-
"Aos
que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas, para
que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam
para que não se convertam e lhes sejam perdoados os pecados",
Marc.4:12. Existem muitas
doutrinas aproveitadoras que usam certas partes mal interpretadas
das Escrituras para se substanciarem. Estas afirmações de Jesus é um
desses casos. Ele diz: "...para que não se convertam e sejam
perdoados seus pecados". À primeira vista parece algo estranho, mas,
se vermos bem, enxergaremos aqui um certo jogo de palavras que não
sei se é devido às traduções ou não. Se este versículo afirma que
Deus não quer que certas pessoas se convertam, as Escrituras
contradizem-se, pois, lemos claramente que é a vontade de Deus que
todos se salvem. Mas, podemos crer que este trecho diz que Deus não
quer que certas pessoas sejam perdoadas porque não se converteram ou
porque não se querem converter. Creio ser essa a interpretação correta. Foi por essa mesma razão que Deus colocou "uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida
(para que não vivessem para sempre, pecando)",
Gen.3.24,22. É a conversão que leva ao perdão. Logo, crendo que Deus evita que alguns sejam salvos
é claramente um erro de interpretação e não dá substância às
doutrinas que afirmam isso, o que, também não tem nada a ver com a
verdadeira doutrina da predestinação, mas, apenas da forma que muitos
acreditam nela. Até mesmo a doutrina da predestinação contém nela a
verdade intrínseca que Deus quer que todos se salvem e é com essa
finalidade que Deus predestina. Quando a
interpretação dessa doutrina deixa de fora a verdade de que tudo se
resume a que todos possam ser salvos sem exceção, é uma má
interpretação por pessoas que acham que sabem muito e não sabem
nada. Tudo que vem escrito tem como alvo e objetivo único a salvação
de todos. Mas, voltando ao versículo acima, creio que a
interpretação correta é distinta daquela que, à primeira vista,
podemos ser levados a crer. Se vermos aquilo que Paulo diz em
2Cor.3:16 podemos crer que o
entendimento vem com a conversão genuína. Paulo diz: "quando se
converterem ao Senhor, então, o véu se tirará". Também podemos afirmar,
categoricamente, que o perdão de pecados é concedido pela conversão
da pessoa e que a confissão minuciosa de cada pecado leva ou induz a essa conversão;
e induz a que essa conversão se vá tornando genuína. Não somos perdoados
porque confessamos, mas, porque nos convertemos; a confissão
detalhada de cada pecado leva a essa conversão.
Então, olhemos novamente para o versículo acima: "para que se não
convertam e lhes sejam perdoados os pecados". Esta afirmação pode
ser vista como o fato de que as pessoas não se quererem converter para
que seus pecados possam ser perdoados. Caso houvesse perdão sem
conversão, certamente desejariam ser perdoados. Só não desejam ser
convertidos. Até o diabo quereria ser perdoado sem ser convertido. Imaginemos um assassino
ser perdoado sem se haver transformado em distribuidor ou dador de
vida (como aconteceu com Paulo)! Ou um ladrão ser perdoado sem
começar a trabalhar para dar a quem precisa, fazendo o oposto
daquilo que fazia! Ou um mentiroso que não falasse a verdade sendo
verdadeiro e experimentando a verdade da qual fala! Muitos podem falar a verdade
sem se haverem tornado verdadeiros. Caso essas pessoas começassem a
entender a Palavra sem estar convertidas, teriam como criar uma
aparência de Cristianismo, de santidade, de verdade e de pureza que
não corresponderia àquilo que são em seus corações.
Mas, daí a ser afirmado que é para que não se convertam é ir longe
demais com alguma má interpretação. Na verdade, não se querem converter
genuinamente para poderem ser verdadeiramente perdoados.
-
"Não
entristeçais (extingais) o Espírito Santo",
1Tes.5:19. Quando Deus se
manifestou em nossas vidas, a forma como se manifestou - desde que
essa revelação tenha sido real e não apenas crença assumida - é um
ponto de partida para compararmos aquilo que Deus começou a fazer
para compararmos com aquilo que faz atualmente. É uma boa maneira de
sabermos se entristecemos o Espírito Santo ou não. É bom compararmos
o estado das igrejas atuais com seu início no tempo dos apóstolos
para obtermos uma ideia do quanto o Espírito de Deus se entristeceu.
Também podemos verificar se, ao invés de se ter entristecido, o
quanto se alegra. Para se alegrar é necessário que se possa ver um
progresso claro na qualidade do fruto que Sua presença é capaz de
produzir. "Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor",
Os.6:3. Se conhecer o Senhor de
maneira real é como o raiar do dia que vai aumentando de qualidade e
luz, podemos assumir que, ao invés de estarmos a entristecer o
Espírito de Deus, estaremos a alegrá-Lo.
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"Esforça-te
e tem bom ânimo", Jos.1:6.
Muitas vezes e durante provações prolongadas, a pessoa deixa de
fazer as coisas normais dos seus deveres quotidianos perdendo seu
ânimo a pouco e pouco e qualquer pessoa nota que seu ânimo já não é
aquilo que era. Mesmo tendo a força da graça sempre à distancia duma
oração sincera, já não consegue executar se depender do animo que
começa a desvanecer com o prolongar do tempo. Vemos que
Abraão e Isaque também ficaram "fartos de dias" embora tenha sido por
outras razões (e não pelas razões que irei mencionar aqui), mas, devido à sua velhice
(Gen.25:8; 35:29). O cansaço dum esperar prolongado, de ter de
esperar espiritualmente pelos que se atrasam ou se desleixam, a
promessa que tarda em cumprir-se e a labuta normal de cada dia ou a
sua monotonia são capazes de fazer surgir certa maneira de pensar e
de avaliar que leva a extinguir o "bom animo". Esse animo só é bom
porque vem de Deus e é devido à Sua presença infalível. Só existe
como fruto devido à comunhão da Sua presença. Por essa razão é que é "bom". Mas,
precisamos enxergar outra verdade a esse respeito. A pessoa não deixa de
executar pela falta de animo bom, mas, é precisamente o inverso:
entristece o "bom animo" porque deixa de fazer. Por isso é
que lemos "esforça-te e tem bom ânimo" - nessa ordem. Na ordem
cronológica (que é a ordem espiritual) o esforçar-se vem antes do ânimo. Não podemos querer
alterar essa ordem, pois, a ordem da carne é ter ânimo antes para se
poder esforçar. A carne é sempre contrária e inversa ao Espírito. A
carne busca ânimo para se esforçar e o espírito esforça-se e obtém
ânimo bom como fruto do Espírito. Ao tornar-se
negligente, a pessoa perde o animo que é bom porque se separa de
Deus pelo pecado do desleixe, pois, entristece o Espírito que até
é capaz de animar um morto ou de pegar numa pedra e fazer dela um
filho de Abraão. O "bom ânimo" é fruto dum relacionamento real,
sincero e verdadeiro com Deus. Mas, sendo negligente em qualquer
dever espiritual, a pessoa perderá esse ânimo bom devido ao
afastamento de Deus causado pelo pecado da negligencia. O fruto do
"bom ânimo" deixará de existir pela quebra dessa comunhão real com
Deus. Logo, não é o bom ânimo que fará com que nos esforcemos, mas, será esforçando-nos que
obteremos esse "bom ânimo".
"Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza",
Is.52:1. Esse ânimo não é e nunca será um tipo de
ânimo qualquer: é fruto alcançado por via dum
relacionamento sincero, não fingido, não forçado e real com Deus.
Isto só é possível de experimentar por aqueles que são verdadeira e
inegavelmente cheios do Espírito Santo. Nenhum outro poderá
comprovar isto que afirmo aqui. Não é um ânimo carnal, operado pelo homem no homem, seja esse homem
o próprio ou algum outro que o tenta animar ao invés de incentivar a
esforçar-se onde foi negligente. Quando Paulo afirmava que "estamos
sempre de bom ânimo" era porque não deixava de ser fiel na execução
de cada detalhe da vontade de Deus. É por essa razão que estava
sempre de "bom ânimo". Para que isso se tornasse possível,
teria de buscar o poder da graça minuciosa e fielmente para cada
tarefa de cada momento de cada dia. "Dá-nos hoje o pão nosso de cada
dia". Qualquer pessoa negligente irá de mal a pior e até mesmo
aquilo que o rodeia piorará a olhos vistos dia após dia. E o perigo
de não se esforçar enquanto pode - enquanto é dia - é o de chegar ao
ponto onde não mais se consegue esforçar. "Andai enquanto tendes luz
para que as trevas não vos apanhem", João
12:35.
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"...O Espírito
Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem",
At.5:32. Pouco se fala na obediência e da sua
importância como condição prévia para a experiência da Vida Eterna,
isto é, da vida abundante a qual Deus dá àqueles que lhe obedecem; e o pouco daquilo que se fala não explica quase nada a respeito
do que é a verdadeira obediência e em que consiste. Se tivermos em conta que Deus
prima por um coração ativamente voluntário, não podemos sequer olhar para a
obediência como os humanos a enxergam, isto é, como se a obediência
da qual Deus fala fosse uma subjugação de alguém que é obrigado a
obedecer sob pena de perda ou punição. O desobediente está fora do
Reino de Deus, mas, não apenas por desobedecer e antes por ter uma natureza
contrária à do Reino. Se a pessoa "obedecer" de forma forçada não
significa que a sua natureza haja sido transformada, mas, que foi
subjugado por falta de opções. Sua natureza continua sendo a
mesma de sempre sendo subjugado ou obrigado. Logo, também está fora do Reino ainda que obedeça,
pois, não é possível reiná-lo tendo uma natureza contrária. Quando obedeço contrariado,
desapontado ou de forma custosa não me posso considerar como pessoa
de natureza obediente tal como a jumenta de Balaão não se podia
considerar gente por ter falado uma vez. E é esse tipo de "obediência"
que é considerada como normal entre a grande maioria dos crentes e
com a qual os humanos se contentam. Isso significa que vivem um
engano que consideram ser uma virtude em vez de verem isso como uma
falsificação da obediência. "O engano deles é falsidade",
Sal.119:118.
"Mas, para (o Seu povo) diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente",
Rom.10:21. Toda a obediência a Deus tem de ser uma de
natureza, de conivência dum coração que se revê no mandamento. Na
nova criatura, a obediência não é e nunca será uma contrariedade,
mas, é a luz que busca ansiosamente, é o mais puro e mais sincero anseio e deleite de todo um ser a ponto de estar
integralmente envolvido no executar da vontade de Deus com toda a inteligência e com
toda a diligencia assim que acha os meios para tal. (Ninguém consegue
executar a vontade de Deus sem achar esses meios da graça para que consiga
fazer aqui na terra da mesma maneira que se executa no céu). "Levantarei as minhas mãos para os Teus mandamentos,
os quais amo"; "Os teus estatutos têm sido os meus cânticos"; "Inclinei o meu
coração a guardar os teus estatutos", Sal.119:48;54;112.
Quando alguém inclina o coração para poder guardar os estatutos, é
fazer muito mais e muito mais profundamente que apenas inclinar os
passos do dia a dia. Isso significa que todo o coração, todo o
deleite e alegria agem como parte integral da obediência. Mas, logo
surge uma pergunta: por que razão, então, as Escrituras dizem para nos
negarmos a nós mesmos se nos quisermos tornar Seus discípulos? Devemos
saber distinguir quando a nova natureza é contrariada, tentada ou
mesmo impedida pelo diabo, cansaço, demora das concretizações de
certas promessas que nos tocam, entre
muitas outras coisas. É sob essas circunstâncias que devemos
negar-nos a nós mesmos. É muito diferente quando é a natureza velha
a tentar cumprir contrariada e ser crente de aparência com as suas naturais
dificuldades e impossibilidades. São esses que criam doutrinas que
desculpam o pecador e afirmam que é impossível ser-se santo como se
ser santo fosse uma coisa doutro mundo.
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"Dai
ao Senhor (...) força"; "Dai ao Senhor fortaleza",
Sal.96:7; 68:34. Existem
palavras nas Escrituras que, por vezes, são difíceis de
entender/colocar na perspectiva correta. Como é que alguém pode dar
força a Deus? Como é que alguém lhe pode dar fortaleza? Na verdade,
é simples de entender. Damos força a Deus submetendo-nos a Ele para
que seja Deus a construir a casa;
limpando nossa vida; permanecendo n'Ele e Ele em nós. Tudo isso
conjugado dá força visível a Deus, isto é, Sua força torna-se
visível, prática e demonstrativa. Da próxima vez que você disser que
Deus é a sua força, certifique-se que é mesmo assim na prática,
pois, você pode estar a falar duma força emocional que o próprio
pode fabricar para o próprio, o qual lhe permite persistir ou mesmo
perseguir a sua vidinha de sempre. E isso pode estar a acontecer
quando Deus pode estar a operar o inverso, dando-lhe razões para
negar a sua vida própria, sua forma de poder e de força. Existem
inúmeras partes nas Escrituras onde é afirmado que Deus resiste
alguém enquanto essa pessoa, na sua ignorância e teimosia, busca
força onde não tem para contra-resistir, isto é, para persistir
contra Deus. E se for Deus quem lhe está
a resistir e você pensa que é o diabo? Se não estiver mesmo
sujeito a Deus com toda a sua vida limpa, duvido muito que Deus seja
a sua força. Talvez seja a ideia de Deus que lhe dá alento emotivo,
mas, pode crer que quem bebe dessa água terá, necessariamente, de
beber dela de novo. Não é e nunca será o tipo de água que se bebe
uma vez e que se mantém para sempre.
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"Quem te deu tal autoridade?" Mat.21:23.
Muito se fala sobre autoridade em termos gerais, enfatizando apenas
uma das partes: aquele que exerce autoridade como se tudo dependesse
dele. No tocante a quem a exerce, a autoridade é um dom
mesclado com exemplo de vida. Ninguém pode separar o exemplo da
autoridade que pode exercer. Quem dá, pode pedir; quem faz, pode
pedir para ser feito. Até Jesus exerceria pouca autoridade
espiritual caso não fosse cumpridor de toda a Lei e se não fosse
santo. Mas, existe o outro lado da autoridade sobre o qual nunca
falamos: aqueles sobre quem essa autoridade é exercida. Os Fariseus
colocaram bem a pergunta a Jesus e não é nada inocente. "Quem te DEU
essa autoridade". A autoridade é dada, é permitida e aceite. Mas, logo surge a pergunta: é
dada por quem? A autoridade é dada, concedia, permitida e obedecida
por aqueles sobre quem ela é exercida. Quem dá autoridade a alguém é
aquele sobre quem essa autoridade é exercida sujeitando-se a ela. Sou eu que me submeto
à autoridade de Deus, à autoridades mundanas ou qualquer outro
tipo de autoridade. Eu dou autoridade sobre a minha vida ou mesmo
sobre parte dela ao submeter-me a ela. É bom, aos olhos de Deus, que a pessoa seja
submissa de natureza com inteligência. Poderíamos ser submissos a
Deus temendo o Seu imenso poder, recebendo Sua imensa bondade ou por
qualquer outra razão dum vislumbre de qualquer aspeto da infinita
grandeza de Deus. Mas, logo surgiria a pergunta: como seria essa pessoa
sem ver tal grandeza? Seria, ainda assim, submissa, humilde e
simples de coração? O que Deus deseja e opera em nós é uma natureza
nova e voluntária desde o mais íntimo de nosso coração. Sendo submisso ou humilde
e simples sob algum poder (e não de natureza) é, muito provavelmente, sê-lo somente na
aparência por temor ou por necessidade.
-
"Não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar", Luc.12:11,12. Não estar solicito
ou preocupado evita muitos pecados ou erros em momentos quando não
se pode errar. Aceitar a pressão nunca foi boa em momentos de aperto. Pode
causar precipitação, pressa, falta de confiança e pouco interesse ou
desejo de esperar algo de Deus, isto é, de esperar em Deus. Quando
Jesus fala a respeito de responder, não significa que essa seja
sempre uma resposta falada. Por vezes é, mas, nem sempre. Jesus
guardou silêncio diante de Pilatos e escreveu na terra quando
queriam apedrejar a mulher adúltera. Ainda assim, essas atitudes não
deixaram de ser respostas com enorme significado iguais às outras que deu sempre que falou.
É sumamente verdade que a Palavra vinda de Deus (as Escrituras) é "proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça",
2Tim.3:16. (Mas, tenhamos em
conta que podemos estar a ler as Escrituras sem ter Deus a
ensinar-nos). À primeira vista e por intuição carnal, somos capazes
de argumentar que este alerta ou recomendação tem como alvo quem ensina e não a quem aprende. Por norma, as
pessoas aprendem para ensinar a outros e crê-se que as Escrituras
falam muito nesse tom para quem ensina, isto é, para professores,
educadores e pastores. Contudo, devemos entender que, na verdade, a Palavra é dirigida a quem lê e
a quem descobriu o segredo de se ensinar a ele próprio. As
Escrituras falam ao próprio para que aprenda e nunca para que
aprenda a ensinar. Ainda que ensinar seja um dom que vem de Deus, há
que entender que só podemos tentar explicar o caminho daquilo
que, para nós, já é um vida quotidiana normalizada. Ensinar aos
outros não é ser ensinado. Saber transmitir aquilo que já se tornou
a nossa própria vida, aquilo que já aprendemos em sua forma prática
e já criou raízes em nós, falando da própria experiência, é a única coisa
que se exige dum pregador ou evangelista. "...Para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado",
1Cor.9:27. "Aquilo que recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei",
Fil.4:9. É isso mesmo que Paulo queria
transmitir a Timóteo, "para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra",
2Tim.3:17. Neste caso, ele
(Timóteo) era esse homem de Deus. "O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos",
2Tim.2:6. Logo, a Palavra é dirigida a quem
lê para que possa ser corrigido, redarguido, contestado, confortado
e instruído nos caminhos dos justos, isto é, nos caminhos da
justiça. É um erro sem tamanho quando um pastor, pregador ou
evangelista acredita que tem de preparar um sermão para os demais
quando, na verdade, ele tem de conseguir retirar, reiterar e
explicar aquilo que já aprendeu com a prática da verdade e partilhar
como chegar lá, explicando o
caminho para a Vida que começa necessária e inquestionavelmente somente
com essa pratica da verdade. "Aquele que pratica a verdade...".
Contudo, convém que consiga falar daquilo que, em sua vida prática,
já se tornou usual e natural para que não esteja falando somente
duma experiência nova, dando a impressão que é algo passageiro ao
invés de demonstrar que a Vida e Sua prática veio para ficar eternamente.
"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos"
somente quando esses frutos já estiverem prontos para a colheita e
nunca antes disso.
"Permanecei...". Devemos falar somente daquilo que já permanece em
nós, isto é, daquilo que já é capaz de permanecer. Se assim não for,
seremos condenados juntamente com os mentirosos. Seremos da laia dos
mentirosos e seremos julgados com e como eles.
Podemos e devemos ser sinceros a ponto de não deixar nada por esclarecer entre
irmãos. Uns optam por se calar porque não querem abdicar de suas posições
ou mesmo questioná-las. Calam-se para não terem de rever suas
posições. Isso não é concordar. Não é e nunca será
estar de acordo. Logo, não podem andar juntos, caminhar juntos, orar
juntos sem ser de forma frígida, fingida e forçada,
Amos3:3. Mas, existem pessoas
mais nobres, mais honestas e mais sinceras em relação à verdade e às
Escrituras. Esses ouvem-se mutuamente, analisam as Escrituras
atentamente e, negando-se a si mesmos, deixam as Escrituras ter a
última palavra. "...Mais nobres (...) examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim",
At.17:11. Aquele que não se nega
a si mesmo para poder dar a última palavra às Escrituras ainda não
sabe o que é o Evangelho e, se assim é, não saberá o que é viver o
Evangelho.
O Perdão que Deus concede graciosamente a qualquer pecador que foi plena e
inegavelmente convertido não pode ser colocado no mesmo patamar ou
com o mesmo significado que os humanos dão à palavra "perdão". Vamos
por partes. Se lermos atentamente e entendermos corretamente os
capítulos de Romanos (Cap.6 a 8), podemos entender melhor como e por
que razão o
perdão de Deus é concedido. Por aquilo que lemos, o pecador morre. A
culpa e a capacidade de transgredir morrem com o transgressor
culpado. O
perdão é concedido não somente porque Cristo morreu, mas, porque a
Sua morte é capaz de alcançar o mesmo tipo de morte do
pecador crucificando-o com Ele. Se o perdão fosse concedido
com base, apenas, na morte de Cristo,
todo mundo estaria perdoado. O perdão é concedido porque o tipo de
morte de Cristo consegue que o pecador também possa morrer crucificado com
Ele, isto é, estando semelhantemente morto para o mundo
(pecado) e o mundo para ele.
Segundo aquilo que Paulo nos transmite, entendemos que por via do (verdadeiro) Batismo com o Espírito Santo, o tipo de morte que Jesus experimenta
para o mundo para sempre, será a herança de todos aqueles que experimentam a Sua
vida na plenitude prometida, isto é, no poder da Sua ressurreição. "Se fomos plantados juntamente com
Ele na semelhança da Sua morte, também o seremos na da Sua ressurreição",
Rom.6:5. Na verdade, Jesus não
morreu no verdadeiro sentido da palavra, pois, se assim fosse não
teria dito "hoje estarás comigo no paraíso". Nenhum morto
podia estar no paraíso, muito menos estar vivo por lá. No tocante à morte de Jesus,
Ele morreu para o pecado e para o mundo e o mundo para Ele. "Quanto
a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado",
Rom.6:10. Sua morte foi, apenas, um
certo tipo de
morte. E será nessa semelhança de morte que somos participantes e da
qual podemos usufruir caso possamos permanecer na plenitude Cristo. Esse tipo de morte é um tipo específico de morte - é uma
morte para o pecado, para o mundo e para tudo aquilo que é oferecido
por cá. E é neste tipo de morte que nós, também, somos plantados
caso experimentemos a Sua plenitude de maneira continuada. Daí a importância daquilo que
Paulo diz aos crentes: "Enchei-vos do Espírito",
Ef.5:18. Por essa razão, Paulo usa as palavras "semelhança da Sua morte", isto é, o tipo
de morte que Cristo experimentou ao ser crucificado. Cristo não
morreu no verdadeiro sentido da palavra. Caso a
plenitude de Cristo tenha como abundar em alguém, o tipo de morte e
o tipo de vida que Cristo experimenta atualmente será plantada,
implantada e consolidada nessa pessoa também. "Não vivo eu, mas,
Cristo vive em mim", Gal.2:20.
Caso isso aconteça, experimentará o mesmo tipo de morte que Cristo
experimenta e, o mesmo tipo de vida ressurrecta. Isto é, o pecador estará tão
morto para o pecado e para o mundo quanto um cadáver está para tudo
aquilo que o rodeia nesta terra atual - ou pode estar tão morto
quanto Cristo está caso se possa manter pela graça e nunca por outro
meio ou outro tipo de poder. Caso isso aconteça sem qualquer sombra
de dúvida, a pessoa que nasce de novo é e será sempre outra pessoa e
nunca mais será aquela que morreu caso se mantenha em Cristo e
Cristo nela. Se o pecador morreu, não haverá a quem imputar culpa.
Quando falamos da verdadeira conversão - quando ela é mesmo real - é
disso que estamos falando. Pedro converteu-se em Pentecostes. "(Pedro),
quando te converteres…" Luc.22:32. Se a pessoa não se transforma a esse
ponto, precisa insistir em oração e não dar descanso aos seus
joelhos e olhos até que seja cheia de Deus em toda a plenitude
prometida, vendo se não existe alguma coisa, alguma atitude por
transformar, alguma força residual da carne para se manter ativa na
salvação, ou pecado por confessar que possa estar impedindo o
fluir ou aproximação dessa Vida Eterna. Ainda que demore oito
dias até alcançar Pentecostes, alcança-o pela insistência,
Luc.11:13. A nova pessoa nasce inocentada porque é uma
nova pessoa e
todas as coisas passaram, isto é, tudo se fez verdadeira e
inegavelmente novo. O velho homem morreu literalmente e, com ele, as
suas transgressões. Cabe a si
alcançar a promessa dessa Vida (eterna) que começa aqui e agora,
ainda aqui na terra. "… A vida que agora vivo…"
Gal.2:20; "… A presente Vida…"
1Tim.4:8.
"Um mandamento novo (...) Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas", 1 João 2:8,9. Esta palavra "aborrece" usada aqui não é um aborrecimento ocasional dum mau dia, um coisa ocasional seja por que razão for, um mal-estar momentâneo entre pessoas, uma contrariedade ou discussão sem raízes no coração. Trata-se duma aversão continuada, uma mágoa impura contra alguém, um rancor ou contrariedade contra alguém pela pessoa que esse alguém é ou se imagina que ela é. Queria tentar explicar: existem desentendimentos por causa de desencontros de argumentos, de ideias diferentes, culturas e até mesmo doutrinas diferentes. Esses desentendimentos passam facilmente a ponto de ninguém sequer se lembrar deles no dia seguinte. São coisas pontuais que podem ocorrer e os honestos de coração acabam por se entender ouvindo-se mutuamente e buscando a verdade plena nas Escrituras dando às Escrituras a primazia da última palavra em total transparência e honestidade. Isso não é aborrecer o irmão e trata-se, antes, duma busca de entendimento entre iguais. Mas, é muito diferente quando alguém não gosta de outro e contradiz apenas pela pessoa que é, isto é, está na defensiva ou no ataque contrariando assim que se encontra perante a pessoa que é o objeto da sua desconfiança, rancor, discordância ou devido ao seu aspeto ou a algo que se associe a certa pessoa, seja por algo que somente se imagina sem constatar a verdade a seu respeito, ou algo verdadeiro que nunca foi falado com o próprio. Quando uma esposa e o esposo se desentendem por causa duma escova de dentes, podemos ter a certeza que o problema não reside na escova de dentes, mas, é substanciado por algo mais grave. Conheço um marido que diz que se esposa está sempre na oposição. Se ele diz direita, ela tem de dizer esquerda; se ele disser esquerda, ela diz direita. Eu creio que a palavra "aborrecer" neste versículo cai nessa categoria de significado. Há algo nas pessoas que os torna insensíveis após anos de convivência mutua e a defesa criada pelo e para o egoísmo entra subtilmente nas relações. Um casamento, por exemplo, tem como ser cada dia como se fosse o primeiro dia. Se isso não acontecer, passará a existir uma porta escancarada para que certas coisas se solidifiquem sorrateiramente de forma subtil e inconsciente nos corações que se juntaram em uma só carne. E essas coisas caem dentro do significado da palavra "aborrecer", que, traduzido no sentido espiritual é o mesmo que ódio aos olhos de Deus. É por essa razão que algumas traduções traduzem essa palavra "aborrecer" no Novo Testamento como "odiar". "Se alguém não aborrece (odeia) a vida própria, pai, irmão... não pode ser meu discípulo".
"Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai",
1 João 2:1. Não existe e nunca
existirá perdão sem conversão. "Aquele que confessa e deixa as suas
transgressões, alcançará misericórdia",
Prov.28:13. Por essa razão e sabendo que as Escrituras
não se podem contradizer, este versículo leva-nos a questionar
aquilo que se crê em círculos supostamente evangélicos a esse
respeito. Neste contexto, o significado da palavra "advogado" aqui
estende-se muito mais além daquilo que possa parecer num primeiro
entendimento. Este advogado para com o Pai dá a garantia de
não permitir (nem mesmo sendo apenas em forma residual) que qualquer intenção, capacidade ou ideia de voltar a
cometer os mesmos pecados se mantenha. Ele tem e mantém a capacidade
de converter quem ainda peca e que só peca por ser pecador de
natureza. (Não sei como qualificar aqueles que pecam havendo já sido
verdadeiramente transformados desde o mais íntimo de seus corações.
Será que são esses que pecam para a morte?
1João 5:16,17. Não tenho essa certeza). É nesse sentido
de ter a capacidade de levar à conversão e de converter aqueles que
foram capazes de O alcançar que Jesus se torna
um verdadeiro Advogado diante do Pai. Ele tem a
capacidade de perdoar pecados porque transforma um assassino em
doador de vida; um ladrão em ajudador do próximo; um mentiroso na
pessoa mais verdadeira; pois, sabemos que, para Ele, nada é
impossível. "Ele salvará o Seu povo dos seus
pecados (da sua capacidade de pecar)", Mat.1:21.
Liberta-os verdadeiramente de seus pecados. Mas, para
que Jesus possa tornar-se esse advogado que extermina a capacidade
ou vontade de pecar, há que conhecê-lo intimamente. Ninguém pode
confiar num advogado que não conhece e se é a partir do coração que
os pecados do homem surgem, há que conhecer Jesus muito intimamente
e de forma real e não apenas conhecê-Lo. "Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e nele não está a verdade", 1João 2:4. Se "nele não está a
verdade", significa que sua fé é fingida, duvidosa, naufragada ou
forçada. Logo, para que Ele
possa tornar-se esse advogado, é necessário que estejamos vivendo em total
harmonia com Ele, experimentando-o verdadeira e inequivocamente no mais profundo de nosso ser porque é
a partir dali que o mal
surge - é ali que tem suas raízes e é desde lá que precisam ser
exterminadas. É a partir de lá que Jesus deve operar. Não podemos curar a
ferida do povo de Deus superficialmente, podando somente na
aparência.
"Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer/desfalecer",Luc.18:1. Aqui temos um segredo
escondido: Sem apreender este segredo, muitos acabam tropeçando e
ter uma grande queda. É mesmo uma queda enorme no erro, na
interpretação e na escuridão das doutrinas onde se ensina a orar,
mas, não a obter respostas concretas da parte de Deus. O segredo aqui
não é e nunca foi ir orar, mas, perseguir uma resposta concreta.
Aqueles que estão numa fase onde sua comunhão com Deus ainda deixa
muito a desejar, podem obter um não concreto - o que é um bom sinal,
pois, se Deus disser que não, respondeu. Se Deus não respondesse,
não dissesse nada, seria muito pior. E é neste estado "pior" que a
maioria dos crentes se encontram - ainda que não queiram
reconhecê-lo. O que perseguimos sem
desfalecer é a resposta a cada uma de nossas orações. Mas, por falta
de respostas, o cristianismo começou a acomodar-se e contentar-se
com orar e orar, jejuar e jejuar sem obter qualquer sinal de
resposta concreta. Os verdadeiros de coração perseguem insistentemente
essa resposta, dure o que durar, custe o que custar - seja esse custo
pessoal, moral, sentimental ou qualquer outro. Qual é o segredo e
como devemos agir perante essa descoberta? A promessa de Deus é
elevar-nos a um patamar de santidade que nos levará a uma
proximidade de Deus tal que Deus pode mesmo atender as orações
enquanto falamos e, em alguns casos, ainda antes de pronunciarmos
qualquer palavra porque a oração já se encontra formulada no
coração. "E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei",
Is.65:24. Mas, enquanto não
alcançamos esse estatuto de limpeza de coração que nos faz chegar,
estar e permanecer bem próximos de Deus de forma continuada e
ininterrupta, resta-nos a opção de orarmos até obtermos resposta
concreta. Qual a razão ou quais as razões que nos podem levar a uma
situação onde possamos chegar mesmo à exaustão até alcançarmos a
resposta? Devemos lembrar que o alvo é a resposta. Sem isso, não
podemos desistir. Sendo a resposta o objetivo de qualquer oração e
sabendo que o normal seria obter resposta imediata, devemos saber
que existe algo que está a impedir que qualquer oração seja
atendida. Através dessa insistência de coração genuíno, Deus poderá
revelar aquilo que está impedindo a oração, dando a oportunidade de
ser regularizado. Na verdade, não é preciso muito para que as orações sejam
impedidas. "Vós, maridos, coabitai com a esposa com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco
(...) para que não sejam impedidas as vossas orações",
1Ped.3:7. O mesmo poderíamos dizer
às mulheres que não assumem a submissão ao marido como algo que faz
parte da sua própria criação; ou que não se submetem a Deus
inquirindo diligentemente sobre a educação de seus filhos, como
pilares do próprio lar que elas são. Mulher que não é submissa ao
marido, não é submissa a Deus - ainda que o tente ser pela
aparência. Tudo começa nas bases. Se não é submissa ao marido que vê
diariamente como poderá sê-lo a Deus que não vê?
"Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?" João 5:44. Quando Jesus fala
aqui em buscar honra uns dos outros, tem um sentido muito vasto,
isto é, engloba muitas coisas. Buscar honra significa, em muitas
ocasiões agradar pessoas para ser agradado; manter as aparências
buscando elogios ou evitando criticas; ser simpático, não porque se
é simpático de natureza, mas, para se evitar ser mal visto,
discriminado ou algo nessa linha. Existem muitas formas óbvias de se
buscar honra, tanto quanto existem formas camufladas e disfarçadas.
A estas pessoas com tais delitos naturais, Jesus pergunta como será
que podem crer sendo assim. Esta pergunta vai muito além
daquilo que possa parecer. Na verdade, o que Ele quer dizer é
o seguinte: "Por que é que vocês pensam que conseguem crer buscando
honra uns dos outros?" Vou tentar explicar aquilo que se
entende espiritualmente por revelação de Deus ao coração. A fé que
salva (crer) é fruto duma comunhão com Deus. É um filho do relacionamento
entre Deus e o coração. Caso exista algum tipo de crer quando esta
comunhão entre Deus e a pessoa é irreal, comprometida ou inexistente, estaremos falando duma fé naufragada ou crença sem
fundamento. Tal crença é como uma casa construída na areia do mar
onde as ondas batem regularmente. Não existe fé verdadeira que não seja fruto dum
relacionamento profundamente genuíno entre Deus e homem. Sendo assim, qualquer pessoa que busca honra
nos olhares, na admiração e na consideração de pessoas está efetivamente separada de Deus. Não pode crer, não tem como crer
porque não tem esse relacionamento. E
há os que podem crer porque tiraram a parede de separação que
existia entre eles e Deus, confessando e abandonando cada pecado pelo nome e
restituindo aquilo que não lhes pertence, ainda que seja a honra da
qual se apropriaram indevidamente. Efetivamente, há os que podem crer e os que não
podem. "E Jesus disse: Se tu podes crer..."
Marcos 9:23. Há que tirar,
confessar e destruir tudo aquilo que nos separa de Deus para não
termos que viver/conviver com uma fé naufragada. "...Conservando a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé", 1Tim.1:19. Estes naufragados
continuam pregando, evangelizando, frequentando os cultos e reuniões
de oração assiduamente como se tudo ainda estivesse normal. Criam-se
novas mentalidades, inverdades e irrealidades acerca das coisas de Deus e da verdade para que as
pessoas continuem frequentando as igrejas sem temor daquilo que pode
chegar inesperadamente, como acontece quando um ladrão chega pela
calada da noite. Por exemplo, as pessoas começam a crer que importante é orar
e não que importante é ser ouvido por Deus obtendo respostas à oração. Desde que
orem e jejuem, tudo está bem; começam a crer que aquilo que importa
é ir à igreja e ser frequentador fiel dos cultos em vez de alcançar
graça para ter como cumprir, confirmar e guardar a palavra. Na
verdade, seria como um pescador que se contenta com a vara de pesca
quando não pesca nada; ou como alguém que compra uma extensão elétrica, liga seus utensílios elétricos nela, mas, a outra ponta
continua fora da tomada na parede; ou uma casa com uma instalação
elétrica perfeita, mas, que não está conectada à rede da empresa
publica de eletricidade. E é assim que se criam religiosos em vez de seres
viventes, os quais sabem muito daquilo que não têm e acreditam ter,
os quais continuam desconectados porque
algo ainda os separa de Deus.
"Acautelai-vos primeiramente, do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia",
Luc.12:1. Aqui, Jesus não diz
que o perigo são os Fariseus, mas, a hipocrisia. Mas, hoje, tudo é
muito moderno e ninguém se considera hipócrita, forçado ou fingido
porque já não existem Fariseus. Existe diferença entre ser esforçado e ser auto-forçado, isto é,
entre ser esforçado com aquilo que já se tem dentro ou forçar-se
naquilo que não se tem e nunca se alcançou de Deus, criando a aparência
pelo esforço carnal. Vejo muitas pessoas (e com alguma frequência) puxarem por emoções
criando hábitos religiosos emotivos sem se aperceberem que aquilo
que não é da nossa pessoa em nossa vida quotidiana é hipocrisia;
vejo que agradar pessoas é considerado amor e não hipocrisia; não
vivem o Evangelho na rua, não tendo vida real, mas, tentam espremê-la
dentro da igreja através de hinos bonitos, liturgia e leituras
bíblicas; vejo aqueles que se querem mostrar falando aos demais nos cultos, como se de algum
testemunho real se tratasse crendo que se entra pela porta estreita sabendo
ensinar aos outros, "querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam", 1Tim.1:7. Muitas mais coisas poderia mencionar
aqui sobre os "que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade",
2Tim.3:7, os quais se enchem de
mandamentos, doutrinas, crenças, enganos e não de vida. Mas, ficarei por aqui. O fermento dos Fariseus modernizou-se e
tornou-se o fermento do Evangélicos e religiosos. Tornou-se doutrina
e estudo em vez de ser vida real que pode ser explicada e aprimorada pelo estudo
das Escrituras. Uma coisa é explicar aquilo que alcancei em Deus
confirmando as Escrituras estudando-as com afinco e cumprindo
(guardando); outra coisa é estudar as Escrituras (muitas vezes sem entendê-la da forma que deve
ser entendida) e esforçar-me para igualar aquilo que entendo. Essa é
a diferença entre ter vida e ser hipócrita. "O fim do mandamento é
(...) uma fé não fingida", 1Tim.1:5. Contudo, a
hipocrisia não existe apenas naqueles que não experimentam a vida
eterna em seu interior de forma real e que tentam imitá-la ou praticá-la por via do
esforço daquilo que pensam que entendem. A hipocrisia também
existe de outra forma e em sentido inverso nos que verdadeiramente acharam vida plena:
podem ter a parte importante já no coração, mas, ainda vivem da aparência em
suas vidas quotidianas. Isto é, vivem conforme os hábitos
anteriores tendo já alcançado vida verdadeira; vivem em conformidade com as circunstâncias ou conformados com as regras do
mundo, pensando que agradar pessoas e ser agradado é amor. Imaginemos um profeta
que tem tudo no coração para expressar as palavras de Deus no
momento certo e da maneira certa, mas, conclui
algo assim: "Ai de mim! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios",
Is.6:5. Este profeta já havia
expressado as Palavras de Deus corretamente, tinha tudo no coração,
contudo, ainda vivia e falava conforme as pessoas que o
rodeavam. Mas, não são somente os hábitos culturais que nos tornam
hipócritas. A vergonha de falar de Deus tendo-O vivo no coração; o encobrir do verdadeiro
coração por motivos errados; ter o Evangelho vivo no coração
envergonhando-se dele na frente das pessoas ou ter medo das
consequências. Tudo isso pode tornar-nos hipócritas. Aqueles
que não alcançaram vida podem ser hipócritas tanto quanto os que já alcançaram
essa vida e não a vivem. O conhecimento naqueles que não alcançaram
vida é um peso. Quem se esforça naquilo que não tem, esforçar-s-e-á naquilo que imagina ter e isso é outra forma de idolatria. Mas, para todos quantos alcançaram vida verdadeira, crendo, esse mesmo conhecimento vindo de Deus deve ser ou tornar-se um verdadeiro alívio
das cargas emocionais, principalmente se essas cargas emocionais
forem religiosas.
Existem muitas coisas que ocupam as pessoas, muitas das quais parecem ser
nobres, mas, deixam muito a desejar por não serem finalizadas. Uns
vão à igreja e não ouvem - não finalizam; outros ouvem e não guardam a palavra. "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam", Luc.11:28. Uns lêem, mas, não
ouvem; outros conseguem ouvir e não guardam. Há quem nem sequer
consiga ouvir pelo coração e tente cumprir aquilo que não achou em
forma de vida real; há os que estudam, mas, não são
cumpridores fiéis. Ocupam-se tanto com o conhecimento que não acham
tempo para a prática daquilo que já existe no coração - se existe
mesmo. E tudo isso deve-se à forma humana e enraizada de querer
cumprir pela carne, colocando a carne a servir no templo de Deus. Hoje em dia existem bibliotecas inteiras de sabedoria Bíblica
como nunca houve na história do mundo. No entanto, creio mesmo que
nunca houve uma época da história onde houvesse tantos pagãos dentro
das igrejas. Existe muito estudo e pouca prática que se identifique
como vida vinda do coração e da própria essência da pessoa onde possamos
afirmar que a pessoa é a própria palavra. A partir daí começaram a
aparecer práticas por via do conhecimento ilimitado ao qual temos
acesso hoje, as quais se tornaram práticas religiosas e não são uma
demonstração prática do ser da pessoa, isto é, não têm origem no
homem interior por não se encherem e preencherem de vida, mas,
apenas de conhecimento. Logo, privilegiam-se as práticas religiosas acima da
vivência e experiência da própria vida eterna dentro de quem a
possui - se a possui. Estes dias assisti a batismos de pessoas que
nunca se converteram, que não abandonaram o vício do cigarro e da
bebida e, para que se cumprisse a doutrina de batizar apenas
adultos, desceram às aguas, fazendo essas pessoas pular o muro para
dentro do aprisco das ovelhas. Se é criminoso não guardar a palavra
quando se tem a capacidade de ouvi-la, imaginemos o quão criminoso é
ter estudo amplo e diversificado das Escrituras sem sequer conseguir
ouvir. E são essas pessoas que hoje são batizadas e agregadas como
irmãos, os quais, por haverem sido batizados, sentam-se à mesa da
ceia com crimes que nunca confessaram e/ou nunca abandonaram. "Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem", 1Cor.11:30.
"A paz (...) como o mundo a dá", João 14:27.
A questão aqui é saber se Jesus está falando de algum tipo de paz
que o mundo pode dar ou se está falando da maneira como o mundo
tenta dá-la ou alcançá-la (em vão). Se optarmos por entender este versículo
pela forma como o mundo tenta obter paz, isto é, pela maneira
"como o mundo dá", podemos acreditar que no mundo não existe paz
e, apenas, que o mundo tenta dá-la ou alcançá-la da sua maneira.
Jesus fala aqui de "como o mundo dá" e não
afirma que o mundo consegue dá-la. E creio que é essa a verdade que Jesus nos quer fazer passar porque "no mundo,
tereis aflições" e não paz. E que maneira ou formula é esta do
mundo lutar por paz? O mundo tenta obter sua paz indo ao encontro das concupiscências de cada um e
daquilo que a carne mais deseja. Satisfazendo seus desejos, o homem
carnal deleita-se em seu prazer (temporariamente) e engana-se a si
mesmo assumindo isso como sendo 'paz'. Esses deleites são sempre
temporários e o coração (ou a carne) nunca é capaz de se sentir
plenamente satisfeito ou realizado no dia seguinte. O dia seguinte
será sempre um dia de ressaca e não de realização. Se alguém se
sente realizado ou feliz matando, tornará a matar porque o deleite
que teve não se mantém no dia seguinte. Isso faz com que vá de mal a
pior. O mesmo pode ser dito do beber, do vício de comer, da lascívia, da
ganância ou de qualquer outra coisa que o mundo dá - se Deus
permitir, claro. Quem beber dessas águas tornará a ter sede com toda
a certeza. Quem busca a paz da maneira que o mundo dita, certamente
tornará a buscar essa paz vazia que se esgota rapidamente porque não
é eterna, não é constante, não tem sustentação e não tem como se manter.
"No mundo tereis aflições", João 16:33.
Vamos falar das aflições que nos podem ocorrer. Existem as aflições externas
e as internas. Todos aqueles que vivem piamente manifestando Jesus
de forma real sofrerão perseguições. O mundo nunca ficará
indiferente a respeito de qualquer um que manifeste Jesus em sua
vivência de forma real. Contudo, rir-se-ão dos hipócritas porque o
mundo distingue-os de longe embora os crentes se recusem a
distinguir. Podemos crer que essas aflições são-nos
externas e não alcançam nosso íntimo caso Jesus nos reine por
inteiro e integralmente. Mas, as Escrituras falam claramente dos "deleites, que nos vossos membros guerreiam",
Tgo.4:1. "Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes
(...) Pedis e não recebeis", Tgo.4:2,3. Pedir e não receber
traz conflitos nos que se recusam ser hipócritas em relação a Deus e
Suas realidades. O que significa isto? Significa que todo o crente que é capaz de crer (enganosamente) que
Deus está disposto a satisfazer os deleites ao invés de salvar a
pessoas desses deleites terá conflitos e guerras em seu próprio
coração. Essa conflituosidade será transportada para a vida quotidiana exterior,
criando, também, hipócritas que vivem uma vida dupla, isto é, uma
vida conflituosa real a par duma vida de aparência conveniente que serve
apenas para encobrir esses conflitos, pecados e desejos. E sabemos que aquele que
encobre suas transgressões, desejos ou pecados nunca prosperará
espiritualmente (Prov.28:13).
Logo, se ainda existirem resíduos do mundo nos corações, se não
"estou morto para o mundo e o mundo para mim", haverá aflições no
coração e guerra constante entre Deus e a carne onde o coração é a
arena desses conflitos até ao dia que Deus disser algo parecido com aquilo que disse nos
tempos de Noé: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne",
Gen.6:3. Convém, pois, que não
sejamos carne também sempre que temos o Espírito de Deus ou o
Evangelho tentando tomar posse de todo o nosso ser. Se o mundo ainda
estiver em nós - ainda que apenas residualmente - teremos aflições
no coração. Onde ainda existir mundo, haverá aflições e se
existir no coração será ali mesmo que haverá aflições de todo tipo.
Onde existe mundo, existem aflições e conflituosidade, seguramente.
Existem muitas razões para que as orações não possam ser atendidas. Mas,
digamos que a pessoa não tem qualquer pecado por confessar; não tem
nada para restituir a alguém; não trata o esposo ou a esposa
desrespeitosamente devido à habituação da vivência como casal; não
negligencia seus deveres; não negligencia seus filhos, educando-os
nos caminhos de Deus rigorosamente; etc. Ainda assim e não tendo
nada que separe essa pessoa de Deus (Is.59:1,2)
fica claro que certas orações dentro da vontade de Deus (orações que
deveriam ser atendidas) nunca são atendidas conforme prometido. Eu vejo mães orando por seus filhos em
suas tribulações sem serem ouvidas e, mesmo assim, ficando
satisfeitas somente por haverem orado; pais em dificuldades extremas
orando sem obter respostas concretas e outros orando por eles
ficando satisfeitos com o simples fato de alguém dizer que está
orando por eles; "irmão, estamos orando" vulgarizou a satisfação de
quem ora e ninguém é capaz de afirmar que foi ouvido por Deus.
Depois, perguntamos:"as mães oram porque estão preocupadas com seus
filhos ou porque acreditam que Deus resolve? É a preocupação que as
move ou a fé?
"Marta! Marta! Andas inquieta (distraída, ocupada) e te preocupas com muitas coisas (...) pouco é necessário ou mesmo uma só coisa",
Luc.10:41,42. Existem muitas
formas de nos abstermos daquilo que é verdadeiramente importante e
que, segundo Jesus, "pouco é necessário". Significa que aquilo que
realmente importa é pouca coisa, fácil, simples e de extrema importância.
Existem pessoas que se abstêm ou distraem servindo comida, bens
materiais ou outras coisas e nunca se ocupam com aquilo que importa
verdadeiramente. Contudo, é necessário ter em mente que existem
muitas outras formas de estarmos ocupados que não são mencionadas
aqui, negligenciando, assim, a parte que realmente importa. A pessoa
pode estar ou manter-se ocupada com a ira que consome o coração; com
medos e receios; com problemas que ocupam a cabeça que necessita
estar desocupada para Deus; com doutrinas e discussões religiosas que não se
centram em arranjar o próprio coração colocando tudo e mais alguma
coisa na luz e na transparência.
"Outra (semente) caiu entre espinhos e, crescendo com ela os espinhos...",
Luc.8:7. É extremamente difícil
semear a boa semente sem que algumas caiam em boa terra onde,
também, nascem espontaneamente espinhos e outras ervas daninhas. O
segredo reside em não deixar crescer os espinhos com a boa planta que
advêm da boa semente, alimentando esses espinhos. Hoje, alimenta-se muito os espinhos tais como: Deus
cura, Deus dá, Deus abençoa (tudo menos a vida espiritual). É bom
lembrarmos, com frequência, a oração de Jabez: "preserva-me do mal". A pessoa,
mesmo crescendo espiritualmente, não pode permitir que os espinhos
sejam alimentados e nutridos, pois, se os espinhos e abrolhos
crescem até mesmo em terra ruim, imagine em terra boa!
"Aos pobres é anunciado o Evangelho", Luc.7:22.
Hoje não se insiste em pregar o Evangelho para os pobres. Prega-se
prosperidade material se eles derem do pouco que têm.
"Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras...",
Luc.6:47. A capacidade de ouvir tais palavras é muito
mais do que ouvir de forma audível. É um ouvir profundo, é ouvir de
palavras que falam segundo o coração, é ouvir aquilo que se anseia -
ouvir desde o mais profundo do nosso ser. Quem não ouve assim, ainda não
ouviu nada. "Vede, pois, como ouvis",
Luc.8:18. É dessa forma de ouvir que vem a fé e não é
conforme se apregoa por aí.
"Mas,
a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos (...) bendizei os que vos maldizem
(...) oferece-lhe também a outra (...) emprestai, sem nada esperardes...",
Luc.6:27-35. É bom
contextualizarmos corretamente toda a palavra que vem de Jesus. Jesus
dirigia-se aqui especificamente aos que ouvem: "A vós que ouvis...". Teria muito para
dizer a este respeito, mas, não sei se terei palavras para fazê-lo.
Em primeiro lugar, tenho a certeza que este tipo de mandamentos não
pode ser dirigida a quem não ouve com um coração praticante.
Palavras dirigidas oportunamente a um coração já de si rendido e
praticante é o que significa ouvir. Explicar, dirigir ou confrontar
quem não ouve com o coração é criar problemas e tropeços para o
verdadeiro Evangelho (e para a própria pessoa) de muitas formas. Criam-se hipócritas nas
igrejas, criam-se opositores que nunca entendem e discordam com
agressividade embora nem sempre é possível evitar que a boa semente caia fora da
terra boa. Quando uma semente cai em terra boa e frutifica, serve de
testemunho e admiração aos que se opõem, coisas essas que despertam
e aguçam a curiosidade deles. Somente esse tipo de testemunho
praticante e vivente (evidente) capaz de ouvir tem a capacidade de despertar
qualquer opositor em qualquer parte do mundo.
"Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras e as observa (...) pôs seus
alicerces sobre a rocha (...) e nada o pode abalar...",
Luc.6:47. Hoje em dia dá-se
enorme ênfase a estudar a palavra e até memorizá-la como se isso
fosse criar praticantes, lidando com as pessoas como se fossem
papagaios. "Importa fazer essas coisas e não deixar as outras",
Lk.11:42. Em primeiro lugar, ler a palavra sem ouvir com o coração
mais profundo, isto é, sem que essa palavra seja dirigida aos
anseios mais profundos e mais relevantes de cada alma é ler em vão.
É uma pura perda de tempo. Este tipo de ouvintes são os que podem e
devem observar (cumprir, guardar) a palavra que lhes é dirigida.
Sendo verdadeira esta afirmação, devemos e podemos entender que um
ouvinte sedento ainda não é cumpridor da palavra. Se ouve
dessa forma tem o caminho aberto para a graça que capacitará
plenamente para ser um cumpridor tal como se nunca tivesse vivido
doutra maneira. Devemos ter em conta que existe um longo
caminho para percorrer entre ouvir com o coração e guardar a palavra
de tal forma que a pessoa acaba se tornando a própria palavra em formato
prático e visivelmente espontâneo. Ouvinte ainda não é cumpridor.
"Mas o que ouve e não pratica...", Luc.6:49.
Muitos acreditam e assumem que praticar (o Evangelho) é orar, ler a
palavra, não faltar às reuniões, ir à igreja e ser religioso. Nada está mais longe
da verdade. Praticar aquilo que somos capazes de ouvir com o coração
sedento é transformar nossa vivência no emprego, em casa, no
transito, na escola, na limpeza de casa, no arrumar do quarto, no
lidar com outras pessoas seja de que tamanho/idade forem. Mas, nunca nos
podemos esquecer que temos o dever inegociável de transformar nossos
próprios corações em primeiríssima mão para que as nossas práticas
sejam uma manifestação visível, transparente do nosso
coração integralmente e sem qualquer pingo de esforço (fingimento). "Criai em vós um coração novo e um espírito novo",
Ez.18:31. "Amarás teu próximo
com a ti mesmo" terá de ser uma forma de vida espontânea, natural e
instintiva. Se assim não for é uma aparência de vida, uma fingida e forçada
- e isso não é vida
"(A semente) que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom e dão fruto com perseverança",
Luc.8:15. Um versículo recheado
de muitas coisas. 1.Ouvir a palavra: ouvir é algo que vai muito
além do audível, pois, é ouvir algo de interesse para o coração e que mexe
com ele; 2.Conservar num coração honesto e bom: a)não é manter
somente na memória e na mente; b)não podemos lançar
sementes em qualquer outro tipo de coração (nem no nosso), pois, a boa semente tem
a capacidade de transformar e quando o coração não é "honesto e bom" acerca
da palavra, quando a palavra não encontra um coração de igual
estatuto, quando a verdade não encontra um verdadeiro, quando não se é extremamente sincero até com o próprio,
essa palavra tem uma capacidade limitada de transformar o semblante
e a aparência das pessoas, as quais se tornam crentes na
aparência, hipócritas sem vestes nupciais. Tornam-se "manchas em vossas festas de (amor a
Deus), banqueteiam-se convosco, apascentando-se a eles mesmos sem temor",
Jud.1:12. Conservar a palavra
boa para poder fazê-la frutificar após isso é pensar nela, meditar nela
a ponto de ir transformando a nossa mente e o nosso ser. 3.Mas, isso
nunca pode ser considerado como frutificar, pois, frutificar é outra
coisa e vai muito além de ter a capacidade e a disciplina de
conservar essa palavra com vontade e dedicação. Frutificar será possível com
perseverança continuada errando cada vez menos e acertando cada vez
mais até que não seja possível errar mais devido a nova cultura e estatura do novo homem que ganhamos.
Mas, errando ainda, devemos ainda manter a palavra boa em coração
bom que não se desmotiva por nada deste mundo perseverando na confiança, na fé,
sabendo que iremos conseguir tudo na dependência de Deus e se não
lançarmos mão de meios alternativos chamados ao serviço pela
impaciência, meios que nos possam levar a querer
construir a casa, mas, sem ser Deus a construí-la.
4.Isto significa que ninguém deve desistir no primeiro percalço, na tentação
insistente e na dificuldade, pois, logo tudo se pode tornar fácil e natural se
não negligenciarmos a ajuda de Deus em nos ir salvando de cada
pecado. Errando, devemos manter a capacidade de ainda manter a
palavra no coração sabendo que logo tudo muda estando em Deus. Quais são os principais inimigos da perseverança?
A distração; a falta de atenção, a qual é negligência; ausência de "bom ânimo";
fracassos anteriores que, na aparência, parecem repetir-se; a
tentação de querer alcançar o prometido por meios próprios, o
desânimo e desmotivação. "Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, porque mandas, lançarei a rede",
Luc.5:5. Aqui, Pedro não respondeu, apenas, a Jesus, mas, ao seu
próprio ânimo e pensamentos contraditórios. E o que é o fruto?
Muitos acreditam que o fruto é mudar o mundo, converter os milhares
de perdidos e salvar almas. Mas, o verdadeiro fruto que é necessário alcançar tem
a ver com a nova pessoa em que nos tornamos, nas atitudes do coração
e tudo aquilo que é pessoal e inerente ao homem interior. É nisso que devemos frutificar
perseverando. O resto vem por acréscimo. "Criai em vós um coração novo e um espírito novo",
Ez.18:31. É neste criar dum
coração novo através da luz e da transparência que devemos manter a
perseverança continuada e acesa. A aparência qualquer pessoa pode
mudar. Mas, mudar o coração e as consequentes atitudes
práticas é conseguido somente perseverando em ser rigorosamente
transparentes sob a luz de Deus que não deixa nada invisível ou
escondido.
Muitas pessoas sinceras e dedicadas tentam ensinar muitas coisas para, mais
tarde, chegarem à conclusão que nada daquilo que ensinaram
frutificou. Isto tenho confirmado em muitos lugares e em muitas
pessoas na igreja, nos lares, nas escolas e em todo lugar onde o
ensino é praticado. Vezes sem conta, aqueles que são ensinados acabam
fazendo o oposto daquilo que lhes foi ensinado. Noutras ocasiões,
criam-se hipócritas que aprendem uma vida hipocritamente e de forma cultural onde o
coração está ausente daquilo que fazem e ensinam ou, então, está subjugado ao ênfase religioso quando a
verdadeira vida cristã é virtuosismo espontâneo prático. Na verdade,
quando ensinamos uma vida não é conseguido qualquer fruto por via de
teoria, doutrina ou religiosidade pragmática. A vida aprende-se por
via duma prática daquilo que enche o coração. A doutrina é para uso
daqueles que ensinam e não dos que precisam aprender. É praticando
que se ensina. É a vida espontânea de quem ensina que cria e recria
aqueles que aprendem. Mas, se alguém praticar aquilo que não surge do
coração, criará ambientes fictícios de engano prático e nunca fruto
celestial. As pessoas de fora aprendem aquilo que tem coração, aquilo que
sai espontaneamente e que tem raízes profundas no homem interior,
seja para bem ou para mal.
"Enchei-vos do Espírito", Ef.5:18. Apesar
daquilo em que se acredita nos círculos evangélicos mais
tradicionais atuais, não podemos ignorar que ser cheio do Espírito é uma
ordem, é uma condição para a real vida cristã, é uma necessidade
imprescindível e inegável sem a qual ninguém pode passar caso queira
pertencer a Deus e comparecer diante d'Ele sem mácula. Aqueles que querem remendar
a sua veste velha com um pano novo evitando a realidade da promessa duma veste
totalmente nova e completa - da qual se devem revestir por inteiro - devem prestar melhor atenção às Escrituras.
Por outro lado, existe a euforia do erro em meios pentecostais que não tem
nada a ver com o verdadeiro batismo com o Espírito Santo. Em muitos
desses meios é mesmo um outro espírito e não o Santo. Tenho a
consciência e certeza plena de que essas práticas pentecostais são
uma forma de inimizade contra o verdadeiro Espírito de Deus, não
passando duma imitação barata daquilo que existe no céu e na terra. Esses
dois pólos que mencionei rejeitam-se mutuamente estando ambos longe
da verdade e da realidade duma vida verdadeiramente cheia de Deus.
Não podemos ignorar ou mesmo rejeitar aquilo que é certo
somente porque existem muitas práticas erradas, deficitárias e
maléficas nos muitos movimentos supostamente evangélicos.
Ninguém rejeita o dinheiro somente porque muitos usam-no para fazer guerra;
ninguém rejeita o pão porque existem muitos obesos. Há que prestar mais
atenção ao verdadeiro Evangelho que é promovido, capacitado e
confirmado apenas numa vida cheia do Espírito - desde que essa
experiência seja real e não somente crida, assumida por via do
fingimento, mentirosa, fingida, teatral, enganosa, implementada por
via da ficção porque alguém desconhece a realidade que nunca
experimentou como realidade. Devemos, contudo, realçar que este
mandamento de sermos cheios do Espírito não é assim tão linear quanto parece. Ninguém manda no
Espírito de Deus. ninguém se enche por si só. Não é ordenando,
forçando ou mesmo fossando que podemos ser cheios do Espírito. Para
podermos ser cheios d'Ele, devemos
prestar a maior das atenções às condições e (pré)requsitos que nos
permitem entrar fundo no Santo dos Santos, isto é, no Santuário de
Deus. Somente cumprindo as condições diligentemente, trabalhando
nosso coração e consolidando tudo que somos e fazemos (incluindo a
nova maneira de orar) podemos entender o que é ser verdadeiramente
cheio do Espírito na vida prática.
"Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos..."
Luc.3:7,8. Creio que o que João
queria dizer aqui é: "Quem vos ensinou? aquele que vos ensinou,
ensinou mal pensando que poderiam escapar pelo batismo sem se
haverem convertido". Existem muitas outras
maneiras de tentar fugir da ira vindoura, todas elas em vão. No caso
dos Fariseus, umas das formas de "fugir" (temporariamente) das acusações da ira seria
convencerem-se a si mesmos através certas afirmações teimosas que não podiam ser
fundamentadas pela verdade, mas, somente por suas próprias mentes
torcidas e pelas conveniências de suas consciências manchadas ou
mesmo calcinadas. Convenciam-se que eram
filhos de Abraão, que eram circuncidados, que eram escolhidos, que
eram descendentes de Davi ou qualquer outra coisa que serviria para
evitarem o arrependimento genuíno. Hoje em dia acontece o mesmo: sou
crente porque vou à igreja; sou batizado; sou escolhido; nunca foram
verdadeiramente salvos e contudo afirmam que não perderão a
salvação. Poderia mencionar mais coisas, afirmações e doutrinas
tais. Mas, teria, provavelmente, uma lista infinita de formas e
formulas atuais de tentar fugir da ira vindoura - em vão. Nem irei
falar daqueles que afirmam que faziam milagres, expulsavam demónios
e profetizavam em nome de Deus e outro tipo de palha que será
queimada assim que Deus limpar a eira (Mat.7:21-23).
Todas essas formas e doutrinas serão palha para o fogo que nunca se
apagará. Contudo, é bom saber que não será essa palha que alimentará
o fogo que foi, inicialmente, criado para o diabo e seus anjos e
que, agora, também engolirá homens e mulheres. Todas as formulas e
doutrinas que tentam desculpar, apaziguar ou diminuir a culpa de
qualquer pecado é palha que será queimada. Se a fé de muitos é
tentar contornar a verdade e a realidade dos fatos andam alimentando
seus corações com palha. Quem pratica a iniquidade precisa ser salvo
de si próprio, de seu pecado eliminando a teimosia dos seus pecados
pelo poder da graça. Nunca separe a verdade da realidade das coisas,
pois, andam sempre juntas e são inseparáveis.
"Todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Este versículo só fala
do pico do iceberg da verdade que se esconde por baixo dele. Fala,
apenas, da parte visível, do desenlace e resultado de certas
condições cumpridas. Vamos dissecá-lo por partes. Sabemos o que
é luz. A luz de Deus revela, manifesta as coisas como são e não como
desejaríamos que fossem. Mas, de momento, revela ao próprio sobre o
próprio. Paulo fala aqui daquelas coisas que se fazem em oculto e
que são reprováveis. Se não fossem reprovadas pela consciência e
pela luz de Deus não seriam praticadas em oculto. Existem pessoas
que aprovam aquilo que elas próprias fazem em oculto e quase sempre
essa aprovação também é ocultada. Ocultam o que fazem e ocultam a
sua aprovação. E acabam ocultando a sua desaprovação quando mudam
para não darem a entender que praticaram aquilo que passaram a
reprovar. Quando viemos para a luz devemos saber fazer o
oposto: revelar (manifestar) o que fazemos ou fizemos e reprovar
abertamente com toda a sinceridade. Isso não é o mesmo que reprovar
as obras dos outros abertamente para ocultar o fato de que nós
próprios praticamos aquilo que vemos nos demais. Contudo, somente
andando na luz de Deus com paz de espírito e sendo totalmente
transparentes poderemos afirmar que andamos com Deus. Ser transparente
é uma ofensa para o mundo e se a pessoa ainda é mundana nunca será
verdadeiramente transparente. Isso significa que não anda na luz
porque não é capaz devido ao que pratica e/ou aprova. Assim que
consegue reprovar aquilo que se oculta por natureza, obtém aquela
luz de Deus em forma de vida eterna e constante que tudo manifesta
para que seja revelado aquilo que ainda falta ver. Um passo dado
leva ao passo seguinte. Todas as demais coisas são reveladas quando
alguém consegue reprovar de coração e com toda sinceridade aquilo
que ocultava. Nunca obterá mais luz para todas as outras coisas que se seguem se
não conseguir reprovar de coração e publicamente aquilo que é
reprovável. Para que a luz incida sobre aquilo que ainda precisa
regularizar pelo poder da graça, é necessário
que tenha a capacidade honesta e sincera de reprovar aquelas coisas
que são reprovadas e condenadas pela luz de Deus. Só assim as coisas
podem ser manifestas claramente nos dias seguintes. Mas, existe um
senão: ninguém pode esperar que as coisas
sejam reprovadas em oculto. Se alguém andou nas trevas desde sempre
vai ser tentado a fazer isso pela força da vergonha de haver
cometido atos mantidos em oculto.
Quando alguém começa a reprovar aquilo que faz ou fez mostra tanto
aquilo que é ou foi quanto aquilo que praticou ou pratica. Logo,
reprovar em oculto, por muito sincero que alguém possa ser, tem a
intenção de ocultar aquilo que praticou ou pratica. E isso não é e
nunca será andar na luz.
"Tudo
que se manifesta é luz", Ef.5:13.
Por norma, as pessoas continuam envergonhadas e, por
vezes, com sentimentos de culpa depois que manifestaram e revelaram todos os seus
pecados. Mas, a verdade afirma categoricamente que aquilo que já se
encontra manifesto é luz e ninguém deve ressentir-se de nada estando
na luz, sendo luz e vivendo na/da luz. Esse tipo de ressentimento, seja
qual for a forma ou formato em que se apresente, será sempre um
convite para voltar a andar nas trevas e abandonar a transparência.
-
"...Aprovando o que é agradável ao Senhor", Ef.5:10.
Esta palavra "aprovando" tem um significado especial, tanto no
original quanto em nosso idioma atual. A raiz da palavra é "provar".
Significa conseguir provar primeiro com o intuito de decidir a
favor, no caso, aprovar. Ninguém deve aprovar aquilo que não provou
experimentando na primeira pessoa. Não pode aprovar por via do
testemunho de outros, mas, experimentando pessoalmente. Para aprovar
é necessário experimentar de forma real - é necessário provar. Havendo experimentado, há
que gostar de seguida sem qualquer ponta de hipocrisia. Se não
experimentar e se não gostar não pode aprovar. Se aprovar não
experimentando e não gostando será hipócrita e nenhum hipócrita
entrará o reino de Deus, nem no Seu reino aqui na terra e nem depois da morte.
Não é possível e muito menos aceitável aprovar por intuição, rótulo ou
decisão sem haver provado e gostado. Isto tem muito que se lhe diga
quando falamos de pessoas que viviam em inimizade contra Deus e se
opunham à verdade por natureza. São essas pessoas que devem
experimentar na primeira pessoa e gostar daquilo que nunca
amaram e, agora, experimentam, isto é, experimentam na primeira
pessoa. "Agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas, porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo", João 4:42.
"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida",
1João 1:1.
"Aquele que observar (guardar) e ensinar..."
Mat.5:19. Estas palavras estão ordenadas de forma
sequencial. Primeiro vem o observar e guardar. Só depois se pode
ensinar. Não é isto que vemos hoje nos nossos púlpitos. Ouço com
muita frequência - mais frequentemente do que possa imaginar - as
pessoas ensinarem e logo de seguida afirmarem algo assim: "Mas, nós
somos imperfeitos e todos nós erramos" e não sabem o mal que fazem à
igreja! Se é assim, por que razão ensinam? Afirmam que não cumprem e
ensinam ou, então, usam as palavras para manifestar uma "falsa
humildade" que é igualmente condenável, Col.2:23. Paulo
dizia: "Sede meus imitadores", 1Cor.4:16;
11:1; Ef.51; Fil.3:17. "O que vistes em mim, isso
praticai", Fil.4:9.
"...Firmes em um só espírito..." Fil.1:27. Esta firmeza tem alguns pontos que nunca poderemos ignorar ou mesmo desprezar. Não é o fato de as
pessoas se entenderem que as torna firmes. São as pessoas firmes (em
Deus) que são capazes de se entender. Essa firmeza tem de
começar (e terminar) no espírito e nunca na carne. Não é agradando pessoas que se
constrói esse tipo de firmeza de espírito. Antes pelo contrário: é deixando
de agradá-las ou não conseguindo mais agradar pessoas. Somente deixando de se agradar mutuamente podem
verificar se têm um mesmo espírito ou não. É a firmeza em Deus entre todos que faz com
que as pessoas se possam tornar unidas em um mesmo espírito. Se têm um mesmo
espírito não precisam de se agradar mutuamente para se tornarem uma
união de firmeza. Na verdade, torna-se necessário deixarem de se
agradar mutuamente. Não é necessário regar a terra onde já choveu.
Caso tenham alcançado um mesmo espírito em Deus, agradarem-se
mutuamente trará desunião e nunca verdadeira união. As coisas em
Deus operam doutro modo, por via doutro poder e primam-se pela
verdade e por optarem ser verdadeiros de coração. "Falai a verdade cada um com o seu próximo",
Zac.8:16. Se o espírito não
for igual nas pessoas nunca existirá união firme. Após estarem verdadeiramente firmes em
Deus - de igual modo e no mesmo nível entre todos - terão, apenas, de permanecer em um mesmo espírito para que essa
firmeza possa ser mantida. Isso é diferente daquelas uniões falsas
onde o mundo e o cristianismo se juntam para se entenderem. Onde o
mar e o rio se juntam, o sal torna-se insípido e isso favorecerá o
mundo e não o sal. A verdadeira paz entre
pessoas (um tipo de paz sem qualquer sintoma ou nuance de
hipocrisia) depende da semelhança em essência das pessoas ou em que se tornaram desde o
coração. As pessoas são unidas por via da essência e não pelo seu
esforço. Os mentirosos entendem-se entre eles; os ladrões juntam-se
facilmente e formam quadrilhas; os avarentos conversam avidamente uns com os outros; e
os santos que buscam exclusivamente toda a glória de Deus sentam-se
facilmente à volta da mesma mesa com verdadeira alegria. Sendo ou obtendo uma mesma essência, o pequeno esforço
exigido após isso para
se tornarem uma verdadeira união advém do fato de haverem construído mentes
obstinadas e diferentes na vida anterior num mundo flutuante, sem eixo e sem
qualquer tipo de firmeza real por estarem longe de Deus como ovelhas
desgarradas que seguiram seus próprios caminhos. Mentes diferentes foram
construídas ao longo dos anos em pessoas distintas que, agora,
obtiveram um mesmo coração, uma mesma essência que as faz concordar
umas com as outras caso deixem de fazer uso dos modos/métodos
antigos e de fórmulas carnais. Cada um se
havia desviado pelo seu próprio caminho e são essas mentes autónomas que
devem ser reintegradas numa nova essência que já se tornou comum em todos
aqueles que são verdadeiramente santos e obtiveram um mesmo alvo/propósito:
seu Senhor e a busca exclusiva de toda a Sua glória desde o coração.
Falando para pessoas com suas essências transformadas em Deus,
precisamos, apenas, dizer: "transformai-vos pela renovação da vossa
mente", Rom12:2. Aos tais basta
somente que lavem seus pés e não tudo. "Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo",
João 13:10. Necessitam, apenas,
acertar agulhas. Não existe paz
verdadeira ou verdadeira concordância entre pessoas com essências
distintas. Se existir será, apenas, uma paz e uma concórdia aparentes entre
elas na medida do egoísmo e da necessidade de cada um desde que não
sejam ultrapassados os limites dum dos envolvidos. Mas, a paz entre pessoas da mesma essência é fácil, mesmo entre
pessoas diferentes, raças diferentes e até mesmo com idades
diferentes. Sempre que as pessoas não se entendem, nunca devemos
optar por curar esse ferimento superficialmente, embora, muitos nem
achem que isso seja um ferimento. Devemos, antes,
deixar a ferida aberta para que se cure naturalmente após o
tratamento da essência de quem busca verdadeira paz e verdadeira
concórdia. Não devemos optar por estabelecer uma paz falsa, pois,
existe um fosso que não se pode ultrapassar entre pessoas de jugo
desigual. "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, Eu vo-lo afirmo; antes, divisão",
Luc.12:51. Uma nova essência é
capaz de trazer divisão, dissensão e incurável discórdia entre
familiares antes muito unidos. A única cura é a transformação de cada pessoa
começando pela sua essência. Não optemos por sanar esse tipo de
conflituosidade (inimizade) de
forma superficial e hipócrita. "Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá",
Luc.16:26. Somente os que se
tornaram "de cá" em sua essência se poderão entender com os de cá.
Qualquer tipo de esforço ou tentativa para tentar unir os de lá com
os de cá será sempre um esforço inútil e vão. Nem vale a pena
tentar. Optemos, antes, por trazer o verdadeiro Evangelho em sua
essência mais pura e mais original e somente isso operará a verdadeira
paz e união entre pessoas, entre inimigos e até memo entre nações.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus",
Mat.5:9. Não creio que aqueles
que tentem ser outro tipo de pacificadores trazendo outro tipo de
paz possam ser chamados filhos de Deus. Os que têm paz com Deus
terão paz e concórdia entre eles porque são dum mesmo espírito.
Basta viverem como tal, assumindo uma nova realidade.
"Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida",
João 8:12. Um versículo recheado
- muito recheado. Muito se pode dizer ou deduzir desta afirmação de
Jesus. É frequente ouvir alguém dizer que não sabe o que fazer e,
por norma, entrega-se àquilo que acha ser a opção mais óbvia, mais
aprazível ou mais apetecível. Eva destruiu o mundo optando pelo
aprazível e óbvio. Ainda hoje sofremos as consequências desse ato. Para
seguir Jesus é necessário estar com Ele, havê-lo achado sem sombra
de dúvida e permanecer em Sua presença real. Se essa presença não
for real, se for uma de crença que se assume por conta da dita "fé"
que apregoam por aí, não se está seguindo o verdadeiro Jesus, mas, um
outro Jesus que convém à carne. Logo, é indispensável achar o
verdadeiro de forma real.
Achando-O será sempre em forma de Vida abundante, eterna, constante
e sem altos e baixos, permanente. E é essa vida que se reverterá em
luz. "A Vida é a luz dos homens", João 1:4.
É por essa razão que Jesus diz que "terá a luz da Vida", isto
é, essa vida servirá como luz integralmente. Isso é diferente de termos
uma ideia, uma iluminação, um sonho ou revelação. Essas coisas
servem de sinais àqueles que não experimentam essa vida verdadeira,
real e constante, isto é, eterna. "Se entre vós há profeta, eu, o Senhor,
me faço conhecer a ele em visão, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor",
Núm.12:6-8. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus",
Mat.5:8.
Quais são as piores consequências duma pessoa que lidera sendo errada, não
somente errada de coração, mas, também de conduta? Imaginemos um lar
onde um filho deve, pela lei de Deus, ser obediente ao pai e à
mãe; e imaginemos que esse pai ou mãe são errados de coração ou
patrocinam uma conduta errónea. Esse filho fica numa encruzilhada,
dividido entre ser obediente a Deus ou aos pais. Se obedece aos
pais, desobedece a Deus; se obedece a Deus, desobedece aos pais.
Duma maneira ou de outra quebra um dos mandamentos, embora saibamos,
pelas Escrituras que nos é perguntado algo assim: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus",
At.4:19. Todos os pais que não
são capazes de ser integralmente fiéis em toda a casa de Deus
destruirão seus lares com muitos géneros de encruzilhadas.
Existem
certas virtudes ou mesmo características gerais que nascem conosco
desde o primeiro dia. Tal como um bebé nasce sabendo mamar, também
nasce com certos conceitos importantes para qualquer ser humano. Por
exemplo, todos nascem com o conceito de eternidade implantado em
seus corações e ideias. Ninguém acha que será ele o próximo a
morrer, nem mesmo sabendo que irá morrer algum dia. "Deus pôs a
eternidade no coração do homem", Ecl.3:11.
Da mesma maneira, colocou no homem o sentido de obediência, de
justiça e todo tipo de aptidão para tudo aquilo que é celestial.
Contudo, essas aptidões não funcionam em sua forma original separadas duma comunhão real e
verdadeira com Deus. E quando separados de Deus, todos os seres com
essas aptidões inatas tornam-se diferentes (mas, nunca indiferentes)
e, muitas vezes, tornam-se o inverso ou oposto fazendo uso dos
mesmos meios, isto é, fazem uso da forma invertida
das aptidões com as quais ou para as quais foram criados. O sentido
de eternidade leva ao suicídio, seja o suicídio espiritual ou
físico; a obediência inverte-se em contrariedade e é por essa razão
que a Bíblia, falando de desobediência como feitiçaria ou idolatria,
descreve-a como rebelião, contrariedade, obstinação tendo sempre
sempre pronta uma atitude/palavra do contra. E por que razão ser do
contra ou ter uma ideia, conduta ou palavra paralela como Saul teve
(1Sam.15:22) é um formato
camuflado de idolatria ou feitiçaria? Porque usa outro tipo de
poder, serve outro que não Deus (seja servindo o próprio ou
agradando pessoas por medo ou 'simpatia'). Quem agrada pessoas
engana-se a ele mesmo. Essas duas coisas são inseparáveis: todo
aquele que agrada pessoas - seja com que finalidade for - serve um
qualquer tipo de engano próprio. Podemos falar, também, do sentido
inato de agradar Deus que se transforma em agradar pessoas ou ao
próprio porque a aptidão de agradar existe pela criação. Teria
muitas mais coisas para mencionar aqui, mas, é necessário saber,
apenas, que ninguém fica indiferente ou inativo acerca da criação que
é. Se não tiver e não conseguir permanecer em plena comunhão
continuada com Deus nunca ficará inativo e será sempre uma versão
contrária ou inversa por via das aptidões com as quais foi criado ou para as
quais foi feito. Inativo nunca fica,
Is.57:20. Seria o mesmo que dizer que um bebé que nasceu com
a aptidão para mamar e engolir usa essa mesma aptidão para mamar e cuspir
no rosto da mãe aquilo que mama. Quem não vive e convive com Deus será sempre
contra-natura usando aquilo que é como criatura para cuspir no rosto
de Deus. Para quem consegue viver e conviver com Deus e
afirmar como Elias, "Deus em cuja presença estou" (e que
isso seja real e verdadeiro), a sabedoria e o
conhecimento serão sempre um complemento e não uma capacidade.
Aqueles que não convivem com Deus experimentalmente usarão sempre o
conhecimento e a sabedoria como a (única) fonte de capacitação
porque tentam empreender por contra própria. É por essas razões que
a falência das igrejas de hoje é tão óbvia.
"Por
que procurais matar-me?" João 7:19.
É difícil admitir que a maioria dos crentes procura matar o Jesus
verdadeiro dentro deles. Mas, quando são chamados à atenção
respondem da mesma forma que os Judeus: "Quem procura matar-te?" A
ignorância sobre fatos reais é indescritível! Sempre que se opta por
cair numa transgressão cedendo a qualquer tipo de tentação podemos
ter a certeza que isso é matar Jesus dentro de nós, isto é, se Ele
está mesmo dentro de nós e não é ficção. Quando essa "presença" é
fictícia ou apenas crida, qualquer transgressor nunca sentirá a
diferença e é por essa razão que se afirma por aí que nada nos
acontece quando pecamos.
"Se
e em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor",
2Ped.1:8. A ociosidade é um
problema sério. Pedro fala aqui o que são "estas coisas" as
quais não permitem que alguém se torne ocioso. Mas, sempre que as pessoas já se
encontram espiritualmente ociosas, acham razões para se entreterem com aquilo
que não edifica e, pior ainda, que as torna pessoas ainda mais estéreis, isto
é, incapazes de reproduzir a espécie santa. Por essa razão, vemos
igrejas que não crescem e, quando crescem, não é com a espécie santa que enchem suas congregações. O que acontece quando as pessoas se
encontram ociosas e quais as razões para se tornarem ociosas? A
razão é que aquelas coisas celestiais não aumentam, não são
devidamente trabalhadas da maneira certa e através do poder certo e isso cria
ociosidade. E sabemos o que acontece com pessoas ociosas: buscam
sarna para se coçarem. Buscam qualquer coisa com que se entreter e ainda justificam essas condutas por estarem
ociosas. Pensando sobre isto esta madrugada entre dois sonos,
lembrei-me das mil esposas de Salomão. Com tantas esposas seria
difícil Salomão estar com cada uma delas pelo menos uma vez por ano.
Para estar com cada esposa uma vez por ano deveria estar com três
delas por dia. Não sei se isso é humanamente possível. Creio que
não. Contudo, não podendo estar com Salomão, a
"ociosidade" dessas esposas não lhes permitia estar com outros. Seriam culpadas de
adultério se o fizessem. Devemos lembrar isso sempre que estamos aguardando alguma coisa de Deus,
mantendo-nos imaculados para que nada mais possa impedir que tudo se
cumpra a seu tempo. "Se tardar, espera-o",
Hab.2:3. A ociosidade é uma maternidade para adultérios,
a qual nos pode levar a pensar que temos o direito de passar o nosso
tempo com aquilo que não edifica. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus",
Tgo.4:4. São as pequenas raposas
que destroem a sementeira da santidade. Evitamos sempre os Golias
desta vida, mas, o que destrói a colheita são aquelas pequenas e
insignificantes raposinhas. Quando sua igreja não crescer
espiritualmente, quando sua vida não frutifica na proporção da
promessa, olhe para dentro e não para as circunstâncias de fora. É, seguramente,
dentro de cada um que está o problema.
"Jesus
andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo",
João 7:1. Jesus fazia isto não
porque temesse os Judeus, mas, para não aumentar seus pecados antes
do tempo. Ele ainda precisava terminar sua tarefa antes que se
endurecessem em demasia.
"Aquele
que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça",
João 7:18. Existem muitos
enviados e outros tantos que se acham enviados. Mas, Jesus afirma, falando
dos que foram verdadeiramente enviados, que sobressai uma característica
específica que distingue os sinceros e verdadeiros de coração: buscam a glória de
Deus a qualquer custo dentro dos limites da santidade. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente",
2Tim.2:5. Mas, também podemos
ver esta verdade expressa no sentido inverso: aqueles que buscam
verdadeiramente a glória de Deus havendo sido enviados são
verdadeiros de coração. Os demais não são. Mas, há algo revelador
nestas palavras: quem busca a Sua glória deixa de ter qualquer tipo
de injustiça dentro dele. Olhem algo surpreendente para todos os fãs
das doutrinas que justificam os pecadores e aqueles
que apregoam ser impossível ser-se santo aqui na terra! Quem busca
Sua glória de todo coração obterá todos os meios para que a
injustiça não se apegue a ele. Isto é revelador acerca da capacidade
que os motivos certos são capazes de fornecer ou alcançar.
Existem
pessoas que ensinam os caminhos maus, mas, existem aqueles que
colocam as pessoas em caminhos maus de forma prática. Pensemos nos
pais que põem os filhos nos filmes do mundo, levam-nos onde não
devem e fazem muitas outras coisas. Não precisam ensinar o mal sequer -
colocam-nos lá já em antecipação e esses seres começam a tirar as
próprias conclusões e prazeres sem qualquer ensino a favor ou
contra. Qual será o fim dessas criaturas do mal e qual o juízo que recairá
sobre tais pais?
Quem
fala demais também é alguém que fala sempre rápido demais e, também, diz muitas vezes o que não deve e expressa-se sobre
coisas que não sabe. É o hábito de falar sempre ao invés de falar apenas
quando deve a respeito do que deve.
Todos
nós já passamos por situações onde nos fazem sentir culpados com ou
sem razão. E outras vezes nós próprios nos culpamos com ou sem razão
também. Há sempre um acusador dentro de cada um de nós que precisa ser
crucificado com Cristo. Quantas vezes pessoas fiéis a Deus se culpam a si mesmas
das coisas que acontecem e ficam-se questionando que mal fizeram para que
certas coisas lhes estejam acontecendo. Depois, oram e a situação não
muda. E eles também não mudam. Procuram onde erraram sabendo que podem ser repreendidos,
corrigidos e transformados por
serem filhos e não bastardos. Jó passou por isso, ainda mais sendo
induzido pelos supostos amigos que afirmavam categoricamente que
Deus nunca castigaria sem razão. E essas afirmações ajudaram Jó não
somente a detectar sua inocência e pureza de coração, mas, também a
achar a chave para deixar de se sentir culpado além de já sentir
muita dor e desconforto. Nem sempre somos inocentes
aos olhos de Deus, mas, também podemos chegar ao ponto de poder
afirmar que estamos inocentes ou mesmo inocentados. E sempre que
estamos inocentes (ou inocentados) fazemos de tudo, oramos e imploramos
para que as circunstâncias mudem ao invés de ver que também podemos usar
as circunstâncias adversas a nosso favor para melhorar nosso coração, para
aprender um novo comportamento, alcançar uma nova forma de falar ou
de responder ao mau e ao bom caso tivermos vivido e convivido muito
tempo entre pessoas de lábios impuros. Seja de que maneira for, há
sempre forma de usar qualquer circunstância para o bem daqueles que
amam Deus verdadeiramente. Como Jesus, devemos dizer, apesar das
circunstâncias: "Eu me santifico a mim mesmo",
João 17:19. Se meu esposo não mudar, se meu filho
continuar na rebeldia, se os milagres demorarem a acontecer, devemos
saber que haverá sempre algo importante que podemos aproveitar ou
fazer enquanto outras situações nos querem tragar. Não há noite que dure para sempre.
Logo, podemos aproveitar para alcançar algo útil e prático enquanto
passamos por adversidades, sejam elas extremas ou não, externas ou
internas. Tenho
absoluta certeza que todo o homem que é incapaz de usar bem seu
tempo e capacidades da graça sob alguma pressão das circunstâncias
adversas, será sempre alguém que irá relaxar sempre que tudo lhe correr
aparentemente bem. Essas pessoas, quando oram e alcançam a graça de
Deus para poderem viver plenamente seja sob que circunstâncias for,
também costumam ficar perplexos por seus problemas terrenos não ficarem
resolvidos mesmo havendo-se purificado e santificado. Há um tempo
após essa santificação e/ou purificação para que aquilo que foi
alcançado possa ganhar raízes, solidez e possa permanecer como dado
adquirido, desde que seja mantido pelo poder da graça. Da mesma maneira que um adulto
necessitou de pão para chegar à idade adulta, precisará desse pão
(graça) para se alimentar e manter enquanto adulto.
Existem
coisas que incomodam
muito o dia-a-dia e as vidas daqueles que agem com fidelidade por
se haverem tornado fiéis desde o coração. Todos precisamos aprender
a ser fiéis de forma inteligente; também, que essa fidelidade
se torne a nossa própria natureza, a nossa forma de estar, de ser e
única maneira possível de viver. Quando a finalidade de Deus é
criar ou recriar um ser celestial, os fiéis passam por situações onde aprendem a ser
ainda mais fiéis a todos os valores imputados por Deus
e que estão sendo escritos no coração na fornalha de Seu fogo, sendo sempre fiéis a nível prático e, obviamente, a nível da natureza e do
próprio coração. Os puros tornam-se ainda mais puros a todos os
níveis, os sábios ainda mais sábios e os fiéis ainda mais fiéis
desde a própria natureza. É comum ouvirmos orações e desejos dessas
pessoas que passam por situações incomodas a respeito das
circunstâncias que podem e devem ser usadas com a
finalidade de se tornarem ainda mais fiéis e mais puros de natureza,
menos fingidos e menos forçados em sua santidade a ponto de que, aos
olhos de Deus, essa pureza e fidelidade seja incontestável. "Observaste o meu servo Jó?
Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal",
Jó 1:8. É Deus quem dá esse
testemunho e não o próprio.
Deus não pode negar a Sua própria natureza e todo homem fiel e puro
deve tornar-se alguém que também se torna incapaz de negar a própria
natureza quando esta é fiel e pura. E quando nos encontramos sob as
pressões das circunstâncias podemos ouvir, com alguma frequência,
orações como: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!",
Mat.26:42. Há casos, por
exemplo, onde um esposo ou esposa extremamente fiel a Deus e ao
Evangelho sofra constantes ataques e coisas despropositadas de seu
próprio parceiro matrimonial, de seus próprios filhos e de onde essa
pessoa fiel teme que a aparência das coisas possa dar um mau
testemunho tanto acerca do casamento que Deus deu, emprego ou ambiente familiar
e de Deus. "Isso é que é casar na vontade de Deus? É este tipo
de emprego que Deus dá?" São comentár ghfhios que podem atordoar. Esquecem que a vontade de Deus é que se
tornem puros e fiéis e não, como as novelas e contos de fadas dizem,
"que vivam felizes para sempre". Pedir que o cálice passe, que o
ambiente mude, que a pessoa errada se transforme ou mude de lugar
são tudo coisas apetecíveis e até mesmo desejáveis. Mas, o que deve
mudar é o coração daquele que é fiel sob qualquer circunstância a
ponto de assegurar, enraizar e cimentar a sua própria fidelidade
ainda mais solidamente. "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois",
1Ped.4:12,14. Em vez de se pedir, apenas, que passe o
cálice, devemos saber pedir de coração que se faça a vontade de
Deus, isto é, que o coração puro se purifique ainda mais; que o fiel
se torne menos forçado e mais fiel de natureza, expressão e coração;
que a obra que estava fazendo não sofra atrasos ou que seja relegada
para segundo plano de importância substituído pelos problemas nesse
grau de importância, etc. Como Jesus, devemos
aproveitar o momento para poder dizer:
"Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19.
É uma questão de decidir escolhendo a melhor parte. É uma decisão -
uma excelente decisão mesmo quando as circunstâncias mudam para
melhor.
"O efeito
da justiça será paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança",
Is.32:17. Existem pessoas que se
esforçam (e outros nem tanto) para manterem uma compostura de paz
quando essa paz que Deus dá deve e pode ser natural por via duma
real comunhão com Ele - desde que essa comunhão seja real. É isso
que significa quando lemos nas Escrituras sobre a "paz em Tua
presença". Essa falta de paz pode acontecer por algumas razões, mas,
menciono apenas duas. Uma delas é a pessoa estar em pecado ou
ter ainda algum pecado que nunca foi confessado ou restituído e, na
presença de Deus, não terá paz enquanto rejeitar a convicção desse
pecado e não fizer o que lhe compete fazer. Ser-lhe-á até difícil
conseguir a paz que o mundo dá estando na presença de Deus. Não terá paz com Deus
enquanto não confessar ou restituir e, também, não poderá manter a paz que o mundo dá
devido à presença de Deus. A paz
que o mundo dá é aquele tipo de paz onde não há convicção de pecado
pela ausência de Deus e é possível manter a compostura pela
hipocrisia, fingimento e esforço tendo em mente algum motivo maior.
Outra razão para a falta de paz é mais complexa: fomos criados para
vivermos de Deus, não apenas com o Seu sopro de ar, mas, do
verdadeiro vento de Seu Espírito que sopra dando e mantendo vida
interiormente. Qualquer pessoa sentirá as consequências de viver
longe de Deus porque seu íntimo foi criado para viver apenas de
Deus. É por essa razão que as Escrituras falam de alguém vazio
quando não está cheio de Deus. Esse vazio nunca será preenchido com nada a
não ser Deus e esse vazio acentua-se mil vezes mais na eternidade vazia do inferno. Eu creio
mesmo que o maior incómodo no inferno vai ser o acentuar sem medida desse vazio,
pois, a pessoa estará sempre morrendo sem nunca poder morrer. Por essa
razão é que se chama "morte eterna" - estará num vazio interior sem
medida, sempre morrendo.
"...Nos
dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas,
orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido
quanto ao que temia",
Heb.5:7. Era a vontade de Deus
não somente livrar da morte como também era vencê-la para sempre e
duma vez por todas. Mas, poderíamos não estar a falar da morte, mas,
da vontade de Deus. Tudo que é vontade de Deus - seja para nós
pessoalmente ou para algum bem geral - deve obter a mesma seriedade
de qualquer coração puro a ponto de se clamar com lágrimas, orações
e súplicas apenas por se tratar da vontade de Deus. Quantas lágrimas
você já verteu pela vontade de Deus?
"Todo
aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem
arguidas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vem para a luz", João 3:20,21.
Há aqui um jogo de palavras que precisamos entender. Por um lado,
João fala daqueles que praticam o mal e, por consequência,
escondem-se juntamente com seus atos. Não se expõem na luz. Mas, falando dos verdadeiros,
João não diz que são aqueles que praticam o bem que se
colocam na luz e na visibilidade e, antes, aqueles que
praticam a verdade independentemente do que fizeram de mau ou de
bom, de mal ou de bem. Andar na luz não é e nunca será mostrarmos a nossa melhor cara,
maquilharmos o nosso rosto, vestirmos a nossa melhor vestimenta disfarçando a nossa aparência. Andar na
luz - e precisamos de iniciativa para nos colocarmos na luz - é
começarmos a ser transparentes, sinceros a nosso respeito e honestos
praticando, dessa maneira, a verdade - seja diante de quem for. Se
fizemos mal, revelamos e expomos as coisas tal qual são. É por essa verdade que devemos
começar a praticar toda a verdade.
"Todo
aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem
arguidas as suas obras", João 3:20.
Acho estranho que um homem faça qualquer coisa, suporte qualquer
dificuldade somente para não ser arguido e responsabilizado pelas suas
obras más. Estar na luz é ser transparente praticando a verdade -
não apenas crendo na verdade, mas, praticando-a começando por aquilo
que se é verdadeiramente. Se fiz mal, devo vir para a luz e
desmascarar-me a mim mesmo e nunca agir como se nada tivesse
acontecido. E se é verdade que o homem faz qualquer
coisa para se encobrir, fará qualquer coisa para não se descobrir.
Logo, podemos assumir que enganando-se até a
si mesmo (e os demais a seu respeito) é o que significa andar nas
trevas ou, digamos, mentir, fugir da luz ou evitá-la. Não pratica a
verdade e pratica a mentira. Andar nas
trevas e a mentira são coisas inseparáveis. Quem não anda na luz é
mentiroso. A formula mais pratica
de se encobrir é dar uma de bom, criar uma imagem de crente e
mostrar - ou mesmo crer - nas coisas boas que faz ou pensa que faz. Nicodemus veio a Jesus falando dos milagres que ninguém poderia
fazer sem Deus. Mas, Jesus respondeu sem hesitação que os milagres
de nada valiam caso a pessoa não se tornasse uma nova criatura. Isto
significa que os milagres poderiam servir de cobertura para uma
criatura má e para que alguns nunca se considerem maus. Que os milagreiros
ouçam isso! Ir à Igreja, pulando o muro para dentro do aprisco,
cantar no coro da igreja, ler e estudar a Bíblia, ser o melhor no
seminário, entre muitas outras coisas, podem ser razões para condenar
qualquer pessoa porque podem, facilmente, tornar-se formas de
encobrir pecados e não de dedicação a Deus. Sabemos que ninguém
alcançará misericórdia encobrindo seus pecados - ainda que seja um só
pecado.
"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará",
Prov.28:13.
Muito
se fala sobre as tentações hoje em dia. Uns falam delas como se
fosse algo invencível, outros como se nada fosse. Uns desculpam
seus pecados atribuindo-as às tentações e à força da carne; outros
sentem-se culpados quando são tentados sem haverem sequer transgredido. Outros, ainda, menosprezam
as transgressões como se nunca fossem ser responsabilizados - ou
mesmo condenados - por elas. Cada cabeça com sua sentença ignorando as
verdades afirmativas das Escrituras. Não vou falar da tentação em
si, pois, existirá sempre. Mas, falemos da sua força e aquilo que
lhe dá força. Existem muitas razões para
as tentações ou para a ausência delas. Também existem razões - ou
condições - para que as tentações se tornem fortes quando existem.
Contudo, a
causa dessa força nem sempre é a mesma embora tenham em comum um
afastamento da Vida eterna e abundante. É verdade que o tentador está atento a
tudo aquilo que possa causar uma transgressão, pois, qualquer
transgressão é uma vergonha e desonra o Criador de quem
transgride. Devemos lembrar que foram os nossos pecados e
transgressões que crucificaram Jesus. Mas, atribuir somente à carne
a força da tentação é dizer muito pouco sobre isso. O que dá maior
força à tentação é o afastamento de Deus, seja em novas criaturas ou
em pessoas mais experientes no Caminho. Nas pessoas que odeiam Deus,
as tentações já são um
modo de vida e não se pode dizer que é tentação para eles. As tentações existem, de fato
para aqueles que buscam Deus. Mas,
existem muitas causas para a transgressão, isto é, para se cair em
tentação. Lembremos que a forma de orar que Jesus ordenou é: "não
nos induzas em tentação". Não é uma oração para exterminar a tentação, mas,
para evitar que se entre nela ou se caia. Sabendo
nós que "a carne e suas paixões podem e devem ser crucificadas com
Cristo" (Gal.5:24), as tentações
podem passar com toda a sua força que, quem está literal e
verdadeiramente morto por via da plenitude de vida eterna que
experimenta, não reage a elas. Já viu algum morto olhar
para o sexo oposto ou para o dinheiro com concupiscência? Logo, a
primeira causa para a força da tentação é não estar verdadeiramente
crucificado com Cristo. Mas, existem mais causas. Se Cristo disse
para estarmos (permanecermos) n'Ele e Ele em nós, saindo nós desse
reduto estaremos expostos às marés do inimigo. E, estando expostos ao
inimigo, estaremos novamente expostos às tentações e/ou
transgressões. Outra causa é não andarmos quando temos luz. Podemos
estar parados sem fazer o que nos compete. "Se procederes mal
(se não procederes bem), eis
que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra/para ti
e a ti cumpre dominá-lo", Gen.4:7.
Jesus disse: "Se alguém andar de dia não tropeça",
João 11:9. Alguém pode ter luz e
não andar. Quem não age fazendo aquilo que deve estará exposto às tentações e
será, apenas, uma questão de tempo até
cair nelas. "Andai enquanto tendes luz",
João 12:35. Sob qualquer uma dessas situações, a pessoa em questão tem
como única alternativa tentar
dominar a tentação, cortar a mão que o faz tropeçar ou arrancar o
olho da concupiscência e não tem como se considerar morto para o
pecado. Não deve e não pode mais considerar-se morto para a carne. E
isso não são Boas Novas.
"Se
alguém andar de dia não tropeça",
João 11:9. Muito se fala, hoje
em dia, da possibilidade ou da impossibilidade de nos mantermos
puros e sem mácula. Essa discussão teológica proliferou-se entre
todas as nações onde a carne prega o Evangelho que lhe convém. O
fato de Jesus haver dito "NÃO TROPEÇA" não cabe nas
suas teologias. No entanto, há que cumprir certas condições andando
na luz (e não estar estagnado nela) para que "não tropeçar"
se torne possível. Se a luz revelar algum pecado ou transgressão e a
pessoa não reagir da maneira que deve expondo seu pecado em todo
pormenor ou fazendo restituição, não está andando; se Pedro passar
ao lado do coxo na porta do Templo onde já havia passado inúmeras
vezes e olhado para ele cada vez que passava ali sem que Deus
revelasse alguma coisa e, de repente em certo dia, vem a ordem para
dizer ao coxo para se levantar e Pedro questiona aquela ordem, não
está andando enquanto tem luz; e se o homem ouvir a ordem de Pedro e
hesitar, mas, Pedro não lhe estender a mão para erguê-lo porque teme
que nada vá acontecer, também não está andando. Logo, quem não anda
será, certamente, apanhado pelas trevas e tropeçará mais dia menos
dia, mais hora menos hora.
"A fé
é... a prova das coisas...", Heb.11:1.
Não é bom darmos pouco valor ou passar por cima do sentido ou
do significado das palavras originais sempre que lemos as Escrituras. Quando se
fala em "PROVA" é necessário que exista algo
substancial, concreto, claro e real que revela ao próprio com
clareza aquilo que é afirmado em/por Deus. E tem de ser prova para o
próprio em primeira instância. A fé de muita gente, hoje e sempre,
baseia-se em crenças, esperanças ou mesmo ilusões nas quais
acreditam ou, apenas, desejam acreditar. Tudo se baseia em algo
superficial e sem fundamentos fortes, claros e visíveis. Nada disso é prova. Uma
prova é algo muito muito concreto e substancial - é algo que existe
e que é impossível de negar até mesmo para o próprio. Uma prova é
algo que fecha qualquer boca capaz de contestar e não precisa abrir
a boa daqueles que aprovam de tão evidente que é. "Na verdade,
na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que
vimos", João 3:11. "Porque a vida
(eterna) foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos
ESSA vida eterna", 1João 1:2.
"Essa vida eterna" é aquela que se vê, que se experimenta e não pode
ser negada ou escondida. Pergunte-se a si mesmo por que razão os
Fariseus não conseguiam conter a sua raiva a ponto de decidirem
apedrejar o que viam de forma tão clara e evidente. A sua única
saída era tentar matar quem evidenciasse tão claramente ESSA
vida eterna.
"Se
tu podes crer (...) Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade",
Mar.9:23,24. "Acrescenta-nos a
fé", Luc.17:5. Poucos acham a
verdadeira e única chave para abrir as portas da fé, isto é, a
solução para a falta de fé. Tudo começa na sinceridade (reconhecendo
e confessando, seja de que maneira for). Mas, não termina aí. Não
nos podemos esquecer que as Escrituras ensinam que Jesus é o autor e
consumador da nossa fé (Heb.12:2).
Saber isso e agindo em conformidade (aproximando-nos d'Ele) vai um
pouco mais além de haver achado a chave para a solução.
É comum,
pelas doutrinas de hoje, acreditar-se que uma palavra ou bênção
pronunciada por alguém para alguém obtém a sua força pela pessoa que
a pronuncia. Mas, as coisas não são e nunca serão assim tão
lineares. Se a palavra vem mesmo da boca de Deus obterá seus
efeitos. Com toda a certeza que não voltará vazia. Mas, isso é muito
diferente de quando alguém pronuncia uma palavra para obrigar Deus a
executar em conformidade. Isto é, querendo meter Deus em seus
próprios assuntos e desejos. Em primeiro lugar, é necessário que a
palavra venha de Deus e não do coração e desejos do homem. Em
segundo lugar, há que cumprir as condições para que a palavra vinda
de Deus se cumpra ou se efetive. Por norma, as condições que
necessitam ser cumpridas depende maioritariamente da pessoa que
recebe a palavra e raramente da pessoa que a pronuncia. Hoje dá-se
muito valor a quem pronuncia palavras como se Deus fosse o discípulo
que precisa cumprir aquilo que alguém falou.
"Muitos
correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará",
Dan.12:4. Não é sem razão que
Paulo afirmou que os últimos tempos serão muito difíceis para toda a
humanidade. A razão principal é que o conhecimento, o estudo e a
ciência se espalhará enquanto os corações continuam sem ser
verdadeiramente transformados. Logo, não sendo transformados serão
adaptados. Isto é, a linguagem do mal será adaptada, os sistemas
mudarão de rosto, mas , não de coração. É por essa razão, por
exemplo, que o comunismo é o sistema que mais usa palavras como
democracia, liberdade e o pecado usa p