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"E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou", Gen.5:24. É comum acreditar que andamos com Deus para obter benefícios para esta vida e para tranquilizar a alma a respeito da eternidade que se aproxima. As pessoas não querem viver intranquilas nesta vida pensando no que lhes acontecerá depois da morte. Precisam da se sossegar e se assegurar para poderem viver melhor a vida própria. Sossegam por causa desta vida presente e não pela eternidade. Na verdade, pretendem viver mais tranquilas para melhor usufruírem desta vida terrena. Sua busca não é a busca de Deus pela pessoa que é, mas, para serem abençoadas com prosperidade e certos benefícios, sejam esses benefícios eternos ou não, com a finalidade de manter ou salvar a própria vida. "Se alguém não aborrece (..) a sua própria vida, não pode ser meu discípulo", Luc.14:26. "Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará", Luc.9:24. Lemos que Deus disse que "Me buscareis e Me achareis". Isto é, acharemos Deus, a Pessoa. Podemos perguntar: será por essa razão que Ele se apresenta sem nada que possamos desejar (Is.53)? Só se acha Deus quando o buscamos de todo o coração, isto é, quando não temos mais nada em mente para achar para além d'Ele em pessoa. "Me buscareis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração", Jer.29:13. E aqueles que acham Deus serão os que andam com Deus. Os demais andarão sozinhos com esperanças de acharem aquilo que Deus pode acrescentar. Devo lembrar aqui que Deus dá tanto aos bons quanto aos maus. Receber algo de Deus não é assim tão invulgar seja a pessoa quem for, embora uns agradeçam e reconheçam e outros não. Logo, é de esperar que se busque Deus por causa de doença, na dificuldade, no desespero, na perda ou por medo de prejuízos. "Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato, a salvará", Luc.17:33. Se um mau se curar de doença grave, continuará sendo mau depois de curado e, talvez, ainda mais malvado porque já tem o que queria. Obterá uma maior malvadez. Algo pior se tornará e lhe acontecerá. Por outro lado, se alguém que se considera bom e achar aquilo que mais deseja desta terra, desleixa-se no seu dia-a-dia a respeito da pessoa que Deus é. Quando isso acontece, estamos perante um desprezo camuflado e escondido por trás de palavras bonitas de agradecimento e de fé. Esse é o tipo de "discípulo" que entra na festa sem vestes nupciais. O coração do homem "é enganoso acima de todas as coisas", Jer.17:9. O espírito das muitas pregações atuais é a favor do deus Mamom, usando o nome de Deus para esse efeito e para satisfazer desejos, ocupações e preocupações. É mais uma forma de usar o nome de Deus em vão. Devemos ter em mente que andar com Deus não depende em nada das circunstâncias más ou boas – depende do coração que temos. Um coração segundo Deus anda com Ele na pobreza tanto quanto na riqueza, tal como Davi e José; na saúde quanto na doença; na prosperidade quanto na miséria. Os mais ricos e os mais saudáveis precisam tanto de andar com Deus quanto qualquer um na pobreza ou em doença terminal.
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"Persiste em ler (…) e ensinar" 1Tm 4:13. Aqui Paulo exorta a ler persistentemente. Não se trata duma leitura qualquer, mas, da leitura das Escrituras. Ele não apenas encoraja a leitura, mas, exorta que se leia com persistência. E, como sempre, tudo que é correto tem sempre sua contra-semelhança maligna. Por norma, a leitura continuada contém um perigo ao qual devemos estar atentos. Devemos ter a perfeita noção de que lemos para aprender uma forma de vida e não apenas para aprender ou para obtermos mero conhecimento das coisas. Uns leem por lazer, outros para conhecimento e uns poucos para achar vida verdadeira em sua forma mais prática e real. Jesus disse: "As palavras que eu vos disse são espírito e vida", João 6:63. Também lemos em muitas partes das Escrituras coisas como: "Tu tens as palavras da vida", João 6:68; "Dizei ao povo todas as palavras desta vida", At.5:20; "Recebeu as palavras de vida", At.7:38. Embora a sabedoria transforme a visão e até mesmo o semblante de quem lê, a razão para a leitura, seu objetivo principal, é a plena transformação da pessoa desde o coração. "Vede como ouvis", dizem as Escrituras (Luc.8:18). Podemos ouvir lendo. Logo, "vede como leem"! Nessa transformação, desde o homem interior, somos plenamente ativos cooperando obedientemente com Deus passo após passo dado, implorando pelo poder da graça e achando-a para que a nossa vida seja devida e efetivamente transformada desde o nosso interior no imediato ou mesmo num pós-leitura, efetivando aquilo que vai sendo escrito no coração. Cabe-nos a nós a aplicação prática de tudo que vem sendo escrito em nossos corações - à medida que vem sendo escrito. Isso é a santificação. Em outro livro, Paulo afirma a respeito dos que vivem e andam com Deus (de forma real) que "é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração", 2Cor.3:3. Uma carta é para ser lida. Também se leem as vidas de pessoas. Nossa vida é lida – é leitura. Contudo, a leitura naqueles bem próximos de Deus é distinta. Ora, devemos ter a perfeita noção de que a força do Evangelho pregado depende da vida diária de quem prega e de quem ouve. Devemos ser um livro aberto noite e dia estando verdadeiramente transformados. Deus precisa duma boa tradução da Bíblia quanto precisa de bons interpretes de Sua Vida abundante. Se algum missionário, pastor ou Evangelista não permite nada mundano em sua igreja, mas, fora dela é permissivo numa festa, comemoração e ainda permite que seus membros mundanos ocupem qualquer cargo na igreja, pode orar por avivamento quanto quiser que esse avivamento não chegará. Deus precisa de vidas práticas bem preparadas e bem ordenadas desde o homem interior, isto é, um povo "bem-disposto para o Senhor", Luc.1:17b, (isto é, na disposição correta, afim) para que se torne possível a demonstração prática e viva de Seu Evangelho. Ele precisa de expositores vivos de Sua Palavra e de expressões reais daquilo que há no Céu, isto é, a vida de lá. Havendo isso, existe terreno apropriado para um avivamento chegar. "Preparai o caminho do Senhor", "porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas, em virtude/poder", 1Cor.4:20.
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"Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração" Col 3:15. O árbitro é quem decide a favor ou contra, é quem gere aquilo que é importante para o decorrer de qualquer tarefa, importante ou não. É o árbitro quem decide. Outra tradução diz: "A paz de Deus domine em vossos corações". Significa o mesmo. No original significa "o fator decisivo". Isto é, sem esta paz não devemos dar nem mais um passo, seja em que direção for e seja em que circunstâncias for. Se houver um tremor de terra, uma bomba ou qualquer outra coisa mortal, ainda assim, devemos buscar preferencialmente a nossa paz com Deus para evitar algo mais grave que o maior tremor de terra que alguma vez ocorreu. Lembro-me com frequência do grande homem de Deus do século passado, Andrew Murray, que, caminhando na rua caiu de joelhos repentinamente no meio da rua. Um policial correu até ele perguntando se estava tudo bem. Ele respondeu: "Agora já está tudo bem, obrigado". "Que aconteceu", perguntou o policial. "Perdi minha comunhão com Deus e tive de me socorrer clamando a Ele e me corrigindo". Ele não esperou para chegar a casa para resolver o assunto com Deus. Não admira nada que esse homem tenha transformado um país inteiro a favor do Evangelho. Hoje, mais de 100 anos depois, existe uma igreja Evangélica Reformada (Presbiteriana) em cada esquina daquele país.
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"Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração" Col 3:15. Existem segredos enormes escondidos por trás destas palavras de Paulo. Em primeiro lugar, ele não fala duma mera paz, mas, de ter paz com Deus. Isto é, temos de ser tão sensíveis em nossa comunhão com Deus a ponto de conseguirmos detetar a mais leve perturbação nessa intimidade. É Deus tem de estar em paz conosco. É paz de Cristo em nós – se estiver em paz conosco. Isso não é uma paz própria, mas, é termos o testemunho de Deus vigorando em nós e afirmando estar em paz conosco. Se Cristo realmente vive em nós, será normal detetarmos o Seu sentir a respeito de qualquer coisa. Em segundo lugar, não é apenas uma paz de consciência, pois, a consciência depende muito do conhecimento que obtemos a respeito de muitas coisas. Existem pessoas que aprovam aquilo que Deus desaprova e desaprovam aquilo que Deus aprova. "Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova", Rom.14:22. A consciência acusa pecados grosseiros como o adultério, roubo ou assassínio. Mas, existem coisas que a mente humana não considera graves e sérias. Logo, esta paz vai muito além duma paz de consciência: é Deus estar em paz conosco. E isso só é possível detetar quando se tem uma plenitude de vida abundante, isto é, estando cheios do Espírito Santo, transbordando d'Ele que é Deus. Tendo a perceção de que algo o fez afastar-se de nós, retirar-se ou se nos apercebermos que algo o desagradou, devemos parar imediatamente e não dar mais um passo. "Maior é Deus", disse João. "Não me repulses da Tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito", Sal.51:11. Isso vai muito além duma perturbação de consciência e ainda muito mais além da paz que o mundo dá. A consciência pode estar a condenar sem que Deus esteja condenando; e também pode estar a tranquilizar quando Deus se perturba a nosso respeito. É e será sempre Deus a ter a última palavra ou, talvez, a única palavra. O árbitro não somos nós, mas, Deus. Devemos amar Deus a esse ponto tendo e obtendo esse tipo de comunhão, isto é, de primarmos pela Sua paz em nós mais que a qualquer tesouro na terra. "E sede agradecidos". Outras palavras onde se esconde o essencial. Ser agradecido é o exato oposto de reclamar, contestar ou tentar explicar ainda que seja para o próprio coração. A consciência ensina a defender quanto a acusar. E como a paz da qual se fala aqui vai muito além da própria consciência, podemos tentar justifica-nos ou inocentarmos por vias que não são propriamente ser lavados no sangue de Cristo por meio da confissão duma consciência iluminada para um verdadeiro entendimento com Deus. Quando é Deus que fica perturbado em nosso íntimo – se é realmente Ele – devemos ser agradecidos sendo repreendidos ou corrigidos. Sejamos tardios para falar ou para contestar especialmente nesta situação. "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar", Tgo.1:19. Sendo Deus a falar contrariamente ao nosso coração devemos ser agradecidos, pois, Ele corrige a quem ama para o bem daqueles por quem morreu.
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"Tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus", 2Tim.2:10. Há quem argumente que Paulo fala aqui a respeito dos Israelitas. Eu não me atreveria a dar outra opinião, embora me pareça que Paulo fala duma forma geral de todos os eleitos, Judeus ou não. Na verdade, pouco importa porque existem atualmente tantas ou mais pessoas que se acham eleitas e escolhidas que naquele tempo. Mesmo entre aqueles que não se apoiam nesta doutrina da eleição existem muitos que se acham especiais e, por vezes, acima dos outros diante de Deus. A doutrina da eleição ou da predestinação não é uma doutrina errada ainda que esteja a ser muito mal-entendida, mal aplicada e pouco respeitada como parte integrante do plano de salvação para todos, incluindo aquelas pessoas "nos lugares que estão além de vós", 2Cor.10:16. No entanto, não podemos ignorar que nem todos são predestinados para as mesmas coisas, embora todos os escolhido tenham a tarefa comum de se salvarem de seus próprios pecados. Para uns, certas obras estão-lhe reservadas e, para outros, outras obras. Agora, imaginemos um certo cenário. Imaginemos que escolhemos uma certa empresa ou individuo para nos construir uma casa. O escolhido fica radiante por ter sido escolhido, obviamente. Mas, será que tudo está terminado por haver sido escolhido? Imaginemos que o escolhido quer ser pago sem ter sequer iniciado a obra argumentando que é seu direito de eleito? Imaginemos um escolhido que não termina a tarefa de ser salvo de todos os seus pecados?
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"Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo", Heb.4:3. Existem muitas formas de nos equivocarmos acerca de muitos assuntos de eterna importância. Muitos gostam de crer naquilo que lhes convém em defesa da carne, da apostasia, da ideologia e até mesmo da doutrina. Mas, aquilo que conta para nosso bem e para o bem universal é o estado do nosso coração e a proximidade real que mantemos com Deus em forma de vida abundante seja onde for. Tudo o resto que se aceita como fundamento de confiança nunca deixou de se tornar uma forma de idolatria. Há os que se sentem seguros pelo dinheiro e é por essa razão que a avareza é idolatria (Col.3:5). O dinheiro dá confiança e produz segurança na mente da carne. Mas, o que dizer daqueles que se asseguram pela doutrina que lhes convém? Ou pela Igreja que frequentam? Ou pelo avivamento que presenciaram? Ou pelo pregador em quem confiam, mesmo que o pregador não tenha qualquer culpa? Dito isto, olhemos para a doutrina mais difundida nas Escrituras e que mais "confiança" produz nos indoutos: a predestinação. É notório notar que Paulo, falando desta verdade indiscutível para eleitos, diz: "Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência", Heb.4:11. Em outro lugar diz como que em desespero de causa pelos que sabem que foram escolhidos/eleitos: "Tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus", 2Tim.2:10. Podemos argumentar que está falando dos Israelitas. Ainda que assim seja, surge um aviso sério do mesmo Paulo diretamente para nós: "que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência". Isto é, confiar ou apoiar-nos no fato de sermos eleitos pode direcionar-nos para um caminho de desobediência. Confiar que nunca seremos condenados por sermos eleitos de Deus não deixa de ser uma forma de idolatria tão grave quanto crer/confiar em ídolos. Confiar na eleição não é e nunca será confiar em Jesus para salvação e libertação seja de que pecado for. "Não entrarão no meu repouso; ainda que as suas obras estivessem preparadas desde a fundação do mundo". E Deus disse isso sob juramento: "Jurei na minha ira Não entrarão no meu repouso "; "querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento", Heb.6:17. "O nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito", 2Tes.1:11.
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"… Recebemos a graça (…) para a obediência da fé", Rom.1:5. As Escrituras falam, muitas vezes, em receber graça. A graça precisa ser recebida e, para ser recebida, precisa ser buscada. E, para ser achada sendo buscada, precisamos cumprir certas condições e certos requisitos a nível de coração e de transformação prática. Hoje prega-se muito sobre achar graça sem que seja buscada e, quando buscada, sem "preparar o caminho para o Senhor" previa e devidamente para que possa ser achada. E quando é buscada, busca-se para consumo carnal e não "para a obediência na fé". "Pedis e não recebeis porque pedis mal para o gastardes em vossos deleites", Tgo.4:3. A necessidade suprema é sermos salvos de cada pecado e de nos tornarmos imunes a cada tentação. "O príncipe deste mundo e nada tem em mim", João 14:30. Haja quem busque e ache graça "para a obediência da fé", isto é, para esse propósito.
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"A tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança", Rom 5:3,4. Não há nada como entender bem as coisas. Entender bem tira muitas mentes da ilusão, das dependências que iludem a mente com inverdades e fantasias, pois, o verdadeiro entendimento assegura, segura, afirma e firma muitos daqueles que são instáveis, inconsequentes e sem esperança. Conhecer a verdade salva/liberta qualquer um. A ilusão ou as mentiras, sejam elas religiosas ou não, terminam sempre retirando toda a esperança de quem se apega a elas. Tiram essa esperança ainda em vida e aqueles que morrem na ilusão morrem sem esperança, isto é, "não tendo esperança sem Deus no mundo", Ef.2:12. A confusão instala-se, a vergonha de ter errado ou de haver falhado, o desapontamento e a crescente ira e desapontamento contra Deus – que não tem culpa nenhuma – afunda ainda mais qualquer alma iludida. Não deve haver tristeza maior que, chegando ao fim duma vida ou dum ministério, aperceber-se que foi um desperdício de vida mantendo esperanças vãs e fictícias. "Passou a sega, findou o verão e nós não estamos salvos", Jer.8:20. A verdadeira esperança não traz confusão, isto é, não deixa alguém envergonhar-se por ter confiado ardentemente porque é uma esperança fundamentada pelas experiências (provas de fidelidade) que foram sendo cumpridas em seu devido tempo e oportunidade. Além disso, a verdadeira esperança é inflamada e assegurada pela presença do Espírito que não deixa essa esperança morrer, mesmo que se torne necessário "crer contra a esperança", Rom.4:18. A palavra "experiência" que leva a essa esperança que não engana e nem envergonha significa as provas de fidelidade experimentadas na primeira pessoa ao longo da carreira que partilha integralmente com Deus, confiando n'Ele incondicionalmente sendo assegurada, também, pela presença do Espírito Santo. Isso é o que significa "experiência" – isto é, experimentando a verdade e a fidelidade de Deus pontual e continuamente. Se o testemunho verdadeiro de alguém é capaz de nos tocar profundamente, quanto maior será impacto de algo que nos acontece pessoalmente! Esse tipo de esperança compete com a aquele tipo de esperança que é ilusão nas pessoas que não experimentam a real, contínua e verdadeira fidelidade de Deus ao longo de suas vidas, optado por uma crença própria onde somente falam de Deus em suas vidas sem que se veja Deus em suas vidas. E é a experiência real e verdadeira que alimenta a esperança que não engana e nem envergonha, isto é, "não traz confusão", Rom.5:5. Não se trata duma esperança de impulso, forçada, autoinfligida, mas, de algo que permanece e que nem o próprio consegue ignorar, contestar ou negar ainda que queira.
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"Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres", João 8:36. Jesus é Vida – verdadeira vida que flui caso haja sido derramada na abundância prometida. Para Jesus poder libertar da maneira que promete, não mais pode ficar batendo na porta diariamente sem entrar profundamente em nosso ser. Ele precisa tornar-se a nossa própria e única vida de maneira real à moda de Pentecostes. "Entrarei em sua casa e com ele cearei e, ele, comigo", Ap.3:20. Só assim o Filho nos liberta verdadeiramente. Só assim Ele poderá cumprir a promessa em toda a sua extensão. Podemos ser libertos de algumas coisas, de alguns vícios e mentalidades por conta própria. Existem pessoas que se libertaram do vicio do cigarro ou da droga sem conhecerem Deus sequer. Mas, dificilmente se libertarão de tudo aquilo que os condena eternamente. Contudo, se for "o Filho a vos libertar", aí sim, "sereis verdadeiramente livres". Como é que nos liberta? Pelo fluir de vida abundante. "Seremos salvos (de todos e qualquer um de nossos pecados) pela sua vida", Rom.5:10. Segundo o verdadeiro entendimento sobre vida e morte que as Escrituras nos revelam e manifestam, viver sem essa vida na abundância prometida é um estado de morte. De acordo com a verdade, viver somente do fôlego que Adão recebeu inicialmente, o qual passou para a sua descendência hereditariamente, não é e nunca será comer da verdadeira Árvore da Vida - o que nos fará viver para sempre. Na verdade, viver somente do fôlego de Adão é estar morto. E é essa morte que nos faz pecar. "A morte passou a todos os homens, por isso que todos pecam", Rom.5:12. Vemos nesta epístola de Paulo a forma como ele coloca o contraste entre a verdadeira vida e aquilo que Deus considera ser morte e os humanos creem ser a única forma de vida. Seremos salvos (de nossos pecados) pela sua vida; e pecamos somente quando nos encontramos sob a influência da morte. Esta morte é, na verdade, a ausência de Vida verdadeira e abundante.
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"Se alguém ama a Deus, esse é conhecido d'Ele", 1Cor.8:3. Por norma, muito daquilo que se prega e anuncia pelo mundo é que Deus nos ama. Não se diz que a própria natureza de Deus é amor, mas, que "me ama". Aquilo que se crê a respeito do amor de Deus foi humanizado e tornado egoísta. Além do mais, ninguém fala sobre amar Deus acima de todas as coisas e que isso seja real e deixe de ser letra e teoria. Além de ser amor, Deus é a única fonte do tipo de amor que convém. Da mesma maneira que Ele derrama vida em abundância – isto é, vida eterna, constante e abundante – dessa mesma maneira derrama amor nos corações para que os limpos de coração se possam tornar amor como Ele é amor. "O amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado", Rom.5:5. Logo, para que isso possa acontecer, torna-se necessário e indispensável conhecer Deus na intimidade, experimentá-Lo em Sua plenitude e estando cheios de Seu poderoso Espírito na abundância prometida. E quando nos tornamos amor que seja igual ao de Deus, isto é, se nos tornamos compatíveis com Deus no mesmo tipo de amor, nos mesclamos com Ele a ponto de nos tornamos como uma só pessoa, um só espírito. Andamos juntos porque estamos de acordo com Ele. "Que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia", João 17:21. "Estai em Mim e Eu, em vós", João 15:4. Assim fica explicado por que razão é que "se alguém ama a Deus, esse é conhecido d'Ele". Esse tipo de amor não mais se define com palavras como "Deus me ama, Deus te ama" porque Deus é amor independentemente da pessoa ou das circunstâncias. Amor é o que Ele é. E assim seremos nós também caso o conheçamos intimamente de forma real e caso sejamos conhecidos d'Ele dessa mesma forma. Havendo compatibilidade no tipo de amor, haverá uma caminhada entre Deus e a pessoa como se fossem uma só pessoa. "Não vivo mais eu, mas, Cristo vive em mim". Não é amor humano, o qual é tendencialmente egoísta, que fará Deus andar seja com quem for. Para se andar com Deus terá de haver compatibilidade com Ele porque Deus não muda seja qual for a razão ou a pessoa. Andamos com Deus porque nos tornamos amor como Ele é. Esse amor não é, nunca será agradar pessoas, ser-lhes agradável, contemplando-os para sermos contemplados em retorno. Esse amor é ser agradável a Deus. Tentar enganar o coração com palavras como "Deus me ama" é querer transformar o amor de Deus em egoísmo. O amor verdadeiro é responsável até pela fé verdadeira, pois, "a fé opera pelo amor", Gal.5:6. O verdadeiro amor é honroso, honra a Deus e é honrado por Deus. Sendo derramado em nossos corações na abundância prometida, conseguiremos confiar até a própria vida nas mãos de Deus. Entregar a vida de outra forma é uma entrega falsa e hipócrita. Não é uma entrega de fé, mas, de ilusão. "Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?" João 5:44.
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"Agora, pois, permanecem (…) a esperança …", 1Cor.13:13. Já ouvi muitas pregações sobre a fé e sobre o amor, mas, não me recordo de alguma vez ter ouvido alguma pregação sobre a esperança e sua devida importância. Vemos os jovens cheios de esperança no início de seus ministérios, esperando muito de Deus. Mas, quando essas mesmas pessoas começam a chegar àquilo que consideram ser o final de suas vidas, vemo-las esmorecerem tornando-se menos propensas a terem aquele bom animo que resulta da verdadeira esperança. "Esforça-te e tem bom ânimo", Jos.1:6. Antes, não era necessário Deus dizer-lhes para se esforçarem, pois, esforçavam-se até demais e até mesmo fora de contexto. A sua esperança movia-os, era forte e percetível. Mas, quando esse tipo de esperança esmorece, podemo-nos perguntar se era mesmo o tipo de esperança que resulta como fruto duma verdadeira e real comunhão com Deus – a qual dura para sempre - ou se resultava da força da carne. A esperança que resulta como fruto duma comunhão real com Cristo torna-se mais pura, mais viva e mais expectante com o passar dos anos, pois, quando nossas vidas se aproximam daquilo que os humanos consideram ser o fim, a expectativa aumenta "por causa da esperança que vos está preservada nos céus", Col.1:5. É por essa razão que aqueles que mantêm esperanças, mas, não em Deus e antes naquilo que Ele pode proporcionar aqui na terra, se desleixam no tocante à sua própria purificação. "Todo o que nele tem esta esperança se purifica a si mesmo, assim como Ele é puro", 1João 3:3. "Que a vossa fé e esperança estejam em Deus", 1Ped.1:21.
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"Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela", Mat.5:28. Existem muitos cometários, polémicas e problemas a respeito das moças e moços, mulheres e homens, esposas e esposos que se vestem de forma sensual e provocadora. Esses provocam o adultério. Depois, vemos tantos culparem essas mulheres e homens por suas próprias transgressões. Mas, vemos Jesus falando daqueles e daquelas que atentam em seu coração para cobiçarem aquilo que passa diante de seus olhos e não fala daqueles que espalham sensualidade, os quais induzem ao adultério. Isto é, Jesus fala aos que cobiçam como os verdadeiros culpados e não aponta as Suas palavras para os que induzem à transgressão e provocam a cobiça. O adultério está no coração de quem cobiça e não no demónio que passa à frente dos olhos. Logo, devemos apontar todas as setas de transformação para dentro de nós e não para eliminar aquilo que provoca a tentação. A tentação serve, apenas, para manifestar ao próprio tudo aquilo que ainda resiste, reside ou existe dentro do próprio coração.
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"Eu sou como a oliveira verde na Casa de Deus", Sal.52:8. Nós seremos julgados pelo fruto que produzimos e não somente por aquilo que somos ou fazemos. Não basta ser oliveira verde, mas, precisamos frutificar e, por fim, que Deus possa produzir azeite de fina qualidade a partir de nós que vivemos na dependência integral d'Ele. Fora de Sua presença não poderemos frutificar porque "é Deus, quem dá o crescimento (fruto)", 1Cor.3:7. Devemos olhar para um púlpito, para uma igreja e para um crente pelo fruto que advém da comunhão real que tem ou mantém com Deus ou pela ausência desse fruto devido à deficiente 'comunhão' que afirmam ter com Deus. Se não há fruto é porque existe algo muito sério por resolver com Deus. O fruto não se mede pela quantidade de pessoas que se aglomeram e cantam, mas, pela santidade que salta a olhos vistos. Qualquer um via que tudo aquilo que José tocava, no Egito, era abençoado. E José não era uma multidão. Vemos o fruto pelas orações que são atendidas e não por quanto se ora. Enxergamos esse fruto pelo crescimento espiritual, pela maturidade na comunhão com Deus, pela prosperidade espiritual e pelo amor crescente a Deus que é derramado no coração até mesmo em meio de tribulações e perseguições e não pela prosperidade material e seu consequente bem-estar aparente. Ser uma oliveira verde fora da comunhão com Deus não a fará frutificar e tentando ser abrolhos e espinheiras na casa de Deus também não fará brotar fruto celestial. Ninguém pode esperar colher azeitonas havendo semeado espinheiras apenas porque se encontra dentro do aprisco das ovelhas. Que se desenganem todos quantos creem que podem levar seus pecados e enganos para dentro do Templo de Deus e, ainda assim, frutificar. Que se desenganem, também, aqueles que creem poder fazer o que querem havendo-se tornado oliveiras verdes ou figueiras com folhas verdes, mas, sem fruto, Mat.21:19.
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"Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseue, o outro, publicano. O publicano (…) estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" Luc.8:10,13. Fala-se muito do Fariseu que confiava muito em seus hábitos religiosos que o tornaram arrogante até mesmo diante de Deus. Mas, atualmente, existem muitos arrogantes que dão uma de publicano, os quais criaram hábitos de bater no peito por via do ensino para ter como desculpar seus pecados e a razão de seu viver cambaleante. Se os Fariseus de então viviam das aparências, hoje não é menos verdade que muitos congregam com aparência de publicanos. Afirmam que devem estar sempre a bater no peito, que não param de pecar como se deixar de matar, roubar ou fumar fosse algo impossível de ser conseguido. Oram, congregam, leem a Bíblia, pregam a Bíblia, tomam a Santa Ceia, batizam-se e fazem tudo a preceito mantendo a aparência de publicanos tendo ainda neles um coração de pedra e uma consciência cada dia mais empedernida. Congratulam-se porque não faltam a um culto, porque passam horas lendo a Bíblia ou orando, suas vidas rodam à volta da igreja ou não, trabalham arduamente no templo ou não, fazendo tudo aquilo que aparenta ser evangélico ou Cristão. "Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade", Mat.7:23. Existem certos sinais e características que devemos ter em conta naquilo que fazemos e cremos. Por exemplo, a santidade não pode ser aparente e confundida com simpatia e bom comportamento. A verdadeira santidade só pode ser ajuizada pelo fruto que produz e não pela aparência. É pelo fruto que seremos conhecidos diante de Deus e não pela azafama à volta da igreja; a oração não pode ser ajuizada pelo palavreado bonito ou feio, pelo tempo que se despende em oração, ou lugar onde se ora e pelo jejum, mas, pelas respostas que obtém; a comunhão com Deus deve ser medida pela intervenção que Deus consegue obter em nós e em nossos afazeres diários fora e dentro da Igreja e não por aquilo que fazemos, cremos ou damos; todos os tipos de dízimos e ofertas não têm qualquer valor se não forem avalizados pela e para a glória de Deus; a leitura da Bíblia não pode ser medida pela quantidade de leitura e de conhecimentos, mas, pela transformação e confiança no coração que é capaz de produzir em nós. Poderia mencionar muitos mais exemplos, mas, fica aqui a ideia como pedra de esquina para que nossas mentes e corações se possam abrir para certas verdades e contra certas mentiras que transformaram a verdade de Deus em mentiras. Espero que ainda vá a tempo de abrir a nossa inteligência para a realidade de que todos ainda seremos julgados e que o Juízo começará sempre pela casa de Deus, pelo próprio e não pelos de fora (1Ped.4:17). O juízo de Deus começa pelos líderes da igreja e não pelo ladrão que assaltou a igreja; começa por quem ora e não por quem se ora; começa por aquele que prega a Palavra e termina naquele que ouve. É hora de acordarmos do sono e perguntar por que razões as coisas já não são como eram no tempo dos apóstolos.
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A igreja deveria ser um ponto de encontro com a verdade e com a realidade de Cristo. Ninguém pode separar verdade de realidade espiritual. Se não for real, a verdade perde e deixa de ser verdade ainda que seja a verdade escrita e ainda que seja a doutrina mais pura. Conhecemos e reconhecemos a verdade pelo fruto que produz e reproduz em forma de realidade e não tanto por aquilo que está escrito. Mas, todos devemos saber que aquela verdade de Deus só produz efeito bom encontrando um verdadeiro ou alguém que deseja ser verdadeiro de coração em toda a transparência sob luz intensa. Isso é o que significa andar na luz. Se a verdade não encontrar tal coração, produzirá um inimigo do verdadeiro Evangelho, o qual será amigo dum qualquer evangelho falso mais "conveniente". Esse é o anticristo. O problema, no entanto, é outro: produz-se um certo tipo de ambiente propício para a sobrevivência da carne dentro do Templo de Deus, uma certa maneira de falar apropriada para pessoas que desejam congregar e crer sem serem transformados e desejam ser crentes sem nunca terem corações verdadeiramente novos. E é assim que se criam e recriam atores para papeis eclesiásticos ou evangélicos, os quais nunca produzem fruto eterno porque tentam produzir fruto para eles próprios desejando que Deus compactue com eles nesse sentido. Quem não desejaria ter um Deus Todo-Poderoso ao serviço do seu querer carnal? Infelizmente, esse tipo de Evangelho é distribuído, também, para os de verdadeiro coração que buscam abrigo e verdade nesses templos de mentira, deixando-os nas trevas por falta de realidade naquilo que ouvem e tentam digerir forçadamente. A verdade nunca poderá ganhar raízes profundas num coração que não foi verdadeiramente transformado, tal como a mentira e irrealidade nunca ganharão raízes profundas num coração que busca a verdade ou que busca ser verdadeiro. Infelizmente, tanto num caso como no outro, têm a capacidade de produzir a aparência; e a aparência não salva do próprio, mas, tenta salvar o próprio. Se o alvo da pregação não for a conquista ou reconquista do ser mais profundo do homem para Deus, se não a transformação da sua verdadeira essência para a verdade plena de realidade espiritual para salvá-lo dele próprio e de seus pecados, sejam eles muitos ou poucos, a verdade cria e recria a aparência e não é capaz de ser produzida como realidade pela verdadeira vida abundante. É muito importante endereçar e apontar todas as setas da verdadeira pregação ao coração e à essência de cada homem e não à sua aparência. A aparência não muda pessoas, mas, a transformação da verdadeira essência da pessoa muda até mesmo a sua aparência. Temos de ter noção de que, abraçar o verdadeiro Evangelho, é abraçar a própria morte. Precisamos morrer com Cristo a ponto de conseguir afirmar, como Paulo, que "eu não vivo mais" e que isso seja verdade e deixe de ser mera retórica. Que haja igrejas e pregações onde todos aqueles que entram saibam que ali acharão a própria morte e não a sobrevivência da sua própria espécie pecadora.
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"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus", Mat.7:21. Existe, neste versículo, muita sabedoria escondida na qual se pode tropeçar. Existe mais e maior conteúdo nele do que, à primeira vista, parece. Não podemos assumir que qualquer um pode fazer a vontade de Deus, pois, não estaríamos do lado da verdade pensando assim. Somente aqueles que são capacitados conseguem executar a vontade de Deus e somente por esses ela frutifica "porque Deus é quem opera tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade", Fil.2:13. Na oração do Pai Nosso lemos algo que precisa ser bem entendido. "Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu", Mat.6:10. Este é um daqueles versículos que pode não ter tradução direta em nosso idioma. Na verdade, significa algo assim: "A Tua vontade seja feita aqui na terra da forma – da mesma maneira - que ela é feita no céu". A questão aqui não é que seja feita, mas, a maneira como é feita. Isto é, pelos mesmos meios, pelos mesmos motivos e fazendo pleno uso do mesmo poder, o qual ainda precisa ser alcançado. E esse poder só pode ser alcançado cumprindo certas condições e, após isso, buscando-o de todo coração. Mas, deve começar pelo extermínio de qualquer meio carnal no qual ainda se deposita qualquer tipo de esperança. Ainda que alguém tente executar a vontade de Deus por meios ou forças carnais, nunca frutificará. É por essa razão que seremos conhecidos pelo fruto e não pela execução. Não podemos acreditar que a carne pode/deve sobreviver, executar e frutificar dentro do Templo de Deus. Somente alguém muito iludido pode acreditar numa coisa dessas.
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"Não useis de vãs repetições, como os gentios que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos", Mat.6:7. A questão aqui nem é sobre as muitas ou poucas palavras na oração, pois, existem pessoas que usam poucas palavras e também não são atendidas. O segredo da oração é sermos ouvidos e não é a forma ou formula de orar e nem o tempo despendido em oração. E, para sermos atendidos, existem certas condições que necessitam ser cumpridas. Contudo, não podemos afirmar com segurança que as condições para um recém-convertido ser ouvido sejam as mesmas que para um adulto em Cristo. Mas, existe algo comum em ambos os casos: ter todo o coração envolvido na busca de algo que glorifica Deus. John Bunyan disse o seguinte em seu leito de morte: "Quando orares, é preferível que teu coração deixe de ter palavras, do que tuas palavras deixem de ter coração". Qualquer oração que não é ouvida é uma oração vã e sabemos que as orações que não são ouvidas são a principal causa das repetições vãs. E, para sermos ouvidos, torna-se necessário cumprir certas condições que se vão alterando e aprofundando mediante a aproximação a Deus e o consequente crescimento espiritual quem vem com a prática que obtenha êxito (bênção), algo que acontece permanecendo em Sua presença de forma continuada. E todos aqueles que já se viram envolvidos em orações vãs e repetitivas precisam, necessariamente, de perder os hábitos que acumularam com esse envolvimento fútil e inútil, tais como continuarem a pedir quando Deus já atendeu; ou desistir, desleixar, desanimar ou estagnar a meio do caminho devido às experiências anteriores de falta de respostas. Tudo precisa tornar-se novo, incluindo a nossa mentalidade e a nossa maneira de agir com a aproximação real a Deus. Conseguimos achar estranho quando qualquer pessoa não reage quando nos dirigimos a ela, mas, muitos acham normal sempre que Deus não reage ou não age quando lhe falamos. Todos os nossos hábitos acumulados ao longo da vivência inútil sem Cristo aqui na terra precisam ser extintos. E é a respeito desse acumular de hábitos que Jesus está intervindo aqui ao falar para aqueles que se tornam ou que ainda se tornarão novas criaturas. Existem mais hábitos que são criados/acumulados nos tempos sem respostas concretas à oração. Todos esses hábitos precisam ser analisados depois de achados, desarraigados pela raiz e extintos. Tudo tem, necessariamente, de se tornar novo. "Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento", Rom.12:2.
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"José, seu marido, como era justo e a não queria infamar..." Mat.1:19. Parecia que Maria havia cometido adultério. José não queria ser a pessoa a divulgar esse suposto adultério porque "era justo" e não a desejava infamar em publico. Pela lei de Moisés, ser justo poderia ser levar Maria para ser apedrejada. Parece que José já vivia o Novo Testamento. Mas, mesmo na era do Novo Testamento também se põem outros problemas. Imaginemos que um pregador justo tem uma esposa que não quer nada com Deus por haver tropeçado e, consequentemente, perdido sua própria comunhão com Deus algures em seu trajeto espiritual. Se o esposo a proteger escondendo os pecados dela, torna-se conivente e cúmplice desses pecados. Nunca passará incólume no Juízo de Deus. Além do mais, isso não é e nunca será um bom testemunho para os seus ouvintes e seguidores. Paulo recusou levar Marcos devido ao seu mau testemunho de cobardia e cansaço para com as igrejas. Para alguém ser pregador abençoado precisa de duas coisas entre muitas outras: precisa saber cuidar de seu próprio lar porque, segundo Paulo, "se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?" 1Tim.3:5. Esconder ou disfarçar os pecados do lar não é e nunca será andar na luz e muito menos governar bem seu lar porque o pecado é destrutivo estando disfarçado nas trevas. Contudo, não sendo culpado dos pecados ou desvios da própria esposa, ainda assim, a verdade deve imperar, ser clara e transparente por causa do testemunho. Existem homens de Deus que levam a própria esposa para diante do púlpito para explicar que não tem nada a ver com os pecados dela, na esperança de que ela se reconcilie com Deus impulsionada pela vergonha que passa. Mas, se isso levar a esposa a endurecer-se ainda mais sendo rebelde, o pregador em questão fica ilibado dos pecados dela para sempre. O bom testemunho dele prevalece e ficará intacto. Mas, será isso infamar? Se aquilo que motiva esse pregador é, em primeiro lugar, o testemunho da verdade e se seu motivo secundário é tentar salvar a esposa de seus pecados e de sua conduta (algo que acontece algumas vezes), se seu coração não estiver sendo inspirado por desejo de vingança, raiva ou ressentimentos de qualquer género, se aquilo que o motiva é uma real preocupação com o decorrer das coisas, se é movido a esse extremo por amor, creio que isso não é infamar. A verdade deve imperar em alguém de coração verdadeiro. Adão colocou-se ao lado da esposa e deu no que deu. Nunca saberemos o que teria acontecido caso Adão se tivesse colocado ao lado de Deus em vez de se ter tornado conivente com a esposa. Podemos especular sobre isso, mas, certamente que muitas coisas teriam sido bem diferentes. Ainda hoje seriam diferentes. No caso de Maria e de José, colocar-se ao lado de Deus era não infamar Maria porque Maria não havia pecado. Mesmo sem saber, ele fez o que é certo fazer - fez aquilo que Deus queria que fosse feito. Mas, tenhamos em conta que José não se tornou justo por não ter exposto Maria, mas, porque conseguia discernir entre a vontade de Deus e aquilo que era a lei ou legalismo. Fez aquilo que era certo mesmo sem saber por que razão o fazia. Isso acontece com seres justos. "…O meu parecer, (porque) eu cuido que tenho o Espírito de Deus", 1Cor.7:40. Ele não era justo por não ter exposto Maria e, antes, não expôs Maria porque era justo e conhecia Deus. Por ser justo foi induzido a fazer aquilo que Deus queria. Foi esse conhecer experimental de Deus que fez seu coração pender para fazer aquilo que Deus queria que fosse feito ou da forma que fosse feito. Não infamar Maria era a vontade de Deus, porém, deixá-la não era e foi nesse ponto que foi corrigido. É isso que acontece com todos aqueles que são justos quando pensam fazer as coisas pela metade: eles são corrigidos. Não erram.
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"Cristo em vós, esperança da glória", Col.1:27. Temos aqui duas questões problemáticas com as crenças e esperanças das pessoas. A primeira é alguém crer, afirmar ou mesmo assumir que tem Cristo dentro dele quando isso não é verdade. Cristo pode não estar na pessoa e, ainda assim, essa pessoa crer que está. Mas, também temos o outro lado da questão: Cristo encontra-se na pessoa e ela pensa que não está operante ou mesmo fluindo em seu interior.
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"Ele nos tirou da potestade das trevas...",Col.1:13. Devemos aprender a dar maior atenção às palavras na Bíblia, principalmente àquelas que não têm tradução direta no nosso idioma. No entanto, não precisamos aprender grego, aramaico ou hebraico para conseguir entender bem o que significam essas palavras ou verdades em sua vertente mais prática. Basta termos uma cumplicidade e uma comunhão real, verdadeira, não-forçada com Deus na plenitude prometida para obtermos a devida revelação acerca da verdade e crermos nela incondicionalmente, assumindo-a no nosso dia a dia para estar pronto para o passo do dia seguinte, tornando-a prática. É essa comunhão com Deus que nos impede de tropeçar na Palavra. Aqueles que não a têm certamente tropeçarão na Palavra que só fará sentido quando tornada pessoal por via duma manifestação da verdade por Deus ao próprio, seja num culto, num estudo bíblico ou no quarto da intimidade com Deus. Esta palavra "potestade" (das trevas) não tem tradução direta em nosso idioma, mas, tem um significado que nos pode surpreender. O poder que se pode exercer sobre alguém pode manifestar-se de muitas maneiras. Existem aquelas formas de poder que se exercita sobre escravos contrariados, os quais obedecem porque temem as consequências; mas, também existe aquela forma de poder que conquista a voluntariedade e o coração da pessoa a ponto de sentir-se realizada e feliz debaixo desse poder disfarçado de prazer e de realização. E é assim que o poder se torna uma potestade. Esta ultima forma de poder faz com que se torne impossível alguém sentir-se escravizado fazendo, sentindo, realizando e vivendo os enganos que mais deseja. Tais pessoas sentem-se donas de seu destino sem se aperceberem que, na realidade, andam à deriva sendo, também, escravas delas próprias pela subtileza que faz parte da vontade do diabo, a qual faz crer na mentira tal como aconteceu com Eva. Esse é o pior tipo de potestade que existe, onde a própria pessoa deseja aquilo que a domina e escraviza. É precisamente isto que significa a palavra "potestade" no original. Este poder ou potestade só se mantém estando escondida e disfarçada nas trevas, porque, havendo luz (quando e se é desejada), todo o tipo de engano ficará exposto e visível de forma clara e, também, seus motivos são expostos. É necessário que o engano esteja sempre nas trevas para poder enganar, isto é, para continuar a ser engano. É por essa razão que devemos andar na luz esforçando-nos para sermos transparentes e visíveis nela. Ao ser convicto, sendo-lhe revelado, cabe a cada um decidir se segue praticando aquilo a carne mais deseja ou se vai aprender a preferir a beleza da verdadeira liberdade (sendo libertos de nós próprios) que existe somente dentro da vontade de Deus, exterminando a carne crucificando-a com Cristo eternamente. O pecado só tem força mantendo-se como engano que domina e convence. Na verdade, até engana afirmando e convencendo que é um poder indestrutível. Isso é seu o último recurso. E é isso que muitos pregadores propagam nos púlpitos de hoje quando falam da velha natureza, da carne e do pecado. Formam uma parceria com o mal sem se darem conta disso anunciando que teremos de conviver com a "realidade" do poder da carne até à morte. Não existe poder fora de Deus. É por Ele que seremos libertos desta potestade das forças do mal levando-nos pela verdade de forma prática e sob Sua companhia (Vida, presença), sendo que grande parte desse mal é o nosso próprio - é aquilo que somos e desejamos ou, melhor dizendo, aquilo que aprendemos a ser, desejar, desculpar e justificar sendo enganados e enganando-nos a nós mesmos. Essa potestade da qual Jesus nos liberta tem a capacidade de fazer com que nos enganemos a nós mesmos. No entanto, só tem a força que lhe damos. O poder do diabo e da carne são perecíveis na luz e é por essa razão que é pela verdade que somos libertos. Isso significa que seu poder é uma mentira - é uma ilusão. O pecado é uma mentira. Tornam-se poderes insignificantes e enfraquecidos sob a luz da verdade, sendo que se podem tornar completamente mortos se a pessoa conseguir permanecer ou estar em Cristo, em plena luz, crer nessa luz solenemente, assumindo-a em seu dia a dia e, também, se puder considerar-se verdadeiramente morta quando ou se estiver mesmo morta, isto é, estando cheia do Espírito. "Assim, vós considerai-vos mortos para o pecado, mas, vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor", Rom.6:11. Basta assumir uma verdade que se tornou realidade - caso se tenha tornado realidade por via duma vida de plenitude, desde que seja alcançada na proporção/abundância prometida. "Estai em Mim e Eu em vós", João 15:4. Sendo que Cristo está morto para o pecado (Rom.6:10) e se Ele vive mesmo em nós tendo essa morte, se isso é uma realidade inquestionável; e se nós não vivemos mais, também estaremos mortos para o pecado tanto quanto Ele que vive em nós. Estaremos tão mortos para tudo que possa ser enganosamente gozado neste mundo quanto está um corpo em decomposição. Essa é a verdade que podemos assumir. Essa é a principal mensagem do verdadeiro Evangelho. Isso são as boas novas.
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"Esforça-te e tem muito bom ânimo para teres o cuidado de fazer...", Jos.1:7. Há quem se esforce sem obter resultados compatíveis com o esforço despendido. Isso acontece porque existe um segredo que devemos ter em conta para evitarmos tropeçar na palavra. Qualquer esforço para cumprir que não obtém o respetivo fruto é sinónimo de tropeçar na Palavra. A promessa é um tropeço porque não se cumpre. E é pelo fruto da palavra que conhecemos a árvore e não pelo quanto alguém se esforça para cumprir. E qual a razão principal para alguém tropeçar na Palavra? A razão é tentar cumprir sem ter uma comunhão real, verdadeira, simples, dedicada, exclusiva, permanente e constante com Jesus no Espírito Santo apoderando-se, assim, da graça que é necessária para executar da maneira que se executa no céu, isto é, aqui na terra como no céu. Deus nega o esforço de quem não O conhece experimentalmente. "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam", Sal.127:1. Tentar cumprir sem ter esta comunhão não fingida e muito real é como querer movimentar um carro sem combustível. O carro pesado só se movimentará sendo empurrado, o que fará com que o carro não cumpra a missão para a qual foi concebido. E existem crentes que, ao invés de serem transportados, tentam transportar aquilo que os devia levar pela porta estreita e pelo caminho apertado. "Se me amardes, guardareis os meus mandamentos", João 14:15. Isto é, se o amor a Deus não conseguir ser derramado em nossos corações por alguma razão, se existe algo que impede esse tipo de comunhão com Deus, isto é, que impede a vida abundante e eterna de fluir por todo o nosso ser, nunca será possível guardar os mandamentos que nos são dados por Jesus como dever hereditário. Mas, tendo (obtendo) esse poder da graça, tomando posse dessa vida eterna e abundante (1Tim.6:12), a qual nos capacita para todas as coisas, qualquer esforço no sentido de cumprir obterá seus respetivos frutos. Só então faz sentido este mandamento: "Esforça-te e tem muito bom ânimo para teres o cuidado de fazer". É por essa razão que Paulo, falando de sua experiência pessoal, afirmava que podia todas as coisas estando incondicionalmente n'Ele. Havendo obtido essa comunhão com a Vida, podemos e devemos esforçar-nos com a certeza que não sairemos frustrados ou defraudados e muito menos desapontados. Isto é, tendo essa vida na abundância prometida cabe-nos a nós o dever de nos esforçarmos de todo coração com total confiança num bom resultado. O esforço obterá, então, seus respetivos frutos mais tarde ou mais cedo. Raramente tardam a chegar esses frutos. Mas, ainda que tardem, certamente chegarão. Isso acontece apenas estando em plena comunhão com Deus, andando em Sua presença real - verdadeiramente real - para que Ele não nos negue. Mas, se nos esforçarmos sem ter verdadeira, real e manifesta Vida por via duma comunhão continuada com Deus, isto é, caso essa "comunhão" seja unilateral de nossa parte por via dum esforço fora do contexto duma experiência real com a vida eterna, se for fingida ou forçada, faremos de nós mesmos aquilo que a Bíblia diz ser o anticristo. Ser o anticristo é ser cristão na aparência - é ser cristão sem ter Cristo. O Evangelho e a doutrina sem Cristo são os piores inimigos da verdade que se quer real. Esforço sem vida abundante e real fará de qualquer um de nós os hipócritas da boda, os quais pulam o muro para entrar sem roupa nupcial. Seguramente, seremos lançados fora juntamente com os hipócritas. É importante lembrar que é a própria pessoa que se faz anticristo. "Também, agora muitos se têm feito anticristos", 1João 2:18. Esforçam-se para cumprir evitando as condições humilhantes para a carne que abrem o caminho para que a Vida real possa ser achada ou alcançada. Os anticristos encontram-se dentro da igreja. "Saíram de nós, mas, não eram de nós", 1João 2:19. Ser parecido com Cristo, ter a aparência de cristianismo é o que significa ser anticristo, professando que o conhecemos, mas, negando-o com as obras do dia a dia. Esse tipo de vida dos que se dizem crentes é o maior impedimento para o verdadeiro Evangelho que se quer real e operante. Ser anticristo é tornar-se uma semelhança de santidade que existe na terra.
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"Amados, procurando eu escrever-vos (...) acerca da comum salvação, tive por necessidade (...) exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns (...) homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus", Jud.1:1,2. Judas, ao falar aqui sobre "batalhar pela fé", não se está referindo às perseguições dos maus, das prisões e das resistências dos ímpios do lado de fora. Ele está falando dos crentes, daqueles que se introduzem e transformam a vida prática da igreja em dissolução. Ele está falando dos que se encontram do lado de dentro e não dos de fora. O mal está dentro da igreja. O mal do lado de fora não afeta a comunhão dos crentes com o Espírito Santo e Seu poder. A água fora do barco ou do navio ajuda-o a navegar, mas, estando essa água do lado de dentro leva-o a afundar-se. E quando Judas fala em negar Deus, não está falando das profissões de fé, mas, da vida prática. Os ímpios do lado de dentro raramente negam Deus verbalmente, a menos que sejam ateus. Negam Deus com suas vidas práticas fora e dentro da igreja. É pelo tipo de vida que negamos ou glorificamos Deus e não pelas palavras. "Confessam que conhecem a Deus, mas, negam-no com as obras", Tit.1:16.
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"O suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos", Dt.16:19. Existem muitas formas de suborno. Podemos afirmar, também, que existem aqueles que buscam o suborno. E, entre estes, existem aqueles que se deixam enganar (subornar) com muitas outras coisas além do dinheiro. Deixam-se subornar até como palavras e elogios. Quando um pastor ou líder duma igreja considera os membros de sua igreja como sua possessão ou domínio, certamente que também se deixará perverter e enganar pela quantidade de pessoas que são capazes de se agregar ao seu domínio e não levará em conta a santidade dos mesmos e a dedicação exclusiva a Deus. Esta forma subtil de suborno leva tais líderes a aceitar como parte integrante daquilo que crêem ser o Reino de Deus até aqueles que nunca se converteram. Já vi muito disso em minha curta vida de vivência com o Evangelho. Contam-se os números e a assiduidade nos bancos das igrejas e, além de se enganarem a eles mesmos, estes ditos pastores (ou mercenários) enganam mesmo aqueles que se agregam às igrejas convencendo-os com ilusões e mentiras de irmão para aqui e irmã para ali. "Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras", Tit.1:16. Quem pensará em converter-se ou que creia estar do lado de fora do Reino acreditando estar salvo ou ser crente? Estes pastores não somente se congratulam com a quantidade de membros na igreja, mas, enganam quem ainda se poderia converter fazendo-os crer que já estão salvos quando, na verdade, se tornaram ainda mais filhos do inferno. "Ai de vós, hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós", Mat.23:15. Tudo isso ocorre por causa duma forma de suborno subtil, fingindo amor e sendo hipócritas para continuarem a segurar membros que nunca provaram a vida abundante (isto é a vida eterna) por via duma verdadeira e real conversão.
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"Não duvidou (...) por incredulidade", Rom.4:20. Desejo tirar um certo fardo dos ombros de algumas pessoas que são levadas a duvidar de certas coisas, pessoas essas que também são levadas a sentirem-se culpadas por pensarem que estão a duvidar de Deus. É bom prestarmos muita atenção a estas palavras de Paulo: "Duvidar por incredulidade". Eu creio que é possível duvidar por fé. O pecado não reside na dúvida em si, mas, no duvidar de Deus e, principalmente, quando Ele fala - se falar. É verdade que a duvida é não ter a certeza, mas, pode levar à certeza. Vou tentar explicar. Existem muitos erros doutrinários, muitos pregadores falsos e aproveitadores, muitas igrejas que são a porta do inferno e não do céu. Muitos dos que convivem com essas práticas erradas chegam mesmo a duvidar de muitas das coisas que ouvem e enxergam nesses círculos. Mas, com medo de saírem a perder por "falta de fé" acabam por aceitar as circunstâncias ao invés de "examinar todas as coisas e reter o bem" (1Tes.5:21). Também existem pessoas que aceitam o erro por afinidades sentimentais, por interesses pessoais, por afinidades familiares e por sentimentos de culpa. Disso não duvido. Mas, uma coisa é duvidar por incredulidade e outra é duvidar por fé. Sei que duvidar do erro ainda não é fé, pois, ainda não é a certeza das coisas. Mas, não podemos deixar de afirmar que duvidar de qualquer erro é obra da fé.
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Se existe, de fato, uma fé falsa, fingida ou forçada certamente que existe uma forma carnal de agir e própria associada à exercitação desse tipo de fé que extermina verdadeira fé existente no coração. "Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos, porque, até agora, não entrastes no descanso e na herança que vos dá o Senhor", Dt.12:8,9. A vida prática, a forma de experimentar e exercitar a fé verdadeira é oposta à forma como os crentes crêem que se deve exercitá-la. Logo, além de negar e exterminar a fé falsa, devemos, também exterminar a forma de exercitar a dita "fé" que herdamos duma vida carnal
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"Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos, porque, até agora, não entrastes no descanso e na herança que vos dá o Senhor", Dt.12:8,9. Jesus falou do descanso que Ele dá e que seu jugo é leve após havermos entrado nesse descanso. Paulo também disse que "resta que alguns (crentes) entrem nesse descanso" (Heb:4). Isso significa que muitos se ficam pelo entusiasmam da porta estreita e acabam não entrando. Esse descanso achamos na plenitude de vida, isto é, apoderando-nos da vida eterna (vida abundante) que começa aqui e agora. Só entram nesse descanso aqueles que são limpos de coração, limpos de motivos e limpos no caminhar do dia-a-dia. Caso alguém consiga obter essa plenitude de vida constante e eterna aqui e agora sem se haverem limpado convenientemente no sangue do Cordeiro, entrará em conflito permanente com o Espírito Santo até se limpar convenientemente. "O Espírito é inimizade contra a carne e a carne contra o Espírito", Rom.8:7. Nessa inimizade não haverá descanso. Mas, precisamos acrescentar duas coisas aqui: "Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos porque...". Não é possível ser-se guiado por Deus fora da vida abundante. Mas, isso somente os crentes mais honestos podem reconhecer, porque vejo muita gente falar em nome de Deus sem haverem sido mandatados ou enviados por Ele. Quando o próprio engana o próprio pode facilmente afirmar que foi Deus quem lhe falou. Também ocorre o engano sempre que se ouve uma voz estranha sugestiva. Tanto a sugestão quanto a auto-sugestão são enganos perniciosos. Mas, havendo entrado e sendo consolidado no descanso que a vida eterna e abundante dá, não podemos mais viver da maneira que se vivia fazendo aquilo que parecia bem ou melhor aos próprios olhos.
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Aquilo que é normal (ou deveria ser normal) no desenrolar da nossa vida cristã e seu crescimento, deveria ser uma adaptação natural a cada etapa ou fase de nossa vida na abundância prometida - se é que a temos mesmo nessa medida. Existe a fase da aprendizagem que deveria terminar em uma prática natural, espontânea e pessoal onde não mais podemos depender do aprender, mas, daquilo em que já nos tornamos. "Eu vos escrevi porque (...) a palavra de Deus está em vós e já vencestes", 1João 2:14. Nós não aprendemos - aprendemos a ser. O problema das igrejas de hoje é que incutem nas pessoas que devem permanecer sempre na fase de aprendizagem, evitando, assim, a parte prática do Evangelho a qual levará à experiência e, inquestionavelmente, para uma maturidade natural, espontânea e sem esforço na comunhão com Deus e no entendimento da verdade prática na maior humildade não fingida. Essa parte prática tornará possível que se progrida além do que já somos para nos tornarmos ainda mais e melhor. Temos muitos crentes que bloqueiam a porta estreita pelos conhecimentos que adquiriram para que não entrem aqueles que querem entrar por ela por via da realidade de Deus. Mas, também temos aqueles ditos professores e lideres que gostam de manter os que entram na fase da aprendizagem para que não progridam e se mantenham sob sua alçada. Se progredirem, saem do alcance de seu domínio. Os que não progridem ficam sempre sob a alçada e do poder de quem ensina. "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós (...) espontaneamente, (...) mão como dominadores dos que vos foram confiados", 1Ped.5:2,3. Isso seria como algum professor de escola que deseja manter o seu domínio sobre seus alunos, evitando que progridam para ter como mantê-los sob sua alçada. Não os deixa seguir em frente para não perder seu domínio sobre eles. "Bem-aventurados vós, os que semeais junto a todas as águas e dais liberdade ao pé do boi e do jumento", Is.32:20.
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Existe uma enorme dificuldade em entender o coração do homem, pois, engana-se até a ele mesmo. "Enganoso é o coração acima de todas as coisas - quem o entenderá?", Jer.17:9. Contudo, sabemos que tudo começa no coração, tanto aquilo que é bom, quanto aquilo que é mau. Mas, é precisamente ali onde tudo começa a resplandecer e é ali onde "uma grande luz" começa a raiar a todos quantos se encontram na sombra da morte e do engano próprio. Logo, tudo começa no coração. Não podemos negar esse fato. Ali começa toda a boa obra. Sendo assim, devemos prestar maior atenção à responsabilidade de termos de transformar o nosso próprio coração através da sinceridade para que, havendo sido transformados, a parte prática possa corresponder aquilo que somos e não nos tornemos teatrais na parte prática do verdadeiro Evangelho. Há os que, sendo maus, se escondem atrás de boas práticas; e aqueles que já foram transformados se podem encontrar emaranhados em culpas e hábitos anteriores. Em ambos os casos, não são aquilo que praticam. A sinceridade, aliada à realidade dos fatos e à percepção correta da verdade já instalada no coração, é o maior trunfo na obtenção desse coração e da santificação. "Eis que amas a verdade no íntimo", Sal.51:6. Isso deve ser feito e alcançado pelo bom uso e usufruto da plenitude do poder ativo da graça aplicado num coração sincero, juntando com Deus para não sermos achados a espalhar. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo", Ez.18:31. Dito isto, nunca devemos menosprezar o fato de já não sermos virgens no mal, havendo já assimilado, em tempos anteriores, muito da cultura do mal e de sua forma de pensar, principalmente acerca dos nossos próprios conceitos do mal e do bem. "Ai de mim! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios", Is.6:5. Podemos, ainda (e após já havermos obtido um coração transformado), catalogar o bem como mal e o mau como bom. Devemos ser renovados no exterior também. Não somente nos entregávamos de corpo e alma aos nossos conceitos, prazeres, culturas mundanas como criamos uma mentalidade capaz de raciocinar dentro dessa esfera usando a sua formula/forma de pensar encarando as coisas novas através duma mente ainda mundana e condicionada pelos antigamentes, a qual ainda compara aquilo que é do mundo com aquilo que do mundo é, crendo que está fazendo uma coisa boa, útil e correta quando, na verdade, ainda é o mal tentando gerir o bem. Parar de praticar o mal ou deixar de ser mau não significa que nossa mente ou mentalidade tenha sido transformada. Sendo assim, torna-se necessário começar a praticar, em seus detalhes, tudo aquilo que começa num coração verdadeiramente transformado, com toda a sinceridade numa nova realidade nunca antes vivida e nunca experimentada. Tudo é deveras novo. Começando a praticar, abre-se o caminho para o entendimento da verdade e até mesmo para o entendimento do próprio coração para que não se diga mais, "quem o entenderá?". É por essa razão que Jesus diz que "aquele que quiser fazer a vontade de Deus" começará a entender. Muitos bons pregadores tendem a inverter esta sequencia das coisas instruindo um coração que ainda não passou pela transformação ou que não se aplica na parte prática do Evangelho. Jesus não disse que é ensinando todas as coisas, mas, "ensinando-as a guardar todas as coisas", Mat.28:20. E é praticando que se inicia o processo para o verdadeiro entendimento. Sendo assim, a mente precisa começar a ser renovada numa nova forma de pensar, praticando e, paralelamente, obtendo uma nova cultura e perspectiva entusiasmante, vibrante, corajosa antes de se poder tornar imparável e simples. É isso que Deus diz ser "bom ânimo". "Esforça-te e tem bom ânimo", Jos.1:6. Quase se poderia dizer, "Esforça-te e obtém bom ânimo". O "esforçar" vem antes. É praticando e juntando com Deus que se renova a nossa mente entendendo bem o que fazemos e por que razões o fazemos. "Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento", Rom.12:1,2.
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"Aos
que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas, para
que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam
para que não se convertam e lhes sejam perdoados os pecados",
Marc.4:12. Existem muitas
doutrinas aproveitadoras que usam certas partes mal interpretadas
das Escrituras para se substanciarem. Estas afirmações de Jesus é um
desses casos. Ele diz: "...para que não se convertam e sejam
perdoados seus pecados". À primeira vista parece algo estranho, mas,
se vermos bem, enxergaremos aqui um certo jogo de palavras que não
sei se é devido às traduções ou não. Se este versículo afirma que
Deus não quer que certas pessoas se convertam, as Escrituras
contradizem-se, pois, lemos claramente que é a vontade de Deus que
todos se salvem. Mas, podemos crer que este trecho diz que Deus não
quer que certas pessoas sejam perdoadas porque não se converteram ou
porque não se querem converter. Creio ser essa a interpretação correta. Foi por essa mesma razão que Deus colocou "uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida
(para que não vivessem para sempre, pecando)",
Gen.3.24,22. É a conversão que leva ao perdão. Logo, crendo que Deus evita que alguns sejam salvos
é claramente um erro de interpretação e não dá substância às
doutrinas que afirmam isso, o que, também não tem nada a ver com a
verdadeira doutrina da predestinação, mas, apenas da forma que muitos
acreditam nela. Até mesmo a doutrina da predestinação contém nela a
verdade intrínseca que Deus quer que todos se salvem e é com essa
finalidade que Deus predestina. Quando a
interpretação dessa doutrina deixa de fora a verdade de que tudo se
resume a que todos possam ser salvos sem exceção, é uma má
interpretação por pessoas que acham que sabem muito e não sabem
nada. Tudo que vem escrito tem como alvo e objetivo único a salvação
de todos. Mas, voltando ao versículo acima, creio que a
interpretação correta é distinta daquela que, à primeira vista,
podemos ser levados a crer. Se vermos aquilo que Paulo diz em
2Cor.3:16 podemos crer que o
entendimento vem com a conversão genuína. Paulo diz: "quando se
converterem ao Senhor, então, o véu se tirará". Também podemos afirmar,
categoricamente, que o perdão de pecados é concedido pela conversão
da pessoa e que a confissão minuciosa de cada pecado leva ou induz a essa conversão;
e induz a que essa conversão se vá tornando genuína. Não somos perdoados
porque confessamos, mas, porque nos convertemos; a confissão
detalhada de cada pecado leva a essa conversão.
Então, olhemos novamente para o versículo acima: "para que se não
convertam e lhes sejam perdoados os pecados". Esta afirmação pode
ser vista como o fato de que as pessoas não se quererem converter para
que seus pecados possam ser perdoados. Caso houvesse perdão sem
conversão, certamente desejariam ser perdoados. Só não desejam ser
convertidos. Até o diabo quereria ser perdoado sem ser convertido. Imaginemos um assassino
ser perdoado sem se haver transformado em distribuidor ou dador de
vida (como aconteceu com Paulo)! Ou um ladrão ser perdoado sem
começar a trabalhar para dar a quem precisa, fazendo o oposto
daquilo que fazia! Ou um mentiroso que não falasse a verdade sendo
verdadeiro e experimentando a verdade da qual fala! Muitos podem falar a verdade
sem se haverem tornado verdadeiros. Caso essas pessoas começassem a
entender a Palavra sem estar convertidas, teriam como criar uma
aparência de Cristianismo, de santidade, de verdade e de pureza que
não corresponderia àquilo que são em seus corações.
Mas, daí a ser afirmado que é para que não se convertam é ir longe
demais com alguma má interpretação. Na verdade, não se querem converter
genuinamente para poderem ser verdadeiramente perdoados.
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"Não
entristeçais (extingais) o Espírito Santo",
1Tes.5:19. Quando Deus se
manifestou em nossas vidas, a forma como se manifestou - desde que
essa revelação tenha sido real e não apenas crença assumida - é um
ponto de partida para compararmos aquilo que Deus começou a fazer
para compararmos com aquilo que faz atualmente. É uma boa maneira de
sabermos se entristecemos o Espírito Santo ou não. É bom compararmos
o estado das igrejas atuais com seu início no tempo dos apóstolos
para obtermos uma ideia do quanto o Espírito de Deus se entristeceu.
Também podemos verificar se, ao invés de se ter entristecido, o
quanto se alegra. Para se alegrar é necessário que se possa ver um
progresso claro na qualidade do fruto que Sua presença é capaz de
produzir. "Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor",
Os.6:3. Se conhecer o Senhor de
maneira real é como o raiar do dia que vai aumentando de qualidade e
luz, podemos assumir que, ao invés de estarmos a entristecer o
Espírito de Deus, estaremos a alegrá-Lo.
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"Esforça-te
e tem bom ânimo", Jos.1:6.
Muitas vezes e durante provações prolongadas, a pessoa deixa de
fazer as coisas normais dos seus deveres quotidianos perdendo seu
ânimo a pouco e pouco e qualquer pessoa nota que seu ânimo já não é
aquilo que era. Mesmo tendo a força da graça sempre à distancia duma
oração sincera, já não consegue executar se depender do animo que
começa a desvanecer com o prolongar do tempo. Vemos que
Abraão e Isaque também ficaram "fartos de dias" embora tenha sido por
outras razões (e não pelas razões que irei mencionar aqui), mas, devido à sua velhice
(Gen.25:8; 35:29). O cansaço dum esperar prolongado, de ter de
esperar espiritualmente pelos que se atrasam ou se desleixam, a
promessa que tarda em cumprir-se e a labuta normal de cada dia ou a
sua monotonia são capazes de fazer surgir certa maneira de pensar e
de avaliar que leva a extinguir o "bom animo". Esse animo só é bom
porque vem de Deus e é devido à Sua presença infalível. Só existe
como fruto devido à comunhão da Sua presença. Por essa razão é que é "bom". Mas,
precisamos enxergar outra verdade a esse respeito. A pessoa não deixa de
executar pela falta de animo bom, mas, é precisamente o inverso:
entristece o "bom animo" porque deixa de fazer. Por isso é
que lemos "esforça-te e tem bom ânimo" - nessa ordem. Na ordem
cronológica (que é a ordem espiritual) o esforçar-se vem antes do ânimo. Não podemos querer
alterar essa ordem, pois, a ordem da carne é ter ânimo antes para se
poder esforçar. A carne é sempre contrária e inversa ao Espírito. A
carne busca ânimo para se esforçar e o espírito esforça-se e obtém
ânimo bom como fruto do Espírito. Ao tornar-se
negligente, a pessoa perde o animo que é bom porque se separa de
Deus pelo pecado do desleixe, pois, entristece o Espírito que até
é capaz de animar um morto ou de pegar numa pedra e fazer dela um
filho de Abraão. O "bom ânimo" é fruto dum relacionamento real,
sincero e verdadeiro com Deus. Mas, sendo negligente em qualquer
dever espiritual, a pessoa perderá esse ânimo bom devido ao
afastamento de Deus causado pelo pecado da negligencia. O fruto do
"bom ânimo" deixará de existir pela quebra dessa comunhão real com
Deus. Logo, não é o bom ânimo que fará com que nos esforcemos, mas, será esforçando-nos que
obteremos esse "bom ânimo".
"Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza",
Is.52:1. Esse ânimo não é e nunca será um tipo de
ânimo qualquer: é fruto alcançado por via dum
relacionamento sincero, não fingido, não forçado e real com Deus.
Isto só é possível de experimentar por aqueles que são verdadeira e
inegavelmente cheios do Espírito Santo. Nenhum outro poderá
comprovar isto que afirmo aqui. Não é um ânimo carnal, operado pelo homem no homem, seja esse homem
o próprio ou algum outro que o tenta animar ao invés de incentivar a
esforçar-se onde foi negligente. Quando Paulo afirmava que "estamos
sempre de bom ânimo" era porque não deixava de ser fiel na execução
de cada detalhe da vontade de Deus. É por essa razão que estava
sempre de "bom ânimo". Para que isso se tornasse possível,
teria de buscar o poder da graça minuciosa e fielmente para cada
tarefa de cada momento de cada dia. "Dá-nos hoje o pão nosso de cada
dia". Qualquer pessoa negligente irá de mal a pior e até mesmo
aquilo que o rodeia piorará a olhos vistos dia após dia. E o perigo
de não se esforçar enquanto pode - enquanto é dia - é o de chegar ao
ponto onde não mais se consegue esforçar. "Andai enquanto tendes luz
para que as trevas não vos apanhem", João
12:35.
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"...O Espírito
Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem",
At.5:32. Pouco se fala na obediência e da sua
importância como condição prévia para a experiência da Vida Eterna,
isto é, da vida abundante a qual Deus dá àqueles que lhe obedecem; e o pouco daquilo que se fala não explica quase nada a respeito
do que é a verdadeira obediência e em que consiste. Se tivermos em conta que Deus
prima por um coração ativamente voluntário, não podemos sequer olhar para a
obediência como os humanos a enxergam, isto é, como se a obediência
da qual Deus fala fosse uma subjugação de alguém que é obrigado a
obedecer sob pena de perda ou punição. O desobediente está fora do
Reino de Deus, mas, não apenas por desobedecer e antes por ter uma natureza
contrária à do Reino. Se a pessoa "obedecer" de forma forçada não
significa que a sua natureza haja sido transformada, mas, que foi
subjugado por falta de opções. Sua natureza continua sendo a
mesma de sempre sendo subjugado ou obrigado. Logo, também está fora do Reino ainda que obedeça,
pois, não é possível reiná-lo tendo uma natureza contrária. Quando obedeço contrariado,
desapontado ou de forma custosa não me posso considerar como pessoa
de natureza obediente tal como a jumenta de Balaão não se podia
considerar gente por ter falado uma vez. E é esse tipo de "obediência"
que é considerada como normal entre a grande maioria dos crentes e
com a qual os humanos se contentam. Isso significa que vivem um
engano que consideram ser uma virtude em vez de verem isso como uma
falsificação da obediência. "O engano deles é falsidade",
Sal.119:118.
"Mas, para (o Seu povo) diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente",
Rom.10:21. Toda a obediência a Deus tem de ser uma de
natureza, de conivência dum coração que se revê no mandamento. Na
nova criatura, a obediência não é e nunca será uma contrariedade,
mas, é a luz que busca ansiosamente, é o mais puro e mais sincero anseio e deleite de todo um ser a ponto de estar
integralmente envolvido no executar da vontade de Deus com toda a inteligência e com
toda a diligencia assim que acha os meios para tal. (Ninguém consegue
executar a vontade de Deus sem achar esses meios da graça para que consiga
fazer aqui na terra da mesma maneira que se executa no céu). "Levantarei as minhas mãos para os Teus mandamentos,
os quais amo"; "Os teus estatutos têm sido os meus cânticos"; "Inclinei o meu
coração a guardar os teus estatutos", Sal.119:48;54;112.
Quando alguém inclina o coração para poder guardar os estatutos, é
fazer muito mais e muito mais profundamente que apenas inclinar os
passos do dia a dia. Isso significa que todo o coração, todo o
deleite e alegria agem como parte integral da obediência. Mas, logo
surge uma pergunta: por que razão, então, as Escrituras dizem para nos
negarmos a nós mesmos se nos quisermos tornar Seus discípulos? Devemos
saber distinguir quando a nova natureza é contrariada, tentada ou
mesmo impedida pelo diabo, cansaço, demora das concretizações de
certas promessas que nos tocam, entre
muitas outras coisas. É sob essas circunstâncias que devemos
negar-nos a nós mesmos. É muito diferente quando é a natureza velha
a tentar cumprir contrariada e ser crente de aparência com as suas naturais
dificuldades e impossibilidades. São esses que criam doutrinas que
desculpam o pecador e afirmam que é impossível ser-se santo como se
ser santo fosse uma coisa doutro mundo.
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"Dai
ao Senhor (...) força"; "Dai ao Senhor fortaleza",
Sal.96:7; 68:34. Existem
palavras nas Escrituras que, por vezes, são difíceis de
entender/colocar na perspectiva correta. Como é que alguém pode dar
força a Deus? Como é que alguém lhe pode dar fortaleza? Na verdade,
é simples de entender. Damos força a Deus submetendo-nos a Ele para
que seja Deus a construir a casa;
limpando nossa vida; permanecendo n'Ele e Ele em nós. Tudo isso
conjugado dá força visível a Deus, isto é, Sua força torna-se
visível, prática e demonstrativa. Da próxima vez que você disser que
Deus é a sua força, certifique-se que é mesmo assim na prática,
pois, você pode estar a falar duma força emocional que o próprio
pode fabricar para o próprio, o qual lhe permite persistir ou mesmo
perseguir a sua vidinha de sempre. E isso pode estar a acontecer
quando Deus pode estar a operar o inverso, dando-lhe razões para
negar a sua vida própria, sua forma de poder e de força. Existem
inúmeras partes nas Escrituras onde é afirmado que Deus resiste
alguém enquanto essa pessoa, na sua ignorância e teimosia, busca
força onde não tem para contra-resistir, isto é, para persistir
contra Deus. E se for Deus quem lhe está
a resistir e você pensa que é o diabo? Se não estiver mesmo
sujeito a Deus com toda a sua vida limpa, duvido muito que Deus seja
a sua força. Talvez seja a ideia de Deus que lhe dá alento emotivo,
mas, pode crer que quem bebe dessa água terá, necessariamente, de
beber dela de novo. Não é e nunca será o tipo de água que se bebe
uma vez e que se mantém para sempre.
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"Quem te deu tal autoridade?" Mat.21:23.
Muito se fala sobre autoridade em termos gerais, enfatizando apenas
uma das partes: aquele que exerce autoridade como se tudo dependesse
dele. No tocante a quem a exerce, a autoridade é um dom
mesclado com exemplo de vida. Ninguém pode separar o exemplo da
autoridade que pode exercer. Quem dá, pode pedir; quem faz, pode
pedir para ser feito. Até Jesus exerceria pouca autoridade
espiritual caso não fosse cumpridor de toda a Lei e se não fosse
santo. Mas, existe o outro lado da autoridade sobre o qual nunca
falamos: aqueles sobre quem essa autoridade é exercida. Os Fariseus
colocaram bem a pergunta a Jesus e não é nada inocente. "Quem te DEU
essa autoridade". A autoridade é dada, é permitida e aceite. Mas, logo surge a pergunta: é
dada por quem? A autoridade é dada, concedia, permitida e obedecida
por aqueles sobre quem ela é exercida. Quem dá autoridade a alguém é
aquele sobre quem essa autoridade é exercida sujeitando-se a ela. Sou eu que me submeto
à autoridade de Deus, à autoridades mundanas ou qualquer outro
tipo de autoridade. Eu dou autoridade sobre a minha vida ou mesmo
sobre parte dela ao submeter-me a ela. É bom, aos olhos de Deus, que a pessoa seja
submissa de natureza com inteligência. Poderíamos ser submissos a
Deus temendo o Seu imenso poder, recebendo Sua imensa bondade ou por
qualquer outra razão dum vislumbre de qualquer aspeto da infinita
grandeza de Deus. Mas, logo surgiria a pergunta: como seria essa pessoa
sem ver tal grandeza? Seria, ainda assim, submissa, humilde e
simples de coração? O que Deus deseja e opera em nós é uma natureza
nova e voluntária desde o mais íntimo de nosso coração. Sendo submisso ou humilde
e simples sob algum poder (e não de natureza) é, muito provavelmente, sê-lo somente na
aparência por temor ou por necessidade.
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"Não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar", Luc.12:11,12. Não estar solicito
ou preocupado evita muitos pecados ou erros em momentos quando não
se pode errar. Aceitar a pressão nunca foi boa em momentos de aperto. Pode
causar precipitação, pressa, falta de confiança e pouco interesse ou
desejo de esperar algo de Deus, isto é, de esperar em Deus. Quando
Jesus fala a respeito de responder, não significa que essa seja
sempre uma resposta falada. Por vezes é, mas, nem sempre. Jesus
guardou silêncio diante de Pilatos e escreveu na terra quando
queriam apedrejar a mulher adúltera. Ainda assim, essas atitudes não
deixaram de ser respostas com enorme significado iguais às outras que deu sempre que falou.
É sumamente verdade que a Palavra vinda de Deus (as Escrituras) é "proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça",
2Tim.3:16. (Mas, tenhamos em
conta que podemos estar a ler as Escrituras sem ter Deus a
ensinar-nos). À primeira vista e por intuição carnal, somos capazes
de argumentar que este alerta ou recomendação tem como alvo quem ensina e não a quem aprende. Por norma, as
pessoas aprendem para ensinar a outros e crê-se que as Escrituras
falam muito nesse tom para quem ensina, isto é, para professores,
educadores e pastores. Contudo, devemos entender que, na verdade, a Palavra é dirigida a quem lê e
a quem descobriu o segredo de se ensinar a ele próprio. As
Escrituras falam ao próprio para que aprenda e nunca para que
aprenda a ensinar. Ainda que ensinar seja um dom que vem de Deus, há
que entender que só podemos tentar explicar o caminho daquilo
que, para nós, já é um vida quotidiana normalizada. Ensinar aos
outros não é ser ensinado. Saber transmitir aquilo que já se tornou
a nossa própria vida, aquilo que já aprendemos em sua forma prática
e já criou raízes em nós, falando da própria experiência, é a única coisa
que se exige dum pregador ou evangelista. "...Para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado",
1Cor.9:27. "Aquilo que recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei",
Fil.4:9. É isso mesmo que Paulo queria
transmitir a Timóteo, "para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra",
2Tim.3:17. Neste caso, ele
(Timóteo) era esse homem de Deus. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos",
2Tim.2:6. Logo, a Palavra é dirigida a quem
lê para que possa ser corrigido, redarguido, contestado, confortado
e instruído nos caminhos dos justos, isto é, nos caminhos da
justiça. É um erro sem tamanho quando um pastor, pregador ou
evangelista acredita que tem de preparar um sermão para os demais
quando, na verdade, ele tem de conseguir retirar, reiterar e
explicar aquilo que já aprendeu com a prática da verdade e partilhar
como chegar lá, explicando o
caminho para a Vida que começa necessária e inquestionavelmente somente
com essa pratica da verdade. "Aquele que pratica a verdade...".
Contudo, convém que consiga falar daquilo que, em sua vida prática,
já se tornou usual e natural para que não esteja falando somente
duma experiência nova, dando a impressão que é algo passageiro ao
invés de demonstrar que a Vida e Sua prática veio para ficar eternamente.
"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos"
somente quando esses frutos já estiverem prontos para a colheita e
nunca antes disso.
"Permanecei...". Devemos falar somente daquilo que já permanece em
nós, isto é, daquilo que já é capaz de permanecer. Se assim não for,
seremos condenados juntamente com os mentirosos. Seremos da laia dos
mentirosos e seremos julgados com e como eles.
Podemos e devemos ser sinceros a ponto de não deixar nada por esclarecer entre
irmãos. Uns optam por se calar porque não querem abdicar de suas posições
ou mesmo questioná-las. Calam-se para não terem de rever suas
posições. Isso não é concordar. Não é e nunca será
estar de acordo. Logo, não podem andar juntos, caminhar juntos, orar
juntos sem ser de forma frígida, fingida e forçada,
Amos3:3. Mas, existem pessoas
mais nobres, mais honestas e mais sinceras em relação à verdade e às
Escrituras. Esses ouvem-se mutuamente, analisam as Escrituras
atentamente e, negando-se a si mesmos, deixam as Escrituras ter a
última palavra. "...Mais nobres (...) examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim",
At.17:11. Aquele que não se nega
a si mesmo para poder dar a última palavra às Escrituras ainda não
sabe o que é o Evangelho e, se assim é, não saberá o que é viver o
Evangelho.
O Perdão que Deus concede graciosamente a qualquer pecador que foi plena e
inegavelmente convertido não pode ser colocado no mesmo patamar ou
com o mesmo significado que os humanos dão à palavra "perdão". Vamos
por partes. Se lermos atentamente e entendermos corretamente os
capítulos de Romanos (Cap.6 a 8), podemos entender melhor como e por
que razão o
perdão de Deus é concedido. Por aquilo que lemos, o pecador morre. A
culpa e a capacidade de transgredir morrem com o transgressor
culpado. O
perdão é concedido não somente porque Cristo morreu, mas, porque a
Sua morte é capaz de alcançar o mesmo tipo de morte do
pecador crucificando-o com Ele. Se o perdão fosse concedido
com base, apenas, na morte de Cristo,
todo mundo estaria perdoado. O perdão é concedido porque o tipo de
morte de Cristo consegue que o pecador também possa morrer crucificado com
Ele, isto é, estando semelhantemente morto para o mundo
(pecado) e o mundo para ele.
Segundo aquilo que Paulo nos transmite, entendemos que por via do (verdadeiro) Batismo com o Espírito Santo, o tipo de morte que Jesus experimenta
para o mundo para sempre, será a herança de todos aqueles que experimentam a Sua
vida na plenitude prometida, isto é, no poder da Sua ressurreição. "Se fomos plantados juntamente com
Ele na semelhança da Sua morte, também o seremos na da Sua ressurreição",
Rom.6:5. Na verdade, Jesus não
morreu no verdadeiro sentido da palavra, pois, se assim fosse não
teria dito "hoje estarás comigo no paraíso". Nenhum morto
podia estar no paraíso, muito menos estar vivo por lá. No tocante à morte de Jesus,
Ele morreu para o pecado e para o mundo e o mundo para Ele. "Quanto
a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado",
Rom.6:10. Sua morte foi, apenas, um
certo tipo de
morte. E será nessa semelhança de morte que somos participantes e da
qual podemos usufruir caso possamos permanecer na plenitude Cristo. Esse tipo de morte é um tipo específico de morte - é uma
morte para o pecado, para o mundo e para tudo aquilo que é oferecido
por cá. E é neste tipo de morte que nós, também, somos plantados
caso experimentemos a Sua plenitude de maneira continuada. Daí a importância daquilo que
Paulo diz aos crentes: "Enchei-vos do Espírito",
Ef.5:18. Por essa razão, Paulo usa as palavras "semelhança da Sua morte", isto é, o tipo
de morte que Cristo experimentou ao ser crucificado. Cristo não
morreu no verdadeiro sentido da palavra. Caso a
plenitude de Cristo tenha como abundar em alguém, o tipo de morte e
o tipo de vida que Cristo experimenta atualmente será plantada,
implantada e consolidada nessa pessoa também. "Não vivo eu, mas,
Cristo vive em mim", Gal.2:20.
Caso isso aconteça, experimentará o mesmo tipo de morte que Cristo
experimenta e, o mesmo tipo de vida ressurrecta. Isto é, o pecador estará tão
morto para o pecado e para o mundo quanto um cadáver está para tudo
aquilo que o rodeia nesta terra atual - ou pode estar tão morto
quanto Cristo está caso se possa manter pela graça e nunca por outro
meio ou outro tipo de poder. Caso isso aconteça sem qualquer sombra
de dúvida, a pessoa que nasce de novo é e será sempre outra pessoa e
nunca mais será aquela que morreu caso se mantenha em Cristo e
Cristo nela. Se o pecador morreu, não haverá a quem imputar culpa.
Quando falamos da verdadeira conversão - quando ela é mesmo real - é
disso que estamos falando. Pedro converteu-se em Pentecostes. "(Pedro),
quando te converteres…" Luc.22:32. Se a pessoa não se transforma a esse
ponto, precisa insistir em oração e não dar descanso aos seus
joelhos e olhos até que seja cheia de Deus em toda a plenitude
prometida, vendo se não existe alguma coisa, alguma atitude por
transformar, alguma força residual da carne para se manter ativa na
salvação, ou pecado por confessar que possa estar impedindo o
fluir ou aproximação dessa Vida Eterna. Ainda que demore oito
dias até alcançar Pentecostes, alcança-o pela insistência,
Luc.11:13. A nova pessoa nasce inocentada porque é uma
nova pessoa e
todas as coisas passaram, isto é, tudo se fez verdadeira e
inegavelmente novo. O velho homem morreu literalmente e, com ele, as
suas transgressões. Cabe a si
alcançar a promessa dessa Vida (eterna) que começa aqui e agora,
ainda aqui na terra. "… A vida que agora vivo…"
Gal.2:20; "… A presente Vida…"
1Tim.4:8.
"Um mandamento novo (...) Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas", 1 João 2:8,9. Esta palavra "aborrece" usada aqui não é um aborrecimento ocasional dum mau dia, um coisa ocasional seja por que razão for, um mal-estar momentâneo entre pessoas, uma contrariedade ou discussão sem raízes no coração. Trata-se duma aversão continuada, uma mágoa impura contra alguém, um rancor ou contrariedade contra alguém pela pessoa que esse alguém é ou se imagina que ela é. Queria tentar explicar: existem desentendimentos por causa de desencontros de argumentos, de ideias diferentes, culturas e até mesmo doutrinas diferentes. Esses desentendimentos passam facilmente a ponto de ninguém sequer se lembrar deles no dia seguinte. São coisas pontuais que podem ocorrer e os honestos de coração acabam por se entender ouvindo-se mutuamente e buscando a verdade plena nas Escrituras dando às Escrituras a primazia da última palavra em total transparência e honestidade. Isso não é aborrecer o irmão e trata-se, antes, duma busca de entendimento entre iguais. Mas, é muito diferente quando alguém não gosta de outro e contradiz apenas pela pessoa que é, isto é, está na defensiva ou no ataque contrariando assim que se encontra perante a pessoa que é o objeto da sua desconfiança, rancor, discordância ou devido ao seu aspeto ou a algo que se associe a certa pessoa, seja por algo que somente se imagina sem constatar a verdade a seu respeito, ou algo verdadeiro que nunca foi falado com o próprio. Quando uma esposa e o esposo se desentendem por causa duma escova de dentes, podemos ter a certeza que o problema não reside na escova de dentes, mas, é substanciado por algo mais grave. Conheço um marido que diz que se esposa está sempre na oposição. Se ele diz direita, ela tem de dizer esquerda; se ele disser esquerda, ela diz direita. Eu creio que a palavra "aborrecer" neste versículo cai nessa categoria de significado. Há algo nas pessoas que os torna insensíveis após anos de convivência mutua e a defesa criada pelo e para o egoísmo entra subtilmente nas relações. Um casamento, por exemplo, tem como ser cada dia como se fosse o primeiro dia. Se isso não acontecer, passará a existir uma porta escancarada para que certas coisas se solidifiquem sorrateiramente de forma subtil e inconsciente nos corações que se juntaram em uma só carne. E essas coisas caem dentro do significado da palavra "aborrecer", que, traduzido no sentido espiritual é o mesmo que ódio aos olhos de Deus. É por essa razão que algumas traduções traduzem essa palavra "aborrecer" no Novo Testamento como "odiar". "Se alguém não aborrece (odeia) a vida própria, pai, irmão... não pode ser meu discípulo".
"Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai",
1 João 2:1. Não existe e nunca
existirá perdão sem conversão. "Aquele que confessa e deixa as suas
transgressões, alcançará misericórdia",
Prov.28:13. Por essa razão e sabendo que as Escrituras
não se podem contradizer, este versículo leva-nos a questionar
aquilo que se crê em círculos supostamente evangélicos a esse
respeito. Neste contexto, o significado da palavra "advogado" aqui
estende-se muito mais além daquilo que possa parecer num primeiro
entendimento. Este advogado para com o Pai dá a garantia de
não permitir (nem mesmo sendo apenas em forma residual) que qualquer intenção, capacidade ou ideia de voltar a
cometer os mesmos pecados se mantenha. Ele tem e mantém a capacidade
de converter quem ainda peca e que só peca por ser pecador de
natureza. (Não sei como qualificar aqueles que pecam havendo já sido
verdadeiramente transformados desde o mais íntimo de seus corações.
Será que são esses que pecam para a morte?
1João 5:16,17. Não tenho essa certeza). É nesse sentido
de ter a capacidade de levar à conversão e de converter aqueles que
foram capazes de O alcançar que Jesus se torna
um verdadeiro Advogado diante do Pai. Ele tem a
capacidade de perdoar pecados porque transforma um assassino em
doador de vida; um ladrão em ajudador do próximo; um mentiroso na
pessoa mais verdadeira; pois, sabemos que, para Ele, nada é
impossível. "Ele salvará o Seu povo dos seus
pecados (da sua capacidade de pecar)", Mat.1:21.
Liberta-os verdadeiramente de seus pecados. Mas, para
que Jesus possa tornar-se esse advogado que extermina a capacidade
ou vontade de pecar, há que conhecê-lo intimamente. Ninguém pode
confiar num advogado que não conhece e se é a partir do coração que
os pecados do homem surgem, há que conhecer Jesus muito intimamente
e de forma real e não apenas conhecê-Lo. "Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e nele não está a verdade", 1João 2:4. Se "nele não está a
verdade", significa que sua fé é fingida, duvidosa, naufragada ou
forçada. Logo, para que Ele
possa tornar-se esse advogado, é necessário que estejamos vivendo em total
harmonia com Ele, experimentando-o verdadeira e inequivocamente no mais profundo de nosso ser porque é
a partir dali que o mal
surge - é ali que tem suas raízes e é desde lá que precisam ser
exterminadas. É a partir de lá que Jesus deve operar. Não podemos curar a
ferida do povo de Deus superficialmente, podando somente na
aparência.
"Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer/desfalecer",Luc.18:1. Aqui temos um segredo
escondido: Sem apreender este segredo, muitos acabam tropeçando e
ter uma grande queda. É mesmo uma queda enorme no erro, na
interpretação e na escuridão das doutrinas onde se ensina a orar,
mas, não a obter respostas concretas da parte de Deus. O segredo aqui
não é e nunca foi ir orar, mas, perseguir uma resposta concreta.
Aqueles que estão numa fase onde sua comunhão com Deus ainda deixa
muito a desejar, podem obter um não concreto - o que é um bom sinal,
pois, se Deus disser que não, respondeu. Se Deus não respondesse,
não dissesse nada, seria muito pior. E é neste estado "pior" que a
maioria dos crentes se encontram - ainda que não queiram
reconhecê-lo. O que perseguimos sem
desfalecer é a resposta a cada uma de nossas orações. Mas, por falta
de respostas, o cristianismo começou a acomodar-se e contentar-se
com orar e orar, jejuar e jejuar sem obter qualquer sinal de
resposta concreta. Os verdadeiros de coração perseguem insistentemente
essa resposta, dure o que durar, custe o que custar - seja esse custo
pessoal, moral, sentimental ou qualquer outro. Qual é o segredo e
como devemos agir perante essa descoberta? A promessa de Deus é
elevar-nos a um patamar de santidade que nos levará a uma
proximidade de Deus tal que Deus pode mesmo atender as orações
enquanto falamos e, em alguns casos, ainda antes de pronunciarmos
qualquer palavra porque a oração já se encontra formulada no
coração. "E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei",
Is.65:24. Mas, enquanto não
alcançamos esse estatuto de limpeza de coração que nos faz chegar,
estar e permanecer bem próximos de Deus de forma continuada e
ininterrupta, resta-nos a opção de orarmos até obtermos resposta
concreta. Qual a razão ou quais as razões que nos podem levar a uma
situação onde possamos chegar mesmo à exaustão até alcançarmos a
resposta? Devemos lembrar que o alvo é a resposta. Sem isso, não
podemos desistir. Sendo a resposta o objetivo de qualquer oração e
sabendo que o normal seria obter resposta imediata, devemos saber
que existe algo que está a impedir que qualquer oração seja
atendida. Através dessa insistência de coração genuíno, Deus poderá
revelar aquilo que está impedindo a oração, dando a oportunidade de
ser regularizado. Na verdade, não é preciso muito para que as orações sejam
impedidas. "Vós, maridos, coabitai com a esposa com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco
(...) para que não sejam impedidas as vossas orações",
1Ped.3:7. O mesmo poderíamos dizer
às mulheres que não assumem a submissão ao marido como algo que faz
parte da sua própria criação; ou que não se submetem a Deus
inquirindo diligentemente sobre a educação de seus filhos, como
pilares do próprio lar que elas são. Mulher que não é submissa ao
marido, não é submissa a Deus - ainda que o tente ser pela
aparência. Tudo começa nas bases. Se não é submissa ao marido que vê
diariamente como poderá sê-lo a Deus que não vê?
"Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?" João 5:44. Quando Jesus fala
aqui em buscar honra uns dos outros, tem um sentido muito vasto,
isto é, engloba muitas coisas. Buscar honra significa, em muitas
ocasiões agradar pessoas para ser agradado; manter as aparências
buscando elogios ou evitando criticas; ser simpático, não porque se
é simpático de natureza, mas, para se evitar ser mal visto,
discriminado ou algo nessa linha. Existem muitas formas óbvias de se
buscar honra, tanto quanto existem formas camufladas e disfarçadas.
A estas pessoas com tais delitos naturais, Jesus pergunta como será
que podem crer sendo assim. Esta pergunta vai muito além
daquilo que possa parecer. Na verdade, o que Ele quer dizer é
o seguinte: "Por que é que vocês pensam que conseguem crer buscando
honra uns dos outros?" Vou tentar explicar aquilo que se
entende espiritualmente por revelação de Deus ao coração. A fé que
salva (crer) é fruto duma comunhão com Deus. É um filho do relacionamento
entre Deus e o coração. Caso exista algum tipo de crer quando esta
comunhão entre Deus e a pessoa é irreal, comprometida ou inexistente, estaremos falando duma fé naufragada ou crença sem
fundamento. Tal crença é como uma casa construída na areia do mar
onde as ondas batem regularmente. Não existe fé verdadeira que não seja fruto dum
relacionamento profundamente genuíno entre Deus e homem. Sendo assim, qualquer pessoa que busca honra
nos olhares, na admiração e na consideração de pessoas está efetivamente separada de Deus. Não pode crer, não tem como crer
porque não tem esse relacionamento. E
há os que podem crer porque tiraram a parede de separação que
existia entre eles e Deus, confessando e abandonando cada pecado pelo nome e
restituindo aquilo que não lhes pertence, ainda que seja a honra da
qual se apropriaram indevidamente. Efetivamente, há os que podem crer e os que não
podem. "E Jesus disse: Se tu podes crer..."
Marcos 9:23. Há que tirar,
confessar e destruir tudo aquilo que nos separa de Deus para não
termos que viver/conviver com uma fé naufragada. "...Conservando a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé", 1Tim.1:19. Estes naufragados
continuam pregando, evangelizando, frequentando os cultos e reuniões
de oração assiduamente como se tudo ainda estivesse normal. Criam-se
novas mentalidades, inverdades e irrealidades acerca das coisas de Deus e da verdade para que as
pessoas continuem frequentando as igrejas sem temor daquilo que pode
chegar inesperadamente, como acontece quando um ladrão chega pela
calada da noite. Por exemplo, as pessoas começam a crer que importante é orar
e não que importante é ser ouvido por Deus obtendo respostas à oração. Desde que
orem e jejuem, tudo está bem; começam a crer que aquilo que importa
é ir à igreja e ser frequentador fiel dos cultos em vez de alcançar
graça para ter como cumprir, confirmar e guardar a palavra. Na
verdade, seria como um pescador que se contenta com a vara de pesca
quando não pesca nada; ou como alguém que compra uma extensão elétrica, liga seus utensílios elétricos nela, mas, a outra ponta
continua fora da tomada na parede; ou uma casa com uma instalação
elétrica perfeita, mas, que não está conectada à rede da empresa
publica de eletricidade. E é assim que se criam religiosos em vez de seres
viventes, os quais sabem muito daquilo que não têm e acreditam ter,
os quais continuam desconectados porque
algo ainda os separa de Deus.
"Acautelai-vos primeiramente, do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia",
Luc.12:1. Aqui, Jesus não diz
que o perigo são os Fariseus, mas, a hipocrisia. Mas, hoje, tudo é
muito moderno e ninguém se considera hipócrita, forçado ou fingido
porque já não existem Fariseus. Existe diferença entre ser esforçado e ser auto-forçado, isto é,
entre ser esforçado com aquilo que já se tem dentro ou forçar-se
naquilo que não se tem e nunca se alcançou de Deus, criando a aparência
pelo esforço carnal. Vejo muitas pessoas (e com alguma frequência) puxarem por emoções
criando hábitos religiosos emotivos sem se aperceberem que aquilo
que não é da nossa pessoa em nossa vida quotidiana é hipocrisia;
vejo que agradar pessoas é considerado amor e não hipocrisia; não
vivem o Evangelho na rua, não tendo vida real, mas, tentam espremê-la
dentro da igreja através de hinos bonitos, liturgia e leituras
bíblicas; vejo aqueles que se querem mostrar falando aos demais nos cultos, como se de algum
testemunho real se tratasse crendo que se entra pela porta estreita sabendo
ensinar aos outros, "querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam", 1Tim.1:7. Muitas mais coisas poderia mencionar
aqui sobre os "que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade",
2Tim.3:7, os quais se enchem de
mandamentos, doutrinas, crenças, enganos e não de vida. Mas, ficarei por aqui. O fermento dos Fariseus modernizou-se e
tornou-se o fermento do Evangélicos e religiosos. Tornou-se doutrina
e estudo em vez de ser vida real que pode ser explicada e aprimorada pelo estudo
das Escrituras. Uma coisa é explicar aquilo que alcancei em Deus
confirmando as Escrituras estudando-as com afinco e cumprindo
(guardando); outra coisa é estudar as Escrituras (muitas vezes sem entendê-la da forma que deve
ser entendida) e esforçar-me para igualar aquilo que entendo. Essa é
a diferença entre ter vida e ser hipócrita. "O fim do mandamento é
(...) uma fé não fingida", 1Tim.1:5. Contudo, a
hipocrisia não existe apenas naqueles que não experimentam a vida
eterna em seu interior de forma real e que tentam imitá-la ou praticá-la por via do
esforço daquilo que pensam que entendem. A hipocrisia também
existe de outra forma e em sentido inverso nos que verdadeiramente acharam vida plena:
podem ter a parte importante já no coração, mas, ainda vivem da aparência em
suas vidas quotidianas. Isto é, vivem conforme os hábitos
anteriores tendo já alcançado vida verdadeira; vivem em conformidade com as circunstâncias ou conformados com as regras do
mundo, pensando que agradar pessoas e ser agradado é amor. Imaginemos um profeta
que tem tudo no coração para expressar as palavras de Deus no
momento certo e da maneira certa, mas, conclui
algo assim: "Ai de mim! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios",
Is.6:5. Este profeta já havia
expressado as Palavras de Deus corretamente, tinha tudo no coração,
contudo, ainda vivia e falava conforme as pessoas que o
rodeavam. Mas, não são somente os hábitos culturais que nos tornam
hipócritas. A vergonha de falar de Deus tendo-O vivo no coração; o encobrir do verdadeiro
coração por motivos errados; ter o Evangelho vivo no coração
envergonhando-se dele na frente das pessoas ou ter medo das
consequências. Tudo isso pode tornar-nos hipócritas. Aqueles
que não alcançaram vida podem ser hipócritas tanto quanto os que já alcançaram
essa vida e não a vivem. O conhecimento naqueles que não alcançaram
vida é um peso. Quem se esforça naquilo que não tem, esforçar-s-e-á naquilo que imagina ter e isso é outra forma de idolatria. Mas, para todos quantos alcançaram vida verdadeira, crendo, esse mesmo conhecimento vindo de Deus deve ser ou tornar-se um verdadeiro alívio
das cargas emocionais, principalmente se essas cargas emocionais
forem religiosas.
Existem muitas coisas que ocupam as pessoas, muitas das quais parecem ser
nobres, mas, deixam muito a desejar por não serem finalizadas. Uns
vão à igreja e não ouvem - não finalizam; outros ouvem e não guardam a palavra. "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam", Luc.11:28. Uns lêem, mas, não
ouvem; outros conseguem ouvir e não guardam. Há quem nem sequer
consiga ouvir pelo coração e tente cumprir aquilo que não achou em
forma de vida real; há os que estudam, mas, não são
cumpridores fiéis. Ocupam-se tanto com o conhecimento que não acham
tempo para a prática daquilo que já existe no coração - se existe
mesmo. E tudo isso deve-se à forma humana e enraizada de querer
cumprir pela carne, colocando a carne a servir no templo de Deus. Hoje em dia existem bibliotecas inteiras de sabedoria Bíblica
como nunca houve na história do mundo. No entanto, creio mesmo que
nunca houve uma época da história onde houvesse tantos pagãos dentro
das igrejas. Existe muito estudo e pouca prática que se identifique
como vida vinda do coração e da própria essência da pessoa onde possamos
afirmar que a pessoa é a própria palavra. A partir daí começaram a
aparecer práticas por via do conhecimento ilimitado ao qual temos
acesso hoje, as quais se tornaram práticas religiosas e não são uma
demonstração prática do ser da pessoa, isto é, não têm origem no
homem interior por não se encherem e preencherem de vida, mas,
apenas de conhecimento. Logo, privilegiam-se as práticas religiosas acima da
vivência e experiência da própria vida eterna dentro de quem a
possui - se a possui. Estes dias assisti a batismos de pessoas que
nunca se converteram, que não abandonaram o vício do cigarro e da
bebida e, para que se cumprisse a doutrina de batizar apenas
adultos, desceram às aguas, fazendo essas pessoas pular o muro para
dentro do aprisco das ovelhas. Se é criminoso não guardar a palavra
quando se tem a capacidade de ouvi-la, imaginemos o quão criminoso é
ter estudo amplo e diversificado das Escrituras sem sequer conseguir
ouvir. E são essas pessoas que hoje são batizadas e agregadas como
irmãos, os quais, por haverem sido batizados, sentam-se à mesa da
ceia com crimes que nunca confessaram e/ou nunca abandonaram. "Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem", 1Cor.11:30.
"A paz (...) como o mundo a dá", João 14:27.
A questão aqui é saber se Jesus está falando de algum tipo de paz
que o mundo pode dar ou se está falando da maneira como o mundo
tenta dá-la ou alcançá-la (em vão). Se optarmos por entender este versículo
pela forma como o mundo tenta obter paz, isto é, pela maneira
"como o mundo dá", podemos acreditar que no mundo não existe paz
e, apenas, que o mundo tenta dá-la ou alcançá-la da sua maneira.
Jesus fala aqui de "como o mundo dá" e não
afirma que o mundo consegue dá-la. E creio que é essa a verdade que Jesus nos quer fazer passar porque "no mundo,
tereis aflições" e não paz. E que maneira ou formula é esta do
mundo lutar por paz? O mundo tenta obter sua paz indo ao encontro das concupiscências de cada um e
daquilo que a carne mais deseja. Satisfazendo seus desejos, o homem
carnal deleita-se em seu prazer (temporariamente) e engana-se a si
mesmo assumindo isso como sendo 'paz'. Esses deleites são sempre
temporários e o coração (ou a carne) nunca é capaz de se sentir
plenamente satisfeito ou realizado no dia seguinte. O dia seguinte
será sempre um dia de ressaca e não de realização. Se alguém se
sente realizado ou feliz matando, tornará a matar porque o deleite
que teve não se mantém no dia seguinte. Isso faz com que vá de mal a
pior. O mesmo pode ser dito do beber, do vício de comer, da lascívia, da
ganância ou de qualquer outra coisa que o mundo dá - se Deus
permitir, claro. Quem beber dessas águas tornará a ter sede com toda
a certeza. Quem busca a paz da maneira que o mundo dita, certamente
tornará a buscar essa paz vazia que se esgota rapidamente porque não
é eterna, não é constante, não tem sustentação e não tem como se manter.
"No mundo tereis aflições", João 16:33.
Vamos falar das aflições que nos podem ocorrer. Existem as aflições externas
e as internas. Todos aqueles que vivem piamente manifestando Jesus
de forma real sofrerão perseguições. O mundo nunca ficará
indiferente a respeito de qualquer um que manifeste Jesus em sua
vivência de forma real. Contudo, rir-se-ão dos hipócritas porque o
mundo distingue-os de longe embora os crentes se recusem a
distinguir. Podemos crer que essas aflições são-nos
externas e não alcançam nosso íntimo caso Jesus nos reine por
inteiro e integralmente. Mas, as Escrituras falam claramente dos "deleites, que nos vossos membros guerreiam",
Tgo.4:1. "Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes
(...) Pedis e não recebeis", Tgo.4:2,3. Pedir e não receber
traz conflitos nos que se recusam ser hipócritas em relação a Deus e
Suas realidades. O que significa isto? Significa que todo o crente que é capaz de crer (enganosamente) que
Deus está disposto a satisfazer os deleites ao invés de salvar a
pessoas desses deleites terá conflitos e guerras em seu próprio
coração. Essa conflituosidade será transportada para a vida quotidiana exterior,
criando, também, hipócritas que vivem uma vida dupla, isto é, uma
vida conflituosa real a par duma vida de aparência conveniente que serve
apenas para encobrir esses conflitos, pecados e desejos. E sabemos que aquele que
encobre suas transgressões, desejos ou pecados nunca prosperará
espiritualmente (Prov.28:13).
Logo, se ainda existirem resíduos do mundo nos corações, se não
"estou morto para o mundo e o mundo para mim", haverá aflições no
coração e guerra constante entre Deus e a carne onde o coração é a
arena desses conflitos até ao dia que Deus disser algo parecido com aquilo que disse nos
tempos de Noé: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne",
Gen.6:3. Convém, pois, que não
sejamos carne também sempre que temos o Espírito de Deus ou o
Evangelho tentando tomar posse de todo o nosso ser. Se o mundo ainda
estiver em nós - ainda que apenas residualmente - teremos aflições
no coração. Onde ainda existir mundo, haverá aflições e se
existir no coração será ali mesmo que haverá aflições de todo tipo.
Onde existe mundo, existem aflições e conflituosidade, seguramente.
Existem muitas razões para que as orações não possam ser atendidas. Mas,
digamos que a pessoa não tem qualquer pecado por confessar; não tem
nada para restituir a alguém; não trata o esposo ou a esposa
desrespeitosamente devido à habituação da vivência como casal; não
negligencia seus deveres; não negligencia seus filhos, educando-os
nos caminhos de Deus rigorosamente; etc. Ainda assim e não tendo
nada que separe essa pessoa de Deus (Is.59:1,2)
fica claro que certas orações dentro da vontade de Deus (orações que
deveriam ser atendidas) nunca são atendidas conforme prometido. Eu vejo mães orando por seus filhos em
suas tribulações sem serem ouvidas e, mesmo assim, ficando
satisfeitas somente por haverem orado; pais em dificuldades extremas
orando sem obter respostas concretas e outros orando por eles
ficando satisfeitos com o simples fato de alguém dizer que está
orando por eles; "irmão, estamos orando" vulgarizou a satisfação de
quem ora e ninguém é capaz de afirmar que foi ouvido por Deus.
Depois, perguntamos:"as mães oram porque estão preocupadas com seus
filhos ou porque acreditam que Deus resolve? É a preocupação que as
move ou a fé?
"Marta! Marta! Andas inquieta (distraída, ocupada) e te preocupas com muitas coisas (...) pouco é necessário ou mesmo uma só coisa",
Luc.10:41,42. Existem muitas
formas de nos abstermos daquilo que é verdadeiramente importante e
que, segundo Jesus, "pouco é necessário". Significa que aquilo que
realmente importa é pouca coisa, fácil, simples e de extrema importância.
Existem pessoas que se abstêm ou distraem servindo comida, bens
materiais ou outras coisas e nunca se ocupam com aquilo que importa
verdadeiramente. Contudo, é necessário ter em mente que existem
muitas outras formas de estarmos ocupados que não são mencionadas
aqui, negligenciando, assim, a parte que realmente importa. A pessoa
pode estar ou manter-se ocupada com a ira que consome o coração; com
medos e receios; com problemas que ocupam a cabeça que necessita
estar desocupada para Deus; com doutrinas e discussões religiosas que não se
centram em arranjar o próprio coração colocando tudo e mais alguma
coisa na luz e na transparência.
"Outra (semente) caiu entre espinhos e, crescendo com ela os espinhos...",
Luc.8:7. É extremamente difícil
semear a boa semente sem que algumas caiam em boa terra onde,
também, nascem espontaneamente espinhos e outras ervas daninhas. O
segredo reside em não deixar crescer os espinhos com a boa planta que
advêm da boa semente, alimentando esses espinhos. Hoje, alimenta-se muito os espinhos tais como: Deus
cura, Deus dá, Deus abençoa (tudo menos a vida espiritual). É bom
lembrarmos, com frequência, a oração de Jabez: "preserva-me do mal". A pessoa,
mesmo crescendo espiritualmente, não pode permitir que os espinhos
sejam alimentados e nutridos, pois, se os espinhos e abrolhos
crescem até mesmo em terra ruim, imagine em terra boa!
"Aos pobres é anunciado o Evangelho", Luc.7:22.
Hoje não se insiste em pregar o Evangelho para os pobres. Prega-se
prosperidade material se eles derem do pouco que têm.
"Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras...",
Luc.6:47. A capacidade de ouvir tais palavras é muito
mais do que ouvir de forma audível. É um ouvir profundo, é ouvir de
palavras que falam segundo o coração, é ouvir aquilo que se anseia -
ouvir desde o mais profundo do nosso ser. Quem não ouve assim, ainda não
ouviu nada. "Vede, pois, como ouvis",
Luc.8:18. É dessa forma de ouvir que vem a fé e não é
conforme se apregoa por aí.
"Mas,
a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos (...) bendizei os que vos maldizem
(...) oferece-lhe também a outra (...) emprestai, sem nada esperardes...",
Luc.6:27-35. É bom
contextualizarmos corretamente toda a palavra que vem de Jesus. Jesus
dirigia-se aqui especificamente aos que ouvem: "A vós que ouvis...". Teria muito para
dizer a este respeito, mas, não sei se terei palavras para fazê-lo.
Em primeiro lugar, tenho a certeza que este tipo de mandamentos não
pode ser dirigida a quem não ouve com um coração praticante.
Palavras dirigidas oportunamente a um coração já de si rendido e
praticante é o que significa ouvir. Explicar, dirigir ou confrontar
quem não ouve com o coração é criar problemas e tropeços para o
verdadeiro Evangelho (e para a própria pessoa) de muitas formas. Criam-se hipócritas nas
igrejas, criam-se opositores que nunca entendem e discordam com
agressividade embora nem sempre é possível evitar que a boa semente caia fora da
terra boa. Quando uma semente cai em terra boa e frutifica, serve de
testemunho e admiração aos que se opõem, coisas essas que despertam
e aguçam a curiosidade deles. Somente esse tipo de testemunho
praticante e vivente (evidente) capaz de ouvir tem a capacidade de despertar
qualquer opositor em qualquer parte do mundo.
"Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras e as observa (...) pôs seus
alicerces sobre a rocha (...) e nada o pode abalar...",
Luc.6:47. Hoje em dia dá-se
enorme ênfase a estudar a palavra e até memorizá-la como se isso
fosse criar praticantes, lidando com as pessoas como se fossem
papagaios. "Importa fazer essas coisas e não deixar as outras",
Lk.11:42. Em primeiro lugar, ler a palavra sem ouvir com o coração
mais profundo, isto é, sem que essa palavra seja dirigida aos
anseios mais profundos e mais relevantes de cada alma é ler em vão.
É uma pura perda de tempo. Este tipo de ouvintes são os que podem e
devem observar (cumprir, guardar) a palavra que lhes é dirigida.
Sendo verdadeira esta afirmação, devemos e podemos entender que um
ouvinte sedento ainda não é cumpridor da palavra. Se ouve
dessa forma tem o caminho aberto para a graça que capacitará
plenamente para ser um cumpridor tal como se nunca tivesse vivido
doutra maneira. Devemos ter em conta que existe um longo
caminho para percorrer entre ouvir com o coração e guardar a palavra
de tal forma que a pessoa acaba se tornando a própria palavra em formato
prático e visivelmente espontâneo. Ouvinte ainda não é cumpridor.
"Mas o que ouve e não pratica...", Luc.6:49.
Muitos acreditam e assumem que praticar (o Evangelho) é orar, ler a
palavra, não faltar às reuniões, ir à igreja e ser religioso. Nada está mais longe
da verdade. Praticar aquilo que somos capazes de ouvir com o coração
sedento é transformar nossa vivência no emprego, em casa, no
transito, na escola, na limpeza de casa, no arrumar do quarto, no
lidar com outras pessoas seja de que tamanho/idade forem. Mas, nunca nos
podemos esquecer que temos o dever inegociável de transformar nossos
próprios corações em primeiríssima mão para que as nossas práticas
sejam uma manifestação visível, transparente do nosso
coração integralmente e sem qualquer pingo de esforço (fingimento). "Criai em vós um coração novo e um espírito novo",
Ez.18:31. "Amarás teu próximo
com a ti mesmo" terá de ser uma forma de vida espontânea, natural e
instintiva. Se assim não for é uma aparência de vida, uma fingida e forçada
- e isso não é vida
"(A semente) que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom e dão fruto com perseverança",
Luc.8:15. Um versículo recheado
de muitas coisas. 1.Ouvir a palavra: ouvir é algo que vai muito
além do audível, pois, é ouvir algo de interesse para o coração e que mexe
com ele; 2.Conservar num coração honesto e bom: a)não é manter
somente na memória e na mente; b)não podemos lançar
sementes em qualquer outro tipo de coração (nem no nosso), pois, a boa semente tem
a capacidade de transformar e quando o coração não é "honesto e bom" acerca
da palavra, quando a palavra não encontra um coração de igual
estatuto, quando a verdade não encontra um verdadeiro, quando não se é extremamente sincero até com o próprio,
essa palavra tem uma capacidade limitada de transformar o semblante
e a aparência das pessoas, as quais se tornam crentes na
aparência, hipócritas sem vestes nupciais. Tornam-se "manchas em vossas festas de (amor a
Deus), banqueteiam-se convosco, apascentando-se a eles mesmos sem temor",
Jud.1:12. Conservar a palavra
boa para poder fazê-la frutificar após isso é pensar nela, meditar nela
a ponto de ir transformando a nossa mente e o nosso ser. 3.Mas, isso
nunca pode ser considerado como frutificar, pois, frutificar é outra
coisa e vai muito além de ter a capacidade e a disciplina de
conservar essa palavra com vontade e dedicação. Frutificar será possível com
perseverança continuada errando cada vez menos e acertando cada vez
mais até que não seja possível errar mais devido a nova cultura e estatura do novo homem que ganhamos.
Mas, errando ainda, devemos ainda manter a palavra boa em coração
bom que não se desmotiva por nada deste mundo perseverando na confiança, na fé,
sabendo que iremos conseguir tudo na dependência de Deus e se não
lançarmos mão de meios alternativos chamados ao serviço pela
impaciência, meios que nos possam levar a querer
construir a casa, mas, sem ser Deus a construí-la.
4.Isto significa que ninguém deve desistir no primeiro percalço, na tentação
insistente e na dificuldade, pois, logo tudo se pode tornar fácil e natural se
não negligenciarmos a ajuda de Deus em nos ir salvando de cada
pecado. Errando, devemos manter a capacidade de ainda manter a
palavra no coração sabendo que logo tudo muda estando em Deus. Quais são os principais inimigos da perseverança?
A distração; a falta de atenção, a qual é negligência; ausência de "bom ânimo";
fracassos anteriores que, na aparência, parecem repetir-se; a
tentação de querer alcançar o prometido por meios próprios, o
desânimo e desmotivação. "Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, porque mandas, lançarei a rede",
Luc.5:5. Aqui, Pedro não respondeu, apenas, a Jesus, mas, ao seu
próprio ânimo e pensamentos contraditórios. E o que é o fruto?
Muitos acreditam que o fruto é mudar o mundo, converter os milhares
de perdidos e salvar almas. Mas, o verdadeiro fruto que é necessário alcançar tem
a ver com a nova pessoa em que nos tornamos, nas atitudes do coração
e tudo aquilo que é pessoal e inerente ao homem interior. É nisso que devemos frutificar
perseverando. O resto vem por acréscimo. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo",
Ez.18:31. É neste criar dum
coração novo através da luz e da transparência que devemos manter a
perseverança continuada e acesa. A aparência qualquer pessoa pode
mudar. Mas, mudar o coração e as consequentes atitudes
práticas é conseguido somente perseverando em ser rigorosamente
transparentes sob a luz de Deus que não deixa nada invisível ou
escondido.
Muitas pessoas sinceras e dedicadas tentam ensinar muitas coisas para, mais
tarde, chegarem à conclusão que nada daquilo que ensinaram
frutificou. Isto tenho confirmado em muitos lugares e em muitas
pessoas na igreja, nos lares, nas escolas e em todo lugar onde o
ensino é praticado. Vezes sem conta, aqueles que são ensinados acabam
fazendo o oposto daquilo que lhes foi ensinado. Noutras ocasiões,
criam-se hipócritas que aprendem uma vida hipocritamente e de forma cultural onde o
coração está ausente daquilo que fazem e ensinam ou, então, está subjugado ao ênfase religioso quando a
verdadeira vida cristã é virtuosismo espontâneo prático. Na verdade,
quando ensinamos uma vida não é conseguido qualquer fruto por via de
teoria, doutrina ou religiosidade pragmática. A vida aprende-se por
via duma prática daquilo que enche o coração. A doutrina é para uso
daqueles que ensinam e não dos que precisam aprender. É praticando
que se ensina. É a vida espontânea de quem ensina que cria e recria
aqueles que aprendem. Mas, se alguém praticar aquilo que não surge do
coração, criará ambientes fictícios de engano prático e nunca fruto
celestial. As pessoas de fora aprendem aquilo que tem coração, aquilo que
sai espontaneamente e que tem raízes profundas no homem interior,
seja para bem ou para mal.
"Enchei-vos do Espírito", Ef.5:18. Apesar
daquilo em que se acredita nos círculos evangélicos mais
tradicionais atuais, não podemos ignorar que ser cheio do Espírito é uma
ordem, é uma condição para a real vida cristã, é uma necessidade
imprescindível e inegável sem a qual ninguém pode passar caso queira
pertencer a Deus e comparecer diante d'Ele sem mácula. Aqueles que querem remendar
a sua veste velha com um pano novo evitando a realidade da promessa duma veste
totalmente nova e completa - da qual se devem revestir por inteiro - devem prestar melhor atenção às Escrituras.
Por outro lado, existe a euforia do erro em meios pentecostais que não tem
nada a ver com o verdadeiro batismo com o Espírito Santo. Em muitos
desses meios é mesmo um outro espírito e não o Santo. Tenho a
consciência e certeza plena de que essas práticas pentecostais são
uma forma de inimizade contra o verdadeiro Espírito de Deus, não
passando duma imitação barata daquilo que existe no céu e na terra. Esses
dois pólos que mencionei rejeitam-se mutuamente estando ambos longe
da verdade e da realidade duma vida verdadeiramente cheia de Deus.
Não podemos ignorar ou mesmo rejeitar aquilo que é certo
somente porque existem muitas práticas erradas, deficitárias e
maléficas nos muitos movimentos supostamente evangélicos.
Ninguém rejeita o dinheiro somente porque muitos usam-no para fazer guerra;
ninguém rejeita o pão porque existem muitos obesos. Há que prestar mais
atenção ao verdadeiro Evangelho que é promovido, capacitado e
confirmado apenas numa vida cheia do Espírito - desde que essa
experiência seja real e não somente crida, assumida por via do
fingimento, mentirosa, fingida, teatral, enganosa, implementada por
via da ficção porque alguém desconhece a realidade que nunca
experimentou como realidade. Devemos, contudo, realçar que este
mandamento de sermos cheios do Espírito não é assim tão linear quanto parece. Ninguém manda no
Espírito de Deus. ninguém se enche por si só. Não é ordenando,
forçando ou mesmo fossando que podemos ser cheios do Espírito. Para
podermos ser cheios d'Ele, devemos
prestar a maior das atenções às condições e (pré)requsitos que nos
permitem entrar fundo no Santo dos Santos, isto é, no Santuário de
Deus. Somente cumprindo as condições diligentemente, trabalhando
nosso coração e consolidando tudo que somos e fazemos (incluindo a
nova maneira de orar) podemos entender o que é ser verdadeiramente
cheio do Espírito na vida prática.
"Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos..."
Luc.3:7,8. Creio que o que João
queria dizer aqui é: "Quem vos ensinou? aquele que vos ensinou,
ensinou mal pensando que poderiam escapar pelo batismo sem se
haverem convertido". Existem muitas outras
maneiras de tentar fugir da ira vindoura, todas elas em vão. No caso
dos Fariseus, umas das formas de "fugir" (temporariamente) das acusações da ira seria
convencerem-se a si mesmos através certas afirmações teimosas que não podiam ser
fundamentadas pela verdade, mas, somente por suas próprias mentes
torcidas e pelas conveniências de suas consciências manchadas ou
mesmo calcinadas. Convenciam-se que eram
filhos de Abraão, que eram circuncidados, que eram escolhidos, que
eram descendentes de Davi ou qualquer outra coisa que serviria para
evitarem o arrependimento genuíno. Hoje em dia acontece o mesmo: sou
crente porque vou à igreja; sou batizado; sou escolhido; nunca foram
verdadeiramente salvos e contudo afirmam que não perderão a
salvação. Poderia mencionar mais coisas, afirmações e doutrinas
tais. Mas, teria, provavelmente, uma lista infinita de formas e
formulas atuais de tentar fugir da ira vindoura - em vão. Nem irei
falar daqueles que afirmam que faziam milagres, expulsavam demónios
e profetizavam em nome de Deus e outro tipo de palha que será
queimada assim que Deus limpar a eira (Mat.7:21-23).
Todas essas formas e doutrinas serão palha para o fogo que nunca se
apagará. Contudo, é bom saber que não será essa palha que alimentará
o fogo que foi, inicialmente, criado para o diabo e seus anjos e
que, agora, também engolirá homens e mulheres. Todas as formulas e
doutrinas que tentam desculpar, apaziguar ou diminuir a culpa de
qualquer pecado é palha que será queimada. Se a fé de muitos é
tentar contornar a verdade e a realidade dos fatos andam alimentando
seus corações com palha. Quem pratica a iniquidade precisa ser salvo
de si próprio, de seu pecado eliminando a teimosia dos seus pecados
pelo poder da graça. Nunca separe a verdade da realidade das coisas,
pois, andam sempre juntas e são inseparáveis.
"Todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Este versículo só fala
do pico do iceberg da verdade que se esconde por baixo dele. Fala,
apenas, da parte visível, do desenlace e resultado de certas
condições cumpridas. Vamos dissecá-lo por partes. Sabemos o que
é luz. A luz de Deus revela, manifesta as coisas como são e não como
desejaríamos que fossem. Mas, de momento, revela ao próprio sobre o
próprio. Paulo fala aqui daquelas coisas que se fazem em oculto e
que são reprováveis. Se não fossem reprovadas pela consciência e
pela luz de Deus não seriam praticadas em oculto. Existem pessoas
que aprovam aquilo que elas próprias fazem em oculto e quase sempre
essa aprovação também é ocultada. Ocultam o que fazem e ocultam a
sua aprovação. E acabam ocultando a sua desaprovação quando mudam
para não darem a entender que praticaram aquilo que passaram a
reprovar. Quando viemos para a luz devemos saber fazer o
oposto: revelar (manifestar) o que fazemos ou fizemos e reprovar
abertamente com toda a sinceridade. Isso não é o mesmo que reprovar
as obras dos outros abertamente para ocultar o fato de que nós
próprios praticamos aquilo que vemos nos demais. Contudo, somente
andando na luz de Deus com paz de espírito e sendo totalmente
transparentes poderemos afirmar que andamos com Deus. Ser transparente
é uma ofensa para o mundo e se a pessoa ainda é mundana nunca será
verdadeiramente transparente. Isso significa que não anda na luz
porque não é capaz devido ao que pratica e/ou aprova. Assim que
consegue reprovar aquilo que se oculta por natureza, obtém aquela
luz de Deus em forma de vida eterna e constante que tudo manifesta
para que seja revelado aquilo que ainda falta ver. Um passo dado
leva ao passo seguinte. Todas as demais coisas são reveladas quando
alguém consegue reprovar de coração e com toda sinceridade aquilo
que ocultava. Nunca obterá mais luz para todas as outras coisas que se seguem se
não conseguir reprovar de coração e publicamente aquilo que é
reprovável. Para que a luz incida sobre aquilo que ainda precisa
regularizar pelo poder da graça, é necessário
que tenha a capacidade honesta e sincera de reprovar aquelas coisas
que são reprovadas e condenadas pela luz de Deus. Só assim as coisas
podem ser manifestas claramente nos dias seguintes. Mas, existe um
senão: ninguém pode esperar que as coisas
sejam reprovadas em oculto. Se alguém andou nas trevas desde sempre
vai ser tentado a fazer isso pela força da vergonha de haver
cometido atos mantidos em oculto.
Quando alguém começa a reprovar aquilo que faz ou fez mostra tanto
aquilo que é ou foi quanto aquilo que praticou ou pratica. Logo,
reprovar em oculto, por muito sincero que alguém possa ser, tem a
intenção de ocultar aquilo que praticou ou pratica. E isso não é e
nunca será andar na luz.
"Tudo
que se manifesta é luz", Ef.5:13.
Por norma, as pessoas continuam envergonhadas e, por
vezes, com sentimentos de culpa depois que manifestaram e revelaram todos os seus
pecados. Mas, a verdade afirma categoricamente que aquilo que já se
encontra manifesto é luz e ninguém deve ressentir-se de nada estando
na luz, sendo luz e vivendo na/da luz. Esse tipo de ressentimento, seja
qual for a forma ou formato em que se apresente, será sempre um
convite para voltar a andar nas trevas e abandonar a transparência.
-
"...Aprovando o que é agradável ao Senhor", Ef.5:10.
Esta palavra "aprovando" tem um significado especial, tanto no
original quanto em nosso idioma atual. A raiz da palavra é "provar".
Significa conseguir provar primeiro com o intuito de decidir a
favor, no caso, aprovar. Ninguém deve aprovar aquilo que não provou
experimentando na primeira pessoa. Não pode aprovar por via do
testemunho de outros, mas, experimentando pessoalmente. Para aprovar
é necessário experimentar de forma real - é necessário provar. Havendo experimentado, há
que gostar de seguida sem qualquer ponta de hipocrisia. Se não
experimentar e se não gostar não pode aprovar. Se aprovar não
experimentando e não gostando será hipócrita e nenhum hipócrita
entrará o reino de Deus, nem no Seu reino aqui na terra e nem depois da morte.
Não é possível e muito menos aceitável aprovar por intuição, rótulo ou
decisão sem haver provado e gostado. Isto tem muito que se lhe diga
quando falamos de pessoas que viviam em inimizade contra Deus e se
opunham à verdade por natureza. São essas pessoas que devem
experimentar na primeira pessoa e gostar daquilo que nunca
amaram e, agora, experimentam, isto é, experimentam na primeira
pessoa. "Agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas, porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo", João 4:42.
"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida",
1João 1:1.
"Aquele que observar (guardar) e ensinar..."
Mat.5:19. Estas palavras estão ordenadas de forma
sequencial. Primeiro vem o observar e guardar. Só depois se pode
ensinar. Não é isto que vemos hoje nos nossos púlpitos. Ouço com
muita frequência - mais frequentemente do que possa imaginar - as
pessoas ensinarem e logo de seguida afirmarem algo assim: "Mas, nós
somos imperfeitos e todos nós erramos" e não sabem o mal que fazem à
igreja! Se é assim, por que razão ensinam? Afirmam que não cumprem e
ensinam ou, então, usam as palavras para manifestar uma "falsa
humildade" que é igualmente condenável, Col.2:23. Paulo
dizia: "Sede meus imitadores", 1Cor.4:16;
11:1; Ef.51; Fil.3:17. "O que vistes em mim, isso
praticai", Fil.4:9.
"...Firmes em um só espírito..." Fil.1:27. Esta firmeza tem alguns pontos que nunca poderemos ignorar ou mesmo desprezar. Não é o fato de as
pessoas se entenderem que as torna firmes. São as pessoas firmes (em
Deus) que são capazes de se entender. Essa firmeza tem de
começar (e terminar) no espírito e nunca na carne. Não é agradando pessoas que se
constrói esse tipo de firmeza de espírito. Antes pelo contrário: é deixando
de agradá-las ou não conseguindo mais agradar pessoas. Somente deixando de se agradar mutuamente podem
verificar se têm um mesmo espírito ou não. É a firmeza em Deus entre todos que faz com
que as pessoas se possam tornar unidas em um mesmo espírito. Se têm um mesmo
espírito não precisam de se agradar mutuamente para se tornarem uma
união de firmeza. Na verdade, torna-se necessário deixarem de se
agradar mutuamente. Não é necessário regar a terra onde já choveu.
Caso tenham alcançado um mesmo espírito em Deus, agradarem-se
mutuamente trará desunião e nunca verdadeira união. As coisas em
Deus operam doutro modo, por via doutro poder e primam-se pela
verdade e por optarem ser verdadeiros de coração. "Falai a verdade cada um com o seu próximo",
Zac.8:16. Se o espírito não
for igual nas pessoas nunca existirá união firme. Após estarem verdadeiramente firmes em
Deus - de igual modo e no mesmo nível entre todos - terão, apenas, de permanecer em um mesmo espírito para que essa
firmeza possa ser mantida. Isso é diferente daquelas uniões falsas
onde o mundo e o cristianismo se juntam para se entenderem. Onde o
mar e o rio se juntam, o sal torna-se insípido e isso favorecerá o
mundo e não o sal. A verdadeira paz entre
pessoas (um tipo de paz sem qualquer sintoma ou nuance de
hipocrisia) depende da semelhança em essência das pessoas ou em que se tornaram desde o
coração. As pessoas são unidas por via da essência e não pelo seu
esforço. Os mentirosos entendem-se entre eles; os ladrões juntam-se
facilmente e formam quadrilhas; os avarentos conversam avidamente uns com os outros; e
os santos que buscam exclusivamente toda a glória de Deus sentam-se
facilmente à volta da mesma mesa com verdadeira alegria. Sendo ou obtendo uma mesma essência, o pequeno esforço
exigido após isso para
se tornarem uma verdadeira união advém do fato de haverem construído mentes
obstinadas e diferentes na vida anterior num mundo flutuante, sem eixo e sem
qualquer tipo de firmeza real por estarem longe de Deus como ovelhas
desgarradas que seguiram seus próprios caminhos. Mentes diferentes foram
construídas ao longo dos anos em pessoas distintas que, agora,
obtiveram um mesmo coração, uma mesma essência que as faz concordar
umas com as outras caso deixem de fazer uso dos modos/métodos
antigos e de fórmulas carnais. Cada um se
havia desviado pelo seu próprio caminho e são essas mentes autónomas que
devem ser reintegradas numa nova essência que já se tornou comum em todos
aqueles que são verdadeiramente santos e obtiveram um mesmo alvo/propósito:
seu Senhor e a busca exclusiva de toda a Sua glória desde o coração.
Falando para pessoas com suas essências transformadas em Deus,
precisamos, apenas, dizer: "transformai-vos pela renovação da vossa
mente", Rom12:2. Aos tais basta
somente que lavem seus pés e não tudo. "Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo",
João 13:10. Necessitam, apenas,
acertar agulhas. Não existe paz
verdadeira ou verdadeira concordância entre pessoas com essências
distintas. Se existir será, apenas, uma paz e uma concórdia aparentes entre
elas na medida do egoísmo e da necessidade de cada um desde que não
sejam ultrapassados os limites dum dos envolvidos. Mas, a paz entre pessoas da mesma essência é fácil, mesmo entre
pessoas diferentes, raças diferentes e até mesmo com idades
diferentes. Sempre que as pessoas não se entendem, nunca devemos
optar por curar esse ferimento superficialmente, embora, muitos nem
achem que isso seja um ferimento. Devemos, antes,
deixar a ferida aberta para que se cure naturalmente após o
tratamento da essência de quem busca verdadeira paz e verdadeira
concórdia. Não devemos optar por estabelecer uma paz falsa, pois,
existe um fosso que não se pode ultrapassar entre pessoas de jugo
desigual. "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, Eu vo-lo afirmo; antes, divisão",
Luc.12:51. Uma nova essência é
capaz de trazer divisão, dissensão e incurável discórdia entre
familiares antes muito unidos. A única cura é a transformação de cada pessoa
começando pela sua essência. Não optemos por sanar esse tipo de
conflituosidade (inimizade) de
forma superficial e hipócrita. "Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá",
Luc.16:26. Somente os que se
tornaram "de cá" em sua essência se poderão entender com os de cá.
Qualquer tipo de esforço ou tentativa para tentar unir os de lá com
os de cá será sempre um esforço inútil e vão. Nem vale a pena
tentar. Optemos, antes, por trazer o verdadeiro Evangelho em sua
essência mais pura e mais original e somente isso operará a verdadeira
paz e união entre pessoas, entre inimigos e até memo entre nações.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus",
Mat.5:9. Não creio que aqueles
que tentem ser outro tipo de pacificadores trazendo outro tipo de
paz possam ser chamados filhos de Deus. Os que têm paz com Deus
terão paz e concórdia entre eles porque são dum mesmo espírito.
Basta viverem como tal, assumindo uma nova realidade.
"Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida",
João 8:12. Um versículo recheado
- muito recheado. Muito se pode dizer ou deduzir desta afirmação de
Jesus. É frequente ouvir alguém dizer que não sabe o que fazer e,
por norma, entrega-se àquilo que acha ser a opção mais óbvia, mais
aprazível ou mais apetecível. Eva destruiu o mundo optando pelo
aprazível e óbvio. Ainda hoje sofremos as consequências desse ato. Para
seguir Jesus é necessário estar com Ele, havê-lo achado sem sombra
de dúvida e permanecer em Sua presença real. Se essa presença não
for real, se for uma de crença que se assume por conta da dita "fé"
que apregoam por aí, não se está seguindo o verdadeiro Jesus, mas, um
outro Jesus que convém à carne. Logo, é indispensável achar o
verdadeiro de forma real.
Achando-O será sempre em forma de Vida abundante, eterna, constante
e sem altos e baixos, permanente. E é essa vida que se reverterá em
luz. "A Vida é a luz dos homens", João 1:4.
É por essa razão que Jesus diz que "terá a luz da Vida", isto
é, essa vida servirá como luz integralmente. Isso é diferente de termos
uma ideia, uma iluminação, um sonho ou revelação. Essas coisas
servem de sinais àqueles que não experimentam essa vida verdadeira,
real e constante, isto é, eterna. "Se entre vós há profeta, eu, o Senhor,
me faço conhecer a ele em visão, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor",
Núm.12:6-8. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus",
Mat.5:8.
Quais são as piores consequências duma pessoa que lidera sendo errada, não
somente errada de coração, mas, também de conduta? Imaginemos um lar
onde um filho deve, pela lei de Deus, ser obediente ao pai e à
mãe; e imaginemos que esse pai ou mãe são errados de coração ou
patrocinam uma conduta errónea. Esse filho fica numa encruzilhada,
dividido entre ser obediente a Deus ou aos pais. Se obedece aos
pais, desobedece a Deus; se obedece a Deus, desobedece aos pais.
Duma maneira ou de outra quebra um dos mandamentos, embora saibamos,
pelas Escrituras que nos é perguntado algo assim: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus",
At.4:19. Todos os pais que não
são capazes de ser integralmente fiéis em toda a casa de Deus
destruirão seus lares com muitos géneros de encruzilhadas.
Existem
certas virtudes ou mesmo características gerais que nascem conosco
desde o primeiro dia. Tal como um bebé nasce sabendo mamar, também
nasce com certos conceitos importantes para qualquer ser humano. Por
exemplo, todos nascem com o conceito de eternidade implantado em
seus corações e ideias. Ninguém acha que será ele o próximo a
morrer, nem mesmo sabendo que irá morrer algum dia. "Deus pôs a
eternidade no coração do homem", Ecl.3:11.
Da mesma maneira, colocou no homem o sentido de obediência, de
justiça e todo tipo de aptidão para tudo aquilo que é celestial.
Contudo, essas aptidões não funcionam em sua forma original separadas duma comunhão real e
verdadeira com Deus. E quando separados de Deus, todos os seres com
essas aptidões inatas tornam-se diferentes (mas, nunca indiferentes)
e, muitas vezes, tornam-se o inverso ou oposto fazendo uso dos
mesmos meios, isto é, fazem uso da forma invertida
das aptidões com as quais ou para as quais foram criados. O sentido
de eternidade leva ao suicídio, seja o suicídio espiritual ou
físico; a obediência inverte-se em contrariedade e é por essa razão
que a Bíblia, falando de desobediência como feitiçaria ou idolatria,
descreve-a como rebelião, contrariedade, obstinação tendo sempre
sempre pronta uma atitude/palavra do contra. E por que razão ser do
contra ou ter uma ideia, conduta ou palavra paralela como Saul teve
(1Sam.15:22) é um formato
camuflado de idolatria ou feitiçaria? Porque usa outro tipo de
poder, serve outro que não Deus (seja servindo o próprio ou
agradando pessoas por medo ou 'simpatia'). Quem agrada pessoas
engana-se a ele mesmo. Essas duas coisas são inseparáveis: todo
aquele que agrada pessoas - seja com que finalidade for - serve um
qualquer tipo de engano próprio. Podemos falar, também, do sentido
inato de agradar Deus que se transforma em agradar pessoas ou ao
próprio porque a aptidão de agradar existe pela criação. Teria
muitas mais coisas para mencionar aqui, mas, é necessário saber,
apenas, que ninguém fica indiferente ou inativo acerca da criação que
é. Se não tiver e não conseguir permanecer em plena comunhão
continuada com Deus nunca ficará inativo e será sempre uma versão
contrária ou inversa por via das aptidões com as quais foi criado ou para as
quais foi feito. Inativo nunca fica,
Is.57:20. Seria o mesmo que dizer que um bebé que nasceu com
a aptidão para mamar e engolir usa essa mesma aptidão para mamar e cuspir
no rosto da mãe aquilo que mama. Quem não vive e convive com Deus será sempre
contra-natura usando aquilo que é como criatura para cuspir no rosto
de Deus. Para quem consegue viver e conviver com Deus e
afirmar como Elias, "Deus em cuja presença estou" (e que
isso seja real e verdadeiro), a sabedoria e o
conhecimento serão sempre um complemento e não uma capacidade.
Aqueles que não convivem com Deus experimentalmente usarão sempre o
conhecimento e a sabedoria como a (única) fonte de capacitação
porque tentam empreender por contra própria. É por essas razões que
a falência das igrejas de hoje é tão óbvia.
"Por
que procurais matar-me?" João 7:19.
É difícil admitir que a maioria dos crentes procura matar o Jesus
verdadeiro dentro deles. Mas, quando são chamados à atenção
respondem da mesma forma que os Judeus: "Quem procura matar-te?" A
ignorância sobre fatos reais é indescritível! Sempre que se opta por
cair numa transgressão cedendo a qualquer tipo de tentação podemos
ter a certeza que isso é matar Jesus dentro de nós, isto é, se Ele
está mesmo dentro de nós e não é ficção. Quando essa "presença" é
fictícia ou apenas crida, qualquer transgressor nunca sentirá a
diferença e é por essa razão que se afirma por aí que nada nos
acontece quando pecamos.
"Se
e em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor",
2Ped.1:8. A ociosidade é um
problema sério. Pedro fala aqui o que são "estas coisas" as
quais não permitem que alguém se torne ocioso. Mas, sempre que as pessoas já se
encontram espiritualmente ociosas, acham razões para se entreterem com aquilo
que não edifica e, pior ainda, que as torna pessoas ainda mais estéreis, isto
é, incapazes de reproduzir a espécie santa. Por essa razão, vemos
igrejas que não crescem e, quando crescem, não é com a espécie santa que enchem suas congregações. O que acontece quando as pessoas se
encontram ociosas e quais as razões para se tornarem ociosas? A
razão é que aquelas coisas celestiais não aumentam, não são
devidamente trabalhadas da maneira certa e através do poder certo e isso cria
ociosidade. E sabemos o que acontece com pessoas ociosas: buscam
sarna para se coçarem. Buscam qualquer coisa com que se entreter e ainda justificam essas condutas por estarem
ociosas. Pensando sobre isto esta madrugada entre dois sonos,
lembrei-me das mil esposas de Salomão. Com tantas esposas seria
difícil Salomão estar com cada uma delas pelo menos uma vez por ano.
Para estar com cada esposa uma vez por ano deveria estar com três
delas por dia. Não sei se isso é humanamente possível. Creio que
não. Contudo, não podendo estar com Salomão, a
"ociosidade" dessas esposas não lhes permitia estar com outros. Seriam culpadas de
adultério se o fizessem. Devemos lembrar isso sempre que estamos aguardando alguma coisa de Deus,
mantendo-nos imaculados para que nada mais possa impedir que tudo se
cumpra a seu tempo. "Se tardar, espera-o",
Hab.2:3. A ociosidade é uma maternidade para adultérios,
a qual nos pode levar a pensar que temos o direito de passar o nosso
tempo com aquilo que não edifica. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus",
Tgo.4:4. São as pequenas raposas
que destroem a sementeira da santidade. Evitamos sempre os Golias
desta vida, mas, o que destrói a colheita são aquelas pequenas e
insignificantes raposinhas. Quando sua igreja não crescer
espiritualmente, quando sua vida não frutifica na proporção da
promessa, olhe para dentro e não para as circunstâncias de fora. É, seguramente,
dentro de cada um que está o problema.
"Jesus
andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo",
João 7:1. Jesus fazia isto não
porque temesse os Judeus, mas, para não aumentar seus pecados antes
do tempo. Ele ainda precisava terminar sua tarefa antes que se
endurecessem em demasia.
"Aquele
que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça",
João 7:18. Existem muitos
enviados e outros tantos que se acham enviados. Mas, Jesus afirma, falando
dos que foram verdadeiramente enviados, que sobressai uma característica
específica que distingue os sinceros e verdadeiros de coração: buscam a glória de
Deus a qualquer custo dentro dos limites da santidade. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente",
2Tim.2:5. Mas, também podemos
ver esta verdade expressa no sentido inverso: aqueles que buscam
verdadeiramente a glória de Deus havendo sido enviados são
verdadeiros de coração. Os demais não são. Mas, há algo revelador
nestas palavras: quem busca a Sua glória deixa de ter qualquer tipo
de injustiça dentro dele. Olhem algo surpreendente para todos os fãs
das doutrinas que justificam os pecadores e aqueles
que apregoam ser impossível ser-se santo aqui na terra! Quem busca
Sua glória de todo coração obterá todos os meios para que a
injustiça não se apegue a ele. Isto é revelador acerca da capacidade
que os motivos certos são capazes de fornecer ou alcançar.
Existem
pessoas que ensinam os caminhos maus, mas, existem aqueles que
colocam as pessoas em caminhos maus de forma prática. Pensemos nos
pais que põem os filhos nos filmes do mundo, levam-nos onde não
devem e fazem muitas outras coisas. Não precisam ensinar o mal sequer -
colocam-nos lá já em antecipação e esses seres começam a tirar as
próprias conclusões e prazeres sem qualquer ensino a favor ou
contra. Qual será o fim dessas criaturas do mal e qual o juízo que recairá
sobre tais pais?
Quem
fala demais também é alguém que fala sempre rápido demais e, também, diz muitas vezes o que não deve e expressa-se sobre
coisas que não sabe. É o hábito de falar sempre ao invés de falar apenas
quando deve a respeito do que deve.
Todos
nós já passamos por situações onde nos fazem sentir culpados com ou
sem razão. E outras vezes nós próprios nos culpamos com ou sem razão
também. Há sempre um acusador dentro de cada um de nós que precisa ser
crucificado com Cristo. Quantas vezes pessoas fiéis a Deus se culpam a si mesmas
das coisas que acontecem e ficam-se questionando que mal fizeram para que
certas coisas lhes estejam acontecendo. Depois, oram e a situação não
muda. E eles também não mudam. Procuram onde erraram sabendo que podem ser repreendidos,
corrigidos e transformados por
serem filhos e não bastardos. Jó passou por isso, ainda mais sendo
induzido pelos supostos amigos que afirmavam categoricamente que
Deus nunca castigaria sem razão. E essas afirmações ajudaram Jó não
somente a detectar sua inocência e pureza de coração, mas, também a
achar a chave para deixar de se sentir culpado além de já sentir
muita dor e desconforto. Nem sempre somos inocentes
aos olhos de Deus, mas, também podemos chegar ao ponto de poder
afirmar que estamos inocentes ou mesmo inocentados. E sempre que
estamos inocentes (ou inocentados) fazemos de tudo, oramos e imploramos
para que as circunstâncias mudem ao invés de ver que também podemos usar
as circunstâncias adversas a nosso favor para melhorar nosso coração, para
aprender um novo comportamento, alcançar uma nova forma de falar ou
de responder ao mau e ao bom caso tivermos vivido e convivido muito
tempo entre pessoas de lábios impuros. Seja de que maneira for, há
sempre forma de usar qualquer circunstância para o bem daqueles que
amam Deus verdadeiramente. Como Jesus, devemos dizer, apesar das
circunstâncias: "Eu me santifico a mim mesmo",
João 17:19. Se meu esposo não mudar, se meu filho
continuar na rebeldia, se os milagres demorarem a acontecer, devemos
saber que haverá sempre algo importante que podemos aproveitar ou
fazer enquanto outras situações nos querem tragar. Não há noite que dure para sempre.
Logo, podemos aproveitar para alcançar algo útil e prático enquanto
passamos por adversidades, sejam elas extremas ou não, externas ou
internas. Tenho
absoluta certeza que todo o homem que é incapaz de usar bem seu
tempo e capacidades da graça sob alguma pressão das circunstâncias
adversas, será sempre alguém que irá relaxar sempre que tudo lhe correr
aparentemente bem. Essas pessoas, quando oram e alcançam a graça de
Deus para poderem viver plenamente seja sob que circunstâncias for,
também costumam ficar perplexos por seus problemas terrenos não ficarem
resolvidos mesmo havendo-se purificado e santificado. Há um tempo
após essa santificação e/ou purificação para que aquilo que foi
alcançado possa ganhar raízes, solidez e possa permanecer como dado
adquirido, desde que seja mantido pelo poder da graça. Da mesma maneira que um adulto
necessitou de pão para chegar à idade adulta, precisará desse pão
(graça) para se alimentar e manter enquanto adulto.
Existem
coisas que incomodam
muito o dia-a-dia e as vidas daqueles que agem com fidelidade por
se haverem tornado fiéis desde o coração. Todos precisamos aprender
a ser fiéis de forma inteligente; também, que essa fidelidade
se torne a nossa própria natureza, a nossa forma de estar, de ser e
única maneira possível de viver. Quando a finalidade de Deus é
criar ou recriar um ser celestial, os fiéis passam por situações onde aprendem a ser
ainda mais fiéis a todos os valores imputados por Deus
e que estão sendo escritos no coração na fornalha de Seu fogo, sendo sempre fiéis a nível prático e, obviamente, a nível da natureza e do
próprio coração. Os puros tornam-se ainda mais puros a todos os
níveis, os sábios ainda mais sábios e os fiéis ainda mais fiéis
desde a própria natureza. É comum ouvirmos orações e desejos dessas
pessoas que passam por situações incomodas a respeito das
circunstâncias que podem e devem ser usadas com a
finalidade de se tornarem ainda mais fiéis e mais puros de natureza,
menos fingidos e menos forçados em sua santidade a ponto de que, aos
olhos de Deus, essa pureza e fidelidade seja incontestável. "Observaste o meu servo Jó?
Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal",
Jó 1:8. É Deus quem dá esse
testemunho e não o próprio.
Deus não pode negar a Sua própria natureza e todo homem fiel e puro
deve tornar-se alguém que também se torna incapaz de negar a própria
natureza quando esta é fiel e pura. E quando nos encontramos sob as
pressões das circunstâncias podemos ouvir, com alguma frequência,
orações como: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!",
Mat.26:42. Há casos, por
exemplo, onde um esposo ou esposa extremamente fiel a Deus e ao
Evangelho sofra constantes ataques e coisas despropositadas de seu
próprio parceiro matrimonial, de seus próprios filhos e de onde essa
pessoa fiel teme que a aparência das coisas possa dar um mau
testemunho tanto acerca do casamento que Deus deu, emprego ou ambiente familiar
e de Deus. "Isso é que é casar na vontade de Deus? É este tipo
de emprego que Deus dá?" São comentár ghfhios que podem atordoar. Esquecem que a vontade de Deus é que se
tornem puros e fiéis e não, como as novelas e contos de fadas dizem,
"que vivam felizes para sempre". Pedir que o cálice passe, que o
ambiente mude, que a pessoa errada se transforme ou mude de lugar
são tudo coisas apetecíveis e até mesmo desejáveis. Mas, o que deve
mudar é o coração daquele que é fiel sob qualquer circunstância a
ponto de assegurar, enraizar e cimentar a sua própria fidelidade
ainda mais solidamente. "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois",
1Ped.4:12,14. Em vez de se pedir, apenas, que passe o
cálice, devemos saber pedir de coração que se faça a vontade de
Deus, isto é, que o coração puro se purifique ainda mais; que o fiel
se torne menos forçado e mais fiel de natureza, expressão e coração;
que a obra que estava fazendo não sofra atrasos ou que seja relegada
para segundo plano de importância substituído pelos problemas nesse
grau de importância, etc. Como Jesus, devemos
aproveitar o momento para poder dizer:
"Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19.
É uma questão de decidir escolhendo a melhor parte. É uma decisão -
uma excelente decisão mesmo quando as circunstâncias mudam para
melhor.
"O efeito
da justiça será paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança",
Is.32:17. Existem pessoas que se
esforçam (e outros nem tanto) para manterem uma compostura de paz
quando essa paz que Deus dá deve e pode ser natural por via duma
real comunhão com Ele - desde que essa comunhão seja real. É isso
que significa quando lemos nas Escrituras sobre a "paz em Tua
presença". Essa falta de paz pode acontecer por algumas razões, mas,
menciono apenas duas. Uma delas é a pessoa estar em pecado ou
ter ainda algum pecado que nunca foi confessado ou restituído e, na
presença de Deus, não terá paz enquanto rejeitar a convicção desse
pecado e não fizer o que lhe compete fazer. Ser-lhe-á até difícil
conseguir a paz que o mundo dá estando na presença de Deus. Não terá paz com Deus
enquanto não confessar ou restituir e, também, não poderá manter a paz que o mundo dá
devido à presença de Deus. A paz
que o mundo dá é aquele tipo de paz onde não há convicção de pecado
pela ausência de Deus e é possível manter a compostura pela
hipocrisia, fingimento e esforço tendo em mente algum motivo maior.
Outra razão para a falta de paz é mais complexa: fomos criados para
vivermos de Deus, não apenas com o Seu sopro de ar, mas, do
verdadeiro vento de Seu Espírito que sopra dando e mantendo vida
interiormente. Qualquer pessoa sentirá as consequências de viver
longe de Deus porque seu íntimo foi criado para viver apenas de
Deus. É por essa razão que as Escrituras falam de alguém vazio
quando não está cheio de Deus. Esse vazio nunca será preenchido com nada a
não ser Deus e esse vazio acentua-se mil vezes mais na eternidade vazia do inferno. Eu creio
mesmo que o maior incómodo no inferno vai ser o acentuar sem medida desse vazio,
pois, a pessoa estará sempre morrendo sem nunca poder morrer. Por essa
razão é que se chama "morte eterna" - estará num vazio interior sem
medida, sempre morrendo.
"...Nos
dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas,
orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido
quanto ao que temia",
Heb.5:7. Era a vontade de Deus
não somente livrar da morte como também era vencê-la para sempre e
duma vez por todas. Mas, poderíamos não estar a falar da morte, mas,
da vontade de Deus. Tudo que é vontade de Deus - seja para nós
pessoalmente ou para algum bem geral - deve obter a mesma seriedade
de qualquer coração puro a ponto de se clamar com lágrimas, orações
e súplicas apenas por se tratar da vontade de Deus. Quantas lágrimas
você já verteu pela vontade de Deus?
"Todo
aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem
arguidas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vem para a luz", João 3:20,21.
Há aqui um jogo de palavras que precisamos entender. Por um lado,
João fala daqueles que praticam o mal e, por consequência,
escondem-se juntamente com seus atos. Não se expõem na luz. Mas, falando dos verdadeiros,
João não diz que são aqueles que praticam o bem que se
colocam na luz e na visibilidade e, antes, aqueles que
praticam a verdade independentemente do que fizeram de mau ou de
bom, de mal ou de bem. Andar na luz não é e nunca será mostrarmos a nossa melhor cara,
maquilharmos o nosso rosto, vestirmos a nossa melhor vestimenta disfarçando a nossa aparência. Andar na
luz - e precisamos de iniciativa para nos colocarmos na luz - é
começarmos a ser transparentes, sinceros a nosso respeito e honestos
praticando, dessa maneira, a verdade - seja diante de quem for. Se
fizemos mal, revelamos e expomos as coisas tal qual são. É por essa verdade que devemos
começar a praticar toda a verdade.
"Todo
aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem
arguidas as suas obras", João 3:20.
Acho estranho que um homem faça qualquer coisa, suporte qualquer
dificuldade somente para não ser arguido e responsabilizado pelas suas
obras más. Estar na luz é ser transparente praticando a verdade -
não apenas crendo na verdade, mas, praticando-a começando por aquilo
que se é verdadeiramente. Se fiz mal, devo vir para a luz e
desmascarar-me a mim mesmo e nunca agir como se nada tivesse
acontecido. E se é verdade que o homem faz qualquer
coisa para se encobrir, fará qualquer coisa para não se descobrir.
Logo, podemos assumir que enganando-se até a
si mesmo (e os demais a seu respeito) é o que significa andar nas
trevas ou, digamos, mentir, fugir da luz ou evitá-la. Não pratica a
verdade e pratica a mentira. Andar nas
trevas e a mentira são coisas inseparáveis. Quem não anda na luz é
mentiroso. A formula mais pratica
de se encobrir é dar uma de bom, criar uma imagem de crente e
mostrar - ou mesmo crer - nas coisas boas que faz ou pensa que faz. Nicodemus veio a Jesus falando dos milagres que ninguém poderia
fazer sem Deus. Mas, Jesus respondeu sem hesitação que os milagres
de nada valiam caso a pessoa não se tornasse uma nova criatura. Isto
significa que os milagres poderiam servir de cobertura para uma
criatura má e para que alguns nunca se considerem maus. Que os milagreiros
ouçam isso! Ir à Igreja, pulando o muro para dentro do aprisco,
cantar no coro da igreja, ler e estudar a Bíblia, ser o melhor no
seminário, entre muitas outras coisas, podem ser razões para condenar
qualquer pessoa porque podem, facilmente, tornar-se formas de
encobrir pecados e não de dedicação a Deus. Sabemos que ninguém
alcançará misericórdia encobrindo seus pecados - ainda que seja um só
pecado.
"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará",
Prov.28:13.
Muito
se fala sobre as tentações hoje em dia. Uns falam delas como se
fosse algo invencível, outros como se nada fosse. Uns desculpam
seus pecados atribuindo-as às tentações e à força da carne; outros
sentem-se culpados quando são tentados sem haverem sequer transgredido. Outros, ainda, menosprezam
as transgressões como se nunca fossem ser responsabilizados - ou
mesmo condenados - por elas. Cada cabeça com sua sentença ignorando as
verdades afirmativas das Escrituras. Não vou falar da tentação em
si, pois, existirá sempre. Mas, falemos da sua força e aquilo que
lhe dá força. Existem muitas razões para
as tentações ou para a ausência delas. Também existem razões - ou
condições - para que as tentações se tornem fortes quando existem.
Contudo, a
causa dessa força nem sempre é a mesma embora tenham em comum um
afastamento da Vida eterna e abundante. É verdade que o tentador está atento a
tudo aquilo que possa causar uma transgressão, pois, qualquer
transgressão é uma vergonha e desonra o Criador de quem
transgride. Devemos lembrar que foram os nossos pecados e
transgressões que crucificaram Jesus. Mas, atribuir somente à carne
a força da tentação é dizer muito pouco sobre isso. O que dá maior
força à tentação é o afastamento de Deus, seja em novas criaturas ou
em pessoas mais experientes no Caminho. Nas pessoas que odeiam Deus,
as tentações já são um
modo de vida e não se pode dizer que é tentação para eles. As tentações existem, de fato
para aqueles que buscam Deus. Mas,
existem muitas causas para a transgressão, isto é, para se cair em
tentação. Lembremos que a forma de orar que Jesus ordenou é: "não
nos induzas em tentação". Não é uma oração para exterminar a tentação, mas,
para evitar que se entre nela ou se caia. Sabendo
nós que "a carne e suas paixões podem e devem ser crucificadas com
Cristo" (Gal.5:24), as tentações
podem passar com toda a sua força que, quem está literal e
verdadeiramente morto por via da plenitude de vida eterna que
experimenta, não reage a elas. Já viu algum morto olhar
para o sexo oposto ou para o dinheiro com concupiscência? Logo, a
primeira causa para a força da tentação é não estar verdadeiramente
crucificado com Cristo. Mas, existem mais causas. Se Cristo disse
para estarmos (permanecermos) n'Ele e Ele em nós, saindo nós desse
reduto estaremos expostos às marés do inimigo. E, estando expostos ao
inimigo, estaremos novamente expostos às tentações e/ou
transgressões. Outra causa é não andarmos quando temos luz. Podemos
estar parados sem fazer o que nos compete. "Se procederes mal
(se não procederes bem), eis
que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra/para ti
e a ti cumpre dominá-lo", Gen.4:7.
Jesus disse: "Se alguém andar de dia não tropeça",
João 11:9. Alguém pode ter luz e
não andar. Quem não age fazendo aquilo que deve estará exposto às tentações e
será, apenas, uma questão de tempo até
cair nelas. "Andai enquanto tendes luz",
João 12:35. Sob qualquer uma dessas situações, a pessoa em questão tem
como única alternativa tentar
dominar a tentação, cortar a mão que o faz tropeçar ou arrancar o
olho da concupiscência e não tem como se considerar morto para o
pecado. Não deve e não pode mais considerar-se morto para a carne. E
isso não são Boas Novas.
"Se
alguém andar de dia não tropeça",
João 11:9. Muito se fala, hoje
em dia, da possibilidade ou da impossibilidade de nos mantermos
puros e sem mácula. Essa discussão teológica proliferou-se entre
todas as nações onde a carne prega o Evangelho que lhe convém. O
fato de Jesus haver dito "NÃO TROPEÇA" não cabe nas
suas teologias. No entanto, há que cumprir certas condições andando
na luz (e não estar estagnado nela) para que "não tropeçar"
se torne possível. Se a luz revelar algum pecado ou transgressão e a
pessoa não reagir da maneira que deve expondo seu pecado em todo
pormenor ou fazendo restituição, não está andando; se Pedro passar
ao lado do coxo na porta do Templo onde já havia passado inúmeras
vezes e olhado para ele cada vez que passava ali sem que Deus
revelasse alguma coisa e, de repente em certo dia, vem a ordem para
dizer ao coxo para se levantar e Pedro questiona aquela ordem, não
está andando enquanto tem luz; e se o homem ouvir a ordem de Pedro e
hesitar, mas, Pedro não lhe estender a mão para erguê-lo porque teme
que nada vá acontecer, também não está andando. Logo, quem não anda
será, certamente, apanhado pelas trevas e tropeçará mais dia menos
dia, mais hora menos hora.
"A fé
é... a prova das coisas...", Heb.11:1.
Não é bom darmos pouco valor ou passar por cima do sentido ou
do significado das palavras originais sempre que lemos as Escrituras. Quando se
fala em "PROVA" é necessário que exista algo
substancial, concreto, claro e real que revela ao próprio com
clareza aquilo que é afirmado em/por Deus. E tem de ser prova para o
próprio em primeira instância. A fé de muita gente, hoje e sempre,
baseia-se em crenças, esperanças ou mesmo ilusões nas quais
acreditam ou, apenas, desejam acreditar. Tudo se baseia em algo
superficial e sem fundamentos fortes, claros e visíveis. Nada disso é prova. Uma
prova é algo muito muito concreto e substancial - é algo que existe
e que é impossível de negar até mesmo para o próprio. Uma prova é
algo que fecha qualquer boca capaz de contestar e não precisa abrir
a boa daqueles que aprovam de tão evidente que é. "Na verdade,
na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que
vimos", João 3:11. "Porque a vida
(eterna) foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos
ESSA vida eterna", 1João 1:2.
"Essa vida eterna" é aquela que se vê, que se experimenta e não pode
ser negada ou escondida. Pergunte-se a si mesmo por que razão os
Fariseus não conseguiam conter a sua raiva a ponto de decidirem
apedrejar o que viam de forma tão clara e evidente. A sua única
saída era tentar matar quem evidenciasse tão claramente ESSA
vida eterna.
"Se
tu podes crer (...) Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade",
Mar.9:23,24. "Acrescenta-nos a
fé", Luc.17:5. Poucos acham a
verdadeira e única chave para abrir as portas da fé, isto é, a
solução para a falta de fé. Tudo começa na sinceridade (reconhecendo
e confessando, seja de que maneira for). Mas, não termina aí. Não
nos podemos esquecer que as Escrituras ensinam que Jesus é o autor e
consumador da nossa fé (Heb.12:2).
Saber isso e agindo em conformidade (aproximando-nos d'Ele) vai um
pouco mais além de haver achado a chave para a solução.
É comum,
pelas doutrinas de hoje, acreditar-se que uma palavra ou bênção
pronunciada por alguém para alguém obtém a sua força pela pessoa que
a pronuncia. Mas, as coisas não são e nunca serão assim tão
lineares. Se a palavra vem mesmo da boca de Deus obterá seus
efeitos. Com toda a certeza que não voltará vazia. Mas, isso é muito
diferente de quando alguém pronuncia uma palavra para obrigar Deus a
executar em conformidade. Isto é, querendo meter Deus em seus
próprios assuntos e desejos. Em primeiro lugar, é necessário que a
palavra venha de Deus e não do coração e desejos do homem. Em
segundo lugar, há que cumprir as condições para que a palavra vinda
de Deus se cumpra ou se efetive. Por norma, as condições que
necessitam ser cumpridas depende maioritariamente da pessoa que
recebe a palavra e raramente da pessoa que a pronuncia. Hoje dá-se
muito valor a quem pronuncia palavras como se Deus fosse o discípulo
que precisa cumprir aquilo que alguém falou.
"Muitos
correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará",
Dan.12:4. Não é sem razão que
Paulo afirmou que os últimos tempos serão muito difíceis para toda a
humanidade. A razão principal é que o conhecimento, o estudo e a
ciência se espalhará enquanto os corações continuam sem ser
verdadeiramente transformados. Logo, não sendo transformados serão
adaptados. Isto é, a linguagem do mal será adaptada, os sistemas
mudarão de rosto, mas , não de coração. É por essa razão, por
exemplo, que o comunismo é o sistema que mais usa palavras como
democracia, liberdade e o pecado usa palavras como fé, amor,
liberdade entre outras mais. Os corruptos parecerão ser generosos,
obterão fama de benfeitores pelas palavras e pelos seus falsos
discursos. Isso acontecera até ao dia que Deus decidir colocar um
fim à hipocrisia. "Ao louco nunca mais se chamará nobre; e
do avarento nunca mais se dirá que é generoso. Porque o louco fala loucamente
e o seu coração pratica a iniquidade para usar de hipocrisia e para proferir erros e para deixar vazia a alma do faminto",
Is.32:5-6.
Eu
não me torno mais crente por ler muito as Escrituras ou por passar
muitas horas em oração. Eu creio melhor, confio mais e com maior
simplicidade na medida da intimidade real que tenho com Deus. Posso
ler as Escrituras sem estar a ser ensinado por Deus quanto posso ser
ensinado por Deus estando em meu emprego ou outros afazeres. "Está
escrito: E serão todos ensinados por Deus",
João 6:45a. E quando falo em ser
ensinado, falo em ser transformado e não apenas em ser instruído.
Ser transformado e instruído em simultâneo é o que significa ser
ensinado por Deus. "Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim",
João 6:45b. Não é somente
ouvindo, mas, aprendendo pelo que ouvimos que nos aproximamos de
Deus. E é essa aproximação que torna minha confiança em Deus mais
espontânea, mais sincera, menos fingida e menos forçada. Fé forçada
é fé fingida.
Hoje
é muito fácil entoar hinos e afirmar que se está louvando Deus.
Mesmo quando o coração está afastado de Deus, canta-se por causa da
beleza do hino ou da melodia. "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da
iniquidade", 2Tim.2:19. Já
vi pessoas do mundo da podridão moral entoares certos hinos que se
tornaram famosos na história da musica. São estranhos à verdade e,
contudo, cantam sem entender do que se trata. Se não é certo que um
coração sincero entoe uma canção de Sião estando na busca de sua paz
com Deus (Sal.137), imaginemos quão grave é o pecado de entoar hinos
sendo do mundo. "Quem requereu que viésseis pisar os meus átrios?"
Is.1:12. Sabemos o que significa
a palavra "pisar" na sua verdadeira essência. Significa mais que
humilhar. Quando pisam uma bandeira de certo país significa grande
desprezo por esse país. Esse mesmo significado Deus dá a quem não se
aparta da iniquidade e canta Seus louvores. Que se arrependam os
homens e conheçam Deus de verdade e na primeira pessoa. Então
entoarão louvores sinceros, não por causa da melodia ou da beleza
das palavras, mas, por verem Deus em Sua beleza e grandeza de amor.
"Participa
das aflições do evangelho segundo o poder de Deus",
2Tim.1:8. É muito fácil ler por
cima daquilo que pensamos que entendemos somente porque conhecemos o
significado das palavras e não nos apercebemos da real
profundeza da experiência que essas palavras tentam ilustrar. Devemos saber que é
extremamente difícil explicar por palavras uma verdadeira
experiência da vida eterna, isto é, da vida que agora começa e não
tem altos e baixos, mas, é constante e permanente. A essa vida
devemos nos entregar sem qualquer receio de errar, seja pelo receio de
errar porque acontecem certas coisas que não prevíamos ou porque
outras coisas demoram certo tempo a acontecer. Em todo caso, é muito
fácil para o homem carnal suportar carnalmente aquilo que lhe
acontece. Outra coisa é consegui-lo "segundo o poder de Deus", isto
é, por via do poder da graça. Abdicar do poder da carne é mais
difícil que o suicídio, pois, ninguém gosta de abdicar das suas
próprias capacidades e força para executar. O homem carnal prefere
perder a vida do que tornar-se incapaz física ou carnalmente. "Se o grão de trigo,
caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto",
João 12:24. Não podemos ser participantes ingénuos
que ainda não se familiarizaram com o poder de Deus a ponto de
conseguir depender inteiramente da graça, isto é, ser sóbrios o
suficiente para conseguir esperar (esperar de esperança e de
expectativa) "inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo",
1Ped.1:13. Esta é a aprendizagem
mais difícil da vida Cristã - ainda que seja a mais simples de ser
conseguida e alcançada. Devemos aprender a fazer a vontade de Deus
da maneira que ela é feita no céu, pois, tentar executá-la doutra
maneira ou por via doutro poder é idolatria. É fundamental que
estejamos tão familiarizados com a vida eterna e seu poder executivo
(poder e forma de executar) que recusemos veementemente que a
vontade de Deus se execute doutra forma ou viver como se fosse
possível executá-la doutra forma. Eu não creio que seja possível executar a vontade de Deus
doutra forma, mas, há quem viva crendo que pode e deve. É por essa
razão que entramos em situações que não conseguimos resolver, pois,
somente assim aprenderemos a nos conciliarmos com a forma e com o
poder de Deus. As coisas não funcionam? Aprenda a depender de Deus e
a familiarizar-se com Ele ao invés depender da pressa. É isso que
significa sermos reconciliados com Deus. E é por essa razão que
Paulo manda que os crentes se reconciliem com Deus, isto é, que se
familiarizem com Ele a tal ponto de conseguirem entender de que
forma se deve e se pode tornar participante das aflições de Cristo e
do Evangelho. É preciso ver que Jesus poderia livrar-se da morte de
muitas formas, mas , preferiu, "nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor
e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia",
Heb.5:7. Precisamos mesmo nos
livrar da morte. A questão aqui é de que forma e não se nos devemos
livrar dela ou não. Desistir ou resignar-se à morte - seja ela de
que tipo for - (ou resignar-se a outra coisa qualquer) não é fazer a
vontade de Deus. Estando em condições de pureza para que sejamos
ouvidos dá-nos a opção de sermos ajudados por Deus em tempo oportuno
ou quando seja necessário. Mas, não podemos procurar esse azeite no
momento que precisamos dele - há que achá-lo antecipadamente. "Cheguemos, pois, com confiança
ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno",
Heb.4:16.
Por
norma, os paridos políticos têm uma linha de orientação pela qual se
regem. Isto é, se existe alguma ideia boa ou má terá de passar,
primeiro, pela aprovação e escrutínio da doutrina. O comunismo não deixa passar
nada que não lhe interesse, o socialismo a mesma coisa - ainda que
ambos tenham o mesmo espírito na prática. Não são as
pessoas e suas necessidades que são levadas em conta, mas, a
doutrina e tudo o que ela diz e aprova. Era isso que os Fariseus e Saduceus
faziam: se não batesse com suas doutrinas nem a verdade teria
qualquer hipótese de sucesso. Sabemos que hoje existem doutrinas sem
fim, ideias fixas pelas quais as igrejas se regem, umas razoáveis e
outras menos boas, algumas inofensivas, mas, que ainda assim, regem as
mentes e são capazes de controlar atitudes, manietar, influenciar ou mesmo
automatizar muitas ações. E é pena que a lei do amor por Deus e
pelo próximo não seja a única regra de doutrina. Não pode ser a
doutrina a ser consultada, mas, o amor de Deus - o Seu tipo de amor,
o qual tem somente o alvo final como orientação ou motivação.
Nem mesmo as boas doutrinas podem sequer ser mandatarias. É a
doutrina que deve passar pelo escrutínio do amor e não o inverso.
"Todas as coisas me são lícitas, mas, eu não me deixarei dominar por nenhuma",
1Cor.6:12.
"Convém
que seja irrepreensível, vigilante, sóbrio...",
1Tim.3:2. As palavras ou induzem
em erro ou ensinam convenientemente. Tudo depende do sentido que lhe
damos, do tom de voz que empregamos e das expressões de quem fala e
das impressões de quem ouve. Muitos deixam-se convencer por aquilo
que os impressiona e isso abre a porta para aqueles que conseguem
desenvolver formas de expressão que convencem os impressionáveis.
Por isso Jesus avisa: "Vede como ouvis!"
Luc.8:18. E quando se trata duma tradução, ainda existirão
mais fatores a levar em conta. A tradução deste versículo é um desses casos. Por
exemplo, a palavra "vigilante" aqui significa circunspecto no sentido de
vigiar o próprio coração sendo que somente o coração pode impedir
Deus de agir. Ora, sendo assim, altera toda a nossa perspectiva em prol da
verdade salvadora. No mundo, os vigilantes vigiam outras pessoas,
contra perigos externos e vigiam contra ameaças vindas de fora. Os terroristas
vigiam contra os bons, os bons vigiam contra os perigos dos ladrões
e por aí vamos. Mas, segundo a verdade, vigiar
tem somente a ver com o vigiar do nosso próprio ser e coração para
que nada nos venha a separar de Deus, da Sua força e do Seu poder, da Sua
companhia salvadora, constante e permanente, isto é, eterna (sem altos e
baixos). Muitos vigiam na vida cristã da maneira que o mundo vigiaria
contra os perigos esquecendo que o único perigo para nós é aquele
que vem de dentro. "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos,
os adultérios, as prostituições, os homicídios...",
Mat.7:21. Logo, "Se alguém deseja o episcopado" (v.1)
deve saber, também, desejar e cumprir as condições que lhe permitem
alcançar tal dever privilegiado e louvável. Um barco ou navio só se
afunda pela água dentro dele e não pela água fora dele. A água
fora ajuda a navegar ainda melhor. "Tem cuidado de ti mesmo",
1Tim.4:16.
"João
enviou dois dos seus discípulos a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?"
Luc.7:19. Há qualquer coisa aqui
que não é fácil de entender. Há algo que nos escapa. Que é feito
daquele homem seguro e assegurado que disse com toda a certeza isto:
"Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Eis aqui o
Cordeiro de Deus", João 1:29,36.
Dizia isso quando ainda nem sequer o conhecia, tal era a segurança
nas suas afirmações! Onde e quando é que essa certeza começou a desvanecer? Onde começou a
dúvida e por que razão? João agiu bem mandando perguntar quando duvidou, isto é, mandou
perguntar para se certificar. Há quem se fique pela dúvida com medo
de ser criticado ou mesmo repreendido por estar a duvidar. João
enfrentou e confrontou a dúvida com audácia. Agiu muito bem e
livrou-se da tentação mandando perguntar sem receio de ser
confrontado, sem receio daquilo que os Fariseus e outras pessoas
poderiam pensar depois de todas as certezas e afirmações do Rio Jordão. Mas, a questão aqui é: como se sai da certeza e se chega a esta dúvida e
por que razão ou razões? Em primeiro lugar, isto só pode significar
que a certeza que tinha não era sua, mas, a de Deus n'Ele. A
verdadeira fé é fruto e nunca é operada pelo próprio nele mesmo.
Convencer-me a mim mesmo de algo que não existe em meu coração é
enganar-me a mim próprio. Logo, se a certeza (fé) murcha, morre ou
desvanece é porque Deus se afastou ou minha comunhão com Ele sofreu
dano com alguma coisa. E é assim que surge a dúvida a respeito da
verdade e a certeza sobre a mentira e o engano. A certeza no engano
cresce na medida e na proporção que a dúvida na verdade (em Deus)
cresce. Creio que João esperava algo mais desta
vida após haver cumprido a sua dupla missão de apresentar o Messias ao
mundo e de preparar o povo para recebê-Lo. Creio que esperava viver o resto da sua vida tranquilamente,
mas, foi preso. Ou, então, queria ter a certeza que já havia
cumprido sua missão para poder morrer em paz - o que não deixa de
ser dúvida. Também creio que sua comunhão com o Espírito Santo foi
colocada em segundo plano após haver cumprido essa missão. Devemos
entender que a nossa comunhão com Deus tem, primeiramente e acima de
tudo, de ser mantida para nosso próprio bem e para consumo próprio
para nunca juntarmos sem Ele. Estando bem com Deus, cumpriremos nossa missão com total perfeição.
Após essa missão, ainda manteremos a comunhão.
Após havermos cumprido nossa missão, a comunhão com Deus deve
ser mantida na primeira chama e no primeiro amor para que a principal razão dessa comunhão seja cumprida
eternamente. Essa comunhão com Ele é a nossa missão. A razão principal é a nossa própria vida com Deus
e Deus nela. A razão principal duma vida de plenitude é salvar a nossa vida para
glória de Deus. Negligenciando nossa comunhão com Deus, se nossos
motivos não se mantiverem puros nessa aproximação a Deus, se renegarmos
ou negligenciarmos nossa comunhão com Deus apenas porque já cumprimos nossa missão, já
casamos, já pregamos ou já alcançamos algum propósito da vontade de Deus, podemos facilmente entrar nas trevas da dúvida desnecessariamente. É muito fácil facilitarmos após uma conquista, ou após o término duma missão ou tarefa muito exigente. Precisamos saber que a parte principal é a comunhão com Deus e não a missão. Precisamos tomar plena consciência, também, que a principal razão de havermos obtido vida abundante é para permanecermos em Deus e Deus em nós eternamente. A nossa obra não é e nunca será a principal razão para termos, obtermos ou para mantermos uma comunhão cheia de saúde com Deus. A concretização da nossa obra, missão ou tarefa é e será sempre uma consequência da comunhão que mantemos com Deus e nunca será a razão. Se é a razão, devemos de nos arrepender e mudar porque não pode ser assim sob pena de nos perdermos, tornando-nos fúteis sem qualquer necessidade. O que vale querer ganhar o mundo perdendo a própria alma? Quando isto acontece, significa que perdemos o primeiro amor. "Tenho contra ti que deixaste teu primeiro amor", Ap.2:4. Durante anos sempre entendi mal este versículo. Na verdade, é um erro de interpretação por causa das possíveis traduções da palavra "primeiro". A palavra "primeiro" pode ser interpretada de muitas maneiras e só uma é a correta. Pode ser interpretada como o primeiro antes do segundo. Mas, o real significado dessa palavra neste versículo não é esse. O sentido é muito diferente desse. Neste versículo significa que esse amor é coisa primária, principal, única, o mais alto grau de importância ou mesmo o único. O primeiro dum reino é o rei e é nesse sentido que esta palavra é usada aqui. Perder o primeiro amor significa que começamos a amar outra coisa acima do amor por Deus ou em conjunto com esse amor. O amor a Deus, a obediência e tudo aquilo que engloba nossa vivência ou convivência com Deus não pode obter um grau de importância secundário ou mesmo de igual importância a outro. O amor a Deus não deve sequer concorrer com outro amor de segundo ou mesmo de terceiro grau. Na minha opinião, o amor a Deus deve ser o único amor e, quando assim é, não podem sequer existir amores em lugares secundários. Esse amor é único e exclusivo. Só existe o amor a Deus de todo coração e o amor ao próximo e mais nenhum outro. Não pode existir qualquer outro amor em nossas vidas, seja em que grau for. Não sei se foram estas coisas que aconteceram com João Batista, mas, creio que a minha percepção não deve andar longe da verdade. Se a fé/certeza das coisas é operada pelo amor (Gal.5:6), pode estar explicado o que aconteceu com João Batista ao começara duvidar. O maior perigo para as pessoas ultra-fiéis a Deus é quando completamos uma missão com a total bênção de Deus. Deus deve permanecer acima de tudo. Ou será que devo dizer Deus exclusiva e unicamente? É a missão que é para Deus e não Deus para a missão. É o meu filho para Deus e não
Deus para a salvação de meu filho, pai, mãe, casa ou país.
"Aquele
que faz a vontade de Deus permanece para sempre",
1João 2:17. A pessoa que faz a
vontade de Deus não permanece para sempre porque faz a vontade de
Deus, mas, porque têm uma real comunhão de cumplicidade com Deus que
o capacita para fazê-la/executá-la da maneira que é feita no céu. Conseguindo executar essa
vontade é sinal que tem essa comunhão com Deus intacta. Para executar essa vontade é
necessário poder cumprir certas condições e certos requisitos na
comunhão com Deus. Em
primeiro lugar, precisamos ter uma comunhão REAL com Deus. Uma
comunhão fictícia ou unilateral não resultará e nunca alcançará a
vontade de Deus - muito menos poder executá-la da maneira que se
executa no céu. Essa comunhão precisa ser real e não
unilateral. Em segundo lugar, é imprescindível que se
obtenha graça para executar; para achar essa graça (o poder de Deus)
é preciso buscá-la e achá-la; buscando-a, só será achada tendo todo
coração envolvido naquela vontade e no desejo de poder executá-la com
perfeição, amando Deus e Sua vontade ardentemente e acima de tudo.
Cumprindo todos esses requisitos, torna-se possível executar a vontade de Deus porque se
é capaz de juntar com
Ele e incapazes de fazê-la sozinhos. "Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim",
João 15:4. O que isto significa é que a pessoa permanece
para sempre porque tem essa comunhão com Deus que lhe permite todo o
acesso às providências de Deus, ao poder da Sua graça, à Sua
liderança, às suas providências e comunhão e a tudo que é necessário para que essa vontade
possa ser executada aqui na terra do mesmo modo que ela é executada
no céu, isto é, "aqui na terra como no céu". O conseguir fazer a Sua
vontade da mesma maneira que se faz no céu é sinal fidedigno que
existe aquela comunhão com a vida eterna dentro de todo o ser.
Sendo assim, permanece para sempre porque está verdadeiramente
enraizado em
Deus e Deus nele a ponto de conseguir alcançar e fazer a Sua
vontade. Tal pessoa permanece para sempre porque tem a sua comunhão
com Deus em dia e o fato de conseguir executá-la mostra por que
razão permanece para sempre. Permanece para sempre porque está verdadeiramente em Deus e
Deus nele e não porque faz a Sua vontade. Na verdade, consegue
fazer a Sua vontade porque está em Deus e Deus nele. O fato de conseguir fazer a vontade de Deus revela
que tem a vida abundante (a vida eterna) dentro dele, fluindo
abundantemente. E é essa vida que faz com que permaneça para sempre.
Quem consegue fazer a Sua vontade mostra que tem essa vida na abundância
prometida. Logo, permanece para sempre. Não podemos interpretar as
Escrituras de maneira errada e para conveniência da carne, isto é,
consultar Sua vontade sem consultar a Ele por Ele. Fazer a Sua
vontade não é e nunca será porta de entrada para essa comunhão com
Deus. É a comunhão com Ele, Sua presença real (não-fictícia ou
imaginada) que nos abre a porta da Sua vontade e o conseguir
executá-la. "Anda em Minha presença e sê perfeito",
Gen.17:1. Estas palavras
encontram-se colocadas numa certa ordem. Não diz "sê perfeito e
anda em Minha presença",
mas, anda em Sua presença vem primeiro.
"Andai
em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne",
Gal.5:16. Sabemos o que
significa "andar". É estar ativo, movimentando-se para adiante. Muitos
acreditam que estar no Espírito é ficar inerte e extasiado. Andar no
Espírito é percorrer o nosso dia-a-dia de forma natural, mas, pelo
poder de Deus. Andamos e vivemos na presença real com Deus como se
nunca houvéssemos vivido de outra maneira. Outra coisa a respeito deste versículo: se a
transgressão só existe quando a concupiscência é cumprida, isto é,
cedendo à tentação e não sendo tentado, também é verdade que a
obediência existe quando se cumpre - quando se anda. Deixar de andar
no mal ainda não é andar no Espírito. Deixar de andar no mal é ficar
parado e andar no Espírito é estar ativo em Deus, por Deus e para
Ele. "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito",
Gal.5:25.
"Fé
vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus",
Rom.10:17. Este é um dos versículos da Bíblia mais mal
interpretados nos meios evangélicos atuais. Na verdade, a maioria
dos crentes usa e abusa das interpretações que soam bem ao ouvido.
Existe a ideia generalizada de que quanto mais eu ler a Bíblia, quanto
mais eu ouvir pregações, mais a minha fé cresce. E isso não é
verdade, isto é, raramente pode ser verdade. Não podemos confundir
conhecimento com fé e vice-versa. Ler é bom e aumenta o conhecimento
e pode mesmo aumentar a sabedoria. E é verdade que "a sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto e a dureza do seu rosto se muda",
Ecl.8:1. Na verdade, o
conhecimento e a sabedoria são coisas
excelentes, ainda que diferentes. Mas, não podemos confundir esse brilho no rosto com a fé
que faz brilhar o coração em toda a essência do homem pelas suas
raízes mais profundas. Ler as Escrituras aumenta o conhecimento de quem lê
e não necessariamente a sua fé. Permitam-me explicar melhor. Em
primeiro lugar, precisamos entender muito bem o que significa a
palavra "ouvir". Neste versículo - e nas Escrituras em geral - ouvir
significa algo diferente. Ouvir é quando Deus fala ao coração e
diz/revela/manifesta algo
que faz muito sentido a esse coração, o qual é (ou se tornou) conforme
Deus porque só assim poderia fazer todo esse sentido. É necessário que essas duas
coisas aconteçam mesmo, isto é, que seja Deus a falar e que o
coração entenda plenamente com aquela alegria de receber algo que
precisava ouvir e entender. Isto é, o coração precisa estar em plena
concordância com Deus recebendo com alegria, exultando naquilo que lhe fez
muito sentido - e se foi Deus quem, realmente, falou. Isso é ouvir.
Isso acrescenta a fé, anima o espírito sedento de verdade, expulsa a
dúvida e consolida o todo da pessoa em Deus. Isso também se pode
chamar de "bom ânimo", encorajamento e o crescer daquela fé que só pode
ser operada pelo amor. "A fé que opera pelo amor",
Gal.5:6. Isto é, por norma,
confiamos sempre (ou somente) em quem mais amamos. Neste caso, isto
significa que existe uma comunhão e intimidade tal entre Deus e o
coração que Seu amor é derramado abundantemente para que, através
desse amor, se possa amar. Havendo essa comunhão, Deus pode falar a
um coração que está em plena conformidade com Ele, o qual tem uma sede
de Deus tal que nada mais além d'Ele consegue desejar com essa mesma
extrema intensidade. Sendo esse coração segundo Deus, se esse
coração se agrada n'Ele e d'Ele, qualquer palavra ou revelação vinda
da boca de Deus fala conforme esse coração porque está conforme
Deus. Logo, esse ouvir aumenta a fé e a confiança em Deus dando os
devidos passos de obediência. Sendo assim,
não podemos confundir a aquisição de conhecimento e de sabedoria com
a fé que vem pelo ouvir porque não são a mesma coisa. Isso é o que
significa ouvir quando uma palavra vem de Deus.
"A luz
resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela",
João 1:5. Ontem, ruminava sobre
o fato do mal estar a espalhar-se desenfreadamente com muita
rapidez, vendo mesmo muitos países e governos a substanciar, apoiar
e a promover aquilo
que é muito mau e incorreto. Mas, ao mesmo tempo estava ouvindo a Bíblia em áudio
e este versículo fez tanto sentido em mim que me maravilhei: "As
trevas não prevaleceram...". Por muito que aumentem as trevas, nunca
prevalecerão tal como não prevaleceram no momento mais sombrio da
história da
humanidade quando crucificaram Jesus. Até à data de hoje, nunca
houve momento mais escuro que aquele quando crucificaram o próprio Criador
da humanidade ao ter vindo para os seus e para aquilo que era seu. "Veio para o que era seu e os seus não o receberam",
João 1:11. Se não prevaleceram
nessa altura, também não prevalecerão agora. Na verdade, nunca
prevalecerão. Mas, há algo mais na compreensão deste versículo que
nos pode escapar. A palavra "prevalecer" também poderia ser
traduzida como apreender, compreender ou mesmo entender com o
intuito de prevalecer contra a luz. Essa interpretação dá um sentido
muito vasto quanto à esperteza e aplicação das trevas para
prevalecerem contra a luz. São capazes de enormes sacrifícios e
feitos somente para tentarem prevalecer contra a luz. São muito
engenhosos e persistentes contra aquilo que é certo, chegando mesmo
a assemelharem-se à luz para enganar. O diabo não é anjo da luz? O anticristo
assemelha-se muito com aquilo que vem de Cristo. Daí que a palavra
"anticristo" nas epístolas de João signifiquem "parecidos com
Cristo" para melhor operarem contra Ele, pois, um inimigo
interno causa maiores danos que um externo à verdade. Se apreendem
algo da luz tornam-se mais mortíferos. Ainda assim, nunca
prevalecerão.
"Se o deixamos assim, todos crerão nele e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação",
João 11:48. Jesus disse que que
aquele que perder a vida própria por amor a Ele, salvá-la-á e aquele
que a quiser salvar perdê-la-á. Não foi isto que aconteceu aqui?
Queriam salvar a sua nação negando Jesus e perderam-na poucos anos
depois para os Romanos. Isso aconteceu porque quiseram salvar a nação negando Jesus.
Perderam aquilo que queriam salvar.
"Vós
não credes porque não sois das minhas ovelhas",
João 10:26. Existem muitas
razões que levam as pessoas a não crer (na verdade). Isso não
significa, contudo, que não creiam na mentira, isto é, afirmando que
conhecem Jesus quando é mentira. Uma coisa
é certa: quem não consegue crer em Jesus, crê facilmente na mentira,
na ilusão e nos enganos desta vida. Existem ovelhas do engano que
não fazem parte da rebanho de Jesus. Por essa razão é que Jesus diz,
para que fique claro,
"não sois das minhas ovelhas" ainda que pensassem que eram
suas ovelhas e o estivessem
seguindo. Isto quer dizer que existem outros
tipos de ovelhas doutros senhores com um coração cheio de apetências
para o pecado, isto é, que escutam facilmente o que é moralmente
errado porque isso lhes é querido e familiar. Uma ovelha é alguém que tem uma
enorme cumplicidade com seu pastor, com seus desejos e, acima de
tudo, com sua forma de
operar. Um lobo também pode seguir as ovelhas. Uns são ovelhas do mal e alguns de Jesus. As ovelhas do mal
podem "crer" em Jesus por via duma fé naufragada, pretensiosa ou
mesmo falsificada tanto moral quanto emocionalmente. Vemos que
Paulo fala de pessoas com uma fé naufragada que continuavam
pregando como se nada estivesse errado. É até esse ponto que o engano
próprio pode levar. "Rejeitando a boa consciência, alguns
naufragaram na fé", 1Tim.1:19.
Contudo, os naufragados continuavam pregando Jesus parecendo ser
fiéis.
"Eu
sou o bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e das minhas sou conhecido",
João 10:14. Quando Jesus afirma
que "das minhas sou conhecido", quer dizer que Ele se dá a conhecer.
Logo, se Ele não se der a conhecer, não será conhecido - e muito
menos reconhecido. Quem tem o poder de fazê-lo aparecer caso Ele se
esconda? Isto tem muito significado, pois, a grande
maioria dos crentes que conheço afirma que conhece Jesus porque oram
e lêem suas Bíblias e não porque Ele se dê a conhecer aos tais. Não
é possível existir um
relacionamento quando esse relacionamento é unilateral, quando é afirmado e confirmado apenas por
um dos lados. Jesus tem de se dar conhecer (experimentalmente) e essas
ovelhas
são conhecidas d'Ele da mesma forma e no mesmo grau que O conhecem. Se aquilo que separa
Deus das pessoas e as pessoas de Deus não for retirado, se os
caminhos não forem preparados devida e ordenadamente, como poderá
alguém afirmar que conhece Jesus apenas orando e lendo? "Conhecei ao
Senhor", dizem as Escrituras. Contudo, isto não é apenas um
mandamento para alguém se aproximar, mas, é para nos limparmos
devidamente de nossos pecados confessando-os cada um pelo nome com a
aproximação a Ele,
abandonando-os de seguida para serem cumpridas as condições
mínimas para que Deus se aproxime e se dê a conhecer sem qualquer
sombra de dúvida "porque, no que cabe ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra
para mostrar-se àqueles cujo coração é perfeito para com ele",
2Cron.16:9.
"O mercenário
foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas",
João 10:13. Jesus fala aqui de
alguém que foge de algum perigo e abandona as ovelhas. Mas, o que dizer dos que desistem,
daqueles que desanimam,
ou dos que negligenciam, ignoram ou não estão atentos às
necessidades primárias das ovelhas? Ou, o que dizer daqueles que não
são capazes de as levar para os melhores pastos, ou não têm condições espirituais de
ouvirem o sumo pastor para serem guiados por Ele nesse aspecto? O
mercenário não é somente aquele que foge por causa de algum perigo.
"Eu
vim para que tenham vida e a tenham com abundância",
João 10:10. Jesus veio para que
tenhamos vida eterna, constante, abundante, sem altos nem baixos,
permanente. A vida eterna começa aqui e agora. Muitas pessoas falam
em mudar de vida, mas, interpretam isso de maneira errónea. Quando
se fala em mudar de vida, qualquer humano pensa na vida que tem melhorando-a,
isto é, melhorando a que já tem,
usando suas apetências de sempre doutra maneira ou algo nessa linha de
pensamento. Mas, se isso fosse o verdadeiro significado de "mudar de
vida", não seria necessário nascer de novo. Permitam que me
explique. Quando a Bíblia fala em mudar de vida, significa abandonar
aquilo que consideramos ser vida (que é, biblicamente uma morte) em troca doutra
vida. Mudamos
literalmente de vida nascendo numa nova. Deixamos de existir numa
certa forma de vida que as Escrituras afirmam ser morte, para
nascermos noutra vida onde tudo se faz novo, incluindo a forma de
poder através do qual operamos e existimos a partir de então. Mudar
de vida não é e nunca será mudar de crença; não é e nunca será
modificar nossos hábitos e costumes para parecermos melhores a
nossos próprios olhos ou aos olhos de outras pessoas; não é melhorar a vida atual - é mudar
literalmente o tipo de vida juntamente com tudo aquilo que a engloba.
Toda a forma de vida tem seu próprio poder; tem suas motivações; tem
seus ideais; tem o poder pelo qual se move ou movimenta; e tudo isso
necessita ser morto para que tudo se faça novo.
"Eu
sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens",
João 10:9. Hoje em dia, as
pessoas são convidadas a frequentar uma igreja e quando o fazem são
tidas como crentes e, a partir daí, não é difícil que alguém se
considere mesmo crente por imposição, não das mãos, mas das
circunstâncias. Poucos pastores e pregadores hoje apresentam
Jesus às pessoas. E quando falo em apresentar, falo de uma realidade,
isto é, onde Jesus é mesmo apresentado em pessoa sem palavras e sem
doutrina. Os que não
conhecem Jesus apresentam doutrina, igreja, ensino, batismos,
profissões de fé e
tantas outras coisas que não podem ser consideradas como Jesus em
pessoa. Creio mesmo que é mais uma forma de idolatria do que
verdadeira vida. Todo o pregador que não é capaz de apresentar Jesus de forma
real não faz bem o seu trabalho e é um obreiro fraudulento meso
quando tem a doutrina e o ensino mais puros.
"Todo
aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus",
1João 5:1. Nos dias de hoje,
deturpa-se facilmente este versículo ou outros iguais a este. Vamos
recuar no tempo e ver o que significam estas afirmações. Para os
Judeus e para aquelas pessoas que viram Jesus ao vivo era muito
difícil crerem que um homem pudesse ser Deus - ainda mais porque era
verdade. Isto é, além de ser difícil crerem que aquele homem também era
Deus, qualquer pessoa que tenha um coração enganoso creria
mais facilmente em algo que fosse engano ou mentira, pois, essa é a
base para qualquer tipo de idolatria. Por essa razão é que se
tornara mais difícil alguém crer que aquele homem era o Cristo,
pois, além de ser homem também era a verdade. Se fosse mentira não
seria tão difícil crerem nele. Crer num cristo falso é bem mais
fácil para um coração dedicado e aplicado ao engano. Sendo assim e
naquelas circunstâncias, a única maneira de alguém conseguir crer em
Jesus como Deus ou como o Cristo seria nascer de novo,
experimentando a Sua própria natureza na primeira pessoa. Logo, todo
aquele que conseguisse crer só podia haver nascido de Deus. "Se
podes crer...", Mar.9:23.
"Sabemos
que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro",
1João 5:20. Jesus é a Vida
Eterna ("Jesus Cristo é (...) a vida eterna",
1João 5:21). Jesus é a salvação. A Salvação não é o
ensino que preferimos ou assumimos; Jesus não é doutrina; Ele é uma
pessoa - Ele mesmo é a vida abundante. Conhecemo-lo aqui e agora de
maneira real. O ensino vem com o propósito de conseguirmos
distinguir e reconhecermos o Verdadeiro, pois, muitos falam em nome
de Cristo. Como podemos ser guiados por Ele se, no mínimo, não
conseguirmos distingui-lo? Quem não apresenta Jesus não apresenta nada, nem mesmo
quando tem o ensino correto bem delineado e bem exposto.
"O Espírito
é quem dá o testemunho", 1João 5:6.
Muitos dão testemunho deles mesmos, dão seu próprio testemunho
diante de pessoas e, por vezes, diante de multidões. Nada de errado
a respeito disso desde que esse testemunho seja verdadeiro, pois, Jesus mesmo falou inúmeras vezes a Seu
próprio respeito. Mas, Jesus também afirmou que "Eu testifico de mim mesmo e o Pai, que me enviou, também testifica de mim",
porque "está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro",
João 8:18,17. O testemunho
do Espírito sozinho e isolado do nosso já seria verdadeiro por si só porque
Ele é a verdade. "E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade", 1João 5:6.
Mas, o nosso testemunho quando não é corroborado, substanciado e
autenticado por Deus não tem qualquer valor, mesmo que já tivesse
tido algum valor. Se já teve valor e agora não tem, nosso testemunho
fala contra nós e será motivo de condenação porque já experimentamos
aquilo que não experimentamos mais. Vamos ver se Deus
testemunha de nós e a nosso favor agora, tanto por via daquilo que fazemos
e Deus abençoa. "Tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas
mãos", Gen.39:3. Também, por via daquilo que o próprio Deus diz a nosso
respeito. "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo", Mat.3:17.
E através daquilo que nos diz e revela pessoalmente. "Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho",
1João 5:10. Se Deus não der esse testemunho, se não for Ele a testemunhar seja
de quem for e de que maneira for, não haverá testemunho válido aos olhos do céu.
"Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria
Verdade...", 3João 1:12.
Jesus é essa Verdade que testemunha. Existem pessoas que, por força de doutrina, tentam convencer-se a eles mesmos
que são crentes ou filhos de Deus. Mas, o verdadeiro testemunho
existe somente quando "o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus",
Rom.8:16. Por outro lado, também existem pessoas
que por medo, por ignorância ou mesmo por ainda não conhecerem o
vinho novo a ponto de amá-lo devida e exclusivamente, não dão valor
a esse testemunho que Deus dá - quando o dá. Não sabem que isso é classificar Deus como mentiroso. Quando não se
acredita em alguém temo-lo por mentiroso. Por isso é que João acrescenta afirmando que, "Aquele que não dá crédito
a Deus (quando testifica) o faz mentiroso",
1João 5:10. E, também, não tendo esse testemunho para recorrer a
ele, a pessoa terá Deus como inexistente - ainda que afirme que Ele existe por força duma qualquer doutrina ou crença. Não precisamos
afirmar que Deus não existe para sermos réus desse crime – basta não termos esse testemunho em nós
devido a alguma separação existente
entre Ele e nós, vivendo como se Ele não existisse; e, também, não sendo guiados por Ele.
"Os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus",
Rom.8:14. Não podemos afirmar o
mesmo a respeito daqueles que não são guiados por Ele, ainda que se
firmem nas providências normais de Deus, sendo que Deus dá a chuva a
todos - bons e maus - sem exceção.
O tamanho
da multidão não pode servir de sinal de avivamento. Mas, o tamanho
da santidade da multidão diz muito a respeito dum verdadeiro
avivamento. "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados",
Ef.2:1. Isto é, uma multidão
cheia de pecados - ou com apenas um pecado - está morta e não vivificada.
"...Sem
Deus no mundo", Ef.2:12. É algo
aterrador viver neste mundo, andar nele, morrer nele e tudo isso sem
Deus. Cada um decide por si, muitos constroem suas próprias torres
de Babel e vivem por eles para eles mesmos mesmo quenado usam o nome
de Deus (em vão). Existe algo pior que
isso neste vasto universo? É essa a vida de pecado: "sem Deus no
mundo".
"...Fiéis
em Cristo Jesus", Ef.1:1. É
muito fácil ler as Escrituras. Mas, ver a colocação das palavras é
muito importante para não estarmos a entender aquilo que desejamos
e, antes, aquilo que elas realmente dizem. Melhor ainda seria a sua
leitura explicarem em detalhes aquilo que se está passando dentro de
nós. Dito isto, podemos perguntar por que razão Paulo diz aqui
"fiéis em Cristo" e não "fiéis a Cristo". Parece algo fácil de
explicar, mas, tem muito que se lhe diga. Para estarmos em Cristo,
precisamos entrar pela porta - precisamos começar com João Batista,
percorrer todo o caminho e chegar a Pentecostes. Após havermos limpado toda a nossa vida de
pecados passados que nunca foram confessados pelo nome e abandonado
pecados presentes na presença de Cristo, entramos numa busca para entrarmos numa vida de
Pentecostes continuada e sem altos nem baixos. Há que achá-la. Havendo chegado aí,
estamos em Cristo e Cristo em nós sem qualquer sombra de dúvida.
Mas, nada termina aí porque é precisamente aí que tudo começa.
Deixem-me explicar. Precisamos aprender a gostar, a usar e a
entender o vinho novo havendo nós sido tornados odres novos.
Precisamos, a partir de então, aprender a ser fiéis apenas usando e
usufruindo do poder da graça, usando seus meios e negando
veementemente todos os nossos próprios recursos e capacidades que
não estejam plenamente santificados. Quando uma pessoa vem a Deus
torna-se mais difícil negar as próprias capacidades e poder que advém
da carne do que negar-se a si mesmo de forma sacrificial/comercial
em jeito de troca. "E ainda que eu distribua todos
os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo
para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará",
1Cor.13:3. E é bom entendermos
que NADA, mas, nada mesmo obterá algum proveito ou benefício se a
casa não for construída por Deus. Tudo terá sido em vão.
"Em sinceridade
do coração e em pureza das minhas mãos, tenho feito isto. E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na
sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim",
Gen.20:5,6. Falando humanamente, quando alguém não sabe que algo
é errado e pratica, é inocentado. Contudo, para Deus não deixa de ser
uma transgressão igual a qualquer outra. A única diferença é que
Deus impede a pessoa de transgredir contra Ele, ao contrário do que
pode acontecer com os obstinados. Caso Deus inocentasse um
transgressor apenas porque ele não sabia que era transgressão,
estaria encobrindo a transgressão e seria cúmplice de pecado porque
Deus sabe que é transgressão. Se alguém cair num precipício não
morre porque era cego quando caiu? Ou não morre porque não sabia que ali existia um precipício,
ou porque não conseguiria evitar a queda? "Agora, pois, restitui
(...) para que vivas; porém, se não restituíres, sabe que certamente morrerás",
Gen.20:7.
"Qualquer
que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade",
2Tim.2:19. Não temos noção da
importância e seriedade desta afirmação. Hoje vi um famoso que vive
uma vida promíscua e desrespeitosa para com Deus ouvindo musica
evangélica à vista de todos, apregoando que era crente - apregoando
que era carne. Muitas
pessoas do mundo revêem-se nesse fantasma como exemplo. É um exemplo de
mundanismo e não de cristianismo. Imaginemos qual será o tamanho da
sua condenação! O nome Jesus tem um significado especial: "Seu nome
será Jesus porque Ele salvará o Seu povo de seus pecados",
Mat.1:21. Estas
pessoas revelam pela suas vidas promíscuas e vazias que Jesus
significa que se podem manter em seus pecados. Anulam por completo a
mensagem do
Evangelho e pregam o caminho mais certo para o inferno.
"O homem
benigno faz bem à sua própria alma, mas, o cruel perturba a sua própria carne",
Prov.11:17. Lembremo-nos que a
carne é a força do homem cruel. Logo, se faz mal à própria carne,
quer dizer que até faz mal ao poder que o move em seu dia-a-dia.
É comum
crer-se que a justificação antecede a santificação e que ambos são
pela fé em Jesus. E isso é verdade. Se é por via duma experiência real dum Pentecostes
pessoal que somos justificados (e não duvido disso), se é por essa
experiência de vida abundante que nos tornamos verdadeira e
inegavelmente justos (justificados), a santificação vem aprimorar
nossa vida externa, mudar costumes, hábitos, ideias, ideais,
pensamentos, alvos, objetivos e tudo mais que deve compor a nossa vida
quotidiana a partir de então para que se torne compatível com a transformação que
ocorreu em nosso interior por meio da justificação e presença real
(não fingida) de Deus. Contudo, devemos entender que nem sempre é
esta a ordem cronológica daquilo que nos acontece. Podemos perguntar
se os apóstolos foram santificados antes ou depois de Pentecostes e
vemos claramente que foi antes e não depois. Dessa mesma forma,
existem crentes, pastores, obreiros (e por vezes obreiros
incansáveis) que vivem uma vida regrada, disciplinada e
exteriormente apelativa e respeitada, mas, que nunca passaram por
uma experiência real de Pentecostes. Esses não devem rejeitar o
verdadeiro avivamento somente porque existem muitos falsos
avivamentos no terreno. Mas e por outro lado, também não se devem sentir
sozinhos ou estranhos a ponto de negar tudo aquilo que se tornaram
caso se apercebam de haver vivido uma vida pobre até então,
pois, seria um erro. Necessita, apenas, aprender, gostar e usar o
vinho novo ao contrário daqueles que necessitam, apenas, de limpar
seus pés. Os apóstolos passaram pela mesma situação. Seja qual for
a circunstancia em que alguém se possa encontrar, terá de passar
pelas duas coisas, isto é, pela justificação e pela santificação,
seja uma antes ou depois da outra. Sem elas, ninguém verá Deus.
"Muitos
ali creram n'Ele", João 10:42. É
um erro assumir que este tipo de crer em Jesus seja ou fosse
considerado como fé. A verdadeira fé viria após este crer - se
viesse. Temos de ler nas entrelinhas das circunstâncias destes acontecimentos. Não
era e nunca foi fácil para os judeus (ou para qualquer outra pessoa)
acreditarem que um homem pudesse ser Deus. Era preciso crerem nisso
- ou mesmo ver para crer. Até mesmo para um povo já de si idólatra
seria difícil. Mas, era ainda mais difícil por ser verdade. Permitam
que me explique. Se fosse mentira seria mais fácil crerem. Mas, era
verdade. Um coração enganador ou mesmo mentiroso só se revê em
alguma mentira. Se um coração enganoso crer na verdade, fá-lo
contrariado, opondo-se a ele mesmo. "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo",
Luc.9:23. Dito isto, é necessário
realçar o fato de que a verdadeira fé vem por meio duma real e
verdadeira comunhão com Deus em Seu Espírito. Esta comunhão só se
torna possível numa vida limpa de seu passado e presente, com cada pecado
confessado pelo nome porque é isso que separa de Deus. Após isso,
abre-se o caminho para buscar com segurança e achar a verdadeira abundância de
vida eterna e constante que nos foi prometida. É necessário preparar
o caminho para receber o Senhor. Essa vida, por sua
vez, gera a verdadeira fé como fruto dessa comunhão.
Também somos inclinados a acreditar em quem amamos
incondicionalmente. É por essa razão que Paulo fala da "fé que
opera pelo amor", Gal.5:6. E é por essa
razão que a fé é fruto e não a origem da vida (eterna). "Aquele que crê (aquele
que tem
fé), (já) tem a vida eterna", João 5:24.
É essa vida que o faz crer sem que possa negar as evidências. Mas,
devemos ter em conta que existe outro tipo de "crer" que ainda não é
fé e é por essa razão que Jesus também afirma em outro lugar a forma
invertida dos fatos: "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha
(possa vir a ter) a vida eterna", João 3:16.
É um outro tipo de crer do qual Jesus fala aqui. Não podemos
confundir estes fatos para não errarmos na nossa aproximação ao
Evangelho. Alguns que creram (mas, não tinham fé verdadeira)
tentaram apedrejar Jesus pouco depois de haverem "crido".
"As ovelhas
o seguem porque ouvem a Sua voz", João 10:4.
Hoje em dia aplica-se muito o mito duma doutrina correta como base
para uma fé sã. O que torna a fé sã é uma comunhão real, simples,
verdadeira e contínua com o Senhor. A fé surge quando é Deus quem
fala ao coração (e não somente aos ouvidos) e é pelo coração que
devemos ouvi-lo falar. Qualquer um pode pregar a
doutrina certa. Mas, ouvir a palavra significa ouvir com o coração e não com
os ouvidos. Quando o coração ouve dificilmente se coloca em palavras
concretas aquilo que se passa e como acontece. "Vem e vê". O ouvido
ouve palavras que explicam, mas, no coração ouve-se aquilo que
transforma a partir do lado de dentro. E o coração só se pode rever quando é Deus quem fala a
um coração que é (ou está em vias de ser) conforme Ele. Logo, qualquer um pode ter ou mesmo
obter o ensino correto porque aprendeu numa escola Bíblica ou pelo
convívio continuado com os filhos de Deus num ambiente onde
predomina a verdadeira santidade. Aquilo que conta é esta
verdade incontornável: é a vida que traz/produz o ensino e não é o
ensino que produz a vida verdadeira. E é nesse ponto onde podemos
entender um pouquinho melhor esta relação entre a ovelha e a voz do
pastor. Se uma voz diferente diz ou afirma à ovelha a mesma coisa que o
Pastor, distinguimos o erro pela ausência de vida na voz. "E aconteceu que
nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, seguindo a
Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da
salvação, são servos do Deus Altíssimo", At.16:16,17. Qualquer um de nós
tem a capacidade de reconhecer quem fala somente pela sua voz,
independentemente daquilo que diz ou afirma. Não podemos reconhecer o
pastor apenas pelo ensino, mas, muito mais pela voz e pela
intimidade. E a voz só se aprende a conhecer por via da intimidade e
cumplicidade sem limites com o pastor. E o coração
ouve aquela voz que é conforme esse coração. Por essa razão é que
precisamos ser ovelhas para entendermos e reconhecermos o pastor.
Ovelha ouve e distingue essa voz. A parte crucial é tornarmo-nos
ovelhas e não tentar distinguir vozes porque ovelha ouve e distingue
por natureza. É importante que a palavra
seja ouvida pelo coração. E quando algo vindo de Deus fala ao
coração raramente chega em forma de letras ou frases, mas, em forma
de transformação, operando interiormente em forma de vida expectante.
Seremos nós a tentar colocar tudo isso em palavras e são essas
palavras que viram ensino.
"Vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida
(porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos
anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada)",
1João 1:1-2. Contudo, é importantíssimo nunca inverter
essa ordem das coisas. Temos exemplos claros onde as pessoas "criam", mas, não pela palavra
dirigida ao coração. "Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura, um
demónio abrir os olhos aos cegos?" João
10:21. Aquilo que acontecia aqui, era as pessoas tentando
crer nas palavras porque viram milagres e nunca porque a palavra
houvesse alcançado seu íntimo e coração. Os milagres faziam-nos duvidar,
questionar e atormentar ao invés de fazer crer. "Pode, porventura, um
demónio abrir os olhos aos cegos?" Isto é um questionamento e
não uma afirmação, uma pergunta e não uma certeza. Estavam e ficavam na dúvida e não
na certeza. Queriam ter certeza e não vida. Isso tipo de certezas
que buscavam é operado pela força da carne e não por Deus. Não
acharam certezas incontestáveis vendo milagres, pois, o milagre não
fala ao coração. Somente Deus fala ao coração que o busca
verdadeiramente. Esse tipo de certezas tem como manter a carne viva
e a carne é algo que Deus quer morta. Esse tipo de certeza é outra
forma de duvidar camuflada como da certeza. A verdadeira certeza
chega a nós por via dum verdadeiro e real convívio com Deus em Seu
Espírito - algo que aniquila a carne juntamente com qualquer forma
de seu poder. Qualquer tipo de certeza que não seja alcançada por
viva do poder da graça numa comunhão real com Deus é do tipo
vacilante e inconstante, a qual mantém a carne no templo de Deus.
"Não pense tal homem que receberá alguma coisa de Deus",
Tgo.1:7. E é a vida que traz e
produz a verdadeira fé. "Aquele que crê em Mim tem a vida eterna
(vida constante, permanente e sem altos e baixos)". Crê por ter essa
vida dentro dele, seja em forma embrionária ou já em abundância.
"Crês
tu no Filho de Deus? Ele respondeu e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo",
João 9:35-37. Esta pergunta, se
fosse colocada a um teólogo ou professor das Escrituras, obteria
outro tipo de resposta. Certamente que responderia que era
descendente de Davi ou alguma explicação extensa nessa linha. Mas, Jesus simplesmente se
apresentou como sendo quem esse homem procurava. Não usou doutrina,
não fez rodeios, não usou de sabedoria e foi direto ao assunto: "Sou
eu". Mas,
podemos perguntar o que fez com que aquele homem cresse somente com
essa apresentação. Jesus, ao invés de responder à pergunta,
simplesmente se apresentou. Perante tal "resposta", o homem cria ou
não cria. É bom sermos colocados perante situações ou não temos uma
terceira opção.
"Nós
bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é",
João 9:29. As pessoas que não
crêem na verdade ou não aceitam a realidade quando confrontados com
Deus de forma real e clara são poucos honestas com elas mesmas e não são sinceras. E quem
não é sincero com ele próprio não o será com ninguém. Jesus estava
na frente deles, fazendo aquilo que ninguém podia negar. Contudo,
os que se opunham afirmavam que conheciam Moisés que nunca viram; e
diziam que não sabiam quem
era Jesus que se encontrava mesmo ali na frente deles. Esses que afirmavam tais coisas nunca haviam visto Moisés
- algo interessante de notar em pessoas que criam somente vendo. Eles nunca viram Moisés e, ainda assim, afirmavam que o
conheciam. São as tais contradições dos homens de pouca ou nenhuma fé.
E são essas contradições que Jesus veio despertar do seu sonambulismo
ou da sua hibernação. "Eis que este é posto para (...) sinal que é contraditado
(...) para que se manifestem os pensamentos de muitos corações",
Luc.2:34,35.
"Conheço-o
e guardo a Sua palavra", João 8:55.
Não há como guardar a Sua Palavra sem O conhecer. "Anda em minha
presença e sê perfeito". Aqui não diz, "sê perfeito e anda em minha
presença". Do mesmo modo, não diz que "guardo a Sua Palavra e
(por isso) conheço-o". Existe sempre uma ordem nas palavras de Deus,
uma sequência natural
que não podemos omitir ou ignorar sob pena de estarmos a
mudar a Sua palavra e entrar, assim, em condenação. Como é que se
entra em condenação? Ao mudarmos a verdade não a conheceremos de
forma real e íntima e essa é a condenação, pois, é a verdade que nos
liberta. A condenação é não
conseguirmos entrar no caminho de forma prática por estar vedado ao
uso de qualquer outro poder e aberto para o bom uso do poder da
graça.
"...Não
se firmou na verdade porque não há verdade nele",
João 8:44. É uma utopia crer ou
confiar que as pessoas se firmam em Deus ouvindo a verdade. A
verdade precisa alcançar alguém que tenha verdade nele para poder alojar-se
em seu coração,
isto é, busca uma pessoa que é ou começa a ser verdadeira,
sincera com ela mesma e transparente em cada momento da sua vida. A
verdade só pode alojar-se num verdadeiro; a realidade num realista;
a luz numa pessoa integralmente transparente;
a sabedoria num sábio que é capaz de se corrigir e, também, de se
corrigir e transformar pelo poder da graça e nunca de
qualquer outra forma.
"Se
vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos
e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará",
João 8:32. Creio de todo coração
que estas palavras estão colocadas propositadamente de forma sequencial.
Permanecer na Palavra transforma alguém num discípulo e, seguidamente, faz com que
conheça a verdade de forma experimental, pessoal, fluida e real.
Quem conhece a verdade dessa maneira tem, como consequência num
passo seguinte, tudo para ser liberto de qualquer tipo de pecado ou
tentação, mas, alcançar isso é trabalho e frutifica
somente pelo bom uso do poder da graça - desde que saibamos como
usufruir desse poder com a
finalidade de sermos libertos de nós mesmos. E isso só acontece a
quem deseja verdadeiramente ser liberto de seus pecados e prazeres.
Ser liberto de tudo aquilo que dá prazer é, deveras, algo incomum e
indesejável para qualquer pessoa que preferiria associar os prazeres
da carne aos incontáveis e intermináveis benefícios duma vida
espiritual constante e eterna. Isso equivaleria a deixar o pecado
comer da Árvore da Vida. Mas, nós mesmos devemos colocar "uma espada
inflamada que anda ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida"
em nós,
protegendo, assim, o nosso Éden, que é, na verdade, a nossa real e
verdadeira comunhão com Jesus.
Logo, não existem discípulos se não permanecem na Palavra; não
existem pessoas que experimentem
o fluir da verdade em seu íntimo sem antes se tornarem
verdadeiros discípulos; e
não existe pessoa capaz de se libertar sem primeiro haver conhecido a verdade
dessa forma real, fluida e constante. Para se conhecer a verdade
dessa maneira, devemos
ouvi-la, primeiramente, na primeira pessoa pelos ouvidos do coração.
Mas, ouvi-la ainda está longe de a conhecermos de forma real e íntima. Conhecer a verdade
significa experimentá-la de forma real, operando em nós com nossa
total conivência, sem que seja possível
negá-la.
"Quem
me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida",
João 8:12. Vejo muitas pessoas
sem saber qual o próximo passo, ou para onde devem ir ou o que
fazer. E são esses mesmos que afirmam que seguem Jesus. É uma
contradição, pois, Jesus diz que quem o segue nunca andará em
trevas. Quando muito, estagnará surgindo alguma forma ou indício de
trevas para começar a andar assim que achar luz novamente. E devemos
sempre lembrar que a luz dos os é a vida que experimentam em seu
interior. Por essa razão se lê aqui "a luz da vida". "E a vida é a
luz dos homens", João 1:4.
Logo, vida abundante significa luz abundante; vida intermitente, luz
intermitente.
"Sai
daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que
fazes (...) Porque nem mesmo seus irmãos criam nele",
João 7:3-5. Os irmãos de Jesus
sabiam dos milagres de Jesus, sabiam que Ele os executava e, quem
sabe, viram alguns. Mas, é afirmado que eles não criam n'Ele. Os
milagres podem chamar a atenção, mas, não transformam o coração.
Afirmar que um verdadeiro avivamento é quando ocorrem milagres é
andar longe da verdade. Os milagres podem acontecer e, na maioria
dos casos, ocorrem em avivamentos reais. Contudo, o verdadeiro
avivamento tem a ver exclusivamente com a Vida que se aloja num
coração após a sua purificação. O verdadeiro fruto dum avivamento real
é a transformação genuína que ocorre dentro de cada ser obediente a
Deus. "O Espírito que Deus dá àqueles que Lhe obedecem..."
At.5:32.
O milagre
de Namaan é maravilhoso. Mas, aqueles que lêem são, muitas vezes,
ofuscados pelo destaque que dão ao milagre. O milagre é uma mera
consequência da obediência a Deus. Não podemos destacar a
consequência e, consequentemente, ofuscar Deus; senão Jesus dirá,
também a nós, algo assim: "Não me buscais a Mim, mas, buscais-Me
pelo pão que comeste, pelo milagre que fiz ou pela bênção que dei". Concentrando-nos no milagre que
cabe a Deus executar, esquecemos o obediência e reverência a Deus que cabe a nós
evidenciar com alegria.
Neste milagre, também vemos que a menina no exílio (na casa de
Namaan, na Síria) servia a Deus por lá e, assim,
podemos interpretar que qualquer lugar serve para sermos fiéis a
Deus. José era fiel a Deus em cativeiro e era lá que achava Deus de
forma real. Muitos dizem que podemos estar com Deus em qualquer
canto deste mundo sendo que Deus está em todo lado. Mas, quando se
encontram em algum cativeiro ou dificuldade esquecem-se dessa
verdade, pois, associam Deus à prosperidade física. E qualquer
associação que possamos fazer de/a Deus é idolatria, pois, não se
mede Deus pelo que faz, mas, por aquilo que Ele realmente é. É
necessário que Deus se manifeste como pessoa que é para que Ele
possa dizer uma vez mais, "Eu sou o que sou".
"O que
busca cedo o bem, busca favor (de Deus)",
Prov.11:27. Existem os que buscam verdadeiramente. Mas,
entre estes que buscam, existe uma maioria que não sabe o que
significa achar e contentam-se com o buscar. A base da religiosidade
oca e sem vida é, precisamente, ficar pelo buscar e achar
contentamento nisso. Vemos que uma multidão buscava Jesus, mas, para
achar pão e não a água da vida (João
6:24-26). Bem-aventurados os que buscam Jesus pela água
da vida. Depois, também temos aqueles que buscam, acham e rebuscam o
que já está à mão sem imaginar que esse tipo de rebuscar é uma forma
de oposição paralela e camuflada à verdade. Quem rebusca pode estar
querendo achar algo diferente daquilo que se pode achar buscando (e
achando)
Jesus. Deus disse "Me buscareis e Me achareis",
Jer.29:13. Acharemos a Ele
buscando-o. Não podemos buscá-Lo para poder achar algo mais além
d'Ele. Só pelo amor se busca o Amado e não aquilo que Ele tem ou
pode dar.
"Tu
tens as palavras da vida eterna", João 6:68.
As palavras não são a vida eterna, pois, é a vida eterna tem palavras.
Jesus é a Vida Eterna. Ele mesmo disse que era a verdade e a Vida.
Contudo, nunca devemos esquecer que uma vez que as palavras de Deus
se tornem a expressão da nossa vida, se essas palavras descrevem a
nossa vida, se apontam para a nossa forma de viver, se descrevem com
precisão aquilo que experimentamos na primeira pessoa pela comunhão
real, verdadeira e inequívoca com Deus, também é certo que nós
próprios temos as palavras da vida eterna.
"Pedro
disse a Jesus: Senhor e o que será deste? Disse-lhe Jesus: (...) que te importa a ti? Segue-me tu",
João 21:21,22. Vejo tantas
pessoas preocupados com o que será dos demais. Uns porque se
preocupam com os familiares, outros porque querem tornar-se úteis e
outros, ainda, porque têm algum interesse na salvação de alguém.
Conheci uma moça que queria converter alguém para poder casar com
ele e, assim, evitar o jugo desigual. No
fundo, essas preocupações ou anseios não passam de maneiras de
desviar do principal que é: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera
nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem",
1Tim.4:16. As pessoas são
capazes de fazer qualquer coisa para desviar o foco do principal e
evitar mexer em sua própria vida interior através de Deus. Existem
sempre interesses sentimentais, anseios de todo tipo, enganos e distrações que acabam funcionando como espinhos em boa terra.
Somente completando a obra e dando-lhe continuidade exclusiva dentro
de nós poderemos algum dia aspirar a sermos úteis na plena salvação
dos demais. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra,
santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra",
2Tim.2:21. Ninguém será vaso de
honra sem se purificar a ele mesmo. "Marta, Marta, estás ansiosa
e afadigada com muitas coisas, mas, uma só é necessária",
Luc.10:41,42. A nossa obra é ter e
manter uma proximidade real e verdadeira com Jesus, estando sempre
em plena comunhão com Ele. Tudo que possa impedir isso, seja pecado
ou simples distração com os demais, deve ser exterminado sem pensar duas vezes. A
vida eterna é conhecê-lo dessa forma, isto é, experimentando-o de
forma real. "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo",
João 17:3. Se tratarmos de nós
mesmos em relação a Deus, ao nosso próximo e à lei de Deus, também
não nos preocuparemos a respeito daquilo que os demais nos fazem ou
mesmo a respeito daquilo que pensam e assumem a respeito de nós.
Mas, algo mais importante nos acontecerá: ouviremos pessoalmente de
Deus a respeito da Sua obra em nós. E assim se cumprirá o Novo
Testamento em nós: "Está escrito nos profetas: E serão todos
ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e
aprendeu vem a mim",
João 6:45. "...Se é que o tendes
ouvido e nele fostes ensinados...",
Ef.4:21. Veremos o que
responderemos quando Jesus nos perguntar algo assim:
"Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?"
João 18:24. É nisto que se resume o
Novo Testamento. "...Este é o concerto que farei (...) porei a
Minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração (...) E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o Senhor",
Jer.31:30-34. Se o
relacionamento com Deus for verdadeiro, real, não-fingido ou
não-simulado e autoassumido, temos garantias de sermos pessoalmente ensinados por
Ele. "E a unção que vós recebestes dele fica em vós; e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas e é verdadeira...",
1João 2:27. Também existem
pessoas desapontadas (com razão) com seus líderes, instituições ou
igrejas. Mas, nem isso nos deve privar de sermos ovelhas que ouvem
seu pastor. Ninguém pode medir a
importância de alcançarmos este tipo de relacionamento com Deus onde tudo
nos é ensinado e dado pessoalmente. Contudo, poucos alcançam aquilo que é para qualquer
um.
"Fiz
calar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada para com sua mãe, tal é a minha alma para comigo",
Sal.131:2. Existem muitas coisas
a ter em conta neste texto. Existem aquelas pessoas que se asseguram
a elas mesmas contra os testemunhos de Deus em seu interior; existem
os que são assegurados por Deus e convencidos por Ele e fazem sua
alma sossegar sem esforço; e existem aqueles que são convencidos e
assegurados por Deus, mas, precisam de fazer com que sua alma
sossegue na verdade, precisando dum esforço pessoal extra para
entrar no descanso que existe para os verdadeiros filhos de Deus (Heb.4:9).
Se, por alguma razão, não entramos nesse descanso, a porta para a
desobediência fica permanentemente aberta. "Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência",
Heb.4:11. Os que se asseguram a elas mesmas
por conta própria - ou mesmo contra os
testemunhos de Deus em seu interior - não querem deixar seus pecados e
muito menos admitir que precisam corrigir seus caminhos; os que são
assegurados por Deus e convencidos por Ele e fazem sua alma sossegar
sem esforço têm uma comunhão com Deus na proporção prometida;
aqueles que são convencidos e assegurados por Deus, mas, precisam de
fazer com que sua alma sossegue na verdade ainda não associaram
plenamente seu coração com a verdade em total conformidade a Deus
e aos rios de água viva na proporção desejada em plena
união com essa promessa. Contudo, podem existir outras razões, como ter traumas ou haver falhado em tempos de pobreza espiritual e
carregam essas dívidas com eles após haverem alcançado aquela
realidade prática da verdade. Não é bom que um ex-escravo olhe para
as marcas que a escravatura lhe deixaram na pele sendo clara a
realidade duma libertação verdadeira e prática.
"Bem-aventurados
os que trilham caminhos retos e andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos",
Sal.119:1,2. A pergunta que se
coloca é muito pertinente: as pessoas são bem-aventuradas porque
trilham esses caminhos de Deus, ou trilham os caminhos por serem
bem-aventuradas? Ou ambas as coisas? A pergunta fica no ar. Contudo,
é de realçar que aqui fala dos que "O buscam de todo coração".
Certamente que, achando-o cumprirão pela capacitação da graça, pelo
poder da graça que nos chega pela comunhão viva com Deus e pela
providência de Deus em forma dos caminhos que podemos seguir. "Tomara que os
meus caminhos sejam dirigidos de maneira a poder eu observar os teus estatutos",
Sal.119:5.
Aqueles que O acham tornam-se bem-aventurados. Mas, todos quantos
conhecem e meditam nos mandamentos e não têm um verdadeiro
relacionamento com Deus (se não o acharam) ainda que sendo sinceros de coração
e objetivos em seus pensamentos e conclusões a respeito disso,
ficarão confusos e atormentados por pensamentos vários. "Então, não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos",
Sal.119:5,6. Apenas
conhecendo-o de verdade estarão seguros e serão assegurados. Esses
são os bem-aventurados, pois, foi-lhes ensinado como observar -
através de Deus. "...Ensinando-os a observar (como observar)...",
Mat.28:20. Há que aprender a
juntar com Ele para não sermos achados a espalhar.
"O Senhor
está comigo entre aqueles que me ajudam (...) É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem",
Sal.118:8,9. Quando alguém nos
ajuda, apoia ou suporta temos sempre aquela tendência de nos reclinarmos
nessas pessoas, confiando nelas por aquilo que nos fazem e por
aquilo que passam a significar para nós. Mas, segundo
este Salmista, é o Senhor quem está entre essas pessoas operando
nelas a nosso favor e a favor d'Ele. Logo, é melhor confiar no Senhor que está entre
aqueles que nos ajudam sendo que é Deus operando neles para esse fim. Ao
começarmos a confiar no braço dos homens que nos ajudam, deixamos de
lado a confiança em Deus que opera neles e retiramos a Sua glória para a dar a
estranhos.
"Então,
naqueles dias, jejuarão", Luc.5:35.
Orar é um dever. Orar da maneira certa é o maior dever e único que
obtém respostas. A resposta é o alvo de qualquer oração. Contudo,
existe um bem maior ao orarmos sem desistir, isto é, sem cessar.
Esse bem maior é a comunhão verdadeira, real e não fingida que
alcançamos com Jesus. Não falamos aqui duma comunhão unilateral onde
somente se ora. Falamos dum tipo de oração bilateral onde Deus
também intervém em nosso íntimo além de poder responder
categoricamente. É nesse sentido que Jesus fala do "vinho novo" na
oração. E esse tipo de oração requer um "odre novo", senão, será
desperdiçado todo o vinho e o esforço. Mas, estando com Jesus num
processo de transformação e de criação ou recriação do odre novo
poderemos negligenciar a oração por nos sentirmos confortados e
assegurados. Mas, um odre novo cheio de vinho novo tem a capacidade
de abrir as portas do céu e fazer cair chuvas de bênção ao seu
redor. Nesses dias devemos e podemos orar e jejuar guiados e
assistidos pelo Espírito Santo em nossas fraquezas. Essas fraquezas
podem ser a falta de fé sincera e não-fingida; podem ser lembranças
de falhanços antigos no passado; podem ser desapontamentos quando
ainda nos mantínhamos pelo vinho velho e não gostávamos do vinho
novo; podem ser sentimentos de culpa por rejeitarmos anteriormente o
vinho novo do qual não gostávamos. Em todas essas fraquezas Deus nos
assistirá orando em Sua vontade e por essa vontade. Muitos não oram
porque dizem: "Como é a vontade de Deus, não é necessário orar". E
não oram. Mas, é precisamente nessas circunstâncias que devem orar,
pois, sabendo que é a vontade de Deus gera maior confiança segura,
um tipo de segurança e de certeza que não é falsa.
"Orando,
não useis de vãs repetições", Mat.6:7.
As repetições podem ser enquanto oramos ou podem ser aquelas
repetições porque oramos sempre sobre as mesmas coisas, isto é, não repetimos como rezas, mas,
oramos sobre o mesmo assunto todos os dias ou todas as semanas ainda
que seja só uma vez por semana ou uma vez por dia. A repetição em si pode não ser má,
pois, Jesus mesmo falou que devemos orar sem desistir. Mas, orar sem
cessar, isto é, orar sem desistir, não é repetir e é, antes,
insistir. A pessoa que insiste tem verdadeira noção de quando ainda
não foi atendido, ao contrário dos que repetem por acreditarem que
devem orar como ritual e não para serem atendidos. E todos quantos
obtêm noção de não haverem sido atendidos, também saberão quando Deus
responde. É precisamente isso que João nos quer transmitir ao
afirmar que "sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos",
1João 5:15. Aquilo que
Jesus deseja transmitir é para não nos entregarmos presunçosamente a alguma repetição que seja vã.
Repetições vãs nunca andam afastadas de pessoas presunçosas. O pão
de cada dia de qualquer crente presunçoso são as repetições vãs.
Devemos entender que a ênfase está na palavra "vãs" e não nas repetições em si.
Existem "repetições" que não são vãs. Existem repetições que não são
repetições. Da mesma maneira, também existem orações que são feitas somente uma
vez, mas, em vão. Precisamos descobrir o que torna qualquer oração
vã. Deus não é surdo que não possa ouvir e atender no imediato,
Is.59:1,2; 65;24. Quando não há
resposta(s) válidas devemos equacionar a possibilidade de haver algo a
impedir a oração, ou de haver algo de errado na própria oração, ou
na pessoa que ora. Não é
normal que Deus não atenda ou não ouça mesmo porque Jesus afirmou
categoricamente que "tudo que pedirdes, vos será
feito". Se isso não acontece assim, algo está errado - muito errado - e
não é com Deus que está o erro.
"Não
andeis, pois, inquietos", Mat.6:31.
Outra palavra mal entendida, muito mal interpretada e mal aplicada
na vida prática. Andar inquieto não é apenas estar mais ansioso que
o normal, seja ansioso em expectativa ou em preocupação. Estar
preocupado ou expectante é ser ansioso, seja em que circunstância
for. Mas, ser inquieto significa pensar mais do que se deve em algo,
remoer no que não é celestial, afastar nossa consciência e presença
interior da real comunhão com Deus - desde que essa comunhão tenha
como ser
real e não apenas unilateral. Inquietude significa pensar demais em
uma só coisa ou relacionado com essa coisa. Sabemos, também, que
aquele que pensa em demasia em algo que o preocupa faz pouco mais a
respeito disso do que pensar. Pensa muito e faz pouco. A inquietude
incapacita em muitos aspectos e quando não incapacita faz com que o
inquieto se precipite por algum caminho de fuga. Muitas vezes, tenta
cumprir por Deus e ainda louva a Deus por isso. E, agindo assim, para além de
incapacitar, previne, adia ou cancela a própria intervenção de Deus.
A inquietação é um poço de lama movediça que chama pela precipitação
ou pela estagnação. Todo aquele que se precipita abandona Deus ainda que
creia estar a fazer algo em nome de Deus, orando e clamando para ser
guiado por caminhos paralelos e longe do verdadeiro Caminho que é
Cristo em pessoa. "Aquele que crê não se apresse",
Is.28:16. Lembremo-nos que o Caminho é uma pessoa e não uma
luz para iluminar nos caminhos paralelos ou desviados. Deus não
guia desviados. E os desviados não são somente aqueles que se
desviam para o pecado. São, também, todos aqueles que, crendo, se
deviam por caminhos que parecem direitos.
"...Vosso
Pai celestial vos perdoará (as vossas ofensas)",
Mat.6:14. A palavra "ofensa" é
aplicada aqui com um sentido muito vasto. No original, significa um
desvio, um erro não intencional, uma transgressão, um pecado. A
maioria das pessoas distingue entre erros/transgressões intencionais
e aqueles que não são intencionais. Mas, biblicamente, não existe
diferença entre pecado intencional ou não intencional. Deixem-me
explicar. Se eu me atirar para um precipício intencionalmente
sofrerei as consequências da queda. Mas, se eu não estiver
consciente do precipício e cair nele inadvertidamente, será que não
sofrerei danos da queda? O erro intencional operado por teimosia, ou por desejo
descabido, tem sua origem num afastamento de Deus propositado ou
consciente. Mas, quem erra sem
intenção de errar, isto é, querendo fazer uma coisa, mas, faz outra,
também tem ou mantém essa conduta de afastamento de Deus
sem que consiga os meios e as transformações que chamem pelo poder e ações da graça. É Deus quem opera o querer e o fazer. No primeiro
caso, a pessoa em questão alojou-se no pecado e não tem qualquer
intenção sair de lá ainda que tente evitar as consequências desse
afastamento de Deus para gozar o pecado.
No segundo caso, a pessoa também reside afastada de Deus num mundo
da carne, de certo modo contra vontade, mas, também não querendo fazer
aquilo que lhe compete para restaurar plenamente sua relação e vida
com Deus. Logo, peca "sem intenção" porque quer viver afastado de
Deus servindo um deus de sua própria cabeça. Não quer nem uma e nem a outra coisa,
isto é, não quer pecar, mas, também não tem como usar os meios de
Deus para se poder afastar do pecado porque vive pelos próprios
meios. Imaginem um peixe
fora de água. Fora de seu ambiente não consegue nadar, não tem como
comer e correr atrás de comida e fica ressequido. Assim acontece com
os crentes fora de real e verdadeira comunhão numa presença de Deus
que seja real e que não seja presunção. Mas, a razão principal é o fato de estar fora de seu ambiente
que nos é
providenciado pelo ato da criação. Não pode desejar ser normal fora
da água da vida. Assim acontece com todas as criaturas que não querem ficar
ressequidas e não desejam passar a fome consequente de qualquer transgressão
distantes de Deus e duma comunhão real com Ele.
"O pão
nosso de cada dia dá-nos hoje", Mat.6:11.
Este é um versículo com muitas verdades contidas nele - com muitas coisas
importantes para levar a sério. 1."O pão": pão é o pão celestial que
não é feito de trigo, mas, de verdade revelada, manifestada e
prática. "Vendo, pois, o seu senhor que o Senhor estava com ele e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em sua mão",
Gen.39:3. Isso é o quão manifesta
se torna a vida e a bênção de Deus sobre ela! E para ser prática, precisa tornar-se em algo que se
pratica de forma espontânea, natural e como se, a partir de certo
momento, nunca tivéssemos vivido doutra maneira ou como se nunca
tivéssemos experimentado algo diferente. O praticar da verdade tem
muito que se lhe diga. Precisa tornar-se algo nosso, que seja
vivido, experimentado e praticado espontaneamente. Isso é o que os
profetas queriam dizer ao escrever para desaprendermos o mal e
praticar o bem. "Sede meninos na malícia e adultos no entendimento",
1Cor.14:20. Existem muitas
coisas para dizer a respeito da prática da verdade ou da sua
praticabilidade. "Se (...) temos comunhão com Ele
(...) praticamos a verdade", 1John 1:6. Isso implica
várias coisas. Precisamos ter um coração igual ao mandamento, isto
é, que acha seu deleite e prazer no mandamento, experimentando-o na
primeira pessoa. "Folgo com a tua palavra, como aquele que acha um grande tesouro
(despojo)",
Ps.119:162. Precisamos tornar-nos o próprio mandamento (Jer.31:30-34).
Mas, também precisamos aprender a conviver com, a usar e a obter o poder da graça
diariamente porque, quando algo se torna espontâneo, torna-se
imperceptível à nossa consciência, isto é, dificilmente nos
apercebemos daquilo que somos ou precisamos sendo viventes espontâneos e naturais.
E, sendo assim, podemos negligenciar o fato de termos de pedir para
cada dia. 2."O pão nosso": devemos entender claramente que esse pão é para nós e
não para distribuir sem que se haja tornado uma coisa pessoal e
nossa. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos",
2Tim.2:6. Nós distribuímos vida e não conhecimento. Ensinamos a achar e
não a entender. Ensinamos como cumprir e não incentivamos a saber
quais os
mandamentos. Explicamos
como alcançar e o que alcançar porque já alcançamos e já se tornou
nosso. "Vem e vê". é por essa razão que o Evangelho é um
caminho e não um fim ou um mandamento. Nós somos o fim do
mandamento, tornamo-nos o pão que será repartido e multiplicado e não as
nossas palavras. É a nossa vida que deve ser quebrada aos pedacinhos
e distribuída. 3."Pão de cada dia": no dia de hoje precisamos do pão
para hoje. Não podemos recolher o maná para usar amanhã vivendo com
o medo desse dia porque, quando o
amanhã chegar, o pão já não nos servirá e estará completamente
apodrecido. Já entendeu por que razões as vidas de algumas pessoas nunca
dão certo, andando desconectadas da realidade e estando
descontextualizadas da realidade e da verdade prática de cada dia? É porque recolhem o pão para usar no dia de
amanhã com medo daquilo que esse dia possa trazer. Amanhã será hoje no seu devido tempo e não agora. Posso ter
planos dados por Deus, objetivos celestiais, mas, vivendo e
experimentando apenas o dia de hoje. "Este é o dia que o Senhor
fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele",
Ps.118:24. Se o dia de hoje
for um buraco porque estou dando mais atenção aos dias que ainda não
chegaram, se o agora for um falhanço, todo o dia de amanhã também
estará comprometido porque nada impede que tenha, amanhã, o mesmo
costume de antecipação que tenho hoje.
"Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve",
Mal.3:18. Isto significa que
existem pessoas com muitas atividades dentro do templo que não
servem ao Senhor, mas, a si próprios, à carne ou a outros; significa, também,
que existem pessoas que, realmente, servem - ou tentam servir - o Senhor. Mas,
também significa que existem pessoas que servem ao Senhor fora do
templo em afazeres do dia-a-dia e que parece estarem a servir a eles
mesmos e não estão; também existem os que se esforçam para doar e fazer
servindo-se a eles mesmos.
"Dizeis:
a mesa do Senhor é desprezível", Mal.1:7.
Não sei por que razão os Israelitas diziam isso. Mas, creio que
algum dia entenderei. Hoje, não se ouve mais os crentes afirmarem que a
mesa do Senhor é desprezível. Pelo contrário, todos quantos se
consideram crentes - ou muito crentes - entraram numa onda de louvores
sem limites, a ponto de desprezarem a própria pregação da Palavra em
seus cultos. É porque alimentam-se de doutrinas e de comidas que não
deveriam ser servidas em cultos. Já sei, já entendi. Quando a comida
é boa, os crentes de hoje ignoram-na silenciosamente como desprezível porque não vai de
encontro aos seus interesses e expectativas. Mas, se a comida for
realmente desprezível numa mesa que não sabemos se ainda é do
Senhor, todos vivem afirmando que a comida é boa.
"...Não
duvidando (...) O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos",
Tgo.1:6,8. A fé que salva
verdadeiramente é fruto duma comunhão com Deus. Ela depende
integralmente da presença e da pessoa de Deus que nos assegura. Deus
é constante, poderoso, fiel e basta conhecê-lo como Ele é,
experimentando-o profundamente desde nosso interior, para estarmos
seguros e para nos sentirmos como tal. Mas, quando a pessoa não tem
esta comunhão; ou quando essa comunhão é inconstante com altos e
baixos (algo que cria e sustenta a dúvida); ou quando se encontra separado de Deus por causa de
alguma transgressão que não foi devidamente confessada ou restituída
a quem de direito; quando algo assim acontece, vai depender mais daquilo que vê, vai olhar para
as circunstâncias e terá um coração dividido entre Deus
e o mundo e, consequentemente, duplicado. Começará a confiar por via dum poder carnal (algo que é
idolatria) e tornar-se-á inconstante em todos os caminhos. Ser
inconstante deve-se, maioritariamente, ao fato de não estarmos bem
com Deus e não às dificuldades, circunstâncias ou apelos da carne e
dos perigos. Tais pessoas separadas da comunhão real com Deus serão
sempre inconstantes, seja nas dificuldades ou mesmo na abundância.
Na abundância não serão fiéis a Deus e nas dificuldades olharão para
aquilo que os rodeia.
"Tenho
grandes zelos de Sião e com grande indignação tenho zelos dela",
Zac.8:2. Zelo é sinónimo de amor
e dedicação. É estanho que Deus junte indignação com amor, isto é,
ter grande zelo com indignação; mas, isso é estranho apenas para os
que têm uma visão errada do que é o verdadeiro amor pela glória de
Deus.
Podemos
estar sem luz porque não queremos ver aquilo que nos revela.
"Porque
todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus", (Rom.8:14).
Sermos guiados por Deus é a única e verdadeira certeza de que
estamos em bons termos com Deus. E Deus guia de várias maneiras,
tanto de várias maneiras em conjunto como separadamente. Uma das maneiras é uma pessoa
que já é, finalmente, ovelha poder ouvir a Sua voz. Somente ovelha é
capaz de ouvir claramente. O homem na Cruz
ao lado de Jesus ouviu a Sua voz após tornar-se ovelha. Essa voz não é apenas audível pelos
ouvidos, mas, pelo coração que corresponde àquilo que foi dito.
Muitos não ouvem essa voz porque não são ovelhas, embora afirmem o
contrário. Repito que Deus pode guiar de muitas e variadas maneiras.
Mas, ouvir a Sua voz é uma delas para todos aqueles que são capazes
de fazer pleno uso do poder e das capacidades outorgados pela graça
de forma exclusiva. Aquele que não ouve porque - por alguma razão -
deixou de ter uma comunhão bilateral e real com o verdadeiro Deus,
seguirá seu caminho de crente unilateralmente iludido por caminhos que
parecem direitos à primeira vista. Procurarão conselhos e
conselheiros revelando uma aparência de humildade enquanto as
evidencias persistem em condenar seus corações falidos e sem luz.
"Se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração
que conhece todas as coisas", 1João 3:20.
Quando alguém nos vem pedir um conselho porque não consegue ouvir de
Deus, o melhor que se pode fazer é mostrar, incentivar e criar as
circunstâncias para que tal pessoa se torne ovelha e possa ouvir de
Deus conforme foi prometido ao invés de lhe responder a respeito
daquilo que deseja ouvir. Ovelha ouve Deus, ovelha ouve de Deus. E
Deus ouve quem se tornou ovelha. Essa é a
verdade - essa é a promessa. "Os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra",
Is.30:21.
"Não
ouvistes vós as palavras que o Senhor pregou pelo ministério dos profetas precedentes, quando Jerusalém estava habitada e quieta?"
Zac.7:7. Quando tudo está bem,
sempre que tudo decorre calmamente e a gosto, as pessoas
envolvem-se tanto nos seus gostos e prazeres do dia-a-dia e no
normal decorrer de suas vidas que dificilmente ouvem a voz de Deus
ou
prestam atenção inteligente/diligente e crente ao que lhes é dito ou revelado
acerca de algo que possa tornar-se diferente de suas expectativas ou que seja diferente
do seu dia-a-dia.
Isso também pode ocorrer sempre que estamos demasiada e
egoisticamente envolvidos em qualquer tipo de vida, seja ela quieta
ou não, seja ela fácil ou difícil, pois, existem muitos tipos espinhos numa vida
que sufocam qualquer palavra - até a palavra dum amigo. Mas, isso
não significa que o único tipo de espinhos que existe sejam os problemas
e os cuidados deste mundo. Existem cuidados do mundo que são prazerosos
e não são considerados problemas, ainda que sejam um problema para a
eternidade da qual ninguém toma real consciência. "Casei e não posso
vir; comprei uma junta de bois (um carro) e vou experimentar",
Luc.14:20. Casar é algo grande grandioso para o ser
humano, mas, segundo Jesus pode ser um espinho que sufoca a semente
da palavra. A quietude no
mundo ou o prazer nele também não permite ouvir atentamente e sufoca
a boa palavra. E quando algo acontece sobre o qual Deus estaria
avisando anteriormente (e não se prestou atenção), as pessoas são apanhadas desprevenidas e
começam a duvidar ou mesmo a culpar Deus. E quando duvidam, mudam seu curso de vida, mudam
seus planos, estratégias, mas, não para se entenderem com Deus; e alguns ainda atribuem essas mudanças a
Deus que nunca muda. Nem sempre é bom entremetermo-nos nos
detalhes das vidas das pessoas que mudam de planos constantemente porque elas querem
desesperadamente seguir seu curso de vida a qualquer custo para
evitarem a dúvida querendo incluir Deus nesses planos para
garantirem suas teimosias; e qualquer aviso lhes soará a negatividade. "Não te entremetas com os que buscam
mudanças",
Prov.24:21. Isso são alguns dos sintomas de
quem quer incluir Deus em seus próprios planos. Assim sendo, ficam
sem saber se algo vem de Deus ou se acontece conforme aquilo que
Deus dizia ou disse. Na verdade, as pessoas envolvidas em mudanças
de plano contínuas acabam ficando sem o
seu norte e começam a acreditar que algo de anormal lhes está
acontecendo, vindo mesmo a duvidar de Deus num caminho desviado ao
invés de duvidarem do caminho/rumo que seguem determinadamente. Deus ajuda desviados
a acharem o caminho, mas, não ajuda a desviarem-se ainda mais. Por
essa razão se mantém calado. Quando Deus não colabora nos caminhos que
parecem direitos, os tais persistem em seguir adiante por falta de
alternativas à sua maneira de ser, alternativas essas que buscam
para se enquadrarem em sua forma de agir e de pensar. A culpa de tudo isso
é a falta de atenção inteligente e crente a tudo aquilo que Deus diz
quando as pessoas acham que têm algo melhor para acreditar, para fazer do que estar
a ouvir atentamente e crer em algo que as contraria. Também pode
acontecer que, caso prestassem
alguma atenção, diriam que ouvem
algo negativo que não encaixa nas suas perspetivas. Existem
muitas e variadas razões para não se prestar atenção inteligente, consciente e
diligente sobre as quais não irei falar aqui. Mas, quando isso acontece,
não saberão que as palavras anteriormente dirigidas vinham do
Senhor abrindo caminho para serias dúvidas durante a caminhada
desviada causada com origem em
alguma forma de desobediência anterior. "Sabereis que o Senhor dos Exércitos me tem
enviado a vós; e isso (saber que Deus enviou) acontecerá, se ouvirdes muito atentos a voz do Senhor, vosso Deus",
Zac.6:15. "Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus",
João 7:37. Se não se ouvir
atentamente, não se saberá que foi Deus quem enviou. Ouvir
atentamente também significa crer que uma palavra que contraria é
uma boa palavra - uma palavra bastante positiva, pois, somos
corrigidos e não abandonados aos nossos próprios caminhos como
acontece aos
bastardos que não são filhos (Heb12:8).
Deus guia e atende, mas, cala-se quando lhe é pedido para
guiar por rumos/caminhos paralelos, parecidos, desviados ou com sérias
semelhanças aos caminhos de Deus. "Não é, acaso, porque Me calo; e isso desde muito tempo; e não me temes?"
Is.57:11.
E sempre que Deus se cala devemos ter em mente que pode ser um sinal
sério de aviso para voltarmos lá onde caímos. Somente os que são guiados por Deus podem
considerar-se Seus filhos (Rom.8:14).
E quando Deus não fala, não vale a pena pedir opinião a um
homem de Deus tentando-o para pecar aconselhando contra Deus; e se
esse homem de Deus falar como deve, será sempre com uma palavra
"negativa" que, em sua essência, é extremamente positiva e
necessária.
"Sejamos
sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé; sede sóbrios",
1Tes.5:8; 1Ped.4:7; 5:8. Ser
sóbrio é mantermos a capacidade de pensarmos e raciocinarmos de
forma perfeita e lógica. Existem muitas maneiras de deixarmos de ser
sóbrios e não estamos falando somente em relação à embriaguez. Quando
confiamos em Deus mediante as coisas que nos acontecem ou não
acontecem, podemos ficar temporariamente ou mesmo permanentemente
petrificados na fé, presos em tristeza, desapontamento, distrações,
pensamentos e tentações de desistir ou mesmo de fazer chantagem com
Deus ou homens. Isso também é deixar de ser sóbrio, claro e
confiante na pessoa que Jesus é porque andamos distraídos com os
desejos que esta vida proporciona e cria, com seus desapontamentos
ou alegrias.
A confiançaem Deus pode ser propulsionada e inflamada pela força
da carne e pelos motivos da carne; ou pode ser aquela que salva e
que é assegurada pela pessoa que Deus é e não daquilo que a vista ou
as circunstâncias mostram, exigem ou propõem. "Maior é o que está em
nós". Por norma, os sonhos da carne, os desejos desta vida e em seus
valores, criam um tipo de esperança e de confiança que deseja
incluir Deus em seus próprios planos e desejos, sejam esses desejos
escondidos ou óbvios. Na verdade, desejam iludir Deus porque se
iludem a si mesmos. Tratam Deus da mesma forma que se lidaria com
pessoas, agradando Deus da forma que se agrada pessoas. "Fareis aceitação da
Sua pessoa? Contendereis por Deus? Certamente, vos repreenderá, se em oculto fizerdes
distinção de pessoas", Jó 13:8, 10. Quando Deus
recusa ou atrapalha os planos da confiança carnal, qualquer crente
começa a vacilar, a duvidar e a entender mal os caminhos de Deus.
Quando se confia em Deus, em Seu carácter verdadeiro não nos
abalamos com nada que possa acontecer em sentido aparentemente
contrário à nossa vida diária. "Se alguém vier a Mim e não aborrecer
(...) a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo",
Lc.14:26.
Qualquer
tipo de semelhança obriga a viver de aparência e do fingimento. É
possível criar uma semelhança para tudo que existe no céu ou na
terra. Existem semelhanças de amor, de paciência, de Deus, do diabo,
de confiança, de prosperidade, de pobreza e de tantas outras coisas
que não é possível enumerar aqui. Mas, a diferença é que quem
pratica qualquer tipo de semelhança nunca tem seu coração profunda e
sinceramente envolvido naquilo que faz ou pratica. Logo, toda a sua
vida prática é um esforço do fingimento e da emoção do momento. Não
existe semelhança que consiga fazer alguém viver da realidade e da
verdade, pois, a semelhança não tem vida em si mesma, não obtém essa
vida, não obtém a bênção de Deus, não tem alicerces fundamentados e é impraticável em sua essência.
Por essa razão é que o Evangelho é a verdade ou que a verdade é o
Evangelho. "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará",
João 8:32.
"E dei-lhe
tempo para que se arrependesse...", Ap.2:21.
Por vezes, a única coisa que Deus dá para que se arrependam, é
tempo. Muitos esperam uma emoção especial ou forte para sentirem que
são chamados ao arrependimento. Ignoram que, muitas vezes, só lhes é
dado tempo e a oportunidade para se arrependerem e nada mais que isso. Quando as Escrituras
dizem que Deus dá o arrependimento (2Tim.2:25),
o tempo que dá faz parte dessa dádiva e é a coisa principal que Deus dá para que o arrependimento se
torne possível. Quanto mais sóbrio, decidido e quanto menos emotivo
for qualquer tipo de arrependimento, tanto mais eficaz e tanto mais
duradouro será.
"Não
entristeçais (extingais) o Espírito Santo",
1Tes.5:19. Extinguir ou entristecer o Espírito de Deus
é a mesma coisa. Os seus resultados serão idênticos. Contudo, é de
notar que, aquilo que as pessoas acreditam, é diferente da forma como ocorre
e têm consequências diferentes daquilo que possam imaginar. Existem muitas coisas que extinguem o
Espírito de Deus de nossas vidas. Mas, nem sempre as pessoas
apercebem-se disso quando acontece. Sansão não sentiu nada diferente quando o
poder de Deus o abandonou. Agiu como se ainda tudo estivesse na
mesma. Só nos apercebemos de haver entristecido ou extinguido o
Espírito pelos frutos de tudo aquilo que fazemos, dizemos ou
pensamos. Qualquer um via que Deus abençoava tudo que José fazia;
mas,
se ele entristecesse o Espírito todos também aperceberiam pelos frutos
que deixara de obter ou produzir.
Sempre que entristecemos o Espírito de Deus, nada resultará mais em bênção, ainda que oremos incessantemente,
jejuemos e roguemos sem parar. Precisamos voltar lá onde nos
separamos de Deus, lá onde caímos inicialmente. "Lembra-te, pois, onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras
(de arrependimento)",
Ap.2:5. Mas, o coração do homem
é enganoso e encontrará sempre alguma forma de enganar até ao
próprio. E quando se entristece o Espírito e não voltamos aonde
caímos para regularizar (ou restabelecer) o nosso relacionamento com
Deus, começaremos a viver de aparência ou a insistir nessa falsidade
de vida. De seguida, criamos discípulos iguais, os quais aprendem a viver na/da
aparência crendo que isso é ser crente e que não existe nada mais
além disso. Para os tais, tornar-se crente é mudar de ideias e não
de coração e de vida prática consequente. E é isso que extingue
ou entristece o Espírito grandemente a ponto de ninguém mais
experimentar aquilo que os apóstolos experimentaram e da maneira que
experimentaram. Já se perguntou por que razão as coisas já não são
como eram e por que razão não existem avivamentos genuínos? É porque
Deus está profundamente entristecido (ou será revoltado?) com todas
as semelhanças de crentes e, também, semelhanças de igrejas. Muitas
semelhanças são criadas diariamente. Centenas de missionários
percorrem o mundo de lés a lés criando falsos crentes que injuriam
grandemente o verdadeiro testemunho do Evangelho. Já ouvi muitas
pessoas do mundo dizer algo assim: "Se isso é ser crente, prefiro
ficar como estou".
"...do diabo,
em cuja vontade estão presos", 2Tim.2:26.
Nem sei bem como explicar isto, mas, vou tentar. O diabo tem uma
vontade. Sua vontade é pecar e satisfazer qualquer forma de egoísmo
porque odeia Deus e tudo que Lhe está associado.
O egoísmo é o oposto do amor, o inverso do amor de Deus. Quando se
diz que as pessoas estão presas na vontade do diabo, significa que
estão presas no mesmo tipo de vontade de pecar e não propriamente
que estão no pecado porque o diabo assim quer e que tem poder para
as manter sob sua alçada. Na verdade, o que este versículo
quer dizer é que as pessoas se encontram presas num tipo de vontade
igual à do diabo, o qual é egoísta e pecaminoso. Estão presos na
vontade de pecar como o diabo está nessa mesma situação. Este
versículo significa, na parte prática, que as pessoas estão presas
numa vontade similar à do diabo com pretensões de pecar e de
transgredir para proveito próprio, satisfazendo o egoísmo.
A história verídica de
Sansão e Dalila, aos olhos do mundo, mais parece uma história de
ficção igual àquelas que as crianças costumam ver para
entretenimento. Mas, é verídica e cheia de significado. Retrata
fielmente o que acontece quando Deus não está mais conosco. Juntar
sem Deus é espalhar, disse Jesus. Os meios da graça, o seu poder são
o cerne da questão para todos quantos empreendem a vontade de Deus,
pois, ela deve ser feita da maneira que é feita no céu (e pelos
mesmos motivos) e nunca doutra maneira.
"É necessário
(...) que sejam de uma só palavra...",
1Tim.3:8. Deus tem uma só palavra sempre que fala. Se nos
indicou, guiou, mostrou, revelou, ensinou e aplicou precisamos não
somente manter essa palavra, mas, precisamos de nos manter a nós mesmos nela
por via da limpeza de coração. A
nossa palavra pode mudar? Pode e deve sempre que fomos induzidos em
erro, sempre que fomos iludidos e sempre que o nosso coração nos
enganou. Conseguirmos nos corrigir é uma virtude salvadora e
louvável. Ninguém deve camuflar o fato de se estar a corrigir, pois,
esse é o maior testemunho de vida prática que pode dar. Muitos dizem
que isso é dar o braço a torcer, mas, na verdade, é endireitar o
braço útil para não permanecer inutilizado.
"Moisés,
tornando-se ao Senhor, disse: Ó Senhor, por que afligiste este povo? Por que me enviaste?
Pois, desde que me apresentei a Faraó, para falar-lhe em teu nome, ele tem maltratado este
povo; e tu, de nenhuma sorte, livraste o teu povo",
Êx.5:22,23. Por norma, quando
Deus diz uma coisa queremos que aconteça logo. Na verdade, ficamos
sempre com a sensação de que vai acontecer de imediato. Se não
acontece, duvidamos de tudo e mais alguma coisa. Os sonhos de José não aconteceram de imediato; Davi não se tornou rei no dia seguinte à unção de Samuel; o Messias
não chegou no dia que os profetas profetizaram a seu respeito. E eis
aqui Moisés reclamando porque Deus não havia libertado o povo nos
primeiros dias de sua chegada ao Egito. Nunca devemos esquecer que
mil anos para Deus é como um dia. Contudo, existem raras ocasiões
onde aquilo que é dito ou revelado acontece no momento desde que a
fé esteja prontificada e à altura do acontecimento (ou do
mandamento). Foi assim com o
coxo ao qual Pedro estendeu a mão para levantá-lo. Logo, um dia
também pode
ser como mil anos para Deus. "Há, todavia, uma coisa, amados, que não
deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos, como um dia",
2Ped.3:8. Eu creio que toda a
pessoa que não é capaz de conceber o fato de ter de esperar no
Senhor, é a mesma pessoa que não tem a capacidade de executar a obra
no momento que Deus manda executar. São uma e a mesma pessoa, é o
mesmo descrente que é capaz de duvidar em ambas as situações.
"E o povo
creu; e, tendo ouvido que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e lhes vira a aflição, inclinaram-se e o adoraram",
Ex.4:31. É muito fácil adorar
Deus quando nos livra da aflição em que estamos. Mas, é outra coisa adorá-Lo por Ele, pela pessoa que é, seja na riqueza ou na pobreza,
na tristeza ou na alegria. Não nos esqueçamos que Paulo diz para nos
alegrarmos no Senhor e não por causa do Senhor. Vemos que as pessoas que "conhecem" Deus somente nas
bênçãos e o adoram por essa razão, isto é, aqueles que se
deslumbram, são os que reclamam e estagnam nos percalços do caminho. São esses
os primeiros a reclamar e a voltarem-se contra Deus.
"Quando
vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu isso de vossas mãos, que viésseis pisar os meus átrios?",
Is.1:12.A verdade é que os
falsos, os fingidos que se chegam a Deus, mas, não para mudarem a
vida interior, entram em vão nos átrios de Deus, isto é, em Sua
presença. Mas, os que se limpam e querem ser limpos, transformados,
convertidos no coração e que anseiam pelos"dias do céu aqui na terra"
necessitam entrar nos átrios de Deus. A esses é exigido que assim
o façam. Não é bom que pensem que podem viver longe dos Seus átrios só
porque se limparam e se tornaram justos desde o coração, isto é, só
porque foram justificados. Seria o mesmo que pensar que uma planta,
depois de crescer, pode ser retirada da terra, que uma criança pode
sobreviver sem comer apenas porque já cresceu. Aos fingidos é
exigido que não se aproximem e aos santos que não saiam de Seus
átrios nem por um momento. Esses átrios não são a igreja, mas, a
verdadeira, real e inegável presença de Deus, seja onde for. "Permanecei em
Mim e Eu permanecerei em
vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na
videira, assim, nem vós o podeis dar se não permanecerdes em Mim",
João 15:4.
"Jesus
disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia",
João 10:6. Jesus falava aqui da
relação entre ovelha e pastor - algo muito fácil de entender e
assimilar. Contudo, é muito estranho que, em muitas situações onde
Jesus se expressava através de coisas normais e quotidianas, as
pessoas não o entendiam. Isto significa que as pessoas notavam de
imediato que Ele estava falando de algo que nunca haviam
experimentado e não da vida quotidiana que era familiar a todos.
Percebiam logo que as Suas palavras tinham outra dimensão e outra
intenção que não aquilo que poderiam entender através dos exemplos e
de parábolas.
"As
as palavras que eu vos disse são espírito e vida",
João 6:63. Tudo se resume a Vida
e esta sem altos e baixos, isto é, vida eterna e constante. Existem
dois problemas com aquilo que muitos chamam de comunhão com Deus. As
pessoas sempre tiveram tendências para serem religiosas. Ora, se me
dedico ao estudo da Bíblia e a Palavra não se torna vida, se não é
vida, serei mais um religioso sem Deus. É preciso saber que a
Palavra - cada Palavra - é vida. Não é estudo, não pode ser
conhecimento, mas, vida e esta eterna (sem altos e baixos),
constante e permanente.
Tudo
que Satanás faz é impulsionado, começado e terminado através do ódio
e rancor que sente de Deus. Suas atitudes são conscientes,
obsessivas, meticulosas e inspiradas pelo ódio e egoísmo extremado. Esse ódio faz com
que seus piores temores fiquem cegos e ignorados. Na verdade, esses
temores de destruição e condenação impulsionam-no ainda mais e fazem
que seu ódio se multiplique e se amplifique em minuciosidade e
detalhes ainda mais macabros. Ele é conscientemente contrário a Deus
e quer que, no mínimo, as pessoas não se tornem amor. Ele é um tipo
de ser errado, mas, não equivocado. Nós também nos podemos tornar em seres
equivocados. Se o diabo não fizer pessoas desapontadas em Deus a ponto de
odiarem seu Criador, basta que se tornem indiferentes a Ele.
"Tudo
o que não é de fé é pecado", Rom.14:23.
Se tivermos em conta que a palavra "graça" significa "poder ativo"
ou "influência divina no coração que se reflete na vida prática",
este versículo é uma verdade incontornável. Se não juntarmos com
Ele, estamos a espalhar - ainda que haja um juntar autónomo da nossa
parte. Sendo que é pelo poder da graça e através da afluência de
Deus que qualquer bom fruto é produzido, devemos ser bem próximos de
Deus para darmos todos os nossos passos com Ele, através d'Ele e
para Ele. E se isto tudo é verdade, devemos levar em conta o outro
lado da questão. É sabido que qualquer homem que anda somente quando
é autónomo, não saberá andar, executar e caminhar por via do poder
da graça. Logo, quando Deus intervém e ficamos estagnados ao invés
de dar o passo duma verdadeira fé, também pecamos.
"Os caminhos
de Sião estão de luto", Lam.1:4.
Podemos expressar este mesmo pesar nos dias de hoje. As igrejas
estão falsificadas, os evangelhos são falsos, as mentiras e os
escândalos abundam e as ovelhas andam perdidas pelos montes sem
haver quem as busque. Existe maior ou mais sentido luto que este?
Um
mentiroso ou enganador pregando a pura verdade torna-se um mentiroso
ainda melhor. A arma mais forte do diabo é ter um mentiroso pregando
a verdade ou um verdadeiro de coração crendo ou pregando uma
mentira. O sincero de coração pregando a mentira ou crendo nela não
o torna mais sincero, mas, o mentiroso pregando a verdade torna-se
ainda melhor e mais enganador.
Existe
um consenso generalizado sobre o que é a graça de Deus no meio
Cristão que não reflete o seu verdadeiro significado. Todos afirmam
categoricamente que graça significa "favor imerecido". É verdade que
a graça de Deus não nos chega por mérito. Ninguém a merece. Contudo, eu
posso afirmar que não mereço o sol do dia-a-dia (e é verdade) e o
significado da palavra sol não passa a ser "imerecido" só
porque não o mereço. A palavra "sol"
significa calor, vida, luz e ainda assim não descreve seu verdadeiro
significado sendo que o sol é uma estrela, a estrela central do
universo. Não acho que se deva mudar
o significado da palavra "sol" para "imerecido" somente porque eu não
mereço aquilo que me dá. O mesmo se pode dizer da palavra graça: é
um favor imerecido, mas, a palavra graça significa no seu sentido
original "influência divina no coração que se reflete na vida prática".
Graça é um poder ativo. Não merecemos esse poder ativo, mas, o fato
de não merecermos o poder de Pentecostes para efeitos de
transformação de vida não nos permite transformar o verdadeiro
significado da palavra em "imerecimento". A graça é o poder ativo de
Deus em sua manifestação prática; não é alcançada por mérito, mas,
não deixa de ser necessário que seja alcançada e achada ainda que
por outras vias.
"...Morreu por nós,
para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com Ele",
1Tes.5:10. É interessante ver as
palavras que Paulo usa aqui. Ele usa a palavra "vigiar" como
sinónimo de viver - de ainda estar vivo. Isto é o mesmo que dizer, "quer vivamos, quer
morramos" vivamos (para sempre) com Ele. Ele usa a palavra "vigiar"
no lugar de "viver". Toda a nossa vivência aqui na terra deve ser
uma vida de vigília porque, a qualquer momento chega o noivo.
Contudo, muitos
entendem muito mal a palavra "vigiar". Na maioria das vezes, usam
essa palavra e essa prática relacionando-a com os ataques do diabo.
Nada está mais longe da verdade. Vigiar é estar atento ao nosso coração
e conduta sob
tentação ou provação, aguardando o Noivo com azeite suficiente para
a espera da noite toda, para sermos achados n'Ele
e sem nada nos separando duma verdadeira e real comunhão com Ele.
Vencer não é vencer uma tribulação anulando-a, mas, é ser achado em
plena comunhão no fim. Se terminar a provação ou tentação e eu já não
estiver em plena comunhão com Ele na força do primeiro amor,
saí derrotado da provação. Lembremos duma coisa: o
diabo não tem poder para sufocar a semente, as perseguições não têm
como nos separar da experiência e usufruto de todo o amor de
Deus para sermos amor em conformidade com realidade e a imagem real
que enxergamos
do Deus vivo. Somente os cuidados deste mundo, o amor pelas suas
coisas, o medo do mundo ou da morte nos podem separar duma
experiência viva, real e eficaz de Cristo que é a própria Palavra de Deus.
Vigiar o nosso coração é o que se chama vigiar: "Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti",
Sal.119:11.
"Se
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado",
1João 1:7. Andar na luz
significa sermos transparentes em nossa sinceridade. Colocar na luz
significa expor tudo que anda ou andava escondido, encoberto,
disfarçado ou ignorado. Havendo colocado
tudo na luz, não tendo mais o que esconder, camuflar ou disfarçar,
também não teremos mais do que nos envergonhar. Logo, podemos
estar completamente à-vontade sendo integralmente transparentes.
Sendo transparentes como Deus que nada tem para esconder, teremos
comunhão uns com os outros (e com Cristo) e somos tornados puros
pela convivência real com Deus (tem de ser real). Isto fez-me lembrar o
quanto é pregado acerca da obrigatoriedade dos irmãos andarem em
comunhão uns com os outros e amarem-se uns aos outros. E essa
obrigatoriedade faz com que as pessoas usem de esforço para se
entenderem em vez de cumprirem as condições que levam a esse tipo de
comunhão. Passam por cima das condições e pulam pelo muro para
entrar no aprisco da comunhão com Deus e com os homens. Agindo
como se nunca pecámos e escondendo nossa verdadeira essência para
dar lugar à aparência é promover comunhão falsificada e fingida
quando a comunhão é conseguida somente andando e colocando na luz.
Existem
algumas maneiras de enfrentar a tentação ou a provação: 1) Encarando
a tentação como algo que nos pertence e desejamos ou não desejamos
excluir da nossa vida; 2) Encarando a tentação como algo que nos
pertence pela natureza que temos e que, por essa razão, não podemos
resistir e vencer; 3) Encarando a tentação como derrotados que querem
muito vencer, mas, achando que não conseguimos resistir; 4) Encarando
a tentação com luta feroz, mas, sem lutar para nos submetermos a
Deus; 5) Lutando pela submissão a Deus para encarar qualquer provação
em paz e tranquilidade como se a tentação nunca tivesse tido a força
e a preponderância que diz ter em nossas vidas. "Onde está, ó morte,
o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado e a força
do pecado é a lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo",
1Cor.15:55-57. Analise seu
coração e veja qual a sua maneira de encarar as provações e as
tentações.
"No tocante
a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são
abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra",
Tito 1:16. As boas obras das
quais Paulo fala aqui, são aquelas que começam em Deus, são
executadas pelo poder da graça em toda a sua perfeição e terminam,
também, no Espírito. É a isso que
podemos chamar de avivamento. Mas, conforme lemos aqui, podemos
deduzir que existem pessoas que professam Deus, mas, não conseguem
executar essas boas obras da maneira abençoada. Por essa razão,
vemos igrejas flácidas, com pouco ou nenhum crescimento, com crentes
carnais e às quais Deus recusa aquela bênção de transformar o mundo.
E esses que professam Deus e doutrina - por muito certa que seja a
doutrina - não alcançam aquilo que foi alcançado pelos discípulos em
Pentecostes porque são reprovados por Deus, ainda que aceites pelos
homens e pelos concílios das igrejas. Hoje, tudo se resolve com uma
profissão de fé, com um batismo ou com um envolvimento numa igreja como
membro fidelizado. Todos são ensinados a professar Deus dessa
maneira. O que conta
para os tais
é a profissão de fé onde as pessoas se dizem rever em Deus e nas
Escrituras. Ninguém pergunta pelo testemunho que Deus dá a respeito
dos muitos que professam conhecê-lo. E é Deus quem tem de dar um
testemunho prático através das obras que se fazem, isto é, se
frutificam e se multiplicam ou não. "O mesmo Espírito testifica..."
Rom.8:16; "...O testemunho de Cristo confirmado entre vós",
1Cor.1:6; "... tendo testemunho de boas obras",
1Tim.5:10; "...alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons",
Heb.11:4; "...Alcançou testemunho de que agradara a Deus",
Heb.11:5.
"Como
os olhos dos servos atentam para as mãos do seu senhor e os olhos da serva, para
as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o Senhor, nosso Deus",
Sal.123:2. Quanto mais leio a
Bíblia e quanto mais experiência ganho na vida com Deus, na vivência
e na convivência com Ele, mais creio que nosso relacionamento (com
Deus) deve ser real e contínuo. Como pode alguém atentar para o
Senhor da maneira que um servo olha para as mãos do seu senhor e a
serva as mãos da sua senhora se não vemos Deus? Como vamos atentar
para o Senhor para aprender se não o vemos? "Na verdade, na verdade
vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não
vir fazer ao Pai, porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente",
João 5:19. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus",
Mat.5:8.
"E até
hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará",
2Cor.3:16. Temos duas coisas
aqui que parecem ser uma certa contradição, mas, não são. Se, nos
dias de hoje, Moisés representa a religião de forma geral, então
podemos assumir que, enquanto alguém for religioso (e não
transformado pelo novo nascimento), tem um véu que não lhe permite
enxergar a verdade. Mas, a parte interessante aqui - a qual parece
ser uma contradição - é que as pessoas não começam a enxergar quando
deixam de ler Moisés, mas, somente quando se convertem. Isto é,
mudar de religião, deixar os ídolos para ser evangélico, deixar de
ser muçulmano para se tornar cristão ou vir de qualquer outra
religião para ser evangélico não tira o véu dos olhos de ninguém. O
que nos permite enxergar é a conversão do coração para que se torne
afim de a Deus e da nova vida em sua essência mais prática. Quando a
pessoa se converte deixa de ler Moisés e não é deixar de ler Moisés
que a faz converter-se. Por isso é que as pessoas que crêem ser
missionarias percorrem mundos e fundos para tornarem seus seguidores
mais condenáveis que eles próprios, isto é, convencem-nas a "deixar
de ler Moisés" em vez de as converter verdadeiramente.
Não
devemos dar asas aos nossos filhos antes de lhes havermos dado
raízes. Essas raízes são dadas através daquilo que praticamos de
coração. E quando nossos filhos (sejam filhos da carne ou do
espírito ou ambas as coisas) não lhes devemos cortar as asas. "Bem-aventurados vós, que semeais sobre todas as águas e que dais liberdade ao pé do boi e do jumento",
Is.32:20.
Quem
se sente culpado será sempre desconfiado, mas, todo aquele que se
limpa confiará cada vez mais - até em Deus.
Ouço
muita gente falar de forma incessante sobre a salvação pelas obras e
salvação pela fé. Além de se ter tornado assunto predominante nos
círculos evangélicos, virou uma distracção daquilo que é principal:
conhecer Cristo como Ele realmente é. Eu creio que essa discussão
cessará em todos aqueles que verdadeiramente conhecem
experimentalmente o verdadeiro e único Senhor na abundância ou na
intimidade
prometida. Contudo, não queria deixar de dizer que além de se ser
salvo pela fé, ou por obras, existe algo mais que se ignora: sermos
salvos pelo poder da carne. Davi fala em ser salvo pelo próprio
braço. Nos profetas lemos sobre aqueles que fazem uso do braço da
carne. Eu creio mesmo que a grande maioria dos que discutem se é
pela fé ou por obras que somos salvos têm esse problema em comum:
usar a fé carnal, o poder carnal, a esperança que não vem de cima
como fruto entre muitas outras coisas. É verdade que a carne pode
salvar de muitas coisas: pode deixar de fumar; pode deixar de beber
e de se drogar; pode deixar de se prostituir; pode deixar de roubar
e muitas mais coisas. Mas, nunca irá além disso. Não transformará o
coração ainda que consiga moldar a conduta. Sempre que o homem se
salva a ele mesmo fará uma reforma exterior, mas, nunca uma
verdadeira transformação desde o interior. Isso fará dele um
hipócrita e não um salvo.
"Tu
és o lugar onde me escondo", Sal.32:7.
Quando nos escondemos é porque somos atacados ou tentados a trair o
nosso Senhor por via de algum ato pecaminoso, levando, com isso, a negá-lo.
Mas, ao invés de negá-lo, escondemo-nos nele.
"Bem-aventurado
o homem a quem o Senhor não imputa maldade e em cujo espírito não há engano",
Sal.32:2. Este engano não é,
apenas, aquele tipo de engano onde a pessoa diz uma coisa
para enganar ou para encobrir aquilo que quer fazer. É claramente
qualquer coisa que não está de acordo com a Palavra de Deus e que
engana o próprio. Contudo, ainda
que seja feito na sinceridade do homem, não estando de acordo com a
Palavra e a Lei de Deus, é engano.
Quando
as Escrituras dizem que Deus não lida conosco conforme os nossos pecados (antigos),
significa que a pessoa que transgrediu deixou de existir havendo
sido crucificada com Cristo e ressuscitado numa nove vida. Isto é, o transgressor foi
transformado em cumpridor. Por essa razão é que a conversão é extremamente importante.
"Ninguém
vem ao Pai senão por mim", João 14:6.
Hoje, é muito comum usar ou aplicar certas partes das Escrituras de
forma deficiente ou mesmo, por vezes, desprezível. Este versículo é
uma dessas situações. É usual as pessoas levantarem a mão na
igreja e "aceitar Jesus" crendo que vieram a Jesus e que mal façam isso chegaram ao Pai.
E o pior é que ninguém lhes mostra que, para chegar ao Pai, existe
um caminho para percorrer. Chegamos ao Pai percorrendo um caminho e
não bloqueando a porta de entrada. Quem fica nas portas das entradas
são os mendigos. Esses pregadores que criam crentes desses serão
dignos de dupla condenação. Percorrem mundos para trazer uma
mensagem flácida e pouco credível para tornar as pessoas ainda mais
condenáveis do que já eram. Saíram à procura de pessoas frias para
as tornarem mornas ou falsas. Sabemos que a maioria das pessoas
aproxima-se de Deus, inicialmente, para não serem condenadas. Isso
significa que se amam a elas próprias e não querem sofrer danos.
Contudo, o caminho leva a um ponto onde se ganha outro coração que, como Jesus diz, "Se
alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará",
João 14:23.
E sabemos que, qualquer um que ama Jesus verdadeiramente, deixa de
amar a própria vida, chegando mesmo a aborrecê-la por completo. Quem
fica na porta impede muitos de entrar. E quem entra precisa saber
que existe um caminho para percorrer até chegar ao Pai e ser-se
amado por Ele.
Se
Deus guia nossos passos e nos leva a bom porto, qualquer
coincidência pode e deve ser considerada como a providência de Deus.
Dizia um certo homem que a coincidência era Deus sendo discreto em
Sua providência.
"Por
que gastais o dinheiro naquilo que não é pão e, o vosso suor, naquilo que não satisfaz?"
Is.55:2. Podemos, também, dizer
"por que gastais o tempo naquilo que não conta para a eternidade?
Por que ouvis aquilo que não salva? Por que vês aquilo que não
edifica?"
"O povo
que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou",
Mat.4:16. Podemos dizer muitas
coisas sobre este versículo, mas, direi apenas uma que nos escapa
quando o lemos e interpretamos. Já viu alguém tranquilo e assentado
na sombra da morte e em trevas? Por norma, as pessoas entram em
pânico perante a morte, choram e desesperam na sua incapacidade para
evitarem a tragédia que se aproxima. Contudo, vemos que ficam
assentados e tranquilos diante da maior tragédia que pode acontecer
a qualquer ser, humano ou não. Ficam tranquilos em seus empregos, em
seu dia-a-dia, em suas ilusões a tal ponto de rejeitarem qualquer
aviso de tragédia preferindo nunca acreditar que correm perigo
eterno. E é sobre estes que resplandece uma grande luz. "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam",
João
1:11. Por essa razão é que Jesus dizia que,
repentinamente, muitos serão apanhados de surpresa. Estamos sendo
avisados para não sermos apanhados de surpresa.
"Chegai-vos
a Deus e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós de ânimo dobre, limpai o coração",
Tgo.4:8. "Chegai-vos a Deus". Este chegai-vos a Deus
tem muito a haver com uma aproximação de carácter e de santidade e
não de religiosidade. O
nosso carácter e santidade deve-se aproximar ao que Deus é a todos os níveis, tanto
em fidelidade,
em pureza e em todos os aspetos de todas as virtudes que são o todo de Deus. Por isso é que se fala aqui sobre "purificar
as mãos", entre muitas outras coisas que devem ser igualmente purificadas. Para isso acontecer, não
necessitamos apenas de vontade em consegui-lo, mas, precisamos percorrer um certo caminho de limpeza
tanto do nosso passado quanto do nosso presente. O passado também nos separa de Deus e precisa ser
reparado onde for possível. Vou repetir: o passado também nos separa de Deus. Não há ninguém que possa
ser aprovado por Deus no presente momento mantendo o seu passado no esquecimento. É preciso confessar e restituir
onde é possível ser restituído. É necessário pedir perdão a pessoas e a Deus por cada pecado que nos seja
revelado ou do qual nos lembramos, mencionando cada transgressão
pelo nome. Quem não limpar seu passado de pecado longe de Deus nunca
irá ter um presente constante, pois, será sempre uma pessoa de duplo
ânimo, inconstante, incoerente e instável em toda a sua conduta cristã. Ora peca, ora não peca; ora anima-se e ora desanima-se. Será sempre
inconstante em todos os seus caminhos. Nunca será constante nos caminhos de Deus, mas, poderá ser constante nos caminhos do mundo.
"Criai
em vós um coração novo e um espírito novo",
Ez.18:31. O que acontece quando cumprimos aquilo que
Jesus nos diz sem havermos transformado o nosso coração? Podemos
cumprir pelo medo de sermos castigados; pela vergonha que teremos
diante das pessoas; para sermos exemplos aos filhos ou às pessoas ao
nosso redor; para sermos elogiados e andarmos debaixo dos holofotes.
Isso significa que "cumprimos" sem havermos transformado nosso
coração. Significa, também, que caso não houvesse castigo, caso não
passássemos vergonha, se não quiséssemos ou não pudéssemos brilhar
não iríamos cumprir porque os mandamentos não são a nossa própria
natureza. E o que o Evangelho faz é tornar-nos naquilo que fazemos
ou fazermos aquilo em que nos tornamos. Se não somos aquilo que
fazemos, somos hipócritas - ainda que, aos olhos do mundo e dos
crentes, sejamos grandes exemplos. Não fomos feitos para sermos
colocados nas vitrinas, mas, para sermos como Deus. Não nos podemos
esquecer que devemos estar aqui em Seu nome, isto é, em Seu lugar
sendo Seus fiéis representantes.
"Vós
e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes",
1Tes.2:10. Esse comportamento de
Paulo foi irrepreensível para os que creram. Mas, como foi visto
pelos que não creram? É bom notar que Paulo frisou que seu
comportamento foi bem aceite pelos que creram. Os que não creram
nunca aceitariam Paulo, nem mesmo se vissem algum milagre. É
necessário que haja uma convergência de corações para que este tipo
de testemunho possa ser dado fielmente. Se a pessoa não gostar ou
não aceitar o comportamento de quem vive o verdadeiro Evangelho só
pode dar mau testemunho contra dele - a não ser que, na sua
sinceridade, reconheça que o errado não é quem vive o Evangelho, mas,
ele próprio. Não gostando, também pode reconhecer que é seu coração que
está errado.
"A minha
comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar/terminar/consumar a sua obra",
João 4:34. Hoje em dia prega-se
muito sobre a extrema necessidade de lermos e ouvirmos a Palavra de
Deus. E é bom que assim seja. Contudo, pregam de tal forma sobre o
assunto que se cria a impressão que a comida para uma alma faminta é somente ler a
Palavra. E nada está mais longe da verdade. A leitura da palavra pode
fornecer apenas conhecimento ou, então, pode transformar a pessoa. Só
se torna
alimento quando transforma e mantém transformada a pessoa dedicada à
Palavra - não apenas à sua compreensão, mas, à sua parte prática. É
praticando que se aprende verdadeiramente. "Se alguém quiser fazer a vontade d'Ele
(...) conhecerá...", João 7:17.
"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente
(inteligente, sábio - cheio de sabedoria",
Mat.7:24. Em termos espirituais,
ninguém pode separar a prática da palavra do verdadeiro ensino, isto
é, aprendemos praticando. Assim sendo, a comida para uma alma
sedenta de Deus é, principalmente, chegar ao ponto de conseguir
executar a vontade d'Ele. E isso não é alcançado por qualquer um. Só
conseguiremos fazer a vontade de Deus alcançando o poder da graça,
praticando-a/fazendo-a aqui na terra da maneira que é feita no céu,
isto é, "aqui na terra como no céu", usando os mesmos meios; fazendo
pelos mesmos motivos; juntando com Deus e nunca sozinho pelo poder
da carne. Isso é comida para quem anda com Deus de maneira real, ao
contrário daqueles que lêem a palavra para não se sentirem culpados.
Mas, além de conseguirmos executar a vontade de Deus, nunca podemos
esquecer que terminar ou consumar a Sua vontade também é comida.
"Minha comida é (...) consumar/realizar Sua obra".
Obra que não seja concluída é, para uma alma cheia de Deus, como
morrer faminto segurando promessas de abundância. Tendo as promessas
e morrer faminto aumentaria a agonia da fome nessa pessoa. Muitas
pessoas tornam-se irresponsáveis a ponto de segurarem nas promessas
para fins de consolo e não como algo para ser alcançado e obtido. Em
vez de olharem para as promessas como um dever, usam-nas para
alimentarem suas lastimas e esperanças confusas para poderem
prosseguir conforme são, isto é, para não mudarem.
"...São
adversários de todos os homens", 1Tes.2:15.
Toda a ação ou mesmo reação de cada homem depende, em larga medida, do
tipo de coração que ele tem. Dizem que as ações ou reações dos
homens são originadas pelo tipo de tentações que sofrem.
Mas, quantas vezes é a própria pessoa que busca a tentação e busca a
ocasião propicia para alimentar o coração que tem? Se a pessoa tem um
coração briguento, busca a briga - seja com quem for; se é contrária
ao verdadeiro Evangelho - toda a carne é - busca o adversário crente para
maltratar ou mesmo destratar. Assim é cada pessoa nesta vasta
humanidade. Os religiosos, insatisfeitos por estarem separados de
Deus devido às suas doutrinas, tornam-se
sempre adversários de TODOS os homens. Eles existem para destruir
toda a humanidade, seja por via da perseguição ou por via das suas
doutrinas destrutivas.
"Não
que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição",
Fil.3:12. Aqui Paulo
relaciona/associa a perfeição a haver recebido Cristo. E este
receber de Cristo não é, nunca foi e nunca será aquilo que as
pessoas entendem ser receber ou aceitar Cristo. Receber Cristo em
toda a Sua plenitude é algo completamente diferente. Não é fácil
entrar por essa porta estreita e caminhar por esse caminho apertado.
Mas, é preciso chegar lá.
"Deveras
considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo",
Fil.3:8. A causa dessa atitude
determinada de Paulo foi o haver conhecido Cristo como Ele é. Muitos
abandonam coisas por outros motivos. Há mesmo quem abandone muitas
coisas para melhor se opor a Cristo. Paulo, ao conhecer Cristo como
Ele é verdadeiramente, viu a incompatibilidade mortal que existia
entre Cristo e tudo aquilo que considerou como lixo. Ele diz que
abandonou tudo "para ganhar a Cristo". Este versículo corrige a
ideia das obras e das ações que muitos apregoam por este mundo fora.
Paulo não abandonou tudo para ganhar a salvação e sim para ganhar a
Cristo. Ganhando a Cristo pode ser salvo de qualquer coisa e de
qualquer pecado. Não se pode parar de beber e continuar visitando o
boteco; não se pode ser salvo da promiscuidade e da lascívia vendo
pornografia; não se pode pensar que parar de roubar basta quando
temos algo para devolver ou alguém a quem pedir perdão pelos nossos
furtos antigos.
"Estas
coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus",
1João 5:13."A fim de saberdes
que tendes a vida eterna" significa que muitos podem acreditar que
estão a lidar com coisas de menor importância. A vida eterna começa
aqui e agora. Quem não a tem, não a terá. Mas, se a temos, se
verdadeiramente recebemos a sua vida abundante na medida prometida,
devemos saber que estamos lidando com algo de extrema importância e
não podemos lidar com essa vida como lidaríamos com a vida terrena
daqui. É bom sabermos com o que estamos lidando caso tenhamos/alcancemos essa
vida abundante aqui e agora.
Quando
qualquer pessoa se encontra separada de Deus, esforça-se muito sem
sucesso para alcançar aquilo que Deus prometeu acerca de ser
verdadeiramente liberto de qualquer pecado. Tais pessoas são aquelas
das quais Paulo diz haverem decaído da graça (Gal.5:4),
isto é, perderam o poder de Deus e são como Sansão sem cabelo quando
confrontados por qualquer pecado ou tentação. Mas, estando em boas
relações com Deus e sem qualquer coisa que os possa separar d'Ele,
esforçam-se e conseguem. Dizer que ninguém se deve esforçar havendo
obtido graça (ou mesmo graça sobre graça) é mentir. Havendo
alcançado a graça de Deus (Seu poder ativo) pode e deve esforçar-se
e, certamente, obterá seu devido e respetivo sucesso. A diferença é
que esse esforço espiritual numa rendição total a Deus, dependendo
exclusiva e integralmente de Seu poder e da obediência a Deus, obtém os resultados
prometidos enquanto que, o esforço sem Deus (ou separado d'Ele por
algum pecado que não foi exterminado pela confissão) nunca obterá os
resultados esperados nos caminhos de Deus. Se não houvesse esforço
havendo entrado em estado de graça - ainda que seja um
esforço diferente - não seríamos exortados a ser fiéis até ao fim e
a permanecer n'Ele.
"A lei
foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo",
João 1:17. Precisamos entender
melhor esta verdade, isto é, este versículo. E para entendê-lo
melhor, devemos ver em que contexto João o coloca. Ele associa esta
verdade a duas coisas: receber da sua plenitude ("temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça");
e ver Deus ("Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigénito, que está no seio do Pai, é quem o revelou").
Olhando desta maneira para o que vem escrito, podemos definir ainda melhor as palavras "graça"
e "verdade". A graça é recebida, achada e podemos crescer ou
decrescer nela. A graça é um poder ativo. É o poder de Pentecostes.
Dizer que a graça é somente um favor imerecido, é dizer muito pouco
a respeito dela. É muito mais que isso. É o próprio poder ativo de Deus operando
e manifestando-se. Por essa razão é que João associa a plenitude de
Deus a esta graça que recebemos (de graça em graça). Se Jesus veio
para que possamos ter Sua vida em abundância e Seu poder na medida
prometida (João 10:10),
significa que todo aquele que não alcança esta plenitude de vida não
alcançou o propósito de Deus. Ponto final! Quem não experimenta
Pentecostes, ainda não experimentou nada. Em segundo lugar, temos a
palavra "verdade", a qual João associa a ver Deus. Esta palavra em
vocabulário verdadeiramente Bíblico significa realidade, veracidade
- algo verdadeiro, mas, real. Não é apenas verdadeiro, mas, verdadeiramente
real. Se não for real, ainda não é verdade. Em termos
verdadeiramente bíblicos, a verdade não é apenas
algo que está de acordo com os fatos, mas, é algo que se torna real.
Quem não experimentou a realidade do Deus vivo ainda não
experimentou a verdade - ainda não o viu.
"Os eleitos
o alcançaram e os outros foram endurecidos",
Rom.11:7. Paulo diz algo que contradiz muitos teólogos
atuais: "Tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus",
2Tim.2:10. Se
olharmos para o contexto destas palavras, vemos que não fala apenas
dos Israelitas, mas, dos escolhidos em geral. São estes eleitos que
(ainda) precisam alcançar as promessas. Se alcançarem, amolecem e
tornam-se humildes. Se não alcançarem serão endurecidos como os que
ficam de fora. Quando o Evangelho nos chega, ou amolecemos ou
seremos endurecidos, dependendo da nossa resposta àquilo que germina
a semente que se encontra em nós desde a criação do mundo. Ninguém
fica igual depois de ouvir o Evangelho verdadeiro: ou fica mais duro
ou amolece. O mesmo já não se pode afirmar quando se ouve um evangelho
falso.
"Com
o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação",
Rom.10:10. Hoje (e sempre que a
religiosidade impera nos meios evangélicos) afirma-se que é a boca
que crê afirmando-se positivamente. Mas, as ditas profissões de
fé afirmam crer enquanto o coração está em dúvida. Quando é o
coração que crê e experimenta a verdade de forma inequivocamente real, a boca fala
por si. E quando a boca fala por si, distingue-se daquelas bocas nas
quais as palavras são colocadas. Quando se coloca palavras na boca,
seja de outro ou até mesmo na nossa, isso nunca pode ser considerado
como verdadeira fé. A fé verdadeira é espontânea, natural vinda dum
coração puro e simples - mas, é uma fé do coração e da essência da
própria pessoa. Somente desses se pode afirmar que "aquele que n'Ele
crer não será confundido", Rom.10:11.
A fé precisa tornar-se a própria natureza da pessoa e deixa de ser
um esforço, seja ele emocional, intelectual ou qualquer outro
esforço. Quem respira com esforço ou com dificuldade é pessoa
doente, a qual precisa tratar-se. O mesmo acontece com quem se
esforça para crer.
Nos
dias de hoje, os verdadeiros homens de Deus demoram muito mais a
serem verdadeiros e a obter a realidade e a verdade do Evangelho
porque todos eles começaram com um Evangelho disfuncional, precário,
falso, acomodado e enganador. Antes, as pessoas que se iam salvando sabiam
que teriam de abandonar o mundo a ponto de aborrecê-lo e odiá-lo
como inimigo do Evangelho. Hoje, precisam fazer isso também, mas,
para o conseguirem precisam aborrecer e negar o Evangelho ao qual se
acostumaram nos primeiros anos de crente e o qual temem negar por muitos e variados motivos. E a grande maioria desses Evangelhos aceitam o pecado
como algo impossível de vencer. Aliás, chegam mesmo a aceitar a sua
"inevitabilidade" para continuarem a desfrutar dele e a amá-lo. É
muito penoso e demorado converter os que se acham convertidos pelos
falsos evangelhos.
"O Evangelho
(...) está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade",
Col.1:5,6.Este é um versículo
muito estranho e de difícil compreensão. Mas, faz todo sentido.
Faz-me lembrar o que Paulo escreveu acerca daqueles que nunca
ouviram o Evangelho: "...Os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração",
Rom.2:15. É um fato que Paulo
afirma que o Evangelho chegou a todo mundo, isto é, está nos
corações dos homens - ainda que infrutífero. Só frutificará 1.ouvindo,
2.experimentando a graça de forma real e, necessariamente, que seja
na 3.sinceridade quando é real: "1.ouvistes e 2.conhecestes a graça
de Deus em 3.verdade". A fé é fruto, isto é, algo que frutifica. Uma
semente pode existir durante muito tempo na terra até que venha a
chuva que a fará frutificar. Isso ocorre muito nos desertos. A
semente do Evangelho existe no deserto deste mundo. Mas, ouvindo,
havendo sinceridade quando se ouve e, experimentando deveras o poder
da graça de Deus, frutifica para salvação. É necessário que haja
algo que obrigue as pessoas a serem sinceras sempre que seus
pensamentos, corações e transgressões sejam manifestados.
"Rejeitamos
as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus;
e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade",
2Cor.4:2. Tudo que envergonha e
tudo aquilo que pede ou exige ser encoberto, disfarçado ou
mentido pertence às trevas - a menos que a pessoa tenha vergonha de
Cristo. Cristo não pertence às trevas, mas, quem tem o hábito de se
envergonhar e de se esconder cairá na tentação de ter vergonha de
Cristo quando o conhecer. O erro maior aqui nem é ter vergonha de
Cristo, mas, de manter o hábito de ter vergonha. O pecado ensina a
andar com astúcia, escondendo isto e aquilo mesmo quando não existe
qualquer razão para isso. Ao longo dos anos que
andamos e vivemos em pecado, aprendemos esse costume hediondo de
andar nas trevas, isto é, andar escondendo. Se já praticamos aquilo
que nos faz envergonhar, devemos colocar na luz e confessar
abertamente. É assim que exterminamos o pecado e aniquilamos o velho
hábito de esconder por tudo e por nada. E tem mais: todo aquele que
ainda oculta aquilo que envergonha, falará com orgulho e pela
vaidade das coisas que não envergonham e que pratica, com o intuito
claro de se esconder a si mesmo e às suas obras más por trás da
barreira de boas obras ou de boas coisas. Quem esconde, também se
gaba. É uma lei da natureza e todo coração tem esses dois lados.
Mas, quem se manifesta e anda na luz pratica a verdade e assumirá
tudo que é bom como algo normal e não como algo que o faça gabar-se
ou gloriar-se. Quem anda na luz terá ou obterá sempre a tendência
para
não mais necessitar de falar de si mesmo. "Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas, a Cristo Jesus",
2Cor.4:5. Andar na luz é humildade. A
melhor definição de humildade é sermos nós mesmos diante de Deus e
dos homens. Se não tivermos nada que envergonhe, tanto melhor. Mas,
se ainda temos algo que envergonha não é e nunca será razão
suficiente para nos
escondermos nas trevas ou para não manifestarmos tudo na luz e pela
luz.
"A Vida
se manifestou (...) e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada",
1 João 1:2. Pela doutrina
entendemos que a vida eterna começa depois que falecemos estando em
Cristo. Mas, pela Palavra de Deus entendemos que a vida eterna se
manifesta desde agora e começa aqui e agora. Paulo fala da "vida que
agora é". Também fala da "vida neste presente século".
Em João lemos
que "a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro; e a Jesus Cristo",
João 17:3. Moisés fala dos "dias
do céu aqui na terra", Dt.11:21.
Existem muitas evidências nas Escrituras que nos afirmam que a vida
eterna começa aqui e agora. A palavra "eterna" significa "constante,
permanente, sem altos e baixos, sem fim e sem princípio". Quem a
busca achá-la-á.
A tentação
na vida dum crente verdadeiramente liberto funciona como a
propaganda para quem tem dinheiro. Se aceitamos a propaganda e se
desejarmos o que diz, gastaremos à toa e sem necessidade. Assim
funciona a tentação - é só propaganda. É como a propaganda dum
partido político corrupto: se acreditarmos em suas mentiras, seremos
seriamente prejudicados/lesados. Contudo, não funciona dessa maneira
com aqueles que vivem na mentira e nas mentiras do coração: a
mentira é a sua própria vida e não é mera propaganda.
"Eis
aqui o meu servo que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu Espírito, e anunciará aos gentios o juízo
(...) até que faça triunfar o juízo", Mat.12:18-20. Eu sempre acreditei que um verdadeiro
avivamento funciona como o dia do juízo com a diferença de que no
dia do juízo não existe forma de sermos salvos de nossos pecados,
enquanto que, no aviamento todos os nossos pecados serão manifestos
para nos levar ao arrependimento. O juízo triunfa exterminando o
pecado. Ou o transgressor morre com Cristo, morrendo literalmente
para este mundo e para o pecado, ou será exterminado juntamente com
o pecado. Duma maneira ou de outra o transgressor deixa de existir e
o juízo triunfará sempre, seja de que modo for.
"Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta",
Tgo.2:17. Se é verdade que a fé sem obras é morta, também é verdade que as obras sem fé são mortas. "Tudo o que não é de fé é pecado",
Rom.14:23.
"Qualquer
que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos",
Tgo.2:10. O pecado é o oposto da lei de Deus. O oposto da
lei de Deus não é o ódio, mas, o egoísmo. O ódio é, apenas, mais uma forma de egoísmo.
Seremos arguidos pela lei de Deus caso o egoísmo ainda esteja ativo e vivo em qualquer um de nós.
Ainda que fosse possível não transgredir sendo egoísta de forma muito obscura e camuflada, seríamos sempre
tidos como transgressores, pois, o Evangelho julga o interior do homem e a lei julgava, apenas, o exterior.
A lei julga aquilo que o homem faz, enquanto o Evangelho julga aquilo que o homem é. Por isso é
que nos tornamos
culpados de todos os pontos quando transgredimos num só ponto, pois,
hoje somos julgados pelo Evangelho. "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus?"
Mat.12:24.
"Não
se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé",
1Tim.1:4. Muitos ocupavam-se com
questões que passavam ao lado do verdadeiro Evangelho e da essência
da Cruz de Cristo. Ocupavam-se com genealogias e outras coisas
importantes para os judeus carnais. Hoje, nada é diferente, havendo mudado
apenas o tema das discussões, passando o tema para outro tipo de
doutrinas que não são a verdadeira essência do Evangelho que é o
poder de salvar de qualquer pecado. Fala-se muito sobre batismos,
predestinação, prosperidade e tantas outras coisas que não vale a
pena mencioná-las aqui. Mas, também vemos pessoas a discutir
politica; a usar tempo desnecessário e além do aconselhável com
redes sociais e seus vídeos; e poderíamos mencionar muitas outras
coisas que são usadas para preencher o tempo que deveria ser
aplicado em coisas essenciais e necessárias. Não são estas coisas
fábulas vãs também?
"Pronto
para ouvir", Tgo.1:19. Ninguém consegue fazer duas coisas em
simultâneo: ou ouve ou fala. Mas, estar "pronto para ouvir" é muito mais que estar calado e prestar
atenção. Como ouvimos pelo ouvido e, também, ouvimos pelo coração através da revelação, estar pronto
para ouvir é muito mais do que estar concentrado naquilo que se ouve. Precisamos estar na disposição interior correta, dispostos corretamente diante de Deus (um povo bem-disposto e preparado,
Luc.1:17), ansiando por
aquilo que nos será ou é revelado e desejando ardentemente entender e receber aquilo que mexe em nós e ainda
não entendemos plenamente. "Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual",
1Ped.2:2.
Há os que desejam leite desde que não seja o genuíno, mas, que seja aquele que desejam ouvir ou entender. Logo,
tem de haver um compromisso e uma disponibilidade de coração em forma de desejo ardente para ouvir, receber
e praticar aquilo que é genuinamente vindo de Deus. Isso é estar pronto/disposto para ouvir.
Existem
muitas formas que se usam para manter as pessoas nas igrejas, mas, longe de Cristo. Não entram na porta estreita e bloqueiam a via daqueles que querem entrar.
Tudo
que nos desculpa diante dos homens, condena-nos diante de Deus.
É interessante
notar que Deus mostrou a José que o sol e a lua e seus irmãos se iriam curvar diante dele, mas, nunca lhe revelou que iria ser escravo
no Egito e que seus irmãos o iriam trair e querer matar. Aquilo que
Deus nos revela é onde devemos manter nosso foco. O resto é caminho.
"Mostrando
que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus",
At.14:22. Se isto é verdade,
isto é, se para entrar no Reino de Deus é necessário passar por
muitas tribulações - e não apenas uma tribulação - por que razão
hoje se prega que basta levantar a mão na igreja e dizer que se
aceita Jesus para já estarmos seguros dentro desse reino? E se
levarmos em conta que entrar nem é permanecer onde já entramos,
imagine-se como a porta é verdadeiramente estreita e como é apertado
o caminho!
A todos
aqueles que acreditam ser fácil descobrir qual é a vontade de Deus em certos momentos de
nossa existência, eu afirmo que se não estivermos virados para ela com um coração afim
sem
amar a própria vida, a nossa mente não será renovada com a finalidade clara de descobrirmos
essa vontade e, também, de descobrirmos o segredo de como conseguir executá-la. É algo que
poucos entendem: não é fácil entrarmos na vontade de Deus. Muitas coisas precisam acontecer
em nós para que se torne possível chegarmos ao ponto de conseguirmos executá-la. E para
executá-la precisamos saber qual é a vontade e de que modo ou por que meios conseguiremos
executá-la com perfeição e simplicidade.
Quando
deixarmos de confundir a vontade de Deus com a nossa e começarmos a
amar a Sua vontade desejando-a ardentemente porque amamos Deus de
todo coração - e por nenhuma outra razão - certamente que descobrir
como executá-la será mais fácil.
Ser
cuidadosos no caminho que trilhamos tem dois lados. Por um lado,
faz-nos impedir de sermos enganados. Mas, olhando pelo outro lado,
só podemos ser cuidadosos sendo apoiados pelo conhecimento que temos
das coisas. Caso o nosso conhecimento seja limitado, atrofiado,
tendencioso ou parcial, teremos sérios problemas com todos os nossos
cuidados. Esses cuidados já não serão cuidados, mas, desvios
tendenciosos ou impedimentos facciosos. Neste caso, todos os cuidados que temos são aquilo que nos
desviam da verdade e do caminho que devemos seguir. Isso ocorrerá
porque todo e qualquer tipo de cuidado dependerá sempre do
conhecimento que temos ou da concepção daquilo que entendemos ser
verdade ou não.
"Tende grande gozo quando cairdes em várias tentações",
Tgo.1:2. Este gozo também é um gozo que depende, de certa maneira, do nosso entendimento das coisas e das circunstâncias
pelas quais passamos por causa do Evangelho. E esse entendimento precisa ser correto e preciso. Vamos por
partes. Os Apóstolos foram presos uma primeira vez (Atos 4) e explicaram-se diante do Sinédrio sobre o
benefício feito a um homem que se encontrava paralítico há 40 anos. Contudo, na 2ª vez que foram presos
lemos que "eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer
afrontas por esse Nome", At.5:41. Isto não havia acontecido na 1ª vez que foram presos. Mas, na 2ª vez
começaram a entender melhor as razões por que haviam sido presos e maltratados. E com esse entendimento,
veio o gozo. Por essa razão é que Tiago fala em adquirir sabedoria sempre que nos falta certo entendimento
a respeito das circunstâncias adversas que nos rodeiam. É importante não apenas saber quais as razões que nos
levam a passar por certas tribulações e tentações, mas, também é de extrema importância perceber o que Deus
pretende alcançar, seja uma ou várias coisas tanto fora quanto dentro de nós. E quando nos apercebemos de qual
seja a vontade de Deus, prosseguimos e persistimos em direção a essa vontade com grande gozo sem que nada nos impeça.
"...Cheios
do Espírito Santo...", At.4:31; 6:3.
Muito se tem falado do Espírito Santo e do que significa estarmos
cheios de sua vida de plenitude. Na verdade, a plenitude de vida afeta diretamente a própria pessoa,
isto é, o indivíduo, para estar apta e para manter-se
firme, fiel e pura durante os piores e os melhores momentos da sua
existência.
A determinação
pode ser uma forte aliada de qualquer pessoa no caminho de Deus.
Mas, existem muitas pessoas determinadas que vivem sem sabedoria,
caminham por lugares de morte e essa determinação, tornando-se assim
numa aliada da morte e do erro, é a pior inimiga da própria alma e
de todo o bom senso. A determinação e a perseverança não devem
tornar-se as nossas características predominantes. Devem tornar-se
características de servidão à sabedoria, devem ser servas e não
lideres, devem seguir e não liderar, deve ser capazes de ser
orientadas pela sabedoria vinda de Deus sempre que iluminada pelo
Espírito em ocasiões específicas e apropriadas. A determinação e
todo tipo de perseverança não devem ser orientadoras, mas, orientadas e
usadas por faculdades maiores como a sabedoria de Deus que é mansa. A
perseverança/determinação que quer orientar torna-se brutalidade, teimosia
monocrata, cega
e irreconciliável. Essas são algumas das características dos
ditadores implacáveis. "Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão
de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. A sabedoria lá do alto é, primeiramente,
pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos,
imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz",
Tgo.3:13,17,18.
"Ninguém
pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o
ressuscitarei no último Dia",
João 6:44. O último dia pode ser
várias coisas. Este último dia é quando Jesus vem para concluir toda
a obra que começou, ressuscitando os santos para os recolocar no
mundo d'Ele e ressuscitando os ímpios para o fogo eterno. Mas,
também existe o último dia da terra. Contudo, o último dia também é
aquele onde o santo fica consumado e toda a obra no homem interior
termina e diremos: "Deus viu que é bom". É por essa razão que nos
devemos esforçar para chegarmos lá imaculados, isto é, chegarmos ao
ponto onde Deus afirma que somos imaculados independentemente
daquilo que as pessoas possam afirmar. "...Para conhecê-lo e a
virtude da sua ressurreição e a comunicação de suas aflições, sendo
feito conforme a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu
possa chegar à ressurreição dos mortos",
Fil.3:10,11.
"Porém,
Samuel ainda não conhecia o Senhor e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor",
1Sam.3:7. Samuel era crente
praticamente desde nascença. Conhecia as Escrituras e todos os
rituais do Templo. Servia Deus fielmente desde pequeno. No
entanto, as Escrituras afirmam que não conhecia o Senhor. Que quer
isto dizer? Além do mais, a palavra de Deus ainda não lhe havia sido
manifestada. Isto não significa que não conhecesse as Escrituras e
as leis em boa medida. Certamente que era um estudioso aplicado, além
de obediente e fiel. Apenas significa que a Palavra não tinha
verdadeiro significado salvador a não ser que não seja revelada no
homem interior e ao próprio. O estudo da Palavra não salva ninguém,
mas, a revelação da mesma salva e tem muito poder. Ainda que a
palavra exista na mente por via do estudo, precisa tornar-se viva
por via duma revelação pessoal e individual. Isto é, a Palavra
precisa estar ativa dentro da pessoa quando ela é ouvida para ser
recebida. E só então tem a capacidade de salvar. "Recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma",
Tgo.1:21. Apenas uma palavra
já enxertada pode ser recebida e somente essa palavra tem poder para
salvar seja do que for. "Portanto, cingindo os lombos do vosso
entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se
vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo",
1Ped.1:13. Jesus Cristo é,
também, a própria Palavra. Ainda que tenhamos muito estudo, apenas
sendo revelado pode salvar a alma. Toda a Palavra precisa tornar-se
uma revelação. Senão, nunca obterá efeitos eternos dentro de nós.
Todo o nosso estudo nunca terá a capacidade de nos transformar,
pois, o nosso cérebro não é o Espírito. Aquilo que estudamos sem
revelação cria, apenas, a aparência; e toda a aparência evita
qualquer tipo de transparência. Por outro lado, toda a pessoa que é
verdadeiramente transformada pelo interior por via duma palavra já
enxertada não teme ser transparente. Antes, busca tornar-se
inteiramente transparente.
"Recebei
com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa
alma",
Tgo.1:21. Qualquer palavra de
Deus tem de ser ou tornar-se uma revelação dentro de nós, isto é,
precisa estar enxertada dentro de nós quando lhe prestamos atenção -
quando a ouvimos verdadeiramente. E não importa se é antes ou depois
de a havermos estudado. O estudo sem revelação e sem enxerto
interior cria a aparência, mudando o exterior e deixando o coração
intacto. Isso faz a pessoa enganar-se a ela mesma, pois, a aparência
engana até o próprio. "...Enganando-vos com falsos discursos",
Tgo.1:22. A palavra revelada no
interior ou enxertada, quando é ouvida, revela aquilo que a pessoa é
"porque se contempla a si mesmo",
Tgo.1:24. Por outro lado, o estudo realça aquilo
que a pessoa pensa que é e, quando isso é realçado, tem a capacidade
de encobrir aquilo que a pessoa é verdadeiramente. Aquilo que a pessoa pensa
ser, aquilo
que pensa de si mesmo, nunca é verdadeiramente aquilo que realmente
é. O ouvinte esquecediço que "logo se esqueceu de como era" e não
pratica ou não age imediatamente sobre a palavra que se tornou
revelação, volta àquilo que pensa que é e isso só mostra o quanto é
dominado e convencido por aquilo que acredita ser. Isso é sinónimo
de se enganar a si próprio, ou seja, mentir para si mesmo,
"enganando-se com falsos discursos". A outra verdade é que somente
aqueles em quem a palavra também é verdadeira revelação podem
torna-se verdadeiros praticantes dessa palavra. Os demais tornam-se
hipócritas esforçados e esses hipócritas agem em conformidade com
aquilo que pensam ser - não agem conforme são e nunca serão totalmente
transparentes agindo dessa forma.
"Recebei
com mansidão a palavra em vós enxertada",
Tgo.1:21. Por que razão a
palavra que é revelação deve ser recebida com mansidão? A pessoa não
gosta de se ver tal e qual ela é, preferindo que lhe digam aquilo
que ela própria acredita ser seja através de elogios, mentiras ou
sendo agradada pelos demais de muitas formas. Contudo, a palavra
revelada mostra ao próprio aquilo que é verdadeiramente. Humanamente
falando, isso é aquela situação onde as pessoas reagem dizendo-se ou
sentindo-se ofendidas. "Está-me ofendendo!" Ninguém recebe uma
verdade a seu próprio respeito com mansidão e agradecimento. Antes, recebe
tal palavra com agressividade conflituosa, sentindo-se na
necessidade de se defender e de se resguardar. Prefere encobrir e
quem encobre seu pecado nunca prospera espiritualmente. "Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas, antes, dissensão",
Luc.12:51. O Espírito Santo traz
conflito na alma que não se quer limpar crendo somente naquilo que
acredita ser.
"Noutro
tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou
(...) para vos apresentar santos, irrepreensíveis e inculpáveis",
Col.1:22. Por que razão é pelas
obras más que nos tornamos "inimigos de Deus no entendimento"?
Paulo quer dizer aqui que esta inimizade é um antagonismo, uma
resistência natural a Deus e a qualquer de suas operações no homem
interior. Existe um estado de inimizade dentro de qualquer pecador.
Esse estado de inimizade pode estar adormecido, camuflado,
disfarçado de crente ou de qualquer outra coisa. Mas, existe de
fato. As obras más, isto é, as transgressões, separam-nos de Deus.
Separando-nos de Deus, separa-nos, também, do poder da graça, das
operações desse poder e de tudo aquilo que nos pode tornar seres
celestiais. Logo, se as más obras nos separam de Deus, é certo que,
havendo sido transformados e reconciliados com Deus, toda a boa obra
nos faz aproximar ainda mais d'Ele. Se são as más obras que nos
tornam inimigos de natureza, se são elas que criam a inimizade
contra Deus,
distanciamento e de nos tornar estranhos de Deus e tornando Deus um
estranho para nós, as boas obras feitas em Cristo e pelo poder da
graça conseguem o oposto, isto é, tornam-nos próximos e iguais a
Deus em nosso interior sendo renovados a cada momento.
"Não
te envergonhes do testemunho de nosso Senhor",
2Tim.1:8. É necessário prestarmos melhor atenção ao
que lemos nas Escrituras. Lemos que é Deus quem dá testemunho a
nosso respeito: "O Espírito testifica (...) que somos filhos de Deus",
Rom.8:16. "Todos dão testemunho de Demétrio,
até mesmo a Verdade", 3João 1:12. É fácil encontrar pessoas que dão o seu
próprio testemunho, mas, é mais difícil achar alguém cujo testemunho
é dado por Deus e pela Verdade (Jesus é a Verdade). Dito isto,
ninguém se deve envergonhar quando Deus dá esse testemunho. "Não te
envergonhes do testemunho de nosso Senhor". Não se
deve envergonhar de Deus e nem do testemunho que é dado por Deus.
Imaginemos José no Egito. Escravo, sujo, preso e, ainda, era Hebreu
no Egito (os Egípcios desprezavam os Hebreus); no entanto, o
testemunho que Deus dava a seu respeito prevalecia sobre tudo o que
era visível e invisível. Nunca vimos José envergonhar-se desse
testemunho que Deus dava a seu respeito sendo pobre, desprezado e
preso inocentemente pela vontade de Deus. "Confia em Deus e olha como
vive!" Não vimos José dizer que se
lastimava por ser preso, decente e imaculado. Toda a sua
pureza e beleza espiritual só lhe trouxeram problemas. No entanto,
nunca se envergonhou do seu Deus, do testemunho que dava a seu
respeito e nem do nome que carregava e a sua origem.
"Zacarias,
não temas, porque a tua oração foi ouvida",
Luc.1:13. A oração ideal é aquela onde obtemos uma resposta
imediata ainda que se concretize mais tarde, tendo ou obtendo uma
comunhão tal com Deus que torne essa resposta possível, audível ou acessível. A resposta pode ser dada muito antes da
concretização como pode ser dada no momento da concretização; podemos saber que fomos atendidos assim que oramos.
"E será que, antes que clamem, Eu responderei; estando eles ainda falando,
Eu os ouvirei", Is.65:24. E
devido à proximidade que temos com Deus podemos saber que resposta
nos deu ou dá. "...Sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos",
1João 5:15. Contudo, isso não
significa que não haja pessoas que não experimentam isso dessa
maneira - algo que é uma
promessa para qualquer um. Muitos ainda não chegaram lá ou devido a
problemas ou impedimentos religiosos e crenças; ou porque ainda
assumem ou inventam respostas que Deus não deu; ou porque desistem
crendo que Deus atendeu quando ainda nem se pronunciou a esse
respeito. No caso de Zacarias podemos assumir duas coisas: ele não
sabia que sua oração já havia sido atendida; e, deduzindo pelo
diálogo que teve com o anjo Gabriel, já havia perdido qualquer
esperança de vir a ter um filho. Ainda assim, foi atendido e usado
por Deus depois de ser repreendido. "Se alguém se purificar destas coisas,
será vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para
toda boa obra", 2Tim.2:21.
"Credes
vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor",
Mat.9:28. Logo de seguida, Jesus
curou estas pessoas. Se sabemos que Jesus conhece todos os corações
e até mesmo os pensamentos secretos de cada homem, qual seria o
motivo de haver perguntado a estes homens se criam que Ele os
poderia curar? Por que razão seria tão importante eles afirmarem que
criam? É importante que a pessoa expresse em palavras aquilo que se
passa em seu homem interior para seu próprio bem e para sua própria
consciencialização daquilo que se passa em seu próprio coração. Não
é por causa dos que ouvem, mas, por causa
dele próprio porque nenhum homem conhece o próprio coração a não ser
que lhe seja revelado por Deus. Por vezes, precisamos reformular nossas ideias quando
Jesus opera dentro de nós porque nem sempre sabemos o que se passa
em nós quando Jesus está operando em nosso interior; por norma, temos
uma ideia falsa a esse respeito, ou uma ideia anterior de quando
fomos convictos e antes de havermos sido transformados e tudo isso fica desactualizado
após haver ocorrido uma transformação real.
Reformulando: precisamos saber que mudamos. Na verdade, se crescemos
diariamente, devemos saber que necessitamos ser atualizados a esse
respeito diariamente também para podermos assumir essa transformação
na vida prática. E quando essa transformação ocorre
verdadeiramente, nem sempre a nossa mente assume aquilo que
realmente aconteceu, ainda que tenhamos plena consciência de algo se
haver passado dentro de nós. No entanto, é necessário que aquilo que
acontece dentro de nós seja real e, de seguida, se torne prático. E é nessas circunstâncias que se aplicam
estas palavras, "a saber: se, com a tua boca, confessares ao Senhor
Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
Visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz
confissão para a salvação", Rom.10:9,10.
Existem pessoas que gostam de contrariar com palavras aquilo que se
passa em seu interior ou apenas sonegar. E isso não é virtuoso - é,
antes, destrutivo.
O único
verdadeiro sinal ou prova de que conhecemos a verdade e, também,
que conhecemos essa verdade de maneira intima, é estarmos completamente
libertos de todos os nossos pecados. Tudo o resto não prova nada -
nem uma confissão sentida de que cremos na verdade.
Como
sabemos que Deus faz ou fará alguma coisa? Muitos dirão que se Ele
já fez uma vez, fará de novo, isto é, se já mostrou que pode fazer
por que não poderá fazer de novo? Mas, isso não é a resposta correta.
Se Deus fez algo antes, poderá não fazer porque a pessoa pode estar
desviada dos caminhos de Deus. A única resposta correta para essa
pergunta é Deus estar presente, isto é, nós com Ele e Ele conosco.
Essa é a única garantia de que Deus fará aquilo que disse que faria.
"...Para que não dês a outros a tua honra, nem os teus anos a cruéis",
Prov.5:9. Isto significa que os
maus terão melhor nome que o homem correto que se desvia. A honra
dele passará para os maus e a fama de mau carácter passará a
ser-lhe atribuído a ele.
"Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus",
Mat.5:8. Como será maravilhoso
ver Deus, conhecê-Lo como Ele é verdadeiramente e não como o
imaginamos. "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas, agora te vêem os meus olhos",
Jó 42:5. Todos sabemos o que é sermos limpos de coração -
ou pensamos que sabemos. A consciência tem de estar limpa e precisa
estar tranquila caso esteja sob a luz e escrutínio de Deus, isto é,
em Sua presença de forma real (estar tranquilo quando Deus não está
presente é ter a paz que o mundo dá e não a que Deus dá); devemos ser sinceros e honestos com
nós próprios, com Deus e com qualquer pessoa, seja ela qual for. Mas, existe
algo que nem sempre levamos em conta: estarmos limpos de coração
também significa estarmos sem qualquer perturbação, preocupação ou
problema que ofusque nosso bem-estar com Deus. A nossa mente deve
estar desimpedida, transparente, livre e liberta de coisas que
preocupam e
impeçam nosso ser de estar total e soberanamente ativo naquilo que Deus quer.
Isto também é ser limpo de coração. "Não se turbe o vosso coração",
João 14:1.
E isto deve poder acontecer sob quaisquer circunstâncias, sob
qualquer privação ou provação. O coração perturbado impede qualquer
um de ver Deus como Ele é. A nossa paz precisa acontecer quando
estivermos verdadeiramente em união com Deus, desfrutando de Sua presença real e
não quando somos negligentes estando afastados ou separados
de Deus seja por que motivo for, isto é, tendo Deus como nosso opositor. Sabemos que Deus
resiste aos soberbos e a outros mais. Mas, aos humildes dá graça e são
os que
recebem verdadeira graça que devem estar tranquilos na presença de
Deus quando Ele é real. Se a presença de Deus não for real, ninguém
deve estar tranquilo, ainda que tenha a paz que o mundo dá.
"A doçura
no falar aumenta o saber; palavras agradáveis são como favo de mel",
Prov.16:21,24.
Toda a palavra agradável pode ser verdadeira ou hipócrita. Mas, não
são somente as palavras que podem ou devem ser agradáveis. O coração
deve ser verdadeiro, manso, quieto e sábio sempre que as palavras
são agradáveis. A doçura nas palavras só aumentam o saber de quem
ouve caso o seu coração seja sábio (ou busque sabedoria quando ainda
não é sábio) e caso se reveja livremente e pelo lado de dentro naquilo que é
verdadeiro. Sabemos como as palavras sábias e
doces de Daniel acalmaram a ira do rei quando mandou matar todos os
sábios da Babilónia. Contudo, é o dever de cada ser celestial aqui na terra
conseguir que seja o coração a falar na doçura do falar.
Toda a expressão dos lábios precisa ser a verdadeira
expressão do coração. Precisamos adotar uma linguagem que
corresponda à doçura dum coração transformado ainda que vivamos "no
meio dum povo de lábios impuros", Is.6:5. Se não for, é melhor que o coração
se expresse da maneira que é - ainda que não seja doce - do que camuflar o
coração através de palavras vãs. Do que nos vale se as palavras
forem doces, mas, o coração estiver sendo hipócrita? Daremos contas de cada palavra vã
que for dita. Palavra vã é e será sempre aquela que não corresponde
à verdade. Dito isto, existem duas coisas que nunca
devemos esquecer: 1. É necessário que o coração de quem ouve esteja
alinhado ou esteja na eminência de ser alinhado pelas palavras que
ouve. Deus é manso em seu falar, mas, fala a verdade, revela
realidades e fatos que são contraditórios aos pensamentos dos
corações dos homens. Assim sendo, Deus não é tido como manso em Seu
falar quando o coração é duro. Mas, para um coração e uma mente que desejam ardentemente
serem refeitos e reconstruídos pela verdade sendo verdadeiros, todas
as palavras de Deus serão sempre doces ainda que pareçam ser as
palavras mais duras que alguém possa ouvir. "Quão doces são as tuas
palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca",
Sal.119:103. "E não é assim que fazem bem as minhas palavras ao que anda retamente?"
Miq.2:7. 2. Em segundo
lugar, se o coração não assimilar prontamente as palavras
verdadeiras que saem de lábios cheios de doçura, as palavras soarão
suaves, mas, o coração permanecerá hipócrita. Logo, nem sempre a
doçura dos lábios resolve questões eternas e pode acontecer
que, em breve, as palavras soem duras para esse tipo de ouvinte ainda que possam sair de
lábios doces. Um despertador nunca soa de forma agradável para quem
ama dormir e é preguiçoso, nem mesmo quando o som é suave, melodioso
ou
agradável. Mas, por muito violento ou agressivo que
seja o som dum despertador, será sempre algo agradável aos ouvidos
de quem gosta de despertar para o dia e está entusiasmado para fazer aquilo que ama de
coração.
Permitam-me dizer algo
que sei que vai acontecer: um dia, não sei quando, o mundo que atualmente
chamam de mundo muçulmano irá trazer o verdadeiro
Evangelho ao mundo ocidental e às igrejas desviadas, mortas e sem
rumo do ocidente. Lá não é permitido que os Cristãos vivam e os que lá vivem
sabem que não podem ser falsos ou viver duma fé falsificada.
Sobreviverão a tudo e manterão o verdadeiro Evangelho vivo. "Está
escrito: Por gente doutras línguas e por outros lábios, falarei a este povo'",
1Cor.14:21.
"Todos
os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições",
2Tim.3:12. Se vivemos mesmo com
Cristo (mesmo piamente), se a Sua vida em nós é real e não apenas
crença, seremos perseguidos; e, também, mesmo se
(ainda) não vivemos piamente e estamos buscando o caminho
certíssimo, seremos perseguidos. O diabo nos perseguirá até não
poder mais. Mas tudo acontecerá sob permissão e sob supervisão de
Deus. Mas, se não vivermos piamente em Cristo Jesus, o diabo não nos
perseguirá. Contudo, não vivendo piamente em Cristo, não devemos
esquecer que quem nos perseguirá será Deus e não precisará de pedir
a
autorização do diabo para fazê-lo. Sendo assim, cabe a nós
decidirmos por quem desejamos ser perseguidos e contrariados. "Deus
resiste aos soberbos", 1Ped.5:5; Tgo 4:6.
"Se
estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo",
Gal.1:10. Eu não sei como é
possível alguém (um pastor, evangelista ou qualquer outro crente)
conseguir considerar-se servo de Cristo agradando pessoas ainda.
Agradar pessoas é uma forma de idolatria. É idolatria porque dá
confiança sendo agradado de volta e tudo que dá confiança,
esperança e alento fora de Cristo é falso. A verdadeira confiança vem a nós sendo
operada pelo lado de dentro por Cristo - isto é, se Ele estiver
mesmo operante em nós.
"Sendo
Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfeito",
Gen.17:1. Andar com Deus é
ser-se ativo. Não é inatividade. Muitos negligenciam a sua vida
diária e prática do dia-a-dia em vez de andarem com Deus.
Crêem que estar com Deus é somente estar orando e lendo a Bíblia,
seja por muito ou pouco tempo, com muito ou pouco esforço. Mas, que
sentido faz passarmos tempos preciosos com Deus em nossos quarto (ou
em outro lugar) se isso não afetar toda a nossa vida prática,
momento a momento? A parte mais importante de toda a nossa essência Cristã é
o podermos andar (com Deus) sendo capacitados a andar com Ele em seu passo,
em seu ritmo e através de Seu poder. A vida Cristã é podermos estar
continuamente na Sua presença de forma real e não de termos nosso
tempo religioso nos cultos ou em nossos quartos. Pensa-se que estar
com Deus é passarmos esse tempinho com Deus e nada mais que isso.
Mas, esse tempo precioso com Deus é necessário apenas para sermos
capacitados a andar, caminhar e juntar com Deus em nosso dia-a-dia e
em toda a nossa vida prática sem que nos seja sequer possível
usarmos qualquer espécie de fogo estranho para tal efeito. Tenho a
plena convicção e certeza que todos aqueles que pensam que estar com
Deus é apenas termos tempo lendo a Bíblia e orando ou jejuando,
querem, no fundo, viver a própria vida e obter o apoio de Deus para
tal efeito.
"Não busco
a minha vontade, mas, a vontade do Pai, que me enviou",
João 5:30. Quando Jesus disse
que não buscava a própria vontade, Ele queria dizer mais que aquilo
que transparece. No original esta palavra (não buscar) significa
"tramar", fazer uma desfeita à própria vontade. Como faria isso?
Buscando a vontade do
Pai. E eis aqui outro segredo escondido, outro tesouro da verdade:
buscar significa fazer tudo para achar, esforçar-se para encontrar -
não é somente buscar.
Saber qual é a vontade não é e nunca será sermos capacitados e
revestidos com as capacidades para empreender e fazer. É fácil
dizer que queremos a vontade de Deus, mas, o segredo é que essa
vontade só pode ser feita por via do poder que emana no céu. Quem
não acha os meios de fazer a vontade de Deus nunca
conseguirá fazê-la. Buscar a vontade sem buscar e achar os meios
para poder fazê-la seria executá-la sem o poder da graça e isso
seria impossível, pois, somente fazendo as coisas da maneira que são
feitas no céu é que conseguiremos fazer a vontade de Deus. "Tua
vontade seja feita aqui na terra como no céu", isto é, da maneira
que é feita no céu. E isso tem de ser buscado e achado.
A voz
de Deus pode ser uma voz audível. Mas, o que conta é aquilo que tem
repercussão dentro de nós. Os Israelitas ouviram a voz de Deus no
monte Sinai e de nada lhes valeu em termos eternos. Mas, sempre que
a voz de Deus tem ou acha assento dentro de nós, faz toda a
diferença. O coração do homem deve ser movido pelo poder da graça
para que possa alcançar aquilo que Deus pretende da forma que Ele
pretende. Se não houver repercussão dentro de nós, se o testemunho
não for confirmado no homem interior (isto é, sendo o testemunho de Deus e
não do próprio para o próprio), será a carne a decidir o que fazer.
Ou a carne esquece aquilo que ouviu e continua com sua vida de sempre ou tenta
alcançar as coisas através de fogo estranho, isto é, pelo poder da carne
'exigindo' mesmo a aprovação de Deus.
Uma
das muitas diferenças entre os pregadores de hoje e os de
antigamente é que hoje convidam as pessoas para aceitar
um qualquer evangelho dizendo: "Não importa quem você é". Paulo usou
essa expressão para revelar a ira de Deus: "Ó homem, quem quer que sejas
(não importa quem você é), porque te condenas a ti mesmo...",
Rom.2:1. Hoje falam do amor de
Deus que aceita qualquer um que venha a Ele - algo que toda a gente
já sabe. Paulo dizia isso aos "que Deus há de
julgar e os seus segredos, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho",
Rom.2:16. Ele dizia que esse era
o seu Evangelho. E hoje ninguém quer falar do juízo de Deus nos
púlpitos.
"...Sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder...",
Heb.1:3. Nós sabemos que existem muitas coisas
trocadas na linguagem evangélica de hoje. Todos dizem que a palavra
tem poder, mas, lemos aqui que o poder é que tem ou pode ter
palavra. Nem toda a palavra tem poder. O poder de Deus envia a
palavra e não é a palavra que envia, alcança ou desbloqueia o poder
de Deus. É o poder de Deus que desbloqueia e envia a palavra. Se
trocarmos esta sequência ou se beliscarmos esta ordem teremos sérios problemas e sérios desvios
difíceis de corrigir.
"Ore
por mim, irmão. Eu oro por si". Não existe nada de errado que as
pessoas orem umas pelas outras. Contudo, nota-se uma grande
apetência para usar a oração como meio de manter amizades, como
forma de criar laços entre pessoas quando a verdadeira oração busca a
vontade de Deus, busca resposta concreta. E existem pessoas que
contam aquilo que falaram com Deus como forma de cativar os seus
ouvintes. "Hoje, antes de pregar, antes de cantar na igreja, orei
para que Deus estivesse conosco e abençoasse aquilo que vou fazer".
Se oramos a Deus e Deus nos ouviu, esperamos o fruto dessa oração
pela presença de Deus. Não será necessário comunicar isso a ninguém.
Essa linguagem evangélica precisa ter fim se quisermos ver Deus
atuando verdadeiramente. Deus precisa dar testemunho daquilo que é
dito. "¶ Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro",
João 5:31. Se precisa de provisão de Deus e falou com
Ele sobre esse assunto, por que razão ou razões deve dar a entender
a outras pessoas que está necessitando disto ou daquilo? Se Deus não
atende minhas orações, devo corrigir-me descobrindo qual a razão
para isso acontecer ao invés de tentar resolver as
coisas de forma humana ou humanizada. Pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas nunca foi e nunca será solução para nossas
vidas.
"Pelo
que Deus os abandonou às paixões infames",
Rom.1:26. Isto é muito grave. Não dá para imaginar a
gravidade duma situação deste género onde a pessoa aprova e gosta de
se submeter a paixões infames, chegando mesmo ao ponto de lutar por
elas como sendo direitos incontestáveis que a própria sociedade deva aceitar
e respeitar. Lembre-se disto sempre que observar que há "iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade;
cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios,
infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia",
Rom.1:30-31. Quão terrível é
ser-se abandonado por Deus e quão pior será sermos abandonados e
entregues às próprias paixões para fazer o que não convém.
Existem
coisas que se curam com tempo, pois, Deus precisa de tempo para
fazer algo de todos os impacientes ou preocupados.
"Não
vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder",
At.1:7. É bom darmos a devida
importância a estas palavras de Jesus. Vejo muita gente discutindo
aquilo que não sabem como se fosse importante saber. Será que não
devemos saber o que está para acontecer? Creio de todo o coração
que é mais importante saber que vai acontecer do que saber o que vai
acontecer. Sempre que Jesus mencionou o fim dos tempos foi com o
intuito de nos prepararmos e não era sua intenção sabermos os
detalhes daquilo
que irá acontecer. Ele realçava o fato de que irá acontecer e dava
menos ênfase aos detalhes de tudo aquilo que vai acontecer. Algumas
vezes, terminava seus discursos com as palavras "estejam preparados,
preparem-se" ou algo com o mesmo significado. Eu desconfio muito
daqueles discursos e pregações que tentam desvendar aquilo que irá
acontecer, sendo que o objetivo de todas as nossas pregações e
discursos é sermos "zelosos para nos apresentar como uma virgem
pura a um marido, a saber, a Cristo (...) para
a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas
santa e irrepreensível; no corpo da sua carne, pela morte, para, perante ele,
vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.",
2Cor.11:2; Ef.5:27; Col.1:222; 2Tm.2:15.
Jesus
falou naquelas pessoas que pulam o muro para dentro do aprisco das
ovelhas, os quais não entram pela porta. Existem muitos que não se
limpam, não confessam um pecado e tentam arranjar doutrinas para
pular o muro, tais como "aceitar Jesus como Salvador" entre outras
tantas. Mas, do mesmo jeito que existem pessoas que pulam esse muro
para dentro, existem outros que pulam o muro para fora do aprisco
das ovelhas, pessoas essas que desanimam, ficam fartas com
saudades do mundo. O que pensar delas? Trocam vida real pela
fantasia, trocam a verdade pela mentira e dificilmente voltam ao aprisco pela porta novamente.
Se voltarem, pulam o muro.
"Mas,
qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus",
Mat.10:33. Sempre que lemos este
versículo vem-nos à mente um negar verbal de Jesus. Mas, a verdade é
que existem muitos - muitos mesmo - que negam Jesus em sua vida
prática vivendo como pessoas do mundo que não conhecem Deus. Podemos
negar Deus com nossa forma de viver, de vestir, de falar e de ser.
Além do mais, existem pessoas que verbalmente nunca negam Deus, mas,
suas vidas práticas nunca demonstram nada d'Ele. A maioria dos hipócritas
recusa negar Deus verbalmente, mas, estão duplamente mortos.
Sempre
que lemos ou interpretamos as Escrituras, devemos levar em conta
muitas coisas que, por vezes, estão escondidas aos olhos mais
doutrinados e mais obstinados num tipo de ensino. Creio que nunca
existiu uma era onde obras de santidade e pureza tivessem tanta
oposição. E essa oposição em círculos evangélicos só existe devido a
teimosias doutrinárias. No fundo, são teimosias que, à luz da
Bíblia e por serem teimosias, são tão graves quanto são todas as formas de feitiçaria e de
idolatria (1Sam.15:23). Mas, devemos saber que a graça - o poder da graça - quando
estiver verdadeiramente vivente e ativa leva a uma santidade sem
limites, na qual não existe qualquer sombra de dúvida. Por outro lado, não vemos
Deus confiar certas coisas importantes ou o conhecimento de certos acontecimentos a
qualquer um. Deus confiou o Salvador a uma virgem que era pura e
que, por essa razão, achou a graça de conceber o Salvador. Zacarias e
sua esposa "eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor",
Luc.1:6. E todos quantos foram
chamados ainda vivendo em seus pecados, tiveram de passar por um
processo de purificação e santificação antes de se poderem tornar
úteis nas mãos de Deus. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para
honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado
para toda boa obra", 2Tim.2:21.
Aconteceu com Paulo que passou sete anos nos desertos da Arábia
antes de ser tornado vaso útil nas mãos de Deus; aconteceu com todos os
apóstolos que tiveram de passar por tudo que Jesus passou. E assim
acontecerá com todos quantos se querem tornar úteis nas mãos de Deus.
Então, tenha mais cuidado sempre que pregar contra as obras como se
elas estivessem em oposição direta à fé em Cristo.
É verdade
que a Bíblia nos ensina a não nos sentarmos à mesma mesa com aqueles
que se dizem crentes e vivem dissolutamente. Mas, isso só funciona
para o arrependimento dessas pessoas se nosso testemunho for vivo,
real e verdadeiro, isto é, se for Deus a testemunhar a nosso
respeito. Caso esse testemunho não lhes seja dado por Deus, nenhum daqueles que se
desviaram da verdade real e experimental sentir-se-á separado de
Deus ao nos separarmos deles, mas, apenas de nós que, em sua
opinião, os estamos julgando.
Nunca nos podemos esquecer que isso só funciona
quando é um ato de misericórdia porque, caso não seja um ato de
misericórdia, torna-se um ato de juízo. E nós não somos o juiz de ninguém.
"Vós julgais segundo a carne, Eu a ninguém julgo",
João 8:15.
A mesma Bíblia que diz para nunca nos sentarmos na mesma mesa com
tais pessoas como uma última tentativa de os converter provocando
neles o sentimento verdadeiro de que se encontram factualmente separados de Deus,
sendo-lhes misericordiosos negando o que sentimos a seu respeito
ao queremos agradar-lhes (humanamente
falando), também fala contra os que se separam acusando os demais. Esses são os que
"dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são uma fumaça no
Meu nariz, um fogo que arde todo o dia",
Is.65:5. "Busca seu próprio desejo aquele que se
separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria",
Prov.18:1.
Também temos outra solução (outra arma), vinda de Paulo, como ministros do verdadeiro
Evangelho: "Guarda-te dele",
2Tim.4:15. Se estivermos na
presença de alguém que se diz crente, o qual vive dissolutamente,
certamente que se aperceberá que não confiamos nele - ainda que nos
sentemos na mesma mesa. Essa falta de comunhão e interacção será sentida da mesma forma que será quando nos recusarmos
sentar à mesma mesa. Existem muitas maneiras de ajudarmos aqueles
que se desviam da verdade para outro caminho. Mas, se a nossa
separação daqueles que se desviam não for um ato de misericórdia,
pode ter a certeza que lhes ficará devendo um pedido formal de perdão
pelas suas atitudes de juiz. Deve pedir-lhes perdão enquanto ainda estão
por cá. Ainda que estejam a caminho do inferno, você tem a enorme
responsabilidade de lhes pedir esse perdão enquanto ainda sejam
vivos porque, depois da sua morte, já não poderá fazê-lo. "Concilia-te
depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que
não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão",
Mat.5:25.
As pessoas
que se desviam da verdade não se desviam por causa da doutrina, mas,
para a doutrina. Desviam-se por causa do pecado, tendo a
transgressão como causa de sua separação de Deus que é a verdade.
Jesus disse que aquele que conseguir fazer a vontade de Deus - nem todos conseguem,
nem mesmo querendo, pois, conseguirão apenas usando os meios que são usados no céu (poder da graça) -
aquele que conseguir fazer saberá se a doutrina que segue ou seguia vem de Deus ou não.
Por isso, cabe-nos a nós criar aquela intimidade entre pecador e Deus,
intimidade que salva verdadeiramente, libertando, para que tudo o resto seja
composto com o decorrer do tempo. Compor ou corrigir doutrina não é a nossa obra.
A nossa obra principal é reconciliar corações com Deus, para que sejam um,
seja esse coração o nosso ou de outro. Tudo o resto é e será
corrigido durante o normal decorrer dessa intimidade continuada com
Deus. Enquanto essa intimidade decorrer tudo se vai corrigindo e
compondo neles pela instrução direta de Deus. "E a unção que vós recebestes dele fica em vós,
e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua
unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira",
1João 2:27. "Cheguemos à unidade
da fé e ao conhecimento do Filho de Deus (...) para que não sejamos
(...) levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos
homens..." Ef.4:14.
"Os Israelitas
saquearam para si, entretanto, o gado e os despojos daquela cidade, segundo a palavra do Senhor, que ordenara a Josué",
Jos.8:27. Isto aconteceu depois
da batalha de Jericó onde Acan foi desterrado por haver tomado do
anátema. Deus resolveu dar tudo aos Israelitas para contrapor ao
sucedido anteriormente, mostrando que não se tratava dos bens que
pudessem acumular, mas, da obediência a Deus. Podemos afirmar o
mesmo vendo Deus enviar todo o exército Israelita contra apenas
12.000 homens em Ai quando, anteriormente e quando foram derrotados,
os líderes haviam aconselhado a irem poucos soldados de Israel
contra a cidade. É tudo uma questão de obediência e nada mais.
Devemos aprender a obediência e não a olhar para números, posses ou
qualquer outra coisa - nem a favor e nem contra qualquer dessas
coisas.
"Porque
me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram",
João 20:29. Por que razão ou
razões as pessoas capazes de crer mesmo sem haverem visto são tão
bem-aventuradas? Isso significa que sua vida e comunhão com Cristo é
tão real que chega a ser natural; a sua realidade espiritual é tão simples e verdadeira que
vivem daquilo que são ou que se tornaram. São humildes porque são aquilo que são, isto
é, não se forçam e nem se obrigam a crer, a fazer e a entender. Sua
Vida é real, simples, verdadeira e eles não têm nada para esconder
ou inventar
vivendo sem complexos, sem métodos porque têm essa vida na
abundância prometida. Não precisam ver para crer. E se vêem alguma
coisa não se admiram e isso em nada influencia seu modo de vida e sua
existência - muito menos seus deveres diários. Sua vida continua como
sempre e, como a de Moisés, continuou vivendo o momento que se
seguia mesmo havendo passado o mar vermelho
como se nada de anormal tivesse acontecido. Bem aventurados os que crêem
dessa maneira, pois, é a Vida eterna que os sustêm. É essa Vida que
os faz crer, por essa razão é que, quem crê tem a Vida Eterna dentro
dele.
"Sobre
tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida",
Prov.4:23. Existem pessoas que
são capazes de se resguardar a respeito daquilo que falam, isto é,
tentam usar o guarda que têm nos seus lábios. Tentam controlar ou
domesticar a língua, embora nem sempre consigam porque não começaram
por guardar o seu coração. Se guardar a língua - que é indomável
quando se abstém do poder da graça e da obediência incondicional - é
tão importante, guardar nosso coração é mil vezes mais importante.
Da boca saem palavras que ferem ou curam, mas, do coração "procedem
as saídas da vida". Logo, alimentar o coração continuamente com a
Palavra de Deus, aproximarmo-nos de Deus de maneira cada vez menos
fingida e menos religiosa, sendo verdadeiros com toda a simplicidade
e sinceridade é, provavelmente, a coisa mais importante que alguma
vez podemos fazer em toda a nossa existência. A língua fala daquilo
que procede do coração.
Os Judeus
escolheram ou preferiram mandar soltar um criminoso em lugar de
Jesus, o Inocente. Preferiram inocentar um criminoso que, aos olhos
de Deus, não estava perdoado de nada. Se isto fosse simbólico teria
muito que dizer-nos nos dias de hoje. Ainda hoje os líderes
religiosos, os pastores e tantos outros que se acham na posição de
autoridade para se pronunciar sobre o perdão de pecados, inocentam
aqueles a quem Deus (ainda) não perdoou. Aconteceu comigo no início
de minha caminhada. Diziam-me que estava perdoado quando nunca havia
confessado e abandonado meus pecados, apenas porque "aceitei"
Jesus como meu salvador! Creio que o pecado daqueles que me queriam
inocentar daquilo que Deus ainda não me havia perdoado pela
libertação é maior ou igual ao daqueles que inocentaram e libertaram
Barrabás sem qualquer autoridade moral para fazê-lo.
Eliseu
pediu sal e um prato novo. Naquele tempo, estas coisas que eram
usadas não tinham significado nenhum e eram mudados conforme as
palavras dos profetas. O ideia que se queria transmitir era que não
tinha nada que ver com os utensílios usados e antes com o poder de
Deus. Era uma questão de obediência sem qualquer simbolismo nas
coisas que fossem usadas. Hoje, dá-se ênfase aos utensílios e óleos que se usam como se
algo dependesse dessas coisas para se concretizarem.
"Pois,
será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria",
Sal.1:3. Seria de esperar que
uma árvore plantada à beira de ribeiros de águas, cujas raízes estão
sempre devidamente regadas, desse fruto todo o ano. Mas, vemos que
sendo bem irrigada dá fruto somente na estação própria. Isto é, qualquer
árvore boa precisa ser irrigada quando não está no seu tempo de dar
fruto para que, assim que a sua estação chegar esteja pronta para
frutificar. Muitos buscam Deus somente no momento que precisam de
algo importante. E
isso não é e nunca foi buscar Deus. Isso é buscar aquilo que
necessitam. As virgens loucas ficaram de fora porque foram buscar
azeite no momento que deveriam estar a usá-lo. Tenhamos cuidado com
as nossas intenções quando buscamos Deus. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça,
para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno",
Heb.4:16. "E tudo quanto fizer prosperará".
Isto significa que Deus se agrada da pessoa, cujo coração é segundo
Ele. Sempre que a pessoa e o coração estejam bem ordenados, sempre
que sua comunhão com Deus esteja em dia, todo tipo de aptidão dada
por Deus é abençoada com fruto.
Nós
somos salvos pela Palavra. Mas, essa palavra precisa estar viva para
ter o poder de salvar de nosso pecado. Jesus também é - ou pode ser
para nós - a própria palavra. Mas, para isso, Ele precisa ser real para nós e estar efetivamente
(e não ficticiamente) operante em nós. Se assim não for, não pode ser nosso
salvador. Precisamos estar em plena comunhão com Ele, ter nossa
comunhão em dia, limpa, ter a palavra de cada dia viva e atual se
quisermos que essa palavra (ou Ele) atue em nossas tentações. Sejam
as tentações insistentes ou não, sejam mais ou menos descaradas,
tornam-se inúteis e parecerão coisas fracas demais para nos
importunarem caso tenhamos nossa vivência e comunhão em dia com Deus
e nossa vida limpa e bem ordenada. A nossa comunhão com Deus pode
ser medida pela força que qualquer tentação é capaz de exercer sobre
nós: quanto mais forte for, mais distantes estamos de Deus. Se
estiver chovendo, posso estar num abrigo ou na chuva. Estando no
abrigo só me molho se quiser; e se estiver à chuva só me seco se
quiser. Esse abrigo é aquela comunhão com Deus que é real e não
aquela que é forçada, fictícia ou apenas fingida.
"Na verdade, na verdade
vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas, porque comestes do pão e vos saciastes",
João 6:26. Jesus repreendeu
algumas pessoas por crerem apenas quando vissem milagres. Mas, estas
pessoas já não se preocupavam sequer em ver os milagres porque o egoísmo só
queria comer. Já não se admiravam com os milagres. É isso que as
teorias e doutrinas da prosperidade são capazes de fazer a um coração
egoísta. Podemos ver além do milagre: ou vemos Deus e aprendemos a conhecê-Lo; ou vemos aquilo que o egoísmo pede, exige ou quer.
Se o
nosso coração nos condena podemos ter a certeza que Deus também nos
condena. A condenação do coração é prova real e em primeira mão que
Deus nos condena também. Contudo, da mesma maneira que alguém sem
aquela luz de Deus é capaz de aprovar seus próprios atos e pessoa, dessa
mesma maneira alguém pode estar a condenar-se sem luz e sem Deus. É
importante saber que a condenação que conta, neste caso, é aquela em
cujo coração a luz ilumina, revela, coloca a nu e mostra
verdadeiramente.
A confiança
em Jesus durante, antes e depois da oração depende muito se nosso
coração nos condena ou se nos defende/aprova, isto é, se nossa consciência
nos defende ou se nos acusa. Contudo, sabendo (conhecendo,
experimentando) que Deus nos ouve não é o mesmo que experimentar a
resposta. Devemos saber (conhecer, aperceber, experimentar, ouvir)
quando somos atendidos e não apenas ouvidos. A resposta à oração é o
cerne da questão e nunca a oração. Oração sem resposta não é, nunca
foi e nunca
será a verdadeira oração que Jesus e a Bíblia ensina ou ensinou.
A reconciliação
com Deus é, para os humanos, algo pouco entendido e muito mal
explicado. Por norma, olham para Deus como se Ele fosse humano ou se
lida com Ele como se lidaria com um qualquer humano. Com os humanos,
nós conversamos e esclarecemos as coisas que nos separam, fica tudo
resolvido e vai cada um para o seu canto. No fundo, aquilo que o
homem tem é o
desejo de poder agradar a Deus da mesma forma que se agradaria a um
qualquer homem. "Fareis aceitação da sua pessoa?",
Jó 13:8. Como Deus nos faz
voltar àquela comunhão com Ele íntima e profunda - mais profunda que
os próprios pensamentos do homem - a reconciliação com Ele tem muito
a ver com isso. Para as pessoas se darem bem não precisam apenas
entenderem-se, mas, precisam ser iguais ou compatíveis. "Andarão
dois juntos se não estiverem de acordo?",
Amos 3:3. A verdadeira reconciliação é uma de obter
coração igual, valores iguais, o uso do mesmo poder da graça (saber
usá-lo) e ser
em tudo e sob qualquer circunstância integralmente compatível com
Deus em todas as Suas movimentações interiores. Isso é a verdadeira
conciliação com Deus: sermos um com Ele em tudo e em todas as
circunstâncias.
"Tu, pois, sofre a tua vergonha, tu que julgaste a tuas irmãs,
te fizeste mais abomináveis
do que elas pelos teus pecados; mais justas são do que tu; envergonha-te logo também e sofre a tua vergonha, pois,
justificaste a tuas irmãs",
Ez.16:52. As irmãs de quem Deus
estava falando aqui eram Sodoma, Gomorra e Samaria. É triste saber
que até mesmo Sodoma se tornava justificada quando comparada com o
povo de Deus em seus pecados. Ainda hoje isso acontece. Os pecados da
Igreja 'justificam' os ímpios, tornando-os mais justos que a própria
igreja. Já vi isso acontecer com meus próprios olhos.
"Vós
maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco
(...) para que não sejam impedidas as vossas orações",
1Ped.3:7. Esta palavra
"impedidas" tem um significado mais vasto que aquele que possamos
imaginar. No original significaria mais ou menos isto: "para que as
vossas orações não sejam frustradas". Todos nós sabemos o que
significa frustração. Essa frustração pode surgir de muitas
maneiras. Impedir que as orações sejam ouvidas é só uma dessas maneiras.
Se alguma pessoa insistir na oração recusando endireitar seus
caminhos, poderá chegar a um ponto onde Deus dá o oposto daquilo que
pede ou, então, dar algo que retira logo de seguida antes que possa
ser usado ou gozado, como aconteceu com Jonas na questão da planta
que nasceu e morreu no mesmo dia, Jon.4:6. Isso traria uma frustração ainda maior. Muitos preferem
insistir na mesma oração e na mesma melodia murmuradora do que lerem
os sinais em suas vidas para entenderem que precisam pedir perdão e mudarem seus
caminhos, modos, atitudes ou forma de falar. Se Deus não é surdo, as
razões de não sermos atendidos podem ser outras e podem ter outras causas.
Também devemos saber que este princípio sobre a frustração não se destina apenas
aos maridos, mas, entenda-se que se aplica a todos. Pode acontecer
a uma esposa, a uma mãe, a um pai, a um filho, a um professor, a um
irmão, a um empregado ou até mesmo a um patrão.
Davi
tentou usar a armadura de Saul para enfrentar o gigante Golias. Logo
percebeu que não podia usar a armadura doutra pessoa. Não é isso que
acontece com muitos crentes hoje? Perante um problema deixam de ser
eles próprios diante de Deus e tentam passar por outra pessoa, com a
'fé' de outro, com os métodos de outro ou tentando mesmo passar
por outra pessoa. "E alguns (...) tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham
espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega",
At.19:13. A imitação nunca deu
certo e nunca resolveu nada. A imitação é e será sempre uma mentira
que tem pernas curtas. Na vida prática, será sempre negada por Deus.
Quem não é ele próprio diante de Deus, não é alguém diante dele - é
um simples ninguém.
"Caifás
que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém
que um homem morra pelo povo e que não pereça toda a nação",
João 11:49,50. É interessante ver
que Deus não deixou de falar por Caifás, da mesma maneira que não
deixou de falar a Ana pela boca de Eli. Eram ambos sacerdotes
instituídos por Deus, mas, destituídos da glória d'Ele. Contudo, Deus exerceu
o seu direito/dever de falar por serem legítimos líderes instituídos
por Deus.
"Já
vo-lo tenho dito e não o credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim",
João 10:25. Não me lembro de nenhuma
ocasião onde Jesus tenha dito ser o Messias exceto quando falou com
a mulher Samaritana. Contudo, Ele afirmou
que já o tinha dito (e não se referia a essa ocasião da mulher
Samaritana); e explicou que eram as Suas obras em nome do Pai
que atestavam e diziam isso. Podemos não crer ou não
querer crer, mas, o fato é que as obras alcançadas em nome do Pai
falam e respondem a muitas das nossas dúvidas. Só não espere que correspondam
às suas dúvidas, pois, elas apenas respondem. E se responderem deixe
de pedir palavras para aquilo que já sabe e já é claro. Por outro lado,
existem muitas questões que não são respondidas nos dias de hoje e,
também, muitas dúvidas, porque não vemos as obras de Deus
acontecerem conforme prometido.
Li
algo assim estes dias: Foi dito que Deus falou com a terra quando
fez as árvores e plantas; e que falou com o mar e as águas quando
fez os peixes. Mas, quando fez o homem falou com Ele mesmo: "E disse
Deus, Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança",
Gen.1:26.
Assim, nenhuma planta ou árvore sobrevive fora da terra e nenhum
peixe sobrevive fora da água. Do mesmo modo, o homem não é e nunca
será vivente caso não tenha um relacionamento profundo, íntimo,
exclusivo e pessoal com Deus.
Existem
alguns motivos pelos quais muitas pessoas examinam seus corações ou, devo dizer, muitas
coisas que as fazem ou as levam a examinar seus corações. Algumas dessas coisas não são motivadas
pela santidade, mas, pelo sentimento de perda. Por exemplo, se meu filho sofre, ou meu relacionamento com
alguém querido é atingido por uma flecha dolorosa, ou qualquer coisa querida ou próxima de mim sofre,
minha mente humana é sempre levada a acreditar que pode ser por minha culpa ou por causa de mim. É assim
que funciona a mente humana. Até os discípulos tiveram essa ideia (antes do Pentecostes) e perguntaram
a Jesus: "Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?" É por isso que muitas
vítimas ficam cada vez mais sujeitas a quem as vitimiza. As pessoas têm essa ideia de que todo tipo de
sofrimento ou mágoa é um castigo por alguma coisa. E porque as pessoas desejam tanto algo, elas
analisam
seus corações imediatamente - ou mesmo espontaneamente. Não é errado examinar seu coração, especialmente se
isso for feito sob a luz de Deus. A parte errada é terminar com conclusões erradas e
dar um
veredicto final que não está de acordo com a verdade. Muitos preferem presumir que a culpa é deles - mesmo
quando sabem que não é verdade. Eles farão isso para evitar ferir um relacionamento ou para evitar brigas,
para agradar as pessoas ou até mesmo para evitar perder algo que lhes é
querido. A mente está concebida ou
determinada a não ferir mais ou destruir algo querido para eles ou mesmo querido para Deus. Evitará
culpar outra pessoa para evitar um mau ambiente ou para evitar destruir um relacionamento ou algo
importante.
Não é errado desejar ou mesmo ter um relacionamento saudável, um ambiente sólido ou mesmo estar saudável e bem.
O errado é tentar construí-lo, mas, não por via da verdade. Só a verdade pode libertar, construir, manter tudo o que é
bom e querido para nós, para Deus ou qualquer outra pessoa. Mesmo quando a verdade dói agora, é uma base sólida para um
bom futuro próximo e
distante. Mais cedo ou mais tarde dará bons frutos. Além disso, não é preciso
ferir outra pessoa, culpar ou mesmo acusar
quando não é nossa culpa. Basta, apenas, resumir-nos e
sujeitarmo-nos àquilo que é verdade. Conhecer a verdade é
fundamental seja para o que for.
"Não
to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares",
Jos.1:9. O fato de Josué ter
visto tantos milagres e tantos feitos grandiosos de Deus e de os haver
presenciado na primeira pessoa não mudou o interior do seu coração.
Não há milagre que tenha a capacidade de mudar alguém.
Mudou a sua visão sobre Deus, mas, não modificou quem ele era. Ele
era ou ainda seria pessoa que se pasmava com uma obra grandiosa, que
temia aquilo que não devia ser temido na presença de Deus. Logo, a
sua transformação seria operada pelo seu esforço na presença de
Deus. Quem alcança o poder da graça deve e pode esforçar-se, pois,
não errará. É da nossa responsabilidade a criação desse coração novo em nós.
"Criai em vós um coração novo e um espírito novo",
Ez.18:31. Este coração deve
chegar ao ponto de
conviver com um Deus grandioso como se nunca tivesse vivido doutra
maneira.
Nunca
se esqueça de que o nosso pão de cada dia deve ser diário, contínuo. Não negligencie a palavra ou palavras
de Deus ou você ficará enfraquecido contra a tentação ou quando
estiver sob alguma pressão; sua luz ficará fraca quando
você precisar ter uma visão completa; seus tempos de reação ou mesmo
tempo de ação será temerário, fora de tempo ou mesmo
adormecido e não será uma obediência simples, espontânea e vitoriosa. E, na falta de uma palavra viva, as dúvidas surgirão e
o
"bom ânimo" se tornará em desespero ou algo semelhante. "Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena",
Prov.24:10. E sabemos que a
nossa força será pequena sempre que não nos alimentamos
convenientemente. Nosso pão é
algo que Deus diz ou nos revela pessoalmente a partir das palavras
das Escrituras. Você também precisa disso e não apenas
do que Deus mostrou aos outros, por mais importantes ou bem-sucedidos que tenham sido
nos seus ministérios.
Quando
um homem de fé alcança qualquer promessa da parte de Deus, todos
gostam de colocar ênfase no homem que creu e não na fidelidade de
Deus. O exemplo do homem é mais badalado que a fidelidade de Deus. E
isso não é e nunca será bom. Existe uma pressão enorme para nos
tornarmos exemplos - ou exemplares - a ponto de nos tornarmos reféns
das opiniões dos homens a nosso respeito. Isso são ataduras e nada
tem a ver com a liberdade que Cristo nos dá. Ninguém pode querer
brilhar às custas de Deus. A atitude de quem é soberanamente usado
por Deus tem uma enorme influência sobre a direção dos olhares de
todos aqueles que presenciam a obra alcançada. Quando Jesus fazia uma
obra, o louvor das pessoas a Deus era imediato e espontâneo."E logo
viu e seguia-o, glorificando
a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus",
Luc.18:43. Tudo depende da
atitude e da sinceridade de quem Deus usa a esse respeito. "Certamente, vos repreenderá, se em oculto fizerdes distinção de pessoas
(distingui-las, elevá-las)", Jó 13:10.
Não
existe obediência se não soubermos quais as intenções e alvos que
Deus pretende alcançar. Falar em obediência quando não se sabe qual
a finalidade o o alcance das palavras de Deus é uma utopia. Por
exemplo: Jesus curou os dez leprosos dizendo-lhes para se irem
mostrar aos sacerdotes. Assim que se viraram para irem ter com os
sacerdotes, ficaram curados. Essa era a finalidade e não que se
fossem mostrar aos sacerdotes naquele momento. Um deles voltou e não se foi mostrar
aos sacerdotes. Desobedeceu voltando para glorificar Deus?
Esse estrangeiro 'desobediente' foi o único que foi louvado por
Jesus. Não ficaram curados quando se mostraram aos sacerdotes, mas,
quando se viraram para ir. Poderiam ir mostrar-se depois, sendo que
a finalidade das palavras de Jesus era que dessem aquele passo de fé
que os levou à cura. Foi um passo ousado a mando duma palavra de
Jesus. Eles só se podiam mostrar aos sacerdotes estando
completamente curados. A verdade é que, antes de se virarem e quando
Jesus mandou ainda não estavam curados. Só quando se viraram é que
ficaram curados. O alvo é que obedecessem e não que se mostrassem
aos sacerdotes.
Quando
existe uma disputa doutrinária entre crentes ou qualquer outra
disputa onde se criam dois lados em vez duma união, escolher um dos
lados é entrar nessa disputa.
As pessoas
nascem como uma habilidade nata para imitar e assimilar. É assim que
as crianças aprendem as coisas. Contudo, todos aqueles que já têm
uma personalidade formada precisam separar-se das suas respectivas
cápsulas, como se de um vaivém se tratasse. "Acabemos com as coisas
de menino", 1Cor.13:11. Por que
razão? Porque, o interior da criança consegue transformar aquilo que
aprende em coisa do coração pela assimilação. Um adulto com sua
personalidade já formada torna-se um hipócrita se não abdicar da sua
cápsula de lançamento. Assim que, as coisas de Deus precisam ser
operadas pelo lado interior de cada homem, tornando-o uma nova
natureza pela qual deve cingir-se e ser guiado. Deus guia uma nova
criatura e nunca uma criatura qualquer. Ele ensina uma nova criatura. Ora, essa nova
natureza só é gerada pela íntima aproximação do Criador à criatura
pelo Seu Espírito. E essa natureza só pode ser mantida, guiada e
usada numa plenitude do Espírito Santo a ponto de Ele conseguir habitar permanentemente nessa
criatura. Caso isso não aconteça, a criatura "crente" irá tornar-se
um obstáculo ao verdadeiro Evangelho porque o mundo consegue
enxergar um crente hipócrita à distância - algo que outros crentes iguais não
enxergam por serem iguais. Os iguais não se enxergam - colam-se. Da
mesma maneira que um imitador ou hipócrita é facilmente detectado
pelos demais, dessa mesma maneira um crente fingido enxerga
facilmente os pecados dos demais e julga-os. Esse crente julga
porque tem aqueles pecados que vê nos outros, seja em que forma for
que os têm. Então,
aqui temos algo que podemos afirmar: a pessoa do mundo será sempre o
primeiro a enxergar um crente hipócrita; e o crente cuja natureza é
uma imitação da nova enxergará e julgará qualquer pessoa do mundo por ter os
mesmos pecados que o mundo, os quais enxerga nos outros por ser
crente mundano. "Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida",
1Tim.1:5.
Aprendi
ao longo da vida que devemos ter vida ao invés de aprender um estilo
de vida; que devemos seguir o Senhor ao invés de seguir um modo de
vida de forma cultural. É muito fácil aprender a dar os passos que
outros dão, de assimilar modos e comportamentos. Contudo, é muito
diferente termos vida e andar em conformidade com essa vida. Andar
conforme a vida, conforme a luz (a luz é a vida interior eterna e
constante em nós), andar e caminhar segundo aquilo que somos ou em
que nos transformamos por uma obra de Deus verdadeira e real (não
fictícia e verdadeiramente consolidada e efetuada dentro de nós) é muito distinto de termos modos e aptidões culturais
aprendidas ao longo dos anos de convívio com a espécie santa. Hoje,
admiro-me muito quando as pessoas afirmam que são ensinados pelo
Espírito quando não alcançaram a vida de plenitude que Deus
prometeu. "Estes são sensuais, que não têm o Espírito",
Jud.1:19.
"Porque
nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou também
reconheceis", 2Cor.1:13.
Nós apenas podemos reconhecer aquilo que já conhecemos. Isto
significa que a Palavra de Deus, a verdade é confirmada no íntimo
dos sinceros e daqueles que ouvem. Existe um reconhecimento, uma
concordância no interior dos sinceros acerca de qualquer palavra
que, por alguma razão, esteja adormecida, esquecida ou desprovida da
devida atenção dentro de nós. Se podemos reconhecer alguma palavra
vinda da parte de Deus, é porque essa palavra, antes de ser ouvida,
já estava muito perto de nós - em nosso coração. Logo, é necessário
haver uma dureza no coração, um resistência infernal e deliberada
para alguém poder negar uma palavra que é reconhecida em seu
próprio íntimo. É muito triste quando "a suprema sabedoria altissonantemente clama de fora",
Prov.1:20. Esta sabedoria deve clamar pelo lado de
dentro. Quando clama do lado de fora, algo está terrivelmente
errado em nós.
"Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem as palavras da prudência",
Prov.1:2. Existem traduções que,
por falta de palavras similares no idioma para o qual é traduzido,
não podem explicar toda a extensão do significado de certas expressões, tendo nós
de usar outras frases que expliquem melhor, em nosso próprio idioma, o original. Este
versículo deve ser entendido mais ou menos da seguinte forma: "Para
se conhecer a sabedoria=(ganhar habilidade, saber executar, saber
praticar, tornar prático e simples) e a instrução=(castigo,
repreensão, aviso, correção); para se entenderem as palavras da
prudência=(do conhecimento, do saber, do entendimento, a explicação
da prática)". Em primeiro
lugar, é necessário aprender, ou mesmo reaprender, a vida prática da
santidade, sabendo andar num mundo perverso como se estivéssemos
vivendo e andando no céu, isto é, aqui na terra como no céu. E não
se deve tentar andar nessa vida sem Deus. A caminhada deve ser com
Ele, sendo que sempre nos acostumamos a andar sozinhos, fazer
sozinhos, decidir sozinhos e a fazer para nós próprios. Mas, agora,
além da santidade, tudo necessita ser feito com Deus, através d'Ele,
para Ele. Deus
nunca andará com alguém que não anda - nem pode andar - e cuja vida
com Deus não se torna prática. Saber andar na luz é o primeiro passo para o
entendimento das coisas, isto é, da percepção da verdade. Na vida
com Deus, devemos andar com Ele e não estarmos parados numa
encruzilhada de pensamentos e conhecimentos. Caminharmos é o que se
pede para podermos entender as coisas. Não é o inverso, isto é,
muitos querem saber para andar. E nada na caminhada para o alto
monte funciona dessa maneira. Se saber das coisas
fosse suficiente para caminharmos, significa que não necessitaríamos
que Deus andasse conosco sendo que conseguiríamos fazer tudo
sozinhos, bastando para isso sabermos como funcionam as coisas. E a carne não é
capaz de caminhar ou andar no Espírito sendo que a carne e o Espírito
são e serão sempre incompatíveis, existindo inimizade eterna entre
ambos. Deus nunca permitirá que a carne
opere no Templo d'Ele. Esse templo é você. Em segundo lugar, quando somos repreendidos,
avisados, corrigidos (quando recebemos instrução) torna-se
necessário entender e conhecer o padrão de Deus conosco de forma
individual e pessoal. Torna-se necessário entender e apreender por
que razão ou razões somos repreendidos, avisados ou instruídos e de
que forma.
Dessa maneira, podemos tentar cooperar com Deus em um mesmo sentido,
tornando-nos cooperadores de Cristo, evitando, assim, sermos Seus
opositores sem nos darmos conta disso. Sabendo disso, podemos cooperar
com Deus aceitando alegres e de coração todo e qualquer tipo de
correção. Contudo, levemos em conta que Deus corrige uma vida e não um conhecimento. O
conhecimento chegará por via duma vida prática. "Se alguém fizer
(de forma prática) a vontade d'Ele, pela mesma doutrina, conhecerá
(saberá)..." João 7:17.
Após conseguirmos tornar prática a vida de/com Deus, entenderemos as
coisas. E o caminhar com Deus de forma prática e real só se torna
possível andando em compatibilidade e uníssono com Deus e Seu
Espírito de forma igualmente real (algo que impedirá que a carne opere seja em
que sentido for). "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?"
Amos 3:3. E, por último, "para
entender as palavras da prudência (do conhecimento, do saber, do
entendimento)". O conhecimento de Deus tem uma linguagem própria,
tem uma maneira de falar e de se expressar que precisa ser aprendida
e entendida. Mas, tudo isso só se torna possível quando nossa vida
COM DEUS se torna prática. O verdadeiro conhecimento só é possível num
pós-prática. O entendimento vem após ou com a prática.
Quando a carne opera, o conhecimento chega antes e a carne consegue
transpor ou transformar em prática hipócrita aquilo que aprende. Mas, as
coisas de Deus funcionam de forma inversa. Primeiro vem a
aprendizagem prática com nascente no coração ou, no mínimo a vontade incontrolável de tornar
prática a vida eterna e constante que Deus nos tem dado do lado de
dentro.
"E creram
todos quantos estavam ordenados para a vida eterna",
At.13:48. Não é nada bom aceitar
certos conceitos, doutrinas ou ensinos atuais nas igrejas ainda que
sejam verdadeiros e infalíveis. Questionar e permitir que a
verdade fale por ela é tão necessário que não se pode avaliar o
valor de tal necessidade. Quando confrontamos uma verdade, essa
mesma verdade passa a confrontar-nos a nós. Se confrontarmos uma
mentira, a verdade irá resplandecer. Este versículo acima tem um
significado muito distinto daquele que transparece à primeira vista,
o qual não se torna claro e evidente a menos que o "confrontemos" de
maneira sóbria e objetiva.
Na verdade, não tem nada a ver com a doutrina da predestinação, como
muitos desejariam. No original, a palavra ordenados significa
preparados, postos em ordem, prontos ou na posição correta. Os bebés, para
nascerem, precisam estar na posição correta. Neste caso, poderíamos
dizer que estavam bem "ordenados" para nascer, isto é, em ordem e
na
posição de saírem para verem a luz. Que estavam destinados a nascer já todos
sabiam desde os primeiros momentos que a gravidez se tornou
perceptível. Mas, só podiam nascer estando na posição correta. É
disto que se fala neste versículo. "Àquele que bem ordena o seu caminho,
Eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23.
Se o sexo
fosse mesmo uma necessidade incontornável (biologicamente falando),
então, todos estariam sujeitos aos problemas que todo pervertido
enfrenta. Contudo, o sexo é somente aquilo que é e nada mais. Não dá e
nunca pode dar aquilo que a mentira diz que dá. Também faz acreditar e agir como
se uma mulher ou um homem fossem um objeto e não uma pessoa, um objeto feito para
o prazer.
Qualquer mulher ou homem é o seu próximo e deve ser visto como uma pessoa feita cuidadosamente
pelas mãos de Deus para glória dele e não para uso humano. Você não pode tratar
uma pessoa como uma coisa. E é isso que o sexo promíscuo obriga a fazer
e pensar para agir em conformidade. Esse tipo de sexo é uma ilusão e não
dá a ninguém mais do que a porção
para a qual foi criado. Não pode dar. É limitado àquilo que realmente é. Além disso, os impulsos e as tentações sobre 'sexo' (sexo mentiroso)
usam as circunstâncias para prender ainda mais e melhor. Usa decepções, tristezas, sentimentos de entedio,
cansaço, insônia, solidão, insatisfação com qualquer coisa como
sentimentos de culpa, aborrecimentos e muitas
coisas que tomam conta de sua mente com alguma força e insistência para levá-lo à transgressão.
Usa qualquer tipo de tensão mórbida para surgir em sua mente usando argumentos contra os
quais você não vai argumentar devido à vulnerabilidade do momento pelo qual está passando. Faz
de si o seu próprio objeto também. Um objeto é um escravo. Ele trata-o conforme
lhe apetece manipulando ou usando qualquer circunstância para atender aos seus apetites, controlando totalmente sua mente e seus
pensamentos. Também cria uma mentalidade, uma forma de pensar e acreditar, uma cultura, um
edifício o qual você começa a acreditar não ter saída e do qual não ter
como escapar crendo não ser possível outra maneira de viver ou que
não há nada melhor fora dessa mentalidade. Os hábitos dominam e manipulam sua mente e,
consequentemente, suas ações, como bem desejam dentro desse tipo de cultura
mental. Podem ser
drogas, sexo, homossexualidade ou o que quer que esteja à mão e incomode
a consciência até que a consciência desista de acusar. A homossexualidade
é o que é porque a pessoa cede a ela e começa a acreditar que é assim que ela é
de nascença. E é uma mentira
da qual você pode escapar. E esse tipo de escravidão tem meios de fazer acreditar que é
uma situação crónica da qual ninguém consegue escapar.
E não é verdade - não pode ser verdade com Deus por perto e a verdade sobre isso por perto
também.
"Se alguém
me serve, siga-me; e, onde eu estiver, ali estará também o meu servo"
João 12:26. Por norma, todo
Cristão mediano, deseja o inverso disto e assim ora sem se dar
conta de estar desviado da essência do Evangelho. Ele pede para Deus
estar onde ele está quando Cristo diz que o servo deve estar onde
Jesus está. É o homem quem deve seguir Cristo e nunca o inverso.
"Na verdade,
na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna",
João 6:47. Crer em Jesus é muito
distinto daquilo que se acredita ser crer n'Ele. Crer n'Ele é
violento para carne - muito violento. A fé verdadeira extermina a
carne. Na verdade, crer n'Ele é
sinónimo de conviver com Ele, amá-Lo, segui-Lo e tudo mais que isso
pode acarretar para toda a nossa experiência diária e contínua. Não
é possível crer n'Ele da forma que devemos, vivendo a vida da carne.
É necessário termos a vida eterna e vivermos somente dela para conseguirmos crer n'Ele da
maneira que deve ser vivida uma vida de fé. Logo, somente aqueles
que já têm essa Vida Eterna ativa neles conseguem crer em Jesus.
Crer assim, por essa via, não é aquela forma de crer que o diabo também tem de crer em
Deus.
"Porque
nada podemos contra a verdade, senão pela verdade",
2Cor.13:8. Muitas vezes, a verdade
(a realidade das coisas)
é sobre os nossos pecados - se os mantemos secretos, escondidos ou
camuflados. Logo, a verdade da salvação (aquela que salva
verdadeiramente) será contra essa verdade (realidade) dos pecados
existentes, salvando todo
pecador de qualquer um de seus pecados, tal como da força desses
pecados, expondo tudo. Estando na luz e cada pecado sendo minuciosamente confessado, somem os pecados
juntamente com a sua força - força essa que é a sua associação à
tentação. O pecado obtém seu poder mantendo-se nas trevas, escondido e
disfarçado na escuridão. Na escuridão nada é totalmente visível e na
luz fica tudo exposto. Nas trevas, todas as coisas são invisíveis ou
apenas parcialmente visíveis. A força da tentação depende muito do quanto desejamos
manter qualquer pecado ou tentação secretos, escondidos, camuflados ou
disfarçados, enganando-nos a nós mesmos e aos demais. Pecado que seja colocado na
luz (na visibilidade) torna-se inerte e perde toda a sua força. Essa é a
principal razão para a confissão sincera, total e totalmente transparente
de cada pecado, seja
diante de quem for. É por essa razão que João afirma que quem anda
na luz é purificado. Andar na luz é ser integralmente transparente. "Se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão
(...) e Jesus Cristo nos purifica de todo pecado",
1João 1:7. Essa purificação é
tornar todo pecado inerte e, eventualmente, morto por via da
exposição. A purificação é
sinónimo da morte do pecado. E o pecado só morre
sendo colocando na luz para ser exterminado de vez e eficazmente, seja
ele de que tamanho for ou tenha a força que tiver. E, também,
somente pela exposição na visibilidade o velho homem morre
(crucificado com Cristo). E somente esses mortos são considerados
justificados. "Porque aquele que está morto está justificado do pecado",
Rom.6:7. É contra essa
verdade (dos fatos) que a verdade opera. Somente ela, a Verdade
(transparência, realidade de Cristo, sinceridade na luz e na
exposição sendo exposta por Cristo de forma real e verdadeira), é
eficaz contra a realidade do pecado. E nada podemos
contra a força e o poder desses fatos e dessa verdade que nos
atormenta - se nos atormenta verdadeiramente - a não ser pela Verdade.
Podemos tentar tirar a força de qualquer pecado qualquer de outra
maneira, mas, a experiência dirá que tanto a tentação quanto o
pecado em si obtêm cada vez mais força se não forem expostos, chegando mesmo a fazer crer que
são indestrutíveis. E isso é real sempre que se mantém qualquer parte de
suas raízes
nas trevas; mas, é mentira pelo confronto da Verdade e sangue de Cristo, pois, na
luz, destrói-se e desintegra-se qualquer tipo de pecado. "Senão pela
verdade". Se não for "pela verdade" que confrontamos a nossa
essência e a do pecado, tudo é em vão. A não ser que a verdade dos fatos seja exposta pela
verdade abençoada do sangue de Jesus - que significa perdão e,
consequentemente, purificação total (tornando puro) - nada podemos fazer.
Ainda que creiamos que conseguiremos, será em vão. Ninguém poderá
chegar-se ou aconchegar-se ao Pai doutra maneira. Somente pela via
da verdade. "Eu sou a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por
mim", João 14:6.
"Se
andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os
outros", 1João 1:7. Não
existe e nunca existirá verdadeira comunhão entre seres a não ser
por via duma transparência real, total, verdadeira como única forma
de vida. Estar ma luz, integralmente expostos, é a única forma de
obtermos uma comunhão verdadeira entre irmãos.
"Em Jerusalém
há, próximo à Porta das Ovelhas, um tanque (...) Nestes jazia grande multidão de enfermos
(...) Um anjo descia em certo tempo ao tanque e agitava a água; e o primeiro que ali descia,
depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse",
João 5:2-4. Deus nunca deixou
Israel sem o conhecimento de Deus. Podemos perguntar por que razão
somente um se curava e, se levarmos em conta que este tanque era
real e existia, dificilmente deixaremos de fazer essa pergunta. Isso
acontecia porque havia um bem maior ao qual era necessário dar
ênfase: a existência de Deus e Seu cuidado em atrair a atenção para
a salvação da alma sendo que, curados ou não, todos acabariam por
perecer mais dia menos dia. Logo, era necessário que ninguém se
esquecesse que Deus era real, existia e era poderoso até para curar.
Este tanque servia, apenas, como uma chamada de atenção à Sua
existência e nada mais. Por muito que nos custe, devemos levar em
conta que Deus tem pensamentos mais altos que os nossos e que as
necessidades físicas são futilidades se as compararmos com o bem
maior. E foi por essa mesma razão que apenas um dos muitos enfermos
foi curado por Jesus: para colocar a atenção e o ênfase sobre Jesus.
"Porque
te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás",
João 1:50. Parece haver um certo
tom de repreensão nestas palavras de Jesus. Os crentes, por vezes,
impedem, com sua admiração e por via de conclusões rápidas, uma
convicção mais profunda contentando-se com a primeira revelação que
lhes surge. E ainda mais quando a pessoa é alguém em quem não há
dolo, como era o caso de Natanael. Devemos e podemos alegrar-nos com
as primícias das revelações de Jesus à nossa alma. Contudo, devemos
recusar o ideia de que não existe algo maior ou que, havendo
recebido alguma coisa, não temos que ir de graça em graça e de fé em
fé. Uma coisa
levará à outra, um passo ao outro. Deixemos as conclusões para o
fim.
José,
como escravo de Potifar, tinha tudo em sua mão, andava livre,
cuidava de tudo que pertencia a Potifar. A pergunta que surge é: por
que razão - ou razões - José não usou as oportunidades que teve para
fugir e voltar à sua terra de origem e para seu pai sendo que andava
livre e tinha esse poder em sua mão? Depois, vemos
José como dono e senhor do Egipto. Não poderia ter enviado alguém buscar seu
pai e restante família? O que o impediu? É preciso andar com Deus em
intimidade exclusiva para se ter a verdadeira noção de quando é
tempo de fazer ou de quando não é. Não podemos ouvir o
coração, mas, a Deus. Devemos ser "destros na ciência dos tempos, para saber o que
(se deve) fazer", 1Cron.12:32.
Este dom profético permite que nunca nos adiantemos e nem nos
atrasemos acerca de nada. Ora, se José tinha tudo em suas mãos para
sair dos "tempos de Deus" e não saiu, antes, tranquilizou-se.
Imagine o quanto é mais fácil estarmos tranquilos sempre que nada
podemos mudar e nada podemos fazer - se vivemos, realmente, em Sua
presença. É por isso que se torna muito mais difícil sempre que não
nos falta nada, pois, mesmo que não nos prostituamos com aquilo que
temos de sobra podemos sair da vontade de Deus sem nos darmos conta.
"Vede
como ouvis", Luc.8:18. É preciso ver que existem
formas de ouvir que não são salvadoras, isto é, a forma de ouvirmos
aquilo que pode salvar verdadeiramente pode impedir que sejamos
salvos de algum pecado. Ouvir e entender para pregar para os
outros é uma das formas de ouvir mal. Se estamos entendendo aquilo que ouvimos, a
palavra está sendo dirigida a nós e não aos outros. Ouvir para tirar
proveito material usando a palavra de Deus é ter um ouvido do
inferno e não do céu. Ouvir dessa maneira não é fazer da maneira que
se faz no céu e, aqui na terra, tudo deve ser feito da maneira que
todas as coisas são feitas no céu.
"O Senhor
estava com José e foi varão próspero",
Gen.39:2. Em que sentido é que José era próspero? Era
escravo; não recebia salário; tinha somente o que comer e onde
dormir; não tinha horário de trabalho; não tinha casa própria;
duvido que a cama onde dormia fosse sua; não era dono da sua vida;
não tinha o que queria; vivia longe da família; era desprezado entre
os Egípcios por ser hebreu, além de ser escravo. Então, em que
consistia a sua prosperidade? O que é que se destacava tanto assim
nele? Ele não era somente próspero em seu tipo de prosperidade, mas, essa prosperidade era
visível e apetecível para todos quantos conviviam com ele. Até mesmo
preso dentro da masmorra prosperava. De que forma podia prosperar num
cárcere daqueles? Deus
estava com ele. Tudo que tocava era abençoado, ainda que nada
daquilo em que tocasse fosse seu e muito menos para seu próprio
proveito. É necessário que todos quantos somos ricos ou pobres,
saudáveis ou enfermos, ovelhas ou pastores, tenhamos plena
consciência em que consiste a verdadeira prosperidade. Você deseja
ser visto ou deseja estar sob esta prosperidade de Deus de forma
visível? Você deseja um carro novo ou deseja que Deus se torne seu
companheiro visível e inequívoco enquanto anda descalço na rua ou
sobrevive de seu trabalho honesto? Deseja mostrar sua casa aos
amigos ou deseja que Deus dê o Seu testemunho a respeito do seu
caminhar, no seu falar e pensar? Quem se senta na poltrona da sua
vida? Quem é visto em sua vida?
Sabemos
o quão importante é qualquer testemunho de vida, principalmente para
os descendentes e arredores. Mas, normalmente, toda a ênfase é
colocada sobre aquilo que o homem é, pode ser, demonstra em forma de
virtuosismo ou aparência direta. Reconheço que isso é deveras
importante como exemplo. Mas, devemos saber distinguir entre exemplo
e testemunho. Aquilo que nossos filhos irão recordar e tentar
alcançar é o testemunho evidente de como Deus esteve conosco de
forma inequívoca. Se Deus realmente agiu, evidenciou-se,
manifestou-se, abençoou, tornou-se visível e real por causa da vida
de alguém, se ouviu nossas orações publicamente, podemos considerar isso como testemunho e evidência. Os
filhos dirão: Se Deus ajudou meu pai (mãe) daquela maneira,
certamente que pode fazer o mesmo comigo". "Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo",
Gen.26:28. Esse é e será sempre
um verdadeiro testemunho e não aquele que coloca o ênfase sobre a
conduta ou a mensagem de alguém. A conduta dá testemunho da própria
pessoa e é importante, mas, apenas como exemplo. O exemplo pode
afastar ou aproximar alguém do evangelho, mas, precisamos dar
(evidenciar) verdadeiro testemunho de Deus, sendo Ele próprio a
dá-lo. "...Testificando também Deus com eles",
Heb.2:4.
Esse testemunho atrairá até aqueles cuja face se opõe ao exemplo que
presencia. E o testemunho ocorre, apenas, com a proximidade d'Ele.
Se nos negar, não teremos esse testemunho. "Todos dão testemunho de Demétrio, até a mesma
Verdade (o próprio Jesus que é a Verdade)",
3 João 1:12. Uma coisa é aquilo que exalta e elogia o
homem. Outra coisa é aquilo que cria reverência a Deus. Se não for
Deus a dar o testemunho, não será reverenciado.
"No monte
do Senhor se proverá", Gen.22:14.
Muitos clamam pelas providências de Deus e, muitos outros, reclamam
porque essas providências não lhes chegam ou não lhes chegam a
tempo. Este monte do Senhor é alto e sublime e é necessário que se
suba a ele porque será lá que Deus proverá. "Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo?
Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade",
Sal.24:3,4. Se formos levar à
letra toda
a verdadeira palavra vinda de Deus, podemos acreditar que
somente os que sobem a esse monte podem esperar (ter a esperança
viva) de que Deus proverá havendo confiado n'Ele. Os outros serão
negados por Ele, certamente. Ao serem negados devem entender que não
conseguiram subir ao monte da santidade e, por essa razão, são
negados e sê-lo-ão sempre que confiarem em Deus para tal.
"No monte
do Senhor se proverá", Gen.22:14.
Outra coisa que Deus proverá em Seu monte santo (quando lá
chegamos) é a proteção das meninas de Seu olho. "Criará o Senhor, sobre toda a habitação
do monte de Sião e sobre as suas congregações, uma nuvem de dia, uma fumaça e um
resplendor de fogo chamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção",
Is.4:5. Devemos ter em conta que
Jesus disse: "Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a
luz deste mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz",
João 11:10. É bom sabermos andar
sempre que temos luz e sabermos ficar parados quando não a temos. Se
temos promessas que são validadas porque cumprimos as condições que
ativam essas promessas; se estamos andando no ritmo de Deus, sem
atrasos, sem medos que nos detenham e sem precipitações que nos fazem
sair do caminho, isto é, sem atrasos, sem recuos e sem nos
adiantarmos; é óbvio que podemos caminhar seguros sem duvidar que
ocorrerão as verdadeiras, genuínas e pontuais providências de Deus.
"O Senhor proverá". Disso teremos toda a certeza em Seu
santo monte - e somente lá, pois, fora de lá estaremos sempre
duvidando e quem duvida não recebe.
"É
profeta e rogará por ti", Gen.20:7.
Um profeta é e será sempre alguém que expressa e fala a palavra de
Deus, embora, neste caso de Abraão, seja alguém que roga a Deus e é atendido.
Logo, é alguém muito próxima a Deus. Sabemos que toda a palavra vinda de Deus é palavra provada e
purificada como se de ouro se tratasse que precisa passar por fogo
em alta temperatura para obter sua pureza. Podemos dizer que a
palavra "profeta" ou "profecia" tem algo que nos faz lembrar
"prova" ou "provação". Eu creio que tanto o profeta
quanto a profecia
são purificados como que pelo fogo e que a profecia é uma palavra que
sai da fornalha da purificação e é dada ainda em forma de fogo
flamejante. Toda a verdadeira palavra de Deus é
purificada em motivos, tanto do profeta quanto da própria profecia
(palavra) em si; essa palavra está isenta de agradar ou desagradar pessoas,
pois, essa questão nem vem ao de cima; e ela produz fruto e exige
confirmação naqueles que são verdadeiramente puros e ouvem essa
palavra.
"Depois
destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão, dizendo: Não temas, Abrão,
Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão",
Gen.15:1. Abrão havia rejeitado
tudo o que os reis lhe haviam dado como recompensa do seu feito.
Mas, por causa da honra de Deus ele recusou. Contudo, falou por ele e não
falou pelas pessoas que o assistiram, pois, disse que a esses lhes
fosse dado aquilo que fosse correto. E foi nessas circunstâncias que
Deus se aproximou e disse que Abrão havia chegado ao ponto onde
somente Deus seria o seu verdadeiro galardão. O seu galardão não era
mais a riqueza, a descendência ou qualquer outra coisa além do
próprio Deus em pessoa sempre presente. "...Para conhecê-lo e a virtude da
sua ressurreição...", Fil.3:10.
Devemos chegar ao ponto em nossa existência onde Jesus é verdadeira
e exclusivamente o nosso verdadeiro galardão e onde nada mais pode
ser considerado como galardão ou recompensa. "A minha alma disse ao Senhor:
Tu és o meu Senhor; não tenho outro bem além de ti". "A quem tenho eu no céu senão a
Ti?
E na terra não há quem eu deseje além de Ti",
Sal.16:2;73:25.
Existem
coisas inseparáveis. Eu sempre acreditei que qualquer sentimento de
inferioridade é um sentimento de superioridade camuflado e
disfarçado. Qualquer sentimento de inferioridade não anda separado
de sentimentos de superioridade. A pequenez de qualquer homem ou mulher não se manifesta
através daquilo que ele sente ou pensa dele mesmo. A pequenez de
qualquer homem é a sua forma de vida diante de Deus e dos homens e
não a sua forma de se sentir diante de pessoas ou Deus. Sempre que
alguém se acha pequeno - ou se diz ser pequeno - não está morto. E nós
devemos e podemos estar mortos com Cristo - literalmente mortos.
Ainda não vi um morto achar-se pequeno ou grande. Morto não se acha,
não pensa nada dele mesmo. Morto é morto. Morto também não se acha
morto - só se não estiver realmente morto para este mundo ou para o
pecado. Também tenho outra certeza: todo aquele que se acha pequeno
nem sempre é verdadeiro consigo próprio, muito menos a seu respeito.
A verdadeira humildade é sermos nós próprios dentro da grandeza de
Deus. Sermos verdadeiros, praticantes da verdade a nosso respeito
dentro do contexto de Deus é no que consiste a humildade. Muita gente é capaz de
acreditar em muitas coisas e a maioria delas não é verdade. Logo,
quando uma pessoa se acha pequena e tenta demonstrar pequenez terá
sempre tendência para se elevar assim que for exaltada porque só é
pequena na aparência. É um
perigo exaltar, elogiar ou promover essas pessoas. Elas têm
tendência e aptidões para se tornarem orgulhosas e caírem na tentação
do diabo.
A ira,
raiva, amargura ou qualquer outro sentimento malévolo torna-se
sempre predominante em todas as nossas ações e até mesmo opiniões.
Quando pensamos nos outros julgamos em conformidade com aquilo que
sentimos e não segundo a verdade. Duma maneira ou de outra, sempre
que estejamos amargurados, achamos
sempre algum argumento para ferir, magoar e descarregar o lixo dessa
amargura sobre alguém que não concorde conosco. Nestas pessoas, o
importante é dar despejo àquilo que sentem e nunca praticarem a
verdade.
Todos
quantos vivemos com Deus e para Deus sabemos o quão importante é
dedicarmos tempo ao estudo, entendimento e busca da palavra de Deus
e que essa palavra seja viva, fluente e realmente vinda de Deus.
Ninguém pode passar sem isso. Mas, existe algo tanto ou mais
importante que isso que nunca deve ser negligenciado por um minuto
sequer: o caminhar nessa palavra a cada momento da nossa existência.
É necessário lembrar com ou sem esforço, estar atento, concentrados e
dar a exclusividade de todo
nosso tempo e dedicação em forma de prioridade para fazermos de tudo
para nos tornarmos cumpridores de cada palavra vinda de Deus. E isso
deve ser feito de forma exclusiva. "Sede cumpridores da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos com falsos discursos",
Tgo.1:22. Um "falso discurso"
não é algo que não diga aquilo que é verdade, mas, é uma verdade
falada e entendida que não corresponde à realidade praticada de quem
fala ou de
quem ouve. Sendo assim, torna-se um "falso discurso". "Se sabeis essas
coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes",
João 13:17. E quando começarmos a ser praticantes,
precisamos começar sempre onde é mais difícil, no lugar mais
complicado, na provação, no ambiente que nos envolve e com as
pessoas mais difíceis que encontrarmos.
"Quando
vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade",
João 16:13. Temos aqui uma
palavra-chave nesta afirmação/promessa de Jesus: a palavra "verdade".
Muitos desejam ser guiados por Deus, sendo que alguns exigem mesmo
ser guiados. Mas, Jesus não prometeu apenas guiar as pessoas; antes,
prometeu guiar em
toda a verdade. Em primeiro lugar, seremos guiados pela senda da verdade e
não apenas naquilo que nos convém. Também não é guiar em parte da
verdade. Quem deseja apenas uma parte da verdade nunca será guiado
pelo Espírito Santo. Logo, devemos ter aquele cuidado especial de
não exigirmos de Deus que nos guie dentro da nossa doutrina ou
daquilo que cremos doutrinariamente. Em segundo lugar, somente um
verdadeiro desejará ser guiado pela/na verdade. Torna-se necessário
tornarmo-nos seres verdadeiros, não fingidos, sinceros a respeito de
tudo que nos rodeia, acontece, ou que não acontece e dizemos que acontece. Um ser
verdadeiro não teme a verdade. A verdade aloja-se naqueles que são
realmente verdadeiros a respeito deles próprios e de todas as
verdades. Um verdadeiro nunca foge duma verdade, não se esconde, não
disfarça - e não se disfarça. Ele quer a verdade - é o que mais
deseja. A sua fé não é
fingida - ou crê ou não crê; a realidade não é alterada, camuflada ou ignorada; não se
engana a ele mesmo; não constrói castelos de irrealidade. Em
terceiro lugar, ninguém pode separar a verdade de realidade prática.
"Quem pratica a verdade...".
Se não se torna realidade, ainda não é verdade. Em ultimo lugar, a
verdade é inseparável da transparência. Andar na luz, integralmente
transparente é parte integral da verdade. Sermos verdadeiros,
transparentes sem nada encoberto é o que define a verdade a nível
pessoal. E é essa a raiz da humildade e nenhuma outra. Essa verdade é praticada e é relevante como modo de vida
natural e normal. "Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim
de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus",
João 3:21.
"Disse-lhe
a mulher: Senhor, vejo que és profeta",
João 4:19. Quando somos aquilo que
somos, não existe necessidade de dizer o que somos, pois, salta à
vista o que somos. Essa transparência é o que significa andar na
luz. Tenho a certeza que alguém que afirma ser algo tenta encobrir
aquilo que realmente é
com palavras a respeito daquilo que diz ser. E tanto faz que a
pessoa acredite mesmo naquilo que diz a seu respeito ou não. Por
essa razão, certamente, não é aquilo que
afirma ser. Ninguém se conhece a ele próprio a não ser através de
Jesus. Até esta verdade (a respeito de nós mesmos) é preciso
conhecer para sermos verdadeiramente livres e plenamente libertos
daquilo que pensamos que somos.
"Tu
te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas",
Lam.3:57. Muitas pessoas assumem
muito facilmente e, diria eu, muito levianamente que Deus os ouve ou
ouviu em oração. São capazes de assumir uma resposta que nunca saiu
da boca de Deus. É muito fácil falar por Deus quando Ele nada disse;
é muito fácil assumir que nos respondeu quando não o fez. Precisamos
ter Deus como real, Alguém que fala conosco, responde de forma
concreta e que se aproxima de forma palpável, real e verdadeira. Não
precisamos inventar ou imaginá-Lo. "Tu
te aproximaste no dia em que te invoquei". A
falsidade faz com que muitos troquem a realidade dum Deus real por aquilo que pensam d'Ele. Deus precisa falar por Ele, responder por Ele e ser real.
Verdade que não se torna realidade ainda não é verdade. Se Deus não
for real, pessoal e não agir como a pessoa que é verdadeiramente,
precisamos esquadrinhar todos os nossos caminhos e coração para ver
onde está o problema ao invés de assumirmos levianamente que Deus
ouve ou atende como forma de nos animarmos para podermos prosseguir em nossos
próprios caminhos - para podermos continuar como sempre. Quando Deus não atende, qualquer pessoa sincera que
tem ou teve Deus como real e verdadeiro, dirá: "Cobriste-te de nuvens,
para que não passe a nossa oração", Lam.3:44.
E isso é fé. Fé é acreditar na verdade, assumir realidades e se Deus não nos atende
devemos crer nessa verdade e assumir isso como a nossa realidade.
Isso é fé: crer na verdade ao invés de assumir respostas que Deus
não deu - ou ainda não deu devido à nossa falsidade que busca
irrealidade ou que recusa realidade. Nunca se esqueça que Deus é real. Ninguém precisa imaginar
Deus a falar para que Deus fale. Na verdade, enquanto as pessoas forem
capazes de fingir a voz de Deus e forem capazes de imitá-la ou de
ouvir vozes que não são d'Ele, falando por
Ele, Deus não falará. Este é um problema que os incrédulos precisam resolver
em seus corações caso queiram ouvir a voz de Deus mais claramente de
forma real e verdadeira. Deus disse que quem é ovelha ouve a Sua
voz. Então, concentremo-nos em nos tornarmos ovelhas e não em tentar
esquadrinhar e ouvir vozes. Ovelha ouve. Quem não é ovelha não
ouvirá Deus e ouvirá a voz dos estranhos - ainda que esse estranho
seja ele próprio.
Existe
algo que se chama "a ordem das coisas". Por exemplo, Jesus disse: "Se me
amardes, guardareis os meus mandamentos",
João 14:15. Não disse, "se guardardes os meus
mandamentos amar-me-eis". "Quem não me ama não guarda as minhas palavras",
João 14:24. Logo de seguida, fala do que se segue: "E eu rogarei ao Pai e
Ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre",
João 14:16. Isto é, "o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem
(que cumprem todos os Seus mandamentos)",
At.5:32. Tudo em sua ordem e sequência. Uma coisa leva à
outra. Para alguém chegar a Pentecostes precisa seguir essa
sequência natural e ainda pedir uma vida de plenitude havendo
cumprido todas as condições prévias. E toda a pessoa que pede tem plena
noção da sequência e do momento de cada passo. Essa vida de
plenitude é a verdadeira presença de Deus de forma real - algo que
ninguém tem como não reconhecer; ou ficar indiferente a ela; ou
ficar sem se aperceber dela. E é nessa presença que tudo se torna
possível, pois, Deus disse a Abraão: "Anda em Minha presença e sê
perfeito", Gen.17:1. Não disse:
"Sê perfeito e anda em Minha presença". Eis a sequência das coisas
clamando por nossa atenção novamente. E estas coisas precisam ser
achadas e não apenas definidas ou entendidas. Tudo precisa tornar-se
real em sua sequência natural, real e normal. Verdade que não se
torna realidade ainda não é verdade. Logo, a sequência é: amando
Jesus, cumpriremos; cumprindo receberemos o Consolador em Sua
plenitude, isto é, "o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe
obedecem (que cumprem todos os Seus mandamentos)",
At.5:32.
"Qualquer
que beber desta água tornará a ter sede",
João 4:13. Isto é para todos. Também é para aqueles que
bebem ou beberam daquela água eterna e, de vez em quando, vão beber
da água do mundo. Não se pode afirmar que esses nunca mais terão
sede, pois, bebendo da água do mundo terão sede ainda que sejam
crentes. Isso toca a todos e não apenas a alguns. A promessa de
nunca mais ter sede é para todos aqueles que bebem da água que Jesus
der, mas, que a bebam e não bebam de nenhuma outra. Isto é, essa promessa é
para quantos bebam somente dessa água. Essa água não apenas mata a
sede eternamente, mas, torna-se uma fonte de água viva que jorra
para alimentar a vida de plenitude naqueles que a têm e naquele que
a buscam ter. Não
saciará outro tipo de vida. "A água que eu lhe der se fará nele
uma fonte de água a jorrar para a vida eterna",
João 4:14.
"E começou
a entristecer-se e a angustiar-se muito",
Mat.26:37. Jesus não fazia nada por antecipação e nem por
atraso. Tudo tinha seu tempo. Até aquele momento havia pregado,
curado, falado, exortado e feito tudo que havia de fazer. Só se
dedicou àquele momento de tristeza e angustia no momento que havia
chegado a sua hora. Uma das características da eternidade é que o dia
de amanhã não existe e o de ontem já passou. Só existe um momento,
aquele momento que estamos vivendo. Cada coisa tem o seu lugar e não
devemos fazer as coisas por antecipação. Não nos podemos ocupar
previamente com aquilo que não diz respeito ao momento que estamos
vivendo. Toda a pré-ocupação (preocupação) é pecado e faz de nós pessoas
instáveis e negligentes, as quais negligenciam e desprezam o momento que
vivem, isto é, o presente. A carga do dia de amanhã não pode ser carregada hoje porque
será sempre uma sobrecarga do dia. Não é somente a angustia ou o medo que
nos trai a ponto de sobrecarregarmos o dia de hoje. A insatisfação,
os desejos da carne, os anseios, os sonhos entre muitas outras
coisas tentam-nos para fazer certas coisas por antecipação ou, no
mínimo, para nos ocuparmos com elas. O maior problema destas tentações quando
se tornam antecipações é criarem na pessoa hábitos de fugir sempre
ao momento que vive e isso causa maior insatisfação. E quando chegar
o dia com o qual se preocupou, está sendo vencido pelo hábito de
pensar nos dias que ainda não nasceram. É muito difícil
uma pessoa mudar os próprios hábitos e é por essa razão que devemos
evitar todos os maus hábitos, inclusive o habito de pensar no dia de
amanhã com preocupação. "Não vos enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes", 1Cor.15:33.
Não podemos conversar com o dia de amanhã e nem falar dele. Existem
bons e maus hábitos e antecipar o dia de amanhã pode facilmente
tornar-se um hábito ou um vicio. Viver somente o momento que estamos
vivendo também pode e deve tornar-se hábito. Não nos esqueçamos o que Paulo disse:
"Os perfeitos, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para
discernir...",
Heb.5:14. Vamos obter o costume
de viver somente o momento atual no extenso dia de hoje.
"Apartai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos",
Mat.25:41. É muito triste
entender que as pessoas que desconhecem ou negam Jesus vão parar num
lugar que, originalmente, foi preparado para o diabo e os seus
anjos.
Existem
certas verdades acerca de nossa forma de agir que devemos entender.
Por exemplo: falamos alto ou gritamos porque tenho pouco para dizer;
os pregadores mais barulhentos são os mais vazios, tal como uma
carroça vazia faz mais barulho que uma carregada e cheia numa
estrada com buracos;
"O céu
e a terra passarão, mas, as minhas palavras não hão de passar",
Mat.24:35. Podemos deduzir duas
coisas destas palavras. Em primeiro lugar, vemos o quanto Deus presa
cada palavra que pronuncia, a ponto de nunca a deixar passar. Em
segundo lugar, vemos que Deus (ou Jesus) nunca pronuncia uma palavra
vã, isto é, nunca falou por falar. Nunca pronunciou uma única
palavra em vão ou ociosamente. Podemos levar cada uma das Suas palavras à
letra. Veja que Deus perfeito é este! "Se alguém não tropeça em palavra,
o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo",
Tgo.3:2. Assim devemos ser nós
também. "Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo",
Mat.12:36.
"Acautelai-vos,
que ninguém vos engane", Mat.24:4.
Jesus também disse que "se possível fora, enganariam até os escolhidos",
Mat.24:24.
Isto significa que mesmo que Deus torne impossível que os seus sejam
enganados, torna-se necessário que nos acautelemos o suficiente para
que ninguém nos engane. Existem dois tipos de cautela que precisamos
exercitar, aperfeiçoar e tornar habitual. Em primeiro lugar, existem
os enganadores que podem ser muito parecidos com a verdade e com os
verdadeiros. O anticristo mais perigoso é precisamente aquele que
mais se assemelha a Cristo. Esses enganadores podem ser muito
subtis, inteligentes e dedicados. Contudo, não se deixam disciplinar
pela verdade na vida prática do dia-a-dia. Paralelamente, devemos
ter extremo cuidado de não nos enganarmos a nós próprios também.
"Não vos enganeis", 1Cor.1.5:33.
Podemos nos enganar a nós mesmos de várias maneiras. Uma dessas
maneiras é irmos para o outro extremo sempre que algum enganador nos
tente desviar do verdadeiro caminho. Ir para o outro extremo não é
ir a Jesus para sermos guiados e liderados. Ir para o outro extremo
é buscar um nosso próprio caminho que seja contrário ao engano e isso é algo que faz de nós
enganadores. O engano costuma ser parecido com a verdade e não
aparenta ser o contrário da verdade. O enganador é aquele que segue o seu próprio caminho.
"Cada um se desvia para o seu próprio caminho",
Is.53:6. Tanto quanto nos
devemos acautelar contra os fermentos alheios, devemos ter a noção
que existe a capacidade em nós mesmos de criarmos o nosso próprio
engano. E, também, para que um enganador consiga enganar-nos é
necessário que esse enganador consiga alcançar e convencer o
enganador que somos ou podemos ser. Se o enganador não alcançar o
nosso coração, não nos consegue enganar. E agradar ou desagradar pessoas é uma
forma de nos entregarmos aos enganadores.
"Então,
eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus",
At.4:13. Nunca devemos deixar de
ser verdadeiros, tanto diante de Deus quanto diante das pessoas.
Caso não sejamos verdadeiros devemos deixar de pregar a verdade,
pois, a verdade só tem seu efeito perfeito na boca de quem é
verdadeiro. O tom da sinceridade e o som dum coração verdadeiro é
audível a quilómetros de distância. Os discípulos falavam de Jesus
porque haviam estado com Ele. Não O podiam negar ainda que quisessem porque estiveram com
Ele. Sendo verdadeiros a respeito da verdade, não tinham a
capacidade de mentir. "E, se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós",
John 8:55. Não podiam dizer
que não O conheciam porque O conheceram pessoalmente. Muitos nunca viram e nunca
experimentaram Jesus e falam d'Ele. Essa é a diferença daqueles
tempos para os tempos de hoje. É bom que você tenha estado com Jesus
de forma real e verdadeira para que possa ser verdadeiro sempre que
fala d'Ele. Será que aqueles que o ouvem podem dizer que você esteve
com Jesus?
"Errais
não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus",
Mat.22:29. Existem muitas formas
de errar o/no nosso caminho. Uma delas é não conhecendo as
Escrituras. Os que se desleixam nesse aspeto certamente errarão seu
caminho quando quiserem entrar no aprisco das ovelhas. Mas, existe
algo que ocorre em nossos tempos que não podemos ignorar: não
conhecer o poder de Deus. O ênfase no conhecimento das Escrituras é
tão predominante nos meios teológicos e religiosos que se ignora que devemos
conhecer o poder de Deus em nossas vidas, experimentando-o
continuamente. Sem o conhecimento experimental deste poder, sem o
experimentarmos na primeira pessoa (que é o poder ativo
da graça ou, em outras palavras, o poder de Pentecostes) até o
conhecimento das Escrituras será deturpado, mal intencionado,
imaturo, condicionado por doutrinas e desejos variáveis, rotulado,
incapaz, criando hipócritas que não conseguem viver aquilo que
pregam. É um erro crasso não esperarmos em nossa Jerusalém até que o
poder do alto nos possa encher de tal forma que possa permanecer
conosco também. "Sobre aquele que vires descer o Espírito
e sobre ele permanecer...",
João 1:33.
"Demorando-se
ela no orar perante o Senhor (...) Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma",
1Sam.1:12,13. Existem duas
coisas nesta oração que não podemos ignorar. Uma delas é que Ana não
estava gritando e clamando como os crentes modernos que falam como
se Deus fosse surdo ou estivesse longe. Esses, no fundo, querem ser ouvidos pelas
pessoas e não por Deus. Ana foi ouvida nos céus movendo apenas seus
lábios. Na terra não se ouvia a sua voz. A outra coisa foi a determinação de Ana naquela oração
silenciosa. Ela cumpriu aquilo que determinou fazer caso Deus lhe
desse o filho que pedia. A determinação do coração não se vê e nem
se revê na força das palavras, mas, na força e na determinação do
coração. Falar demais ou mesmo falar alto demais nunca foi sinónimo
de determinação. A maioria das pessoas que clama nas igrejas de
hoje não se lembra sequer daquilo que disseram uma semana depois de
haverem feito tanto barulho e alvoroço. Ana nunca se esqueceu da
oração que fez. Esta oração é uma boa lição para os crentes atuais
que pensam que é pelas suas palavras e pela forma barulhenta como oram que são
ouvidos.
"Ouvi
e entendei", Mat.15:10. Lembro
que Jesus também disse: "Vede como ouvis",
Luc.8:18. Embora muitos não ouçam com ouvidos de ouvir,
sabemos que ouvir é uma tarefa fácil para quem quer ouvir. Contudo, não deixa de ser uma
tarefa. Ouvir requer atenção, disponibilidade e esforço. Por essa
razão, não deixa de ser uma tarefa - algo que atarefa uma pessoa e
que a ocupa. Pode ocupar de tal maneira que não consiga fazer, ouvir ou
ocupar-se com mais nada. Só que devemos saber que o fim não é apenas
ouvir. Há que entender também. E, depois de haver entendido, há que se
tornar prático pelo temor ou amor que esse entendimento é capaz de
produzir num coração. Esse temor é o início da verdadeira sabedoria.
Logo, existe algo nestas palavras que não podemos
negligenciar: entender também é uma tarefa. Na verdade, é uma tarefa
à parte. É uma outra tarefa. E este entendimento que se torna
prático pode ser um esforço
tanto quanto pode ser um desejo intenso que se transforma em
esforço. Sabemos que os pecadores estão todos sob uma maldição de
cegueira. Sabemos que quem vive nas trevas nunca praticou a tarefa
de entender. Entender nunca foi sua praia. É
essa maldição que impede este entendimento (2Cor.3:16). Lembremos que Jesus
disse: "Ouvis e não entendeis". "O coração deste povo está endurecido; com os ouvidos ouviram pesadamente e fecharam os olhos, para que nunca
com os olhos vejam, nem com os ouvidos ouçam, nem do coração entendam e
se convertam e eu os cure", At.28:27.
São as pessoas que não querem ouvir para entender e para não serem salvas
daquelas coisas que amam.
Sabemos que aquele que entende a nível do coração pode ser curado,
perdoado e restaurado a Deus - sendo que é do coração que sai
tudo aquilo que o homem é capaz de efectuar, efectivar e fazer. Precisamos ter a
noção do quão grandiosas podem ser as tarefas de ouvir e de
entender, ainda que separada e autonomamente. Ouvir e entender nem
sempre acontecem em simultâneo. Posso entender mais tarde quando me
dedico à tarefa de entender o que guardei ouvindo bem. Por outro
lado, só ouve bem
aquele que assume que a palavra é para si e não para os outros.
Ninguém entende para os outros ou pelos outros. Se entendemos e
ouvimos bem é e será sempre para nós. Se não for para nós não
estaremos ouvindo da maneira que devemos. Se entendemos, esse
entendimento destina-se a nós e não aos outros. É bom que você tenha
noção disso antes de desviar para qualquer outra pessoa alguma seta
vinda de Deus, a qual atinge seu coração. É muito fácil querer ensinar aos outros aquilo que
foi dirigido a nós de forma pessoal. É óbvio que se a pessoa
entender bem aquilo que ouve e entender desde logo a quem esse
entendimento se destina, pode ser curado e salvo. Também devemos ter em conta que ninguém se salva sem
se aplicar e sem pensar muito naquilo que é capaz de a salvar. Quem
não pensa não se salva. A
verdadeira salvação não funciona como um fast-food. A
salvação é uma obra que envolve todo o ser do homem que procura e
deseja ser salvo de todos os seus muitos pecados. Uma obra não é e
nunca foi uma tarefinha.
Descobri
ao longo da vida que aquilo que é verdadeiramente sabedoria é
senso comum em alguém que ouve, isto é, parece ser algo que a pessoa já
sabe sem o saber, ao contrário daqueles que ouvem e não são capazes
de entender. Creio que essa sabedoria existe em
cada um, mas, encontra-se adormecida e escondida dos olhos
espirituais. Logo, quando é mencionada encontra repercussão e
concordância imediata
no coração. O pecado é a pessoa rejeitar aquilo que sabe ser verdade
por um ou muitos motivos convenientes. Por essa razão é que a Bíblia
chama tal ato de "resistir à verdade". "Estes mostram a norma
da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos",
Rom.2:15.
"Raça
de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca"
Mat.12:34. Até Jesus se admirou
disto: como é possível alguém dizer coisas que não são achadas no
coração? A resposta é clara: o mundo dificilmente o faz, pelo menos
não de forma contínua; e os filhos de Deus também não o fazem. Mas,
os religiosos são capazes de dizer e fazer coisas contrárias ao seu
próprio coração, sendo mesmo que a maldade abunda nesse coração.
E aquilo que abunda no coração, normalmente, sai pela boca. Se não abundasse
poderia não sair. Nem mesmo o bem, quando não abunda e não toma
conta de todo nosso ser, sai pela boca. Por essa razão é que
precisamos ter e obter vida abundante e não nos ficarmos pelos
preliminares dessa vida eterna. Contudo, conseguir contrariar aquilo que
abunda no coração é uma proeza que somente
os religiosos conseguem fazer. "Mas, Eu vos digo que de toda palavra ociosa que
os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo",
Mat.12:36. "Palavra ociosa
ou frívola"
significa palavra vazia, sem conteúdo e sem correspondência com a
realidade daquilo que se passa dentro do coração. Os religiosos não
acreditam que podem ser verdadeiramente transformados pelo lado de
dentro. Creio que não queiram acreditar. Logo, precisam criar uma
conduta pública para não serem rejeitados e, principalmente, para
que possam ser aceites de forma a enganar e fazer mais prosélitos
para o inferno. Também não desejam
perder os benefícios duma boa conduta. Se cressem que podem mudar
pelo lado de dentro não fingiriam suas ações e palavras; e não
adaptariam as suas palavras às circunstâncias e às pessoas que os
rodeiam. A sinceridade nunca fez mal a alguém, pois, os de coração
transformado são árvore boa que se manifesta como é; e os de mau
coração terão oportunidade de se enxergarem tal e qual são se não
tentarem parecer diferentes para que,
talvez, se possam arrepender genuinamente por via do incentivo da
vergonha. Por isso é que é
importante fazer a árvore boa ou má. "Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom
ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore",
Mat.12:34. E isso só se alcança
promovendo e criando a sinceridade de coração. Isso é o que
significa não nos enganarmos a nós mesmos. "Não vos enganeis",
1Cor.6:9; 15:33; Gal.6:7; Tgo.1:16; Jer.37:9.
Em todas
as lutas, brigas, dissensões, disputas e em todos os desafios, isto é,
onde existem dois adversários, inimigos ou antagonistas envolvidos
em alguma disputa há algo que acontece sempre: um adversário busca
sempre algum ponto fraco no seu oponente para insistir nele tentando
vencê-lo com alguma astúcia e precisão. É inevitável que isso
aconteça. Acontece no desporto, nas lutas e nos ringues do desporto
violento. E é isso que acontece, também, entre
casais que não se entendem. As acusações, ameaças e foco recaem
sempre sobre aquilo que alguém considera ser o ponto fraco do outro.
Se a irritação ou impaciência é o ponto fraco de um, será
nessa tecla que o outro irá insistir tentando vencê-lo de alguma
forma
para ficar por cima em qualquer situação. Logo, ou reconhecemos os
nossos pontos fracos vigiando ou entregaremos a nossa alma ao
adversário. E o nosso adversário não é somente o diabo, pois, Jesus
mesmo disse que "daqui em diante, estarão cinco divididos
numa casa: três contra dois e dois contra três",
Luc.12:52. Não deve entregar
seus pontos fracos ao seu adversário. Descubra quais são e
coloque-os na luz. Faça questão de se entregar a Jesus nesses
momentos. Reconheça suas debilidades e fragilidades diante de Deus e
coloque-se sempre perante o fortalecimento de Deus com toda a
disponibilidade de coração para ouvi-lo sempre e somente a Ele de
forma contínua e exclusiva. Depois, faça o que Deus fizer e não
aquilo que o adversário quer que você faça. Quando lhe colocarem uma
casca de banana na frente, tente não pisar nela. Existem esposas que
ameaçam abandonar o lar sabendo que isso pode atingir um pai que ama
seus filhos; tentam ou somente ameaçam com o adultério para
provocar; desleixam-se com coisas importantes do lar; buscam aquilo
que pode irritar seu parceiro ou parceira com o único intuito de
atingir naquilo que acreditam ser um ponto fraco; buscam o suicídio
como forma de magoar e fazer chantagem; etc. Na verdade, procuram
vencer por via dum golpe baixo que é o oposto dum ato de
misericórdia. A parte mais triste é
que isso acontece com muita frequência entre crentes, principalmente
quando um se tenta endireitar nos caminhos de Deus e o outro não. Se
é verdade que a união faz a força, a desunião busca e traz a
fraqueza. E é nessa fraqueza que devemos estar inteiramente e
exclusivamente disponíveis para sermos fortalecidos e vencidos por
Deus. Não se deixe ser vencido pelo adversário. Antes, deixe-se ser
vencido por Deus sob qualquer circunstância. "Não te deixes vencer do mal,
mas, vence o mal com o bem", Rom.12:21. Fortaleça-se em Deus e não entre no engano da auto-defesa.
Busque Deus e refugie-se n'Ele com total confiança e com
disponibilidade total para depender somente e exclusivamente d'Ele.
"Esperai inteiramente na graça",
1Ped.1:13. Nenhum adversário de
Deus tem como sair vencedor contra Ele. Anime-se.
O fogo
estranho existe em mais situações e ocorre com mais frequência que
aquilo que possamos imaginar. Quando Deus começa a operar
verdadeiramente, é muito fácil alguém tentar imitar Deus naquilo que
Ele faz e opera pensando que é por esse o caminho que deve seguir.
Por exemplo, se Deus convence alguém de pecado e essa pessoa
confessa publicamente por não poder conviver mais um segundo com
aquela convicção, os que assistem podem insistir em que se confesse
todos os pecados sem que haja aquela convicção de se haver cometido
um crime gravíssimo pecando contra Deus ou contra pessoas. É muito
fácil tentarmos fazer de Deus nas vidas de outros e até mesmo nas
nossas próprias vidas. É muito triste e muito perigoso não estarmos
atentos a essa forma de idolatria. É difícil estarmos atentos a ela.
Substituir Deus nunca trouxe nada de bom. Uma coisa é agirmos em
nome d'Ele, juntarmos com Ele em obediência total; outra é
substituirmos as Suas operações e presença com imitações de algo que
poderia existir no céu ou na terra. Um representante de Deus nunca
será um Seu substituto. Lembre-se sempre que o diabo caiu querendo
ser Deus ou como Deus. E ele caiu sendo um anjo muito querido e com
um alto estatuto nos céus. Fazer de Deus ou substitui-lo em Suas
operações é trabalhar sem Ele; e trabalhar sem Ele é trabalhar contra
Ele. "Aquele que não junta comigo, espalha",
Mat.12:30.
"Eu vo-lo
disse, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis",
João 14:29. O nosso conceito ou
a nossa ideia sobre o que a fé realmente é sofreu muitas alterações
desde o dia que começamos a ter ideias próprias sobre o assunto.
Aqui, Jesus dá-nos uma outra visão sobre outra faceta da fé: crer
quando acontecer. Muitos dizem que se deve crer para acontecer e
Jesus diz que devemos estar em tal estado espiritual de comunhão
aprimorada com Ele que, quando acontecer algo que Ele nos disse,
possamos crer e não duvidar. A fé tem muito a ver com a realidade
das coisas que não se vêem - ou que ainda não se vêem. Devemos crer na
verdade e a verdade, em Deus, significa, também, a realidade das
coisas. Se não se tornar real, é falso. Se não se tornar real e não
é falso, o crente não é o crente que pensa que ser e, provavelmente,
não está cumprindo as condições para que se possa cumprir o que Deus
disse que iria acontecer. As pessoas
gostam de se congratular, gostam de se animar ou mesmo de se convencer com
qualquer coisa. Isso dá-lhes ânimo. Mas, esse ânimo é falso. Paulo
dizia que era convencido por Deus a ponto de não conseguir negar
nada de tudo que lhe estava ocorrendo. Deus precisa confirmar as
Suas obras, precisa ser Ele a confirmar o crente, precisa ser Ele a
confirmar e abençoar toda a obra. Se tivermos alguma raiz de
descrença ou falta de fé, seja isso visível ou seja algum pecado
secreto, certamente que surgirão dúvidas sempre que acontecer aquilo
que Deus disse que aconteceria, seja algo bom ou mau.
Samuel lamentava-se muito porque Saul caiu. Agia como se algo
estranho lhe estive acontecendo. "Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel?"
1Sam.16:1. Será que Samuel não
sabia que isso poderia acontecer ou iria acontecer? "Se não derdes ouvidos à voz do Senhor, a mão do Senhor será contra vós",
1Sam.12:15. Sempre que as coisas
acontecerem da forma que Deus disse que aconteceriam, não devemos
agir ou sentirmo-nos como se algo estranho nos estivesse
acontecendo. Não nos podemos maravilhar com nada.
Deus
não se detém para explicar palavras e frases difíceis de entender
porque Ele revela ou ainda revelará seu significado espiritualmente.
Mas, sempre que os humanos recebem essa sabedoria ou revelação
maravilham-se como se algo de extraordinário lhes estivesse
acontecendo. Não é por culpa de Deus que as pessoas se maravilhem
com o pouco que Deus faz com eles ou lhes revela, pois, quem se maravilha e quem é incrédulo
têm sempre algo em comum. Uma coisa nunca anda separada da outra.
"Varões israelitas, por que vos maravilhais disto?"
At.3:12. Esta é uma pergunta que
deve ser respondida com toda a verdade e sinceridade. Procure a
razão por que se maravilha com alguma coisa que Deus faz e deixe de
pensar que essa manifestação de incredulidade é uma forma de louvor. Jonathan Edwards
disse algo assim: "Resolvi que todas as vezes que praticar uma ação visivelmente má,
analisarei a mesma até chegar a sua causa original e então me esforçarei
cuidadosamente para não repeti-la, bem como para lutar e orar, com
todas as minhas forças, contra o que a originou".
"Se andar
de noite, tropeça, porque nele não há luz",
João 11:10. Isto significa que a pessoa tropeça
somente se não tiver luz dentro de si. Se tiver luz, não tropeça. A
questão nem é o esforço de tropeçar ou não tropeçar, mas, de obter
luz e de andar nela continuamente.
"De modo
nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele",
João 10:5. Eu só acho estranho
que muitos hoje ouvem a voz do estranho e ninguém foge. Será que são
mesmo ovelhas? Ouvem a voz do mundo, dos pregadores falsos, das novelas, dos filmes, das
tentações e ninguém foge. "Mas tu, ó homem de Deus, foge destas
coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão",
1Tim.6:11.
"Falou
Jesus: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida",
João 8:12. É de nosso interesse
notar algo nestas palavras: Jesus não disse que quem vem a Ele não
andará em trevas, mas, quem o segue. "Se vós permanecerdes na minha
palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos, conhecereis a verdade
e a verdade vos libertará",
João 8:31,32. É claro que ninguém pode
segui-lo sem antes vir a Ele. Mas, cada coisa em seu tempo e lugar.
Tudo em sua própria sequência.
E para alguém poder seguir Jesus, necessita vê-lo a agir, tal deve
ser a proximidade e comunhão com Ele. "Nada faço por mim mesmo; mas, falo como o Pai me ensinou
(...) como ouço, assim julgo (...) Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si
mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai, porque
tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente (...) o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo
(...) Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito",
João 8:26,28; 5:30; 12:50. Nos tempos de
Jesus na terra, as pessoas viam-no e não queriam segui-lo; hoje, as
pessoas dizem que desejam segui-lo, mas, não o querem ver. Como
podemos segui-lo sem o vermos verdadeiramente de forma real e sem o
vermos fazer para fazermos igualmente?
"Eu
a ninguém julgo", João 8:15. Existe
um conceito muito errado entre os crentes sobre isto de julgar.
Jesus disse (afirmou) que a ninguém julga. No entanto, convence a
todos de pecado. Disse aos Fariseus que eles eram hipócritas (e não
os julgava); disse a
Pedro que Ele era Satanás ou que falava por ele; chamou de ladrões e
salteadores àquelas pessoas que negociavam no templo, entre muitas
mais coisas que disse e fez. No entanto - e se Jesus falou a verdade
dizendo que a ninguém julga - como podemos entender tudo isto que Ele
fazia e dizia? É óbvio que falar a verdade a respeito dos pecados
que existem com o intuito de convencer de pecado todos os que se
acham justos para ter como salvá-los nunca pode ser considerado como
julgar e antes como salvar - ou mesmo como manter o Evangelho
intacto e fora das mãos dos impuros. Um médico que dá um diagnóstico correto não está julgando ninguém, mas, está tentando curar sendo
sério no diagnóstico. Além do mais, se revelar os
pecados de quem se acha justo fosse julgar, Jesus estaria dizendo
aquilo que o Pai lhe mostrava e dizia. Logo, seria o Pai julgando e
não Ele. "E, se, na verdade, julgo, o meu juízo é verdadeiro,
porque não sou eu só, mas eu e o Pai, que me enviou",
João 8:16.
A aparência
é o principal opositor ou rival da transparência. Andar na luz é ser
transparente e a raiz da humildade é sermos aquilo que somos
verdadeiramente. As pessoas criam uma aparência com a qual vivem e
ainda a aperfeiçoam. Essa aparência não é apenas a aparência física,
mas, pode ser um sorriso, uma boa obra, ou mesmo o inverso disso.
Sejamos audazes a ponto de transformarmos todo o nosso coração pelo
poder da graça e sejamos aquilo que somos verdadeiramente sem
qualquer outra aparência para desviar o olhar e a atenção da nossa
sinceridade. A grande questão é que as pessoas acreditam mais na sua
aparência do que na obra que Deus pode fazer dentro delas. São fiéis
à sua aparência e não a Deus, pois, desejam acreditar em suas
próprias capacidades ao invés de acreditar em Cristo e de confiar em
Sua obra alcançada no homem interior. "Tendo por certo isto mesmo: que
aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo",
Fil.1:6.
"A minha
doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou",
João 7:16. Tomara que muitos
pudessem dizer o mesmo. Hoje, os pregadores colocam as suas
doutrinas na frente do púlpito e esquecem aquilo que Deus quer dizer
ou diria em suas circunstâncias. O que conta hoje é a doutrina de
cada um e não a palavra da verdade a respeito do Evangelho e das
pessoas e seus corações. "Se alguém quiser fazer a vontade dele,
pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo",
João 7:17. E isto é o que
acontece com todos aqueles que conseguem chegar ao ponto de executar
toda a vontade de Deus através do poder da graça: eles saberão de
onde vem a doutrina que praticam, se vem de Deus ou se vem
do inferno. "Quem fala de si mesmo (ou da sua própria doutrina) busca a sua própria glória",
João 7:18. Este é um fato que
ninguém pode contestar - ainda que pareça ser outra coisa. E,
segundo Jesus, as únicas pessoas verdadeiras são aquelas que buscam
de todo o coração a glória de Deus. São verdadeiras de coração e
puras de motivos. "O que busca a glória daquele que o enviou, esse
é verdadeiro e não há nele injustiça",
João 7:18.
"Senhor, dá-nos sempre desse pão",
João 6:34.
Tal como a mulher Samaritana que pediu "daquela" água para que nunca
mais tivesse de voltar ao poço de Jacó, estes homens pediram o
pão para nunca mais terem fome. É verdadeiramente estranho que as
pessoas não saibam o que estão a pedir quando pedem. Ainda hoje as
pessoas se querem consolar com o pão que não alimenta e a água
que não mata a sede. Pedem pão e água carnal que dure para sempre e
duma vez por todas. Pedem a Deus como se aquilo que eles entendem e
querem fosse aquilo que Deus quer ou quer dizer. É muito mau viver
com um coração enganoso, o qual é capaz de alterar as palavras de
Deus e de transformar as mensagens espirituais em mensagens carnais.
Sempre que um coração não muda, ele tenta mudar a mensagem. Ainda hoje se dá um
significado diferente às palavras de Deus e acrescenta-se à Sua
palavra como se nada de grave estivesse acontecendo. Acrescenta-se e tira-se à palavra de Deus sem alterar a letra escrita -
sem alterar uma vírgula dela. O mesmo pode acontecer sempre e com
qualquer um que busque o carnal em Jesus. Podemos mesmo estar
diante de Jesus, ser confrontados por Ele e, ainda assim, não entender. Podemos estar
a vê-lo como é sem nunca O desejarmos. "Mas, já vos disse que também
vós me vistes e, contudo, não credes",
João 6:36.
Deus nos livre duma mentalidade dessas! Uma mentalidade que vem a
Deus para casar, para comer, beber, prosperar e nunca para ser salvo
com a finalidade de poder conviver com Deus noite e dia pela pessoa
que Ele realmente é.
"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em
condenação, mas, passou da morte para a vida",
João 5:24. Não existe doutrina
mais mal interpretada, a qual todas as igrejas assumem hoje a respeito
deste assunto. Mas, não me vou alongar sobre erros doutrinários.
Vou tentar explicar esta verdade. A vida eterna começa aqui e agora.
É uma vida constante, permanente, sem altos nem baixos e sem fim. A
palavra "eterna" significa, constante, permanente e que permanece.
Ela começa aqui. Quem a tem saberá o que é ter vida abundante - algo
que apenas uma pequeníssima minoria dos crentes tem. A descida
de Pentecostes foi a descida da Vida Eterna. Essa vida é
verdadeira, real e toma posse de todo o ser que a tem
verdadeiramente. Ora, se alguém tem essa vida, pode crer em Jesus
porque Ele é essa vida. Aquele que crê já tem essa vida. Não entra
em condenação porque essa vida não tem nada condenável. Mudou de
vida, saiu da morte (que considerava vida) e entrou na
verdadeira vida. O Seu Espírito, a Sua essência é a vida
eterna. "A vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único
Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", João 17:3. Este conhecer é um conhecer de experimentar e
de gozar a própria essência de Deus. É óbvio que se alguém entrou
nesta vida, aquilo que considerava vida (mas, que em sua essência
era o início duma morte eterna) deixa de existir. A pessoa sai duma
forma de vida (uma forma de morte, a bem dizer) para a verdadeira
vida. E é esta vida que nos possibilita a crer em Jesus da forma que
devemos. Tendo esta vida, crer passa a ser um dever. Há quem 'creia' em Jesus de forma carnal, algo que não
passa de idolatria. Não é a fé que traz vida, mas, a verdadeira vida
que traz fé. Não é o ovo que dá a galinha, mas, a galinha que dá o
ovo. A verdadeira fé é fruto do Espírito e não é o Espírito que é
fruto da fé. Quando as pessoas se encontram separadas de Deus por
algum pecado, a fé que existe é uma fé naufragada. Existe,
embora naufragada, (1Tim.1:19).
E é com esta fé naufragada que a maioria dos crentes vive e canta
nas igrejas de hoje. Mas, essa fé não é a fé que nos chega por via
da vida eterna sendo que o pecado separa a pessoa dessa vida. A fé
naufragada é fruto da morte eterna dentro de quem não vive e
experimenta Deus de forma real e verdadeira. Quem tem essa vida saiu
de sua vida anterior, isto é, saiu da morte que considerava vida. Se
saiu do mundo e do pecado porque entrou numa vida verdadeira de
santidade por via duma convivência real com Deus em Espírito, a qual
tomou posse total de todo o seu ser, não tem mais como viver a
'vida' antiga. Se a viver, sai da verdadeira vida para viver a
morte. Quem pode entender estas coisas? Apenas aqueles que
experimentam ou experimentaram verdadeiramente a essência da Vida
Eterna. Quem nunca a experimentou, nunca entenderá. E quem nunca
experimentou, cria doutrinas convenientes para abastecer a carne e
sua ânsia de sobrevivência carnal e mortal. É por essa razão que as
igrejas de hoje são endurecidas, algumas das quais mais duras que aço.
"Creram
no seu nome. Mas, o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia",
João 2:23,24. Muitos (a maioria)
contenta-se com crer em Jesus. Mas, devemos e podemos chegar ao
ponto onde Jesus possa confiar em nós. Ele não vai entregar a Sua
própria vida (o Espírito Santo) nas mãos de pessoas em quem não confia
porque o Seu Espírito é a Sua própria essência. Lemos que "Deus colocou no
Éden o homem que havia formado". Ora, o homem foi criado e formado.
Ainda hoje funciona da mesma maneira: se Deus não formar o pregador
- ainda que tenha nascido de novo - se não for Deus a criar e, de
seguida, formar
o crente nunca será colocado em nenhum Éden espiritual. Se tal
pessoa obtiver algum lugar de chefia, liderança ou mesmo um simples
testemunho não havendo sido formado por Deus é alguém que
pulou o muro para dentro do aprisco das ovelhas.
"Eis
aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo",
João 1:47. Existem certas
atitudes ou mesmo características das quais os humanos se ressentem,
mas, que Jesus aprecia. Uma delas é esta de não ter dolo, falar reto
e direto sem meias palavras. Jesus gosta que se vá direto ao assunto
sem rodeios. É bom que tomemos consciência disso.
"Nascer
de novo". Este termo tornou-se uma gíria na boca de todos os crentes
e a grande maioria das pessoas nem sabe do que se trata. Nascer de
novo significa nascer em outra vida onde a antiga tem um final
imediato. "Eis que tudo se fez novo",
2Cor.5:17. Se algo da vida antiga persistir ou
sobreviver, seja a vida de pecado ou o modo de operar e fazer, a
pessoa não está em outra vida. Se nasceu de novo e pratica outra
vida, pode ter morrido à
nascença. O termo "novo" também contém algo para se entender. É algo
divino, puro e inocente. E isso acontece com arrependimento,
confissão de cada pecado e conversão. Eu não me preocupo em nascer
de novo porque não me posso fazer nascer; antes, ocupo-me em me arrepender e abandonar a vida antiga, seu modo
de operar, sua força carnal apoderando-me das novas armas da luz e
do Espírito.
"Aquele
que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus",
João 3:3. Entrar no Reino de
Deus pode não significar estar a ser reinado por Deus. Tudo se faz
novo nesse reino, incluindo a nossa forma de viver e de sermos
reinados pelo poder da graça em detrimento do poder da carne e dos
pensamentos. Agora, nascer de novo é somente nascer para ver esse
reino. Para vermos este mundo terreno precisamos nascer nele. Mas,
isso não significa que seremos úteis nele. Para o vermos precisamos
nascer nele. Para - futuramente - vivermos nele, precisamos nascer
nele. Desse mesmo modo funciona o nascer de novo para vermos o reino
de Deus. Nascer não é nada mais que nascer. Não nos podemos esquecer
do que deve seguir esse novo nascimento.
Todo
homem tem um coração, uma maneira de ser, personalidade e essência
escondida dentro dele. A mensagem de Cristo vem para transformar o
coração. Ora, se a mensagem penetra no homem e o coração não se
transforma; e se o homem em questão gosta da mensagem que não o
transformou, certamente que ele irá transformar a mensagem. Ou a
mensagem transforma o coração, ou o coração transforma a mensagem.
Nada ficará igual depois de ouvirmos a mensagem: ou o coração muda
ou nascerá um falso crente, um falso pregador, um herético, isto é,
ou o coração se transforma ou nasce um anticristo.
"Nele
estava a vida e a vida era a luz dos homens",
João 1:4. Devemos saber que a luz ilumina, revela,
mostra tudo como verdadeiramente é. Nada fica encoberto em nossos
corações se a luz resplandecer verdadeiramente e se assim
permitirmos que aconteça. A vida de plenitude é essa luz e ilumina
para dentro conforme aquilo que "o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais",
1Cor.2:13. Quem não
tem essa vida na plenitude prometida não terá luz, viverá cego nas
trevas. Além de cego, viverá num ambiente de escuridão total - ainda
que creia que vê. Vive num meio escuro e ainda é cego, tendo uma
dupla escuridão. Na nossa pequena medida, também nos tornamos luz
se a plenitude de vida tiver realmente condições para permanecer em
nós. Uma lâmpada não ilumina apenas para dentro dela, mas, ilumina à
sua volta. E existe luz que ofusca e outra cujo alvo é iluminar. Se
a luz ofusca, não estamos iluminando da maneira que devemos. E quem
se sente ofuscado deve olhar ao seu redor para ver melhor e não
olhar diretamente para a luz. Ninguém olha diretamente para o sol
para se sentir iluminado.
"Vós
sois os que vos justificais a vós mesmos",
Luc.16:15. É muito difícil achar alguém que não se
justifique a ele próprio. No mundo, cada pessoa gosta de acreditar
em tudo que é de bom para ele. No entanto, poucos levam em conta que
existem dois mundos: o da mente e o mundo da realidade prática. Essa
mentalidade existe em cada pessoa. É muito fácil tapar os olhos para
a morte eterna crendo numa vida eterna; ou crer que Deus e o mundo
andam juntos quando amamos o mundo; etc. Mas, devemos saber
que devemos ser justificados por Deus e nunca através de nossa
própria opinião ou força a nosso respeito. Quando o homem se esforça
para se tornar bom ou justo negligenciando o poder da graça, muda
somente a sua aparência. E é essa
aparência que pode influenciar a nossa opinião sobre nós mesmos, a par
daquilo que desejamos que nos aconteça de bom. A nossa opinião a nosso respeito,
seja para bem ou para pensar mal de nós mesmos, é sempre suspeita.
Vamos permitir que fale Quem conhece os corações de todos. A
justificação - a verdadeira justificação - vem de Deus. É Ele
quem torna justo desde o coração e, logo, estando o interior limpo,
a parte de fora estará igualmente limpa. E se for Ele a justificar
(a tornar justo),
"quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus"?
Rom.8:33. Vamos permitir que
seja Deus a justificar ou mesmo a condenar porque mesmo estando a
condenar a sua intenção é de salvar.
"Em verdade
vos digo que é difícil entrar um rico no Reino dos céus",
Mat.19:23. Quando se fala no
Reino dos Céus todos acreditam que se trata da vida depois da morte.
Mas, nada pode estar mais longe da verdade. O Reino vem dos Céus e é
igual ao que existe nos Céus, mas, acontece aqui na terra - começa
aqui. Além do
mais, se não acontecer agora, não acontecerá nunca. O Reino de Deus
ou dos Céus é onde Deus reina sem qualquer resistência da parte de
quem é reinado. Aliás, sem resistência é dizer pouco: acontece que a
pessoa deseja ser guiado, reinado e torna-se inteiramente e
voluntariosamente ativo nesse reino. Esse Reino opera pelo interior. "O Reino de Deus está em
vós", Luc.17:21. Logo,
precisamos saber que ser reinado por Deus é algo para alguns, embora
esteja destinado para todos. É um privilégio enorme conseguirmos
chegar ao ponto de sermos verdadeiramente reinados por Deus a partir
de nosso interior a ponto de desejarmos intensamente sermos somente
d'Ele. E é nesse reino que poucos entram por muitos e variados
motivos. Poucos entram nesse Reino.
"Em
vão me adoram", Mat.15:9. É
possível adorar o Deus vivo, o verdadeiro, em vão.
Faleceu
um amigo meu. Ele conhecia a verdade melhor que muitos, pregava,
ajudava os missionários e, no entanto, suicidou-se. São coisas que
não entendo. Como é que é possível alguém chegar a esse ponto
sabendo que nunca mais sairá do inferno que sabe que existe? Então,
pus-me a pensar a respeito do suicídio e não demorou muito até meus
pensamentos me levarem a pensar no suicídio espiritual porque o
outro não consigo explicar. Quantas
pessoas olham para a esposa do outro, a menina bonita na rua, o
carro ou a casa do seu próximo sem se darem conta que estão
cometendo suicídio espiritual? No final de meus pensamentos concluí
que é tão fácil cometer suicídio porque a maioria dos suicídios não
é tão óbvia. É verdade que cometemos suicídio imaginando o pecado e
vendo as coisas do mundo, seus filmes e novelas, suas intrigas e
fofocas. É pena que muitos não se dêem conta da seriedade do pecado
ou do ato de amar o mundo. "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele", 1João 2:15.
"Ai
dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes diante de si mesmos!"
Is.5:21. Também poderemos
afirmar sem estarmos a errar: "Ai dos que são crentes a seus
próprios olhos e não é Deus quem dá o seu testemunho a respeito deles!"
"Disse-lhes
Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim",
João 14:6. Não podemos ignorar
que Jesus dizia isto para discípulos formados, embora muitos usem
este versículo para pessoas que pertencem a outras religiões ou
crenças. A palavra "caminho" significa o modo ou o meio; a "verdade"
significa mais que ser mera verdade. Significa realidade, veracidade
- algo que necessita tornar-se real. Quando as coisas não funcionam
ou não se realizam (não se tornam reais), Jesus não está sendo a
verdade para nós; o mesmo se pode afirmar quando Ele não se torna
vida abundante, real, verdadeira e exclusiva para nós. Existe o
perigo de, ao sabermos qual é a verdade, tentarmos praticar sem ser
pelos meios de Jesus e sem ser pelo poder da graça - na qual devemos
sempre esperar. "Esperai inteiramente na graça",
1Ped.1:13. Se não for alcançado
por via do poder da graça, tudo é em vão e, possivelmente, idólatra.
E se a graça não tornar real, isto é, se o poder de Deus não realizar, não
podemos buscar outros meios para fazer aquilo que Deus não faz - ou
ainda não fez. E, se Deus fizer, isso também significa que nós
próprios podemos estar muito ativos e envolvidos nessa obra.
"Esperai inteiramente na graça
(que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo)",
1Ped.1:13. Não existe maior
fonte para o desânimo que aquela frustração de não se conseguir
fazer. É essencial aprender a depender, a viver e a usufruir do
poder da graça. Quando deixamos de depender da força da carne - seja
de que forma ela for - deparamo-nos com uma encruzilhada, pois,
deixar de depender da carne ainda não é conseguir viver pela graça.
A inactividade não é e nunca será viver pela graça ou poder de
Deus. "As armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas",
2Cor.10:4. E é precisamente nesta
encruzilhada onde a pessoa precisa depor as armas da carne e
aprender a manejar as armas da luz e da graça que muitos desistem,
desviam-se para outras doutrinas e explicações, ou perecem. "Rejeitemos,
pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz",
Rom.13:12. Não nos podemos ficar
por rejeitar as armas e as obras da carne. Temos de aprender a
reconhecer, usar e manejar bem todas as armas da luz e da graça.
"Aqueles
que amam a tua salvação digam continuamente: Engrandecido seja Deus",
Sal.70:4. Poucos assumem ou
reconhecem o fato de que a nossa salvação engrandece Deus. Deus não fica
maior do que já é salvando-nos, mas, sua fama e nome precisam
tornar-se iguais àquilo que Ele é.
"Fiquem
envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma",
Sal.70:2. Não podemos esquecer
que toda e qualquer perseguição, maldade ou injuria da parte do
diabo tem como alvo ou como objectivo exclusivo roubar a alma de
alguém. Ele faz isso tanto através do engodo quanto através do mal
que causa. Nunca permita que sua alma seja atingida pelo pecado
quando o diabo anda a tentar caçá-la.
"Não
sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos
Exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel",
Sal.69:6. É necessário entender
quão grande estrago causa qualquer escândalo. Sabemos que, por
vezes, não é possível evitar que alguém se escandalize com nosso
viver ou com alguma de nossas atitudes. E é bom saber que existem
escândalos que glorificam Deus e escandalizam as pessoas; e existem
outros escândalos que escandalizam as pessoas e Deus; e que
existem escândalos que glorificam pessoas e escandalizam Deus e Seus
anjos. Além do mais, não existimos
para agradar pessoas. Existimos para sermos agradáveis a Deus. E se
não agradamos pessoas e agradamos Deus haverá sempre algo que
escandalize alguém. Mas, devemos ter em conta que tanto o diabo
quanto o mundo busca algo plausível e verdadeiro em nossa vida para
escandalizar ou sujar o nome de Deus e denegrir o verdadeiro Evangelho. Por
essa razão, devemos andar sempre com Deus tendo toda nossa vida na
luz. A pessoa que anda encoberta fica sempre hiper-consciente de si
mesma, estando sempre a encobrir o seu coração porque nasceu num
mundo onde a cultura é esconder e encobrir o motivo e o coração.
Logo, por amor ao nome de Deus, devemos andar limpos sob intensa
luz, onde essa luz não permite que nada fique oculto, encoberto ou
invisível. Lemos, no entanto que Davi ia muito mais além: "Restituí o que não furtei";
"Porque por amor de ti tenho suportado afronta",
Sal.69:4,7. Os que são
verdadeiramente inocentes não se ressentem sempre que são acusados
falsamente, pois, sabem que estão sempre sendo julgados por Deus a
cada momento na Sua luz, andando nela como Ele anda nela conosco.
Quando
algo nos ocupa e atrai subjugando a nossa atenção e concentração
tendo nós o dever de estar com a Palavra de Deus em oração, podemos
incorrer no perigo de nos forçarmos mentalmente para nos
concentrarmos estando o coração ausente daquilo que fazemos. É
verdade - e sempre será verdade - que todo o nosso coração deve
estar envolvido em qualquer coisa que fazemos para Deus - ou com
Deus. Logo, precisamos ter em conta que devemos estar aptos a a ter
ou obter um coração disponível para essa tarefa tão importante que é
colocarmo-nos sob a alçada, admoestação, exortação, ensino e
instrução da Palavra de Deus. O nosso coração deve estar presente e
não apenas a nossa mente de tal forma "que, quando Ele vier e bater,
possam abrir-lhe logo (de imediato)", Luc.12:36.
"Os
transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos",
Is.1:28. Existe uma 'mania' ou
doença entre a maioria dos crentes que dizem que transgridem e andam
com o Senhor ao mesmo tempo. Por este versículo podemos deduzir que
o caminho da transgressão é o inverso de andar com o Senhor.
Sempre
que executamos uma obra ou fazemos alguma coisa, qualquer motivo por
trás dessa obra torna-se claro. É mais fácil esconder a obra que o
motivo. Aquilo que motiva qualquer ação transparece sempre e será
sempre pelo motivo que qualquer obra é avaliada. Até aos olhos do
mundo as obras são avaliadas dessa forma.
"Ouvi
agora isto, ó povo insensato e sem coração, que tendes olhos e não
vedes, que tendes ouvidos e não ouvis",
Jer.5:21. Se alguém tem ouvidos é porque pode ouvir e se
tem olhos é porque pode ver. Logo, estando ocupado com outras coisas
sendo consumido e concentrado noutros assuntos ou afazeres
certamente que não ouvirá como deve e não enxergará como deve. "Vede
como ouvis"! Luc.8:18. Existem
muitas coisas capazes de sufocar e mesmo exterminar a semente dos
nossos corações. A tristeza errada, a alegria errada, a ira, os
desejos, outras crenças e religiosidade, o humor errado - seja ele
bom ou mau humor - os afazeres terrenos e sem futuro eterno e
tantas outras coisas podem fazer com que aqueles que têm ouvidos não
ouçam e com que aqueles que têm olhos não vejam o fim (a finalidade)
das coisas.
"Negaram
ao Senhor e disseram: Não é ele; nem mal nos sobrevirá, nem veremos espada nem fome",
Jer.5:12. Existem muitas formas
de negarmos ao Senhor. Pedro negou Jesus com medo de morrer e ser
torturado; os Fariseus negaram o Cristo porque não quiseram ler os
sinais dos tempos; e aqui vemos que alguém pode negar Jesus quando
Ele bate à porta e não é reconhecido: "Não é Ele"! Certamente que
também é possível estar negando a Jesus quando um estranho bate à
porta e dizemos: "É Ele". Aceitar estranhos em Seu nome é
negá-lo. "Sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam
abrir-lhe", Luc.12:36.
"Deixa
a ira e abandona o furor; não te indignes de forma alguma para fazer o mal",
Sal.37:8. Não é apenas o furor e
a ira que devem ser exterminados da nossa vida. A preguiça, o
desleixo, a negligência, a impaciência, a insatisfação e muitas outras coisas que
podemos considerar serem as raízes e embriões para todo tipo de ira
devem ser levados à exterminação pelo poder da cruz de Cristo. A ira não surge do nada. Ela tem razões de ser no mais profundo do coração
do homem, razões essas que costumam estar ocultas ao olho espiritual
do próprio, estando escondidas no segredo. Torna-se, pois, necessário lidar tanto
com a origem da ira quanto com a própria ira em si. Lidar apenas
contra a ira é curar algo muito superficialmente. Devemos saber que
a ira não vem do nada. Ela tem raízes, causas e razões que se
transformam em direitos para quem alimenta ou contém a sua ira. Um
preguiçoso pode irar-se porque lhe pedem para fazer algo e ainda
culpa quem lhe pediu por sua ira e não sua preguiça ou seu próprio
coração. A ira é
uma defesa de direitos que nunca foram entregues a Cristo. Quando
nos entregamos a Cristo verdadeiramente, entregamos todo e qualquer direito que
pensamos possuir neste mundo e no mundo vindouro. Deixamos de ter
direitos perante a cruz de Cristo. Logo, lidar apenas com a ira é ignorar
as suas causas e origens, sufocando-a e mantendo-a dentro daquilo
que consideramos ser seus limites razoáveis. E tudo na ira é mau?
Nem toda a ira é má. Devemos saber que existe uma ira santa, a qual
deve permanecer intocável. Mas, mesmo sendo santa não deixa de ter
suas causas e origens no amor pela glória de Deus. Foi esse tipo de
amor e zelo que levou Jesus a pegar num chicote para expulsar negociadores
do templo e da casa de oração. Esse tipo de ira é intocável e assim
deve permanecer. Uma coisa 'boa' da ira é que os motivos para essa
ira transparecem sempre; o próprio tarda em reconhecer porque a
ira é uma defesa de direitos, mas, os de fora apercebem-se
facilmente tanto da
ira quanto daquilo que a motiva. Não é fácil esconder para os outros
os motivos da ira. Por essa razão, também, a ira santa não
necessita ser explicada e não precisa redimir-se com pedidos de
desculpa. Redimir-se, neste caso, seria estar pecando e transgredindo.
Existe
uma ligação direta entre os sonhos (de olhos abertos) das pessoas e a insatisfação e
inquietude. E muitos ainda falam dos "sonhos de Deus" como se Deus
sonhasse ou fosse inquieto! Os sonhadores são pessoas perturbadas e
insatisfeitas com Deus e com aquilo que já têm. Sonhador nunca vai
deixar de ser sonhador - ainda que já tenha alcançado tudo que
sonhou, pois, criou o hábito de sonhar.
Tudo
o que pode apoderar-se do homem, dos seus sentidos, da sua
temperança ou da sua quietude é impedimento à verdadeira sabedoria.
Na verdade, cria uma barreira inultrapassável para a entrada da
sabedoria e faz com que a tolice permaneça no coração e na vida da
pessoa. Entre essas coisas encontram-se a ira, a luxúria, a
preocupação, os sonhos e a insatisfação e tudo que
consome e se apodera da alma. "Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque
a ira repousa no íntimo dos tolos",
Ecl.7:9. A ira consome os
sentidos de qualquer pessoa e apodera-se de todos os instrumentos
que a sabedoria necessita para ensinar, redarguir, admoestar e estabelecer-se
no coração, tais como a imaginação, a perspicácia, a quietude entre
tantas outras coisas necessárias para essa finalidade. Logo, quando
pedimos sabedoria a Deus, estamos pedindo, indiretamente, um coração
quieto, uma consciência limpa - e tudo isso sob quaisquer
circunstâncias. Não é possível tornar alguém sábio nos verdadeiros
caminhos de Deus sem que se alcance antecipada ou simultaneamente
todos os requisitos necessários para que essa sabedoria possa estabelecer-se de forma permanente.
"Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre
pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga
inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra
a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas, é terrena, animal e diabólica.
Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.
A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável,
cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o
fruto da justiça semeia-se na paz para os que exercitam a paz",
Tiago 3:13-18. "Porque assim diz o Senhor:
Preparai para vós o campo de lavoura e não semeeis entre espinhos",
Jer.4:3.
"Os
sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheciam",
Jer.2:8. A maioria dos crentes
têm medo de fazer esta pergunta: "Onde está o Senhor?" Preferem
afirmar que Deus está ali, com eles ou em suas circunstâncias.
Qualquer outra coisa é tida como falta de fé. Aquilo que consideram
fé é uma aberração, pois, não têm Deus como real. Deus, sendo real,
manifesta-se de tal modo que não é necessário alguém confundir essa
realidade com ficção. Quando Deus se revela num lugar (ou numa
pessoa) ninguém se enganará a esse respeito e as palavras e
afirmações sobre essa realidade tornam-se supérfluas e
desnecessárias.
Vezes
sem conta, na Bíblia, tropeçamos na palavra "abominação" sem
entendê-la muito bem. Creio que esta palavra refere-se aos crentes e
não ao mundo em geral. Quando um crente conhecedor da
verdade, pregador, cantor ou com outra atividade popular não tem uma
vida pessoal celestial, a qual seja condizente com o verdadeiro
Evangelho, essa pessoa torna-se uma abominação. No mundo temos os
descrentes e na igreja temos os abomináveis.
Tudo
aquilo que é capaz de gerar a confiança e a fé em Deus também é
capaz de gerar a desconfiança. "Amados, não estranheis a ardente prova que
vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse",
1Ped.4:12. Não podemos pensar
que é algo estranho sermos provados sempre que estamos de bem com
Jesus. Se não estivermos bem com Deus não podemos falar da mesma
maneira.
"O que
semeia pouco, pouco também ceifará", 2Cor.9:6. Esta verdade não se aplica somente na esfera
material. Aplica-se, também, ao pregador que semeia a palavra. Tudo
vai depender do que semeia, do quanto semeia e da qualidade da sua
semente. Pena é que muitos pastores e pregadores escolham pregar
continuamente em solos rochosos, isto é, para crentes que ouvem a
palavra anos a fio tendo tanta gente na rua que precisa ouvir para
se converter. Os crentes limpos e sãos aprendem de Deus praticando e
não apenas ouvindo pregar. Aquele que faz, aprende mais e aquele que
tem, mais se lhe dará. A sabedoria adquire-se de Deus e aquele que
pratica receberá mais porque Deus dá ao fiel que lhe pede. Nunca nos
esqueçamos que a vida exemplar de qualquer Cristão é o principal
convite para uma salvação genuína.
"Jesus,
pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos",
João 6:53. É necessário termos
essa vida em nós mesmos, isto é, obter uma vida eterna e constante que nos domina. Mas,
essa vida não predomina em nós paralelamente com outra forma de
vida, isto é, ou existe uma ou existe a outra. Muitos falam de
morrer para o mundo e o mundo morrer para eles. Comer da carne de
Cristo significa isso: morrer para o mundo. Contudo, muitos querem
comer de Sua carne indignamente. "Examine-se, pois, o homem a si mesmo e assim coma deste pão e beba deste cálice",
1Cor.11:28. Ninguém entra numa
realidade de estar verdadeiramente, literalmente morto para o mundo
e o mundo para ele se não passar por uma limpeza verdadeira e
completa de cada um de seus pecados conhecidos. Todos os pecados
conhecidos precisam ser reconhecidos e abandonados. Fingir que estamos mortos para
o pecado porque o acesso a essa realidade é-nos negado também é
tentar comer dessa ceia indignamente. "Àquele que bem ordena o seu
caminho eu mostrarei a salvação de Deus",
Sal.50:23.
"Não
vos prendais a um jugo desigual", 2Cor.6:14.
A palavra "prender" precisa ser levada em conta e
entendida dentro do seu contexto. Podemos ajudar,
comunicar o Evangelho verdadeiro, mas, nunca nos podemos deixar prender
em jugos desiguais. Jugos desiguais não são apenas aqueles que
prendem por via do matrimónio, mas, podem ser jugos desiguais por
via de amizades,
entre familiares, amigos, pai e mãe, no emprego ou por via de
qualquer outro tipo de cumplicidade. Devemos entender que, uma vez
em Cristo, a desigualdade entra em cena com tudo que fede a mundo.
As maiores
lutas
a que eu já assisti foi a luta de Deus com o meu coração e somente
agora me apercebi disso. Quando eu lutava com Deus, era Deus lutando
com meu coração, com meus motivos, contra minha força e poder, conta
minha própria sabedoria.
"Ouvi,
todos os povos, presta atenção, ó terra e tudo o que nela há; e seja o Senhor Deus testemunha contra vós
(...)
Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel",
Miq.1:2,5. Conheço uma canção que
diz: "Ó Israel, ainda hoje o sol se esconde por causa dos teus
pecados", falando sobre as trevas que ocorreram em pleno dia quando
Cristo foi crucificado. Parece estranho que toda a terra sofra e
seja julgada devido aos pecados de Israel. Mas, é um fato. Era
suposto o mundo salvar-se através de Israel, tal como é suposto o
mundo ser salvo pelas vidas dos crentes de hoje. E Paulo chama os líderes
que crucificaram Cristo como "príncipes deste mundo" e não apenas
como príncipes em Israel. E hoje vemos que os
testemunhos e a vida dos crentes levam o mundo a uma maior perdição e
escuridão. Ó Cristãos, toda a terra será julgada por causa dos vossos
pecados! O vosso testemunho está contaminado e a terra despreza o
verdadeiro Evangelho por causa dos evangelhos falsos. O cristianismo
de hoje é uma mancha em todo o Universo ao invés de ser uma enorme
fonte de luz gratuita e salvadora. E se a terra será julgada por
causa desses pecados, imaginem o juízo que cairá sobre os crentes de
hoje! "Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus",
1Ped.4:17.
"...Andarão
no Seu nome, diz o Senhor", Zac.10:12.
Existem pessoas que não conseguem andar em nome de Deus. Tropeçam e
cambaleiam quando em nome de Deus. Só andam em seu próprio nome -
ainda que usem o nome de Deus (em vão). Terá de chegar o dia em cada
crente onde a pedra de esquina não os faz tropeçar e duvidar, mas, erguer.
"...Com
vaidade consolam, por isso seguem o seu caminho como ovelhas",
Zac.10:2. Muitas vezes, as
pessoas necessitam de algo para poderem continuar. Por vezes,
necessitam consolo, outras vezes encorajamento e outras vezes
correção. Mas, aquele que anda com Deus deve conseguir discernir que
tipo de consolo, encorajamento ou repreensão chega até ele. Se
qualquer coisa que o faz seguir caminho não é o consolo do
Consolador, mas, é algo humano e carnal - algo que é uma imitação
carnal - já nos tornamos humano-dependentes. Deus pode falar e
consolar através de alguma pessoa, mas, precisamos obter essa
confirmação pelo lado de dentro. Os falsos recebem glória, consolo e
exortações uns dos outros e, por isso, seguem seu caminho como se
fossem ovelhas - mas, não são.
"Porque
há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores (principalmente os da circuncisão)",
Tito 1:10. Parece que Paulo
estaria falando de pessoas diferentes com defeitos diferentes. Mas,
na verdade, trata-se da(s) mesma(s) pessoa(s) com comportamentos diferentes,
comportamentos esses
que cooperam entre si. Estes defeitos são inseparáveis. A pessoa
desordenada é faladora ou torna-se faladora; consequentemente,
tornam-se vãos e a necessidade de se estabelecerem e auto-promoverem
como forma de se sentirem seguraras é a consequência inevitável que se segue.
Vamos por partes: a vida desordenada significa alguém que não
colocou, ou deixou de colocar ou não mantém a sua vida na luz e
ordenada diante de Deus e, consequentemente, diante de seus próprios
olhos. "Descrevi-te todos os meus caminhos (...) Considerei os meus caminhos
(...) todos os meus caminhos estão diante de ti (...); conheces todos os meus caminhos,
Sal.119:26,59,168; Sal.139:3.
"Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus",
Sal.50:23. As pessoas
desordenadas (neste sentido) tornam-se pessoas faladoras e quem fala
muito nada ouve - está sempre ocupado falando e quem se ocupa com
uma coisa não tem como fazer outra.
Torna-se faladora porque é desordenada e fala de tudo um pouco - até
mesmo daquilo que nunca entendeu. É assim que se conforta e se
assegura diante duma consciência manchada e sem ordem.
Consequentemente, torna-se uma pessoa vã. Quando falamos duma
pessoa vã significa que ela canta hinos, prega, estuda as Escrituras,
mas, faz tudo em vão. Isso quer dizer que nada do que faz - por muito
que faça - tem como lhe trazer proveito verdadeiro porque sua vida
está desordenada e Deus não se deixa enganar com religiosidade. Daí
que Paulo mencione os da circuncisão entre muitos outros com
qualquer outro tipo de religiosidade. De seguida, não podem evitar
tornarem-se enganadores. Uma das formas mais apetecíveis e mais
comuns de alguém se sentir assegurado é rodear-se de discípulos e
ouvintes, como se fossem as pessoas e suas opiniões que dão
segurança e não a convicção e certeza gerada pelo lado de dentro
pelo Espírito de Deus. Tudo que ilude o homem com segurança é uma
forma de idolatria. Tal como o dinheiro e a avareza (que são
idolatria) existem outras coisas que falsificam segurança nas
pessoas.
A abstenção
de qualquer pecado, vicio ou concupiscência, já desde o coração e do
pensamento, preenchendo o vazio com a prática da verdade partindo
essa prática, também, desde o coração e do pensamento, elimina o pecado de
qualquer vida que tenha sido cheia do Espírito Santo. Aos que andam
e vivem cheios do Espírito Santo (desde que não seja somente ficção
e crença da ilusão e da mentira do desejo) é dito que "vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma",
1Ped.2:11. Esse é o segredo.
Quem se abstém, estando cheio do Espírito, será limpo -
verdadeiramente limpo - a ponto de nem sequer ter lembrança da
prática do pecado que o prendia e consumia anteriormente. Esse pecado pode ser
qualquer um, desde a ira à prostituição, desde a impaciência ao
ódio.
"...Sejamos
feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna",
Tito 3:7. A herança da qual todo
o Novo Testamento fala é uma herança de natureza, isto é, da
natureza de Cristo, a qual herdamos quando certas condições são
cumpridas. Essa herança começa aqui e agora, na terra, tal como a
vida eterna. A vida eterna é uma vida interior, constante,
permanente e sem altos e baixos. E é consoante a esperança viva e
real que a vida eterna dentro de nós nos dá - desde que na abundância
prometida - que nos assegura dessa herança. Nós não vamos
herdar mais tarde porque Cristo já morreu (e já ressuscitou). Se já
morreu, a hora da herança é agora. Agora
é a hora de receber a herança e não mais tarde. Recebemos a Sua
natureza aqui e agora. Você tem essa ideia ou doutrina sobre o que é
realmente a herança dos santos? Tem essa herança? Alcançou-a?
"...Cuidando
que a piedade seja causa de ganho", 1Tim.6:5. O ganho é a piedade em si. Quem ganha a piedade
ganhou tudo que há para ganhar. Deus pode acrescentar as outras
coisas, mas, nada do que acrescenta pode ser ganho porque não é.
Todas as doutrinas atuais de prosperidade - ou com indícios de
prosperidade - são uma falácia. Quem se sentir realizado e
satisfeito com a piedade alcançada e com a santidade que vem pela
graça e pelo poder do Espírito, é pessoa próspera. "Grande ganho a piedade com contentamento",
1Tim.6:6. Até mesmo "o conhecimento da verdade é segundo
a piedade", Tito 1:1.
"...Nos
salvou (...) não segundo as nossas obras, mas, segundo o seu
próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos",
2Tim.1:9. Muita gente prega que
somos salvos pela graça. Até aí estamos de acordo, mas, não deixa de
ser uma pregação ao invés de ser uma verdadeira e enorme constatação
da sua realidade. A questão é que a maioria dos que pregam que somos
salvos pela graça não manifesta essas obras concluídas pela graça -
se é que alguma vez foram verdadeiramente iniciadas. A sua pregação
serve para se tornarem infrutíferos, estagnados e sem a verdadeira
ação da graça, de forma que se torne manifesta e conclusiva. Mostrem que são
salvos pela graça ao invés de se ficarem, apenas, pela pregação.
Essa graça precisa ser alcançada, intensamente desejada por alguém
que deseja aprender a viver e conviver doutra forma e com outra
maneira de tocar a sua vida e existência para a frente. A graça
busca-se e acha-se. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça,
para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados
em tempo oportuno", Heb.4:16.
Quando
Faraó mandou os filhos de Jacó de volta para buscarem seu pai e suas
famílias, ele disse: "E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios;
porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso",
Gen.45:20. Ora, se os irmãos de
José não deveriam estar preocupados com suas possessões em Canaã
porque receberiam do melhor no Egito quando chegassem, imaginem o
mal que fazem todos aqueles que se apegam às coisas da terra tendo a
sua vida em ordem para o céu. "E não vos pese coisa alguma dos
vossos utensílios; porque o melhor de todo o céu do será vosso".
Lembrem-se da mulher de Ló, pois, olhou para trás e, por isso, ficou
para trás.
"(Os irmãos
de José) não podiam falar com ele pacificamente",
Gen.37:4. Você pode falar pacificamente com todas as
pessoas? Falar pacificamente significa que você tem paz no coração e
não que os demais estejam em paz consigo.
"Peregrina
nesta terra e serei contigo e te abençoarei (...) a ti e à tua descendência
(...) e confirmarei", Gen.26:3.
Sabemos que, crendo em Jesus, nos tornamos automaticamente
descendência de Isaque e Abraão. "Eis-Me aqui a Mim e aos filhos que Deus me deu",
Heb.2:13. Logo, tudo que foi
dito aos pais da fé é, também, dito a nós agora. Só existe uma coisa que
devemos entender melhor: "Peregrina nesta terra". "Todos
estes (...) confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra",
Heb.11:13. Você sente-se
estrangeiro nesta terra? Vive como estrangeiro aqui? Você peregrina
nesta terra ou apodera-se dela, tomando posse daquilo que é terreno?
Todos quantos "tomam posse disto e daquilo" não se podem considerar
peregrinos na terra. As suas "bênçãos" são ilusões porque usam o
nome de Deus em vão. Peregrino não toma posse de nada, tal como
Abraão nunca tomou posse da terra prometida porque era Deus quem
teria de dar, tal e qual como prometeu fazer. "Jurei que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma",
Gen.14:23.
"...E
esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus",
Gen.3:8. Eles não se esconderam
do Senhor - evitaram a presença d'Ele. No fundo, não deixaram de
querer Deus, mas, apenas de não serem iluminados e convictos, sendo
condenados pela consciência. Esconderam, isto é, deixaram de andar
na luz e de ser transparentes. No fundo, começaram a ocultar
aquilo que envergonha e condena estando na luz (na presença de Deus). E a maneira de o fazer é evitar que
a consciência seja iluminada e que a presença de Deus (que é luz)
possa revelar ao próprio aquilo que a luz condena. Existem coisas
que não são condenáveis vivendo nas trevas, as quais se tornam
"aceitáveis", mas, que se tornam
condenáveis estando na luz e pela luz. E sendo condenáveis pela luz,
precisam ser condenáveis pela mente de quem anda na luz e deixou de
andar nas trevas. A mentalidade das trevas precisa ser renovada em
uma outra que posa estar sempre de acordo com a luz. E essas coisas não devem
apenas tornar-se condenáveis, mas, devem ser rejeitadas ou mesmo
pré-rejeitadas. "Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade",
2Cor.4:2.
"Pois, que não conheceste o tempo da tua visitação",
Luc.19:44. Devemos saber que
existe um tempo de visitação para todo ser aqui na terra. Um dia
Deus baterá à nossa porta. Mas, devemos ter em conta que precisamos
tomar conhecimento da realidade desse dia de visitação e alcançar a promessa,
seja ela qual for. Se isso não acontecer, pode acontecer que a Pedra
rejeitada, negligenciada, esquecida ou desprezada seja, afinal, a principal pedra de esquina.
"Diz
a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns e perseguirão outros",
Luc.11:49. Jesus define a
profecia como sabedoria. Qualquer tipo de profecia que não seja
sabedoria ou que não provenha da sabedoria é fútil. Não pode vir da
emoção, da amargura, da ilusão, do desejo ou de qualquer outra forma de
sentimento humano. A sabedoria de Deus não é sentida de forma emotiva
ou emocional, mas, surpreende-nos de forma a frutificar.
"A que
caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os
cuidados, riquezas, deleites da vida e não dão fruto com perfeição",
Luc.8:14. É importante verificar
que as pessoas são as principais culpadas da falta de verdadeiro
fruto em suas vidas. O diabo não é o culpado, nem as circunstâncias,
mas, o próprio - apenas o próprio. E tem mais: o amor ou desejo pela
riqueza, as preocupações e ocupações com o mundo ou os prazeres da
vida terrena têm o poder de sufocar o poder e o efeito da palavra de
Deus - de toda e qualquer palavra de Deus. O diabo não tem esse
poder, o inferno não consegue alcançar aquilo que as coisas do mundo
no coração conseguem, isto é, anular a palavra de Deus, a qual é poderosa,
criadora e recreadora. Com uma palavra Deus fez o céu e a terra e com uma
preocupação ou ocupação mundana o poder dessa palavra é anulado ou
sufocado. Em segundo lugar, não é preciso alguém ser rico para ter amor pela
riqueza, pois, até os mais pobres podem esconder o amor secreto
pelas riquezas; não é necessário alguém ir ao baile mundano
para ter uma apetência pela música do mundo, pois, o coração pode estar
desejando aquilo de que se priva e não tem ou é capaz mesmo de manter esperanças secretas
sobre o que nunca alcançou - aquilo que as pessoas dizem ser sonhos.
Esses sonhos também são espinhos que sufocam a palavra. Afirmar que
somente os ricos têm amor pela riqueza ou
que qualquer pobre não ama o dinheiro é estar a faltar à
verdade. O pecado que resiste no coração pode existir ou co-existir
com o Evangelho em qualquer
um, seja rico ou pobre. E é isso que sufoca o fruto já a partir do
coração. Dizer que alguém que se abstém de transgressões sexuais
está liberto dessa forma de concupiscência apenas porque se abstém,
lutando secretamente contra o desejo, é faltar à verdade, pois,
quando Cristo liberta, Ele liberta verdadeiramente até desses tipos de pecado
e eles
deixam de sufocar a palavra; e o Espírito disponibiliza todo o ser interior para
o verdadeiro serviço de Deus e da Palavra. É uma promessa e qualquer promessa
vinda de Deus é um dever. É bom que o mal, o maligno e a
tentação nunca achem o desejo ou a propensão para pecar em nós. "Vem o príncipe do
mundo; e ele nada tem em Mim (nada acha em Mim)",
João 14:30. Se não encontra nada
em nós não devemos ter receio da aproximação do maligno e do seu
confronto. Toda a forma de legalismo é um medo de pecar associado a
um coração que esconde (encobre) a sua apetência para pecar, impondo
sobre os demais aquilo que nega reconhecer que faz em secreto ou que
faria se pudesse.
Achar
o nosso caminho hoje, é como passar por mato e matagal. Se não
formos guiados, não enxergaremos a direção do nosso destino e nunca saberemos por
onde ir - ainda que saibamos para onde ir.
Por
que razão ou razões Jesus não queria que os demónios dissessem quem
Ele era? Ainda não sei explicar. Mas, eu creio que é muito mau
quando alguém fala bem de mim e essa pessoa não anda nos
caminhos de Deus e eu ando; e, também, quando alguém que anda nos
caminhos de Deus pensa ou fala mal de mim quando eu ando nesses
mesmos caminhos de Deus. Precisamos ter extremo cuidado com as pessoas que
dizem estar identificados conosco e que não estão no verdadeiro
sentido da palavra. O verdadeiro evangelho não deve ser divulgado
por quem não experimenta esse evangelho na plenitude prometida.
A confissão
de cada pecado pelo nome foi e será a mensagem inicial de todo o
processo de salvação. Se queremos ser verdadeiramente salvos de
nossos pecados e plenamente libertos deles, precisamos começar em João Batista.
Esse começo é apenas o começo. Tudo o resto se torna possível a
partir daí. A vida de plenitude estará ao alcance daqueles que fizeram
uma limpeza minuciosa de cada pecado antigo e presente (Todo o vale
se encherá após isso); e, como as
Escrituras dizem, preparar o caminho do Senhor é confessar cada
pecado pelo nome e endireitar cada coisa torta. Após isso acontecer, muitas outras coisas começam a ganhar forma:
"Todo vale se encherá; e se abaixará todo monte e outeiro (a
humildade ganhará forma e não será fingida); e o que é
tortuoso se endireitará (as pessoas ganharão rumo); e os caminhos escabrosos se aplanarão
(uma vida sem altos e baixos, constante e permanente estará ao
alcance dum coração verdadeiro que busca. Quem busca achará e a
oração não será mais somente buscar e buscar);
e toda carne verá a salvação de Deus (seremos verdadeiramente salvos
de nossos pecados e libertos deles)", Luc.3:5,6.
E é certo que ninguém chegará a tudo isso se não houver passado por
João Batista.
"Ou
delibero segundo a carne, para que haja em mim sim, sim e não, não?",
2Cor.1:17. Existem duas coisas
aqui que podem acontecer: ou deliberar segundo a carne e tentar agir
no Espírito; ou deliberar segundo o Espírito e tentar andar segundo
a carne. Quando militamos segundo Deus, o sentimento pode acompanhar tudo o que
fazemos, mas, não é a motivação para fazer ou efetuar. Se o sentimento acompanha, cumprimos
melhor a lei de Deus porque a lei de Deus determina que o possamos amar com tudo
que somos – incluindo o que sentimos. Mas, quando o sentimento é a motivação em vez
de se tornar um mero aliado ou acompanhante, somos carnais. Os espirituais agem de tal
forma que parece que agem carnalmente e é por essa razão que as "semelhanças de crentes"
dificilmente se distinguem dos verdadeiros. Paulo explica isso assim: "…como se andássemos
segundo a carne. Mas, andando na carne, não militamos segundo a carne",
2Cor.10:2,3.
"Já
estou crucificado com Cristo e (...) Cristo vive em mim",
Gal.2:20. Nós somos responsáveis
actuantes para levarmos nossa cruz para morrer. Mas, não somos
gestores da vida de Cristo, isto é, nosso dever é entregar à morte
os nossos direitos, as nossas coisas, as nossas ideias e permitir
que Cristo viva em nós. A nossa tarefa é entregarmo-nos à cruz para
sermos crucificados para sempre e deixarmos de estar sempre a levar
a cruz para evitar morrer. Cristo viverá a própria vida d'Ele
em nós.
"Estai
em mim e eu em vós", João 15:4.
Não podemos comprometer tudo quanto Deus nos dá por uma
interpretação má, deficiente ou parcial daquilo que nos deseja
transmitir. Devemos analisar em separado o que significa estar em
Deus e aquilo que significa Deus estar em nós. São duas afirmações e
não uma. É preciso que Deus esteja em nós quanto é necessário que
permaneçamos n'Ele. A pessoa pode crer que Deus está nela porque
permanece na oração (muitas vezes sem resposta) ou porque estuda
assiduamente a Bíblia com ou sem compreensão. Mas, torna-se necessário Deus
dar testemunho pessoal para que, aquilo que cremos, seja confirmado da
parte de Deus e não apenas da nossa parte. As pessoas que têm um
relacionamento com Deus superficial, parcial, religioso, pouco
profundo - ainda que exista - não entenderão este raciocínio. Mas,
quem tem um relacionamento na medida prometida, profundo, exclusivo,
permanente sentirá de imediato assim que haja ou aconteça algo que
possa fazer com que Deus se abstenha dessa comunhão. Lembro-me dum
homem de Deus, Andrew Murray, que era conhecido como "Aquele que
anda com Deus". Um dia, caminhando na rua caiu sobre seus joelhos
como se lhe tivesse acontecido algo grave. Um agente da policia
correu e perguntou-lhe o que se passava. Andrew Murray respondeu que
havia perdido a comunhão com Deus naquele momento. Não esperou para
chegar a casa e orar, não se dirigiu a casa de alguém, mas,
ajoelhou-se de imediato no meio da rua. Precisamos saber que algo
pode fazer com que Deus não esteja em comunhão conosco ainda que nós
nos estejamos a esforçar como sempre.
"Louco,
esta noite te pedirão a tua alma e o que tens preparado para quem
será?"
Luc.12:20. Aqui, Jesus fala
sobre a loucura dum homem rico. Mas, o que poderíamos afirmar sobre
a beleza duma mulher linda? "Louca, o que te vale ser tão bela e que
valeu teres usado grande parte do teu tempo na frente do espelho e
buscando a aprovação dos bobos? Tua alma será pedida e que tens para
apresentar? Ou, o que se dirá sobre a teimosia dum homem errado?
O legalismo
tem várias coisas a levar em conta. Aquilo que consegue cumprir é
carnal e o que é espiritual não cumpre. Mas, acredita ser cumpridor
aceitável e recomendável. Tod e qualquer tipo de legalismo é uma
forma de tentar pular o muro sem entrar pela porta, isto é, tentar
alcançar os fins evitando passar pelos meios.
Muitas
pessoas não buscam verdadeiramente a verdade - eles buscam ser
assegurados e sentirem-se seguros e convencidos. Buscam sentimentos
de segurança e não verdade, buscam certeza e não verdade. É um erro
fatal para muitos. Por isso é que a dita doutrina da certeza da
salvação se proliferou tanto enganando a muitos.
Creio
que a sabedoria e o coração raramente andam juntos. É uma combinação
difícil. Mas, quando conseguem andar juntos são uma arma invencível.
"Aquele
que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Omnipotente
descansará",
Sal.91:1. Habitar no esconderijo
do Altíssimo não é visitar o Altíssimo - é viver com Ele em
habitação d'Ele permanentemente e ininterruptamente. "Permanecei em
Mim e Eu em vós". Ou convivemos com Ele de forma permanente em
território d'Ele ou não descansaremos e muito menos em Sua sombra.
No original, a palavra "habitar" significa permanecer como quando se
casa e se muda de habitação, significa estar e sentir-se em casa com
muito à-vontade. É achar morada noutro lar, estar noutra sombra. À
sombra do omnipotente é lugar de luz intensa ainda que seja à
sombra. Essa luz não faz sombra, torna tudo transparente e visível.
Consequentemente, só conseguem descansar nela aqueles que estão
limpos de consciência, cujos corações não tem qualquer intenção ou
pensamento de esconder, encobrir ou disfarçar seja o que for.
Ninguém achará descanso à sombra de Deus Todo-Poderoso, a menos que
tenha uma consciência verdadeiramente tranquila, limpa, avivada e
que se sinta em casa convivendo continuamente com a santidade. É
preciso que nos sintamos em nosso meio para habitarmos onde quer que
seja. "Quem estará no Seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e
puro de coração", Sal.24:3,4.
"Direi
do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza e nele
confiarei",
Sal.91:2. Há quem diga muito sem
falar e quem fale sem expressar nada. É preciso estar nesta presença, sob
este fogo e sob esta luz intensa que torna tudo transparente antes
de se poder afirmar isto que é afirmado pelo Salmista. Sob essa luz
- e somente sob ela - se saberá se Deus é um refúgio ou um juiz; se
é uma fortaleza ou causa de instabilidade e auto-condenação; se
podemos e devemos confiar n'Ele ou se nos devemos lamentar
profundamente. Não podemos afirmar nada daquilo que Deus é para nós
antes de nos acharmos verdadeiramente nessa presença real,
verdadeira e intensa como era Sua presença em Pentecostes. Somente
ali se pode saber o que Deus é para nós. O verdadeiro avivamento é
um dia do Juízo antecipado. A única diferença entre um avivamento
real (verdadeiro) e o Dia do Juízo é que no Dia Final já não
existirá maneira de alguém se salvar. No resto são, em tudo,
semelhantes. Pense bem antes de orar por um avivamento. Reveja os
custos e analise bem o preço, pois, nada será igual a partir desse
dia quando o Espírito Santo tornar a descer sobre uma nação, uma
igreja ou um único individuo. É e será sempre sob essas
circunstâncias que saberá o que Deus é para si, se é seu Deus ou seu
Juiz, seu refúgio e se a verdade que abraça vem mesmo de Deus e se é
lá (na sombra dessa verdade) que você se alberga, habita e abriga
sentindo-se à-vontade.
"Porque
Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa",
Sal.91:3. O laço do passariheiro
tem muito a ver com o pecado, a tentação, a provocação e tudo que
pode contaminar a alma a ponto de alguém ser excluído da sombra do
Omnipotente (Is.59:1,2). A peste
perniciosa e o passarinheiro têm algo em comum: a astúcia, a manha,
a tentativa de ludibriar e agarrar quem se aproxima demasiado do
limite daquilo que pode constituir uma tentação para sua carne, alma
ou espírito. Nem todo tipo de tentação é tentação para todos. Uns
são mais vulneráveis a certas situações ou são mais tentados por
certas coisas do que outros. Convém que você descubra que tipo de
coisa pode tentar o indivíduo que você é em Deus. Esse é o seu laço
de passarinheiro. Não se aproxime dele e evite chegar a esse limite,
a essa fronteira. O pecado não respeitará essa linha e pode atraí-lo
para o lado de lá seja em forma de convite, engano, aparência ou
susto. Fuja daquilo que são os seus limites e não apenas do pecado,
os quais podem não ser os limites doutras pessoas. Evite, também,
julgar as pessoas levando os seus limites em conta ou julgar-se a si
próprio de acordo com os limites dos demais. Descubra os seus
próprios e evite chegar perto ficando o mais distante possível
deles. Ajude as outras pessoas a afastarem-se dos limites deles - e
não dos seus.
"Ele
te cobrirá debaixo das suas asas e estarás seguro; a sua verdade é
escudo",
Sal.91:4. Existem muitas
verdades. Existe a verdade sobre muitos fatos, mas, a verdade que
liberta não é a verdade sobre coisas ou a respeito das realidades
deste mundo. Qualquer verdade é e será sempre boa, mas, só um tipo
de verdade é libertadora: aquela que penetra na alma a respeito do
pecador e do Salvador. Outra característica dessa verdade é que ela
se torna real, flui, é avassaladora e simples. Se não for real não
deixa de ser verdade, mas, também não salva. Ninguém pode separar
essa verdade da sua correspondente realidade prática. Se não for real não é verdade para
essa pessoa. A verdade que salva verdadeiramente é a única que flui
no/do interior da pessoa. Mas, é preciso que flua como rios
impetuosos de água viva. As outras verdades são externas e, por
muito verdadeiras que sejam, nunca penetram além do pensamento e do
conhecimento da sabedoria. A que flui é a que salva. Por essa razão
é que as Escrituras falam da Sua verdade, diferenciando-a das demais verdades.
"Não
temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia, nem peste que ande
na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia",
Sal.91:5,6. Espanto noturno tem
muito a ver com as trevas. Tudo que é noturno é associado às trevas.
O espanto, no original, significa terror ou susto aterrorizante.
Estes terrores ou temores nem sempre são constituídos por terrores
reais. O que mais move as pessoas são as coisas que imaginam. A
realidade costuma andar muito distante da imaginação das pessoas.
Logo, o que mais pode assustar alguém não é, apenas, aquilo que é
real, mas, aquilo que vive na imaginação da pessoa. A pessoa
assusta-se mais com aquilo que imagina do que com aquilo que vê, a
não ser que o que vê provoque a imaginação. Por norma, quando a
realidade se conjuga com as imaginações, tudo se torna mais
dramatizado e aquilo que se imagina é e será sempre maior e mais assustador
que a realidade. Logo, ao invés de fingirmos que cremos ou confiamos,
devemos demarcar os limites das imaginações para encarar e ponderar
todas as realidades de maneira sóbria e realista. O perigo é real?
Se for real, é maior que Deus? O perigo é a morte? A Vida eterna é
real e vence a morte? É isso que nos fará deixar de temer espanto noturno.
De dia e na luz enxergamos todas as coisas como são e na imaginação
vemo-las como não são. "Não temerás seta que voe de dia". A seta que voa de dia
tem, por norma, uma ponta de fogo e chama - incendeia tudo onde
espeta. São setas incendiárias que fazem soar os alarmes da tentação. Aqueles que desejam ser
verdadeiramente salvos de todos os seus pecados temem ser atingidos
por essas setas. Mas, se é a verdadeira fé que extingue essas setas,
devemos olhar melhor para que lado nos concentramos: se para o susto
ou se para a solução. "...O escudo da fé, com o qual podereis apagar
todos os dardos inflamados do maligno",
Ef.6:16. A maioria dos crentes
sinceros com fé real (uma que seja fruto dum verdadeiro
relacionamento entre coração e Deus e não seja mero esforço parar
crer), tenta desviar os dardos ao invés de aprofundar a fé,
tornando-a real, eficaz e verdadeira, isto é, não fingida ou
forçada. Uma senhora de saia no vento deve segurar a saia ou o
vento? Desse mesmo modo, as pessoas que temem as setas que voam de
dia concentram-se mais nas setas do que na comunhão com Deus e na
entrega incondicional a Ele - algo que é a única coisa capaz de
produzir essa fé que é verdadeira, real e é, exclusivamente,
o verdadeiro fruto dessa comunhão. Não é a fé que traz comunhão com
Deus - é a comunhão com Ele que produz essa fé verdadeira e real.
"Mil
cairão ao teu lado e, dez mil, à tua direita, mas, tu não serás
atingido. Somente com os teus olhos olharás e verás a recompensa dos
ímpios",
Sal.91:7,8. Muitos olham para
este versículo pensando e acreditando que cairão aqueles que os
perseguem e sobre quem desejam vingar-se. Mas, não é assim. A
destruição virá sobre todos, mas, os que se abrigam em Deus
escaparão dela. A destruição não virá sobre as pessoas por causa dos
que se abrigam em Deus. Não se trata duma vingança - é uma
destruição anunciada para exterminação do mal e do pecado.
Poderíamos ser igualmente destruídos caso a verdade não nos
estivesse protegendo e se a verdade não fosse a nossa forma de
viver. Veremos a vingança de Deus consumada e não a nossa vingança
consumada por Deus. Na nossa salvação não haverá espaço para
qualquer forma de egoísmo. Vingança humana é egoísmo pedindo
satisfação e prazer. A recompensa dos ímpios é dada por a pessoa ser ímpia e não
por me ter feito dano ou mal. E se eu escapar a essa
recompensa e destruição eterna é porque me arrependi e fui
transformado. Será como escapar dum acidente de avião: fico alegre
por haver escapado, mas, não fico alegre pelos outros haverem
perecido. Os outros não pereceram por causa de mim. Só verei isso
acontecer. Nesse dia terei de ser forte e alegrar-me no Senhor sob
pena de ser visto a olhar para trás.
"Porque
tu, ó Senhor, és o meu refúgio! O Altíssimo é a tua habitação",
Sal.91:9. Existem afirmações de boca. E existem
afirmações de crença, as quais muitas pessoas afirmam ser fé. Também
existem aquelas afirmações de quem provou aquilo que afirma (mas, ainda não comprovou e
nem se alimentou). Creio que nenhuma destas
situações é o caso neste versículo. Uma coisa é cheirar e provar uma
boa comida e outra é ser alimentado por ela permanentemente, onde o
prazer de comê-la não conta mais, mas, a força e energia que ela
proporciona.
Contudo, existem realidades tão evidentes que vão muito além do que
se pode explicar ou descrever. Se afirmaram de Salomão "que não me
disseram a metade da sua grandeza e que sobrepujaste a fama que
ouvi", imagine alguém receber toda a plenitude de Deus e ter de
descrever aquilo que recebe e acontece com ele. Creio que é esse o
caso deste versículo. A realidade extravasou tanto e muito além das
expectativas que o Salmista teve de encontrar palavras como
"habitação" ou "refúgio" para tentar descrever aquilo que
acontecia
com ele. Seu cálice transbordava. É preciso que alguém viva e
experimente esta plenitude na primeira pessoa para poder entender do que
se trata. É algo impossível de se negar, impossível de descrever em
palavras, algo que não deixa qualquer dúvida, é avassalador,
transborda muito além das palavras e da imaginação. Experimente-o e
confirmará. Todos quantos ainda não acharam e não experimentaram
esta vida de abundância também falarão dela e concordarão em
absoluto com tudo que é dito a respeito dela. Contudo, isso não
significa que a hajam achado. E também não significa que estejam
perdidos. Existe o buscar e o achar. Mas, mesmo após haver achado
precisamos ser lembrados constantemente que nem por sombras chegamos
ao fim da estrada ou do nosso percurso. Devemos chegar ao ponto onde
vivemos dessa vida, convivemos com essa vida e vivemos nosso
dia-a-dia com ela como se nunca houvéssemos vivido de outra maneira.
Poderá experimentar problemas novos tentando reconciliar-se com a
nova vida de Deus, a qual se renova a cada dia. Lembre sempre que
reconciliar-se com ela não é e nunca será adaptar-se a ela.
"Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus",
2Cor.5:20. E isto foi dito para
pessoas que já haviam nascido de novo.
"Nenhum
mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda",
Sal.91:10. O mal do qual se fala aqui é o mal eterno,
pois, o Salmista tem a sua vista virada para o eterno. Vê a
eternidade claramente. Os pequenos contratempos terrenos nunca
conseguem separar a pessoa desta realidade avassaladora. Um homem de
Deus, John Sung, dizia que quem caça leões não se preocupa com
moscas ou mosquitos. A cobra entrou em sua tenda? Seu veneno não
terá qualquer efeito nefasto. A provocação ou tentação batem à
porta? A sua realidade é outra e basta ocupar-se somente com ela. O amanhã é impróprio para cardíacos?
Deus cuida do dia de hoje e amanhã também será hoje.
"Porque
aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos
os teus caminhos",
Sal.91:11. Os anjos são participantes ativos do Reino
de Deus. Deus não precisa deles para suster os humanos, tal como não
necessita de nós para expandir o verdadeiro Evangelho. Mas, por
decreto eterno estabeleceu que cada um tivesse a sua participação
ativa no Reino de Deus. Cada um tem a sua função e responsabilidade.
Contudo, a responsabilidade não é apenas executar tendo cada um
ocupado somente com aquilo que lhe cabe. Não se limita apenas a
isso. A vontade de Deus precisa ser buscada, achada e, juntamente
com os meios da graça, precisa ser alcançada como tesouro que é. Não se
executa a vontade de Deus sem se apoderar dos meios para tal e não
se aplica esses meios sem se saber onde devem ser aplicados e para
que fim. A graça é um poder ativo e precisa ser buscada
atempadamente (e não em cima do acontecimento como queriam fazer as
virgens loucas) tendo em vista a vontade de Deus que foi
revelada e se tornou clara. Cada um deve buscar Deus com a intenção
de saber qual é essa vontade para a sua vida. É como buscar um mapa
perdido que precisa ser achado - algo que poucos conseguem. Havendo
achado, precisam, de seguida ou antecipadamente e sem demoras,
alcançar os meios da graça para que essa vontade de Deus possa ser
executada aqui na terra da maneira que tudo é executado no céu.
Havendo achado esses meios e havendo conciliado o coração tanto com
a vontade quanto com os meios, tempo e forma de Deus executar, a
obediência já tem de ser uma prontidão espontânea como se nada mais
nos pudesse chamar a atenção. E isso só acontece se a pessoa em
questão, entretanto, não se tiver cansado e extenuado na busca da
vontade e dos meios. "Trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste",
Ap.2:3. Nesse sentido, os anjos
também serão participantes ativos do Reino de Deus e ajudam aqueles
que Deus está salvando e ajudando a salvar neste mundo. Logo,
qualquer falta ou falha dum anjo pode criar um prejuízo para a
pessoa e para o Reino de Deus globalmente. Sendo que seremos nós os
beneficiados da obra dos anjos, torna-se claro por que razão serão
julgados por nós, isto é, por que razões seremos a causa do juízo
deles para bem ou para mal. É dessa maneira que julgaremos os anjos
ou seremos a causa do juízo pelo qual passarão. As nossas carências
falarão contra eles caso sejamos fiéis em tudo e o nosso suprimento
testemunhará a seu favor. "Não sabeis vós que havemos de julgar os
anjos?" 1Cor.6:3.
"Eles
te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em
pedra",
Sal.91:12. Os anjos são seres obedientes a Deus. Não
sabemos de que forma são tentados ou se são tentados, embora
tenhamos plena consciência de que um terço deles foi tentado
juntamente com Satanás e caíram. Logo, sendo seres obedientes, somos
assegurados de que nos sustentarão em suas mãos. Contudo, não
devemos ignorar que isto é uma forma de expressar e de afirmar que
Deus nos sustentará e que é Ele quem nos sustenta. Existem muitas
maneiras de dizer a mesma coisa.
"Pisarás
o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente",
Sal.91:13. Aqui não fala somente das nossas
capacidades após havermos sido transformados em seres
ultra-obedientes, mas, também, em nossas responsabilidades. Ninguém
pisa numa serpente tendo ou mantendo seus medos e receios acerca de
serpentes; ninguém se atreverá contra o rugido dum leão sem encarar
de frente tanto o leão quanto tudo que imaginou até ali a respeito
dele e dos perigos que representa. Contudo, tudo aquilo que um leão
ou serpente representam deixa de ser verdade para quem se encontra
verdadeiramente em Deus. É necessário que tudo se torne
verdadeiramente novo e que tudo aquilo que se tornou realmente novo
seja assumido como uma nova realidade onde a realidade antiga não
tem mais o que dizer, não tenha mais como fazer ou como fazer
temer. A realidade é outra ainda que, anteriormente, não tivesse
sido assim. Um ser transformado deve tornar-se alguém capaz de
transformar sua mente e de abdicar de todas as suas imaginações
anteriores sabendo que, agora, a realidade é outra. A pessoa
verdadeiramente renascida deve ser alguém apto a mudar - a mudar de
ideias, de mentalidade, de iniciativa, de formas de reagir e agir e
de tudo aquilo que ainda a possa ligar à vida antiga e aos laços
anteriores. Nada funciona como antes. "Não vos conformeis com este
mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento",
Rom.12:2.
"Pois,
que tão encarecidamente Me amou, também Eu o livrarei; pô-lo-ei num
alto retiro, porque conheceu o Meu nome",
Sal.91:14. Embora este versículo seja uma profecia a
respeito de Cristo, não deixa de ser verdade para qualquer um que
alcança os meios da graça e um coração cheio de prontidão para
aquela vontade de Deus que é específica para a vida de quem a
descobriu ou a achou com muito custo. Também vemos, aqui, que tudo
aquilo que se falou sobre os anjos era, no fundo, uma forma de dizer
que Deus estava por trás de tudo. Era Deus quem sustentava, quem
faria que nosso pé nunca tropeçasse entre muitas outras coisas. Mas,
para isso acontecer é necessário cumprir certas condições e certos
requisitos que nunca poderão deixar de ser atuais e nunca poderão
deixar de estar atualizados, sendo realidade exclusiva. "Portanto,
irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e
eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis",
2Ped.1:10.
"Ele
me invocará e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia;
livrá-lo-ei e o glorificarei",
Sal.91:15. O segredo da vida é Deus estar conosco e
não importa onde. Pode ser na angústia. No original, esta palavra
"angustia" significa muito mais do que aquilo que entendemos em
nosso idioma. Significa ser perturbado por um rival concorrente de
Deus, como uma mulher de fora que é uma rival ou concorrente num
casamento. Não nos podemos esquecer que a confiança em Deus precisa
ser testada por um concorrente forte e é na angustia que as pessoas
clamam - ou reclamam. Clamar ao verdadeiro parceiro especialmente
quando um rival atraente e convincente se manifesta é algo que nos
faz aproximar e dedicar ao nosso verdadeiro, único parceiro e amigo
de verdade. Reclamar pela 'falta de atenção' seria afastarmo-nos
dele e aproximarmo-nos do rival. Em segundo lugar, existem
versículos na Bíblia que nos falam duma proximidade tal entre nós e
Deus que pode acontecer que ele nos responda ainda antes de havermos
clamado e que nos atenda enquanto clamamos estando ainda falando.
Ninguém atende dessa maneira a não ser que esteja muito próximo e
que seja conhecedor da nossa realidade ainda antes de o invocarmos
ou clamarmos a Ele. "E será que, antes que clamem, eu responderei;
estando eles ainda falando, eu os ouvirei",
Is.65:24. Busque e ache essa
proximidade. Ela existe. Mas, nela não existe espaço para rivais -
nem mesmo a mínima atenção ou consideração por qualquer rival.
"Dar-lhe-ei
abundância de dias e lhe mostrarei a minha salvação",
Sal.91:16. A salvação precisa ser mostrada, isto é,
precisa ser experimentada e não apenas crida. Ser salvo é uma
experiência de vida real, estando livre do pecado, vivendo acima das
tentações. Existem tentações? Sim, claro. Mas, uma coisa é essa
tentação ter solo no coração e outra coisa será não existir terreno
onde possa inflamar, proliferar ou incendiar o que toca. Para haver
incêndio é preciso haver matéria de combustão. A tentação é a chama,
mas, para haver fogo é necessário que haja outras coisas. O fogo
morre se não houver elementos de combustão. O fogo e a chama
existem? Sim, claro que existem, mas, não achando o que queimar
extingue-se naturalmente. É dessa maneira que se experimenta sermos
salvos de nossos pecados e salvos de nós mesmos. É assim que seremos
VERDADEIRAMENTE livres e libertos de tudo e qualquer coisa. É assim
que a salvação é mostrada ao próprio. Que seja assim, Senhor. Amém.
Para
muitos, a morte ainda é um mistério. Mas, deixe-me esclarecer um
pouco mais sobre ela. O que causa a morte não é a doença; não é
uma mordida de cobra: não é a bala perdida. A verdadeira morte é aquela
onde alguém morre para Deus vivendo como um zumbi aqui na terra.
Esse é o verdadeiro salário que qualquer pecado dá a quem toca nele.
Essa morte é o verdadeiro e único salário do pecado. Quem tem essa
morte está morto ainda que viva. E quem tem verdadeira vida, vive
ainda que morra.
"Ninguém
pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o
ressuscitarei no último Dia",
João 6:44. Havendo um último dia
significa que existe uma caminhada. Vir a Cristo e chegar ao fim do
caminho ainda com Ele significa muito mais que ser trazido ao ponto
de partida. Quando alguém é trazido, é levado dum ponto ao outro.
Não é deixado no ponto de partida. Trazer a pessoa a Cristo ou a
Deus é muito mais que chegar à igreja e tomar uma decisão de braço
levantado. Comparando isso com o que significa mesmo vir a Ele, é
como comparar o nada com o universo. Trazer uma pessoa a Cristo é
uma caminhada até ao céu, a qual é, para alguns, mais longa ou mais
curta que para outros. "...Para conhecê-lo e a virtude da sua
ressurreição e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme
a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à
ressurreição dos mortos", Fil.3:10,11.
Quando
Deus usa um problema, tribulação ou mesmo tentação para exterminar
uma atitude, reduzi-la a nada ou modificá-la devemos conseguir
detectar o alvo que Deus pretende alcançar. Se não o detectarmos,
podemos ser levados a concentrar nossas forças, acções e
perspectivas para o momento que a tormenta passe. Vamos querer que a
tormenta passe e não que sejamos corrigidos e que essa correção seja
profunda e que seja uma transformação eterna e permanente. Ao
pensarmos que aquilo que devemos alcançar é o fim da tormenta,
voltaremos ao que éramos assim que a tormenta passar e cairemos nas
mesmas tentações de sempre. Se assim acontecer e o Espírito Santo
ainda não houver sido entristecido, tudo irá repetir-se novamente
porque aquilo que Deus pretendia alcançar através da tribulação não
foi alcançado. Mas, se acreditamos que Deus é quem nos coloca
naquelas circunstâncias pelas quais passamos, devemos sempre ter o
alvo d'Ele em mente e segurar a Sua perspectiva para que nos tornemos cooperadores
de Cristo num mesmo sentido e através dos mesmos meios e, assim,
estaremos aptos para redimir o tempo e até mesmo para encurtá-lo -
quiçá até mesmo evitar mais tribulações pela obediência e cooperação
consumada no mesmo sentido que Deus pretende para se alcançar o
mesmo alvo através dos mesmos meios. Se assim não fizermos, teremos
passado por tribulações em vão e tanto nós como Deus perderemos o
nosso tempo.
Basta
as pessoas serem diferentes para não se entenderem. Podem dizer a
mesma coisa, mas, a diferença entre corações é e será sempre um
abismo inultrapassável. A animosidade entre o amor e a inimizade de
coração nunca se entenderão. Uma pessoa de coração impaciente e a
que tem coração paciente nunca se entenderão ainda que digam a mesma
coisa. A menos que sejam fingidas, uma é e será sempre inimiga da
outra e estarão sempre em campos opostos. "A carne é inimizade
contra Deus" e Deus contra a carne, Rom.8:7. "Andarão dois juntos se não estiverem de
acordo?" Amos 3:3. Se o jugo é
desigual nunca haverá verdadeiro entendimento, ainda que possa haver
entendimento fingido e penosamente forçado. As pessoas não se
entendem apenas falando umas com as outras - entendem-se por aquilo
que são ou por aquilo que se tornam pelo lado de dentro.
"Paulo,
servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o
evangelho de Deus",
Rom.1:1. "Servo de Jesus
Cristo". Quando um apóstolo deixa de ser somente servo, também
deixará de ser apóstolo. O mesmo pode ser afirmado de qualquer
membro da igreja, esteja em que função estiver. Quando estamos
diante de Deus, devemos saber que não existe mais apóstolo, mas,
servo – um servo diante e perante seu Deus. Diante de Deus termina o
estatuto, cessam os direitos, começa a obediência incondicional e
ali Deus é tudo e nós simples servos. E isso não pode ser algo
fingido, forçado ou trabalhado. Ou é ou não é. E se estivermos
continuamente diante de Deus, como Elias afirmava que estava,
seremos continuamente servos. "Deus, diante de quem estou…". Isso
disse e afirmou Elias diante dum rei, não se incomodando por estar
diante dum rei, mas, diante de Deus. O que você pensaria ou faria
caso se achasse diante do presidente do seu País?
A incapacidade
é a principal causa da frustração. Causa frustração porque não
conseguimos fazer e porque desejamos mais intensamente aquilo que se
nos afigura impossível de realizar. Ora, a incapacidade tem suas
coisas boas e é uma encruzilhada para todos aqueles que se sentem
frustrados por não conseguirem amar seu próximo como a eles mesmos
ou frustrados ao tentarem obter qualquer outro virtuosismo
celestial. Ensina-nos a aceitar e a amar a graça de Deus, a qual
capacita. Qualquer frustrado que se sente frustrado porque deseja
intensamente o pão que vem do céu (atenção redobrada aos motivos) e
por ele clama, pode tornar-se alguém que afirma que "posso todas as
coisas naquele que me fortalece" ainda que seja a longo prazo. A
frustração pode levar-nos a desistir ou a rendermo-nos a Cristo.
Tudo depende se realmente e verdadeiramente cremos nele ou não.
Nenhuma fé fingida, forçada, pouco natural ou fé em alguma doutrina
conseguirá chegar a esse ponto. Desistirá eventualmente e seu fim
será sempre a frustração final.
Imagine
um cenário de guerra. Ali, algum soldado se acobarda e tem medo de
enfrentar o inimigo de sua alma. É verdade que o inimigo pode
matá-lo. Mas, também não deixa de ser verdade que pode ser ele a
derrotar o inimigo. Ninguém vence uma batalha - e muito menos uma
guerra - sem enfrentar ou confrontar o seu inimigo olhos nos olhos.
O mesmo acontece com o pecado. Todo aquele que não se confronta com
o pecado de seu coração como seu pior inimigo ou do pecado fora dele, fugindo da
realidade, está, apenas, antecipando a sua própria derrota. E ao
antecipar a derrota e para não ser confrontado com o inimigo, ou se
torna amigo do inimigo ou desiste da luta rendendo-se ao pecado.
Esse é o destino de todos quantos cedem ao medo de se confrontarem
com suas próprias tentações e temores. Nunca será mais que vencedor
e nunca provará aquela vitória que só Cristo dá. Devemos enfrentar
nossos inimigos olhos nos olhos. Se tememos o pecado e a tentação
ainda não conhecemos o Salvador como Ele é. Esses tornam-se mais que
derrotados sendo defrontados olhos nos olhos. Não será qualquer
pecado que se tornará mais que vencedor havendo um poder tão ativo à mão quanto a graça, a qual é o poder de Deus numa vida de
plenitude.
"A todos
quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus:
aos que crêem no seu nome",
João 1:12. Receber Jesus não é e
nunca será aquilo que as pessoas dizem ser e praticam levantando o
braço na igreja. Não podemos confundir uma mudança de ideias com uma
transformação de coração. Para alguém o receber, Ele precisa estar
presente e ser real. Jesus precisa manifestar-se como Ele é,
representando todos os valores que representa, assumindo tudo aquilo
que Seu nome verdadeiro engloba. Quando Jesus se apresenta dessa
maneira e é real, certamente que "muitos dos seus discípulos tornam
para trás e já não andarão com ele", João 6:66. 'Aceitar' alguém que não
se apresenta ou não está presente é aceitar um cristo qualquer da
nossa cabeça. Aceitar um cristo da nossa cabeça significa aceitar
aquele cristo que desejamos e queremos. Com toda certeza que esse é
um cristo falso - e, consequentemente, cria-se um falso cristão. Se
existem falsos cristos, certamente que existem falsos cristãos.
"Dizendo-se
sábios, fizeram-se loucos", Rom.1:22.
Não existe tolo que se ache tolo, tal como não existe nenhum sábio
que se ache sábio. É de suspeitar de todo aquele que se acha sábio –
ainda que não diga que o é - e muito mais daquele que diz ser sábio.
A verdadeira sabedoria afeta a conduta da pessoa e não o ego dela. A
verdadeira sabedoria destrói o ego por completo.
"Quem
fala de si mesmo busca a sua própria glória",
João 7:18. Isto é a pura verdade. Contudo, existem
muitas mais maneiras de buscar a própria glória que Jesus não
mencionou neste versículo e mencionou no resto das Escrituras, sendo
que Ele é a própria Palavra. Por exemplo, alguém que interrompe
outra pessoa quando ela está falando pode estar a buscar o que quer
e não ama seu próximo como a si - mesmo muito menos a sua opinião; alguém que faz pressão a
favor de seus próprios pontos de vista busca glória própria; alguém
que, através de sua sabedoria falsa ou não, humilde ou não, busca
impressionar, manipular, torcer, ignorar o que é certo e vem de
Deus, pode estar a buscar a sua própria glória sem falar de si
mesmo, colocando-se a si mesmo sob os holofotes da glória. Mas, o
erro não está no falar de nós mesmos, pois, Jesus falava muito d'Ele
próprio; o erro não reside no colocar o ponto de vista da verdade
sem rodeios, pois, Jesus fazia isso sempre; não consiste em
colocarmo-nos sob os holofotes do escrutínio das pessoas, pois,
Jesus e os apóstolos faziam isso sempre andando na luz sendo
transparentes. O erro existe no conteúdo da mensagem, na essência
dela e, principalmente, no motivo pelo qual nos regemos para
fazermos o que fazemos e o que se pretende alcançar por via da forma
como nos expressamos. Posso falar de mim mesmo tendo como esforço
uma busca incessante da glória de Deus como alvo final? Posso
pressionar meus pontos de vista - não pelo ponto de vista, mas, pelo
amor que deseja salvar pela verdade, sem querer impressionar e de forma a
nunca virar as atenções para a minha pessoa e revelar Cristo através
de tudo que digo, expresso ou pretendo alcançar? Quando Jesus fala
em "falar de si mesmo", Ele quer dizer que alguém diz algo que
carrega a semente da glória própria. A mensagem e a intenção final
é a glória da própria pessoa; ou de outra pessoa que é admirada e
não a de Deus.
-
Por
vezes, alguém que persiste e insiste em ser guiado por Deus pode
parecer teimoso buscando a verdade que outros consideram ser a sua
verdade e não a verdade. Uma vida assim acha a verdade e protege-se
das outras pessoas. Lembro de Evan Roberts (durante o poderoso
Avivamento de Gales) que dizia algo assim: "Aqui, em minha mesa, as
minhas lágrimas correm! Porquê? Acabei de abrir meu coração para meu
Mestre dizendo que sou o único obreiro na sua seara que faz o seu
melhor e, enquanto faço isso, outros obreiros que trabalham para o
mesmo Mestre abandonam Seu trabalho para virem perturbar o meu. Pedi
ao meu Mestre para me proteger". Existem virtudes que exteriormente
parecem ser defeitos e existem defeitos que parecem ser virtudes. Jesus escorraçou pessoas do templo de Deus,
cheio de virtuosismo. Parece-lhe certo e correto? Isso ainda hoje
intriga muitas pessoas; Paulo recusou levar Marcos com ele e teve
uma enorme discussão com Barnabé acerca disso a ponto de se
separarem. Contudo, não se falou mais em Barnabé no livro de Atos e
a obra de Paulo continuou prosperando poderosamente - algo que não
aconteceria caso Paulo tivesse pecado ou tivesse errado. Não nos
podemos deixar guiar pelas semelhanças das coisas. A persistência e
perseverança podem parecer teimosia; esperar em Deus pode parecer
desleixe e irresponsabilidade; isolarmo-nos de tudo para estar
somente com Deus pode parecer que buscamos o nosso próprio caminho,
sendo que até as Escrituras dizem isso (Prov.18:1);
trabalhar incansavelmente para Deus sendo guiado por Ele pode
parecer hiperactividade que não cumpre o mandamento do descanso;
e por aí. Tudo que é virtuoso tem sua semelhança maligna e não
importa para qual lado nos viramos - isso ocorre sempre e existirá
sempre uma contra-semelhança. Qualquer virtude tem a sua
contra-semelhança. Por essa razão, a espada de Deus tem dois gumes e
corta para os dois lados. Abençoados são todos aqueles que não se
deixam levar por aparências - nem pelas próprias aparências. Contudo, há que
levar em conta que quem se protege dos outros tem alguém mais de
quem se proteger: de si próprio. Devemos saber protegermo-nos dos
outros tanto quanto nos protegemos de nós mesmos ao estarmos sendo
guiados por Deus de forma real e incontestável. Lembre-se sempre que
também existe uma semelhança para estar sendo guiado por Deus,
semelhanças de graça e semelhanças de Seus caminhos que parecem
certas. Proteja-se tanto de si próprio quanto se protege dos demais
seres carnais (e espirituais). São todos igualmente perigosos.
Lembre-se que aquele que não confia em Cristo confia nele próprio e
deseja que Cristo fortaleça esse seu ser (o próprio) para que possa ser
confiável (acima dos outros).
-
Qualquer
pessoa que estuda, havendo-se familiarizado com alguma matéria,
desliga-se do estudo repetitivo que já conhece. Isto é, os níveis de
concentração baixam, a motivação não é a mesma e o dilema da
distração ataca em força por já estar suficientemente familiarizado
com a matéria. Por essa razão é que aperfeiçoar é mais difícil que
aprender o que ainda não sabemos ou não conhecemos. O mesmo acontece
com todos os estudantes da Bíblia, com a ligeira diferença de que
são capazes de se entusiasmar para ensinar os outros, preparando
algo com motivos inaceitáveis para alguém que está no Reino. Mas,
devemos ter em conta que o saber e estar familiarizado com tudo que
há na Bíblia não é o que se exige de nós. É-nos exigido muito mais
que isso ou algo muito distinto disso. A Palavra não precisa apenas
ser conhecida, mas, necessita ser vida, tornando-se prática por se haver tornado
a nossa própria natureza. A explicação da Palavra precisa ser uma
confidência do que se passa em nós ou descrição do que já se passa
no homem interior e para o que achamos uma explicação. Como nada
depende de nós, não podemos pensar que sabendo faremos, pois, o
inverso é que é verdade: fazendo, saberemos. "Se alguém quiser fazer
a vontade d'Ele (...) conhecerá", João 7:17. Se acreditarmos que faremos se soubermos,
acreditamos que depende das nossas capacidades e já não é Deus quem
opera tanto o querer quanto o fazer. A verdade é que aquele que
pratica e vive, conhecerá e tomará conhecimento da verdade.
Jesus
disse que aquele que busca acha. Mas, lemos nas entrelinhas que não
significa buscar qualquer coisa e, antes, o Reino de Deus para
sermos reinados aqui e agora. Se não buscarmos o Reino para sermos
reinados e acharmos o que precisamos materialmente, corremos o risco
de achar aquilo que não desejamos no fim dos tempos e da vida.
Conceitos
criam preconceitos. Além do mais, um conceito de Deus não torna Deus
real. Um conceito de Deus torna-se uma forma de idolatria. Devemos
achar Deus de forma real e vê-lo da forma que Ele se apresenta,
conhecendo-o como ele realmente é. "Filhinhos, livrai-vos dos
ídolos", 1João 5:21.
"Porque
me teve por fiel, pondo-me no ministério",
1Tim.1:12. Poucos têm a noção de que só os que se tornam
fiéis podem ser
colocados no ministério e cuja fidelidade possa ser comprovada em
suas vidas durante um bom período de provação. Há os que se colocam a eles mesmos no
ministério e a falta de fruto ou o aumento de fruto errado demonstra
o quanto estão por conta própria. Fiel no pouco será fiel no muito.
"E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?",
Luc.16:12.
"Sabemos,
porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente",
1Tim.1:8. Existe grande
diferença entre usar a lei legitimamente e ser legalista. Aliás, são
duas coisas em campos opostos. O legalista martela nos demais com
aquilo que ele mesmo não vive e não faz. "Atam fardos pesados e
difíceis de suportar, põem-nos sobre os ombros dos homens;
eles, porém, nem com o dedo querem movê-los",
Mat.23:4. Mas, um pregador que
vive a vida de Deus e experimenta a vida na plenitude prometida deve
fazer uso da lei de forma apropriada sabendo que a lei é um aio que
leva a Cristo. A espada da lei traz convicção a quem precisa e essa
convicção leva a Cristo. "De maneira que a lei nos serviu de aio
para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos
justificados", Gal.3:24. Não permita que o
temor pelo legalismo o leve a negar um bom uso da lei, pois, há
uma maneira legitima de usá-la para conduzir a Cristo. Trazer alguém
a Cristo sem que esteja sob uma convicção de pecado é uma fraude e
cria uma fraude de crente - um crente fraudulento. Não se pode fazer uso do evangelho
fraudulentamente, pois, o verdadeiro evangelho vem depois da lei,
isto é, após a aplicação prática e legitima da lei.
"Pois,
quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a
viver, vive para Deus (...) Sabendo isto: que o nosso velho homem
foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a
fim de que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto
está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos
que também com ele viveremos", Rom.6:6,10,11. Este é o verdadeiro avivamento, estando
verdadeiramente, literalmente vivos através duma vida de
ressurreição e mortos para sempre para o pecado. As duas
características proeminentes de Cristo tornam-se por demais
evidentes em todos aqueles que são, foram e serão batizados pelo
Espírito Santo. "Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do
Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do
Pai, testificará de mim",
João 15:26. E isso não acontece
em esforço, não é uma crença, mas, é uma realidade tão evidente que
ninguém tem a capacidade de negar – nem o próprio. O batismo com o
Espírito Santo manifesta-se pelo fruto que gera – não pelos dons. E
este tipo de morte para o pecado e o tipo de vida que vive somente
para Deus em todo seu esplendor e poder são o fruto principal e a
prova exclusiva e única do verdadeiro Batismo do Espírito Santo. A
pessoa que experimenta essa característica de Cristo por ter Cristo
vivendo nele confessa que Cristo veio em carne. Tal pessoa vive sua
vida normal, quotidiana, espontânea manifestando essa morte para o
pecado e para o mundo. Está tão morto para o pecado quanto um
cadáver estaria para qualquer coisa deste mundo. Esse tipo de morte
é factual, literal, verdadeira quanto a vida eterna é ao
manifestar-se na pessoa e pela pessoa em toda a sua vivência
pessoal. Mas, como já experimentamos outro tipo de vida no passado,
o qual se encontra gravado em nossas mentes e, agora, experimentamos
a vida constante e eterna – se a experimentamos verdadeiramente –
devemos viver como se nunca tivéssemos tido conhecimento daquilo que
passou verdadeiramente. "Assim também vós considerai-vos como mortos
para o pecado, mas, vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor",
Rom.6:11.
Talvez
você deva a prosperidade atual às imensas provações pelas quais
passou durante a vida; quem sabe se deve a sua saúde à fome que
passou já que muitos são aquilo que comem e adoecem por causa dos
seus vicios na alimentação; quem sabe se aprendeu a
amar verdadeiramente por haver sido rejeitado toda a vida; se ama
seus filhos porque seus pais eram brutos e violentos; deseja muito
dar o melhor a seus amigos porque não teve ajuda de amigos antigos.
Tudo pode cooperar para o bem daqueles que verdadeiramente amam
Deus. Talvez seja o momento de parar de reclamar e começar a
agradecer.
-
"Se os
teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz",
Mat.6:22. As pessoas são transformadas por Deus pelo lado de dentro. Quando essa transformação ocorre, tudo muda incluindo a forma de olharmos para tudo o que nos rodeia. Antes dessa transformação, tudo que era mau afetava o nosso comportamento geral. Aquilo que os transformados veem como tentação é um modo de vida para os que não chegaram a ser verdadeiramente transformados. Para uns é tentação e para outros é modo de vida. Olham para o pecado com prazer, como se sendo vida própria ou desejo. Seus olhos são maus e, quando olham para o mal, veem aquilo que mais gostam; e, caso esteja ao seu alcance, será aquilo que mais praticam. Para os transformados cheios de vida eterna abundante e cuja casa não está vazia, no entanto, o mal torna-se mera tentação e para os mais experientes na vivência e convivência com Deus, aos experimentados na vida eterna, o mal torna-se obsoleto e incapaz porque seus olhos foram transformados juntamente com todo seu ser interior. Mas, ninguém pode evitar olhar e ver o mal estando ainda neste mundo. Contudo, olhando para aquilo que considero nojento e mau não mais me move a favor de seus desejos, pois, fui verdadeira e irreversivelmente transformado para "buscar as coisas de cima". Logo, aqueles que têm olhos bons e que são experimentados na vida eterna, olham para coisas más e não os afeta ao contrário daqueles que têm olhos maus. E esses que não se transformam, os quais têm olhos maus, olham para as coisas boas e isso também não os afeta, pois, são maus e buscam o pecado e o prazer. "O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro; e o homem mau do mau tesouro tira coisas más", Mat.12:35.
-
Há quem
possa transgredir tendo um coração de amor e transgride contra a sua
natureza por falta de cultura, falta de conhecimento ou por estar desatento;
essa transgressão pode ser perdoada com muita facilidade por ser
fácil de deixar esse pecado. "Aquele que confessa e deixa seu pecado
alcança misericórdia", Prov.28:13.
E há quem cumpra tendo um coração egoísta, isto é, um coração
contrário ao amor e, contrariando a sua natureza, cumpre tendo o
benefício próprio em mente. Cumprir assim não será aceite e, como
Caim, será rejeitado. Cumprir assim é ofertar como Caím. Tudo aquilo que o amor faz naturalmente é da
sua natureza; quem não é amor tenta fazer por 'simpatia', admiração
ou pela paz da convivência e entendimento mútuo, mas, fá-lo para sua
própria conveniência. O amor não precisa de regras de convivência,
ou de leis para o comportamento porque comporta-se de maneira justa,
leal e correta de forma natural. Não sabe viver ou conviver doutra
maneira. O amor vive disso e a lei é para quem é transgressor de
coração e, por essa razão, precisa regrar-se para que o mal do
coração não se solte e não se manifeste. É o transgressor quem
precisa usar suas rédeas. Mas, mesmo que use essas regras e cumpra
não deixa de ser transgressor porque tem um coração carnal.
"E vós
tendes a unção do Santo e sabeis tudo",
1João 2:20.
São palavras fortes, as quais, muitos líderes e pastores rejeitam
liminarmente em suas vidas práticas. Não gostam de ouvi-las. Toda a
pregação deve tornar-se uma confirmação daquilo que já se passa
dentro de quem ouve. Até mesmo muitos dos que ouvem rejeitam a
percepção de que sabem tudo, isto é, que a palavra é-lhes revelada e
manifestada pelo lado de dentro. Quem tem a unção verdadeira, uma
que não seja apenas crida ou não seja uma mera pretensão, deve
prestar muita atenção ao que se passa em seu interior em forma de
movimentações do Espírito Santo.
"Se fossem
de nós, ficariam conosco", 1João 2:19. É muito importante prestarmos toda a atenção
às palavras das Escrituras e seu alcance ou alvo, pois, os maiores
segredos e os maiores tesouros são os mais escondidos. Cristo fala
muito em "permanecer n'Ele", Paulo fala em "permanecer na fé" e João
fala em "ficariam conosco". "Sobre aquele que vires descer o
Espírito e sobre ele
permanecer..." João
1:33. O fruto não é receber o Espírito Santo, o
Evangelho, mas, permanecer nele e o Espírito em nós. O Espírito não
permanece em muitos dos que O receberam. Sendo Santo, o Espírito
permanece em vasos com igual característica. E toda a característica
é algo de carácter e não apenas vindo de esforço, assimilação ou de
imitação.
"Também,
agora muitos se têm feito anticristos",
1João 2:18. A palavra "anticristo" pode ser interpretada
de muitas maneiras. Mas, um fato sobressai sobre todas as
interpretações: seja qual for a interpretação, fala de alguém que
está contra Cristo, seja de forma consciente ou inconsciente. Eu
creio na interpretação que diz que "anticristo" é alguém parecido
com Cristo, isto é, que tem alguma semelhança, propriedade ou nome
que faz com que seja achado dentro do aprisco das ovelhas havendo
pulado o muro ou havendo-se poluído após haver entrado. "Amigo, como
entraste aqui não tendo veste nupcial?",
Mat.22:12. Há algo mais nestas
palavras que tornam tudo um pouco assustador: "Muitos se têm feito
anticristos". Não nasceram anticristos, não foram obrigados a serem
contra Cristo, mas, eles mesmos se tornaram anticristos. Fizeram-se
anticristos pelas próprias mãos. "Saíram de nós, mas, não eram de
nós", 1João 2:19.
"E eu
chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro,
nem de o ler, nem de olhar para ele", Ap.5:4. Já não existem muitas pessoas assim. Vejo muitos
usarem o fato de não serem santos como desculpa para perseverarem em
suas próprias vidas à sua maneira. Isso não lhes causa muita
tristeza a ponto de chorarem. Para João era um enorme motivo de
tristeza não existir alguém digno de abrir o livro e de o ler.
"Até
agora, nada pedistes em Meu nome", João
16:24. É estranho que Jesus diga isto aos Apóstolos, os
quais haviam participado e feito muitos milagres até então. Mas,
deixa de ser estranho se pensarmos que Jesus ia partir e que os
Apóstolos ficariam em Seu lugar, fazendo as coisas em nome d'Ele.
Eles seriam, a partir de então, os fiéis representantes de Jesus,
tanto em Sua forma de viver como nas obras, nos motivos e no tipo de
poder e armas da luz com as quais batalhariam em prol da verdade
prática. Tanto era assim que os discípulos seriam a própria imagem
de Jesus aqui na terra, pois, estariam ali em Seu nome, no seu
lugar. E representaram Jesus tão bem que Ele - que não mente e não
finge para agradar pessoas - nunca se envergonhou deles e
identificou-se plenamente com os discípulos, pois, perguntou a Saulo
(Paulo) "por que Me persegues?". A sua
identificação com os discípulos de então era tal que o próprio Jesus
se sentia perseguido sempre que Seus fiéis representantes era
perseguidos ou maltratados. "Pelo que, também Deus não se envergonha
deles, de se chamar seu Deus",
Heb.11:16. Você é um fiel
representante de Jesus a esse ponto? Sua vida é em tudo igual à de
Jesus? Representa-o fielmente?
Lemos,
muitas vezes e em muitos lugares das Escrituras, sobre andar na luz
ou viver na luz. Isso significa andar em total transparência e sem
nada para esconder. Mas, sabemos que uma coisa é andar na luz e
outra é entrar na luz ou colocarmos nossos corações expostos na
visibilidade. Muitos dos que se iniciam nessa caminhada mantêm a
ideia de que precisam realmente colocar toda a sua vida passada e
atual na luz e, a partir daí, podem tornar a viver escondidos e
camuflados. Viver na luz não é um ato isolado ou pontual, mas, é uma
forma de vida a partir de então. Devemos andar e viver continuamente
na luz a partir de então, sendo integralmente transparentes e
visíveis. "E ninguém, acendendo uma candeia, a
cobre com algum vaso ou a põe debaixo da cama",
Luc.8:16.
A prática
é a principal evidência da verdade. Se não funciona, é mentira. Um
pregador que prega a verdade e não a experimenta pessoalmente é
mentiroso ainda que pregue a verdade sem qualquer mácula e sem
qualquer sombra de mentira. Quem ora não mostra que Deus existe,
mas, aquele que é atendido em oração demonstra isso; quem prega
sobre a graça não mostra nada e muito menos quem se debate pela
doutrina, mas, todo aquele que manifesta o poder da graça em sua
vida diária demonstra que tudo é pelo poder da graça e nunca por
outro poder alternativo; quem fala do Espírito Santo não é quem
experimenta o verdadeiro avivamento, mas, somente aquele que é
dominado, plenamente guiado sendo alegremente obediente a Jesus; um
vencedor não é aquele que motiva os demais e empolga os emotivos
carentes com palavras de vitória, mas, é aquele que demonstra em
toda a sua vida pessoal e prática que seus próprios pecados deixaram
de ter força e domínio e é capaz de viver como se o pecado não
existisse porque deixou de existir em sua própria vida. A verdade
falada só é demonstrada tornando-se verdade prática e demonstrativa.
Por essa razão ouvimos as Escrituras falar sobre a manifestação da
verdade. "A vida se manifestou e nós a temos visto, dela damos
testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o
Pai e nos foi manifestada", 1João 1:2.
A verdade revelada de forma prática é o cerne da questão e nunca a
verdade falada ou debatida em forma de doutrina.
Quando
alguém é enganado por um falso profeta, pregador ou circunstância,
cerra seus ouvidos para não ouvir mais ninguém. A dúvida instala-se
a respeito de todos e qualquer um. Josafá, provavelmente, saiu à
guerra acompanhando Acabe por essa razão depois de ouvir um profeta
de Deus, pois, havia muitos falsos profetizando também e ele não
discerniu a voz da verdade, (2Cron.18:28).
"E caiu
Asa doente de seus pés (...); grande por extremo era a sua
enfermidade e, contudo, na sua enfermidade, não buscou ao Senhor,
mas, antes, aos médicos",
2Cron.16:12. Existe diferença
entre doença vinda como castigo ou repreensão e doenças por outros
motivos ou razões. Quando a doença vem como repreensão e castigo,
buscar os médicos é ironizar contra Deus.
"Porque
a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne; e
estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis",
Gal.5:17. Enquanto a carne não estiver morta na vida
dum crente que achou vida plena e real, haverá esta luta, a qual
impedirá de fazer aquilo que o crente quer. Não podemos estar
envolvidos nas duas coisas ao mesmo tempo. Vou explicar. Ou nos
envolvemos na luta ou fazemos aquilo que queremos. Uma pessoa que se
encontre envolvida numa luta não pode estar disponível para fazer
aquilo que é preciso fazer por estar envolvido noutra coisa por
outro motivo. Envolvendo-se nessa luta, não necessita cair no pecado
ou ser vencido para deixar de fazer a vontade de Deus, pois,
envolvendo-se na luta não se envolve no fazer e executar toda a
vontade de Deus com perfeição. "Não tenhais cuidado da carne em suas
concupiscências"; "Não te deixes vencer do mal, mas, vence o
mal com o bem",
Rom.13:14; 12:21. Nunca
venceremos o mal lutando contra ele e antes fazendo tudo o que é
certo sem lhe dar qualquer importância. A rendição a Jesus é a única
forma de vencer essa luta para estar disponível para fazer aquilo
que se quer fazer, desde que aquilo que se quer executar seja a
vontade de Deus.
"'Eis
que te sirvo há tantos anos sem nunca transgredir o teu mandamento e
nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos'. (...)
'Filho, tu sempre estás comigo'...", Luc.15:29,31. Aqui é realçado o lado dos filhos, tanto do filho pródigo como o do outro. Mas, existe o lado do pai que devemos
ver. O pai também nunca fez uma festa por existir e nunca lhe haviam
dado uma festa por dar tudo aos filhos ou por outra boa razão. Isso
acontece porque o pai "sempre está conosco". Quantas vezes fazemos
isso com Deus? Jesus afirmou que estaria sempre conosco - até mesmo
no fim dos tempos. Quantos de nós celebramos isso e manifestamos
alegria por Sua presença? É muito fácil acostumarmo-nos a ela e
sermos engolidos e absorvidos pelos nossos afazeres por nos havermos
esquecido de Deus. Elias, Eliseu, Abraão nunca se esqueceram da
presença de Deus e nunca a ignoraram, nem mesmo diante dum rei.
"Deus, em cuja presença estou". Vemos isso na vida de Eliseu (2Reis
3:14;5:16) e na vida de Abraão (Gen.24:40;48:15).
Podemos entender por que razão havia tantas festas religiosas em
Jerusalém. O povo não podia e não devia esquecer-se de Deus,
celebrando-o sempre por tudo e por nada. "Os ímpios serão lançados
no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus",
Sal.9:17.
"Ouvindo
alguém a palavra do Reino e não a entendendo, vem o maligno e
arrebata o que foi semeado no seu coração",
Mat.13:19. Por aqui vemos como é
importante que o Evangelho se torne entendido, perceptível e
concludente para que, depois, possa ser aceite. Muitos pregadores
não se fazem entender sempre que falam a verdade. Outros, ainda,
deixam de ser ouvidos - ou mesmo entendidos - pela forma como se
expressam, falam ou explicam. Podem fazê-lo de forma arrogante, ou
lisonjeando, ou agradando pessoas, ou como se estivessem falando com
crianças dando a impressão que se estão superiorizando aos que os
ouvem e, sempre que o fazem, deixam no ar o cheiro da hipocrisia, da
arrogância e do fingimento. Com isso, criam hipócritas e afastam
todos os sinceros.
"Aquele
que crer não se apresse", Is.28:16.
Para quê tentar apressar as coisas, os dias e antecipar decisões se
tudo pode acontecer no dia certo e da maneira certa?
"Ide
às ovelhas perdidas", Mat.10:6.
Uma ovelha perdida é alguém perdido para Deus, alguém que não sabe
ou não acha o caminho para Deus e, conforme lemos em
Isaías 53, é alguém que,
necessariamente, anda por caminhos próprios por falta de opções
válidas por onde caminhar. Se a ovelha está perdida, dificilmente
saberá o caminho de volta para casa. É uma característica das
ovelhas, ao contrário das cabras e dos bodes. Está perdida. A ovelha
conhece ou reconhece o Pastor - não o caminho. Por isso é que o
Pastor é o caminho. Logo, um
bom pastor procura-a até achá-la. A essas devermos ir. E o pior é
quando, além de perdida, a pessoa é cega para a verdade. Um cego
perdido tem problemas maiores que um simples perdido.
"Quando
jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque
desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em
verdade vos digo que já receberam o seu galardão",
Mat.6:16. Existem muitas formas
de parecer aos homens que jejuamos, oramos, pregamos e falamos de
Deus. Orando para sermos ouvidos por pessoas e não sairmos mal na
fotografia ou no agrado dos elogios e das pessoas é obra de
hipócrita. O mesmo se passa com as pregações, com as canções e com
muitas outras coisas que fazemos em nome de Deus, isto é, usando Seu
bendito nome em vão.
"O Senhor
restaura a glória de Jacó, como a glória de Israel",
Naúm 2:2a. É bom notar que, por
vezes, Deus refere-se a Israel como Jacó e outras como Israel. Neste
versículo específico fica-nos uma ideia diferente da usual. Ora
vejamos. Israel era Jacó antes de haver lutado com Deus e vencido e,
ao vencer, seu nome foi mudado para Israel. Em primeiro lugar, Jacó
não lutou contra Deus, mas, com Deus. É algo que devemos realçar. Em
segundo lugar, fica-nos a ideia de que o povo regrediu e começou a
ser chamado de Jacó novamente e, por essa razão, tornou-se
necessário voltar à glória de ser Israel. Era necessário serem
restaurados, como povo, para os parâmetros de lutarem com Deus de
forma a conseguirem vencer "porque saqueadores (pecados) os
saquearam e destruíram os seus sarmentos",
Naúm 2:2b.
"Pede-me
e eu te darei...", Sal.2:8.
Jesus disse algo que nos faz pensar - se é que estamos
verdadeiramente atentos: "Até agora, nada pedistes em meu nome",
João 16:24. Ele falava para
discípulos que haviam feito e presenciado muitos milagres até então,
que expulsaram demónios, que repartiram o pão que se ia
multiplicando em suas próprias mãos - entre outras coisas que não
sabemos sequer. Mas, Jesus afirmava que eles nada haviam pedido em
Seu nome. Certamente que haviam pedido (e recebido), mas, não em Seu
nome. A verdadeira prova de que estamos dentro da vontade de Deus é
quando pedimos em Seu nome e recebemos e não apenas quando pedimos e
recebemos. Em Seu nome significa em Seu lugar, como Seu
representante, pelos Seus interesses, para Sua glória de Seu Reino.
Pedir e receber nunca foi prova de Deus estar conosco, pois, já
houve demónios condenados a pedirem e a receberam. Deus dá tanto aos
bons quanto aos maus.
A função
da verdadeira oração é a aproximação à pessoa de Deus para o
conhecermos e experimentarmos como Ele é - e nunca como pensamos que Ele é, sendo que isso é uma forma de
idolatria. Deus vai, no entanto, fazer como se não soubesse das
necessidades para as apresentarmos diante dele de forma real - ou
direi, antes, para nos apresentarmos diante d'Ele. Mas, nunca
devemos esquecer que isso só acontece com o intuito claro de o
conhecermos tal e qual Ele é. E para Deus nos "conhecer" tal e qual
somos, devemos desejar ardentemente conhecê-Lo como pessoa e não
apenas para alcançar aquilo que Ele dá. Para Deus se aproximar de
nós, conhecendo-nos, devemos apresentar-nos diante d'Ele para o
conhecermos a Ele, sem nada do que possa dar.
Existem
pessoas que em vez de virem ajudar vêm-se mostrar; em vez de serem
uma ajuda são uma complicação em forma de competição com quem tentam
ajudar.
"Eu sou
a luz do mundo; quem me segue (...) terá a luz da vida",
João 8:12. Existe ainda outro
versículo bem esclarecedor a este respeito: "A vida era (é) a luz
dos homens", João 1:4. Muitos
procuram luz para os seus caminhos, esquecendo que a luz - a única
luz - que Deus dá é aquela que vem através do tipo de vida interior
que Ele dá, a qual faz-nos comparar um coisa com a outra recebendo a
confirmação instantânea do Espírito Santo,
1Cor.2:13. Quem recebe essa vida
tem essa luz e quem não tem luz nunca recebeu essa vida - ainda que
afirme ou creia que recebeu.
A maioria
dos Cristãos de hoje preocupa-se com aquilo que fazem (mesmo sendo
importante). Contudo, o verdadeiro Evangelho transforma aquilo que a
pessoa é. Devemos prestar mais atenção a isso, pois, o que fazemos
deve brotar daquilo em que nos tornamos, sob pena de estarmos a
fazer com que o ladrão não roube, mas, continue ladrão; ou que o
mentiroso não minta, mas, mantenha-se mentiroso de coração.
"Ninguém
pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo",
1Cor.12:3. Ainda não vi alguém
dar uma explicação sóbria e precisa sobre este versículo. Em
primeiro lugar, temos algumas passagens na Bíblia onde demónios
afirmam que Jesus é Cristo e Senhor (Mat.8:29);
e ainda temos outra passagem onde demónios afirmam que Paulo era
servo do Deus Altíssimo, (Atos 16:17).
Ora, devemos saber o que significa afirmar que Jesus é Senhor nos
termos nos quais Paulo expõe aqui. Jesus deve ser Senhor real da
vida de quem afirma isso. Isto é, não são palavras, mas, uma
constatação no terreno e na vida do dia a dia. Quem toma decisões
próprias - ainda que consulte Deus a esse respeito - não tem Jesus
como Senhor; quem não é ou não consegue ser integralmente obediente
a Deus em todas as coisas não tem Jesus como Senhor; somente aqueles
que seguem e são instruídos, guiados e verdadeiramente transformados
pelo Espírito Santo têm Jesus como Senhor. São alguns desses que
podem verdadeiramente afirmar que Jesus é, de fato, seu Senhor. E
isso constata-se e afirma-se conforme constatação na vida prática -
e nunca conforme a crença. Eu sei que muitos sofrem do medo de que
Deus não esteja com eles. Mas, é preciso sermos verdadeiros se
quisermos chegar à Verdade.
"Porque
nós somos cooperadores de Deus", 1Cor.3:9.
Um cooperador de Deus só pode ser alguém com quem Deus anda
literalmente. Isto é, a presença de Deus precisa ser real,
verdadeira e nunca apenas um assumir de que Deus está presente. Não
é concebível haver um cooperador de Deus quando a Sua presença é
apenas crida ou assumida como sendo verdade. Não existem
cooperadores de Deus de ficção ou à distancia.
"Eu não
aceito testemunho humano", João 5:34.
Todo o testemunho humano é dado ou estimulado pelas afinidades,
preferências e opiniões pessoais. Não é dado conforme a verdade. O
mesmo se pode dizer da glória que os homens dão e atribuem - até
mesmo a Deus. Tudo depende daquilo que recebem d'Ele e não depende
daquilo que Deus é, sendo que é cheio de glória por si próprio. "Eu
não aceito glória que vem dos homens",
João 5:41. "Como podeis crer,
vós os que aceitais glória uns dos outros?"
João 5:44.
Não
existo para resolver meus problemas. Existo para cumprir minha
missão para Deus e colocar as pessoas diante de quem pode resolver
os seus problemas espirituais.
Aquele
que jura, promete ou faz um voto só o faz porque é fraco, não tem
capacidade ou vontade de cumprir e por essa razão faz seus votos.
Quem faz e tem a capacidade de executar, faz e pronto. Os votos são
uma tentação maligna para fazer os fracos transgredirem não
cumprindo. "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o
que passa disso é de procedência maligna",
Mat.5:37. Ora, devemos entender
a palavra "procedência". O problema dos votos é que transparece a
ideia de que a pessoa não é de procedência aquilo que vota ser ou
fazer. Isto é, o seu comportamento não vem do coração e vem, antes,
dos votos que faz; por essa razão, faz votos. Logo, podemos assumir
que é muito mais fácil formar um hipócrita através dos votos do que
criar um santo. O verdadeiro Evangelho transforma as pessoas pelo
lado de dentro para que possam fazer e ser naturalmente aquilo em
que se transformaram pelo lado de dentro e isso não tem procedência
maligna.
O pecado
leva-te mais além do que desejas, prende-te mais tempo do que
pensas, farás mais mal do que o planeado e em vez de prazer trará
fel, amargura, tristeza, desconforto e insaciabilidade. Todo aquele
que abandona o pecado, sendo salvo de todos seus pecados por Cristo,
irá ver uma regressão total em todas essas consequências do pecado.
Cada dia sem pecado tornará mais fácil deixar de pecar e cada dia
pecando tornará mais difícil permanecer limpo e em Cristo. Cabe a si
decidir se o dia de amanhã será um passo mais fácil no encalço duma
santidade total e incondicional ou se se tornará mais difícil de
alcançar.
Não
é o dormir que nos dá o verdadeiro descanso, mas, uma alma limpa de
seus pecados pelo sangue de Jesus; a comida não mata a verdadeira
fome, mas, isso consegue a Palavra de Deus; o mesmo se pode afirmar
da verdadeira sede que só a água da vida consegue saciar.
Poderíamos, ainda, falar do verdadeiro amor, do verdadeiro dinheiro,
da verdadeira riqueza e tantas outras coisas as quais os humanos
perseguem com todas as suas forças, as quais nada dão após serem
achadas deixando apenas o hábito de correr atrás dessas coisas.
"Graça
e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus,
nosso Senhor",
2Ped.1:2. É muito fácil
interpretar as Escrituras por conta própria sem a noção do seu
verdadeiro significado. Imagine-se na presença de Deus da maneira
que Ananias e Safira estiveram, Pedro, João e outros mais. Se, nessa
presença, a paz é multiplicada e não a convicção ou a condenação, se
nessa presença recebemos graça ou mais graça é porque estamos
verdadeiramente limpos diante de Deus. Caso contrário, essa paz não
será multiplicada e será, antes, um atrito e uma tribulação sem
tamanho. "Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem
dentre nós habitará com as labaredas eternas? Aquele que anda em
justiça e que fala com retidão, que arremessa para longe de si o
ganho de opressões, que sacode das suas mãos todo o presente; que
tapa os ouvidos para não ouvir falar de sangue e fecha os olhos para
não ver o mal, este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas
serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado e as suas águas
serão certas",
Is.33:14-16.
"Humilhai-vos,
pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a Seu tempo, vos
exalte",
1Ped.5:6. O problema de muitas
pessoas é que não aceitam, esquecem ou ignoram um fato: é no tempo
de Deus (e nunca do próprio) que alguém é exaltado havendo sido ou
estado humilhado debaixo da potente mão de Deus. O mesmo não se pode
dizer quando não estamos debaixo da mão de Deus. E quanto maior for
o tempo e a intensidade da humilhação, tanto maior será a obra
adiante e maior a responsabilidade pós humilhação. Contudo, muitos
nunca chegam a essa fase pós humilhação porque ou não se deixam
humilhar ou querem as coisas em seus próprios tempos ou nos próprios
termos. Essa é uma das
razões porque as pessoas não se limpam, sendo que apenas aquele que
se "purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e
idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra (que está
adiante)", 2Tim.2:21
e não aqueles que tentam apressar todas as coisas. Devemos saber
usar e aproveitar todas as nossas circunstâncias to para nos
limparmos por via duma humilhação sincera diante de Deus e Seu
poder.
"Apascentai
o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por
(...) torpe ganância", 1Ped.5:2.
A ganância não se manifesta, apenas, no dinheiro das ovelhas ou suas
posses. Manifesta-se, também, como ganância de almas e do poder
sobre elas, de glória pelo tamanho do rebanho ou pela sua obediência e
submissão. Tudo isso é torpe ganância e ninguém deve ser movido por
motivos desses - ou motivos similares e paralelos.
"O justo
apenas se salva", 1Ped.4:18.
Muitos pregam mais coisas além da salvação. Pregam a prosperidade,
os cumprimentos dos desejos da sua própria carnalidade e tantas
outras coisas. Mas, devemos ter em conta que o justo "apenas se
salva".
"Os que
padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe a sua alma, como ao
fiel Criador, fazendo o bem",
1Ped.4:19. Fazer o bem sob essas
circunstâncias não significa dar o bem como troco vingativo ou fazer
o bem como forma de vingança para se mostrar, mas, significa
continuar a fazer e a ser como se nada estivesse acontecendo.
Significa não mudar o rumo sem tentar mudar as circunstâncias. Encomendar
ou entregar a alma sob essas circunstâncias significa isso mesmo.
Não significa entregar as circunstâncias para serem alteradas ou
mudadas, mas, significa segurar a alma em Jesus e não o corpo ou a
carne. Quando vem o vento e levanta a saia duma senhora, ela não
tenta segurar o vento e antes a saia.
"Não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas, segundo a
vontade de Deus", 1Ped.4:2. Viver segundo a
vontade de Deus significa muito mais do que tentar fazer apenas
aquelas coisas que Deus quer. Significa fazer as coisas todas - as
mesmas coisas de sempre - de outra maneira, usando outros meios,
tendo ou obtendo outros motivos e mudar o alvo da glória ou da
glorificação pelas coisas alcançadas de forma perfeita. Não é apenas
andar por outros caminhos, mas, é, principalmente, a forma como
andamos em todos os nossos caminhos. As coisas precisam ser feitas
aqui na terra da maneira que são feitas no céu. Tudo tem a ver com a
forma como andamos e não apenas por onde andamos. Mudar o nosso rumo
é apenas uma pequena parte do fazer a vontade de Deus, pois, a parte
principal é a maneira como andamos em todos os nossos caminhos, que
poder usamos, quais os motivos, de quem dependemos e a quem
agradamos se a nós mesmos ou a Deus. "Cada um administre aos outros
o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de
Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém
administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em
tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e o poder para todo o sempre. Amém!"
1Ped. 4:10,11.
"Estas
são as verdadeiras palavras de Deus", Ap.19:9. Isto só pode significar que existem palavras que
chegam com o rótulo de serem palavras de Deus, não sendo. Por vezes,
perguntamo-nos por que razão Deus enviou Elias àquela viúva de
Sarepta e não a outros. Vemos que era uma viúva que nunca se deixou
impressionar por um milagre e que, embora não tendo rejeitado a
multiplicação do azeite e da farinha, também não se deixou
impressionar por Elias, pois, demorou algum tempo a ser convencida
que Elias era realmente de Deus. Foi preciso seu filho falecer e ser
ressuscitado para ser convencida, sendo que somente Deus é capaz de
ressuscitar dos mortos. "Então, a mulher disse a Elias: Nisto
conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na
tua boca é verdade",
1 Reis 17:24.
"Dizei
primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali (não) houver algum filho de
paz (...) a vossa paz (...) voltará para vós",
Luc.10:5,6. Lemos o mesmo em
Mat.10:13, mas, com uma pequena
diferença. Lá, diz: "Torne para vós a vossa paz". Parece que num
lugar diz que a paz voltará pelos próprios pés e que na outra são os
discípulos que a fazem voltar. Mas, não é bem assim. Os discípulos
não têm autoridade para fazer voltar essa paz deixando perturbado
quem ouviu. Ela volta pelos próprios pés e cabe aos discípulos
aceitarem isso. Eles têm a capacidade de não insistir quando eles e
o Evangelho são rejeitados e de não permitirem que sua própria paz
seja beliscada, insistindo por haverem sido rejeitados. Não
existimos para agradar pessoas. Isto é, uma das características do
Evangelho que tem poder, daquele que é verdadeiro, é marcar para
sempre o coração de quem o rejeita e os tais nunca o esquecerão. É o
evangelho sem poder que insiste e persiste em ser aceite, pois, não
é capaz de deixar marcados para sempre os corações das pessoas, não
aceitando ou não permitindo que a sua própria paz volte (isto é, o
seu tipo de paz que não é em nada igual à paz que o mundo dá),
deixando os corações perturbadíssimos como o mar revolto - algo que
é a vontade de Deus que aconteça, Is.57:20,21.
"Convertei-vos,
ó filhos rebeldes, diz o Senhor; (...) e vos levarei a Sião.
Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com
conhecimento e com inteligência", Jer.3:14,15. É verdade que todos os verdadeiros
avivamentos começam com a conversão dos líderes e dos cristãos. Não
depende do lugar, das circunstâncias e nem mesmo das perseguições e
da força do pecado. Tudo depende se os crentes realmente se
convertem ao Senhor ou se caminham por caminho próprios, os quais
chamam de caminhos de Deus.
"Recebei
com mansidão a palavra", Tgo.1:21.
É extremamente importante receber a palavra com mansidão, pois, ela
confronta para limpar. "Estais limpos pela palavra que vos tenho
falado",
João 15:3. Tive um familiar
idoso que não gostava de tomar banho. Um dia, precisou ir ao médico
e meu pai obrigou-o a tomar banho para poder levá-lo à consulta.
Dois homens agarraram nele e deram-lhe banho. Quase morreu. Deu-lhe
ataques de pânico, aceleração cardíaca, orgulho ferido e tudo mais.
Não recebeu a limpeza com mansidão. Muitos crentes são assim quando
são confrontados pela palavra e dificilmente a recebem com mansidão
por se sentirem confrontados.
Existem
pessoas que afirmam cansar-se de fazer o que é certo, de praticar ou
ler a palavra e nunca se cansam de fazer outras coisas que lhe dão
prazer. Logo, conclui-se que somente o que dá prazer não 'cansa'
quem pratica. Imaginemos alguém capaz de afirmar com toda a sinceridade
algo assim: "Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer";
"Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo"; "Não fosse a
tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na
minha angústia"; "Os teus mandamentos são o meu prazer"; "Suspiro,
Senhor, por tua salvação; a tua lei é todo o meu prazer",
Sal.119:16;24;47;92;143;174.
"Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do
Senhor e na sua lei medita de dia e de noite",
Sal.1:1,2. Não creio que uma
pessoa dessas consiga afirmar que se cansa de ler a Palavra e de
praticá-la.
"Tornai-vos
praticantes da Palavra", Tgo.1:22.
Quando colocamos um alvo ou objectivo diante de nós, não apenas
vemos o final ao longe com inteira intenção de nunca perdê-lo de
vista, mas, também buscamos os meios, pensamos nas formas e em todos
os mecanismos legais para que possamos alcançar aquilo a que nos
propusemos. Todo o nosso coração deve estar disponível, todos os
meios devem estar ao nosso alcance, tudo que possa impedir esses
meios de serem alcançados é sumariamente analisado e extinguido e só
depois disso podemos falar de todo o nosso empenho, dedicação,
confiança e motivação operando no sentido desse alvo. Tornarmo-nos
praticantes da Palavra é algo que funciona da mesma maneira. Existem
meios da graça que precisamos alcançar previamente (Heb.4:12);
Todo o nosso coração deve estar disponível (disposto e preparado,
Luc.1:17) para tal efeito e, também, pronto para os
muitos e variados efeitos consequentes de nos havermos tornado
praticantes da palavra. Não basta querer ser praticante da Palavra,
pois, precisamos amar os meios e dedicarmo-nos na busca contínua
daquilo que é capaz de nos habilitar na parte prática da Palavra.
"Cada
um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz",
Tgo.1:13,14. Há quem não culpe Deus por estar a ser
tentado, mas, culpe as circunstâncias, as pessoas, o clima e tantas
outras coisas. É verdade que a providência de Deus é responsável
pelas circunstâncias que nos podem aprimorar e transformar. Mas, uma
coisa é cada provação ter a capacidade de transformar ou santificar
e outra coisa é ser-lhe dada a capacidade de fazer cair e tropeçar.
Devemos saber que diante de nós está tanto a morte quanto a vida e que
devemos poder escolher a vida. Quando pecamos, os culpados não são
as circunstâncias, não são as pessoas e não é nada mais e nada menos
que o tipo de coração que temos em nós. Mudando de lugar não
transforma o coração e, mudando de lugar ou de circunstâncias, o
coração que temos irá conosco para onde formos. A tentação só é
tentação devido ao coração que possuímos e nada mais. "Cada um é
tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz".
"Meus
irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações,
sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência",
Tgo.1:2,3. É preciso saber que,
se não tivermos esse gozo sendo provados por várias tentações,
estando realmente em Deus e nunca fora d'Ele, será produzida a
impaciência e nunca a paciência ou perseverança. A alegria ou tristeza durante esses
momentos dirá qual é o nosso tesouro, pois, quem busca o tesouro da
santidade terá gozo sendo provado e quem busca outro tipo de tesouro
terá tristeza quando for colocado sob provações pela providência de
Deus. "Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que
sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma",
Tgo.1:4. De que forma pode a
paciência ter a sua obra perfeita? Se realmente soubermos que as
provações nos chegam da parte de Deus ou por estarmos realmente
achados n'Ele, concluiremos que essas provações visam alcançar algo
dentro ou fora de nós para sermos agradáveis a Deus. Logo, não
devemos impedir e nem orar contra aquelas coisas que sabemos que nos
chegam como provações da fé. Devemos, antes, saber cooperar no mesmo
sentido esforçando-nos e cooperando na mesma direção para alcançar o
mesmo fim. Ao invés de tentarmos mudar as circunstâncias, devemos
aplicar nossos esforços e atenções fielmente para alcançarmos o que
Deus pretende cooperando com as provações para o mesmo fim. Assim, a
paciência não apenas terá a sua obra perfeita, mas, terá total
cooperação da nossa parte sem fingimentos de qualquer tipo. Não
podemos ter falta neste tipo de sabedoria, pedindo-a a Deus com fé e
paciência. E para isso acontecer deve existir total disponibilidade
de coração para esse fim, nunca permitindo que nosso coração se
ocupe com os espinhos que sufocam essa sabedoria tentando desviar de
nós as circunstâncias e situações que são meras provações
instituídas por Deus para nosso eventual benefício final.
"Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação;
porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a
qual o Senhor prometeu aos que o amam",
Tgo.1:12.
"Quem
amar a abundância nunca se fartará da renda",
Ecl.5:10. Paulo diz - e com toda a razão da sabedoria
suportando-o - que, "tendo sustento e com que nos vestir, estejamos
contentes",
1Tim.6:8. Todo aquele que se
contenta com o estar em Cristo, esteja na pobreza ou na riqueza,
nunca mudará. Mas, todo aquele que ama a abundância, correrá sempre
atrás do dinheiro e do conforto até mesmo quando já o tem. Devemos, contudo, distinguir entre
amar a abundância e ter a abundância. Existem muitos pobres que amam
a abundância, ainda que não a possuam. "O que amar o dinheiro nunca
se fartará de dinheiro", Ecl.5:10.
E os pobres também amam o dinheiro.
"Tudo
o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás",
Dt.12:32. É e será sempre muito
fácil diminuir naquilo que Deus manda, diz ou revela seja por
negligência, esquecimento, infidelidade, falta de fruto e
consequentes frustrações, ou qualquer outra razão. Mas, existe uma
lei na natureza espiritual à qual ninguém escapa: todo aquele que é
capaz de diminuir ao que Deus diz, tem toda a capacidade de lhe
acrescentar também, acrescentando desejos próprios e ideias mais
convenientes. Uma coisa leva à outra.
Uma
longa caminhada começa sempre com um passo, avança com um passo -
ainda que seja o seguinte; e termina sempre com um passo - ainda que
seja o último. E se for o último, precisa ser dado como se fosse o
primeiro.
"E respondeu
Acã a Josué e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor",
Jos.7:20. Há confissões que
chegam tarde e outras que não resolvem nada. Até uma confissão de
pecado pode ser rejeitada por vários motivos. Isso aconteceu com
Acã. "Por que nos turbaste? O Senhor te turbará a ti este dia",
Jos.7:25.
É possível
tentar fazer algo para o próprio Deus e, ainda assim, isso ser mais
uma forma de idolatria porque não sabemos quem Ele realmente é. "Ainda que me detenhas, não comerei de teu
pão; e, se fizeres holocausto, o oferecerás ao Senhor. Porque não
sabia Manoá que fosse o Anjo do Senhor",
Juízes 13:16. Isto é: podemos
estar na presença de Deus sem saber que é Deus e alguém pode servir
aquilo que pensa conforme o que lhe convém ainda que esteja em Sua
presença.
Sendo
verdade que o diabo tenta os filhos de Deus, isto é, aqueles que
estão verdadeiramente limpos de coração, para servirem outros deuses
e outras coisas, também é verdade o inverso. Vou explicar. O diabo
tenta os maus a servirem o Deus verdadeiro para que O sirvam - ou
tentem servi-lo - através dum coração impuro e através de meios
fraudulentos. O Evangelho é desacreditado de ambas as maneiras.
Enganam-se todos aqueles que não acreditam que o diabo não tenta com
a Bíblia e com a igreja. Ele coloca os maus que nunca foram
verdadeiramente transformados e os desviados a servir dentro do templo de Deus.
"Se a
tua lei não fora toda a minha alegria, há muito que teria perecido
na minha angústia", Sal.119:92. É muito bom que nada
nos possa alegrar ou entristecer a não ser a palavra vinda de Deus.
Todo aquele que tenha outro tipo de alegrias ou que as busque, certamente,
perecerá.
"Tu
firmaste a terra e firme permanece", Sal.119:90. Firma-me também, Senhor e firme permanecerei
para sempre tal como a terra. Não quero ser eu a afirmar-me porque,
se for, nunca permanecerei firme por muito tempo.
"A sua
terra está cheia de prata e ouro (...) também está cheia de ídolos a
sua terra",
Is.2:7,8. Quando o coração não
muda de forma permanente, isto é, se não é transformado de modo a
que viva a vida nova como se nunca tivesse vivido de outra forma,
acontece que a abundância ou a providência simples será transformada
em ídolos de vários tipos. Uma terra cheia de ouro em conjunto com
um coração que não se firmou verdadeiramente na verdade pegará no
ouro e fará ídolos dele, pois, havendo alcançado aquilo que deseja,
o coração fica ocioso. Mas, isso nunca acontece quando o alvo é
Jesus, quando o desejo exclusivo é conhecê-lo como Ele realmente é,
ainda que o ouro se multiplique ou ainda que se experimente a
miséria.
"Alimentam-se
do pecado do meu povo", Os.4:8.
Sabemos que os pregadores falsos usam os anseios e os pecados do
povo para se aproveitarem desse mesmo povo. Só quem é ganancioso dá
a um pregador ganancioso; só uma moça pervertida oferece-se a um
pregador pervertido. Os maus alimentam-se e aproveitam-se
dos maus. Os pregadores falsos subsistem somente porque existem
crentes falsos. "Por isso, como é o povo, assim será o sacerdote",
Os.4:9.
"Visto
que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de
teus filhos",
Os.4:6. É bom vermos a Palavra
por aquilo que ela diz sem passar por cima dela ou ao de leve. Aqui
não diz que Deus esquecerá de quem se esquece d'Ele, mas, de quem se
esquece de Sua lei. Muitos há que se lembram de Deus, cantam e
pregam, mas, "esquecem-se" de cumprir toda a palavra. Seus filhos e
familiares mais íntimos serão esquecidos por Deus.
Não
posso ser líder se não for liderado. Um bom líder é e será sempre o
bom seguidor. "Se alguém me serve, siga-me",
João 12:26.
"Se Eu
não te lavar, não tens parte comigo", João
13:8. Jesus falava, aqui, de lavar os pés de quem, no
mais, estava todo limpo. E falava a Pedro. Pedro poderia ficar de
fora do Reino e sem parte em Jesus caso seus pés não fossem lavados
por Jesus. Não deveriam ser apenas lavados, mas, lavados por Jesus -
algo que é muito diferente, embora não pareça. Tenho a certeza que
Jesus falou desta maneira em sentido figurativo, pois, por muito
fedorentos ou sujos que fossem os pés de Pedro, isso não impediria
que entrasse no céu - a menos que estivessem sujos por negligência
ou desleixe. Para qualquer homem é honra conseguir ser melhor por
mérito, conseguir ser limpo pelas próprias forças e capacidades.
Todo homem gosta de mostrar trabalho e aparecer, principalmente se
for aprovado e aplaudido. E tenta agir assim com Deus também -
principalmente diante d'Ele. Essa é uma das razões porque
não se deixa limpar e prefere limpar-se a ele mesmo. Muitos desejam
ser perdoados e terminar na carne aquilo que foi começado pelo
Espírito. Esses nunca obterão parte em Cristo. "Se Eu
não te lavar (os pés, ainda que no mais estejas limpo)...". "Também
vós deveis lavar os pés uns dos outros",
João 13:14. E será sempre muito mais humilhante alguém
ser corrigido por um ser humano igual a ele, pois, muitos prezam a
opinião dos homens acima de tudo. E se for homem a lavar os pés (o
caminhar) de outro homem sente-se menor que aquele que o corrigiu.
Isso apenas mostra que essa pessoa ainda não acredita que o menor
será sempre o maior e que quem aceita a correção com alegria e
agradecimento pode ser maior que aquele que o corrige.
Os
conselhos dão-se a quem quer saber como fazer ou o que fazer. Não se
dão aos obstinados. Os obstinados precisam do ensino da vara e não de
conselhos que eles rejeitam.
"...Cheio
de graça e de verdade"; "Em todos eles havia abundante graça",
João 1:14;
At.4:33. Existem muitas outras palavras para o batismo
com o Espírito Santo. Estar cheio de graça ou de poder de Deus são
duas delas. Graça é sinónimo de poder. A pessoa precisa crescer em
graça na proporção que cresce em estatura espiritual. Não se pode
pular o muro para "crescermos" na graça. Para crescer nessa graça,
torna-se necessário familiarizar-se mais (e melhor) com o próprio
Jesus e o crescimento será natural e proporcional ao crescimento em
estatura. Já viu alguém crescer em corpo e não crescer em força
muscular? Assim são os que crescem em estatura e conhecimento, mas,
decrescem em intimidade com Jesus e humildade.
Sendo
ou querendo ser a noiva de Cristo, qualquer olhar imprudente para o
mundo é adultério. Contudo, existem muitas pessoas que dizem que não
conseguem viver sem o mundo e ainda o acolhem como amante. Outros
casam com o mundo e querem Deus somente como amante. Depois, afirmam
que não são adúlteros. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a
amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que
quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais
vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem
ciúmes?",
Tgo.4:4,5.
É bom
corrigir quem erra, mas, é bom para o corrigido - se ele se corrigir
- e não para quem corrige. Porém, corrigir é um dom de sabedoria
aplicada e sóbria. Não existe a cadeira de "matemática aplicada" na
Faculdade? Também deve existir Sabedoria Aplicada na vida prática.
Nessa sabedoria devemos aprender que existe diferença entre corrigir
alguém cujas bases e alicerces são corretas e que precisa corrigir
uma fase ou algum detalhe no caminho certo; e aqueles cujas bases
estão erradas ou corrompidas desde o início, ou desde a base ou
desde os alicerces. Não posso endireitar
uma fase dum caminho que nasceu torto ou de alguém que vai na direção errada, pois, melhor lhe será que suas fases sejam muito
tortas para que encontre razões suficientes para voltar ao início e
recomeçar tudo. Há que saber como corrigir ou quem corrigir e de que
maneira. Não vale a pena tentar ajustar detalhes num caminho em
sentido contrário, como não se pode fazer reiniciar todo aquele "que
está lavado e não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais
todo está limpo",
João 13:10. Não se pode querer
reconstruir todo um carro quando tem apenas uma peça estragada e,
também, não se pode querer colocar uma peça de carro numa carroça
com semelhança de carro. Não se pode corrigir alguém que nunca lidou
com cada um de seus pecados seriamente desde o início e que,
consequentemente, colocou suas esperanças numa doutrina falsa e numa
vida de fraude espiritual. Aprendamos a nunca colocar remendo novo
em pano velho.
"Bem-aventurados
os que ouvem a palavra de Deus e a guardam",
Luc.11:28. Ninguém guarda uma
palavra que nunca ouviu. Mas, alguém que não guarda o que ouviu não
tornará a ouvir de Deus. Pode acreditar que ouve, mas, crê
falsamente.
A vontade
é uma parte importante de qualquer ser racional. A Bíblia diz-nos
muito quando fala da boa-vontade. E quando se trata da vontade de
Deus no homem, existe um envolvimento da vontade de qualquer homem,
seja ele quem for. Ou existe boa-vontade do homem em relação àquilo
que é a expressa vontade de Deus; ou existe apenas vontade (mas, não
boa-vontade); ou existe má-vontade da sua parte, fazendo-a
contrariado; ou existe contra-vontade; ou existe indiferença. Creio
que a indiferença é o grau mais baixo da baixeza do homem. É mais
fácil converter um rebelde do que um indiferente que é capaz de se ocupar
somente com a sua vida pessoal e material.
"O caminho
dos ímpios perecerá", Sal.1:6. O
próprio caminho ímpio está minado de nascença e possui em si mesmo
as inerências que o fazem perecer sem intervenção de ninguém. O
caminho perece por ele, tem as condições inerentes nele para
perecer. Deus tem a Sua natureza - Ele é uma natureza. Nessa
natureza só cresce, nasce e desenvolve-se aquilo que é próprio dessa
natureza. A impiedade perece por essa razão. Não se desenvolve num
ambiente criado por Deus. Cada coisa que existe precisa duma
natureza adequada e compatível para se desenvolver. Se não tiver,
nunca se desenvolverá e perecerá. É o que acontece com a impiedade
quando perece. A impiedade não precisa de intervenção para perecer,
pois, perece por ela mesma de forma natural. Com a intervenção de
Deus apenas perece mais depressa e sem ela perece no seu devido
tempo e forma. A santidade, por sua vez, subsiste porque vive sob a
natureza de Deus que é eterno. Mas, existe algo mais: "O Senhor
conhece o caminho dos justos", isto é, participa nele de forma ativa
e vivente. Logo, existem muitas razões para que se mantenha
eternamente sob a bênção de Deus.
Quando
se tenta angariar pessoas para nossas igrejas através do agrado,
isto é, agradando e lisonjeando-as, além de sermos considerados
hipócritas por Deus e pelos Céus, tornamo-nos idólatras. Como as
pessoas não têm o Espírito e dizem que têm, tentam alcançar os
pecadores por outros meios ilícitos e enganadores, arranjando
substitutos para o poder de Deus ou por poderes alternativos devido
à ausência desse poder. O que tinha João que falava a verdade
afirmando que as pessoas que vinham a ele eram ladrões, raça de
víboras e hipócritas e, ainda assim, ninguém deixava de vir a ele
para se arrepender e ser batizado?
Quem
teme perder por amor a Deus é idólatra, pois, substitui o temor a
Deus por outro temor. Se a avareza é idolatria porque faz alguém
sentir-se seguro na insegurança da falsidade, imagine-se o que será
temer algo que não seja Deus! Quem teme perder não teme a Deus -
exige d'Ele.
Todo
homem ou mulher manifesta-se através daquilo que diz ou pensa dos
outros. Quando Pedro falou de Paulo, fiquei a saber mais de Pedro do
que de Paulo.
"Arrependimento
que leva ao conhecimento da verdade", 2Tim.2:25. Existe um tipo de "arrependimento" que não
leva ao conhecimento da verdade. Se não leva a esse conhecimento,
não foi arrependimento genuíno. Devemos ter isso em conta. E todo o
conhecimento da verdade deve ser um de experiência pessoal e não
apenas intelectual.
"Segue
a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro,
invocam o Senhor",
2Tim.2:22. Precisamos entender
este versículo. Muitos tentam seguir a fé, a paz, a justiça e até ao
Senhor. Contudo, nem mesmo com lágrimas e súplicas alcançam, a menos
que consigam enveredar, previa e antecipadamente, pelo caminho dum
coração puro. Logo, não podemos orar, buscar, pedir e suplicar com
os que não o fazem com um coração puro. Não podemos crer que
receberemos sem esse coração purificado. Podemos buscar as coisas
certas, mas, se o buscarmos sem que o coração seja purificado
antecipadamente, nunca acharemos. Há que escolher as pessoas com
quem buscamos caso optemos por buscar conjuntamente e verificar se
nosso próprio coração está limpo quando buscamos com outros ou mesmo
a sós.
"Se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e
siga-me",
Luc.9:23. Todas as palavras de
Jesus aplicam-se a circunstâncias e situações. Existem palavras para
iniciantes, para fracos, para fortes, para momentos de prosperidade
e para momentos menos bons. Não podemos querer aplicar palavras a
nós mesmos que não se aplicam ao momento. Quando Jesus fala para as
pessoas se negarem, fala a pessoas e situações específicas. Existem
pessoas cujos desejos, cujas circunstâncias e cujo modo de operar e
fazer vêm de Deus. Sabendo distinguir entre tempos e situações,
essas pessoas não podem negar e devem, antes, ser fiéis mordomos à
obra que recebem de Deus. Devem saber negar aquilo que os quer
impedir nesse caminho, sem que se distraiam resistindo ao mal. Há
que saber manejar sabiamente a palavra de Deus.
Quem
faz cada vez menos também faz cada vez pior tudo aquilo que ainda
faz. Isto é, aquilo que ainda faz ficará cada vez mais incompleto,
mais mal feito e despachado rapidamente. E aquilo que tem de fazer e
não pode evitar trará impaciência, mau humor e irritabilidade que
atingirá quem está próximo. Esse é o preço que pagam todos aqueles
que não conseguem ou não querem ser fiéis em tudo.
"Alegra-te
com a mulher da tua mocidade e pelo seu amor sê atraído
perpetuamente. Por que, filho meu, andarias atraído pela estranha?",
Prov.5:18,19. Sabemos que a vida é comparada a água nas
Escrituras. A água flui para o lado que for canalizada. A mulher
estranha pode atrair, mas, em direção oposta e contra a corrente
natural da vida. Sabemos que o amor da esposa ou esposo têm rumos
válidos e fluem para o lado oposto ao dos estranhos, o qual evita
que a atração pela estranha seja sequer possível. É pouco provável
que uma pessoa seja atraído pelas duas coisas ao mesmo tempo: o amor
da estranha/o e o amor da esposa/o. Ou se é atraído por um ou pelo
outro. Não creio que seja possível as duas coisas ao mesmo tempo, a
não ser que alguém trate sua esposa como uma estranha ou lide com
ela como se fosse prostituta. A pessoa que é capaz de misturar as
duas coisas não ama a sua esposa - ama a perversidade.
Muitos
lutam pelo futuro, mas, a verdade é que o nosso futuro começou há
muito tempo, isto é, começou no dia em que nascemos. Por essa razão
devemos corrigir nosso passado para que aquilo que resta de nosso
futuro não se desalinhe. Se erramos no passado, deve ser corrigido,
confessado e perdoado, pois, Deus pode reconstruir e ainda
multiplicar aquilo que os gafanhotos destruíram. Se no passado houve
desvios e não forem alinhados e corrigidos, todo o futuro estará
comprometido.
"Não
te desamparem a benignidade e a fidelidade",
Prov.3:3. A benignidade não é apenas ser benigno, mas,
é uma forma de estar na vida. Essa benignidade não se permite
contaminar e mantém-se pura. Mantém-se segregada para não se
contaminar, não se misturando, principalmente, com o que lhe é
parecido ou oposto. Logo, se eu me misturar com o que é contrário ou
parecido com a benignidade, ela afasta-se de mim e ser-me-á
retirada. É assim que sou desamparado da benignidade, pois, ela é
derramada no coração.
Por
certo, existem muitas coisas que ofendem Deus das quais as pessoas
não se dão conta. E muitas outras nunca são catalogadas como pecado,
como a falta de fé ou mesmo como a falsa humildade. Eu percebo hoje
que, sempre que se diga, afirme ou se pense que é difícil abandonar
o erro, o pecado ou qualquer outra coisa que não presta e seja
inútil ou destruidora, ofende-se Deus. Falam como se Deus não
existisse ou como se Ele fosse mais fraco do que a carne. "Esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé",
1João 5:4. "Porventura não
existe Deus em Israel?", 2Reis 1:6.
A palavra
iniquidade tem trazido muitas dúvidas a respeito do seu significado.
Esta palavra tem muito a ver com a aprovação, exaltação e aceitação
do mal. É como moralizar o erro e aceitá-lo, seja de que maneira
for. Um coração iníquo é um coração que faz isso ou vive disso.
"...Conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que
tais coisas praticam), não somente as fazem, mas, também consentem
aos que as fazem",
Rom.1:32. Iniquidade é a moral
torcida e depravada.
O problema
não reside no fato de o mau ou o mal querer invadir o palco para se
mostrar, mas, principalmente, em mostrar-se como bom ou atraente.
Esse problema torna-se sério quando o mal é visto e aceite como bom.
Devemos ter muitas precauções com todos aqueles que se querem
mostrar ou que precisam mostrar-se com a finalidade de se imporem. A
pessoa só se quer mostrar porque nutre a ideia que não tem fruto. No
fundo é o fruto que fala de sua saúde espiritual. O querer
mostrar revela que existe falta dele. Ninguém precisa mostrar-se a
não ser aquele que, no fundo, acredita não estar à altura das
exigências de Deus. Quanto mais caído ou quanto mais acredita estar
aquém do que deve, maior a dívida para mostrar-se para se convencer
convencendo os outros acerca dele próprio. Na verdade, o mostrar-se
é uma concupiscência idólatra, pois, proporciona uma confiança falsa
às pessoas. Essa concupiscência é uma forma de encobrir e de
disfarçar. Eu creio que não é apenas uma forma de encobrir, mas, é
uma formula de se sentir garantido e de encobrir aquilo que é
claramente visível aos olhos do céu. E tudo aquilo que gera
confiança ou segurança própria no homem é idolatria. Por essa razão
é que a avareza é idolatria, pois, faz os homens sentirem-se seguros
naquilo que nunca será capaz de assegurar,
Col.3:5.
"O meu
Reino não é deste mundo", João 18:36.
Todos aqueles que desejam prosperar neste mundo e naquilo que perece
deveriam considerar esta afirmação de Jesus. Se o reino de Deus
fosse deste mundo, todos os crentes estariam ricos, protegidos e
materialmente prósperos. E todos aqueles que são materialmente
prósperos deveriam saber o quanto precisam trabalhar para não
perderem nada eterno. Contudo, existem muitos 'servos' de Cristo que
lutariam com muito mais vigor e determinação caso o Seu reino fosse
deste mundo. "Se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus
servos; mas, agora, o meu Reino não é daqui",
João 18:36b. Como muitos se alegrariam caso o Reino de
Deus fosse deste mundo! Vergonhoso! Triste!
"O mundo
os odiou, porque não são do mundo", João
17:14. Não é preciso muito para que o mundo odeie alguém.
Basta não pertencer-lhe, pois, o mundo é possessivo e obsessivo
contra a rejeição. Basta alguém não pertencer-lhe para ser odiado,
desprezado, ignorado ou mesmo maltratado. As pessoas agem e reagem
em conformidade com aquilo que gostam ou não gostam. Se gostarem de
alguém, tratam-na bem; se não gostarem, tratam-na mal. Nunca ficam
indiferentes. Contudo, esse tipo de
ódio, torturas e maus tratos nunca foi e nunca será razão para Jesus
levar os fiéis para fora deste mundo. A única razão que leva as
pessoas para fora dele é a vontade de Deus. "Não peço que os tires
do mundo, mas, que os livres do mal", João
17:15.
"Eu neles
e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (união)",
João 17:23. Esta união, desde que
verdadeira e não fingida e nem forçada, significa muito. As pessoas
de igual coração estão de acordo e são uma união natural. Existem
uniões forçadas, pensadas e ensaiadas entre pessoas que discordam a
nível de coração. Mas, não é nenhuma dessas uniões da qual Jesus fala
aqui. A união da qual Jesus fala é uma unanimidade que só existe em
pessoas de coração igual, com motivos e motivações idênticas (e
nunca apenas parecidas), com poder igual, com meios comuns, com
propósitos em comum ou convergentes, havendo experimentado a mesma
transformação e usando o mesmo tipo de poder. São iguais em tudo.
Qualquer união forçada ou carnalmente conseguida é superficial e não
dura muito - ainda que dure até à morte. Nada que seja superficial
resiste a uma prova de fogo.
"Aqueles
que me deste são Teus...", João 17:9.
Quantos se apoderam das almas daqueles que Deus dá para serem salvos
de seus pecados? Não são propriedade do pregador, da igreja ou da
instituição. Nem os nossos próprios filhos são propriedade nossa.
Atam as pessoas às suas doutrinas, prendem-nos às suas igrejas, aos
seus propósitos e dependem de seus dízimos. Tudo isso é avareza, não
apenas de dinheiro, mas, de almas. "Bem-aventurados vós, que semeais
sobre todas as águas e que dais liberdade ao pé do boi e do
jumento",
Is.32:20.
"Quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, porque não crêem em mim; da
justiça, porque não me vereis mais",
João 16:8-10. Existem palavras
difíceis de entender porque existem muitos desejos e interesses
naqueles que dizem crer em Deus. Os que não crêem são
convencidos do pecado pela simples razão que é a fé que nos faz
vencer qualquer pecado. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa
fé",
1João 5:4. Se não crêem, não
vencem o pecado. Logo, serão convencidos do pecado porque não o
exterminaram pela fé e ainda se encontram em seus pecados. "Eu
retiro-me e buscar-me-eis e morrereis no vosso pecado",
João 8:21. Também é notório o
fato de que só somos convencidos da justiça não vendo mais Jesus,
isto é, "bem-aventurados os que não viram e creram!"
João 20:29.
As doutrinas
da prosperidade, juntamente com todas as outras doutrinas falsas e
seus ensinos, são muito pesadas sobre as pessoas por muitas razões.
Por um lado, é muito difícil abandoná-las. As pessoas temem errar e,
abandonando uma doutrina da prosperidade, fá-las crer que entram
numa falta de fé que as levará para alguma necessidade material.
Precisamos anular a mentalidade que essas doutrinas deixam para
trás, pois, o egoísmo teme ficar a perder. Isso acontece com todos
os que se desviaram da verdade. Por experiência, já vi católicos com
muito medo de destruir imagens que antes veneravam, ainda que essas
imagens não se mexam, não falem e nunca deixem de ser coisas
inertes; Satanistas que temem sair do seu mundo por temerem ser
mortos pelo diabo; etc. Esse mesmo temor prevalece nos ditos
evangélicos falsos, pois, temem sair a perder ao invés de temerem
somente a Deus, quando a única coisa que perdem é a falsidade e o
que ganham pode ser a vida.
"Vede
prudentemente como andais, não como néscios, mas, como sábios,
remindo o tempo, porquanto os dias são maus",
Ef.5:15,16. A questão de remir o tempo tem muito que se
lhe diga. Remir o tempo não é apenas sair do sonambulismo e da
preguiça, mas, trata-se, também, de não perder tempo
desnecessariamente com ocupações que não acrescentam nada à
eternidade e de conseguir, pelos meios da graça, alcançar a vontade
e a vida de Deus o quanto antes.
Não
preciso confrontar o mundo para ser perseguido por ele. Não preciso
fazer nada para ser confrontado pelo mundo, pois, o mundo vai
perseguir-me, diga eu o que disser e faça o que fizer.
"Aborreceram-me sem causa",
João 15:25. Se o mundo me ama,
eu não amo Deus. Caso me aperceba que não amo Deus por perceber que
o mundo me ama, não devo confrontar o mundo para provar o contrário
a mim próprio ou a qualquer outra pessoa, mas, devo, antes, amar
Jesus cumprindo todos os Seus mandamentos.
"Eu sou
a videira, vós, as varas; quem está em mim e eu nele, este dá muito
fruto, porque sem mim nada podereis fazer",
João 15:5. Este versículo não se
aplica literalmente a todos. Existem os que sem Deus fazem muito,
mas, não para Deus. Os discípulos haviam chegado a um estado onde já
não lhes era possível fazer qualquer coisa sem Deus, isto é, nada
frutificaria se não estivessem em Jesus e Jesus neles. É
excelentemente maravilhoso chegarmos a esse ponto. "Senhor, para
quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna",
João 6:68. Depois, não se trata
apenas de poder frutificar pela bênção de Deus, mas, que esse fruto
permaneça. Se o fruto não permanecer, de nada vale frutificar.
"Nomeei-vos para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça",
João 15:16.
Ouço,
muitas vezes, as pessoas dizerem algo assim: "Quero voltar para
aquilo que tinha, para a comunhão que tinha com Deus e com os irmãos
puros; tenho muitas saudades". Essas pessoas podem até voltar para
uma vida cristã aparente, mas, dificilmente voltarão para Deus de
forma real porque não voltam por estarem constrangidas e
arrependidas de seus pecados e com o desejo intenso de alcançarem
perdão para glorificar Deus. Seu desejo de voltar é o prazer da paz.
Tendo motivos errados e motivação carnal não alcançará Deus até que
mude seus motivos e, consequentemente, não alcançará os meios da
graça que levam ao arrependimento genuíno e eficaz até isso ocorrer.
Pode acontecer que a saudade leve ao arrependimento, mas, é
necessário chegar a esse ponto para que os motivos se componham. Sem
os motivos compostos devidamente, não haverá quem alcance Deus.
Muitas
orações não são ouvidas porque aquilo que a pessoa pede, diz ou
expressa não corresponde ao verdadeiro significado que Deus lhe dá,
mesmo quando são usadas as mesmas palavras. Por exemplo, alguém pode
pedir para andar na luz e não sabe que isso significa andar e viver
exposto e transparente. Essa é uma de algumas razões para as orações
não serem atendidas. "Pois, qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos para ver
se tem com que a acabar?" Luc.14:28.
Aquele
que esconde e aquele que se quer mostrar têm o mesmo pecado. Ambos
deixaram de andar na luz. Um encobre escondendo-se e o outro quer
esconder através da aparência, isto é, mostra uma coisa que não é,
provavelmente para esconder alguma outra realidade em seu coração
que recusa reconhecer.
"Se sabeis
essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes",
João 13:17. Se isto é verdade na
questão de lavar os pés aos discípulos, quanto mais em outras
ocasiões e situações! Devemos ter a noção de que isto que Jesus
disse se aplica a todas as áreas de toda a nossa existência. O fazer
tem muito que ver com o conseguir fazer, havendo sido capacitados
por Deus. Existem pessoas capacitadas que não fazem; e incapacitadas
que tentam fazer, mas, não da maneira que se faz no céu. E existem
várias fases do fazer: uma é a decisão de começar; outra é de
terminar o que se começou; outra é a capacidade de fazer como se faz
no céu - até o
impossível; e, depois, há que estar firmes depois de tudo haver sido
feito (isto é, "havendo feito tudo, ficar firmes",
Ef.6:13), estando ainda na
frescura do primeiro amor. Por muitas razões, as pessoas não se
levantam. Não chegam ao ponto de se levantarem para começar a fazer
aquilo que é necessário fazer ou porque acham insignificante, ou
acham impossível e difícil. A pior fase é a fase da indecisão
inicial. Depois de iniciada qualquer tarefa importante, o prazer e a
força de Deus motivará quem faz. Nessa fase inicial podem surgir
problemas e espinhos que devem ser ignorados ou banidos (dependendo
do que funciona melhor com cada qual), pois, não existe virtude que
não vá ser contrariada por tribulações, tentações e distrações cuja
função é somente tirar-nos do foco. Apesar de toda a adoração,
bajulação e perseguição, Jesus nunca permitiu que seu foco se
nublasse, o qual era a cruz em Jerusalém. Nunca permitiu qualquer
desvio desse foco. Assim devemos ser e fazer "se sabemos destas
coisas".
"As ovelhas
ouvem a sua voz, chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para
fora",
João 10:3. É muito tentador
manter as ovelhas encerradas, isoladas e fechadas evitando que sejam
confrontadas para que a verdade subsista dentro delas e se
fortaleçam nessa verdade sendo confrontadas. O mal é propenso a
colocar contra ele as pessoas verdadeiras em Cristo. É uma das
faculdades do mal. O mal pode, por via da perseguição, fortalecer as
pessoas de bem no bem que acharam, pois, tem essa faculdade e
propensão. Logo, os que se fortalecem passam a odiar o mal. Mas, os
que não estão firmados na verdade ou não são verdadeiros, cairão e
desviar-se-ão. "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se
fossem de nós, ficariam conosco; mas, isto é para que se
manifestasse que não são todos de nós",
1João 2:19. É bom notar que
Jesus leva as ovelhas para fora e guia-as, saindo à frente delas e
não deixando-as sozinhas. Não as deixa fechadas e não as deixa
sozinhas se saírem. Ficarão sozinhas se não saírem. Os corações
precisam ser confrontados para que se possa manifestar do que são
feitos. Não sai nada de bom de qualquer tipo de proteccionismo, seja
de que espécie for. O proteccionismo é egoísmo querendo apoderar-se
das ovelhas. "E até importa que haja entre vós heresias, para que os
que são sinceros se manifestem entre vós",
1Cor.11:19. Só assim se separam
as ovelhas dos bodes de forma natural. "Bem-aventurados vós, que
semeais sobre todas as águas e que dais liberdade ao pé do boi e do
jumento",
Is.32:20.
"Na verdade,
na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral
das ovelhas, mas, sobe por outra parte, é ladrão e salteador",
João 10:1. Neste caso Jesus está
falando de entrar no aprisco das ovelhas. Mas, existem muitas formas
de evitar a porta em muitas situações muito diversificadas. Por
exemplo, podemos tentar chegar ao coração de alguém com subtileza ao
invés de ser pela verdade sendo verdadeiros, o que, por sua vez,
fará as pessoas responderem no mesmo espírito; podemos usar métodos
fraudulentos e dúbios nos negócios e no emprego, tentando chegar ao
lucro ou à riqueza pulando o muro da honestidade e da sinceridade;
podemos tentar reformar a vida sem transformar o coração; etc.
Existem muitas formas de saltar o muro para dentro do objectivo
pretendido. Um coração salteador agirá sempre da mesma forma em
todas as situações da sua vida. Aquilo que faz com uma coisa fará
semelhantemente com a outra. É ladrão e salteador.
"O Pai
não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada",
João 8:29. Muitas pessoas
queixam-se de estarem distantes de Deus ou mesmo abandonados por
Ele. Uma das razões é quererem um Deus que faça o que lhes agrada ao
invés de serem eles a fazerem sempre o que agrada a Deus. E isso não
significa que façam de vez em quando aquilo que agrada a Deus, mas,
sempre e somente isso. Não sei porque se admiram de se sentirem sós
se não fazem sempre e somente a vontade de Deus.
"Se alguém
quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é
de Deus ou se eu falo de mim mesmo",
João 7:17. As coisas de Deus
resultam. Não apenas resultam, mas, resultam em algo puro, santo e
celestial. Contudo, só se tira a prova quando a vida (ou a doutrina)
se torna pratica. Os resultados duma vida prática é que comprovam a
veracidade e a verdade da doutrina ou do ensino. Se dá frutos bons,
é verdadeira.
"Desde
então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não
andavam com ele. Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também
retirar-vos?"
João 6:66,67. É interessante
notar que um dos que ficou até ao fim foi Judas Iscariotes. Os
falsos também são perseverantes. Jesus, no entanto, nunca se deixou
enganar por sua perseverança e manteve total lucidez e sinceridade a
respeito da verdade. "Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é
um diabo", João 6:70.
"Como
podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a
honra que vem só de Deus?",
João 5:44. Ninguém pode
considerar-se discípulo de Deus agradando pessoas ou agradando Deus
da maneira que se agradariam pessoas. "Fareis
aceitação da Sua pessoa? Contendereis a favor de Deus? Certamente
vos repreenderá se em oculto vos deixardes levar por respeitos de
humanos", Jó 13:8-10.
Deus agrada-se doutras coisas, com outra vida que não finge amor, respeito ou
qualquer outra virtude.
"Sou
grato para com (...) Cristo Jesus que me considerou fiel,
designando-me para o ministério",
1Tim1:12. Para termos um
ministério abençoado por Deus não é apenas necessário sermos
chamados. Precisamos tornar-nos fiéis. Os que não se tornam fiéis
podem até ter um ministério, mas, serão como aqueles que pulam o
muro para dentro do aprisco, tentando alcançar por meios humanos
aquilo que só através Deus se deve fazer. Esses ministérios
tornam-se pobres espiritualmente e é através deles que começaram a
entrar os erros de vida e de doutrina que destruíram as igrejas por
completo. As igrejas já não são templos espirituais.
Quando
os Fariseus confrontaram Jesus sobre se Ele era o Cristo, não
obtiveram resposta da parte d'Ele. Não vemos Jesus a dar respostas
ao confronto. Contudo, vemos Jesus dizer à mulher Samaritana: "Eu o
sou (o Cristo), Eu que falo contigo", João
4:26. O confronto não quer revelação, antes busca
confrontar-se. A mulher Samaritana buscava a Verdade, buscava uma
revelação e uma resposta para o coração, quer soubesse o que buscava
ou não. Os Fariseus buscavam maneira de refutar e de anular a
revelação neles próprios e nos outros. O confronto busca forma de
rejeitar enquanto que a verdadeira busca quer achar. Jesus não
responde diretamente a quem quer rejeitar pelo confronto, mas, a
quem busca. Ele dá até aquelas respostas que não conseguimos
verbalizar, ou quando não entendemos o que se passa no coração para
poder formalizar as perguntas.
"Sabes
que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei",
Mat.25:26. Muitas pessoas
sentem-se defraudadas, ressentidas ou mesmo magoadas quando Jesus
não se dirige a elas pessoalmente ou não as chama de maneira pessoal
e direta, enviando outros para fazê-lo por Ele. Mas, sabemos que Jesus
colhe onde não semeia e que um chamado indireto vale tanto ou mais
que um dirigido pessoalmente. Jesus não chamou Pedro pessoalmente.
Seu irmão André foi buscá-lo. Contudo, Ele disse: "Não vos escolhi
Eu?", João 6:70. Felipe achou Natanael trazendo-o a Jesus.
Poucos foram aqueles a quem Jesus chamou pessoalmente. E todos eles
tornaram-se apóstolos. Todos aqueles que foram chamados por
terceiros foram acolhidos por Jesus como se tivessem sido chamados
de forma pessoal e íntima. Jesus, realmente, colhe onde não semeia.
Devemos
saber que aquilo que mais impede o futuro de acontecer é o passado e
as suas falhas que nunca foram corrigidas. Tudo aquilo que fizemos
ontem juntamente com o que fazemos hoje vai-se repercutir, duma
forma ou de outra, no dia de hoje e no futuro que já começou. Neste
aspecto, não existe semente que não germine. Ninguém pode semear
espinhos e colher trigo e ninguém tem como semear trigo e colher
espinhos. O nosso futuro começou no dia que nascemos. Se começou
torto ou se algo entortou ao longo do caminho, tem de ser corrigido,
reconhecendo erros e confessando-os abertamente. Não se pode esperar
colher trigo havendo uma sementeira de espinhos e abrolhos numa
terra por limpar. Também não se pode esperar colher espinhos havendo
semeado trigo. Cada um colhe e colherá aquilo que semeou. E tudo que
foi semeado crescerá e deixará novas sementes da própria espécie. Se
não desejamos colher espinhos e abrolhos, há que desenterrar suas
sementes pela confissão, trazendo-as para a luz do dia para serem
inutilizadas e eliminadas. O nosso futuro começou no dia que
nascemos.
Pessoas
perfeitas são aquelas que fazem o melhor que sabem, o melhor que
podem e têm a capacidade simples de realizar e de ser quem são em
Deus diante de todos. Se não dependem do esforço para serem quem são em Deus,
dependendo somente d'Ele, são perfeitas. Quando são incapacitados é
porque não andam com Deus e tentam realizar de forma auto-suficiente
e independente. Essas são e serão imperfeitas.
Para
que possa haver união entre pessoas sinceras são necessárias algumas
coisas: que a disposição ou estado de espírito seja a mesma entre
elas e que tenham um mesmo parecer, propósito e usem os mesmos meios
para alcançá-los. "Sejam inteiramente unidos na mesma disposição
mental e no mesmo parecer",
1Cor.1:10. Não adianta as
pessoas tentarem concordar ignorando suas diferenças, pois, correm o
risco de serem hipócritas. Não podemos viver ou conviver numa união
falsa pensando que ela existe. Se quisermos ser uma verdadeira
união, a transformação tem de ocorrer a nível profundo e de forma
igual nos que se unem. Nunca busquemos uma união superficial, pois,
além de não obter a bênção de Deus, terminará em desastre. Ainda que
comece bem, terá um fim indesejado.
"Porque
a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e
estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis",
Gal.5:17. Existem muitas formas de cobiça. Cobiça não é
apenas um cobiçar aquilo que os outros têm, mas, é um cobiçar de
qualquer coisa que não se tem ou que já se tem. Na verdade, a cobiça
é uma forma de idolatria que tenta preencher a alma com o vazio que
existe em tudo. Sendo verdade que não preenche nada, logo, a cobiça
só serve para que "não façais o que quereis", isto é, partindo do
princípio que alguém queira conseguir fazer o que é certo. Qualquer
tipo de cobiça cria confusão, impedimentos, tropeços, perdas de
tempo, ocupações e situações onde as pessoas se emaranham com coisas
fúteis e sem futuro eterno. A capacidade e finalidade da cobiça é
apenas conseguir estar contra o Espírito, isto é, a sua função é
estar contra o Espírito criando confusão, inactividade espiritual,
inércia, desmotivação e inaptidão. A sua função não é preencher e
antes evitar que sejamos cheios (do Espírito), atrapalhando ou mesmo
impedindo seja por que meios for. Por vezes semeando espinhos na boa
terra se não conseguir evitar que se semeie a boa semente ou se não
puder evitar que a terra seja boa; semeando joio no meio do trigo
caso a boa terra não tenha espinhos; em cada fase tem uma estratégia
e o alvo exclusivo é fazer com que não se consiga fazer aquilo que é
certo caso seja o que a pessoa queira fazer. A sua função resume-se
a estar contra o Espírito e nada mais. Tenha isso em mente sempre
que cobiçar seja o que for, sejam roupas, bonitas, sapatos,
dinheiro, carros de luxo, mulheres ou homens e todos os demais
vazios que existem neste mundo. O alvo da cobiça é "que não façais o
que quereis", ocupando-o com qualquer coisa fútil e vazia. Isso mostra o quão
importantes são as nossas obras da fé, pois, a cobiça faz qualquer
coisa para impedi-las.
"O que
vos digo às escuras, dizei-o em plena luz; e o que se vos diz ao
ouvido, proclamai-o dos eirados",
Mat.10:27. Dizer em plena luz é
muito mais que que dizer para que se ouça na luz. A pessoa que
proclama na luz é alguém familiarizado com ela, isto é, vive nela e
não é alguém que grita sentindo-se incomodado dentro dela. No
original "em plena luz" significa estar à vontade na luz para falar,
sentir-se em casa na luz e falar. Quem fala na luz deve estar sólido
nela, seguro e estável. Qualquer pessoa que se sente vigiada,
notada, apreciada, depreciada, com vergonha ou mesmo o alvo das
atenções por estar na luz e ser transparente ainda não é pessoa
estável vivendo nessa luz.
Não
creio que as doutrinas ou o crer nelas seja determinante para o
destino das pessoas. Mas, acredito que existem doutrinas que
condenam a alma de muitos. Qualquer tipo de apego a um ensino ou
doutrina que desculpe, minimize, prolongue ou passe por cima da
culpabilidade, perigo ou seriedade de qualquer pecado, seja este
grande ou pequeno, é pior que suicídio, pois, matam a alma e o
espírito para sempre. Existem doutrinas que estão do lado da carne e
outras que estão do lado do Espírito na luta pela santidade. Veja de
que lado você se encontra pelo tipo de doutrina que escolhe. "Vê,
pois, que a luz que há em ti não sejam trevas",
Luc.11:35.
"Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre
um monte",
Mat.5:14. Deus separou a luz das
trevas como o Seu primeiro ato na criação. Ser luz significa ser
transparente em nossa vida prática. Além do mais, este versículo
fala-nos de estarmos edificados sobre um monte. "Quem subirá ao
monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? Aquele
que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à
falsidade", Sal.24:3,4. Além de andarmos na luz - não escondendo nada
seja por que motivo for - devemos estar no monte e permanecer lá. E
só sobe e permanece lá quem estiver limpo em todos os aspectos de
toda a sua existência, senão, essa luz pode tornar-se em trevas. A
esses limpos de coração é dito que será impossível permanecerem
escondidos.
Todos
os envolvimentos levam a desenvolvimentos e, quando começam, nunca
se sabe como irão terminar. "Não participes dos pecados alheios;
conserva-te a ti mesmo puro",
1Tim.5:22. Não precisamos
praticar os pecados alheios com quem os tem para sermos
participantes neles. Basta estarmos envolvidos de maneira errada com
as pessoas em questão, dando aval às suas formas de viver. Esse
envolvimento será recebido como aval. Basta apoiarmos as pessoas
para que sintam que seus caminhos são apoiados e aceites. Podemos
e devemos manter a nossa equidistância de forma segura e sem criar
tropeços a ninguém. Se nos mantivermos puros poderemos tornar-nos
uma via segura para que os demais saiam de seus pecados. Se nos
envolvermos seremos uma porta fechada para saírem do pecado.
"Muitos
andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora,
vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo",
Fil.3:18. O que é ser inimigo da
Cruz de Cristo? A Cruz, na sua verdadeira essência, significa a
morte para o pecado e para o mundo. Sabemos que o oposto do
verdadeiro amor é o egoísmo. Logo, há os que pregam de forma a que
se estabeleça a carne e tudo que convém a esta vida carnal para fins
próprios. Pregam Cristo, mas, no fundo, buscam o terreno e o carnal
e querem que Cristo faça o mesmo por eles. Para os tais, a Cruz não
representa a morte da carne como essência e antes a sua
sobrevivência e o seu 'bom' uso. Tornaram-se inimigos da Cruz
pregando uma cruz de sua mente extraviada e terrena. "O destino
deles é a perdição, o deus deles é o ventre e a glória deles está na
sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas",
Fil.3:19.
"...Não
duvidou por incredulidade...." Rom.4:20.
Uma coisa é duvidar da aparência da verdade e duvidar da mentira;
outra coisa é duvidar da verdade ou de Deus por termos um coração
incrédulo, o qual se sente mais confortável colocando-se em parceria
com a mentira e a dúvida - algo que seria duvidar por incredulidade.
O estado do coração é quem determina a conduta e os pensamentos de
cada pessoa. Se o coração for incrédulo e instável duvidará daquilo
que é verdadeiro, estável e eterno. Logo, duvida por incredulidade.
Mas, nenhum coração estável, crédulo e amigo da verdade - na qual se
revê instintiva e espontaneamente - se entrega a qualquer aparência
de verdade fundamentada pela mentira e pelo engano. Isso não é
duvidar por incredulidade e, antes, duvidar por sermos crédulos e
amigos da verdade. Duvidar da mentira é fé. Se não fosse, a ovelha
verdadeira não fugiria da voz dum qualquer lobo.
"Ainda
que saibais e estejais confirmados na presente verdade",
2Ped.1:12. Muitos contentam-se com
o saber e obter conhecimento de toda a verdade. Mas, não podemos
agir como se pudéssemos cumprir sem o poder da graça. Há que estar
confirmados na verdade. E quem confirma é Deus - não o seu
testemunho ou qualquer outra coisa que possa acreditar a seu próprio
respeito. Deixe ser Deus a testemunhar a seu respeito.
"Porque
estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando (...) procedendo
assim, nunca jamais tropeçareis", 2Ped.1:8-10. Não é apenas necessário que existam as
coisas que Pedro menciona e aquelas que não menciona. É preciso que
elas aumentem e tenham condições para aumentar futuramente. Pelo que
lemos aqui, a pessoa em quem as virtudes e o virtuosismo de Deus não
aumentam é estéril.
"Nem
todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas,
aquele que faz a vontade de meu Pai",
Mat.7:21. Para se ter como fazer
a vontade de Deus é preciso estarmos bem com Deus e não existir nada
que seja desagradável a Deus entre nós e qualquer pessoa ou entre
nós e Deus. Não é decidindo fazer a vontade de Deus que
conseguiremos fazê-la. É preciso sermos achados no ponto. Estando no ponto de
alcançar graça, conseguiremos executar a Sua vontade alcançando-a. Se houver
alguma coisa impedindo a comunhão com Deus ou com nosso próximo, certamente que não alcançaremos graça
para executar toda a vontade de Deus. Poderemos alcançar graça para
nos limparmos - se é que já não vamos tarde. Só depois poderemos ser
capacitados para executar a vontade de Deus. É disso que se trata
quando Paulo diz: "Estejam preparados para toda boa obra",
Tito 3:1. Além do mais nem toda
a boa obra é aceite por Deus. Caim nunca foi aceite por Deus, embora
tenha tido a iniciativa de ofertar a Deus em reconhecimento e,
talvez, em agradecimento por aquilo que Deus lhe deu.
"E foi
grande a sua queda", Mat.7:27.
Em que sentido é que a queda é grande? Na verdade, quanto mais
elevadas forem as expectativas, maior o desapontamento e maior o
efeito que tem sobre a alma. É precisamente isso que torna a queda
grande. A pessoa com poucas expectativas em relação a Deus não tem
uma queda grande. É, no entanto, uma ideia assustadora esperar pouco
de Deus. Contudo, quantos
crentes ficarão desapontados a ponto de sua queda tornar-se grande?
"Não
julgueis, para que não sejais julgados",
Mat.7:1. Julgar os outros pode
ocorrer por varias razões, além de ser uma perda de tempo e de se
tornar uma desculpa para alguém nunca se julgar a ele próprio. (E
quem se julga a ele mesmo sob a intensa luz de Deus não será
julgado). Uma delas é porque a pessoa que julga tem os pecados que
enxerga nos outros. No mínimo tem a mesma aptidão ou propensão para
os mesmos pecados que vê nos demais. Mas, existem pessoas que julgam
por estarem amargas ou mesmo por serem amarguradas de natureza.
Muitas dessas pessoas dizem coisas que nem sequer vêem nos outros.
Dizem a primeira coisa que lhes vem à cabeça. Duma maneira ou
doutra, seu destino está traçado e precisam ser salvas, pois, serão
julgados na mesma medida e pelos mesmos pecados que julgam nos
outros.
"Se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo",
Luc.9:23. Os preguiçosos precisam negar-se a si mesmos
para obterem uma atitude construtiva, uma iniciativa prontificada,
prontidão contínua e alerta máximo às movimentações do Espírito de
Deus. Mas, não é apenas o preguiçoso que se deve negar a si mesmo. O
hiperactivo incapaz de esperar em Deus, aquele que não descansa em
Deus e tem dificuldade em sair da linha da frente para dar espaço à
verdade e à operação ativa da graça deve, igualmente, saber negar-se
a si mesmo. Cada qual tem a sua afronta contra Deus e a carne pode operar
de muitas e variadas maneiras. Cabe a si colocar-se na luz de Deus
para que saiba o que fazer e como fazer a vontade de Deus.
"Está
escrito: sede santos porque eu sou santo",
1Ped.1:16. Este versículo e a verdade que contém tem dois
sentidos, os quais, em união, formam toda a verdade. Podemos
entender um sentido que diz que devemos saber que, como Deus é
santo, temos a responsabilidade de sermos santos caso desejemos
lidar com Ele frontalmente. Por outro lado, também existe outro
significado: como Ele é santo, a nossa santidade será uma
consequência de andarmos em Sua presença continuamente. Além do
mandamento e aviso, existe a consequência também. Contudo, devemos
dar maior atenção ao mandamento porque é a parte que nos cabe, desde
que nunca tentemos Deus querendo ser santos longe d'Ele. A
consequência cabe a Deus e à Sua providência.
"A misericórdia
triunfa sobre o juízo",
Tgo.2:13. A linguagem da Bíblia
não é a mesma que a humana. Um entendimento nocivo sobre a
misericórdia pode levar a uma má interpretação deste versículo e,
também, do próprio Evangelho. De que maneira a misericórdia triunfa
sobre o juízo? O juízo de Deus acontecerá sempre. Isto é, o pecado
não será aceite ou desculpado diante do juízo. Logo, esta
misericórdia não é e nunca será uma forma de aceitação da
transgressão, seja por que razão for. Não podemos aceitar o pecado.
Isso seria desviar da misericórdia do seu real propósito, a qual
extermina o pecado. Aceitar qualquer pecado, desculpá-lo, entendê-lo
ou menosprezar sua culpabilidade é anular ou mesmo desprezar a
própria função da misericórdia. Existe diferença entre aceitar
qualquer pecado e aproveitar os meios da misericórdia e da graça
para aniquilar todo o pecado pela sua raiz enquanto é tempo. A
misericórdia de Deus extingue o pecado, mesmo sob tentação intensa,
se fizermos bom uso dos meios que ela coloca ao nosso alcance.
Muitos
pecam e não se sentem culpados, outros pecam e ficam inconsoláveis.
Mas, quando peco sinto mais culpa por estar afastado de Deus, pois,
estando afastado d'Ele ou mesmo semi-afastado, leva-me a pecar ou a
ficar mais vulnerável às tentações. Devemos permanecer em Deus
estando já limpos de tudo, pois, sem estarmos limpos não entraremos
em Sua presença - quanto mais permanecer nela! É verdade que se o
meu devocional e a minha aproximação a Deus forem deficientes nunca
poderei sequer imaginar a possibilidade de viver sem pecar ou de ter
uma fé capaz de me salvar de qualquer pecado. Logo, mesmo sentindo-me
inconsolado por haver transgredido, devo sentir maior culpa por
estar afastado de Deus do que por haver pecado. É sempre bom atacar
o problema pela raiz e não apenas tentar evitar a consequência.
"Anda em Minha presença e sê perfeito",
Gen.17:1. Existe uma ordem nessas palavras e o sermos
perfeitos vem depois, como consequência normal de andarmos em Sua
presença. Se antes, estando em Deus, havia conflituosidade da parte
do mundo, alguém terá menos conflitos com o mesmo mundo e com a
mesmas pessoas havendo-se afastado d'Ele e isso será um falso
conforto e uma motivação enganadora; se antes era impensável ver,
ouvir ou falar coisas do mundo e falar da espiritualidade da forma
como o mundo fala dela, qualquer afastamento de Deus operará
precisamente o oposto. Devemos cuidar de nossa alma permanecendo em
Deus, custe o que custar. Somente permanecendo n'Ele e Ele em nós
poderemos cuidar bem de nossa alma e fazer bom uso de todos os meios
da graça ao nosso alcance. Somente permanecendo em Jesus teremos
acesso a todos esses meios da graça e alcançaremos a forma de
usá-los para permanecer em Cristo e na fé.
"O que
duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e
lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do
Senhor alguma coisa",
Tgo.1:6,7. Não é apenas pela
falta de fé que tal pessoa deixará de receber seja o que for de
Deus. Perde aquilo que pede e, também, outras coisas que venham do
Senhor - não apenas aquilo que pede. Isso acontece não apenas pela falta
de fé, mas, por ser pessoa inconstante e vacilante. A vida eterna é
uma vida constante, permanente, sem altos e baixos. Essa vida
aloja-se numa pessoa constante e que não é levada de uma para a
outra com qualquer vento de doutrina ou de circunstância. "Andarão
dois juntos se não estiverem de acordo?"
Amos 3:3. "O homem de coração
dobre é inconstante em todos os seus caminhos",
Tgo.1:8.
Se é inconstante em todos os caminhos, logo, não receberá nada -
tanto aquilo que pede e como o que não pede, sendo que Deus responde
acima daquilo que possamos pedir. E se pode dar acima do que
pedimos, pode recusar aquilo que está acima do que não pedimos ou
achamos. Assim sendo, podemos viver sem nos darmos conta de que
perdemos algo importante e que não imaginávamos. Não receberá nada
de Deus. Nada lhe será acrescentado não tendo o principal.
Muitas
pessoas honestas de coração a respeito de sua vida espiritual e de
sua obediência costumam ter um problema na questão de quando devem
agir e de quando devem esperar e deixar nas mãos de Deus. Por vezes,
sentem-se mesmo culpadas se agirem e, também, se não agirem. Ora, é
óbvio que estando atentos na espera e na expectativa em Deus,
chegarão momentos que as coisas começam a acontecer. Logo, devemos
agir em conformidade. Por exemplo, Jesus sabia que seu tempo havia
chegado e que as ovelhas não iriam ou não poderiam ser presas com
Ele para que as Escrituras se cumprissem. Logo, Ele não se inibiu
pedindo que deixassem ir os discípulos quando foi preso. "Pois, me
buscais a mim, deixai ir estes",
João 18:8. Aquilo que fez ou
tentou fazer estava em uníssono com as Escrituras, com o tempo e com
a providência de Deus. Não o fez antes e não negligenciou a
oportunidade quando o momento oportuno chegou.
"E tudo
quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja
glorificado no Filho",
João 14:13. Existem certas
condições para que isto aconteça tal e qual está escrito. Em
primeiro lugar, só acontece quando o Pai é verdadeiramente
glorificado e o coração de quem ora esteja atento a essa glória do
Pai e o motivo mais profundo seja somente glorificá-lo. Em segundo
lugar, devemos orar sobre aquilo de que temos total certeza que Deus
nos vai atender e sobre aquilo que Ele quer e isto só conseguem
aqueles que oram estando em Espírito. É pelo Espírito que
conseguimos não somente discernir o que Deus quer, mas, é a única
maneira de o alcançarmos. "Orando (...) no Espírito e vigiando nisso
com toda perseverança...",
Ef.6:18; "Orando no Espírito
Santo...", Judas 1:20. Existe
outra questão: o alvo da oração não pode ter nada que impeça essa
oração: "Orando (...) no Espírito e vigiando nisso com toda
perseverança e súplica por todos os santos",
Ef.6:18; "A ninguém imponhas
precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios",
1Tim.5:22. Não é apenas quem ora
que deve estar limpo, mas, dependendo da oração que se faça, a outra
pessoa não pode ter nada que possa impedir essa oração de ser
atendida. Existe ainda outra questão importante. Existem pessoas
santas com quem alguém pode não conviver usualmente ou com quem não
costuma ter sintonia sendo essa pessoa santa. Torna-se necessário
poder orar por qualquer um com o mesmo coração e amor e não apenas
por aqueles que nos são mais chegados porque todos são amados de
Deus e chegados a Ele. Estamos perseguindo e tentando alcançar
aquilo que Deus mais deseja e não somente aqueles que estão próximos
do nosso coração. Desde que sejam chegados a Deus, devemos poder
orar por eles com a mesma perseverança e súplica porque buscamos
tudo e somente aquilo que é querido para Deus. É Ele quem deve sair
glorificado pelas nossas orações e não as nossas preferências.
"Quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do
pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai
e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo
está julgado", João 16:9-11. As
pessoas só são convencidas do pecado tendo pecado. Ora, a fé
extermina o pecado, logo, não crendo da maneira que devem, o pecado
permanece e serão convencidas dele por não haverem crido. "Morrereis
em vossos pecados se não crerdes que eu sou",
João 8:24. Esse é um dos pontos,
isto é, a razão principal para serem convictos de pecado se não
crêem. O segundo ponto: É interessante ver que somos convencidos da
justiça na vinda do Espírito Santo. Isto é, a pessoa não foi justa e
não tem qualquer experiência de ser verdadeiramente justa. Pensar
que é justo e ser verdadeiramente justo são coisas muitos distintas
e inteiramente diferentes, pois, qualquer pecador acredita ser justo
e qualquer santo assume-se como pecador. E tem mais: era preciso
Jesus sair do meio carnal para que tudo isso acontecesse. A fé dos
apóstolos antes de Pentecostes era uma fé de vista e de aproximação
carnal. Era necessário deixar de ser assim. E o choque da morte de
Jesus operou dentro deles nessa direção. Com a vinda do Espírito
Santo passou a ser uma fé verdadeira desde o coração, tornando-se a
essência de todos os limpos de coração. "Bem aventurados os limpos
de coração porque eles verão Deus", Mat.5:8.
E também é interessante verificar que o diabo já foi julgado e,
contudo, ainda anda por aí. É necessário que o Juízo seja
primeiramente exercido sobre o pecado em si para que se salvem (dos
seus pecados) alguns daqueles que aceitam o poder de Deus para
poderem viver sem eles.
"Agora,
não têm desculpa do seu pecado", João 15:22.
O discurso preferido de qualquer pecador é desculpar o pecado. Gosta
de desculpar-se e de 'entender' o pecado, o que significa aceitar,
viver e conviver com ele. Mas, com Jesus à porta, deixou de haver
desculpa para o pecado pois "Ele salva seu povo de seus pecados",
Mat.1:21.
"E vós
também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio",
João 15:27. É muito fácil
entender mal ou não entender sequer este versículo. "Testificareis"
está na forma futura. Isto é, algo aconteceria no futuro próximo que
levaria todos os discípulos a uma experiência real da qual poderiam
testemunhar, revelar, manifestar e testificar do que é celestial. E
isso aconteceria porque eles permaneceram com Cristo desde o
princípio sem nunca o haver abandonado pelo meio das tribulações e
provações severas de perseguição. A palavra testificar vem de
"teste", isto é, testar, experimentar e viver a experiência
pessoalmente. Hoje, testemunhar é entendido de maneira diferente.
Hoje testemunha-se daquilo que se ouve ou ouviu, daquilo que se
acredita e não daquilo que se vê e experimenta.
As igrejas
de hoje estimulam a criação de anticristos: criam semelhanças de
crentes através de suas doutrinas. Esse é o perigo que existe quando
as pessoas aprendem a doutrina sem nunca haverem alcançado a
verdadeira vida eterna, isto é, aquela vida constante, permanente,
abundante e sem altos e baixos. Isso estimula e cria crentes de
aparência. Cada semente gera aquilo que lhe é próprio. Um falso
crente é um anticristo. Anticristo não é apenas aquele que se opõe a
Cristo e à verdade, mas, é aquele que se parece com Cristo e se
esforça para assemelhar com Ele ou com o cristão verdadeiro e cujo
testemunho de vida prática operam contra Deus. O inimigo mais eficaz
é e será sempre aquele que se assemelha ao seu inimigo. A inimizade
mais eficaz é aquela que se assemelha ao amor. Por isso é que criar
semelhanças do que há no céu é tão perigoso e tão condenável.
Quem
andou nas trevas aprendeu a viver escondido e criou hábitos de vida
relacionados com as suas trevas. Os cegos não apenas deixaram de
ver, mas, criaram hábitos de orientação, percepção e de vida que não
são em nada iguais aos das pessoas que vêem bem. Logo, entrando para
a luz, tudo precisa fazer-se novo e os novos hábitos e a nova
conduta precisam ser assimilados. Já não podem andar apalpando seu
caminho e orientando-se apenas pelos sons. Na vida espiritual, quem
aprendeu a viver nas trevas aprendeu a esconder, a encobrir, a
disfarçar, a minimizar a culpabilidade do pecado ou do próprio e a
esconder-se. A coisa mais encoberta de qualquer pessoa é o seu
íntimo. Quando a pessoa deixa de se encobrir e de falar sobre ele
próprio ou por ele, o seu íntimo torna-se visível porque a pessoa é
transparente. O íntimo de qualquer pessoa é a coisa mais escondida e
mais dissimulada de alguém. A pessoa verdadeira não o esconde por
nada deste mundo. Isso é o mesmo que ter verdade desde o nosso
íntimo: é sermos quem somos de verdade e nunca assumirmos qualquer
outro tipo de posturas. "Eis que amas a verdade no íntimo",
Sal.51:6.
Ninguém
pode amar quem não conhece ou quem não viu. Do mesmo modo, não pode
odiar quem não viu. Só quem tem conhecimento do bem e do mal pode
verdadeiramente amar o bem e odiar o mal e vice-versa. E como as
pessoas estão continuamente num estado de inimizade contra Deus,
isso mostra que Deus luta com elas desde sempre. "O que de Deus se
pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou",
Rom.1:19.
Aquilo
que muita gente busca é que Deus os guie andando nas trevas. Não
querem sair das trevas e querem que Deus os guie nelas - não para
fora delas. E quando estão na luz, os menos espirituais não sentem a
necessidade de serem guiados.
"Ora,
nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia
abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito",
Ap.5:3,4. João viu coisas
extraordinárias como, provavelmente, nunca alguém as viu. Nada disso
o impressionou a ponto de não atender à imensa tristeza de não poder
abrir o livro e de não ser achado digno de o fazer. Muitos diriam
que deve ser assim mesmo, isto é, ninguém deve ter esse privilégio a
não ser Deus. Esse tipo de falsa humildade e sua doutrina é uma de
desculparem seus próprios pecados. João desejava o supremo e é por
essa razão que era tão amado de Jesus. Por essa razão era tão especial para Jesus. Ficou
extremamente triste por não poder abrir os livros e por não haver
ninguém para fazê-lo. A sua tristeza maior era de não haver alguém
capaz de alcançar a vontade de Deus.
Quem
se envaidece por ser belo e quem se entristece por se achar feio têm
um e o mesmo pecado. O pecado existe quando se pensam ou pensamos
demais de nós próprios; ou quando apenas desejamos pensar; ou que
pensem mais de nós mesmos. Da mesma maneira que desejar uma mulher
já é adultério, desse mesmo modo qualquer um que deseja poder pensar
demais de si próprio transgride pelo orgulho.
"E o Espírito
é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Se
admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior",
1 João 5:6,9. Ora, aqui está. Embora reconheça que João
está falando para pessoas que alcançaram uma vida de plenitude, os
quais conseguem manter o testemunho de Deus acima de todos os outros
testemunhos, nada disto deixa de ser verdade em qualquer pessoa. Os
crentes que andam mal não aceitam o testemunho de Deus porque é
contra eles. A partir daí tornam-se um alvo fácil da opinião dos
homens. Ser vulnerável perante a opinião dos homens é uma forma de
escravatura. Tal pessoa não é liberta e o Filho não a libertou. O
mesmo se pode afirmar de qualquer ímpio mundano. Existem pessoas
vulneráveis à opinião pública e, por serem vulneráveis, obtém uma
noção deturpada da santidade, pois, têm como santidade aquilo que é
capaz de agradar pessoas. Logo, tentam conciliar seu andar com essa
visão torpe. E é de esperar que, assim, nada funcione como deveria
funcionar. Isto é o que acontece com aqueles que, além de admitirem
o testemunho de homens, têm esse testemunho em estima igual ou maior
que o de Deus. Tenhamos em conta que o único testemunho verdadeiro é
e será sempre aquele que Deus dá. "O próprio Espírito testifica com
o nosso espírito que somos filhos de Deus",
Rom.8:16. Se sou eu ou qualquer
outro carnal quem testifica de mim, meu testemunho é falso ou
falsificado. Não precisamos rejeitar pessoas para rejeitar seus
testemunhos, sejam estes acerca de nós ou de qualquer outra coisa e
não precisamos aceitar seus testemunhos para aceitarmos pessoas,
para que possam entrar na porta estreita que é Cristo e para que a
nossa aceitação não se torne uma forma de evitarem a entrada na
porta estreita. A nossa aceitação de pessoas não faz com que entrem
na porta estreita e a nossa rejeição não fará com que rejeitem Deus.
As razões para isso acontecer encontram-se escondidas na
profundidade dos corações dos homens. O tipo de coração que têm é
que determina se aceitam ou se rejeitam a verdade.
Se
sua fé for pequena ou falsa, seus pecados serão como insistentes
parasitas que não morrem. É esse o sinal que sua fé é falsa: quando
não vence qualquer um de seus pecados. "Todo o que é nascido de Deus
vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé",
1João 5:4.
"Andai
enquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem, pois, quem
anda nas trevas não sabe para onde vai",
João 12:35. O segredo duma vida
cristã consiste em andar ou não andar. "Andai
na luz" e, a mesma palavra é usada em relação às trevas: "quem
anda
nas trevas (não sabe para onde vai)". Isto é, quem não fica parado
estando nas trevas não sabe para onde vai. E quem não anda tendo luz
não vai a lado nenhum. Ora, se não temos luz e nos deparamos com
trevas em nosso caminho ou vida, não devemos andar. Se andarmos,
nunca saberemos para onde vamos. Devemos parar para alcançar luz
antes de dar qualquer passo. "Aquietai-vos e sabei que sou Deus",
Sal.46:10. Havendo alcançado essa luz (ou ela havendo-nos
alcançado), devemos aprender mais uma coisa, tendo a necessidade
dessa aprendizagem em alta consideração como dever inegociável e
inquestionável: andar através do poder da graça e não confiar
minimamente em qualquer capacidade carnal. A carne sabe andar
estando em trevas. A carne tem as suas capacidades e sabe andar,
mas, seus feitos não servem para o reino dos céus e seu serviço não
é aceite no templo de Deus. Você é ou deveria ser o templo de Deus
onde a carne não deveria poder servir usando as capacidades que tem.
Não se pode andar na luz da maneira que se andaria nas trevas,
usando os mesmos métodos e o mesmo tipo de poder. Um pecador sempre
andou ou tentou andar. Mas, fá-lo em suas trevas. Ele sabe andar (em
trevas) e não sabe ficar parado. Não existe pecador que fique parado
e que não ande enquanto se encontra nas trevas. "Os perversos são
como o mar agitado que não se pode aquietar",
Is.57:20. Com a aparição da luz
assusta-se e fica estagnado porque não sabe andar na luz. E é
preciso que aprenda a andar na luz e recomece a andar, dando seus
primeiros passos fora das trevas e penetrando cada vez mais na luz
intensa de Cristo - algo que nunca fez ou nunca soube fazer. Mas,
também precisa desaprender a andar no escuro. "Não há doze horas no
dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste
mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz",
João 11:9,10. São duas as coisas que devemos aprender:
andar na luz e ficar parados nas trevas. E ambas as coisas precisam
ser aprendidas e praticadas até se tornarem vida prática e
intuitiva.
-
Por norma,
todas as pessoas querem ser guiadas sob as trevas porque ali
acreditam que precisam duma luz guiadora. E logo que alcançam luz
não vêm qual a necessidade de serem guiadas. Sob a luz querem
continuar a usar os meios e os mecanismos das trevas, mantendo um
caminhar carnal. Não enxergam qualquer razão para serem guiadas
vendo à custa da sua luz precária. Confiam neles próprios. E é assim
que a carne começa a servir no Templo de Deus. Também podemos
concluir que, sendo guiados somente quando estiverem nas trevas, não
desejam abandonar a falsa prosperidade do pecado, o falso prazer
duma vida pecaminosa e desonesta para com Deus e traidora para com
Suas palavras. O seu maior desejo é serem guiados nas trevas e, em
alternativa, continuar a usar os seus meios carnais caso obtenham
qualquer tipo de luz.
"Todas
essas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz
tudo manifesta",
Ef.5:13. Não é a luz que condena
as obras e os pecados. A luz não condena, mas, revela e torna
visível. A visibilidade dos pecados é que os mostra como são, isto
é, revela como são condenáveis e detestáveis. E é esse ato de
colocar na luz que é capas de exterminar o pecado do coração. Não é
culpa da luz que esses pecados existem. A luz apenas revela o que já
existe nas trevas, no obscuro e na invisibilidade. Além do mais,
todos os pecados são condenados à morte por causa da sua
incompatibilidade com a luz e não por causa da luz. O pecado não sobrevive
em quem decide permanecer na luz e permanece. A condenação mortal é
um efeito da luz, visibilidade do pecado e transparência do coração e não uma ação da
luz - é um efeito, uma consequência. Imagine um quarto escuro onde
existem baratas, teias de aranha e lixo que não se vê por estar
escuro. Quando a luz aparece, não a podemos culpar das coisas que se
tornam visíveis.
Normalmente,
todos nós, ao falarmos da verdade, comentamos que devemos falar a
verdade. E assim deve ser. Contudo, as Escrituras falam em "praticar
a verdade", 1João1:6. A verdade
é uma forma prática de estar na vida, é sermos verdadeiros e
genuínos. Precisamos ser a própria verdade de forma prática. Quem
pratica a verdade, também fala a verdade. Mas, quem fala a verdade
nem sempre pratica a verdade.
"Não
o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da
sinagoga. Amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus",
João 12:42,43. É interessante
ver duas coisas: que a Sinagoga era glória de homem e lugar de
homem; e que amando mais a glória de homem pode nunca impedir de
mentir para nós mesmos fazendo-nos crer que, ainda assim,
continuamos sendo crentes. Não podemos permitir que sejamos enganados,
nem por nós próprios e nem
por nenhuma razão ou por quaisquer meios. "Como podeis vós crer,
recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de
Deus?", João 5:44.
"Quem
Me vê a Mim vê Aquele que me enviou", João
12:45. As pessoas a quem Jesus se dirigiu viam-no. Mas,
Jesus afirmava que não o viam porque não viam n'Ele o Pai. Muitas
pessoas têm uma imagem errada de Cristo, uma ideia de como Ele é ou
deveria ser. E quando o verdadeiro não corresponde a essa imagem é
tido como falso. Ao contrário do verdadeiro, a imagem não se mexe,
não fala, não age. Basta Jesus deixar de ser uma imagem e uma
imaginação para nunca ser aceite. Logo, abre-se caminho para que os
falsos sejam aceites como verdadeiros. Todas as pessoas têm uma
certa imagem de Deus. Têm-na porque andam desviados do verdadeiro.
Não existe ninguém que nunca tenha tido, obtido ou criado uma imagem
de Deus em sua mente e imaginação. "Eu sou a luz que vim ao mundo",
João 12:46. Ora, a luz revela,
manifesta e expõe tudo aquilo que não se vê nas trevas, seja bom ou
mau. Não existem pessoas neste mundo que gostem de andar expostas e
transparentes porque suas obras são más (João
3:20,21). E Cristo veio precisamente "para que todo
aquele que crê em mim não permaneça nas trevas". Pense bem antes de
pedir para estar na presença de Cristo ou em Sua luz. Muitas orações
não são ouvidas porque aquilo que a pessoa pede, diz ou expressa não
corresponde ao verdadeiro significado que Deus lhe dá. "Pois, qual
de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer
as contas dos gastos para ver se tem com que a acabar?"
Luc.14:28.
"Se
alguém me serve, siga-me", João 12:26.
Muitas pessoas sinceras acreditam que servir Jesus é o auge do seu
chamado. Mas, não é, pois, por estas palavras podemos deduzir que há
os que servem Jesus e não o seguem. Ainda que tais pessoas possam
ser honradas pelo Pai por servirem Jesus, o perigo de não estar com
Jesus é real e existe. "Se alguém me serve, siga-me; e, onde eu
estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu
Pai o honrará". Seguir Jesus pode levar a servir, mas, servir pode
nunca terminar em segui-Lo.
"Sabendo,
pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei,
tornou a retirar-se, ele só, para o monte",
João 6:15. Todos os que querem
forçar Jesus a ser rei enganam-se a eles próprios em muitos
sentidos. Jesus já é rei. Mas, não é rei da carne, não pode sê-lo e nem deseja
sê-lo. Os que desejam torna-lo rei esquecem que Ele já é rei e que,
na verdade, são eles quem se devem submeter. Antes, desejam
exaltá-lo sobre a carne porque Ele não reina sobre ela. Ele recusa e
rejeita reinar sobre ela. Ponto final. Deveriam submeter-se ao Rei
dos reis que já é rei sobre tudo que é espiritual. Quem quer
torná-lo rei à força não deseja submeter-se ao Espírito e ao
espiritual. Muitos desejam que Jesus se torne rei do seu mundo, do
orgulho e da carne e não desejam submeter-se ao mundo espiritual da
humildade onde Jesus já reina - para sempre e sempre. "Dizei à filha
de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, humilde e assentado sobre uma
jumenta e sobre um jumentinho, filho de animal de carga",
Mat.21:5.
A função
duma boa doutrina é levar a pessoa a um bom fim. A doutrina não é e
nunca será a finalidade ou um fim em si mesmo, mas, um instrumento,
um mecanismo
ou um meio. Cada doutrina tem a sua funcionalidade e um objectivo para
alcançar. A doutrina verdadeira é um mecanismo e não um fim. A
partir do momento que esse alvo é alcançado, a doutrina torna-se
obsoleta e impraticável. É como uma ogiva que lança seu foguete e
deixa de ter utilidade após haver cumprido a sua missão. Além do
mais, as pessoas que vão numa aeronave não se sentam no foguete. Caso
se sentassem, morreriam juntamente com ela. Ora, sempre que a doutrina é
colocada como alvo, como destino ou como objectivo final torna-se
uma ameaça e não mais um instrumento - seja essa doutrina boa ou má. "Pelo que, deixando os
rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não
lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de
fé em Deus. E isso faremos, se Deus o permitir",
Heb.6:1-3.
"E ninguém,
tendo bebido o velho, quer logo o novo, porque diz: Melhor é o
velho",
Luc.5:39. Esta é uma das razões
por que as pessoas que já são crentes são difíceis de converter
verdadeiramente. Se alguém já se considera 'convertido' por que
razão desejaria converter-se ou por que razão estenderia sua mão
para alcançar os meios da graça para alcançar a sua conversão?
Aquele que bebe doutrina falsa ou bebe doutrina verdadeira que não
dá frutos pode levar muito tempo até beber da verdadeira água viva.
É mais fácil trazer uma pessoa do mundo para águas vivas do que
alguém que já é crente, pastor ou teólogo.
"A Sua
palavra não permanece em vós, porque naquele que Ele enviou não
credes vós",
João 5:38. Por vezes, as pessoas
tentam, mas, não conseguem cumprir aquilo que entendem. É uma forma
de não conseguir que a Palavra permaneça em alguém. Permanecer
significa torná-la a nossa vida prática de forma exclusiva,
espontânea e imperial. Ora, se algo separar qualquer pessoa de Deus,
é óbvio que a dependência de Deus é impossível. E sem Ele nada
(celestial) conseguiremos. Estando em comunhão com Ele - que é a
própria vida eterna - conseguimos crer para que o pão do dia-a-dia
frutifique e permaneça uma realidade possível e acessível. Se não
juntarmos o conhecimento da palavra com a vida que lhe dá força
prática, é tudo em vão, pois, falaremos duma coisa e faremos outra.
Isso significa que a palavra não permanece em nós e fica apenas
flutuando na nossa imaginação e nos nossos desejos permanecendo
distante da nossa vida prática. A Palavra não é apenas o que
entendemos dela. Jesus deve tornar-se a própria Palavra para nós,
pois, Ele também é a Palavra. O verbo é Ele em presença real. Sem
Sua presença, tudo que sabemos nunca significará qualquer coisa para
nós.
"Todo
aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as
suas obras não sejam reprovadas",
João 3:20. Todas as coisas têm
seus efeitos e consequências. Já viu alguém que não suporta ser
reprovado e que contra-ataca por tudo e por nada? É sinal que não
anda na luz e aborrece-a, isto é, contraria-a. É aquele que tenta
corrigir ou engaqnar a luz. A sua vida prática
revela aquilo que é verdadeiramente e mostra se vive nas trevas ou
na luz.
"Para
se receber a instrução do entendimento...",
Prov.1:3. Muitos não sabem qual
a função do entendimento em todo o contexto da vida Cristã. Em
primeiro lugar, devemos ter vida verdadeira, eterna, constante e
abundante dentro de nós. O entendimento será servo dessa vida, será
um instrutor dos passos que essa vida dá - nunca um dominador dos
passos. Nunca substituirá a vida. A sabedoria será um mero instrutor e servo. A
vida verdadeira é que será a luz dos homens. "Nele, estava a vida e
a vida era a luz dos homens",
João 1:4. Quem não a tem, anda
em trevas e o entendimento será, então, servo das trevas. E é aí
onde a teimosia e a obstinação começam.
"O louco
fala loucamente, o seu coração pratica a iniquidade, para usar de
hipocrisia e para proferir erros contra o Senhor",
Is.32:6. Existe diferença entre
dizer que os loucos praticam a iniquidade e dizer que os que
praticam a iniquidade são loucos. Segundo a interpretação desta
porção das Escrituras, os que praticam a iniquidade são os
verdadeiros loucos. Também, quando se afirma que profere erros
contra o Senhor, não significa que fala mal de Deus, mas, que comete
erros que operam contra Deus. Fala de Deus - e até pode falar muito
bem d'Ele. Contudo, são os seus erros, vida e crenças que operam
contra Deus na sua forma prática.
A verdadeira
fé e a rendição andam sempre lado a lado. É, na verdade, duma
rendição que se trata no verdadeiro sentido da palavra, uma rendição
total, incondicional, inquestionável e irrevogável. A fé é
obediência que se rende à Palavra de Deus. Muitos crêem que a fé é a
forma de alcançar coisas, quando na verdade, pode tratar-se dum
abrir mão de certas coisas - ou de todas as coisas. Entregam-se as
armas da carne, as soluções, ideias, desejos, aspirações e
pensamentos comuns dos mortais para se acertar o passo com uma
realidade até então desconhecida em sua forma prática e de valor
eterno,
inquestionavelmente superior e diferente. Quando Deus enviou a
Assíria para destruir Israel, vemos como Ele trabalhou nos corações
e falou para que os Israelitas se rendessem aos Assírios para
poderem salvar suas vidas. Seria um ato de fé, um passo no escuro e
na direção certa crendo em Deus. Mas, esse passo na 'escuridão'
seria um enorme passo na luz de Deus. Uns, contudo, resolveram fugir
para o Egipto e para a Etiópia, buscando refugio e apoio carnal por
lá. Temeram muito os Assírios por causa das atrocidades que eram
capazes de cometer. A maioria dos líderes e estudiosos de Israel
nunca aceitou tal solução sendo eles descendentes de Abraão, os
quais tinham como Deus o Todo Poderoso e único Deus. Para eles, o
ato de fé seria poderem vencer os Assírios. A rendição seria algo
contra natura e contra a corrente de suas aspirações e crenças.
Seria algo impensável. Para eles a fé não era obediência ao que Deus
dizia, mas, seria a formula para conseguirem o que queriam. Eram os
falsos pregadores da prosperidade daquela época. Por essa razão,
também, crucificaram Cristo, pois, esperavam outro tipo de Messias,
um que não fosse desprezado e de quem os inimigos fizessem caso e do
qual os amigos não virassem o rosto,
Is.53:3. Você não costuma virar
o rosto para a vontade de Deus, desprezando aquilo que lhe cabe pela
providência d'Ele? A fé é uma entrega total, ativa e alegre à
vontade expressa de Deus trabalhando mesmo com entusiasmo em prol
dela. Seja qual for essa vontade, a fé opera nesse sentido,
cooperando e até lutando por ela. "Ainda que a figueira não
floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta e os
campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam
arrebatadas e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei
no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação",
Hab.3:17,18. O que conta é a
salvação - é que alcancemos essa pureza sendo salvos de cada um de
nossos muitos pecados. E não existe salvação de qualquer pecado sem
uma rendição e sem uma conciliação total e incondicional com a
vontade de Deus.
"Honra
ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda",
Prov.3:9. Honrar Deus com toda a
nossa fazenda significa muito mais que dar a Deus e a quem precisa.
O pior acontece com aquilo que sobra para nós, pois, podemos ser
libertinos a ponto de gastarmos o que sobra em coisas fúteis para o
céu.
"Reconhece-o
em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas",
Prov.3:6. Existem muitas más
interpretações deste versículo. Muitos pensam tratar-se daquela
linguagem supostamente evangélica onde as pessoas precisam afirmar
coisas cujo conteúdo não experimentam. Afirmam acreditando virem a
experimentar se afirmarem, sendo uma falsidade sonhadora de seus
corações. A verdadeira palavra da fé é mais uma de confirmação do
que de afirmação. A fé vem pela Vida e não é a vida que vem pela fé.
É por aí que começam muitos dos caminhos do erro. Para alguém poder
reconhecer, é preciso haver conhecido. Só reconhece quem conhece.
Existem pessoas que conhecem Deus verdadeiramente em todos os
caminhos de sua vida interior e exterior. Mas, como a graça opera
pelo homem e usa-o, fica parecendo que o operar vem do homem. Logo,
torna-se difícil alguém, em sua sinceridade, reconhecer Deus naquilo
que ele próprio faz e alcança. Através da observação e da humildade,
contudo, é muito fácil comprovar, ver e reconhecer Deus operando
quando é Ele quem opera verdadeiramente. Pode não ser Ele, mas,
quando é, Ele deve ser reconhecido. A verdade acima de tudo. Essa
foi uma das grandes lutas de Jesus. Os discípulos conheceram-no,
mas, a grande luta de Jesus foi que reconhecessem que Jesus era
aquilo que era e que veio de onde veio sem que estivessem fingindo.
"O fim do mandamento é (...) uma fé não fingida",
1Tim.1:5; 2Tim.2:5. "Agora (e não
antes), já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti (...)
têm verdadeiramente conhecido que saí de ti e creram que me
enviaste",
João 17:8. Sei que existem os
faladores que vivem longe de Deus e atribuem a Deus tudo o que lhes
acontece. Fazem-no como fariam aqueles que supõem as coisas.
Qualquer um pode supor qualquer coisa e pode mesmo supor a verdade.
A verdade que não conhecem e não experimentam de forma real começa a
tornar-se uma suposição. Os discípulos chegaram ao ponto de
poderem reconhecer a verdade através dum coração verdadeiro. "O que
era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos
contemplado e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (...)
(porque a vida foi manifestada e nós a vimos, testificamos dela e
vos anunciamos a vida eterna que estava com o Pai e nos foi
manifestada); o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que
também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho Jesus Cristo",
1João 1:1-3. Muitos podem
reconhecer sem serem verdadeiros. Se reconhecem sem serem
verdadeiros mentem sobre a verdade - mentem com a verdade na boca.
Mas, este versículo não se refere a esses e antes àqueles que
conhecem Deus verdadeiramente e cujos caminhos estão verdadeiramente
nas mãos de Deus por via duma entrega voluntária e através duma
rendição total, onde acontece uma troca de armas e uma troca de
lados como se duma troca de exército se tratasse num verdadeiro
cenário de guerra. Na verdade, a pessoa que se rende a Deus não é
apenas um desertor rendido, mas, torna-se alguém que troca de lado e
pega nas armas da luz para se confrontar com aquilo que antes
defendia acerrimamente. É mais que um traidor da carne e do pecado.
É essa pessoa que começa a lidar com Deus de forma real,
experimentando a presença de Deus em toda a sua existência. São
esses que devem ter o cuidado de reconhecer Deus em todos os seus
caminhos por se tratar dum fato e duma verdade incontestável. Esse
reconhecimento torna-se necessário tanto quando estamos sendo
corrigidos como quando estamos sendo usados. Os que são corrigidos
podem não se dar conta que é Deus quem os está corrigindo por
desejarem coisas diferentes e podem achar-se resistindo Deus sem se
darem conta. "Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te
enojes da sua repreensão (...) Pega-te à correção e não a largues;
guarda-a, porque ela é a tua vida", Prov.3:11; 4:13. Nos que são usados, a tentação pode
surgir para que se sintam poderosos e consumados, estando a um passo
do orgulho pessoal por algo que é Deus quem vem alcançando. Por essa
razão, o versículo seguinte conclui: "Não sejas sábio a teus
próprios olhos, teme a Deus...",
Prov.3:7. Reconhecer Deus pode
ser levado para muitas outras áreas de toda a nossa existência. Pode
acontecer alguém ser perseguido pela fé e ter medo de reconhecer
Deus abertamente para evitar consequências carnalmente piores. Mas,
seja de que maneira for, o princípio da verdade precisa manter-se
intacto: aquilo que dizemos e afirmamos deve ser uma constatação da verdade
(realidade) partindo dum coração verdadeiro. "Saíram de nós, mas não
eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas, isto é
para que se manifestasse que não são todos de nós",
1João 2:19.
"Eis
que amas a verdade no íntimo", Sal.51:6.
A verdade de Deus não pode andar somente na boca, em livros e
leitura, em estudos ou estudiosos, ou viajar de boca em boca para coçar ouvidos, mas, tem de
achar alojamento permanente no íntimo. O íntimo de cada pessoa é o
lugar mais protegido e mais fechado de cada ser. Quase ninguém gosta
de revelar seu íntimo desde que Adão pecou porque tem a intuição de
protegê-lo de algum acesso de terceiros. E Deus costuma ser um
terceiro do íntimo de cada um. Isto é, a verdade dificilmente se
aloja lá e raramente tem acesso a ele (ao íntimo). Logo, quando a
verdade de Deus deixa de ser um terceiro para passar a dominar
aquilo que é mais protegido pelo homem e é o mais secreto que existe
dentro de toda a criatura, o homem transforma-se porque está exposto
(anda na luz) e entra nas graças
de Deus. Deus ama a verdade no íntimo, isto é, quando a acha lá Deus conviverá
com os tais intimamente. Ora, para que a verdade tenha como achar
poiso no íntimo da criatura, é preciso que o íntimo se torne
verdadeiro. A verdade só acha lugar onde não possa ser incomodada ou
contrariada. A verdade precisa dum verdadeiro para se alojar. "Andarão dois
juntos se não estiverem de acordo?", Amos
3:3. "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em
mim um espírito reto",
Sal.51:10.
"Os que
exultam com a Minha majestade", Is.13:3.
Há mais nestas palavras que aquilo que o crente normal ou crente
moral pode
entender. Entendem menos do que devem porque assumem que já sabem o
que não sabem e não olham para um Deus a quem pertence todo aquele
domínio que muitos desejam ter para eles. Vamos por partes. Deus é
majestoso e a Ele pertence todo o domínio. Já é assim, quer lhe
demos essa glória ou não. Contudo, isso não
significa que os homens já não detenham aquilo que não lhes pertence
e pertence a Deus. Podem, também, crer que o que sabem fazer é
proveniente deles próprios e não de Deus. "Pois, o seu Deus assim o
instrui devidamente e o ensina", Is.28:26.
Ainda existem ladrões e enganados que roubam alguma glória de Deus.
O homem prefere controlar os próprios caminhos, estando no controle
de suas próprias rédeas e ações. Para o carnal que se torna crente,
o momento de entrega desse domínio a Deus - desde que seja uma
entrega voluntariosa, permanente e de coração - pode tornar-se um
momento de enorme tristeza, de incerteza carnal e de luta feroz.
Mas, o homem verdadeiramente espiritual alegra-se com essa majestade
quando ela passa a pertencer a Deus em sua forma prática. Esses são
capazes de exultar com essa majestade.
Qualquer
pessoa que se sinta culpada diante de Deus fica sempre com aquela
sensação de lhe faltar a fé depois de haver sido verdadeiramente
perdoada e a ousadia de se aproximar de Deus com o intuito ou a
certeza de vir a ser atendido fica mancando. Eu creio que se trata
dum sentimento carnal e não espiritual, o qual perdura após o perdão
haver sido verdadeiramente outorgado. Não podemos servir a carne
dessa maneira. Ora, vejamos o inverso, isto é, alguém que se sente
limpo e tem aquela ousadia e certeza de que irá ser ouvido por estar
limpo. É verdade que se não nos limparmos não seremos ouvidos acerca
de mais nada além de alcançar essa limpeza. Mas, não podemos estar
perante um sentimento de fariseu, o qual também é carnal, de confiar
em nossa limpeza. Confiar nela não é e nunca será o mesmo que
confiar em Jesus exclusivamente de todo coração. Há que conciliar as
duas coisas em nosso coração: estar limpo e confiar em Jesus.
"Não
tragam mais as vossas ofertas debalde",
Is.1:13. Precisamos perceber quando é que as ofertas,
dízimos, orações e tudo o que hoje se diz ser cultuar é feito em
vão. Isto é, quando é que são coisas que não alcançam os efeitos
desejados. Nessas circunstâncias, será sempre melhor ficar quieto e
não fazer nada (para não provocar Deus à ira) ou, então, buscar
limpar-se de tudo que possa contaminar qualquer tipo de oferta.
"Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu
poder? Por que formaste este desígnio em teu coração?",
At.5:4. Deus não se corrompe
aceitando ofertas de corações hipócritas. Se não aceitou a oferta de
Caim, poderá não aceitar de qualquer um de nós. Os homens vão sempre
preferir dar daquilo que têm do que dar-se a si próprios,
reconhecendo e confessando seus pecados para que possam tornar-se
sacrifícios vivos. Um sacrifício vivo não é um sacrifício morto pelo
pecado. Existem duas maneiras de se cultuar em vão, isto é, sem
alcançar os frutos que Deus exige que consigamos alcançar, sendo que
esses frutos só chegam através do poder e da bênção de Deus. Uma
delas é estarmos em pecado tentando agradar Deus com ofertas e
sacrifícios - o que provoca Deus à ira contra uma pessoa, contra um
povo e até mesmo contra uma nação. "É para Mim abominação a
convocação das congregações; não posso suportar iniquidade, nem
mesmo o ajuntamento solene", Is.1:13.
A outra é financiada pelas experiências anteriores de falta de
fruto. Deixem-me explicar. A pessoa limpa-se de todos os seus
pecados, mas, como até ali nunca acreditou verdadeiramente que isso
impedia as orações e impedia de ser aceite e atendido por Deus, o
acumular de experiências sem fruto anteriores levam a que a certeza
esteja enferma e, consequentemente, se acenda o fogo de Deus em vão
e se abandone o posto de vigia, de espera e de esperança viva. Não
espera em Deus com expectativa e não leva seus pedidos a sério
quando demoram ou porque se revê em experiências infrutíferas
antigas de quando ainda andava em pecado e orava em vão. A cada um é
dado conforme a sua fé. "Quem há também entre vós que feche as
portas e não acenda debalde o fogo do meu altar?"
Mal.1:10. "Sobre a minha guarda
estarei, sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver
Aquele que fala comigo",
Hab.2:1.
Existem
provocações e tentações que estimulam a rebeldia. Contudo, existe
uma humildade falsa que aparenta ser obediência e não é. Se não é
obediência, é rebeldia - ainda que aparente ser obediência. E se
isso é verdade, existe uma rebeldia falsa, isto é, uma rebeldia que
não é rebeldia contra Deus. Lembre-se que qualquer santo é
considerado um traidor pelo pecado e pelo mundo. Os que ainda são
mundanos, crentes ou não, tal como o mundo em geral, sentir-se-á
extremamente desapontado e desgostoso com qualquer santo a ponto de
agir contra ele. No entanto, aquilo que Deus considera rebeldia é um
pecado tão grave quanto a feitiçaria ou a idolatria,
1Sam.15:22. Ora, existem muitas formas de rebeldia e de
obstinação. A mais comum é aquela que não espera em Deus ou que não
espera pacientemente com Deus. Esperar com impaciência não é esperar
pacientemente. Saul não conseguiu esperar por Samuel até ao último
minuto, ainda que Samuel lhe tenha dito uma só vez um ano antes:
"Tu, porém, descerás diante de mim a Gilgal e eis que eu descerei a
ti para sacrificar holocaustos e para oferecer ofertas pacíficas;
ali, sete dias esperarás, até que eu venha a ti e te declare o que
hás de fazer",
1Sam.10:8. Ele esperou sete
dias, mas, desistiu de esperar no finalzinho do último dia. Deus
disse-lhe que seu pecado era rebeldia e que era igual à feitiçaria
ou idolatria,
1Sam.15:22,23. Morreu na praia
após haver superado o alto mar e, por essa razão, o reino foi-lhe
retirado e dado a Davi. Logo, a preocupação que induz a pegar nas
rédeas de qualquer das nossas circunstâncias pelas próprias mãos é
uma das muitas provocações e incitações à rebeldia. Se Deus falar
sobre alguma coisa, devemos esperar; se entregamos algo nas mãos
fiéis de Deus, devemos esperar. E o esperar não deve ser vazio,
pois, a expectativa e a verdadeira certeza da esperança fazem parte
da palavra "esperar" em Deus. E, quanto maior for a expectativa,
tanto mais fácil será esperar até ao fim.
"Se o
Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam",
Sal.127:1. Por vezes, parece que
este versículo iliba quem trabalha e não tem sucesso. Mas, é da
responsabilidade de quem trabalha andar bem com Deus, achá-lo em
suas orações e achar o poder da graça para executar somente através
dela, isto é, pela graça e seu poder de forma exclusiva. A carne tem
as suas capacidades. Achar Deus enquanto se edifica é uma
responsabilidade - muito acima de ser um privilégio. Que ninguém se
atreva a edificar sem Ele ou sem estar bem com Ele, não tendo toda a
sua existência colocada em ordem e correndo o risco de construir sem
Deus e, consequentemente, em vão. "Àquele que bem ordena o seu
caminho eu mostrarei a salvação de Deus",
Sal.50:23.
"Eu
sou devedor...", Rom.1:14.
Conheço alguém que devia e cujo coração se lamentava dia e noite por
estar devendo a algumas pessoas e não conseguia pagar. No dia que
conseguiu pagar uma das dívidas por inteiro, sentiu um alívio enorme
e uma inexplicável leveza em seu coração. Foi como se um enorme peso
lhe houvesse saído dos ombros. Pensando nisso, veio ao meu coração
este versículo: "Eu sou devedor". Logo imaginei o que devo a Deus,
toda a vasta obra que ainda não terminei e questionei-me a respeito
disso. Quão pesada é a minha dívida. Se um devedor estiver cansado,
não deixa de ser devedor por isso; se não tiver posses continua
devendo; se lhe faltar graça para poder cumprir com suas obrigações,
continua devendo e precisa achar essa graça. Um devedor só deixa de
ser devedor quando morre ou quando sua dívida lhe é perdoada. O
enorme peso duma dívida nunca deve ser menosprezado. É uma carga
eterna. E todas as dívidas têm um prazo para serem liquidadas na
íntegra.
"E fez
que era mau aos olhos do Senhor; todos os seus dias não se apartou
dos pecados de Jeroboão",
2Reis 15:18. Os pecados de
Jeroboão eram dois ídolos em Samaria que foram feitos com o intuito
de impedir que os Samaritanos fossem adorar em Jerusalém. Ora, isto
é mencionado acerca dum Rei de Samaria (Menáem) que degolou pessoas,
abriu grávidas pelo meio e foi responsável por muitos crimes
horrendos. Um desses crimes foi a conspiração que o levou a matar o
rei existente, sendo que os reis em Israel deveriam ser apontados
por Deus e não pela força da espada e derramamento de sangue. Apesar
de todos estes crimes horrendos, vemos as Escrituras condenarem-no
porque "todos os seus dias se não apartou dos pecados de Jeroboão".
O pecado da idolatria é tão grave que se sobrepõe acima de todos os
outros. Além do mais, leva a outros crimes, sendo a causa e raiz de
muitos outros pecados horrendos. Esse homem, Manáem, seria condenado
pelos crimes que cometeu, com toda a certeza. Contudo, as Escrituras
destacam o crime da idolatria acima de todos os outros crimes
hediondos que cometeu. Não se deve menosprezar a enormidade da culpa
e da condenação do pecado da idolatria. Destaca-se acima de todos os
demais pecados e crimes. Eu creio que leva a outros pecados e
crimes. Lembre-se disso enquanto mantiver um ídolo em seu coração.
Um ídolo no coração traz consigo outros crimes. Não existe ideologia
idólatra que não tenha cometido crimes e pecados horrendos. "E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os
entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas
inconvenientes", Rom.1:28.
As pessoas
instáveis e indecisas cometem alguns erros ou pecados cruciais/mortais.
Mandam demais e sentem-se ultrajadas quando não são ouvidas. Agem
assim porque querem pular o muro para dentro da paz mantendo a
confiança própria. Sem essa confiança neles mesmos sentem-se
perdidos quando deveriam sentir-se achados. E isso apenas
contribui para uma maior instabilidade nelas porque tentam
manter/assegurar seus pecados e nenhum pecado pode entrar pela
porta, esteja ele confessado ou não. A falta de confiança
verdadeira (e a presença de auto-confiança) leva a que se tornem mandões e busquem meios fraudulentos
para se auto assegurarem. Outro erro é que perguntam muito o que devem
fazer, principalmente a quem não sabe, pois, tais pessoas não são
verdadeiramente uma ameaça à sua auto-confiança. Os que são iguais
buscam-se mutuamente e encorajam-se entre eles. Buscam a atenção e o
consolo uns dos outros. Uma pessoa hesitante
e instável é capaz de confiar apenas nela própria na maioria das
vezes e de preferência; e, também, é capaz de confiar em quem lhe é
igual. E, muitas vezes e por razões inexplicáveis, evitam fazer
perguntas a quem sabe mesmo. Por norma, qualquer hesitante é uma
pessoa errada e só busca sentir-se apoiada e não busca estar
verdadeiramente certa
ou ser corrigida. Logo, a opinião boa de alguém que sabe
verdadeiramente o que é certo, sendo eterno e constante, é uma
provação aniquiladora daquela auto-confiança que busca ter. Ouvir
tal pessoa cria conflitos no interior dos instáveis. Isso acontece
com quem busca uma coisa e acha outra. Auto-confiança e
confiança em Deus são coisas opostas e opõem-se uma à outra porque
são inimigos mortais e incompatíveis. Por
essas razões, haverá sempre problemas conflituosos entre essas
pessoas e as que são estáveis, eternas e constantes, pois, os
constantes e eternos tomam decisões certas que levam até ao fim e
isso é um espírito ameaçador para quem é instável e busca apenas
auto-confiança e não busca estar verdadeiramente certo. "Nós (...)
não confiamos na carne", Fil.3:3.
O instável é
mandão para manter-se instável. Raramente se vê uma pessoa instável
pedir uma opinião a uma pessoa decidida, com a eternidade alojada em
seu interior, firmada na verdade e
estável de espírito. Os instáveis concluem sempre que os estáveis
(os seres eternos e constantes)
são pessoas teimosas e obstinadas e que não ouvem os demais (neste
caso, não os ouve a eles porque a simples atitude de quem tem a
eternidade/estabilidade em seu interior destrói todo tipo de
auto-confiança para sempre). Acusam-nos falsamente - acusam-nos duma
falsidade que não têm.
A fé
consiste em que se creia que Deus existe e, também, que Ele é bom,
Heb.11:6. Os mandamentos que
Deus dá raramente explicam as razões por que Deus manda. Ora, quando
Deus manda, podemos vê-lo como alguém que coloca muitas restrições
ou, então, como alguém que tem excelentes razões para criar tais
mandamentos. Os mandamentos de Deus não podem ser vistos como
simples mandamentos, pois, são apenas e tão só a comida que alimenta
o ser nascido de Deus. Os Seus mandamentos são comida para os que
buscam a eternidade em seu interior. Se Deus não explica as razões, tem muito a ver com uma
provocação à obediência inteligente, pois, cabe a quem é capaz de
se tornar obediente ser colocado sob prova de fogo para que saiba
que se Deus manda, existe uma boa razão para o fazer. O mesmo se aplica quando
Deus dá ou tira. Deus não explica Suas razões por esse motivo, para
que promova e alcance a fé em quem é obediente de coração. Apenas
quem obedece verá quais as razões que Deus tem para colocar-nos sob
mandamentos que não explica e que, muitas vezes, só se tornam claros
após havermos alcançado um coração obediente e estável na verdade
prática. Por isso é que aprendemos e obtemos conhecimento praticando
a verdade e não apenas estudando.
Uma
pessoa errada que acha que tem razão irá ficar cada vez mais
convencida a cada passo que dá contra Deus ou a cada dia que passa
distante d'Ele, a não ser que volte depois de haver sido chamada à
atenção. Ainda que rebata e se defenda, a chamada de atenção evitará
que entre num ciclo de erro sem volta, escorregadio e,
aparentemente, sem espinhos.
Tudo
o que se exalta opera contra Deus e contra o próprio porque não
alcança Deus. Se não alcança Deus, não alcança vida porque Deus é
vida. Usemos um exemplo. Antigamente, as pessoas cobriam-se de saco
e cinza para se humilharem. Até mesmo o orgulhoso e idólatra rei
Acabe se humilhou dessa maneira e foi aceite,
1Reis 21:29. Não era fácil um orgulhoso aparecer sujo de
cinza e vestido de saco, sendo que a aparência é e sempre será a
principal expressão do orgulho e da vaidade. Sendo a aparência o
principal meio da vaidade e do orgulho, é de esperar que a
humilhação comece por aí. Contudo, à medida que os anos foram
passando, o saco e a cinza tornaram-se motivo de orgulho porque o
povo era religioso. Da mesma maneira que os Fariseus oravam nas
esquinas para serem vistos pelos homens, muitos praticavam o "saco e
a cinza" com o intuito de serem vistos e apreciados. A partir desse
momento, o vestir-se de saco e sujar-se de cinza deixou de obter o
efeito desejado sobre a alma da pessoa. Tornou-se mais uma forma de
exibição orgulhosa. Consequentemente, deixou de atrair a atenção de
Deus para que respondesse às orações feitas nesse estado. O efeito
da humilhação deixou de ser produzido e o "saco e cinza" começou a
operar contra Deus e contra a alma. Hoje, podemos dizer o mesmo a
respeito de muitas orações que são feitas onde se mostra que se sabe
orar ou que alguém tem privilégios diante de Deus acima dos outros.
Não fazem isso para serem ouvidos. Sendo vistos alcançam o que
pretendem e já receberam o galardão pretendido, pois, serem
atendidos não é o que pretendem. Essa forma de orar opera contra
Deus. Muitos chegam a chorar e a gritar em oração para se mostrarem.
Não será difícil concluir por que razões as igrejas se tornaram tão
pobres espiritualmente. A única dúvida é se as igrejas oram assim
por serem pobres espiritualmente, ou se se tornaram pobres porque
oram assim - ou as duas coisas.
"Não
sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do
mal",
Prov.3:7. Não podemos ser nada a
nossos próprios olhos porque não somos nada. Não podemos ser pastores a nossos olhos
quando somos pastores, pois, deixaríamos de ser ovelhas de Jesus;
não podemos ser santos e consumados a nossos próprios olhos, pois,
deixaríamos de olhar para nós como pessoas salvas de nossos pecados,
as quais vivem num mundo onde o pecado predomina e busca os
desatentos e aqueles que não vigiam e oram em conformidade. Não sei
bem como isso funciona, mas, segundo as Escrituras, "isso será
remédio para o teu umbigo e medula para os teus ossos",
Prov.3:8. Nada impede, contudo, de
sermos verdadeiramente santos. Sejamos somente de Jesus. E nunca me
posso sentir triste por não ser o nada que sou vendo-me por aquilo
que sou. Isso poderá significar que Jesus é tudo. E não é fazendo
nada que sou nada. Mesmo fazendo coisas grandiosas por/através de
Jesus continuo sendo nada, pois se é Ele quem faz as obras
verdadeiramente, nada sou além dum privilegiado que pode ver as
grandiosas obras de Deus acontecendo. "Assim também vós, depois de
haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis,
porque fizemos apenas o que devíamos fazer",
Luc.17:10.
"Confia
ao Senhor as tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos",
Prov.16:3. Isto não pode
acontecer se meus pensamentos forem selvagens e desordenados de
forma a que não possam ser pastoreados, coordenados e inspirados por
Jesus. Não posso confiar as minhas obras ao Senhor se não houver
confiado, também, todo o meu coração a Ele para que tenha como
dirigir os meus pensamentos. Confiando as obras a Deus sem Lhe haver
confiado todo meu coração também é sinónimo de falsidade e, na
verdade, não confiei verdadeiramente as obras a Deus nos termos
desta promessa, ainda mais quando essas obras sejam realizadas por
mim. Todas as promessas têm condições para se poderem realizar.
Esta
vida vale(u) a pena, porque foi nela que conheci Jesus. E a morte
ainda mais porque nela verei Jesus face a face.
Existe
uma verdade que nos deve causar enorme temor: os olhos de Deus
percorrem todo o universo sem cessar e nada lhe fica oculto, nem
mesmo nas profundezas do lugar mais remoto deste vasto universo.
Isso é aterrador, principalmente para quem vive escondendo pecados e
não se expõe andando na luz. Mas, é um enorme consolo para quem
deseja ardentemente colocá-los todos na luz. E se nada passa
despercebido a Deus, podemos ter a certeza que nenhuma das nossas
justiças, atos, disponibilidade de coração e pureza passará
despercebida a Jesus.
O ponto
fulcral de toda a oração nunca é o momento que oramos, mas, o
momento que Deus responde. A resposta é a parte essencial de toda a
oração. Sem resposta a oração não vale de nada. Muitas orações são
respondidas enquanto oramos. Essa resposta é clara e sabemos que
Deus nos atendeu. É tão clara quanto a percepção de que estamos
sendo ouvidos por Ele. É uma percepção. "Se sabemos (nos
apercebemos) que (Deus) nos ouve em tudo no que pedimos, sabemos
(apercebemo-nos) que alcançamos as petições que lhe fizemos",
1João 5:15. Essa percepção é
real, clara e espiritualmente perceptível. Contudo, a percepção de
que estamos sendo ouvidos não é a resposta. Nenhuma oração deve
parar antes da resposta, ainda que a resposta seja um "não". "Não"
também é resposta. Por outro lado, existem orações às quais Deus dá
confirmação da resposta algum tempo depois de haver sido feita. Foi
o que aconteceu com Salomão. "E o Senhor lhe disse: Ouvi a tua
oração e a tua súplica que, suplicando, fizeste perante mim",
1Reis 9:3. Não sabemos quanto
tempo depois da oração Deus lhe falou a respeito dela, mas, deu a
entender que atendeu sua oração. Deus falou.
Eu
acredito que todas pessoas pensam em Deus, duma maneira ou doutra. E
os que não pensam, já pensaram e ainda pensarão, seja aqui na terra
ou na eternidade. Contudo, sempre que alguém pensa em Deus aqui na
terra, surgem dúvidas ou certezas. Ou surge a dúvida ou a certeza -
ninguém fica indiferente. Tudo vai depender da proximidade que a
pessoa tem de Deus e da realidade da sua presença. A certeza de
todas as coisas, principalmente daquelas que não se vêm, depende
somente da intimidade real que se têm com Deus. Dessa intimidade
nasce a fé como fruto. Qualquer outro tipo de fé é falsa. Caso não
exista essa intimidade com Deus ou caso haja algo que a perturbe
minimamente, o fruto será a dúvida e não a fé.
"Agora,
o Senhor meu Deus, me tem dado descanso de todos os lados;
adversário não há, nem algum mal encontro E eis que eu intento
edificar uma casa ao nome do Senhor, meu Deus",
1Reis.5:4,5. Muitos pedem coisas
a Deus para as quais não estão preparados correndo o risco de usarem
o que Deus dá para seus próprios deleites e concupiscências.
Salomão, após haver recebido tanto de Deus lembrou-se d'Ele para Lhe
erigir um templo. Muitos construiriam um templo para eles próprios.
É muito bom e bonito de se ver que o foco de alguém se mantém,
sabendo que não se tornou nada mais e nada menos que um mordomo
havendo recebido tudo que recebeu de Deus. Não é de admirar que um
rei experiente se tenha regozijado tanto a respeito de Salomão a
esse respeito. "E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de
Salomão, muito se alegrou e disse: Bendito seja hoje o Senhor, que
deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo",
1Reis.5:7.
Uma
pessoa contrariada, contraria o bom e o mau, o bem e o mal. Contraria tudo e está
sempre na contramão porque é um espírito contrariado. E só existe
uma maneira de deixar de contrariar: submetendo-se a Deus,
obedecendo de coração ao que é
certo e arrependendo-se de cada um de seus pecados do passado e do
presente para que seu próprio coração e consciência deixem de ser
uma arena de confrontos. Quem luta continuamente contra a convicção
ou contra a consciência, é uma pessoa conflituosa, quer o reconheça
ou não. E não é fácil lidar com tais pessoas estando nós em Deus.
"São todos como os espinhos porque se lhes não pode pegar com
a mão (...) qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de
uma lança", 2Sam.23:7.8. Haja
misericórdia! Contudo, é de notar que os contrariados entendem-se
entre eles, tal como os gatunos ou alcoólatras se entendem entre
eles e confiam uns nos outros. As espécies entendem-se e comungam
entre eles.
"Toda
a minha salvação está n'Ele", 2Sam.23:5.
Por vezes, existem palavras e afirmações na Bíblia que nos podem
passar ao lado por vários motivos. Um desses motivos é parecerem
palavras bonitas que não entendemos muito bem, que rimam ou que nos
caem bem - ou caem mal. Este versículo é uma dessas situações. Davi
fala em "toda a minha salvação". Isso pode significar
algumas coisas. Significa, logo à partida, que a 'salvação' parcial
é possível, isto é, alguém pode crer estar salvo quando Deus apenas
o livrou de certos pecados ou de certos meios usados pelo que o
faziam cair. Um fumador, por exemplo, tem uma
luta feroz contra o vício e quando o vence acaba por acreditar estar
completamente
salvo porque a luta era grande contra algo que o
dominava impiedosamente. A enormidade dessa luta fê-lo menosprezar
outros pecados que ficaram sem atenção e dos quais ainda não foi
salvo. A alegria da vitória sobre o vício colocará todos os outros
pecados em segundo plano ou dar-lhe-á menos importância como
ameaça. E qualquer pecado mata. É necessário que a salvação seja
completa e total, sendo salvos de tudo e nunca confiar numa salvação
parcial. Não é preciso que uma bomba atómica caia sobre sua casa
para você ser morto. Uma pequena bala mata com a mesma facilidade.
Por outro lado, Davi afirma que essa salvação total e completa "está
n'Ele". Sempre que começamos a ver o pecado como uma ameaça séria
demais para passar despercebida, a tentação de nos salvarmos a nós
próprios surge das trevas para que não sejamos salvos por Jesus e
Seu poder. E Ele é o único Salvador e não existe outro. Qualquer
outro salvador ou outra metodologia de salvação torna-se Seu
competidor e não Seu auxiliar. Sendo nós a tentar salvar-nos a nós
próprios, a nossa salvação não está n'Ele. "E bendito o teu conselho
(...) que hoje me estorvou (...) de que a minha (própria) mão me
salvasse",
1Sam.25:33,26.
A fase
de crescimento é crítica por causa das convivências e das
circunstâncias onde fomos achados por Deus. Devemos escolher com o
que e com quem conviver em qualquer fase de crescimento pessoal.
Será
possível que Deus me abandone? Sim, isso é possível como também é
possível que nunca me abandone. E se um dia me abandonar, será por
uma boa causa e boa razão, pois, Deus não consegue ser mau. Até
abandonando-me será justo e estará fazendo o que é certo e bom.
"No seu
furor os confundirá", Sal.2:5.
Lemos em muitos lugares das Escrituras e em situações variadas e
multiformes que os homens serão confundidos. Lemos, também, que
muitos dos que ficam confusos são os que se chamam pelo nome de
Deus: os crentes. A confusão torna-se ainda mais aguda precisamente
por serem crentes. E por que razão serão confundidos? Toda a pessoa
confusa neste aspecto é e será sempre alguém que crê uma coisa e
sai-lhe outra ou que espera uma coisa e acontece algo muito
diferente ou mesmo oposto. E é precisamente isso que acontecerá:
alguém espera uma coisa da parte de Deus e acontece-lhe o oposto.
Muitos dos que esperam o céu, receberão o inferno; os que fazem
piadas a respeito das coisas do céu verão Deus rir-se deles e não da
piada, ao invés de lhes estender a mão; os que esperam alcançar
misericórdia só no fim das suas vidas, havendo-a rejeitado para que
conseguissem ser salvos de todos os seus pecados atempadamente,
serão surpreendidos com a ira e a rejeição de Deus. Não nos
enganemos a respeito de Deus. Ele nunca mudou e nunca mudará.
Existem
coisas que dão certo ou demoram a dar certo e outras que não dão certo
sequer. Mas, o que conta é o testemunho interior verdadeiro, pois,
deve haver um testemunho de Deus que deve prevalecer acima de tudo.
E sempre que qualquer coisa que Deus tenha pronunciado demore a
concretizar-se - se foi realmente Deus quem falou e se a pessoa
permanece n'Ele - o testemunho interior prevalecerá. Nas pessoas que
não têm esse testemunho ou que não conseguem tê-lo por se
encontrarem afastadas de Deus no verdadeiro sentido da Palavra por
algum pecado, um substituto desse testemunho prevalecerá. Esse
substituto é uma mistura de teimosia com um sentimento perverso
vindo duma imagem que o próprio criou a seu respeito onde pensa
demais dele mesmo e a qual, por vezes, é instigada e patrocinada por
demónios. É um sabe tudo, um faz tudo, um sabe melhor e um consegue
tudo que insiste que deve ser ouvido em tudo, ofendendo-se sempre
que não é levado em conta ou ouvido. Torna-se um impositor. Quem
impõe é um impostor. E qualquer impõe torna-se um opositor de Deus e
de todo o tipo de bom senso. Nunca nos devemos esquecer que existe
um substituto carnal para cada virtuosismo ou para cada virtude
vinda de Deus, pois, fomos criados para essas virtudes. Estando
vazios pela ausência dessas virtudes, a orgânica da criatura tratará
de preenchê-la com qualquer outra semelhança. E semelhança de
qualquer coisa da terra ou do céu é uma forma de idolatria. É por
essa razão que a teimosia é idolatria (1Sam.15:23),
pois, preenche com substitutos de Deus. Por isso é que os carnais se
enganam muito a respeito da santidade ou da santificação. Para não
desagradarem pessoas, tentam agradá-las elevando essa atitude como
amor. E agradar não é amor - é um substituto. Por isso é que a
'santificação' carnal é repressiva e a verdadeira substitui o pecado
completamente, eliminando costumes e gostos antigos e preenchendo a
alma com a santidade e o desejo por ela. A carne quebra o vaso que
tem água suja para evitar que torne a encher-se; a verdadeira
justificação e santificação limpa o vaso e (pre)enche-o de água viva
e limpa. A teimosia é substituída por obediência ao testemunho;
crença é substituída pela fé que vem dum convívio real com Deus; a
verdadeira esperança substitui o engano próprio; e, assim, todo vaso
é transformado ao invés de ser reprimido ou quebrado. Tapar a boca
do vaso para não tornar a encher-se de água suja é, também, tapá-lo
para não ser preenchido de água pura, abundante e viva. Todo aquele
que impõe, opõe-se à verdadeira obra de Deus e cria oposição ao
invés de disposição para com Deus. "Irá adiante dele no espírito e
virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os
rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto",
Luc.1:17. Você cria disposição
nas pessoas ou indisposição?
"Eu te
tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses o chefe
sobre o meu povo, sobre Israel",
2Sam.7:8. É bom levar em conta o
que Jesus disse: "Quem for fiel no mínimo será fiel no muito". Ora,
Davi foi fiel como pastor de ovelhas, provavelmente, ao contrário de
seus irmãos. Sendo fiel nisso e dependendo de Deus integralmente
nesse aspecto poderia ser colocado como chefe do povo de Deus porque
lá também dependeria de Deus para tudo. José
foi fiel em tudo dentro da prisão e durante seu tempo como escravo
de Potífar, mantendo uma comunhão contínua e sã com Deus a ponto de
poder ouvir diligentemente e prontamente a voz de Deus. Manteve-se
assim, também, depois de se haver tornado rei do Egipto. São homens
assim que Deus procura. Ninguém sentir-se-á satisfeito num lugar
diferente se não estiver satisfeito em Deus no lugar mais incómodo
do mundo. "Teme ao Senhor,
filho meu e não te entremetas com os que buscam mudanças",
Prov.24:21. O coração que a
pessoa tem irá com ele. Ninguém será fiel na riqueza se não for
permanentemente fiel de coração nos seus poucos recursos da pobreza,
com seu tempo, sua energia. Ninguém será fiel no casamento se não
for fiel antes de casar. E por aí podemos seguir o raciocínio em
todas as áreas da nossa vida. É preciso sermos fiéis de coração e de
natureza. Deus só busca um coração fiel. O resto é com Ele. "Já tem
buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração",
1Sam.13:14. "Porque, quanto ao
Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte
para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele",
2Cron.16:9.
"Vai
e faz tudo quanto está no teu coração, porque o Senhor é contigo",
2Sam.7:3. Um profeta que anda
com Deus falando assim sabe o que diz. Quando uma pessoa está com
Deus e Deus com ele, como acontecia com Davi, deve fazer aquilo que
está em sua mão para fazer, seguindo toda a providência de Deus. Foi
isso que o profeta assumiu como verdade naquele momento, mesmo tendo
voltado atrás com sua palavra por Deus ter dito outra coisa
posteriormente. E haja profetas que se corrigem e expressem melhor
aquilo que Deus corrige.
"Será
árvore (...) que dá fruto na estação própria...",
Sal.1:3. Todos sabemos que o
tempo de Deus existe, de facto. Ninguém pode negar isso. Contudo,
lendo aqui que existem árvores que dão fruto na estação própria por
estarem plantadas junto a ribeiros de água viva, podemos assumir que
existem árvores cujo fruto é fora de tempo ou mesmo inexistente por
dependerem muito das intempéries, do clima e das circunstâncias.
Existem pessoas que se esforçam apenas sob problemas e
circunstâncias adversas, cujo fruto vemos apenas quando se sentem
pressionadas a recorrer a Deus, isto é, a recorrer às chuvas
temporãs.
Fazem isso porque não estão permanentemente plantadas junto aos
ribeiros de água viva. Somente sob circunstâncias adversas conseguem
mostrar algum fruto. Não estão plantadas junto dos ribeiros de água
viva, isto é dizer que, na verdade, o seu prazer não é propriamente
na Palavra do Senhor e seu tempo não tem espaço para meditar nela a
não ser que sejam obrigado pelas carências e pelas circunstâncias.
Aproximam-se de Deus sob o aperto e dificuldades. Mas, quando estão
bem, afastam-se d'Ele. Não são as mesmas pessoas no bem e no mal, na
doença e na saúde, na pobreza e na riqueza. Mudam conforme as
circunstâncias. "Se vós estiverdes em Mim e as minhas palavras
estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito",
João 15:7. "Sei estar abatido e
sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas,
estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter
abundância como a padecer necessidade",
Fil.4:12. Há que estar na posição onde se permanece em
Deus, estando permanentemente plantados n'Ele. "Se alguém não
estiver em Mim (se alguém não conseguir permanecer em Mim), será
lançado fora como a vara e secará",
João 15:6.
Se eu,
algum dia tivesse o enorme privilégio de poder pregar todos os dias
da semana, certamente que usaria no mínimo um dia de cada semana
para pregar sobre o inferno.
Se eu,
algum dia tiver o privilégio de alcançar uma obra da dimensão de
Pentecostes, sei que até meus erros serão louvados e engrandecidos
por muitos e que muito do que fiz de perfeito será severamente
criticado por outros. Não sei qual dos partidos seria o mais errado,
pois, ambos contribuem para a mentira se engrandecer. Os que louvam
os erros (ao invés de reconhecê-los com um espírito de mansidão,
compreensão e de perdão no coração) fazem com que os opositores
tenham razões para desmentir tudo que diz a esse respeito.
"O Senhor
pagará ao malfeitor conforme a sua maldade",
2Sam.3:39. Se é verdade que Deus pagará ao malfeitor
conforme a sua maldade, também é verdade que pagará ao benfeitor
conforme a real bondade que existe no coração. Isto é, não será o
ato bom que determinará o pagamento daquilo que fez, mas, a verdadeira
bondade que existe dentro da pessoa responsável pelo dito ato que
praticou. Muitos fazem bem aos demais com motivos dúbios e sem
verdadeira bondade interior. Serão recompensados de acordo com o que
existe dentro do coração no momento do ato ou obra e não conforme o
tamanho do ato. Um ato pequeno vindo dum coração de grande bondade
será recompensado acima dum ato enorme com uma bondade pequena
dentro do coração. É possível o louco ser tido como o nobre que não
é; e que o avarento seja tido como generoso,
Is.32:5. Uma obra pequena será
galardoada em conformidade com a bondade que existe no coração e não
conforme o tamanho da obra. "Em verdade vos digo que lançou mais do
que todos esta pobre viúva",
Luc.21:3. O mesmo princípio é
aplicável relativamente à transgressão e ao pecado. Uma transgressão
ocasional ou impensada de alguém que tem coração transformado e
bondoso (santo), sendo algo que não saiu do coração e antes da
inaptidão ou da ignorância, nunca receberá o mesmo tratamento ou
galardão que alguém que transgride tendo um coração mau.
"Repreenderá com equidade os mansos da terra",
Is.11:4. Mesmo que o ímpio
cumpra em algum aspecto, mas, tendo um coração mau, será julgado. Cada qual receberá de acordo com a maldade que
existe em si, isto é, conforme o coração que tem. Até mesmo o
arrependimento de ambos é diferenciado. Enquanto um deve alcançar
perdão e a transformação - sem transformação não há perdão - o que
tem coração puro deve alcançar perdão para poder manter o que já tem
(ou teve). "Não retires de mim o teu Espírito Santo",
Sal.51:11.
"Porque
eu conheço que o Senhor é grande", Sal.135:5. Eu ouço muitas pessoas louvando e cantando e
sempre achei que existe uma falsidade de coração, uma falta de veracidade em seus cânticos de
louvor, uma falta de realidade que tentam compensar puxando por
sentimentos que não têm ou gostariam de ter. Na verdade, poucos
enxergam isso como hipocrisia ou como um vómito abominável pelo qual
puxam e o qual forçam. Quem não experimenta na vida prática toda a
grandeza de Deus deveria repensar a forma como canta para ver se,
por acaso, aquilo que canta é uma constatação da realidade de sua
vida e experiência pessoal. O Salmista diz que conhece que Deus é
grande. Ele não suspeita que Deus seja grande, não crê apenas, mas,
conhece por experiência. E só quem conhece Deus dessa forma tem a
capacidade de reconhecer verdadeiramente que Ele é grande. Será que
todos os cânticos que se ouvem são aceitáveis para Deus e será que
os corações são verdadeiros naquilo que cantam? Talvez estejam
cantando apenas sobre aquilo que ouviram dizer ou pela melodia em
si.
Uma
mulher que não se submete ao marido ou um homem que se submete à
esposa torna-se num dos maiores tropeços e maiores enganos do
planeta. A esposa que não se submete não consegue ser homem por
muito que tente e, ao mesmo tempo, não está sendo mulher. Desocupa o
espaço dela para tentar ocupar um espaço ao qual não pertence e o
qual não consegue preencher. Acontece a mesma coisa com um homem que
se submete à sua própria esposa.
"As mulheres
(...) sejam boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que
a palavra de Deus não seja blasfemada",
Tito 2:5. É algo que devemos ter
em conta: toda a mulher que não se sujeita ao próprio marido
contribui para que a Palavra de Deus seja blasfemada, mal vista e
pouco desejável. Já ouvi pessoas dizendo das mulheres que não estão
à altura do verdadeiro evangelho de Deus: "Se é assim que se serve a
Deus, não quero nada com o Deus dela! Se isso é ser crente, Deus me
livre disso!"
"Os meus
inimigos se esqueceram da tua palavra",
Sal.119:139. Pela via humana cria-se aquela ideia
romântica de que, se nos tornarmos agradáveis a Deus, agradaremos a
todos. É puro romantismo, ainda mais quando nos tornamos
verdadeiramente de Deus. É preciso notar que a Bíblia afirma que os
justos serão perseguidos por serem justos - e não por outra razão
qualquer. Lemos que o Salmista afirma que os seus inimigos são
aqueles que se esqueceram da Palavra de Deus. Não são seus inimigos
porque o Salmista tem inimizade dentro dele, mas, porque a inimizade
existe ou passa a existir em quem se esqueceu da Palavra. A Palavra
de Deus, quando amada e reverenciada, tem a capacidade de
transformar para bem todos quantos se apegam a ela de coração. Por
outro lado, esquecer a Palavra, desprezá-la, ignorá-la ou
abandoná-la tem a capacidade de transformar qualquer pessoa para o
pior. Daí que todos aqueles que se esqueceram da Palavra de Deus se
tornaram inimigos do Salmista que preza e ama extremamente cada
palavra de Deus em sua plenitude. Foram levados para pólos opostos.
"Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas
espada",
Mat.10:34.
O erro
é sempre mais insistente e tenta ser mais persuasivo que todo
caminho certo porque não tem paz.
Há
sempre um caminho direito no meio de tudo que é torto quando Deus
nos guia verdadeiramente. No meio da confusão (que não nos deve
afetar) devemos seguir por esse caminho sem que nada e nenhuma razão nos interrompa.
"A salvação
está longe dos ímpios, pois, não buscam os teus estatutos",
Sal.119:155. Existe uma vaga
enorme de crentes que busca tudo de Deus menos a capacidade de
cumprir a verdade através de seus corações. Buscam prosperidade,
buscam paz e felicidade, tudo aquilo que qualquer demónio buscaria
também. O diabo também gostaria de ser feliz. O próprio diabo
ficaria muito feliz obtendo tudo isso. Nesse aspecto, não vejo
qualquer diferença entre esse tipo de crente e o diabo. Dizem-se
salvos porque frequentam a igreja, cantam bem e fazem tudo com
segundas intenções, isto é, desejam subornar Deus com sua adoração
querendo um Deus Todo-Poderoso do seu lado e ao seu serviço. Mas, se
os estatutos de Deus não são buscados acima de toda a coisa que
exista e se não são buscados pelo estatuto em si, não creio que se
torne fácil salvar verdadeiramente tal pessoa. Não creio em crente
que não busca um coração cumpridor e os meios de poder cumprir pela
graça - e não de outra forma. É preciso um coração transformado por
Deus - e não transformado pelo próprio - para poder ser cumpridor
através do poder da graça de forma exclusiva. Quem não busca isso
como um fim em si ou não acha se busca, não tem por que considerar-se salvo.
Salvo de quê? Somos salvos dos nossos pecados e somos libertos da
nossa capacidade de pecar e da capacidade de nos tentarmos salvar a
nós mesmos. Achar tal coração e os meios para conseguir isso não é o
mesmo que buscar a salvação como um meio para ter acesso a outros
fins. Nem mesmo a felicidade eterna deve ser a nossa finalidade
embora seja uma consequência inevitável. A nossa finalidade é buscar
forma de nos tornarmos cumpridores. Caso não seja, permaneceremos
ímpios quer acreditemos ou não que somos crentes, pastores ou
doutores da lei. Nunca nos esqueçamos que até mesmo Saul acreditava
que Deus estaria do seu lado. "E foi anunciado a Saul que Davi era
vindo a Queila.
E disse Saul: Deus o entregou nas minhas mãos, pois
está encerrado, entrando numa cidade de portas e ferrolhos",
1Sam.23:7. Parecia muito lógico para o endemoninhado Saul
que Deus entregaria o ungido Davi nas suas mãos para o matar. Até
onde pode chegar o engano de alguém!
Além
do engano em si, as doutrinas da prosperidade têm como alvo a
desmotivação de muitos e conseguem colocar muitos corações contra
Deus, principalmente os corações daqueles que acreditam nesse tipo
de doutrina. Um fato irrefutável é que Deus usa muitas das
circunstâncias da vida terrena (senão todas) para alcançar todos os
Seus propósitos dentro e fora dos corações das pessoas. "O Senhor olha desde os céus e está
vendo a todos os filhos dos homens; Ele é que forma o coração de
todos eles", Sal.33:15. Ora, sempre que não conseguimos separar
Deus e toda a Sua obra da prosperidade, seremos confrontados com
certas realidade que nos farão crer que Deus não nos ama, ou que não
existe ou que nos levará a procurar uma agulha no palheiro tentando
achar a razão de não sermos prósperos. A verdadeira
prosperidade prometida é, na verdadeira essência da Palavra, sermos
ricos em entendimento e, muito principalmente, em verdadeira vida. O
resto depende da vontade de Deus e do que Ele puder acrescentar sem
colocar em risco a nossa eternidade.
"A Tua
lei é a verdade", Sal.119:142.
Muitos falam da Lei como um advogado falaria. Mas, é preciso ter em
conta que, no caso de Deus, a verdadeira Lei tem outra definição.
Quem é verdadeiro de coração e anda na verdade, anda na Lei. A Lei
de Deus é a verdade e é ser-se verdadeiro.
"Desviei
os meus pés de todo caminho mau, para observar a tua palavra",
Sal.119:101. É verdade que quem
observa a Palavra desvia seus próprios pés de todo o caminho mau.
Mas, não podemos confundir a manutenção com as condições e com os
requisitos para o início ou mesmo o reinício duma obra séria no
coração do homem. Para se observar a Palavra é necessário e
imprescindível desviar os pés de toda a aparência do mal. É uma
condição. É uma decisão e um ato do coração do homem. A graça, sendo
um poder ativo, não será achada doutra maneira, a não ser com a
finalidade de manter os pés e o coração de alguém longe do mal. A
graça é o poder do alto e o poder do alto é uma manifestação
inequívoca do poder da graça.
"Andarei
em liberdade, pois, busquei os teus preceitos",
Sal.119:45. Andar em liberdade
tem mais que se lhe diga do que conseguir superar ou vencer o
pecado. Significa que andamos em santidade de maneira natural, como
se nunca tivéssemos andado ou vivido doutra maneira. Significa que o
pecado se torna algo absurdo e, por isso, tal pessoa nunca será sábia
aos próprios olhos e nem sequer se verá como santo aos próprios
olhos porque vive na santidade como se nunca houvera vivido de outra
maneira. Não discute a sua própria santidade da forma que não
discute o seu próprio respirar. Só se manda respirar aqueles que têm
sérios problemas respiratórios e só discute a sua própria santidade
aquele que não se tornou santo.
Qualquer
pessoa que se engana a ela própria dirá sempre que está sendo
enganada pelos outros. "Todos os caminhos do homem são limpos aos
seus (próprios) olhos", Prov.16:2.
"O engano
(dos que desviam dos Teus estatutos) é falsidade",
Sal.119:118. Vamos entender este
versículo melhor. "O engano (dos que desviam dos Teus estatutos) é
falsidade existente". Muitas pessoas enganam-se e dizem-se
enganadas. Mas, o engano só se desenvolve plantado em solo
apropriado. Existe um tipo de engano que ocorre por causa da
falsidade que existe no coração e o qual a pessoa não reconhece como
tal por ser algo do próprio coração. O olho do homem vê adiante,
mas, não se vê a ele próprio. A mão não consegue agarrar a ela
própria. O mesmo acontece com o coração, o qual necessita da mão
externa da graça ativa e operante. Quando o homem se desvia e
permanece no engano (mesmo a ponto de conseguir cantar os cânticos
de Deus em terra estranha), não é devido a um engano casual ou
pontual, mas, é por causa da falsidade existente a nível do coração.
(Isso não significa que o desviado não prega a verdade ou que deixa
de cantar os hinos de Deus. Também nem sempre é verdade que a pessoa
que permanece no caminho sob tentação já esteja transformada, mas,
significa, apenas, que se mantém no caminho onde pode ser
transformada). Essa é a causa do desvio e não a tentação: a
falsidade no/do coração. "Saíram de nós, mas, não eram de nós;
porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas, isto é para que se
manifestasse que não são todos de nós",
1João 2:19. A pessoa não se
desvia por ser tentada, mas, porque é falsa para Deus a nível de
coração. Sabemos que qualquer pessoa pensa bem demais dela própria e
confia mais nela mesma que em Deus ou em Sua palavra, a qual afirma
que o coração é enganoso acima de todas as coisas. Nisso o homem
torna-se incapaz de crer porque confia no que sente a seu respeito.
Por norma, também, nunca olha para seu próprio coração como opositor
de Deus e acredita, antes, que Deus é amigo do seu coração. Se o
coração nutrisse amizade por Deus e não inimizade contra Ele, não
necessitaria ser transformado. Por essa razão, quando o homem se
sente enganado em seus próprios caminhos busca outros culpados e
assume estar inocente ou a ser injustiçado. Por vezes, chega a
culpar Deus pelos erros dos seus próprios caminhos. Os enganos
surgem tendo como causa o engano do próprio coração, a duplicidade
encoberta aos próprios olhos ou os pecados do coração que impedem de
andar com Deus de forma real - sejam esses pecados secretos,
esquecidos, ignorados ou apenas encobertos. Não andando com Deus de
forma real, busca alternativas onde se afirmar, incluindo a crença
que já anda com Deus. É nesse aspecto que "o engano é falsidade" ou
que tem a falsidade encoberta como causa.
Muitos
creem que é pelo esforço que se demonstra que cumprimos os
mandamentos de Deus quando, na verdade, o mandamento deve ser uma
coisa do coração e não do esforço. Quando algo é do coração é natural, simples e,
muitas vezes, quase inconsciente. O esforço é chamado para exercer
os mandamentos do coração apenas quando existem interferências e
contrariedades como a perseguição, a distração, cansaço e outras
coisas mais que nos possam afetar a ponto de não estarmos em
condições de viver daquilo que realmente somos ou que nos tornamos em
Jesus. O esforço sentimental não é uma demonstração ou revelação do
coração e pode ser prova de não termos no coração aquilo que nos
esforçamos para sentir. Por não ser do coração tenta-se forçar
aquilo que não somos ou aquilo que não temos em nós.
"Seja
reto o meu coração para com os teus estatutos, para que eu não
seja confundido",
Sal.119:80. É possível alguém
tentar ser cumpridor ou mesmo cumpridor aparente por causa dos
ataques de consciência que sofre, ou pelo medo da condenação ou por
outro motivo maior. Contudo nem todos aqueles que tentam cumprir
alcançaram um coração reto naquilo que tentam cumprir. É desejável
que os mandamentos de Deus sejam uma forte expressão do coração de
quem os cumpre e nunca uma contrariedade para ele. Caso isso
acontecesse, seria como alguém que casou e não abandonou o coração
de solteiro e que persiste em pensar como solteiro. Devemos saber
que toda a nossa conduta deve revelar o verdadeiro conteúdo de todo
o nosso coração, isto é, os mandamentos devem ser a expressão dum
coração verdadeiramente transformado. Todo o nosso coração deve
estar estampado e visível em nosso rosto e em nossa conduta normal.
Quando isso não acontece, seremos como Saul que profetiza pelo
Espírito de Deus e atirava lanças assassinas pelo espírito do diabo.
O coração torna-se um traidor dos mandamentos e isso leva à
confusão. Ouvem-se vozes que se cumprem ao mesmo tempo que se ouve
uma voz que se deveria obedecer em detrimento das outras. Será dessa
maneira que alguém é confundido, pois, o coração não é reto dentro
dele. É preciso andarmos com Deus sem um coração contrariado e, ao
invés de tentarmos cumprir tendo ou mantendo esse um coração confuso
ou contrariado,
será melhor orarmos para obter um coração novo. Mas, torna-se muito
difícil alguém pedir um coração novo quando crê que já o alcançou. O
nosso coração precisa estar em uníssono com cada vontade de Deus e
com cada um de todos os Seus mandamentos. Se assim não for, seremos
confundidos ao longo do nosso caminho. "Pelo que amo
os teus mandamentos mais do que o ouro e ainda mais do que o ouro
fino (...) Considera como amo os teus preceitos;
vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua benignidade (...) A minha alma
tem observado os teus testemunhos; amo-os extremamente",
Sal.119:127,159,167.
Tanto
o bem como o mal devem poder produzir em nós o fruto da justiça,
isto é, eles têm a capacidade de tornar mais justos.
"De noite,
me lembrei do Teu nome, ó Senhor (...) Isto fiz eu, porque guardei
os Teus mandamentos", Sal.119:55,56.
Muitos falam da graça e de como opera, mas, muito poucos entendem
verdadeiramente o que significa, numa vida prática, o real poder da
graça. Se o Salmista afirma que conseguiu lembrar-se do nome de Deus
por haver guardado os Seus mandamentos, podemos e devemos tirar
muitas elações contrárias à corrente das doutrinas atuais a respeito
da graça de Deus. É graça activa que nos faz lembrar Deus como Ele
é. Mas, para nos lembrarmos de Deus precisamos andar com Ele e se não
andarmos com Ele, esquecê-lo-emos ou, no mínimo, não nos lembraremos d'Ele
em todos os nossos caminhos. Não é difícil lembrarmo-nos de alguém que nos toca
continuamente, que vive em nós e que se faz sentir através da Sua
presença real. É verdade que quem anda com Deus guarda todos os Seus
mandamentos e que quem guarda os Seus mandamentos por amor a Deus
anda com Ele. Contudo, nunca devemos esquecer que a graça (poder e favor)
implora-se e recebe-se. "Implorei deveras o teu favor (graça) de
todo o meu coração (...) Considerei os meus caminhos e voltei os
meus pés para os teus testemunhos", Sal.119:58,59.
"Ensina-me,
ó Senhor, o caminho dos teus estatutos e guardá-lo-ei até o fim",
Sal.119:33. Existem certas
condições e certos acontecimentos para que alguém possa guardar os
mandamentos de Deus até ao fim e, chegando lá, conseguir dizer sem
mentir: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé",
2Tim.4:7. Uma dessas condições é
sermos ensinados por Deus de forma pessoal e não pela boca dos
homens. "E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que
do Pai ouviu e aprendeu vem a mim",
João 6:45. Ninguém vem a Deus
aprendendo de homem, a não ser que Deus use aquilo que o homem ensina.
Ainda assim, devemos ser ensinados por Deus pessoalmente e
individualmente esquecendo o homem que nos ajuda ou ajudou.
"Meus
caminhos te descrevi e tu me ouviste",
Sal.119:26. A Bíblia afirma que caso confessemos cada
um de nossos muitos pecados pelo nome seremos prontamente perdoados,
assumindo que quem os confessa tem toda a intenção de abandoná-los
também. Isso tem muitas semelhanças com descrever para Deus todos os
nossos caminhos. Mas, tenhamos em atenção que é preciso que Deus nos
ouça. Para que Deus ouça é necessário que descrevamos todos os
nossos caminhos detalhadamente sem encobrir nada a ninguém sobre
ninguém e, também, que a nossa descrição seja perfeita e esteja de
acordo com a verdade, isto é, não deve ser aquilo que pensamos de
nós mesmos, mas, aquilo que é realmente verdade. Devemos
descrever aquilo que Deus vê da forma que Ele vê. Caso contrário,
nunca seremos ouvidos a respeito dessa descrição e muito menos a
respeito de qualquer outra coisa para sermos perdoados.
"Os Teus
testemunhos são o meu prazer e os meus conselheiros",
Sal.119:24. Sabemos que todas as
pessoas carnais buscam prazer através daquilo que fazem, pensam e
desejam. Outros buscam ter prazer nos testemunhos de Deus e na
Palavra. Sempre é melhor achar esse prazer na Palavra, pois,
significa que não o busca naquilo que lhe é oposto. Mas, o prazer em
si não acrescenta nada demais à vida prática, pois, o mandamento
deve tornar-se vida e virtude interior e o prazer pode, quanto
muito, tornar-se um incentivo para alcançar vida verdadeira, mas,
nunca pode tornar-se um fim em si mesmo. O prazer não pode ser o motivo pelo
qual pegamos na Palavra de Deus. Por isso é que ninguém se deve
contentar com o fato de achar prazer nos testemunhos de Jesus, pois,
esses testemunhos são dados para serem conselheiros profundos desde
o mais fundo da alma da pessoa e não mero prazer. Precisam trazer
vida e não mero prazer.
"Então,
tomou Saul o reino sobre Israel e pelejou contra todos os seus
inimigos em redor",
1Sam.14:47. Parece que tudo
começou a evoluir no bom sentido depois que Saul assumiu o trono,
tirando-o de Deus. Já ouvi muitos crentes sinceros afirmarem que
desde que se tornaram crentes as coisas deixaram de funcionar
conforme o desejado. Com um rei carnal, contudo, o povo carnal
entende-se bem e sente-se protegido e abençoado. Mas, Deus é
espiritual e havendo falta de espiritualidade real em todo o Israel,
torna-se óbvio por que razão "a palavra do Senhor era de muita valia
naqueles dias e por que não havia visão manifesta",
1Sam.3:1. Nos homens da carne,
as coisas funcionam através do poder da carne; nos espirituais,
somente pelo poder ativo da graça. Ora, quando os homens esperam em
Deus e continuam carnais, é óbvio que não ouvirão Deus; e para as
coisas funcionarem com eles ou se tornam espirituais ativos no
verdadeiro sentido da palavra ou se voltam para o poder do mundo,
caso contrário permanecerão estagnados - ou enganados. A nossa opção
não deve ser entre se as coisas funcionam ou não e antes se são
alcançadas através de Deus ou da carne. O maior sinal da nossa
segurança espiritual é se tudo que fazemos aqui na terra é feito da
maneira que tudo é feito no Céu e alcançado dessa forma, isto é,
"aqui na terra como no Céu".
"...Para
que me vingue dos meus inimigos", 1Sam.14:24. Foram palavras de Saul proferidas a respeito
dos Filisteus. Ora, quando os inimigos passam a ser nossos inimigos
e não os temos mais como inimigos de Deus - sendo inimigos de Deus -
acontecerá que lutaremos pela força da raiva e do furor que não vem
de Deus. Esse tipo de ira não opera a justiça de Deus e muito menos
a Sua santidade (Tiago 1:20). O
que nos deve mover é a força de Deus e da graça, a qual, inúmeras
vezes é imitada pela força da carne. Sendo imitada, a vontade de
Deus é limitada ou simplesmente anulada. O nosso zelo nunca deve ser
a raiva, o ódio, a impaciência, o medo ou outra coisa carnal que nos
faça mover em prol do que é certo (e deixou de sê-lo por causa do
pecado do coração e porque os motivos pelos quais executamos se
tornaram pessoais e carnais). Se lutamos, lutemos por Deus - com
Deus. Senão, iremos ter ideias carnais que nos prejudicarão nos
nossos caminhos em muitos sentidos, tal e qual a maldição de Saul
prejudicou o povo ao não alimentar-se durante a dura batalha (1Sam.14:29),
enfraquecendo o povo quando deveria ser fortalecido. E será assim
que um caminho mau nos parecerá bom e o errado nos parecerá certo.
Tenhamos o pecado como o inimigo de Deus e não meramente apenas como
nosso inimigo. Todos os inimigos de Deus são os nossos inimigos.
Contudo, isso não significa que os nossos inimigos sejam todos
inimigos de Deus.
"Vivifica-me
no Teu caminho", Sal.119:37. É
bem possível alguém tentar entrar nos caminhos de Deus e não andar
neles vivificado. Isto é, os caminhos são seguidos na base de leis e
preceitos e nunca pela vida do coração e pelo amor a Deus no poder
da graça. Precisamos, não apenas andar nos caminhos de Deus, mas,
sermos vivificados neles.
"Bem-aventurados
os que trilham caminhos retos e andam na lei do Senhor!",
Sal.119:1. Esta bem-aventurança
tem mais que se lhe diga do que apenas a recompensa real (atual ou
final) daqueles que conseguem ser retos e justos diante de Deus e de
todos os homens. Tem muito a ver, também, com o estado de graça
prévio no qual se possam encontrar todos aqueles que são capazes de
andar com Deus ininterruptamente. Se não forem bem-aventurados não
conseguirão trilhar todos os caminhos de Deus. É através do poder da
graça que conseguimos andar e permanecer erguidos em todos os
caminhos de Jesus. "Faz bem ao teu servo, para que viva e observe a
tua palavra"; "...Concede-me piedosamente a tua lei",
Sal.119:17;29. Há que ser vivo e
manter a graça fluindo através da obediência. Sem essas coisas
ninguém conseguirá ser bem-aventurado e ter um final feliz. Há que
buscar graça e achá-la sem qualquer demora.
"Folgo
mais com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as
riquezas",
Sal.119:14. existe sinceridade
numa afirmação destas quando a pessoa é realmente materialmente rica
e sua vida prática demonstra ou comprova aquilo que diz e afirma.
Sendo o pobre a dizer isto, não sendo rico, não passará duma boa
intenção de princípios difícil de comprovar pela sua vida prática.
Contudo, existe uma forma de testar essa capacidade ou virtude no
pobre. Basta olhar para o quão insatisfeito ou quão
satisfeito ele se encontra em sua situação de precariedade material
e se apenas Jesus o satisfaz sob essas circunstâncias. Se ele vive
satisfeito com a providência que lhe cabe da parte de Deus
certamente poderá tornar-se alguém que folgará ou folgaria mais nos
testemunhos de Deus que nas riquezas.
Eu
tenho a opção de partir para a guerra quando sou agredido ou de
passar ao lado da agressão mantendo o meu rumo intacto, isto é,
continuar fazendo o que estava fazendo. "Enquanto os príncipes se
conluiavam e falavam contra mim, o teu servo meditava nos teus
estatutos"; "Os ímpios me esperam para me destruírem, mas, eu
atentarei para os teus testemunhos",
Sal.119:23,95. Não é possível
ter comunhão com o mal e, agredi-lo, é ter essa comunhão. Caso seja filho de boa gente, isto é, de
Jesus, não sinto o mal e nem me ressinto dele. Contudo, não posso
obter essa sabedoria de vida enquanto agradar ou desagradar pessoas,
pois, a agressão pode conseguir de mim tanto uma coisa quanto a
outra e, por vezes, em simultâneo. E tanto numa quanto na outra
estarei envolvendo meu coração nos pecados alheios e ser
participante neles,
1Tim.5:22.
"Com
os meus lábios declarei todos os juízos da tua boca",
Sal.119:13. Eis aqui um exemplo
de sermos imitadores de Cristo. Aqui não lemos que "com os meus
lábios declararei todos os juízos" e sim "todos os juízos da Tua
boca". Aquilo que Deus diz, nós dizemos; aquilo que Deus pensa, nós
pensamos - não dizemos; aquilo que Deus faz, nós fazemos - não
dizemos. "Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo
não pode fazer coisa alguma, se não vir fazer o Pai, porque tudo
quanto ele faz, o Filho o faz igualmente",
João 5:19. Mas, é necessário ver Cristo e obter plena
comunhão com Ele para podermos fazer o que Ele faz como Ele faz.
Como seremos imitadores de quem não vemos?
"E verás
o aperto (...) em lugar de todo o bem que houvera de fazer",
1Sam.2:32. Para muitos daqueles
cuja fé que se baseia em doutrinas é inaceitável a verdade de que o
bem que Deus determinou fazer possa tornar-se em mal sem igual.
"Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora
as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo",
Heb.4:3. Há que ter em conta que
Deus pode e deve irar-se. Quem suportará toda a ira de Deus?
"A minha
boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me
alegro na tua salvação",
1Sam.2:1. É preciso entender a
diferença entre palavras e expressões. "Porquanto me alegro"
não é o mesmo que "por isso me alegro". Não nos podemos alegrar na
salvação por Deus nos ter dado outras coisas. Nós alegramo-nos
noutras coisas porque Deus nos deu a salvação. A nossa verdadeira
alegria deve consistir no fato real de que nos livramos do nosso
próprio pecado, que fomos salvos de todos os nossos pecados e de
todos os amores pelo mundo. Esse tipo de alegria nesse tipo de
salvação significa que, a partir de então, o mundo entristece-nos e
não temos mais saudades dele e antes sentimos pudor dele. O mundo
estuprava-nos e a salvação compõe-nos novamente. A nossa verdadeira
alegria não consiste na queda de nossos inimigos, mas, no fato de
estarmos ou sermos salvos de todos os nossos pecados.
"Fala
disto, exorta (...) ninguém te despreze",
Tito 2:15. É importante que ninguém
que tem o dom de exortar se veja limitado pelo desprezo dos demais.
Esse desprezo pode surgir por muitas razões ou não fosse Tito
avisado por Paulo a esse respeito. Excluindo o fato de que um
profeta da casa nunca ser reconhecido e respeitado em seu próprio
ambiente, contudo, existem outras maneiras de perder o respeito e de
ganhar o desprezo de muitos. Uma vida de tropeços pode provocar o
desprezo dos demais, principalmente quando esses tropeços não tenham
como origem um evangelho puro e limpo (pois, o verdadeiro Evangelho
faz tropeçar tal como a Pedra de Esquina e é tropeço para muitos
dissolutos e irreconciliáveis; contudo, esse tipo de tropeço não dá
origem ao tipo de desprezo do qual Paulo fala aqui). Cada um deve
analisar a própria vida de forma a que a única causa de desprezo
possa ser aquela que tem como causa um Evangelho puro. Ser
desprezado como Jesus foi ao recusar sair da Cruz para fazer a
vontade do Pai, é divino. Mas, ser desprezado por falar o que Jesus
não mostra ou de viver mundanamente é diabólico. Que cada um analise
a sua vida à luz verdadeira do Espírito Santo.
"Morrereis
no vosso pecado. Para onde eu vou não podeis vós ir",
João 8:21. Se não podemos morrer
com algo que não nos permita entrar nos céus, certamente que também
não poderemos viver com isso antes de morrermos. A vida eterna
começa aqui e recebemos essa vida de Jesus. Ora, se o pecado nos
impede de usufruir dessa vida eterna após a morte, certamente que
nos impede de vivê-la enquanto aqui na terra. Se algo nos impede de
entrarmos na eternidade em paz com Deus, certamente que esse algo
nos impedirá de vivermos em paz com Ele aqui. Tudo o que impede que
a morte se transforme em vida eterna, impede de caminharmos com
Jesus aqui na terra e Ele conosco. Não nos custará apenas a
eternidade, mas, impedirá a comunhão com Jesus, a Sua aprovação, o
caminhar com Deus e tudo o que isso implica e acarreta. Se não
vivermos bem com Ele agora, não viveremos com Ele depois.
"E,
com ira e com furor, exercerei vingança sobre as nações que não
ouvem",
Miq.5:15. Já vi muitas pessoas
queixarem-se de que não ouvem Deus. É verdade que muitos ouvem e não
entendem que ouvem. Mas, existem os que realmente não conseguem
ouvir a voz de Deus e muito menos distingui-la de outras vozes. É
para todos este aviso sério. Deus irá vingar-se disso, certamente.
Sabendo que quem consegue ouvir é ovelha, significa que todos os que
não ouvem não se tornaram ovelhas. Daí a vingança sobre quem não
ouve.
"Ele
apascentará o povo na força do Senhor",
Miq.5:4. Muitos dizem-se
apascentados. A Bíblia também fala dos que se apascentam a eles
próprios sugando os recursos das ovelhas. Como eles se apascentam a
eles próprios e os demais apenas se sentem apascentados, daí a afirmarem
que são apascentados por Deus é um pequeno passo. Lembremo-nos que
só seremos apascentados por Deus caso consigamos sê-lo pela Sua
força. Se é a força própria que tenta apascentar pelos caminhos de
Deus, logo a pessoa comete o enorme crime de se apascentar a ela
própria. Onde há pastores que se apascentam a eles mesmos haverá
seguidores que são apascentados pela força da carne. Lembre-me que deve estar firme, mas pela força do Senhor.
Case se sinta firme, mas não é pela força do Senhor, você está em
processo de queda e sua vida corre o maior perigo.
"Ora,
no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os
judeus",
Dan.3:8. Os Caldeus,
principalmente os mais proeminentes, começaram a odiar os Judeus por
causa da piedade, ascensão, fidelidade e integridade de Daniel e
seus pares. Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que a causa desse
ódio que se disseminou contra todos os judeus deriva de pessoas como
Daniel. O mundo nunca perdoa a integridade dum santo, pois, não
consegue alcançar nada daquilo que a integridade alcança a longo
prazo. "E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus
padecerão perseguições",
2Tim.3:12.
Quando
tudo acabar, Deus virará as costas para sempre a todos aqueles que
não se salvaram. É uma perspectiva aterradora a de nunca mais ser
lembrado por Deus. Aqui na terra, até o mais vil pecador mantém a
esperança de que um dia possa ser lembrado por Deus. Depois da terra
passar, não haverá mais essa esperança e muito menos essa
possibilidade de alguém ser lembrado por Ele.
"E foi-lhe
dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o
linho fino
são as justiças dos santos",
Ap.19:8. Sabemos que muitas
figuras das palavras da Bíblia representam verdades inconfundíveis.
Aqui ouvimos sobre o linho fino (branco) do qual se veste a noiva de
Cristo. O branco representa a santidade e a pureza; o linho
representa os atos e a vida das pessoas. Para além disso,
resplandece, isto é, revela aquilo que é e chama a atenção sobre si.
Casando-se com tal noiva, é com essas características que Jesus se casa porque os
dois se tornam um. Jesus, ao ver-se junto e associado a tal noiva
assume e associa-se necessariamente àquilo que os santos são e do
que se vestem, isto é, o linho do qual se vestem não mais representa
apenas a pureza e santidade da noiva, mas, revela Jesus também
porque eles são Seus. Será que Jesus pode vestir-se das suas
justiças no presente momento sem aparecer manchado e sujo? Nunca se
esqueça que, aos olhos do mundo, Jesus se veste das justiças que
você tem, pratica e revela sem fingimento. Tudo o que é forçado é
fingido. E de fingimento Jesus nunca se vestirá. "O nome de Deus é
blasfemado por causa de vós",
Rom.2:24. Quer queira quer não,
aqui na terra você continuará carregando o Seu nome sobre seus
ombros e o testemunho de Jesus para com o mundo depende muito
daquilo que você vive sem qualquer fingimento e não daquilo que você
é capaz de dizer ou pregar. É disso que o nome de Jesus se veste.
Jesus será amado ou odiado por causa daquilo que você representa e
veste. Aquilo de que você se veste representa fielmente tudo aquilo
que Jesus realmente é? Sua vida é uma fiel imagem de Jesus aqui na
terra? É através de sua vida pessoal que Jesus é lido e visto aqui
na terra. Por essa razão, "qualquer que profere o nome de Cristo
aparte-se da iniquidade",
2Tim.2:19.
"Todas
as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos
são manifestos",
Ap.15:4. Eu acredito que a
maioria dos estudiosos bíblicos nunca entenderam a Bíblia. Na
verdade, não levam a Bíblia a sério. No mínimo, não a entendem da
maneira que deve ser entendida. Perdem-se em seus próprios
pensamentos e deixam de estar abertos à verdadeira instrução e ao
verdadeiro ensino da verdadeira sabedoria da verdade instruídos pela
verdadeira sabedoria através do verdadeiro Espírito Santo. Sempre
que lêem a Bíblia não estão abertos aos ensinos do Espírito Santo e
seguem seus próprios pensamentos e interpretações. A interpretação
própria das coisas depende em grande medida da experiência que
alguém tem dessas coisas. Depois, sentem-se congratulados com seus
pensamentos 'bíblicos', algo que serve de incentivo para
prosseguirem na mesma senda de sempre. Sendo assim, evitam o enorme impacto
que a Palavra de Deus pode causar dentro da alma. Quando os juízos
de Deus são manifestos no verdadeiro sentido da Palavra, as pessoas
prostram-se. Deixem-me explicar. Quando algo é manifesto dentro da
alma da pessoa, o impacto é tão grande quanto aquilo que aconteceu
com aqueles cujos corações foram cortados em consequência de
Pentecostes. E mesmo quando não existe motivo (pecado) para se ser
cortado no coração dessa maneira, como aconteceu com os discípulos
que já estavam preparados e limpos para a vinda de Jesus (do
Espírito Santo), ainda assim o impacto nesses tem um efeito
duradouro e permanente de permanecia em Deus. É dessa maneira que desejamos que a Palavra
de Deus e todos os seus juízos sejam manifestos em nós. Nada mais e
nada menos que isso pode ser considerado como uma manifestação de
Deus. Um verdadeiro avivamento tem quase tudo aquilo que o Dia do
Juízo final trará. Através dum avivamento somos julgados nesta presente
vida, seja para salvação ou para condenação.
A vontade
de mudar e de ser transformado é o que faz Deus operar dentro e fora
daquele que deseja mudar. Quando Deus vê que o desejo existe de
fato, atende à oração e ao pedido de quem pede o poder da graça para
ser mudado. A vontade de mudar será, depois, transformada em vontade
de permanecer mudado quando a transformação ocorrer.
Creio
que é necessário haver provas e tribulações ao longo do caminho para
sermos limpos e podados de muita coisas. Contudo, existem vários
tipos de tribulações e provações. Existem provas que passam
rapidamente e existem as provações de longa duração. As de longa
duração podem tornar-se extenuantes, ainda que não sejam provas
duras. Mas, são absolutamente necessárias para um exercício
espiritual que tem como finalidade alcançar a constância e anular a
intermitência na vida espiritual. É necessário que permaneçamos em
pé e não estar sempre a levantar-nos ou a sermos erguidos. Se ainda
existem áreas onde se resiste a Deus crendo que se está a fazer a
coisa certa, uma prova de longa duração extermina todas as
esperanças falsas. Se essas provações não exterminarem todas as
esperanças falsas e todas as doutrinas falsas de sua mente,
exterminarão a si. Uma das maneiras de resistir a Deus é persistir
em crer que Deus dará aquilo que Ele deseja exterminar de nossas
esperanças mais remotas, ou que fará aquilo que não faz.
Parte
da minha obra é encorajar quem está no caminho de Deus ou em vias de
entrar nele e, também, desencorajar todos aqueles que não andam com
Deus ou que estão em vias de desprezar aqueles caminhos por onde
Deus guia. Dar ânimo e coragem aos tais que se desviam seria operar
contra a vida e contra a verdade.
"Aqueles
que esperam no Senhor herdarão a terra",
Sal.37:9. Esperar no Senhor tem muito mais que se lhe
diga do que um esperar de tempo. É verdade que existe o tempo de
Deus, como existe o tempo de nascer para uma criança em gestação.
Contudo, o tempo de gestação é determinado pela formação da criança
para chegar ao ponto de nascer. Não é o tempo que determina a
gestação, mas, é a gestação que determina o tempo. Mas, muitos
esperam em vão, pois, não existe gestação no espírito por aquilo que
esperam. Esperar em Deus tem muito a ver com expectativas operadas
por Deus dentro do coração e com certezas. Não se trata apenas de
deixar passar o tempo. Se não existe algo de concreto dentro da
pessoa operado pelo Espírito Santo, se a esperança não tiver
fundamento, toda a espera é em vão e tornar-se-á um desapontamento
sem igual. Além disso, o tempo de espera é um tempo de preparação e
de instrução para que a pessoa possa estar preparada para permanecer
fiel quando receber. Imagine uma senhora esperando um bebé. Ela sabe
que carrega algo dentro dela e ninguém lhe pode dizer o contrário.
Podem tentar convencê-la que não está grávida, mas, nunca a
convencerão. E ela sabe que, se tudo correr bem, a seu tempo nascerá.
Também acontece uma mudança de mentalidade ao longo do tempo de
gestação. A responsabilidade de ser mãe e de cuidar duma criança
chega ao ponto de tornar-se prazer, tal é a mudança no comportamento
e mentalidade de quem gera um filho. Assim funciona a expectativa
dentro de cada pessoa em quem Deus se manifesta. É disso que se
trata quando falamos duma espera no Senhor, de esperança e de
esperança que não engana. "Dele vem a minha esperança",
Sal.62:5. "Cristo em vós,
esperança da glória",
Col.1:27. Existem muitos que
insistem num tipo de esperança que não é operada por Deus neles. É
uma esperança própria, a qual não tem certezas de nada. Existem
muitos com um tipo de esperança sem terem Cristo verdadeiramente
neles.
Pode
acontecer a pessoa não saber qual a razão que faz Deus enviar a
tribulação ou pela qual permite a angústia. Contudo, isso não deve
impedir o gozo e a alegria vinda dos céus caso nossos caminhos
estejam realmente todos entregues a Deus. E se não estiverem todos
entregues em confiança total na providência de Deus, ainda está em
tempo de entregá-los. "Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes
em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé produz a
paciência", Tgo.1:3. Por aquilo
que lemos ou podemos interpretar desta parte de Tiago, a recusa ao
gozo sob estas circunstâncias tem muito a ver com a falta de
sabedoria verdadeira. "E, se algum de vós tem falta de sabedoria,
peça-a a Deus e ser-lhe-á dada",
Tgo.1:5. Pedindo esta sabedoria
caso não a tenhamos ou não a saibamos aplicar, é um ato de
fidelidade da nossa conduta e de nossa parte, isto é, é um lance
lógico e o único passo prático desejável.
"Quem
morará no teu santo monte? Aquele que anda em sinceridade, pratica a
justiça e fala a verdade segundo o seu coração",
Sal.15:1,2. Esta é uma combinação rara. Existem pessoas
sinceras com os demais na injustiça porque o mundo aprecia o
incorreto e o imoral. Basta alguém ter motivos errados para o bom
tornar-se mau. Logo, os que praticam a justiça de coração tendem a
calar-se e a tornar-se menos transparentes por não serem apreciados
pelo mundo - o que equivale a dizer que se tornam menos sinceros e
mais fingidos. Sendo assim, a combinação entre a sinceridade, a
prática da justiça e falar a verdade segundo o coração permanecendo
nessa justiça é rara e difícil de achar. Contudo, essa conjugação de
virtudes é condição inegociável para alguém permanecer em Cristo e
Cristo n'Ele, isto é, para alguém permanecer no santo monte.
"Os lábios
são nossos; quem é o senhor sobre nós?"
Sal.12:4. Devemos entender muito
bem a enormidade do pecado de quem não controla a sua língua ou de
quem a usa para tentar prevalecer. Não devemos usar argumentos e as
muitas palavras para prevalecermos. É a Deus que pertence qualquer
tipo de vitória. Tentar prevalecer pela língua ou pela linguagem é
resistir a Deus. Cabe a Ele o argumento final e é Ele quem o tem.
"Cada
um fala com falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e
coração dobrado",
Sal.12:2. Por norma, as pessoas
que lisonjeiam acreditam que isso é amor. Tudo o que for lisonjear,
encorajar falsamente, dar esperanças que Deus retira ou não dá, é
falsidade. Poucos lisonjeadores e bajuladores têm a capacidade de se
aperceber que têm um coração dobre, isto é, que buscam seus próprios
interesses lisonjeando os demais. Buscam amizade, destaque ou elogio
em retorno.
"Em ti
confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca
desamparaste os que te buscam",
Sal.9:10. Se Deus nunca
desampara aqueles que o buscam, você buscou Deus hoje?
"Então,
lhes falará na sua ira e no seu furor os confundirá",
Sal.2:5. Muitos serão
confundidos por muitas razões. Uns porque não crêem e subestimam a
verdade em relação a um Deus real; outros porque se crêem crentes
estando rejeitados; outros ainda porque se crêem corretos, sérios ou
sábios. Evitarão todo o tipo de confusão quando Deus se tornar real
a tempo de evitar serem confundidos e for feito rei,
antecipadamente, de forma real e prática, de toda a sua existência.
"Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião",
Sal.2:6.
Quando
Deus me tirar o emprego, o sustento ou qualquer outra coisa por eu
me haver afastado d'Ele, não o devo buscar por causa do que me foi
tirado e antes para retornar a Ele. Os motivos contam muito, pois,
sempre que isso acontece é para me fazer voltar para Deus e não para
reaver o que me foi tirado. Devo virar-me para Ele pelos mesmos
motivos que Ele me desamparou porque senão serei como um bebé que
não se encontra na posição certa para nascer. "Dores de mulher de
parto lhe virão; ele é um filho insensato, porque é tempo e não está
no lugar (na posição) em que deve vir à luz",
Os.13:13.
Deus
não tem a obrigação de nos ajudar - Ele tem o amor, o poder e a
misericórdia de nos ajudar em tudo e em qualquer coisa.
"Depois,
eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos,
ensoberbeceu-se o seu coração; por isso, se esqueceram de mim",
Os.13:6. Os motivos nas orações
e em qualquer forma de aproximação a Deus devem ser os corretos na
perspectiva de Deus. Os motivos impedem as orações e os motivos
certos, por si só, podem alcançar uma resposta concreta de Deus. Mas, ainda que
Deus atenda a uma oração com motivos errados, assim que a pessoa tiver
em mãos aquilo que a levou a aproximar-se de Deus, esquecer-se-á d'Ele. A pessoa com motivos errados não quer Deus - quer algo que
Deus possa dar. Havendo recebido, agirá como se não precisasse mais
d'Ele. "Para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra Mim, contra o
teu Ajudador", Os.13:9.
Existem
pessoas insatisfeitas porque as coisas estão mal e desejam o bem; e
existem pessoas insatisfeitas porque as coisas estão bem e desejam o
mal. O seu desejo mais intenso é a vontade de Deus ou a da carne?
"A incontinência
(...) tira a inteligência", Os.4:11.
Isto é verdade a respeito de qualquer tipo de incontinência, seja do
vinho, do ciúme, da língua solta, da critica ou qualquer outra forma
de incontinência. Até dentro do casamento podem ocorrer alguns tipos
de incontinência.
A fé
é aquela confiança em Jesus que não é intermitente. Mas, confiarmos
em Jesus não é confiar na nossa fé, pois, confiar na nossa fé é
sinónimo de confiar em nós próprios. E muitos confiam tanto em sua
fé que acabam por não perceber que já não estão confiando em Jesus.
"Tem
cuidado de ti mesmo (...) porque, fazendo (...) salvarás (...) os
que te ouvem",
1Tim.4:16. É bom que tenhamos
isto em mente: a salvação de quem nos ouve depende em grande parte
se fazemos e praticamos com todo o sucesso todas as coisas que somos
capazes de ensinar. Não é estudando e elaborando sermões que
conseguimos isso, mas, vivendo exemplarmente toda a vida de Deus.
Toda a nossa existência precisa estar de acordo com a dimensão da
promessa de Deus. Caso contrário, ainda não entramos no descanso que
nos é prometido.
"Orai
sem cessar", 1Tes.5:17. Se eu
fosse traduzir este versículo diria: "Orai sem desistir". Mas,
traduzido dessa maneira ficaria, ainda assim, um pouco aquém do que
ele pretende transmitir. Pode significar "orai incessantemente" ou
mesmo "orai sem omissão". Há que saber juntar esses significados
numa só palavra. Orar incessantemente pode e deve ser feito. Mas, há
que ter cuidado com repetições vãs; com pedidos de coisas às quais
Deus já atendeu - o que pode ser considerado como falta de fé; ou
mesmo estar a orar por orar, sem coração e apenas incitado pelo
dever de orar sempre - e qualquer oração sem coração não é oração;
ou pode significar que alguém anda pesado de coração sem se dirigir
a Deus. Depois, olhando para "orai sem omissão", teríamos de ver e
rever as causas que levam as pessoas a deixar passar a ocasião de
fecundar qualquer oração que exista no coração, isto é, ser atendido
a respeito de qualquer tipo de peso do Espírito sobre o coração no
momento que ele surge; depois, existem, também, aquelas orações do
dia-a-dia que se podem tornar monótonas pela ausência de coração
quando se ora. Sendo que o coração se ausenta, qualquer pessoa pode
distrair-se e omitir a oração, seja de agradecimento ou de busca da
bênção de Deus sobre algo que fazemos ou comemos. Depois, existe
"orai sem desistir" e pensamos logo na mulher Cananeia que
insistiu em ter apenas as migalhas que caiam da mesa dos filhos e naquela que
perturbou a Juiz a meio da noite em busca de justiça. Caso Deus não
queira atender por alguma razão - como aconteceu com os cegos de
Jericó - devemos saber que, insistindo sem desistir e gritando mais
alto como os cegos fizeram perante a tentação da desmotivação e do
'desprezo', Deus não apenas atenderá a oração como resolverá aquilo
que nos impede de sermos atendidos por Ele. Há que chegar ao ponto
onde possamos dizer sem nos enganaros, como Jesus: "Eu bem sei que sempre me ouves",
João 11:42. "E será que, antes
que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os
ouvirei",
Is.65:24.
É muito
fácil enganar uma pessoa enganada, tal como é relativamente fácil
encaminhar uma pessoa em cujo coração não predomina qualquer tipo de
engano. Os caminhos da vida dependem muito do tipo de coração que
temos - ou obtemos. É por essa razão que Deus muda o nosso coração
em primeiro lugar. É preciso saber que tudo depende do coração que
alguém possa ter ou obter. A medida exata de revelação da verdade ou
da manifestação do engano tem ligação e proporção direta com o tipo
de coração que temos ou que obtemos. Nunca nos enganemos a esse
respeito. Se é verdade que Deus dá o "Seu Espírito àqueles que Lhe
obedecem", também será verdade que deixa os desobedientes entregues
a eles próprios para serem guiados por qualquer vento de doutrina ou
de pecado. "Acima de tudo o que se deve guardar, guarda o teu
coração, porque dele procedem as saídas da vida",
Prv.4:3. "Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de
vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo",
Heb.3:12.
A curiosidade
pode ser uma virtude. Pode ser um dom e, como todos os dons, pode
tornar-se um tropeço.
Existem
muitos sermões longos, contínuos e extenuantes cuja intenção ou
alcance é somente manter os ouvintes nas igrejas para fazerem
numero. O seu alvo não é salvar pessoas de seus pecados e antes ter pessoas na
igreja.
Existem
muitos pecados que não chegam a ser exterminados e extintos por
existir alguma recusa em expor todas as suas raízes na luz. Cortar
os ramos duma árvore não a matará e poderá mesmo fazer com que,
podando-a, a torne uma melhor árvore. Mas, com as raízes fora da terra
criam-se as circunstâncias para não mais nos preocuparemos com os
seus frutos venenosos e indigestos e a sua sombra venenosa e
condenada. Por exemplo, existem pecados que são filhos de outros
pecados. As invejas e os ciúmes, por exemplo, fazem com que se fale mal de alguém;
com que hajam irritações e certo tipo de impaciência com pessoas;
cria a arrogância e chama glória (vanglória) para si próprio; faz
com que haja certo tipo de agressões verbais e físicas; o ciúme e a
inveja consomem a pessoa, consomem seu tempo, seus pensamentos e
orientam a sua conduta normal, o que, por sua vez, pode ser
considerado como tornar-se infiel naquilo que poderia estar fazendo
e não faz por se encontrar ocupado com outros assuntos. Esse é um
exemplo dum pecado com ramificações. Existem muitos mais. Logo,
expondo e anulando esse pecado pela sua raiz, muitos outros pecados
e suas ramificações morrem automaticamente por serem privados de sua
raiz. Um complexo de inferioridade pode levar alguém a querer
mostrar-se, a buscar amor carnal, a ter segundas intenções naquilo
que faz; pode incentivar o orgulho e a defender-se a si próprio de
fantasmas e ilusões; e tudo isso fica condenado a partir do momento
que a pessoa expõe os complexos de inferioridade como pecado e como
raiz de pecado para serem extintos. As heresias nascem, por
exemplo, porque a pessoa não anda com Deus. Elas exterminam-se
resolvendo o problema pela raiz. O sexo ilícito, a pornografia e os
pecados a isso associados exterminam-se conhecendo ou reconhecendo a
verdade sobre a ilusão que existe à volta desse tema. Tudo à volta
da sexualidade pecaminosa é ilusão sobre coisas que o verdadeiro
sexo não é capaz de dar ou de cumprir. Mas, ainda que as ilusões
dessem o que não conseguem dar, a pessoa amando Deus acima de tudo e
sabendo que tudo isso opera contra Ele, daria motivação suficiente
para exterminar essas ilusões. É tudo ilusão e quando tudo for
exposto como ilusão será extinto. De resto, todos os pecados e suas
origens obtêm sua vida na carnalidade, a qual, sendo verdadeiramente
extinta e aniquilada pela cruz e sendo substituída pela vida da
ressurreição libertará o novo ser para ser totalmente livre em
Cristo. Isto é, ser livre dessas coisas para viver para Ele.
Não
é insistindo contra o erro que ele será exterminado - é praticando a
justiça exclusivamente. Vivendo de Deus, aquilo que é passado vai-se decompondo
para servir de estrume para a nova vida. Só se aprende vivendo e
praticando a verdadeira vida através de Cristo, usando a graça como
poder - como poder exclusivo. A vida velha não merece mais atenção.
Se receber atenção, sobreviverá.
Tudo
aquilo que começa em Deus deve ser terminado em Deus e nada do que é
começado n'Ele pode terminar sem Ele. Não podemos terminar na carne
nada daquilo que foi começado pelo Espírito de Deus. Deus nunca deve
ser abandonado a meio do percurso quando nos introduz ou nos induz
em algo muito desejado ou ansiado. Devemos ter o cuidado de
permanecer em Deus. Certamente que seremos colocados à prova nesse
aspecto.
"Fiéis
em Cristo Jesus..." Ef.1:1. É
importante notar quantas vezes Paulo (e as Escrituras) realçam este
termo de estar em Jesus e as virtudes se tornarem funcionais n'Ele.
Não é apenas por Ele (através d'Ele), mas, n'Ele. Para isso
acontecer são necessárias duas coisas: estar em paz com Ele e
tornar-se funcional através duma vida nova, num novo estado. É fácil
um pecador permanecer com relativa paz longe de Deus, isto é, ter
aquela paz que o mundo dá; tal como é para um santo estar em plena
paz em Deus, na presença real d'Ele. O santo
sentir-se-á muito mal afastado de Deus tal como o pecador perto
d'Ele. Deus não muda para se adaptar a alguém. Deus é e será sempre
o mesmo. É, pois, necessário que a pessoa comece a sentir-se em casa
estando em Jesus e é necessário que essa vivência ou experiência
seja real. Mas, de seguida, há que conseguir ser fiel, ser virtuoso,
ser cooperante e viver todas as virtudes de forma prática através
d'Ele. São duas coisas distintas. Nada mais deve funcionar como
antigamente: "Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada
qual tudo o que bem parece aos seus olhos",
Dt.12:8.
"Se é
certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos
glorificados",
Rom.8:17. Não existe qualquer
benefício espiritual em passarmos por tribulações sozinhos, isto é,
não padecendo com Cristo naquilo que padecemos. Há que padecer com
Ele se desejarmos ser glorificados com Ele e sofrer naquelas coisas
pelas quais Ele sofreria. Se padecermos sem Ele, quereremos ser
glorificados sem Ele, isto é, queremos para nós toda a glória ou
que, no mínimo, alguma dessa glória nos seja atribuída. Existem pelo
menos duas maneiras de sofrer sem Ele: sofrendo naquelas coisas
pelas quais Ele nunca sofreria; ou tentando alcançar as coisas
celestiais através do braço da carne e por meios próprios, os quais glorificam o homem.
A rapidez
com que saímos de nossos pecados tem uma relação direta com a
intensidade do desejo de sair deles. A intensidade da luta também
tem relação direta com esse desejo: quanto maior for o desejo de
sair do pecado e quanto mais sincero, tanto mais intensa, tanto mais
rápida e tanto mais eficaz será essa luta. Vencemos com Ele.
Em
vários lugares, as Escrituras fazem alusão às obras da carne, tanto
direta como indiretamente. Creio, no entanto, que é um grande erro
associar as obras da carne apenas àquilo que é mau, como a avareza,
prostituição, ira e outras coisas mais. Essas obras e a força da
carne estendem-se e entendem-se muito para além disso e chegam a
tentar praticar o bem. Isto é, não apenas tentam fazer o que é certo
por via dum poder errado e inaceitável para Deus como impedem que a
graça de Deus seja livre de atuar e de alcançar por si mesma e de
forma exclusiva. Não se pode considerar aceitável ou mesmo razoável
que o diabo trabalhe dentro do templo de Deus - nem mesmo fazendo o
que é "certo". A graça é o poder alternativo que opera com o aval de
Deus e através da bênção de Jesus. Mas, deve operar verdadeiramente
de forma única e exclusiva. O poder da graça nunca opera em conjunto
com o poder da carne; opera contra ele. Por isso, é de assumir que
as obras da carne também sejam aquelas 'boas' obras praticadas por
via do poder do braço do homem ou para engrandecer qualquer homem.
"Por isso,
lhes falo por parábolas, porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo,
não ouvem, nem compreendem",
Mat.13:13. Vemos que Deus também
disse que falava com Moisés cara a cara porque ele era fiel em toda
a sua casa. Existe, realmente, uma relação entre a fidelidade e o
ouvir as coisas da parte de Deus de forma mais clara e mais
evidente. Os que são fiéis em tudo têm bom ânimo suficiente -
independentemente das circunstâncias onde se possam encontrar - para
serem fiéis a Deus em todos os detalhes e não necessitam de iscos
para se moverem em direção àquilo que não entendem. Os humanos
gostam muito de mistérios e de desvendar aquilo que entendem mal, ou
entendem pelo meio ou, como Jesus disse, entendem sem entender. O
fato de não entenderem aquilo que 'entendem' incentiva-os a
perseguirem no encalço daquilo que os poderá tornar fiéis. É a
sabedoria de Deus operando em prol da salvação. E quem diz isso,
pode dizer que existem os que recebem aquilo que não recebem; que
ouvem o que não ouvem; que tocam no que não tocam; etc. Moisés
tornou-se fiel, mas, viveu momentos quando aquilo que se
concretizava, não se concretizava, isto é, aconteciam os milagres,
mas, Israel não saía do Egipto. No final, ao tornarmo-nos fiéis em
tudo, devemos saber que as coisas mudam, tornam-se diferentes e que
precisamos doutros mecanismos e outros procedimentos para nos
podermos manter numa linha de conduta capaz de ser agradável a Deus.
A maneira de operar conosco muda quando nos tornamos fiéis em tudo.
Vai mudando na medida que a fidelidade se vai aperfeiçoando.
"Quando
o exército sair contra os teus inimigos (...) e entre ti houver
alguém que não esteja limpo, sairá fora do exército; não entrará no
meio do exército",
Dt.23:9,10. É bom saber e ter em
conta que Deus nunca mudou. Ainda hoje temos de estar limpos se
queremos ser prósperos contra o mal, contra o pecado e colocarmos o
Evangelho da verdade a vencer. Ainda hoje deveríamos estar com a
mesma força inicial de Pentecostes. Só não estamos porque existem
muitas impurezas dentro do exército que ora e anseia por avivamento
real.
Lemos
em muitos lugares das Escrituras que é possível invalidar qualquer
dos concertos que Deus fez ou faz conosco. Qualquer concerto ou
testamento é um acordo entre duas ou mais partes. Sempre que uma das
partes entra em incumprimento, anula-se todo o concerto.
Existem
pessoas que, na hora de colher é que começam a semear. Quando vêem a
colheita, começam a acreditar e a semear. Já vi muita gente assim.
Na hora de ir para o culto é que se começam a preparar, tomar banho
e vestir. Devemos saber preparar-nos, devemos criar o hábito de
estarmos preparados em antecipação. As virgens loucas - embora
fossem virgens e limpas - foram procurar azeite no momento que
precisavam de usá-lo. Não se prepararam. Muitos buscam graça em cima
da necessidade quando ela deve ser achada antecipadamente.
"Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em
tempo oportuno",
Heb.4:16. Somente os preparados
antecipadamente continuarão firmes depois dum dia mau ou duma
provação impiedosa. Esse dia mau virá, com toda a certeza. Mas, os
que se encontram preparados passarão por ele como passariam por um
dia bom. "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais
resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes",
Ef.6:13. O segredo, porém, não
consiste em antecipar o dia mau que virá sem sombra de dúvida, mas,
em aconchegar-se no seio de Deus a tempo e horas, isto é, enquanto a
graça pode ser achada. devemos estar já aconchegados quando o dia
mau chegar se desejarmos que a tempestade nos passe ao lado quando
ela chegar. A tempestade chegará com certeza.
A Lei
penalizava todo o transgressor. Mas, a intenção primária da Lei não
era proteger o lesado - embora isso fosse uma das finalidades da Lei
- e antes livrar a sociedade daquilo que contamina. E conseguia-o de
várias maneiras: servia de aviso a quem quisesse transgredir; e
exterminava o mal e o mau exemplo.
"Porque
Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao Senhor",
Ex.19:9. Parece que Deus se
manifestou a Israel a favor de Moisés por ele haver relatado as
palavras do povo a Deus. Por aqui vemos a intimidade com Deus e a
humildade de Moisés, pois, sabemos que Deus sabe tudo, vê tudo e
nunca necessita que alguém lhe diga o que se passa ou o que se
falou. "Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho
pedirdes",
Mat.6:8. Vemos a mesma atitude
em Elias que respondeu a Deus quando este lhe perguntou duas vezes o
que fazia ali, na montanha de Deus. Elias respondeu as duas vezes
sem se alterar, usando precisamente as mesmas palavras nas duas
respostas. Isso demonstra que as suas palavras eram pensadas e
medidas meticulosamente.
"Enganoso
é o coração acima de todas as coisas",
Jer,17:9. Precisamos levar isto em linha de conta. Não
é fácil obter um coração perfeito. Mas, pelo poder ativo da graça
tudo é possível. Vejamos a que ponto o coração pode enganar. Muitos
não se atrevem a murmurar contra Deus. Mas, murmuram contra as
pessoas - e até mesmo contra quem os lidera no caminho de Deus, se é
que os lidera mesmo no caminho de Deus. Os
Israelitas murmuravam contra Moisés e contra Aarão. Faziam isso
pensando que evitariam ser acusados de murmurar contra Deus, pois,
não se atreviam a fazê-lo tão descaradamente. Foi preciso Moisés
alertá-los para esse fato e mesmo assim não conseguiu convencê-los.
"As vossas murmurações não são contra nós, mas, sim contra o
Senhor", Ex.16:8. Cabeça endurecida dificilmente muda sua forma
de pensar e crer.
"Um
pouco de fermento leveda toda a massa",
Gal.5:9. Precisamos saber que somos massa e precisamos
saber viver com isso, assumindo esse fato sempre que nos queremos
colocar em certas situações e sob certas circunstâncias. Sem
fermento, a massa não é capaz de levedar no mau sentido. Se não fermentar, toda a
massa é boa. Se não tocarmos no que fermenta, permaneceremos
simples, sinceros, puros desde que já tenhamos sido purificados e
santificados em pleno. Agora, se andarmos a cultivar o que fermenta,
seremos levedados e tornar-se-á difícil escaparmos de transgredir. O
ciúme é massa que já levedou; a ira prolongada é massa levedada; a
inveja, a promiscuidade, o encanto pelo pecado são coisas que
borbulham de fermentação; o medo, o tipo de tristeza que é pecado e
muitas outras coisas são sinais de que existe ou já existiu fermento
na massa. Toda a massa levedada deixou de prestar e de poder ser
preservada. Já não é pura. Estamos falando daquilo que a
criminologia destacaria como crime premeditado, ainda que haja
apenas sido crime consentido. A coisa vai fermentando e vai-se
formando e vai formando a mente, tornando-se difícil resistir depois
porque a mente não é capaz de se resistir a ela própria. Nenhum
médico é capaz de fazer uma cirurgia de coração nele próprio. É por
isso que não devemos tentar Deus tendo o que fermenta nas
redondezas. Não é a massa que é perigosa: é o que pode fermentá-la.
Não culpe a massa que você é e não se desculpe no fato de haver sido
feito de carne. Evite as situações, as coisas, os filmes e tudo mais
que possa fazer fermentar sua mente. Você é e será sempre o
resultado daquilo que aprende, daquilo que vê, aprecia e ingere. Existe um
ditado que diz que "somos aquilo que comemos". Na vida espiritual,
esse ditado não podia ser mais verdadeiro. Lembre-se que você é
massa e sê-lo-á sempre. Só não recuse ser massa porque pode ser
levedada: recuse o fermento e evite qualquer situação que possa
fermentar a massa que é. "Não se ache nenhum fermento nas vossas
casas (...) tirareis o fermento das vossas casas (...) nem ainda
fermento seja visto em todos os teus termos",
Ex.12:15,19; 13:17.
Quando
Deus chamou Moisés inicialmente, já existia uma atitude que recusa,
um espírito de contradição, em seu coração ou uma razão para nunca
mais voltar ao Egipto. Ele não tinha aquela disposição para obedecer
a Deus, muito menos a respeito de voltar ao Egipto. Provavelmente, sentia-se
enganado e desapontado em Deus por ter fugido do Egipto e esse
antagonismo prevaleceu durante todos os anos que se manteve longe
das garras de Faraó. Penso que existe alguma verdade nisso, senão
muita. Havia uma resistência dentro de Moisés que ele próprio não
assumia, o qual foi crescendo e solidificando com o decorrer dos
anos no deserto e que se manifestava quando era colocado perante o
dever da obediência a Deus. Por essas razões, procurava sempre algum
argumento, desculpa ou contrariedade em seu caminho ao invés de
dizer abertamente que não se sentia afim de ser obediente. Dando a
primazia e importância à obstinação e contrariedade, também não se
ligava a tudo que Deus dizia. Na primeira contrariedade diante de
Faraó, Moisés reclamou diante de Deus, dizendo: "Senhor! Por que
fizeste mal a este povo? Por que me enviaste? Porque, desde que
entrei a Faraó para falar em teu nome, ele maltratou a este povo; e,
de nenhuma maneira, livraste o teu povo",
Ex.5:22,23. Reclamou porque não
havia colocado todas as palavras de Deus em seu coração e não as
teve em conta em momento oportuno. Deus já havia dito que, "Eu sei,
porém, que o rei do Egipto não vos deixará ir, nem ainda por uma mão
forte", Ex.3:19. Não se lembrava disso
porque sua mente estava contrariada e pouco submissa. Se fosse
submisso e se a vontade de Deus fosse o seu amor e prazer,
certamente que consumiria TODAS as palavras de Deus com
agrado e amor. O seu coração obstinado e contrariante não lhe
permitiu levar todas as palavras em conta, lembrando-se delas no
momento que mais precisava. Na primeira contrariedade, usou o estado
do seu coração para se insurgir argumentando contra a boa vontade de Deus. Notava-se
que tinha uma ferida mal curada e que obedeceu contrariado desde o
início. Damos graças a Deus que Moisés não foi morto no deserto; ("E
aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou e o
quis matar", Ex.4:24); e que ele mudou com o decorrer dos dias,
convertendo-se num homem de mansidão e prontidão inigualável. A
verdadeira conversão significa isso mesmo, isto é, implica que nos
tornemos o preciso oposto daquilo que éramos, sendo olho por olho e
dente por dente em sentido inverso. "E era o varão Moisés mui manso,
mais do que todos os homens que havia sobre a terra",
Num.12:3.
"O Senhor
atente sobre vós e julgue isso, porquanto fizestes o nosso cheiro
repelente diante de Faraó e diante de seus servos, dando-lhes a
espada nas mãos, para nos matar",
Ex.5:21. O povo colocou as
culpas em Moisés e não em Faraó. E Moisés sentiu-se culpado e foi
reclamar diante de Deus que o havia enviado. Flectiu a culpa que
colocaram sobre ele. Estas acusações de Moisés contra Deus e do povo
contra Moisés estavam saturadas de falta de vontade em prosseguir
com a vontade de Deus. Mas, é verdade que muita gente se sente
culpada de muitas coisas. Outras carregam as culpas que advêm da
obediência. "Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados,
bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória
de Deus",
1Ped.4:14. Elias foi tido como
culpado pela falta de chuva em Israel; Jesus foi tido como culpado
pelo alvoroço entre o povo; Moisés foi fustigado pela boca do povo
como culpado pelas coisas que lhes estavam acontecendo. É tudo
culpa da obediência. O mal não gosta de ser perturbado, nem
despertado da hibernação da sua rebeldia adormecida contra a verdade
e procura quem culpar quando é perturbado, insurgindo-se contra Deus
ou contra quem prega a verdade. A culpa é da verdade? Ou é do mal?
Imagine alguém que vive num quarto escuro sem ver o que se passa na
escuridão e alguém acende uma luz. Assim que se acende a luz, as
baratas fogem, correm, escondem-se, o lixo acumulado e as teias de
aranha tornam-se visíveis. Até ali não havia consciência da
existência dessas coisas. Mas, com a luz, tomou-se plena consciência
do que se passa nas trevas. A culpa da existência das baratas é da
luz? Devemos saber carregar os pesos do Senhor sendo 'culpados' pelo
Senhor, em obediência. Ninguém entra numa guerra sem ferir o
adversário. Ninguém pega nas armas da luz sem afetar as trevas e a
escuridão. Não nos devemos sentir culpados de nada sempre que
andamos na luz. As culpas têm outro dono. Se não nos sentirmos
inocentes e se não mantivermos a verdade como inocente e coerente,
seremos tentados a reclamar contra Deus e/ou contra pessoas.
"Porque,
se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?"
1Cor.14:8. Sem querer tirar este
texto de seu contexto, desejo aplicá-lo noutro sentido: a voz de
Deus. Muitos ouvem a voz de Deus e não têm a certeza de que se trata
de Deus falando. É possível que já tenham ouvido vozes erradas e
isso os leve a não ter a certeza a respeito daquilo que ouvem. Mas,
é preciso saber que é a voz de Deus para poder ser executada e para
manter em nossa memória até ao fim aquilo que nos foi dito. Outros
sentem-se indignos de ouvi-la e duvidam por via duma humildade falsa
quando a ouvem. Existe alguém digno? "Pelo que o Senhor se indignou
contra Salomão, porquanto desviara o coração do Senhor, Deus de
Israel, o qual duas vezes lhe aparecera",
1Reis 11:9. Quando Deus nos fala
e, por alguma razão, não nos mantemos na linha do que falou, seremos
criminosos. Um enorme crime se cometeu ainda que se tenha ouvido
mal. Quem ouve mal deveria poder ouvir melhor. Tem tudo para ouvir
melhor. As razões que levam alguém a desprezar a voz de Deus são
várias, como a negligência; o esquecimento; a ocupação com coisas
que não são prioritárias, mas, que são levadas como prioritárias; a
teimosia e a obstinação; e, também, quando não se leva a voz a sério
porque não se crê nela por termos a voz como som incerto. O fato do
som ser incerto pode ter a ver com o coração que é incerto. Se algo
soa incerto ou se damos ouvidos ao nosso coração incerto acima de
manter o mandamento de Deus como a prioridade das prioridades,
seremos, não apenas instáveis e ofensivos contra Deus, mas, faremos
grande mal às nossas almas, pois, tornamo-nos hesitantes ora fazendo
e ora não fazendo a vontade de Deus e optando pela nossa própria
vontade ou pela de outro. E somente aqueles que executam toda a
vontade de Deus se tornam firmes e constantes até ao fim. "Aquele
que faz a vontade de Deus permanece para sempre",
1 João 2:17. Se permanece é porque
se tornou constante e persistente ao longo do caminho.
"Pede
para ti ao Senhor, teu Deus, um sinal (...) Acaz, porém, disse: Não
o pedirei, nem tentarei ao Senhor",
Is.7:11,12. O fato de alguém
recusar tentar o Senhor pedindo um sinal não significa
necessariamente que a incredulidade no coração não exista ou que não
irá persistir. Recusando o sinal não é a mesma coisa que sossegar o
coração confiando e crendo plenamente no Senhor - algo que pode
acontecer com ou sem o sinal. Mas, receber o dito sinal também não
significa que o coração se tornará crédulo e seguro a partir dali.
Talvez confie momentaneamente, mas, há que mudar o coração para que
não volte ao vómito da teimosia que resulta da incredulidade, pois,
quando a consciência do sinal houver passado, o coração pode voltar
a ser o que era. Uma coisa é ser convencido momentaneamente e outra
coisa totalmente diferente é ser transformado para crer poder
permanentemente. "Aquele que pode
crer...", Marc.9:23.
Por
vezes, não olhamos para trás, mas, tememos seguir em frente. Se
estivermos estagnados em nossa caminhada temendo o passo seguinte da
mesma forma que tememos olhar para trás, devemo-nos aproximar de
Deus ao invés de nos afastarmos d'Ele, pois, todo o afastamento
d'Ele implica entrar no medo e no temor e, consequentemente, no
mundo e no pecado. Não existe caminho intermédio: quando se sai dum,
entra-se no outro - ou permanece-se no outro. Quem teme caminhar ou
seguir em frente - ainda que não olhe para trás - transgride da
mesma maneira que aquele que olha para trás. Cometem o mesmo pecado
e são culpados de idêntica transgressão. O pecado é um e o mesmo,
tal como os dois sonhos de Faraó. É bom lembrarmos aquele homem que
escondeu o seu talento para o entregar intacto. Se não olha para trás, mas, também
não segue em frente, está fazendo teatro e não é sério em sua
obediência e muito menos em sua confiança em Jesus. Contudo, há que
ter a certeza que estamos saindo mandatados por Deus e não por conta
própria. "Então, pôs-se Jacó a pé e foi-se à terra dos filhos do
Oriente",
Gen.29:1. Em seu pensamento mais
genuíno, ele estava deixando o lugar onde cria que Deus estava para
seguir em frente em obediência e fé.
Na maioria
das situações, remediar, mitigar, atenuar e aliviar os pesos da alma
de forma ilegítima é camuflar, isto é, é tapar os olhos para a
realidade. Devemos ter a capacidade de enfrentar as coisas, olhar
tudo nos olhos com toda a honestidade e frontalidade, atendendo à
mais pura realidade através da perspectiva de Deus. O que se
remedeia hoje, piora amanhã e trará sérias consequências para
qualquer alma.
"Porque
quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça",
Rom.6:20. Servo do pecado, livre
da justiça; servo da justiça é livre do pecado. Você serve quem no
seu dia-a-dia?
Jacó
seguiu caminho para Harã até à casa de Labão. Ali ficou cerca de
vinte anos e Deus mandou-o regressar à casa de Isaque, seu pai. E
assim fez. Para o caminho em direção a Harã, ele foi guiado por Deus
sem se dar conta (pensava que estava fugindo) e no caminho da volta
ele foi mandado regressar por Deus. Para sermos guiados por Deus não
é necessário recebermos mandamentos diretos ou de recebermos ordens
audíveis. Jacó não recebeu mandamento de Deus para partir para Harã,
pois, foi a providência que o levou. Embora eu não creia que Jacó
estivesse cheio do Espírito nesta fase de sua vida, foi guiado por
Deus sem se dar conta. Mas, para sermos verdadeiramente guiados por
Jesus, basta estarmos entregues a Deus dependendo inteiramente
d'Ele. Nada e ninguém neste mundo é Deus para que se possa depender deles,
nem para as coisas mínimas e mais insignificantes. "Porque quem
despreza o dia das coisas pequenas?", Zac.4:10. Uma entrega absoluta e uma vida cheia do
Espírito Santo cria todas as condições para que nossos próprios
pensamentos, ações, caminhos e certas decisões venham de Deus -
muitas vezes sem nos darmos conta e nas coisas mais pequenas. "Nós
temos a mente de Cristo",
2Cor.2:16. São esses os filhos
de Deus: os que são guiados por Ele. Não creio que os outros possam
ser credenciados como filhos de Deus, nem mesmo quando se consideram
filhos d'Ele, fazendo mesmo profissão de fé e auto-acreditando-se
como filhos d'Ele. Nenhum testemunho próprio é válido. "Porque todos
os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus",
Rom.8:14.
Muitas
vezes demoramos a aceitar certas realidades e, consequentemente,
acabamos flectindo a verdade noutro sentido, criando uma meia
verdade. Quando se cria esse hábito de flectir a verdade ou de
tentar ludibriar a realidade, o hábito irá manter-se sempre - até
mesmo em sentido inverso. Deixe-me explicar melhor. Olhemos para o
sonho de Jacó onde viu anjos subindo e descendo do céu por uma
escadaria. Jacó achou-se confrontado com a realidade de Deus ao
vê-lo no topo da escada. Então, Deus disse-lhe: "Eis que estou
contigo",
Gen.28:15. Mas, Jacó disse para
ele mesmo: "Na verdade, o Senhor está neste lugar",
Gen.28:16. Criou uma meia verdade.
Ele flectiu e desviou a verdade em outro sentido. Deus estava com
ele e não propriamente no lugar. Deus disse-lhe uma coisa e ele
assumiu outra. Não tinha como negar a realidade de Deus, mas,
flectiu essa realidade dizendo que Deus estava no lugar e não
aceitou o fato de Deus haver dito que estava com ele. Não sentia
essa liberdade de assumir que era com ele que Deus estava, mas,
também não podia negar que Deus havia estado ali. Não tinha como
negar a realidade de Deus sendo que até então Deus havia sido uma
crença e não realidade. Logo, flectiu a verdade. A crença não assume
a realidade daquilo em que crê. A crença deseja manter tudo como
crença. Enquanto for irreal, seja a verdade sem realidade ou a
mentira, não cria conflito interior. Na sua forma prática, a
realidade é diferente da crença. A realidade assusta e confunde a
crença. Quem crê num Jesus de sua mente assusta-se quando Ele se
apresenta de forma real. "Fui buscado e Eu disse: Eis-me aqui",
Is.65:1. As pessoas são capazes de assumir um Deus
irreal, mas, dificilmente se conciliam com um real. A irrealidade
entra sempre em conflito com a realidade. A crença e a realidade são
coisas distintas e são vividas e evidenciadas distintamente, ainda
que falem da mesma pessoa, digam as mesmas coisas e usem as mesmas
palavras. Sua forma prática é distinta. Quando isto acontece,
podemos acreditar que o desejo de Jacó de que Deus estivesse com ele
era tão grande que sentia certa dificuldade em assumir esse fato
quando se tornou realidade. Ele vivia duma esperança remota de que
Deus existisse, mas, não o tinha como tão real e tão próximo. E
quando foi confrontado com a realidade da existência de Deus, teve
enorme dificuldade em assumi-la tal e qual lhe foi apresentada. E é
assim que se cria esse hábito de flectir a verdade que, na maioria
das vezes, se mantém durante anos e anos como hábito até que um dia
alguém se aperceba dele e tente eliminá-lo a muito custo. Todos os
hábitos de personalidade e do modo de pensar são muito difíceis de
eliminar. Será como eliminar uma cultura, um modo de ser. Esse
hábito alimenta-se de qualquer coisa, esteja onde estiver e seja
qual for a verdade. Se, ao contrário do que acontecia com Jacó, Deus
não estiver com a pessoa, ela irá querer que Deus esteja e não dirá
que Deus está no lugar e antes com ela porque essa é a irrealidade.
Fará sempre isso ao invés de remover e confessar aquilo que a esteja
a separar de Deus. Flectirá a verdade em sentido inverso por causa
do hábito de flectir a verdade e de escamotear a realidade. Nunca
ganhemos esse hábito de flectir a verdade e de mentir para nós
próprios. Conciliemo-nos com a verdade e com a realidade para
assumi-la. Só assim seremos salvos. E aquele voto que Jacó fez foi
motivado pela descrença na realidade. "Se Deus for comigo...". Deus
já havia dito que estava com ele. O voto também flectiu Deus para o
futuro sendo que Deus era presente, estando já ali. Deus já estava
com Jacó. Estava ali e não foi aceite. "Veio para o que era seu e os
seus não o receberam", João 1:11.
Existem muitas resoluções e muitos votos inspirados na descrença, os
quais não vêm da fé. A fé é a certeza na realidade - é o assumir
duma realidade, é o assumir duma situação quando ela é real. Se não
for realidade, a crença assumirá e se for real, a crença rejeitará e
tentará negar, seja flectindo ou seja agindo doutra forma. Se a
realidade de Deus não partir como o princípio de tudo, ou como a
necessidade para tudo, será tida como o fim, isto é, como a
finalidade. Logo, iremos trabalhar para algo que já temos e não
seremos capazes de usar o que temos para outras finalidades como a
santificação e outras coisas importantíssimas para nosso caminhar,
para nossa sinceridade e para nossa segurança. Seremos negligentes
em nosso dever. "Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos
reconcilieis com Deus",
2Cor.5:20. Se Deus é tornado
realidade em nossos corações, devemos ser conciliados com essa
realidade a ponto de poder assumi-la sem fingimentos e sem sermos
forçados nesse aspecto - desde que seja realidade e não crença ou fé
forçada pela falsidade do coração. Depois, devemos assumir que isso
se trata do princípio do caminho quando é real e não o fim porque, "estando
já reconciliados, seremos salvos pela sua vida",
Rom.5:10. Seremos salvos de
nossos pecados e não doutra coisa qualquer que nem sabemos o que é.
Devemos conseguir permanecer na realidade porque a nossa imaginação
é fértil em tentativas de fuga para a irrealidade.
É preciso
criar todas as condições para que o acesso a Deus e à comunhão com
Ele se mantenha livre, intocável e que nunca possa ser interrompida
por aquilo que Jesus afirmou serem espinhos que sufocam as sementes
- ou pecados que anulam a vida.
Deus precisa tornar-se a prioridade em todos os aspectos, em todas
as ocasiões e sob quaisquer circunstâncias. Se estou com Ele em
comunhão secretamente em meu quarto, nem um terramoto deve
perturbar-me ou distrair-me do essencial. É muito fácil ser-se
interrompido até por um telefone que toca. Esta atitude de estar com
Deus sem ser interrompido deve ser uma maneira de ser, uma forma de
estar, uma característica da personalidade e do coração. Não deve
ser, apenas, algo conseguido através de resoluções e de esforço,
pois, o esforço neste aspecto demonstraria que não estamos com Deus
verdadeiramente e apenas que queremos estar com Ele ou que temos enorme
dificuldade em estar a sós com Ele de forma exclusiva e prioritária.
Deve ser algo da nossa própria natureza, tornando-se algo do nosso
instinto mais puro e mais simples. E, para isso acontecer, essa
comunhão deve ser mesmo real. Isto é, Jesus precisa estar mesmo
presente ali comigo. Eu preciso ser verdadeiramente achado em Sua
presença. Essa presença nunca deve ser fictícia ou irreal e
imaginária.
Todas
as discussões doutrinárias surgem devido à insegurança de quem as
discute. Não é a doutrina que leva a Deus e antes Deus que leva à
doutrina. Quando Paulo fala a respeito da "sã doutrina" pode parecer
que devemos defendê-la ou lutar por ela. Mas, a verdade é que a sã
doutrina é fruto dum relacionamento verdadeiro e real com Jesus e
devemos defender e interceder pelo relacionamento com Jesus, o qual
abre caminho para a sã doutrina. O que deve ser privilegiado é a
comunhão com Deus, estando purificados duma má consciência e
abolindo tudo que possa anular, prejudicar, perturbar, matar ou
complicar essa comunhão. A doutrina sã surgirá naturalmente aos
olhos de quem anda com Deus. Os olhos dos que se convertem,
abandonando seus pecados e voltando-se para Deus, abrem-se. Logo,
não preciso discutir a doutrina e aperrear as pessoas com elas.
Basta conseguir que alguém obtenha uma comunhão pura, real e sólida
com Deus abandonando e abominando qualquer tipo de comunhão
fictícia, falsa e irreal. E sempre que acharmos a sã doutrina, nunca
devemos cair na tentação de depender dela, lutar por ela ou mesmo
interceder por ela. Guardemos nossos esforços para tornar real a
comunhão com Jesus, para ser sem hipocrisia, verdadeira e pura. Essa
comunhão é conseguida buscando-a após cada pecado do passado e
presente haver sido confessado a quem de direito e abandonado.
Devemos manter-nos em Deus e não gastar nosso tempo e energia para
permanecermos na doutrina. Se começarmos a lutar pelo ensino e pela
doutrina obtemos um espírito idólatra, pois, confiamos em algo que
não é Deus - ainda que venha de Deus. Essa comunhão com Deus deve
ser mesmo real - não ocorre por via duma resolução e antes via
realidade, havendo colocado cada pecado na luz através da sua
confissão publica e/ou privada.
Na verdade,
neste mundo é mais fácil para os humanos acreditarem na mentira que
na verdade, embora a mentira seja mais difícil de entender ou mesmo
de explicar. Até Eva conseguiu crer naquilo que a serpente lhe disse
acerca da Árvore do Bem e do Mal em detrimento do que Deus lhe havia
dito. É mais difícil para uma mente racional e séria acreditar que
um peixe decidiu sair do mar, evoluir, mais tarde virar macaco e
depois homem, do que acreditar que Deus criou cada espécie no seu
devido lugar e tempo. A evolução não faz sentido, não tem sentido e,
ainda assim, as pessoas optam por acreditar nela. Se a evolução
fosse verdade, ninguém acreditaria nela. E é por isso que poucos
crêem em Deus porque Ele é a verdade. Por alguma razão é necessário
admoestar e insistir para alguém crer na verdade. Mas, ninguém
precisa ser admoestado a crer na mentira, pois, por norma, crê-se
naturalmente nela.
Muitos
falam com pudor e lastima contra os falsos que roubam os homens nas
igrejas e que assaltam os bolsos daqueles que dão seus dízimos e
ofertas. E é de lamentar que haja tantos falsos a espalhar doutrinas
falsas e contraditórias. Contudo, a culpa deve ser dividida entre
esses e aqueles que os sustentam dando-lhes o que pedem e exigem
através de promessas e ameaças - ainda que dêem pouco. Isto é, quem
dá é tão culpado quanto aquele que faz de tudo para extorquir e
levar o que não é seu. Não podemos ignorar que aqueles que dão são
os que mantêm e defendem os que usam esses dinheiros para proveito
próprio e para espalhar doutrinas falsas que convêm muito a quem é
falso porque essas doutrinas farão com que enriqueçam ainda mais. Os
que dão são os principais cúmplices da falsidade, pois, contribuem
para que a falsidade se espalhe mais rapidamente que a verdade. Hoje
não é o joio que está entre o trigo e antes o trigo que está entre o
joio. E não nos esqueçamos que o trigo será arrancado do meio do
joio, ao contrário do joio do meio do trigo. Sem essas doutrinas,
nunca enriqueceriam à custa dos dízimos e ofertas e se não houver
quem lhes dê, empobrecem e caem na desgraça porque Deus nunca os
sustentará e deixá-los-á ao abandono.
Sempre
que Deus se põe contra alguém, contra um povo, contra uma
congregação ou mesmo contra uma família, intenta corrigi-los e
buscar o seu arrependimento e conversão. Quando não se arrependem e
não se voltam para Deus, hajam estado em Deus anteriormente ou não,
Deus continuará castigando para benefício daqueles que se venham a
arrepender. Muitos não ouvem e não crêem nessas correções pela sua
natureza, teimosia, orgulho ou vergonha. Não crêem que qualquer
correção ou castigo possa chegar-lhes da parte de Deus. Assumem
inconscientemente que um Deus de amor não os pode corrigir,
admoestar, castigar, negar ou mesmo destruir. O amor carnal
juntamente com a quantidade de amor pelo próprio instiga a crer que
Deus ama da mesma forma carnal e que ama a ponto de aceitar os
desígnios dos corações do carnal que afirma crer em Jesus. Começam a
crer que são provações ou alguma coisa que não entendem. Com isso, a
tendência é continuarem a ser como sempre foram e não se corrigirem.
É nesse meio que emergem sonhos, desejos próprios e fé falsa
juntamente com inúmeras orações que não são ouvidas. E é, também,
nesse meio onde começam a surgir falsas esperanças, profecias falsas
e, consequentemente, desapontamentos após desapontamentos. As ditas
"provações" leva-os a insistir em seus erros como se não estivessem
tendo Deus como opositor. Sempre foi assim. Aumentam, também, as
insistências diante de Deus - algo que consideram ser perseverança
quando, na verdade, para Deus é abominação. Assumem que um Deus de
amor não negará as suas orações. O amor pelo próprio leva a extremos
impensáveis. O ponto extremo de toda a abominação é alcançado quando
se começa a acreditar que Deus aceita o mal e o pecado. Dificilmente
Deus é tido como o inimigo. E Deus pode ser o inimigo e opositor!
Ele sempre foi e sempre será inimizade contra a carne e haja quem
acredite que a carne também é inimizade contra Deus e contra os bons
valores e nada mais que isso. Faça o que fizer, a carne é e será
sempre e somente inimizade ativa contra Deus. Nunca creia em seus
supostos "bons motivos". Sua função é a destruição ou contaminação
daquilo que Deus é, tem e criou. Surgiram imensos falsos profetas
nos tempos de Jeremias, de Isaías e todos os demais profetas que
falavam a verdade contra Israel. Eu acredito que esses falsos
profetas - os quais se inspiravam em desejos pessoais e próprios
enquanto afirmavam falar em nome de Deus - surgiram precisamente
porque os verdadeiros falavam a verdade contra Israel e eles
sentiam-se pressionados a abandonar a fé falsa e as esperanças sem
fundamento. Todas as falsas profecias eram maioritariamente reações
defensivas à verdade. O povo e principalmente os seus líderes não
aceitavam que se falasse contra Israel, muito menos que alguém
dissesse vir da parte de Deus com castigos e repreensões, sendo que
se achavam especiais e escolhidos de Deus intocáveis. Contudo, é de
notar que um falso profeta que fala contrariamente a Deus ou que faz
algo nessa linha de conduta enquanto Deus faz ou fará o oposto
daquilo que diz o profeta, isto é, fala em prosperidade estando Deus
operando o inverso, sendo movido por uma fé falsa e no qual muitos
crerão pelas mesmas razões que o falso profeta se impõe, se move e
fala, acontecerá a esse profeta e a quem nele crê precisamente o
oposto daquilo que diz e prega. Essa é a regra. Se o falso promete o
céu, ele e quem acredita nele receberão o inferno. "Portanto, assim
diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que
eu os tenha mandado e dizem que nem espada, nem fome haverá nesta
terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas",
Jer.14:15. Por isso é que muitos
pregadores da prosperidade precisam roubar e assaltar os bolsos de
seus dizimistas para enriquecerem, pois, Deus não lhes dá. E se Deus
não lhes dá, eles tentam roubar e apoderar-se daquilo que não é seu.
Os tolos e enganados dão-lhes o que pedem e mantêm o engano vivo e
ativo. Mas, cairão na desgraça e na vergonha, tanto quem pratica a
extorsão como quem dá aos tais - é só uma questão de tempo até isso
acontecer. Ambos tornam-se culpados do mesmo pecado, sendo que quem
dá compromete o evangelho verdadeiro e mantém quem espalha e
dissemina a falsidade. A falsidade espalha-se com mais facilidade e
rapidez com a ajuda de quem contribui com ofertas e dízimos para os
tais. São culpados e cúmplices dos mesmos pecados e obterão a mesma
recompensa e serão envergonhados com a mesma vergonha. Com Deus não
se brinca e quem não se sujeita a Ele e às suas reprovações irá ser
forçado a envergonhar-se para sempre.
Muitos
falam de avivamento e oram para que a igreja e seus líderes se
convertam ou que alcancem avivamento genuíno. Lembre-se duma coisa:
o verdadeiro avivamento começa por si, começa sempre por quem sente
a falta dele. Não tente passar essa responsabilidade para outros. E
se você alcançar avivamento pessoal, certamente que algo também
acontecerá à sua volta. è buscar e achar.
Quando
somos atingidos por Deus por causa da rebeldia ou qualquer outro
desvio do caminho, é preciso conseguir crer verdadeiramente que
estamos sendo atingidos por Ele. Obter a percepção de que é Deus
quem se está opondo a nós e poder crer nisso - quando é verdade - é
poder salvar-se. Nenhuma outra conclusão ou elação pode ser tirada.
Qualquer outra conclusão seria rebeldia e não fé. Se a pessoa começa
a crer que são meras provações ou que é coisa do diabo - que, em sua
perspectiva prática, é mais forte que Deus em sua vida -
dificilmente conhecerá a verdade e, não a conhecendo, nunca será
liberto de tudo. Abençoados são aqueles "que podem crer" e que
possam ser corajosos a ponto de encarar essa realidade de estarem a
ser consumidos por Deus. Qualquer outra conclusão será vista como
uma maneira de não querer voltar-se para Deus para endireitar seus
caminhos todos. "Feriste-os e não lhes doeu; consumiste-os e não
quiseram receber a correção; não quiseram voltar",
Jer.5:3. Haja corajosos!
"No mês
dela a acharão", Jer.2:24. Na
natureza, as fêmeas dos animais entram no cio e são achadas pelos
machos. Elas deixam sinais por todo lado para serem achadas. Por
vezes, os machos estão bem longe delas e, ainda assim, as acham.
Elas querem ser achadas. Assim é, também, com aquelas pessoas que
estão propensas para o pecado: serão achadas por ele. O cio para o
pecado clama pela transgressão. Se houver disposição para pecar em
seu coração ou mente, pode ter a certeza que o pecado irá achá-lo,
irá fecundar toda a sua conduta e irá contaminá-lo. Ainda que haja
somente indiferença para com o pecado, ele se achegará ao seu
coração para manipulá-lo. Será achado com toda a certeza. E se for
achado pelo pecado, tenha a certeza que também será achado pelo
Juízo de Deus. Não pode querer uma coisa e evitar a outra. Ou você
odeia o pecado o ama-o. "Aproxima-se o príncipe deste mundo e nada tem
(nada acha) em Mim", João 14:30.
É comum
acontecer que um justo se sinta acusado ou busque ser acusado
estando justificado em Deus e que aquele que vive em pecado e
persiste nele se sinta justificado e busque sentir-se justificado
vivendo condenado por uma consciência entenebrecida pela ausência de
luz verdadeira. Tenha cuidado quando alguém se justifica a ele
próprio.
O desapontamento
em Deus pode ter várias causas e origens, mas, nunca podemos duvidar
do carácter de Deus por não haver razão para isso. Em primeiro
lugar, temos o desapontamento onde a pessoa acredita que Deus lhe
prometeu algo e a crença, revelação ou profecia era falsa,
adulterada ou falsificada e, consequentemente, as expectativas
terminam em frustração porque Deus não prometeu aquilo que a pessoa
espera. Se não prometeu, nunca cumprirá. Por norma, as pessoas
esperam e esperam e nada acontece quando se encontram nessas
circunstâncias - algo que é diferente de quando esperamos
verdadeiramente em Deus, sendo que nunca é possível alguém cansar-se
esperando dessa maneira, pois, é Deus quem fortalece a esperança e
não o coração do próprio. Se Deus realmente prometeu e a fé é
assegurada por Suas operações dentro do coração, o que foi prometido
cumprir-se-á quando menos se espera. Em segundo lugar, a pessoa, ao
receber uma promessa de Deus - quando foi realmente Deus a prometer
- deve preparar-se para recebê-la. Se Deus prometeu é porque a
pessoa ainda não está pronta ou as circunstâncias ainda não estão
maduras. Se depender apenas da preparação da pessoa, Deus promete
para que se prepare e se transforme a ponto de poder manter-se fiel
após haver recebido. Se tudo estivesse preparado, Deus não
prometeria - Ele daria. Se a pessoa já estivesse reparada e pronta,
receberia logo e Deus daria ao invés de prometer.
Quando
Deus nos promete alguma coisa pessoal - e se Deus o fez mesmo, sem
qualquer sombra de dúvida - devemos usar o nosso tempo para nos
prepararmos para receber e, também, para podermos viver numa nova
realidade sem sobressaltos e sem querermos olhar para trás. Essa
preparação é fundamental e é prévia ao receber. Muitos voltam atrás
por nunca se haverem preparado para receber quando Deus promete.
Ninguém deve buscar azeite no momento de chegada do noivo e ninguém
começa a preparar a boda no dia marcado para casar. "Cheguemos,
pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno",
Heb.4:16. Contudo, ainda que
muito bem preparados, devemos saber confiar em Deus e esperar n'Ele
após havermos recebido. Não podemos confiar na preparação e antes no
Senhor para termos como ficar firmes. "Portanto, tomai toda a
armadura de Deus, para que (...) havendo feito tudo, possais ficar
firmes",
Ef.6:13.
Existe
a comunhão com Deus e existe a comunhão com a Palavra estando n'Ele
e sendo abençoados. Muitos confundem as duas coisas, isto é, dizem
que a comunhão com Deus é a comunhão com a Palavra e vice-versa. A
comunhão com Deus estabelece-nos e pode estabelecer a Palavra; a
Palavra deve endireitar nossos caminhos (se formos achados em Deus)
para que essa comunhão com Jesus seja mais firme, mais sólida e para
que tudo possa depender exclusivamente d'Ele, pois, Jesus recusa
caminhar conosco nos caminhos do pecado ou nos "bons" caminhos que
não vêm d'Ele. Se não formos achados em Deus lendo e estudando a
Palavra, Jesus será uma pedra de tropeço e não a nossa salvação. A
comunhão sã e pura com a Palavra de Deus, onde o próprio Deus também
se apresenta de forma real para abençoá-la, cria e faz crescer a fé;
essa fé, por seu turno, fortalece, solidifica e mantém a comunhão
real com Deus e destrói a comunhão falsa. Que ninguém se alarme
quando o seu tipo de comunhão se transforma para maior agrado de
Deus e maior desagrado da carne, tanto da carne do próprio como da
carne dos demais. Mas, vemos muitos filhos de Jesus mantendo-se
firmes sem acesso à Palavra durante anos a fio (por estarem presos
pela fé onde a Bíblia é proibida); e vemos muitas pessoas lendo a
Bíblia todos os dias encontrando-se distantes dos caminhos de Deus e
da verdadeira comunhão com Ele.
Lembram-se
de Paulo no caminho de Damasco? Muitos acreditam que ele se
converteu quando a forte luz o impediu de continuar errante. Eu
creio que não. Ele teve a oportunidade de arrepender-se de seus
pecados quando Jesus o confrontou com essa luz. Mas, foi convertido
quando Ananias lhe impôs as mãos e recebeu o Espírito Santo, havendo
antes orado e jejuado e, quem sabe, confessado cada pecado um por um
durante os três dias que ali esteve em oração e jejum. Devemos
perceber que a conversão e o arrependimento, embora sejam
inseparáveis, não são a mesma coisa. Também devemos reconhecer que
em ambos existem duas componentes: a parte que cabe à pessoa e a que
cabe a Deus que. "Sucedeu, pois, que, virando ele (...) Deus lhe
mudou o coração em outro",
1Sam.10:9. São obras diferentes
e ambas precisam acontecer. O arrependimento tem a ver com as
transgressões passadas e a conversão tem a ver com a essência da
pessoa, aquela que leva a pessoa a pecar ou a ser santo, a qual é
transformada numa nova pessoa "quando se vira". O arrependimento e a
conversão em conjunto formam a justificação. A pessoa é tornada
justa. Ninguém é convertido antes de haver recebido o que os
Apóstolos receberam em Pentecostes. Foi o que Jesus deu a entender a
Pedro nas entrelinhas. "(Pedro), quando te converteres, confirma
teus irmãos",
Luc.22:32. O sinal do batismo
com o Espírito Santo é a conversão verdadeira. Podemos divergir em
diferentes pontos de vista doutrinários, mas, o que importa aqui é o
que acontece deveras. A parte prática é o que conta. Seja antes ou
depois, duma forma ou doutra, esse batismo com o Espírito precisa
ocorrer. Esse acontecimento pode vir com sinais e milagres, pode vir
sem eles. Não são os sinais que provam o batismo e antes a
transformação da pessoa. Por isso é que o nome do Espírito no qual
se é batizado é "Santo". Por alguma razão se chama o
Espírito Santo. Pedro converteu-se em Pentecostes. Contudo, andou
com Jesus durante três anos antes disso acontecer. Provavelmente,
mesmo antes de andar com Jesus e ser chamado por Ele já buscava Deus
e a providência já o guiava. Mas, o medroso Pedro que andava com
Jesus e o negou três vezes com medo foi transformado em alguém que
era capaz de dormir descansado sabendo que estava a horas de ser
morto,
At.12:6. O Paulo assassino foi
transformado em alguém que distribuía Vida. "Convém que Eu vá,
porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós",
João 16:7. Onde quero chegar?
Desejo que todos entendam que não podemos abandonar as pessoas que
se arrependeram como se já tivessem alcançado tudo que precisam para
uma vida de plenitude. Não se abandona um embrião. Mesmo depois de
haver achado essa vida abundante, eterna e constante ninguém deve
ser deixado por conta própria sem haver aprendido a ser guiado por
Jesus. Ninguém ficará impune fazendo isso. Há que levar todos a
acharem Vida abundante, entrar nela, saber manter-se nela e
aprendendo como guardar e como cumprir. "...Ensinando-os a guardar
todas as coisas...",
Mat.28:20. Nem que sejam
necessários rogos e orações incessantes e insistentes todos devem
achar maneira de entrarem nessa vida abundante e serem cheios do
Espírito Santo. "Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas
aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo
àqueles que lho pedirem?" Luc.11:13. Não podemos negar o
facto de que Jesus afirma aqui que são aqueles que já o consideram
como Pai que devem pedir e fazer de tudo para receber Seu Espírito.
"Para que
(...) não te lembrasses de mim, nem no teu coração me pusesses? Não
é, porventura, porque Eu me calo...?" Is.57:11.
Existe um grande problema quando Deus se
cala. Não é que Deus esteja sempre a falar, mas, quem guia faz-se
lembrar quando a memória do discípulo falha. Lembrar de Deus e de
tudo que Ele disse de forma pessoal é extremamente importante e quem
não se lembra pode incorrer em grande culpa. Devemos poder lembrar
tudo da forma que foi dito dentro do contexto que Deus expressou.
Sabemos que a memória funciona muito bem quando se encontra livre
para lembrar. A paz de espírito e a memória são aliados
inseparáveis. É verdade que uma memória degrada-se se não se
mantiver ativa, mas, melhora muito com atividade e dedicação. Se
somos dedicados a Jesus de coração e com grande amor, certamente que
nos lembraremos mais facilmente de tudo quanto nos falou. E para nos
lembrarmos de Deus não precisamos de muita memória, pois, basta não
estar semeando entre espinhos, os quais sufocam toda a boa Palavra.
Os espinhos conseguem um efeito na pessoa que nem o diabo consegue
com todo o seu poder e persistência.
A desconfiança
é um instrumento cruel da pessoa carnal. Pode ser infundada ou com
fundamento e é cruel tanto para quem desconfia quanto para a pessoa
de quem se desconfia. Mesmo com fundamento é sempre infundada e não
se torna arma do amor apenas por ser fundada. Pode ser falsa ou
fundamentada. Contudo, ainda que possa ser fundamentada, nunca é uma
revelação de Deus. A desconfiança e a suspeita não são certezas e
ainda que desejemos ajudar o próximo e ser-lhe úteis, só podemos
fazê-lo tendo certezas dum diagnóstico obtido em Deus. Havendo
obtido uma revelação precisa e fidedigna, devemos agir em
conformidade para não sermos acusados de negligência. Deus nunca usa
a desconfiança para revelar. Deus manifesta à pessoa e não a faz
desconfiar. Alertar não é fazer desconfiar. Dar ouvidos à revelação
não é desconfiar de alguém e é, antes, ser obediente a Deus. Se
ainda temos um espírito que desconfia, devemos ir ter com Deus para
anular as nossas desconfianças e para exterminar esse espírito, (o
qual é a origem de todo tipo de desconfiança) e interceder diante
d'Ele para que ganhemos um espírito que ouve Jesus e se torna capaz
de segui-lo. Se não confiamos em alguém, deve ser por indicação de
Deus e por revelação expressa d'Ele. E não confiar não é a mesma
coisa que desconfiar. E se as pessoas não forem confiáveis, a nós
nada nos afeta caso nossa confiança total esteja somente em Deus.
Estando em Deus, tanto se nos dá que a pessoa seja de confiança ou
não, pois, entregamo-nos a Jesus e não nos entregamos a pessoas. E
se não confiamos nelas, não podemos agir de forma malévola apenas
porque Deus nos revelou o mal escondido no coração de alguém.
Devemos interpelar a pessoa em conformidade com a verdade revelada -
se é que a verdade foi mesmo revelada - e abandonar as desconfianças
agindo através da causa do amor de Deus para salvação dos que ainda
andam cativos no mal. A desconfiança é um instrumento de Satanás e a
certeza (a verdade) é a arma que Deus usa. Devemos aprender, também, a agir em
conformidade com a verdade, pois, se vamos agradar pessoas nunca
mais nos irá ser revelado por Deus aquilo que precisa ser colocado
na luz. Deus revela por alguma razão específica e essa razão tem de
ser alcançada e cumprida integralmente.
"Vinde
e comprai sem dinheiro", Is.55:1.
É interessante notar que ainda que seja de graça, precisamos
comprar. Ora, ninguém compra sem dar nada em troca. Comprar é
comprar. Quando compramos da água da vida, mas, sem dinheiro e sem
preço, devemos entender que a compramos com nossa vida, isto é, a
vida velha perece por troca com uma vida nova. É com nossa vida
antiga que compramos, dando-a por troca da água viva. Por essa razão
é que, no mesmo texto, lemos: "Deixe o ímpio o seu caminho e, o
homem maligno, os seus pensamentos e converta-se ao Senhor",
Is.55:7. Ainda que se possa comprar sem dinheiro e de
graça, custará tudo aquilo que temos e tudo aquilo que somos. Ninguém
pode obter uma vida mantendo outra. É vida por vida.
"Não
te deixes vencer do mal, mas, vence o mal com o bem",
Rom.12:21. É possível alguém chegar
a um ponto onde desiste e deixa o mal vencê-lo - isto é, onde
permite a própria derrota. Se o mal vencê-lo, você é conivente. A
pessoa luta, cansa-se e desiste, talvez, porque luta e persevera
através de forças erradas, por motivos errados ou porque haja outro
motivo qualquer que o leva a deixar de praticar o bem para entrar em
confronto direto com o mal. Ninguém pense que apaga um incêndio
soprando contra ele. Por vezes, tem expectativas incorrectas em
relação a Jesus, cuja missão exclusiva é salvar do pecado. Pode ter
deixado o Caminho, também, por muitas outras razões. Na verdade,
havendo algo de errado em seu coração ou em sua forma de luta já não
se encontra do lado do bem e dá, antes, toda a força ao mal. Deixa o
mal vencer e permite a própria derrota. Ser vencido é entregar-se ao
mal - ainda que seja contra o próprio mal - é render-se a ele e não
é apenas permitir que o mal domine. E aquele que se rende ao mal,
certamente irá praticá-lo - ainda que contra sua vontade. Para o mal
vencer é necessário que quem está do lado do bem permita que ele
vença. Ser vencido do mal é, em primeiro lugar, perder a sua vida
para ele; em segundo lugar, não conseguir alcançar toda a vontade de
Deus. É preciso saber que qualquer um que se encontra do lado do bem
só é vencido por haver-se deixado vencer. "Não te deixes vencer do
mal". Isto é um mandamento e não apenas um conselho.
Muitos
pregam o Evangelho, tornam-se doutores das Escrituras, teólogos e
acomodam-se numa doutrina que lhes parece mais credível. Outros
encontram uma outra
doutrina que lhes seja mais aceitável ou conveniente. Sem se darem
conta, começam a pregar a doutrina e não mais o Evangelho. Tivemos
grandes homens de Deus em pólos doutrinários divergentes em sua
forma de pensar, mas, que foram amplamente usados para pregar o
Evangelho. Whitefield e Wesley divergiam muito. Muitos acreditavam
que eram opostos e não que se complementavam. "Mestre, vimos um
(...) e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus lhes
disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós",
Luc.9:49,50. Contudo, ninguém
pode negar que foram amplamente abençoados por Deus em sua obra de
pregar o Evangelho, cada um em seu devido lugar e tempo. O que
faziam e aquilo que viviam estava muito acima de tudo o resto e a
força e o poder do Evangelho evidenciava-se através de suas vidas.
"É bom que o coração se fortifique com graça",
Heb.13:9 e não com versões
doutrinárias. O Pólo Norte e o Pólo Sul são pólos opostos? Opõem-se
um ao outro ou sustentam a terra, cada qual em seu devido lugar? Nem
todos os que se consideram opostos são realmente opostos ainda que
se oponham mutuamente e desde que ambos preguem o verdadeiro
Evangelho e não passem a pregar as doutrinas. Contudo, é
extremamente importante que aquilo em que acreditam não seja
contrário ao Evangelho em toda a sua plenitude, santidade e
salvação. Lembremo-nos, também, que, caso cada Pólo tentasse atrair
para si os moradores da Terra, esses moradores não achariam nada
diferente em seu íntimo ou vida pessoal. Ambos os pólos são gelados
e criam gelo, o qual só é derretido através do calor da verdadeira
Vida.
Muitos
não conseguem discernir entre sabedoria e conhecimento. Embora seja
muito fácil discernir entre as duas coisas, nunca é fácil de
explicar. Por exemplo, conhecimento é saber que o tomate é uma fruta
e sabedoria é saber que nunca se coloca tomate na salada de fruta e
antes se coloca numa salada de alface ou cebola, isto é, usa-se com
legumes. Podemos ter muito conhecimento, mas, podemos não saber
evidenciá-lo, expressá-lo e vivê-lo de forma prática. A sabedoria é
a forma prática de toda a nossa existência. Devemos ser preparados
para vivê-la. "Preparai o Caminho do Senhor".
É através
da comunhão com Deus que as coisas nos correm bem - ainda que
estejam tortas - e que o nosso coração é assegurado. Quando isso não
acontece, existe alguma questão relacionada com essa comunhão que
deve ser prontamente resolvida ou que já deve estar sendo resolvida.
Nem tudo são provações, como as pessoas pensam e creem. Jó foi
provado, mas, nem todos estão sendo provados - muitos estão
separados de Deus. Ora, se alguém estiver alienado do poder ou da
comunhão com Jesus, o braço da carne, a sua própria maneira de
pensar e fazer juntamente com a sua força própria estarão à porta
batendo para se tornarem alternativas ao poder de Jesus. Quando Jó
estava sendo provado sem saber se estava alienado de Deus, recusou
determinantemente resolver qualquer coisa à sua maneira ou por conta
própria. É a provocação da carnalidade que incita a deixar de
esperar no Senhor para se separar ainda mais d'Ele fazendo a coisa
errada ou tentando fazer a coisa certa da maneira errada,
extemporaneamente, sem nexo ou por via do poder errado e de tomadas
de decisão próprias. O que o diabo mais deseja é poder servir dentro
do Templo. Ele não deseja que um desviado abandone o Templo de Deus.
A carne assegura-se bem por lá e sente-se confortável servindo
dentro do templo, isto é, sente-se menos condenada quando, na
verdade, sua condenação é maior servindo ou tentando servir dentro
do Templo de Deus. Logo, se a pessoa estiver nos caminhos da
ser salvo de seus pecados, tudo quanto faz carnalmente fica sem poder
para funcionar. Tudo se torna difícil, traiçoeiro e desanimador com
desempenhos que terminam em desapontamentos atrás de desapontamentos
e com esperanças fortes sendo continuamente negadas de forma brutal.
As coisas são rejeitadas, transtornadas e negadas por Deus. É Deus
quem resiste aos soberbos e não o diabo. Precisamos ter isso em
conta. Torna-se necessário a pessoa parar seu dia-a-dia, seus
pensamentos, tentar sossegar seu coração e ir ter com Deus para
resolver o assunto que impede o fluir do poder e da operação de
Jesus. É ele quem opera o querer e o fazer nos que Lhe pertencem
verdadeiramente. Mas, há que ser d'Ele verdadeiramente, há que estar
n'Ele factualmente para isso acontecer. As coisas de Deus fluem
nesses sem impedimentos, mas, com impedimentos nunca fluem. O
ex-gago começa a gaguejar novamente, a dúvida instala-se e começa-se
a crer que são apenas provações que acontecem quando, na verdade, é
Deus resistindo e contrariando o pecador ou o desviado para fazê-lo
reconsiderar todos os seus caminhos - e não apenas alguns dos seus
caminhos.
"Tirai os tropeços do caminho do meu povo",
Is.57:14
Deus
já ajudou muitas pessoas através de outros. Existem servos de Deus
que, quando usados para ajudar outros, impressionam os necessitados
que são ajudados criando uma dependência nos tais que pode não ser
saudável. Recordemos que todas as mentes carnais tendem a ser
idólatras. Mas, por vezes, há algo que acontece em muitos arrogantes:
depois de ajudados, raramente se lembram onde tudo começou e
alguns chegam mesmo a desprezar quem foi usado para serem ajudados
nos caminhos de Deus, pois, depois de ajudados, passam a confiar
mais e melhor neles próprios. A simplicidade do servo que Deus usou
contrasta, então, com a complicada mente de quem era incrédulo e
que, por essa razão, só podia ser ajudado por via da fé de
terceiros. Ora vejamos. Deus ajuda qualquer um que se aproxime dele
de todo coração e com esse coração puro e sincero dentro da verdade
e realidade de Jesus. Se Deus usou alguém para ajudar é porque se tornou
necessário fazê-lo, pois, havia algo de errado na comunhão dessa
pessoa com Deus e havia algo certo em quem foi usado para ajudar. É
necessário que essas duas coisas se conjuguem, pois, um cego nunca
deve deixar-se guiar por outro cego e quem enxerga bem só precisa
ser guiado por Deus e precisa Sua bênção para o caminho que deve
seguir e nunca desprezar qualquer outro servo de Deus - desde que
seja verdadeiramente servo. Mas, todos quantos eram errados terão
sempre tentações para voltarem à mentalidade antiga e à sua anterior
forma de ser e isso depois de haverem sido ajudados. E se essas
tentações não forem resistidas e tidas como coisas abomináveis, uma
porta abre-se para desprezar quem, na sua simplicidade de coração,
foi usado para colocar os pés perdidos no caminho pelo qual deveriam
enveredar. Desprezar tal pessoa será o mesmo que desprezar o próprio
Senhor Jesus. É bom que nos lembremos de onde saímos, isto é, onde tudo começou. Por vezes, isso não acontece assim. Mas, ainda
existe outro caminho de erro. Se Deus usou outra pessoa e a sua fé
para ajudar quem se encontrava preso numa mente incrédula e em
desespero de causa, deduzimos que existia uma mente que não se
apoiava em Jesus de pleno direito, isto é, integralmente e por conta
própria. E se estava realmente em Jesus, não usou esse estatuto. A
pessoa foi ajudada pela fé de terceiros por essa razão, sendo-lhe
indicado o melhor caminho e, também, sendo-lhe proporcionado saída pelo
poder e bênção de Deus que surgiu pela fé de terceiros. O alvo de
Deus, quando usa terceiros, não é apenas ajudar alguém, mas, é
principalmente fazer nascer uma fé própria capaz de se apoiar em
Jesus também, de forma real e por conta própria, sem cair na
tentação de desprezar quem vive de "igual fé". "Porque quem te faz
sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o
recebeste, por que te glorias como se não o houveras recebido? Já
estais fartos (satisfeitos, cheios)! Já estais ricos! Sem nós
reinais! E prouvera Deus reinásseis para que também nós reinemos
convosco!"
1Cor.4:7-8. Se a fé em Jesus não
surge, uma de duas coisas acontecerá: ou a pessoa se incha e
despreza quem a tem e que, por tê-la, pôde ajudá-la inicialmente; ou
ela cria uma mentalidade de dependência no homem ou mulher por
quem foi ajudado. Parecem coisas diferentes, mas, na verdade, é a
mesma mentalidade incrédula que se manifesta de maneiras diferentes.
Essa mentalidade de carência espiritual pende para um lado ou para o
outro. Contudo, não deixa de ser a mesma doença ainda que os
sintomas sejam distintos. O diagnóstico para ambos é o mesmo.
O mal
nunca será bom. Nunca poderá ser reformado ou melhorado. O mal tem
como destino o extermínio e não a reforma e uma eventual aceitação.
Já ouvi pessoas dizer que irão melhor seus modos, que desejam ser
melhores e coisas parecidas. Não temos de ser melhores: temos de ser
crucificados e mortos eternamente para ressuscitarmos com Cristo em
novidade de vida.
A ira,
a raiva e a agressão desmotiva tanto quem a pratica quanto quem é
atingido por ela, direta ou indiretamente. Isso acontece com todos
quantos desejam prevalecer nos caminhos de Deus e em toda a Sua
justiça.
"E destruirá
(...) o véu com que todas as nações se escondem",
Is.25:7. O véu mantém as pessoas
nas trevas consequentes de seus próprios pecados. São mantidos cegos
e endurecidos. Nunca enxergam nada para além do véu. Mas, eis o
milagre: "Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se
tirará",
2Cor.3:16. Depois disso, todos
serão capazes de enxergar além do véu. Mas, antes de se converter,
nenhum pecador pode ver com bons olhos qualquer coisa além dos seus
pecados e prazeres. Esse véu esconde a beleza da santidade de seus
olhos, de tal maneira que nunca a conseguem desejar ou alcançar.
Contudo, por aquilo que lemos neste versículo de Isaías, o véu
também é apreciado e usado pelos pecadores para se esconderem nas
trevas para que seus pecados se possam esconder, camuflar ou mesmo
ser desculpados e justificados pelos próprios para que as suas vidas
de prazer e ilusão possam ser continuadas e mantidas. A
auto-justificação tem a capacidade de incentivar quem peca a amar o
pecado a cada dia que passa e a não ter razões para se desfazer
dele.
"Fizeste
também um reservatório entre os dois muros para as águas do viveiro
velho, mas, não olhastes para cima, para aquele que o tinha feito,
nem considerastes o que o formou desde a antiguidade",
Is.22:11. Vejamos se consigo
expor aquilo que deve ser entendido através destas palavras. Sabemos
que o reservatório foi feito a mando dos líderes de Judá. Mas, aqui
lemos que quem o fez foi Deus e que já o havia formado desde a
antiguidade. Ainda não havia sido construído e Deus já o havia
formado. E era apenas um reservatório de água para Jerusalém. A
queixa de Deus é que aqueles que o construíram nunca olharam para
Deus que o formou desde a antiguidade. Ainda assim foi feito por
amor a Jerusalém e a Davi. O facto de as pessoas envolvidas na sua
construção nunca haverem reconhecido Deus em sua obra não impediu a
sua construção. Mas, os que construíram, certamente, perderam-se
para o Reino. "Reconhece-o em todos os teus caminhos e ele
endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios
olhos...",
Prov.3:6,7.
Na verdade,
o que vai determinar a qualidade de meu dia e, também, o estado de
meu espírito durante esse dia, a capacidade e a prontidão em
enfrentar os problemas com paz e determinação ou a gratidão com que
recebo da mão de Jesus, será o aproveitamento e qualidade do meu
tempo com Deus bem cedo e nunca a quantidade de tempo que passo com
Ele trancado. A quantidade do tempo conta, pois, precisa ser
suficiente; mas, as resoluções e a luz que transformam o coração e
que, além de o limpar, mantêm-no limpo, será o que determinará a
qualidade e o aproveitamento de todo o meu dia em tudo que faço. O
aproveitamento mede-se pela aceitação de Deus e nunca pela
quantidade de serviço. É isso que aprendemos através de Caim.
Não
é possível a pessoa não ser guiada naquilo que é a vontade de Deus
mantendo-se limpa e irrepreensível diante d'Ele e em oração. Ninguém
será fraco estando limpo - nem mesmo quando se sente fraco ou
enfraquecido. A fraqueza da pessoa chega quando se separa de Deus ou
sempre que algo a separe de Jesus. Isto não significa, de maneira
nenhuma, que a carne necessita ser fortalecida ou sentir-se forte. A
carne está exterminada naqueles que se apresentam fortes diante de
Deus. Não devemos procurar aceitação e, antes, buscar ser
irrepreensíveis nos caminhos de Jesus. E, estando nessas condições,
podemos e devemos aproximar-nos de Jesus com nossos pedidos e
orações que, com toda a certeza, serão todos ouvidos. Se buscamos
fruto verdadeiro, tenhamos a coragem de recusar satisfação com meio
fruto.
Existem
enormes perigos quando as coisas que ouvimos, sejam promessas ou
mandamentos, não se cumprem. Por vezes, uma promessa demora a
cumprir-se. Mas, muitas vezes, quem ouviu não se apresenta diante de
Deus para ser transformado e moldado de forma a que a dita promessa
possa ser cumprida. E também não faz da promessa um motivo de oração
intensa e séria, crendo em Deus. Na verdade, existem muitas e
variadas razões para que as promessas não se cumpram e algumas para
que o cumprimento seja tardio. Pode acontecer termos uma noção do
tempo de Deus diferente daquilo que Ele deseja alcançar para nós.
"Se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará",
Hab.2:3. Uma promessa que não se torna motivo de oração,
certamente que não se cumprirá. E quando algo não se cumpre, a pessoa
quer estar sempre a ouvir ser-lhe prometido para tentar ganhar ânimo
e lutar contra as evidências duma maneira que não deve. E é aí que
começam a surgir as vozes falsas, sejam estas de origem demoníaca ou
do próprio. Mas, pelo meio pode surgir a voz de Deus que, quando
ecoa, não é crida ou não será lembrada por muito tempo porque tal
pessoa é incrédula e instável. Ainda que os desapontamentos sejam
combatidos, deixam sempre marcas e a pessoa desapontada neste
aspecto acaba por não levar a sério quando é Deus falando. E quem
não leva Deus a sério, não recebe d'Ele.
"A inveja
de Efraim (...) Efraim não invejará a Judá e Judá não oprimirá a
Efraim",
Is.11:13. A inveja de
Efraim devia-se, provavelmente, ao facto de Judá haver sido separada
para Deus e, ao invés de se arrependerem de seus pecados para que
Deus pudesse aproximar-se deles também, seguiram o caminho da inveja
e da agressão. É muito difícil viver ou conviver com a inveja e o
ciúme, ainda mais se é dentro do lar ou entre irmãos na igreja. Mas,
sempre que isso acontece ou o invejoso sentir-se-á oprimido e
injustiçado quando as coisas são feitas de maneira correta ou o
invejado será dominado. O mal está em quem inveja. E aquele que
inveja é uma pessoa inconstante e incapaz de liderar - e muito menos
dominar. Por essa razão não deve dominar e nunca se pode ceder a
qualquer uma de suas pretensões, mesmo porque o invejoso é e será
sempre uma pessoa insistente nessas pretensões e o invejado terá
sempre tendência para ceder por não se importar muito com isso caso
seja humilde e simples de coração. Contudo, devemos saber que a
inveja faz mal ao invejoso e, se nos deixarmos levar, não estamos
amando quem inveja. Devemos saber que Deus prometeu que "o
leão comerá palha com o boi", mas, o boi já comia palha antes e quem
foi transformado foi o leão agressivo. Não lemos que o boi foi comer
carne com o leão. Não é o boi que tem de mudar e, da mesma maneira,
podemos dizer que não é o invejado que necessita mudar. Aliás, não
deve mudar sua conduta santa em nenhum aspecto seja por que razão
for. O mesmo princípio pode ser aplicado ao ciúme e a quaisquer outros crimes.
"Verdadeiramente,
tu és o Deus que te ocultas",
Is.45:15. O ideal da vida Cristã
é que Deus nunca se oculte, pois, se está oculto é por razões
específicas. No caso de Israel, Deus ocultava-se por causa dos
pecados de Israel e como não abandonava Israel à sua sorte por causa
das promessas, ocultava-se. Ocultar-se foi a alternativa que achou
ao abandono. Era o suficiente para que os incrédulos ou os infiéis
se sentissem abandonados. Muitos usam versículos como este para se
desculparem e para justificarem a ausência de Deus em suas vidas e
em seus ministérios. Nunca nos podemos esquecer que Deus só é capaz
de se ocultar por certas razões específicas por razão do amor. Não
existindo essas razões, certamente que nunca se ocultará. "A nossa
comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo",
1 João 1:3. E cremos que o
mandamento de Jesus é claro a esse respeito, pois, essa comunhão
precisa ser contínua, permanente e sem interrupção. "Permaneçam em
Mim e Eu em vós", João 15:4. É
um mandamento. Deve ser a coisa mais triste deste mundo um crente
ter uma vida onde Deus se oculta. Não consigo imaginar algo mais
triste.
Muitos
gostam de praticar o mal. Esses, por consequência, enfrentam o bem e
confrontam-no. Muitos outros praticam o bem e enfrentam o mal e são
confrontados por ele. Não se sinta culpado ou com vontade de mudar
se o mal o confronta estando em sua inocência. Alegre-se se, sendo
justo, se é perseguido pelo mal. Se não for perseguido pelo mal,
algo está muito mal em sua existência.
Muitos
queixam-se de nunca haverem experimentado a ajuda ou o poder de
Deus. Contudo, nunca alcançaram o ponto de necessitarem essa
intervenção peculiar de Deus em suas vidas. Não alcançam aquele
ponto onde abandonam todas forças próprias e as negam para sempre e
não trabalham além do que podem. Deus opera sempre quando estamos
com Ele e, principalmente, sempre que vivemos acima das nossas
capacidades porque vivemos e agimos com as capacidades d'Ele. Muitos
só se aproximam de Deus quando já mão têm saída. Mas,
bem-aventurados são aqueles que optam por juntar com Ele sabendo que
podem ou podiam juntar sozinhos. Quem não junta com Ele, espalha;
quem não espera com Ele, adia as coisas, complica tudo ou compromete
a intervenção de Deus. "Bendito o teu conselho e bendita tu, que hoje me estorvaste
de que a minha mão me salvasse",
1Sam.25:33.
Tenha
extremo cuidado com a vingança. Olhe com outros olhos para ela,
tanto quando é você que deseja vingar-se como quando é alguém a
vingar-se de si. A vingança faz-nos ser mais ruins do que somos,
mais adúlteros do que somos, mais maldosos do que somos. A vingança
faz com que ultrapassemos todos os limites do bom senso. E quando
alguém se vinga de si, pense que a pessoa está agindo acima daquilo
que ela é; e que ela pode ser uma pessoa menos maldosa do que aquilo
que aparenta ser através da vingança. A vingança leva qualquer
pessoa além do seu limite da maldade. Por isso é que, após uma
vingança, a pessoa torna a parecer como uma pessoa normal novamente.
"A quem
enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui,
envia-me a mim",
Is.6:8. Nós existimos para fazer
a vontade de Deus e não a nossa. Atingiu-me o fato de Isaías haver
sido enviado para que o povo se endurecesse ainda mais. Tudo que
Deus faz termina em bem e cremos que esse endurecimento tinha uma
finalidade específica, pois, tornara-se necessário adiantar o juízo
anunciado para que tudo acontecesse sem mais demora e que a salvação
chegasse com a exterminação do pecado do povo. Desejamos ser
enviados para que as pessoas se arrependam e se convertam. O nosso
sucesso na obra é conseguirmos alcançar tudo aquilo que Deus
pretende. Fora disso, nada é sucesso. Sei que esta afirmação servirá
para muitos a usarem como desculpa ou justificação para suas
incapacidades e insucessos, mas, existem fatos que devemos
sublinhar. Elias não conseguiu qualquer avivamento, contudo, cumpriu
toda a vontade de Deus e alcançou tudo que lhe estava destinado. O
facto do seu povo nunca se haver convertido nunca o impediu de
alcançar toda a vontade de Deus para sua vida e não o impediu de
viver uma vida isenta de erro e sem culpas. A sua santidade e
exclusividade para Deus nunca estiveram em causa - nem mesmo nos
seus piores momentos.
É bom
que, logo desde o início, as pessoas aprendam a analisar seus
corações e a colocá-los sob a luz intensa de Jesus e sob Seu
escrutínio preciso. Mas, o coração deve ser visto conforme a verdade; em segundo lugar, ser entregue a essa mesma verdade para ser
transformado por ela - e não por conta própria. Contudo, existe esta
ideia dentro das doutrinas que devemos sempre tentar agradar a Deus
como se agrada pessoas, isto é, afirmando sempre que somos
pecadores. Ora, é verdade que somos pecadores, como também é verdade
que, havendo já sido perdoados, devemos viver conforme essa verdade
e sermos capazes de reconhecê-la para glória de Deus. Devemos viver
actualizados. O perdão vem com a conversão e a conversão chega (ou
pode chegar) com a
confissão e o abandono do pecado. Devemos conseguir viver em total
conformidade com aquilo que é verdade a respeito de nós mesmos e de
Deus. Sempre que Deus entra em cena de forma real, nada fica igual e
devemos poder reconhecer as verdades e as realidades na medida que
somos transformados. Conformemo-nos com a verdade sem darmos terreno
ao orgulho espiritual ou ao desprezo negligente daquilo que se
tornou real e verdadeiro. Não temos nada do que nos orgulharmos e
temos bastante do que nos humilharmos.
"E Ele
exercerá o seu juízo sobre as nações (...) e estes converterão as
suas espadas em enxadões e as suas lanças, em foices; não (...)
aprenderão mais a guerrear",
Is.2:4. Esta transformação
radical é conseguida através do Juízo de Deus. Existem várias formas
de juízo e muitas maneiras de julgar. Além disso, existem os motivos
e o tipo de poder (ou ausência dele) com que o juízo é feito.
Segundo aquilo que as Escrituras nos ensinam, existe um tipo de
juízo que Deus ama e outro que Deus abomina. Sabemos que todos os
bons médicos precisam ter diagnóstico preciso caso desejem curar
alguma enfermidade. Ninguém cura sem um diagnóstico preciso e correto. O mesmo acontece com o juízo de quem deseja curar a alma e
salvá-la: ninguém o consegue passando por cima dos pecados cometidos
e ocultos pela vergonha. Ninguém é perdoado sem colocar seus
pecados na luz para serem condenados à morte e sem confessá-los como
crimes hediondos. Ora, o juízo de Deus é segundo a verdade e o amor.
Seus motivos são salvar ou salvar o que resta, condenando aquilo que
não presta. É o amor que o move. Sempre acreditei que um avivamento
real funciona como o dia do Juízo, onde os pecados são julgados e
manifestados. Nunca devemos fugir ao Juízo que salva, pois, do outro
juízo (do final) ninguém escapa. "Ele exercerá o Seu Juízo (...) e
se converterão...". Muitos escapam do Juízo que salva "rompendo as
suas ataduras e lançando deles as Suas cordas de amor". Nunca nos
esqueçamos que aqueles que apedrejaram Estêvão foram cortados no
coração da mesma maneira que foram todos os que perguntaram o que
deveriam fazer para estarem em paz com Deus. Contudo, reagiram mal à
convicção de pecado.
Segundo
as Escrituras, a opressão, o suborno e a corrupção são inseparáveis.
Onde existe uma dessas coisas, certamente existem as outras ou, no
mínimo, existem as circunstâncias para que as outras aconteçam. É só
uma questão de procurar se quiser comprovar isso como fato.
A sabedoria,
quando vem de Deus, vale para sempre. Por norma, as pessoas que
crescem em sabedoria têm aquela ideia de que aquilo que lhes foi
ensinado anteriormente perde a sua importância ou mesmo a sua
relevância perante aquela sabedoria recebida de fresco e na media que se
vai crescendo nela. Nada mais errado de pensar. Devemos manter,
lembrar e dar a devida importância a toda a instrução do passado
vinda de Deus. A sua validade não termina e permanece para sempre. A
sabedoria nunca anula a própria sabedoria, pois, seria dividir o seu reino. Se a sabedoria
anulasse a sabedoria não seria crescer nela e seria substitui-la.
"O homem
sábio que pleiteia com o tolo, quer se perturbe quer se ria, não
terá descanso",
Prov.29:9. Devemos saber o que é
que a Bíblia define como um tolo. Tolo não é apenas aquele que é
bobo ou se faz de bobo. Tolos existem muitos e de muitos tipos.
Existem pessoas que crêem nas coisas inertes ou erradas e são
classificados como tolos. Outros tornam-se tolos porque não crêem em
nada real e verdadeiro, muito menos em Jesus. O que a Bíblia diz é
que argumentar com tais pessoas vai tirar-nos todo o nosso descanso
futuro. A única forma de lhes falar ou o único argumento que se deve
tentar uma ou duas vezes é tentar mostrar ao tolo que ele é tolo. Se
ele acreditar nisso, tudo o resto pode vir a compor-se porque a
convicção de pecado pode operar milagres.
"Na
transgressão do homem mau há laço", Prov.29:6. Não existe apenas transgressão na
transgressão, mas, existem laços também. Devemos saber que a
transgressão torna o homem mau e que o mau cria mais e maior transgressão. Mas,
por aquilo que a Bíblia afirma ser verdade, não se trata apenas duma
transgressão - o que por si só já seria bem grave. Além da
transgressão, laços são lançados e tentações futuras são criadas por
cada transgressão cometida. Todos os transgressores tornam-se pedras
de tropeço e haverá laços no presente e no futuro devido às
transgressões presentes. Cuide de sua vida, segure sua coroa
afastando-se de quem transgride e da transgressão própria. Se o transgressor for você,
arrependa-se de imediato para evitar ser tropeço futuro para si
próprio e para aqueles que o rodeiam, não vá acontecer ser lançado no
fundo do abismo com uma mó amarrada nas costas.
"Quando
o ímpio domina, o povo suspira", Prov.29:2.
Isto é uma verdade incontornável. E é de ver que é a Bíblia que o
afirma. Contudo, aqueles que suspiram dificilmente reconhecem a
origem de seus problemas, pois, admiram sempre quem os lidera. Quem
admira ímpio, ímpio é. E aí não há nada a fazer até alguém tornar-se
justo e abandonar as impiedades todas. Mas, é Deus quem repreende
quem lidera e quem escolhe quem os deve liderar.
"Quando
os ímpios (...) perecem, os justos multiplicam-se",
Prov.28:28. Isto é algo a ter em conta pessoal: se
você abandonar seus pecados criará as circunstâncias para que se
multipliquem justos à sua volta. Nunca se esqueça disso. A principal
causa falta de avivamentos ou a principal razão para haver
avivamentos falsificados são os pecados dos crentes. Na verdade, eu
creio que a única causa da ausência de avivamentos genuínos é essa.
Existemmuitas razões para nunca se falar de
alguém com alguém. Por vezes, devemos mesmo evitar falar bem de
alguém com outras pessoas. O mal existe em falar dos outros e criar
um hábito mau, pois, falar dos outros pode tornar-se hábito. É
melhor falarmos com os próprios dentro das regras do amor verdadeiro
de Deus. Mas, existe um outro lado nesta questão: ouvir quando
alguém fala dos outros. Todo aquele que ouve é co-participante de
quem fala dos demais. Existem muitos perigos sérios para quem ouve.
Ouvir mentiras ou verdades alteradas podem fazer surgir suspeições
onde deveria surgir a misericórdia e o amor. "...Não julgará segundo
(...) o ouvir dos seus ouvidos",
Is.11:3. Somos capazes de pensar
bem ou mal sem fundamento e, se queremos ser úteis, devemos saber
avaliar segundo a correção e sermos justos; podemos preferir umas
pessoas acima das outras ouvindo falar das vidas alheias e isso é
pecado: "Se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois
redarguidos pela lei como transgressores",
Tiago 2:9.
"O homem
que lisonjeia a seu próximo arma uma rede aos seus passos",
Prov.29:5. Ninguém gosta de ser
considerado culpado de qualquer crime, nem mesmo quando o comete.
Eis aqui um crime sério e ao qual poucos dão importância: lisonjear
o próximo. É crime pelas consequências desastrosas que traz com ele.
Esta palavra "lisonjear" significa, pelo menos no original hebraico,
muito mais que elogiar. Significa dar preferência a alguém por
razões pessoais ou dúbias; ter estima por alguém acima dos outros a
ponto de lidar com tal pessoa diferenciadamente, seja algo
temporário no caso de estranhos ou permanente no caso de familiares
próximos ou amigos; (devemos tratar todos como se fossem muito
queridos por nós); louvar com o intuito de promover uma aproximação
à pessoa; dar relevo a alguém por motivos escondidos que não sejam
para glória de Deus, etc. Existem muitas mais maneiras de cometer
este crime sério contra a alma de alguém. Quantas moças sérias são
desapontadas por haverem casado com alguém que não foi apontado por
Deus por haverem recebido umas meras flores (ou outra coisa
qualquer) dum lisonjeador?
A Deus
cabe perdoar e ser misericordioso no tocante aos meus pecados e a
mim cabe ser implacável contra eles e nunca desculpá-los. As duas
coisas andam juntas e que ninguém se atreva a separá-las - nem em
discurso.
A sinceridade
é parceira da pureza, isto é, quem é sincero de coração e anda na
luz sem nada escondido, torcido ou camuflado pode ser sincero porque
não tem do que se envergonhar. E, também, quem anda na luz anula a
força do pecado, combate a tentação e mantém seu coração limpo e
impecável diante de Deus e pessoas. É crucial, seguro e fundamental
para ambas as virtudes serem inseparáveis. Uma coisa funciona com
a outra. Por norma, a falta de sinceridade e a falta de honestidade
espiritual está ligada a quem tem alguma coisa para esconder - ou a
quem quer esconder. E quem esconde mantém o pecado, o seu poder e as
suas culpas. "Vinde e andemos na luz",
Is.2:5.
"Não
presumas do dia de amanhã, porque não sabes o que produzirá o dia",
Prov.27:1. Isto é uma lição para
todos os tipos de pessoas. Os pessimistas e profetas do infortúnio
pensam que o dia seguinte será sempre pior e os optimistas tentam
crer no contrário. Embora exista alguma diferença entre ambos,
devemos saber que a linha que os separa é muito ténue, pois, o
optimista tenta não ser pessimista e qualquer pessimista só não se
expressa optimisticamente por teimosia ou para buscar atenção diante
das pessoas que não podem salvar. Presumir do dia de amanhã é pecado
tanto para os pessimistas quanto para os optimistas, pois, o dia de
amanhã cabe a Deus decidir sobre ele e a mim cabe-me depender de
Cristo e nunca do dia de amanhã. Se Deus me falar sobre o dia de
amanhã, não serei otimista, mas, expectante e confiante. Posso estar confiante em Deus
sempre que meus caminhos Lhe são agradáveis. Mas, isso não é e nunca
foi optimismo, pois, é uma certeza. Tudo aquilo que não for uma
certeza não é fé e nunca poderá ser. Optimismo não é fé - é algo
carnal. Optimismo não faz Deus mover-se. Eu creio mesmo que
decepciona Deus e que, ao invés de o fazer mover-se, faz
precisamente o oposto. Por vezes, o optimismo é uma forma preguiçosa
de adiar coisas importantes e de evitar obter certezas concretas.
Muitos
interpretam o bom senso espiritual como incredulidade. Uma coisa é
dizer: "Senhor, se tu puderes fazer, ajuda-me". Outra
coisa é dizer: "Senhor, se quiseres podes ajudar-me". "E eis que
veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres,
podes tornar-me limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo:
Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra",
Mat.8:2,3. Este homem nunca
teria sido limpo se tivesse sido a incredulidade a falar da maneira
que falou. Ao dizer "se quiseres" ele assumia que Jesus podia. Ele
era submisso a Jesus é à vontade de Deus.
"A glória
do homem é passar sobre a transgressão",
Prov.19:11. Isto não significa que
o homem que se tornou justo, isto é, que se justificou
interiormente, aceite o pecado. Significa, apenas, que vive sem ser
influenciado pelos pecados à sua volta. Não reage à provocação; não
perde o seu alvo divino quando precisa passar por caminhos
armadilhados de provocações e de perseguições e passa por cima
dessas transgressões sem ser detido em seu caminho para manter a sua
coroa e alvo a salvo. No fundo, ele segura, assegura e mantém aquilo
que tem para que ninguém possa tirar-lhe a sua coroa. Isso é e será
sempre a glória do homem. É assim que será glorificado.
"Cada
um é amigo daquele que dá presentes", Prov.19:6. Isto é verdade na maioria dos homens da terra.
Mas, esse sistema não funciona com Deus. "Não tragais mais ofertas
debalde; o incenso é para mim abominação e os sábados e a convocação
das congregações; não posso suportar iniquidade, nem mesmo o
ajuntamento solene (...) Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo
de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as
ouço (...) Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos
de diante dos meus olhos",
Is.1:13-18. Lembre-se que Deus
não aceitou os presentes de Caim. Poderá não aceitar os seus. Desse
mesmo modo devem viver os justos, cuja conduta nunca deve mudar por
via dum presente.
"O caminho
do homem culpado é inteiramente perverso",
Prov.21:8. Aqui não é distinguido
entre os seus caminhos maus e aqueles que se poderiam considerar
decentes. Qualquer caminho de qualquer pessoa que ainda carrega as
suas culpas é perverso aos olhos de Deus e é um peso para ele
próprio, além de ser mau para a humanidade em geral. E são perversos aos
olhos de Deus porque são verdadeiramente perversos. Deus só vê
conforme a verdade.
"Inclina
o teu ouvido, ouve as palavras dos sábios e aplica o teu coração à
Minha ciência. Porque é coisa suave se as guardares no teu coração,
se as aplicares todas aos teus lábios",
Prov.22:17,18. Isto também
significa que caso o homem não tenha um coração aplicado e diligente
para com a boa palavra que ouve, a sabedoria lhe será um tormento e
não lhe será suave.
A Bíblia
diz que "cova profunda é a boca das mulheres estranhas; aquele
contra quem o Senhor se irar cairá nela",
Prov.22:14. É de notar que a ira
de Deus é efectivada quando Deus entrega alguém aos seus próprios
pecados. Muitos estão sob a ira de Deus estando entregues aos
pecados, mas, não se apercebem por crerem que a ira de Deus
manifesta-se quando passam mal, adoecem, empobrecem ou são
perseguidos. Não existe crença mais errada. Basta lermos os
Sal.73 para termos uma ideia
mais acertada a respeito da ira de Deus e de como se manifesta ou
concretiza. A maneira mais comum da ira de Deus se manifestar numa
pessoa é a incapacidade ou a falta de vontade de se ver livre dos
próprios pecados. Deus retém a Sua graça de tal pessoa. Isso é a ira
de Deus operando por via do abandono ao pecado. "Achei uma coisa
mais amarga do que a morte: a mulher cujo coração são redes e laços
e cujas mãos são ataduras; quem for bom diante de Deus escapará
dela, mas, o pecador virá a ser preso por ela",
Ecl.7:26.
Todo
aquele que ouve sem interromper faz com que também ele fale sem ser
interrompido. Hábito cria hábito. Quem interrompe alguém enquanto
fala não ama o seu próximo como a si mesmo.
"A preguiça
faz cair em profundo sono; e a alma enganadora padecerá fome",
Prov.19:15. É sabido que a
maioria dos preguiçosos tem um compromisso sério com o sono e com a
cama. Mas, o mais interessante desta verdade é que aqui é afirmado
que o preguiçoso possui uma alma enganadora, a qual o engana
continuamente. Na verdade, todo preguiçoso tem um concerto com a
morte e dificilmente desfaz esse concerto. "O que desprezar os seus
caminhos morrerá",
Prov.19:16.
"O pobre
fala com rogos, mas, o rico responde com durezas",
Prov.18:23. Mesmo sendo pobre ou
rico, não deixam de ser o mesmo tipo de pessoa. Todo o pobre que
fala com rogos aos ricos, responderia com dureza se fosse rico e
todo o rico que responde com dureza rogaria caso fosse pobre. É bom
conseguir rogar pela nossa alma e para sermos salvos de nossos
pecados eternamente, sejamos ricos ou pobres.
"As contendas
são como ferrolhos de um palácio",
Prov.18:19. Sabemos que esses
ferrolhos nunca se abrem sozinhos. Somente os próprios podem
abri-los. Não deixe o tempo passar. Reconcilie-se logo sem mais
demoras. "Concilia-te depressa com o teu adversário". "Quando, pois,
vais com o teu adversário, procura livrar-te dele no caminho; para
que não suceda que te conduza ao juiz, e o juiz te entregue ao
meirinho, e o meirinho te encerre na prisão. Digo-te que não sairás
dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil",
Mat.5:25; Luc.12:58,59.
"O negligente
na sua obra é irmão do desperdiçador",
Prov.18:9. O preguiçoso, o
negligente, o distraído, o sonhador e muitos outros mais são
desperdiçadores. São todos jumentos do mesmo saco. Agem sem
responsabilidade e reagem mal a qualquer chamada de atenção. Deve
ser tão difícil para os tais mudarem de hábitos quanto será para um
rico abandonar suas riquezas pelo Reino de Deus. Desperdiçam
oportunidades quando passam por elas, não atendem à voz da
consciência e vivem como se não devessem nada a ninguém neste mundo.
E quem vive como se não fosse devedor viverá como se todas as
pessoas lhe devessem algo - ou tudo. Toda a sua existência é uma de
viver em risco sério e contínuo, tanto para eles próprios quanto
para aqueles que os rodeiam.
A obediência
é crucial na vida de quem deseja viver duma vida abundante em
Cristo. Sem essa obediência não existirá vida abundante. Devemos
obediência à verdade (o que implica desobedecer à mentira); devemos
obter um espírito ternamente obediente para com quem expressa a
verdade e a pratica fielmente; e devemos ser obedientes a Deus
incondicionalmente. Existe a obediência condicional às pessoas e a
incondicional a Deus. A obediência incondicional deve-se a Jesus e à
liderança do Espírito Santo.
"Reprovados
para toda boa obra (...) Todas as coisas são puras para os puros,
mas, nada é puro para os contaminados e infiéis",
Tito 1:16,15. Isto significa que
as obras boas não mudam e quem muda é o praticante. Isto é, para que
a obra possa ser considerada boa, a pessoa precisa ser aprovada. O
problema não é a obra e antes a pessoa. O emblema bonito não faz a
instituição. Toda a boa obra será aprovada ou rejeitada - tudo
depende do praticante. Ainda que as obras dos infiéis pareçam boas,
nunca trarão o que é bom e nunca obterão fim bom. "Nos frutos do
ímpio há perturbação",
Prov.15:6. Caim ofertou a Deus e
não foi aceite. Não havia nada de mal na oferta - somente em Caim
havia mal. "O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor; O
caminho do ímpio é abominável ao Senhor; Abomináveis são para o
Senhor os pensamentos do mau; O que desvia os seus ouvidos de ouvir
a lei, até a sua oração será abominável",
Prov.15:8,9,26; 28:9. E aqui não
diz que são apenas seus pensamentos maus que são abomináveis. Sejam
quais forem os pensamentos - sejam bons ou maus e sejam quais forem
as orações, são todos abomináveis.
"O caminho do preguiçoso é como uma cerca de
espinhos", Prov.15:19. Não deve existir
pessoa mais agressiva de palavra e mais defensiva que um preguiçoso
quando é confrontado. O preguiçoso é como um porco de espinho para
quem o repreende ou o chama à atenção. Mas, mal sabe que todo o seu
caminho é espinhoso, seja em que dia for e seja onde for.
"Os pensamentos
do justo são retos, mas, os conselhos do ímpio, engano",
Prov.12:5. Isto não significa
que o ímpio tenha intenção de enganar, ainda que isso possa
acontecer. Na verdade, sempre que os ímpios aconselham parecem
sinceros e corretos. O que este versículo nos deseja transmitir é o
fato de que o próprio ímpio vive enganado e enganando-se a si
próprio. "Não sabem o que fazem". Os seus conselhos surgem dum
coração enganado e nunca virão de Deus. Os conselhos de qualquer
pessoa afastada de Deus são o próprio engano - até mesmo quando quem
os dá é sincero. "A lavoura do ímpio é pecado",
Prov.21:4.
"Melhor
é o que se estima em pouco e tem servos do que o que se honra a si
mesmo e tem falta de pão",
Prov.12:9. Este pensamento, esta
ideia, pode ser transportada para muitas áreas da vida comum de cada
um. Por norma, os desleixados querem parecer fiéis, isto é, tentam
mostrar uma coisa quando a sua realidade é outra; as prostitutas
gostam de se mostrar como mulheres sérias; os ladrões como honestos;
e assim por diante. "Tens a testa de uma prostituta e não queres ter
a vergonha",
Jer.3:3. Essas pessoas
preocupam-se e esforçam-se mais em parecer fiéis do que para serem
fiéis. Os que não arrumam a
casa, só arrumam quando chegam visitas; os que não se cuidam
arranjam-se muito bem para os eventos; e os que pecam são aqueles
que mais se mostram nas igrejas de hoje. Honram-se a eles mesmos
tendo falta daquilo que querem mostrar. "Confessam que conhecem a
Deus, mas negam-no com as obras",
Tito 1:16.
"A justiça
do sincero endireitará o seu caminho",
Prov.11:5. Muitos preocupam-se em se promover e que
seus caminhos sejam vistos e apreciados. Outros tentam que pareça
direito aquilo que se entortou falando e conquistando os corações
para conseguir que mudem de opinião a seu respeito. A menos que seja
um pedido sincero de perdão e de reconhecimento público de erros
cometidos, toda a conversa será em vão. Há que abandonar esse meio
de promoção sabendo que andando na sinceridade todos os caminhos se
manifestarão como direitos, aconteça o que acontecer e quando
acontecer. Até os olhos tortos acabarão por ver e reconhecer isso
mesmo. Será apenas uma questão de tempo. Ninguém deve buscar a
promoção e antes a sinceridade achando a justiça de forma a
tornar-se justo. Será isso que endireitará todos os caminhos.
"O sábio
de coração aceita os mandamentos, mas, o louco palrador será
transtornado",
Prov.10:8. Como louco palrador
entende-se que também sejam aquelas pessoas que contra-atacam ao
invés de aceitar os mandamentos. Quando convictos, tentam
defender-se apontando os pecados dos outros - principalmente dàqueles
por quem se sentem confrontados - quando deveriam reconhecer os seus
próprios. Tentam desviar de si aquilo que consideram acusações
acusando os outros. Também existem aqueles que falam tanto que não
ouvem nada. Isto é, a pessoa ou fala ou ouve e o louco palrador não
tem maneira de ouvir e entender porque está sempre ocupado a falar.
Uma das formas de não aceitar os mandamentos é não ter
disponibilidade para os ouvir.
"A violência
cobre a boca dos ímpios", Prov.10:6.
Muitos acreditam que violência é apenas física. Mas, o homem
violento usa a própria boca para demonstrar aquilo que é
verdadeiramente. Toda a violência provém dum ser violento. Existe o
ser e o ato. São coisas distintas. Logo, ainda que não haja
violência visível nesse ser, ele não deixa de ser violento só porque
não consumou o acto. É normal que qualquer pecador tenha tendências
para a hipocrisia e para encobrir. Logo, o violento pode não
demonstrar aquilo que é ou não reconhecer tudo que é. Ainda que
nunca violente alguém, será condenado por ser violento porque Deus
julga os corações e julga todas as obras à luz dos corações.
"O Senhor pesa os corações",
Prov.21:2. Existe o ato e existe
o coração que induz ao ato. Se o ato não se concretizar, isso não
significa que o coração não seja julgado. Pela boca se revelam
muitos corações.
"As
produções do ímpio conduzem ao pecado",
Prov.10:16. Existem ímpios que,
pela sua aparência, parecem santos. Seja o que for que façam, sejam
bem vistos ou mal vistos pelos demais, conduzirá sempre ao pecado.
Já o justo não é assim: seja o que for que faça, seja mal visto ou
bem visto, conduzirá sempre à vida e à reconciliação verdadeira.
Nunca tema ser justo. Tema, antes, ser hipócrita e, assim, poderá
trazer vida a todos os que estão para morrer em seus pecados.
"O amor
cobre as transgressões", Prov.10:12.
É preciso entendermos bem as Escrituras, isto é, entender
precisamente e somente aquilo que elas querem dizer. Muitos entendem
que este versículo significa que o amor encobre as transgressões
quando, na verdade, o amor faz precisamente o oposto. Cobrir não é
encobrir. O amor coloca tudo na luz condenando o pecado à morte pela
luz, sem condenação para o pecador. O amor não encobre o pecado
quando ele ainda existe. Colocar na luz também significa confessar pelo
nome cada pecado revelado. Extermina-se qualquer pecado dessa
maneira, isto é, colocando-o na luz. A luz anula a possibilidade de
se transgredir porque, ao colocar na luz, sendo-se transparente,
alcança-se a capacidade de exterminar qualquer pecado. O pecador é
eficazmente crucificado com Cristo e deixa de existir. O pecador
torna-se tão morto para o mundo e seus pecados quanto um defunto
estará para este mundo. Colocando tudo na luz, ocorre isso como
consequência por via do batismo com o Espírito. Um morto não pode
mais ser condenado por nenhuma lei, pois, morreu. Mas, essa verdade
só se torna efetiva quando essa morte é uma realidade. É assim que a
luz tem a possibilidade de exterminar a possibilidade de se pecar.
Isto é uma promessa e mal irão aqueles que a refutam não crendo nela
para a buscar ativamente e achá-la. A luz cria a possibilidade de
exterminar o pecador transformando-o num santo. Deseja ver um sinal
para o batismo com o Espírito Santo? Esse é o sinal. Será assim que
o pecador morre para a lei, lei essa que passa a existir apenas para
quem é transgressor. "Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais
debaixo da lei Contra essas coisas não há lei",
Gal.5:18,23. Paulo disse que a "lei é para os
transgressores". Logo, o ser ressuscitado com Cristo (aqui na terra)
está morto para a lei. Deixa de estar debaixo da lei porque o
pecador não
existe - deixou de existir. O pecador é convertido e transformado pela
porta do
arrependimento. Contudo, a porta não é a casa - não é o habitáculo. Ao falar, aqui, do fato do amor cobrir as
transgressões, está-se falando das transgressões do próprio e não
dos demais. A transgressão é puro egoísmo ativo que busca
satisfação, seja em que sentido for. Logo, a pessoa que se converteu
do egoísmo para o amor de Deus - e não para o amor próprio - é
perdoado por haver sido transformado e convertido. "Convertei-vos,
para que sejam apagados os vossos pecados",
At.3:19. Logo, o amor cobre as
transgressões nesse sentido e não mais serão lembradas por via da
conversão que vem com o arrependimento. "Aquele que fizer converter
do erro do seu caminho um pecador (...) cobrirá uma multidão de
pecados", Tgo.5:20. "O ódio (no próprio)
excita contendas (e transgressões do próprio), mas, o amor (no
próprio) cobre todas as transgressões (do próprio)".
Por
vezes, admiro-me muito com certas teologias e certas declarações de
pessoas que se dedicam ao Evangelho. Muitas de suas teologias não
passam de ideologias. Vários pastores afirmam sem qualquer pudor ou
dúvida que a pessoa em Cristo só será verdadeiramente santa depois
de morrer. Passam por cima de muitos trechos das Escrituras, como
este: "Porque a graça de Deus se há manifestado (...) ensinando-nos
que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos
neste presente século sóbria, justa e
piamente",
Tito 2:11,12. Existem abundantes
textos como este, afirmando a mesmíssima coisa. Preferem assumir a
doutrina acima de penderem para o lado da verdade. Parece-me que
tentam fazer acreditar que a santidade é coisa doutro mundo, isto é,
que é difícil ou impossível alguém ser honesto, alguém primar pela
verdade e correção, que é impossível ser fiel, etc. Já vi muitos
pastores afirmarem isso mesmo a pessoas que começam a carreira
cristã e até mesmo no próprio dia que começam. As suas doutrinas
parecem mais desculpas invertidas para dentro, tentando convencer a
própria consciência. Parece que anulam qualquer motivação no sentido
da santidade logo desde o início. Não é algo do diabo? Quem mais
desejaria desmotivar alguém que mal começa a carreira Cristã?
Diga-me: é difícil falar a verdade e ser verdadeiro? É complicado
ser honesto em seu trabalho? É impossível parar de mentir ou de
roubar? Como vê, a santidade é algo simples, é algo deste mundo para
este mundo agora e já. Muitos condenam-se através daquilo que
ensinam e crêem.
"Peça-a
(...) não duvidando (...) O homem de coração dobre é inconstante em
todos os seus caminhos",
Tgo.1:6,8. Digamos que, através
deste texto, entendemos que a pessoa que duvida de Deus, d'Ele que tudo
pode, é inconstante de coração. No mínimo é inconstante em relação a
Deus. Ora, quando uma pessoa é inconstante num aspecto de sua vida,
sê-lo-á em todos os seus caminhos, dizem as Escrituras: "É
inconstante em todos os seus caminhos". Mas, não podemos torcer as
Escrituras por causa de doutrina. O que, na verdade, entendemos
sobre este texto é que a pessoa de coração inconstante no tocante a
confiar em Deus é inconstante em todos os caminhos de Deus e talvez
só neles. É muito provável que não se torne inconstante nos caminhos
do mundo e do pecado. Inconstante num caminho, é constante no outro
porque são pólos opostos. Inconstante no pecado - caso tenha caído
em alguma tentação inadvertidamente - significa ser possível
tornar-se constante nos caminhos de Deus caso entre neles. Sendo
inconstante em Deus, será constante no pecado se enveredar por esses
caminhos.
A parcialidade
é hipocrisia. Há quem se coloque ao lado dos seus crendo que isso é
amor. Contudo, o amor é sempre imparcial. A parcialidade nunca busca
a verdade. Quem não é verdadeiro, é falso. E ninguém precisa do amor
dum falso.
O ensino
é desejável para quem deseja aprender. Para aqueles que não desejam
aprender ou ser corrigidos, o ensino transforma-se numa forma de
afronta. "O fruto da justiça semeia-se na paz, para os que
exercitam a paz",
Tgo.3:18. Mas, para os que não
exercitam a paz de forma prática, nunca é semeada na paz. Existem os
românticos da justiça, os quais sonham e não praticam. E existem
aqueles que praticam. Os que não são capazes de praticar sentem-se
confrontados quando, na verdade, o ensino tem outro espírito, isto
é, o de amor e de mansidão. "A sabedoria que vem do alto é,
primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de
misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia",
Tgo.3:17. O fato da verdadeira
sabedoria ser imparcial e, consequentemente, não agradar pessoas, é
tido como confronto por quem não deseja aprender. Uma das
características de quem não deseja aprender é o desejo de ser
agradado. Caso esse desejo não seja cumprido, surge o terreno para o
confronto. A mansidão costuma ser tida como agressão pelos que são
rebeldes de coração. O confronto entre a mansidão e a dureza ou
rebeldia é inevitável. Por isso é que existe e existirá sempre uma
forma de inimizade ativa entre a carne e aquilo que é espiritual,
seja em quem for ou em que ocasião for. É o confronto mais antigo de
todos os tempos - sempre existiu desde que o diabo caiu. "O escarnecedor não
ama aquele que o repreende", Prov.15:12.
A pessoa
que compra por comprar, fala por falar, gasta por gastar, ou faz
qualquer coisa só por fazer, certamente que vive por viver. Isto é,
não tem rumo, não tem uma razão para viver, não vive por uma causa e
não tem objectivo de vida. E se tem, não o cumpre. A sua existência
é um peso para a criação e não contribui para nada. Até pode ter
outras ideias e outros pensamentos, mas, na vida prática, vive por
viver, lê a Bíblia por ler, ora para cumprir dever religioso e nada
mais. Não faz nada para glorificar Deus, não se importa em ter ou
obter uma real comunhão com Ele.
Muitas
orações são feitas pelo dever de orar, ou pelo 'dever' de mostrar
que se ora. Isso acontece de tal maneira que retira qualquer
possibilidade de ser o coração falar com Deus e de obter uma real
comunhão com Ele.
Quando
as pessoas louvam Deus, acreditam que estão a agradá-lo, mas, usam palavras
lisonjeadoras e elogios como se Deus fosse carnal e
necessitasse de ser elogiado para agir ou reagir. Na verdade, o
verdadeiro louvor que surge devido ao conhecimento da verdade sobre
todas as coisas ou sobre qualquer coisa demonstra que a pessoa não
apenas aprova as coisas boas, mas, que tem grande apreço por elas e
por Quem foi, é e será responsável por elas. O que agrada Deus é que
a pessoa tenha olhos, coração e amor pelas coisas que importam a
ponto de Deus ser louvado. Deus não precisa de nossos louvores para
nada - e muito menos para se aproximar de nós. Contudo, o fato de
sermos capazes de apreciar aquilo que realmente importa a ponto do
louvor brotar espontaneamente, alegra Deus. Daí que Deus abomine
todo tipo de louvor falso ou falsificado. Ninguém compra Deus
através de louvores ou elogios. Aquilo que leva a louvar é de
extrema importância, pois, determina se seremos aceites ou
rejeitados como um Caim qualquer.
-
Quando
Jesus disse que não perecerá nenhum cabelo da minha cabeça, Ele
estava dizendo que me protegia e amava a mim ou ao meu cabelo? Pense
nisso da próxima vez que se assustar, entrar em pânico - se é que
você tem mesmo uma comunhão real com Deus e que essa comunhão não
não seja unilateral e imaginária ou, apenas, desejada.
-
A genética
de cada um determina a altura, o formato e, segundo dizem, a saúde
do corpo. Mas, para que servirá essa genética sem o alimento
apropriado, sem os cuidados necessários, sem a disciplina simples
duma vida regrada? Ora, aí está. Desse mesmo modo funciona a nova
pessoa em Cristo. Precisamos saber que não basta nascermos de novo:
precisamos manter-nos em Cristo, precisamos exterminar e negar cada
pecado sabendo como fazê-lo, precisamos alimento cada dia mais
sólido e necessitamos cuidar e manter o corpo de Cristo saudável.
-
"...Para
que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a
terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias",
Mat.23:35. O sentido de justiça
de Deus é muito diferente do nosso. Sobre aquela geração iria cair o
sangue dos justos - todo o sangue justo desde Abel! É interessante notar
que seriam imputados das mortes todas até ao último profeta do
Antigo Testamento e não pelo sangue de Jesus. Quem tem, no coração,
a mesma apetência para o mesmo tipo de pecados incorre na mesma pena
ainda que não os cometa por falta de ocasião ou por outra razão. Se
o pecado reside somente a nível do coração, a culpa já existe.
-
"Mas,
eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de
dar conta no Dia do Juízo",
Mat.12:36. Por "palavra ociosa",
principalmente neste versículo, entende-se qualquer palavra que não
corresponde à verdade do coração ou da verdade. É neste sentido que
Jesus fala sobre os que falam coisas boas sendo maus. Assim sendo,
cada palavra que não corresponder, duma maneira ou doutra, à verdade
do coração será vista como palavra ociosa. Não é apenas necessário
que cada palavra corresponda à verdade, mas, que corresponda,
também, à verdade vivida e experimentada dentro do coração de quem a
pronuncia. "Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas
palavras serás condenado",
Mat.12:37.
-
"Mas,
se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não
sacrifício, não condenaríeis os inocentes",
Mat.12:7. Será que aqueles que
desejam sacrificar e tentam conquistar Deus através de feitos são os
que mais facilmente são capazes de condenar os inocentes?
-
"Aquele
que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao
homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia E desceu a
chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela
casa, e caiu, e foi grande a sua queda",
Mat.7:26. Muitos contentam-se em
ouvir a Palavra, seja pela rádio ou nos cultos. Na verdade, ouvir a
Palavra não é o fim da picada. Aqui, Jesus fala dos que ouvem e
podem terminar mal - muito mal ou mesmo pior que todos. O insensato não é aquele que não
ouve e antes aquele que ouve, mas, não cumpre. Há que ter isso em
mente, pois, aqueles que não falham um culto, não perdem uma
pregação na rádio e parecem ser extremamente zelosos podem ser os
que Jesus considera insensatos por se dedicarem somente a ouvir e
não são extremamente dedicados a cumprir e nem a achar os meios para
poderem cumprir.
-
A verdade,
para significar alguma coisa para quem a recebe, precisa tornar-se
uma revelação do Espírito que marca a alma com essa revelação.
Imagine alguém que não leu, não ouviu e, de repente, algo se revela
dentro dela com tal significado capaz de mudar ou transformar toda a
sua conduta e vida. Agora, imagine alguém que lê e, ao mesmo tempo,
obtém essa revelação com igual impacto. Na verdade, esse tipo de
manifestação da Palavra pode ser recebida mesmo estudando a Palavra
com profundidade. O que importa é que se torne uma manifestação ou
revelação que marca a alma e todo o ser da pessoa, algo que pode
transformar tudo em obediência, não apenas imediata e espontânea,
mas, duradoura. Isso não é uma revelação com origem no estudo, mas,
na aplicação da Palavra pelo Espírito Santo. O estudo é bom para que
a palavra exista dentro da pessoa para ser usada pelo Espírito
Santo. É um tesouro que pode ser usado. Mas, como a pessoa em
questão não consegue salvar-se a ela própria não pode crer que se
salvará através do estudo ou porque sabe e antes porque Deus usa o
que ela sabe. Se não houver essa revelação dessa maneira, a verdade
não obterá os resultados esperados. A verdade continuará a manter o
seu significado, mas, não significará nada para a pessoa em questão.
-
"Orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem",
Mat.5:44. Quando oramos, fazemo-lo para sermos
ouvidos. Não podemos orar com a intenção de contrapormos aos
sentimentos causados pela perseguição e maus tratos. É criminoso e
egoísta orar pelos outros para que meus sentimentos de contrariedade ou vingança
sejam vencidos orando pelos que causaram essa situação. Oramos para
sermos atendidos. Os pecados vencem-se doutra maneira, pelo poder de
Deus através da obediência. Muitos acreditam que devemos orar pelos
nossos inimigos para não os odiarmos ou para os amarmos quando, na
verdade, a oração feita deveria ter como alvo que as pessoas em
questão possam amar e ser salvas delas próprias e não para minimizar
os nossos sentimentos. Isto significa que posso estar orando pelos
outros por causa de meus próprios pecados e tentações. E são os
motivos que determinarão se serei ouvido ou não. Posso e devo ser
perfeito como o Pai até nesse aspecto, desejando como Ele a
verdadeira salvação de quem maltrata e persegue. Se a pessoa trata
mal é porque está perdida. Se está perdida, ofende Deus e não o
glorifica. Antes de cada oração, seja ela uma oração pontual ou de
hábito como quando fazemos ao comer e beber, devemos analisar o
nosso coração descobrindo se queremos realmente ser ouvidos e
atendidos, ou se queremos apenas orar, ou se queremos orar sobre uma
coisa tendo outra em mente como fazem os de dobre coração e todos
aqueles que não são sinceros. Caso desejemos ser atendidos, devemos
analisar rapidamente os nossos motivos vendo se realmente temos
cumpridas todas as condições de sermos atendidos.
-
"Qualquer,
pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos
homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os
cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus",
Mat.5:19. Este é um daqueles
versículos que muitos entendem mal, os quais podem ser torcidos.
Significa que, qualquer um que se atreva a ensinar o que é certo
estando ele próprio em más condições de vida, carregará com as
consequências, pois, as pessoas assimilam o exemplo de vida que está
associado ao ensino de quem fala e ensina. Aqui, Jesus não
fala dos que ensinam as coisas erradas e antes dos que ensinam as
coisas certas que, eles próprios, não cumprem. Isto é, estas
palavras são dirigidas àqueles que não cumprem as coisas certas que
pregam, aos que ensinam bem em seu estado de incumprimento. Tudo que
ensinam não funciona em suas vidas, não se torna visível em seu
dia-a-dia, em sua vida em casa e onde andam. Os Fariseus ensinavam
as coisas certas. Porém, não as cumpriam. As suas vidas não eram
amostras reais de que o Evangelho funciona mesmo. Os Saduceus
ensinavam as coisas erradas e também não cumpriam as certas. Jesus
não falou dos Saduceus e antes dos Fariseus quando disse "porque vos
digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus,
de modo nenhum entrareis no Reino dos céus",
Mat.5:20. Quando alguém prega
uma coisa e vive outra, os seus seguidores assimilarão a mesma
atitude e o mesmo tipo de vida, contentando-se com o ensino e
afastando-se do seu cumprimento integral e incondicional. Iria criar
mentalidades consistentes com palavreado vazio, ao qual os ouvintes
se acostumariam e veriam como normal. Ensinariam as pessoas a
ensinar aquilo que não vivem como se essa situação absurda fosse a
coisa mais normal do mundo e como se isso fosse a consequência
normal do Evangelho. Contudo, o mandamento é claro: "Ensinando-os a
guardar...", Mat.28:20. A
mentira manteria o seu apelo sobre o coração dos envolvidos porque a
hipocrisia tem um enorme apelo sobre qualquer coração que nunca foi
transformado criando, assim, uma conduta de hipocrisia. Havendo dito
isto, podemos dar o próximo passo em relação a esta verdade. O Reino
de Deus chegou à terra com Jesus e chega aos homens hoje através da
presença real do Espírito Santo. Isso é o Reino de Deus, isto é, o
Reino é onde Deus reina verdadeiramente. Ele pode chegar e não ser
apreciado e quem não se submete a ele não pode considerar-se
participante desse Reino. Podemos, então, considerar um avivamento
real e genuíno como o Reino de Deus, pois, Deus reina os que
experimentam tal vida abundante. Muitos pastores e muitas igrejas
nunca experimentaram um avivamento real e as expectativas de um dia
virem a experimentá-lo são escassas ou nulas. São pequenos ou
insignificantes nesse Reino ou o Reino não chegou a eles. Isto pode
significar que uma das causas para a ausência continuada dum
avivamento - senão a principal ou quiçá a única causa - é os crentes
não viverem de acordo com as exigências de Deus. Isso não é apenas
real dentro de muitos círculos chamados Evangélicos, como se torna
um ambiente propício para os avivamentos falsos, falsificados ou
imitados. Os que imitam o Evangelho não o vivem. Crer até o diabo
crê. É preciso experimentar e viver uma vida pura, santa e casta
para podermos dar os primeiros passos de acesso a esse Reino onde
somente Deus reina.
-
"Então,
Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo
diabo",
Mat.4:1. Eis aqui uma coisa que
muitos não gostam: serem conduzidos para serem tentados e provados.
Todos desejam ser guiados pelo Espírito, muitos até suplicam por
isso. Contudo, a maioria vive numa ideia romântica de que Deus os
guiará para aquilo que eles próprios desejam para suas vidas
pessoais ou mesmo para suas vidas carnais. Mas, assim que o Espírito
nos começa a guiar verdadeiramente, perdemos o controle total do
rumo que seguiremos. Não nos cabe decidir mais nada e nossas
decisões (a não ser que sejam tomadas em Deus) de nada servirão.
Quando Deus nos guia verdadeiramente, não apenas somos guiados, mas,
o alvo a alcançar também é o d'Ele. E como no deserto não havia
comida - ainda que Moisés a tivesse recebido do alto - Jesus teve de
jejuar quarenta dias e noites.
-
"...Concebeu
trabalhos...", Sal.7:14. Isto
pode significar que a maior parte dos problemas do dia-a-dia de cada
pessoa achada em seu próprio caminho (não estando em Deus) é mera
consequência de seu próprio caminhar. Muitos culpam Deus pelas
coisas que lhes acontecem quando devem culpar a eles próprios. Os
que esperam de Deus sendo justos voam alto como as águias mais
saudáveis e os outros concebem trabalhos e dão à luz problemas atrás
de problemas, pois, um problema gera sempre outros problemas.
-
"Cavou
um poço, o fez fundo e caiu na cova que fez",
Sal.7:15. Muitos cavam para
beber da suposta água que desejam achar e não sabem que estão
cavando a própria cova. Isto de cavarem fundo tem o seu significado.
Os enganados são movidos pelos desejos e não pela realidade da fé ou
através da realidade de Deus. Não são coerentes com a realidade e os
fatos. Na realidade, não querem ser coerentes com os desejos e a
vontade de Deus. Logo, prosseguem e insistem em seus caminhos crendo e tentando Deus com sua fé falsificada. É assim que o poço
vai ficando mais fundo, pois, seus desejos pessoais levam-nos a
cavar mais e mais porque nada que desejam se concretiza. Logo,
seguem cavando e cavando ao invés se ordenarem suas vidas e seus
caminhos com Deus. O incredulidade também é persistente e
dominadora.
-
Quando
um justo perde tempo com distrações ou perde qualidade do tempo de
comunhão diária com Deus ou Sua palavra, dificilmente passará bem
seu dia, isto é, dificilmente passará seu dia sem sucumbir ou ceder
sob alguma tentação. O pecado jaz à porta esperando os menos
preparados para o enfrentarem. O pecado é como os leões na selva:
buscam os mais fracos da manada para deles se alimentarem. Devemos,
por essa razão, ter extremo cuidado com as distrações, os desvios de
atenção, as vozes falsas que nos tentam durante o tempo que
separamos para estar a sós com Deus. Prestar-lhes atenção é uma
ofensa para a alma e um desrespeito para com Deus. Eu creio mesmo
que, enquanto a pessoa der ouvidos a essas vozes e distrações
sabendo que elas são de estranhos, dificilmente reconhecerá a voz de
Deus durante seu dia, distinguindo-as das outras. Dará crédito
demais às vozes erradas e obterá uma tendência natural para duvidar
da voz certa.
-
"...Deixai-vos
instruir...", Sal.2:10. Por
norma, quem não se deixa instruir, 'desinstrui-se'. É maravilhoso
quando encontramos alguém que se deixa instruir, pois, cabe a
qualquer um fazer questão de ter uma atitude de se deixar instruir.
O homem carnal não se deixa instruir, mas, permite facilmente o
inverso. O homem espiritual deixa-se ser instruído e busca isso de
coração. Contudo, não permite ser 'desinstruído'. Por isso é que,
muitas vezes, é acusado de não querer ouvir enquanto o homem carnal
é elogiado por se deixar levar pelas bocas dos que ainda são do
mundo.
-
"Pois,
será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o
seu fruto na estação própria",
Sal.1:3. A promessa não é apenas
dar fruto, mas, dá-lo na estação própria, isto é, no seu devido
tempo. Tudo aquilo que é bem planeado tem os seus tempos. "Porque o
Senhor conhece o caminho dos justos",
vers.5. Se tudo tem o seu tempo
em nossas vidas, devemos alegrar-nos extremamente, pois, isso
significa que estamos encaixados dentro dos planos de Deus. "Não são
assim os ímpios", vers.4. Não
acontece assim com eles.
-
É normal
que o engano existente no coração e nos desejos das pessoas se torne
o seu próprio inimigo. Mas, aquilo que é próprio deveria ser a coisa
mais fácil de resolver, pois, não depende das decisões de outros,
não depende das circunstâncias e não depende sequer da providência
atual de Deus porque Deus já providenciou a solução através de
Cristo. Mudar está ao nosso alcance, ainda mais quando a graça se
disponibiliza no imediato e assim que a pessoa quiser ser
transformada.
-
O engano
espalha-se pelos caminhos e pela vida de todos aqueles que recusam
ser transformados em outra pessoa através de Cristo para estar de
acordo com Ele. A pessoa que se diz crente, acredita supostamente em
tudo que vem na Bíblia. Quem não acredita e não é transformado não
tem culpa igual ao que crê e recusa ser transformado pelo poder de
Jesus. A culpa do crente é maior que a culpa do descrente no tocante
à recusa ou à resistência em ser transformado.
-
Quando
algo vem de Deus, desistir é tão grave quanto insistir no que não
vem d'Ele.
-
"E creram
todos quantos estavam ordenados para a vida eterna",
At.13:48. Antes de dizer alguma
coisa acerca deste versículo, permitam-me dizer que creio
solenemente na doutrina verdadeira da eleição ou predestinação.
Também creio que é, provavelmente, uma das doutrinas mais
disseminadas pelas Escrituras. Contudo, não creio que este versículo
caia dentro da categoria dessa doutrina. Existem palavras que, mal
entendidas, podem criar confusão. Por vezes, as palavras são mal
entendidas porque a nossa doutrina, ideia ou anseios e desejos podem
manipular as nossas interpretações e até mesmo as nossas crenças.
Podemos crer conforme aquilo que desejaríamos que fosse verdade. E,
por vezes, existem palavras que, traduzidas, não produzem os mesmos
significados do original. Neste versículo encontramos um desses
casos. De acordo com o original, as palavras "ordenados para a vida
eterna", neste versículo, significam "ser preparado e colocado em
ordem, ser colocado/achado na disposição de receber". Quando se
fala, aqui, dos que se encontravam ordenados para a vida eterna,
significa que haviam sido preparados para a receberem naquele
momento - foram colocados em ordem. Uns iriam estar preparados mais tarde e, talvez, outros
nunca chegassem ao ponto de estarem preparados para receberem tal
tipo de vida abundante, constante e permanente. Os tais
tornar-se-iam úteis para preparar os santos ainda melhor através de
perseguições e provações. Nada é desperdiçado no Reino de Deus e até
mesmo o estrume é usado para fazer as flores florirem melhor e terem
ainda mais vida e serem mais saudáveis. Por exemplo, João Batista
preparou o povo para receber Cristo, fazendo-os arrependerem-se,
confessar cada pecado pelo nome e abandonar todos eles. Isso viria criar uma
disposição no coração para Cristo ser recebido como Ele é,
destituindo a ideia fixa de como Ele seria. Foi dito de João que
"ele iria diante Cristo (...) para preparar um povo bem disposto",
isto é, com para obterem a disposição de coração para receber Cristo
como Ele é, Luc.1:17. Cristo,
por sua vez, preparou o povo - e muito principalmente os discípulos
- para receberem o Espírito Santo (isto é, a vida eterna, abundante
e constante). E o Espírito Santo prepara as pessoas para uma entrada
no céu. O que nos iremos tornar depois disso ou para o que seremos
preparados ainda não sabemos. Ora, todas etapas são preparos para as
etapas seguintes. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei
a salvação de Deus",
Sal.50:23. Tem tudo a ver com o
ordenar de caminhos e corações. Cristo falou daqueles que não
estavam aptos para o Reino: "Ninguém que lança mão do arado e olha
para trás é apto para o Reino de Deus",
Luc.9:62. Ora, existe sempre uma preparação prévia, quer
a pessoa ou pessoas estejam conscientes disso ou não. Existe uma
preparação solene para um avivamento da dimensão daquele que ocorreu
nos tempos de Paulo. Logo, os que já estavam ordenados, cujos
caminhos haviam sido preparados, salvaram-se. Não se perdeu um deles
sequer. Os demais poderiam preparar-se através do que ocorreria após
isso ou, então, endureceram-se. Como Paulo disse aos Coríntios,
"para levar o Evangelho para além de vós". Por essas razões é que
aqueles que trabalham na obra nunca devem estar desenquadrados com a
liderança de Deus. Existem planos feitos por Deus que devem ser
seguidos. E onde existem bons planos, existem passos em seus tempos
para serem dados, coisas para serem alcançadas e vontade para ser
feita duma maneira específica. Ele é o Caminho e sabe quando e como
fazer tudo. Sabemos que o coxo curado por Pedro e João na porta do
templo em Jerusalém nunca havia sido curado em anos anteriores, nem
mesmo quando Cristo entrava e saía do Templo. Ele era colocado ali
há anos todos os dias. Não deve haver coisa mais importante para
fazer o Reino avançar que seguir Jesus em Seus tempos. Ele torna
tudo belo a Seu tempo. Tudo segue em Sua rota e conforme Seus planos
e tempos, isso em ordem absoluta. Precisamos estar prontos para
viver de acordo com planos em seus tempos. Estejamos prontos para
viver dessa maneira.
-
Falando
de José, as Escrituras dizem que Deus lhe deu "graça e sabedoria
ante Faraó", At.7:10. Se formos
analisar bem, vemos que se entende que a interpretação dos sonhos e
o dom de profecia verdadeiro que possuía era sabedoria. Em primeiro
lugar, ele não podia (e ninguém podia) interpretar a não ser que um sonho
houvesse sido dado e a não ser que tivesse vindo de Deus. Existem
sonhos que não vêm de Deus. Logo, existe sabedoria profética, isto
é, sabemos das coisas por manifestação de Deus. Sabedoria é algo que
se sabe ou veio a saber, algo que pode ser pensado e repensado,
interpretado através da sabedoria, lembrado, talvez, durante anos e
anos a fio depois disso. Devemos saber construir sobre as revelações
verdadeiras de Deus sem incorrer no crime de acrescentar ou retirar
seja o que for ao que foi manifestado. Podemos saber dessas coisas
porque Deus nos revelou e, sejam coisas do futuro ou do presente,
são sabedoria. Mas, não é sabedoria própria e nunca pode ser tratada
como tal.
-
Muitos
são levados, pela força das circunstâncias, a imitar ou tentar
imitar, em seus comportamentos aparentes ou forçados, aqueles que
andam no Espírito e em oração, os quais vivem enfrentando cada
situação sendo guiados por Jesus em tudo e de todas as formas. Mas,
a vida de imitador não resulta. O que resulta é andarmos igualmente
no Espírito sendo nós próprios em Jesus e sendo igualmente guiados.
Não podemos querer ser iguais aos outros e devemos, antes, seguir
seus exemplos de serem eles próprios diante de Deus. Não devemos
tentar imitar aquilo que fazem, mas, sermos, nós próprios, aquilo
que são diante de Deus.
-
Nunca
tente alcançar as suas perfeições sem reconhecer e dar a conhecer as
suas imperfeições. Uma coisa está e estará sempre ligada à outra.
Não busque a santidade sem reconhecer publicamente todos os seus
pecados. Se o fizer, os seus pecados viverão para sempre e sua
devoção e santidade serão sempre fingidas, cansativas e forçadas.
-
"E bem
sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados (...)
Qualquer que permanece nele não peca",
1João 3:5,6. Muitas pessoas anseiam
que Jesus se manifeste e que se faça sentir. Contudo, a razão ou a
condição para Ele se manifestar é que alguém deseje ardentemente
ficar sem seus pecados para sempre, mudando de coração de forma a
que tudo se torne verdadeiramente novo e diferente. A razão por que
Jesus não se tem manifestado é, seguramente, esta: as pessoas
desejam que Jesus apareça e se manifeste naquelas coisas que seus
corações selecionam como desejos. Não desejam que se manifeste para
tirar seus pecados de dentro deles e eles de seus pecados. Não desejam ficar
sem seus pecados e muito menos reconhecê-los como pecados. Desejam,
antes, que tais coisas sejam vistas e reconhecidas como virtudes e
nunca como pecados que Deus manifesta e extermina. "Para isto o
Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo",
1João 3:8. Já pensou, creu e
assumiu que tem as obras do diabo dentro de si que necessitam ser
desfeitas? Ou só vê essas obras nos demais terrestres?
-
"Agora
somos filhos de Deus e ainda não é manifesto o que havemos de ser.
Mas, sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a
Ele. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo,
como também Ele é puro",
1João3:3. Isto é uma verdade e,
de facto, ocorre mesmo desta maneira. Tendo a esperança do Céu, a
pessoa purifica-se a si mesma. Se essa esperança tornar-se real e
não for apenas uma miragem, a tendência é para isso acontecer ao
invés de ver os pecados dos outros ou de tentar consertar as vidas
alheias intrometendo-se nelas. Mas, quando a pessoa abraça uma
doutrina ou uma esperança terrena de que as coisas da terra se
concretizem, é de notar que raramente tem a tendência de se
purificar a si própria e, se tiver, tem os motivos errados. Havendo
motivos errados, haverá, seguramente, a força errada a operar no
coração da pessoa para crer e persistir nesse caminho errante.
-
Quando
Deus nos dá algo que consideramos grandioso demais para nós, ou
difícil demais para nossas capacidades, teremos a capacidade de nos
ensoberbecermos havendo conseguido tais feitos ou crendo que os
conseguimos ou que os conseguiremos. A falta de fé é quase sempre a
entrada para a soberba caso as coisas de Deus se concretizem duma
maneira ou de outra. Por isso, devemos conseguir viver das coisas
grandiosas de Deus como sendo algo normalíssimo estando com/em Deus,
vivendo e convivendo com Ele continuamente. Elias não se admirou
quando soube que iria ser levado vivo para o Céu e não achou
estranho o Rio Jordão haver-se aberto diante dele.
-
Os mais
perigosos não são aqueles que perseguem e atribulam e antes aqueles
que bajulam ou tentam conquistar com gracejos e lisonjas.
-
Existem
sinais que nos revelam estarmos a desanimar. Por vezes, o desânimo é
subtil e muitas pessoas só se apercebem dele quando já entraram em
colapso ou em desespero de causa. Por exemplo, quando a pessoa
começa a mudar uma boa conduta ou muda de hábitos saudáveis só por
mudar, isto é, sem qualquer razão aparente, pode estar a entrar num
ciclo de desânimo e insatisfação com alguma coisa. Existem coisas
por resolver em sua vida, as quais deixou ao léu ou a pairar sem
atenção. Quando, sendo
espiritualmente forte, alguma coisa começa a tornar-se forte demais
para aguentar ou resistir; quando existem caídas ou recaídas para
fazer as coisas carnais ou fazer as coisas espirituais carnalmente;
quando se pára de andar no Espírito; quando se começa a ver erros
nos outros e nenhum próprio é assumido; quando se luta contra a
corrente ao invés de caminhar a favor de Deus; devemos
acautelar-nos, pois, temos desânimo à vista. Se não estamos bem com
Deus, Ele impedirá que tenhamos sucesso porque, sem Ele, nada
faremos.
-
Todos
acreditam que Deus controla as coisas ou mantêm a esperança tentando
convencer-se disso. Logo, se algo corre mal ou diferente daquilo que
esperam, a tendência para duvidar e a tentação para questionar é
enorme. Estando bem em Deus, a tribulação e a perseguição são
provações enormes para todos aqueles que verdadeiramente acreditam
que Deus controla todas as coisas. São verdadeiros testes à
confiança e a fé que sobrevive a tais testes é verdadeira.
-
"...Fazendo
o bem e não temendo nenhum espanto", 1Ped.3:6. Não temer nenhum espanto significa não ter medo
das consequências dos seus atos porque é Deus quem justifica. Mas,
quem ainda não é transformado ao ponto de "fazer o bem", só tem que
temer qualquer tipo de espanto - principalmente da parte de Deus.
-
A fé
tem recompensas. Nem sempre a fé dá aquilo que se espera e nem
sempre dá somente aquilo que se espera. O homem que foi ajudado a
entrar pelo telhado para chegar a Jesus foi recompensado. De início,
não lhe foi dada a cura física e antes o perdão de seus pecados
porque havia crido em Jesus para ser curado. Jesus achou que tal fé
merecia algo superior à cura física. Creio que a sua cura física lhe
foi atribuída por causa da disputa que surgiu a respeito de Jesus
poder ou não perdoar pecados, verdade essa que era contestada pelos
crentes incrédulos. A sua fé conseguiu que se tornasse justo e
perdoado. "Pela fé, Noé, divinamente avisado (...) preparou a arca
(...) foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé",
Heb.11:7. Isto é, Noé recebeu a
justiça, o que significa a capacidade de ser justo diante de Deus
que tudo vê como é. Não era uma forma de justiça fingida porque Deus
não finge que vê. A sua recompensa foi ser justo a partir de
certo momento.
-
As Escrituras
afirmam que achamos Deus buscando-O. Mas, existe uma enorme
dificuldade em achá-Lo e vemos muitas pessoas clamando, muitas
orações sendo feitas e tudo continua na mesma. Qual é a dificuldade
em achá-Lo? Onde reside a dificuldade? Certamente que não é na
distância. Ele anda bem perto e não existe problema no ouvido dele,
pois, ouve bem. Ele não nos vê? Não existe nada encoberto para ele -
nem nas mais profundas trevas. Então, em que consiste essa
dificuldade de achá-Lo de forma real? Muitos mentem quando afirmam
que o acharam. Estamos falando em achá-Lo verdadeiramente, de forma
real. A dificuldade está relacionada com os pecados das pessoas. Uns
buscam sem intenção de abandonar seus pecados e sem intenção de
achar solução definitiva para eles. Alguns outros querem uma solução
seletiva de seus pecados, isto é, resolver aqueles que eles escolhem
e não todos de forma permanente. Outros buscam para serem
abençoados mantendo seus pecados. Que alguém o busque pelos motivos
certos e com plena intenção de abandonar todos os seus pecados! Verá
se é assim tão difícil achá-Lo, (Is.59:1,2).
-
"O homem
não viverá só de pão, mas, de tudo o que sai da boca do Senhor
viverá o homem",
Dt.8:3. Isto significa que não
importa o que sai da Sua boca, seja para bem ou mal, o homem viverá disso.
-
Por
que razão a religião acusa os verdadeiros de serem falsos? Pela
mesma razão por que os cegos acusam os demais de não enxergarem.
-
"Todos
os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os
cumprir",
Dt.8:1. É bom ver qual a razão
de guardarmos os mandamentos de Deus em nossos corações: é para os
cumprir. Não é para martelar a cabeça das pessoas com eles e antes
para os cumprir. Nós não aprendemos os mandamentos para poder
infligi-los nas mentes e condutas das pessoas. Esses mandamentos
devem ser preservados e cumpridos a partir do coração. São para nós.
Destinam-se a quem os quer ensinar aos outros e não aos outros.
Devem ser preservados dentro da alma para serem cumpridos - e
cumpridos fielmente. Guarde todos os mandamentos no coração, mas,
lembre-se de que lembrá-los o tempo todo ainda não é caminhando de
acordo com eles - mesmo que lembrá-los seja uma grande ajuda para
esse fim. Muitos contentam-se em ter os mandamentos salvos no
coração para serem lembrados constantemente. É por aí que se
condenam. Nós não devemos apenas carregá-los no coração, defendê-los
e lutar por nossas doutrinas (se essas doutrinas vêm mesmo de Deus),
mas, existem para nunca nos esquecermos de fazer, experimentar e ser
capacitados a cumprir. De que vale amar os mandamentos de Deus se
não se tornam vida prática? Não nos devemos contentar em conhecê-los
- mesmo que os conheçamos todos, amando-os. Devem ser armazenados no
coração para serem cumpridos de forma prática. Nós precisamos de nos
tornar o próprio mandamento.
-
Paulo
diz: "Para que, pregando para os demais eu próprio não me condene ou
seja condenado", 1Cor.9:27. Se isto podia acontecer com Paulo, significa que
pode acontecer com qualquer um. Logo, existe a possibilidade da
pessoa entrar no mundo da sabedoria e ficar tão envolvido nela que
negligencia o fato de ter de viver em conformidade com aquilo que
sabe, esforçando-se para achar a graça necessária para conseguir
garantir a sua conduta. Tenhamos em conta que deixar de pregar para
os outros porque não vivemos aquilo que pregamos ou ensinamos é
moralmente correto e honesto. Contudo, deixar de pregar por esse
motivo não impede a condenação porque parar de ensinar não é ser
transformado ao ponto de obter uma conduta celestial. Por norma, o
problema não está na pregação e antes em quem prega. Paulo pregava a
verdade. Contudo, ele tinha em mente que, mesmo pregando a verdade,
poderia ser desclassificado e ver as nuvens sendo levadas pelo vento
por não conseguir viver aquilo que pregava. A nossa pregação deve
ser uma exposição de experiências pessoais e não fruto de
aprendizagem, cultura geral ou estudo.
-
Muitos
pais dizem: "As crianças de hoje já não respeitam os mais velhos".
Contudo, devemos saber que as crianças são aquilo que aprenderam. Os
adultos de hoje já não ensinam as crianças de acordo com padrões de
respeito, temor e amor. Hoje acredita-se que a criança aprenderá
sozinha e o mundo assalta os nossos lares com imundícies e males sem
afim. Quando as crianças estão por conta própria, não têm experiência
e conhecimento para poderem escolher o que devem aceitar ou rejeitar
e aquilo que não devem aprender. Cabe aos adultos terem a sabedoria
de escolher por/com elas.
-
A hipocrisia
até pode ser definida de muitas formas. Contudo, a verdadeira
hipocrisia não pode ser confundida com malícia, pois, muitos não se
dão conta ou preferem não se dar conta de se haverem tornado
hipócritas diante de Deus. Hipocrisia é vir a Deus com algum assunto
diferente daquele que importa a Deus no momento da nossa
aproximação. Se a vida corre mal a alguém por causa de seus pecados
e vem a Deus para resolver os resultados e as consequências duma
vida de pecado ao invés de resolver todos
os seus pecados pela raiz, é hipócrita diante d'Ele mesmo que não saiba ou não
admita que a causa de seus problemas são seus pecados; se alguém
chorar lágrimas diante d'Ele, mas, não arranja sua vida em seu lar,
não se transforma, não muda suas atitudes, não disciplina sua casa,
não regra a sua própria vida, nunca devolveu aquilo que roubou, não pede
perdão a quem de direito pelas mentiras que cometeu por palavras ou atos, é óbvio que será considerado hipócrita diante do altar ainda
que suas lágrimas e seus sentimentos sejam muito sentidos. O
sentimento não entra na definição de hipocrisia diante de Deus.
Sentir muito não tem nada a ver com sinceridade.
-
"Ora,
o fim do mandamento é o amor de um coração puro",
1Tim.1:5. Muitos buscam amar e ser amor com a finalidade
de serem abençoados, vistos ou mesmo recompensados. Para esses, o
fim do mandamento não é o amor, isto é, não é conseguir amar
qualquer pessoa através dum coração puro. Para os tais, o 'amor' é o
veículo ou o meio para alcançarem o que pretendem quando, na
verdade, todas as coisas devem e podem contribuir para alcançarem o
amor verdadeiro como o fim de tudo. A finalidade das coisas que
temos ou possuímos são para alcançarmos esse fim: o amor num coração
puro.
-
Sabemos
que o oposto do amor é pecado e que o pecado é o egoísmo. O oposto da
lei do amor é o egoísmo. O ódio é apenas mais uma forma de egoísmo
emocional. O oposto do amor abrange muito mais que o simples ódio ou
falta de amor sentimental, pois, qualquer forma de egoísmo ou
egocentrismo quebra a lei do amor. Contudo, existe um facto acima de
contestação: quando desejamos as coisas excelentes, as desejamos
para nós - embora as desejemos para os demais também. Por isso,
deduzimos que as pessoas podem desejar coisas excelentes e
celestiais para elas próprias sem quebrar a lei do amor - e até nos
é dito que "qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si
mesmo, como também Ele é puro",
1João 3:3. Isso significa que
faz de tudo para ser puro desejando as coisas excelentes e não
quebra a lei de Deus porque isso glorifica Deus. Isto é obediência
pura através dum coração transformado.
-
"Voz
do que clama no deserto (...) endireitai as Suas veredas",
Mat.3:3. Vemos algumas coisas neste
versículo. Em primeiro lugar, é uma voz no deserto. Isto significa
muito. Significa que João falava sozinho ou, pelo menos, começou
sozinho. Era um deserto da verdade e somente os campos da mentira
floresciam. Os terrenos da mentira não eram desertos. Em segundo
lugar, havia muitas coisas para endireitar. Essas coisas deviam
estar direitas antes da chegada ou do aparecimento de Cristo. João
estava preparando (reparando) o caminho para o Senhor. Por último,
não eram as veredas do mal que deveriam ser endireitadas - eram as
veredas de Deus. Isto significa muito mais do que parece. Os
caminhos, as doutrinas, os meios, os mecanismos, os motivos, os
alvos e muitas outras coisas estavam torcidos e tortos. Os caminhos
do diabo eram simplesmente destruídos e rejeitados e as veredas do
Senhor eram endireitadas. Dá para você entender estas coisas?
-
"Aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração",
Mat.11:29. Aprender tem uma certa
relação com querer aprender porque aprender é trabalhoso - é obra.
Contudo, existem coisas em quem ensina que podem perturbar quem
aprende. Um professor cheio dele próprio costuma obter uma aversão
da parte de quem aprende. Outro de muitos problemas é a falta de
paciência em quem já sabe e tenta ensinar como se aquele que aprende
estivesse ao mesmo nível. Outro problema é a subestimação de quem
aprende. Então, as pessoas ganham uma certa aversão contra aprender
devido à maneira, atitudes e modos de quem ensina. Neste mundo,
todos têm uma imagem má de quem ensina, pois, os que ensinam são
prepotentes e ásperos quando ensinam. Sua forma de ensinar é mundana
porque seus corações pertencem ao mundo. Logo, foi necessário Jesus
assegurar que Ele ensina doutra forma e através doutra atitude. Ele
é manso e humilde de coração e, se o que nos repulsa é a prepotência
e a rigidez de quem ensina, podemos acreditar, então, que nada em
Cristo impedirá que aprendamos d'Ele - desde que Ele nos seja real e
não seja mais um Jesus fictício. Tudo dependerá de querermos
aprender ou não. Se Jesus ainda é uma imagem ou uma miragem,
teremos, também e obviamente, uma imagem de como Ele é quando ensina
que se assemelha em muito àquilo que nos acostumamos vindo deste
mundo. Uma imagem não é o Verdadeiro. "Filhinhos, livrai-vos das
imagens", 1João 5:21.
-
Não
é necessário ensinar as coisas erradas para que o erro se propague
ou para sermos condenados pela Lei de Deus - basta não aprendermos
ou não ensinarmos as coisas certas da maneira certa ou sem viver e
sem
experimentar tudo aquilo que pregamos. Muitos falam bem a verdade
ou sobre a verdade como se duma mentira ou duma ficção se tratasse.
A única coisa necessária para sermos condenados pela Lei de Deus é
não sabermos ou não conseguirmos a forma de se poder cumprir tudo
aquilo que Jesus ensinou como os (novos) mandamentos de Deus. Saber
ensinar a cumprir
implica sermos exemplos vivos e naturais do próprio Evangelho de
Cristo, experimentando o Evangelho em toda a Sua plenitude e força.
É isso que ensina e convence. Aprendemos a ser e não a saber.
-
"Quem
recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de
profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá
galardão de justo", Mat.10::41.
Se isto é verdade, devemos saber que quem recebe um justo na
qualidade de hipócrita, receberá galardão de hipócrita; e quem
recebe um verdadeiro como sendo mentiroso receberá galardão de
mentiroso - a menos que se converta antes de receber seu galardão.
-
"Mas,
o que sai da boca procede do coração e isso contamina o homem",
Mat.15:18. Esta verdade coloca
muitas questões na ordem das coisas. Imaginemos que não sai nada da
boca por alguma razão maior e isso quando o coração está contaminando.
Isso é possível de acontecer. Se a pessoa não diz nada resistindo
aos impulsos do coração, tem mérito e pode mesmo estar a desejar o que é certo. Contudo,
isso não transforma o coração e apenas evita a transgressão. Mas,
pode acontecer, também, a pessoa ficar em silêncio por malícia,
desejando cometer um mal maior. Nesse caso, o silêncio que sai
contamina o homem e esse tipo de silêncio também é transgressão.
Logo, o que necessita ser transformado, em primeiro lugar, é o
coração e, só depois, a boca.
-
Existe
um engano generalizado que paralisa as almas das pessoas. Esse
engano é: se alguém conhece os mandamentos pensa que já está tudo feito.
Mas, é necessário assaltar os céus para conseguir cumpri-los da
mesma maneira que são cumpridos no céu. A forma de cumprir é o que
nos capacita para cumpri-los todos, sem excepção. O orgulho do homem
fá-lo crer que consegue executar desde que saiba do que se trata.
Mas, executar está muito longe do saber e o importante é conseguir
executar naturalmente, isto é, espontaneamente. Existem os que
executam e não sabem,
Mat.25:35-39, porque acharam o
poder e a capacitação da graça. Por isso, o saber
não tem qualquer influência na sua capacidade de cumprir. O coração
precisa estar transformado a esse ponto e ao ponto, também, de
conseguir receber graça para essa finalidade de cumprir
espontaneamente de coração. "E nisto sabemos que o conhecemos: se
guardarmos os seus mandamentos",
1João 2:3. Um coração que ainda
se esforça para cumprir a lei do amor ainda é um coração dividido. O
esforço é para aquilo que requer esforço e não para se ser alguma
coisa. A pessoa que se esforça para ser, muda a aparência e não a
essência. Existe muito mais além de acreditar na verdade e da
capacidade de desacreditar as mentiras. Devemos saber disso. "Não
vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis",
1 João 2:21.
-
"Aconteceu
que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos,
partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles",
Mat.11:1. É sabido que assim que saímos em obediência -
"aborrecendo pai, mãe e filhos" - Deus abençoa nossos familiares.
Mas, caso a pessoa retroceda penalizando, assim, os que seriam
filhos de Deus através da nossa obra concluída, isto é, penalizando
a futura família de Deus, a nossa própria família sofrerá
penalizações equivalentes. Serão os primeiros a serem beneficiados
pela nossa obediência e os primeiros a serem penalizados por nossa
desobediência ou retrocesso - a menos que Deus tenha outros planos
para qualquer deles.
-
"Posso
todas as coisas por Cristo que me fortalece",
Fil.4:13. Este é um dos versículos
mais mal usados da Bíblia e mais indecentemente aplicados. Raramente
o seu verdadeiro significado é entendido. Permitam que me explique.
Por decreto de Deus, o pecado enfraquece o coração. É a vontade de
Deus que qualquer pecado torne o homem fraco. A verdadeira força do
homem consiste em sua santidade, desde que seja adquirida caminhando
perto de Deus pela força da graça. Aquilo que a Bíblia diz ser
fraqueza, é uma fraqueza em tornar-se santo, pois, estando separado
de Deus ninguém conseguirá alcançar o monte santo. Esta fraqueza não
é nenhuma outra - é uma falta de aptidão e de vontade para com Deus.
Na verdade, a falta de força capacita qualquer homem a ser
pecaminoso e perverso. Por vezes, os mais sinceros cumpridores da
lei são os que desejam tornar-se santos sem alcançar graça de forma
exclusiva, isto é, para que se tornem santos somente pela graça.
Tentam outros caminhos e outros meios sacrificiais. Por essa razão a
lei se tornou fraca para salvar o homem, pois, podemos cumprir a lei
de Deus apenas pela graça. Sem essa graça se tornar real, fluente e
verdadeira ninguém alcança Deus porque o sangue de cabras e de
touros não são capazes de tirar o pecado do coração do homem - e
nenhum outro sacrifício o conseguirá. Paulo afirma que a lei se
tornou fraca para salvar devido ao pecado. Esta falta de força ou de
poder é a vontade de Deus para o homem que vive do pecado. É um
decreto eterno, o qual nunca mudará. Mesmo assim, muitos tentam
mudar este decreto segurando em seus pecados e clamando por uma
entrada airosa no céu. A força de Deus é um tipo de força ou de
poder que capacita todo o homem a tornar-se santo, isto é, a
tornar-se filho de Deus. "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem tornados filhos de Deus",
João 1:12. Contudo, muitos há que desvirtuam esta verdade
clamando por força e graça para propósitos que não são os da graça,
isto é, não são exclusivamente para que o coração se torne santo. O
tipo de força que estes enganados buscam é uma tal que os capacite a
viver como sempre. Querem força sem saírem de seus pecados. Na
verdade, isso seria uma anulação do decreto eterno de Deus. Também
pedem força para capacitá-los a fazerem as coisas por eles mesmos,
através duma força carnal, a qual é a principal opositora da graça.
Querem que Deus opere contra Ele próprio e a seu favor. Pedem uma
força sua e não a de Deus. Não querem graça para os propósitos para
os quais a graça é disponibilizada gratuitamente. Antes, buscam uma
maneira de poderem fazer as coisas pelo poder da carne. "Na tua
comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança;
achaste novo vigor na tua mão",
Is.57:10. Sempre que Paulo fala
de fraqueza, ele fala da incapacidade carnal de se purificar ou de
tornar santo. "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu
tempo pelos ímpios",
Rom.5:6. Devemos lembrar que
esta falta de força ou poder da qual se fala extensivamente na
Bíblia é um verdadeiro poder a favor do pecado e da carne. Caso
assim não fosse, Cristo não teria morrido para desfazer as obras da
carne. Esta fraqueza em prol da santidade é um grande poder em prol
do pecado. Um fraco para a santidade tem muita habilidade e muito
poder a favor do pecado. Essa fraqueza é um poder que afasta de
Deus. Isso acontece por decreto e vontade de Deus. Deus quer que
assim seja desde que cortou o acesso à árvore da vida. Sempre que
alguém diga que "pode todas as coisas por Cristo que me fortalece",
devemos ver em que contexto isso é dito. Provavelmente, estão
querendo crer em uma mentira para poderem continuar como sempre nas
suas iniquidades. Gostam de acreditar que Deus os fortalecerá. O
poder de Deus torna santo e é por essa razão que esse poder vem
associado ao Espírito Santo. Deus não dá poder animal e carnal e
também não dá o poder da graça para que alguém possa viver da carne
sem se condenar. Esse poder próprio só é dado pela carne, cuja força
é fraqueza para com Deus. É na fraqueza da carne que nos tornamos
fortes e é na força da carne que nos tornamos fracos. Sempre que
alguém esteja entregue a ele mesmo, peca mais e peca mais facilmente
e com menos pudor. A sua luta por direito é, nada mais e nada menos,
que uma luta interior contra a própria consciência. E não nos
podemos fortalecer contra a verdade na consciência. Até as simpatias
de quem é forte na carne são uma busca de aceitação pelos demais e
não uma busca de santidade, a qual foi rejeitada por depender do
braço e da força da carne.
-
"Porque
não sabem fazer o que é reto...", Amós 3:10.
É comum qualquer pessoa sentir-se desculpada ou justificada sempre
que não sabe ou não consegue fazer algo. Na verdade, essa teoria de
"quem não sabe fazer não tem culpa" é uma falsidade. Com Deus por
perto - se Ele realmente anda conosco - aprendemos e somos
capacitados através d'Ele. Se não andamos com Ele, deveríamos andar;
e se andamos com Ele, deveríamos saber. Não saber fazer não é
desculpa - é motivo para condenação. "Posso todas as coisas naquele
que me fortalece",
Fil.4:13. "Aprendei de Mim",
Mat.11:29. Se a ignorância não
fosse crime, Deus não diria: "Não sabem fazer o que é reto, um
inimigo surgirá...".
-
O desânimo
é perigoso porque faz com que as pessoas comecem a desprezar aquilo
que mais prezam e a espezinhar tudo aquilo que gostariam de ver
exaltado.
-
"Ele
se levantará (...) contra a ajuda dos que praticam a iniquidade",
Is.31:2. É preciso sabermos que
existem pessoas contra quem Deus se levanta. Essas pessoas são
afligidas por variadíssimas coisas e de variadíssimas maneiras.
Logo, buscam ajuda e aqueles que ajudam nem sempre entendem que
ajudam contra Deus, isto é, opõem-se a Deus ao prestarem ajuda. Com
isso, entram em confronto contra Deus inadvertidamente. E Deus coloca-se contra esses
que ajudam. Ele será contra a ajuda de quem pratica a iniquidade. A
única ajuda que pode ser premiada contra essas pessoas é aquela que
os leva a arrependerem-se de todos os seus pecados. Por isso, nunca
se coloque nessa posição dramática contra Deus inadvertidamente. É humano desejar
ajudar, mas, devemos seguir Deus e não opormo-nos a Ele
inadvertidamente. "Quando o Senhor estender a mão, todos cairão por
terra, tanto o auxiliador como o ajudado e todos juntamente serão
consumidos",
Is.31:3.
-
Quando
se fala em tropeço, qual é a primeira coisa em que lhe vem à cabeça?
Sabemos que o pecado faz tropeçar. Mas, tenhamos em mente que não é
apenas o pecado que pode tornar-se tropeço, pois, Jesus pode ser o
principal tropeço para muitos. Quando você anda bem com Jesus, o
pecado é ou pode ser o tropeço; mas, se anda mal com Ele, Deus será
o próprio tropeço. "Então, ele vos será santuário, mas, servirá de pedra
de tropeço e de rocha de escândalo às duas casas de Israel (...) E
muitos dentre eles tropeçarão e cairão e serão quebrantados e
enlaçados e presos",
Is.8:14.
-
Se
quiserem medir o tamanho do amor que as pessoas têm pelo pecado,
vejam que nem sob a ameaça real e verdadeira duma eternidade num
inferno dentro dum abismo vazio de vida as pessoas procuram
abandoná-lo.
-
Quando
ainda existem feridas e ferimentos, devemos tentar saber se as
feridas estão abertas e sarando ou se estão abertas e putrificando
ou
apodrecendo. Uma coisa é ter um ferimento sarando e outra é ter um
ferimento apodrecendo. Devemos aplicar o mesmo princípio de
percepção na alma.
-
Vemos,
por vezes, que receber graça ou apoderar-se dela nos chega como um
mandamento. Isto é, receber graça e saber orientar a nossa vida
através dela é uma exigência moral - é um mandamento de Deus. Quando
os teólogos falam a respeito da graça criam a impressão que ela
torna a pessoa inativa ou passiva quando, na verdade, é uma força e
um poder muito ativo no homem e a qual torna o homem ativo. O maior
problema da graça é o poder alternativo da carne, o qual pode querer
alternar com a graça ou mesmo substitui-la integralmente. A graça
opera em quem consegue tornar-se operante através dela. Muitos falam
como se aquele que recebe graça se torna inoperante. Pode ser
verdade naqueles que não sabem ser instruídos através dela nos
caminhos de Deus, sendo que a graça apenas se manifesta nesses
caminhos e retrocede se a vontade do homem quiser prevalecer ou
sobrepor-se. Logo, quem atenta para as coisas da carne torna-se inactivo
esperando pela graça já que a graça nunca opera sob essas
circunstâncias. Mas, a graça é um poder ativo, é um rio que não pode
ser parado, o qual vai inundando com vida todos os lugares por onde
passa. Paulo fala em apoderar-nos da graça; Jesus foi crescendo
nela; e vemos em Prov.3:3,4 que,
sob certas condições, o homem precisa trabalhar ou manter a obra
para poder recebê-la, achá-la ou mesmo crescer nela. A graça é dom
gratuito, mas, não é distribuída em vão. Lemos, também, que os olhos
do Senhor percorrem toda a terra buscando alguém cujo coração seja
perfeito para com Deus. Isso significa que Deus escolhe quem cumpre
certas condições ou preenche certos requisitos para dar-lhe certos
dons da graça. "Não te desamparem a benignidade e a fidelidade;
ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça...",
Prov.3:3,4.
-
Deus
responde às orações. Se um "sim" é resposta, podemos crer que um
"não" também é. Quando as pessoas não recebem qualquer resposta
devem verificar se estão cumprindo todas as condições que levam a
que Deus atenda. Devem ver se realmente crêem, se estão separados de
Deus por algum pecado contra Deus, contra uma pessoa ou contra o
próprio. Deus atende duma maneira ou doutra. Importa receber
resposta concreta, orientação clara ou esperança segura que não seja
auto-concebida a respeito do assunto, ainda que essa resposta seja
contrária ao que esperaríamos receber. Devemos insistir e perseverar
até obtermos resposta. Menos que isso é estar pecando.
-
"...Que
sejais sábios no bem, mas símplices no mal",
Rom.16:19. Todos os que praticam o mal fazem planos e
pensam bastante em como irão alcançar seus propósitos. Querem ser
sábios no mal, pois, dedicam muito do seu tempo fazendo planos e
desenhando esquemas. Ora, é-nos dito ou exigido que façamos assim em
relação ao bem. Sejamos sábios no bem. O significado de "ser
símplices" no mal é não pensar, não estar prevenido e preparado e ser
apanhado de surpresa. A pessoa que não pensa nas coisas certas que
deve fazer é símplice no bem. Este tipo de inocência é crime contra
o bem, mas, torna-se uma virtude se aplicada ao mal.
-
Não
são somente as preocupações que conseguem absorver e sufocar a alma
mantendo-a longe da Palavra de Deus. As muitas ocupações - sejam
elas de alegria ou de tristeza - também obtêm o mesmo efeito.
-
Parou
em mim a luta de querer diferenciar-me e assim fiquei diferente;
parou a luta de me querer distinguir e, assim, distingui-me.
-
O problema
principal do homem é ele não sustentar a ideia de que ele precisa
mudar. Logo, assume que a reconciliação é tarefa de outros para com
ele, quando, na verdade, a sua parte é a única responsabilidade real
que tem em mãos. Mudando, ajuda a mudar. Devemos saber que a
transformação pessoal é um dever moral, algo que o próprio precisa
fazer e não terceiros. "Senhor e o que será deste? Disse-lhe Jesus:
(...) que te importa a ti? Segue-me tu",
João 21:21,22. Mas, tenhamos em conta que não nos devemos
transformar naquilo que os demais exigem de nós e antes naquilo em
que Deus transforma e em conformidade com os padrões que Ele requer
de nós. Quando as pessoas querem que mudemos, na verdade, querem que
mudemos em relação a eles e não para sermos fiéis a Deus. Aquela
transformação que Deus opera raramente é do agrado das pessoas.
-
"Somente
que o povo sacrificava sobre os altos, porque até àqueles dias ainda
se não tinha edificado casa ao nome do Senhor",
1 Reis 3:2. Se não houver lugar
ou pregador que seja integralmente dedicado à prática da verdade ou
um ponto de referência da verdade de forma prática, as pessoas
continuarão a "sacrificar nos altos". A verdade precisa estar
instalada e estabelecida porque, se não estiver, as pessoas
procurarão e acharão o que é falso - ou aquele que é falso.
-
"Estava
porém, ali, naquele dia, um dos criados de Saul, detido perante o
Senhor",
1Sam.21:7. Andam muitas pessoas
"detidas perante o Senhor", as quais não perdem um culto e não
deixam de cantar e louvar com toda a força. Cumprem todos os rituais
e não perdem uma única reunião de oração. Contudo, nada muda à sua
volta. Andam "detidos perante o Senhor", mas, nenhuma das suas
orações é ouvida e servem, apenas, de religiosidade, a qual convence ao
próprio de estar detido diante de Deus. Mas, tal como este Doegue,
servo de Saul, não se comunicam com Deus e nem Deus com eles. Doegue
fez a coisa errada e contrária a Deus após sair do Templo, isto é,
após "estar detido diante do Senhor". Nota-se
que estava "detido" diante dele próprio, usando força própria e
lutando com desejos próprios. Não fazia a vontade de Deus e não era
para poder executá-la que se achava detido no Templo perante Deus.
Pouco tempo depois, matou os sacerdotes de Deus a mando de Saul.
-
A fé
é fruto dum relacionamento genuíno com Jesus. Se isso é verdade, a
incredulidade advém dum relacionamento inexistente, falso, fictício ou quebrado com
Deus. Logo, a pessoa incrédula sente uma enorme necessidade de ser
apoiada por Deus e homens. É levada a falsificar as coisas e tenta
crer carnalmente querendo ver sinais, recebendo bênçãos e outras
coisas mais. Pedir um sinal ou pedir uma bênção hoje em dia é uma e
a mesma coisa. Tudo que deseja é sentir-se amada e apoiada por Deus.
Essa é uma das razões por que Deus não dá esses sinais, pois, recusa
alimentar a incredulidade e as ilusões num coração enganoso.
-
"...Fazendo-se
os seus filhos execráveis, não os repreendeu",
1Sam.3:13. Vemos que Eli chamou a
atenção de seus filhos pelo fato de pecarem tanto contra Deus e os
homens. "E (Eli) disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Porque ouço
de todo este povo os vossos malefícios. Não, filhos meus, porque não
é boa fama esta que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor.
Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o
homem contra o Senhor, quem rogará por ele?",
1Sam.2:23-25. Assim sendo,
podemos concluir facilmente que repreender, para Deus, tem um
significado diferente daquele que lhe damos em muitas ocasiões e
bastante diferente daquele que Eli usou.
Humanamente falando, Eli repreendeu seus filhos, mas, para Deus, os
seus filhos nunca foram repreendidos. Neste caso, repreender poderia
ser excluí-los inteiramente da casa de Deus e até da linhagem do
próprio pai. Falar contra e chamar a atenção não é repreender. Como
os filhos de Eli não foram excluídos, toda a casa dele foi julgada a
ponto de nunca mais poderem servir o Senhor. É triste ver que Eli se
colocou numa posição tão dramática. Era um homem cuja palavra não
caía facilmente por terra e vemos que algumas coisas que ele dizia acabavam-se
concretizando. Ainda assim, a ira de Deus permanecia sobre ele e a sua
linhagem. Deus fazia isso pelo povo, por pessoas como Ana, mas,
seria bem melhor para Eli sentir que Deus não estava com ele. Assim,
poderia arranjar-se devidamente com Deus. Mas, de certa maneira, o
fato de suas palavras não caírem por terra deu a Eli uma confiança
falsa até ao dia que deixou de se importar.
-
Aquele
que confunde a voz de Deus, isto é, aquele que ouve o diabo e
acredita que foi Deus quem falou, certamente que quando Deus falar
não crerá que foi Deus. Quem tem algo que o impede de tornar-se ovelha no verdadeiro sentido da palavra não fugirá
da voz do estranho e, também, não conseguirá reconhecer a do Bom
Pastor e, antes, fugirá d'Ele.
-
"Ainda
que me detenhas, não comerei de teu pão; e, se fizeres holocausto, o
oferecerás ao Senhor. Porque não sabia Manoá que fosse o Anjo do
Senhor",
Juízes 13:16. Manoá desejava
sacrificar sem saber que era realmente o Anjo do Senhor. Isto
significa que poderemos estar crendo noutro Jesus enquanto
convivemos com o verdadeiro. Por isso, o pecado da idolatria pode
consumar-se, também, ofertando ou servindo ao Deus verdadeiro desde
que o confundamos com aquele que só existe em nossa cabeça.
-
"E nunca
mais apareceu o Anjo do Senhor a Manoá, nem à sua mulher; então,
conheceu Manoá que era o Anjo do Senhor",
Juízes 13:21. É interessante
notar que Manoá conheceu ou percebeu que era o Anjo do Senhor por
Ele nunca mais ter aparecido. Os falsos é que aparecem e reaparecem
insistindo vezes sem conta nas mesmas coisas convencendo pela força
da carne e induzindo as pessoas a fazer o que não devem ou na forma
que não deve ser feito.
-
Muitos
afirmam que vivem à base das promessas de Deus sempre que a
realidade não bate com o que é pretendido ou com aquilo que é ideal.
Existem algumas semelhanças entre a provação e ser-se negado por
Deus. As pessoas esquecem que só vive das promessas aquele que é
capaz de se manter integralmente santo o tempo todo. Ser expectante
é como uma grávida esperando seu bebé: ela sabe que carrega esse
bebé dentro dela e que é um bebé e não gordura desenvolvendo em seu
ventre. Não consegue negar e nem esconder o fato porque a
expectativa cresce na medida que seu ventre vai crescendo. Muitos
Cristãos obtêm falsas gravidezes nos meios que frequentam. De
seguida, tentam viver de acordo com as esperanças falsas que obtêm.
São facilmente enganados, tanto por outros como pelo próprio
coração. Suas esperanças crescem mesmo que seus ventres estejam
sempre do mesmo tamanho, sem crescer - sem fruto. Crêem na falsidade.
-
A santidade
é uma promessa e deve ser o ardente desejo de todos aqueles que não
desejam que essa santidade sirva de moeda de troca por alguns
desejos da carne. Quando é moeda de troca não é santidade e a fé
será negligenciada depois de se
haver recebido aquilo que se pretende. Tudo o que é moeda de troca é
entregue em troca do que se pretende. É assim que as pessoas
entregam a própria fé como moeda de troca. Se apresento uma propriedade
como moeda de troca por um carro ou camião, perco a propriedade no
momento que recebo o carro ou camião. Assim ocorre com a fé sempre
que ela se torna moeda de troca.
-
Sabemos
que Israel não destruiu as nações todas que Deus havia mandado
destruir. Mas, isso não aconteceu por várias razões. Nem era pelo
fato de não quererem, pois, creio que muitos queriam e não
conseguiam. "Porém, (Judá) não expeliu os moradores do vale,
porquanto tinham carros de ferro",
Juízes 1:19. Não basta querer
fazer a vontade de Deus. Há que estar em condições de a executarmos
e acharmos os meios da graça.
Faltava poder aos que queriam fazê-la. Não andavam bem com Deus e,
por isso, faltava-lhes aquele poder inicial de expelir todo o pecado
de suas terras. "Esperai inteiramente na graça de Deus", disse
Pedro. Devemos ser achados num estado em que se possa receber graça.
(Isto não significa que os Israelitas estivessem em boas relações
com Deus no deserto. Mas, ao entrarem na Terra Prometida,
acrescentaram a esse pecado o desejo de viverem uma vida própria -
algo que não conseguiam fazer enquanto no deserto). Para que as
coisas cheguem a funcionar pela graça e para que possam chegar a dar
certo é necessário andarmos bem próximos de Deus, desejando os
desejos de Deus e cumprindo-os de forma prática e zelosa através dos
Seus meios para não sermos achados a querer juntar sozinhos,
tornando-se isso
uma forma de vida e não apenas uma ocorrência pontual criada pela
necessidade. Se assim não for, a espera das coisas principais será
em vão - se é que alguém pode exercer verdadeira esperança não
estando bem com Jesus.
-
"Portanto,
guardai muito a vossa alma, para amardes ao Senhor, vosso Deus",
Jos.23:11. Por que razão se deve
guardar a alma para termos como amar ao Senhor? É porque o amor por
Deus é derramado em nossos corações. Se não andarmos nos caminhos de
Deus, esse amor perece ou não é derramado em nós em abundância. Não
podemos andar separados de Deus por algum pecado não confessado ou
não abandonado.
-
É muito
comum as pessoas trocarem as coisas eternas por aquilo que perece.
Existem mesmo coisas muito úteis que perecerão ou que passarão como
a ciência, a profecia e outras coisas mais. "...Havendo profecias,
serão aniquiladas; havendo ciência, desaparecerá...",
1 Cor.13:8. É muito fácil
dependermos daquilo que conseguimos fazer, daquilo que sabemos ou
nos é manifestado, das coisas que podemos alcançar pessoalmente e da
nossa visão. A ciência é boa, mas, a obediência é melhor, pois,
através dela temos pleno acesso ao que Deus sabe; a profecia é boa,
mas, andar com Cristo é melhor sendo que, ao contrário da profecia
que cessará, Cristo nunca nos será tirado se andarmos
verdadeiramente com Ele. Além do mais, Cristo traz com Ele a Sua
recompensa. Se buscamos e achamos aquilo que Cristo é, se o acharmos
verdadeiramente como é e se não for mais um Cristo de nossas cabeças
vivendo em nossas ilusões, a recompensa vem com Ele. Mas, não é
minimamente garantido que, buscando e achando apenas a recompensa,
ela traga Cristo com ela.
-
"Os
caminhos de Sião pranteiam, porque não há quem venha à reunião
solene; todas as suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes
suspiram; as suas virgens estão tristes, e ela mesma tem amargura",
Lam.1:4. É de notar que Cristo
também foi afligido e não terminou em amargura. A amargura é algo
que se detém contra Deus, é uma chantagem contra Deus, pois, sabemos que é Ele quem comanda os
nossos destinos. A amargura surge em é afligido por causa de seus
próprios pecados. Os que andam limpos não se amarguram sendo
afligidos porque Jesus toma conta das suas almas e isso é
perceptível. A amargura é quase
sempre o golpe final no relacionamento com Jesus.
-
"Não
confiamos na carne", Fil.3:3.
Uma confiança é algo que nos assegura ou convence e dá segurança.
Ora, essa segurança pode ser falsa e a confiança pode ser enganosa.
Enganosa ou não, ela faz com que se confie numa coisa e se desconfie de
tudo o resto. As confianças podem tornar-se formas de teimosia e
obstinação. Existem confianças exageradas, emocionais e existem
teimosias que se transformam em confianças. Nada disso é fé, mas, é
a própria mente enganando por motivos dúbios ou próprios. (Contudo,
não podemos confundir o fato de que a fé verdadeira é decidida e
persistente). A carne não faz confiar sem motivo, pois, tem
motivações próprias para enganar. A confiança na carne mantém-na
viva e ativa. Mas, o pior de tudo é que uma pessoa que confia não
busca caminhos alternativos e é fiel ao que pensa e somente ao
engano que lhe dá certezas. As confianças não criam a necessidade de
alguém se certificar ou de buscar ou obter a certeza. A verdadeira
fé é uma certeza e não uma confiança. A confiança da fé advém duma
certeza incontestável porque buscou e achou o caminho certo e único.
-
Existe
perigo de morte após uma vitória. Se a pessoa busca vencer alguma
provação pode ser tentada a ser negligente no seu relacionamento com
Deus após haver vencido uma etapa importante de sua vida. Um dia de
vitória deve ser tratado como mais um dia igual a qualquer outro. Se a pessoa
se dedica a Deus com o intuito de conseguir alcançar algo
importante, isso significa que, na verdade, não é dedicada a Deus e
antes ao propósito. Havendo alcançado esse propósito, pode deixar de
se dedicar a Deus como anteriormente por não sentir necessidade para
tal. Aprendeu a dedicação ao objectivo e, havendo alcançado, fica o
vazio e entra a inércia. Mas, a nossa necessidade deve ser Jesus e
não aquilo que Ele pode acrescentar. A pessoa que se desleixa em seu
relacionamento com Deus assim que alcança alguma promessa ou vitória
em Jesus, na verdade nunca foi dedicada a Deus, mas, a si própria.
Devemos saber que a nossa vida é de extrema importância para Deus.
Se a queremos salvar deve ser por Ele e não por nós. Enquanto a
nossa vida for importante para nós, não estamos salvos. "Se alguém
vier a mim e não aborrecer (...) a sua própria vida, não pode ser
meu discípulo",
Luc.14:26. Existe um fato que
quero realçar: aquele que se desleixa em seu relacionamento com Deus
após uma vitória saborosa e importante era a pessoa que durante a
provação ficava desmotivado e encalhado em seus pensamentos e
desesperos, sentindo-se sem rumo. Por isso, caso você se desmotive
facilmente sob provações, saiba o que o espera após alguma vitória:
a inércia e o desleixe no seu relacionamento com Deus.
-
Para
nós, Deus não deve ter apenas a ultima palavra, mas, a única palavra
também. A ultima palavra Ele tem e terá sempre, mas, devemos esperar
tão bem n'Ele que as Suas palavras sejam as únicas. Ninguém deveria
murmurar ao longo do caminho e nem esperar noutra coisa senão na
misericórdia de Jesus.
-
Lamentável
é o estado da pessoa que está entregue a ela própria. A pessoa nesse
estado é dominada pelos desejos que não consegue controlar. Está
entregue a caminhos que não consegue evitar ou controlar, nem mesmo
sob a ameaça de morte, pobreza, doença ou de desgraça. E uma pessoa
entregue a ela mesma não é apenas aquela a quem Deus abandonou, mas,
aquela que abandonou Deus - ou algum dos Seus caminhos, o que dá no
mesmo.
-
"No
primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro",
Luc.24:1. É comum as pessoas
buscarem um Cristo morto e ainda fazerem grandes sacrifícios para
tal. São poucos os que se levantam bem de madrugada para irem ter
com um Cristo vivo. Essas mesmas pessoas não sabem interagir com um
Cristo vivo devido a tanta dedicação e devoção a um Cristo morto.
-
A negligencia
não acontece apenas quando a preguiça comanda. Ela ocorre quando nos
metemos no que não devemos esquecendo aquilo que é principal; ou
quando fazemos a obra de Deus duma forma zelosa, mas, pouco
espiritual e mundana sem nos tornarmos cooperantes do Espírito. É preciso sermos fiéis
ao ponto de acharmos a devida graça de forma real antecipadamente
para podermos executar até ao fim da forma que devemos executar.
Tudo o resto será classificado como negligência. Quem não busca
graça e poder ou outra virtude necessária em Deus de forma a poder
executar da forma que deve, isto é, como se faz no céu, é
negligente, sem sombra de dúvida. Que outra coisa podemos pensar de
alguém que busca os fins sem achar os meios ou sem passar pelos
meios? Existe uma condenação séria para todos aqueles que pulam o
muro e evitam entrar pela porta.
-
Todo
aquele que não faz o que deve, seja por preguiça, falta de tempo ou
qualquer outra razão, acaba fazendo o que não deve fazer ou da
maneira que não deveria executá-lo. É uma lei da natureza espiritual.
-
Sairmos
vencedores no final da nossa carreira não significa termos obras
para apresentar, progressos alcançados ou milagres conseguidos pela
fé. Significa que terminamos permanecendo em Cristo, sendo achados
ainda n'Ele no final de tudo. "Tens obras, paciência, trabalho, não
sofres os maus, puseste-os à prova e os achaste mentirosos e
sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te
cansaste. Tenho, porém, contra ti que perdeste o teu primeiro amor.
Arrepende-te...", Apoc.2:2-4.
Aquela união verdadeira, real, intima e que poucos conhecem deve
estar fresca como se nada tivesse acontecido durante todo o curso
duma vida difícil e complicada ou mesmo no fim duma vida fácil e
tranquila. Deve estar tão ou mais fresca e simples quanto ela era no
início da nossa caminhada - se é que o nosso início foi real e
verdadeiro. "...e seja achado nele (...) para conhecê-lo e a virtude
da sua ressurreição (...) sendo feito conforme a sua morte",
Fil.3:9,10. "Se alguém não
estiver em mim, será lançado fora",
João 15:6. E no final de tudo
precisamos ser achados ainda n'Ele.
-
"Está
escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil
de salteadores",
Luc.19:46. Intrigou-me o fato de
Jesus chamar as pessoas que negociavam dentro do Templo de "ladrões
e salteadores". Para se ser ladrão, é necessário roubar o que não
nos pertence. Ora, as pessoas vendiam o que era deles. Apenas,
usavam o Templo para tal fim. A Lei de Moisés previa a possibilidade
das pessoas venderem seus bens nas suas terras para comprar o que
sacrificar com esse dinheiro na cidade de adoração caso lhes fosse
difícil transportar até Jerusalém o que era para ser oferecido ao
Senhor. O que não era lícito era criarem-se negociantes dentro do
Templo para tal fim. E porquê? É comum, neste mundo, existirem
direitos de autor e direitos de imagem, os quais só podem ser usados
por aqueles que detêm esses direitos. Os benefícios devem ser
gozados por quem de direito. Ora, para que fossem ladrões e
salteadores seria preciso usar a imagem ou os recursos que não lhes
pertenciam para vender e comprar. Não nos podemos aproveitar de Deus
e de nenhuma circunstância de qualquer pessoa para negociar ou
enriquecer. E se não podemos fazer isso com Deus, também não o
podemos fazer com pessoas. Não nos podemos aproveitar das
debilidades, dos anseios, dos desejos ou dos deveres dos outros para
proveito próprio - e nem para "proveito" do Evangelho. O
Evangelho está "debilitado" aos olhos do mundo embora continue com o
mesmo poder de sempre. Não nos
podemos aproveitar de ninguém e de nenhuma circunstância. E é de
notar que quem comprava também se tornava ladrão e salteador por
cumplicidade. Quem comprava dentro do Templo era cúmplice de quem
vendia e contribuía para esse pecado que ofendia Deus grandemente.
-
"Bem
que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como
esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que,
por fim, venha a molestar-me",
Luc.18:4,5. A palavra original
no Grego para "molestar-me" significa cansar a ponto de ser vencido.
Existem duas possibilidades: ou a pessoa que pede é derrotada e
cansada de morte ou o Juiz a quem é feito o pedido é 'vencido' e
atende o pedido. Certamente que uma das duas coisas irá acontecer e
não existe qualquer outra alternativa ou meio termo. Lembremo-nos que esta é "uma
parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer",
Luc.18:1. E esta regra aplica-se
a todos - sem qualquer excepção - seja a Paulo ou a um abandonado e
triste ao lado da estrada.
-
Neste
mundo, quando promovem greves é obrigatório garantir serviços
mínimos. Creio que é assim que funciona na maioria dos países. Isto
significa que quem faz o mínimo está em greve e trabalha contrariado
ou infeliz com alguma coisa. Lembre-se disso sempre que faz o mínimo
na obra de Deus e sempre que não completa qualquer obra ou não deixa
a obra completar-se. Muitos grevistas perturbam os que trabalham
conforme devem. "Quem não ajunta Comigo, espalha",
Mat.12:30.
-
Quando
andamos de forma a agradar pessoas somos colocados em rota de
colisão com outros, pois, nem todos andam na mesma direção, ou
têm os mesmos objectivos ou têm as mesmas maneiras de fazer as
coisas. As pessoas não se entendem entre elas. O mundo costuma dizer
que não se pode querer agradar a todos. Jesus disse que não podemos
agradar ninguém. Num ambiente onde pessoas são agradadas, falamos
demais, falamos depressa e somos condicionados por muitas outras
coisas que não conseguimos controlar. Existem muitos pecados onde se
agrada pessoas, seja dentro ou fora da igreja. Agradar não é amar -
é egoísmo.
-
A mente
é muito fértil em imaginações. O diabo usa-a ou incita-a de muitas
maneiras. Uma das maneiras é fazer imaginar aquilo que a pessoa não
terá para que o desejo seja, no mínimo, aguçado e mantido vivo para
agudizá-lo através da sensação de perda. A sensação de perda ou de
falta num carnal aumenta-lhe sempre o apetite e a inconformidade.
-
O que
você pensaria de alguém que pegasse num martelo e batesse com toda
força na sua própria unha? E se você não soubesse qual a causa da
dor e a ouvisse chorar e reclamar? Pois, eu conheço muitas pessoas
assim. Pecam, debatem-se e ofendem e, depois disso, querem um ombro
onde chorar. Se não acharem, sentem-se vitimadas.
-
Um dia,
deram-me troco a mais e só me apercebi disso quando cheguei a casa.
Voltei ao lugar para tentar corrigir o erro. A senhora foi corrigida
e ficou feliz com isso. Eu só não entendo qual a razão que leva as
pessoas a ofenderem-se quando são corrigidas nos caminhos de Deus,
sendo que recebem algo mais valioso que uns meros trocos sempre que
acertam seus passos com a verdade. Não é a vida eterna muito mais
valiosa que os trocos desta vida terrena? Não deveríamos ficar
extremamente felizes sempre que alguém nos vem corrigir de algum
erro de nossos passos, de nossas atitudes ou mesmo de nossa maneira
de pensar? Não devemos ficar agradecidos e satisfeitos com o
altruísmo e disponibilidade de quem nos vem corrigir da maneira que
deve e pelos motivos certos?
-
"Se
alguém me ama, guardará a minha palavra",
João 14:23. Esta palavra tem muito que se lhe diga. Como
pode alguém tentar guardar a palavra sem antes amar Jesus de todo
coração? E como pode alguém afirmar que ama Jesus se não guarda a
Sua palavra se amar Jesus vem antes de guardar a palavra? Muitos tentam cumprir para não serem condenados ou para
dar mau exemplo a seus filhos. Traduzindo isso, significa que tentam
cumprir porque se amam a si próprios. E falham no cumprimento. É
verdade que os filhos aprendem pelo exemplo dos pais, mas, aprendem
mais daquilo que os pais são do que daquilo que fazem.
Ninguém é capaz de cumprir se não amar Jesus acima da própria vida.
"Quem não me ama não guarda as minhas palavras",
João 14:24.
-
Ensinar
e educar não são a mesma coisa e nem sempre andam juntos. Ensinar é
extrair daquilo que sabemos e distribuir; educar é oferecer aquilo
que somos - se somos. Se somos algo em Deus, devemos ser abertos,
disponíveis e andar na luz de maneira a que nada possa estar
encoberto através das nossas ações. Antes, as nossas ações devem
manifestar e revelar tudo que somos em total simplicidade de
coração. Esse é o professor que sabe educar. O conhecimento ensina e
serve de aliado à educação, mas, o conhecimento é um servo e nunca
um mestre. A vida é o mestre e o mestre é a própria vida eterna e
que começa agora, vida constante, permanente, transformadora e sem
altos e baixos. O conhecimento é servo dessa vida. O conhecimento é
a expressão verbal, é o entendimento daquilo que se experimenta, é o
explicar da vida que existe em nós - se existe em nós de fato.
-
Aqueles
que realmente andam com Deus com um coração verdadeiro, ouvem Deus. Se
ouvirem a voz errada é porque ainda ouvem a voz dos desejos e das
próprias vontades. O coração que é tentado pela carne e seus desejos
pode ser forçado a ouvir a voz do engano que, muitas vezes, se faz
passar por Deus.
-
"Agora,
é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe deste mundo",
João 12:31. É interessante notar
que, para o mundo, era Jesus quem iria ser julgado e lançado fora.
Mas, com este ato foi o diabo quem foi expulso e julgado. Não devem
temer nada todos aqueles que vivem em Cristo ao serem julgados pelo
mundo e ao serem expulsos das suas sinagogas.
-
As
pessoas são muito rápidas a julgar o caminho certo, especialmente
quando esse caminho certo é crido pelas pessoas erradas, as quais
caminham erradamente crendo na coisa certa. Se já julgam quem anda acertadamente, imaginem
quantas pedras atirarão a quem anda errado crendo no Evangelho. O
alvo do mundo é apedrejar o Evangelho. No
entanto, ninguém do mundo é rápido a julgar os próprios caminhos. Na
verdade, são rápidos a encobri-los e a mantê-los secretos. Se
julgassem os próprios caminhos estariam perto da salvação de Jesus.
"Se nos julgássemos a nós mesmos, não seriamos julgados",
1Cor.11:31.
-
"Diziam
outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura,
um demónio abrir os olhos aos cegos?" João
10:21. Existem pessoas que são levadas a crer nas
palavras por haverem presenciado milagres. Isso significa que não
crêem ou não creram na Palavra e são levados a crer nela. Por outro
lado, existem pessoas - como a mulher Samaritana e aqueles a quem
ela foi chamar para verem o Cristo - que creram por causa da própria
Palavra em si. "E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.
E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque
nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o
Cristo, o Salvador do mundo",
João 4:41,42.
-
"O ladrão
não vem senão a roubar, a matar e a destruir",
João 10:10. Isto significa que
quem destrói, mutila ou rouba é do diabo. Se você destrói o seu
próprio casamento, vida ou a de outro, é ladrão e salteador a soldo
do diabo.
-
Se
orarmos para passarmos tempo perdidos em oração não estamos orando
para que sejam resolvidos ou explicados os problemas ou para acharmos respostas
concretas a respeito de questões concretas. Nem tudo é pedir quando
devemos orar, mas, devemos poder receber uma certa orientação e rumo
(a qual somente alguns conhecem) sempre que oramos para não se
tornar pecado orar.
-
Se
eu não mudar sob as circunstâncias onde me encontro, agora, nunca
mudarei quando as circunstâncias houverem mudado. Não são as
circunstâncias que têm o poder de nos transformar - elas servem,
apenas, para nos mostrar aquilo que somos verdadeiramente. Melhores
circunstâncias não são capazes de transformar alguém. Boas
circunstâncias são capazes de encobrir algo que somos secretamente e
as más são capazes de revelar.
-
Quem
peca não apenas arranja desculpas para os seus pecados, mas, também
acha sempre culpados para eles. Culpa os demais pelos seus próprios
pecados e acusa-os facilmente de qualquer defeito que possa ser
visto neles. A constante busca de erros nos outros e a má-língua são
prova de que alguém encobre os seus próprios pecados. Morrerá neles e
perder-se-á para sempre enquanto encobrir seus pecados, isto é,
enquanto achar culpas, culpados ou desculpas para eles. Desculpar os
próprios pecados é uma artimanha para tentar encobri-los. É outra
forma de encobri-los e de tentar não responder por eles. Todo aquele
que encobre qualquer de seus pecados nunca achará misericórdia - nem
agora e nem depois (Prov.28:13).
Que ninguém se engane a esse respeito.
-
"Se
fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas, como agora dizeis: Vemos,
por isso, o vosso pecado permanece",
João 9:41. Isto fez-me lembrar as
palavras de Jesus, as quais sublinham o enorme perigo de morrermos
em nossos pecados, isto é, de nossos pecados permanecerem conosco
até ao fim. Jesus tira o pecado, tanto na sua origem como nas
inevitáveis consequências de culpa e do poder cíclico desse pecado,
o qual aumenta cada vez que pecamos porque fragiliza o homem e
arruína a fé verdadeira impondo uma fé falsa. E é a fé verdadeira
que vence o mundo e extermina o pecado de quem consegue crer. O
pecado gera a morte. Quem entra em pecado, peca cada vez mais e
acentua a tendência da cegueira, isto é, arranja mais desculpas e
culpas para os seus próprios pecados ao invés de reconhecer que
peca, isto é, em vez de reconhecer com o intuito de buscar e achar salvação
desses mesmos pecados. Jesus salva do pecado. Quem não reconhece
todos os seus pecados; ou os encobre afirmando que vê; ou afirma que
tem Cristo enquanto peca; ou se permanece em seus pecados; ou seus
pecados permanecem nele; não será salvo desses pecados, pois,
recusa reconhecê-los. E se não os reconhece, também será privado da
visão abençoada de que é Cristo que liberta do pecado e torna alguém
verdadeiramente livre. "Por isso, vos disse que morrereis em vossos
pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos
pecados",
João 8:24. Se não permitirmos ou
se não alcançarmos Cristo para nos salvar e libertar de todos os
nossos pecados, morreremos neles. O pecado também permanece quando
afirmamos que somos crentes, salvos ou usamos alguma afirmação
semelhante e de hipócrita nessa linha, estando em pecado. Se ainda permanecemos
em pecado, fomos salvos de quê?
-
"Na verdade,
na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas,
porque comestes do pão e vos saciastes",
João 6:26. Os Judeus e os que
não querem crer buscam um sinal para obter uma razão para crerem. Na verdade, alguns querem
provar-se certos assumindo que o sinal não acontecerá. Desejam, com
essa atitude, provar que estão certos. A busca dum
sinal é perverso - é malvadez. É mais uma forma de desafiar Deus. Desafiam Deus com essa atitude como se
Ele não fosse capaz de executar algo - o que provaria estarem
certos não crendo. A perspectiva das pessoas afastadas do Caminho a
respeito de Deus está alterada. Na perspectiva de Deus é a fé que
deve produzir o sinal e na dos homens deve ser o sinal a produzir a
fé. "Fé" ou crença em alguma outra coisa que não seja Deus em Sua
realidade (sendo real) é fácil de produzir sem qualquer sinal.
Qualquer pessoa consegue crer numa mentira sem um sinal. Estão pervertidos os seus princípios, as suas perspectivas são
contrariantes, isto é, opõem-se à realidade dum Deus vivo.
Permitem-se crer num Deus morto ou inexistente mesmo tendo o mesmo
nome e os mesmos ensinos. Mas, opõem-se a tudo que possa contrariar
qualquer ponto da sua essência egoísta, enganosa e egocêntrica. Contudo, vemos Jesus dizer que existe algo ainda mais
perverso que buscar o sinal para crer: é buscar Jesus para comer.
Isso significa que as pessoas 'crêem' para poder comer. E Jesus
opõe-se a isso. Sendo assim, a presença de Deus arruína de forma
peremptória qualquer doutrina moderna de prosperidade. A fé
oportunista é uma fé de falsidade que provém dum coração contaminado
e solidificado na falsidade. Podemos concluir, então, que crer, para Deus, tem
outro significado diferente daquele que os pecadores lhe são capazes
de dar. Jesus disse que crer e ter vida andam juntos. Logo, crer é
viver - é a capacidade de viver em conformidade com a lei de Deus e
com aquilo que Ele é. Qualquer homem poder viver e conviver com uma
crença. Mas, poucos conseguem viver ou conviver na presença de Deus
quando essa presença é realmente real. "Os retos habitarão na Tua
presença", Sal.140:13.
-
"Eu
não recebo glória dos homens", João 5:41.
A palavra "receber" é muito usada nesta porção das Escrituras.
Quando Jesus diz que não recebe glória dos homens, poderia ter dois
significados e somente um deles é o que Jesus lhe deseja dar.
Poderia significar que não recebe porque os homens não Lhe dão
glória - o que é meia verdade. Os homens, de facto e ao contrário de
toda a natureza, não dão glória a Deus. Mas, também pode significar
que Jesus não recebe ainda que lha dêem. Não é por aí que irá
receber ou aceitar qualquer pessoa. Não depende disso. É muito
triste ver que muitos dizem que estão dando glória a Deus em seus
cânticos e cultos, mas, sem que Deus os aceite.
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"Eu
não recebo glória dos homens", João 5:41.
A maior prova de que alguém ainda recebe ou quer receber glória dos
homens, é ver com que facilidade rejeita conselhos e correções, o
quanto ainda se ofende com acusações e o quanto se defende ou
promove diante de
pessoas.
-
A maioria
das guerras - sejam as guerras entre indivíduos, familiares ou mesmo
entre países - obtém a sua força em consciências sujas e agressivas.
A pessoa de consciência suja aprende a ser agressiva, retalia para
se defender e vive do engano. Sempre que a consciência está
manchada, ela acusa e agride. Essa acusação obtém uma reação agressiva da
pessoa. Essa reação pode, por sua vez, tornar-se incontrolável e
cheia de justificações capazes de manchar a consciência ainda mais.
O sinal mais evidente duma consciência manchada é a agressividade
com que cada um se defende e protege a si próprio. Por vezes, a
pessoa encontra-se num estado de auto-defesa contínuo, a qual se
defende mesmo sem haver sido acusada. Essa defesa pode ser encetada
com ira ou com um sorriso. Qualquer pessoa agredida reage assim se
não tiver um coração que cumpre a Lei de Deus e todos sabemos que
uma consciência suja agride. A pessoa que está bem
com Deus e sua consciência quando esta é iluminada através d'Ele
nunca reage à agressão porque não existe agressão. Está em plena paz
em Deus. Reagir à agressão é vicio apanhado por
alguém que tem ou teve a consciência manchada. Se teve a consciência
manchada e já não a tem, mas, reage à agressão, o vício/hábito manteve-se.
Precisa lidar com isso, também, após haver-se limpado no sangue de
Jesus de todos os pecados sem haver omitido um sequer. Ninguém
precisa dos hábitos antigos para viver a nova vida. A maior agressão
que pode existir é a da consciência - é, no mínimo, algo que as
pessoas consideram agressão. As pessoas desabituadas à paz de
consciência reagem mal apenas com o intuito de fugir a esse tipo de
agressão, à qual nunca conseguem escapar. Tentam sonegar os
aguilhões da própria consciência acusando os outros ou mascarando-se
de inocentes. Nenhum mascarado é aquilo que a máscara diz ser. Todos
os que andam de consciência suja reagem sempre da mesma maneira por
tudo e por nada. Vivem em estado de alerta contínuo e reagem até
mesmo quando não são acusados de nada. Já reagem mal mesmo antes de
se sentirem acusados. Agridem até mesmo para prevenir a agressão que
imaginam ir receber.
-
"Ele
era a candeia que ardia e alumiava", João
5:35. Existem candeias que ardem e não iluminam. Devemos
arder e ser luz. Não devemos arder de forma a deitar apenas fumo e
não haver chama ou não haver luz. A fumaça pode prejudicar a luz.
-
"Quem
não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou",
João 5:23. Isto é verdade em
todos os sentidos. Um desses sentidos é que quem não honra ou não é
capaz de honrar quem o pai envia - seja essa pessoa quem for - não
honra o Pai, ainda que diga que o honra. E quem não honra qualquer
homem, Também não honra Deus - ainda que o honre com os lábios.
-
Quando
achamos o caminho, devemos considerar algumas coisas e tê-las em
mente. O caminho é certo, puro e intocável. A pessoa que entra nele
é, inicialmente, pessoa errada de coração. Por isso, temos a pessoa errada de
coração entrando num caminho certo e direito. Haverá conflitos? Claro que sim,
pois, não existe errado que não tenha o hábito de se considerar certo. O Caminho não se
pode considerar errado para se adaptar ao errado e concordar com
ele, sendo que somente os que estão de acordo conseguem andar
juntos. Logo, haverá conflitos e somente um jogo de paciência e
persistência pela parte da verdade - sem se comprometer - poderá
alcançar a transformação total daquele que está errado para que
sejam um.
-
"...Rogou-lhe
que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte. Então,
Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis",
João 4:47,48. Não é nada fácil
conseguir ver que alguém busca um sinal quando tem um filho à morte.
Mas, Jesus viu. É triste, também, saber que até mesmo com um filho à
morte se busca mais o sinal que a cura do filho pela fé em Cristo.
-
Deus
pode chamar-nos para a obra ou nós podemos oferecer-nos a nós
próprios para isso. Contudo, duma maneira ou doutra devemos saber
esperar até sermos enviados.
-
Existe
o ódio e a indiferença. Há quem diga que a indiferença é pior que o
ódio. Mas, há quem diga que a indiferença não se vinga e não pune.
No tocante a Deus, a indiferença em relação a Ele é ódio em
hibernação. É pura inimizade adormecida. Não existe alguém neste
mundo indiferente a Deus. Aqueles que não o visitaram na prisão por
estarem envolvidos e ocupados com a vida própria são, foram e serão
penalizados com a mesma sentença que aqueles que colocaram Jesus e
os seus na prisão para os maltratar sem misericórdia. É verdade que
o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. Mas, todos
aqueles que odeiam Jesus ou lhe são indiferentes irão sofrer a mesma
condenação eterna. E não era para ser assim.
-
Responsabilidade
e o aumento dos deveres deve levar-nos a uma maior e mais sincera
aproximação a Deus para que Ele possa efetuar em nós o querer e o fazer.
Não basta saber qual é a vontade de Deus.
Devemos, também, mudar os nossos hábitos com o aumento das
responsabilidades para que nos possamos adaptar com alegria a uma
nova realidade subsequente duma verdadeira aproximação a Deus. Cada aumento de responsabilidade deve obter esses
efeitos em nós. Manter a mesma rotina, o mesmo hábito de vida e a
mesma maneira de agir não são compatíveis com o aumento da
responsabilidade. E a responsabilidade primária é chegarmo-nos ao
trono da graça para acharmos graça. A graça é o poder e a
capacitação de Deus. Prepare-se para mudanças drásticas, práticas e transformações
caso Deus lhe entregue Seus talentos como servo.
-
A vida
é uma escola e todos somos seus estudantes. Contudo, existem alguns
que são mais aplicados que outros, menos rebeldes e mais
conscienciosos.
-
A purificação,
seja ela do espírito ou da carne, não é necessariamente abandonar o
que consideramos carnal ou pecaminoso. (Existe imundície do espírito
e da carne). É, isso sim, santificar tudo a Deus, conseguindo fazer
as coisas através d'Ele, para Ele e com Ele. Todas as coisas que nos
são lícitas são necessárias para uma vida de harmonia e paz. Mas, o
pecado meteu a mão naquilo que é ou foi santo. Logo, a purificação
ou santificação não é rejeitar por completo, mas, fazer com Deus
para Deus - é tornar a dedicar a Deus tudo aquilo que Lhe pertence,
isto é, aquilo que o pecado e a carne
absorveram ou roubaram.
-
Muitos
admiram-se do facto do filho de Davi ter sentido uma repulsa grande
pela outra filha de Davi depois de a haver possuído. Mas, isso
acontece com todos quantos praticam sexo pré-marital: acabam sempre
mal depois de casar. Conheço muitos casais que, depois de haverem
casado, tornaram-se frios e frígidos e eu creio que tem muito a ver
com o facto de haverem pecado antes de casar. Esse ato pecaminoso
apela às pessoas enquanto é ilegal perante Deus ou proibido. Assim que se torna
legal, um dever marital perde o seu apelo.
-
Muitos
crêem que o temor ao Senhor é o passaporte que falta para entrarem
no Reino da justiça e da pureza. Contudo, sabemos de alguém que
temia o Senhor e dizia "atemorizado, escondi o teu talento na terra"
e o entregou intacto e bem guardo ao Senhor. O temor, por si só, não
consegue muito se estiver misturado com negligência, interesses
próprios ou qualquer outra coisa carnal. O temor deve levar-nos a
buscar os meios da graça para
frutificar, cumprir, ser fiéis e para fazer a vontade de Deus.
Abandonar o mal ainda não é fazer o bem; parar de roubar ainda não é
dar do que temos; parar de matar ainda não é dar vida; parar de
mentir ainda não é falar a verdade. "Não queremos ser despidos, mas,
revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida",
2Cor.5:4.
-
Quando
os servos receberam cada um os seus talentos, não vemos o Senhor
explicar para que seriam esses talentos. Cada um fez conforme bem
entendeu. Devemos obter fé que nos possa fazer alcançar a liderança/graça
de Deus e que ela seja real.
-
"Porém,
se aquele mau servo disser consigo: O meu senhor tarde virá..."
Mat.24:48. Há várias coisas que
passam despercebidas em muitos versículos. Este é um deles. A
pergunta é: o servo tornou-se mau porque diz o que diz, ou ele diz o
que diz porque é mau? Eis a minha certeza: quem fala contra Deus já
se encontra separado dele por outras coisas e por outros motivos.
Logo, havendo-se tornado mau servo, diz o que diz. Quem sabe se a
provação não veio apenas revelar aquilo que o servo é
verdadeiramente. Não podemos ignorar que era um servo e não um ímpio
qualquer. Todos os servos têm tendência para acreditar que
são fiéis e puros. Mas, uns servem sem se haverem purificado; outros
servem para encobrir os seus pecados; e outros servem sem se a
consciência que precisam
manter-se purificados. O segredo é esperar (com expectativa) mantendo a santificação e
nunca tornar-se mau ou impaciente pelo caminho.
-
A franqueza
é uma virtude louvável. Mas, é uma virtude que não pode subsistir
sozinha, isto é, não pode viver desacompanhada da verdade. A verdade
é o amor de Deus. Imaginem uma pessoa franca que crê na mentira -
ela irá mentir com franqueza e sem se dar conta que mente; ou alguém
que acredita no erro sendo franca sem reconhecer o erro e tendo o
erro como certeza de vida. A franqueza é louvável, sempre será. Mas,
devemos saber que deve estar associada à verdade, à bondade, à
benignidade e ao amor de Deus. Se assim não for, essa franqueza
torna-se uma arma de destruição e uma fonte de problemas muito
sérios.
-
A pessoa
que busca a verdade de coração nunca terminará a sua carreira
enganado ou sendo enganado. De fato, é a própria verdade quem busca
os tais e a Verdade nunca os perderá de vista. A verdade procura um
coração verdadeiro e a mentira um coração onde se possa alojar
confortavelmente. Ninguém permanecerá enganado sendo verdadeiro de
coração buscando a verdade com intuito de absorvê-la e praticá-la
sem hesitações. A verdade misturada com a hesitação é uma fonte de
tribulação - é uma ofensa ao céu.
-
"Rogamo-vos,
pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus",
2Cor.5:20. Não é estranho que
seja pedido a crentes firmes que se reconciliem com Deus? Alguém
poderia perguntar se eles já não estariam reconciliados. Se Paulo
dissesse isso nas igrejas de hoje, certamente que muitas pessoas se ofenderiam ou
escandalizavam. Mas, a realidade é que a
reconciliação com Deus tem muito mais que se lhe diga que aquilo que
hoje é pregado ou crido. A reconciliação com Deus implica que
estejamos em uníssono com Ele, através d'Ele e pelos mesmos motivos
através do mesmo poder. Não é somente aceitar a Sua vontade, mas,
aceitar tornar-se alguém que consiga fazê-la da mesma maneira, com a
mesma alegria e através do mesmo poder que ela é feita no Céu. "Aqui
na terra como no céu".
-
Muitos
dos pecados que as pessoas cometem sendo crentes ocorrem quando se
encontram expostas a tentações que poderiam ser evitadas. Alguém
pode visitar os amigos antigos com quem bebia; expor-se à tentação
quando poderia evitar a nudez e a pornografia; poderia evitar a
descrença, sabendo que Deus é fiel e buscando a verdadeira razão ou
motivo de qualquer provação e, assim, evitar ficar exposta a dúvidas
e a questões sem nexo - é pela verdade que somos firmados; evitar
caminhos próprios preferindo a reconciliação com Deus em todo o
tempo; etc.
-
O maior
problema do mundo e dos que são enganados nem é a incapacidade de
ver o erro, mas, de rejeitar o erro em prol dos motivos certos.
Rejeitar o erro não basta. Ver
o erro ou rejeitar o mal não é o fim do percurso. "Não queremos ser
despidos, mas, revestidos, para que o mortal seja absorvido pela
vida",
2Cor.5:4. As pessoas enganadas
costumam rejeitar as coisas com azedume e nunca com confiança - isso
quando rejeitam. Quando assim fazem, aceitam esses pecados
secretamente. A base da sua determinação nunca é a confiança na
verdade e antes a raiva contra o erro que se manifestou contra eles.
Contudo, a grande maioria acaba por se conciliar com o erro e
aceitá-lo devido à insistência dos falsos. Os falsos nunca param e
não hesitam em usar suas heresias com insistência.
-
Um dia,
até os casados, os pais e os filhos serão colocados sozinhos diante
de Deus. Precisamos manter essa ideia em mente, com alegria.
Entretanto, devemos usar aquilo que ainda temos para exercitar a
fidelidade, o amor e todas as outras virtudes que enriquecem um
coração, uma vida e um mundo. Quando tudo o resto nos faltar e
formos colocados diante de Deus, seremos fiéis, virtuosos e cheios
de Jesus. É disso que se trata nesta vida. É à volta desse ponto que
tudo gira. Tudo deve contribuir para que haja um povo o qual Deus
possa escolher entre os demais quando tudo terminar.
-
"...Porque
o homem violento terá fim; a destruição é desfeita..."
Is.16:4. O homem violento ou
pecador terá fim. Isso acontecerá ou porque se converteu ou porque
Deus o destruiu. De qualquer maneira, seu fim é anunciado desde há
muito tempo e a maioria deles já teve o seu fim. Se você ainda não
se converteu ou se está mal convertido, lembre-se que seu fim está
anunciado desde o início da criação.
-
Se
o dinheiro é fonte de problemas e provações, a falta dele também
traz o seu tipo de provações. Logo, somente um coração recto e puro
é capaz de se manter tanto na hora de abundância como na falta de
dinheiro e meios. E quem fala na falta de dinheiro, pode falar na
falta de oportunidades de usar bem esse dinheiro ou na ausência das
circunstâncias ideais. Se os ricos se desviam com maior facilidade,
os pobres passam por tribulações espinhosas que, igualmente, os
impede de ver a verdade ou de praticá-la. Os espinhos que sufocam a
Palavra nascem tanto em terra boa como em terra má.
-
Todos
já afirmaram algo, uma vez ou outra, sobre o tempo de Deus. "Ah, é
porque não era a hora certa!" Mas, devemos levar em conta algumas
coisas sobre o tempo de Deus. A primeira coisa é que existe, de
fato, o tempo de Deus. Devemos ter isso em conta sempre que oramos,
esperamos ou vigiamos pedindo algo em oração. Mas, o tempo é de Deus
no sentido que é Ele quem determina o acontecer. Esse tempo não
depende apenas da hora e do calendário, mas, também depende das
circunstâncias, do estado em que a pessoa se encontra e algumas
outras coisas. Como é Deus quem determina que aconteça, pode nunca
acontecer o que de bom esperamos por estarmos em mau estado
espiritual. Não são apenas o relógio e o calendário que influenciam
os tempos de Deus. Muitos esperam quando o tempo de Deus já passou
porque não se aprontaram ou não se apresentaram diante de Deus.
Contudo, ainda esperam porque não receberam. Outros fazem precisamente o oposto: obrigam
Deus a antecipar
aquilo que ainda está por vir.
-
Muitos
insistem em crer que têm ou temos direitos que precisam ser
protegidos e atendidos. Mas, diante de Deus só temos privilégios que
não merecemos. Existem direitos entre pessoas e pessoas, os quais
devem ser respeitados. Deus fala dos "direitos dos aflitos do Meu
povo". Contudo, esses direitos são os dos outros diante de nós e não
os nossos diante das outras pessoas. Devemos salvaguardar esses
direitos que as pessoas detêm perante nós e Deus. Não são os nossos
direitos, mas, os dos demais perante nós. Os perdidos têm direitos
sobre a comida espiritual que obtemos; os pobres sobre o nosso
salário e possessões; etc.
-
Se
eu for intolerante para os maus, serei capaz de ser intolerante para
qualquer pessoa. Tudo aquilo que faço, faço-o porque é o que sou. O
mundo acredita que as nossas atitudes dependem das pessoas com quem
lidamos. Mas, a verdade diz que depende daquilo que somos e nunca
daquilo que os outros são ou fazem - não são os outros que nos fazem
ser. Não é mau rejeitar o mal ou sentirmo-nos muito mal na roda dos
escarnecedores. Só não podemos afirmar que é por causa desses
escarnecedores que nos sentimos mal, pois, existe quem se sinta bem
por lá. Sentimo-nos mal na roda dos escarnecedores devido à
transformação que ocorreu em nós. E os maus sentem-se mal na mesa da
justiça devido àquilo que são. A culpa não é da justiça. E se isso é
verdade, então, a causa do desconforto e das náuseas nos justos
perante o mal é o coração que obtiveram.
-
"Filho
meu, se ficaste por fiador do teu companheiro..."
Prov.6:1. Perante Deus não
podemos responder pelas vidas de ninguém, nem mesmo de nossas esposas ou
filhos. Se houvermos feito tudo para que a comida espiritual esteja
sempre pronta e distribuída, à disposição, não nos podemos
considerar fiadores de ninguém. Cada um responderá pela sua própria
vida.
-
"...Pôr
o seu ninho no alto, a fim de se livrar da mão do mal",
Hab.2:9. Muitos caem nesta
armadilha de desejarem ficar ricos ou saudáveis para que seu ninho
esteja alto e, supostamente, livre do mal. Mas, só está livre do mal
aquele que entrega os seus caminhos ao Senhor, seja rico ou pobre,
saudável ou enfermo. Ninguém morre se Deus não quiser e ninguém vive
se Deus não quiser. Entreguemo-nos a Ele que tem as chaves da vida
e, também, da morte.
-
"Desvia
de ti a tortuosidade da boca e alonga de ti a perversidade dos
lábios",
Prov.4:24. Muitos não acreditam
ou não desejam acreditar que a maneira como falamos é o melhor
retrato do nosso coração. Não é somente o assunto que nos mostra o
que existe em nós, mas, a forma como o expressamos mostra o que
somos. Entretanto, a forma de falar tornou-se um hábito, uma
cultura. Logo, a maioria tenta mudar a forma de falar, isto é, o
hábito, sem mudar de coração. Seria como secar um chão onde pinga
água constantemente. Na verdade, secamos algo que se tornará a
molhar. Não devemos, também, menosprezar este sério aviso de desviar
a boca e os lábios da tortuosidade. Muitos menosprezam este tipo de
pecado. Qualquer pecado é muito sério quando olhado desde o lado de
Deus. Os pecados da boca também crucificaram Cristo e também é
desses pecados que Deus nos salva. O mesmo podemos dizer dos pecados
dos olhos e de todos os nossos sentidos. Aquilo que mais gostamos de
ver alimenta o coração que temos. O que mais gostamos de ouvir
revela as coisas pelas quais o coração mais anseia e quais as
ilusões que tem ou mantém. Vamos colocar-nos a nós mesmos à prova e
dar liberdade aos nossos sentidos. Assim, obteremos uma percepção
mais fiel do estado do nosso coração. Não precisamos mentir perante
a verdade.
-
"Pega-te
à correção e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida",
Prov.4:13. Ninguém gosta de ser
corrigido, contudo, a maioria deseja ser correto. Como é que alguém
se torna correto sem ser corrigido? Todos desejam o fim sem passar
pelos meios. Aqui, somos instruídos a amarmos a correção e a
desejá-la. Para que a "paciência tenha a sua obra perfeita", todos
nós devemos chegar ao ponto de cooperarmos e de ouvirmos a correção
sem ressentimentos e com a alegria de estarmos a ser corrigidos.
Isso acontece porque somos amados. O amor carnal tem como norma o
ser aceite. O amor espiritual corrige tendo um bom final em mente. É
muito fácil acreditar que somos corrigidos ou castigados porque
somos desprezados ou abandonados. Fazemos um peso daquilo que
deveria ser um jugo fácil de suportar. A correção deveria ser uma
alegria sabendo que, se é o Senhor quem nos corrige, certamente
chegaremos a bom porto. Se você conseguir saber qual é o alvo da
correção e qual o fim que ela pretende alcançar, coopere avidamente
e mostre a Deus que você está com Ele naquilo que Ele faz e pretende
alcançar.
-
"Não
entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus",
Prov.4:14. Existem muitas maneiras
ou razões para se optar pelo caminho dos maus. Quando Deus nega algo
a alguém como repreensão, esse alguém pode optar por fazer as coisas
doutra maneira em vez de escutar a repreensão; quando a demora
parece ser longa, alguém pode pensar estar errado no
caminho certo e desvia-se acreditando que está a fazer bem
desviando-se e escondendo talentos. Existe
um sem número de razões para alguém entrar no caminho dos maus.
-
Sempre
que as coisas não dão certo ou não resultam nos caminhos de Deus, as
pessoas procuram alternativas para que tudo dê certo ao invés de
buscarem o motivo do fracasso. Deus pode ter uma razão para negar a
pessoa na frente de homens e anjos e é essa razão que devemos achar
ao invés de tentar caminhos alternativos para alcançarmos as coisas
que fracassaram. Todos os caminhos alternativos serão considerados
como formas de idolatria. Devemos prestar maior atenção à repreensão
de Deus em vez de ignorar o aviso tentando recorrer a outros meios
ou mecanismos para solucionar o que Deus encravou. Não podemos
abandonar o caminho da sabedoria e da salvação ignorando um aviso ou
uma correção vinda do Senhor. "Filho meu, não rejeites a correção do
Senhor", Prov.3:11.
-
Alguém
pode começar um caminho insinuando que já é mestre nele. Isso pode
acontecer por variadíssimas razões. Uma delas é que um raio de luz
na escuridão é uma novidade tão grande que pode levar a pensar que
se descobriu o sol. E quem acredita que descobriu o sol ou vive como
se o tivesse descoberto, não evolui e pode terminar seu caminho
crendo ser mestre sem nunca haver aprendido muito mais. Mas, o
oposto também pode acontecer: pode ser mestre acreditando que não o
é. A humilhação que sofrem para destruir toda a sua arrogância
durante os anos que são instruídos pode levar tais pessoas a não
crerem mais que poderão ser úteis a Deus quando nas mãos de Deus. Todas as correções podem ser tidas como rejeições da parte de Deus
e não são.
-
Muitas
pessoas sabem que se pedirem sabedoria a Deus, Ele dá e não lança em
rosto. É o que Tiago afirma. E muitos também sabem que isso é
verdade por experiência própria. Mas, devemos saber que as
Escrituras também afirmam que "Ele reserva a verdadeira sabedoria
para os retos", Prov.2:7. Se a fé de quem pede é
uma condição para acharmos essa sabedoria, não devemos esquecer que
existem outras condições que também precisam ser satisfeitas para
que a sabedoria possa ser recebida ou condições que precisam ser
cumpridas através dela quando e se for recebida. A retidão, a
pureza, a confiança na verdade, a rejeição da mentira e da sabedoria
falsa, a ausência de motivos duplos e a sinceridade devem ser
levados em conta, além de muitas outras coisas. Mas, uma coisa é
certa: quem recebe a sabedoria verdadeira tem a aprovação de Deus. A
verdadeira sabedoria vem ou advém duma vida experimental e não dum conhecimento mental que vem
pelo estudo. Estudar é bom até para que hajam palavras que expliquem
o que experimentamos. Mas, não confundamos estudo com experiência
pessoal e nem estudo com sabedoria. Não são a mesma coisa e nunca
serão, pois, existe um mundo seprando-os.
-
É bom
saber muitas coisas. Mas, é indispensável e necessário pegar numa
coisa de cada vez e chegar a bom porto com ela. Levar cada coisa até
ao fim não pode ser visto como incompatível com o saber muito.
Contudo, se soubermos muito e não pegarmos em cada coisa em sua vez
para levá-la até ao fim, todo o conhecimento servirá para nos
condenar e nunca como ajuda preciosa. Isso acontece tanto na vida
terrena como na vida espiritual. Precisamos lidar com cada assunto,
com cada pecado, com cada virtude, com cada verdade até chegarmos a
bom porto - cada com seu respetivo porto - com todas as coisas que nos forem entregues para sermos
fiéis nelas, com elas, por causa delas ou através delas. "A minha
comida é (...) completar a sua obra",
João 4:34.
-
Muitos
falam sobre vigiar. Mas, eu creio que poucos sabem o que isso
significa realmente. Vigiar é estar atento. Mas, estar atento a quê?
É verdade que o diabo entra para roubar e destruir. Mas, será que
ele só entra na casa de quem não está de guarda contra ele? Ou entra
na casa daqueles sobre os quais tem poder? Deixo essa pergunta no
ar, pois, o diabo costuma ser descarado também. Ele é capaz de
enfrentar um adversário. Olhando bem fundo nas Escrituras, vejo
Jesus expressar-se sobre o vigiar, mas, em outro sentido. Jesus
descreve-se a Ele próprio como "o ladrão que vem de noite numa hora
que ninguém espera". "Bem-aventurados aqueles servos, os quais,
quando o Senhor vier, achar vigiando!" Luc.12:36.
O nosso verdadeiro vigiar também é um estado de expectativa em
relação a Jesus. "E, se vier na
segunda vigília e se vier na terceira vigília e os achar assim,
bem-aventurados são os tais servos. Portanto, estai vós também
apercebidos; porque virá o Filho do Homem à hora que não imaginais",
Luc.12:38. Eu poderia vigiar
contra o diabo se estivesse na minha mão o poder de me salvar a mim
próprio. Mas, como é Jesus quem me salva de qualquer pecado, devo
estar sempre esperando a salvação d'Ele sempre que esteja em apuros.
Por essa causa, vigio. "Sobre a minha guarda estarei e sobre a
fortaleza me apresentarei e vigiarei para ver o que fala comigo e o
que eu responderei quando eu for arguido",
Hab.2:1. Pode chegar a qualquer
momento e não posso ser achado dormindo. Devo estar pronto a receber
essa salvação de bom grado e com muita alegria, não se vá dar o caso
de me entristecer com algum tipo de perda quando Jesus tirar o
pecado do meu mundo. Não devo permitir que minha casa seja minada
até que Ele chegue apenas porque meu coração afirma: "O meu senhor
tarda em vir". Devo ser achado num estado impecável no momento que
Ele chegar. Não haverá oportunidade de me limpar depois de Ele
chegar, a não ser que essa limpeza seja a razão da minha
expectativa. Serei tratado como um ladrão apanhado em flagrante
delito caso seja achado numa condição que Deus desaprova.
-
"...Porque
Eu estendi a minha mão e não houve quem desse atenção...",
Prov.1:24. Quantas vezes se
rotulam de inocência aqueles que, por algum motivo, não prestam
atenção? "Ah, desculpe! Não estava prestando atenção!" E ninguém
leva a mal e todos repetem o que estavam dizendo a quem não estava
prestando atenção. Todos acham isso normal. Mas, se alguém estiver
ocupado com outras coisas, se estiver distraído, concentrado seja no
que for sendo Deus quem está falando, o fato de não Lhe prestarmos
atenção é coisa muito séria. Tenha extremo cuidado, também, com o
seu estado de espírito, pois, o mau humor faz cerrar os ouvidos. Não
existe nada com maior importância ou prioridade que as palavras de
Deus, ainda mais quando ela é tão escassa. Tenha extremo cuidado,
pois, Deus pode falar ou expressar-se a qualquer momento. Permaneça
atento e mantenha essa possibilidade em aberto. "E sede vós
semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, para que, quando
vier e bater, lhe possam atender logo" Luc.12:36.
Sempre que se concentrar em qualquer coisa ou se emocionar com algo,
mantenha em aberto a possibilidade de Deus poder interromper e
falar. Ele vai querer ser ouvido de imediato, independentemente do
que esteja acontecendo com você. Para Deus, não é normal que alguém
não preste atenção quando Ele fala. Você pode ser testado e deve
passar no teste sem repreensão. "Mas, o que me der ouvidos habitará
seguramente e estará descansado do temor do mal",
Prov.1:33.
-
"Regozijai-vos
no Senhor, vós, justos, pois aos retos convém o louvor",
Sal.33:1. Por que razão convém o
louvor aos retos de coração? Porque a própria retidão em si depende
do Senhor. Sem Jesus, a retidão não seria possível. Logo, o louvor
deve existir simplesmente pelo fato de existir a retidão. A retidão,
só por si, já é motivo de louvor.
-
Tudo
quanto as pessoas têm, é Deus quem dá; tudo quanto as pessoas não
têm, é Deus quem tira. E isso ocorre tanto aos bons quanto aos maus.
-
Não
existe diferença entre quem diz ser ateu e aquele que crê em Deus e
age em sua vida prática como se Ele não existisse. "Disseram os
néscios no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se
abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. (...)
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça
o bem, não há sequer um",
Sal.14:1,2. Se o ateu afirma
que Deus não existe para poder andar em seus próprios caminhos da
maneira que entende, ou se alguém se desvia do caminho afirmando que
Deus existe, ambos agem como se Deus não existisse. Conta mais a
forma como você vive que a crença que expressa. Seja ateu ou não, o
que os carnais desejam é poder viver em seus pecados e da sua
maneira própria. Uns preferem crer que Deus existe e que Ele
cumprirá os seus desejos carnais; os outros preferem crer que Deus
não existe para viverem igualmente da carne. A carne não quer ter
lei. Eu creio que existem mais ateus entre aqueles que afirmam que
Deus existe, pois, vivem suas vidas práticas nas trevas como se Deus
não existisse.
-
Quando
existem falsas testemunhas ou falsos rumores devemos saber
distinguir entre os que são falsos intencionalmente com o propósito
de esmagar e destruir; e entre aqueles rumores ou falsidades que têm
origem na ignorância. Contudo, não devemos ter ilusões, pois, ambos
são igualmente destrutivos. Nunca se torne uma testemunha contra seu
próximo, antes, tente salvar quem estiver prestes a ser apedrejado.
Guarde a sua boca para expressar a salvação de Jesus, pois, salva
tanto os 'bons' quanto os maus de seus pecados.
-
Pensa-se
que aqueles que nos odeiam ou simplesmente não nos suportam
melhorarão as suas atitudes para conosco se nos aperfeiçoarmos.
Muitos aperfeiçoam-se com o intuito de serem bem aceites pelos que
os rejeitam. Mas, a verdade diz que ocorre precisamente o oposto
disso: não suportam o fato de que aqueles que odeiam se aperfeiçoem.
Quem odeia, está errado e não quem é odiado. Quem odeia é quem deve
tentar a aproximação e a reconciliação. Na verdade, quem continua
odiando ou desprezando deseja muito ver erros nos que se aperfeiçoam
em vez de acertos e perfeição. A perfeição nesses aumenta a sua
raiva e rancor e quem liga a essa raiva nunca se aperfeiçoará da
forma que deve. Você deve prestar contas da sua vida a Deus e não
aos que o odeiam. Ore por eles em secreto cheio de misericórdia em
seu coração e não procure fazê-lo para conseguir a sua aceitação. Se
o fizer, Deus o verá como hipócrita fingido que deseja ser aceite
acima de que Seus inimigos se salvem. Eles agem assim por serem
inimigos de Deus em primeira mão.
-
Quem
busca o Senhor somente quando tem problemas por causa dos problemas,
certamente deixará de buscá-Lo quando esses ou outros problemas
estiverem resolvidos. Devemos buscar e achar Deus por Ele e não
somente por causa dos problemas e regozijarmo-nos no fato de termos
Jesus e não de termos os problemas resolvidos. É verdade que alguém
pode começar mal ou pelos motivos errados e, ainda assim, terminar
bem, isto é, pode começar a buscar Deus devido aos problemas que tem
e terminar com Jesus por aquilo que Ele é. Mas, quanto mais cedo o
coração mudar os seus motivos, melhor será para todos em todos os
sentidos, principalmente para aqueles que nos são mais chegados.
-
"Portanto,
o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo
será mau",
Amos 5:13. Guardar silêncio
durante tempos maus é prudência e excelência. Podemos ser levados a pensar mal de
Deus; ou a tomar as decisões erradas; podemos decidir sem consultar
Deus, sem levá-lo em conta; as nossas palavras podem sair ásperas e
duras; as nossas queixas podem chamar a insegurança e a
incredulidade, obrigando-nos a entrar no reino do diabo. É preciso
saber que existe muita sabedoria em guardar silêncio quando não
devemos dizer nada.
-
A maneira
como falo pode determinar o curso duma vida que me ouve. É bom não
ser um tropeço com palavras. Se eu disser as palavras certas do
jeito errado ou se disser as palavras erradas do jeito certo farei
com que tropecem, tentando as pessoas através duma maneira hipócrita
de falar. E isso não é bom, nem para mim e nem para quem me ouve.
-
Não
preciso ignorar as coisas más para que elas não me afectem. Basta
saber que elas existem, estar a contar com elas para não ser
apanhado de surpresa e basta estar em Cristo amando outros
interesses celestiais e esperando em Deus em enorme expectativa para
que se cumpram as coisas de Deus (em mim).
-
"Ele
nos gerou pela palavra da verdade (...) Portanto, meus amados
irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar,
tardio para se irar",
Tgo.1:18,19. Como somos gerados
pela Palavra, vemos qual a importância de saber ouvir e de poder
ouvir. Quem não ouve não é gerado e isso pode significar a nossa
vida e a nossa eternidade."Vede como ouvis",
Luc.8:18. Quem fala muito,
ouve pouco ou nada - sejamos tardios para falar. Quem estiver irado,
nunca escuta aquilo que deve porque tem a sua mente ocupada com
outros assuntos - sejamos tardios para irar. Contudo, devemos
distinguir entre aqueles que ouvem para poderem responder e aqueles
que ouvem para serem gerados ou transformados através da Palavra que
passam a praticar.
-
O caminho
de Deus é uma vida e não uma teoria ou doutrina. Aquele que não vive
nunca deveria falar em doutrina para não se condenar a si mesmo.
-
"Não
havendo profecia, o povo perece", Prov.29:18. Pense numa pessoa sem rumo, numa ovelha sem
orientação, numa legislatura sem lei ou em alguém que não sabe o que fazer,
mas, que sabe fazer.
A pessoa não se torna apenas desorientada, mas, ociosa. Qualquer
pessoa ociosa ainda pensa e raramente consegue controlar os seus
pensamentos, sejam esses de preocupação ou de qualquer outro tipo de
pecado. Na verdade, somente uma pessoa ociosa consegue dar liberdade
total aos seus pensamentos. Contudo, esses pensamentos são sempre os
mesmos - eles repetem-se continuamente. Sem Cristo, qualquer pessoa
presa pela sua fé se torna descontrolada. Pode estar sem Cristo pela
mesma razão que Pedro se afundava quando caminhava sobre a água. Se
alguém fica numa cela sem nada que fazer e muito em que pensar tem
uma boa oportunidade para santificar sua mente porque os pensamentos
surgirão desenfreados, descontrolados e soltos.
-
Quando
Deus não faz aquilo que desejamos, a tendência é para duvidar. A
pessoa, quando é posta à prova, por norma, não recebe aquilo que
deseja, ou não recebe da forma que desejaria receber ou no tempo que
quereria receber. Existe um ditado que diz que os verdadeiros amigos
manifestam-se somente quando não temos dinheiro. Por vezes, Jesus
apresenta-se a nós "como raiz de uma terra seca; não tinha beleza
nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele,
para que o desejássemos. Era desprezado e o mais rejeitado entre os
homens, homem de dores e experimentado nos trabalhos; e, como um de
quem os homens escondiam o rosto, era desprezado e não fizemos dele
caso algum",
Is.53:2,3. Não se admire se
Jesus se apresentar dessa forma, pois, será assim que se revelará se
você é Seu verdadeiro amigo ou não.
-
Qual
é a pessoa que, estando a ser provada, entende tudo aquilo que se
passa com ela? Jó entendeu, a meio das provações, que estava sendo
provado. Mas, nem assim entendia mais do que isso, pois, não
entendia as provas e nem a forma como chegaram a ele. Apenas
concluiu que estava sendo provado e nada mais. Por essa razão, somos
aconselhados por Tiago a pedir sabedoria sob provações caso essa nos
falte. Sabedoria é, também, prudência com as palavras que saem da
nossa boca; controlar pensamentos e acusações descontroladas; não
tirar conclusões apressadas, precipitadas e muito menos
injustificadas, etc. "Bom é para o homem suportar o jugo (...)
assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs
sobre ele. Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança. Dê a
face ao que o fere; farte-se de afronta. Porque o Senhor não
rejeitará para sempre", Lam.3:28-31.
-
"A prova
da vossa fé opera a paciência", Tgo.1:3.
Como a fé é fruto dum relacionamento e a filha duma comunhão com
Jesus, devemos ter em conta que, para que essa fé possa ser provada e
possa operar a paciência, a comunhão com Jesus e, muitas vezes, a
comunhão com os irmãos deve ser mantida dentro dos parâmetros de
Deus e da santidade. Não é tanto manter a fé - é, antes, manter a
comunhão na ausência de egoísmo ou motivos pessoais e tudo aquilo que isso
implica. Sem Jesus de forma real e sem o verdadeiro auxílio
exclusivo do Espírito Santo (desde que seja real) não passaremos
essa prova. E é necessário passá-la. Se não estivermos em condições
de passar essa prova, ela operará a impaciência e nunca a paciência.
A paciência também é fruto (filho) da comunhão com Jesus. Se isso é
verdade, a impaciência é fruto da falta dessa comunhão, ou, então,
da comunhão onde o egoísmo se impõe e se manifesta. Caso essa comunhão
não seja mantida durante as provações, não passaremos a prova e será
a incredulidade a ser provada e não a fé. Logo, só pode dar em
impaciência, queixas e palavras mais ásperas e feias juntamente com
maus pensamentos a respeito de Deus e das pessoas mais próximas.
-
Todos
passamos por momentos e situações complexas em nossas vidas. Um
pregador precisa aprender a pregar a Palavra, mas, precisa, também,
cuidar de sua vida pessoal. Ele precisa viver o dobro daquilo que
prega. Só depois se poderá considerar um pregador. Por essa razão,
existem momentos que lemos a Palavra apenas para cuidar de nossos
corações e outros momentos para delinear um sermão ou um estudo, o
qual deve corresponder à necessidade do momento de quem ouve e,
também, deve corresponder sempre àquilo que vivemos e já praticamos.
"... Para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma
maneira a ficar reprovado", 1Cor.9:27. Contudo, todo o sermão
deve estar carregado de incentivo e intuição que leve qualquer
ouvinte a passar a ser praticante da Palavra e não apenas ouvinte.
Os que louvam o sermão e o pregador são ouvintes da palavra e não
são praticantes assíduos. "E sede cumpridores da palavra e não
somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos",
Tgo.1:22.
-
A fé
que cura enfermidades nem sempre salva a alma. "E um deles, vendo
que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos
seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era
samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E
onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus,
senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te
salvou",
Luc.17:15-19. A nove, a fé deles
apenas os curou da lepra, mas, ao outro também lhe salvou a alma.
-
"É impossível
(inevitável) que não venham escândalos (...) olhai por vós mesmos",
Luc.17:1-3. Sabemos que cada
pessoa deve cuidar de seu próprio património, casa ou lar. Ninguém
pode fazer isso por ela. Se for outra pessoa a fazê-lo não terá o
mesmo amor e disponibilidade de coração para aquilo que faz. Os
escândalos dos quais Jesus fala aqui, além de ser um sério aviso
contra quem faz tropeçar, é aviso mais sério ainda para quem tropeça
ou é levado a tropeçar. Por isso, Jesus diz para olharmos por nós
mesmos. Não é possível evitar esses tropeços, mas, é possível e
recomendável que evitemos tropeçar, pois, estamos avisados. Esses
tropeços chegam de onde menos esperamos, isto é, chegam através duma
esposa, dum filho, duma mãe ou dum pai. "Porque, daqui em diante,
estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra
três",
Luc.12:52. Damos graças a Deus
por homens de Deus que têm esposas perfeitas e mulheres de Deus que
têm esposos divinos. Mas, oremos pelos que casaram com uma serpente.
-
Sempre
que não se está bem num lugar, não estaremos bem em nenhum outro. O
lugar onde você diz não se sentir bem é a desculpa e não a razão de
seu mal-estar - é a desculpa para não se arranjar com Deus ou com as
pessoas à sua volta. Dê graças a Deus por haver lugares e pessoas
que conseguem tornar visível o pior que existe em seu coração.
Aproveite todas as ocasiões para se julgar e ser julgado antes do
Juízo final, pois, sendo julgado agora evita que seja julgado
depois. E se é verdade que um lugar, uma situação ou uma
circunstância pode fazer sair o pior de nós para que se torne
visível aos nossos olhos, também é verdade que poderia ou poderá
fazer sair o melhor que há em nós - se houver esse melhor e se for
exclusivo em nós havendo sido plantado por Deus.
-
Desde
os tempos que comecei a ler a Bíblia me falam sobre "conhecer as
Escrituras". Jesus disse que os Fariseus conheciam as Escrituras. No
entanto, eles não viviam as Escrituras. Encontrei, pelo meu caminho,
pessoas que memorizavam as Escrituras - e não acho que isso seja
errado de todo. No entanto, tomar conhecimento das Escrituras de forma
prática, experimentar, viver e obedecer será mais que memorizar. Na
verdade, tendo as Escrituras em nós, sendo as próprias Escrituras, conheceremos cada
versículo sem havê-lo memorizado sequer. Há que conhecer Jesus como
sendo a própria Palavra também.
-
Se
eu estiver doutrinariamente correto e estiver bem com Deus e
usar/desperdiçar meu tempo para contrariar o erro ou para me impor
ou opor às falsidades todas que existem, não sobrará tempo para
pregar o verdadeiro Evangelho. É um desperdício de vida e de tempo
tentar devastar as falsidades e incoerências do mundo, ainda mais
quando essas coisas tendem a destruir-se a elas próprias. E caso me
ache envolvido com o mundo, ainda que seja em sentido contrário, a
minha obra não dará qualquer fruto por não me encontrar envolvido
com Cristo. Não poderei servir dois mestres ou viver dois tipos de
vida. Se estiver envolvido com fogo estranho não poderei estar
envolvido com o fogo de Deus. Colocando Deus e o verdadeiro
evangelho de lado não poderei tornar-me agradável a Deus. Devemos,
apenas, manter o mundo fora do nosso coração. Esse deve ser o único
envolvimento que devemos ter com o mundo. No mais, sabemos que as
ervas daninhas crescerão sempre em qualquer jardim negligenciado e
não importa o quanto me esforce contra isso, nunca poderei impedir
que o mal cresça nos jardins dos outros e onde existe negligência e
afastamento de Deus. O salário dum coração errado será sempre um
caminho torto. Se eu atacar o mal, faço precisamente aquilo que o
mal quer que faça. O mal busca confronto, pois, esse é o seu prazer.
Não devo ser achado a fertilizar o campo do mal. E, enquanto me
confronto com o mal, negligencio o meu jardim que deveria ser como o
Jardim do Éden a tempo integral. A única maneia de aniquilar o mal
para sempre é estar sempre bem com Deus, ser achado a fazer o que
Deus nos entregou para fazer e ser achado no caminho certo da
maneira certa através do poder certo. O meu caminho não é o caminho
dos outros. Ninguém pode caminhar pelos outros. Se eu não for achado
em Deus e estiver usando fogo falso para tentar extinguir o mal,
estarei a deitar combustível inflamável na fogueira do mal. Mesmo
estando correto doutrinariamente, estarei ocupado com um desvio em
minha forma prática de viver. O mal aproveitar-se-á da minha atitude
de confronto para me atacar ainda mais. Não posso lançar as minhas
pérolas aos porcos. Se o fizer, o mundo terá o que quer, pois, tem
matéria para contra atacar por estar sendo atacado por mim. Tal
curso de vida fere o caminho da verdade sem retorno possível.
Devemos somente viver indiferentes ao mal para podermos viver com
Deus, para Deus e em Deus. Essa forma de viver será já de si uma
afronta para o mal e é tido como um confronto contra o mundo.
Ninguém poderá resistir sempre que Deus age verdadeiramente.
Agiremos doutra maneira somente se formos guiados a fazê-lo. "Eu não
posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo",
João 5:30.
-
Todo
aquele que fala por trás das pessoas, só é capaz de ser frontal
sendo grosso e maldoso. Só um coração ruim fala dos outros e esse
mesmo coração só poderá falar com os outros de maneira grossa e imprudente.
-
Toda
a impaciência é como um espinho grande num musculo importante: além
de doer muito, incapacita o músculo e o membro ao qual esse músculo
é útil. Quando um membro sofre, todo o corpo passa mal. Até a
maneira de falar da impaciência faz tropeçar, não adianta e nem
apressa em nada. Antes, complica o normal desenrolar dos
acontecimentos. A impaciência é um impedimento e engana todos
aqueles que acreditam ser uma forma de apressar as coisas. Impede a
perfeição, impede a conclusão daquilo que é certo e será sempre como
uma pedrinha num sapato dum atleta de longa distância.
-
A autoridade
espiritual tem muitas características ou virtudes misturadas, mas,
todas elas têm de assentar numa base de humildade. Isto é, como os
alicerces duma casa estão para o edifício, assim está a humildade em
relação à autoridade espiritual. Mas, os alicerces não são a casa.
Contudo, a casa sem os alicerces nada é.
-
"Mas,
aquele a quem pouco é perdoado pouco ama",
Luc.7:47. Isto não é a verdade a respeito daqueles que
pecaram pouco, pois, se fosse seria uma contradição já que o amor é
o oposto do pecado. É mais uma verdade a respeito daqueles a quem
pouco foi perdoado e não daqueles que pecaram pouco. Se pecaram
pouco é porque amaram muito e, quanto menos pecado existe, maior o
amor a Deus. Se o amor é o oposto do pecado, havendo pecado pouco
significa que tem muito amor. Ora, o que significa isto, então?
Os que pecaram pouco amam muito. O amor é o oposto do pecado e o
pecado consiste em egoísmo. O egoísmo é o oposto do amor. Significa
que existem pessoas a quem pouco é perdoado de seus muitos pecados,
isto é, ou não reconheceram seus pecados todos devidamente; ou nunca
os confessaram pelo nome; ou simplesmente ignoraram-nos; ou
calcularam mal a grandeza da culpa do pecado. Logo, havendo-lhes
sido perdoado pouco, amam pouco porque os outros pecados
aos quais ainda se agarram são o oposto do amor. Isto não significa,
também, que quem ama muito, ama por haver sido perdoado. Antes,
significa que foi perdoado porque ama muito. Havendo sido convertido
do egoísmo para o amor, foi perdoado, pois, sem conversão genuína
não existe perdão. A conversão é o ponto base do perdão. Deus perdoa
o assassino quando este começa a distribuir vida, como Paulo; perdoa
o que rouba quando este começa a dar ao próximo; perdoa o mentiroso
quando este começa a falar a verdade e não somente quando deixa de
mentir. Ninguém pode separar a conversão da confissão de pecados,
pois, é pela confissão que alcançamos a conversão. A confissão
detalhada, pormenorizada e sincera leva à transformação de vida. Se
não levar, foi feita em vão, parcialmente ou com falsidade.
-
Ouvir
Deus é uma questão de vida ou de morte. Quem não ouve, perde-se nos
caminhos, em pensamentos e dúvidas. Sendo que somente ovelha ouve,
devemos esforçar-nos para nos tornarmos ovelhas e assim
permanecermos para sempre. Ovelha ouvirá, com certeza. Ovelha também
fugirá doutras vozes.
-
Se
Deus estiver falando ao seu coração, não o interrompa com
argumentos, desvios ou contra-propostas porque tudo isso será visto
como resistir ao Espírito Santo. "Não resistais ao Espírito".
-
"Simão,
filho de Jonas, amas-me mais do que estes?"
João 21:15. Podemos deduzir que
quem mais amava Jesus era Pedro e quem Jesus mais amava era João. É
interessante notar que Jesus constituiu líder quem mais amava a
Jesus e não a quem Jesus mais amava. É o amor a Jesus que é
determinante e Jesus não dá a preferência a quem mais ama. A quem
ama muito a Jesus foi pedido que cuidasse de quem Jesus muito ama.
Amando Jesus, ama-se quem Ele ama.
-
O
relacionamento que devemos ter é com Jesus e não com o Espírito
Santo. O relacionamento com Jesus é com o Pai e é através do
Espírito Santo. Devemos conhecer Jesus - o que é a Vida Eterna - e o
Espírito Santo é quem nos assiste para conhecermos o Pai como Ele
realmente é.
-
"Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama",
João 14:21. Ninguém guarda um
mandamento que não tem, o qual não se apoderou de todo o seu
coração. Isto é, se a lei de Deus é escrita nos corações dos fiéis,
ter o mandamento significa que o coração tornou-se o próprio
mandamento de Deus ou que o mandamento se tornou o coração. A
transformação foi conseguida. Depois, há que ter a capacidade e os
meios de os guardar, pois, há que obter a graça de forma
satisfatória. E para se ter como alcançar as duas coisas é
necessário existir uma tal proximidade com Jesus que se torne
cumplicidade em todos os aspectos do Reino, da vontade de Deus e dos
meios e mecanismos para alcançá-la, no alvo, nos desejos eternos e
no abandono ou desprezo pelo mundo que fica para trás. Em resumo,
sem essa cumplicidade e amor ninguém tem os mandamentos e ninguém os
conseguirá guardar. Se conseguimos, finalmente, adquirir um carro,
precisamos alcançar, também, os meios para usá-lo no dia-a-dia. Não
podemos empurrá-lo dum lado para o outro, mantê-lo numa vitrina ou
usar a própria força para fazê-lo andar. Precisamos alcançar (achar)
ambas as coisas, isto é, alcançar um coração segundo Deus e, também,
os meios para guardar os mandamentos que, entretanto, vão sendo
escritos nesse coração. Isso tudo é conseguido apenas através duma
real comunhão com Jesus, de tal forma que nunca mais saibamos ou
consigamos viver doutra forma. Um coração verdadeiramente
transformado não pode fazer mais nada a não ser que permaneça em
Deus e Deus nele. Sem Deus e sem o mandamento ninguém conseguirá
guardar nada. Para conseguirmos guardar Seus mandamentos precisamos
ter (ser) esses mandamentos.
-
"Eu
retiro-me; e buscar-me-eis e morrereis no vosso pecado",
João 8:21. É triste alguém buscar
Jesus e, ainda assim, vir a morrer em seus pecados. É possível
alguém chegar a um ponto de não mais achar Jesus ainda que O busque.
-
"Aquele
que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra
contra ela",
João 8:7. É interessante ver que
o único que não tinha pecado foi o que ficou com a mulher adúltera e
não atirou qualquer pedra a ela. "Nem eu também te condeno; vai-te e
não peques mais",
João 8:11. Mas, será que o que
Ele mandou era menos difícil para a mulher que apanhar com pedras?
"Não peques mais...". Deixo essa pergunta no ar.
-
O discurso
de Jesus em João 6 foi muito
duro e incompreensível para os que estavam ouvindo. Mas, Jesus não
se deteve por isso. Muitos viraram-lhe as costas e foram-se embora.
Ainda assim, Jesus confrontou os doze: "Então, disse Jesus aos
doze: Quereis vós também retirar-vos?",
João 6:67. Contudo, os doze
ficaram com Ele. Apesar de tudo, não podemos esquecer que um dos que
ficou com Jesus era um diabo. Esse também 'permaneceu' com Jesus.
Nem todos os discípulos que permanecem firmes são de Jesus. Muitos
nem indiferentes são à verdade - são o próprio diabo em si e
representam seus valores fielmente.
-
Se
a confissão de pecados não for acompanhada do abandono de tudo
aquilo que confessamos e que Deus desaprova e condena, ainda que com enormes
prejuízos, acabaremos pior do que estávamos antes da confissão.
-
Uma
das faculdades da carne é acreditar em fantasias, lutar por elas e
viver como se elas fossem possível. Quando as pessoas crêem em Jesus
Todo-Poderoso, ao invés de abandonarem e exterminarem as suas
fantasias por ser coisa com origem na carne e seus anseios,
procuram que Deus as cumpra e afirmam que Deus cumprirá os seus
sonhos. Ninguém 'sonha' conseguir os planos de Deus e de fazer
a Sua vontade, a qual tem como cerne da questão o conhecermos Cristo
como Ele é (pois, nem todos conseguem chegar a esse ponto) e,
também, salvar o mundo da perdição em que se encontra. Só sonham com
seus próprios interesses e agem como se Deus fosse obrigado a
cumprir os desejos e as ânsias da carne. Deus e a carne estão em
inimizade eterna - nunca se reconciliarão um com o outro.
-
Muitos
crêem que a fé é um fim e não um meio. Pregam como se a fé em Cristo
fosse o fim que devemos atingir. Na verdade, a fé é o meio e não o
fim. Pela fé alcançamos as promessas de santidade e pureza.
-
"O meu
Deus os rejeitará, porque não o ouvem; e desocupados andarão entre
as nações",
Os.9:17. Andar desocupado entre
as nações, nos dias de hoje, pode significar andar desempregado
querendo fazer algo e não ter o que fazer; ter tempo demais para
pensar em problemas e alimentar a ocupação mórbida da mente que não
vê solução para a sua situação; significa acreditar em esperanças
falsas que depois desapontam; significa não lembrar que as
esperanças em que acredita hoje para o futuro eram as mesmas que
aquelas em que acreditou no passado quando o dia de hoje ainda era o
futuro, não enxergando a repetição das 'esperanças', algo que se
tornou um ciclo imperceptível; etc. Se está passando por essas
situações, pondere voltar para Deus para confessar seus pecados e se
arrepender de todos eles. Não espere recompensas arrependendo-se e
espere, apenas, salvar a sua vida de todos os seus pecados.
-
A maior
parte dos ditos dons que abundam nas igrejas de hoje são
auto-atribuídos. As pessoas decidem que querem ou que vão profetizar
ou curar e acreditam que Deus tem a obrigação de executar conforme ordenarem e decidirem. Mas, ao contrário do que muitos crêem,
se for algo auto atribuído deixa de ser dom e passa a ser engano.
-
"Por
causa da abundância da tua iniquidade, também avultará o ódio",
Os.9:7. Já vieram pessoas
perguntar-me como se podiam livrar do ódio e do rancor. A resposta
deveria ser simples, mas, infelizmente não é. É verdade que o ódio
acaba por se tornar um hábito, isto é, um dos caminhos do coração.
Odeia-se por qualquer razão porque o coração é hediondo. Mas, antes de se tornar um caminho,
teve uma origem. Logo, devemos lidar com a origem para podermos
lidar, eventualmente, com a mudança de caminhos. O ódio não é o
oposto do amor. O oposto do amor é o egoísmo e o ódio é só mais uma
forma de egoísmo que procura satisfação seja no que for e em quem
for. A iniquidade separa de Deus, que é a única fonte de amor.
Estando alguém separado de Deus - e o pecado separa não só de Deus
como dos que andam com Ele - o egoísmo não tem limitações nem razões
para se limitar ou lesar. Logo, avultará o rancor e o ódio porque o
peso na alma de qualquer forma de egoísmo torna-se insuportável.
-
"...Todos
os que dele comessem seriam imundos, porque o seu pão será para o
seu apetite",
Os.9:4. E se falássemos da casa
que desejamos, do casamento, do carro e outras coisas mais que são
desejadas e servirão apenas para satisfazer um certo apetite e não
para servir Jesus? Sua casa serve ao Senhor? Seu casamento é o
exemplo de harmonia celestial, pelo menos de sua parte? Tudo o que apenas serve o apetite da
pessoa não serve para entrar no Templo de Deus por se haver tornado
imundo. Mas, o que este versículo deixa transparecer é algo
diferente também: é que servirá o apetite apenas porque não foi
permitido entrar no Templo. Como se tornou imundo e foi excluído de
ser usado pela graça, servirá apenas para o apetite. A pessoa fica
entregue a ela própria. Isto é, sempre que Deus exclui só servirá para
condenar. Deus excluiu e logo servirá apenas o apetite.
-
Uma
pessoa que tem a consciência manchada e é, consequentemente, cega,
vê nos outros os seus próprios erros e julga essas pessoas de acordo
com os pecados que carrega. Julga porque é culpado naquilo que
julga. Mas, não se fica por aí: atribui a si mesma as virtudes dos
outros e aquelas coisas boas que vê neles. Isto é, vê em si aquilo
que os outros têm de bom e vê nos outros aquilo que ela própria tem
de mal. Se um dia quiser saber quais são as suas falhas ou os seus
pecados, faça uma lista daquilo que vê nos outros. Você tem esses
pecados e será, certamente, julgado por eles.
-
"Eles
fizeram reis, mas, não por Mim; constituíram príncipes, mas, Eu não
o soube",
Os.8:4. Deus também pode dizer o
mesmo doutras circunstâncias: escolheram a esposa ou esposo, mas,
não me consultaram; decidiram o negócio e eu não soube; viajaram e
não me consultaram; escolheram o pastor e não o conheço; etc.
-
"Israel
rejeitou o bem; o inimigo persegui-lo-á",
Os.8:3". Quando se fala em perseguição do inimigo, muitas
pessoas assumem que essa perseguição chega através de doenças,
pobreza ou outros males que ninguém deseja. No entanto, é preciso
saber que a maioria dessas perseguições do inimigo são perseguições
interiores, isto é, são as tentações. A pessoa que abandona Deus
encontra-se numa situação frágil e torna-se uma presa fácil para
qualquer tentação. A pessoa está por conta própria, entregue a si
mesma e à mercê das provocações do diabo, o qual incita o pecador a
ser cada vez mais carnal. O que acontece na vida material ou no
corpo são apenas as consequências do pecado ou da ira de Deus.
Arrependa-se e venha a Cristo.
-
Uma
pregação firme, direta, cortante, justa, precisa e verdadeira só
obterá resultados plenos se for acompanhada do poder do Espírito
Santo. Se não for, antagoniza todos os seus ouvintes. É da
responsabilidade de todos os verdadeiros servos de Deus, os quais se
revêem em tal forma de pregar e de viver o Evangelho, estarem sempre
em plena comunhão com Deus e de se certificarem de que nada em suas
vidas fique por resolver entre eles e Deus ou entre eles e pessoas.
Por que razão João Batista pregava afirmando que seus ouvintes eram
víboras oportunistas e, ainda assim, voltavam uma e outra vez para o
ouvirem e confessarem seus pecados na sua frente? Ninguém confessa
pecados perante alguém em quem não confia. Mas, caso você, como
pregador, esteja antagonizando quem se deveria estar convertendo,
não pode cair na tentação de mudar sua forma cortante de
pregar: precisa, antes, concentrar-se em ajeitar aquilo que impede
Deus de operar plenamente e de acompanhar as suas obras ou palavras.
-
Deus
criou a alegria e disponibilizou-a para quem Lhe pertence para
dispor dela em qualquer momento, sob qualquer circunstância, por
qualquer razão. Essa alegria não depende da grandeza do motivo, mas,
se estamos bem com Jesus, de bem com Ele e de consciência em dia,
tranquilizada e limpa. Estando bem com Deus qualquer coisa será
motivo de alegria e agradecimento. Esta alegria não se compra -
tem-se. Quando a temos, o motivo é o de menos, pois, existe por si
só e não é do tipo que o mundo dá, a qual depende das
circunstâncias. Contudo, muitos assumem que esta alegria existe por
causa de certas coisas quando, mas, na verdade, ela existe por si
mesma e manifesta-se por qualquer motivo - ou até mesmo sem razão
aparente. Essa alegria é consequência (fruto) duma comunhão real,
verdadeira e simples com o Cristo pelo Espírito.
-
Muitos
acreditam que basta saber a diferença entre o bem e o mal. Mas, a
Bíblia diz duas coisas: é necessário saber rejeitar o mal e saber
escolher o bem. São duas sabedorias distintas que precisam ser
dominadas, aplicadas e praticadas individualmente. Ninguém pode
fazer isso por ninguém. Uma coisa também não leva necessariamente à
outra. É preciso saber como rejeitar o mal e como se sujeitar ao bem
de Deus. Também devemos saber que existem males que parecem bem e
coisas boas que nos parecem mal. Existem pessoas que chamam o mal de bem e o bem de mal e
afirmam que o amargo é doce e que o doce é amargo.
-
"Esperei
com paciência no Senhor", Sal.40:1.
É interessante saber que aqui não diz que David esperou com
impaciência, mas, com paciência. Muitos esperam em desespero,
impacientes e até maldizentes (queixosos). Será que quando se espera
com impaciência poderemos afirmar, mais tarde, que "Ele se inclinou
para mim e ouviu o meu clamor"? Eu não sei se os que esperam com
impaciência obtêm o mesmo prémio. Honestamente, não sei. "Esperei
com paciência no Senhor e ele se inclinou para mim e ouviu o meu
clamor".
-
Antes
de perguntar o que Deus quer da sua vida, saiba que Deus quer a sua
vida. A sua vida deve pertencer-lhe por inteiro antes de Ele decidir
fazer alguma coisa com ela ou através dela. Não são as coisas que
importam - nem poderiam ser - mas, é você quem precisa salvar-se.
Sua vida não deve pertencer a si mesmo, mas, a Jesus somente. Esse
testemunho precisa tornar-se real em primeiro lugar.
-
"Não
dizem no seu coração que eu me lembro de toda a sua maldade",
Os.7:2. Existem muitas maneiras
de Deus ser lembrado de nossas iniquidades, até mesmo daquelas que
já haviam sido perdoadas. Basta voltarmos a ser capazes de cometer
esses pecado. Deus tem de se lembrar desses pecados porque precisa
usar o fato de haverem sido perdoados para condenar quem voltou ao
mundo do pecado. "Pois aquele em quem não há estas coisas é cego,
vendo somente o que está perto, havendo-se esquecido da purificação
dos seus antigos pecados",
2Ped.1:9. Se a conversão faz
Deus perdoar quem pecou, voltar a ser mundano fará Deus lembrar tudo
aquilo que havia perdoado.
-
"Busquei
dentre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na
brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse;
mas, a ninguém achei",
Ez.22:30. Estar na brecha não
significa apenas que se ora e se intercede: é preciso ser alguém que
seja ouvido por Deus pela causa de Deus. Sem dúvida que havia muita
gente orando a favor de Israel no tempo que Deus disse isto através
de Ezequiel e até mesmo antes. Mas, Deus não achou alguém que
estivesse na brecha. Por isso, orar e jejuar não é suficiente: é
preciso sermos alguém a quem Deus ouve. Interceder significa estar
perante Deus pelos homens e pela causa de Deus e, também, interceder
perante os homens pela causa de Deus.
-
"...Todos
gemendo, cada um por causa da sua maldade",
Ex.7:16. Isto não significa que aqueles que gemem
saibam que gemem por causa dos pecados cometidos e nunca
confessados. Não significa que creiam nisso ou que o assumam.
Significa, apenas, que os seus pecados são a verdadeira causa,
estando conscientes disso ou não. Caso soubessem não seria
necessário enviar profetas para se repetirem vezes sem conta a
respeito dos seus pecados. Era preciso crerem naquilo que os
profetas diziam porque era algo em que não criam. "O caminho dos
ímpios é como a escuridão; nem conhecem aquilo em que tropeçam",
Prov.4:19.
-
"Queixe-se
cada um dos seus pecados", Lam.3:39.
É pena que as pessoas não façam aquilo que a Bíblia diz. Queixam-se
cada um dos pecados dos outros e nunca dos seus próprios - ainda que
os outros também tenham pecados para reconhecer. O mundo seria bem
diferente se cada um buscasse apenas os próprios pecados e os
admitisse. Deus perdoaria e os homens se entenderiam muito bem.
"Esquadrinhemos os nossos caminhos, experimentemo-los e voltemos
para o Senhor",
Lam.3:40.
-
Não
é possível haver entendimento entre um certo e um errado. Um errado
entende-se com outro errado e o certo com o certo. Os que andam em
fofocas entendem-se entre eles, mas, quem fofoca não se entende com
quem recusa falar da vida dos outros. Uma das razões por que parece
que tudo vai bem entre aqueles que erram o caminho é porque são
iguais. Ninguém, no mundo, se nega a ele mesmo - a menos que queira
vir a Deus de coração inteiro e verdadeiro.
-
"Os
pecados (...) não se acharão, porque perdoarei...",
Jer.50:20. Lemos esta afirmação de
Deus em vários lugares das Escrituras, isto é, que não mais se
achará pecado porque as pessoas em questão foram perdoadas. Ora,
para sermos perdoados (conforme as Escrituras) há que confessar e
abandonar os pecados; para se abandonar os pecados, precisamos achar
o poder da graça para nos libertar deles para sempre, pois, uma
libertação temporária não resolve esta questão do perdão; logo, há
que haver conversão para haver perdão. Ora, se os pecados não são
mais achados por haverem sido perdoados, isto significa que ninguém
acha a vida que se segue sem antes haver passado pelo perdão.
Havendo colocado cada pecado na luz, temos acesso à vida que anula
toda a hipótese de pecar. Logo, somente passando pelo perdão obtemos
acesso ao poder real da graça de Deus. Não existe outra maneira de
termos acesso a tal vida. Por isso, não vale a pena saltar o muro
para entrar no aprisco das ovelhas. Ninguém vem ao Pai senão por
Jesus.
-
Não
sei por que razão isto acontece, mas, a maioria das pessoas
carregadas de culpas sentem medo das consequências dos pecados dos
outros. Temem sempre que lhes aconteça algo pelo fato dos demais
haverem pecado. Creio que isso acontece porque as suas próprias
consciências não lhes dão paz e não conseguem crer na verdade e nos
fatos. Não são capazes de crer ou de confiar na sua inocência por
não serem inocentes noutros aspectos. Sentem a ameaça da culpa sobre
as suas cabeças, mas, só enxergam os pecados dos outros e não
conseguem enxergar os seus. Quando ouvem um sermão que entendem e
lhes toca, dizem: "Assim e assim deveria ouvir isto!" Que condição
mais triste pode existir que aquela onde alguém não reconhece os
próprios pecados?
-
É possível
uma pessoa manifestar impaciência ou outro pecado que o tenta para
fazê-lo tropeçar tendo um coração sincero e transformado, tal como é
possível alguém manifestar exteriormente 'paciência' e calma sem ser
havido transformado. Não podemos ser mudados apenas na aparência.
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Aquele
que fala doutro, fala contra ele próprio, pois, será condenado pelas
suas próprias palavras. Não são os outros que serão condenados pelas
suas palavras, como pretende.
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"Vi
também que a terra fértil era um deserto",
Jer.4:26. Por vezes, culpamos Deus
pelos fracassos da obra d'Ele na terra. Contudo, vemos que o deserto
que existe é ou era uma terra fértil ou, então, era suposto ser uma
terra fértil. Essa terra tem tudo para dar certo, pois, precisa ser
lavrada e cuidada para que Deus possa enviar as chuvas que
necessita, independentemente da altura em que as envia. "Lavrai para
vós o campo de lavoura e não semeeis entre espinhos",
Jer.4:3. "Observei a terra e eis
que estava assolada e vazia; e os céus, e não tinham a sua luz",
Jer.4:23. É com dor que se pode
notar que Deus, olhando para a terra agora, usa a mesma expressão
que é usada antes da terra ser criada. "E a terra era sem forma e
vazia; e havia trevas sobre a face do abismo",
Gen.1:2. O estado da terra atual
é igual ou parecido com aquele que existia antes da criação, pelo
menos aos olhos de Deus. "Ainda que te vistas de carmesim, ainda que
te adornes com enfeites de ouro, ainda que te pintes em volta dos
teus olhos com o antimónio, debalde te farias bela",
Jer.4:30. Existem muitos que tentam encobrir, disfarçar
ou até mesmo atenuar o mal que praticam ou são capazes de praticar
embelezando o seu comportamento ou sua maneira de falar. Mas,
enquanto não se resolverem os problemas de fundo em seus corações e
lavrar profundamente suas almas, não devem semear essas sementes,
pois, serão como cisternas rotas que não retêm as águas. Os seus
corações não têm bases para assegurar aquilo que pretendem ser
exteriormente.
-
A raiva
contra pessoas é um pecado que nunca anda sozinho. A raiva mente e
imagina coisas a respeito dos demais - nunca é objectiva; ela já tem
respostas antes de ouvir as perguntas; tem imaginações injustas e
vãs com o intuito de se justificar; está sempre na defensiva, mesmo
quando não é provocada e Jesus disse para nunca nos defendermos nem
mesmo quando os ataques são reais e verdadeiros. Poderia mencionar
muitos mais pecados resultantes da raiva ou da intolerância, mas,
deixarei isso a cargo da sua consciência e da sua capacidade de
investigar todas as coisas e reter o bem. A raiva é raiz para muitos
outros pecados.
-
Existe
uma lei na natureza que ninguém pode ignorar: enquanto eu for capaz
de ser desagradável, ainda sou capaz de agradar pessoas e enquanto
eu agradar pessoas serei capaz de tornar-me desagradável.
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Não
se pode confiar em quem fala dos outros e nunca se pode acreditar no
que dizem por muitas razões. Em primeiro lugar, quem fala dos outros
busca algo para si mesmo, ainda que seja somente consideração ou
atenção indevida. Acusa para se beneficiar ou para se justificar. Há
quem acuse alguém perante quem nutre os mesmos sentimentos. Existe
sempre cumplicidade em qualquer tipo de fofoca. A pessoa que fala
dos demais é desonesta até com ela própria porque não reconhece
aquilo que busca e muito menos aquilo que é.
-
Sabemos
que colheremos aquilo que semeamos, seja bom ou mau. Contudo, muitos
pensam que o que se semeia não são pequenas sementes que se tornam
grandes acontecimentos. Tudo começa pequeno e minúsculo. Não
colheremos as coisas do tamanho que semeamos. As sementes são
pequeninas e a colheita será enorme. "E, quando semeias, não semeias
o corpo que há de nascer, mas, o simples grão, como de trigo ou
doutra qualquer semente",
1Cor.15:37.
-
Se
é verdade que "a mulher é a glória do varão (do homem)" (1Cor.11:7),
então, também é verdade que ela é a desonra do seu marido quando se
porta indecentemente ou não cumprindo qualquer parte da lei de Deus.
"A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede
vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos",
Prov.12:4. O marido perde honra através dos pecados de
sua própria esposa e ganha honra através da simplicidade dela em
Cristo. Tudo aquilo que é honroso e feito por Deus em Sua vontade
pode tornar-se a maior desonra quando nos afastamos d'Ele. As coisas
de Deus só funcionam perto de Deus, sendo efetuadas por Ele e
através d'Ele. Permaneçamos n'Ele e Ele em nós.
-
Qualquer
forma de idolatria está intimamente ligada ou relacionada com o
desejo de praticar coisas más com aprovação. O ídolo nunca persegue
um infractor. Os que praticam o mal escolhem sempre um deus incapaz
de os condenar de forma prática. "(...) Não cobiceis as coisas más
(...) não vos façais, pois, idólatras (...) conforme está escrito: O
povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar",
1Cor.10:6,7. Sempre existiu uma
enorme associação entre a idolatria e as coisas más que se cobiçam.
A religião consola o pecador contra as agressões da consciência e
contra a espada da
Lei de Deus. O homem sempre procurou um deus que aprove o seu estilo
de vida, os seus anseios e pecados mais proeminentes. A religião
sempre criará terroristas.
-
Qualquer
pessoa propensa a entrar, aceitar ou acreditar em erro doutrinário
tem um coração errado. Logo, o problema dessa pessoa não é o erro
doutrinário e não se resolve o problema dela levando-a a aceitar a
doutrina certa renunciando à errada. O problema de fundo reside num
coração desordenado e condenado pela consciência. Acima de tentar
resolver problemas doutrinários ou crenças, sejam estes de
conveniência ou não, devemos saber levar a pessoa a ajeitar sua vida
total com Deus. A doutrina errada é como uma parede à volta duma
cidade. Ela protege o coração e empurra a guerra para o lado de
fora, desviando a atenção da verdadeira questão. Se resolvermos o
problema do coração do homem, a doutrina errada perece por si mesma
porque o coração deixa de precisar dela.
-
Paulo
(e a sabedoria) diz que não nos devemos sentar à mesa onde servem a
carne sacrificada aos ídolos caso isso faça tropeçar os irmãos
fracos de consciência. Eles podem achar isso um escândalo. É uma
situação diferente daquela onde Jesus entra na casa dum Fariseu como
convidado onde se deixa tocar por uma (ex)prostituta. Os Fariseus
escandalizaram-se. Era um tropeço para eles, um escândalo. Mas, eles
eram opositores da fé e não irmãos fracos.
-
Quem
não ama os que são maus e indecentes, não é capaz de amar os que são
bons pelos motivos certos. Amará os bons porque lhe são amáveis e
isso só prova o quanto a pessoa se ama a ela mesma acima aos demais.
-
Não
se descansa de Deus, mas, em Deus.
-
Separação
não significa santidade. A separação pode e deve levar à santidade
caso mantenhamos a nossa comunhão com Cristo nela. A separação é
necessária, mas, não é santidade. O coração precisa ser transformado
e a separação apenas evita que alguém seja (mais) contaminado. Estar
separado sem manter uma comunhão saudável com Deus não leva à
santidade, mas, apenas cria uma outra forma de egoísmo.
-
Existem
os que não sabem o que fazem, conforme Jesus afirmou. Mas, também
existem os que não sabem o que dizem e os que não sabem o que ouvem
ou vêem.
-
Uma
pergunta para os pregadores de hoje, muitos dos quais fecham os
púlpitos para quem anda com Deus: desejam que a verdade prevaleça ou
desejam ser os pregadores?
-
Admira-me
muito como é frágil ou inexistente a fé de muitas pessoas, as quais
se ressentem ou duvidam com a mínima acusação ou perseguição. A
coisa mais insignificante serve para duvidarem e pensar alterar seus
caminhos. Vê-se que não existem bases reais que os possam manter em
alegria sob perseguição pelo fato de serem perseguidos. Ser
perseguido pode significar que estamos no caminho certo ou contrário
ao mundo e nós não somos os perseguidores. "Em nada vos espanteis
dos que resistem, o que (...) é indício (...) para vós, de salvação,
e isto de Deus", Fil.1:28.
-
"Não
perecerá um único cabelo da vossa cabeça",
Luc.21:18. Parece estranho que a
alguém que será morto pela palavra (segundo estas palavras de Jesus)
lhe seja dito que nem um cabelo da sua cabeça perecerá. Mas, é
verdade.
-
"Proponde,
pois, em vosso coração não premeditar como haveis de responder",
Luc.21:14. Existem duas coisas
que devemos entender neste versículo: o egoísmo e a vontade de
salvar a própria vida (como se Deus não estivesse ao corrente de
tudo); e a falta de confiança em Deus que guia. Quando alguém tenta
salvar-se pelas próprias mãos, deve pensar no mal que está fazendo.
"E bendito o teu conselho e bendita tu que hoje me estorvaste (...)
de que a minha mão me salvasse",
1Sam.25:33.
-
Todos
quantos querem salvar-se a si próprios estão tentando fazer uma
coisa que nunca conseguirão fazer.
-
Quando
Jesus afirma que os cuidados deste mundo sufocam a Palavra de Deus,
isso não significa que sufoca o entendimento dela ou que atrapalhe o
lembrar da Palavra, embora isso possa ocorrer. Na verdade, isso
significa que atrapalha a vida prática de quem tem a Palavra viva
dentro dele. Não se pode servir dois mestres de forma
prática, mas, não é difícil falar dum e servir outro. É difícil
alguém estar disponível para uma vida em Cristo, a qual se cinge
pela Palavra, andando ansioso e (pré)ocupado com as coisas deste
mundo.
-
O que
diria de alguém que lança sementes de qualquer tipo (ou coisas
parecidas com sementes) para colher algo específico que pretende ou
necessita? Por exemplo, lançando sementes de abrollhos querendo que,
no final, possa colher trigo bom? Que diria de alguém que começa uma
conta pelo resultado, isto é, já tem um resultado em mente e lança
números e algarismos à toa crendo que irá dar no resultado que
pretende? Esse é o tipo de pessoa que vende mentira e que se engana
a ela mesma, pois, não entende que só pode colher aquilo que semeia.
Não se podem semear espinhos a vida toda esperando que Deus, pela
Sua misericórdia, nos dê uma colheita de bom trigo.
-
O que
determina se existe avivamento ou não não é a quantidade de orações
e antes a quantidade de orações que são ouvidas.
-
Cristo
nunca disse que ganhou o mundo e antes que venceu o mundo. Ele é
inimigo do mundo e não amigo. Muitos querem ganhar o mundo e não
vencê-lo. Imaginemos o que acontecerá com uma equipe em campo que,
ao invés de jogar, passa o tempo a convencer a outra para lhe passar
a bola e para se tornarem aliadas e não adversárias. Perderá o jogo,
seguramente, pois, nenhuma equipa adversária joga para perder. Temos
de entrar na arena para vencer. Tornar-se aliado do inimigo é a pior
opção, a pior forma de rendição e de traição.
-
Aquilo
que Deus mais quer é que existam muitas pessoas (ou alguém) a quem
Ele nunca possa negar.
-
A pessoa
que não se ensina a ela própria, não conseguirá ensinar aos outros.
Ensinar aos outros é mais difícil e requer mais perícia que ensinar
a nós mesmos porque, para ensinar alguém eficazmente, precisamos já
conseguir viver de forma natural tudo que ensinamos. O auge da
hipocrisia é tentar ensinar aos outros aquilo que não funciona em
nossas vidas ou ensinar aquilo que não praticamos.
-
Não
vemos Jesus repetir o sermão da montanha. Contudo, os seus apóstolos
relataram as Suas palavras fielmente muitos anos depois. O que é que
Jesus tinha que não precisava repetir-se acerca dos assuntos mais
importantes desta vida? "Pergunta aos que ouviram o que é que lhes
ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito",
João 18:21.
-
Muitas
pessoas têm medo da realidade. Isso acontece porque viveram sendo
negados e excluídos por Deus. Mas, aceitam a fantasia e reconhecem o
mundo das fábulas como o seu mundo. Os incrédulos conseguem
acreditar no irreal e na fantasia. Buscar a realidade é, para eles,
buscar decepções e desapontamento. A incredulidade rejeita a
realidade e busca um caminho fácil cujo fim é a morte. Isto é, se
alguém rejeita a realidade, é incrédulo e provoca a ira dos céus.
-
"Até
agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a
vossa alegria se cumpra",
João 16:24. Esta palavra de
Jesus é estranha. Quantas coisas os discípulos haviam pedido até
então, inclusive para se sentarem à sua direita e esquerda no Reino?
Mas, não haviam pedido nada em nome de Cristo, isto é, as coisas que
Ele pediria por causa do Reino de Deus.
-
É
de esperar que as coisas não corram conforme esperado sempre que
prestamos atenção às coisas certas sem um coração capaz de ouvir
Deus. O conhecimento pode não ser fruto dum verdadeiro
relacionamento real e prático com a Vida de Cristo.
-
É possível
estar em Cristo e não dar fruto. Precisamos ter cuidado, pois,
podemos ser crentes ou mesmo líderes e nosso fruto - se o tivermos -
ser rejeitado pelos Céus. Se isso não fosse possível, Jesus não
diria: "Toda a árvore
em Mim que não der fruto o Pai a tira e lança fora",
João 15.
-
"...Para
que a vossa alegria seja completa", João
15:11. A alegria nunca será completa a não ser quando
temos uma alegria verdadeira, genuína e substanciada em Cristo
quando não temos mais nada em que nos "alegrar". Se não temos nada e
permanecemos alegres, a nossa alegria é e será verdadeira porque
Cristo a mantem.
-
Sempre
que é revelado o pecado de alguém, espera-se que se arrependa e se
converta. Mas, nem sempre isso acontece. Muitas vezes acontece o inverso.
Quando Jesus mostrou o pecado de Judas, Satanás entrou nele; quando
Estêvão mostrou o pecado dos fariseus e eles foram convictos a ponto
de serem "cortados no coração", eles mesmo o apedrejaram.
-
Por
vezes, Jesus parece chegar tarde aos acontecimentos, como no caso de
Lázaro onde chegou quatro dias depois de ele haver morrido. Mas,
nunca é tardia a Sua chegada. Ainda que tarde, não tarda. "Se
tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará",
Hab.2:3. Esperar se tardar é um
mandamento. Não pode existir forma de desistência ou para desespero
e nem razão para isso. Devemos manter a expectativa para esperar de
forma que agrade a Deus.
-
Quem
não confia, desconfia. Mas, a desconfiança fundamentada é chão
sólido para pisar e ficar firme. "Mas, de modo nenhum, seguirão o
estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos
estranhos",
João 10:5. Uma coisa é confiar
em Jesus e outra é desconfiar d'Ele; ainda outra é não confiar no
diabo. Quem não crê em Deus, consegue confiar no diabo (ainda que
ele esteja disfarçado) ou, no mínimo, não desconfiar dele; quem crê
em Deus, não consegue ter confiança nas coisas do diabo e do mundo.
Duvidar do erro é fé.
-
É comum
as pessoas não quererem ouvir as palavras de quem fala por Deus,
atribuindo tais palavras e tudo menos a Deus. Mas, sempre que algo
falha por não haverem crido, culpam essa pessoa que falou como se a culpa fosse dela e
como se ela fosse Deus. O rei Acab culpou Elias pela falta de chuva
e pela miséria de Israel. "...Manifeste-se hoje que tu és Deus em
Israel e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz
todas estas coisas",
1Reis 18:36.
-
A fé
é confiar em quem não se acredita para alcançar aquele poder ativo
da graça para abandonarmos definitivamente
aquilo que não se deseja deixar.
-
A
incredulidade pode pensar que receberá. Se tal não fosse possível,
Tiago não dizia: "Não
pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa",
Tgo.1:7. É provável que pense
que irá receber.
-
Se é
verdade que "perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos
os que o invocam em verdade", por que razão existe tanta gente
invocando Deus e nada acontece?
-
A disciplina
é coisa muito boa para quem a tem. Quem não a tem, sente muita
dificuldade debaixo dela e muitas provações sem ela. Mas, até mesmo os disciplinados precisam
ter o coração naquilo que se disciplinaram para fazer. A disciplina
deve ser uma ajuda para o coração, isto é, disciplina sem o coração
estar presente não serve para nada ou quase nada. A disciplina sem
coração é como a vara sem amor.
-
Esperar
no Senhor é vital para muitas coisas. Esperar n'Ele ou d'Ele,
significa abdicar doutros meios (o que significa negar a vida
própria e seus meios); significa uma inteira confiança no Senhor (e
essa fé salva); significa o descanso dos meios próprios, a ausência
de amor pela carne ou pelos seus meios (deixando de confiar na
carne); na verdade, a esperança (esperar de expectativa) é tudo em um. Mas, tenhamos cuidado,
pois, nem sempre o desistir do amor próprio significa estarmos
esperando de/em Deus. Existem pessoas que desistem de tudo quando não
conseguem fazer as coisas pelos próprios meios e isso é uma forma de
chantagem contra Deus.
-
Muitas
vezes nos perguntamos qual a razão de muita gente se desviar do que
aprenderam de certo. Existem pessoas que aprendem as doutrinas
erradas e suas bases nunca as sustentam porque não as podem sustentar.
Contudo, continuam nelas e não abdicam do engano.
Mas, existe um fenómeno inexplicável: os que aprendem as coisas
certas são os que abdicam e se desviam delas. Estou plenamente convencido que
tudo tem a ver com a fonte de quem aprendemos. Se aprendermos as
coisas certas da boca do homem, certamente que serão conhecimento,
mas, nunca se tornarão vida. Se as aprendermos diretamente de Deus,
permanecerão conosco e nós permaneceremos com elas e com Deus. "Não
me apartei dos Teus juízos porque Tu me ensinaste",
Sal.119:102.
-
"... aqueles
que se lembram de Ti nos Teus caminhos...",
Is.64:5. Importante não são os
caminhos, mas, o lembrar de Deus neles. São os caminhos que nos ensinam a
conhecer Deus até mesmo quando Deus nos ensina os caminhos. Deus
lembra-se dos nossos caminhos e nós d'Ele, pois, Ele é um Deus "que
trabalha para aqueles que n'Ele esperam",
Is.64:4. Não podemos assumir que
Deus trabalhe para quem não tem a capacidade de esperar n'Ele, por
Ele ou para Ele.
-
"A luz
semeia-se para o justo e a alegria para os retos de coração",
Sal.97:11. É interessante tomar
nota que muitos querem luz sem se tornarem justos e desejam alegrias
sem se tornarem retos de coração. Por essa razão o mundo se queixa
tanto contra Deus.
-
Da
mesma maneira que espero qualquer coisa do mundo onde o mal não
impõe
limites à consciência, também espero qualquer coisa de Deus
onde Sua bondade e Seu poder não têm limites.
-
Existem
momentos em que o poder do silêncio supera o poder das palavras e
outros onde as palavras minam o poder do silêncio expressivo e
falador. A
nossa vida deve ser uma combinação sincronizada entre silêncios e
palavras, onde os objectivos e motivos de ambos não entram em
conflito e antes se complementam. Sempre que tentamos alcançar o que
é de Deus agindo, falando, ou agindo em silêncio temos o mesmo
propósito em mente contando com a intervenção do próprio Deus
naquilo que fazemos. Mas, existem os que se silenciam com medo (ou
por
outros motivos próprios) e falam para, supostamente, alcançar almas;
e existem os que se dizem ser sábios do silêncio para, supostamente,
alcançar almas, quando falam pelos cotovelos a respeito de outras
coisas. A nossa vida deve ter um único objectivo: a glória de Deus.
Toda a nossa vida deve estar sincronizada para alcançar esse fim.
-
Existem
queixas de corações que ouvem mal ou que, quando ouvem, as coisas
não se cumprem da forma que ouviram. Mas, a experiência afirma que
sempre que estou fazendo a vontade de Deus para Deus e através dos
Seus meios, sou guiado de forma segura e clara. Busque e ache a
vontade de Deus, faça-a cumprindo as condições de poder executá-la
através do Seu fogo (sem lançar mão de fogo falso esperando em/de
Deus) acima de buscar distinguir vozes que não
distingue. A ovelha ouve, os demais não ouvem ainda que Deus fale.
Torne-se ovelha ao invés de tentar distinguir vozes. Ovelha ouve e
distingue naturalmente.
-
Quem
não sabe aprender, não sabe ensinar; quem não sabe ouvir, não sabe
falar; quem não sabe entender, não sabe transmitir; quem não escolhe
o que ouvir através dum paladar celestial, não sabe expressar aquilo
que deve; quem não sabe quando ouvir, não saberá quando falar; quem
não chega às portas da morte com um sorriso, nunca conheceu Deus e
não soube viver e nem o que é a vida ou, talvez, o tenha
simplesmente negado.
-
Deus
pode ser ofendido em muitas circunstâncias e por variadíssimas
razões. Muitas dessas razões parecem ser boas e decentes. A pessoa
com fome pode ofender Deus se a fome é provação; a pessoa solteira
pode exigir de Deus a pessoa com quem deseja casar em vez de pedir;
a pessoa naquela solidão que prova os corações pode-se submeter
a queixumes e disenteria espiritual. "E ainda prosseguiram em pecar
contra ele, provocando ao Altíssimo
na solidão (...) Quantas vezes o provocaram e o
ofenderam na solidão!",
Sal.78:17,40. É preciso saber
esperar em Deus e, também, esperar de Deus para não fazer a nossa
própria coisa quando algo demora para acontecer no tempo de Deus,
ou, tentar fazer a coisa certa por meios próprios e por via dum fogo
falso. Os
desejos podem levar à dúvida, à ofensa e até mesmo à blasfémia.
Porque Deus é extremamente misericordioso, muitos podem ser levados
a pensar que Ele é ou pode ser um suprimento para o egoísmo. E não é.
Ele é o exterminador do egoísmo. Ele usa as coisas onde somos
egoístas para as fazermos sem egoísmo. Seria como levar um alcoólico
ao bar para pregar o Evangelho verdadeiro e não para beber.
-
Deus
é bom a toda a hora. Até quando nos rejeita está sendo bom.
-
É importante
notar que se nos ocuparmos com a Palavra e faltar tempo para outras
coisas, Deus abençoará as outras coisas e Ele mesmo sairá na nossa
frente, "trabalhando para aqueles que n'Ele esperam". Mas, o inverso
já não funciona dessa maneira, isto é, se estivermos ocupados com
outras coisas e 'faltar' tempo para estarmos ao redor do altar de
Deus, a Palavra não será compensada, recompensada ou abençoada e,
provavelmente, nem aquilo que nos manteve ocupados será abençoado.
-
"Dai
a Deus fortaleza...", Sal.68:34.
Como se dá fortaleza a um forte? Neste caso, decididamente que não é
Deus quem precisa de fortaleza. Somos nós. Mas, como somos uma
fortaleza que se defende de tudo, precisamos dá-la - rendê-la -
a Deus.
-
A fé
vem pelo ouvir, sem dúvida. Todos quantos têm fé verdadeira podem
experimentar e atestar esta verdade. Mas, isso não significa que a
fé seja estabelecida ouvindo algo relacionado com o objecto sobre o
qual a fé incide. Na verdade, a pessoa pode crer apenas quando ouviu
Deus expressando e ensinando a Sua Palavra no geral e,
principalmente, no tocante a coisas pessoais. Ninguém consegue crer
a ponto de executar certa obra em Deus se a obra principal dentro do
coração não for executada. Isto é, se não ouviu Deus sobre a vida
interior no geral, não crerá a respeito dos detalhes que importa
mestrar.
-
"Bendizei
ao nosso Deus que sustenta com vida a nossa alma e não consente que
resvalem os nossos pés",
Sal.66:8,9. Quando as Escrituras
dizem que Deus não consente que nossos pés resvalem, tem dois
sentidos. Por um lado, significa que não permite porque segura e
assegura os fiéis - e somente esses - porque Ele é "poderoso para
vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis",
Judas 1:24. Por outro lado,
significa, também, que aqueles que são fiéis não podem buscar
ocasião ou
razão para tropeçarem já que Deus não consente que isso aconteça.
Além de retirar a capacidade ao inimigo de vencer-nos numa batalha
feroz, não nos dá permissão para pecarmos negligenciando o poder da
graça unindo-nos ao inimigo.
-
"O justo
se alegrará no Senhor e confiará nele",
Sal.64:10. Isto significa que antes de alguém conseguir
confiar, precisa tornar-se justo, isto é, herdar a justiça de Deus
em seu coração. Nem todos conseguem crer. Os injustos nunca
conseguirão confiar num Deus justo. Só andam juntos aqueles que são
iguais. "Se tu podes crer..."
Mar.9:23. Há uns que não podem,
não conseguem porque nunca limparam suas vidas no sangue de Jesus,
confessando pecado por pecado a quem de direito. Não foram justificados,
isto é, não e tornaram verdadeiramente justos.
-
As pessoas,
quando pecam, reagem cada uma à sua maneira. Uns reagem com
arrependimento; outros com agressividade e impaciência por não
suportarem a acusação; outros reagem com vergonha e escondem-se;
muitos outros de outras maneiras. Não sei de que maneira você reage
usualmente. Mas, há algo que devemos saber: existe diferença entre
ser tentado e pecar. Também existe diferença entre uma tentação
acelerada ou inflamada pelo diabo de forma sorrateira e camuflada e
uma tentação onde o próprio se coloca nas portas do pecado, seja por
que motivo for, isto é, se busca pessoalmente as circunstâncias e se
se coloca no meio da tentação inadvertidamente. No meio disto tudo,
existe um problema sério quando confundimos tentação com pecado. Se
isso acontecer, a pessoa reage sob tentação da maneira que reagiria
caso houvesse pecado e vice-versa. Reage à sua maneira. E não é bom
reagir diante da tentação da forma que reagiríamos havendo pecado
porque é suposto usarmos armas diferentes de forma distinta sob cada
situação. Não podemos vencer a tentação da mesma forma que anulamos
a culpa, mesmo quando existem ligações fortes entre uma coisa e
outra. E o pior de tudo é que quem confunde a tentação com pecado,
certamente que também será levado a crer que apenas foi tentada quando
pecou. Terá tudo trocado e coloca-se numa situação muito difícil.
Quando pecamos, devemos baixar as nossas armas, expor o nosso
coração e confessar abertamente todo o nosso pecado seja a quem for
e diante de quem for. Mas, quando somos tentados, devemos erguer as
armas da luz e resistir através de Deus. Isso requer aprendizagem e
experiência. Ora, se a pessoa confunde tudo, nunca obterá a
experiência correta a respeito do que deve fazer. Logo, andará
sempre aos tropeços, pois, não podemos apagar uma vela com um
fósforo e não podemos acender o fogo de Deus com um extintor.
Reagindo ou agindo da maneira errada, você nunca entenderá a maneira
como deve reagir mediante situações distintas, as quais lutam contra
a nossa vida. Logo, não saberemos lidar com pecado, com tentação ou
com pecados ocultos da maneira que devemos. Embora haja fatores
comuns em qualquer uma dessas situações que é aproximarmo-nos de
Deus, não nos podemos aproximar d'Ele já com ideias fixas de como
iremos lidar com um problema ou situação ou de como Deus deve lidar
com a nossa situação. Os resultados serão catastróficos para a alma
caso erremos no medicamento e no diagnóstico da situação, mais ainda
se fazemos
as coisas autonomamente sem nos rendermos a Deus. Dentro dessa
situação catastrófica, a pessoa irá arranjar uma "fé" de
conveniência, a qual não passará duma fé naufragada (1Tim.1:19)
porque a desonestidade espiritual tomará conta dela. Como não deixa
de crer na existência de Deus, a fatalidade da sua vida prática
levá-la-á a buscar uma explicação para a sua situação, a qual não
explicará nada e, consequentemente, adotará uma vida alternativa
onde persiste em ler a Bíblia, cantar, ir aos cultos e falar em Deus
dando um testemunho mau e contradizente através da vida prática. A maior parte das
doutrinas de hoje são concebidas para serem nutridas, desejadas e
aceites por desonestos espirituais.
-
"Quem
pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são
ocultos",
Sal.19:12. Os pecados ou são
ocultos ou estão na luz mediante a autenticidade ou a qualidade da
nossa comunhão com Cristo. Quanto menos sincera e menos exclusiva
for essa comunhão, mais os pecados estarão ocultos. Sem luz, ninguém
enxerga. Os pecados estão ocultos ou revelados na proporção do tipo
e da autenticidade da comunhão continuada que mantemos com Cristo. E
se juntarmos a isso a teimosia e a rebeldia - as quais são a força
de qualquer pecado - estamos sendo dominados por uma força
irresistível. Logo, a falta de rendição total (a qual, no fundo, é
uma falsa rendição) leva a que muitos pecados permaneçam ocultos.
Onde há luz verdadeira, nada se esconde e nada consegue ficar
oculto.
-
Existe
um problema sério nas pessoas, do qual nunca se dão conta: existe um
caminho que parece direito aos olhos do homem, o qual é torto e
termina muito mal. Isso acontece sempre com todos aqueles que não
andam bem com Deus. É muito raro um pecador conseguir reconhecer que
o mal que pratica é mau. Os seus caminhos, formas de pensar e
acreditar parecer-lhe-ão sempre certos e correctos. Há que
desconfiar da aparência dos nossos caminhos quando verificamos que
nossa conduta não é exclusivamente bíblica. Devemos ter uma
capacidade inerente de não confiar em nenhum de nossos próprios
caminhos.
-
"Como
O ouvimos, assim O vimos", Sal.48:8.
Não sei o quanto esta palavra pode servir para desmascarar os
hipócritas do louvor. Existem pessoas que 'louvam' Deus cantando e,
contudo, nunca viram e nunca provaram a bondade de Deus e a Sua
grandeza. Imaginam Deus em suas vidas próprias e acreditam que isso
é Deus. Tanto o louvor como a fé podem ser falsas ou falsificadas.
Deus nunca aceitou palavras falsas e não será agora que irá aceitar.
Se fossem sinceros de coração, muitos acabariam reconhecendo o
quanto Deus os tem negado ao invés de tentar 'suborná-lo' com
palavras e cânticos.
-
Se
colocar Deus em dúvida é pecado ainda quando não se ouviu nada
d'Ele, imagine o tamanho do pecado quando alguém duvida havendo
recebido uma palavra verdadeira da parte d'Ele, isto é, "havendo
recebido as promessas"! "E não duvidou da promessa de Deus por
incredulidade",
Rom.4:20. É lícito duvidar (mas,
não de Deus) por motivos dúbios e enganadores. Desde que não seja
"por incredulidade", podemos e devemos duvidar ou colocar em dúvida
certas coisas ou situações. Não podemos crer na mentira, mas,
somente no que é verdade; não podemos determinar o tempo de Deus e
antes esperar pelo tempo d'Ele; não podemos aumentar ou diminuir no
que Deus disse instigados pelo que desejamos que aconteça; todas
essas coisas trazem dúvidas, mas, ai dos que duvidam de Deus por
causa dessas coisas, pois, além de crerem nas coisas erradas pelo
pecado (pela incredulidade), anulam a vontade de Deus colocando-O em dúvida.
Se é possível duvidar de Deus "pela incredulidade", também é
possível crer nas coisas erradas pela incredulidade.
-
Todos
os inseguros crónicos temem a segurança e procuram refúgio na
insegurança. Como tal, abominam qualquer sentimento de segurança,
evitam a certeza (a menos que seja falsa) e serão sempre opositores
assíduos da verdadeira fé (porque é segura). Vou explicar. As
pessoas confiam nelas mesmas. Logo, conhecem, apreciam e seguram
aquilo que são ou aprenderam a ser. Fora desse ambiente que lhes é
conhecido sentem-se como peixe fora de água. A insegurança é o
habitual da pessoa que não tem seu coração próprio extinto e,
consequentemente, não consegue assegurar-se em Jesus de forma real.
Sua pessoa velha, junto com o conhecimento da insegurança e o amor
por ela, devem estar literalmente mortos – tão mortos quanto um
cadáver está para este mundo. Caso isso não seja um fato concreto e
irrefutável, isto é, caso não seja uma realidade e seja apenas
crença que assim é, aquilo que a pessoa conhece é a insegurança e é
para lá que converge, isto é, é isso que a atrai e será lá onde se
sente bem. A pessoa busca bem-estar em terrenos que conhece e não
realidade. Sente-se bem confiando somente nela mesma e naquilo que
conhece e assimilou sendo e existindo. Logo, a insegurança torna-se
um refúgio sentimental, pois, a pessoa insegura sente-se bem em seu
ambiente como uma criança se sentiria bem perto da mãe, ainda que
essa mãe fosse ruim.
-
A maioria
dos crentes de hoje falam de Deus como alguém falaria duma mulher ou
dum marido de sonho que nunca tiveram, mas, que afirmam estar
presente. Quando Davi dizia que nada temia "porque Tu estás comigo",
ele afirmava um facto impossível de desmentir. Deus era tão real que
até refrigerava a sua alma e o seu cálice transbordava visivelmente. Que pensaria dum homem que afirmasse que sua
bonita esposa estava sempre com ele e, sempre que era visto, andava
sozinho? Já entrei em muitos cultos onde se afirmava que Deus estava
por lá e eu via-o ausente e distante daqueles lugares. Nos cultos e
em muitos lugares as pessoas cantam e consolam-se afirmando que Deus
está ali. Até têm hinos que dizem isso e que, quando cantam, é
apenas musica que gostam de cantar e nunca pela realidade ou
irrealidade da questão. Cantam o que gostam de cantar ou gostariam
que fosse verdade e nem sempre é a tradução duma realidade que se
possa constatar. Quando Deus está mesmo presente de forma real,
Ananias e Safira não sobrevivem. Hoje, temos muitos Ananias e
Safiras cantando nos cultos afirmando que Deus está ali presente.
Contudo, as Escrituras dizem que "os ímpios e os pecadores não
subsistirão na congregação dos justos",
Sal.1:5. Nas congregações de
hoje não apenas subsistem como ainda geram e dominam. E ninguém
enxerga isso. Hoje, são os justos que não sobrevivem nas
congregações dos injustos.
-
O louvor
não compra Deus, não serve de suborno. Ninguém pode passar essa
ideia sem ser condenado por ofensa grave, pois, ninguém tem como
subornar Deus. O verdadeiro louvor tem de vir da sinceridade, quando
o coração realmente se depara com a grandeza e bondade de Jesus. O
louvor não traz bênção, mas, sendo verdadeiro, manifesta um tipo de
coração coerente com a verdade, do qual Deus se aproxima. Além do
mais, o verdadeiro louvor, quando sai dum coração sincero é o lado
oposto da soberba. Não existe verdadeiro louvor fora duma humildade
chocante. "O meu louvor virá de ti",
Sal.22:25.
-
A soberba
é o oposto da sinceridade. Quando as pessoas não são sinceras, não
são humildes e são soberbas. A humildade é sermos aquilo que somos,
revelando o que Deus vê em nós. Tudo que for esconder, manipular,
diminuir ou aumentar à aparência do coração é soberba.
-
"A Lei
do Senhor refrigera a alma...", Sal.19:7.
É bom saber que isso é verdade. Por essa razão é que vemos muitas
pessoas amarguradas e instáveis, acreditando que seu caminho parece
direito sendo torto. Afastam-se da leitura, consulta ou estudo da
Palavra e passam mal. Ainda que o refrigério não seja tudo, pois, há
que cumprir ainda pela graça (e nunca doutra forma), devemos saber
que a lei de Deus realmente refrigera a alma.
-
Precisamos
saber distinguir entre os invernos e os verões da nossa vida. Eles
existem. Quanto a isso, nunca tenhamos dúvidas. É um dever saber
distingui-los das coisas que nos acontecem quando nos encontramos
separados de Deus. Existe o mal e o 'bem' que nos ilude sempre que
nos possamos encontrar afastados de Deus. Nem a prosperidade e nem a
falta dela devem servir de prova do estado do nosso coração - apenas
a nossa consciência e o testemunho de Jesus em nós. Não nos podemos
fiar no nosso testemunho e antes naquilo sobre o que Jesus dá
testemunho pessoal. Se não testifica, somos como Saul, o qual dizia
que Deus não lhe respondia por razões óbvias.
-
"O Senhor
é a porção da minha herança e o meu cálice; tu sustentas a minha
sorte",
Sal.16:5. Tenho visto muitas
pessoas tentando viver para Deus e Sua vontade, os quais nunca
conseguem alcançar o que Deus tem para eles. Isso intrigava-me
bastante. Não conseguem dizer: "Tu sustentas a minha sorte". Mas,
reparemos que pessoas Deus sustenta dessa forma. São pessoas que
conseguem afirmar algo que é verdade neles: "O Senhor é a porção da
minha herança e o meu cálice; não tenho outro bem além de Ti". E
essas linhas - esses limites - são preciosas a tal pessoa. A sorte
dos tais será sustentada por Deus, seguramente. Os demais
continuarão a ser confundidos.
-
"Senhor,
quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
Aquele que (...) fala a verdade no seu coração...",
Sal.15:1,2. Normalmente, ouvimos
falar dos que falam a verdade com seu próximo. Mas, aqui lemos sobre
os que falam a verdade no seu coração, isto é, aqueles que não
mentem para eles mesmos, nunca se iludem e não se enganam a eles
mesmos a respeito de nada.
-
"Disse
o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se
abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem",
Sal.14:1. Não vejo qualquer
diferença entre quem diz que Deus não existe e aquele que acredita
em Deus e peca pensando que nunca será condenado. Ambos vivem da
mesma forma, isto é, como se Deus não existisse.
-
"Os
ímpios andam por toda parte quando os mais vis dos filhos dos homens
são exaltados",
Sal.12:8. O que é que vemos no
mundo hoje? Os cantores profanos são exaltados, os corruptos são os
que se candidatam a eleições e ganham, os atores obscenos e que
encenam a maldade e a perversidade são os mais queridos, os
homossexuais ganham terreno nos media, etc. Quando isso acontece, a
impiedade multiplica-se, a maldade anda desenfreada e faltará gente
boa. "Salva-nos, Senhor, porque faltam os homens bons",
Sal.12:1. Pense nisso da próxima vez que exaltar um
cantor do mundo. Se um pai exaltar um cantor mundano, certamente que
o mundo entrará em seu lar e não terá boas intenções quando entrar.
-
"Se
forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?"
Sal.11:3. Todos os edifícios têm
fundamentos, isto é, alicerces. Quanto maior o edifício, mais fortes
deverão ser esses fundamentos. Não poderia ser doutra maneira no
tocante a um edifício celestial. Nunca se pode e nunca se deve
construir onde não existem fundamentos. Não vale a pena, pois, todo
edifício sem eles ruirá. Não existe milagre contra isso. Ainda que
Deus faça um milagre, será o de colocar fundamentos e nunca de
suster sem eles.
-
"O ímpio
diz em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na
adversidade",
Sal.10:6. Toda a atitude do
ímpio assemelha-se muito à fé. Na verdade, muitos cristãos que não
andam bem com Deus têm esse mesmo tipo de fé que os ímpios têm. A
única diferença é que usam o nome de Deus quando falam acerca do que
desejam em sua arrogância.
-
A confiança
conquista corações e a insegurança ganha adeptos. As pessoas gostam
de estar perto de quem é capaz de confiar na verdade porque elas
mesmas não querem confiar. A insegurança parece ser uma fortaleza
para quem não está bem com Deus. Contudo, por alguma razão gostam de
ser achados na companhia dos fortes em Deus.
-
Muitos
pensam que é preciso sofrer como Jó para se gemer diante de Deus.
Mas, eu creio que basta recebermos o Espírito Santo em toda a Sua
plenitude para tal acontecer e sermos um com Ele, desejar tudo que
Ele deseja com a mesma intensidade que o deseja.
-
Confiança
é uma coisa deliberada e decidida sobriamente. É uma decisão do
coração que sabe ponderar a verdade. Não podemos basear a confiança
naquilo que sentimos, pois, o sentimento, além de ter fundo falso, é
a principal arena onde o diabo brinca. Além do mais, confiar naquilo
que sentimos é confiarmos naquilo que somos e não em Deus. Confiar
noutro que não seja Deus é idolatria e idolatria é ilusão. E
confiando em mim, confio noutro. "Não tens
como tornar um cabelo branco ou preto",
Mat.5:36.
-
Muitas
pessoas aventuram-se naquilo que chamam de fé e quebram o pescoço
contra uma parede inabalável. Aventuram-se para alcançar coisas que
desejam e esperam o apoio de Jesus nisso. Quando Deus não apoia,
iram-se. A fé não tem nada a ver com aventura. A fé deve e pode ser
exercitada sempre que Jesus a origina, manda e envia - não quando os desejos
enviam. Não posso desejar? Posso, mas, devo colocar diante de Deus
todo desejo santo e esperar até que Ele se expresse a esse respeito. Davi tinha como mandamento destruir os povos que contaminavam a
Terra Prometida. Contudo, antes de cada batalha ele inquiria de
Deus. Não saía sem inquirir. Decidir por Deus é uma calamidade e
exigir, esperar ou crer na bênção de Deus sempre que se deseja
mandar n'Ele é crime enorme. É idolatria, pois, assumimos o papel de
Deus e colocamos Deus como discípulo. Existirá maior aberração que
essa ou maior pecado que esse? A condenação desses tais é segura.
Não foi por causa dum pecado similar que diabo caiu?
-
"Bem
aventurado é o homem (...) que não se detém no caminho dos
pecadores",
Sal.1:1. Quando vemos um
acidente na estrada, os carros que passam param ou abrandam para ver
a desgraça dos acidentados. Eles detêm-se no caminho e atrasam o
trânsito. Creio que quando as pessoas se detêm no caminho dos
pecadores para criticar, para condenar ou para apreciar algum
detalhe de tudo que se passa, podem não mais ser tão bem aventurados
quanto pensam que são.
-
Dizem-me,
algumas vezes, que me excedo quando prego a Palavra e que pareço
zangado e frontal demais. Embora a sinceridade não tenha preço e
seja uma virtude que nunca se deva trocar por nada, ainda assim isso
perturbava-me um pouco. Tenho dedicado algum tempo pensando sobre
isso. Mas, acabei percebendo que o pecado dum pregador não advém da
maneira como fala, mas, se vive e experimenta aquilo que prega, se
fala de sua experiência pessoal a respeito da verdade. Se sua vida
estiver de acordo com tudo o que prega e se prega a verdade, é um
santo. Se sua vida não estiver de acordo com a verdade, é um
criminoso sem escrúpulos, pois, a nossa vida fala mais alto mais que as nossas
palavras. As formigas pregam muito e não falam.
-
Tenha
cuidado com tudo que lhe parece ser bom demais. O que é "bom demais"
pode causar incredulidade, tanto quanto tudo que é mau demais. Lá
porque acredita que algo é bom demais para ser verdade, não
significa que não seja algo normalíssimo para Deus. "Eis que, ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poder-se-ia fazer isso? E ele disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém daí não comerás",
2Reis 7:2. Não existe nada que
seja bom demais para ser verdade, sendo que Deus, além de ser
extremamente poderoso, é extremamente bom. Podemos esperar qualquer
coisa vinda de Deus.
-
Todas
as palavras produzem consequências, seja no próprio ou a quem são
dirigidas ou a ambos. Quem fala é e será sempre responsável pelo que
diz. Quem ouve, será tido por responsável pela forma como reage a
essas palavras, sejam elas boas ou más. Se as palavras visam
agradar, devemos repudiá-las, pois, são mentirosas e falsas. Se
falam o que Deus mandou dizer, devemos levá-las em conta e nunca
esquecer delas em momento algum de nossas vidas. E quem crê em
palavras ou profecias falsas, será tido como responsável único por
seus erros e por haver crido em palavras mentirosas. Palavras minhas
dirigidas a outros ou de outros dirigidas a mim, podem constituir-me
como réu ou santo. Tudo depende do estado de meu próprio coração.
-
"Vence
o mal com o bem", Rom.12:21.
Isto não significa necessariamente que se tem de responder com o bem
ou fingindo o bem, mas, que se deve continuar a nossa vida normal
com Cristo sem nos deixarmos alterar e sem permitir que nosso
caminho se altere por causa do mal. Este versículo não nos induz a
responder a quem nos faz mal - embora isso possa ser feito.
Significa, acima de tudo, que devemos manter o nosso rumo sem sermos
abalados caso pratiquemos naturalmente o que é certo e bom. O
objectivo do mal é fazer-nos parar a nossa carreira através do
impedimento, desmotivação ou crítica. Não nos podemos deixar vencer
pelo mal. O objectivo não é responder ao mal, mas, não nos deixarmos
vencer hesitando na nossa carreira por causa do mal - ou por causa
do bem.
-
Fugir
duma voz que se parece com a de Deus, não pode ser pecado e muito
menos colocá-la em dúvida. Pecado seria crer nela. Duvidar do erro
nunca pode ser equiparado a duvidar de Deus. A dúvida pode ser
santidade como pode ser pecado. Tudo depende de quem se duvida e em
quem se acredita.
-
Muitas
vezes, as pessoas 'resolvem' não pecar mais por temor ou medo do
inferno. Assustam-se e tomam decisões que, muitas vezes e por várias
razões, não são cumpridas. A menos que alguém comece a odiar o seu
próprio pecado por amor a Deus, dificilmente abandonará o mal que
pratica.
-
Se
vivemos de cada palavra vinda da boca de Deus, torna-se necessário
que cada palavra que falamos ou cremos tenha mesmo saído da boca de
Deus. Caso contrário, seremos enganados quando aceitamos ou
transformamos uma palavra escrita que não haja sido pronunciada por
Deus pessoalmente para nós. Se desejamos que as
pessoas se salvem verdadeiramente, devemos transmitir as palavras
que Deus pronuncia para elas. Mas, caso falemos fora de tempo, ou
que sejam palavras desconectadas que não vieram de Deus com um
verdadeiro propósito de alcançar alguém especificamente em tempo
determinado e específico, essas pessoas não alcançarão vida. O mesmo
acontecerá se redireccionarmos para outros palavras dirigidas a nós.
-
Um
adversário não é aquele que odiamos e antes aquele que nos odeia.
Muitas vezes, as pessoas pedem vingança a Deus porque detestam
certas pessoas. Isso significa que, se alguém odiar o justo, pede a
Deus para se opor a esse justo. Ora, Deus não agrada pessoas e não
vai desagradar alguém somente por ser odiado. Os nossos adversários
são os que se opõem à verdade, a quem amamos com o amor de Deus por
causa d'Ele. Deus nunca se levantará contra alguém apenas porque
assim desejamos. Se Deus pode salvar, por que razão se levantaria
contra alguém para satisfazer a maldade dum coração que deseja
vingança ou satisfação para a sua raiva ou ciúme?
-
A vida
de pecado é a consequência de se haver alcançado um coração podre, o
qual já não se controla. Se o homossexualismo é o salário que
recebem todos aqueles que trocam Deus por outra coisa, não nos
enganamos se assumirmos que uma vida desviada e pecaminosa é e será
sempre o fruto que se obtém havendo negado Deus de alguma forma.
Mas, é pena que haja terceiros que sofrem com essas consequências,
algo que faz aumentar em muito a culpabilidade de quem negou Deus
nas obras - ainda que os lábios afirmem que amam Deus.
-
A mentira
pode percorrer o mundo enquanto a verdade ainda se prepara para sair e
para se manifestar. A parte boa de tudo é que a mentira tem pernas
curtas e somente os enganadores e mentirosos confiarão nela. A parte
má é que entretanto criou ou recriou corações enganosos. Esse é
seu castigo, isto é, por serem perversos de coração confiarão no que
não devem. A confiante verdade sobreviverá a tudo, pois, tem Vida
nela. A mentira tem a morte desde a sua saída. Não irá longe porque
a verdade chegará com som de trombeta que alcança todo o mundo.
-
Deve
existir uma intimidade tal entre o homem e Deus que haja deleite na
verdadeira e real presença de Deus e sofrimento sem igual fora dela.
Atualmente, os crentes contentam-se com uma presença de 'Deus'
fictícia. Também aconteceria que os sentidos do homem na presença
real de Deus se aperceberiam constantemente do que se passa na mente
de Deus mesmo antes de Ele falar. É isso o que significa estar na
presença de Deus. Quando Abraão intercedia pelos justos que ainda
poderia existir em Sodoma e Gomorra, ele apercebeu-se logo quando
Deus parou de ouvir havendo Abraão chegado aos dez justos. "E
retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão",
Gen.18:33. Foi Deus quem
abandonou a intercessão de Abraão e ele apercebeu-se disso, pois,
"Abraão tornou-se ao seu lugar". Um fato permanece claro: Abraão
sabia que a conversa havia terminado por ali. Era esse o tipo de
relacionamento que mantinha com Deus, pois, apercebia-se de imediato
de qualquer movimentação da vontade de Deus.
-
Existem
milhões de caminhos errados e apenas um caminho certo que se
encontra espalhado e disseminado por todo mundo. Por norma, todas as
pessoas desconfiam desse caminho certo porque ele não está errado.
Se, por acaso, começam a confiar nele sem Deus, é porque ou conseguem
tratar ou lidar com esse caminho como fariam com qualquer outro
caminho errado ou, então, converteram-se.
-
Quando
as nossas palavras vêm de Deus e carregam verdade e poder, não se
torna necessário repetir, enfatizar ou usar outros meios que não
sejam usados pelo poder de Deus para alcançar seus devidos efeitos.
Esse poder é autónomo e não necessita de ênfase humana, emocional ou
qualquer manifestação física que, por norma, é enganadora.
-
Eis
algo em que pensar para todos aqueles que ainda conseguem distinguir
entre pecados. Muitos ainda consideram existir diferenças entre
pecados e acreditam que uns pecados são menos danosos que outros. Se
uma arma de pequeno calibre for apontada à minha cabeça, matará. O
mesmo acontecerá se um míssil me for apontado. O tamanho da arma não
conta. Não ficarei menos morto com uma bala do que com um míssil. O
mesmo ocorre com os pecados. O tamanho do salário do pecado não
depende e nunca dependerá do valor ou da condenação que a sociedade
dá a certos pecados. O pecado mata, seja qual for o tamanho da
condenação que a sociedade agrega a esse pecado. O que conta é o
tamanho da pessoa contra quem transgredimos: Deus.
-
As
pessoas que não têm um verdadeiro relacionamento com Jesus, ainda
que consigam crer n'Ele seriamente (Jó 42:5),
necessitam de se agarrar a alguma outra coisa exterior emotiva,
intrigante ou mesmo misteriosa para se ocuparem com as coisas de
Deus ou para "manter a fé". Por isso é que muitos crentes se achegam
a Deus somente quando têm problemas. Caso tivessem um relacionamento
sério, real e irrefutável com Jesus, nunca necessitariam de algo
mais para serem confortados, encorajados ou motivados para seguir em
frente. Por isso, muitos buscam línguas e sinais e, sempre que Deus
não dá, o enganador imita ou inventa tudo que pedem e desejam. E é
daí que resultam as maiorias das profecias falsas, línguas e todo
tipo de engano dentro das igrejas. Sempre foi assim.
-
Se
Paulo fala numa "boa esperança", (2Tes.2:16),
certamente existe um tipo de esperança que é má, enganadora e
nociva. Se assim não fosse, falaria, apenas, de esperança e não
adjectivava essa esperança como boa. Se existe um caminho que parece certo e tem a morte como
fim, podemos concluir com alguma sinceridade que existirá uma
esperança que não é a verdadeira, a qual terminará em desapontamento
ou mesmo morte. Podemos ler em muitos lugares das Escrituras que a
palavra "boa" é usada muitas vezes sempre que se fala das virtudes
de esperança, ânimo, coragem e outras coisas mais. "Bom ânimo; boa
esperança; fé não fingida"; etc. Vamos ter cuidado: nem toda a
esperança ou fé ou amor são de Deus. Nem tudo é aquilo que parece
ser e, consequentemente, nem tudo aquilo que parece ser mau aos
homens é mau, como o chicote de Jesus no templo. "E pareceu esta
palavra muito má aos olhos de Abraão (...) Porém Deus disse a
Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos..."
Gen.21:11,12.
-
Sempre
que lemos sobre "o Deus vivo" e como as pessoas "se voltaram dos
ídolos para o Deus vivo", isso significa muito mais que aquilo que
os Protestantes e Evangélicos transmitem. Isso significa que as
pessoas experimentam Deus em seu meio como vivo e real. Jesus não
está vivo lá no céu distante, mas, a Sua presença é sentida, temida
e incontornável entre o povo, seja essa presença contra ou a favor
de quem a experimenta.
-
Muitas
vezes, quando as pessoas nos encorajam ou apoiam, não sabemos se o
fazem apenas por simpatia, dever, educação cultural ou se o fazem
por se aperceberem que estamos realmente fazendo o que Deus deseja
que façamos sem perder o fulgor, a coragem ou o amor inicial, isto
é, o primeiro amor. Ajuda muito podermos obter uma percepção real e
verdadeira nas palavras daqueles que nos encorajam para que não
sejamos apanhados a agradar pessoas e a ser agradados por elas.
-
"O amor
seja não fingido", Rom.12:9.
Isto significa que o amor verdadeiro não pode ser algo imposto ou
forçado sobre o coração que nunca foi verdadeiramente transformado.
Significa que o verdadeiro amor que é derramado no coração novo deve
transformar todo o exterior do homem. Ninguém precisa fingir aquilo
que não tem ou que não é. Não se cura o mal com o mal, isto é, não
se começa a "amar" sendo hipócrita. O mal no coração apoderou-se de
todo o ser de cada pecador. Logo, o amor deve sobrepor-se e tomar de
volta tudo aquilo que o pecado levou para tornar a ser dedicado à
prática do amor. Em vez de forçar o coração e criar uma conduta
alternativa de hipocrisia, devemos ajoelhar-nos diante da fonte de
amor para que sejam removidas todas as coisas e todos os pecados que
nos possam separar dessa fonte de amor. Torna-se necessário
aproximarmo-nos de Deus e suplicar-lhe que Seu amor seja derramado
em nós. Isso é uma conduta mais sincera do que fingir o amor e é
totalmente eficaz. Em segundo lugar, a continuação desse versículo
afirma: "Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem". Sair da prática do
mal é abrir caminho para nos apegarmos e praticarmos aquilo que vem
dum coração puro e pleno de amor verdadeiro. Não basta sair do mal
ou aborrecê-lo - há que nos apegarmos ao bem para que a nossa casa
não fique vazia para tornar-se sete vezes pior do que aquilo que
estava antes de haver abandonado o mal. Abandonar o mal é esvaziar a
casa. Depois dessas duas coisas ocorrerem sem sombra de dúvida,
isto, chegar ao ponto de odiar e aborrecer o mal e o bem ser
consagrado como forma de vida, torna-se possível sermos atendidos
para recebermos esse amor que é derramado dos céus para amarmos
através dele.
-
"Sede
unânimes entre vós; (...) não sejais sábios em vós mesmos",
Rom.12:16. A unanimidade
verdadeira e não fingida ou forçada é: ter a mesma mentalidade, usar
os mesmos meios para se mover como se fosse um só homem, elevando o
mesmo Deus com toda a sinceridade. Ser sábios aos próprios olhos é o
principal obstáculo a que isso aconteça. Na verdade, é oposto
extremo de andar e viver em unanimidade. Ninguém pode ser unânime
pensando menos dos outros ou pensando menos dele próprio. Quando
somos nada, nunca nos sentiremos superiores ou inferiores a alguém,
pois, nada não pensa nessas coisas, não pensa dessa maneira. Não se fazem
comparações quando se anda em unanimidade.
-
As
Escrituras dizem que onde dois ou três concordam em oração, onde
estiverem de acordo, obterão tudo aquilo que pedem. Isso implica que
o Espírito Santo tem liberdade total para operar a mesma coisa
nesses corações que se unem. Por essa razão estão de acordo. Isso
precisa ser bem entendido antes de nos aventurarmos em orar com o
propósito de recebermos respostas concretas. Os homens podem estar
de acordo por muitas outras razões. Podem estar de acordo por terem
a mesma cultura, as mesmas dificuldades ou os mesmos desejos e
atitudes. Isso nunca pode ser visto como aquilo que Jesus diz ser
concordar em oração. Concordar em oração significa que Deus opera as
mesmas coisas em corações diferentes.
-
"Se
pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis",
Rom.8:13. Muitas das expressões
neste capítulo de Romanos têm tanto significado que não se consegue
transmitir a plenitude de tudo ao mesmo tempo. Lemos que a carne não
é apenas mortificada, mas, que precisa sê-lo através do Espírito de
Deus e não doutra maneira ou através doutros meios. Por via doutros
meios nunca resultaria em santidade que agrade a Deus. Se temos
mesmo o Espírito de Deus, existe uma maneira de tudo funcionar como
vem descrito nas Escrituras. Certamente que ninguém pode ser achado
a lutar da maneira errada. Paulo afirmou que a nossa luta não é
contra carne e sangue. A nossa luta torna-se fácil abstendo-nos
desse engano de sermos achados a lutar contra pecado e tentação.
Quando temos verdadeiramente o Espírito de Deus e quando não é um
espírito enganoso passando pelo Espírito Santo, há que considerar a
carne como defunta e morta. Ninguém tem razões para bater num morto
ou de lutar contra ele. Morto não oferece perigo a ninguém. Caso o
Espírito de Deus reine em absoluto e seja uma experiência real e não
ficção religiosa, a carne é considerada verdadeiramente morta porque
está mesmo morta. A carne encontra-se tão morta para este mundo
quando um cadáver. Assim, podemos envolver-nos com a
Vida Eterna que habita em nós, isto é, aquela vida constante sem
altos nem baixos. Quando chegarem as tentações, deveremos ser
achados e absorvidos vivendo a Vida e não combatendo o pecado morto.
"Guarda (segura) o que tens...",
Apoc.3:11.
Quanto mais penso nisto, mais me convenço que o cerne da questão
reside no achar a verdadeira plenitude do Espírito de Deus. Achando
o Espírito da forma que Ele foi achado em Pentecostes, as coisas
começam a funcionar da maneira que dizem as Escrituras. Ele será
achado por quem o buscar de todo o coração.
-
Se
julgo a lei, não estou cumprindo a lei. Não se podem executar duas
tarefas distintas e contrárias ao mesmo tempo. É isso que a Bíblia
afirma. Sempre que não esteja cumprindo a lei de Deus, estou
transgredindo e quebrando essa lei. Não existe meio termo e nunca
será possível a indiferença para com a lei de Deus.
-
Todas
as vezes que alguém caia na armadilha de fingir ou imitar a
humildade, esquiva-se a destruir a raiz do orgulho do seu coração.
Fingir a humildade é encobrir o orgulho para deixá-lo viver. Fingir
não é colocar tudo na luz e nunca pode ser andar na luz.
-
É um
facto que a sabedoria da pessoa permanece com ela quando se afasta
de Deus. Salomão afirmou que a sua sabedoria permaneceu nele quando
se entregou à bebida e a outras coisas que não devem ser feitas.
Essa sabedoria servirá para duas coisas: ou para salvar ou para
condenar. Para ambas as situações torna-se necessário que a
sabedoria permaneça com quem se desviou. Contudo, isso não significa
que Deus continuará instruindo com a verdade aquele que se desviou
após haver-se desviado, aumentando a sua sabedoria. O mais provável
é que o diabo a use. Tudo quanto aprendeu permanece com o desviado,
nem que seja apenas para atormentar a sua consciência e tirar-lhe a
paz. Se a pessoa se conforta a ela mesma concluindo que a sua
sabedoria permanece com ela havendo-se desviado de Deus, fá-lo
acreditando que continua nos caminhos de Deus apenas porque a
sabedoria permanece com ela. Devemos perceber que podemos estar
desviados continuando a pregar a verdade. A falta do poder de Deus
ou o poder do diabo operando atestam para esse facto e testemunham
contra quem se desviou.
-
Paulo
fala, em Rom.7, sobre o homem que não consegue fazer o bem que
deseja e pratica o pecado que não deseja. Paulo fala duma pessoa
debaixo da lei, contrastando-a com alguém debaixo da graça em Rom.8.
Vamos focar alguns pontos aqui a esse respeito: a maioria das
pessoas que pecam, amam o pecado. Por isso, aqueles que tentam
desculpar-se ou justificar-se dos pecados que amam usando esta
passagem bíblica não caem na categoria dos que são mencionados por
Paulo. Paulo fala de alguém que ama o bem e odeia o mal que pratica
e não dos que amam o mal que praticam. O homem que Paulo descreve é
aquele que deseja ardentemente ser cumpridor da lei de Deus, cujo
coração nutre esse sonho e, contudo, faz tudo pela lei e não alcança
a graça porque não é capaz de buscar aquilo que desconhece. Por essa razão, somos incentivados a buscar e
achar o verdadeiro poder da graça que aniquila o homem velho a ponto
de poder considerar-se morto - verdadeira e inquestionavelmente
morto. A pessoa descrita por Paulo em
Rom.7 não opera através da graça de Deus, a qual só se acha por
Jesus Cristo. Ainda que acredite em Cristo, Ele não é o seu caminho,
a sua verdade e vida. Tal homem é carnal porque só consegue confiar
nele mesmo inspirado pelo medo que sente no estado de condenação no
qual se encontra. Em segundo lugar e contrariamente à crença de
muitos pregadores que se revêem neste capítulo das Escrituras, Paulo
não diz que esse estado de coisas é um estado de vida e antes de
morte. Ele diz que existe um corpo da morte preso a tal pessoa do
qual se deve livrar por Cristo Jesus e cuja experiência de
libertação deve tornar-se real e não apenas fictícia. Quem se acha a
ele mesmo nesse tipo de dificuldade ou tribulação encontra-se
condenado e não salvo. São más notícias para quem deseja continuar
pecando e, ainda assim, manter esperanças numa vida no céu.
Precisamos ser libertos desse corpo de morte, pois, não é um corpo
de vida. "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta
morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor",
Rom.7:24,25. Ninguém se encontra a
salvo agarrado a esse corpo de morte.
-
"Posso
todas as coisas por Cristo que me fortalece",
Fil.4:13. Este é um dos versículos
mais mal usados da Bíblia e mais indecentemente aplicados. Raramente
o seu verdadeiro significado é entendido. Permitam que me explique.
Por decreto de Deus, o pecado enfraquece o coração. É a vontade de
Deus que qualquer pecado torne o homem fraco. A verdadeira força do
homem consiste em sua santidade, desde que seja adquirida caminhando
perto de Deus pela força da graça. Aquilo que a Bíblia diz ser
fraqueza, é uma fraqueza em tornar-se santo, pois, estando separado
de Deus ninguém conseguirá alcançar o monte santo. Esta fraqueza não
é nenhuma outra - é uma falta de aptidão e de vontade para com Deus.
Na verdade, a falta de força capacita qualquer homem a ser
pecaminoso e perverso. Fraco em Deus é forte em pecar; forte em Deus
é incapacitado na vida de pecado. Por vezes, os mais sinceros cumpridores da
lei são os que desejam tornar-se santos sem alcançar graça de forma
exclusiva, isto é, para que se tornem santos somente pela graça. O
nome que se dá ao poder de Deus é GRAÇA.
Tentam outros caminhos e outros meios sacrificiais. Por essa razão a
lei se tornou fraca para salvar o homem, pois, podemos cumprir a lei
de Deus apenas pela graça. Sem essa graça se tornar real, fluente e
verdadeira, ninguém alcança Deus porque o sangue de cabras e de
touros não são capazes de tirar o pecado do coração do homem - e
nem o sangue e suor do homem e nenhum outro sacrifício o conseguirá. Paulo afirma que a lei se
tornou fraca para salvar devido ao pecado. Esta falta de força ou de
poder é a vontade de Deus para o homem que vive no pecado e para que
o homem viva de e para Deus. É um
decreto eterno, o qual nunca mudará. Mesmo assim, muitos tentam
mudar este decreto segurando em seus pecados e clamando por uma
entrada airosa no céu. A força de Deus é um tipo de força ou de
poder que capacita todo o homem a tornar-se santo, isto é, a
tornar-se filho de Deus. "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem tornados filhos de Deus",
João 1:12. Contudo, muitos há
que desvirtuam esta verdade clamando por força e graça para
propósitos que não são os da graça, isto é, não são exclusivamente
para que o coração se torne santo. O tipo de força que estes
enganados buscam é uma tal que os capacite a viver como sempre.
Querem força sem saírem de seus pecados. Na verdade, isso seria uma
anulação do decreto eterno de Deus. Também pedem força para
capacitá-los a fazerem as coisas por eles mesmos, através duma força
carnal, a qual é a principal opositora da graça. Querem que Deus
opere contra Ele próprio e a seu favor. Pedem uma força sua e não a
de Deus. Pedem que Deus os fortaleça e não que sejam fortalecidos em
Deus e pelo Seu poder, o qual retira qualquer papel ou intervenção
da a carne no panorama da santidade. Não querem graça para os propósitos para os quais a graça é
disponibilizada gratuitamente. Antes, buscam uma maneira de poderem
fazer as coisas pelo poder da carne. "Na tua comprida viagem te
cansaste; porém não disseste: Não há esperança; achaste novo vigor
NA TUA MÃO", Is.57:10. Sempre que Paulo fala de
fraqueza, ele fala da incapacidade carnal de se purificar ou de
tornar santo. "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu
tempo pelos ímpios", Rom.5:6.
Devemos lembrar que esta falta de força ou poder da qual se fala
extensivamente na Bíblia é um verdadeiro poder a favor do pecado e
da carne. Caso assim não fosse, Cristo não teria morrido para
desfazer as obras da carne. Esta fraqueza em prol da santidade é um
grande poder em prol do pecado. Um fraco para a santidade tem muita
habilidade e muito poder a favor do pecado. Essa fraqueza é um poder
que afasta de Deus. Isso acontece por decreto e vontade de Deus.
Deus quer que assim seja desde que cortou o acesso à árvore da vida.
Sempre que alguém diga que "pode todas as coisas por Cristo que me
fortalece", devemos ver em que contexto isso é dito. Provavelmente,
estão querendo crer em uma mentira para poderem continuar como
sempre nas suas iniquidades. Gostam de acreditar que Deus os
fortalecerá. O poder de Deus torna santo e é por essa razão que esse
poder vem associado ao Espírito Santo. Deus não dá poder animal e
carnal e também não dá o poder da graça para que alguém possa viver
da carne. Esse poder próprio só é dado pela carne,
cuja força é fraqueza para com Deus. É na fraqueza da carne que nos
tornamos fortes e é na força da carne que nos tornamos fracos.
Sempre que alguém esteja entregue a ele mesmo, peca mais e peca mais
facilmente e com menos pudor. A sua luta por direito é, nada mais e
nada menos, que uma luta interior contra a própria consciência. E
não nos podemos fortalecer contra a verdade na consciência. Até as
simpatias de quem é forte na carne são uma busca de aceitação pelos
demais e não uma busca de santidade, a qual foi rejeitada por
depender do braço e da força da carne.
-
Homossexuais
(de acordo com a Bíblia), são
pessoas entregues a elas mesmas e foi Deus quem as entregou. Clamam
por direitos que não têm ou não existem, tentam viver uma vida
inexplicável e ainda exigem que os demais aceitem as suas perversões
como normalidades. Porque não conseguem atingir a paz e o sossego
que pretendem em suas vidas impraticáveis, esforçam-se cada vez mais
contra a verdade impondo aos outros os direitos que dizem ter. Os
governos querem dar-lhes esses direitos esquecendo que em cada direito
que obtenham para a sua vida perversa é roubado às pessoas normais.
Noutras palavras, os direitos que recebem são extorquidos dos que
praticam o bem. Ninguém consegue dar um direito a um homossexual sem
tirá-lo de alguém. Até dando-lhes direitos de co-adoção, tiram esses
direitos a crianças inocentes, os quais não têm experiência de vida
suficiente e nem direitos de opção na escolha dos pais adotivos.
-
Se
caminhamos verdadeiramente com Deus (como Enoque) e até mesmo parecendo não haver
solução à vista para qualquer coisa que esteja acontecendo
estando dentro da vontade de Deus, creio firmemente que a solução
está bem próxima.
-
"Aborreces
a correção...", Sal.50:17. Precisamos
ter cuidado extremo quando nos ressentimos de algum tipo de
correção. Isso poder ser a ponta dum iceberg de teimosia a
mostrar-se.
-
Temos
certas leis na natureza das quais nunca nos livraremos. Essas leis
também existem na esfera espiritual. Por exemplo, um mentiroso só
escuta outro mentiroso; os mentirosos entendem-se uns com os
outros; os verdadeiros entendem-se, por sua vez, uns com os outros.
Existirá sempre uma resistência contra a verdade dentro do coração
mentiroso. Mesmo que essa verdade diga respeito ao próprio e ele
saiba que é verdade, resisti-la-á sempre. Agora, existem pessoas que
não apenas acreditam em mentiras facilmente, como as espalham como
se fossem fatos. Muitos afirmam que Jesus não nasceu duma virgem,
ainda que falem d'Ele. Preferem a mentira e a calúnia acima de
rejeitar os pensamentos sobre Jesus totalmente. Ainda falam d'Ele,
pois, preferem isso acima de negar a Sua existência. Outros, por sua
vez, acreditam que hoje Deus já não faz as coisas que fazia no tempo
dos apóstolos; ou que Jesus não salva verdadeiramente dos pecados e
que continuaremos pecando. Isso são tudo mentiras que muitas pessoas
tendem a acreditar com muita facilidade, por vezes por conveniência.
Se as leis que mencionei são verdadeiras, então, só podemos assumir
que quem acredita nessas coisas tem, de alguma forma, um coração
mentiroso. Por isso acredita nelas.
-
Qualquer
pessoa que coma cada vez menos, sentirá cada vez menos apetite.
Sabemos como as crianças doentes perdem o seu apetite e,
consequentemente, o apetite diminuirá de dia para dia. O
enfraquecimento diminui o apetite e a falta de apetite aumenta a
fraqueza. Por essa razão, alguns pais forçam as crianças a comer nem
que seja apenas um pouco. Isso significa que qualquer apetite santo
que não seja satisfeito, que seja desprezado ou menosprezado
diminuirá a olhos vistos com o decorrer das circunstâncias. Isto
parece ser uma lei da natureza, isto é, que a boa fome diminui na
medida que seja desprezada ou negligenciada na insatisfação.
Escusado será dizer que o mesmo acontece com o ler e aprender a
Palavra de Deus e, também, com a verdadeira oração, boas obras e
todo o fruto do Espírito. As más obras também funcionam da mesma
maneira. Por exemplo, a preguiça diminui na medida que vamos
trabalhando e aumenta na medida que vamos parando. O coração deixa
de desejar aquilo que é negligenciado, seja bom ou mau. Se
negligenciar o mal, deixará de desejá-lo e se negligenciar o bem
deixar de desejá-lo também.
-
Todos
nós sabemos que Jesus é o Caminho. Mas, isso significa muito mais do
que aquilo que possamos imaginar. Ele é a solução e o caminho para
muitas situações que possamos enfrentar. Logo, se Ele é o (único)
caminho, isso significa que existem muitos caminhos alternativos.
Caso isso não fosse assim, Ele nunca daria o ênfase que deu ao fato
de Ele ser o Caminho. Todos os outros caminhos são falsos e
enganadores. Contudo, descobri no meu caminhar que um caminho
paralelo é bem mais perigoso que aquele que se opõe frontalmente ao
Caminho que devemos seguir.
-
Por
vezes, temos esta ideia de que todos os mandamentos têm sempre um
princípio moral por trás deles e que, sendo capazes de cumpri-los
todos, somos santos. Isto é, não é o santo que cumpre, mas, é o
cumprir que torna santo. Não sei até que ponto isso é ou foi verdade
porque eu creio que é o santo que cumpre. Porém, existe uma outra
verdade que, muitas vezes, nos passa despercebida e é sobre ela que
desejo falar: existem mandamentos que nos levam a lembrar do Senhor
em nosso caminhar.
Ao manter esses mandamentos, nossos corações aproximam-se d'Ele para
O olharmos e para encararmos a graça de frente, olhos nos olhos. É a
graça ativa que salva. Pela graça fazemos tudo, para que tudo o que
fazemos tenha como tornar-se aceitável e agradável ao Senhor. Ao
cumprirmos alguns mandamentos, somos santos; e cumprindo alguns
outros, abrimos o caminho para sermos santificados em pouco tempo, caminhando com o Senhor passo a passo, conhecendo-o como
Ele realmente é e reconhecendo-O em nossos caminhos. Existem mandamentos que nossos corações e mentes
cumprem naturalmente por sermos santos e existem aqueles mandamentos
que, sendo meticulosamente obedecidos abrem o caminho para que nos
tornemos aptos e capazes para a santidade e para cumprir a vontade
de Deus, o que significa ser santo. Podemos ter esta ideia romântica
de que cumprindo os mandamentos nos tornamos santos. É verdade que
Deus aponta e espera a nossa santidade. Nós também devemos buscar
ser santos ao invés de apontar os erros dos outros. Podemos
tornar-nos moralmente corretos, acreditar nas doutrinas certas e
pertencer à Igreja ideal sem conhecermos o Senhor. Isso acontece
porque não nos lembramos do Senhor em Seus caminhos. Esses caminhos
tornam-se, consequentemente, os nossos próprios caminhos e não os do
Senhor. Por essa razão existem mandamentos que nos fazem lembrar o
Senhor. Você sabe que os caminhos do Senhor não são os nossos? É
muito importante poder lembrar o Senhor nos caminhos da santidade,
pois, vivemos recebendo graça real. Ele tem outros meios pelos quais
devemos caminhar em Seus caminhos. "Saíste ao encontro daquele que
se alegrava e praticava justiça e dos que se lembram de Ti nos Teus
caminhos", Is.64:5. "Te
lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é Ele o que te dá força",
Dt.8:18.
-
Caso
obtenha muito sucesso na obra para Deus, cuide de lembrar
continuamente que por grandiosa que seja a sua obra, será sempre uma
gota no oceano dos perdidos. Haverá sempre mais gente para salvar
que aqueles que vão sendo salvos.
-
Caso
o Senhor Jesus seja verdadeiramente Senhor em sua vida e caso Ele
seja realmente o primeiro e o último em coração, tudo o que você
possa fazer neste mundo é muito importante. Tudo aquilo em que possa
pensar ou fazer ganha outra importância extrema à qual nunca se
acostumou. Tudo aquilo que faz descansa na bênção que acha ou na
bênção o acha a si. Contudo, se Deus estiver presente em sua vida e,
ainda assim, Ele não seja o primeiro e o último, se Ele não for a
única razão da sua vida, tudo o que você possa fazer ou pensar é uma
perda de tempo. Ao mesmo tempo, a comida da Bíblia será, para si,
como estar a apanhar as migalhas que caem da Mesa do Senhor para o
chão.
-
"Se
Eu, em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a
todo o lugar por amor a eles", Gen.18:26.
Poderá isto explicar a razão porque muitas cidades ainda não foram
destruídas?
-
Existe
uma linguagem na Bíblia da qual as pessoas nem sempre gostam porque
pretendem entender as coisas da sua maneira. Esse é o problema
principal da crença: é ela quem diz como crer e o que crer e impõe
isso a Deus. Por exemplo, eu posso dizer algo assim: os carros foram
construídos, não para as pessoas se acidentarem, mas, para se
deslocarem dum lado para o outro. O que quero dizer com isso? Quero
dizer que existem muitos que se acidentam através de algo que foi
criado para outros fins. Mas, o que entendo quando leio algo assim
na Bíblia? Ora vejamos: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para que condenasse o mundo, mas, para que o mundo fosse salvo
por Ele", João 3:17. Devemos prestar
mais atenção à verdade. Ela diz: "(Ele) foi a principal pedra de
esquina. E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo para aqueles
que tropeçam na palavra, sendo desobedientes",
1Ped.2:7,8.
-
O melhor
nem sempre é alcançado através do esforço. O melhor que pode ser
feito tem, muitas vezes, a ver com a criatividade, a espontaneidade,
a destreza e a ligeireza para fazer. O esforço nem sempre significa
ligeireza e existem coisas que não precisam esforço. Aliás, existem
coisas que se tornam imperfeitas quando feitas pelo esforço. Para eu
lidar com chumbo, preciso esforço; mas, se exercer esforço sobre
algo frágil e meticuloso, errarei grosseiramente. A perfeição nem
sempre é esforço
-
Sempre
que falamos do bem e de praticá-lo, entendemos sempre que é fácil
querer e não fazer. "...assim como houve a prontidão de vontade,
haja também o cumprimento, segundo o que tendes",
2Cor.8:11. Mas, o que dizer do
inverso? "...Não foi só praticar, mas, também o querer...",
2Cor.8:10.
A Bíblia
fala-nos, muitas vezes, a respeito da vara. Pela Palavra de Deus,
Deus usa a vara; os pais e mães devem usá-la com toda prontidão e
sabedoria; e os opressores também usam a vara. "... a vara do seu
opressor...",
Is.9:4.Não devemos desprezar, adiar ou
odiar o uso da vara somente porque a opressão faz um mau uso dela.
Quando olhamos para o mundo e para a maneira como lidam uns com os
outros, apercebemo-nos que se acusam continuamente e que se agridem
facilmente, tanto verbal como fisicamente. A acusação como vara é
uma das armas do mundo. Corrigir através da vara é um método usado
por Deus e pelos pais santos em Deus. Até a consciência usa uma
vara, tanto a má como a boa consciência. A má consciência usa-a
contra os outros quando se sente agredida e afetada; a boa
consciência usa bem a vara quando é iluminada por Deus, isto é,
usa-a com o intuito de se corrigir e ser limpa pelo sangue de Jesus.
Devemos perder o hábito de usar a vara da maneira que os opressores
a usam, isto é, mudando os motivos e os meios e fazendo uso de
ameaças, as quais devem ser negadas e abandonadas para sempre. "E
vós, (...) deixando as ameaças...",
Ef.6:9. Será que o uso de ameaças é
umas das razões por que temos lábios impuros e por que vivemos entre
um povo de impuros lábios (Is.6)?
Ainda
que Deus esconda o Seu rosto de alguém, deve-se esperar n'Ele. Não
podemos buscar vias alternativas. "E esperarei ao Senhor que esconde
o seu rosto da casa de Jacó e a Ele aguardarei",
Is.8:17.
Existe
grande diferença entre cobrir e encobrir. Eva encobria as suas
vergonhas e escondia seus pecados. Mas, os serafins cobriam os seus
rostos e pés na presença de Deus. Os serafins cobriam por humildade
e não estavam recusando andar na luz. É verdade que aquele que
encobre não anda na luz, mas, não era o que estava acontecendo com
os serafins. Eva escondia-se da luz quando encobria os seus pecados
e as suas vergonhas.
"Esperou
(...) justiça e eis aqui clamor", Is.5:7.
Ou existe justiça no coração, isto é, ou as pessoas são justas e
puras, ou, então, existe clamor e opressão. Não existe meio termo:
ou existem justos ou existem oprimidos e queixosos.
É de
extrema importância saber que a santidade é uma das condições para
conseguirmos alcançar as obras de Deus por várias razões. Uma dessas
razões é que quando a pessoa entra nos caminhos da santidade,
encontra direção, pois, a santidade de coração é a própria obra de
Deus. Tudo quanto recebemos deve operar em prol da santidade. Essa
santidade não se alcança sem Cristo, Pois, Ele é o caminho. Logo, se
buscamos a santidade por causa de outras coisas, não buscamos que as
coisas operem no sentido da santidade. Fica tudo trocado. Não
podemos pensar que as obras de Deus sejam outras coisas, as quais se
alcançam tornando-nos santos. A santidade não é um meio e antes um
fim. Se não entrarmos na santidade, ainda não entramos nas obras de
Deus. Logo, ao nunca alcançarmos certas coisas não se deve à falta
de obras, mas, dum curso errado, dum meio errado na direção errada
ou certa. Tentar alcançar outras coisas, seja através das obras ou
seja sem elas, é o caminho do erro. O caminho certo é buscar e
achar a santidade da maneira certa, isto é, através de Jesus
que é o caminho (o meio) e nunca através de qualquer outro meio
legalista. Não basta buscar a verdadeira santidade - é necessário
achá-la o quanto antes. A razão por que nunca alcançamos certas
coisas é estarmos em rumo incerto e não por falta de obras. A razão
é porque não buscamos a santidade e as coisas que buscamos devem ser
preparadas para alcançar esse tipo de santidade que ser alcança
através de Cristo. Ora, quando se buscam coisas sem termos a
santidade em vista como ponto final, ou quando se busca a santidade
para alcançar certas coisas, entramos nos caminhos do erro. Sendo
assim, não alcançaremos essas coisas e nem a santidade.
Se,
no tempo de Salomão, a prata deixou de ter qualquer valor devido à
abundância de ouro, espero que no meu ministério seja o ouro que
deixe de ter valor devido à abundância de vida e de tesouros vindos
do céu.
Se
Davi ia aumentando e crescendo "porque o Senhor Deus dos Exércitos
era com ele", (2Sam.5:10), isso
significa que existem muitos que vão decrescendo e diminuindo em
muitos ou todos os aspectos porque Deus é contra eles.
É bom
apanharmos a vida da doutrina e não apenas aprendermos a doutrina da
vida.
Por
vezes, nós pedimos tudo que precisamos sem especificar. Reconheço,
no entanto, que nem sempre sabemos quais são as nossas necessidades
reais. Mas, existem momentos que pedimos um tudo grande quando o que
necessitamos é uma coisa pequena ou apenas um detalhe de algo que
completa ou complementa o todo que estamos pedindo. Como a nossa
cabeça dá um nó esperando algo enorme, forte ou grandioso, não
conseguimos conceber, esperar ou receber algo pequeno ou
complementar. Embora não tenhamos um coração que despreza as coisas
pequenas, rejeitamos algum detalhe porque esperamos algo maior.
Quando esperamos um tudo de algo e precisamos apenas de certos
complementos ou acréscimos, também temos a tendência para rejeitar
ou ignorar a obra que já foi conseguida, pois, esperamos e pedimos
"tudo". Esperando um "tudo" de algo, recusamos um algo do "tudo".
A força
da carne e as suas opções ou alternativas servirão tanto para um
homem de quem o Espírito Santo se apoderou quanto serviriam os
equipamentos e armadura de Saul para Davi. Apenas atrapalhariam.
Para vestirmos uma roupa, tiramos outra. Para vestirmos a couraça de
Deus, precisamos tirar a outra da carne.
Existem
muitas pessoas que desejam ser ou tornar-se grandes. Esse espírito
instalou-se dentro do povo de Deus e todos querem ser grandes. Fazem
de tudo, pregam, insinuam-se e ensinam com esse propósito absurdo,
obscuro e egoísta. Contudo, ser grande no Reino de Deus é muito
simples. Lembro rapidamente que Jesus falou em sermos os menores
para sermos grandes. E também lembro que Jesus disse que existe
outra fonte de grandeza: "Qualquer (...) que cumprir e ensinar (a
cumprir) será chamado grande no reino dos céus",
Mat.5:19. O segredo da grandeza não
reside no ensinar, mas, no cumprir. Quem cumpre é grande.
Todo
aquele que ama a verdadeira sabedoria pedirá perdão mil vezes sempre
que se esquece de algo importante que Deus lhe revelou. Agirá como
se tivesse perdido uma pérola de grande valor e busca-a
incansavelmente para poder tornar a lembrá-la.
"Descansa
no Senhor e espera n´Ele", Sal.37:7.
Esperar em Deus é e será sempre uma opção. Enquanto esperamos,
aparecerão outras opções para resolver o que pretendemos resolver. A
impaciência pode tomar essa alternativa porque não espera no Senhor.
É como deixar de esperar por Deus porque apareceu uma alternativa
antes que Deus se manifestasse. Mas, são rotas diferentes que são
tomadas e não oferecem a mesma segurança e não terminam no mesmo
lugar. E nós lemos que devemos alcançar o fim que esperamos.
Em
todas as Escrituras lemos que Deus apoia, ajuda e mantém o justo por
ser justo. Mas, isso não significa que precisamos tornar-nos justos
com o intuito de sermos ajudados. Deus não é comprado e nunca será.
O que isso significa é bem diferente. Deus tem uma verdade para
defender. Se Deus ajudar o ímpio a estabelecer-se, logo, ajuda a
impiedade, pois, a fonte da impiedade é o ímpio.
Não
nos podemos limpar para alcançarmos certas coisas que nos estão
vedadas por estarmos sujos diante de Deus. É verdade que não
alcançamos certas coisas por estarmos separados de Deus. Mas, nunca
nos podemos limpar para alcançarmos essas coisas. Devemos limpar
todo o nosso coração e toda a nossa vida com o intuito exclusivo de
sermos limpos. Deus dará justiça a quem deseja ser justo.
Qualquer
um que coloque condições a Deus ou aos homens para fazer o que deve
ser fazer, também é pessoa para ameaçar quando as coisas não correm
a seu gosto e conforme a sua preferência. "...Deixando as
ameaças...",
Ef.6:9.
A lógica
afirma que todos os que ficam na cama sem estarem a dormir estão
doentes. Mas, existem muitos que ficam na cama de manhã sem estarem
a dormir, sem serem incapacitados e sem estarem doentes.
"Assim
que já não sois estrangeiros (...), mas, concidadãos dos santos",
Ef.2:19. Se alguém é concidadão
dos santos, é porque se tornou santo. Não existe concidadão dos
santos que não seja santo e puro.
O tempo
joga a nosso favor quando esperamos em Deus. Existem pessoas que
esperam em vão porque não estão bem com Deus e não têm a suas vidas
em dia no tocante a todos os seus pecados passados e presentes. Pode
dar-se o caso, também, de não haverem sido fiéis em algo que
receberam e pelo qual esperaram fielmente. Logo, esperam em vão por
não haverem sido fiéis e não se haverem corrigido. A fidelidade não
termina com a espera, mas, persiste depois que recebemos. Para
aqueles que obtiveram uma comunhão e uma intimidade real com Jesus,
o tempo passa a seu favor. Tudo opera para o bem dos que esperam
verdadeiramente em Deus, pois, as suas esperanças não enganam e não
são falsificadas.
Quando
se diz que estamos fazendo algo para Deus porque Ele fez muito por
nós, devemos pensar no que estamos dizendo e com que intenções. Se
estamos dizendo estamos dando algo em retorno, podemos ter a certeza
que esse algo tem muito pouco valor em termos celestiais. O que tem
valor para Deus é aquela obra voluntária, a qual é feita de livre e
espontânea vontade, cheia de amor e sem condições ou pré-condições
para cumprirmos o nosso dever. Todo aquele que coloca condições para
fazer o que deve, é aquela pessoa que é capaz de ameaçar sempre que
a sua própria vontade não é satisfeita. É pessoa de exigências. Se
damos porque Deus nos deu, podemos ser considerados oportunistas
agradecidos. Mas, existe outra coisa que é bem verdade quando
dizemos que fazemos algo porque Deus fez coisas por nós. Jesus
conseguiu uma obra na Cruz que ainda é feita nos corações. A obra da
Cruz precisa ser feita ainda hoje. Quando essa obra interior se
conclui satisfatoriamente (aos olhos de Deus), nós conseguimos amar
voluntariosamente porque Seu amor foi e é continuamente derramado em
nós para amarmos através dele. Logo, nós fazemos porque Ele fez
primeiro. A má interpretação deste facto é o que leva as pessoas a
entenderem que devem retribuir a Deus porque Ele fez algo por eles.
Isso significa que a pessoa é carnal e procura retribuir pela
própria força e através do sacrifício. Isso não vem da fé e não é
operado pela graça. Tudo aquilo que não é da fé é pecado e tudo que
não é substanciado, operado e concluído pela graça é fogo falso
colocado indevidamente no altar de Deus.
A intimidade
com Deus não é determinada pela obra que devemos fazer, ou pelo dom
que temos de exercer, ou pelas virtudes e poder que Deus demonstra
em nossa obra para Ele. A intimidade com Deus deve e pode existir
sem qualquer motivo especial além de pertencer a Ele. Os dons, as
obras e tudo que devemos fazer necessitam da bênção de Deus, mas,
cada qual deve cuidar da sua própria vida como se não estivesse
fazendo nada para Deus e como se a sua única tarefa na vida fosse
ser ou tornar-se íntimo de Deus em toda a santidade e em todos os
sentidos. Os milagres, o poder, a pregação poderosa e cheia de
convicção não tem o poder de fazer o obreiro aproximar-se
intimamente de Jesus, pois, aproximar-se de Jesus e a obra que faz
são coisas distintas. Muito além do que faz, qualquer um deve
apresentar-se diante de Deus sem nada, sendo somente ele próprio. A
tarefa da nossa vida é ser de Deus e pertencer-lhe
incondicionalmente. O resto, isto é, tudo aquilo que fazemos é
importante para que os outros possam, também, aproximar-se de Deus.
A obra que fazemos não nos beneficia em nada além do prazer de
estarmos a fazer algo importante pelo Reino. Devemos cuidar das
nossas vidas paralelamente para não sermos achados ganhando o mundo
e perdendo a própria alma. "Cuida de ti mesmo e da doutrina.
Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás tanto a
ti mesmo como aos que te ouvem",
1Tim.4:16.
Um profeta
falso raramente acredita ser falso. Não creio que exista um falso
profeta que acredite ser falso, embora eu possa estar errado a esse
respeito. São pessoas enganadas. Os falsos costumam falar e
expressar-se com maior convicção que os que andam perto de Deus
porque não temem errar.
Quando
Deus escolhe alguém, fá-lo tendo a Sua vontade em vista. Logo, o bem
de Deus significa o bem de quem Ele escolheu.
"Mas,
a indignação e a ira aos que são (...) obedientes à iniquidade",
Rom.2:8. Se existe obediência ao
pecado, a desobediência a esse pecado só pode ser considerado um
virtuosismo de enorme valia. Precisamos ser desobedientes ao pecado
e não sentir remorsos, o que equivaleria a olhar para trás.
Não
devemos esquecer que a Palavra é vida e não um
mero estudo. Aprender a Palavra é apanhar a vida e não aprender para
recitar ou para acrescentar ao saber.
Uns mentem
para se esconderem e outros falam a verdade para encobrirem algumas
coisas com ela. Mas, devemos usar a verdade para nos manifestarmos e
para nos colocarmos na luz.
É melhor
não dar qualquer esperança que dar esperança falsa. Por isso, busque
ter esperança verdadeira, aquela que nunca engana,
Rom.5:5.
"Vós
tendes dito (...) Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os
soberbos; também os que cometem impiedade são edificados; sim, eles
tentam a Deus e escapam",
Mal.3:14,15. Sempre que a pessoa
tem uma mente terrena, sempre que considera a terra como bênção
maior, toda a pessoa vê como maldição quando algo lhe falta. Mas, se
isso fosse verdade, os terroristas e assassinos não estariam bem na
terra. E enquanto as pessoas acreditarem na terra como bem maior,
dificilmente Deus pode perseguir os inimigos do Evangelho e os maus,
pois, levaria a estabilizar essa crença que o bem está na terra.
Nem
sempre se trabalha para Deus quando se prega o Evangelho. Existem
pessoas que trabalham para ver os frutos. Ora, enquanto a obra for
feita por causa dos frutos, não vai ser feita para Jesus. E
trabalhar para Jesus dá mais fruto que trabalhar por qualquer outro
motivo. Provavelmente, a pessoa que trabalha arduamente pelos frutos
não verá os frutos do seu trabalho durante um tempo para que seja
santificado e mais dedicado a Jesus que ao trabalho. Somente os
entendidos poderão entender e assimilar esta verdade.
Existem
certas verdades que são como uma roupa de lã que ainda não foi
terminada: muitos procuram a ponta para continuar a obra, enquanto
outros procuram a ponta para desmanchá-la, desintegrá-la e
destrui-la.
O legalismo
destrói em vários sentidos e de várias maneiras. Uma das formas:
coloca as pessoas contra a pregação da lei. Na verdade, a pregação e
divulgação da lei é fundamental para que aconteça a morte do
pecador. Sem essa morte, nunca ressuscitará o santo. "Porque o
pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me
matou",
Rom.7:11. Haja mais pessoas a
quem a lei mate!
Se a
sabedoria é algo fácil para mim, deve ser porque é algo difícil para
os outros; se o dinheiro é fácil de adquirir é porque deve ser
difícil para muitos que precisam de mim; se o conhecimento está ao
alcance da minha mão, é porque os demais precisam o que lhes é
difícil alcançar. Nada nos é dado por acaso. Tudo que possuímos e
recebemos é de todos. Que Deus nos continue abençoando muito por
causa dos outros. Devemos ter a noção que as bênçãos dos demais
encontram-se em nossas mãos.
"Quem
subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele
que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à
vaidade, nem jura enganosamente". Já pensou no que pode significar
ser limpo de mãos? Hoje estou pensando nisso. Deve ser a maneira
como fazemos as coisas, a dedicação á perfeição naquilo que sabemos
fazer. "Este receberá (...) a justiça do Deus da sua salvação",
Sal.24:3-5. Muitos querem
receber outras coisas, mas, Deus promete a justiça, isto é, promete
tornar justo quem se limpa. Será que é isso que você espera receber
de Deus limpando as suas mãos e purificando todo o seu coração? Ou
espera receber qualquer outra coisa?
"Aparta-te
do mal e faz o bem; e terás morada para sempre",
Sal.37:27. Propagou-se esta ideia
católica de que fazer o bem é ajudar as pessoas e ajudar os
mendigos. Mas, fazer o bem é cumprir a lei de Deus em todos os seus
aspectos e não apenas ajudar o nosso próximo. Porque as igrejas vêm
negando Deus todos estes séculos, criou-se a ideia de fazer bem às
pessoas para ninguém se sentir culpado de negar Deus impiedosamente.
As boas obras tornaram-se uma camuflagem que não encobre nada, pois,
tentam encobrir o desastre que aconteceu a nível do coração.
Sabedoria
é experimentar o que se aprende, é a parte ativa de tudo aquilo que
nos acontece. Sabedoria é o jeito personificado da pessoa nos
caminhos de Deus, é a agilidade de comportamento e de palavras a
respeito daquilo que nos acontece pelo lado de dentro e de fora.
Sabedoria é o caminho mais curto para um determinado objectivo.
O problema
da sabedoria é que, quem a obtém, procura saber sempre mais.
Deixem-me explicar. Quando queremos resolver alguma coisa, o alvo é
resolver pela sabedoria e o poder de Deus. O alvo não é a sabedoria
em si, pois, a sabedoria é um instrumento e não o alvo a atingir. As
pessoas, por norma, desprezam aquilo que já sabem como se o que lhes
foi dado a conhecer tivesse perdido a sua importância porque já
sabem. Você despreza o seu filho pelo simples facto de já o
conhecer? O que já sabemos, devemos lembrar e não esquecer ou
desprezar. "...Ele ensinará todas as coisas e vos fará lembrar
de tudo quanto vos tenho dito",
João 14:26. "Não vos escrevi
porque não soubésseis a verdade, mas, porque a sabeis",
1João 2:21. Quantas coisas são
confirmadas lembrando as coisas que Deus já nos ensinou? Pedro disse: "E lembrei-me do dito do Senhor...",
At.11:16. Na verdade, só nos
lembraremos com agilidade aquilo que nos transformou e aquilo que
nos foi capaz de tornar novos, isto é, aquilo que nos mantém novos.
Segundo
a Bíblia, Balaão era profeta (2Ped.2:16).
Mas, quem acredita que ele hoje está no céu?
As
dores passam todas, mas, nós não. "Aquele que faz a vontade de Deus
permanece para sempre",
1 João 2:17.
"Vós
sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas,
Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é
elevado, perante Deus é abominação",
Luc.16:15. Ora, alguém que gosta
de justificar-se ou se sente lisonjeado quando se justifica diante
dos homens e estes aprovam ou aplaudem esse tipo de justificação,
tem como alvo ser visto ou lisonjeado. Logo, quando alguém quer
agradar outro, justifica seu próximo. Isso aproxima quem lisonjeia
daquele que é lisonjeado. Então, se é verdade que alguém se
justifica diante dos homens, é verdade que aquilo que os homens vão
pensar a seu respeito é muito importante para o homem hipócrita. A
opinião doutros homens é importantíssima para qualquer homem carnal
ou fingido. Olhando por esse prisma, todo aquele que lisonjeia e
justifica a outro, procura uma aproximação armando um laço para os
pés da pessoa a quem se dirige. Se alguém depende da
auto-justificação, quem justifica alguém contribui para o engano do
seu próximo. "O homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos
seus passos",
Prov.29:5.
A alegria
é como o agradecimento: é preciso haver algo que aconteceu para nos
alegrarmos. Hoje existem muitos tolos que se tentam alegrar a eles
mesmos sem que estejam experimentando Jesus verdadeiramente. São
hipócritas. Da mesma maneira que não posso estar agradecendo por
agradecer sem haver recebido nada de ninguém, dessa mesma maneira
deve funcionar a alegria no coração.
"Oh!
quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a
qual operaste para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos
dos homens!"
Sal.31:19. Confiar na presença
dos homens nem sempre significa dizer aos homens que estamos
confiando. Imaginemos estar cercados de homens maus que nos querem
tirar a vida e, ainda assim, confiarmos em Deus na presença deles!
"As
minhas iniquidades me prenderam de modo que não posso olhar para
cima",
Sal.40:12. Os homens de Deus,
caso pecassem nalgum ponto, não conseguiam olhar para cima. Hoje,
parece que já não existem os valores da verdade e o engano tomou
conta de tudo, pois, vemos milhões de pessoas presas em seus pecados
olhando para cima como se Deus fosse responder e atender aquilo que
desejam. Já não existe vergonha e desonram Deus usando o Seu nome em
vão.
Onde
existem falsas profecias, palavras onde se usa o nome de Deus em
vão, frases de conforto que não vem de Deus, condenação que não vem
pela convicção do Espírito ou qualquer outra situação onde as
pessoas tentam falar por Deus, devemos ter várias coisas em atenção:
as pessoas enganadas acreditam forçosamente naquilo que dizem, de
tal maneira que a força que aplicam em suas convicções as impede de
ser convencidas do contrário; em segundo lugar, não adianta acabar
com as profecias onde existem falsas profecias, não adianta entrar
num caminho oposto ou inverso, pois, seria o mesmo que afirmar que
as profecias não existem. A única maneira de superar o erro é fazer
as coisas da maneira certa e isso só acontecerá quando as pessoas
estiverem em bons termos com Jesus e pararem de usar o nome de Deus
em vão. E é bom que as coisas comecem a ser feitas da maneira certa
o mais depressa possível, sob pena de Deus virar as costas
definitivamente.
Para
que serviria o amor de Deus por um ungido (para guiar ou ajudar
outras pessoas) se não houvesse amor igual pelos que serão guiados
ou ajudados por ele? Não devemos crer que só porque não estamos
destinados a alcançar certas coisas de certa maneira não somos tão
amados quanto os que foram chamados para serem pastores e líderes
espirituais. O amor de Deus pelos tais faz com que se escolham
líderes. Não existe outra explicação para alguns serem escolhidos.
A coisa
mais difícil que experimento no Evangelho é convencer alguém que não
tem e que acredita que achou e tem. Não é fácil fazer alguém buscar
o que acha que já tem.
"...Para
te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se
guardarias os seus mandamentos, ou não",
Dt.8:2. Existem erros que se
pagam muito caro. Um deles comete-se quando estamos sendo provados.
Quando estamos sendo provados, duvidamos disto e daquilo e até
colocamos o poder ou a bondade de Deus em causa. Por vezes,
negligenciamos nosso trabalho para ficarmos obcecados com as
preocupações e acusações contra Deus. Contudo, devemos ter algo em
mente: o grau de fidelidade que apresentamos sob provações intensas
é proporcional ao grau de fidelidade quando tudo nos corre bem e
quando já não somos provados. José foi tão fiel a Deus depois de se
haver tornado rei do Egipto quanto era nos calabouços de Faraó. Que
ninguém acredite que será mais fiel, mais dedicado ou mais amoroso
quando as provações terminarem do que aquilo que é enquanto estiver
sendo provado intensamente ou nos limites.
Assegurar
a fome por Deus, pela obediência, pela disciplina, pela fidelidade
ou por qualquer outra virtude fundamental garante muito mais que
aquilo que possamos imaginar. Essas virtudes sendo cumpridas
pressionadas pelo dever não duram muito, ainda que o dever faça
parte da nossa vida. O dever sem fome pelo dever não buscará comida
por muito tempo e, ainda que a busque, não comerá porque não sente
fome ou apetite. Não podemos separar a fome do apetite. Ser
cumpridor sem fome não leva ao amor a Deus e, em pouco tempo, levará
à rebeldia.
"Andareis
em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais
e bem vos suceda e prolongueis os dias na terra que haveis de
possuir",
Deut.5:33. Existem vários crimes
quando não seguimos Deus em tudo que nos indica, além de algumas
possíveis consequências. Deus é Deus e não existe melhor guia. Não
segui-lo seria o equivalente a suicídio, além de ser uma enorme
falta de respeito, pois, a enormidade desse pecado tem muito a ver
com a grandiosidade do ser que desrespeitamos. Outro crime que se
comete não obedecendo Deus é a negligência infame do enorme
privilégio de podermos seguir o caminho mais certo e mais correto
com todas as garantias e promessas dum futuro auspicioso em Deus.
Por isso, a desobediência não apenas desencadeia uma sucessão de
maldições como desvia a pessoa do único caminho que pode ser
abençoado.
"...Os meus
ossos estão perturbados. Até a minha alma está perturbada",
Sal.6:2,3. Isto significa que ainda
tendo os ossos perturbados, a alma nem sempre se perturba acerca
disso. Uma coisa não que ver com a outra. Mas, podemos chegar a um
ponto onde a alma se perturba por causa da perturbação dos ossos.
Existe
muita pirataria à volta da verdade. A verdade pirateada criou muros,
barricadas e barreiras em torno do que é verdadeiro e real. Se
quisermos chegar à verdade, teremos de pensar passar por cima de
trincheiras organizadas, pular barreiras e sofrer emboscadas de
todos aqueles que afirmam que são pregadores.
Por norma,
aquele que não quer fazer, manda muito. Isto significa que aquele
que manda fazer não quer fazer por uma ou outra razão. Os bons
líderes são aqueles que praticam, fazem e outros seguem-lhes o
exemplo.
Existem
e existirão sempre exemplos entre o povo de Deus. Mas, duma coisa eu
tenho a certeza: todos aqueles que têm algum homem de Deus como
exemplo necessitam necessariamente de chegar ao patamar desse
exemplo que que lhes é dado (por Deus). Não digo que lhes seja
necessário fazerem o mesmo tipo de obras, mas, que têm de alcançar a
mesma fidelidade, o mesmo tipo de coração e o mesmo patamar moral e
espiritual do exemplo que lhes foi colocado graciosamente diante de
seus olhos. Quem não alcançar a mesma vida do exemplo que lhes é
dado, estará em falta diante de Deus. Existem exemplos mais fortes e
mais marcantes que outros. Mas, aquele exemplo que é dado ao rebanho
é o mínimo que se exige desse mesmo rebanho.
A falsa
profecia é rebeldia. Sempre que as pessoas profetizam falsamente,
eles dizem precisamente o oposto daquilo que Deus diria. E fazem-no
em nome de Deus. Tanto os que profetizam quanto os que ouvem essas
profecias são donos duma rebeldia muito pior que a da feitiçaria.
"Porquanto (...) vos profetizou e Eu não o enviei e vos fez confiar
em mentiras, eis que o castigarei e a sua descendência; ele não terá
ninguém que habite entre este povo, e não verá o bem que hei de
fazer ao meu povo, diz o Senhor, porque falou em
rebeldia contra o Senhor",
Jer.29:32.
Não
use a Bíblia para lisonjear alguém, não use a Palavra de Deus em
vão; não se esconda por trás da Bíblia, mas, exponha-se; não tenha
preconceitos porque não valem de nada. Quem lisonjeia usa a Palavra
em vão, esconde-se atrás dum 'amor' que não ama e cria muitos
preconceitos que nem sequer existiriam doutra maneira. Tenha,
também, muito cuidado com a língua que lhe lisonjeia, pois, essa
mesma língua é capaz de criticá-lo mais adiante e falar mal de si
quando não estiver ouvindo. Quem lisonjeia, critica e quem critica
também lisonjeia. É uma e a mesma pessoa.
Não
é bom que as pessoas sejam salvas através da ira. Deixem-me
explicar. Somos salvos dos nossos pecados e indiretamente da ira
futura. Logo, existe perdão onde existe conversão, isto é, onde
começa a existir a impossibilidade natural de pecar ou a
possibilidade de não voltar a pecar. Quando a pessoa não deseja
abandonar todos os seus pecados significa que, na verdade, não
deseja ser salva deles. Logo, através da ira de Deus as condições
para se parar de pecar começam a surgir daqui e dali. O aperto da
ira e a pressão que exerce sobre os corações levam muitos a pararem
de pecar. Mas, o que acontece quando a ira é levantada e cessam as
repreensões? A possibilidade de se voltar a alguns pecados é enorme,
pois, a pessoa (neste caso) cessou de pecar para estancar a ira que
paira sobre a sua cabeça. Seu alvo não era parar de pecar e antes
estancar a ira de Deus. O amor pelo pecado ainda é uma realidade.
Logo, aqueles que verdadeiramente começam a abominar o pecado -
independentemente de começarem sendo repreendidos ou não - são os
que permanecerão limpos de coração indefinidamente. Por isso, não é
de todo aconselhável que a ira de Deus cesse antes da pessoa se
encontrar realmente convertida. Torna-se necessário que a pessoa
entre nos eixos e ganhe um coração que abomina o pecado natural e
instintivamente. A ira deve cessar quando as pessoas já voltaram ao
seu estado original da criação. "Torna a trazer-nos, ó Deus da nossa
salvação e faz cessar a tua ira de sobre nós",
Sal.85:4. Existe uma ordem
cronológica nas palavras deste versículo que não devemos
menosprezar. Primeiro, voltamos ao nosso estado original e, depois,
cessa a ira.
Os relógios
parados estão certos duas vezes por dia. Mas, isso não nos deve
enganar a respeito deles e não nos deve levar a aceitá-los como
produtos de qualidade. Os falsos também podem estar certos
pontualmente. Mas, não devem poder enganar-nos.
"...Segundo
a Sua boa vontade", Fil.2:13.
Existem muitas palavras e expressões na Bíblia que são facilmente
mal interpretadas devido ao significado que a nossa linguagem
corrente lhes dá. Este termo de "boa vontade" é um deles, como
poderíamos falar também do "bom ânimo" e outras coisas que a Bíblia
tem descritas como boas. Na verdade, quando os anjos apareceram aos
pastores nos arredores de Belém e anunciaram "boa vontade para os
homens", não significa necessariamente uma mudança de atitude de
Deus em relação aos homens. O que os anjos queriam dizer é que a
vontade de Deus, a qual é boa, ia ser manifesta no interior dos
homens. Devemos entender que é a vontade que é boa - e sempre foi
boa - e não está descrevendo a disposição. A vontade de Deus é
boa para tudo e deve ser aceite com alegria. Devemos entender que
essa vontade é manifesta aos homens duma forma que não era
facilmente manifesta a qualquer um no Antigo Testamento. No Velho
Testamento era conhecida como profecia e era experimentada por
pessoas fiéis, contudo só se tornou manifesta para muitos em
Pentecostes. Você já passou pelo seu Pentecostes?
"E ele,
tremendo e atónito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe
o Senhor: Levanta-te e entra na cidade e lá te será dito o que te
convém fazer",
At.9:6. É interessante que
quando somos confrontados por Deus, pensamos mudar de rumo e não de
coração. Jesus não mudou o rumo de Saulo. Disse-lhe para entrar na
cidade onde ele iria destruir os crentes em Jesus. Deus não lhe
mudou o rumo - mudou a pessoa. Ao mudar a pessoa, mudou tudo - ainda
que as circunstâncias e o lugar continuem os mesmos. Muitas vezes, o
rumo é a própria providência de Deus. Caso não seja, Deus também
mudará o rumo.
"Estêvão,
cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o
povo",
At.6:8. Não é somente a fé a
responsável por fazer as coisas de Deus. É necessário o poder de
Deus. Esse poder precisa acompanhar quem tem fé. Se a fé já é um dom
vindo de Deus, o poder não pode ser considerado como pertencendo ao
homem. O homem não se pode agigantar com algo que ele mesmo não
possui nele próprio. Não somos nós que mandamos no poder e antes o
poder que nos guia e leva.
"E outra
caiu entre espinhos e os espinhos cresceram e sufocaram-na",
Mat.13:7. Existe sempre um problema
sério quando os espinhos crescem. Se crescem, o terreno é-lhes
propício. Não devemos ter ilusões: onde os cuidados do mundo
prevalecem acima da confiança e da entrega a Jesus de todas as
coisas, acontece algo que nem o diabo é capaz de conseguir: a
palavra é sufocada. O diabo não consegue sufocar a Palavra recebida
no coração, mas, os cuidados do mundo conseguem.
"Mas,
eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de
dar conta no Dia do Juízo",
Mat.12:36. O que é uma palavra
ociosa? Uma palavra ociosa é algo que se diz para não se ficar
calado, ou para se mostrar ou quando se fala por falar. São palavras
que não têm essência.
"Como
podeis vós dizer boas coisas, sendo maus?"
Mat.12:34. O mesmo tipo de pergunta
poderia ser colocada a muitos: "Como podereis dizer coisas más
havendo sido transformados?"
Jesus
enviou os Seus discípulos sem ouro e sem prata. Aliás, nem alforge
deveriam levar com eles. Contudo, é de realçar que nem todos são
chamados para viver assim. Os que se atreverem sem haverem sido
chamados, pagarão pelo seu erro grosseiro e arrogante. Não
podemos ser movidos pela arrogância e antes pelo chamado de Jesus.
Todos devemos confiar obedecendo, mas, confiar desobedecendo é mais
que loucura - é uma forma de burrice teimosa. Lembre-se do que
aconteceu aos sete irmãos que tentaram expulsar demónios como Paulo
fazia! (At.19:13.16).
Muitos
pensam no Reino dos Céus como aquele reino que vem depois da morte,
quando devemos entender que é o mesmo reino que reina nos céus e
chegou à terra. Lemos a respeito desse reino algo assim: "Qualquer,
pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos
homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os
cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus",
Mat.5:19. Existem pregadores que
não sabem por que razão as suas congregações não crescem e por que
razão ou razões não se tornam mais importantes ou mais decisivos no
Reino de Deus e na propagação do Evangelho. Esta é uma das razões:
não ensinam os homens como devem ensinar e nem se ensinam a eles
mesmos. Seu testemunho é precário, suas vidas não correspondem ao
Evangelho e correspondem somente a esse Evangelho barato que hoje se
vê proliferando pelo mundo dos enganados e dos enganadores. Não
ensinar da maneira que devemos e não viver da maneira que devemos
viver, sendo ou tornando-nos dignos desse Reino dos Céus, é a
principal causa da pequenez das coisas que deveriam tornar-se
grandiosas.
Aquele
que não é capaz de suportar vaias, acaba caindo com os aplausos.
Existe uma relação direta entre sentir-se ofendido com as vaias e
sentir-se elogiado com os aplausos.
Blasfemar
é usar o nome de Deus em vão, usá-lo fazendo referências pouco
dignas ou maliciosas. Não é à toa que um dos mandamentos é que não
usemos o nome de Deus em vão.
É preferível
morrer solteiro ou solteira que morrer casado quando foi o pecado
que uniu o casal e não Deus. "Escolhendo, antes, ser maltratado com
o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado",
Heb.11:25. Se aqui diz
"escolhendo", é porque quem tem tomar uma decisão é você. A escolha
é sua, a opção cabe a si. A esquerda e a direita estão diante de si.
Deus não vai escolher por si para você afastar-se do pecado ou de
qualquer jugo desigual. Escolha logo quem quer servir. Adiar a
decisão a favor de Deus prejudica a sua vida futura, ainda que, mais
tarde venha a tomar a decisão correcta. "Assim, ao Senhor temiam e,
também, a seus deuses serviam, segundo o costume das nações",
2Reis 17:33. Você teme a Deus e
também se rege pelas maneiras como o mundo faz as coisas? Vende,
compra, fala da mesma maneira que o mundo faz? Os seus costumes são
os costumes das nações? É o namoro que decide com quem casará ou é
Deus? Os seus sentimentos sabem mais que Deus? São capazes de
decidir melhor que Ele?
Você
pode estar mal com Deus sem se aperceber disso, como pode estar bem
com Ele sem se dar conta desse facto. Contudo, estando mal com Deus
costuma dizer: "Se Deus me falar, se Ele me mostrar, eu resolvo.
Deus não me está falando!" Se Deus não lhe está falando, deveria
estar. Na verdade, não deve ser Deus quem está calado, mas, você que
não se encontra em estado de ouvir. Somente ovelha é capaz de ouvir.
Você é capaz de ser ovelha? Não adie as coisas que deve fazer com a
desculpa que Deus não falou. Antes, diga que não ouviu ou não quer
ouvir e deixe de colocar as culpas em Deus. O problema não está em
Deus que fala e antes em quem ouve - ou em quem não ouve.
O entusiasmo
da fé, isto é, a alegria de receber ou a perspectiva de receber pode
motivar um tipo de entusiasmo que muitos não consideram são. Embora
esse entusiasmo honre Deus, devemos ter em conta que o entusiasmo
deve-se a muitas coisas. Alguém pode animar-se vendo o sinal. Isso
acontece muito com os incrédulos que se consideram crédulos. Outra
situação ocorre quando alguém recebe algo que deseja muito, isto é,
encontra-se pessoal e emocionalmente envolvido no que recebe. Mas,
existem os que honram Deus e buscam as coisas pensando e amando a
honra de Deus. Esses, geralmente, demonstram um espírito pacífico,
uma fé firme e uma alegria que raramente expressam através de
manifestações ou palavras. Suas palavras são poucas e suas
afirmações são seguras.
Paciência
que não esteja associada a um desejo intenso de algo se concretizar
em total conformidade com aquilo que Jesus prometeu, não pode ser
considerada como paciência. Se não houver expectativa contínua, se a
expectativa não se mantiver viva, não creio que exista paciência ou
que esteja sendo exercitada.
É integralmente
verdade que nunca haverá um verdadeiro avivamento sem santidade
brilhante, sem uma integridade notável aos céus. Contudo, não é
inteiramente verdade que, onde haja santidade dessa vá haver
avivamento. Jacó santificou-se e santificou o povo e houve um temor
a Deus num raio extenso entre os povos à sua volta. Houve um
avivamento. Mas, Elias, Eliseu e outros eram santificados
continuamente e nunca conseguiram que houvesse esse temor
generalizado em Israel e arredores.
Ainda
que fosse tão justo quanto o anjo mais puro, deveria despir-me de
minha justiça para revestir-me de Cristo.
Muitas
vezes, as pessoas que passam por tribulações acreditam que isso
acontece por um bem maior ou para se livrarem de qualquer mal pior
que a tribulação. "Ah, se não tivesse passado por isso, teria sido
morto ou algo mau aconteceria". Mas, é um equívoco grande. Embora
Deus também nos possa livrar do mal por essas vias, Ele não
necessita de nenhuma tribulação para nos livrar de nada. Na verdade,
a tribulação só tem um bem maior em conta: a otimização da
obediência. A obediência é o bem maior que Deus procura assegurar.
A transparência
é o aliado mais íntimo da santidade. Existem casos onde a
transparência é a própria santidade. Andar na luz garante toda a
purificação - desde que andemos na luz da mesma forma que Jesus anda
nela.
Um
erro ou pecado nunca anda sozinho. Um busca outro ou um traz o
outro. Salomão sacrificava nos altos, ainda que sacrificava a Deus.
Não terá sido por essa razão que buscou mulheres estranhas e entrou
noutros pecados como consequência? É verdade que um pecado pode ser
cometido sem haver antecedentes ou causa, mas, se houver um será,
certamente, uma das causas principais para outros. Isso acontece
porque o pecado nos separa de Deus, isto é, da graça. Somos salvos
do pecado pela graça de Deus. Assim sendo, um pecado abre o caminho
para a entrada de outro porque separa de Deus.
Eis
uma verdade: se sou realmente guiado por Jesus, se sou filho d'Ele,
qualquer lágrima que eu verta a meu favor é vertida em vão.
Devo guardar as lágrimas para os perdidos ao meu redor. Esses
realmente precisam delas.
Estando
num caminho que parece certo ou que não é a vontade de Deus - ainda
que pareça muito nobre - e caso creiamos estar na vontade d'Ele,
'ouviremos' ou buscaremos ouvir as 'vozes' a respeito desse caminho.
É um caminho para o desapontamento, certamente. Seremos enganados
pelas vozes que ouvimos e pelo nosso próprio coração, acreditando
que é Deus quem se pronuncia a esse respeito. É mais difícil
corrigir alguém que pensa estar certo que alguém que sabe que está
errado, embora o erro de quem pensa estar certo seja maior que todos
os outros.
"Os ímpios
circulam por toda parte quando os mais vis dos filhos dos homens são
exaltados",
Sal.12:8. Por vezes, pergunta-se
por que razão existem tantos assaltantes, assassinos e pessoas más
em certos países e por que razão circulam por todo lado impunemente.
Segundo a Bíblia, é porque os que são elevados como governantes são
vis e não honram Deus com suas vidas. Logo, colhem tudo aquilo que
semeiam. Mas, alguém poderá argumentar que quem sofre são aqueles
que não governam. E eu respondo: "Quem escolheu aqueles que
governam?" Quem os escolhe torna-se cúmplice de tudo o que fazem.
O medo
bateu à porta. A fé foi atender. Ninguém estava lá.
Eu não
posso acreditar em mentiras, mas, posso crer no que é possível com
Deus - e tudo é possível com Ele.
Se eu
for uma pessoa fiel e não confiam em mim, se não esperam que eu
cumpra e estiverem sempre a lembrar-me os meus deveres, por certo
que me sentirei ofendido e injuriado ainda que não reaja a isso. Se
até os infiéis se sentem ofendidos quando não confiam neles -
imaginem a ofensa que é para os que são realmente fiéis! Tendo isso
em mente, imaginemos o que significa não crer em Jesus, não confiar
n'Ele e dependermos de nós mesmos para tudo, havendo nós nascido de
semente infiel numa terra onde a infidelidade é uma cultura e forma
de vida. A semente de Jesus é, em tudo, o oposto disso.
Se
alguém estiver a ser tratado por Deus através de provações e não se
corrigir no meio dessas dificuldades ou repreensões, não ficará
melhor como pessoa ou como santo quando as coisas começarem a correr
bem. Mudando-se as circunstâncias para melhor, as coisas pioram para
o coração se a pessoa não se tiver submetido a Deus ou às Suas
exigências todas anteriormente. Imaginemos que um casamento enfrenta
certas dificuldades e pobreza para que o casal se una e um aprenda a
entender o outro enfrentando as coisas juntos. Caso essa união não
se forme sob dificuldades e provações, irá piorar assim que as
circunstâncias começarem a mudar para melhor. A desunião será maior
e os desentendimentos também. Não podemos alimentar a vã esperança
de que as coisas melhorarão entre o casal caso as circunstâncias
mudem para melhor. Nos caminhos de Deus isso não acontece dessa
maneira. Isso não irá acontecer. É uma lei da natureza e é aplicável
e extensível a todas as outras situações humanas possíveis. Se
alguém rouba, sendo pobre, roubará se enriquecer e será mais
desonesto ainda; se alguém mente sob pressão, será maior mentiroso
quando exercer essa pressão; etc. Precisamos mudar já e antes que as
circunstâncias mudem, independentemente de quais sejam as
dificuldades onde nos possamos achar. As circunstâncias não têm nada
a ver com o estado do nosso coração. "E o servo que soube a vontade
do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade,
será castigado com muitos açoites",
Luc.12:47.
Se a
maior honra para o homem é livrar-se de si mesmo e salvar-se dos
seus pecados - e se isso é honroso para Deus - isso significa que a
maior desonra é ser entregue a si mesmo e ser deixado nos pecados
que deseja. "E, como eles se não importaram de ter conhecimento de
Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem
coisas que não convém",
Rom.1:28.
"Descansa
no Senhor e espera n'Ele", Sal.37:7.
Muitos só conseguem estar no Senhor sem descansar n'Ele e sem saber
esperar n'Ele. Se 'descansam', não estão no Senhor; e se estão no
Senhor, não descansam. É necessário alcançar o nosso sossego estando
n'Ele e Ele em nós sem sermos fingidos. Esses nunca se cansarão
porque esperam n'Ele verdadeira e ininterruptamente.
"Olhávamos
atentamente para gente que não pode livrar",
Lam.4:17. Quantos olham, também,
para coisas que não podem salvar. Existem circunstâncias onde nem o
ouro pode comprar o que precisamos. Muitos olham para pastores e
evangelistas populares que não podem salvar e, contudo, crêem-se
salvos.
Todas as
meias verdades tornam-se sempre grandes mentiras. Não há meia
verdade que, se não morrer, não se transforme numa enorme mentira
mais tarde ou mais cedo.
Se
sabe que as pessoas se inspiram muito através de ações, experimente
fazer em vez de falar. Cumpra os mandamentos de Jesus e fale menos.
Uma
obra completa não cansa tanto como uma parte dessa obra feita de
forma perfeita ou imperfeita. Fazer mal feito cansa menos - seja no
imediato ou a longo prazo - que fazer bem.
Debater
contra a vida é lutar a favor da morte. Deus é vida e a nossa
consciência o barómetro. Se Deus se colocar contra nós, devemos
ouvir as Suas razões e entendê-las da maneira d'Ele antes de nos
exaltarmos contra Ele.
Deus
pode guiar e levar alguém sem que seja notado. Ele pode guiar-nos
sem nos apercebermos. Mas, isso não edificaria a obediência e nem
construiria um coração que Deus deseja em todos nós.
A incredulidade opõe-se abertamente à ideia dum Deus real. Um Jesus
real assusta o pecador incrédulo. É isso que define a incredulidade.
A incredulidade admira-se com a realidade, rejeita ou teme um Jesus
real. Contudo, crê num Jesus inativo e busca-o avidamente.
Muitas
vezes, as orações, intercessões e jejuns de muitos são impulsionadas
por vontades e desejos dos próprios e não por uma busca da vontade
de Deus e para que ela se concretize como vontade de Deus.
A distração
é, por norma, uma luta entre dois ou mais pensamentos que pedem a
atenção da pessoa. A atenção é única e os pensamentos mais que um.
Logo, surge a distração. Nessas circunstâncias, ao invés de ficar
lutando com vários pensamentos, devemos parar e decidir a qual deles
iremos dar atenção prioritária: se aquilo que estamos fazendo ou se
aquilo que nos chama a atenção.
Os Apóstolos
usavam as palavras "este presente século" para descrever algo que
seria difícil descrever como "esta vida". A vida neste mundo não é
vida e, por essa razão, tinham alguma dificuldade em usar a palavra
vida para falar do que se passa aqui. Passaram a usar as palavras
"este século", pois não dura muito.
As
rosas têm muitas semelhanças com quem tem a fragrância do Evangelho
de Cristo. Crescem entre espinhos, mas, seu perfume e beleza não são
afetados por eles. As pétalas não têm espinhos e a sua fragrância
não se torna ruim. Os espinhos não picam a flor e antes todos
aqueles que tentam destrui-la.
Já
viu uma criança que ainda não sabe escrever bem e só sabe fazer
letras? Quando aprende a escrever seu nome numa folha, começa sempre
com letras grandes para, depois, ver que o nome não cabe na folha e
começa a diminuir o tamanho das letras para terminar seu nome. Não
seria melhor começar sempre com letras pequenas? Na verdade, é
precisamente isso que muitos fazem com as coisas espirituais. O que
dizem quando começam é tão desproporcional que, no final, não cabe
na folha da sua vida. Antes buscassem as coisas do tamanho certo e
falassem delas. Não precisamos letras grandes para descrever coisas
grandiosas. Por muito pequenas que sejam as letras, não diminui o
tamanho do que se descreve. Se eu escrever "Universo" com letras
minúsculas diminuo o tamanha do universo?
Meu
descanso é estar com Deus. Não se descansa de Deus, mas, com Ele.
Abraão
viu o ventre de Sara envelhecer e secar na frente dos seus olhos.
Esse envelhecimento era constante e diário. Mas, a promessa de Deus
mantinha-se vivificada e vivente nele. Não conseguia negar qualquer
das duas realidades. Enquanto o ventre de Sara se ia secando, o fogo
da promessa ia aumentando nele. Era real. Cada dia que passava, o
contraste era cada vez maior, pois, um secava e o outro aumentava no
coração. E tudo terminou em bem. Assim opera nosso Deus. Só devemos
estar desconfiados caso Deus não opere dessa maneira. Mas, se operar
conosco assim, estamos em conformidade com aquilo que aconteceu com
todos os que Deus purificou. Estamos sofrendo dentro do padrão. Os
relatos da Bíblia são claros e confirmadores. Se acontecerem conosco
estas coisas de maneira contraditória, devemos ganhar ânimo, pois,
estamos dentro do programa e dentro do padrão de Deus. Nada melhor
para nos confirmar que Deus está, de facto, conosco.
Não existo
para fazer amizades ou ter amigos. Existo para dar filhos a Deus e
edificá-los como tal. Ainda que passem a ser meus irmãos e irmãs,
não existo para esse fim e nem trabalho com essa finalidade.
Experimentei
a vida de forma real. Fiz um desenho fiel de tudo que ela
representa. Agora, alguns tentam alcançar o desenho e não a vida.
Por que será? Outros, ainda, tentam pintar a partir do meu desenho
porque pinto o que é real. Tudo que eu queria era que buscassem a
vida e não que aprendessem a pintá-la. Antes, desejava que a
achassem e que, pelo desenho, se tornasse mais fácil e que pudessem
entender que existe diferença entre a vida verdadeira e os
evangelhos falsos que proliferam por aí. Um facto arrepiante é que
todos aqueles que vivem de acordo com as imagens que criaram em suas
mentes precisam testemunhar deles próprios porque Deus não
testemunha a favor deles. Por isso falam tanto deles próprios e de
experiencias passadas. São testemunhos deles próprios,
Is.44:9.
Aprender
é vivendo ou experimentando vida real e abundante. A Bíblia fala dos
que aprendem sempre e nunca chegam ao conhecimento da vida. Por
outro lado, não é preciso saber ou conseguir explicar tudo o que se
passa em nós se vivemos e experimentamos a vida eterna que Deus nos
deu para viver agora e depois. A Vida falará por ela.
Como
podemos distinguir entre a liderança do Espírito Santo e o impulso
da emoção? A emoção é sempre uma consequência de algo. A voz de Deus
é uma origem. Por isso, basta conseguir distinguir entre
consequências e origens e, depois, ver qual a origem do que se sente
para nunca se colocar esperança sobre sentimentos, consequências
resultantes.
"...Não
vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa
ignorância",
1Ped.1:14. É necessário olhar
para este versículo algumas vezes para entendê-lo melhor. Só assim
podemos entender o que quer dizer. Fala das concupiscências que
"antes havia". Isto é, já não existem mais (na pessoa) ou já não são
concupiscência. Existem coisas boas que as pessoas são capazes de
tornar em concupiscência e, anulando a concupiscência, tornam-se
coisas boas. Mas, se não existem mais e se já não são motivo de
tentação pessoal, como é que alguém ainda se poderá conformar com
elas? Parece uma contradição, mas, sabemos que não é. Paulo também
diz aos fiéis de Roma para não se conformarem com as concupiscências
deste mundo, Rom.12:1,2. Não são
as concupiscências deles, em Roma, mas, as do mundo à volta. Falava
para pessoas que já eram fiéis. Por isso, podemos deduzir que estar
conformado com as concupiscências não tem nada a ver com as
tentações pessoais e antes com a conivência ou complacência,
aceitação, ignorando tais pecados e suas formas de operar
deixando-os em sua paz fingida perto de nós. Isto é, podemos estar
indiferentes, coniventes, ignorantes ou aprovando aquilo que a
concupiscência faz e o modo como atua. Paulo fala daqueles que
aprovam o que os outros fazem de mal, seja assistindo a filmes ou
novelas ou seja em forma de amizades com o mundo (Rom.1:32).
Ainda que não se tornem praticantes ativos do mal, aprovam a pessoa
que pratica. Por exemplo: as nossas palavras e modos de falar podem
dar a entender que aquilo que chamam de romance não é uma forma de
adultério; que a desonestidade é apenas 'negócio' e que não é
necessário estimar o nosso próximo como a nós mesmos buscando o
lucro; etc. Existem muitas maneiras de nos conformarmos com as
concupiscências deste mundo com atos, sem atos, em palavras ou sem
palavras. Até o sentido das nossas palavras deve ser revisto caso
queiramos viver sem nos tornarmos desagradáveis ou ofensivos a Deus.
"Porque
praticaram a falsidade, o ladrão entra e a horda dos salteadores
rouba cá fora",
Os.7:1. Existem certas leis na
natureza das quais ninguém escapa. O mesmo acontece com leis
espirituais. O ladrão entra onde se pratica a falsidade. Embora
existam excepções à regra por causa de outras coisas que Deus possa
desejar alcançar, devemos ter em conta que ainda hoje quem mata à
espada, morre à espada; quem fala de outros, ouvirá rumores a seu
respeito e será afetado por eles; quem pratica a falsidade será
roubado; etc. "Não dizem no seu coração que Eu me lembro de toda a
sua maldade; agora, pois, os cercam as suas obras; diante da Minha
face estão", Os.7:2. Isso é uma
forma de Deus se lembrar das iniquidades de muitos: através das leis
do universo.
"Porque
a vossa beneficência é como a nuvem da manhã e como o orvalho da
madrugada, que cedo passa",
Os.6:4. Quantas coisas em sua
vida passam rápido? Quantas atitudes boas ou virtudes ficam pouco
tempo e quantas permanecem? Existem muitas pessoas cujas boas
intenções duram até à primeira provação. Isso acontece àqueles que a
Bíblia chama de instáveis e dobres de coração. Quando é que suas
atitudes e decisões celestiais irão conseguir permanecer para
sempre?
"Porque
o teu povo é como os que contendem com o sacerdote",
Os.4:4. Existe quem contenda com o
marido, com o pai, com a mãe e até mesmo com as autoridades de seu
país ou de outro país. Isso nunca pode ser considerado como uma
falha menor e antes como um pecado muito sério. Quem não está de
acordo não tem qualquer razão para responder mal, ainda que
responda. Mas, nem sempre é necessário responder quando é Deus quem
responde por nós. Contudo, por vezes Deus responde através de nós e
devemos fazê-lo da maneira que Deus faria, senão, não poderemos
dizer que foi Deus quem respondeu.
"Porque
já é manifesto que vós sois a carta de Cristo",
2Cor.3:3. O facto de ser manifesto
nunca pode significar que seja globalmente aceite. Isto é, alguém
está sendo manifesto como uma carta de Cristo por haver-se
concertado com Jesus e com pessoas a respeito de todos os pecados
antigos e a respeito dos pecados que praticava, abandonando-os para
sempre e prosseguindo com aquela vida que somente Ele dá. Se é Deus
quem dá essa vida eterna e abundante, a única prova de que a pessoa
está bem com Deus é ter essa vida sem sombra de dúvida. Logo,
manifesta outro tipo de vida e não apenas outro tipo de profissão de
fé ou uma conduta manipulada. Essa vida fala alto e intriga todos os
que anteriormente conheciam a pessoa em questão. Mas, nem todos
gostarão do que vêem, ainda que se impressionem com a transformação
que notam, a qual nunca mais poderão esquecer. Ora, ser uma carta de
Cristo, isto é, sê-lo verdadeiramente, não significa necessariamente
ser aceite como tal, pois, é possível ser-se rejeitado como tal. Por
norma, os últimos a reconhecerem a transformação - se é que vão
reconhecer e admiti-la - são os da própria casa e da própria igreja,
pois, a maioria das pessoas com parentesco não olham muito para o
que se passa em seus parentes íntimos por acreditarem que já
conhecem muito bem 'as peças' da casa.
Toda
a forma de esperança é legítima. Com isso quero dizer que posso
esperar sempre algo de Deus. Mas, para evitar desapontamentos,
preciso distinguir entre a esperança que se baseia numa palavra de
Deus dirigida a mim a respeito do que espero; uma esperança com
condições; e uma esperança que ainda se baseia naquilo que eu desejo
que Deus possa dar. O que desejo que Deus possa dar pode ser mantido
como esperança a respeito da qual Deus ainda se pronunciará. Mas,
até isso acontecer, não será uma esperança legítima e pode
desapontar caso se mantenha como certeza. Devemos poder aceitar,
também, um "não" com a mesma alegria, pois, vem de Deus e Ele sabe o
que faz. Somente as esperanças legítimas e baseadas numa palavra
pronunciada por Deus não enganam, nunca desapontam e não deixam
alguém sem rumo seguro e certo.
"Não
folga com a injustiça, mas, folga com a verdade",
1Cor.13:6. Esta 'folga' com a
verdade é um tipo de alívio dum peso. A injustiça, isto é, a
existência da iniquidade é um peso para o coração do justo. Não é
uma ameaça para o justo, mas, para o injusto que nunca foi
transformado. Para o justo é um peso. Esse facto torna a injustiça
um peso para qualquer coração justo.
Quem
está acostumado a exercitar um tipo de 'fé' que se baseia em
esperanças próprias, desejos pessoais ou conclusões que não chegaram
de Deus por Seu Espírito (ao espírito do homem), certamente terá
grande dificuldade em crer de outra maneira, isto é, quando é Deus
que verdadeiramente pronuncia uma palavra ou fala ao coração. Isso
acontece porque as formas do coração operar em cada caso são
distintas e antagónicas. Crer quando Deus não se pronunciou
previamente não é fé. É falsidade. E se isso é verdade, podemos
afirmar ainda que aquele que consegue crer quando e sempre que Deus
se pronuncia, não conseguirá crer quando é seu coração a mandar na
sua fé. Isso não pode ser considerado como incredulidade. Contudo,
existe uma enorme possibilidade de existirem pessoas estagnadas por
estarem presas e hesitantes entre essas duas coisas.
"Não
te deixes vencer do mal", Rom.12:21.
Se o mal conseguir alterar a nossa paz, se conseguir que respondamos
na mesma moeda, já fomos vencidos dele.
Se
não tivermos algum mal no coração impedindo a fé, teremos a fé
impedindo todo o mal. Nada é indiferente nesta terra. Tudo significa
alguma coisa para a outra toda a hora.
Da
maneira que a fé sabe que Deus ajustará todas as Suas contas com os
ímpios, dessa mesma maneira sabemos que Ele se achegará aos justos
para acertar tudo com eles por causa da justiça existente em seus
corações. Crer numa coisa sem poder crer na outra não pode ser
considerado como fé.
"Pela
altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas
cogitações são que não há Deus",
Sal.10:4. Isto não significa que
aquele que não busca Deus diga que Deus não existe. Significa,
apenas, que age como se Deus não existisse, vivendo sem ser guiado,
sem ser reinado por Deus e Seu Espírito e agindo sem temor ao
Senhor. Também significa que todo aquele que não busca Deus para ser
guiado e reinado é ímpio - ainda que o 'busque' de outra maneira e
para outros fins.
A fé
pode mesmo exigir que creiamos em coisas "absurdas" e impossíveis,
como uma virgem ter um filho sem conhecer um homem. Mas, ainda que
exija de nós tal coisa, a palavra que nos é dada exigindo tal
comportamento do coração não é dada de forma absurda e desanexada. A
Palavra em que devemos crer deve ter a substância e a força de
Alguém que promete por trás dela. No caso de Maria e do marido de
Elisabete, o anjo Gabriel apareceu na sua frente. Maior provação
passou José que teve informação divina através dum simples sonho.
Qualquer um pode duvidar dum sonho. Mas, não deve ser fácil duvidar
dum anjo que está sempre diante de Deus, o qual não precisa
apresentar-se ou dizer qual o seu nome sempre que aparece.
"...Falou
aos filhos de Israel, mas, eles não ouviram a Moisés por causa da
angústia de espírito e da dura servidão",
Ex.6:9. Como é duro falar a
verdade a alguém que não deseja crer ou que não tem capacidade
(vontade) de crer! De seguida, imaginem como será ainda mais difícil
dizer ou explicar uma verdade ao descrente que, ao mesmo tempo, não
tem esperança ou não a quer tê-la com receio de se iludir. Aqui, já
ficam mal e incapacitadas duas virtudes muito importantes para a
vida normal de qualquer homem: a fé verdadeira e a esperança que não
engana. E se a isso juntarmos o fato de que essa palavra de verdade
é dirigida a um coração duro, que não ama e não deseja amar, temos,
então, muitos problemas sérios e, em muitos casos, impossíveis de
resolver. Ainda bem que tudo é possível para Deus! "Agora, pois,
permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas, o maior
destes é o amor",
1 Cor.13:13. "Tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta",
1Cor.13:7.
Todos
os pecados têm uma sentença sobre eles. Ainda que essa sentença não
seja tão imediata como aconteceu no caso de Ananias e Safira, ela
alcançará todo o culpado que não foi totalmente limpo de qualquer de
suas culpas. E mesmo aqueles que foram limpos, podem nunca se livrar
(neste mundo) de certas consequências dos muitos pecados que
cometeram. Imaginemos uma moça que engravidou antes de casar. Nunca
mais será virgem e seu filho nunca poderá ser devolvido e deve ser
criado como filho de Deus depois de haver recebido seu perdão.
Deus
age de maneira diferente com pessoas. Age duma maneira com aqueles
que Ele vê que irão ser fiéis e doutra com aqueles que cambaleiam
entre vários pensamentos. Aquele que está sendo fiel, Deus limpa
através de provações e de situações onde a sua fé é provada. Os que
não são fiéis são provocados com situações que os provocam a crer.
Uma coisa é Deus lidar com um Jacó que precisa duma luta com Deus e
outra é lidar com um Israel que já lutou com Deus e já venceu. Os
descrentes são provocados com sinais e outras coisas que podem
convencer a crer, mas, não são provados na fé porque não têm fé para
ser provada. Só a fé pode ser provada. Os que já crêem, são provados
para se tornarem mais limpos.
"Eu
sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade",
Jonas 1:12. Quantas vezes os males
das pessoas ao redor são causadas pelos próprios crentes
desobedientes! Mas, poucos assumem isso como assumiu Jonas.
"Porque,
naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que
são tentados",
Heb.2:18. Viremos este versículo
de trás para a frente. Você tem a disposição de ser socorrido
naquelas coisas em que Cristo foi tentado e nas situações onde Ele
se encontrou? Ou procura outro tipo de situações onde ser apoiado?
"Amaste
a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te
ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros",
Heb.1:9. Duas coisas a este
respeito. Muitos invejam a alegria de certas pessoas que andam com
Jesus ininterruptamente. Querem o fruto, mas, sem semear e plantar.
A alegria verdadeira resulta do fato da pessoa amar a justiça e
odiar a iniquidade. Mas, tenhamos algo em conta: não é
necessariamente a iniquidade dos outros que é odiada e antes a que
pode residir no próprio. Este versículo fala de coisas pessoais, de
santidade, justiça ou iniquidade dos próprios e não aquela que
reside nos outros. A justiça habitando em alguém torna essa pessoa
justa. Essa justiça deve ser acarinhada, cuidada, apadrinhada e
amada. E é a iniquidade no próprio que deve ser odiada,
interrompida, abolida, odiada e depreciada. Fazer isso com a
iniquidade dos outros é uma prova de cobardia que flecte a verdade
em outro sentido.
"Mas,
revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em
suas concupiscências",
Rom.13:14. Existem duas coisas
aqui, para todos os que desejam parar de pecar. Uma é sermos
revestidos de Jesus. E isso precisa ser real. A segunda coisa é não
dar qualquer espaço de manobra, provisão ou pensamento à
possibilidade de pecar. Por norma, as pessoas só fazem uma dessas
coisas e andam cambaleando: ou fazem uma guerra feroz contra o
pecado sozinhos ou colocam a desculpa ou culpa em Deus enquanto
buscam o pecado e visitam, olham, pensam e cismam com as coisas das
trevas e do pecado.
Qualquer
tribulação continuada, ainda que mais leve, é mais difícil de
suportar que varias tribulações ocasionais que vêm e vão, isto é,
que começam e terminam. Uma gota de água que pinga a cada segundo
durante a noite toda perturba mais gente que um estrondo que dura
uns segundos.
"Perseverai
na oração",
Rom.12:12. A palavra
"perseverar" é diferente de "insistir" em muitos sentidos. Mas, a
principal característica de quem é capaz de perseverar é que a
pessoa tem um alvo bem definido o qual sabe que vai alcançar. No
mínimo, sabe que pode alcançar de Deus. Mas, nunca vi alguém
conseguir ser perseverante na oração por muito tempo quando, no seu
dia-a-dia ou naquilo que pede de Deus depende das suas forças, das
suas ideias e dos seus esquemas para conseguir o que pretende. Quem
não entrega tudo aos pés de Cristo - tudo mesmo, incluindo a forma
habitual de conseguir as coisas - dificilmente perseverará até obter
resposta concreta.
"Sede
pacientes na tribulação", Rom.12:12.
Esta paciência não se refere apenas a ser paciente a respeito da
tribulação, mas, a tudo o resto enquanto estamos sob tribulações. A
paciência deve imperar no dia-a-dia e em cada situação nesses
momentos. No entanto, devemos conseguir distinguir entre tribulação
e falta de higiene espiritual com seus consequentes atritos de alma.
A graça
precisa ser recebida. Quando Deus estende-a até nós isso não
significa recebê-la, mas, apenas que ela está sendo oferecida. E
recebê-la, ainda que seja bom, ainda não é depender dela. E depender
dela, pode não ser depender dela inteira e exclusivamente para tudo.
A graça é colocada diante do homem; depois deve ser recebida de bom
grado e alegremente e nada melhor para dar alegria que uma busca
intensa que termina em achar; se não for bem-vinda a esse ponto,
será uma ofensa para Deus. E quando for aceite, torna-se necessária
uma inteira, integral e exclusiva dependência dela. Embora uma coisa
leve à outra, uma coisa não é a outra. São coisas distintas. Não
posso receber graça sem viver cem por cento dependente dela. Se não
depender exclusivamente
dela não posso afirmar que vivo sob a graça.
"Não
sejais vagarosos no cuidado", Rom.12:11.
Precisamos entender bem a Palavra de Deus para nunca dar-lhe um
significado que ela não tem. Este cuidado é um de cuidar de fazer as
coisas, isto é, cuidar da casa, do dever de mãe, do trabalho, da
leitura da Bíblia, do deve de orar, das necessidades das pessoas e
de tudo o mais que é preciso ser cuidado. Sendo entusiastas em tudo,
não seremos vagarosos em nada.
"Comunicai
com os santos nas suas necessidades", Rom.12:13. Já vi muitas pessoas darem do que lhes sobra
para a obra de Deus. Também vi uns poucos darem do que têm e lhes
faz falta. Mas, quase nunca vejo quem se tente informar sobre as
necessidades de quem não pede e não diz nada a ninguém sobre o que
precisa. O verdadeiro santo não comunica a sua necessidade. Segundo
Paulo, são os que podem ajudar que devem comunicar com essas
necessitados e serem informados a respeito deles, seja de que
maneira for - até mesmo quando esse santo recusa falar. Hoje só
recebem aqueles que pedem quando deveriam estar pregando o Evangelho
da verdade. Os honestos e sinceros, todos aqueles que pregam o
Evangelho a partir dum coração puro e desinteressado, passam mal
porque não se queixam e porque ninguém é capaz de se informar a
respeito das suas necessidades.
Conhecemos
a parábola das dez virgens, entre as quais havia cinco loucas. E
eram loucas porque não se haviam preparado ou prevenido. No entanto,
existe algo que nos passa despercebido nesta parábola. A luta das
virgens era manterem-se acordadas. Como de costume, as pessoas lutam
com uma coisa quando o problema é outro. O verdadeiro problema nem
era o sono e a fadiga, mas, a falta de óleo que não se resolveu em
momento oportuno para o momento que se iria precisar dele.
Qualquer
um pode ser firme. No entanto, poucos são firmes em Deus. Deixem-me
explicar. Não existe firmeza em quem não é firme. A pessoa, para ser
firme em Deus, precisa ter firmeza nela própria ou saber reagir
firmemente estando em Deus, isto é, confiando em Deus sem poder
confiar nele próprio ou noutro. Uma pessoa inconstante não será
firme porque não exercita a firmeza ou nunca se acostumou a
exercitar tal capacidade juntamente com tudo aquilo que lhe é
próprio. Uma pessoa que foi firme no pecado tem a sua firmeza. Logo,
ela tem a capacidade de firmar-se em Deus por ser pessoa firme, caso
se reconcilie com Deus e com Seus caminhos. Ser firme no pecado é
uma aberração. Mas, a firmeza em Deus é uma virtude. Deve ser olho
por olho daquilo que éramos capazes de ser para o mundo, só que
agora devemos sê-lo para Deus. E se nunca fomos firmes no pecado,
ainda assim devemos e podemos tornar-nos firmes em Jesus. Qualquer
pessoa que era inconstante em sua vida de pecado, chegando-se a Deus
deve exercitar a firmeza até que ela se torne a sua natureza. Só os
firmes conseguirão ser firmes em Deus.
Sem
graça as pessoas não podem entrar nos caminhos de Deus e só andam em
caminhos próprios sob a paciência de Deus. A pessoa sem Deus tem
capacidade para optar por qualquer tipo de caminho mau, mas, não tem
como entrar na porta estreita e nem de permanecer no caminho
estreito caso já tenha entrado nela pela graça e resolva fazer as
coisas doutra maneira após haver entrado. A Bíblia é clara sobre o
fato de cada um ter a capacidade de seguir o seu próprio caminho. A
graça capacita-nos a deixar de seguir caminhos próprios e seguir
Jesus pelos d'Ele. Torne-se audaz e siga Jesus.
Quando
são leis, padrões, decisões ou estímulos a oporem-se a qualquer
pecado ou sombra de pecado, não podemos afirmar que esse pecado se
encontre eliminado. É um bom princípio ter certas razões contra o
pecado. Mas, todos os princípios contra o pecado apenas evitam a
transgressão, algo que não deixa de ser louvável e apreciável.
Contudo, nada disso extermina o pecado do coração. Não há lei que o
consiga fazer. Qualquer princípio moral, ao contrário da graça,
evita a transgressão, mas, não extermina a fonte do pecado.
"Porque
a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas,
se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em
incircuncisão",
Rom.2:25. Muitos falam da
eleição e da predestinação. A circuncisão era o sinal dessa aliança.
E se traduzimos esta ideia da seguinte forma: "A eleição
(predestinação) é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei;
mas, se tu és transgressor da lei, a tua eleição se torna em não
eleito"?
Lembramos
como Deus disse a Josué para ter "bom ânimo". A verdade é que ou se
acaba tendo bom ânimo ou se obterá mau ânimo, pois, ninguém fica sem
ânimo nenhum por muito tempo. E quem não opta logo por bom ânimo,
terminará com ânimo mau.
"Eliseu
disse: Também eu bem o sei; calai-vos",
2Reis 2:3. Não é interessante que os verdadeiros profetas
de Deus nem sempre dizem as coisas que lhes são reveladas? Neste
caso, Eliseu entendeu que também era dever dos profetas calarem-se a
respeito duma revelação importante. Quantos gostariam de se mostrar
em ocasiões como estas, falando em sua arrogância! Se já falam
quando é mentira e quando Deus não revela nada, imagine-se o que
fariam se Deus mostrasse! E que lindo é ver Elias e Eliseu calmos e
agindo normalmente mesmo sabendo que algo fora do comum iria
acontecer. Precisamos de homens assim novamente, os quais não se
admiram com as obras de Deus. Os homens de hoje vendem-se por muito
pouco. Na verdade, vendem a sua alma por menos que pouco. Falam
demais e falam rápido demais, não esperando para ver o que devem
fazer com as revelações ou com as palavras. Consequentemente, por
serem muitas as palavras, no dia seguinte já nem são capazes de se
recordarem do que foi falado ou dito por eles. Esse espírito não é
de Deus.
É muito
fácil alguém falar em nome de Deus, falando dos Seus feitos estando
em oposição a Deus. "Vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram
subir da terra do Egito",
1Reis 12:28; Ex.32:4,8. Quem fez
o povo subir do Egito? No entanto, as meias mentiras têm o seu
poder, juntamente com as aparências da verdade, pois, podem 'colar'
os feitos de Deus a falsos profetas, falsas profecias e até mesmo a
poderes falsos. Também podem atribuir a Deus coisas feitas pelo
diabo.
Antes,
no tempo dos apóstolos, toda a boa doutrina esclarecia ser uma forma
de vida achada. Era uma profissão de vida. Hoje, tudo é uma
profissão de fé. Os que pregam (certo ou errado) contentam-se em
lutar pelas doutrinas, ensinos e pensamentos que consideram certos.
Por essa razão, fazem tanta questão de ter certas confissões de fé
pelas quais guerreiam assiduamente. Quem dera tivessem confissão de
vida e não de fé!
Não
são somente os verdadeiros filhos de Deus que falam a verdade. Eu
creio mesmo que até o diabo fala a verdade na maioria das ocasiões
usando-a para mentir. A diferença marcante entre os filhos de Deus e
os que não são filhos d'Ele não pode ser detectada por aquilo que
dizem, mas, por aquilo que são. Os filhos de Deus, além de falarem a
verdade, são a própria verdade. "A boa semente são os filhos
do Reino",
Mt.13:38. Os outros apenas falam da
verdade em que não conseguem tornar-se. Por isso, não chega para
convencer alguém quando um pregador prega muito bem e tem capacidade
de influenciar quem o ouve, pois, ele pode falar sobre a verdade sem
ser verdadeiro, isto é, sem conseguir viver e experimentar
pessoalmente tudo aquilo que ensina. Ainda que ensine o que deve,
não experimenta o que deve.
Sempre
que esperamos até ao fim por coisas boas da parte de Deus, os
resultados serão sempre superiores ao tempo de espera e maiores em
contraste com a demora do tempo em que perseveramos até ao fim
havendo permanecido limpos. Esta verdade, contudo, só será bem
entendida e plenamente aceite por aqueles que olham para aquilo que
já passou e pode ferir quem ainda esta passando pelo seu tempo de
espera e de provação.
Seria
bom que as pessoas se preocupassem com aquilo que são acima de se
preocuparem com aquilo que fazem. É certo que a pessoa normal e não
condicionada vá agir conforme aquilo que é. As suas obras demonstram
aquilo que é. Mas, existem pessoas que se condicionam de tal maneira
(principalmente nos círculos religiosos, académicos ou mesmo
evangélicos) que conseguem evitar demonstrar aquilo que são ou
seriam capazes de ser. Encobrem seu próprio coração até mesmo dos
próprios olhos. Haja luz onde não se enxerga! Por isso é que as
doutrinas que afirmam que as pessoas permanecem pecadoras não
conseguem resultados dignos desse nome. São doutrinas que desculpam
quem não vê maneira ou não tem desejo de ser transformado
profundamente por dentro. Suas 'transformações' são superficiais.
Por norma, a pessoa pede desculpa por aquilo que faz ou fez para
poder manter-se como é. Também podemos entender por que razão as
prostitutas e os ladrões entram à frente no Reino dos Céus: é porque
eles não têm palavras para se desculparem ou para explicarem
qualquer dos seus atos hediondos: consequentemente, só podem
concentrar-se em mudar aquilo que são quando alcançados pela graça.
Os demais terão sempre a tendência mórbida, desgastante e extenuante
de encobrir aquilo que são através da mutilação daquilo que pensam,
fazem, são ou seriam capazes de fazer.
A vontade
de Deus é para ser feita. Podemos estar a fazer a vontade de Deus
sem nos darmos conta disso, quanto podemos recusar fazê-la sabendo
qual ela é. Alguém que não se dá conta de que faz a vontade de Deus,
exercitando-se nela, será duplamente abençoado. Isso revela que tem
um coração conforme o de Deus e, por essa razão, consegue fazê-la
sem dar-se conta disso. Os que são iguais andam juntos. E saber qual
é a vontade de Deus não garante que a pessoa a executará, pois,
saber dela não torna a pessoa conforme Deus. "Porventura andarão
dois juntos, se não estiverem de acordo?",
Amós 3:3.
Existe
algo de errado nestes louvores superficiais de pessoas que
'engrandecem' o nome de Deus dizendo que Ele faz coisas grandiosas
sem as haver feito (a eles). A falsidade nunca pode ser um louvor a
Deus. Lemos que Davi engrandeceu o nome do Senhor. É um fato. Mas,
quando o fez? "E falou Davi ao Senhor as palavras deste cântico, no
dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e
das mãos de Saul",
2Sam.22:1. Davi nunca foi
fingido e nem mentiroso na sua abordagem a Deus ou às pessoas. Ele,
de fato, louvava o Senhor porque Ele era digno de louvor e não
porque Davi queria louvar.
Somente
um homem fiel consegue crer numa promessa fiel feita por um Deus que
cumpre. Um homem infiel crerá mais facilmente na promessa infiel e
na fantasia.
Se
é grave termos o sangue de alguém em nossas mãos, imaginemos como
será ter 'o sangue' da alma de alguém nelas! Nunca devemos ser
responsáveis pela perdição de alguém, seja essa pessoa quem for.
"Disse
Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim e tu não vinhas
nos dias aprazados e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás,
eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal e ainda à
face do Senhor não orei; e constrangi-me e ofereci holocausto",
1Sam.13:11,12. Aqui já se nota o
valor idólatra que Saul dava aos sacrifícios, ainda que esses
sacrifícios eram supostamente dados a Deus. Saul pensava que o poder
vinha do sacrificar. A idolatria do sacrifício não consiste apenas a
quem se dá, mas, ao poder que se atribui ao dever e sacrifício. Se
pensamos que Deus é agradado ou comprado com sacrifícios, somos
idólatras. Do mesmo modo, podemos dar o valor a jejuns e a orações
que eles não têm. O jejum deve ser um ato de obediência e não um ato
comercial ou de troca de favores com Deus. Também vemos mais
adiante, (1Sam.1:22,23) que o
problema (crença) de Saul permanecia. Vemos, por isso, que se não
lidarmos a fundo logo na primeira convicção contra uma ideia
idólatra, algum pecado ou tentação, esse mal seguirá conosco e
continuará sendo um problema sério no futuro. A primeira convicção é
extremamente importante e deve ser obedecida instantaneamente com
sabedoria, inteligência e determinação espiritual, recebendo a
salvação de Deus.
Agradecer
não é o mesmo que mostrar agradecimento verdadeiro. Agradecer é bom,
são boas maneiras e faz parte da boa educação. Mas, qualquer um pode
agradecer sem estar verdadeiramente agradecido.
"...Fazia-se
agradável, assim para com o Senhor, como também para com os homens",
1Sam.2:26. Desde há muito tempo
que venho vendo coisas estranhas acontecendo por causa da
popularidade. Existem pessoas que trabalham com Deus e alcançam
muitos corações devido à pureza dos seus corações e da pureza da sua
mensagem. Mas, acabam por tornar-se levianos pensando que, com isso,
irão alcançar mais gente ainda. A Bíblia diz claramente para nunca
nos tornarmos iguais ao mundo, seja por que razão for. Mas, existe
outra coisa que estas pessoas ignoram: as pessoas andam famintas
pela verdade e, quando a encontram, magnificam-na. É disso que a
Bíblia fala quando diz que alguém se torna agradável, também, para
os homens. Então, surge a pergunta: por que razão alguém mudaria o
seu curso de vida e de atuação se foi precisamente esse curso
verdadeiro e sincero que fez as pessoas aproximaram-se e
magnificarem a verdade em quem a estima e preza? Para quê mudar se é
sendo puros que atraímos as pessoas? Nós não existimos para atrair
pessoas e antes para sermos puros. Devemos levar em conta que não
somente nos tornamos agradáveis às pessoas, mas, a Deus também. Ora,
não podemos desprezar Deus para angariar o agrado das pessoas. E só
sendo verdadeiramente agradáveis a Deus seremos verdadeiramente
agradáveis aos homens que buscam a verdade. Os que não buscam a
verdade, manterão o respeito à distância - ainda que não o
reconheçam!
A Palavra
de Deus é como um bolo: primeiro, fazemos o bolo todo, decoramos e
colocamos à disposição de quem deseja comer. Mas, para comer e
saborear, não colocamos o bolo inteiro na boca - antes, comemo-lo em
fatias. É verdade que não podemos saborear antes que o bolo se torne
um todo. Mas, também não podemos saborear comendo-o todo duma só vez
e de uma só dentada. Devemos obter um conhecimento vasto,
experimental, prático e global de toda a palavra de Deus para,
depois, podermos servi-la às fatias para saboreá-la devidamente.
"Os
que contendem com o Senhor serão quebrantados",
2Sam.2:10. Contender com o Senhor é
quando Deus, um homem de Deus ou uma consciência iluminada mostram
alguma coisa e a pessoa a quem a exortação ou aconselhamento são
dirigidos arranja sempre uma explicação, desculpa ou controvérsia
para evitar assimilar a verdade. Tais pessoas serão quebrantadas e,
muitas delas, para sempre.
"Não
multipliqueis palavras de altivez", 1Sam.2:3. É muito fácil multiplicar palavras de altivez.
Basta falar da maneira que o mundo fala. O assunto não importa -
basta o modo. Existem palavras de altivez que falam de Deus. A
multiplicação significa que uma palavra chama outra e formam-se
muitas chamam frases e as frases costumam trazer conversas inteiras
à existência. As palavras multiplicam-se sempre e tornam-se
conversas inteiras. Devemos deixar de falar da maneira que o mundo
fala e abandonar a forma que o mundo usa para expressar a sua
maneira de ser altiva. Só assim exterminaremos a altivez, tanto em
nós mesmos como em nossos lares. "Nem saiam coisas arrogantes da
vossa boca. Os ímpios ficarão
mudos nas trevas", 1Sam.2:3,9.
"Da soberba guarda o teu servo, para que se não asSenhoreie de mim.
Então serei sincero e ficarei limpo de
grande transgressão. Sejam agradáveis as palavras da
minha boca e a meditação do meu coração perante a Tua face, Senhor",
Sal.19:13,14.
A única
coisa capaz de fazer desfalecer um coração é o pecado. Embora as
pessoas pensem que existem muitas coisas capazes de fazê-lo, a
verdade é que a principal causa do desânimo é o afastamento de Deus.
"As minhas iniquidades me prenderam (...) assim desfalece o meu
coração",
Sal.40:12.
Quando
uma família não ora junta, não anda junta. Vai cada um para o seu
lado e, mesmo involuntariamente, entram em dissensões de vária
ordem, ficam indiferentes uns para com os outros e entram por
caminhos escusos e de falta de comunhão genuína.
A falta
de disciplina num lar ou numa família é como a falta dum pilar num
edifício: ainda que tenha mais pilares, tombará para um lado e a sua
queda será enorme. Essa queda trará consequências devastadoras. Por
isso, devemos vigiar contra esse espírito onde as pessoas só fazem o
que querem quando querem.
Ouve-se
falar muito em gozo, especialmente na Bíblia. Mas, o seu significado
é importante. O gozo acontece quando duas coisas que pertencem
juntas se encontram havendo estado separadas muito tempo ou havendo
sido incompatíveis por longo período. Um coração transformado
experimenta gozo ao ser preenchido pela presença de Deus; a fé sente
gozo quando aquilo em que crê se cumpre na frente de seus olhos; o
desejo da companhia de Deus torna o gozo possível assim que a
abundância de Deus é experimentada na alma. Mas, não podemos pensar
que um coração velho e podre sinta gozo na presença de Deus, ou que
consiga alcançar todos os propósitos da fé. Pelo contrário, um
coração sujo sente repulsa na presença de Deus. Estes são os
princípios básicos da definição do gozo.
Preciso
ter tanto cuidado com a maneira como as pessoas falam quanto com
aquilo que dizem, pois, como dizem pode fazer com que responda e a
maneira como dizem pode fazer-me responder da mesma maneira que
falam e com o mesmo tom ou intuito. "Ai de mim! Pois estou perdido;
porque sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de
impuros lábios",
Is.6:5. Não devo trilhar o
caminho e o modo que é aberto diante de mim e cair no engano, tal
como um peixe morderia um isco - mesmo que esse isco seja verdadeira
comida de peixe.
Jesus
fala daqueles que ouvem e não entendem e que, por essa razão, lhes
falava por parábolas. Paulo também menciona pessoas "que aprendem
sempre e nunca chegam ao conhecimento da verdade",
2Tim.3:7. No Evangelho de João,
Jesus diz que aquele que pratica conhecerá a verdade. Ora, os que
aprendem sem nunca conhecerem a verdade são precisamente os que
não praticam ou os que tentam praticar uma coisa que não
lhes é exigida para evitarem praticar o que devem. Podemos assumir,
então, que todos quantos não chegam ao conhecimento da verdade -
ainda que estudem muito e aproveitem bem seu tempo - são aqueles que
não praticam as palavras de Deus ou são impedidos de fazê-lo por
ainda haver alguma coisa que os separa de Deus e do poder que nos
leva a querer e a fazer. É preciso colocar tudo na luz até obtermos
a segurança de havermos sido perdoados. Seja qual for a razão que
impede de poder fazer (praticar) a vontade de Deus e de efectivar
todas as Suas palavras, o fato permanece: não saberão se estão
realmente em Deus e não saberão se estão aquém ou além do caminho
que Deus traçou para eles. Essa dúvida permanecerá continuamente nos
tais em sua maior sinceridade. Também existem pessoas que se
esforçam para praticar uma coisa para, assim, evitarem praticar o
que devem. Fazem boas obras para evitarem, de alguma maneira, pedir
perdão a alguém ou restituir algo que não lhes pertence; enviam
palavras e escritos bonitos para outros e congratulam-se com isso;
etc. Arranjam substitutos para a vontade de Deus. Também não
chegarão ao verdadeiro conhecimento da Palavra de Deus ainda que
estejam aprendendo permanentemente.
Todas
as provações e tentações têm a intenção de matar. Mas, Deus tem a
intenção de fazer viver através delas. É uma verdadeira luta entre a
vida e a morte e é pena que poucos tenham essa consciência disso.
Assim, podemos rebelar-nos e amargura-nos contra o que nos prova,
como podemos usar as circunstâncias para limpar, aperfeiçoar e para
nos tornarmos seres viventes. A opção é de cada um. No entanto,
devemos comprovar que são mesmo provações e não meras consequências
de pecado, estando a pessoa a pisar os átrios das trevas e provando
as vinganças de Satanás.
"Mas,
primeiro convém que Ele (...) seja reprovado por esta geração",
Luc.17:25. Por vezes lemos as coisas
sem prestar atenção e sem fazer perguntas que fazem todo o sentido.
Por que razão era conveniente que Cristo fosse
rejeitado? Na verdade, esta geração é uma geração hipócrita, a qual
vive para o pecado, para a carne e para os interesses próprios.
Contudo, fazem menção (por vezes honrosa) de Deus e falam d'Ele como
se Ele fosse seu amigo ou conhecido íntimo. Essa é uma das razões
por que Cristo deve ser rejeitado pelo mundo, pois, a sua verdadeira
cara anda escondida sob o fingimento. Convém, pois, que os fingidos
venham a rejeitá-lo para se revelarem como Seus inimigos.
Por
vezes, temos problemas mais sérios do que aqueles que imaginamos.
Por exemplo, imaginemos que temos problemas práticos que precisamos
resolver e que, ao mesmo tempo, temos pecados ou atitudes
pecaminosas que impedem Deus de atuar nesse sentido. Logo,
desejaremos resolver os problemas da vida prática porque esses
causam certo desconforto que pode tornar-se insuportável. Mas, ao
sabermos que os pecados que temos impedem Deus de resolvê-los,
iremos tentar resolver esses pecados por causa dos problemas que
temos. Mas, devemos resolver os pecados sem ter segundas intenções,
pois, as coisas mais sérias são os nossos pecados. Por isso, todo
aquele que não consegue resolver os seus problemas por ter coisas
(pecados) que impedem Deus de operar podem ter ou manter a
mentalidade de pensar resolver os seus pecados para resolver os seus
problemas do que se aproximar de Deus sem segundas intenções.
Devemos ter a consciência de que andarmos afastados de Deus é o
problema e não as disfunções das coisas práticas que não dão certo
nesta vida por causa dos pecados. Não podemos amar esta vida ao
ponto de desejar resolver pecados por causa dela. Então, quão sério
será amá-la acima de Deus, tentando resolver o nosso problema com
Deus para resolver a vida prática! Quão grande é a idolatria das
igrejas evangélicas de hoje! Isso é uma forma de idolatria que faz
de Deus um instrumento e não o fim e o princípio.
"Quando
fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis,
porque fizemos somente o que devíamos fazer",
Luc.17:10. Hoje, vemos de tudo
menos servos inúteis nas igrejas. Todos querem ser alguma coisa.
Encontramos pessoas querendo mandar em Deus, querendo fazer de Deus
seu servo. Quem toca música não se acha inútil, mas, talentoso; quem
prega bem nunca se vê como um servo inútil, mas, como alguém que
pode ir longe na popularidade; etc.
"Curai
os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os
demónios; de graça recebestes, de graça dai",
Mat.10:8. É interessante notar que
a palavra "curai" vem no plural e não no singular. Isto pode querer
dizer que é um grupo de pessoas que, em conjunto, alcançam os feitos
de Deus. No meio desse grupo pode existir cada qual com o respetivo
dom que Deus deu e nem todos têm o mesmo dom. Ora, como grupo, as
coisas acontecem, uns apoiando os outros nessas obras e todas elas
são consideradas feitos do Deus do grupo e nunca de quem tem o dom.
Não é o grupo quem cura e nem o indivíduo, mas, Deus. As obras dos
dons são obras de obediência e não nascem por autoria de quem deseja
curar ou ser curado. Deus já determinou as obras das quais devemos
ser os obreiros. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus
para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos
nelas", Ef.2:10. Não poderemos
conseguir essas obras se não tivermos os ouvidos atentos para sermos
guiados por Deus através delas como um só homem.
Os cuidados
(preocupações) deste mundo não apenas sufocam a palavra de Deus que
necessitamos lembrar durante o nosso dia e afazeres, mas, também
fazem-nos brigar com Deus. Ora, a preocupação que 'mata' as duas
coisas mais importantes da vida deveria ser levada mais a sério por
todos nós. Esses cuidados anulam (sufocam) a palavra que deve ser
lembrada e assegurada até ser confirmada, como brigam com que lhe dá
a vida - e a nós. Fazem-nos 'esquecer' o caminho e fazem-nos atentar
contra Quem mostra, abre, revela e abençoa esse caminho.
Todo
aquele que só trabalha bem sob supervisão - ainda que seja um bom
trabalhador e ainda que seja somente sob a supervisão da lei - a
Bíblia considera preguiçoso.
Muitos
perguntam-se por que razão, hoje, é dentro das igrejas que se
encontram os piores pecados. Parece um mistério, mas, na verdade não
é. A Bíblia diz que isso aconteceria com todos aqueles que não ouvem
a instrução e que desprezam a correção: tornar-se-ão piores que os
outros. Como as pessoas entregam os seus ouvidos a outras doutrinas
como as da prosperidade e aquelas onde pecar é permitido ou
desdramatizado, desvalorizam, desprezam, ignoram ou descuidam a
correção e a instrução da alma nos caminhos de Deus. Quando isso
acontece, é dentro da congregação que os pecados irão aumentar ou
manifestar-se. "No meio da congregação e da assembleia
foi que eu me achei em quase todo o mal",
Prov.5:14. Nos versículos anteriores
vemos a quem isso acontecerá. São aqueles que dizem: "Odiei a
correção! O meu coração desprezou a repreensão! Não escutei nem
inclinei o meu ouvido!", Prov.5:12,13.
A sabedoria
da qual a Bíblia tanto fala, ou se despreza ou se retém. "São
bem-aventurados todos os que a
retêm", Prov.3:18.
Ora, esquecer, ignorar, não levar em linha de conta, não pensar em
conformidade com ela, não entrar na linha de pensamento a que ela
induz, é desprezá-la. No Novo testamento lemos sobre "aqueles em
quem estas coisas são achadas". Jesus fala de "permanecer n'Ele e
suas palavras permanecerem em nós". Tudo que não permanece foi
desprezado. Não lembrar não é apenas esquecer: é desprezar. "O que
desprezar os Seus caminhos morrerá", Prov.19:16.
"Reconhece-O
em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas",
Prov.3:6. Teria muito para dizer a
respeito deste versículo. A palavrinha "reconhecer" vem de
"conhecer". Por isso, os nossos caminhos devem ter sido conhecidos
(vividos, compartilhados, experimentados) pelo Senhor antes de
podermos reconhecer que foram. Muitos pensam que reconhecer é
afirmá-lo diante das pessoas. Mas, na verdade, trata-se de um ver
sincero e lembrar de como os nossos caminhos são dirigidos pelo
Senhor - quando o são e se o são realmente.
Muitos
sentem-se mal ou desmotivados sempre que um mandamento ou uma
palavra os contraria ou exorta. Isso acontece quanto têm algo
diferente em mente. Agem como se fosse uma palavra de morte e ficam
sem entusiasmo e sem vontade de continuar. Culpam-se ou culpam Deus
e acham nisso uma razão para voltar para o mundo. Desculpas!
Desculpas! Esquecem que toda a palavra de Deus é palavra de vida. No
entanto e a julgar pela sua reação, agem como se fosse palavra de
morte. Não se alegram pela exortação e nem se lembram que, se Deus
os exorta, é porque Ele está atento e interessado em suas vidas. Não
estão abandonados. Não podemos agir como se uma palavra de vida
fosse palavra de morte sem ofender Deus. Essa pode ser uma das
razões por que Deus deixa as pessoas seguirem seus próprios
caminhos. Não é o que querem? E ainda se queixam os homens de
haverem sido abandonados por Deus, sendo que Ele é um 'gentleman'
deixando-os seguir seus próprios cursos!
Por
que é que quando a pessoa está sob provações, intensas ou não, a
primeira coisa que sente ou pensa é que está sendo abandonado por
Deus e não suspeita ou pensa que está apenas sendo provada? Jó
conseguiu aperceber-se disso e poucos foram tão provados quanto ele.
A prova de que Deus está conosco é conseguirmos manter a retidão e a
vida sob essas provações, sejam elas intensas ou não. Só isso prova
que Deus está realmente conosco porque, sem Ele, não cumpriríamos.
Na
Bíblia é afirmado que o "justo viverá pela fé". Mas,
também lemos: "Guarda os Meus mandamentos e vive",
Prov.4:4. Não podemos negar que
ambas as coisas vêm na Bíblia e que são igualmente válidas. No
entanto, os teólogos fazem parecer que são duas coisas opostas
levados pelas suas formas de hipocrisia a respeito dos caminhos de
Deus. Se levarmos em conta as palavras de Jesus, o qual diz que nem
um til será retirado da lei sem que tudo seja cumprido (Mat,5:17,18),
devemos entender logo que estas coisas encontram-se unidas e não
separadas. A pessoa vive cumprindo e cumpre pela fé. Por isso é que
o justo viverá pela fé - porque pela fé tem como cumprir. A fé torna
possível o cumprimento da Lei de Deus desde o mais profundo do
coração.
Lemos,
na Bíblia, que todos (os que vêm a Ele) serão ensinados por Deus.
Ora, uma das condições para permanecermos firmes até ao fim - ainda
que passemos por vales de morte - é havermos sido ensinados por
Deus. Existem pessoas que aprenderam as Escrituras, mas que nunca
foram ensinadas por Deus. Por essa razão nem eles e nem os seus
'convertidos' conseguem manter-se fiéis até ao fim. "Não me apartei
dos teus juízos, pois, tu me ensinaste",
Sal.119:102. Uma das condições
para permanecermos n'Ele e nunca nos afastarmos dos Seus
estatutos, é sermos ensinados por Ele. Não devemos somente desejar
aprender ou desejar cumprir, mas, devemos buscar de todo o coração
sermos ensinados por Ele. "No caminho da sabedoria te ensinei e por
veredas de retidão
te fiz andar", Prov.4:11.
"Os
soberbos trataram-me duma maneira perversa, contudo, eu meditarei
nos teus preceitos",
Sal.119:78. É bom ver pessoas
assim. Esta pessoa não ficou a meditar na maneira perversa como foi
tratado, mas, nos estatutos de Deus. "Estou como odre na fumaça;
contudo não me esqueço dos teus estatutos",
v.83. Ele não meditava nas
razões da fumaça e antes nos estatutos. Você é assim ou questiona
tudo quando sabe que Deus está realmente controlando a sua vida
inteira? "Quase que me têm consumido sobre a terra, mas, eu não
deixei os teus preceitos",
v.87. "A minha alma está de
contínuo nas minhas mãos; todavia não me esqueço da tua lei",
v.109.
Sempre
que estamos sendo provados na fé por circunstâncias várias, devemos
ter em mente algumas verdades sobre as as razões por que nos
sentimos provados. A razão porque uma provação ainda é provação
nunca é por causa das circunstâncias e antes devido ao coração que
temos. A provação ou o seu grau de intensidade tem tudo a ver com o
tipo de coração que ainda possamos ter e não com as circunstâncias
que nos rodeiam, afligem ou torturam.
Muitas
pessoas são confundidas quando entram nos caminhos de Deus. Ouvem
mal ou não ouvem com agrado aquilo que Deus quer delas. Existem,
certamente, várias explicações para isso, mas, não existe explicação
para quando a pessoa confundida ou enganada persiste em ser enganada
e até começa a crer que o engano não é engano. Vamos por partes: a
palavra de Deus é reta, pura e direta. Não tem segundas intenções
além de salvar a alma de seu erro e de corrigi-la. "Endireitai o
caminho do Senhor". Contudo, para alguém poder conviver com uma
palavra correta, necessita ter um coração correto. E obter um
coração reto implica muito trabalho, tanto da parte de Deus como da
nossa, encaixando-nos numa nova realidade de vida continuamente. As
coisas iguais aceitam-se e encontram-se sempre. Clamam uma pela
outra, buscam-se mutuamente e, quando se acham, sentem enorme gozo.
Se não forem iguais, nunca se entenderão, Amos 3:3. Os mortos estão com os
que morreram e os vivos com os vivos. Ora, quando misturamos um
coração incorreto com a palavra correta, começa a confusão e assim
que o coração deseje seguir a palavra sem ser transformado e
corrigido profundamente, a confusão aumenta. Enquanto o coração
souber que a palavra vem para transformá-lo, tudo estará
aparentemente bem. O pior começa quando o coração recusa ser
transformado e tenta aceitar a palavra correta parã evitar ser
transformado. Tentar cumprir sem ser profundamente transformado é
uma forma de evitar essa transformação e é o início da confusão. "Seja
reto o meu coração nos teus estatutos, para que não seja
confundido",
Sal.119:80. Temos a
responsabilidade de ter ou de obter um coração reto, sincero, puro,
sem duplas intenções, sempre que lidamos com a Palavra da Vida, a
verdadeira e caso desejemos andar nos caminhos de Deus sem sermos
confundidos. Não é possível misturar a vida com a morte, nem o
molhado com o seco.
O pecado
comete-se. Mas, cada pecado cometido tem em si mesmo a capacidade
inerente de chamar mais pecado e, também, de chamar outros pecados.
Com o tempo, pecar torna-se hábito. Transgredir e violar a própria
consciência torna-se uma normalidade que se mantém. E, para se
manter, aprecia a crença na sua própria impunidade (até ao Dia do
Juízo). A transgressão e o estupro da consciência torna-se habitual
e aceitável para que o dia-a-dia possa decorrer 'favoravelmente'. O
sentimento de impunidade também começa a tomar posse da mente e da
crença na medida que os dias vão passando sem julgamento. Esse
sentimento de impunidade começa a reorganizar a mente contra a
realidade, contra a verdade e contra a certeza da ira de Deus que se
manifestará através dum Juízo futuro. O hábito conveniente de deixar
de temer o verdadeiro Juízo de Deus permite crer que Deus não
castigará todo o tipo de transgressão, seja em quem for. Contudo, o
Juízo de Deus revelará o quão grande é esse engano. Algumas pessoas
são julgadas antes do Dia do Juízo e tornarão a ser julgadas nesse
dia novamente. É um fato que a mente humana começa a depender duma
crença na própria impunidade e começa a ver isso como fé. As trevas
fazem crer na impunidade dos culpados, causam essa crença
conveniente. Ora, se isto é verdade, devemos ter a noção de que,
quando somos verdadeiramente libertos de cada pecado, precisamos,
futuramente, lidar contra cada hábito e cada pensamento que cada
pecado foi criando ao longo dos anos passados e da cultura passada
que se foi mantendo impune o que, por sua vez, criou a crença que
seremos filhos da impunidade ainda que Cristo não nos haja
transformado. Devemos lidar contra cada crença de impunidade. A
impunidade é viver como se as nossas transgressões não clamassem
pela justiça de Deus. Será que tudo já passou em sua vida e que tudo
se fez realmente novo? A maneira de pensar, de sentar, de sentir, de
raciocinar, de agir ou reagir são alguns dos hábitos de pecado que
foram criados e que precisam ser modificados radicalmente tendo como
referência única a nova vida. Nós entramos numa nova vida com uma
mente antiga e condicionada. Ela deve começar a ser transformada
logo a partir da primeira experiência com a verdadeira vida eterna.
Isso equivale a abandonar uma cultura, uma nacionalidade, uma
racionalidade ou forma de raciocinar. "Sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus",
Rom.12:2. Essa vida chama-se
Vida Eterna, isto é, vida constante, permanente, sem altos nem
baixos.
Uma
coisa é alguém querer ser humilde e importante e outra é a humildade
onde a pessoa toma seu lugar de servo do Senhor onde somente o
Senhor se exalta. Existem pessoas importantes que são humildes, mas,
isso não significa necessariamente que o Senhor seja a pessoa
importante dentro dessa humildade. Por isso, podem existir várias
combinações desta verdade. Por exemplo, a pessoa pode exaltar o
Senhor em Suas palavras, cultos e circunstâncias sem ser humilde,
como pode fazê-lo sendo humilde. Mesmo exaltando Deus, qualquer
orgulhoso será sempre resistido por Ele. "Deus resiste aos
soberbos", Tgo.4:6; 1Ped.5:5.
"Por
que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis?",
Is.1:5. O amor pelo pecado é
terrível, pois, as pessoas chegam a defendê-lo acima da própria
vida. Preferem rebelar-se ainda mais quando castigados do que se
humilharem e abandonarem o mal que tanto amam e defendem. Contudo,
as garras que usam para defender os seus modos de vida, pecados e
rebeldias fincam-se no próprio rosto. "Toda a cabeça está enferma e
todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele
coisa sã, senão feridas, inchaços e chagas podres não espremidas",
v6.
"Procurai
que d'Ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz",
2Ped.3:14. Não é apenas necessário
estarmos imaculados e irrepreensíveis, mas, devemos estar assim em
total paz e alegria. Isto é, a nossa conduta normal irrepreensível e
imaculada deve ser muito natural e normal, sem que seja necessário
aplicar força para assim nos mantermos. O nosso ânimo deve ser
sincero e, além de ser ânimo, deve ser a coisa mais sincera e mais
espontânea que temos,
v.1.
Conseguir
depender da providência de Deus é conseguir estar satisfeito com o
dia de hoje.
"...Confirmados
na presente verdade", 1Ped.1:12. Pedro não se enganou nas palavras. Ele fala
duma presente verdade, significando que haverá uma realidade futura.
"Amados, agora somos filhos de Deus e ainda não é manifestado o que
havemos de ser",
1João 3:2. A palavra "verdade"
dentro deste contexto - como em toda a Bíblia - significa uma
realidade experimental, isto é, que se vive experimentando de
maneira real. Então, ainda existe algo melhor que a plenitude do
Espírito aqui na terra. Será algo muito melhor. De momento, só
podemos experimentar a "presente verdade" - ainda que seja uma
beleza de vida muito acima daquilo que qualquer ser humano possa
imaginar. E nessa "presente verdade" precisamos estar confirmados e
não meramente experimentando-a. Precisa tornar-se uma coisa normal
de toda a nossa existência, como se nunca tivéssemos vivido de outra
maneira.
"Pela
fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber e deu à luz já
fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha
prometido",
Heb.11:11. Sara riu-se quando
ouviu que iria ter seu filho um ano depois. Mas, diz aqui que obteve
o filho "porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido".
Mas, podemos questionar esta afirmação se formos de ânimo leve,
pois, se ela riu, como é que teve Deus por fiel? Na verdade, a
Bíblia não se está referindo a um momento, mas, a uma vida. Sara
sempre esperou em Deus. Por essa razão obteve o que Deus prometera.
Ela teve Deus por fiel durante muitos anos de espera e, por isso,
recebeu. Aquele riso foi mais um momento de tentação inesperada
(devido ao qual Abraão foi repreendido e não ela). Ela não era
incrédula, mas, esperava (esperou) em Deus.
"Abraão,
pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando
em cabanas com Isaque e Jacó",
Heb.11:9. Abraão tinha uma
promessa, mas, viveu na terra prometida "como em terra alheia". Isto
é um golpe de morte para aquelas doutrinas que dizem que nos devemos
apoderar disto e daquilo. Abraão viveu na terra como se fosse terra
desconhecida, esperando, por um lado, em Deus a concretização da
promessa que lhe havia sido dirigida pessoalmente. Ele não se
apoderou dela - esperou que Deus lha desse. Por outro lado, não
deixava que a possessão da terra se apoderasse de seu coração,
"porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e
construtor é Deus",
v.10.
Todas
as ações começam no coração. Cuide dele e não precisará prestar
muita atenção às suas ações, como os hipócritas e manipuladores
fazem. "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,
porque dele procedem as fontes da vida",
Prov.4:23.
"Graça
e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus
nosso Senhor",
2Ped.1:2. Muitos falam da paz e
da graça que receberam. Mas, poucos sabem do que falam. Digamos que
Pedro afirma que a paz se multiplica quando o conhecimento
experimental e verdadeiro da pessoa de Cristo é crescente e é real.
Este conhecimento tem de ser um conhecimento experimental, real e
verdadeiro. Isso é conhecer Jesus da maneira que Ele é. Jesus não
muda para se adaptar ao homem. Ora, essa paz multiplica-se na medida
que se vai conhecendo Jesus dessa maneira. Isso só pode significar
que o homem é transformado experimentando Cristo de forma real e
inequívoca. Se o homem não se transformar sob essas circunstâncias,
aumentará a falta de paz ao invés de aumentar a paz, sendo que Jesus
não muda para se adaptar ao homem. Por isso, verificamos que a
multiplicação da paz e da graça depende muito da medida do
conhecimento íntimo e experimental que conseguimos manter com Cristo
de forma continuada e voluntariosa. E, para isso acontecer,
precisamos mudar e ser transformados. Consegue viver em paz com um
Cristo santo, puro e irredutível? Sendo que Cristo é luz, consegue
encarar tudo o que Ele revela quando se aproxima d'Ele e ser limpo?
Se não conseguir, a sua paz diminuirá e não se multiplicará na Sua
presença. O mesmo também acontecerá no tocante à graça - ela não
aumentará.
Uma
vez, conversando com certo homem, Deus revelou-me que estava muito
irado contra ele. Distanciei-me dele de imediato. Esse homem jovem
tinha um bom emprego, uma família aparentemente feliz entre muitas
coisas que este mundo considera como prosperidade. Pouco tempo
depois, ele faleceu duma doença grave e dolorosa. Ontem, pensando
nisso, apercebi-me que a prosperidade não significa nada, pois, esse
homem era próspero e estava sob a mira da ira de Deus. Ainda que era
próspero, não deixou de cair eternamente. Que todos quantos são
prósperos deixem de pensar que Deus está com eles ostentando a sua
prosperidade como prova e que os mais pobres deixem de acreditar que
Deus está contra eles somente porque não conseguem 'prosperar' em
nada. Deus está contra o pobre que segura seus pecados e contra o
rico pela mesma razão. Ser pobre ou rico não é o sinal de que Deus
está a favor ou contra alguém.
Em
muitos aspectos, o mal opera com mais inteligência e intuição.
Devemos tornar-nos, na prática, melhores que o mal. O mal sabe que,
para vencer e fazer alguém abandonar o bem, essa pessoa precisa
praticar o mal. Ora, devemos saber que só poderemos vencer o mal
fazendo o bem,
Rom.12:21. Tanto o mal como o bem
precisam tornar-se práticos caso queiram vencer o outro. Existem
muitos dentro das igrejas que acreditam que serão aceites por Deus
praticando o pecado. "...Façamos males, para que venham bens? A
condenação desses é justa",
Rom.3:18. Na verdade, a sua
condenação será duplamente justa, pois, praticam o mal e ainda
acreditam que Deus aprova. Acreditar que Deus aprova o mal é o
oposto da fé, pois, "é necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que Ele existe e que Ele é bom",
Heb.11:6. Se Deus aceitar o mal, deixa de ser bom.
"Sabemos
que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para
que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante
de Deus",
Rom.3:16. Existem pessoas que
acreditam que Deus tornou o mundo condenável para que Ele próprio
fosse exaltado em glória. Mas, na verdade, entendemos pela verdade
que o mundo é, era e sempre foi condenável. Contudo, não parece
condenável. Deus quer tornar a imagem e a ideia do mundo igual ao
que ele é realmente. Começou por condená-lo na Cruz. Por exemplo,
hoje já ninguém fala do diabo como bom. A fama e o nome dele já
correspondem ao que ele é, até mesmo entre os seus seguidores. Mas,
ele nem sempre foi assim. Agora já está com um nome e uma fama que
correspondem àquilo que ele é e representa. Mas, o mundo ainda não é
olhado em conformidade com aquilo que é. Ora, quando a Bíblia fala
no mundo, não fala das suas pessoas e da terra, mas, da sua essência
perante a luz de Jesus. O mundo é é a própria essência do pecado e
procura meios para viver eternamente e para se poder apresentar
através duma imagem de inocência e de bondade. Isto é, o mundo não
procura ser visto como aquilo que é perante a luz da verdade. Por
essa razão é que se torna importante ver aquilo que o mundo (o
pecado) faz: mata Cristo, o Criador de tudo; abomina o Evangelho da
salvação que lhe é oferecida de forma gratuita; repele a verdade;
incute sonhos falsos nas mentes das pessoas; etc. Na verdade, o
mundo precisa aparecer como condenável, tal como o diabo já é visto
como mau. Então, isso é "para que toda a boca esteja fechada e todo
o mundo seja condenável...". É uma questão de verdade e não para que
Deus seja exaltado, pois, exaltado Ele já é e sempre será.
Se
é o amor pelo pecado que endurece um coração, isso só pode
significar que o ódio contra o pecado torna-nos mansos. Quanto maior
for o ódio e a repulsa pelo mundo no coração, tanto mais mansa a
pessoa se torna no verdadeiro sentido da palavra.
Quando
a Bíblia fala sobre a "mentira", ela dá uma definição diferente e
mais extensiva que a que nós damos. Para Deus e para a Bíblia, a
mentira é algo que não funciona e não dá resultados. Se a sua fé não
traz resultados práticos, é uma mentira - ainda que esteja baseada
na Bíblia e na verdade.
Incredulidade
passiva (ou uma outra ativa) é e será sempre a prova de falta de
dignidade na alma do próprio homem que pretende saber melhor que
Deus, ser visto e aceite pelos demais como sendo melhor e como
sabendo mais - ainda que carregue uma pedra no lugar de seu coração
e trema perante as preocupações!
Falamos,
regularmente, de fé sem obras e mesmo de fé com obras. Sob essa luz,
podemos afirmar com toda a segurança que o ato de esperar em Deus é
uma das obras da fé.
Existe
um problema sério com aquelas pessoas que se dedicam a comunicar com
os demais através de piadas e leviandades: eles não são capazes de
se tornarem sérios sobre coisas sérias. Depois, não conseguem
retratar-se sobre as coisas que disseram por serem coisas que, à
primeira vista, parecem ser desvalorizadas como ofensas. Muitas
dessas piadas não deixam de ser uma manifestação clara da falta de
amor que exige restituição.
A humilhação
precoce ou antecipada é muito útil e torna possível muitas coisas da
parte de Deus. Mas, não existe nada como a capacidade de nos
humilharmos no momento da exaltação e da bênção. Nada será capaz de
substituir essa pérola de virtude no coração de qualquer homem.
Imaginemos
que Moisés não tivesse ido ver o que se passava com a sarça que
ardia. Imaginemos que tivesse fugido da visão, descartado a
anormalidade daquela sarça ou ainda que tivesse tido preguiça de se
aproximar. Não teria perdido a voz de Deus? Não teria perdido a
razão da sua existência? Muitos perguntam-se por que razão não ouvem
Deus e por que razão não sabem qual a vontade de Deus para as suas
vidas ou mesmo qual a razão da sua existência. E nós, os que
ajudamos as pessoas nessas circunstâncias a acharem seu rumo,
acabamos por questionar muitas coisas e fazer muitas perguntas ao
nosso coração e entendimento sem conseguirmos achar as respostas que
gostaríamos de dar.
Existem
momentos que precisamos ler muito da Palavra de Deus. No entanto,
ler muito não é sinónimo de praticar muito. As coisas práticas são
feitas uma de cada vez e de início ao fim. Mas, ler bem e muito
serve para armazenar a Palavra que Deus irá poder usar no dia-a-dia
de toda a nossa existência, desde que seja bem entendida e bem
preservada em nossos corações. "O Espírito Santo vos fará lembrar de
tudo quanto vos tenho dito",
João 14:26. Essa é a finalidade
exclusiva do estudo da Palavra de Deus. Mas, se formos ler muito,
aprender muito e saber muito para nos destacarmos em sabedoria ou
para saber melhor que os outros, a nossa leitura foi em vão. Os
motivos errados nunca alcançarão as coisas de Deus, pois, as coisas
de Deus são coisas certas e as coisas certas nunca ligam com as
erradas.
Para
podermos ser devidamente corrigidos por Deus de forma real,
cooperante e prática, devemos ter uma noção exata da verdade e
daquilo que nos perturba a paz - se é que nos perturba. Se alguém
exagera a respeito do seu mal, lamentando-se, não será ajudado. O
mesmo poderemos afirmar daqueles que não se identificam com a
gravidade de algum pecado ou mal com o qual estão
familiarizados - só porque estão familiarizados e descansados com
ele.
Uma
das maneiras de amar o mundo e do mal passar despercebido é
tornar-se familiar. Isso é o que a Bíblia diz ser "amigos do mundo".
Para
um caminho direito parecer direito, o contraste dos caminhos tortos
são uma grande ajuda. Por isso, não se admire do fato de seus
próprios caminhos parecerem extremamente tortos quando pediu a Deus
para endireitar ou aplanar Seus caminhos diante de si,
Sal.5:8b. No entanto, devemos ter
em mente que Deus revela a verdade.
"Eu
sou aquele homem que viu a aflição pela vara do Seu furor",
Lam.3:1. Não importa qual a causa do
furor e se ele veio sobre nós próprios ou sobre os que nos rodeiam.
Se o furor chega a nós devido aos pecados de outros ou devido aos
nossos, havendo todos eles sido expiados e exterminados pelo furor
em questão, tudo está bem.
-
"Não
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela",
Deut.4:2. Quando Deus nos dá uma
palavra, por vezes, pode parecer-nos insignificante ou, quando a
explicamos ou escrevemos, dá-nos a sensação de ter ficado mal
escrita ou mal explicada. Já aconteceu muitas vezes alguém
alegrar-se muito e agradecer de todo coração por uma palavra que me
parecia insignificante quando a escrevi ou falei sobre ela. Devemos ter
todo o cuidado para não acrescentarmos nada e nem tirarmos nada
àquilo que Deus nos entrega fielmente apenas porque nos parece
insignificante ou mesmo 'medíocre'. Devemos saber que não podemos
acrescentar nada e nem tão pouco tirar alguma coisa de qualquer
palavra de Deus. Uns desejam acrescentar por lhes parecer
insignificante enquanto outros desejam diminuir devido ao medo de
perder ou magoar pessoas, ou por qualquer outra razão.
"Ó Israel,
ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes;
para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o Senhor Deus de
vossos pais vos dá",
Deut.4:1. Existe uma ordem que
nunca nos pode passar despercebida: cumprir, viver, entrar e
possuir. Para entrar na Terra Prometida, alguém precisa estar vivo.
Um morto não tem como entrar numa terra e muito menos para a
possuir. Alguém só se torna vivo cumprindo. De seguida, isto é,
entrando se pode possuir. Para possuir a Terra, só entrando. E Deus
não fala aqui de permanecer depois de possuir, mas, em outras partes
das Escrituras, acrescenta a palavra "permanecer". Ora, a Bíblia
fala em possuirmos a nossa alma por Deus, para Ele e através de Seu
poder. Nunca possuiremos esta terra sem entrar nela. E, entrando
nela, encontraremos os Seus inimigos lá. Por isso, não se esqueça
que, para possuir a sua alma em sua paciência, irá enfrentar todas
as tentações e perigos dos inimigos que existem por lá. Se quiser
possuir toda a sua alma, precisa passar por isso. Ninguém tira a
terra da mão de estranhos sem enfrentá-los e sem confrontá-los. "Na
vossa paciência, possuí as vossas almas",
Luc.21:19.
Depois
de entrar para possuir a terra, chega um outro
problema acrescido: quem começa a possuir 'esquece' qual a razão
porque a terra deve ser possuída. Tudo deve continuar a ser feito
por Deus e para Deus. No fim da sua vida, via-se que Josué teve
muitos problemas acrescidos por causa disso, pois, o povo pensava
mais em possuir que em fazer toda a vontade de Deus para glória
d'Ele. Possuir não tem qualquer valor em si mesmo, a menos que seja
feito por Deus que permanece para sempre. E foi Josué quem foi
confrontado com esse problema entre o povo.
Vemos
que Josué não podia fazer mais do que fez, embora o povo pudesse ter
feito muito melhor. Depois dum Moisés supra obediente a Deus e puro
de motivos e de coração (fazendo tudo para glória de Deus), Josué
teve um duro desafio pela frente em todas as frentes. Precisava da
autoridade que Moisés tinha, da vontade em glorificar Deus que
Moisés tinha, da obediência que Moisés tinha e muitas outras coisas
que ele precisava e as quais Moisés teve. E todas essas coisas
deveriam ser acrescentadas àquilo que seu próprio coração já
possuía.
Só
conheceremos aquelas verdades que já praticamos com toda a
simplicidade. O resto não é conhecimento, ainda que digam que é.
É muito
importante estarmos sempre em condições de obtermos respostas à
oração em cada momento da nossa vida. Imaginemos que somos apanhados
numa situação de vida ou morte quando existe algo que nos separa de
Deus e nos impede de sermos ouvidos?
"Todo
aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as
suas obras não sejam reprovadas",
João 3:20. Isto significa que
todo aquele que se sente reprovado quando é exortado, admoestado,
corrigido ou aconselhado, não gosta da luz. A luz revela tudo - e
nem podia ser de outra maneira. Mas, aquele que pratica a verdade,
vem para a luz com alegria. Caso ainda seja feito com esforço,
devemos manter em mente que deve chegar o dia onde a luz é amada e
acarinhada. Andemos na luz amando a luz e não tentando evitar ser
repreendidos.
Não
existe nada como a Palavra de Deus para tornar alguém humilde, desde
que essa Palavra seja perfeitamente entendida, apreciada e praticada
sem condições, sem hesitações e sem interrupções.
Muitos
desejam ensinar os outros para ganhar um lugar de destaque e de
autoridade perante quem os ouve. Mas, poucos - muito poucos -
desejam apenas servir os demais através da Palavra que recebem de
Jesus a cada dia que passa. "Apascentai o rebanho de Deus (...)
tendo cuidado dele, não por força, mas, voluntariamente; nem por
torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a
herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho",
1Ped.5:2,3. Querer ensinar para
se destacar, é uma das formas de apascentar por "torpe ganância".
Um
dos muitos problemas com que nos cruzamos em nossa vida quando não
sabemos esperar do Senhor ou esperar n'Ele, é o fato de podermos não
ser achados onde deveríamos estar espiritualmente assim que Jesus
chegar com a concretização da promessa que nos criou esperança e
expectativa. Porque não soubemos esperar devidamente até ao último
minuto, saímos de nosso posto de vigia e recusamos prepararmo-nos
para estarmos em estado de receber, isto é, com a fidelidade
instalada em nós. "Sobre a minha guarda estarei, sobre a fortaleza
me apresentarei e vigiarei, para ver o que falará a mim e o que eu
responderei quando eu for arguido",
Hab.2:1.
-
Nenhuma
oração obtém as suas respostas através da força, seja essa força
emocional ou outra. Antes, alcança pelo cumprimento das condições
que Deus estabeleceu como eternas. Os termos e as condições de Deus
não são negociáveis.
Ainda assim, teremos de buscar de todo coração.
Se lemos
a Bíblia, certamente que nos cruzaremos com
verdades a respeito dos fracos e dos fortes com certa frequência. Contudo, lemos algo que
se confirma sempre na prática sem excepções: que os fracos, estando
n'Ele, nunca cairão e que os fortes nunca permanecerão. Qual a
vantagem de querer ser forte, então?
A
primeira coisa que devemos saber sempre que buscamos uma vida de
oração que obtenha resultados, é que devemos começar a orar! Saber
como orar não chega. Saber ainda não é orar. É preciso começar a
orar.
-
Nunca
se esqueça que ler a Bíblia e entendê-la não é o alvo. As pessoas
tornam-se religiosas por se contentarem com um entendimento das
Escrituras e usam muito do seu tempo convencendo-se que Deus se
agrada delas e que meditar e orar com devoção é o seu "culto
racional". É bom sermos devotos à leitura e compreensão das
Escrituras, mas, lembre-se sempre que a Palavra de Deus é uma
mistura de meios poderosos e não são o alvo final. Obter os
meios, alcançar a plenitude não é e nunca será o mesmo que alcançar
o alvo que é conhecer Cristo como Ele é. A Palavra que é verdadeira
(vinda da boca de Deus) deve levar-nos a um Cristo real. Ler e
entender a Bíblia não tem qualquer virtude em si mesmo, a menos que
nos leve a encontrar Cristo e a mantermos um relacionamento
ininterrupto, continuado, suave e verdadeiro com Ele, no qual
possamos permanecer para sempre. Se a Palavra, o pregador ou a
igreja não é capaz de levá-lo a encontrar-se em Cristo dessa forma
real, todos os seus momentos de devoção e de leitura tornar-se-ão
repetições e rotinas vãs que Deus abomina e das quais a Sua alma se cansará -
e a alma de quem comete tais delitos também se cansará mais tarde ou mais cedo.
Mas, estando verdadeiramente em Cristo e sendo sempre achado n'Ele,
todos os seus momentos devocionais serão momentos de enorme
realidade e alegria inesperada pós devoção. Convém, pois, não tropeçarmos na
verdade que nos pode curar a alma. A Palavra não deve tornar-se uma
forma de tropeço sendo que pode tornar-se o meio para nos levar a Cristo que é a cura da alma.
A alegria
não é uma coisa que decidimos ter. Os votos e as decisões são coisas
inúteis quando não temos como cumprir aquilo que ambicionamos manter
ou alcançar. Mesmo que a alegria seja um mandamento, ela só se
materializa indiretamente. A alegria depende da existência dum
coração sincero, o qual pode, sem Jesus ou sem crer n'Ele, tornar-se
uma fonte de lamento sincero. As pessoas quando se tornam sinceras e
honestas ofuscam a realidade de Cristo olhando para seus problemas e
crenças enraizadas. Toda a falta de alegria num coração sincero e
limpo deve-se exclusivamente a um mau agir quando Jesus está
operando dentro dum coração. O oposto de roubar é dar; de
mentir é falar a verdade (e não somente deixar de mentir); o oposto
de desonestidade é fazer aos outros abertamente conforme aquilo que
gostaríamos que fosse feito a nós; e o oposto da alegria verdadeira
é ser carnal.
"E
disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração;
mas vós a tendes convertido em covil de ladrões",
Mat.21:13. O Senhor Jesus
considera ladrão todo aquele que usa o templo, o culto ou a pregação
para fazer qualquer tipo de negócio ou para angariar seja o que for.
-
Deus
dá, mas, não de acordo com mérito. Deus dá de acordo com a
necessidade e Sua bondade. Esta é a principal lição que extraímos daquela parábola
onde várias pessoas são contratadas em diferentes horas do dia e
todos acabam por receber o mesmo salário. Aqueles que foram
contratados no final do dia tinham as mesmas necessidades que os que
começaram o dia a trabalhar.
"Peça-a,
porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à
onda do mar que é levada pelo vento e lançada de uma para outra
parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor
alguma coisa", Tgo 1:6,7.
Esta é a minha questão: este versículo significa que a pessoa que
duvida não recebe somente aquilo que pede, ou significa que também
não recebe qualquer outra coisa?
-
Por
que razão a verdade sobre o estado real de qualquer pecador é uma
ofensa para ele? Por que razão a verdade fere-o sendo que a verdade
tem a capacidade de curar? Por que razão se ofende ao invés de ser curado? Não será porque o pecador deseja pensar
demais dele próprio?
-
"Digo
a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém;
antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus
repartiu a cada um", Rom.12:3.
Os problemas daqueles que pensam demais deles mesmos são vastos. Um
dos que podemos realçar é o desapontamento que pode levar a pessoa a
nunca mais querer pensar nada dele mesmo com moderação. Vou
explicar. Quando as pessoas pensam demais deles próprios no
ministério, Deus resiste a tudo o que dizem ou fazem. "Deus resiste
aos soberbos", Tgo 4:6; 1Ped.5:5. Deus não fica
indiferente, mas, resiste-os. Ao serem desapontados por Deus,
começam a duvidar sobre aquilo de que são capacitados por Ele. Uma
coisa leva à outra. Por isso, todos os que pensam demais deles
mesmos cairão no pecado da desobediência, da infidelidade e da
infertilidade espiritual. Serão infiéis nas coisas que podem ou
devem fazer. Além do mais, todos quantos pensam demais deles mesmos
procurarão fazer aquilo que não lhes compete fazer, interferindo sempre na vida e obras dos outros. Como uma pessoa
não pode fazer duas coisas ao mesmo tempo, certamente negligenciarão
aquilo que está ao seu alcance para fazerem aquilo que não lhes
compete fazer. A falta de fruto e de realização será mais uma razão
para duvidar de Deus. Mas, existem mais perigos resultantes desse
tipo de soberba, o qual coloca a pessoa a pensar demais dela mesma.
Da próxima vez que for tentado a pensar demais de si mesmo ou de se
meter nas coisas que não lhe compete fazer, pense seriamente nas
consequências trágicas dessa conduta, pois, será resistido por Deus
e levará as sequelas para a vida humilde que se manifestar quando já
não for soberbo. Essas sequelas podem levar a duvidar de Deus
facilmente, tendo-o como mentiroso, algo que tornará seu coração
infiel em todos os aspectos de sua vida. Não é à toa que Tiago diz
que qualquer homem incapaz de confiar no Senhor é "inconstante em
todos os seus caminhos".
Muitos
crêem que falar do Juízo de Deus é pouco benevolente. Contudo, lemos
que "a boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala do
juízo", Sal.37:30. Mais adiante, é
explicado que a razão é que "a lei do seu Deus está em seu coração",
v.31. Então, é impensável termos a lei de Deus no coração
sem termos a ideia sobre a sanção dessa lei de forma clara. Todas as
leis têm uma sanção. Não existe lei sem sanção ou sem pena. Por
isso, torna-se impossível não pensarmos na pena ou na recompensa da
lei de Deus tendo essa lei viva em nossos corações. Não é possível
termos a lei de Deus no coração sem falarmos no Juízo. Quem não fala
desse juízo não deve ter essa lei no coração, sendo que o juízo faz
parte dessa lei.
-
Você
pode desejar ter novas experiências todos os dias. Contudo, as novas
experiências não o farão crescer espiritualmente. O que faz a pessoa
crescer espiritualmente é edificar sobre aquilo que recebemos como
dádiva. Devemos construir sobre aquilo que experimentamos. Você pode
escolher entre melhorar devido aquilo que recebeu e construir sobre esses
alicerces ou buscar novas experiências a cada dia da sua vida.
-
"Não
sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do
mal", Prov.3:7. Vemos neste
versículo a ligação entre ser sábio aos próprios olhos e a
capacidade de praticar o mal. Isto significa que a sabedoria própria
e a sua exaltação são armas do mal e levam à ruína. O mesmo podemos
dizer de sermos fortes aos próprios olhos ou de sermos convencidos
pelo próprio coração quando devemos ser convencidos por Deus.
Quando
estamos mortos com Cristo e justificados pelo Seu poder, não existem
momentos bons e maus - existe Cristo em nós.
Dizem
que eu gosto de colocar a fasquia bem alto no tocante à vida com
Deus. Mesmo sendo verdade, apercebo-me a cada dia que, ainda que a
fasquia esteja alta, não está a meia altura sequer. Que Deus nos
ajude.
-
"Guarda-te
que não te esqueças do Senhor teu Deus (...) Para não suceder que,
havendo tu comido e fores farto (...) Se eleve o teu coração e te
esqueças do Senhor, teu Deus",
Dt.8:11-14. Não é fácil
entender, mas, a verdade é que sempre que a pessoa se esquece de
Deus ou dos deveres espirituais, o coração elevou-se. A pessoa que
se esquece de Deus ainda é orgulhosa, mesmo que não o admita e ainda
que mantenha toda a sua postura de humildade. A pessoa que é capaz
de esquecer Deus ou o dever que Deus delegou fielmente em suas
mãos, é capaz de qualquer outra coisa. É dos piores crimes na face
da terra. Contudo, qualquer pessoa que se esquece de Deus seja em
que sentido for, seja da Sua própria pessoa ou do dever,
dificilmente acredita tratar-se dum pecado tão sério e tão grave
quanto é.
-
Deus
prometeu o Seu pão a cada dia e não a cada dia anterior. Ele deu o
maná no próprio dia - no início do dia - e temos muitas razões para pensar que ainda hoje é
assim. É dessa maneira que as coisas são feitas no céu. E Jesus
ensinou a orar que as coisas na terra sejam feitas como no céu.
A falta
de fé é uma desobediência, Heb.4:2,6,11.
"Se te
adorar com medo do inferno, lança-me no inferno; se Te adorar por
causa do Paraíso, exclui-me do Paraíso; mas, se Te adorar pelo que
és, não escondas de mim a Tua face. (Rabia, 800DC)". Eu não poderia
escrever isto melhor. Subscrevo esta oração. Amem.
-
Em
muitos lugares nas Escrituras, lemos que Deus é "tardio em irar-se".
Ora, devemos levar em conta essa faceta de Deus. Podemos pensar que
Deus não se ira contra nós porque nos sentimos bem quando, na
verdade, Ele só está demorando a manifestar-se. Não nos podemos
enganar a esse respeito e permitir que isso esteja operando contra
nós. Devemos nos ajeitar com Deus o quanto antes.
"...Imputou-lhe
(...) justiça", Gen.15:6. A
imputação é o contrário de amputação. Quando algo ou alguém é
amputado significa que fica incapacitado ou fica sem um membro
importante. Com a imputação, entendemos que acontece precisamente o
inverso: alguém fica capacitado ou completo. A justiça que chove
sobre os corações pelos quais Deus passa é implantada ou imputada
neles. Não é um enxerto, mas, uma imputação. Isto é, o coração não
dá dois tipos de fruto como acontece em árvores enxertadas, mas, um
só. Com imputação entendemos que o coração se torna inteiramente
justo pela passagem do Justo. A imputação também pode significar que
algo com que a pessoa foi criada é colocado de volta nela. Qualquer
pecador está amputado da justiça de Deus. Não pode ser justo. Como
poderá tornar-se justo sem que essa justiça lhe seja imputada?
Quando muito, conseguirá apenas um tipo de justiça própria, pois,
encontra-se amputado da de Deus. A amputação de um membro tira da
pessoa algo que era dela, a imputação coloca nela algo que era ou
seria dela. Algo perdeu-se entretanto e Deus precisa imputar aquilo
de que fomos amputados e que se encontra ausente dos corações do Seu
povo.
-
Quando
falamos em sentir a presença de Deus, excluímos por completo o
sentir de sentimento. Sentir a presença de Deus é um sentir de tacto
e não de sentimento. O sentimento prova, apenas, que a pessoa tem
coração e não que Deus esteja presente. "As nossas mãos tocaram a
Palavra da Vida", 1 João 1:1
Todas
as pessoas perturbadas são perturbadoras. É uma bola de neve. O
perturbado perturba-se a ele mesmo e perturba os que querem
ajudá-lo.
-
As boas
obras são coisas normais para seres normais criados à imagem de
Jesus. Elas não salvam ninguém, mas, a ausência delas condena
qualquer um porque são prova que não tem o coração que devia ter.
-
A consciência
é mistério maravilhoso. Segundo a Bíblia, ela acusa e defende. Toda
a gente fala da consciência como se sua função fosse somente acusar.
Na verdade, ela defende também, Rom.2:15.
Mas, vemos que a consciência tem de ser deixada livre para não ser
influenciada, cauterizada, contrariada ou manipulada. Ela deve ser
livre para expressar-se e ser ouvida. E quando é iluminada por Deus
deve ser uma autoridade para o próprio. Só funciona bem na liberdade que Cristo dá
e guiando-se/regendo-se pela luz do Espírito na Palavra de Deus.
Quando a consciência não é deixada livre para falar e expressar-se
de acordo com a verdade, torna-se uma coisa perturbada, perturbadora
e confusa. Será como mexer na água quando desejamos que ela espelhe
o nosso rosto. Contudo, ela não é apenas perturbada nas suas
capacidades de acusar, mas, também nas capacidades de defender e de
operar a paz de espírito. Por isso, vemos que todas as pessoas que
não conseguem entender as acusações da consciência, também não
conseguem atender aquelas defesas que são capazes de estabelecer na verdade. É, pois, muito importante não mexer com a nossa
consciência e deixá-la falar por ela. Se a impedirmos de falar,
sofreremos duplamente e seremos pessoas confusas e desorientadas. A
nossa melhor orientação é a nossa consciência avivada pela palavra
de Deus.
Temos
muitas provas que existe, de facto, a fé falsa e a verdadeira. A fé
falsa tem por trás dela uma força enorme da qual o engano se
aproveita. Não podemos subestimar a força e a capacidade do engano.
O engano é muito inteligente. Ele é capaz de enganar as pessoas que
sabem que estão sendo enganadas, embora não seja muito difícil
enganar quem tem um coração enganoso, pois, seria como dar, de forma
invertida, aquilo que esse coração procura ou o ambiente onde se
sente acomodado e aconchegado.
-
A Vida
separa do pecado e o pecado separa da vida. Todo tipo de pecado está
ligado à morte; e a vida à santidade.
Sabemos que
todas as grandes coisas são uma composição de muitos detalhes, uns
maiores que outros e outros mais pequenos que outros. Mas, todos
formam um conjunto e nenhum detalhe é mais ou é menos importante
dentro do todo. A obediência é uma dessas grandes coisas. A luz
sobre os detalhes da obediência abundará na medida que os detalhes
são executados como uma pérola de um todo, como uma parte da nossa
coroa resplandecente. Devemos saber que as nossas coroas são feitas
com pérolas de obediência. Ora, sem a obediência, não teremos coroa.
A nossa coroa é construída com obediência.
"E aconteceu
que, aproximando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme
propósito de ir a Jerusalém",
Luc.9:51. Sabemos que ainda
faltava um tempo para Jesus ser crucificado. Mas, começou cedo a
demonstrar a propósito firme de se apresentar para a Sua missão
principal em Jerusalém. Devemos, também, começar a demonstrar o
firme propósito de cumprir a vontade de Deus desde muito cedo,
sabendo, contudo, que o seu tempo chegará, seguramente. Fazendo
isso, exercitaremos a firmeza de propósitos e estaremos aptos para
quando surgir a ocasião de nos mantermos fieis.
Não aconselho uma obediência impulsiva. Mas, uma obediência imediata não
é necessariamente impulsiva. Quando algo é impulsivo, deduzimos que
é superficial e que a pessoa entendeu apenas um pouco e já quer
correr quando ainda mal sabe andar. A obediência requer que tudo
seja bem entendido para que seja bem obedecido no momento seguinte.
Quem sabe correr que o faça bem, mas, o que só sabe gatinhar que se
empenhe em fazê-lo bem também.
-
Muitos
acreditam ser necessário resolver aqueles problemas pessoais que que
se sobrepõem aos espirituais, desvalorizando-os, os quais tomam seu
tempo e a sua atitude total. Mas, a verdade é que os problemas
pessoais devem ficar sem solução para atendermos aos mais
importantes e mais celestiais. Agindo dessa maneira, revelamos o que
se tornou mais importantes para nós. Logo, em vez de Deus resolver
esses problemas, eles tornam-se vales de grandes opções e lugares de
decisão. Temos de optar. A luta começou. Começou a guerra santa no
vale das decisões, Joel 3:14.
-
O desentendimento
com o próprio chama-se confusão. É no coração que nasce todo tipo de
desentendimento. Podemos estar em discórdia com o coração por duas
razões principais: ou o coração tem o céu dentro de si e o mal
entrou como convidado; ou o coração é ruim e o bem de Jesus está
batendo à porta. Nunca podemos esquecer que o Evangelho puro causa
confusão no coração que está apegado ao mal, seja em que estagio for
da vida de qualquer crente ou descrente. Essa confusão pode ser
vista como fruto dum operar de Deus e deve animar-nos e não desanimar-nos. Devemos
contar com isso para não desanimarmos no caminho.
Quando
não se aprova o bem, o mal é um sério candidato aos nossos gostos. E
quanto mais tempo se leva para chegarmos ao estado onde aprovamos o
bem de bom grado, tanto mais forte e mais persistente se torna a
candidatura do mal ao nosso paladar.
A obediência
é a chave da porta que se abre para sempre e a qual ninguém pode
fechar.
-
"Vede
como ouvis", Luc.8:18.
O primeiro passo para uma fé falsa é não vermos como
ouvimos, confiando demais naquilo que cremos ou cremos ser.
O Senhor
Jesus é o centro do mundo. Há quem não acredite, mas, é verdade.
O futuro
pertence ao dia que ele acontecer. Hoje era o futuro de ontem.
Amanhã será o futuro de hoje. Lidemos com cada dia no seu devido
lugar porque cada dia bem vivido na graça de Deus é a preparação
sublime para o que aí vem. Em breve o futuro será passado.
Se estivermos
pedindo ficção e religiosidade em oração, ainda que com outras
palavras, receberemos aquilo que estamos pedindo: ficção. Se
pedirmos Jesus de todo o coração esperando que se manifeste como Ele
é, receberemos Jesus como Ele é. Se Lhe pedirmos de forma descrente
e fingida, receberemos crença e não realidade; se pedirmos de forma
real, recebemos realidade da parte de Quem só é real, isto é, de
quem apenas pode ser real. Quem pede, recebe e quem busca acha -
acha aquilo que busca. Isto é a mais pura realidade.
O coração
que não estiver preparado para o pior, nunca estará preparado para o
melhor. Para os justos, tanto o bem como o mal têm as boas intenções
de Deus, ainda que também tenham as más intenções do mundo, do diabo
ou do pecado.
-
O jeito ou
o modo de fazer é mais importante, no momento actual, do que a obra
em si, pois, o jeito leva à obra e nem sempre a obra leva ao jeito.
Aprender com Jesus é muito importante. Eu creio que é mais
importante fazer as coisas da maneira que tudo se faz no céu, do que
tentar fazer as coisas do céu. "Seja feita aqui na terra como no
céu", isto é, da mesma maneira e usando o mesmo tipo de poder, os
mesmos motivos e alegria. O pecador tem, como último recurso, o
tentar fazer as coisas de Deus através da sua própria força para
poupar da morte a força da carne, seja em sua vida ou
na de outro. Usando a força da carne para qualquer coisa, mantém a
carne viva e activa. Quando se vê impedido de fazer as suas próprias
coisas, tenta fazer as de Deus do seu jeito. Se não consegue as suas
próprias coisas pelo poder de Deus, tenta ofender os céus tentando
fazer as coisas de Deus de sua maneira usando os seus próprios
recursos e seu fogo falso. Tirar do homem a sua força, os seus modos de fazer, as
coisas em que confia e das quais sempre dependeu, é mais frustrante
para a carne do que tirar dele os sonhos, as ilusões, os alvos e os
objectivos carnais pelos quais lutava ou ainda luta. Tirar-lhe os
meios é tirar mais que os objectivos porque, com os meios em sua
posse, ainda poderia refazer sonhos e objectivos perdidos e
esmiuçados pela fé.
Toda
a pessoa que não anda bem com Deus deseja fazer as coisas de Deus da
maneira dele, ou as dele da maneira de Deus.
Não
posso justificar o ímpio, nem mesmo quando o ímpio sou eu ou alguém
que me é muito querido.
Não basta
desconfiar da mentira. Desconfiar é pecado, pois, só vivemos da fé e
a fé são certezas. Desconfiar da mentira é muito pouco: tem de
tornar-se impossível crermos nela, ainda que os mentirosos sejam
muito hábeis no uso das palavras. E são mais hábeis que os
verdadeiros. A mentira tem de sentir-se desmascarada e incomodada na
presença de quem crê e não o inverso, ainda que nada seja dito. "De
modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não
conhecem a voz dos estranhos",
João 10:5. Quando o engano ainda
exerce algum tipo de fascínio sobre alguém, a verdade dificilmente
se instalará em seu coração, a menos que venha para causar
instabilidade. Só esse tipo de fé que crê na verdade e descrê da
mentira abertamente e espontaneamente conseguirá salvar, mudar,
transformar e exercer todos os seus poderes sobre a vida que somos.
Você precisa ser verdadeiro de natureza e não apenas na sua forma de
expressão.
-
Ninguém se
esforça para ser o que é em Cristo - só para não sê-lo. Ninguém se esforça para ser humilde - só para se orgulhar. Essa é uma das razões por que todo pecado cansa a alma.
-
Porque se
lamenta ainda, porque chora e implora para ter pensamento positivo
sobre as suas capacidades? "Porventura não existe Deus em Israel?"
2 Reis 1:3. Porque razão deve
confiar em si mesmo? Confiar na carne é a base de "pensar positivo". E quando irá "arriscar-se" e entregar-se com
intuito de vencer com um sorriso no coração sempre que é Deus quem
opera? Ainda vai demorar muito?
-
A incredulidade
é uma incapacidade: ela não permite crer na verdade. Por isso,
existem os que conseguem crer e os que não conseguem, conforme
Cristo disse: "Aquele que pode crer...",
Mar.9:29. Consequentemente, fé é
uma capacidade de descrer na mentira, é uma capacidade única em sua
forma de se expressar e de afirmar-se na verdade. A
incredulidade é a capacidade de crer na mentira e na ilusão em
detrimento da verdade. A fé é a capacidade de crer na
verdade. Fé não é crer. Fé é crer na verdade. Incredulidade é a capacidade de crer na mentira. Não é fácil crer na mentira e na ilusão, mas, a incredulidade torna isso possível.
-
A falta de
fé tem muitas causas e muitas origens. Também tem muitas
consequências. E, onde existe falta de fé, existe uma grande dose de
auto-confiança ou, então, uma enorme busca de auto-confiança. O
homem precisa confiar em qualquer coisa quando não confia no que
deve ou em Quem deve. O homem não se move sem confiança. Logo, na ausência de Deus confia em qualquer coisa - crê até mesmo basta ser crente.
-
Para
começar e terminar um assunto em oração, exige de nós uma atitude e
uma disciplina espiritual que se opõe a repetições de orações sem
resposta. "Examine-se o homem" em vez de cair na tentação de repetir
e repetir, ofendendo Deus. As orações com resposta não precisam ser
repetidas. Então, não haverá o pecado das repetições em quem obtém
respostas. A atitude de perseguir a resposta torna impossível a
repetição, isto é, se formos sinceros diante de um Deus que tudo
ouve. A repetição é uma ofensa a um Deus que não é surdo e ouve
tudo, tal como vê tudo. Da mesma maneira que Ele vê tudo e nada se
encontra oculto para Ele, dessa mesma maneira Ele é capaz de ouvir o
ruído mais imperceptível e mais insignificante no Universo. Os que
gritam orando na igreja só se querem mostrar e não obter respostas. Dão a
impressão de serem muito firmes e crentes sendo descrentes. E todos
pensam que são espirituais pelo barulho que fazem. E se desejarem
obter respostas, será com o mesmo objectivo de se mostrarem através
delas. Não sei por que razão as pessoas se orgulham de algo que não
foram eles a responder! Gloriam-se como se tivessem sido eles a abrir as portas que não se fecham. Oram e mostram-se como sendo os autores das
respostas até mesmo quando não existem respostas. A maioria dos
Cristãos de hoje são excelentes actores e actrizes! O homem
orgulhoso orgulha-se de qualquer coisa e por qualquer motivo. Só
deseja ter todos os olhos sobre si, não importa de quem e nem qual o
motivo - ainda que sejam somente os seus próprios olhos através dos
quais congratula-se facilmente.
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Lembre-se
de não ser mal-educado ao ponto de "abrir" a porta que só Deus abre.
Você bate - Deus abre. Não presuma a resposta, não seja soberbo e
mal-educado abrindo uma porta que não lhe cabe abrir. A pessoa que
se atreve a bater e abrir a porta distribuindo promessas que "não
viu" é um falso profeta. Ninguém pode prometer alguma coisa, em nome
de Deus, que Ele ainda não tenha atendido - ainda que tenha
prometido.
Uma oração
que obtém resposta imediata só desafia quem ora e não quem responde.
Isso não é um desafio para Deus. Nunca será. Será que ainda é para
si? Ou já cessou de orar? Já desistiu antes de obter
resposta?
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Já viu
algum presunçoso, isto é, alguém que assume coisas como se seu
próprio
entendimento fosse fidedigno e confiável? Quantas vezes vemos alguém
assumir coisas por outros, afirmando: "Pode crer em minha palavra,
pois, fulano irá cumprir!" Isso é uma forma de ilusão a respeito de quem se gosta. Na verdade, é
orgulho do coração expressando algo que não deve afirmar, pois, nem
sabe se fulano irá cumprir ou se irá estar vivo para poder cumprir.
Sermos 'fiadores' de outros é presunção. É uma das muitas formas de
orgulho disfarçado que encontramos, pois, esse orgulho encontra-se
disfarçado porque vive agradando pessoas e confunde esse seu acto
com amor. Na verdade, é um agrado e não é amor. Podemos tornar-nos fiadores de outros até atrés daquilo que afirmamos a seu respeito. "Filho meu, se ficaste
por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho e te
deixaste enredar pelas próprias palavras; e te prendeste nas
palavras da tua boca; Faze pois isto agora, filho meu e livra-te, já
que caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te, e importuna
o teu companheiro. Não dês sono aos teus olhos, nem deixes adormecer
as tuas pálpebras. Livra-te, como a gazela da mão do caçador e como
a ave da mão do passarinheiro", Prov.6:1-5.
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Sabemos
que devemos e podemos ter um coração igual ao de Deus. Isso não é
novidade, embora não se vejam muitas pessoas com esse coração, ou
crendo nessa possibilidade. Devemos ter um coração que se deleita em
Deus, que se deleita nas coisas nas quais Ele se deleita. Mas,
existe uma coisa que muitos esquecem: não apenas devemos poder achar
o nosso deleite naquilo em que Ele é capaz de deleitar-se, mas,
devemos poder deleitar-nos da maneira que Ele faz as coisas. Já
viu Deus eufórico fazendo grandes coisas? E já o viu relutante
fazendo coisas pequenas e insignificantes a nossos olhos?
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Dizem
que Deus não faz mal a ninguém e que o mal vem do diabo. Ora, até o
mal que vem do diabo é permitido por Deus. Na verdade, aquela pessoa
que acredita em Deus e todo o Seu poder sabe que o mal vem de Deus
por causa de alguma coisa e tendo em vista o bem global. Os que não
conseguem acreditar em Deus sofrem não apenas os males que lhes
acontecem, mas, também sofrem de amargura, ódios e desespero
queixoso. Quem confia em Jesus, ainda que seja debaixo do mal, ganha
ânimo e pode esticar o braço para alcançar a misericórdia. Mas, quem
não confia, não resolve nada e ainda piora o seu estado moral e
espiritual. Também condiciona suas atitudes e pensamentos em realação a Deus.
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A
ignorância tem muitas escadas. Aproveitemos os seus degraus para
descermos dela evitando o convite para subir cada vez mais naquilo
que parece sabedoria. Tudo o que é mau, quer parecer bom. A
ignorância quer parecer sábia, a hipocrisia quer parecer simpática,
a maldade deseja fazer "o bem". Vamos descer os degraus que subimos
no engano e busquemos todas as ocasiões para negar a morte, o engano
e o mal.
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"Sobre
aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o
que baptiza com o Espírito Santo", João
1:33. É interessante que Deus use esta imagem de uma
pomba para simbolizar a descida do Seu Espírito sobre Jesus.
Deixem-me explicar. A Bíblia fala da descida do Espírito. Mas,
existe outra coisa que a Bíblia fala e à qual ninguém presta
atenção. Ela fala do Espírito permanecer em alguém e esse alguém
permanecer no Espírito. É por isso que as Escrituras falam daqueles
que "não têm o Espírito", Judas 1:19.
Se o Espírito não permanecer sobre alguém, esse não tem o Espírito,
ainda que Ele tenha descido sobre tal pessoa. Sabemos o que é uma
pomba. Ainda que seja uma coisa insignificante, serviu de simbolismo
e de sinal de confirmação para João (pois, Jesus já era cheio do
Espírito, mas, João nunca O havia visto descer sobre Jesus); sabemos
que uma pomba não desce facilmente para pousar em alguém. Por
outro lado, qualquer coisinha faz com que essa pomba levante voo e
não permaneça sobre quem pousou. Isto não é interessante? Qualquer
coisinha pode fazer a pessoa ficar "sem o Espírito" e tornar-se
novamente sensual.
Na
eternidade só existe um grande hoje. A eternidade é um grande hoje.
Será que só existe o dia de hoje em nossa mente? Precisamos aprender
a ser eternos vivendo o dia de hoje agora e fazendo uma coisa de
cada vez em seu devido tempo. Ou nos concentramos na tarefa imediata
ou andamos confusos misturando as coisas de amanhã com as de hoje.
Um ser eterno ou um que começa a ser eterno - alguém que se arranjou
com Deus - será sempre um ser confuso caso não viva dentro das
regras da eternidade. Cada um deve viver como é para não se sentir
confuso e atrapalhado.
Ninguém
consegue matar um vivo e um morto nunca se pode considerar um ser
vivente, ainda que o faça. Sabemos que um morto espiritual é e será
sempre mentiroso e, por essa razão, não sente pudor se mentir a seu
respeito. Um ser vivente não tem como morrer porque a morte não o
alcança. A menos que os viventes pequem em algum aspecto, não têm
como morrer.
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As
acusações são pensamentos fofoqueiros que ora falam verdades, ora meias verdades e
ora mentem sobre o verdadeiro estado do coração. A acusação é uma
fofoca da cabeça e fazem parecer as verdades e as mentiras como
meias verdades. Isso significa que a verdade parecerá suspeita e que
a mentira sobe um grau na consideração desses homens e mulheres.
Depois, falam ou falarão da mesma maneira e com o mesmo espírito de
acusação a respeito de outras pessoas. O hábito e a atitude
construiu-se e será difícil de exterminar algo que se tornou uma
personalidade viciada, uma corrente da mente que flui por
instinto. Por isso, onde houver um coração que se acusa por conta
própria, recusando o perdão e desprezando a convicção que só o
Espírito dá para poder permanecer no vício da acusação, haverá
fofoca - no mínimo, existirá o espírito e a vontade de fofocar por
tudo e por nada. Ninguém consegue separar a fofoca da acusação.
"Não
te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem",
Rom.12:21. Vencer o mal não é ficar
a rir dele, mas, exterminá-lo. O mal dá-nos muitas oportunidades de
nos exercitarmos naquilo que é certo da maneira certa.
A Bíblia
diz que até um tolo, quando se cala, parece sábio. Isso significa,
então, que até um sábio, quando fala por falar ou que fala demais
parece tolo.
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Por norma,
a pessoa que julga e condena o pecado nos outros não é uma pessoa
que cuida da própria vida. Ela não é como aquele que "leva a boa
semente e semeia em
seu campo" (Mat.13:31), mas, tenta semear no terreno dos outros.
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Já
viu alguém reagir mal quando lhe apontam algum erro? As pessoas que
reagem dessa maneira costumam lançar as acusações de volta para quem
lhes apontou o erro. A pessoa que reage mal e acusa os outros é
aquela que se sente acusada. Sempre que sente uma acusação, reage
dessa maneira. Isso é o que acontece com quem julga: reage àquilo
que a própria consciência acusa. Quando vê um pecado em alguém do
qual ele mesmo sofre de uma forma ou de outra, reage julgando. É um
mau espírito de auto-defesa da imagem que criou dele próprio. Sempre
que é acusado pela própria consciência reage mal a essas acusações.
Julgar não é nada mais e nada menos que a defesa de uma imagem e de
uma semelhança de 'santidade' que não existe em quem julga. O
acusado tem de parecer santo aos próprios olhos ou, no mínimo, os outros precisam parecer pecadores
piores. Os julgamentos são reacções venenosas de quem se sente
acusado pelos pecados que vê em alguém.
Toda
a pessoa que não cumpre os seus deveres maritais quando os pode
cumprir tem um coração adúltero e não o sabe ou não o admite. Ainda
que não pratique adultério, seu coração é adúltero.
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Graça
é um poder ativo e não uma sala de espera passiva. Não é uma
'esperança' passiva. A graça funciona mesmo! A graça trabalha muito. Temos de nos apoderar
desse poder e saber crescer nele e através dele.
"...Na
fé que há em Jesus Cristo...", 1Tim.3:13,1;14. Isto significa que existe uma fé em Jesus
Cristo e outra fé fora de Jesus Cristo, isto é, existe uma fé de
compensação falsificada e acolhedora quando nos encontramos
separados d'Ele. Muitos nem se dão conta disso sendo confortados por
uma fé falsa e falsificada.
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Quando
eu era criança, aprendi a viver sem pai e sem mãe. Vivi sozinho muitos anos desde criança por causa da guerra.. Era eu a lutar
contra o mundo e as correntes de águas violentas e sujas. Aprendi
hábitos de sobrevivência, hábitos de viver sem pai. Mas, descobri
que não mais podia viver como se não tivesse pai. Preciso
perder esses hábitos e negar a força do braço da carne. Não devo
depender mais desse tipo de poder. E ao longo dos anos meu braço
carnal tornou-se forte e dominador. Preciso, agora, entregá-lo à morte sem medo,
pois, não opera segundo Deus. Preciso render-me a Jesus
integralmente e não importa quão fortes são esses instintos de
sobrevivência. Não preciso ter mais medo de não conseguir vencer.
Preciso trocar a minha força carnal pelo poder da graça que é ativo
e poderoso. Sinto-o e conheço esse novo poder que desconhecia e do
qual ouvia falar.
A pessoa,
para mudar, precisa querer mudar e recusar querer ser aceite e
entendida. Por isso é que quando as pessoas tentam explicar-se,
tentam mostrar que sabem mais ou tentam fazer outras coisas que
fazem as pessoas serem aceites, ela não conseguem mudar. Quem quer
mudar não pode tentar pular o muro do aprisco em vez de passar pela
porta do reconhecimento do erro e da graça quando caminha.
Precisamos ter Jesus nos Caminhos d'Ele e não somente os caminhos.
"...Dos que se lembram de Ti nos Teus caminhos..."
Is.64:5.
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Não
existem muitas diferenças entre ricos e pobres no tocante à
possibilidade de entrarem no Reino de Deus. Não estou discordando de
Jesus nesse aspecto. De modo nenhum. Deixem-me explicar. Os pobres
são tão consumidos por afazeres quanto os ricos. Enquanto os ricos
são consumidos pelos pensamentos que o dinheiro traz, confiando naquilo que
possuem e ocupamdo-se com espinhos, os pobres são consumidos pelos pensamentos e pelas
amarguras que a pobreza traz e por aquilo que não possuem. O deus de
ambos é o mesmo e o pobre coloca as suas esperanças no dinheiro
tanto quanto o rico o faz. A única diferença que vemos entre um e
outro é que o pobre não consegue confiar na sua pobreza, embora
estenda a sua mão para o deus do dinheiro tanto quanto o rico o faz.
O rico pode confiar nas riquezas e é por essa razão que Paulo afirma
que a confiança no dinheiro é idólatra. O pobre tem a esperança de,
um dia, poder cofiar em Mamon.
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Quando
impomos as mãos sobre alguém, acontece uma de duas coisas: ou a
pessoa torna-se participante da nossa bênção, ou nós nos tornamos
participantes dos pecados dela. Não devemos impor as mãos
precipitadamente sob pena de nos tornarmos culpados dos pecados
alheios. "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem
participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro",
1Tim.5:22.
-
"Ninguém
pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo",
1Cor.12:3. Existem vários versículos
que dizem esta mesma coisa, direta ou indiretamente. Contudo, a
partir de outros versículos e olhando ao redor vemos que existem
muitas interpretações erradas a respeito desta verdade. Por exemplo,
em Mat.7:21
lemos: "Nem todos os que me dizem 'Senhor, Senhor' entram no Reino
de Deus". Parece que existe uma contradição entre estas duas porções
das Escrituras, mas, veremos que não se contradizem. O segredo deste
versículo está na palavra 'dizer'. Quando a Bíblia
afirma que 'ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor
sem ser pelo Espírito', não está falando de um dizer de palavras,
mas, de uma constatação real. Por exemplo, eu não posso dizer
que consigo voar porque, na prática, não consigo voar. Se
conseguisse, poderia dizer que me era possível voar
porque a prática mostrava isso mesmo. Do mesmo modo, existem pessoas
que, ao olharem para sua vida interior e experiência pessoal, só podem concluir que
Jesus é realmente Senhor. Isto é, eles conseguem perceber como sua
vida mudou naquilo que nunca conseguiram mudar; que Jesus
transformou o impossível em possível; etc. Por isso, podem dizer que Jesus é realmente Senhor porque comprovam isso na
prática e a sua experiência é que Ele é realmente genuíno e vivo.
Não têm outra explicação para aquilo que vem ocorrendo dentro e fora eles e nos
arredores. É isso o que significa poderem dizer
que Jesus é realmente Senhor: por aquilo que experimentam de forma
real e genuínamente. Qualquer um pode dizer que Jesus é Senhor através de
palavras, mas, poucos podem afirmar havendo sido convencidos além de
qualquer dúvida e explicação. Não lhes é possível contestar essa
realidade ainda que queiram, pois, a sua realidade comprova
precisamente o contrário, isto é, que Jesus é deveras vivo, reina seus pensamentos e seus
corações. Não é apenas uma questão de fé, mas, de constatação no
terreno, na vida e na prática. Isso não é o mesmo que dizer que Jesus é
Senhor para poderem entrar no aprisco das ovelhas pulando o muro e
evitando a porta.
-
"Ninguém
pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo",
1Cor.12:3. Ora, quanto a conseguir
dizer que Jesus é Senhor temos muito, mas, muito mesmo para entender
- principalmente nos dias de hoje onde proliferam as doutrinas
superficiais. A pessoa que tem um Senhor é uma pessoa dominada,
guiada, verdadeiramente reinada e toda sua vida, decisões,
capacidades e tudo que tem não mais lhe pertence e não são mais
para proveito próprio. Não tem mais qualquer outro senhor, nada mais
que o domine, seus filhos não lhe pertencem e tudo que tem ou é não
é mais seu. Passa tudo a ser para glória de Deus - tudo pertence a
Deus e tudo que se faz é para Ele através d'Ele. Naquele tempo era
mais fácil entender a palavra "Senhor", pois, ainda existia
escravatura. O escravo era propriedade dum senhor, contrariado ou
não. A diferença de termos Jesus como Senhor é, contudo, enorme. A
esse Senhor buscamos como tal, isto é, quem busca e acha Jesus é para
que Ele se assenhorear de toda a nossa existência (há quem busque e não ache
isso ainda que creia que achou). Buscando e achando passa-se a viver nessa posição dentro
dum reino que tem Jesus como verdadeiro Senhor. Esse reino,
busca-se. Ali, nada mais conta. Contudo, uma coisa é alguém ser
escravo contrariado, o qual busca a própria liberdade e a capacidade
de tomar suas decisões todas; outra coisa é buscar ser aceite como
esse escravo de forma alegre, voluntariosa e cheia de poder,
repudiando até a ideia da própria 'liberdade'. Ora, ninguém consegue
alcançar (de forma real) esse ponto, ou digamos esse posto de vida
dentro desse Reino, sendo verdadeiramente aceite e aprovado (após
uma triagem exaustiva), a não ser pelo Espírito Santo. É para esse
efeito que devemos buscar ser cheios do Espírito.
Infelizmente,
grande parte do meu tempo e trabalho é endireitar Escritura torcida
ou torta. Descobri que se tornou muito difícil pregar o Evangelho
simples e expor somente as Boas Novas de Cristo. "Amados, procurando
eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive
por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que
uma vez foi dada aos santos",
Judas 1:3.
-
"E todos
os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de
salvar",
Act.2:47. Existem muitos
versículos que são mal entendidos por causa das doutrinas que foram
surgindo ao longo dos séculos. Este é um deles. Muitos alegam que
este versículo fala da predestinação. E, na verdade, não é assim.
Não estou falando contra a predestinação. Estou somente afirmando
que este versículo não se aplica ao passado longínquo, mas, ao
futuro próximo de quem vem a Cristo. Lembra-se das palavras de Paulo
ao carcereiro? "Crê e serás
salvo, tu e a tua casa". Essas palavras revertem a salvação para um
pós-crer e não para o momento que se crê. O verbo está no futuro. A
pessoa que crê tem como salvar-se de seus pecados após crer. A
pessoa que crê tem como limpar os seus pecados confessando-os um por
um. Ao havê-los confessado diligentemente e seus pecados haverem-se
tornado públicos, abre-se o caminho para ser liberto, para sempre,
tanto deles como da origem desses mesmos pecados (e de outros que
ainda possam surgir). Seremos resgatados nesta presente vida das
mentiras (não das dos outros, pois, a mentira do outro nunca me
condenará, mas, a minha própria certamente que não me deixará impune); seremos ainda libertos da
má-língua, dos desejos da carne e outras coisas mais que me retém
como prisioneiro de direito. Ora, quando lemos este versículo em
Atos, podemos constatar que Deus juntava à Igreja aqueles que ainda
haviam de ser salvos de todos os seus pecados - futuramente.
Todos
se dão como exemplos. Mas, somente alguns o são-no e muito poucos
dos que são têm a confiança e criam as circunstâncias para serem
seguidos. Os exemplos que devem ser seguidos já não confiam na carne
e podem sentir-se perdidos se não confiarem em Cristo. Por isso, é
possível que ainda temam ser seguidos como exemplos. Mas, nunca foi
bom para alguém fugir das próprias responsabilidades.
Quando
devo perseverar na oração? Já recebi algo que Deus prometeu ou que é
explicitamente a vontade d'Ele? Se ainda não recebi, a ordem é para
perseverar e receber de forma real, pois, Deus é real tal como todas
as suas respostas.
"O homem
não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu",
João 3:27. Por que razão vivem
os homens ainda como se tudo dependesse deles próprios e não da
obediência?
A Bíblia
nunca se expressa contra as obras, mas, contra "as obras da lei" - a
circuncisão, os sacrifícios de animais, etc. Aquilo que as pessoas
consideram obras hoje não é o que as pessoas consideravam obras
naquele tempo. As verdadeiras obras do amor são uma exigência dum
coração puro como leves sacrifícios a Deus.
"De modo
que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é
profecia, seja ela segundo a medida da fé...",
Rom.12:6. As coisas que diz são
ditas porque Deus mostra ou porque acha que as sabe e quer
mostrar-se?
Já
ouviu falar de pessoas que contradizem tudo e que seu hábito
favorito é dizer não contra o sim e sim contra o não? O seu coração
está sempre na oposição! É você uma dessas pessoas? Quando alguém
diz 'direita' você diz 'esquerda e se alguém diz 'esquerda', você
diz 'direita'. De acordo com as Escrituras, rebeldia é isso mesmo.
Um coração contradizente é um coração rebelde. Quando João foi
enviado a preparar o caminho para o Senhor, ele veio "com o fim de
preparar ao Senhor um povo bem disposto". Isso é precisamente o
oposto de um povo que se opõe a tudo por ter nele um coração
contradizente. Deixemos de ser da oposição pelo hábito e usemos as
nossas forças para nos opormos ao pecado em nós e estarmos a favor
do Senhor sempre. "Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo
rebelde e
contradizente", Rom.10:21.
Normalmente,
as pessoas acreditam coisas erradas. Acreditam que uma pedra de
tropeço é a maneira como falamos quando os ouvintes se irritam com
aquilo que ouvem. Dizem: "Temos de ser sábios, irmãos! Não podemos
falar assim". Não devemos falar a verdade francamente? Na verdade,
uma pedra de tropeço é sempre alguma coisa em nossas próprias vidas
que contradiz o Evangelho. Se alguém se irritar contra a verdade
falada francamente quando o Senhor a inspira, isso é fruto e não
tropeço.
Se
você faz piadas sobre as coisas de Deus ou sobre Deus, será uma
piada em breve e será o alvo de grandes risadas. "Também Eu me rirei
na vossa perdição e zombarei, vindo o vosso temor",
Prov.1:26.
-
"...E
guardaram a tua palavra",
João 17:6. Muitas vezes me
perguntei, até mesmo em momentos de agonia em oração, o que é
necessário para que aqueles que se convertem mantenham a palavra
viva neles e consigam firmar-se nela até ao fim. "Guardar a
palavra". Estive muito tempo procurando uma solução distante e ela
encontra-se tão perto! A primeira condição é que seja mesmo a
palavra de Deus e não a nossa ou do nosso conhecimento. Lendo mais
adiante neste capitulo das Escrituras, vemos, também, que se torna
necessário a pessoa conseguir ver e reconhecer que a palavra é de
Deus. Isso só acontece quando Deus está operando, efetivando e ministrando a mesma palavra no interior de quem ouve. E não podemos dar esse reconhecimento hipocritamente. Os sábios que salvos almas não podem estar sempre a falar daquilo que sabem, mas, precisam saber ministrar a palavra certa em momentos oportunos. Existe essa cooperação entre pregador e Deus. Ela
precisa frutificar em nós e ser capaz de convencer-nos. Precisa ser
mesmo a palavra de Deus e, também, precisa ser reconhecida como tal.
Só assim a obediência será duradoura. Quantos elogiam o pregador sendo que a palavra é de Deus!
Quantos se admiram muito com as palavras de quem prega quando deveriam apenas saber que o pregador anda verdadeiramente com Deus! Quantos glorificam Deus quando ouvem a Palavra ou veem um milagre? "E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo"; "todos glorificavam a Deus pelo que acontecera"; "os gentios, ouvindo, alegraram-se e glorificavam a palavra do Senhor", João 7:16; At.4:21; 13:48. A pessoa só conseguirá a capacidade de manter-se fiel quando tudo se torna uma questão entre ela e Deus. E os pregadores precisam falar a palavra
que vem de Deus naquele momento e não extraírem as coisas dos seus
conhecimentos - ainda que Deus use esses conhecimentos para Sua
glória. Cumprindo esses requisitos, os discípulos terão mais
certezas e guardarão a palavra de Deus até ao fim. Certeza é fé. Pela fé viveremos - seremos seres verdadeiramente vivos.
É preciso
um vivo para enxergar outro vivo. Um morto enxerga outro morto e o
vivo vê os vivos e cada qual tem comunhão com um seu igual. "Vós me
vereis; porque eu vivo e vós vivereis",
João 14:19.
Devemos
consultar Deus a respeito de tudo. Mas, o que nos vale consultar
Deus dessa maneira se não obtemos respostas? Devemos chegar ao ponto
onde Deus nos ouve sobre todas as coisas. Senão, seremos uns
religiosos mais apurados que os demais e satisfeitos por orarmos em
todos os momentos, quando entramos e saímos do carro, quando
escrevemos ou falamos. É bom orarmos em todas as circunstâncias e
consultar Deus sobre todas as coisas, ainda que seja por causa de um
par de sapatos. Mas, para nos livrarmos do mercado da hipocrisia,
devemos chegar ao ponto onde Deus nos ouve atentamente a respeito de
tudo que conversamos com Ele. "E
tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que
o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu
nome, eu o farei",
João 14:13.
"A solteira
cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no
espírito",
1Cor.7:34. Isto só é verdade em
alguns casos. Existem solteiras que não servem ao Senhor porque as
suas cabeças só pensam em casar. As suas mentes ficam ocupadas com
casamento e não com o Senhor ou as coisas d'Ele. Não esqueçam os
solteiros que a finalidade é "para vos unirdes ao Senhor sem
distracção alguma" (v.35).
-
A fé
alcança a vontade de Deus - não a nossa. A fé verdadeira consegue
fazer-nos alcançar a vontade de Deus para as nossas vidas e executá-la pelo poder da graça.
"Não
é boa a vossa jactância", 1Cor.5:6.
Paulo diz isto a pessoas que não fizeram nada acerca de alguém que
cometeu pecado dentro da igreja dos Coríntios. Diz que aqueles que
não fizeram nada acerca do problema sofrem de "jactância". Ora,
isso, para muitos, será uma surpresa. Normalmente aceitação é tida
como 'amor' e nunca como jactância. Só pode significar que é a
jactância quem aceita, dentro da Igreja, aquilo que afasta e impede
o Espírito Santo. Outra parte interessante é que Paulo diz aos
Coríntios para se limparem por causa do pecado de outro quando seria
normal alguém se limpar do próprio pecado.
Muitos
pregam para eles próprios não irem para o inferno. Outros pregam
para as pessoas se salvarem. Em qual das categorias você cai?
Doutrina
é para ser seguida por quem ensina. Vida é para ser seguida por quem
aprende. E hoje vemos todos aprendendo e seguindo doutrina.
-
A
auto-justificação tem raízes profundas e nunca anda sem acusar
terceiros - ou sem acusar o Primeiro, o Alfa e o Ómega! Se essas acusações não
surgirem logo, acabam surgindo mais tarde. É somente uma questão de
tempo até surgirem.
Se
as coisas não funcionam da maneira que Deus disse que funcionariam,
ou se não funcionam da maneira que desejamos - se não se cumprem de
acordo com as expectativas - porque razão o homem tende a desconfiar
mais de Deus do que de si mesmo? Por que razão pensa que é Deus quem
está falhando em relação a ele e não ele em relação a Deus?
Sabemos
que existe diferença entre fazer as coisas e fazê-las em Cristo ou
através d'Ele. As pessoas que fazem as coisas certas ou tentam fazer
sem Cristo, normalmente, desistem ou acabam por se desviar para o
lado do inimigo. Na verdade, desistem de uma maneira ou de outra.
Quem falha tem, como primeiro pensamento, desistir de tudo ou fazer
outras coisas. E fazer outra coisas em termos práticos do Evangelho
significa entrar no pecado. Ora, os que desistem deveriam saber que
existe alternativa melhor: tentar de outra maneira. Já tentou as
coisas através de Cristo? Saiba hoje que, quando desiste, na verdade
está desistindo dos seus próprios caminhos e não do Evangelho.
Provavelmente, fez do Evangelho um caminho próprio e, por essa
razão, desiste.
"...Poder,
segundo o Espírito de santificação",
Rom.1:4. O poder de Deus, seja
numa vida ou num local, nunca anda separado da santificação ou da
santidade da pessoa ou do local.
-
A quantidade
de elogios e de glória que você distribui aos homens e mulheres
deste mundo ou deseja distribuir, sejam eles crentes ou não, é
precisamente a quantidade de glória que gostaria de receber dos
outros. E não conseguirá parar esse problema evitando elogiá-los.
Caso se esforce para não dar glória ou elogios aos homens sem
resolver seu desejo de ser elogiado, querido, apreciado ou amado,
fá-lo-á através da amargura e os homens sentirão isso. No mínimo
sentirão que algo não está bem consigo. Só pode resolver este
problema através da sinceridade: foi Deus ou o homem quem fez ou faz
aquilo que admira ou aprecia? Precisa investigar a fundo e, através
da sinceridade, dar a glória a quem ela pertence. Se pertencer ao
homem, dê-a ao homem. Se pertencer a Deus não a dê ao homem. Não
diga que foi Moisés quem fez aquilo que Deus fez. "À tarde sabereis
que foi o Senhor vos tirou da terra do Egipto".
Ex.16:6.
Permitir
que seja o Senhor a comandar e a dirigir é, provavelmente, uma
decisão tão difícil e necessária quanto aquela que fizemos no dia da
maior decisão da nossa vida: a de seguir Cristo.
Existe
uma verdade à qual ninguém pode fugir: se sabemos esperar no Senhor
com toda a paciência, o tempo passa depressa e podemos até ser
surpreendidos. Mas, para todos os impacientes, o tempo demora a
passar e tudo se torna muito difícil! Infelizmente, os que conseguem
esperar de consciência manchada, esperam em vão até que limpem as
consciências e lhes seja restituído aquilo que os gafanhotos comeram
durante os anos de praga.
Ainda
existe alguma dúvida que Deus nos trata conforme os nossos caminhos
e obras? Não nos trata de acordo com aquilo que cremos, mas, de
acordo com nossos caminhos e vidas práticas. "Assim como o Senhor
dos Exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos e
segundo as nossas obras, assim ele nos tratou",
Zac1:6. A promessa para bem ou
para mal pode tardar, mas, chegará com certeza. Sabemos que só
colheremos aquilo que semearmos. Nem poderia ser de outra maneira.
Não podemos semear espinhos e esperar colher outra coisa que não
seja espinhoso.
Já
alguma vez tentou fazer Jesus rei à força? Já pensou por que razão
tal coisa é condenável? Por norma, a pessoa deseja torná-Lo rei à
força para que Ele reine sobre a carne e o sangue, pois, Ele não
precisa ser forçado a ser rei sobre as coisas espirituais porque já
é rei e Senhor sobre elas. Por norma, as pessoas que forçam Jesus a
ser rei sabem que não conseguem alcançar todas as coisas que
desejam. Mas, logo ficam desapontadas n'Ele. Têm uma aparência de
humildade e de submissão, mas, o tempo traz-lhes desapontamento
porque Jesus nunca reinará sobre a carne. A carne é algo que Ele
deseja morta. Também sabem que Jesus pode todas as coisas, pois,
todo o poder lhe foi dado. Essa mistura força Jesus a ser rei, pois,
a carne tem sempre pressa para alcançar seus objectivos. Contudo,
Jesus não é forçado a ser Rei sobre as coisas espirituais. As
pessoas que forçam Jesus a ser Rei, como fizeram os Israelitas,
sabem, esperam ou suspeitam que Jesus tem todo o poder em Suas mãos
e que eles mesmos não conseguem alcançar aquilo que pretendem ou da
maneira que pretendem. Por isso, querem forçá-lo a ser Rei e Senhor
sobre suas vidas. Desejam que o Todo-Poderoso reine sobre os seus
desejos carnais e pouco celestiais para que, de alguma forma, possam
alcançar as suas pretensões ou desejos egoístas através do Seu
poder. Querem que Jesus ajude e fortaleça a carne. Infelizmente,
hoje, essas pessoas são chamadas de crentes ou de Cristãs. Na era
dos discípulos eram conhecidos como enganadores, pois, distinguia-se
facilmente entre o que serve a Deus e o que não serve. Então, se é
honesto e ainda deseja pertencer a Jesus, faça este teste: deseja
forçar Jesus a ser Rei ou fazer alguma coisa que deseja? Então, é um
sinal claro que deve parar e rever seus motivos e seus desejos.
Certamente deseja que Jesus reine sobre a carne - a sua carne.
Deseja que Jesus concretize os seus desejos terrenos e pessoais. Na
verdade, Jesus veio para que nós alcancemos uma vida maior onde se
alcança os Seus desejos e isso da maneira d'Ele, a qual funciona da
maneira mais simples, obtendo resultados claros. Aqui temos a
evidencia dos dois lados do coração do homem bem clara: se tenta
fazer Jesus Rei pela força, você ainda é carnal. Precisa lidar com
seu coração à luz de Deus primeiro. Se tenta fazer Jesus Rei pela
força, significa, também, que está evitando trabalhar no seu próprio
arrependimento e conversão, convertendo-se da impiedade para a
santidade em Deus. Antes, deseja fortalecer a carne e os seus
esconderijos de pecado através do poder de Deus em vez de se mudar
para o lado da santidade e pureza de motivos. Existe maior engano
que esse? Existe situação mais repelente que essa?
Sei
que existe uma grande cumplicidade e uma relação muito íntima entre
a fé e a fidelidade. Uma nunca anda separada da outra. Nenhum infiel
consegue ter fé verdadeira - só uma falsa.
É bom
conseguirmos traduzir pensamentos em palavras, palavras em ensino e
ensino em vida - ou vida em ensino. Quem não faz isso raramente
cresce ou arrefece e morre para Cristo e para a verdade ao longo do
tempo.
Uma
das razões por que Deus não opera é que Ele não tem condições para
trabalhar. "Pedis e não recebeis porque pedis mal, para o gastardes
em vossos deleites",
Tiago 4:3. Devemos ter as
condições criadas para Deus poder trabalhar para o Reino d'Ele,
senão, Ele estará fortalecendo um inimigo Seu contra Ele mesmo: a
carne. "Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo (deserto)
vereda a nosso Deus", Is.40:3.
Os pecadores
(os crentes) que nunca se converteram têm por hábito serem
impacientes com os pecados dos outros e pacientes com os próprios,
chegando mesmo ao ponto de ignorar ou defender os próprios pecados.
Mas, quando se vem a Cristo mudamos totalmente e tornamo-nos
impacientes com os nossos próprios pecados e muito pacientes com os
dos outros que lutam contra eles.
Não
é estranho que, logo após o Mar Vermelho haver-se aberto diante das
pessoas, Moisés tivesse de dizer: "À tarde sabereis que o Senhor vos
tirou da terra do Egipto"?
Ex.16:6. Será que já não sabiam que
havia sido Deus ou não aceitavam que havia sido Ele? Se Moisés lhes
houvesse dito que havia sido outro deus teriam acreditado? Eles
ainda pensavam que havia sido Moisés! Quantas vezes mencionamos as
pessoas que oram sempre que uma oração é ouvida? Quantas vezes
dissemos: "Tal pessoa orou e fui curado ou alguém foi curado"? Não é
o Senhor quem cura ou curou? Devemos lembrar sempre que a maneira
como nos expressamos vem daquilo que se passa a nível de coração.
Quando
esperamos de Deus coisas que queremos e que Ele nunca prometeu,
vamos ter dois problemas: não enxergamos aquilo que Deus dá e
esperamos o que não recebemos. Isso cria o terreno apropriado para o
diabo operar em nossa incredulidade, insatisfação e infidelidade.
Basta um passo para haver infidelidade no coração. A fé e a
fidelidade são coisas inseparáveis, tal como a falta de fé e a
infidelidade.
"O Senhor
prova o justo; porém, ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua
alma",
Sal.11:5. Isto significa que
sermos provados por Deus é sinal de amor e compaixão. Pode
significar, também, que o ímpio não é provado. Se isto é verdade,
por que razão os justos se queixam quando provados ou quando vêem
que os ímpios não sofrem males?
"Todas
as suas cogitações (do ímpio) são que não há Deus",
Sal.10:4. Isto não significa,
necessariamente, que o ímpio afirma que não há Deus, mas, que as
suas acções, a sua maneira de proceder e a forma como vive a sua
vida diária nunca leva Deus em conta, nem quando peca e nem quando
faz coisas que não são pecado sem saber que deveria depender da
graça de Deus para fazê-lo.
"O ímpio
gloria-se (...) bendiz ao avarento",
Sal.10:3. Isto é uma verdade, pois,
o ímpio nunca fica indiferente à riqueza material de alguém. Mas,
existem outras verdades sobre isto. Todos os que louvam os avarentos
são ímpios. Mas, esta não é a única verdade, pois, todos os que são
capazes de criticar o avarento em vez de ficar indiferentes e
confiantes em Jesus, também podem ser considerados ímpios.
A finalidade
do Juízo de Deus é exterminar o mal e o pecado para sempre. O pecado
é o mal e o mal é o pecado. O juízo não tem como objectivo final o
castigo, mas, a extinção até da lembrança do mal.
Toda
a pessoa que não é espontânea na verdade, criou muitos complexos e
instabilidades ao longo da vida; e todo aquele que se tornou
espontâneo nas trevas, perdeu toda a vergonha de pecar e perdeu toda
qualquer dignidade que ainda pudesse ter. Um santo não anda caso se
ache numa súbita escuridão. Ele congela seu andar e espera em Deus
até a luz o alcançar para andar na luz. Aquele que é ímpio faz o
oposto: consegue andar nas trevas e fica estagnado caso a luz o
alcance duma forma real.
São
os pais desobedientes que têm filhos desobedientes. Contudo, isso
não é uma regra totalmente segura e fiável. O obediente Samuel não
teve filhos obedientes. Eu creio, porém, que isso foi uma excepção.
Seja você de coração aquilo que você deseja que seus filhos se
tornem achando graça proporcional para esse efeito. Tudo precisa ser
feito através do poder da graça. Por norma, seus filhos tomam-se
mais naquilo que você é do que naquilo que você lhe ensina a ser.
Imagine como você desejaria que seus filhos fossem e torne-se isso
você próprio. Ensine-se a si mesmo para seu bem e para o bem de seus
filhos. Também aprenderão a ensinarem-se a eles próprios.
Ou
somos povo do Céu ou somos do país onde nascemos. As duas coisas não
é possível. Devemos ter cuidado com o 'nacionalismo', pois, Deus
quer-nos fiéis a Ele porque, quem Lhe é fiel, será sempre o melhor
cidadão de qualquer país, seja do lugar onde nasceu ou noutro. A sua
fidelidade real transbordará para sua vida prática na terra em
qualquer lugar.
Tenha
a certeza disto: se alguém ainda considera alguns pecados menos
graves que outros, se ainda pensa que somente certo tipo de pecados
entristecem o Espírito de Deus, essa pessoa, certamente, também não
considera alguns pecados como pecado. Certifique-se que lida com
isso antes de orar por/com alguém, para não participar dos pecados
dos demais. "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem
participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro",
1Tim.5:22.
É verdade
que o temor não é amor aperfeiçoado. Mas, não existe amor perfeito
que não tenha começado como temor a Deus.
"E os
filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não
eram rectas, contra o Senhor seu Deus",
2Reis 17:9. Sempre que as pessoas
fazem alguma coisa encobertamente ou em segredo, isso significa que
sabem que aquilo é errado. Se não soubessem, não o fariam
secretamente. E como as pessoas fazem muitas coisas erradas, fazem
muitas coisas secretamente. Isso cria um padrão de vida, um hábito
de viver e de fazer tudo em segredo. Muitas vezes, também cria o
hábito de tentar fazer as coisas da maneira errada primeiro, antes
de se tentar a coisa certa da maneira certa, porque o fazer errado e
fazer secretamente são inseparáveis. Conheço um homem que mente
sempre primeiro, mesmo que a verdade o beneficie muito mais em
certas ocasiões. Primeiro mente e só depois de não ter alternativa é
que decide falar a verdade. É um hábito de coração, é um padrão de
vida ganho na vida de pecado. Essa é a maldição principal de
andarmos no pecado. É isso que Deus diz ser andar nas trevas.
Devemos colocar tudo na luz para quebrarmos essa maldição e
exterminá-la pela raiz. Por isso, quando esses padrões se encontram
enraizados na maneira de ser, as pessoas ou fazem a coisa certa da
maneira errada, ou tentam fazer a coisa errada da maneira certa. Tem
de haver sempre algo de errado em seu comportamento para não se
sentirem expostos e para se sentirem seguros de si. Ou fazem as
coisas certas em segredo, ou fazem as erradas abertamente. Por essa
razão se envergonham do Evangelho puro. Olhe atentamente à sua volta
e verifique se isto não é assim. Isso acontece porque tem de haver
algo de errado no comportamento de quem tem um coração perverso. Se
não houver algo de errado no comportamento de tais pessoas, não se
sentem seguras de si mesmas. Andemos na luz, expondo tudo e
revelando tudo. Não é possível medir os danos de uma vida nas
trevas. "Vinde, ó casa de Jacó e andemos na luz do Senhor",
Is.2:5.
Se
as palavras de Salomão num sonho contaram para Deus, quanto mais
contará cada palavra que dissermos quando estamos acordados! Vamos
ter cuidado com nossas palavras, pois, daremos contas de cada uma
delas.
Um testemunho
pode ser considerado como tal apenas quando testemunha de Deus.
Testemunhar de Deus é diferente de testemunhar sobre Deus. Muitos
testemunham, mas, não de Deus. Falam de Deus para testemunharem, em
termos práticos, deles próprios. Falam de como Jesus sofreu por
eles, mas, raramente conseguimos testemunhar uma realidade de Jesus
em suas vidas.
Para
este mundo, é uma ofensa não fazermos algo por força própria ou por
motivos pessoais. "Zombando, diziam: Salvou os outros
e não pode salvar-se a si mesmo",
Marc.15:31.
Perfeição
não é um assunto fácil para muita gente. Contudo, creio que o grande
problema nas pessoas é a incompreensão sobre o assunto e a confusão
que existe na maioria das cabeças acerca disso. A maioria define a
perfeição de acordo com seus próprios padrões e, muitos mais, de
acordo com a maneira que gostariam de ser tratados pelos demais. A
perfeição descrita na Bíblia é a simplicidade dentro da presença de
Deus. Quanto mais simples dentro da vontade de Deus, tanto mais
facilmente o coração é tomado e levado pelo Seu Espírito. A Sua
presença, juntamente com a simplicidade, é uma combinação
inestimável. Esse é o fogo que Jesus prometeu derramar na terra. Na
verdade, a perfeição começa assim que as nossas acções correspondem
com aquilo que o nosso coração realmente é. E isso não é para ser
teatral, porque o humano raramente conhece o seu coração e nunca
fará, por isso, uma representação fiel de si mesmo. E ainda que
fosse fiel, não passaria duma representação teatral. Precisamos ser
tão transparentes a ponto de demonstrar aquilo que somos
verdadeiramente e não aquilo que pensamos que somos.
Existe
uma coisa na qual sempre acreditei e que faz cada vez mais sentido
para mim a cada dia que passa. Deve ser mais fácil para nós,
criaturas de Deus, vivermos uma vida santa do que uma vida de
pecado. Com isso, não quero apenas afirmar que é mais suave e mais
leve para a alma e vivificador para o coração, mas, que é melhor e
mais simples em termos práticos. Também devo afirmar que o acesso a
Deus e à Sua vida é mais fácil que o acesso ao pecado. Antes de
discordarem comigo, pensemos um pouco juntos: Se formos mergulhados
em água e permanecermos lá, será mais fácil ficarmos molhados ou
secos? Qual será mais difícil? Creio que não é nada fácil ficarmos
secos dentro de água e nem permanecermos molhados fora dela. De
acordo com a Bíblia, Deus está em todo lugar e vivemos dentro d'Ele,
Act.17:28. Agora, pergunto-me:
como é possível o coração ficar seco e sem vida dentro da própria
Vida? O pecado, por outro lado e ao contrário do que as pessoas
pensam, não está em todo lado. O pecado encontra-se no coração do
homem e é por essa razão que parece ao homem que está em todo lado
porque, para onde o homem for, o pecado vai junto com ele. Quando os
pecados de fora nos perturbam, ele ainda existe dentro do coração.
Porém, se a Vida nos domina, estaremos conscientes dela e
tornamo-nos uma bênção. A única conclusão verdadeira que podemos
retirar desta verdade é que os humanos devem de estar a lutar muito
para se manterem longe de Deus e, consequentemente, para serem
reinados por um outro senhor cruel ao qual chamamos pecado. É Deus
quem está em todo lugar e não o pecado. Concluímos, pois, que
deveria ser muito mais fácil vivermos uma vida santa do que uma vida
de pecado. Na verdade, se mudarmos os corações dos homens e se esses
corações forem purificados, o mundo muda e tudo será diferente.
Então, "todo lado" será santo porque o homem é santo.
Jesus
não morreu ao ser crucificado. Como poderia ter morrido se disse ao
homem que morreu ao lado d'Ele que naquele dia estariam juntos no
Paraíso? Como poderia estar morto e no Paraíso ao mesmo tempo?
Entendendo correctamente o que Paulo escreveu, a morte de Jesus foi
uma morte real, mas, para o pecado e para este mundo,
Rom.6:10. Esse tipo de morte foi a
que Jesus sofreu: morreu definitivamente para o pecado e para o
mundo. Esse tipo de morte manifesta-se claramente em todos aqueles
que são, realmente, possuídos por Ele em todos os aspectos de toda a
sua vida prática. É isso o que significa morrer com Cristo. "Pois,
quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado;
mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim, também vós,
considerai-vos como mortos para o pecado, mas, vivos para Deus em
Cristo Jesus nosso Senhor",
Rom.6:10,11. O tipo de morte que
Cristo experimenta passa a ser experimentada por aqueles em quem Ele
vive.
Por norma,
as pessoas fazem as coisas de modo a nunca traírem os seus próprios
sentimentos. Mas, somos chamados a nunca trair as nossas
consciências iluminadas e não os nossos sentimentos. Conheço uma
mulher que faz de tudo para não trair os seus sentimentos em relação
à sua própria família e em relação à família do marido
em sentido inverso. Ela não gosta da família do marido. Quando é
necessário partilhar nas despesas de alguma coisa com a família
dela, ela certifica-se que eles recebem o máximo que poderiam
receber. Ela diz que é uma questão de consciência. Mas, quando toca
a família do marido, ela certifica-se que eles recebem o mínimo a
que têm direito. Em ambos os casos, ela procura não trair os seus
sentimentos, embora afirme que é uma questão de consciência. A
consciência, nessas circunstâncias, não tem maneira de expressar a
verdade porque vive abafada por aquilo que ela sente. Não consegue
negar a própria vida e muito menos o seu sentir. Ela é fiel ao que
sente e não à consciência.
Na
Bíblia, cruzamos com palavras que podem-nos chamar a atenção. Uma
das coisas que me chamou a atenção, foi o facto de Deus afirmar que
pode amaldiçoar uma bênção. Parece um paradoxo, mas, é a verdade.
"Amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado,
porque não aplicais a isso o coração",
Mal.2:2. Noutras palavras, uma
bênção vem revelar a fidelidade de Deus, sendo dada, a qual de nada
aproveita ao homem no final das contas. A bênção chega e os
gafanhotos comem-na, para frustração de quem a recebe. Isso é o que
acontece com todos aqueles que se chamam pelo nome de Deus, mas, não
demonstram fidelidade de acordo com a exigência e com os padrões de
Deus. É verdade que Deus pode amaldiçoar uma bênção, por estranho
que pareça. E se isso é verdade, o que impediria Deus de abençoar
uma maldição ou de torná-la uma bênção? Deus abençoou Jó usando tudo
que lhe aconteceu; abençoou Davi pela perseguição que Saul lhe
infligiu. E poderíamos acrescentar muitos mais exemplos destas
verdades.
Um
pecador busca sempre qualquer tipo de justiça própria para apoiar-se
nela e para ter com que justificar-se. Um santo busca qualquer tipo
de pecado que ainda possa restar nele para poder acusar-se diante do
trono da graça. Um procura justificar-se, enquanto o outro procura
acusar-se. Essa é uma das muitas diferenças entre santo e pecador.
Para
Deus, não existe tal coisa como direitos humanos porque é Ele quem
nos defende. Se não abdicarmos, a favor de Jesus, de todos os
direitos que pensamos ter, podemos ter a certeza que estaremos
negando a Deus e ao Seu poder. Abandone os Seus direitos nas mãos de
Jesus e aprenda d'Ele que é manso. Entregue tudo a Ele. Nunca mais
pense em ter, defender ou assumir direitos neste mundo. Só temos o
direito ou o privilégio de servi-Lo com tudo que somos sob qualquer
circunstância ou dificuldade. Santidade não é politica. Não temos
direitos diante de pessoas e nem de instituições. Somos de Cristo.
Ele detém os nossos direitos - são d'Ele.
Assim
que as pessoas abrem espaço para a realidade da salvação neles, ou
para a possibilidade da palavra de Deus tornar-se realmente viva em
seus corações (para que não possa estar morta lá), entrarão numa
fase de pré-conversão. A única coisa que devem fazer é abrir espaço
neles para a possibilidade de Jesus ser real e para que o jesus
morto de suas cabeças possa ser negado para sempre. Esse também será
um estado de pré-conversão. A verdadeira conversão começa a chegar
assim que as pessoas colocam em prática, de forma natural, as
palavras que se vão tornando vivas nelas.
Nós
estamos bem familiarizados com aquelas palavras de Jesus, que dizem:
"Buscai e achareis". Contudo, Jesus também diz nos Evangelhos o
seguinte: "Vós Me buscareis e não Me achareis",
João 7:34. Isso acontece porque
não O buscamos onde Ele está e nem para aquilo que Ele quer. "Quem
subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele
que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à
vaidade",
Sal.24:3,4. Aqueles que estão
sujos buscarão, mas, não acharão, a não ser que busquem a sua
própria limpeza em primeiro lugar.
Avivamento
começa quando os crentes se convertem. Só pode começar com a
conversão genuína dos crentes.
Hoje
uma senhora falou-me sobre estar-se sufocado por responsabilidades.
Ela também me falou de como seu marido a abandonou por não desejar
ter a responsabilidade do casamento sobre os seus ombros. Dizia ela
que seu marido não queria ter essa responsabilidade e foi essa a
razão que invocou para sair do casamento. Ele desejava viver sozinho
e sem responsabilidades. Mas, mal sabia ele que é precisamente a
irresponsabilidade de sua alma e coração que trazem fardos sobre os
seus ombros. Só somos sufocados por irresponsabilidades e não sendo
responsáveis. "Os Seus mandamentos não são pesados",
1 João 5:3; "Porque o meu jugo é
suave, e o meu fardo é leve", Mat.11:30
Como é triste ver como as pessoas trocam as coisas e dizem que o mau
é bom e que o bom é mau. A irresponsabilidade é um fardo pesado. O
cumprimento das responsabilidades em Deus são leves para a alma e
traz leveza consigo.
É comum
acreditarmos que o amor pelo dinheiro só existe quando aplicamos ou
usamos esse dinheiro para proveito próprio. Nada poderia estar mais
longe da verdade. Vemos como existem muitos pregadores angariando
fundos para espalhar seus evangelhos falsos e contraditórios.
Qualquer pessoa pode ter amor pelo dinheiro pelo simples facto de
possuí-lo. Não importa onde esse dinheiro seja aplicado, pois, o
amor pelo dinheiro subsiste sob qualquer circunstância. "Do avarento
nunca mais se dirá que é generoso...",
Is.32:5. Isto significa que
podemos ver um avarento como generoso e justo - até ele próprio pode
ver-se assim. E se isso é verdade, também podemos concluir que
existem pessoas que compram coisas para eles mesmos com a bênção de
Deus. Isso não significa, necessariamente, que amam dinheiro. Os
servos de Deus não se sentem poderosos quando possuem dinheiro. Jó
não se sentiu 'desprezado' quando perdeu tudo e não se sentiu
poderoso possuindo a sua fortuna. Os santos pertencem a Deus e Ele
pode levá-los ou guiá-los a usar dinheiro nalgumas coisas que
necessitam. Deus cuida deles.
Já
alguma vez pensou no verdadeiro significado das palavras de Jesus
quando Ele diz que muitos irão pular o muro em vez de entrar pela
porta? Talvez pense que não será uma dessas pessoas. Mas, vamos
aprofundar um pouco mais essa verdade. Existem muitas circunstâncias
onde isso acontece e, na maioria dos casos, ninguém se dá conta
disso. Por exemplo, agradar pessoas significa o uso de outros meios
parecidos com o amor. Agradar pessoas é uma forma de alguém
esquivar-se do verdadeiro amor. É pular o muro. Por isso, eu creio
que só aqueles que agradam pessoas são capazes de se tornar
desagradáveis e inconvenientes. E também existem semelhanças de fé,
de esperança, da verdadeira oração e todas as outras virtudes
importantes. E é interessante notar que é muito mais difícil pular
um muro para entrar do que entrar pela porta. Contudo, as pessoas
escolhem sempre o caminho mais difícil.
Muitas
vezes, queixamo-nos da falta de frutos em nossas vidas,
especialmente, de frutos imediatos. Contudo, hoje apercebi-me
profundamente das palavras de Jesus onde ele diz que as coisas do
Reino de Deus devem fermentar antes que possam tornar-se úteis,
Mat.13:33.
A Palavra
de Deus diz (e podemos confirmar a sua veracidade em termos
práticos) que a ira do homem não produz a justiça de Deus. Se isso é
verdade, podemos facilmente deduzir que a ira de Deus também não
promoverá a justiça do homem. Descansem aqueles que desejam que Deus
faça mal ao seu próximo por algum agravo que sofreram. Deus não
promove a justiça do homem.
Sempre
que o sol brilha sobre nós, a nossa pele sente o seu calor e
testemunha da realidade desse facto. Até a cor da nossa pele pode
testemunhar que estivemos ao sol. Quando a luz de Deus brilha sobre
nós, todo o nosso ser testemunha disso e qualquer pessoa pode ver
que algo surpreendente nos aconteceu. Contudo, já vi muita gente
imaginando coisas e acreditando naquilo que nunca foi real para
eles.
Acrescentar
ou tirar da Palavra de Deus é uma das maneiras de não a cumprir.
"Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela,
para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus,
que eu vos mando",
Deut.4:2. Não ouviu falar,
ainda, de como o coração do homem é enganoso? Esse coração é capaz
de mudar a Palavra de Deus para cumprir aquilo que quer ou deseja
cumprir. Isso é uma maneira de fugir à verdade e, ao mesmo tempo,
manter a crença em Deus. Dá uma paz falsa à consciência. A pessoa
muda a Palavra em vez de mudar o coração. Quer adaptar a Palavra ao
coração que deseja manter intacto. Seria melhor adaptar o coração à
Palavra do que a Palavra ao coração. Na verdade, iremos ter sempre
esta guerra: a Palavra instiga o coração a mudar e o coração instiga
a Palavra a mudar. Sempre foi assim. Mas, nem Deus e nem a Sua
Palavra mudarão.
Podemos
distinguir entre glória imediata que Deus pode receber e a Sua
glória a longo termo. Por exemplo, quando as nossas orações são
ouvidas no local onde oramos, Deus é glorificado de imediato.
Contudo, quando isso acontece, significa que Deus já foi glorificado
através da nossa santificação cuidada e estendida no tempo. A nossa
consagração à verdade é plena e sincera. E quando nos tornamos
santos (e algumas pessoas levam algum tempo mais que as outras para
alcançarem essa vida plena), então, qualquer um pode falar bem de
Deus por aquilo que vê em seres santificados pela Palavra e pelo
Espírito de Deus. Mas, eu não creio que todo tipo de glorificação de
Deus seja um sinal de salvação da pessoa por quem essa glorificação
acontece. Sabemos que Faraó glorificou Deus com a sua morte e, no
entanto, encontra-se no inferno. Essa glória foi boa para Deus, mas,
foi muito desagradável para Faraó. Bem aventurados são aqueles que
se glorificam na glória de Deus. "...Co-herdeiros de Cristo (...)
para que também com ele sejamos glorificados",
Rom.8:17.
Uma
das maneiras de sermos pessoas "tardias para falar, tardias para se
irar" é tornarmo-nos espontâneos na verdade e quebrarmos aquelas
barreiras enganadoras de complexos criados ao longo do tempo. Essas
barreiras impedem o bom senso e o bom sentido das coisas. E sabemos
que toda a conversação santa ou inspirada está cheia de bom senso. O
bom senso prevalece sempre sobre o muito falar e sobre a ira.
Quando
a Bíblia se refere à arrogância, fala daqueles que não querem, ou
não podem depender somente de Deus. A arrogância é o oposto de
esperar em Deus em muitos sentidos e de manter a expectativa n'Ele
viva e cheia de força. Se você não consegue esperar em Deus, ainda
segura na arrogância. A dependência de Deus é o oposto da
arrogância.
Falamos
facilmente da vida abundante que Deus dá. E, até certo ponto, é bom
que falemos sobre essa vida, pois, ela existe, de facto, de tal
maneira que a pessoa deixa de ter qualquer necessidade eterna.
Contudo, devemos lembrar que saímos de uma vida de grandes
necessidades interiores. Durante essa vida criamos hábitos de ser,
contornos de personalidade, maneiras de pensar e de falar que em
nada abonam a perspectivas que essa vida abundante nos dá. Isso pode
escalar em conflitos interiores. Esses conflitos interiores ocorrem
sempre que a nossa vida interior não está de acordo com a exterior
ou vice-versa. A pobreza espiritual deixa marcas que devem e podem
ser anuladas para sempre. Se mudamos o vinho, devemos mudar, também,
os odres. Coloquemos vinho novo em odres novos. Não podemos viver
uma vida de plenitude de forma prática se ainda temos hábitos de
necessidade. Abundância significa precisamente a ausência de
necessidade. Se ainda sentimos necessidades, isso não pode
significar que essa vida abundante não existe. A mulher na fonte de
Jacó deveria entender que, bebendo da água que Jesus dá, ela nunca
mais teria sede - mesmo que a sede se tivesse tornado um hábito. Não
podemos manter o hábito de buscar água viva quando já a temos em
nós. Devemos ganhar o hábito de mantê-la - um hábito que nunca
tivemos. Mas, para isso é necessário que a tenhamos verdadeiramente
e não seja mera ficção da nossa mente.
"Se
apartares o precioso do vil, serás a minha boca",
Jer:15:19. Que promessa!
Contudo, isto não significa que seremos automaticamente a boca de
Deus quando distinguimos as coisas vis das boas, ou as coisas que
devemos dizer das que não devemos dizer. Na verdade, existem muitas
coisas que precisam acontecer antes que possamos tornar a nossa boca
a boca de Deus. Deus ainda precisa falar quando separamos, da nossa
vida, as coisas más das coisas boas. Quando somos puros, Deus ainda
precisa dizer para falarmos. Não podemos assumir estupidamente que
as nossas palavras serão as de Deus. Antes, as palavras de Deus é
que devem ser as nossas.
Tal
como existem pessoas que falam facilmente devido ao "engano dos seus
próprios corações" (Jer.14:14),
também podemos ter pessoas as quais falam porque "têm a mente de
Cristo". Contudo, quando obtemos a mente de Cristo, ainda assim
devemos conseguir discernir se Deus fala para nós ou por nós.
Devemos ter os factos como factos. Devemos conseguir dizer, como
Paulo, "não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o
meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do
Senhor para ser fiel",
1Cor.7:25.
Existem
pessoas que criam uma resistência orgulhosa simplesmente por ter
sido Deus a falar. O que quero dizer com isto é que tais pessoas
resistem por instinto assim que se apercebem que foi Deus quem
falou. A simples fragrância de Deus suscita resistência imediata nas
pessoas e provoca neles um certo tipo de náuseas. "Não vos
ensoberbeçais porque o Senhor falou",
Jer.13:15. Se não fosse assim,
por que razão Deus se daria ao trabalho de avisar para ninguém se
ensoberbecer quando Ele fala?
É de esperar que a multiplicação de doutrinas de prosperidade em todo
o mundo crie mais e mais pregadores desonestos e ladrões. E essas
doutrinas prosperam devido à ausência de bênção nas vidas de quem
prega tanto a verdade como a mentira. Os que pregam a verdade não
são exclusivamente dedicados a Jesus e são co-responsáveis pela
propagação de todo tipo de mentira que usa o nome de Deus em vão.
Assim, permitem que os pregadores da prosperidade se tentem
satisfazer com o espírito de Mamon. Na verdade, a sua maneira de
pregar cria um vazio maior e cria um espírito de busca por dinheiro
e fama. A desonestidade é e será sempre um poço sem fundo.
Quando
os crentes pecam, não somente começam a caminhar num deserto árido
como, também, lhes é dado um coração seco. Obtêm problemas por causa
de sua conduta, os quais não conseguem resolver. Obtêm uma dupla
maldição, pois, são secos e caminham num deserto sem soluções.
Não
existe outra maneira de nos tornarmos vasos úteis nas mãos de Deus a
não ser através de uma limpeza completa de tudo quanto cheire a
pecado. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será
vaso para honra, santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado
para toda a boa obra",
2Tim.2:21. O que desejo afirmar
é, de facto, que não existe qualquer outra maneira de sermos
plenamente usados por Deus para Sua glória. Não existe seminário,
não existe teologia, não existe escola capaz de tornar pessoas sujas
em instrumentos de paz e para bom uso nas mãos de Deus. Podemos
tornar-nos instrumentos de qualquer coisa, até instrumentos que
pregam a verdade. Mas, nunca seremos instrumentos verdadeiros (com
verdade no íntimo) e nunca seremos vasos de honra em Suas mãos se
não nos limparmos de tudo quanto tenha a suspeita de pecado.
Muitos
filhos não são corrigidos porque muitos pais têm os motivos errados
quando os corrigem da maneira certa. Não é a graça que corrige os
filhos? Então, devemos ter cuidados redobrados com os nossos
motivos. Também corrigem os filhos movidos pela ira ou pela
impaciência e, quando estão de bom humor, permitem certas veleidades
aos filhos. Na verdade, devemos saber que corrigimos os nossos
filhos para os livrar da ira de Deus e do pecado - tudo para que
possam glorificar Deus através de suas vidas. Consegue ver uma das
principais razões porque os filhos de muitos crentes se tornam
pequenos diabinhos corrigidos com a vara? É porque a graça só é
derramada sobre os motivos certos. Outros pais deixam de usar a vara
porque vêm que se tornou inútil usá-la. Mas, em vez de deixar de
usar a vara, devem, antes, mudar os motivos e verão que a vara
funciona quando abençoada pela graça. Não existe bênção sem os
motivos certos e sem verdade no íntimo acerca deles. Não mudando os
motivos e deixando, consequentemente, de usar a vara, tanto os pais
como os filhos tornam-se conformes a este mundo. Eles conformam-se
com o mundo e seus métodos. Na verdade, a sua atitude diz que a
Bíblia não funciona na vida prática e que não frutifica nas vidas
deles. Fazem Deus passar por mentiroso aos olhos do mundo e tudo
isso porque recusam mudar os seus motivos. Até quando não nos
aperceberemos que a santidade de motivos é uma exigência
inegociável? Na verdade, também não crêem honestamente que seus
próprios filhos possam ir parar no inferno! Essa é uma das razões
porque os pais se tornam negligentes na educação espiritual dos
filhos que Deus lhes entregou. Devemos lembrar que os nossos filhos
são criaturas emprestadas que Deus pedirá de volta em breve. E
devemos entregar-Lhe essas criaturas num estado de perfeição
aceitável para Deus. Pensava que Deus entregou filhos em sua mão por
outra razão? Na verdade, Deus entrega filhos tendo a sua eternidade
em vista.
Eis
aqui um pensamento interessante: "...a ver se porventura Deus lhes
dará arrependimento para conhecerem a verdade",
2Tim.2:25. Deixem-me explicar
melhor. Já ouvi pastores e pregadores orarem mais ou menos desta
forma: "Senhor, que estas pessoas tomem conhecimento da verdade para
que se possam arrepender". Contudo, aqui lemos que as coisas
funcionam de maneira inversa: são as pessoas que se arrependeram que
chegam ao conhecimento da verdade e não o inverso. Isso só mostra
como o pensamento Cristão actual se desviou da verdadeira essência
da verdade! As coisas já não são o que eram porque andam todas
torcidas. Este conceito de obter o conhecimento da verdade após o
arrependimento vai contra toda a teologia moderna. Isso significa
que as pessoas que se arrependem não conhecem a verdade - ainda a
podem conhecer. "Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu
se tirará",
2Cor.3:16. Irão tomar
conhecimento da verdade se permanecerem no caminho e na humildade.
As pessoas arrependem-se para, futuramente, se verem livres e
libertos deles próprios e de suas mentiras ideológicas. E as pessoas
que se arrependem também podem tornar "a despertar, desprendendo-se
dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos",
v.26. Noutras palavras, após o arrependimento genuíno
ainda resta muito trabalho a fazer, o qual se torna possível apenas
com o arrependimento. Mas, isto de chegar ao conhecimento da verdade
para se arrependerem é teologia falsa e adaptada aos sentimentos das
pessoas e às conveniências da carne.
Todos
aqueles que ainda confiam em pessoas ou em si próprios não têm a
capacidade neles mesmos de confiar em Cristo. E todos quantos se
apoiam em pessoas tornam-se independentes de Deus.
Nada
de bom sai da desobediência e nada de mal sai da obediência a Deus.
Jesus
nunca falou com as pessoas de modo a dar a impressão de que vir a
Ele seria o fim do caminho. Tudo começa vindo a Ele. Na verdade, Ele
deu ênfase ao facto de que Ele é o caminho e não o fim dele. No
caminho vamos para algum lugar ou alcançamos alguma coisa. Na
verdade, Ele guiará depois que acharmos o caminho. Quantas vezes
Jesus falou em terminarmos aquilo que começamos? Tudo começa vindo a
Jesus - nada termina ali. Por isso é que Ele é um caminho e não uma
meta de chegada.
"Livra-me
de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio dos
loucos",
Sal.39:8. Qualquer crente limpo
será sempre uma ofensa, um opróbrio para os tolos. Mas, este
versículo quer dizer mais do que isso. Este versículo afirma que o
crente que não seja limpo será escarnecido pelos tolos e será sal
pisado pelos pés do mundo. Não serve para mais nada a não ser para
ser pisado pelos homens vãos desta terra. Noutras palavras, o crente
sujo estará uns graus abaixo do tolo - daquele que diz que Deus não
existe. A verdade é que tais crentes são piores que tolos. Até mesmo
Jesus falou daqueles que crêem e serão escarnecidos por não haverem
achado graça para terminarem suas carreiras com êxito.
Qualquer
pessoa preocupada faz e recebe as coisas por causa da carne voraz
que exige satisfação. A preocupação é uma concupiscência que exige
satisfação. Exige ser entendida, aceite e obedecida. A preocupação é
totalitária e déspota. Nunca leva em conta as coisas de Deus, Sua
glória e o bem-estar universal dos outros em Deus. Só se cala com
auto-satisfação.
Normalmente,
quando lemos na Bíblia sobre a herança que Cristo tem para nós, por
uma ou outra razão pensamos no Céu, uma mansão lá e outras coisas
mais. Na verdade, a nossa herança - aquela da qual a Bíblia fala e à
qual se refere - é recebida dentro de nós. A nossa herança é a
própria natureza de Cristo. Essa é a promessa: Cristo em nós, sendo
nós como Ele e Ele como nós. Essa é a terra prometida. É uma
promessa pela qual devemos ansiar e a qual devemos alcançar. Isso é
tudo aquilo que a carne nunca conseguiu. Você ainda deseja a sua
herança sabendo que não é nenhuma mansão?
Avivamento
não é nada mais e nada menos do que poder para cumprir a Lei de
Deus, a Lei do Amor na sua forma mais pura. Muitos pensam que
avivamentos são milagres e sinais, mas, a verdadeira essência de
qualquer avivamento genuíno é o total cumprimento da Lei de Deus,
uma cumplicidade genuína entre o coração e todos os aspectos dessa
lei e uma consagração total a Jesus. As pessoas tornam-se a própria
lei de Deus no seu dia a dia. Nunca espere mais de um avivamento
genuíno que isso, ainda quando haja muitos milagres e sinais. O alvo
não é curar pessoas e antes ser como Cristo aqui na terra. Tudo o
resto é paralelo e contribui para esse objectivo exclusivo das
operações da graça.
Existem
muitas maneiras e formas das promessas de Deus se cumprirem ou não
se cumprirem. Caso algumas promessas não se cumpram devido à falta
de legitimidade na pessoa e devido à falta de coerência no tocante à
natureza real de Cristo dentro do coração, aumentará a desconfiança
em relação a Deus ao invés de aumentar a desconfiança em relação à
vida interior própria. Deus será tido como culpado pelo pecador
sempre que as promessas não se cumpram. A auto-justificação tem
raízes profundas e nunca anda separada da acusação de terceiros - ou
acusação do Primeiro, o Alfa e o Ómega! Se essas acusações não
surgirem logo, acabam surgindo. É uma questão de tempo até surgirem.
A partir daí, não será somente a falta de fé a responsável pelo
incumprimento de todas as promessas - excepto a promessa da ira -
mas, a própria atitude arrogante, dominadora e pecadora anularão
qualquer aproximação da graça ao coração. Mas, não se alegrem os
pecadores: não haverá acusação capaz de anular a fidelidade de
Jesus. Outra armadilha é a expectativa errada - aquela que espera
algo diferente a partir daquilo que Deus prometeu ou que se cumpram
as coisas de Deus de maneira humana e pecaminosa. Descubra quais as
condições que faltam cumprir para que as promessas exerçam a sua
força em sua vida. Só depois disso poderá formar opiniões pessoais
sobre tudo aquilo que Deus prometeu ou sobre o Seu carácter. Depois
- e só depois - conseguiremos ver quem estava certo ou errado. É
muito fácil assumir uma postura de acusação contra Deus quando
estamos cegos, abraçando algum pecado ou qualquer motivo errado e
incoerente com a verdade. "Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a
sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?",
Rom.3:3.
Muitas
pessoas dizem que não existe mal nenhum indo a cinemas ver e rir
sobre a violência e outros tipos de pecado. Na verdade, não fazem
essas coisas que apreciam e, por vezes, sonham com aquelas que não
conseguem praticar. Mesmo nãos as conseguindo praticar serão
culpados do mesmo tipo de crime que aqueles que as praticam. A
bíblia afirma que existe igual condenação para todos aqueles que
"consentem com os que as fazem", Rom.1:32.
Muitos
têm sérios problemas em para resolver em relação a Deus, problemas
como falar demais ou outros do género. Apercebem-se que falam demais
e tentam não falar ou ficar calados. Esforçam-se muito com o único
propósito de não falarem muito. Mas, logo se apercebem que não
conseguem fazê-lo por muito tempo. E por que será? Na verdade, para
alguém poder controlar a língua, é necessário mudar ou dominar o
coração. A Bíblia afirma claramente que aquilo que sai da boca vem
do coração. Então, antes de alguém conseguir ensinar a língua,
precisa mudar o coração. É desde lá que esse tipo de problema surge
e é a partir de lá que precisa ser resolvido. Fazendo-o de outra
maneira não resolve nada. É necessário exterminar o pecado do
coração antes que se possa pensar obter uma boca perfeita
exterminando hábitos, obter um caminhar exemplar ou um olhar puro.
Caso não se resolva o coração primeiro, tudo o resto serão meras
hipocrisias e meras semelhanças daquilo que há no Céu.
Judas
não traiu Jesus com um beijo? Por que razão crêem muitos que não é
possível trair Jesus lendo a Bíblia, orando ou testemunhando?
Existem muitas orações e serviços religiosos que são pura traição a
Jesus.
"Orai,
para que não entreis em tentação",
Luc.22:40. O que significa
entrar em tentação? Será que significa que devemos evitar situações
onde existem tentações e dificuldades? Não! Nada mais errado! Isso
significa somente que não devemos ter os nossos pensamentos e
objectivos andando na mesma direcção que as tentações, ou no sentido
delas ou levando-as em conta. Devemos ser achados a pensar e a olhar
para as coisas santas, seja onde for e em que circunstâncias for. Os
discípulos nunca foram tirados dos lugares de perseguição ou das
situações onde corriam perigos tanto espirituais como físicos.
Então, orar para não entrarmos em tentação significa não termos um
pensamento que coopere com a tentação ou que se movimente na
direcção dela e por causa dela.
Deus
ordenou as coisas de tal maneira que as vidas dos Cristãos sejam
sempre faladas, comentadas e visualizas. Ninguém conseguirá evitar
que as vidas dos crentes sejam comentadas e faladas, tanto para bem
como para mal. Parece ser um género de lei da natureza: se os
crentes viverem uma vida irrepreensível e forem cartas abertas de
Cristo para o mundo, serão falados e comentados na praça pública. E
se forem manchas negras do Evangelho, dando uma imagem suja e falsa
do verdadeiro Evangelho através de suas vidas, também serão
espezinhados pelas línguas dos homens nas ruas, pois, não prestam
para mais nada. Seremos sempre testemunhas, seja boas testemunhas ou
testemunhas imundas e sujas. Em qualquer dos casos, Deus será
glorificado, pois, os imundos serão julgados na frente de todo mundo
agora e depois e o mundo temerá.
Muitos crêem que ter um visão própria das
coisas é não ter uma visão extraída da Bíblia. Que grande é esse
erro! Ter uma visão própria das coisas significa que lemos a Bíblia
e a entendemos da maneira que melhor nos convém ou convém aos
outros. E se a visão própria for igual à que Deus dá, não devemos
ignorar esse fato.
Jesus
entregou o Seu Espírito Àquele que O feria por causa dos pecados de
todo mundo. Você faria ou fará isso também? Ainda confiaria o seu
espírito nas mãos daquele que o fere ou feriu? Confiaria em alguém
que dilacerou o seu corpo e alma?
Deus
ainda não está distribuindo vingança, ao contrário do que alguns
pensam. Ainda distribui salvação, transformação e arrependimento aos
seus inimigos. Existe vingança mais doce que essa? Por essa razão é
que as Escrituras dizem que a vingança de Deus será doce.
Misericórdia
tem de ser como a semente de mostarda e não como a montanha. As
pessoas trocam as coisas e dizem que é a fé que tem de se tornar do
tamanho da montanha. Por essa razão, tentam resolver problemas do
tamanho da semente de mostarda com uma 'fé' do tamanho de uma
montanha! Os valores andam trocados hoje em dia. Se a sua fé do
tamanho de uma sementinha não é capaz de resolver nada de forma
prática, não tente aumentá-la, pois, existe algo muito errado em seu
coração ou em sua vida. O problema não é a fé, mas, o coração. Limpe
o seu coração, ordene a sua vida de acordo com os caminhos de Deus
ao invés de tentar ter uma fé do tamanho da montanha. Verá que as
coisas funcionam de maneira prática daí em diante. Remova tudo que
possa impedir Deus de operar da maneira que prometeu.
Fé
tem de ser como a semente de mostarda e não como a montanha. As
pessoas trocam as coisas e dizem que é a fé que tem de se tornar do
tamanho da montanha. Por essa razão, tentam resolver problemas do
tamanho da semente de mostarda com uma 'fé' do tamanho de uma
montanha! Os valores andam trocados hoje em dia. Se a sua fé do
tamanho de uma sementinha não é capaz de resolver nada de forma
prática, não tente aumentá-la, pois, existe algo muito errado em seu
coração ou em sua vida. O problema não é a fé, mas, o coração. Limpe
o seu coração, ordene a sua vida de acordo com os caminhos de Deus
ao invés de tentar ter uma fé do tamanho da montanha. Verá que as
coisas funcionam de maneira prática daí em diante. Remova tudo que
possa impedir Deus de operar da maneira que prometeu.
Fé
é um mistério incompreensível para muitos. Muitos tentam
convencer-se a eles mesmos a respeito da verdade. E outros tentam
algo 'melhor' ainda: tentam convencer os outros pensando que isso os
confortará e ajudará a convencer ainda mais a eles mesmos. Tentam
sentir-se fortes ganhando opiniões e vidas para o seu lado usando a
opinião pública como motivo para crer e confundindo aceitação com
motivação. Mas, isso nunca deixará de ser uma fé falsa, por muitas
opiniões públicas que haja a favor de uma crença, seja ela falsa ou
verdadeira. Tentar entrar evitando a porta estreita e pulando o muro
nunca deixará de ser assalto a propriedade alheia. Fé é uma situação
onde as pessoas já se encontram convencidas pela própria verdade.
Quem não tem fé deve buscar verdade e não tentar crer a qualquer
custo.
A ira
do homem nem sempre tem a sua origem no diabo ou na tentação. A ira
pode surgir de muitas maneiras. O Espírito pode estar a tentar
convencer alguém do pecado e esse alguém pode resistir e ficar
alterado e irado. Mas, a ira não deixa de ser problemática apenas
porque tem 'origem' nas operações do Espírito Santo. O coração do
homem altera-se sempre que é resistido. Por isso, é o estado do
coração o responsável por muitos tipos de iras e rebeliões. Porque,
muitas vezes, o Espírito luta com o homem silenciosamente, ocorrem
mudanças de temperamento e de humor com muita facilidade. Muitos
irritam-se porque não podem continuar no pecado em total liberdade e
não sabem qual a razão do seu mal-estar porque não andam na luz onde
tudo se revela - até os mais profundos pensamentos do homem.
As
doutrinas da prosperidade são doutrinas duras e implacáveis. São
muitos pesadas para as pessoas. Na verdade, não apenas impedem as
pessoas de entrarem no céu, mas, impedem as pessoas de entrarem no
caminho leve dos fardos de Cristo. Se alguém precisa corrigir algum
detalhe ou motivo na sua vida, as doutrinas de prosperidade
assinalam um caminho contrário, pois, podem afirmar que a pessoa não
prospera por causa de algum pecado e, se prospera, não precisa
arranjar nada. Na verdade, dão a entender que quem tem dinheiro é
santo. E que maior mentira pode haver debaixo do sol? Jesus não
disse que um rico dificilmente será reinado por Deus? Também, quando
a pessoa não prospera materialmente por causa da vontade de Deus,
sente-se desprezada, abandonada por Deus e inútil. Noutras palavras,
nenhum Jó sobreviveria às suas provações se tivesse sido formado
pelas doutrinas de prosperidade actuais.
Muitos
dizem que deve haver santidade e pureza a partir do coração. Eu sou
uma dessas pessoas. Contudo, uma das melhores maneiras de
consegui-lo é através de bons exemplos práticos. Não temos a noção
de como um bom exemplo deixa marcas no mais profundo da alma. Operam
poderosamente no lugar mais fundo do coração de qualquer pessoa. Se
desejar santos à sua volta que permaneçam santos, seja você santo do
fundo do coração. Por outro lado, não existe maior dureza que aquela
que resiste abertamente os bons exemplos vindos do Céu. Se seu
exemplo dá frutos e é perseguido, nunca deixe de ser você mesmo
constantemente. Só quando as árvores más se mostram muito más é
possível verem-se e reconhecerem-se como tal e arrependerem-se.
"...Mas,
quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do
unigénito Filho de Deus",
João 3:18. Muitas pessoas tropeçam
no Evangelho e ficam emaranhados naquilo que acreditam ser verdade
quando lêem a Bíblia sem Luz. Perdem o alvo por não estarem na luz e
por não permitirem que a palavra revele tudo que se passa em seus
corações abertamente, deixando-a operar sem impedimentos. Uma das
razões porque os Cristãos tropeçam em todo mundo é o facto de
acreditarem em Cristo. Deixem-me explicar um pouco melhor. Somos
salvos pela fé. Somos salvos do pecado e através do poder de Jesus e
nunca alguém será salvo de si próprio e de seus pecados a não ser
através de Jesus. Ao não crer em Jesus, a pessoa condena-se a ela
mesma a uma vida de pecado. "Eis o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo". Quando Jesus não se torna real e é apenas uma
crença ou uma fé e não uma pessoa, o pecador será sempre condenado.
Tendo Jesus de forma real, a porta estreita é acessível e prática.
Mas, aqueles que tropeçam no Evangelho pensam que Jesus veio para
que evitemos entrar numa porta estreita e num caminho apertado e
complicado nesta terra.
"Mas,
para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso,
baptizando com água",
João 1:31. Este versículo esconde
um poderoso significado, do qual poucos se apercebem. Em primeiro
lugar, devemos saber o que realmente significa que Jesus é revelado.
Isso significa que tocamos n'Ele, entendemos bem o Seu olhar, as
Suas palavras - mesmo antes de haver falado! Ele torna-se nosso
confidente íntimo e inseparável, ao ponto da pessoa não conseguir
viver de outra maneira. Ele ouve-nos e temos inteira percepção
disso. Mas, para isso acontecer, existe uma primeira fase: João
Baptista. As pessoas chegam a João - aquele que afirma sem
pestanejar que alguém é uma víbora. Diante dele e de sua doutrina
expomos todos os nossos pecados e nos lavamos deles. Precisamos
trazer cada pecado para a luz e abandoná-los no baptismo. Somente
depois disso Cristo pode ser revelado tal e qual Ele é. Não é
possível chegarmos a Cristo ou a uma revelação d'Ele à nossa alma e
coração sem antes haver uma confissão completa, minuciosa e
especifica de cada pecado que cometemos durante toda a nossa
existência. Há que passar por João Baptista primeiro. Ninguém
consegue evitar que assim seja. Só chegamos a Cristo passando por
João Batista.
Existem
muitas atitudes que induzem as pessoas em erro no tocante ao que
essas atitudes provam ou demonstram. Por exemplo, a
negligência tem semelhança de confiança porque ambas são
despreocupadas. Contudo, sabemos que a confiança não é negligente,
pois, sabe precisamente em quem confia e de que maneira confia! A
confiança não se esquece do dever - a negligência ignora-o. Vamos
estar atentos às semelhanças das coisas que existem no céu e na
terra. A ira assemelha-se ao zelo; gloriar-se pode assemelhar-se a
louvor e assim por diante. "Não farás nenhuma semelhança do que há
no céu e na terra".
Lemos
na parábola de Lázaro como aquele homem rico no inferno ficaria
contente com uma única gota de água. Isto revela muitas coisas.
Mostra, primeiramente, que a Lei de Deus ainda aplica a pena de olho
por olho e dente por dente. Na terra, Lázaro contentar-se-ia com uma
pequena migalha que caísse da mesa do homem rico. Agora, era o rico
a desejar contentar-se com uma gota de água. Para ele, uma gota
bastava - ou isso pensava ele. A outra coisa que aprendemos com esta
parábola é que uma gota de água nunca satisfaria o homem rico no
inferno. O desejo e a ilusão persistem mesmo dentro do inferno.
Muitos ainda desejam um tipo de contentamento ilusório e superficial
ali, tal e qual fazem ou fariam na terra. O pecador persiste na
busca daquele alívio que mantém os seus pecados vivos. Em vez de se
rebelarem contra Deus e desejarem pequenas gotas de água que não
levam a lado nenhum, devem, antes, escolher o alívio verdadeiro.
Você deseja uma gota de água ou persegue os rios de água viva de
todo o coração?
"Vê,
pois, que a luz que em ti há não sejam trevas",
Luc.11:35. Sabemos que, quando a
luz terrena brilha em algum lugar, existe sempre um lado mais claro
que o outro. Dum lado existe sombra e, do outro, luz. Creio que era
isto a que Jesus se referia aqui. Podem surgir trevas por causa da
luz. Não podemos ter nenhum ponto escuro em nossas vidas devido ao
brilho da luz. Precisamos buscar a melhor posição debaixo dessa luz
para que nenhuma parte de nossa alma ou ser seja abafado pela sombra
causada pela luz de Deus. Não vemos sombras no monte da
transfiguração e nem quando a luz do céu brilhou sobre Paulo. Lemos
que havia luz a toda a volta. É precisamente isso que tem de
acontecer connosco no tocante à luz espiritual. Era a isso que Jesus
se referia, seguramente. "Se, pois,
todo
o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma..."
Luc.11:36
. É desta maneira que
devemos andar na luz. É, também, nesse tipo de luz que devemos
querer andar e não sob aquela luz que deixa algumas coisas
escondidas pela sombra. A luz desta terra, as doutrinas de homens
feitas para agradar certos pareceres criam trevas e são luzes muito
fracas. Essas doutrinas e ensinamentos de homens criam as
circunstancias onde alguns dos lugares da vida se possam manter
escondidos e onde alguns de seus muitos pecados não tenham como ser
vistos. Existem muitas trevas debaixo da luz das religiões -
incluindo da religião evangélica. Tenha o máximo de cuidado para não
ser atraído para as trevas pelo convite de algum tipo de luz de
algum fogo estranho. E tenha cuidado com aqueles pecados que se
escondem por haver confessado alguns outros.
Provavelmente,
muitos de nós já ouvimos falar de muitas coisas sobre Jonas. Mas, de
acordo com as palavras de Jesus, a desobediência dele acabou por
servir de sinal para converter a cidade de Níneve. Jesus mesmo
afirmou que serviu de sinal para os Ninevitas. Isso significa que a
sua fama chegou à cidade antes dele. As pessoas devem ter ouvido
falar muito sobre ele antes que houvesse chegado à sua cidade.
"E estava
E estava na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demónio
imundo e exclamou em alta voz: (...) 'Bem sei quem és: O Santo de
Deus'", Luc.4:34. Tem noção de
quantos espíritos malignos falam em nossas igrejas hoje e dizem que
Jesus é Deus? Hoje, os demónios andam à solta dentro das igrejas e
não se sentem mal nelas. Alguns chegam mesmo a participar dos
cultos. Muitos desses demónios que falam nas igrejas de hoje chegam,
também, a dizer que Cristo é o Santo de Deus e referem-se a Ele como
o Salvador do mundo. Tenha cuidado com isso e tenha isso sempre em
mente todas as vezes que entrar em alguma sinagoga actual.
Tenha
cuidado para não começar a exigir que uma pedra seja transformada em
pão simplesmente porque tem qualquer tipo de dificuldade em
acreditar em Jesus. Muitos 'crentes' fazem-no - até mesmo de forma
inconsciente. Não podemos, também, pensar que, só porque é
inconsciente, não é grave. Ficaremos surpreendidos só de ver quantos
Cristãos dentro de avivamentos puros fazem isso. E essa será a
principal razão porque o Pão da vida é tornado em pedra para eles.
Ouço, muitas vezes, pessoas perguntarem-se: "Como é possível que
estas pessoas dentro de um avivamento não se consigam converter
genuinamente?" Essa pode ser uma das razões.
"Eis
que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel",
Luc.2:34. Logo a partir do primeiro
momento vemos que onde Jesus aparece, as coisas nunca mais são as
mesmas. Não têm mais como serem iguais. Alguns caem e outros
erguem-se só pelo simples facto de Jesus haver cruzado com suas
vidas. A árvore torna-se boa ou má de imediato. Nunca mais será a
mesma árvore. Até mesmo diante da Cruz um caiu no inferno e outro
foi elevados ao céu. Quando Jesus aparece, não são necessárias
palavras para isso acontecer dessa maneira. Isso simplesmente
acontece. Se não acontecer assim, o evangelho e o Jesus apresentados
são falsos. Isso significa que quem ainda tenta segurar ou esconder
algum dos seus pecados, cairá; e aquele que abandonar e reconhecer
seu pecado, será erguido aos céus, se perdoado. Tão simples quanto
isso. Mais claro não poderia ser.
"E isto
vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos e deitado
numa manjedoura",
Luc.2:12. Já alguma vez imaginou
que um simples bebé pudesse ser um sinal para alguém? Deixem-me
explicar melhor. Apareceram uns anjos a uns pastores meio
adormecidos afirmando que o Salvador do mundo havia nascido.
Contudo, o facto de haverem aparecido anjos cantando e louvando a
Deus não foi sinal e muito menos sinal para prova para aquilo que
diziam. Vemos os anjos trazendo os pastores de volta para a terra.
Mesmo que os anjos não necessitassem de muito mais para convencerem
aqueles pastores, ainda assim referiram que o sinal seria um bebé
enrolado em panos numa manjedoura. Abandonaram os seus rebanhos para
irem ver aquele sinal 'insignificante', mas, de grande significado
para o mundo. Isto deveria ter a capacidade de nos ensinar alguma
coisa, principalmente àqueles que buscam coisas grandiosas e
maravilhosas. A maioria dos pregadores conhecidos de hoje
desprezaria completamente um sinal destes. Nem o teriam como sinal.
Lemos
como um anjo apareceu a Zacarias dizendo-lhe que a sua oração havia
sido ouvida, Luc.1:13. Eu creio
que Zacarias fez muitas orações sobre o assunto no qual foi
atendido. O anjo diz, contudo, que todos os pedidos feitos
resumem-se a uma oração. A outra coisa que acredito, também, é que
Zacarias já não tinha esperança de ter um filho por haver
envelhecido e que o assunto dum filho já havia deixado de fazer
parte das suas orações. Contudo, o anjo havia disse que a sua oração
foi ouvida porque ainda se encontrava ardente diante do trono de
Deus. O incenso de suas orações ainda subia diante de Deus. Você
alguma vez pensou que, qualquer de suas orações que não foram
impedidas por pecado, tenham sido esquecidas diante de Deus? Se
pensou, arrependa-se.
"E logo
viu e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava
louvores a Deus",
Luc.18:43. Quantas pessoas existem
na face da terra, hoje, capazes de fazer as obras de Deus de tal
maneira que todos aqueles que as presenciam dão instantaneamente
glória a Deus e temem Seu nome? Vemos, antes, muitos glorificarem
suas igrejas através de suas próprias palavras e outros tentando
glorificar pessoas - quando não se glorificam a eles mesmos! E o
mais bonito de tudo é que todos aqueles que saem glorificando Deus
ignorando completamente o instrumento por quem a obra se fez têm
todo o poder de levar muitos outros a glorificar Deus
voluntariamente também. Jesus poderia ter recebido a glória por
aquilo que fez a este homem. Mas, quem a recebeu foi o Pai. Não
vemos Jesus manifestar-se instigando o povo a glorificar Deus. Você
consegue fazer todas as obras de Deus sem aquela necessidade de
estar sempre a repetir-se dizendo que "toda a glória pertence a
Deus"? Será que esse 'slogan' não se tornou uma maneira subtil de se
glorificar a si mesmo inspirando-se numa falsa humildade e dando nas
vistas por aquilo que diz e tenta afirmar? Será que não existe uma
maneira melhor de deixar Deus ser glorificado, excluindo-se da
responsabilidade de estar sempre a repetir que dá a glória a Deus? A
verdade é que quem está sempre entregando a glória a Deus dá a
impressão que está dando algo que pertence ao homem e que 'prefere'
dar a Deus. Só dá algo aquele a quem esse algo pertence. Quando
glorificamos Deus, não podemos dar a impressão de estarmos a
entregar-lhe algo que nos pertence. Só podemos dar aquilo que nos
pertence. Somente quando as pessoas pulam glorificando Jesus sem
serem incitadas a fazê-lo é que podemos afirmar que esses louvores
são puros e livres de pecado. Os outros pulos não contam e não valem
para nada.
"...Orava
consigo desta maneira..."
Lk.18:11. É fácil perder o principal
ponto destas palavras de Jesus. Aqui, Jesus afirma que tal pessoa
orava consigo mesmo. Isto significa que ele orava sozinho, para ele
mesmo, inspirado por ele próprio e respondendo às próprias orações
(sempre que possível) como forma de manter-se enganado em seus
próprios juízos e pensamentos. Dando respostas a si mesmo é a única
forma que qualquer fingido encontra para manter-se religioso. É,
deveras, um estado mental muito triste para todos aqueles que pensam
estar a ser ouvidos por um Deus ausente! Seria tão simples
concertarem suas vidas, confessarem seus pecados e entrarem na
presença de Deus de forma verdadeira e real. Mas, preferem
enganar-se a eles mesmos. Existem maiores tolos que os crentes que
se enganam a eles mesmos?
Muitos,
quando são alvo de gozação e de desprezo por causa de sua santidade
ou dedicação a Jesus, sentem-se estranhamente culpados e incomodados
como se tivessem alguma culpa que não conseguissem expressar. Os
acusados sentem a pressão imposta sobre eles para mudarem como se
estivessem do lado errado, fazendo a coisa errada ou mesmo fazendo a
coisa certa da maneira errada. Mas, a verdade é que todo aquele que
despreza as palavras que penetram fundo por serem verdade; ou
despreza o exemplo que fala bem alto; ou reage contra a vida que
brilha acima de qualquer suspeita; sobre esses é que a
responsabilidade de mudar foi colocada. Por essa razão reagem dessa
maneira, acusando e defendendo-se. Certifique-se que entende que os
acusados reagem acusando como forma de reencontrarem sua falsa paz
de espírito e sua estabilidade com falsos fundamentos. Quando Jesus
falou contra servir Mamom, lemos que "os Fariseus, que eram
avarentos (amantes de dinheiro), ouviam todas essas coisas e zombavam d'Ele",
Luc.16:14. Não o ridicularizaram
por Jesus estar errado em algum aspecto, mas, porque amavam o
dinheiro. Ridicularizar Jesus foi simplesmente a sua forma de defesa
e de auto-preservação. Não era Jesus quem estava errado ao reagirem
daquela maneira. Contudo, Jesus não se doeu nem um pouco sendo
ridicularizado por haver dito tudo que disse da forma que disse. Do
mesmo modo, não se retratou quando o jovem rico virou as costas ao
evangelho; não se sentiu culpado por haver deixado seu lar e sua
cidade e de trocar seus irmãos e mãe por quem faz a vontade do Pai;
não sentiu tristeza por ser o único responsável por Pedro e os
demais apóstolos haverem seguido Seus passos e terem abandonado,
igualmente, seus lares e familiares. Tenha cuidado porque as
acusações falsas têm o poder de mudar o nosso comportamento e de
fazer com que os inocentes se sintam culpados daquilo que não
fizeram. Também têm o poder de fazer as pessoas verem as repreensões
da sabedoria como acusações falsas e mal intencionadas. Esse é o
outro lado desta verdade.
Você
pode tentar ser fiel a tudo quanto prometeu lembrando de seus votos
e promessas. Contudo, existem vários problemas tentando ser fiel
dessa maneira. Um desses problemas é a dependência da própria força
que ainda pode surgir para se manifestar. Outro é que quem tenta ser
fiel ainda não é pessoa fiel. Por isso, tenta. Basta as ocupações
deste mundo tomarem posse dos pensamentos, sentimentos e emoções
para a pessoa esquecer-se de todas as promessas que fez -
principalmente aquelas promessas que não estão relacionadas com as
preocupações que tem. Se prometeu tornar-se uma pessoa fiel, uma
pessoa melhor ou diferente produzindo outro tipo de frutos,
certifique-se que sabe que somente os que são fiéis de coração se
tornarão permanentemente fiéis. Vamos pensar em alguns exemplos
simples. Certifique-se que obtém um coração com os pesos de Deus
antes de prometer levantar-se cedo para orar; que vive na presença
de Deus de verdade antes de prometer que vai passar seus dias e suas
noites pensando n'Ele; que elimina todo amor que tem pelo dinheiro
antes de prometer que seu negócio ou emprego servirá para honrar
Deus e nada mais; que consegue cumprir todos os requisitos e
condições da oração antes de se comprometer com a ideia de obter
todas as respostas para todas as orações que faz, tal e qual Jesus
prometeu. Poderia citar outros exemplos, mas, se caminhar com Deus e
pedir-Lhe sabedoria ficará sabendo deles.
É verdade
que Deus abençoa de acordo com as intenções do coração do homem.
Boas obras com más intenções nunca trarão fruto bom e não serão uma
bênção para quem as pratica. Mas, devemos alertar a todos que as
boas intenções fazem parte das obras de cada um. "Porque o Filho do
Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a
cada um
segundo as suas obras",
Mat.16:27.
Os crentes
na evolução são pessoas mais fascinadas com a ideia do que
verdadeiramente convencidos da sua teoria. Todos gostam de explorar
o impensável e de se entreter com o obscuro e a ilusão. Os maiores
ilusionistas são considerados artistas neste mundo de mentira. É com
as ilusões e as ideias estranhas que preenchem os vazios de suas
mentes. É o vazio tentando preencher o vazio. Quem crê na evolução
só mostra que, no fundo, não crê em nada - nem nas próprias ideias!
Também revela que não tem muito em que pensar e com que se ocupar
como aqueles que têm "o seu prazer na lei do Senhor e na Sua lei
meditam de dia e de noite", Sal.1:2.
Existem
muitas desculpas e argumentos que as pessoas usam para permanecerem
no pecado. Os incrédulos dizem: "Não há Deus". Todos sabemos que
essa é a principal desculpa ou argumento que o pecador usa para
poder continuar a comandar a sua própria vida. As pessoas
corrompem-se porque "não há Deus",
Sal.14:1. É assim que acham razão para corromperem-se e
para poderem continuar pecando. Já o crente tem outro tipo de
argumentos quando quer permanecer em seu pecado. Vamos mencionar
apenas alguns. Um deles é acreditar que Deus não está com ele. Ao
afirmar ou crer que Deus não está com ele quando está, ilude-se.
Assim, encontra a razão para se banquetear no pecado ou para
permanecer nele se nunca o abandonou. Sempre que alguém afirma que
Deus não está com ele quando está, ilude-se e demonstra que persegue
o pecado e não a Deus. Mas, também temos aqueles com quem Deus não
está e, ainda assim, afirmam que Deus está com eles. Eles dizem que
Deus é amor e que aceitará o pecador com seus pecados. Para os tais,
Deus já não é um Deus que limpa e purifica, mas, que aceita e é
conivente com o pecado. Todo o pecador acaba sempre arranjando ou
concebendo a sua própria desculpa para poder continuar em seus
pecados predilectos - e principalmente nesses.
Se
você tem a capacidade de agradar pessoas em vez de agradar Deus,
também tem a capacidade de desagradá-las e de desagradar a Deus. E
se tem a capacidade de desagradá-las ou de agradá-las, tem a
capacidade de cometer todos os outros pecados associados a isso,
tais como o ciúme, a inveja, má-língua, amargura, etc. Deixe-me
explicar melhor. Agradar pessoas é egoísmo. Quando se agrada alguém
não se está levando em conta os interesses maiores desse alguém ou
de Deus, mas, os próprios. Quem agrada os outros faz isso por causa
dele próprio. Isso significa que, caso não receba nada em troca pelo
agrado que demonstra para com os outros, nenhuma recompensa ou
nenhum apreço, não obterá satisfação pelo seu acto. Daí a buscar
vingança, retribuição ou de ter maus pensamentos é um pequeno passo.
Noutras palavras, aqueles que agradam os outros são os que são
capazes de desagradá-las.
Pessimismo
pode ser o oposto de esperança. Todo tipo de pessimismo nasce de um
coração amargo ou amargurado. Sempre que os fundamentos ou os
alicerces de um coração carnal são confrontados, abalados ou
contrariados, muitos tipos de pessimismos e pensamentos surgem das
profundezas da alma do homem. Pessimismo não existe por ser verdade
ou porque fala a verdade. Todo tipo de amargura é uma mentira
falando. Como o homem crê nele próprio e confia extremamente nele
mesmo exclusivamente, torna-se pessimista quando a fé
é depositada em Cristo, isto é, se não abandona (nega) a carnalidade
enquanto confia em Cristo. O Espírito de Deus opõe-se directamente
ao tipo de confianças que o homem nutre e todo homem carnal sente-se
abalado quando confrontado para mudar nessa área. A maioria nem sabe
qual a razão de seu mal-estar por recusar reconhecer que ainda
confia em si próprio quando expressa confiança em Deus. É nessa área
onde Jesus servirá de sinal que será contradito,
Luc.2:34. Sempre que o Sinal opera, o homem carnal
sente-se abalado e incomodado. Por isso, muitos abandonam o caminho
logo no início. Quando o Sinal que 'contradiz' opera
verdadeiramente, significa que o homem deve deixar de
acreditar/confiar em si próprio. Se não confio em mim próprio,
declaro-me incompetente, falho, mentiroso ou alguém em quem não se
pode confiar. Será ali onde vários tipos de pessimismo surgem para
contaminar todos aqueles cujos corações estão sendo confrontados
para confiarem no Senhor, Heb.12:15.
Essa contaminação surge de muitas formas através de pensamentos,
atitudes, palavras e de muitos outros pecados associados à amargura
e ao pessimismo. Para qualquer homem carnal, confiar em Cristo
significa que não pode confiar mais em si mesmo. Isso causa uma
tempestade, uma catástrofe na alma a qual perdurará até que uma de
três coisas aconteça: ou se entrega a Cristo e ganha a paz que
Cristo dá; ou abandona o Caminho e ganha a paz que o mundo dá; ou
cria a sua própria doutrina usando o nome de Deus em vão para
alcançar uma paz falsificada. Aos desviados, o pessimismo parecerá
uma verdade falando e expressando a (sua) realidade. O pessimismo é
uma mentira falando e enganando. O pessimismo também dá a entender
que fé é parecida com optimismo. Mas, optimismo não fala de Cristo e
antes do homem.
Sonhar
acordado, mesmo que seja sonhar com as coisas de Deus, tem dois
problemas principais: quando as coisas não se realizam de acordo com
o sonho - ainda que se concretizem de uma maneira melhor -
pode causar desapontamento na alma carnal. A alma carnal não enxerga
para além daquilo que pensa e vê. O outro problema é que isso torna
as pessoas infiéis. Se a pessoa usa o seu tempo para sonhar, não o
usa para efectuar o que Deus entregou em sua mão para fazer.
Se já
somos seres santos pela convivência com o Senhor, somos Seus
representantes aqui na terra. É isso o que significa orarmos ou
fazermos as coisas em Seu nome. Nós representamos Jesus em Sua
'ausência'. Nós lemos uma profecia proferida por Davi sobre Cristo,
a qual diz: "Pede-me e eu te darei as nações por herança e os
confins da terra por tua possessão",
Sal.2:8. Você está pedindo isso no
lugar de Jesus, isto é, em Seu nome? Está mesmo sendo um fiel
representante de Jesus aqui na terra?
Muitos
crêem estar numa posição onde podem exigir tudo de Deus,
especialmente se acreditam estar a cumprir em relação a Deus e à
obra. Ainda acham que têm direitos quando Jesus nos chama
precisamente para perdermos os nossos direitos. O facto é que se
estamos plantados junto das águas da vida, frutificaremos na estação
própria e nunca na estação que queremos. A promessa é frutos na estação própria e não apenas frutos,
Sal.1:3. Se uma árvore der fruto
fora de época, é uma árvore anormal, deformada ou aleijada. Lemos em
Malaquias que receber uma bênção antes do seu devido tempo é uma
maldição. Citemos um exemplo: se alguém tentar dar os frutos do
Espírito sem se haver encontrado com esse Espírito de Deus, ganha
como maldição a hipocrisia. Podemos dizer o mesmo de todas as coisas
que vêm ou virão de Deus.
Haverá
sempre uma grande dificuldade em servir a Deus sem um bom uso da
nossa memória. Como Lhe poderemos ser fiéis se não nos lembrarmos
das coisas que Deus nos diz aqui e ali? Os piores inimigos de uma
boa memória são, contudo, os espinhos desta vida e as preocupações
amorosas para com o mundo e todas as suas nuances. Esses espinhos do
mundo fazem com que o coração não se consiga lembrar aquilo que Deus
diz ou disse e que não consiga levar em conta quando se lembra.
Sempre
houve uma grande confusão nas cabeças das pessoas entre sabedoria e
conhecimento. Conhecimento é aquilo que sabemos enquanto a sabedoria
é a forma como aplicamos o que sabemos. Existem pessoas com
conhecimento que não são sábias, como existem pessoas sábias sem
conhecimento.
Já
alguma vez pediu desculpas por coisas que não deveria ter pedido
desculpa? Agrada pessoas ainda? A verdade é que todo aquele que pede
desculpa sempre que não deve, é pessoa que evita pedir perdão por
tudo aquilo que deve pedir. As coisas são simplesmente assim. A
impressão de aparência de humildade que querem dar aos outros não
passa de hipocrisia. Sempre que alguém pede perdão por coisas que
não deve, está escondendo aquilo por que deveria pedir perdão. O
coração do homem é enganoso a esse ponto. Devemos andar na luz e não
buscar maneiras subtis de caminharmos nas trevas, maneiras essas que
se assemelham a andar na luz. "Vinde, ó casa de Jacó e andemos na
luz do Senhor",
Is.2:5.
Quanto
mais sou abençoado com a sabedoria e o conhecimento de Deus, tanto
mais me apercebo que as coisas de Deus jazem em ruínas. Não são mais
templos erectos e fortes, pois, o mundo e o pecado apoderaram-se de
tudo e o consequente abandono da parte de Deus acabou deixando tudo
em ruínas. Agora, cada um faz o que quer, segundo o seu coração. O
mundo não sabe cuidar daquilo que pertence a Deus - e ainda bem que
assim é. Vamos erguer novamente o templo de Deus e Seu evangelho à
qualidade de tempos da igreja primitiva? Onde estão aqueles que se
oferecem para fazer isso e exclusivamente isso? "A quem enviarei?",
Is.6:8.
Devemos
ter a certeza que as transformações que duram no tempo são as únicas
que valem para Deus - e para nós. Mesmo embora as decisões e
transformações que não durem muito sirvam para fins de julgamento,
as únicas que Deus abençoa são aquelas que são capazes de
permanecer. Contudo, sabemos que todos aqueles que terminam bem
começaram de alguma maneira em algum lugar. Mas, também sabemos que
a maioria que começa bem, nem sempre termina bem. Judas Iscariote é
um bom exemplo de alguém que começou bem e terminou mal. Falemos um
pouco mais sobre isto. Suponhamos que você achou-se pecando de
alguma forma e rapidamente determina "expulsar" tal pecado. Isso
mostra as suas boas intenções, mas, para alguns pecados não basta,
pois, têm raízes. E sempre que um pecado tem raízes, fazer isso é o
mesmo que ignorá-lo ou encobri-lo. E quem encobre pecado, nunca
prosperará. A pressa é superficialidade, tal como a falta de
paciência e falta de persistência. Se lidarmos superficialmente ou
apressadamente contra pecados que têm raízes, não demorará muito
tempo até que as tentações nessa área voltem e façam a pessoa
tropeçar novamente. Caso a pessoa não tropece, irá desesperar, pois,
a graça não alcançou as raízes do mal e haverá guerra declarada no
íntimo entre o bem que quer fazer e o mal que faz. Todos aqueles que
lidam contra o pecado às pressas são pessoas que querem encobrir.
Não são pessoas que querem resolver o pecado de uma vez por todas,
isto é, para sempre. E encobrir nunca nos leva a lado nenhum, pois,
todo pecado só morre expondo-o e colocando-o na luz, tal e qual os
vampiros morriam através da exposição à luz do sol.
Sempre
que abençoamos os outros ou pronunciamos alguma bênção para alguém,
devemos ter aquele cuidado de nunca fazê-lo através de algum
sentimento de superioridade em relação ao nosso próximo. Com
frequência, a bênção que vale é pronunciada por alguém que anda
perto (ou mais perto) de Deus. Mas, para que a bênção surta o seu
efeito, não pode existir nenhum tipo de sentimento de superioridade
em quem a pronuncia e nenhum sentimento de inferioridade em quem a
recebe.
Precisamos
ter, com frequência, toda a autoridade de Deus, especialmente quando
pregamos o evangelho ou falamos as palavras de Deus. Uma das das
maneiras de perder essa autoridade é uma vida que não vive, na
prática, à altura do conhecimento que experimenta de Deus e a vida
prática que não se acha em conformidade com a verdade que se
apoderou do coração. Caso não sejamos achados em conformidade com o
que recebemos e temos de Deus, a autoridade de Deus desvanecerá por
duas razões. Uma delas é que Deus não se pode manifestar a nosso
favor porque o nosso testemunho anula ou contraria aquele que Deus
dá ou daria e Ele não daria testemunho falso; a outra razão é que as
pessoas desautorizariam a palavra de Deus em nós por verem que
vivemos uma vida dupla, dizendo uma coisa e vivendo outra. Uma outra
fuga pela qual a autoridade de Deus se desvanece é quando tentamos
viver à altura dos princípios de Deus por via da força, isto é, sem
o acompanhamento da graça. Quando é o nosso coração que é levado a
igualar os princípios, devemos saber que isso nunca é o mesmo que
quando os princípios são levados a transformar o nosso coração. Não
disse Deus de Davi que havia achado um homem segundo seu coração?
Davi tinha um coração segundo Deus. Tendo esse coração, então,
devemos acrescentar-lhe princípios adequados para não tornar-se
desleixado e negligente nas coisas do Senhor. Mas, as pessoas querem
um Deus segundo o seu coração e não um coração segundo Deus.
Por
norma, as pessoas não levam a sério tudo quanto dizem diante de
Deus. Essa é a razão principal por que se esquecem facilmente de
votos, promessas ou pedidos que fazem a Deus. É por essa razão,
também, que muitas orações nunca são atendidas. Quando muito, os
nossos pedidos podem estar pendentes por alguma razão ou por algum
pecado,
1Ped.3:7. (Mas, estarem pendentes
não significa o mesmo que estarem esquecidos). Existe um facto
relatado na Bíblia onde vemos que as palavras de Salomão em um sonho
(enquanto dormia) foram validas diante de Deus. Se palavras contam
enquanto dormimos, quanto não devem contar quando estamos acordados?
Será que sabemos que Deus leva as coisas a sério e até todas as
nossas palavras? "Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus;
e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos,
pois não sabem que fazem mal", Ecl.5:1.
Em Israel,
no tempo de Davi, as pessoas ainda acreditavam que deitar-se com uma
virgem sem haver-se casado com ela era coisa de louco. "E tu serias
como um dos loucos de Israel",
2Sam.13:13. O tempo foi passando
até aos tempos actuais e o diabo foi operando com persistência e com
'paciência' até as pessoas ficarem com a impressão gravada em si que
tal acto não é coisa grave. Na verdade, fazer sexo com uma virgem
passou a ser o alvo de muita gente. Actualmente, um tal acto de
estupidez já nem é considerado crime. A maneira do mundo, agora, é
viver com pecado como se fosse a coisa mais normal do mundo. Já se
crê que o pecado é vida e que viver é pecar. Já se chegou ao ponto
onde a maioria dos crentes não acredita ser possível
exterminar o pecado de suas vidas e já não acreditam que os pecados
são os verdadeiros inimigos de Deus e da nossa alma. "Persegui os
meus inimigos e os derrotei e nunca me tornei até que os consumisse.
E os consumi e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram,
mas, caíram debaixo dos meus pés", 2Sam.22:38-39. É isso que tem de acontecer com os nossos
pecados. É assim que devem ser tratados. É necessário que chegue o
tempo, de novo, onde os crentes assumem que todo tipo de pecado é
facada inimiga e não uma mera ocasião. Vamos assumir a verdade
novamente? Já?
"Os céus
e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho
proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a
vida, para que vivas, tu e a tua descendência",
Deut.30:19. Todos sabemos ou, no
mínimo, deveríamos saber que a morte e a vida estão diante de nós.
Contudo, Deus diz para escolhermos a vida. Isto significa que a
pessoa não tem como escolher a morte, pois, pecador já é morto.
Pecador já escolheu. Pode um morto escolher a morte? O morto em
pecado só pode escolher a vida. Toda a alma que peca, morre. Então,
Deus diz-nos para escolhermos a vida. Para o pecador, é a única
opção válida. Você escolhe a vida ou continua no pecado da sua vida
diária?
"Toda
a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá
fruto, para que dê mais fruto",
João 15:2. Eis aqui dois
pensamentos interessantes. O primeiro é que Deus poda quem dá fruto
e quem não frutifica não é podado - é cortado fora. (Por que razão
aqueles que são podados têm tendência a sentirem-se abandonados
quando estão sendo servidos e amados?) O outro pensamento que me
atingiu é que Deus poda o lado interior para que haja fruto fora e
dentro. Ele não poda as circunstâncias ou qualquer outra coisa
exterior. Quem não frutificar sob as circunstâncias onde se
encontra, não presta. Por isso, não podemos esperar que Deus faça a
vontade do homem, pois, seria uma maneira das pessoas nunca
frutificarem. Deus usa as circunstâncias de acordo com as nossas
necessidades interiores e não altera as circunstâncias de acordo com
os desejos.
Todos
temos assuntos sobre os quais estamos certos e todos temos assuntos
nos quais estamos errados. Contudo, para o homem comum, a falta de
confiança nele mesmo parece ser um abismo de temor. Se o homem não
conseguir confiar nele próprio por alguma razão, sente-se muito mal.
Não terá ânimo para prosseguir. Só desespera aquele que ainda confia
nele mesmo e não confia totalmente ou somente em Cristo. O homem
comum sente aquela necessidade inútil de estar sempre certo sobre
tudo. Só ele pode estar certo. Se não conseguir acreditar que está
certo sobre tudo, no mínimo precisa manter essa atitude diante das
pessoas. Por essa razão teima e argumenta. O homem não gosta de
sentir-se perdido e nem de achar-se em desespero. Por isso, precisa
acreditar em si mesmo. É por essa razão que a fé verdadeira em
Cristo, de entrega total, lhe é tão difícil.
Todos
conhecemos a história da Saul e de como ele não conseguiu ser
completamente obediente a tudo aquilo que o Senhor lhe mandara
fazer,
1Sam.15. Era-lhe difícil ser fiel
em tudo, embora fosse fiel em quase tudo. Contudo, não vemos que lhe
tenha sido difícil ser totalmente fiel à coisa errada. Vemos, por
exemplo, como ele matou todos os sacerdotes do Senhor e não deixou
viva qualquer coisa que respirasse em certa cidade,
1Sam.22:18,19. Não era isso que deveria ter feito com os
Amalequitas? A fidelidade é uma daquelas coisas com as quais fomos
criados, pois, fomos criados conforme a imagem de Deus. Por isso,
seremos sempre obedientes a qualquer coisa. Se não formos obedientes
ao Senhor, sê-lo-emos à união mais unida do mundo: pecado, nós
mesmos e o mundo. Ninguém conseguirá evitar que assim aconteça. "Se
temerdes ao Senhor e o servirdes e derdes ouvidos à sua voz e não
fordes rebeldes ao mandado do Senhor, assim vós (...)
continuareis seguindo o Senhor vosso Deus",
1Sam.12:14. Paulo também afirmou
que todo aquele que não vive para Deus tem, seguramente, todos os
seus membros inteiramente entregues ao pecado. E não diz Tiago que
qualquer pessoa que ainda peque tem seu coração dividido em relação
a Jesus? Por essa razão peca.
Às vezes,
Deus fala através de sonhos porque as pessoas andam demasiado
ocupadas quando não estão dormindo. Por essa razão Deus opta por
falar-lhes enquanto dormem. É óbvio que existem mais razões por que
Deus fala às pessoas durante a noite e durante seu sono. Deus também
pode provar alguém para ver se obedece a Deus ou se prefere ficar a
dormir.
Aqueles
que não agradam pessoas não têm consciência de estar a viver sem
agradar. Só aqueles que ainda agradam é que se 'rebelam' contra o
seu próximo com intuito de não agradá-los, tomando consciência que
não devem agradar pessoas.
A
paz
que Deus dá nunca será igual à do mundo. Não opera da mesma maneira
e nem opera a mesma coisa. E essa paz não é barata - não nos chega a
qualquer preço. O que quero dizer é que Deus nunca muda para
adaptar-se às pessoas e àquilo que sentem. Caso a Sua presença seja
real e não seja somente imaginária, precisamos ser seres
transformados para nos sentirmos bem nela. Não existe isso de termos
paz na presença de Deus se não formos seres realmente
transformados e limpos de coração. Deus não veio fazer com que nos
sintamos confortáveis, mas, para transformar-nos e para que
estivéssemos em paz em Sua presença real. O mesmo não
acontece quando essa 'presença' é fictícia e imaginária. Se não
estivermos limpos ou se não formos pessoas realmente transformadas,
a Sua presença será uma tortura para nós e não um conforto. É por
essa razão que muitos abandonam a fé, pois, a presença de Deus
causa-lhes desconforto porque Deus não muda para agradá-los e eles
não querem mudar e converter-se genuinamente. This is one of the
reasons many abandon the faith and create a similarity (likeness) of
faith. "You shall not make for yourself any likeness of any thing
that is in heaven above, or that is in the earth beneath",
Ex.20:4.
Muitos
preocupam-se e ocupam-se tanto em discernir a voz de Deus que perdem
completamente todo bom senso. Imaginemos que Deus não está sequer
falando e tentam discernir vozes? Por muito bem intencionados que
sejam, a verdade é que as pessoas devem concentrar-se em tornar-se
ovelhas e não em discernir vozes, pois, é a ovelha quem é capaz de
ouvir. Jesus disse que só quem é ovelha é que ouve e que ela ouvirá
sem sombra de dúvida. Então, ao invés de tentarmos discernir a voz,
devemos colocar todos os nossos esforços em nos tornarmos ovelhas.
Ovelha ouve. Mas, eu considero que existe um tipo de relacionamento
ainda mais elevado e mais próximo de Deus do que aquele quando
somente ouvimos a Sua voz. É quando se vê o que Deus sente, para
onde olha, para onde se dirige. Isso pode ser uma maior intimidade
ou maior união entre Deus e criatura. "Minha alma Te segue de
perto",
Sal.63:8. Numa intimidade dessas,
as pessoas quase não precisam falar, pois, entendem-se muito bem.
Mas, "Andarão dois juntos se não forem iguais?",
Amos 3:3.
Muitos
colocam certos pecados numa categoria diferente de outros pecados.
Deixem-me exemplificar. Alguns colocam a prostituição ou orgulho
como um pecado pior que a má-língua ou outro pecado que lhes dê
prazer. Consideram alguns pecados mais insignificantes que outros.
Ou então, quando o consideram grave, não querem crer que aquilo que
fazem deve-se à má-língua. "Não estou a falar mal de ninguém"! E,
por isso, haverá sempre pecados que algumas pessoas não consideram
como pecado ou, então, vivem como se não fossem incorrer em
condenação quando os cometem. Por exemplo, o orgulho por uma nação
terrena por se haver nascido nela não é considerado pecado por muita
gente, ainda que se considerem apenas peregrinos nesta terra. Esse
foi o grande erro da tribo de Benjamim. Recusaram entregar os
bandidos que violentaram a mulher de um levita por pertencer à mesma
tribo que eles, Juízes 20:13,14. Devemos ter muito
cuidado com aquilo que muita gente chama de nacionalismo. Não
podemos estar a inferiorizar-nos ou superiorizar-nos perante o nosso
próximo e nem a encobrir ou defender pecados por essa razão. A nossa
identidade é causa de muito tipo de tropeço. Ou somos povo do céu ou
do país onde nascemos. As duas coisas não seremos, certamente.
"Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são
de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus",
Col.3:1.
Após
Moisés, Deus deu Josué como líder de seu povo. Contudo, não vemos
Deus dar mais alguém como líder a Israel, depois de Josué, do
calibre de Moisés e Josué. Isso poderá significar muitas coisas.
Mas, a principal deve ser que o povo teve exemplos de como depender
de Deus totalmente e, agora, teriam de ter um relacionamento pessoal
com seu Deus tal e qual seus líderes tiveram. Tiveram provas
suficientes de que funcionaria com eles e, também, tinham exemplos
de como fazê-lo. Agora, teriam a sua oportunidade de não fazerem
"conforme a tudo o que (faziam até ali) cada qual conforme o que bem
parece aos seus olhos",
Deut.12:8,9. Na abundância, a
dependência de Deus é crucial. Não podemos passar sem ela. Contudo,
creio que não houve mais grandes líderes porque o povo não se
identificou com Deus, relacionando-se somente com Ele.
Muitas
pessoas já cometeram grandes erros ou até mudaram o curso de suas
vidas por não se haverem aconselhado com Deus. Muitos outros pediram
liderança a Deus, mas, não tiveram paciência para esperar a resposta
- o que vai dar no mesmo. Sabemos que existirá sempre a próxima
dificuldade se a carnalidade ainda existir, pois, se perguntamos a
Deus, podemos não esperar, ignorando que pedimos conselho a um
grande mestre, desrespeitando-o com nossa impaciência. Se alguém não
está ocupado demais para perguntar a Deus, ou se é orgulhoso ou
confiante demais para fazê-lo, ainda corre o risco de não saber
esperar por uma resposta de Deus por não estar habituado a ter Deus
como real e por não ser paciente.
Somos
encorajados, muitas vezes, pelos testemunhos de outras pessoas. E é
bom que os testemunhos da obra de Deus sejam capazes de
encorajar-nos, pois, eles enfurecem a maior parte do mundo. Contudo,
devemos saber que devemos ter uma história própria e que devemos
conseguir ser encorajados pela presença de Deus, isto é, por Ele
pessoalmente. Normalmente, somos encorajados pelo sucesso daquilo
que nosso coração anseia. Se desejamos a salvação de pessoas, somos
encorajados pelos testemunhos que dão a esse respeito. Mas, a
realidade de Deus deve ser tão real que conseguimos subsistir só por
Ele. Isto não significa que não possamos sentir-nos motivados e
encorajados pelas vidas de nossos irmãos. Significa, apenas, que na
ausência de testemunhos, ainda somos pessoas bem motivadas e cheias
do primeiro amor. Jesus deve poder ser o nosso encorajamento
continuo. Você possui essa realidade, essa vida que não deixa
qualquer dúvida em nós?
É
verdade que as pessoas mornas são responsáveis por muitos crimes na
face da terra. Muitas pessoas não nascem de novo por causa delas. Os
mornos provocam muitos abortos espirituais, conscientemente ou
inconscientemente. Eles não entram na porta estreita e bloqueiam o
acesso a quem quer entrar, pois, sempre se aglomeram diante das
portas de entrada e não entram. Seria como ter enfermeiras a
bloquear a entrada das maternidades de tal maneira que as grávidas
verdadeiras não conseguissem entrar. Contudo, estes mornos têm outro
tipo de poder: eles, por vezes, condicionam e determinam as atitudes
daqueles que são quentes, exercendo um poder sobre eles. Deixem-me
explicar: Lembram-se de como Isaías exclamou em agonia dizendo que
seus lábios eram impuros porque vivia entre um povo de impuros
lábios? (Is.6) Isaías era
quente. Contudo, aprendeu a falar da maneira de pessoas de lábios
impuros. Agia como eles sendo quente. Ora, quando os quentes são
influenciados e limitados pelas acções e costumes dos mornos, é
óbvio que esses quentes influenciados se tornam a principal pedra de
tropeço para os próprios mornos, tal e qual os mornos são para os
frios. Mesmo sendo quentes, se não vigiarem e se não marcarem o seu
território, se não marcarem a diferença, agirão como hipócritas e
terão galardão de hipócritas. Mesmo quando os quentes não têm
intenção de serem hipócritas, tornam-se tais convivendo com quem
quer crer em Deus e, ainda assim, não quer mudar ninguém.
Eis
aqui uma sequência interessante: "Vês aqui, hoje te tenho proposto a
vida e o bem; e a morte e o mal",
Deut.30:15. A vida precede o bem. O
bem segue a vida e o mal segue a morte espiritual. O Reino de Deus e
toda a Sua justiça deve ser achado primeiro, juntamente com sua
Vida.
Com
grande frequência ouvimos as pessoas dizer: "glória a Deus". Mas,
torna-se claro que tomam da glória para si próprios secretamente,
até mesmo quando dizem isso - ou principalmente quando dizem isso.
Existem muitas razões por que as pessoas tomam daquilo que não é seu
para si mesmos. Muitos roubam glória apenas porque se sentem
solitários e outros porque são diabólicos. Querem fazer-se
aceitáveis para outros, como se não fosse possível andarem sempre
acompanhados de Deus. Mas, quem usa a glória que não é sua,
afasta-se dos outros. É uma lei da natureza. A solidão é um grande
aliado desse tipo de roubo. Este tipo de roubo é, frequentemente,
resolvido achando Deus, pois Sua presença (quando real) enche todos
os vazios. Sua presença assegura, tal como as amizades 'asseguram'
os de coração vazio. A falta de confiança em Deus - aquela segurança
que não é falsa - faz as pessoas roubarem o que não lhes pertence
por direito para, com isso, 'conquistarem' quem nunca preenche seus
vazios. O seu tipo de fé fá-los inseguros. São essas pessoas que,
devido aos problemas de consciência, dizem da boca para fora:
"Glória a Deus!". Isso torna-os hipócritas! Antes ficassem calados e
dessem glória a Deus com suas vidas práticas! Precisamos chegar ao
ponto onde Deus pode exaltar-nos por causa da glória d'Ele. Você
consegue viver dentro de grande glória sem roubar alguma para si?
Deus pode exaltá-lo para se glorificar? Você consegue viver no meio
da glória de Deus? Vamos lidar com qualquer coisa que possa
impedir-nos de alcançar essa glória para Deus, pois, toda glória
pertence realmente a Deus e apenas um tolo não enxerga isso. "Hoje
declaraste ao Senhor que ele te será por Deus; e que andarás nos
seus caminhos e guardarás os seus estatutos, os seus mandamentos, os
seus juízos e darás ouvidos à sua voz. E o Senhor hoje te declarou
que tu lhe serás por seu próprio povo (...). Para assim te exaltar
sobre todas as nações que criou, para louvor, para fama e para
glória; e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus",
Deut.26:17-19. Será que a sua vida
fala de Deus, mesmo sem palavras? Sua vida mais secreta consegue
exaltar Deus, até quando você não tem consciência disso? Nunca
conseguiremos fazer duas coisas opostas ao mesmo tempo: ou exaltamos
Deus ou nos exaltamos a nós mesmos.
De acordo
com a Lei de Deus, um acto de negligência que leve ao acidente ou
crime de alguém torna a pessoa negligente culpada do acidente ou do
crime. Qualquer negligencia que resulte em dano ao próximo, além da
condenação ou culpa da própria negligência em si, também será
responsabilizada pelas suas outras consequências. E se a negligência
facilitar o crime de alguém, o negligente tornar-se-á co-criminoso.
O Senhor
disse a Israel que deveriam dar suas ofertas de acordo com as
bênçãos que haviam recebido de Deus, Deut.16:17. Isto tinha a intenção clara, também, de
mostrar a todo mundo como Deus é fiel. Falaria claro e a bom som
sobre a grande bondade e capacidade de Deus. Contudo, os inventores
das doutrinas de prosperidade trocaram a ordem das coisas: eles
dizem que devemos dar para receber ao invés de darmos daquilo que já
recebemos, isto é, recebermos para dar. Deus não recebe para dar.
Quem pensa que Deus recebe para dar erra o alvo, pois, a obra de
Deus na terra é tornar as pessoas santas, misericordiosas e
atenciosas para com seu próximo.
Quando
o Senhor fala de liberdade, Ele refere-se a sermos libertos de nós
próprios e do pecado. O pior dono de escravo é o próprio, pois, é
capaz de manter-se escravo a ele próprio até à morte. É uma
combinação terrível, pois, ambos amam a mesma coisa. Por isso, assim
que entrarmos na nossa herança de liberdade e paz, não podemos mais
pensar ou decidir por nós próprios ou de acordo com a nossa visão
das coisas. "Pois, aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus,
esses são os filhos de Deus",
Rom.8:14. A queixa principal que
Deus mantém contra todos os pecadores é precisamente o haverem-se
desviado "cada um para seu caminho",
Is.53:6. "Não fareis conforme a tudo o que hoje fazemos
aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos. Porque até
agora não entrastes no descanso e na herança que vos dá o Senhor
vosso Deus", Deut.12:8,9.
"Não
comereis a carne com a vida", Deut.12:22.
Sabemos como Deus expulsou a raça humana do Paraíso e ainda lhes
cortou todo o acesso à Árvore da Vida. Não podiam comer da carne e
da vida ao mesmo tempo. Deus já havia separado a luz das trevas como
Seu primeiro acto de criação. E depois que o pecado entrou no mundo,
Ele separou a carne e o pecado da vida para que não pudessem viver
para sempre. Isso só prova que Deus não quer mesmo nada a ver com o
pecado. E agora temos este mandamento simbólico de não comermos a
carne juntamente com a Vida. Se a pessoa comer da carne e da vida,
torna-se morna e chega a causar náuseas e vómitos a Deus. Você ainda
junta a carne com a vida? Come de ambas?
Ou será que o Pão da Vida é sagrado para si? Nunca tente comer ou
beber do sangue de Jesus sem antes haver abandonado totalmente toda
e qualquer forma de pecado ou de mal que se assemelha a santidade,
imitando-a.
Lemos
em Deut.2 que Deus expulsou
gigantes de certos lugares para que os Moabitas e os filhos de Esaú
pudessem viver neles. Tenho a certeza que nem os Moabitas e nem a
descendência de Esaú reconheceram isso como uma obra soberana de
Deus e nem que era uma acção que se destinava a destruir povos
extremamente pecaminosos. Devem ter-se exaltado a eles próprios ou
exaltado seus deuses pela proeza de haverem conseguido expulsar
gigantes de suas terras. De ambas a maneiras, isto é, ou
exaltando-se ou exaltando seus deuses tornaram-se idólatras. A
verdadeira idolatria surge porque permite ao homem exaltar-se a si
mesmo. Se você atribuir a si mesmo os grandes feitos de Deus ou se
culpar Deus das coisas más que lhe vão surgindo, lembre-se que está
praticando a idolatria. A idolatria só existe porque permite ao
homem fazer o que quer quando quer. "Não terás outros deuses diante
de mim". Nunca permita que você seja alguma vez o objecto de louvor
ou de elogios ou que Deus seja o culpado dos males que os pecadores
alcançaram.
Muitos
estão sempre com pressa para chegar ao trabalho ou para chegar a
outro local ou às suas obrigações porque não tiveram pressa de sair
da cama e do sono.
A complicação
de mente é nada mais nada menos que distracções que solicitam nossa
atenção e que se multiplicam e espalham entre os deveres e
responsabilidades, sejam essas distracções de boa origem ou de má
origem. Essas distracções guerreiam dentro do homem para que, no
mínimo, seja distraído ou afastado de suas presentes
responsabilidades ou tarefas. Pode ser uma coisa feia tentando
distrair como pode mesmo ser uma coisa bonita usada pelo diabo fora
de tempo. Anulando as distracções e os desejos que guerreiam contra
a alma, chegaremos à simplicidade de Cristo para viver dela.
Toda
a duplicidade é uma mentira falando e tentando convencer quem é
dividido de coração. O princípio por trás de um coração temerário e
abominável é o engano. Pior é aquele tipo de engano que engana ao
próprio. As pessoas de "duplo ânimo" são essas pessoas, as quais
colocam um pé no mundo e outro em Deus e andam de forma a poderem
manter o seu equilíbrio inaceitável. Antes caíssem para se
levantarem em um dos lados da linha que separa as trevas da luz.
Tais pessoas tentam juntar o que Deus separou para sempre. Somente
Deus consegue ver que estas criaturas aberrantes não são quentes. Se
fossem frios, saberiam que não são quentes. Mas, ao serem mornos,
sabem que não são frios e isso faz com que nunca cheguem ao
conhecimento de que também não são quentes. Como não se sentem
frios, acreditam estar quentes ou, no mínimo, acreditam estar bem.
Ser de duplo ânimo dá-lhes o conforto de se sentirem nas redondezas
de Deus, esperançosos, crendo que viverão comendo veneno e
alimentando-se dele somente porque o misturaram com as receitas do
Céu. Cada pessoa só se alimentará daquilo que come. Outra verdade
sobre a duplicidade de coração em relação a Deus é que ofende Deus
grandemente. Essas pessoas não são suficientemente frias para irem
viver para outro lado, longe da presença de Deus onde perderiam o
equilíbrio que buscam mantendo-se perto do Templo. Estes monstros
entram no Santo dos Santos e tentam esfregar as suas nojeiras no
rosto de Deus, esperando que Ele absorva e aceite tudo que eles
fazem na Sua presença. Caso fossem frios, indo viver para outro lado
bem longe de Deus, seriam, no mínimo, honestos de coração. Teriam um
certo grau de verdade em seu interior o qual seria capaz de mover
Deus em Sua misericórdia e persistência para convertê-los. O mordomo
infiel não foi louvado por seu Senhor por haver feito uma avaliação
correcta de toda a sua situação? (Luc.16:8).
Muitas
desculpas são colocadas por pessoas que afirmam não estarem
preparadas para alguma tarefa. Jesus disse, muitíssimas vezes e com
muito ênfase: "Preparai-vos!" A ignorância faz as pessoas afirmarem
que não conseguem fazer alguma coisa por incapacidade. A capacidade
vem através do exercício da devoção ao Senhor, pois, Ele tudo pode,
tudo ensina, seja através de nós ou somente por causa de nós em Suas
providências. Muitas vezes, somos preparados durante a obra em
relação à qual nos sentimos incapazes. Outras vezes, não. Deus
requer uma pré-preparação. Por vezes, leva-se anos de fidelidade nas
coisas pequenas até serem entregues as coisas e as obras maiores do
Reino de Deus. Sempre que alguém não se sente preparado quando a
obra chega, isso dever servir de acusação e nunca de desculpa. Jesus
nunca desculpou a falta de preparação e nunca ignorou a ignorância.
A pessoa com falta de conhecimento deve acusar-se a ela mesma por
não haver andado com o Deus da sabedoria tempo suficiente para
aprender. E a falta de preparação acusa-as de não haverem sido fiéis
nas coisas pequeninas que Deus permitiu que chegassem às suas mãos
ou vidas. Não aprenderam a buscar e achar o Senhor durante aquelas
provações que pensavam ser pequenas e insignificantes. Logo, assim
que aparecem coisas maiores, parecem incapacitados e desleixados. É
importante que a pessoa saiba que precisa sair da preguiça para,
mais tarde, não ser desleixada em coisas importantes. Você permanece
com o Senhor até ao fim das Suas provações consigo?
João 15:27, Luk.22:28.
Ao ler
novamente a história de Coré e dos duzentos e cinquenta homens que
pereceram com ele, fiquei um pouco surpreendido com algo que Deus
disse. Disse que os incensários eram santos porque haviam sido
trazidos diante do Senhor, Num.16:37.
É muito estranho os incensários haverem sido aceites e homens
rejeitados. Lemos na Bíblia, muitas vezes, que é o homem que é
aceite. Deus disse várias vezes: "A ele ouvirei (aceitarei)".
Deveriam ser as pessoas a serem aceites e não os incensários. Deus
disse de Jó que o aceitava a ele, Jó 42:8. Não é surpreendente isto
que aconteceu com Coré e seus seguidores? A verdade é que Deus pode
ouvir as orações que não saem do coração por falta de palavras,
porque Deus aceita o homem por trás delas. A ordem correcta das
coisas é Deus aceitar o homem primeiro. Só depois aceita ou rejeita
a sua oração ou outra coisa qualquer que seja colocado no altar, tal
como aconteceu com Caim e Abel. Você é um sacrifício aceitável ao
Senhor? Eu sei que existem pessoas cujas orações são aceites à
frente deles por causa da glória de Deus ou mesmo por causa das
pessoas por quem são feitas as orações. Contudo, quem ora é, muitas
vezes, rejeitado. "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios?
E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniquidade", Mat.7:22-23.
E creio que esta porção das Escrituras não se refere apenas aos
falsos profetas ou outros falsários, mas, a todos os que praticam a
iniquidade.
É estranho
que os pecadores, os que se rebelaram contra Deus, queiram servir
esse mesmo Deus de seu jeito. Foi assim na rebelião de Coré e ainda
será assim em muitas igrejas: até ao fim dos tempos as pessoas
tentarão 'servir' Deus de uma maneira que não anule a carne e o mal.
Tentarão servir na própria força ou de acordo com sua própria visão
das coisas, pois, ambas beneficiam o pecado e mantêm-no vivo até ao
juízo de Deus. Toda a justiça própria tem como finalidade rejeitar o
caminho ou a maneira de Deus fazer as coisas para se poder manter no
controle. A fé falsa exige, no entanto, que se faça isso ou para
Deus ou em nome de Deus. A fé falsa ajuda os maldosos a manterem a
confiança e a esperança enquanto na carne e a perdê-la se não
estiverem na carne. Devemos ter em conta que sempre que recusamos os
caminhos de Deus para seguirmos Deus da nossa maneira, ou se
rejeitamos qualquer homem que seja realmente de Deus por não
gostarmos da maneira como fala ou faz as coisas, rejeitamos Deus.
Não existe meio termo. Não é possível servir Deus com as armas de
Mamom e muito menos com as nossas. Nunca poderemos esquecer que
Jesus frisou que as coisas deveriam e poderiam ser feitas aqui na
terra da maneira que tudo se faz no céu, quando disse "aqui na terra
como no céu". Esse jeito, essa maneira tem prioridade sobre a
própria vontade de Deus e prevalece, pois, não existe maneira de
fazermos a vontade de Deus sem ser da maneira que ela é executada no
céu onde a carne não tem parecer, não impõe seu desejo e não
manifesta agrado ou desagrado. Não queremos pôr o diabo ou a carne a
servir dentro do Templo de Jesus. Por isso, tenha muito cuidado com
aquela possibilidade subtil de tentar servir Deus de seu jeito, do
jeito da sua igreja ou através de sua doutrina e inspiração. Isso,
seguramente, acontecerá sempre que tiver dentro de si qualquer
pedaço de justiça própria. Não podemos voltar-nos para Deus de uma
maneira que Ele considera rebelde ou estranha. Não podemos colocar
fogo estranho no altar de Deus. (Rebelião é justiça própria e
justiça própria é rebeldia. Esteja extremamente atento a qualquer
das suas formas!) Se o pecador não assegurar uma pequena forma de
justiça própria, sentir-se-á perdido. Por isso é que se convence a
ele próprio regularmente de ser bom, bem-sucedido ou crente.
Congratula-se a si mesmo para nunca ter de sentir-se como o perdido
que é. Qualquer consciência manchada busca refúgio na mentira que a
assegura sempre que recuse limpar-se. Duplicidade de ânimo é a
comida da rebelião, pois, essa duplicidade consegue acreditar que
mantém um pé no templo de Deus. A religião 'preenche' o vazio que a
ausência de Deus deixou para trás e dentro do coração e da alma dos
humanos.
A verdadeira
oração tem muitos segredos simples, os quais raramente são
descobertos e vividos precisamente por serem simples e terem
aparência insignificante. As coisas complicadas parecem conseguir
apoderar-se mais facilmente da
totalidade da mente de qualquer pessoa. Por essa razão é que
Jesus pede para sermos simples como pombas. Um desses grandes
segredos é a disciplina em oração. Contudo, é muito difícil uma
mente conseguir manter sua espontaneidade praticando a disciplina.
Espontaneidade e disciplina é uma combinação rara e muito difícil de
encontrar na oração. Já viu uma pessoa espontânea ser disciplinada
ou vice-versa? Na verdade, é uma combinação rara, mas, essencial
para que uma vida de oração possa obter respostas concretas. É
difícil manter a continuidade do fogo na oração em meio de uma vida
disciplinada. É algo que os humanos precisam aprender a exercitar e
a buscar. A disciplina rouba a espontaneidade do coração caso a
pessoa não saiba viver somente de Deus e viver uma coisa de cada
vez. Cada dia precisa ser novo, ainda que se repitam as coisas dos
dias anteriores. O sol nasce todos os dias rotineiramente e,
contudo, cada dia é novo. E sabemos que, quando deixa de haver fogo
genuíno e aceitável a Deus nas orações, as pessoas buscarão algum
tipo de fogo estranho para se apresentarem diante do Senhor ou das
pessoas. Tentam viver de emoções fortes ou forçadas, das mentiras,
da fé instigada e forçada e dos encorajamentos falsos; e cada coisa
dessas será vista como um fogo falso no altar. Na verdade, a
disciplina em Deus fará crescer a espontaneidade em relação à
verdade e não o oposto. Mas, a pessoa suja sendo disciplinada
perderá essa espontaneidade na oração de imediato. Tornou-se comum
ver pessoas sem a realidade daquilo que conseguem crer da verdade ao
serem disciplinados, quando, na verdade, a disciplina em pessoas
limpas aumenta drasticamente a sua espontaneidade em Deus e a
realidade dos céus neles. A disciplina em Deus torna as pessoas
simples, curtas, objectivas e agressivamente humildes. Outro
problema ou segredo da oração é que as pessoas não conseguem
resolver um problema de cada vez, entregando-se à oração sobre uma
especificidade e levá-la até ao fim, isto é, até à resposta concreta
sobre uma coisa de cada vez. E a única coisa que conta na oração é a
resposta. Sem resposta, qualquer tipo de oração torna-se uma forma
de idolatria. E quando se conseguem abster de outros problemas para
resolverem um com Deus, levando-o até ao fim, abandonam os outros e
não conseguem sair do envolvimento que foi capaz de lhes garantir a
resposta na oração. Deveriam ser capazes de deixar tudo para trás e
começar uma nova conversação séria com Deus como se nada mais
existisse - nem a realidade da resposta sobre o problema já
resolvido. Você consegue viver dessa maneira e falar com Deus sem se
desviar nem para problemas por resolver e nem para problemas
resolvidos? Por exemplo, você consegue orar sobre algum problema
pessoal esquecendo, naquele momento, os problemas de outras pessoas
e, assim que houver obtido resposta, consegue orar, logo de seguida,
com o mesmo coração e com a mesma espontaneidade sobre os problemas
de outras pessoas como se o anterior não tivesse existido? E se
orasse sobre os problemas dos outros primeiro, tornar-se-ia
negligente em relação aos seus? Poderia mencionar mais alguns destes
segredos simples, pois, existem muitas coisas complicadas que roubam
a simplicidade na oração.
Vemos
Deus mostrar a Aarão que ele deveria sacrificar um animal sem mácula
antes de entrar na presença de Deus. Contudo, nunca vemos Deus dizer
isso a Moisés, pois, parecia que Moisés andava sempre na presença de
Deus dentro e fora do Tabernáculo. Não é interessante saber disto?
"Não
bebereis vinho nem bebida forte (...) para fazer diferença entre o
santo e o profano e entre o imundo e o limpo",
Lev.10:9,10. Mesmo quando a pessoa
já não é dependente de bebidas ou de vícios, mesmo que seja somente
para manter ou frisar o exemplo, não se deve tocar em certas coisas,
nem mesmo quando essas coisas já possam ser santas para nós. Devemos
levar em conta o nosso próximo. "...Para poderdes ensinar...",
Lev.10:11.
Por vezes
perguntamo-nos por que razão Deus proibiu tantas coisas ao dar a Sua
Lei a Moisés. Haviam muitos animais, pássaros e répteis dos quais os
crentes de então não podiam comer. Por que razão? Então lemos: "Para
distinguir (fazer diferença) entre o limpo e o impuro",
Lev.11:47. Deduzimos que, de alguma
maneira, os povos daquelas terras que Israel iria possuir tinham
qualquer religiosidade, idolatria ou crença relacionada com todas as
proibições de bichos ou de comidas na lei. Por exemplo, sabemos que
as pessoas criam que se apoderariam da força de um animal caso
comessem ou bebessem seu sangue e essa força, por vezes,
manifestava-se na forma de endemoninhamento. Por isso não era
permitido comer sangue. Sabemos, também, que distinguir entre o
santo e o profano, o impuro e o puro sempre foi uma grande questão
para Deus. Por essa razão, Ele fez disso um objecto de promessa com
a vinda de Cristo,
Mal.3:18. Israel necessitava
implementar um exemplo através do qual os próprios Israelitas fossem
impedidos de cair nas crenças e nas idolatrias locais. Desse mesmo
modo, nós, hoje, não tocamos em coisas que nos possam associar
àquilo que chamam 'o gozo deste mundo'. Nem que seja somente para
efeitos de exemplo, não tocamos em vinho e não somos vistos em
locais onde o mundo se diverte pela noite dentro. Existem, contudo,
várias razões por que Pedro podia matar e comer dos animais que
desciam no lençol branco vindo do céu. A principal é, claro, o poder
de Cristo em transformar pessoas, o que daria ao transformado grande
poder sobre as próprias crenças e religiosidades. Outra das razões
menores é que, na altura, já não existiam muitas dessas crenças e
religiosidades. Actualmente, existem crenças e religiosidades que se
assemelham às leis de Moisés, como não comas, não bebas, etc. Os
tempos mudaram e também as crenças e as religiões que o diabo
disseminou pelo mundo fora. Enquanto as pessoas dormiam, ele
espalhou muito joio no meio das culturas de trigo. Todos os nossos
caminhos devem falar de Deus e expressá-Lo de forma clara. Assim que
alguém possa concluir o oposto disso através de qualquer de nossos
caminhos ou maneiras, devemos mudar de caminhos ou de hábitos
através de Jesus.
Muitos
falam das suas coroas reservadas nos céus esquecendo que se trata de
"coroas de santidade", Lev.8:9. Já
alguma vez pensou que essa coroa é a santidade que poucos alcançam?
A santidade é a coroa. Essa coroa encaixa com perfeição em sua
cabeça, cabe nela? Você anseia por uma coroa desse tipo? É isso que
deseja? A coisa mais preciosa (depois do Senhor Jesus) é a
santidade.
Falar
demais ou ter uma necessidade de repetir tudo aquilo em que cremos
ou que nos aconteceu no passado pode ser um sinal claro de
insegurança. Tenha cuidado, pois, somos chamados a pregar a verdade
para salvar quem está perdido e não para nos assegurar diante de
pessoas cujo fôlego está em seus narizes.
É uma
verdade comprovada que nenhum homem ou mulher poderá viver somente
de pão. No mesmo sentido, podemos afirmar que nenhum homem
descansará apenas dormindo ou que satisfará sua sede apenas bebendo.
As necessidades do corpo não são apenas minúsculas se as compararmos
com as do espírito, como, muitas vezes, entram em conflito directo
com as necessidades espirituais. Por exemplo, vemos que comer muito
causa nas pessoas uma maior fome de espírito tal como dormir muito
tira o descanso das pessoas que querem viver uma vida de pureza.
Nunca tente compensar as suas necessidades espirituais
negligenciadas abusando da comida, bebida ou do sono. Trabalhe
arduamente para obter o maná escondido do céu.
Todos
temos uma noção certa sobre o que é o adultério. Se cada um de nós
ficasse sem tocar o sexo oposto - tal qual Paulo aconselha na carta
aos Coríntios - até mesmo ficar sem tocar (até ao dia do casamento)
na pessoa que Deus nos destinou, certamente que o princípio de
pureza seria muito abençoado por Deus e arruinaria qualquer
possibilidade de adultério no futuro. A pureza traz pureza, tal e
qual a impureza traz impureza. Ninguém pode esperar colher algo
diferente daquilo que semeia.
"Nenhuma
oferta, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento; porque de
nenhum fermento, nem de mel algum oferecereis oferta queimada ao
Senhor",
Lev.2:11. Muitos iludidos vão orar
e insistir diante de Deus tendo algum tipo de fermento surgindo
dentro de seus corações contra alguém, contra Deus ou contra eles
próprios. Pensam que irão ou poderão ser ouvidos mantendo secretos
seus fermentos de coração ou ignorando-os. Persistem em ignorar
certas coisas tentando saltar pelo muro para alcançarem Jesus e Seus
ouvidos. E Deus recusa ouvir orações de alguém com fermento em seu
coração, esteja esse fermento em que fase estiver. Outros, ainda,
tentam adoçar suas próprias palavras diante de Deus, tentando forçar
um tipo de coração ou de atitude diante d'Ele que não têm ou que não
é própria deles. Isso é o que Deus diz ser "colocar mel nas
oferendas". Tal coisa também nos é proibida. É melhor sermos nós
próprios diante de Deus. É sábio pararmos com todas as orações e
resolvermos primeiro aquelas coisas ou pensamentos que se estão
levedando em nosso coração para não cairmos na tentação de tirar a
prioridade às coisas principais. Se não o fizermos, seremos
considerados hipócritas diante de Deus. Quando oramos, o principal é
exterminar toda a possibilidade de fermentação de nosso coração.
Jesus salva-nos dessas coisas. Quando isso acontecer, as outras
orações serão fáceis e prontamente atendidas. Experimente e verá se
não é verdade. Confie nestas palavras e limpe seu coração, primeiro,
de tudo o que Deus considera pecado, mel ou fermento.
O Senhor
fez Aarão sumo sacerdote juntamente com a sua descendência. Isto
significa que Deus pode pronunciar-se sobre a fidelidade de alguém
que ainda não nasceu. Por essa razão é que Deus pode usar a sucessão
como maneira de ocupar o cargo de sacerdócio ou qualquer outra
função divina. E a bênção de Deus acompanha tudo aquilo que sabemos
ser a Sua vontade. A mesma bênção vemos pronunciada para as
sucessões de Davi e seus filhos sobre o cargo importante de
apascentar o povo de Deus. Você sabia que a sua vida poderá
tornar-se importante para os seus descendentes até mil gerações? (Ex.20:6)
A sabedoria
verdadeira não necessita e nem pede barulho e fogo estranho para
poder penetrar no coração de alguém. A sabedoria colhe a atenção de
qualquer coração que a esteja buscando, ainda que secretamente. Só
no silêncio e na quietude a sabedoria é entendida. "As palavras dos
sábios devem ser ouvidas em silêncio, mais do que o clamor do que
domina entre os tolos",
Ec.9:17.
A melhor
maneira de calar um falador impulsivo ou crónico é dar-lhe algo em
que pensar. O muito falar é sinónimo de mente vazia ou de mente com
problemas. E pensar é a solução para ambas as coisas porque, no caso
da pessoa de mente vazia, ela não consegue falar e pensar ao mesmo
tempo; e, no caso da pessoa com problemas na cabeça, pensar na coisa
certa também significa tirá-la da rotina viciada de pensar em
problemas, 'distraindo-a' com a verdade. Dando a essas pessoas algo
importante em que pensar fará chegar a quietude e o silêncio.
O grande
segredo da obediência nunca foram os mandamentos e nem a autoridade
de quem dá mandamentos para serem cumpridos. O segredo da obediência
é um coração obediente, o qual se revê nos bons mandamentos de Deus.
Adquira esse coração.
"E depressa
se tem desviado do caminho que eu lhe tinha ordenado",
Êx.32:8. É interessante ver o que
Deus entende por "depressa". Eram quarenta dias. Para o povo, era
muito tempo; para Deus, pouco tempo. O povo estava no deserto
fustigado pela areia e o calor, possivelmente pela sede ou outros
incómodos próprios da sua viagem e de não estarem em sua próprias
casas. Para eles, quarenta dias sem Moisés eram muitos dias. Mas,
Deus diz que "depressa" se corromperam, pois, para o
Senhor aqueles quarenta dias não eram nada. Contudo, vemos que seu
pecado atrasou mais ainda as coisas, pois, precisaram ser novamente
testados por mais quarenta dias de ausência de Moisés - algo que não
teria acontecido caso se tivessem mantido fiéis. Aquilo que Deus
considera pressa e que o homem considera demora ou atraso faz adiar
ainda mais as coisas de Deus. Nós ainda temos outro conceito da
palavra "depressa" em Mat.5:25. Aqueles que têm pressa quando
Deus não tem, serão lentos naquelas coisas sobre as quais que Deus
tem pressa.
Existe
sempre aquela dúvida em relação ao futuro no tocante a Deus em uma
certa geração após grandes feitos ou milagres: saberão as pessoas da
geração seguinte que Deus existe e que é real? A verdade é que
ninguém precisa de milagres para aperceber-se da realidade de Deus.
A presença de Deus fala e falará por si. Por isso, existindo aquelas
condições para que Deus se faça presente, qualquer pessoa saberá por
experiência própria que Deus é realmente Deus. "E habitarei
no meio dos filhos de Israel e lhes serei o seu Deus. E saberão
que eu sou o Senhor seu Deus", Êx.29:45-46.
Deus
disse a Moisés: "De todo o homem cujo coração se mover
voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada",
Ex.25:2. Não podemos acreditar que
as maneiras modernas de extorquir dinheiro e outros bens das pessoas
sejam consideradas ofertas e muito menos ofertas voluntárias. Na
verdade, são coisas egoístas movidas por interesses de bênção e de
retorno da parte de Deus. As pessoas oferecem a enganadores e
aceitam serem enganadas pensando que irão receber de volta,
tornando-se eles próprios enganadores para com Deus. Isso é o oposto
do voluntarismo. E os pregadores ladrões não somente roubam o
dinheiro do povo, mas, assaltam todo o bom senso de quem lhes dá do
que é seu, usando o evangelho como a arma de assalto.
Uma
boa regra ou lei nem sempre é a melhor opção para uma norma de vida
ou mesmo para usar como motivo de exortação. A sabedoria ensina-nos
que devemos usar aquilo que tem retorno e que frutifica para glória
de Jesus. Somente quando não existe melhor sabedoria como
alternativa para a regra é que devemos considerar seriamente fazer
uso da mesma, ainda que seja somente para proteger e realçar a
verdade.
A pior
coisa que pode acontecer ao coração do homem é acreditar que Deus
aprova algum mal que faz. Não existe terreno mais escorregadio que
esse. "Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo
que aprova",
Rom.14:22.
Que situação
pior poderá existir que aquela onde Deus diz "nunca mais passarei
por ele"? Amos 7:8.
A pessoa
não precisa entender antes de nascer de novo e, provavelmente, nem
depois. Mas, ao nascer de novo, ela entende que qualquer coisa
maravilhosa e verdadeira aconteceu nela. "Aquele que aceitou o seu
testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro",
João 3:33.
Existem
muitas opiniões divergentes acerca do verdadeiro Jesus e muitas
opiniões convergentes acerca do Jesus falso e ilusório. E quanto
mais nos aproximamos do verdadeiro Jesus, tanto mais divergem as
opiniões quando os corações permanecem desonestos ou pouco sinceros.
Isso não significa que Jesus seja falso, mas, que os corações são
falsos. E quanto mais nos afastamos d'Ele, tanto mais convergentes
serão as opiniões acerca do Jesus falso.
Jesus
quer tudo em sua vida e quer ser tudo para si. Mas, ou Ele ou é tudo
ou é nada. Por isso, sendo melhor ser frio que morno, seja todo
d'Ele ou deixe-O em paz de todo.
"...Porque
se aproxima o príncipe deste mundo e nada tem em mim",
João 14:30. Quando o diabo se
aproxima de nós por alguma razão própria dele, a nossa maior defesa
é não ter nada dele em nós. Só estando totalmente sujeitos a Jesus e
totalmente limpos de coração, conseguiremos resistir de modo a que
fuja de nós, se envergonhe e que não consiga os seus intentos, ainda
que nos tente, perturbe ou faça mal. Como saberá o mundo que amamos
o Pai verdadeiramente se o diabo, o pai do mundo, não vier
comprová-lo por ele mesmo?
Sincronia
entre o tempo certo e a coisa certa é a melhor maneira de ajudar a
nossa memória ou de ajudar a não esquecermos coisas importantes.
Mas, isto só resulta com aqueles que não se fazem de esquecidos e
que não esquecem Deus em seus próprios caminhos.
Quando
oramos, devemos ser inspirados pela fidelidade, poder e capacidade
de Jesus dentro da Sua vontade e não sermos levados a orar pela
presunção, preocupação ou outra coisa qualquer que nos leve a querer
fazer Jesus Rei pela força, como que obrigando-O a fazer aquilo que
Ele não quer fazer, ou como que obrigando-O a fazer o que Ele não
quer fazer daquela maneira para fazer como queremos.
"Desde
então muitos dos seus discípulos tornaram para trás (para as coisas
passadas) e já não andavam com ele",
João 6:66. Para qual coisa você tem
tendência para voltar? Para um sinal? Para alguma coisa antiga que
Deus já fez, mas, no entanto, já passou? Seja para isso ou
discretamente para o mundo, voltando atrás deixa de andar com Jesus.
Jesus
não pode ser feito rei pela força, João
6:15. Ele simplesmente se ocultará e se refugiará. As
pessoas que querem forçar Jesus a ser seu Rei, normalmente, recusam aquelas
condições que podem tornar Jesus nosso Rei, tal como a limpeza de
coração e a submissão incondicional. Tentar fazê-Lo Rei à força
equivale a saltar o muro para entrar na porta do aprisco das
ovelhas. Fazer barulho para que Deus opere, 'obrigando-o' a fazer as
coisas que o povo exige, etc, pode ser catalogado como uma certa
forma de querer torná-Lo Rei pela força. Já pensou em coisas mais
simples como limpar toda a sua vida diante de Deus e ganhar um
coração eternamente obediente? Ele aproxima-se sem ser obrigado a
tornar-se Rei de toda a sua vida. "Chegai-vos a Deus e ele se
chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo,
purificai os corações", Tiago 4:8.
Muitos
dizem que se Deus lhes falasse pessoalmente acreditariam na Sua
existência. Mas, a Bíblia afirma que, quando alguém é incapaz de
crer na Palavra escrita, também não crerá ouvindo uma voz do céu ou
mesmo vendo um morto ressuscitar, (João
5:47; Luc.16:29-31). Não aconteceu já uma vez Deus ter
falado e as pessoas dizerem que era um trovão? (João
12:29). O incrédulo arranjará sempre uma explicação
incrédula para explicar ou contrariar quando Deus fala. Então, dizer
que alguém crerá quando deus falar, é utopia.
Ninguém
é verdadeiramente capaz de deter um avivamento real a não ser que os
vasos usados sujem esse avivamento pelo lado de dentro ou se sujem a
eles próprios. Só os de dentro são capazes de parar um avivamento em
sua força.
A Bíblia
fala em "andar na luz" em vez de falar em "entrar na luz" porque a
luz já está no mundo. Devemos andar expostos e transparentes nessa
luz. "Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que
vem ao mundo. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens",
João 1:9,4.
Todas
as preocupações são e serão sempre espinhos dolorosos - muito
dolorosos - quer a pessoa sinta a dor ou não.
Aquele
que não sabe qual a vontade de Deus para a sua vida só pode ter um
erro: quer que Deus faça a sua própria. De outro modo, saberia o que
Deus quer para a sua vida.
A doutrina
dos pregadores avarentos protege-os, mas, a verdade não os protege.
Eles pregam a prosperidade e sacam o dinheiro das ofertas para
viverem do luxo e na luxúria. De certa forma, eles vivem aquilo que
pregam. Sentem-se seguros porque suas doutrinas funcionam e
conseguem demonstrar resultados porque é fácil convencer avarentos a
darem para receberem de volta. Para eles, pregar é um investimento e
vivem como se Jesus fosse cego ou ignorante. E todos aqueles que se
juntam à sua volta para ofertar não se sentem roubados por serem
igualmente avarentos. As espécies juntam-se de uma maneira ou de
outra. Ao demonstrarem sinais de riqueza e de luxo, são protegidos
pelas doutrinas que pregam e condenados pela verdade.
Antigamente,
Paulo dizia assim a respeito do diabo: "Porque não ignoramos os seus
esquemas", 2 Cor.2:11. Mas,
hoje, as pessoas (caso fossem honestas), deveriam dizer: "Nós
ignoramos todos os seus esquemas".
Se você
pensa que o diabo não tem nenhum plano ou estratégia para destruir
toda a sua vida, você está iludido. Tal como Deus tem planos e opera
obras para salvá-lo, o diabo faz planos para que você peque e sinta
vontade de afastar-se cada vez mais de Deus. Aprenda com a realidade
das coisas e não feche os olhos ao anjo da luz, ignorando as suas
estratégias.
A sabedoria
que vem de Deus é maleável quando aprende e muito segura e firme
quando ensina. São características próprias dessa sabedoria e é algo
que não lhe é auto-imposto.
Devemos
saber que é muito difícil conter um avivamento real e sério. Na
verdade, o diabo tenta de tudo por todos os meios para detê-lo. Uma
das coisas que faz é, seguramente, 'avivamentos' paralelos que
possam desacreditar as obras de Deus perante as pessoas de fora
associando esses movimentos paralelos ao real. Já que não consegue
fazer mais nada, cria 'avivamentos' paralelos e falsos para distrair
quem está pouco atento ou quem está pouco interessado em mudar.
Existem
muitas maneiras de se acrescentar à palavra de Deus. Se alguém
estiver ansioso, desejoso, ciumento, bem ou mal disposto, pode
interpretar algumas palavras de Deus conforme quer ou de acordo com
o seu estado de espírito. Seu próprio desejo o trai para afirmar que
Deus disse aquilo que não disse. E, para além desses tipos de
pecado, poderíamos estar a falar de qualquer outro tipo de
sentimento.
Temos
aquela ideia errada que usar o nome de Deus em vão é falar usando o
Seu nome por tudo e por nada. Isso também é usar o nome de Deus em
vão. Mas, podemos usar o nome de Deus em vão de muitas outras
maneiras - algumas delas sem sequer falar. "...Não venha a furtar e
tome o nome de Deus em vão",
Prov.30:9. Aqui, este homem afirma
que poderia usar o nome de Deus em vão, furtando. Como? Sendo filho
de Deus, obviamente que confiava no Senhor para seu sustento e
furtando teria sido em vão a sua confiança, pois, acabou furtando.
Em que áreas de sua vida você usa o nome de Deus em vão?
Não
se deve tentar evitar o confronto entre a impiedade e a santidade.
Não há nada a fazer. É lei na natureza que a impiedade não se dê bem
com a pureza e vice-versa. "O ímpio é abominação para os justos;
aquele que é recto no seu caminho é abominação para o ímpio",
Prov.29:27. Os rectos, ao tentarem
evitar o confronto devido à sabedoria que possuem, esquecem que a
impiedade não abandonará o seu pecado ou desejo da maneira que o
sábio esconde ou nega a sua sabedoria. É essa a razão principal pelo
crescimento contínuo e continuado de todo tipo de impiedades e a
desvalorização do que é puro e justo.
Os
medos fazem as pessoas imaginarem coisas, tal como a avareza coloca
sonhos na cabeça dos sonhadores. Qualquer medroso vê perigos onde
não existem e perde a sua cabeça onde eles, realmente, existem. A
sua própria cabeça e imaginação são os seus principais inimigos. O
medroso fabrica os seus próprios leões. "O receio do homem arma-lhe
laços",
Prov.29:25.
"A
criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe",
Prov.29:15. Nem seria necessário
comentar esta verdade. Mas, quantos pais e mães dizem que devem
deixar os seus filhos decidirem por eles, fazerem o que
querem, aprenderem o que querem ou quando desejam, estudar ou comer
quando querem? A criança não tem experiência de vida suficiente para
tomar decisões de conduta ou decisões para o futuro. Você é um
daqueles pais que abandona à sua sorte os filhos que Deus lhe
confiou, deixando-as por conta própria e à deriva como um barco num
mar tempestuoso? Ou ora para saber qual a vontade de Deus para suas
vidas?
É
preciso haver um mentiroso para haver quem acredite em uma mentira,
um iludido para crer em alguma ilusão e um verdadeiro de coração
para detectar a verdade na boca de alguém. As coisas ou as pessoas
do mesmo tipo encontram-se sempre e estarão de acordo, pois, existe
sempre cumplicidade entre eles que os atrai mutuamente.
Nunca
devemos dar nada acima da indiferença a qualquer tolo. Até conversar
com ele será tolice. "O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se
zangue, quer se ria, não terá descanso",
Prov.29:9.
Quando
um homem mau faz alguma coisa certa, ele ainda é pior que um justo
que tropeça sem querer. E sabemos como os erros dos justos são
coisas graves! Imagine-se a seriedade de delito que é a pessoa má
passar por boa! "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a
sua oração é abominável",
Prov.28:9.
"O
homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos",
Prov.29:5. Quantas pessoas têm
noção disto? Quantos tomam os elogios por simpatia? Quantos se
apercebem que lisonjeadores são assassinos de almas?
"O
que confia no seu próprio coração é insensato, mas, o que anda em
sabedoria, será salvo",
Prov.28:26. Isto significa que quem
anda confiando em seu coração não é sábio e nem é capaz de andar
sabiamente enquanto confiar em seu coração. Então, para podermos
conciliar o nosso coração com a sabedoria e o conhecimento, deve
haver uma transformação de muitas coisas em nós que, à partida, não
têm uma ligação directa com a sabedoria. Uma das causas de haver
tantos incrédulos e desconfiados é essa confiança que o homem tem em
seu próprio coração.
A avareza
existe a partir do coração da pessoa. Ela vem de lá. Mas, isso não
significa que só o rico seja avarento ou que o pobre esteja livre da
avareza. Avareza é desejar cada vez mais sem motivos aparentes. Como
exemplo, temos um rei rico que oprime para tornar-se mais poderoso e
ainda mais rico. Contudo, quem deseja alguma da riqueza de tal rico
e sonha com ela, ainda que muito pobre, é tão avarento quanto ele.
Dizem
que a promessa faz dívida. E isso é verdade até certo ponto. Mas,
qualquer promessa depende muito do seu conteúdo. Não poderei cumprir
a coisa errada, ainda que tenha prometido. Aquilo que substancia a
nossa palavra conta mais que o cumprimento da própria palavra. Não
devemos cumprir apenas porque demos nossa palavra se não sabemos
escolher onde e como dar essa palavra. Não diz a Bíblia para sairmos
fora das armadilhas da nossas palavras? (Prov.6:1-5)
Cumprir votos tolos, cumprir ameaças ou demonstrar zelo a favor
delas é tão grave quanto cumprir uma promessa feita ao diabo.
Ninguém
que seja sábio a seus próprios olhos é realmente sábio. Não tem como
sê-lo, pois, isso não é possível. A sabedoria que vem de Deus só a
consegue receber quem não tem mais a capacidade ou a vontade de
auto-glorificar-se ou de se gloriar daquilo que não lhe pertence.
Já
ouviu dizer que o feitiço se vira sempre contra o feiticeiro? Em
todo caso, cada feiticeiro acabará comendo do seu próprio veneno.
Mas, existe uma cilada maior para qualquer instigador do mal: quando
tenta fazer mal ou desviar os rectos de seus caminhos, cai ele
próprio. Só existe uma maneira de um recto cair no mal: desejando
esse mal. Nenhum feiticeiro conseguirá fazer qualquer justo cair no
mal. "O que faz com que os rectos errem por mau caminho, ele mesmo
cairá na sua cova",
Prov.28:10.
"Os
homens maus não entendem o juízo, mas, os que buscam ao Senhor
entendem tudo",
Prov.28:5. Quer entendimento?
Busque e ache o Senhor. Todo entendimento necessário será um
acréscimo sempre que o alvo ou o objectivo é o Senhor.
Não
existe meio-termo: "Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que
guardam a lei contendem com eles",
Prov-28:4. Será que você tem plena
noção disto? Se você deixar a Lei de Deus, acabará aprovando,
defendendo, acreditando, confiando e até louvando o ímpio e muitas
das suas impiedades. Não terá outra sorte. Por outro lado, guardando
a Lei de Deus irá sempre existir confronto entre si e o ímpio, seja
da parte dele ou da sua.
Abençoar
um preguiçoso enquanto dorme, conversar com um irado que não quer
ver a razão, lavar alguém com água fria quando está frio, cantar a
alegria diante de quem está triste e fazer outras coisas desse
género é desperdiçar o nosso tempo. "O que, de madrugada, abençoa o
seu amigo em alta voz, lho será imputado por maldição",
Prov.27:14.
Se
alguém achar vida e conseguir vivê-la integralmente, sua vida será
uma resposta àquele mal que afirma que ninguém consegue viver da
maneira certa ou que Jesus não existe. Deus responde aos maus
através das nossas vidas. "Sê sábio, filho meu e alegra o meu
coração, para que tenha alguma coisa que responder àquele que me
desprezar",
Prov.27:11. Você vive com Jesus? De
verdade? Ou é apenas de confissão?
"O furor
é cruel e a ira impetuosa, mas, quem poderá enfrentar a inveja?"
Prov.27:4. A inveja não tem rosto -
só tem sentir. Logo, raramente tem ponta por onde se lhe pegue.
Sendo assim, não poderá ser enfrentada e nem confrontada porque não
dá a cara, pois, não tem rosto.
Por
norma, quando as coisas são feitas porque a consciência pressiona,
tudo aquilo que deveria ser feito de imediato e de todo coração,
acaba sendo feito de forma parcial ou defeituosa. Ainda que a tarefa
seja bem completa e levada até ao fim, não havendo sido feita de
imediato, revela que a pessoa ainda precisa ser aperfeiçoada. Tem
essa necessidade. As obras são feitas para as pessoas e não as
pessoas para as obras. Então, a falta de perfeição mostra que as
obras se repetirão até que a pessoa seja aperfeiçoada.
"A
maldição sem causa não virá", Prov.26:2.
Quantas pessoas culpam Deus daquilo que deveriam culpar todos os
pecadores? Deus teve culpa que Adão comesse do fruto da
desobediência? Tem culpa que as moças jovens na igreja engravidem
devido à promiscuidade? Tem culpa de que as criaturas que criou
vivam longe d'Ele, desprezando-O e ignorando-O para fazerem o que
querem?
"Como
a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o
seu espírito",
Prov.25:28. Muitos olham para este
versículo e logo o associam à ira e à impaciência. Não é errado
associá-lo a tais pecados. O mal é associarem-no somente
a tais pecados. Quando você não controla os olhos para desejar tudo
que não precisa ou não lhe pertence; quando se entrega a uma
tentação, seja de preguiça ou outra coisa qualquer; quando se
entrega à tristeza por razões vazias e egoístas; quando se deixa
enganar por pensamentos ruins; tudo isso pode e deve ser visto como
uma forma de não conter o espírito e de permitir descontrolar-se
escorregando na mentira e no engano. Pecado é engano e engano é
pecado.
Sabemos
que existe a obra para que algo se torne fácil para quem puder
beneficiar dela. O agricultor trabalha muito no campo para que, quem
não trabalha no campo, possa obter o pão de forma fácil; o evangelho
tem seus pioneiros para que a verdade esteja disponível e se torne
acessível. Contudo, muitos daqueles que sofrem desejam que os outros
sofram também (como eles) e ainda pregam que esse é o caminho apenas
porque passaram por ele. Não nos deixemos enganar por sentimentos
mesquinhos e por enganos fáceis.
"Um é o que semeia e outro o que ceifa",
João 4:35.
Muitos
aproveitam-se do evangelho para brilhar e depois ainda cantam:
"Brilha Jesus". Falsidade! "A busca da própria glória não é glória",
Prov.25:27.
"Como
fonte turvada e manancial poluído, assim é o justo que cede diante
do ímpio",
Prov.25:26. Existem muitas maneiras
de ceder diante de um ímpio. Podemos, por exemplo, sentir vergonha
da verdade e da sinceridade e logo aí o ímpio conseguiu aquilo para
que existe; podemos ficar impacientes como se o ímpio fosse forte em
alguma coisa; podemos perder a calma como se Deus estivesse contra
nós e a favor do ímpio; etc. Na verdade, existe uma infinidade de
maneiras de cedermos perante a impiedade. "Não vos deixeis enganar!"
"A face
irada afugenta a língua fingida", Prov.25:23. Essa é uma das razões porque a ira de Deus é
útil, pois, somente a verdade no íntimo Deus não rejeitará.
Não
é a quietude um fruto do Espírito? Por que razão o barulho e a
desordem seriam um culto a Deus onde o Espírito está presente?
O melhor
que você pode fazer por alguém, para além de compartilhar aquilo que
tem com quem precisa, é compartilhar-se a si próprio. Dê de si
próprio acima de dar do que possui.
Quem
gasta naquilo que não precisa, certamente venderá o que tem. Só
assim obterá fundos para gastar no que não deve. E muitos vendem
Cristo sem se darem conta.
Não
podemos esperar receber de Deus ou da abundância do Espírito mais do
que aquilo que damos de nós mesmos e de nosso coração a Jesus. O
tipo de entrega de nós mesmos e de abandono em Deus determina a
abundância de vida que recebemos de Jesus e de Suas promessas.
"Dá-me,
filho meu, o teu coração e os teus olhos observem os meus caminhos",
Prov.23:26. Quando a Bíblia pede
que demos o nosso coração a Jesus, pede-nos a nossa essência e não
significa aquilo que os tolos fazem quando vão diante do altar
mentir para Jesus ou enganarem-se a eles próprios. Na verdade, dar o
coração a Ele significa muito mais que isso: significa entregar
nosso coração aos Seus caminhos, às Suas influências e afluências da
graça e isso de uma forma contínua e definitiva.
"O que
vê com bons olhos será abençoado",
Prov.22:9. É verdade que muita
coisa depende de como olhamos para as coisas. Eu não sou defensor do
pensamento positivo porque considero tal coisa como um substituto
barato da fé. É uma aberração a forma como essa teoria do pensamento
positivo é colocada, pois, implica que as coisas são negativas sendo
Deus responsável por elas. Mas, sou defensor de olharmos para as
coisas e vermos o que existe de bom nelas, pois, Deus fez tudo bem.
O que vê com bons olhos será abençoado porque não mente.
Os adultos
queimam seus dedos, destroem suas vidas uma e outra vez cometendo o
mesmo erro ainda depois de avisados e ajudados. Contudo, são eles
que batem e repreendem as crianças que cometem erros infantis devido
à falta de experiência de vida e devido à ignorância.
A verdade
dos factos é esta: o único cantor de louvores que me importa sou eu
mesmo. Eu devo cantar ao meu Salvador. Não devo admirar ninguém
quando canto além de Jesus.
Quando
alguém me sequestra ou faz mal, devo esperar do Senhor o livramento
e a salvação, mas, nunca que venha vingar o mal. O que se deve
esperar é o livramento. "Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo
Senhor e ele te livrará",
Prov.20:22.
Sabedoria
é a experiência de vida que se consegue explicar e explanar e não o
estudo. Sabedoria que não seja experiência pessoal é falsidade e
hipocrisia.
Existem,
neste mundo, coisas que serão sempre opostas. Por exemplo, a
sabedoria e o pecado, o conhecimento da verdade e a impiedade serão
coisas impossíveis de serem achadas em um mesmo coração ao mesmo
tempo.
Muitos
fazem birra, amuam, ficam zangados com outros e fazem questão de
mostrá-lo pensando que, com isso, arranjam uma forma de se vingarem
sobre alguém por causa de alguma coisa que pensam que o resto do
mundo lhes deve. Contudo, a verdade única é esta: só fazem mal a
eles próprios, pois, a birra e o amuo só ferem quem os tem e quem os
pratica. "Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o prenderão e com as
cordas do seu (próprio) pecado será detido",
Prov.5:22.
Quando
ainda estamos aprendendo, se a nossa fase ainda é a da aprendizagem,
é mais importante fazer bem do que fazer tudo, pois, se tentarmos
fazer tudo, faremos tudo mal! A aprendizagem ensina a fazer bem - é
essa a sua finalidade. "Seja feito na terra da maneira que é feito
no céu". A parte mais importante é aprender como fazer.
"...Para
que não ponderes os caminhos da vida",
Prov.5:5,6. Uma das armas do pecado é e será sempre a
pessoa não querer ou não desejar mais ponderar os caminhos da vida
de forma natural e simples. Irá estar ocupada demais com o mundo, ou
com questões, ou com problemas e amarguras e haverá sempre alguma
coisa capaz de impedir alguém de ponderar os caminhos da vida,
pensando e meditando neles calma e solenemente. Tenha cuidado e
faça questão de ponderar, pensar e comer da Palavra noite e
dia, evitando qualquer coisa que tenha como consequência algum tipo
de desinteresse pela meditação nas palavras da vida ou em qualquer
um dos seus caminhos, colocando o coração diante desse espelho.
Também devemos ter cuidado especial para nunca enveredarmos por
caminhos que nos levam a ficar amargurados contra os caminhos de
Deus, de Seus servos ou contra a ponderação dos exemplos que dão e
que são.
"...O
meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade",
João 5:30. Sempre que as nossas
próprias vontades e quereres influenciem as nossas vidas, qualquer
juízo que façamos será sempre injusto, cruel ou egoísta ainda que
esse juízo seja um elogio. Os elogios também são juízos que fazemos.
Mas, se buscamos a vontade de Deus e Seu parecer com simplicidade,
ainda que expressemos uma repreensão forte e severa, nunca estaremos
sendo cruéis, egoístas ou injustos. A crueldade é a quem vem do
coração e pode manifestar-se em palavras mansas com motivos pessoais
por trás.
"Os teus
olhos olhem para a frente e as tuas pálpebras olhem directo diante
de ti",
Prov.4:25. Ou as pessoas são falsas
quando dão voltas e mais voltas, ou tornam-se falsas quando as dão
evitando serem directos, cumpridores, simples e mansos com toda
naturalidade. Ou, por vezes, as coisas são 'boas' ou 'más' para nós
dependendo de quem as recebemos, isto é: se vem de alguém de quem
gostamos, dizemos que é boa ainda que seja ruim; e caso venha de uma
pessoa desagradável, dizemos que não presta ainda que seja algo bom.
Você é sincero ou julga consoante as pessoas e as circunstâncias à
volta dos seus interesses pessoais? Você altera a verdade dependendo
de quem vai ouvi-la ou dependendo do seu estado de coração? Altera
sua forma de ouvir, dependendo de quem vai falar?
"O caminho
dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam",
Prov.4:19. Tal como os ímpios não
conseguem ver em que tropeçam, muitas vezes, os puros 'esquecem' ou
ignoram aquilo que os mantém em pé por se haverem acostumado a uma
vida nos caminhos de Deus. Você tem realmente noção que se mantém em
pé por Jesus e somente por Ele? Ou já se habituou demais a andar em
pé, tanto que perdeu a noção de que é segurado e assegurado por
Deus? Quem se esquece de tal coisa começou, novamente, a depender
duma justiça própria que precisa ser eliminada de imediato. Os
caminhos alternativos ou paralelos são mais perigosos que os
caminhos contrários que seguem na contramão.
Não
ter saída é uma bênção sempre que estamos sob aquela pressão de
desistirmos da provação por via de um caminho alternativo,
preferindo-o acima da nossa entrega a Jesus no caminho que Deus nos
confiou. Imagine que você tem a oportunidade ou o poder de sair por
um qualquer caminho alternativo e conseguir crer que, ainda assim,
se encontra na vontade de Deus! Que maldição! Imagine que você podia
alterar o rumo dos acontecimentos tal e qual Davi podia ter feito
matando Saúl! Você mataria Saúl ou continuaria esperando em Deus
sabendo que você havia sido feito rei por Deus e que Saúl se havia
tornado inimigo de Deus e do trono que o próprio Deus lhe deu com
promessa e mandamento?
Existem
sinais de trânsito nas estradas, como na vida existem as Palavras de
Deus. Por vezes, as pessoas admiram as palavras, falam da sua
beleza, da maneira como expressam bem certas coisas que soam bem ao
ouvido. Os versículos são bonitos, as ideias verdadeiras e o seu uso
apropriado. Contudo, se vamos admirar os sinais de trânsito pelas
suas cores, forma e beleza ou se discutimos sobre se ficam bem onde
estão, se decoram o lugar, será que não estaremos a distorcer a sua
essência? Os sinais foram feitos para serem admirados e apreciados?
Eles são colocados onde é necessário com o objectivo exclusivo de
serem obedecidos e entendidos.
Quando
Deus faz uma promessa é porque as condições que susterão essa
promessa e pelas quais se manterá firme quando cumprida ainda não
estão criadas ou não existem. Por essa razão Deus apenas promete -
ainda. Por isso, quando existem promessas, devemos trabalhar para a
criação de tudo aquilo que sustentará o que Deus promete. Por
exemplo: se Deus nos promete um filho, devemos trabalhar para um
casamento saudável onde Deus é glorificado e onde o filho possa
obter um exemplo de temor e de vida prática; se Deus nos promete uma
fonte de rendimento, devemos trabalhar para nos tornarmos isentos de
avareza e preocupações sonhadoras ainda enquanto é promessa.
Poderíamos mencionar ainda mais coisas.
Nunca
subestimem a palavra de qualquer pessoa que haja passado por
provações e as tenha vencido. Suas palavras fazem sentido para o
céu. A carne já não se expressa através delas e já não se revê
nelas, o pecado não se revê no que diz, os motivos foram moldados e
a aprovação de Deus pode ir de grande a ilimitada, dependendo do que
faltar concluir no coração e se a dependência d'Ele é total.
Todos
os espinhos precisam sair da sementeira. Nenhum deles pode deixar
semente sequer. Realmente, é possível que seja exterminado tudo
quanto tem capacidade de crescer paralelamente com a Palavra no
coração do homem para sufocá-la. Certamente que nenhum espinho terá
como permanecer se formos mais próximos de Jesus do que de nós
próprios.
Legalismo
é prova de afastamento de Deus e é a recusa em fazer as coisas da
Sua maneira. Sempre que qualquer caminho alternativo é preferido,
certamente que existe algo que recusamos arranjar da maneira de
Deus. E é aí que começam as vidas legalistas, pois, pendem para a
falta de poder devido ao afastamento de Jesus. Legalismo é a
tentativa de fazer as coisas próprias na própria força - é uma forma
de pular o muro para dentro do aprisco das ovelhas recusando entrar
pela porta.
Deus
prometeu que a descendência de Abraão seria como o pó da terra. Você
está 'ajudando' Deus a cumprir essa promessa? Está a converter gente
e a torná-los santos? Está contribuindo para isso de todo coração?
O desgaste
é uma provação maior e mais eficaz que qualquer outro perigo ou
carência. Abraão esperou vinte e cinco anos pelo seu desejado e
prometido filho; Moisés esperou quarenta anos para salvar o povo;
Davi e José esperaram treze anos para verem cumprido tudo que Deus
lhes havia prometido; etc. E você, vai manter-se firme e inabalável
sempre, sabendo que quem prometeu cumpre?
"Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem",
Gen.12:3. Deus amaldiçoaria os que
amaldiçoassem Abraão porque, se o fizessem, estariam amaldiçoando
uma bênção.
Existe
diferença entre ser ocasionalmente fiel e ser ocasionalmente infiel.
Um tem o coração torto e tenta viver direito, enquanto o outro tem
um coração certo e tenta viver da maneira errada, tentando Deus e
vendo se dá certo ou se escapa ileso. Um é uma pessoa instável
tentando demonstrar estabilidade enquanto o outro é pessoa estável
tentando viver de forma incoerente e instável.
A força
da má-língua vem da sua aliada fiel: a curiosidade. E, por vezes, as
pessoas falam dos outros para tentarem saber mais da vida alheia
quanto querem saber para falar delas pelas costas. "...Maldizentes e
curiosas...",
1 Tim.5:13.
Quando
Deus opera através de sinais, sejam eles pequenos ou grandes,
devemos saber que existe algo de errado com a doutrina de que Deus
faz certas coisas somente quando estamos limpos. Caso isso fosse
verdade, não seria sinal e antes recompensa. E existem tanto sinais
quanto recompensas da fidelidade. O sinal deve incitar-nos a sermos
fieis e não é a fidelidade que deve incitar-nos a buscar sinais.
Tão-pouco devemos aprender a pensar que a responsabilidade termina
assim que acontece o sinal e que, quando Deus faz alguma coisa, é
porque estamos limpos e somos o máximo a Seus olhos. Só muito
raramente as pessoas não trocam os bois com a carroça nas questões
de Deus. Tente viver da maneira certa e seja você um dos que não
colocam as carroças a puxarem os bois. Seja fiel e torne-se um
exemplo para os fiéis, 1
Tim.4:12.
Jesus
prometeu atender todas as petições feitas em Seu nome. Se alguma
oração não é atendida prontamente existe algo de errado com a oração
ou, então, com a pessoa que ora.
"...Tendo
seus filhos em sujeição, com toda a modéstia..."
1 Tim.3:4. Um modesto que mantém
seus filhos em sujeição só pode significar alguém tornar-se mais
humilde que um humilde, mais pequeno que o pequeno e sujeito a quem
é sujeito de natureza. Esses filhos serão muito bem-aventurados.
Entregar
o rumo das coisas aos sentimentos e deixar que os sentimentos
determinem os caminhos a seguir será o mesmo que soltar um maço de
notas ao vento e esperar que seja investimento.
As pessoas
ouvem melhor um seu igual e sentem a exortação de maneira mais
profunda quando lhes é dirigida por um companheiro. Por isso, nunca
precisa agradá-los como se agrada pessoas. Não deixe de ser franco
com as pessoas e muito menos com os seus amigos. Use as
oportunidades.
As coisas
só começam a ser responsabilidade quando deixam de ser sonho.
A melhor
maneira de amar o meu próximo como a mim mesmo - tal e qual me amo e
me sirvo - é eu tornar-me o meu próximo, colocar-me no lugar dele.
Assim será mais fácil.
A grande
maioria das pessoas que se tornam crentes e que voltam para o mundo
mais tarde, fazem-no apenas porque seu coração nunca mudou. "Saíram
de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam
connosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de
nós", 1 João 2:19. Mudaram de ideias, de
costumes, mas, não de coração. Para mudar o coração é preciso
limpar-se e não esforçar-se. Viver a vida de um coração novo é que
pede esforço e persistência. O esforço não é para mudá-la, mas, para
viver na transformação. E a transformação (a justificação) pede
limpeza de consciência e que se confesse cada pecado pelo nome a
quem de direito.
Muitos
imploram a Deus por muitas coisas que acabam alcançando e, depois,
deixam de desejá-las precisamente por já as haverem alcançado.
Deseje aquilo que alcançou em vez de tentar alcançar aquilo que
deseja, já que Deus prometeu ser Ele a dar aquilo que nosso coração
deseja quando nos deleitamos n'Ele. Você deixou de desejar seu
marido ou esposa depois de haver alcançado de Deus o que muitos
alcançam do diabo ou da carne? "Contentai-vos (alegrai-vos) com as
coisas que tendes...", Heb.13:5.
Deseje o que já tem.
Dar dinheiro
a quem tem os bolsos rotos seria o mesmo que Deus dar qualquer dom a
alguém sem que essa pessoa tenha uma vida detalhadamente ordenada,
gerida e reinada por Jesus.
Vivemos
na era do "desconhecimento" onde as pessoas acham que sabem porque
interpretam tudo do jeito que lhes convém, torcendo as palavras de
Jesus e achando-se sábios a seus próprios olhos. E quem se acha
sábio não procura aprender, mas, procura ensinar e discutir, pois,
pensa que já sabe. E, com este tipo de coração, quem não se acha
sábio teme porque vê o abismo que se abre ao confiar em si próprio.
"Confia no Senhor (...) e não sejas sábio a teus próprios olhos".
São duas coisas difíceis de fazer para quem ainda confia na carne:
confiar no Senhor de todo coração e não ser sábio aos próprios
olhos. É um drama para quem é sincero de coração e, ainda assim,
consegue viver da carne.
Todo
aquele que se gloria também nutre a ideia de que o que é bom e certo
dura pouco, ou que a bondade é algo invulgar. Não fosse isso,
dificilmente se gloriaria. Os que se gloriam e se congratulam não
têm a noção de que as coisas de Jesus duram para sempre. "Por que
te glorias na malícia, ó homem poderoso? Pois a bondade de
Deus
permanece continuamente",
Sal.52:1.
A verdade
nunca fica desamparada. Fale da maneira mais curta, mais objectiva e
mais certa possível sem receios. Depois, confie em Deus que revela
aos corações aquilo que alguém ouviu. Nenhuma verdade voltará vazia
ainda que provoque a ira, a ironia, a indignação ou a dureza de quem
ouve.
"No amor
não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o
temor tem consigo a pena e o que teme não é perfeito em amor",
1João 4:18. Muitos, quando temem e se apercebem disso e,
devido a este versículo, entendem que não são perfeitos, tentam
eliminar o temor em vez de se consagrarem ao amor, o qual se
encarregará de eliminar o temor. Não temer quando você não ama seria
o mesmo que entrar no redil das ovelhas saltando o muro. Quem não
teme quando não ama, não é pessoa sincera e honesta, pois, tem
muitas razões para temer. É no verdadeiro amor que não existe temor.
Logo, ao invés de sufocar o temor alcance o amor que destruirá todo
temor. Atacar o temor em vez de exterminar todo egoísmo é pular o
muro para entrar no aprisco. Medo é uma reação do egoísmo.
A fé
não gera o acontecimento. O momento certo, a coisa certa na hora
exacta é que gera a fé. Sem essa fé o que estaria para acontecer não
acontece. Fora do momento certo não existe fé - existe obstinação e
arrogância.
Se
o nosso coração anda na luz naturalmente, se é
dos que andam na luz, se somos transparentes, não escolhemos ocasião
e nem as pessoas perante quem andar na luz. Andar na luz é uma vida,
é uma forma real de estarmos vivendo e não é uma opção para certas
ocasiões.
"Persuadiste-me,
ó Senhor e persuadido fiquei",
Jer.20:7. Jeremias era facilmente
persuadido por Deus. Mas, existem pessoas a quem Deus "persuade" e,
no entanto, não ficam convencidos e nem persuadidos. Permanecem nas
suas próprias coisas e insistem em seus próprios pensamentos e
sentimentos. Não se deixam persuadir, ainda que Deus faça de tudo
para desviá-los do mal. Então, começam a querer persuadir Deus a
favor daquilo que desejam. Isso é o que se chama "tentar ao Senhor".
"Tu
és o meu louvor", Jer.17:14.
Para muitos Jesus é um problema e não um louvor, principalmente
quando não conseguem fazer aquilo que desejam.
A Palavra
de Deus não é uma ciência no verdadeiro sentido da palavra. É
suposto ser ou tornar-se uma realidade e nunca uma ciência. Por essa
razão é que a simplicidade do que Deus diz confunde muita gente,
principalmente os sábios deste mundo. "A palavra da cruz é loucura
para os que perecem", 1Cor.1:18.
Os
salteadores, por norma, procuram um lugar onde esconderem-se após os
seus assaltos. Procuram cavernas nos montes ou outro lugar onde se
refugiarem. Muitos crentes fazem de Deus a sua caverna, onde se vão
refugiar para de lá entrarem e saírem para cometerem seus pecados.
"Porventura furtareis, matareis, adulterareis e andareis após outros
deuses que não conhecestes e, então, vireis e vos poreis diante de
Mim e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas
abominações? É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma
caverna de salteadores aos vossos olhos?",
Jer.7:9-10.
"Negaram
ao Senhor, dizendo: Não é ele", Jer.5:12.
Não é preciso negar Deus descaradamente para o havermos negado.
Bastará Deus fazer alguma coisa e não assumirmos que foi Ele quem a
fez. Por outro lado, podemos negá-Lo, também, assumindo algo que não
vem d'Ele como sendo d'Ele, dizendo que foi Ele quem fez o que não
fez.
Ao
lermos sobre santificação, não nos restam dúvidas de que se trata de
sermos santos. Lendo sobre justificação assumimos que é tornarmo-nos
justos e não 'desculpados'. E, quando Deus fala de purificar,
significa alguém tornar-se puro e inocente na sua maneira de agir e
de ser. Seria muito duvidosa uma santificação onde alguém não se
torna verdadeiramente santo; ou uma purificação onde alguém não se
torna puro, ou uma justificação onde alguém não se torna justo.
"Estes
escolhem os seus próprios caminhos (...) também Eu escolherei as
suas calamidades",
Is.66:3,4. Este é o perigo de
estarmos a seguir os nossos próprios caminhos - e ainda mais quando
afirmamos que
os nossos próprios caminhos são os de Deus!
Amar
como devemos é muito menos que amar conforme podemos. O dever está
sempre abaixo da capacidade. Graça exige mais que lei. O dever, a
moral, a disciplina respondem à consciência que temos (ou não
temos). A capacidade envolve todo o nosso ser e o nosso ser vai
muito além da consciência que temos. E se o nosso ser for cheio da
Vida Eterna na abundância prometida, a nossa capacidade aumentará
significativamente. "O amor de Deus foi derramado em nossos
corações..." Esta relação entre dever e capacidade de amar pode ser
sublinhada em todas as outras áreas da nossa vida, como por exemplo
a relação entre a confiança e a fé, esperar e capacidade de
esperança, esperar e expectativa no Senhor, etc. Aquilo que é nosso
dever e obrigação é o mínimo dos mínimos das nossas capacidades
quando estamos realmente libertos de nós próprios e de todos os
nossos pecados, em Cristo Jesus, para cumprirmos a Sua Lei sem
impedimentos.
Quando
Deus não mostra nada, quando não diz nem sim e nem não, o melhor é
ficarmos quietos para não sairmos desapontados mais tarde, pensando
que Deus havia mostrado quando, afinal, não mostrou nada. É
precisamente durante essas ocasiões que o coração do homem aproveita
para fazer suposições e assumir por ele que aquilo que está fazendo
é a vontade de Deus. Na verdade, quer obrigar Deus a pronunciar-se
sobre algo que não tem a Sua aprovação ou inspiração, isto é, sobre
algo que não começou n'Ele. O coração faz isso porque é impaciente e
sente-se pressionado pelas circunstâncias, sejam elas de pobreza,
fome, pressão da opinião de pessoas ou outra coisa qualquer que
pressione de um certo modo ou em um certo sentido. Como Deus não
disse nada e o homem incrédulo afirmou que queria fazer ou estava
fazendo a vontade de Deus havendo-se aventurado nessa direção, o que
faz acaba por não funcionar e os caminhos por onde entrou acabam por
revelar-se becos sem saída. Logo de seguida, chegará a ressaca do
desapontamento ou da confirmação que deveria (poderia) ter ficado
quieto. Se Deus tarda em responder ou se não responde, fique quieto
e deixe de lado tudo aquilo que você fica indicando a Ele, querendo
obrigá-Lo a responder ou a pronunciar-se sobre o que não vem d'Ele.
Deus não é surdo e nem mudo - você é que pode não ter a capacidade
de não ouvir, através do Seu silêncio, o sinal da Sua desaprovação.
Nem
a ira de Deus durará para sempre, imagine se a dos homens durará!
"Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos",
1João 5:21. O pior obstáculo de
qualquer homem ou mulher são os seus ídolos, aqueles que mantém em
sua cabeça. Todos esses ídolos, manias, teimosias e persistências
servem o ídolo principal: o próprio. Não existe ídolo que não sirva
o ego ou o próprio. E tudo aquilo que serve o próprio é uma forma de
idolatria.
A pessoa
que entende a verdade não está necessariamente convertida, embora
muitos convertidos entendam muito bem a verdade. Tal como existem
muitos convertidos que não conseguem explicar o que lhes está
acontecendo, também existem aqueles que sabem explicar muitas coisas
por via do estudo e da leitura, mas, não experimentam a verdade de
maneira pessoal ou constante.
Para
obedecer, eu preciso estar em condições de ouvir bem. Quem não ouve
bem, também não obedecerá bem. Muitos falam da obediência de forma
utópica e sem nexo, pois, não ensinam as pessoas a relacionarem-se
com Jesus e a sintonizarem o seu ouvido antes da obediência ser
possível. Ninguém pode ser obediente adivinhando. É necessário que,
quem tem ouvidos, primeiro consiga ouvir e discernir.
É muito
difícil o homem deixar de ser religioso porque ele tem muito a
perder. As pessoas aproximam-se de Deus com interesse, confiando que
Deus tudo pode. É por essa razão que se aproximam d'Ele. Não se
achegam a Ele pela pessoa que Ele é ou pode vir a ser para qualquer
um de nós. Não são movidos por amor à pessoa de Jesus. Quando é o
interesse próprio que nos leva a aproximar do Senhor, nasce a
religiosidade, pois, Jesus só atende os interesses do Reino de Deus
em nós. Mas, como as pessoas não deixam de implorar por aquilo que
os levou a aproximarem-se de Deus e Ele não se manifesta e nem pode
tornar-se real por esses motivos, a religiosidade tem o seu caminho
aberto. E quando Deus é a única saída que resta, tudo piora porque
ninguém quer abdicar dos interesses já consagrados no coração, os
quais já são assumidos como direitos inegociáveis. Logo, se o homem
deixasse de ser religioso, precisaria abdicar desses interesses que
já considera direitos. Os interesses próprios são a principal causa
da religiosidade, pois, não teremos Deus como real caso nos
aproximemos d'Ele por causa daquilo que Ele pode dar. Ele não se
manifestará por esses motivos, ainda que dê chuva a bons e a maus
secretamente (pois, todos assumem facilmente que a chuva vem das
nuvens e não de Deus). Contudo, permaneceremos implorando, orando e
lendo a Bíblia. "Jesus respondeu-lhes: Na verdade, na verdade vos
digo que Me buscais (...) porque comestes do pão e vos saciastes.
Trabalhai, não pela comida que perece, mas, pela comida que
permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará;
porque a este o Pai, Deus, o selou", João 6:26-27. Jesus é essa comida.
Busque a Ele para achar a Ele.
"Perdoaste
a iniquidade do teu povo; cobriste todos os seus pecados",
Sal.85:2. Eu não conseguia entender
muito bem tudo o que significa isto de "cobriste todos os pecados".
Orei e logo surgiu a explicação que buscava. Os pecados ficam
cobertos assim que a possibilidade de recaída se torne inviável ou
impossível. O castigo que Deus impôs sobre Israel, tornou inviável
uma volta do povo ao pecado. A conversão genuína presenteia quem se
arrepende com uma cobertura total de qualquer uma de suas faltas
anteriores, pecados e males. Toda a confissão deve abrir caminho
para este tipo de conversão, também, porque senão nunca haverá
cobertura de pecados confessando-os.
A parte
importante não é se terminamos por cima dos obstáculos, se
terminamos sentados ou fisicamente esgotados. O importante é se o
nosso coração está limpo, alegre, leve e simples no final de
nossa corrida e se nosso primeiro amor aumentou e não decresceu.
Terminarmos materialmente e fisicamente derrotados mantendo um
coração que se alegra na presença do Senhor é mais importante que
vencer todos os obstáculos e estar com um coração morto e cansado no
final. Os piores obstáculos que o homem precisa vencer são os do
próprio coração.
A viúva
de Sarepta disse a Elias, depois que este ressuscitou seu filho:
"Nisto conheço agora que (...) a palavra do Senhor
na tua boca é verdade", 1
Reis 17:24. Isto significa que a palavra de Deus é
mentira em muitas bocas e corações. Outra verdade sobre esta viúva:
ela não creu de imediato que Elias era, realmente, um homem de Deus,
ainda que o azeite e a farinha se multiplicassem dia-a-dia mesmo à
frente dos olhos dela. Mas, mesmo não crendo e estando em dúvida,
ela obedeceu à palavra de Elias em sua humildade. Elias havia dito
que fizesse um bolo para ele com o restinho da farinha que sobrava
para o filho dela e lhe desse a ele primeiro. A obediência desta
mulher resolveu a sua descrença, isto é, compensou a sua falta de
fé. Esta obediência abriu caminho para que, mais tarde, ela chegasse
à conclusão que a palavra de Elias era verdadeira e confiável. Ela
viu que Elias não era como os outros profetas que existiam na
altura.
Muitos
acham-se especiais - ou sentem-se especiais - quando Deus lhes fala
ou diz alguma coisa, pois, um mortal não costuma ter essas
revelações já que "a palavra de Deus é rara nestes dias". E todas as
outras pessoas também acabam por achar especial todo aquele que
obtém revelações genuínas, respostas concretas às suas orações,
sabedoria de Deus ou outra coisa vinda do céu. Na verdade, isso não
tem nada de especial. As pessoas do mundo é que vivem fora do
contexto de Deus e de Sua maneira de operar. Essas coisas deveriam
ser as coisas mais normais e mais naturais para qualquer homem ou
mulher. Por que razão se afastaram tanto de Deus?
"Espantai-vos disto, ó céus, e
horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor.
Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial
de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm
águas",
Jer.2:12-13. Eu creio que um servo de
Deus só vive a sua vida normal, aquela que deveria viver sempre como
criatura. Ele não é especial e nunca poderá ser considerado como
tal. A verdade é: os que não experimentam tais coisas são anormais e
os que as experimentam só são especiais para os tais.
"E comereis
em qualquer lugar, vós e as vossas famílias (...) pelo que não
levareis sobre vós pecado",
Núm.18:31,32. As ofertas a Deus
deveriam, por lei, ser comidas no templo e em festa a Deus. Contudo,
Deus abriu uma excepção para quem levava o seu Nome: podiam comer em
qualquer lugar desde que não fossem portadores de pecado. O comer em
nome de Deus falaria d'Ele e, por isso, a vida deveria estar em
conformidade com Deus e com a Sua verdade. A nossa vida deve ser uma
expressão da verdade sobre Deus, pois, somos criados conforme a
imagem expressa d'Ele.
Na Lei
de Deus, o melhor é para Deus e o que sobrar pode ser para nós. No
entanto, hoje dão-se as sobras a Deus - se não houver mais ninguém a
quem dá-las.
Só existe
uma maneira de eu ficar desamparado sendo santo e agradável a Seus
olhos: é Deus enfraquecer. E isso é impossível de acontecer.
"O homem
não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu",
João 3:27. Quantas coisas você já
recebeu que não vieram do céu, as quais pensava que podia receber?
Quantas coisas você recebeu aquilo que Deus diz que não pode
receber?
O pecado
é uma forma de encenação arrogante. É uma formiga fazendo-se passar
por um gigante irresistível.
Já
alguma vez viu um crente supostamente honesto dizer sim num dia e no
outro dizer não com a mesma convicção? Não consultou Deus e
aconselhou-se com a carne. "...Não deliberar segundo a carne, para
que não haja o sim e o não...", 2Cor.1:17.
Torna-se óbvio que a indecisão ou as mudanças de atitudes, opiniões
ou decisões devem-se muito ao facto de alguém não deliberar segundo
o Espírito, isto é, não ser guiado por Jesus, consultando-O. "O
coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os
passos", Prov.16:9. Isto
significa que Deus pode transtornar as decisões e as deliberações
que o homem tomou sem consultá-Lo. O outro lado da verdade sobre
quem não consulta Deus sobre sua vida é que irá mudar de opinião
muitas vezes. Existem outras verdades sobre quem muda de decisões e
atitudes de um momento para o outro. Sempre que alguém tem um
coração instável, não se revê na firmeza de Jesus e muito menos no
que Ele diz. Logo, esquece facilmente a palavra vinda de Deus. Irá,
com certeza, mudar de posição, opinião ou atitude sobre muitas
coisas muitas vezes. No dia seguinte esquece as palavras de Jesus e
segue seu rumo com incertezas e com mentiras confortantes. Só os
firmes nas palavras de Deus deixarão de ser incertos e inseguros. E
existem os inseguros a nível de emoção e aqueles que se sentem
firmes sendo seus caminhos inseguros e incertos.
Exibicionismo
significa engano próprio, o qual forja a aparência e cria a crença.
Exibir ou ser exibicionista, seja sob que pretexto for, é o maior
perigo para o verdadeiro cristianismo e para a verdade em Deus. Isso
significa que toda a verdade que não seja clara só por si e que não
se torne experiência real, intuitiva e inconsciente, tornar-se-á
exibicionista. Só através do exibicionismo tal verdade falará, pois
não terá outra forma de expressar-se e nem de se impor sobre os
demais. Exibicionismo é imposição. Contudo, sabemos que a verdade
fala bem mais alto sem qualquer forma de exibicionismo.
Exibicionismo é um sinal que diz: "Eu não vivo isto que digo ou
tento mostrar!"
O
interpretes da verdade raramente a vivem. Quem realmente vive a
verdade não interpreta nada - explica, expressa e tenta colocar em
palavras tudo aquilo que já se passa em sua própria alma e, quando
lê as Escrituras, recebe as explicações que lhe faltavam sobre tudo
que já se passa dentro do seu coração de forma real.
Quem
sabe pouco, nunca sabe o quão pouco sabe. Só quem sabe muito
consegue avaliar a falta de conhecimento. Só os sábios sabem que têm
poucos conhecimentos.
Pensamento
que não se transforme em comportamento tem mais de tentação que de
pecado. E o que se torna comportamento tem mais de pecado que de
tentação.
Muitas
tarefas ao mesmo tempo atrasam a perfeição; muitos alarmes confundem
a atenção; muitos sinais destroem a fé; muitos palpites anulam o
conselho inspirado por Deus.
Para
alguém entender verdade inspirada, precisa estar tão inspirado pelo
Espírito quanto está ou esteve aquele que expressou a palavra de
Deus para recebê-la de Jesus e para expressá-la.
Normalmente,
correr para algum lado significa sair ou fugir de um lugar. As
pessoas que se entregaram a Deus, ao quererem muito ir para certos
lugares, na verdade, estão desejando sair da fornalha de Deus para
escaparem da transformação que ela opera. A transformação é como um
parto: custa muito.
Por
que razão Deus nos coloca perante situações impossíveis de resolver,
de aceitar e de aperfeiçoar? Ora pois, para sabermos que temos graça
para usar!
É fácil
perceber por que razão o diabo tenta e persegue tanta gente:
"...desprezaram o bem; o inimigo persegui-los-á",
Oseias 8:3.
A preguiça
é testada quando não se tem nada para fazer. É ali que se vê do que
é feito o coração do homem. Quando as pessoas fazem por obrigação,
levantam-se cedo por não terem escolha, isso não demonstra nada.
Você acorda cedo quando não tem nada para fazer? Pega em sua Bíblia
quando está ocioso? Regozija-se quando tem um tempo a mais para
estar com Jesus? Você é sempre a mesma pessoa quando tem muito ou
pouco para fazer?
Já viu
alguém nadar contra a corrente de um rio? "Ai que canseira!" É o que
acontece sempre que um injusto tenta aparentar justiça, quando um
egoísta tenta amar e que um mentiroso tenta ser verdadeiro. Por essa
razão é que os casamentos do mundo costumam dar errado, pois dizem
amar quando se amam a eles próprios. Ninguém pratica a justiça sendo
injusto. Ninguém ama sendo egoísta. Por essa razão é que a maioria
das pessoas se sente esgotada nos caminhos de Deus e não consegue
voar como as águias o fazem. A nossa concentração deve ser no
Caminho e não mais no sermos justos. A justiça já não deve ser o
nosso alvo e deve já haver-se tornado a nossa única maneira de estar
na vida, de ser e de viver quando já estivermos na altura de andar
com Jesus.
Os alvos:
quando você precisa acertar em um alvo atirando um dardo um um tiro,
mexe no alvo ou na arma? Posiciona o alvo ou o arco? Aponta a flecha
ou vai mexer no alvo para ficar alinhado com sua flecha? Se não faz
isso com alvos normais, por que razão tenta fazê-lo com o evangelho
que Deus já estabeleceu, com a verdade intocável e que não muda, com
os objectivos de Deus ou com Sua vontade?
Deus
nunca nos pode motivar, a menos que nossos motivos sejam os Seus.
Nunca nos pode ajudar, a menos que a ajuda seja em direcção a Ele.
Para
um torcido o mundo direito é torto, a justiça é injusta e pecar é
prazer.
Há
quem apague as chamas do pecado, mas deixa o fogo aceso em brasas.
Cuidam das aparências e 'protegem' o coração da salvação.
Hipocrisia, hipocrisia! A pior das hipocrisias é aquela que alguém
pratica para com ele próprio escondendo ou camuflando seu próprio
coração, enganando-se a ele próprio. "Eis que desejas que a verdade
esteja no íntimo",
Sal.51:6.
Se
o diabo fosse o principal responsável pelos meus pecados, não seria
a minha carne a ser crucificada com Cristo.
O elogio
é um vazio para quem o recebe. A verdadeira honra é e será sempre
silenciosa, tanto na sua atribuição quanto no receber. Você divulga
quanto recebe de salário no fim do mês? Tal como o salário é o
prémio de quem trabalha, a honra é o prémio de quem é fiel.
Lemos
como Zacarias, o pai de João Baptista, ficou mudo e repreendido
durante um tempo por não haver crido nas palavras de um mero anjo,
ainda que era Gabriel. Muitos querem ouvir Jesus, Alguém mais
importante que o anjo Gabriel e até pedem para ouvir a voz d'Ele.
Não sabem o que pedem. Imagine que é Jesus falando consigo e você
não crê no que Ele diz ou não lhe obedece!?
Sempre
que vemos alguém vivendo todos os seus momentos perto de Deus,
expressando a Sua sabedoria com naturalidade e facilidade, dizemos:
"Eu quero ser assim". Infelizmente, não é essa a atitude que Jesus
esperava de nós enviando-nos um tal servo fiel. Deveríamos dar
atenção aos detalhes do que tal pessoa diz, os quais esse servo
expressa com carinho e dedicação. Não queira ser como essa pessoa e,
antes, queira ouvir essa pessoa.
Posso
diferenciar entre pessoas, mas, nunca poderei distinguir umas acima
das outras. Diferenciar pode ser amor, mas, distinguir assim
significa sempre o desprezo de alguém.
As
pessoas que nos são mais próximas e íntimas são as que nos dão mais
liberdade incondicional para entrarmos em suas vidas e são aquelas a
quem damos maior liberdade de expressão e de espontaneidade para
connosco. Contudo, ao invés de se praticar o respeito por elas, a
maioria das pessoas aproveita essa liberdade para desrespeitar,
falar grosso, falar do próximo e explorar todo o tipo de mal que
sentem. "Não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo
amor servi-vos uns aos outros", Gal.5:13.
É bom
alcançarmos a profundidade destas palavras: "...Quem é justo, faça
justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda",
Apoc.22:11. Em Daniel, achamos algo
semelhante também. Vemos, através de muitos exemplos na Bíblia que
todos quantos são fiéis, puros e santos são colocados sob as
provações seguintes, ao contrário dos que não vencem suas provas. Jó
era puro aos olhos do próprio Senhor e foi submetido ao inesperado
para purificar-se ainda mais. Ele venceu. (Tenhamos em mente que
vencer não é resolver um problema e sim sairmos intactos dele, seja
com o problema resolvido ou não. "Permanecei em Mim...". Jó não
ficou intacto após ter-lhe sido resolvido o seu problema - ele
permaneceu intacto todo o tempo. Ele só saiu do problema após haver
orado pelos amigos). José também foi parar nos calabouços após
haver-se mantido puro. Lemos, também, em Apoc.2:8-11, sobre a Igreja de
Esmirna, à qual Jesus não tinha falha a apontar: "Não temas o que
hás-de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na
prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez
dias. Sê fiel até a morte...". Às outras Igrejas que haviam
prevaricado de uma maneira ou de outra, vemos exortações ao
arrependimento e a voltarem ao ponto de restauração, lá onde caíram,
para começarem tudo de novo. Não vemos Jesus dizer-lhes que iriam
ser provadas. As provações são privilégios para poucos. Aos fiéis
é-lhes dado o aviso da próxima dificuldade, da próxima prova. Isso
acontece para que os puros se tornem ainda mais puros. Você tem
noção do que isto significa? Significa que, os que passam mal devido
às suas quedas em pecado pensam que sofrem pela justiça e que assim
continuarão (pois, não acharão paz enquanto não voltarem ao ponto
onde caíram para confessarem, anulando e expondo o pecado que
iniciou o seu atrito interior); os que estão limpos e vivem da paz e
da vida plena de Jesus, são tentados com a ideia de que não passarão
por mais tribulações por haverem sido fiéis, transparentes e
competentes. Isto é, cada qual pode enganar-se à sua maneira.
Os idealistas
lutam por situações ideais. Acabam frustrados porque não existem
situações ideais e, mesmo que se tornem ideais, deixarão de sê-lo
porque Deus fez com que tudo funcione por ciclos.
"O que é, já existiu; e o que há de
ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que já se passou",
Ecl.3:15. As ceifas são sazonais, as
chuvas também, tudo se renova, tudo recomeça. Até os que
experimentam uma vida real em Cristo renovam-se a cada dia. Em
contraste com os idealistas, todos os vencedores natos (em Cristo)
conseguem aquilo que os idealistas chamam de proezas (por não
desejarem envolver-se no que consideram indesejável). Isso acontece
porque os vencedores natos não buscam contentamento. Eles buscam a
transformação de tudo que possa entrar no céu e que possa ser
transformado para o mundo vindouro. Os vencedores buscam trabalho em
Cristo, feito através de Cristo, juntando com
Ele para nunca espalharem nada. Sabem que seu contentamento chegará
com a eternidade. O trabalho de Cristo neste mundo ainda é a
transformação e a regeneração. E sabemos que não se regeneram
situações ou pessoas ideais. Por isso, os vencedores buscam o que
mudar tendo plena consciência do poder de Deus e plena confiança em
sua aplicação prática. Consequentemente, não são idealistas - não
precisam sê-lo. Os idealistas também não são vencedores porque
querem herdar e não trabalhar. Logo, facilmente olham para trás por
motivos óbvios: não existem situações ou pessoas ideais e não
superam a ideia de que hoje possa ser um dia pior que o de ontem. Só
existe uma maneira de existirem pessoas ideais: quando somos nós a
tornarmo-nos os tais. As meninas buscam o par ideal para casarem
quando deveriam pensar em tornarem-se o par ideal para alguém em
Cristo; o empregado busca o patrão ideal e o patrão busca sempre o
empregado ideal. Na verdade, está tudo trocado, pois, o patrão é que
deveria torna-se ideal e o empregado é que, ao invés de buscar o
patrão ideal, deveria esforçar-se para ter o coração ideal. Para os
verdadeiros vencedores, cada situação má é um desafio de ânimo; para
o idealista, é uma tortura. Não existem pessoas mais opostas que o
idealista e o vencedor.
A depressão
é uma montanha de pecados que nunca foram limpos. O stress é a luta
de consciência contra esses mesmos pecados ou é uma luta do dia a
dia sob o peso enorme deles. O esgotamento pode, por isso, ser um
final infeliz, ou uma razão para um bom início caso nos viremos para
Cristo que tudo torna novo e inocente. Quer ser inocentado? Deseja
sentir-se realmente limpo? Venha a Cristo e verá. Ali termina todo o
stress, toda a depressão e toda a luta de consciência, a qual é a
única responsável para a depressão, stress e esgotamento. Quando
Cristo diz, "vinde a Mim vós oprimidos e cansados" fala aos doentes de consciência e aos que andam
sob o peso do pecado na consciência.
O desejo
intenso é uma das condições para alcançarmos em oração o que Deus
deseja para nós. Contudo, devemos levar em conta que o desejo também
nos pode levar a criar aparências. Por exemplo: uma pessoa que
deseja ser santa de todo coração pode optar pela aparência e não
pela transformação real desde dentro; alguém que queira ser rico
pode querer passar por rico; quem quer expressar-se bem muda o tom
de voz e os modos, ao invés de aperfeiçoar o vocabulário e a
sabedoria em Deus através duma entrega total a Ele; etc. Devemos
saber que todo o tipo de aparência é uma forma de encobrir e
mascarar defeitos. A aparência não é transparência e somente a
transparência tem como eliminar eficazmente qualquer tipo de
defeito, pecado ou mal. Andemos na luz, expondo tudo e optando por
nunca encobrirmos nada com o intuito claro de mudarmos em Cristo.
Todo
comportamento que não seja espontâneo, natural, decidido e exclusivo, não passa de fingimento e hipocrisia.
Por
norma, não achamos fingidas aquelas pessoas que nos agradam ou
agradariam ou como os hipócritas que são. Contudo, o fingimento é
visto à luz de Deus e não daquilo que nos possa agradar.
Quando
queremos andar em direcção à verdade e sentimos dificuldade ou não
conseguimos (isso se não estivermos tentando andar na nossa
verdade pensando que é a de Deus), é certo que os nossos passos
estão embaraçados nas coisas do mundo, o que torna a nossa caminhada
pela verdade muito difícil, senão impossível. Imagine que era ou é
pescador e Jesus o chama para outro trabalho. Se tentar levar as
redes consigo para ser útil naquilo que você considera alguma
emergência futura, é óbvio que, além de ser carga incomoda e chata
de levar (por muito leve que seja), os pés ficam embaraçados nos
fios e nas cordas, tornando assim impossível a sua caminhada. Você
tem dificuldade em confiar em certos momentos de sua vida e atira-se
ao pescoço de quem tem essa confiança? Reclama? Quando quer amar o
próximo como a si mesmo, sente dificuldade? Quando
quer esperar (ter
esperança e expectativa que não engana), fica
impaciente? Quando quer falar a verdade, tem medo das reacções de
alguém? Tem medos quando não podia dar-se ao luxo de sofrer deles?
Fica incomodado na presença de alguém? Não está à vontade em Deus?
Eu explico por que razão isso acontece: seus passos estão
embaraçados nas coisas do mundo! Sendo assim, quando quer andar
correctamente e estar apto em momentos cruciais de sua existência,
faltam-lhe as forças e sobram-lhe os embaraços. Jesus disse que
negaria quem o negasse e, quando você dá uma olhada ou uma piscadela
para o mundo, é claro que está negando Jesus. Por isso, ao dar uma
olhadela para a verdade e para a verdadeira vida será negado por
Jesus, a menos que você abandone para sempre e antecipadamente as
coisas do mundo e as expulse do seu coração.
Jesus
afirmou que aquele que faz e pratica as coisas de Deus do jeito de
Deus entenderá as coisas. O entendimento vem com o fazer. A pessoa
não será confundida, não ficará sem entender. Cumprir é forma de
entender e entender é o mesmo que não ficar confundido. "Oxalá sejam
os meus caminhos dirigidos de maneira que
eu observe os teus estatutos! Então não ficarei
confundido, atentando para todos os teus mandamentos",
Sal.119:5,6. A maneira de não
entender as coisas é estudar para que os outros observem; estudar a
Bíblia como religioso e não para cumprir e viver.
Não
praticamos a iniquidade para vermos Deus, para o acharmos,
Mat.5:8. "Bem-aventurados os que
guardam os seus testemunhos,
que o buscam de todo o coração, que não praticam
iniquidade, mas, andam nos caminhos dele!"
Sal.119:2,3. Uma coisa está relacionada
com a outra, pois Deus só é difícil de ser achado por essa razão.
Buscar Deus implica abandonar todo tipo de pecado, isto é, aquilo
que Deus considera pecado e não o que o homem assim considera, pois
o homem considera pecado aquilo (nos outros) que o afecta a ele e
Deus considera pecado aquilo (em nós) que afecta os outros. Consegue
ver a diferença e viver nela?
A maioria
das pessoas a quem Deus deu promessas pessoais esquecem essas
promessas ao longo dos meses ou dos anos simplesmente porque não
ficam esperando nessa palavra, isto é, suas vidas não se tornam
dependentes dessas palavras e promessas. O mesmo acontece quando as
pessoas esquecem de algum dever ou mandamento vindo de Deus: elas
não se tornam activas no cumprimento daquilo que lhes foi mandado
fazer e acabam por não se lembrarem do que se tratava. A negligência
prática leva sempre ao esquecimento de muitas coisas. E as palavras
de Deus necessitam ser uma vida em nós e não uma lembrança - muito
menos um esquecimento.
Ter fé
quando tudo corre bem é fácil. "Não fazem os gentios o mesmo?" Será
que Deus muda e deixa de ser de confiança sempre que as coisas
correm mal? Amar quem nos ama, crer quando tudo está bem, ter
paciência quando fazemos o que gostamos, conversar com quem
apreciamos ou admiramos, estar feliz e alegre em nosso próprio meio,
viver solidário quando nada nos falta, são coisas que qualquer
descrente também faz.
Muitos
não chegam a ver o raiar do sol porque não suportam passar a noite.
Todas as almas passam pela escuridão da noite para ver o nascer do
sol, passam pelo deserto para alcançarem a terra prometida e passam
pela obra para desfrutarem o descanso. Só que muitos não chegam ao
inicio do dia por não suportarem a escuridão da noite. Suicidam-se
com pensamentos vãos contra Deus.
Deus
quer que sejamos jardins em qualquer tipo de terreno, seja em terra
fértil ou no deserto. Acha isso possível? "Senhor, eu te conhecia
(…) que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não plantaste",
Mat.25:24. Do mesmo modo, Deus mandou que o homem
dominasse qualquer animal quando nenhum homem tem força para dominar
um elefante, nem voo para dominar uma ave e nem fôlego para dominar
os peixes. Mas, tudo é possível e viável através de Deus – até
sermos um jardim nas piores circunstancias que possamos imaginar.
Basta que o nosso coração seja só d'Ele. Então, vamos temer este
Deus que colhe onde não semeia e tenhamos cuidado de resplandecer
onde não existe luz, de brilhar onde tudo é baço, de obter alegria
que não seja falsificada onde a tristeza reina.
Jesus
disse que aquilo que sufoca a palavra de Deus em nós e em nossos
corações são as preocupações e tudo aquilo que nos pode desviar ou
ocupar nosso coração e mente. Nem o diabo tem esse poder de sufocar
a palavra em nós. Na verdade, a ilustração dos espinhos é muito bem
aplicada aqui. Imagine alguém com espinhos a picarem a sua pele
continuamente. Terá vontade ou disponibilidade de pensar em mais
alguma coisa que não seja a sua dor, as acusações contra quem ali
colocou os espinhos ou pensar em algo mais para além de remover os
espinhos? Tudo o que diz e pensa gira à volta dos espinhos e da sua
dor. Então, a pessoa que não muda o seu coração, objectivos e tudo
que seja uma raiz para preocupações (e não falo das coisas
exteriores e sim das interiores, isto é, do homem interior) será
atormentada continuadamente por espinhos em sua carne. Por essa
razão é que as pessoas se esquecem de muitas coisas que devem ou
deveriam fazer, pois estão completamente absorvidas por suas dores.
Esquecimento de muitas coisas, negligência de algumas outras (e até
de coisas muito importantes), perdas de tempo infrutíferas entre
outras coisas mais, são a principal consequência de um coração
ocupado com as coisas do mundo. Quer ser fiel a Deus? Mude seu
coração pela Luz e através de súplicas e obediências ao Espírito
Santo. Mudar as circunstâncias não ajuda nada, pois, não muda o
coração que é a principal causa desses espinhos.
Os
espinhos são um grande problema em qualquer vida. A única maneira de
evitá-los é mudarmos o coração sem perder tempo tentando mudar as
circunstâncias. A providência de Deus encarrega-se de tudo aquilo
que não devemos tentar mudar. A menos que as circunstâncias em
questão sejam parte do Reino que devemos buscar em primeiro lugar,
devemos deixar ser Deus a cumprir a Sua parte da promessa.
Viu
alguma estrela que lhe guiava pelo caminho? Se a perdeu é porque
começou a pensar por sua própria cabeça em relação ao caminho. Os
magos, ao serem guiados para Israel, viraram-se logo em direcção a
Jerusalém, a capital. Pensaram: "Israel! Vamos para Jerusalém".
Pensaram por eles e deixaram de seguir a estrela que, entretanto, se
perdeu porque não seguiam em direcção a Belém. Não procure, pois, em
Jerusalém o que achará em Belém, senão Ramá poderá chorar os seus
filhos de novo, pois, é algum Herodes quem está em Jerusalém e não
Jesus.
Hoje
confirmei: uma pessoa impaciente ou com mau coração nunca está certa
- nem mesmo quando tem razão. Acaba sempre por errar.
Se
interpretamos tão mal as pessoas com quem falamos e a quem
conhecemos, imagine como a maioria das pessoas se engana a respeito
de Deus a quem não conhecem e a quem mal ouvem!
Quando
as pessoas não têm nada para fazer (ou acham que não têm), ficam na
cama a alimentar a preguiça. Isso seria o mesmo que alguém comer
veneno para encher o estômago quando não tem nada para comer.
O segredo
para sermos ouvidos é não nos decidirmos por aqueles discursos que
as opiniões e os desejos exigem de nós quando Deus nos mostrou algo
diferente ou quando nos deu outro discurso. Quando recebemos de Deus
ouvindo bem e falamos de acordo com aquilo que ouvimos, até os que
recusam ouvir ou aqueles que se ofendem prestarão atenção. Essa
palavra não voltará vazia.
Quando
uma mulher tem dores de parto, é porque vai dar à luz. Quando um
crente tem dores de parto em seu espírito, vai dar luz. Quando damos
à luz muitos filhos, ficamos com dores de parto muitos anos
seguidos. E se não houver aborto, as dores de parto só cessarão com
nascimentos e, com toda a certeza, trarão filhos à luz e à vida.
Deus
disse ao homem, "domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do
céu, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todo
réptil que se arrasta sobre a terra". Sabemos que o homem nunca
dominaria os monstros e os paquidermes e outros animais pela força.
Como dominaria o homem uma ave que voa mais alto e é mais rápida que
ele? Então, Deus quis que o homem dominasse através da inteligência
e da sabedoria, pelo amor, pelo afecto e por tudo aquilo com que
cada homem foi criado. O homem não tem força para dominar um
elefante, não tem asas para dominar uma ave nos céus, não tem fôlego
para dominar os peixes debaixo de água. Mas, Deus determinou que
dominasse. Era uma mandamento. O único ser que, além de sábio e
inteligente, é Todo-Poderoso, é Deus. Deus pode dominar pela força
sem fazer algo de errado.
Quem
fala muito ouve pouco; aquele que manda muito obedece pouco; quem
grita muito diz pouco.
"O fruto
da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz",
Tiago 3:18. Isso não significa que
o fruto da justiça não seja semeado quando não há paz. Significa que
será semeado sempre, mas, não em paz para aqueles que não promovem
ou buscam a paz de consciência e com Deus.
Nenhuma
alegria é válida, nenhuma esperança é segura, nenhum futuro é
promissor quando vivemos em pecado ou longe de Deus. Antes
sentíssemos as nossas misérias em tais circunstancias! "Limpai as
mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os
corações. Senti as vossas misérias, pecadores, lamentai e chorai;
torne-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza",
Tiago 4:8-9. E se isso é
verdade, também é verdade que nenhuma tristeza, nenhum desânimo,
nenhuma falta de esperança é válida sempre que andamos com Deus em
sua Santidade. Toda essa tristeza passará e não nos deve fazer
vacilar, todo o tipo de desânimo nessas circunstâncias é falso e
toda a desesperança ou desespero é uma mentira sempre que Deus está
connosco tornando-nos santos. Tudo passará, até o sol e a terra.
Mas, quem faz a vontade de Deus permanecerá para sempre,
1 João 2:17.
Ensina
o teu próprio coração e saberás ensinar os outros. Isso é
moralidade. Ensina os outros e não saberás ensinar o teu próprio
coração. Isso é imoralidade.
Todo
aquele que adia as coisas; ou que começa as coisas e não as termina;
ou que faz uma coisa para não fazer outra; ou que não leva em conta
que precisa trabalhar o hábito no seu coração não apenas de terminar
o que começa mas, também, de fazer a coisa certa desistindo da
errada; ou aquele que negligencia o seu dever imediato por qualquer
outra razão; qualquer um desses cria e/ou enraíza a maldição de não
perseverar. Perseverante apenas desiste do que é errado e não
termina os erros que começou. Perseverante tem a coragem de desistir
até dos sonhos porque não são de Deus. Mas, tudo de bom que começa,
ele termina com fidelidade e em obediência, custe o que custar.
Muitas
pessoas dizem que se sentem perdidas sem saber onde ler na Bíblia.
Existem várias razões para estarem perdidas nesse aspecto. Mas, irei
mencionar duas. Uma delas é que não dependem de Deus para o seu pão
de cada dia. Deixam de pedir e de inquirir d'Ele sobre esse assunto.
O outro é mais sério ainda: a sua vida prática está muito aquém
daquilo de que sabem. Qualquer pessoa que realmente viva em Cristo e
Cristo nele, isto é, se essa vida for uma realidade e não uma mera
suposição, consegue viver e experimentar muito mais do que aquilo
que consegue explicar. Isto significa que aqueles que sabem mais do
que aquilo praticam (quando deveria ser o inverso), estão
desactualizados. Sendo assim, Deus não revela mais e não guia quem
quer saber onde ler. Isso seria o mesmo que incitar alguém a pecar
mais do que já peca tornando-o um hipócrita melhor.
Não
é bom pregar sobre a fé e defini-la a quem precisa crer. Pregue
Jesus a quem não crê e não definições. Na verdade, só os que já
crêem espontaneamente é que poderão obter benefícios e confirmações
através das definições. Todos os demais precisam ver claramente como
Deus é fiel, como Ele cumpre, etc. Definir as virtudes para quem não
é virtuoso é tentar criar um hipócrita e não um crente espontâneo e
puro de coração.
"Todo
lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a
Moisés",
Jos.1:3. Colocar o pé em algum
lugar seria sinal de que aquela terra seria dada a Israel. Porquê?
Isso acontece a quem é realmente guiado por Deus e levado por Ele. A
providência de Deus também serve de sinal para os puros e guiados
porque eles sabem que nunca iriam estar onde não deveriam estar ou
pisar onde não deveriam pisar sendo guiados e instruídos por Deus de
forma real. Isso nem seria possível sequer porque são guiados por
Deus. Você é guiado por Deus? Então, você está onde deve estar.
Ocupe-se e preocupe-se em obter um coração que é guiado, que cumpre
e assumirá o lugar onde seu pé pisa.
O oposto
de vida não é a morte. Segundo a verdade, o oposto de vida é o
pecado. O oposto de morte é a santidade vivida e experimentada no
Espírito.
É importante
sabermos que só seremos fiéis a Deus na abundância em igual
proporção à daqueles momentos quando não temos nada. Isto é, se
naqueles momentos que nos falta tudo e mais alguma coisa, se nesses
momentos ainda fazemos a obra Deus sem sequer pensar em nossas
faltas (se elas não nos vêm à ideia sequer), se somos fiéis a Deus a
esse ponto e especialmente nesses momentos, se lhe somos totalmente
dedicados e não aparecem espinhos em nosso coração que sufocam a boa
semente, se somos totalmente entregues ao Senhor e às Suas coisas
sob os problemas mais difíceis e mais improváveis, certamente Lhe
seremos igualmente e proporcionalmente fiéis em qualquer momento de
abundância, de alegria e de destaque. O José que foi fiel e quieto
na presença de Deus quando era prisioneiro permaneceu sendo o mesmo
José como dono do Egipto.
Para
Deus não existem coisas mais fáceis que outras - nem mais fáceis e
nem mais difíceis.
Importante
não é ver muitos milagres em nossa vida: importante é ver todos os
milagres que Deus precisa fazer em nossa vida. Ver muitos pode não
significar ver todos e, ver poucos, não significa que não vimos
todos.
Pedir
as coisas certas sem a confiança ou certeza de que Deus pode atender
os nossos pedidos, não passa de uma lamentação sobre essas mesmas
coisas. E nunca deixará de ser mais que uma lamentação por isso
mesmo, pois, "Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma
coisa",
Tiago 1:7.
Nós
submetemo-nos a Deus ou a alguém para permanecermos submetidos e não
para que nunca mais necessitemos submeter-nos.
Nenhum
homem pode tornar-se virtuoso por compulsão; as virtudes são
adquiridas, trabalhadas e operadas em nós. É uma obra. Você consegue
construir um prédio e terminá-lo em um momento de impulso?
As pessoas, mesmo
achando que o mal é mau, ainda assim tentam camuflá-lo através de
sorrisos e atenção. Não será encobrindo o mal dentro de seu próprio
coração que prosperará,
Prov.28:13. Já tentou encobrir
abelhas?
Quem sente esperança
pecando tem uma falsa esperança num Cristo falsificado, a qual nunca
se concretizará. Quem sabe que não existe esperança pecando está a
um passo de poder refugiar-se em Cristo para sempre.
Tornar as coisas reais e
ver ou assumir as coisas como reais quando são reais é o ponto final
da luta para crer. Deus permite ao homem lutar com Ele apenas para
que o homem possa, depois de ver a realidade que Deus lhe deu a ver,
assumir o que viu como verdadeiro. A luta com Deus serve para
convencer-nos e mostrar-nos e nunca para convencer Deus.
Viver aquela vida que
Deus pede de nós aqui na terra, sendo humanos, deve ser a coisa mais
fácil de todas, pois os fracos e incapazes são os melhores
candidatos a viverem essa vida de plenitude porque ela é vivida
através de Cristo e, também, porque a vida própria é uma
concorrência à vida eterna dentro de nós. Ora pense comigo: quem se
sente forte, não busca fortalecimento; quem acha que sabe, nunca
busca conhecimento; quem se acha capaz, não busca ser ajudado; e
quem acha que crê em Deus não busca confiar n'Ele. Mas, quem se
sente fraco e cansado está mais apto a negar-se a si próprio. Sendo
que ou vivemos a nossa própria vida ou vivemos através da Vida
Eterna em nós, fica claro que os humanos mais fracos e mais frágeis
tornam-se automaticamente os melhores candidatos a essa vida de
plenitude. Sermos humanos não é, por isso, desculpa para não
vivermos a vida de Cristo e sim razão para vivermos uma vida santa -
se é que Cristo realmente vive em nós. "Ora, diga o fraco, 'Eu sou
forte'".
Jesus falou do semeador que
sai a semear em boa terra e deixa cair algumas sementes fora do
terreno e em lugares pedregosos e ruins. Contudo, hoje temos uma
outra situação: existem semeadores de falsos evangelhos que saem a
semear em terrenos pedregosos, onde os pássaros consomem tudo e
apenas ocasionalmente cai uma ou outra semente em boa terra - fora
do seu terreno. E a boa terra não gosta de semente falsa.
Não existem balas
perdidas que atingem pessoas? Quando você prega o evangelho,
lembre-se que pode alcançar alguém através de uma bala perdida e que
alguém que você não espera ouviu tudo que disse para arrepender-se.
Leve sempre em conta as balas perdidas se você prega o evangelho de
coração puro e imaculado.
Se é verdade que Deus
cuida do mais profundo do nosso ser quando nascemos de novo e após
isso, também é verdade que somos e seremos sempre responsáveis pela
nossa parte consciente. Deus cuidará tanto do nosso subconsciente
como da parte de nós que é prática e vem do coração.
Eu sei que um dia os
homens me elogiarão para escaparem da intenção das minhas palavras.
Sei que falarão muito bem de mim para não terem de se arranjar com
Deus e para ficarem com novas ideias, mas, continuando iguais.
O único, verdadeiro e
justo castigo para o pecado é a morte eterna, pois o
pecado rejeita a vida eterna. Consequentemente, a
penalidade tem de ser eterna para ser justa e correspondente àquilo
que rejeita. Contudo, as pessoas assumem que Jesus sofreu a
penalidade do pecado morrendo na cruz. Isso não corresponde à
verdade. Jesus sofreu aquilo que era necessário para cumprir a Lei e
substituir aquilo que a lei exigia como oferenda do pecado
e não como castigo de pecado. A Lei exigia aquilo que os humanos
achariam ser a penalidade para o pecado. Por essa razão é que a Lei
de Moisés ainda deixava muito a desejar. O que Jesus fez foi o
suficiente para tirar qualquer um do seu pecado e não recebeu a
penalidade eterna do pecado sobre Ele. Para Jesus pagar pelo pecado
teria de morrer eternamente, pois essa seria a penalidade justa. E
Jesus só passou três dias no inferno, mas, por outros motivos e
nunca para sofrer a penalidade correspondente do pecado. Jesus não
paga pelo pecado e antes salva do pecado cumprindo a Lei. Tudo que
Ele fez e ainda faz tem como alvo claro e evidente salvar os homens
dos seus pecados. Seu sangue limpa-nos. Seu sangue não significa
apenas perdão, mas, garante a limpeza de coração, isto é, Seu sangue
é a pureza dele. Por isso é que lemos que Seu sangue nos purifica e
nos lava. Essa limpeza de coração é que garante o perdão,
Prov.28:13.
Quando um vizinho rouba
o outro, todos os vizinhos falam da anormalidade. Mas, ninguém fala
quando não há vizinhos que roubem vizinhos, pois, é coisa normal.
Quando as pessoas são más, todos falam das suas maldades. Sempre que
alguém é bom, ninguém fala por se tratar de uma normalidade e de um
comportamento normalíssimo, esperado e 'usual'. Até a nossa natureza
atesta que ser bom é ser normal ou que, ser normal, é ser santo.
"Também, por amor de vós
(...) a vossa vide no campo não lançará o seu fruto antes do tempo,
diz o Senhor dos exércitos", Mal.3:11.
Você pede as coisas de amanhã para hoje? Sabia que isso seria o
mesmo que pedir a Deus uma maldição? Você é impaciente? Contudo, há
que distinguir entre não receber agora por ter algo em sua vida que
incomoda Deus; e não ser o tempo adequado para os frutos que espera.
Cada tipo de fruto tem sua época própria. Caso você não tenha fruto,
averigúe se está fora de época ou dentro de época e logo saberá
porque razões ainda não deu fruto.
A fé de muitos é um
engano. Deixem-me explicar. Para muitos, fé é crer - simplesmente
crer. E a verdadeira fé é realmente crer dessa maneira simples e
espontânea. Contudo, fé é uma certeza do certo, uma certeza do que
Deus já falou e uma certeza daquilo que Ele anseia e deseja para
nós. Fé não é apenas certeza - é a certeza na/da coisa certa. Ter a
certeza nunca fez pessoas estarem certas. Estarem certas é que faz
as pessoas terem certeza certa, isto é, fá-las ter fé. "Ora, a fé é
a certeza das coisas que não se vêem",
Heb.11:1. Fé é conseguir crer na verdade - não é
conseguir crer. "Aquele que pode crer..."
Marc.9:23.
Tenha cuidado quando
espera de coração que Jesus chegue para intervir em sua vida. Os
Judeus estavam oprimidos e esperavam o Cristo. Contudo, existe um
problema: sempre que Cristo vem até nós, não é para resolver os
nossos problemas e sim o coração que temos. Raramente resolve os
problemas. Os Israelitas esperavam um Cristo que os retirasse da
opressão como havia sido feito no tempo de Moisés. Deram-se mal,
pois, ele veio tirá-los do pecado que amavam e através do qual
lutavam usando a força da carne, do ódio, da vingança e dos votos
pessoais pressionados por interesses próprios. Cristo, ao removê-los
disso, retirava deles toda a sua força e toda a existência pecadora,
isto é, salvava-os da única forma de vida que conheciam e na qual
depositaram todas as esperanças de uma vida. "...E de repente virá
aquele a quem desejais. Mas, quem suportará o dia da sua vinda?
(...) Assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e
purificará os filhos e os refinará como ouro e como prata (...) E
chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra
os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente,
contra os que defraudam, contra os que não me temem..."
Mal.3:1-5. Você anseia por Cristo em
sua vida também? O que espera d'Ele? Que espera que ele venha fazer,
do que espera ser liberto? Tenha cuidado para não ser desapontado
com Sua vinda, especialmente se ela for real. Ele veio salvá-lo dos
seus pecados e não dos problemas que enfrenta actualmente. "Por que
razão, quando Eu vim, ninguém apareceu? Quando chamei, não houve
quem respondesse?", Is.50:2.
Muitos não querem mudar, só querem alguém poderoso o suficiente para
resolver todos os seus problemas e, de preferência, por milagre. Não
se desaponte quando Ele começar a fazer toda a Sua obra e, também,
não fique com ideias erradas caso a obra d'Ele tiver de ser feita
longe de alguns de seus problemas, pois poderá ficar a pensar que
Ele realmente vem tirar dos problemas apenas porque a vontade d'Ele
tem outros instrumentos que não os seus problemas actuais (os quais
Ele resolve). O mesmo princípio deve ser tido em conta sempre que
nos tornamos santos, isto é, não nos tornamos pacientes para Deus
nos tirar dos problemas, não nos tornamos caridosos para sermos
ajudados, etc. As virtudes são o ponto de destino e não o caminho ou
os meios. Não servem como moeda de troca. Muitas vezes, pensamos nos
fins como se eles fossem os meios. O que são os meios em sua vida e
o que são os fins? Você trocou a ordem das coisas levado, também,
por interesses pessoais que não levam os valores eternos em conta?
Sempre que a ordem das coisas estiver correcta, você terá mais ânimo
e mais alegria enfrentando qualquer tipo de problema. Ora,
experimente e verá! Mas, faça-o de coração e limpo porque, senão,
até nisso se desapontará!
A diferença entre a
idolatria e a verdade é que na idolatria a pessoa cria o seu próprio
deus, aquele que lhe convém criar. Pela verdade sabemos que a
criatura foi criada à semelhança de Deus, isto é, criada conforme
convém ao Criador. Ora, vejamos a diferença entre o que foi criado
por ambos. Deus fez uma criatura viva e o homem criou um deus morto,
o qual não se mexe. O deus da criatura é mudo, surdo e, se for
humano, insensível, desviado e morto. Contudo, a pessoa persiste em
crer em tal deus porque esse deus está de acordo com a sua forma de
pensar. Isso significa que a idolatria cresce, nasce e mantém-se
apenas através da teimosia. Toda a forma de idolatria nasce do
coração do homem, o qual tem uma habilidade extrema de criar deuses
que lhe convem. Já a criatura de Deus não é muda, não é surda e
conversa com seu Criador que também não é surdo ou mudo.
Quando a água está suja,
não sabemos quais as coisas que a sujam. Existe uma mistura de
tantas coisas que distinguir entre elas torna-se difícil. Com as
pessoas sujas acontece o mesmo. É difícil destacar um pecado que a
suja ou responsabilizar um pecado específico pelo comportamento
global de alguém. O comportamento é e será sempre uma mistura de
coisas, isto é, o comportamento de um coração sadio será sempre uma
mistura de virtudes onde uma dificilmente se destaca; e dificilmente
se poderá apontar para um pecado específico como o principal culpado
pela forma de vida e pelo comportamento global de alguém que
aprendeu a orientar-se através dum coração impuro. Por essa razão é
que o pecado deve sempre ser abandonado na sua totalidade.
Ser reinado não é o
mesmo que ser dominado. Demónios é que dominam e possuem pessoas.
Ter um Rei em nós significa ser guiado mansamente, ainda que
solenemente. O homem duro não reconhece tal mansidão como caminho.
Para o homem, tudo tem de ser feito na base da dureza e da tirania.
Contudo, o Rei com o qual nos comprometemos eternamente, se
estivermos limpos de coração, é suave e sua voz é suave
e meiga. É o coração do homem que é duro e essa dureza espera ser
guiada rudemente. O homem dificilmente reconhece outra forma de ser
guiado. É por isso que devemos tornar-nos ovelhas. "Não sejas como a
mula...",
Sal.32:9. Deus não usa meios rudes
para guiar o homem rude. É o homem quem precisa mudar e não Deus. O
homem necessita tornar-se manso para conseguir entender que está
sendo guiado mansamente para águas tranquilas e tranquilizadoras, (Sal.23:2).
Ter um Mestre não é o mesmo que ser dominado. Ter um Mestre é ter
Alguém que me conhece melhor que eu próprio, Alguém que me é mais
chegado que um amigo, Alguém que sonda e esquadrinha o mais profundo
de todo meu ser e satisfaz aqueles anseios com os quais fui criado
originalmente e a quem terei de responder pela minha vida e
corresponder com ela também.
Existe uma vida que
salva humanos, tal qual existe outro tipo de vida que se esforça
para ser divina sem conseguir sê-lo de verdade. Uma é celestial e a
outra é terrena. A vida de Deus nos salvos expressa-se como a
própria vida de Deus, não como uma vida humana que se esforça para
ser divina. A vida que se esforça para ser divina é falsa. Contudo,
essa vida falsa acredita que a outra é a falsa, pois faz as mesmas
coisas através da aparência e de outro tipo de essência ou poder.
Jesus veio até nós como alguém sem qualquer aparência e sem nada
n'Ele que nos fizesse desejá-Lo, Is.53. Contudo, não deixou de ser
santo por isso. E isso só pode significar uma coisa: Ele ainda é
assim e ainda faz o mesmo. "O reino de Deus não vem com aparência
exterior, nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! Pois, o reino de
Deus está dentro de vós", Luc.17:20,21.
Aquela pessoa que tem uma vida terrena, a qual esforça-se para ser
divina, também terá um coração entregue aos sonhos daquelas coisas
que não se realizam e as quais gostaria que se realizassem sem ter
de mudar ou de mudar de vida interior. Deus não é devedor a quem não
muda e Suas promessas nunca se cumprirão com os tais. Se você tem
uma vida terrena que se esforça para ser divina, lembre-se que
precisa mudar duas coisas: o sonhar de olhos acordados e trocar a
sua essência, a sua vida terrena, pela celestial.
"Não há quem invoque a
justiça com rectidão, nem há quem pleiteie com verdade",
Is.59:4. É possível invocar justiça sem ser através de
rectidão, tal como é possível defender uma causa importante sem ser
pela verdade no coração. É isso que lemos neste versículo. Seu
coração é recto e verdadeiro ou pleiteia pelas causas próprias?
Existem pessoas que pleiteiam honestamente as causas do egoísmo,
como há aquelas que pleiteiam as causas de Deus mentirosamente, isto
é, sem que todo o seu coração esteja realmente envolvido na causa
que pleiteiam. Fazem por fora aquilo que o coração não faz por
dentro. Quando pleiteiam causas próprias sem isenção, por norma,
confiam em mentiras e no vento como se fossem realmente causas
fortes e justas. Nunca se deixe enredar em tais caminhos da mente.
"...Confiam na vaidade e falam mentiras; concebem o mal e dão à luz
a iniquidade (...) As suas teias não prestam para vestidos...",
Is.59:4,6. Tais pessoas
experimentam vários problemas. Leiamos: 1. "O caminho da paz não
conhecem". Isto significa que estão constantemente em guerra
interior que facilmente se exterioriza. 2."Fizeram para si veredas
tortas". Era de esperar que isto acontecesse, pois ninguém pratica a
justiça sendo injusto. Logo, para aparentarem justiça precisam
adaptar seus caminhos. Existem mais consequências lógicas de não
praticarmos justiça com rectidão. Este capítulo de Isaías fala em
muitos deles. E é óbvio que as pessoas irão tentar fabricar uma paz
onde ela não tem como existir, ou tentar aparentar que são rectos
sendo tortos. Isso acontece apenas porque se recusam mudar de
verdade a partir do homem interior.
Deus não respeita o
mau-humor. Por norma, o 'respeito' e a consideração é uma das
maiores exigências de todo tipo de pessoa entregue ao mau-humor.
Comprove isso e verá que é realmente assim. Exigem ser respeitados.
Contudo, quando o humor muda para o lado do mal, Deus não muda por
isso e continua trabalhando sem deixar em paz quem o tem, pois, Ele
assume que o mau-humor não deveria existir
sequer! O mau-humor firma-se sobre o direito
que pensa ter de continuar a ser mau. O outro lado do mau humor é
não ser capaz de reconhecer que está errado. A auto-justificação é
onde se firma e a cegueira é a consequência. Deus não tem tempo para
conversar com tal atitude e assume que ela deve ser prontamente
expulsa a pontapé de nosso coração e que somos nós próprios quem
deve fazê-lo sem qualquer tipo de hesitação ou demora. Leve todas
estas verdades em conta sempre que estiver de mau humor.
Certifique-se que coopera com Deus para alcançar todas as atitudes e
virtudes celestiais no mais curto espaço de tempo possível.
Muitos assumem que uma
coisa difícil deve ser feita através da graça de Deus enquanto que
as fáceis podemos realizá-las sozinhos. Na verdade, o segredo é
fazer tudo através da graça, seja fácil ou difícil. A chave de tudo
e o mandamento principal do evangelho é que as coisas se processem
cá na terra da mesma maneira que se processam no céu: pela graça.
Você necessita ter em conta que sempre que alguém manifesta aquela
atitude de que precisa orar muito ou lutar muito quando algo parece
ser uma dificuldade enorme, logo assumirá que aquilo que considera
fácil poderá
ser desprezado ou que deverá ser feito através
do braço da carne. Não existe melhor maneira de manter a carne viva
do que fazer qualquer coisa através da força, dos motivos, da
maneira da carne e com a sua intuição. O objectivo de Deus é que
vivamos somente pela graça, usando todos os seus recursos seja sob
que circunstâncias for. "Aqui na terra como no céu", isto é, do
mesmo jeito. É muito importante aquilo que fazemos, mas, é muito
mais importante como o fazemos e através de que poder. Por isso,
deve saber que todo aquele que se aplica muito para achar graça sob
circunstâncias difíceis terá de resolver um problema sério sempre
que as coisas se tornam fáceis e simples, pois, negam Deus e seu
poder quando tudo está bem, tornando-se, assim, presas fáceis para
Satanás. Recuse alimentar a carne e não a deixe sobreviver.
"...Derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o
conhecimento de Deus e levando cativo todo pensamento à obediência a
Cristo", 2Cor.10:5.
Muitos questionam aquilo
que ouvem, ficando na dúvida se vem de Deus, do diabo ou da carne. A
única maneira de resolver esse problema é entrarem no santuário e
aproximarem-se muito bem de Deus e isso de forma real. Será ali onde
nos aperceberemos se foi Deus quem falou ou não. Fora do Santuário
seria como imaginar os lábios de alguém mexendo e pronunciando
certas palavras e estar dentro seria como reconhecer a voz de quem
fala olhando para Ele e vendo. Jesus disse que quem é ovelha ouve a
Sua voz. Logo, não tentando discernir entre vozes que se chega lá -
é tornando-se ovelha.
Nós somente podemos ser
salvos de algo ou de algum lugar onde já nos encontramos. Não
podemos ser salvos do inferno porque ainda não estamos no
inferno. As únicas pessoas que se poderiam salvar do inferno
são aquelas que já se encontram lá. Eu não posso ser salvo de
afogamento se estou em terra ou longe da água. Por isso, salvação
não é sermos salvos do inferno. Não pode ser. E não vemos na Bíblia
qualquer referência a sermos salvos do inferno. Vemos, isso sim, que
Jesus nos salva do pecado e de nós próprios. "Chamarás JESUS; porque
ele salvará o seu povo dos seus pecados",
Mat.1.21. "Livraste (salvaste) a
minha alma da corrupção".
Quando somos
conhecedores da verdade e não estamos bem com Deus, as promessas de
Deus até nos podem parecer reais. Contudo, são miragens de água para
quem está com alucinações devido ao desejo de beber em terra seca e
quente. "Será, também, como o faminto que sonha que está comendo,
mas, acordado, sente-se vazio; ou, como o sedento que sonha que está
a beber, mas, acordando,
acha-se
desfalecido e ainda com sede", Is.29:8.
Um sedento no deserto também tem a certeza que a miragem é água.
Mas, a sua certeza não resolve nada e ainda contribui para a sua
morte prematura e para o aumento do seu engano. As promessas de Deus
ou ajudam a matar ou dão vida, viram miragens enganadoras ou
tornam-se essência de vida nos corações. A tendência dos que se
apercebem que as promessas se tornaram miragens é para desprezar,
mais tarde, as promessas que Deus selou para os puros. Devemos saber
que as promessas cumprem-se
com todos aqueles que cumprem as condições e os requisitos
eternamente estabelecidos por Deus, os quais são e serão sempre
inegociáveis. Você é puro de coração? Anda com Deus? Tem sido fiel
em todas as coisas e todo o seu dia-a-dia é feito através de Deus?
Você junta com Ele ou espalha? Lembre-se que, se qualquer promessa
de Deus ainda é uma miragem para si, só existe um culpado: você. Não
se descarte das promessas de Deus assim tão facilmente se estiver
sujo e descrente. "Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito
vacilante, purificai os corações", Tiago 4:8. É preferível limpar-se
do que descartar-se das promessas para poder viver a sua própria
vida do seu jeito. E se você estiver puro e tiver o testemunho de
Deus vivo dentro de si em relação a qualquer assunto e esse
testemunho não é somente do próprio para o próprio, não tema crer
nas mesmas coisas que os impuros crêem caso sejam promessas feitas
por Deus. Com os infiéis as promessas não funcionam, mas, não se
pode afirmar a mesma coisa em relação aos fiéis e em relação às
mesmas promessas de Deus para os tais. E se falamos das promessas de
Deus, também afirmamos os mesmos princípios em relação à eleição e
outras coisas igualmente importantes para quem vive de Deus. "E a
miragem tornar-se-á em lago", Is.35:7.
"Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa
vocação e eleição",
2Ped.1:10.
Cuidado quando é o diabo
ou a intuição carnal quem promete as coisas de Deus. Isso acarreta
dois tipos de perigo: podemos assumir uma promessa que Deus não fez
e ela não se cumpre; e, caso algo não se cumpra que achamos ter
vindo de Deus, assim que Deus falar iremos duvidar devido à(s)
experiência(s) anteriormente falhada(s). Deus poderá prometer ou
cumprir aquilo que a carne também promete a ela própria em nome de
Deus assim que a carne deixar de servir no templo de Deus. Nunca
podemos confiar no braço da carne, nem mesmo quando tenta fazer tudo
certinho. A carne gosta de poder trabalhar no templo de Deus.
O homem foi a criatura
criada segundo a imagem de Deus. Contudo, hoje é a criatura que
menos se assemelha a Deus e a única no universo que não glorifica o
seu Criador. Até muitos animais revelam mais de Deus que a criatura
que foi criada segundo a imagem d'Ele. Coloque a sua esposa dentro
do porta-mala do seu carro juntamente com o seu cachorro. Quem acha
que vai gritar para sair e quem vai suplicar para sair? Depois de
uma hora abra a mala. Qual dos dois manifestará alegria em vê-lo e
quem estará irritado consigo? Só por aí vemos qual dos dois
demonstra mais da imagem de Deus.
Uma das razões porque
não devemos julgar o nosso próximo é porque existem coisas que não
entendemos bem e outras que não são erradas para o nosso próximo,
mas, são-no para nós. Por essa razão, a maior luta de quem se quer
acertar com Deus é conseguir sair da sua linha doutrinária sem
entrar no erro e, muitas vezes, entrar naquilo que achava errado
estando certo. Que Deus nos conceda a visão daquela porta por onde
podemos escapar de nós próprios!
"Não andando com
astúcia..." 2 Cor.4:2. Isso
significa simplesmente não andar de forma planeada, dissimulada,
simulada ou através das aparências que
sempre escondem as evidências e que querem
impor sempre aos outros a opinião própria para facilitar o esconder
daquilo que não queremos revelar e deixar nas trevas.
Os pecados como o ciúme,
a inveja, a má-língua, o fingimento e, em certa medida, a amargura,
são hábitos e não raízes. São hábitos do corpo da morte. Depois que
esse corpo da morte seja desfeito (ou mesmo antes) você precisa
recorrer a uma disciplina cerrada, obediente e perseverante para
eliminar tudo que ainda é hábito. Não se esqueça disso sempre que
assumir que já conhece a Jesus, pois, pode vir a facilitar e deixar
seus hábitos de coração sobreviverem só porque já 'conhece' Jesus -
ou acha que o conhece. Certamente que voltará a morrer, isto é,
o corpo da morte voltará a ressuscitar.
Assim que obedecermos,
entendemos!
Como não posso enxergar
as coisas por longos períodos, então, enxergo-as nitidamente. Que
sejam nítidas e claras para si também. Aproxime-se mais e nunca as
esquecerá. Não é pensando muito que resolverá seus problemas
difíceis e sim sendo simples e sintético sobre eles. Aproxime-se da
solução e veja-a nitidamente. Depois, seja obediente à visão até ao
fim.
É preferível eu viver
pensando que não estou bem e ter minha vida em ordem, do que pensar
que estou bem quando minha vida está desordenada diante de Deus.
Existem os que vigiam
por causa da chegada de Jesus. Contudo, Jesus pede a algumas pessoas
que já passaram essa fase para vigiarem com Ele e não por Ele. Você
já vigia com Jesus?
Quando alguém quer os
benefícios que Deus dá sem conhecê-Lo verdadeiramente, é óbvio que
seria como colher frutos em um pomar sem o conhecimento do dono.
Isso seria semelhante a roubo.
Entender uma criança
quando ela tem medo do escuro, é fácil. Mas, como entender um adulto
que foge da luz e que prefere viver escondido? "Andai na luz", isto
é, sejamos transparentes.
Deus só confia naqueles
que têm o hábito de coração de dependerem só d'Ele e serem fiéis (e
não para poderem ser infiéis sem serem castigados). Deus confia em
uma obra que Ele faz, começa e termina. Não se pode concluir na
carne o que se começou no Espírito e não se pode concluir no
Espírito aquilo que começou na carne.
A guerra de Deus não é
contra as pessoas maldosas e sim contra o coração dentro das
pessoas. Quem se agarrar a esse mal que Deus destruirá com toda a
certeza, será juntamente destruído e quem deixa o mal ser destruído
abstendo-se dele seguramente que será salvo. "E virá um Redentor aos
que se desviarem da transgressão", Is.59:20.
Ajudar é fazer aquilo
que as pessoas não conseguem fazer e não aquilo que não querem
fazer.
Um coração enganoso é a
consequência mais óbvia de um afastamento de Deus. A nossa
independência de Deus traz consequências desastrosas a todo o nosso
ser, as quais ninguém poderá evitar e, por vezes, são consequências
que ninguém consegue calcular ou imaginar de tão desastrosas que se
tornam.
Todos os salvos saem do
Egipto. Você saiu das novelas, das mentiras, das ilusões e de todo
tipo de pecado? Ou ainda critica Deus, culpando-O por causa de seus
pecados? Só quem abandonou todo o Egipto pode considerar-se salvo e
liberto da escravatura.
"Ao seu redor havia
serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto; e com
duas cobria os pés e com duas voava",
Is.6:2. É interessante ver como
estes serafins voavam de rosto tapado (sem poderem ver) e, ainda
assim, não saírem do curso deles. Só mostra que eles eram guiados
pelo Espírito Santo, através do qual serviam. Você não gostaria de
ser guiado dessa maneira, seja de olhos fechados ou abertos?
Culpar um culpado nunca
será o mesmo que salvar esse culpado e, para salvar qualquer
culpado, não se pode ignorar nem a culpa e nem a honra de Deus. Um
bom médico nunca ignora a doença do paciente e somente através dum
bom diagnóstico tem como dar o golpe final - não ao paciente, mas, à
doença.
Só
as fábulas têm um fim. Todas as histórias de fantasia que se contam
é que têm um fim. A minha história não é de fantasia e ela não terá
fim. Viverei eternamente com meu Senhor.
Sabia que buscar e achar
a sabedoria de Deus aplica uma sentença de morte ao orgulho e à
soberba do homem? "A sabedoria que vem do alto é, primeiramente,
pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e
de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia",
Tiago 3:17. Muitos dizem que ser
pobre é ser humilde. Com isso afirmam, ainda que indirectamente, que
os ricos são orgulhosos. Na verdade, não vemos a Bíblia dizer que os
pobres são humildes de coração e nem que os ricos como Jó, Abraão ou
Davi eram orgulhosos. Você já alguma vez pensou tornar-se
verdadeiramente humilde de coração, seja rico ou pobre? Ache, viva e
experimente a sabedoria de Deus e verá quais as consequências! Ser
humilde não é nada mais que ser você próprio totalmente transparente
vivendo a vida de Deus em toda a sua plenitude. Aprenda a ser
transparente e aprenderá a ser humilde.
Um
amigo chamou minha atenção para o seguinte: se a higiene e o lavar
das mãos provocou uma revolução nos círculos da medicina e nos
hospitais, se o simples lavar das mãos previne milhares de contágios
em hospitais, o que não acontecerá quando se lava e se purifica o
coração? Quantas almas deixarão de ser contaminadas?
Qualquer
coisa que o homem deseja será sempre considerada boa porque ele a
deseja. Consequentemente, qualquer tipo de bênção parecerá coisa
ruim sempre que não vá ao encontro das vontades do homem.
As coisas só se tornam
importantes em seu dia próprio. Fora dele não são importantes e nem
são dever, ainda que sintamos de outra maneira. Contudo, devemos
manter a visão global de tudo de forma a assistir naquela obra que
pertence ao dia de hoje.
Dá as tuas palavras ao
mudo, as tuas pernas ao coxo, os teus olhos ao cego, o teu dinheiro
a quem precisa, o teu amor a todos. Não queiras receber nada em
troca: não emprestes as tuas palavras esperando louvor em troca, nem
os teus olhos, nem as tuas pernas e nem emprestes o teu sono. Dá-te
de todo e dá tudo de tudo, pois as tuas palavras diziam que te
entregaste de todo a Jesus. Não te entregaste para ti mesmo e nem
para teu benefício. Ou foi?
A minha vida é uma
gestão de promessas em cooperação com Deus.
Qualquer pessoa fica
mais rica dando aos mansos do que recebendo dos soberbos.
Sempre que uma pessoa da
família se entrega à cobiça, começam as brigas dentro de casa. "O
que se dá à cobiça perturba a sua própria casa",
Prov.15:27. Isso acontece porque
tal pessoa pode preferir poupar que comprar comida; pode preferir
roubar o dinheiro de Deus, pois a corda quebra sempre pelo elo mais
fraco; vai estar sempre a mandar na vida dos restantes familiares,
querendo dominá-las devido ao excesso de zelo da cobiça e do amor
pelo dinheiro. E, quando tudo isso acontece, essas atitudes servirão
de formação para os filhos e para os descendentes mais directos,
pois os filhos são, em grande parte, um reflexo e uma consequência
directa do viver dos próprios pais. Se isso já estiver acontecendo
consigo, não acha que já é altura de perguntar se seu zelo
pecaminoso compensa e se vale a pena viver assim?
Tenho a certeza que
terei mais esperança e mais expectativa na hora da morte que
qualquer homem ou mulher sem Deus no início de suas vidas. No meu
fim de vida terei muitas mais expectativas que se cumprirão. As
pessoas não entram em um avião para viajar para lugares bonitos?
Então, meu caixão será como entrar em um avião que me leva para o
céu. Você está preparado para embarcar? Pode embarcar hoje?
A pessoa que esconde,
ignora, negligencia ou enterra aquilo que Deus lhe confiou, cria um
cemitério em seu coração. Logo, será condenado pelo cheiro de morte
que sai de dentro dele e pelo qual é responsável.
A ideia de que "a oração
muda as coisas" não é tão verdadeira quanto a de que a oração
transforma-me
e eu mudo as coisas. Mas, nenhuma das duas está completamente
correcta. É verdade que Deus nos transforma sempre que nos
aproximamos d'Ele em oração. A transformação é uma consequência
directa da aproximação a Deus. Contudo, nós aproximamo-nos de Deus
por causa das coisas e essas coisas serão transformadas por Deus em
nós e por nós em Deus porque fomos transformados. E quando nos
aproximamos de Deus por causa de Deus, a transformação que ocorre em
nós será mais profunda, mais pura e mais adequada a pessoas santas -
ainda que não seja mais acelerada.
A pessoa que menos
aceita conselhos é aquela que tem referências no passado as quais já
não experimenta em sua vida actual. Quando a vida de alguém está
desactualizada, as referências incitam-na a pensar que sabe tudo,
que sabe fazer melhor que todos e que já aprendeu tudo o que havia
para aprender. Tenha muito cuidado sobre aquilo que pensa e assume
sobre si próprio sempre que as lembranças das experiências passadas
se tornam um consolo. E Jesus avisou-nos daquela luz que facilmente
se torna trevas em nós. E quão grandes serão essas trevas!
Mat.6:23.
Se alguma coisa lhe tira
a paz de Deus, de duas uma: ou você tem algum pecado que não colocou
na luz; ou o seu relacionamento com Jesus é falsificado, forçado ou
forjado. Você gostaria de estar na companhia de alguém que se
sentisse forçado a estar ali, perto de si? Essa companhia seria um
gozo para si? Gostaria de estar perto de alguém cujo coração
estivesse a milhas dali?
O pior inimigo do amor
são aquelas preferências naturais do homem, porque é isso que o
homem considera amor. O pior inimigo da sinceridade é a aparência
porque a aparência faz a pessoa parecer aquilo que não é. O pior
inimigo de falar correctamente é a eloquência. E assim poderíamos
achar mais inimigos de muitas outras virtudes: as suas aparências.
Jesus nunca nos pediu
para o aceitarmos da maneira que somos convidados a 'aceitá-lo' nas
igrejas atuais. Essa doutrina não pode ser Bíblica porque Jesus
pediu para nos rendermos e para rendermos toda a nossa vontade e ser
para sempre a Ele. As doutrinas actuais de "aceitar Jesus" que estão
na moda impedem que isso aconteça. Não tenho o mínimo respeito por
tais doutrinas, pois impedem a vida em seres já de si mortos
barrando a porta de entrada aos que desejam entrar.
Eu não posso ter como
alvo fazer muitas coisas se não conseguir que meu alvo seja somente
fazer muito bem cada coisa que pertence ao dia que vivo hoje. A
disciplina e a entrega de hoje ao que pertence ao agora são os
alicerces de amanhã. A eternidade exige de nós que façamos cada
coisa em seu dia em vez de tentarmos fazer muitas coisas ao mesmo
tempo - ainda que sejam importantes.
Deus me vestirá de um
manto de justiça, tal qual Jacó fez aquela capa para seu filho,
José. Serei justo e terei roupa de justo. Deus fará melhor comigo do
que aquilo que Jacó fez com José e o meu manto será ainda mais
bonito. Será um sinal de que Deus me ama como aconteceu entre Jacó e
José.
A benignidade é buscar o
bem e, também, não aceitar o mal. Não pense que passar a mão pela
cabeça do mal é ser benigno, pois, isso é ser maligno. A
cumplicidade com o mal nunca será considerada como algo bom. Existe
câncer maligno. Mas, a benignidade é um câncer do bem contra o mal.
Não pense que o mal sentirá felicidade sendo destruído e que
aprovará a sua própria morte. Ninguém coopera com a própria morte.
No entanto, se você achar-se mau, coopere e dirija-se de livre
vontade para o Calvário como Jesus o fez, ainda que Ele não era mau,
mas, fê-lo por sua causa. Se você tiver, dentro de si, um câncer
contra o mal, lembre-se que isso é o que Jesus disse ser a tal
semente que ninguém pode destruir. É essa semente que nos preserva.
"Aquele que é nascido de Deus não peca;
a semente de Deus permanece nele e não pode continuar
no pecado, porque é nascido de Deus", 1
João 3:9. Essa semente é um câncer para o mal - é a
semente da benignidade.
Se, por alguma razão, eu
perdesse toda a obra que fiz para Deus durante estes meus curtos
anos que vivi até agora, seria pior para mim que perder um filho.
Iria sentir-me como Jó se sentiu quando o diabo levou tudo o que
tinha. Que Deus me livre de tal coisa!
"...Os que se deleitam
nas perversidades dos maus",
Prov.2:14. Já se perguntou se ver
os romances e os filmes do mundo é mau? É óbvio que perdermos o
nosso precioso tempo com tais bestialidades é mau, pois, até aqueles
que não fazem o mal aproveitam para se deleitarem no mal que vêem
fazer nos filmes. Paulo fala nos que "aprovam (acham prazer)
naqueles que praticam o mal", Rom.1:32.
Se a Bíblia fala na
"prosperidade dos loucos", é porque os loucos podem ser prósperos e
abastados. Isso só pode significar que a prosperidade nunca pode
servir de prova de que Deus está connosco como a falta dela nunca
significou que Deus não estava com Jó.
Se eu tiver uma dívida
em algum banco a qual não paguei, seria absurdo ir pedir mais um
empréstimo, pois, sei que nenhum banco emprestaria a quem já lhes
deve. Se você deve a Deus e não Lhe dá o que Lhe pertence por
direito, se não devolve
às pessoas aquilo que lhes pertence, como pode
persistir pedindo aquelas coisas importantes a Deus crendo que as
irá receber? O que é que você deve a Deus? A sua vida? Quem deve a
Deus deveria temer, pois, só quem não deve nada a ninguém é que não
teme.
A cobiça tira a vida
daqueles que a possuem. Escolha entre a vida e a cobiça, entre a
vida e o desarranjo espiritual. Existe a dor física que tentamos
resolver de imediato, embora a dor possa ser um sinal de algo mais
sério. Também e da mesma forma, existe o desarranjo espiritual
quando tragamos o pecado. O pior é que a maioria das pessoas que têm
desarranjos espirituais continuam a comer daquilo que lhes faz mal,
enquanto que, num desarranjo intestinal, as pessoas procuram saber o
que lhes causou tal desconforto e tal mal. Quando o seu coração se
sente mal, quando se sente indignado, quando se sente impaciente,
porque razão você não afirma que comeu a comida do diabo como faz
quando está mal dos intestinos?
"Filho meu, se os
pecadores te quiserem seduzir, não consintas",
Prov.1:10. Existem muitas formas de
sedução. Existe aquela sedução directa, a qual é colocada diante dos
nossos olhos sem palavras mansas e existem formas de sedução menos
óbvias e mais indirectas. Quando uma acção de alguém o incita a
errar, isso também pode ser considerado como uma forma de sedução.
Por exemplo, alguém pode tratar mal seu filho ou roubá-lo e você
reage de forma pecaminosa por causa disso. A intenção do diabo não
era maltratar seu filho e sim desviar o pai ou a mãe do caminho.
Tenha em mente que existem muitas formas de sedução para se desviar
para o erro e contra os quais devemos estar atentos. "Revesti-vos de
toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as
ciladas do Diabo (...) porque não ignoramos as suas maquinações",
Ef.6:11, 2Cor.2:11.
Quanto mais fundo é o
poço tanto mais limpa será a água à superfície. Quanto mais você se
aprofundar em Deus, mais limpa estará a sua vida. Não tente mudar a
nível de aparências sendo que pode mudar de verdade sendo
verdadeiramente transformado a partir do lado de dentro. "Anda
comigo e sê perfeito". Isto significa que o segredo consiste em
andar com Deus. A perfeição seguirá naturalmente.
Nunca tema recusar
adiantar os tempos que Deus determinou para certas ocasiões
específicas, pois, todo aquele que recusa o adiantamento dos tempos
facilmente recusará os seus adiamentos. Recusando adiantar as coisas
não é adiá-las - é colocá-las no lugar certo dentro do esquema e do
tempo de Deus. Contudo, querendo adiantar os tempos de Deus,
atrasá-los-emos porque, enquanto a pessoa está ocupada tentando
adiantá-los, não se ocupa com o dia de hoje e nem com aquilo que a
prepara para receber os amanhãs como coisas naturais e muito
esperadas para o seu dia certo. Então, temos esta lei com dois
lados: quem recusa adiantar o relógio pontual de Deus, certamente
recusará atrasá-lo também. E quem tenta adiantar, atrasa, pois, o
dia de amanhã depende inteiramente da perfeição daquilo que se fez
hoje!
Musica são sons
organizados; filosofia são pensamentos organizados e cooperantes; a
ciência é um conjunto de sabedoria organizada; a melodia é a beleza
organizada. Santidade é um ser organizado. Organize-se!
Por norma e pela lei da
espiritualidade, toda aquela pessoa que entende certas coisas,
de certa forma, já as pratica. É uma lei da
criação. Por essa razão é que Jesus disse que, "todo aquele que
pratica, saberá (entenderá)"; não disse que todo aquele que entende,
fará. Se você entende o pecado é porque pratica o pecado. Se deixar
de o praticar certamente também deixará de o entender. O mesmo
princípio pode ser aplicado à santidade, à sabedoria ou a qualquer
outra forma de vida, seja oração, linguagem, idioma ou outro. Se
você entende o inglês é porque já o pratica ou, então, não o
entenderia. Ganhe ânimo se já entende a santidade. Procure vivê-la e
entenderá melhor os caminhos de Deus. Tenha em mente que só
entenderá aquilo que pratica. Por essa razão é que, muitas vezes, as
pessoas hesitam em lançar-se para a santidade ou para Jesus, pois
não entendem porque ainda não praticaram. E é difícil
entregarmo-nos a qualquer coisa que não entendemos. Parecerá
arriscado demais. Mas, haja fé! Haja quem pratique as coisas certas
da maneira certa sem entendê-las, pois, isso significa que haverá
mais pessoas sábias ou, então, pessoas mais sábias depois de se
aventurarem na solidez da obediência. Por isso é que o temor do
Senhor é o princípio da verdadeira sabedoria, pois, as pessoas, ao
temerem, praticam e, ao praticarem, ganham sabedoria e entendem
melhor as coisas de Deus. A sabedoria é a principal consequência de
quem pratica, pois "àquele quem tem, ser-lhe-á dado mais",
Mat.25:29.
Podemos estar muito
ocupados com as coisas de Deus enquanto o nosso coração está nas
coisas do mundo; ou estar ocupados com as coisas do mundo enquanto
nosso coração anseia por Deus. Sempre que você estiver ocupado com
Deus e suas coisas, deve ter ali todo o teu coração. Só acha Deus
todo aquele que o busca sem estar de coração dividido, isto é, quem
o busca de TODO coração e sem que parte desse coração esteja em
algum outro lugar ou sendo dividido ou compartilhado por outra
coisa.
José aprendeu muitas
coisas em seus anos de escravatura e desaprendeu muitas outras. Mas,
a principal lição que aprendeu muito bem foi fazer tudo bem sem
qualquer recompensa ou sem obter qualquer retorno por seus actos.
Desaprendeu de fazer uso da própria força. Por isso geriu o Egipto
muito bem mais tarde.
As pessoas guiadas pela
fé quebram sempre alguma regra da sociedade ou mesmo da sociedade
religiosa ou cultural onde estão inseridas. Tamar deixou as roupas
de viuvez dela e vestiu roupas de prostituta; Abraão quase
sacrificou o filho que muito amava e mandou outro embora dando-lhe
apenas um odre de água e pão, sendo rico; Davi comia dos pães
sagrados destinados aos sacerdotes; Davi também levava o éfode de
profeta, o que, tentando alguns se deram muito mal. Tenha sempre em
mente que Deus é o Senhor de tudo e nunca tem regras - e muito menos
regras absurdas. Deus quer obediência no momento que essa obediência
é espontânea e não regras.
Quando nos esforçamos
para obter a vida damos uma ajuda preciosa para que a vida se
apodere de nós. Por essa razão é que Paulo diz, "Apodera-te da
Vida". Mas, devemos ter em conta que a Vida também se esforça para
se apoderar de nós. Se nos esforçamos para nos apoderarmos dela,
certamente que apressaremos os tempos e o nosso relógio espiritual
será acertado com o de Deus. É uma questão de tempo. Contudo, caso
nos esforcemos muito para nos apoderarmos da Vida Eterna em nós,
devemos levar em conta que, na prática, estamos a esforçar-nos
pela ideia e pela visão que temos dessa Vida - o que não deixa de
ser uma imagem do que existe no céu. Então, essa atitude louvável de
buscar e achar a Vida deve ser acompanhada de um coração maleável e
estável para que vá obtendo, aos poucos ou rapidamente, a percepção
correcta do que
realmente é a Vida, isto é, a vida por ela,
sem a visão ou imagem dela. Não devemos obter a imagem da vida, mas,
a própria vida. Se isso não acontecer assim, entraremos muito
facilmente em caminhos próprios e estaremos sujeitos a certas
manifestações de fanatismo ou de religiosidade sem qualquer
realidade prática, algo que Deus irá arrancar de nós com dor da
nossa parte e com muito esforço da Sua parte.
Se me falta compreensão
das coisas de Deus, com toda a certeza que sou deficiente na
obediência. Só entende aquele que obedece. A escuridão espiritual é
o fruto de 1º, 2º e 3º grau da desobediência. Você quer luz? Obedeça
a Jesus de todo seu coração até nos aspectos mais pequenos de toda a
sua existência. "Ele é teu Senhor; obedece-lhe",
Sal.45:11. Pense um pouco e verá
que é da desobediência que nasce o fanatismo religioso porque as
pessoas tentam o seu próprio caminho quando não têm luz. Olhemos,
também, para o outro lado da questão. Você tem muita luz e tem
entendimento profundo de Deus e Seus mistérios. Contudo, parece que
a sua vida nem ata e nem desata no plano material. Não esteja
preocupado, pois, logo desatará e você será um ser completo em
Cristo. O entendimento que você tem prova que está sendo obediente a
Deus. "Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber...",
João 7:17.
As pessoas têm por
hábito pensarem que aprendem sempre algo através dos seus problemas.
E até pode ser verdade. Contudo, é mais provável que Jesus queira
que você desaprenda algo através dos problemas do que aprender
através deles. Os problemas sempre impedem que sejamos aquilo que
aprendemos a ser ou impedem que façamos conforme sabemos fazer
colocando-nos no fim de nós mesmos e no inicio da graça.
A razão por que o Senhor
parece ser tão rigoroso em relação a cada relacionamento humano, é
que ele sabe que todo relacionamento não baseado na lealdade a Ele
primeiro, terminará em fracasso. Todos os seus relacionamentos
baseiam-se em Deus?
As tendências do
Cristianismo de hoje é fazer as pessoas estarem satisfeitas num
esgoto de doutrinas falsificadas. Todas as doutrinas são concebidas
para criarem uma mentalidade de satisfação e de aceitação na cova da
maldade onde as pessoas se encontram, onde se reúnem e louvam a um
Cristo da cabeça deles. Contudo, Deus quer que todos saiam de lá ao
invés de se sentirem satisfeitos por lá.
Nós que queremos ser
fiéis, não falamos das experiências pessoais e sim a partir delas.
Pregamos Cristo porque experimentamos Cristo. Não acha que já chega de
falar de experiências pessoais?
"Orai sem cessar". Isso
significa que não devemos desistir ou parar antes de que a resposta
nos seja dada a respeito de qualquer coisa certa. Essas orações
respondidas honram muito o Senhor. Através delas Ele é glorificado.
Quando estamos bem e limpos diante de Deus nenhuma resposta que
tarde nos consegue tornar incrédulos - a menos que queiramos ser
incrédulos. O que nos torna incrédulos é a consciência suja com
algum pecado que recusamos abandonar ou limpar para sempre. Durante
uma espera que parece não conseguirmos qualquer resposta, se
insistirmos na busca do Senhor e se estivermos realmente limpos,
durante essa demora conseguiremos crer com maior facilidade do que
nunca. Parece uma contradição, mas, é a verdade. Também a esperança
(a expectativa) são muito afectadas sob essas circunstâncias, tal
como o amor. As pessoas amam mais e melhor sob provações enormes.
Contudo, a esperança (a expectativa) necessita de ser pura, saudável
e acima de qualquer suspeita. Ao esperarmos do Senhor através de uma
esperança sólida do tipo que nunca engana, rejeitamos qualquer outra
forma de alcançarmos aquilo que sabemos que será Deus a dar ou a
efectuar. Davi não recusou matar Saul com sua própria mão? Por que
razão fez isso? Não era porque tinha outra expectativa mais
excelente acerca de Deus?
Sempre que alguém
(principalmente esposo ou esposa) insiste que o outro faça uma coisa
se conversarem sobre o assunto,
significa que quem insiste nisso também insiste que as que ele
próprio faz não sejam discutidas entre ambos. Se você se queixa de
que o seu parceiro ou parceira faz as coisas sem conversar consigo,
isso significa que você está a decidir sozinho ou não quer discutir
com alguém o que faz. Cada um deve cuidar da sua parte e isso
acentuará essa forma de viver perante o outro. Se você conversar
sobre as suas decisões ao invés de insistir na discussão das
decisões do outro, pode ter a certeza que, o que você fizer, o outro
acabará fazendo.
Não só devemos e podemos
ser motivados pelo Senhor, como nossos motivos devem ser os mesmos
que os de Deus. Deus não pode motivar quem não tem motivos iguais
aos d'Ele. São duas coisas distintas que acabam sendo a mesma coisa.
Ninguém confia num
desconfiado. Nem um cachorro confia em quem tem medo dele. Isso é
uma lei da natureza. O desconfiado julga os outros por falta de
fidelidade e todos nós sabemos que quem julga dessa maneira sofre
dos males que vê nos outros. Desconfiado não é fiel e não pode ser
pessoa de confiança. Ele mesmo demonstra que não é de confiança
sendo desconfiado. Como conhece a sua própria pessoa, vê nos demais
a sua própria falta de fidelidade.
O Senhor recebeu duros
golpes em tempos. Ninguém esteve do Seu lado naqueles momentos. Hoje,
Ele ainda recebe golpes e afrontas na pessoa de Seus filhos.
Contudo, se cada um de Seus filhos andarem duas ou três milhas
sempre que lhes seja exigido ou pedido que andem apenas uma, eles
jorram a fragrância do Senhor sobre seus perseguidores e
concorrentes. Na verdade, é a glória de Deus que está em causa
sempre que somos afrontados por causa do Nome d'Ele. Se andarmos a
segunda milha, receberemos o golpe que estava destinado ao Senhor.
Agora sim, agora podemos estar do lado de Jesus e receber todos os
golpes apontados a Ele. Agora é tempo de podermos fazer isso.
A razão por que Deus não
dá a conhecer os seus tempos a muitas pessoas é que as pessoas se
tornam orgulhosas com aquilo que sabem. Uns ensoberbecem-se
com o que têm - outros com o que sabem!
Nossa insistência em
provar que estamos com razão é, quase sempre, um indício de que não
temos razão em algum aspecto, mesmo quando temos razão no aspecto
que focalizamos e no qual somos capazes de insistir.
A nossa insistência em
providenciar por nossos próprios meios prova que estamos a recusar a
providência de Deus e o tempo certo de Deus. Também prova que Deus
está prestes a providenciar, pois quanto mais perto estiver o tempo
de Deus tanto mais impacientes as pessoas se tornam e tanto mais
serão tentadas a providenciar pela própria mão.
Devemos farejar a
verdade, pois ela deixa seu cheiro e sua fragrância por todo lado e
nós temos as aptidões para detectá-la, achá-la e experimentá-la
desde a criação.
Deus não é hipócrita.
Ele é bom para os maus e para os bons porque é sempre como é: bom.
Mas, os humanos estão habituados a fazer bem a quem apreciam e ser
alegre diante de quem gostam. Logo, assumem que Deus, ao fazer-lhes
bem, está de bem com eles. Pensam de Deus aquilo que pensariam de um
qualquer pecador humano. Mas, é puro engano, pois, Deus é bom tanto
para os maus como para os bons e se Ele é bom para nós isso não
significa que estamos de bem com Ele e nem que Deus está satisfeito
connosco. Deus, ao ser bom para nós, não prova nada. Deus deixa o joio
crescer no meio do trigo sem arrancá-lo até ao dia da ceifa.
Lembremo-nos disso! Não se sinta satisfeito apenas porque Deus é bom
para si. Sejamos e pensemos como Deus. "Sejam perfeitos como vosso
Pai é perfeito. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa
tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?",
Mat.5:46-48.
Sempre que colocamos
água no fogo e ela ferve rapidamente, é sinal que tem pouca água.
Quando há muita água, ela demora mais a ferver. Do mesmo modo,
existem pessoas que fervem em pouca água e logo evaporam-se nos
caminhos de Deus. A fé e o entusiasmo delas dura pouco tempo. "E
outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra:
e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas,
saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se",
Mat.13:5.
Cuidado com aquelas
coisas às quais Deus não diz "não" e fica calado sobre elas. Se Deus
não disse não, ainda pode dá-las a nós se permanecermos fiéis até que
estejamos prontos a recebê-las. Prontos para receber significa que
tudo aquilo que iremos receber já não nos mudará para pior e já não será tropeço para nós.
Se fosse possível, seria
muito melhor para nós podermos fazer a coisa errada da maneira certa
(através de Deus e de Seu jeito peculiar) do que tentar fazer a
coisa certa da maneira errada, isto é, através da força do braço da
carne. É pior usar fogo estranho no altar de Deus do que fazer a
oferta errada. Por essa razão é que Davi recusou matar Saul quando o
podia ter feito. Devemos recusar sempre qualquer tentativa de nos
salvarmos a nós próprios, de providenciar para nós mesmos ou de
fazer qualquer coisa por nós (ou por outros) que Deus esteja para
fazer pessoalmente.
Quando Deus fala ao
nosso coração, isso nunca significa que é o coração que fala. Ele
fala ao coração. E quando assim é, o coração não fala - ouve. Mas,
quando respondermos a Deus, falemos com o coração. John Bunyan
disse: é melhor que o nosso coração fique sem palavras do que as
nossas palavras ficarem sem coração quando falamos com Deus.
Evite qualquer forma de
vida que não leva em conta a possibilidade do erro e do mal. Evite
uma vida despreparada. A vida preparada e que vigia também sabe que
terá de viver a vida de Deus e não uma vida que resiste ao mal
continuamente. A
vida preparada não perde tempo com o mal que leva em conta.
Todas as causas de Deus
são importantes, mas, Deus deve ser mais importante para nós que as
causas, pois Ele está, verdadeiramente, acima de todas as coisas e
causas. Mas, olhemos para este princípio visto
do lado de Deus: nós somos mais importantes para Ele que qualquer
obra que possamos fazer. "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro, se perder a sua alma?", Mat.16:26.
Não existe ocasião mais
confusa que aquela quando nós, os nossos motivos e alvos estiverem a
ser mudados ao mesmo tempo. Mas, devemos pressionar e passar essa
fase. Não existe caminho alternativo. Tudo precisa ser transformado
e mudado. Logo chegará o descanso
prometido.
Aquilo que é limitado
também limita. A pessoa vinda do mundo contenta-se com pouco no
tocante às coisas de Deus como paz, alegria e outros frutos do
Espírito. Contudo, tudo o que recebemos começa sempre através de uma
pequena fonte quando Deus deseja transformá-la em rios de água viva.
Mas, como o homem nunca experimentou nada igual em seu mundo, logo
fica satisfeito com a sua fonte pequenina. Isso impede-o de crescer
e super-abundar em Deus. O que vemos ou recebemos de Deus necessita
ser multiplicado e estar de acordo com Ele e com Seu poder. Tudo em
Deus - aquilo que recebemos d'Ele - deve ser multiplicado. "Graça e
paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus
nosso Senhor", 2Ped.1:2.
Todo homem puro deixa-se
convencer por Deus ao invés de se convencer a ele próprio. É assim
que o homem puro evita o caminho do erro e, também, evita tentar
convencer ou pressionar Deus com a vontade própria. Fé é estar
convencido e persuadido por Deus e por Sua Palavra.
Obra para Deus gira à
volta daquilo
que somos e não tanto daquilo que fazemos para Ele.
A melhor visão é a visão
do teu coração debaixo da luz de Deus; o melhor dom é conseguirmos
arranjar toda a nossa vida com Deus; a melhor revelação é aquela que
temos por haver terminado a limpeza de toda a nossa alma. Ninguém se
conhece a ele próprio sem ser por Jesus e Sua luz.
Qualquer descrente ou
incrédulo tem e sempre terá sérios problemas para resolver. Eis um
exemplo: Quando Deus fala e a pessoa não crê, aquilo que Deus disse
não se concretizará. Isso tornará o incrédulo e descrente ainda
mais descrente. Mas, não é só isso. A voz que ouviu era a de Deus e vai
parecer-lhe falsa, o que tornará as coisas mais difíceis quando Deus
tornar a falar-lhe, pois, não vai saber distinguir e a voz certa
pareceu-lhe errada por não se haver concretizado. As coisas das
vozes falsas é que não se concretizam. Mas, as coisas faladas por
Deus também não se concretizam quando associadas a
alguma forma de incredulidade.
Quanto mais eu entendo
da Bíblia, tanto mais me apercebo que a verdade anda jogada e
abandonada. Agora sei o que sentiram os sacerdotes, o povo e o rei
quando acharam as Escrituras abandonadas e cheias de pó num canto do
templo, 2 Reis 22:8.
Existe uma maneira
errada de entender ou fazer as coisas certas tal como é possível
querer usar a maneira
certa para entender ou fazer as coisas erradas. Tenha cuidado, pois existem
muitas maneiras de entrar no erro e no engano e apenas uma para sair
deles.
Uma pessoa ignorante e
sem sabedoria também costuma ser incrédula e desconfiada. A razão é
muito simples: essa pessoa acha que sabe tudo e quando lhe mostram
algo novo fica em dúvida simplesmente porque não acredita que algo
que ele não sabe e que possa ser verdade ou possa existir. Todo aquele
que acha que sabe tudo tem tendência para não ouvir os outros
precisamente porque acha que sabe tudo. E essa também pode ser uma
das razões por que não crê na verdade que desconhece.
Falemos agora com
aqueles que normalmente andam com Deus. Já reparou que assim que
você se desvia (quer se dê conta do facto ou não) é precisamente
quando muitas tentações fortes o atormentam? Já se perguntou por que
razão isso acontece? Isso é porque Deus deixa quem se desvia
entregue e à mercê dos seus pecados e de Satanás. Com isso a pessoa
aprende que somente usando a graça será puro e imaculado e, também,
que essa graça recebemos andando encostadinhos a Deus.
Timidez é uma forma de
orgulho e os ousados são pessoas humildes os quais, frequentemente, recebem
do Deus que dá graça aos "humildes". Se Deus dá a quem é ousado, tal
pessoa tem necessariamente de ser humilde porque Deus dá mais graça
somente aos
humildes.
Rute era Moabita e foi
um exemplo para o povo de Deus. Estranho, não é? Uma estrangeira
nascida na idolatria tornar-se um exemplo para o povo de Deus! Quando
muito, o povo deveria ser igual a ela e ser consolado pelo exemplo
de sua vida. Mas, Rute tinha mais virtudes de Deus que o próprio
povo de Deus. Por isso era um exemplo para eles.
Samuel foi dedicado
para sempre ao Senhor por sua mãe. Mas, ele
ainda teria de ser dedicado a nível pessoal. Ele teria de dedicar-se
a ele próprio, pois, os outros não podiam fazer por ele aquilo
que ele deveria fazer. Ninguém pode ser sinceramente e verdadeiramente
dedicado quando são os outros dedicá-los porque ninguém possui e
ninguém domina a nossa vontade. E a nossa dedicação consiste na
dedicação e consagração da nossa vontade a Deus.
João Batista não era
apenas
cheio do Espírito desde a madre de sua mãe, mas, também tornou-se
famoso desde a nascença. Deus preparou todo o caminho dele por
dentro e por fora.
Tanto Isabel como
Zacarias, os pais de João Batista, foram cheios do Espírito (Luc.1:41,67),
pois o filho precisava de pais cheios do Espírito e com a Vida certa
para o criarem naquilo que deveriam. Serem crentes não bastava.
Precisavam ser viventes exemplares para um filho com uma missão
clara. Eram crentes e
servidores que nunca haviam sido cheios do Espírito. Que vida vã
levaram até ali! "Estes são os que (...) não têm o Espírito",
Judas 1:19.
A opinião publica
raramente coincide com a de Deus. Lembram-se de como as pessoas
queriam chamar de Zacarias a quem Deus queria que se chamasse João
(Batista)? (Luk.1:59-63).
Já alguma vez se deu ao
trabalho de pensar o que são aquelas coisas que condicionam o
crescimento espiritual individual ou geral? Só condicionalismos é
que
condicionam. Condicionalismos são aquelas condições
que impomos ou desejamos para que algo suceda ou não suceda. A nossa
entrega a Jesus não pode ter condicionalismos e tem de ser
incondicional. Esse é o nosso dever. E devemos acrescentar que
qualquer condicionalismo individual também é um condicionalismo
geral.
Paulo e Barnabé tiveram
uma grande discussão contra algumas pessoas em Antioquia sobre a
circuncisão,
Act.15:2. A igreja achou por bem enviar
Paulo a Jerusalém para apaziguar a discussão e encerrar a disputa.
Havia dois lados extremados e um deles estava certo. O mais
interessante é notar como a igreja enviava um dos lados interessados
para buscar a opinião dos apóstolos em Jerusalém. Eles não enviaram
uma pessoa neutra, pois, enviaram Paulo e Barnabé. Isto revela como
confiavam na sinceridade de Paulo e como Paulo manifestava ser
sincero e demonstrava humildade suficiente num argumento.
O instinto de esconder
começou com Eva e Adão porque se aperceberam do mal que fizeram e da
gravidade do seu acto. Contudo, hoje as pessoas já escondem até
quando não fazem mal. O instinto já ultrapassa o próprio mal, vive de forma
independente e tem vida própria. Para além de aprenderem a ficar
limpas, as pessoas precisam aprender a não esconder. Na verdade, é
necessário que seja a primeira coisa a aprenderem. Esconder já é uma
forma de vida e muitos já escondem por esconder e sem motivo nenhum.
Aquilo que as pessoas chamam de "meu jeito" ou de personalidade é,
muitas vezes, um hábito que precisa ser revisto e renovado. Não que
as pessoas não tenham uma personalidade, mas, a verdade é que
existem certos parasitas
com vida própria dentro do coração que
nasceram pelo pecado e colaram-se na personalidade das pessoas. E é
bom que saibamos que Deus veio-nos fazer pessoas novas além de
criaturas novas. Não só a essência da pessoa deve e pode ser
transformada, mas, também todo o seu exterior deve exibir a
correspondente transformação. Cristo não veio fazer uma pessoa nova
que mantém questões e maneiras antigas e nem uma pessoa velha com
hábitos novos. Tudo precisa ser novo desde
dentro para
fora.
É muito importante saber
que, quando está sob intensas provações por causa da vontade
de Deus, você tem a opção de buscar a solução dos problemas
ou de buscar Deus somente. Ainda não se apercebeu que as provas
colocam-nos sempre perante duas opções? Ou nos preocupamos ou nos
ocupamos com Deus. Ou buscamos Deus para resolver os problemas ou
usamos os problemas para resolver a questão da nossa intimidade com
Deus. Quais os motivos que o fazem buscar Jesus? Busca o Senhor só
por causa d'Ele? Se o faz, então não deixe de olhar para os
problemas, pois, sejam quais forem serão resolvidos. É só uma
questão de tempo.
"...Pois, a igreja (...)
pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava",
Act.9:31. Deixe-me explicar o que era
este auxílio do qual a Bíblia fala aqui. Não podemos desprezar este
auxílio ou menosprezá-lo como se fosse algo pequeno. Este
auxílio era uma convicção de pecado profunda da qual ninguém
conseguia livra-se; eram coisas que seriam consideradas
extraordinárias por nós e não apenas como o "auxílio do Espírito
Santo", coisas essas que iam ocorrendo todos os dias e
inesperadamente, apanhando muitas pessoas de surpresa. Quando
aquelas pessoas foram compungidas e convictas sob a pregação de
Pedro, isso era o auxílio do Espírito Santo. Muitos, hoje, falam do
auxílio de Deus com leviandade, pois consideram haverem sido
auxiliados quando a própria força é usada e as próprias ideias se
impõem pela carne. Os falsos humildes é que falam do auxilio de Deus
quando conseguem seus intentos. Mas, não é isso que a Bíblia quer
dizer com o "auxílio do Espírito Santo". Aquilo que acontecia com os
apóstolos, os falsos humildes considerariam milagres, coisas
extraordinárias e nunca como "o auxílio do Espírito Santo".
Você consegue entender esta linguagem? Consegue ver o que a
linguagem pretende
alcançar? Não tropece na palavra. Não dê muito crédito a quem se empolga com as coisas
maravilhosas que Deus faz. Essas coisas são o que a Bíblia diz ser
"o auxílio do Espírito Santo". Aqueles que se empolgam e afirmam que
"o auxílio do Espírito Santo" é coisa milagrosa, são precisamente
aqueles que mantêm aquela humildade falsa que diz que as coisas da
carne são o auxílio de Deus.
Certifique-se que os
seus inimigos o perseguem por causa da verdade e do evangelho e não
por sua causa. Caso você seja perseguido, que seja especificamente
porque você é verdadeiro e real e não por algum dano que causou a
alguém. Se alguém o perseguir a você, que sua consciência não o
esteja perseguindo também. "Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois
por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis
o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a
Deus", 1 Ped.2:20.
Quando Deus nos livra de
quem nos persegue, o que é doce é saber que Deus está connosco e não
que está contra os inimigos. Saber que Deus está contra os nossos
inimigos não deve ser o motivo da nossa alegria. Quando Deus nos livra de
forma real, somos colocados diante da opção de ficarmos cientes que
Deus está perto. Sabe bem sermos ajudados por Deus apenas porque
todo o tipo de perseguição provoca dúvida e hesitação em nós. Quando
Deus nos livra costuma significar o fim dessas dúvidas. Por isso o livramento se torna doce. Isso não é o mesmo que ficarmos felizes
com a vingança de Deus.
O homem pequeno acha-se
grande e o homem grande acha-se pequeno. Mas, aquilo que torna um
homem realmente grande, forte e seguro é a sua convivência com Deus.
Quanto mais Jesus crescer em nossas vidas em detrimento de nós
próprios, tanto mais o menor será maior. Por isso, não queiramos ser
grandes e antes busquemos a pequenez real. Busquemos a pequenez que
não tem como ser fingida ou aparente quando Deus estiver
verdadeiramente conosco.
A vaidade é um
sentimento de inferioridade e/ou de falta de identidade. Quem se sente inferior aos outros
comporta-se com vaidade para compensar a inferioridade que sente.
Mostrando-se, o vaidoso sente-se melhor e mais
equilibrado e, por norma, sente-se mal perto de quem sabe que não
sente necessidade de se mostrar. A vaidade 'equilibra' aquilo que o
sentimento de inferioridade desequilibra e faz pender para um lado.
A cura da vaidade passa muito pela percepção de que somos todos
iguais - já somos e não é preciso tornarmo-nos iguais a ninguém ou
superiores para sermos iguais a alguém. Por muito que tentemos
parecer ou ser melhores, nunca deixaremos de ser iguais aos demais.
Deus não dá porque sou
fiel. Eu é que posso receber por ser fiel. Deus não é bom apenas
quando dá - Ele é sempre bom. Quando eu recebo é que o acto é bom
para mim. Mas, Deus é bom tanto quando dá quanto quando tira.
É verdade que Deus não
nos ouve em oração quando estamos sujos e de consciência manchada.
Contudo, quando Deus nos dá respostas à oração não significa que dá
por estarmos limpos, mas, porque Ele é fiel. Deus ouve-nos porque estamos limpos. Mas, ouvir
e atender não são a mesma coisa. Não recebemos por estarmos limpos.
Recebemos porque Jesus é bom e nos dá o Seu nome. Precisamos estar
em condições de sermos ouvidos para podermos ser atendidos. A
limpeza de coração coloca-nos, apenas, em uma posição onde Deus pode
ouvir-nos e nós a Ele.
Qualquer homem que se
envergonha de Deus pode nunca envergonhar-se de seu próprio pecado.
Mas, caso você se envergonhe tanto de Deus como do seu pecado,
escolha de quem se envergonhar e não queira viver
dividido entre dois pensamentos opostos para sempre.
"No ano primeiro de Dário,
filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei
sobre o reino dos Caldeus, no ano primeiro do seu reinado, eu,
Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falara o
Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações de
Jerusalém, era de setenta anos. Eu, pois, dirigi o meu rosto ao
Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, saco e
cinza", Dan.9:1-3. Toda a expressão de
honestidade de Daniel encontra-se exposta nestes versículos. Ele não
gastou o seu tempo com discussões interiores sobre aquilo que ele
viu escrito no Profeta Jeremias. Ele não assumiu que tudo iria
acontecer automaticamente e nem perdeu tempo a discutir se seria
necessário a intervenção dele ou de alguma outra pessoa. Ele viu a
promessa, viu que haviam passado os setenta anos e viu, ainda, que
ainda continuavam em cativeiro. Daniel não ficou empolgado e a falar
como os hipócritas fazem quando lêem as promessas de Deus. Esses
hipócritas (que normalmente ficam de fora do cumprimento das
promessas de Deus que eles vêem) assumem que as coisas irão
acontecer automaticamente porque foi promessa de Deus. Mas, Daniel
preferiu ir orar. Ele derramou todo o seu coração diante de Deus até
obter resposta. Ele não perdeu tempo com questões doutrinárias. Ele
assumiu a promessa e, ao mesmo tempo, assumiu que ainda estavam em
cativeiro.
"...E salvai alguns,
arrebatando-os do fogo; e de outros tende misericórdia com temor,
abominando até a roupa manchada pela carne"
Jud.1:23. Deus sempre nos chamou ao ódio contra o pecado.
Aqui vemos que nos chamou até mesmo à abominação contra o cheiro ou
o vestígio de qualquer pecado. Deus não nos diz para virarmos a cara
com medo de cairmos em tentação, mas, a abominar e a odiar até o
cheiro do pecado. Se tivermos medo de olhar para o pecado como
iremos olhar para resgatar quem anda preso nele? Mas, é pena que
muitos 'odeiem' os pecados dos outros e não os próprios.
O conteúdo
do coração tem de ser transformado antes da expressão ser
aconselhável. Muitos tentam expressar antes de mudarem. Isso pode
ser apenas hipocrisia. Assim que o nosso interior houver mudado,
todo o conteúdo de todo o nosso coração deve encontrar-se estampado
em nossos rostos e palavras. Esse conteúdo será dedicado a Deus
assim que for expressivo.
Quem
ora de forma a obter respostas é pessoa corajosa. Não é pessoa
negligente e não se contenta com orar. Sabe o que quer de Deus, sabe
qual a vontade de Deus e enfrenta qualquer coisa para que ela seja
alcançada. Não teme nada e não recua perante nada. Não teme sair
desapontado na oração, pois, busca a resposta do Deus que conhece ou quer conhecer como Ele é. A essas pessoas Deus dá as visões
reais sobre o verdadeiro estado das coisas e de como elas realmente
se encontram. Foi o que aconteceu com Ezequiel,
Ez.37. Sempre que Deus nos mostra a
desgraça, é para sabermos que temos o dever de achar graça, a qual nos será
disponibilizada se persistirmos até a obtenção da mesma. Quando um
professor lhe dá uma conta para fazer não está pedindo o resultado
dela? Qual seria a outra razão para mostrar-lhe a dificuldade da
conta? Por que razão você acha que Deus lhe está mostrando a
dimensão do problema? Por isso é que eu acho que quem ora para obter
respostas é pessoa de fibra. Ela encara o problema e ora para obter
resultados que Deus deseja da forma que Ele deseja.
Não posso esperar ser
ouvido por Deus se não conseguir ouvir a voz d'Ele. Se ouço Deus,
tenho a certeza que Ele também me ouve e se Deus me ouve tenho tudo
para poder ouvi-Lo também. Mas, se você ouvir a voz de Deus e Ele a
sua e não Lhe for obediente em tudo que ele diz e do jeito que Ele
expressou ser a Sua vontade, poderá esperar que Deus lhe torne a
falar? E se não pode esperar que Deus lhe fale, pode esperar que
Deus já não o ouvirá também.
Qualquer avivamento
genuíno só tem condições para começar, assim que todos os pecados de
cada pessoa estejam devidamente expostos um por um e em todos os
seus detalhes. Isso precisa ser feito de imediato e sem
pré-condições. Se seus pecados foram lavados, espere esse avivamento
a qualquer momento.
Não posso considerar
como dúvida aquela que duvida se Deus está connosco quando Ele não
está. Para mim isso só pode ser fé e audácia. Hajam mais pessoas que
consigam afirmar que Deus os deixou e abandonou sempre que isso é
verdade! Fé é conseguir crer na verdade. A dúvida que é pecado é aquela que não acredita no que é
verdade. Acreditar na mentira não é fé - é incredulidade. E se isso
é verdade, desconfiar ou duvidar da mentira só pode ser fé.
É comum e facilmente
aceite aquele conselho que nos dão que nos deveríamos sentir em casa
em qualquer lugar e em qualquer circunstância. Mas, eu descobri que
preciso estar em casa para sentir-me em casa; preciso amar para
sentir que amo; preciso estar em Deus para estar bem. Não posso
acreditar na aparência das coisas e nem acreditar nas coisas a
qualquer preço - preciso poder acreditar somente na verdade.
A Dúvida torna clara a
falta de fé, tal como a incredulidade revela que existe algo em que
vale a pena crer. A incredulidade também diz que existe algo que
precisamos confessar porque qualquer pecado que não for limpo e
perdoado (confessado e abandonado) é uma causa para a incredulidade.
Aquilo que o Senhor ama,
eu amo também. E coloquei em meu coração desprezar completamente
qualquer coisa que Deus despreza, não gosta ou odeia seja onde for e
seja o que for. Também coloquei em meu coração não desprezar o que Ele ama ou
nunca despreza.
É preciso haver um
ouvinte orgulhoso para um profeta orgulhoso ser ouvido. Só existem
os falsos pregadores porque existem falsos ouvintes que desejam
ouvir coisas que estejam sempre de acordo com o coração enganoso que
possuem - ou que os possui.
"...Tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências",
2Tim.4:3.
Jesus não nasceu no dia
de Natal. Mas, se Ele realmente nasceu em nossos corações, podemos
celebrar o Natal como se Ele tivesse
mesmo nascido em tal dia. Nós
celebramos que Ele veio ao mundo e não que veio ao mundo no dia de
Natal. E, para isso, qualquer dia serve.
Todos os homens de Deus
que ensinam e aprendem complementam-se e, se eles se complementam,
dificilmente serão iguais. O marido e a mulher complementam-se sendo
distintos: Não devemos pensar que sermos distintos separarmo-nos uns dos
outros. Eu creio que essas distinções contribuem mais para uma união
saudável que que para uma desunião. Todos aqueles que Deus considera
realmente servos Seus devem merecer toda a nossa atenção e
disponibilidade - desde que sejam realmente servos de Deus e vivam
em santidade.
Pense:
quão bem e quão lisonjeado você se sente quando as pessoas falam bem
de si? E quão ofendido se falam mal? Quem sabe você é o seu próprio
ídolo e busca ser agradado. Quando isso acontece dessa maneira,
acredite que será desprezado para sempre. Os ídolos nunca alcançarão
qualquer glória. Haverá pessoas que certamente lhe darão uma certa
dose de glória temporária. Contudo isso durará pouco, pois quem dá
glória ao homem busca glória do homem e apenas por essa razão a dá.
Coloque Deus no Seu trono (em seu coração) e deixe de pensar no que
os outros pensam e acham sobre si.
Se até Barnabé foi
enganado através de uma atitude de fingimento, de dúvida e de receio
de pessoas, Gal.2:13, quanto mais
uma atitude de sinceridade perfeita alcançará a sinceridade dentro das
pessoas que a presenciam! Se é assim tão fácil levar as pessoas pelo
caminho do erro e para uma atitude errada e feia, quanto mais não
será levá-las para a sinceridade sendo sinceros.
Descobrir como viver uma
vida santa e vivê-la faria as pessoas adiantarem tempos, redimirem
esperanças perdidas e apressar o passo descansadamente. Aí saberiam
que tudo o resto dependeria de Deus e não mais deles próprios.
Contudo, sendo crente e andando conforme o curso deste mundo não
apenas atrasa a concretização das coisas, como pode adiá-las
eternamente.
O meu cachorrinho tem
medo de trovoada e esconde-se sempre que os trovões fazem barulho ao
longe. Ele acredita que aquele barulho é perigoso. Quando pego nele,
ele sente-se protegido e sente menos medo. Assim que soa outro
trovão ele estremece novamente para sentir-se confortado novamente.
Se eu pudesse colocar na cabecinha dele que aquele barulho não mata
ninguém e que nada tem a ver connosco aqui na terra, ele
sentir-se-ia melhor. Ele entenderia que eram disputas entre nuvem e
nuvem para que a água caísse sobre a terra. Isso fez-me lembrar de
como seria fácil para todos os crentes caso achassem aquela vida
profunda e eterna dentro deles, aquela vida que fala dentro deles e
é capaz de instruir! Eles não mais temeriam os rugidos do leão e nem
as ameaças das tentações. Bastaria só que achassem essa vida. Seriam
assegurados pelo lado de dentro e saberiam que as ameaças do barulho
estão do lado de fora. A água fora do barco não o faz afundar -
fá-lo flutuar.
Todo aquele que ensina o
caminho deve ensinar a aprender também. Todos devemos saber como
aprender de Cristo, que é manso de coração. Todo aquele que não
ensina como aprender do Criador não receberá o seu galardão, pois
falhou em toda a sua missão. O Novo Testamento que Deus fez connosco
é precisamente que Deus nos ensinará pessoalmente do mais pequeno ao
maior, Jer.31:31-34. Quem não leva
Jesus ensinando como aprender d'Ele é contra o Novo Testamento e
nem se dá conta disso.
São os homens
experimentados quem mais precisa de exercício. As pessoas que nunca
foram santas precisam aprender como obter um novo coração. Contudo,
todos os que já têm um coração novo precisam aprender a viver a vida
nova - o que nem sempre é fácil. Talvez seja muito mais difícil isso
que ganhar um coração novo. A nova vida funciona como um programa de
computador: tomamos conhecimento dele, depois baixamos e instalamos.
Após esses passos será necessário aprender a usar o programa. Depois
de instalado, o exercício é fundamental. "Exercita-te a ti mesmo em piedade",
1Tim.4:7. Devemos, também, estar a
viver a vida que foi instalada em nós.
Aquilo que separa o
homem de Deus, também separa Deus do homem. Deus não alcançará o
homem que não alcança Deus.
"Nunca ouça um homem que
não ouve Deus". Isso foi o que alguém disse e eu estou plenamente de
acordo.
Nunca descanse e nunca
se sinta descansado se Deus não estiver realmente consigo e em si. A
Sua ausência deveria ser sentida como não se sente mais nada.
Deveria ser algo que nos atormenta noite e dia. É melhor sermos
repreendidos por Deus se duvidamos da Sua presença do que sermos
assegurados pelo diabo fora dela. Prefiro ser reprovado por Deus que
aprovado pelo diabo, pois, quando Deus reprova, eu sei que deverei
converter-me imediatamente. A única paz que assegura que entraremos
no céu é aquela que sentimos na presença d'Ele. Se sentir paz na
ausência de Deus, ou se sentir um mal-estar na presença d'Ele, é
claro que você só pode estar mal! É a Vida Eterna dentro de nós que
nos faz crer e sossegar diante de Deus. Ache-a já e não espere pela
morte pensando que só depois dela irá poder viver para sempre e de
forma constante. A palavra "eterna" significa constante, permanente,
sem altos e baixos. Será essa vida que recebemos aqui e agora e ela
permanece conosco permanentemente.
Quando
confia em sua confiança ao invés de confiar em Jesus, já entrou no
domínio da auto-confiança e da carnalidade. As pessoas relacionam-se
mais facilmente com aquilo que são e sentem do que com Jesus.
Cuidado com esse caminho que parece certo e cujo fim é a morte,
Prov.16:25.
Para nos podermos
deleitar em Deus não poderá haver mais deleite em qualquer tipo de
carnalidade ou em coisa do mundo.
Sempre que não somos
pessoalmente e individualmente ensinados por Deus estamos a quebrar
o Novo Testamento, Jer.31:30-34. E se não levarmos as pessoas a
serem ensinadas por Deus, exterminando as barreiras que os separam
d'Ele, também transgredimos o mandamento e não somos obreiros do
Novo Testamento. O mesmo acontece sempre que não permitimos que as
pessoas aprendam de Deus para se sujeitem a nós ou à nossa igreja.
Qualquer um que seja
capaz de distinguir um falso profeta muito hábil e muito versátil em
palavras, com certeza que terá olhos para descobrir um Paulo no meio
duma multidão de falsos e descrentes. Barnabé não descobriu
Paulo?
Sempre que as pessoas
desejam alguma coisa ardentemente, isso causa a crença de que Deus
satisfará todos os seus desejos. Como se amam a eles próprios, logo
crêem que o amor da parte de Deus é cumprir o que desejam. Na
verdade, amor pode ser precisamente o oposto. Contudo, Deus
também pode expressar como Sua vontade aquilo que desejamos. E é aí
que entramos em competição com Deus. Por incrível que pareça, quando
Deus quer o que queremos, tudo se torna mais difícil para nós e não
mais fácil. É mais difícil fazer para outro aquilo que desejaríamos
para nós, do que deixar simplesmente de querer tudo o que desejamos.
Quando se sentir confuso por causa da voz do seu coração e do seu
desejo, não abdique de nada sem consultar qual a vontade de Deus a
respeito do que deseja. Antes, abdique do seu coração em relação ao
que deseja. Deus não falou contra vivermos a vida para Ele e sim
contra não nos negarmos a nós mesmos. Nós achamos a vida sempre que
a perdemos por amor de Deus e do Seu evangelho e não quando a
abandonamos.
Se a maior bênção de
todas é termos o Senhor Jesus em toda a Sua plenitude, até mesmo
quando não possuímos mais nada, seja riqueza ou saúde, então a maior
maldição só pode ser não termos Jesus mesmo sendo ricos e abastados.
Não existe maior maldição que estar bem onde Jesus não está;
enfrentar o que Ele não enfrenta; escorregar pensando que nos
erguemos; estar em queda livre sem nos darmos conta e onde Ele não
nos ajuda a ver que estamos a ser os enganados deste mundo,
Sal.73.
Houve um tempo que eu
não sabia o que pensar sempre que Deus nos dizia alguma coisa que
não se cumprisse ou não se cumprisse imediatamente. Logo descobri
que a razão era a mesma de quando Jesus disse aos Seus discípulos
para irem preparar um lugar para Ele em Samaria e não resultou,
Luk.9:51-53; ou como quando não pôde
entrar nas cidades depois de haver feito bem a alguém, expulsando
dele todos os demónios,
Luk.8:39. Se algumas coisas nunca
resultaram com Jesus, também podem não resultar comigo.
Desobediência é pecado grosseiro. Muitas vezes é a própria maldição
do pecado, pois, as pessoas tornam-se desobedientes por haverem
pecado. O mesmo podemos afirmar de uma disposição do coração em ser
obediente ao erro e às coisas que parecem vir de Deus. As pessoas,
em sua maioria, não conseguem obter um coração obediente
simplesmente porque recusam entrar na porta estreita e preferem
saltar o muro para entrar no aprisco das ovelhas. Por isso, a
desobediência tanto pode ser pecado como pode ser consequência do
próprio pecado obedecendo à coisa errada ou de forma errada.
Ociosidade é uma forma
de impaciência. Também pode ser um desejo de fazer uma coisa
diferente daquela que Deus nos pede daquele momento. "Porque, se em
vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos
nem ociosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo",
2 Ped.1:8. Também podemos tornar-nos
idiotas ociosos porque recusamos fazer as coisas certas do jeito de
Deus e, por essa razão, nos tornamos ociosos porque Deus deixa de
operar. Se quisermos fazer as coisas do nosso jeito sendo pessoas
espirituais, é claro que nos tornaremos inactivos e carnais.
Por isso, concluímos que ociosidade é e será sempre pecado que
existe devido a outro pecado.
Amar
por dever e obrigação dificilmente será o mesmo que amar conforme
podemos.
O dever é sempre menor que a nossa capacidade.
O que Deus busca é uma
transformação total de coração. Ana, mãe de Samuel, queria um filho
porque era estéril. Ela era objecto do escárnio e da gozação por
parte de todo mundo. Isso fê-la desejar ainda mais aquele filho por
motivos errados. Contudo, os motivos errados que nasceram nela
devido a essa perseguição anulavam a resposta ao pedido e não a beneficiavam em
nada. Graças a Deus que ela descobriu que era egoísta em relação ao
filho que pedia. Mas, a parte mais bonita de toda a situação foi ela
não haver desistido do filho quando se apercebeu que era egoísta. Enxergou que a
haviam tornado uma pessoa egoísta e má. Ela manteve o desejo de ter um filho
ardendo diante de Deus abdicando dos motivos errados que alimentava diariamente. Daria o filho a Deus caso
o Senhor o concedesse. Desistir do filho não estaria certo, pois
tudo aquilo que a carne consegue fazer, faz para ela própria. As
coisas devem ser feitas por Deus ao invés de nos fazerem desistir
delas. Precisa ser olho por olho e dente por dente para Deus de tudo
aquilo que faríamos ou fazíamos por nós ou pela carne. Por isso é
que Paulo disse: "Assim (tal e qual) como
apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da
iniquidade para iniquidade, assim
apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para
santificação", Rom.6:19. Com a mesma
força e empenho devemos entregar todas as coisas a Deus que antes
faríamos por motivos carnais e egoístas.
É tão estranho que a
palavra do Deus que disse "Haja luz" e até hoje ainda há luz, seja
tornada infrutífera e impotente pelos homens. Mas, o mais
interessante é que essa palavra do Deus Todo Poderoso seja tornada
infrutífera, não pelo diabo, não pela oposição, não pela perseguição e sim pelos cuidados
e desejos deste mundo, Mat.13:7,22.
Se você consegue estar
bem com Deus sempre que Ele lhe tira tudo, com certeza que viverá
muito bem com Ele sempre que obtiver a desejada abundância da mão
d'Ele e nunca se tornará infiel. Por isso, não cesse de orar até que
tudo aquilo que sabe ser a vontade de Deus se cumpra. Como vê, é
muito importante ficarmos satisfeitos com o nada tal qual ficaríamos
com o muito, pois somos satisfeitos em Deus e vivemos abundantemente
d'Ele e não de outras coisas.
Se
Deus ouviu a nossa oração e já nos atendeu, cada pedido sobre o
mesmo assunto é uma forma de adiar as coisas e não de adiantar. Só
mostra a quantidade de egoísmo relacionado com a obtenção do pedido.
Isso é uma forma de incredulidade ou de esquecimento. Ou é
incrédulo ou esqueceu-se da resposta. Não pensem tais pessoas que são
ouvidas por muito falarem. Isso só atrasa ainda mais aquilo que
querem adiantar. Que resolvam o egoísmo ao invés de insistir no
pedido. Mas, isto só serve para quando Deus realmente já ouviu e já
deu resposta. Devemos saber separar o trigo da palha, a verdade da
mentira e a emoção (ou a preocupação) dos factos.
Todas as pessoas que sentem
a pressão das dificuldades materiais estando perto de Deus, não
sentem a presença de Deus e não confiam no Todo Poderoso que se
encontra tão perto. Logo, buscam apenas o afastamento do jugo e não Deus
- por Deus. Buscam que Deus levante o peso e não estão buscando o
próprio Deus. Se esse for o caso, assim que o jugo for levantado
deixarão de ser fiéis a Deus também. Não é possível sermos fiéis a
Deus na abundância se nos queixamos debaixo das tempestades da
provação e da tentação. Se nos queixamos das circunstâncias, a nossa
satisfação são as coisas materiais e não Deus. A queixa demonstra o
que o nosso coração busca. Se nos queixamos da ausência de Deus em
nossa vida, queremos Deus. É importante buscar ser fiel a Deus e à Sua
pessoa sob qualquer jugo ou circunstância. Só assim Lhe seremos
fiéis sempre. Os Israelitas que se entregavam ao queixume sob o jugo
de Faraó, Ex.2:25, acabaram por se queixar contra
Deus no deserto. Eram infiéis e maldizentes na escravatura.
Consequentemente, continuaram infiéis e queixosos na presença de
Deus no caminho para a terra prometida. Não sendo fiéis no Egipto,
não o seriam no deserto e tão pouco o seriam, depois, na Terra
Prometida. E isso ficou provado. Você é fiel a Deus agora? Busca ao Senhor por Ele? Ou
busca-O somente para livrá-lo do mal? Insatisfação é fome da carne. A
carne precisa morrer e não sentir fome - quanto menos ser
satisfeita! José cuidou das coisas de Potifar e de Faraó fielmente
e, por essa razão, cuidaria das coisas de Deus. Os Israelitas só
trabalhavam para Faraó sendo chicoteados e, por isso, tornaram-se
infiéis a Deus no deserto e na Terra onde
manava leite e mel. Quão diferente seriam eles em liberdade, tanto
no deserto quanto na Terra Prometida, caso fossem fiéis de
coração em sua escravatura e fizessem, de coração e por causa da
consciência, mais do que aquilo que lhes era pedido
como escravos!
Quando
as palavras já são fogo, não é preciso incendiá-las ainda mais. Os
pastores que confiam na maneira barulhenta como pregam têm pouco ou
nenhum fogo e, se têm, desprezam-no por completo confiando em suas próprias
capacidades. Uma coisa é expressarmos tudo o que está no coração de
Deus e no nosso - outra é embelezarmos o que dizemos para sermos
creditados com algum louvor e consideração.
Jesus veio libertar-nos
para fazermos livremente e não para prender-nos ou para amarrar-nos
para fazermos. A liberdade provoca desleixe a ex-escravos porque não
sabem fazer sem serem obrigados. Quando a nossa vontade é liberta e
obtemos graça para amarmos o que fazemos, nada mais funciona por
obrigação - ainda que as coisas tenham de funcionar. A prisão da
obrigação inibe todos aqueles que sabem fazer em liberdade. A
obrigação não cria seres responsáveis. E é necessário que se tornem
responsáveis para terem obrigações.
Deus não é misericordioso a favor do pecado - Ele é misericordioso contra
o pecado. Quanto mais Ele estiver contra o pecado ou quanto mais se
mostrar contra ele, mais
misericordioso Ele é.
Presunção
existe porque não vemos o Deus que temos ou, então, não temos o Deus
que dizemos ter.
Todos pensam e sabem que
devem entrar numa porta antes que ela se feche. Todos sabem que
devem ir a uma loja antes da hora de encerramento. E por que razão
pensam que não devem achar graça antes que a porta se feche? Só os
bobos deixam a sua salvação para o fim. Não seja como as virgens
tolas que deixaram algumas coisas para providenciar somente no fim.
A porta nunca mais se abriu para elas.
Não
é errado pensar em matemática quando o fazemos com Deus ou através
d'Ele e é errado ler a Bíblia sem ser com Deus e através d'Ele.
Devemos saber fazer tudo através d'Ele, para Ele e com Ele.
As pessoas hoje não
rejeitam propriamente Deus e sim os crentes. Não considero pecado
rejeitar a maioria dos crentes de hoje juntamente com tudo aquilo
que ensinam. Só mostra como muitos buscam verdade e, por isso,
rejeitam as mentiras.
"Eis o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo". Estas foram as palavras de João quando
apresentou Jesus
ao povo, João 1:29. Sempre que você
quiser que exista um louvor espontâneo, apresente Jesus ao povo e
não diga ao povo para louvá-Lo. Creio que sempre que alguém olhar
para Ele e vê-Lo de facto, nunca será necessário mandar louvá-Lo.
Esse louvor será espontâneo e imediato. Apresente Deus às pessoas ao
invés de mandá-las louvar. Quem manda é um fraco e até pode
ser um hipócrita que não faz, não vive e não experimenta o que manda
fazer. Provavelmente, só manda porque ele próprio não o faria.
Incredulidade ou falta
de fé pode significar que existe um pecado em alguma parte de nossa
vida que não foi exposto à luz. Se a fé é um dom ou um fruto, é
claro que só uma comunhão real com Deus a poderá estabelecer,
restabelecer ou fazer
frutificar. Senão, não seria fruto. Sempre que lhe
faltar fé lembre-se desta verdade que Paulo afirmou: "mantendo
o mistério da fé em uma consciência pura",
1Tim.3:9. A fé é preciso ser mantida. Você está incrédulo? Ao
invés de esforçar-se para crer, por que razão não tenta antes limpar
a sua vida do pecado? "...Conservando (...) uma boa consciência, a
qual alguns havendo rejeitado, naufragaram na fé",
1Tim.1:19.
A descrença e a
incredulidade são sempre alimentadas por um rio de teimosia e
presunção obstinada. Não existe incredulidade que não seja
obstinação e que não se coloque e se predisponha contra a verdade. Incrédulo é
teimoso. E sermos presos a "Deus" do jeito que o imaginamos também é
uma forma de teimosia e incredulidade. Só "cremos" se for de nosso
jeito. E Deus é como é e não como O imaginamos.
Cada tentação tem o
poder de nos fazer cair quanto tem o poder de nos fazer equilibrar
melhor. Ao sermos tentados somos colocados diante de várias opções:
ou caímos ou nos manifestamos contra a tentação; ou usamos a nossa
força ou a de Deus; ou nos colocamos em um frenesim de lutas
interiores; ou somos impelidos e levados a buscar de preferência a
paz de espírito e do sossego no poder de Deus.
Podemos medir o sucesso
de uma vida Cristã pela quantidade, pela simplicidade e pela
qualidade da obediência a Deus e à verdade. Quanto mais natural e
inconsciente a obediência, tanto maior será o sucesso da vida
abundante.
Se não é a riqueza que
nos leva a Cristo, com certeza que a pobreza nunca nos poderá
separar d'Ele e nem nos deverá inibir de O conhecermos como Ele é.
Nenhuma pobreza tem como separar-nos d'Ele. Devemos saber que todo
aquele que se inibe e se preocupa durante tempos de escassez é
pessoa para se desleixar depois que Deus providencia. Sempre que
Deus providencia devemos saber que aumenta a responsabilidade de Lhe
sermos fiéis. Devemos ir muito além da satisfação de havermos sido
atendidos e supridos e, também, além da insatisfação de não havermos
sido atendidos. O coração que se preocupa e o que se desleixa é um e
o mesmo. Se ora a Deus para suprir todas as suas necessidades,
certifique-se que se prepara, agora, sendo fiel sob duras provas,
senão corre o risco de tornar-se irresponsável assim que Deus lhe
der tudo o que Lhe pede, porque Ele certamente dará.
Quem busca Deus por ser pobre pode deixar Deus assim que enriquecer
porque, enriquecendo, já alcançou o que queria. Devemos buscar
Deus por Ele e só por Ele sob quaisquer circunstâncias. Todo aquele
que conseguir ser fiel a Deus dentro do pouco que tem e durante o tempo que tem
pouco, certamente será fiel quando todo o Egipto lhe for entregue em
sua mão. Foi o que José fez: ele foi fiel na prisão e enquanto era
escravo de Potifar. Não é de admirar que também tenha sido fiel
gerindo todo o Egipto. O mesmo princípio pode ser aplicado a todos
os aspectos da nossa vida. Uma moça que cuida bem de seu quarto e
casa de forma natural antes de casar, será facilmente uma esposa
limpa e asseada após casar. Não pode pensar que se tornará limpa e
asseada somente após o casamento. Se formos fieis a Deus durante a
doença, seremos d'Ele, também, durante e após a cura. É tudo uma questão de
coração, pois, no resto Deus será fiel. Nada funcionará mais do jeito
daqueles tempos quando ainda éramos infiéis em nossos corações e
buscávamos o nosso próprio proveito, pois, fomos fiéis no pouco e
seremos fiéis em qualquer outra circunstância também.
Todos sabemos que
precisamos de graça e dos meios obtidos e consolidados pela graça
para podermos viver com Deus do jeito que se vive para Ele no céu.
Mas, mesmo assim, muitos são achados a discutirem doutrinas e mais
doutrinas como se isso fosse resolver alguma coisa. Como é que você
vai saber o que é encontrar-me se nunca me encontrar? Como é que
você conhecerá Deus através da discussão de doutrinas? E se
encontrar Deus de verdade, para que servirão as doutrinas? Devemos,
apenas, conhecer Deus tal qual Ele é. A suposição não salva ninguém -
nem aquela que se aproxima muito da descrição da verdade!
Quando fazemos do jeito
de Deus aquelas coisas que consideramos nossas ou para proveito
próprio, não podemos considerar tais coisas como egoístas, pois, Deus
não daria a Sua força para o egoísmo conseguir os seus propósitos.
Contudo, sempre que fazemos as coisas para outros ou supostamente
para Deus na nossa força, não podemos achar que isso é caridade.
Isso é egoísmo.
O que
mais cansa o homem é a carnalidade e não o trabalho. Se a carne, os
propósitos próprios e os meios da carne morressem todos, o homem
nunca se cansaria. Que sejamos crucificados com Jesus e todo o nosso
labor será mais leve que uma pena e tão natural como nosso respirar.
Você cansa-se de respirar? Todos respiram mais quando se cansam,
mas, respirar não cansa.
Deus diz que devemos
perguntar "Onde está o Senhor" ao invés de afirmar que Deus está
connosco quando não está. Muitas pessoas pensam que por afirmarem
que Deus está presente em seu meio Ele irá deslocar-se para lá
ou apresentar-se. Isso
não é fé, pois, fé é crer na verdade e não supor sobre o que poderia
ou deveria ser verdade. Muitos afirmam que Deus está no meio deles
apenas para se sentirem bem e confortados longe de Deus. "Os
sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da
lei não me conheceram e os governadores prevaricaram contra mim e os
profetas profetizaram e andaram após o que é de nenhum proveito"
Jer.2:8. O avivamento genuíno começa
assim que o povo tiver a audácia de perguntar "Onde está o Senhor de
Elias", de Paulo e doutros mais.
Eva escondeu-se por trás
das folhas por se haver apercebido do mal. Contudo, sabemos que ela
apenas tentava esconder dela própria o mal que sentia haver feito.
Escondia-se da própria vergonha. Escondia-se a ela mesma e não
meramente aquilo que fez. Como ela conhecia o que estava
escondendo, também Deus o sabia. Tentar esconder de Deus é igual a
tentar esconder de nós próprios - não resulta. Seria como uma
criança que tapa os olhos para sentir-se escondida de quem ela mesma não vê
por ter os olhos tapados.
As pessoas lutam pela
boa opinião que os outros podem ter a respeito deles porque lutam
para não perder a opinião que têm sobre eles próprios. O opinião
forjada é sempre falsa. Você não precisa ser melhor ou pior que os
outros porque já é igual aos outros e sempre será. Nada mudará a
esse respeito. Lembre-se que quem luta para
conquistar a opinião dos outros também mantém a luta pela influência
que tal opinião exterior vai exercer sobre a sua própria opinião
dele próprio. Isso é uma forma de viver nas trevas e é por essa
razão que quem agrada pessoas não tem como agradar Deus, pois,
agradar pessoas é viver escondendo de nós mesmos pensando que
escondemos de Deus.
Muitos
escondem coisas por várias razões. Adão e Eva esconderam por se
haverem sentido culpados, perdidos e desobedientes. Fizeram o mal e
viram o que causaram. Por isso se esconderam. Nunca antes haviam
experimentado aquele sentimento de perda total e ficaram sem saber o
que fazer. Esconderam-se de Deus principalmente por causa disso,
pois, ainda hoje temos vergonha de sermos perdidos. Eles não sabiam
lidar com o que lhes aconteceu. Contudo, hoje, os descendentes de
Adão já se escondem por outros motivos também. Escondem-se por
orgulho, recusam por vaidade e teimosia, gostam que pensem que têm
tudo, que sabem tudo e que são perfeitos. A imagem conta muito mais
para o pecador de hoje. Por isso é que, muitas vezes, recusam perder
até um argumento que possa ser traduzida em mudança de opinião sobre
eles. Quem se esconde e defende será um perdedor querendo passar por
santo vencedor.
Creio que um homem rico
que viva uma vida exemplar e totalmente entregue a Jesus alcança
muito para o Reino de Deus, mesmo tendo de passar por mais provações
e contrariedades. Tanto no rico como no pobre, a sua salvação é
tornar-se mais simples e rendido ao que a graça de Deus providencia
ao longo dos seus dias. Um homem rico passa por mais provações, é
certo. Contudo, não podemos achar que um pobre não é provado pelo dó
que sente dele próprio juntamente com outras coisas que podem passar
pelo seu coração e pela sua vida na pobreza. Sejamos pobres ou ricos,
precisamos andar com Jesus continuamente e sem interrupção. Podemos
casar e ser ou santos ou impuros; como podemos ficar solteiros e ser
santos ou impuros; ser ricos e ser santos ou impuros; ser pobres e
ser santos ou impuros. Bom é recebermos das mãos de Deus com alegria
tudo aquilo que Ele nos dá, seja pela provação ou pela alegria, seja
por doença ou em saúde, seja pelo ministério ou seja num emprego
convencional. Seja o que for, façamos tudo por Deus. Façamos bem
tudo aquilo que pode ser feito por Ele através d'Ele.
Conviver com Jesus ou
nos torna como Ele ou como o diabo. Os discípulos acabaram por se
tornar como Jesus e os fariseus como demónios porque conviveram com
Jesus. As árvores ficaram mesmo boas ou mesmo más,
Mat.12:33. A convicção profunda ou nos torna
santos ou, então, apedrejaremos Estêvão. Ninguém permanecerá igual
depois de um encontro real com Jesus - ou acabamos como Judas ou
como Pedro e João. Nunca mais seremos os mesmos. Se você estiver
orando ardentemente por um avivamento genuíno, espere obter este
tipo de realidades, pois as pessoas irão ter encontros reais com o
Espírito de Jesus. Não espere nada diferente disto que lhe falo após
o caminho chamado "Santo" haver sido aberto no deserto onde vive,
Is.35:8. Tudo será realmente distinto. Você verá santidade
que nunca imaginou possível e verá o mal como nunca o imaginou
também. Não se surpreenda com nada e viva sabendo que quanto piores
forem as pessoas tanto melhores se poderão tornar porque Deus está
realmente operando. Tudo isto é verdade e acontecerá sempre assim.
Se o Mar Vermelho se abrir diante de seus olhos não se admire para
não ofender Deus e saiba que isso irá criar e consolidar uma nação
para Deus e outra para o inferno. A admiração é a reacção da
incredulidade sempre que as coisas acontecem conforme Deus falou.
Orações
sem respostas e sem concretização são uma total perda de tempo.
Esteja bem com Deus antes de orar.
Existem momentos quando
nos sentimos bem e estamos bem. Existem outros momentos que não nos
sentimos bem, mas, estamos bem. Também é verdade que nos podemos sentir
bem estando mal. A perfeição faz-nos sentir bem sempre que estamos
verdadeiramente bem (com Deus) e sentir mal quando estamos realmente
mal.
Existem pessoas com medo
de fazer as coisas por acharem que estão a usar a força da carne.
Estes são preguiçosos e buscam desculpas para não serem obedientes.
Outros, no entanto, exageram no querer fazer por nunca haverem
aprendido a fazer tudo através do descanso em Deus. Tais pessoas
carnais precisam explorar todos os meios para ficarem bem vistos. É
muito importante acharmos o nosso lugar dentro do descanso de Deus.
Eu creio mesmo que não existe pessoa mais activa no reino que aquela que
entrou no descanso de Deus. "Resta, pois, um descanso para o povo de
Deus, Heb.4:9.
Se nos amamos a nós
próprios e tentamos fazer a obra de Deus, podemos ter a certeza que
essa obra é feita na nossa inconveniência. Mas, caso amemos a obra
de Deus e o Senhor Jesus de todo coração, não existe mais o que
negar, pois, o amor pelas coisas do mundo foi substituído por um amor
incondicional a Deus.
Se Deus nos fala ou nos
tornamos mais dóceis ou mais duros. Nunca mais seremos iguais. Se
ouvirmos, seremos mais dóceis; se não ouvirmos seremos mais
obstinados, duros e impacientes. A impaciência é uma forma de
arrogância. Você já viu alguém estrebuchar e tornar-se mais teimoso?
Isso deve-se ao facto de Deus estar operando e essa pessoa estar
resistindo ou desobedecendo. Quando Deus opera em nós ou nos tornamos santos ou
nos tornamos como demónios.
Todas as orações de
Jesus foram ouvidas e ainda hoje se cumprem. Ele orou que fossemos
um com o Pai (João 17). Então, se você
se sente sozinho e abandonado é porque Jesus orou que você fosse um
com o Pai. Como você rejeita, irá sentir-se só porque não será um
com mais ninguém.
"Pelos
teus preceitos alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda
de falsidade",
Sal.119:104. Isto não significa
que os
preceitos eram entendimento, mas, que após a obediência a Deus o
entendimento é fácil. O entendimento alcança-se devido à
obediência e após a obediência. "Se alguém quiser fazer... há-de
saber...", João 7:17. Contudo, a minha esperança
não pode estar baseada no facto de que cumpro e sim em Jesus me
realiza e me refaz por dentro e assim possa cumprir e alcançar.
Uma das razões por que
as pessoas se afastam dos mandamentos ou da vida de Jesus é serem
instruídos, mas, não por Jesus. As pessoas podem aprender através da
leitura, do estudo, da igreja e tudo mais. Contudo, aprendendo com
Jesus garante a firmeza de quem aprende. "Não me aparto das tuas
ordenanças porque és Tu quem me instrui",
Sal.119:102. E para se aprender com
Jesus não precisamos deixar a leitura, a instrução na Igreja que
seja pura e nem de ouvir o nosso próximo. Basta sabermos que ler,
aprender e ouvir é muito pouco. Precisamos ir além disso: aprender
de Jesus pessoalmente.
"Porque Deus enviou o
seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas, para que o
mundo fosse salvo por Ele",
João 3:17. As pessoas facilmente
assumem que podem pecar, pois, afirmam que Jesus não veio para
condená-las. Contudo, não podemos separar este versículo de outros.
A verdade é que Jesus é a principal pedra de tropeço no caminho das
pessoas. Será principalmente por causa de Jesus que as pessoas serão
condenadas. Este versículo significa que as pessoas precisam
"ordenar seus caminhos" para que possam ser salvas assim que Ele aparecer em
suas vidas. Ele veio para salvá-las. Mas, pela Lei de Deus e por
causa da justiça em relação ao Criador e em relação à
responsabilidade universal, a pessoa que não muda (que não se
converte) antes ou no
momento que Jesus lhe aparece, será condenada. "Eis que eu vos
enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do
Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração
dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra
com maldição",
Mal.4:5-6. E a maldição não é o que
Deus quer, mas, se as pessoas não se reconciliarem é o que Ele quer
e irá acontecer. "E a condenação é esta: A luz veio ao mundo e os
homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram
más", João 3:19. Então, é melhor
arranjarmos a nossa vida a tempo para sermos salvos assim que
Jesus bater à nossa porta.
Temos de chegar ao ponto
onde conseguimos distinguir entre a liderança do Espírito Santo e o
impulso da emoção; entre o bom senso e a impulsividade; entre o
fazer com o coração e fazer para satisfazer o sentimento. Quanto
mais depressa fizermos isso, tanto mais rápido estaremos seguros.
Evitaremos sermos enganados quando a voz do Cordeiro nos for supra
conhecida e familiar. É que não podemos lançar fora a liderança do
Espírito apenas porque nos apercebemos que o impulso da emoção
também tenta 'guiar' e não podemos deixar o bom senso apenas porque
a emoção faz parte de nós. O problema do homem é que tem as bolas
trocadas e tornou-se incoerente. Precisamos ser e viver a criação
que somos em sua devida ordem e em devido tempo. Sermos
extemporâneos não é sermos eternos.
Deus deu um cajado a
muitos pastores para com ele orientarem o rebanho pelo qual se
tornaram responsáveis. Contudo, muitos desses pastores usam esse
cajado para se apoiarem nele e não para apascentarem. O mesmo
podemos dizer dos dízimos, ofertas e tudo mais. O alvo das ofertas é
o sustento do povo pobre que congrega e não somente do pastor da igreja. Você
apoia-se no cajado ou usa-o?
Quando somos
atormentados ou tentados não nos podemos contentar com não cair em
tentação, mesmo que não cair já é bom. Devemos viver a vida de
Jesus. Não ficar zangado e permanecer calado nunca será o mesmo que
manifestar a vida de Deus, se é que a temos em nós. Só quem não tem
essa vida não a pode manifestar. A nossa função como servos de
Cristo não pode ser não cair e sim andar bem como se nada houvesse
para nos impedir ou para nos fazer cair. Ache essa vida e viva-a. Isso é
muito mais e muito diferente de segurar o seu posto ou a sua
postura. E conseguindo isso não pode pensar que é um feito, pois,
isso é a normalidade para a qual fomos criados. "Domina no meio dos
teus inimigos", Sal.110:2.
Não pode esperar que
Deus o abençoe naquelas coisas que Ele não aprova. Também não pode
pensar que Deus nunca abençoará tudo aquilo que Ele aprova.
Infelizmente, as pessoas quando oram, asseguram-se pelos desejos que
a carne aprova e busca, ou começam a pensar que Deus não irá dar
devido às experiências anteriores de não receber sempre que oravam de forma
egoísta e carnal. No entanto, se mudarmos, devemos saber que Deus
responde, pois, mudamos e não podemos continuar a achar que ainda
estamos na pré-história da vida anterior. Temos de assumir que tudo
se faz novo quando somos novos de facto.
Outra coisa infeliz que
acontece aos humanos é que o mal raramente aparenta ser mau - nunca
aparenta aquilo que é. Os maus não têm o hábito de revelar os seus
corações e antes os escondem. São artistas na arte de camuflagem.
Nós éramos maus. Mas, desde que viemos para o Senhor e tudo em nós
se fez novo, não temos mais o que esconder, pois tudo é limpo.
Contudo, os hábitos e as artes antigas de esconder podem sobreviver.
Se sobreviverem, iremos viver uma vida nova do jeito antigo e isso
nunca resultará. "Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de
que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus",
João 3:21. Não devemos ter
mais o hábito de esconder nada, pois não temos
mais nada para esconder. Não podemos viver divididos entre duas
ideias e cambalear entre dois pensamentos,
1 Reis 18:21. Se Deus é Deus, andemos com
Ele; se Baal é deus, andemos com ele. Na nossa vida prática, devemos
saber assumir mentira como mentira, verdade como verdade, bem como
bem e mal como mal. Precisamos estar firmados na verdade. Sejamos
firmes então. Se a vida de pecado é boa, por que razão a escondemos?
E se Jesus é bom e não o pecado, por que razão não O manifestamos ao
mundo?
Dúvida é descrer
camufladamente como pode ser crer camufladamente. Contudo, não nos
podemos dar ao luxo de crer a qualquer preço. Precisamos ver e
experimentar a verdade para irradiar de vez e para sempre qualquer
dúvida a respeito da verdade e, assim, exterminar a crença no engano
e na mentira para sempre.
Quem é que se esquece de
beber água? Só quem não sente a sua sede ou quem não tem sede! Ou
quem é que se obriga a beber água? Só quem está muito doente ou,
então, quem não gosta de água. Lembre-se disso quando se esquecer de
ler a sua Bíblia ou quando se obrigar a lê-la. Você está doente. A Palavra de Deus é
água viva.
"A luz é semeada para o
justo e a alegria para os rectos de coração",
Sal.97:11. Muitos querem luz para serem
justos, sinceros e puros. Mas, lemos que funciona ao contrário, pois
a luz é dada a quem é justo, sincero e obediente. "Se alguém quiser
fazer a vontade de Deus, há de saber...",
João
7:17. Também não podemos esquecer que a verdadeira alegria é
para os que são rectos de coração e somente para eles.
Medo é uma confiança
excessiva e mórbida na carne. As pessoas temem sempre que se
apercebem que a carne não lhes valerá de nada.
"Fiz um pacto com o meu
escolhido; jurei ao meu servo Davi: Estabelecerei para sempre a tua
descendência e firmarei o teu trono por todas as gerações. Se os
seus filhos deixarem a minha lei e não andarem nas minhas
ordenanças, então visitarei com vara a sua transgressão e com
açoites a sua iniquidade", Sal.89:30.
Deus pode abandonar qualquer um que peque e deixá-lo seguir seu
próprio caminho. Contudo, parte do pacto que Deus faz com alguém é
castigar quem se desvia
para não abandoná-lo. Os filhos da verdade
podem alegrar-se quando Deus os repreende: Ele está a cumprir o Seu
pacto com eles!
Pecado é ilusão. Muitas
vezes é ilusão de óptica. Caso não fosse ilusão, nunca estaria em
desacordo com a verdade. (Vamos assumir que verdade e realidade são
coisas inseparáveis). Se o pecado não fosse ilusão não seria
destronado pela verdade. Se é a verdade quem nos liberta do pecado,
só pode significar que o pecado é ilusão e mentira. Como o pecado
odeia a verdade e ama a mentira, podemos facilmente deduzir que o
pecado é ilusão. É daí que nasce a inimizade entre a verdade e o
pecado. Realidade e pecado não colam. E se isso é verdade, temos a
garantia de que, crendo na verdade, nunca sairemos desapontados. Por
essa razão é que é importantíssimo verificar se a verdade à qual nos
agarramos funciona e se é verdadeiramente prática. Caso não se torne
prática, caso isso não seja possível, não pode ser verdade e é
mentira ou tornou-se mentira por alguma razão. Realidade funcional e
verdade não podem andar separadas, seja onde for. Se a verdade que
você segura não é realidade, certamente que você será assassinado
por essa verdade.
Sempre que a providência
de Deus opera algo, sempre que Deus dá para cobrir as nossas
necessidades, o objectivo d'Ele visa alcançar a nossa fé e o coração e
não apenas a nossa satisfação. O alvo das dádivas são a fé e a
obediência futuras e não a satisfação pessoal.
Muitas vezes, tememos
porque a verdade é pisada e desprezada pelas pessoas. É triste o que
fazem. Mas, quem sofre com isso é quem pisa a verdade e nunca a
verdade. Se tivermos ouro na rua onde o pó o cobre, onde a chuva o
molha ou os pés de todo mundo o pisam, o ouro não se estraga e nem
perde o seu valor. Assim é com a verdade. A verdade nunca perderá o
seu valor. Quem a despreza é que ficará a perder. Os falsos nunca
prevalecerão contra a verdade. Pisando a verdade aumentam as
hipóteses de saírem derrotados e de se destruírem a eles próprios.
Eles é que saem sempre a perder enquanto o valor do ouro se manterá.
Nós devemos aprender a
fazer as coisas pelos motivos certos. Basta começar a fazer pelos
motivos certos que logo faremos tudo desse jeito. Quando Deus
mandava matar até o gado dos inimigos de Deus e de Israel, fazia-o
para que a gula dos Israelitas pelos despojos não fosse o motivo
pelo qual Israel se motivaria a pelejar e a derrotar os povos.
Sempre que os motivos de Israel se mantivessem certos, Deus permitia e
aconselhava que se apoderassem daquilo que os povos tinham. Davi
dedicava tudo a Deus para evitar pecar e Deus usou tudo o que lhe
havia sido dedicado com carinho.
"Mas, Deus esmagará a
cabeça de seus inimigos, o crânio cabeludo daquele que prossegue em
suas culpas", Sal.68:21. Existe uma inimizade contra
o Espírito dentro de cada ser que anda em pecado. Eles tornam-se
inimigos de Deus e Deus deles mantendo-se naquilo em que são
realmente culpados. Quem anda em suas culpas torna-se antipático
para Deus, agnóstico, descrente e perverso. Ninguém terá como evitar
que isso aconteça. Basta somente andarmos em nossas culpas para que
isso seja uma consequência ou uma sequência natural de
acontecimentos. Nunca devemos andar se temos culpa seja do que for.
Todo tipo de culpa deve fazer-nos parar para nos reconciliarmos com
Deus e com pessoas.
Se as pessoas não mudam,
não será porque o tempo para mudarem ainda não chegou. Na verdade,
só não mudam porque não querem mudar. Não tem nada a ver com o tempo
de mudança. Se o evangelho nos bate à porta, chegou a hora de mudar.
Se não mudamos é porque não queremos.
É melhor começar uma
coisa e terminá-la com perfeição do que começar a fazer muitas
coisas boas as quais não terminamos ou não aperfeiçoamos. O último
pedaço de cada coisa feita será sempre a parte mais difícil de sair
perfeita.
O sinal de que estou
perdoado é eu ter mudado. A mudança na pessoa que pede perdão é
sinal de graça nessa vida.
Ora até que consigas
orar. Pede até que consigas pedir e receber. Vai querendo até que
consigas querer. Vai falando até que consigas falar e expressar-te
melhor e com menos palavras. Vai escutando até que consigas escutar
e deliciar-te no que ouves. Vai obedecendo até que consigas ser
pessoa obediente. Não esperes até obteres vontade de fazer - começa
a fazer logo. Não esperes até teres vontade de orar - ora!
"Deste um estandarte aos
que te temem,
para o qual possam fugir de diante do arco",
Sal.60:4. É interessante notar que
Deus não destrói o arco, antes, cria um abrigo, um estandarte
para o qual possamos fugir e ficar seguros. O arco que persegue
continuará lá. Será destruído só no final, isto é, após haver
cumprido aquilo para o qual Deus o deixou prosperar até ali. Mas,
até lá, não atingirá quem se abriga em Deus. "Digo-vos, amigos meus:
Não temais os que matam o corpo e depois disso nada mais podem
fazer", Luc.12:4. Também é interessante
notar que Deus chama de "estandarte" àquilo que chamaríamos de
abrigo ou refúgio. A santidade é esse estandarte. Primamos para ser
santos e puros pela graça. "E ali haverá bom caminho, caminho que se
chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será
somente para o seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará,
nem mesmo o louco",
Is.35:8.
Para existir alegria
real e pura é necessário haver uma coincidência ou uma convergência
entre o espírito do homem e o de Deus. É mesmo uma incidência, uma
convergência de momentos e de espíritos, uma incidência e uma
conciliação entre nós e Deus para que tudo se torne real e sem
hipocrisia. Já pensou no que realmente é uma convergência?
Para muitos será uma coincidência, já que se desviaram do caminho e
voltam atrás. O nosso espírito tem de bater certo com o de Deus.
Ora, para haver essa convergência ou 'coincidência' é preciso que
tanto o homem e Deus estejam afim um do outro. É fácil Deus estar
afim do que é certo e real. Mas, o homem também precisa estar em
sintonia com Deus. Um aparelho de rádio precisa apanhar a onda na
qual a torre transmite. Não é a torre de transmissão que tem de
apanhar a onda do rádio receptor. Ora, se a iniciativa estiver do
lado de Deus, o homem pode não querer entrar na onda ou pode não se
aperceber dela. Por isso é que a iniciativa de Deus costuma ser
discreta e invisível. Mas, caso o homem tenha conseguido a ocasião e
o espírito propício e natural para convergir com Deus, o Senhor
estará sempre afim e irá convergir para o homem de imediato. Deus
não muda e não se 'adapta' a situações. Essa é uma das razões por
que o homem recebe o mandamento de vir a Deus para que Deus venha a
ele também. "Chegai-vos para Deus e Ele se chegará para vós",
Tiago 4:8.
Existe aquela alegria
falsa, a qual a pessoa não experimenta por dentro aquilo que
demonstra do lado de fora. Pode demonstrar menos ou mais do que é
verdadeiro. Ter essa alegria do lado de fora nem é errado, mas, pode
e deve corresponder ao que se passa em nós. É verdade que os
hipócritas assemelham-se aos certos. Mas, nem será por causa do
hipócritas que devemos deixar de ser alegres de forma real. A
alegria não é falsidade, mas, a falsidade pode ser 'alegre'.
Foi prometido um filho a
Abraão e não havia maneira do filho nascer; a Isaque pertencia a
promessa de uma descendência para glória de Deus e Rebeca era
estéril; a Davi foi-lhe prometido o trono por imposição das mãos de
Samuel e tardava a realizar-se aquela profecia; podemos falar ainda
de José e seus sonhos que não se cumpriam, de Jacó e até de Noé que
demorou uns cem anos a construir a Arca. Isto só pode significar uma
coisa: aquelas coisas que tardam a acontecer e que, por vezes,
parece que não irão acontecer, são precisamente as coisas que são a
vontade de Deus. Elas precisam acontecer e quem permanecer fiel a
Deus irá herdar a promessa que Deus lhe fez pessoalmente. Existe um
padrão na forma como as coisas se processam em relação às coisas que
Deus promete. Existem coisas para se cumprirem agora e existem
outras que se cumprem quando certas condições estiverem cumpridas.
"Conforme é o teu nome,
ó Deus, assim é o teu louvor até os confins da terra",
Sal.48:10. Esta afirmação faz-nos
pensar. Devemos lembrar que o louvor verdadeiro a Deus estará sempre
dependente da realidade da presença de Deus, da experiência genuína
de tudo aquilo que Deus é e da realidade da genuína manifestação de
Deus. Será sempre conforme o Seu nome. Muitos falsos fazem as
pessoas darem louvores falsificados a Deus. Não é disso que estamos
a falar aqui. Eles usam o nome de Deus em vão. Você tem usado o nome
de Deus em vão? Deus consegue manifestar-se tal e qual Ele é sempre
que você anda, fala e esclarece? Será que os louvores de Deus estão
mesmo de acordo com o nome verdadeiro de Deus por onde você anda?
"A segunda maior
revelação que o homem pode ter de Deus, é o plano do Senhor para
si". Isto foi um amigo que me disse, alguém que deseja ardentemente
saber qual o plano de Deus para sua vida. A revelação de Cristo de
forma real é a maior das revelações para a alma. Foi uma bênção para
mim o pensamento tão lúcido de meu amigo.
"Esforçai-vos e
fortaleça-se o vosso coração",
Sal.31:24. O fortalecimento vem
principalmente permanecendo em Deus, sendo que Ele é a nossa força
se temos um relacionamento com Jesus que seja real e diário. Esse
relacionamento só existirá se nos afastarmos do pecado, seja de que
tipo for. Por isso, ser forte significa sermos limpos.
A melhor maneira de
impedir que os maus se instalem dentro duma congregação é pregar de
tal modo que sintam vontade de ir embora caso não se convertam.
Saindo, poderão voltar convertidos. Quantos mais maus houver dentro
dos membros duma congregação ou da sua liderança, quantos mais se mantiverem por ali,
menos Deus opera.
Não seria maravilhoso?
Eu tocando, Deus toca e eu não teria como dizer que fui eu que
toquei. Seria muito maravilhoso, não seria?
"Confia no Senhor e faz
o bem; assim habitarás na terra e te alimentarás de verdade",
Sal.37:3. "...Te alimentarás de verdade
da verdade..." Quão grande o significado! Você busca verdade? Você
cumpre todos os requisitos e todas as condições para achar verdade?
então não desanime. Contudo, nunca se atreva a separar a verdade da
realidade. Se o fizer, ela será apenas mais uma fantasia. A verdade
tem todo poder, mas, precisa tornar-se real. Atreva-se a ter realidade que
esteja em conformidade com toda a verdade e será esse o seu
alimento.
Aquele que sabe esperar,
saberá receber e ser fiel ao que recebeu. Aquele que não sabe
esperar e manter a expectativa em Deus, desperdiçará se receber.
Um santo aqui na terra
das tentações é como um gigante no meio das formigas: por muito que
seja molestado, não se torna formiga.
É bom quando as torturas
e perseguições aconteçam connosco somente para cumprimento das
profecias, isto é, quando não servem mais para nossa própria
santificação e correcção.
O rancor é um pecado
muito feio e grave. Mas, o dó que não é misericórdia é pecado igual.
Muitos pensam que oração
é somente falar. Mas, lemos uma coisa interessante que Davi
escreveu: "Atende aos meus gemidos. Atende à
voz
do meu clamor"; "o Senhor já ouviu a voz do meu pranto",
Sal.5:2;6:8. A voz do clamor e do
pranto não são palavras. Seria como Deus atender a uma meditação em
nós com carimbo de desejo. Seria como reconhecer a voz de alguém que
amamos muito e de quem esperaríamos ouvir. Não ligamos tanto ao que
diz e sim a quem diz.
Ninguém poderá sentir-se
inferior a mim diante de mim sem minha autorização e consentimento.
Uma entrega total,
incondicional e voluntaria é muita coisa, mas, também
é um
tira-teimas. A pessoa verá se as coisas de Deus funcionam ou não.
Logo tira as dúvidas e coloca Deus à prova colocando-se a ele
próprio à prova.
"Que ninguém te
despreze",
Tito 2:15. Para que ninguém me despreze
se falo a palavra de Deus ou se faço as coisas de Deus, devo ter uma
vida e condições onde Deus possa manifestar-se e revelar-se. Para
que ninguém me despreze as coisas que falo precisam funcionar e para
elas funcionarem Deus precisa ser actuante e demonstrar-se
(revelar-se como é). Não será
o confronto directo que fará com que não me desprezem. "Em breve,
porém, irei ter convosco, se o Senhor quiser e então conhecerei,
não as palavras dos que andam inchados, mas o poder",
1Cor.4:19.
Quem julga ama as
aparências e finge a realidade. Aquele que julga, quando o faz, tenta
encobrir para si próprio o pecado que vem julgando. Isto é, julgando começa a crer
que não tem o pecado que facilmente vê nos outros. Logo, precisa
manter as aparências para demonstrar legitimidade no julgar de
outros.
Ser manso não é ser
brando ou tolerante quando o pecado bate à porta. Aliás, quanto
menos tolerante a pessoa é para com o pecado, tanto mais mansa ela
se torna. O pecado traz dureza de coração com ele e a dureza é o
oposto da mansidão. Então, o que é ser manso? Mansa é aquela pessoa
que não é nada branda com o pecado (principalmente se o pecado
é o seu próprio) e, ainda assim, é muito bem
aceite e ouvido. A mansidão torna-nos capazes e mais audazes até
mesmo para irmos mais longe do que aquilo que imaginaríamos ser
humanamente aconselhável ou possível. Exterminar o pecado em nosso
coração torna-nos mansos e não duros. Se deseja mansidão
ardentemente, participando em algo que provém do Espírito Santo,
certamente que só conseguirá alcançar esses desejos mantendo um ódio
crescente e inabalável contra qualquer tipo de pecado próprio. Só
depois disso poderá aprender a tornar-se verdadeiramente manso.
Todos os que ouvem Deus tornam-se capacitados para se tornarem
verdadeiramente mansos. Ninguém pode separar a mansidão da
disponibilidade de coração para com Deus. Os disponíveis para Deus,
tornam-se mansos. Sabemos que todos quantos são mansos para com
Deus, tornam-se duros para as coisas do mundo e o mundo recusa
aceitá-los enquanto permanecerem na mansidão. Por outro lado, sendo
'mansos' para com o mundo, seremos endurecidos para Deus e para
todas as Suas palavras. Uma face importante da mansidão é poder
transmitir as palavras verdadeiras do modo que foram manifestas, sem
acrescentar em nada e sem retirar de nada. Os mansos fazem
precisamente isso. (Por isso, a mansidão e a fidelidade tornam-se
inseparáveis). A mansidão torna-se tão óbvia que torna possível
falar as maiores verdades da maneira mais direta sem ofender. O
coração fica sem qualquer maldade. O que pretendo realçar é que
tolerar o (próprio) pecado torna qualquer pessoa dura e não mansa.
Esse ódio para com o pecado deve ser contra pecados reais e não
contra pecados imaginários e supostos e nem contra acusações falsas.
Uma pessoa cheia de mansidão pode expressar as palavras mais severas
da maneira mais curta e, ainda assim, ser bem entendido e aceite. Os
mansos podem dizer muito mais que qualquer um se atreveria a dizer.
A verdade na boca dum manso de coração é certeira, atinge o coração
e não fere - antes, ajuda a restaurar e a salvar. A mansidão está
para a verdade como está a relação entre a espada e o ser afiada. Essa verdade
misturada com mansidão atinge como um raio e corta mais fundo que
qualquer coisa. Corta sem esforço, tal como uma espada quente
cortaria manteiga. É uma espada bem afiada: corta mais
profundamente, corta melhor e não deixa cicatrizes e nem lesões.
Mas, a verdade sem mansidão é como uma espada cega: fere e rasga ao
invés de cortar mansamente e eficazmente. Se, por acaso, a verdade
que falamos não é cortante e se é bruta, não devemos alterar o
conteúdo da verdade por causa disso. Devemos, antes, aproximarmo-nos
do Senhor para adquirirmos a mansidão da verdade.
Muitos usam as trevas
para andar, outros para se esconderem e para não serem vistos. Mas
Deus pede de nós que andemos na luz - sempre. As pessoas normais usam
a luz para andarem e não as trevas. "Andai enquanto tendes a luz
(...) pois quem
anda nas trevas não sabe para onde vai",
João 12:35. É bom não sabermos andar
nas trevas. É muito fácil aprendermos a andar sem luz. "Respondeu
Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não
tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite,
tropeça, porque nele não há luz",
João 11:9,10. Quem anda estando em
trevas, estagna e não anda quando chega a luz.
Se existe amor carnal,
por que razão as pessoas pensam que não existe fé carnal, esperança
carnal, mansidão carnal, paciência carnal e outras coisas mais que
Deus muito abomina por serem imitações do que é certo?
"Tornai vós para mim e
eu tornarei para vós diz o Senhor dos exércitos. Mas vós dizeis: Em
que havemos de tornar?",
Mal.3:7. Será que sendo Deus a dizer
esse tipo de palavras não chegaria para nós e, ao invés, queremos
saber e até questionar os aspectos em que devemos tornar a Ele? Será
assim tão difícil acreditar que estamos realmente afastados de Deus
quando estamos? Sendo Deus a pessoa que é não basta para Lhe darmos
atenção, mesmo que ainda não consigamos ver o Seu ponto de vista?
Não podemos acreditar n'Ele só pela pessoa que é?
"Serei uma testemunha
veloz contra os (...) que não me temem, diz o Senhor dos exércitos",
Mal.3:5. Ser testemunha veloz significa, acima de tudo, ser
eficaz e cujo testemunho permanece por muito tempo dentro da pessoa.
O efeito surpresa ajuda muito para que isso aconteça e quando o
Senhor fala pessoalmente com alguém, seja de que jeito for, surtirá
um maior efeito na pessoa que mil sermões. E esse efeito surpresa
raramente é conseguido sendo feito de qualquer maneira e quando a
pessoa quer, pois, chegará em
um momento que a pessoa não espera ou já não esperava. E Deus afirma
que será essa testemunha veloz assim que os sacerdotes forem puros e
limpos. "Por eles Me santifico...",
João 17:19.
Um certo tipo de
confiança mútua entre homem e Deus opera tão fundo que tanto a
indecisão como aquelas coisas que dividem o coração passam a ter as
horas contadas. Se formos honestos no tocante à fé que temos - ou que
não temos - se somos pessoas que não inventam de ter fé onde ela não
está assegurada ou onde ela não existe, saberemos que o grau da
nossa fé estará directamente relacionado com o grau da confiança que
Deus deposita em nós. Ou será que já nos esquecemos que a fé é tanto
um dom como um fruto do Espírito? Você é fiel? Concentre-se em ser
fiel nos mínimos detalhes e sua fé será tão fácil como respirar.
Quem aplaude e encoraja
é co-autor tanto do bem quanto do mal. Quem critica o bem mostra o
quanto se opõe a ser bom. Quem critica o mal com amargura demonstra
o quanto recusa abrir mão dele e o quanto gostaria de ser mau se
pudesse.
Existem provações que
não matam. Essas provações são como o poço onde José foi lançado: não
têm água e não afogam ninguém. Você ainda tem a presença de Deus
consigo? Então esse poço (a provação) não tem água e não mata a alma. "...Libertei os teus presos da cova em que não havia água.
Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje anuncio que
te recompensarei em dobro", Zac.9:11-12.
Esquecer é uma
característica humana, tal e qual lembrar também o é. Esquecer,
quando aplicado de maneira apropriada, liberta o nosso cérebro e
ser para poderem ocupar-se com aquilo com que devem estar ocupados.
Infelizmente, muitos esquecem-se do que devem lembrar para se
lembrarem daquilo que podem e devem esquecer. Sonham para esquecerem
a realidade e realizam a mentira para não terem de lembrar as suas
consciências da verdade.
A consciência não
precisa e não deve ser forçada a acreditar em coisas que ela já
sabe. Quem quer fazer a consciência acreditar em algo que ela já
sabe, fá-lo porque certamente deseja enganá-la acerca de alguma
coisa que gostaria de poder aprovar ou desaprovar. Rejeitar, torcer
ou mesmo discutir a Lei de
Deus é uma forma de desaprovar e de desacreditar algo que deveria
permanecer intocável. E a consciência forçada comete vários tipos de
erros desse género. Enganar o coração
é um deles. O outro é forçar a acreditar na verdade ou naquilo que
já sabe. Forçar a consciência é o oposto da espontaneidade. E o
oposto de espontaneidade na verdade pode tornar-se o início do caminho do erro.
Nos caminhos de
Deus que se tornam reais tudo é mais lindo, mais
verdadeiro e mais prático. As imaginações
podem-nos fazer alucinar por coisas que poderiam ser reais se
pudéssemos crer em Cristo quando Ele as menciona ou as dá a
conhecer. Você vai trocar realidade por ficção sendo que em Cristo
tudo pode tornar-se prático e real? Toda a forma de egoísmo é uma
luta irreal para alcançar uma forma de vida que não existe, não
sustenta e não se mantém, seja em nós ou fora de nós porque essa
vida nunca será sustentada por Deus. Todo tipo de
egoísmo é uma luta da fantasia a favor duma vida irreal que se
acredita ser real ou possível. Tornando-se real, tal vida de
fantasia assusta-se e deixará de lutar por ela. E seria bom que se
assustasse com ela própria ao invés de se assustar com a realidade
prática das coisas maiores que nem teria como imaginar. Essas
fantasias são teimosias e tornam-se decepções caso não se
concretizem. Mas, a maior decepção é aquela que não vê a teimosia
satisfeita. E Deus não pode satisfazer uma teimosia. Por isso, ou as
coisas deixam de ser sonhos para nós ou Deus não as concretizará por
serem teimosias. Enquanto não é hora de algo se concretizar, Deus
até pode tolerar que a pessoa sonhe e imagine. No mínimo, isso
evitará que se esqueça do que pode ser real. Mas, nem deveria ser
assim. A impaciência faz as pessoas sonharem e a paciência fará as
pessoas lembrarem que se tornará real tudo quanto Deus prometeu.
Um amor secreto pelo
pecado faz-nos julgar os outros e, também, julgar o pecado que
desejamos crer ser odiado por nós. Quem julga ama as aparências e
finge a realidade. Por outro lado, um ódio secreto para tudo quando
é pecado faz-nos julgar a nós próprios, por vezes, muito
severamente se não aceitarmos de bom coração o perdão de Jesus. Aqui, contudo, devemos levar em conta que a pessoa pode
odiar uns pecados mais que outros ou ser tentado mais facilmente por
uns do que por outros. Mas, assim que o amor de Jesus é realmente
derramado em nós, todos os tipos de julgamentos sumários cessam,
pois, o amor pelo pecado morre e pelo próximo cresce. Logo, juízos
sumários acerca da vida dos outros cessam de forma resoluta, natural
e espontânea. E como julgar era hábito duma consciência pesada, devemos acabar com ele. Por outro
lado, os juízos sumários que fazemos sobre nós próprios também
cessam assim que esse amor é derramado em nós porque com o amor vem
confiança maior e mais real em Jesus conseguir salvar-nos de
qualquer tipo de pecado. Na verdade, esse derramamento de amor em
nós é a própria salvação do pecado. E quando somos perdoados e
recebemos a paz que Deus dá, deixamos de julgar porque já não somos
acusados. Deixar de julgar é fruto ou sinal da pessoa haver sido
verdadeiramente perdoada.
Os hábitos que se ganham
são sempre um problema quando as circunstâncias não mudam, ou quando
ainda não é tempo de mudá-las. Coisas como a obesidade, a má-língua,
a amargura e muitos outros pecados podem ser meras consequências de
hábitos aos quais damos pouca relevância. "Olhai por vós mesmos; não
aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de
embriaguez e dos cuidados da vida e aquele dia vos sobrevenha de
improviso como um laço", Luc.21:34. Não
posso ceder à força dos maus hábitos e nem esperar que mudarei
quando as circunstâncias mudarem. Se não mudar agora nunca mudarei
quando as circunstâncias mudarem. Não posso acreditar que mudarei
depois, pois o tipo de coração que tenho agora irá comigo para onde
quer que vá. Vamos ter um cuidado especial para ganhar raízes
prometidas por Deus antes das promessas de Deus a respeito das
circunstâncias se concretizarem. "Ainda que se demore, espera-o;
porque certamente virá, não tardará", Hab.2:3.
Quando falar, precisa ter a
certeza que o seu silêncio será prejudicial em termos eternos e as
suas palavras o oposto; e quando ficar calado precisa ter a certeza
que o seu silêncio diz mais que qualquer coisa que possa dizer. E
quando não tiver nada para dizer, não diga nada. E quando tiver que
falar, não acrescente e nem retire nada de suas palavras, não altere
o seu tom de voz para não sentir que deve pedir desculpas pela
maneira como fala.
Dar o que nos sobra
nunca será o mesmo que dar o que temos. Receberemos de Deus a
recompensa de acordo com aquilo que não nos sobrou e não apenas de
acordo com o que demos. Contudo, muitos dão do que lhes sobra e
sentem-se felizes e muitos outros dão do que têm para se sentirem
tristes. Têm o mesmo pecado e nem se dão conta disso. Mas, é verdade
que também existem pessoas que dão do que lhes sobra com o mesmo
coração alegre que têm quando dão do que lhes faltará. O que conta é
o tipo de coração que temos quando damos e quando não damos.
"E não é assim que fazem
bem as minhas palavras ao que anda rectamente?"
Miq.2:7. Fazer bem a alguém não significa que a pessoa que é
abençoada se sinta bem com a maneira como foi tratada. Os
sentimentos não demonstram que Deus nos fez bem ou mal. Tudo que
sentimos irá depender do que achamos ser bom ou mal, não do que Deus
acha bom ou mau e se estamos de acordo com Deus ou não. Deus
pode-nos fazer muito bem através daquilo que nos faz sentir mal. E
no
Sal.73 lemos daqueles a quem Deus faz
grande mal dando-lhes tudo para que se sintam bem antes que toda a
Sua ira se manifeste contra eles.
Respostas a todas as
orações, mesmo quando recebemos um "não" contundente e claro,
significam que temos um relacionamento real com Deus. Se eu ouço
Deus, isso só pode significar que Ele também me ouve.
Se você já aprendeu
alguma coisa de Deus, é porque com certeza já ouviu a voz d'Ele.
Quem sabe já ouviu sem se dar conta. Haver aprendido d'Ele prova que
já detectamos a Sua voz. Só falta aprendermos a distingui-la das
outras vozes concorrentes. Bastará separar os genes e apreender
espiritualidade real.
Todo o galardão final
vindo de Deus será conforme a qualidade da obra e não conforme a
quantidade da obra. O galardão aqui da terra será conforme a necessidade da
pessoa e da necessidade da obra que ela satisfaz, isto é, se tal pessoa
andar nos caminhos de Deus. Não andando nos caminhos de Deus pode
receber a menos ou a mais e ambas as coisas servirão para condenar a
pessoa. Recebendo a menos responderá porque suas orações não
obtiveram respostas concretas; recebendo a mais tropeçará usando mal
o que deveria ter usado bem e com aprovação e a bênção de Deus.
Não espere ser pessoa
especial ou muito considerada para ter como mudar o seu canto no
mundo. Basta que Cristo seja muito especial para si continuamente e
sem interrupção. Entregue-se a Ele ao invés de querer mudar a ponto
de ser especial. Cristo quer que você seja quem você realmente é e não a pessoa em que
pensa que se pode tornar. Não espere até mudar para se entregar
a Ele, pois, Cristo só confia numa transformação na qual Ele
participou de inteiro agrado e pela qual Ele pode responder.
Digam o que disserem:
quando existe alguém que acusa, não existe quem reconhece que errou.
Quando alguém reconhecer que errou diante de quem acusa, certamente
cessará todo tipo de acusação. Confessar todos os nossos pecados um
por um consegue demolir toda a força da acusação. Experimente e
verá. O acusador envergonha-se e o Salvador regozija-se. Antes o
Salvador envergonhava-se de nós e o acusador regozijava-se. Mas,
para acusar nem sempre é preciso haver transgressão: basta apenas
haver alguém com uma atitude de não reconhecer. Ainda que não
precise reconhecer, a atitude submissa e humilde deve existir. Os
inocentes nunca deixarão de ser acusados, pois não têm nada para
reconhecer diante de quem os acusa. Não vão mentir para agradar ou
desagradar e, assim, não conseguem calar o acusador no momento em
que são acusados. Logo, serão acusados falsamente e, como cordeiros,
permanecerão calados para, mais tarde, Deus dar-lhes razão. E se
continuarmos a ser acusados havendo cometido pecados ou crimes, será
tão só porque não reconhecemos e optamos por nos defendermos de
alguma acusação. Havendo quem reconheça, cessará a acusação. "Pois,
que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso
esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e
sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus",
1 Ped.2:20. Até diante dos tribunais comuns a acusação
cala-se e deixa de querer fazer prova quando reconhecemos.
Sempre que Deus não me
dá algo que desejo bastante é porque eu sou mais importante para Ele
que qualquer coisa boa que possa desejar para mim. As coisas
funcionam assim: se tiver de escolher entre Jesus e Sua obra, Jesus
virá em primeiro lugar. Do lado de Deus funciona tudo do mesmo
jeito, pois, se Deus tiver de optar entre mim e minha obra, é por
mim que opta.
Muitos podem perguntar:
"Por que razões Deus diz-nos para o buscarmos e o acharmos se somos
escolhidos para ouvirmos o evangelho?" Ora, é fácil responder. Em
primeiro lugar quem é escolhido para ouvir o evangelho é escolhido
para mais tarde propagar a mensagem aos que não foram tão escolhidos
quanto ele. Se não ouvir e se não obedecer ao evangelho, a eleição
não lhe valeu de nada e servirá para aumentar na sua condenação. Por
outro lado, sabemos como as coisas funcionam com quem não quer um
relacionamento real com Deus. Quem não quer, precisa vir a querer.
Ora, que melhor maneira de fazer alguém querer que deixar a
iniciativa entregue em sua mão? Tendo a iniciativa, logo anula a
falta de vontade e pode inverter todo o processo de rebelião por um
de desejo de conhecer Cristo como Ele é.
A nossa fé real é do
tamanho da que temos quando estamos sob pressão, tentação e
provações. Ninguém pode pensar que tem mais fé do que aquela que
experimenta em momentos de grande tensão e provação. A nossa confiança deve
ter como base a pessoa de Deus, o Seu carácter e não as circunstâncias.
Confiar e estar alegre em tempos de vacas gordas não é mau, mas,
será que Deus muda quando as vacas emagrecem? Ele muda como as
vacas? E se Deus não muda, por que razão será Ele de menos confiança
em momentos difíceis? Por que razão a nossa alegria diminui e a
nossa confiança n'Ele fica abalada se fé é confiar n'Ele e não nas
circunstâncias? Confiança que teme ser posta à prova não pode ser
considerada fé. Medo de ser provado é não confiar nas bases que nos
seguram. Se somos abalados por qualquer ventinho de provação, temos
a confiança nas coisas erradas. A nossa confiança depende da
fidelidade, do poder, da sabedoria de quem nos coloca à prova para o
conhecermos melhor.
Morrer com Cristo é eu
sair de cena entrando em cena - é Cristo viver e todos verem o poder
de Deus, verem Jesus sempre que olharem para o meu lado. Sair de
cena significa Jesus ser visto assim que olharem para onde estou. Se
enxergam Jesus, não me enxergam a mim. Mas, para lá chegarmos não
será decidindo ou sentindo que Jesus será visto e não nós. Isso
precisa acontecer mesmo. Descubra como e busque achá-Lo de todo
coração. É um caminho para lá chegar. Já ouviu falar do caminho do
Calvário onde se pega em nossa cruz de forma decidida para irmos
morrer de facto? Ninguém pega na cruz para carregá-la o tempo todo.
Carrega-a para ir morrer definitivamente.
Quando Deus disse à casa
de Israel, "Buscai-Me e vivei", Amos 5:4,
Israel estava sob maldições de todo tipo. Muitas coisas más estavam
pairando sobre a cabeça do povo minando toda a sua existência e toda
a sua vida prática. No entanto, o povo buscando Deus para viver não
significaria que as guerras, a fome e tudo mais que se aproximava
fosse evitado. Significaria que o povo deveria achar Deus no meio
dessas coisas para, pelo menos, salvarem as suas almas já que a
parte material estaria fora de questão. Não podemos buscar
Deus com aquelas segundas intenções de levantar o cerco do mal que
nos rodeia. Devemos buscar Deus
somente
por Deus. Foi o que Daniel fez, pois mesmo em cativeiro conviveu com
Deus. É precisamente nestas alturas que muitos ficam rancorosos
contra Deus e dizem coisas que não deveriam dizer. Mas, Daniel
tornou-se amigo intimo de quem o feria. De Daniel não se podia dizer
assim: "E os padejei com a pá nas portas da terra; desfilhei,
destruí o meu povo; não voltaram dos seus caminhos". "Todavia o povo
não se voltou para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos
exércitos", Jer.15:7; Is.9:13. Por essa
razão Deus diz: "Portanto, o que for prudente guardará silêncio
naquele tempo, porque o tempo será mau",
Amos
5:13. Mesmo que Deus use coisas desagradáveis para
corrigir-nos ou como meras provações, nem assim deveremos permitir
arrogância e rancor contra Deus em nossos corações. Foi o que
aconteceu com Jó. "Eis que ele me matará; não tenho esperança;
contudo defenderei os meus caminhos diante dele",
Jó 13:15. Deus também nos pode fazer passar por
males para corrigir os outros.
"Pois, assim diz o
Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei. Mas, não (...) passeis
por Berseba...", Amos 5:4,5. Muitos evitam ir
directamente a Deus para se converterem. Eles dão uma volta para
chegarem lá e contornam o caminho. Será que você consulta aquilo que
perde, consulta o seu caminho antigo antes de ir ter com Deus, antes
de confiar em Jesus e somente n'Ele? Passa por Berseba e perde tempo
contornando questões tentando evitar o inevitável? Já que irá viver
com Ele, por que não começar já e da maneira mais certa, mais reta e
mais imediata?
"Buscai o bem e não o
mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos exércitos, estará
convosco, como dizeis", Amo 5:14.
Muitos dizem que Deus está com eles e não é verdade, aliás, nem pode
ser verdade. E não podemos obrigar Deus a estar connosco caso Ele
não esteja. Podemos, isso sim, buscar as coisas de Deus que deixamos de
fazer, podemos cumprir o que Deus quer e podemos dedicar-nos à
obediência, ao amor, havendo-nos limpado de nosso passado. Então,
Deus estará connosco de livre e espontânea vontade e sem ser
obrigado.
Muitos acham que não ser
fingido é ser duro e implacável. Mas, não ser fingido é apenas ser
directo, recto e dizer ou fazer todas as coisas da maneira mais
curta e mais amorosa. A verdade nunca magoa um verdadeiro de
coração - ainda que seja a verdade sobre nós próprios.
As pessoas quando mudam
o seu coração, não mudam por haverem mudado de lugar, de emprego ou
de outra coisa qualquer. Ou mudam no lugar onde estão e sob as
circunstâncias nas quais se encontram ou, então, não mudarão. É uma
ilusão pensar-se que tudo mudará quando as coisas mudarem e forem
diferentes, pois o coração continuará sendo o mesmo. Para onde nos
mudarmos o coração que temos irá connosco.
Os hipócritas, quando
falam aos outros, elogiam e, muitos deles, até acreditam (ou fazem
que acreditam) nas
mentiras que dizem de quem falam. O pior dessa situação sobra para
quem ouve os elogios, pois essa pessoa também começa a querer
acreditar naquilo que houve e começa a colocar a máscara para
parecer que é aquilo que não é. A pessoa tenta ser aquilo que pensam
dela. É assim que um hipócrita cria outro hipócrita.
Existem tantas promessas
na Bíblia saídas da boca de Deus que nunca se cumpriram. Isso
deve-se ao facto de as pessoas a quem eram dirigidas não haverem
cumprido as condições e os requisitos de fé para obterem a vontade
de Deus para suas vidas e para as vidas dos que os rodeiam. Do mesmo
modo, existem muitas maldições que nunca se cumpriram porque as
pessoas a quem se destinavam essas maldições arrependeram-se e
creram em Deus através dessa mesma palavra de maldição. Importante é
crer que Deus cumprirá o que falou, seja maldição ou bênção. Essa fé
salva. Vejam quantas vezes Deus quer que se assegure e se tenha a
certeza de que o mal que as pessoas recebem vem da parte d'Ele sem
sombra de dúvida. Exemplos disso temos em Amós 4. E as pessoas que crêem e se
indignam contra Deus, mantendo rancor contra Deus que lhes quer bem
porque pronunciou mal contra eles para os salvar se crerem,
são pessoas que pensam demais deles próprios, achando-se mesmo
especiais ou com direito a sê-lo. Esses certamente que se sentiriam orgulhosos caso Deus pronunciasse
qualquer promessa a seu respeito e esta se viesse a cumprir antes de
serem pessoas transformadas, humildes e aceitáveis a Deus. Muitas
promessas ficam pendentes aguardando as transformações que Deus
precisa conseguir em nós antes que se possam cumprir.
Muitos crentes sãos
ficam confusos porque têm coisas no coração que gostariam de
discutir com Deus. A confusão vem das muitas coisas que existem em
suas imaginações. Na verdade, a maior causa é a desordem dos seus
pensamentos. A desordenação pode parecer confusão. Bastaria reduzir
ou distribuir melhor a quantidade de matéria do pensamento para
funcionarmos melhor. E você pergunta: que irei reduzir? Muitas
coisas podem ser reduzidas. Por exemplo, pode reduzir aquelas coisas
que são inegociáveis para Deus, isto é, aquelas que Deus nem sequer irá
discutir consigo; pode reduzir a fantasia, a religiosidade e todas
as coisas associadas à imaginação corrompida; pode reduzir as
esperanças falsas; pode reduzir os sonhos e achar realidades; na
verdade, pode limitar muito o seu campo de trabalho e tornar-se mais
eficaz, mais oportuno e mais perspicaz em todos os aspectos. E como
podemos distribuir a matéria de pensamento? Uma das maneiras é
tratar profundamente uma coisa de cada vez e ordenar ou disciplinar
nossa inteligência; depois, será necessário tratar dos assuntos até
um ponto final e onde seja Deus a colocar esse ponto final. Deixar
as coisas a meio é espantar a disciplina e chamar a desordem. Nós
funcionamos muito como um disco rígido de um computador e do qual
podemos tirar muitas coisas para que possa funcionar melhor.
Um crente limpo sente-se
mal perto do mundo tal e qual um crente sujo ou mundano sente-se mal
e incomodado perto de Deus ou dos crentes limpos.
Se as pessoas do mundo
animam-se e sentem-se fortalecidos através de uma fé falsa dizendo
que têm fé e que tudo irá correr bem, isto é, se através da mentira
conseguem animar-se e sentir coragem, imaginemos como se poderiam
animar todos aqueles que crêem naquilo que irá acontecer de verdade!
Os que se "deixaram enganar por suas próprias mentiras" (Amós
2:4) animam-se sempre e sentem-se encorajados com esperanças
falsas e terrenas acerca de Deus. E como têm razões de sobra para se
sentirem animados todos aqueles que não crêem em vão e cujas
esperanças são bem válidas! Crente limpo está seguro em Deus. Você
já parou um minuto para pensar na realidade, na verdade, na certeza
das coisas em que acredita e espera de Deus? Tire uns momentos para
ver a realidade da esperança que não é e não poder ser falsa e se
vem de Deus. Existe muito por trás destas palavras: "Esforça-te e
tem bom ânimo, porque tu farás...",
Josué 1:6. É só uma questão de tempo.
Seria bom se cada filho
de Deus chegasse a um ponto onde o diabo, para tentar, tivesse de
dar a cara e dizer quem era, pois isso significaria que ele já não
conseguia usar nada da carne e daquilo que o homem considera ser ele
ou dele para ser tentado, vendo que era inútil tentar ficar
escondido por trás da carne da pessoa que tenta. Sendo assim, só lhe
restaria o confronto directo.
Sabemos que a depressão
é uma montanha de pecados por confessar a Jesus, por muitas
explicações que a classe médica possa ter sobre o assunto. Leve
alguém a confessar cada pecado pelo nome diante da cruz clamando por
perdão e transformação e verá como a depressão deixa de existir de
forma quase instantânea! Contudo,
devemos distinguir entre depressão e frustração, pois aquelas
pessoas que honestamente não sabem onde pecam sentem frustração. Os
que não confessam sabendo o que devem colocar na luz imediatamente,
acabam em depressão se não o fizerem.
Existem duas maneiras das coisas acontecerem no devido tempo de Deus. Uma das maneiras é a
providência de Deus. A outra é a sempre presente confiança no
coração, aquele calor de se saber para além de qualquer dúvida que
Deus tudo proverá e tudo é capaz de prover. Isso não é uma coisa nossa
e não é o próprio a tentar convencer-se ou confortar-se. Contudo,
não separe a providência da fé e nem a fé da providência, pois,
quando não se confia e a providência chega até nós teremos de
confiar ainda; e quando confiamos, a providência de Deus irá prover
ainda.
"A semente mirrou
debaixo dos seus torrões",
Joel 1:17. Os pecados dos homens não
deixam as coisas de Deus eclodir e prosperar. É o que fazem os
torrões secos em cima das sementes. Sabia que as suas mágoas ou
qualquer outro
pecado impedem a obra de Deus tanto em sua vida como nas vidas de
todos à sua volta?
É pena que quando falte
alguma coisa terrena aos filhos dos homens eles fiquem sem alegria. Só mostra que
não tinham nada quando pensavam que tinham tudo. Revela, também, em
que depositavam as suas esperanças. "A vide secou-se, a figueira
murchou-se; a romeira também, a palmeira e a macieira, sim, todas as
árvores do campo secaram-se; e a alegria esmoreceu entre os
filhos dos homens",
Joel 1:12. É triste ouvir isto, mas, é
uma verdade e um facto. Poucos há que consigam dizer de coração e
principalmente no momento quando tudo falta o seguinte: "Ainda que a
figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o
produto da oliveira e os campos não produzam mantimento; ainda que o
rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado;
todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha
salvação", Hab.3:17-18. Consegue ver o contraste
entre os dois tipos de pessoas? Contudo, aquele que se alegra em
Deus não se alegra à toa como aqueles que se alegram somente quando
tudo lhes corre bem, pois, têm as costas quentes e sabem por que razão
se alegram.
Crer que sabemos tudo
quando a verdade tenta convencer-nos de alguma coisa que ainda não
praticamos (ainda que saibamos de ouvir) é um hábito
ancestral de resistir à verdade.
Não podemos crer em
mentiras. Muitos assumem que ter fé faz a diferença. Mas, que tipo
de fé é aquela que somente crê ao invés de crer no que é verdade? Fé
é crer na verdade. Não é crer. Caso as coisas não sejam para se
tornar reais em nossas vidas, de nada nos vale crer nelas ou crer
que existem. Se você acreditar que está a respirar oxigénio se só
existe gás à sua volta, poderá a sua crença evitar que morra? Vamos
parar de mentir para nós próprios e de nos enganarmos a nós mesmos.
A única razão por que podemos e devemos crer antecipadamente (e isso
quando é Deus quem pronuncia as coisas que não são como se já
fossem), é porque Deus Deus falou e Ele é a verdade. Devemos crer na
verdade. Por essa
razão podemos e devemos crer momentos antes de algo tornar-se
real. Só não podemos crer que já é real e sim crer como se fosse,
pois isso é crer na verdade. Não existe nada impossível para Deus. A
fé vale de alguma coisa crendo em uma mentira?
Muitos afirmam confiar
em Deus com motivos dúbios, pois, na prática confiam neles mesmos e
só confiam para poderem persistir nos próprios caminhos. A crença é
uma desculpa ou uma motivação para viverem mal, tal como as
aparências.
O Senhor responde pelas
palavras d'Ele e nós pelas nossas. Deus só responderá pelas nossas
palavras quando essas palavras são as d'Ele. "A vossa palavra seja
sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis
responder a cada um", Col.4:6. "Se
alguém fala, fale conforme as palavras do próprio Deus",
1Ped.4:11.
Se alguém me mente,
dificilmente crerei em tal pessoa novamente. E se eu mentir para mim
próprio e para Deus não serei uma pessoa confiante, pois sei que
finjo e minto para mim próprio e até tenho as provas dessa conduta
absurda que pretendo ignorar
sem sucesso. Uma pessoa que mente para ela
própria ou mente para Deus é como uma casa que ruiu há muito tempo e
da qual pretendemos erguer a fachada para mantermos as aparências,
isto é, para mostrarmos que não caiu. Sempre que vejo uma pessoa que
acha que não consegue fazer qualquer coisa através do poder e do
processo de Deus, sei que estou olhando para alguém que mentiu
muito para ela própria e não crê nela mesma. Mas, Jesus mandou que
crêssemos n'Ele e nunca em nós.
Eu creio que é
necessário terminarmos mais frescos, mais leves e mais espontâneos
do que quando começamos a nossa Caminhada. O caminho de Deus não cansa se voarmos como
águias. Ao contrário de muitas corridas que vemos, temos tudo para
terminarmos mais frescos do que quando começamos a corrida. Pena é
que existam aqueles que apenas aplaudem quem corre. Como eles
próprios não correm, torna-se cómodo aplaudir quem o faz
abnegadamente. Há mais desses que verdadeiros corredores. E eles
nunca experimentarão o que é correr sem nos sentirmos cansados e
sentirmo-nos menos cansados a cada passo que damos. O processo é o
inverso daquele que acontece neste mundo, pois, neste mundo cada
passo cansa um pouco mais a cada dia que passa. No mundo de Deus,
cada passo cansa um pouco menos. Estará você apto para tal vida?
Será fácil para si aceitar essa forma de viver como se nunca tivesse
vivido de outra forma?
O homem só pode imitar
aquilo que imagina. Se deixarmos de imaginar certas coisas sobre
Deus
para recebermos a realidade delas, logo haverá muito menos
hipócritas a passarem por santos.
Quem dá ganha sempre o
favor de quem recebe. Imaginemos o que acontecerá com quem dá sem
motivações egoístas!
Existem razões pelas
quais um coração acaba por estar dividido em relação a Deus. Quando
Deus abandona alguém por causa do pecado, essa pessoa fica tentando
viver do modo de Deus e de seu jeito alternativo ao mesmo tempo,
pois sabe o que deveria fazer com Deus e, contudo, não dá
certo. Logo, tenta a sua maneira. A divisão de coração não são
apenas anseios e motivos distintos tentando coexistir em um mesmo coração,
como pode ser o uso de forças/poderes diferentes para o mesmo motivo ou
objectivo; ou até seguir caminhos diferentes para os mesmos
objectivos através da mesma força. De qualquer modo, o homem será
sempre o culpado se o seu coração se encontrar dividido. "O seu
coração está dividido, por isso serão culpados",
Os.10:2.
A resistência não dura
sempre, mas, a obediência pode ser eterna.
É bom quando conseguimos
contrariar certas profecias. Por exemplo, Deus disse que "na Assíria
comerão comida imunda",
Os.9:3. Contudo, Daniel recusou comer
essa comida imunda, mesmo que tenha sido deportado para lá. Ele
contrariou aquilo que Deus disse que iria acontecer com ele,
Dan.1:8. E Deus agradou-se tanto disso que o amou muito. O
anjo disse-lhe: "...És muito amado",
Dan.9:23. Você já contrariou as
profecias que saíram contra si? Existem muitas coisas que Deus disse
que aconteceriam que você pode e deve contrariar. Por exemplo, Deus
afirmou que a pessoa limpa e vazia volta a ser sete vezes pior.
Contrarie isso, encha-se da vida eterna (vida de plenitude) e não fique pior.
Volte-se para ser
cheio de Deus como deveria ter sido antes de ter voltado para o
mundo sete vezes pior.
Muitos dão gato por
lebre a Deus, isto é, pensam que dão. Na verdade, para eu poder dar
alguma coisa a alguém essa pessoa precisa recebê-la. Deus não
recebeu a oferta de Caím. Mas, ele deu-a. Existem ofertas que são dadas, mas, que
Deus não aceita. O mesmo podemos dizer de orações e estudos bíblicos
que se multiplicam sem que sejam aceitáveis para Deus. "Mas o Senhor
não os aceita", Os.8:13. Contudo, muitas pessoas não
notam que Deus não aceita. Nesse aspecto são piores que Caím, pois,
ele conseguiu aperceber-se de haver sido rejeitado por Deus - algo
que muitos não se apercebem. Existem pessoas que dão e dão e dizem que dão
a Deus sem nunca se aperceberem que Deus não aceita nada de suas
mãos. Depois, cobram algo de volta. Se dei, como posso cobrar de
volta? O povo engana-se a ele próprio e falam por Deus falsamente,
dizendo que é Deus quem aceita. "Quanto aos sacrifícios das minhas
ofertas, eles sacrificam carne e a comem (...) pois o seu pão será
somente para o seu apetite; não entrará na casa do Senhor",
Os.8:13. Você sacrifica carne ou espírito? Não será carne
usando as palavras do espírito que você está comendo e sacrificando
tão determinadamente?
"...Da sua prata e do
seu ouro fizeram ídolos para si",
Os.8:4. O ídolo é uma fantasia. Mas,
muitos daqueles que não se consideram idólatras por se haverem
constituído evangélicos continuam, contudo, a financiar as suas
fantasias usando o seu dinheiro. Pagam pela vaidade, gastam o que
Deus lhes dá para se perverterem com fantasias e enganos.
"Filhinhos, livrai-vos dos ídolos", isto é, das fantasias,
1 João 5:21. "Mas, Eu enviarei sobre as suas cidades um fogo
que consumirá os seus castelos",
Os.8:14. Este fogo do Espírito
consumirá todos os castelos de areia que as pessoas constroem tão
facilmente. A realidade de Deus tira o fôlego a qualquer irrealidade
ou fantasia - até mesmo uma fantasia de Deus ou a Sua irrealidade. Haja fogo. "Vim lançar fogo à terra; (...) e como me
angustio até que venha a cumprir-se!",
Luc.12:49,50.
Um corpo sem espírito,
sem vida é um cadáver. Um crente ou uma igreja sem a plenitude do
Espírito, sem a verdadeira vida também é um cadáver.
A força das minhas
mensagens é e deve ser a manifestação de Deus através delas e não a
quantidade de sabedoria humana que revelam.
Por que razão é
importantíssimo reconhecermos o pecado e que Deus não está connosco
quando não está? Por várias razões, mas, duas delas são: uma é
porque isso ajuda-nos e incentiva-nos a tomar medidas para que Deus
possa estar realmente connosco; a outra é para que o nome de Deus
não seja blasfemado e para que os povos não fiquem com a impressão
que Deus não existe sempre que vejam crentes desamparados. Mas, a
mais importante é que a confissão de cada pecado leva-nos à
conversão e transformação desse pecado em santidade.
Deus não se torna infiel
só porque as coisas demoram a chegar ou demoram a acontecer. Ele é
tão fiel quanto quando as coisas acontecem logo. Ele nunca mudou até
hoje e, certamente, nunca mudará no futuro!
Para haver um corrupto,
é preciso haver quem corrompa. Para alguém corromper ou ser
corrompido, é necessário haver quem seja corrompido e quem corrompa.
Se faltar um destes componentes deixa de existir a corrupção como
acto. Não pode existir fogo sem haver lenha para ser
queimada.
Quem corrompe e quem é
corrompido têm um e o mesmo coração. São pessoas reconciliadas em
sua maneira de ser. Os que são iguais andam juntos. "Acaso andarão
dois juntos, se não estiverem de acordo?",
Amos 3:3. Para haver um pastor
corrupto, um pedinte no púlpito, alguém a extorquir o povo, é
necessário que existam subalternos iguais, os quais dão a quem é
capaz de os empobrecer e roubar. Porque o povo anda em pecado e
cobiça, os pregadores falsos obtêm êxito. Eles aproveitam-se do
pecado do povo para poderem progredir com seus roubos. Pedem ao povo
porque sabem que não podem confiar em Deus, pois Deus apenas
transformaria um coração corrupto e não o alimentaria. Os únicos
capazes de alimentar um coração corrupto são outros corruptos.
"Alimentam-se do pecado do meu povo e de coração desejam a
iniquidade dele. Por isso, como é o povo, assim o sacerdote...",
Os.4:9.
Muitos queixam-se que
seus filhos são rebeldes, desobedientes e não ouvem a razão. Pior é
quando não sabem quais os motivos de tais comportamentos. Existem
vários motivos, mas, o principal é este que Deus afirmou e ninguém
leva em conta: "Visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também
Eu Me esquecerei de teus filhos", Os.4:6.
E, como cada maldição esconde a sua respectiva bênção, o que podemos
assumir que Deus fará quando nos lembramos d'Ele e de Suas coisas de
forma natural, permanente, minuciosa e espontânea?
Deus considera um homem
que anda com uma prostituta em pior estado moral que a própria
prostituta. "Eu não castigarei vossas filhas, quando se prostituem,
nem vossas noras, quando adulteram; porque os homens mesmos
com as prostitutas se desviam e com as meretrizes
sacrificam; pois o povo que não tem entendimento será transtornado",
Os.4:14. "O que adultera com uma mulher
é falto de entendimento; destrói-se a si mesmo, quem assim procede",
Prov.6:32.
Santificação não é
abandonar o pecado: é consagrar minuciosamente quem já abandonou o
pecado através do Salvador que salva e liberta totalmente de
qualquer pecado. Santificação é encher a casa vazia, a casa que se
esvaziou de todo pecado.
Deus só confia no
abandono de pecado em que Ele participou. Ele salva do pecado. Onde
Jesus não salvou de algum pecado e esse pecado é abandonado, a
pessoa apenas mudou de pecado e a casa continua vazia.
Muitas vezes, os crentes
mornos são rejeitados por pessoas que não os respeitam e nem os
querem ter por perto. Mas, aquilo que parece ser resistência ou
rejeição ao que afirmam ser a verdade não é mais que uma resistência
natural à irrealidade que demonstram através das suas vidas. A
maioria das pessoas do mundo verga diante de realidade que seja
visível e clara e opõe-se à irrealidade da ficção religiosa facilmente. Sempre que
alguém rejeitar o seu evangelho, tente averiguar qual a razão. Pode
dar-se o caso de ser a sua vida a principal culpada dessa rejeição.
Existem pessoas que nunca experimentaram aquilo que pregam.
Jesus disse que
colheríamos tudo aquilo que semeássemos. Contudo, muitos crentes
nunca levam isso a sério. É preciso levar toda a palavra de Deus em
conta por igual
e não somente as partes que gostamos mais. Muitos semeiam pecado e
pedem a Deus que o seu campo dê bons frutos. Pagam para corromper e
pedem a bênção de Deus no resto das suas vidas; roubam de Deus e
assumem que Deus os irá abençoar na doença, na perseguição e em
outras coisas mais; ouvem e contam piadas próprias de impuros e,
sentando na roda dos escarnecedores e infiéis, assumem ter direitos
exclusivos à bênção de Deus sobre seus filhos e resto das suas vidas
normais. Mas, Deus disse: "Visto que te esqueceste da lei do teu
Deus, também Eu me esquecerei de teus filhos",
Os.4:6. Na verdade, semeiam abrolhos e espinhos e querem
colher frutos comestíveis.
Os maus tentam
entender-se com as pessoas através daquilo que não são, isto é,
fingindo simpatia e manipulando o seu comportamento e sentimentos
para parecer aquilo que não são. Os filhos do reino tentam
entender-se precisamente por aquilo que são por dentro e por fora.
Uma vez mais: os caminhos de Deus não são os que conhecemos neste
mundo.
Gritaria é linguagem de
quem é hipócrita. Como não consegue crer ser possível sermos
bondosos sem fingimento, nunca conseguirá crer que podemos falar
francamente toda a verdade sem nos exaltarmos. Falar a verdade ajuda
os outros e não é crime. Ninguém precisa de gritar ou estar exaltado
para falar a verdade.
Se Paulo tinha a fé que
tinha era porque ele tinha o Deus que tinha. Se Deus não fosse de
confiança, por que razão Paulo confiaria n'Ele da maneira que
confiou? Se Jesus ainda é o mesmo, posso ser como Paulo a nível da
fé. Se confiamos na mesma pessoa, porque razão a nossa fé teria de
ser diferente se Deus é o mesmo?
"Conciliai-vos com
Deus...". Esta é uma palavra profunda! Deus tem uma vontade, Deus
tem um objectivo, Deus tem uma maneira própria de fazer as coisas,
tem um tempo (que pode ser já ou ainda pode estar para chegar). A
conciliação significa estarmos dentro do mesmo espírito que Ele,
tendo os mesmos objectivos que Ele de coração e usar os mesmos meios
que Ele dispõe e aprova para alcançá-los imediatamente. Isso é
sermos conciliados com Ele. Você está conciliado com Deus a esse
ponto? Consegue estar na expectativa e atento sempre que não recebe
logo? Consegue não ficar desorientado e continuar simples sempre que
recebe mais ou acima daquilo que imaginava?
Deus permite e faz
coisas impensáveis quando os crentes se desviam d'Ele. E se esses
crentes ainda continuarem a usar Seu nome em vão, tanto mais
impensáveis serão as coisas. "...Lançou a verdade por terra (...) e
prosperou", Dan.8:12. Se o inimigo lança a verdade
por terra e ainda assim prospera, isso é uma repreensão aberta aos
que se dizem crentes. Quantas pessoas existem à sua volta que lançam
a verdade por terra e, ainda assim, prosperam? "...Por causa
da transgressão, lançou a verdade por terra (...) e
prosperou". É impensável alguém lançar a verdade por terra sob os
olhos de Deus e, ainda assim, prosperar. Isso só acontece se Deus
estiver muito indignado contra os crentes e contra quem adopta o Seu
nome, usando-o em vão de forma obstinada e persistente. "Não me
entregues à vontade dos meus adversários..."
Sal.27:12. E se isso é verdade, imaginemos como Deus fará
prosperar de outro modo quando alguém vive conciliado com Ele em um
mesmo espírito de união!
Daniel teve as suas
visões em Babilónia, no lugar da idolatria - não as teve em
Jerusalém. Isto significa que o que conta não é o lugar onde estamos
e sim a Pessoa com quem lidamos e convivemos e se essa convivência é
real e não é somente uma fantasia religiosa.
Eis um pensamento
terrível: daremos contas de tudo, de cada coisa que passou por nossa
vida. Fomos fiéis? Temos sido fiéis? Garantimos a graça, a fé para
sermos fiéis no futuro?
Os cegos também usam
óculos de sol, tal qual aqueles que enxergam na intensidade da luz.
E quando muitos usam óculos de sol não parecem ser cegos. Só podemos
distinguir entre eles pela maneira como se comportam e agem. Existem
muitos cegos que passam por pessoas da luz dentro das igrejas de
hoje.
Para podermos vigiar
bem, precisamos saber viver o dia de hoje somente hoje e o dia de
amanhã somente amanhã. É uma das condições necessárias para podermos
cumprir o que Jesus disse sobre orar e vigiar a toda hora.
Os maiores predadores
desta vida são aqueles fracos que se fazem passar por fortes, por
poderosos e por santos. Aprenderam as doutrinas da vida para que a
sua morte possa parecer vida e para que não sintam o poder da morte.
Enganam-se até a eles mesmos.
Todas as pessoas que
vivem em pecado e em obstinação são pessoas entregues aos elementos
da própria natureza e aos caprichos do diabo. O que o diabo quiser
fazer com elas, ele faz. São pessoas de quem Deus diz serem "a terra
das aldeias não muradas (...) os que estão em repouso, que habitam
seguros, habitando todos eles sem muro e sem ferrolho e nem portas",
Ez.38:11. Isto é, um lugar onde o
inimigo entra facilmente mesmo quando não é convidado. Estão ao
alcance de quem os quiser despojar ou fazer tropeçar para matá-los.
A pior coisa que nos pode acontecer é Deus deixar-nos entregues aos
caprichos desta vida porque assim o desejamos. "...Deus entregou-os
a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm..",
Rom.1:28.
Os maiores responsáveis
pelas hesitações naqueles que entendem o evangelho, são os
evangélicos. Foram eles que se empolgaram com doutrinas e mais
doutrinas que nem sempre funcionam para libertar as pessoas delas
mesmas e, muitas vezes, servem para fazer o oposto, isto é,
manietá-las e prendê-las ainda mais a ideias e complexos a nível de
atitudes e hábitos religiosos. Os religiosos andam presos em coletes
de forças e só se mexem conforme esse colete permite. Os religiosos,
quando ouvem uma verdade, consultam as suas doutrinas para verem se
estas aprovam o que ouvem. Se ouvem algo da Bíblia, consultam as
suas doutrinas também. Só depois decidem se aceitam ou se rejeitam.
Para eles, não conta se ouvem a verdade ou a mentira e sim se suas
crenças e doutrinas aprovam aquilo que ouvem. Assim, é muito fácil engolirem mentiras
e vomitarem verdades que os fazem sentir mal.
"Percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o
terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que
vós", Mat.23:15.
Será possível ver quanto
tempo alguém esteve a contemplar o Senhor e se, ao ler sua Bíblia,
realmente contemplou o Senhor ou esteve apenas e tão só buscando
base para as suas próprias ideias e doutrinas de conveniência. Para
vermos se essa pessoa realmente contemplou o Senhor, basta vermos o
quanto da Sua glória resplandece e manifesta no seu dia a dia
involuntariamente depois (ou durante) seu tempo privado com Deus.
Quando viemos a Cristo
(e assim que começamos a mudar a nossa vida de verdade), o maior
impedimento é aquela vida que idealizamos como santa. A vida que
idealizamos quase nunca é a vida que Cristo quer dar. Uma vida
idealizada será a maior pedra de tropeço para uma vida simples de
santidade. O pecado é facilmente visto como mal, mas, uma vida ideal
raramente é vista como pecado, mesmo sendo uma forma de vida
alternativa. Não podemos fazer semelhanças do que existe no céu ou
na terra. Seria o mesmo que aceitar que a religiosidade seja vida
apenas porque fala em Deus e tem aparências de verdade. Uma vida
substituta equivale à outra mulher num homem casado. Se a outra
mulher for educada e bonita isso não justifica que deixemos a nossa. Uma
vida alternativa é como uma amante em nossa vida. Será má por muitos
motivos. Um deles é que as vidas idealizadas são quase sempre
premeditadas e pouco espontâneas. Outro motivo é que é uma vida de
aparência, pois, não é a nossa. E a vida que deve mudar é a nossa e
não a outra. Aqueles que têm uma vida de aparência sempre que tentam
transformar a sua vida, mudam a substituta e não a deles pois a
deles encontra-se na obscuridade a morrer à fome. É isso que os
homens adúlteros fazem: cuidam das amantes e desprezam as esposas.
Existem factos,
ocorrências e decretos na natureza tanto física quanto espiritual
que não podemos ignorar. Existe uma grande semelhança entre as
doenças e os pecados. Existem doenças virais, rápidas e até quase
instantâneas. Mas, existem doenças de longo prazo que acontecem
devido a uma continuada má alimentação ou falta de cuidado com o
corpo. Desse mesmo modo, existem pecados instantâneos que chegam
através de tentações variadas e por estarmos expostos à tentação em
ambientes pouco propícios para a paz de Jesus em nossos corações. E,
também, existem pecados de longo prazo, como quando as pessoas não
se alimentam convenientemente da Palavra ou não ganham experiência
pensada e continuada pelo exercício prático da verdade e da fé não
fingida. Aprendemos praticando. Sabemos que as doenças são
contagiosas e pegam aos que se encontram expostos a elas. Mas, a
saúde não é contagiosa. Uma pessoa enferma pode passar um vírus para
outra, mas, uma pessoa com saúde não transmite saúde para quem está
doente. A saúde é uma consequência da vida que levamos. A santidade
também é fruto de nossa vida e de nossa comunhão com Deus. Ela não
se pega dos outros. A santidade é uma obra, é trabalho árduo e
contínuo, tal qual a saúde.
Não conseguir estar a
sós é um sinal de imaturidade. Mas, só através desse tipo de
maturidade acharemos e veremos Deus como Ele é. "Mas tu, quando
orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará",
Mat.6:6.
A voz de Deus tem pouco
que ver com aquilo que sentimos. Aquilo que nós sentimos é a nossa
própria voz. Temos de ouvir o que Deus sente sobre certos e
determinados assuntos caso queiramos ser-Lhe fiéis e obedientes. Sem
isso, a obediência será praticamente impossível. Quando ouvimos aquilo que sentimos,
estamos sendo obedientes a nós mesmos e não a Deus. As pessoas é que agem como sendo pequenos deuses e
passam a depender daquilo que sentem sobre os seus assuntos para
serem obedientes a eles próprios. Depois afirmam que é o que Deus
quer porque eles sentem. Confiam que aquilo que seu coração dita vem
de Deus. Se isso fosse verdade, quem seria o seu Deus? Você ou o
Senhor? Só o Senhor é Deus. "O que confia no seu próprio coração é
um insensato",
Prov.28:26. Isso não significa que você
não possa sentir do mesmo modo que Deus sente sobre certos assuntos.
Mas, mesmo sentindo o mesmo por certas coisas, o que você sente é o
seu sentir e nunca o de Deus. Quando sentimos Deus de forma válida,
é um sentir de sensibilidade e de tacto espiritual e não de
emotividade ou de emoção. Infelizmente usamos a mesma palavra
(sentir) para duas coisas diferentes: sentir de tacto e sentir de
emoção. Há que distinguir entre as duas coisas.
Se é verdade que quem
ganha a vida perde a vida, também é verdade que posso estar a fazer
grandes progressos na vida com Deus estando a perder, como posso
estar a regredir ganhando. Muitos acham que não fazem progressos
quando estão a perder. Você já se sentiu abandonado enquanto perdia
a sua vida? Por que será que as pessoas nunca levam as palavras de
Deus a sério? Ele não afirmou que perderíamos as coisas desta vida e
que sairíamos a ganhar? Por que razão, então, sente-se obstinado e
injustiçado quando a providência de Deus inutiliza a sua vida
própria?
Nós não arranjamos a
nossa vida para lermos a Bíblia, mas, lemos a Bíblia para
arranjarmos a nossa vida. O alvo é arranjarmos a nossa vida. Muitos
lêem tanto que se esquecem desse pequeno detalhe. Cansam-me lendo e
acabam por ficar tal qual eram antes ou piores. Leitura da Bíblia
que não leve a uma transformação interior ativa é uma perda de tempo.
Arrogância é fraqueza
camuflada e, quem se gaba, esconde ou gaba-se para evitar ser
confrontado pela sua vulnerabilidade. A humildade consiste em sermos
aquilo que somos e a arrogância é tentar esconder o que somos.
A aversão ou falta de
disposição é algo mais impeditivo que a incapacidade. Uma pessoa
incapaz pede ajuda para poder cumprir seu dever, mas, uma pessoa com
ressentimento ou aversão a algo não faz o que deve nem mesmo com
ajuda. Tenha cuidado quando estiver com rancor ou ressentimento,
pois, você tornar-se-á pior que um incapaz. Não seja contradizente.
"Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente",
Rom.10:21.
Quando o pecador insiste
e repete as coisas, demonstra o quão impaciente ele é. Quando Deus as
repete, mostra a Sua paciência. Quanto mais vezes as repete, maior é
a demonstração da Sua paciência e quanto mais vezes o pecador se
repete, mais demonstra a sua impaciência. Por essa razão é que
devemos ter em conta que os caminhos de Deus não são como os nossos.
A impaciência do homem nos caminhos de Deus é o fumo da sua
resistência interna. E a paciência de Deus nos caminhos do homem é a
Sua persistência. E todo o fumo pode significar que o fogo se está
extinguindo ou, então, que se está acendendo. Existem ventos que fazem com que o fogo se propague e existem
ventos que extinguem o fogo, dependendo da direcção para onde sopra.
Se o vento soprar para o lado onde o fogo já queimou, a impaciência
morrerá; se soprar para o lado onde ainda não queimou, o fogo da
impaciência alastrará e também alcançará outros.
"Porque não é aprovado
aquele que se recomenda a si mesmo, mas, sim aquele a quem o Senhor
recomenda",
2Cor.10:18. Se isto é verdade, logo
quem se critica a ele próprio também não obterá mérito, pois, fá-lo
pelos mesmos motivos que se elogiaria. Quem se recomenda e quem se
critica é a mesma pessoa e tem os mesmos objectivos ocultos quando
faz uma e outra coisa. Não nos podemos esquecer que qualquer coração
normal tem seus dois lados.
É preciso permanecer no
que aprendemos. O que significa isto? Muitos têm os motivos errados
ao aproximarem-se de Deus. Mas, os que têm os motivos certos, isto
é, os que querem o emprego para aprenderem a ser guiados por Deus
através do trabalho; os que casam para glorificar Deus; esses, assim
que se tornam constantes e conseguem ser guiados continuamente, acham que
atingiram o cume do seu propósito. Depois, desleixam-se por acharem
que atingiram o expoente máximo de tudo. Na verdade, estão no início
de tudo, no ponto de partida quando assumem estarem no fim. Por que razão
iria aprender a ser guiado por Deus? Para ficar parado depois de
haver aprendido a mover-se n'Ele? Qual o estudante universitário que
vai descansar depois de terminar o seu curso e a sua aprendizagem? A
verdadeira vida começa quando já conseguimos ser guiados por Jesus
de forma contínua e através de uma intimidade que o mundo nem sequer
consegue imaginar ser possível.
O mau tenta destruir o
bom e vinga-se porque o bom não é mau e não se assemelha a ele e nem
lhe é agradável. Deus destrói porque é bom e não viverá com o mau.
"O meu Espírito não permanecerá para sempre no homem (...) O fim de
toda carne é chegado perante Mim; (...) eis que os destruirei
juntamente com a terra",
Gen.6:3;13. esta inimizade entre o
Espírito e a carne é eterna.
O que somos é que nos
faz julgar os actos dos demais - até de Deus! "Dizeis, porém: O
caminho do Senhor não é justo. Ouvi, pois, ó casa de Israel: Acaso
não é justo o meu caminho? não são os vossos caminhos que são
injustos?", Ez.18:25. Quando quisermos
parar de Julgar, basta mudar o nosso ser que já não veremos nos
outros aquilo que somos. Porque o caminho do injusto é o que ele
acha bom, logo, os de Deus lhe parecerão injustos e desajustados.
Nós vemos as coisas através do coração que temos. Haja pessoas que
tenham corações iguais aos de Deus!
Quando alguém vive
correctamente com Deus e tem a capacidade de manter-se santo n'Ele
através da graça e da obediência e, ainda assim, a pessoa visita a
transgressão e peca, será tido como um traidor a Deus. Não creio que
o seu pecado seja menor que o de Judas ou de Pedro quando cantou o
galo. "Mas, desviando-se o justo da sua justiça e cometendo a
iniquidade (...) porventura viverá? (...) Pois pela traição
que praticou e pelo pecado que cometeu ele morrerá",
Ez.18:24. E quem comete traição é traidor.
"Mas, estando plantada,
prosperará?",
Ez.17:10. É uma boa pergunta para todos
nós! Muitos que estão plantados não prosperam espiritualmente. Você
é um deles?
As pessoas beberão da
nossa taça quando ela transborda e não enquanto está sendo cheia.
Pregue para si mesmo primeiro e sempre que Deus revele alguma
verdade à sua alma.
Entender a palavra de
Deus é mais que ter a percepção do que ela diz e afirma. Perceber o
que ela diz está ao alcance de qualquer um. Mas, a Bíblia, quando
fala em entendimento, quer dizer obediência, isto
é, entendimento é e deve ser prático. É um entendimento prático de como funcionam
as coisas em nosso ser, vida e dia-a-dia. Todo o conhecimento memorizado da
Bíblia não serve para nada a não ser para tornar-se uma confirmação
do juízo de Deus. Na verdade, o conhecimento que não é uma
constatação de factos é um estorvo para uma vida real, genuína e
simples. Entender tem mais a ver com aplicação prática, com a
vivência, com a experiência, com o cumprimento das promessas de
forma prática do que com compreensão. Vivendo é que se entende - não
é memorizando e estudando. "Se alguém fizer (...) conhecerá...",
João 7:17.
Eu costumo afirmar que
aquilo que cansa não é o labor nem o trabalho, mas, é o trabalhador.
Quem somos é o que nos cansa ou nos faz sentir alivio.
Paulo disse que se
esquecia de tudo quanto havia passado e lançava-se para a frente.
Ele referia-se maioritariamente às grandes obras que Deus havia
feito em seu ministério. Ele sabia que o passado não contava para
nada se não se mantivesse fiel no dia de hoje. Contudo, Deus faz-nos
recordar, algumas vezes, os nossos erros do passado com o intuito de
não nos entregarmos a um tipo de segurança superficial. Nossa
segurança precisa tornar-se real e fácil.
Lágrimas por santidade
demonstram que realmente desejamos ser santos. Mas, também podem
demonstrar o quando desejaríamos sê-lo através de nossa própria
força e recursos. Muitos choram porque não vêem saída para o seu
coração, isto é, quando olham para os seus próprios recursos e
forças. Outros choram porque desejam que o poder da graça se
manifeste em suas vidas negando o poder da carne para conseguir
alcançar as obras de Deus dentro deles. Se não for feito por/em Deus
é tudo em vão.
As pessoas que são
rejeitadas por alguma razão ou pecado, tentam ser aceites mais que
qualquer outra pessoa. Em vez de rejeitarem e deixarem as coisas
pelas quais são rejeitadas, tentam ser aceites sem se corrigirem.
São uma tentação para quem é ou deseja ser misericordioso. Pulam o
muro para entrar no aprisco das ovelhas.
É uma pena que haja
alguém que, tendo ouvidos para ouvir, nem mesmo assim ouve. A graça
faz o trabalho dela e não obtém qualquer êxito. "...Tu habitas no
meio de casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê; e tem ouvidos
para ouvir e não ouve; porque é casa rebelde",
Ez.12:2. Deixando e abandonando a
rebeldia qualquer pessoa pode tornar-se em alguém que tem ouvidos e
pode ouvir.
Para ouvir bem a voz de
Deus, antes de tudo, é preciso que Deus realmente fale. Em segundo
lugar, será necessário que os corações e os desejos dos corações não
superem e não condicionem a voz de Deus tornando a pessoa em alguém
com ouvidos para ouvir, mas, que nem assim ouve. Não podemos ter
corações que falem por Deus e desejam que Deus
seja o discípulo. O pastor não é a ovelha e a
ovelha não é pastor. Nem mesmo quando os nossos desejos são iguais
aos de Deus Ele, pode deixar de ser o pastor.
Quando uma pessoa recusa
apoderar-se de Deus (ou se apoderado por Deus) e busca as amizades e o apoio de quem anda com
Ele, certamente tem algum pecado secreto ou predilecto que recusa
deixar para sempre. Pode até mesmo admiti-lo, mas, não demonstra
intenção de abandoná-lo. Por essa razão não sai da porta que dá
acesso à vida e também não entra nela.
"...Para que em Mim
tenhais paz...",
João 16:33. É fácil ter paz. Mas
EM
Jesus só terá paz quem está bem com Ele, limpo de qualquer tipo de
pecado e satisfeito com uma vida pura longe dos vícios e hábitos
duma vida antiga. A insatisfação nessa vida eterna é fatal. Os sujos terão paz
fora de Jesus. Mas, em Jesus será difícil terem paz porque Jesus não
muda e nem se adapta. É bom que estejamos em paz, mas, em Jesus e de
forma real.
Existem várias
diferenças entre crédulos e incrédulos, fiéis e infiéis. Uma delas é
o que crêem a respeito da condução das suas vidas. Somente os fiéis
conseguem crer do fundo do seu coração que Deus organiza toda a sua
vida por eles e para Ele. Os que não são fiéis assumem que a sua
vida é ou será conduzida por Deus, mas, no fundo não crêem que isso
seja verdade. A sua crença é uma 'esperança' ou um desejo de
conforto e nunca uma certeza
absoluta. Acabam sempre por fazer as coisas da maneira deles. Já os
fiéis, ainda que nem sempre assumam que Deus fará tudo por eles, no
fundo do seu coração sabem que fará. Bom é quando os fiéis também
assumem aquilo que Deus fará - se eles souberem o que é que Ele irá
fazer. Contudo, mesmo não sabendo para onde vão porque são levados
pelo vento que sopra, sabem que serão fielmente guiados.
"...Para apresentar-nos
sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas, santos e
irrepreensíveis", Ef.5:26-27. Quando um saco tem dobras,
quando o pano tem vincos, a melhor maneira de tirá-los é aquecer ou encher
o saco. Quando o nosso espírito está com rugas, só se endireita e se
torna perfeito sendo cheio de Deus e colocado em fogo vindo do céu.
As leis só existem
porque existem transgressores. Se não existissem pecadores, se os
corações fossem normalmente puros e sãos, se as pessoas não
conhecessem outra forma de vida senão a que é justa e pura, não
existiriam leis. "...Reconhecemos que a lei não é feita para o
justo, mas, para os transgressores e insubordinados...",
1Tim.1:9-10. Essa é uma das razões por
que os justos não vivem debaixo da lei - é porque eles são a própria
lei.
"...Te punirei, enquanto
as tuas abominações estiverem no meio de ti..."
Ez.7:9. Se tirarmos as abominações do meio de nós, a punição
cessará para sempre desde que as abominações não voltem mais. Mas,
se as nossas abominações, pecados e pensamentos ainda persistirem no
meio de nós, é óbvio que seremos punidos até nos corrigirmos
completamente. A outra opção seria Deus não nos tratar como filhos.
"Porque o Senhor corrige aquele que ama e açoita a qualquer que
recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como
filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se
estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois
então bastardos e não filhos"
Heb.12:6-8. Nós tiramos uma certeza daqui: caso os pecados
não sejam integralmente removidos de nós e limpos, certamente
seremos punidos até nos corrigirmos. Que ninguém se queixe quando
não deseja abandonar, confessar ou eliminar a fonte de qualquer tipo
de pecado. "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada
um dos seus pecados",
Lam.3:39.
É comum dizermos que
Deus fez algo quando algo de bom nos aconteceu. Infelizmente, as
pessoas, para se protegerem contra a realidade, nem sempre atribuem
o mal - aquilo que consideramos mal - a Deus, pois poderiam
corrigir-se e converter-se dos seus caminhos caso o fizessem. "Os
outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se
arrependeram das obras das suas mãos...",
Apoc.9:20. Vemos como Deus diz que um
dia no meio das coisas más reconheceriam Deus: "Então sabereis que
eu sou o Senhor, quando os vossos mortos estiverem estendidos no
meio dos seus ídolos",
Ez.6:13. "Conforme o seu caminho lhes
farei e conforme os seus merecimentos os julgarei; e saberão que eu
sou o Senhor",
Ez.7:27.
É fácil aos fibrosos
terem fibra; aos que andam perto de Deus terem fé; aos cheios do
Espírito serem simples e poderosos. Tudo é fácil para quem tem o
coração quente, para quem tem as costas quentes andando com Deus.
Esses sabem do que falam. "Eles,
vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem
letras e indoutos,
se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus",
At.4:13. Só os que não andam com Deus se admiram
com os tais e os aplaudem ou criticam com inveja.
Todos os pecados e todos
os demónios são sempre imprevisíveis. Cabe a mim ser constante. Uma
senhora de saia no vento segura a saia e não o vento. Se sou
constante e eterno, não serei surpreendido por nenhuma
imprevisibilidade. Quando vier o vento da tempestade segurarei a minha vida perto
de Deus e não a tempestade.
Deus pronunciou muitos
juízos contra Israel, Ez.5. Os que não
acreditassem nas palavras do profeta, permaneceriam na cidade e
passariam por aquilo que Deus disse que lhes aconteceria. Os que
acreditassem nas palavras dos profetas, mas, não conseguiam confiar
no Deus que os destruía, tentavam fugir da cidade e, sem se haverem
tornado fiéis a Deus, seriam perseguidos pela espada. Mas, o que
aconteceria com todos aqueles que cressem nas palavras dos profetas
e se arrependessem? Creio que Deus os tiraria da cidade como
prisioneiros para serem salvos ou os
aconselharia a saírem ao invés de levantar as pragas que havia
pronunciado contra a cidade. "Saí dela, povo meu, para que não sejas
participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas
pragas", Apoc.18:4. Para tais pessoas haveria
duas razões para serem levados da cidade sitiada: não aprender os seus
pecados e não ficarem debaixo das pragas. O mesmo devemos ter em
conta em todos os lados onde a igreja se prostituiu, seja com ídolos
ou com outros pecados como a avareza e amor pelo dinheiro. Quem não
sair aprenderá ou será participante (mesmo que involuntariamente)
dos pecados de tais instituições. Sofrerão ao permanecerem e serão
considerados iguais aos que não creram nas palavras dos profetas e
aos que não quiseram ou não desejaram ser obedientes somente a Deus
e dividiram a sua lealdade com algo mais. É importante realçar que
crer nas palavras dos profetas que pronunciavam maldições vindas de
Deus é fé que salva. O importante é crer em Deus e acreditar em Suas
palavras, sejam elas de bênção ou de maldição. Essa fé salva.
Os reis magos eram
pessoas de palavra e persistiam naquilo que achavam ser certo
fazerem. Eles comprometeram-se com o rei Herodes e com certeza que
lhe haviam dado a sua palavra para lhe virem dizer onde se
encontrava a criança que seria o Rei dos Judeus. Certamente que eles
não sabiam de nada do que se passava politicamente em Israel.
Contudo, quando tiveram revelações em sonhos para não voltarem a
Herodes, ainda que se houvessem comprometido a voltar, não voltaram. Eles foram
obedientes ao que lhes havia sido revelado, ignorando a promessa que
haviam feito a um rei terreno. A obediência deles significou o
incumprimento da palavra dada a Herodes e eles eram homens de
palavra. Mas, não se sentiram minimamente culpados por não haverem
cumprido a sua palavra. Eles nem enviaram uma explicação a Herodes.
Alguém maior que Herodes anulou a promessa que haviam feito e a sua
lealdade
não ficou dividida. Você obedeceria a quem? A
um rei ou a um sonho? Sentiria culpa? "Importa antes obedecer a Deus
que aos homens",
Act.5:29.
"E disse-me: Filho do
homem,
põe-te em pé e falarei contigo...",
Ez.2:1. Isto aconteceu várias vezes com
o profeta Ezequiel. Deus mandou Ezequiel pôr-se em pé sempre que
falava com ele. Poderíamos perguntar se seria preciso Deus repetir a
mesma coisa sempre que lhe aparecia, dizendo-lhe para colocar-se em
pé diante d'Ele. Existem coisas que devemos fazer, as quais Deus não
gosta de repetir, principalmente se é convicção sobre pecado. Mas, neste caso, era
o sentido religioso e o temor de Ezequiel que o levavam a
prostrar-se assim diante de Deus sempre que O via. E Deus só falaria
com ele em pé diante d'Ele. Deus não aprecia religiosidades muito
particularmente. Não sabemos quanto tempo Ezequiel demorou a
conseguir fazer as coisas do jeito que Deus queria sem ter de ser
religioso para o fazer.
Ezequiel e muitos outros
viram os céus abertos e viram muitas coisas que se passavam por lá.
Mas, nenhum deles se impressionou ou temeu em demasia por causa das
visões. Contudo, assim que viam a Deus, caiam com o rosto em terra
para adorarem. Eles não se vergavam perante visões, mas, apenas
diante do Rei dos reis. É bom que seja assim também connosco, pois
muitos falam logo e demais assim que têm um sonho de Deus, uma visão
e impressionam-se de tal maneira com isso que deixam de ver o Rei.
Você pertence a qual grupo? Ao grupo dos tolos ou ao dos homens de
Deus?
A prova que fomos
perdoados é que nos opomos àquilo que éramos ou fomos capazes de
fazer.
Existem várias leis na
natureza que não mudarão enquanto existir sol e lua. Uma delas é que
a espécie reproduz a própria espécie. O sonho reproduz o sonho, a
realidade a realidade, a maldade o mal e o bem produzirá aquilo que lhe é próprio. O
homem é uma consequência daquilo que tem sido; pensa no que pensa
devido ao que pensou; sonha devido a ter-se tornado sonhador; é
verdadeiro porque criou o coração que busca a realidade de tudo. Mas,
as coisas de Deus estão acima do que podemos sonhar. Por isso,
desejamos muito multiplicar realidades por realidades por havermos
começado a tornar-nos reais em relação a Deus e às Suas coisas. Deus
não tem culpa que o homem apenas sonhe com a Suas grandezas. O que
você vai ser? Vai ser sonhador ou concretizador? Josué não se
admirou ao passar pelo Jordão. Pedro não se admirou quando o
paralítico se pôs a saltar. E ele ainda repreendeu o povo que se
admirou dizendo: "Varões israelitas, por que vos admirais...?"
Act.3:12. A admiração é o principal impedimento à fé não
fingida e simples. E quem quer sinal ao ver realidades, recusa
deixar de ser sonhador e incrédulo diante de evidências. Que Deus tenha
misericórdia!
Se a fé é a certeza das
coisas que não se vêm, o sonho não é fé e nem é esperança, pois, as
esperanças que temos de Deus concretizam-se todas e os sonhos não. "...E a esperança
não desaponta", Rom.5:5. Os sonhos desapontam. Se temos
as expectativas que o
Espírito opera em nós, o momento que essas expectativas se tornarem
sonhos, deixarão de ter condições para se concretizarem. O sonho é
um engodo para a incerteza e para a insegurança.
A nossa alma tem como
sofrer de um tal modo que nem o corpo será capaz de imaginar o
sofrimento. Por essa razão é que as alegrias no Espírito são tão
maiores e mais belas também.
Jesus tornou-se igual a
nós e não apenas parecido connosco. Se Jesus se tornou igual a nós,
não precisamos ser mais que nós mesmos para termos acesso a Ele e
Ele a nós.
Quando Deus envia males
para obrigar as pessoas a converterem-se, muitos não dão crédito ao
que Deus faz. Antes, começam a culpar alguém disto e daquilo,
criticam o patrão ou o empregado, o tempo ou as circunstâncias e,
devido à incredulidade, retiram o poder de persuasão ao que Deus
tenta fazer com boas intenções. "Os outros homens, que não foram
mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas
mãos, para deixarem de adorar aos demónios, e aos ídolos de ouro, de
prata, de bronze, de pedra e de madeira, que nem podem ver, nem
ouvir, nem andar",
Apoc.9:20. E outros dizem que os servos
de Deus não são servos de Deus para terem como desacreditar as
palavras que Deus fala com intenção clara e genuína. E, no meio
desses castigos, lemos que Deus diz: "Buscai-me e vivei",
Amos 5:4. O homem em pecado é alguém
que se amargura com facilidade. E, sob essas circunstâncias de
castigo e repreensão dificilmente se vira para quem o fere para
aceitar a correcção e o amor de tal pessoa. "E os padejei com a pá
nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não
voltaram dos seus caminhos",
Jer.15:7. "Todavia o povo não se voltou
para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos",
Is.9:13.
A nova natureza fora de
uma contínua presença de Deus estaria em tormento absoluto e em
desassossego constante. Seria como pato fora de água exposto aos
perigos dum deserto. Não estaria bem, nunca se sentiria bem e
estaria sempre em busca descontrolada do seu pólo de conforto. Por
alguma razão o Espírito Santo é o Consolador. Isso é porque Ele
consola quem
O
busca ardentemente com intenção de achar a Ele. Mas,
só será consolador para quem está mal fora de Deus. É necessária
essa cumplicidade e essa intimidade entre a nova natureza e Deus.
Nada daria certo com a nova natureza fora da real presença de Deus,
tal e qual nada daria certo a uma natureza pecadora na presença de
Deus, a não ser o arrependimento e a conversão genuína. Nenhum
pecador sentir-se-á bem na presença de Deus. A nova natureza busca e
ora para achar Deus, enquanto a natureza velha busca sem intenção de
achar Jesus.
Uma coisa para quem quer
aprender a discernir: não ganhar hábitos de falar rápido, de dar
palpites por conta própria ou por conta das circunstâncias e
manter-se atento. Discernimento só decifra aquilo que existe e que
possa estar envolto em neblinas. Discernimento não inventa, não fala
rápido, não adivinha e não vê o que não existe.
Não é a minha fé que
cuida de mim - é o Senhor Jesus. Eu cuido da minha fé e Jesus de
mim. Confio n'Ele e não na minha fé, pois, nada depende de mim.
Existem peixes na água.
Mas, também existem pessoas que sabem nadar. As pessoas dentro da
água não estão dentro do seu ambiente, por muito bons nadadores que
sejam. Desse mesmo modo, existem pessoas em Deus e outros que sabem
nadar, os quais nunca se tornaram verdadeiros viventes da graça. Temos
de estar em nosso ambiente, estando em Deus. Não podemos ser corpos
estranhos dentro da água viva.
Uma vitória agora
explica que houve uma outra vitória antes desta, a qual assegura a
próxima. Antes da anterior também houve uma outra. E antes de todas
as vitórias houve a de Cristo na Cruz. A vitória de hoje é uma
sequência de vitórias em cadeia. Uma segue-se à outra. Sem uma não
haveria outra. Basta começar com a primeira. Atreva-se a vencer
olhando para a frente e esquecendo aquilo que vai ficando para trás.
Lemos: "Então darei
lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor",
Sof.3:9. Sabemos que quem ganha lábios puros invocará o nome
do Senhor porque deixou de ser pessoa que se engana a ela própria
ignorando ou desprezando Deus. Automaticamente, invocarão o Senhor
por se haverem tornados puros. Os puros invocarão o Senhor, não tem
como ser de outra maneira. Mas, o inverso nem sempre será verdade,
pois, haverá muitos impuros cantando a Deus como se fossem os donos
da verdade. "Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade",
Mat.7:23.
Sempre que alguém é
pessoa inconstante nos caminhos de Deus, isto é, sempre que vacila
entre fazer do jeito de Deus ou do jeito do mundo devido à
desconfiança em Deus; ou devido à confiança em suas próprias
capacidades; ou, então, por não estar segura que Deus irá fazer as
coisas que o seu coração carnal deseja, Deus acaba por entregá-la
aos seus próprios caminhos. Essa pessoa deixa de ser vacilante e
segue o curso do mundo de maneira firme. Normalmente, tais pessoas
dizem que abriram os olhos e que começaram a fazer a coisa certa da
maneira certa.
A acusação encobre o
pecado e pecado encoberto é pecado vivo e ativo. A exposição do pecado, mata-o para sempre. A exposição pela
luz condena o pecado e a acusação encobre o pecado para não condenar
quem o cometeu. Aquilo que alguém vê em outro é o que ele mesmo
comete e pratica. A exposição do pecado (a confissão) anula a
acusação.
A idolatria tanto é
fazer um ídolo passar por Deus como fazer Deus passar por ídolo.
Quando Deus não é realíssimo, estamos em idolatria. Neste aspecto,
os evangélicos são tão idolatras quanto todos os que servem ídolos.
Existe uma linguagem
muito hipócrita em muitas orações. Muitas pessoas perguntam a Deus:
"Senhor, de que jeito vais fazer isto ou aquilo?" Na verdade eles
querem saber se Deus vai fazer, ou se Ele consegue fazer e não como
o irá fazer.
Muitas vezes as pessoas
querem saber as coisas todas que vão acontecer no seu futuro. Mas,
conhecendo Cristo de forma a amarmos somente a Ele, conhecemos o
nosso futuro, pois Ele o é.
Aquilo que somos e
fazemos agora, certamente faremos e seremos depois. Se desconfiamos
agora, não podemos pensar que iremos confiar depois sem que o
coração haja mudado e as circunstâncias mudarem. Se o coração não
mudar agora sob as circunstâncias nas quais se encontra, será o
mesmo coração a ir conosco para onde quer que vamos. O coração vai
junto com a pessoa quando muda de emprego, de casa, de casamento ou
de outra coisa qualquer. "Seja a vossa vida isenta de ganância,
contentando-vos com o que tendes", Heb.13:5. Não podemos pensar que iremos
mudar no céu se na terra recusamos mudar. Se as circunstâncias
houverem mudado, o coração não mudará junto. O coração terá de mudar
independentemente do que aconteça às circunstâncias. É preciso mudar
agora.
Quando a Bíblia fala do
diabo como o vingador, fala de alguém que faz as coisas ruins que
faz para se vingar da sua queda como se alguém, para além dele,
fosse culpado pelo pecado que cometeu. Quando se fala de Deus como
vingador, dizemos que Deus fará justiça pois não vinga por haver
pecado e sim por haver amado incondicionalmente. A vingança de Deus
estabelece a justiça e anula todo pecado para sempre. A do diabo só
leva em conta a raiva que tem e faz aumentar o tamanho e a gravidade
de cada um de seus pecados.
"Se o homem não se
arrepender, Deus (...) já preparou armas mortíferas",
Sal.7:12,13. Estas armas mortíferas podem ser qualquer coisa.
Podem até ser coisas que o homem acha lindas e boas. O facto é que
essas armas mortíferas já existiam antes de nascermos e muito antes
de pecarmos. Diante de nós já estão colocadas a bênção e a maldição
muito antes de havermos nascido. As armas mortíferas existem para
quem vive no pecado e tal pessoa inalará a morte sem se dar conta.
Por exemplo: se eu respirar, inalo oxigénio sem estar consciente da
operação do oxigénio em mim e nem do que ele faz. Estou somente
consciente de que respiro. Quando inalamos pecado, nem nos
apercebemos da morte que opera em nós e, por essa razão, muitos
ainda são capazes de se considerarem vivos após haverem pecado. Isso
é mais uma arma mortífera para quem investe na desobediência. "Abre
uma cova, aprofundando-a e cai na cova que fez",
Sal.7:15.
Se não experimentamos as
coisas de Deus e ainda falamos delas, falamos daquilo que nos
condenará um dia. De que me vale (pessoalmente) saber e ouvir falar
das grandezas de Deus se não as busco com intenção e fé de achá-las
pessoalmente também? Que tipo de louvor será o meu se não
experimentar de forma real as coisas de Deus? Não serei falso e
hipócrita? Mas, só acha vida quem perde a vida por amor a Deus. Só
acha quem busca Vida do jeito que ela é.
Quando louvamos alguém,
existe algum motivo para o fazermos. Se não existir motivo, existe
interesse e, então, o louvor é mentiroso. O louvor a Deus de muitas
pessoas é do tipo interesseiro e não porque hajam experimentado
genuína graça e visto coisas dentro deles que magnificam Deus. O seu
louvor é interesseiro ou é genuíno? O Salmista disse que louvaria
Deus "segundo a Sua justiça", (Sal.7:17)
e não segundo o que imaginava ser de Deus. Ele dava louvor por
coisas concretas. Isto não é louvor segundo o interesse do Salmista
e nem louvor com segundas intenções. A vida de Deus é real dentro do
seu coração ou é apenas mais uma fantasia da sua cabeça?
As pessoas sentem-se
julgadas quando pecam independentemente do que a outra pessoa fizer.
Se alguém fica em silêncio, quem peca sente-se julgada; se fala,
também se sentirá julgada. Seja o que for que seja feito, sente-se
julgada e excluída. O que iremos conversar com alguém que se afasta
de Deus e não quer voltar? Qual será o assunto ou o tema para uma
conversa?
É bom desejar a obra de
Deus de todo o nosso coração. "Fiel é esta palavra: Se alguém aspira
ao episcopado, excelente obra deseja",
1Tim.3:1. Mas, se essa obra não for
desejada exclusivamente, raramente será feita. Imaginemos que alguém
deseja que essa obra seja feita através da sua vida e, ao mesmo
tempo, deseja construir outra obra aqui na terra para glória
pessoal. Será muito difícil conciliar as duas coisas. O mesmo será
tentarmos viver para Deus e para o nosso pecado ao mesmo tempo.
Existem coisas que não irão resultar juntas, seja de que jeito for.
"Muitos dizem: Quem nos
mostrará o bem?"
Sal.4:6. Espero que isto não possa ser
dito de mim. Que Deus conceda que ninguém seja capaz de fazer esta
pergunta e ficar sem resposta comigo por perto.
Temos a história do
homem rico e de Lázaro, Luc.16:19-31.
Sabemos que ninguém entra no céu por ser pobre e não será por alguém
ser rico que irá para o inferno. O rico foi para o inferno porque
não conhecia Deus e o pobre para o céu porque era íntimo do Pai.
Sendo assim, podemos tirar muitas conclusões desta história. Uma
delas é que Deus não impediu o homem mau de tornar-se rico e nem
Lázaro de continuar pobre e mendigo. As doutrinas da prosperidade
não têm fundamento Bíblico.
Pessoa gastadora tem
dois problemas e não um. Quem gasta à toa revela o quanto é
insatisfeita e também prova que nada a pode satisfazer, pois, se
estivesse satisfeita com uma certa compra logo deixaria de gastar
onde não deve. Para tornar a gastar em vão precisa estar
insatisfeita após a compra anterior. E, para além de gastar à toa, a
pessoa gastadora irá poupar quando não deveria, pois, é avarenta.
Quando temos pedidos
colocados diante de Deus que são importantes para o Reino, pode
acontecer uma de duas coisas: ou recebemos logo; ou as coisas
demoram a chegar. Se demorarem, não podemos mudar o pedido e nem a
intensidade dele. As pessoas acham que Deus não dá sempre que demora
e mudam seu curso facilmente. Por outro lado, se Jesus der logo, que
ninguém pense que as coisas ficarão melhores ou mais fáceis, pois, a
responsabilidade de sermos fieis exige mais de nós que a
responsabilidade de mantermos a expectativa acesa em relação a Deus
e em relação àquilo que pedimos. Para além do mais, a ausência de
expectativa por já havermos recebido pode dar sonolência espiritual
a quem não coloca em seu coração ser fiel continuamente após a
emoção e a alegria de haver recebido. Nós estamos aqui para sermos
fieis e não para nos alegrarmos com as coisas que recebemos, por
importantes que sejam.
Qualquer pessoa que não
esteja apta a esperar em Deus mantendo a expectativa calma de que
certamente irá receber, será sempre alguém que acabará por
tornar-se infiel ao que recebe se o receber. Seria fácil dedicar
tudo quando recebe de Deus e consagrar até o que Deus já deu?
Não existe um único pecado
ou erro que afecte apenas quem o cometeu. Os pecados são como os
terramotos, os quais destroem muitas pessoas longe do seu epicentro.
Imaginar que os seus filhos, os seus amigos e outras pessoas não
irão sofrer com os seus erros é uma utopia, é uma cegueira própria
daqueles que não querem olhar os factos de frente para poderem ser
egoístas e acharem que têm a liberdade ou algum direito de nascença
para pecar.
Até devido à ausência de bênção nas coisas que faz, as pessoas irão
sofrer de alguma maneira. Um divórcio não afecta apenas quem
se divorcia; um roubo afecta a vida das famílias de quem rouba e de
quem é roubado; vícios e droga afectam mais gente que aqueles que
consomem. O inverso desta verdade incontestável também é real: não
existe bênção, virtude ou correcção de erro que deixe qualquer
pessoa indiferente perto de nós. Não tema corrigir-se diante das
pessoas se vai manter-se corrigido no futuro.
"Dizei à filha de Sião:
Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento (...)
animal de carga",
Mat.21:5. Este versículo mexeu muito
comigo hoje. Fez-me lembrar muitas coisas antigas. Eu era teimoso
como jumento, tinha cargas e agia como animal de carga. Tinha as
minhas cargas, era pior que jumento e Jesus entra triunfalmente
através da minha vida para servir o Seu propósito.
A vida com Deus exige
que sejamos apenas nós e Deus. Se todos fossem exclusivamente de
Deus, não haveria dissensões entre os homens, pois todos teriam o
mesmo tipo de vida, de amor e de realidades contínuas. Não pode ser
você, a sua esposa e Deus, você seu filho e Deus, mas, cada um
com Deus. O salmista disse: "A quem tenho eu no céu senão a Ti? E na
terra não há quem eu deseje além de ti?"
Sal.73:25. Quando disse isto, certamente que era casado,
tinha filhos e muitas outras coisas mais.
Quem não incomoda é
negligente. Aquela viúva que perturbou o juiz a meio da noite foi
louvada por Jesus, Luc.18:1-6. E aquele
que incomodou o amigo a meio da noite por causa de uns pães para dar
a quem o visitou, fez algo nobre e louvável segundo Jesus,
Luc.11:5-8. Se Jesus os louvou é porque
fizeram algo que recebe o louvor dos céus facilmente. Eles não
esconderam os seus pedidos como fez aquele homem que escondeu o
talento que recebeu.
Ninguém precisa imaginar
Deus a falar para que Deus fale. Na verdade, enquanto as pessoas
forem capazes de fingir a voz de Deus e forem capazes de imitá-la,
falando por Ele, Deus não falará. Este é um problema que os
incrédulos precisam resolver em seus corações caso queiram ouvir a
voz de Deus mais claramente.
"Se dissermos que não
temos pecado nenhum, é porque estamos enganando a nós mesmos...",
1 João 1:8. Quando o pecador diz que não tem pecado, ele vive
da ilusão, pois gosta de viver uma vida de fantasia e de engano, de
mostrar e revelar aquilo que é mentira. Isso é o oposto de andar na
luz. Por essa razão é que nenhum santo pode dizer que não é santo.
"...Vós não O conheceis; mas Eu O conheço; e se disser que não o
conheço e que guardo a Sua palavra, serei mentiroso como vós",
João 8:55. E ser santo não é nada
de outro mundo - nunca foi.
A liberdade define-se
muito facilmente: ela começa assim que não temos mais liberdade para
pecar.
Nenhum pecado é secreto
ou insignificante, nem mesmo aqueles que só conhece quem os cometeu.
E, também, nenhum pecado afecta apenas quem o cometeu, pois, todo o
pecador está envolvido com pessoas à sua volta. A vida de
qualquer pessoa nunca é indiferente à nossa. Ou somos uma bênção ou
uma maldição para quem nos rodeia. Não existe meio termo no tocante
a essas coisas. Os pecados que cometemos em casa afectam o nosso
emprego e vice-versa. Os nossos pecados são como o epicentro dum
terramoto: afecta muita gente longe do epicentro.
Um crente não se
transforma quando lê a bíblia, mas, assim que a obedece, tal e qual
um condutor na estrada só está seguro quando obedece os sinais de
trânsito e não quando os aprende.
Preparados ou não, um
dia tudo termina para qualquer um de nós.
O pecador não sabe em
que tropeça. Na verdade, muitas vezes até defende e protege aquilo
que o faz tropeçar. Por isso, não saber em que tropeça não significa
que não conhece o mal, pois, convive com ele de forma tão natural
que já não consegue definir e detalhar a vida que leva. Devemos
viver o bem e experimentá-lo exclusivamente ao ponto de vivermos de
forma igualmente natural nele, a ponto de sabermos distingui-lo do mal
que já conhecemos devido à experiência de pecador que sempre
tivemos. Não precisamos viver o mal para experimentarmos aquilo que
sempre experimentamos. Para definir o que já vivemos não exige de
nós que experimentemos o mal novamente. "Digo-vos, porém, a vós
(...), a todos quantos não têm esta doutrina e não conhecem as
chamadas profundezas de Satanás (...)",
Apoc.2:24.
"Seguiram a vaidade e
tornaram-se vãos",
2 Reis 17:15. As pessoas tornam-se
inúteis, sem força, sem poder e sem capacidade de significar alguma
coisa para alguém
neste mundo. E tudo isso sem se darem conta que é devido a alguma
vaidade que ainda flutue em sua mente. É fácil tornarmo-nos vãos.
Tenha cuidado extremo
com futilidades e vaidades.
Deus irou-se muito
contra Israel e destruiu-os "porque haviam temido a outros deuses e
andavam segundo os costumes das nações",
2
Reis17:7,8. É pecado sério temer a demónios, deuses e ídolos,
tal como é andar e viver conforme os costumes e hábitos do mundo e
da nação onde você vive ou onde nasceu. Deus não poupou Israel e
tudo garante que não poupará a si se for pelo mesmo caminho que
eles. Fugiu da idolatria? Por que razão não foge, também dos
costumes do mundo?
Ouvir e obedecer é
importante para se poder ouvir de novo. É muito importante darmos
toda a atenção ao que Deus já falou, em vez de estarmos desejosos e
ansiosos de que nos fale de novo. É mais importante dar passos a
favor daquilo que já ouvimos
do que querer ouvir aquilo que ainda não ouvimos.
Se ouço Deus quando me
fala, significa que Ele também me ouve. Se não o ouço, Ele também
não me ouve. A dificuldade em ouvir ou ser ouvido é proporcional ao
distanciamento a Deus, isto é, quanto mais longe mais difícil será
ouvir e ser ouvido. "...Anda em Minha presença...",
Gen.17:1. Se andarmos em Sua
presença, será mais fácil ouvi-Lo e sermos ouvidos.
Qualquer pessoa tem o
seu cérebro protegido com osso e por cima dessa protecção de osso
tem a pele e cabelo que dão a aparência da sua cabeça. Sem osso por baixo,
mesmo que tivesse a pele revestindo e encobrindo o desprotegido
cérebro, a pessoa correria sérios riscos de morrer. Uma pessoa
transformada por dentro sem estar santificada em seu exterior, tem a
sua nova vida exposta ao perigo dessa mesma forma. A sua pureza
corre sérios riscos de morte. Basta o diabo atingi-la no local certo
para matá-la ou lesioná-la seriamente. Um homem puro por dentro que
não foi santificado em algum aspecto da sua vida exterior, é como um
cérebro que lhe falta um pedaço de protecção óssea. Como o diabo
odeia quem é puro por dentro por muitas razões, é de esperar que uma
pessoa que negligencie a sua própria santificação e consagração
exterior seja morta a qualquer momento.
Sou completamente
dedicado a Jesus. Não quero ser de mais ninguém. Sob estas
circunstâncias não posso deixar de carregar o nome de Deus sobre
mim. Se Deus não fosse cumprir todas as Suas promessas comigo, se
não cumprisse a Sua palavra, eu seria como um filho sem nome, pois
ninguém associaria o nome verdadeiro de Deus a mim e nem o meu ao
d'Ele. Todos os filhos normais têm um nome de família. Por essa
razão é que creio que Deus cumprirá tudo que prometeu, dar-me-á o
Seu nome e eu farei tudo em ou sob Seu nome. Alguém em quem Deus não
cumpre o que prometeu, é como filho sem nome de família. Deus vai
deixar-nos sem o nome d'Ele? "Até aqui nos ajudou o Senhor".
O egoísmo é o embrião de
todo o tipo de pecado. Sem ele não existiria pecado. E para um
assunto ser cuidado por Deus, o egoísmo deve sair daquilo que é
importante para nós. Quem sabe Deus quer o mesmo que nós e o egoísmo
impede que seja Ele a fazer.
Se para Deus a obra
pequena e a grande são iguais, se para Ele o esforço de abrir o Mar
Vermelho ou de dar comida a uma formiga é o mesmo, porque razão
devemos ter mais fé fazendo uma coisa grande do que quando fazemos
uma coisa pequena? Qual é o mistério do problema? Não somos nós que
diferenciamos entre obras e nos maravilhamos mais com umas do que com
as outras, ou desejamos umas mais que outras e a nossa ansiedade é
maior quando estamos pessoalmente envolvidos em certas questões que
são importantes para nós?
Muitas pessoas têm tanto
medo de admitir certas coisas diante de Deus quanto teria alguém de
confessar à sua noiva que lhe foi infiel. É precisamente diante de
Deus que mais gostaríamos de poder esconder certas coisas, pois
queremos muito estar sob as Suas boas graças. Você vai esconder,
ignorar ou vai admitir e salvar-se? "Se dissermos que não temos
pecado nenhum, é porque nos estamos enganando a nós mesmos...",
1 João 1:8.
Auto-salvação é crime
sério. Equivale em seriedade e em gravidade ao suicídio. O que acha
que aconteceria a um médico que decidisse efectuar uma cirurgia
de coração em si próprio? Que resultados esperaria de tal cirurgia?
Imagine a pessoa operando-se a ela própria: os medos de falhar; a
tomada de auto-consciência; a recriminação quando falha; o
renascimento do egoísmo em coisas importantes (o qual é embrião de
todo tipo de pecado) e a
consequente associação e combinação de
egoísmo à salvação; a tomada de consciência dos perigos que incorre
ao vivo! E tudo isso para além da incapacidade de transformar seja o
que for, não conseguindo transformar um coração mau em um bom. Quando uma pessoa tenta salvar-se a ela própria
espiritualmente e é sério sobre o assunto, acontecerá o mesmo. Na
verdade, aconteceria pior, pois, equivaleria a um mendigo que nunca
estudou querendo fazer a cirurgia em si mesmo. Muitos evitam
salvar-se precisamente porque não se querem envolver com os atritos
próprios de quem se tenta salvar a ele mesmo, pois têm ideia de que
isso é que é salvação. Por isso, viram as costas e vão-se embora.
Mas, será que alguém que vira as costas à cura e evita entregar-se
ao cirurgião é menos suicida que todo aquele que quer salvar-se a
ele próprio? Entregarmo-nos a Jesus e aos seus cuidados deve impedir
a nossa mão de mexer no que não deve e deve impedir de virarmos as
costas a tão grande salvação. "E bendito seja o teu conselho e
bendita sejas tu, que hoje me impediste de salvar-me pela minha
própria mão!", 1Sam.25:33.
Incredulidade exige
repetições de muitas formas. É por essa razão que a maioria das
pessoas ora tanto sem obter respostas concretas. Qualquer oração que
não busca uma resposta única de uma vez por todas, nunca lida com
aquilo que impede a oração de ser ouvida e é empobrecida e sem
visão.
A incredulidade 'crê' da
sua maneira. O pecador não gosta de ser visto como pecador, o
incrédulo não quer ser visto como incrédulo - muitas vezes nem por
ele próprio. Então, arranja uma maneira irreal de ver Deus e de
considerar isso fé. Muitos até dizem: "a nossa fé". Com isso dão
a
entender que é o seu tipo de fé que têm e nunca a verdadeira que
deveriam ter.
Uma pessoa
verdadeiramente santificada é uma pessoa vacinada contra o (seu) pecado e
contra o mau procedimento. Não é alguém que agrada pessoas para
poder agradar Deus exclusivamente. Não é alguém que foge do pecado,
pois, tornou-se imune a ele. A santificação tem uma faceta que é a imunidade. Não
podemos ter medo de pisar a cabeça da serpente apenas porque ela é
venenosa. "O Senhor, o rei de Israel, está no meio de ti; tu não
temerás mais mal algum", Zep.3:15.
Contudo, as coisas não funcionarão assim numa vida que não foi
plenamente santificada a Deus e que não Lhe pertence exclusivamente.
Ler a Bíblia em nossa
força é pecado e trabalhar em informática com Deus é santidade. Se
não quisermos morrer para sempre, não podemos sequer imaginar fazer
qualquer coisa sem Deus. Aquilo que Deus não aprova, Ele não fará
connosco. Aquilo que Ele aprova e fazemos sozinhos, Ele também não
fará connosco. "Aquele que não junta comigo, espalha",
Mat.12:30.
Paulo era uma pessoa
que, muitas vezes, andava com roupas rotas, com fome e sendo
desprezado pelo povo a quem se dirigia. Quando Deus era glorificado,
Paulo raramente deixava de andar roto e de ser maltratado. "...Até o
presente somos considerados como o refugo do mundo e como a escória
de tudo", 1Cor.4:13. Não vemos Paulo
ser aplaudido e nem vemos os seus discípulos acharem que,
aplaudi-lo, seria glorificar Deus. Se é verdade que os que concordam
andam juntos, sabemos que, quem aplaude e quem recebe o aplauso são
da mesma carne. Por isso andam juntos. "Acaso andarão dois juntos se
não estiverem de acordo?", Amos 3:3.
A graça chega lá onde
nenhum homem chega e expõe tudo para a morte com Cristo. Não vemos nenhum
médico fazer uma cirurgia ou transplante a ele próprio e nem para
deixar a doença no lugar onde estava. Não seria nada fácil salvar-se
a ele mesmo por muitos motivos. Terá de entregar-se a outro e de
confiar entregando a sua vida em mãos alheias juntamente com aquilo
que considera mais precioso, isto é, a sua vida. E o que Jesus faz
em nós é muito mais que uma cirurgia de peito aberto. Essa
transformação é feita em nós. É por essa razão que devemos entregar
tudo a Quem sabe o que fazer no momento mais oportuno. Ele é o
Salvador e realmente salva.
O obstáculo principal
para um pecador é a sua maneira de ser, é a força que usa e os seus
próprios jeitos. Já vi pessoas fazerem o que não gostam apenas para
contrariar, apenas com o intuito de ser feito como querem e para não
perderem a compostura do "faço, posso e mando". Mesmo que não façam
o que querem, fazem como querem para não perderem as rédeas da vida
que acham que comandam. No entanto, nem do seu fôlego são donos. Por
vezes, até preferem prejudicar-se para não deixarem de ser eles a
fazer as coisas, impondo para não lhes ser imposto. Enquanto o homem
puder fazer em sua própria força - seja o que for - a carne está
viva. Podemos tirar o alvo, mas, somente quando lhe forem tirados os
meios é que qualquer homem se sente incapaz. Enquanto mantiver sua
força, seus meios e membros sente-se vivo. É por essa razão que
efetuar através do poder da graça é uma morte para a carne. A
verdadeira frustração de qualquer carnal não chega quando lhe tiram
o que fazer. Antes, ocorre quando lhe tiram a capacidade, a força e
os meios próprios para poder efetuar de sua maneira. Na vida Cristã
é anunciada a morte para essa força do homem para que seja Deus a
operar tanto o querer quanto o fazer.
A fidelidade não é uma
emoção: é uma natureza que anda sozinha ou acompanhada sem saber
qual a diferença. A fidelidade não se enraíza através do
encorajamento ou do elogio; não vive de emoções; não se estabelece
por causa de prémios ou recompensa; e não vê mais nada além de
fazer tudo bem e ser minuciosamente perfeita, seja com ou sem
compensações. É-lhe indiferente haver recompensas. A fidelidade vive
em função do Rei que serve e não em função do prémio ou da
recompensa. Fiel é aquilo que Deus é. Convivendo com Ele e vivendo
através d'Ele, seremos simplesmente fieis também. Se a fidelidade
não existir apenas por ela, se não existir por existir, é uma
hipocrisia que será desmascarada no dia do juízo. Você passará nesse
teste do escrutínio dos olhos de Deus?
Não é fácil explicar a
vida de palácio a quem vive no esgoto do pecado e nem explicar ao
cego que nunca viu o que é a vida de luz. É preciso que eles venham
experimentar pessoalmente.
Eu tenho a mais completa
certeza que podemos viver e conviver com Deus e toda a Sua grandeza
da maneira mais natural e mais simples que possamos imaginar. Mas,
para vivermos com o Rei, precisamos habituar-nos à vida de palácio
e, para vivermos no palácio desse modo, precisamos conhecer o Rei
intimamente. A primeira coisa exigida por essa vida é que estejamos
limpos. Seguidamente, que sejamos revestidos do Seu poder, isto é,
vestidos com as Suas roupas de realeza. Depois, devemos poder-nos
sentir bem com essas roupas e viver como se nunca tivéssemos
conhecido qualquer outra forma de vida. Devemos poder viver com
Jesus revestidos d'Ele como se tivéssemos nascido nessa vida e como
se nunca tivéssemos experimentado qualquer outra, tal deve ser a
inocência na vida de plenitude. Você consegue? Na verdade, não tem
outra opção senão conseguir e não precisa tentar ganhar tempo
lutando com a ideia de ter de conseguir e nem com a suposta
impossibilidade dessa ideia. Ou vive assim ou não vive. É preciso
conhecer Deus dessa forma, pois, isso é o que a Vida Eterna é. "E a
vida eterna é esta: que te conheçam a Ti...",
João 17:3. Você precisa
experimentar e viver essa vida eterna, constante e permanente, sem
alto e baixos, ainda aqui na terra.
Sexo nunca foi uma
necessidade e antes uma capacidade. A doutrina do mundo é que a
tornou uma necessidade.
Deus havia revelado aos
profetas e a Eliseu que Elias seria levado vivo. Só não vemos nada
de estranho nessa história porque já a conhecemos muito bem. Mas, a
simplicidade e a naturalidade com que os profetas e Eliseu
acreditaram em uma coisa que nunca viram acontecer, impressiona
qualquer um. Deus falou e eles creram. Nem nos podemos perguntar por
que razão eles eram profetas ou admirarmo-nos com esse facto. Eles
simplesmente sabiam e agiram da forma mais natural,
como se não fosse nada do outro mundo.
É bom que um orgulhoso
não tenha aparência de humilde e que um humilde não tenha aparência
de orgulhoso porque as pessoas dão muito valor às aparências para se
agradarem mutuamente ou para terem razões para se desagradarem.
Quantas vezes as ovelhas seguem um lobo com aparência de ovelha e
recusam um homem de Deus porque ele esqueceu-se de ser transparente
e exteriorizar aquilo que é por dentro de forma simples e natural?
Nenhuma pessoa pura deve ter medo de viver aquilo que é diante de
qualquer outro ser. Não podemos viver com os medos de antigamente,
os daquele tempo quando tínhamos coisas para esconder. "Eis que tudo
se fez novo" e tudo se fez diferente. Andar na luz e sermos claros e
transparentes (até mesmo sem palavras) é bom para todos. Ninguém
deve ter coisas para esconder e, se tiver, que as revele ao invés de
escondê-las. Humildade é sermos e vivermos aquilo que realmente
somos e revelarmos até o que fomos.
Descontentamento pode
existir por vários motivos, mas, o principal motivo é o tipo de coração que
temos. O problema do descontentamento ou da insatisfação é um
egoísmo, é um problema do coração e nunca daquilo que nos parece mal
do lado de fora. Esse problema faz com que nos aproveitemos dos
outros; com que busquemos atenção ao invés de dar atenção; faz-nos
pedir em vez de dar; leva-nos a desejar e a invejar muitas coisas
que não são nossas; na verdade, é um problema com muitas
consequências sérias.
Sentimentos devem ser
submissos para seguirem o nosso coração e não o inverso. Sentimentos
tornam-se teimosias e obsessões quando seguidos, isto é, quando não
nos seguem. Se não nos seguem quando não os seguimos para
satisfazê-los, são igualmente teimosos. São como um jumento que
recusa levantar-se do seu lugar para obedecer. Imagine alguém fazer
uma coisa por Deus sem coração e da qual Ele se agrada! Os
sentimentos quando não são seguidos podem, em alternativa, recusar
seguir. O rumo natural é o sentimento seguir-nos e ser submisso e
nunca dominante.
É bom pensar. Mas, é
importante domesticar o que é selvagem dentro da nossa cabeça e
direccionar para Cristo tudo quanto somos. Pensamentos errantes
podem ser motivo para distracções, tal qual podem tornar-se ideias e
pensamentos pendentes e não finalizados em quem já tem a
mente de Cristo. Se não for colocado um fim a esses pensamentos,
suas pendências podem voltar a perturbar.
Muitos, quando pedem
forças a Deus, assumem que pedem que as suas próprias forças sejam
renovadas e não substituídas por outras de outro tipo. Deus quer a
força do homem morta e extinta nele. Deus não quer nada com a carne,
nunca desejou fortalecê-la. "Diga o fraco 'eu sou forte'". Quando
Deus renova as nossas forças, Ele renova o Seu tipo de poder, as
Suas forças em nós e nunca as da carne, as quais as quer mortas
eternamente.
Se é possível as pessoas
do mal adoptarem as coisas de Deus (como os profetas de Baal
adoptaram o sacrifício da tarde a partir da lei de Moisés,
1 Reis 18:29), também é possível os crentes mornos ou mortos
adoptarem as coisas do mal. Por essa razão é que muitos desmaiam nas
igrejas através de poderes estranhos, crendo estarem a ser
baptizados pelo Espírito.
É muito estranho, para
mim, que os homens possam arriscar tudo para perderem a vida e não
arrisquem nada para ganhá-la. Na verdade, resistem àquilo que os
pode salvar.
Para muitos, confiar em
Deus cegamente é muito atrevimento. Para outros é uma insensatez -
mesmo quando não reconhecem abertamente o que pensam. Para muitos
outros, é um passo no escuro que facilmente hesitam dar. Como nem
todos dão um passo no escuro ou não são atrevidos ao ponto de
arriscarem perder tudo o que são por Deus, o mundo fica mais pobre
do que aquilo que já é. Contudo, devo sublinhar e afirmar que
confiar em Cristo não é confiar cegamente. Antes, é saber em quem
confiamos vendo tudo na luz.
Nenhuma pessoa
espiritual saberá agir ou reagir através da força da carne. Por
outro lado, para o homem comum, confiar em Deus é, muitas vezes,
arriscar ou arriscar demais.
Quando o homem não puder
contar com a força a que se veio habituando (a sua própria), quando
não puder contar com os seus próprios recursos, não conseguirá crer
que será uma pessoa operante e eficaz. O mesmo já não podemos dizer
de um homem espiritual, pois, quem é espiritual crê que se tornará
inoperante pela força da carne - e qualquer homem espiritual crê na
verdade.
Todo o homem que hesita
ou faz coisas estranhas ou faz as coisas certas contrariado.
Perder a vida não
significa que não iremos ressuscitar em uma nova vida que é
igualmente real e prática. Se quisermos evitar o colapso depois de
tanto esforço de aprendizagem, devemos saber começar a viver uma
nova vida através de outras armas e de outros meios que nos eram
totalmente desconhecidos na vida anterior de pecado, a qual agora
está extinta - se é que está, realmente, extinta. Até os
motivos que tínhamos para viver essa vida extinguem-se para sempre.
Por isso, vamos ter o cuidado de nunca deixar a casa vazia e
inoperante depois de limpa, pois, sete demónios espreitam para
entrar numa casa arrumada, a qual foi abandonada por um deles.
Quando lutamos contra
uma natureza em nós, ficamos com a ideia que iremos ser consagrados
após a vitória e regressar à vida velha sem sermos condenados. A
verdade, porém, é outra: iremos viver com a nova natureza que
obtivemos por via da provação. Não será uma coroa de vitória, mas,
uma vida normalíssima de vitória que iremos poder viver e dela
desfrutar passo a passo após aquilo que considerávamos erradamente
como sendo a meta final. E cada passo é importante para todas as
caminhadas. Quando tropeçamos, não tropeçamos na caminhada e sim no
passo que damos. O passo não é a caminhada e, se tropeçarmos,
podemos levantar-nos para continuarmos. Assim, não vencemos para nos
tornarmos inoperantes, mas, para servirmos de outro jeito em
novidade de vida. Ao obtermos uma nova natureza chegamos ao ponto de
partida e não ao ponto de chegada. Já viu algum estudante esforçado
pensar que irá ficar quieto em casa depois de terminadas as
provações, as aulas e as lutas de todo um curso?
É mais fácil e menos
cansativo sermos perfeitos do que errantes crónicos. O erro cansa e
esgota qualquer um. A perfeição é leve e suave. Tenha cuidado com
aquele tipo de 'perfeição' difícil, forçada, 'impossível' e pesada.
A inoperância e a
confusão devem-se a não sabermos esperar no Senhor. Quem espera no
Senhor nunca será pessoa confusa e inoperante, ainda que pareça
estar quieta.
"A palavra do Senhor na
tua boca é verdade",
1 Reis 17:24. O que esta viúva também
queria dizer é que existiam pessoas em cuja boca a própria palavra
do Senhor é mentira. Existem pessoas falsas que falam as palavras de
Deus e, muitos deles, muito acertadamente. Mas, as suas vidas não
correspondem a essa palavra, não mantêm o passo acertado com Deus, não estão de
acordo com Deus e não andam na presença de Deus. Nem a multiplicação
do azeite e da farinha haviam convencido esta viúva ainda, pois
muitos falsos fazem milagres falsos também - ou dizem que fazem. As palavras de Deus nos
profetas de Baal que existiam na altura eram mentira e a viúva vivia
no meio desses profetas que misturavam as coisas de Deus com as de
Baal, as quais faziam todas as pessoas coxearem entre dois
pensamentos.
Uma das características
de quem realmente espera em Deus, é a expectativa que nasce dentro.
Quem está expectante reagirá assim que chegar o momento certo e
ficará quieto em outros momentos. Mas, quem espera sem ter
expectativa, quando o momento certo chegar, continuará a esperar que
chegue aquilo que já chegou ou não ficará satisfeito com o que
chegou. E quando é o momento errado e não
espera de Deus, salva-se e abastece-se pela própria mão e exige que
Deus lhe dê a Sua bênção naquilo que faz sem Deus. Esse será o
salário daquela 'fé' que, na realidade, nunca creu sempre que dizia
que confiava em Cristo.
"Ora, sem fé é
impossível agradar a Deus",
Heb.11:6. Quando Paulo nos diz que sem
fé não é possível agradar a Deus, ele não quer dizer que a fé agrada
a Deus ou que sendo crentes seguros já Lhe somos agradáveis. O que ele
quer dizer é que precisamos tornar-nos agradáveis a Deus e que, se
não for através da fé, nunca nos tornaremos justos e puros de tal
forma que O possamos agradar em tudo. Será crendo que obteremos essa natureza que
Lhe é agradável. Este versículo só afirma que sem ser pela via da fé
isso não será possível de alcançar.
Muitas das coisas que
Jesus nos diz são confidenciais. Outras não são. Outras, ainda,
devem ser ditas, explicadas e multiplicadas pela sabedoria. Ora, se
Jesus nos confidencia algo e divulgamos o que deveria ser pessoal e
confidencial, somos ou ainda seremos penalizados com o salário da desobediência. E se
Jesus nos disser algo que devemos divulgar e ficarmos calados sobre
o assunto, seremos igualmente penalizados como desobedientes. "E por
que me chamais "Senhor, Senhor", se não fazeis o que Eu vos digo?",
Luc.6:46. Poderíamos interpretar estas palavras assim também:
"E por que me chamais "Senhor, Senhor", se não fazeis
como
Eu vos digo?"
Quem não busca da
maneira certa, não espera receber da maneira que recebe. Por isso,
quando recebe, não entende o que está recebendo e fica desapontado.
Não podemos servir dois
dias ao mesmo tempo, nem dois Senhores e nem dois momentos. Tentar
viver duas coisas ao mesmo tempo é uma forma carnal e medrosa de
estar na vida, vida essa que precisa deixar de existir.
Não podemos pensar
fabricar as munições apenas quando a guerra começa. Não podemos
querer aprender a viver com essa força de Deus quando já estivermos
nas trincheiras, pois, lá, viver dela já deve ser a nossa natureza,
a nossa reacção e o nosso primeiro e único instinto.
Cada pessoa deve ter,
provar e obedecer aos seus próprios rios e aprender a beber deles
pessoalmente. Não podemos beber dos rios dos outros e,
consequentemente, não esperar que sejam os outros a beber dos nossos
quando os temos. Uma mentalidade leva à outra e quem quer beber dos
rios dos outros achará que o procedimento normal será pregar para os
outros sempre que tiver rios de água viva. "O lavrador que trabalha
deve ser o primeiro a gozar dos frutos",
2Tim.2:6. Os outros beberão quando o nosso cálice
transbordar.
A nossa força e ânimo
chegam-nos através de uma limpeza que nos garante a proximidade de
Deus em nosso interior. "...Para que, segundo as riquezas da sua
glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu
Espírito no homem interior",
Ef.3:16.
Quem só sabe andar
através da força da carne, ao negá-la, correrá o risco de ficar
inoperante porque desconhece o que será andar e caminhar através da
força que vem de Deus (o poder da graça) para preencher a casa que os demónios da carne
deixaram vazia e inoperante.
Ninguém conseguirá
esforçar-se não tendo força; ou crendo que não tem força; ou não
crendo que já tem a força certa quando não a tem. Uma das razões para a inoperância é
a dúvida quando se tem ou se pode ter a força certa; e, para a
operância errada, é precisamente ter, fazer questão de usar e de
manter a força errada. Quando a pessoa tem a força errada,
seguramente que tentará acender o altar de Deus através de fogo
estranho. Será condenado tal qual foram os filhos escolhidos de Aarão,
Lev.10:1,2.
Uma coisa é Deus dizer
que
nós
faremos certa coisa e que Ele estará connosco, tal qual fez com
Josué: "...Tu farás a este povo herdar a terra que
Eu jurei a seus pais lhes daria",
Jos.1:6. Outra coisa é quando Deus
promete ser Ele a dar ou a fazer pessoalmente aquilo que nós
prometemos em nome de Deus ou que Ele nos prometeu. Você sabe
distinguir entre as duas situações? E tanto uma coisa como a outra
acontecem no momento certo. "Tão só esforça-te e tem bom ânimo...".
Não imagine Deus:
experimente-o como Santo que é. Só assim você será verdadeiramente
santificado e tornado puro. "Mas, o fim desta admoestação é o amor
que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de
uma fé não fingida",
1 Tim.1:5.
"Varões
israelitas, por que vos admirais...?" Act.3:12.
A admiração e o delírio quando Deus faz alguma coisa é uma ofensa a
Deus. Só mostra como andamos afastados da realidade da Sua presença.
Deus não tem culpa que as pessoas não estejam habituadas a conviver
com Ele.
Confiança forçada não é
confiança. Na primeira prova, ela vira desobediência, amargura ou
temor. Vira desobediência porque a obediência vem pela fé e não pela
fé fingida; vira amargura porque a fé fingida não recebe nada de
Deus e fica desapontada; vira temor porque a pessoa fica sem rumo,
perdida e, consequentemente, desconfiada.
Temos algumas
alternativas para lidarmos com as verdades que aprendemos: ou
constatamos as realidades da pessoa de Deus; ou forçamos o nosso
coração a acreditar que Deus é fiel sem experimentar que Ele é
realmente fiel devido ao temor que temos de nos enganarmos. Temos
medo de desafiar o nosso coração. Devemos dar a oportunidade a Deus
para que se revele fiel tal qual Ele diz que é. Você tem medo de
quê? De arriscar? Se não resultar consigo, certamente que a sua vida
não agrada a Deus e, arriscando, poderá ficar a saber se precisa
colocá-la em ordem ou não. "Àquele que bem ordena o seu caminho
eu mostrarei a salvação de Deus", Sal.50:23.
Um santo em quem o amor
de Deus foi derramado, amaria até no inferno. Podemos esperar esse
amor incondicional de sua parte?
O Espírito Santo é luz.
Ele é dado a quem Lhe é obediente. Quem não for obediente, não
saberá para onde ir. Por essa razão lemos: "...o Espírito Santo, que
Deus deu àqueles que lhe obedecem",
Act.5:32. Se um desobediente afirmar
que tem o Espírito, mente, seguramente.
Deus quer que a pessoa
seja verdadeira, pois, sabermos a verdade não é a mesma coisa que
sermos verdadeiros. E Deus não é uma concorrência para quem sabe e
conhece a verdade. Não podemos, por isso, ver Deus como uma
concorrência, mesmo que Ele não confie em nada vindo da carne e seus
meios. Porque desejamos conhecer a verdade ou porque temos em nós
uma apetência inerente para conhecê-la de forma pessoal e do jeito
certo, por essa razão, devemos desejar ser guiados pelo Espírito.
Ele é aliado fiel ao que é verdadeiro e não concorrente.
A Palavra de Deus é uma
das coisas que começam a fazer sentido simultaneamente com a limpeza
de todos os nossos pecados. Qualquer palavra vinda da parte de Deus começa a tornar-se
simples e objectiva (tal como deve ser) quando limpamos cada uma de
nossas transgressões. Assim que a nossa vida é colocada na luz e o
Espírito começa a inundar o nosso ser, a primeira coisa que se abre
para nós é a Palavra de Deus. O Espírito Santo começa a levar-nos
para onde Ele quer que sigamos fielmente. "O vento sopra e não sabes
para onde vai". O início dum entendimento real, leve e genuíno da
Palavra de Deus é uma limpeza completa de todos os nossos pecados.
Devemos confessá-los e abandoná-los um a um, todos, desde que
nascemos. Logo de seguida, devemos buscar e achar uma plenitude do
Espírito sendo-lhe fiel e obediente. Esse conjunto, essa combinação, será fatal para a
ignorância. Nada mais ficará igual a partir de então.
Quem fala com voz de
choro para conseguir a atenção dos outros, com certeza que é mandão
quando não choraminga. Tem de conseguir atenção de qualquer jeito!
Quem choraminga e quem é mandão são uma e a mesma pessoa. Nem sempre
os mandões choramingam, mas, os que choramingam são mandões.
"Portanto nada julgueis
antes do tempo",
1Cor.4:5. É fácil julgarmos as nossas
provações antes do tempo quando estamos de coração limpo e virado
para o céu. Isto é, não vemos o bem que irá sair dali. Não julguemos
antes dos resultados finais se estamos de coração limpo e
expectantes diante de Deus.
"Mas se nós nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados",
1Cor.11:31. Isto não significa necessariamente que não
passaremos pelo juízo de Deus e antes que passaremos ilesos pelo
Juízo de Deus. Contudo, o que Paulo quer frisar aqui é que, se nos
julgarmos a nós próprios antes que sejam as pessoas a julgarem-nos,
elas não nos julgarão. Poderão acusar-nos mesmo sabendo que somos
inocentes, mas, não poderão ser coerentes julgando-nos. Por isso é
que, muitas vezes, os inocentes são acusados falsamente. Se nos
julgarmos a nós mesmos antes que nos julguem retiramos as palavras
das boca alheias neste mundo e seremos absolvidos por Deus.
As pessoas que querem
ser exemplos para os demais esquecem, muitas vezes, que têm de
responder pessoalmente diante de Deus e não diante das pessoas. E os
que respondem diante de Deus esquecem, muitas vezes, que é preciso
que as suas vidas signifiquem alguma coisa para os que os rodeiam,
já que respondem verdadeiramente diante de Deus. Não vivemos apenas
para nós próprios. Contudo, devemos sublinhar que uma vida
consagrada a Deus será um exemplo naturalmente.
Devemos, apenas, saber viver na luz e saber expressar aquilo que é
verdade, não para sermos exemplos, mas, por Deus e para sermos
sinceros e verdadeiros. Não podemos viver uma coisa e mostrar outra.
"Eis que desejas verdade no íntimo",
Sal.51:6. Basta vivermos na luz,
abertamente e sem preconceitos de inferioridade ou de superioridade,
os quais levam os tolos a quererem fazer as coisas para serem
exemplos ou para terem como se justificarem diante das pessoas. Não
será a carne que nos julgará diante de Deus. Devemos prestar contas,
agora, a quem nos irá julgar um dia.
Por que iria querer uma
coisa que não me foi dada por Deus? Por que razão desejaria ter tal
coisa? Não vejo qual a utilidade dela, nem mesmo sendo muito bonita
ou necessitada. Sem Deus, nem a vida tem qualquer significado. Para
quê vivê-la sem Deus? Mas, já que é assim, a vida e os outros dons
que nos são dados por Deus devem ser cuidados e bem estimados.
Devemos consagrar tudo a Deus novamente para não errarmos pecando
através daquilo que recebemos d'Ele.
Ou somos totalmente
entregues a Deus ou não somos. Entrega parcial faz com que as coisas
importantes da nossa vida fiquem pendentes. Uma entrega parcial faz
de nós pessoas inconstantes e incrédulas. "Não pense tal homem que
receberá alguma coisa do Senhor",
Tiago 1:7.
Para a pessoa saber o
que se passa em seu interior quando Jesus pega em seu coração, terá
de andar com Jesus. Para nos conhecermos e para conhecermos a nova
criatura em que nos tornamos, precisamos de Jesus. Conhecendo,
também, essas verdades, seremos verdadeiramente livres. Precisamos
de Jesus para nos conhecermos a nós próprios tanto quando precisamos
d'Ele para conhecê-Lo. A verdade é que cada homem tem ideias
formadas sobre ele próprio e sobre Deus que não correspondem à
verdade. Precisamos conhecer a verdade. E tudo aquilo que não
estiver de acordo com Cristo será transformado pelo conhecimento
experimental dessas verdades sobre nós próprios e sobre Deus. Só
assim seremos libertos dos fantasmas que nos fazem crer ser
impossível sermos como Cristo em essência, isto é, voltarmos a ser
conformes à imagem
original com a qual fomos criados
inicialmente.
Para David era muito mau
derramar sangue inocente ou ser injusto. Mas, havia algo que ele
também considerava ser um pecado muito grave: ser liberto pela
própria mão, sendo que ele havia entregue todos os seus caminhos ao
Senhor para sempre. "E bendito seja o teu conselho e bendita sejas
tu, que hoje me impediste de salvar-me pela minha própria mão!",
1Sam.25:33. Se a auto-salvação é coisa
tão séria, imagine-se como será a auto-condenação e a
auto-flagelação! Não passará de auto-justificação.
Os dias não são todos
iguais e não servem todos o mesmo propósito. Existem uns dias
diferentes dos outros, nos quais conseguimos fazer menos ou mais,
consoante as provas que Deus neles coloca para vencermos. Nem sempre
a finalidade do dia é terminar um trabalho. Mesmo que nem sempre
seja assim, muitas vezes as coisas acontecem para se conseguir uma
obra dentro de nós através do que fazemos. E, para conseguir essa
obra, Deus pode impedir que façamos como pode permitir que
terminemos qualquer obra, dependendo do que Ele quer alcançar em nós
e o que servirá melhor essa finalidade.
Um dos grandes
obstáculos que as pessoas enfrentam quando querem ouvir Deus é a
tentação de falarem por Deus. A incredulidade acha que Deus não
fala. E, para não deixarem de ser crentes, as pessoas acham que
devem dizer sempre qualquer coisa, pensar qualquer coisa, ouvir
alguma
coisa que Deus não diz ou fazer algo que Ele não faria por eles. Na
verdade,
agindo assim, dizem através de seus atos que
Deus é um incapaz. Outro dos obstáculos é Deus não repetir muito
aquelas coisas que diz. Rei não repete mandamentos e ordens. As
pessoas esquecem, não esperam ou não assimilam logo e depois falam
por Deus mais adiante.
"Embora pequeno aos teus
próprios olhos, porventura não foste feito o cabeça das tribos de
Israel?"
1 Sam.15:17. Aquilo que achamos que
somos não impede, não adianta e não atrasa nada do que Deus pode
fazer connosco. Isso é assim porque Deus não está a contar com as
nossas capacidades para poder fazer. O que somos pode atrapalhar a
nossa conduta, pode fazer-nos tropeçar temporariamente ou para
sempre, mas, não é determinante para que Deus faça alguma coisa. As
pessoas podem corrigir-se ou serem formadas durante o percurso da
vontade de Deus. Mas, nem sempre Deus confia nessa possibilidade.
Quem é imune às críticas
deve e pode ser imune aos elogios. A critica e o elogio vêm da mesma
fonte e afectam o mesmo tipo de pessoa, pois quem é capaz de
elogiar, será capaz de criticar e quem gosta de elogios, detesta ser
criticado. Mas, uma coisa é a fonte, outra é o poder que ela exerce
sobre nós. Os perigos da critica e do elogio também são os mesmos.
Precisamos ter cuidado com ambos. Mas, os que vivem com o propósito
de ouvir Deus, consagrar Deus e de receber a opinião de Deus, não se
afectam com as criticas ou com os elogios. Deus não elogia - Ele
fala a verdade. Deus não critica quando fala - expressa a verdade
também.
Uma pessoa, para poder
falar bem, terá de saber ouvir bem. Ouvir bem é a condição principal
para falarmos as palavras de Deus a alguém. Se eu não ouvir bem, não
poderei obedecer também. Não podemos ser fiéis a algo que não
ouvimos bem e nem ser infiéis ao que se ouviu bem. O segredo está na
forma como ouvimos. "Vede, pois, como ouvis",
Luc.8:18. Não podemos ouvir da forma
que queremos.
Quando Jesus se fez
pecado, Ele não simpatizou connosco. Antes, identificou-se connosco
para que nos pudéssemos identificar com Ele.
Fé é como o olho: vê
tudo o que está na frente dele, mas, não se vê a ele próprio e nem
as suas incapacidades ou capacidades. Vê as capacidades d'Aquele que
vê.
Nenhum daqueles que
aprendeu a viver de Deus, mesmo que seja apenas em uma fase inicial,
deve pensar que não pode fazer ou alcançar as coisas apenas porque não as pode
fazer na sua força. Pensar dessa maneira é um crime. Abandonar os
recursos próprios da carne deve poder fazer-nos felizes e não
tristes. Na verdade, sabendo que não temos como fazê-las na carne ou
via força da carne deve conseguir fazer-nos acreditar que as faremos
mais facilmente.
Quem se rende, logo
rende. Quem entrega as suas armas a Deus, logo vence a batalha.
Lembre-se que as nossas armas operam
sempre contra Deus, mesmo quando usam o Seu bendito Nome fazendo
seja o que for. A carne será sempre inimizade contra Deus ainda que
trabalhe no Templo. Ser santo é deixar de ser carnal. Não tem como
ser de outra forma. Quem se rende agarra a oportunidade de poder
frutificar. Nunca permita que a carne opere no templo que você é,
nem mesmo quando diz que deseja vencer alguma falha ou pecado dentro
de si. Vencer é exterminar a carne a ponto de ela nunca mais operar.
Entregue as suas armas a Deus juntamente com qualquer direito que
pensa que ainda tem. Mas,
quem vence uma batalha que não se atreva a pensar que já venceu a
guerra! Contudo, entregando a carne, suas forças e suas armas duma
vez por todas de forma real é vencer a guerra.
Fé não pode ser a pessoa
a convencer-se que Deus vai fazer. Fé não é acreditar que Deus falou
- é acreditar em Deus sempre que fala. A pessoa pode acreditar que
Deus falou quando não foi Deus e sim o seu desejo. Isso não pode ser
fé e não trará fruto algum. Fé só pode existir quando Deus fala, só pode ser uma reacção à palavra de Deus e só assim dará
frutos visíveis e actuais. Crer em Deus não é o mesmo que crer
naquilo que queremos crer sobre Deus. E tem mais: quem não consegue
crer quando Deus fala, irá crer em algo que Deus nunca disse - ainda
que venha na Bíblia.
"Porque nós não somos
falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas, é com
sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que,
em Cristo, falamos",
2Cor.2:17. "Em Cristo falamos": isto
significa que somos a natureza de Cristo. "...Na presença de Deus":
falamos na própria presença de Deus, isto é, onde Deus opera e está
presente, vê e analisa tudo e não se afasta; está presente tanto na
audiência quanto em quem fala; "é da parte de Deus":
falamos a palavra que recebemos de Deus para falar especificamente
sobre um assunto que toca fundo no coração de Deus; E falamos na
nossa sinceridade porque experimentamos e vivemos aquilo que falamos. Se faltar só uma destas coisas, seremos
falsificadores da palavra mesmo que nenhuma das outras falte. Por
isso, é necessário receber de Deus; falar na sinceridade (e ninguém
é sincero se não vive o que fala, isto é, ser o próprio Cristo
porque já morremos e ressuscitamos verdadeiramente com Ele); e falar no momento certo, isto é, quando Deus
estiver presente para aplicar a Sua palavra. Não podemos falar nem
antes e nem depois do momento certo. Deus deve testemunhar por nós e
em nós. Ele deve dar vida à Palavra falada. Ele deve estar presente
tanto na audiência quanto em quem fala.
Muitos preocupam-se em
dar o dízimo e outras coisas mais que prometeram a Deus. Em certos
casos, Deus quer o dono do dízimo enquanto se preocupam em dar o
dízimo para não ter de se entregarem totalmente a Deus. Um dia "ao
tolo nunca mais se chamará nobre e do avarento nunca mais se dirá
que é generoso", Is.32:5.
Se as pessoas ou as
coisas que vêm matar a sua carne passarem por perto, você irá ter
com eles e perguntar "a quem buscais"? "Sabendo, pois, Jesus tudo o
que lhe havia de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem
buscais?",
João 18:4. Você também se adiantaria?
Fidelidade não é uma
mera disposição emotiva: é uma natureza que as pessoas têm, a qual
caminha por ela, sozinha ou acompanhada sem saber qual é a diferença.
Os olhos de Deus são
olhos que revelam. Só podem ser, pois, já vêem tudo. Deus vê tudo
até ao infinito. Não precisa olhar para ver aquilo que já vê. Por
isso, quando lemos na Bíblia sobre os olhos de Deus, entendemos que
somos nós que precisamos ver tudo aquilo que Deus já vê,
especialmente aquilo que vê a nosso respeito.
"...Herança entre os
santificados...", Act.20:32.
Não existe herança para quem não seja santificado. Você sabe o que é
a
santificação? Quando deixamos de ter aquele coração que nos faz tropeçar,
tornamo-nos justos. Isso é justificação. Mas, muitos acham que isso
é santificação. Santificação é conseguir usar e santificar tudo o
que tínhamos e temos para os propósitos de Deus. Isto é, você vai
gerir aquilo que era seu para glorificar Deus
e o faria tropeçar porque, agora, pertence a
Deus somente. Ana santificou o filho dela a Deus e não deixou de ser
filho dela. Também não deixou de cuidar daquilo que ela havia dado a
Deus por já não pertencer-lhe. Quem sabe cuidou do filho dela ainda
melhor quando passou a pertencer a Deus! Você é santificado? Tudo o
que tem é gerido fielmente para Deus? O seu tempo é de Deus? A sua
língua? O seu salário? Ou só dá dez por cento do que tem para outros
gerirem e para que possa evitar santificar seu coração totalmente?
Vai conseguir "herança entre os santificados"?
Os Judeus não podiam
conviver com os povos das nações para não aprenderem os seus
pecados. Não existia mais nenhum motivo para essa segregação. Não
era uma segregação racial, mas, uma separação do pecado. O problema
não eram os povos, mas, o coração traiçoeiro de Israel que aprendia
facilmente os pecados das nações. O problema era interno e não
externo - era problema do coração. Mas, por causa do egoísmo, eles
achavam que não deveriam conviver com eles por se acharem superiores
aos outros povos em redor. Além do mais, é muito bom para qualquer
pessoa que ama o pecado renunciá-lo e opor-se-lhe. É um bom
exercício espiritual opormo-nos às coisas erradas das
quais gostamos. Mas, renunciar não chega.
Devemos aproveitar a ocasião para tirar o mal do coração,
principalmente aquele mal que não achamos ser ruim devido às
tendências enganadoras do coração. Odiar as nações por motivos
egoístas e separarmo-nos deles não tem nada de bom - não é uma
virtude. É apenas uma prevenção. Jesus não pecou convivendo com
prostitutas. Mas, existem homens que pecariam e, por essa razão,
devem ficar longe delas. Contudo, nunca fique satisfeito por
conseguir negar o pecado e os lugares onde se tem costume de pecar.
Precisa mudar o seu coração. Segure a oportunidade com as
duas mãos e trabalhe muito sobre os seus joelhos para que também o
seu coração mude juntamente com os seus caminhos. Ficar longe do
pecado é bom, mas, não tem virtude alguma se o nosso coração
continuar a ser o próprio pecado. Precisamos ter um coração
novo, o qual vive comodamente instalado dentro da vida nova sem que
se sinta incomodado quando o pecado e o desejo pelo pecado não é
sequer tido em conta. Se
ficarmos longe do pecado, que seja porque estamos bem onde estamos e
porque nos sentimos estrangeiros em território de pecado.
O diabo é uma perversão
da sua natureza inicial. Actualmente é uma aberração. Ele foi feito
para adorar e não para ser adorado, tal como uma mulher foi feita
para ser mulher e não tentar ser homem. Sermos diferentes daquilo
para que fomos criados é um tipo de aberração proporcional ao
homossexualismo: a pessoa não é aquilo que persiste em querer ser.
Dizem que são os santos
que querem rezas, isto é, que cada santo tem as suas rezas. Mas, não
é bem assim. Essa prática idolatra tem outra explicação: são as
rezas que querem ter os seus santos. Deixem-me explicar: as pessoas
têm certo tipo de ideias e criam uma religião de acordo com os seus
desejos. Todas as religiões são concebidas à medida das pessoas que
as criam. As idolatrias são fantasias e as religiões são ideias dos
homens para servir o que eles próprios pensam. São as rezas que
concebem os santos que querem.
Muitas vezes, as pessoas
questionam-se porque razão Deus permite que o homem faça o que quer
quando quer. Isso é porque é necessário que os homens se tornem
todos sujeitos a Deus voluntariamente e que o façam
através do Seu poder e pelos Seus objectivos, tanto os finais quanto
os objectivos temporários. A pessoa forçada à sujeição não é
verdadeiramente sujeita, tal como aqueles escravos cujos donos
dominavam e prendiam pela força. O único escravo que conheço que
poderia sair da sua escravatura e não saiu por opção e para se
sujeitar à vontade de Deus, foi José. Mesmo assim, havia sido
forçado a ser escravo. Mais tarde, tornou-se escravo voluntariamente
e era fiel em tudo o que não era seu e que não era feito para ele.
Foi com esse mesmo espírito que continuou a governar o Egipto, pois
continuou sendo a mesma pessoa sujeita a Deus.
Quem não se opõe,
consente. E eu posso consentir a vida do mundo ou a vida de Deus.
Tudo vai depender se me oponho a uma ou à outra, ou se consinto uma
mais que outra até que uma se torne exclusiva.
Quando os dons são
distribuídos pela imposição das mãos, serão dados apenas se as mãos
de quem impõe forem santas e autorizadas. Vemos, por exemplo, que o
Espírito Santo era dado a quem os Apóstolos impunham as mãos. Felipe
não impunha as suas mãos com essa finalidade a quem se
convertia, pois não tinha autoridade para tal. João e Pedro vieram
fazer esse trabalho, Act.8. Paulo tinha essa autoridade,
também, por ser apóstolo. Mas, em casos especiais, conta também quem
recebe. Ananias não era apóstolo e impôs as mãos sobre Paulo para
que recebesse o Espírito Santo. Aqui, não eram as mãos que tinham
autoridade, mas, a cabeça da pessoa sobre quem as mãos foram
impostas. Não podemos afirmar com segurança que a autoridade que
Ananias tinha para fazer o que fez fosse mais que temporária ou mais
que ocasional.
As pessoas do mundo têm
o seu jardim. Os puros também têm o seu. Contudo, o jardim onde se
cultivam ervas e coisas inúteis não precisa ser cuidado como um
jardim onde se quer cultivar flores e plantas úteis e bonitas. Por
essa razão, devemos levar em conta que as pessoas do mundo não têm o
hábito de cuidar do seu jardim e de terem a disciplina de
arranjar tempo para o fazerem analisando a sua
própria vida. Sempre que se
convertem precisam, consequentemente, mudar de forma de vida e
ganhar os hábitos que nunca tiveram quando deixavam crescer ervas
daninhas e desenvolver de tudo em suas vidas.
Simplicidade é o segredo
para podermos ver claramente. Uma pessoa complicada não enxerga
muito bem e tropeça facilmente. Existe simplicidade para com o mal,
tal como existe para o bem. Mas, não coexistem. Quem é
complicado fazendo a coisa certa, será simples no mal e vice-versa.
Vamos distinguir entre
um passo e uma caminhada. Uma caminhada é um conjunto de muitos
passos que são dados que alcançam seu fim. Tropeçar em um passo não é o mesmo que
tropeçar em uma caminhada. Isto é, quando tropeçamos em um passo,
podemo-nos levantar para continuar a caminhada. "Porque sete vezes
cai o justo e levanta-se", Prov.24:16. O caminho mau também é um
conjunto de passos. Ele pode, ocasionalmente, fazer o bem. Mas, isso
não significa que esteja na caminho da Vida. Os maus também tropeçam
no bem e levantam-se para continuar em seu
caminho e para continuarem como são. A diferença entre os passos no
caminho largo e no caminho estreito é o rumo que tomam. Os maus
tropeçam no próprio caminho e, no final, não se levantarão jamais.
"Porque sete vezes cai o justo, e se levanta; mas os ímpios são
derrubados pela calamidade. Porque de repente se levantará a sua
calamidade; e a ruína deles, quem a conhecerá?"
Prov.24:16,22.
A inoperância espiritual
acontece tanto quando a pessoa não sabe andar com Deus como quando
não sabe esperar em Deus e nem de Deus.
Quem não sabe esperar em Deus activa a carne e andará na sua própria
força, muitas vezes, sem se dar conta. E quem não sabe andar na
força de Deus sabe esperar na carne. Precisamos aprender a ser
espirituais operantes e aprender a andar no Espírito. Andar e
conviver com o Espírito e Sua força deve ser o nosso único e
exclusivo hábito e forma de vida.
"Varões israelitas, por
que vos admirais deste homem?",
Act.3:12. A admiração e o delírio
quando Deus faz alguma coisa é uma ofensa a Deus. Só mostra como
andamos afastados da realidade da Sua presença. Quem se admira não é
recto diante de Deus. "E creu Simão e, sendo baptizado, ficou com
Filipe; e
admirava-se, vendo os sinais (...) que se faziam. Mas
disse-lhe Pedro: (...) o teu coração não é recto diante de Deus",
Act.8:13,20,21. Deus não tem culpa que
as pessoas não estejam habituadas a conviver com Ele de forma
natural. Tenha cuidado com as pessoas que admiram e louvam as obras
de Deus mas maravilham-se e admiram-se sempre que ocorrem. Eles trocam facilmente a criação pelo Criador. Não louvam
Deus e sim as obras. Conviver com Deus deve ser tão natural para nós
como beber um copo de água. Isso é o que glorifica Deus. "Quem
dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? Quem dentre nós pode
habitar com as labaredas eternas?", Is.33:14.
"Pedro, vendo isto,
disse ao povo: Por que fitais os olhos em nós, como se por nosso
próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?"
Act.3:12. O coxo não ficou a andar por
Pedro ser santo. Mas, Pedro era santo e se não fosse santo, nada
daquilo teria acontecido. Isto não significa que quem tem pecado
possa fazer milagres verdadeiros em nome de Deus. Significa que,
quando a pessoa é santa, Deus pode escolher fazer milagres ou não
através dela. É Deus quem faz. Jesus opera por causa da Sua vontade
e não por causa da santidade como se as coisas que Deus faz
dependessem das decisões do homem. Mas, sem sermos puros, Deus não
opera. E sendo puros, Deus não opera por causa da nossa pureza e sim
pela vontade d'Ele. A nossa pureza de coração cria as circunstâncias
para a vontade de Deus acontecer, seja ela qual for. A nossa pureza
permite que Deus possa fazer a vontade d'Ele livremente através de
nós, em nós ou para nós. Mas, é Ele quem faz e não a nossa santidade.
A presença de Deus é a
experiência mais horrível pela qual um pecador pode passar sempre que
recusa abandonar o seu pecado. Deus separa a luz das trevas (e separa-se
das trevas) quando desce da maneira que desceu em Pentecostes. Mas,
sempre que as pessoas se convertem, o alívio, o refrigério é tão
grande que cantam de leveza e de alegria. "Arrependei-vos e
convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte
que venham os tempos de
refrigério, da presença do Senhor",
Act.3:19. Os tempos de refrigério
acontecem quando a pessoa sai da condenação da convicção de pecado.
Caso a presença de Deus seja real, essa é a prova do perdão.
"Esforça-te e tem
bom ânimo..." É possível termos um tipo de ânimo que
não é bom e sabermos agir ou reagir apenas sob influências desse
tipo de ânimo. Deus não disse para termos ânimo, mas, "bom
ânimo". Muitas pessoas só repreendem os filhos, só agem quando ficam
indispostos ou afectados. Existem mães que não sabem agir ou reagir
por amor tão bem quanto sabem agir por raiva. Um ânimo mau é, muitas
vezes, mais esforçado que qualquer outro. Poucos terroristas
desistem de ser maus ou de se animarem em suas ideias. Parar o mau
ânimo ainda não é tornarmo-nos operantes em ânimo que é bom. Richard
Wurmbrand disse: "Como o pecado faz tudo para ser mau, eu irei
fazer tudo, entregar todo o meu ser pelo amor de Deus, pelo lado
oposto". Ele comprometeu-se a viver e revelar a vida de Deus com a
mesma devoção que os maus viviam pelo pecado. E você vai entrar
nessa onda?
Se desprezarmos o dia de
hoje e não nos prepararmos aprendendo a conviver com ou através da
nova vida, seguramente que seremos derrotados na hora da verdade. As
solteiras não podem querer viver uma vida de casadas e as casadas
não podem querer viver de forma independente como faziam quando eram
solteiras. Desfrute cada coisa em seu devido momento para não
desperdiçar cada dia e cada dever de cada momento.
Existem coisas e
atitudes estranhas em muitos dos nossos comportamentos. Por exemplo,
uma criança querendo fazer as coisas de gente grande; um homem limpo
querendo apressar ou dar cumprimento ao que Deus prometeu fazer
pessoalmente, etc.. Abraão recusou tomar um único fio de sapato da
terra que Deus havia prometido dar-lhe. Até mesmo quando teve toda a
terra em sua mão, recusou apoderar-se dela daquela forma. Logo a
seguir, Deus aproximou-se dele para o assegurar e dizer que havia
feito a coisa certa,
Gen.14:22-15:1. Uma coisa é Deus dizer
que faremos e que Ele estará connosco, tal qual fez com Josué: "...Tu
farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria",
Jos.1:6. Outra coisa é quando Deus
promete que será Ele a dar ou a fazer. Você sabe distinguir?
Consegue? Tem a coragem para distinguir? E tanto uma coisa como
outra acontecem no momento certo. "Tão só esforça-te e tem bom
ânimo...". E a nossa força e ânimo chegam através de uma limpeza que
nos garante a proximidade de Deus em nosso interior. Só assim
poderemos esforçar-nos.
Muitas vezes, o
desespero nasce ao não aceitar receber outra coisa vinda de Deus ou não aceitar receber
da maneira que Deus nos quer dar.
Deus só nos permite
duvidar de algo que não é verdade. Mas, duvidar de uma mentira nunca
é o mesmo que estar seguro contra ela. Duvidar de uma mentira faz as
pessoas hesitarem tanto quanto aconteceria duvidando duma verdade.
É tão importante
sabermos orar quanto é nunca esquecermos aquilo que pedimos a Deus -
quanto mais não seja para aprendermos vendo quais as razões que
levam Deus a dar ou a não dar respostas. Se nos esquecermos dos
pedidos que fizemos, nunca seremos pessoas de oração. Se nos
lembrarmos deles, teremos a opção de aprender ou de descrer caso
Deus não responda.
Jesus prometeu dar
resposta concreta a todas as nossas orações. Isto é uma espada de
dois gumes. Ou oramos apenas por aquilo que receberá resposta; ou
recebemos todas as respostas. A maneira de pedir também é importante
para que as respostas sejam obtidas.
"Porque, se em vós
houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem
infrutíferos
no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo",
2Ped.1:8. É no conhecimento de Cristo
que nunca nos tornamos ociosos e não em outras coisas.
Existe esta mentalidade
que não podemos viver para a pureza de Deus em exclusividade
absoluta e incondicional. Todos afirmam que é impossível. Por essa
razão oferecem os seus membros a quem acham que pertencem, isto é,
ao pecado. Se não crêem que podem viver de um jeito, entregar-se-ão
ao outro. É uma consequência lógica. Mas, os limpos precisam saber
que podem oferecer tudo o que são, incluindo os seus membros, para
viver exclusivamente pela pureza de Deus, pois, se estão limpos, perto de Deus, é
facílimo viverem para Ele sem serem contaminados pelo mundo. Não
devemos nada ao mundo. "Assim, também vós considerai-vos como mortos
para o pecado (...) Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco
apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de
iniquidade; mas apresentai-vos a Deus...",
Rom.6:11-14. Crer que não conseguimos viver como Jesus viveu
na terra é e será,
consequentemente, sempre sinónimo de entregar os nossos membros ao pecado
e de viver uma mentira.
Se o tipo de morte que
experimentamos em nós não for semelhante ao tipo de morte que Cristo
experimentou, seguramente que não experimentaremos a mesma
ressurreição que Ele. "Porque, se temos sido unidos a ele na
semelhança da sua morte, certamente também o seremos na
semelhança da sua ressurreição",
Rom.6:5. Cristo morreu para o pecado e
para o mundo. E você? "Pois quanto a ter morrido, de uma vez por
todas morreu para o pecado",
Rom.6:10. Você experimenta este
tipo de morte de forma real?
Muitos, pela força da
doutrina, colocam fé em oposição à santidade como se a santidade
anulasse a fé em Jesus. Dizem que sermos santos é ganharmos a
salvação pelas obras esquecendo que as obras são a autenticação
dessa salvação. Na verdade, a santidade consegue-se através da fé. A
santidade confirma que temos fé e não que não vivemos pela fé.
"...Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé",
1 João 5:4.
Não existe maneira de
quantificar hipocrisias, isto é, de numerá-las. Uma hipocrisia é uma
imitação fraudulenta ou interesseira duma virtude. E como não existe
fim para o número de virtudes, as hipocrisias serão muitas mais. Por
cada virtude existe uma ou mais formas de hipocrisia.
Se pecando as pessoas
trouxessem glória a Deus, não poderiam ser condenadas. Quem
glorifica Deus não é condenado. Sabemos, contudo, que o salário de
qualquer pecado em qualquer pessoa (crente ou não) é a morte. Se
isso é verdade, ninguém pode considerar-se feliz com a ideia de ser
pecador diante dum Deus santíssimo. Muitos querem reconhecer-se como
pecadores apenas para acharem que não competem com Deus pela glória
de ser santo. Na verdade, quem compete pela Sua glória são os que
pecam e não os que se tornam santos. Por alguma razão fomos criados
conformes à Sua imagem. Se déssemos glória a Deus continuando
pecadores, não poderíamos ser condenados. Reconhecer que somos
pecadores só é bom porque expressa a verdade. "Não há quem faça o bem, não há nem sequer um",
Sal.14:3; 53:13. Isso é uma
afirmação triste demais para ser reiterada por um Criador a respeito
da criatura criada conforme à Sua imagem! Devemos saber que ali não
diz, "não pode haver um que faça o bem, não deve haver um sequer"!
Não é essa ideia triste e corrompida que estes versículos querem
transmitir. Não podemos pensar que
mantendo essa linguagem que "somos pecadores" glorifica Deus por si
só. O que traz glória a Deus não pode ser condenável. "Mas, se pela
minha mentira abundou mais a verdade de Deus para Sua glória, por
que sou eu ainda julgado como pecador?",
Rom.3:7. Não poderei ser condenado
quando trago glória a Deus e, quem traz glória a Deus, não pode ser
considerado pecador. Por isso, não tenha medo de ser santo! Você não
compete com Deus tornando-se santo. "Tendes
enojado o Senhor com as vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o
havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por
bom aos olhos do Senhor e é desses que Ele se agrada",
Mal 2:17.
Existem muitos
relacionamentos unilaterais onde uma das pessoas não corresponde.
Quando é um relacionamento humano, é fácil ver que é unilateral
porque as coisas das pessoas são visíveis. Mas, Deus é invisível.
Logo, quando esse relacionamento é unilateral, não temos como ver.
Por essa razão é que Deus aconselha a verificarmos os frutos. As
pessoas confessam e professam Deus com muita facilidade unilateralmente. É outra coisa quando é Deus quem confessa e
fala sobre as pessoas diante dos anjos e dos homens, como confessou
Paulo diante de Ananias, Act.9:15,16.
"De Demétrio, porém, todos dão testemunho e até a própria
Verdade dá",
3 João 1:12. Essa verdade era o Senhor
Jesus em pessoa. Os frutos são aquelas coisas que Deus quer e não
aquilo que desejamos que sejam. Os relacionamentos unilaterais (no
tocante à vida com Deus) inventam até os frutos devido ao medo de reconhecerem que estão
errados. Você quer um relacionamento de ficção com Deus? Ou prefere
ter um real? Então, deixe de ficar ofendido contra a verdade quando
ela fala e corrija-se diante de Deus ao invés de tentar corrigir
Deus. Num relacionamento falso (egoísta), um parceiro quer sempre
mudar ou manipular o outro. Jesus não se vai adaptar a si. É você
quem precisa mudar e entrar nos eixos d'Ele.
Para medirmos as
distâncias usamos metros; para medir líquidos, usamos o litro; e
para medir a temperatura usamos graus. A vontade de desistir é o que
mede o amor próprio que ainda resiste em alguém que tem um
relacionamento real com Deus. Deus quer destruir o corpo da morte e
ela resiste chantageando com desistir. Desistir, quando se está dentro do evangelho
puro, é apenas uma forma subtil de auto-preservação. Essa vontade de
desistir sob as circunstâncias de verdade real é uma forma de
chantagem e de resistência. É como os trabalhadores que fazem greve
recusando trabalhar porque a vontade deles não está sendo cumprida.
Eles não estão a desistir do empregos, mas, a resistir ao patrão.
Eles estão contra o patrão e não contra o emprego. E quem desiste quando tem um
relacionamento genuíno com Deus está contra Deus. Opõe-se a Deus
porque não confia, não gosta ou não crê no que Deus faz e Deus não
está a alimentar a exigente carne. Mas, isto é verdade naqueles que
têm um relacionamento com Deus ou em vias de o ter. Tenha cuidado,
pois existem muitos relacionamentos unilaterais e de ficção.
"Pois trocaram a verdade
de Deus pela mentira e serviram à criatura antes que ao Criador",
Rom.1:25. Você serve alguém mais, antes ou preferencialmente
que ao seu Criador? Sua esposa, seu filho, seu pai, mãe
ou noivo? Você próprio? Você serve alguma
coisa mais, antes ou preferencialmente que ao seu Criador, isto é,
televisão, sono ou outra coisa qualquer? Sempre que não serve Deus
através de qualquer coisa que se chame criatura ou criação e queira
servir a criação através do Criador, isto é, usando o Criador para
servir a sua criação, você seguramente será réu de poderoso juízo
por ter trocado a verdade pela mentira. E as consequências de haver
trocado a verdade pela mentira serão visíveis em sua vida ainda
antes de ser condenado. Viver nas trevas é o salário do pecado. E,
quem vive nas trevas, acha sempre que vive na luz. Se não achasse,
não permaneceria nas trevas com tanta facilidade e teimosia.
Existe um tipo de roubo
o qual nunca é consumado e pelo qual ainda assim seremos condenados
por duas razões. Esse roubo é quando tentamos tirar o dia de amanhã
das mãos de Deus. E a segunda condenação acontece porque
negligenciamos o dia de hoje tentando servir o de amanhã. Ninguém
pode servir dois dias ao mesmo tempo. Você está sendo fiel ao que
deve ser feito agora, ou está adiando as suas decisões tentando
adiantar as preocupações e ocupações de amanhã?
Nunca seremos ajuda para
o mundo enquanto formos iguais a ele. E se o mundo precisa de ajuda
é porque não está bem. E se não está bem, porque razão seríamos
iguais a ele? "... Não vos conformeis a este mundo",
Rom.12:2. Não nos podemos tornar iguais
e conformes ao mundo se quisermos salvar alguém de lá.
Existe uma escravatura
pior que todas as outras: quando somos o nosso próprio dono, ou o
nosso próprio escravo! É só esse dono pedir algo que o escravo faz
tudo o que ele quer da maneira que quer! E achávamos que entendíamos
as palavras de Paulo que dizem: "Não vivo mais mas Cristo vive em
mim"! Você precisa assegurar dois tipos de morte: a morte do escravo
e a morte do dono do escravo. São coisas distintas.
Os preconceitos são
aqueles frutos do egoísmo que todos aceitam facilmente e dos quais
as pessoas fazem uso para haver aquelas guerras que tanto desejam
fora e dentro dos seus corações!
Porque as pessoas acham
que o amor é que sejam amados e não que amem, quando as coisas não
saem conforme prevêem, consideram o diabo como o principal culpado
da sua situação. Consideram o diabo como o seu inimigo principal.
Não que ele não seja o inimigo mortal das suas almas, mas, quem
considera que o amor consiste em que sejamos amados, é o seu próprio
inimigo. Com esse inimigo devemos ter todos os cuidados possíveis,
pois, nenhum outro poderá causar-nos tantos danos eternos. Por causa
dele podemos ser condenados. "E não temais os que matam o corpo e
não podem matar a alma",
Mat.10:28. Deus derrama Seu amor em
nós para podermos amar tanto a Deus quanto nosso próximo e não para
sermos amados. Se Ele derramasse Seu amor em nós para sermos amados,
estaria alimentando o egoísmo e não promovendo a santidade. E o
egoísmo é a raiz do pecado. Tudo que é egoísta é pecado. O pecado faz com que Deus
destrua a alma e o próprio homem é o responsável pelo seu pecado. Se
o diabo fosse o único responsável quando peco, ele seria condenado
pelos meus pecados e nunca eu.
Quando a Bíblia fala no
injusto, refere-se a quem não é santo. Quem não tem pureza não é
justo. Logo, é injusto. Quem é ímpio, isto é, injusto, não
conhece a vergonha sempre que peca. Pode chorar porque perde quando
peca, mas, não chora porque pecou e, antes, porque perdeu. Chora a perda. "O injusto,
porém, não conhece a vergonha", Sof.3:5. "...Tens a fronte de uma
prostituta e não queres ter a vergonha",
Jer.3:3.
Nós não nos tornamos
santos para receber ou perder as coisas, mas, recebemos ou perdemos
as coisas para sermos santos. O único propósito de Deus nesta terra
é a criação de santos. Esse deve ser o nosso único propósito também.
" ...Aos que, com perseverança em fazer o bem,
procuram glória, honra e incorrupção",
Rom.2:7. "...Chamados para ser
santos...", 1Cor.1:2. "(...) nos
escolheu n'Ele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante
Ele", Ef.1:4. O que está no topo da sua
lista? Será que as coisas deste mundo são o topo da sua escadaria, o
alvo da sua rumaria, ou são as
escadas onde pisa para subir para a santidade em Cristo? Você usa a
santidade para subir até ao
que quer ou usa as coisas para alcançar
santidade? Quer ser santo para alcançar as coisas ou quer as coisas
para ser santo através delas? Você quer e busca santidade através
das coisas ou as coisas através da santidade? Subornar Deus nunca
resultou.
Muitos tornam-se
inseguros na vida com Deus porque as coisas não saem conforme
previam. Pedem a Deus muitas coisas que não recebem ou ainda não
receberam e isso deixa-os confusos. Como as coisas materiais que
exigem de Deus não chegam e devido a serem importantes para a pessoa
que pede, muitos acham que foram abandonados por Deus ou que andam
em erro. Outros ficam ainda mais confusos porque pedem coisas
celestiais e elas demoram porque precisam ser feitas do jeito que se
fariam no céu e não as fazem dessa maneira. A carne não pode fazer
as coisas de Deus. Deus prometeu levar-nos para a santidade. Se você
verificar que está cada vez mais santo, isso prova que está no
caminho certo. Não precisa ficar inseguro. Nada mais pode provar que
o seu relacionamento com Deus está correcto - nem mesmo a
prosperidade. "...Chamados para serem santos (...)
Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu
Filho Jesus Cristo nosso Senhor",
1 Cor.1:2,9. "...Também nos escolheu
n'Ele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor",
Ef.1:4. Isso não significa que nunca
receberemos tudo logo aquilo que pedimos a Deus, seja material ou
espiritual. Com certeza que receberemos, mas, nunca como prioridade.
Receber e conhecer Cristo como Ele é, é a prioridade - é o alvo.
Existem provas pelas
quais a nossa fé é testada pela verdade, para que se alargue o
limite da nossa confiança em Deus. Confiança n'Ele deve ser tão
ilimitada quanto a Sua fidelidade. Mas, quem não está bem com Deus também não
recebe e pode facilmente crer que está a ser provado e não negado. A
fé tem uma recompensa real e um testemunho antes, durante e após
cada provação. Assegure-se que cada uma das suas provações estão
obtendo um
final feliz.
Da fé dependem algumas
obras de Deus. Mas, Deus faz as coisas que precisam ser feitas e não
para mostrar as obras a quem tem intenção de buscar sinais para
poder crer. É fé que faz as coisas e não as coisas que
aprofundam a fé. A fé nunca é fortalecida por sinais e maravilhas.
Os sinais e maravilhas é que são aprofundadas e tornam-se
maravilhosas pela fé. O que
fortalece a fé é um relacionamento de pureza real e genuíno com
Jesus. Sinais não fazem melhores crentes, mesmo que puxe a atenção
dos descrentes. Um relacionamento com Jesus é o que fortalece a fé
sob qualquer circunstância.
Sempre que a nossa
fé é provada, não devemos apenas ver e comprovar se o nosso coração
é verdadeiro, mas, se Deus é. A prova ou a intensidade dela é o de
menos. Aquilo que acharmos ser verdade a respeito de Deus é que vai
determinar o fortalecimento ou enfraquecimento da nossa fé e de toda
a nossa sinceridade. Olhar
para nós próprios enfraquece a fé e vendo ou assumindo aquilo que
vemos de Deus como verdade, fortalece-a.
Não devemos achar que
Deus dá porque nos ama e nem que tira porque nos ama menos. Deus
tanto dá como tira a quem ama, a bons e a maus.
Os fiéis pensam na
qualidade do seu trabalho acima da quantidade. No entanto, a
qualidade do seu trabalho evita que seja repetido. Logo, a longo
prazo, a quantidade das obras estará acima do esperado. Os
frenéticos fazem muitas coisas de uma só vez. Mas, corrigem ou
repetem a maioria daquilo que fazem. Os que são fiéis conseguem ter como
objectivo a perfeição. E a perfeição que trabalha de maneira lenta
tem mais valor que aquela pressa que é capaz de apresentar uma obra
de má qualidade rapidamente. Os apressados também gostam de viver
das aparências porque raramente apresentam obra digna desse nome. Os
que fazem bem, podem aumentar a sua produtividade à medida que
ganham experiência e hábitos de perfeição. Uma coisa leva à outra. O
mesmo não podemos dizer dos que são frenéticos e apressados, pois,
cada dia surge um problema novo e diferente que, por sua vez, não
permite criar hábitos e nem personalidade. O preguiçoso é aquele que
descansa menos.
Deus não faz trocas
comerciais.
Mas, o homem tem a ideia da troca comercial enraizada nele. Por
vezes, Deus aproveita-se da ideia do homem para convertê-lo, mas,
isso não significa que Deus faça acordos com a carne. Deus pode prometer abençoar
o homem que quer salvar depois que se converta. Mas, a bênção é uma
consequência lógica da conversão mesmo quando não é 'prometida'. A
vida do homem corre mal quando afastada de Deus e o seu espírito tem
paz em qualquer circunstância sempre que está em Deus. Se Deus (que
é a nossa maior bênção pessoal) está afastado de nós, a bênção
também permanece afastada porque a bênção d'Ele está
com Ele. Se Ele se vai de nós, a bênção afasta-se
junto com Ele e, se Ele se aproxima, ela vem com Ele. "Eis que o seu
galardão está com Ele",
Is.40:10. Só que, os homens assumem
erroneamente que, se vierem a Deus, serão abençoados por isso e que
recebem algo em troca pelo acto de virem a Deus, o qual consideram
ousado. Na verdade, vindo a Deus, qualquer pessoa será abençoada,
esteja bem antes de vir ou não. Estaremos bem de qualquer jeito
perto de Deus. Contudo, o facto de sermos abençoados não se deve a
termos vindo, mas, de estarmos com Ele porque a bênção não está
separada d'Ele. Para nós, aquilo que podemos considerar como uma
recompensa, é a consequência lógica de estarmos de bem com Deus e em
bons termos com Ele. Deus
não nos abençoa porque nos convertemos e antes porque Ele, em quem
estamos, é a bênção em si mesmo e não podemos separá-Lo dela.
Usufruímos da bênção porque estamos com Ele e, onde Ele está, está a
sua bênção. Quando nos convertemos, estamos com Ele. Por isso, não
devemos ir a Deus pela bênção, mas, ir à bênção por causa de Deus.
"Quando Eu quiser,
castigá-los-ei",
Os.10:10. Os pecadores, de forma geral,
não se sentem incomodados depois de haverem entrado na vida de
pecado (Sal.73:4-7). Na maioria dos
casos chegam a justificá-la. Deus incomoda aqueles que se desejam salvar e
deixa quietos os que escolheram a vida que leva ao inferno para que
eles possam prosseguir o seu caminho sem problemas de maior. Eles
andam como se nada de mal lhes fosse acontecer. Deus deixa-os em paz
até ao dia que Ele quiser e, como será apenas nesse dia que Deus
pegará neles, sentir-se-ão ilesos e seguros até lá. Esse dia virá,
porém, como o ladrão de noite. Será em uma hora que o pecador não
espera e de uma maneira que não esperava ser
possível acontecer-lhe.
O suicídio é o acto mais
egoísta de alguém que recusa reconhecer que existe solução
reconhecendo onde errou ou erra sobre um assunto específico. Prefere
magoar os outros suicidando-se e recusando reconhecer a porta de
saída para o seu problema. Por muito que alguém entenda as razões de
quem se suicida, por muitas razões que tal acto invoque, o suicídio
nunca deixará de ser um acto de egoísmo extremo e de orgulhoso que
recusa a reconciliação que está ali bem perto, isto é, na própria
pessoa. Muitas vezes, a pessoa suicida-se porque existe uma solução
que não quer desejar
- suicida-se para não ter de cair na tentação de aceitá-la. Tem
qualquer coisa contra a solução. A pessoa que se suicida é, também,
uma pessoa extremamente orgulhosa, seja esse orgulho disfarçado ou
evidente. Também é um acto de vingança contra alguém, de um jeito ou
de outro. Também existem suicídios espirituais onde as pessoas não
agridem o seu corpo, mas, sufocam seus espíritos com os espinhos das
preocupações.
Havia um bom pai que
tinha um vizinho que era seu inimigo mortal e irreconciliável. Esse
pai teve um filho, o qual se uniu ao inimigo do pai. Volta à casa do
pai só para comer. A vida que o pai lhe deu, a comida através da
qual cresceu, toda a força que tinha, usa para manter-se aliado ao
inimigo mortal do pai. Você sabe quem é essa pessoa? É todo o
pecador. Você é pecador? "Contudo fui Eu que os ensinei e lhes
fortaleci os braços; entretanto maquinam o mal contra Mim. Eles
voltam, mas, não para o Altíssimo. Fizeram-se como um arco
enganador...",
Os.7:15,16. Continuará vivendo em
pecado? Ou continuará voltando apenas para comer, mas, não por causa
do Pai? "Eles voltam, mas, não para o Altíssimo".
Sempre que você
conseguir abandonar um pecado para sempre, assegure-se que abandona
os lugares, as pessoas e tudo aquilo que esteja relacionado com esse
pecado. Mude totalmente de vida. "Quanto a Efraim, ele mistura-se
com os povos; Efraim é um bolo que não foi virado",
Os.7:8. "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o
conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se
assenta na roda dos escarnecedores",
Sal.1:1.
Os mais honestos dos
pecadores não invocam Deus porque a sua consciência não o permite.
Falta-lhes ousadia para com Deus e vontade de abandonar o pecado
também. Os menos honestos afirmam que Deus não existe. Qualquer
pessoa que afirma que Deus não existe é, seguramente, desonesta nos
outros aspectos de toda a sua vida porque é desonesta no geral.
Creia nisso e leve isso em conta mesmo que lhe pareça um absurdo.
Desonesto é desonesto sempre e em tudo - até mudar. Por essa razão,
quando você obtiver a certeza da existência de Deus pelo
arrependimento, assegure-se que se torna honesto com o seu próximo
também. Dê atenção às extensões desse pecado. São duas as coisas das
quais deve arrepender-se e converter-se ao convencer-se da
existência de Deus. Caso o seu caminho não se estreite dos dois
lados, tornará a alargar-se para os dois lados. Tornar-se honesto
apenas em um aspecto, toda a desonestidade que já havia abandonado
voltará. Desonesto é quem é capaz de afirmar que a mentira é verdade
e que a verdade é mentira. Este pecado é do género daquele de quem
fuma e bebe: se deixar apenas um desses pecados, voltará a ter os
dois novamente mais cedo ou mais tarde. Existem pecados que não se
separam se nasceram juntos e, por isso, precisam morrer os dois ao
mesmo tempo. Caso isso não aconteça, um será responsável pela
tentação do outro. Esta verdade aplica-se a todos os tipos de pecado
que convivem como irmãos da mesma gema. Ou abandona todos, ou
voltarão todos sete vezes pior.
Jesus disse que, se
limparmos a parte de dentro, logo, a parte de fora tornar-se-ia
limpa também. Mas, limpando a parte de fora nunca garante a limpeza
interior, antes impede-a obstruindo o acesso da luz. Por isso, quem
limpa o seu interior tem todas as condições para deixar de ter as
preocupações que qualquer sujo tem em querer ter boa aparência.
As aparências convencem
tanto o próprio quanto os outros. No entanto, convence mais ao
próprio, pois os outros conseguem detectar a hipocrisia mais
facilmente que o próprio hipócrita.
A parte mais importante
da verdade é eu ser verdadeiro. Eu preciso ser verdadeiro. Assim que
tornar-me verdadeiro sobre tudo o que se passa em mim, começa a
surgir a humildade, pois, humildade é sermos aquilo que somos e,
quanto menor for o esforço para sermos assim, tanto maior é a
humildade. Mas, na fase inicial, o pecado dentro de mim recusa ser
revelado e, se sou verdadeiro sobre mim próprio, apercebo-me melhor,
através da verdade, que preciso mudar. Quando mudar, necessito
continuar sendo verdadeiro. Como os meus pecados são manifestos tal
e qual são porque vivo na luz mostrando o que sou sem esforço, uma
de duas coisas acontece: ou procuro tornar-me aceitável mudando
porque não é agradável sermos aquilo que mostramos; ou escondo
aquilo que sou por achar que não é bom mostrar o meu pecado e
procuro manter as aparências. Ou sou aquilo que mostro e mostro
aquilo que sou ou, então, escondo aquilo que sou e passo a viver das
aparências que se estabelecem pela força e pelo engano e não pelo
Espírito. Sob a luz, somos levados a essa encruzilhada, isto é: ou
mudamos, ou escondemos uma vez mais aquilo que é manifesto. As
palavras de Deus não nos são dadas com o intuito de serem
agradáveis, mas, para curarem. A verdade liberta-nos sempre que
tomamos conhecimento dela e sempre que agimos em conformidade com
ela, pois a verdade busca alguém que seja verdadeiro para tornar-se
útil a tal pessoa e não condenatória e nem contraditória. Quem
resolve ser verdadeiro será liberto de todo o mal por estar obtendo
verdade. Sendo verdadeiro, no mínimo, libertou-se da mentira.
O arrependimento não nos
traz momentos de acusação e angústia, mas, de alívio. A angustia e a
acusação surgem porque devo estar a adiar o momento de arrepender-me
e mudar. Ou, então, quero apressar Deus buscando erros onde já não
existem para que Ele faça aquilo que quero ou deixe de ver aquilo
que quero esconder.
Conforme vou escrevendo
coisas que surgem em meu coração devido à proximidade e intimidade
de Deus com a minha alma, há dias que me apercebo ter feito pouca
coisa. Na verdade, são pequenas coisas que são feitas. Contudo,
durante esses dias, apercebo-me ter feito coisas importantes, por
muito pequenas que sejam. Não quero encher o mundo de livros, mas,
de sementes. É verdade que uma semente é muito pequena se a
compararmos com a árvore. Mas, não são as árvores que são semeadas e
sim as sementes. Creio que, sempre que um fiel faz pouco devido a
alguma circunstância, aumenta a qualidade daquilo que faz. Algo de
bom acontece sempre que somos fiéis, seja através de coisas pequenas
ou das grandes. Conta muito a qualidade das sementes que
distribuímos. Gastar tempo para melhorar a qualidade duma sementinha
pequenina nunca será tempo perdido. Essa semente dará uma árvore
saudável, a qual, por sua vez, dará frutos que terão sementes do
mesmo género dentro deles. E tudo começou em uma semente pequena que
pensávamos ser insignificante. Na verdade, tudo começou quando se
pensava que estaríamos perdendo tempo com uma coisa tão
insignificante, pois, a nosso ver, a árvore seria algo maior e mais
gratificante. Mas, não é verdade. Por essa razão, não aprendamos a
desprezar as coisas que consideramos pequenas ou insignificantes.
"Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas?",
Zac.4:10. Até o pecado se multiplica
através de pequenos pensamentos que são dardos com fogo que acabam
por tornar-se grandes incêndios na mente,
Ef.6:16.
Deus é sempre a mesma
pessoa, tanto quando nos sentimos bem como quando nos sentimos mal.
A forma como nos sentimos não determina o carácter de Deus e nem
explica aquilo que Ele realmente é. O que sentimos, fala sobre nós e
não sobre Deus. Se achamos que Deus é bom apenas quando tudo nos
corre bem, somos hipócritas em relação a Ele. Se Deus só é bom
quando tudo nos corre bem, é porque não o conhecemos de verdade.
Quando Deus fala ou diz
alguma coisa, a forma como se expressa é a parte menos importante,
seja ela simples ou espectacular. Quando é 'espectacular' tem a ver
conosco, pois, Deus faz uma coisa grande demais para o homem e é
somente o homem que pensa ser espectacular. Se Deus sussurrar, o que
diz não deixa de ter menos importância do que quando Ele usa as
trombetas do Apocalipse. O que conta é a importância de quem
fala, seja em sussurro ou em bom som. Você é o responsável pela
forma como vai catalogar a forma como Deus lhe fala. Se gostar do
que Ele diz, sentirá a Sua voz de maneira distinta daquela quando
não gostar do que Ele diz. Mas, isso não significa que Ele fala de
maneira diferente. Apenas significa que você recebe tudo o que Ele
diz de forma diferente, mediante as suas próprias circunstâncias. A
autoridade e a voz continua sendo a mesma de sempre. Por isso, tenha
o cuidado de não catalogar a voz de Deus levando em conta a forma
como se
sente sobre o assunto que levou o Senhor a expressar-se.
Jesus nunca confiou na
doutrina de "aceitar Cristo como teu Salvador!" Ela faz crentes
frouxos e enganados, os quais tornam-se exemplos que outros seguem
para obstruir a passagem daqueles que buscam verdade e realidade
em Deus.
É bom sentirmo-nos bem
quando estamos bem e com os pés bem assentes na terra. Mas, estando
Deus em nós de forma real, levamos em conta tudo aquilo que Deus é
se estivermos bem lúcidos e firmes nessa lucidez. Por isso, ao invés
de estarmos com os pés assentes na terra, estamos com eles bem
assentes no céu, pois Jesus disse, "na terra como no céu". É que
levamos Deus em conta. Temos de ter em conta que, aquilo que Deus
tem para nós, é melhor que aquilo que alguma vez desejaríamos ter.
Você tem a certeza disso ou ainda tenta convencer-se disso? Quem
perde a vida por Deus, ganha-a. Se você não achar que a verdade é
verdade, não leva Deus em conta. Imagine, então, o desastre que será
não viver em conformidade com isso!
"O meu povo consulta ao
seu pau e a sua vara lhe
dá respostas, porque o espírito de luxúria os
enganou...",
Os.4:12. Quando a pessoa tem desejos,
esses desejos falam como se fossem Deus. Eles dão as respostas que
Deus nunca deu ou daria. Cuidado quando o seu coração começa a falar
por Deus devido à descrença e ao grande amor que você tem por si
próprio! Pior será quando o diabo entrar em cena e ajudar com essas
respostas, também, porque existe a luxúria e o espírito da luxúria
que ele pode e sabe usar. Combinados, são terríveis!
"...Não se faça culpado
Judá; não venham a Gilgal e não subais a Bete-Ávem nem jureis,
dizendo: Vive o Senhor", Os.4:15. O adultério é quando a pessoa
pertence a um e entrega-se a outro. Se fosse do outro a quem se
entrega, não haveria adultério. O problema maior dos idólatras é
usarem o nome de Deus enquanto se prostituem espiritualmente com
outros, isto é, com o mundo, com as suas ideias próprias, etc.. Caso
afirmassem não pertencerem a Deus, o seu pecado seria menor e menos
gravoso. A idolatria permite
à pessoa viver da maneira que quer. Um ídolo não castiga, não
repreende. Mas, também não tira a ideia de fé ou de Deus da mente do
pecador. Logo, a pessoa sente-se segura pecando. O pecador não
consegue viver com a ideia de ter Deus contra ele. E é a idolatria
que permite crer que está tudo bem entre ele e Deus. Logo, caso se
aperceba que Deus é seu inimigo, ou que está contra ele, ou que Deus
não está com ele, poderá voltar-se para Deus pelo temor. Se você
também ama o pecador como Jesus, nunca esconda as verdades e a
realidade a quem peca.
"Porquanto rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei",
Os.4:6. Isto tem uma verdade inversa:
se não rejeitarmos o verdadeiro conhecimento de Deus, seremos
aceites. O verdadeiro conhecimento de Deus é aquele que conhece Deus
como Ele é e não aquele que faz de Deus aquilo que desejamos que Ele
seja.
"E naquele dia, diz o
Senhor, não me chamarás mais 'meu Baal'",
Os.2:16. Quando o povo do diabo
assimila as coisas de Deus para idolatrar, isso dá um certo sossego
de consciência que é bastante falso e enganador. Por essa razão, os
idólatras usam o nome de Deus em vão. Quando usam o nome de Deus em
vão, fazendo-se idólatras, dizem que Jesus é um dos seus deuses.
Isto é, eles usam uma forma de idolatria e dão-lhe o nome Jesus ou,
então, usam as coisas de Deus e chamam Deus de "meu Baal" dedicando
o que é sagrado ao diabo.
Onde erraram tanto os
amigos de Jó? Eles, ocasionalmente, diziam de Jó aquilo que Deus
também disse dele. O que tinham de errado foi não terem visto que Jó
era, de facto, justo. Eles acreditaram facilmente naquilo que viam e
acusavam Jó de pecado que não tinha e sem o terem visto pecar. Quem
olha para o que acontece à pessoa e deduz erroneamente que Deus está
contra ele, facilmente cairá no mesmo erro de forma inversa, isto é,
se alguém canta na Igreja hipocritamente, logo será tido como uma
pessoa bem próxima de Deus. Não podemos deduzir pelas aparências.
Julgar a favor também é julgar.
"Pois qual é a esperança
do ímpio, quando Deus o cortar, quando Deus lhe arrebatar a alma?"
Jó 27:8. Deus corta todo o mundo e, os
que ainda não foram cortados, sê-lo-ão ainda com toda a certeza. O que vai
contar é o que fica com o homem depois de tudo lhe haver sido
cortado. Que ficará consigo? Nos santos, depois de perderem tudo,
manter-se-á a esperança e a vida. Todos aqueles que pretendem de
Deus que algo terreno se mantenha eterno porque nisso colocam as
suas esperanças, logo serão desapontados e, quando forem cortados,
nada restará deles. Todos serão eventualmente cortados, até os anjos
de Deus. Ninguém escapará disso. A terra terminará e nada sobrará
nos céus também. Mas, será necessário manter a esperança na
realidade do que ainda vem e ninguém poderá manter dois tipos de
esperança contraditórios em seu coração, isto é, ninguém poderá
servir dois Senhores. Ou mantém a esperança em Deus (ou sem Deus)
por causa das coisas terrenas; ou mantém a esperança apenas em Deus
por causa de Deus. Que se manteria em seu coração se tudo lhe fosse
cortado - filhos, propriedades, saúde - como aconteceu a Jó?
Existe esta ideia de que
Deus agrada-se de que as pessoas se sintam pecadoras, como se Deus
não tolerasse que alguém fosse santo para não competir com Ele em
santidade ou glória. Como é que tal ideia tão satânica pode ter-se
instalado na Igreja tão comodamente? A verdade é que não existe
competição entre santos. A competição existe entre Deus e a pessoa
apenas quando alguém entra no mundo do pecado. A competição existe
entre pecador e santo, entre a vida que se entregou ao pecado e
Deus. Essa é a única competição que existe! Haja pessoas santas e
haja as que se tornam cada vez mais santas! Quanto mais santas,
menos competem com Deus ou Deus por elas! Tais pessoas são as que
glorificam e magnificam Deus e não são as que competem com Ele! A
importância da pessoa saber que é pecadora, é simplesmente por causa
da verdade - é pela declaração da verdade. Não é necessário que seja
pecadora, mas, verdadeira. Deus quer que o pecador se reconheça como
tal e que o santo se reconheça como santo, tal qual Jó fazia. Mas,
isso será apenas por causa da verdade. Deus quer que o
pecador reconheça que é pecador porque é verdade e não para que se
mantenha em pecado para não roubar glória a Deus. Deus não quer que
o pecador seja pecador, mas, que se reconheça como é por causa da
sua salvação daqueles pecados que não reconhece. Reconhecer é um mal
menor e pode ser o início do caminho da verdade. Seria muito bom a
pessoa ser santa, reconhecer tal graça e ainda ser conhecida como
tal. É a verdade que é exigida das pessoas e não que sejam
pecadoras, pois, só os santos podem glorificar Deus.
Deus não consegue
terminar a Sua obra através de alguém que desiste. E, se você
desiste, não ficará a saber se Deus poderia terminá-la. Noutras
palavras, todas as suas dúvidas serão confirmadas sempre que
desistir. E, caso alguma dúvida se confirme, a sua mente instável
será saciada (pois, a pessoa insegura só se sente bem insegura).
Isso dar-lhe-á uma falsa paz que, com toda a certeza, provocará a
ira de Deus. É por isso que Jesus preza todos aqueles que vencem.
"Aquele que vencer e permanecer até ao fim..."
Jesus veio libertar-nos
de nossos pesos. Ele disse que viéssemos a Ele para que nos tirasse
as cargas. Isto é notável, pois ninguém se acha sobrecarregado ou
culpado da dificuldade que sente andando. Antes culpa o caminho de
ser difícil. Culpam sempre qualquer coisa e não eles próprios. Por
exemplo, se um gordo estiver a subir uma montanha com dificuldade,
culpa a montanha de ser difícil e não diz que é o seu peso que lhe
dificulta a subida. O pecador culpa a dificuldade do seu caminho e
nunca o peso dos seus pecados. Deus não vai mudar a montanha, mas,
aliviará o pecador. Mas, o pecador não quer abandonar o seu caminho
de pecado - antes deseja que o caminho de Deus se torne mais fácil
para ele, mesmo sobrecarregado! Não se considera pesado e reclama
contra Deus por não ser fácil subir carregando o peso do pecado que
recusa abandonar. Quando Jesus afirma que Seu jugo é leve, Ele alude
directamente ao fato de que será o pecador a ser aliviado do seus
pecados e não que o caminho irá ser facilitado.
Os amigos de Jó falavam
de barriga cheia e o contraste entre a sua barriga e a de Jó
destacou-se
ainda mais perante a desgraça visível de Jó.
Por isso, falavam facilmente. Mas, Jó mantinha esperança de barriga
vazia, isto é, o coração dele, a fé dele não poderiam ser afligidos.
Quanto aos amigos de Jó, não sabemos. Só sabemos que não foram
provados para que se verificasse se a sua confiança e palavreado
eram genuínos. É fácil um gordo dizer que irá fazer dieta depois que
acabou de comer. Temos de ver se ele diz o mesmo na hora que a fome
aperta e quando o estômago ronca. É fácil ter fé na abundância. Mas,
será que Deus muda porque passamos mal? Não merece a nossa confiança
seja sob que circunstâncias for? Deus não muda juntamente com o
nosso estado de espírito. E, quando estamos em apuros sem saídas,
também será fácil confiar ao vermos que não temos alternativa senão
confiar. Será que também não podemos achar que Deus é fiel ao invés
de confiarmos por falta de alternativas?
Só aqueles que vivem em
pecado desejam a morte para 'irem descansar'. Um santo deseja estar em
Cristo, seja na morte ou na vida actual. Ele escolhe Cristo e não a
morte. Por isso, quando alguém deseja morrer para descansar é porque
não tem descanso em sua alma e acha que irá ter depois de morrer.
Vive em pecado e não tem descanso. Acomodou-se ou instalou-se no
pecado. Por essa razão é que Jó, mesmo muito doente e cheio de
dores, recusou desejar a morte porque viu pecado de tal
pensamento. Ele disse: "Se eu olhar para o Seol como a minha casa, é
porque fiz nas trevas a minha cama", Jó 17:13.
Muitos dizem que Deus
faz tudo através deles, mesmo quando não cooperam com Ele. Na verdade, a
nova natureza só serve para alguma coisa quando está em cooperação e
em intimidade real, obediente e incondicional com Jesus. Mas, não
pensem os maus de coração que tudo o que eles fazem é de autoria ou
da responsabilidade de Deus!
Quando é Deus que nos
guia, não significa que irá falar sempre e nem que irá explicar tudo
quanto fala; e, se nos guia continuamente, isso também
não significa que estará
sempre
falando. Guiar é mais que falar. Ser guia é mais que dar
mandamentos, ordens, instruções e explicações. O melhor guia é
aquele que forma a natureza da pessoa de quem guia fielmente,
falando-lhe/revelando/manifestando intimamente quando é preciso. "Portanto, eis que eu a
atrairei e a levarei para o deserto e lhe falarei ao coração",
Os.2:14. Quando se fala ao coração,
nem sempre se usa palavras. Ele forma a ovelha que encaixa
com perfeição naquilo que Ele é como Pastor. Sendo assim, fazemos
conforme O vemos fazer. O Pastor não muda e,
para haver uma comunhão íntima, alguém terá de mudar e ser formado.
Nós podemos viver a vida
poderosa de Deus sem defini-la. Mas, cada dia que passa, o erro vai
aumentando e ficando mais ousado. Por essa razão será cada vez mais
necessário haver uma definição correcta da Vida Eterna dentro de nós
- não para tentar imitá-la, ou tentar viver da aparência por via de
meios e métodos carnais, mas, para vermos como se diferencia a Vida
das vidas falsificadas que vão aparecendo cada vez mais com o
avançar dos tempos. E quanto melhores forem as definições e
explicações da vida eterna, mais imitações haverá, pois, muitos
tentarão pular o muro ao invés de entrar pela porta estreita. Quem tentar
imitá-la ao invés de obtê-la de verdade, será castigado como alguém
que não entrou pela porta no aprisco das ovelhas e preferiu saltar o
muro. Os seus pés e mãos serão amarrados e será lançado fora onde
existe trevas, dor e ranger de dentes junto com todos os hipócritas.
As definições tanto podem formar hipócritas que tentam imitar tudo o
que aprendem, como podem proteger quem tem a vida. A definição
correcta da verdade é como a casca dum fruto. E o fruto não pode ser
só casca sem nada dentro; e o fruto sem casca
apodrecerá por não estar protegido. Mas, quando for para comer,
lembre-se que ninguém come casca. Os pastores de hoje só dão cascas
teológicas a quem diz que tem fome.
Jó falava abertamente
diante de Deus através de uma linguagem franca e pura. Mas, os seus
amigos achavam que isso era irreverência e falta de temor. Por isso
diziam: "Na verdade, tu destróis a reverência e impedes a meditação
diante de Deus",
Jó 15:4. Mas, Jó falava da maneira
certa, pois, havia verdade em seu íntimo e em suas palavras. Ele não
aqueles agrados
usava com Deus que uma pessoa usa falando com a
outra. Ele não tratava Deus como alguém trata humanos,
lisonjeando-os com palavras ou actos. "Fareis aceitação da Sua
pessoa? Contendereis a favor de Deus? Certamente vos repreenderá se
em oculto vos deixardes levar por respeitos de humanos (lidando com
Deus como se lida com humanos)", Jó 13:8-10. O que Deus deseja é
verdade no íntimo e não aparência de respeito ou temor a Deus.
Todos os sussurros de
Deus são grandes mandamentos. Trate de levá-los até ao fim. Nunca
permita que o seu amor por Deus seja fraco. Esse amor é (ou
ainda será) do tamanho da
sua obediência. Não permita que seja do género de amor ou de
obediência que vem e vai. "Porque o vosso amor é como a nuvem da
manhã e como o orvalho que cedo passa",
Os.6:4.
Todo o idólatra traz o
seu deus na mão (Jó 12:6b) e diz ao tal
deus tudo o que deve fazer em troca de sacrifícios. É o idólatra
quem manda no deus dele e não o contrário. Todo o tipo de idolatria
serve um deus da cabeça de quem venera uma coisa que necessita ser
carregada. Idolatria é a religião da conveniência. Jesus não é
carregado na mão de ninguém, pois Ele até anda sobre o mar sozinho.
Não recebe ordens de ninguém.
Os amigos de Jó sabiam
pregar para os outros. Na verdade, até pregavam muitas coisas
certas. Mas, o que conta é a pessoa e não tudo aquilo que ela possa
dizer do que vive realmente. Por essa razão é que Deus disse que ouviria a Jó e não a
eles. É interessante notar que Deus não disse que ouviria a oração
de Jó e antes que ouviria a Jó. A mesma oração, para Deus,
é diferente na boca de pessoas diferentes. E
aquelas pessoas que se acham superiores em sabedoria são,
normalmente, os que precisam ser ajudados. Os crentes, os teólogos e os pastores precisam ser
ajudados a conhecer o Altíssimo de forma íntima e pessoal.
Só assim teremos um avivamento verdadeiro. Por
enquanto conhecem a sua teologia intimamente. São esses a quem Jó
também diria: "Sem dúvida vós sois o povo e convosco morrerá a
sabedoria!", Jó 12:2. Eles sabem muito bem pregar
para os outros, ensinar a orar e tudo mais. Mas, não sabem obter
respostas às orações, não sabem ser humildes de coração, desconhecem
o verdadeiro poder de Deus, entre muitas outras coisas que
também desconhecem.
Quando Deus guia, não é
o assunto que é importante, mas, a pessoa a quem guia. Por essa
razão, nenhum assunto é pequeno demais para que Deus nos instrua
sobre ele e nenhum dilema ou assunto é importante demais para que
Deus seja obrigado a guiar de forma especial. Deus guia a pessoa
por causa da pessoa e não por causa do assunto em questão. Importante é que
a pessoa seja guiada, pois, só os que são guiados pelo Espírito são
ou tornam-se filhos de Deus, Rom.8:14. Os assuntos têm importância
relativa e secundária, pois, a importância real e prioritária é a
pessoa que aprende a ser guiada e a obedecer. Os assuntos são
instrumentais, por muito importantes que sejam ou se tornem. Todos
os assuntos devem contribuir para o bem eterno da pessoa, para a sua
aprendizagem e não é a pessoa a ser sacrificada por causa dos
assuntos.
O estado de espírito de
cada pessoa pode facilmente influenciar a sua própria visão das
coisas e até mesmo a visão do futuro. Se alguém se encontra em um
momento alegre, achará que tudo lhe sorrirá. Se estiver em momentos
difíceis, crerá que irá ser sempre assim ou pior. Devemos ver a
verdade se a pudermos ver e não confundi-la com aquilo que sentimos
no momento. "Que é que te provoca, para assim responderes?",
Jó 16:3. Ainda bem que Deus não faz as
coisas em conformidade com aquilo que vemos e da forma como nos
sentimos. Ele não depende de nós para fazer as Suas coisas. No
entanto, lembremo-nos daquele oficial que estava passando momentos
difíceis e, devido ao que sentia, não acreditou nas palavras de
Eliseu e deixou a sua amargura expressar-se. Morreu sem que tivesse
provado daquilo que Deus providenciou, 2 Reis
7:19. É algo a ter em conta. Nunca permita, sob circunstância
alguma, que seu coração ou estado de espírito mude aquela visão que
Deus lhe deu, dará ou quer dar.
O progresso espiritual
de qualquer ser depende muito da sua constância - obediência
constante, fidelidade constante, crescimento constante. Os seres
constantes, para além de crescerem porque são constantes, descansam
porque crescem. Qualquer tipo de crescimento é trabalho árduo e,
quem trabalha, merece o seu descanso integral. Só existe
verdadeiro descanso, tanto interior como exterior, após o trabalho e
nunca antes.
Os inseguros só se
sentem bem sendo inseguros. Insegurança é o caminho do erro e, para
continuar insegura, a pessoa busca o erro. Mas, a insegurança
emocional e a insegurança real nem sempre são a mesma coisa. Existem
pessoas seguras delas próprias em lugares escorregadios estando
prestes a estatelarem-se à entrada do inferno. "No pensamento de quem está seguro há
desprezo para a desgraça", Jó 12:5. E,
também, existem pessoas que se sentem inseguras trilhando o caminho
que devem, pois se é verdade que quem se sente seguro despreza a
desgraça, quem se sente inseguro em Deus despreza a graça porque
gostariam de depender daquilo que os faz sentir inseguros: a força
do braço da carne. As duas coisas são pecados grosseiros. Aqueles
que estão trilhando caminhos escorregadios pecam sentindo-se seguros
por lá. Os que se sentem inseguros perto de Deus erram
grosseiramente também. Ambos têm o mesmo tipo de coração enganador e
deveriam contar com ele ao considerarem os seus caminhos,
perspectivas reais e
respectivas consequências. "Considera os teus caminhos..."
Todo o incrédulo
acredita em mentiras e mais ainda nas próprias. Ele 'precisa' delas
e acredita nelas como se fossem verdades. Incrédulo é enganador e
até se engana a ele próprio.
"Chorarei eu no quinto
mês, com jejum, como o tenho feito por tantos anos? (...) Quando
jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes
setenta anos, acaso foi mesmo para
Mim que jejuastes?", Zac.7:3,5.
Deus não se importa se o jejum e a oração acontecem agora, no mês
seguinte ou em dias específicos do ano ou do mês. A única coisa que
Deus quer saber é se foi para Ele que jejuamos ou se foi por nós.
Pode ser agora, no quinto mês ou quando for. Isso é irrelevante. O
importante é que seja por Deus, pela causa de Deus, para obter
respostas concretas nesse campo e não pelo sacrifício, seja ele
obcecado ou não.
Muitos, para se
defenderem contra si próprios e contra as acusações de sua
consciência, dizem: "Isto não tem nada de mal!" Não que não tenha
nada de mal - querem apenas mostrar a eles próprios que não tem.
Mas, muitas vezes, defendem-se fazendo o que está errado para
provarem que não tem nada de mal. Serão condenados porque fazem a
coisa errada e, também, porque tentam encobrir o pecado fazendo-o e
dando-lhe ar de graça.
Deus usa muitas pessoas
acima de nós para nos ajudar. As pessoas acima de nós não são as que
têm melhor intelecto ou que pastoreiam, mas, as que são mais santas. Se um analfabeto for mais
santo que um cientista, ele ajudará o cientista. O grau e a
disponibilidade de obediência a tal pessoa é proporcional ao grau de
obediência a Cristo. Dessa obediência vai sair o crescimento. Só
crescerei mediante a obediência a Ele e a quem Deus colocou acima de
mim.
A soberba e o orgulho
existem porque a pessoa tem ou mantém uma ideia de importância dela própria
que não é verdadeira. A humildade é sermos aquilo que somos dentro
do contexto da realidade manifestada por Deus como a coisa mais natural do mundo.
A incredulidade diz
sempre: "Eu sou crente!" Por essa razão continua sendo incrédula. Se
ao menos as pessoas reconhecessem esse seu pecado, teriam como ser
salvos dele. Ao afirmarem-se crentes, afasta-se da possibilidade de
serem salvos da incredulidade e, também, de outros pecados.
"...E lhos entregaste
nas mãos, como também os seus reis e os povos da terra, para
fazerem deles conforme a sua vontade",
Neemias:9:24. Hoje, os inimigos que
possuem o nosso coração e a nossa terra fértil, são os nossos
pecados. É interessante ver que Deus entregou os inimigos nas mãos
de Israel para lhes fazerem conforme fosse a vontade deles. Se eles
quisessem destruir os inimigos da sua alma, poderiam fazê-lo,
porque, Deus dava-lhes autoridade moral para o fazerem e poder
simples para o conseguirem. Mas, estava na sua mão decidir poupar os
seus inimigos também. O mesmo acontece connosco ainda hoje: podemos
destruir os pecados que Deus entregou na nossa mão (antes estávamos
nas mãos dos nossos pecados, tal qual Israel estava na mão dos seus
inimigos dos quais Deus os
libertou); ou então podemos ter dó, compaixão ou amor por nossos
pecados e poupá-los de uma morte certa em Cristo. Deus entregará a
sua liberdade e os seus pecados na sua mão para você decidir o que
vai fazer com eles. O que irá fazer? "Se, pelo espírito, mortificardes
as obras do corpo, vivereis", Rom.8:13.
Imparcialidade é
defendermos as coisas de Deus, por Deus, em Deus. Não defendemos nem
as nossas e nem as de mais ninguém. Defendemos as de Deus, estejam
elas em nós ou nos outros. Isso é sermos imparciais.
Onde obedecer não é
esforço, desobedecer é. Onde obedecer é esforço, a desobediência não
é.
Quem
se culpa em demasia depois de haver sido perdoado, não busca perdão,
mas, atenção.
Agradar pessoas é fazer
a vontade delas. Agradar Deus é fazer a vontade d'Ele.
"E os que exercem
autoridade sobre eles são chamados benfeitores...",
Luc.22:25. Na verdade, as pessoas olham para este mundo e
para as suas coisas e só vêem aquilo que querem ver. O mau é visto
como bom, o bom é visto como mau; o cego é quem vê e quem vê é cego.
Aqui Jesus diz que aqueles que são maus e exercem autoridade mundana
são os que são considerados benfeitores. "Mas, vós não sereis assim;
antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como
quem serve",
Luc.22:26. Há-de chegar o dia quando o
admirador vai ser visto como o hipócrita que é e o lisonjeador será
visto como fingido e mentiroso, pois, é mentiroso. "O coração dos
imprudentes entenderá o conhecimento e a língua dos gagos estará
pronta para falar distintamente. Ao tolo nunca mais se chamará nobre
e do avarento nunca mais se dirá que é generoso",
Is.32:4-5.
Jesus não impede que as
pessoas façam o mal porque todo o pecado precisa ficar exposto. Nem
mesmo entre os fiéis Jesus impedirá que todos os pecados sejam
expostos. Na verdade, será principalmente entre os fiéis que isso
ocorrerá mais porque pode significar a salvação das pessoas desses
pecados e um exemplo para o mundo. Aconteceu com Israel quando foi
entregue nas mãos dos malfeitores Babilónicos. O mau testemunho é um mal menor
sob essas circunstâncias e se o pecado ficar exposto. Expondo o
pecado, Jesus elimina-o e livra a pessoa de tornar a pecar.
"Então, Satanás entrou
em Judas...",
Luc.22:3. Nós não vemos Judas
endemoninhado quando Satanás entrou nele. Apenas vemos que fazia o
mal. O mesmo podemos afirmar de Ananias e Safira quando mentiram a
Deus: "Disse então Pedro: Ananias, por que encheu
Satanás o teu coração?",
Act.5:3. Este casal não estava
endemoninhado. Existem muitos em quem Satanás entra e não ficam
endemoninhados. Tornam-se, apenas, demónios de carne.
O único tipo de
impaciência que Deus louvará é aquele que deseja estar logo perto de
Deus quando algo nos separa d'Ele. Mas, nem se atreva a saltar o
muro para evitar limpar o pecado que separa d'Ele. Prefira entrar
pela porta limpando o coração.
Se é verdade que "há um
caminho que ao homem parece direito e o fim dele conduz à morte",
Prov.14:12, também será verdade que existe um caminho que
parecerá torto ao homem, o qual conduzirá à vida.
A faculdade mais
profunda do ser humano é a sua vontade. Não é o pecado. Mesmo que o
homem tenha a faculdade de pecar, é dentro da sua vontade que nasce
a vontade de Deus e será essa a faculdade na qual Deus opera e
através da qual se manifesta. Operando o querer, de seguida, operará
o fazer. E, o fazer de Deus em nós, não é pecado.
É bom vivermos aquilo
que ensinamos. Mas, isso não é nada comparado com falar sobre o que
vivemos.
Viver o que ensinamos não é o
mesmo que ensinar o que vivemos ou ensinar como chegar lá
- se é que experimentamos verdadeiramente a vida eterna dentro de
nós.
As trevas não são a
ignorância que temos sobre qualquer pecado ou assunto. Trevas não é
necessariamente ignorância. Trevas são esconder o pecado, encobrir,
desculpá-lo, amenizá-lo ou dar destaque a algo de bom que possamos
ser ou possuir para encobrir ou disfarçar o que fizemos de mal. E só
escondemos porque conhecemos o pecado e porque não somos assim tão
ignorantes a respeito dele. Ignorante não esconde. Andar nas trevas
é andar encobrindo. Quando destacamos as coisas que queremos que as
pessoas preferencialmente vejam em nós, quando acusamos os outros,
quando fazemos gracinhas estando de consciência manchada, estamos
desviando os olhares do mundo para longe daquilo que desejamos
manter escondido. Isso é andar em trevas.
Quando Cristo e a Sua
luz mostrarem tudo aquilo que você é ou fez, não se sinta
amedrontado com a quantidade e nem com a percepção da maldade dos seus atos. Logo
ali, siga-O e faça o que Ele estiver fazendo. Se Ele estiver expondo
os seus pecados, exponha junto com Ele. Se Ele apontar para eles,
você aponta. Isso é seguir Cristo. Cooperar com Ele e fazer o que
Ele está fazendo é segui-Lo. Não encubra quando Ele expõe. Isso não
seria seguir Cristo naquilo que Ele faz.
Aqueles que realmente
foram perdoados não conseguirão afirmar honestamente de que não
receberam perdão. Quando o
perdão
é realmente recebido, é impossível de não ser sentido ou
reconhecido. Mas, o inverso já não funciona assim. Isto é, muitos
que nunca foram perdoados conseguem afirmar que foram.
Um fanático é alguém que
quer chegar ao fim das coisas sem passar pelos meios. Ele é sempre
alguém que pula o muro para não ter de entrar pela porta,
João 10:1. Ele não é aquilo que faz ou tenta que os outros
façam, pois, vive uma coisa e prega outra.
O medo é uma carência
egoísta camuflada.
Se esconder foi a
primeira reacção instintiva de Adão e Eva depois de haverem pecado,
seguramente que o oposto será o primeiro passo para a santidade.
Revelar e manifestar é a porta para o caminho da vida. Pode não ser
o único passo, mas, é o primeiro deles e é o mais importante, o qual
deve ser mantido para sempre. Mas, o
que vale começarmos na luz (revelar) se não permanecermos na luz?
Se o pecado morre pela
exposição à luz, se revelar e expor detalhadamente é o que mata
qualquer pecado, porque razão os homens de Deus que pregam
frontalmente revelando e mencionando todos os pecados pelo nome são
acusados de estarem julgando as pessoas? Eles estão tentando salvar
as pessoas!
"Maldito aquele que
fizer a obra do Senhor negligentemente",
Jer.48:10. Fazer a obra de forma
negligente é o mesmo que fazer algo para ser recompensado. A pessoa
que se concentra no que vai ganhar com o que faz deixa de ser 'fiel'
assim que deixa de haver recompensa. Existe uma grande associação
entre negligência e fazer por interesse.
Deus separou a luz das
trevas como primeiro acto da criação. Só depois de separar a luz das
trevas é que criou o mundo. O seu mundo, o seu lar, o seu casamento
ou qualquer outra faceta da sua vida só será construída, também,
depois que separar a luz das trevas dela. No mundo chamado
evangélico, hoje, anda tudo misturado. Você vai ter de separar a luz
das trevas da sua vida em conjunto com Deus. Só depois disso a sua
vida poderá ser recriada e você poderá tornar-se uma criatura nova.
As trevas não metem medo a ninguém quando são somente trevas. O pior
acontece quando se misturam com a luz. Separadas da luz, as trevas
não são ameaça. Mas, quando se misturam com a luz, são extremamente
perigosas. Você já separou as trevas da luz em sua vida? Já separou
a sua vida daquilo que é do mundo?
Muitos precipitam-se com
as suas palavras e pronunciam palavras que Deus ainda não falou.
Outros, porque Deus não falou, entregam-se à desmotivação e desistem
sem que Deus haja dado um "não" claro ou evidente. Quando Deus não
falou, você não pode sequer assumir que Deus disse "sim" e, também,
não pode viver como se Deus já tivesse dito "não". Não se precipite
com as palavras e nem se entregue à vontade dos pensamentos.
Aquilo que você sente
ser verdade, não deve ser levado em conta se não for mesmo verdade. Se
você quiser saber como não é verdade aquilo que defende, tente ver
com que raiva, com que força, quanta malícia ou mau espírito você
defende os seus pontos de vista. Deixe a verdade dar a sua
opinião por ela. Quem deve mudar é você e não é a verdade que se
deve adaptar aos seus modos, anseios e esquemas.
Imaginemos que você é
mulher
casada e, ao ler a Bíblia, vê esta palavra em Pedro: "Igualmente
vós, maridos, vivei dando honra à mulher como vaso mais frágil para
que não sejam impedidas as vossas orações",
1
Ped.3:7. Você é mulher e a palavra é dirigida ao seu marido.
Qual deverá ser a reacção instintiva do seu coração? Você deveria
dizer: "Isto não é para mim, é para o meu marido. Não tenho nada a
ver com isto. A minha parte é ser submissa. Não sou o marido, sou a
esposa".
Se ouvir o evangelho de
forma pura, ele entra em sua mente e vida. Quer você obedeça ou não,
quer assim deseje ou não, passará a fazer parte da sua vida - seja
contra ou a favor dele. Se reagir a ele, esse evangelho ou muda quem
você é, ou você mudará esse evangelho para obter sua 'paz' de volta.
Ou você ou o evangelho ficará igual depois de ser ouvido, dependendo
de quem mudar. Mas, os dois não ficarão iguais, pois, um dos dois
vai mudar. Também poderá rejeitar o evangelho e o evangelho,
consequentemente, rejeitá-lo-á a si. Mas, ainda que rejeite, ele
permanecerá em sua consciência e em seus pensamentos. Se o evangelho
entrou mesmo, nunca mais sairá.
A verdade deve obter o
consentimento do coração e a oportunidade de falar por ela mesma, de
expressar-se por ela própria sem a interferência de quem a busca e
acha. Ser verdadeiro, não é ter razão: é ser a razão. A verdade não
discute, não argumenta quando se aloja em um verdadeiro. Daí
deduzimos que os conflitos são originados pela junção da mentira com
a verdade, isto é, um coração verdadeiro pega na mentira e tenta
viver dela ou, então, um coração mentiroso tenta viver da verdade. A
paz que o mundo dá é, em parte, aquela quando um mentiroso vive na
mentira, um hipócrita vive da hipocrisia, um preocupado vive da
ocupação, etc. Contudo, a verdade é o que é e, quem quiser, que veja
e que creia.
A falta de verdade no
íntimo está infimamente ligada à falta de fé. Fé é crer na verdade.
E existem os que conseguem crer e os que não conseguem, conforme
Cristo disse: "Aquele que pode crer...",
Mar.9:29. Consequentemente, fé não é a
capacidade de crer, mas, sim a capacidade de crer na verdade e é uma
capacidade de descrer da mentira. A fé é única em sua forma de
se expressar e de se afirmar. A incredulidade é a capacidade de não
crer na verdade e de crer facilmente na mentira e na ilusão. Não é a
capacidade de descrer. A falta de fé é não crer na verdade.
Para barulho, bastam os
barulhos do meu coração quando não está quieto. Porque irei ouvir
mais barulho, seja em forma de música ou em outras coisas próprias
da inquietação dos homens dentro das igrejas?
Cada homem tem mais
razões para acertar do que para errar. No entanto erram
continuamente. Quem saberá explicar este fenómeno de maneira que eu
entenda?
Salvar alguém dos seus
pecados é um dos actos mais altruístas que existe. Não ganhamos nada
com isso. Deus ganha uma alma e a pessoa salva ganha a vida dela.
Por isso é que Deus dá uma outra recompensa a quem é fiel nesse
aspecto, porque recebeu de graça e deu de graça.
Existe o ódio, a
malícia, o rancor e muitas coisas mais que concorrem com o amor de
Deus pela posse dum coração. Mas, o que muitos ignoram é que existem
outras coisas de melhor aparência que igualmente concorrem com o
amor de Deus e disputam o nosso coração e a nossa vida. Essas coisas
são: o amor carnal, a forma de pais e mães amarem, a força da carne,
a cordialidade carnal, amabilidade e fingimento que procura agradar
pessoas ao invés de amá-las com aquele tipo de amor que repreende
quando é preciso e consola nas coisas certas e nos momentos certos
também. Tenha cuidado com o amor paralelo, a simpatia paralela, a
cordialidade paralela, a oferta do dízimo paralela, a leitura da
Bíblia paralela, a esperança falsa ou mentirosa - tudo coisas que a
carne faz muito bem! Devemos ler a Bíblia para mudarmos a vida e não
para passarmos um tempo religioso; ter esperança porque Deus
realmente falou; devemos orar para obtermos coisas concretas e
importantes para o reino de Deus e não para passarmos um tempo
falando sozinhos. Se déssemos o dizimo para que o reino de Deus se
espalhasse pelo mundo, recusaríamos dá-lo ao vermos como os que
recebem usam-no para se enriquecerem e para viverem no luxo. Precisa
ter um cuidado especial com as aparências, com as coisas paralelas,
quanto deve ter com aquelas coisas que são pecados óbvios. São
coisas igualmente mortais ou ainda piores, pois, são as armas da
imitação, tentando imitar tudo aquilo que existe no céu.
Quem desespera esperando
uma promessa é pessoa para se alegrar fora de tempo também. Quem
desespera pode facilmente ser enganado com cumprimentos falsos de
tudo aquilo que Deus ainda tem para ele e não chegou. O desespero
pode significar que a pessoa ainda é inconstante nos caminhos de
Jesus.
Quando estiver
conversando com um descrente ou um pecador crónico, lembre-se que os
argumentos mais penosos que ele tem para responder, isto é, aqueles
que deseja evitar a todo custo, são os dele mesmo. Ache, descubra
quais os argumentos que ele silencia e abafa dentro dele e use-os.
Depois, será mais fácil mudar a vida dele. Mas, lembre-se que está
ali para ganhar uma alma para a verdade e não para ganhar um
argumento.
Para que a palavra de um
verdadeiro se possa confirmar mais tarde, ele não deve mudar nada do
que disse e nem mudar de atitude. Pode complementar se existirem
complementos, mas, nunca mudar uma única virgula de nenhuma frase.
Isso parecerá ser teimosia da parte dele, algo que irritará ainda
mais quem se opõe a ele. Mas, no final, a palavra ainda falará e
tudo se confirmará se a pessoa mantiver a sua atitude e postura
diante de Deus.
As profecias e as
manifestações serão quase sempre falsas quando a pessoa não anda em
santidade. Dever ser o Espírito Santo quem guia. E o Espírito Santo é
santo. Quem não estiver igualmente santo,
corre o risco de que o diabo use os mesmos sentidos sensoriais, o
mesmo coração e os mesmos meios que Deus usaria caso a pessoa
estivesse de bem com Ele e com o seu próximo. E, o pior de tudo,
será quando o diabo, para além de usar o que Deus usaria, começa a
usar algumas verdades para confirmar certas coisas que nos chegam ao
mundo consciente e sensorial através dele. Por isso, a primeira
condição para que uma profecia seja verdadeira, é a pessoa que fala
estar verdadeiramente limpa em todos os aspectos da sua vida. Mas,
existem mais condições. Eis algumas: Deus terá mesmo de falar; a
pessoa terá de conseguir crer com simplicidade; a pessoa deve poder
descrer com a mesma simplicidade caso não seja Deus quem está
falando. Mas, existem mais condições. Descubra-as andando com Deus,
arriscando multiplicar os talentos que Deus lhe deu - se os deu e se
não é apenas você querendo e desejando que Ele os tivesse dado. Ande
na luz; aprenda sendo transparente.
Ser transparente diante
de Deus é sinónimo de ser limpo, mesmo que não seja a mesma coisa. O
facto é que Jesus muda quem é transparente diante dele. Cuide de ver
que, ser transparente, é diferente de ser transparente diante d'Ele.
Não é a mesma coisa. Você pode ser transparente sem estar diante
d'Ele, como pode estar diante d'Ele sem ser transparente. Tanto uma
coisa como a outra isoladamente não resultam em limpeza espontânea.
Os profetas tornam-se
falsos por várias razões. Muitos falam daquilo que desejariam que
acontecesse; outros são movidos por conhecimentos deturpados ou mal
aplicados; e ainda existem aqueles que dizem que o que eles
expressam em nome de Deus se cumprirá, como se Deus fosse obrigado a
sujeitar-se à palavra deles cada vez que falam e não o inverso. Em
todos os casos, é e será sempre a arrogância falando. Mas, porque
existem falsos, devemos aplicar os nossos corações a praticar o que
é de Deus e não deixar de fazer muito bem aquilo que os falsos só
tentam imitar. Muitos tentam opor-se aos falsos em vez de fazerem bem o que
devem fazer e sabemos que ninguém consegue fazer duas coisas ao
mesmo tempo.
A mentira é um chão
falso onde pisamos. Por baixo desse chão falso existe um abismo de
onde será difícil sair depois. E não é bom usarmos Deus para
estarmos confiantes sobre as mentiras e enquanto em nossos pecados porque
senão esse abismo será ainda mais fundo e mais falso.
Todo o acto sexual para
ser perfeito deve ser consumado sem qualquer sentimento de culpa e
sem qualquer acusação na consciência. Por essa razão é que você deve
fazer as coisas apenas da maneira que Deus as criou, quando lhe for
lícito e quando Deus estiver abençoando tudo o que você faz. Só
assim será você perfeito.
As pessoas nunca tiveram
rei. Por essa razão aprenderam a governar as suas próprias vidas. Na
ausência ou inexistência dum Rei, elas entregaram-se à obstinação,
especializando-se nela. Mas, quando o verdadeiro Rei chega, começa a
haver uma disputa pelo reinado do coração e da vida. É preciso que
você decida quem vai reinar: ou você ou quem é Rei de verdade. Saul
também foi colocado diante da opção de entregar o reino a David, o
homem que Deus escolheu para reinar no lugar dele. Caso ele tivesse
entregue o reino a David, teria salvo a sua própria vida. Mas, a
opção que tomou foi desastrosa, pois, foi a sua queda eterna.
Deveria, antes, ter-se sujeitado à vontade de Deus. Quando Deus
entrar em sua vida, você também será colocado perante a opção de
abdicar do reino e de todos os direitos sobre a totalidade da sua
vida. Entregue esses direitos sobre a sua vida a Ele. Não faça como
Saul fez. Não seja desastroso.
Quando entramos numa
igreja, vemos muitos que se acham crentes e não são. Falo daqueles
que gostariam muito de ser crentes de verdade sem entregarem todos
os direitos sobre suas vidas a Deus. Esses, como gostariam de ser
crentes sem pagar o preço, passam a achar-se crentes para nunca
terem de mudar ou de serem transformados. Do mesmo modo, acharemos
os que se acham ateus e não são, aqueles que gostariam de ser ateus
e não conseguem sê-lo. Esses são a grande maioria dos ateus. Se
juntarmos a isso a teimosia natural do ser humano longe de Deus,
logo teremos alguém que persiste em afirmar que Deus não existe com
cada vez mais persistência contra a sua própria percepção dos
factos.
O tamanho do homem pode
ser medido, muitas vezes, através da facilidade ou da dificuldade
com que se desmotiva ou com que se motiva.
Se entendemos mal alguma
coisa quando alguém nos fala, ou se o que nos disse não está de
acordo com o nosso raciocínio ou expectativa, temos a tendência para
achar que a pessoa se enganou ou que está equivocada. É assim,
muitas vezes, que agimos quando Deus nos diz algo que não está de
acordo com aquilo que pensávamos, desejávamos ou que nos iria dizer. Quantas vezes
tentou torcer as Escrituras com o intuito de obter um entendimento
diferente daquele que Deus quis dar? Quantas vezes você disse que
foi o diabo que lhe disse uma coisa porque não gostou do que ouviu?
E, se assim é, quantas vezes o diabo lhe falou e você disse que foi
Deus porque gostou do que ouviu?
Quando estamos mal,
quando a nossa vida corre perigo e estamos longe de Deus, não
busquemos Deus para nos dar emprego ou comida, mas, para nos
arrependermos. Todo aquele que vier buscar o desvio das pragas ao
invés de buscar a limpeza de seus pecados exclusivamente
será considerado hipócrita quando orar a Deus. E Deus não ouve
hipócritas. Por essa razão é que Deus não ouve muitos crentes, nem
mesmo aqueles que não são atormentados por pragas e males, mas,
ainda assim, oram a Deus. Deve buscar a limpeza dos seus pecados
independentemente do que lhe vier a acontecer a seguir e
independentemente do mal que lhe fizeram. "E os homens foram abrasados com grandes calores
(...) e não se arrependeram para lhe darem glória",
Ap.16:9.
Buscando e achando ouro. Os
pesquisadores de ouro, muitas vezes, buscam durante muitos anos
aquilo que não acham mas que sabem que existe. Não perdem a
esperança de achar. Muitos diriam que eles são pessoas que não fazem
nada, que passeiam pelos campos, que andam com esperanças falsas,
que não têm o que fazer. É assim que nos sentimos quando buscamos o
Reino de Deus. Mas, quem busca tesouros valiosos, não desiste até
achá-los custe o que custar e demore o que demorar.
Às vezes, o que conta
não é se Deus disse algo que consideramos importante quando nos
fala. O que conta não é que a coisa seja importante, mas, que quem
falou é importante. A importância existe por causa de quem falou.
Por essa razão respeitamos tudo o que disse, seja o assunto de maior
ou de menor importância. A obediência tem o mesmo valor nas coisas
pequenas e nas de grande importância.
Quem escala uma montanha
concentra-se em não escorregar em pedrinhas, em não em encalhar nas
rochas grandes.
São as pequenas pedrinhas e areias que nos fazem escorregar e cair.
Não se concentra na montanha, mas, em seu caminho e nas coisas
pequenas nas quais pode escorregar ou tropeçar. As coisas pequenas e
os detalhes são as coisas mais perigosas da montanha. O mesmo
acontece num caminho estreito e apertado.
A carnalidade não sabe o
que é a espiritualidade. Mas, os que andam no Espírito sabem o que é
a carnalidade. A verdade é que, apenas a espiritualidade conhece a
diferença entre Espírito e carne. Isto quer dizer que a carnalidade
não tem conhecimento do Espírito e, consequentemente, não tem
nenhuma noção do que é que o Espírito considera carne na sua forma
prática. Se a carne não sabe o que é espiritual, também não sabe o
que é carnal. Isto explica porque razão muitos se justificam e se
defendem quando são carnais, pois, acham-se justificados quando a
Bíblia afirma que somente "aquele que está morto está justificado do
pecado", Rom.6:7. Dizem que lêem as suas
Bíblias, que oram, que são crentes e tudo mais, mas, continuam com a
carne viva. A carne não morreu. Usam essa crença (de que são
crentes) como razão ou desculpa para não se converterem genuinamente. Na
verdade, aquilo que acham ser razões, aos olhos de Deus não passam
de desculpas de quem não crê quando Deus diz que é carnal. Deus é
Espírito e vê a carne, mas, a carne não vê a diferença porque não é
Espírito. Por essa razão lemos que, "Ora, o homem natural não aceita
as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente",
1 Cor.2:14.
E se não enxerga aquilo que é espiritual, também não vê Deus. Na verdade, é muito difícil
converter um crente carnal e muito mais difícil convencê-lo que
ainda não está convertido. Nunca vi um crente carnal ouvir a verdade
sem responder assim: "Não me pode julgar! É pecado julgar-me!"
Precisamos
andar na luz, isto é, expondo realmente tudo tal qual as coisas são
e vendo o nosso coração como Deus o vê. Mas, muitos ficam presos
nisso sem se aperceberem que, andando exposto e visível na luz,
também é vendo Cristo que nos nos leva à transformação, (2
Cor.3:18). É preciso julgar e colocar na luz todo o nosso
coração (1 Cor.11:31,32), mas, não
podemos ficar presos nisso para não nos tornarmos numa fonte de
lamúrias olhando somente para dentro do coração em vez de
olharmos para Cristo e viver. Deus disse: "Olhai para Mim e
vivei..."; não disse: "Olhai para o vosso coração e vivei". Se
olharmos para o nosso coração assimilaremos o que está lá. Se
olharmos para Cristo assimilaremos aquilo que Ele é. Mas, como
colocaremos o nosso coração na luz sem olharmos para ele? Então,
devemos ver tudo o que se passa em nosso coração com o intuito de
andarmos na luz, assimilando apenas Cristo que a luz coloca em contraste com o
coração que temos.
Não basta querer ir para
o céu: temos de aceitar ir para lá através de Cristo, o Desprezado.
Mas, querendo ir para o céu, temos de ter a noção que deixamos a
terra para trás para sempre, os seus jeitos de fazer as coisas e
todos os seus modos de pensar juntamente com as suas coisas - e tudo
isso com alegria!
O "bem"
que a feitiçaria faz - se o fizer - não vale de nada porque não é
feita em Deus e acaba por destruir as vidas das pessoas que se
envolvem nela, mais tarde ou mais cedo. E as pragas que Deus envia
são coisas excelentes para o bem global e fazem as pessoas
arrependerem-se ainda que não gostem delas.
Nem
sempre a fé é ver o invisível e nem sempre a mentira é o visível.
Quando Jesus ensinou os
discípulos a orar, Ele disse para orarmos: "Livra-nos do mal". Não é
orar para nos livrar do mal que alguém nos possa fazer, mas, do mal
que podemos fazer, isto é: "Livra-nos de fazer o mal".
Ninguém tem como se
preocupar sem presumir. Quem presume imagina os acontecimentos do
dia de amanhã e esse dia ainda não começou e nem deu a entender o
que dará!
"Não te esqueças (...)
das palavras da Minha boca", Prov.4:5.
É preciso não deixar que o nosso coração se ocupe facilmente com
coisas que nos fazem esquecer ou não deixam lembrar as coisas que
Deus nos disse ou mostrou.
"Ouvi, filhos, a
instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o entendimento",
Prov.4:1. É muito importante estarmos
atentos ao que Deus diz ou nos quer dizer. Muitas vezes, as leis e
as disciplinas não dão espaço para ouvir o que Deus nos quer
transmitir naquele momento. Os nossos modos é que determinam sobre
que assuntos Deus nos deve falar ou não. Os nossos modos e
disciplinas é que são nosso deus. O nosso trabalho é (deveria ser)
estarmos atentos ao Pai. Mesmo mantendo a nossa disciplina de
leitura e de compromisso com a Bíblia, cultos e pregações, devemos
estar sempre atentos para os pequenos ajustes ou reajustes a cada
palavra vinda do Pai porque, por vezes, não entendemos da maneira
que deveríamos aquilo que lemos ou estudamos.
Esses ajustes podem e devem ocorrer diariamente.
"Não se turbe o vosso
coração", João 14:1. Jesus aqui pede,
diz, manda que nunca deixemos que algo venha perturbar o nosso
coração. Sejamos firmes e sóbrios a esse respeito. Ninguém precisa
ficar perturbado encarando um problema sério com Jesus por perto.
Ninguém precisa, também, virar a cara ao problema para não se
perturbar, pois, isso seria uma ausência
falsificada de perturbação. Jesus não nos
disse para ignorarmos os problemas, mas, para os encararmos sem
perturbações. Não devemos permitir que o nosso coração seja
perturbado. É do nosso coração que deveremos cuidar dentro de Jesus.
Estamos perto do problema e perto de Jesus. Devemos
decidir a qual dos dois iremos respeitar e temer mais. "Acima de
todas as coisas, guarda com diligência o teu coração",
Prov.4:23.
Todos sabemos que somos
salvos crendo. Aliás, nenhum santo faz nada sem ser pela fé e por
Jesus. Se isso é verdade, a preocupação, o medo e a instabilidade na
fé é pecado muito grosseiro e sério, pois, causa perdas enormes e acarreta
prejuízos incalculáveis. Temos por hábito considerar a prostituição
e o assassínio como pecados de topo. Mas, a verdade é que todos são
muito graves. Não devemos menosprezar pecados como a preocupação.
Ela também nos tira a vida. E se isso
é verdade, podemos concluir facilmente que não existe virtude que
sofra mais imitações e tentações da carne para ser ajudada que a fé.
A carne quer ser salva e não morta. Por isso, tentará sempre ajudar
a fé, matando-a crendo que lhe está dando vida.
Existem os que são
exagerados sempre que sentem culpas e se culpam de algo que fizeram.
Na verdade, ou são incrédulos ou querem atrair as atenções dos
outros sobre eles. Por outro lado, existem os que não se sentem
minimamente afectados ou culpados pelas coisas erradas que fazem ou
fizeram. Por norma, queixam-se apenas das perdas e das pragas e não
dos pecados que lhes trouxeram essas perdas e pragas.
Uma resposta do Senhor,
mesmo antes de se concretizar o pedido, coloca um fim a repetições
nas orações. Você ora para obter resposta, ora por obrigação, por
necessidade de cumprir obrigações religiosas e de satisfazer encargos de
consciência ou de religiosidade?
Um pecado num santo, a
mentira ocasional de um homem honesto, o desleixe de um bom
trabalhador, uma mancha preta num pano branco torna-se sempre mais
visível e, também, demora sempre mais a ser esquecido depois de
limpo e perdoado. Por isso é que muitos falam sempre no pecado que
Davi cometeu. Se você é santo, tenha cuidado, pois, qualquer pecado
de sua parte levará uma eternidade a perder os seus efeitos
nefastos.
"Eu escutei e ouvi; não
falam o que é recto", Jer.8:6. É pena
que as pessoas orem, sejam ouvidas, mas, não sejam atendidas.
Deus faz tijolos com as
cinzas de pecados e erros passados. Siga em frente e dê tempo para Ele
para construir algo importante usando alguns desses tijolos.
Existem várias garantias
que nos são exigidas numa vida espiritual. Uma delas é que lidemos
com Deus como Pai. Outra é que permaneçamos assim até ao fim. Deus
precisa garantir tanto uma coisa como outra. "Me chamarás meu Pai
e de mim não te desviarás",
Jer.3:19.
O pecador quer pecar e
não ser visto como pecador; o ladrão quer ser visto como homem de
confiança; a prostituta como mulher bonita e indefesa; o mentiroso
quer ser considerado verdadeiro. Isto é o que a Bíblia diz: "Tens a
fronte de uma prostituta, mas, não queres a (respectiva) vergonha",
Jer.3:3.
Vencer é permanecer em
Cristo. Quando temos uma tarefa difícil para fazer, uma prova para
passar, o que conta é se ainda estamos em Cristo no final, depois de
tudo haver passado. Podemos fazer o que nos compete de forma
perfeita, ou podemos falhar a perfeição durante a prova. Mas, no
final, quem fez as coisas de forma perfeita tem o mesmo dilema que
aquele que as fez de forma imperfeita: permanecer em Cristo. Um pode
orgulhar-se por haver cumprido e, pelo orgulho, distanciar-se de Deus através da
auto-suficiência pela qual será tentado. Pode mesmo sentir-se
auto-realizado e isso é o oposto de ser dependente de Deus (Luc.17:10).
Precisa terminar tudo o que ainda vem, seja o caminho bom ou mau,
através da mesma graça com a qual começou. O outro que fez tudo de
forma imperfeita sente culpa e tem uma enorme dificuldade em
aproximar-se de Cristo por essa razão, pois, preferiria ser perfeito
e ser tentado pelas tentações dos perfeitos. Mas, para ambos conta a
mesma verdade: permanecer em Cristo. Quem permanece em Cristo, quem
termina permanecendo em Cristo, esse é o vencedor, independentemente
de como fez a sua tarefa ou de como passou pela sua prova. Uns
acertam e deixam Jesus. Outros erram e deixam Jesus. No fundo, Jesus
é a finalidade, o alvo final. O alvo final não é a perfeição e nem é
a tarefa, ainda que seja fácil. A perfeição e a fidelidade de
terminar tudo da melhor maneira é permanecer em Jesus até ao fim,
sendo aprovados por Ele.
Ler a Bíblia não é
viver para Deus. Conseguir praticar o que já lemos é que é viver
para Deus. A leitura deve ser uma confirmação do que se passa em
nós. Ler a Bíblia é muito pouco. No entanto, muitos congratulam-se
porque leem um capítulo todos os dias! Não leem a Bíblia com boas
intenções e já se congratulam! É dessa forma que a
auto-congratulação serve para os infiéis se enganarem.
"Concilia-te depressa, enquanto estás no caminho...",
Mat.5:25. Houve poucas vezes que o Senhor Jesus usou a
palavra "depressa". Esta é uma delas, pois é assunto muito sério e
urgente. Por isso, não guarde para amanhã, não adie aquilo que Jesus
disse para fazer depressa. E não importa quem você seja, pois Jesus
estava falando para Pedro, João e outros que se consideravam filhos
de Deus sem estarem enganados a esse respeito.
Quando a Bíblia diz
"Volta, minha alma, ao teu repouso, pois o Senhor te fez bem",
Sal.116:7, ela não incita a voltar a uma estabilidade
emocional, mas, ao Senhor. Nós, ao invés de procurar bons
sentimentos, buscamos e achamos o Senhor. Achar o Senhor não é
sentimento, mesmo que achá-Lo exerça influências sobre a forma como
nos sentimos. Bons sentimentos não são segurança para ninguém, pois,
são apenas sentimentos. Se você achou o Senhor e, mesmo assim, a sua
forma de sentir está turva, mesclada ou perturbada, acalme-se, pois,
está em segurança.
Imagine que alguém lhe
dá uma narração fiel de uma melodia linda e agradável. Agora imagine
que você está ouvindo essa melodia encantadora pessoalmente. Qual a
diferença entre uma coisa e a outra? A diferença é enorme, de facto.
É igual à diferença entre ouvir uma narrativa de Cristo e das
verdades da Bíblia lendo-a fielmente; e de experimentar e conhecer
essas verdades através de uma experiência pessoal, íntima e não
fingida.
Se as dívidas são uma fonte
geradora de preocupações, tenho a certeza que pagar em antecipação,
não adiar o que podemos fazer agora é fonte para a calma e o
sossego. Se não pagar ou não cumprir gera a dívida e a preocupação, cumprir em antecipação é o oposto do
endividamento e é contrariar a preocupação logo na sua raiz. Mas,
nada disso pode ser comparado com confiar em Jesus em momentos
atribulados e tê-Lo verdadeiramente conosco.
Os
Israelitas desejavam a Terra Prometida e Deus desejava o mesmo para
eles. Eles queriam o mesmo que Deus queria e é bom sempre que assim
seja connosco também, isto é, que exista esta sintonia. E ainda
havia outra sintonia: eles desejavam que fosse Deus a dar-lhes essa
Terra. Isso faz parte do desejo de qualquer santo e é desejo de Deus
para eles também e por muitos motivos. Mas, isso não bastou, pois
desejar tudo aquilo que Deus quer e ainda desejar que seja Deus a
dar-lhes não bastou. Descubra o que faltou para que Deus não se
tenha agradado deles naquele tempo. Eu creio que uma das muitas
coisas que falharam foi o fato de que eles queriam que Deus fizesse
isso por eles e por causa deles, enquanto Deus queria que tudo fosse
feito por Deus, pela Sua glória e por causa d'Ele.
Imagine
aqueles coxos que foram curados quando lhes foi dito "levanta-te e
anda!" O que aconteceria se eles só se levantassem e não andassem?
Ou se andassem sem se tentarem levantar, rastejando como fazem as
serpentes? Não seria estranho? Porque cumpriremos apenas metade das
coisas que Deus diz? Qual é a vantagem? De que vale cumprir
parcialmente? Se já cumpriu uma parte e deu certo, porque não
cumprir o resto? Ou, porque não cumprir pela ordem do mandamento?
As pessoas
admiraram-se quando Jesus acalmou o mar. O mar ficou calmo em poucos
momentos e eles disseram: "Que homem é este, que até os ventos e o
mar lhe obedecem?",
Mat.8:27. Mas, O Senhor Jesus também
estava admirado com eles e disse: "Por que temeis, homens de pouca
fé?" A admiração era mútua: Jesus vivia num mundo e as pessoas
noutro e um admirava-se do outro com estupefacção.
Há
quem se culpe de pecados específicos e há os que buscam do que se
culparem. Os que se culpam de pecado específico, estão em fase de
arrependimento; os que buscam do que se culpar estão em fase de
impaciência sobre alguma outra questão, ou em busca de algum mérito
diante de Deus ou em busca de atenção. E, quem busca ter mérito, não busca misericórdia. A
busca de misericórdia é especifica. Quando não é específica, com
certeza que se busca outra coisa.
Existe
pior solidão que a de solteiro: é a de casar com a pessoa errada. E
existe diferença entre casar com a pessoa errada antes de conhecer
Deus e casar com ela depois de conhecer Deus.
A impaciência
é o pior inimigo do melhor que Deus tem para nós.
Você
é aquilo que você pensa, não aquilo que pensa que é. Isto é, a forma
como pensa é que determina o que você realmente é. Aquilo que o
induz a pensar da maneira que pensa e que o leva a fazer o que faz é
que determina o que você é. Não é aquilo que faz e antes aquilo que
o leva a fazer, o seu motivo, que diz de que matéria você é feito. Lembre-se disso,
também, quando vier confessar os seus pecados diante de Deus.
Uma
boa corrida é um conjunto de muitos passos firmes e individuais. Uma
parede é feita tijolo a tijolo. Uma limpeza de alma é feita pecado a
pecado. Só assim se torna tudo perfeito. A vida com Deus constrói-se
dia após dia, um de cada vez bem vivido e bem cumprido. Cada passo
firme faz parte de uma grande caminhada. Tudo aquilo que é perfeito
foi feito passo a passo, dia a dia, momento a momento. Porque razão
você quer que as coisas sejam diferentes agora que vive com Deus?
Sermos
perseguidos porque nos estamos limpando com Deus nem é o mesmo que
sermos perseguidos porque nos estamos sujando, pregando doutrina
errada, roubando ou falando mal.
João
Baptista foi tentado a achar que era o Cristo. O diabo, ao mesmo
tempo, também tentou o povo a pensar na possibilidade de ele ser o
Cristo. Ele resistiu e mostrou ao povo que não era o Cristo. Do
mesmo modo, devemos resistir a todas as tentações por incríveis que
pareçam, pois, não temos controle e nem autonomia sobre aquilo com
que o diabo vai tentar usar para ocupar os nossos pensamentos e os
de outros para fechar o circulo. Ele vai atacar com qualquer coisa
mais ou menos absurda, de qualquer jeito e em qualquer altura, da
forma que menos esperamos, da maneira mais vil e no momento menos
oportuno. Eu não tenho poder para decidir sobre a tentação que o
diabo vai usar - só para resisti-la sem admirar-me e sem desanimar
ou sentir-me perturbado. Devo saber que é apenas uma tentação e
pronto! Muitas vezes, a única coisa que o diabo busca é um pequeno
desânimo e não que caiamos na sua tentação. João nunca se ofendeu
sobre ser considerado o Cristo porque sabia que o povo tinha uma
verdadeira confusão em suas cabeças sobre a sua verdadeira
identidade. Ele revelou-lhes, pacientemente, quem era o Cristo e
onde estava Ele quando apareceu. Também sabia que Cristo acabaria
por aparecer diante dele. Nunca desespere e não desista quando uma
mentira surgir a seu respeito. Logo Cristo aparece para resolver o
caso também e as pessoas crerão mais e melhor em Cristo por sua causa.
Felipe
e muitos outros contestavam Cristo precisamente porque conheciam as
Escrituras. Porque conheciam as Escrituras, diziam: "Pode haver
coisa bem vinda de Nazaré?", João 1:46.
As Escrituras não mencionavam Nazaré directamente relacionada com o
Cristo. Você pode contestar as Escrituras (ou Deus) por as conhecer
bem - ou por julgar que as conhece bem. Tenha cuidado! Os principais
opositores de Cristo, da verdade e de Deus são aqueles que
'conhecem' as Escrituras.
"Pois
todos nós recebemos da sua plenitude e graça sobre
graça",
João 1:16. Quando lemos que recebemos
graça sobre graça, significa que uma graça precisa que a outra seja
cumprida ou obedecida antes a seguinte seja construída sobre ela. Um
estudante de matemática não vai conseguir aprender a matéria de hoje
se não assimilou a de ontem. Do mesmo modo, a graça de hoje, a graça
que vem sobre outra graça, precisa que tenhamos assimilado,
recebido, entendido e obedecido a que lhe antecedeu. E não pense que
se trata apenas de entender: é necessário assimilar e tornarmo-nos
aquilo que a graça dá a entender para que ela se cumpra. Se não ver
as coisas cumpridas, plena e satisfatoriamente assimiladas, não
haverá graça sobre essa graça desperdiçada. A graça, para abundar,
precisa crescer sobre o que foi previamente realizado, manifestado e
cumprido de forma prática.
"Nele estava a vida e a
vida era a luz dos homens",
João 1:4. Muitos querem um sonho, uma
voz para guiá-los, algo extraordinário que lhes indique o caminho.
Mas, a verdade é que a vida que achamos - se a achamos - é o que
será luz para nós. E, muitas vezes, essa luz é oposta ao nosso
coração. Outras vezes não é oposta, porque a pessoa foi transformada e
aquilo que ouve é o que busca ardentemente. Mas, mesmo que o coração
se oponha ao que ouve, nem por isso deixa de ser luz. Tudo aquilo
que Deus diz pontualmente ou a consciência iluminada proclama com
gritos, é e será sempre luz. Como tais homens não entendem e nem
esperam que a luz chegue a eles daquele jeito porque o seu coração
ressente-se e opõe-se, rejeitam-na sempre. "A luz resplandece nas
trevas e as trevas não a entenderam. Veio para o que era seu e os
seus não o receberam", João 1:5,11.
Quando
sofro ou sou maltratado, existe aquilo que as pessoas exigem de mim
e aquilo que a Palavra de Deus requer de mim. Existe um apelo do mal
sobre mim para sentir-me mal, vingativo e com motivos para me
defender; e existe o apelo que a Palavra de Deus exerce sobre mim
para ser o oposto. O apelo que a Palavra é capaz de exercer sobre mim é mais forte
e, por essa razão, não vou perder o meu tempo e nem gastar os meus
recursos tentando agradar aos dois lados, pois, nem resulta porque
são lados opostos. Não podemos servir a dois deuses. São dois os apelos e são distintos: um é aquele
que a Palavra exerce sobre mim e o outro é aquele que o pecado exige
que faça quando sou maltratado. Mas, preciso decidir a qual dos dois
apelos vou entregar-me: ou cedo ao apelo do mal, ou persisto em
minha vida com Deus normalmente, respeitando-O solenemente,
continuando com aquilo que já vinha fazendo e do modo que estava
fazendo. "Bem-aventurado aquele servo a quem o seu Senhor,
quando vier, achar fazendo...",
Luc.12:43. Este mesmo princípio de vida
pode ser aplicado quando estamos sob doenças, maus tempos (Ef.6:13),
telefones que não param de tocar, barulhos ou sob qualquer coisa que
possa ser uma provação especifica e pontual.
Todo
aquele que vive do mundo e das coisas de Deus ao mesmo tempo (Sof.1:5),
os que vivem com um pé no mundo e outro na Igreja, são pessoas que
acreditam que Deus nem faz o bem que querem e nem faz o mal que lhes
tem sido profetizado ou anunciado pelas Escrituras (Sof.1:12).
Crentes mundanos vivem num mundo de fantasia, onde tudo se supõe e
onde nada se tornará realidade. Assim creem e assim esperam. Em breve,
todo o seu mundo ruirá debaixo deles e diante dos seus olhos.
Vivendo do mundo é como colocar uma corda ao pescoço e fingir que é
um ornamento e ainda acreditar que o chão não irá ruir debaixo de
pés. Os crentes que vivem das coisas do mundo são enforcados
prematuros. Eles próprios colocam a corda no pescoço
antecipadamente. Estão prontos para a matança.
Cada
pão no seu dia. Coma o pão de hoje, hoje. Não o desperdice querendo
comer o de amanhã agora. No seu dia só cabe um tipo de pão e o de
amanhã ainda está cru. Coma o de hoje. E não o guarde para amanhã,
pois estará duro. Não segure o de ontem que já se estragou, que
endureceu, pois precisa das duas mãos para partir o de hoje.
Nós
podemos estar a lançar as nossas redes para um lado e para o outro
durante toda a noite. Quando não apanhamos nada, podemos acreditar
que estamos a fazer a coisa errada ou que estamos fora da vontade de
Deus. Mas, quando Jesus chega, Ele só precisa que a rede se lance
uma vez mais. No entanto, já começamos a acreditar que estávamos a
fazer a coisa errada e será muito difícil aceitarmos fazer o que
Jesus nos pede, ainda mais se nem temos a certeza de quem nos está
falando. Você lançaria a sua rede de novo? Tentaria novamente como
Pedro? Não nos podemos admirar de Pedro ter sido o que foi, pois,
ele era daqueles que lançava a rede até mesmo nessas circunstâncias.
Quando
Jesus disse para Pedro lançar as redes para o outro lado do barco,
depois de uma noite sem terem pescado um único peixe, podemos
perguntar porque razão não houve um único peixinho para as suas
redes durante toda uma noite de trabalho e esforço. A resposta pode
ser que Jesus tivesse resolvido aparecer apenas pela manhã. No
entanto, quando apareceu, eles obtiveram tantos peixes como se
tivessem pescado cada vez que lançaram as suas redes naquela noite.
Vemos
que Pedro se prostrou diante de Jesus após ter lançado as redes para
o outro lado e depois duma noite sem pescar nada,
Luc.5:8. De seguida, Jesus disse-lhe: "Deixa as redes e
segue-me". Para que serviu aquele milagre, então? Para muitos, ele
significaria que Jesus deveria sair sempre connosco para pescar! Na
verdade, não era para Pedro continuar na sua vida antiga que Jesus
fez aquele milagre, como não será para enriquecermos que Jesus
providencia. Jesus fez aquele milagre para Pedro confiar em Jesus, sair da sua vida de
pescador e não para se enraizar ainda mais nela.
Vemos
como o Messias chegou perto dos discípulos e os escolheu, um por um.
Depois disso, afirmamos que Jesus também nos deve escolher e chamar
pessoalmente. Isso até pode acontecer, mas, digam-me uma coisa:
porque razão não aconteceu o mesmo com aqueles magos que saíram do
Oriente atrás duma estrela que os levaria ao rei do Mundo e, por
tanto buscarem, tenham causado a morte de muitas crianças? Porque
razão eles tiveram de esforçar-se tanto para alcançarem o Messias
que não os foi chamar lá no Oriente do modo que chamou a Pedro?
Crente, ouça-me: Não espere que Jesus venha até si se sabe como
achá-Lo! Corra atrás da estrela já! E, quando achar o Messias da sua
vida, esqueça a estrela, isto é, o homem de Deus que o levou até
Ele. Delicie-se com o seu Criador e deixe as estrelas seguirem o seu
caminho para encaminharem outros até o Messias que não os chamou.
"Deleita-te no Senhor..." e deixa a estrela seguir o seu rumo,
Sal.37:4. Não vemos o Reis Magos procurando a estrela depois
de terem achado o Messias.
É logo
diante de Deus que devemos reconhecer todas as nossas falhas. Mas,
seria diante dele que preferiríamos colocar a nossa melhor cara, a
nossa melhor acção, a nossa melhor ideia ou ideal. Mas isso não
funciona assim. Ali, diante d'Ele, vamos colocar-nos
como somos não nos enganando a nós mesmos. Quem se engana a ele
mesmo age como quem engana Deus também.
Qualquer
pessoa
pode parar de mentir sem deixar de ser mentirosa e pode falar a
verdade sem ser verdadeira.
Deus
só faz uso da confissão duma mentira para revelar a alguém que é
mentiroso e que pode e deve ser transformado. Deus não o faz para
acusar o acto, pois, quem acusa é a consciência que é avivada e
aliviada pela confissão. Ele apenas tenta convencer as pessoas desse
facto do pecado em sua origem. Toda a convicção de pecado serve
apenas para alcançar a verdadeira natureza do homem. Quem se acusa
dali em diante (ou não) é o próprio homem.
O mundo
acha que, reconhecendo que está errado, perderá a vida. Mas, na
verdade, ganhá-la-á se o fizer diante de Cristo.
"Está escrito na lei:
Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a
este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor",
1Cor.14:21. Os
judeus, os crentes de então, existiam para trazer Deus aos povos
perdidos. Devido à sua desobediência e à sua aparente obediência,
isso nunca chegaria a acontecer. Um dos sinais que eles estariam
realmente afastados de Deus seria que, aqueles povos para quem
deveriam significar salvação, estariam a trazer a salvação aos
crentes de então. Mas, as pessoas criam tanto que Deus estava com
eles que nem viam a contradição de serem os outros a trazer-lhes
Deus e isso como sinal ou prova de sua própria desobediência e
incredulidade. Já viu algum crente considerar-se incrédulo? O mesmo
está a ocorrer em nossos tempos, pois, serão as pessoas de fora das
igrejas a acharem Deus de forma real. E como era duro para os judeus
aceitarem tal coisa! Imagine porque razão Deus disse a Paulo: "Dura
coisa te é recalcitrar contra os aguilhões!"
Act.26:14. E ainda é coisa dura para os crentes de hoje.
Sabe qual a dimensão do
amor de Deus por si? Sabe que poderá ficar a sabê-lo apenas
tornando-se real?
Porque as coisas nunca
nos aconteceram, quando acontecem, duvidamos delas. E essa dúvida é
pecado.
O que aconteceria com
alguém aflito para respirar ao lado de cientistas que discutem a
composição ou a qualidade do ar? Já imaginou? Eles, em vez de
abrirem uma janela, de fazerem alguma coisa para a pessoa poder
respirar novamente, ficam discutindo e divagando longe da
necessidade. Não é isso que
está acontecendo com os teólogos hoje? Eles discutem tanto, mas, não
fazem nada. Se alguém abre uma janela para um moribundo espiritual,
é repreendido porque aquilo não se encaixa no seu modus operandi ou no programa das
suas discussões.
A triste realidade de
hoje, é que aquele monstro que deveria estar morto com Cristo deixou
de servir a prostituição, a bebida e os roubos para vir servir
dentro do Templo de Deus. É o mesmo monstro que mudou de hábitos.
Continua vivo.
Ele achou um modo de sobreviver servindo ali. Buscou uma maneira de
sobreviver, uma maneira de não morrer adaptando-se ao Templo.
Muitos, também, evitam morrer carregando cruzes. Sabemos que Cristo
carregou a Sua cruz por um dia para morrer nesse mesmo dia para o
pecado e para sempre. Depois disse: "Está consumado!" Para não terem
de morrer, muitos carregam as suas cruzes todos os dias, pois sabem
que, enquanto as carregarem, não estarão mortos. Você quer carregar
uma cruz continuamente ou quer morrer para o mundo e para o pecado?
Se a sabedoria não vier
de cima, também não sobe para receber a sua bênção.
Quando Deus desce de
forma real, ou morre o pecado ou o pecador. Por isso é que eu não
entendo por que razão existem pessoas que afirmam haver-se encontrado
com Deus e continuam nos seus pecados de sempre.
Sem Deus, de facto e de
forma real, (como Elias disse, "Deus em cuja presença
estou!"), nunca existirá beleza que seja bela, santidade que seja
santa, milagre que seja considerado milagre, nem mesmo quando se
cura alguém de uma qualquer enfermidade grave. Ali, tudo que é bom,
grandioso, belo é normal.
Deus disse que salvará o
seu povo dos seus pecados - não disse que nos salvaria dos pecados
dos outros. Quando alguém lhe fizer mal, lembre-se disso, pois Deus
salvará a si daquilo que se passar em seu coração nesse momento.
Posso
comparecer no Juízo de Deus, no dia final, com uma enfermidade, com
câncer, com cicatrizes, com lesões, cego, manco, sem mão e sem o
olho que tive de arrancar para não pecar. Deus não disse que o
salário da enfermidade seria a morte. Só não posso comparecer nesse
Juízo com pecado que nunca confessei ou nunca abandonei. Você sabia que o dia do Juízo pode ser esta tarde
ainda ou amanhã? Está pronto, está limpo?
Se o meu objectivo é
pregar o evangelho, logo não será ser abençoado porque prego o
evangelho. Eu posso trabalhar numa empresa com o objectivo de fazer
bem o meu trabalho ou de ganhar um salário. Dependendo da minha
motivação e objectivo, ou eu faço o meu trabalho por causa do
salário, ou estou inteiramente absorvido e envolvido no que faço,
merecendo todo meu salário. "Se, pois, o faço de vontade própria,
tenho recompensa; mas, se não é de vontade própria, estou apenas
incumbido de uma mordomia",
1Cor.9:17.
Devemos saber que uma recompensa não é um salário. Nós não somos
assalariados.
"Não
vos façais escravos de homens", 1Cor.7:23.
Existem várias maneiras de deixarmos de ser escravos de homens,
empregados de patrão entre outras coisas. Mas, a melhor maneira de
deixar de ser escravo de homem é fazer o trabalho de escravo para
Deus, fazer tudo para Deus no emprego. Assim, você não será mais
escravo de homem.
Aquele
que não usa bem aquilo que tem, agora, não usará bem aquilo que terá.
Devemos
desejar encontrar apenas o que é prático. Apenas o real é bom. A
realidade da vida interior e a obediência saudável, incondicional e
imediata são chaves importantes para uma fé genuína, a qual resulta
sempre em todas as situações.
Qual
a melhor maneira de não acreditarmos que Deus seja capaz de fazer
alguma coisa? Não será acharmos que nós somos? Porque cremos que
somos capazes, por isso nos preocupamos muito. Preocupação não é
apenas descrença em Deus - é uma fome e um desejo insaciável de ser
auto-confiante. Precisa de trabalhar dois aspectos do seu coração se
deseja parar com a preocupação para sempre: aprender a confiar em
Deus incondicionalmente; e deixar de confiar em suas próprias forças
para sempre. São duas as coisas e são bem distintas. Crucifique a carne e não a deixe ressuscitar. Muitos,
também, ficam sem conseguir eliminar a preocupação completamente
porque ainda confiam em alguém de carne, nas capacidades de outras
pessoas por serem iguais às suas. Confie no braço de Deus e não no
braço do homem, seja esse homem você ou outro. "Assim diz o Senhor:
Maldito o homem que confia no homem e faz da carne o seu braço e
aparta o seu coração do Senhor", Jer.17:5.
Não se
separe das ovelhas para ouvir Deus - separe-se dos bodes! Também
não se separe de Deus para ouvir as ovelhas ou os bodes.
O espírito
do mundo é pensar que se deve entender aquilo que ainda se vai
fazer, isto é, aquilo que se acha que se consegue e deve fazer. O
espírito que foi tocado por Deus e que pertence a Deus, sabe que
precisa entender aquilo que recebeu, recebe ou receberá. "Ora, nós
não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que
provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus",
1Cor.2:12.
Cabe a si decidir se quer viver com o espírito do mundo ou com o
Espírito de Deus. Mas, que seja real se viver com o Espírito de
Deus!
É melhor
ser vivente sozinho, desprezado, solitário, esquecido e perto de
Deus, do que morto acompanhado, amado, chorado e lembrado longe
d'Ele. "Melhor é o cão vivo do que o leão morto",
Ecl.9:4.
Lemos
assim: "E a altivez do homem será humilhada, o orgulho dos varões se
abaterá e só o Senhor será exaltado naquele dia. E os ídolos
desaparecerão completamente",
Is.2:17-18.
Vemos que, assim que a altivez do homem é abatida, a idolatria
acaba. O problema sempre foi a altivez do homem. A idolatria é uma
consequência da altivez do próprio homem. Mudando o coração do
homem, o mundo muda também.
Endireitar
uma coisa, não é entortá-la para o outro lado.
Toda
as pessoas querem discutir sobre algo. No fundo, a intenção de toda
a discussão é desviar a atenção de outra coisa importante - e nem
existe diferença entre quem discute contra e quem discute a favor,
pois, ambos contribuem para o mesmo desvio de atenções. Na verdade,
quem está a favor ou contra assuntos que tenham pouco a haver com a
vida real e constante, são pessoas iguais e nem se dão conta. No
fundo, elas estão de acordo não concordando.
Uns
asseguram que todos nós nascemos com o pecado original. Outros
tantos afirmam que nascemos com a imagem com a qual fomos criados,
isto é, a imagem de Deus. Quem tem razão? Eu sei quem tem razão,
mas, nem vou dizer por duas razões: os que asseguram que nascemos
com o pecado original, nem estão interessados em saber se isso que
afirmam é verdade. Eles só querem assegurar que irão continuar
pecando como crentes, achando nessa afirmação uma maneira de dizer
que Cristo não liberta verdadeiramente conforme Ele afirmou que o
faria a quem conhecesse e experimentasse a verdade, alimentando-se
exclusivamente dela. Os que afirmam que nascemos conforme a imagem
de Deus, usam este argumento para mostrar que podemos e devemos
viver uma vida santa por causa do tipo de criação que somos e não
por causa daquilo que Cristo faz. Qual dos dois nega mais Cristo? Na
verdade, estas pessoas aparentemente opostas, estão de acordo e nem
se dão conta disso! O facto é que as pessoas que discutem são iguais
e nem se apercebem. Neste caso, ambos e de forma prática, contrariam
que Cristo seja o Caminho, o modo e a única saída sem que se
apercebam que é isso que estão fazendo. Cristo torna qualquer um
verdadeiramente livre, tenha ele pecado original ou não. O Deus que
conheço pode transformar uma pedra em um filho de Abraão. Qual é o
problema, qual é o dilema de havermos nascido com pecado original ou
não? E, por outro lado, se nascemos conforme a imagem original com a
qual Deus nos criou, será que alguém se manterá puro sem Cristo? Não
é Cristo que é a nossa santificação? Qual o motivo, qual a razão da
discussão então? Estas pessoas que aparentemente discordam, na
verdade concordam uma com a outra, não levando em conta aquilo que
Cristo quer e pode fazer em qualquer um de nós.
Temos
Caim e Abel. Caim foi o primeiro homem a sacrificar a Deus. Abel
imitou Caim e foi bem sucedido diante de Deus. Mas, o pioneiro dos
sacrifícios não foi. Vemos que Caim sacrificou porque desejava o que
Abel já tinha: o favor e a vida de Deus. Podemos dizer que Caim
tentou imitar Abel no ser agradável a Deus (pois, Abel agradava a
Deus) e que Abel imitou Caim sacrificando a Deus. O mal tentou
imitar o bem e não foi aceite; mas, o bem "imitou" o mal e foi
agradável a Deus. Consegue ver qual a diferença, qual a razão de
Deus aceitar um e rejeitar o outro? Quando Deus enviou os amigos de
Jó a ele para orar por eles, Deus disse: "A Jó ouvirei". Deus não
disse que ouviria as orações de Jó, mas, a Jó. Deus ouve a pessoa
que ora e não a oração. Deus recebe a pessoa que sacrifica e não o
sacrifício.
Quem busca a alegria de
Deus e
não o Deus da alegria, é pessoa desonesta e falsa. Nunca será
verdadeiramente alegre.
Todo aquele que afirma
que Deus o ouviu quando não ouviu, duvidará da resposta quando Deus
atender alguma sua oração. Quem crê em mentira, descrê das coisas quando
estas se tornam reais e verdadeiras.
Se formos moles e
maleáveis para o mundo e os seus afazeres, seremos duros para Deus -
isso ninguém poderá evitar. Ainda que sejamos "crentes", amando o
mundo seremos mortos mostrando hipocritamente que somos a favor de
Deus. Mas, se formos maleáveis para Deus,
seremos endurecidos para o mundo. Ninguém evita essa consequência,
também.
O diabo, para impedir o
homem, só pode consegui-lo se homem se impedir a si mesmo pecando.
Isto é, ele vai fazer de tudo para que o homem não se firme em Deus,
para não confiar apenas n'Ele, para desviar-se em pensamentos e
imaginações ou para pecar, entre muitas outras coisas.
Se as pessoas crêem não
será porque recebem. Antes, recebem porque crêem. Sabe ver e
experimentar qual a diferença?
A santidade atrai quem a
rejeita. Por isso rejeitam. Sendo assim, não deixe de ser cada vez
mais santo sempre que é rejeitado e se a causa da rejeição é a
santidade que experimenta. Nunca se sinta magoado quando o rejeitam,
pois, nem sabe o que se está passando nos lugares escuros da alma de
quem diz que vai por outro caminho. Não se sinta desanimado com a
rejeição, pois, significaria que quer agradar pessoas. Você deve
saber que importante é como as coisas terminam e não como começam, E
você não sabe como vai terminar. Não seja santo
por causa das pessoas, mas, seja cada vez mais santo de natureza,
aconteça o que acontecer. Siga o seu caminho, pois, nele
crescemos apenas quando não olhamos para o que fica para trás e nem
para aquilo que supostamente fica para trás e, também, não olhando
para a conquista ou a derrota de ontem. No final é que se fazem as
contas todas - até os mortos as farão. Fazer as contas agora, é não
querer continuar o caminho. Quem pede as contas, pede a demissão;
quem faz as contas agora, terminou o trabalho antes do tempo. A
santidade atrai quem a rejeita porque nós fomos criados para a
santidade, como um pato foi criado para viver dentro da água. Quem
rejeita desconhece aquilo para que foi criado. Até aqueles que
crucificaram Jesus acabaram por reconhecer e admitir quem Ele era de
fato.
Termos a percepção clara
de que estamos a ser ouvidos por Deus em oração é uma provação e não
significa que estamos sendo atendidos. Para muitos, é o fim de algo,
de um caminho onde param e chegam ao fim, isto é, até à resposta.
Para os incrédulos, basta Deus estar a ouvi-los para se alegrarem
com pouco - incrédulo só busca isso mesmo. Tenha cuidado quando Deus
lhe der a percepção que Ele está ouvindo o que você diz - você está
a ser provado e testado até ao limite. Ir a uma entrevista não
significa que conseguiu o emprego. Falar com Deus é pouco; Ele nos
ouvir é bom, mas, é muito pouco também; vencermos como Jacó fez é
necessário. Não brinque com as coisas de Deus. Ganhe a entrevista
com Deus! Também obterá aquela percepção única de Deus haver dado
resposta positiva.
Se você apreciar o que
as pessoas pensam sobre si, ou sobre outra coisa, acima da opinião
de Deus, as pessoas, cuja opinião tem em alta estima, desprezarão a
sua, seja já ou depois, seja hipocritamente ou abertamente. Se você
não levar em conta a opinião das pessoas sempre que Deus diz ou
disse algo em contrário
(ou quando Deus ainda não disse nada), todas aquelas pessoas cujas
opiniões você despreza, admirarão a sua, seja imediatamente ou
depois, seja abertamente ou em segredo. Não se preocupe em saber o
que as pessoas pensam ou acham sobre si. Antes, ocupe-se zelosamente
e de todo coração, em dar valor extremo à opinião de Deus - se é que
consegue ouvi-la.
A vida eterna começa
aqui na terra e é dentro de nós - mas, precisa ser real. Quem não a
tiver agora, não a terá depois. "Cristo (que é Vida) em vós, esperança de
glória...", Col.1:27; "... participante da glória
que se há-de revelar...", 1 Ped.5:1;
"...os dias do Céu sobre a terra",
Deut.11:21;
"a vida que agora é...", 1 Tim.4:8; "E
a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, como o único Deus
verdadeiro e a Jesus Cristo, aquele que Tu enviaste",
João 17:3.
Orando por pessoas que
nos criticam ou nos fazem mal (orando de coração e tendo em vista a
glória de Deus nelas) também evita a critica contra elas em nosso
coração. "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem",
Mat.5:44. Esse versículo assegura mais que o segredo da
salvação dos nossos inimigos - pode estar a assegurar a sua própria
também sempre que ora por seus inimigos.
Só existem duas maneiras
de acontecer que a luz de um grande homem de Deus pareça pálida ou
se torne pálida diante de outra pessoa: ou Jesus se revelou a essa
pessoa pessoalmente e o homem de Deus passou a ser visto não como
homem, mas, como um ser superior (João 5:35); ou a pessoa
se endureceu e se animou com o mundo ganhando, como consequência, um
desprezo natural para com esse homem de Deus.
Se as pessoas e as suas
opiniões ganharem força e importância dentro do seu coração, o
evangelho perde o seu poder e todos à sua volta (aqueles cuja
opinião lhe é querida) serão colocados ou deixados em densas trevas.
Se o evangelho e a sua realidade prática ganharem terreno e
importância em seu coração, as opiniões das pessoas contrárias
parecerão mentiras, mas, a sua vida será luz e vida para elas. A
escolha é sua - só sua.
Toda a arrogância está
construída sobre uma mentira, seja ela qual for - mesmo quando a
mentira não esteja directamente relacionada com essa arrogância.
O nosso perdão começa
assim que o nosso pecado é deixado e conclui-se assim que, depois de
confessado solene e detalhadamente, não se pensa mais nele - a não
ser que veja à tona pelo agradecimento sincero e espontâneo que
emerge a partir da realidade sentida desse perdão.
Antecipar as coisas pode
ser tão errado quanto é adiá-las, pois, fazer as coisas no momento
certo nem é adiar e nem antecipar. Quem faz as coisas certas no
momento certo, dificilmente ficará apressado e muito menos se achará
atrasado. Fazer agora o que pertence ao momento, é um dos passos da
vitória. O outro passo será fazê-lo com Deus em Deus. Quem não faz
bem, tornará a fazer aquilo que já deveria ou poderia estar feito.
Se pedimos a Deus algo
importante para Ele e para o Reino e não
recebemos, podemos ter a certeza que Deus também está pedindo algo
de nós que não está recebendo. Se pedimos e recebemos de verdade, Deus
também está pedindo e recebendo tudo o que nos pede.
A tua força é
proporcional à tua sujeição real a Deus e ao tipo de sujeição,
quando estás limpo diante d'Ele e das pessoas. Ninguém terá mais
força ou poder de viver ou de concretizar que a medida e a qualidade
da sua sujeição exclusiva a Deus. Devemos saber que
existem sujeições totais que não duram muito. A nossa sujeição deve
ser eterna.
Deus diz: "Não suporto a
iniquidade", Is.1:13. Os humanos não
dizem através de palavras, mas, através das suas vidas e desejos
afirmam: "Não suporto viver sem a minha iniquidade".
"Pois, quem anda nas
trevas não sabe para onde vai", João 12:35.
Jesus não disse que a pessoa nas trevas não anda e nem que ela acha
que não sabe para onde vai. A pessoa anda e acha que sabe para onde
vai. Só "não sabem o que fazem" e nem o que pensam. Um perdido que
acha estar perdido, busca uma saída, um caminho, uma alternativa.
Mas, o perdido que não se ache perdido não busca o caminho e segue
confiante para a destruição. Você vê os perdidos buscarem o Caminho?
Isso significa que eles acham que estão certos. Existe maior
maldição que esta? Jesus disse: "Quem anda nas trevas não sabe para
onde vai", João 12:35. Mas, isto não
significa que a pessoa pense que não sabe para onde vai e sim que
está enganada sobre como irá terminar. Dito isto, deixe-me sublinhar
alguns segredos com dois lados: a pessoa que anda nas trevas confia
somente quando a luz não brilha e quando não ilumina seu caminho. O
homem da luz fica abalado quando se acha sem luz. Já imaginou a
grande adaptação à luz de um cego que começa a ver? Ele contava os
passos para andar, confiava nos sons, no tacto, no olfacto, nas
outras pessoas que o guiavam e outras coisas mais. Quando recebe a
visão não saberá, momentaneamente, conviver com ela. Não está
habituado à luz. Vê precipícios onde nunca viu nada e outras coisas
mais que podem assustar quem andava nas trevas. Deve ser uma grande
adaptação e um enorme desafio para o cérebro e para a personalidade
de um ex-cego. Quem nunca usou a luz saberá usá-la e amá-la? É
lógico que precisará aprender a confiar ganhando outra maneira de
ser e de estar na vida. Espiritualmente, acontece precisamente o
mesmo. As pessoas têm medo da luz. Todo o cego que não sabe o que é
luz, faz a sua própria ideia de como ela será porque nunca a viu. E
quando abre os olhos tudo é diferente do que imaginava. Além do
mais, tudo aquilo que aprendeu a ser até se abrirem seus olhos fica
momentaneamente desactualizado, desintegrado e inutilizado para
sempre. Já não conta os passos para andar e já não apalpa paredes.
Isso seria o mesmo que perder a vida própria. É uma nova vida. Vamos
ver o inverso desta verdade. As pessoas da luz não sabem andar onde
existem sombras ou lugares sombrios. Estes também precisam aprender
a segurar na mão de Jesus e a serem luz em meio das trevas, pois
caminharão pelos lugares tenebrosos deste mundo. Saberão eles andar
segurando em Alguém que os guia, como os cegos faziam, tendo luz?
Que farão?
"Enquanto tendes a luz,
crede na luz, para que vos torneis filhos da luz",
João 12:36a.
Isto significa que seremos a luz quando as trevas chegarem e que
estaremos por nossa conta em nome de Deus. Se não aceitarmos agora
ou se tivermos alguma dificuldade em aceitá-la já, se não crermos na
luz enquanto ainda somos trevas, seja parcialmente trevas ou
totalmente trevas, não chegaremos a ser luz na totalidade,
independentemente do lugar onde andamos ou quem nos molesta ou
perturba. Um dia, estaremos por nossa conta servindo e sendo luz,
pois Jesus irá esconder-se de nós também, para dar-nos a
oportunidade de sermos luz. "Havendo Jesus assim falado, retirou-se
e escondeu-se deles",
João 12:36b.
Ele pode esconder-se de si para você ter a oportunidade de ser luz.
"Eis que o lavrador
espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até
que receba as primeiras e as últimas chuvas",
Tiago 5:7. Muitos usam este versículo para se animarem a
respeito de seus desejos carnais que nem consideram carnais por
serem crentes. Mas, a Bíblia fala aqui (usando esta imagem do
agricultor paciente) sobre a vinda do Senhor (seja a
vinda para a vida pessoal, seja para acabar o mundo) e da paciência
do homem no tocante a todas as coisas virtuosas e não associando-a a
"bênçãos" terrenas. "...Esperamos o que não vemos
com paciência", Rom.8:25; "Mas,
a nossa pátria está nos céus, donde também
aguardamos um
Salvador, o Senhor Jesus Cristo", Fil.3:20;
"Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos
céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça",
2 Ped.3:13.
A verdade forçada
torna-se uma fonte de insegurança em nosso íntimo - fé é ter a
certeza que uma verdade é verdade. Se a verdade tornar-se real, tudo
fica mais fácil. E se a verdade for insegura em nós, nós somos o
problema e não a verdade. Morra com Cristo e a verdade nascerá do
estrume da sua vida morta e será como uma flor num jardim renovado e
verdejante.
Começar bem e terminar
mal é péssimo porque seria de esperar que tal pessoa terminasse bem;
começar mal e terminar bem é excelente porque esperávamos que tal
pessoa terminasse mal. Vejamos o que aconteceu com o homem que
terminou ao lado de Cristo, pedindo com o seu último fôlego para
entrar no Paraíso. Ele havia começado mal e terminou muito bem. E
olhem como terminou Judas Iscariotes, aquele homem que começou
bem e terminou muito mal.
O homem tem culpa porque
pecou; tem coração duro porque pecou; e peca porque pecou. Deixa de
pecar porque confessa; amolece porque restitui; e deixa de ter culpa
porque se torna mais branco que a neve. Em Cristo, qualquer pessoa
pode tornar-se pessoa inocente: é pegar ou largar!
Seria bom que
tratássemos os pecados pequenos como tratamos os grandes (se somos
sérios com Deus), pois, todos eles têm a mesma força de matar; e que
tratássemos os pecados grandes como trataríamos os pecados pequenos,
pois, a vitória sobre eles é fácil. Uma bala pequena mata tanto
quando atinge um coração quanto um míssil que nos atinge. Não se
trata de tamanho do pecado, mas, da sua mortalidade.
Deus não tem nada a
dizer ao homem frívolo e superficial.
A depressão é uma
montanha de pecados que recusamos abandonar ou que recusamos
reconhecer como pecados e confessá-los colocando-os na luz um por
um, sejam eles grandes ou pequenos.
Uma vida, quando não
brilha, faz sombra. Ou fazemos parte da luz, ou das trevas. Não
existe meio termo. Decida-se.
Uma pessoa
irrequieta (que não se aquieta) é uma pessoa insegura.
Deus
fala através das Escrituras - ache tempo para ouvi-Lo.
Lê a Bíblia
para ganhares sabedoria; crê nela para estares certo; vive dela para
seres vivo; pratica-a do jeito certo para seres santo.
Os que
andam com Deus dependem totalmente d'Ele. Mas, nessa dependência
total, pode haver momentos em que a pessoa não tem aquilo que
deveria ter recebido ou deveria estar recebendo. Isso, para um
dependente de Deus, é dramático. Todo aquele que depende de Deus,
não obtendo graça, fica muito pobre. Por essa razão lemos assim:
"Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus",
Heb.12:15
- principalmente quando dependemos somente dela! Busque essa graça,
pois, ninguém a recebe por merecê-la, mas, por buscá-la. É verdade
que se não a merece, Deus não tem obrigação de
dá-la - Ele pode fazer o que quiser com ela, tanto dá-la como não
dá-la. Mas, se Lhe pedirmos de todo coração, existem promessas
feitas e a palavra de Deus necessita ser cumprida integralmente. E
as promessas são a palavra de Deus.
As vozes
que mais nos confundem são os ecos de coisas que se ouvem porque
leva-nos a decifrar o eco e não o que a voz diz. E, quem dá atenção
aos ecos quando a voz era de Deus (se era), pode ter perdido a voz
ou perdido perdido tempo e atrasou-se. Ouve com atraso e tenta
decifrar o que já passou por ele, decifrando ecos. Mas, poucos ecos
são verdadeiros. Em todo caso, eco nem sequer é a voz. A maioria dos
problemas de tentações dentro das pessoas limpas, também são ecos e
não são verdadeiros problemas. Por essa razão, ouvimos Paulo dizer:
"Considerai-vos mortos" - isto se verdadeiramente somos mortos
devido à realidade do encontro que obtivemos com Cristo. Morto não
ouve ecos de nada, pois, está morto. Não são os ecos que morrem, mas,
nós. Os ecos existirão sempre. Nós é que deixamos (ou deixaremos) de
existir para este mundo - já ou depois.
Humildade
é sermos aquilo que somos - sempre. Quando nos criticam e depreciam
injustamente, devemos permanecer revelando tudo o que somos. Quando
nos aplaudem e nos elogiam, devemos, também, permanecer
e revelar aquilo que somos mesmo que isso decepcione os que nos
elogiam.
Deus fez
um pacto com Abraão e ele circuncidou-se e à sua descendência
também. Mas, ele circuncidou Ismael sendo que esse pacto não incluía
aquele filho. Podemos ver aqui que, circuncidar Ismael, nunca mudou
o pacto em relação a ele e à sua descendência. Por isso, baptizar
pessoas à força nunca as colocará em bom estado diante de Deus; nem fazê-los
participar dos cultos o fará; e nem cantar como devemos. Seja o que
for que façamos, não podemos pular o muro para dentro do aprisco das
ovelhas. Deus fez o pacto com os
escravos comprados de Abraão, com os estrangeiros, com os gentios e
todos os demais que se quisessem juntar ao Deus de Israel - mas,
nunca o fez com Ismael. Hoje, os descendentes de Ismael (os Árabes),
são os que mais desejam destruir Israel, que é a descendência de
Isaque.
Quando
as coisas são um anseio do coração, nunca precisam tornar-se
votos, pois, o anseio do coração permanecerá sempre com o homem. E um
voto que não foi feito nunca impedirá esse anseio do coração - quer
o façamos quer não, nada impede um anseio dum coração. Um anseio do
coração sobrepõe-se à dor, à adversidade, às contrariedades, às
inconveniências e tudo mais. O mesmo já não poderemos afirmar dos
votos. Sirvamos Deus com o coração e não com votos nos quais o
coração não se revê.
Fazer
coisas que me agradam, nunca será o mesmo que fazer as coisas só
para me agradar. O mesmo se poderá afirmar em relação a Deus: fazer
naturalmente as coisas que Lhe agradam não é o mesmo que fazer
coisas só para Lhe 'agradar' e dar lustre à figura de hipócritas que
fazemos diante d'Ele. "Porque não sei usar de lisonjas; do
contrário, em breve me levaria o meu Criador",
Jó 32:22.
Não saber
qual a vontade de Deus ou não saber o que fazer, está directamente
relacionado com a falta de vontade em fazê-la ou com a incapacidade
interior de estarmos rendidos ao Senhor dentro daquilo que Ele
quereria que fizéssemos. Tão só nos disponibilizemos inteiramente ao
Senhor para fazer o Seu querer e Ele nos mostrará - se houver alguma coisa para nos mostrar.
Por essa razão, necessitamos orar com a obrigatoriedade de acharmos
a vontade de Deus, porque, enquanto oramos, tornamo-nos rendidos a
Ele - uma coisa leva à outra e o processo de orar sem desistir (sem
cessar), pode levar-nos a uma rendição antes de sabermos qual a Sua
vontade e como fazê-la. Neste caso, orar é como prepararmos uma
viagem e resolvermos qual será o meio de transporte que usaremos.
Sempre que você buscar a vontade de Deus, leve em conta que também
precisa dar atenção ao estado do seu coração - precisa
disponibilizar-se. "...Para converter os corações (...) a fim de preparar para o Senhor um povo que Lhe esteja disponível", Luc.1:17.
Não é apenas você quem precisa saber qual a
vontade de Deus, mas, também Deus está querendo e desejando saber se
vai tomar posse do seu coração no assunto pelo qual você O busca.
Sermos rendidos numa coisa, ensina-nos a sermos rendidos no geral
também.
É possível
recebermos a graça de Deus e perdermos a nossa vida. Os que se
salvam são aqueles que fazem uso dessa graça exaustivamente. Por
essa razão Paulo diz: "Também vos exortamos a que não recebais a
graça de Deus em vão",
2Co 6:1. Podemos recebê-la em vão. Para
sermos filhos de Deus, não basta recebermos dessa graça, ainda que,
sem ela, não consigamos sê-lo. Para além de recebermos dessa graça e
a usarmos exaustivamente, devemos saber que, para sermos tornados
filhos de Deus, precisamos separar-nos de todo o tipo de pecado.
"Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não
toqueis coisa imunda e eu vos receberei; e eu serei para vós
Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor
Todo-Poderoso",
2Co 6:18.
Quando formos tentados,
devemos permanecer na nova vida que somos e não pender para o lado
daquilo que a tentação nos quer induzir ou fazer acreditar que
somos. Quando o vento sopra para levantar o vestido de uma senhora,
ela segura o vestido e não o vento. "Guarda o que tens, para que
ninguém tome a tua coroa", Apoc.3:11.
"E quanto
a vós, a unção que dele recebestes fica em vós e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine", 1João
2:27. Quando precisamos que alguém nos ensine alguma coisa,
ou a unção não se mantém em nós (ela entra e sai) porque somos
inconstantes; ou somos orgulhosos e não somos a pessoa que ouve os
outros e Deus obriga-nos a aprender dos outros humilhar-nos. Mas,
isso não significa que Deus não ensine pessoalmente. Seja qual for a
razão, deverá sempre verificar e rever a sua vida, para ver qual a
razão porque Deus não o ensina pessoalmente.
Muitos querem chegar ao
céu sem terem aprendido a viver uma vida santa. Isso seria como
alguém querer e desejar o fim duma coisa sem haver passado pelo
inicio dela. Precisamos aprender a viver cá na terra primeiro do
jeito que se vive no céu. Se não se torna santo aqui, como vai viver
no céu se o jeito de lá é a santidade, o qual você nunca aprendeu?
Cristo liberta-nos para
amar e não nos prende para amar e nem nos liberta para sermos
amados. Somos libertos para servir a Deus e nunca a nós próprios.
"...De conceder-nos que, libertados, O servíssemos sem temor",
Luc.1:74.
Existem
grupos de amigos, os quais se entendem entre eles
e, por essa razão, andam sempre juntos. Outros são inseparáveis. No
pecado também existem agrupamentos de pecados que andam sempre
juntos ou que se entendem - outros que são inseparáveis. Por
exemplo: fumar e álcool são pecados que necessitam de ser destruídos
ao mesmo tempo, pois, se um ficar, o outro será chamado de volta.
Outro exemplo: o descanso e o trabalho são amigos inseparáveis e,
quem sabe descansar na hora certa, sabe trabalhar no momento que
deve. E trabalhar não é ir para o emprego, mas, fazer bem o nosso
trabalho. Por outro lado, a ocupação e a preguiça, a preocupação e a
obstinação andam sempre juntas também. Podemos juntar a elas a
desmotivação, o desleixe, o desplante, a ociosidade - são amigos que
se acharão sempre unidos, nem que seja apenas de coração.
Um dom
que Deus nos dá, é como um violino: precisamos aprender a usá-lo. A
maioria dos "dons" usados na "igreja" hoje, são instrumentos
musicais que não estão sendo usados correctamente, fazendo apenas
barulhos incompreensíveis e desordenados em vez de saírem notas
certas e disciplinadas. Foi para isso que os instrumentos foram
criados: para fazerem musicas e não para fazerem sons e barulhos.
Precisamos de disciplina, de amor pelo instrumento, muito trabalho
para sabermos tocá-lo. Com os dons, tudo funciona do mesmo jeito.
Também, se Deus nos der uma arma, uma espada, precisamos treinar
muito para sabermos usá-la no momento certo e da maneira certa. Se
tivermos outra concepção sobre os dons do Espírito, veremos o diabo
entrando e sendo ele a distribuir os dons que as pessoas continuarão
a pensar que vêm de Deus.
As pessoas
que se estão afogando não vão pedir ajuda à estação do salva-vidas,
ou no posto dos bombeiros. Um acidentado não vai ao hospital pedir
socorro. São os socorristas que vão salvar essas pessoas no local
onde se encontram.
Desespero
não muda ninguém, mas, alguém muda o desespero; a incredulidade não
muda ninguém, mas, alguém pode mudar a incredulidade.
No mundo
do pecado, existem dois tipos de pessoas que brigam muito: os que se
odeiam e os que gostam muito uns dos outros. Os que gostam muito uns
dos outros, principalmente se estão numa relação que pode ser
abençoada por Deus, podem entrar numa comunhão linda ou num
desentendimento continuo. Tudo vai depender se um é egoísta em
relação ao outro ou não. E isso também acontecerá em relacionamentos
entre casais, entre irmãos, famílias ou entre qualquer tipo de
pessoas.
Desejar
as mesmas coisas que Deus deseja, querer tudo aquilo que Deus quer,
ainda não será garantia que tudo vai bem. Temos de conseguir fazer
aqui na terra como se faz no céu. Um exemplo claro disso é Israel.
Deus desejava a Terra prometida e eles também, mas, não deu certo
para eles mesmo desejando a mesma coisa que Deus. Quando um casal
deseja um filho, quando ambos desejam a mesma coisa, o filho já está
criado? Já anda nos caminhos de Deus?
Muitos
perguntam quando é que o mundo irá terminar. Eu
não sei. Sou como alguém que não tem relógio e sabe que a noite já
vai adiantada. Só não sei quando o sol irá nascer, mas, sei que a
noite já vai longa,
Heb.13:12.
Podemos estar julgando
medindo as outras pessoas através daquilo que Deus quer de nós e não
por aquilo que Deus deseja de quem julgamos. Uma coisa é a vontade
de Deus para nós e outra é a vontade de Deus para os outros. Não
podemos julgar os que pregam mal quando nós pregamos bem, se o
ministério deles é um outro. No dia do Juízo, as avaliações serão
feitas mediante a vontade de Deus para cada pessoa. Mesmo que
existam questões globais e universais a ter em conta - uma vontade
igual para todos, como a santificação - ainda assim, cada um será avaliado pela vontade
de Deus para si. Os outros não serão medidos (em muitos aspectos)
por aquilo que Deus quer para mim. E quando julgamos algumas pessoas
por aquilo que somos ou deveríamos ser, julgaremos a nossa conduta,
também, mediante as pessoas que admiramos.
Todos os
que terminam uma coisa são os que começaram. Mas, nem todos aqueles
que começam, terminam as suas obras. Importante é terminar tudo o
que começamos a fazer - desde que tenha sido iniciado na vontade de
Deus.
Quem tem
coração de terminar as obras que Deus lhe confiou, tem coração para
desistir das obras que não vieram de Deus. Quem tem coração para
levar as suas próprias obras até ao fim, tem tudo para desistir das
obras de Deus. Quando se render a Deus, o Senhor apenas aproveitará
o coração que tem, aquele que sabe terminar as tarefas que começa.
Uma das
maneiras de assegurar que nunca mais olharemos para trás, é tirar a
mentira do coração quando deixamos a mentira para trás; tirar o
rancor do coração quando já falamos com o nosso inimigo para nos
retratarmos (porque podemos fazer as pazes com ele e manter algumas
coisas escondidas no coração); tirar pela raiz o desejo de possuir
quando devolvemos aquilo que roubamos; ir mesmo atrás das respostas
de Deus sempre, já que deixamos de mentir para nós mesmos afirmando
que Deus nos ouve e guia. Não permita que se diga de si, também:
"Mas, em seus corações voltaram ao Egipto" ainda que,
fisicamente, não esteja voltando, Act.7:39. Descubra mais clicando em Deus.
Quando
estamos num barco, indo para um lugar e é Deus quem nos está
levando, não podemos sair do barco para buscarmos nosso próprio
caminho apenas porque nos sentimos mal no alto mar e, também,
sentimos que estamos parados sem fazer nada. Não nos podemos
esquecer de duas coisas: se sairmos do barco de Deus, afogamo-nos no
mar alto assim que nos cansarmos de nadar - ainda que saibamos
nadar; e, se nos dá aquela impressão de que estamos parados, é
porque não nos apercebemos (ou não nos queremos aperceber) que o
barco está em andamento.
Quando
uma mancha cinzenta cai numa roupa suja, ninguém lhe liga. Mas se
cair numa roupa branca como a neve, a pessoa fica inquieta,
desapontada e não tira os olhos daquele horror. O mesmo acontece com
a alma limpa quando uma pecado vem manchar sua vida. Na alma já
suja, a mancha não se nota, enquanto que na alma limpa é um horror.
Uma mancha cinzenta no preto, parece mais clara, mas, no branco
aparecerá como sujidade. O inverso também é verdade. Quando um
pecador se arrepende, a sua limpeza de coração e de motivos brilhará
longe. Uma mancha num santo destaca-se da mesma maneira que o
arrependimento sincero se destacará num pecador indomável. Serão
falados muito longe. Seus testemunhos irão além fronteiras.
Tal como a escala pela
qual se medem e se sentem os tremores de terra, assim é nossa paz
interior: assim que o pecado entra, o coração treme. Infelizmente, o
povo já se habituou tanto aos tremores dos seus corações que já não
ligam quando treme. Mas, se não ligarmos ao facto da terra treme, o
tremor de terra deixará de ser perigoso por isso? Não matará na
mesma?
Sempre
que algo não acontece conforme esperávamos que acontecesse, ou a
vontade de Deus foi feita ou ela não foi feita. Isto é,
raramente a vontade de Deus é feita aqui na terra ou devido ao jeito
errado, ou devido aos motivos e objectivos errados, ou, então, pela
insistência do poder errado. Existem muitas
coisas e muitas mais razões para que a vontade de Deus não seja
feita. Se as pessoas desejarem conseguir fazer a vontade de Deus,
precisam achar os modos, os jeitos, o poder da graça e a vida que existe no
céu. Se não for para ser feita como é feita no céu, desse mesmo
modo, através do mesmo poder e do mesmo jeito, ela não será feita.
Uma mulher ciumenta
ressente-se muito quando o esposo briga com ela. Mas, ela sente mais
sempre que ele não briga, quando não diz nada e não explica nada.
Temos
tão pouco tempo para nos prepararmos para um período tão longo (a
eternidade) e muitos gastam a maioria dos seus recursos naquilo que
não leva a nada e que não levarão com eles!
É possível conhecermos
um caminho sem sabermos; sabermos a verdade sem nos darmos conta;
descobrirmos sem pensar que achamos. Se isso não fosse possível,
Tomé não teria perguntado quem era o caminho quando Jesus disse: "E
vós conheceis o caminho",
João 14:4.
E se isso é verdade, o inverso também pode acontecer, isto é,
podemos pensar que achamos o caminho sem haver achado de verdade, ou
acreditar que estamos no caminho andando desviados.
"Se não
te lavar os pés, não terás parte Comigo",
João 13:8; se
Pedro perderia a sua herança, a sua parte com Cristo por um orgulho
simples de não aceitar que os seus pés fossem lavados, porque
acharemos nós que a nossa parte está garantida com coisas iguais ou
piores? Muitas pessoas não nos visitam, não aceitam um presente, não
nos chateiam apenas porque não querem importunar. Que acontecerá com
eles se nunca voltarem atrás em suas atitudes egoístas e não
deixarem de ser como bichos do mato, envergonhados, esquivos e
rejeitadores? Cristo fala abertamente contra quem se envergonha
d'Ele, contra quem rejeita e contra quem se esconde da luz. Sabemos
que não importa a maneira que rejeitamos, ou porque razão nos
envergonhamos - temos de sair de nosso esconderijo! (Existem muitas
formas de rejeitarmos, de nos envergonharmos e nenhuma delas será
aceite por Cristo - nenhuma delas passará no teste do dia final).
"Tendo já o diabo posto
no coração de Judas que o traísse...", <>João 13:2. O
diabo foi tentando colocar coisas em Judas e acabou conseguindo. O
diabo luta até conseguir. Cabe-nos a nós lutarmos até rejeitarmos de tal
forma que saia de nosso coração e que saia de tal maneira que nem
exista mais luta quando o diabo tentar "pôr no coração" novamente.
Jesus disse: "E, se
alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo",
João 12:47.
Isto não significa que não nos iremos aperceber de que a palavra que
falamos ou ouvimos não está sendo guardada ou crida. Só significa
que o juízo sobre essa pessoa acontecerá só no final e não agora
através de mim.
"Quem anda nas trevas,
não sabe para onde vai", disse Jesus. Isso pode significar que, quem
não sabe para onde vai, anda nas trevas e precisa orar e andar na
luz que tem enquanto a tem, seja ela pouca ou muita (aprendendo o
jeito e acumulando experiências nos tempos de abundância, como José
fez no tempo das vacas gordas), João 12:35.
Senão o fizer, quando chegarem as trevas, estará perdido e nem terá
luz nelas. "Porque tu, Senhor, és a minha candeia; e o Senhor
alumiará as minhas trevas",
2Sam. 22:29. Se o Senhor for a nossa luz e nem
sentimos aquela necessidade de andarmos por essa razão, recusando
ser obedientes estando empancados em alguma teimosia, timidez ou
algo semelhante, como é que Ele será nossa luz nas trevas? "Enquanto
tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz.
Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles",
João 12:36. Jesus também se irá esconder de
você um dia. Está preparado para isso, conseguindo andar com a luz
que tem? Precisamos ter a mesma luz quando as trevas se aproximam
(como aconteceu com os discípulos depois de Cristo haver partido) e
precisamos ter a mesma comida em tempo de vacas magras como
aconteceu com José porque creu na palavra que o tirou da prisão e
que o transportou para o tempo das vacas gordas. No tempo das vacas
gordas, crendo na palavra de Deus, na luz, tornou-se a luz e a
comida para os famintos de todo mundo à sua volta.
Jesus disse: "aquele que
me quiser servir, siga-me". Ele não disse, "Aquele que me quiser
seguir, sirva-me", João 12:26. Nós não rejeitamos servir
Cristo: apenas rejeitamos a ideia de que, servir Cristo, é segui-Lo
ou de que, segui-Lo, não é ser capacitado para servi-Lo.
As nossas almas e nossos
corações purificam-se confessando nossos pecados um a um, é certo.
Mas, não podemos esquecer que se mantêm limpos através da obediência
à verdade e também se limpam através da obediência, sendo que a
confissão de pecados é uma obediência. "Já que tendes purificado
as vossas almas na obediência à verdade...", 1Ped.1:22. "Vós
já estais limpos pela palavra que vos tenho falado...",
João 15:3. A
obediência purifica e abre-nos as portas para acharmos o que
obedecer - um passo abre a porta, para que o outro possa ser dado no
caminho estreito que se abre. Quem não obedece a uma revelação, a
uma chamada de atenção da parte de Deus, a uma palavra de sabedoria,
entra num caminho sem saída e todo o seu caminho chegou ao fim. Terá
de voltar ao ponto onde caiu e arrepender-se. "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras",
Apoc.2:5.
Os que
não sabem que devem depender inteiramente da graça e buscá-la, (isto
é, achá-la porque buscar é pouco), ou acabam por desistir do
caminho; ou dão em loucos e entram em desespero; ou, então,
tornam-se ateus e descrentes. Os que recebem graça, por sua vez,
devem saber que através da graça nada lhes é impossível. "Portanto,
cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente
(integralmente, exclusivamente) na graça...", 1Ped.1:13.
Quem pede
desculpa da mesma coisa uma e outra vez e não pára
com o pecado ou com o erro, está pedindo desculpas para poder
continuar errando. O seu pedido de desculpas é um pedido de
autorização para continuar a errar porque não quer perder os
benefícios duma pessoa perdoada e nem consta da sua agenda parar com
o erro para sempre e perder os prazeres do pecado. Pedindo perdão
dessa sua maneira, dá uma martelada no cravo e outra na ferradura.
Uma pessoa perdoada é como pessoa que nunca pecou - não é como
pessoa em liberdade condicional. Melhor seria pedir desculpa depois
de parar de pecar - se for reincidente. Mas, felizmente, ainda existem pessoas
normais - aquelas que param de pecar quando pedem perdão.
O tolo nunca se acha
tolo, tal como o sábio nunca se acha sábio. Por essa razão é que o
tolo não gosta de ouvir dizer que é tolo e por isso é que o sábio se
pode ensoberbecer quando lhe afirmamos que é sábio. A humildade é
podermos assumir aquilo que somos, tal qual Jesus assume que é Deus
sem que isso O perturbe. No entanto, a maior parte da soberba e do
orgulho existe apenas porque as pessoas fazem uma ideia errada delas
próprias, seja essa ideia acima ou abaixo da verdade.
Não devemos ver, apenas,
se é a pessoa que nega ou aceita Deus, mas, se é Deus quem nega ou
aceita a pessoa. Por essa razão é que a actual doutrina de
"aceitar" Cristo é muito limitada e falsa.
Quem acha que tentação é
pecado, pode vir a achar que pecado é só tentação.
Somos
tentados, muitas vezes, porque queremos e desejamos ser santos e não
porque queremos pecar. E, muitas vezes, já nem somos tentados porque
já não é necessário sermos tentados para pecarmos. Nunca nos podemos
esquecer que é preciso que haja tentação para que uma pessoa criada
à imagem de Deus possa cair em pecado. Se somos pecado não seremos
tentados - antes cometemos loucura sem que isso nos perturbe.
Pecado
é loucura, é coisa de louco.
Quem não sabe o que deve
saber, torna-se impaciente para saber tudo que não precisa saber
ainda. E também arrisca-se a usar meios fraudulentos para chegar ao
que não sabe ou não conhece e vai tentar saltar pelo muro em vez de
passar pela do conhecimento querendo mostrar que sabe aquilo que
nunca aprendeu de forma prática.
Qualquer um que arranque
o joio do meio do trigo, arrisca-se a arrancar o trigo do meio do
joio.
Uma parte do nosso
caminho, a inicial, consiste em parar de pecar. A segunda parte
consiste em deixar de amar o pecado. E a falta de hábito de pecar,
juntamente com a visão real e realista da nova vida que ocorre
precisamente porque deixamos de pecar, ajuda imenso, pois, Deus
também está dentro daqueles que são obedientes para os incitar, admoestar, corrigir,
encorajar, falar e fazer experimentar tudo aquilo que Ele é. "Os
limpos de coração verão Deus", Mat.5:8.
Depois, viveremos da nova vida, a qual aprenderemos a amar.
Preocupado é presunçoso.
Não existe um preocupado que não seja presunçoso também. E
presunçoso nem sempre se mostra preocupado para poder continuar a
presumir. Só se mostrará preocupado se arranjar outra forma de
presumir - nem que seja sobre outro assunto em simultâneo.
Preocupação é uma paixão: as pessoas não vivem sem ela! Sem ela
ficam inactivos, ficam sem saber o que fazer, tornam-se paralisados!
E há que viver, há que ser activo sem preocupação numa vida cheia de
armadilhas e com muitas carências - mas, vivendo dentro da nova
vida, claro.
Quando
Deus diz "aparta-te do mal", Ele simplesmente quer dizer isola-te e
vive tua vida como se o mal não existisse quando te molesta. Na
verdade, afastarmo-nos do mal significa simplesmente não
sermos levados a pensar mal ou bem dele sequer, não permitir que nossos
pensamentos possam ser influenciados, ocupados, perturbados ou
distraídos pelo mal. Devemos ser completamente isolados dele e ter
uma vida à parte e própria independentemente daquilo que o mal faça ou possa
cogitar. Que seja o mal a ocupar-se com pensamentos acerca do bem e
acerca de nós, que sejam eles perseguidos através dos pensamentos
que têm sobre nós e sobre aquilo que falamos em tempo útil.
A dúvida ou é um hábito
ou é uma confirmação de perdição. A fé ou é um hábito que não tem
fundamento, ou então é uma prova real de que o que se crê é verdade.
A fé e a dúvida, podem, por isso, ser fruto real ou então ser hábito
fingido e assimilado pelas circunstâncias de cada um.
Os que crêem da maneira
certa, não crêem à toa, tal como os que duvidam, não duvidam apenas
por duvidar. Os que duvidam, fazem-no porque podem estar separados
da verdade fluente e real. Os que crêem com aquela fé que é provada
pela realidade, também sabem no que crêem - e se não sabem, podem
vir saber.
As pessoas mais
inteligentes são precisamente aquelas que sabem que Deus sabe melhor
e mais que elas. Por essa razão não desanimam se estiverem limpas e
em condições de serem abençoadas por Deus. Deus não fica
indiferente: ou abençoa ou amaldiçoa. Para Ele não existe meio
termo.
Sabiam
que fruto antes do tempo é uma maldição? Mal.3:11. É que o homem não sabe poupar para usar no tempo
certo - só sabe poupar para usar no tempo errado, ou na coisa
errada. Se Deus quiser trocar as voltas a um desonesto, mentiroso
ou infiel nas coisas de Deus, poderá enviar os gafanhotos para
comerem sua colheita ou então bastará dar-lhe seus frutos antes do
tempo. Esse homem será o seu próprio gafanhoto, tal e qual foi o
filho pródigo.
A diferença entre o bem
e o mal é o seguinte: o mal tem de ser puxado por nós como um cavalo
puxa sua carroça - o mal é pesado; o bem, a verdade e o entendimento
é que nos levam a nós e que nos puxam com cordas suaves e invisíveis
de amor, Os.11:4. No mal aprendemos a
ser como jumentos e a agir e reagir como eles. No bem, o nosso
principal dilema será deixarmos de ser como jumentos ou deixarmos de
ser jumentos. "Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves
seguir; aconselhar-te-ei, tendo-te sob a minha vista. Não sejais
como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento e cuja boca
precisa de cabresto e freio para que não se atirem a ti",
Sal.32:8-9.
Ninguém poderá presumir
do dia de amanhã sem pecar, nem para bem e nem para mal. Existem
pessoas que deliram por aquilo que acham bom e que ainda não
aconteceu, como existem os profetas do mal que não foi Deus quem
pronunciou. Nem o mal e nem o bem podem ser presumidos.
Existem aquelas
tentações porque estamos com Deus, como existem tentações próprias
de quando nos encontramos distantes de Deus. O mesmo poderemos dizer
da falta ou da ausência de tentações. O diabo não tenta os caídos de
forma a se sentirem mal naquele estado, tal qual Deus dá liberdade e
autoria a quem vive com Ele o tempo todo. O único sinal de
insatisfação dentro do pecador é o vazio que sente enquanto usufrui
e usa ou abusa do pecado, seja ele qual for. Só quando o diabo
intervém numa vida santa (e quando lhe permitimos tal veleidade) é
que essa vida se torna pesada e só quando Deus intervém (ou os
decretos d'Ele como os de Is.57:21) é
que uma vida de pecado se torna pesada, seca, vazia e fria. Deus
nunca abençoaria o mal e, por essa razão, a vida do mal torna-se
pesada e, eventualmente, as suas consequências e frutos
insuportáveis, tanto dentro como fora de nós. No entanto, Deus não
precisa intervir directamente para que o mal se torne mau e pesado,
como o sol não precisa de ser mandado brilhar porque já brilha por
decreto. "Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus!",
Is.57:21. O mesmo Deus, do mesmo jeito, disse:
"Haja luz" e ainda há luz até ao dia de hoje. Também, por essa
razão, os ímpios ainda não têm paz dentro de si e nem do lado de
fora. E, se a tiverem, será temporária, forjada e falsa.
Os agricultores sabem
esperar e discernir o tempo quando as suas sementes se tornam
frutos. Os agricultores espirituais dificilmente distinguem os
tempos de semear dos tempos de frutificar. Trocam as estações,
estando a semear quando devem colher e colher quando devem semear ou
esperar o amadurecimento do fruto. Seria um absurdo um agricultor
tentar colher seus os frutos antes do tempo, estragando, assim, toda
a sua colheita. Só que ninguém acha absurdo quando um agricultor
espiritual começa a arrancar as plantinhas que semeou devido à
pressa que tem por causa da sua falta de discernimento. "Portanto,
irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador
espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até
que receba as primeiras e as últimas chuvas",
Tiago 5:7.
Deus nunca fica
indiferente ou inactivo: ou Ele resiste aos soberbos ou dá graça aos
humildes, 1Ped.5:5.
Este
mundo está realmente estranho. Hoje, tanto
a fé como incredulidade rejeitam milagres porque existem milagres
falsos e verdadeiros.
Os Fariseus acreditavam
que havia vida depois da morte e os Saduceus acreditavam que não
havia. Os Fariseus estavam certos. Mas, será que só porque estamos
certos sobre uma doutrina Jesus nos irá aceitar? Jesus rejeitou os
Fariseus que estavam certos como rejeitou os Saduceus que estavam
errados. Cuide de sua vida para não acontecer-lhe estar certo e ser
rejeitado também.
Jesus disse: "Basta a
cada dia seu mal",
Mat.6:34.
Mas também poderíamos dizer "basta a cada dia seu bem", pois as
pessoas entusiasmam-se tanto com algo de bom que lhes acontece ou
que ainda lhes vai acontecer que negligenciam o dia de hoje
completamente e pecam por isso.
As pessoas sob
escravatura intensa só crêem por necessidade – por essa razão não
crêem de verdade na verdade. Podemos crer numa verdade sem ela
tornar-se realidade e sem que a vida do céu possa ser algo natural
com a qual se viva de forma contínua. Isso não é crer de verdade.
Também se pode crer numa mentira quando ela ainda não se tornou
prática real. Isso também evita que a mentira se manifeste como
mentira.
Os Judeus tinham
esperança firme no Cristo que viria: "...a esperança da promessa
feita por Deus a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo
a Deus fervorosamente noite e dia, esperam alcançar",
Act.26:7. Mas,
quando essa esperança chegou, eles não a reconheceram! "Veio para o
que era seu e os seus não o receberam",
João 1:11. É possível termos a esperança certa e depois rejeitá-la quando ela
aparecer. E quando estamos propensos a rejeitar a promessa certa,
temos a possibilidade mesmo à mão de aceitarmos a esperança errada -
e isso apenas porque temos a nossa própria esperança que anseia ser
cumprida e rejeitamos a certa!
Pecador
acha-se sempre santo sentindo-se pecador e santo sempre se acha
pecador sentindo-se santo.
Ajudar pessoas nem
sempre será fazer algo por elas, mas, por vezes, é não fazer e
também é permitir que elas o façam, ou que Deus o faça nelas
primeiro quando elas se limpam. Esse testemunho será importante para
elas. Mas, que nem pensem que Deus fará algo dentro de alguém que
não abandonou o mal, seja o mal dentro de si ou do lado de fora.
A melhor maneira de não
mentirmos, é falarmos a verdade e ficarmos calados não é falar a
verdade. A melhor maneira de não roubarmos é darmos do que temos.
Faça o oposto da tentação e a luta contra a tentação cessará por
ela.
Qualquer fundamento
fraco produzirá uma fé fraca. Se a melhor maneira de não nos
enlaçarmos numa mentira é falar a verdade, seja a quem for e sob que
circunstâncias for, uma fé verdadeira exige de nós o confronto com a
verdade e a realidade de Deus. Uma fé fraca ou falsa, mesmo que
emocionalmente forte, exige que não nos confrontemos com a verdade.
Isso é uma das exigências dela. E quem se emociona quer continuar a
emocionar-se e, por essa razão, evita confrontar os fundamentos da
sua alegria (ou da sua tristeza, pois muitos confiam em sua tristeza
tal e qual outros confiam em suas alegrias - um masoquista confia em
suas tristezas e um bêbado acredita em seu riso porque tem aquilo
que desejava). Quem tem medo da verdade é mentiroso, quem tem medo
da polícia é ladrão e quem pula por cima do muro para entrar no
aprisco e nos frutos alegres das ovelhas, é salteador. Quem entra
pelas portas e pelas vias da verdade, será abençoado.
Não existe qualquer
futuro para um castelo de areia, não existe coerência para a ilusão
e nem segurança real para quem passa os seus dias sonhando. Toda a
sua segurança é tão real quanto são os castelos de areia que
constrói ou construiu. Assim que chover, eles caem. Assim que
chegarem os primeiros problemas vai chegar o desespero e a vontade
de desistir.
É difícil imaginar que
alguém possa ser cristão em um aspecto da vida e não ser nos
restantes. Não existe isso de alguém viver direito apenas em alguns
aspectos de sua vida e negligenciar os outros, entregando-os ao
diabo. Eu acho tal pessoa uma aberração da natureza, uma
monstruosidade, um incapaz que ainda por cima é mentiroso dizendo
que segue Cristo ou que é Cristão.
A alegria na hora certa
é como a comida na hora certa. As pessoas alegram-se e batem palmas
quando cantam na igreja. Mas, Jesus disse assim: "Bem-aventurados
sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem
todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai
(nessas horas), porque é grande o vosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós",
>Mat.5:11-12. Então, alegrarmo-nos quando nos injuriam porque somos
honestos e simples, é muito mais certo que estarmos alegres dentro
da igreja, mesmo quando não é a errada a alegria dentro da igreja.
Temos de saber que, alegrarmo-nos nos momentos certos, é um
mandamento de Jesus. A alegria na hora errada, é como a comida na
hora errada. Dar comida a quem comeu não é alimentar e devemos
alegrar-nos quando nos injuriam se e porque fazemos as coisas certas
diante de Deus - não na igreja onde todos nos aplaudem e nos dão
palmadinhas nas costas porque querem receber palmadinhas nas costas
também. E devemo-nos alegrar porque temos galardão no céu e não
porque nos encontramos no meio de quem se alegra e nos afecta e nem
para mostrarmos a quem nos injuria que estamos alegres, tornando-nos
hipócritas convencidos e vingativos. O nosso galardão é real e nossa
alegria deve ser real e baseada na realidade também.
Nós não
precisamos de nos afastar dos pecadores e hipócritas para nos
isolarmos deles. Podemos olhar os factos de frente, os hipócritas de
frente e, quer falemos ou quer não, eles saberão que são hipócritas.
Eles próprios se afastarão e se isolarão de nós. Mas, não precisam
reconhecer abertamente os seus pecados para se sentirem acusados e
se afastarem. A maioria dos pecadores não reconhece seus pecados
abertamente quando sabem deles. E reconhecer quem está certo
significa, muitas vezes, reconhecerem que estão errados.
Quando
estamos na amargura, no desespero dum pedido a Deus que não se
concretiza, antes de falarmos, deveremos aproximarmo-nos de Deus.
Não falemos longe d'Ele, pois, senão Ele não nos poderá responder ou
corrigir. Por essa razão, Ele diz: "Cheguem e então falem!"
>Is.41:1. Nessa
ordem devemos agir. As pessoas ou falam longe de Deus na sua
amargura ou, quando se aproximam d'Ele, ficam sem dizer nada.
O segredo
da autoridade de alguém é sua autoridade moral por ascendência. Quem
tem vida igual à de Deus, tem autoridade para falar e nem precisa
perguntar-se se as pessoas irão ouvi-lo.
Quem se
junta aos errados, mesmo julgando-os, precisa aprender a viver em
liberdade. Quem se separa dos errados porque tem medo de cair ou
porque não os quer corrigir da maneira certa, também precisa.
Uma vítima só sabe ou
ser vítima ou vitimar.
É melhor acendermos uma
candeia que permaneça acesa até ao fim, que acender muitas que se
apagam durante o seu tempo de vida. Mas, é difícil distinguir entre
qual irá permanecer e qual se irá apagar. Por isso, será pecado não
acendermos luzes que iluminam só porque não sabemos quais irão
permanecer acesas.
Muitos acham que a
pessoa que permanece lutando com o mal ou contra o mal dentro de si,
será a pessoa ideal. Mas, na verdade, aquela pessoa que chega ao
ponto de não mais lutar contra o mal porque esse mal deixou de
existir e permanece naquilo que Deus entregou em sua mão para fazer,
aquele que não entra na arena onde se luta contra o mal e antes fica
no campo e na arena de Deus, esse homem é quase perfeito. "Não
resistais ao mal", disse Paulo. Quem ainda resiste ao mal não é
perfeito. Mas, quando a tentação vem e a pessoa fica imperturbável
fazendo as coisas de Deus, a perfeição está dentro de si com raízes
bem fortes. Se a árvore vai crescer ou não, dependerá apenas da sua
permanência em Cristo. Se não permanecer em Cristo, essa árvore com
raízes estendidas murchará e nem conseguirá viver de Cristo porque
não permaneceu n'Ele, como não conseguirá viver mais no mundo e do
pecado que aprendeu a não mais amar.
Se a minha
aptidão, os meus valores e capacidades não são as coisas que irão
fazer a diferença, que irão fazer a obra de Deus prosseguir, então,
a minha falta de merecimento e inaptidão também não serão
impedimento para Deus operar através de mim.
Onde o Espírito guia,
todos os que estão com Deus concordam entre si. Mas isto não
significa que, onde todos concordam, o Espírito os guiou e nem quer
dizer que, onde o Espírito guiou, todos concordam. As pessoas podem
concordar sem ser por Deus e discordar sem ser através do diabo.
Quando o
diabo nos fala tentando imitar Deus, se não ficarmos alarmados e
amedrontados e se aguardarmos confirmação quando não temos a certeza
de que foi o diabo que nos falou, também teremos a capacidade de
nunca duvidar de Deus. Aquele que facilmente duvida do engano e da
mentira, facilmente crerá na verdade também. Aquele que dificilmente
duvida do engano e da mentira, dificilmente crerá na verdade. O grau
de dificuldade ou de facilidade será sempre equivalente e
proporcional, será olho por olho e dente por dente.
Deus
prefere a perfeição final e definitiva acima da perfeição do
momento.
Quem bate
sempre no mesmo prego não é carpinteiro, isto é, quem bate na mesma
tecla noite e dia não sabe o resto do recital e prendeu-se em algum
ponto da sua duvida.
Como podemos esperar que
algo nascido no inferno não venha tornar-se infernal?
"Quem recebe
um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de
profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a
recompensa de justo",
Mat.10:41. Para um ímpio receber um
santo na qualidade de santo, equivalerá a um santo receber um ímpio
e tratá-lo como se estivesse tratando bem o Senhor Jesus. O grau de
dificuldade será o mesmo.
Só podemos ser
livres do pecado se formos livres em Cristo. Enquanto for um esforço
permanecer em Cristo, será um esforço ficarmos livres das tentações.
Só dominaremos tudo aquilo que nos rodeia quando formos totalmente,
incondicionalmente e eternamente dominados e domináveis por Cristo -
e que seja real e não mais somente doutrina. Deixaremos de ser
maleáveis para o mundo assim que formos maleáveis para Cristo. Se
formos maleáveis para com o mundo, seremos duros para Cristo.
Ninguém poderá evitar que tal aconteça. É uma moeda com duas faces -
uma lei da criação.
"Estes sempre erram em
seu coração e não chegaram a conhecer os Meus caminhos",
Heb.3:10. É interessante notar a sequência das palavras
aqui. Não lemos "eles sempre erram em seus caminhos", mas, que
"erram em seu coração" e por essa razão não conhecem os caminhos. É
pena que se queira sempre mudar os caminhos primeiro ou somente os
caminhos para mantermos a aparência de algo que ainda não se
estabeleceu pelo lado de dentro. Quem muda o coração pelo poder de
Deus de forma real, muda tudo. Se o coração do homem mudar, todo o
mundo muda.
Deus
não enviou Noé para salvar o mundo, mas, para fazer uma arca. Mandou
Noé para salvar a verdade destruindo o mundo. Ele obedeceu a Deus.
Pela sua fé Noé condenou o mundo, Heb.11:7.
Quando Jesus nos envia a pregar o evangelho, nós saímos em
obediência. Nós não vamos salvar o mundo, mas, obedecer a Cristo.
Devemos obediência a Cristo e não à necessidade do mundo.
Medroso é teimoso, tal
como aquele arrogante que enfrenta tudo confiando nele mesmo e em
suas próprias capacidades.
Pensar e vacilar entre
Cristo e o mundo, é estar indeciso entre aquele prazer que passa num
momento e a eternidade, uma banalidade e um amor sem fim, sem
medição e sem igual. É estar indeciso entre aquilo que mata e Quem
dá Vida sem fim, sem altos nem baixos. Nem o homem consegue imaginar
como será o amor de Deus - apenas o pode experimentar. Mas, nunca o
experimentará a qualquer preço.
Qualquer barco num porto
está seguro, longe das ondas, fora de perigo e das tempestades. Mas,
será que um barco foi construído para ficar abrigado no porto? Não
foi feito para levar pessoas através das profundidades dos perigos?
Barco que fica num porto, só poderá ser barco em construção ou em
descanso temporário. Os outros que ficam num porto noutras
circunstâncias não prestam, mesmo que sejam muito bons. Prefiro
atravessar os perigos do Atlântico num barco fraquinho, do que ficar
dentro dum barco muito bom num porto calmo.
A parte mais difícil de
todo o nosso trabalho, é esperar mantendo a expectativa com um
sorriso, sabendo que, a qualquer momento Deus virá. Será difícil
esperar apenas se somos mal formados ou mal informados, sem
esperança viva e expectativa. Sendo seres de expectativa real, será
muito fácil esperar, mesmo quando clamamos rugindo de ardor de
esperança, "aguardando com ardente expectativa a revelação..."
Rom.8:19.
Quando
chegar a hora de morrer, tens de ter a certeza que a única coisa que
te falta fazer, é morrer. Que o resto esteja tudo pronto, terminado,
perfeito e cumprido!
Ficar sem paz e sem sossego
evitará que estejamos atentos ao que se passa dentro de nós e muitos
atarefam-se com trivialidades por essa razão. Mas, se ficarmos
quietos diante de Deus, logo a nossa vida interior começa a
fervilhar e a ficar irrequieta e insegura se não andávamos com Deus
anteriormente em todas as nossas ocupações com uma consciência limpa
e tranquila. Será aqui que muita gente começa a querer ficar a mexer
e a distrair-se logo após haver-se aquietado, pois não suporta ver
as abelhas acusadoras picando a sua consciência e alma. A 'quietude'
num coração que Deus não limpou muito bem, é como um enxame de
abelhas paradas, mas, prontas a picar; e essas pessoas só se querem
distrair e ocupar com outras coisas para que as abelhas se
despertem. Será muito bom a nossa consciência, alma e coração
conseguirem ficar quietos e tranquilos em momentos de quietude
diante de Deus - mas terá de ser diante de Deus mesmo, real e
verdadeiro, pois, Ele não deixa o pecado ficar quieto e nem permite
que a consciência manchada permaneça em quietude diante d'Ele. "Mas
os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar e as
suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz
o meu Deus",
Is.57:20-21.
Todos nós sabemos que as
feridas que Deus causa curam nossa a alma e que os beijos de amor do
mundo matam a nossa vida. E se as feridas de Deus curam outras,
mesmo a coisas a longo prazo, os beijos do mundo também matam a
longo prazo em muitas circunstâncias. Por essas duas razões muitos
morrem e poucos se curam porque a maioria prefere ser beijada.
Só existe
uma maneira de sermos prejudicados pelo poder do diabo (naquelas
coisas que Deus disse que não se abalam): andarmos afastados de
Deus. E só existe uma maneira de Deus afastar-se de nós: estando nós
em pecado. Se os outros pecarem, seja contra nós ou não, isso não
nos afasta de Deus.
Imaginemos
que cometemos algo que, para Deus, é pecado, mas, que nós, para
querermos viver ou de fachada ou para tentarmos viver santos sem
termos de nos arrepender e retratar (para evitarmos ter de voltar
atrás e nos retratarmos perante alguém, perante nós mesmos e perante
Deus), achámos por bem ignorar e afirmar que não é pecado aquilo que
fazemos – o que equivaleria a afirmar que não temos pecado. Aí se
confirma a palavra de João para nós, a qual diz assim: "Se dissermos
que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso e a sua palavra
não está em nós", 1João 1:10.
Se Deus
tiver que fazer algo especial, algo que nos pareça extraordinário
para O podermos ouvir ou entender, não será o mesmo que O acharmos
normalíssimo quando Ele se manifesta. E se acontecer que não achamos
que uma manifestação de Deus seja algo normal, será porque estamos
noutra onda descrente onde se acha que Deus não se manifesta. São os
incrédulos que, instigados pela carne, ficam em transe de
exuberância quando acham que Deus se manifesta. Quem tem o coração
descrente e atribulado é quem precisa que Deus grite com ele para
ser ouvido. O extraordinário relacionado com a voz de Deus, para
nós, equivaleria a alguém ter de gritar para ser ouvido em termos
humanos.
As pessoas, por norma,
gritam se estiverem chamando alguém de longe. Estando longe, gritam.
Por isso, podemos assumir que todos aqueles que gritam os seus
louvores e orações nas igrejas de hoje estão longe de Deus.
Todos
aqueles que recusam mudar a partir do lado de dentro, tornam-se
actores que mudam toda a sua conduta exterior, escondendo, através
disso, todos aqueles conflitos interiores que, por consequência
dessa conduta, passam a existir dentro deles cada dia com maior
intensidade. As pessoas querem ser santas e imaculadas por fora para
evitarem arrependimento e pedidos de perdão aos outros e a Deus
publicamente.
Ninguém
deveria cessar de orar, desistir antes de Deus haver-se pronunciado
sobre aquilo que Lhe é colocado em oração, nem mesmo quando nos é
revelado que estamos em pecado e que Deus não nos ouvirá assim. As
coisas que começam mal, podem sempre terminar bem, pois estamos
falando com Deus, o reconstrutor dos humanos. Orar é uma maneira de
entrarmos na presença de quem nos transforma também. Deus pode
sempre alertar-nos para os motivos que nos levam a orar, para que
nos arrependamos e Ele pode-nos atender porque, entretanto, nos
transformamos devido a termos entrado em Sua presença. Começar mal
nunca deve ser impedimento para orarmos. A rapidez com que muitos
desistem das suas orações apenas manifesta como e quanto recusam
mudar por dentro. Oferecendo uma oração que na sua essência é ou
parece ser egoísta, desde que se queira ouvir Deus atendendo e não
apenas nós orando, pode levar-nos a muito mais coisas que sermos
atendidos. Pode levar-nos a sermos transformados. Uma oração sem os
motivos certos tanto pode ser uma oportunidade de desapontamento
quanto pode ser de santificação, ou não fosse Deus aquele que nos
transforma. "Deixa tua oferta... vai... e volta..",
Mat.5:24. Devemos voltar e não
desistir, isto é, não cessar de orar.
Eu creio
mesmo que não existe melhor ocasião, melhores circunstancias do que
o tempo de oração para um hipócrita ser criado, formado e informado.
Quanto mais informação obtiver, melhor hipócrita se torna.
Aquilo
que o diabo arruína, Deus refaz e molda naquilo que Ele quer, se Lhe
permanecermos fiéis.
São os
apressados que se atrasam e não os pacientes. Por muito atrasado que
pareça estar quem é fiel, paciente e calmo, os seus passos nunca
voltam atrás para tornar a fazer o que foi bem feito através da
calma, paciência, persistência e concentração. Os apressados
atrasam-se sempre e quem se atrasa fica com tendência a estar com
mais pressa porque se atrasou. A pressa pode tornar-se um ciclo de
erros. Por isso, lemos que "não é bom agir sem reflectir; e o que se
apressa com seus pés erra o caminho", Prov.19:2. "Os planos do diligente conduzem à abundância;
mas, todo o precipitado apressa-se para a ruína",
Prov.21:5. Os atarefados parecem fiéis e eficientes, mas, na
verdade fazem a maioria das suas coisas pela metade ou mal feitas e,
por essa razão, voltarão atrás para tornar a fazê-las.
A fé precisa ser
demonstrada e não definida; o amor verdadeiro necessita ser vivido e
colocado neste mundo e não apenas pregado e bem definido a partir
dos púlpitos. Tudo o que se faz hoje nas igrejas é definir a
trindade, definir o amor, saber quais são os dons e ser o mais
preciso possível na definição das coisas que se acha serem as
verdades. Mas, eu creio firmemente que assim que os próprios
pastores conseguirem viver um terço daquilo que pregam e assim que
conseguirem demonstrar verdade sem esforço, o mundo salvar-se-á. Ali
acabarão as discussões de doutrina e começará uma nova vida e uma
nova era.
Como Cristo é Vida, a
obediência é uma forma de vida também – não um esforço. O esforço
pode ser o de permanecer nessa vida onde se obedece facilmente, bem
quieto e sossegado; mas, onde obedecer não é esforço, desobedecer é.
Muitas vezes "não vemos"
Deus connosco porque Ele foi adiante de nós para preparar o nosso
caminho. Mas, raramente reparámos nisso porque o nosso caminho
tornou-se fácil por haver sido preparado e porque só perguntamos por
Deus no meio das dificuldades. "Eu irei adiante de ti...",
Is.45:2.
Quem tem a mestria e
agilidade de enfrentar um Golias em sua vida sem medo porque vive da
realidade de Deus dentro dele, nunca irá desprezar um inimigo que
todos os outros considerariam insignificante porque vive sendo
somente obediente a Deus. Não lhe é possível considerar qualquer
inimigo da cruz como insignificante porque ele vive e reage mediante
o que tem dentro dele e não mediante aquilo que vê. Qualquer inimigo
de qualquer tamanho é igual para quem vive para Deus e vive de Deus.
Nenhum inimigo é insignificante ou menor e nenhum é mais
significativo que o outro.
Se aquele
que espera em Deus renova as suas forças a longo prazo através dessa
esperança (Is.40:31), imagine-se todo
aquele que consegue esperar de Deus uma coisa no próprio momento que
espera, naquele instante! Esse renovar-se-á ainda mais rapidamente e
evitará adormecer como uma virgem tola! Se essa esperança for real,
simples e pessoal, isto é, se for realmente operada por Jesus e não
pelos desejos do próprio, não terá como ser defraudada. "E a
esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado",
Rom.5:5.
O ressentimento
é aquilo que guardamos contra outras pessoas; a culpa será aquilo
que guardamos contra nós mesmos. Tanto uma coisa como outra estão
erradas perto de Deus após Ele haver pronunciado nosso perdão e a
libertação dos que mantemos cativos em nossa raiva e pensamentos. Se
Jesus cuida de nós e se nos perdoou, o ressentimento e a culpa de
pecado perdoado é pecado com o mesmo grau de gravidade. Não nos
devemos ressentir contra ninguém, nem contra nós mesmos e a culpa é
ressentimento contra nós mesmos. Quem se culpa em demasia depois de
haver sido perdoado, não busca perdão, mas, atenção.
O caminho mais excelente
será conhecer, apalpar, ter e ver Cristo como Ele é e
não como o imaginamos. Não permanecerei sendo o que fui se Cristo
chegar a ser tudo o que sou, nem Cristo será em mim aquilo que Ele é
se eu ainda mantiver ou resguardar um restinho de vida própria.
Cristo é a Vida, eu sou a "própria vida". Só um dos dois sobreviverá
em mim: ou Cristo ou a própria vida. Só que Cristo não confiará na
"vida própria", mas a "própria vida" quererá "confiar" em Cristo
para sobreviver, enganando-se a ela mesma através de melhores ou
maiores recursos (os de Deus) que pensa que experimenta. Mas, como o
coração é enganador, o que sente que experimenta é seguramente
falso. Na verdade, do mesmo modo que Cristo não confia nos recursos
da "própria vida", desse mesmo jeito a "própria vida" não consegue
confiar nos recursos de Cristo, que é a única Vida, sem ser por
interesse próprio. Pode "confiar" através de falsidade e
fingidamente, enganando e sendo enganada. Por isso é que o fim do
mandamento é "uma fé não fingida" (1 Tim.1:5),
pois quando isso se torna possível, a vida própria foi exterminada.
Deus não muda e nem aquilo
que Ele diz poderá ser mudado. Contudo, nós podemos mudar tanto para
melhor quanto para pior. Por essa razão é que, por vezes, parece que
a palavra de Deus mudou, pois não mais se aplica a quem mudou. Caso
não estejamos atentos a esse aspecto, levando em conta as nossas
transformações progressivas, certamente estaremos perto de cair em
erros estranhos de pensamento e de caminhos. Ninguém consegue manter
uma postura que não crê ser a sua. Se os hipócritas fingidos
conseguem manter o passo crendo serem o que não são, certamente que
um crente precisa manter actualizada a sua ideia da verdade sobre si
próprio em Cristo. Deus não dorme e nossa transformação acontece de
verdade. Você está actualizado?
Cego não vê, mas,
sente-se seguro quando sabe o seu caminho de cor e imaginariamente –
ainda mais quando achar que tal caminho é o Caminho de Cristo. Se
ele não o memorizar achar-se-á perdido, mas, se o memorizar não
deixará de ser cego. Por essa razão é que Cristo nem sempre quer que
memorizemos o nosso caminho, pois, precisamos ver para andar. Se
cego chegar a ver o seu caminho e não mais necessitar apalpar para
caminhar, sentir-se-á como peixe que tem de nadar em terra, mesmo
quando ganhou pernas. Por isso, junta o ver com o apalpar antigo,
sentindo por onde anda e desconfiando do que vê porque confia mais
no que apalpa. Ele não sabe andar vendo, aprendeu a andar apalpando
e sentindo seu caminho. Os humanos também confiam mais no que
sentem, mesmo sabendo que o seu coração não é de confiança.
Do mesmo
modo que as pessoas no mundo se acham vencendo e progredindo quando,
na realidade, estão sendo iludidas pelo aparente sucesso das coisas
efémeras, estando a progredir, mas, em sentido contrário (para o
inferno), desse mesmo modo as pessoas que vivem com Deus parecem
estar a perder cada dia e a cada passo que dão quando, na realidade,
estão ganhando e progredindo. Os que sobem e lutam num caminho
árduo, estreito e difícil de superar, parecem estar a perder para
quem desce alegremente em seu caminho. Mas, na verdade, uns descem
para a perdição e outros sobem para se salvarem de si mesmos e não
apenas do mundo - e isso torna as coisas mais difíceis de discernir
e de concretizar porque o coração só sente o momento.
Se Satanás caiu estando
no Céu, porque pensarei que não posso sair deste inferno? Porque
acham as pessoas que não poderei reverter todo o meu estado
pecaminoso aqui, achando-me já "aqui na Terra como no Céu"?
Qualquer coisa pequena
com Cristo torna-se uma alegria enorme e qualquer coisa fabulosa
torna-se um grande vazio sem Cristo. Quanto maior for essa coisa,
maior será seu vazio se Cristo não estiver connosco. Mas, rico ou
pobre, pequeno ou grande pode experimentar Cristo sem reservas. Por
isso, se não são as coisas que nos dão Cristo, também não serão elas
que nos tiram Cristo. É o nosso coração que nos pode separar de Deus
quando estamos com ou sem essas coisas. Se não as tivermos, podemos
ficar amargurados e preocupados porque não as temos; se as tivermos
podemos vir a desprezar nosso Criador também. Por isso é que podemos
assumir que um preocupado será um esbanjador se receber aquilo com
que se preocupou antes de se libertar de seu pecado de ansiedade e
preocupação.
Há quem diga que, quem
tem dificuldade para adormecer, terá grande dificuldade para
levantar-se da cama. Mas, a verdade é que, quem tem dificuldade em
acordar e levantar-se, são aqueles que irão ter dificuldade em
adormecer na noite seguinte. Isto é, porque se deitam tarde, vão
desejar levantar tarde também. Todo preguiçoso deste género tem o
castigo de dormir mal, de adormecer tarde e de acordar tarde. Se
levantar-se cedo, adormecerá mais cedo que o habitual.
Qualquer um que seja
negligente, é seguramente alguém que se engana a ele próprio com
frequência. Se alguém suspeita que precisa fazer algo - apenas
suspeita - e não faz, por muito insignificante que pareça ser o que
deixa por fazer, comete pecado grave, pois, apenas revela que é
obstinado e tem um coração que recusa ser obediente. Deveria,
preferencialmente, recusar ser desobediente.
Quando fazemos algo que
não dá certo, mas, fomos fiéis, podemos ter a certeza que, no
mínimo, ensinamos o nosso coração a ser fiel.
Muitos acreditam que
existe uma grande diferença entre um santo e um criminoso e que a
diferença entre ambos é um abismo que não se ultrapassa. Na verdade,
qualquer santo pode tornar-se num criminoso quanto qualquer
criminoso poder tornar-se um santo. O que separa e diferencia um
santo dum criminoso é algo que faz toda a diferença: conhecer Cristo
de forma real ou não conhecê-lo dessa forma ainda que se creia
n'Ele.
Tudo aquilo que
diferencia um santo de um criminoso, na verdade separa-os também.
Existem diferenças que nunca separam e antes unem, como o feminino e
o masculino. Mas, nem o santo se dará bem com as obras dum
criminoso, nem um pecador se sente muito bem perto de alguém que tem
o brilho da glória de Cristo em seu rosto. Cristo mesmo disse: "Não
penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas, espada.
Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha
contra sua mãe e a nora contra sua sogra",
Mat.10:34-35.
Quando alguém nos faz
algum mal, eu tenho a certeza incondicional que Deus vem-nos salvar
daquilo que sentimos e não da pessoa que nos faz mal. E não nos
precisamos enganar a nós mesmos, achando que a pessoa faz bem
fazendo-nos mal e que devemos aceitar a maldade, estando a agradar
pessoas para podermos superar e aceitar a afronta.
Só podemos mudar de
ideias por uma única razão: a que tivemos não era certa nem
perfeita. As nossas ideias podem evoluir, podem aperfeiçoar-se e de
semente podem passar a árvores de fruto que, por sua vez, dão fruto
com mais semente. Mas, tenhamos cuidado para não estarmos a mudar o
que Deus quer que mantenhamos, nem manter aquilo que Deus quer que
se mude ou evolua para dar fruto. Quem mantém o errado, vai
desprezar o certo e quem desprezar o errado instintivamente tem tudo
dentro dele para fazer o que está certo - bastará fazê-lo. E convém
que se consiga fazer o que está certo até ao fim.
Jesus disse assim: "Toda
árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo",
Mat.7:19. Poderíamos
argumentar que é injusto, ou que devemo-nos esforçar mais a ponto de
perdermos de vista o próprio Jesus para frutificarmos perante aviso
tão solene e tão sério. Mas, na verdade, nem é injusto e nem este
versículo quer dizer outra coisa senão que andemos com Jesus. Só
temos uma maneira de fazer algo frutificar e dar fruto que agrade ao
nosso Criador: andando com Deus. "Anda em Minha presença e sê
perfeito". Devemo-nos concentrar e fazer de tudo para andarmos com
Deus e não para frutificarmos. Os frutos serão a consequência óbvia
de toda a nossa vida e vivência íntima com Ele. Ninguém dá mais ou
melhor fruto que a qualidade da sua intimidade com Deus.
As coisas
que estão juntas sem ser porque Deus as juntou, ou as que se estão
para se juntar autónoma ou arbitrariamente, juntam-se apenas porque
têm os seus medos de perder algo que desconhecem ou, então, de
perderem aquilo que acham apetecível. Na verdade, muitas vezes
juntam-se porque tiveram medo de dar outro passo que Deus daria com
eles - ou tiveram medo de não dar o passo que deram.
Sempre que não confiamos em
Deus, confiamos em nós próprios e ouvimos a nós mesmos. E quem tem
medo de dar o passo certo, tem coragem para dar os passos errados;
quem tiver medo de dar os passos errados, teria coragem de dar os
passos certos também.
Desconfiança
ou incredulidade em Deus é uma enorme dose de auto-confiança tal
como insegurança é teimosia.
"Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu
caminho", Is.53:6. Não vemos alguém
desviado andando pelos caminhos de outra pessoa, a não ser que os
assimile como seus próprios primeiro. Lemos que cada um se desvia
pelo seu próprio caminho.
A convicção
pode originar teimosia ou arrependimento, resistência ou penitência.
Nós lemos que aqueles que se converteram nas pregações inicias de
Pedro estavam plenamente convictos de seu pecado e compungidos
(cortados) em seus corações. Mas lemos que a mesma coisa aconteceu
com aquelas pessoas que apedrejaram Estêvão, pois está escrito que
eles também ficaram compungidos e cortados em seus corações - só que
reagiram noutro sentido, Act.7:54.
Covardia é teimosia,
nunca é fraqueza. Os covardes entendem que são fracos, mas, a
verdade é que são obstinados. E eles até se entendem bem entre eles.
Todo aquele que se
esconde tem os motivos errados. Só se isola quem tem algo para
esconder de alguém. "Aquele que vive isolado busca seu próprio
desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria",
Prov.18:1.
Só é autoritário quem
acha que não tem autoridade, ou quem não tem autoridade. Um
autoritário é um fraco e não um forte.
Quem quer juntar o que
Deus separou, quererá separar o que Deus juntou também. A pessoa que
se junta contra a vontade de Deus tem duplo pecado: separa-se
ostensivamente e obstinadamente do que vem de Deus para si e aceita
o mal.
Eu fui a razão porque
Jesus deixou o Céu e veio para Terra. Ele será a razão porque eu
deixarei a Terra para ir para o Céu. Como o olho sem visão, o
molhado sem humidade, o sol sem calor, assim seria o céu sem Cristo.
Nós, os que andamos bem
com Deus, temos as informações e os meios dos quais depende a
eternidade de muita gente.
Ninguém pode estar a
seguir Cristo se estiver sempre adiantado em relação a Ele. Mas, há
quem se atrase, também, quando devemos ser como um relógio que nem
se atrasa e nem se adianta.
Nós somos a Belém de
Cristo agora, onde Ele nasce, nasceu ou nascerá para ficar.
Todos
quantos falam do que não vivem, escondem e vivem de algo do que não
falam.
Mesmo que Deus possa
transformar maldição em bênção sem igual, nem tudo aquilo que o
humano veria como ruim tem ruindade ou maldade em si mesmo, pois,
Deus pode estar a testar-nos e a solidificar-nos em algo mais
sublime que a aparência. É a aparência das coisas que diz que o que
nos acontece é mau. Aquilo que pode parecer um fracasso caso andemos
com Deus e por Deus apenas, é, muitas vezes, o preludio ou a própria
condição de entrada naquela bênção que pedimos ou ainda vamos
receber. Quem vencer e passar o teste certamente receberá.
Deus pode
usar qualquer circunstância para manifestar-se a nós, pois a Sua
manifestação e a nossa capacidade para o entendimento d'Ele em nada
dependem das circunstâncias que se desenrolam fora ou dentro de nós.
Não serão as grandes coisas que comprovam a Sua grandeza e nem a Sua
presença em nós ou em nosso meio, nem o que é pequeno tem o poder de
determinar que Deus não se aproxima de nós. Conta unicamente
existirmos n'Ele, para Ele e isso para sempre. Isso será prova maior
que muitos milagres grandiosos, pois, sob milagres nos convencemos a
nós mesmo e vivendo com Deus somos convencidos através da realidade
da Sua presença.
Todo aquele que junta
aquilo que Deus nunca junta apenas porque cada homem tem os seus
medos ou ideias, busca aquilo que lhe é apetecível acima daquilo que
Deus quer ou dá porque tem medo de ser levado por Deus a dar o passo
que não quer dar ou não quer dar sem ser pelo jeito próprio. Quando
alguém não confia em Deus confia em si próprio. Eu tenho a opinião
de que não existe alguém que não confie em alguém num dado momento e
tenho a certeza que, quem não confia em Deus ou quem não consegue
confiar em Deus, é quem confia em si próprio. Por essa razão, quem
não confia em Deus não quer deixar de confiar em si e, também por
essa razão, a fé é uma opção de se decidir em quem se vai confiar.
Por isso, precisamos negar alguém para confiar no outro: ou negamos
Deus ou a nós próprios.
A verdade
sem Deus é uma religião - apenas mais uma. E existindo centenas de
verdades, poderão existir centenas de religiões. E, com Deus, todas
as verdades formam um conjunto.
Culpar-se é forma de
encobrir ou de tentar desculpar e quem encobre os seus pecados nunca
prosperará, Prov.28:13. Também,
quem se culpa não terá como deixar e abandonar os seus pecados
porque se lamenta; e quem se lamenta sustenta e protege aquilo de
que se lamenta. A acusação é uma saída fácil. Ela é uma distracção
ou, então, uma divergência de Deus, pois não aceita o perdão e nem a
conversão e prefere mutilar-se culpando-se para manter suas culpas.
Pegue em si próprio pelo colarinho e comece a fazer o que deve ser
feito com Jesus e pare de acusar-se o tempo todo. Revele, manifeste
e confesse cada pecado pelo nome.
O sacrifício
insinua e induz a saber que vivemos exteriormente de algo que
recusamos que aconteça em nosso interior – por essa razão nos
sacrificamos, porque não somos aquilo que pretendemos demonstrar.
Também é verdade que quem tem desejo de demonstrar é pessoa que não
consegue demonstrar vivendo naturalmente. Por isso, deduzimos que a
pessoa orgulhosa que se quer mostrar e impor por seus próprios
meios, é pessoa fingida e é uma pessoa vacilante querendo mostrar-se
forte e segura sendo bastante insegura em seus caminhos falsos e
fingidos.
Ser como és não é o
mesmo que ser como achas que és. Um é humilde, o outro é actor. As
pessoas fingiram durante tantos anos que nem sabem o que são neste
mundo e neste universo grandioso. A humildade é ser como somos,
aquilo que somos.
Mudar de religião é
mudar de dúvidas. Achar Cristo face a face é, muitas vezes, mudar de
certezas pois as pessoas acreditam muito em suas mentiras.
Deus pode
ter prometido amaldiçoar e arrepender-se de o haver feito porque as
pessoas arrependeram-se de seus pecados e males. Deus também pode
prometer abençoar, construir ou mesmo reconstruir e acabar fazendo o
oposto daquilo que prometeu porque as pessoas, descansando na
promessa, tornaram-se irresponsáveis e infiéis à nova natureza que é
obediente. Tanto num caso como noutro, Deus não apenas deixou de
cumprir algo que prometeu solenemente, como também faz precisamente
o oposto daquilo que prometeu fazer. Vamos conhecer este Deus como
Ele é, aquele que abençoou e salvou Níneve depois de haver prometido
destrui-los e que é o mesmo Deus que prometeu ser a glória eterna em
Israel e rejeitou-os eternamente,
Jer.18:7-10. As promessas e as maldições
dependem solenemente do comportamento futuro de quem as obtém.
É sempre estranho que,
quando estamos debaixo de problemas e tentações, pedimos sempre por
uma mudança de circunstâncias em vez de pedir uma mudança de
carácter e de coração através dum encontro real com Deus sob essas
circunstâncias. Os problemas servem essencialmente para isso se nos
achamos com Deus, limpos de coração. Recusemo-nos sujar-nos como Jó
recusou, querendo tão só ver Deus para falar com Ele sobre o que lhe
estava acontecendo. Importante será ver Deus acima de resolver o
nosso problema.
Aquele que facilmente se
convence que tem aquilo que não tem (da parte de Deus), também
facilmente acredita que não tem aquilo que tem em Cristo quando tem.
Nunca precisaremos fingir para que tudo que temos em Deus possa ser
real e para que se torne claro o que não temos ainda.
O que seria de um
dependente de Deus que não recebe de Deus? Sua dependência
tornar-se-ia tão falsa quanto aquela que só é de palavra e que
acredita que vive, mentindo até para ele mesmo. Homem que pede e não
recebe ou não sabe orar; ou não conhece Deus; ou algo o separa de
Deus.
Os homens maus querem
passar por bons porque, ao fazerem uma boa acção, podem sempre
reconfortar ou enganar a sua consciência acusadora. Através de uma
obra, cada pecador que não se limpa impede a ele próprio de se
arranjar com seu Criador para se confortar em seu erro e assim ter
uma maneira de continuar no pecado. Boas obras servem, muitas vezes,
para encobrir males e para evitar que alguém se salve do seu próprio
pecado. Essas obras são, por norma, uma forma de resistir ao
Espírito Santo quando deveriam ser pura obediência de instinto
espiritual. Por alguma razão aqueles que visitaram 'Jesus' na prisão
não sabiam que o haviam feito. Eles não estavam conscientes das suas
boas obras, pois era a naturalidade operando.
"Os rebeldes andam
espalhando calúnias",
Jer.6:28. Isto não quer dizer apenas que os rebeldes espalham
calúnias, mas, que quem espalha calúnias é rebelde. Calúnia não é
dizer mentiras sobre as pessoas somente, mas, dizer verdades sobre
elas também. Os rebeldes falam com qualquer pessoa excepto o
próprio. Exortar o próprio não é calúnia.
Toda
a amargura será motivo de condenação diante do
trono de Deus. Mas, para além disso, toda a amargura é raiz para
muitos outros pecados. Leva-nos a desistir, a ceder à má-língua, a
desesperar, a sermos egoístas e egocêntricos e a muitos mais pecados
que esses. Tenha o máximo de cuidado com esta arena de Satanás, que
até usa a Bíblia para alimentar a amargura que destrói ou corrói.
"...Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus e que
nenhuma raiz de amargura vos perturbe...",
Heb.12:15.
Uma pessoa que não
esteja bem com Deus e queira salvar outro, tem interesses próprios
no que faz. Algo o impele a buscar alguém para crer no que crê, mas,
não é Deus. Talvez o próprio diabo esteja incitando a "salvar"
alguém, pois, assim acaba desacreditando tanto Deus como a Sua
Palavra através do mau exemplo de quem prega, o qual passa
despercebido ao próprio. A própria insegurança das pessoas leva-as a
pregar para se sentirem seguras. Pregar o evangelho, em vez de se
tornar a salvação do mundo, tornou-se algo egocêntrico e pessoal
hoje em dia.
Timidez
é orgulho. Mas o orgulho também se manifesta de
outras maneiras mais exuberantes e menos calmas. A timidez também o
faz. Existem exibicionistas que lutam apenas contra a sua própria
timidez e que, por essa razão, orgulham-se de si próprios. O orgulho
e a timidez nunca andam separados nem muito longe um do outro e
qualquer complexo de inferioridade é uma cobertura de orgulho em um
bolo de pecado. Ambas as coisas são usadas por Satanás eficazmente.
Por alguma razão Deus afirma que os tímidos não entrarão em Seu
Reino. Também falou que se opõe aos soberbos.
Quandoqueremos obrigar
Cristo a ceder a qualquer de nossas pretensões ou desejos e Ele
recusa ceder ou ouvir, podemos estar certos que Ele está insistindo
noutra área para que prescindamos de algo sobre o que não estamos
focalizados nem queremos colocar na mesa das conversações e que, por
essa razão, não nos queremos aperceber de Sua voz. Por essa razão,
muitos afirmam que não ouvem a voz de Deus, pois, não querem ouvir
nada sobre o assunto que Deus deseja falar ou a respeito do qual
deseja manifestar-se.
Qualquer tipo
de confusão em nosso ser ou cabeça não existe por mero acaso, nem
porque não nos explicaram algo importante. Se vivemos bem com Deus,
porque razão algo importante ou sem importância nos iria afligir se
o mais importante já está connosco? A Bíblia diz-nos que a confusão
ganha terreno sempre que pecamos contra Deus. São os confusos que
pedem liderança, tal como um cego pediria para ser guiado.
"Cobre-nos a nossa confusão, porque temos pecado contra o Senhor
nosso Deus", Jer.3:25. A
pessoa confusa é uma pessoa que se afastou de Deus ou então quer
saber o que não deve ou não precisa saber. A pessoa confusa é aquela
que sabe e não sabe. Mas ela não fica confusa porque não sabe.
Antes, porque se afasta de Deus e deixa de ser guiada. "Deixaste o
teu guia...".
Uma regra
básica da Vida: quem é grande demais para um lugar pequeno ou para
uma pequena tarefa, será convencido pelo orgulho sempre que faz uma
tarefa grande ou importante. Noutras palavras, será pequeno demais
para um lugar grande ou para uma grande tarefa.
Deus nunca
fará uma colheita no meio de espinhos e de sarças, principalmente se
a terra for boa. Então, em vez de reclamarmos que Deus não colhe os
nossos frutos que nascem de Suas próprias sementes em boa terra,
vamos antes deixar as preocupações e as ocupações desta vida e viver
a vida de Deus solenemente, agora e depois, para sempre e
continuamente. A palavra eterna quer dizer constantemente e
continuamente também.
Todos
os pássaros conseguem voar sempre que lhes falta uma pena ou duas.
Os humanos é que parecem não querer andar quando têm uma tribulação
ou outra. Mesmo com uma asa partida qualquer ave vive no chão - não
precisa pensar em morrer sabendo que vai sarar e sabendo que a sua
comida encontra-se no chão.
Admiradores
são hipócritas. Dependendo do que admiram, por norma, têm interesses
próprios e, por essa razão, admiram. Quem admira e louva Paulo ou
outro servo de Deus, com certeza têm-no em tão alta estima que acha
que não terá como viver da mesma forma. Ora pois, não será isto uma
maneira de escapar, de não se viver o mesmo tipo de vida? Todas as
pessoas que se ficaram pela admiração dos servos de Deus, ou ficaram
pelo caminho ou não sabem e não entendem que já estão fora do
caminho. E a verdade é que não honram esses servos de Deus com suas
palavras lisonjeiras.
Homossexualismo, tal
como outros pecados, é um barco à deriva o qual acha que tem rumo
certo. Na verdade, é uma pessoa entregue à falta de sabedoria, à
falta de vida, à falta de tudo aquilo que acha que tem. Foi
entregue. Uma pessoa à deriva pode ir para um lado ou para o outro.
É como uma folha seca no chão e, para onde o vento soprar, para aí
vai. Os pecadores (principalmente os homossexuais), são sempre
pessoas entregues a eles próprios, os quais acham que comandam os
seus destinos quando são seus destinos que comandam a eles. Só que
os seus ventos afastam-nos cada vez mais de Deus e de verdadeira
Vida, são incertos e modificam a sua direcção constantemente. Mesmo
assim, continuam achando que mantêm rumo certo e a direcção
correcta. Pecador só tem uma coisa em mente: destruir a sua vida
antes que ela seja destruída por Deus, pois, todos sabem que a morte
se aproxima.
Para crermos
na ressurreição, devemos ser ressurrectos. Nós temos de ressurgir da
vida de pecado, da desmotivação, da repreensão e de muitas outras
coisas que nos matam. Só um ressurrecto pode crer na ressurreição.
Muitas
pessoas procuram instintivamente manter-se limpas de pecado julgando
esse pecado. Mas, quem o julga teme cair naquilo que sabe que deseja
e que, de algum modo, ainda lhe é familiar. Quem julga o pecado com
o intuito de abster-se dele ainda não sabe o que é a vitória de
Cristo.
As provas
que duram muito tempo são mais extenuantes que uma enorme provação
que nos testa por breves momentos. Tenhamos aquele cuidado de sair
vencedores de todas as provas. E ser vencedor significa mantermo-nos
em Cristo até ao fim e não vencermos os obstáculos que não
conseguimos vencer. Teremos apenas de nos manter fiéis até ao fim da
prova, até Cristo levantar aquilo que não nos devemos atrever a
questionar com um espírito critico, o qual duvida do carácter de
Deus. Vencer é permanecer em Cristo e não propriamente vencer a
prova.
Quando
uma oração não é ouvida, as pessoas desistem de todas as outras e,
por vezes, até de seguir o caminho de Deus e de viver com Ele.
Desistem até das orações que são ouvidas. Mas, porque os pecadores
são reais e existem, deveríamos pensar que, apesar de todas as
orações precisarem de receber resposta concreta, um pecador deve
sentir-se motivado quando uma oração não é ouvida e não desmotivado.
Deve sentir que pode achar os defeitos nas orações ou em si próprio
e pode descobrir o que impede as suas orações para ser salvo dessas
coisas para que suas orações venham a ser todas ouvidas, pois, essa
é a promessa de Jesus fez, isto é, que tudo que Lhe pedirmos Ele
atenderá. E Ele não mente prometendo,
João 15:7.
Existem preguiçosos que
se atarefam muito tendo um coração que é preguiçoso dentro deles e
as suas tarefas devem-se a momentos das suas inconstâncias - ora
sendo, ora não sendo. Por outro lado, existem pessoas que não são
preguiçosas e que se acham em momentos de descontracção porque têm
tudo feito a tempo. Por essa razão, existem horas quando um
preguiçoso parece ser trabalhador; e existem momentos quando um
trabalhador deixa os outros pensando que não faz nada.
A tentação
faz-nos conhecer os nossos limites e limitações e a falta dela
faz-nos desconhecê-los. As dificuldades fazem-nos conhecer as nossas
incapacidades e limitações. Por essa razão, apenas podemos viver
para Deus e através d'Ele, pois, ali seremos mais que vencedores em
todos os aspectos: até nas vitórias simples contra qualquer tipo de
pecado.
Nem sempre o mal vem por
bem, como nem sempre o bem vem por bem. O mal pode vir por mal ou
por bem, como o bem pode ser um anestesiante para as pessoas virem a
ser julgadas no final, Sal 73. O mal
que nos acontece pode, também, ser algo que nos pode cegar para o
facto de estarmos em vias dum final glorioso e feliz. No entanto,
tudo que conta é a nossa comunhão actual e actualizada com Deus. Se
ela existir hoje, a eternidade com Ele também existirá porque Deus é
e será sempre o mesmo. Tudo depende se Deus está connosco pelo bem e
pelo mal que passamos, pois estar no bem sem Deus pode ser uma das
vivências mais enganosas que nos pode ocorrer.
A ansiedade ou a
preguiça são pecados tão graves quanto o adultério ou outro. Porém,
na prática são bem mais perigosos, pois a ansiedade é algo que, por
vezes, o mundo tem como uma coisa normal e, por vezes, até a têm
como um direito. O adultério não é socialmente bem visto e isso
ajuda a consciència. Até existem pessoas que acham que ansiedade é
uma virtude. E, para Deus, todos os pecados são iguais. Tenha
extrema cautela com aqueles pecados que você não considera como
sendo pecados graves.
Ninguém conhecerá a Vida
de Deus sem ser por Jesus Cristo, como ninguém se conhecerá a ele
próprio sem ser por Jesus Cristo.
Andando perto de Deus,
podemos até andar no meio do perigo porque andar com Deus não nos
livra do perigo, mas, livra-nos de sermos engolidos tanto por suas
realidades como por suas palavras que nos amedrontam sem fundamento.
Andar com Deus acalma o nosso coração porque a nossa segurança é
real, seja perto ou longe do perigo. Ande com Deus e remova tudo que
pode separar d'Ele.
Quem é tentado a ter
sexo antes do casamento (caindo na tentação ou não) significa que
pode ser tentado a não ter sexo depois de casar-se, pois o diabo
tenta sempre a favor do pecado.
Deus nunca permitirá
qualquer tipo de arrogância em nós, qualquer quantidade de
mau-feitio - nem contra o diabo!
O primeiro instinto de
Adão e Eva após o pecado foi esconder. Foi assim que o pecado entrou
no mundo, ensinando-nos a ter vergonha. E "eis o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo", João 1:29.
Por isso, a primeira reacção que Cristo pede de nós ao virmos a Ele,
é o oposto: expor e colocar na luz. E se permanecermos assim, na
luz, permaneceremos em Cristo facilmente porque Ele próprio nos
assegura.
O maior perigo para um
barco, é a própria água a quem deve a sua existência. Sem água,
nunca haveria barcos. Sem pecado nunca haveria salvação. Mas, essa
mesma água torna-se fatal quando entra para dentro do barco.
Enquanto a água permanecer do lado de fora, nenhum barco se
afundará. Do mesmo modo, podemos afirmar que, enquanto todo tipo de
pecado permanecer do lado de fora dos nossos corações, nunca
afundaremos.
O sangue de Jesus pode
limpar-nos de todo pecado confessado, mas, nunca nos limpará duma
desculpa ou auto-justificação. Sempre que nos defendemos estamos
perdidos e não salvos.
O diabo fica indiferente
em relação ao que as pessoas sabem e conhecem como pecado, pois a
maioria das pessoas cai em pecado sabendo que é pecado o que fazem.
Por isso, o saber que é pecado não os livrou de pecarem. Então,
saber ou não saber nem sempre é determinante para o tipo de
tentações que o diabo usa com mais ou menos eficácia contra o
pecador ou contra o santo. Ter conhecimento dos nossos pecados é bom
e pode ajudar bastante, mas, não nos salva. Na verdade, o
conhecimento do pecado torna mais fácil pecar, a menos que tenhamos
a realidade dum Salvador em nós. Ter conhecimento do Salvador é que
salva do pecado do qual tomamos plena consciência. Você conhece esse
Criador de forma real?
Eu prefiro pensar que é
Deus quem me está a destruir do que pensar que é o diabo, porque se
o diabo me destrói, significa que também estou abandonado por Deus.
Se Deus me destrói, não estou abandonado por Ele. Também prefiro
pensar (desde que seja verdade) que Deus me constrói e abençoa, do
que receber uma fortuna da mão de Satanás. Também não quero
acreditar que Deus me está abençoando quando não é verdade.
Não existe virtude em ir
meramente contra nós próprios como se sacrifício significasse vida -
o mérito e a bênção está em seguir a vida, em agarrar nela. A bênção
é a vida e nada mais. Se nós não fossemos anti-vida e pró-pecado,
nenhum mérito ou aplauso existiria em conseguirmos negarmo-nos a nós
mesmos. Mas, negarmo-nos a nós mesmos não tem vida em si mesmo: é
substancia oca por dentro. Quem se agarra a Cristo terá vida e para
isso será preciso abandonar uma outra vida. Não existe virtude em
nos negarmos para ficar sem vida. Cristo falou naquele que se nega
por amor a Ele. Quem não se agarra a Cristo depois de negar
a sua própria vida, é tolo, contenta-se e congratula-se com o nada
do que fez, sem receber o aplauso e alegria dos céus,
congratulando-se com o aplauso dos homens, incluindo o dele próprio.
Ainda não conseguiu vida abandonando a sua própria? Jesus disse,
"Quem aborrece a própria vida por amor a Mim" e não
"quem aborrece a própria vida". Consegue ver a diferença?
Quer estar com seus
problemas sem Deus, ou com Deus e sem seus problemas? A escolha é
sua, pois os problemas existem sempre e Deus sempre existiu antes
deles e acima deles. Faça a sua escolha hoje: ou abre mão dos
problemas, ou abre mão de Deus. Não pode servir dois Senhores ao
mesmo tempo. Um será seguramente espezinhado pelo outro.
20 MALDIÇÕES
QUE O HOMEM ALCANÇOU PARA ELE -
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Existe diferença entre
ser real e ser verdadeiro, mas, quando Cristo diz "Eu sou a Verdade"
significa as duas coisas, pois sendo Cristo verdadeiro e não sendo
real para nós, não se tornou nosso Salvador mesmo sendo o único
Salvador. Cristo nunca se tornou real dentro da grande maioria dos
crentes actuais. Ainda hoje se pode dizer dos que crêem: "Mas, o
próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos",
João 2:24. E esses seguiam Cristo de cidade em cidade.
Amar o ensino não é a
mesma coisa que amar quem se ensina, mas, para ensinarmos quem
amamos, teremos de amar o ensino e desvendar os mistérios de como
ensinar. "Aquele que salva uma alma, sábio é", Prov.11:30. Não
se pode ganhar almas sem sermos realmente sábios. No entanto, para
sermos bem apetrechados, perfeitos e sermos acompanhados por Cristo
em nossa obra, devemos amar quem é ensinado. É por causa da pessoa
que amamos o ensino e é por Deus que amamos a pessoa.
Aquelas coisas nas quais
mais insistimos em ter razão serão precisamente as coisas sobre as
quais não temos certezas nenhumas - apenas desejos que seja o que
achamos. Quem tem a certeza das coisas nem pensa em discuti-las -
assunto encerrado.
Sempre que as coisas se
tornem mais escuras à nossa volta, devemos ter em mente que devemos
andar mais devagar, falar menos, ouvir melhor, importunarmo-nos
menos com aquilo que ainda nos pode perturbar, para podermos ter
como seguir o mesmo caminho de sempre. O caminho em nada mudou só
porque ficou escuro à nossa volta e, assim que o sol nascer, veremos
melhor para andarmos bem melhor e mais rápido.
Se achamos que o amor de
Deus é para sermos amados e não para amarmos através dele, estamos
em relação ao amor como um homossexual está em relação ao sexo:
pervertido e a viver no mundo que criou para ele próprio, querendo
que outros o sigam sempre. Deus derrama o Seu amor em nós para
amarmos com ele e não para sermos amados. Que ninguém se esqueça
disso.
Muitos têm algo contra
aqueles que desviam aviões - eu tenho algo forte contra aqueles que
desviam a glória de Deus e a flectem para eles próprios ou para
outros; contra aqueles que anseiam pelo amor de Deus para serem
amados e não para que possam amar quando derramado em seus corações;
contra aqueles que acham que Deus é fonte de bênção e não pessoa que
merece consideração e amor pela pessoa que é, sem nada; contra
aqueles que pedem dinheiro na igreja quando Jesus falou que "não vos
provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos",
Mat.10:9 e ainda fazem negócio enriquecendo e
dizendo que, dando, Deus dará para que possam ser eles a receber;
tenho contra aqueles que acham que eles não precisam dar se a igreja
não pede dinheiro, tendo resolvido não mais pedir ofertas tirando
essa prática do esquema normal de um culto para tornar-se igreja
pura.
Neste mundo,
as pessoas tratam os bonecos como deveriam tratar os filhos e tratam
os filhos como bonecos. Tratam a fé como falsidade e a falsidade
como se fosse fé; a realidade como se fosse coisa feia, a verdade
como mentira e a mentira como se duma verdade se tratasse. E o pior
de tudo é que acham mal ir contra o rumo que o mundo tomou.
Quem
não aceita uma correcção dum Deus justo, é porque se acha justo, ele
próprio. Antes fosse!
Abrir mão das coisas nem
sempre é sinal de estarmos a ser libertos, pois a raiz do mal
acha-se em nosso interior e não no exterior. Muitos abrem
exteriormente mão de muitas coisas para poderem manter a sua
escravidão a eles próprios. A verdadeira libertação surge assim que
o pecado é exterminado no homem interior.
Existem virgens que não
são puras e existem puras que não são virgens. Depende de quando
Jesus passou por suas vidas, pois as virgens devem ser puras também.
Paulo diz: "... para vos apresentar como uma virgem pura",
2Cor.11:2. De
que vale alguém ser virgem sem ser pura?
O pecado é como uma
escadaria: desce-se o primeiro degrau, depois o segundo e depois uns
outros tantos para, de seguida, começar-se a crer que é inevitável
descer e bem mais fácil que subir.
Tudo que não é natural,
é inconstante, seguramente. Tudo que não vem do coração, não está no
coração. Tudo que se faz de bem sem ser de forma quase inconsciente,
tem motivos dúbios e questionáveis. Por essa razão, Deus oferece-se
para fornecer-nos um novo coração antes de poder corrigir os nossos
caminhos.
As pessoas de extremos
têm um problema com o assunto no qual são extremistas. A pessoa que
se esforça para dar tudo, tem problema em dar; a pessoa que tem
dificuldade em receber, tenta receber tudo pelo esforço; a pessoa
que se obriga a ler a Bíblia e obriga os outros, têm dificuldades
nesse aspecto - nada é natural e simples, tudo é inconstante nas
pessoas que têm problemas em cumprir. Existe uma vida melhor que a
vida de leis e obrigações. Nela tudo se cumpre de forma simples,
natural e espontânea impulsionado pelo dever que dá enorme prazer.
Temos de parar de
desejar as coisas dos outros, mesmo quando os outros ou as coisas
deles são imagens de nossa mente e não existem.
Porque temo o Lavrador de
meu coração? Ele persegue uma colheita especial... Dói, mas a
colheita será especial a seu tempo.
A insegurança instalou-se, regeu e buscou o meio de manter-se… insegura.
Como o doente crónico
sente falta de sua dor; como o cego, depois de abrir seus olhos,
acha-se diferente e numa vida onde não apalpa o caminho e não
precisa ouvir os ruídos para andar; como o preocupado nunca abre mão
de sua preocupação – pensando que só assim pode acrescentar ou
diminuir em sua vida; do mesmo modo, a insegurança só quer ser
insegura para achar que vive e está segura. O pecador quer sentir-se
pecador para acreditar que obterá perdão, o santo tem de achar que é
santo para achar que será aceite em Cristo. Mas, na verdade, quando
Cristo entra e é real, nem santidade será sentida como algo a que
nos devemos apegar (ainda que vivamos muito acima das expectativas)
porque o Senhor Jesus tomou Seu devido lugar em nós. "Nem (...) a
vida nos separará do amor que está em Cristo Jesus…"
Deus nunca nos pediu que
tenhamos um grande coração, mas, que o sirvamos e amemos com todo
ele, seja ele pequeno ou grande
Existe
apenas uma pequena diferença entre o dia do Juízo e um avivamento
real: é que, no avivamento, alguns ainda se podem converter,
arrepender e reverter sua situação convertendo o seu coração num
outro através do poder de Deus. Em tudo o resto as coisas
processam-se da mesma maneira: tudo será manifesto, até os segredos
do coração e ninguém vai poder esconder nada de ninguém, nem o que
pensou e, muito menos, o que fez. E esse juízo de Deus começará
sempre pelos líderes e só depois se estenderá para todos os outros.
"Os pecadores de Sião se assombraram; o tremor apoderou-se dos
ímpios. Quem dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? Quem
dentre nós pode habitar com as labaredas eternas? Aquele que anda em
justiça e fala com rectidão; aquele que rejeita o ganho da opressão;
que sacode as mãos para não receber peitas; o que tapa os ouvidos
para não ouvir falar do derramamento de sangue e fecha os olhos para
não ver o mal", Is.33:14-15.
A preguiça
é uma forma de teimosia. Ela arranja sempre algo em que ser teimosa,
buscando sempre algo em que deliciar-se. Pode até fazer uma coisa
mais difícil só para nunca ter de fazer a mais fácil. A preguiça
pode fazer outra coisa para não ter de ler a Bíblia, como pode ler a
Bíblia para não ter de fazer outra coisa.
Se estou
enfurecido, nunca será porque me fizeram mal e
antes porque meu coração é o que é ou está no estado em que está. Se
tenho medo, não será porque enfrento um gigante ou porque Deus não
está comigo e antes porque meu coração é temeroso e teima em sê-lo.
Se sou impaciente não será porque alguém se atrasa, mesmo que se
atrase, mas, porque misturo as coisas de ontem com as de hoje e com
as de amanhã facilmente. É o coração que é assim, viciado em ser o
que é. Temos de levar Jesus a sério quando Ele afirma que "O homem
bom, do seu bom tesouro (coração) tira coisas boas e o homem mau do
mau tesouro tira coisas más", Mat.12:35.
Aqueles que não saem dos
seus barcos, nunca experimentarão o que será andar sobre água,
porque andar sobre água requer sempre o primeiro passo.
Quando nos amarguramos
contra os outros ou contra Deus, será porque somos amargurados de
natureza e não porque nos fizeram algo ou porque não nos fizeram
conforme desejaríamos nos fosse feito. É o tipo de coração o
responsável pela amargura.
Se perdeste o plano de
Deus para tua vida, é porque perdeste Deus da tua vida. Se achares
Deus em tua vida, acharás esse plano - mesmo que seja pela primeira
vez.
Quando orares, lembra
que Deus ouve quem ora e não a oração. "A ele ouvirei...",
Jó 42:8. Deus ouvia Moisés e não propriamente a
oração de Moisés, tal como ouviria Elias, Ezequiel ou outro de seus
servos fiéis – fosse qual fosse a oração. Ele prometeu ouvir tudo
que Lhe pedíssemos "porque o Senhor conhece o caminho dos justos",
Sal.1:6. Se Deus não andar contigo em
teu caminho, também não ouvirá nenhuma das tuas orações,
Prov.3:5,6.
Aqueles que gritam e
fazem barulho orando, falam a um Deus distante e as suas orações os
condenarão, simplesmente. Ninguém grita para uma pessoa que se
encontra pertinho.
Nós não
lemos a Palavra de Deus pela informação que ela
contém, mas, pela transformação que ela opera.
Se alguém
descobrisse a cura para o câncer ou outra doença, toda a gente
esperaria que essa pessoa espalhasse a noticia e divulgasse a cura.
Descobri a cura para o pecado e agora é só espalhar a noticia de
Jesus Cristo de forma a todos serem curados dos seus pecados.
Os pecadores
culpam outros de suas próprias culpas e ainda se acham honestos e
honestamente justificados nessa prática. Acabe achou que Elias era o
perturbador de Israel e não seus próprio pecados (1
Reis 18); Saúl achou que David era a causa dos seus males; os
fariseus achavam que Jesus era perturbador e não eles, sendo que
Jesus trazia a Sua paz com Ele. Temos de estar preparados para isso,
para vivermos com isso e saber lidar com situações que, em muitos
casos, podem ser extremamente acusadoras.
O meu sonho
era ser amigo de Deus. Sabendo e experimentando que Ele já é meu
amigo, tudo se tornou bem mais simples. Resta, agora, eu
ser Seu amigo.
Quem se
molha e não consegue escapar da chuva e do frio, acredita mais
facilmente que houve um dilúvio; quem se queima e testa a fúria do
fogo facilmente crê na existência do inferno; quem se casa por amor
a Deus e se abençoa com a presença d'Ele em seu matrimónio,
facilmente crê que existe o céu; quem se livra dum único pecado logo
ali em vez de confundir-se tentando deixar todos meio vencidos,
acredita na santidade e na integridade. Por essa razão, nunca
podemos querer escapar de ser obedientes e viventes nas coisas
pequenas que nos fazem ver e acreditar nas grandes que Deus tem para
nós, os que Lhe somos fiéis.
"Guardar
rancor contra pessoas seria como beber veneno e esperar que sejam os
outros a morrer". Isto foi o que um homem de Deus afirmou e estou
plenamente de acordo com ele.
Muita gente, para ver
melhor, esfrega tanto os olhos que fica com a visão nublada.
Qualquer
profeta que possa ser preciso e eficiente em tudo
quanto vê, tanto adiante quanto atrás de si, tanto de bom quanto de
mau, tanto de Deus como sobre os homens, é sempre homem que deixou
para trás o desejo de estar sempre certo, o desejo de saber das
coisas que o medo provoca em nós, a curiosidade que não leva os
interesses de Deus em conta. Ele, para ser preciso, não busca mais o
aplauso (nem de si próprio busca a congratulação). A precisão de
qualquer profeta manifesta a morte que ele já experimentou, sendo
conforme Cristo no tipo de morte que morreu.
Quem se
esforça para obedecer a Deus até pode ser obediente, mas, se para
tal pessoa é um esforço ser obediente, ser-lhe-á fácil ser
desobediente - por essa razão se esforça no que está certo. Embora
obedeça, não pode ser considerada como uma pessoa que possui um
coração obediente, pois, obedece porque se esforça.
O medo
é uma teimosia e um medroso é um teimoso persistente e compulsivo.
Há quem
tenha medo do esforço pensando que irá pecar e há quem tenha medo de
não esforçar-se por medo de transgredir. No entanto, não existe ser
mais esforçado do que aquele que consegue descansar em Deus. Ele é
livre para esforçar-se ao máximo das suas capacidades libertas por
Cristo e conquanto seja para Cristo.
A solidão
pode afectar-nos de qualquer jeito, mas, existem duas razões para
nos sentirmos muito sós, as quais são sempre ignoradas: 1.Deus está
connosco e nós não somos santos; 2.Deus não está connosco e tentamos
ser santos.
Existe
um monstro em nós que quer tudo para ele, pede companhia e, por
causa dele, dá para poder receber, é simpático para não parecer mal
e para não serem antipáticos com ele. Mas, é necessário darmos,
estarmos em comunhão com os outros, sermos afáveis e efervescentes
diante de todos, anjos incluído. Não podemos, no entanto, alimentar
este monstro que se pode alimentar da bondade dos homens e de Deus e
também pode nutrir-se através da aparência das coisas.
Qualquer crente morno
tem uma vida mais difícil de suportar que uma pessoa do mundo que
nunca ouviu falar de Deus. Isso ocorre apenas porque ele tenta
servir dois mestres exigentes ao mesmo tempo, os quais exigem dele
coisas opostas e distintas porque se opõem mutuamente.
O entusiasmo
do primeiro dia de escola faz milagres no semblante dos alunos,
estudantes e até mesmo pais, mães, avós e tios. Mas, sabemos que
esse entusiasmo nunca dura até ao fim de qualquer carreira escolar.
Precisamos de afinco, determinação, disciplina e carinho pelo que
está adiante, junto com outros objectivos que não sejam apenas
aquela alegria de entrar na escola. O mesmo se poderá dizer da vida
com Deus. Por isso, João diz: "Portanto, o que desde o princípio
ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o
princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai",
1João 2:24. E Cristo também nos cita um mau
exemplo de igreja: "Tens perseverança e por amor do meu nome
sofreste e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o
teu primeiro amor...",
Apoc.2:3-4
Muitos temem não poder
chegar ao fim de sua longa caminhada amando Deus ainda de forma
pura. Mas, as hipóteses de chegarmos puros e sólidos no fim de nosso
caminho são literalmente dependentes de vivermos só o dia de hoje
agora dependendo integralmente de Jesus e se nossa mente não se
extravia para o dia de amanhã por algum motivo.
Um excesso de luz cria
(destaca) as trevas à nossa volta através do contraste - ninguém
terá como evitar que isso aconteça. Não devemos acusar a luz de
destacar as trevas.
Se é verdade
que existe um tempo para tudo debaixo do sol, temos de ter a inteira
certeza que hoje é tempo de se fazer algo que ontem seria errado
fazer e que hoje deve ser feito.
Para uma pessoa que ande
com as ideias trocadas, qualquer um que pense da maneira certa é um
torto. Para um torto, o direito está mal; para um anormal, o normal
é feio; para o ódio, o amor não ama ninguém; para quem agrada gente,
os que agradam Deus são pessoas desagradáveis; para o rancor, a paz
é loucura; para o pecador, uma limpeza de consciência que seja
genuína não será a sua melhor ambição e pensará que não lhe
resolverá nada, acreditando nas coisas de um jeito que lhe convém
para manter-se sujo e fora da humilhação da Cruz. Não admira que a
principal mensagem de Jesus a este mundo de loucos seja que creiam
na verdade.
Devido às
doutrinas de prosperidade que até nem são tão actuais assim, todos
acabarão achando que devemos trabalhar e operar através de Deus por
causa da obra que estamos fazendo. Por muito que essa mesma obra
necessite sair perfeita das nossas mãos e motivação, por muito bem
que a possamos e devamos empreender, devemos levar em conta que a
obra é e será sempre instrumental e não Deus. Se fazemos com Deus e
por Deus, aprendemos a conviver com Ele como Ele é. O trabalho
ensina-nos a conviver com Deus e o trabalho não é o objectivo, mas,
apenas o meio de nos ensinar a conviver com Jesus da maneira que Ele
é.
O coração
que se aquieta facilmente na presença de Deus, é coração que se
inquieta na Sua ausência. Todo coração que se aquieta na ausência de
Deus, inquietar-se-á com a Sua presença.
Longe
de Deus podemos pensar que vamos ter tudo que
vamos perder, enquanto que perto de Deus poderemos achar que vamos
perder tudo que iremos obter de uma forma ou de outra.
Quem anda bem com Deus
nunca terá como adiantar-se a Ele e nem atrasar-se. Por muito que se
apresse quem é fiel, o seu caminhar será decidido. Por essa razão,
não devemos temer o trabalho de empreender e consagrar ao mesmo
tempo, pois, se realmente conseguimos fazer tudo através de Deus,
nunca faremos nada sem Ele.
Se tens pecado por
limpar em tua vida – mesmo que seja só um – certifica-te que crês
que Deus nunca te irá ouvir sobre algo diferente desse pecado: isso
é fé. Se limpares tua vida crê no inverso - isso também é fé. Fé é
crer que Deus não me ouvirá quanto será crer que Deus me ouvirá.
A inactividade e a falta
de decisões, muitas vezes, revelam a existência de uma grande
impaciência. Nem sempre o que parece calmo é deveras paciente.
Se um amigo íntimo
recusar-te ajuda ou se um inimigo ofender-te, terás a mesma tentação
de pensar mal de alguém.
Qualquer apressado é
sempre pessoa que se atrasa também - ele terá as faculdades para
atrasar-se porque é apressado, como também terá a faculdade de se
apressar porque se atrasou. Para um apressado, a pressa e o atraso
tornam tudo uma bola de neve que vai aumentando no decorrer com o
dia.
Ouvir
Deus implica Deus ouvir-me também. Uma coisa é
paralela à outra. Eu ouço Deus na medida que Ele me ouve e
vice-versa.
Daniel propôs coisas em
seu coração, não fazendo voto e cumpriu-as. Paulo propôs-se apenas
"pregar Cristo e este crucificado" aos Coríntios. Podemos fazer
votos também, como Jacó fez, como Paulo fez, entre outros. Tanto em
uma coisa como na outra devemos ser hábeis e expeditos a cumprir,
desde que seja a coisa mais acertada e esteja de acordo com a
Palavra de Deus - seja com votos ou sem votos.
Deus
dá-nos Vida para cumprirmos. Os enganados, de um lado, acham que
cumprimos para ter Vida e, do outro lado, acham que acham Vida para
nunca terem de cumprir.
A Bíblia não nos diz que
existe um caminho que logo nos parece ser errado e que nos levará à
morte – pelo contrário, afirma que "há um caminho que ao homem
parece direito, mas, o fim dele conduz à morte",
Prov.16:25; 14:12.
As pessoas
crerão facilmente na mentira como verdade e na verdade como mentira
caso o seu coração seja irreal e sonhador. O mesmo coração que não
pode crer na verdade é coração que irá crer na mentira e vice-versa.
Não posso considerar
como bênção o dinheiro que os pastores pedem na igreja quando usam o
tempo todo para falar das suas dificuldades. As pessoas dão porque
ouviram alguém mendigando e não porque as necessidades de quem prega
hajam sido colocadas em ordem diante de Deus - e somente diante
d'Ele.
Deveríamos
estar tão envolvidos segurando nossa vida em Deus quanto uma Senhora
se envolve a segurar o seu vestido quando o vento quer fazer das
suas. Não vemos a Senhora tentar segurar o vento, mas, segurar seu
vestido - segurar aquilo que pode e tem. Do mesmo modo, os crentes
deveriam segurar o que têm em sua vida em vez de tentarem parar o
diabo. "Mas o que tendes, retende-o até que eu venha",
Apoc.2:25.
Será
que a luta contra o pecado é coisa muito
complicada para si ainda? A serpente ainda é seu inimigo difícil?
Isso deve-se ao facto de Jesus não ser facilmente seu amigo. Se
Cristo for facilmente o seu amigo, será fácil vencer o diabo. Se
Jesus for um amigo difícil para si, o diabo dificilmente será
vencido. Trabalhe para Jesus ser seu melhor amigo, muito íntimo e
próximo.
Não acreditar
em mentiras é fé. Atreva-se a ser descrente quando as mentiras se
aproximam para tentar. Quem descrê da mentira, facilmente consegue
crer na verdade.
Tanto quanto
necessitamos de convencer as pessoas através de palavras, por vezes
precisamos convencê-las de sua perdição ou salvação através dos
nossos silêncios.
Fazer
uma ideia de Deus, viver conforme uma imagem de Deus dentro de nós e
por nós apadrinhada, é idolatria. Deus, não sendo real e vivente em
nós, não está connosco e não importa o que dizemos acerca d'Ele ou o
que cremos – de nada nos valerá. "Filhinhos, livrai-vos dos ídolos",
1João 5:21. É estranho João falar assim, a
FILHINHOS (pessoas que não adoram ídolos sequer) dizendo para se
livrarem deles de sua mente.
A bondade
pode vir a ser descrita por palavras belas sem ser vivida; e, por
outro lado, as suas palavras podem parecer rudes, inseguras e duras,
mas, o seu coração pode estar envolto em bondade. Uma coisa é
parecer rude e outra é ser rude. As pessoas que ouvem aquilo que não
gostam, ainda que seja a bondade a falar, acham rudes as palavras
que ouvem.
Em vez de cessar de orar
por desmotivação, em vez de desistir antes de ser ouvido por Deus,
cesse do pecado e Deus o ouvirá sem cessar.
Se o diabousa o que
pertence ao homem para o poder tornar pecador e obstinado, salvação
só pode significar sermos salvos de nós próprios e do pecado.
Quando falta o dinheiro
às pessoas, elas erguem-se contra Deus e ficam desapontadas com Ele.
Mas, assim que têm dinheiro, saem para adorar e servir outros
deuses, incluído a eles próprios e a Mammon. Porque não reclamam
contra Mammon, o deus do dinheiro, ou com eles mesmos, quando lhes
falta dinheiro se é a eles que servem?
Nós achamos
que resistir a Deus é ser diabólico em nosso
falar, na nossa atitude aparente. Mas, na verdade, lemos que
resistir a Deus também é imitá-Lo e deixar a sinceridade.
Sempre que a vida te
pregar uma partida e caíres sobre os teus joelhos, fica conforme
estás e segue orando… já te encontras na posição certa.
Toda
a árvore de hoje é a pequenina semente de ontem.
Rugas
não magoam. As senhoras que as tentam evitar
envolvem-se na luta errada.
O teu desapontamento
pode muito bem ser a marcação especial de Deus para ti, onde Ele te
dará o bem. O teu apontamento, pode ser o desapontamento de Deus.
Será bem melhor sincronizarmos os nossos corações com aquilo que
Deus quer de nós.
Quando falamos muito, é
muito difícil ouvir e discernir tudo o que Deus nos quer dizer.
A velhice é como uma
conta bancária: só sacamos aquilo que depositamos durante toda a
nossa vida.
Para Deus falar-lhe do
jeito que tem de cumprir, necessita entender bem Deus do jeito que
Ele é e ouvindo do jeito que Ele fala.
Um espírito
independentista é sempre um espírito que busca a amizade dos outros
dando a entender que não o faz. Quem não busca nada para si noutros
e antes busca em si para outros, também se livrará de seu espírito
independentista para sempre.
Deus crucifica sem dó a
todo aquele a quem dará uma ressurreição sem igual.
Se o Diabo
faz uso do próprio homem para fazê-lo tropeçar,
isso só significa que a salvação é o homem salvar-se dele próprio,
submetendo-se a Deus. O domínio de todo pecado é o próprio homem e
não o diabo. O diabo inspira o pecado e tenta, mas, é o homem quem
domina sobre o seu pecado. "...Sobre ele (teu pecado) dominarás...",
Gen.4:7.
A Bíblia não
nos diz que o que está errado nos parecerá estar errado. Antes
diz-nos que, tudo que está errado, parecerá certo e será tido como
certo e bom. "Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim
dele conduz à morte",
Prov.16:25; 14:12. O fruto da árvore do
conhecimento do mal e do bem foi o que destruiu o mundo e, no
entanto, pareceram aprazíveis a Eva.
As pessoas erradas de
coração facilmente acreditarão que a mentira é verdade e que a
verdade é mentira. Leve o seu coração em conta sempre que desejar
acreditar em algo ou duvidar de alguma coisa.
Não posso
ver como bênção as pessoas receberem dinheiro sempre que pedem
dinheiro na igreja. Ouro e prata nem sempre serão sinónimos de
bênção e da presença de Deus, Sal.73.
Qualquer
homem rico será testado por suas riquezas havendo vindo a Deus,
quanto um homem pobre será testado e colocado na luz através da sua
pobreza - ou a de outros.
A frieza
faz o pecado adormecido hibernar. Por essa razão, os pecadores
acham-se sempre bons e santos. Mas, vindo o calor da luz de Deus,
todo dorminhoco se questiona porque razão já não está dormindo. A
luz de Deus aborrece o pecador extremamente.
Existem
os que subsistem combatendo contra a derrota continuamente – por
isso lamentam-se. Mas, existem os que vivem duma Vida sem igual e
acham-se vitoriosos continuamente sem saber como. Existem os que
imitam essa Vida também e acabam caindo para sempre, agora ou
depois.
O caminho
do pecado, além de nos tornar cegos ao ponto de só
vermos a nossa coisa, não tem saída. Estamos no escuro e andando num
beco sem saída.
Pecado é
como as abelhas: se vais contra elas, mexes com elas; se mexes a
favor delas, mexes com elas; se lhes fazes festinhas, elas picam. O
pecado funciona do mesmo jeito. Qualquer coisa que se faça em
relação ao pecado, ele existe apenas para destruir e ferir a nossa
consciência e bem-estar actual e eterno. Não se pode tocar no pecado
seja por que motivo for.
As coisas
de Deus, não são mágicas - são verdadeiras. Por isso, não reaja
diante delas como se fossem fora do comum sob pena de ofender a sua
alma e aborrecer Deus.
A maioria
das pessoas, hoje, vai à igreja porque não se quer arranjar com
Deus. Ir ao culto tornou-se substituto de arranjar-se com Deus e com
o próximo, de confessar todos os pecados, de restituir honra, bens
roubados e de muitas outras coisas.
Toda a sugestão em forma
de voz falsa vem porque temos algo em nosso coração que deseja ouvir
certas respostas, ou se acha na necessidade de as ouvir. Uma voz
falsa precisa que haja um coração que a ouça ou que a busque. Que
Deus nos possa livrar de tal coração e de tais respostas, pois,
mesmo que a sugestão seja igual à resposta, devemos bani-la de perto
de nós. Existe muita sugestão igual à resposta que iremos ter, mas,
que não é (ainda) a voz de Deus. Existem sugestões que são
diferentes da voz de Deus também, que são erros grosseiros. Tem de
tudo no engano, até a semelhança da verdade. O erro busca sempre ser
o mais preciso que pode, pois, o erro é ouvir quem engana e não
apenas o que ele diz, isto é, ter um coração que se entende com o do
enganador. O erro humano é erro de espírito e não apenas de conduta
ou de palavra - é erro do ser que ouve outro tipo de ser igualmente
enganado ou enganador. O erro parte do coração. A ovelha ouve o seu
pastor, os bodes ouvem o seu. O que somos determinara o tipo de ser
que ouvimos. Que Deus nos dê sabedoria a todos sobre isto. Ámen.
Não agradar a pessoas só
machuca o próprio. Quem não agrada pessoas, não é pessoa
desagradável. Quem agrada pessoas busca ser agradado e tem, por
certo, a capacidade de se tornar desagradável se não receber a
compensação por haver agradado.
Uma vida pode ser cheia
sem preencher ninguém.
Quem é cumpridor sob
lei, é fiel no quanto faz; mas, quem é cumpridor na liberdade é fiel
ao que é.
Quem agrada gente
torna-se pessoa que pode ser manipulada pelos outros, pelos maus e
aproveitadores também.
Se alguém olhar para
trás, tem algo preso nele - o problema principal está no coração e
não no que ficou para trás.
A insegurança
só se sente segura quando está insegura; o medo só
se sente bem temendo; a incredulidade só se sente útil descrendo
razões que não convencem Deus; a raiva só se sente bem agredindo; a
impaciência só se acha bem molestando. Vamos ter cuidado com o
bem-estar que achamos que devemos usufruir, pois nem todo milho é
útil para fazer pipoca. Bem-estar nem sempre é sinónimo de paz que
permanece para sempre.
Abençoada
tempestade é aquela que nos leva a ser santos diante de Deus e
homens! Abençoadas abelhas serão aquelas que nos perseguem sob pena
de sofrermos e morrermos e assim nos levam a refugiar dentro do
paraíso e a fecharmos as portas para elas nunca entrarem – ou será
que é para nunca mais sairmos? Abençoada a tempestade que nos leva a
embater na Rocha certa! Abençoada a gralha que, de tanto falar, nos
leva a chorar no Regaço do Nosso Pai! Abençoado o fim de caminho que
nos leva a buscar um novo começo em Jesus! Abençoada a má-língua que
nos leva a ser verdadeiros e a prometer que nós mesmos não faremos o
mesmo!
Sempre que vou para onde
vou dentro da vontade de Deus, seja por pouco ou por muito, estou
dentro duma onda de salvação, estou numa missão de salvamentos.
Tudo que começa sem a
aprovação de Deus, termina inevitavelmente sem a aprovação do
próprio. Muito do que pode começar sem a aprovação do próprio, pode
sempre terminar sob a bênção de Deus. Mas, se nosso coração for
sempre igual ao de Deus, desde o início até ao fim, esta questão já
não se coloca dessa maneira. Vamos, então, ser um com Cristo como
Ele foi um com o Pai.
Todos os que se mantêm
limpos chegam ao fim mesmo que passem por muitas dúvidas. Todos os
que se deixam poluir não chegam ao fim mesmo que passem por muitas
certezas. Isto acontece simplesmente porque a fé que nos deixa
vencer todo o mundo, obtém-se e não é coisa própria. É fruto dum
relacionamento. Quem está perto de Deus, tem-na – quem não está, tem
presunção e não é fé. "Alcancemos fé igualmente preciosa",
2Ped.1:1.
Quem teme entrar na
vontade de Deus, também teme sair da sua própria. Se tens medo de te
aventurar para dentro da vontade de Deus, também tens medo de sair
da tua própria vontade.
A nova vida não cansa.
Por isso, quem se sente cansado e abatido abasteceu-se nas fontes da
vida velha, dum jeito ou de outro. Ou, então, só não se abasteceu na
Fonte como deveria, quando deveria ou não o fez de forma exclusiva.
Fraco
não é quem está debilitado e enfermo - fraco é
quem vive e convive com pecado a cada dia.
O diploma que eu quero
receber é este: "Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel",
Mat.25:21. Tudo o resto não conta.
A aparência será sempre
o oposto da transparência. A aparência encobre e é o oposto de andar
na luz onde tudo é claro e revelado.
João afirma que "o
Espírito é a verdade" (1João 5:7) e não
apenas que o Espírito é verdadeiro: Ele é a verdade em si, sendo
dentro de nós tudo que Ele é se obtivermos de toda a Sua plenitude
já aqui na terra. "...Em si mesmo tem o testemunho...",
1João 5:10. E é bom que o tenha mesmo, antes de testemunhar.
Se não o tiver você passará por mentiroso aos olhos dos homens,
pois, prega algo que não funciona em sua vida pessoal e só os outros
notam isso. Não busquemos passar por verdadeiros, então. Busquemos,
isso sim, ser a verdade: "Eu em vós, vós em Mim ...". Busquemos isso
de todo coração.
Se a fé vem pelo ouvir,
a dúvida vem pelo desobedecer e por não se ter ouvido, ou não haver
ouvido como se devia.
Quem vê
os erros tem sempre um bom entendimento sobre as coisas que vê,
quiçá experiência própria mesmo. Só tem como ajudar o seu próximo e
não usar os erros dos outros para encobrir os seus, seja acusando-os
ou não.
É impossível
alguém abusar de um homem que vive perto de Deus,
pois ele oferece sempre acima do que lhe pedimos.
O medo
não protege - ele ameaça. O medo faz sair dum esconderijo seguro.
Quem quer
aplicar nos outros aquilo que aprende de Deus, provavelmente ainda
não está convertido, independentemente daquilo que acredite a
respeito de si próprio.
Na parábola
do semeador, Jesus disse que o que pode tornar a Palavra
infrutífera, não é o diabo com seu poder, não é o homem que opera
contra mim, mas, somente as ocupações com o mundo e todos os
cuidados consequentes dessas ocupações terrenas. Se estiver bem com
Deus, a oposição do diabo, a guerra do homem, a fome ou qualquer
outra coisa serão como uma brisa sobre um fogo que ninguém pode
extinguir: simplesmente avivará a sua chama. Mas, se o mundo estiver
ocupando meu coração com preocupações, com os seus sonhos e
prazeres, não estou bem com Deus e nem preciso de mais nada para
sufocar a Palavra dentro de mim. O diabo não é o responsável pelo
sufoco da Palavra de Deus. Os cuidados deste mundo é que são.
Cuide-se e deixe de culpar o diabo por tudo e por nada.
Acima de obter uma coroa
dum mártir por Cristo, quero obter um coração igual ao de Cristo.
"Eva não foi
tirada da cabeça de Adão – ela foi feita na cabeça de Deus para
Adão; Eva não foi tirada do pé de Adão – ela foi tirada da mão de
Deus. Deus, então, tirou algo do lado de Adão para simbolizar onde
ela seria colocada: ao lado dele, colada perto do seu coração. Se
ela tivesse sido extraída do topo da cabeça de Adão, ela estaria
acima dele; se fosse tirada do pé dele, seria pisada por ele. Mas,
Deus resolveu que ela seria uma companheira à medida de sua obra –
aquela obra que a Adão pertence indirectamente, pois, na verdade, é
obra que foi Deus quem deu a fazer. A partir de hoje, essa obra
pertence aos dois e do lado de Adão ela é colocada até que seja Deus
a separar aquilo que foi Ele quem uniu para sempre" (Pensamento de
Mathew Henry alterado).
Não podemos
passar a linha dos cuidados de Deus - se Deus não cuida, não vá; se
Deus cuida, não fique, pois a Sua linha movimenta-se.
Satanás
só usa aquilo que o homem tem (e mais nada), para
fazer do homem aquilo que ele não é como criação.
-
Uma
Lista
de teimosias - CLIQUE aqui para ler
Sempre que as coisas da
Bíblia se tornam difíceis de entender e praticar, existe uma
explicação: a pessoa é a culpada. Ou a luz não passa devido ao
pecado que separa de Deus e/ou dos homens, ou a pessoa desejaria
poder entender outra coisa que a verdade contraria, isto é,
preferiria que a Bíblia estivesse dizendo outra coisa. Se um
Historiador não entende nada de matemática, a culpa é da matemática?
E se é um Matemático que não entende a matemática? Por essa razão
lemos assim: "… de difícil interpretação, porquanto vos tornastes
tardios em ouvir",
Heb.5:11. De que maneira você se tornou tardio
em ouvir? Ou prefere acreditar que já sabe tudo?
Não existe vida nesta
terra, não existe ser humano que não esteja em fase terminal. Em vez
de nos lamentarmos e termos dó de quem está morrendo, devemos
prestar atenção ao que Jesus quis dizer com as palavras seguintes
quando estava aparentemente condenado e em fase terminal: "Jesus,
voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por
mim; chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos",
Luc.23:28.
Falar a verdade quando
somos verdadeiros não machuca ninguém em sua essência - fere,
apenas, o pecado em sua leviandade. Falar a verdade sendo
verdadeiros nunca será o mesmo que falarmos a verdade sem sermos
verdadeiros. "E não é assim que fazem bem as minhas palavras ao que
anda rectamente?",Miq.2:7.
"Orai sem cessar"
significa apenas "orar sem desistir até alcançar" aquelas coisas que
Deus quer de nós através das que queremos de Deus. Continuar a orar
depois de alcançar pode ser visto como a linguagem de um hipócrita
incrédulo que não leva as respostas de Deus a sério.
O medo de perder
torna-nos egoístas, tanto quanto o medo de ganhar.
Apodrecimento espiritual
começa assim que se pára de crescer espiritualmente.
Religioso está em
relação a Deus, como o homossexual está em relação ao casamento.
Sempre que tua comunhão com
Deus é real, simples e verdadeira, cada defeito teu torna-se num
efeito com repercussão, cada tendência para erro em ti será uma
oportunidade para fazer o oposto e acertar através dos meios certos
da graça. Escutem só quem fala, quem experimenta que isto é
simplesmente verdade.
Arrependimento também é
mudar a tua opinião sobre teu pecado, mudar tua opinião sobre tua
vida, estar aberto a ver as coisas como realmente são, isto é, como
Deus as vê e acreditar que existe solução. Por norma, as pessoas
entram em desespero quando acreditam que não conseguem salvar-se.
Permite ser Jesus a tocar
teu instrumento que tu muito estimas, isto é, teu coração e tua
vida; deixa-o soprar nele de leve e não busques tempestades para
achares que por elas seguirás em frente. "E a obra da justiça será
paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre",
Is.32:17. "Ao
qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o
refrigério; mas não quiseram ouvir... aquele que crer não se
apresse",
Is.28:12.
Se a fome por comida faz
pessoas partirem e arrombarem paredes de pedra, deixem passar e não
impeçam quem tem fome de almas e as rouba das garras do pecado.
Na corrida desta vida, quem
é disciplinado e cheio de Deus em seu coração (de forma real e em
toda a Sua plenitude), chegará sempre ao fim mais fresco, mais hábil
e mais leve do que começou.
Nada que
possas ter neste mundo te satisfará o desejo de ser preenchido e
plenamente realizado, pois, a única coisa que pode encher teu vazio
é a plenitude de Deus na ausência de todas essas coisas.
Porque o mundo
do Senhor Jesus é invisível, usam-se de histórias, alegorias e
parábolas para tentar descrevê-lo e implementá-lo: "O reino de Deus
está dentro de vós e não vem com aparência exterior",
Lucas 17:20,21", disse Jesus. Mas, a fantasia e a fantasia
religiosa usa os mesmos métodos para impor-se e encarcerar quem se
entrega a ela por inaptidão, por medo que sua realidade não lhe
assegure vida, ou por hábito a uma forma de vida pouco real como
refúgio dos medos e das inaptidões preguiçosas de cada qual. Mas,
não será por essa razão que Jesus deixa de ser real e, também, não
será por isso que a fantasia passará à existência.
Vendo
como se sobe ou porque se sobe, não é o mesmo que
subir; vendo como se pode amar faz com que queiramos amar pelas
regras com o intuito de sermos amados. Amor é real quando existe,
Cristo é real quando vive em mim sem minha imaginação me ditar uma
vida conforme suas regras. É viver simples com Cristo: basta ser
verdade (realidade) para um verdadeiro. Amem.
A ignorância é pecado e
deve-se ao pecado. Com um Deus tão perto que sabe e pode ensinar, a
ignorância é sempre indesculpável a qualquer homem ou mulher.
Ninguém quer ficar
velho, mas todos desejam que o tempo passe depressa.
Em vez de desistir da
pessoa, entregue-a a Deus.
Meu desejo, Senhor, é que
meus filhos consigam ensinar e transmitir o que praticam e não
apenas praticar o que ensinam. Amem.
Alguns líderes
evangélicos que nunca são guiados convenientemente sentem uma
necessidade perversa de manter uma certa harmonia entre os membros
de suas igrejas a qualquer preço. Eles deveriam era lembrar que não
existe fricção numa máquina desligada. Desligue a electricidade
dessa máquina e nunca terá problemas de fricção entre os seus
componentes por haverem parado. Recorde-se, também, que existe, de
facto, uma sociedade que não tem problemas: dentro do cemitério. Os
mortos não têm diferenças de opinião. Não geram calor nem energia
por não se movimentam e não têm fricção entre eles. Mas, o resultado
é esterilidade absoluta e uma completa falta de obra.
Quem
nunca finge a insubordinação diante de Deus e
assume-a como tal perante e mediante Ele, nunca fingirá a submissão
quando Deus houver terminado a Sua obra em tal pessoa e ser. Toda a
pessoa que é o que é diante de Deus, persistirá em ser o que é
quando houver sido transformada.
A maior
parte de toda a humanidade só não aceita Deus porque Ele não quer o
mal, nunca deseja a iniquidade por perto. Se Deus desejasse tudo
aquilo que se faz numa discoteca, todos menos os justos adorariam
Deus.
Um homem, para fazer
grandes coisas em Deus, não necessita sonhar sobre elas: basta ver
Deus como Ele é e ser realista sobre tudo que vê e constata
verificando por ele mesmo.
Um servo não tem
consciência de que é servo; ele só tem consciência de Deus, de Quem
depende.
Jesus simplesmente
espera até que se lhe renda a vontade e tem de ser essa vontade a
render-se e não você a rendê-la.
A rendição
pessoal a Cristo não é a entrega da vida exterior, mas, da vontade
interior de cada homem; depois que se consegue isso, tudo estará
consumado em nós. Após isso, tudo o que acontece faz parte da
ressurreição.
As maiores crises de
todo homem, são as crises de identidade porque ele confia
simplesmente nele próprio. Mas, para a vida com Deus, tudo isso
deixa de ser relevante porque passamos a confiar n'Outro acima de
todos nós, exclusivamente.
As pessoas cultivam e
semeiam pecado durante seu dia e à noite vão orar a Deus para que
seus campos não brotem o fruto do pecado que semearam e para que a
colheita seja um aborto.
O desviado
é que sabe o caminho, o doente é que sabe o que é saúde e o filho de
Deus é que sabe o que é estar errado no mundo. O filho de Deus não
tem consciência da vontade de Deus porque ele é a própria vontade de
Deus, mas, tem consciência do que não é a vontade de Deus. A
tentação só é tentação porque não é um modo de vida e a santidade
não será um modo de vida neste mundo sempre que não se sinta a
tentação rondando.
Deus disse: "Como se fez
prostituta a cidade fiel!"
Is.1:21. Coisa feia que se possa cair tão baixo desde tão
alto. Minha oração é agora que se possa afirmar de muitos ainda
assim: "Como se fez fiel a cidade prostituta!" Isso, sim, seria
muito bonito de ouvir! Quando assim é, não necessitamos ter vergonha
de que digam o que éramos antes de havermos sido transformados. O
contraste glorifica Deus e dá-nos o brilho natural de Cristo. "Mas,
somente tinham ouvido dizer: 'Aquele que outrora nos perseguia agora
prega a fé que antes procurava destruir'; e glorificavam a Deus a
respeito de mim", Gal.1:23.
As pessoas
falam da graça de Deus sem a experimentar pessoalmente como verdade
que flui e inunda tudo à volta, pois, não existirão rios se não
houverem fontes que não mais consigam conter suas águas dentro de
si. Podemos haver ouvido falar da graça de Deus; podemos ter crido
na graça de Deus; podemos desejá-la experimentar tanto que nossa
doutrina nos impeça de fazê-lo acertadamente da forma natural aos
santos; podemos conhecer a própria graça de Deus ainda mesmo sem
"conhecê-la em verdade". Por essa razão lemos que Paulo instiga os
crentes que "conheceram a graça de Deus
em verdade (de forma real)",
Col.1:6.
Para alguém
ser mandatado por Deus, terá de poder ser mandatado para Ele; para
ser mandatado para Ele, terá necessariamente de ser através d'Ele
também.
Se a perfeição fosse
algo impossível de atingir, se ela não fosse das coisas mais
naturais para quem vive perto de Deus, Daniel era um
extra-terrestre. Lemos dele assim: "Porque ele era fiel e não se
achava nele nenhum erro nem falta", Dan.6:4.
"Anda em minha presença e
sê perfeito...",
Gen.17:1. Mas, existem pessoas que não sabem o
que é a perfeição e logo acusam os perfeitos de serem imperfeitos.
Quem não busca de forma exclusiva a vontade de Deus, quem não a acha
e quem não tem acesso aos meios de conseguir fazê-la, é imperfeito.
E a vontade de Deus nem sempre é do gosto de quem vive dela.
É a prudência
perto de Deus que faz um sábio. Mas, o sábio que se acautele, pois,
não se entristeça com o facto de ser ele a fazer o tolo aparecer
como é: à volta de cada sábio manifesta-se quem é tolo e quem não é
tolo; e será por causa dele que o tolo se manifesta como tal. A
agravante disso tudo é que nenhum tolo se verá como tal mesmo quando
tem muitas provas contra si: ele, antes, verá no sábio todos os seus
próprios defeitos ou a causa pela visão de seus defeitos. E mesmo
quando os vê em si mesmo, nunca os reconhecerá de forma elucidativa
– nem para ele mesmo. O sábio, então, deve saber continuar buscando
a sabedoria do mesmo modo e sem se importunar com a fama sobre si
que se espalhou através de quem afirma a pés juntos que é o sábio
que é vil e intransigente em alguma coisinha.
Todos
os que eram insubordinados a Faraó, também foram insubordinados a
Deus, no deserto. A insubordinação é um tipo de coração e não
depende das circunstâncias em que se encontra ou do tipo de pessoa
que o confronta.
O amor é grande sempre
que seres pequenos como eu o possam viver e consolidar de perto.
Tentar salvar uma pessoa
de verdade, é como tentar mudar o curso dum rio: não é nada fácil
que alguém se salve de seu pecado e de seus caminhos depois de crer.
Não admira que seja somente pela fé que alguém se salve! "Crê e
serás salvo" nunca é o mesmo que "crê e estás salvo". "Crê e serás
salvo" é Bíblico, o outro é doutrina falsa vinda do inferno.
Sempre
que o diabo te tentar, alguém te molestar - mesmo
que seja até ao ponto da morte - não lutes e antes pára; deixa-os
falarem sozinhos! Leão enjaulado só morde quando colocas teu corpo
dentro da sua jaula onde ele está - ou alguma parte tua que ainda
argumenta e discute.
A preguiça
é uma teimosia tanto quanto o desleixe é uma
obstinação. E Deus considera a teimosia como idolatria e a
obstinação como feitiçaria, seja essa obstinação religiosa ou não,
1Sam.15:22,23.
Deus pode
habitar em nós sem usar o que somos; Deus pode usar o que somos sem
habitar em nós; Deus pode muito bem usar o que somos habitando em
nós; Deus pode muito bem usar o que Ele é habitando em nós, tanto
quanto Ele pode usar o que Ele é sem habitar em nós também. Ele usou
Herodes para fazer com que Cristo nascesse em Belém sem habitar em
Herodes; e usou Pedro e Paulo para cumprir a Sua vontade habitando
neles.
As pessoas
que mais nos fazem bem não são aquelas que se compadecem de nós;
estas atrapalham, porque a compaixão enfraquece-nos. A pessoa que
melhor te entende é aquela que melhor conhece Deus e não a que
melhor te conhece. A pessoa que melhor te pode ou sabe ajudar, é
aquela que se ocupa apenas com a vontade de Deus em ti, quer sofras
quer não, sempre que uma coisa ou outra te traga um bem final. A
pessoa que tem Deus nunca tem regras pelas quais se possa reger –
nem quando vê sofrer.
Homem
que dá honra ao homem procura receber honra de homem; homem que dá
honra a Deus, só busca receber a honra que vem de Deus. Através das
suas vidas práticas se vê a quem eles pertencem: se a Deus ou se a
eles próprios.
Porque será
que muitas pessoas, antes de se tornarem crentes, são audazes e
depois que vêm a Deus tornam-se hesitantes? Porque enfrentavam
problemas antes sem virarem a cara – por muito que se queixassem –
e, agora, um problema é demais para eles quando sabem que Cristo
disse (afirmou) que "no mundo tereis aflições" e "eis que estarei
convosco"?
Na verdade, qualquer pessoa
que seja eufórica acerca de Deus e de Suas verdades ou é incrédula
ou tem vergonha de Deus e tenta colmatar as suas falhas através da
euforia. Se não fosse assim, nunca seria como é.
As pessoas dizem que sabem
a verdade após memorizarem um versículo. Mas, na verdade, não é o
versículo que é a verdade: a verdade ainda está escondida dentro do
versículo que memorizaram. Descobrirem a verdade, nunca será igual a
saberem um versículo, antes será terem acesso à vida que cada
versículo contém dentro dele mesmo, sendo desconhecido para eles.
Enquanto a Bíblia não se tornar uma realidade prática, um manancial
real e verdadeiro, nunca poderá ser considerada como a Verdade e
como a Palavra (viva) da forma que Deus falou.
Nós buscamos sempre a
perfeição em alguém: é um anseio com o qual nascemos, pois, sabemos
com isso que o ser que nosso coração é capaz de amar perdidamente, é
perfeito. Logo, quando não sabemos que se trata de Deus por quem
ansiamos, sempre que não O conhecemos e amamos um ser humano em Seu
lugar, esperamos a perfeição dessa pessoa – porque nosso coração
busca o seu ser perfeito para amar. Como essa pessoa nunca é
perfeita, logo nos desapontamos e nutrimos ressentimentos contra
nosso próximo e contra quem o criou por este não preencher todos os
requisitos pelos quais nosso coração deseja em alguém. Agora sabemos
porque somos ensinados a amar Deus de todo o nosso coração e a nosso
próximo como a nós mesmos apenas.
Quando
obedecemos a Jesus sobre algo, nem sempre
garantimos o sucesso desse objecto no qual fomos obedientes e muito
menos o sucesso de outra coisa na qual nossos anseios foram
colocados e para o qual queremos uma recompensa por Lhe havermos
obedecido. Deus não negoceia. O sucesso de Deus nunca servirá de
recompensa, mas, de fruto duma obra ou de um trabalho específico no
qual Lhe obedecemos. O alvo principal de Deus é um coração obediente
e o que fazemos nunca é o objectivo principal e antes o secundário.
Deus não ganharia nada com Isaque sendo sacrificado no fogo a não
ser o coração de Abraão. Por outro lado, as pessoas dizem que
obedecem a Deus em certo aspecto para poderem alcançar outras
coisas. Pensam que Deus faz negócio, isto é, dizem: "Eu faço isto e
Deus dá-me aquilo!" Aquilo que chamamos de processo, Deus chama de
alvo e aquilo que temos como alvo ou objectivo, Deus tem como sendo
o processo. A obediência é o alvo ou objectivo de Deus e não os
meios ou coisas que usa para alcançar um coração obediente.
O homem nunca luta
contra o que Jesus quer tanto quanto luta contra o jeito que Ele
opera. É apetecível para o homem fazer as coisas pela força e pela
violência. Abandonar os meios próprios para entregar-se a Deus em
total rendição é, provavelmente, a provação mais difícil para o
homem que não quer deixar de ser carnal. Deus mutila o braço da
carne e incapacita a carnalidade, crucificando-a para sempre. Sem
isso acontecer, não haverá santidade - não haverá ressurreição em
novidade de vida aqui na terra.
Quando obedecer não é
natural, não será só a desobediência que é pecado: obedecer também
é.
As
pessoas só se aproximam de Deus quando desistem de ser religiosas e
nunca quando são religiosas. Existem muitos evangélicos religiosos.
Quando nunca aceitamos
realidades, teremos apenas a ilusão como alternativa e seu
consequente estado de fome permanente que buscará mais ilusão para
fazer passar seu dia.
Existem
pessoas que querem fazer a vontade de Deus do jeito deles, outros
que querem que Deus faça a vontade deles do jeito d'Ele, através de
Seu poder. O problema dos homens, é que quando acham a vontade de
Deus, querem encetá-la do jeito deles - quando não acham, querem que
seja Deus a fazer as suas e para isso pedem poder. Mas, cada qual
tem de poder fazer só a vontade de Deus só do jeito d'Ele, isto é,
como ela é feita no Céu - "aqui na terra como no céu".
Quando alguém sente
culpa e não sabe especificar de quê, isso nunca pode ser considerado
como convicção de pecado. Isaías especificou que era sua língua o
local que o fazia impuro porque aprendeu o jeito do seu povo
pensando que era cultura e dever,
Is.6:5-7. Uma culpa pouco especificada
pode vir a ser considerada como acusação maligna ou busca de atenção
masoquista, mas, nunca como convicção de pecado. A pessoa que se
pode sentir culpada sem sê-lo, por certo nunca se sentirá culpada
quando e onde deve e evitará olhar suas culpas verdadeiras de
frente. O coração de cada homem tem sempre esses dois lados; e
também é verdade que, quem olhar suas culpas reais de frente, também
nunca se aperceberá da ilusão em forma de culpa.
A chuva nunca é enviada
para que haja nuvens. Mas as nuvens são enviadas para que haja chuva
e cada nuvem tem de se esvaziar de seu conteúdo e desaparecer após
descarregar sua bênção.
Não será seu corpo mais
importante que sua roupa? Seus olhos mais importantes que seus
óculos? Jesus mais importante que o Céu?
A pessoa pura é a pessoa
mais protegida contra o dano e o perigo e não a inocente. Nunca se
está seguro em casa de pessoa inocente, seja este homem ou mulher.
Devemos ser purificados de verdade, pois os inocentes podem ter
hábito de não investigarem seus corações, motivos e atitudes com
diligência sob a luz de Deus e na ausência de opiniões pessoais.
Há quem simule a
presença de Deus não estando nela; há quem a simule vivendo dentro
dela; há os que se acham longe de Deus estando perto dele, há os que
se acham bastante perto estando muito longe do que é real de Deus;
há os religiosos longe de Deus, há os profanos que se aproximam dele
cada vez mais para serem salvos batendo em seu peito contra seu
próprio pecado. Neste mundo tem de tudo, mas, os mais errados a
respeito de Deus são crentes actuais – seguramente.
O problema das pessoas
amarguradas nunca é não terem esperança – é nunca quererem ter essa
esperança! Os tristes também nunca querem a alegria a menos
que levem junto sua melancolia e os pecadores nunca querem Deus a
não ser que seu pecado seja levado com eles.
A ansiedade sobre a vida
têm-na aqueles que querem achar descanso nesta vida através dos
meios do mundo. Vemos que foi ao referir-se ao rico insensato o qual
dizia "Alma, descansa, come, bebe, regala-te" que Jesus acrescentou
dizendo: "E disse aos seus discípulos: Não estejais ansiosos quanto
à vossa vida, pelo que haveis de comer", Lucas
12:19. A pessoa que diz "Alma, descansa, come, bebe,
regala-te" é ansiosa por natureza.
Se alguém me aplaude quando
ando em erro, nunca tal coisa me salvará; caso alguém me condene
andando na minha rectidão em Cristo, nunca serei condenado.
Se eu tiver
sede e viver num deserto árido ou num mar cheio de água salgada,
será igual a eu desejar Cristo e viver no mundo ou dentro duma
igreja impura. Morrerei vendo água como ilusão no deserto do mundo,
ou morrerei porque a água que bebo é salgada demais para ter como
satisfazer as minhas necessidades.
A fé se não fizer prova,
é falsa. "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e
a prova das coisas que não se vêem",
Heb.11:1.
Quando é Deus quem nos
fala e achamos qualquer tipo de dificuldade em nos entregarmos,
rendermos e submetermos ao bom senso dessa mesma voz, por incoerente
que ela pareça ser à luz da carne e do ponto de vista humano, essa
dificuldade vem do facto de não termos coração de ovelha. Jesus
disse que quem é ovelha ouve a Sua voz. Ouve por ser ovelha e não se
torna ovelha porque ouve. Não vamos torcer as Suas palavras. O
segredo está, então, em não tentar decifrar e catalogar a voz e
antes em nos esforçarmos para ser tornados ovelhas, porque, sendo
ovelha, ouviremos facilmente e de certeza.
Orando por pessoas em
pecado é uma anulação à critica dentro de nós, ao espírito
ressentido, uma obra de arte dentro da própria alma que traz efeitos
práticos sobre quem é responsável por nos livrarmos de nossos
próprios pecados, pois lemos que, "Se alguém vir seu irmão cometer
um pecado que não é para morte, pedirá e Deus lhe dará a vida",
1João 5:16.
Sermos escolhidos, não
significa sermos especiais, mas, que somos escolhidos para partir em
busca dos que Lhe são muito especiais e por quem o Senhor morreu e
os quais, provavelmente, não foram tão escolhidos como nós. Sermos
escolhidos implica sempre sermos escolhidos para uma tarefa, para um
propósito.
No silêncio
da espera em expectativa no Senhor, muitos ouvem-se a eles próprios
sem se aperceberem que é precisamente deles próprios que terão de se
abster de ouvir colocando-se em silêncio diante de Deus contra
eles próprios, suas opiniões e certos sentimentos seus. O maior
barulho nunca será o do mundo, mas, os ecos dele dentro da alma -
são esses os únicos ruídos e impedimentos para Deus ser ouvido se a
alma estiver limpa e asseada. O barulho do lado de fora nunca nos
impede de ouvir Deus. Mas, os ruídos de dentro impedem.
A parte final de uma
prova para uma pessoa que tenha sempre uma comunhão incondicional
com Deus será sempre a parte mais difícil dela, mesmo que seja
sempre de pouca duração. Apenas o amor que ainda temos para com o
gigante que está levando sua cruz para morrer é que nos pressiona
para desistir. Nós somos os que carregamos a cruz para irmos morrer.
Só mostra que, caso a prova não nos deixasse às portas ou da morte
ou da desistência, que Deus havia errado o alvo, pois o alvo é
morrer com Cristo para o mundo e para o pecado. Sabia que o mundo é
sua família (também) juntamente com o tipo de amor que tem por eles?
Como os poderá amar conforme Deus se ainda se agarra com tudo que
tem ao tipo de amor em si com o qual Deus não se conforma? O amor
paralelo precisa morrer. Mas, saibamos que, enquanto pensamos em
desistir estando com Deus, significa, também, que estamos perto de
ganhar forças para ressuscitarmos e vivermos através de uma nova
Vida em nós – aquela que só Cristo dá depois de passarmos três dias
no inferno, isto é, no último pedaço de três anos de provação.
"Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará
e viveremos diante dele. Conheçamos
e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva,
é certa…" Os. 6:2-3.
Sempre me dizem que a
hora mais escura do dia é antes que amanheça – é a hora na qual
adormecemos com mais facilidade também, mesmo sabendo que vamos
obter nosso descanso depois de entrar na Vida que advém dessa prova
que termina de forma tão drástica. Mas, devemos saber que, quanto
mais escura estiver a noite, mais perto está o sol de nascer. "Não
temas o que hás de padecer. Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa
da vida. O que vencer e ao que guardar as minhas obras até o fim (…)
de modo algum sofrerá o dano da segunda morte",
(Apoc.2:10,26,11).
Não poupe quem ama, mas,
não ama conforme Deus – não se poupe a si mesmo.
Clique
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do homem.
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sobre a fé.
Um cego pode andar por onde
andam os que vêm - basta explicar-lhe bem o caminho que tem de
seguir, dar-lhe um pauzinho branco como símbolo de quem se sabe
orientar e como sinal de que ninguém se deverá interpor em seu
caminho, pois pode tropeçar. Cegos que andam são os crentes de hoje.
Convém
ter tanto cuidado com o gelo dentro do nosso coração quanto o
Titanic deveria ter tido com os Icebergs.
É mais
fácil e menos custoso viver sem pecado do que viver nele e com a
consciência manchada.
O arrependimento é algo que
nos pode fazer acercar e mesmo entrar pelas portas da Vida. Mas,
todo pecado tem causa, tem origem, tem impulsão, tem a força que o
dirige. Do que me vale arrepender-me do adultério se o sexo ainda
domina a minha cabeça? Ou do assassínio se a ambição, rancor ou o
ciúme que me leva a cometer tal acto ainda reside em meu coração? O
arrependimento é sério apenas quando aquilo que faz nascer todo
pecado do qual nos arrependemos pelo nome (individualmente e um a
um), também morre; e quando a força que fazia todo pecado andar e
movimentar-se em nós seja detida e exterminada também.
Todos nós sabemos como são
difíceis as coisas neste mundo: se quisermos um emprego, teremos de
passar pelos nervos de uma selecção e de uma entrevista; se alguém
quiser ser médico terá de passar por um estágio e por exames
difíceis; se nos quisermos casar teremos de passar pelos nervosismos
habituais de sermos o centro de todas as atenções; quando queremos
ser engenheiros, passamos por difíceis testes para os quais nos
preparamos durante anos a fio. Mas, caros crentes, será assim
difícil compreender, então, que ser crente é o teste mais difícil na
face de toda a Terra e será assim tão difícil aceitá-lo como tal
também? Será assim tão difícil entender que as pregações de
prosperidade rápida e instantânea são todas falsas? Será assim tão
complicado aceitar que, antes de chegarmos a Cristo, teremos de
passar por João Batista onde estaremos sujeitos à sua forma única e
muito própria de nos dizer que somos raças de víboras? Vamos passar
esse teste?
Pensa-se que uma pessoa
cheia do Espírito é sempre alguém que pode prescindir da Leitura e
compreensão da Palavra de Deus ocasionalmente. Na verdade, não
haverá ninguém que necessite mais dela para sobreviver que um
verdadeiro Filho do Reino cheio de graça e de poder (poder para
viver e não apenas para fazer milagres!)
Existe uma grande diferença
entre ser reprovado por Deus e ser-se rejeitado por Ele. A
reprovação em Deus vem junto com correcção, pois faz em nós e de nós
algo distinto quando Ele pega em algo que não aprova, desde que
sejamos ardentes na disposição de coração que advém de se estar bem
com Deus, estar certo e ser-se santo acima de tudo. Não podemos
temer ser rejeitados por Deus sempre que somos reprovados, pois é
Ele quem não aceita curriculum, antes corações que O querem tal qual
Ele é. "Sobre a minha torre de vigia me colocarei e sobre a
fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que me dirá e o que
eu responderei quando for repreendido",
Hab.2:1.
A melhor maneira de
deixarmos de ser teimosos, é termos razão. Sendo assim,
calar-nos-emos e Deus fará resplandecer a nossa justiça. Quem tem
razão precisa de muito poucos argumentos para se defender ou para se
fazer ouvir, pois o justo é ouvido, mas, não somente através das
suas palavras. É ouvido através de sua justiça. Temos um Deus dono
da verdade que justifica os verdadeiros e o Qual faz brilhar a
verdade mais que o verdadeiro, para glória de Deus. Se não tivermos
razão, só deixaremos de ser teimosos colocando-nos lado a lado com a
verdade ao invés de competir com ela. É uma honra Deus ser tido como
certo de um jeito ou do outro, ou transparecer como Ele é pelos
justos ou pelos injustos.
Sempre me disseram que a
verdadeira fé existe na ausência de prova. Eu não concordo, pois
existe uma grande prova dentro de nós (se esta for real) que nos faz
ver tudo o que os outros desmentem. "Ora, a fé é a prova
das coisas que não se vêem", mas, que são reais, Heb.11:1
Quem fala por traz de
seu vizinho é inquestionavelmente sempre alguém que não sabe, não
quer, nunca deseja repreender esse vizinho em seus pecados da
maneira certa e mais curta. É um cobarde que não teme pela vida do
próximo. Daí que lemos como Deus junta as duas coisas num só texto
da Bíblia. Ele diz assim: "Não andarás como mexeriqueiro entre o teu
povo (...) Eu sou o Senhor (...) não deixarás de repreender o teu
próximo e não levarás sobre ti pecado por causa dele". Lev.19:16,17.
Por norma, as pessoas preferem levar o pecado do mexerico e da
má-língua sobre eles mesmos em vez de serem sábios o suficiente para
ter como e por que repreender seu próximo em seu pecado com intenção
de salvá-lo.
Existiu
um homem que acreditava que Deus poderia pegar numa pedra e dela
suscitar um filho a Abraão. Este Abraão achou, por sua vez, que Deus
podia fazer sair um filho dum ventre que nunca concebeu, o qual já
estava ressequido e velho; Jesus andou sobre águas tempestuosas como
se nada demais fosse; Eu marcho no meio da confusão problemática da
minha vida sentindo-me no paraíso. Eu também posso confiar n'Ele
como João Batista, pois, eu era como pedra e agora sou Filho de
Abraão, podendo crer como ele. Eu sou prova do poder de Deus.
Não existe canseira
maior para a alma, nem interior nem exterior, do que servir o pecado
dentro do Templo de Deus. "Mas vós o profanais, quando dizeis: A
mesa do Senhor é profana (…) é desprezível. Dizeis também: Eis aqui,
que canseira! Aceitaria eu isso de vossa mão? Diz o Senhor",
Mal.1:12-13.
Acima das
Escrituras está Deus. São elas, no entanto, que nos dão a conhecer
Deus. Mas, vemos muita gente lendo e transcrevendo as Escrituras
mais que qualquer santo sem conhecerem o Senhor como Ele é.
Metade do
que os católicos fazem, não é Bíblico; outra metade é para eles
próprios. Metade do que os evangélicos fazem é Bíblico, mas, outra
metade é para eles próprios também.
Em lado nenhum vemos
Jesus pertencendo à Sinagogas, porque em lado nenhum vemos as
Sinagogas pertencendo a Jesus. Tem disto neste mundo também - ainda
hoje: "Veio para o que era seu e os seus não o receberam",
João 1:11.
A Vontade de Deus é que
vivamos no Céu antes de morrermos.
A Bíblia fala-nos no
"Pesos do Senhor", o que algumas traduções dizem ser "Oráculo do
Senhor"; servem para aprendermos a ir buscar o descanso - por essa
razão são pesos. Nunca devemos cessar de orar até que achemos nosso
descanso do peso que está sobre nós. Este é o segredo de orar sem
cessar - orar sem parar a meio, sem desistir de algo.
Lemos em
Isa 62:7,
falando de Deus: "E não Lhe deis a ele descanso até que estabeleça".
Isto quer dizer que, quem tira o descanso a Deus, na verdade, nunca
descansa ele próprio. Aquela viúva que perturbou o Juiz não dormiu
também porque foi importunar o Juiz.
O ódio e a raiva, o ciúme e
o desapontamento, serão sempre responsáveis por muitos crimes de
sangue. Contudo, em minha opinião, o adultério é responsável por
muitos mais crimes que qualquer destes pecados. O pecado que mais
gente mata neste mundo é o adultério. O adultério destrói lares,
mata pessoas, destrói e corrompe cidades inteiras, perverte as
pessoas, cria filhos extra-conjugais, abandona filhos e difama Deus.
É um crime sério. Até o sexo antes do casamento é adultério, pois
cria a ilegalidade e a imoralidade.
Ser escolhido para ouvir o
evangelho, não significa sermos escolhidos para entrar no céu, mas,
para entrar em Cristo aqui na terra. Se formos escolhidos para ouvir
e mesmo assim não entrarmos no Céu, a nossa culpa será grande e
ninguém a expiará. "...Nos elegeu n'Ele antes da fundação do mundo,
para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante d'Ele...",
Ef.1:4.
Quando
a pessoa pede algo de Deus, debate-se desde logo com dois problemas:
o egoísmo de receber e o egoísmo de ver por causa da incredulidade e
do pecado. Sempre que pedir algo de Deus, pense que poderá cair
duplamente, deixando de receber por essa razão, ou então poderá
ainda persistir em pedir de forma a que nesse tempo de suplica Deus
tenha como e porque arranjar o seu coração deformado, primeiro,
enquanto usa seu tempo pedindo. Por isso, lemos "orai sem cessar",
querendo isto dizer, "orai sem desistir". Não desistas apenas porque
te achas egoísta ou incrédulo/a. É que Deus pode transformar alguém
que se aproxima d'Ele enquanto pede. Sermos egoístas ou sofrermos da
doença da incredulidade pode ser razão para não sermos ouvidos, mas,
nunca será razão para não entrarmos no santuário através do pedido
em questão com o intuito de conseguirmos tanto o pedido como o ser
transformados, pois Ele nos transformará pedindo porque nos
aproximamos da Verdade e da realidade das coisas. Nunca ninguém
permaneceu incrédulo, impaciente ou egoísta perto d'Ele, do Salvador
de todo tipo de pecado. "Senhor, Ajuda a minha incredulidade!",
Mar.9:24.
Quem conhece
sabe também, mas, quem sabe nem sempre conhece. O mundo evangélico
ensina as coisas e não ensina como conseguirmos fazer as coisas que
Jesus ensinou. Saber de Deus e da verdade não é o mesmo que saber
como andar com Deus de forma real e prática. O Novo Testamento é
ensinar as pessoas a aprenderem do Salvador e não de nós -
aprenderem a viver e não apenas a saber ou a entender. Quem falha
nesse aspecto falha tudo. A maior faculdade do coração do homem é
que ele escuta quem é igual a ele. Se as pessoas ouvem Jesus é
porque realmente se tornaram ovelhas. As pessoas precisam tornar-se
ovelhas e não bodes que sabem imitar as ovelhas. Quem é ovelha, ouve
e quem não é, luta para discernir a Sua voz. O segredo é tornar-se
ovelha.
Quem crê em Deus e não O
consegue ver, é como cego que está ao sol, sente seu calor e nada
consegue ver através da luz do dia.
Se nos banhamos, cremos que
o fazemos por nos acharmos sujos - e ninguém acha que é mau quando
necessitamos tomar um banho. Pelo contrário, tomamos prazer em
pensar que nos limpamos. Se o homem tem esta atitude sem
preconceitos em relação ao seu corpo - e ainda se orgulha de estar
limpo - porque razão foge de pensar do mesmo modo no tocante à sua
consciência? Cristo purifica-nos de todo pecado quando reconhecemos
e nos lavamos porque nos reconhecemos sujos. Está na hora de
tratarmos os espíritos com o mesmo à-vontade que tratamos nossos
corpos - dentro e fora da igreja. É assim tão ruim limparmos a nossa
consciência, dizermos que nos vamos lavar no sangue de Jesus
confessando e deixando cada pecado?
Tome atenção ao quanto lhe
ensina sua consciência, pois tudo quanto diz está muito próximo da
verdade. O que os outros pensam e afirmam de nós, seja através de
elogios ou de condenações, nunca são palavras fiéis. Mas, tudo
quanto a nossa consciência afirma, devemos enquadrar dentro daquilo
a que devemos dar ouvidos. Os homens preferem, no entanto, ouvir as
ouvir e falar dos pecados dos outros. Para o pecador é sempre um
jogo de conveniências, pois, acusando acredita que se defende!
Quando somos tocados por
Deus, mesmo pela dor, devemos ver que quem nos toca é Deus e por
essa razão distinta devemos alegrar-nos extremosamente. Se é Deus
quem nos toca, alegremo-nos, pois nunca o faria em vão, sem um claro
propósito de alcançar algo de nós. Alegremo-nos, caso sejamos
santos, quando é Deus quem nos toca e não a consequência do pecado.
Se julgarmos os outros
porque somos nós quem tem esses mesmos defeitos, imprecisões ou
pecados, cuidamos que, ao fazê-lo, escaparemos o juízo de Deus.
Achamos que, se não vermos os nossos males e acusando esses pecados
nos outros, Deus ficará satisfeito com a nossa condenação e achamos
que Deus se alegra com a condenação do pecado. Mas, é porque temos
consciência desses mesmos pecados (por os termos), que facilmente os
vemos e condenamos nos outros. Quando Jesus disse que seremos
julgados por julgarmos, não insinua que julgar está errado, mas, que
quem julga é culpado desses mesmos pecados que vê sem julgar em
justiça, pois se julga tem-nos por certo. (Quer saber quais os
pecados que terá de confessar? Faça uma lista dos defeitos que vê
nos outros e confesse-os como seus, pois de certeza que os tem
também. Mas, ver pecado no nosso próximo nem sempre será para julgar
em amargura, pois, o amor corrige e para o poder fazer terá
necessariamente de ver e verificar da maneira certa). Quando
julgamos sem ser por sermos justos, tentamos com isso não ser
julgados porque quem julga sempre se acha acima dos erros e crimes
que julga nos outros, porque, acusando, encobrimos. Mas, Jesus disse
que seremos julgados e que não pensemos que julgando escaparemos de
Seu Juízo. Por outro lado, quando nos julgamos a nós mesmos sob a
Luz de Deus, agora, podemos, também, ficar capacitados para remover
o argueiro do olho de nosso irmão mais próximo e escaparemos também
da condenação porque o pecado morre quando exposto. As trevas
perecem assim que colocadas na Luz. Mas, caso sejamos excluídos do
pecado e o pecado de nós, então, logo seremos alvo dos dardos de
quem se sente mal perto de nós e seremos acusados de estarmos a
julgar sem havermos dito uma única palavra sequer. Assim, sem
julgar, as pessoas serão levadas a julgarem-se a si mesmas. Isto é
juízo que agrada a Deus, pois por essa razão lemos "Pois Eu, o
Senhor, amo o Juízo",
Is.61:8.
A maioria das obras de
crente não passam duma mera compilação de palavras finas, bem
estruturadas para agradar (ao próprio e aos outros também) e bem
estudadas. Quanto melhor o homem discursar, melhor crente se acha.
Mas, está claro para todos que poucos são verdadeiros representantes
deles próprios. Muitos manifestam-se como representantes do
Cristianismo, de suas igrejas e doutrinas, mas, muito raramente
achamos alguém que viva na integra tudo quanto prega (algo que Deus
ainda acha pouco). Seria muito bom achar pessoas que fossem fiéis
representantes deles próprios, isto é, que suas palavras fossem um
espelho da realidade que vivem e experimentam pessoalmente. Já vivi
e convivi com muitos crentes de todas as denominações. É triste a
verdade, mas, muito raramente achei um que não fosse hipócrita dum
jeito ou de outro. Lemos que a presença de Deus faz os montes
tremerem (Is.64) e, no entanto, vemos
pessoas cantarem Emanuel e dizerem "Deus está connosco" e os
hipócritas e fingidos são os que se sentem bem dentro das igrejas.
Lemos, também, que "pelo que nem os ímpios (...) nem os
pecadores subsistirão na congregação dos justos". Mas, vemos
que quem quer Deus, hoje, acha-o, muitas vezes, buscando-o fora das
igrejas e a sós em seu quarto. Serão os justos que hoje não
subsistem nas congregações? Não serão os justos a serem expulsos das
sinagogas? Acautele-se, porque será pelas suas palavras que será
julgado. Paulo clamou e disse: "(...) para que, depois de pregar a
outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado",
1Cor. 9:27. Que suas palavras
representem aquilo que você é e fala quando afirma que Deus é grande
e poderoso e santo. Deixe de representar o Cristianismo e o
protestantismo e represente-se a si mesmo. Você consegue revelar,
provar com a sua vida que Deus é grande? Se não conseguir, cada vez
que canta que Deus é grande, está sendo hipócrita.
Que ninguém olhe para as
nuvens para ver Cristo chegar e nem perca tempo olhando para ver
quais os sinais da Sua vinda. A Sua vinda é certa, quer conheçamos
os sinais dos tempos quer não. Cristo falava-nos da Sua vinda apenas
com o intuito de nos prepararmos para algo que ninguém teria como
impedir e não para sabermos de todos os detalhes sobre essa mesma
vinda. O melhor será olhar para dentro do seu coração, temendo,
pois, por dentro terá de estar preparado para que a Sua vinda
signifique algo para si. Várias vezes Cristo disse, "Mas, aquele
servo que não se preparou...". "Varões galileus, por que ficais aí
olhando para o céu?" Actos 1:11 Se seu
coração estiver limpo, logo O verá dentro de si,
Mat.5:8. Ali tudo fará a diferença, pois lemos "Cristo
em vós, esperança de glória". Mas, não será assim para
quem tenta desvendar todos os mistérios dessa glória e não usa esse
tempo precioso e escasso para colocar na Luz todo o seu coração.
Você pode e deve achar vida antes de tentar entendê-la. Em vez de
nos desviarmos para discussões que não levam a nada, vamos antes
temer o sério aviso e preparar-nos devidamente.
Quando
alguém se desvia da verdade e do direito, nada lhe resta como
alternativa que não seja a mentira e a ilusão. Não existe mais nada
entre a mentira e a verdade, nem mesmo um vácuo, tal como nada
existirá entre morte e vida, a bênção e a maldição, a santidade e o
pecado. Deus disse: "Eis que diante de ti coloco a bênção e a
maldição, a vida e a morte, vê qual escolhes hoje" - nada mais
existe para além disto que Deus colocou diante de nós. Não existe
penumbra na verdade, nem verdades menos claras, mesmo que a ilusão
diga que tal coisa seja possível. A verdade pode estar encoberta,
mas, nunca será quase mentira e nem a mentira será quase verdade.
Não existem meias verdades e nem meias mentiras.
Muitos milhares de
pessoas dizem que Deus tem de chamá-los para um certo tipo de
ministério. No entanto, vemos Jesus dizer assim: "Se alguém Me
quiser servir, siga-me",
João 12:26.
Nosso ministério será segui-lo. Muito raramente as pessoas serão
chamadas da maneira como foi o apóstolo Paulo. Muitos homens de Deus
tornaram-se tais, no entanto, por desejo de se colocaram diante de
Deus e à disposição d'Ele. "Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao
episcopado, excelente obra deseja",
>1Tim.3:1. Que um acto desses seja um acto pensado, decisão bem
ponderada e Deus a tratará como se Ele tivesse chamado. Que sejam
puros de motivos e prontamente receberão, mesmo não havendo sido
escolhidos para tal efeito, tal como Rute havia sido pessoa
destinada à destruição (pois, era Moabita) e colocou o seu nome na
Bíblia porque resistiu contra a destruição e seguiu a sua sogra
incondicionalmente no caminho do céu!
Todos os hipócritas são
como abortos: eles morrem antes de nascer, fazem-se passar por
aquilo que poderia ser verdade. Eles são descrentes e, por isso,
tornam-se perversos, pois não acreditam que podem mudar
verdadeiramente e optam por colocar simpatia só no rosto
forçadamente quando ela poderia ser real e verdadeira. "Geração
incrédula e perversa...", disse Jesus.
Muitos crentes buscam
vida sem morrer e quando não a acham, perguntam: "Onde está o Deus
do Juízo?"
Mal.2:17. "Em verdade, em
verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer,
fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida,
perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a
vida eterna", João 12:24-25.
Se alguém
é afectado pelo vento, por que razão há tanta gente afectada e o
vento não está soprando? Por que estarão tantos passando por felizes
sem que o coração seja verdadeiro? Por que cantam as pessoas da
maneira errada sendo que podem obter um coração certo? Por que se
acham os humanos perdidos quando sentem as coisas sem se haverem
tornado reais e sentem-se naturais no mundo da ilusão e da mentira
só porque usam o nome de Deus por lá? E por que se afectam com a
tolice e a mentira em detrimento da verdade que nunca terminará e
não deixará de manter suas almas intactas em vez de serem eles a
manterem suas próprias almas no engano? Oh Senhor, nunca existirão
respostas coerentes para estas perguntas. O pecador é bobo, tolo e
não usa o raciocínio que tem.
Caso exista alguém por
perto melhor que tu em algum aspecto, seja no aspecto físico ou
espiritual, (isto de acordo com teus valores de apreciação), nada
perdes com isso. Mas, se achares alguém com recursos inferiores aos
teus, também nada ganharás sobre ele. Busca o mundo inteiro ou nas
Escrituras e não acharás razões para deixares de ser como és (mesmo
que ainda tenhas o dever de ser transformado e acatar a
transformação). Mas, mesmo assim, sendo o que és diante de Deus é
muito menos do quanto Deus exige de ti, pois Ele vai requerer que
sejas actualizado (sendo que Ele é um Deus transformador e tu algo
novo cada dia) e exigirá que andes em conformidade com tudo quanto
Deus cria em ti dia após dia. Humildade é seres como és diante de
todos, sendo tu mesmo quando és transformado também, tanto diante
dos mais desprezados deste mundo como diante do rei mais sublime do
universo. Se fores a mesma pessoa diante de todos, Deus habitará
contigo, pois Ele é assim, Ele é o que é. Lembra-te de fazer
actualizações continuas, pois ninguém permanece incrédulo diante e
perto de um Deus vivo, nem alguém permanece pecador diante duma
santidade que engloba, engole, absorve e atrai quem se aproxima
dela.
Existem algumas pessoas
que se afastam das igrejas para poderem achar Deus, tapam seus
ouvidos para terem como ouvir Deus e fecham seus olhos para poderem
ver o Caminho de Cristo. Por isso fechamos nossos olhos com eles e
dizemos "Amem". Mas, pode acontecer que sempre que estes entrem num
culto onde Deus fala de facto, logo venham para ali com olhos,
ouvidos e coração distantes devido aos hábitos que colheram de
fecharem os seus olhos e ouvidos por causa da generalização da
mentira. Pergunto: de quem é a culpa quando aprenderam a cerrar seus
olhos ou a ouvirem com desconfiança quando a verdade é pregada em
alguma igreja? De quem prega, de quem ouve ou de ambos?
Confusão pode e deve
servir-nos. Ela pode ser uma ajuda preciosa para vermos as coisas
como são e, também, para distinguirmos melhor as que nunca trazem
confusão através da comparação. Mas, aceitar as coisas para evitar
confusão também não está certo - melhor é sair da origem dela, pois
para isso serve. Lembre-se que não existe fricção numa máquina
parada e ninguém num cemitério cria problemas com ninguém estando
enterrado. No entanto, no meio da confusão nunca deixes que Satanás
te influencie para um mau espírito - podes e deves ser mais sábio
que ele. Olha bem para todo lado, porque qualquer tempestade tem o
poder de tornar mais visível um canto sossegado.
Deves odiar o pecado
quanto o Diabo odeia Deus!
Satanás não odeia a Deus
tanto quanto se ama a ele próprio.
Qualquer criança rirá
apenas porque rimos, ou chorará porque choramos. Todos os adultos,
porém, rirão por causa daquilo de que te ris ou chorarão
devido àquilo que te fez chorar. Caso teu coração seja honesto, teu
andar esteja em conformidade com aquilo que és e tudo é luz em ti,
tudo se vê e nada é mentira, todos chorarão e rirão contigo se
amarem como tu amas e a Quem tu amas - tanto adultos como crianças
seguirão teus passos da maneira que tu fazes, pois, alcanças a ambos
com tua maneira de ser. Humildade é ser verdadeiro e ninguém segue
um iracundo a menos que seja igual a ele e lhe seja conveniente
segui-lo de alguma forma (mesmo que seja sob disfarce de
hipocrisia).
Sempre me
senti culpado quando não me conseguia lembrar de certas
preciosidades que Deus me revelava em inúmeras ocasiões. Minha alma
se enriquecia e esquecia-me de muitos pormenores, mesmo mantendo a
vida que as palavras preciosas me trouxeram. Sentia-me culpado, pois
achava que deveria partilhar tudo o que me era dado a conhecer. Mas,
logo me apercebi que o que me era dito em segredo, na sua maioria,
era para eu ser transformado em algo que era para ser repartido
entre quem vivesse comigo. Não era o que me era ensinado que deveria
partilhar, senão aquilo que aqueles segredos em mim alcançavam (pois
a Sua Palavra não volta vazia). Agora, a minha alma descansou, pois
sou eu quem tem de ser repartido e não quem tem de repartir. Jesus
pega em pão que nem era d'Ele (eu), quebra-o aos pedaços e
multiplica-os no preciso momento que o quebra. Nem necessito ser
multiplicado antes de ser distribuído - só preciso ser pão em Sua
mão. Isto fez descansar parte de minha alma de forma extraordinária
porque tinha fome de ser fiel quando me considerava infiel por me
esquecer de detalhes que me trouxeram nova vida. Esquecia as
palavras, mas, a vida que elas trouxeram mantinha-se. Contudo, ainda
assim penso que é bom lembrá-los para ocasiões futuras, até para
quando formos precisar delas de novo.
É bom lembrarmos que
nossos irmãos são fieis a Deus quando o são; é bom não aceitar
nenhuma acusação contra eles se não for dada por duas ou três
testemunhas fieis a Deus (e testemunhas são pessoas que presenciaram
e não apenas pessoas que ouviram dizer e pessoas que vivem com Deus
e não mentem),
1Tim.5:19. É bom lembrarmo-nos que o
diabo não é testemunha fiel a Deus, nem mesmo quando é testemunha.
Se não for dessa maneira, não acredite em nada do que ouve dizer
contra um servo fiel de Deus, nem mesmo quando aquilo que ouve tem
aparência de verdade.
Lembre-se com frequência
que o Ser mais precioso deste Universo lhe aparecerá "como renovo e
como raiz que sai duma terra seca sem formosura nem beleza; e quando
olhamos para Ele, nenhuma beleza veremos, para o desejarmos",
Is.53:2. Cristo, sendo o ser mais lindo, mais poderoso e
mais rico do Universo, vai aparecer de um modo que você não deseja.
Ele vem desse jeito para que você o aceite a Ele e não aquilo que
Ele tem ou pode fazer.
Sabedoria é como uma
colheita oculta: come-se dela a seu devido tempo, usa-se dela porque
quem semeia colhe primeiro para si (quem prega deve saber viver o
que prega, pois o lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar
dos frutos,
2Tim.2:6); só distribuímos
colocando-nos a nós mesmos como exemplo e pão para ser partido em
vez da nossa sabedoria, estando à disposição dos esfomeados que
acham que não têm fome de Deus neste universo perverso em que
vivemos em tempos que Deus os manda comer daquilo em que nos
tornamos.
Será melhor fazer uma
coisa de forma errada porque tentamos o nosso melhor, do que ficar
sem efectuá-la porque tememos as represálias e as palavras dos
outros. Será melhor ouvir de Deus: "Malfeito, servo fiel" do
que ouvir d'Ele as palavras "servo infiel".
Deus pode
mostrar-nos algo, não porque estamos ajoelhados, mas, porque
estivemos ajoelhados e nos erguemos. Mas, Ele pode-nos, também,
manifestar algo porque acha que nos achará de joelhos após isso –
por isso, encontre sempre tempo para seu Deus em sua felicidade.
Nunca desonre essa confiança que Ele colocou em si. Cegos houve que,
depois de curados, nunca mais voltaram porque seu alvo era ver e não
ver Cristo. Nem voltaram para verem quem os curara, quanto menos
para Lhe agradecerem!
"Não vos conformeis com
este mundo"
Rom.12:2. Isto significa simplesmente
que o mundo nunca estará conformado consigo também caso você não se
conforme com ele. Estará você preparado para isso? Outra
possibilidade será, sendo diferente do mundo, que eles nem se
apercebam sequer de sua existência. Mas, isso não evitará que eles
notem e tomem consciência de si caso seja igual a eles. O mundo
busca quem é seu igual e, talvez por essa razão, nem se apercebam de
alguém diferente. Tudo quanto buscam será quem os aceite, quem os
sirva e quem os "ame" à sua maneira. Seus olhos estão fixos em tais
pessoas – daí nem se aperceberem sequer de quem lhes possa ser
distinto amando de verdade, dos que amam de forma diferente daqueles
que buscam ser amados e consideram isso amor. Estes vão notar esse
amor diferente, na verdade, assim que Deus lhes tocar e se revejam
por dentro aludindo à imagem colocada diante deles: você. E eles
podem gostar do que vêm ou não. E você nem se pode desanimar sendo
rejeitado e nem se animar sendo aceite porque sua natureza divina
anima-se por ela própria.
Quem se anima quando tem
e quem se desanima quando não tem, são a mesma pessoa.
Quem não pára de remoer
a ideia de que Deus está com ele quando está de facto (porque
descrê), é sempre alguém que afirmará que Deus está com ele quando
não está (pensando que deve ser crente ainda).
A má-língua
é como um olho inflamado: extrai-se prazer esfregando, mas, inflama
mais o olho e ficamos a enxergar menos as coisas.
Se cuida dos seus mortos,
não ama os seus vivos – não podemos servir dois mestres, amar duas
coisas tão distintas uma da outra. Amando os mortos, é porque nunca
os amou de verdade em vida; é fácil amar quem não nos chateia mais!
Porque não os amou enquanto estiveram vivos? Só cuida dos mortos
quem nunca os amou de verdade, em vida! Também, cuidar da nossa
consciência em relação a eles após a sua morte é muito menos que ir
procurar os vivos entre os mortos – e os anjos repreenderam
severamente quem o fez! Disseram: "Não busquem os vivos entre os
mortos!" Imagine, então, como será errado cuidar e amar os mortos
entre os mortos se nem os vivos devemos buscar entre eles! Se seu
pai, mãe, filhos estão no céu – deixe-os lá, pois Jesus disse que
"quem ama pai, mãe, filho mais que a Mim, não é digno de Mim". Os
Israelitas perderam-se porque se agarraram à memória dos que estão
nos céus: Moisés, David, Elias e outros. Mas, se seus familiares
estiverem no inferno, aprenda com isso e cuide dos vivos e dos
mortos que ainda não morreram, os quais ainda têm a oportunidade de
se salvar. Mas, deixe os mortos entre os mortos! São os seus entes
queridos, em casa, que ainda podem ir parar no inferno também –
cuide deles então. Quem ama os mortos, nunca os amou em vida. Dizer
que os ama, é uma contradição.
A incredulidade
não é descrença, ou um coração que não crê em nada. A incredulidade
tem quem crê na mentira e descrê da verdade. Se disser uma verdade a
alguém e essa pessoa diz: "Tenho de acreditar nisso, tenho de me
esforçar para crer!" - pode ter a certeza que é daquelas pessoas que
se senta e chora envolvendo-se sem esforço no enredo duma novela de
ficção e de ilusão! Ou se acredita na verdade, ou se crê na mentira.
Se descrermos de coisas reais, verdadeiras e invisíveis, de certeza
que creremos em coisas irreais e ilusões visíveis! A espontaneidade
de alguém mostra sempre no que crê e nunca será o esforço com que se
entrega na crença que manifestará o tamanho da sua fé. O tamanho do
esforço revelará o tamanho da sua incredulidade, seja seu esforço
mental ou seja apenas o seu esforço emocional através do qual se
tenta convencer! Se alguém me disser: "Eu vou esforçar-me para
acreditar em ti", será o mesmo que me dizer que não acredita em mim.
Que dizer desses loucos que se esforçam para acreditar em Deus, como
se isso fosse uma grande fé?
Qualquer um que fala muito
quando não deve, irá estar calado sobre o que deve falar. Afirmar
que tal pessoa é faladora, é o mínimo que se pode dizer dela. Do
mesmo modo, assim que se acha alguém que se cala em conversas
profanas e anedóticas, podemos estar perante alguém que falará muito
e muitas boas coisas sobre a verdadeira sabedoria. Afirmar que tal
pessoa é sábia, é muito pouco, pois também não está a ser ofensiva
contra Deus ou contra pessoas.
Os que cantam porque
desejam aplauso, dificilmente cantarão exclusivamente para Deus.
Dizer que devemos cantar na igreja quando todos acham que temos uma
voz muito melódica, é uma contradição. Deveríamos era calar-nos,
isso sim. Nós cantamos porque temos algo em nosso coração. Assim que
cantamos exclusivamente para Ele, não haverá aplausos e nunca será
preciso dizer, sob essas circunstâncias, "Que a glória seja de
Deus", como os hipócritas o fazem porque todos perceberão que a
glória pertence deveras a Deus. Quando canta para Deus, nunca
precisa temer o público nem uma audiência de um milhão e também não
precisa fugir de cantar sozinho, ou para uma simples pessoa ou
criança suja. Você está cantando para deus e não para a audiência.
Cuidado com os que aplaudem os que supostamente cantam para Deus.
Cuidado com os que recebem aplausos também.
Quando oramos pela coisa
certa, dificilmente o nosso coração se concentrará na coisa errada.
E assim que suplicamos pela coisa errada com fervor, nem nos passará
pelo espírito a necessidade de tudo quanto Deus quereria e teria
para nós. Dizer que alguém que ora errado nada recebe, é dizer pouco
e até é uma contradição. Para além de perder tudo aquilo quanto
poderia receber de Deus caso estivesse a pedir a coisa certa, também
está a usar mal seu tempo e está usando o Nome de Deus em vão. Mas,
se Deus nos der a coisa errada pela qual suplicamos, será apenas
porque Ele nos vedou definitivamente o caminho para a plenitude ou
então quer repreender-nos com aquilo que pedimos d'Ele. Dizer que
Deus está connosco quando recebemos o errado, é uma contradição,
pois Ele está contra nós, dando, (Salmo 73).
Um religioso é como uma
moeda e tem duas faces: dum lado parece que tem selo para entrar no
céu facilmente; do outro lado, é mentiroso. Se alguém reza palavras
decoradas, é porque não sabe as que deve usar, nem a quem se está a
dirigir. Se não conhece as palavras nas quais o seu coração se
expressaria, como conhecerá a Pessoa a quem as dirige? Mas quem
conhece Deus, fala com Ele e é entendido, tanto d'Ele, como por ele
próprio.
Pare de criticar o
pecado e prefira exterminá-lo de toda a sua vida.
A incredulidade inventa
que Deus faz porque não tem como mover Deus a seu favor. Mas, Deus
faz quando faz e não precisa ser inventado. Só se inventa quando não
é Deus quem faz. Que se limpem os homens e o diabo deixará de imitar
Deus nas igrejas e nas suas vidas.
Todos os mártires, sem
excepção, foram sempre obrigados a negar Jesus antes de serem
executados ou mortos. Os mártires nunca foram sumariamente mortos.
Sempre lhes era dada a opção de viverem caso negassem sua fé. O
diabo faz questão de que neguem a sua fé. O que ele quer é que
neguem Jesus. Esse é o seu objectivo principal. Se esses filhos de
Deus não negavam o Senhor sob tortura, por que razão os crentes
actuais cedem perante as tentações do mundo? Hoje, até por um pedaço
de sexo ou de vinho qualquer um nega o Senhor.
"E há-de ser que todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; pois no monte Sião e
em Jerusalém estarão os que escaparem, como disse o Senhor e entre
os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar",
Joel 2:32. Há algo misterioso na Palavra de Deus que nem
sempre apanhamos no ar. Todos nós gostamos de ser escolhidos por
alguém. No mundo, qualquer um quer ser aquele escolhido especial e
pessoal. Assim funcionam as pessoas com Deus também. Aqui lemos
"entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar". Isto quer
dizer que haverá muitos mais sobreviventes que aqueles que o Senhor
vier a chamar e escolher. Também lemos que Deus colhe onde não
semeia. Lemos em
Lucas 19:21,22: "Pois, tinha medo de ti, porque
és homem severo; tomas o que não puseste, e ceifas o que não
semeaste. Disse-lhe o Senhor: Servo mau! Pela tua boca te julgarei;
sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o
que não semeei". Isto também bate certo com as Escrituras em
Apoc.22:17 "E o Espírito e a noiva dizem: Vem.
E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser,
receba de graça a água da vida". Se o Espírito escolhe alguns como
Paulo, porque razão escolheria Ele a não ser para estes chamarem os
outros e dizerem "vem"?