos. Não permanecerei sendo o que fui se Cristo chegar a ser tudo o que sou, nem Cristo será em mim aquilo que Ele é se eu ainda mantiver ou resguardar um restinho de vida própria. Cristo é a Vida, eu sou a "própria vida". Só um dos dois sobreviverá em mim: ou Cristo ou a própria vida. Só que Cristo não confiará na "vida própria", mas a "própria vida" quererá "confiar" em Cristo para sobreviver, enganando-se a ela mesma através de melhores ou maiores recursos (os de Deus) que pensa que experimenta. Mas, como o coração é enganador, o que sente que experimenta é seguramente falso. Na verdade, do mesmo modo que Cristo não confia nos recursos da "própria vida", desse mesmo jeito a "própria vida" não consegue confiar nos recursos de Cristo, que é a única Vida, sem ser por interesse próprio. Pode "confiar" através de falsidade e fingidamente, enganando e sendo enganada. Por isso é que o fim do mandamento é "uma fé não fingida" (1 Tim.1:5), pois quando isso se torna possível, a vida própria foi exterminada.

  2445. Deus não muda e nem aquilo que Ele diz poderá ser mudado. Contudo, nós podemos mudar tanto para melhor quanto para pior. Por essa razão é que, por vezes, parece que a palavra de Deus mudou, pois não mais se aplica a quem mudou. Caso não estejamos atentos a esse aspecto, levando em conta as nossas transformações progressivas, certamente estaremos perto de cair em erros estranhos de pensamento e de caminhos. Ninguém consegue manter uma postura que não crê ser a sua. Se os hipócritas fingidos conseguem manter o passo crendo serem o que não são, certamente que um crente precisa manter actualizada a sua ideia da verdade sobre si próprio em Cristo. Deus não dorme e nossa transformação acontece de verdade. Você está actualizado?

  2446. Cego não vê, mas, sente-se seguro quando sabe o seu caminho de cor e imaginariamente – ainda mais quando achar que tal caminho é o Caminho de Cristo. Se ele não o memorizar achar-se-á perdido, mas, se o memorizar não deixará de ser cego. Por essa razão é que Cristo nem sempre quer que memorizemos o nosso caminho, pois, precisamos ver para andar. Se cego chegar a ver o seu caminho e não mais necessitar apalpar para caminhar, sentir-se-á como peixe que tem de nadar em terra, mesmo quando ganhou pernas. Por isso, junta o ver com o apalpar antigo, sentindo por onde anda e desconfiando do que vê porque confia mais no que apalpa. Ele não sabe andar vendo, aprendeu a andar apalpando e sentindo seu caminho. Os humanos também confiam mais no que sentem, mesmo sabendo que o seu coração não é de confiança.

  2447. Do mesmo modo que as pessoas no mundo se acham vencendo e progredindo quando, na realidade, estão sendo iludidas pelo aparente sucesso das coisas efémeras, estando a progredir, mas, em sentido contrário (para o inferno), desse mesmo modo as pessoas que vivem com Deus parecem estar a perder cada dia e a cada passo que dão quando, na realidade, estão ganhando e progredindo. Os que sobem e lutam num caminho árduo, estreito e difícil de superar, parecem estar a perder para quem desce alegremente em seu caminho. Mas, na verdade, uns descem para a perdição e outros sobem para se salvarem de si mesmos e não apenas do mundo - e isso torna as coisas mais difíceis de discernir e de concretizar porque o coração só sente o momento.

  2448. Se Satanás caiu estando no Céu, porque pensarei que não posso sair deste inferno? Porque acham as pessoas que não poderei reverter todo o meu estado pecaminoso aqui, achando-me já "aqui na Terra como no Céu"?

  2449. Qualquer coisa pequena com Cristo torna-se uma alegria enorme e qualquer coisa fabulosa torna-se um grande vazio sem Cristo. Quanto maior for essa coisa, maior será seu vazio se Cristo não estiver connosco. Mas, rico ou pobre, pequeno ou grande pode experimentar Cristo sem reservas. Por isso, se não são as coisas que nos dão Cristo, também não serão elas que nos tiram Cristo. É o nosso coração que nos pode separar de Deus quando estamos com ou sem essas coisas. Se não as tivermos, podemos ficar amargurados e preocupados porque não as temos; se as tivermos podemos vir a desprezar nosso Criador também. Por isso é que podemos assumir que um preocupado será um esbanjador se receber aquilo com que se preocupou antes de se libertar de seu pecado de ansiedade e preocupação.

  2450. Há quem diga que, quem tem dificuldade para adormecer, terá grande dificuldade para levantar-se da cama. Mas, a verdade é que, quem tem dificuldade em acordar e levantar-se, são aqueles que irão ter dificuldade em adormecer na noite seguinte. Isto é, porque se deitam tarde, vão desejar levantar tarde também. Todo preguiçoso deste género tem o castigo de dormir mal, de adormecer tarde e de acordar tarde. Se levantar-se cedo, adormecerá mais cedo que o habitual.

  2451. Qualquer um que seja negligente, é seguramente alguém que se engana a ele próprio com frequência. Se alguém suspeita que precisa fazer algo - apenas suspeita - e não faz, por muito insignificante que pareça ser o que deixa por fazer, comete pecado grave, pois, apenas revela que é obstinado e tem um coração que recusa ser obediente. Deveria, preferencialmente, recusar ser desobediente. 

  2452. Quando fazemos algo que não dá certo, mas, fomos fiéis, podemos ter a certeza que, no mínimo, ensinamos o nosso coração a ser fiel.

  2453. Muitos acreditam que existe uma grande diferença entre um santo e um criminoso e que a diferença entre ambos é um abismo que não se ultrapassa. Na verdade, qualquer santo pode tornar-se num criminoso quanto qualquer criminoso poder tornar-se um santo. O que separa e diferencia um santo dum criminoso é algo que faz toda a diferença: conhecer Cristo de forma real ou não conhecê-lo dessa forma ainda que se creia n'Ele.

  2454. Tudo aquilo que diferencia um santo de um criminoso, na verdade separa-os também. Existem diferenças que nunca separam e antes unem, como o feminino e o masculino. Mas, nem o santo se dará bem com as obras dum criminoso, nem um pecador se sente muito bem perto de alguém que tem o brilho da glória de Cristo em seu rosto. Cristo mesmo disse: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas, espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra", Mat.10:34-35.

  2455. Quando alguém nos faz algum mal, eu tenho a certeza incondicional que Deus vem-nos salvar daquilo que sentimos e não da pessoa que nos faz mal. E não nos precisamos enganar a nós mesmos, achando que a pessoa faz bem fazendo-nos mal e que devemos aceitar a maldade, estando a agradar pessoas para podermos superar e aceitar a afronta.

  2456. Só podemos mudar de ideias por uma única razão: a que tivemos não era certa nem perfeita. As nossas ideias podem evoluir, podem aperfeiçoar-se e de semente podem passar a árvores de fruto que, por sua vez, dão fruto com mais semente. Mas, tenhamos cuidado para não estarmos a mudar o que Deus quer que mantenhamos, nem manter aquilo que Deus quer que se mude ou evolua para dar fruto. Quem mantém o errado, vai desprezar o certo e quem desprezar o errado instintivamente tem tudo dentro dele para fazer o que está certo - bastará fazê-lo. E convém que se consiga fazer o que está certo até ao fim.

  2457. Jesus disse assim: "Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo", Mat.7:19. Poderíamos argumentar que é injusto, ou que devemo-nos esforçar mais a ponto de perdermos de vista o próprio Jesus para frutificarmos perante aviso tão solene e tão sério. Mas, na verdade, nem é injusto e nem este versículo quer dizer outra coisa senão que andemos com Jesus. Só temos uma maneira de fazer algo frutificar e dar fruto que agrade ao nosso Criador: andando com Deus. "Anda em Minha presença e sê perfeito". Devemo-nos concentrar e fazer de tudo para andarmos com Deus e não para frutificarmos. Os frutos serão a consequência óbvia de toda a nossa vida e vivência íntima com Ele. Ninguém dá mais ou melhor fruto que a qualidade da sua intimidade com Deus.

  2458. As coisas que estão juntas sem ser porque Deus as juntou, ou as que se estão para se juntar autónoma ou arbitrariamente, juntam-se apenas porque têm os seus medos de perder algo que desconhecem ou, então, de perderem aquilo que acham apetecível. Na verdade, muitas vezes juntam-se porque tiveram medo de dar outro passo que Deus daria com eles - ou tiveram medo de não dar o passo que deram.

  2459. Sempre que não confiamos em Deus, confiamos em nós próprios e ouvimos a nós mesmos. E quem tem medo de dar o passo certo, tem coragem para dar os passos errados; quem tiver medo de dar os passos errados, teria coragem de dar os passos certos também.

  2460. Desconfiança ou incredulidade em Deus é uma enorme dose de auto-confiança tal como insegurança é teimosia.

  2461. "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho", Is.53:6. Não vemos alguém desviado andando pelos caminhos de outra pessoa, a não ser que os assimile como seus próprios primeiro. Lemos que cada um se desvia pelo seu próprio caminho.

  2462. A convicção pode originar teimosia ou arrependimento, resistência ou penitência. Nós lemos que aqueles que se converteram nas pregações inicias de Pedro estavam plenamente convictos de seu pecado e compungidos (cortados) em seus corações. Mas lemos que a mesma coisa aconteceu com aquelas pessoas que apedrejaram Estêvão, pois está escrito que eles também ficaram compungidos e cortados em seus corações - só que reagiram noutro sentido, Act.7:54.

  2463. Covardia é teimosia, nunca é fraqueza. Os covardes entendem que são fracos, mas, a verdade é que são obstinados. E eles até se entendem bem entre eles.

  2464. Todo aquele que se esconde tem os motivos errados. Só se isola quem tem algo para esconder de alguém. "Aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria", Prov.18:1.

  2465. Só é autoritário quem acha que não tem autoridade, ou quem não tem autoridade. Um autoritário é um fraco e não um forte.

  2466. Quem quer juntar o que Deus separou, quererá separar o que Deus juntou também. A pessoa que se junta contra a vontade de Deus tem duplo pecado: separa-se ostensivamente e obstinadamente do que vem de Deus para si e aceita o mal.

  2467. Eu fui a razão porque Jesus deixou o Céu e veio para Terra. Ele será a razão porque eu deixarei a Terra para ir para o Céu. Como o olho sem visão, o molhado sem humidade, o sol sem calor, assim seria o céu sem Cristo.

  2468. Nós, os que andamos bem com Deus, temos as informações e os meios dos quais depende a eternidade de muita gente.

  2469. Ninguém pode estar a seguir Cristo se estiver sempre adiantado em relação a Ele. Mas, há quem se atrase, também, quando devemos ser como um relógio que nem se atrasa e nem se adianta.

  2470. Nós somos a Belém de Cristo agora, onde Ele nasce, nasceu ou nascerá para ficar.

  2471. Todos quantos falam do que não vivem, escondem e vivem de algo do que não falam.

  2472. Mesmo que Deus possa transformar maldição em bênção sem igual, nem tudo aquilo que o humano veria como ruim tem ruindade ou maldade em si mesmo, pois, Deus pode estar a testar-nos e a solidificar-nos em algo mais sublime que a aparência. É a aparência das coisas que diz que o que nos acontece é mau. Aquilo que pode parecer um fracasso caso andemos com Deus e por Deus apenas, é, muitas vezes, o preludio ou a própria condição de entrada naquela bênção que pedimos ou ainda vamos receber. Quem vencer e passar o teste certamente receberá.

  2473. Deus pode usar qualquer circunstância para manifestar-se a nós, pois a Sua manifestação e a nossa capacidade para o entendimento d'Ele em nada dependem das circunstâncias que se desenrolam fora ou dentro de nós. Não serão as grandes coisas que comprovam a Sua grandeza e nem a Sua presença em nós ou em nosso meio, nem o que é pequeno tem o poder de determinar que Deus não se aproxima de nós. Conta unicamente existirmos n'Ele, para Ele e isso para sempre. Isso será prova maior que muitos milagres grandiosos, pois, sob milagres nos convencemos a nós mesmo e vivendo com Deus somos convencidos através da realidade da Sua presença.

  2474. Todo aquele que junta aquilo que Deus nunca junta apenas porque cada homem tem os seus medos ou ideias, busca aquilo que lhe é apetecível acima daquilo que Deus quer ou dá porque tem medo de ser levado por Deus a dar o passo que não quer dar ou não quer dar sem ser pelo jeito próprio. Quando alguém não confia em Deus confia em si próprio. Eu tenho a opinião de que não existe alguém que não confie em alguém num dado momento e tenho a certeza que, quem não confia em Deus ou quem não consegue confiar em Deus, é quem confia em si próprio. Por essa razão, quem não confia em Deus não quer deixar de confiar em si e, também por essa razão, a fé é uma opção de se decidir em quem se vai confiar. Por isso, precisamos negar alguém para confiar no outro: ou negamos Deus ou a nós próprios.

  2475. A verdade sem Deus é uma religião - apenas mais uma. E existindo centenas de verdades, poderão existir centenas de religiões. E, com Deus, todas as verdades formam um conjunto.

  2476. Culpar-se é forma de encobrir ou de tentar desculpar e quem encobre os seus pecados nunca prosperará,  Prov.28:13. Também, quem se culpa não terá como deixar e abandonar os seus pecados porque se lamenta; e quem se lamenta sustenta e protege aquilo de que se lamenta. A acusação é uma saída fácil. Ela é uma distracção ou, então, uma divergência de Deus, pois não aceita o perdão e nem a conversão e prefere mutilar-se culpando-se para manter suas culpas. Pegue em si próprio pelo colarinho e comece a fazer o que deve ser feito com Jesus e pare de acusar-se o tempo todo. Revele, manifeste e confesse cada pecado pelo nome.

  2477. O sacrifício insinua e induz a saber que vivemos exteriormente de algo que recusamos que aconteça em nosso interior – por essa razão nos sacrificamos, porque não somos aquilo que pretendemos demonstrar. Também é verdade que quem tem desejo de demonstrar é pessoa que não consegue demonstrar vivendo naturalmente. Por isso, deduzimos que a pessoa orgulhosa que se quer mostrar e impor por seus próprios meios, é pessoa fingida e é uma pessoa vacilante querendo mostrar-se forte e segura sendo bastante insegura em seus caminhos falsos e fingidos.

  2478. Ser como és não é o mesmo que ser como achas que és. Um é humilde, o outro é actor. As pessoas fingiram durante tantos anos que nem sabem o que são neste mundo e neste universo grandioso. A humildade é ser como somos, aquilo que somos.

  2479. Mudar de religião é mudar de dúvidas. Achar Cristo face a face é, muitas vezes, mudar de certezas pois as pessoas acreditam muito em suas mentiras.

  2480. Deus pode ter prometido amaldiçoar e arrepender-se de o haver feito porque as pessoas arrependeram-se de seus pecados e males. Deus também pode prometer abençoar, construir ou mesmo reconstruir e acabar fazendo o oposto daquilo que prometeu porque as pessoas, descansando na promessa, tornaram-se irresponsáveis e infiéis à nova natureza que é obediente. Tanto num caso como noutro, Deus não apenas deixou de cumprir algo que prometeu solenemente, como também faz precisamente o oposto daquilo que prometeu fazer. Vamos conhecer este Deus como Ele é, aquele que abençoou e salvou Níneve depois de haver prometido destrui-los e que é o mesmo Deus que prometeu ser a glória eterna em Israel e rejeitou-os eternamente, Jer.18:7-10. As promessas e as maldições dependem solenemente do comportamento futuro de quem as obtém.

  2481. É sempre estranho que, quando estamos debaixo de problemas e tentações, pedimos sempre por uma mudança de circunstâncias em vez de pedir uma mudança de carácter e de coração através dum encontro real com Deus sob essas circunstâncias. Os problemas servem essencialmente para isso se nos achamos com Deus, limpos de coração. Recusemo-nos sujar-nos como Jó recusou, querendo tão só ver Deus para falar com Ele sobre o que lhe estava acontecendo. Importante será ver Deus acima de resolver o nosso problema.

  2482. Aquele que facilmente se convence que tem aquilo que não tem (da parte de Deus), também facilmente acredita que não tem aquilo que tem em Cristo quando tem. Nunca precisaremos fingir para que tudo que temos em Deus possa ser real e para que se torne claro o que não temos ainda.

  2483. O que seria de um dependente de Deus que não recebe de Deus? Sua dependência tornar-se-ia tão falsa quanto aquela que só é de palavra e que acredita que vive, mentindo até para ele mesmo. Homem que pede e não recebe ou não sabe orar; ou não conhece Deus; ou algo o separa de Deus.

  2484. Os homens maus querem passar por bons porque, ao fazerem uma boa acção, podem sempre reconfortar ou enganar a sua consciência acusadora. Através de uma obra, cada pecador que não se limpa impede a ele próprio de se arranjar com seu Criador para se confortar em seu erro e assim ter uma maneira de continuar no pecado. Boas obras servem, muitas vezes, para encobrir males e para evitar que alguém se salve do seu próprio pecado. Essas obras são, por norma, uma forma de resistir ao Espírito Santo quando deveriam ser pura obediência de instinto espiritual. Por alguma razão aqueles que visitaram 'Jesus' na prisão não sabiam que o haviam feito. Eles não estavam conscientes das suas boas obras, pois era a naturalidade operando.

  2485. "Os rebeldes andam espalhando calúnias", Jer.6:28. Isto não quer dizer apenas que os rebeldes espalham calúnias, mas, que quem espalha calúnias é rebelde. Calúnia não é dizer mentiras sobre as pessoas somente, mas, dizer verdades sobre elas também. Os rebeldes falam com qualquer pessoa excepto o próprio. Exortar o próprio não é calúnia.

  2486. Toda a amargura será motivo de condenação diante do trono de Deus. Mas, para além disso, toda a amargura é raiz para muitos outros pecados. Leva-nos a desistir, a ceder à má-língua, a desesperar, a sermos egoístas e egocêntricos e a muitos mais pecados que esses. Tenha o máximo de cuidado com esta arena de Satanás, que até usa a Bíblia para alimentar a amargura que destrói ou corrói. "...Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus e que nenhuma raiz de amargura vos perturbe...", Heb.12:15.

  2487. Uma pessoa que não esteja bem com Deus e queira salvar outro, tem interesses próprios no que faz. Algo o impele a buscar alguém para crer no que crê, mas, não é Deus. Talvez o próprio diabo esteja incitando a "salvar" alguém, pois, assim acaba desacreditando tanto Deus como a Sua Palavra através do mau exemplo de quem prega, o qual passa despercebido ao próprio. A própria insegurança das pessoas leva-as a pregar para se sentirem seguras. Pregar o evangelho, em vez de se tornar a salvação do mundo, tornou-se algo egocêntrico e pessoal hoje em dia.

  2488. Timidez é orgulho. Mas o orgulho também se manifesta de outras maneiras mais exuberantes e menos calmas. A timidez também o faz. Existem exibicionistas que lutam apenas contra a sua própria timidez e que, por essa razão, orgulham-se de si próprios. O orgulho e a timidez nunca andam separados nem muito longe um do outro e qualquer complexo de inferioridade é uma cobertura de orgulho em um bolo de pecado. Ambas as coisas são usadas por Satanás eficazmente. Por alguma razão Deus afirma que os tímidos não entrarão em Seu Reino. Também falou que se opõe aos soberbos.

  2489. Quandoqueremos obrigar Cristo a ceder a qualquer de nossas pretensões ou desejos e Ele recusa ceder ou ouvir, podemos estar certos que Ele está insistindo noutra área para que prescindamos de algo sobre o que não estamos focalizados nem queremos colocar na mesa das conversações e que, por essa razão, não nos queremos aperceber de Sua voz. Por essa razão, muitos afirmam que não ouvem a voz de Deus, pois, não querem ouvir nada sobre o assunto que Deus deseja falar ou a respeito do qual deseja manifestar-se.

  2490. Qualquer tipo de confusão em nosso ser ou cabeça não existe por mero acaso, nem porque não nos explicaram algo importante. Se vivemos bem com Deus, porque razão algo importante ou sem importância nos iria afligir se o mais importante já está connosco? A Bíblia diz-nos que a confusão ganha terreno sempre que pecamos contra Deus. São os confusos que pedem liderança, tal como um cego pediria para ser guiado. "Cobre-nos a nossa confusão, porque temos pecado contra o Senhor nosso Deus", Jer.3:25. A pessoa confusa é uma pessoa que se afastou de Deus ou então quer saber o que não deve ou não precisa saber. A pessoa confusa é aquela que sabe e não sabe. Mas ela não fica confusa porque não sabe. Antes, porque se afasta de Deus e deixa de ser guiada. "Deixaste o teu guia...".

  2491. Uma regra básica da Vida: quem é grande demais para um lugar pequeno ou para uma pequena tarefa, será convencido pelo orgulho sempre que faz uma tarefa grande ou importante. Noutras palavras, será pequeno demais para um lugar grande ou para uma grande tarefa.

  2492. Deus nunca fará uma colheita no meio de espinhos e de sarças, principalmente se a terra for boa. Então, em vez de reclamarmos que Deus não colhe os nossos frutos que nascem de Suas próprias sementes em boa terra, vamos antes deixar as preocupações e as ocupações desta vida e viver a vida de Deus solenemente, agora e depois, para sempre e continuamente. A palavra eterna quer dizer constantemente e continuamente também.

  2493. Todos os pássaros conseguem voar sempre que lhes falta uma pena ou duas. Os humanos é que parecem não querer andar quando têm uma tribulação ou outra. Mesmo com uma asa partida qualquer ave vive no chão - não precisa pensar em morrer sabendo que vai sarar e sabendo que a sua comida encontra-se no chão.

  2494. Admiradores são hipócritas. Dependendo do que admiram, por norma, têm interesses próprios e, por essa razão, admiram. Quem admira e louva Paulo ou outro servo de Deus, com certeza têm-no em tão alta estima que acha que não terá como viver da mesma forma. Ora pois, não será isto uma maneira de escapar, de não se viver o mesmo tipo de vida? Todas as pessoas que se ficaram pela admiração dos servos de Deus, ou ficaram pelo caminho ou não sabem e não entendem que já estão fora do caminho. E a verdade é que não honram esses servos de Deus com suas palavras lisonjeiras.

  2495. Homossexualismo, tal como outros pecados, é um barco à deriva o qual acha que tem rumo certo. Na verdade, é uma pessoa entregue à falta de sabedoria, à falta de vida, à falta de tudo aquilo que acha que tem. Foi entregue. Uma pessoa à deriva pode ir para um lado ou para o outro. É como uma folha seca no chão e, para onde o vento soprar, para aí vai. Os pecadores (principalmente os homossexuais), são sempre pessoas entregues a eles próprios, os quais acham que comandam os seus destinos quando são seus destinos que comandam a eles. Só que os seus ventos afastam-nos cada vez mais de Deus e de verdadeira Vida, são incertos e modificam a sua direcção constantemente. Mesmo assim, continuam achando que mantêm rumo certo e a direcção correcta. Pecador só tem uma coisa em mente: destruir a sua vida antes que ela seja destruída por Deus, pois, todos sabem que a morte se aproxima.

  2496. Para crermos na ressurreição, devemos ser ressurrectos. Nós temos de ressurgir da vida de pecado, da desmotivação, da repreensão e de muitas outras coisas que nos matam. Só um ressurrecto pode crer na ressurreição.

  2497. Muitas pessoas procuram instintivamente manter-se limpas de pecado julgando esse pecado. Mas, quem o julga teme cair naquilo que sabe que deseja e que, de algum modo, ainda lhe é familiar. Quem julga o pecado com o intuito de abster-se dele ainda não sabe o que é a vitória de Cristo.

  2498. As provas que duram muito tempo são mais extenuantes que uma enorme provação que nos testa por breves momentos. Tenhamos aquele cuidado de sair vencedores de todas as provas. E ser vencedor significa mantermo-nos em Cristo até ao fim e não vencermos os obstáculos que não conseguimos vencer. Teremos apenas de nos manter fiéis até ao fim da prova, até Cristo levantar aquilo que não nos devemos atrever a questionar com um espírito critico, o qual duvida do carácter de Deus. Vencer é permanecer em Cristo e não propriamente vencer a prova.

  2499. Quando uma oração não é ouvida, as pessoas desistem de todas as outras e, por vezes, até de seguir o caminho de Deus e de viver com Ele. Desistem até das orações que são ouvidas. Mas, porque os pecadores são reais e existem, deveríamos pensar que, apesar de todas as orações precisarem de receber resposta concreta, um pecador deve sentir-se motivado quando uma oração não é ouvida e não desmotivado. Deve sentir que pode achar os defeitos nas orações ou em si próprio e pode descobrir o que impede as suas orações para ser salvo dessas coisas para que suas orações venham a ser todas ouvidas, pois, essa é a promessa de Jesus fez, isto é, que tudo que Lhe pedirmos Ele atenderá. E Ele não mente prometendo, João 15:7.

  2500. Existem preguiçosos que se atarefam muito tendo um coração que é preguiçoso dentro deles e as suas tarefas devem-se a momentos das suas inconstâncias - ora sendo, ora não sendo. Por outro lado, existem pessoas que não são preguiçosas e que se acham em momentos de descontracção porque têm tudo feito a tempo. Por essa razão, existem horas quando um preguiçoso parece ser trabalhador; e existem momentos quando um trabalhador deixa os outros pensando que não faz nada. 

  2501. A tentação faz-nos conhecer os nossos limites e limitações e a falta dela faz-nos desconhecê-los. As dificuldades fazem-nos conhecer as nossas incapacidades e limitações. Por essa razão, apenas podemos viver para Deus e através d'Ele, pois, ali seremos mais que vencedores em todos os aspectos: até nas vitórias simples contra qualquer tipo de pecado.

  2502. Nem sempre o mal vem por bem, como nem sempre o bem vem por bem. O mal pode vir por mal ou por bem, como o bem pode ser um anestesiante para as pessoas virem a ser julgadas no final, Sal 73. O mal que nos acontece pode, também, ser algo que nos pode cegar para o facto de estarmos em vias dum final glorioso e feliz. No entanto, tudo que conta é a nossa comunhão actual e actualizada com Deus. Se ela existir hoje, a eternidade com Ele também existirá porque Deus é e será sempre o mesmo. Tudo depende se Deus está connosco pelo bem e pelo mal que passamos, pois estar no bem sem Deus pode ser uma das vivências mais enganosas que nos pode ocorrer. 

  2503. A ansiedade ou a preguiça são pecados tão graves quanto o adultério ou outro. Porém, na prática são bem mais perigosos, pois a ansiedade é algo que, por vezes, o mundo tem como uma coisa normal e, por vezes, até a têm como um direito. O adultério não é socialmente bem visto e isso ajuda a consciència. Até existem pessoas que acham que ansiedade é uma virtude. E, para Deus, todos os pecados são iguais. Tenha extrema cautela com aqueles pecados que você não considera como sendo pecados graves.

  2504. Ninguém conhecerá a Vida de Deus sem ser por Jesus Cristo, como ninguém se conhecerá a ele próprio sem ser por Jesus Cristo.

  2505. Andando perto de Deus, podemos até andar no meio do perigo porque andar com Deus não nos livra do perigo, mas, livra-nos de sermos engolidos tanto por suas realidades como por suas palavras que nos amedrontam sem fundamento. Andar com Deus acalma o nosso coração porque a nossa segurança é real, seja perto ou longe do perigo. Ande com Deus e remova tudo que pode separar d'Ele.

  2506. Quem é tentado a ter sexo antes do casamento (caindo na tentação ou não) significa que pode ser tentado a não ter sexo depois de casar-se, pois o diabo tenta sempre a favor do pecado.

  2507. Deus nunca permitirá qualquer tipo de arrogância em nós, qualquer quantidade de mau-feitio - nem contra o diabo!

  2508. O primeiro instinto de Adão e Eva após o pecado foi esconder. Foi assim que o pecado entrou no mundo, ensinando-nos a ter vergonha. E "eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", João 1:29. Por isso, a primeira reacção que Cristo pede de nós ao virmos a Ele, é o oposto: expor e colocar na luz. E se permanecermos assim, na luz, permaneceremos em Cristo facilmente porque Ele próprio nos assegura.

  2509. O maior perigo para um barco, é a própria água a quem deve a sua existência. Sem água, nunca haveria barcos. Sem pecado nunca haveria salvação. Mas, essa mesma água torna-se fatal quando entra para dentro do barco. Enquanto a água permanecer do lado de fora, nenhum barco se afundará. Do mesmo modo, podemos afirmar que, enquanto todo tipo de pecado permanecer do lado de fora dos nossos corações, nunca afundaremos.

  2510. O sangue de Jesus pode limpar-nos de todo pecado confessado, mas, nunca nos limpará duma desculpa ou auto-justificação. Sempre que nos defendemos estamos perdidos e não salvos.

  2511. O diabo fica indiferente em relação ao que as pessoas sabem e conhecem como pecado, pois a maioria das pessoas cai em pecado sabendo que é pecado o que fazem. Por isso, o saber que é pecado não os livrou de pecarem. Então, saber ou não saber nem sempre é determinante para o tipo de tentações que o diabo usa com mais ou menos eficácia contra o pecador ou contra o santo. Ter conhecimento dos nossos pecados é bom e pode ajudar bastante, mas, não nos salva. Na verdade, o conhecimento do pecado torna mais fácil pecar, a menos que tenhamos a realidade dum Salvador em nós. Ter conhecimento do Salvador é que salva do pecado do qual tomamos plena consciência. Você conhece esse Criador de forma real?

  2512. Eu prefiro pensar que é Deus quem me está a destruir do que pensar que é o diabo, porque se o diabo me destrói, significa que também estou abandonado por Deus. Se Deus me destrói, não estou abandonado por Ele. Também prefiro pensar (desde que seja verdade) que Deus me constrói e abençoa, do que receber uma fortuna da mão de Satanás. Também não quero acreditar que Deus me está abençoando quando não é verdade.

  2513. Não existe virtude em ir meramente contra nós próprios como se sacrifício significasse vida - o mérito e a bênção está em seguir a vida, em agarrar nela. A bênção é a vida e nada mais. Se nós não fossemos anti-vida e pró-pecado, nenhum mérito ou aplauso existiria em conseguirmos negarmo-nos a nós mesmos. Mas, negarmo-nos a nós mesmos não tem vida em si mesmo: é substancia oca por dentro. Quem se agarra a Cristo terá vida e para isso será preciso abandonar uma outra vida. Não existe virtude em nos negarmos para ficar sem vida. Cristo falou naquele que se nega por amor a Ele. Quem não se agarra a Cristo depois de negar a sua própria vida, é tolo, contenta-se e congratula-se com o nada do que fez, sem receber o aplauso e alegria dos céus, congratulando-se com o aplauso dos homens, incluindo o dele próprio. Ainda não conseguiu vida abandonando a sua própria? Jesus disse, "Quem aborrece a própria vida por amor a Mim" e não "quem aborrece a própria vida". Consegue ver a diferença?

  2514. Quer estar com seus problemas sem Deus, ou com Deus e sem seus problemas? A escolha é sua, pois os problemas existem sempre e Deus sempre existiu antes deles e acima deles. Faça a sua escolha hoje: ou abre mão dos problemas, ou abre mão de Deus. Não pode servir dois Senhores ao mesmo tempo. Um será seguramente espezinhado pelo outro.

  2515. 20 MALDIÇÕES QUE O HOMEM ALCANÇOU PARA ELE - CLIQUE AQUI PARA PODER LER

  2516. Existe diferença entre ser real e ser verdadeiro, mas, quando Cristo diz "Eu sou a Verdade" significa as duas coisas, pois sendo Cristo verdadeiro e não sendo real para nós, não se tornou nosso Salvador mesmo sendo o único Salvador. Cristo nunca se tornou real dentro da grande maioria dos crentes actuais. Ainda hoje se pode dizer dos que crêem: "Mas, o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos", João 2:24. E esses seguiam Cristo de cidade em cidade.

  2517. Amar o ensino não é a mesma coisa que amar quem se ensina, mas, para ensinarmos quem amamos, teremos de amar o ensino e desvendar os mistérios de como ensinar. "Aquele que salva uma alma, sábio é", Prov.11:30. Não se pode ganhar almas sem sermos realmente sábios. No entanto, para sermos bem apetrechados, perfeitos e sermos acompanhados por Cristo em nossa obra, devemos amar quem é ensinado. É por causa da pessoa que amamos o ensino e é por Deus que amamos a pessoa.

  2518. Aquelas coisas nas quais mais insistimos em ter razão serão precisamente as coisas sobre as quais não temos certezas nenhumas - apenas desejos que seja o que achamos. Quem tem a certeza das coisas nem pensa em discuti-las - assunto encerrado.

  2519. Sempre que as coisas se tornem mais escuras à nossa volta, devemos ter em mente que devemos andar mais devagar, falar menos, ouvir melhor, importunarmo-nos menos com aquilo que ainda nos pode perturbar, para podermos ter como seguir o mesmo caminho de sempre. O caminho em nada mudou só porque ficou escuro à nossa volta e, assim que o sol nascer, veremos melhor para andarmos bem melhor e mais rápido.

  2520. Se achamos que o amor de Deus é para sermos amados e não para amarmos através dele, estamos em relação ao amor como um homossexual está em relação ao sexo: pervertido e a viver no mundo que criou para ele próprio, querendo que outros o sigam sempre. Deus derrama o Seu amor em nós para amarmos com ele e não para sermos amados. Que ninguém se esqueça disso.

  2521. Muitos têm algo contra aqueles que desviam aviões - eu tenho algo forte contra aqueles que desviam a glória de Deus e a flectem para eles próprios ou para outros; contra aqueles que anseiam pelo amor de Deus para serem amados e não para que possam amar quando derramado em seus corações; contra aqueles que acham que Deus é fonte de bênção e não pessoa que merece consideração e amor pela pessoa que é, sem nada; contra aqueles que pedem dinheiro na igreja quando Jesus falou que "não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos", Mat.10:9 e ainda fazem negócio enriquecendo e dizendo que, dando, Deus dará para que possam ser eles a receber; tenho contra aqueles que acham que eles não precisam dar se a igreja não pede dinheiro, tendo resolvido não mais pedir ofertas tirando essa prática do esquema normal de um culto para tornar-se igreja pura.

  2522. Neste mundo, as pessoas tratam os bonecos como deveriam tratar os filhos e tratam os filhos como bonecos. Tratam a fé como falsidade e a falsidade como se fosse fé; a realidade como se fosse coisa feia, a verdade como mentira e a mentira como se duma verdade se tratasse. E o pior de tudo é que acham mal ir contra o rumo que o mundo tomou.

  2523. Quem não aceita uma correcção dum Deus justo, é porque se acha justo, ele próprio. Antes fosse!

  2524. Abrir mão das coisas nem sempre é sinal de estarmos a ser libertos, pois a raiz do mal acha-se em nosso interior e não no exterior. Muitos abrem exteriormente mão de muitas coisas para poderem manter a sua escravidão a eles próprios. A verdadeira libertação surge assim que o pecado é exterminado no homem interior.

  2525. Existem virgens que não são puras e existem puras que não são virgens. Depende de quando Jesus passou por suas vidas, pois as virgens devem ser puras também. Paulo diz: "... para vos apresentar como uma virgem pura", 2Cor.11:2. De que vale alguém ser virgem sem ser pura?

  2526. O pecado é como uma escadaria: desce-se o primeiro degrau, depois o segundo e depois uns outros tantos para, de seguida, começar-se a crer que é inevitável descer e bem mais fácil que subir.

  2527. Tudo que não é natural, é inconstante, seguramente. Tudo que não vem do coração, não está no coração. Tudo que se faz de bem sem ser de forma quase inconsciente, tem motivos dúbios e questionáveis. Por essa razão, Deus oferece-se para fornecer-nos um novo coração antes de poder corrigir os nossos caminhos.

  2528. As pessoas de extremos têm um problema com o assunto no qual são extremistas. A pessoa que se esforça para dar tudo, tem problema em dar; a pessoa que tem dificuldade em receber, tenta receber tudo pelo esforço; a pessoa que se obriga a ler a Bíblia e obriga os outros, têm dificuldades nesse aspecto - nada é natural e simples, tudo é inconstante nas pessoas que têm problemas em cumprir. Existe uma vida melhor que a vida de leis e obrigações. Nela tudo se cumpre de forma simples, natural e espontânea impulsionado pelo dever que dá enorme prazer. 

  2529. Temos de parar de desejar as coisas dos outros, mesmo quando os outros ou as coisas deles são imagens de nossa mente e não existem.

  2530. Porque temo o Lavrador de meu coração? Ele persegue uma colheita especial... Dói, mas a colheita será especial a seu tempo.

  2531. A insegurança instalou-se, regeu e buscou o meio de manter-se… insegura.

  2532. Como o doente crónico sente falta de sua dor; como o cego, depois de abrir seus olhos, acha-se diferente e numa vida onde não apalpa o caminho e não precisa ouvir os ruídos para andar; como o preocupado nunca abre mão de sua preocupação – pensando que só assim pode acrescentar ou diminuir em sua vida; do mesmo modo, a insegurança só quer ser insegura para achar que vive e está segura. O pecador quer sentir-se pecador para acreditar que obterá perdão, o santo tem de achar que é santo para achar que será aceite em Cristo. Mas, na verdade, quando Cristo entra e é real, nem santidade será sentida como algo a que nos devemos apegar (ainda que vivamos muito acima das expectativas) porque o Senhor Jesus tomou Seu devido lugar em nós. "Nem (...) a vida nos separará do amor que está em Cristo Jesus…"

  2533. Deus nunca nos pediu que tenhamos um grande coração, mas, que o sirvamos e amemos com todo ele, seja ele pequeno ou grande

  2534. Existe apenas uma pequena diferença entre o dia do Juízo e um avivamento real: é que, no avivamento, alguns ainda se podem converter, arrepender e reverter sua situação convertendo o seu coração num outro através do poder de Deus. Em tudo o resto as coisas processam-se da mesma maneira: tudo será manifesto, até os segredos do coração e ninguém vai poder esconder nada de ninguém, nem o que pensou e, muito menos, o que fez. E esse juízo de Deus começará sempre pelos líderes e só depois se estenderá para todos os outros. "Os pecadores de Sião se assombraram; o tremor apoderou-se dos ímpios. Quem dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? Quem dentre nós pode habitar com as labaredas eternas? Aquele que anda em justiça e fala com rectidão; aquele que rejeita o ganho da opressão; que sacode as mãos para não receber peitas; o que tapa os ouvidos para não ouvir falar do derramamento de sangue e fecha os olhos para não ver o mal", Is.33:14-15.

  2535. A preguiça é uma forma de teimosia. Ela arranja sempre algo em que ser teimosa, buscando sempre algo em que deliciar-se. Pode até fazer uma coisa mais difícil só para nunca ter de fazer a mais fácil. A preguiça pode fazer outra coisa para não ter de ler a Bíblia, como pode ler a Bíblia para não ter de fazer outra coisa. 

  2536. Se estou enfurecido, nunca será porque me fizeram mal e antes porque meu coração é o que é ou está no estado em que está. Se tenho medo, não será porque enfrento um gigante ou porque Deus não está comigo e antes porque meu coração é temeroso e teima em sê-lo. Se sou impaciente não será porque alguém se atrasa, mesmo que se atrase, mas, porque misturo as coisas de ontem com as de hoje e com as de amanhã facilmente. É o coração que é assim, viciado em ser o que é. Temos de levar Jesus a sério quando Ele afirma que "O homem bom, do seu bom tesouro (coração) tira coisas boas e o homem mau do mau tesouro tira coisas más", Mat.12:35.

  2537. Aqueles que não saem dos seus barcos, nunca experimentarão o que será andar sobre água, porque andar sobre água requer sempre o primeiro passo.

  2538. Quando nos amarguramos contra os outros ou contra Deus, será porque somos amargurados de natureza e não porque nos fizeram algo ou porque não nos fizeram conforme desejaríamos nos fosse feito. É o tipo de coração o responsável pela amargura.

  2539. Se perdeste o plano de Deus para tua vida, é porque perdeste Deus da tua vida. Se achares Deus em tua vida, acharás esse plano - mesmo que seja pela primeira vez.

  2540. Quando orares, lembra que Deus ouve quem ora e não a oração. "A ele ouvirei...", Jó 42:8. Deus ouvia Moisés e não propriamente a oração de Moisés, tal como ouviria Elias, Ezequiel ou outro de seus servos fiéis – fosse qual fosse a oração. Ele prometeu ouvir tudo que Lhe pedíssemos "porque o Senhor conhece o caminho dos justos", Sal.1:6. Se Deus não andar contigo em teu caminho, também não ouvirá nenhuma das tuas orações, Prov.3:5,6.

  2541. Aqueles que gritam e fazem barulho orando, falam a um Deus distante e as suas orações os condenarão, simplesmente. Ninguém grita para uma pessoa que se encontra pertinho.

  2542. Nós não lemos a Palavra de Deus pela informação que ela contém, mas, pela transformação que ela opera.

  2543. Se alguém descobrisse a cura para o câncer ou outra doença, toda a gente esperaria que essa pessoa espalhasse a noticia e divulgasse a cura. Descobri a cura para o pecado e agora é só espalhar a noticia de Jesus Cristo de forma a todos serem curados dos seus pecados.

  2544. Os pecadores culpam outros de suas próprias culpas e ainda se acham honestos e honestamente justificados nessa prática. Acabe achou que Elias era o perturbador de Israel e não seus próprio pecados (1 Reis 18); Saúl achou que David era a causa dos seus males; os fariseus achavam que Jesus era perturbador e não eles, sendo que Jesus trazia a Sua paz com Ele. Temos de estar preparados para isso, para vivermos com isso e saber lidar com situações que, em muitos casos, podem ser extremamente acusadoras.

  2545. O meu sonho era ser amigo de Deus. Sabendo e experimentando que Ele já é meu amigo, tudo se tornou bem mais simples. Resta, agora, eu ser Seu amigo.

  2546. Quem se molha e não consegue escapar da chuva e do frio, acredita mais facilmente que houve um dilúvio; quem se queima e testa a fúria do fogo facilmente crê na existência do inferno; quem se casa por amor a Deus e se abençoa com a presença d'Ele em seu matrimónio, facilmente crê que existe o céu; quem se livra dum único pecado logo ali em vez de confundir-se tentando deixar todos meio vencidos, acredita na santidade e na integridade. Por essa razão, nunca podemos querer escapar de ser obedientes e viventes nas coisas pequenas que nos fazem ver e acreditar nas grandes que Deus tem para nós, os que Lhe somos fiéis.

  2547. "Guardar rancor contra pessoas seria como beber veneno e esperar que sejam os outros a morrer". Isto foi o que um homem de Deus afirmou e estou plenamente de acordo com ele.

  2548. Muita gente, para ver melhor, esfrega tanto os olhos que fica com a visão nublada.

  2549. Qualquer profeta que possa ser preciso e eficiente em tudo quanto vê, tanto adiante quanto atrás de si, tanto de bom quanto de mau, tanto de Deus como sobre os homens, é sempre homem que deixou para trás o desejo de estar sempre certo, o desejo de saber das coisas que o medo provoca em nós, a curiosidade que não leva os interesses de Deus em conta. Ele, para ser preciso, não busca mais o aplauso (nem de si próprio busca a congratulação). A precisão de qualquer profeta manifesta a morte que ele já experimentou, sendo conforme Cristo no tipo de morte que morreu.

  2550. Quem se esforça para obedecer a Deus até pode ser obediente, mas, se para tal pessoa é um esforço ser obediente, ser-lhe-á fácil ser desobediente - por essa razão se esforça no que está certo. Embora obedeça, não pode ser considerada como uma pessoa que possui um coração obediente, pois, obedece porque se esforça.

  2551. O medo é uma teimosia e um medroso é um teimoso persistente e compulsivo.

  2552. Há quem tenha medo do esforço pensando que irá pecar e há quem tenha medo de não esforçar-se por medo de transgredir. No entanto, não existe ser mais esforçado do que aquele que consegue descansar em Deus. Ele é livre para esforçar-se ao máximo das suas capacidades libertas por Cristo e conquanto seja para Cristo.

  2553. A solidão pode afectar-nos de qualquer jeito, mas, existem duas razões para nos sentirmos muito sós, as quais são sempre ignoradas: 1.Deus está connosco e nós não somos santos; 2.Deus não está connosco e tentamos ser santos.

  2554. Existe um monstro em nós que quer tudo para ele, pede companhia e, por causa dele, dá para poder receber, é simpático para não parecer mal e para não serem antipáticos com ele. Mas, é necessário darmos, estarmos em comunhão com os outros, sermos afáveis e efervescentes diante de todos, anjos incluído. Não podemos, no entanto, alimentar este monstro que se pode alimentar da bondade dos homens e de Deus e também pode nutrir-se através da aparência das coisas.

  2555. Qualquer crente morno tem uma vida mais difícil de suportar que uma pessoa do mundo que nunca ouviu falar de Deus. Isso ocorre apenas porque ele tenta servir dois mestres exigentes ao mesmo tempo, os quais exigem dele coisas opostas e distintas porque se opõem mutuamente.

  2556. O entusiasmo do primeiro dia de escola faz milagres no semblante dos alunos, estudantes e até mesmo pais, mães, avós e tios. Mas, sabemos que esse entusiasmo nunca dura até ao fim de qualquer carreira escolar. Precisamos de afinco, determinação, disciplina e carinho pelo que está adiante, junto com outros objectivos que não sejam apenas aquela alegria de entrar na escola. O mesmo se poderá dizer da vida com Deus. Por isso, João diz: "Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai", 1João 2:24. E Cristo também nos cita um mau exemplo de igreja: "Tens perseverança e por amor do meu nome sofreste e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor...", Apoc.2:3-4

  2557. Muitos temem não poder chegar ao fim de sua longa caminhada amando Deus ainda de forma pura. Mas, as hipóteses de chegarmos puros e sólidos no fim de nosso caminho são literalmente dependentes de vivermos só o dia de hoje agora dependendo integralmente de Jesus e se nossa mente não se extravia para o dia de amanhã por algum motivo.

  2558. Um excesso de luz cria (destaca) as trevas à nossa volta através do contraste - ninguém terá como evitar que isso aconteça. Não devemos acusar a luz de destacar as trevas.

  2559. Se é verdade que existe um tempo para tudo debaixo do sol, temos de ter a inteira certeza que hoje é tempo de se fazer algo que ontem seria errado fazer e que hoje deve ser feito.

  2560. Para uma pessoa que ande com as ideias trocadas, qualquer um que pense da maneira certa é um torto. Para um torto, o direito está mal; para um anormal, o normal é feio; para o ódio, o amor não ama ninguém; para quem agrada gente, os que agradam Deus são pessoas desagradáveis; para o rancor, a paz é loucura; para o pecador, uma limpeza de consciência que seja genuína não será a sua melhor ambição e pensará que não lhe resolverá nada, acreditando nas coisas de um jeito que lhe convém para manter-se sujo e fora da humilhação da Cruz. Não admira que a principal mensagem de Jesus a este mundo de loucos seja que creiam na verdade.

  2561. Devido às doutrinas de prosperidade que até nem são tão actuais assim, todos acabarão achando que devemos trabalhar e operar através de Deus por causa da obra que estamos fazendo. Por muito que essa mesma obra necessite sair perfeita das nossas mãos e motivação, por muito bem que a possamos e devamos empreender, devemos levar em conta que a obra é e será sempre instrumental e não Deus. Se fazemos com Deus e por Deus, aprendemos a conviver com Ele como Ele é. O trabalho ensina-nos a conviver com Deus e o trabalho não é o objectivo, mas, apenas o meio de nos ensinar a conviver com Jesus da maneira que Ele é.

  2562. O coração que se aquieta facilmente na presença de Deus, é coração que se inquieta na Sua ausência. Todo coração que se aquieta na ausência de Deus, inquietar-se-á com a Sua presença.

  2563. Longe de Deus podemos pensar que vamos ter tudo que vamos perder, enquanto que perto de Deus poderemos achar que vamos perder tudo que iremos obter de uma forma ou de outra.

  2564. Quem anda bem com Deus nunca terá como adiantar-se a Ele e nem atrasar-se. Por muito que se apresse quem é fiel, o seu caminhar será decidido. Por essa razão, não devemos temer o trabalho de empreender e consagrar ao mesmo tempo, pois, se realmente conseguimos fazer tudo através de Deus, nunca faremos nada sem Ele.

  2565. Se tens pecado por limpar em tua vida – mesmo que seja só um – certifica-te que crês que Deus nunca te irá ouvir sobre algo diferente desse pecado: isso é fé. Se limpares tua vida crê no inverso - isso também é fé. Fé é crer que Deus não me ouvirá quanto será crer que Deus me ouvirá.

  2566. A inactividade e a falta de decisões, muitas vezes, revelam a existência de uma grande impaciência. Nem sempre o que parece calmo é deveras paciente.

  2567. Se um amigo íntimo recusar-te ajuda ou se um inimigo ofender-te, terás a mesma tentação de pensar mal de alguém.

  2568. Qualquer apressado é sempre pessoa que se atrasa também - ele terá as faculdades para atrasar-se porque é apressado, como também terá a faculdade de se apressar porque se atrasou. Para um apressado, a pressa e o atraso tornam tudo uma bola de neve que vai aumentando no decorrer com o dia.

  2569. Ouvir Deus implica Deus ouvir-me também. Uma coisa é paralela à outra. Eu ouço Deus na medida que Ele me ouve e vice-versa. 

  2570. Daniel propôs coisas em seu coração, não fazendo voto e cumpriu-as. Paulo propôs-se apenas "pregar Cristo e este crucificado" aos Coríntios. Podemos fazer votos também, como Jacó fez, como Paulo fez, entre outros. Tanto em uma coisa como na outra devemos ser hábeis e expeditos a cumprir, desde que seja a coisa mais acertada e esteja de acordo com a Palavra de Deus - seja com votos ou sem votos.

  2571. Deus dá-nos Vida para cumprirmos. Os enganados, de um lado, acham que cumprimos para ter Vida e, do outro lado, acham que acham Vida para nunca terem de cumprir.

  2572. A Bíblia não nos diz que existe um caminho que logo nos parece ser errado e que nos levará à morte – pelo contrário, afirma que "há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele conduz à morte", Prov.16:25; 14:12.

  2573. As pessoas crerão facilmente na mentira como verdade e na verdade como mentira caso o seu coração seja irreal e sonhador. O mesmo coração que não pode crer na verdade é coração que irá crer na mentira e vice-versa.

  2574. Não posso considerar como bênção o dinheiro que os pastores pedem na igreja quando usam o tempo todo para falar das suas dificuldades. As pessoas dão porque ouviram alguém mendigando e não porque as necessidades de quem prega hajam sido colocadas em ordem diante de Deus - e somente diante d'Ele.

  2575. Deveríamos estar tão envolvidos segurando nossa vida em Deus quanto uma Senhora se envolve a segurar o seu vestido quando o vento quer fazer das suas. Não vemos a Senhora tentar segurar o vento, mas, segurar seu vestido - segurar aquilo que pode e tem. Do mesmo modo, os crentes deveriam segurar o que têm em sua vida em vez de tentarem parar o diabo. "Mas o que tendes, retende-o até que eu venha", Apoc.2:25.

  2576. Será que a luta contra o pecado é coisa muito complicada para si ainda? A serpente ainda é seu inimigo difícil? Isso deve-se ao facto de Jesus não ser facilmente seu amigo. Se Cristo for facilmente o seu amigo, será fácil vencer o diabo. Se Jesus for um amigo difícil para si, o diabo dificilmente será vencido. Trabalhe para Jesus ser seu melhor amigo, muito íntimo e próximo.

  2577. Não acreditar em mentiras é fé. Atreva-se a ser descrente quando as mentiras se aproximam para tentar. Quem descrê da mentira, facilmente consegue crer na verdade. 

  2578. Tanto quanto necessitamos de convencer as pessoas através de palavras, por vezes precisamos convencê-las de sua perdição ou salvação através dos nossos silêncios.

  2579. Fazer uma ideia de Deus, viver conforme uma imagem de Deus dentro de nós e por nós apadrinhada, é idolatria. Deus, não sendo real e vivente em nós, não está connosco e não importa o que dizemos acerca d'Ele ou o que cremos – de nada nos valerá. "Filhinhos, livrai-vos dos ídolos", 1João 5:21. É estranho João falar assim, a FILHINHOS (pessoas que não adoram ídolos sequer) dizendo para se livrarem deles de sua mente.

  2580. A bondade pode vir a ser descrita por palavras belas sem ser vivida; e, por outro lado, as suas palavras podem parecer rudes, inseguras e duras, mas, o seu coração pode estar envolto em bondade. Uma coisa é parecer rude e outra é ser rude. As pessoas que ouvem aquilo que não gostam, ainda que seja a bondade a falar, acham rudes as palavras que ouvem.

  2581. Em vez de cessar de orar por desmotivação, em vez de desistir antes de ser ouvido por Deus, cesse do pecado e Deus o ouvirá sem cessar.

  2582. Se o diabousa o que pertence ao homem para o poder tornar pecador e obstinado, salvação só pode significar sermos salvos de nós próprios e do pecado.

  2583. Quando falta o dinheiro às pessoas, elas erguem-se contra Deus e ficam desapontadas com Ele. Mas, assim que têm dinheiro, saem para adorar e servir outros deuses, incluído a eles próprios e a Mammon. Porque não reclamam contra Mammon, o deus do dinheiro, ou com eles mesmos, quando lhes falta dinheiro se é a eles que servem?

  2584. Nós achamos que resistir a Deus é ser diabólico em nosso falar, na nossa atitude aparente. Mas, na verdade, lemos que resistir a Deus também é imitá-Lo e deixar a sinceridade.

  2585. Sempre que a vida te pregar uma partida e caíres sobre os teus joelhos, fica conforme estás e segue orando… já te encontras na posição certa.

  2586. Toda a árvore de hoje é a pequenina semente de ontem.

  2587. Rugas não magoam. As senhoras que as tentam evitar envolvem-se na luta errada.

  2588. O teu desapontamento pode muito bem ser a marcação especial de Deus para ti, onde Ele te dará o bem. O teu apontamento, pode ser o desapontamento de Deus. Será bem melhor sincronizarmos os nossos corações com aquilo que Deus quer de nós.

  2589. Quando falamos muito, é muito difícil ouvir e discernir tudo o que Deus nos quer dizer.

  2590. A velhice é como uma conta bancária: só sacamos aquilo que depositamos durante toda a nossa vida. 

  2591. Para Deus falar-lhe do jeito que tem de cumprir, necessita entender bem Deus do jeito que Ele é e ouvindo do jeito que Ele fala.

  2592. Um espírito independentista é sempre um espírito que busca a amizade dos outros dando a entender que não o faz. Quem não busca nada para si noutros e antes busca em si para outros, também se livrará de seu espírito independentista para sempre.

  2593. Deus crucifica sem dó a todo aquele a quem dará uma ressurreição sem igual.

  2594. Se o Diabo faz uso do próprio homem para fazê-lo tropeçar, isso só significa que a salvação é o homem salvar-se dele próprio, submetendo-se a Deus. O domínio de todo pecado é o próprio homem e não o diabo. O diabo inspira o pecado e tenta, mas, é o homem quem domina sobre o seu pecado. "...Sobre ele (teu pecado) dominarás...", Gen.4:7.

  2595. A Bíblia não nos diz que o que está errado nos parecerá estar errado. Antes diz-nos que, tudo que está errado, parecerá certo e será tido como certo e bom. "Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele conduz à morte", Prov.16:25; 14:12. O fruto da árvore do conhecimento do mal e do bem foi o que destruiu o mundo e, no entanto, pareceram aprazíveis a Eva.

  2596. As pessoas erradas de coração facilmente acreditarão que a mentira é verdade e que a verdade é mentira. Leve o seu coração em conta sempre que desejar acreditar em algo ou duvidar de alguma coisa.

  2597. Não posso ver como bênção as pessoas receberem dinheiro sempre que pedem dinheiro na igreja. Ouro e prata nem sempre serão sinónimos de bênção e da presença de Deus, Sal.73.

  2598. Qualquer homem rico será testado por suas riquezas havendo vindo a Deus, quanto um homem pobre será testado e colocado na luz através da sua pobreza - ou a de outros.

  2599. A frieza faz o pecado adormecido hibernar. Por essa razão, os pecadores acham-se sempre bons e santos. Mas, vindo o calor da luz de Deus, todo dorminhoco se questiona porque razão já não está dormindo. A luz de Deus aborrece o pecador extremamente.

  2600. Existem os que subsistem combatendo contra a derrota continuamente – por isso lamentam-se. Mas, existem os que vivem duma Vida sem igual e acham-se vitoriosos continuamente sem saber como. Existem os que imitam essa Vida também e acabam caindo para sempre, agora ou depois.

  2601. O caminho do pecado, além de nos tornar cegos ao ponto de só vermos a nossa coisa, não tem saída. Estamos no escuro e andando num beco sem saída.

  2602. Pecado é como as abelhas: se vais contra elas, mexes com elas; se mexes a favor delas, mexes com elas; se lhes fazes festinhas, elas picam. O pecado funciona do mesmo jeito. Qualquer coisa que se faça em relação ao pecado, ele existe apenas para destruir e ferir a nossa consciência e bem-estar actual e eterno. Não se pode tocar no pecado seja por que motivo for.

  2603. As coisas de Deus, não são mágicas - são verdadeiras. Por isso, não reaja diante delas como se fossem fora do comum sob pena de ofender a sua alma e aborrecer Deus.

  2604. A maioria das pessoas, hoje, vai à igreja porque não se quer arranjar com Deus. Ir ao culto tornou-se substituto de arranjar-se com Deus e com o próximo, de confessar todos os pecados, de restituir honra, bens roubados e de muitas outras coisas.

  2605. Toda a sugestão em forma de voz falsa vem porque temos algo em nosso coração que deseja ouvir certas respostas, ou se acha na necessidade de as ouvir. Uma voz falsa precisa que haja um coração que a ouça ou que a busque. Que Deus nos possa livrar de tal coração e de tais respostas, pois, mesmo que a sugestão seja igual à resposta, devemos bani-la de perto de nós. Existe muita sugestão igual à resposta que iremos ter, mas, que não é (ainda) a voz de Deus. Existem sugestões que são diferentes da voz de Deus também, que são erros grosseiros. Tem de tudo no engano, até a semelhança da verdade. O erro busca sempre ser o mais preciso que pode, pois, o erro é ouvir quem engana e não apenas o que ele diz, isto é, ter um coração que se entende com o do enganador. O erro humano é erro de espírito e não apenas de conduta ou de palavra - é erro do ser que ouve outro tipo de ser igualmente enganado ou enganador. O erro parte do coração. A ovelha ouve o seu pastor, os bodes ouvem o seu. O que somos determinara o tipo de ser que ouvimos. Que Deus nos dê sabedoria a todos sobre isto. Ámen.

  2606. Não agradar a pessoas só machuca o próprio. Quem não agrada pessoas, não é pessoa desagradável. Quem agrada pessoas busca ser agradado e tem, por certo, a capacidade de se tornar desagradável se não receber a compensação por haver agradado.

  2607. Uma vida pode ser cheia sem preencher ninguém.

  2608. Quem é cumpridor sob lei, é fiel no quanto faz; mas, quem é cumpridor na liberdade é fiel ao que é.

  2609. Quem agrada gente torna-se pessoa que pode ser manipulada pelos outros, pelos maus e aproveitadores também.

  2610. Se alguém olhar para trás, tem algo preso nele - o problema principal está no coração e não no que ficou para trás.

  2611. A insegurança só se sente segura quando está insegura; o medo só se sente bem temendo; a incredulidade só se sente útil descrendo razões que não convencem Deus; a raiva só se sente bem agredindo; a impaciência só se acha bem molestando. Vamos ter cuidado com o bem-estar que achamos que devemos usufruir, pois nem todo milho é útil para fazer pipoca. Bem-estar nem sempre é sinónimo de paz que permanece para sempre.

  2612. Abençoada tempestade é aquela que nos leva a ser santos diante de Deus e homens! Abençoadas abelhas serão aquelas que nos perseguem sob pena de sofrermos e morrermos e assim nos levam a refugiar dentro do paraíso e a fecharmos as portas para elas nunca entrarem – ou será que é para nunca mais sairmos? Abençoada a tempestade que nos leva a embater na Rocha certa! Abençoada a gralha que, de tanto falar, nos leva a chorar no Regaço do Nosso Pai! Abençoado o fim de caminho que nos leva a buscar um novo começo em Jesus! Abençoada a má-língua que nos leva a ser verdadeiros e a prometer que nós mesmos não faremos o mesmo!

  2613. Sempre que vou para onde vou dentro da vontade de Deus, seja por pouco ou por muito, estou dentro duma onda de salvação, estou numa missão de salvamentos.

  2614. Tudo que começa sem a aprovação de Deus, termina inevitavelmente sem a aprovação do próprio. Muito do que pode começar sem a aprovação do próprio, pode sempre terminar sob a bênção de Deus. Mas, se nosso coração for sempre igual ao de Deus, desde o início até ao fim, esta questão já não se coloca dessa maneira. Vamos, então, ser um com Cristo como Ele foi um com o Pai.

  2615. Todos os que se mantêm limpos chegam ao fim mesmo que passem por muitas dúvidas. Todos os que se deixam poluir não chegam ao fim mesmo que passem por muitas certezas. Isto acontece simplesmente porque a fé que nos deixa vencer todo o mundo, obtém-se e não é coisa própria. É fruto dum relacionamento. Quem está perto de Deus, tem-na – quem não está, tem presunção e não é fé. "Alcancemos fé igualmente preciosa", 2Ped.1:1.

  2616. Quem teme entrar na vontade de Deus, também teme sair da sua própria. Se tens medo de te aventurar para dentro da vontade de Deus, também tens medo de sair da tua própria vontade.

  2617. A nova vida não cansa. Por isso, quem se sente cansado e abatido abasteceu-se nas fontes da vida velha, dum jeito ou de outro. Ou, então, só não se abasteceu na Fonte como deveria, quando deveria ou não o fez de forma exclusiva.

  2618. Fraco não é quem está debilitado e enfermo - fraco é quem vive e convive com pecado a cada dia.

  2619. O diploma que eu quero receber é este: "Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel", Mat.25:21. Tudo o resto não conta. 

  2620. A aparência será sempre o oposto da transparência. A aparência encobre e é o oposto de andar na luz onde tudo é claro e revelado.

  2621. João afirma que "o Espírito é a verdade" (1João 5:7) e não apenas que o Espírito é verdadeiro: Ele é a verdade em si, sendo dentro de nós tudo que Ele é se obtivermos de toda a Sua plenitude já aqui na terra. "...Em si mesmo tem o testemunho...", 1João 5:10. E é bom que o tenha mesmo, antes de testemunhar. Se não o tiver você passará por mentiroso aos olhos dos homens, pois, prega algo que não funciona em sua vida pessoal e só os outros notam isso. Não busquemos passar por verdadeiros, então. Busquemos, isso sim, ser a verdade: "Eu em vós, vós em Mim ...". Busquemos isso de todo coração.

  2622. Se a fé vem pelo ouvir, a dúvida vem pelo desobedecer e por não se ter ouvido, ou não haver ouvido como se devia.

  2623. Quem vê os erros tem sempre um bom entendimento sobre as coisas que vê, quiçá experiência própria mesmo. Só tem como ajudar o seu próximo e não usar os erros dos outros para encobrir os seus, seja acusando-os ou não.

  2624. É impossível alguém abusar de um homem que vive perto de Deus, pois ele oferece sempre acima do que lhe pedimos.

  2625. O medo não protege - ele ameaça. O medo faz sair dum esconderijo seguro.

  2626. Quem quer aplicar nos outros aquilo que aprende de Deus, provavelmente ainda não está convertido, independentemente daquilo que acredite a respeito de si próprio.

  2627. Na parábola do semeador, Jesus disse que o que pode tornar a Palavra infrutífera, não é o diabo com seu poder, não é o homem que opera contra mim, mas, somente as ocupações com o mundo e todos os cuidados consequentes dessas ocupações terrenas. Se estiver bem com Deus, a oposição do diabo, a guerra do homem, a fome ou qualquer outra coisa serão como uma brisa sobre um fogo que ninguém pode extinguir: simplesmente avivará a sua chama. Mas, se o mundo estiver ocupando meu coração com preocupações, com os seus sonhos e prazeres, não estou bem com Deus e nem preciso de mais nada para sufocar a Palavra dentro de mim. O diabo não é o responsável pelo sufoco da Palavra de Deus. Os cuidados deste mundo é que são. Cuide-se e deixe de culpar o diabo por tudo e por nada.

  2628. Acima de obter uma coroa dum mártir por Cristo, quero obter um coração igual ao de Cristo.

  2629. "Eva não foi tirada da cabeça de Adão – ela foi feita na cabeça de Deus para Adão; Eva não foi tirada do pé de Adão – ela foi tirada da mão de Deus. Deus, então, tirou algo do lado de Adão para simbolizar onde ela seria colocada: ao lado dele, colada perto do seu coração. Se ela tivesse sido extraída do topo da cabeça de Adão, ela estaria acima dele; se fosse tirada do pé dele, seria pisada por ele. Mas, Deus resolveu que ela seria uma companheira à medida de sua obra – aquela obra que a Adão pertence indirectamente, pois, na verdade, é obra que foi Deus quem deu a fazer. A partir de hoje, essa obra pertence aos dois e do lado de Adão ela é colocada até que seja Deus a separar aquilo que foi Ele quem uniu para sempre" (Pensamento de Mathew Henry alterado).

  2630. Não podemos passar a linha dos cuidados de Deus - se Deus não cuida, não vá; se Deus cuida, não fique, pois a Sua linha movimenta-se.

  2631. Satanás só usa aquilo que o homem tem (e mais nada), para fazer do homem aquilo que ele não é como criação.

  2632. Uma Lista de teimosias - CLIQUE aqui para ler

  2633. Sempre que as coisas da Bíblia se tornam difíceis de entender e praticar, existe uma explicação: a pessoa é a culpada. Ou a luz não passa devido ao pecado que separa de Deus e/ou dos homens, ou a pessoa desejaria poder entender outra coisa que a verdade contraria, isto é, preferiria que a Bíblia estivesse dizendo outra coisa. Se um Historiador não entende nada de matemática, a culpa é da matemática? E se é um Matemático que não entende a matemática? Por essa razão lemos assim: "… de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir", Heb.5:11. De que maneira você se tornou tardio em ouvir? Ou prefere acreditar que já sabe tudo?

  2634. Não existe vida nesta terra, não existe ser humano que não esteja em fase terminal. Em vez de nos lamentarmos e termos dó de quem está morrendo, devemos prestar atenção ao que Jesus quis dizer com as palavras seguintes quando estava aparentemente condenado e em fase terminal: "Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos", Luc.23:28.

  2635. Falar a verdade quando somos verdadeiros não machuca ninguém em sua essência - fere, apenas, o pecado em sua leviandade. Falar a verdade sendo verdadeiros nunca será o mesmo que falarmos a verdade sem sermos verdadeiros. "E não é assim que fazem bem as minhas palavras ao que anda rectamente?",Miq.2:7.

  2636. "Orai sem cessar" significa apenas "orar sem desistir até alcançar" aquelas coisas que Deus quer de nós através das que queremos de Deus. Continuar a orar depois de alcançar pode ser visto como a linguagem de um hipócrita incrédulo que não leva as respostas de Deus a sério.

  2637. O medo de perder torna-nos egoístas, tanto quanto o medo de ganhar.

  2638. Apodrecimento espiritual começa assim que se pára de crescer espiritualmente.

  2639. Religioso está em relação a Deus, como o homossexual está em relação ao casamento.

  2640. Sempre que tua comunhão com Deus é real, simples e verdadeira, cada defeito teu torna-se num efeito com repercussão, cada tendência para erro em ti será uma oportunidade para fazer o oposto e acertar através dos meios certos da graça. Escutem só quem fala, quem experimenta que isto é simplesmente verdade.

  2641. Arrependimento também é mudar a tua opinião sobre teu pecado, mudar tua opinião sobre tua vida, estar aberto a ver as coisas como realmente são, isto é, como Deus as vê e acreditar que existe solução. Por norma, as pessoas entram em desespero quando acreditam que não conseguem salvar-se.

  2642. Permite ser Jesus a tocar teu instrumento que tu muito estimas, isto é, teu coração e tua vida; deixa-o soprar nele de leve e não busques tempestades para achares que por elas seguirás em frente. "E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre", Is.32:17. "Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir... aquele que crer não se apresse", Is.28:12.

  2643. Se a fome por comida faz pessoas partirem e arrombarem paredes de pedra, deixem passar e não impeçam quem tem fome de almas e as rouba das garras do pecado.

  2644. Na corrida desta vida, quem é disciplinado e cheio de Deus em seu coração (de forma real e em toda a Sua plenitude), chegará sempre ao fim mais fresco, mais hábil e mais leve do que começou.

  2645. Nada que possas ter neste mundo te satisfará o desejo de ser preenchido e plenamente realizado, pois, a única coisa que pode encher teu vazio é a plenitude de Deus na ausência de todas essas coisas.

  2646. Porque o mundo do Senhor Jesus é invisível, usam-se de histórias, alegorias e parábolas para tentar descrevê-lo e implementá-lo: "O reino de Deus está dentro de vós e não vem com aparência exterior", Lucas 17:20,21", disse Jesus. Mas, a fantasia e a fantasia religiosa usa os mesmos métodos para impor-se e encarcerar quem se entrega a ela por inaptidão, por medo que sua realidade não lhe assegure vida, ou por hábito a uma forma de vida pouco real como refúgio dos medos e das inaptidões preguiçosas de cada qual. Mas, não será por essa razão que Jesus deixa de ser real e, também, não será por isso que a fantasia passará à existência.

  2647. Vendo como se sobe ou porque se sobe, não é o mesmo que subir; vendo como se pode amar faz com que queiramos amar pelas regras com o intuito de sermos amados. Amor é real quando existe, Cristo é real quando vive em mim sem minha imaginação me ditar uma vida conforme suas regras. É viver simples com Cristo: basta ser verdade (realidade) para um verdadeiro. Amem.

  2648. A ignorância é pecado e deve-se ao pecado. Com um Deus tão perto que sabe e pode ensinar, a ignorância é sempre indesculpável a qualquer homem ou mulher.

  2649. Ninguém quer ficar velho, mas todos desejam que o tempo passe depressa.

  2650. Em vez de desistir da pessoa, entregue-a a Deus.

  2651. Meu desejo, Senhor, é que meus filhos consigam ensinar e transmitir o que praticam e não apenas praticar o que ensinam. Amem.

  2652. Alguns líderes evangélicos que nunca são guiados convenientemente sentem uma necessidade perversa de manter uma certa harmonia entre os membros de suas igrejas a qualquer preço. Eles deveriam era lembrar que não existe fricção numa máquina desligada. Desligue a electricidade dessa máquina e nunca terá problemas de fricção entre os seus componentes por haverem parado. Recorde-se, também, que existe, de facto, uma sociedade que não tem problemas: dentro do cemitério. Os mortos não têm diferenças de opinião. Não geram calor nem energia por não se movimentam e não têm fricção entre eles. Mas, o resultado é esterilidade absoluta e uma completa falta de obra.

  2653. Quem nunca finge a insubordinação diante de Deus e assume-a como tal perante e mediante Ele, nunca fingirá a submissão quando Deus houver terminado a Sua obra em tal pessoa e ser. Toda a pessoa que é o que é diante de Deus, persistirá em ser o que é quando houver sido transformada.

  2654. A maior parte de toda a humanidade só não aceita Deus porque Ele não quer o mal, nunca deseja a iniquidade por perto. Se Deus desejasse tudo aquilo que se faz numa discoteca, todos menos os justos adorariam Deus.

  2655. Um homem, para fazer grandes coisas em Deus, não necessita sonhar sobre elas: basta ver Deus como Ele é e ser realista sobre tudo que vê e constata verificando por ele mesmo.

  2656. Um servo não tem consciência de que é servo; ele só tem consciência de Deus, de Quem depende.

  2657. Jesus simplesmente espera até que se lhe renda a vontade e tem de ser essa vontade a render-se e não você a rendê-la.

  2658. A rendição pessoal a Cristo não é a entrega da vida exterior, mas, da vontade interior de cada homem; depois que se consegue isso, tudo estará consumado em nós. Após isso, tudo o que acontece faz parte da ressurreição.

  2659. As maiores crises de todo homem, são as crises de identidade porque ele confia simplesmente nele próprio. Mas, para a vida com Deus, tudo isso deixa de ser relevante porque passamos a confiar n'Outro acima de todos nós, exclusivamente.

  2660. As pessoas cultivam e semeiam pecado durante seu dia e à noite vão orar a Deus para que seus campos não brotem o fruto do pecado que semearam e para que a colheita seja um aborto.

  2661. O desviado é que sabe o caminho, o doente é que sabe o que é saúde e o filho de Deus é que sabe o que é estar errado no mundo. O filho de Deus não tem consciência da vontade de Deus porque ele é a própria vontade de Deus, mas, tem consciência do que não é a vontade de Deus. A tentação só é tentação porque não é um modo de vida e a santidade não será um modo de vida neste mundo sempre que não se sinta a tentação rondando.

  2662. Deus disse: "Como se fez prostituta a cidade fiel!" Is.1:21. Coisa feia que se possa cair tão baixo desde tão alto. Minha oração é agora que se possa afirmar de muitos ainda assim: "Como se fez fiel a cidade prostituta!" Isso, sim, seria muito bonito de ouvir! Quando assim é, não necessitamos ter vergonha de que digam o que éramos antes de havermos sido transformados. O contraste glorifica Deus e dá-nos o brilho natural de Cristo. "Mas, somente tinham ouvido dizer: 'Aquele que outrora nos perseguia agora prega a fé que antes procurava destruir'; e glorificavam a Deus a respeito de mim", Gal.1:23.

  2663. As pessoas falam da graça de Deus sem a experimentar pessoalmente como verdade que flui e inunda tudo à volta, pois, não existirão rios se não houverem fontes que não mais consigam conter suas águas dentro de si. Podemos haver ouvido falar da graça de Deus; podemos ter crido na graça de Deus; podemos desejá-la experimentar tanto que nossa doutrina nos impeça de fazê-lo acertadamente da forma natural aos santos; podemos conhecer a própria graça de Deus ainda mesmo sem "conhecê-la em verdade". Por essa razão lemos que Paulo instiga os crentes que "conheceram a graça de Deus em verdade (de forma real)", Col.1:6.

  2664. Para alguém ser mandatado por Deus, terá de poder ser mandatado para Ele; para ser mandatado para Ele, terá necessariamente de ser através d'Ele também.

  2665. Se a perfeição fosse algo impossível de atingir, se ela não fosse das coisas mais naturais para quem vive perto de Deus, Daniel era um extra-terrestre. Lemos dele assim: "Porque ele era fiel e não se achava nele nenhum erro nem falta", Dan.6:4. "Anda em minha presença e sê perfeito...", Gen.17:1. Mas, existem pessoas que não sabem o que é a perfeição e logo acusam os perfeitos de serem imperfeitos. Quem não busca de forma exclusiva a vontade de Deus, quem não a acha e quem não tem acesso aos meios de conseguir fazê-la, é imperfeito. E a vontade de Deus nem sempre é do gosto de quem vive dela.

  2666. É a prudência perto de Deus que faz um sábio. Mas, o sábio que se acautele, pois, não se entristeça com o facto de ser ele a fazer o tolo aparecer como é: à volta de cada sábio manifesta-se quem é tolo e quem não é tolo; e será por causa dele que o tolo se manifesta como tal. A agravante disso tudo é que nenhum tolo se verá como tal mesmo quando tem muitas provas contra si: ele, antes, verá no sábio todos os seus próprios defeitos ou a causa pela visão de seus defeitos. E mesmo quando os vê em si mesmo, nunca os reconhecerá de forma elucidativa – nem para ele mesmo. O sábio, então, deve saber continuar buscando a sabedoria do mesmo modo e sem se importunar com a fama sobre si que se espalhou através de quem afirma a pés juntos que é o sábio que é vil e intransigente em alguma coisinha.

  2667. Todos os que eram insubordinados a Faraó, também foram insubordinados a Deus, no deserto. A insubordinação é um tipo de coração e não depende das circunstâncias em que se encontra ou do tipo de pessoa que o confronta.

  2668. O amor é grande sempre que seres pequenos como eu o possam viver e consolidar de perto.

  2669. Tentar salvar uma pessoa de verdade, é como tentar mudar o curso dum rio: não é nada fácil que alguém se salve de seu pecado e de seus caminhos depois de crer. Não admira que seja somente pela fé que alguém se salve! "Crê e serás salvo" nunca é o mesmo que "crê e estás salvo". "Crê e serás salvo" é Bíblico, o outro é doutrina falsa vinda do inferno.

  2670. Sempre que o diabo te tentar, alguém te molestar - mesmo que seja até ao ponto da morte - não lutes e antes pára; deixa-os falarem sozinhos! Leão enjaulado só morde quando colocas teu corpo dentro da sua jaula onde ele está - ou alguma parte tua que ainda argumenta e discute.

  2671. A preguiça é uma teimosia tanto quanto o desleixe é uma obstinação. E Deus considera a teimosia como idolatria e a obstinação como feitiçaria, seja essa obstinação religiosa ou não, 1Sam.15:22,23.

  2672. Deus pode habitar em nós sem usar o que somos; Deus pode usar o que somos sem habitar em nós; Deus pode muito bem usar o que somos habitando em nós; Deus pode muito bem usar o que Ele é habitando em nós, tanto quanto Ele pode usar o que Ele é sem habitar em nós também. Ele usou Herodes para fazer com que Cristo nascesse em Belém sem habitar em Herodes; e usou Pedro e Paulo para cumprir a Sua vontade habitando neles.

  2673. As pessoas que mais nos fazem bem não são aquelas que se compadecem de nós; estas atrapalham, porque a compaixão enfraquece-nos. A pessoa que melhor te entende é aquela que melhor conhece Deus e não a que melhor te conhece. A pessoa que melhor te pode ou sabe ajudar, é aquela que se ocupa apenas com a vontade de Deus em ti, quer sofras quer não, sempre que uma coisa ou outra te traga um bem final. A pessoa que tem Deus nunca tem regras pelas quais se possa reger – nem quando vê sofrer.

  2674. Homem que dá honra ao homem procura receber honra de homem; homem que dá honra a Deus, só busca receber a honra que vem de Deus. Através das suas vidas práticas se vê a quem eles pertencem: se a Deus ou se a eles próprios.

  2675. Porque será que muitas pessoas, antes de se tornarem crentes, são audazes e depois que vêm a Deus tornam-se hesitantes? Porque enfrentavam problemas antes sem virarem a cara – por muito que se queixassem – e, agora, um problema é demais para eles quando sabem que Cristo disse (afirmou) que "no mundo tereis aflições" e "eis que estarei convosco"?

  2676. Na verdade, qualquer pessoa que seja eufórica acerca de Deus e de Suas verdades ou é incrédula ou tem vergonha de Deus e tenta colmatar as suas falhas através da euforia. Se não fosse assim, nunca seria como é.

  2677. As pessoas dizem que sabem a verdade após memorizarem um versículo. Mas, na verdade, não é o versículo que é a verdade: a verdade ainda está escondida dentro do versículo que memorizaram. Descobrirem a verdade, nunca será igual a saberem um versículo, antes será terem acesso à vida que cada versículo contém dentro dele mesmo, sendo desconhecido para eles. Enquanto a Bíblia não se tornar uma realidade prática, um manancial real e verdadeiro, nunca poderá ser considerada como a Verdade e como a Palavra (viva) da forma que Deus falou.

  2678. Nós buscamos sempre a perfeição em alguém: é um anseio com o qual nascemos, pois, sabemos com isso que o ser que nosso coração é capaz de amar perdidamente, é perfeito. Logo, quando não sabemos que se trata de Deus por quem ansiamos, sempre que não O conhecemos e amamos um ser humano em Seu lugar, esperamos a perfeição dessa pessoa – porque nosso coração busca o seu ser perfeito para amar. Como essa pessoa nunca é perfeita, logo nos desapontamos e nutrimos ressentimentos contra nosso próximo e contra quem o criou por este não preencher todos os requisitos pelos quais nosso coração deseja em alguém. Agora sabemos porque somos ensinados a amar Deus de todo o nosso coração e a nosso próximo como a nós mesmos apenas.

  2679. Quando obedecemos a Jesus sobre algo, nem sempre garantimos o sucesso desse objecto no qual fomos obedientes e muito menos o sucesso de outra coisa na qual nossos anseios foram colocados e para o qual queremos uma recompensa por Lhe havermos obedecido. Deus não negoceia. O sucesso de Deus nunca servirá de recompensa, mas, de fruto duma obra ou de um trabalho específico no qual Lhe obedecemos. O alvo principal de Deus é um coração obediente e o que fazemos nunca é o objectivo principal e antes o secundário. Deus não ganharia nada com Isaque sendo sacrificado no fogo a não ser o coração de Abraão. Por outro lado, as pessoas dizem que obedecem a Deus em certo aspecto para poderem alcançar outras coisas. Pensam que Deus faz negócio, isto é, dizem: "Eu faço isto e Deus dá-me aquilo!" Aquilo que chamamos de processo, Deus chama de alvo e aquilo que temos como alvo ou objectivo, Deus tem como sendo o processo. A obediência é o alvo ou objectivo de Deus e não os meios ou coisas que usa para alcançar um coração obediente.

  2680. O homem nunca luta contra o que Jesus quer tanto quanto luta contra o jeito que Ele opera. É apetecível para o homem fazer as coisas pela força e pela violência. Abandonar os meios próprios para entregar-se a Deus em total rendição é, provavelmente, a provação mais difícil para o homem que não quer deixar de ser carnal. Deus mutila o braço da carne e incapacita a carnalidade, crucificando-a para sempre. Sem isso acontecer, não haverá santidade - não haverá ressurreição em novidade de vida aqui na terra.

  2681. Quando obedecer não é natural, não será só a desobediência que é pecado: obedecer também é.

  2682. As pessoas só se aproximam de Deus quando desistem de ser religiosas e nunca quando são religiosas. Existem muitos evangélicos religiosos.

  2683. Quando nunca aceitamos realidades, teremos apenas a ilusão como alternativa e seu consequente estado de fome permanente que buscará mais ilusão para fazer passar seu dia.

  2684. Existem pessoas que querem fazer a vontade de Deus do jeito deles, outros que querem que Deus faça a vontade deles do jeito d'Ele, através de Seu poder. O problema dos homens, é que quando acham a vontade de Deus, querem encetá-la do jeito deles - quando não acham, querem que seja Deus a fazer as suas e para isso pedem poder. Mas, cada qual tem de poder fazer só a vontade de Deus só do jeito d'Ele, isto é, como ela é feita no Céu - "aqui na terra como no céu".

  2685. Quando alguém sente culpa e não sabe especificar de quê, isso nunca pode ser considerado como convicção de pecado. Isaías especificou que era sua língua o local que o fazia impuro porque aprendeu o jeito do seu povo pensando que era cultura e dever, Is.6:5-7. Uma culpa pouco especificada pode vir a ser considerada como acusação maligna ou busca de atenção masoquista, mas, nunca como convicção de pecado. A pessoa que se pode sentir culpada sem sê-lo, por certo nunca se sentirá culpada quando e onde deve e evitará olhar suas culpas verdadeiras de frente. O coração de cada homem tem sempre esses dois lados; e também é verdade que, quem olhar suas culpas reais de frente, também nunca se aperceberá da ilusão em forma de culpa.

  2686. A chuva nunca é enviada para que haja nuvens. Mas as nuvens são enviadas para que haja chuva e cada nuvem tem de se esvaziar de seu conteúdo e desaparecer após descarregar sua bênção.

  2687. Não será seu corpo mais importante que sua roupa? Seus olhos mais importantes que seus óculos? Jesus mais importante que o Céu?

  2688. A pessoa pura é a pessoa mais protegida contra o dano e o perigo e não a inocente. Nunca se está seguro em casa de pessoa inocente, seja este homem ou mulher. Devemos ser purificados de verdade, pois os inocentes podem ter hábito de não investigarem seus corações, motivos e atitudes com diligência sob a luz de Deus e na ausência de opiniões pessoais.

  2689. Há quem simule a presença de Deus não estando nela; há quem a simule vivendo dentro dela; há os que se acham longe de Deus estando perto dele, há os que se acham bastante perto estando muito longe do que é real de Deus; há os religiosos longe de Deus, há os profanos que se aproximam dele cada vez mais para serem salvos batendo em seu peito contra seu próprio pecado. Neste mundo tem de tudo, mas, os mais errados a respeito de Deus são crentes actuais – seguramente.

  2690. O problema das pessoas amarguradas nunca é não terem esperança – é nunca quererem ter essa esperança! Os tristes também nunca querem a alegria a menos que levem junto sua melancolia e os pecadores nunca querem Deus a não ser que seu pecado seja levado com eles.

  2691. A ansiedade sobre a vida têm-na aqueles que querem achar descanso nesta vida através dos meios do mundo. Vemos que foi ao referir-se ao rico insensato o qual dizia "Alma, descansa, come, bebe, regala-te" que Jesus acrescentou dizendo: "E disse aos seus discípulos: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer", Lucas 12:19. A pessoa que diz "Alma, descansa, come, bebe, regala-te" é ansiosa por natureza.

  2692. Se alguém me aplaude quando ando em erro, nunca tal coisa me salvará; caso alguém me condene andando na minha rectidão em Cristo, nunca serei condenado.

  2693. Se eu tiver sede e viver num deserto árido ou num mar cheio de água salgada, será igual a eu desejar Cristo e viver no mundo ou dentro duma igreja impura. Morrerei vendo água como ilusão no deserto do mundo, ou morrerei porque a água que bebo é salgada demais para ter como satisfazer as minhas necessidades.

  2694. A fé se não fizer prova, é falsa. "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem", Heb.11:1.

  2695. Quando é Deus quem nos fala e achamos qualquer tipo de dificuldade em nos entregarmos, rendermos e submetermos ao bom senso dessa mesma voz, por incoerente que ela pareça ser à luz da carne e do ponto de vista humano, essa dificuldade vem do facto de não termos coração de ovelha. Jesus disse que quem é ovelha ouve a Sua voz. Ouve por ser ovelha e não se torna ovelha porque ouve. Não vamos torcer as Suas palavras. O segredo está, então, em não tentar decifrar e catalogar a voz e antes em nos esforçarmos para ser tornados ovelhas, porque, sendo ovelha, ouviremos facilmente e de certeza. 

  2696. Orando por pessoas em pecado é uma anulação à critica dentro de nós, ao espírito ressentido, uma obra de arte dentro da própria alma que traz efeitos práticos sobre quem é responsável por nos livrarmos de nossos próprios pecados, pois lemos que, "Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que não é para morte, pedirá e Deus lhe dará a vida", 1João 5:16.

  2697. Sermos escolhidos, não significa sermos especiais, mas, que somos escolhidos para partir em busca dos que Lhe são muito especiais e por quem o Senhor morreu e os quais, provavelmente, não foram tão escolhidos como nós. Sermos escolhidos implica sempre sermos escolhidos para uma tarefa, para um propósito.

  2698. No silêncio da espera em expectativa no Senhor, muitos ouvem-se a eles próprios sem se aperceberem que é precisamente deles próprios que terão de se abster de ouvir colocando-se em silêncio diante de Deus contra eles próprios, suas opiniões e certos sentimentos seus. O maior barulho nunca será o do mundo, mas, os ecos dele dentro da alma - são esses os únicos ruídos e impedimentos para Deus ser ouvido se a alma estiver limpa e asseada. O barulho do lado de fora nunca nos impede de ouvir Deus. Mas, os ruídos de dentro impedem.

  2699. A parte final de uma prova para uma pessoa que tenha sempre uma comunhão incondicional com Deus será sempre a parte mais difícil dela, mesmo que seja sempre de pouca duração. Apenas o amor que ainda temos para com o gigante que está levando sua cruz para morrer é que nos pressiona para desistir. Nós somos os que carregamos a cruz para irmos morrer. Só mostra que, caso a prova não nos deixasse às portas ou da morte ou da desistência, que Deus havia errado o alvo, pois o alvo é morrer com Cristo para o mundo e para o pecado. Sabia que o mundo é sua família (também) juntamente com o tipo de amor que tem por eles? Como os poderá amar conforme Deus se ainda se agarra com tudo que tem ao tipo de amor em si com o qual Deus não se conforma? O amor paralelo precisa morrer. Mas, saibamos que, enquanto pensamos em desistir estando com Deus, significa, também, que estamos perto de ganhar forças para ressuscitarmos e vivermos através de uma nova Vida em nós – aquela que só Cristo dá depois de passarmos três dias no inferno, isto é, no último pedaço de três anos de provação. "Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa…" Os. 6:2-3.

  2700. Sempre me dizem que a hora mais escura do dia é antes que amanheça – é a hora na qual adormecemos com mais facilidade também, mesmo sabendo que vamos obter nosso descanso depois de entrar na Vida que advém dessa prova que termina de forma tão drástica. Mas, devemos saber que, quanto mais escura estiver a noite, mais perto está o sol de nascer. "Não temas o que hás de padecer. Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida. O que vencer e ao que guardar as minhas obras até o fim (…) de modo algum sofrerá o dano da segunda morte", (Apoc.2:10,26,11).

  2701. Não poupe quem ama, mas, não ama conforme Deus – não se poupe a si mesmo.

  2702. Clique aqui para ler sobre pensamentos a duplicidade do coração do homem.

  2703. Clique aqui para ler sobre pensamentos sobre a fé.

  2704. Um cego pode andar por onde andam os que vêm - basta explicar-lhe bem o caminho que tem de seguir, dar-lhe um pauzinho branco como símbolo de quem se sabe orientar e como sinal de que ninguém se deverá interpor em seu caminho, pois pode tropeçar. Cegos que andam são os crentes de hoje.

  2705. Convém ter tanto cuidado com o gelo dentro do nosso coração quanto o Titanic deveria ter tido com os Icebergs.

  2706. É mais fácil e menos custoso viver sem pecado do que viver nele e com a consciência manchada.

  2707. O arrependimento é algo que nos pode fazer acercar e mesmo entrar pelas portas da Vida. Mas, todo pecado tem causa, tem origem, tem impulsão, tem a força que o dirige. Do que me vale arrepender-me do adultério se o sexo ainda domina a minha cabeça? Ou do assassínio se a ambição, rancor ou o ciúme que me leva a cometer tal acto ainda reside em meu coração? O arrependimento é sério apenas quando aquilo que faz nascer todo pecado do qual nos arrependemos pelo nome (individualmente e um a um), também morre; e quando a força que fazia todo pecado andar e movimentar-se em nós seja detida e exterminada também.

  2708. Todos nós sabemos como são difíceis as coisas neste mundo: se quisermos um emprego, teremos de passar pelos nervos de uma selecção e de uma entrevista; se alguém quiser ser médico terá de passar por um estágio e por exames difíceis; se nos quisermos casar teremos de passar pelos nervosismos habituais de sermos o centro de todas as atenções; quando queremos ser engenheiros, passamos por difíceis testes para os quais nos preparamos durante anos a fio. Mas, caros crentes, será assim difícil compreender, então, que ser crente é o teste mais difícil na face de toda a Terra e será assim tão difícil aceitá-lo como tal também? Será assim tão difícil entender que as pregações de prosperidade rápida e instantânea são todas falsas? Será assim tão complicado aceitar que, antes de chegarmos a Cristo, teremos de passar por João Batista onde estaremos sujeitos à sua forma única e muito própria de nos dizer que somos raças de víboras? Vamos passar esse teste?

  2709. Pensa-se que uma pessoa cheia do Espírito é sempre alguém que pode prescindir da Leitura e compreensão da Palavra de Deus ocasionalmente. Na verdade, não haverá ninguém que necessite mais dela para sobreviver que um verdadeiro Filho do Reino cheio de graça e de poder (poder para viver e não apenas para fazer milagres!)

  2710. Existe uma grande diferença entre ser reprovado por Deus e ser-se rejeitado por Ele. A reprovação em Deus vem junto com correcção, pois faz em nós e de nós algo distinto quando Ele pega em algo que não aprova, desde que sejamos ardentes na disposição de coração que advém de se estar bem com Deus, estar certo e ser-se santo acima de tudo. Não podemos temer ser rejeitados por Deus sempre que somos reprovados, pois é Ele quem não aceita curriculum, antes corações que O querem tal qual Ele é. "Sobre a minha torre de vigia me colocarei e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que me dirá e o que eu responderei quando for repreendido", Hab.2:1.

  2711. A melhor maneira de deixarmos de ser teimosos, é termos razão. Sendo assim, calar-nos-emos e Deus fará resplandecer a nossa justiça. Quem tem razão precisa de muito poucos argumentos para se defender ou para se fazer ouvir, pois o justo é ouvido, mas, não somente através das suas palavras. É ouvido através de sua justiça. Temos um Deus dono da verdade que justifica os verdadeiros e o Qual faz brilhar a verdade mais que o verdadeiro, para glória de Deus. Se não tivermos razão, só deixaremos de ser teimosos colocando-nos lado a lado com a verdade ao invés de competir com ela. É uma honra Deus ser tido como certo de um jeito ou do outro, ou transparecer como Ele é pelos justos ou pelos injustos.

  2712. Sempre me disseram que a verdadeira fé existe na ausência de prova. Eu não concordo, pois existe uma grande prova dentro de nós (se esta for real) que nos faz ver tudo o que os outros desmentem. "Ora, a fé é a prova das coisas que não se vêem", mas, que são reais, Heb.11:1

  2713. Quem fala por traz de seu vizinho é inquestionavelmente sempre alguém que não sabe, não quer, nunca deseja repreender esse vizinho em seus pecados da maneira certa e mais curta. É um cobarde que não teme pela vida do próximo. Daí que lemos como Deus junta as duas coisas num só texto da Bíblia. Ele diz assim: "Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo (...) Eu sou o Senhor (...) não deixarás de repreender o teu próximo e não levarás sobre ti pecado por causa dele". Lev.19:16,17. Por norma, as pessoas preferem levar o pecado do mexerico e da má-língua sobre eles mesmos em vez de serem sábios o suficiente para ter como e por que repreender seu próximo em seu pecado com intenção de salvá-lo.

  2714. Existiu um homem que acreditava que Deus poderia pegar numa pedra e dela suscitar um filho a Abraão. Este Abraão achou, por sua vez, que Deus podia fazer sair um filho dum ventre que nunca concebeu, o qual já estava ressequido e velho; Jesus andou sobre águas tempestuosas como se nada demais fosse; Eu marcho no meio da confusão problemática da minha vida sentindo-me no paraíso. Eu também posso confiar n'Ele como João Batista, pois, eu era como pedra e agora sou Filho de Abraão, podendo crer como ele. Eu sou prova do poder de Deus.

  2715. Não existe canseira maior para a alma, nem interior nem exterior, do que servir o pecado dentro do Templo de Deus. "Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é profana (…) é desprezível. Dizeis também: Eis aqui, que canseira! Aceitaria eu isso de vossa mão? Diz o Senhor", Mal.1:12-13.

  2716. Acima das Escrituras está Deus. São elas, no entanto, que nos dão a conhecer Deus. Mas, vemos muita gente lendo e transcrevendo as Escrituras mais que qualquer santo sem conhecerem o Senhor como Ele é.

  2717. Metade do que os católicos fazem, não é Bíblico; outra metade é para eles próprios. Metade do que os evangélicos fazem é Bíblico, mas, outra metade é para eles próprios também.

  2718. Em lado nenhum vemos Jesus pertencendo à Sinagogas, porque em lado nenhum vemos as Sinagogas pertencendo a Jesus. Tem disto neste mundo também - ainda hoje: "Veio para o que era seu e os seus não o receberam", João 1:11.

  2719. A Vontade de Deus é que vivamos no Céu antes de morrermos.

  2720. A Bíblia fala-nos no "Pesos do Senhor", o que algumas traduções dizem ser "Oráculo do Senhor"; servem para aprendermos a ir buscar o descanso - por essa razão são pesos. Nunca devemos cessar de orar até que achemos nosso descanso do peso que está sobre nós. Este é o segredo de orar sem cessar - orar sem parar a meio, sem desistir de algo.

  2721. Lemos em Isa 62:7, falando de Deus: "E não Lhe deis a ele descanso até que estabeleça". Isto quer dizer que, quem tira o descanso a Deus, na verdade, nunca descansa ele próprio. Aquela viúva que perturbou o Juiz não dormiu também porque foi importunar o Juiz.

  2722. O ódio e a raiva, o ciúme e o desapontamento, serão sempre responsáveis por muitos crimes de sangue. Contudo, em minha opinião, o adultério é responsável por muitos mais crimes que qualquer destes pecados. O pecado que mais gente mata neste mundo é o adultério. O adultério destrói lares, mata pessoas, destrói e corrompe cidades inteiras, perverte as pessoas, cria filhos extra-conjugais, abandona filhos e difama Deus. É um crime sério. Até o sexo antes do casamento é adultério, pois cria a ilegalidade e a imoralidade.

  2723. Ser escolhido para ouvir o evangelho, não significa sermos escolhidos para entrar no céu, mas, para entrar em Cristo aqui na terra. Se formos escolhidos para ouvir e mesmo assim não entrarmos no Céu, a nossa culpa será grande e ninguém a expiará. "...Nos elegeu n'Ele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante d'Ele...", Ef.1:4.

  2724. Quando a pessoa pede algo de Deus, debate-se desde logo com dois problemas: o egoísmo de receber e o egoísmo de ver por causa da incredulidade e do pecado. Sempre que pedir algo de Deus, pense que poderá cair duplamente, deixando de receber por essa razão, ou então poderá ainda persistir em pedir de forma a que nesse tempo de suplica Deus tenha como e porque arranjar o seu coração deformado, primeiro, enquanto usa seu tempo pedindo. Por isso, lemos "orai sem cessar", querendo isto dizer, "orai sem desistir". Não desistas apenas porque te achas egoísta ou incrédulo/a. É que Deus pode transformar alguém que se aproxima d'Ele enquanto pede. Sermos egoístas ou sofrermos da doença da incredulidade pode ser razão para não sermos ouvidos, mas, nunca será razão para não entrarmos no santuário através do pedido em questão com o intuito de conseguirmos tanto o pedido como o ser transformados, pois Ele nos transformará pedindo porque nos aproximamos da Verdade e da realidade das coisas. Nunca ninguém permaneceu incrédulo, impaciente ou egoísta perto d'Ele, do Salvador de todo tipo de pecado. "Senhor, Ajuda a minha incredulidade!", Mar.9:24

  2725. Quem conhece sabe também, mas, quem sabe nem sempre conhece. O mundo evangélico ensina as coisas e não ensina como conseguirmos fazer as coisas que Jesus ensinou. Saber de Deus e da verdade não é o mesmo que saber como andar com Deus de forma real e prática. O Novo Testamento é ensinar as pessoas a aprenderem do Salvador e não de nós - aprenderem a viver e não apenas a saber ou a entender. Quem falha nesse aspecto falha tudo. A maior faculdade do coração do homem é que ele escuta quem é igual a ele. Se as pessoas ouvem Jesus é porque realmente se tornaram ovelhas. As pessoas precisam tornar-se ovelhas e não bodes que sabem imitar as ovelhas. Quem é ovelha, ouve e quem não é, luta para discernir a Sua voz. O segredo é tornar-se ovelha.

  2726. Quem crê em Deus e não O consegue ver, é como cego que está ao sol, sente seu calor e nada consegue ver através da luz do dia.

  2727. Se nos banhamos, cremos que o fazemos por nos acharmos sujos - e ninguém acha que é mau quando necessitamos tomar um banho. Pelo contrário, tomamos prazer em pensar que nos limpamos. Se o homem tem esta atitude sem preconceitos em relação ao seu corpo - e ainda se orgulha de estar limpo - porque razão foge de pensar do mesmo modo no tocante à sua consciência? Cristo purifica-nos de todo pecado quando reconhecemos e nos lavamos porque nos reconhecemos sujos. Está na hora de tratarmos os espíritos com o mesmo à-vontade que tratamos nossos corpos - dentro e fora da igreja. É assim tão ruim limparmos a nossa consciência, dizermos que nos vamos lavar no sangue de Jesus confessando e deixando cada pecado?

  2728. Tome atenção ao quanto lhe ensina sua consciência, pois tudo quanto diz está muito próximo da verdade. O que os outros pensam e afirmam de nós, seja através de elogios ou de condenações, nunca são palavras fiéis. Mas, tudo quanto a nossa consciência afirma, devemos enquadrar dentro daquilo a que devemos dar ouvidos. Os homens preferem, no entanto, ouvir as ouvir e falar dos pecados dos outros. Para o pecador é sempre um jogo de conveniências, pois, acusando acredita que se defende!

  2729. Quando somos tocados por Deus, mesmo pela dor, devemos ver que quem nos toca é Deus e por essa razão distinta devemos alegrar-nos extremosamente. Se é Deus quem nos toca, alegremo-nos, pois nunca o faria em vão, sem um claro propósito de alcançar algo de nós. Alegremo-nos, caso sejamos santos, quando é Deus quem nos toca e não a consequência do pecado.

  2730. Se julgarmos os outros porque somos nós quem tem esses mesmos defeitos, imprecisões ou pecados, cuidamos que, ao fazê-lo, escaparemos o juízo de Deus. Achamos que, se não vermos os nossos males e acusando esses pecados nos outros, Deus ficará satisfeito com a nossa condenação e achamos que Deus se alegra com a condenação do pecado. Mas, é porque temos consciência desses mesmos pecados (por os termos), que facilmente os vemos e condenamos nos outros. Quando Jesus disse que seremos julgados por julgarmos, não insinua que julgar está errado, mas, que quem julga é culpado desses mesmos pecados que vê sem julgar em justiça, pois se julga tem-nos por certo. (Quer saber quais os pecados que terá de confessar? Faça uma lista dos defeitos que vê nos outros e confesse-os como seus, pois de certeza que os tem também. Mas, ver pecado no nosso próximo nem sempre será para julgar em amargura, pois, o amor corrige e para o poder fazer terá necessariamente de ver e verificar da maneira certa). Quando julgamos sem ser por sermos justos, tentamos com isso não ser julgados porque quem julga sempre se acha acima dos erros e crimes que julga nos outros, porque, acusando, encobrimos. Mas, Jesus disse que seremos julgados e que não pensemos que julgando escaparemos de Seu Juízo. Por outro lado, quando nos julgamos a nós mesmos sob a Luz de Deus, agora, podemos, também, ficar capacitados para remover o argueiro do olho de nosso irmão mais próximo e escaparemos também da condenação porque o pecado morre quando exposto. As trevas perecem assim que colocadas na Luz. Mas, caso sejamos excluídos do pecado e o pecado de nós, então, logo seremos alvo dos dardos de quem se sente mal perto de nós e seremos acusados de estarmos a julgar sem havermos dito uma única palavra sequer. Assim, sem julgar, as pessoas serão levadas a julgarem-se a si mesmas. Isto é juízo que agrada a Deus, pois por essa razão lemos "Pois Eu, o Senhor, amo o Juízo", Is.61:8

  2731. A maioria das obras de crente não passam duma mera compilação de palavras finas, bem estruturadas para agradar (ao próprio e aos outros também) e bem estudadas. Quanto melhor o homem discursar, melhor crente se acha. Mas, está claro para todos que poucos são verdadeiros representantes deles próprios. Muitos  manifestam-se como representantes do Cristianismo, de suas igrejas e doutrinas, mas, muito raramente achamos alguém que viva na integra tudo quanto prega (algo que Deus ainda acha pouco). Seria muito bom achar pessoas que fossem fiéis representantes deles próprios, isto é, que suas palavras fossem um espelho da realidade que vivem e experimentam pessoalmente. Já vivi e convivi com muitos crentes de todas as denominações. É triste a verdade, mas, muito raramente achei um que não fosse hipócrita dum jeito ou de outro. Lemos que a presença de Deus faz os montes tremerem (Is.64) e, no entanto, vemos pessoas cantarem Emanuel e dizerem "Deus está connosco" e os hipócritas e fingidos são os que se sentem bem dentro das igrejas. Lemos, também, que "pelo que nem os ímpios  (...)  nem os pecadores  subsistirão na congregação dos justos". Mas, vemos que quem quer Deus, hoje, acha-o, muitas vezes, buscando-o fora das igrejas e a sós em seu quarto. Serão os justos que hoje não subsistem nas congregações? Não serão os justos a serem expulsos das sinagogas? Acautele-se, porque será pelas suas palavras que será julgado. Paulo clamou e disse: "(...) para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado", 1Cor. 9:27. Que suas palavras representem aquilo que você é e fala quando afirma que Deus é grande e poderoso e santo. Deixe de representar o Cristianismo e o protestantismo e represente-se a si mesmo. Você consegue revelar, provar com a sua vida que Deus é grande? Se não conseguir, cada vez que canta que Deus é grande, está sendo hipócrita.

  2732. Que ninguém olhe para as nuvens para ver Cristo chegar e nem perca tempo olhando para ver quais os sinais da Sua vinda. A Sua vinda é certa, quer conheçamos os sinais dos tempos quer não. Cristo falava-nos da Sua vinda apenas com o intuito de nos prepararmos para algo que ninguém teria como impedir e não para sabermos de todos os detalhes sobre essa mesma vinda. O melhor será olhar para dentro do seu coração, temendo, pois, por dentro terá de estar preparado para que a Sua vinda signifique algo para si. Várias vezes Cristo disse, "Mas, aquele servo que não se preparou...". "Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu?" Actos 1:11 Se seu coração estiver limpo, logo O verá dentro de si, Mat.5:8. Ali tudo fará a diferença, pois lemos "Cristo em vós, esperança de glória". Mas, não será assim para quem tenta desvendar todos os mistérios dessa glória e não usa esse tempo precioso e escasso para colocar na Luz todo o seu coração. Você pode e deve achar vida antes de tentar entendê-la. Em vez de nos desviarmos para discussões que não levam a nada, vamos antes temer o sério aviso e preparar-nos devidamente.

  2733. Quando alguém se desvia da verdade e do direito, nada lhe resta como alternativa que não seja a mentira e a ilusão. Não existe mais nada entre a mentira e a verdade, nem mesmo um vácuo, tal como nada existirá entre morte e vida, a bênção e a maldição, a santidade e o pecado. Deus disse: "Eis que diante de ti coloco a bênção e a maldição, a vida e a morte, vê qual escolhes hoje" - nada mais existe para além disto que Deus colocou diante de nós. Não existe penumbra na verdade, nem verdades menos claras, mesmo que a ilusão diga que tal coisa seja possível. A verdade pode estar encoberta, mas, nunca será quase mentira e nem a mentira será quase verdade. Não existem meias verdades e nem meias mentiras.

  2734. Muitos milhares de pessoas dizem que Deus tem de chamá-los para um certo tipo de ministério. No entanto, vemos Jesus dizer assim: "Se alguém Me quiser servir, siga-me", João 12:26. Nosso ministério será segui-lo. Muito raramente as pessoas serão chamadas da maneira como foi o apóstolo Paulo. Muitos homens de Deus tornaram-se tais, no entanto, por desejo de se colocaram diante de Deus e à disposição d'Ele. "Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja", >1Tim.3:1. Que um acto desses seja um acto pensado, decisão bem ponderada e Deus a tratará como se Ele tivesse chamado. Que sejam puros de motivos e prontamente receberão, mesmo não havendo sido escolhidos para tal efeito, tal como Rute havia sido pessoa destinada à destruição (pois, era Moabita) e colocou o seu nome na Bíblia porque resistiu contra a destruição e seguiu a sua sogra incondicionalmente no caminho do céu!

  2735. Todos os hipócritas são como abortos: eles morrem antes de nascer, fazem-se passar por aquilo que poderia ser verdade. Eles são descrentes e, por isso, tornam-se perversos, pois não acreditam que podem mudar verdadeiramente e optam por colocar simpatia só no rosto forçadamente quando ela poderia ser real e verdadeira. "Geração incrédula e perversa...", disse Jesus. 

  2736. Muitos crentes buscam vida sem morrer e quando não a acham, perguntam: "Onde está o Deus do Juízo?" Mal.2:17. "Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna", João 12:24-25.

  2737. Se alguém é afectado pelo vento, por que razão há tanta gente afectada e o vento não está soprando? Por que estarão tantos passando por felizes sem que o coração seja verdadeiro? Por que cantam as pessoas da maneira errada sendo que podem obter um coração certo? Por que se acham os humanos perdidos quando sentem as coisas sem se haverem tornado reais e sentem-se naturais no mundo da ilusão e da mentira só porque usam o nome de Deus por lá? E por que se afectam com a tolice e a mentira em detrimento da verdade que nunca terminará e não deixará de manter suas almas intactas em vez de serem eles a manterem suas próprias almas no engano? Oh Senhor, nunca existirão respostas coerentes para estas perguntas. O pecador é bobo, tolo e não usa o raciocínio que tem.

  2738. Caso exista alguém por perto melhor que tu em algum aspecto, seja no aspecto físico ou espiritual, (isto de acordo com teus valores de apreciação), nada perdes com isso. Mas, se achares alguém com recursos inferiores aos teus, também nada ganharás sobre ele. Busca o mundo inteiro ou nas Escrituras e não acharás razões para deixares de ser como és (mesmo que ainda tenhas o dever de ser transformado e acatar a transformação). Mas, mesmo assim, sendo o que és diante de Deus é muito menos do quanto Deus exige de ti, pois Ele vai requerer que sejas actualizado (sendo que Ele é um Deus transformador e tu algo novo cada dia) e exigirá que andes em conformidade com tudo quanto Deus cria em ti dia após dia. Humildade é seres como és diante de todos, sendo tu mesmo quando és transformado também, tanto diante dos mais desprezados deste mundo como diante do rei mais sublime do universo. Se fores a mesma pessoa diante de todos, Deus habitará contigo, pois Ele é assim, Ele é o que é. Lembra-te de fazer actualizações continuas, pois ninguém permanece incrédulo diante e perto de um Deus vivo, nem alguém permanece pecador diante duma santidade que engloba, engole, absorve e atrai quem se aproxima dela.

  2739. Existem algumas pessoas que se afastam das igrejas para poderem achar Deus, tapam seus ouvidos para terem como ouvir Deus e fecham seus olhos para poderem ver o Caminho de Cristo. Por isso fechamos nossos olhos com eles e dizemos "Amem". Mas, pode acontecer que sempre que estes entrem num culto onde Deus fala de facto, logo venham para ali com olhos, ouvidos e coração distantes devido aos hábitos que colheram de fecharem os seus olhos e ouvidos por causa da generalização da mentira. Pergunto: de quem é a culpa quando aprenderam a cerrar seus olhos ou a ouvirem com desconfiança quando a verdade é pregada em alguma igreja? De quem prega, de quem ouve ou de ambos?

  2740. Confusão pode e deve servir-nos. Ela pode ser uma ajuda preciosa para vermos as coisas como são e, também, para distinguirmos melhor as que nunca trazem confusão através da comparação. Mas, aceitar as coisas para evitar confusão também não está certo - melhor é sair da origem dela, pois para isso serve. Lembre-se que não existe fricção numa máquina parada e ninguém num cemitério cria problemas com ninguém estando enterrado. No entanto, no meio da confusão nunca deixes que Satanás te influencie para um mau espírito - podes e deves ser mais sábio que ele. Olha bem para todo lado, porque qualquer tempestade tem o poder de tornar mais visível um canto sossegado.

  2741. Deves odiar o pecado quanto o Diabo odeia Deus!

  2742. Satanás não odeia a Deus tanto quanto se ama a ele próprio.

  2743. Qualquer criança rirá apenas porque rimos, ou chorará porque choramos. Todos os adultos, porém, rirão  por causa daquilo de que te ris ou chorarão devido àquilo que te fez chorar. Caso teu coração seja honesto, teu andar esteja em conformidade com aquilo que és e tudo é luz em ti, tudo se vê e nada é mentira, todos chorarão e rirão contigo se amarem como tu amas e a Quem tu amas - tanto adultos como crianças seguirão teus passos da maneira que tu fazes, pois, alcanças a ambos com tua maneira de ser. Humildade é ser verdadeiro e ninguém segue um iracundo a menos que seja igual a ele e lhe seja conveniente segui-lo de alguma forma (mesmo que seja sob disfarce de hipocrisia).

  2744. Sempre me senti culpado quando não me conseguia lembrar de certas preciosidades que Deus me revelava em inúmeras ocasiões. Minha alma se enriquecia e esquecia-me de muitos pormenores, mesmo mantendo a vida que as palavras preciosas me trouxeram. Sentia-me culpado, pois achava que deveria partilhar tudo o que me era dado a conhecer. Mas, logo me apercebi que o que me era dito em segredo, na sua maioria, era para eu ser transformado em algo que era para ser repartido entre quem vivesse comigo. Não era o que me era ensinado que deveria partilhar, senão aquilo que aqueles segredos em mim alcançavam (pois a Sua Palavra não volta vazia). Agora, a minha alma descansou, pois sou eu quem tem de ser repartido e não quem tem de repartir. Jesus pega em pão que nem era d'Ele (eu), quebra-o aos pedaços e multiplica-os no preciso momento que o quebra. Nem necessito ser multiplicado antes de ser distribuído - só preciso ser pão em Sua mão. Isto fez descansar parte de minha alma de forma extraordinária porque tinha fome de ser fiel quando me considerava infiel por me esquecer de detalhes que me trouxeram nova vida. Esquecia as palavras, mas, a vida que elas trouxeram mantinha-se. Contudo, ainda assim penso que é bom lembrá-los para ocasiões futuras, até para quando formos precisar delas de novo.

  2745. É bom lembrarmos que nossos irmãos são fieis a Deus quando o são; é bom não aceitar nenhuma acusação contra eles se não for dada por duas ou três testemunhas fieis a Deus (e testemunhas são pessoas que presenciaram e não apenas pessoas que ouviram dizer e pessoas que vivem com Deus e não mentem), 1Tim.5:19. É bom lembrarmo-nos que o diabo não é testemunha fiel a Deus, nem mesmo quando é testemunha. Se não for dessa maneira, não acredite em nada do que ouve dizer contra um servo fiel de Deus, nem mesmo quando aquilo que ouve tem aparência de verdade.

  2746. Lembre-se com frequência que o Ser mais precioso deste Universo lhe aparecerá "como renovo e como raiz que sai duma terra seca sem formosura nem beleza; e quando olhamos para Ele, nenhuma beleza veremos, para o desejarmos", Is.53:2. Cristo, sendo o ser mais lindo, mais poderoso e mais rico do Universo, vai aparecer de um modo que você não deseja. Ele vem desse jeito para que você o aceite a Ele e não aquilo que Ele tem ou pode fazer.

  2747. Sabedoria é como uma colheita oculta: come-se dela a seu devido tempo, usa-se dela porque quem semeia colhe primeiro para si (quem prega deve saber viver o que prega, pois o lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos, 2Tim.2:6); só distribuímos colocando-nos a nós mesmos como exemplo e pão para ser partido em vez da nossa sabedoria, estando à disposição dos esfomeados que acham que não têm fome de Deus neste universo perverso em que vivemos em tempos que Deus os manda comer daquilo em que nos tornamos.

  2748. Será melhor fazer uma coisa de forma errada porque tentamos o nosso melhor, do que ficar sem efectuá-la porque tememos as represálias e as palavras dos outros. Será melhor ouvir de Deus: "Malfeito, servo fiel" do que ouvir d'Ele as palavras "servo infiel".

  2749. Deus pode mostrar-nos algo, não porque estamos ajoelhados, mas, porque estivemos ajoelhados e nos erguemos. Mas, Ele pode-nos, também, manifestar algo porque acha que nos achará de joelhos após isso – por isso, encontre sempre tempo para seu Deus em sua felicidade. Nunca desonre essa confiança que Ele colocou em si. Cegos houve que, depois de curados, nunca mais voltaram porque seu alvo era ver e não ver Cristo. Nem voltaram para verem quem os curara, quanto menos para Lhe agradecerem!

  2750. "Não vos conformeis com este mundo" Rom.12:2. Isto significa simplesmente que o mundo nunca estará conformado consigo também caso você não se conforme com ele. Estará você preparado para isso? Outra possibilidade será, sendo diferente do mundo, que eles nem se apercebam sequer de sua existência. Mas, isso não evitará que eles notem e tomem consciência de si caso seja igual a eles. O mundo busca quem é seu igual e, talvez por essa razão, nem se apercebam de alguém diferente. Tudo quanto buscam será quem os aceite, quem os sirva e quem os "ame" à sua maneira. Seus olhos estão fixos em tais pessoas – daí nem se aperceberem sequer de quem lhes possa ser distinto amando de verdade, dos que amam de forma diferente daqueles que buscam ser amados e consideram isso amor. Estes vão notar esse amor diferente, na verdade, assim que Deus lhes tocar e se revejam por dentro aludindo à imagem colocada diante deles: você. E eles podem gostar do que vêm ou não. E você nem se pode desanimar sendo rejeitado e nem se animar sendo aceite porque sua natureza divina anima-se por ela própria.

  2751. Quem se anima quando tem e quem se desanima quando não tem, são a mesma pessoa.

  2752. Quem não pára de remoer a ideia de que Deus está com ele quando está de facto (porque descrê), é sempre alguém que afirmará que Deus está com ele quando não está (pensando que deve ser crente ainda).

  2753. A má-língua é como um olho inflamado: extrai-se prazer esfregando, mas, inflama mais o olho e ficamos a enxergar menos as coisas.

  2754. Se cuida dos seus mortos, não ama os seus vivos – não podemos servir dois mestres, amar duas coisas tão distintas uma da outra. Amando os mortos, é porque nunca os amou de verdade em vida; é fácil amar quem não nos chateia mais! Porque não os amou enquanto estiveram vivos? Só cuida dos mortos quem nunca os amou de verdade, em vida! Também, cuidar da nossa consciência em relação a eles após a sua morte é muito menos que ir procurar os vivos entre os mortos – e os anjos repreenderam severamente quem o fez! Disseram: "Não busquem os vivos entre os mortos!" Imagine, então, como será errado cuidar e amar os mortos entre os mortos se nem os vivos devemos buscar entre eles! Se seu pai, mãe, filhos estão no céu – deixe-os lá, pois Jesus disse que "quem ama pai, mãe, filho mais que a Mim, não é digno de Mim". Os Israelitas perderam-se porque se agarraram à memória dos que estão nos céus: Moisés, David, Elias e outros. Mas, se seus familiares estiverem no inferno, aprenda com isso e cuide dos vivos e dos mortos que ainda não morreram, os quais ainda têm a oportunidade de se salvar. Mas, deixe os mortos entre os mortos! São os seus entes queridos, em casa, que ainda podem ir parar no inferno também – cuide deles então. Quem ama os mortos, nunca os amou em vida. Dizer que os ama, é uma contradição. 

  2755. A incredulidade não é descrença, ou um coração que não crê em nada. A incredulidade tem quem crê na mentira e descrê da verdade. Se disser uma verdade a alguém e essa pessoa diz: "Tenho de acreditar nisso, tenho de me esforçar para crer!" - pode ter a certeza que é daquelas pessoas que se senta e chora envolvendo-se sem esforço no enredo duma novela de ficção e de ilusão! Ou se acredita na verdade, ou se crê na mentira. Se descrermos de coisas reais, verdadeiras e invisíveis, de certeza que creremos em coisas irreais e ilusões visíveis! A espontaneidade de alguém mostra sempre no que crê e nunca será o esforço com que se entrega na crença que manifestará o tamanho da sua fé. O tamanho do esforço revelará o tamanho da sua incredulidade, seja seu esforço mental ou seja apenas o seu esforço emocional através do qual se tenta convencer! Se alguém me disser: "Eu vou esforçar-me para acreditar em ti", será o mesmo que me dizer que não acredita em mim. Que dizer desses loucos que se esforçam para acreditar em Deus, como se isso fosse uma grande fé?

  2756. Qualquer um que fala muito quando não deve, irá estar calado sobre o que deve falar. Afirmar que tal pessoa é faladora, é o mínimo que se pode dizer dela. Do mesmo modo, assim que se acha alguém que se cala em conversas profanas e anedóticas, podemos estar perante alguém que falará muito e muitas boas coisas sobre a verdadeira sabedoria. Afirmar que tal pessoa é sábia, é muito pouco, pois também não está a ser ofensiva contra Deus ou contra pessoas.

  2757. Os que cantam porque desejam aplauso, dificilmente cantarão exclusivamente para Deus. Dizer que devemos cantar na igreja quando todos acham que temos uma voz muito melódica, é uma contradição. Deveríamos era calar-nos, isso sim. Nós cantamos porque temos algo em nosso coração. Assim que cantamos exclusivamente para Ele, não haverá aplausos e nunca será preciso dizer, sob essas circunstâncias, "Que a glória seja de Deus", como os hipócritas o fazem porque todos perceberão que a glória pertence deveras a Deus. Quando canta para Deus, nunca precisa temer o público nem uma audiência de um milhão e também não precisa fugir de cantar sozinho, ou para uma simples pessoa ou criança suja. Você está cantando para deus e não para a audiência. Cuidado com os que aplaudem os que supostamente cantam para Deus. Cuidado com os que recebem aplausos também. 

  2758. Quando oramos pela coisa certa, dificilmente o nosso coração se concentrará na coisa errada. E assim que suplicamos pela coisa errada com fervor, nem nos passará pelo espírito a necessidade de tudo quanto Deus quereria e teria para nós. Dizer que alguém que ora errado nada recebe, é dizer pouco e até é uma contradição. Para além de perder tudo aquilo quanto poderia receber de Deus caso estivesse a pedir a coisa certa, também está a usar mal seu tempo e está usando o Nome de Deus em vão. Mas, se Deus nos der a coisa errada pela qual suplicamos, será apenas porque Ele nos vedou definitivamente o caminho para a plenitude ou então quer repreender-nos com aquilo que pedimos d'Ele. Dizer que Deus está connosco quando recebemos o errado, é uma contradição, pois Ele está contra nós, dando, (Salmo 73).

  2759. Um religioso é como uma moeda e tem duas faces: dum lado parece que tem selo para entrar no céu facilmente; do outro lado, é mentiroso. Se alguém reza palavras decoradas, é porque não sabe as que deve usar, nem a quem se está a dirigir. Se não conhece as palavras nas quais o seu coração se expressaria, como conhecerá a Pessoa a quem as dirige? Mas quem conhece Deus, fala com Ele e é entendido, tanto d'Ele, como por ele próprio.

  2760. Pare de criticar o pecado e prefira exterminá-lo de toda a sua vida.

  2761. A incredulidade inventa que Deus faz porque não tem como mover Deus a seu favor. Mas, Deus faz quando faz e não precisa ser inventado. Só se inventa quando não é Deus quem faz. Que se limpem os homens e o diabo deixará de imitar Deus nas igrejas e nas suas vidas.

  2762. Todos os mártires, sem excepção, foram sempre obrigados a negar Jesus antes de serem executados ou mortos. Os mártires nunca foram sumariamente mortos. Sempre lhes era dada a opção de viverem caso negassem sua fé. O diabo faz questão de que neguem a sua fé. O que ele quer é que neguem Jesus. Esse é o seu objectivo principal. Se esses filhos de Deus não negavam o Senhor sob tortura, por que razão os crentes actuais cedem perante as tentações do mundo? Hoje, até por um pedaço de sexo ou de vinho qualquer um nega o Senhor.

  2763. "E há-de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; pois no monte Sião e em Jerusalém estarão os que escaparem, como disse o Senhor e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar", Joel 2:32. Há algo misterioso na Palavra de Deus que nem sempre apanhamos no ar. Todos nós gostamos de ser escolhidos por alguém. No mundo, qualquer um quer ser aquele escolhido especial e pessoal. Assim funcionam as pessoas com Deus também. Aqui lemos "entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar". Isto quer dizer que haverá muitos mais sobreviventes que aqueles que o Senhor vier a chamar e escolher. Também lemos que Deus colhe onde não semeia. Lemos em Lucas 19:21,22: "Pois, tinha medo de ti, porque és homem severo; tomas o que não puseste, e ceifas o que não semeaste. Disse-lhe o Senhor: Servo mau! Pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei". Isto também bate certo com as Escrituras em Apoc.22:17 "E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida". Se o Espírito escolhe alguns como Paulo, porque razão escolheria Ele a não ser para estes chamarem os outros e dizerem "vem"? 



DIFERENÇAS ENTRE UM SÁBIO E UM TOLO
  1. O tolo acha sempre que sabe tudo, por isso nada mais aprende. Acredita que chegou ao fim de todo o saber. Contudo, no sábio, tal pensamento nem sequer lhe passa pela cabeça! Aprende porque acha desde logo que não sabe nada.

  2. O tolo promete o que não pode, pois acha que sabe aquilo que nunca aprendeu. O sábio faz mais do que aquilo que promete porque está apto a fazer mais do aquilo que acha que sabe. Ele sabe mais e melhor do que aquilo que acha que sabe.

  3. O tolo não acha que seja tolo como o sábio nunca se acha sábio.

  4. O tolo diverte-se com a fantasia – o sábio abomina tal coisa.

  5. O tolo não pode perder porque a derrota é sempre traumatizante para ele – o sábio perde dignamente porque acha isso algo normal entre as lições que precisa aprender para aprender a fazer melhor.

  6. Onde qualquer tolo entra em desespero, o sábio se encoraja; onde o tolo se encoraja, o sábio fica quieto.

  7. O tolo não sabe ganhar, pois o sucesso sobe-lhe facilmente à cabeça. Até com a tolice se ensoberbece – o sábio nem se congratula quando vence (antes agradece), pois está acostumado a vencer.

  8. O tolo é inteligente, apenas não usa os recursos que tem – o sábio até pode ser menos bafejado pela inteligência, mas, sabe fazer uso de tudo o que tem.

  9. A tolice nunca é sábia – a sabedoria nunca é tola. O sábio nunca será tolo mesmo quando parece que é. O tolo nunca será sábio - só deixando de ser tolo desde a profundeza de seu íntimo.

  10. O tolo nunca se contenta mesmo tendo mais do que necessita, pois não existe satisfação para a tolice. O sábio fica satisfeito até com menos do que necessita, pois tenha muito ou pouco será sempre um bom administrador de recursos e a sua conduta e procedimento natural é administrar e não possuir. O tolo quer apoderar-se e o sábio sabe que é apenas mordomo.



PENSAMENTOS SOBRE O AMOR


  1. SE AMAS O MUNDO, ODEIAS DEUS (E NEM O SABES)

  2. SE AMAS DEUS, ODEIAS O MUNDO

  3. SE NINGUÉM VÊ O AMOR DE DEUS EM TI, QUANDO ESTÁS DISTRAÍDO, AMAS O MUNDO

  4. SE NINGUÉM VÊ O AMOR DO MUNDO EM TI QUANDO NÃO TENS DEUS, AMAS O MUNDO E NÃO GOSTAS QUE PERCEBAM

  5. SE AMAS QUEM TE ODEIA, NÃO ÉS BOM – ÉS NORMAL

  6. SE ABORRECES AQUELE QUE TE AMA COM O AMOR DE DEUS, ÉS UMA ABERRAÇÃO DA NATUREZA

  7. SE O MUNDO TE AMA, O AMOR DE DEUS NÃO ESTÁ EM TI

  8. SE GOSTAS QUE TE AMEM COM O AMOR DO MUNDO, SE APRECIAS, AMAS DEMAIS A ILUSÃO E A MENTIRA

  9. SE AMAS A MENTIRA, ÉS UM ABORTO DA NATUREZA

  10. SE ÉS UM ABORTO NÃO SABES O QUE É O AMOR DE DEUS, POIS, NÃO TENS ACESSO A ELE

  11. SE NÃO SABES QUAL A DIFERENÇA ENTRE O AMOR DE DEUS E O AMOR DO MUNDO, JÁ NÃO ÉS MAIS ABORTO – JÁ ÉS FETO APODRECENDO, EM FASE ADIANTADA DE DECOMPOSIÇÃO



PENSAMENTOS SOBRE A CONSCIÊNCIA


  1. SE EVITAS QUEM AMA DEUS, ANDAS COM PESOS NA CONSCIÊNCIA

  2. SE EVITAS AS PESSOAS, TAMBÉM EVITAS DEUS – SE NÃO OLHAS PARA ELAS DE FRENTE, TAMBÉM NÃO OLHAS PARA JESUS. E ELE DIZ: "OLHAI E VIVEI!"

  3. QUANDO EVITAS OLHAR PARA TEUS PECADOS, EVITAS VER O QUE TE SEPARA DE DEUS. SE EVITAS VERIFICAR O QUE TE SEPARA DE DEUS, SERÁ COMO EVITAR VER, DIANTE DUM MÉDICO MUITO BOM, UM MAL QUE TE ACOMETE E CONTARES A ELE QUAIS OS SINTOMAS DESSA TUA DOENÇA.

  4. SE EVITAS DEUS, NUNCA VERÁS A TUA CONSCIÊNCIA LIMPA – SÓ ELE A TORNA MAIS ALVA QUE A NEVE, MAIS BRANCA QUE BRANCO.

  5. SE A TUA CONSCIÊNCIA ESTÁ PESADA, A TUA VIDA É MUITO PENOSA E CHATA, IMPLICAS COM TODOS AO MESMO TEMPO, MESMO QUANDO TENS TUDO AQUILO QUE QUERES

  6. SE TUA VIDA É CHATA, ATÉ AS MOSCAS QUE POR TI PASSAM LEVAM CHUMBO! MATAS UMA MOSCA E NÃO MATAS O QUE TE FAZ SENTIR ASSIM. ÉS HIPÓCRITA TOLO! A CULPA NÃO É DA MOSCA! A CULPA É DO HIPÓCRITA!

  7. MAS, SE A TUA CONSCIÊNCIA ESTÁ LEVE E LIMPA, ATÉ O MAIOR PROBLEMA DO MUNDO TE PARECERÁ INSIGNIFICANTE, POIS ÉS MAIS QUE VITORIOSO EM TUDO - EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA. BASTA SÓ CRERES DE CONSCIÊNCIA LAVADA.

José Mateus