ANTES DE ORARMOS
"Quem há entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não
tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação.
Mas desde o nascente do sol até ao poente, será grande o meu nome entre as nações; e em
todo o lugar se oferecerá ao meu nome incenso e uma oblação pura: porque o meu nome será
grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos. Mas vós o profanais...", Mal. 1:10,11
Antes de se orar tenhamos em mente porque
razões oramos. Porque razão se dirige a Deus em oração, caro leitor?
Temo que a maior parte das muitas pessoas que conheço ora para acalmar
consciências e nunca como forma de obter respostas conclusivas da parte
de Deus. A razão de ser de qualquer oração é a resposta que esta pode
obter e não o tempo que gastamos balbuciando de joelhos, sentados,
deitados ou em pé. "Mais é a vida que o sustento e o corpo mais do que o
vestido", disse Jesus. Tanto assim é que não deveremos nunca agir como
animais irracionais e sem entendimento que gozam mais o tempo que passam
ao sol do que o sol em si; gostam mais de se passear pela erva do que
comê-la. Ora, a resposta é a vida de qualquer oração, sendo o seu
insignificante alimento a maneira come se ora e as palavras que se usam
para tal fim. Também aqui mais será a vida que o alimento e o corpo mais
que o vestido.
O alvo pois, é a obtenção da resposta e
nunca o tempo consumido em oração. Vejo que pelas igrejas onde passo e
onde supostamente deveria haver luz tal, brilhante ao ponto de iluminar
qualquer um que por lá passe, nada mais importante transparece das suas
orações do que o tempo e as palavras que usam para tal finalidade. E
logo haveria isto de me acontecer a mim que prefiro obter mil respostas
num minuto de oração do que nenhuma resposta em mil minutos de oração!
Ora quando se almeja apenas a resposta,
qualquer quantidade de tempo usado para o efeito passará sempre
despercebido. Ao orar-se para obter respostas na hora, o tempo que se
usa para tal coroar do nosso tempo, passa desprevenidamente inerte por
nós. Ao obter-se resposta levantamo-nos e sacudimos o pó dos nossos
joelhos e podemos assim prosseguir para aquele louvor que só assim sairá
muito naturalmente. Assim se ouvem comentários como "ainda são só
x-horas" ou "já são y-horas, como o tempo passou!". Passe-se um ano em
oração ou apenas um minuto, convém sempre que nunca percamos de vista a
finalidade porque nos virarmos para Deus em espírito e em verdade.
Qualquer pessoa que ignora que o alvo é a resposta, estará a ignorar que
Deus existe, porque se o "pedi" nos é dirigido a nós, o "dar-se-vos-á"
refere-se a Deus. E tão pouco se me dá quantas vezes tal "Ás da oração"
aceitou Cristo, pois decerto que não estará em plena comunhão com o Deus
que é o natural proprietário da sua alma. A coroa da nossa rainha é a
resposta que lhe convém e quanto mais pura tanto mais preciosa nos será.
É por esta razão que antes de falar em
como se deve aproximar dum ser tão maravilhoso como o é Deus, quero
assegurar que almejemos sempre a resposta e nunca qualquer outra coisa.
A melhor maneira de se obter respostas validas e concretas será obtê-las
no instante em que se pede. Qualquer pedinte sólido deveria recusar
levantar-se dos seus joelhos sem que haja obtido resposta do seu Deus!
Note-se o caso de Jacob (Gen. 32:26-29) como se recusou deixar Deus
partir sem ser abençoado primeiro! Ora, quantas pessoas desejam assim
tão intensamente ser abençoados pelo Deus omnipotente e quantas serão
assim tão atrevidas? Olhe-se também para o caso daquele cego em Jericó
(Lucas 18:35-43) que ao ouvir que Cristo passava não se importou que o
repreendessem e que Cristo parecesse não querer atendê-lo. Gritou até
ser atendido, pois sabia que quando o sumo criador de tudo passa por nós
algo pode sempre acontecer se o importunarmos até não mais poder-nos
recusar, (Lucas 18:1-8).
Asseguro-vos que existirão sempre milhões
de razões que levam as pessoas à oração quando deixam de lado a
religiosidade precária que até ali pensariam ser o servir Deus. Assim
que alguém se apercebe que a verdade sempre existe afinal, corre-se
sempre o risco de tentar pôr remendos novos em roupa velha ou
vice-versa, enxertar ramos novos numa árvore já de si morta. Creio que
nenhum cadáver necessite dum implante ou transplante para que assim
pareça estar a renascer! Imagine que alguém saiba fazer muito bem
enxertos em árvores de fruto e escolhe uma árvore em fim de vida para
lhe enxertar um novo galho de bom fruto. Que pensaríamos nós de tal
feito, mesmo os que nada percebemos desta arte agrícola? Pois, creio que
qualquer um que se ponha de joelhos sem ser para ser ouvido se ponha ao
mesmo nível de tal pessoa, porque sabendo fazer a vontade do Pai não a
faz como deveria, preferindo estragar e remendar o que deveria ser de
todo novo. Foi por esta razão que Cristo respondeu a quem lhe inquiriu
sobre a falta de oração dos seus discípulos, que "não se coloca vinho
novo em odres velhos" (
Mat. 9:17). As pessoas ao virem dum festim de
rezas mal atendidas e pouco lógicas para um Deus que se quer vivo, por
haverem vivido durante bastante tempo a enganarem-se pela morte evidente
das suas preces, tentam então empregar os seus hábitos antigos na sua
maneira de orar agora nova, muitas vezes sem a finalmente clara de obter
respostas concretas. É sobejamente sabido que as pessoas que não
conhecem Deus entregam-se à religiosidade das orações apenas porque tal
pratica lhes aufere, de certo modo, um certo bem-estar enganador pelo
tempo que passam a orar ou mesmo a rezar. Assim, nunca necessitam
esclarecer-se se de facto chegaram a obter as tais respostas concretas a
pedidos evidentes ou não. Acabam de orar, ou de fazer vigílias
intermináveis e assim terminam o seu acto religioso sem se darem conta
de que não estará terminado o seu acto religioso a menos que hajam sido
ouvidos pelo Objecto das suas orações! Caro leitor, quantas vezes foi
ouvido por Deus? Quantas vezes pediu pelos enfermos da sua igreja sem
que estes hajam sido postos de boa saúde outra vez? Se assim acontece,
porque se insiste em orar afinal de contas? Se se fazem sempre as mesmas
orações pelas mesmíssimas pessoas por causa dos mesmos problemas, não
será porque algo de errado se passa com quem ora? Ou terá o leitor um
deus morto em mente?
É impossível não se obterem respostas concretas imediatas pedindo em nome
de Jesus dentro da sua vontade em manifestar-se a quem clama de coração
puro. Mesmo pedindo fora da sua vontade qualquer ser humano pode sempre
obter um não e não também é resposta! (
2Cor 12:8,9). Asseguro que não é
possível não ser-se ouvido pelo Deus que conheço. Mas então, que se
passará com as fastidiosas orações e vigílias intermináveis de tempo mal
gasto que só servirão para irritar o Criador dos Céus e da Terra? Que
ignorância será esta que mantém assim tão cativos quem vive uma vida
inteira a orar sem obter um único sinal de vida do outro lado da linha?
Será por esta razão que um ser tão amoroso e paciente como o Senhor se
vira contra quem ora em vez de se movimentar a favor dos mesmos? Que se
passará connosco então? Que tremenda ofensa será esta para que Deus
assim reaja? "Pelo que o juízo está longe de nós…esperámos pela luz e
eis que só há trevas; pelo resplendor mas andamos na escuridão". "Ai dos
que ao mal chamam bem e ao bem chamam mal; que fazem da escuridade luz e
da luz escuridade; que fazem do amargo doce e do doce amargo. Ai dos que
são sábios a seus próprios olhos e prudentes diante de si mesmos". Não
será agora que se passa aquilo que Zacarias profetizou dizendo que "e
acontecerá naquele dia que não haverá nem preciosa luz nem espessa
escuridão... nem de dia nem de noite será...". Porque dirá o Senhor,
"todavia Me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos
como um povo que pratica a justiça... têm prazer em se chegar a Deus...
dizendo: porque jejuamos nós e não atentas para isso?" E Deus responde:
"Não conhecem o caminho da paz (paz de espírito e de consciência!) nem
há juízo nos seus passos: as suas veredas tortuosas as fizeram para si
mesmos; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz!"
(Is.58:2; 59:8; 5:20; Zac.14:6,7).
Ora aqui está uma afirmação que procurarei
desenvolver sem nada lhe acrescentar nem tirar: "as suas veredas
tortuosas as fizeram para si mesmos...", isto é, para servir nada mais
que a si próprios dentro do clausulo de religiosidade que para si
criaram, esteja esta dentro das doutrinas da verdade ou não, só para
poderem continuar a não ser ouvidos de forma coerente e real e para que
assim tenham forçosamente de rever todos os caminhos que para si
criaram. É que as pessoas estão habituadas a que Deus lhes seja um ser
distantemente longínquo e irreal e assim que se torna omnipresente e
verdadeiro, todos optam contra Ele a favor daquele que só existe no
mundo das suas conclusões precipitadas. Um Cristo vivo é sempre
crucificado por quem não aufere nem gosta de realidade no mundo que não
vê, isto é, no espiritual. Enquanto tal mundo se parecer com uma lenda e
não ameace o nosso que durante anos foi auto-criado com esforço
(ignóbil), tudo se aceita e remedeia. Mas assim que Deus transparece da
vida e das orações de quem Vive, as coisas deixam de ser muito bem
aceites por qualquer espectador, pois deixa necessariamente de ser
passivo. Ninguém gosta dum Deus vivo e digo-o para que todos se
envergonhem de tal atitude criminosa! Qual a razão deste fenómeno? Não
será porque as pessoas têm muito a esconder? Não será porque passam uma
vida inteirinha a fingir sobre os preconceitos e intrigas do seu
coração, principalmente os religiosos, e que em tal mundo não cabe um
Deus puro e acima de tudo real? As obras são más, mesmo aquelas que
pertencem a quem é visto como santo e quem é tido como correcto, tem
sempre mais razões para se esconder do que qualquer outro. É por essa
razão que "a luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam.
Veio para o que era seu e os seus não o compreenderam!"! "Porque todo
aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as
suas obras não sejam reprovadas". (
João 1:5,11; 3:20), pois existe uma
ideia generalizada que quem manifesta tudo o que se passa no seu coração
será condenado e isto enquanto o contrário é que será a única verdade
aceitável diante de Deus!
Posso citar muitas partes das escrituras
onde Deus afirma que quem ora ou reza sem ser para obter respostas à
vontade de Deus é pecaminoso, arrogante e opera contra Deus e quem
persiste em mesmo assim continuar a sua religiosidade pior se torna
ainda! A tais pessoas só lhes convém que a religiosidade seja a verdade
porque lhes convém serem tidos como ignorantes por haver uma série de
caprichos que gostam de satisfazer, os quais não lhes será nunca
permitido sendo Deus verdadeiro e real. Que horror haver pessoas que se
enganam a si mesmas e com isso tentam enganar o seu próximo com a sua
aparência religiosa! E se tal pessoa sabe mesmo orar correctamente,
tanto maior se torna o seu crime! Com quanta justiça fala Deus quando
diz "Ouvi ó céus e presta ouvidos tu ó terra... criei filhos... mas eles
prevaricaram contra mim. O boi conhece o seu possuidor e o jumento a sua
manjedoura; Mas o meu povo não tem conhecimento... não entende... ai da
nação pecadora, (Is.1:2-4).
Terei tempo de elaborar sobre esses textos mais adiante. Bastará manter
em mente por agora que, quem ora sem ser para obter respostas, é
hipócrita e não sabe nem o que faz nem o que pretende! Porque pedirá o
Papa paz para o mundo e esta nunca se resolve aparecer? O piorar das
disputas entre povos prova-me o quê afinal? Ou alguém é hipócrita e
nunca foi inspirado por Deus naquilo que pede, ou Deus não existe e é
por essa razão que faz por causar boa impressão diante do mundo inteiro!
Ou será porque Deus não existe apenas e só no seu mundo? Para qual das
hipóteses se inclina o meu caro leitor? Terá você a coragem de expor e
admitir o erro, nem que seja apenas no seu coração? É que Deus existe
mesmo e é real, por isso podemos chegar a conclusões muito evidentes
sobre muita coisa no fruto de quem é tido como líder de muitos! Olhemos
para o fruto da árvore e não para as folhas, pois quem se alimenta de
folhas anda com quatro patas e não pensa racionalmente! E quem menciona
a paz no mundo pode ainda elaborar sobre muito mais questões, disso não
tenhamos duvidas!
Pretendo assegurar que antes mesmo de se
aprender a orar (ciência simples demais até para ser explicada em
palavras e que até crianças assimilam sem qualquer dificuldade!), se
veja quais as dificuldades em se obter respostas bem concretas aos
pedidos que efectuamos, antes ainda de aprendermos sobre aquilo que
podemos e devemos orar. É sabido que qualquer jogo terá sempre as suas
regras muito próprias e este não será diferente em nada de qualquer
outro, sendo apenas diferenciado na sua forma de ser assustadoramente
real e de tão fácil acesso. Existem porém obstáculos intransponíveis à
oração, os quais devemos eliminar e nunca tentar suplantar. Com isto não
direi que será difícil orar, mas sim ser ouvido caso as regras hajam
sido ultrajadas. É sabido que os crentes que encontram verdade e a
conseguem assimilar nos seus corações, pensem sempre que mesmo não se
obtendo respostas se está bem com Deus, o que é falso e contrário à
verdade pois a resposta à oração é sempre sinal dum fácil e desimpedido
acesso ao Pai que é nosso. Não nos iludamos com a verdura da folhagem da
árvore da qual comemos! Como poderá alguém crer que Deus ouviu uma
oração que pede a salvação da sua alma, se ao pedir pão não é sequer
ouvido? Se Deus não ouve uma oração, porque haverá ouvido a outra? Os
canais das orações não são todos os mesmos? E se Deus ouviu uma oração
que pede salvação, porque não ouvirá Ele uma que pede pão? A menos que
Ele queira que alguém morra à fome!
Não nos iludamos com a verdura da folhagem
da árvore da qual comemos! Como poderá alguém crer que Deus ouviu uma
oração que pede a salvação da sua alma, se ao pedir pão não é sequer
ouvido? Se Deus não ouve uma oração, porque haverá ouvido a outra? Os
canais das orações não são todos os mesmos? E se Deus ouviu uma oração
que pede salvação, porque não ouvirá Ele uma que pede pão? A menos que
Ele queira que alguém morra à fome!
É de necessidade absoluta ser-se ouvido
quando se ora e por isso deve-se sempre ter em conta que tão mais
importante que orar é e sempre será o ser-se ouvido. Pretendo mostrar
que antes de se orar devemos saber que existem coisas pelas quais não se
pode nunca obter resposta a menos que estejamos em direcção contraria ao
Céu - para o inferno - e que existem regras muito precisas neste jogo
que começamos a jogar, sempre para vencer e sempre que quisermos. Mas
mesmo nestas poderemos obter respostas negativas. Se pensarmos que Jesus
Cristo atendeu um pedido de demónios para se entranharem nuns porcos,
porque razão se pensará que os crentes não poderão ser ouvidos? Estarão
estes em piores condições espirituais que demónios condenados para que
não sejam ouvidos?
É também de levar em conta que tudo o que
se volta para nós em forma de 'sempre que quisermos', deixa de ser
obstáculo e por essa razão passa a ser negligenciado como dado já
adquirido. As pessoas só se atiram de cabeça quando as coisas são
difíceis e sem acesso, porque assim obtêm a ocasião única e egoísta de
contraporem religiosamente como tendo razão para os seus muitos
insucessos. É difícil as pessoas irem ter com alguém precisamente quando
estão presas no erro e muito mais quando têm plena consciência disso.
Mas reconhecendo quando estão erradas que não serão ouvidas por méritos
próprios mas porque Jesus lhes abriu caminho ao Pai, as coisas tornam-se
simples demais para atraírem quem adora seguir só e sempre uma forma
complicada de empreender seja o que for. Não entra na cabeça de muitos
que é simples ser-se ouvido por Cristo em pessoa e que se por vezes as
coisas se tornam complicadamente difíceis, será porque essa deverá ser a
única forma de Cristo se fazer ouvir em nós por causa dos nossos
contínuos mau feitios! As pessoas gostam de fitas, de dramas e de
respostas dramáticas. Porém, é coisa simples Cristo mudar o mundo num
abrir e fechar de olhos. Existe aqui então um contra censo que convém
explicar de forma a que as pessoas deixem duma vez por todas de ser
complicadas demais perante um Deus supremo em simplicidade. Para Deus é
simples trazer coisas à vida, para os humanos só o complicado faz
sentido. Será necessário pois, empreender aqui uma reconciliação de
estar na vida entre Deus e ser. É por esta razão que a Bíblia nos fala
em sermos "reconciliados com Cristo", pensando da mesmíssima maneira que
Ele.
Mas antes de falar de tudo isso, quero
primeiro insinuar e depois provar que existe sempre um ponto de partida
para todas as maratonas desta nossa vida que se quer eterna: a confissão
incondicional dos nossos pecados na sua totalidade. Só a partir daqui é
que poderemos começar a falar em oração. Não só isso, mas também a sua
consequente renuncia através da fé n'Ele. Existem obstáculos que não são
de maneira alguma o simples não cumprimento das regras impostas desde há
muito para o pleno sucesso de qualquer oração. Por esta razão pretendo
desde já realçar que a coroa de qualquer oração é a resposta que esta
obtém, seja esta positiva ou negativa. É e será sempre pela resposta que
se obtém que se vê se alguém sabe orar ou não, nunca pelas palavras bem
pronunciadas, lavadas em lágrimas ou mesmo impregnadas de conhecimento
bíblico. Depois de se orar, deverá sempre haver resposta. Só assim se
saberá se tal pessoa está em plena comunhão com Deus ou não. Não a
havendo havemos perdido o nosso tempo de forma idolatra em oração, pois
a idolatria é-o de muitas mais formas do que as que possamos imaginar.
O conceito por detrás de qualquer forma de
idolatria pressupõe falsidade: um deus que não fala, não anda nem se
mexe. Ora, na oração passar-se-á o mesmo. Que dizer então dum deus
elaborado na minha mente através de verdades estudadas mas que não
corresponde aos meus pedidos? Estará esse vivo? Qualquer oração não
ouvida tem a selagem perfeita da mentira e do engano, pois tem o poder
de enganar por estarmos a orar correctamente ou talvez não. A oração que
não é ouvida é idólatra e tem o poder de manter quem ora, firme no
engano e no preconceito religioso - os tais trapos que vieram connosco
da vida antiga. Tenhamos então em mente que a oração perfeita é aquela
que é atendida e nunca aquela que é bem explícita. Também não será nunca
aquela que é explícita num local certo e apropriado, como diante dum
qualquer altar, pois se assim for tal altar se torna um perfeito
sacrilégio para um Deus que disse: "e dali (onde quer que estejas)
clamarás ao Senhor e o acharás se o buscardes de todo o teu coração e de
toda a tua alma" (Deut. 4:29). O facto de havermos sido ouvidos
pressupõe apenas um coração puro diante de quem é santíssimo. Um coração
puro será tão só um muito simples e sem preconceitos religiosos, pois
Deus está vivo e qualquer religiosidade pressupõe sempre uma forma morta
dum Deus que se gostaria que fosse real! Quando oramos a um Deus vivo em
confiança, como oramos perde a sua razão de ser, pois tais razões que
muito se usam para nos sentirmos confiantemente confortados na mentira
que auferimos hipocritamente, não servirá para nada mais do que para
debilitar uma fé já de si tornada impura pelo muito palavreado que muito
mal usamos através das irracionais acusações ocasionais de consciência
mal informada. O bem explicar nunca será sinónimo de se ser ouvido, pois
até Cristo disse "e quando orares não sejas como os hipócritas... não
vos assemelheis pois a eles porque o vosso pai sabe o que vos é
necessário antes de vós lho pedirdes..." (Mat.6:5,7,8).
A idolatria descarada só engana quem se
quer deixar ser enganado para que a pessoa em questão passe sempre a
usufruir dum qualquer proveito do pecado enquanto se é religioso e
enquanto se usa o nome de Jesus em vão. Isto é notório demais até e
praticamente factual, pois a idolatria assegura sempre uma vida muito
própria e propicia ao crime e pecado dentro da religiosidade. Se assim
não fosse as pessoas não seriam religiosas nem idolatras. Mas, saindo
alguém duma vida religiosa e idólatra pela graça de Deus seja através
dum esforço tremendo ou não, deixa de rezar para começar a orar. E é
aqui que a mentira se transfigura em verdade e onde o anjo da luz parece
nunca pertencer às trevas de onde é originário e para onde opera "porque
não há verdade nele; quando profere a mentira fala do que lhe é próprio
porque é mentiroso e pai da mentira", mesmo quando tenta com a verdade.
Ao deixar-se de lado, pois, aquela idolatria descarada e peremptória,
qualquer ser humano pode, no entanto, reflectir através da verdade que
encontra todos os seus caminhos antigos, dos quais adquiriu hábitos de
não ver que mente quando mente, ou simplesmente de se contentar em ser
religiosamente capaz de perfazer-se agora de verdade palavreada apenas.
Pensa assim que agora não existirá qualquer impedimento na verdade em
que crê, mesmo sendo mentira o que vive e experimenta, pois o que
professa nunca corresponde à sua vivência do dia a dia!
Não me quero alongar muito sobre estas
verdades já, pois terei oportunidade de expandir sobre as mesmas muito
discretamente mais adiante para evitar qualquer aparecimento de dureza
num coração já de si obstinado e religioso. Prefiro espalhar e assim
disfarçar a boa semente no meio do fertilizante que vou usando e semear
esse mesmo fertilizante impregnado de semente, do que atirá-la para a
terra expondo-a assim a céu aberto onde qualquer pássaro pode arrebatar
o que um dia poderá vira ser uma grande árvore de fruto. Outra maneira
seria a semente ser extremamente pequena (Mat.13:32)
e pouco visível, mas aqui torna-se tal coisa impraticável precisamente
devido à grandiosidade do tema que vamos tratar neste espaço que quero
puro. Tenho plena consciência que a única altura em que alguém que se
chama diabo pode engolir uma árvore inteira, é quando esta ainda é
semente. É mais fácil destruir uma avestruz enquanto esta ainda for ovo
e embrião, do que quando for adulta, embora a mutilação numa adulta
criação de semente perfeita também possa levar à morte.
Para se obter resposta aos nossos
transformados anseios e não só, será pois necessário não só manter a
forma como também se deve estar muito bem equipados para o que der e
vier do desconhecido poder de sermos ouvidos, o qual agora pretendemos
seja nosso porque finalmente apanhamos Deus a ouvir-nos. "Eis para quem
olharei, para o quebrantado e humilde de espírito". Mas logo de seguida
nos apercebemos que o facto de havermos atraído a atenção daquele ser
que muito nos quer atender, não nos faz alcançar tudo aquilo que
pedimos. Vemos que oramos dentro da sua vontade, que sabemos aprovar e
concordar com as coisas que só Deus vê como boas, mas mesmo assim
surpreende-nos o ricochete que fazem as nossas orações num Céu que mais
nos parece feito de ferro do que de graça, de paz e de boa vontade. É
precisamente aqui que nascem muitas falsas formas de vida que dão a
origem às muitas igrejas que hoje vemos na face desta pequena terra. Por
isso lemos em Romanos daqueles que "sabem a Sua vontade e aprovam as
coisas excelentes sendo instruídos por lei" (Rom.2:18-24). É que os
crentes ignoram de variadíssimas maneiras que não estão sequer a ser
ouvidos, quanto mais atendidos e apreciados lá do santo alto que se
chama Sião! Dizem para crermos de variadíssimas formas para não
perdermos a esperança neste caso falsa e remendada das nossas precárias
ascensões ao alto das respostas concisas. A sinceridade é sempre posta
de lado em casos destes porque têm sempre de se conseguir agarrar a uma
qualquer blasfémia que os mantenha a flutuar em verdades que aprenderam,
por se estar em poder da verdade que nos advém da Bíblia que por sinal
começamos a entender da maneira correcta. È precisamente aqui onde se
perdem a maioria dos que entram na boda com roupas muito desapropriadas
para tal ocasião. Não admira pois que sejam lançados fora mais tarde por
se haver esgotado o tempo que lhes foi concedido com a finalidade de
reconsiderarem o erro que herdaram da suas vidas anteriores e ao qual se
agarraram insolentemente, pensando tal coisa nunca lhes vir a poder
trazer qualquer mal quanto mais infortúnio eterno! Que mal terá usar um
pouco dos nossos remendos sujos que trouxemos connosco da nossa vida
antiga, pensarão estes levianos de nariz empinado!
Mas tenho por seguro que quando se não é
ouvido, isto é, quando não se obtêm respostas concretas e grandiosamente
visíveis, corre-se certamente aquele risco de se estar a perder a vida
de forma inconscientemente desnecessária. A Bíblia chama a tais de tolos
e muito bem, diga-se de passagem pois "a soberba é o princípio da
queda". Quem não obtém respostas e continua a orar sem se aperceber que
Deus não o ouve, nunca descobrirá o porquê de tal ocorrência estranha
demais para ser tida como possível e isto precisamente devido à sua
soberba despercebida e sem fundamento. Como poderá alguém em tais
circunstâncias pensar sequer que tem posse da vida eterna? As tais a
Bíblia chama de tolos com razão e por isso sem possível ofensa.
É impossível não se ser atendido por Deus
quando se ora. Mas então porque razão existem tão poucas pessoas que dão
testemunho válido de como foram ouvidas por Deus? Não incluo aqui
aqueles que por razoes obvias se desviam de Deus. Também não incluo aqui
todos aqueles que obtêm o bem que a qualquer um, bom ou mau, pode
calhar. "Deus dá a chuva tanto aos bons como aos maus" sem distinção de
pessoas. Por isso, não aceitemos que tais coisas sejam respostas
concretas às nossas orações mas sim dadivas normais de Deus que servem a
qualquer um. Tudo o que quero mostrar aqui é aquele simples mover de
Deus em prol de tudo aquilo que pedimos e damos.
Para se saber se Deus está presente numa
certa e determinada igreja, bastará passar algum tempo nas suas reuniões
de oração, pois ali se podem tirar variadíssimas ilações sobre a
realidade da presença de quem pregam ser real e haver de facto
ressuscitado dos mortos. Pegue-se num lápis e assentem-se todos os
pedidos e verifique-se se são atendidos ou não. É de certa maneira por
aí que se vê que Deus vive no meio de quem pede ou não. Existem ou não
vãs repetições de pedidos mês após mês, ano após ano sem por vezes se
darem conta de tal ocorrência? Porque se assim é, Cristo disse: "não
useis de vãs repetições quando orardes como os que pensam que por muito
falarem serão ouvidos...". Ora, se Cristo nos fez este aviso, como e o
quê é que nos faz sermos ouvidos lá no alto então? Qual o segredo?
A ascensão da oração tem como sinal um
movimento claro e inequívoco de resposta concreta. Imaginemos que Elias
não havia obtido resposta aos seus pedidos sobre a chuva que faltou
sobre Israel; quem de entre os samaritanos acreditariam mais nele mesmo
depois daqueles sinais poderosos da queima daquele holocausto feito
sobre um altar de doze pedras? (1Reis 17 - 19). Lemos que Elias seria
uma pessoa normalíssima sujeita às mesmas paixões que qualquer ser
humano (Tiago 5:17). Por isso concluímos que a diferença estaria entre o
Deus com quem este comungava constantemente e os deuses que os ditos
seres humanos como ele, adoravam. Mas também é provável que as pessoas
vissem as gostar mais de Elias depois de o acharem mentiroso e até
passassem a crer nele caso nada do céu viesse, pois iria de encontro á
sua própria natureza de mentirosos. Se já criam em Baal nada mais
surpreendente haveria se aceitassem Elias só por passar a ser igual aos
seus falsos profetas. Por isso diz a Bíblia que das pessoas "pusemos a
mentira por nosso refúgio e debaixo da falsidade nos esconderemos";
"coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas
profetizam falsamente e os sacerdotes dominam pelas mãos deles e o meu
povo assim o deseja", "também estes escolhem os próprios caminhos"
(Is.28:15b; 66:3; Jer. 5:30,31). Mas não entremos neste campo; vamos
antes a questões concretas de evitar que as nossas orações se tornem
repugnáveis em vez de serem um suave cheiro de um incenso desejável, por
quem morreu para que pudéssemos precisamente vir a ser atendidos
oportunamente.
Antes pois de entrarmos nos corredores dos
grandes segredos simples da oração, analisemos um pouco uma das
condições muito prévias, (os primeiros passos!) para se obterem
respostas às orações que reiteramos constantemente. Existirão sem duvida
vários impedimentos à resposta na oração, pois se assim não fosse o
mundo estaria transfigurado há muito, tantos são já os pedidos que se
fizeram ouvir entre os crentes! Mas o pior de tudo não será o simples
existir de obstáculos concretos, mas sim a ignorância das pessoas em
continuarem e persistirem na sua vida muito religiosa sem nunca obterem
respostas aquilo por que muito pedem. É esta razão que me leva a pensar
que as pessoas não levam a sério o não estarem em plena comunhão com
Deus, porque se estivessem não se deixariam enganar em falsas esperanças
de orações nunca atendidas. É aqui que reside a primeira chave do nosso
segredo em obter o que pedimos: antes de tudo levemos em consideração
que as respostas existem de facto.
O simples crepitar de mentira evasiva nos
nossos pedidos deveriam transfigurar a nossa atitude perante tão grande
manifesto. Mas são todos tão levianos com eles próprios que nem se dão
conta de que sem respostas as orações serão sempre inócuas e não fazem
qualquer sentido. O culto não faz sentido a quem quer viver de verdade
em verdade e tão pouco o fará a um Deus que vive eternamente. Deixemos
pois de ser promiscuamente e voluntariamente hipócritas porque existe
solução para as realidades concretas de todos os nossos problemas, muito
principalmente daqueles que nos separam de Deus! Lemos que "Deus olhou
desde os Céus para os filhos dos homens para ver se havia algum que
tivesse entendimento e buscasse a Deus. (Mas) desviaram-se todos e
juntamente se fizeram imundos... não há um sequer..."
(Salm.53:2,3). É
de levar em conta que todas as orações não atendidas testificarão contra
quem as pronunciou, pois Cristo disse que todos sem excepção darão
contas de qualquer palavra ociosamente pronunciada, seja esta em forma
de pedido ou de simples leviandade diante de homem ou mesmo diante de
Deus.
Pretendo desde já e antes de mais nada
realçar que, não me sujeitaria sequer a pedir algo a um bocado de pedra
ou de madeira, ouro ou mesmo prata que se faz simbolizar em forma de
Deus, posto tais coisas não poderem vir a ouvir nunca. As pessoas que a
tais coisas pedem, mesmo chamando-se estas de Cristos ou algo diferente
só terão aquilo que merecem mesmo: uma resposta tão mentirosa quanto o
ídolo a que se encurvam para pedir algo. Que se esperará dum deus de
pedra senão uma resposta também de pedra, fria e imaginária? Partindo
pois do principio que se ora a um Deus vivo, mesmo sendo manifestamente
invisível, vamos então vasculhar dentro daquilo que é possível a
condição embrionária de qualquer possível resposta à oração. Tenhamos em
conta que quando se fala de uma vida, esta nada seria se não houvesse
sido embrionária num dado momento da sua existência. Por isso, vamos
àquela que figurativamente passo a chamar a pré-história da oração,
precisamente algo que todos os crentes deveriam saber de antemão e não
sabem mesmo anos depois de frequentarem assiduamente as suas igrejas.
Depois falaremos das outras fases duma vida de orações conseguidas até
esta ser eternamente adulta e sem mácula, isto é, no que toca a oração.
Lemos em Isaías 58 e 59 que Deus condena
veementemente o seu povo por estarem a pisar os seus átrios sob o
pretexto de virem orar e jejuar perante o seu Deus. Estariam a passar
fome ou mesmo sede por falta de chuva, talvez com desgostos amorosos e
de faltas de compreensão por parte dos amigos, falta de paz nos lares,
talvez tudo o que levaria pessoas sem entendimento a poder pensar serem
rezas bastante validas para livremente pisarem átrios sagrados. Mas
vemos que Deus não só os recusara mas também disse que abominava as suas
tentativas de oração e de jejuns mal concebidos. Lemos até em outras
partes da Bíblia que Deus disse: "ouvi pois vós que vos esqueceis de
Deus, para que vos não faça em pedaços sem haver quem vos livre. Àquele
que bem ordena o seu caminho Eu mostrarei a salvação de Deus", seja esta
salvação de problemas de pecado ou de qualquer outra coisa. Logo de
seguida deparamos com uma afirmação no mínimo estranha da parte de Deus:
"Eis que a mão do Senhor não está encolhida que não possa salvar, nem o
seu ouvido agravado para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades
fazem separação entre vós e o vosso Deus: e os vossos pecados encobrem o
seu rosto de vós para que vos não ouça". Ora pois, eis aqui um pequeno
grande enigma que, tenhamos em mente, foi explicado ao Seu povo, àqueles
que se chamam crentes.
Existe pois uma primeira barreira nas
fileiras e nos canais das orações sem quaisquer respostas: o pecado. É
estranho que ninguém dê a devida atenção a este fenómeno. As pessoas
pedem perdão dos pecados muito geralmente sem nunca sequer pensar no que
possam ter feito contra Deus e contra o próximo. Neste tipo de atitude
muito dificilmente se verão respostas a pedidos a quem se recusa ouvir
as súplicas de bocas hipócritas e contaminadas. È sabido que Deus não
atenderá nunca um qualquer pedido de oração enquanto houver um único
pecado conscientemente não confessado. E não será confessá-lo a um padre
ou um suposto santo intercessor que irá alguma vez resolver a questão.
Cristo disse: "ninguém vem ao pai senão por mim; Eu sou o caminho a
verdade e a vida".
Ora, assim sendo, analisemos um pouco
aquilo que considero a maior de todas as hipocrisias em meios
religiosos, evangélicos ou não. Apenas muito ocasionalmente se ouvem
pessoas a confessar os males e os crimes que cometeram contra seja quem
for, mesmo contra eles próprios sejam estes por meio do álcool, droga,
tabaco, com praticas extra conjugais de sexo, mentiras sob o pretexto de
auto defesa e que mais. Mas, aquela constante limpeza em humilhação
(porque é humilhante confessar em verdade e em espírito) raramente é
levada a peito dentro dos círculos de quem prontamente ora. Sendo esta
uma das razões principais porque se contaminam as pessoas que estão
sempre prontas a serem os que sempre oram nas igrejas para serem vistos
e não propriamente porque tenham o espírito de colocar algo diante de
Deus, resistindo ao bom senso (quanto mais a Deus!), tornam-se tais
razões para se orar sempre muito mais fortes que qualquer dos colóquios
que a consciência muito de vez em quando promove a favor do bem-estar
espiritual e que são sempre prontamente sonegados duma forma ou de
outra, ou seja através de não se tentar pensar no assunto ou seja por
culpa de crenças pretensamente religiosas que se esforçam sempre contra
o único caminho de se livrarem duma vez por todas de qualquer acusação
mais ou menos directa, não admira pois que Deus se vire contra quem ore.
As palavras "vinde então e argui-me diz o Senhor: ainda que os vossos
pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve...
como a branca lã" não fazem assim tanto sentido. Duas coisas são sempre
esquecidas em versículos como este: a primeira é a pequena e
insignificante palavrinha 'então', isto é depois de algo haver
antecedido o vir e a segunda será o pecado se tornar branco como a neve.
Olhando à minha volta para quem pede
perdão por aquilo que faz muito geralmente ou a uma pessoa que se diz
representar Deus cá na terra (crime pelo qual irá pagar seguramente),
nota-se mesmo sem ser preciso esforçarmo-nos para tal, que a consciência
não se tornou tão branca como a neve nem o que se pareça. Existe um
outro versículo que muito se usa nas igrejas que se apegam a este tipo
de confissão de pecado que é o Salmo 103:12,
"quanto está longe o oriente do ocidente, assim afasta
de nós as nossas transgressões". É no entanto de realçar
que quanto mais as pessoas confessam à maneira delas
ou à maneira duma qualquer instituição religiosa porque lhes convém de
certa maneira que assim seja, mais os seus pecados fazem parte da sua
vida. Qualquer confissão deveria trazer a paz de espírito que reflecte
uma presença e proximidade de Deus no espírito de quem confessou
principalmente porque é inevitável que tal aconteça. Esta presença
garantirá sempre vitória sobre qualquer tentação e daí a promessa de
alguém se tornar alvo como a mais branca neve. Ora aqui lemos
precisamente que as pessoas se tornam brancas como a neve e que afasta
de nós as nossas transgressões como o oriente está do ocidente. No
entanto, é sabido que o transgredir se apega ainda mais a qualquer
religioso e que quem confessa volta sempre a confessar mais tarde ou
mais cedo, pois tanto assim é que as pessoas que nunca vão a uma igreja
clamam a alto e bom som que vivem com menos falhas do que aqueles que
vão à igreja e diga-se desde já que é verdade o que proclamam aos quatro
ventos desta nossa terra. É por esta causa que as escrituras dizem "o
meu nome é blasfemado por vossa causa". É um facto que em vez do pecado
se distanciar a um continente de distância do pecador, a consciência do
pecado e da acusação deste e das maneiras de persuasão contra uma
consciência manchada e sem outra saída senão a humilhação diante de
Cristo em pessoa, aumentam a olhos vistos. É notório a falta de paz nos
crentes, razão pela qual estes estarão sempre a auto convencer-se de que
são os salvos e que nada de mal lhes sucederá. "Curam a ferida do meu
povo muito levianamente dizendo 'paz, paz' quando não há paz" "e não
dizem no seu coração que Eu ainda me lembro de toda a sua maldade: agora
pois cercam as suas obras; diante da minha face estão!"
É sempre de realçar que todos os que se
entregam a estas praticas contagiantemente pecaminosas e sem qualquer
cura para algo que se chama pecado, nunca deixam de se agarrar a coisas
que fizeram num passado recente ou não, como por exemplo o já ter aceite
Cristo como salvador ou o já ter-se envolvido em obras de caridade ou
outra qualquer de que se cercam as pessoas; daí as palavras "agora pois
cercam as suas obras" para que não fujam da vista e sirvam de calmantes
para uma consciência já ténue e enfraquecida daquela consciência doutras
verdades que são sempre postas de lado e rejeitadas ao mínimo som de
acusação. As pessoas procuram é o bem-estar a qualquer custo, desde que
não tenham de se humilhar diante de alguém. É mais fácil para as pessoas
sacrificarem-se com caminhadas intermináveis a santuários supostamente
santos do que irem pedir perdão a alguém que odeiam. Pensam que o
sacrifício acaba por compensar duma qualquer maneira que eu até ao dia
de hoje ainda não consegui descortinar. As palavras "sacrifícios não
queres mas sim um espírito contrito e quebrantado", o qual nunca faz
parte duma das hipóteses de se reconciliarem com Deus, nunca são levados
seriamente em conta! Porque haverá dito Cristo (e ninguém poderá negar
que disse isto aos seus discípulos!), "portanto se trouxeres a tua
oferta ao altar (mesmo sendo esta oferta a nossa vida!) e aí te
lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante
do altar a tua oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e
depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu
irmão enquanto estás no caminho com ele para que não te aconteça que...
te encerrem... na verdade te digo que não sairás dali enquanto não
pagares o ultimo ceitil!". Qual será a obra da qual alguém se possa
cercar para poder usá-la como escudo e que alguma vez poderá argumentar
contra algo posto assim a quem crê e já segue a Cristo sem sequer olhar
para trás, o que seria o caso de Pedro, João, André e mesmo Nataniel que
recebeu o testemunho da boca de Cristo de que este seria alguém em quem
não haveria dolo (João 1:47,48)?
Juntando pois todas estas conclusões quero
partir agora para uma outra que irá de certeza provocar muito mal-estar
em qualquer mente que se agarra em doutrinas para sobreviver a um
naufrágio da sua nau já de si condenada à partida de qualquer argumento.
As palavras que lemos em Isaias 59:1,2
dizem algo que também passa sempre despercebido aos menos
atentos, isto é, "a mão do Senhor não é
curta que não possa salvar, mas...". Parece-me que aqui Deus até faz
depender a salvação de algo que Ele abomina e que quer que seja retirado
de diante da sua face antes mesmo de se orar e pedir pela salvação da
nossa alma futuramente. É estranho isto? Até pode ser, mas lá que aqui
Deus fala em "salvar", isso não poderemos nunca negar. Se não entrarmos
num jogo do gato e do rato (aquele que acrescenta e retira das
escrituras aquilo que lhes apetece só com o intuito destas poderem
enquadrar-se melhor dentro das doutrinas preferidas de cada qual mesmo
correndo os riscos de que Apoc. 22:18,19 nos fala, então passaremos a
ser destros e honestos numa correcta interpretação das Escrituras que
nunca deixaram de ser simples e bastante concisas.
Antes de elaborar sobre o que aqui
interpreto das palavras de Deus em Is. 59:1,2,
quero citar um ou dois casos reais de algo que aconteceu com pessoas que pensavam que nada
tinham a temer de Deus até algo como o dia do juízo antecipado os haver
surpreendido. Vivi durante algum tempo numa zona em África onde Deus
operou e opera dentro dos parâmetros originais da fé dos apóstolos e
demais crentes da altura. Casos de juízo como o de Ananias e Safira
passaram a ser relatados com pormenores duma das facetas de Deus que até
então se desconhecia ou se fazia por não serem nunca levados em conta.
Depois do Senhor ter derramado o seu Espírito como o fez em Jerusalém
(através de um vento forte) as pessoas começaram a arrepender-se aos
milhares diariamente, isto depois do arrependimento do principal pecador
da zona que era o pastor duma congregação evangelisticamente bastante
ousada. Mas o que mais impressionou quem assistia a tudo isso, foi a ira
com que Deus se manifestou contra quem se diz crente e continua a levar
uma vida profana sem haver sequer confessado tudo o que faz e fez até
ali, dando assim de caras com a maior das surpresas da sua vida.
Foi numa normal reunião de oração onde
algumas pessoas se reuniam para orar e ler das escrituras. Uma senhora
da etnia local (zulu), entrou e assentou-se humildemente. Ninguém
esperava que nada demais se passasse, mas Deus resolveu intervir de
forma muito dramática. O silêncio e a ordem que lá reinava eram
absolutos. De repente a senhora saltou aflita como que querendo apagar
um fogo que ninguém via a vista aberta. Batia os pés no chão a clamar
que se estava a queimar e que Deus viera ali para consumi-la porque
estaria em pecado. Estavam todos atónitos com aquela ocorrência e por
essa razão o silêncio imperou mais ainda. Aflita, dizia que nunca
deveria ter entrado ali naquele local sem ter pedido perdão a outros
daquilo que havia feito. Clamando pediu quase em forma de vénia (como é
costume entre esta tribo quando se dirige a outras pessoas) que
permitissem a sua saída para que pudesse ir regularizar umas coisas com
os seus filhos e marido. Disseram-lhe que sim (ao contrario muitos
pastores dariam um qualquer outro conselho desapropriado que Deus perdoa
e que mais!) e a senhora saiu de lá como uma seta em alta velocidade.
Como é costume entre esta tribo o filho mais velho ser quem mais
respeito merece, sendo depois o segundo e o terceiro sucessivamente, a
primeira pessoa quem a senhora procurou foi o seu mais velho. Ao ver o
estado da mãe, o filho perguntou-lhe o que se passava com ela e esta
quase sem dar credito às suas perguntas relatou como havia sempre sido
uma má mãe para ele e que agora Deus havia vindo cobrar a factura dos
pecados dela. Perguntou ao filho se este lhe perdoava e este sem
hesitar, ao ver que o assunto era bastante sério mesmo (pois nunca lhe
passaria pela cabeça que a sua mãe fizesse tal coisa!), disse-lhe que
sim. Ela agradeceu-lhe de todo o coração e desatou a correr em busca do
segundo filho e depois do terceiro com os mesmos resultados. Depois foi
ter com o marido e suplicou-lhe que lhe perdoasse por coisas que para
ela passaram a parecer bastante graves, mas que para o marido seriam
apenas uns quaisquer deslizes, embora tais se houvessem passado durante
anos a fio. Mas por esta insistir muito no seu perdão ele disse que sim
que lhe perdoava, se era isso o que ela desejava. Não me recordo ao
certo quantas mais pessoas esta mulher foi procurar para regularizar
tudo o que naqueles momentos lhe começaram a parecer montanhas enormes
de condenação sem igual. Acho que até procurou vizinhos expondo-lhes
muita coisa má que havia feito. Passado algum tempo, umas horas suponho,
a senhora voltou a aparecer no local de culto onde todos ainda se
encontravam. Entrando de rompante, ajoelhou-se à frente de todos e orou
em voz alta como que falando com quem não via mas sentia. Disse-Lhe: "
Senhor agora salva a minha vida de tudo quanto é o meu coração. Obrigado
por me teres dado uma oportunidade de por em ordem todos estes males que
são grandes questões para Ti. Toma a minha vida em tuas mãos e
salva-me".
Ora, aqui está um exemplo onde se
manifesta a pratica forçada dos textos que acima transcrevi. É notório
que a senhora deixou ali no altar a sua oferta (que neste caso seria a
sua vida), foi confessar toda a sua convicção a quem de direito, voltou
e só então pediu salvação do coração que possuía. É assim que entendo
este versículo em Is.59:1-2.
Qualquer pedido de oração, mesmo se tal é
de salvação, deverá ser precedido de condições de se poder ser ouvido,
porque senão oramos em vão! Um outro caso passou-se com um presbítero de
igreja (penso que reformada) em quem Deus começou a operar em forma de
convicção de pecado à qual este resistia, pois já era presbítero, mas
que por essa razão angustiava-se cada vez mais. Isso levou-o ao ponto de
não conseguir estar mais a viver daquela aparência religiosa muito
forçada, a qual a sua posição na igreja "exigia" dele, pois é comum
todos quererem ser exemplos de 'bons serem' sem nunca se haverem tentado
sequer humilhar perante evidências marcantes da sua própria consciência.
Este senhor entrou em desespero total passado algum tempo e passou a
pensar que não teria Deus na sua vida. A convicção foi aumentando até ao
ponto de que não haveria mais duvidas de que assim era de facto, apesar
dos seus pastores o tentarem convencer que apenas estaria numa fase
menos boa da sua vida e que ele já seria filho de Deus há muito. Mas o
pobre homem não mais se deixou enganar por palavreado que em nada lhe
satisfazia aquele enorme abismo que sentia existir dentro de si a partir
dum certo momento.
Carregava dentro de si um enorme peso e
quanto mais orava e pedia a Deus que viesse em seu auxilio, mais este
homem sentia a enorme sede de encontrar verdade dentro de si sem ser só
a nível das aparências. Não sei precisar quanto tempo passou neste
estado de coisas, mas um belo dia foi-se deitar esgotado e sonhou que
estaria num destro muito árido. Este sonho era tão real que não deixava
duvidas que o seu significado era divino. Nesse deserto buscava água
para beber e não a achava, tal qual se passava na sua vida. Ora, passou
a pensar que se não encontrasse agua viva muito rapidamente, não
subsistiria por muito mais tempo. Foi andando pelos caminhos que este
deserto lhe ia proporcionando representando fielmente o caminho que
seguia enquanto acordado, até dar de caras com uma parede feita de
tijolos, todos com o mesmo tamanho. Instintivamente sabia que por detrás
daquela parede existiria a água que há tanto buscava. Mas como chegar a
ela, pensou. Olhando para a direita e para a esquerda não via o fim da
parede, pois desaparecia de vista. As pessoas procuram sempre caminhos
fáceis para contornarem questões, pois foi precisamente esse o seu
primeiro pensamento. Mas logo viu que tal tarefa seria impossível de
realizar mesmo que não estivesse esgotado como já se sentia. Olhou para
cima a ver se conseguiria trepar pela parede para alcançar a sossego da
sua enorme sede. Mas não, não era possível.
Desesperado sentou-se num pedregulho que
havia lá por perto e suspirou resignado com a sua sorte. É assim que
fazem as pessoas quando pensam que as suas maneiras de resolver as
coisas não deixam mais solução possível. O desespero impera porque
gostam de coisas complicadas e só uma impossibilidade os retira das
tentativas ténues de se salvarem a eles próprios. Fazem de tudo menos
pensar na coisa certa, tentam tudo e mais alguma coisa e se nada mais
resulta, morrem na resignação de nada poder fazer! Tudo seria mais fácil
fazer excepto o mais simples. Foi neste espírito resignado que ele
começou a divagar sobre a sua vida, sobre tudo o que havia feito
anteriormente, pensando que chegara o seu fim. Nestes momentos em que as
pessoas param para pensar um pouco na total inutilidade da vida cá na
terra, Deus pode intervir milagrosamente, porque é aqui onde até um
presbítero deixa de resistir à própria consciência que tem das coisas.
Foi pois neste estado de espírito que este se recordou de algo que havia
feito contra a sua esposa. Sentiu-se tão mal (pudera, já não tinha como
resistir!) e encarou a visualização daquilo que fez como um tremendo
crime. "Como pude fazer tal coisa", exclamou. Pediu que Deus o perdoasse
e ainda as suas palavras estavam quentes e desprendeu-se um dos muitos
tijolos daquela parede, o qual foi lançado para longe dali para dentro
dum abismo sem fim. Nunca mais veria tal tijolo, pois desaparecera por
completo. Olhou admirado para o buraco que ficou na parede e quando ia
espreitar nele para ver se havia da água que buscava por detrás dela,
saiu de lá uma voz forte, doce e meiga que lhe perguntou se sabia porque
razão estaria aquela parede ali e porque razão os tijolos seriam todos
do mesmo tamanho. Essa voz nem lhe permitiu ver se existia do outro lado
daquela água que procurava, mostrando assim que deveria crer nos seus
instintos espirituais. Ao afirmar que não, disse-lhe a voz outra vez que
havia sido ele quem construíra aquela barreira entre ele próprio e Deus
e que cada tijolo ali representava um pecado seu, fosse este de que
tamanho fosse. Uma pequena mentira ou uma grande afronta colocaria
sempre um tijolo de igual tamanho naquilo que o separaria do Deus que
sempre procurara servir, pois não havia pecados nem mais pequenos nem
maiores uns que os outros. O homem despertou do seu sonho e foi logo em
busca dos seus pastores e de mais pessoas clamando que sabia qual o seu
mal. Todos se admiraram com a sua urgência em falar-lhes e muito mais
quando lhes pediu que orassem com ele sobre todos os crimes que
cometera, os quais passou a confessar ali mesmo diante deles. No dia a
seguir, quando outras pessoas repararam na expressão mudada do seu
rosto, todos se perguntavam que milagre haveria ocorrido com o seu
presbítero, pois cantarolava de alegria e perdera toda a sua postura de
fingido e esforçado em ser um exemplo.
É de realçar nestes casos que Deus
manifestou a todos que haviam barreiras muito concretas até a pedidos de
regeneração espiritual. Se assim sucede com aquilo porque Cristo veio ao
mundo, a nossa salvação, imagine-se o que sucederá com os outros pedidos
que muitos consideram banais! Lembro-me de palavras proferidas por pelo
menos um dos maiores evangelistas de sempre (coisa que muito alvoroço
causou nas igrejas da altura porque este homem era sempre muitíssimo
bafejado pela benção de Deus onde quer que pregasse) e que em muitas
partes do mundo foi reconfirmado por muitos outros em circunstancias
mais ou menos semelhantes. Ele era sempre peremptório em afirmar que
ninguém poderia esperar ser ouvido por Deus, mesmo que fosse tal pedido
para salvação de sua alma, enquanto tivesse em consciência um pecado por
confessar, fosse este a humano ou a Deus. Aqui confirmam-se as palavras
de Isaias que dizem "eis que a mão do Senhor não está curta que não
possa salvar... mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o
vosso Deus". Se nada acrescentarmos ao que lemos e se nada lhe
retirarmos também, a mensagem deste capítulo fica assim concluída. Mas
não quero terminar sem no entanto fazer uma observação pertinente: se
assim é com o pecado não confessado, imagine-se como será com qualquer
pecado não renunciado, como má-língua, tabaco, impaciência e outros
tantos mais! Lemos em Provérbios 28:13 que só aqueles que "confessam e
deixam o seu pecado alcançarão misericórdia" e em
Is. 58:20 "e virá um
Redentor... aos que se desviarem da transgressão...".
Concluo com as Palavras com que comecei
este capítulo: "Quem há entre vós que não acenda debalde o fogo do meu
altar? Pois maldito seja o enganador que tendo... promete e oferece ao
Senhor uma coisa vil; porque Eu sou grande Rei, diz o Senhor dos
exércitos, o meu nome será tremendo entre as nações"
Mal.1:10,14.
José Mateus
Portugal