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TEMPO PARA ORAR

"E aconteceu que indo eles de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher por nome de Marta o recebeu em sua casa; E tinha uma irmã chamada Maria, a qual assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a Sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me deixe servir só? Diz-lhe que me ajude! E respondendo Jesus disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a melhor parte, a qual não lhe será tiradaquot;, Luc.10:38-42

Engane-se quem pensar que não devemos usar as melhores horas e ocasiões do dia precisamente para estar em comunhão com quem pode abençoar ou mesmo amaldiçoar todo o nosso dia, pois é o único que tem plenos poderes para tal feito. Ora sendo assim devemos ter em conta que não devemos desperdiçar tempo e força física com tudo menos aquilo que nos mantém vivos para sempre. Também não podemos esperar muito quando buscamos cansaço noutras coisas e só quando já não há mais nada para fazer é que vamos verificar se veio algum E-mail lá de cima. Suponho que qualquer pessoa que receba E-mails humanos ou mesmo de familiares, esteja sempre atento e disposto a deixar de fazer algo - seja esse algo o que for! - para ir verificar se alguma mensagem chegou. Mas se por acaso for Deus a querer-nos falar ao coração quando estamos a fazer o tal algo, seja através da leitura ou da simples comunhão com Ele, perdemos qualquer interesse mesmo sabendo que nos convém somente a nós começar a ouvir e a entender a Sua voz! Só vamos ter com Deus quando terminamos nossos afazeres. Por essa razão é que "há muitos que dormem".

Nunca, mas nunca mesmo, poderemos esperar algo mais no nosso dia a dia do que a justa retribuição da maneira como tratamos Deus. "Com a medida com que medirmos nos será medida" qualquer bênção ou maldição. Receberemos em igual proporção o carinho e responsabilidade com os quais lidamos com Quem só nos quer salvar e abençoar e se isso é pouco, nunca saberei o que será muito então!

Recordo-me dum homem que se chamava Andrew Murray, o qual mudou um país inteiro através da maneira como orava, obedecia e falava com Deus. Este homem Sul-africano, da Igreja Reformada, estava um dia a orar nos seus aposentos em sua casa, quando alguém lhe veio anunciar que o seu irmão, que não via há muitos anos, chegara para visitá-lo. A sua comunhão com Jesus era tão pura que todos sabiam que o seu tempo de joelhos lhe era mais precioso que o próprio comer. Mandou respeitosamente dizer que não podia atender o irmão naquele momento porque estava com Jesus. Pediu que esperasse na sala até ele ter resolvido todas as questões daquela importante reunião em seu quarto. Só passado pouco mais de uma hora é que foi ter com seu irmão para abraça-lo. E é isto que revela o grande sucesso deste humilde homem que tanto fez pelo Reino de Quem o criou. Esta notícia correu o mundo inteiro e até eu estou aqui a divulgá-la, tal como é divulgado aquilo Maria fez a Cristo com o unguento que por amor sobre Ele derramou (Mat. 26:13).

É sabido que Deus gosta que ordenemos os nossos dias e horas de acordo com o melhor das nossas possibilidades. Mas também adverte que "os seus", quase sempre sem pestanejar, "não querem ordenar as suas acções a fim de (se) voltarem para o seu Deus" (Os.5:4). Estarão sempre à espera que algo de bom lhes suceda como que por magia e os leve a fechar qualquer porta do seu barulhento mundo de afazeres para então apenas poderem comungar com o seu Deus. Mas procurar e ordenar as coisas de maneira a que o melhor seja dado à vida eterna interior, dando a Deus o que é de Deus e tirando a um qualquer César o que nunca lhe pertenceu mesmo, é normalmente abstracto e confuso para quem pensa que Deus anda a brincar com as nossas vidas em vez de sermos nós os acusados de tal pratica!

Qualquer argumento de que não temos muito tempo para a oração esvai-se sempre quando olhamos a vida repleta de bênção em plenitude e toda a paz de quem fala com Deus pessoalmente, como falou Moisés, Elias. Olhemos para a regularidade da vida de quem honestamente comunga com Deus em espírito e em verdade e sem rezas e orações soltas e pecaminosas. Serão sempre uma bênção e uma ajuda preciosa para quem os rodeia e deseja experimentar as coisas que só Deus dá e recebe de nós também. É comum as pessoas tirarem das bolsas dos seus corações vazios desculpas de falta de tempo e de falta de vontade em estar debaixo do consolo de quem muito nos quer, até verem como Deus resolve todos as nossas problemáticas situações desde que nos contentemos com o resolver do problema principal aos olhos de Deus. Por isso disse Ele a alto e bom som: "mas buscai primeiro (e acima de tudo) o reino de Deus e toda a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas". (Mais adiante procurarei elaborar sobre as palavras "e toda a sua justiça" vendo que significa muito mais do que possamos imaginar!)

Se isto não fosse verdade, haveria razão para não nos debruçarmos mais sobre este tema. Mas é verdade e por essa razão peço-lhe, caro leitor, para dar contas do seu tempo à sua consciência (já que se recusa a dá-lo a Deus), mesmo estando esta ou não já calcinada com desventuras de bel-prazer em autentico desleixe espiritual. Posso garantir que é comum estarmos perante fenómenos "sem explicação", quando escolhemos de coração a melhor parte para nós também. Olhe-se a vida de quem comunga em primeiro lugar com Jesus Cristo e verá que a sua vida corre sobre carris oleados, mesmo sendo tal vida mais ou menos complicada do que a de qualquer outro ser vivente na terra. Nunca vi um homem de Deus passar fome (no mínimo espiritual!) optando por desejar labutar pela melhor parte da vida como o fez Maria (Lucas 10:38-42). Por isso, "Maldito o homem que tendo... promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque Eu sou um grande Rei", "e quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz mal! Oferece-o ao teu príncipe: terá ele agrado em ti?" (Mal.1:8). "Ai dos que repousam em Sião...".

O grande problema de alguém vazio de alma, é que deixa muito facilmente de sentir a fome e o vazio que asseguram sempre uma cegueira e uma surdeira tais que muito dificilmente acreditam que se pode ouvir Deus, ou que se pode ser saciado da fome. Estou aqui a falar com alguém, espero, que pelo menos deu a devida atenção à confissão integral de todos os seus pecados a Deus, no mínimo. Pergunte-se a um médico ou a alguém que tenha passado alguns dias seguidos com fome e ver-se-á que comentários farão sobre a reacção natural dum organismo a tal situação. Sabe-se que qualquer pessoa deixa de sentir fome depois de alguns dias sem comer, deixa de sentir que está a morrer. Ou pior ainda, pode até deixar de ter qualquer apetite para sempre, o que lhe trará grandes danos físicos e não só. Por essa razão é que a grande maioria de todos os crentes se encontram em fase aguda de anorexia. Se é isto que se passa com o nosso organismo, o que é que nos faz pensar que o mesmo não ocorre aos nossos corações e espíritos? Jesus disse: "Eu sou o pão vivo que desceu do Céu, para que aquele que dele comer não morra. Se alguém comer deste pão viverá para sempre; e o pão que eu der... darei pela vida do mundo" (João 6:50,51), pois "nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que vier da boca de Deus". Mas como nos será possível tudo isto se não temos tempo para dizer "fala Senhor que o teu servo escuta"? Será que se dá com a devida regularidade, ênfase e frequência o tempo que é fulcralmente necessário para a devida e atempada salvação de todo o nosso coração dos nossos próprios males?

Anorexia espiritual é quando entramos numa fase de apatia, de orações sem resposta, através das quais mais tarde começamos a pensar e a agir que de nada nos vale buscar Deus, pois nunca o achamos mesmo.

O outro principal problema para quem se esforça minimamente em oração, é que faz tempo para orar religiosamente e nunca de acordo com uma verdadeira necessidade, pois a necessidade é-lhes sempre oculta ou ignorada pelo receio e medo de serem egoístas ou estarem a pedir demais! Como se pode pedir demais a um Deus que é dono e criador único dum universo sem fim, nunca vou entender mesmo. Será a necessidade ou a desculpa que deve imperar sobre todo nosso tempo em oração? É a necessidade quem deve determinar a angústia da oração, pois Deus não é leviano a ouvir. Mas se o tratamos assim, Ele nos dará em conformidade com a nossa fé. Foi Cristo que disse: "Seja-vos feito segundo a vossa fé", Mat 9:29. Se Deus não é leviano a ouvir, pergunto, porque o seremos nós a pedir? Não quero com isto dizer que um pai vá dar uma arma para a quem precise só de pão, nem que podemos estar a pedir coisas que nos matam em vez do oposto. Mas levando isto em conta, não deveremos aproximarmo-nos dele com tal espírito de leviandade que só Lhe dará razões para fechar e nunca abrir as portas do Céu. Caro amigo, é seguríssimo que as portas do Céu se abrem, tal como o é que se fecham; e se abrem, podem abrir para sempre, podendo estas fecharem-se para sempre também ou não estaremos a falar aqui dum mesmo Deus sempiterno.

A necessidade deve empolgar qualquer pedido, mesmo que alguém não consiga desentrançar a forma em como possa vir até nós a resposta - ou o pedido. Anteriormente, noutros trechos, falei muito superficialmente sobre a natureza do que esperamos dum Deus fiel, isto é, uma resposta conclusiva, porque "qual de vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe lhe dará uma serpente? Se vós pois, sendo maus sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso pai que está nos Céus dará bens aos que lho pedirem" (Mat.7:9,10,11). É por esta razão que nunca poderemos esperar nada menos de Deus que aquilo que nos é essencial e necessário, daquilo que lhe pedimos. Se não for, pois, a necessidade a empolgar o pedido, porque oramos então? Para passarmos algum tempo num piquenique religioso? Ora amigos, isto é um festim de hipocrisia absurdo e incoerente! Existem poucos crentes que sabem orar realmente! Ou não sabem esperar de Deus peixe quando pedem peixe, ou então pedem uma serpente por a confundirem com uma qualquer enguia (o que inviabiliza em grande parte dos nossos outros pedidos em sua quase totalidade também); ou então não advém a necessidade dum desejo racional e coerente. Porque as pessoas podem estar a pedir a sua salvação sem que a desejem, necessitem ardentemente e esperem que Deus lhas dê de facto, como sempre dá o que lhe é pedido. Ora, se alguém não deseja escapar dum qualquer inferno (sendo o desejo o de escapar do que é eterno ou não!), como poderá estar a pedir uma coisa na qual o seu próprio coração não se consegue nunca rever? Se uma qualquer pessoa não deseja livrar-se dos seus apetites sexuais desmesurados e irracionais, como pode pedir a Deus perdão dos seus pecados? Se rouba, porque pede ainda a Deus o seu sustento? Agora, se alguém enfrentar as suas incoerências de frente, tal pecador poderá muito bem começar a ser concreto no que pede! E assim poderá então obter umas respostas conclusivas dum Deus também muito real e realista, dentro da sua imensidão de glória. Não se admire então de, quando lhe pedir peixe, que Ele lhe dê o Atlântico inteiro a abarrotar dele!

Deixemos então de ser hipócritas porque os nossos problemas são reais e duradouros. E quer queiramos quer não, quer acreditemos quer não, a eternidade jaz ainda à nossa porta! Não será o meu descrer que irá impugnar a existência de realidades tão concretas como essas, pois, o eu crer ou não se tais coisas existem de facto, nunca as inviabilizará dos cartórios da existência, pois nunca deixarão de existir apenas porque eu não creio nelas. Ora, assim sendo, não devemos pois pensar que Deus não tenha respostas reais para nós sobre pedidos e necessidades não menos concretas. O facto de Deus ser concreto e real deveria ser um grande incentivo para se obter d'Ele tudo aquilo que pedimos dentro da Sua vontade. Ao não recebermos por uma qualquer razão mais ou menos válida, isso deveria-nos angustiar ao ponto de não largarmos a aba do Seu manto até esclarecermos esse fenómeno que é pedir e não receber! Haverá por certo razões porque não somos atendidos e se assim suceder por uma qualquer razão, convém que nos seja ali e agora esclarecido o porquê, sob pena de na próxima aproximação a Deus (que esperamos que seja para breve!), não tenhamos a nossa confiança totalmente quebrada e nos tornemos hipócritas diante dele, mas sim para que nos aproximemos d'Ele com muito mais confiança - pois Sua fidelidade merece muito mais do que tudo aquilo que d'Ele possamos vir a confiar. 

É isto que quero esclarecer no pequeno espaço deste capítulo. Se não arranjarmos tempo bastante sob qualidade para impugnarmos as mentiras que nos cercam acerca de Deus, que tipo de retorno pudermos esperar daquilo que fazemos? Não nos será dado em conformidade com aquilo que esperamos de Deus de facto? Não disse Deus "eis que diante de ti está a maldição e a bênção, por isso vê qual caminho escolhes"? É que tanto a bênção como a maldição já existem, quer queiramos que assim seja, quer não! Se Deus nos avisa com tão grande antecedência assim, não será por falta de avisos que as pessoas continuam impregnadas de erros e teimosia em cair por nada, razão pela qual a Bíblia nos diz que somos "vendidos por nada". Ou será porque quando Deus diz "escrevi para eles as grandezas da minha lei; mas isso é para ele como coisa estranha... rejeitou o bem: o inimigo persegui-lo-á" (Os.8:12,3), Ele tem toda a razão? Ora, como podemos nós esperar que sejamos colhidos pelas simples verdades que estão escritas há muito se não usamos o nosso tempo como deve ser? Como esperar que as coisas de Deus não nos sejam estranhas se não usufruímos do melhor do nosso tempo para contemplar o nosso rosto ao espelho da Verdade, da Vida e do Caminho que devemos seguir sem olhar para trás sequer, sob pena de virarmos estatuas de sal se a tal ponto formos incoerentes? Como poderemos obter tal confiança que nem alega olhar para trás, se não contemplarmos verdades verdadeiramente reais e respostas verdadeiramente concretas com bastante tempo e com suficiente regularidade? Com que confiança alegaremos a nossa entrada nos átrios de plenas verdades se no imiscuímos de usar pouco ou mesmo muito do nosso precioso tempo cá na terra para ouvirmos um pouco daquilo que Deus nos tem a dizer sobre nós, sobre Ele próprio e sobre como devemos nos orientar diante d'Ele e com que poder o poderemos vir a fazer? Se você não tem tempo para estar com Deus, não terá tempo para viver, porque Ele é a única verdade e única fonte de vida existente em qualquer recanto deste imenso universo. Como saberá que Ele é a única verdade e a única vida senão não tiver tempo de abrir a Bíblia e folheá-la até João 14:6? Como poderá alguém aperceber-se dos enganos das igrejas e dos corações dos homens se não se esforça minimamente em buscar Deus para que lhe seja dito como Deus vê o coração do homem, isto ainda em tempo de poder achá-Lo? Por isso lemos em Heb. 4:16: "cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça para que possamos alcançar... e achar... a fim de sermos ajudados em tempo oportuno". Como pode esperar que Deus a abençoe hoje "em tempo oportuno", que calha bem, se não teve tempo de o buscar ontem?

Se você trata melhor o seu emprego que a Deus, se trata seus filhos melhor que Ele, lembre-se de recorrer a eles na próxima aflição e não a Deus! Ou só recorre a Deus quando já está aflito? Não pode Deus ser Ele por aquilo que é em tempos de fartura também, para si?

As pessoas que se desenganem esperando vir a saber de forma magica que "ninguém vem ao Pai senão por" Cristo, se não se derem ao trabalho ler e de o buscarem de joelhos e de todo o seu coração e de toda a sua alma e durante todo o tempo que isso deles vier a exigir! Como poderão saber que Cristo salva verdadeiramente se não usam do seu tempo para buscar a única salvação possível? Ou pensa esperar até à hora da morte como fez o salteador que com Ele foi crucificado? Um ainda foi a tempo - mas o outro já não, pois não alcançou misericórdia em tempo oportuno. Não poderá deixar ocorrer que aconteceu com o que não foi salvo e que naquele momento só podia ser egoísta e incapaz de parar para pensar como mereceria ser condenado precisamente porque não buscou de Deus em tempo real um coração que fosse perfeito para com Ele? Haverá muito poucos que consigam uma sobriedade igual à daquele criminoso que se salvou mesmo em cima do último momento. Por isso, não facilite em nada sobre questões tão importantes como são a nossa eternidade porque haverá sempre "um caminho que ao homem parece direito (do qual) o fim é a morte", aquela sem qualquer volta possível! (Prov. 14:12;16:25). Como poderão as pessoas entender tudo isto se não usam tempo para inquirir agora para obter respostas amanhã ou mesmo hoje, respostas reais mesmo e não menos duvidas? Como poderá alguém dizer de coração aberto que "o Senhor esclarece as minhas trevas" (2Sam.22:29) sem fazerem bom uso do tempo no qual ainda vivem? A vida é curta demais e sendo assim mesmo, deveríamos saber usar da melhor maneira o que nos pode vir a faltar oportunamente!

Que disse Cristo de Maria? Que ela escolheu a melhor parte, a qual nunca lhe será tirada. Que faz você? Será que ainda vai conseguir derramar todo o seu unguento precioso sobre quem você ainda não ama de verdade? Será que vai a tempo de consegui-lo ainda? Vai conseguir amá-Lo assim sem sequer passar tempo só com Ele? Como poderá vir a cumprir a lei "amarás o teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma" e com todo o teu tempo, se não gastar o seus minutos por inteiro apenas para conhecê-Lo melhor e mais de perto e com mais regularidade ainda? Como se poderá vir a amar quem não se conhece realmente, mesmo que d'Ele se oiça regularmente, diariamente mesmo? Raciocinemos e deixemo-nos então de hipocrisias estranhas e invulgares, mais precisamente aquelas que são sempre muito vulgarmente e mais facilmente aceites em qualquer meio que pretende ser só religioso e nada mais, daqueles que só têm fama de estar vivos! (Apoc.3:1)

Ora, aqui estão umas das muitas razões porque as pessoas nunca se esforçam em conseguir tempo para auscultarem Deus em seu intimo e dentro dos seus quartos que pensam ser solitários por nunca lhes passar pela cabeça que Deus lá estará se assim quiserem:

  1. A naturalidade da sua arrogância aliada a uma tentação preguiçosa em distrair-se em vez de curar-se quando lhe falta paz de espírito, faz com que qualquer pessoa que sofra deste vírus dormente se oponha a Deus e à sua própria consciência contrapondo sempre que Deus está em pleno controlo de tudo e que não será o seu esforço em deixar os seus afazeres que mudarão as coisas, isto a seu ver. Será sempre mais fácil trocar o quarto que imagina cheio de solidão, por um bom ou mesmo mau programa de televisão cheio de fofoca e violência por este lhe parecer poder oferecer companhia. Muitas vezes é Deus quem coloca sobre si aquele sentimento de solidão e de fraqueja sob o qual manqueja, para que assim se dirija àquela fonte de vida. Mas porque não gosta daquilo porque se está a passar, logo entristece o espírito que opera em si esta fome de estar com Ele a sós, indo se destrair conforme "o curso deste mundo". E se tal programa conter coisas instrutivas ainda maior e com mais força se torna qualquer desculpa de nunca se estar com Deus, pois acha-se que não se pode perder um bom programa. É por essa razão que Cristo diz que aquele que perder a sua vida ganhá-la-á e aquele que ganhá-la, perdê-la-á. A tal companhia é solidão no fim de todas as contas e a 'Solidão' afinal é a companhia que sempre buscamos, desde que nos conhecemos!

  2. Qualquer forma incrédula de ver as coisas (como a opinião de que só as orações dos 'fortes' são ouvidas, ou mesmo de estar com a consciência intranquila e em consequente temor de se aproximar de Deus, ou ignorando que as únicas coisas que permanecem precisam de tempo para se apoderarem de todos os nossos sentidos), opõe-se sempre a um real "conhecimento de Deus" na Sua plenitude, naquela que prometeu a todos quantos crêem. Daí a intranquilizar-se cada vez mais em sonolência espiritual, vai apenas um pequeno passo. Por isso adverte Paulo contra todo e qualquer tipo de "altivez que se levanta (sempre) contra o (pleno) conhecimento de Deus" (2 Cor.10:5).

  3. Na minha modesta opinião, as pessoas procuram sempre algo mais do que aquilo em que não querem crer, ou porque nunca lhes convém ou simplesmente porque nunca lhes agrada. É-lhes sempre difícil aceitar que Deus sabe e tem sempre melhor do que aquelas coisas que conceberam sonhando em suas vidas de adolescentes ou mesmo de adultos. Como têm sempre argumento contra Deus, concebem "ovos de basilisco" e emaranhados de "teias de aranha" que os prendem sempre nos seus sofás e nunca os deixa criar tempo quanto baste para se porem de joelhos diante do Rei dos Reis, oferecendo-Lhe apenas o melhor que têm, sempre que precisam, isto é, sempre que não se sintam bem consigo próprios, com Deus, com o seu próximo ou apenas e tão só com a sua consciência. o Melhor para Deus é aquilo que temos, tudo quanto temos, seja uma consciência pesada, seja uma leve e favorita.

  4. Uma falta de vontade evidente ou não, reconhecida ou não, em se submeter à vontade de Deus para a sua vida, principalmente no que toca a pessoa com quem Deus quer que nos casemos ou não casemos, ou da vontade de Deus em falar a verdade com alguém de quem mantemos uma certa relutância em nos aproximarmos sem preconceitos nem vergonha, timidez, frigidez ou por falta de amor, ou uma carência da consciência da realidade no que toca a perdição do tal próximo, pode-nos muito facilmente separar do nosso quarto para irmos de encontro ao que nunca gostaríamos de ter de aceitar.

  5. Uma tristeza injusta e desmesurada contra Deus e as suas maneiras de nos tirar do mal que concebemos como boas coisas desde a mais tenra infância e que por essas razões passamos a considerar mal as suas maneiras, passando a tê-las como rudes. Não aceitamos que Deus tenha razão naquilo que faz mesmo que nos doa muito. É difícil conceber que Deus possa ter grandes propósitos através de meios que dificilmente aceitamos por desconhecermos certas verdades acerca d'Ele e da sua melhor vontade para as nossas vidas, se é que as queremos abundantes e repletas de alegrias sem igual. Mas para tal, é preciso acreditar que Ele tem as suas razões em nos dar coisas que às vezes acabamos por aceitar com alguma dificuldade.

  6. Se, porém, aceitamos que Deus tem razão e poder de fazer o cozinhado que consideramos ser 'castigo', detemo-nos em tristeza contra nós próprios por estarmos a merecer de qualquer forma tudo o que nos advém. É precisamente aqui que muitos entram no abismo de auto-condolência que tanto mal prevarica contra nós mesmos. Veja-se o que David fez quando Deus o castigou com a morte filho do seu pecado em 2 Sam.12:18-3 e interrogue-se o leitor porque razão amava Deus tanto a David acima de qualquer suspeita. Tudo o que Deus faz é bom e acumula num bem duradouro em nós ou fora de nós. Por essa razão dizem as Escrituras que "todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus (ou daqueles que possam ainda vir a amá-Lo), daqueles que são chamados por seu decreto", (Rom.8:28). Já não podemos dizer o mesmo daqueles que não amam ao ponto de sua própria vida lhes ser de valor superior a uma comunhão com um Deus real, com aqules que apenas dizem que O amam, mas mentirosamente.

  7. Um qualquer pecado nosso ou não, que nos tira a boa disposição espiritual (compreenda-se Lucas 1:17) e que nos leva a acumular ainda mais pecados por uma notória falta de liberdade em confessar e reconhecer o mal quando este nos visitou, se é que nos visitou, faz com que a consciência pese demais para que possamos levantar-nos dos nossos cadeirões de lamentos e venhamos a Deus sem mais demoras. "Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados. E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente, antes seja sarado. Segui a paz e a santificação sem a qual ninguém verá a Deus, (nem os crentes!), tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe e por ela muitos se contaminem", (Heb.12:12-15).

  8. Negligencia e descuido em não se ser sincero na procura de Deus, pode fazer infiltrar perda de tempo enquanto estamos de joelhos nos nossos quartos. Estar lá por estar, também a nada nos leva, de facto. A evidente falta de sinceridade faz-nos estar sós em nossos aposentos quando oramos e isso faz com que a sentida solidão provocada pela ausência muito mais que justa de Deus em Espírito dos nossos aposentos e corações, nos faça hesitar em buscá-Lo também, seguramente. Essa hesitação pode-nos fazer virar pilares de sal que para mais nada servem senão serem pisados com as injúrias verbais de todos quantos nos rodeiam, sendo provavelmente essa a única formula por Deus achada de preservar toda e qualquer verdade, desagregando-a ostensivamente de nós para sermos conscientemente considerados maus exemplos para que assim a verdade de Deus saia um pouco incólume das nossas incoerências  desprezíveis, do ponto de vista divino.

  9. Os nossos apetites sexuais, vícios, incompatibilidades de humor, impaciência, desleixe naquilo que deveríamos fazer bem e outros, trazem-nos um forma de ver as coisas que podem afrontar Deus muito levianamente devido à fácil normalidade com que aceitamos tais práticas descompensadas de qualquer coisa que nos faça auferir um qualquer prazer na mentira quando pensamos estar em espírito. É sabido como as pessoas dão muito mais valor a que se faça justiça pelas próprias mãos, se enfureçam sem ser por causas justas (sendo justíssimo apenas aquilo que se faz contra si mesmos); também como aos vícios dão razão de ser, encobrindo as próprias incoerências com palavreado fácil de admitir que ninguém tem nada a haver com aquilo que se faz do próprio corpo, ignorando assim que o suposto templo de Deus (o nosso corpo) seja profanado tão levianamente quanto possível; serão estas as coisas que nos trazem uma natural separação de Deus e será por essa razão que nos sentimos a sós no nosso quarto pela ausência forçada de Quem lá deveria estar em nós e por nós. Por essa razão é que sentimos solidão quando ousamos ir buscar a Deus o que trazemos do diabo em nós! Se o sexo e as mentiras que criamos à volta dele, nos desviam de coisas concretas e de resolver as nossas buscas mais sinceras e honestas, nada mais como resolver a questão duma vez por todas, embora não sozinhos mas sim com uma liderança do próprio Jesus em nós porque não há pecado do qual Ele não nos possa salvar. Por isso diz a Bíblia que Ele pode salvar até à perfeição qualquer que d'Ele se aproxime para tal finalidade, Heb.7:25, e não salvar apenas. (Convém realçar, então, que a perfeição nunca serão as renuncias de sexo, ira e outros, mas sim o seu uso puro dentro daquilo que estará certo).

  10. Desapontamentos anteriores quando passamos muito tempo de joelhos sem obtermos qualquer sinal, nem qualquer resposta por motivos que não queremos ou não sabemos facilmente reconhecer por falta de sabedoria espiritual. "Portanto, o meu povo será levado cativo (para as garras do pecado) por falta de entendimento", (Is.5:13; Oséias 4:6). Diz-nos em sua carta o meio-irmão do nosso Senhor Jesus Cristo: "pedis e não recebeis porque pedis mal, para o gastardes em vossos próprios deleites". Ora, levando em conta que é possível o tal fenómeno de não recebermos o que pedimos por razões que sejam crimes não confessados ou não regularizados, temos assim a oportunidade de ir ter com Deus perguntando-Lhe o que se passa e porque não responde Ele aos nossos pedidos. Não será difícil ser atendido num pedido deste calibre, pois dentro da sua vontade se situa tal clemência e "se pedirmos alguma coisa conforme a Sua vontade, Ele nos ouve" 1João 5:14,15. Bastará tão só dar razão sincera a Quem a detém desde sempre e vencer assim a resistência que nos priva de ir ter com Deus. Se não deixarmos de ser sinceros, reconheceremos que estamos desanimados com algo por falta de "compreensão" da parte de Deus e se assim for, Ele nos mostrará desde logo porque razões essa Sua falta de compreensão é justa e incompatível com aquela Sua natureza ou no mínimo razoavelmente incompreendida por nossa falta de entendimento das coisas.

  11. É também muito comum a qualquer pecador - devido principalmente à sua natural incredulidade por estar separado da real presença de Deus por alguma razão que pode conhecer ou desconhecer - pensar que Deus é apenas para uns quantos privilegiados que andam em cima da terra. Embora isto seja verdade, pode muito bem suceder que tal pessoa injusta e precipitada nas suas análises a sangue frio, passe a ser um desses privilegiados, pois Deus manifesta-se a qualquer um que tenha perdido algum ou muito do seu precioso tempo a limpar a sua vida. Jesus disse: "bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus" Mat.5:8 e deduzimos implicitamente que aqui não fala apenas de ver Deus depois da morte, mas sim aqui e agora, também para alguns limpos de coração, mas para todos os limpos e lavados em Seu sangue - desde que seja verdade mesmo. É verdade que quem vê Deus serão tão só os limpos de coração e ninguém mais - mas é verdade também que serão todos e não apenas alguns. Estes poderão então passar a ser considerados como privilegiados e de facto não poderei argumentar contra tal percepção das coisas, mas daí a assumir que só alguns poderão limpar as suas vidas e restabelecer assim aquela sua vida interior e não só, àquela glória original e sem discrição possível, é uma presunção maliciosa que pretende tão só culpar um inocente Deus das nossas desnecessárias incompatibilidades com a Sua Vida. Aquela que nos dá se a pedirmos atempadamente,  que se pode transformar em grandes "rios de água viva que saltam para a Vida eterna". Ou não teria Cristo dito sem qualquer leviandade que "Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância" João 10:10, pois disse "se assim não fosse Eu vo-lo teria dito". Tendo um coração limpo, em nosso quarto nunca estaremos a sós, pois lá veremos Deus.

  12. Existirão muitas mais razões que nos levam a desfalecer antes mesmo de entrar no único Santuário aceite por Deus e que só Ele para nós reservou desde há muito, o qual não foi obra de qualquer homem mas sim de Jesus. Caberá assim a quem quer ser realmente feliz com o seu Deus, desvendar porque razões não carrega consigo o modo e a única maneira de se sobrepor aquela privação anti-natural de não se refugiar em seu Deus acima de tudo, em vez de se refugiar no seu próprio mundo, no dos outros, seja esse religioso ou não, seja de auto lastimação ou de incompatibilidade física, doença ou cansaço - coisas que Deus facilmente poderá resolver ou não desde que com Ele vamos ter sem mais demoras e sem mais desculpas de mau vendedor daquele nosso peixe que facilmente apodrece ao sol dos nossos pecados e do qual só nós dispomos. É de lamentar que ninguém ache que não existe nada mais anormal e anti-natural do que recear ir ter com Deus, ou de apenas não desejar estar com tal Ser tão doce e muito mais real e que se manifesta sempre acima de qualquer das nossas melhores expectativas. Nunca é normal alguém não buscar Deus de todo o coração e só por essa razão, deverá o meu caro leitor descobrir porque razão se anormalizou e desumanizou assim tanto, não querendo buscar Jesus e apenas a Ele e nenhum outro santo que a ninguém poderá ouvir, esteja este vivo ou morto. Porque se afastará uma ovelha do rebanho do Seu pastor sem ser por razões muito obviamente contra procedentes e anti-naturais? Tais coisas nunca serão assim tão normais como se faz passar por aí. É que quando alguém diz que não sabe se Deus existe ou não mas que acredita n'Ele e que desejava poder encontrá-Lo, apenas corrobora tudo o que aqui digo. Nunca será normal qualquer pessoa viver longe do único ser para o qual foi criado e para o qual deverá viver eternamente, tal qual um rio é sempre uma cavidade na qual deverá sempre haver água corrente.

  13. Continuará quem me escuta ausente do seu quarto por troca de um outro afazer, seja este aparentemente para Deus como pensava Marta seriam os seus cozinhados, ou tão só para nos distrairmos pensando que encontramos solidão quando buscamos Deus? Será porque conhece bem a vida dos religiosos que nunca encontram aquilo que pensam que buscam, que pensa que Deus lhe dará uma pedra em vez de pão? Não permita que a falta de vida mais que evidente nas vidas de quem lhe prega aos domingos o levem a imaginar e a conceber tais alucinações tão mentirosas! É evidente que se a perspectiva for realmente outra, nada nos poderá vir a separar do amor de Deus em Cristo Jesus! Confirme lá se isto que escrevo é verdade ou não. Dê a Deus o que é de Deus então: seu tempo integral.

José Mateus
Portugal