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By Andrew Murray


Capítulo I

Perdão e Cura

"Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mateus 9:6).

No homem duas naturezas estão combinadas. Ele é ao mesmo tempo espírito e matéria, céu e terra, alma e corpo. Por esta razão, por um lado ele é um filho de Deus, e por outro lado, ele é condenado à destruição por causa da Queda; pecado em sua alma e enfermidade em seu corpo testemunham o direito que a morte tem sobre ele. É a dupla natureza que tem sido redimida pela graça divina. Quando o Salmista convida tudo que há dentro dele para bendizer ao Senhor por Seus benefícios, ele clama: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios. É ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades, quem sara todas as tuas enfermidades” (Salmos 103:2-3). Quando Isaías profetizou a libertação de seu povo, ele acrescentou: “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; o povo que nela habitar será perdoado da sua iniqüidade” (Isaías 33:24).

A predição foi realizada além de toda de toda expectativa quando Jesus, o Redentor, desceu a esta terra. Quão numerosas foram as curas operadas por Ele, que veio para estabelecer sob a terra o reino do céu! Seja por Seus próprios atos ou mais tarde pelos mandamentos que Ele deixou aos Seus discípulos, não nos mostra claramente que a pregação do Evangelho e a cura dos enfermos andaram juntas na salvação que Ele veio trazer? Ambas foram provas evidentes de Sua missão como o Messias: “Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mateus 11:5). Jesus, que tomou sob Si a alma e o corpo do homem, liberta ambas em igual medida das conseqüências do pecado.

Esta verdade não é em nenhuma parte mais evidente ou melhor demonstrada do que na história do paralítico. O Senhor Jesus começa lhe dizendo: “Perdoados são os teus pecados” (Mateus 9:5), ao que depois acrescenta: “Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”. O perdão do pecado e a cura da enfermidade completa ou ao outro, porque aos olhos de Deus, que vê nossa natureza completa, pecado e enfermidade estão intimamente unidos como o corpo e a alma. De acordo com as Escrituras, nosso Senhor Jesus considerou o pecado e a enfermidade em outra luz da que temos. Conosco, o pecado pertence ao domínio espiritual; nós reconhecemos que ele está sob o justo desprazer de Deus, justamente condenado por Ele, enquanto que a enfermidade, pelo contrário, vemos somente como uma parte da presente condição de nossa natureza, e não tendo nada a ver com a condenação de Deus e Sua justiça. Alguns vão mais longe ao dizer que a enfermidade é uma prova do amor e graça de Deus.

Mas nem as Escrituras e nem ainda o próprio Jesus Cristo jamais falaram de enfermidade nesta luz, nem jamais apresentaram a enfermidade como uma benção, como uma prova do amor de Deus que deve ser suportada com paciência. O Senhor falou aos discípulos de diversos sofrimentos que eles deveriam suportar, mas quando Ele fala de enfermidade, sempre é como um mal causado pelo pecado e Satanás, e do qual devemos ser libertos. Mui solenemente Ele declarou que cada discípulo dEle deveria carregar sua cruz (Mateus 16:24), mas Ele nunca ensinou uma pessoa doente a aceitar ser doente. Por toda parte que Jesus curou o enfermo, sempre tratou da cura como uma das graças pertencentes ao reino dos céus. Tanto o pecado na alma, como a enfermidade no corpo testemunham o poder de Satanás, e "o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (1 João 3:8).

Jesus veio para libertar os homens do pecado e da enfermidade para que Ele pudesse fazer conhecido o amor do Pai. Em Suas ações, em Seus ensinos aos discípulos, nos atos dos apóstolos, perdão e cura são sempre encontrados juntos. Um ou outro pode aparecer, sem dúvidas, em um maior realce, de acordo com o desenvolvimento ou fé daqueles para quem eles falaram. Às vezes foi a cura que preparou o caminho para a aceitação do perdão; algumas vezes foi o perdão que precedeu a cura, que, vindo mais tarde, tornou-se um selo para o perdão. Na parte inicial de Seu ministério, Jesus curou muitos dos enfermos, encontrando-lhes prontos para crer na possibilidade da cura deles. Deste modo, procurou influenciar corações para receber-LHE como Aquele que era capaz de perdoar pecado. Quando Ele viu que o paralítico podia receber perdão imediatamente, Ele começou por aquilo que era de maior importância; depois veio a cura, que pôs um selo no perdão que tinha sido concedido a ele.

Nós vemos, pelos relatos dados nos Evangelhos, que era mais difícil para os Judeus daquele tempo crer no perdão dos pecados do que na cura divina. Hoje, isto é justamente o contrário. A Igreja Cristã tem ouvido tanto da pregação do perdão dos pecados que a alma sedenta facilmente recebe esta mensagem da graça; mas, não é o mesmo com a cura divina; que é raramente falada; não são muitos os crentes que têm-na experimentado. É verdade que a cura divina não é dada hoje como naqueles tempos, às multidões que Cristo curou sem qualquer conversão precedente. Para recebê-la, é necessário começar pela confissão de pecado e o propósito de viver uma vida santa. Esta é sem dúvida a razão porque as pessoas encontram maior dificuldade em crer na cura do que no perdão; e esta é também a causa pela qual aqueles que recebem a cura ao mesmo tempo que a nova benção espiritual, sentem-se mais intimamente unidos ao Senhor Jesus, e aprendem a amá-LO e servi-LO melhor. A incredulidade pode tentar separar estes dois dons, mas eles sempre estão unidos em Cristo. Ele é sempre o mesmo Salvador, tanto da alma como do corpo, igualmente pronto para conceder perdão e cura. O redimido pode sempre clamar: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios. É ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades, quem sara todas as tuas enfermidades” (Salmos 103:2-3).

 

Capítulo II

Por Causa da Vossa Pouca Fé

"Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo? Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível” (Mateus 17:19-20).

Quando o Senhor Jesus enviou Seus discípulos para diferentes partes da Palestina, Ele lhes revestiu com um duplo poder: o de expulsar os espíritos imundos e o de curar todas doenças e enfermidades (Mateus 10:1). Ele fez o mesmo com os setentas que voltaram para Ele com alegria, dizendo: "Senhor, em teu nome, até os demônios se nos submetem" (Lucas 10:17). No dia da Transfiguração, enquanto o Senhor ainda estava sob o monte, um pai trouxe seu filho que era possesso de demônio, para Seus discípulos, rogando-lhes que expulsasse o espírito mal, mas eles não puderam. Quando, depois de Jesus ter curado o menino, os discípulos perguntaram-LHE porque não puderam expulsá-lo como nos outros casos, Ele respondeu-lhes: "Por causa da vossa pouca fé". Foi, então, a incredulidade deles, e não a vontade de Deus que tinha sido a causa do fracasso deles.

Em nosso dias, a cura divina é pouquíssima acreditada, porque ela tem quase desaparecido inteiramente da Igreja Cristã. Alguém pode pedir a razão, e aqui são duas as respostas que devem ser dadas. A grande maioria pensa que os milagres, incluindo o dom de cura, foram limitados ao tempo da Igreja primitiva, que seu objetivo era estabelecer o primeiro fundamento do Cristianismo, mas daquele para este tempo as circunstâncias foram alteradas. Outros crentes dizem sem hesitação que se a Igreja perdeu este dons, isto foi por sua própria falta; é porque ela tem se tornada mundana que o Espírito age debilmente nela; é porque ele não tem permanecido em direta e habitual relação com o poder do mundo invisível; mas que, se ela fosse vista novamente cheia de homens e mulheres que vivam a vida da fé e do Espírito Santo, inteiramente consagrados a Deus, ela veria novamente a manifestação dos mesmo dons como nos tempos antigos. Quais destas duas opiniões coincide mais com a Palavra de Deus? É pela vontade de Deus que os "dons de cura" [1 Coríntios 12:9] têm sido suprimidos, ou é o homem quem é responsável por isto? É a vontade de Deus que os milagres não aconteçam? Em conseqüência disto, não mais dará Ele a fé que produz tais milagres? Ou novamente é a Igreja que tem sido culpada de falta de fé?

O que as Escrituras dizem?

A Bíblia não nos autoriza, pelas palavras do Senhor nem dos Seus apóstolos, a crer que os dons de cura foram concedidos somente aos tempos primitivos da Igreja; pelo contrário, as promessas que Jesus fez aos apóstolos quando Ele deu-lhes instruções concernentes a missão deles, imediatamente antes de Sua ascensão, se mostram-nos aplicáveis a todos os tempos (Mateus 16:15-18).

Marcos 16

15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
18 pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.

Paulo coloca o dom de cura entre as operações do Espírito Santo.

[1 Coríntios 12

9 A outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;]

Tiago dá um mandamento preciso sobre este assunto sem qualquer restrição de tempo.

[Tiago 5

13 Está aflito alguém entre vós? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14 Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor;
15 e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação. ]

Toda as Escrituras declaram que estas graças serão concedidas de acordo com a medida do Espírito e da fé.

É também alegado que no início de cada nova dispensação Deus opera milagres, que este é Seu curso ordinário de ação; mas isto não tem nada a ver. Pensem no povo de Deus da dispensação anterior, no tempo de Abraão, durante toda a vida de Moisés, no êxodo do Egito, sob Josué, no tempo dos Juízes e de Samuel, sob o reinado de Davi e de outros reis piedosos do tempo de Daniel; durante mais de mil anos os milagres aconteceram.

Mas, é dito, os milagres foram mais necessários nos dias do Cristianismo primitivo do que mais tarde. Mas, o que dizer sobre o poder do paganismo mesmo nestes dias, onde quer que o Evangelho procure o combater? É impossível admitir que os milagres tenham sido mais necessários para os pagãos de Éfeso (Atos 19:11,12) do que para os pagãos da África nos dias de hoje.

Atos 19

11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
12 de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.

E se pensarmos sobre a ignorância e incredulidade que reina mesmo no meio das nações Cristãs, não seremos induzidos a concluir que há uma necessidade de manifestar atos do poder de Deus para sustentar o testemunho dos crentes e para provar que Deus está com eles? Além do mais, entre os próprios crentes, quanta dúvida há, quanta fraqueza! Como a fé deles necessita ser despertada e estimulada por algumas provas evidentes da presença do Senhor no meio deles! Uma parte de nosso ser consiste de carne e sangue; então, é na carne e no sangue que Deus quer manifestar Sua presença.

A fim de provar que é a incredulidade da Igreja que tem feito o dom de cura desaparecer, vejamos o que a Bíblia diz sobre ele. Não deve isto nos colocar freqüentemente em prevenção contra a incredulidade, contra tudo que possa nos afastar ou desviar de nosso Deus? Não nos mostra a história da Igreja, a necessidade dessas advertências ? Não nos fornece com numerosos exemplos de progressos retrógrados, de prazeres mundanos, nos quais a fé enfraqueceu na exata medida em que o espírito do mundo tomou supremacia? Tal fé é somente possível para quem vive no mundo invisível.

 

[2 Coríntios 5

7 (Porque andamos por fé, e não por vista)]

 

Até o terceiro século as curas pela fé em Cristo eram numerosas, mas nos séculos seguintes eles tornaram-se mais infreqüentes. Não sabemos pela Bíblia que sempre é a incredulidade que impede os poderosos feitos de Deus?

Oh, que possamos aprender a crer nas promessas de Deus! Deus não voltou atrás de Suas promessas; Jesus ainda é Aquele que cura tanto a alma como o corpo; a salvação nos oferece mesmo agora, cura e santidade, e o Espírito Santo está sempre pronto para nos dar algumas manifestações de Seu poder. Até quando perguntamos porque este divino poder não é mais freqüentemente visto, Ele nos responde: "Por causa da vossa pouca fé". Quanto mais dermo-nos a nós mesmos para experimentar pessoalmente a santificação pela fé, mais experimentaremos também a cura pela fé. Essas duas doutrinas andam lado a lado. Quanto mais o Espírito de Deus vive e atua na alma dos crentes, mais os milagres se multiplicarão pelos quais Ele obra no corpo. Através disso, o mundo pode reconhecer o que a redenção significa.

 

Capítulo III

Jesus e os Doutores

 

"Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,
tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto;porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada. E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou? Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal” (Marcos 5:25-34).

Podemos ser gratos a Deus por nos ter dado doutores. A vocação deles é uma das mais nobres porque um grande número deles procuram verdadeiramente fazer, com amor e compaixão, tudo que eles sejam capazes para aliviar os males e sofrimentos que afligem a humanidade como resultado do pecado. Há até alguns que são zelosos servos de Jesus Cristo, e que procuram também o bem da alma de seus pacientes. No entanto, é o Próprio Jesus que é sempre o principal, o melhor, o maior Médico.

Jesus cura doenças que os médicos terrestres não podem curar, porque o Pai LHE deu este poder quando Ele O carregou com a obra de nossa redenção. Jesus, tomando sob Si nosso corpo humano, libertou-o do domínio do pecado e de Satanás; Ele fez de nossos corpos templos do Espírito Santo e membros de Seu próprio corpo (1 Coríntios 6:15,19), e até em nossos dias, quantos dos casos que têm sido determinados pelos doutores como incuráveis - quantos casos de tuberculose, de gangrena, de paralisia, de edema, de cegueira e de surdez - têm sido curados por Ele! Não é surpreendente então que um tão pequeno número de doentes se achegue a Ele?

O método de Jesus é totalmente diferente do que aquele dos médicos terrestres. Eles procuram servir a Deus fazendo uso de remédios que são encontrados no mundo natural, e Deus faz uso desses remédios de acordo com a lei natural, de acordo com as propriedades naturais de cada um, enquanto a cura que procede de Jesus é de uma ordem totalmente diferente; é pelo poder divino, o poder do Espírito Santo, que Jesus cura. Então, a diferença entre estes dois métodos de cura é absolutamente significante. Para que possamos entender melhor, tomemos um exemplo; aqui está um médico que é um descrente, mas extremamente hábil em sua profissão; muitas pessoas doentes devem sua cura a ele. Deus dá estes resultados pelos meios de remédios prescritos, e os médicos têm conhecimento deles. Aqui está outro médico que é um crente, e que ora pela benção de Deus nos remédios que ele utiliza. Neste caso, um grande número de pessoas são curadas também, mas nem neste caso e nem no outro a cura foi trazida com alguma benção espiritual. Eles estavam preocupados, até mesmo acreditando entre eles, com os remédios que eles usam, muito mais do que com o que o Senhor poderia fazer com eles, e em tal caso a sua cura será mais prejudicial do que benéfica. Pelo contrário, quando é em Jesus somente que a pessoa doente se apóia para a cura, ele aprende a não contar muito com remédios, mas em colocar a si mesmo em direta relação com Seu amor e Sua onipotência. A fim de obter tal cura, ele deve começar confessando e renunciando seus pecados, e exercendo uma viva fé. Então a cura virá diretamente do Senhor, que toma posse do corpo doente, e isto então se torna uma benção para a alma tanto como para o corpo.

Mas, não é Deus quem dá os remédios ao homem? É perguntado. O poder deles não vem dEle? Sem dúvida; mas por outro lado, não foi Deus quem nos deu Seu Filho com todo o poder para curar? Nós seguiremos o caminho da lei natural com aqueles que ainda não conhecem Cristo, e também com aqueles de Seus filhos cuja fé é ainda tão fraca para entregarem-se a Sua onipotência; ou antes escolheremos o caminho da fé, recebendo cura do Senhor e do Espírito Santo, vendo nisto o resultado e a prova de nossa redenção?

A cura que é operada pelo nosso Senhor traz com ela maior benção real do que a cura que é obtida através de médicos. A cura tem sido mais uma desgraça para muitas pessoas do que uma benção. Em uma cama de doenças, sérios pensamentos tomam posse, mas no tempo de sua cura quão freqüentemente tem o homem doente sido encontrado novamente longe do Senhor! Não é assim quando é Jesus que cura. A cura é concedida depois da confissão de pecado; portanto, ela traz o sofredor para mais perto de Jesus, e estabelece um novo elo entre ele e o Senhor, faz-lhe experimentar Seu amor e poder, começa dentro dele uma nova vida de fé e santidade. Quando a mulher tocou a orla do vestido de Cristo, ela sentiu que tinha sido curada, ela aprendeu algo do significado daquele divino amor. Ela foi embora com as palavras: "Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz" (Marcos 5:34).

Oh, tu que estás sofrendo de alguma enfermidade, saiba que Jesus, o soberano Médico, ainda está em nosso meio. Ele está perto de nós, e Ele está dando novamente para Sua Igreja provas manifestadoras de Sua presença. Você está pronto para separar-se do mundo, para entregar a si mesmo para Ele com fé e confidência? Então, não temas, lembra-te que a cura divina é uma parte da vida da fé. Se ninguém ao seu redor pode te ajudar em oração, se nenhum presbítero está perto para orar a oração da fé, não temas de ir você mesmo ao Senhor no silêncio da solidão, como a mulher que tocou a orla de Seu vestido. Entregue a Ele os cuidados de seu corpo. Chegue-se quieto diante dEle e como aquela pobre mulher diga: eu quero ser curado. Talvez possa demorar algum tempo para se quebrarem as correntes de sua incredulidade, mas certamente ninguém que espera nEle será envergonhado. "Não seja envergonhado nenhum dos que em ti esperam" (Salmos 25:3).

 

Capítulo IV

Saúde e Salvação pelo Nome de Jesus

 

"E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde....Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós... E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 3:16; 4:10,12).

Quando depois do Pentecostes, o paralítico foi curado através de Pedro e João na porta do templo, foi "em Nome de Jesus Cristo de Nazaré" que eles disseram-lhe: "Levanta-te e anda" (Atos 3:6), e tão logo o povo em seu espanto correram para juntos deles, Pedro declarou que foi o nome de Jesus que tinha curado completamente o homem.

Como resultado deste milagre e do discurso de Pedro, muitas pessoas que ouviram a Palavra creram (Atos 4:4).

Atos 4:4 "Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil".

E no dia seguinte, Pedro repetiu estas palavras diante do Sinédrio: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno...em nome desse é que este está são diante de vós;" e então ele acrescentou: " E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Esta afirmação de Pedro nos declara qeu o nome de Jesus tanto cura como salva. Nós temos aqui um ensino da mais alta importância sobre a cura divina.

Nós vemos que a cura e a saúde formam uma parte da salvação de Cristo. Não declarou Pedro claramente isto em seu discurso no Sinédrio, onde, tendo falado da cura, ele imediatamente fala de salvação por Cristo? (Atos 4:10,12). No céu, até nossos corpos terão sua parte na salvação; a salvação não será completa para nós até que nossos corpos desfrutem da completa redenção de Cristo. Por que, então, não cremos nesta obra da redenção aqui embaixo? Até mesmo aqui na terra, a cura de nossos corpos é um fruto da salvação qeu Jesus adquiriu para nós.

Nós vemos também que a saúde, bem como a salvação, é obtida pela fé. A tendência do homem por natureza é trabalhar por sua salvação por suas obras, e é somente com dificuldade que ele vem a recebê-la pela fé; mas quando isto é uma questão de cura do corpo, ele tem ainda mais dificuldade em se apossar disto. Em relação à salvação, ele acaba aceitando-a porque por nenhum outro meio pode ele abrir a porta do céu; enquanto que para o corpo, ele faz uso de remédios bem-conhecidos. Porque, então, ele procura por cura divina? Feliz é aquele que vem a entender que esta é a vontade de Deus; que Deus quer manifestar o poder de Jesus, e também nos revelar Seu amor Paternal; para exercitar e confirmar nossa fé, e nos dar prova da redenção no corpo, bem como na alma. O corpo é parte de nosso ser; até o corpo foi salvo por Cristo; portanto, é em nosso corpo que o Pai quer manifestar o poder da redenção, e permitir que os homens vejam que Jesus vive. Oh, creiamos no nome de Jesus! Não foi no nome de Jesus que perfeita saúde foi dada ao homem impotente? E não foram estas palavras: Tua fé te salvou, pronunciadas quando o corpo foi curado? Busquemo, então, para obter a cura divina.

Onde quer que o Espírito atue com poder, ali Ele realiza curas divinas. Não é notório que se os milagres fossem mesmo supérfluos, eles foram no Pentecostes, porque então a palavra dos apóstolos trabalhou poderosamente, e o derramamento do Espírito foi abundante? Bem, é precisamente porque o Espírito atua poderosamente que Sua obra necessita ser visível no corpo. Se a cura divina é vista senão raramente em nossos dias, podemos atribuir isto à nenhuma outra causa do que o Espírito não estar atuando com poder. A incredulidade dos mundanos e a falta de zelo entre os crentes impedem Sua obra. As curas que Deus está dando aqui e ali, são os sinais percurssórios de todas as graças espirituais que são prometidas a nós, e somente o Espírito Santo revela a onipotência do nome de Jesus para operar tais curas. Oremos ardentemente pelo Espírito Santo, nos coloquemos a nós mesmos sem reservas sob Sua direção, e busquemos ser firmes em nossa fé no nome de Jesus, quer para pregação da salvação ou para a obra de cura.

Deus concede cura para glorificar o nome de Jesus. Busquemos ser curados por Jesus para que Seu nome possa ser glorificado. É triste ver quão pouco o poder de Seu nome é reconhecido, quão pouco ele [o poder de Seu nome] é o fim da pregação e da oração. Tesouros da graça divina, dos quais os Cristãos privam a si mesmos pela sua falta de fé e zelo, estão escondidos no nome de Jesus. É a vontade de Deus glorificar Seu Filho na Igreja; e Ele fará isto onde quer que Ele encontre fé. Quer entre os crentes, ou quer entre os gentios, Ele está pronto para com virtude despertar consciências, e trazer corações à obediência. Deus está pronto para manifestar todo o poder de Seu Filho, e para fazer isto de uma maneira admirável tanto no corpo, bem como na alma. Creiamos nisto para nós mesmos, creiamos nisto para os outros, para o círculo de crentes ao redor de nós, e também para a Igreja em todo o mundo. Demo-nos a nós mesmos a crer com firme fé no poder do nome de Jesus, peçamos grandes coisas em Seu nome, contando em Sua promessa, e nós veremos Deus até fazer maravilhas pelo nome de Seu santo Filho.

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