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CONVERSA ENTRE CONSCIÊNCIAS

INTRODUÇÃO

Nós sabemos que temos consciência. A nossa consciência é aquilo que nos faz apercebemo-nos de coisas e a forma como nos apercebemos delas. A nossa consciência é um registro de dados que não podemos impedir que se registrem – podemos apenas negar, abafar, ignorar e não reconhecer aquilo que ficou registrado e nada mais que isso. Eu creio mesmo que, os livros que serão abertos e onde estão escritas as obras dos homens, são as suas consciências e seus próprios registros de dados. Vamos ver se estou errado quando chegar o grande dia. “E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”, Apoc. 20:12.

A consciência também se afia e se treina. Mas, a consciência também reage do jeito que aprendeu a reagir, ora escondendo (até do próprio), ora revelando e manifestando. Os hábitos fazem a sua maneira de agir, interagir e de reagir. Ela não tem como evitar tornar-se consciente do que se passa. Terá, isso sim, forma e meios de reagir e de controlar como age ou reage, mas, nunca terá como evitar tomar consciência de qualquer coisa que se passe dentro ou fora da pessoa.

Existem pessoas que, quer lhes façamos bem ou mal, ficam sempre se defendendo daquilo que são, como se estivessem sob ameaça contínua. Tenho um familiar que diz que, se não roubar, não chega a lado nenhum. Quando vai trabalhar, seja com uma pessoa honesta ou não, já vai armado para não ser roubado. Isso condiciona e lesa todo o seu trabalho, pois está concentrado noutra coisa: em não ser roubado e em roubar de volta até aquilo que ninguém lhe roubou. Eu sempre afirmei que desconfiado é ladrão – mesmo quando não roube. Sabemos que, quem rouba, desconfia de ladrão, pois tem consciência única e a consciência única é lesada e usada para estar consciente de que se rouba no seu mundo. Automaticamente, ao pensar em roubo, reage defendendo-se e justificando-se também. Quem tem capacidade para roubar, entra logo numa onda de se justificar porque se acusa e teme ser acusado também. E, assim, prepara-se para se proteger porque tem consciência do roubo e de que rouba. É muito fácil ver quais são os pecados das pessoas se olharmos com atenção para as coisas das quais se defendem (e do que acusam os outros ou do que dizem do que os outros seriam capazes) e do que se tentam justificar.

Para além da conversa que a consciência tem ou consegue ter, sendo a consciência a capacidade de estarmos conscientes do que se passa e daquilo que vivemos, experimentamos, desejamos e fazemos (entre outras coisas), ela aprende a agir e a reagir mediante o que acha e pensa. Mas, essas reações são hábitos que foram formados, são padrões de comportamento e muitas vezes são teimosias. Quero dizer que ninguém tem como evitar registrar tudo que se passa dentro e fora de si. Mas, a consciência aprende somente a agir ou a reagir mediante os interesses que tem ou não têm, pode ter ou pode não ter. Se seus interesses forem egoístas e condicionados por hábitos, reagirá duma forma; se ela for egoísta, mas, não está condicionada, reagirá de outras formas. O mesmo se poderá dizer em caso de ela não ser egoísta e ser condicionada e também em caso de nem ser egoísta nem condicionada.

Existem hábitos muito maus para uma consciência, como existem hábitos bons e outros apenas menos bons. Iremos falar ou exemplificar aqui os hábitos que certo tipo de consciência criou e que se instalou dentro do mundo religioso e evangélico. Vamos ter em mente que, estarmos conscientes duma coisa, será sempre inevitável e que, estarmos conscientes duma tentação quando o diabo se infiltra em nosso domínio, nunca será o mesmo de que termos consciência que pecamos. Tenhamos em mente, também, que uma tomada de consciência de uma tentação pode levar-me a uma tomada de consciência ainda maior de que não pequei, tanto quanto me pode levar a pecar. Podemos fazer o oposto da tentação ou sujeitarmo-nos a ela. Nem sempre as tentações são coisas más que nos acontecem, pois será desse jeito que nos fortificará a fé, sendo nós provados pelo fogo delas. Pelas provas e através de cada tentação, a fé tornar-se-á simples e menos fingida.

Todo pecador tem consciência extrema de que é pecador e de que peca. As tentações e provações, mais tarde, só nos irão ajudar a provar que estamos de fato limpos diante de Deus – limpos de verdade e não de ficção ou por crença apenas. E, isso conseguimos alcançar através das tentações e das provações pelas quais passamos todos os dias. Mas, morrendo a consciência de pecado, morrerá todo pecado a ela agregado também. Foi o que se passou dentro de Jó. Mas, para os amigos, Jó estava-se justificando quando ele apenas estava reagindo a uma verdade e a um fato que lhe era evidente demais. E quem se justifica é pecador – pelo menos é um dos muitos hábitos característicos de pecador. A nossa consciência tanto nos pode acusar quanto defender. E Deus quer que ouçamos a nossa consciência. Jó "justificava-se" porque era realmente justo e foi nisso que os seus amigos se basearam, pois, é o pecador quem se defende e justifica. Mas, Jó era justo e sabia disso. "Mas eu o conheço; e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; Mas, eu o conheço e guardo a Sua palavra", João 8:55. Por poderosa que fosse a doutrina do sistema de então, Jó não podia mentir para satisfazê-la. Jó não pertencia à doutrina, mas, à verdade e aos fatos. Um santo que ouve o diabo achará sempre que é pecador; um pecador achará sempre que é santo, pois ouve sempre o diabo também – e até se ouve a ele próprio.

Mas, existem alturas em que o diabo usa verdades para nos acusar. Só quando não as acha, usará as mentiras todas que puder usar no mais curto espaço de tempo possível. No entanto, uma coisa será um pombo passar por cima de mim e eu ter a consciência que ele se aliviou de algo que caiu em cima de minha cabeça enquanto passava. Nem eu teria como evitar tal coisa e nem de não tomar consciência do que se passou. Mas, isso nem será a mesma coisa que o pombo fazer todos os dias suas necessidades em minha cabeça porque o deixei fazer ninho ali. E se eu esfregar o que o pombo fez em mim (quer faça uma vez ou todos os dias), sentir-me-ei mais sujo do que já estou e ficarei culpando o pombo e não a quem deixou que ele fizesse o ninho onde o fez.

Iremos tentar falar, apenas, de como reage a consciência e não do que estamos conscientes. Existe uma reação da consciência que é o ‘encobrir’. Encobrir pode ser sinônimo de justificar, defender, atacar, desviar atenções e muitas mais coisas. Isso é o preciso oposto de andar na luz. Reconhecer nem é andar na luz ainda, pois podemos reconhecer que fazemos uma coisa para não aceitarmos abandonar essa coisa, querendo com isso apenas angariar atenção, justificação e o dó dos outros. Mas, Jó era justo e, colocando toda a sua justiça na luz, foi acusado pelos seus amigos. Foi com isso que conseguiram a abertura para poderem acusar Jó com o intuito de aliviarem a dor que sentiam por ele. As pessoas também se aliviam acusando.

Dentro da consciência existe sempre um diálogo escondido – aquilo que a consciência diria e não diz ou não sabe dizer. É esse diálogo que desejo expor aqui, não a teoria de como uma consciência age ou reage, mas, antes o que diria se ela se expressasse de forma honesta, objetiva, imparcial e tudo isso, também, de forma natural e espontânea. Iremos inventar uma conversa entre uma consciência limpa que reage à acusação ou à mentira e uma consciência suja que reage às circunstâncias da conversa porque se sente acusada – e não porque seja acusada.

Os pecadores sentem-se acusados e justificam-se até de coisas mínimas e inexistentes, contra imaginações simples até. O pecador defende-se e acusa outros por natureza, quase por instinto, também. As personagens destas conversas que se seguem são: Consciência Limpa (CL) e Consciência Suja (CS).




 

 

DIÁLOGO 1

SOBRE A CRIAÇÃO

C_LIMPA: A imagem de Deus é perfeita. Deus criou-nos como seres perfeitos. Sermos perfeitos é sermos normais. Bem, na verdade, sermos normais é sermos perfeitos.

C_SUJA: Mas, porque razão nascemos pecadores agora? E também, existe um homem lá na minha igreja que vive uma vida perfeita. Eu não consigo achá-lo normal. Deve ter pecados escondidos.

C_LIMPA: Pode não ter pecados escondidos…

C_SUJA: Mas, pode ter. Todo mundo peca. Ninguém pára de pecar!

C_LIMPA: Se ninguém pára de pecar, Jesus exigiu de nós a coisa errada quando disse “vai e não peques mais”! E porque dizes que ele peca depois de dizeres que vive uma vida perfeita? Não te estás contradizendo um pouquinho?

C_SUJA: É que eu não gosto dele. Faz-me sentir pecador.

C_LIMPA: E qual o problema sentires isso se achas que és pecador? Outra contradição? Uma vez, um amigo de Portugal disse-me que pecador quer sempre sentir-se santo e que santo quer sentir-se pecador. As pessoas só querem sentir aquilo que não são. Porque não te queres sentir pecador se acreditas que nasceste pecador? Eu gostaria muito de viver, experimentar e sentir só aquilo que é mesmo verdade.

C_SUJA: Estás insinuando que sou mentiroso?

C_LIMPA: Nem por um momento, mas, acho que teu discurso se contradiz. Mas, porque razão não gostas do homem da tua igreja?

C_SUJA: Mas, eu não disse que não gosto dele! Só que fico irritado perto dele. Ele parece que sorri com os olhos enquanto seu rosto é bem sério. Isso nem é normal. Parece-me fingido.

C_LIMPA: Deveria antes sorrir com o rosto é? E também, se os olhos de quem sorri forem sérios e amargurados, a pessoa não já é fingida?

C_SUJA: Ah! Quem sorri deve mostrar os dentes todos. Isso é simpatia.

C_LIMPA: Mas, quem sorri com os olhos mostra o coração. Jesus mesmo falou que os olhos são a lâmpada da alma e do corpo.

C_SUJA: Eu já reparei que até tu tens esse brilho estranho no teu olhar. E porque razão eu não tenho se aceitei Jesus e vou sempre à igreja cantar, ouvir e orar?

C_LIMPA: Mas, o olhar duro pode ser resultado de amargura e não de alívio. O sorriso pode existir só para esconder tudo aquilo que o olhar revela.

C_SUJA: De que alívio estás falando? Se alguém não se sentir pecador não pode entrar no céu.

C_LIMPA: A Bíblia diz que Deus não nega um coração verdadeiro, seja ele pecador ou santo. Se é santo, deverá sentir-se santo e, se não é, deverá sentir-se pecador. É a verdade no íntimo que Deus mais busca. Se eu tiver pecado, trato logo de não esconder. Quero ser aquilo que sou, viver só aquilo que sou.

C_SUJA: Mas, se um pecador vive aquilo que é, Deus vai começar a fazer planos para o destruir como fez com Sodoma e Gomorra! Nós não podemos viver aquilo que somos senão fabricaremos um mundo ainda mais corrupto.

C_LIMPA: Tu terias razão se Deus tivesse cometido erros quando nos criou.

C_SUJA: Deus criou-nos bem. Mas, depois Adão estragou tudo. Agora temos Adão dentro de nós.

C_LIMPA: E porque temos Adão dentro de nós? Aceitaste Adão como teu Salvador, foi? Ou Adão aprendeu a arte de Criador porque comeu da árvore da sabedoria? Adão consegue fazer de ti aquilo que Deus não faz ou não fez quando te criou, é?

C_SUJA: Ah! Eu não sei falar sobre isso. Mas, meu pastor sempre disse que nascemos pecadores e que Adão vive dentro de nós – um certo “Velho Homem”, ele falou.

C_LIMPA: E cadê Cristo? Se Cristo entrar em nós, o “Velho Homem” não morre com Ele na Cruz? Eu acho que o teu pastor está falando a coisa errada!

C_SUJA: Não podemos falar mal de nossos pastores.

C_LIMPA: Que é para ti não falar mal? É dizer mentiras sobre ele? É que eu acho que ele deveria contar as boas novas de Belém. Essas boas novas anunciam a morte desse Adão quando Cristo entra em nós.

C_SUJA: Mas, eu já aceitei Cristo e fico pecando.

C_LIMPA: Bem, isso tem várias explicações. Ou Cristo não entrou, ou Ele não pôde entrar, ou Ele voltou a sair.

C_SUJA: Como assim? Eu aceitei o Senhor Jesus! E meu pastor disse que quem o aceita não se perde mais.

C_LIMPA: E Ele deu sinal de vida dentro de ti? Ou foi tua imaginação que te enganou dizendo que Ele entrou?

C_SUJA: Mas, dizem que quando aceitamos Jesus, Ele entra. Meu pastor falou, também, que Ele entrou quando fui lá à frente entregar-me.

C_LIMPA: Teu pastor viu Cristo entrar? Pode ser verdade, como pode não ter acontecido isso que disseste. Mas, de uma coisa eu tenho a certeza: quando Ele entra, o pecado sai! Não podemos misturar perfume com mau cheiro, senão disfarçamos o mau cheiro ou estragamos o perfume. É bom colocarmos perfume em pessoas limpas e Jesus num coração limpo.

C_SUJA: Estou falando de aceitar Jesus e estás falando de perfume? As pessoas que têm esse brilho nos olhos, como tu, só dizem coisas que não entendo!

C_LIMPA: Isso pode ser mais uma razão para acreditares que Jesus não entrou em tua vida quando Lhe pediste para entrar. É que, se pedires para Ele entrar porque queres ser feliz pecando, Ele não entrará. Porque, se Ele entrar nessas circunstâncias, ficarás infeliz e Ele será motivo de infelicidade e de tropeço sério.

C_SUJA: Como assim? Estás a tirar-me minha fé. Vou sair daqui sem fé.

C_LIMPA: Podes sair daqui sem fé falsa, quem sabe! Fé é acreditar na verdade – não é acreditar naquilo que desejamos que seja verdade. Se acreditares que Jesus não entrou em ti e essa for a verdade, acreditas na verdade. E quando Jesus entra em nós, perdemos a consciência de pecado. Ele limpa a consciência.

C_SUJA: Para vocês que brilham desse jeito, tudo parece fácil! Por isso é que não gosto de estar perto de vocês!

C_LIMPA: Jesus limpa uma consciência. A nossa consciência é como um livro onde se encontra registrado tudo aquilo que fizemos ou pensamos. Então, esse registro de coisas condiciona a nossa maneira de ser e de pensar para pensarmos influenciados e condicionados, isto é, através das coisas que estão lá escritas. Se o livro estiver limpo, pensamos coisas limpas e se estiver com sujeira, pensaremos sujeira e seremos influenciados por ela, ou então lutaremos para não pensar aquilo que estamos pensando. E, uma das defesas, será acharmos que não pensamos aquilo que estamos pensando. Por essa razão é que o diabo se esconde quando nos tenta, para podermos achar que somos nós que estamos pensando pecado para aprendermos a encobrir e a escondermo-nos dos outros. Ele gosta de nos fazer sentir que estamos devendo algo a alguém, também, ou que a opinião dos outros é importante para nós vivermos. A finalidade dele é fazer que nos escondamos por trás das folhas, porque só quem anda na luz será puro porque a luz transforma.

C_SUJA: Eu só não entendo como podes dizer que não tens pecado sem estar a ofender Deus. Somos pecadores!

C_LIMPA: Porque razão nós vamos para o inferno? Se nascemos para pecar, Deus é muito injusto, não é?

C_SUJA: Vives falando mal de Deus também!

C_LIMPA: Se Deus nos criou pecadores e depois nos pede para viver uma vida santa, seria muito injusto. Não achas?

C_SUJA: E porque razão o meu pastor diz que somos pecadores e que, se não dissermos que somos pecadores, não teremos direito de entrar no céu?

C_LIMPA: É verdade que somos pecadores. Mas, por sermos pecadores, é que precisamos ser transformados.

C_SUJA: Mas, quando entrarmos no céu ficaremos puros. Só depois, porque aqui na terra nunca iremos consegui-lo.

C_LIMPA: Eu não acredito nisso por várias razões: uma, é que Jesus disse que nos salvaria de nossos pecados; a outra, é que o coração que temos agora irá conosco. São duas mentiras. O que somos agora, seremos depois também. Ninguém muda só por mudar de lugar. Pode-se adaptar, mas, mudar não.

C_SUJA: E como é que uma pessoa muda?

C_LIMPA: Tu vais à igreja e nunca ouviste falar que Cristo nos transforma?

C_SUJA: Mas, ainda vivemos cá na terra, não vivemos?

C_LIMPA: Sim, vivemos. Mas, Deus não disse que transformaria o lugar onde vivemos, mas, sim a nós. Se formos transformados, nem importará mais o lugar onde vivemos – e, se vivermos em Jesus, dentro d’Ele, o nosso lugar é bom para viver. Nosso lugar é Jesus.

C_SUJA: Mas, é pela fé que somos transformados. Acreditamos que somos transformados.

C_LIMPA: Ah tá! Acreditamos só e não somos transformados? Então a fé nem é acreditar na verdade, mas, sim em qualquer coisa! Mas, graças a Deus que a transformação que Deus faz é real.

C_SUJA: Eu acho que só deixaremos de pecar quando morrermos. Sempre foi o que me disseram.

C_LIMPA: A morte física nem é morte. E, por essa ordem de idéias, nunca iremos parar de pecar. Por essa teoria, iremos pecar no céu também porque o coração que temos, aquilo que somos, irá juntamente conosco para lá. E eu não acho que Deus vai deixar alguém com pecado viver lá.

C_SUJA: Tu deixaste de pecar?

C_LIMPA: Estás vendo algum pecado em mim? Gostaria muito de saber, pois irei limpá-lo de imediato.

C_SUJA: Ninguém é santo e ninguém será santo.

C_LIMPA: Se ninguém será santo, Deus mandou-nos fazer a coisa errada. Ele disse “sede santos porque eu sou Santo”. Tu dizes que eu falo mal de Deus, mas, só estou expressando aquilo que não dizes. E, falando assim, dizes que Deus é muito injusto. Deus criou-nos para sermos santos e é por essa razão que Ele pede aquilo que podemos e que devemos fazer. Senão, seria como exigir que um cachorro pare de latir ou que comece a falar como gente. E eu não acho que seja isso que Deus está fazendo conosco. Deus só nos está pedindo para sermos aquilo que somos desde que nos criou.

C_SUJA: E porque pecamos se nossa natureza é santa?

C_LIMPA: Eu não disse que somos santos. Mas, digo que tudo que somos dá para sermos santos. Podemos ser demônios também, se quisermos. Somos como um moinho: aquilo que for colocado lá dentro será moído.

C_SUJA: E porque não paramos de pecar?

C_LIMPA: Quem disse que nunca paramos de pecar? Jesus, além de nos ter dado tudo para sermos d’Ele como Ele é, ainda nos dá o caminho, o poder, a Bíblia e tudo mais.

C_SUJA: E que faremos com este mundo? O mundo tenta-nos sempre!

C_LIMPA: Este mundo é o lugar ideal para pararmos de pecar!

C_SUJA: Como assim?

C_LIMPA: As pessoas só acham que não podem parar de pecar porque querem continuar pecando! Na verdade, elas querem que Deus aceite seu “pecar”. Então, se Deus entra nas suas vidas, elas conseguem entrar no mundo de Deus também. Se entrarem no mundo de Deus, se são tudo o que precisam para serem santos, se Jesus limpa e salva de pecados, se Deus ainda dá o Ajudador Santo, têm tudo para viver aqui, na terra, como se vive lá no Céu. Foi isso que Jesus nos ensinou a orar e Ele disse que, quem pede e busca, acha! Agora, só não vive do jeito de Deus quem não deseja ou quem não quer!

C_SUJA: Vou ter de ir embora. Depois eu volto para falarmos mais. Mas, ainda não estou convencido.

C_LIMPA: Até mais, Consciência Suja.




 

 

DIÁLOGO 2

A ORAÇÃO

C_SUJA: Estou muito mal. Sinto-me muito mal.

C_LIMPA: Que se passa?

C_SUJA: Tudo me irrita, tudo me cai mal, estou sem paciência. Não consinto nada, não concordo com ninguém, não gosto mais de conversar.

C_LIMPA: Isso é mal de alma. Deve haver um outro problema. Estás falando com Deus?

C_SUJA: Quando falo, fico falando sozinho. Desisti de falar com Deus há uns dias. Nem estou lendo a Bíblia.

C_LIMPA: Então está tudo explicado. Essa irritação nem é o problema afinal. Quando nos desviamos de Deus, ficamos assim e quando nunca nos encontramos com Ele, também ficamos assim facilmente. É como um pato que não acha água e fica irritado com outras coisas.

C_SUJA: Como posso resolver isso? É que já estou cansado de ser assim. Até eu me irrito a mim mesmo nesta fase. Já estou cansado de mim.

C_LIMPA: Primeiro precisas resolver outro problema: aquilo que te acontece quando falas com Deus. Não podes estar a falar sozinho, orando.

C_SUJA: Mas, eu não posso resolver isso! É Deus quem não me ouve! É Ele que não fala comigo! E se é Ele quem me deixa falando sozinho, como é que eu irei resolver isso?

C_LIMPA: A Bíblia fala que são nossos pecados que nos separam de Deus.

C_SUJA: Eu acho que Deus nem me quer mais. Então pequei demais! Com tanto silêncio, devo ter pecado muito! Mas, nem me acho assim tão pecador para Deus me abandonar!

C_LIMPA: Isso é porque ainda não te sentaste a pensar nos teus pecados. Estás obcecado pensando em teus problemas e não te sentas só a pensar nos teus pecados. Quando vemos só os nossos problemas, nem vemos nossos pecados porque nossos recursos e nossa atenção e desejo estão apontados para outra coisa.

C_SUJA: Mas, eu tenho muitos problemas que não sei resolver! E ainda por cima Deus nem me ouve!

C_LIMPA: Vês? Estás tão obcecado com teus problemas que até quando falas com Deus pensas só neles e só Lhe falas do que estás pensando: os teus problemas!

C_SUJA: Como assim?

C_LIMPA: Deus disse que se buscássemos a Ele, acharíamos a Ele. Nunca deves buscar Deus para achar outras coisas, pois não resulta. Estás buscando o quê? A resolução de teus problemas ou Deus? E se buscares a Deus esperas achar o quê? A Deus ou a resolução de teus problemas?

C_SUJA: E como posso achar Deus? Dará para vê-lo?

C_LIMPA: Jesus, uma vez, falou que os limpos de coração vêem Deus. Depois de o vermos, podemos pedir qualquer coisa que Ele nos atenderá. Não podemos pedir coisas a alguém sem que estejamos na presença dessa pessoa. A maioria dos pedidos feitos a Deus são feitos a uma Pessoa ausente. Depois de estarmos com Deus, podemos ouvir qual a resposta que nos dá. Podemos saber quando Ele se recusa atender certo pedido também.

C_SUJA: E “não” também é resposta?

C_LIMPA: Claro que é! Pode-nos dar um sim ou um não de seguida. Se disser “não” nem manteremos falsas esperanças e se disser “sim” manteremos esperanças que não enganam. Em ambos os casos, saberemos que estamos dentro da vontade d’Ele e nos regozijaremos com qualquer das respostas, sendo que, por trás de cada não de Deus, existe um outro sim que ainda podemos achar.

C_SUJA: E se Ele não nos disser nada?

C_LIMPA: Nunca devemos andar sem saber o que Deus tem a dizer sobre nossos passos, orações e sobre nossos caminhos. E, também, nunca devemos orar sem esperar que Deus nos responda. Isso é orar em vão porque Deus é real e assim serão Suas respostas também. Se ligarmos para alguém, esperamos que nos atenda. No entanto, é pena que as pessoas esperem menos de um Deus vivo do que esperam dos mortais. Até me falará se eu pedir a coisa errada. Ele me responderá dizendo que não, de uma forma ou de outra. Deus não recusou um pedido a Paulo quando lhe pedia para tirar o espinho que tinha na carne? Só preciso persistir em achá-Lo e achar resposta também. Qualquer oração sem resposta, nem é oração – é uma tolice. E qualquer pedido que receba um “não”, é melhor que qualquer oração sem resposta. E nem importa se essa oração é sobre algo importante ou não, pois quem é importante é Quem responde. E se acharmos Quem responde, tanto faz que o pedido seja insignificante ou importante.

C_SUJA: Isso é muito complicado para mim. E até meu pastor precisa de oração e nem consigo orar por ele.

C_LIMPA: Precisas ver o que te está separando de Deus, pois isso que me estás falando nem é normal acontecer. Deus prometeu responder a todas as nossas orações. Se Deus não nos ouve, algo de muito anormal estará acontecendo. Seria como ligar o interruptor e a luz não se acender.

C_SUJA: E que preciso fazer para Deus me ouvir? Que fizeste?

C_LIMPA: Precisas assentar-te sozinho, sem os teus problemas e preocupações, para pensares só em teus pecados todos – incluindo os motivos porque buscas Deus.

C_SUJA: Eu não gosto de ficar sozinho e, também, não gosto de ficar com gente porque me irritam. Nem me entendo mais!

C_LIMPA: Precisas de ficar sozinho, fechar a tua porta e deixar os problemas e preocupações fora de onde estás. Depois, pegas numa caneta e numa folha de papel e escreve todos os teus pecados: aqueles que cometeste sozinho; os que cometeste com pessoas; e aqueles que cometeste contra pessoas também.

C_SUJA: E depois o que faço?

C_LIMPA: Depois, precisas de pedir perdão a quem ofendeste e com quem ofendeste também. Se ofendeste Deus, (todos os pecados ofendem Deus), pedes perdão a Deus. Se ofendeste as pessoas, precisas achá-las todas, uma a uma e pedir perdão também. E quando fores pedir perdão às pessoas, explicas porque razão o estás fazendo e que te estás arranjando com Deus e colocando tudo na luz. Se reconheceres Deus em teus caminhos dessa maneira, Ele vai endireitar e guiar teus passos.

C_SUJA: Mas, Deus conhece quais sãos os meus pecados todos! E, também, se eu for pedir perdão ao meu vizinho porque dormi com a mulher dele, ele vai-me matar!

C_LIMPA: Mesmo que te matasse, estarias cumprindo a justiça e valeria a pena. Mas, em todo caso, tu pecaste com a esposa dele e não com ele. E quando dizes que “Deus sabe de teus pecados”, assumes que não queres falar com Ele como se faz com uma uma pessoa normal. Deus é uma Pessoa e devemos aproximar-nos d’Ele como tal.

C_SUJA: Seu não fizer isso Deus não me ouvirá?

C_LIMPA: Não te ouve, Deus não ouve não. Só os que confessam e deixam seus pecados conseguem alcançar misericórdia, isto é, Deus. E quando alcançam misericórdia, podem começar tudo de novo que vai dar certo a partir dali. As pessoas só começam tudo quando não vai dar certo ou quando Deus não vai abençoar. Quando alcançam misericórdia, ficam achando que tudo terminou ali e não que tudo vai começar do jeito certo de seguida.

C_SUJA: Isso é bem interessante. Preciso falar com meu pastor para pedir a opinião dele sobre isto.

C_LIMPA: Tu vais pedir a opinião de teu pastor sobre uma coisa que ele nunca te ensinou? Precisas pedir a opinião de Deus, pois este assunto é privado e de extrema importância. Paulo nem consultou o apóstolo Pedro quando precisava lidar com sua vida anterior, aquela que levou até ali. Ele disse que nem consultou carne e nem sangue sobre questões como estas.

C_SUJA: Mas, se eu pedir a opinião de Deus, Ele nunca me diz nada. Outro dia pedi a opinião d’Ele sobre meu emprego e fiquei a noite toda esperando por uma resposta porque era assunto muito sério. E nem assim Ele me respondeu.

C_LIMPA: É, concordo. Mas, se fores buscar Deus com a mesma seriedade sobre os teus pecados e sobre o teu perdão, Deus te responderá. Nunca devemos consultar Deus sobre as coisas erradas. Cada momento tem a sua prioridade e, quando temos pecados, nem existem outras prioridades sequer. Depois de tua vida estar limpa, pode até acontecer que a questão do teu emprego se torne prioritária, como pode não acontecer. Mas, só o saberás se tua vida estiver limpa.

C_SUJA: Se Deus te ouve, podes pedir por meu pastor? Ele está passando por muita dificuldade e pediu a toda a igreja para orarem por ele.

C_LIMPA: Mas, tu ficas querendo salvar os outros! Deus está querendo falar-te sobre os teus próprios pecados e não podes ficar pensando nos problemas do teu pastor agora. Jesus disse que, quem ouve quando Ele fala, deve levar a semente para semear no seu próprio campo. Porque ficas querendo semear no campo dos outros? É mais uma razão para Ele nunca te ouvir, pois queres incomodá-Lo com os problemas dos outros para evitar limpar-te dos teus próprios pecados.

C_SUJA: Mas, eu gosto muito de meu pastor e ele pediu oração.

C_LIMPA: Porque razão ele pediu oração? Deus não o ouve, é? Ou será que ele estava pedindo outra coisa quando estava pedindo para orarem por ele?

C_SUJA: Como assim?

C_LIMPA: Se ele pede oração em vez de pedir a Deus o que precisa, deve ter algum problema com Deus e, no fundo, acha que Deus não o ouve – ou então Deus não o ouve mesmo! Mas, também pode estar pedindo indiretamente o que lhe falta. Ele pode estar pedindo para orarem por ele porque com a intenção de que, quem vai orar, fique sabendo do que ele necessita. É uma maneira sutil de pedir às pessoas. E Deus manda-nos pedir a Ele claramente. Deus não ouve o teu pastor pessoalmente? Porque razão ele pede à igreja para orarem por ele? 

C_SUJA: Mas, ele ora por pessoas que estão doentes!

C_LIMPA: E porque razão ele pede oração para ele então? Porque não pede logo a Deus? Quem pede aos crentes, não pede a Deus. E Deus só responde àquele que pede a Ele.

C_SUJA: Mas, nós vamos pedir a Deus!

C_LIMPA: Que adianta teu pastor pedir para tu orares se ainda agora disseste que Deus não te ouve? Os que não são ouvidos pedem a quem não é ouvido?

C_SUJA: Estou a ficar confuso e sem fé de novo!




 

 

DIÁLOGO 3

SOBRE A PALAVRA DE DEUS

C_SUJA: Estás lendo a tua Bíblia?

C_LIMPA: Sim, é a palavra de Deus. Ela é como um telefone: quando toca, nós atendemos. E, quando queremos ligar, pegamos nela.

C_SUJA: Mas, eu não entendo muito da Bíblia. E quando leio fico pensando noutras coisas e não vejo nada de especial nela. Só temo por causa do nome que ela tem. É o livro mais vendido de sempre, não é?

C_LIMPA: Mesmo que não fosse o livro mais vendido, seria sempre a palavra de Deus.

C_SUJA: O melhor é ler a Bíblia dentro da igreja. Lá o ambiente é mais favorável e ganhamos respeito pela Bíblia.

C_LIMPA: Eu não gosto do jeito que lêem a Bíblia dentro da igreja. E, também, nós atendemos um telefone quando ele toca e não quando vamos à igreja. E a Bíblia é como um telefone: quando toca, atendemos. E quando queremos ligar, também pegamos nele para falarmos.

C_SUJA: Pois é, para mim, ler dentro da igreja ou fora da igreja dá no mesmo: não entendo nada e nem entendo porque razão devemos ter a nossa hora religiosa com uma coisa que nem entendemos.

C_LIMPA: Esse é o problema. O problema não está na Bíblia, mas, em quem lê.

C_SUJA: Em mim?

C_LIMPA: Se não entendes a Bíblia sempre que a estás lendo, o problema esta em ti, sim. Nem tem outra explicação. Inglês faz sentido para os ingleses, não é?  Eles entendem a linguagem. Mas, para quem não é inglês, não faz sentido que fique ouvindo quem se expressa nessa linguagem. Lermos a Bíblia distantes de Deus, será como ouvirmos um estrangeiro explicar-nos uma coisa interessante – nem teria nada de interessante para nós. O mesmo se poderá dizer de todas as linguagens, incluindo a linguagem da Bíblia. Quem é ovelha ouve, tal como quem é Inglês ouve quando lhe falam na sua linguagem. O problema está no inglês ou quem não entende? Está na linguagem da Bíblia ou em quem lê?

C_SUJA: Como assim?

C_LIMPA: O Senhor Jesus disse que, quem é ovelha ouve o pastor. Se nos tornarmos ovelhas, se acharmos o jeito e o caminho de nos tornarmos ovelhas, começaremos a entender a linguagem da Bíblia também. Bode não entende a linguagem de ovelha e vice-versa. Nós não devemos tentar aprender como é essa voz que só ovelha ouve para a entendermos e decifrarmos – devemos antes tornar-nos ovelhas. Porque, se tentarmos decifrar a voz enquanto não somos ovelhas, logo o pastor de bodes irá imitar aquilo que achamos que será a voz de Deus. Pelo jeito, seremos enganados porque ainda não somos ovelhas e só ouvimos o engano. E como ainda somos bodes e ainda nem nos transformamos, ouviremos a linguagem de bode. E só ovelha consegue ter amor para aprender a linguagem da Bíblia, enquanto bode acha que será uma perda de tempo. Ovelha entende e o problema nunca está na Bíblia.

C_SUJA: Estás-me ofendendo de novo? Eu aceitei o Senhor Jesus!

C_LIMPA: E porque não entendes a Bíblia ainda?

C_SUJA: Não sei.

C_LIMPA: E porque te ofendes? Já viste uma ovelha reclamar estando a ser morta? Enquanto a verdade for uma ofensa para ti, não és ovelha ou, então, ainda ages como bode. Porque, do mesmo jeito que um bode pode tentar imitar uma ovelha através da aparência, a ovelha pode achar que ainda é bode também e fazer coisas estranhas. Jesus disse que os que são d’Ele ouvem-no e Ele só fala a verdade. Se a verdade te ofende, se não tens capacidade de te alegrar quando Jesus te fala ou quando a verdade te quer corrigir, precisas de mudar de coração e não apenas de atitudes. Mudar de atitudes será como bode tentar ganhar os hábitos de ovelha sem ter de se tornar ovelha por dentro, como alguém querendo ser ovelha apenas por fora.

C_SUJA: Se vou à igreja e canto de todo coração, com todas as minhas forças, não sou ovelha ainda?

C_LIMPA: Quem canta para Deus de verdade, nem se apercebe que está cantando, pois nem usa força para estar onde gosta de estar. As pessoas que gostam de assistir novelas nem se esforçam para seguirem as histórias e ainda se irritam quando alguém interrompe a sua atenção por causa da intensidade do desejo de seguirem a história toda e de acompanharem e entenderem todo o jeito da história também. Do mesmo jeito, se amo Deus, preciso de me esforçar muito para assistir a essas coisas do mundo. Isso significa que, quem usa de força para cantar, para ler e entender a Bíblia, é bode tentando vestir-se de ovelha e como a roupa que quer usar nem lhe serve, usa a sua força para poder vesti-la. E quanto mais força ele usa, mais achará que merece que merece vestir aquela roupa que só fica bem em ovelha. Ninguém usa de força para vestir uma coisa que lhe serve. A religião é a força que as pessoas usam para vestirem roupas do céu sem se transformarem – ou para evitar serem transformados.

C_SUJA: E isso significa que nunca fazemos esforço para ler a Bíblia, para acordarmos de manhã?

C_LIMPA: Não, de maneira nenhuma. Só significa que, o esforço físico, não se sobrepõe ao desejo do coração. O espírito não é mais escravo do corpo, mas sim o corpo do espírito. Para o espírito vivente seria esforço ficar na cama.

C_SUJA: Como é que me torno ovelha, então?

C_LIMPA: Isso é fácil de acontecer, mas, difícil de aceitar que aconteça. Basta aceitares ser transformado. Quem transforma, tem muita facilidade em consegui-lo. Mas, quando fores transformado, precisas perder o jeito do bode que ia à igreja. Por isso é que não gosto do jeito que lêem a Bíblia dentro da igreja, como se fosse a ‘abençoada’ obrigação religiosa. Ninguém come por obrigação quando come as suas comidas prediletas. As pessoas aprenderam a impor a leitura da Bíblia porque os bodes só lêem por imposição e por obrigação. Depois, sempre que se tornam ovelhas, levam esses hábitos com eles. É mais difícil mudar o crente que o assassino, porque, os crentes, lêem suas Bíblias do jeito errado e o assassino, que nunca leu e, por isso, não tem ainda o jeito errado de ler a Bíblia. Pelo menos, nesse aspecto, não necessita de mudar depois de se tornar ovelha.

C_SUJA: Mas, eu já freqüento a igreja há muitos anos.

C_LIMPA: Vais precisar mudar muitas coisas então. É que, os que estão bem com Deus lêem a Bíblia e os bodes na igreja também lêem. Só precisas mudar o jeito, o teu interior e teus olhos espirituais. Existem muitos hábitos e muitas coisas erradas que precisam ser mudadas quando um bode se torna ovelha.

C_SUJA: Dá-me só um exemplo.

C_LIMPA: Por exemplo: as pessoas acham que precisam pregar para os outros quando se apercebem da verdade. Esse é jeito de bode querendo vestir-se de ovelha.

C_SUJA: Como assim?

C_LIMPA: Jesus disse que, quem ouve a Sua palavra, é como alguém que acha uma boa semente e vai semeá-la em seu próprio campo. As pessoas acham que precisam levar as sementes para os campos dos outros e até formam missões no exterior. E Paulo também disse que “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos”, 2Tim.2:6.

C_SUJA: Continuo sem entender. Por favor, explica melhor.

C_LIMPA: Vou exemplificar através duma história de espelhos. Havia uma família que nunca tinha visto um espelho. O marido achou um e escondeu-o de toda a gente. De vez em quando dava uma escapadinha e ia-se encontrar com o seu espelho e ficava rindo para ele. A esposa notou que seu marido se escapava muitas vezes em segredo. Pensou que ele tinha um caso com outra mulher e, um dia, resolveu segui-lo. O marido olhava para o espelho e sorria muito. Ela ficou com mais ciúmes ainda. Quando o esposo abandonou o local, ela pegou no espelho para ver quem seria a mulher. Quando olhou, viu o rosto que nem reconheceu porque nunca se havia visto. Ela viu uma mulher feia e ficou muito triste porque nem conseguia aceitar que o seu esposo a havia trocado por uma mulher tão feia como aquela.

C_SUJA: Entendo.

C_LIMPA: A mulher saiu chorando e foi contar à sua mãe o que se estava passando. Contou-lhe que o marido a trocara por uma mulher muito feia. A mãe queria saber quem seria aquela mulher e perguntou-lhe se a conhecia. Ela respondeu que nunca a tinha visto antes. Foi então que a esposa deu o espelho à sua mãe para ver se ela conhecia a mulher que lhe trouxe tanta tristeza. A mãe pegou no espelho e gritou horrorizada, pois pensava que a mulher era jovem! Ela nem conseguia acreditar no que via. Achava que o genro teria, no mínimo, achado uma amante mais nova e menos feia que aquela.

C_SUJA: E o que isso tem a haver com a leitura da Bíblia?

C_LIMPA: A Bíblia é como um espelho que nós nunca vimos e, quando olhamos para ela, achamos que estamos a ver outras pessoas e não a nós próprios. Todas as vezes que falo para alguém se arranjar com Deus, essa pessoa diz sempre que seus familiares precisam ouvir aquilo que estão ouvindo e às vezes até me pedem para ir falar com eles. Quase nunca entendem que estão olhando para um espelho e vendo as suas próprias obrigações. Uma das maneiras de lermos a Bíblia da maneira errada é acharmos que precisamos pregar para outros, aquilo que estamos entendendo. Muitos nem a entendem, mas, assim que a entendem, querem ir explicar aos outros tudo aquilo que entenderam. Por essa razão é que falam tanto nos pecados dos outros quando ouvem o evangelho – porque se vêm a eles próprios.




 

 

DIÁLOGO 4

SOBRE A MORTE

C_SUJA: Eu tenho medo da morte! Nem sei o que se passa lá do outro lado. Sei que existe “o outro lado”, mesmo que nem goste de o reconhecer.

C_LIMPA: A pior morte nem é essa morte que temes.

C_SUJA: Eu só conheço essa morte. Existe outra?

C_LIMPA: Existem outras! Porque não entras em contato com Deus para ele te ensinar estas coisas? Ele ensina este tipo de coisas até a quem se perde. Basta apenas perguntares e aproximares-te d’Ele e, se depois não quiseres seguir o Caminho que te foi revelado, o Caminho te seguirá a ti e à tua consciência. O mal dos descrentes é ficarem sempre na dúvida, ora porque não acreditam, preferindo acreditar em coisas boas, (conforme dizem, porque ilusões nem são coisas boas; na verdade, não querem acreditar em coisas boas de verdade para poderem continuar a mentir para eles próprios); ora porque nem acham que Deus pode ensinar pecadores tanto quanto pode ensinar santos. Deus ensina a cada um aquilo que ele precisa saber naquele momento. Por isso, se buscas agora o que precisas saber agora, acharás. Se buscas o que os outros têm só porque o têm, nunca acharás – a menos que seja o que precisas agora. Mas, como estás a um passo da morte, podes perguntar a Deus que Ele te responderá de um jeito ou de outro. E, também, tens a Bíblia para elucidar-te sobre qualquer assunto. No entanto, é pena que as pessoas busquem Deus sempre que têm problemas e, tendo como prioridade a resolução desses mesmos problemas ou doenças, nunca resolvem aquilo que é prioritário.

C_SUJA: O que é prioritário?

C_LIMPA: A salvação da tua alma, a limpeza da tua vida e a reconciliação do teu espírito com o Espírito de Deus.

C_SUJA: Que reconciliação? Como assim?

C_LIMPA: O teu espírito choca de frente com o Espírito de Deus. Ele contraria o Espírito de Deus. Então, estando num estado de inimizade contra Deus, precisas de reconciliar-te com Deus para que consigas fluir juntamente com Ele e não ir contra ele. Como vais contra Deus sempre que estás em algum pecado, precisas tornar-te o oposto. Por essa razão é que a Bíblia diz que “a carne é inimizade contra o Espírito e o Espírito contra a carne”, Rom 8:7.

C_SUJA: Ainda não entendi.

C_LIMPA: A Bíblia diz que, quem peca, coloca-se num estado de inimizade contra Deus. Precisas de alcançar um coração que entre num estado de amizade com Jesus e que se concilia com o de Deus. Essa inimizade é um tipo de morte para com Deus. É uma das mortes que existem.

C_SUJA: Como assim?

C_LIMPA: Precisas de ganhar um espírito que se manifeste a favor de Deus, a favor de Ele ser teu rei e Senhor, porque Ele é rei. Neste momento, o “rei” da tua vida, és tu. E os reis competem sempre por um trono e entram em guerras e em inimizades por causa dele. Se Jesus é Rei por natureza e se tu também queres ser rei de tua vida não sabendo governar nada, é óbvio que existirá um estado de inimizade e de oposição profunda entre ti e Deus. E, com isso, desejas que Jesus te sirva os teus desejos. Podes afirmar que Jesus é rei, mas sabes que é só a tua boca falando e que, quem manda em tua vida na realidade, és tu. Nunca ouviste as pessoas cantarem “Jesus reina em mim” e depois são eles próprios quem decidem sobre os detalhes da sua vida e são eles que tentam resolver os seus problemas sem consultar Deus? Por isso é que eu disse que, estando sujo, estás a um passo da morte.

C_SUJA: Como é que estou a um passo da morte? Estou aqui cheio de medo de morrer e ainda me dizes que só me falta morrer? Que tipo de amor é esse que fala assim comigo? E que outro tipo de morte existe para além da morte do meu corpo?

C_LIMPA: Como te disse, podes perguntar isso a Deus que serás esclarecido. Mas, vou-te explicar o que sei. Existem três tipos de morte. Mas, uma é que leva às outras. E as pessoas só se preocupam com as mortes que são meras conseqüências.

C_SUJA: Como é que uma morte leva às outras? Estás-me a confundir!

C_LIMPA: Jesus disse que quem permanece n’Ele nunca morrerá. Então, existe uma morte que é não permanecermos em Jesus. É essa morte que te leva às outras mortes.

C_SUJA: E será que estou morto com a morte que me leva a morrer?

C_LIMPA: Quem duvida do seu estado espiritual, pode estar a duvidar apenas ou, então, está mesmo longe de Deus. Ninguém duvida à toa como ninguém que seja honesto, crê à toa.

C_SUJA: Mas, eu aceitei o Senhor Jesus e sinto que me estás acusando de novo.

C_LIMPA: Já nem te responderei sobre esses sintomas e essas acusações que me fazes. Mas, vou tentar responder-te sobre as mortes que enfrentamos, as quais precisamos vencer. Porque, se não vencermos a morte de espírito, nunca venceremos a morte física. Se uma morte leva à outra, só uma vitória levará à outra e só um tipo de vida levará à outra também. Se não vencermos o pecado agora, nunca venceremos o salário, a recompensa, desse mesmo pecado. É preciso vencer já. É urgente, pois, uma morte leva à outra e uma vida levará à outra. E nem sabemos quando é que a outra chegará.

C_SUJA: Eu gostaria muito de vencer porque me dá medo morrer.

C_LIMPA: Mas, quem desejar vencer a morte física, terá de gostar e de desejar vencer a outra morte também. Não adianta não quereres morrer se não desejares abandonar qualquer tipo de pecado. Porque senão, seremos como aquele alcoólatra que diz que quer ir para o Céu porque Jesus falou que lá os fiéis beberão do fruto da vide. Ele não quer deixar de beber, só quer deixar de ter medo de morrer e ir para outro mundo beber. Pura ilusão será a dele. E, neste mundo, vemos as pessoas comentando sobre a sua bebida e sobre o que bebem. No mundo de Deus aqui na terra, ouvimos comentários sobre a sua sede e bebem outra coisa. Os alcoólatras gloriam-se do que bebem quando bebem e os filhos de Deus gloriam-se de sua sede quando bebem, porque a sua sede é muito boa e é do gênero que pode vir a salvar de seus pecados. Sua sede é do tipo que se louva. Haja sede.

C_SUJA: E que tem a ver a sede com a morte ou com a vida?

C_LIMPA: A sede de Deus (Deus de forma real) está para a vida como uma nascente está para um rio. A falta de sede está para a morte como uma chama está para um incêndio. Mas, no caso daqueles que viverão para sempre (e enquanto estiverem aqui na terra), será uma questão de muitos rios de água viva e não apenas de um riozinho. E quem bebe dessa água, fala da sua sede. E quem bebe da água falsa, fala daquilo que acha ser água; terá sempre sede sem se aperceber que tem sede. É dessa morte que falo, daquela que nem sente a sede que tem ou que deveria ter e obter de Deus. Essa sede morta é um dos piores tipos de morte que existe. Com essa morte vem a vergonha de sermos filhos de Deus diante do mundo como se a opinião deles fosse capaz de resolver alguma coisa em nós.

C_SUJA: E o que impede essa sede de Deus, o que a mata?

C_LIMPA: No mundo, a sede deles é saciada com o que embriaga a alma e com aquilo que mata essa sede de Deus. É mais um tipo de morte. Eles são ludibriados e anestesiados através do que bebem. No mundo do pecado, a sede de Deus é morta. Eles matam a sede de Deus através de seus pecados. Mas, no mundo de Deus, a sede intensifica-se e não é morta. Viveremos como se nunca tivéssemos falta de bebida tendo sede. Essa sede só revela que ainda estamos para chegar ao céu e que a nossa jornada necessita de ser concluída com sucesso e do jeito certo, através do Caminho que Cristo é.

C_SUJA: Mas, fala-me da morte então. Porque é tão misteriosa e porque razão as pessoas mistificam o que é ou será real?

C_LIMPA: O medo leva a pessoa a inventar um caminho da ocupação (ou muitos caminhos de distração) para não terem de encarar as realidades que Deus quer que encaremos diariamente e que as olhemos de frente. A Bíblia até diz que é bom irmos a um funeral e que é melhor ir ver a morte de perto que ir a uma festa. E o mistério da morte, aquilo que as pessoas usam para torná-la misteriosa para eles, é o medo fazendo piadinhas, enganando quem deveria fazer de tudo para cair na real porque não temos funerais todos os dias e, se tivéssemos, os nossos corações nos enganariam (e eles são enganados porque a sua especialidade é o que desejam e é o engano); os corações habituar-se-iam a olhar para a morte sem se sentirem avisados da maneira que deveriam sê-lo. Um funeral nem deveria ser lugar de lágrimas, mas, antes um alerta sério.

C_SUJA: Mas, a morte amedronta qualquer um! E porque devemos estar sempre a pensar na morte? Desse jeito nem faremos mais nada só de pensar que vamos morrer.

C_LIMPA: Depende se essa morte é um “bicho papão”, ou se ela significa a tua entrada no paraíso.

C_SUJA: Mas, como posso saber se vou para o céu mesmo? É que, assim, poderia perder os medos de morrer. Como disseste que existem várias mortes, acho que também tenho vários medos!

C_LIMPA: É por essa razão que temos mesmo de ter a certeza e nunca nos iludirmos acerca de coisas tão sérias como estas. A Bíblia fala que a fé é a certeza das coisas que não se vêm e, quem nunca se certifica, gosta de ser enganado e prefere o engano acima da realidade das coisas. Muitos dizem que fé é apenas a aceitação das coisas que não se vêm. No entanto, se estivermos mortos para Jesus, estaremos mortos para essas certezas e, conseqüentemente, estaremos imaginando que não existe vida depois da morte quando afirmamos que existe; ou então que estamos indo para lá quando nossos passos trilham caminhos de cá e manifestam claramente que estamos andando em sentido contrário.

C_SUJA: Como assim, andando em sentido contrário? Não entendi nada! Só estou ficando com medo e mais medo, sem te entender. Estou andando em sentido contrário?

C_LIMPA: Seria como alguém estando a dar passos para trás olhando para frente, achando ainda que está andando para onde olha quando, na realidade, se está afastando. Só que tem noção de que o céu está cada vez mais longe de si e acredita no oposto. Porque quem se habitua a mentir para ele próprio, não tem outros recursos senão acreditar que vai para o céu, pois, o medo que tem da morte, faz com que minta para si mesmo. Por essa razão, o inferno irá surpreender muita gente de repente!

C_SUJA: Inferno?

C_LIMPA: Sim, o inferno. Essa é a terceira morte. Na Bíblia, lemos que a morte será lançada no lago de fogo, isto é, que os mortos que estão mortos para Jesus ainda serão condenados a estarem a morrer para sempre porque estão mortos para Jesus enquanto vivem.

C_SUJA: Como assim, estarem a morrer para sempre? Sem nunca morrerem, é?

C_LIMPA: Esta terceira morte será uma forma de morte eterna. Na verdade, as pessoas estarão sempre morrendo sem morrer, como lá no céu estarão sempre vivendo. O inferno será olho por olho e dente por dente daquilo que não quiseram aceitar, daquilo que rejeitaram, pois o que rejeitaram será a exata medida do que recebem e vice-versa. E se é verdade que existe vida que nunca tem fim, haverá morte onde se estará sempre a morrer e onde a miséria e o sofrimento serão em medida exata da felicidade e da alegria que sempre rejeitaram enquanto viviam, isto é, enquanto estavam mortos para Deus e se recusavam viver de verdade – e nem importa se acreditavam que viviam ou que Deus existia. O fato de haverem crido que Deus existe, será mais uma coisa contra eles, porque nem assim se arranjaram e nem assim se prepararam para viver.

C_SUJA: Eu não gosto de conversar contigo por causa disso, pois deverias encorajar-me e não amedrontar-me mais do que já estou. Ninguém pode vir falar contigo sem perder a pouca fé que ainda tem. Eu venho à procura de consolo e de amizade e tu deixas-me a pensar na miséria mais do que aquilo que quero pensar.

C_LIMPA: Mas, se a tua fé é falsa e a perderes, ganhas com isso e nem perdes nada. Porque, se perderes a fé falsa, podes vir a ter a fé que dá certezas sem que seja necessário o próprio convencer o próprio. Nessa fé verdadeira, estaremos vivos para Deus, para o céu e a morte física nem nos amedrontará mais, porque será um escape desejado e nunca um terror. Mas, do mesmo modo que existem morte e vida (porque uma pessoa não pode estar morta para tudo ao mesmo tempo, pois se está morta para Deus estará viva para pecar), desse mesmo modo estaremos mortos para o pecado se vivermos para Deus. Todo tipo de morte tem o reverso da medalha em forma de vida oposta ou conseqüente, isto é, existe um tipo de vida associada à sua forma de morte. Se estivermos mortos para Deus, estaremos vivos para o pecado e se vivos para Deus, estaremos mortos para todo o tipo de pecado. Uma coisa leva à outra. Só que, esta morte e esta vida precisam ser reais e não meras crenças religiosas. Ninguém terá como impedir que isso seja assim, que um tipo de vida esteja associada a um tipo de morte conseqüente. Do mesmo modo, se estivermos mortos para o céu, estaremos vivos para o inferno mesmo que estando por lá sempre a morrer. Cada forma de morte tem sua companheira de “vida” e vice-versa. Se morrermos para o pecado através de Cristo, viveremos com Cristo e, se morrermos para Cristo, viveremos para o pecado. Ninguém terá como impedir nem uma coisa nem outra.

C_SUJA: Acho que desta vez entendi. Nem sempre te entendo e nem sempre gosto de te entender. Talvez seja por isso que não te entendo, porque nunca falas conforme aquilo que gostaria de ouvir de ti. E também não entendo como podes afirmar que vives limpinho diante de Deus se somos todos pecadores.




 

 

DIÁLOGO 5

ANDANDO NA LUZ E VENCENDO

C_SUJA: Mas, existe uma coisa que me faz imensa confusão.

C_LIMPA: Qual é?

C_SUJA: Como é que consegues viver sem pecado, se é que vives?

C_LIMPA: Estás perguntando se eu vou ter saudades de pecar, é? Como é que vou conseguir viver sem pecar porque terei saudades? Não tenho saudades dessa vida antiga não. Ela magoou-me muito, deixou muitas marcas e cicatrizes que só o céu irá curar. Não bastava ter nascido longe de Deus como ainda fui viver longe d’Ele durante muito tempo também.

C_SUJA: Não é isso não. O que eu gostaria de saber é, como é que isso é possível? Como consegues viver sem pecar?

C_LIMPA: Entendi agora. Pensava que estavas insinuando que o pecado era uma coisa linda e da qual se pode ter saudades. Mas, quem não gosta de pecado, não peca. É como quem não gosta de coca-cola – se não gosta, não bebe. Quem gosta de coca-cola bebe-a se tiver a oportunidade para isso. Quem está morto para coca-cola não a bebe e bebe água porque precisa beber, seu organismo pede que beba. Do mesmo jeito, o meu espírito rejeita o pecado e bebe de outra fonte que aprendeu a amar e a apreciar porque necessita dela e, na verdade, não vive sem ela.

C_SUJA: Quer dizer que, quem peca, por muito que se queixe, ama pecar e por isso é que peca?

C_LIMPA: Sim, é isso que quero dizer. Essa é a verdade. Se o coração mudar, deixa de pecar.

C_SUJA: Mas, eu não gosto de reconhecer que gosto de pecar. Sinto-me mal diante das pessoas quando reconheço que gosto de pecar. Parece que preciso mentir para viver como gosto. É como se vivesse escondido, mostrando uma coisa e vivendo a outra.

C_LIMPA: Isso é o oposto de andar na luz – de certa forma é. As pessoas quando querem pecar e querem continuar pecando, ou dizem que não podem parar com essa conduta para terem justificação para o que fazem ou como o fazem; ou, então, para poderem continuar com as suas vidas pedindo a aceitação das pessoas que elas querem agradar porque causa dos seus próprios ataques de consciência (porque acham que, se alguém os aceita e entende, eles também se aceitam e se entendem a si próprios); ou fazem o pecado parecer coisa bonita para nunca parecer mal, dando-lhe outro rosto e outra figura, sentimentalismo, sensacionalismo, romantismo e muitas outras coisas mais (e para isso precisam falar mal do que é bom por conseqüência , rejeitando e alterando tudo aquilo que Deus possa dizer ou então dizem que não é Deus falando e duvidam); ou, então, fingem que não pecam e aparentam as regras que têm duma boa conduta (porque as suas regras nem sempre são boas, mas, eles cumprem as que têm). Fazem tudo para agradar pessoas por acharem que a opinião das pessoas é o barômetro principal duma vida ou duma vivência. Todos se deixam admoestar pela opinião pública, mas, se for Deus a falar nunca se corrigem.

C_SUJA: E, se vivemos para Deus, a opinião das pessoas deixa de contar? Eu não gosto de magoar os outros…

C_LIMPA: Isso de não magoar os outros é pura fantasia. Acabas sempre magoando porque todas as mentiras têm pernas curtas. E a verdade, magoando ou não, acaba sempre por ser bem entendida. Nunca deves temer falar a verdade com o espírito certo, pois trará sempre os frutos certos em retorno.

C_SUJA: E existe alguma receita especial para mudar o nosso coração e para não estar só a mudar nossa conduta pelo desporto? É que sempre achei que, se o coração mudasse, a conduta seguiria atrás. Mas, existe qualquer coisa que me impede de chegar a esse conhecimento, a esse ponto, ou então estou fazendo as coisas de maneira muito errada. A única coisa que faço é tentar mudar a minha conduta e nem resulta muito bem – só quando sou fingido é que resulta.

C_LIMPA: Primeiro deverias ver se não tens nada, nenhum pecado que te possa estar separando de Deus porque é Ele quem nos capacita, mesmo quando não nos damos conta de que o está fazendo. Se não nos damos conta disso, não será por isso que isso deixa de ser verdade e tão pouco deverá ser por essa razão que não nos limpamos. Devemos limpar toda a nossa vida mesmo não crendo que seja por Deus que vivemos ou que viveremos. Vais-te sentar sozinho com Deus, colocas cada pecado antigo e recente diante de Deus, um por um – aqueles que nunca colocaste ou aqueles que repetiste depois de os haveres colocado diante d’Ele. Tenho a certeza que, depois, as portas para uma boa conduta e uma vida celestial se abrirão para ti. Precisas, de seguida, pedir perdão às pessoas também, mesmo que o pecado em questão seja muito antigo e mesmo que a pessoa já se tenha esquecido dele. Deus não esqueceu. Na Bíblia Deus diz assim: “Não dizem ao seu coração que Eu ainda me lembro dos seus pecados”, Os. 7:2. Se a pessoa esqueceu ou se tu te esqueceste, Deus ainda se lembra porque Ele não é esquecido. Só depois disso é que poderemos falar da morte do pecado.

C_SUJA: E como morre o pecado depois disso?

C_LIMPA: Todo pecado morre como os vampiros morriam naquelas lendas de vampiro: expondo-os à luz.

C_SUJA: Explica melhor, por favor.

C_LIMPA: As pessoas tentam vencer aquilo que os vence lutando, reclamando, escondendo e ignorando o pecado dentro do território dele. Ora, se lutamos contra um inimigo poderoso no seu território, mesmo vencendo-o em certos aspectos , assimilaremos o seu ambiente porque nos envolvemos com o pecado lutando e pegando nele, ora acusando ora defendendo-nos. Se nos defendemos, seguramos a vida de quem gosta de pecar na nossa mão e a nossa mão torna-se impura; se nos acusamos, mantemos o pecado com vida. Se o ignoramos para não acusar ele também se mantém. Então, o segredo está em expor esse pecado e não em combatê-lo da maneira convencional.

C_SUJA: Expor como?

C_LIMPA: Expor revelando, não é. O território dos pecados são as trevas. Sendo assim, o que os matará é colocá-los na luz e nunca debatermo-nos com eles ou contra eles dentro do seu território. O pecado só morre se ele lutar conosco em nosso território, desde que o nosso território seja o da luz (lá onde tudo se expõe e se vê).

C_SUJA: Eu lembro como os vampiros morriam. Eram colocados no sol, não eram? E nem resistiam mais e todos os que haviam sido mordidos pelo vampiro eram restabelecidos depois dele haver morrido.

C_LIMPA: Mesmo que essa história seja uma fantasia lendária, serve como uma boa ilustração. Todas aquelas áreas de tua vida que foram mordidas pelo vampiro que existe em ti e que não consegues achar porque se esconde muito bem de toda a gente, serão restabelecidas após a morte desse vampiro. Se conseguires que ele seja crucificado com Cristo sem dó (através da exposição na luz reveladora de Deus com a qual te concilias), tudo que ele mordeu será restabelecido e refeito. Tudo voltará ao normal, ao seu estado original e voltará a ser como aquela imagem com a qual Deus nos criou no início da criação.

C_SUJA: Eu acho que isso é bom demais para ser verdade. As coisas boas nunca me acontecem.

C_LIMPA: E tu achas que ficar sem pecar é bom?

C_SUJA: É estranho, não é? Mas, eu reconheço que são os meus pecados que me fazem sentir impotente e que me tiram as forças todas. Sinto que o esgotamento é uma conseqüência e nunca uma causa. E também gosto de ter a atenção dos outros e se viver longe do pecado ninguém gostará de mim. É um preço alto demais para um pecador pagar.

C_LIMPA: Mas, será um preço baixo para um santo. Bastará virares santo para a tua idéia mudar contigo.

C_SUJA: Mudar de idéia como? Eu só irei desejar aquilo que devo desejar se morrer para o pecado?

C_LIMPA: Sim, claro. Ressuscitarás numa nova vida logo de seguida, a qual precisas aprender a amar e a vivê-la do jeito dela. Ressuscitando nessa vida, acordarás com aqueles desejos que ela têm e não mais com os teus.

C_SUJA: E os desejos que tenho agora, os meus sonhos e tudo mais?

C_LIMPA: Eles morrem todos, um por um, tal qual nasceram.

C_SUJA: Morrem mesmo? Assim… como direi… deixarão mesmo de existir?

C_LIMPA: Sim, nem te lembrarás que foste sonhador.

C_SUJA: Tenho dó dos meus sonhos e desejos morrerem assim. Ainda se fosse uma morte fingida ou aparente… Mas, não é. Tenho pena deles e sinto um aperto só de pensar que nem sentirei saudades deles.

C_LIMPA: A opção é tua. Quem sente dó da morte, odeia a vida e vice-versa. E Deus nos julgará mais por aquilo que gostamos do que por aquilo que fizemos, mesmo sabendo que seremos julgados por ambas as coisas. Quem morre para o que mata, viverá para aquilo que dá vida, tal como Jesus morreu para o mundo e ressuscitou para uma vida nova, para uma vida diferente, onde até o jeito de conseguirmos alcançar as coisas muda. “Aqui na terra do jeito que se faz no céu”, disse Jesus. 

C_SUJA: E se eu não conseguir?

C_LIMPA: Esse tipo de dúvida só existe em quem não quer achar que pode morrer mesmo. Mas, se não morres, nem viverás também. Enquanto não morreres, duvidarás. Precisas dar aquele passo de expor tudo que Deus nunca aprovará e só então te aperceberás que conseguirás – até mesmo quando achares que será difícil consegui-lo! Jesus disse que se uma semente não morresse, ela nunca se tornaria árvore.

C_SUJA: Bem, tudo o que me falaste é muito bonito de se ouvir, mas, que acontecerá se eu não quiser fazer ou se rejeitar tudo que acabei de ouvir?

C_LIMPA: Se não colocares tudo em prática imediatamente e ainda aquilo que Deus te irá mostrar porque colocaste em prática algumas coisas, irás piorar o teu estado de saúde. Ninguém fica igual depois de ouvir a verdade – ou piora, ou melhora. A cada dia que passa, as opções diminuem até existirem apenas duas opções: viver, ou morrer. Mas, na verdade, é viver ou continuar morto – mais morto e mais distante de Deus e da vida.




 

 

DIÁLOGO 6

A LUTA CONTRA O PECADO

C_SUJA: Isto muda todas as minhas ideias. Eu pensava que teríamos de lutar contra os nossos pecados – mesmo que eu nunca lute contra eles porque acho que é em vão. Mas, é a idéia que tenho do que deveria fazer e que me desmotiva só de pensar em fazer. Antes mesmo de começar a lutar já me sinto sem motivação para fazê-lo. Será que era que é assim porque cultivo o pecado?

C_LIMPA: Isso acontece com todos os que andam longe de Deus, porque uma consciência que não se limpa com o sangue de Cristo e que se tenta manter limpo de outra maneira (encobrindo, disfarçando ou menosprezando), fica nesse estado. Tudo aquilo que for querer cumprir, desejar da maneira certa, fica sempre por terminar ou por começar. Essa é a principal consequência de vivermos longe de Deus, longe de Quem opera dentro de nós tanto o querer como o fazer. Mas, ainda há uma outra coisa para além dessa que é muito mais grave.

C_SUJA: Qual é?

C_LIMPA: É que, quando vivemos longe de Deus, ficamos com um tipo de programa em nós. Nós somos como um disco dum computador que só opera mediante o que está gravado e instalado nele. No mundo da desmotivação, da inatividade em relação às coisas certas, aprendemos a pensar duma certa maneira e acabamos considerando que as coisas importantes são impossíveis de serem conseguidas. É assim que esse “disco” pensa e reage. E torna-se difícil para nós começar uma coisa ou, então, terminar essa coisa quando começamos a fazê-la – mesmo não sendo difícil começá-la. Quando nos voltamos para Deus, tudo se torna diferente e conseguimos começar e terminar as coisas se nunca pensarmos do jeito antigo. Mas, entramos no Reino de Deus com os programas antigos – aqueles que acham que não precisamos terminar ou começar aquilo que está certo, ou que não conseguiremos caso achemos que é nosso dever.

C_SUJA: Entendo. E que devemos fazer para não sermos assim desse jeito?

C_LIMPA: Nada mais que mudar de idéias depois de limparmos tudo que nos sujou ou suja ainda. Paulo disse “renovai-vos em vossas mentes para saberem qual a vontade de Deus e para saberem como ela é agradável”, Rom. 12:1,2. Não sabermos que ela é fácil de cumprir e agradável, é uma das conseqüências de vivermos longe de Deus durante muito tempo.

C_SUJA: E não é preciso lutar para vencermos depois de nos limparmos com o sangue de Cristo?

C_LIMPA: Bem… uma coisa é lutarmos contra os nossos pecados no território do pecado ou através das suas armas e de seus jeitos, isto é, usando seus programas e maneiras de pensar e de agir. Outra coisa é lutarmos contra o pecado no território da luz ou com as armas novas. “Pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus, para demolição de fortalezas”, 2Cor. 10:4. A melhor maneira de perdermos uma batalha ou uma guerra será usarmos aquilo que favorece os inimigos ao tentarmos vencê-los, porque usamos aquilo que aprendemos a usar da maneira errada.

C_SUJA: Entendo agora. Mas, lutamos ou não lutamos?

C_LIMPA: Lutamos sim, mas, mais confiantes e mais calmos com aquele sorriso de quem sabe que vai vencer ou que, agora, pode vencer. O mais difícil nem será vencermos, mas, sim abandonarmos as armas das trevas e não enfrentar os nossos pecados através delas, porque só a elas nos habituamos. Essa será a parte mais difícil da nossa vivência, pois estamos habituados ao que aprendemos a ser e a fazer. O mais difícil nem será vencermos ou sermos mais que vencedores. O mais difícil será entregarmos nossas armas quando somos atacados.

C_SUJA: E como devemos começar, por onde devemos iniciar essa luta santa? Porque me parece tratar-se uma luta santa, não é?

C_LIMPA: Em primeiro lugar, devemos saber que não vamos vencer o amor que temos pela música que Deus odeia dentro do ambiente dela, nas discotecas e nas festas onde ela reina. Temos de sair do território do inimigo e entrar – penetrar fundo mesmo – no território de Deus. Em segundo lugar, devemos aprender a milícia da luz. E o principal trunfo da luz é expor tudo e ser claro, ora reconhecendo, ora falando olhando de frente para tudo, nunca encobrindo – tudo dependendo da necessidade de cada momento.

C_SUJA: Para cada ocasião existe uma arma então.

C_LIMPA: É isso mesmo, sim. Tirastes-me as palavras da boca. Neste mundo de Deus, mesmo tendo hábitos, não somos mecanizados. No outro mundo, quando fazíamos mal, a nossa defesa era esconder ou ignorar que fizemos algo de errado – ou então acharmos que não fizemos nada de mal, pois essa é só mais uma forma de encobrir. Mas, neste mundo de Deus, aqui dentro do reino d’Ele, é expormos para que todo pecado morra porque é exposto à luz. Muitos tentam fazer com que as trevas não existam e esquecem que, para isso acontecer, basta colocar na luz.  Mesmo que nos venham acusar porque nos expomos, quem será contra nós se Deus é por nós? Nem precisamos temer nada daquilo que o homem possa pensar ou achar. Na maioria dos casos, o mundo de fora vai acusar apenas porque se recusa fazer o mesmo e sente-se na necessidade de defender-se acusando. Eles não estão contra nós, mas antes a defenderem-se como podem usando as armas das trevas. Uma das armas que não precisamos usar dentro da luz, é a defesa. Na luz é Deus que nos defende.

C_SUJA: Mas, é difícil sabermos quais são as armas que não devemos usar, não é? Parece-me muito complicado discernir tudo assim desse jeito simples, como criança o faria sem comentar e apenas assumindo. Odeio não conseguir ser melhor que tu, pois parece-me que estás muito à vontade e com uma paz que odeio porque ainda não a consegui obter.

C_LIMPA: Outra das armas das trevas é usarem o ódio como força ou como motivação. Os mundanos assimilam esse jeito muito facilmente e fazem mais e melhor quando odeiam do que quando amam. Mas, no mundo de Deus, somos resistentes porque somos calmos, mantemos o nosso passo quando todos achariam que iríamos desistir; e como nem dependemos da opinião pública para termos diretrizes e setas apontando os nossos caminhos, todos se admiram com o nosso comportamento. Mesmo que seja um comportamento normal e muito simples, ficam admirados com ele quando dá frutos. Paulo fala muito “na simplicidade que há em Cristo” dentro de nós, mas, as pessoas só acham que viver certo é complicado. Mas, na verdade, só é diferente. Por essa razão, entram em trabalhos e em situações que geram problemas complicados por acharem ser mais fácil viver desse jeito indomável e selvagem – sem raciocínio. Imaginemos um preguiçoso que se mete em trabalhos porque nem quer trabalhar! É isso que acontece com os pecadores: eles metem-se em problemas condenatórios porque não querem ter problemas. A vida de um pecador é uma vida muito complicada e eles acham-na fácil porque não conhecem outro caminho e até rejeitam conhecê-Lo.

C_SUJA: Fico cada vez mais surpreendido com as coisas que estou ouvindo de ti.

C_LIMPA: A surpresa e a admiração pelos outros também é uma arma das trevas, pois admiram-se com os outros para não terem de se arranjar eles próprios. Quando não conseguem odiar, admiram. As trevas têm armas de defesa e de ataque. Não devemos fazer uso de nenhuma delas. Quem se admira é capaz de ser crítico também, como quem lisonjeia pode facilmente falar mal de alguém. O coração que lisonjeia é o coração que critica. Não podemos confiar em quem nos lisonjeia e nem acreditar em quem nos critica apenas porque queremos que nos agradem e que nos lisonjeiem. Os que lisonjeiam acham que amam e que são agradáveis; e Deus disse para não fazermos nenhuma semelhança de nada daquilo que existe no céu porque lá se ama de verdade e lisonjear parece amor. Todas as semelhanças são mentiras e são os portões que nos vedam o acesso à realidade das coisas que tentamos imitar.

C_SUJA: Será que vou conseguir aprender isto tudo, se mudar?

C_LIMPA: Essa é mais uma arma das trevas: achar que aquilo que Deus diz que conseguiremos nos está vedado e que nos será impossível de alcançar aquilo que Deus prometeu dar-nos e ensinar-nos facilmente e em seu devido tempo.

C_SUJA: Ensinar-nos como?

C_LIMPA: Como se ensina uma criança. Quando ensinamos uma criança, formamos a criança – não lhe damos aulas como se dão lições numa escola. A nossa escola é uma escola de vida, andando continuamente com Deus para melhor assimilarmos a Vida que Ele é. Mas, se Deus não for real, estudamos teologia, fingiremos e assimilaremos tudo aquilo que a nossa própria imaginação corrompida nos permite entender do nosso jeito e nos coloca à disposição. Deus não nos ensina dogmas, teoria e mandamentos – Ele antes nos dá o jeito, a vida de vivermos tudo aquilo que Ele tem em vista para alcançarmos em cada dia que passa. Os filhos aprendem o que sabem porque convivem com os pais e aprendem o mal ou o bem na companhia de quem andam em fase de crescimento.

C_SUJA: Mas, eu acho que já sei fazer muitas coisas da maneira certa.

C_LIMPA: Se isso for verdade, é muito bom. Porque, outra das armas das trevas é acharmos que sabemos para não termos que aprender e, por conseqüência, acharmos que não sabemos ou que nunca aprenderemos aquelas coisas que já aprendemos – para pensarmos que não conhecemos o nosso dever. Outra das armas do lugar ou da vida onde nada se esclarece ou de onde nada pode e deve ficar claro (clarificado), é a confusão, a mistificação, a filosofia enganosa – tudo para não acharmos que sabemos o que sabemos e para acharmos que sabemos tudo aquilo que ainda precisamos aprender ou reaprender a reformular. As pessoas orgulham-se de tudo o que aprendem porque acham que a sabedoria é coisa inatingível. Mas, no mundo de Deus, a ignorância é que nos causa admiração e nunca a sabedoria. Ali, perto de Deus, a falta de sabedoria causa-nos angustia.

C_SUJA: Fiquei sem palavras porque, de tudo que digo, recebo resposta violenta da tua parte. Parece que tens sempre uma seta apontada para responder a tudo o que digo.

C_LIMPA: Essa é outra arma das trevas: acharmos que estamos a ser acusados. É por essa razão que o diabo coloca pessoas no nosso caminho que nos apóiam e nos defendem sempre que nos sentimos acusados pela verdade. Seria muito bom termos muitas pessoas que nos ajudassem a corrigir os nossos erros e a nossa forma de pensar. Quando irás parar de te sentir acusado sempre que falo a verdade? Existe muita gente que se alegra ouvindo estas coisas. Só porque no mundo das consciências sujas as pessoas acusam quando falam a verdade e lisonjeiam quando mentem (ou acusam através de mentiras porque sabem que todos nesse mundo se ressentem através da acusação), isso não significa que a verdade te está acusando. Tu mesmo te acusas e a verdade que ouves ajuda nisso. Mas, quem te fala a verdade, tem verdadeiro amor por ti e nunca acusação. Mas, nem deixará de falar a verdade se ela te ajudar, nem mesmo que seja contra tua vontade.

C_SUJA: A conclusão que cheguei é: não devemos lutar do jeito antigo contra os pecados que me sujam agora e que aqueles que me sujaram devem ser limpos e não esquecidos.

C_LIMPA: Certíssimo.




 

 

DIÁLOGO 7

O JEJUM

C_SUJA: Eu oro muito e Deus nem me responde. Tens alguma explicação para isso?

C_LIMPA: E que fizeste já?

C_SUJA: Orei, jejuei, pedi oração aos outros irmãos e até chorei na Igreja enquanto estava pedindo oração a eles. Todos se comoveram, menos Deus. Mas, havia lá uns mentirosos que diziam: “Deus vai te abençoar, meu irmão!” Até agora Deus não abençoou, não aconteceu nada! Não sei onde é que eles ouviram que Deus ia abençoar-me. Estou muito magoado com tudo isto.

C_LIMPA: É muito estranho isso. Por vezes, quando vou orar, ainda nem comecei a falar e Deus já me respondeu. Parece que Ele lê em mim aquilo que vou falar. Antes mesmo de pedir, quando vou orar, recebo a resposta. (Is. 65:24).

C_SUJA: A mim só me falta gritar! Mas, nem grito, pois sei que nem serei ouvido e também sei que Deus não deve ser surdo para eu ter de gritar. Ele deve estar decidindo quando ouvir e quando não ouvir, pois surdo não deve ser. Só gritamos para os surdos, não é? Pelo menos, é o que penso! E se gritar dentro da igreja já ninguém se vai comover comigo – vão achar que enlouqueci. Ah irmão, estou em desespero! Que mais posso fazer?

C_LIMPA: Que tal te limpares com Deus, fazeres uma faxina completa dentro da tua vida, da tua alma? Fazes tudo menos o principal! É assim que tua fé termina, pois a Bíblia diz que, se não estivermos limpos, a nossa fé naufraga. Lá diz assim, escuta bem: “... mantendo uma boa consciência, a qual, alguns havendo rejeitado, naufragaram na fé”, 1Tim. 1:19”. E, por isso, nós gritamos com quem está longe de nós ou com quem não nos ouve. E existem aqueles que gritam com quem os irrita também. Se achas que deves gritar por Deus podes ter um destes problemas – ou então achas que os tens e a tua vivência e comportamento adaptam-se àquilo que achas ser verdade.

C_SUJA: Mas, eu nem estou irritado com Deus. Deus me livre! Tenho respeito a Deus! Procuro sempre comportar-me bem e ser educado. Mas, nem assim Deus me ouve. Diz-me irmão, isto é normal?

C_LIMPA: Porque me chamas irmão? Aprendeste com aqueles que te mentem?

C_SUJA: Porque cremos em Deus e somos filhos do mesmo Pai…

C_LIMPA: Entendo. Mas, nem sei se somos irmãos. Não é que eu não queira ser teu irmão, mas, não existe irmandade entre sujo e limpo e eu gosto muito de ser verdadeiro e saber que chamo irmão a quem é meu irmão de verdade. E, também, não acho que seja normal Deus não nos ouvir. Normal não é mesmo! E também por essa razão penso que não somos irmãos.

C_SUJA: É, pode ser que tudo o que me dizes seja verdade. Eu acho-me diferente de ti, sim. Muito diferente! E os irmãos costumam ser iguais ou no mínimo parecidos uns com os outros.

C_LIMPA: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” Amos3:3. Mas, também não sei se somos muito diferentes. Só sei que Deus me ouve assim que falo e sei que é porque estou limpo e tranqüilo em meu coração. E, também, nem te poderia chamar irmão sem mentir para mim mesmo. Acho muito feio mentirmos.

C_SUJA: Mas, porque razão somos diferentes se falamos do mesmo Deus e das mesmas coisas?

C_LIMPA: Bem... eu acho que é porque estamos em lados diferentes em relação à verdade: tu estás olhando para ela do lado de lá para cá e eu daqui para aí.

C_SUJA: E é estranho que nem me senti agredido quando me disseste que não te sentes como sendo meu irmão. Vi que estavas mesmo desejando que fossemos irmãos e que te estavas expressando através da verdade. Sinto que és verdadeiro. Agora entendo porque meus amigos se ofendem quando falas, ou quando olhas para eles. Nem estão sendo justos para contigo, afinal. Eles não entendem uma honestidade dessas, que é verdadeira sempre. Agora entendo as razões porque nunca te entendem: é porque nem falam a mesma linguagem.

C_LIMPA: Nem sei o que te dizer sobre isso, mas, a verdade só magoa quem a entende mal; ou a quem quer que ela diga aquilo que desejaria ouvir; ou ainda, a quem quer viver mentindo para ele mesmo para agradar às pessoas. E amar a verdade é uma das condições para ouvirmos Deus falando e respondendo a todas as nossas orações. E verdade forçada ainda não é verdade no intimo, também.

C_SUJA: E porque razão a verdade forçada ainda não é verdade? Eu não entendo qual a razão. A verdade forçada é mentira ou é meia verdade?

C_LIMPA: Bem, nem existem meias verdades, só quando se usa a verdade para mentir duma forma ainda melhor. E a verdade forçada leva-nos a criar um hábito de querermos adivinhar.

C_SUJA: Como assim? Leva-nos a criar hábitos de adivinhar? Não entendi.

C_LIMPA: Quando forçamos a nossa verdade para ela levar a melhor e ficar vincada, é porque, em circunstâncias normais, mentiríamos para nós mesmos – ou por nós mesmos, por causa de nós, tendo os nossos motivos para defender e proteger. Quando forçamos a nossa vontade, seremos tentados a adivinhar a resposta que Deus daria porque Ele não a dá. Mas, Ele só não dá a resposta porque não existe verdade em nós, ou então porque nem consideramos “não” como resposta. Isso também pode acontecer. Temos de saber que a resposta chegará assim que a verdade no intimo estiver presente também, quando formos nós mesmos. E, quando aquelas coisas que imitam terminarem, criam-se as circunstâncias para Deus ser real para nós também – ou em nós, se quisermos que assim seja. Deus nem quer concorrência e imitações que concorrem com Ele pelo nosso coração – só quer ocorrência.

C_SUJA: Até que nem é difícil de entender.

C_LIMPA: Não, não é difícil de entender.

C_SUJA: Porque, às vezes penso assim: os demônios pediram a Jesus para entrarem nos porcos e Ele atendeu ao seu pedido, não foi? Eles entraram nos porcos. Podemos afirmar que Ele atendeu à sua oração e eram demônios! É por isso que, às vezes, sinto-me pior que demônio! Porque é que Deus me faz sentir pior que demônio? Não posso continuar mentindo para mim mesmo, dizendo que Deus responde às orações que fazemos! Preciso desabafar e encarar os fatos! Consegues entender-me? Ou estou a ser crítico demais?

C_LIMPA: Consigo sim. Mas, só não posso aceitar que fiques achando que é culpa de Deus e que Ele nem te queira escutar orando. Estou certo que tudo isso acontece apenas porque te recusas limpar em pormenor e detalhadamente. Quando lavamos roupa, lavamos peça por peça. Devemos lavar pecado por pecado também. E Jesus falou daqueles que lavam as suas vestes no Seu sangue.

C_SUJA: E porque razão o jejum não funciona comigo? Tu jejuas? Deves jejuar muito, para Deus te ouvir assim que oras! Mas, se Deus te ouve assim que oras porque razão jejuarias, não é? Não entendo mais nada! É tudo muito confuso para mim.

C_LIMPA: A confusão é uma daquelas coisas que causam vazamentos da fé. Mas, tudo é conseqüência da sujeira que está em nós. Porque, assim que nos limparmos, Jesus começa a esclarecer para nós aquilo que a confusão tentou confundir e atormentar, ou tornar turbulento e incompreensível. Por essa razão é que Jesus se esforça para curar e esclarecer tudo aquilo que o prejuízo tirou de nós – ou que colocou em nós.

C_SUJA: Às vezes pondero se que devo abandonar tudo que fala de Deus. Mas, aquilo que quero abandonar não me abandona a mim! Persegue-me!

C_LIMPA: Nem deves ficar enfurecido se a misericórdia de Deus te perseguir, pois quem sabe ainda decides limpar-te e achar justa e precisa a Sua ajuda, aquela ajuda para seres transformado porque te limpas. É a misericórdia que nos tira a paz e, por essa razão, Deus determinou que “o ímpio não terá paz”. Do mesmo jeito que Ele disse “Haja luz”, Ele disse “O ímpio nunca terá paz”, Isaías 57:21. E, também em ralação ao ímpio não ter paz, Ele “viu que era bom” que assim fosse. É um decreto eterno.

C_SUJA: E quanto ao jejum: tu jejuas muito?

C_LIMPA: Só quando o Espírito de Deus me guia para fazê-lo.

C_SUJA: Como assim? Deus guia para orarmos e jejuarmos?

C_LIMPA: Sim, claro! Senão, de que modo oraríamos pelas coisas que são a vontade de Deus? Só seremos ouvidos se orarmos conforme a vontade de Deus.

C_SUJA: Isto está cada vez mais confuso para eu entender!

C_LIMPA: Jesus foi levado pelo Espírito para jejuar quarenta dias e quarenta noites no deserto, não foi? E Deus também pergunta àqueles que jejuavam: “Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os Meus átrios?”, Is. 1:12. Se Deus requer, nós jejuamos, se Deus nos guia também. E também lemos que o “Espírito geme dentro de nós” como se fossemos nós, intercedendo por nós, isto é, através de nós. Ele, dentro de nós, ajuda na intercessão que devemos fazer e do jeito que devemos ser ouvidos e até parece que somos nós orando. E, na verdade, somos nós orando.

C_SUJA: Então é Deus quem nos guia para jejuarmos?

C_LIMPA: Se não for uma coisa vinda de Deus, nem saberemos qual é o jejum que Deus aceita – nem qual a oração que irá ouvir. É que, se oramos conforme a nossa vontade, Deus pode-nos perguntar assim, também: “Seria esse o jejum que Eu escolhi? Chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor?” Is. 58:5. O melhor seria fazer jejum de pecado, não nos alimentarmos do pecado. Por isso Ele diz: “Acaso não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras do pecado e que desfaças as ataduras do teu jugo?” Is.58:6. Esse é que seria um bom jejum!

C_SUJA: Então não podemos jejuar quando queremos?

C_LIMPA: Podemos, mas, só se o Espírito nos guiar para isso e querermos quando Ele quer. Podemos desejar sempre que Ele deseje. Ele também opera em nós o querer e o fazer.

C_SUJA: Como é que Ele faz isso? E como é que Ele nos guia?

C_LIMPA: Temos de saber que Ele é um ajudador, que nos ajuda a podermos fazer aquilo que temos de fazer da maneira certa e, também, na hora mais certa. Nós fazemos, nós jejuamos, nós oramos ajudados por Ele em nós. Os apressados dificilmente serão guiados pelo Espírito de Deus. E, os que se atrasam, também correm o risco de serem excluídos. A única maneira de nunca nos atrasarmos e de nunca nos adiantarmos à vontade de Deus, será sermos guiados por Ele. “ Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”, Rom.8:14. Se não somos guiados por Ele, pelo que lemos aqui, nem somos filhos de Deus – nem mesmo quando nos consideramos como tal!

C_SUJA: Entendi. Bem me parecia que era só sacrifício mesmo, sempre que jejuava parecia que estava a fazer a coisa errada ou que não iria dar certo (nem com jejum) e tudo aquilo não me levaria a lugar nenhum.

C_LIMPA: É verdade. Jejum nem pode servir de moeda de troca quando nos aproximamos de Deus. Pode servir como um tempo durante o qual Deus nos vai transformando enquanto buscamos uma coisa d’Ele, preparando-nos para recebermos aquilo que pedimos e muito mais do que pedimos ainda. O jejum é um meio de nos transformar porque entramos na esfera e no domínio de Deus. O jejum não obriga Deus a ouvir-nos, mas, antes muda-nos para O podermos ouvir. Mas, para além da obediência e de aprendermos a obediência, o jejum não serve para mais nada. 

C_SUJA: Eu pensava que, quem jejuava, era muito santo e sacrificado.

C_LIMPA: Quem jejua pode tornar-se santo, sim. Mas, pode estar jejuando para evitar ser santo também, para continuar sendo pecador, tentando usar o sacrifício para não fazer a coisa certa. Quem jejua tem de entrar pela porta da oração e nunca saltar o muro, precisa ser inspirado e guiado por Deus. Mas, precisa orar como se não fosse assim. Se saltar pelo muro Jesus pode chegar e dizer: “Amigo, como entraste aqui, sem teres roupa nupcial?” E em vez de nos atender, manda alguém lançar-nos fora também. (Mat. 22:12).




 

 

DIÁLOGO 8

SOBRE A ELEIÇÃO

C_LIMPA: Estive quase tropeçando. Mas, Deus ajudou-me e livrou-me. Bem que diz a Palavra “Aquele que cuida em estar em pé, que não caia”.

C_SUJA: Mas, se tu caíres nem acontecerá nada de grave contigo, não é? És um eleito.

C_LIMPA: Que é isso que estás dizendo? Que afirmação mais tola poderá haver que essa?

C_SUJA: E não é verdade? Deus escolhe alguns e os outros, Ele joga fora. Sendo crente, Deus não te lança fora.

C_LIMPA: Sendo crente pode-me acontecer pior do que aqueles que nunca foram crentes. Não digo que me aconteça pior que aqueles que foram crentes e se desviaram. Mas, seguramente que será pior para mim que para quem nunca foi crente. “O julgamento começa pela casa de Deus”, 1Ped. 4:17. E sempre é melhor ser frio que morno. “Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se…”, 2Ped. 2:21. Se a Bíblia diz que teria sido melhor, então é porque é mesmo.

C_SUJA: Mas, como pode isso ser assim se és eleito e escolhido de Deus?

C_LIMPA: É verdade que Deus escolhe uma época para coisas importantes, escolhe umas pessoas para irem salvar os outros, como escolheu a era dos discípulos para Cristo vir morrer por nós. Mas, Ele chama todos os pecadores ao arrependimento no local aonde o evangelho chega. Quando o evangelho chega a um lugar, podemos afirmar que aquele lugar foi escolhido para lá chegar o evangelho. Mas, mesmo assim, muitos agem como se nem tivessem sido escolhidos. E muitos dos que ouvem ali, sendo pessoas privilegiadas, serão lançados no inferno porque nem sendo escolhidos para ouvirem, se arrependeram. E o arrependimento leva à conversão e sem essa conversão ninguém vai para o céu. Deus não vai querer lá ladrão que continua com coração de ladrão, não é mesmo?

C_SUJA: Nem me fales no inferno que me dá calafrios! Nem gosto de pensar que irei queimar só porque Deus não me escolheu. Porque eu tenho a idéia que a pessoa escolhida pode pecar e os outros não.

C_LIMPA: Rute também não pertencia a nenhum povo escolhido e está no céu. Como podes dizer que vais para o inferno se Deus não te escolheu? Mesmo que fosse verdade, Rute dá-nos um exemplo claro de que, quem quiser e vier a Jesus, salvar-se-á dos seus pecados. Ela ainda foi avó dum Rei escolhido de Deus e na Bíblia vem um livro inteiro em homenagem a ela. Ela nem era escolhida e pertencia a um povo condenado à destruição. Mas, escolheu o Deus de Israel acima de tudo e seguiu a sogra para o colo do único Deus que há. A cunhada dela teve a mesma oportunidade para fazê-lo também, mas, resolveu seguir o seu caminho e voltou para os deuses de prata que nem andam sozinhos. Por essa ordem de idéias que tens, Rute nem entraria no céu. Mas, ela está lá.

C_SUJA: E eu posso entrar no céu?

C_LIMPA: Só depois de seres limpo e modificado, tal como eu só entrarei limpo e modificado. O caminho é igual para todos, pelo menos nesse aspecto.

C_SUJA: Eu não sei se sou escolhido e nem sei se quero entrar.

C_LIMPA: Vai-te desculpando e vai usando palavras evasivas! Olha que o tempo vai passando e, depois, mesmo que queiras entrar, não entrarás mais. Nem buscando com lágrimas serás aceite! “Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas”, Heb 12:17 .

C_SUJA: Mas, o meu pastor disse-me que, se eu não for escolhido, nunca entrarei no céu.

C_LIMPA: Bem, se eu não tivesse sido escolhido desse jeito que me falas, eu iria bater na porta do céu a eternidade toda até ela se abrir!

C_SUJA: E se a porta não abrir?

C_LIMPA: Jesus disse que se batermos, ela abrirá. Como é que Deus iria viver, sendo Rei da santidade, se não cumprisse essa promessa? A questão nem será se a porta não abrir, mas, antes se eu irei bater até ela abrir!

C_SUJA: O que é isso de sermos escolhidos então? Não vale de nada?

C_LIMPA: Eu não sei muito bem. Mas, sei que, se ouvir o evangelho de Cristo, estou sendo chamado e devo mexer as minhas pernas e meu coração o mais rápido que posso. É como se Jesus estivesse dizendo de novo (como aconteceu quando Ele andava cá na terra): “Eis o Reino de Deus, entrem! Olhem o reino dos céus, Ele chegou!” Muitos nem ouviram naquele tempo e até disseram que os discípulos estavam alcoolizados por estarem só conscientes de Deus porque a Sua presença era real. Mas, não era real para aqueles que falavam mal do que nem experimentavam – só viam do lado de fora deles sem conseguirem achar explicação. Por isso blasfemaram. Se Deus não estiver dentro e fora, se estiver apenas fora e O vermos, poderemos facilmente cair na tentação de blasfemar.

C_SUJA: Entendo. Mas, às vezes acho que, se Deus fosse normal, escolheria no fim, separando os bons dos maus só no final. Eu, quando compro batatas, escolho o lugar onde ir comprar, mas, depois separo as boas daquelas que não prestam. Para mim, isso seria escolher com justiça.

C_LIMPA: Bem, eu concordo contigo. Deus mesmo diz que no fim do mundo Ele e os anjos virão escolher os bons e deixarão os maus, separando-os uns dos outros, separando o trigo do joio. Mas, também é verdade que Deus escolhe o lugar onde o evangelho precisa chegar primeiro, as pessoas, como nós escolheríamos um lugar para colocar um fósforo que iria começar a incendiar uma mata. Se escolhermos um cantinho para começar um fogo, nem podemos dizer que o resto da mata não foi escolhida para queimar.

C_SUJA: É verdade. E porque razão as pessoas falam tanto de serem eleitos ou não?

C_LIMPA: Bem, eu acho que alguns usam isso para se sentirem superiores, tal qual os fariseus faziam. Até era verdade que Deus escolheu Israel para salvar o mundo e escolheu os Fariseus para instruírem aquele Israel que salvaria o mundo, se obedecessem só a Deus. Mas, se alguns se sentem superiores por se acharem escolhidos e especiais, há outros que usam essa teoria e doutrina para construírem castelos de areia.

C_SUJA: Que castelos de areia?

C_LIMPA: Eles usam a doutrina como desculpa para nunca se arrependerem e para não deixarem todo tipo de pecado de lado para sempre. Perdem temor a Deus porque, dizem eles, não foram escolhidos e não precisam salvar as suas vidas.

C_SUJA: Por favor, explica melhor. Estou achando isso muito interessante.

C_LIMPA: Todos aqueles que lutam e só falam das doutrinas de eleição, constroem outras maneiras práticas de viverem por causa das idéias que acham serem certas devido àquilo que nem entendem muito bem e tentam ensinar aos outros. Por essa razão é que a Bíblia fala dos “mestres que ensinam aquilo que não entendem”. Muitos pecadores acham que, como nem foram escolhidos, tornam-se ilibados e livres da responsabilidade de se salvarem custe o que custar. Outros acham que podem continuar pecando porque, em todo caso, são escolhidos. Ora, isso não são castelos de areia?

C_SUJA: Entendo.

C_LIMPA: Eles como que se isentam da responsabilidade que têm para salvarem as suas próprias vidas. No fim de tudo, desejam culpar Deus da sua condenação. Mas, entretanto foram gozando os prazeres da carne enquanto puderam, arranjando mais uma desculpa para se desresponsabilizarem, perdendo tempo discutindo e argumentando. Se quiseres salvar a tua vida, foge dos que argumentam para não levarem a semente para o próprio campo, conforme Jesus falou. Muitos ensinam para não terem de aprender. Um dia até vi um pastor que só fala em eleição dizer que Pilatos fez muito mal lavar as mãos, em vez de salvar Cristo da morte. Como rei, disse ele, Pilatos podia ter feito melhor. Mas, logo de seguida, a sua pregação e vida faz com que os pecadores lavem as suas mãos diante da igreja também e se desresponsabilizem e ele continua achando que estão salvos. Só não sabemos de que estão salvos! Cristo salva-nos dos nossos pecados e isso entrega a nossa vida nas nossas mãos para nos livrarmos da ira vindoura, como aconteceu com Ló. “Escapa-te, salva tua vida! Não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que não pereças!” Gen. 19:17.

C_SUJA: Pois é! E não é mesmo? Tens razão, eu creio mesmo que tens!

C_LIMPA: Mas, aqueles que se acham escolhidos e saem a pregar para os outros, acabam por se achar na necessidade de inventar outras doutrinas para se justificarem quando pecam. Através dessa doutrina, as pessoas acham que podem pecar que nem serão condenadas. Dizem que a salvação é salvação do inferno para quem peca. Mas, criticam os pecados dos outros, sempre!

C_SUJA: Eu já tinha ouvido falar disso. Mas, explica-me: para quem é que é o salário do pecado, isto é, a morte? Só para os que não foram escolhidos?

C_LIMPA: Adão era uma pessoa mais que escolhida! Aliás, ele, além de ser escolhido, foi feito com amor e carinho pelas próprias mãos de Deus. Foi o único homem feito pela própria mão de Deus. Às outras coisas, Deus disse, “Haja isto, haja aquilo”. Mas, Adão não, Ele o fez com as mãos d’Ele. Ele era escolhido e feito pelas mãos de Deus! Nenhum outro homem teve o mesmo privilégio que ele teve. Mas, ele pecou e morreu.

C_SUJA: É verdade! Como sabes todas estas coisas? Pareces um livro aberto!

C_LIMPA: Deixa-te de fitas, CS. Em vez de me elogiares deverias antes usar o teu tempo para te limpares. Vai-te lavar nas águas de Deus. Parece que tens medo de sujar a água de Deus! Mas, ela não se suja, não! Deixa de desculpas! A sujidade fica dura com o tempo. Quanto mais demoras, mais difícil se torna tua salvação. Meu avô também era assim: tinha medo de tomar banho! Um dia quase morreu quando o banharam porque necessitava ir para o hospital fazer uma consulta. Pareces ser igualzinho a ele. Sempre que vejo uma consciência que adia ou recusa a sua própria limpeza, lembro-me do meu avô que não gostava de tomar banho.

C_SUJA: Já há muito tempo que não me sentia ofendido perto de ti. Parece que esse tempo acabou. E logo agora que estava quase entendendo algumas coisas que me confundiam.

C_LIMPA: Se não me elogiares para te isentares das tuas obrigações e deveres para com a tua vida diante de Deus e dos homens, podemos continuar. Isto é, se não te ofenderes também!

C_SUJA: Está bem, irei tentar não sentir-me magoado. Mas, estou magoado! É assim que me sinto, também, quando acho que nem sou escolhido por Deus! Ou que não irei ser escolhido! Que coisa, agora estou confundido com tanto de escolher! Deus escolhe-nos antes de tudo ou depois de tudo afinal?

C_LIMPA: Bem, eu acredito que escolhe antes e também escolhe depois, quando tudo acabar para nós. Nós escolhemos o terreno onde vamos semear as nossas batatas, mas, depois da colheita, também escolhemos as batatas e separamos as boas daquelas que apodreceram ou que são cresceram.

C_SUJA: Entendo. Mas, porque razão Deus escolhe antes do tempo então? Porque razão ele escolhe alguns para se perderem?

C_LIMPA: Mas, Deus não escolhe ninguém para se perder! Todos estão perdidos mesmo! Ele vai escolher um perdido para se perder? Deus escolhe para ele se salvar! E, também, escolhe para começar a salvar os restantes, como escolheu Paulo para salvar os que não foram escolhidos do jeito que ele foi.

C_SUJA: Entendo.




 

 

DIÁLOGO 9

SOBRE A SALVAÇÃO

C_SUJA: Eu posso continuar pecando se estiver salvo?

C_LIMPA: Estás salvo de quê se pecas?

C_SUJA: Não irei para o inferno, irei viver com Deus e ouvir os anjos cantarem. Deve ser muito bonito estar salvo!

C_LIMPA: Tu crês mesmo nisso? Que a salvação é essa, que leva para o céu somente e que apenas salva do inferno?

C_SUJA: Bem, queres que seja sincero?

C_LIMPA: Nem desejaria outra coisa. Responde-me.

C_SUJA: De vez em quando bate uma dúvida forte dentro de mim. E, o pior de tudo, é que nem sei como responder a ela. Eu acho que nunca irei viver e cantar junto com aqueles anjos todos.

C_LIMPA: Se os que andam bem com Deus entram em dúvida sobre muitos assuntos, imagina quem tem razões de sobra para duvidar, não é? Mas, se não entrares no céu, será apenas porque não foste salvo daquilo que te impede de entrar. E o inferno nunca impediu ninguém de entrar – antes pelo contrário, motivou muitas pessoas a darem mais atenção aos detalhes de tudo quanto Deus tem para dizer. Deus não nos salva de ir para o inferno, mas, livra-nos de ir para esse lugar que foi Ele mesmo que criou, salvando-nos de outras coisas. É um lugar horrível, vazio!

C_SUJA: E eu tenho razões para duvidar?

C_LIMPA: Quem duvida quando deve duvidar, é crente. Quem acredita sempre que deve estar na dúvida, é mentiroso e descrente.

C_SUJA: Como é que um crente duvida? Ou crê, ou duvida, não é?

C_LIMPA: Mas, quem crê na verdade vai sempre duvidar da mentira e vice versa.

C_SUJA: Vice-versa como? De que maneira?

C_LIMPA: Quem não crê na verdade, vai duvidar da verdade e crer na mentira facilmente. Quem duvida da mentira porque crê na verdade e na realidade apenas, tem capacidades de pessoa verdadeira e essas capacidades acham-se em estado funcional dentro dela própria. Por essa razão Jesus disse: “Bem-aventurado aquele que, quando seu Senhor vier, o achar fazendo”, isto é, estar funcionando do jeito que deve e pode. Mas, eu concordo que duvidar nem é o mesmo que aborrecer e desprezar em certeza. A Bíblia mesmo diz que a fé é a “certeza” das coisas. É pena que muitos “creiam” sem ter a certeza. Ainda se cressem na verdade sem ter a certeza, seria um mal menor. Quem duvida não tomou uma posição ainda, mas, pode tomá-la a favor da verdade e contra a mentira. Mas, mesmo não havendo tomado posição firme contra a mentira, sempre é melhor que acreditar na mentira, não achas?

C_SUJA: Mas, eu tenho medo de me enganar e, por essa razão, prefiro continuar como estou.

C_LIMPA: Entendo. Mas, mesmo entendendo, continua sendo um absurdo. Seria o mesmo que dizer assim: “Porque me estou afogando, prefiro deixar-me como estou! Prefiro não segurar na tábua que veio com a onda do mar, a qual me bateu na cabeça e me feriu. Agora não quero confiar nem nas ondas e nem na tábua! Irei continuar como estou.” Não acho isso normal.

C_SUJA: Tu fazes-me rir também. Como é que alguém que se está afogando não segura numa tábua porque lhe bate na cabeça?

C_LIMPA: Mas, é isso que te estou perguntando. E é uma pergunta muito válida. A Bíblia diz: “Não voltaram para a mão que os feria”. É tão válida essa pergunta como seria perguntar porque razão uma consciência suja nunca se limpa se tem o sangue de Jesus mesmo ali pertinho de si, bem mais próximo que qualquer outra coisa neste mundo.

C_SUJA: Tinha de sobrar para mim. Parece que as minhas próprias palavras estão todas apontadas contra mim como setas afiadas. Só que não sei se são as minhas próprias palavras ou se és tu que sabes usá-las muito bem para me atingir. Fico na dúvida.

C_LIMPA: É normal duvidarmos se os bons motivos são mesmo bons quando cremos nos maus motivos e os aceitamos, tendo-os, por vezes, como ideais. Mas, é um absurdo qualquer pessoa deixar-se perder – é um absurdo daqueles que ninguém pode entender. Por isso é que a Bíblia afirma que, quem se perde, é tolo. Só pode ser tolo. É um problema de raiz.

C_SUJA: Mas, como é que é um problema de raiz?

C_LIMPA: A salvação que Jesus pensou e arquitetou para nós, lida com a raiz dos nossos problemas e não apenas com a sua parte exterior. E, como não lida com a parte exterior, também não irá lidar com as aparências – a menos que lide com a mentira no coração (isto é, com o coração da mentira). Se o coração da mentira mudar, a aparência deixa de ser aparente e passa a ser uma prova real de uma manifestação daquilo que realmente se passa dentro de nós.

C_SUJA: Mas, foi Deus quem nos criou assim? Foi Ele quem fez nossa raiz assim ruim? Ele queria ser o único santo do Universo e fez-nos assim desse jeito?

C_LIMPA: Não, de maneira nenhuma. Deus ganha glória através dos que são santos e não dos que se perdem. E ainda bem que és honesto – pelo menos na forma como perguntas as coisas. A esse tipo de perguntas Deus responde também se perguntares a Ele. Por essa razão respondo-te também. As pessoas ficam com raiz perversa e crua quando pecam de alguma maneira. Quando alguém peca, separa-se de Deus e o seu íntimo muda com isso. E quando algo está cru, podemos cozinhar do jeito que quisermos, não é mesmo?

C_SUJA: Está bem. Nem sabia que era honesto. Todos dizem que sou mentiroso e eu nem me acho mentiroso – nem quando sou.

C_LIMPA: Bem, pode ser que nem te aches mentiroso porque falas muito contigo próprio em teu coração e nem consegues encobrir nada para ti mesmo. Mas, não significa que não encobres para os outros e nem significa que, reconhecendo, deixes de fazer o mal depois. Na verdade, reconhecendo o mal fica exposto para ser liquidado – ainda. Seria como colocar um alvo em plena luz para poder ser atingido com uma arma eficaz.

C_SUJA: Vou tentar colocar na luz para ti então.

C_LIMPA: Quem sabe a tua raiz já está mudando. Depois, pelos frutos veremos se mudaste mesmo e se aceitaste a mudança após ela ter ocorrido. Muitos querem voltar àquela vida antiga assim que encaram a nova. Nascer de novo é condição para entrarmos no céu, mas, não é garantia. Jesus mesmo disse, com certa mágoa é claro, que “ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é que é bom”, Luc. 5:39. E Saul também perdeu-se depois de ter sido mudado pela mão de Deus e ainda ter sido cheio do Espírito Santo depois de ter mudado. São realidades tristes, mas, nem por isso deixam de ser realidades. Nunca devemos ignorar uma coisa apenas porque ela é triste, não é?

C_SUJA: Mas, “o velho” é o quê? E porque dizem que ele é bom se não é bom?

C_LIMPA: Cristo usou uma figura aqui. Ele está-se referindo a vinho velho e vinho novo para exemplificar a luta que existe em quem bebeu do pecado. Quem bebeu do pecado fica com raiz carnal e só age mediante aquilo que é por dentro porque se separou de Deus. Mas, quando Jesus nos faz nascer de novo, quando nos dá uma natureza nova, podemos esforçar-nos para que ela singre e dê certo. Então, nem terá como dar errado. Mas, se a nossa natureza interior nem for mudada, podemos esforçar-nos até ficarmos roxos que, a única coisa que vai mudar, é a nossa aparência.

C_SUJA: Entendo. Então, nem é mau sermos esforçados? Meu pastor diz sempre que nem é pela força que conseguimos as coisas.

C_LIMPA: Não, não é mau. Deus disse a Josué “esforça-te e tem bom ânimo”, como se ele já conseguisse tirar bom ânimo de dentro dele próprio. Mas, isso é apenas porque ele havia mudado e dentro dele existia uma fonte de vida, aquilo que Deus dizia para ele exteriorizar. Também lhe disse aquilo para ele não se guiar pelas circunstâncias que mentem sempre quando Deus está em nós. Na verdade, quando éramos perversos e iníquos, todo o nosso esforço terminava em cansaço, em desânimo, numa falta de paz enorme, porque aquilo que tentávamos fazer contrariava o nosso coração devido a ele ser de natureza diferente. Mas, depois de sermos mudados porque buscamos Deus especificamente para isso (sendo que muitas pessoas buscam Deus por outras coisas e não para isso especificamente), o nosso esforço obtém resultados que permanecem para sempre e, porque pertence à nossa nova natureza, renova-se depois do esforço e nem se sente cansado depois da obra feita. Todos em Deus renovam-se a cada momento e sentem-se renovados – é algo que nem podem evitar que aconteça. Mas, cada crente real que não se esforça em Deus, sentir-se-á muito cansado descansando. As leis da nova natureza são diferentes: as pessoas cansam-se se ficarem paradas naquilo que é a vontade de Deus para elas.

C_SUJA: E se a vontade de Deus for que essa pessoa fique parada e esperando?

C_LIMPA: Se for esse o caso, ela sentirá cansaço quando se esforça. Ela deve esforçar-se para manter a esperança e a expectativa muito viva enquanto espera no Senhor. Só assim os que esperam no Senhor renovam as suas forças, Is.30,31. Jesus mesmo disse: “E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que demora para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” Luc. 18:7-8. Outra triste realidade sobre bobos que não sabem manter aquelas esperanças que não enganam. Mas, aquele que não sabe manter a esperança que nunca engana, irá saber segurar numa esperança falsa, ou uma que engana e defrauda – nem que engane só no final!

C_SUJA: Eu fico abismado com as coisas que me dizes. Podes-me explicar o que é a salvação então? Fiquei confuso. Eu tinha outra idéia da salvação e agora fiquei com um nó na minha cabeça que não estou conseguindo desatar.

C_LIMPA: Bem, para desatarmos esse nó, precisas ficar quieto. Acalma a tua mente e esforça-te para pensar nas coisas de Deus, nas realidades. Jesus disse que não irias gostar do vinho novo e por essa razão nos avisou, para nos esforçarmos para gostar dele porque esse vinho é mesmo bom. É do melhor que há e precisas esforçar-te para gostares dele. Vale a pena o esforço. Nem permitas que a tua mente flutue quando ouves a palavra de Deus, pois, quem já bebeu do vinho velho, não consegue manter-se atento às coisas que o salvam dele próprio. Para isso necessita aplicar todo o seu esforço. Por essa razão Deus nos disse “amarás teu Deus com toda a tua força” também. Depois, quando já conseguires amar as palavras de Deus sem esforço, necessitarás mudar o teu jeito de novo. Mas, por enquanto, vale a máxima que diz: “Se teu olho te faz tropeçar, arranca-o e lança-o para longe de ti”.

C_SUJA: Vou tentar, mas, não prometo que irei gostar do que não gosto!

C_LIMPA: Em primeiro lugar, Deus salva quem já é povo d’Ele.

C_SUJA: Como é que é isso? Se eles já são povo d’Ele já são salvos, não são?

C_LIMPA: Pareces Nicodemus perguntando! Quando o anjo de Deus apareceu a José, anunciou Cristo como aquele que iria salvar o que já era Seu povo.

C_SUJA: E a Bíblia não diz que Jesus veio salvar o mundo todo? Por isso é que me considero salvo, pois estou no mundo e Jesus já veio.

C_LIMPA: Não é verdade isso. Jesus tem como salvar o mundo todo caso o mundo inteiro se possa tornar em povo Seu.

C_SUJA: Ele salva de quê então? Meu nó está inchando! Agora fiquei muito confuso! Nem sei se continuarei ouvindo tudo o que me falas! Nem as igrejas mais certas falam essas coisas assim.

C_LIMPA: Concordo que as igrejas dizem muitas coisas do jeito que as entendem. Mas, devemos antes ouvir o que a Bíblia nos diz.

C_SUJA: Mas, como é que entenderei a Bíblia sem que me expliquem?

C_LIMPA: Se perguntas mesmo a Jesus e tiveres a paciência de esperar que o Seu ensino chegue a ti e pegue em teu coração poderosamente, quando praticares também o que entendeste através d’Ele e acreditares em Sua instrução de alma e de coração, mesmo que um pastor tente contrariar aquilo que Ele te ensinou pessoalmente, levando a Bíblia a sério sem acrescentar nela aquilo que desejamos (ou aquilo que desejaríamos que ela dissesse). Então, entenderás a Bíblia de verdade. Na verdade, a Bíblia não necessita de interpretação, mas, de cumpridores. Os cumpridores entendem-na muito bem – ou começam a entender como faz sentido! Se não entenderes só o que ela diz, se fores aprender pelos outros, nem vais acreditar que estás certo quando Jesus te ensinar, pois será diferente de tudo aquilo que alguém te possa ensinar.

C_SUJA: Tudo bem. Concordo que nunca tentei concordar com a Bíblia e usei a desculpa que ela era confusa demais para lhe ser obediente. Às vezes tornou-se confusa, mas, outras vezes usei isso apenas como refúgio e argumento sem que fosse verdade. Por exemplo, agora estou mesmo confuso. Mas, nem por isso estou usando isso para não me esforçar a entender o que me dizes. E quero saber se, de fato, aquilo que me dizes vem mesmo na Bíblia.

C_LIMPA: Haja mais pessoas que contestem os verdadeiros!

C_SUJA: Por favor, não aumentes o nó da minha confusão. Explica para mim isso da salvação.

C_LIMPA: Está certo, vou tentar. Mas, fica quieto então, porque se não ficares, nem poderás saborear de forma que venhas a gostar. Qualquer um que come uma coisa que não gosta, só come com o intuito de provar. Mas, precisas comer com o intuito de te alimentares, pois viveste esfomeado durante muito tempo e nem sabes que isto te sacia. E, se não gostares, precisas comer como aqueles que precisam beber um medicamento amargo que cura.

C_SUJA: Está certo, vou ficar o mais quieto que posso então.

C_LIMPA: Em primeiro Lugar, Jesus salva quem é Seu povo. Nem podia ser de outra maneira. Se quiseres que Jesus te salve, precisas tornar-te uma pessoa que faz parte dos que crêem n’Ele e somente n’Ele. Quem acredita numa sinagoga, numa igreja e também n’Ele, não tem chances de se salvar de verdade. Pode crer que está salvo, mas, isso nem é o mesmo que ser salvo.

C_SUJA: Mas, as igrejas não falam de Deus?

C_LIMPA: Falam, sim. Mas, era de esperar que o diabo usasse esse meio tão eficaz para enganar também, não é? Se a arte do diabo é enganar e ser enganado, nem admira que ensinasse pessoas a enganarem-se a elas mesmas. É de esperar que devemos ouvir, entender e aceitar Jesus tal qual Ele é e como Ele fala. Quem não fizer isso, corre sérios riscos de ser condenado – por muito honesto que seja seguindo as doutrinas da sua igreja. Jesus disse: “Segue-Me!” Ele não disse< para seguirmos mais ninguém. E quem não ensina a seguir Jesus, ensina mal e nem deveria ser igreja.

C_SUJA: Entendo.

C_LIMPA: Quanto à salvação, Deus salva qu