"Todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz", Ef.5:13. Este versículo só fala
do pico do iceberg da verdade que se esconde por baixo dele. Fala,
apenas, da parte visível, do desenlace e resultado de certas
condições cumpridas. Vamos dissecá-lo por partes. Sabemos o que
é luz. A luz de Deus revela, manifesta as coisas como são e não como
desejaríamos que fossem. Mas, de momento, revela ao próprio sobre o
próprio. Paulo fala aqui daquelas coisas que se fazem em oculto e
que são reprováveis. Se não fossem reprovadas pela consciência e
pela luz de Deus não seriam praticadas em oculto. Existem pessoas
que aprovam aquilo que elas próprias fazem em oculto e quase sempre
essa aprovação também é ocultada. Ocultam o que fazem e ocultam a
sua aprovação. E acabam ocultando a sua desaprovação quando mudam
para não darem a entender que praticaram aquilo que passaram a
reprovar. Quando viemos para a luz devemos saber fazer o
oposto: revelar (manifestar) o que fazemos ou fizemos e reprovar
abertamente com toda a sinceridade. Isso não é o mesmo que reprovar
as obras dos outros abertamente para ocultar o fato de que nós
próprios praticamos aquilo que vemos nos demais. Contudo, somente
andando na luz de Deus com paz de espírito e sendo totalmente
transparentes poderemos afirmar que andamos com Deus. Ser transparente
é uma ofensa para o mundo e se a pessoa ainda é mundana nunca será
verdadeiramente transparente. Isso significa que não anda na luz
porque não é capaz devido ao que pratica e/ou aprova. Assim que
consegue reprovar aquilo que se oculta por natureza, obtém aquela
luz de Deus em forma de vida eterna e constante que tudo manifesta
para que seja revelado aquilo que ainda falta ver. Um passo dado
leva ao passo seguinte. Todas as demais coisas são reveladas quando
alguém consegue reprovar de coração e com toda sinceridade aquilo
que ocultava. Nunca obterá mais luz para todas as outras coisas que se seguem se
não conseguir reprovar de coração e publicamente aquilo que é
reprovável. Para que a luz incida sobre aquilo que ainda precisa
regularizar pelo poder da graça, é necessário
que tenha a capacidade honesta e sincera de reprovar aquelas coisas
que são reprovadas e condenadas pela luz de Deus. Só assim as coisas
podem ser manifestas claramente nos dias seguintes. Mas, existe um
senão: ninguém pode esperar que as coisas
sejam reprovadas em oculto. Se alguém andou nas trevas desde sempre
vai ser tentado a fazer isso pela força da vergonha de haver
cometido atos mantidos em oculto.
Quando alguém começa a reprovar aquilo que faz ou fez mostra tanto
aquilo que é ou foi quanto aquilo que praticou ou pratica. Logo,
reprovar em oculto, por muito sincero que alguém possa ser, tem a
intenção de ocultar aquilo que praticou ou pratica. E isso não é e
nunca será andar na luz.
"Tudo
que se manifesta é luz", Ef.5:13.
Por norma, as pessoas continuam envergonhadas e, por
vezes, com sentimentos de culpa depois que manifestaram e revelaram todos os seus
pecados. Mas, a verdade afirma categoricamente que aquilo que já se
encontra manifesto é luz e ninguém deve ressentir-se de nada estando
na luz, sendo luz e vivendo na/da luz. Esse tipo de ressentimento, seja
qual for a forma ou formato em que se apresente, será sempre um
convite para voltar a andar nas trevas e abandonar a transparência.
-
"...Aprovando o que é agradável ao Senhor", Ef.5:10.
Esta palavra "aprovando" tem um significado especial, tanto no
original quanto em nosso idioma atual. A raiz da palavra é "provar".
Significa conseguir provar primeiro com o intuito de decidir a
favor, no caso, aprovar. Ninguém deve aprovar aquilo que não provou
experimentando na primeira pessoa. Não pode aprovar por via do
testemunho de outros, mas, experimentando pessoalmente. Para aprovar
é necessário experimentar de forma real - é necessário provar. Havendo experimentado, há
que gostar de seguida sem qualquer ponta de hipocrisia. Se não
experimentar e se não gostar não pode aprovar. Se aprovar não
experimentando e não gostando será hipócrita e nenhum hipócrita
entrará o reino de Deus, nem no Seu reino aqui na terra e nem depois da morte.
Não é possível e muito menos aceitável aprovar por intuição, rótulo ou
decisão sem haver provado e gostado. Isto tem muito que se lhe diga
quando falamos de pessoas que viviam em inimizade contra Deus e se
opunham à verdade por natureza. São essas pessoas que devem
experimentar na primeira pessoa e gostar daquilo que nunca
amaram e, agora, experimentam, isto é, experimentam na primeira
pessoa. "Agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas, porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo", João 4:42.
"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida",
1João 1:1.
"Aquele que observar (guardar) e ensinar..."
Mat.5:19. Estas palavras estão ordenadas de forma
sequencial. Primeiro vem o observar e guardar. Só depois se pode
ensinar. Não é isto que vemos hoje nos nossos púlpitos. Ouço com
muita frequência - mais frequentemente do que possa imaginar - as
pessoas ensinarem e logo de seguida afirmarem algo assim: "Mas, nós
somos imperfeitos e todos nós erramos" e não sabem o mal que fazem à
igreja! Se é assim, por que razão ensinam? Afirmam que não cumprem e
ensinam ou, então, usam as palavras para manifestar uma "falsa
humildade" que é igualmente condenável, Col.2:23. Paulo
dizia: "Sede meus imitadores", 1Cor.4:16;
11:1; Ef.51; Fil.3:17. "O que vistes em mim, isso
praticai", Fil.4:9.
"...Firmes em um só espírito..." Fil.1:27. Esta firmeza tem alguns pontos que nunca poderemos ignorar ou mesmo desprezar. Não é o fato de as
pessoas se entenderem que as torna firmes. São as pessoas firmes (em
Deus) que são capazes de se entender. Essa firmeza tem de
começar (e terminar) no espírito e nunca na carne. Não é agradando pessoas que se
constrói esse tipo de firmeza de espírito. Antes pelo contrário: é deixando
de agradá-las ou não conseguindo mais agradar pessoas. Somente deixando de se agradar mutuamente podem
verificar se têm um mesmo espírito ou não. É a firmeza em Deus entre todos que faz com
que as pessoas se possam tornar unidas em um mesmo espírito. Se têm um mesmo
espírito não precisam de se agradar mutuamente para se tornarem uma
união de firmeza. Na verdade, torna-se necessário deixarem de se
agradar mutuamente. Não é necessário regar a terra onde já choveu.
Caso tenham alcançado um mesmo espírito em Deus, agradarem-se
mutuamente trará desunião e nunca verdadeira união. As coisas em
Deus operam doutro modo, por via doutro poder e primam-se pela
verdade e por optarem ser verdadeiros de coração. "Falai a verdade cada um com o seu próximo",
Zac.8:16. Se o espírito não
for igual nas pessoas nunca existirá união firme. Após estarem verdadeiramente firmes em
Deus - de igual modo e no mesmo nível entre todos - terão, apenas, de permanecer em um mesmo espírito para que essa
firmeza possa ser mantida. Isso é diferente daquelas uniões falsas
onde o mundo e o cristianismo se juntam para se entenderem. Onde o
mar e o rio se juntam, o sal torna-se insípido e isso favorecerá o
mundo e não o sal. A verdadeira paz entre
pessoas (um tipo de paz sem qualquer sintoma ou nuance de
hipocrisia) depende da semelhança em essência das pessoas ou em que se tornaram desde o
coração. As pessoas são unidas por via da essência e não pelo seu
esforço. Os mentirosos entendem-se entre eles; os ladrões juntam-se
facilmente e formam quadrilhas; os avarentos conversam avidamente uns com os outros; e
os santos que buscam exclusivamente toda a glória de Deus sentam-se
facilmente à volta da mesma mesa com verdadeira alegria. Sendo ou obtendo uma mesma essência, o pequeno esforço
exigido após isso para
se tornarem uma verdadeira união advém do fato de haverem construído mentes
obstinadas e diferentes na vida anterior num mundo flutuante, sem eixo e sem
qualquer tipo de firmeza real por estarem longe de Deus como ovelhas
desgarradas que seguiram seus próprios caminhos. Mentes diferentes foram
construídas ao longo dos anos em pessoas distintas que, agora,
obtiveram um mesmo coração, uma mesma essência que as faz concordar
umas com as outras caso deixem de fazer uso dos modos/métodos
antigos e de fórmulas carnais. Cada um se
havia desviado pelo seu próprio caminho e são essas mentes autónomas que
devem ser reintegradas numa nova essência que já se tornou comum em todos
aqueles que são verdadeiramente santos e obtiveram um mesmo alvo/propósito:
seu Senhor e a busca exclusiva de toda a Sua glória desde o coração.
Falando para pessoas com suas essências transformadas em Deus,
precisamos, apenas, dizer: "transformai-vos pela renovação da vossa
mente", Rom12:2. Aos tais basta
somente que lavem seus pés e não tudo. "Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois, no mais todo está limpo",
João 13:10. Necessitam, apenas,
acertar agulhas. Não existe paz
verdadeira ou verdadeira concordância entre pessoas com essências
distintas. Se existir será, apenas, uma paz e uma concórdia aparentes entre
elas na medida do egoísmo e da necessidade de cada um desde que não
sejam ultrapassados os limites dum dos envolvidos. Mas, a paz entre pessoas da mesma essência é fácil, mesmo entre
pessoas diferentes, raças diferentes e até mesmo com idades
diferentes. Sempre que as pessoas não se entendem, nunca devemos
optar por curar esse ferimento superficialmente, embora, muitos nem
achem que isso seja um ferimento. Devemos, antes,
deixar a ferida aberta para que se cure naturalmente após o
tratamento da essência de quem busca verdadeira paz e verdadeira
concórdia. Não devemos optar por estabelecer uma paz falsa, pois,
existe um fosso que não se pode ultrapassar entre pessoas de jugo
desigual. "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, Eu vo-lo afirmo; antes, divisão",
Luc.12:51. Uma nova essência é
capaz de trazer divisão, dissensão e incurável discórdia entre
familiares antes muito unidos. A única cura é a transformação de cada pessoa
começando pela sua essência. Não optemos por sanar esse tipo de
conflituosidade (inimizade) de
forma superficial e hipócrita. "Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá",
Luc.16:26. Somente os que se
tornaram "de cá" em sua essência se poderão entender com os de cá.
Qualquer tipo de esforço ou tentativa para tentar unir os de lá com
os de cá será sempre um esforço inútil e vão. Nem vale a pena
tentar. Optemos, antes, por trazer o verdadeiro Evangelho em sua
essência mais pura e mais original e somente isso operará a verdadeira
paz e união entre pessoas, entre inimigos e até memo entre nações.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus",
Mat.5:9. Não creio que aqueles
que tentem ser outro tipo de pacificadores trazendo outro tipo de
paz possam ser chamados filhos de Deus. Os que têm paz com Deus
terão paz e concórdia entre eles porque são dum mesmo espírito.
Basta viverem como tal, assumindo uma nova realidade.
"Quem me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida",
João 8:12. Um versículo recheado
- muito recheado. Muito se pode dizer ou deduzir desta afirmação de
Jesus. É frequente ouvir alguém dizer que não sabe o que fazer e,
por norma, entrega-se àquilo que acha ser a opção mais óbvia, mais
aprazível ou mais apetecível. Eva destruiu o mundo optando pelo
aprazível e óbvio. Ainda hoje sofremos as consequências desse ato. Para
seguir Jesus é necessário estar com Ele, havê-lo achado sem sombra
de dúvida e permanecer em Sua presença real. Se essa presença não
for real, se for uma de crença que se assume por conta da dita "fé"
que apregoam por aí, não se está seguindo o verdadeiro Jesus, mas, um
outro Jesus que convém à carne. Logo, é indispensável achar o
verdadeiro de forma real.
Achando-O será sempre em forma de Vida abundante, eterna, constante
e sem altos e baixos, permanente. E é essa vida que se reverterá em
luz. "A Vida é a luz dos homens", João 1:4.
É por essa razão que Jesus diz que "terá a luz da Vida", isto
é, essa vida servirá como luz integralmente. Isso é diferente de termos
uma ideia, uma iluminação, um sonho ou revelação. Essas coisas
servem de sinais àqueles que não experimentam essa vida verdadeira,
real e constante, isto é, eterna. "Se entre vós há profeta, eu, o Senhor,
me faço conhecer a ele em visão, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor",
Núm.12:6-8. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus",
Mat.5:8.
Quais são as piores consequências duma pessoa que lidera sendo errada, não
somente errada de coração, mas, também de conduta? Imaginemos um lar
onde um filho deve, pela lei de Deus, ser obediente ao pai e à
mãe; e imaginemos que esse pai ou mãe são errados de coração ou
patrocinam uma conduta errónea. Esse filho fica numa encruzilhada,
dividido entre ser obediente a Deus ou aos pais. Se obedece aos
pais, desobedece a Deus; se obedece a Deus, desobedece aos pais.
Duma maneira ou de outra quebra um dos mandamentos, embora saibamos,
pelas Escrituras que nos é perguntado algo assim: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus",
At.4:19. Todos os pais que não
são capazes de ser integralmente fiéis em toda a casa de Deus
destruirão seus lares com muitos géneros de encruzilhadas.
Existem
certas virtudes ou mesmo características gerais que nascem conosco
desde o primeiro dia. Tal como um bebé nasce sabendo mamar, também
nasce com certos conceitos importantes para qualquer ser humano. Por
exemplo, todos nascem com o conceito de eternidade implantado em
seus corações e ideias. Ninguém acha que será ele o próximo a
morrer, nem mesmo sabendo que irá morrer algum dia. "Deus pôs a
eternidade no coração do homem", Ecl.3:11.
Da mesma maneira, colocou no homem o sentido de obediência, de
justiça e todo tipo de aptidão para tudo aquilo que é celestial.
Contudo, essas aptidões não funcionam em sua forma original separadas duma comunhão real e
verdadeira com Deus. E quando separados de Deus, todos os seres com
essas aptidões inatas tornam-se diferentes (mas, nunca indiferentes)
e, muitas vezes, tornam-se o inverso ou oposto fazendo uso dos
mesmos meios, isto é, fazem uso da forma invertida
das aptidões com as quais ou para as quais foram criados. O sentido
de eternidade leva ao suicídio, seja o suicídio espiritual ou
físico; a obediência inverte-se em contrariedade e é por essa razão
que a Bíblia, falando de desobediência como feitiçaria ou idolatria,
descreve-a como rebelião, contrariedade, obstinação tendo sempre
sempre pronta uma atitude/palavra do contra. E por que razão ser do
contra ou ter uma ideia, conduta ou palavra paralela como Saul teve
(1Sam.15:22) é um formato
camuflado de idolatria ou feitiçaria? Porque usa outro tipo de
poder, serve outro que não Deus (seja servindo o próprio ou
agradando pessoas por medo ou 'simpatia'). Quem agrada pessoas
engana-se a ele mesmo. Essas duas coisas são inseparáveis: todo
aquele que agrada pessoas - seja com que finalidade for - serve um
qualquer tipo de engano próprio. Podemos falar, também, do sentido
inato de agradar Deus que se transforma em agradar pessoas ou ao
próprio porque a aptidão de agradar existe pela criação. Teria
muitas mais coisas para mencionar aqui, mas, é necessário saber,
apenas, que ninguém fica indiferente ou inativo acerca da criação que
é. Se não tiver e não conseguir permanecer em plena comunhão
continuada com Deus nunca ficará inativo e será sempre uma versão
contrária ou inversa por via das aptidões com as quais foi criado ou para as
quais foi feito. Inativo nunca fica,
Is.57:20. Seria o mesmo que dizer que um bebé que nasceu com
a aptidão para mamar e engolir usa essa mesma aptidão para mamar e cuspir
no rosto da mãe aquilo que mama. Quem não vive e convive com Deus será sempre
contra-natura usando aquilo que é como criatura para cuspir no rosto
de Deus. Para quem consegue viver e conviver com Deus e
afirmar como Elias, "Deus em cuja presença estou" (e que
isso seja real e verdadeiro), a sabedoria e o
conhecimento serão sempre um complemento e não uma capacidade.
Aqueles que não convivem com Deus experimentalmente usarão sempre o
conhecimento e a sabedoria como a (única) fonte de capacitação
porque tentam empreender por contra própria. É por essas razões que
a falência das igrejas de hoje é tão óbvia.
"Por
que procurais matar-me?" João 7:19.
É difícil admitir que a maioria dos crentes procura matar o Jesus
verdadeiro dentro deles. Mas, quando são chamados à atenção
respondem da mesma forma que os Judeus: "Quem procura matar-te?" A
ignorância sobre fatos reais é indescritível! Sempre que se opta por
cair numa transgressão cedendo a qualquer tipo de tentação podemos
ter a certeza que isso é matar Jesus dentro de nós, isto é, se Ele
está mesmo dentro de nós e não é ficção. Quando essa "presença" é
fictícia ou apenas crida, qualquer transgressor nunca sentirá a
diferença e é por essa razão que se afirma por aí que nada nos
acontece quando pecamos.
"Se
e em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor",
2Ped.1:8. A ociosidade é um
problema sério. Pedro fala aqui o que são "estas coisas" as
quais não permitem que alguém se torne ocioso. Mas, sempre que as pessoas já se
encontram espiritualmente ociosas, acham razões para se entreterem com aquilo
que não edifica e, pior ainda, que as torna pessoas ainda mais estéreis, isto
é, incapazes de reproduzir a espécie santa. Por essa razão, vemos
igrejas que não crescem e, quando crescem, não é com a espécie santa que enchem suas congregações. O que acontece quando as pessoas se
encontram ociosas e quais as razões para se tornarem ociosas? A
razão é que aquelas coisas celestiais não aumentam, não são
devidamente trabalhadas da maneira certa e através do poder certo e isso cria
ociosidade. E sabemos o que acontece com pessoas ociosas: buscam
sarna para se coçarem. Buscam qualquer coisa com que se entreter e ainda justificam essas condutas por estarem
ociosas. Pensando sobre isto esta madrugada entre dois sonos,
lembrei-me das mil esposas de Salomão. Com tantas esposas seria
difícil Salomão estar com cada uma delas pelo menos uma vez por ano.
Para estar com cada esposa uma vez por ano deveria estar com três
delas por dia. Não sei se isso é humanamente possível. Creio que
não. Contudo, não podendo estar com Salomão, a
"ociosidade" dessas esposas não lhes permitia estar com outros. Seriam culpadas de
adultério se o fizessem. Devemos lembrar isso sempre que estamos aguardando alguma coisa de Deus,
mantendo-nos imaculados para que nada mais possa impedir que tudo se
cumpra a seu tempo. "Se tardar, espera-o",
Hab.2:3. A ociosidade é uma maternidade para adultérios,
a qual nos pode levar a pensar que temos o direito de passar o nosso
tempo com aquilo que não edifica. "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus",
Tgo.4:4. São as pequenas raposas
que destroem a sementeira da santidade. Evitamos sempre os Golias
desta vida, mas, o que destrói a colheita são aquelas pequenas e
insignificantes raposinhas. Quando sua igreja não crescer
espiritualmente, quando sua vida não frutifica na proporção da
promessa, olhe para dentro e não para as circunstâncias de fora. É, seguramente,
dentro de cada um que está o problema.
"Jesus
andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus procuravam matá-lo",
João 7:1. Jesus fazia isto não
porque temesse os Judeus, mas, para não aumentar seus pecados antes
do tempo. Ele ainda precisava terminar sua tarefa antes que se
endurecessem em demasia.
"Aquele
que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça",
João 7:18. Existem muitos
enviados e outros tantos que se acham enviados. Mas, Jesus afirma, falando
dos que foram verdadeiramente enviados, que sobressai uma característica
específica que distingue os sinceros e verdadeiros de coração: buscam a glória de
Deus a qualquer custo dentro dos limites da santidade. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente",
2Tim.2:5. Mas, também podemos
ver esta verdade expressa no sentido inverso: aqueles que buscam
verdadeiramente a glória de Deus havendo sido enviados são
verdadeiros de coração. Os demais não são. Mas, há algo revelador
nestas palavras: quem busca a Sua glória deixa de ter qualquer tipo
de injustiça dentro dele. Olhem algo surpreendente para todos os fãs
das doutrinas que justificam os pecadores e aqueles
que apregoam ser impossível ser-se santo aqui na terra! Quem busca
Sua glória de todo coração obterá todos os meios para que a
injustiça não se apegue a ele. Isto é revelador acerca da capacidade
que os motivos certos são capazes de fornecer ou alcançar.
Existem
pessoas que ensinam os caminhos maus, mas, existem aqueles que
colocam as pessoas em caminhos maus de forma prática. Pensemos nos
pais que põem os filhos nos filmes do mundo, levam-nos onde não
devem e fazem muitas outras coisas. Não precisam ensinar o mal sequer -
colocam-nos lá já em antecipação e esses seres começam a tirar as
próprias conclusões e prazeres sem qualquer ensino a favor ou
contra. Qual será o fim dessas criaturas do mal e qual o juízo que recairá
sobre tais pais?
Quem
fala demais também é alguém que fala sempre rápido demais e, também, diz muitas vezes o que não deve e expressa-se sobre
coisas que não sabe. É o hábito de falar sempre ao invés de falar apenas
quando deve a respeito do que deve.
Todos
nós já passamos por situações onde nos fazem sentir culpados com ou
sem razão. E outras vezes nós próprios nos culpamos com ou sem razão
também. Há sempre um acusador dentro de cada um de nós que precisa ser
crucificado com Cristo. Quantas vezes pessoas fiéis a Deus se culpam a si mesmas
das coisas que acontecem e ficam-se questionando que mal fizeram para que
certas coisas lhes estejam acontecendo. Depois, oram e a situação não
muda. E eles também não mudam. Procuram onde erraram sabendo que podem ser repreendidos,
corrigidos e transformados por
serem filhos e não bastardos. Jó passou por isso, ainda mais sendo
induzido pelos supostos amigos que afirmavam categoricamente que
Deus nunca castigaria sem razão. E essas afirmações ajudaram Jó não
somente a detectar sua inocência e pureza de coração, mas, também a
achar a chave para deixar de se sentir culpado além de já sentir
muita dor e desconforto. Nem sempre somos inocentes
aos olhos de Deus, mas, também podemos chegar ao ponto de poder
afirmar que estamos inocentes ou mesmo inocentados. E sempre que
estamos inocentes (ou inocentados) fazemos de tudo, oramos e imploramos
para que as circunstâncias mudem ao invés de ver que também podemos usar
as circunstâncias adversas a nosso favor para melhorar nosso coração, para
aprender um novo comportamento, alcançar uma nova forma de falar ou
de responder ao mau e ao bom caso tivermos vivido e convivido muito
tempo entre pessoas de lábios impuros. Seja de que maneira for, há
sempre forma de usar qualquer circunstância para o bem daqueles que
amam Deus verdadeiramente. Como Jesus, devemos dizer, apesar das
circunstâncias: "Eu me santifico a mim mesmo",
João 17:19. Se meu esposo não mudar, se meu filho
continuar na rebeldia, se os milagres demorarem a acontecer, devemos
saber que haverá sempre algo importante que podemos aproveitar ou
fazer enquanto outras situações nos querem tragar. Não há noite que dure para sempre.
Logo, podemos aproveitar para alcançar algo útil e prático enquanto
passamos por adversidades, sejam elas extremas ou não, externas ou
internas. Tenho
absoluta certeza que todo o homem que é incapaz de usar bem seu
tempo e capacidades da graça sob alguma pressão das circunstâncias
adversas, será sempre alguém que irá relaxar sempre que tudo lhe correr
aparentemente bem. Essas pessoas, quando oram e alcançam a graça de
Deus para poderem viver plenamente seja sob que circunstâncias for,
também costumam ficar perplexos por seus problemas terrenos não ficarem
resolvidos mesmo havendo-se purificado e santificado. Há um tempo
após essa santificação e/ou purificação para que aquilo que foi
alcançado possa ganhar raízes, solidez e possa permanecer como dado
adquirido, desde que seja mantido pelo poder da graça. Da mesma maneira que um adulto
necessitou de pão para chegar à idade adulta, precisará desse pão
(graça) para se alimentar e manter enquanto adulto.
Existem
coisas que incomodam
muito o dia-a-dia e as vidas daqueles que agem com fidelidade por
se haverem tornado fiéis desde o coração. Todos precisamos aprender
a ser fiéis de forma inteligente; também, que essa fidelidade
se torne a nossa própria natureza, a nossa forma de estar, de ser e
única maneira possível de viver. Quando a finalidade de Deus é
criar ou recriar um ser celestial, os fiéis passam por situações onde aprendem a ser
ainda mais fiéis a todos os valores imputados por Deus
e que estão sendo escritos no coração na fornalha de Seu fogo, sendo sempre fiéis a nível prático e, obviamente, a nível da natureza e do
próprio coração. Os puros tornam-se ainda mais puros a todos os
níveis, os sábios ainda mais sábios e os fiéis ainda mais fiéis
desde a própria natureza. É comum ouvirmos orações e desejos dessas
pessoas que passam por situações incomodas a respeito das
circunstâncias que podem e devem ser usadas com a
finalidade de se tornarem ainda mais fiéis e mais puros de natureza,
menos fingidos e menos forçados em sua santidade a ponto de que, aos
olhos de Deus, essa pureza e fidelidade seja incontestável. "Observaste o meu servo Jó?
Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal",
Jó 1:8. É Deus quem dá esse
testemunho e não o próprio.
Deus não pode negar a Sua própria natureza e todo homem fiel e puro
deve tornar-se alguém que também se torna incapaz de negar a própria
natureza quando esta é fiel e pura. E quando nos encontramos sob as
pressões das circunstâncias podemos ouvir, com alguma frequência,
orações como: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!",
Mat.26:42. Há casos, por
exemplo, onde um esposo ou esposa extremamente fiel a Deus e ao
Evangelho sofra constantes ataques e coisas despropositadas de seu
próprio parceiro matrimonial, de seus próprios filhos e de onde essa
pessoa fiel teme que a aparência das coisas possa dar um mau
testemunho tanto acerca do casamento que Deus deu, emprego ou ambiente familiar
e de Deus. "Isso é que é casar na vontade de Deus? É este tipo
de emprego que Deus dá?" São comentár ghfhios que podem atordoar. Esquecem que a vontade de Deus é que se
tornem puros e fiéis e não, como as novelas e contos de fadas dizem,
"que vivam felizes para sempre". Pedir que o cálice passe, que o
ambiente mude, que a pessoa errada se transforme ou mude de lugar
são tudo coisas apetecíveis e até mesmo desejáveis. Mas, o que deve
mudar é o coração daquele que é fiel sob qualquer circunstância a
ponto de assegurar, enraizar e cimentar a sua própria fidelidade
ainda mais solidamente. "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois",
1Ped.4:12,14. Em vez de se pedir, apenas, que passe o
cálice, devemos saber pedir de coração que se faça a vontade de
Deus, isto é, que o coração puro se purifique ainda mais; que o fiel
se torne menos forçado e mais fiel de natureza, expressão e coração;
que a obra que estava fazendo não sofra atrasos ou que seja relegada
para segundo plano de importância substituído pelos problemas nesse
grau de importância, etc. Como Jesus, devemos
aproveitar o momento para poder dizer:
"Eu me santifico a mim mesmo", João 17:19.
É uma questão de decidir escolhendo a melhor parte. É uma decisão -
uma excelente decisão mesmo quando as circunstâncias mudam para
melhor.
"O efeito
da justiça será paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança",
Is.32:17. Existem pessoas que se
esforçam (e outros nem tanto) para manterem uma compostura de paz
quando essa paz que Deus dá deve e pode ser natural por via duma
real comunhão com Ele - desde que essa comunhão seja real. É isso
que significa quando lemos nas Escrituras sobre a "paz em Tua
presença". Essa falta de paz pode acontecer por algumas razões, mas,
menciono apenas duas. Uma delas é a pessoa estar em pecado ou
ter ainda algum pecado que nunca foi confessado ou restituído e, na
presença de Deus, não terá paz enquanto rejeitar a convicção desse
pecado e não fizer o que lhe compete fazer. Ser-lhe-á até difícil
conseguir a paz que o mundo dá estando na presença de Deus. Não terá paz com Deus
enquanto não confessar ou restituir e, também, não poderá manter a paz que o mundo dá
devido à presença de Deus. A paz
que o mundo dá é aquele tipo de paz onde não há convicção de pecado
pela ausência de Deus e é possível manter a compostura pela
hipocrisia, fingimento e esforço tendo em mente algum motivo maior.
Outra razão para a falta de paz é mais complexa: fomos criados para
vivermos de Deus, não apenas com o Seu sopro de ar, mas, do
verdadeiro vento de Seu Espírito que sopra dando e mantendo vida
interiormente. Qualquer pessoa sentirá as consequências de viver
longe de Deus porque seu íntimo foi criado para viver apenas de
Deus. É por essa razão que as Escrituras falam de alguém vazio
quando não está cheio de Deus. Esse vazio nunca será preenchido com nada a
não ser Deus e esse vazio acentua-se mil vezes mais na eternidade vazia do inferno. Eu creio
mesmo que o maior incómodo no inferno vai ser o acentuar sem medida desse vazio,
pois, a pessoa estará sempre morrendo sem nunca poder morrer. Por essa
razão é que se chama "morte eterna" - estará num vazio interior sem
medida, sempre morrendo.
"...Nos
dias da sua carne, oferecer, com grande clamor e lágrimas,
orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido
quanto ao que temia",
Heb.5:7. Era a vontade de Deus
não somente livrar da morte como também era vencê-la para sempre e
duma vez por todas. Mas, poderíamos não estar a falar da morte, mas,
da vontade de Deus. Tudo que é vontade de Deus - seja para nós
pessoalmente ou para algum bem geral - deve obter a mesma seriedade
de qualquer coração puro a ponto de se clamar com lágrimas, orações
e súplicas apenas por se tratar da vontade de Deus. Quantas lágrimas
você já verteu pela vontade de Deus?
"Todo
aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem
arguidas as suas obras. Mas quem pratica a verdade vem para a luz", João 3:20,21.
Há aqui um jogo de palavras que precisamos entender. Por um lado,
João fala daqueles que praticam o mal e, por consequência,
escondem-se juntamente com seus atos. Não se expõem na luz. Mas, falando dos verdadeiros,
João não diz que são aqueles que praticam o bem que se
colocam na luz e na visibilidade e, antes, aqueles que
praticam a verdade independentemente do que fizeram de mau ou de
bom, de mal ou de bem. Andar na luz não é e nunca será mostrarmos a nossa melhor cara,
maquilharmos o nosso rosto, vestirmos a nossa melhor vestimenta disfarçando a nossa aparência. Andar na
luz - e precisamos de iniciativa para nos colocarmos na luz - é
começarmos a ser transparentes, sinceros a nosso respeito e honestos
praticando, dessa maneira, a verdade - seja diante de quem for. Se
fizemos mal, revelamos e expomos as coisas tal qual são. É por essa verdade que devemos
começar a praticar toda a verdade.
"Todo
aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem
arguidas as suas obras", João 3:20.
Acho estranho que um homem faça qualquer coisa, suporte qualquer
dificuldade somente para não ser arguido e responsabilizado pelas suas
obras más. Estar na luz é ser transparente praticando a verdade -
não apenas crendo na verdade, mas, praticando-a começando por aquilo
que se é verdadeiramente. Se fiz mal, devo vir para a luz e
desmascarar-me a mim mesmo e nunca agir como se nada tivesse
acontecido. E se é verdade que o homem faz qualquer
coisa para se encobrir, fará qualquer coisa para não se descobrir.
Logo, podemos assumir que enganando-se até a
si mesmo (e os demais a seu respeito) é o que significa andar nas
trevas ou, digamos, mentir, fugir da luz ou evitá-la. Não pratica a
verdade e pratica a mentira. Andar nas
trevas e a mentira são coisas inseparáveis. Quem não anda na luz é
mentiroso. A formula mais pratica
de se encobrir é dar uma de bom, criar uma imagem de crente e
mostrar - ou mesmo crer - nas coisas boas que faz ou pensa que faz. Nicodemus veio a Jesus falando dos milagres que ninguém poderia
fazer sem Deus. Mas, Jesus respondeu sem hesitação que os milagres
de nada valiam caso a pessoa não se tornasse uma nova criatura. Isto
significa que os milagres poderiam servir de cobertura para uma
criatura má e para que alguns nunca se considerem maus. Que os milagreiros
ouçam isso! Ir à Igreja, pulando o muro para dentro do aprisco,
cantar no coro da igreja, ler e estudar a Bíblia, ser o melhor no
seminário, entre muitas outras coisas, podem ser razões para condenar
qualquer pessoa porque podem, facilmente, tornar-se formas de
encobrir pecados e não de dedicação a Deus. Sabemos que ninguém
alcançará misericórdia encobrindo seus pecados - ainda que seja um só
pecado.
"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará",
Prov.28:13.
Muito
se fala sobre as tentações hoje em dia. Uns falam delas como se
fosse algo invencível, outros como se nada fosse. Uns desculpam
seus pecados atribuindo-as às tentações e à força da carne; outros
sentem-se culpados quando são tentados sem haverem sequer transgredido. Outros, ainda, menosprezam
as transgressões como se nunca fossem ser responsabilizados - ou
mesmo condenados - por elas. Cada cabeça com sua sentença ignorando as
verdades afirmativas das Escrituras. Não vou falar da tentação em
si, pois, existirá sempre. Mas, falemos da sua força e aquilo que
lhe dá força. Existem muitas razões para
as tentações ou para a ausência delas. Também existem razões - ou
condições - para que as tentações se tornem fortes quando existem.
Contudo, a
causa dessa força nem sempre é a mesma embora tenham em comum um
afastamento da Vida eterna e abundante. É verdade que o tentador está atento a
tudo aquilo que possa causar uma transgressão, pois, qualquer
transgressão é uma vergonha e desonra o Criador de quem
transgride. Devemos lembrar que foram os nossos pecados e
transgressões que crucificaram Jesus. Mas, atribuir somente à carne
a força da tentação é dizer muito pouco sobre isso. O que dá maior
força à tentação é o afastamento de Deus, seja em novas criaturas ou
em pessoas mais experientes no Caminho. Nas pessoas que odeiam Deus,
as tentações já são um
modo de vida e não se pode dizer que é tentação para eles. As tentações existem, de fato
para aqueles que buscam Deus. Mas,
existem muitas causas para a transgressão, isto é, para se cair em
tentação. Lembremos que a forma de orar que Jesus ordenou é: "não
nos induzas em tentação". Não é uma oração para exterminar a tentação, mas,
para evitar que se entre nela ou se caia. Sabendo
nós que "a carne e suas paixões podem e devem ser crucificadas com
Cristo" (Gal.5:24), as tentações
podem passar com toda a sua força que, quem está literal e
verdadeiramente morto por via da plenitude de vida eterna que
experimenta, não reage a elas. Já viu algum morto olhar
para o sexo oposto ou para o dinheiro com concupiscência? Logo, a
primeira causa para a força da tentação é não estar verdadeiramente
crucificado com Cristo. Mas, existem mais causas. Se Cristo disse
para estarmos (permanecermos) n'Ele e Ele em nós, saindo nós desse
reduto estaremos expostos às marés do inimigo. E, estando expostos ao
inimigo, estaremos novamente expostos às tentações e/ou
transgressões. Outra causa é não andarmos quando temos luz. Podemos
estar parados sem fazer o que nos compete. "Se procederes mal
(se não procederes bem), eis
que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra/para ti
e a ti cumpre dominá-lo", Gen.4:7.
Jesus disse: "Se alguém andar de dia não tropeça",
João 11:9. Alguém pode ter luz e
não andar. Quem não age fazendo aquilo que deve estará exposto às tentações e
será, apenas, uma questão de tempo até
cair nelas. "Andai enquanto tendes luz",
João 12:35. Sob qualquer uma dessas situações, a pessoa em questão tem
como única alternativa tentar
dominar a tentação, cortar a mão que o faz tropeçar ou arrancar o
olho da concupiscência e não tem como se considerar morto para o
pecado. Não deve e não pode mais considerar-se morto para a carne. E
isso não são Boas Novas.
"Se
alguém andar de dia não tropeça",
João 11:9. Muito se fala, hoje
em dia, da possibilidade ou da impossibilidade de nos mantermos
puros e sem mácula. Essa discussão teológica proliferou-se entre
todas as nações onde a carne prega o Evangelho que lhe convém. O
fato de Jesus haver dito "NÃO TROPEÇA" não cabe nas
suas teologias. No entanto, há que cumprir certas condições andando
na luz (e não estar estagnado nela) para que "não tropeçar"
se torne possível. Se a luz revelar algum pecado ou transgressão e a
pessoa não reagir da maneira que deve expondo seu pecado em todo
pormenor ou fazendo restituição, não está andando; se Pedro passar
ao lado do coxo na porta do Templo onde já havia passado inúmeras
vezes e olhado para ele cada vez que passava ali sem que Deus
revelasse alguma coisa e, de repente em certo dia, vem a ordem para
dizer ao coxo para se levantar e Pedro questiona aquela ordem, não
está andando enquanto tem luz; e se o homem ouvir a ordem de Pedro e
hesitar, mas, Pedro não lhe estender a mão para erguê-lo porque teme
que nada vá acontecer, também não está andando. Logo, quem não anda
será, certamente, apanhado pelas trevas e tropeçará mais dia menos
dia, mais hora menos hora.
"A fé
é... a prova das coisas...", Heb.11:1.
Não é bom darmos pouco valor ou passar por cima do sentido ou
do significado das palavras originais sempre que lemos as Escrituras. Quando se
fala em "PROVA" é necessário que exista algo
substancial, concreto, claro e real que revela ao próprio com
clareza aquilo que é afirmado em/por Deus. E tem de ser prova para o
próprio em primeira instância. A fé de muita gente, hoje e sempre,
baseia-se em crenças, esperanças ou mesmo ilusões nas quais
acreditam ou, apenas, desejam acreditar. Tudo se baseia em algo
superficial e sem fundamentos fortes, claros e visíveis. Nada disso é prova. Uma
prova é algo muito muito concreto e substancial - é algo que existe
e que é impossível de negar até mesmo para o próprio. Uma prova é
algo que fecha qualquer boca capaz de contestar e não precisa abrir
a boa daqueles que aprovam de tão evidente que é. "Na verdade,
na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que
vimos", João 3:11. "Porque a vida
(eterna) foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos
ESSA vida eterna", 1João 1:2.
"Essa vida eterna" é aquela que se vê, que se experimenta e não pode
ser negada ou escondida. Pergunte-se a si mesmo por que razão os
Fariseus não conseguiam conter a sua raiva a ponto de decidirem
apedrejar o que viam de forma tão clara e evidente. A sua única
saída era tentar matar quem evidenciasse tão claramente ESSA
vida eterna.
"Se
tu podes crer (...) Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade",
Mar.9:23,24. "Acrescenta-nos a
fé", Luc.17:5. Poucos acham a
verdadeira e única chave para abrir as portas da fé, isto é, a
solução para a falta de fé. Tudo começa na sinceridade (reconhecendo
e confessando, seja de que maneira for). Mas, não termina aí. Não
nos podemos esquecer que as Escrituras ensinam que Jesus é o autor e
consumador da nossa fé (Heb.12:2).
Saber isso e agindo em conformidade (aproximando-nos d'Ele) vai um
pouco mais além de haver achado a chave para a solução.
É comum,
pelas doutrinas de hoje, acreditar-se que uma palavra ou bênção
pronunciada por alguém para alguém obtém a sua força pela pessoa que
a pronuncia. Mas, as coisas não são e nunca serão assim tão
lineares. Se a palavra vem mesmo da boca de Deus obterá seus
efeitos. Com toda a certeza que não voltará vazia. Mas, isso é muito
diferente de quando alguém pronuncia uma palavra para obrigar Deus a
executar em conformidade. Isto é, querendo meter Deus em seus
próprios assuntos e desejos. Em primeiro lugar, é necessário que a
palavra venha de Deus e não do coração e desejos do homem. Em
segundo lugar, há que cumprir as condições para que a palavra vinda
de Deus se cumpra ou se efetive. Por norma, as condições que
necessitam ser cumpridas depende maioritariamente da pessoa que
recebe a palavra e raramente da pessoa que a pronuncia. Hoje dá-se
muito valor a quem pronuncia palavras como se Deus fosse o discípulo
que precisa cumprir aquilo que alguém falou.
"Muitos
correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará",
Dan.12:4. Não é sem razão que
Paulo afirmou que os últimos tempos serão muito difíceis para toda a
humanidade. A razão principal é que o conhecimento, o estudo e a
ciência se espalhará enquanto os corações continuam sem ser
verdadeiramente transformados. Logo, não sendo transformados serão
adaptados. Isto é, a linguagem do mal será adaptada, os sistemas
mudarão de rosto, mas , não de coração. É por essa razão, por
exemplo, que o comunismo é o sistema que mais usa palavras como
democracia, liberdade e o pecado usa palavras como fé, amor,
liberdade entre outras mais. Os corruptos parecerão ser generosos,
obterão fama de benfeitores pelas palavras e pelos seus falsos
discursos. Isso acontecera até ao dia que Deus decidir colocar um
fim à hipocrisia. "Ao louco nunca mais se chamará nobre; e
do avarento nunca mais se dirá que é generoso. Porque o louco fala loucamente
e o seu coração pratica a iniquidade para usar de hipocrisia e para proferir erros e para deixar vazia a alma do faminto",
Is.32:5-6.
Eu
não me torno mais crente por ler muito as Escrituras ou por passar
muitas horas em oração. Eu creio melhor, confio mais e com maior
simplicidade na medida da intimidade real que tenho com Deus. Posso
ler as Escrituras sem estar a ser ensinado por Deus quanto posso ser
ensinado por Deus estando em meu emprego ou outros afazeres. "Está
escrito: E serão todos ensinados por Deus",
João 6:45a. E quando falo em ser
ensinado, falo em ser transformado e não apenas em ser instruído.
Ser transformado e instruído em simultâneo é o que significa ser
ensinado por Deus. "Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim",
João 6:45b. Não é somente
ouvindo, mas, aprendendo pelo que ouvimos que nos aproximamos de
Deus. E é essa aproximação que torna minha confiança em Deus mais
espontânea, mais sincera, menos fingida e menos forçada. Fé forçada
é fé fingida.
Hoje
é muito fácil entoar hinos e afirmar que se está louvando Deus.
Mesmo quando o coração está afastado de Deus, canta-se por causa da
beleza do hino ou da melodia. "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da
iniquidade", 2Tim.2:19. Já
vi pessoas do mundo da podridão moral entoares certos hinos que se
tornaram famosos na história da musica. São estranhos à verdade e,
contudo, cantam sem entender do que se trata. Se não é certo que um
coração sincero entoe uma canção de Sião estando na busca de sua paz
com Deus (Sal.137), imaginemos quão grave é o pecado de entoar hinos
sendo do mundo. "Quem requereu que viésseis pisar os meus átrios?"
Is.1:12. Sabemos o que significa
a palavra "pisar" na sua verdadeira essência. Significa mais que
humilhar. Quando pisam uma bandeira de certo país significa grande
desprezo por esse país. Esse mesmo significado Deus dá a quem não se
aparta da iniquidade e canta Seus louvores. Que se arrependam os
homens e conheçam Deus de verdade e na primeira pessoa. Então
entoarão louvores sinceros, não por causa da melodia ou da beleza
das palavras, mas, por verem Deus em Sua beleza e grandeza de amor.
"Participa
das aflições do evangelho segundo o poder de Deus",
2Tim.1:8. É muito fácil ler por
cima daquilo que pensamos que entendemos somente porque conhecemos o
significado das palavras e não nos apercebemos da real
profundeza da experiência que essas palavras tentam ilustrar. Devemos saber que é
extremamente difícil explicar por palavras uma verdadeira
experiência da vida eterna, isto é, da vida que agora começa e não
tem altos e baixos, mas, é constante e permanente. A essa vida
devemos nos entregar sem qualquer receio de errar, seja pelo receio de
errar porque acontecem certas coisas que não prevíamos ou porque
outras coisas demoram certo tempo a acontecer. Em todo caso, é muito
fácil para o homem carnal suportar carnalmente aquilo que lhe
acontece. Outra coisa é consegui-lo "segundo o poder de Deus", isto
é, por via do poder da graça. Abdicar do poder da carne é mais
difícil que o suicídio, pois, ninguém gosta de abdicar das suas
próprias capacidades e força para executar. O homem carnal prefere
perder a vida do que tornar-se incapaz física ou carnalmente. "Se o grão de trigo,
caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto",
João 12:24. Não podemos ser participantes ingénuos
que ainda não se familiarizaram com o poder de Deus a ponto de
conseguir depender inteiramente da graça, isto é, ser sóbrios o
suficiente para conseguir esperar (esperar de esperança e de
expectativa) "inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo",
1Ped.1:13. Esta é a aprendizagem
mais difícil da vida Cristã - ainda que seja a mais simples de ser
conseguida e alcançada. Devemos aprender a fazer a vontade de Deus
da maneira que ela é feita no céu, pois, tentar executá-la doutra
maneira ou por via doutro poder é idolatria. É fundamental que
estejamos tão familiarizados com a vida eterna e seu poder executivo
(poder e forma de executar) que recusemos veementemente que a
vontade de Deus se execute doutra forma ou viver como se fosse
possível executá-la doutra forma. Eu não creio que seja possível executar a vontade de Deus
doutra forma, mas, há quem viva crendo que pode e deve. É por essa
razão que entramos em situações que não conseguimos resolver, pois,
somente assim aprenderemos a nos conciliarmos com a forma e com o
poder de Deus. As coisas não funcionam? Aprenda a depender de Deus e
a familiarizar-se com Ele ao invés depender da pressa. É isso que
significa sermos reconciliados com Deus. E é por essa razão que
Paulo manda que os crentes se reconciliem com Deus, isto é, que se
familiarizem com Ele a tal ponto de conseguirem entender de que
forma se deve e se pode tornar participante das aflições de Cristo e
do Evangelho. É preciso ver que Jesus poderia livrar-se da morte de
muitas formas, mas , preferiu, "nos dias da sua carne, oferecer, com grande clamor
e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte e foi ouvido quanto ao que temia",
Heb.5:7. Precisamos mesmo nos
livrar da morte. A questão aqui é de que forma e não se nos devemos
livrar dela ou não. Desistir ou resignar-se à morte - seja ela de
que tipo for - (ou resignar-se a outra coisa qualquer) não é fazer a
vontade de Deus. Estando em condições de pureza para que sejamos
ouvidos dá-nos a opção de sermos ajudados por Deus em tempo oportuno
ou quando seja necessário. Mas, não podemos procurar esse azeite no
momento que precisamos dele - há que achá-lo antecipadamente. "Cheguemos, pois, com confiança
ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno",
Heb.4:16.
Por
norma, os paridos políticos têm uma linha de orientação pela qual se
regem. Isto é, se existe alguma ideia boa ou má terá de passar,
primeiro, pela aprovação e escrutínio da doutrina. O comunismo não deixa passar
nada que não lhe interesse, o socialismo a mesma coisa - ainda que
ambos tenham o mesmo espírito na prática. Não são as
pessoas e suas necessidades que são levadas em conta, mas, a
doutrina e tudo o que ela diz e aprova. Era isso que os Fariseus e Saduceus
faziam: se não batesse com suas doutrinas nem a verdade teria
qualquer hipótese de sucesso. Sabemos que hoje existem doutrinas sem
fim, ideias fixas pelas quais as igrejas se regem, umas razoáveis e
outras menos boas, algumas inofensivas, mas, que ainda assim, regem as
mentes e são capazes de controlar atitudes, manietar, influenciar ou mesmo
automatizar muitas ações. E é pena que a lei do amor por Deus e
pelo próximo não seja a única regra de doutrina. Não pode ser a
doutrina a ser consultada, mas, o amor de Deus - o Seu tipo de amor,
o qual tem somente o alvo final como orientação ou motivação.
Nem mesmo as boas doutrinas podem sequer ser mandatarias. É a
doutrina que deve passar pelo escrutínio do amor e não o inverso.
"Todas as coisas me são lícitas, mas, eu não me deixarei dominar por nenhuma",
1Cor.6:12.
"Convém
que seja irrepreensível, vigilante, sóbrio...",
1Tim.3:2. As palavras ou induzem
em erro ou ensinam convenientemente. Tudo depende do sentido que lhe
damos, do tom de voz que empregamos e das expressões de quem fala e
das impressões de quem ouve. Muitos deixam-se convencer por aquilo
que os impressiona e isso abre a porta para aqueles que conseguem
desenvolver formas de expressão que convencem os impressionáveis.
Por isso Jesus avisa: "Vede como ouvis!"
Luc.8:18. E quando se trata duma tradução, ainda existirão
mais fatores a levar em conta. A tradução deste versículo é um desses casos. Por
exemplo, a palavra "vigilante" aqui significa circunspecto no sentido de
vigiar o próprio coração sendo que somente o coração pode impedir
Deus de agir. Ora, sendo assim, altera toda a nossa perspectiva em prol da
verdade salvadora. No mundo, os vigilantes vigiam outras pessoas,
contra perigos externos e vigiam contra ameaças vindas de fora. Os terroristas
vigiam contra os bons, os bons vigiam contra os perigos dos ladrões
e por aí vamos. Mas, segundo a verdade, vigiar
tem somente a ver com o vigiar do nosso próprio ser e coração para
que nada nos venha a separar de Deus, da Sua força e do Seu poder, da Sua
companhia salvadora, constante e permanente, isto é, eterna (sem altos e
baixos). Muitos vigiam na vida cristã da maneira que o mundo vigiaria
contra os perigos esquecendo que o único perigo para nós é aquele
que vem de dentro. "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos,
os adultérios, as prostituições, os homicídios...",
Mat.7:21. Logo, "Se alguém deseja o episcopado" (v.1)
deve saber, também, desejar e cumprir as condições que lhe permitem
alcançar tal dever privilegiado e louvável. Um barco ou navio só se
afunda pela água dentro dele e não pela água fora dele. A água
fora ajuda a navegar ainda melhor. "Tem cuidado de ti mesmo",
1Tim.4:16.
"João
enviou dois dos seus discípulos a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?"
Luc.7:19. Há qualquer coisa aqui
que não é fácil de entender. Há algo que nos escapa. Que é feito
daquele homem seguro e assegurado que disse com toda a certeza isto:
"Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Eis aqui o
Cordeiro de Deus", João 1:29,36.
Dizia isso quando ainda nem sequer o conhecia, tal era a segurança
nas suas afirmações! Onde e quando é que essa certeza começou a desvanecer? Onde começou a
dúvida e por que razão? João agiu bem mandando perguntar quando duvidou, isto é, mandou
perguntar para se certificar. Há quem se fique pela dúvida com medo
de ser criticado ou mesmo repreendido por estar a duvidar. João
enfrentou e confrontou a dúvida com audácia. Agiu muito bem e
livrou-se da tentação mandando perguntar sem receio de ser
confrontado, sem receio daquilo que os Fariseus e outras pessoas
poderiam pensar depois de todas as certezas e afirmações do Rio Jordão. Mas, a questão aqui é: como se sai da certeza e se chega a esta dúvida e
por que razão ou razões? Em primeiro lugar, isto só pode significar
que a certeza que tinha não era sua, mas, a de Deus n'Ele. A
verdadeira fé é fruto e nunca é operada pelo próprio nele mesmo.
Convencer-me a mim mesmo de algo que não existe em meu coração é
enganar-me a mim próprio. Logo, se a certeza (fé) murcha, morre ou
desvanece é porque Deus se afastou ou minha comunhão com Ele sofreu
dano com alguma coisa. E é assim que surge a dúvida a respeito da
verdade e a certeza sobre a mentira e o engano. A certeza no engano
cresce na medida e na proporção que a dúvida na verdade (em Deus)
cresce. Creio que João esperava algo mais desta
vida após haver cumprido a sua dupla missão de apresentar o Messias ao
mundo e de preparar o povo para recebê-Lo. Creio que esperava viver o resto da sua vida tranquilamente,
mas, foi preso. Ou, então, queria ter a certeza que já havia
cumprido sua missão para poder morrer em paz - o que não deixa de
ser dúvida. Também creio que sua comunhão com o Espírito Santo foi
colocada em segundo plano após haver cumprido essa missão. Devemos
entender que a nossa comunhão com Deus tem, primeiramente e acima de
tudo, de ser mantida para nosso próprio bem e para consumo próprio
para nunca juntarmos sem Ele. Estando bem com Deus, cumpriremos nossa missão com total perfeição.
Após essa missão, ainda manteremos a comunhão.
Após havermos cumprido nossa missão, a comunhão com Deus deve
ser mantida na primeira chama e no primeiro amor para que a principal razão dessa comunhão seja cumprida
eternamente. Essa comunhão com Ele é a nossa missão. A razão principal é a nossa própria vida com Deus
e Deus nela. A razão principal duma vida de plenitude é salvar a nossa vida para
glória de Deus. Negligenciando nossa comunhão com Deus, se nossos
motivos não se mantiverem puros nessa aproximação a Deus, se renegarmos
ou negligenciarmos nossa comunhão com Deus apenas porque já cumprimos nossa missão, já
casamos, já pregamos ou já alcançamos algum propósito da vontade de Deus, podemos facilmente entrar nas trevas da dúvida desnecessariamente. É muito fácil facilitarmos após uma conquista, ou após o término duma missão ou tarefa muito exigente. Precisamos saber que a parte principal é a comunhão com Deus e não a missão. Precisamos tomar plena consciência, também, que a principal razão de havermos obtido vida abundante é para permanecermos em Deus e Deus em nós eternamente. A nossa obra não é e nunca será a principal razão para termos, obtermos ou para mantermos uma comunhão cheia de saúde com Deus. A concretização da nossa obra, missão ou tarefa é e será sempre uma consequência da comunhão que mantemos com Deus e nunca será a razão. Se é a razão, devemos de nos arrepender e mudar porque não pode ser assim sob pena de nos perdermos, tornando-nos fúteis sem qualquer necessidade. O que vale querer ganhar o mundo perdendo a própria alma? Quando isto acontece, significa que perdemos o primeiro amor. "Tenho contra ti que deixaste teu primeiro amor", Ap.2:4. Durante anos sempre entendi mal este versículo. Na verdade, é um erro de interpretação por causa das possíveis traduções da palavra "primeiro". A palavra "primeiro" pode ser interpretada de muitas maneiras e só uma é a correta. Pode ser interpretada como o primeiro antes do segundo. Mas, o real significado dessa palavra neste versículo não é esse. O sentido é muito diferente desse. Neste versículo significa que esse amor é coisa primária, principal, única, o mais alto grau de importância ou mesmo o único. O primeiro dum reino é o rei e é nesse sentido que esta palavra é usada aqui. Perder o primeiro amor significa que começamos a amar outra coisa acima do amor por Deus ou em conjunto com esse amor. O amor a Deus, a obediência e tudo aquilo que engloba nossa vivência ou convivência com Deus não pode obter um grau de importância secundário ou mesmo de igual importância a outro. O amor a Deus não deve sequer concorrer com outro amor de segundo ou mesmo de terceiro grau. Na minha opinião, o amor a Deus deve ser o único amor e, quando assim é, não podem sequer existir amores em lugares secundários. Esse amor é único e exclusivo. Só existe o amor a Deus de todo coração e o amor ao próximo e mais nenhum outro. Não pode existir qualquer outro amor em nossas vidas, seja em que grau for. Não sei se foram estas coisas que aconteceram com João Batista, mas, creio que a minha percepção não deve andar longe da verdade. Se a fé/certeza das coisas é operada pelo amor (Gal.5:6), pode estar explicado o que aconteceu com João Batista ao começara duvidar. O maior perigo para as pessoas ultra-fiéis a Deus é quando completamos uma missão com a total bênção de Deus. Deus deve permanecer acima de tudo. Ou será que devo dizer Deus exclusiva e unicamente? É a missão que é para Deus e não Deus para a missão. É o meu filho para Deus e não
Deus para a salvação de meu filho, pai, mãe, casa ou país.
"Aquele
que faz a vontade de Deus permanece para sempre",
1João 2:17. A pessoa que faz a
vontade de Deus não permanece para sempre porque faz a vontade de
Deus, mas, porque têm uma real comunhão de cumplicidade com Deus que
o capacita para fazê-la/executá-la da maneira que é feita no céu. Conseguindo executar essa
vontade é sinal que tem essa comunhão com Deus intacta. Para executar essa vontade é
necessário poder cumprir certas condições e certos requisitos na
comunhão com Deus. Em
primeiro lugar, precisamos ter uma comunhão REAL com Deus. Uma
comunhão fictícia ou unilateral não resultará e nunca alcançará a
vontade de Deus - muito menos poder executá-la da maneira que se
executa no céu. Essa comunhão precisa ser real e não
unilateral. Em segundo lugar, é imprescindível que se
obtenha graça para executar; para achar essa graça (o poder de Deus)
é preciso buscá-la e achá-la; buscando-a, só será achada tendo todo
coração envolvido naquela vontade e no desejo de poder executá-la com
perfeição, amando Deus e Sua vontade ardentemente e acima de tudo.
Cumprindo todos esses requisitos, torna-se possível executar a vontade de Deus porque se
é capaz de juntar com
Ele e incapazes de fazê-la sozinhos. "Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim",
João 15:4. O que isto significa é que a pessoa permanece
para sempre porque tem essa comunhão com Deus que lhe permite todo o
acesso às providências de Deus, ao poder da Sua graça, à Sua
liderança, às suas providências e comunhão e a tudo que é necessário para que essa vontade
possa ser executada aqui na terra do mesmo modo que ela é executada
no céu, isto é, "aqui na terra como no céu". O conseguir fazer a Sua
vontade da mesma maneira que se faz no céu é sinal fidedigno que
existe aquela comunhão com a vida eterna dentro de todo o ser.
Sendo assim, permanece para sempre porque está verdadeiramente
enraizado em
Deus e Deus nele a ponto de conseguir alcançar e fazer a Sua
vontade. Tal pessoa permanece para sempre porque tem a sua comunhão
com Deus em dia e o fato de conseguir executá-la mostra por que
razão permanece para sempre. Permanece para sempre porque está verdadeiramente em Deus e
Deus nele e não porque faz a Sua vontade. Na verdade, consegue
fazer a Sua vontade porque está em Deus e Deus nele. O fato de conseguir fazer a vontade de Deus revela
que tem a vida abundante (a vida eterna) dentro dele, fluindo
abundantemente. E é essa vida que faz com que permaneça para sempre.
Quem consegue fazer a Sua vontade mostra que tem essa vida na abundância
prometida. Logo, permanece para sempre. Não podemos interpretar as
Escrituras de maneira errada e para conveniência da carne, isto é,
consultar Sua vontade sem consultar a Ele por Ele. Fazer a Sua
vontade não é e nunca será porta de entrada para essa comunhão com
Deus. É a comunhão com Ele, Sua presença real (não-fictícia ou
imaginada) que nos abre a porta da Sua vontade e o conseguir
executá-la. "Anda em Minha presença e sê perfeito",
Gen.17:1. Estas palavras
encontram-se colocadas numa certa ordem. Não diz "sê perfeito e
anda em Minha presença",
mas, anda em Sua presença vem primeiro.
"Andai
em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne",
Gal.5:16. Sabemos o que
significa "andar". É estar ativo, movimentando-se para adiante. Muitos
acreditam que estar no Espírito é ficar inerte e extasiado. Andar no
Espírito é percorrer o nosso dia-a-dia de forma natural, mas, pelo
poder de Deus. Andamos e vivemos na presença real com Deus como se
nunca houvéssemos vivido de outra maneira. Outra coisa a respeito deste versículo: se a
transgressão só existe quando a concupiscência é cumprida, isto é,
cedendo à tentação e não sendo tentado, também é verdade que a
obediência existe quando se cumpre - quando se anda. Deixar de andar
no mal ainda não é andar no Espírito. Deixar de andar no mal é ficar
parado e andar no Espírito é estar ativo em Deus, por Deus e para
Ele. "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito",
Gal.5:25.
"Fé
vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus",
Rom.10:17. Este é um dos versículos da Bíblia mais mal
interpretados nos meios evangélicos atuais. Na verdade, a maioria
dos crentes usa e abusa das interpretações que soam bem ao ouvido.
Existe a ideia generalizada de que quanto mais eu ler a Bíblia, quanto
mais eu ouvir pregações, mais a minha fé cresce. E isso não é
verdade, isto é, raramente pode ser verdade. Não podemos confundir
conhecimento com fé e vice-versa. Ler é bom e aumenta o conhecimento
e pode mesmo aumentar a sabedoria. E é verdade que "a sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto e a dureza do seu rosto se muda",
Ecl.8:1. Na verdade, o
conhecimento e a sabedoria são coisas
excelentes, ainda que diferentes. Mas, não podemos confundir esse brilho no rosto com a fé
que faz brilhar o coração em toda a essência do homem pelas suas
raízes mais profundas. Ler as Escrituras aumenta o conhecimento de quem lê
e não necessariamente a sua fé. Permitam-me explicar melhor. Em
primeiro lugar, precisamos entender muito bem o que significa a
palavra "ouvir". Neste versículo - e nas Escrituras em geral - ouvir
significa algo diferente. Ouvir é quando Deus fala ao coração e
diz/revela/manifesta algo
que faz muito sentido a esse coração, o qual é (ou se tornou) conforme
Deus porque só assim poderia fazer todo esse sentido. É necessário que essas duas
coisas aconteçam mesmo, isto é, que seja Deus a falar e que o
coração entenda plenamente com aquela alegria de receber algo que
precisava ouvir e entender. Isto é, o coração precisa estar em plena
concordância com Deus recebendo com alegria, exultando naquilo que lhe fez
muito sentido - e se foi Deus quem, realmente, falou. Isso é ouvir.
Isso acrescenta a fé, anima o espírito sedento de verdade, expulsa a
dúvida e consolida o todo da pessoa em Deus. Isso também se pode
chamar de "bom ânimo", encorajamento e o crescer daquela fé que só pode
ser operada pelo amor. "A fé que opera pelo amor",
Gal.5:6. Isto é, por norma,
confiamos sempre (ou somente) em quem mais amamos. Neste caso, isto
significa que existe uma comunhão e intimidade tal entre Deus e o
coração que Seu amor é derramado abundantemente para que, através
desse amor, se possa amar. Havendo essa comunhão, Deus pode falar a
um coração que está em plena conformidade com Ele, o qual tem uma sede
de Deus tal que nada mais além d'Ele consegue desejar com essa mesma
extrema intensidade. Sendo esse coração segundo Deus, se esse
coração se agrada n'Ele e d'Ele, qualquer palavra ou revelação vinda
da boca de Deus fala conforme esse coração porque está conforme
Deus. Logo, esse ouvir aumenta a fé e a confiança em Deus dando os
devidos passos de obediência. Sendo assim,
não podemos confundir a aquisição de conhecimento e de sabedoria com
a fé que vem pelo ouvir porque não são a mesma coisa. Isso é o que
significa ouvir quando uma palavra vem de Deus.
"A luz
resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela",
João 1:5. Ontem, ruminava sobre
o fato do mal estar a espalhar-se desenfreadamente com muita
rapidez, vendo mesmo muitos países e governos a substanciar, apoiar
e a promover aquilo
que é muito mau e incorreto. Mas, ao mesmo tempo estava ouvindo a Bíblia em áudio
e este versículo fez tanto sentido em mim que me maravilhei: "As
trevas não prevaleceram...". Por muito que aumentem as trevas, nunca
prevalecerão tal como não prevaleceram no momento mais sombrio da
história da
humanidade quando crucificaram Jesus. Até à data de hoje, nunca
houve momento mais escuro que aquele quando crucificaram o próprio Criador
da humanidade ao ter vindo para os seus e para aquilo que era seu. "Veio para o que era seu e os seus não o receberam",
João 1:11. Se não prevaleceram
nessa altura, também não prevalecerão agora. Na verdade, nunca
prevalecerão. Mas, há algo mais na compreensão deste versículo que
nos pode escapar. A palavra "prevalecer" também poderia ser
traduzida como apreender, compreender ou mesmo entender com o
intuito de prevalecer contra a luz. Essa interpretação dá um sentido
muito vasto quanto à esperteza e aplicação das trevas para
prevalecerem contra a luz. São capazes de enormes sacrifícios e
feitos somente para tentarem prevalecer contra a luz. São muito
engenhosos e persistentes contra aquilo que é certo, chegando mesmo
a assemelharem-se à luz para enganar. O diabo não é anjo da luz? O anticristo
assemelha-se muito com aquilo que vem de Cristo. Daí que a palavra
"anticristo" nas epístolas de João signifiquem "parecidos com
Cristo" para melhor operarem contra Ele, pois, um inimigo
interno causa maiores danos que um externo à verdade. Se apreendem
algo da luz tornam-se mais mortíferos. Ainda assim, nunca
prevalecerão.
"Se o deixamos assim, todos crerão nele e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação",
João 11:48. Jesus disse que que
aquele que perder a vida própria por amor a Ele, salvá-la-á e aquele
que a quiser salvar perdê-la-á. Não foi isto que aconteceu aqui?
Queriam salvar a sua nação negando Jesus e perderam-na poucos anos
depois para os Romanos. Isso aconteceu porque quiseram salvar a nação negando Jesus.
Perderam aquilo que queriam salvar.
"Vós
não credes porque não sois das minhas ovelhas",
João 10:26. Existem muitas
razões que levam as pessoas a não crer (na verdade). Isso não
significa, contudo, que não creiam na mentira, isto é, afirmando que
conhecem Jesus quando é mentira. Uma coisa
é certa: quem não consegue crer em Jesus, crê facilmente na mentira,
na ilusão e nos enganos desta vida. Existem ovelhas do engano que
não fazem parte da rebanho de Jesus. Por essa razão é que Jesus diz,
para que fique claro,
"não sois das minhas ovelhas" ainda que pensassem que eram
suas ovelhas e o estivessem
seguindo. Isto quer dizer que existem outros
tipos de ovelhas doutros senhores com um coração cheio de apetências
para o pecado, isto é, que escutam facilmente o que é moralmente
errado porque isso lhes é querido e familiar. Uma ovelha é alguém que tem uma
enorme cumplicidade com seu pastor, com seus desejos e, acima de
tudo, com sua forma de
operar. Um lobo também pode seguir as ovelhas. Uns são ovelhas do mal e alguns de Jesus. As ovelhas do mal
podem "crer" em Jesus por via duma fé naufragada, pretensiosa ou
mesmo falsificada tanto moral quanto emocionalmente. Vemos que
Paulo fala de pessoas com uma fé naufragada que continuavam
pregando como se nada estivesse errado. É até esse ponto que o engano
próprio pode levar. "Rejeitando a boa consciência, alguns
naufragaram na fé", 1Tim.1:19.
Contudo, os naufragados continuavam pregando Jesus parecendo ser
fiéis.
"Eu
sou o bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e das minhas sou conhecido",
João 10:14. Quando Jesus afirma
que "das minhas sou conhecido", quer dizer que Ele se dá a conhecer.
Logo, se Ele não se der a conhecer, não será conhecido - e muito
menos reconhecido. Quem tem o poder de fazê-lo aparecer caso Ele se
esconda? Isto tem muito significado, pois, a grande
maioria dos crentes que conheço afirma que conhece Jesus porque oram
e lêem suas Bíblias e não porque Ele se dê a conhecer aos tais. Não
é possível existir um
relacionamento quando esse relacionamento é unilateral, quando é afirmado e confirmado apenas por
um dos lados. Jesus tem de se dar conhecer (experimentalmente) e essas
ovelhas
são conhecidas d'Ele da mesma forma e no mesmo grau que O conhecem. Se aquilo que separa
Deus das pessoas e as pessoas de Deus não for retirado, se os
caminhos não forem preparados devida e ordenadamente, como poderá
alguém afirmar que conhece Jesus apenas orando e lendo? "Conhecei ao
Senhor", dizem as Escrituras. Contudo, isto não é apenas um
mandamento para alguém se aproximar, mas, é para nos limparmos
devidamente de nossos pecados confessando-os cada um pelo nome com a
aproximação a Ele,
abandonando-os de seguida para serem cumpridas as condições
mínimas para que Deus se aproxime e se dê a conhecer sem qualquer
sombra de dúvida "porque, no que cabe ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra
para mostrar-se àqueles cujo coração é perfeito para com ele",
2Cron.16:9.
"O mercenário
foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas",
João 10:13. Jesus fala aqui de
alguém que foge de algum perigo e abandona as ovelhas. Mas, o que dizer dos que desistem,
daqueles que desanimam,
ou dos que negligenciam, ignoram ou não estão atentos às
necessidades primárias das ovelhas? Ou, o que dizer daqueles que não
são capazes de as levar para os melhores pastos, ou não têm condições espirituais de
ouvirem o sumo pastor para serem guiados por Ele nesse aspecto? O
mercenário não é somente aquele que foge por causa de algum perigo.
"Eu
vim para que tenham vida e a tenham com abundância",
João 10:10. Jesus veio para que
tenhamos vida eterna, constante, abundante, sem altos nem baixos,
permanente. A vida eterna começa aqui e agora. Muitas pessoas falam
em mudar de vida, mas, interpretam isso de maneira errónea. Quando
se fala em mudar de vida, qualquer humano pensa na vida que tem melhorando-a,
isto é, melhorando a que já tem,
usando suas apetências de sempre doutra maneira ou algo nessa linha de
pensamento. Mas, se isso fosse o verdadeiro significado de "mudar de
vida", não seria necessário nascer de novo. Permitam que me
explique. Quando a Bíblia fala em mudar de vida, significa abandonar
aquilo que consideramos ser vida (que é, biblicamente uma morte) em troca doutra
vida. Mudamos
literalmente de vida nascendo numa nova. Deixamos de existir numa
certa forma de vida que as Escrituras afirmam ser morte, para
nascermos noutra vida onde tudo se faz novo, incluindo a forma de
poder através do qual operamos e existimos a partir de então. Mudar
de vida não é e nunca será mudar de crença; não é e nunca será
modificar nossos hábitos e costumes para parecermos melhores a
nossos próprios olhos ou aos olhos de outras pessoas; não é melhorar a vida atual - é mudar
literalmente o tipo de vida juntamente com tudo aquilo que a engloba.
Toda a forma de vida tem seu próprio poder; tem suas motivações; tem
seus ideais; tem o poder pelo qual se move ou movimenta; e tudo isso
necessita ser morto para que tudo se faça novo.
"Eu
sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens",
João 10:9. Hoje em dia, as
pessoas são convidadas a frequentar uma igreja e quando o fazem são
tidas como crentes e, a partir daí, não é difícil que alguém se
considere mesmo crente por imposição, não das mãos, mas das
circunstâncias. Poucos pastores e pregadores hoje apresentam
Jesus às pessoas. E quando falo em apresentar, falo de uma realidade,
isto é, onde Jesus é mesmo apresentado em pessoa sem palavras e sem
doutrina. Os que não
conhecem Jesus apresentam doutrina, igreja, ensino, batismos,
profissões de fé e
tantas outras coisas que não podem ser consideradas como Jesus em
pessoa. Creio mesmo que é mais uma forma de idolatria do que
verdadeira vida. Todo o pregador que não é capaz de apresentar Jesus de forma
real não faz bem o seu trabalho e é um obreiro fraudulento meso
quando tem a doutrina e o ensino mais puros.
"Todo
aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus",
1João 5:1. Nos dias de hoje,
deturpa-se facilmente este versículo ou outros iguais a este. Vamos
recuar no tempo e ver o que significam estas afirmações. Para os
Judeus e para aquelas pessoas que viram Jesus ao vivo era muito
difícil crerem que um homem pudesse ser Deus - ainda mais porque era
verdade. Isto é, além de ser difícil crerem que aquele homem também era
Deus, qualquer pessoa que tenha um coração enganoso creria
mais facilmente em algo que fosse engano ou mentira, pois, essa é a
base para qualquer tipo de idolatria. Por essa razão é que se
tornara mais difícil alguém crer que aquele homem era o Cristo,
pois, além de ser homem também era a verdade. Se fosse mentira não
seria tão difícil crerem nele. Crer num cristo falso é bem mais
fácil para um coração dedicado e aplicado ao engano. Sendo assim e
naquelas circunstâncias, a única maneira de alguém conseguir crer em
Jesus como Deus ou como o Cristo seria nascer de novo,
experimentando a Sua própria natureza na primeira pessoa. Logo, todo
aquele que conseguisse crer só podia haver nascido de Deus. "Se
podes crer...", Mar.9:23.
"Sabemos
que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro",
1João 5:20. Jesus é a Vida
Eterna ("Jesus Cristo é (...) a vida eterna",
1João 5:21). Jesus é a salvação. A Salvação não é o
ensino que preferimos ou assumimos; Jesus não é doutrina; Ele é uma
pessoa - Ele mesmo é a vida abundante. Conhecemo-lo aqui e agora de
maneira real. O ensino vem com o propósito de conseguirmos
distinguir e reconhecermos o Verdadeiro, pois, muitos falam em nome
de Cristo. Como podemos ser guiados por Ele se, no mínimo, não
conseguirmos distingui-lo? Quem não apresenta Jesus não apresenta nada, nem mesmo
quando tem o ensino correto bem delineado e bem exposto.
"O Espírito
é quem dá o testemunho", 1João 5:6.
Muitos dão testemunho deles mesmos, dão seu próprio testemunho
diante de pessoas e, por vezes, diante de multidões. Nada de errado
a respeito disso desde que esse testemunho seja verdadeiro, pois, Jesus mesmo falou inúmeras vezes a Seu
próprio respeito. Mas, Jesus também afirmou que "Eu testifico de mim mesmo e o Pai, que me enviou, também testifica de mim",
porque "está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro",
João 8:18,17. O testemunho
do Espírito sozinho e isolado do nosso já seria verdadeiro por si só porque
Ele é a verdade. "E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade", 1João 5:6.
Mas, o nosso testemunho quando não é corroborado, substanciado e
autenticado por Deus não tem qualquer valor, mesmo que já tivesse
tido algum valor. Se já teve valor e agora não tem, nosso testemunho
fala contra nós e será motivo de condenação porque já experimentamos
aquilo que não experimentamos mais. Vamos ver se Deus
testemunha de nós e a nosso favor agora, tanto por via daquilo que fazemos
e Deus abençoa. "Tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas
mãos", Gen.39:3. Também, por via daquilo que o próprio Deus diz a nosso
respeito. "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo", Mat.3:17.
E através daquilo que nos diz e revela pessoalmente. "Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho",
1João 5:10. Se Deus não der esse testemunho, se não for Ele a testemunhar seja
de quem for e de que maneira for, não haverá testemunho válido aos olhos do céu.
"Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria
Verdade...", 3João 1:12.
Jesus é essa Verdade que testemunha. Existem pessoas que, por força de doutrina, tentam convencer-se a eles mesmos
que são crentes ou filhos de Deus. Mas, o verdadeiro testemunho
existe somente quando "o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus",
Rom.8:16. Por outro lado, também existem pessoas
que por medo, por ignorância ou mesmo por ainda não conhecerem o
vinho novo a ponto de amá-lo devida e exclusivamente, não dão valor
a esse testemunho que Deus dá - quando o dá. Não sabem que isso é classificar Deus como mentiroso. Quando não se
acredita em alguém temo-lo por mentiroso. Por isso é que João acrescenta afirmando que, "Aquele que não dá crédito
a Deus (quando testifica) o faz mentiroso",
1João 5:10. E, também, não tendo esse testemunho para recorrer a
ele, a pessoa terá Deus como inexistente - ainda que afirme que Ele existe por força duma qualquer doutrina ou crença. Não precisamos
afirmar que Deus não existe para sermos réus desse crime – basta não termos esse testemunho em nós
devido a alguma separação existente
entre Ele e nós, vivendo como se Ele não existisse; e, também, não sendo guiados por Ele.
"Os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus",
Rom.8:14. Não podemos afirmar o
mesmo a respeito daqueles que não são guiados por Ele, ainda que se
firmem nas providências normais de Deus, sendo que Deus dá a chuva a
todos - bons e maus - sem exceção.
O tamanho
da multidão não pode servir de sinal de avivamento. Mas, o tamanho
da santidade da multidão diz muito a respeito dum verdadeiro
avivamento. "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados",
Ef.2:1. Isto é, uma multidão
cheia de pecados - ou com apenas um pecado - está morta e não vivificada.
"...Sem
Deus no mundo", Ef.2:12. É algo
aterrador viver neste mundo, andar nele, morrer nele e tudo isso sem
Deus. Cada um decide por si, muitos constroem suas próprias torres
de Babel e vivem por eles para eles mesmos mesmo quenado usam o nome
de Deus (em vão). Existe algo pior que
isso neste vasto universo? É essa a vida de pecado: "sem Deus no
mundo".
"...Fiéis
em Cristo Jesus", Ef.1:1. É
muito fácil ler as Escrituras. Mas, ver a colocação das palavras é
muito importante para não estarmos a entender aquilo que desejamos
e, antes, aquilo que elas realmente dizem. Melhor ainda seria a sua
leitura explicarem em detalhes aquilo que se está passando dentro de
nós. Dito isto, podemos perguntar por que razão Paulo diz aqui
"fiéis em Cristo" e não "fiéis a Cristo". Parece algo fácil de
explicar, mas, tem muito que se lhe diga. Para estarmos em Cristo,
precisamos entrar pela porta - precisamos começar com João Batista,
percorrer todo o caminho e chegar a Pentecostes. Após havermos limpado toda a nossa vida de
pecados passados que nunca foram confessados pelo nome e abandonado
pecados presentes na presença de Cristo, entramos numa busca para entrarmos numa vida de
Pentecostes continuada e sem altos nem baixos. Há que achá-la. Havendo chegado aí,
estamos em Cristo e Cristo em nós sem qualquer sombra de dúvida.
Mas, nada termina aí porque é precisamente aí que tudo começa.
Deixem-me explicar. Precisamos aprender a gostar, a usar e a
entender o vinho novo havendo nós sido tornados odres novos.
Precisamos, a partir de então, aprender a ser fiéis apenas usando e
usufruindo do poder da graça, usando seus meios e negando
veementemente todos os nossos próprios recursos e capacidades que
não estejam plenamente santificados. Quando uma pessoa vem a Deus
torna-se mais difícil negar as próprias capacidades e poder que advém
da carne do que negar-se a si mesmo de forma sacrificial/comercial
em jeito de troca. "E ainda que eu distribua todos
os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo
para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará",
1Cor.13:3. E é bom entendermos
que NADA, mas, nada mesmo obterá algum proveito ou benefício se a
casa não for construída por Deus. Tudo terá sido em vão.
"Em sinceridade
do coração e em pureza das minhas mãos, tenho feito isto. E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na
sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim",
Gen.20:5,6. Falando humanamente, quando alguém não sabe que algo
é errado e pratica, é inocentado. Contudo, para Deus não deixa de ser
uma transgressão igual a qualquer outra. A única diferença é que
Deus impede a pessoa de transgredir contra Ele, ao contrário do que
pode acontecer com os obstinados. Caso Deus inocentasse um
transgressor apenas porque ele não sabia que era transgressão,
estaria encobrindo a transgressão e seria cúmplice de pecado porque
Deus sabe que é transgressão. Se alguém cair num precipício não
morre porque era cego quando caiu? Ou não morre porque não sabia que ali existia um precipício,
ou porque não conseguiria evitar a queda? "Agora, pois, restitui
(...) para que vivas; porém, se não restituíres, sabe que certamente morrerás",
Gen.20:7.
"Qualquer
que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade",
2Tim.2:19. Não temos noção da
importância e seriedade desta afirmação. Hoje vi um famoso que vive
uma vida promíscua e desrespeitosa para com Deus ouvindo musica
evangélica à vista de todos, apregoando que era crente - apregoando
que era carne. Muitas
pessoas do mundo revêem-se nesse fantasma como exemplo. É um exemplo de
mundanismo e não de cristianismo. Imaginemos qual será o tamanho da
sua condenação! O nome Jesus tem um significado especial: "Seu nome
será Jesus porque Ele salvará o Seu povo de seus pecados",
Mat.1:21. Estas
pessoas revelam pela suas vidas promíscuas e vazias que Jesus
significa que se podem manter em seus pecados. Anulam por completo a
mensagem do
Evangelho e pregam o caminho mais certo para o inferno.
"O homem
benigno faz bem à sua própria alma, mas, o cruel perturba a sua própria carne",
Prov.11:17. Lembremo-nos que a
carne é a força do homem cruel. Logo, se faz mal à própria carne,
quer dizer que até faz mal ao poder que o move em seu dia-a-dia.
É comum
crer-se que a justificação antecede a santificação e que ambos são
pela fé em Jesus. E isso é verdade. Se é por via duma experiência real dum Pentecostes
pessoal que somos justificados (e não duvido disso), se é por essa
experiência de vida abundante que nos tornamos verdadeira e
inegavelmente justos (justificados), a santificação vem aprimorar
nossa vida externa, mudar costumes, hábitos, ideias, ideais,
pensamentos, alvos, objetivos e tudo mais que deve compor a nossa vida
quotidiana a partir de então para que se torne compatível com a transformação que
ocorreu em nosso interior por meio da justificação e presença real
(não fingida) de Deus. Contudo, devemos entender que nem sempre é
esta a ordem cronológica daquilo que nos acontece. Podemos perguntar
se os apóstolos foram santificados antes ou depois de Pentecostes e
vemos claramente que foi antes e não depois. Dessa mesma forma,
existem crentes, pastores, obreiros (e por vezes obreiros
incansáveis) que vivem uma vida regrada, disciplinada e
exteriormente apelativa e respeitada, mas, que nunca passaram por
uma experiência real de Pentecostes. Esses não devem rejeitar o
verdadeiro avivamento somente porque existem muitos falsos
avivamentos no terreno. Mas e por outro lado, também não se devem sentir
sozinhos ou estranhos a ponto de negar tudo aquilo que se tornaram
caso se apercebam de haver vivido uma vida pobre até então,
pois, seria um erro. Necessita, apenas, aprender, gostar e usar o
vinho novo ao contrário daqueles que necessitam, apenas, de limpar
seus pés. Os apóstolos passaram pela mesma situação. Seja qual for
a circunstancia em que alguém se possa encontrar, terá de passar
pelas duas coisas, isto é, pela justificação e pela santificação,
seja uma antes ou depois da outra. Sem elas, ninguém verá Deus.
"Muitos
ali creram n'Ele", João 10:42. É
um erro assumir que este tipo de crer em Jesus seja ou fosse
considerado como fé. A verdadeira fé viria após este crer - se
viesse. Temos de ler nas entrelinhas das circunstâncias destes acontecimentos. Não
era e nunca foi fácil para os judeus (ou para qualquer outra pessoa)
acreditarem que um homem pudesse ser Deus. Era preciso crerem nisso
- ou mesmo ver para crer. Até mesmo para um povo já de si idólatra
seria difícil. Mas, era ainda mais difícil por ser verdade. Permitam
que me explique. Se fosse mentira seria mais fácil crerem. Mas, era
verdade. Um coração enganador ou mesmo mentiroso só se revê em
alguma mentira. Se um coração enganoso crer na verdade, fá-lo
contrariado, opondo-se a ele mesmo. "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo",
Luc.9:23. Dito isto, é necessário
realçar o fato de que a verdadeira fé vem por meio duma real e
verdadeira comunhão com Deus em Seu Espírito. Esta comunhão só se
torna possível numa vida limpa de seu passado e presente, com cada pecado
confessado pelo nome porque é isso que separa de Deus. Após isso,
abre-se o caminho para buscar com segurança e achar a verdadeira abundância de
vida eterna e constante que nos foi prometida. É necessário preparar
o caminho para receber o Senhor. Essa vida, por sua
vez, gera a verdadeira fé como fruto dessa comunhão.
Também somos inclinados a acreditar em quem amamos
incondicionalmente. É por essa razão que Paulo fala da "fé que
opera pelo amor", Gal.5:6. E é por essa
razão que a fé é fruto e não a origem da vida (eterna). "Aquele que crê (aquele
que tem
fé), (já) tem a vida eterna", João 5:24.
É essa vida que o faz crer sem que possa negar as evidências. Mas,
devemos ter em conta que existe outro tipo de "crer" que ainda não é
fé e é por essa razão que Jesus também afirma em outro lugar a forma
invertida dos fatos: "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha
(possa vir a ter) a vida eterna", João 3:16.
É um outro tipo de crer do qual Jesus fala aqui. Não podemos
confundir estes fatos para não errarmos na nossa aproximação ao
Evangelho. Alguns que creram (mas, não tinham fé verdadeira)
tentaram apedrejar Jesus pouco depois de haverem "crido".
"As ovelhas
o seguem porque ouvem a Sua voz", João 10:4.
Hoje em dia aplica-se muito o mito duma doutrina correta como base
para uma fé sã. O que torna a fé sã é uma comunhão real, simples,
verdadeira e contínua com o Senhor. A fé surge quando é Deus quem
fala ao coração (e não somente aos ouvidos) e é pelo coração que
devemos ouvi-lo falar. Qualquer um pode pregar a
doutrina certa. Mas, ouvir a palavra significa ouvir com o coração e não com
os ouvidos. Quando o coração ouve dificilmente se coloca em palavras
concretas aquilo que se passa e como acontece. "Vem e vê". O ouvido
ouve palavras que explicam, mas, no coração ouve-se aquilo que
transforma a partir do lado de dentro. E o coração só se pode rever quando é Deus quem fala a
um coração que é (ou está em vias de ser) conforme Ele. Logo, qualquer um pode ter ou mesmo
obter o ensino correto porque aprendeu numa escola Bíblica ou pelo
convívio continuado com os filhos de Deus num ambiente onde
predomina a verdadeira santidade. Aquilo que conta é esta
verdade incontornável: é a vida que traz/produz o ensino e não é o
ensino que produz a vida verdadeira. E é nesse ponto onde podemos
entender um pouquinho melhor esta relação entre a ovelha e a voz do
pastor. Se uma voz diferente diz ou afirma à ovelha a mesma coisa que o
Pastor, distinguimos o erro pela ausência de vida na voz. "E aconteceu que
nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, seguindo a
Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da
salvação, são servos do Deus Altíssimo", At.16:16,17. Qualquer um de nós
tem a capacidade de reconhecer quem fala somente pela sua voz,
independentemente daquilo que diz ou afirma. Não podemos reconhecer o
pastor apenas pelo ensino, mas, muito mais pela voz e pela
intimidade. E a voz só se aprende a conhecer por via da intimidade e
cumplicidade sem limites com o pastor. E o coração
ouve aquela voz que é conforme esse coração. Por essa razão é que
precisamos ser ovelhas para entendermos e reconhecermos o pastor.
Ovelha ouve e distingue essa voz. A parte crucial é tornarmo-nos
ovelhas e não tentar distinguir vozes porque ovelha ouve e distingue
por natureza. É importante que a palavra
seja ouvida pelo coração. E quando algo vindo de Deus fala ao
coração raramente chega em forma de letras ou frases, mas, em forma
de transformação, operando interiormente em forma de vida expectante.
Seremos nós a tentar colocar tudo isso em palavras e são essas
palavras que viram ensino.
"Vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida
(porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos
anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada)",
1João 1:1-2. Contudo, é importantíssimo nunca inverter
essa ordem das coisas. Temos exemplos claros onde as pessoas "criam", mas, não pela palavra
dirigida ao coração. "Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura, um
demónio abrir os olhos aos cegos?" João
10:21. Aquilo que acontecia aqui, era as pessoas tentando
crer nas palavras porque viram milagres e nunca porque a palavra
houvesse alcançado seu íntimo e coração. Os milagres faziam-nos duvidar,
questionar e atormentar ao invés de fazer crer. "Pode, porventura, um
demónio abrir os olhos aos cegos?" Isto é um questionamento e
não uma afirmação, uma pergunta e não uma certeza. Estavam e ficavam na dúvida e não
na certeza. Queriam ter certeza e não vida. Isso tipo de certezas
que buscavam é operado pela força da carne e não por Deus. Não
acharam certezas incontestáveis vendo milagres, pois, o milagre não
fala ao coração. Somente Deus fala ao coração que o busca
verdadeiramente. Esse tipo de certezas tem como manter a carne viva
e a carne é algo que Deus quer morta. Esse tipo de certeza é outra
forma de duvidar camuflada como da certeza. A verdadeira certeza
chega a nós por via dum verdadeiro e real convívio com Deus em Seu
Espírito - algo que aniquila a carne juntamente com qualquer forma
de seu poder. Qualquer tipo de certeza que não seja alcançada por
viva do poder da graça numa comunhão real com Deus é do tipo
vacilante e inconstante, a qual mantém a carne no templo de Deus.
"Não pense tal homem que receberá alguma coisa de Deus",
Tgo.1:7. E é a vida que traz e
produz a verdadeira fé. "Aquele que crê em Mim tem a vida eterna
(vida constante, permanente e sem altos e baixos)". Crê por ter essa
vida dentro dele, seja em forma embrionária ou já em abundância.
"Crês
tu no Filho de Deus? Ele respondeu e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo",
João 9:35-37. Esta pergunta, se
fosse colocada a um teólogo ou professor das Escrituras, obteria
outro tipo de resposta. Certamente que responderia que era
descendente de Davi ou alguma explicação extensa nessa linha. Mas, Jesus simplesmente se
apresentou como sendo quem esse homem procurava. Não usou doutrina,
não fez rodeios, não usou de sabedoria e foi direto ao assunto: "Sou
eu". Mas,
podemos perguntar o que fez com que aquele homem cresse somente com
essa apresentação. Jesus, ao invés de responder à pergunta,
simplesmente se apresentou. Perante tal "resposta", o homem cria ou
não cria. É bom sermos colocados perante situações ou não temos uma
terceira opção.
"Nós
bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é",
João 9:29. As pessoas que não
crêem na verdade ou não aceitam a realidade quando confrontados com
Deus de forma real e clara são poucos honestas com elas mesmas e não são sinceras. E quem
não é sincero com ele próprio não o será com ninguém. Jesus estava
na frente deles, fazendo aquilo que ninguém podia negar. Contudo,
os que se opunham afirmavam que conheciam Moisés que nunca viram; e
diziam que não sabiam quem
era Jesus que se encontrava mesmo ali na frente deles. Esses que afirmavam tais coisas nunca haviam visto Moisés
- algo interessante de notar em pessoas que criam somente vendo. Eles nunca viram Moisés e, ainda assim, afirmavam que o
conheciam. São as tais contradições dos homens de pouca ou nenhuma fé.
E são essas contradições que Jesus veio despertar do seu sonambulismo
ou da sua hibernação. "Eis que este é posto para (...) sinal que é contraditado
(...) para que se manifestem os pensamentos de muitos corações",
Luc.2:34,35.
"Conheço-o
e guardo a Sua palavra", João 8:55.
Não há como guardar a Sua Palavra sem O conhecer. "Anda em minha
presença e sê perfeito". Aqui não diz, "sê perfeito e anda em minha
presença". Do mesmo modo, não diz que "guardo a Sua Palavra e
(por isso) conheço-o". Existe sempre uma ordem nas palavras de Deus,
uma sequência natural
que não podemos omitir ou ignorar sob pena de estarmos a
mudar a Sua palavra e entrar, assim, em condenação. Como é que se
entra em condenação? Ao mudarmos a verdade não a conheceremos de
forma real e íntima e essa é a condenação, pois, é a verdade que nos
liberta. A condenação é não
conseguirmos entrar no caminho de forma prática por estar vedado ao
uso de qualquer outro poder e aberto para o bom uso do poder da
graça.
"...Não
se firmou na verdade porque não há verdade nele",
João 8:44. É uma utopia crer ou
confiar que as pessoas se firmam em Deus ouvindo a verdade. A
verdade precisa alcançar alguém que tenha verdade nele para poder alojar-se
em seu coração,
isto é, busca uma pessoa que é ou começa a ser verdadeira,
sincera com ela mesma e transparente em cada momento da sua vida. A
verdade só pode alojar-se num verdadeiro; a realidade num realista;
a luz numa pessoa integralmente transparente;
a sabedoria num sábio que é capaz de se corrigir e, também, de se
corrigir e transformar pelo poder da graça e nunca de
qualquer outra forma.
"Se
vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos
e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará",
João 8:32. Creio de todo coração
que estas palavras estão colocadas propositadamente de forma sequencial.
Permanecer na Palavra transforma alguém num discípulo e, seguidamente, faz com que
conheça a verdade de forma experimental, pessoal, fluida e real.
Quem conhece a verdade dessa maneira tem, como consequência num
passo seguinte, tudo para ser liberto de qualquer tipo de pecado ou
tentação, mas, alcançar isso é trabalho e frutifica
somente pelo bom uso do poder da graça - desde que saibamos como
usufruir desse poder com a
finalidade de sermos libertos de nós mesmos. E isso só acontece a
quem deseja verdadeiramente ser liberto de seus pecados e prazeres.
Ser liberto de tudo aquilo que dá prazer é, deveras, algo incomum e
indesejável para qualquer pessoa que preferiria associar os prazeres
da carne aos incontáveis e intermináveis benefícios duma vida
espiritual constante e eterna. Isso equivaleria a deixar o pecado
comer da Árvore da Vida. Mas, nós mesmos devemos colocar "uma espada
inflamada que anda ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida"
em nós,
protegendo, assim, o nosso Éden, que é, na verdade, a nossa real e
verdadeira comunhão com Jesus.
Logo, não existem discípulos se não permanecem na Palavra; não
existem pessoas que experimentem
o fluir da verdade em seu íntimo sem antes se tornarem
verdadeiros discípulos; e
não existe pessoa capaz de se libertar sem primeiro haver conhecido a verdade
dessa forma real, fluida e constante. Para se conhecer a verdade
dessa maneira, devemos
ouvi-la, primeiramente, na primeira pessoa pelos ouvidos do coração.
Mas, ouvi-la ainda está longe de a conhecermos de forma real e íntima. Conhecer a verdade
significa experimentá-la de forma real, operando em nós com nossa
total conivência, sem que seja possível
negá-la.
"Quem
me segue não andará em trevas, mas, terá a luz da vida",
João 8:12. Vejo muitas pessoas
sem saber qual o próximo passo, ou para onde devem ir ou o que
fazer. E são esses mesmos que afirmam que seguem Jesus. É uma
contradição, pois, Jesus diz que quem o segue nunca andará em
trevas. Quando muito, estagnará surgindo alguma forma ou indício de
trevas para começar a andar assim que achar luz novamente. E devemos
sempre lembrar que a luz dos os é a vida que experimentam em seu
interior. Por essa razão se lê aqui "a luz da vida". "E a vida é a
luz dos homens", João 1:4.
Logo, vida abundante significa luz abundante; vida intermitente, luz
intermitente.
"Sai
daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que
fazes (...) Porque nem mesmo seus irmãos criam nele",
João 7:3-5. Os irmãos de Jesus
sabiam dos milagres de Jesus, sabiam que Ele os executava e, quem
sabe, viram alguns. Mas, é afirmado que eles não criam n'Ele. Os
milagres podem chamar a atenção, mas, não transformam o coração.
Afirmar que um verdadeiro avivamento é quando ocorrem milagres é
andar longe da verdade. Os milagres podem acontecer e, na maioria
dos casos, ocorrem em avivamentos reais. Contudo, o verdadeiro
avivamento tem a ver exclusivamente com a Vida que se aloja num
coração após a sua purificação. O verdadeiro fruto dum avivamento real
é a transformação genuína que ocorre dentro de cada ser obediente a
Deus. "O Espírito que Deus dá àqueles que Lhe obedecem..."
At.5:32.
O milagre
de Namaan é maravilhoso. Mas, aqueles que lêem são, muitas vezes,
ofuscados pelo destaque que dão ao milagre. O milagre é uma mera
consequência da obediência a Deus. Não podemos destacar a
consequência e, consequentemente, ofuscar Deus; senão Jesus dirá,
também a nós, algo assim: "Não me buscais a Mim, mas, buscais-Me
pelo pão que comeste, pelo milagre que fiz ou pela bênção que dei". Concentrando-nos no milagre que
cabe a Deus executar, esquecemos o obediência e reverência a Deus que cabe a nós
evidenciar com alegria.
Neste milagre, também vemos que a menina no exílio (na casa de
Namaan, na Síria) servia a Deus por lá e, assim,
podemos interpretar que qualquer lugar serve para sermos fiéis a
Deus. José era fiel a Deus em cativeiro e era lá que achava Deus de
forma real. Muitos dizem que podemos estar com Deus em qualquer
canto deste mundo sendo que Deus está em todo lado. Mas, quando se
encontram em algum cativeiro ou dificuldade esquecem-se dessa
verdade, pois, associam Deus à prosperidade física. E qualquer
associação que possamos fazer de/a Deus é idolatria, pois, não se
mede Deus pelo que faz, mas, por aquilo que Ele realmente é. É
necessário que Deus se manifeste como pessoa que é para que Ele
possa dizer uma vez mais, "Eu sou o que sou".
"O que
busca cedo o bem, busca favor (de Deus)",
Prov.11:27. Existem os que buscam verdadeiramente. Mas,
entre estes que buscam, existe uma maioria que não sabe o que
significa achar e contentam-se com o buscar. A base da religiosidade
oca e sem vida é, precisamente, ficar pelo buscar e achar
contentamento nisso. Vemos que uma multidão buscava Jesus, mas, para
achar pão e não a água da vida (João
6:24-26). Bem-aventurados os que buscam Jesus pela água
da vida. Depois, também temos aqueles que buscam, acham e rebuscam o
que já está à mão sem imaginar que esse tipo de rebuscar é uma forma
de oposição paralela e camuflada à verdade. Quem rebusca pode estar
querendo achar algo diferente daquilo que se pode achar buscando (e
achando)
Jesus. Deus disse "Me buscareis e Me achareis",
Jer.29:13. Acharemos a Ele
buscando-o. Não podemos buscá-Lo para poder achar algo mais além
d'Ele. Só pelo amor se busca o Amado e não aquilo que Ele tem ou
pode dar.
"Tu
tens as palavras da vida eterna", João 6:68.
As palavras não são a vida eterna, pois, é a vida eterna tem palavras.
Jesus é a Vida Eterna. Ele mesmo disse que era a verdade e a Vida.
Contudo, nunca devemos esquecer que uma vez que as palavras de Deus
se tornem a expressão da nossa vida, se essas palavras descrevem a
nossa vida, se apontam para a nossa forma de viver, se descrevem com
precisão aquilo que experimentamos na primeira pessoa pela comunhão
real, verdadeira e inequívoca com Deus, também é certo que nós
próprios temos as palavras da vida eterna.
"Pedro
disse a Jesus: Senhor e o que será deste? Disse-lhe Jesus: (...) que te importa a ti? Segue-me tu",
João 21:21,22. Vejo tantas
pessoas preocupados com o que será dos demais. Uns porque se
preocupam com os familiares, outros porque querem tornar-se úteis e
outros, ainda, porque têm algum interesse na salvação de alguém.
Conheci uma moça que queria converter alguém para poder casar com
ele e, assim, evitar o jugo desigual. No
fundo, essas preocupações ou anseios não passam de maneiras de
desviar do principal que é: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera
nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem",
1Tim.4:16. As pessoas são
capazes de fazer qualquer coisa para desviar o foco do principal e
evitar mexer em sua própria vida interior através de Deus. Existem
sempre interesses sentimentais, anseios de todo tipo, enganos e distrações que acabam funcionando como espinhos em boa terra.
Somente completando a obra e dando-lhe continuidade exclusiva dentro
de nós poderemos algum dia aspirar a sermos úteis na plena salvação
dos demais. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra,
santificado e idóneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra",
2Tim.2:21. Ninguém será vaso de
honra sem se purificar a ele mesmo. "Marta, Marta, estás ansiosa
e afadigada com muitas coisas, mas, uma só é necessária",
Luc.10:41,42. A nossa obra é ter e
manter uma proximidade real e verdadeira com Jesus, estando sempre
em plena comunhão com Ele. Tudo que possa impedir isso, seja pecado
ou simples distração com os demais, deve ser exterminado sem pensar duas vezes. A
vida eterna é conhecê-lo dessa forma, isto é, experimentando-o de
forma real. "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo",
João 17:3. Se tratarmos de nós
mesmos em relação a Deus, ao nosso próximo e à lei de Deus, também
não nos preocuparemos a respeito daquilo que os demais nos fazem ou
mesmo a respeito daquilo que pensam e assumem a respeito de nós.
Mas, algo mais importante nos acontecerá: ouviremos pessoalmente de
Deus a respeito da Sua obra em nós. E assim se cumprirá o Novo
Testamento em nós: "Está escrito nos profetas: E serão todos
ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e
aprendeu vem a mim",
João 6:45. "...Se é que o tendes
ouvido e nele fostes ensinados...",
Ef.4:21. Veremos o que
responderemos quando Jesus nos perguntar algo assim:
"Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?"
João 18:24. É nisto que se resume o
Novo Testamento. "...Este é o concerto que farei (...) porei a
Minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração (...) E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o Senhor",
Jer.31:30-34. Se o
relacionamento com Deus for verdadeiro, real, não-fingido ou
não-simulado e autoassumido, temos garantias de sermos pessoalmente ensinados por
Ele. "E a unção que vós recebestes dele fica em vós; e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas e é verdadeira...",
1João 2:27. Também existem
pessoas desapontadas (com razão) com seus líderes, instituições ou
igrejas. Mas, nem isso nos deve privar de sermos ovelhas que ouvem
seu pastor. Ninguém pode medir a
importância de alcançarmos este tipo de relacionamento com Deus onde tudo
nos é ensinado e dado pessoalmente. Contudo, poucos alcançam aquilo que é para qualquer
um.
"Fiz
calar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada para com sua mãe, tal é a minha alma para comigo",
Sal.131:2. Existem muitas coisas
a ter em conta neste texto. Existem aquelas pessoas que se asseguram
a elas mesmas contra os testemunhos de Deus em seu interior; existem
os que são assegurados por Deus e convencidos por Ele e fazem sua
alma sossegar sem esforço; e existem aqueles que são convencidos e
assegurados por Deus, mas, precisam de fazer com que sua alma
sossegue na verdade,