Dr. Kurt E. Koch (1913 – 1987)
AVIVAMENTO NA INDONESIA
por
Dr. Kurt Koch
Autorizado a publicar aqui por BIBEL- UND SCHRIFTENMISSION pela esposa do autor, Bärbel Koch
1ª PARTE
Existem três países hoje sobre os quais se focalizam preferencialmente as
atenções de todo mundo. O primeiro destes países é sem dúvida, Israel.
Este País permanece sendo o centro das atenções e dos acontecimentos no
mundo. Poderemos dizer com toda a certeza que, a menor nação na face da
terra, tem a historia mais rica de todas. Nem será aqui que debateremos
este assunto, pois já o fiz em meu livro “Aquele que vem”.
O país
que divide igualmente as nossas atenções nesta fase do tempo é o Vietnam.
Será neste poço de fogo que se decidirá o futuro de toda a Ásia. E as
perspectivas ocidentais nem são as melhores quanto a isso.
O
terceiro País que é bastante discutido nos círculos cristãos mais
próximos é sem dúvida alguma a Indonésia. Qual a razão para este
interesse súbito em torno deste País? Iremos deixar esta pergunta sem
resposta por enquanto para podermos olhar mais de perto para a história
religiosa da Indonésia.
*Nota do
tradutor: temos de levar em conta a data quando este livro foi escrito,
perto de 1970.
I. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA INDONÉSIA
Todo
aquele que queira entender bem o presente, necessita entender bem seu
passado. Como uma ponte entre dois continentes, o mundo de ilhas da
Indonésia tem uma história bastante relevante e que em nada se pode
considerar insignificante. Fósseis descobertos lá relacionam este país
com a época do homem de Pequim e esta ligação ancestral asiática
influenciou definitivamente a história econômica e cultural deste país
de muitas maneiras.
As
inscrições rupestres nas pedras datando mais de três mil anos ainda não
foram totalmente decifradas e aguardam investigação científica mais
apropriada.
A
situação religiosa na Indonésia também é muito interessante de ser
seguida. O país foi penetrado por quatro correntes de pensamento
distintas e estas acrescentaram as suas várias influências ao animismo
que se desenvolveu simultaneamente na área.
No
primeiro e no segundo século mercadores indianos trouxeram o Hinduísmo
para o país e foram estes mercadores que trouxeram a famosa madeira
aromática para o mundo ocidental. Assim, a Europa conseguiu ter estas
madeiras aromáticas antes mesmo de ter conhecimento do país de sua
origem. A religião e a cultura Hindu desenvolveram-se durante os Séculos
VI a XIV, tornando-se um poderoso reino e as raízes da linguagem atual
da Indonésia baseiam-se precisamente nestas raízes da cultura Hindu.
No
Século no VI, VII e VIII o Hinduísmo foi ultrapassado pelo Budismo e uma
vez mais foram os próprios negociantes Indianos que importaram esta nova
religião para dentro do País. Ao construírem o seu tempo em Borobudur,
os budistas construíram um santuário em Java, local onde existia o
santuário Hindu mais sagrado, Prambana. E foi assim que estas duas
grandes religiões indianas subsistiram lado a lado em Java numa perfeita
coexistência.
Foi
apenas nos Séculos XII e XIII que começou a época do Islã a qual
estabeleceu o seu primeiro pilar em Atche no norte de Sumatra. O reino
Islâmico que começou sua existência no ano 1205 sob liderança do sultão
John Sjah durou até ao ano 1903. Estas religiões causaram grandes
dificuldades aos senhores coloniais Holandeses, inclusive a alguns ainda
em nosso próprio século.
Qualquer
um que leia com atenção os profetas do Velho Testamento descobre com
facilidade que eles frequentemente mencionam as ilhas ou as regiões para
além do mar. Este olhar visionário destes homens de Deus chegou muito
para além do seu próprio país (Is.66:19). Seriam estas ilhas
negligenciadas então pelo aquele que disse “Ide por todo o mundo, e
pregai o evangelho a toda criatura (Marc.16:15)”?
Os
primeiros mensageiros de Cristo que ali chegaram devem ter sido os
primeiros pais do Cristianismo. Nem é de ignorar o fato de que o
Apóstolo Tomé, o qual trabalhou na Índia, atravessou para Indonésia
juntamente com mercadores Indianos. Em qualquer caso, temos conhecimento
que missionários da Igreja Mar-Tomé (Igreja relacionada com o nome do
apóstolo), trabalharam na Indonésia.
A
próxima prova real de uma obra missionária na área foi confirmada
através de avaliações exaustivas e dolorosas de documentos históricos
pelos quais se comprova que Cristãos vindos da Pérsia vieram para
Indonésia nos anos 671 até 679. Mas, depois disso este continente
permaneceu nas trevas por um longo período. Estes foram os séculos
durante os quais a igreja cristã do mundo ocidental foi perdendo pouco a
pouco a sua força original. Gradualmente a candeia de Roma também foi
colocada de lado e o seu ímpeto espiritual ficou com cede no Centro e
Norte da Europa. Precisamos, também, levar nosso pensamento de volta até
aos esforços dos missionários germânicos, para a reforma Cluníaca e
também para aqueles que anteciparam a reforma: Wycliffe, Hus e
Savonarola, para obtermos evidência destes fatos durante este tempo
quando praticamente nada era conhecido sobre a Indonésia.
Isto,
contudo, foi substancialmente alterado quando mercantes navegaram para
os portos da Índia e se aperceberam do mundo de ilhas a Leste. Seguindo
a época de descobrimentos de Cristóvão Colombo, o mundo tornou-se louco
pelos descobrimentos de novos mundos. Ao mesmo tempo, as nações dos
descobrimentos marítimos buscavam aumentar e fundamentar seu comércio.
Em 1511 os Portugueses conquistaram as Ilhas Molucas, causando a retirada dos
Muçulmanos dali e pressionando-os mais para o Sul. Os Católicos entre os
portugueses ocupantes de então fundaram a primeira Igreja Católica nas
Ilhas Molucas em 1522. Não muito tempo depois disto, o missionário
Francis Xevarius chegou ali vindo da Índia. Mesmo que ele tenha
trabalhado na obra de Deus apenas de 1546 até 1547, a sua influência foi
tão vasta e tão grande que desde então ficou conhecido como o Apóstolo
dos Indonésios.
O século
16 também viu o início do poder colonialista holandês. Os cristãos
indonésios não ficaram propriamente alegres quando os holandeses baniram
o trabalho missionário do norte e do sul de Sumatra e de Bali. A razão
invocada para os holandeses fazerem tal coisa era o temor de que os
nativos se rebelassem e com isso abandonassem o trabalho nas plantações.
A questão da expulsão dos cristãos de Bali trataremos adiante mais
detalhadamente.
A
formação da igreja protestante nas ilhas Indies é considerada pelos
cristãos hoje como uma incoerência, estando os sentimentos divididos
sobre o assunto. Os pastores eram oficiais do Estado que recebiam seus
salários diretamente do governo holandês. Era algo similar ao que
ocorreu no tempo de Constantino “O Grande” – qualquer um que quisesse
progredir em sua vida particular teria necessariamente de se tornar
cristão para que tivesse como alcançar seus objetivos. Foi assim que a
igreja cristã nasceu na Indonésia e isso contribuiu para que nem as
tradições pagãs e nem as crenças hindus fossem extintas da vida da
igreja.
Para
além da Igreja que era o próprio Estado em si, também surgiram obras
missionárias de vários tipos e de outras igrejas locais em Java, Bali,
Celebes, Bornéu, Sanghir, Nias, Sumatra, Sumba e Nova Guiné – para
mencionar apenas algumas das mais importantes. A leste de Java a
formação duma Igreja Indonésia fica para sempre ligada ao nome de um
relojoeiro Germânico, o irmão Endo. Um cristão vindo da Rússia, irmão
Coolen, também deveria ser mencionado neste capítulo.
No
século XX, quando a era da descolonização começou, o poder das forças
coloniais holandesas foi sucumbindo gradualmente. Na Indonésia um
movimento fundado em 1908, conhecido como “Ressurgimento da Ásia”, foi
ganhando terreno. Esta tendência sublinhou as lutas do povo Indonésio em
prol da sua independência.
Durante
a Segunda Guerra Mundial o País foi ocupado pelos japoneses por três
anos e meio. Depois de sua retirada a Indonésia declarou sua
independência no dia 17 de Agosto de 1945 e criou uma Constituição,
conhecida como Pantja Sila. Contudo a Constituição não pôde ser
implementada devido à recusa holandesa de reconhecer sua independência.
Isto resultou numa guerra de libertação que durou mais ou menos quatro
anos. Sob pressão da ONU e muito especialmente dos americanos, os
holandeses finalmente cederam e abandonaram o país em 1950.
Mesmo
assim esta terra não foi capaz de achar seu descanso. O inimigo que se
seguiu era interno e vindo do seu próprio povo. Primeiro o poder
colonialista teve de ser quebrado. Seguiu-se uma batalha contra um maior
inimigo para os Indonésios.
II. O tributo de sangue da indonésia
Através da tentativa de golpe de estado de 1 de Outubro de 1965, a Indonésia foi
forçada a uma mudança radical da sua história. Atualmente existem
revoluções de várias dimensões num ou noutro canto do mundo praticamente
todos os dias do ano. Contudo devido ao curso dos acontecimentos do
mundo hoje eles raramente são notados. E mesmo assim as circunstâncias
da Indonésia são um tanto ou quanto excepcionais. Aqui os acontecimentos
que tomaram posse do curso do país foram de importância crucial para o
desenvolvimento político do leste de toda a Ásia.
Sempre
se soube que o presidente anterior Sukarno alimentava simpatias
comunistas quando a parte oeste da Nova Guiné foi forçada a estar sob
administração Indonésia em 1 de Setembro de 1963. Logo ali os
missionários previram grandes dificuldades em relação ao seu trabalho.
A
premonição tinha razão de ser. A influência comunista cresceu no país.
Qual seria o resultado final? O resultado foi completamente diferente
daquilo que os comunistas esperaram.
O Massacre planeado
No dia 1
de Outubro de 1965 os comunistas tentaram obter o controle do país. Seu
primeiro objetivo foi remover todos os generais e oficiais dos seus
respectivos postos. Os comunistas tinham os seus próprios oficiais
prontos e à espera para tomarem os lugares que iriam vagar.
Somente
em Jacarta seis generais foram presos durante o primeiro massacre
comunista. Eles foram tratados em conformidade com as práticas
comunistas da época na Ásia. Os seus olhos eram parcialmente puxados
para fora das órbitas e as vítimas mutiladas eram forçadas a correrem
nus entre mulheres comunistas treinadas para o efeito, as quais
espetavam os pobres generais com facas até que sucumbissem sob tortura.
Contudo, escaparam dois da hierarquia em Jacarta. O primeiro desses foi
Suharto. Seu filho estava gravemente doente no hospital na hora que se
deu o início da revolta e ele foi obrigado a passar a noite ao lado da
criança. Quando os comunistas o procuraram em sua casa não foram capazes
de o achar.
Este pequeno imprevisto foi o suficiente para frustrar a revolução dos
comunistas, a qual fora planejada minuciosamente. Suharto era a cabeça
da estratégia da reserva. Ele alertou seus homens imediatamente e
através de seu primeiro ato de retaliação apoderou-se da rádio de
Jacarta.
Humanamente falando esta simples ação salvou as vidas dos cristãos e dos
missionários do país. Os comunistas estavam à espera de um comunicado
que seria difundido pelo pelas estações de rádio do país, para assim
começarem o seu assalto final. Mas, estas ordens de ataque não chegaram
e o ataque morreu antes de nascer.
A contra
iniciativa de Suharto trouxe para a luz as listas daqueles que se
encontravam na lista negra dos comunistas. Estes continham os nomes de
cada oponente político dos comunistas.
A lista
religiosa continha nomes de todos os sacerdotes e líderes muçulmanos,
juntamente com todos os sacerdotes católicos e missionários
protestantes. As comunidades cristãs da Indonésia teriam sido
sumariamente eliminadas através deste golpe perfeito, caso Deus tivesse
permitido o sucesso dessa revolução.
O
segundo general a escapar das garras dos comunistas foi Natsution, que
antes havia sido o ministro da defesa. A sua sobrevivência nas mentes
dos Indonésios deve-se, tal como a de Suharto, a um pequeno milagre.
Quando
os comunistas forçaram seu caminho para dentro de sua casa, Natsution
quis entregar-se. Contudo, sua esposa não o permitiu. A primeira bala
dirigida a ele falhou o alvo, mas infelizmente acabou por atingir a sua
filha pequenina, a qual tinha acabado de sair de seu quarto correndo
para o corredor. Morreu algum tempo depois.
Natsution escapou por uma porta das traseiras. Sua esposa correu com ele
até o muro do jardim. Ele subiu nos ombros dela e foi assim que
conseguiu alcançar os terrenos vizinhos, os quais pertenciam a uma
embaixada estrangeira. Os dois cães de guarda existentes nesses terrenos
também o deixaram escapar miraculosamente sem o importunarem.
Entretanto, em sua casa um outro ato de amor cristão foi demonstrado. Um
ajudante e oficial de Natsution era Cristão. Para poder encobrir a fuga
do seu chefe, quando os comunistas perguntaram “você é Natsution?”, ele
respondeu “sim, sou eu mesmo”. Ele foi abatido logo ali.
Os
cristãos podem questionar se este homem deveria ter mentido ou não antes
de morrer. Seja o que for que pensem, este ajudante fez o que fez apenas
para salvar a vida do seu superior hierárquico e este ato de amor
cristão prático será avaliado à luz da eternidade, acima de ser avaliado
através das visões doutrinárias inflexíveis de muita gente.
A terrível retaliação
A maneira horrível como os generais haviam sido mutilados indignou os
Indonésios e provocou-os a uma ira incontrolável. Juntamente com isto um
outro incidente, o qual mais tarde foi vergonhosamente abafado, embalou
a revolução em toda nação. As mulheres comunistas, para além de outras
atrocidades que cometeram, virtualmente violaram os pobres generais
enquanto estavam amarrados. E então, por último, o perigo mortal que
estava ameaçando os sacerdotes muçulmanos provocou uma ira pública sem
precedentes. Temos de ter em conta que 90% da população da Indonésia é
muçulmana.
A
subseqüente retaliação para a qual os muçulmanos foram provocados causou
verdadeiramente mortes a mais pessoas do que aquelas que haviam morrido
até então na guerra do Vietnam. Uma onda de anticomunismo varreu o país
de ponta a ponta. À noite, pessoas movidas para a vingança, entravam
pelas casas dos comunistas e outros que eram suspeitos, assassinando
todos os homens que encontrassem. Esta onda de assassinatos custou à
região algo como um milhão de vidas só nos meses de Outubro, Novembro e
Dezembro de 1965. O mundo ocidental foi mantido sem qualquer informação
da extensão destas medidas retaliatórias infligidas pelo povo Indonésio.
Pelo menos desta vez os comunistas receberam em troca tudo aquilo que
fizeram aos outros.
As
contas e as conclusões finais dessa série de assassinatos foram
terríveis do ponto de vista de vidas humanas e atrocidades cometidas. Em
muitas vilas a leste de Java nem um único homem sobreviveu. Enormes
covas eram abertas onde os comunistas assassinados eram lançados em
massa para serem enterrados.
Imaginemos a dor que caiu sobre as famílias Indonésias: crianças sem pai
e esposas sem marido! Este foi seguramente o único lugar em todo mundo
onde os comunistas sofreram aquilo que eles próprios infligiram sobre
outros povos na Rússia, na China comunista, em Cuba e em tantos outros
países por este mundo fora, durante décadas e décadas.
O sofrimento dos cristãos
Os muçulmanos contentavam-se principalmente com a liquidação dos seus
inimigos políticos, mas em outras partes do mundo como no leste da
Nigéria e no sul Sudão eles aproveitaram a onda para atacar igualmente
os cristãos, seus “inimigos” espirituais.
Por
exemplo, uma família cristã numa vila muçulmana tentou aliviar a dor das
esposas dos homens assassinados. Isto foi precisamente o que os
muçulmanos estavam esperando. “Nós temos provas”, diziam eles, “que os
cristãos são parceiros dos comunistas”. Voltando a atenção para casa
dessa família, eles entraram, mataram o esposo e forçaram a pobre
senhora a cozinhar para eles cada dia e também a lavar as suas roupas
manchadas de sangue.
Os
comunistas perseguidos frequentemente procuravam ajuda entre os cristãos
porque sabiam que essa ajuda não lhes seria negada. Isto, com toda
certeza, provocou os muçulmanos, os quais repetidamente clamavam pelas
ruas: “os cristãos e os comunistas estão coligados!” Por esta razão, em
muitas áreas, a perseguição aos comunistas alargou-se também para o lado
dos cristãos.
No
entanto o Senhor cuidou dos seus filhos. Um missionário de Bornéu, o
qual viveu a confusão na ilha, relatou-me o que aconteceu em seu próprio
distrito. Ele disse: “Entre as perseguições sangrentas e as atrocidades
assustadoras, tivemos oportunidade de ver o poder de Deus operando,
porque nenhum dos trezentos cristãos da área foi morto. O Senhor não
permitiu que nem um cabelo de suas cabeças fosse beliscado”.
Um outro
missionário que trabalhava noutra ilha disse: “Quando os assassinatos
começaram, um jovem professor comunista foi procurar refúgio dentro da
comunidade cristã. Enquanto esteve com os cristãos foi-lhe mostrado o
caminho para Cristo. Ele vinha diariamente ter com os cristãos os quais
oravam com ele regularmente. Mesmo que houvesse sido originalmente
levado até eles devido ao seu temor, ele testificou mais tarde que o
Senhor era de fato seu Salvador”.
Tempos
depois um informante denunciou o caso aos muçulmanos. Indo para a igreja
onde o professor costumava passar a noite, eles ficaram de vigia para o
apanharem e uma manhã puxaram-no para fora e degolaram-no em frente da
igreja. Os muçulmanos, de seguida, voltaram-se contra os cristãos. ‘Isto
é mais uma prova de que vocês são comunistas’. Depois de alguma
discussão entre os líderes muçulmanos, foi decidido massacrarem a
população cristã na sua totalidade e em todo o distrito; mas Deus
interveio. Uma companhia de soldados chegou ao local vindo dum batalhão
próximo dali, os quais decidiram proteger os cristãos durante meses, até
que os problemas houvessem passado. (Eu tive a oportunidade de visitar
esta comunidade pessoalmente).
A
intervenção militar nesta instância foi deveras marcante. As tropas
governamentais, por norma, nunca se preocupavam com a onda de
assassinatos que iam ocorrendo. As únicas perguntas que eles faziam
eram: “Por quem é que nós devemos lutar? Qual o lado que está certo?
Caso os comunistas tivessem triunfado tudo seria diferente”.
Esta
luxúria muçulmana para derramar sangue foi muitas vezes a origem de
muita ansiedade entre os cristãos. Um cristão chinês na ilha de Java
disse-me uma vez: “Nós somos um espinho na carne dos muçulmanos de três
maneiras: em primeiro lugar, eles não gostam de nossa raça; em segundo,
eles têm ciúmes de nós, porque os chineses trabalham mais do que eles e
obtêm maior sucesso em seus negócios; e em terceiro lugar, eles
simplesmente nos odeiam por sermos cristãos”.
Eu
também testemunhei este tipo de relacionamento tenso em todos os países
do oriente. Cidades e países com uma forte presença chinesa,
tendencialmente expandem-se e prosperam mais rapidamente que as outras
áreas circundantes. Esta é a principal razão porque a Malásia e
Singapura experimentaram um tão grande desenvolvimento econômico. Em
ambos estes países, pelo menos 50% da população é de origem chinesa.
Olhando
para o futuro, os conflitos são propícios a ocorrerem e em alguns casos
já aparecem no horizonte. Por exemplo, os cristãos queriam construir uma
igreja no subúrbio de Jacarta. Contudo, a população da área consiste
majoritariamente de muçulmanos e esses logo acharam maneiras e
mecanismos de impedirem a construção dessa igreja.
Similarmente, um médico cristão relatou-me como ele comprou um grande
pedaço de terra de um muçulmano para ali poder construir um hospital
cristão. Quando os muçulmanos vieram a saber qual a finalidade do prédio
em construção, ele cancelou a venda durante as últimas legalidades da
venda. O médico perdeu muitos milhares de dólares americanos devido à
ocorrência. Mesmo que ele estivesse legalmente correto, ele decidiu
nunca levar o caso a um tribunal muçulmano devido ao temor sobre o que
estava escrito em I Coríntios 6.
Chegará
o dia em que os muçulmanos entrarão em conflito aberto contra os
cristãos. Essa é uma parte da realidade colocada como cenário diante do
mundo antes que ele acabe. Os seguidores de Cristo irão passar por
maiores e maiores provações antes que o Senhor venha em sua glória e os
liberte de todas as suas dores.
III. A ECONOMIA DO PAÍS
Este livro é fundamentado por várias visitas que fiz à Indonésia e mesmo que
as condições de 1966 e 1967 não sejam necessariamente as mesmas
atualmente, a ilustração do crescimento que a Indonésia experimenta
hoje, é de grande valor.
Numa das
minhas primeiras visitas ao país fui imediatamente confrontado com a
pobreza da população em geral. Jacarta, a qual na altura seria uma
cidade com cerca de três milhões de habitantes, para além de alguns
edifícios construídos com propósitos claros de busca de prestígio e
aprovação, provou não ser mais que um aglomerado de estradas ruins,
cabanas a caírem, cores horríveis e de pessoas subnutridas.
Durante os períodos de seca, a fome e a devastação logo se tornaram evidentes em
muitos locais. Anteriormente, eu não tinha nenhuma concepção sobre a
situação real existente na Indonésia. Normalmente, quando alguém fala de
fome, temos tendência em pensar logo na Índia.
Durante
estas minhas primeiras visitas ao país testemunhei diariamente
demonstrações públicas de estudantes e alunos escolares. Inicialmente
achei alguma dificuldade em tolerá-los devido ao barulho incessante e
infernal dos seus gritos e de suas palavras de ordem. Contudo, fui
confrontado com duas coisas distintas sobre esses manifestantes, as
quais os contrastam fortemente com os loucos e descontrolados
manifestantes da Europa e da América. Primeiramente, as procissões
movimentavam-se nas ruas numa ordem perfeita. Não havia violência de
qualquer tipo. E qual a segunda razão? Bem, na altura eles realmente
tinham uma razão sobre para se manifestarem, algo que não pode ser dito
da maioria dos manifestantes ocidentais.
O que os
motivava? A sua fome! Por quê? A razão era que nas semanas anteriores o
preço do arroz havia subido para mais de cem rúpias o quilo. Isto era o
equivalente ao que um motorista duma fábrica ganharia de salário com um
dia de trabalho. E ainda por cima, um quilo de arroz não durava muito
tempo quando se tinha uma família inteira morrendo de subnutrição.
Os
estudantes universitários e do ensino básico que eu tive oportunidade de
presenciar, tinham justificação mais que suficiente para atraírem as
atenções sobre o seu dilema. Se isso iria resolvê-lo, era uma questão à
parte. Um dos membros do governo disse uma vez num discurso: “Se gritar
alto ajudasse a baixar os preços do arroz eu seria um dos que gritaria
mais alto”.
Qual é
basicamente a raiz deste problema? Será a Indonésia capaz de alimentar
sua própria população? Bem, em teoria a resposta seria sim, porque a sua
área de cultivo é capaz de suportar não somente a população atual de 110
milhões de habitantes, mas seria até capaz de suportá-la mesmo que fosse
multiplicada por três ou quatro vezes.
O país é
de fato extremamente grande e é constituído por três mil ilhas
separadas, alcançando cerca de quatro mil milhas de extensão, ou seja,
cerca de 7.000 km de ponta a ponta. A terra em si, também é muito fértil
e necessita apenas de ser cultivada.
Isto,
contudo era precisamente um dos muitos problemas que necessitavam ser
resolvido. Não existe qualquer plano sistemático para limpar o terreno e
torná-lo arável. Quão fácil seria transformar as escarpas montanhosas em
abundantes plantações de arroz. Seria apenas uma questão de conseguir
armazenar a água durante a época das chuvas. Mas, ao invés disso, a água
escorre pelas montanhas e transforma-se em grandes enxurradas que acabam
por destruir as vilas nos vales abaixo dessas montanhas. Durante minha
permanência em Jacarta a água estava a uma altura a cerca de 30 cm.
Devido a
uma exploração insuficiente da terra, é preciso importar o arroz. Em
1968 foi-me dito que faltavam 600 mil toneladas de arroz para suprir as
necessidades do país. “E de onde importam vocês o arroz, então?”
Perguntei eu. “Da índia e de outros países asiáticos?” “Não, eles também
não têm o suficiente para o seu próprio consumo! O arroz vem da América
e é realmente muito amável da parte deles, porque nós nem sequer temos
moeda estrangeira para que possamos comprar”.
O
resultado foi que o arroz que tinham estivesse a ser comercializado a
preços exorbitantes. Por essa razão, enquanto a população rica
armazenava o arroz que recebiam, os pobres nunca seriam capazes de
suportar o preço da compra e eram deixados à deriva para que achassem
outras maneiras de encherem seus estômagos. Um importador disse-me: “Nós
já estamos a comprar comida que se dá aos porcos nos Estados Unidos e
misturamos com o pão”.
Mesmo
assim, a Indonésia não tem qualquer necessidade de passar fome. É um
país muito rico. No tocante a minérios e recursos minerais este país é
considerado como o terceiro mais rico de todo o mundo.
Mas para que servem seus recursos naturais, no entanto, se não são explorados? A
industrialização é sempre anda sempre em paralelo com uma agricultura
eficaz. Existia uma falta clara de especialistas e de pessoas formadas
para o efeito e mesmo que existissem nunca seriam capazes de obter os
postos de trabalho para os quais haviam sido formados. As rédeas do país
sempre estiveram nas mãos de oficiais militares. A Indonésia sempre foi
um Estado militar. Isto significa que todos os postos importantes, ao
invés de serem ocupados por pessoas especializadas, eram mantidos por
oficiais de alta patente do exército.
O que é
que um general sabe sobre agricultura ou exploração de minas?
Normalmente não sabe nada. Dar provas de si mesmo numa parada militar ou
no uso de armas, não qualifica ninguém automaticamente para um plano de
sustentação da economia dum país.
“O
exército arruinou literalmente a economia do país”, foi-me dito uma e
outra vez. A população sempre apontou para o fato de os oficiais
seniores haverem tomado para si as diretorias das empresas anteriormente
holandesas e bem estabilizadas. Os resultados sempre foram desastrosos.
Somente em 1967 cerca de 2.000 empresas importadoras entraram em
situação de falência ativa. A situação precisava ser resolvida
urgentemente.
Passeando por um shopping de Jacarta, vi muitas prateleiras vazias nos
estabelecimentos comerciais, pois os donos dessas lojas não tinham
capacidade para comprar os produtos que lhes faltavam devido à falta de
capital. Estavam, por isso, preenchidos com produtos de baixa qualidade.
Este era
o cenário dos primeiros anos seguintes ao fim das greves gerais que
então houve no país. A pergunta é agora, se o governo é ou não capaz de
clarificar esses problemas. Na minha visita mais recente pude verificar
que alguns dos problemas da Indonésia já estavam sendo domados de forma
eficaz.
No fim
do ano de 1968, o governo começou a recolocar os especialistas nas suas
devidas funções de responsabilidade. Foi então que, no dia 1 de Abril de
1969, um plano de cinco anos para desenvolvimento do país foi
introduzido. O preço do arroz baixou tão dramaticamente que chegou a
atingir zero do que era em 1967. Também não mais necessitavam importar o
arroz que era dado aos porcos nos Estados Unidos para ser misturado com
pão. As lojas estavam novamente repletas de bens. O país conseguiu
superar a crise de estagnação que se havia instalado na economia.
É muito
errado dar ouvidos àquela propaganda que os comunistas fazem hoje em
relação à Indonésia. Pensemos um pouco no que seria deste país caso os
comunistas houvessem tomado conta das rédeas dele. Certamente que seria
mais um caso de miséria em massa organizada, tal qual acontece em todos
os países comunistas desse mundo.
Existem três fatores fundamentais que devemos reconhecer quando tentamos acessar
as características políticas e econômicas da Indonésia. Eles são:
Em primeiro lugar, o exército preveniu que o país entrasse em colapso sob a
ameaça dos comunistas. Por essa razão todo mundo asiático deveria
mostrar-se agradecido.
Ao
governo precisamos dar um tempo para reconstruir a economia destruída.
Os cerca de 20 anos desde a saída dos holandeses do país são muito
poucos para que uma comunidade lutadora e desenvolvida se possa firmar,
particularmente porque antes eram sempre colocados em antagonismo com o
desenvolvimento.
3. Para um
povo que conseguiu sua independência apenas há duas décadas atrás, será
necessário que aprendam a consolidar e a preservar os valores de
liberdade que, entretanto, conquistaram. Ninguém consegue alcançar o
impossível. Será que os Estados Unidos e a Suíça se fizeram tudo aquilo
naquilo que são hoje apenas em poucos anos?
Contudo,
durante este breve período de independência da Indonésia, muito já foi
alcançado. Alcançou um nome próprio dentro do mundo da liberdade e
encontra-se hoje a melhorar substancialmente e a consolidar cada vez
mais a sua posição econômica no mundo desenvolvido.
4. Se quiser desesperar-se, vá por via aérea
O que significa este provérbio? É com muito humor em suas vozes que os
Indonésios usam essas palavras para descreverem a falta de regularidade
das suas próprias linhas aéreas, uma inconstância permanente à qual nós
próprios fomos sujeitos. Éramos cerca de 80 pessoas em Jacarta esperando
um vôo para o leste de Java para participarmos numa conferência que se
realizaria lá. Durante dias e dias, a única coisa que pudemos fazer
dentro do aeroporto foi sentarmo-nos ora num lugar ora noutro e esperar.
Foi um grande teste para a paciência de todos e posso afirmar que para
mim pessoalmente também foi uma grande bênção.
Enquanto
esperávamos, consegui fazer vários contactos. Uma das primeiras pessoas
com quem comecei a falar foi o Rev. Ward, o vice-presidente da ‘World
Vision’. Ele havia-me ouvido falar uma vez na Califórnia. Na tentativa
de apanhar um outro avião, ele entrou num táxi e fez uma viagem de quase
30 horas – podíamos ver facilmente a exaustão estampada no seu rosto.
Mas, em vez de se queixar, as suas únicas palavras eram: “Bem, creio que
nosso desapontamento é o apontamento de Deus”. A sua atitude era
simplesmente maravilhosa. Apesar de todos os problemas a que foi sujeito
devido à falta de eficiência do seu próximo, nem uma palavra de queixume
saiu dos seus lábios. Este missionário estaria certamente uns degraus
acima do que eu estava na escola de Deus.
A bíblia
e a vida muitas vezes ensinaram-me aquela lição de que Deus pode
transformar nossos tempos de desespero em bênçãos secretas. A este
respeito, as histórias do Velho Testamento sempre foram para mim
valiosamente proveitosas.
Considerem, por exemplo, a história de José desde Gen.37-50. José foi
lançado primeiramente num posso sem água pelos próprios irmãos e vendido
a alguns negociantes midianitas. Imaginemos a angústia e a saudade de
casa que o entristeciam. Contudo, essa sua aflição, ou antes, esse crime
cometido pelos irmãos de José, foi transformado após muitos anos, numa
das maiores bênçãos vinda da parte de Deus para com a humanidade. Quando
a fome atormentou os humanos José foi capaz de salvar tanto seu pai
quanto seus irmãos e foi desta sua maneira peculiar que ele executou o
plano que Deus tinha para salvar a humanidade, pois foi através de sua
migração para o Egito que os filhos de Israel proporcionaram tornarem-se
aquela nação da escolha de Deus.
O atraso
insuportável que sofri da parte das Linhas Aéreas Indonésias, GERUDA,
trouxeram consigo variadíssimas surpresas. A única razão porque as
descrevo aqui é para ilustrar a grande bondade de Deus para conosco
devido ao fato de ele sempre esconder uma bênção no interior de cada
desapontamento que possamos encontrar, desde que em Seu serviço.
Quando
meu acompanhante me apresentou pelo meu último nome a um australiano que
esperava conosco, o homem rapidamente exclamou: “Dr. Kurt Koch? Eu o
ouvi falar numa igreja Batista na Austrália!”
Meia
hora depois eu conheci um outro australiano apresentando-me apenas pelo
meu nome Koch, ele replicou: “Eu tenho alguns livros de um Dr. Koch da
Alemanha. Eles ajudaram-me muito em minha obra. Por acaso o senhor o
conhece também?”. Eu? Conhecê-lo? Claro que o conhecia muito bem. Não
conseguirão imaginar a surpresa que vi estampada no rosto daquele homem.
Ele logo ali me convidou para ir falar em sua igreja em Melbourne em
vários discursos e a coisa mais encorajadora foi verificar que as datas
a que ele apontou encaixavam com muita perfeição dentro do programa
planejado para a minha visita à Austrália.
Mas a
melhor experiência de todas foi a última. Durante anos estive tentando
encontrar o rastro de Bakth Singh. Era o evangelista mais conhecido da
Índia. Nada menos que trezentas igrejas novas foram fundadas através dos
seus esforços missionários. Em muitas cidades grandes ele consumou
vários cultos em massa envolvendo milhares de pessoas sem um único
recurso aos meios de publicidade abusadora e exploradora que os
americanos propagaram pelo mundo.
Sempre
tentei encontrá-lo em alguma ocasião ou pelas digressões pela Índia, mas
nunca obtive qualquer sucesso. E eis agora, aqui estávamos um olhando
para o outro numa manhã cheia de irritações e desapontamentos.
Sentámo-nos a conversar durante horas porque ele estava esperando o
mesmo vôo que eu.
Foi
deveras uma ocasião maravilhosa e enquanto eu o questionava sobre sua
vida, ele teve a oportunidade de me contar sobre a maneira como se
converteu. No final, ele disse-me: “Vamos procurar um lugar sossegado
onde possamos orar juntos?” O meu novo amigo de Melbourne ainda se
encontrava comigo e achamos um lugar mais reservado onde passamos meia
hora em oração e na qual nos esquecemos dos problemas que nos rodeavam.
Bakth Singh também havia sido afetado pelo atraso. Ele já deveria estar
discursando na mesma conferência para onde nos dirigíamos a leste de
Java e, mesmo já tendo sessenta e cinco anos de idade, também foi
forçado a sujeitar-se a uma viagem de comboio de dezoito horas assim que
descobrimos que não teríamos qualquer hipótese de continuar nossa viagem
por via aérea.
A
comunhão que eu pude usufruir com este irmão abençoado durante os 14
dias seguintes, foi uma inexplicável bênção para mim. Quando nós enfim,
nos separamos, ele convidou-me para ir a Hyderabad para discursar lá
durante algum tempo. Eu tinha intenção de aceitar aquele convite durante
uma altura dos próximos meses.
O
provérbio inglês, na verdade, cumpriu-se. Sem esta falha da companhia
aérea em nos providenciar um vôo, nunca teria achado esta oportunidade
de comunhão com tantos outros missionários que se acharam ali presos
comigo dentro do aeroporto de Jacarta. Aquilo que o diabo arruína, Deus
refaz e molda naquilo que quer.
IV. BALI, A ILHA DO DIABO
No tocante à beleza paisagística, Bali é sem dúvida uma das pérolas das
ilhas Indonésias. Descrever a beleza desta ilha num único relato seria
praticamente impossível. Uma das primeiras coisas que tive oportunidade
de apreciar a partir do hotel pobre e extremamente primitivo onde me
encontrava, foi a praia. As ondas brincavam com a areia a uns 40 metros
de distância da varanda de onde as apreciava. Diariamente traziam para
fora da água quantidades enormes de estrelas-do-mar, moluscos e outras
criaturas, as quais os habitantes locais recolhiam assim que na maré
baixava. Depois, agradeciam ao mar pela bênção que, diziam, o deus mar
lhes deu.
Para
além das ondas nos corais do recife, a uns 500 metros de distância, as
águas fervilhavam noite e dia. Apenas um mal aconselhado nadador se
atreveria a entrar naquelas águas. Um jovem médico alemão pagou essa
audácia com sua vida, tendo sido levado pelo mar. O seu quarto ficava
apenas a duas portas do meu.
Ao largo
da baía, podemos identificar nada menos que três vulcões. O maior deles,
o grande Agung de dose mil pés de altura, estava ativo enquanto
permaneci em Bali.
Bali
herdou muitos nomes através dos turistas que a visitam. Alguns turistas
chamam-na “A Ilha do Paraíso” e outros “A pepita dos Trópicos”. Quando
Nehru visitou Bali, em 1954, ele cristianizou seu nome, chamando-lhe “O
Alvorecer do Mundo”.
Pulau
Dewata – Ilha dos Deuses – é o que os indonésios chamam à sua ilha. Eles
deverão saber melhor que ninguém. Mas, quem são estes deuses? Certamente
nenhum deles saiu do Velho ou do Novo Testamento. Tendo sempre em conta
o nome local desta ilha e conforme se iam familiarizando com as práticas
de seus habitantes, os missionários renomearam-na para a “Ilha do
Diabo”.
A vida religiosa de Bali
O nome “Ilha do Diabo” já soa a desafio para qualquer crente em Deus.
Precisamos explicar o que isso realmente significa.
A
religião tribal ancestral dos Balineses é uma forma politeísta de
adoração da natureza. Crêem que cada cemitério, rocha, montanha e
caverna têm um espírito próprio. A cerca de 40 milhas a noroeste de
Denpasar, dois mil búfalos selvagens ainda vivem em seu enorme
cemitério, sendo venerados como animais sagrados. Ninguém os pode matar.
São considerados espíritos encarnados dos nativos que morreram e foram
enterrados naquele extenso cemitério.
Após a
introdução inicial do país ao Hinduísmo e mais tarde do Budismo,
juntamente com o Animismo que já existia por lá, os templos Balineses
logo começaram a demonstrar o seu sincretismo religioso. Para além dos
vários deuses relacionados com a natureza, também encontramos aqui os
deuses indianos Shiva, Brahma e Vishnu.
Os
problemas emergentes dessa mistura religiosa foram cuidadosamente
ultrapassados através duma certa dose de perícia da parte dos nativos.
Enquanto Buda ensina a não matar, os ancestrais deuses da natureza
Balineses exigem sacrifícios de sangue. Como iria ser resolvido esse
dilema? Muito facilmente! Os animais eram deixados a matarem-se uns aos
outros.
Esta é
uma das razões para o surgimento das horríveis lutas de galos nestas
ilhas. Ao lado do templo Taman Ajun existe uma arena gigantesca onde
esta forma de entretenimento se realiza. Os galos são bem alimentados
antes das lutas. Os seus donos dão massagens em seus pescoços durante
semanas a fio para assim fortalecerem os seus músculos. Também compram
amuletos aos mágicos para fazerem de tudo para que seus galos possam
vencer. Milhares de pessoas juntam-se para assistir a estes espetáculos
horrendos. As competições duram até uma das aves morrer. Então é trazido
um próximo par para lutarem.
Através
destas lutas de galos foi trazido consenso entre deuses Indianos e
Balineses. Os habitantes da ilha não matam animais. Mas, os galos
matam-se. E é assim que os deuses da natureza conseguem seus sacrifícios
de sangue.
Estes
campeonatos, contudo, revelam um outro lado grotesco. Um ilustre
visitante perguntou a um governador do distrito: “Por que é que não
proíbem estes espetáculos grotescos? É uma mancha enorme na vossa
cultura!” O governador respondeu: “Existe uma terrível luta interior e
falta de paz dentro de cada nativo de Bali. Nós necessitamos desse tipo
de escape. As lutas de galos funcionam como meras válvulas de escape. Se
não tivéssemos essas lutas, teríamos provavelmente problemas maiores.
Por isso, este mal menor mantém outros males piores longe do horizonte”.
Ao
Balineses também criaram outros compromissos devido às misturas da sua
religião com os deuses da natureza e com as religiões vindas da Índia.
Durante milhares de anos existem nos cardápios os famosos pratos de
cachorro. O pior de tudo é que estes cachorros são verdadeiramente
nojentos e alimentam-se quase exclusivamente de excrementos humanos. São
cachorros vadios que são apanhados, os quais são a “unidade de
saneamento sanitário” das aldeias e cidades. Mas, o Budismo proíbe matar
e comer animais. Os Balineses acharam um jeito muito próprio de se
redimirem diante de Buda antes de matarem um animal, oferecendo uma
oração a um dos seus deuses pedindo perdão e prometendo uma pequena
porção da carne como oferenda: “Nós damos-te um pouquinho de nossa carne
de cachorro!” De seguida estão prontos para saborearem o seu cachorro,
se saborear é a palavra correta!
Templos e Danças
O templo Taman-Ajun o qual já mencionei anteriormente, é uma curiosidade real. Os
Balineses chamam a este templo “Hotel dos Deuses”. É uma excelente
terminologia. Até eu ter chegado cá nunca me teria apercebido que os
deuses também passavam férias. Uma pessoa tem logo tendência comentar
aquilo que o Elias disse em I Reis 18:27, quando desafiava os profetas
de Baal exclamando: “Gritem mais alto, talvez o vosso deus tenha saído
para algum lugar”.
Mas isto
é aparentemente aquilo que dizem acontecer com os deuses Balineses.
Estes nativos acreditam que os deuses se encontram neste templo uma vez
por ano para uma conferência. Alguns vêem de muito longe e outros de
mais perto. Antes deles se reunirem no maior templo de Bali, Besaki,
eles passam a noite no templo Taman-Ajun. Depois disto vão para sua
conferência em Besake, o qual fica situado nas escarpas montanhosas do
vulcão Agung. Durante a erupção do vulcão em 1963, parte deste templo
foi destruída. Contudo, os deuses ainda não pediram ajuda ao mundo
ocidental, pois o templo ainda espera reparação. Elias poderia dizer a
mesma coisa hoje que disse naquele tempo.
Certas
danças de rituais famosas são realizadas durante as festas dos templos.
A
primeira dança é a do fogo. Os que dançam são colocados em transe por um
sacerdote. Uma fogueira é acesa diante do templo. Cada dançarino é
persuadido que ele é um cavalo perseguido por um tigre. Ele começa a
tremer. Em seguida o sacerdote convence-se que, o seu único caminho para
escapar, é através do fogo. É assim que o dançarino hipnotizado passa
correndo sobre o fogo. A seqüência é repetida várias vezes perante uma
audiência entusiasta. Quando o dançarino é tirado do transe pelo
sacerdote, mesmo estando completamente coberto de suor, ainda revela
sinais de terror estampados no seu rosto e os seus pés não manifestam
qualquer sinal de queimadura.
Outra
dança é ainda mais famosa: a dança da faca. Esta é a maior atração de
Bali, a qual atrai milhares de turistas à ilha todos os anos.
O
calendário Balinês tem 10 meses de 35 dias cada. O dia de ano novo e
outros festivais tendem a oscilar nas suas datas. Dois destes festivais
são chamados Galungan e Kunigan.
O maior
e mais importante festival é, contudo, Melis. Como parte deste festival,
sacrifícios são trazidos para as praias. Os sacrifícios são feitos antes
de a maré subir. É bastante notável como depois destes sacrifícios uma
grande onda vem colhê-los. Os Balineses mantêm por isso a crença que
isso revela apenas que os deuses aceitaram suas oferendas. Mas, na
verdade, é apenas um fenômeno natural, pois a maré costuma chegar ali
bem mais suavemente. Somente na data deste festival é que existe essa
subida brusca das marés.
Quando
os sacrifícios terminam é quando os nativos começam a dançar. E conforme
dançam tentam contar uma história ancestral mitológica. O alvo deles é
matar uma feiticeira chamada Rangda. Ela, contudo, consegue sempre
escapar a seus inimigos. Os homens viram suas espadas contra eles
próprios e enquanto fazem isso um deus amigo vem ajudá-los e as pontas
aguçadas das suas espadas são impedidas de penetrarem em sua própria
carne. A implicação mitológica deste teste é que, mesmo que o dançarino
tenha intenção de matar a feiticeira Rangda e ela consiga virar as suas
espadas contra eles através de seus poderes mágicos, todo o vingador do
mal será sempre protegido e ajudado. Por detrás dessas representações
podemos colher o conceito de o bem triunfar sobre o mal. Basicamente, os
dançarinos são todos induzidos para atuar em transe. Este fenômeno de
transe é muito vulgar em toda Ásia. Eu pessoalmente tive muitas
oportunidades de testemunhar eventos como este, pois, os seus
procedimentos dão-se sempre no exterior. Mesmo que seja muito fácil
entrar numa multidão que se reúne para assistir a um espetáculo desses,
eu nunca assisti deliberadamente a nenhum deles pois eu creio que um
cristão deve evitar qualquer ritual pagão, desde que lhe seja possível.
A Guerra de Magia
De tempos a tempos em vários outros livros meus, mencionei os duelos de
poderes mágicos. Quando cheguei a Bali em 1968 e fui chamado a intervir
numa conferência de pastores todos me disseram: “Você chegou na hora
certa. Existe um duelo mágico neste preciso momento em Bali”.
Um
desses pastores relatou-me o que se estaria passando. Existem guerras
mágicas em Bali desde tempos remotos. Estes duelos são, no entanto,
mantidos secretos. Os turistas nem chegam a saber da sua existência.
Essas batalhas só se tornam de conhecimento público quando os nativos
Balineses que estavam envolvidos nelas se convertem ao cristianismo e
começam a confessar os seus pecados secretos publicamente. Descobrimos
que todos os mágicos da ilha (e existem bastantes) estão intimados e
destinados a envolverem-se nestes assuntos.
Em Bali,
tal como no Tibete, existem professores de magia. Cada qual tem os seus
seguidores e discípulos e quando os seus pupilos chegam a alcançar certo
nível de treinamento, estas guerras começam com o intuito de testar e
fortalecer os poderes mágicos dos indivíduos nelas envolvidos. Estas
olimpíadas mágicas são uma forma “pacífica” de combate.
A
situação pode ser repentinamente alterada quando um dos combatentes
morre. O duelo conseqüente traz muitas vezes a morte de um dos mágicos.
As lutas, contudo, não são feitas com armas convencionais, mas antes com
poderes mentais. Eles escondem-se debaixo de árvores assombradas, mais
ou menos a 2 km umas das outras. É assim que eles se combatem através de
poderes mágicos.
Caso um desses duelos se alastre para os amigos dos envolvidos, será então
quando começam as guerras.
A guerra de magia de 1968 aconteceu da seguinte forma. Um dos mágicos pediu uma
xícara de café num restaurante Balinês pequeno. O dono do restaurante,
também um mágico, colocou veneno no café. O outro apercebeu-se do que
lhe estavam fazendo e declarou guerra desafiando o dono do restaurante
para um duelo de morte. Chamando os seus amigos para os ajudarem, as
duas facções rivais tomaram os seus postos separados mais ou menos a 2
km. O sinal para a batalha começar consistia em duas luzes que vinham ao
mesmo tempo, uma do leste e outra do oeste. Quando os nativos as viram,
reconheciam-nas como luzes mágicas.
As guerras de magia são quase sempre limitadas a um mês de duração. Os
feiticeiros guerreiam-se durante a noite e dormem durante o dia. Têm por
hábito enviar primeiro os participantes com menos poderes para iniciarem
essas batalhas. Quando recebi este relatório de um pastor local, ele
acrescentou: “seis ou sete pessoas já morreram só nesta batalha, desde
que começou”. No final deste conflito, os dois combatentes principais
enfrentam-se pessoalmente e a guerra termina assim que o oponente mais
fraco sucumbe e morre.
Muitas vezes perguntaram-me se uma guerra mágica não é sinal claro de que o
diabo se encontra dividido contra ele próprio. Não! Quando dois homens
lutam numa arena de boxe, o mais forte vence. Mas, nenhum dos dois deixa
de ser pugilista e ambos continuam pertencendo à mesma profissão.
Antes de sair de Bali, tentei a todo custo saber um pouco mais sobre estas
guerras de magia e, para isso, inquiri um nativo Balinês. Ele mostrou
uma enorme surpresa ao perceber que eu sabia do que estava passando e
perguntou: “como é que você veio a saber coisas sobre esses nossos
assuntos ancestrais? Eles são cuidadosamente mantidos em oculto de todos
os turistas e nós nunca revelamos nossos segredos a estranhos”. Eu não
consegui descobrir mais nada deste homem.
Possessão Demoníaca em Bali.
Seria muito interessante para os filósofos da religião, para os parapsicólogos
e para ministros evangélicos saberem que existem várias formas de
possessão em Bali. Em nenhum outro país na terra achei tantas
diversidades cuidadosamente diferenciadas. Isto dá-nos mais luz sobre
esta “Ilha do Diabo”.
Em
primeiro lugar, existem certas expressões em Balinês que não tem
qualquer significado ético sequer. Referem-se apenas a um estado de
possessão. Nestes tais termos incluem-se Kepangloh, Krangsukan,
Kerauhan. Essas três palavras são meramente usadas para descreverem um
inexplicável estado dos possessos.
Uma
outra expressão, Daratan, tem sua origem numa palavra em Balinês Darati,
a qual significa terra e descreve um tipo de possessão causado por
espíritos da terra.
Kerasucan é usado para descrever um tipo de possessão onde a pessoa é
acometida de um poder exterior a si mesma. É como se uma ‘auréola
invisível’ fosse colocada sobre a vítima.
O termo
Kemidjilan vem da palavra Midjil, a qual significa aparição. Este tipo
de possessão está ligado a uma experiência com alucinações.
A
palavra Bebainan originou-se da expressão Bebei, a qual significa ‘alma
sem redenção’ ou então ‘pequeno demônio’. As pessoas atormentadas por
esta forma de possessão são completamente controladas por ela.
Especialistas Balineses são até capazes de distinguir entre diferentes
tipos de doenças originadas por estas formas de possessão. Isto está
acima daquilo que muitos psiquiatras do mundo ocidental alguma vez
conseguiram fazer. Eu fiquei enormemente surpreendido com os
conhecimentos psiquiátricos destes indígenas, os quais conseguem
distinguir entre possessão Bebainan e a dança do Santo Vitus. Nunca ouvi
falar de um psiquiatra ocidental que fosse capaz de fazer o mesmo e
esses cientistas ocidentais têm, por norma, um ar de superioridade que
levaria alguém a pensar que eles têm o monopólio da sabedoria.
Entre os
fenômenos mais interessantes de possessão existe um conhecido como
Sanghgang Tutut. Isso refere-se a um pedaço de madeira que se crê ter o
poder de proteger uma pessoa. Isto é na realidade uma forma de possessão
animista. Devido ao fato desses nativos acreditarem que todos os
materiais inanimados possuem uma alma, isso leva-os a crer que essas
mesmas coisas possam estar possessas. Do ponto de vista da história
religiosa, isto trata-se obviamente de uma questão de panteísmo, mas
também floresce nos perímetros da cultura cristã. O psiquiatra Dr.
Lechler afirmou que não apenas pessoas, mas também casas poderiam ficar
possessas. E nada menos que o Prof. Jung de Zurique também tem a mesma
opinião. Contudo, nenhum deles ousou tornar públicas as suas opiniões. A
razão eram seus temores de serem tidos como associados na loucura. Isto
foi o que ele me confessou numa conversa em privado em Männedorf. Ele,
contudo, escreveu o prefácio do livro do Dr. F. Moser intitulado
“Fantasmas”. Estes fenômenos que o mundo ocidental tenta escamotear a
qualquer custo são, no entanto, muito familiares aos nativos de Bali.
Os tipos
de possessão acima mencionados não são de maneira nenhuma as únicas
conhecidas em Bali. Isto foi apenas para demonstrar que a possessão
demoníaca e demônios fazem parte do dia a dia de toda a ilha.
Como é
que os cristãos e missionários deveriam enfrentar um problema desta
envergadura? Nós podemos dar um grande suspiro de alívio que em Cristo
todas essas coisas são vencidas e facilmente ultrapassadas. O poder da
sua redenção e a eficácia do Seu sangue que Ele mesmo derramou por nós,
são o suficiente para exterminar qualquer cadeia demoníaca que possamos
vir a encontrar em nosso caminho. Naturalmente que cada cristão e
ministro têm razões mais que suficientes para se alegrarem se Deus
providencialmente prevenir que sejam obrigados a confrontarem-se
diretamente com problemas como estes. Mas, qualquer um que seja chamado
para contribuir para a cura das almas daqueles que são oprimidos através
dos poderes do ocultismo, precisa saber qualquer coisa sobre a batalha
onde se vai envolver. Nós não podemos de maneira nenhuma considerar
pessoas mentalmente doentes como possessas e nem os possessos como
mentalmente doentes. Os erros continuados neste campo não são apenas
achados entre os psiquiatras, mas muito mais entre os ministros do
evangelho. E tais erros levam a avaliações incorretas e a tratamentos
extremamente pobres e inapropriados.
Um outro fator que dará um raio de luz na globalidade da situação em Bali, são as
estatísticas médicas nesta ilha, as quais confirmam que 85% de todos os
doentes desta ilha são doentes neuróticos. Não será isso apenas o outro
lado dos transes induzidos, fenômenos mágicos e demoníacos que ocorrem
por toda ilha?
Cristianismo em Bali
Considerando as circunstâncias que acabamos de descrever, nem nos
poderemos surpreender com o fato de que o cristianismo progrediu muito
pouco em Bali. Dos seus 2.000.000 de habitantes, 6.000 são cristãos
protestantes e 4.000 católicos.
Deve ser levado em conta que entretanto se propagou uma triste combinação entre o
cristianismo e todas as religiões locais. Assim, não apenas temos o
hinduísmo e a adoração da natureza combinados um com o outro, mas também
temos o cristianismo associado à prática de magia na ilha. Isso chegou a
atingir o ponto vergonhoso que até existirem feiticeiros “cristãos”.
Mas, vamos ouvir primeiro algo acerca do desenvolvimento da igreja cristã em
Bali. Recebi minhas informações de vários ministros do evangelho na
área.
Na história do colonialismo holandês, Bali foi a última ilha grande a ser
ocupada por eles. Até ao virar do século, oito reis compartilharam o
governo da ilha entre eles. O genro do presidente do senado real deles
foi o meu intérprete. Ele é, na verdade, um cristão.
Como
esses oito reis se opunham aos holandeses em conjunto, os holandeses não
foram bem sucedidos durante muito tempo na tentativa de tomarem o
controle total da ilha, mesmo havendo estado há mais de trezentos anos
em território indonésio.
A segunda metade do século XIX, um missionário católico estabeleceu-se em
Bali. Ele conseguiu ganhar um único Balinês para sua religião. Este
primeiro cristão, contudo, mais tarde apostatou-se e acabou por matar o
infeliz missionário católico. O rei da região onde vivia este assassino,
desejando agradar aos holandeses, entregou-o para ser julgado conforme
as suas leis. Os colonialistas, preocupando-se pouco com o julgamento,
mandaram fuzilar o assassino. Os Balineses iraram-se devido a este
tratamento aparentemente sumário e arbitrário. O rei mandou dizer aos
holandeses: “Nós não condenamos ninguém sem uma audiência prévia”.
Devido a esta injustiça, uma oposição enorme surgiu. Como resultado,
cerca de 170 holandeses foram sumariamente assassinados pelos Balineses.
A rainha da Holanda reagiu tão severamente contra essa insurreição que
acabou por assinar um decreto-lei, o qual proibia qualquer missionário
de entrar em Bali. Devido a este decreto, nenhuma igreja conseguiu ser
fundada em Bali até 1929 quando uns quantos missionários vindos do leste
de Java entraram secretamente em Bali e acabaram por passar a mensagem
cristã de boca em boca.
Este método de evangelismo não era tão inapto como se pode pensar, pois a
religião Hindu em Bali sempre se centrou em famílias individuais. Desta
maneira, cada família tem o seu próprio local de orações, templos e
altares sacrificiais privados.
O progresso para com a fundação de uma igreja cristã não pôde, no entanto,
ser impedido apesar desse decreto impeditivo. Mesmo porque alguns dos
oficiais colonos holandeses favoreciam o cristianismo em claro desafio
ao decreto existente. E assim, em 1930 uma igreja cristã foi formada. A
igreja em Bali é por isso muito jovem e por assim dizer na sua primeira
geração. Hoje, existem cerca de 25 pastores Balineses em toda a ilha.
A igreja cristã concorre com enormes impedimentos vindos dos costumes
dominantemente pagãos de Bali. Em 1963, contudo, uma enorme oportunidade
foi presenteada aos cristãos. Foi neste ano que o vulcão Agung entrou em
erupção e devastou 12 vilas. Morreram 1500 pessoas. Os Balineses ficaram
muito aturdidos, também devido ao fato de que o seu templo nacional, o
grande Besakih, ficou parcialmente destruído. A sua fé nos seus deuses
ficou muito trêmula e eles tornaram-se muito receptivos à mensagem
cristã, especialmente porque a ajuda do mundo cristão em forma de
dádivas começou a fluir para as áreas devastadas.
Contudo, a igreja não soube usar esta oportunidade extraordinária. Chegaram
tantas dádivas que a organização do corpo de cristãos, ainda pequeno,
não conseguiu administrar. Um ano inteiro foi necessário para distribuir
toda a ajuda que ali chegou. Durante este tempo, as portas abertas
tornaram a fechar-se. A igreja cristã em Bali perdeu a sua grande
oportunidade. A obra social envolvente não deixou vaga para pregação do
evangelho.
A igreja Balinês não é única neste aspecto. Temos muitos paralelos iguais a estes
nas igrejas européias e americanas. Quão frequentemente nossas igrejas
colocam o trabalho social como prioridade, negligenciando todo esforço
evangelístico. As preocupações para com o corpo e o físico empurram para
ao lado todos os cuidados que também deveríamos ter para com as almas
dos que perecem sem serem ajudados a salvarem-se.
A Força da Magia e da Feitiçaria Dentro da Igreja
A igreja de Bali tem o caráter similar a muitas igrejas noutros campos
missionários. Os cristãos que saíram dum ambiente pagão, ou cujos pais
ou avós ainda estejam envolvidos a crenças pagãs, são facilmente
apanhados pela magia e pela feitiçaria. Isto é o que acontece também em
Bali.
Eu tive oportunidade de falar em cinco igrejas diferentes. Quando adverti contra
a bruxaria, uma série de perguntas agitadas surgiram. Um dos presbíteros
da igreja disse-me: “O que devemos fazer quando um de nós for mordido
por uma serpente? Não existem médicos sequer nas redondezas. Estes
curandeiros são os únicos que nos podem livrar de morrer. Por que razão
nós, como cristãos, não podemos ir a um curandeiro Hindu num caso como
este?” Respondendo a esse presbítero eu disse: “Nunca ouviu falar do que
Jesus disse em Marc.16:17 que Ele também cura mordidas de serpentes? E
nunca leu sobre Paulo que foi mordido por uma serpente na ilha de Malta
e nada lhe aconteceu por intervenção direta do Senhor Jesus?” O
presbítero ficou mudo e não me respondeu. Eu prossegui: “Como é que, nós
cristãos, podemos visitar um feiticeiro pagão? Poderíamos fazer isso
caso confiássemos mais no poder do diabo do que no poder de Deus. Mas,
mesmo que Deus não me ajudasse depois de haver sido mordido por uma
serpente venenosa, preferiria morrer a clamar ao diabo por sua ajuda”.
Então contei a toda congregação exemplos de alguns missionários que haviam
sido mordidos por serpentes venenosas e os quais sobreviveram. Um desses
exemplos foi um missionário no Brasil, o qual havia sido mordido por uma
serpente bastante venenosa, sukkru. Os Índios ali presentes com o
missionário afirmaram: “É o teu fim. Não existe cura para a mordida
dessa serpente”. A visão do missionário já estava ficando degradada e
pouco clara. Seu pé inchou tanto que ficou quase do tamanho duma pata de
elefante. Os índios carregaram-no para dentro de uma de suas tendas.
Eles vigiaram ali ao seu lado e ele acabou por ficar inconsciente. Após
alguns minutos o desafortunado homem recuperou sua consciência e em
desespero clamou: “Senhor Jesus, lembra as tuas promessas!” Ele ficou
inconsciente novamente. Mas, foi ali que o poder do veneno quebrou. Em
vez de morrer, o missionário, depois de ter ficado em coma durante algum
tempo, recuperou totalmente. Não surgiram quaisquer seqüelas depois de
sua cura milagrosa devido a esta mordida.
Contei essa história àquela igreja de Bali. Contudo, o dito presbítero mantinha
as suas perguntas. Ele passou a explicar: “Nós temos um homem aqui que,
mesmo não sendo um feiticeiro verdadeiro, tem uma pedra com a qual ele
cura os doentes. Quando estive doente, pedi a este curandeiro a sua
pedra branca, mas devido ao fato de eu ser cristão ele não me emprestou
nem mesmo implorando-lhe. Por que razão isso seria errado de fazer caso
houvesse conseguido usar essa pedra e caso ela possuísse os tais poderes
milagrosos?” Ao que eu respondi: “Você pode dar-se por feliz por não ter
conseguido usar essa pedra! Os efeitos póstumos são dramáticos e
pertencem à esfera da bruxaria e do diabo, mesmo que apenas fossem meros
poderes de sugestão”.
Mas eu não fui capaz de convencer este presbítero nativo. Contudo, no mínimo
consegui que muitos outros presentes ali na igreja nunca mais
recorressem ao poder dos curandeiros hindus.
É de lamentar que a maioria dos pastores nativos não consiga discernir o mal
dessas coisas de bruxaria e, por essa razão, nunca chegam a esclarecer
devidamente as suas congregações dando-lhes uma clara direção sobre
questões do contacto com coisas ocultas.
Numa convenção de ministros em Bali, um dos pastores afirmou possuir poderes
de médium e que estes lhe haviam sido dados por Deus. Seu avô havia sido
um feiticeiro muito esperto e muito temido naquelas redondezas. Tanto
ele quanto seu pai haviam herdado as habilidades de magia de seu avô. E
esses poderes ocultos eram tidos como dádivas de Deus! Uma confusão
completa de opiniões e uma absoluta mistura de espíritos! Contudo, esses
são os homens que presidem às igrejas locais.
Um outro presbítero declarou abertamente perante a igreja lotada: “Eu ainda
possuo todos os meus amuletos e instrumentos de encantamento em minha
casa; mas eu creio que não têm qualquer poder sobre mim porque não
acredito neles, não deposito fé neles”. Eu guiei o homem para At.19:19
onde os Efésios trouxeram todos os seus amuletos e livros de magia e
fizeram uma enorme fogueira com eles. Adverti-o a fazer também o mesmo,
queimando todos os seus objetos de ocultismo porque, com toda certeza,
representariam um sério impedimento em sua vida e uma influência
satânica sobre ele e também sobre sua família inteira até às 3ª e 4ª
gerações. Mas, infelizmente, também não o consegui convencer ou demover
de sua opinião já formada.
Será que nos podemos admirar de que a igreja em Bali ainda não tenha
experimentado um avivamento real igual aos que se estão dando em outras
ilhas Indonésias? A magia e a feitiçaria serão sempre barreiras enormes
que operam contra o evangelho da vida. Nós podemos constatar essa
verdade ainda mais claramente nos avivamentos que ocorreram na ilha de
Timor e noutras também, onde o movimento do Espírito Santo sempre
começou após as pessoas terem reconhecido pelo nome cada pecado e
principalmente cada pecado de feitiçaria, trazendo seus amuletos e
instrumentos de feitiçaria para fora e destruindo-os com fogo diante das
igrejas.
Mas, mesmo assim, a situação nesta “Ilha do Diabo” não é tão negra quanto se
possa pensar. Existem aqui algumas primícias do Espírito que revelam que
o Senhor Jesus deseja claramente fazer progredir uma obra em Bali
também.
Numa outra vila, depois de eu ter discursado durante algum tempo com um
cristão, ele disse-me: “Até bem pouco tempo atrás eu era Hindu. Mas,
desde que comecei a seguir o Senhor Jesus, fui severamente perseguido.
Os habitantes da minha vila perseguem-me de maneiras inconcebíveis. A
minha esposa não pode mais buscar água da fonte pública e eu fui
ameaçado de que não seria enterrado no cemitério da vila porque,
disseram eles, eu cortei todos os laços com a comunidade dessa vila”.
Tentei encorajá-lo o melhor que pude como irmão. Qualquer pessoa que se
torne cristão num ambiente pagão pode contar com perseguições ferozes.
Mas, no entanto, o mesmo se poderá dizer das pessoas que se arranjam com
Deus dentro das igrejas evangélicas do mundo ocidental. A diferença nem
será grande.
No leste
de Java encontrei um outro jovem cristão vindo de Bali. Ele relatou-me a
sua história. Em 1962, um missionário chegou a Bali com uma comitiva de
cristãos para ali trabalharem para Deus durante um tempo. Alguns jovens
rapazes encontraram-se com o Senhor Jesus durante esse período de
campanha evangelística. Três deles estão estudando hoje na Escola
Teológica do leste de Java. (Nota do tradutor: Esta escola foi o centro,
o epicentro e o início do avivamento na Indonésia). Um destes jovens era
a pessoa com quem estava falando e o qual me relatou que não podia mais
entrar na casa de seus pais devido a sua escolha de ter-se tornado
seguidor de Cristo. Os seus pais ainda são pagãos e não estão
minimamente dispostos a tolerarem a decisão irredutível que ele tomou. E
foi assim que a Escola Teológica se tornou na sua nova casa e seu novo
lar.
Mas
agora e nesta fase, Bali já se poderá gloriar de mais e de melhores
primícias do que as que acabamos de mencionar. Existe um número de
cristãos espalhados pela ilha, os quais conseguiram escapar e
libertar-se dos poderes opressores do ocultismo de seus antepassados. É
verdade que existem muitos poucos crentes reais, mas um deles é o Pastor
Joseph, o qual organizou toda a minha campanha e palestras pela ilha.
Estes
cristãos, os quais encontram-se numa minoria tão evidente, tornaram-se
realmente os combatentes pioneiros que levam Cristo sobre seus ombros
dentro desta ilha. Eles não se desesperam e nem se nota qualquer sinal
de angústia nos seus rostos. O Senhor Jesus sempre construiu o seu reino
através de pequenas sementes de mostarda. Se esses indivíduos, que são a
vanguarda de Cristo nesta ilha, permanecerem fiéis, o seu número nunca
permanecerá pequeno. Será precisamente aqui nesta fortaleza das trevas –
este paraíso de demônios – que esta ilha poderá vir a tornar-se a Ilha
de Cristo e não mais a Ilha do Diabo.
V. JOHN SUNG
Ninguém
deve ignorar a obra de dois evangelistas caso queiram escrever sobre o
avivamento que decorre atualmente na Indonésia. Estes dois evangelistas
fizeram nos últimos 30 anos variadíssimos cultos em grande escala dentro
de Java. São dois apóstolos de Deus: John Sung e Andrew Gih. Eles eram
particularmente amigos que de início começaram por trabalhar juntos,
mas, a longo prazo, desenvolveram métodos evangelísticos individuais.
Ambos eram oriundos da China e ambos estenderam as suas obras para
dentro dos países que faziam fronteira com o seu. Entre os chineses
dentro da Indonésia existem hoje muitos cristãos genuínos que podem
afirmar que devem a qualidade da sua fé às campanhas destes dois homens.
Em Jacarta o Dr. Toah disse-me que esses dois evangelistas chineses
trouxeram mais chineses a Cristo do que todos os outros evangelistas
estrangeiros em conjunto da história da China. Vamos, em primeira-mão,
relatar a história de John Sung, o qual começou a sua obra em Java antes
de Andrew Gih.
O Pequeno Pastor
Sem entrarmos em detalhes biográficos sem interesse, vamos no mínimo tentar
dar uma imagem correta da vida e da obra de John Sung no seu tempo. A
lâmpada deste homem excepcional brilhou durante cerca de 43 anos; desde
1901 até 1944. Deus deu-lhe uma plenitude de poder do Espírito Santo que
eu nunca consegui detectar em nenhum outro evangelista do nosso século.
Isto não é nenhum exagero sequer, mas é a minha firme convicção.
Havendo nascido e tendo sido criado em Hinghwa, John estava presente quando com
nove anos de idade um avivamento começou na igreja de Hinghwa. Mesmo
sendo ainda uma criança nessa época, ele foi literalmente quebrantado em
lágrimas e experimentou uma definitiva e genuína conversão.
Logo desde o início da sua vida com Cristo, a oração tornou-se o ponto alto
da sua vida espiritual. Quando, durante esses anos, seu pai ficou
criticamente doente e foi dado como perdido por sua própria família, a
desesperada mãe de John, a qual já não conseguia mais orar devido à sua
angústia, disse-lhe: “Vai para o teu quarto orar por papai. Deus ouve
orações”. John lançou-se sobre os seus joelhos e orou ardentemente pela
vida do seu pai. Como resultado e apesar de todos os pontos de vista e
expectativas dos médicos em sentido contrário, seu pai recuperou sua
saúde milagrosamente. Esta foi a segunda resposta que ele obteve em toda
sua vida como um jovem guerreiro do seu Senhor.
Durante o avivamento em Hinghwa, o pai de John tornou-se o líder dos pastores da
cidade e logo se esgotou sob o jugo e o peso de toda a sua obra. Ele
designou pregadores itinerantes, os quais usava para pregarem nas
igrejas circundantes em sistema rotativo. John logo tomou o seu lugar
entre estes mensageiros de Cristo, mesmo sendo de longe o mais jovem de
todos eles. Ele já ministrava sermões conscientemente preparados e
delineados na tenra idade de 14 anos. Quando seu pai se tornou incapaz
de continuar o seu trabalho devido à pressão da obra sobre si, John
passou a substituí-lo muito bem. As congregações amavam a sua forma
simples de pregar devido ao seu estilo vívido e simples de entrega das
mensagens. Já por essa altura, cristãos bem estabelecidos em Cristos
ficavam a pensar: “O que vai ser este menino?” Luc.1:66.
Na vida de todos os homens verdadeiros de Deus, podemos quase sempre detectar a
mão providencial e atuante de seu Criador. Isto é algo que também pode
ser visto na vida de John Sung. Como rapaz na escola ele já chamava a
atenção sobre si devido à facilidade que tinha para estudar e para a sua
incansável sede de empreender e trabalhar. Assim, ninguém se deve
surpreender que este jovem zeloso colocasse uma educação universitária
como alvo diante dos seus olhos. Contudo, porque a China de então tinha
uma grande instabilidade e guerrilhas desde 1919, ele começou a pensar
entrar numa universidade Americana.
Mas vários obstáculos e impedimentos colocaram-se diante dos seus planos.
Quem pagaria a sua viagem? Quem seriam os seus tutores durante a sua
estadia nos Estados Unidos? E a parte mais difícil de todas, era que
John tinha uma infecção nos olhos tipicamente chinesa, a qual lhe
impediria sem dúvida a sua ida para a América! Um quarto tropeço era o
seu próprio pai que se opunha às suas idéias de viajante. Eram quatro
tropeços enormes demais para serem vencidos.
Mas pode alguma coisa ser impossível a Deus? John entregou-se à oração. Este era
o curso que ele sempre tomava em alturas como esta. Deus deu-lhe a
primeira resposta na forma de uma carta. Uma missionária americana, a
qual nada sabia sobre seus planos, escreveu-lhe para encorajá-lo e
aconselhá-lo a estudar nos Estados Unidos, dizendo que se ele assim
desejasse ela seria sua tutora durante a sua estadia no país. Ele ficou
enormemente alegre e mostrou a carta a seu pai e perguntou-lhe: “Não é
isso, por acaso, a resposta de Deus?” Seguindo-se a esta primeira
vitória conseguida, muitos donativos de dinheiro começaram a chegar de
várias origens, que não apenas cobriam todas as suas despesas, mas
também permitiriam que ele levasse consigo uma reserva financeira para
cobrir as suas despesas iniciais na América. A ajuda para a infecção das
suas pálpebras chegou inesperadamente de uma outra fonte. Enquanto
cortava o cabelo, o barbeiro notou a infecção e ofereceu-se para
limpa-lhe o interior das pálpebras com um osso revestido de prata e
lavá-lo de seguida. John aceitou. Este processo penoso foi realizado
nele várias vezes até que a infecção ficou totalmente curada.
Finalmente, também seu pai lhe deu o seu consentimento para partir. Isto
foi apenas o início da obra do “Grande Arquiteto” que, pela sua
misericórdia, capacita sempre os seus apóstolos e filhos de tal maneira
que consigam alcançar sempre os Seus objetivos.
A crise
Esta nova vida na América foi tudo menos fácil. Sua saúde era delicada, sua
falta de dinheiro era contínua e uma cirurgia que ele não pode evitar
contribuiu para que ele permanecesse firme em oração. A missionária
americana também não cumpriu a promessa que lhe havia feito. Esta forma
de atuar dos cristãos ocidentais sempre foi um grande vexame para muitos
novos crentes, pois tudo que é promessa é tratado com muita banalidade.
Mas, para John, isso significava simplesmente que ele teria a
oportunidade de se agarrar e de se firmar nas melhores promessas que a
Bíblia lhe fazia.
Apesar dessas dificuldades tremendas, John progrediu de tal maneira em seus
estudos que qualquer um ficaria pasmado diante do seu sucesso. Em apenas
três anos ele concluiu um programa curricular de cinco anos. Mais ainda,
ele encontrava-se sempre no topo das melhores notas da universidade.
Para além de ter conseguido receber os prêmios que se ganhavam no campo
da física e da química, também lhe foi dada uma medalha de ouro devido
ao seu aproveitamento nesse ano. Quando ele finalmente recebeu a sua
graduação, todos os jornais fizeram reportagens que lisonjeavam este
brilhante e talentoso jovem chinês. Três universidades tentaram
assediá-lo para lecionar. A mundialmente famosa Universidade Harvard
ofereceu-lhe mil dólares anuais se ele entendesse alistar-se entre os
seus professores, uma soma que em valor monetário atual seria invulgar.
Contudo, John ficou-se pela oferta mais modesta da Universidade Estadual
de Ohio.
Por esta
altura o estudante esfomeado por conhecimento aplicou-se em obter
Doutoramento e Ph.D. em química. Mas, como nessa altura a química alemã
era a mais avançada, John pensou aprender a língua para poder ter acesso
aos livros científicos alemães. Durante as suas férias ele embrenhou-se
no estudo desta língua estranha e em apenas dois meses conseguiu
dominá-la de tal maneira que foi capaz de traduzir para o inglês um
livro complicadíssimo de química. O professor que revisou a tradução
pensou que ele tivesse estudado alemão durante anos. O que um homem
normal poderia levar dois anos a conseguir, John conseguiu em apenas
dois meses. Uma vez mais, este feito causou um grande reboliço nos meios
americanos. Ele foi atormentado e assediado por prêmios e convites.
Durante este tempo, até mesmo a Universidade de Pequim tomou
conhecimento do sucesso desse seu compatriota e chegou a oferece-lhe o
título de Ph.D. Contudo, o convite que maior atração exerceu sobre ele,
chegou-lhe da Alemanha, local onde os serviços deste químico
extraordinariamente talentoso eram muito desejados. Uma equipe de
cientistas propôs um posto de pesquisa com condições financeiras
invejáveis.
O Dr.
Sung, como ele era conhecido agora, orava incessantemente sobre o passo
seguinte. Como resposta o Senhor conduziu-o para as palavras em
Mat.16.26: “Que proveito tem o homem em ganhar todo o mundo se perder a
sua alma?” Os seus pensamentos foram imediatamente recolocados no seu
plano e voto iniciais. Ele tinha apenas a intenção de estudar
temporariamente na América e voltar para China como pregador do
evangelho. Foi então que decidiu ir estudar teologia no Seminário
Teológico durante certo tempo. Foi desta forma que ele chegou –
certamente guiado por Deus – ao seminário da União Teológica de Nova
Iorque, muito conhecida pela sua teologia liberal.
E foi
assim, também, que ele começou a sua preparação final para a obra diante
de si, através da qual proclamaria o reino de Deus. Mas, os ensinos
desta escola iriam levá-lo a afundar-se sobre os seus joelhos de forma
implacável.
A causa
principal para esse colapso foi a teologia ensinada neste colégio. Cada
problema ou obscuridade na Bíblia era discutida a luz da razão humana.
Apenas aquilo que pudesse manter-se aos escrutínios da lógica era aceite
como verdadeiro. A fé em Cristo como propiciação para os nossos pecados;
a validade dos milagres; a ressurreição; a ascensão e a segunda vinda de
Cristo eram banalizadas por carecerem de provas científicas. Tendo sido
servido com esta dieta magra, o Dr. Sung perdeu toda a sua fé e foi
empurrado para uma crise interior e para uma fase muito crítica da sua
vida. Ele disse para si mesmo: “Tudo aquilo em que acreditei
naturalmente até agora foi-me roubado. Não posso continuar a viver neste
estado. Ou a minha vida termina, ou então Deus precisa dar-me outra
maneira de vivê-la através do Seu Espírito”.
Deus
ouviu o clamor do seu coração uma vez mais. Durante a noite de 10 de
Fevereiro de 1926, o Senhor apareceu-lhe. Estando sob o peso infernal do
jugo do seu pecado, o Dr. Sung clamou ao Senhor orando e chorando até
muito tarde daquela noite. De repente, ele ouviu uma voz dizendo-lhe:
“Meu filho os teus pecados te são perdoados”. Com isto a sua alma foi
repentinamente preenchida de luz. Mesmo sendo noite escura, alcançou a
sua Bíblia e começou a ler os evangelhos de uma maneira tal como nunca
havia feito.
Na manhã
seguinte todos os outros estudantes e professores notaram de imediato a
transformação no seu semblante. O Dr. Sung também não tinha qualquer
intenção de manter a sua nova experiência em segredo. Onde lhe fosse
possível, ele dava testemunho do Senhor Jesus Cristo abertamente e o seu
jeito abrupto de se exprimir causou logo reboliço dentro da escola.
Mesmo porque desde criança ele havia sido uma pessoa de visão muito
clara e de decisões muito radicais e bruscas que duravam para sempre.
Passou a
descrever os seus livros de teologia como livros de demônios e,
queimando-os, dedicou-se integralmente e exclusivamente ao estudo
aprofundado da Bíblia e à oração. Os seus professores liberais ficaram
extremamente chocados com esta sua maneira brusca e condenaram-no
veementemente pela forma como catalogou a teologia deles. De imediato,
imploram-lhe para se submeter a um exame psiquiátrico extensivo.
Isto é
típico! Em primeiro lugar estes racionalistas destroem a fé dum homem e
depois, quando ele se encontra completamente desfalcado e nu e acha o
Senhor Jesus, é considerado como um doente mental e colocado no
hospício. Eu tenho a sincera esperança de que, apesar de sua teologia,
estes teólogos modernos possam vir a aperceber-se do seu grande erro e
chegar tão perto do Senhor Jesus que ainda serem salvos. Eu gostaria de
ver as suas expressões quando um dia se aperceberem de que a sua
teologia é diabólica e serve apenas os interesses do diabo na terra.
Na
história de José lemos o que ele afirma: “Vocês intentaram mal contra
mim; mas Deus o tornou em bem”, Gen.50:20. Isto também foi o que
aconteceu com o Dr. Sung. Aquilo que o seminário da União Teológica
intentou contra ele, transformou-se subitamente no propósito de Deus
para o Seu filho.
O Dr.
Sung foi aconselhado a “descansar” durante seis semanas e ele concordou,
embora com algum protesto. Contudo, depois desse prazo de seis semanas
haver expirado, ele pediu permissão para voltar ao seminário. Mas,
foi-lhe dito expressamente que não voltaria mais para lá. Foi então que
o seu temperamento aguçado explodiu: “Eu fui enganado! Eu não estou
mentalmente doente, mesmo levando em conta que meu coração foi
completamente esmagado por esta vossa teologia miserável, a qual me foi
servida no vosso seminário. Nem com ela eu fiquei louco!” Este desabafo
energético levou o psiquiatra a transferi-lo para uma sala para
pacientes violentos. Esta foi uma das piores experiências da vida de
Sung, tendo sido obrigado a passar os seus dias e noites numa mesma sala
com maníacos depressivos, violentos e que usavam continuamente palavrões
indecentes para se expressarem!
Mas, uma
vez mais ele inquiriu do Senhor o que isso significava. A resposta
chegou de imediato: “Todas as coisas contribuem conjuntamente para o bem
daqueles que amam a Deus”. Foi então que o Dr. Sung recebeu uma outra
mensagem pessoal do seu Senhor e Rei. Foi-lhe dito: “precisas suportar o
tratamento durante 193 dias. Será deste modo que aprenderás a suportar a
cruz que te vou dar para poderes aprender a carreira de obediência até o
Gólgota”.
Com esta
resposta John Sung contentou-se e sossegou de imediato seu coração.
Ficou sabendo que era a vontade de Deus para si e que tudo que poderia
fazer era esperar com a certeza que acabaria saindo e que estava dentro
da vontade de Deus. O psiquiatra autorizou-o a regressar para seu quarto
privado inicial. Ali, o Dr. Sung teve bastante tempo para orar e
explorar a sua Bíblia. Ele leu avidamente muitos capítulos por dia. Mais
tarde ele comentou: “Essa foi minha verdadeira formação teológica!” Ele
leu a Bíblia quarenta vezes durante este tempo de descanso forçado. Mas,
não havia contado nada a ninguém sobre a promessa que Deus lhe fizera de
tirá-lo dali em 193 dias. Mas, o fato é que 193 dias depois deram-lhe
alta da clínica psiquiátrica. Isto apenas prova que a mensagem que ele
recebeu tinha realmente vindo de Deus e não havia sido fruto da sua
imaginação. Dr. Sung estava agora devidamente armado para as suas
campanhas evangelísticas na China.
Nós
cruzamos frequentemente com períodos de quietude como estes e
verificamos que todos os instrumentos especiais de Deus passam sempre
por eles. José ficou dois anos na prisão; Moisés passou 40 anos no
deserto de Midiã; Elias ficou escondido no ribeiro de Querite; Jeremias
achou-se sozinho na prisão muitas vezes e uma vez dentro do poço; João
Batista esteve na montanha-fortaleza de Machaerus. Lutero em Wartburg
até seu tempo haver chegado.
Estes tempos de solidão fazem parte do programa curricular da escola de Deus.
O Wesley da China
O seminário da União Teológica já há muito tempo que havia removido da sua
lista de estudantes o nome de Dr. Sung. Não queriam mais nada com ele
desde que queimou os seus livros. Mas, o coração de John estava apontado
para a China e foi, em 4 de Outubro de 1927, que ele saiu de Seattle
para Xangai.
Assim
que o Dr. Sung chegou à sua pátria e tendo-se reunido à sua família que
não via há 7 anos, descobriu que havia um pequeno pormenor ainda por
esclarecer. O seu pai disse: “Filho, eu sempre fui um pregador pobre.
Espero agora que tomes um lugar para ti na universidade para assim
ajudares a pagar a educação dos teus irmãos”. John temia que isso viesse
acontecer precisamente daquele jeito. Mas, a sua resposta a seu pai foi
imediata: “Pai a minha vida foi dedicada a espalhar o evangelho da
verdade. Eu estou morto para o mundo, para vocês e para mim mesmo
também. Nunca terei a possibilidade de tomar outro caminho pelo qual
possa seguir”. E foi assim que o curso de toda sua existência ficou
permanentemente selado.
Foi
então que em Maio de 1928 Dr. Sung se encontrou com Andrew Gih pela
primeira vez. Ambos ficaram com a consciência de que a vida de um e do
outro iriam tomar caminhos particularmente similares. Para ambos, era
apenas uma questão absoluta de estarem completamente rendidos ao seu
Senhor com o único propósito de espalharem o evangelho tal qual o
Espírito Santo os levasse a fazer.
De
início, esses dois homens trabalharam em conjunto. Andrew Gih muitas
vezes servia de intérprete ao Dr. Sung nos distritos onde os seus
dialetos não lhe eram familiares.
O
primeiro encontro do Dr. Sung com o movimento das línguas estranhas
provou ser significante e bastante esclarecedor. Isso ocorreu no porto
de Tsingtau. Foi ali onde teve que se questionar sobre os dons do
Espírito. O movimento “carismático” neste porto, com um tipo de
população que se alterava constantemente, era bastante forte. Os seus
seguidores afirmavam afincadamente que a plenitude do Espírito Santo se
manifestaria através de sinais exteriores como línguas estranhas,
canções espirituais, visões e sonhos. O Dr. Sung entrou numa
argumentação bastante quente sobre este assunto sem se dar conta. Ele
ficou confuso e foi então que decidiu não pregar mais e ficar somente a
ouvir Andrew Gih. Orando incessantemente por clarividência não seria de
admirar que o Senhor lhe concedesse uma vez mais a resposta.
Andrew
Gih estava pregando sobre João 4 e falando sobre a água da vida que
Jesus estava oferecendo à mulher samaritana. A resposta que ele queria
do Senhor veio com uma revelação muito clara. Mais tarde John comentou-a
resumidamente: “A bênção de Deus e a plenitude do Espírito Santo nunca
consistem numa procura de línguas estranhas e nem de quaisquer
manifestações exteriores, mas em tornamo-nos rios incondicionalmente
puros para que essas águas da vida do Espírito Santo possam ter como
fluir livremente a todas as almas sedentas à nossa volta”.
A partir
desse momento Dr. Sung começou a pregar claramente através de uma nova
força e poder. Não poucas vezes ele orava: “Senhor purifica-me e
transforma-me de tal maneira que as águas vivas possam brotar de mim
como as quedas e correntes do Niagara”.
Por onde
que ele fosse havia um avivamento real e genuíno: homens reconhecendo
publicamente seus pecados; inimigos reconciliando-se os com os outros;
bens roubados sendo devolvidos aos seus respectivos donos com
confissões; professores confessando os seus pecados aos próprios alunos
e colegas. Mas, o melhor de tudo era que em cada campanha missionária
que ele fazia formavam-se comitivas para levar o evangelho até às vilas
e aldeias vizinhas. Não poucas vezes após uma única campanha entre
sessenta a cem dessas comitivas eram formadas da noite para o dia.
O Dr.
Sung tinha um “mestrado” em ilustrações e as usava as suas mensagens.
Quando uma vez pregava como um pecado deveria ser arrancado sem dó pela
própria raiz, ele dirigiu-se a uns vasos que continham plantas na
plataforma, despedaçando uma a uma e arrancando-as pela raiz e proclamou
de seguida de todo coração: “Agora não poderão mais crescer! É assim que
o pecado deve ser arrancado de nós”.
Uma
outra vez estava falando sobre Rom.6:23 onde se lê que “o salário do
pecado é a morte”. Tinha um caixão pequeno perto do local onde pregava e
um grande número de pedras foram-lhe trazidas para plataforma de onde
discursava. Ele exclamava: “O caixão representa a morte. As pedras
simbolizam o pecado”. E com isso Dr. Sung começou a chamar os pecados
pelo nome e, por cada pecado que mencionava, atirava uma pedra para
dentro do caixão. O evangelista passou a explicar o significado de tudo
aquilo: “Cada homem carrega com ele um caixão e à medida que o caixão se
vai enchendo de pedras, o interior torna-se cada vez mais pesado e
insuportável. A pessoa em questão fica com seu interior sobrecarregado e
em breve será esmagada sob o peso do fardo”.
Em
outras ocasiões ele usava a seguinte ilustração quando se dirigia aos
pastores de congregações. Ele tinha um ajudante que lhe trazia um fogão
a carvão para cima da plataforma. Em seguida, ele pedia de forma audível
uns pedaços de carvões pequenos os quais lançava para dentro do fogo
juntamente com um pedaço de carvão enorme. Dez minutos depois, ele
perguntava ao seu assistente sobre o progresso do fogo: “O que se passa
dentro do fogão?” a resposta vinha: “Os carvões pequenos estão todos
queimando e em chama viva. Mas, o pedaço grande está difícil!” Dr. Sung
resumiria então a sua mensagem: “Os pedaços de carvões pequenos são os
membros das congregações e o pedaço grande é como os pastores dessas
mesmas congregações. Os pastores são sempre os últimos a pegarem fogo”.
Só podemos imaginar como uma exemplificação dessas irritava os ministros
das igrejas, os quais não morriam muito de amores por ele. Contudo, eram
esses próprios ministros que no final dos seus esforços missionários
vinham ter com ele reconhecendo que os membros das igrejas muitas vezes
chegavam a triplicar.
No
decorrer das suas pregações, o Dr. Sung muitas vezes usava dons
proféticos. Uma vez apontou para um indivíduo no meio duma multidão com
mais de 1000 pessoas e disse: “Você é um hipócrita! Arranje os seus
caminhos com Deus”. A pessoa para quem ele apontou era um presbítero da
igreja, o qual ficou achando que o seu próprio pastor se havia queixado
sobre ele ao Dr. Sung. Mas, no outro dia o presbítero foi-se sentar num
local completamente diferente na enorme sala. Foi no meio do seu sermão
que o evangelista uma vez mais apontou em direcção ao presbítero,
dizendo-lhe: “Você é um hipócrita”. Quando o Dr. Sung fez a mesma coisa
uma terceira vez num outro culto, o presbítero ficou enfurecido e
decidiu arranjar forma de matar o seu pastor, pois achava que havia sido
ele a falar ao Dr. Sung. Convidou o seu pastor para uma refeição em sua
casa. O pastor da respectiva congregação foi, contudo, avisado a não se
arriscar. Mas, mesmo este fiel irmão resolveu ir visitar o presbítero.
Conforme ia entrando em sua casa, aquele homem atirou-se a ele com um
facão e na sua fúria levantou o seu braço para lhe dar o golpe fatal.
Reagindo quase instintivamente, o pastor caiu sobre os seus joelhos sem
ligar muito ao facão e clamou: “Senhor salva este homem!” O facão passou
por cima da sua cabeça e entrou na parede. E o facão quebrou-se. Foi
nesse preciso instante que o espírito de arrependimento caiu sobre o
presbítero. Afundando-se nos seus joelhos ao lado do pastor, ele
suplicou a Deus por perdão, entregando assim a sua vida a Cristo logo
ali. Este é apenas um exemplo dos resultados práticos das palavras
drásticas deste evangelista.
Num
curto período de tempo, de 1931 a 1935, o Dr. Sung tornou-se numa das
figuras mais conhecidas da China. Os cristãos deram-lhe o apelido de “O
homem que quebra o gelo”. No jornal National Christian Council, o Dr.
Sung foi colocado como sendo uma das seis personalidades mais conhecidas
em toda China. Este país, com muitos milhões de habitantes, nunca
possuiu um evangelista com este tipo poder. Por esta razão
catalogaram-no como “John Wesley da China”.
Os Frutos da sua Obra
O
cristianismo no mundo ocidental e, na verdade, em todo mundo, é marcante
e destaca-se precisamente devido às suas muitas deficiências. O número
de conversões genuínas é muito reduzido ou quase nulo e existem mesmo
pastores que durante um ministério de 40 anos ou mais nunca obtiveram
uma única conversão ou um caso de confissão de pecados. De facto, as
conversões são basicamente uma obra pura do Espírito Santo. No entanto,
Ele usa homens como seus instrumentos para tal efeito.
A falta
dessas conversões significa, também, que existirão muito poucos jovens
oferecendo-se ao Senhor como conseqüência, para servirem como Seus
instrumentos tanto internamente quanto no estrangeiro. A outra
deficiência é a falta de recursos que acabam sempre por se evidenciar na
obra cristã. Consequentemente, a igreja permanece numa mendicidade de
coletas de fundos, achando-se a pedir, quando tal coisa nem deveria
fazer parte dum culto. A Bíblia também é pouco lida entre os homens e os
que a lêem não a entendem tal qual Deus desejaria e nem entendem o Deus
a quem pertencem todos os tesouros desta terra.
Como é
que este tipo de situação afetava o Dr. Sung?
Vamos
tomar como exemplo as suas três campanhas missionárias nas cidades de
Taipeh, Taitschung e Taiwan, na Ilha Formosa. Só no final dessas três
campanhas, das quais nenhuma foi dirigida da mesma maneira que as
organizações americanas o fazem através da publicidade e da emotividade,
cerca de 5.000 pessoas reconheciam publicamente haver-se encontrado de
forma real com o Senhor Jesus Cristo. Quatrocentos e sessenta jovens
ofereceram-se para a obra missionária e cerca de 4.000 dólares entraram
como ofertas espontâneas juntamente com pedras preciosas e até anéis de
ouro. O Dr. Sung não ficou com nenhum centavo daquilo que recebeu. Todas
as ofertas foram bem usadas na manutenção de evangelistas fundadores de
igrejas e não serviu nem sequer para comprar umas linhas para coserem os
seus bolsos. Este homem era totalmente indiferente ao dinheiro e o
incidente que se segue é bastante elucidativo sobre isso.
Um
empresário rico visitou-o e ofereceu-lhe uma enorme soma de dinheiro. O
Dr. Sung nunca tinha visto o homem. Olhando diretamente e sem pestanejar
para os olhos do seu interlocutor, ele disse calmamente: “O Senhor Jesus
não quer nem um tostão de todo seu dinheiro. Ele só quer a sua alma”. De
seguida lançou o dinheiro aos pés do homem e nunca aceitou nada dele.
Sempre
que o Espírito Santo mantém as rédeas da vida numa pessoa, apenas a
salvação dos homens conta e não aquilo que se pode acumular. Jesus
disse: “Buscai primeiro o reino de Deus e todas essas coisas vos serão
acrescentadas”.
Obra Pioneira na Indonésia
Isto foi apenas uma breve biografia sobre Dr. Sung. Ela foi aqui colocada por
duas razões. Em primeiro lugar, os cristãos no mundo ocidental, para
quem esse homem é completamente desconhecido, devem partilhar da glória
que Deus lhe manifestou durante o seu curto período de vida. Em segundo
lugar, podemos ter a certeza de que o avivamento presente na Indonésia
não é o primeiro que tinha aquela autoridade duma verdadeira mensagem do
evangelho dada por Cristo. As ondas de avivamento causaram grande
reboliço dentro do Dr. Sung e elas tornaram-se tão poderosas nestas
ilhas quanto são hoje. A única razão porque elas não se espalharam tanto
quanto se estão espalhado hoje, será porque aquele servo de Deus não
permanecia nestas ilhas mais que algumas poucas semanas. Também deve ser
referido e lembrado que o alvo das suas campanhas missionárias dentro da
Indonésia, eram as comunidades chinesas que ali vivam.
Em
conjunto, o Dr. Sung visitou a Indonésia quatro vezes. Em 1935 ele
evangelizou a igreja chinesa de Medan no norte de Sumatra. Esta
comunidade foi inteiramente revitalizada através do seu ministério.
Em 1936
o evangelista chegou até Sarawak no norte de Bornéu. Tanto na parte
britânica como na parte Indonésia desta ilha, existem grandes
comunidades chinesas. A campanha deu-se em Sibu (Sarawaka). No decurso
dos dez dias missionários, cerca de 1600 chineses acharam o seu caminho
até Cristo e mais de 100 ofereceram-se para a obra voluntária de
propagarem o reino de Deus. Acrescentando a isso, 116 comitivas foram
formadas para pregarem nas vilas circundantes e levarem até lá o fogo do
evangelho. Se levarmos em consideração que um evangelista europeu muitas
vezes trabalha durante 40 anos alcançando resultados iguais ou
inferiores a este alcançado em apenas 10 dias de campanha, logo
tomaremos a consciência de que algo de muito errado se passa com estes
desnutridos evangelistas ocidentais. A obra dessas comitivas que se
formaram, as quais mantiveram as suas obras constantes e o seu
testemunho bem vivo apesar da ocupação japonesa que se deu depois disso,
é bastante significativo. A sua obra prosseguiu firme e clara mesmo no
meio da confusão da guerra e das guerrilhas.
A
terceira visita do Dr. Sung foi feita à ilha de Java em Janeiro de 1939.
Em Setembro desse mesmo ano, ele visitou a ilha novamente, estendendo os
seus esforços missionários para as ilhas Celebes e Moluccas. Já iremos
falar sobre este assunto para termos uma perspectiva melhor sobre esta
graça excepcional e sem igual para com este país feito de ilhas.
A Exigência Total do Evangelho
A reputação do Dr. Sung como um grande evangelista já havia alcançado Java
mesmo antes da sua chegada. No entanto, todas as pessoas que se reuniram
em Surabaja para a sua primeira palestra, ficaram completamente
abismadas com este homenzinho pequeno, magro e vestido numa túnica
chinesa pregando diante deles. Eles tinham uma imagem deste Wesley da
China completamente diferente. Contudo, um sermão depois, eles mudaram
de idéias, pois foi o suficiente para os levarem a reconsiderar as suas
opiniões e impressões iniciais apressadas. Tudo sobre este homem simples
e mal vestido era energia revitalizante e poder.
Logo na
sua primeira noite foram-lhes colocadas as suas exigências que fez em
nome de Deus. Discursando perante a platéia ele disse: “Eu tenho 22
mensagens para vos entregar nesta semana. Isto significa que eu tenho
que fazer três cultos diários e também quer dizer que todos vós ireis
ter que estar aqui presentes e assistir a todos. De outro modo nunca
irão descobrir quais as mensagens que Deus teria para vos entregar para
vos desafiar com elas”.
Uma
murmuração generalizada ouviu-se percorrendo toda a igreja: “O que será
de nós? Precisamo-nos afastar dos nossos trabalhos e virmos a igreja o
dia todo?” Os pastores todos avisaram John para não ser assim tão
exigente, mas o Dr. Sung persistiu como se nada fosse com ele. E ele
estava certo. Os seus discursos foram tão poderosos e tão simples em seu
gênero de poder que pouquíssimas horas depois não era mais necessário
insistir com as pessoas para virem assistir à suas palestras. Os
lojistas chineses fecharam as suas lojas todas só para virem ouvir este
evangelista pregar. Eles penduravam nas portas das suas lojas avisos que
diziam o seguinte: “Fechados por uma semana – estamos na campanha
missionária”.
O
avivamento espalhou-se mais longe ainda e com mais força. As crianças na
escola deixaram de freqüentar as aulas. Eles também ficavam ali sentados
o dia todo a ouvirem o Dr. Sung sem se cansarem. E os professores nem se
queixaram porque também se encontravam lá todos.
Contudo,
aos olhos do Dr. Sung isto não bastava. Mesmo que as ditas campanhas
durassem cerca de oito horas diárias, o evangelista ainda assim
instigava os jovens com as seguintes palavras: “Nem pensem que seguir o
Senhor Jesus é sentir esta paz de coração somente e ficar com o coração
ardendo. Existem milhões de perdidos à vossa volta que não conhecem o
Senhor Jesus como vós. Ide e levem este evangelho para eles também”. Os
jovens formavam comitivas organizadas em grupos de três pessoas. E
saindo pelas ruas e pelos bares e locais de entretenimento que haviam
freqüentado assiduamente na sua vida anterior, espalharam a mensagem
gloriosa que lhes queimava o coração e transbordava para o exterior.
Durante
os dias seguintes, muitos trouxeram frutos e relatos da bênção enorme
com a qual Deus manifestou através das suas obras.
Esta
forma de atuar em grupos e comitivas que espalhavam o evangelho na
Indonésia pode ser vista já desde o tempo do Dr. Sung. O que se faz é o
trabalho através de grupos.
Todos
aqueles que assistiam aos seus discursos missionários em Surabaja,
certamente ficavam sem tempo extra. Desde manhã até à noite ficavam
absorvidos, escutando o evangelho, pregando e organizando os grupos que
partiam em missões.
Mas qual
era a vida diária deste evangelista que fazia exigências totais às
pessoas?
O seu
dia normal era levantar-se às cinco horas da manhã para orar e ler
estudar as Escrituras várias horas. Então, conforme acontecia em
Surabaja, às nove horas da manhã havia um culto que se destinava somente
aos doentes e enfermos, o qual durava cerca de uma hora. Só depois disto
chegavam as três mensagens diárias, durando um mínimo de duas horas
cada. Também lhes chegavam muitas cartas as quais ele precisava
responder. Porque ele passava o dia pregando, havia muito pouco tempo
para fazer um trabalho pessoal de aconselhamento. Por essa razão ele
encorajava os seus ouvintes a escreverem-lhe e relatarem desse modo as
suas necessidades espirituais. Ele também pedia aos novos convertidos
uma pequena fotografia através da qual tentaria recordá-los em oração.
Quase sempre, sua hora para se deitar, era depois da meia-noite, depois
de haver terminado de escrever os seus apontamentos também. Isto
deixava-lhe poucas horas de sono até o seu novo dia de trabalho começar.
Mesmo
após uma semana destas de evangelização haver terminado, ele não tinha
pausa para descanso. Ele pregava literalmente durante quatro semanas por
mês. Os seus únicos dias livres eram aqueles que passava viajando e
deslocando-se de um lado para o outro.
As Pregações
O Dr. Sung não tinha como hábito basear os seus sermões num tema ou num texto
apenas. Ele pregava passando os seus pensamentos pela Bíblia inteira,
versículo a versículo. A sua aproximação para com cada passagem das
Escrituras, contudo, era tão variada que muitos o comparariam a
Spurgeon. As suas pregações eram o preciso espelho expressivo de tudo
aquilo que ele experimentava nos seus estudos privados da Bíblia. Nós já
mencionamos como ele queimou todos os seus livros teológicos na América
catalogando-os de ‘Livros de Demônios’. Foi desde então que a Bíblia
tomou o primeiro lugar na sua vida e foi também desde ai que ele ganhou
o hábito de ler no mínimo de 10 ou 11 capítulos nos seus joelhos
diariamente, escrevendo conscientemente em seu diário todos os
pensamentos que Deus lhe trazia ao conhecimento.
No seu
sermão de I Cor.13 tudo ficou claro e vívido, isto é, selado nas
próprias mentes dos seus ouvintes em Surabaja. Ele ilustrou como em sua
própria vida se havia tornado cada vez mais orgulhoso como resultado da
sua ascensão e fama nos Estados Unidos e como agora o Senhor Jesus
aproximou-se da sua alma com muito amor permanecendo para sempre a seu
lado depois de se ter humilhado. Ilustrou, também, o abismo que existe
entre o nosso orgulho e o Seu esperar por nós pacientemente; a nossa
arrogância e a sua humildade; a nossa vaidade complicada e a sua
simplicidade; a nossa ambição e a Sua negação prática; as nossas
maneiras de suspeitar dos outros e a confiança que coloca no pecador; a
nossa justiça própria e desleixe para com todos aqueles que estão caindo
no inferno contrastando com o amor que Ele tem para com os que caem e
até mesmo os que tropeçam levemente. Mesmo sendo nós a merecer a cruz, o
filho de Deus em Seu perfeito amor e humildade submeteu-se a essa
vergonha por causa de nós.
A
mensagem do Dr. Sung chegou fundo aos corações e às consciências de seus
ouvintes. Ainda hoje, trinta anos depois, os efeitos da sua primeira
campanha missionária em Java são evidentes e permanecem. Muitos dos
chineses ali permaneceram fiéis seguindo o Senhor desde então.
A Doutrina da Imposição das Mãos
Vamos
entrar agora numa área de muitas controvérsias. Orar através da
imposição de mãos é abusado de três maneiras diferentes.
Em
primeiro lugar, a igreja abusa das diretivas do Novo Testamento nos
doentes e enfermos (Tiago 5:14; Marc.16:17) caindo na descrença de nunca
fazerem uso desta graça dada por Deus.
Em
segundo lugar, o próximo uso abusivo desta doutrina pode ser achada nos
grupos extremistas que impõem as mãos sobre todas as pessoas tanto
apressadamente como indiscriminadamente. Em terceiro lugar, muitos
espiritistas e feiticeiros copiaram esta prática para executarem vários
rituais e tipos de magia através da imposição das suas mãos.
Tendo
isto em conta, será que um cristão ainda pode ter a coragem de orar por
uma pessoa impondo-lhe as mãos? Será que ainda existe um uso correto
desta doutrina de uma forma adequada de se impor as mãos sobre alguém?
Claro que sim: a maneira das Escrituras!
Mas qual
é esta maneira das Escrituras na prática? O Dr. Sung dá-nos a reposta.
Durante o seu primeiro culto do dia dedicado aos doentes, em Surabaja,
ele lia Tiago 5:14 e passava a explicar: “Eu venho até vós como um
presbítero da igreja. Venho em nome do Senhor Jesus e não em meu próprio
nome. Não possuo poderes mágicos nas minhas mãos; por essa razão não
esperem nada de mim, mas apenas d’Aquele que estará aqui conosco e servo
de Quem eu sou”.
A coisa
que mais frequentemente se esquece nos círculos evangélicos hoje era o
que mais visível se tornava na mente e na prática do Dr. Sung. Ele
explicava e aplicava que nunca colocaria as suas mãos sobre alguém que
não se houvesse convertido realmente. Apenas sobre uma pessoa que
houvesse confessado todos os seus pecados conhecidos pelo nome, ele
impunha as mãos. E se não os houvessem confessado, dizia ele, que nunca
esperassem resposta sob a imposição das mãos seja de quem for – mesmo
que se orasse dessa forma.
O Dr.
Sung também encorajava os doentes a buscarem o conhecimento profundo de
que todas as curas iriam depender da vontade de Deus. Ele disse: “Eu não
posso garantir que todos os doentes entre nós sejam curados. Nem o
Senhor Jesus curou todos os doentes por quem passou. Nem sempre Ele
estava autorizado pelo Pai a curar todos os doentes nos dias que passou
pela terra. Quanto mais isto será verdade em relação aos seus servos!”
Após
estes apontamentos introdutórios, os doentes eram trazidos para a
plataforma um por um. Eles se ajoelhavam, ele ungia-os com óleo em nome
do Senhor e orava com eles.
Nessa
mesma tarde havia um culto de agradecimento no qual algumas das pessoas
curadas davam os seus testemunhos sem os emocionalismos dos cultos de
hoje. Muitos eram curados, de fato, de doenças gravíssimas. Um
missionário escreveu mais tarde: “Muitos cegos receberam a sua visão,
muitos paralíticos começaram a andar, os mudos falaram, os surdos saíram
com os ouvidos abertos; mas, o melhor de tudo foi essas curas terem
durado para sempre e nada de pior lhes ter voltado a acontecer”. Era
comprovado que não se tratava daquele tipo de auto-sugestão ao qual
viemos nos habituando através dos emocionalismos de hoje.
A parte
mais marcante de todas nem era as curas dos doentes, mas antes que a
maioria dessas pessoas experimentava um profundo e real preenchimento
através do Espírito Santo de Deus durante estas imposições das mãos. Era
a história dos atos dos apóstolos sendo repetida uma vez mais.
Aquilo
que já foi dito aqui precisa ser sublinhado novamente. O Dr. Sung não
pode de maneira nenhuma ficar incluído na lista dos enganadores de hoje,
dos quais muitos são extremistas enganados. O seu ministério era muito
sóbrio, fiel e comprovadamente baseado na Bíblia. Ele opunha-se
veementemente a qualquer tipo de fanatismo e emocionalismo. Ele
rejeitava línguas, sonhos e visões como prova dos movimentos do Espírito
Santo, tal como qualquer exagero de emoção. No reino de Deus não
necessitamos qualquer experiência paranormal, mas precisamos tão só de
nos tornamos canais completamente purificados e purificantes através dos
quais os verdadeiros rios de água viva possam fluir. Este era o ponto de
vista do homem, o qual, ao contrário de muitos evangelistas atuais,
permaneceu sempre numa envolvente, contínua e crescente abundância do
Espírito Santo. De fato, aqueles sobre quem ele imponha as mãos acabavam
por receber a mesma plenitude de vida que ele próprio tinha.
É
precisamente por esta razão que não podemos catalogar a obra do Espírito
Santo com terminologia fanática e exageros exploradores das emoções das
pessoas, mas antes através de uma sobriedade bíblica muito séria e
evidente. Por isso, a pessoa que rejeita o extremismo não está nem perto
de estar rejeitando a plenitude do Espírito Santo. Não será através de
rejeitar o extremismo que rejeitará o seu Deus. De fato, o contrário é
que pode ser verdade, pois pode não existir um tropeço maior para uma
verdadeira obra de Deus do que um pequeno sinal da existência de
extremismo. É através disto que o Espírito Santo de Deus é impedido de
operar mais que qualquer outro motivo.
O Vulcão entre os Vulcões
Depois
de ter deixado Surabaja, Dr. Sung prometeu voltar lá pouco tempo depois.
Os Indonésios haviam definitivamente conquistado o seu coração. Ele
haveria de cumprir a sua promessa em Agosto e Setembro do mesmo ano.
Começou sua segunda campanha missionária em Java com uma campanha em
Jacarta. A comunidade chinesa inteira estava definitivamente mexida e
atordoada com a verdade. Ninguém queria perder uma única mensagem deste
pregador cuja reputação alcançou todos os povos que falavam chinês.
Antes da semana terminar, cerca de 900 pessoas haviam se arrependido,
abandonado seus pecados e entregando suas vidas a Cristo.
A etapa
seguinte de sua campanha levou Dr. Sung a atravessar uma parte de Java
entre os vulcões. Ele estava em seu elemento natural! Entretanto, em
Surabaja, as preparações estavam bem adiantadas para receberem o tão
desejado visitante.
Cerca de
2000 voluntários declararam sua prontidão para colaborarem na campanha e
na sua preparação. A cooperação de todas as igrejas evangélicas também
estavam visíveis na lista, incluindo aquelas que fizeram grande alarido
crítico contra a sua primeira missão. Acima de tudo, toda juventude
estava numa enorme expectativa de esperança real. O Dr. Sung havia-se
tornado no homem mais querido, no seu homem modelo. Na maior praça da
cidade uma enorme “sala” foi improvisada. Um gigantesco teto de folhas
de palmeiras garantiam a proteção contra sol e a chuva, mas mesmo assim
o espaço tornou-se pequeno demais.
No
decorrer da semana cerca de 5000 pessoas assistiam diariamente aos
discursos do evangelista. Milhares tomavam os seus lugares por volta das
oito horas da manhã para poderem garantir um lugar onde permaneciam até
as onze horas da noite, até quando a última das três ou quatro mensagens
diárias terminassem. Eu nunca ouvi falar e nem assisti em toda minha
experiência de vida uma campanha desta envergadura e nem mesmo Billy
Graham conseguiu tal feito. As pessoas assistiam entre 10 e 15 horas
diárias de pregações da palavra de Deus durante dez dias seguidos.
Somente o Espírito Santo poderia ser responsável por tal evento. Os
melhores meios de publicidade nunca poderiam tornar possível tal
organização de eventos similares com resposta tão efusiva e tão
entusiasta duma fome enorme pela palavra de Deus.
A
sociedade bíblica local esgotou todas as Bíblias que possuía vendendo
tudo, incluindo os Novos Testamentos, apesar de todos os cuidados terem
sido tomados para terem o suficiente para a campanha. Os 5000 hinários
que possuíam esgotaram-se rapidamente, o que obrigou uma nova tiragem no
mais breve espaço de tempo possível.
O Dr.
Sung pregou a partir do Evangelho de S. Marcos, o que serviu o propósito
preparar as novas comitivas evangelisticas que iam sendo enviadas. Os
resultados finais da campanha de dez dias, foi a fundação de cerca de
500 destes grupos de evangelização, os quais invadiram todo território
de Java espalhando a mensagem do evangelho por todos os cantos.
Um dos
intérpretes do Dr. Sung, um pastor de Malang, disse: “Não havia nada de
extraordinário nas pregações e no estilo do Dr. Sung. O seu repertório
de sermões não era muito vasto sequer. As suas apresentações das
mensagens eram frequentemente tão simples que qualquer criança as
entenderia, mas um grande poder de convicção brotava a partir deste
homem. Eu, como seu intérprete, pude sentir os efeitos da verdade dentro
de mim próprio duma maneira excepcional”.
Parece
até poético dizer isto, mas esta comparação justifica-se plenamente: Dr.
Sung pregava entre os vulcões de Java e era um homem feito do mesmo fogo
e molde. Uma vez ele disse sobre ele mesmo: “Existem muitas pessoas
melhores que eu. No tocante à exposição das Escrituras, eu nunca
igualarei a Watchman Nee. Como pregador nunca serei como Wang Mingtao.
Como escritor, nunca serei comparável a Marcus Cheng. Mas, num ponto
apenas consigo ultrapassá-los todos em conjunto: eu sirvo meu Deus com
todas as fibras do meu corpo e com cada pedaço de força e energia que
possuo. Não sobra nada de mim que não pertença a Deus e que Deus não
use”. O Apóstolo Paulo não disse o mesmo dele próprio? “Eu trabalhei
mais abundantemente que todos eles juntos”, I Cor.15:10.
De que
maneira poderíamos afirmar estas mesmas coisas sobre Dr. Sung? Depois de
termos ouvido um pouco sobre a sua rotina diária, podemos agora
apercebermo-nos de como o seu labor esgotava todas as forças que ainda
possuía.
Durante
um longo período de tempo os seus amigos mais chegados aperceberam-se
que ele estava doente. Eles o aconselharam-no a buscar tratamento médico
ao que ele respondeu: “Eu não tenho tempo para isso eu preciso muito
pregar o evangelho! Não dá tempo!” Durante a última palestra da campanha
em Surabaja as dores na sua coxa tornaram-se insuportáveis ao ponto dele
não conseguir mais ficar em pé para pregar. Mandou buscar um banco para
ele, sobre o qual se ajoelhou. Ele pregou sobre os seus joelhos. Disse
mais tarde: “As dores só paravam quando eu orava ou pregava, assim que
terminasse elas voltavam”.
Surabaja
foi o ponto alto de toda obra do Dr. Sung na Indonésia. Como os cristãos
e os malaios ficavam atentos e agarrados a cada palavra vinda dos seus
lábios! Quando ele deixou a cidade, no dia 30 de Setembro de 1969,
centenas de pessoas ficaram em pé cantando-lhe uma despedida
emocionante. Alguns missionários católicos em cima dum barco olhavam
aquela multidão em uníssono com muita admiração. Eles perguntavam-se
entre si quem seria aquela pessoa tão importante assim. Mas, a única
pessoa que eles viram saindo foi um pequeno e insignificante homem
chinês curvado debaixo das dores do seu corpo doente.
Naturalmente que muitas vozes de boas intenções se levantarão
perguntando: Por que é que ele não se poupou? Por que não seguiu os
conselhos de Paulo que dizia que um corpo saudável é algo de grande
proveito? Por que razão este homem se martirizou a ele mesmo e não se
cuidou?”
As
respostas são difíceis de achar. É verdade que estas objeções se aplicam
a todos os obreiros no reino de Deus, mas será que existe algum bom
senso em dizer a um vulcão ativo: “Por favor podes parar de enviar
fumaça para o alto e cinzas para os céus? Podes parar de lançar lava do
teu interior?” Nenhum vulcão obedeceria a tais instruções. E o Dr. Sung
era um vulcão por natureza.
O Profeta
O Dr.
Sung não tinha como ser restringido e isto era certamente o plano de
Deus para a sua vida. Em retrospectiva, isto pode ser afirmado com toda
segurança. Este homem de Deus vivia sob uma permanente impressão de que
precisava apressar-se: “Eu tenho tão pouco tempo”. E certamente que isso
era uma verdade, pois ele faleceu aos 43 anos de idade e foi para casa
para estar para sempre com o Senhor.
No
tocante à política, ele também dizia que lhe restava pouco tempo. Em
Surabaja ele uma vez disse profeticamente: “Guerras e tempos de
perseguição virão sobre vós”. E como estas palavras vieram a cumprir-se!
Ele sabia que tinha pouco tempo! A Indonésia foi ocupada durante dois
anos pelos japoneses logo após isso. Surgiram as lutas para a
independência contra os holandeses que descrevemos anteriormente,
seguindo-se mais tarde o conflito sangrento com os comunistas, o qual
dizimou cerca de 1.000.000 de vidas. E o pior de tudo foi o caos causado
pela guerra através do qual surgiram as perseguições contra os cristãos
de Sumatra, Leste de Java e outras áreas deste grande arquipélago.
E não
menos importante, Dr. Sung sentia a aproximação da segunda vinda de
Cristo. Ele pregava continuamente sobre este fato e lutava arduamente,
preparando os cristãos para que eles fossem achados prontos para
receberem seu Senhor.
A sua
última mensagem à igreja, a qual ele deu pouco tempo depois da sua
campanha na Indonésia, foi: “A obra do futuro aqui será a obra da
oração”. Estas palavras também foram verdadeiramente proféticas.
Como
chinês, Deus também lhe havia mostrado que na China e um pouco por todo
mundo as portas se iriam fechar para o evangelho. Na China atual as
portas estão realmente fechadas (*NOTA: este livro foi escrito na época
e no auge do comunismo) e outros países encontram-se na senda de fazer o
mesmo. Com a vinda do anticristo, a onda de perseguições terá a
tendência apenas para aumentar.
Instigado e impulsionado pelo Senhor Jesus a partir do seu coração e não
dando qualquer valor a sua própria vida, o Dr. Sung esgotou-se por
completo queimando tudo que era ao serviço do seu Rei que ele achava que
em breve viria. Na verdade, ele sempre teve uma grande esperança de
poder morrer enquanto estivesse pregando no púlpito.
Para
além deste lado profético da sua vida, temos ainda um assunto meramente
humano para mencionar. O Senhor necessitava de ensinar ao seu servo a
sua última lição: A arte do sofrimento. Seguindo-se a um exame médico em
Xangai, os médicos detectaram tuberculose nos pulmões e um câncer. Uma
escola interminável de dor e agonia combinou-se com as três cirurgias
que se seguiram.
O Dr.
Sung entendeu isso como o jeito de Deus para com ele. Ele disse: “Deus
precisa derreter todo meu temperamento impulsivo e teimoso nas caldeiras
da dor”. Isso foi precisamente o que aconteceu com ele. Durante o seu
sofrimento ele perdeu por completo o seu jeito brusco de expressar-se e
tornou-se o homem mais paciente, mais afável, quente e compassivo.
Vendo a
morte aproximar-se, ele disse: “O Senhor Jesus está ali na porta
esperando por mim para levar-me com Ele”. E isso também aconteceu assim.
Poucas horas depois destas suas últimas palavras, ele foi levado para o
céu.
VI. ANDREW GIH
Meus caminhos já cruzaram variadíssimas vezes com muitos panfletos deste
abençoado evangelista: Em Hong Kong, Singapura, na Formosa e em Los
Angeles. Depois do Dr. Sung, ele é um dos evangelistas mais proeminentes
deste século na China. Na noite que eu estava a escrever este livro ele
tinha 68 anos e estava passando essa noite na Califórnia. Para podermos
ter um entendimento melhor do poder do seu ministério, iremos ouvir
primeiro uma das experiências que teve durante o seu trabalho
missionário.
O Bandido
Por altura dos distúrbios comunistas em Shantung, um bandido de nome Wang
estava no auge da sua carreira de seus roubos, raptos e extorsões. Um
dia, chegando a certa vila na esperança de conseguir dar um golpe, ele
viu uma grande multidão reunida. “O que está acontecendo ali?” ele
perguntou. Ninguém respondeu porque todos estavam ouvindo atentamente.
Decidiu prestar atenção ao homem que falava na frente. Era o senhor Gih
e ele começou a ler a história do filho pródigo em Luc.15: “Poucos dias
depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante e
ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente”. Ele arregalou os
olhos e muito admirado exclamou: “Como é que este homem sabe a história
da minha vida?”
O
bandido escutou atentamente ainda mais depois de achar que o evangelista
estava a contar a história da vida dele. No final, ele também foi
adiante junto com as outras pessoas entregar a sua vida ao Senhor Jesus.
Foi nesse momento que um criminoso foi transformado num discípulo de
Cristo.
A sua
transformação trouxe muitos frutos para o reino. Logo no primeiro dia
ele foi para casa, ajoelhou-se diante de sua esposa e implorou o perdão
dela. De seguida, procurou os seus pais idosos e também lhes pediu para
o perdoarem. A etapa seguinte levou-o ao pastor do distrito onde vivia.
Tornou-se num membro ativo daquela congregação e usou todas as
oportunidades que teve para proclamar a sua nova fé aos seus antigos
amigos e companheiros de crime. Quando eles olhavam para ele admirados e
riam na sua cara, ele calmamente firmava-se ainda mais no seu terreno,
ficando inabalável, algo que era prova suficiente de que a sua natureza
havia realmente mudado.
Contudo,
numa ocasião um dos seus comparsas anteriores, enquanto escarnecia e
fazia piadas rindo dele, disse: “se um gangster como tu pode pregar o
evangelho, esse tal Jesus também…” – ele não terminou a frase. No
momento seguinte Wang caiu-lhe em cima e arrancou-lhe uma orelha à
dentada. Cuspindo a orelha para fora limpou o sangue da sua boca e disse
muito calmamente: “Tu podes insultar-me o quanto quiseres e da maneira
que quiseres, mas não irás insultar o Senhor Jesus na minha frente!” O
homem ferido afastou-se dali fazendo um voto de vingança.
Wang
dirigiu-se ao seu pastor e contou-lhe o incidente. Estava
convencidíssimo que havia feito a coisa mais certa do mundo. Então, o
pastor leu para ele a história onde o Pedro cortou a orelha do
sumo-sacerdote Malco, onde Jesus o repreendeu e curou a orelha do pobre
homem. Ele acrescentou: “Você fez exatamente a mesma coisa! Pedro,
depois de ter sido cheio do Espírito Santo, nunca mais tornou a fazer
algo semelhante”. Wang arrependeu-se de imediato e suplicou ao Senhor
par a enchê-lo do Espírito Santo para não mais ser tentado a fazer
aquilo. Ele achava que, quando fosse cheio do Espírito também não
tornaria a fazer a mesma coisa!
Esta é
uma clara referência do tipo de bênção que acompanhava Andrew Gih. Mas,
ele ainda tinha um longo caminho para percorrer. Vamos agora ouvir algo
sobre a forma como o seu ministério se foi desenvolvendo.
A Conversão de Andrew
O
budismo foi a religião na qual ele nasceu e cresceu. Contudo, toda a sua
família era apenas budista nominal, pois não eram praticantes. Eles
estavam tão preocupados com Buda quanto muitos crentes estão com Cristo.
Foi a
curiosidade que um dia levou o Andrew a visitar um templo budista. Mas,
os ídolos monstruosos e as figuras assustadoras ilustrando o inferno
revoltaram-no completamente.
A sua
visita seguinte foi a uma igreja católica. Quando entrou ainda usava o
seu chapéu de palha típico. Mas, alguém tratou de o arrancar da sua
cabeça! Andrew ficou irritado com esse incidente e prometeu nunca mais
voltar a entrar numa igreja cristã.
Contudo,
já podíamos detectar a mão de Deus operando em sua vida. Os amigos de
Andrew começaram a estudar inglês e ele também quis dominar a língua.
Mas, não conseguia achar um local onde aprender. No final, ele decidiu
relutantemente ingressar na escola missionária Bethlehem em Xangai. Mas,
fez um voto a si mesmo que em circunstância alguma se envolveria com a
religião dos estrangeiros.
Havia um
culto diário nesta escola. Mas, Andrew evitava-o a todo custo com a
desculpa: “Eu vivo longe demais e não consigo chegar a tempo”. Na missão
a língua inglesa era, no entanto, ensinada a partir da Bíblia e foi
dessa maneira que os seus conhecimentos sobre o grande Livro foram
crescendo.
A
maioria dos estudantes eram cristãos convictos e por essa razão muitos
desafiavam-no constantemente. “Tu acreditas que Deus criou o mundo?” uma
moça perguntou-lhe. “Não”, respondeu Andrew. “De onde chegamos nós
então?” outro estudante perguntou de seguida. “Dos nossos pais, claro”
Andrew respondeu prontamente. “E de onde vieram os nossos pais?” “De
formas de vida anteriores”, respondeu ele. “E por que razão ainda
existem macacos que não se transformaram em gente?” Andrew ficou sem
resposta e irritado. Contudo, os cristãos não o deixavam em paz e nem
cessavam de orar por ele.
Um dia,
os professores da escola Bethlehem convidaram todos os estudantes para
um encontro missionário. Para tornar mais conveniente a todos os
estudantes, era-lhes oferecida a refeição da noite. Devido ao fato dos
chineses serem muito cordiais, ele sentiu-se na obrigação de aceitar por
causa da cordialidade para com a oferta da refeição.
Essa
noite foi o ponto de mudança de rumo na vida de Andrew Gih. Explodiu
nele uma profunda consciência dos seus pecados e do seu estado
pecaminoso por estar em falta para com Deus. Durante essa noite não
conseguia dormir e lutava, ora contra ora a favor do seu pecado, até
finalmente sucumbir e clamar: “Senhor tem misericórdia de mim, um
pecador!” Nesse momento, a paz de Deus invadiu a sua vida e a certeza de
que Deus havia tomado posse de toda a sua vida apoderou-se
indiscutivelmente dele. Logo no dia seguinte manifestou aos cristãos e
não cristãos a sua nova experiência. “Tornar-me cristão foi a melhor
coisa que fiz em toda minha vida!”
A Porta Aberta
Logo desde o início Andrew era um homem de oração. Ele agarrava com todas as
suas forças em cada promessa que encontrava na Bíblia. Por essa razão,
foi um grande encorajamento para ele quando um versículo explodiu e fez
um grande eco dentro dele: “Eis que tenho posto diante de ti uma porta
aberta, que ninguém pode fechar”, Apoc.3:8.
Confiante e dependente desta promessa saiu à procura dum emprego. Era
preciso ajudar a sua mãe a manter a família por que seu pai havia
falecido muitos anos atrás. Nessa época os correios principais de Xangai
abriram 100 vagas. Contudo, o número de candidatos era aos milhares.
Pior ainda, somente aqueles que falassem inglês seriam admitidos e
Andrew era apenas uma principiante do idioma. Muitos dos candidatos já
haviam viajado para o estrangeiro. Andrew decidiu-se pela oração. Ele
ganhou um posto.
As
lágrimas correram no rosto da sua mãe quando ele trouxe o seu primeiro
salário. Ela disse: “Filho, eu nunca vi tanto dinheiro em minhas mãos
desde o falecimento de papai”.
Mas,
mesmo assim, Andrew não tinha desejo algum de ser empregado dos correios
toda a sua vida. Uma noite teve um sonho. Viu um homem velho tocando um
sino para convocar pessoas para um culto. De repente, enquanto o sino
tocava, o homem foi atacado por um leão e morreu. Andrew ouviu então uma
voz perguntando: “Quem tomará o lugar dele?” No exato momento que ouvia
a pergunta, ele foi acordado e sabia de imediato qual a resposta que
daria.
Com o
coração pesado foi contar à sua mãe que sentia Deus chamando-o para o
ministério. Ela começou a chorar e exclamou: “Então lá terei que voltar
a tecer de novo até à meia-noite todos os dias para poder dar de comer
aos outros filhos!” Como aquela resposta lhe despedaçou o coração. O
Senhor, contudo, direcionou-o para o versículo: “Aquele que não deixa
mãe, esposa e filhos por amor a mim não será digno de ser meu
discípulo”.
Andrew
concorreu para se tornar estudante bíblico na missão Bethlehem. Recebeu
uma pequena bolsa, metade da qual oferecia à sua mãe. A outra metade
ficava para ele, mas nem era o suficiente para suas roupas e sapatos e
por essa razão andava sempre vestido de uma forma muito pobre.
No
entanto, a sua vida interior era o exato oposto de sua aparência
exterior. O seu coração queimava para Jesus. Todas a noites saia pelas
ruas e pelos bairros vizinhos da cidade pregando o evangelho a toda
gente que encontrava. Por que não tinha dinheiro para o ónibus, era
obrigado a andar a pé para todo o lado. Durante a estação das chuvas
quase sempre andava com água pelo joelho. Isso resultou numa gravíssima
gripe da qual não conseguia curar-se. Ele orou e o Senhor respondeu-lhe
uma vez mais com Is.43:2: “Quando passares pelas águas, Eu serei
contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares
pelo fogo, não te queimarás, nem a sua chama arderá em ti”.
Apesar
duma tosse persistente, ele continuou pregando. Durante as férias ele e
um amigo fizeram uma campanha evangelistica. Ficaram três meses numa
província do sul e lá Andrew começou a cuspir sangue. No início de um
dos cultos da noite, tossiu tanto que encheu um lenço de sangue. O seu
amigo mandou-o para a cama, mas ele não conseguia descansar. Assim que
ouviu os cânticos desde o seu quarto e quando chegou a hora da pregação,
ele esgueirou-se para dentro da igreja. Subindo ao púlpito começou a
pregar. Três meses depois a sua tuberculose desapareceu milagrosamente.
Mais tarde, ele apercebeu-se que era pecado ser tão descuidado com a
saúde. Contudo, desta vez o Senhor foi misericordioso para ele.
Andrew
dependia inteiramente das provisões de Deus para as suas necessidades
pessoais. Um dia orou a Deus por algum dinheiro para comprar um par de
sapatos. A resposta chegou de imediato. Um amigo ofereceu-lhe dois
dólares, os quais, na altura, seriam o suficiente para comprar os ditos
sapatos. Mas, logo a seguir Andrew recebeu uma outra visita. Só que
desta vez era um jovem que se tinha convertido há bem pouco tempo. Este
jovem cristão encontrava-se numa situação desesperante, pois havia
abandonado a sua anterior ocupação desonesta após a sua conversão. Pediu
ajuda a Andrew depois de ele próprio já ter vendido alguma roupa para
poder comprar arroz. Andrew orou por dinheiro para seu irmão em Cristo.
Uma voz interior perguntou-lhe: “Por que me pedes dinheiro? Tu tens dois
dólares. Dá-lhe!” Após haver hesitado uns instantes entregou-lhe o
respectivo dinheiro. Alguns dias depois o Senhor pagou-lhe de volta com
1400% de juros. Alguém lhe deu 30 dólares!
Uma vez,
após um culto da noite, Andrew ficou para trás para orar com umas
pessoas que tinham assistido ao culto. Repentinamente, houve um alvoroço
do lado de fora e ele ouviu alguém gritando ameaçadoramente: “Matem o
porco!” Muitos cristãos correram de volta para dentro da igreja e
ficaram ao lado de Andrew. Ajoelhando-se com ele começaram a orar. Um
bando de gente entrou na igreja com cassetes e paus nas mãos, mas ao
ouvirem os crentes orando recuaram mudos e abandonaram a igreja. O
Senhor protegeu o seu Servo.
Revestido de Poder
Mesmo tendo tido algumas experiências maravilhosas com o Senhor, Andrew ainda
sentia uma falta e um vazio dentro da sua vida e também uma falta de
autoridade nas suas pregações. Consequentemente, um dia escutando um
evangelista sóbrio, ele aceitou o convite de ir à frente. Este renovado
ato de humildade diante do Senhor foi enormemente compensado. A presença
do Senhor Jesus tornou-se real para ele e ele ganhou desde então uma
forma de vida muito sóbria, isto é, uma realidade vivente. Ele escreveu
mais tarde dizendo: “O que eu experimentei não foi nada sobrenatural.
Não falei em línguas, não tive visões e não ouvi nenhuma voz.
Simplesmente consegui render e entregar toda a minha vida por inteiro e
incondicionalmente ao Senhor Jesus. Desse modo um novo poder foi
fornecido para a minha vida”.
Esta sua
nova bênção trouxe-lhe muitos frutos. Onde quer que o jovem evangelista
fosse, acontecia um pequeno avivamento.
Por
exemplo, numa certa cidade na Província de Cantão, o diretor do colégio
Bíblico local opôs-se vigorosamente contra a campanha missionária de
Andrew Gih. Mas, mesmo assim, muitos dos estudantes acabaram sendo
convertidos. No final, o próprio diretor do colégio também foi ganho
para Cristo. Como dizia John Sung: “Os pedaços maiores de carvão são
sempre os últimos a pegar fogo”. No final desta campanha, o diretor da
escola pôs-se em pé no púlpito, dando o seguinte testemunho:
“Eu
tive a felicidade de ter sido criado e educado na América. Foi lá onde
aprendi toda a minha teologia e doutrinas. Quando este jovem evangelista
Gih começou a sua campanha aqui, opus-me a ele. Eu tinha a certeza que
se justificava porque achava que ele estava enganando os jovens.
Contudo, a sua última mensagem afetou definitivamente a minha
consciência. Eu fui obrigado a confessar todos os meus pecados um por
um, mesmo que resistisse a tal idéia e agora coloco-me aqui diante de
todos vós que são os estudantes a quem ensinei muitas coisas durante
muitos anos. Esta manhã, um jovem da mesma idade que a vossa deu-me a
sua mensagem. Quando ele perguntou quem queria dedicar-se inteiramente a
Cristo e quando todos vós tomaram as vossas decisões, tornou-se bastante
claro para mim que também me faltava alguma coisa importante na minha
vida. Os meus muitos estudos e treinos prolongados nunca foram capazes
de vos influenciar e contagiar do mesmo modo que esta campanha conseguiu
fazê-lo. Por favor, orem por mim para que me possa ser dado aquilo que
ainda me falta em minha vida.”
Na
cidade seguinte a história repetiu-se. Os estudantes da Escola Teológica
local experimentaram uma nova e profunda santificação das suas vidas.
Até os professores se arrependeram e buscavam o perdão dos seus pecados
da mesma maneira. As moças duma escola sênior feminina permaneceram em
oração dentro da igreja até que todos os seus professores houvessem sido
convertidos a Cristo. Até as desavenças mínimas entre Cristãos
terminaram. A escola sênior para rapazes, também foi sugada para dentro
do avivamento. Rapazes complicados, os quais haviam sido um enorme
problema dentro da escola durante anos, converteram-se. O seu diretor
igualmente confessou os seus pecados e declarou publicamente: “Devido à
minha educação tornei-me ateu. Agora entreguei minha vida a Jesus
Cristo”. Até mesmo pastores e outros ministros do evangelho
arrependeram-se e confessaram publicamente os seus pecados e os seus
desleixes ocasionais na obra de Deus. Grupos de orações despontaram por
todos os cantos e cada um chegava a ter entre 50 a 60 participantes.
Andrew
Gih dá-nos o perfeito exemplo de como uma mensagem dada através o
Espírito Santo pode ser entregue sem quaisquer traços de fanatismo. Ele
disse uma vez: “Antes de podermos falar sobre os dons espirituais,
devemos obrigatoriamente nascer de novo e de seguida sermos cheios da
plenitude do Espírito Santo. Só depois disso ter acontecido é que o
Espírito Santo distribui os seus dons aos homens. Mas, ele distribui
conforme quer e nem serão iguais para todos”. Numa outra ocasião ele
declarou:
“Qualquer
um que não tenha a plenitude do Espírito Santo, não tem qualquer poder
ou capacitação para o serviço de Deus e isso tornar-se-á uma triste e
previsível conseqüência caso afirmemos ainda assim sermos seguidores dum
Deus vitorioso. Se todos os servos do Senhor fossem cheios do Espírito
Santo de forma real e não fosse ficção, então toda igreja traria muito
fruto, o qual, por sua vez, traria transformação e ninguém poderia
impedir que um avivamento a nível mundial viesse a acontecer. É por esse
avivamento que todos nós oramos e se acontecesse os Seus filhos estarem
cheios de Deus, esse avivamento seria seguramente o resultado a esperar”.
A Plenitude do Espírito Santo
Através dos seus sermões, Andrew Gih conseguia esclarecer muito bem tudo sobre
‘sermos cheios do Espírito Santo’. Vale a pena transcrever para aqui
alguns dos seus pensamentos.
“Sempre que uma igreja cristã estiver orando por um avivamento real, então é
preciso entender logo desde o início que, a Bíblia, sendo a palavra de
Deus, necessita tomar seu lugar como a única referência de tudo que
fazemos ou cremos. Antes de tudo precisamos ler a bíblia, dar ênfase
somente à Bíblia, ensinar a Bíblia, pregar a Bíblia, reverenciar e
praticar toda a Bíblia, antes de podermos ter uma ligeira esperança de
podermos vir a ser cheios do Espírito do Deus, de Quem é a Bíblia.” Será
que é isto que está a acontecer em nossas faculdades, escolas de
teologia atuais e entre os líderes das igrejas?
“O
Espírito Santo transforma tudo. Por exemplo, a caminho de Cafarnaum, os
discípulos brigavam entre eles sobre quem entre eles seria o maior. Mas,
depois do Pentecostes, tornaram-se de tal maneira humildes que até Pedro
aceitou a repreensão de Paulo sem uma única palavra de murmuração e de
contestação. Da mesma forma, Pedro fugiu de uma moça quando negou a
Cristo, mas, depois do Pentecostes, ele permanecia firme e irreverente
diante de multidões e encarava o mundo de frente sem pestanejar por um
momento”.
Para os
seguidores de Cristo de então, tudo se resumia em salvar as almas de sua
perdição. Mas, hoje a ênfase recai sobre a constituição e normas das
igrejas, obras sociais e ligações ecumênicas ou então em assuntos de
semelhante valor e natureza.
Depois
de terem sido cheios do Espírito Santo, Pedro e João apenas conseguiam
dizer: “Não podemos falar se não aquilo que vimos e testemunhamos”.
Hoje, a obra de um pastor resume-se a algumas idas ao púlpito, enquanto
Paulo exorta-nos a pregar a palavra dentro e fora de tempo. O que Paulo
diz, parece estar completamente esquecido ou então está a ser ignorado.
Foi por essa razão que um pastor de uma igreja em Java foi excluído da
sua igreja, pois ele saiu a pregar nas ruas. A igreja justificou a sua
demissão com as seguintes palavras: “pregar fora da igreja é contra
nossa constituição”.
Para
podermos receber o Espírito Santo, existem certos pré-requisitos que
nunca poderão ser ignorados: Fé, oração e uma obediência
incondicional. Antes da sua ascensão Jesus prometeu aos discípulos:
“recebereis poder quando o Espírito Santo vier sobre vós e sereis minhas
testemunhas”, At.1:8. Os discípulos voltaram para Jerusalém e esperaram
lá até que isso tivesse acontecido. Só esse fato de terem esperado
manifesta sua fé espontânea. E de comum acordo dedicaram-se
integralmente à oração.
Os seus
conhecimentos sobre o dom das línguas também são bastante elucidativos.
Ele disse: “Na sua conversão, Paulo não recebeu logo o dom das línguas.
Esse dom surgiu mais tarde. No avivamento em Samaria também não se fala
em nenhum dom de línguas. Mas, acima de todos os argumentos, existe o
fato de que Jesus nunca falou em línguas. Existem hoje, contudo, crentes
que erradamente assumem que o dom das línguas é a evidência do batismo
com o Espírito Santo. Isso é claramente contrário ao que as Escrituras
nos revelam. Também deve ser aqui lembrado que nenhum dos grandes homens
de Deus como Wesley, Moody, Spugeon, General Booth, Hudson Taylor e
muitos outros possuíram o dom das línguas e estavam indiscutivelmente
cheios do Espírito Santo”.
Eu
pessoalmente também acho muito interessante que Andrew Gih dizia haver
três origens para o dom das línguas. Também descrevi estes três aspectos
num livrinho intitulado “O problema das línguas”:
1.O dom das línguas existe como dom do Espírito Santo (Marc.16:17, Act.10:44 e
19:6, I Cor.12:14);
2.Este dom também pode ser fruto da expressão e do engano da própria alma da
pessoa. Jeremias diz: “falam da visão do seu coração, não da boca do
Senhor”, Jer.23:16”;
3.Línguas de origem demoníaca: “Se se levantar no meio de vós profeta, ou sonhador
de sonhos e vos anunciar um sinal ou prodígio e suceder o sinal ou
prodígio de que vos houver falado e ele disser: Vamos após outros deuses
- deuses que nunca conhecestes - e sirvamo-los! Não ouvireis as palavras
daquele profeta, ou daquele sonhador; porquanto o Senhor vosso Deus vos
está provando, para saber se amais o Senhor vosso Deus de todo o vosso
coração e de toda a vossa alma. Após o Senhor vosso Deus andareis e a
ele temereis; os seus mandamentos guardareis e a sua voz ouvireis; a ele
servireis e a ele vos apegareis. E aquele profeta, ou aquele sonhador,
morrerá, pois falou rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou
da terra do Egito e vos resgatou da casa da servidão, para vos desviar
do caminho em que o Senhor vosso Deus vos ordenou que andásseis; assim
exterminareis o mal do meio vós”, Deut.13:1-5.
Existem
dois extremos hoje nas igrejas cristãs. Um deles, predominantemente
entre os novos racionalistas, nega por inteiro a existência ou
manifestação do Espírito Santo; a outra corrente é predominantemente
extremista: eles dão ênfase total no artigo quinto da confissão de fé.
Nunca podemos esquecer que a obra do Espírito Santo é somente glorificar
a Cristo e torná-lo conhecido entre os homens. Jesus tem que estar no
centro da nossa confissão de fé e no centro de nosso testemunho prático
de vida. Qualquer pequeno desvio de ênfase levará a um falso ensino e à
falsidade.
A Obra em Java
Andrew Gih foi um dos responsáveis indiretos do atual avivamento na Indonésia.
É claro que não existe nenhuma ligação entre ele e o atual avivamento.
Em todo caso, Andrew Gih e John Sung foram responsáveis pela primeira
apresentação clara do evangelho neste território pagão.
Em 1951,
Andrew chegou pela primeira vez à Indonésia. A sua obra começou em
Bandung. Os primeiros frutos do seu ministério chegaram mesmo antes do
previsto. Um jovem aproximou-se dele e implorou-lhe: “Por favor batize o
meu pai! Ele encontra-se no leito da morte.” Andrew não conseguiu chegar
ao homem moribundo. Ele encontrava-se já de olhos fechados. Disse-lhe:
“o Senhor Jesus veio a terra e morreu por si na cruz. Você acredita?”
Ouviu-se um murmúrio incompreensível. Logo de seguida Andrew orou da
seguinte forma: “Senhor Jesus, só posso batizar esse homem na confiança.
Eu peço que nos dês um sinal claro através duma palavra da sua boca que
ele realmente se converteu antes de morrer”. No dia seguinte o velho
homem melhorou consideravelmente e o seu filho disse: “Papai, ontem o
pastor Gih batizou o senhor. Você reconhece o Senhor Jesus como o Senhor
da sua vida?” O homem quase a morrer replicou: “mas é claro que sim,
aceitei-O dentro de mim”.
Isto foi
um bom início. Depois, a sua campanha estendeu-se de Bandung para
Surabaja. Na primeira noite, cerca de 400 pessoas vieram ouvi-lo.
Gradualmente e conforme a semana ia passando, a igreja chegou a estar
tão cheia que no final da semana estavam cerca de 300 pessoas em pé à
porta porque não havia mais lugar para eles dentro do local de culto.
Todas as noites entre 30 a 200 pessoas vinham à frente arranjar-se com
Deus. Surabaja não havia experimentado tal avivamento desde os tempos do
Dr. Sung.
Acrescentando aos cultos que eram especificamente dedicados às pregações
do evangelho, também houve um culto para a cura dos enfermos. Durante a
sua campanha, Andrew Gih era constantemente pressionado a orar pelos
doentes e a impor-lhe as mãos. Por fim acabou por concordar e aceitar
realizar um culto só para os doentes. Ele pensava que cerca de uma dúzia
de pessoas iria aparecer, mas, para sua admiração, apareceram entre 300
a 400. Mais tarde, muitos testemunharam e confirmaram que estavam
realmente curados.
Uma
mulher sofria dum tumor. E Quatro médicos aconselharam-na a fazer uma
cirurgia. Contudo, como ela tinha de cuidar de outra pessoa doente, não
havia maneira de ficar internada num hospital. Gih orou por ela. Quando
foi ao hospital para fazer mais um exame médico, nenhum médico conseguiu
detectar qualquer sinal do tumor. O Senhor tocou no seu corpo curando-a.
Na
escola sênior feminina em Surabaja havia quatro professores. Três deles
tornaram-se evangélicos durante o curso da missão. A quarta recusava-se
a freqüentar os cultos. Mas, no final da semana ela ouviu dizer que
Andrew Gih estava chegando de Xangai, local onde havia nascido também.
Por causa disso e devido a sua curiosidade, resolveu ir ouvir o que ele
dizia. Ela foi tocada pela mensagem e por tudo que ouviu e acabou por se
converter nessa mesma noite. Experimentou dois milagres simultâneos em
sua vida. Durante vinte anos havia sofrido do estômago e por essa razão
era obrigada a manter uma dieta rigorosa. Conseqüentemente emagreceu
bastante, mas, depois do culto, ela ficou para trás juntamente com os
outros. Após haver esperado um longo tempo devido à grande multidão que
aguardava por aconselhamento, Gih orou por ela impondo-lhe as suas mãos.
Chegou em sua casa muito tarde nessa noite e sentiu uma fome
incontrolável. Ela comeu tanto quanto lhe saciasse totalmente a fome e
foi dormir um sono tranqüilo. Desde então permaneceu sempre de boa saúde
o Senhor Jesus salvou-a tanto espiritualmente quanto fisicamente.
Andrew
Gih concluiu a sua campanha missionária em Malang. Devido ao fato de 120
jovens numa única noite haverem decidido seguir a Cristo, Andrew teve a
excelente idéia de formar uma Escola Teológica para formação de
evangelistas. Naturalmente que tal empreendimento era contrariado por
vários tipos de dificuldades. Eram necessários professores, um local e
dinheiro para construir as instalações. Ele levou todas essas
preocupações aos pés do Senhor em oração. E o senhor respondeu. Dos
12.000 dólares necessários para a construção, cerca de 4.000 dólares
entraram só durante a primeira semana de campanha. Os primeiros cinco
professores também vieram para oferecer os seus serviços. Os estudantes
– algo que é a maior dificuldade no mundo ocidental – nem foram problema
sequer. Eles já se encontravam à espera de serem admitidos mesmo antes
da construção haver terminado.
Em 1968
Deus permitiu que eu fizesse uma visita pessoal às cidades afetadas pela
pregação de Andrew Gih. Foi-me permitido o privilégio de discursar
quatro vezes na Escola Teológica que ele fundou. Nessa data havia lá
cerca de 90 estudantes dedicados. Também havia 400 outros estudantes num
colégio que ele igualmente fundou.
E assim
completamos estas curtas biografias de dois evangelistas chineses que
foram os principais pioneiros de toda a obra atual na Indonésia. Eles
eram os dois amigos, John Sung e Andrew Gih. A obra dos dois ficou
consolidada predominantemente entre chineses da Indonésia, enquanto o
avivamento poderoso atual está decorrendo entre a população malaia e
muçulmana. Deus, na sua misericórdia, conseguiu alcançar os três
principais grupos étnicos da Indonésia. Sem qualquer dúvida, podemos
afirmar que o Senhor está alcançando todos os seus propósitos no meio
dos povos da Indonésia.
Os
pioneiros da obra missionária cristã foram perdendo a sua influência
gradualmente, mesmo que as organizações que fundaram ainda existam e
estejam operantes. O Senhor escolhe sempre novos instrumentos quando os
antigos se tornam desgastados e obsoletos. No presente momento, é a vez
da Indonésia estar a ser usada por Deus. No final dos tempos chegará,
sem dúvida, o tempo de Israel ser usado. No entanto, a Indonésia é
atualmente o país que carrega essa tocha do evangelho. Os sinais que
suportam essa afirmação são bastante visíveis e claros.
VII. PERGUNTAS E QUESTÕES SOBRE O AVIVAMENTO NA INDONÉSIA
Os anos da minha vida foram um privilégio porque me foi concedido visitar um
grande número de lugares que foram centros nevrálgicos de avivamentos
reais. Isto encorajou-me a ler tudo o que encontrava sobre avivamento.
Todos os avivamentos reais dispõem de um curso e de uma maneira distinta
extremamente bíblica. As minhas conclusões e as ilações que tirei foram
as seguintes:
Em primeiro lugar, o Espírito Santo de Deus sopra só onde quer. Ele é
soberano em tudo que possa fazer. Não podemos pensar que controlamos as
suas atuações e as suas maneiras de atuar. Tentar forçar Deus mesmo que
seja através da oração, pensando que Deus não quer dar de sua própria
autoria, levar-nos-á sempre a um desvio psíquico, emocional ou mental.
Esta afirmação não invalida de maneira nenhuma a seguinte verdade: “o
reino de Deus sofre violência até agora e é tomado pela força”.
Em
segundo lugar, descobrimos através duma intensa, exaustiva e aprofundada
pesquisa que, todo aquele avivamento que é verdadeiramente real, provoca
a ira de todas as igrejas estabelecidas e institucionalizadas. Aqui,
podemos aplicar irreverentemente o pensamento de John Sung: “os pedaços
de carvão maiores são sempre os últimos a pegar fogo”. Caso alguma
igreja esteja concordando com um movimento espiritual logo desde o
início, existem fortes razões para duvidar da sua natureza bíblica desse
avivamento e da sua isenção pessoal dentro desse movimento.
Um
avivamento real é sempre caracterizado por pessoas profundamente
quebrantadas sob o peso da culpa dos seus próprios pecados,
arrependendo-se e entregando as suas vidas a Cristo incondicionalmente,
tornando-se Ele o seu único Salvador e Esperança.
Cada
avivamento tem dentro dele, também, ramificações e correntes d’água
nascidas no seio do diabo. Os crentes nominais ficam frequentemente
impressionados, agnósticos e resistentes à obra de Deus devido a essas
atividades satânicas paralelas, as quais associam à verdadeira obra de
Deus. Mas, devemos sempre ter em conta que nos terrenos onde Deus
semeia, um inimigo vem na calada da noite semear o seu joio também. As
palavras do nosso Senhor glorioso ainda hoje se aplicam “Sei onde
habitas, que é onde está o trono de Satanás”, Ap.2:13.
Obras de
caridade, serviços sociais, ações de caridade dentro duma comunidade e
teologia podem de fato tornar-se coisas boas, mas tem muito pouco a ver
com um verdadeiro avivamento. Na verdade, essas ditas coisas boas estão
sempre cobertas com uma auréola catastrófica de imunidade ao Espírito de
Deus, devido ao fato de suas obras servirem de razão para não se
transformarem por dentro. As pessoas tornam-se como um pato e mergulham
para manterem apenas o exterior das suas penas limpas e brilhantes.
Esses são os terrenos onde as doutrinas da busca de dinheiro, ou da
busca do intelecto, abundam e será precisamente dali onde um avivamento
real se ausenta.
O reino
de Deus é sumariamente caracterizado por outros traços de comportamento.
Deus busca abençoar qualquer um que seja suficientemente humilde e
quebrantado. Ele estima uma pessoa sem nenhuma formação, humilde, acima
dum professor universitário. A água assenta-se e fica em paz nos lugares
mais baixos da terra e o mesmo acontece com a água da vida. Deus não
respeita a grandeza humana. O Espírito Santo de Deus quando desce, tem
muito pouco tempo ou disposição para se envolver com raciocínios,
partidarismos ou preferências humanas. Deus torna os tolos em homens
muito sábios e acha os sábios deste mundo tolos. Faremos bem em
recordarmos essas palavras de Paulo em I Cor.1. É aqui que chega o fim,
o limite, de toda inteligência.
De
maneira similar, o Espírito de Deus nunca deve ser confundido ou
associado ás operações psicológicas dum estado mental, ocasional ou
emocional. Este é um dos maiores perigos que existem contra um
avivamento. Estas operações e maquinações originam-se no orgânico e no
físico, as quais são tão incompatíveis com as operações reais do
Espírito de Deus quanto serão as maquinações de intelecto do homem. Os
falsos profetas atuais deveriam pelo menos uma vez ler e entender as
palavras de Jeremias 23, onde Deus descreve os muitos sonhos, visões e
profecias de todos aqueles que proclamam estarem a falar em nome d’Ele
falsamente, como sendo coisas que pertencem ao subconsciente da sua
própria mente. Embora isto nem sempre leve ao extremismo, é no fundo a
base principal para a propagação dos extremistas e das sementes do joio
dentro dos terrenos onde Deus semeia e cultiva. Estas serão sempre as
causas principais do extremismo.
O
Espírito Santo é de Deus e não vem até nós devido ao raciocínio do
intelecto humano (não ‘raciocinado’ para dentro da igreja), nem devido à
aceitação e conivências desse mesmo intelecto. Também não provém do que
é orgânico e psíquico. Quantos foram já os erros cometidos e os
curto-circuitos provocados por esta confusão! Esta é uma das razões,
também, porque os avivamentos não permanecem por muito tempo e raramente
duram mais que duas gerações seguidas. Um avivamento é aquilo que
desejamos, mas pode ser contrário a tudo que imaginamos ou conhecemos.
O
Espírito Santo é tão distinto e tão diferente da natureza pecadora dos
humanos que não existe nenhuma comparação possível entre a natureza de
Deus e a do homem. Tudo é completamente diferente do que aquilo que o
teólogo enganado Paul Tillich afirmou. Ele mantinha a seguinte
afirmação: “Tudo aquilo que entendemos através de Deus ou através do
Espírito de Deus, não é nada mais do que a soma de todas as
manifestações exteriores das boas qualidades dos seres humanos”. Que
idéia mais aberrante! O Espírito Santo parece, por essa ordem de idéias,
totalmente dependente daquilo que os homens possam pensar e achar d’Ele.
Este é o problema básico que existe nas teologias atuais, enquadrando e
limitando Deus aos seus comportamentos teológicos.
Se o
nosso desejo é investigar a veracidade e a profundidade de um
avivamento, temos que nos preparar para que o Espírito Santo seja o
Espírito Santo e nada menos que isso. Não podemos
enquadrá-lo dentro do nosso intelecto. E muito menos deveremos
associá-lo as meras expressões do nosso subconsciente. Temos
necessariamente de falar do Espírito Santo tal e qual as Escrituras O
descrevem e não de acordo com aquilo que nossas mentes possam assimilar
ou aceitar.
Os Perigos do Avivamento na Indonésia
Pode parecer estranho falarmos aqui dos perigos em primeiro lugar, mas o
nosso objetivo e desejo são de preservar esta maravilhosa dádiva que
Deus deu à Indonésia o mais que podermos. Eu já visitei muitos campos
missionários onde avivamentos reais morreram. Tornaram-se como vulcões
mortos e mesmo assim as pessoas recusavam aceitar e reconhecer que o seu
avivamento tinha acabado. Era muito difícil para eles aceitarem tal
fato. Por causa disso, chegavam ao ponto de confundir Vida com meras
atividades da carne e não se humilhavam.
Contudo
o meu coração sente um enorme desejo de preservar este dom que Deus deu
aos cristãos indonésios e por essa razão ajoelho-me orando pelos amigos
que fiz nesta terra. Que Deus se agrade de mantê-los bem vivos e
brilhando através deste movimento do seu Espírito que é, na verdade, um
serviço para a igreja em todo mundo.
Cultos
de personalidade são o primeiro perigo. Quando Deus chama e prepara os
seus instrumentos especiais, eles nunca devem tornar-se mais importantes
para nós que o próprio Senhor dentro da obra que lhes é dada a fazer.
Como é fácil nossos corações incharem-se de orgulho e de idéias vãs
quando o Senhor decide usar-nos. Será que não nos devemos lembrar que o
Deus que escolheu e ungiu Saúl foi o mesmo Deus que mais tarde o excluiu
do Seu reino? Conforme vamos lendo as histórias que seguem neste livro,
nunca deveremos esquecer – nem por um momento – que toda glória pertence
a Deus e não a qualquer homem.
O
segundo perigo entre os cristãos dentro dum avivamento é o
sensacionalismo à volta das histórias que ouvem. Os que lêem essas
histórias podem ser a causa da destruição dum avivamento. Este
sensacionalismo explica a razão da chegada dum cristão americano
pentecostal a uma das ilhas. Ele queria levar com ele uma mulher que foi
usada de uma forma grandiosa, para expô-la triunfantemente nos palcos e
nas paradas evangélicas, tal como os americanos costumam fazer. Mesmo
que esta mulher tenha sido verdadeiramente usada como instrumento para
ressuscitar pessoas da morte, o único efeito das atuações deste homem
(que não foi enviado por Deus) seriam inchá-la de orgulho e causar a sua
morte prematura e a perda de toda autoridade espiritual que ela havia
tido até ali.
Em
terceiro lugar, os avivamentos podem ser ‘visitados até à morte’ ou
‘referenciados até à morte’, ou mesmo ‘glorificados e louvados até à
morte’. Um avivamento deve servir de referência ao nosso dever e não
para louvarmos alguém. Por essa razão se escreve sobre a obra real de
Deus. E o pior de tudo é que é através das bocas dos missionários e
evangelistas, que até estão cheios de boas intenções a respeito do
avivamento, que esse avivamento muitas vezes morre.
Por que
razão estou escrevendo isto aqui? Os meus livros missionários são lidos
por cerca de 40.000 pessoas e eu suplico a todos que não cessem de orar
por esse avivamento na Indonésia e que o fogo que Deus acendeu ali nunca
se apague.
O
avivamento na Indonésia está colocado diante de dois grandes perigos:
está sendo confundido e associado com duas correntes religiosas do mundo
atual.
Por um
lado é associado à onda de batismos em massa dentro da tribo Batak e por
outro lado é confundido com o movimento das línguas que se propagou pelo
mundo cristão, o qual causa a todos nós grandes náuseas e preocupações
mesmo quando afirmam ser um movimento de avivamento. Os batismos em
massa que estão acontecendo em Sumatra e muito particularmente entre a
tribo Karo Batak, tem duas explicações. Espiritualmente falando, tudo na
Indonésia hoje acontece com um fluxo torrencial. Do ponto de vista
psicológico, existem muitas explicações para estes batismos em massa.
Tal como as costas das ilhas indonésias são banhadas por muitas águas,
também acontece que a sua situação religiosa e espiritual é afetada por
muitas correntes de pensamentos e de doutrinas.
A razão
principal para a dita onda de batismos, contudo, deve-se à situação
política do país. Logo após a revolta comunista, o governo ordenou (para
contrariar as idéias anti-religiosas do comunismo) que todos os cidadãos
tinham obrigatoriamente de pertencer a uma religião. As únicas opções
existentes eram o Islã, o Hinduísmo e o Cristianismo. Devido ao fato dos
muçulmanos terem sido responsáveis pelos massacres entre os comunistas,
muitos indonésios, desejando uma vingança moral contra eles, optaram
pelo Cristianismo. E foi assim que, em 1966 e 1967, a admissão às
igrejas através de batismos em massa começou a propagar-se. Isso atingiu
um tal número de ‘convertidos’ que apenas num espaço dois meses cerca de
10.000 habitantes locais foram batizados pelas igrejas. No entanto, esta
ocorrência não pode ser vista como um renascimento espiritual nem poderá
ser tido como novo nascimento do qual Cristo falou.
Esta
mudança para o cristianismo, contudo, tem o seu lado bom e o seu lado
mau. O lado mau é o perigo que subsiste dentro da igreja que se achará
ainda mais diluída devido à união e à mistura dos mornos com os frios. A
bênção consiste na grande oportunidade de se poder vir a alcançar estes
povos para Cristo também já que foram alcançados para igreja. O Senhor
Jesus também é capaz de transformar esta situação e construir o seu
reino puro mesmo a partir das cinzas de um movimento artificial.
Falemos
agora da confusão do movimento das línguas. O movimento das línguas
espalhou-se pelo mundo inteiro e também não pode, de maneira nenhuma,
ser associado e confundido com este genuíno avivamento dentro da
Indonésia. Esta epidemia psíquica, alicerçada apenas no subconsciente
das pessoas com inclinações profundamente religiosas e alucinações
psíquicas, avarentas e enganosas, não pode nunca ser considerado como um
avivamento. Mas, fazendo essas afirmações credíveis não temos que temer
que isto afete a todos aqueles que possuem o dom genuíno do Espírito de
Deus. Que nenhum desses tema prosseguir.
Como é
realmente perigoso este movimento das línguas para com o avivamento,
pode ser ilustrado através do seguinte incidente. Uma vez, quando todos
os professores da Escola Teológica do Leste de Java estavam ausentes
pelas férias da escola, um pentecostal vindo da Holanda visitou-os. Ele
espalhou as suas doutrinas entre os estudantes, ensinando que uma pessoa
que fosse cheia do Espírito Santo deveria falar línguas estranhas. Ele
esteve prestes a ganhar os ouvidos dos estudantes com essas suas idéias
hereges e pouco bíblicas. Mas, antes de consegui-lo, os professores da
escola voltaram. A esposa de um dos professores, apercebendo-se
imediatamente do que se estava passando, confrontou o homem e disse
olhando no seu olho: “o senhor é um falso profeta”. Pouco tempo depois,
ele saiu da escola e a ameaça foi desviada. O inimigo planejou ultrajar
e danificar o rebanho quando os seus pastores estavam ausentes. O
Senhor, contudo, impediu que qualquer estrago fosse causado.
A
associação que podemos fazer entre o extremismo e o espiritismo pode ser
ilustrado com mais este exemplo. Certo dia o dito evangelista
pentecostal que acabamos de mencionar saiu para um passeio com um dos
missionários. Repentinamente, ele disse ao seu companheiro algo que o
deixou pasmado: “Está a ver aqueles três pássaros? O do meio é um
espírito. Olhe bem para o que vai acontecer!” O pássaro do meio voou em
direção ao evangelista e depois levantou, subiu e desapareceu no ar.
Isto é um claro exemplo de algo que frequentemente ocorre dentro dos
meios do espiritismo. Mas, para este “evangelista” era sinal do seu
batismo com o Espírito Santo. Esta história não é nenhuma fábula, pois
foi-me relatada pelo próprio missionário que acompanhava esse
evangelista holandês. Para além disto tudo, existe um perigo mais (algo
que frequentemente é menosprezado, mas que se torna uma ameaça real
contra um avivamento). Um velho ministro do evangelho na Inglaterra, o
qual esteve presente no avivamento do país de Gales uma vez disse: “Lá
para o fim do avivamento, toda gente falava no Espírito Santo e só se
falava no Espírito Santo e não mais no Senhor Jesus”. Este perigo é
verdadeiramente real, pois toda ênfase é retirada da obra de Cristo e
transposta para o Espírito Santo. Mesmo que as nossas igrejas atualmente
estejam pecando ao não darem ênfase ao Espírito Santo e às Suas
operações, durante avivamentos, os cristãos costumam ser levados para o
outro extremo. Toda obra de salvação está colocada sobre Cristo. E o
Espírito Santo tem por obra exclusiva revelar e manifestar Cristo e
falar d’Ele. Jesus disse, pouco antes de o Espírito Santo ser derramado
sobre os homens que escolheu: “o poder do Espírito Santo virá sobre vós
e sereis Minhas testemunhas”.
VIII. UMA ESCOLA TEOLÓGICA NO LESTE DE JAVA
A Escola Teológica no Leste de Java ainda é muito jovem e por esta razão ainda se
encontra no período do seu primeiro amor.
Esta jovem semente foi semeada em território Indonésio em 1959. Começou sendo
uma grande família constituída por nove estudantes e quatro professores,
um dos quais é David Simeon. No ano seguinte, o número de estudantes
cresceu para dezessete. O mais conhecido deles é, sem dúvida Pak Elias,
sobre quem iremos ouvir bastante.
Em 1961,
um dos membros fundadores abandonou a escola para se unir a organização
“World Vision” porque sentiu-se chamado a concentrar as suas forças num
trabalho social entre crianças.
Quando
David Simeon voltou de umas férias (durante as quais havia casado), a
liderança desta jovem obra foi parar em suas mãos.
A obra
dessa escola expandiu-se muito rapidamente e de forma maravilhosa. Em
1967, o número de estudantes alcançou pela primeira vez um número com
três dígitos e muitos foram obrigados a permanecer numa lista de espera
na esperança de conseguirem uma vaga mais tarde. Isto é o que realmente
acontece quando o Espírito de Deus começa a movimentar-se livremente sem
barreiras e constrangimentos.
Paralelo
com o crescimento no número de estudantes, muitos edifícios tiveram de
ser construídos devido à cadeia das circunstâncias miraculosas. Uma
antiga igreja holandesa, a qual anos atrás havia sido completamente
destruída, foi reconstruída e ficou como nova. O edifício principal foi
construído nesta fase, em sua maioria, através das ofertas dos próprios
cristãos indonésios.
Profundidade e Extensão
Existem duas palavras-chave que podem ser usadas para descrever o
desenvolvimento e o crescimento desta escola de teologia. Não tivesse
sido a profundidade com que foi alicerçada, a escola ter-se-ia tornado
muito superficial e leviana.
A Dra. Raquel, superintendente do hospital no centro de Java, tem ligações de
longa data com a Escola Teológica. Ela relatou-me alguns fatos muito
interessantes. Ela própria convidou várias vezes os grupos
evangelísticos que se formaram a partir da escola para trazerem a
mensagem de Cristo aos hospitalizados e ao pessoal hospitalar também.
Dizia-me: “Nós víamos claramente uma mudança vívida, simples e radical
em todas as nossas meninas (pessoal de enfermagem). Quatro delas
decidiram-se logo na primeira visita inscreverem-se para ingressarem na
escola e serem formadas para servirem na obra de Deus em tempo integral.
E, quando elas voltaram da Escola Teológica, a sua mudança tornou-se
ainda mais visível e marcante. Elas não se importavam de executar os
trabalhos mais vis e mais simples, eram tão honestas e possuíam um
espírito de gratidão tão grande que nós, os que já seguimos a Cristo,
nos envergonhávamos só de estar perto delas. O Espírito de Cristo estava
literalmente demonstrado e impresso em todas as facetas das suas belas
vidas”.
Dentro
da própria Escola Teológica, os verdadeiros ventos de avivamento já
sopravam há alguns anos. Isto pode ser ilustrado com o que aconteceu na
primavera de 1967. Os professores tinham, naquela altura, grande
dificuldade com certo número de estudantes e consideravam mesmo a
possibilidade de os mandarem embora. Mas, os professores começaram a
orar. Logo de seguida, a nuvem negra que os separava começou a
dissipar-se e as reuniões de oração começaram a prolongar-se até muito
tarde na noite sem que se dessem conta. Os estudantes vinham falar com
os professores implorando-lhes o seu perdão e os professores por seu
turno confessavam aos estudantes aqueles pecados dos quais eles eram
culpados. Um dos professores, uma vez, falou a um grupo de estudantes
reunidos diante dele: “Eu sou um homem muito orgulhoso. Por favor, orem
por mim”. Tudo aquilo que Espírito Santo revelava e tudo aquilo de que
eram convictos (mesmo que ligeiramente), era colocado na luz e
confessado publicamente sem qualquer hesitação. O que exigia restituição
era prontamente restituído – nem que fosse a honra de alguém.
A Dra.
Raquel, uma mulher que teve o privilégio de participar e de conviver no
avivamento deste período na Escola Teológica, relatou-me todos esses
incidentes e fatos e também me deu muito mais informações preciosas
sobre os professores. Contudo, o melhor será não cairmos na tentação de
publicarmos estas coisas, pois este tipo de acontecimento e ocorrência é
facilmente sensacionalizado por um lado e, por outro, dá matéria para a
má-lingua de quem quer ferir a obra de Deus. Esta é uma das maneiras
mais ávidas de entristecer o Espírito de Deus. A Dra. Raquel continuou
dizendo: “Durante este período, conforme o espírito de limpeza total e
incondicional varria toda a escola de alto abaixo, do menor ao maior,
muitas coisas começaram a acontecer que só têm paralelos e referências
aos próprios tempos de Cristo. Opressões de ocultismo, pecados ocultos e
de ocultismo e bruxaria envolvendo até terceiras e quartas gerações eram
trazidos e colocados na luz de Deus depois de revelados pelo Espírito
Santo. Por exemplo, uma moça estava possessa e um grande número de
demônios teve que ser expulso dela”.
David
Simeon disse-me a esse respeito: “Até aquele momento nós só tínhamos
conhecimento dessas coisas e desses pecados vindos de três e quatro
gerações, apenas dos seus livros. Mas, agora nós obtivemos a experiência
real de tudo aquilo que o senhor fala”. Eu fiquei enormemente agradado e
muito grato a Deus de que os meus livros eram instrumentos para formação
dessas pessoas usadas de forma tão magnífica e tão simples. Muitas
vezes, uma simples expressão dessas serve como um grande encorajamento
para aqueles que lutam tanto e constantemente pela verdade. Eu acho a
minha vida constantemente sob fogo cruzado e intenso vindo de todos os
lados e até já me achei tentado a ficar desmotivado e exausto. Uma
palavra destas é muitas vezes o suficiente para nos fazer prosseguir e
ganhar uma nova leveza no nosso caminho com Cristo.
Vamos
uma vez mais ouvir as palavras da Drª. Raquel: “Se eu tivesse apenas
lido sobre as coisas que aconteceram aqui, com certeza teria duvidado
delas. Mas, aconteceu eu própria estar envolvida nesses acontecimentos.
Mais importante para mim do que a libertação das pessoas dos seus
pecados de feitiçaria e de ocultismo, foram os frutos do Espírito Santo
tornarem tão visíveis entre os estudantes. Eram vistos claramente. Por
exemplo, Deus havia derramado o Seu amor no coração de um certo jovem
indonésio. Os outros ficaram tão quebrantados por causa disso que
sentíamos no ar a humildade crescente que se propagou por todos eles com
muita facilidade. Um outro reconheceu sua desobediência e pediu perdão
abertamente diante de todos. Não houve nenhum professor e nenhum
estudante que tivesse ficado indiferente ao toque do Espírito Santo e
que não tivesse sido tocado durante o decorrer dos acontecimentos.
Somando a isso, as distinções na escala hierárquica entre os professores
e alunos deixou de existir. Os estudantes e os professores acabaram por
formar um grupo coeso de pessoas iguais umas as outras e era assim que
se uniam em uníssono diante de Deus. Os ventos de Deus sopraram e ainda
sopram nesta escola. Não tenho qualquer vergonha em admitir que choro e
que me vêm as lágrimas aos olhos sempre que entro naquela atmosfera da
escola. Nem consigo conter as lágrimas”.
Agora é
a minha vez de relatar as minhas próprias impressões. Eu estive na
Indonésia durante quatro semanas, duas das quais no leste de Java. O que
eu experimentei ali, impressionou-me mais do que qualquer coisa que
alguma vez experimentei durante os meus 39 anos de caminhada com a minha
cruz e com Cristo. Deus permitiu ver certo número de coisas durante esse
tempo abençoado. A minha vida espiritual pessoal ficou tão enriquecida
pela experiência que desde então dedico três vezes mais tempo à oração
do que dedicava antes. Devido ao fato de viajar muito, a minha memória
tornou-se como um mapa do mundo. Desde que cheguei da Indonésia,
percorro diariamente cada continente orando por todas as pessoas que
conheço. Ficou impresso no meu coração que era negligente e culpado no
tocante à oração, não apenas diante de Deus, mas também culpado perante
os povos que servi. Nós precisamos obter o que procuramos e somente em
oração e de joelhos dobrados. É verdade que eu orava regularmente desde
que aprendi seguir Cristo e isso incluía mesmo passar várias noites em
oração. Mas, mesmo assim, nasceu um reboliço espontâneo dentro de mim
através deste avivamento na Indonésia que me fez sentir estar em falta.
Quão diferente teria sido a minha vida se eu não tivesse sido tão
negligente na oração. Quantas decisões erradas teriam sido evitadas se
tivesse permanecido um pouco mais de tempo nos meus joelhos achando
Deus. Eu sinto uma urgência dentro de mim em tentar compensar tudo que
perdi e onde falhei – se é que isso ainda é possível! Por essa razão,
dobro os meus joelhos cada dia e viajo desde o Alaska até Tierra del
Fuego, da Escandinávia até a cidade do Cabo. Então, pego na costa
asiática e atravesso o Pacífico percorrendo todas as ilhas conforme a
minha memória viaja. Como são de grande ajuda todas as viagens que fiz
no passado! Sinto-me em casa em qualquer continente deste mundo. Em meu
coração tenho apenas um pedido atualmente: que Deus me perdoe ter sido
tão morno na oração e na perseverança de alcançar os pedidos que faço a
Deus. Tudo isso recebi de volta por ter visitado a Indonésia.
Faz
parte da essência do cristianismo puro e real o Senhor guiar os seus
discípulos até um isolamento e desse isolamento para a obra. Isto é o
que se pode ver, também, nesta Escola Teológica do leste de Java.
Uma Escola Teológica sem qualquer saída prática para o exterior dela
torna-se um peso e um fardo de teoria que não serve para nada. A idéia
da evangelização da Indonésia surgiu e por isso tornou-se um peso
extremo dentro dos corações, tanto dos estudantes como dos professores.
Esta atitude justifica-se ainda mais devido ao fato de haver muito
poucos missionários estrangeiros dentro deste país. Mesmo tendo uma
população de cerca de 110.000.000 de pessoas, a Indonésia tem apenas
cerca de 2000 missionários ativos. Por essa razão, a primeira tarefa que
desafiou a escola, foi a evangelização do próprio país. Para alcançarem
esse objetivo, estudantes bem treinados eram enviados para trabalharem
para Deus nas ilhas vizinhas. Um dos acontecimentos mais relevantes e
mais extraordinários a esse respeito, foi quando uma tribo de
fabricantes de venenos pediu a um missionário para vir visitá-los e
trazer-lhes o evangelho.
Uma maior oportunidade para o serviço prático nasce precisamente do hábito
que a escola tem de treinar os estudantes durante as próprias campanhas
de evangelização. Para esse efeito, todos os anos, os estudantes são
divididos em grupos e são enviados para trabalharem por sua própria
conta durante dois meses. Só em Junho de 1967, dezessete desses grupos
missionários foram organizados e enviados, envolvendo um número de 95
estudantes, os quais foram enviados numa missão que cobria toda a
Indonésia. Não vale de nada os professores planearem ou decidirem onde
cada grupo deve trabalhar. Durante dias e antes de serem enviados,
unem-se todos em oração para tentarem descobrir quais as indicações que
Deus lhes dá e qual a Sua vontade para cada grupo. Uma das indicações
claríssimas de que o Espírito Santo guia essas pessoas é a forma como
concordam e como coincidem todas as conclusões finais alcançadas tanto
pelos professores como pelos estudantes. Eu nunca experimentei nada
deste gênero em toda minha vida interior. Quantas vezes os missionários
que são enviados para o campo de batalha não conseguem ser unânimes
sobre as decisões dos seus líderes e superiores hierárquicos no quartel
general! Isso serve apenas para ilustrar como esta falta de união no
Espírito existe e como é uma realidade dentro daqueles que são enviados
ou acham que estão sendo enviados. Onde o Espírito guia, todos
concordam. No leste de Java, contudo, os crentes continuam em oração até
que haja clarividência sobre cada detalhe de cada saída missionária.
Este é um sinal claro que este avivamento é realmente sóbrio, sólido e
bíblico.
O passo seguinte, conforme o campo missionário se alarga, é o envio de
missionários para outros países também. Enquanto estive na Escola
Teológica em 1968, o objeto das suas orações eram a Tailândia e o
Camboja.
Contudo, eu tenho forte um pressentimento que isto não será o último passo que
irão dar. Sabendo que o mundo ocidental está tão enraizado e tão feliz
dentro do ácido corrosivo da teologia, não me surpreenderia nem um pouco
se um dia a América e a Europa viessem receber missionários oriundos da
Indonésia para fazê-los voltar a Cristo. Eu tenho a certeza que, caso
esses irmãos da Indonésia mantenham a sua humildade e perseverança, isto
vai acabar por acontecer.
Gradualmente, as igrejas tradicionais na Indonésia estão cessando a
oposição que criaram contra esta Escola Teológica. Muitas igrejas, entre
elas a Presbiteriana, Metodista, Menonita e outros grupos protestantes
no qual se incluem alguns dos grupos pentecostais mais moderados,
começaram a enviar os seus jovens para serem treinados nesta instituição
abençoada. Isto é um passo de gigante em direção àquilo que deveria ser.
Parece que o Senhor está em cima do monte Nebo comandando os cristãos
dizendo: “Eis a Indonésia diante de vós. Ide possuir a terra”.
É precisamente isto que eles têm tentado fazer sem objeções.
Movimento do Espírito Santo
Eu já havia partido da Indonésia e estava quase terminando de escrever este
livro quando, pela graça de Deus, recebi relatos adicionais sobre o
avivamento na Escola de Teologia em Java. Os relatos chegaram até mim
através de dois líderes professores desta escola e falam muito mais do
que o meu próprio testemunho. Aqui fica apenas expresso a gratidão da
minha parte por este testemunho maravilhoso das operações tão visíveis
do Espírito Santo nesta Escola Teológica Indonésia:
-
“Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, éramos como
os que estão sonhando. Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa
língua de cânticos. Então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o
Senhor por eles. Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós e, por isso,
estamos alegres. Faz regressar os nossos cativos, Senhor, como as
correntes no sul. Os que semeiam em lágrimas, com cânticos de júbilo
segarão. Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará
com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhes”, Sal.126:1-6.
Caros amigos
As nossas bocas estão cheias de riso e as nossas línguas entoam louvores.
Durante os últimos meses tivemos aqui tempos similares aos que iremos
passar quando estivermos no céu. Nunca houve tanto louvor, tanto
agradecimento e tantos cânticos tão ordeiramente oferecidos como tem
acontecido agora. Nunca os professores e os alunos estiveram tão unidos
em vínculos de amor real e fraternal. O Senhor derramou sobre nós tanto
as chuvas serôdias como as temporãs. Grandes coisas têm vindo acontecer
entre nós e também em nove outras ilhas através do trabalho
desinteressado de dezessete grupos missionários distintos.
Tudo começou com a nossa própria convicção da dura realidade de não sermos
dignos e de não nos pertencermos a nós mesmos. Durante meses
(anteriormente) estávamos completamente arrasados e desapontados com o
nosso estado espiritual aqui na escola. Um grupo de pessoas começou,
então, a orar por um avivamento. Os alunos do quinto ano estavam
abandonando a escola já e, mesmo assim, um grande número desses
estudantes encontrava-se num estado de espiritualidade muito precário e
quase satânico. Mas, foi então que o Senhor começou a responder às
nossas orações, enviando-nos dois dos seus mensageiros. As suas
mensagens cheias de autoridade a respeito da batalha espiritual que
enfrentamos dentro de nós (e a qual precisa ser vencida a qualquer
custo), revestidos com toda a armadura de Deus, revelou-nos como
estávamos tão longe do nosso objetivo de servir Deus como Ele quer. Como
estávamos com fome e com sede! Como andávamos longe da luz (de
manifestar publicamente os nossos pecados todos) e de caminharmos nela
espontaneamente! Mas, mesmo assim, o Senhor teve misericórdia de nós e
estava operante em nosso meio. Dez dias mais tarde, Dan, nosso
co-missionário indonésio e companheiro em Cristo, obteve uma experiência
maravilhosa de uma total renovação interior na sua vida. O Espírito
Santo suscitou tal convicção de pecado dentro dele que chorou sem parar
durante mais de uma hora para logo de seguida o Senhor encher a sua
vida. Este homem, no passado, havia-nos causado grandes problemas e
enormes apertos de coração devido ao seu enorme orgulho e espírito de
crítica. Tornou-se numa pessoa de grande amor e humildade, de tal forma
que nem o reconhecemos mais. Tornou-se numa pessoa completamente
diferente do que era. Todas as vezes que olho para ele agora, gratidão e
louvor enchem o meu coração e boca, pois tenho diante de mim uma grande
obra da maravilhosa graça de Deus.
Por fim, foi tornado possível a todos os obreiros, orarem juntos. Começamos
na quarta-feira à noite. O Senhor humilhou-nos tanto que, pela primeira
vez em nossas vidas, começamos a chorar e a interceder diante dele por
nossos jovens e por nossos pecados. E a sua resposta foi uma surpresa
para nós. No final da nossa sessão de oração em conjunto, o Senhor
derramou seu Espírito sobre nós de tal maneira que todos os pecados e
todas as obras das trevas foram trazidos para a Sua luz. Quando chegamos
a casa, tarde nessa noite, achamos nossas moças esperando por nós à
porta. Uma delas estava endemoninhada. Na verdade, ela sempre esteve
endemoninhada. Houve vezes que suspeitávamos disso, mas, as coisas
haviam estado tão escondidas nas trevas que os espíritos malignos que
ela possuía conseguiam facilmente achar lugar dentro da nossa Escola
Teológica e passarem totalmente despercebidos. Durante essa noite e as
noites que se seguiram, saíram dela cerca de cinqüenta demônios, todos
expulsos permanentemente em nome de Jesus. Na verdade, foi uma luta de
vida e de morte. Uma e outra vez, os espíritos malignos tentavam ou
enlouquecê-la ou forçá-la a suicidar-se. Houve vezes que pesávamos que
tínhamos chegado ao limite das nossas forças tanto espirituais como
físicas. Mas, Jesus é na verdade um Salvador maravilhoso. O Senhor
ensinou-nos bastante durante esta batalha que travámos. Todos os
espíritos malignos tinham que revelar sua identidade e por que razão
possuíam Hanna, até sabermos quais os pecados e a origem da possessão.
Muitas práticas ocultas e de ocultismo foram reveladas e trazidas para a
luz. Mais tarde, descobrimos que não havia um aluno ou professor que não
tivesse estado envolvido em práticas de bruxaria e de ocultismo.
Confissões com listas que excediam os duzentos pecados de bruxaria não
eram tão raras assim e isto precisamente dentro da Escola Teológica onde
os estudantes aprendiam tudo a respeito dos perigos do ocultismo! Isso
apenas revela como o inimigo tem capacidade de cegar os olhos do homem!
E também revela como a luz do Espírito Santo é e até que profundidade
ela consegue penetrar.
Depois da primeira noite, começamos a orar em conjunto diariamente e
cada dia mais estudantes eram renovados da mesma forma que Dan. Mas, a
vitória final chegou quando, numa segunda-feira, cancelamos todos os
trabalhos que tínhamos e toda escola se uniu cumprindo as profecias de
Joel 2, chamando um dia de oração e jejum. Depois de nós professores
termos reconhecido em lágrimas as nossas incapacidades e falhas, o
Espírito Santo operou poderosamente e de tal forma que muitos estudantes
ficaram convictos de seus próprios pecados. Nesta fase, a dimensão das
trevas começou a tornar-se visível e a verdade é que a verdadeira
batalha mal tinha começado. Nós oramos todas as noites até muito tarde.
Ninguém tinha mais consciência do tempo. Mais alguns casos de possessão
tornaram-se evidentes dentro da escola. Não poucas vezes, as nossas
batalhas contra os poderes das trevas prolongaram-se até de manhã,
devido ao fato de nossos moços e moças, vencidos pelo pecado, nos
procurassem incessantemente para aconselhamento. Durante essas semanas
quase nem dormimos, mas a alegria do Senhor era a nossa força. O
trabalho da escola prosseguia mesmo que tivesse sido necessário parar os
trabalhos durante certas ocasiões quando as orações de todas pessoas
eram necessárias e requisitadas devido aos casos de possessão mais
graves. Mas, mesmo isso foi instrutivo. Os exames finais para os
terceiros e quintos anos estavam-se aproximando. Contudo, os resultados
nem foram piores que nos outros anos, apesar de nem termos tido tempo
suficiente para fazermos as devidas revisões. Era o triunfo do amor e
por essa razão todos os estudantes estavam sempre preparados para
abandonarem os seus livros quando se tratava de ajudar a libertar,
através da oração, um dos seus irmãos possessos.
Durante aquelas semanas, o Senhor deu-nos uma visão muito profunda sobre
a realidade do pecado; sobre a herança do pecado; a maldição de Deus
sobre terceiras e quartas gerações e também sobre opressão e possessão
demoníaca. Era um abismo de trevas e de necessidades que clamavam e
bradavam aos céus! E como isso que estávamos fazendo aborrecia o
inimigo! Mas, quão poderoso é o nome do Senhor Jesus em destruir todas
as fortalezas do inimigo e quão invencível é o poder do Seu sangue em
lavar os nossos pecados e de responder a todas as acusações e
contra-acusações que sofremos do maligno! Quão maravilhosa é esta
salvação perfeita que nos veio através de Cristo! Muitas vezes surgiam
perguntas como esta: será que a maldição de Deus sobre práticas de
ocultismo dos nossos antepassados não é automaticamente retirada de nós
quando nascemos de novo em Cristo? Não estamos a menosprezar a salvação
de alguém quando mais tarde tentamos libertar uma pessoa dessas
opressões vindas dos seus antepassados? O Senhor deu-nos a resposta
durante as noites de oração ao fazer-nos lembrar a história de Lázaro.
Ele recebeu o dom da vida através de Jesus, mas era incapaz de se
libertar das ataduras e das roupas fúnebres e não conseguia viver
plenamente essa dádiva da vida sem ser desamarrado e liberto. Tinha
vida, mas não tinha a liberdade e a disponibilidade de vivê-la. E Jesus
entregou essa tarefa aos que ali estavam presentes e que haviam sido
testemunhas da ressurreição dele. Isso foi literalmente o que nós
estávamos experimentando de forma muito prática com alguns estudantes.
Muitos deles, apesar de terem nascido de novo, nunca haviam
experimentado a alegria da sua salvação e nem conseguiam lutar com
eficácia através da sua vida espiritual porque não se encontravam
libertos dos seus pecados. Contudo, assim que as suas roupas fúnebres
eram tiradas e desamarradas, eles tornavam-se instantaneamente
testemunhas reais, alegres e poderosas do seu Senhor. Descobrimos que a
tarefa e a autoridade de libertar as pessoas da opressão, a qual Jesus
entregou nas mãos dos seus discípulos, foi-nos revelada de tal forma
como se nunca tivéssemos aprendido algo sobre o assunto. Talvez esta
seja a resposta para muitos dos problemas que as igrejas e os cristãos
enfrentam por todo mundo.
Nós estamos nos aproximando, agora, da época dos grupos saírem em serviço
para o Senhor. Na verdade, os grupos já estão decididos há muito tempo e
as cartas necessárias já foram enviadas para as igrejas que estarão
envolvidas na evangelização. Contudo, o Senhor baralhou todas as nossas
opiniões e planos em cada reunião, nas quais nos entregamos para
finalizar questões e detalhes. Por fim, acabamos por dar livre arbítrio
aos estudantes e demos-lhes as seguintes instruções: “esperem receber
instruções diretamente do Senhor e depois comuniquem-nos quais foram”.
Um plano maravilhoso por parte do Senhor foi nos revelado. As várias
diretivas do Senhor (algumas delas através da Bíblia e outras através de
visões) nunca se contrariavam. E, mais ainda, o Senhor guiou-nos a
visitar distritos que nós nunca teríamos a audácia de visitar, pois
temíamos acatar as responsabilidades de ter que enviar os nossos jovens
para tais áreas. Essas áreas eram as fortalezas do ocultismo nas ilhas
de Ambon e Sabu, na ilha de Mojo, a fortaleza islâmica de Atjeh e
Minangkabu, as inultrapassáveis terras inundadas das províncias de
Sumatra (Djambie e Riau), o pântano de imoralidade na área portuária de
Jacarta e, por ultimo, as prostitutas de Surabaja. Alguns dos estudantes
estavam obviamente temerosos com as tarefas que o Senhor lhes designara
e, por essa razão, em vez de nos dizerem ou contarem o que o Senhor lhes
havia dito, eles deixaram a decisão vir de nós. Contudo, nos dois dias
de oração anteriores ao domingo que os grupos iriam ser enviados, o
Espírito Santo operou tão poderosamente que os nossos jovens quebraram
em lágrimas pedindo ao Senhor para lhes perdoar e suplicando-nos que
lhes fosse permitido visitar as áreas que o Senhor lhes indicara. Como o
Senhor respondeu tão maravilhosamente! Quantas promessas Ele nos deu e
quanto poder recebemos através da oração! Eu gostaria que você estivesse
aqui presente para poder ter uma idéia do que aconteceu entre nós nestes
dois dias e meio de oração! Nós orámos sem cessar, com apenas uma curta
pausa para o almoço e outra para o jantar. Começávamos pelas oito horas
da manhã e as nossas orações prolongavam-se até cerca das onze horas da
noite. Ninguém se sentia cansado e ninguém tinha noção do tempo. Ao
mesmo tempo, durante as horas das refeições e durante o resto da noite
que sobrava, aconselhávamos os estudantes a quem o Senhor havia
manifestado a sua vontade diretamente. Nós experimentávamos igual bênção
e experiência nessas ocasiões como naquelas durante os tempos de oração.
E foi então que chegou o clímax: o domingo da partida e da validação
para o serviço. Se me lembro corretamente, o culto da tarde começou às
quatro e trinta e durou até as nove da noite. Quão maravilhoso foi esse
tempo! Seguiu-se, depois, as preparações para as partidas dos
respectivos grupos. O Senhor acrescentou bênçãos materiais às bênçãos
espirituais: cobertores, mochilas, sacos de dormir e sandálias chegaram
para os grupos. Da Alemanha chegou-nos um gênero de pão usado pelo
exército alemão que era leve na bagagem, mas muito nutritivo. Dois dias
antes da partida do primeiro grupo, nós recebemos uma quantidade de
rádios-gravador. Juntado a isso, conseguimos reunir antecipadamente
muitas dádivas de literatura, de panfletos, de evangelhos de João e
Novos Testamentos. Finalmente, nós recebemos oferendas monetárias que
eram o suficiente para o início da viagem dos grupos. A verdade é que,
nenhum grupo saiu com o suficiente para o seu consumo diário e nem para
sua passagem de volta. Mas, isso não deteve ninguém de cumprir a vontade
de Deus. Todos eles sabiam que podiam depender de Mateus 6:33. Por favor
dêem graças a Deus por nós e orem conosco”.
Vamos agora ouvir as histórias e as vitórias que Deus alcançou por essas
paragens.
IX. JESUS ENTRE OS MUÇULMANOS
A vida pessoal do Ruben é uma confirmação de como o Senhor honra a sua palavra:
“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e
Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes”,
1Cor.1:27.
Ele pediu para ser aceite na Escola Teológica do leste de Java e recebeu a
seguinte resposta: “Espere mais um ano”. Como ele não podia ficar um ano
esperando sem fazer nada, tentou arranjar um emprego nos correios e
conseguiu.
Um ano depois, fez nova inscrição para ingressar na Escola Teológica. Só que
desta vez foi-lhe dito que, se quisesse, poderia ingressar na escola,
mas como jardineiro. Ele aceitou, mas continuou em oração perseverante.
Quatro meses depois fez uma terceira inscrição e foi finalmente
admitido.
Contudo, conforme o curso ia progredindo, tornou-se muito evidente que o Ruben
não era um estudante com grande capacidade para estudar. Ele não tinha
este dom. Mesmo trabalhando arduamente e mesmo sendo muito aplicado, não
conseguia reter nada do que estudava. Um dia, o seu tutor acabou por
chamá-lo e perguntou-lhe: “O que é que nós vamos fazer contigo? Não
estás conseguindo qualquer proveito do teu trabalho”. Ruben respondeu
humildemente: “Se por acaso os senhores acharem que eu não sirvo para
estudar, então talvez fosse melhor eu desistir!” Mas, assim que foi para
o seu quarto, jogou-se sobre os seus joelhos e clamou ao Senhor: “Senhor
Jesus, foste tu que me chamaste para o ministério. Peço-te que me faças
conseguir terminar este curso com êxito”. No dia seguinte, o seu tutor
convocou-o novamente e, ai invés de expulsa-lo, encorajou-o a prosseguir
os seus estudos e logo veriam o que aconteceria. Este foi um sinal claro
da consistência das coisas quando é o Espírito Santo quem guia. O Ruben,
na sua humilde fé e cheio de simplicidade, achava que a única opção
seria terminar o curso.
Chegara o tempo dos exames. O jovem estudante, apesar da sua falta de aptidão
para os estudos, estudava noite e dia sem cessar. Mas, ele não conseguia
reter nada. Foi então que, na noite antes do exame, o Senhor falou-lhe
indicando: “lê esta e aquela parte”. Ruben obedeceu. No dia seguinte, as
perguntas que saíram, cobriam aquilo que Deus lhe indicara. Foi uma
forma maravilhosa de o Senhor Jesus ser “desonesto” na Sua própria
escola. Mas, mesmo que seja bonito para o Senhor fazer isto, não devemos
fazê-lo de nossa autoria.
Contudo,
o Ruben era tão honesto que se aproximou dos seus professores para lhes
confessar: “A noite passada, o Senhor Jesus falou comigo e mostrou o que
deveria estudar. Foi por esta razão que consegui passar os exames”. Os
professores ficaram satisfeitos com o sucedido e resolveram deixar as
coisas como estavam! Não iriam brigar com Jesus!
Mas, no
tocante ao seu ministério, a figura era totalmente diferente apesar da
sua evidente falta de dons para os estudos. Eu já tive oportunidade de
visitar muitos países controlados por muçulmanos, tanto na África como
na Ásia. Testemunhei neles os sérios problemas que os cristãos enfrentam
por causa da propagação do evangelho. Mas, vamos ver como é que o Ruben
se deu com eles.
Ele foi
enviado da escola para uma vila muçulmana no leste de Java. Ali existia
apenas uma família cristã e, mesmo assim, eram crentes nominais. Quando
Ruben os visitou, não o quiseram receber e recusaram o seu trabalho.
Este
jovem missionário não ficou minimamente desencorajado com o acontecido.
Dormia ao relento e as ruas eram a sua igreja. Quando pedia ao Senhor
para providenciar as suas necessidades básicas diárias, nunca saiu
desapontado, pois não demorava muito tempo até que os próprios
muçulmanos o convidassem a comer em suas casas e a dar-lhe cama para
dormir em seus lares. Aquilo que os cristãos não fizeram, os muçulmanos
providenciaram ao servo fiel do Senhor.
No final
do primeiro ano, cerca de 100 muçulmanos já se haviam convertido a
Cristo e todos eles foram sacudidos interiormente pelo poder do
evangelho e abriram as suas casas para que Jesus entrasse. Ruben tinha
por hábito orar e estar com eles diariamente. Os outros muçulmanos,
contudo, ficaram irritados com o sucesso missionário de Ruben. No início
do segundo ano, uniram-se contra ele e cerca de sessenta homens entraram
pelas casas dos cristãos armados com seus facões. Os cristãos nada
podiam fazer a não ser ajoelharem-se e implorar ao Senhor por proteção.
Naquele instante soou uma sirene e um carro da polícia aproximou-se em
grande velocidade quando estava fazendo a sua ronda diária. Os
muçulmanos esconderam os seus facões o mais rápido que podiam. Foi desta
maneira que foram protegidos. Algumas semanas depois, outros sessenta
muçulmanos vieram a Cristo. Foi como se a onda de perseguição tivesse
dado frutos de igual número. No final do segundo ano do seu ministério,
a congregação deste jovem indonésio incluía já cerca de 200 muçulmanos
verdadeiramente convertidos. E isto podemos dizer que é o fruto apenas
de um irmão em Cristo pouco dotado e, para muitos, incapacitado. “Mas,
Deus escolheu as coisas pequenas deste mundo para confundir os sábios
deste século e escolheu as coisas fracas para com elas envergonhar as
fortes”.
X. DENTRO DAS FOTALEZAS DO ALCORÃO
Na minha Bíblia inglesa, cruzo-me várias vezes com essas expressões “um espírito
quebrantado” e “um coração quebrantado”. Nós encontramos essas palavras,
por exemplo, no Sal. 51:17: “O sacrifício aceitável a Deus é o espírito
quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”.
Essas palavras aludem claramente a uma situação espiritual na qual a
pessoa não mais resiste a vontade de Deus, mas prefere, antes,
considerar-se nada e nessa situação permite que Deus use tal pessoa da
maneira que Ele próprio escolher. Isto é mais fácil falar do que fazer,
pois muitos poucos cristãos estão realmente sujeitos a Deus e à sua
vontade desse jeito e a muito poucos Deus consegue guiar dentro da Sua
vontade. Eu próprio, conhecendo meu coração rebelde, sinto alguma
dificuldade em escrever seja o que for sobre este assunto.
Na
Indonésia, contudo, vi e testemunhei vezes sem conta essas atitudes
demonstradas de uma forma tão evidente na vida dum certo jovem crente. O
seu nome é Dan. Mesmo tendo vindo duma família pagã, alguns anos depois
do seu nascimento, os seus pais adotaram o cristianismo como a sua
religião. Eles batizaram todos os seus filhos. O pequeno Dan, contudo,
nunca havia experimentado uma verdadeira transformação na sua vida
interior e o pecado, consequentemente, tomou as rédeas da sua vida.
Foi
então que durante uma missão em 1957, ele se converteu. Logo de
imediato, ingressou no serviço do seu Senhor também. Inscreveu-se na
Escola Teológica em Java e foi logo aceite. Ao completar os seus
estudos, prosseguiu com um curso de treinamento para ministros e
continuou na escola como professor.
Conforme
o tempo foi passando, ele sentia que havia um enorme fosso em sua vida e
uma grande falta de autoridade. Foi então que Roy Hession e William
Nagenda visitaram Java. Estes dois homens de Deus foram usados pelo
Senhor para administrarem uma nova benção e uma nova perspectiva de vida
aos estudantes e aos líderes da Escola Teológica. Depois de se terem ido
embora, este jovem professor ficou maravilhosamente exercitado e
compungido com o tema de andarmos e vivermos na luz.
Contudo,
ele ainda assim sentia que algo mais faltava em sua vida. Um dia Deus
abriu-lhe os olhos. Ainda carregava consigo os pecados antigos de
ocultismo de seus pais e antecessores. Em nenhum outro aspecto da vida
cristã os pecados das terceiras e quartas gerações tornam-se tão
marcantes quanto na área da feitiçaria e do ocultismo. Era este drama
antigo de opressão pelo ocultismo que era o responsável pela a falta de
poder espiritual em sua vida pessoal. Ele logo tratou de confessar esses
pecados um a um e experimentou uma grande libertação logo de seguida.
Conforme
já mencionamos, durante este avivamento que incendiou e incentivou esta
escola teológica, Dan foi cheio do Espírito Santo de tal forma que se
tornou o cristão modelo para todos os estudantes, professores e colegas,
tal como para todos os visitantes em geral. Na minha própria experiência
do contato que tive com ele, achei-me também enormemente abençoado.
Pioneiro de Atje
A seguir
à sua libertação, o Dan tornou-se um instrumento escolhido do Senhor
para Atje. Este distrito fica no extremo norte de Sumatra e é conhecido
como uma das fortalezas mais fanáticas dos muçulmanos. Foi precisamente
ali onde os holandeses tiverem sua maior dor de cabeça e a resistência
mais feroz durante a ocupação de Sumatra e da Indonésia. Foi apenas em
1903 que essa resistência cedeu e foi finalmente superada.
Durante
as reuniões de oração na escola teológica, tornou-se claro para Dan que
deveria fazer uma visita a Atje juntamente com seu grupo de
missionários. Os cristãos do mundo ocidental nunca poderão imaginar nem
conceber as dificuldades duma tal missão.
A
distância era o primeiro obstáculo. Eram milhares de quilômetros! Era
uma área que nunca havia sido explorada pelo cristianismo! Não havia
ninguém para recebê-los quando chegassem! Não tinham qualquer contacto
ou conhecido no local. O Dan não tinha nem um único endereço ou
referência a quem pudesse recorrer para ajuda. E ainda por cima tinham
pouco dinheiro.
Era, por
isso, uma zona de características únicas, uma tarefa invulgarmente
impossível de ser conseguida. Tudo isto era o que confrontava Dan. Mas,
o pior de tudo foi que um dos estudantes teve uma visão pela qual
profetizava que toda a viagem missionária terminaria em fracasso.
Contudo, os cristãos logo se aperceberam que isso era uma visão vinda do
diabo com o intuito de abortar a missão. Este incidente revela
claramente como o diabo também consegue imitar Deus através de visões e
profecias, mesmo dentro de um ambiente de plenitude e de avivamento. De
fato, até dentro dum ambiente de grande bênção e durante tempos de
plenitude, o inimigo encontra-se bastante ativo e sem rédeas. Só temos
de saber discernir.
Com os
olhos postos no Senhor, a missão seguiu em frente. Seis estudantes,
entre os quais estava Dan, partiram com a luz do evangelho em suas mãos
penetrando nas mais densas trevas de Sumatra.
As suas
provisões financeiras eram ridiculamente pequenas. Eles tinham entre
eles um total de 35.000 rúpias, o que equivaleria a cerca de 150
dólares. Para que serviria tal quantia para quem tinha intenção de
viajar cerca de 9.000 km numa campanha que duraria cerca de dois meses?
Contudo,
eles levavam com eles muito mais que uma magra soma de dinheiro. O
tesouro mais valioso que possuíam era a bíblia e dentro dela estavam
contidas inúmeras promessas que lhes assegurava que Deus era genuíno e
fiel.
Eles
foram e experimentaram a fidelidade de Deus logo no início, quando
partiram no trem de Surabaja para Jacarta. Conforme o trem saía,
começaram a cantar e a conversar com os passageiros. Uma mulher
escutava-os atentamente. Finalmente, ficaram cansados e foram dormir,
até porque era uma viagem de dezoito horas, a qual eu próprio já fiz
devido àquela aventura causada pela má organização das linhas aéreas da
Indonésia. Mas, Dan permanecia acordado e em oração. Conforme ela ia
saindo numa paragem, a mulher que escutava atentamente o que diziam,
levantou-se. Antes mesmo de sair do trem, entregou a Dan um embrulho
feito com papel de jornal. Ela disse: “Isto vem do Senhor para vocês”.
Dan perguntou qual era o nome dela. Ela respondeu: “Meu nome não é de
grande importância. O Senhor Jesus quer dar-vos isto”. Ela desapareceu
no meio da multidão na plataforma.
Dan foi
compartilhar aquela alegria com todos os seus companheiros. Tirando-os
do seu sono, ele logo contou-lhes o sucedido. Terminou exclamando:
“Vejam! Deus cumpriu uma vez mais com a sua promessa ‘Ele supre aos seus
amados enquanto dormem’, Sal. 127:2b”. Abriu o embrulho que tinha 500
rúpias (cerca de $ 3). Não era uma grande soma de dinheiro, mas era algo
que servia como sinal claro de que o Senhor providenciaria tudo o resto
para eles. Juntos se ajoelharam e agradeceram a Deus por aquela dádiva
pequena que servia apenas como sinal de encorajamento.
Após a
longa viagem de trem e depois de terem finalmente entrado em Sumatra, o
grupo saiu do trem com as seguintes palavras: “Nós entramos neste
terreno em nome do Senhor”. Cerca de cem anos antes, um outro
missionário havia usado exatamente as mesmas palavras. Ele era
Nommensen, o apóstolo de Deus a Batak. Ele clamou: “Eu começo aqui a
batalha que o Senhor Jesus iniciou há muito tempo atrás”. Vemos a origem
do espírito pioneiro dos crentes ali, o qual ainda não morreu. O grupo,
contudo, não tinha intenção de alcançar Batak, mas antes os muçulmanos
de Atje.
O
Grande Pacificador
O grupo,
de início, não sabia para onde deveria dirigir-se. Antes de decidirem o
que fazer, eles oraram implorando literalmente ao Senhor para lhes dar
uma direção clara. Estava chovendo torrencialmente. Os jovens procuravam
um lugar para se abrigarem e para passarem a noite – mas até nisso,
também buscavam a vontade do Senhor, pois nem se importariam de ficar à
chuva. Descobriram um hotel barato e também descobriram que estava
situado mesmo em frente a uma igreja evangélica. E maior se tornou a sua
surpresa quando se encontraram com um homem que era um dos presbíteros
dessa igreja.
Mas,
ainda havia coisas mais maravilhosas para acontecerem. No dia seguinte,
o Pastor regressou de uma viagem de avião. Quando se encontrou com eles,
ele disse em forma de protesto: “Eu fui a Java com a intenção de achar
um Pastor para liderar esta igreja. No entanto, como estava chovendo
torrencialmente, o avião não pôde pousar em Java e fomos obrigados a
voltar. E eis-me aqui de mãos vazias e sem sucesso!”.
Ao ouvir
a história deste homem, Dan sentiu um ligeiro toque no seu coração vindo
do Espírito Santo dando-lhe a direção. Ele disse: “Isso não é verdade,
pois o Senhor fez tudo certo. Você não podia achar um pastor em Java
porque o pastor veio de Java e já se encontra aqui. Pode escolher um
destes jovens que vieram comigo. Todos eles são treinados devidamente e
um deles poderá ficar aqui como pastor”. E foi isso mesmo que aconteceu.
Quem duvida ainda de que o Senhor era realmente o seu guia? Quão
maravilhosamente as peças encaixavam nos seus devidos lugares e tudo sem
contatos prévios ou avisos de chagada, sem planejamento de qualquer
tipo. Isto é, verdadeiramente, ser guiado por Deus!
Da mesma
maneira, o Senhor arranjou um lugar onde ficarem e, também, resolveu os
seus problemas de transportes e de provisões.
Conforme
os componentes do grupo iam dando os seus testemunhos numa das vilas, o
Espírito Santo mexeu profundamente com o coração de um homem influente,
o qual era administrador de uma empresa petrolífera. Mesmo sendo
muçulmano, ele colocou um carro a disposição do grupo, o qual poderiam
usar sem qualquer despesa enquanto permanecessem na área.
Os
jovens cristãos ficaram ainda mais comovidos quando o presidente dessa
empresa lhes deu 5.000 rúpias – cerca de 25 dólares. E assim os inimigos
da cruz tornaram-se os servos de Cristo. Tenho a certeza que Deus não
deixará de recompensar estas ofertas no dia do juízo. Quantos cristãos
serão envergonhados pela generosidade de muçulmanos como estes!
O grupo
teve variadíssimas e maravilhosas experiências no tocante as suas
provisões diárias. Eles necessitavam de 200.000 rúpias para cobrir todas
as despesas dos dois meses de campanha e eles saíram de casa com apenas
35.000. No entanto, quando retornaram a Java entregaram de volta 80.000
rúpias do que tinha sobrado de toda a sua campanha. Mesmo tendo em conta
que trabalharam entre muçulmanos e cristãos materialistas nominais, Deus
abençoou-os com todas as provisões necessárias. Isto é uma fórmula de
matemática difícil de fazer. Este tipo de matemática não é ensinada em
nenhuma universidade hoje. É um tipo de contas que existe apenas na
escola daquele que se chama Maravilhoso.
Poder das Trevas
O
caminho que o grupo trilhou, contudo, nem sempre foi cheio de luz. A
área onde se encontraram era, de fato, uma das maiores fortalezas do
Alcorão.
Estes
jovens mensageiros de Cristo, um dia, programaram para pregar em certa
vila, mas, porque começou a chover, foram obrigados a abandonar a idéia.
As chuvas torrenciais nos trópicos são, de forma geral, muito mais
severas que em qualquer região da Europa. De início, eles ficaram
desapontados. Contudo, vieram a saber que um líder muçulmano formou um
grupo armado para matá-los naquele local. Através desta chuva, o Senhor
protegeu os seus servos e desfez os planos deles. Aquilo que para nós,
muitas vezes, é um desapontamento, nem sempre é ruim. O Senhor, muitas
vezes, esconde uma benção sob algo que nos desaponta.
Os
numerosos cristãos nominais também foram um problema para Dan e seus
companheiros. Descobriram, também, para grande surpresa, que havia cerca
de 14.000 cristãos inscritos na área. Estes cristos nominais quase
sempre viraram as costas ao trabalho do grupo. Mas, isso nem devia
surpreender ninguém e muito menos surpreendeu a eles, pois, para além de
serem cristãos, muitos deles consultavam feiticeiros e tinham em sua
posse muitos amuletos e objetos de superstição.
Sempre
que este grupo era rejeitado, eles logo de seguida perguntavam ao
Senhor: “Senhor para onde devemos ir?” Achavam que não havia nenhuma
porta fechada para eles enquanto as palavras do Senhor fossem
verdadeiras. E as suas palavras eram: “Eu sou a porta e a porta que eu
abrir ninguém fecha”.
A sua
dependência era exclusivamente de Deus. No início de cada dia, inquiriam
do Senhor sempre que liam a Bíblia e oravam pela manhã: “Senhor, para
onde iremos hoje?” Nunca começavam o dia sem terem a certeza absoluta de
qual era a vontade de Deus para aquele dia.
O Dan
contou-me: “Por vezes era difícil descobrir quais eram os planos que
Deus tinha. Por essa razão nós persistíamos em orar e por vezes jejuar
até que conseguíssemos reconhecer toda a vontade de Deus. Uma vez,
quando todas a portas pareciam estar trancadas, fomos obrigados a viajar
cerca de 75 Km para um local onde se abriu uma porta para trabalharmos
lá. Sentíamos literalmente que estávamos sendo acompanhados e protegidos
por enormes pilares de fogo. Foi uma coisa muito boa termos rendido as
nossas vidas por inteiro ainda em Java, caso contrário a nossa missão em
Atje teria sido um sério fracasso.
Os
frutos
No final
daquela viagem missionária, conseguiram contabilizar os números do
grande triunfo do evangelho. Centenas de pessoas permaneceram
convertidas. Os habitantes locais traziam todos os seus amuletos,
pecados e objetos de ocultismo para fora e queimavam-nos publicamente.
Confessavam os seus pecados a Jesus abertamente e 36 jovens
ofereceram-se para a obra missionária. Esses queriam ir para a Malásia
(outra fortaleza dos muçulmanos). Outros, ainda, sentiam-se chamados
para irem para Índia. Na verdade esses dois países são mais próximos de
Atje do que a própria capital, a qual encontra-se a cerca de 1.800 Km do
topo norte de Sumatra. Atualmente, alguns desses jovens cristãos de Atje
estão sendo formados na Escola Teológica do leste de Java. Eu próprio
tive a oportunidade de conhecer alguns deles lá.
Quão
grande benção foi o simples fato de o Dan ter conseguido reconhecer e
confessar os pecados que o oprimiam e eram oriundos de práticas ocultas
dos seus antepassados e pela graça de Deus ele foi totalmente liberto de
toda culpa e opressão. Só assim ele foi extremamente útil em libertar os
outros das suas próprias opressões. Esta autoridade de libertar os
outros em nome do Senhor (Mt 18:18), só é dada aqueles que
experimentaram libertação dos seus próprios pecados. Dois meses de
campanha trouxeram bastantes frutos para o reino. “João 15:8”
O Senhor
cumpriu com este grupo tudo o que prometeu. Na Escola Teológica eu
encontrei pastores que haviam obtido uma renovação total da sua fé e das
suas vidas pessoais e, consequentemente, das suas congregações, devido
ao fruto e ao ministério deste grupo de Dan.
XI. ENTRE OS FABRICANTES DE VENENOS
Iremos agora “visitar” a área no extremo sul de Sumatra, mesmo que não
abandonemos esta extensa ilha de 1.500 km de comprimento.
Já havia mencionado que os Holandeses haviam proibido toda a atividade
missionária nestas áreas porque temiam as repercussões que isso traria.
Contudo, hoje, esta área tornou-se o centro do maior avivamento entre
muçulmanos de que temos conhecimento. Nem existe paralelo ou comparação
na era Cristã.
Quando Deus decide operar, Ele escolhe aqueles instrumentos que são os mais
apropriados para alcançar os Seus propósitos. Neste caso específico, os
instrumentos nem foram os Cristãos, mas antes os próprios muçulmanos.
Vamos antes ouvir a história.
Abrão, o Chefe de Fabricantes de Venenos
Sob o regime de Sukarno, o anterior presidente da Indonésia, os comunistas
haviam conseguindo muito sucesso no País. E foi assim que Abrão, em
1963, como chefe tribal, recebeu instrução e formação ingressando num
curso educacional Comunista. Este curso político havia terminado mais ou
menos pela época do Natal. No dia que Abrão se ia embora para a sua
terra, viu um carro com as seguintes palavras pintadas: “Indjil”. Esta
palavra traduzida significa “Evangelho”. Ele olhou para o carro com um
interesse estranho. Aquela palavra também o intrigava muito, pois ele
reconhecia o seu significado do árabe. Ao aproximar-se do local onde o
carro estava estacionado, ouviu as palavras dum sermão de Natal que saia
pela janela duma casa onde havia uma reunião Cristã. Ele nunca havia
ouvido aquela mensagem anteriormente e o evangelho era novidade para
ele. Mas, apesar de seu grande interesse, não se atreveu a entrar para
sala e permaneceu do lado de fora ouvindo o sermão.
Aquela
mensagem ficou presa na sua mente. De volta a casa, contou a todo o seu
povo a história de Belém e de Cristo em vez de propagar e ensinar tudo
que havia aprendido no curso Comunista. Sem se aperceber e mesmo sendo
muçulmano, Abrão tornou-se o primeiro missionário para a sua própria
tribo. Mas, seu povo queria ouvir mais sobre este Cristo-criança. Abrão
escreveu uma carta de imediato para alguém vir falar ao seu povo.
Escreveu o endereço seguinte no envelope: “Indjil, Bengkulen”! E apesar
daquele endereço incompleto e sem nexo, aquela carta chegou aos
destinatários. Quantas vezes uma carta com o endereço completo não chega
ao seu destino no mundo civilizado e ainda menos na Ásia?
Depois
disso, um grupo de Cristãos ficou interessado na tribo de Abrão. Esta
tribo era muito temida devido aos venenos que fabricavam e que davam aos
visitantes. A primeira pessoa a chegar ali foi um oficial, evangélico,
de Bengkulen e depois dele um estudante vindo da Escola Teológica do
leste de Java, o qual vivia em Palembang. Por fim, Park Elias, também
visitou a tribo. Eu não irei repetir toda a história aqui porque já
descrevi todos os acontecimentos no meu livro “Nome sobre todos os
nomes, Jesus”. O resultado dessas visitas foi um tremendo avivamento
genuíno, mesmo que o próprio Abrão não se tivesse decidido por Cristo
por algum tempo. Ele temia as repercussões e as reações perigosas que
poderiam vir da sua tribo. Foi apenas quando várias centenas deles se
tornaram cristãos que tomou o passo decisivo.
Os
caminhos de Deus são muitas vezes estranhos para nós. Ciro, aquele Rei
pagão dos persas, foi muitas vezes chamado como ‘O Servo de Deus’.
Abrão, o líder mulçumano, trouxe pela primeira vez a mensagem de Cristo
à sua própria tribo mulçumana. A palavra do Senhor nunca volta vazia.
Lutero uma vez disse: “Mesmo que um ministro seja velho e desajeitado,
sua palavra nunca perderá o seu efeito”.
Timóteo
A próxima testemunha do evangelho que podemos fornecer para além de Pak
Elias, é Timóteo. Tal como muitos outros antes dele, também era um
fervoroso mulçumano antes da sua conversão. Estudava na Universidade de
Jogdjakarta e decidiu tornar-se professor. Levado ao extremo pelo seu
fanatismo, tornou-se um líder de um grupo de jovens de Maomé, os quais
perpetravam todo tipo de atos de terrorismo contra os cristãos. Uma vez,
juntamente com seus amigos, apedrejou todas as janelas de uma igreja
evangélica e também as janelas de um ministro protestante que morava ali
perto.
O
ministro, contudo, não fez caso desses ataques. Isso irritou ainda mais
o jovem Timóteo e ele acabou por visitar o pastor só para lhe perguntar
por que razão não se havia retaliado e nem tomado nenhuma medida contra
ele. O pastor passou a explicar-lhe: “Deus ama-o e, por essa razão, nós
também o amamos. Os cristãos não pagam mal com o mal”.
Depois
disto, este jovem líder muçulmano nunca mais conseguiu ter paz. Comprou
uma Bíblia para estudar os princípios da fé cristã. Ele queria estar
numa posição de conseguir refutar habilmente tanto a Bíblia como a fé
cristã. Por essa razão comprou a Bíblia.
Mas, o
resultado final não saiu como ele esperava. Timóteo acabou por se
converter. Abandonou o seu nome de Maomé e adotou um nome Cristão. Isso
causou um grande reboliço no seu círculo de amizades, pois, por norma os
muçulmanos não toleram a conversão de um dos seus para o cristianismo.
Todas as
tentativas para fazê-lo mudar de idéias fracassaram e não deram em nada.
Abandonando os seus estudos de seguida, decidiu obter conhecimentos
teológicos. A sua primeira idéia foi ingressar num seminário teológico
em Jacarta, mas quando se apercebeu que o dito seminário estava
envolvido com teologias modernas e que questionava a maioria das
verdades básicas da Bíblia, ficou desconsertado e profundamente abalado.
Será que havia abandonado a sua ambição de vida e suportado o escárnio
dos seus amigos e familiares para que a sua nova fé ficasse desgastada e
lhe fosse retirada? Ele começou a questionar-se: “que tipo de
cristianismo é este? Isto não é, seguramente, a razão pela qual troquei
a minha vida antiga!” E foi assim que ele começou a procurar aqueles
cristãos que realmente tinham fé e acreditavam só naquilo que a Bíblia
dizia e da maneira que ela falava. A sua busca não foi em vão.
Timóteo
entrou em contato com a Escola Teológica do Leste de Java e ingressou
nela. Quando terminou o seu treinamento, em conjunto com seus
professores, sentiu em seu coração que deveria dedicar-se por inteiro
aos muçulmanos de Sumatra. O seu ministério conseqüente foi
poderosamente abençoado. Eu mesmo encontrei-me várias vezes com este
jovem e tornamo-nos grandes amigos. Ele está no topo da minha lista de
orações por Sumatra.
Os
incidentes a seguir servem apenas para ilustrar a obra deste bravo
soldado da cruz de Cristo. Um dia, Timóteo encontrou-se com um líder de
uma mesquita de noventa 90 anos de idade. O jovem ministro
perguntou-lhe: “você sabe que assim que morrer vai pro inferno?” O velho
respondeu: “sim eu sei disso, mas se tu souberes o caminho para o céu
mostra-me”. Timóteo mostrou o caminho para Cristo a esse mulçumano. O
homem entregou-se a Cristo e foi salvo.
Noutra
ocasião Timóteo entrou num diálogo com um sacerdote muçulmano. Como já
havia sido mulçumano e tinha profundos conhecimentos do alcorão, Timóteo
foi capaz de mostrar com muita clareza as diferenças entre a fé cristã e
as crenças em Alá. Ele disse ao sacerdote: “O Alcorão não nos diz nada
sobre tornamo-nos filhos do Altíssimo (1 João 3:1). E ainda mais, o
Alcorão não nos assegura nenhum tipo de perdão e nenhuma certeza de uma
vida eterna. Mas, a Bíblia assegura-nos, claramente, que ‘todo aquele
que crer em Jesus tem a vida eterna’ (João 3:36). E Paulo também nos diz
(Ef.1:7) “em Cristo temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos
nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça”. O sacerdote ficou
muito pensativo e aquilo que nenhum missionário alguma vez conseguiu – a
conversão de um sacerdote muçulmano – aconteceu ali mesmo através do
Espírito Santo. Rasgando a sua roupa de sacerdote muçulmano em pedaços,
lançou-a para a entrada da mesquita. De seguida, aprendeu a seguir a
Cristo e acabou sendo eleito como presbítero de uma igreja local mais
tarde.
Christophorus
Eu
estava para conhecer o Cristophorus numa conferência para ministros na
Escola Teológica de Java. Contudo, assim que ele chegou, recebeu um
telegrama convocando-o urgentemente para Sumatra. Os muçulmanos haviam,
uma vez mais, concertado em levar por diante um plano de assassinatos
contra os cristãos.
Christophorus é o mais jovem cooperador de Timóteo entre a tribo de
fabricantes de veneno e havia igualmente recebido o seu treinamento
nesta Escola Teológica. Mas, o seu ministério já provou ser de
particular sucesso.
Um dia,
recebeu um convite para jantar e, sem suspeitar de nada, aceitou. Mas,
depois da refeição foi atormentado por terríveis dores de estômago. Os
seus anfitriões colocaram veneno tal na sua comida que em circunstâncias
normais teria sido letal.
Christophorus ficou de cama. Durante três dias sofreu dores horríveis em
seu estômago e pulmões, como se queimassem. Ele clamou ao seu Senhor sem
cessar. Após os três dias a crise passou. Os muçulmanos ficaram muito
admirados porque o veneno não havia surtido efeito sobre ele. Eles
começaram a dizer depois disso: “Temos de ter muito cuidado com esses
cristãos. O Deus deles ajuda-os sempre”.
O
verdadeiro resultado desta tentativa abortada de assassinar o
Christophorus foi um grande número de famílias muçulmanas terem-se
convertido. Isto, contudo, não converteu nenhum daqueles que fabricavam
o veneno.
Cada
muçulmano convertido necessita viver diariamente como se fosse morrer. É
necessário viverem continuamente preparados para morrer. Isto é uma
lição assegurada para todos aqueles que se tornam cristãos nesta área.
No
final, Deus acabou por converter os fabricantes de veneno, ganhando-os
para Ele. Ele usou muitos meios e muitas maneiras para alcançar os seus
objetivos.
Vamos
dar um exemplo. Um cristão orou com um sacerdote muçulmano com problemas
mentais e o resultado foi a cura desse homem que, consequentemente,
tornou-se cristão. Isto enraiveceu o governador muçulmano, porque o
homem em questão havia sido sacerdote durante 38 anos. Enviou soldados
para prendê-lo e sob tortura perguntaram ao ex-sacerdote: “Por que você
se tornou cristão?” Ele respondeu: “Eu era doente mental e o Senhor
Jesus curou-me; é por essa razão que irei permanecer com Ele”. Como que
por milagre, o ex-sacerdote não sofreu qualquer dano e deixaram-no ir
para casa em paz. Mas, noutras ocasiões, os muçulmanos que se tornavam
cristãos eram brutalmente espancados pelos soldados e até mesmo
colocados na prisão.
Deus
também usou crianças muçulmanas como instrumento de salvação. O Pastor
Christophorus, uma vez, ensinou crianças a cantarem um hino: “O sangue
do Cordeiro te lava dos teus pecados, tornando toda a tua vida
completamente nova”. Na sexta-feira seguinte, que seria o sábado
muçulmano, as crianças começaram a marchar para cima e para baixo
durante suas celebrações religiosas na rua em frente a mesquita,
cantando o hino que tinham aprendido. Christophorus ficou alarmado com o
que se estava a passar e foi conversar com as crianças para tentar
convencê-las a não fazerem aquela marcha. Contudo, quando ele viu que o
próprio filho dum sacerdote muçulmano participava da marcha alegremente,
decidiu não interferir. Em muitos casos, os pais são levados a Cristo
através dos testemunhos dos próprios filhos.
Durante
outra celebração religiosa, os cristãos foram alvo de um violento ataque
verbal. Temendo o pior, os cristãos reuniram-se para orar. Mas, o
resultado foi muito diferente daquele que todos esperavam. Conforme o
sacerdote muçulmano incitava os seus seguidores a atacar os cristãos, um
dos homens, dentro da mesquita, levantou-se de repente e dirigiu-se sem
hesitar para casa do Prastor Christophorus. “Eu quero tornar-me
cristão”, disse o homem ao pastor. Christophorus hesitou um momento,
pois, achava que era uma armadilha. O muçulmano prosseguiu: “Você não
acredita em mim? Olhe, ali tem carne de porco. Dê-me um pouco e eu vou
comê-la para provar a si que não estou brincando.” Comer carne de porco
é um sacrilégio para qualquer muçulmano. Depois de ter comido, ele
acrescentou: “Agora dê um pouco também a minha família. Todos nós
decidimos abandonar a mesquita para seguirmos o Senhor Jesus”. E foi
precisamente o que aconteceu. Toda a família acabou por se converter.
Esta foi a resposta que Deus deu contra as ameaças do sacerdote e,
também, às orações dos seus filhos.
Um outro
muçulmano, de nome Uzza, converteu-se e acabou trazendo toda a sua
família e todos os seus vizinhos a Cristo ao mesmo tempo. Não muito
tempo depois, os muçulmanos colocaram-no na prisão. Uma noite, a sua
esposa veio a correr até os cristãos clamando: “o nosso campo de arroz
está em chamas. Devem ser os nossos perseguidores de novo. Por favor,
venham ajudar-me a apagar o fogo”. Os cristãos saíram todos correndo em
sua ajuda porque o arroz já estava pronto para colheita, seco. Contudo,
os seus esforços foram em vão. Por causa da seca daquele ano, não havia
água nas redondezas para que o fogo fosse extinto. A única coisa que os
cristãos puderam fazer foi orarem de joelhos clamando ao Senhor por
socorro. Foi então que aconteceu o milagre. Em poucos minutos após as
suas orações, o Senhor enviou chuva, mesmo levando em conta que não era
a época das chuvas e que raramente chovia naquela altura do ano. O fogo
foi extinto e a colheita foi salva. Como resultado deste milagre mais
duas famílias, do distrito uniram-se a Cristo. A perseguição serviu, uma
vez, mais para alargar o reino de Deus.
Perto do
Pastor Christophorus também vivia uma família muçulmana. Ele orava
incessantemente por esta família e chorava pela sua salvação. Um dia,
pela manhã, a mãe veio a ele e disse-lhe: “Todos nós queremos nos tornar
cristãos”. “O que vos fez tomar esta decisão?” perguntou Christophorus.
A mulher respondeu: “Ontem à noite tive um sonho onde me foi dito que eu
e a minha família nos deveríamos tornar cristãos”.
Existem
muitos feiticeiros entre os muçulmanos também. Na verdade, a maioria dos
sacerdotes não baseia a sua autoridade no Alcorão, preferindo o uso de
poderes de feitiçaria. Enquanto pregava, um dia, Christophorus foi
confrontado com três destes feiticeiros. Ao falar com eles, mostrou-lhes
o caminho de Cristo e dois deles converteram-se. Contudo, o terceiro era
muito rico e recusava abandonar o que possuía. Mais tarde, numa ocasião
quando Christophorus o visitou novamente, confrontou-o com as seguintes
palavras: “O que vale ao homem ganhar o mundo se perder a sua vida?”
Contudo o feiticeiro ainda resistia e continuou rejeitando a Cristo.
Nove dias depois, morreu repentinamente.
O
evangelho continua a sua marcha. Nem veneno, nem ameaças, nem tentativas
de assassinato conseguiram impedir a obra do Espírito Santo. A Indonésia
é, hoje, uma maravilhosa ilustração desta verdade. Mais ainda, cada
ocorrência dá-se com ligeireza e sem qualquer traço de fanatismo,
extremismo ou barulho – coisas que são muito usadas por pessoas que
gostam de simular avivamentos. Durante os anos mais recentes, muitos dos
cristãos em Sumatra chegaram a ser presos pela sua fé. Mesmo assim, até
nisso podíamos discernir a vontade de Deus, pois, através do seu
encarceramento, escapavam com muita freqüência às tentativas de
assassinatos que pendiam sobre suas cabeças. E, através deles, muitos
outros prisioneiros e guardas prisionais eram convertidos através dos
testemunhos dentro da prisão.
Uma das
pessoas mais conhecidas que havia sido presa, foi um ex-diretor das
missões muçulmanas. Ele foi convertido através duma campanha ao ar livre
liderada por Pak Elias. Quando foi batizado, mais tarde, os seus
anteriores apoiantes começaram a suspeitar dos seus motivos políticos e
mandaram prendê-lo. Mas, não foi em vão, pois, este homem convertido
trouxe quatro outros a Cristo, batizando três deles ainda dentro da
prisão. O quarto, após a sua libertação, caminhou mais de 37 Km até
achar uma igreja cristã para ser batizado e isto confirmou que tipo de
coisas e que tipo de evangelho ele ouviu e aprendeu enquanto preso.
O
avivamento entre os muçulmanos é um autêntico espelho do livro dos Atos
dos Apóstolos. Na verdade, podemos considerá-lo como o ‘Atos dos
Apóstolos moderno’. O Espírito Santo está realmente operante e o Senhor
Jesus persiste em glorificar o seu próprio nome. Mas, ao mesmo tempo, o
avivamento é uma era de perseguição e uma época de confrontos e ataques
demoníacos. No entanto, tudo isto faz parte da vida cristã.
Os
muçulmanos usam tudo o que podem. Entram pelas casas dos cristãos,
penetram nas suas reuniões secretamente para os espiarem, forjam provas
contra eles, enviam a polícia e o exército e conseguem mandatos de
captura contra os cristãos. Usam veneno e outros meios, na verdade tudo
que lhes vier à mão. Os cristãos são tratados como excluídos da
sociedade e são demitidos dos seus postos de trabalho sob a desculpa de
manterem os serviços públicos limpos. E, se um muçulmano se tornar
cristão, perde o seu emprego imediatamente. Contudo, o Senhor ainda
continua no trono e “o seu reino dura para sempre”.
Apesar
de todas essas pressões, a igreja constituída por muçulmanos
convertidos, os quais haviam sido inimigos da cruz de Cristo, aumentou
para os 1400 membros atualmente. Desde 1965 que têm uma Escola Teológica
própria, a qual tem 30 estudantes vindos da tribo dos fabricantes de
veneno. Em vez de praticarem as atividades anteriores, voltaram-se para
a pregação do evangelho.
XII.Professor Universitário converte-se
Enquanto estive na Indonésia, tive o prazer de conhecer um advogado cristão que
se chamava Sr. Tamba. Ele é um confiante e competente membro da tribo
batak e, mesmo que essa tribo seja composta por uma população bastante
orgulhosa por natureza, o Sr. Tamba entrou para a Escola de Cristo onde
tudo que é estimado pelo homem é tornado desprezível. Ele, muito
amavelmente, concedeu-me permissão para publicar aqui o seu testemunho.
Que o Senhor possa usar essa narrativa para ajudar os que se acham em
situações semelhantes. Vamos ouvir o Sr. Tamba:
-
Que o nome do Senhor Jesus Cristo seja sempre glorificado pelo amor que
manifestou para comigo, o qual me permitiu achar o caminho até Ele. Eu
escrevi uma data, dia 10 de agosto de 1967, na minha Bíblia. Posso
considerar esse como o dia que nasci espiritualmente e com o dia da
minha conversão numa igreja em Palembang, Sumatra.
Eu era e ainda sou membro da Igreja Batak, a qual é a maior igreja na
Indonésia. Mas, antes de ter achado o Senhor Jesus Cristo, eu era um
homem muito orgulhoso. Toda a gente comenta que a principal
característica dos bataks é a arrogância e o orgulho. O meu próprio
orgulho era nutrido e alimentado pelo fato de eu ser o único cristão em
Palembang com um diploma universitário – Mestrado em Direito. Eu não era
somente professor na Universidade de Sriwidjaja, mas, também era o
diretor executivo da Associação de Advogados de Palembang. E, como se
não bastasse, também fui eleito presidente do Clube dos Intelectuais
Cristãos. Com todos estes títulos e ofícios e por causa do grande
salário que recebia, nem era de admirar que eu desprezasse todos os
cristãos que encontrava.
Nas atividades cristãs, o meu progresso era notável. Em 1962 fui constituído
o líder máximo dos grupos de coral dos nossos jovens e logo tratei de
desprezar qualquer um que não soubesse cantar. Quando uma campanha de
evangelização chegou à nossa cidade vinda da Escola Teológica do Leste
de Java, o líder do seu grupo de coral perguntou-me se podíamos juntar
os dois grupos de coral sob a sua liderança. Eu ironizei dentro de mim
mesmo imaginando que uma união entre os dois grupos só iria resultar bem
sob minha regência. Eu fiquei tão iludido que achava que o nosso grupo
seria o único em toda Sumatra capaz de cantar o ‘Aleluia de Handel’.
Mas, como se as minhas presunções musicais ainda não bastassem, pedi
emprestado, de um familiar, um bom comentário sobre a Bíblia e comecei a
estudar as Escrituras como nunca, não para achar o meu caminho até
Cristo, mas apenas para poder estar à altura de discutir qualquer
assunto com os Teólogos. Eu era, por isso, espiritualmente arrogante
também.
Será que existe alguma esperança para um homem assim e que Deus consegue
dobrá-lo e humilhá-lo?
O Ponto de Viragem
O evangelista responsável pela campanha missionária em nossa cidade era
Pak Elias. Assim que começou a pregar, a sua mensagem penetrou
profundamente em minha consciência. Contudo, quando ele pediu às pessoas
para se irem arrepender dos seus pecados lá na frente, continuei de
coração duro e orgulhoso demais para seguir o seu conselho. Em vez de
ter sido eu a ir, um grande número dos meus jovens foram a frente e
confessaram todos os seus pecados, um por um. Fiquei furioso e chamei a
atenção dos jovens que não deveriam fazer aquilo. ‘Vocês já nasceram de
novo através do batismo e profissão de fé!’ Isto era o que a Teologia
Luterana nos ensinava erradamente, a qual me havia alcançado através de
missionários alemães. Eu estava tão furioso naquela noite que comecei a
abusar dos membros do meu próprio grupo de coral. Algumas das moças
chegaram a ser levadas às lágrimas.
Tentei esquecer toda aquela noite, mas não conseguia achar a minha paz.
Foi então que, ao invés de ir a um cinema assistir um filme ou de ir
para outro lugar de diversão qualquer, fui novamente ouvir o que o Pak
Elias tinha para me dizer. Na terceira noite, ele falou sobre como se
deve ler a bíblia. A sua mensagem foi uma grande revelação para mim,
porque até então eu havia adquirido o hábito de ler a minha Bíblia como
se estivesse a ler uma série do faroeste ou de histórias da Índia.
No final da mensagem, fui conversar com Pak Elias. Eu ainda me sentia muito
orgulhoso e queria somente ter um argumento com ele. Perguntei: “Como é
que uma pessoa deve ler a Bíblia? Já me deram muitos pontos de vista
teológicos sobre esse assunto”. Pak Elias respondeu muito docilmente:
“Como é que Jesus lhe ensinou a ler a sua Bíblia?”. Eu fiquei sem saber
o que responder àquela pergunta, pois nunca me havia passado pela cabeça
que deveria perguntar ao Senhor Jesus sobre como se devem ler as
Escrituras. Pak Elias começou a conversar comigo com muita paciência,
explicando-me durante duas horas de que maneira me poderia tornar um
verdadeiro cristão. Senti um grande peso sobre mim e um fardo sobre a
minha alma. Os meus pecados passados e o meu incalculável orgulho
apareciam diante de mim e não conseguia ver mais nada diante dos meus
olhos. Foi a primeira vez que eu realmente pedi ao Senhor Jesus para me
perdoar todos os pecados de um por um e foi ali que eu senti que fui
verdadeiramente salvo.
A partir daquele dia, a Bíblia tornou-se um livro aberto para mim.
Contudo, ainda viria a fazer uma outra descoberta maravilhosa durante o
período daquela campanha evangelística. Havia um grande número de
passagens bíblicas que eram de difícil entendimento para mim e as quais
eu nunca havia entendido. Uns dias depois, estando novamente sentado com
Pak Elias e sem lhe perguntar qualquer coisa, ele abriu a sua boca e
começou a explicar-me todas aquelas passagens que eram obscuras para
mim. Era bastante claro que ele estava sendo guiado pelo Espírito Santo
e isso revelou-me, ali, o quanto o Senhor Jesus realmente me ama.
Uns meses depois dessa campanha – ela beneficiou todas as igrejas da nossa
cidade – achei-me uma vez mais atolado num pântano de problemas
relacionados com meu trabalho. Quase não tinha tempo para orar. Foi
então que o Senhor Jesus resolveu enviar-me um tutor na forma de meu
sobrinho de dois anos de idade. Eu sempre lhe havia dito que um cristão
deveria falar sempre com o Senhor Jesus antes de dormir. Ele estava-me
visitando por essa altura e nós permitimos que ele dormisse no mesmo
quarto que eu. Quando fomos dormir, o meu sobrinho perguntou-me: “Titio
já não estás orando antes de dormir? Estás zangado com o Senhor Jesus?
Vocês tiveram alguma discussão?”. Estas perguntas e a forma como elas me
foram dirigidas trouxe-me de volta ao bom senso. O Senhor Jesus havia
escolhido um menino de dois anos para me servir de conselheiro e para
ser um testemunho da verdade. “Da das crianças saem o perfeito louvor.”
Sal.8:2.
Opressões
Agora chegou a hora de falarmos sobre a minha família. Cresci num lar
nominalmente cristão e minha avó chegou a ser uma presbítera de nossa
igreja. Contudo, o meu avó paternal, ao invés de ser cristão, era um dos
feiticeiros mais famosos e temidos de Tapanuli, Sumatra. O seu nome era
Datu Parangongo. A coisa que mais me horrorizou enquanto cristão, foi
descobrir que muitas pessoas da nossa vila ainda estavam na posse de
amuletos e instrumentos de encantamento que haviam obtido do meu avô.
Foi apenas quando ouvi o Dr. Nahum falar sobre estas coisas que eu tomei
consciência de que toda a minha família ainda estava sob ameaça e sob a
influência da feitiçaria. Causa-me grande angústia só de pensar que,
enquanto estou lendo a minha Bíblia, muitos dos meus compatriotas
persistem em usar os seus objetos de feitiçaria que receberam do meu
avô. Mas, o pior de tudo, é que o meu próprio pai ainda sofre devido a
estas opressões.
Quando descobri isto pela primeira vez, tentei de todas as maneiras
falar do Senhor Jesus para os meus pais e o restante da família. Mas,
nunca aceitaram a minha mensagem. O meu pai simplesmente rejeitou as
minhas palavras de maneira muito fria. Sem pestanejar, ele disse: “tu
deverias torna-te pastor. Eu não preciso de nenhuma dessas coisas”.
Também meus irmãos e irmãs, mesmo sendo membros da igreja, não querem
nada com o Senhor Jesus de forma real. Fui levado a orar intensamente
por eles e o Senhor não me desapontou.
Um tempo mais tarde, Pak Elias voltou a visitar a nossa casa. Conforme ele
ia testemunhando do Senhor Jesus, para grande admiração minha, os meus
pais renderam as suas vidas ao Senhor Jesus. Os meus irmãos e irmãs
ainda resistem à mensagem, mas eu continuo orando para que o seu dia
também chegue. Como me alegrei ao ver o zelo dos meus pais tentando
trazer muitas pessoas para o caminho de Cristo após a sua conversão.
Eles começaram a fazer um estudo aprofundado de vários livros
evangélicos, estudando-os avidamente com o intuito de ajudar os outros a
tornarem-se cristãos. Que Deus conceda que a obra que Ele começou,
continue até ao fim e que acabe convertendo toda a minha família.
Transformações
Quando o Senhor Jesus toma o trono de uma vida, nada nela permanece
igual. Eu tive a oportunidade de confirmar isso na minha própria vida.
Antes da minha conversão, eu era conhecido na universidade onde lecionava como
senhor ‘matador’. Os estudantes deram-me essa alcunha devido à maneira
como eu costumava implicar e superiorizar-me a qualquer uma pessoa com
quem não simpatizasse. Muitas vezes, quando tinha uma aversão contra um
estudante, eu simplesmente fazia com que ele fosse reprovado. Como
cristão, depois, assumi que era um comportamento muito feio o qual
afetava diretamente a vida do meu próximo. Arrependi-me do meu pecado.
Contudo, ainda existem muitas injustiças em todo sistema de exames nas
escolas universitárias.
Depois da minha conversão, a minha atitude mudou radicalmente. Todos os
estudantes tornaram-se meus amigos. A situação agora é de tal maneira
notável que, muitos deles, ficam à espera na esperança de conseguirem
uma carona depois das aulas. Eu, o homem orgulhoso, tornei-me o seu
motorista. É obvio, no entanto, que seguir Cristo sem batalhas e sem
provas é uma utopia. Um dos problemas que continuamente me seduz com
facilidade, é a enorme quantidade de trabalho diário que preciso fazer.
Em 1968, considerei a possibilidade de me ausentar de uma das
Conferências promovida pela Escola Teológica de Java devido ao excesso
de trabalho que tinha. Contudo, muitas pessoas começaram a orar por mim
e no fim acabei por colocar o trabalho de lado para assistir à
conferência. Eu sei que isto foi claramente o que Deus queria, pois foi
através do que ouvi, aprendi tudo sobre o poder das práticas de
feitiçaria dos meus antecessores e reconhecer que elas eram uma prisão
invisível sobre minha vida. Porém, eu não era a única pessoa em
Palembang cuja vida experimentou uma mudança tão radical. Muitos outros
cristãos nominais experimentaram o mesmo tipo de transformação que eu.
Durante toda aquela semana, centenas de pessoas vieram à frente
confessar os seus pecados um por um, entregando-se ao perdão do Senhor
Jesus Cristo, achando-o e experimentando-o como seu Salvador. Fiquei
deveras surpreendido como as pessoas se convertiam. Uma única frase dum
evangelista, muitas vezes, bastava para quebrantar um Batak orgulhoso e
confiante. A palavra dilacerava-os. Era verdadeiramente a obra do
Espírito Santo ao vivo e presença real. Nenhuma das igrejas que
participaram daquela campanha se arrependeu de ter participado. A única
igreja que se manteve fora das palestras foi a minha igreja, a Igreja
Batak, a qual pensava que os evangelistas da Escola de Java eram
pentecostais. Mas, estavam redondamente enganados. As mensagens dos dois
evangelistas e do resto do grupo responsável pela conferência, era de
arrependimento de uma convicção de pecado profunda e não eram usados
nenhum recurso emocional ou sensacionalista. Era tudo feito na maior
reverência.
Uma das conseqüências desta missão em particular, foi a formação de enormes
grupos de oração, os quais reúnem-se desde então sem cessar. Estamos
plenamente conscientes que, sem estas orações, não alcançaremos nada
aqui em Sumatra. Também tenho plena consciência que o mesmo será verdade
em relação à salvação dos meus familiares. Eu nunca tive qualquer
dificuldade em providenciar tudo o que necessitavam para as suas
necessidades físicas e carnais, mas, hoje, as suas necessidades são
outras e são muito diferentes daquelas que eu outrora sabia suprir. Eu
creio que o Senhor um dia salvá-los-á a todos. Talvez você, meu caro
amigo, seja aquela pessoa cuja oração Deus irá ouvir orando por minha
família. Esta é um das razões que me levaram a escrever este testemunho.
Mas, também existem duas outras razões. Em primeiro lugar queria contar
como a minha vida outrora, caracterizada e monopolizada pelas tradições
e pela cultura da igreja, me transformou num assíduo freqüentador dos
cultos e um participante ativo da vida da igreja, mas nunca me conseguiu
tornar um verdadeiro discípulo de Cristo. Em segundo lugar, sinto a
necessidade de ilustrar aquilo que a minha ignorância nunca se apercebeu
em relação a opressão demoníaca que pairava sobre toda minha família
devido aos atos e a vida do meu avô, que era o mais temido feiticeiro da
região. Dou graças a Deus por meus olhos haverem sido abertos desta
maneira maravilhosa e através dum dos seus mensageiros, Dr. Nahum. A
conseqüência foi a minha total libertação. Esta glória é de Cristo
integralmente.
XIII. A CONVERSÃO DE UMA ILHA
“Deus dá graça aos humildes”, diz a palavra do Senhor. O Pastor Gideão é um homem
extremamente simples e humilde de natureza. Eu nunca conheci um homem
cuja humildade me impressionou tanto.
Para poder descobrir os detalhes da sua vida vi-me forçado a voltar para
todos aqueles que o conhecem bem, pois ele não fala nada sobre a sua
pessoa.
Ele é um pastor na ilha de Rote, a qual se situa a sul de Timor e é a ilha, do
arquipélago Indonésio, mais próxima da Austrália. Devido à enorme falta
de pastores e ministros na região durante os últimos anos, Gideão tenta
cuidar de cerca de 30 congregações sozinho. Um dos pastores daquela zona
cuida de 48 grupos de cristãos.
Em 1966 Pak, Elias rumou para a ilha de Rote em campanha. Foi essa a primeira
vez que ele se encontrou com o Pastor Gideão. Sabendo Pak Elias que
Gideão tinha avisado todas as suas congregações para evitarem essa
campanha e para não participarem dela, Pak Elias perguntou-lhe: “O
senhor conhece o Senhor Jesus?” “Eu estudei teologia e passei meus
exames com distinção”, veio a resposta.
Depois desta conversa, o Pastor Gideão ficou atormentado e sem paz. Conforme os
dias iam passando, Gideão via milhares de pessoas serem convertidas; era
também testemunha ocular de pessoas sendo curadas e os possessos sendo
libertados; alcoólatras eram libertos do seu alcoolismo para sempre.
Devido à enorme plantação de açúcar, esta ilha é uma potência de uma
bebida fermentada extraída das palmeiras, a qual, os nativos usam com
freqüência e a qual carregam com eles numa botija ao seu ombro.
As
igrejas começaram a encher-se apesar de seu pastor permanecer endurecido
e desligado das pregações. Gideão, contudo, via as poderosas
manifestações do Espírito Santo, como no tempo dos apóstolos descerem
sobre todo o povo da sua ilha. Ele, no entanto, permanecia intacto.
Os dois
homens voltaram encontrar-se. Só que, desta vez, a situação havia-se
revertido completamente. O Pastor Gideão admitiu abertamente: “Eu estou
no ministério há sete anos e nunca consegui converter uma única pessoa
através do meu trabalho. Agora, acho que descobri a razão. Eu nunca me
arrependi de verdade de todos os meus pecados e agora tenho a certeza
que nunca fui perdoado por Deus. Tenho absoluta convicção, também, que
nunca nasci de novo dessa maneira que você descreve nas suas mensagens.
Eu vou-me demitir do meu cargo de pastor. Não poderei continuar assim”.
Pak
Elias replicou: “Você não precisa abandonar o seu ministério.
Simplesmente comece de novo, só que desta vez com o Senhor Jesus do seu
lado. Venha conosco para nossa Escola Teológica durante um tempo e
descubra o que nós estamos ensinando. Eu tenho a certeza que não é
aquilo que as pessoas chamam de teologia moderna, nem de perto. Porém,
tenho a certeza e absoluta convicção que é a teologia da cruz de Cristo
que se manifesta abertamente”.
Gideão
levou o conselho a sério e fez o que lhe haviam dito, sentindo
profundamente que ele nem poderia continuar assim e nem queria continuar
sendo estéril. Acabou por freqüentar o seminário durante um ano em Java
e foi ali que experimentou, pela primeira vez, o poder do Senhor Jesus
na sua própria vida.
Quando
voltou à sua ilha, era um homem transformado aquele que subiu ao púlpito
para pregar. As suas mensagens agora obtinham um efeito tremendo e
via-se claramente o Espírito Santo usando o resto do seu ministério. Foi
desta maneira que um homem quebrantado, um ministro isolado de Deus,
recebeu autoridade para pregar. Ele tinha uma autoridade única de pregar
profeticamente e uma autoridade para curar. No entanto, todas as coisas
que ali aconteciam, eram evidenciadas através de um absoluto silêncio, a
ausência de espetacularidade e através de uma grande paz. Não havia
qualquer barulho, nenhum indício de sensacionalismo conforme vem
acontecendo naqueles cultos onde as pessoas são influenciadas através de
um fundo musical. Isso é o que os extremistas costumam usar para enganar
o povo. Gideão olha fixo nos olhos do homem que tenha um pecado
escondido ou que não tenha sido perdoado e diz-lhe sem pestanejar o que
se passa nas trevas do seu coração.
Antes de
voltar para Rote, Gideão havia acompanhado uns dos grupos missionários
que chegaram muito perto da fronteira Portuguesa de Timor Leste. Ele foi
tomado por um desejo enorme de alcançar, também, os seus colegas
pastores que estavam nas trevas – como ele esteve – e sentia-se
encorajado a dar-lhes diretivas espirituais. Mantinha a esperança viva
de um dia poder visitar o seu próprio pai, o qual também era pastor na
altura. Mas, ele chegou muito tarde, pois seu pai morreu afogado pouco
antes da sua chegada. Gideão acabou por usar esta experiência
devastadora para apelar às consciências dos seus colegas de profissão.
Ele conhecia muito bem a situação e a condição dos pastores em Timor.
Muitos deles viviam em profundo pecado. Havia muitos envolvidos em
feitiçaria, os quais chegavam ao ponto de se desafiarem para lutas
mortais. Numa congregação, por exemplo, o pastor, os presbíteros da
igreja e um professor estavam todos envolvidos numa luta mortal de
feitiçaria, cada um usando os seus próprios poderes satânicos. Gideão
foi visitar os homens e perguntou-lhes o seguinte: “Vocês vão para o céu
quando morrerem?” O velho pastor respondeu: “Eu não sei e a Bíblia
também não sabe”. Perguntando a outro pastor Gideão disse: “Você está
pronto se o Senhor Jesus vier?” O homem respondeu: “Eu preferiria que
Jesus não viesse ainda, porque ainda não estou pronto para ser recebido
por Ele”.
Após ter
feito uma larga pesquisa na ilha de Timor, Gideão voltou para a sua
ilha, para Rote. Ele sentiu em seu coração que o seu primeiro dever era
evangelizar toda ilha e durante um ano visitou uma congregação atrás da
outra, pregando o evangelho incessantemente onde quer que fosse. Durante
este tempo, o próprio Senhor Jesus confirmava o seu ministério de um
modo que não deixava dúvidas a ninguém. Mais de mil pessoas foram
trazidas aos pés de Cristo no primeiro ano após a conversão de Gideão.
Enormes grupos de oração começaram a despontar por toda a ilha, os quais
tornaram-se a essência e a coluna vertebral de todo o seu ministério e
sucesso. Cada dia, ele dependia de cerca de seiscentos cristãos que
oravam por ele incessantemente, orando também pelas congregações por
onde passava.
No final
deste ano, uma onda de avivamento rebentou em Rote. Conforme o pastor
Gideão caminhava para a igreja, encontrava literalmente multidões dos
nativos esperando do lado de fora por não haver mais lugar dentro da
igreja. Eles seguiam todo sermão através das janelas e as portas que
ficavam permanentemente abertas. A única ‘dificuldade’ que ele
encontrava era o fato do povo nunca permitir que ele parasse de pregar e
ele pregava muitas vezes até a meia-noite. Quando sentia que o seu
sermão estava chegando ao fim, o povo erguia-se e clamava: “Continue!
Não pare”. Tal era a fome que os nativos tinham pela palavra de Deus.
Deus apoderava-se de todo seu coração.
Havia
ocasiões que o Pastor Gideão não conseguia suportar o calor tropical
dentro duma igreja superlotada. “Está muito calor aqui! Não consigo
continuar”, disse ele. Contudo, a congregação logo tratou de achar uma
solução. “Precisamos orar para Deus mandar chuva para refrescar o ar”. O
sermão foi interrompido e muitos nativos começaram a orar por chuva.
Como resultado, o Senhor que já havia graciosamente derramado sobre eles
o Seu Espírito, também enviou a chuva que havia sido requisitada.
Aconteceu como já havia acontecido com Elias no Monte Carmelo, quando
ele orou por chuva e a recebeu. “Então ele orou outra vez e o céu deu
chuva”, Tiago 5:18. Respondendo às orações dos seus filhos, Deus enviou
tanto a água para a vida como uma chuva refrescante. Só poderei dizer
uma coisa a todos aqueles que tenham dificuldades em acreditar nestas
histórias e que as colocam ao mesmo nível dos fanáticos que dizem viver
para Deus: “Vão à Rote e a ilha de Timor vós mesmos e vejam com vossos
olhos se estas coisas são verdadeiras ou não. Mas, não se aproximem
muito do Pastor Gideão! Ele pode dizer publicamente quais são os pecados
secretos olhando para vossos olhos sem pestanejar e, creio que será uma
cena muito embaraçosa para qualquer um”.
Como é
que a vida de Gideão é vista olhando de fora? Como homem, ele é
inteiramente dedicado ao seu ministério e não se dedica a mais nada. Tal
como John Sung, ele é consumido e distribuído como pão ao serviço do seu
Senhor. Homens como ele, deixam-se simplesmente consumir e queimar até
não existir mais nada deles, nem força e nem recursos. Gideão nem se
preocupa com a sua comida ou onde vai passar a noite. Todo o seu tempo é
gasto e consumido em viagens entre as suas 30 congregações espalhadas
pela ilha. Não é mais ele que vive mais Cristo que vive pelo lado de
dentro dele. No presente momento que o livro está sendo escrito, cerca
de 23.000 cristãos são o apoio incondicional por trás dele e de toda a
sua obra.
Um
provérbio indiano descreve muito bem o seu modo de vida: “aquele que
caça leões não se preocupa com mosquitos”. Noutras palavras: “aquele que
serve ao Senhor não se preocupa com mais nada deste mundo”. Quem de nós
está preparado para cavalgar neste caminho montanhoso? Quão mesquinhos e
pequeninos nós podemos parecer quando colocados ao lado desses
mensageiros de Cristo! Algo muito forte da glória de Deus transparece
através dos seus rostos e das suas vidas e aqueles que convivem com eles
de perto ficam com a idéia estampada de que a imagem de Cristo já foi
formada neles.
Existe
muita alegria nos céus por cada pastor evangélico que se converte.
Quanto mais alegria haverá entre os anjos quando uma ilha inteira se
converte.
XIV. O AVIVAMENTO EM TIMOR
Timor é
uma da ilhas ilha do extremo oriente do grande arquipélago da Indonésia.
Na verdade, encontra-se mais próximo da Austrália do que da sua capital.
Em 1964, com uma população um pouco acima de 1.000.000 de pessoas, cerca
de 450.000 dos habitantes locais pertenciam a igreja reformada
holandesa. O número de pastores na época, contudo, eram 103. Eram poucos
pastores para a dimensão do trabalho que tinham que fazer. Conforme já
dissemos anteriormente, só um dos pastores cuidava de 48 congregações
diferentes ao mesmo tempo.
O estado
espiritual das igrejas era, no entanto, catastrófico. Fica-se a dever,
de certa forma, ao modo e a metodologia que os holandeses usaram para
melhor administrarem a colônia que lhes pertencia. Cada ministro de cada
igreja tinha de ser necessariamente um oficial colonial. Por essa razão,
qualquer um que desejasse obter uma coisa do governo, teria
necessariamente de ser membro da igreja colonial. Timor, por isso, nunca
havia sido evangelizada. Apenas foi cristianizada. As anteriores crenças
ligeiramente ateístas, magia e feitiçaria, promiscuidade e alcoolismo,
continuaram a florescer dentro das igrejas como se Cristo não existisse.
O estado
espiritual das igrejas tornou-se um grande peso para interseção dentro
do coração do pastor Joseph, o Presidente da Igreja Presbiteriana em
Soe. Durante os anos que precederam o avivamento, dede 1960 até 1964, o
seu trabalho levou-o ao desespero.
O Pastor
Joseph é um homem com uma capacidade, uma visão espiritual e um
entendimento das coisas de Deus muito invulgar. O fato é que os seus
livros favoritos são os livros de Moody, Dr. Torrey e Livingstone. A par
de Pak Elias, ele é o homem mais capacitado e melhor formado dentro do
avivamento na Indonésia.
Para as
igrejas no mundo terem uma visão correta sobre o avivamento, será
necessário esclarecer um pouco sobre como reagiam os líderes
eclesiásticos em Timor contra o avivamento, o qual é genuíno e real. Os
líderes do sínodo da igreja reuniram-se a 4 de outubro de 1967. Nesses
lideres incluía-se o Presidente Joseph, Pastor Radjahaba, Pastor
Meroekh, Pastor Baldey e o Pastor Micah. Para além desses, Pak Elias e o
Pastor Gideão também estavam presentes devido o seu envolvimento direto
no avivamento. Após muitas discussões e um tempo muito proveitoso em
oração, finalmente concluíram e sublinharam que, aquele movimento, era
genuíno e que toda a obra na ilha de Timor estava sendo ministrada e
diretamente liderada pelo próprio Espírito Santo. O Pastor Gideão (de
quem já falamos aqui) recebeu como tarefa a organização de vários grupos
de evangelização para que a obra prosseguisse. Deus certamente abençoará
esses líderes devido à decisão acertada que tomaram num ambiente tão
difícil e tão conturbado como é o nosso atualmente. Infelizmente, ao
longo da história da igreja, podemos observar sem hesitação que eram os
próprios líderes que frequentemente se opunham a qualquer avivamento que
fosse genuíno. Sempre que esses avivamentos aconteceram, os líderes
eclesiásticos mantinham-se formalmente e obstinadamente fora deles e
contra eles.
Embora
tenhamos aqui passado à frente de alguns acontecimentos, foi necessário
fazer isso para dar uma descrição clara e fiel da verdadeira estrutura
sobre a qual este trabalho genuíno do Espírito Santo aconteceu e se
desenvolveu.
O Movimento de Curas
O avivamento em Timor foi precedido por um outro movimento que tinha o
Espírito Santo como autor. Em outubro de 1964, um professor na ilha de
Rote teve uma visão de Deus. O Senhor havia-lhe dito para viajar até
Timor e encetar uma campanha de cura lá. Isso pode parecer um tanto ou
quanto estranho para as mentes ocidentais, mas precisamos entender quais
as circunstâncias que apóiam uma tal ordem de Deus. Não existem médicos
em toda ilha de Timor e nem nas ilhas mais próximas. Muito menos existem
nas vilas. Todos aqueles que ficavam enfermos eram obrigados a buscar
ajuda entre feiticeiros e em pessoas com poderes de magia. O resultado
era que até os cristãos da área viessem a sofrer de certos tipos de
opressões satânicas causadas por essas práticas de cura. Não é de
admirar, então, que o estado espiritual de toda igreja bradasse aos céus
por algo que viesse socorrer. Havia uma hemorragia fatal em cada igreja.
Com este cenário, só podemos entender que o Senhor tinha razões de sobra
para demonstrar poderes sobre os enfermos.
Jephthah, o professor em questão, levantou-se de imediato e foi discutir
o assunto com seu pai, o qual por sua vez era o Pastor na ilha.
Havendo-lhe contado a sua experiência, pediu ao seu pai para ungi-lo
para essa missão. O pai hesitou de início, questionando-se se visão
seria genuína. Mas, acabou por fazer algo que nunca havia feito e ungiu
o seu próprio filho para uma tarefa inesperada.
Após a
sua unção, Jephthah orou com o primeiro grupo de pessoas doentes que
encontrou. Todos ficaram instantaneamente curados. Encorajado através
desse seu sucesso inicial, decidiu fazer uma campanha que ficou
conhecida como ‘Movimento de Cura’, na primeira grande cidade que
encontrou na ilha de Timor. Quando foi confirmado que um grande número
das curas que ele realizou eram genuínas, o sínodo da igreja Reformada
(Presbiteriana) concordaram fornecer todo seu apoio àquela campanha.
Aquela missão foi um grande sucesso, a qual levou à formação de um
comitê especial para estudar a fundo todas as formas de cura que podiam
ser usadas.
Após o
final daquela campanha, houve mais uma semana de curas na ilha de Soe.
Os milagres maravilhosos de cura que consequentemente ocorreram,
despertaram uma grande fome pela palavra de Deus entre os crentes das
cidades. E assim nasceu o movimento que durou desde Outubro até Dezembro
de 1964. De acordo com várias testemunhas, as quais confirmaram tudo
diante do Diretor Joseph, vários milhares de pessoas haviam sido
permanentemente curadas.
Contudo,
conforme o tempo ia passando, todos se aperceberam que havia uma grande
fraqueza e uma enorme fragilidade naquele movimento de cura. De uma
maneira ou de outra, a proclamação do evangelho estava sendo
negligenciada. Arrependimento e conversão não eram o tema central da sua
mensagem. No entanto, o movimento de cura pode, como resultado de
oração, ser considerado como uma preparação para o movimento de
avivamento que se seguiria.
O Início do Avivamento
Em 1965, David Simeon chegou em Timor com um grupo da Escola Teológica de Java.
Começou uma campanha de evangelização tanto na ilha K. e em Soe. Como
resultado desta campanha solidamente bíblica, o fenômeno espiritual que
estava ocorrendo na ilha foi manifestado. A mensagem do grupo estava
inteiramente direcionada para o arrependimento, novo nascimento e
santificação incondicional através do Espírito Santo. A obra daquele
verão foi o novo nascimento da ilha e o início do avivamento
supra-genuíno que acabou por se espalhar por toda Indonésia.
Aquelas campanhas foram seguidas por um enorme derramamento do Espírito Santo de
Deus onde a santidade imperou e o qual não tem qualquer paralelo em
todos os avivamentos que houve desde o tempo dos Apóstolos. Os nativos
traziam em grande escala todos os seus amuletos e instrumentos de
feitiçaria, esvaziando as suas casas e fazendo pilhas com eles para os
queimarem. Uma onda de limpeza varreu em profundidade todas as fileiras
de cristãos que havia na altura. Mais importante ainda, foi o fato de o
Senhor ter chamado muitos dos habitantes da ilha para usá-los para
espalhar o fogo do avivamento por todo lado.
O Pastor
Joseph relatou mais tarde acerca da obra feita através de David Simeon:
“Antes do grupo da Escola Teológica ter voltado para o leste de Java no
dia 1 de setembro de 1965, Simeon pregou sua mensagem de despedida.
Conforme ia falando, parecia estar ministrando através do Espírito Santo
de uma forma muito especial, porque tudo que ele dizia soava a coisas
proféticas. Ele dizia: ‘Eu espero, de coração, que Deus faça nascer
grupos que saiam para pregar o evangelho e que eles não apenas alcancem
a metade da ilha que pertence a Indonésia, mas que a sua mensagem
alcance, também, o território português de Timor’. Quando e como isso
irá acontecer, eu não sei. Mas, de uma coisa eu tenho certeza: a própria
mão de Deus está muito próxima para fazer cumprir estas palavras”.
As
primeiras testemunhas do avivamento em Timor foram trazidas através do
Ministério da Escola Teológica de Java.
Tamar
havia estudado na Universidade de Salatiga em Java e era na altura a
Diretora da Escola Cristã em Soe. Ela foi a primeira pessoa a ser
chamada por Deus para o evangelho. Sentindo profundamente em seu coração
que precisava freqüentar a Escola Teológica, falou sobre isso ao Pastor
Joseph, Pastor Micah e David Simeon que pretendia ir para Java. O Pastor
Joseph ficou com alguma ansiedade de início com a idéia de vir a perder
uma professora fabulosa. Na verdade, havia uma enorme falta de
professores cristãos na área. E, para além disso, um grande número dos
professores da Escola Cristã eram comunistas. Tamar, também tinha o
grande afeto dos seus alunos. Mas, a sua mente estava decidida e
resoluta e nada neste mundo conseguia alterar a sua decisão. Quando o
grupo da Escola Teológica partiu, ela pediu ao Pastor Joseph para
fazerem um culto de despedida dentro da igreja.
A noite
do culto chegou. A igreja estava lotada de gente. Começando às oito
horas da noite, Tamar falou até cerca da uma hora da madrugada sem
interrupção. Apesar do seu sermão de cinco horas, nem uma pessoa
abandonou o culto e ninguém se sentia cansado no final. O Espírito de
Deus tinha começado uma obra. Conforme a reunião seguia para o término,
Tamar perguntou: “Se alguém estiver preparado para começar a servir ao
Senhor esta noite, por favor levante a sua mão”. A resposta foi
marcante. Quando todos os nomes foram escritos, contavam-se mais de cem
nomes de jovens que se haviam oferecido voluntariamente para começar
aquela obra de avivamento. O Pastor Joseph decidiu mais tarde começar
algumas aulas de instrução e formação duas vezes por semana para todos
aqueles que se haviam escrito para servirem ao Senhor a tempo integral.
Nós
começamos já aqui começamos a ver a diferença entre as igrejas do
ocidente, cansadas e sob fardos e a igrejas no centro de uma área de
avivamento. No ocidente, ninguém pára de se lamentar ano após ano pela
falta de candidatos para o campo missionário ou para serem evangelistas
a tempo inteiro. Na Indonésia atual, quando uma mulher fala sob a
inspiração do Espírito Santo, cem pessoas entregam-se de todo coração
para a obra missionária numa única noite. E ficou provado que isso não
foi apenas uma coisa esporádica e perdida no tempo. Teremos a
confirmação deste fato mais adiante. Desde que o avivamento começou,
muitos dos novos convertidos colocaram os seus nomes numa lista de
espera interminável para ingressarem na Escola Teológica na escola de
Java. Tantas pessoas buscavam ser atendidas que se tornou insuportável e
impossível acomodar todos os candidatos.
Um Saulo Vira Paulo
As palavras proféticas de David Simeon vieram a cumprir-se muito antes
daquilo que qualquer um poderia imaginar ou achar possível. Na noite da
sua partida para Java, Tamar desencadeou uma cadeia de acontecimentos e
reações dentro da igreja. Naquela noite estava um jovem sentado numa das
filas de trás. Todos os seus amigos levantaram as mãos para se
entregarem a obra de Deus e ele fez o mesmo. Mas, de seguida ficou irado
e angustiado com a idéia que atravessou sua mente: “Estás louco? Não
podes fazer uma coisa tão absurda!”
Quem era este jovem? Ele havia perdido um dos seus pais e vivia na casa do Pastor
local desde a idade de sete anos. Contudo, isso não preveniu que
desenvolvesse uma atitude ímpia e perturbada para com a vida. Ele era
muito conhecido pela sua apetência para brigas e rixas, tal como para o
alcoolismo. Em muitas ocasiões, chegou a perturbar os cultos na igreja.
Uma vez, quebrou uma das janelas na hora do culto à pedrada. A única
razão porque ele havia assistido aquele culto de despedida, era porque
conhecia Tamar pessoalmente e estava muito curioso sobre o que havia
causado todo aquele reboliço. Este foi o homem que Deus usou para
introduzir a prática da limpeza incondicional e da faxina dentro da
igreja e nas vidas das pessoas.
Algum
tempo após o culto, Saulo – conforme era chamado – estava sentado no seu
quarto estudando inglês. De repente, tudo à sua volta se escureceu. Ele
não conseguia saber qual a razão para aquela cegueira súbita. Colocou o
seu rosto bem perto da lâmpada para ver se enxergava a luz, mas a única
coisa que conseguiu foi queimar a sobrancelha. Decidiu que a única coisa
a fazer seria deitar-se e esperar para ver o que ia acontecer.
Após 10
minutos, uma figura vestida de branco com o cabelo até os ombros
falou-lhe. Saulo sabia instintivamente de que se tratava do Senhor
Jesus. Ele jogou-se no chão com o rosto em terra e em grande temor.
Sentiu uma mão invisível colocada sobre o seu corpo. Tentou erguer-se,
mas faltavam-lhe as forças.
Foi
naquele momento que o Senhor falou com ele: “Que tens dentro da tua
mala?” Saulo lembrou-se de seus amuletos de feitiçaria que se
encontravam lá. “Pega neles e vai entregar ao teu pastor confessando os
teus pecados”. Saulo obedeceu. Quando voltou para o quarto, o Senhor
continuou: “Precisas de ser lavado e ser limpo. Necessitas de uma faxina
completa. Depois disto, irei dar-te a tarefa de limpar toda igreja
também e de saíres para pregar o evangelho. Vais orar por pessoas
doentes e elas se curarão. Nem a morte será problema difícil para ti.
Mas, lembra-te disso e nunca te esqueças: o poder é meu e não teu. Dá
testemunho às pessoas na igreja no próximo culto sobre tudo o que aqui
se passou entre nós dois”. Assim que o Senhor terminou de lhe falar,
sumiu da vista de Saulo.
Saulo
ficou emudecido e sem reação. Mais tarde, quando falei com ele
pessoalmente, disse na presença de um dos missionários: “O meu colega
que divide o quarto comigo entrou quando tudo aquilo estava acontecendo.
Ele ouviu passos e sentiu uma forte presença de alguém muito poderoso
dentro do quarto, mas não viu o que eu vi.” Podemos desde logo achar
aqui uma semelhança entre esta experiência e a visão que Paulo teve
perto de Damasco, quando aqueles que estavam com ele ouviram a voz, mas
não viram ninguém.
No culto
seguinte, Saulo pediu permissão para falar. O pastor hesitou um pouco
por causa das suas atitudes anteriores, mas acabou por permitir. Quando
Saulo terminou o seu discurso, o poder do Espírito Santo parecia estar
sendo sentido profundamente por cada pessoa ali presente. Como se
tivessem combinado, começaram todos a confessar pecados um a um ao mesmo
tempo e muitos saiam apressadamente para casa voltando depois com os
seus instrumentos de magia e de feitiçaria. Naquela mesma noite, todos
os objetos trazidos foram publicamente queimados diante da igreja.
Quando
Saulo falou, mais tarde, numa escola que ele havia freqüentado, o mesmo
processo de limpeza repetiu-se. Ao dar testemunho da sua experiência aos
alunos, todos eles foram buscar amuletos e outros instrumentos de
feitiçaria, seus livros de romances, músicas mundanas, cartazes de
ídolos e fizeram um monte com eles no pátio da escola, o qual Saulo
mandou tocar fogo.
Quando a
polícia soube do que se havia passado, de imediato prenderam aquele que
consideravam ser o líder dos ‘desacatos’. Levaram-no para a delegacia e
interrogaram-no sobre os motivos daquele ‘grave incidente’. Mas, como o
avivamento havia começado, ele não escondeu e ficou tudo esclarecido. O
pastor ainda estava um pouco desconfiado e manteve-se um pouco crítico
em relação a tudo aquilo que estava acontecendo. Contudo, nem era de
esperar outra coisa do pastor devido ao fato de Saulo ser muito
conhecido pelos seus atos de vandalismo.
O Primeiro Grupo
O dia em
que nasceu o primeiro grupo foi em 26 de setembro de 1965. Saulo
discursou nesse dia, tanto no culto da manhã como no culto da tarde na
igreja e na presença do Pastor Joseph. Uma onda de arrependimento varreu
toda a congregação. Ao apelo do jovem discípulo de Cristo, muitos vieram
à frente e entregaram-se para o serviço de Cristo. E foi assim que o
grupo 1 foi formado. Saulo escolheu vinte e três jovens nativos para
trabalharem com ele.
Quando o
grupo partiu, começaram a pregar por toda ilha. Onde quer que esses
jovens discípulos passassem, muitas pessoas convertiam-se e algumas eram
curadas. O Espírito Santo havia distribuído dons específicos a este
grupo: pregar o evangelho, autoridade para curar e dom de profetizar.
Pastor
Joseph relatou que numa certa cidade apenas, cerca de 700 pessoas haviam
sido curadas de suas doenças através da oração e imposição das mãos.
Aqui seguem-se alguns exemplos. Uma vez, encontraram um homem paralítico
e após haverem-lhe mostrado o caminho para Cristo e ele ter confessado
os seus pecados, oraram por ele e a cura foi instantânea. Durante um dos
cultos, uma criança caiu de onde estava e ficou inconsciente. Saulo, o
líder do grupo, foi chamado ao local. Após ter orado pela criança, ela
recuperou a consciência logo ali. Mas, o próximo exemplo é ainda mais
marcante.
O grupo
havia pregado numa igreja das oito horas às quinze horas. Uma das
características dos avivamentos, é as pessoas perderem a consciência do
tempo quando se encontram sob a influência da palavra de Deus ministrada
pelo Espírito Santo. Enquanto decorria o culto, um rapaz de nove anos de
idade teve um colapso e caiu morto. A sua mãe correu para Saulo e
contou-lhe o que se passou. “Nós precisamos terminar a reunião primeiro.
Iremos orar por ele só depois do culto ter terminado”, disse Saulo. O
rapaz havia morrido apenas duas horas após o início do culto e só cinco
horas depois é que Saulo foi ver a criança. Ao chegar perto dele,
começou a orar. Foi então que o Senhor lhe sussurrou audivelmente:
“Sopra na boca da criança e no seu nariz colocando a tua mão sobre a sua
testa”. Saulo obedeceu imediatamente. Após quinze minutos a crianças
mexeu-se. Mas, não foi antes de um bom tempo ter passado que ele
recuperou a consciência. Levando a criança com ele, Saulo apresentou-a à
congregação e todos deram graças a Deus reverentemente e em temor. Como
resultado daquele milagre, muitos ali presentes converteram-se.
Conheço
muitos dos argumentos científicos que criam certas objeções nas mentes
das pessoas. Uma das objeções que poderá ser colocada, era que o moço
não estava realmente morto e apenas inconsciente ou paralisado. Mas,
mesmo assim teria sido um caso de cura real.
Antes de
eu ter testemunhado estas coisas com meus próprios olhos e ouvidos,
também duvidava dos relatos que chegaram até mim, vindos da área do
avivamento. Contudo, hoje não tenho qualquer dúvida sobre o que está
acontecendo ali, pois eu pessoalmente conversei com todos os líderes,
também com Saulo e muitos outros líderes de vários grupos que Deus
estava usando. Era realmente o Senhor Jesus em pessoa que estava
operando ali.
O
aspecto mais importante do grupo 1, foi-me relatado pelo Pastor Joseph.
Nas duas semanas que o grupo esteve trabalhando na cidade de N., cerca
de nove mil pessoas haviam-se convertido. Isto são daqueles tipos de
números que facilmente associamos aos atos dos apóstolos: três mil
converteram-se no dia de Pentecostes, cinco mil uns dias depois. É
encorajador saber que o poder do Espírito Santo não diminuiu nem se
enfraqueceu desde que foi derramado em Pentecostes, 2000 anos atrás.
Esse é um dos argumentos dos cristãos atuais, pois afirmam que aquilo
não se repete. Temos de estar certos que, sob a luz que o Espírito Santo
nos vem dando através do seu poder, que a sua vinda se aproxima muito
rapidamente. Todas as conversões que acabamos de mencionar foram
acompanhadas de uma poderosa limpeza das vidas, da qual dificilmente
teremos palavras para descrever aqui. Amuletos eram queimados, bens
roubados eram devolvidos aos seus donos com confissão, rixas antigas
eram desenterradas e resolvidas também através de pedidos de perdão e
muitos milhares de pessoas eram curadas.
Acontecimentos como estes deveriam levar os evangelistas atuais e os
missionários espalhados pelo mundo a olharem muito bem para suas
próprias vidas, examinando profundamente os seus corações e achando os
motivos porque Deus não opera assim através deles. Caro colega, como é
que seu ministério fica se o compararmos com obra deste pequeno grupo de
pessoas sem qualquer formação?
O Senhor
Jesus chamou-me e pegou em minha vida no ano 1930. No dia seguinte à
minha conversão, saí evangelizando e contando aos meus amigos na escola
tudo sobre a minha fé em Cristo. Como resultado, um bom número deles
converteram-se. E, na realidade, foi ali que meu ministério de
aconselhamento e intercessão começou. Hoje, contam-se 39 anos passados
desde então. Olhando para trás e para os meus apontamentos, creio ter
pregado em mais de 800 igrejas em mais de cem países em todo mundo. Devo
ter aconselhado pessoalmente cerca de 20.000 pessoas. Mas, apesar disto
tudo, nunca durante esses 39 anos de trabalho consegui trazer 9.000
pessoas a Deus. Contudo, esse número foi o resultado de duas semanas de
trabalho do grupo 1. Certamente que isto é o cumprimento das seguintes
palavras: “Os últimos serão os primeiros”. Quão insignificantes parecem
ser os nossos labores evangelísticos quando colocados perante a luz de
tudo aquilo que Deus está fazendo através de discípulos sem nome e
desconhecidos na Indonésia hoje. Podemos assegurar que o Senhor não
precisa de nenhum daqueles que, devido ao seu preconceito, imaginam ser
algo. “Deus escolheu o que é desprezível para confundir o mundo”, 1
Cor.1:27. A auréola dos pregadores famosos não terá qualquer brilho
quando colocados perante a grandeza de muitos dos homens santos anônimos
que vemos aqui. Somente aqueles que seguram o seu próprio prestígio para
que não cesse, falham discordando do fato de que as suas palavras de
grandeza e de jactância, um dia serão varridas da presença santa do
Espírito de Deus.
XV. O FOGO ESPALHA-SE AINDA MAIS
Nós ainda não falamos nada sobre os métodos usados pelos diferentes grupos
da obra de evangelização. Por norma, limitam as suas missões a algumas
semanas de cada vez. Após essas campanhas, todos os participantes dos
grupos voltam às suas ocupações normais. A única exceção é o grupo 1, o
qual manteve uma campanha durante vários meses.
Um dos
problemas que normalmente colocados diante dos jovens, eram as aulas.
Muitos deles deixavam a escola de lado por um tempo, voltando apenas
após o término da sua missão. Os professores faziam certos exames
especiais aos que faltavam para verificarem se poderiam continuar na
mesma série depois do retorno. Mas, até nisto Deus estava com eles.
Nenhum dos participantes do grupo reprovava. Isto, também, manifesta a
maneira especial na qual o Senhor abençoava-os. Vamos, agora, acompanhar
um dos grupos numa das suas viagens de campanha para melhor vermos o que
o Senhor faz através e a favor deles. Os relatos que tenho foram
fornecidos por várias fontes, incluindo muitas conversações individuais
com os líderes dos grupos e com o Sr. Klein, um missionário da área. Por
ordem de importância, chegaram até mim, também, relatórios do sínodo
central da Igreja Presbiteriana em Timor. Também tenho em minha posse
relatos fidedignos de David Simeon e de Pak Elias, os quais trabalharam
intensamente nesta ilha. Os fatos diante de nós foram confirmados por
muitas testemunhas fidedignas. É importante realçar isto porque, os
eventos que vamos descrever aqui, são muito maravilhosos e muito pouco
usuais em qualquer igreja ocidental e haverá sempre uma certa
dificuldade em acreditar neles, mesmo pesando o fato de que nada disto
seja diferente de tudo aquilo que vem relatado no livro de Atos dos
Apóstolos no qual os crentes ocidentais dizem acreditar. Aqueles que
realmente acreditam nas Escrituras não terão qualquer dificuldade em
acreditar na verdade e na veracidade desses fatos que vamos aqui relatar
resumidamente. Vamos, então, ver a obra dos vários grupos e ouvir o que
o Senhor tem a dizer para nós através desses leigos missionários que
Deus usa poderosamente.
O
Grupo Um
A
particularidade deste grupo existe no fato de que, durante as suas
missões, algumas vezes eram vistas chamas de fogo descer sobre os locais
e sobre as igrejas onde pregavam, como aconteceu com as línguas de fogo
sobre os Apóstolos. Os testemunhos deste grupo resultaram sempre numa
incomparável, tremenda e profunda limpeza de todas as congregações por
onde passavam. Alcoólatras abandonavam o vício logo ali, gatunos
devolviam os bens roubados que ainda possuíam e os feiticeiros traziam
seus pecados e amuletos para os confessarem e queimarem publicamente.
Este
grupo operava inicialmente entre uma tribo católica da ilha e muitos dos
nativos foram verdadeiramente convertidos a Cristo. Foi então que surgiu
a pergunta pela primeira vez se esse grupo deveria passar a fronteira
para o lado português da ilha e evangelizar os nativos que pertenciam à
Timor portuguesa. Os nativos de ambos os lados da fronteira falam o
mesmo idioma, mas pertenciam a países diferentes. O que deveriam fazer
os cristãos?
Antes
das suas conversões, os nativos ocidentais da ilha cruzavam a fronteira
para roubarem gado. Quando o avivamento chegou ali, no entanto, deixou
de haver roubos de vacas. Ao invés disso, começaram a cruzar a fronteira
para “roubarem” almas para Cristo. Um Cristão que viva pela letra da
regra pode argumentar e dizer: “Isto não está de acordo com as
Escrituras. Necessitamos respeitar e reconhecer os limites das nações e
as fronteiras”. A eles eu pergunto: “Quem é que decidiu onde essas
linhas de fronteira iriam cair? Não foi através de decisões arbitrárias
dos poderes colonialistas cujo único objetivo era possuírem a maior
quantidade de terra possível? Que tipo crime seria os nativos cruzarem a
fronteira para conquistarem almas para Cristo?”
Outra
objeção seria: “Mas porque razão os grupos não tentavam adquirir vistos
legalmente e cumprirem todos os procedimentos legais para entrarem em
Timor oriental”? A resposta é a seguinte: “Caso seguissem as vias
humanamente legais para fazerem o trabalho de Deus, nunca conseguiriam
fazer a obra que fizeram porque as autoridades legais do outro lado da
ilha eram ferozmente católicas. Na verdade, são católicos tão ferrenhos
que chegaram relatórios até nós de missionários protestantes
assassinados naquela área”. Um missionário protestante que fortuitamente
conseguiu um visto de entrada, foi generosamente pedido para abandonar o
país num avião oferecido pela própria Igreja Católica desde que saísse
imediatamente. Seria esperar muito que as autoridades ecumênicas
permitissem a evangelização de Timor Oriental.
Eu não
posso acreditar que Deus, algum dia, irá culpar qualquer um destes
missionários nativos pelo fato de terem cruzado uma fronteira sem visto,
levados pelo seu zelo e amor abnegado por Cristo e pelas almas por quem
Ele morreu. Não podemos esquecer que todos os católicos na parte
oriental da ilha não são em nada piores ou melhores que os protestantes
da parte ocidental antes do avivamento. Ambos negavam Cristo. O coração
do homem é igual em todo lado, fosse a doutrina católica ou protestante
que tivesse tomado posse desses respectivos corações. Fosse qual fosse a
bandeira ou estandarte, o coração era dominado pelo pecado.
As Provisões dos Grupos
Ninguém consegue olhar para o nascimento e o desenvolvimento dos grupos sem
ficar maravilhado. Praticam literalmente aquilo que Jesus disse em
Luc.10:4 – “Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas pelo caminho” .
Os grupos saiam ou sem provisões ou, então, com apenas o necessário para
as primeiras horas de cada viagem. Quem providencia as suas
necessidades? Será nos esquecemos facilmente da experiência e da
contabilidade matemática do irmão Dan?
Uma vez, o Senhor havia escolhido dois casais para trabalharem para ele. O esposo
do primeiro casal perguntou: “Senhor quem é que providenciará para nós?”
Como resposta o Senhor retorquiu: “A tua esposa precisa jejuar quatorze
dias de um modo que eu mostrarei a ela pessoalmente”. A esposa foi
obediente e começou o jejum. Após os primeiros sete dias foi lhe dito:
“Toma um coco e uma banana. Bebe somente metade da água do coco e come
metade da banana. Coloca a outra metade da banana e o resto da água do
coco de lado para mais tarde”. Ela tornou a obedecer. Depois de terem
passado os quatorze dias, o Senhor tornou a dizer-lhe: “Vai ver o que se
passa com a água de coco e com a banana e verifica se ainda estão
frescos”. Para admiração deles, acharam tanto a banana como a água de
coco em estado fresco. Haviam estado ali sete dias. Nos trópicos,
qualquer tipo de fruta estraga-se em menos de um dia quando descascados.
Quanto à
mulher em questão, apesar de ter jejuado catorze dias, não sentia
qualquer tipo de exaustão se quer. Através deste sinal o Senhor tornou
claro para esse casal que ele os manteria vivos de qualquer jeito e com
qualquer porção de comida, fosse ela muita ou pouca. Os dois casais
uniram-se e formaram o grupo três. Foi assim que partiram para uma
missão específica de evangelização.
As
experiências do grupo trinta e um também ilustram de forma prática e o
jeito que Deus providencialmente atendia às questões e provisões
diárias. Uma vez, quando este grupo se encontrava a trabalhar numa certa
vila e quando estavam para irem embora, foram-lhes dadas 9 bananas para
o caminho. No entanto, o grupo tinha 15 membros. Mais tarde quando
pararam para distribuírem as bananas entre si, cada um recebeu uma. Eu
percebo que, para um teólogo racionalista, isto seja demais e uma
história como esta torna-se (para ele) impossível de acreditar. Mas,
bastará tão só pensarmos no que lemos no novo testamento, onde cinco
pães e dois peixes chegaram para satisfazer as necessidades de mais de
5.000 pessoas (Mt. 14:19). É o mesmo Deus quem providenciou as
necessidades dos seus filhos. Ele ainda é o mesmo hoje e existe
verdadeiramente.
Este
grupo experimentou e viveu um milagre semelhante numa outra das suas
missões. Ficaram numa casa dum casal que tinha um filho às portas da
morte. Quando o pai se arrependeu de seus pecados e acabou de
confessá-los, a criança foi instantaneamente curada. Mas, antes do grupo
partir, a família em questão implorou-lhes que ficassem para uma
refeição composta de arroz e carne. Na verdade, teriam muita dificuldade
em providenciar comida quanto bastasse para satisfazer os estômagos de
20 pessoas. O grupo havia, entretanto, crescido porque alguns
presbíteros das igrejas locais haviam-se juntado a eles. Contudo, o
Senhor não deixou de contemplar esta família. Deus falou aos membros do
grupo para que se servissem apenas com duas colheres de arroz cada um e
dois pedacinhos de carne. Conforme o arroz ia sendo servido, todos ali
presente viram uma mão aparecendo sobre a comida abençoando-a e todos
saíram dali de barriga cheia.
Um outro
nativo, Barnabé, também experimentou algo muito semelhante. Ele tem
trinta e dois anos de idade e é o líder do grupo quatro, o qual é
composto por cinco outros colaboradores. No dia 10 de fevereiro de 1968,
o Senhor mandou-o ir a uma vila que ficava a cerca de 75 Km de Soe. Ele
deveria pregar o evangelho lá. O Senhor disse-lhe: “Não leves nenhuma
comida contigo e nem água. Não descanses até haveres chegado à vila”.
Sem dúvida que isso seria um enorme teste para ele, pois não podemos
esquecer que Timor é uma ilha nos trópicos; e 75 Km é muito mais do que
aquilo que alguém possa caminhar em apenas um dia. No entanto, Barnabé
foi obediente e partiu logo de imediato. Mais tarde, quando começou a
ser vencido pela fome e sede, ele implorou ao Senhor que lhe desse
qualquer coisa para se refrescar. Naquele mesmo instante uma brisa
fresca soprou e um tamarindo desprendeu-se em direção a ele. Ele
apanhou-o no ar. Contudo, em vez de comê-lo logo, perguntou ao Senhor:
“Senhor Jesus, esta fruta é para mim ou é para eu dar a alguém na vila
para onde vou?” Jesus respondeu: “É para ti”. Após ter dado graças
Barnabé comeu a fruta. Era muito doce e muito suculenta e tanto a sua
fome como a sua sede não voltaram até ter chegado ao seu destino.
Esta
história também pode manifestar-nos que o mesmo Deus que providenciava o
maná no deserto onde não havia nada, aquele Deus que mandava os corvos
providenciar carne para Elias, ainda está vivo hoje. Essas experiências
maravilhosas não podem, contudo, colocar-nos na senda de buscarmos que
milagres sejam feitos. A coisa mais importante que nos pode acontecer,
não são os milagres que aqui são relatados, mas é antes a vida salvadora
de Cristo que nos tira da morte e nos faz viver para Ele. O nosso desejo
não deve ser aguçado através desses milagres para não causar
sensacionalismos de qualquer espécie. Devemos, apenas, esforçar-nos para
obter um conhecimento real e completo de Cristo e uma experiência
adequada e pessoal com o próprio Senhor Jesus Cristo. Esses milagres das
provisões que o Senhor concedeu, servem apenas para ilustrar e
demonstrar que o Senhor, de fato, aceita a responsabilidade de cuidar
daqueles que Ele mesmo envia para saírem e pregarem o evangelho por todo
mundo. (*Nota do tradutor: Note-se que, todos os milagres eram de
autoria de Deus e nenhuma das pessoas buscou antecipadamente nada do que
se fez). A verdade seja dita: o número de seguidores que levam o
evangelho sobre os seus ombros e os seus corações, tornou-se muito
grande. No primeiro ano apenas, 72 destes grupos saíram cada um para o
seu lado. Como cada grupo consiste de 4 a 28 membros, isto significa que
cerca de 1.000 mensageiros do evangelho trabalham incessantemente nesta
ilha. Todos eles viajam sem bolsa, sem provisões, sem segurança e ainda
sem lugar para dormir. Não faziam planos antes de partirem, não
perguntavam como seriam abastecidos, baseando a sua confiança
integralmente nas promessas e nas diretivas antecipadas do Senhor. Não é
isto um testemunho tremendo para todos nós? Não será isto, também, um
desafio para a aquelas igrejas que se dizem vivas deixarem de pretender
e simular a realidade de Deus? Precisam fingir? Não será este um exemplo
a seguir para a igreja moribunda do mundo ocidental, a qual tem muito
pouco de semelhante com os irmãos nativos e sem formação da Indonésia?
Os Cegos Vêem
Em Mateus 11 lemos a história de onde João Batista enviou seus discípulos
para Lhe perguntar se seria Ele aquele que deveria vir. Jesus
respondendo disse: “Os cegos vêem, paralíticos andam, os leprosos são
limpos, os surdos ouvem, mortos são ressuscitados e aos pobres é pregado
o evangelho do Reino”.
Durante
o tempo de vida de Jesus aqui na terra, o mundo experimentou o maior
avivamento de sempre até aquele momento. Contudo, sempre que a igreja
experimentou um avivamento através dos séculos, a sua história reflete
apenas os eventos relatados nos Evangelhos e no de Atos dos Apóstolos.
Aquilo que está acontecendo na Indonésia atualmente é uma repetição dos
Atos dos Apóstolos. Mas, qualquer um que tenha tempo e disponibilidade
para comparar um avivamento com o outro sobriamente, concluirá, com
muita alegria, que este avivamento atual na Indonésia é o mais parecido
que existe com aquele que houve na era inicial do Novo Testamento.
Provavelmente, não deve haver outro avivamento na história da igreja que
mais se assemelhe ao livro de Atos dos Apóstolos.
Vamos
ouvir falar um pouco sobre o trabalho dos grupos a esse respeito também.
As experiências do Grupo 48 são-me particularmente impressionantes.
Impressionam qualquer um. O seu jovem líder de 25 anos é uma moça que
não saber ler nem escrever. Chama-se Anna. Seus pais já faleceram e
tanto ela como seus quatro irmãos e irmãs participam ativamente na
propagação do Evangelho puro.
O Senhor
chamou Anna através das palavras de Mt. 10. Ela não conseguia ler e
pediu a alguém que as lesse para ela. Anna é, espiritualmente falando,
um dos mensageiros com maior autoridade dentro deste avivamento. Os
primeiros dons que recebeu do Senhor foram as letras de quatro hinos que
ela aprendeu avidamente, memorizando-os. Sempre que cantava aquelas
mensagens em hino, todos aqueles que escutavam, convertiam-se.
Ela é um
excelente exemplo de um missionário “caseiro” que anda de casa em casa.
Todas as pessoas trazem os seus amuletos e instrumentos de sorte e de
feitiçaria para serem destruídos. Ganhou do Senhor, também, um dom
especial de profecia o qual revela o pecado das pessoas mesmo a frente
delas.
Um dia,
entrou numa casa e encontrou ali uma senhora cega. Após haver-lhe
mostrado o caminho para Cristo, o Senhor incumbiu-a de lhe derramar água
sobre os olhos para que fosse curada. Ela foi curada instantaneamente.
Encorajada através desse sucesso inicial, Anna perguntava ao Senhor
sempre que encontrava um cego se podia curá-lo. Pedia poder para
fazê-lo. Como resultado desta oração, ela conseguiu orar por várias
pessoas e dez delas recuperaram a sua visão. Mas, a cura só se dava
quando as pessoas houvessem confessado e deixado todos os seus pecados,
um por um. São acontecimentos como estes que distinguem o avivamento
daquele movimento de cura que precedeu esta grande obra do Senhor. Em
cada caso de cura, era uma obrigatoriedade a salvação da pessoa em
questão e a confissão minuciosa de todos os pecados, antes de tudo. A
condição espiritual de cada alma tinha a ênfase correta acima da cura
física. Foi dessa maneira peculiar que o Senhor Jesus foi glorificado
aos olhos de todos que eram curados e de todos aqueles que os conheciam.
Esta é uma das razões principais porque este avivamento ainda se mantém
florescendo e intacto. Por isso, também, é uma fonte de visão espiritual
muito pura e que está de acordo com as Escrituras. Isto é o que Jesus
diz ser “crer como as escrituras dizem”, João.7:38.
Uma vez,
Anna conheceu uma pessoa surda. O Senhor disse-lhe: “Coloca os teus
dedos nos seus ouvidos e implora por ele”. Ela obedeceu e o homem ficou
curado ali mesmo.
Em
outras ocasiões, orou por mortos e eles ressuscitaram. Mas, necessitamos
realçar que ela nunca o fez sem o Senhor a ter ordenado antecipadamente
que o fizesse. Nunca tomou a responsabilidade sobre ela própria de tomar
tais decisões arbitrariamente. Uma vez, foi guiada, também, para uma
criança de dois anos de idade que havia falecido. Após oração, a criança
ressuscitou tal e qual a filha de Jairo muitos anos atrás.
A vida
particular de Anna e, consequentemente, o seu ministério são exemplos
muito vivos e encorajadores de como uma vida deve e pode ser direcionada
apenas pelo Senhor. Ela só vai para lugares onde o Senhor a tenha
enviado. Levando em conta que ela é uma pessoa analfabeta, podemos achar
que algumas das tarefas que o Senhor lhe dá não são fáceis de cumprir.
Ela foi incumbida de visitar escolas, representantes do governo e também
de ir falar a pastores sobre os pecados deles. Onde quer que ela vá, o
Senhor tem sempre preparado um lugar para ela pousar. Recusa dormir num
colchão e não usa travesseiro, preferindo dormir no chão. Cada noite, o
Senhor dá-lhe todas as tarefas do dia seguinte. Ela vive um dia de cada
vez. Em 1967, o Senhor deu-lhe o nome de um missionário que iria visitar
a sua ilha. No dia que esse missionário chegou, ele ficou perplexo
quando Anna o cumprimentou chamando-o pelo seu nome.
Uma das
tarefas mais difíceis que o Senhor lhe deu para fazer, foi no dia 10 de
fevereiro de 1968. O Senhor disse-lhe: “Vai aos escritórios do governo e
dá testemunho de Mim lá”. Ela foi obediente. Todos os governantes da
área ouviram a mensagem da visitante analfabeta e 20 homens
converteram-se.
Mais ou
menos por esta altura, foi mandada por Deus para ir visitar um ministro
do evangelho cujos filhos estavam sempre adoecendo. Numa visão antes da
sua visita, ela viu uma espada de dois gumes. Chegando ao local, viu a
mesma espada pendurada na casa do ministro. Encontrava-se ali desde o
tempo dos holandeses e tinha uma história de feitiçaria e ocultismo por
trás dela. Ela disse ao pastor que a espada precisava ser destruída
imediatamente. Após a sua destruição, as crianças ficaram
permanentemente curadas.
Anna não
é a única pessoa a ser usada pelo Senhor deste jeito. Muitos dos membros
de todos os grupos têm experiências semelhantes e similares em sua obra
de evangelização. Podemos ilustrar este fato com apenas dois exemplos os
quais estão bem comprovados, devido ao fato de muitos pastores terem
estado presentes em ambas as ocasiões. A primeira ocorrência foi escrita
por um pastor que está ativamente envolvido na obra do Senhor.
Num dos
cultos de Timor e no qual estavam três pastores, um dos quais era uma
mulher e outro era o presidente do sínodo presbiteriano, um homem de 58
anos de idade foi instantaneamente curado através de oração. O cego em
questão ficou apavorado quando descobriu que conseguia ver. Ele não
sabia como reagir ao que lhe estava acontecendo. Foi preciso que um dos
presbíteros da igreja lhe desse ordens específicas para que soubesse o
que fazer. Não sabia como adaptar-se à visão. Joga fora a tua vara e
anda até aqui sem ela. O homem obedeceu e a pastora ali presente,
olhando para aquilo tudo, começou a duvidar de toda aquela ocorrência.
“O homem está mentindo. Ele nunca foi cego.” Naquele mesmo momento, a
mão pesada do Senhor caiu sobre ela e tão rápido quanto foi a cura do
homem, foi a cegueira dela. Ela ficou cega diante das pessoas. Existe
uma história que tem algo semelhante a esta em Atos 13:11 onde o Elimas,
o feiticeiro, ficou cego por se opor a Paulo.
No
avivamento na Indonésia encontramos muitos acontecimentos com
semelhanças no Velho e Novo Testamento. Assim que o moderador do sínodo
da igreja ouviu falar da cegueira da pastora, ele perguntou: “Quem foi o
responsável por aquilo que lhe aconteceu”? Ninguém conseguiu
responde-lhe. Na verdade, o Senhor era o responsável por aquele ato.
Durante três dias, a senhora permaneceu cega devido àquela atitude
crítica em seu coração e da qual ninguém sabia. Durante esses três dias,
muitos crentes reuniam-se para orar por ela sem qualquer êxito. Mas,
após três dias haverem passado, ela confessou o seu pecado abertamente e
todos ficaram a saber porque ficou cega. Assim que se arrependeu,
recuperou a visão.
Vamos
terminar com mais um caso, no qual uma pessoa foi curada de cegueira. O
homem em questão tinha 46 anos de idade e era cego de nascença, ou pelo
menos desde sua infância. Doenças deste tipo são muito vulgares na China
e outros países asiáticos. Após um dos membros do grupo ter-lhe mostrado
o caminho para Cristo, seguindo os mesmos critérios de confissão de
pecado, orou por ele impondo-lhe as mãos. Com esse ato, as pálpebras do
homem abriram-se de repente e derramaram um pouco de sangue. Logo após
isso, o homem conseguia ver. Mas, ficou bastante confuso com tudo à sua
volta, pois ele não tinha qualquer lembrança de ter visto alguma coisa
em toda a sua vida. Uma vez mais, realço aqui que esta história foi-me
narrada e confirmada por um pastor presente quando tudo aconteceu e o
qual me garantiu ser um caso verdadeiro.
Devido
ao fato de nos esquecermos facilmente de certas coisas, vou aqui lembrar
a todos uma coisa muito importante: se Jesus consegue abrir os olhos
espirituais de alguém, cujo feito é de tanto maior importância e de
maior dificuldade de ser operado, não nos podemos admirar de que Ele
consiga curar alguém com uma doença meramente física – mesmo que seja
cegueira. Nunca devemos retirar a ênfase que as Escrituras dão sobre a
verdade e sobre Cristo, para colocá-la em ocorrências maravilhosas como
esta que se estão passando na Indonésia atualmente. Jesus é muito maior
e muito mais importante que todos os milagres em conjunto que foram
feitos e que ainda poderão ser feitos em Seu nome. Contudo, podemos
regozijar-nos um pouco com esta forma que Deus escolheu para se
glorificar.
Os
Mortos são Ressuscitados
Nós já
falamos aqui de um caso onde uma pessoa foi ressuscitada da morte
através do ministério do grupo 1. Existe um grupo em particular, no
entanto, que se destaca através das experiências desta natureza. A líder
deste grupo é conhecida como a mamãe Sharon.
Tal como
Anna, ela não sabia ler nem escrever. Um dia, o Senhor apareceu-lhe
vestido numa túnica branca e resplandecente e comunicou-lhe: “Chamei-te
para ires pregar o evangelho”. Eu estou imaginando as objeções nas
cabeças dos teólogos contra este curso de acontecimentos. Consigo vê-los
perguntar: “Por que razões necessitam de visões como estas? A nossa fé
não deve estar baseada só na Palavra de Deus?” Eu concordo que devemos
depender somente da palavra de Deus e até poderia concordar que um
soberano Deus seguisse os conselhos de um teólogo. Mas, deixem-me
perguntar: como é que o Senhor se revela através Escrituras a uma pessoa
que não sabe ler e nem sabe se a Bíblia esta para baixo ou para cima? É
de esperar que, em situações dessas e em casos específicos como este, os
meios que Deus usa, sejam os mais adequados para tal pessoa mesmo sendo
invulgares para nós. E para além do mais, desde quando é que Deus
precisa de autorização e da concordância dos teólogos para se manifestar
pessoalmente a alguém e transmitir-lhe a Sua vontade? Se Deus fosse
obrigado a pedir a concordância dos líderes do cristianismo atual, tenho
a certeza que a desgraça deste mundo seria ainda mais evidente do que
aquilo que já é. Quando o Senhor se manifestou a esta mulher analfabeta,
ela respondeu quase como respondeu Jeremias: “Senhor eu não sei pregar
não tenho qualquer educação ou formação. Nunca entendi a Bíblia”.
Contudo, o Senhor superou todas as suas objeções. Após ter formado um
grupo com mais três pessoas, ela saiu para dar testemunho da palavra de
Deus e pelo caminho aproveitava para orar pelos doentes também. Os
frutos do seu trabalho eram visíveis e marcantes. Um grande número de
pessoas chegou a ser ressuscitado dos mortos através do seu ministério.
Num dos
primeiros casos, o qual foi investigado e confirmado por Pak Elias no
local onde ocorreu, conversou com a própria mãe cuja criança fora
trazida de volta à vida. A criança havia morrido seis horas antes de
mamãe Sharon ter chegado ao local. Após alguém ter lido uma porção das
Escrituras, mamãe Sharon orou pela criança e, assim que abriu os olhos
depois da oração, a vida da criança foi-lhe restituída.
Uma
outra ocorrência foi confirmada no terreno pelo missionário Sr. Klein.
Uma criança havia estado morta durante dois dias. As formigas já andavam
pelo lado de dentro das suas órbitas e do seu corpo estava apodrecendo.
Contudo, os pais recusaram-se a enterrar a criança no primeiro dia,
conforme é hábito nas regiões tropicais, Não enterram porque resolveram
chamar mamãe Sharon. Ela só chegou ao local dois dias depois. Em breves
momentos, a vida da criança foi restituída.
Fomos
colocados diante de testemunhos de três grupos diferentes. O primeiro
grupo experimentou milagres de mortos serem ressuscitados na cidade de
N. os outros dois grupos experimentaram os milagres concluídos por duas
mulheres analfabetas, Anna e mamãe Sharon.
Para uma
quarta testemunha dos mortos serem ressuscitados, podemos voltar-nos
para um pastor evangélico, o qual também é um filho de Timor. Ele
relatou-me a história de duas pessoas que viviam numa ilha vizinha, os
quais após terem morrido, foram levados para o hospital local onde
haviam sido pacientes anteriormente. Após oração ambos voltaram a viver.
É
essencial e importante frisar aqui que a ressurreição espiritual de
alguém significa muito mais para essa pessoa do que milhares de milagres
que possam vir a ocorrer durante a sua vida inteira. É seguramente mais
importante que ressurgir dos mortos. Em Luc.15:24, lemos assim: “Este é
o meu filho que estava morto e reviveu”. A conversão espiritual e o
renascimento interior de qualquer pessoa têm uma maior importância para
ela do que uma ressurreição física. Devemos lembrar sempre este fato,
para que não resulte que as obras que Deus faz, não sejam achadas a
operar contra Ele e que os milagres conseguidos numa área de avivamento
não cheguem a perturbar minimamente o nosso crescimento espiritual, mas
preferencialmente encorajá-lo. De outro modo, estaremos trilhando os
falsos caminhos da aparência religiosa.
XVI. MILAGRES
Os
milagres não são as finalidades do que fazemos. Eles podem ser o meio.
Servem apenas como placas de sinalização apontando para o Messias que os
executa. Nunca os milagres foram a coisa mais importante e o objetivo a
alcançar. São objetos de importância secundária. Existem, também, para
confirmarem a palavra de Deus em algumas circunstâncias. No fim do
evangelho de Marcos lemos assim: “O Senhor operou através deles
confirmando a sua mensagem através de sinais que os acompanhavam”. A
pregação do evangelho é de importância vital. Qualquer um que tenha
intenção de construir sua vida evangélica sobre milagres de qualquer
natureza, tornar-se-á uma presa fácil do extremismo e será guiado para
um deserto sequíssimo a sua alma e para uma pobreza interior sem
precedentes. A palavra do Senhor é o fundamento do nosso pão diário.
Milagres não são o nosso pão diário, são a exceção: são sinais colocados
ocasionalmente no nosso caminho. Durante épocas de avivamento, toda a
questão e a doutrina relacionada com todas as formas de milagres
tornam-se, no entanto, tema de grandes pesquisas e discussões porque
impressionam o povo. No caso da Indonésia, não houve exceção, pois, ali
aconteceram coisas maravilhosas e invulgares. Contudo, cada milagre que
ali ocorreu, tem fundamento bíblico e podemos achar uma semelhança para
todos eles nas páginas da Bíblia.
Ester é
líder do Grupo 17. Este grupo tem 15 membros, incluindo Ester. Um dia, o
Senhor falou-lhe: “Vai para Rote”. Ela alugou um barco de imediato, o
qual pertencia a um muçulmano. A caminho de Rote, uma forte tempestade
surgiu no mar. O muçulmano, desesperado, disse-lhes: “Se o vosso Deus
ouvir as vossas orações e acalmar o mar, eu entregarei a minha vida a
Ele”. O grupo ajoelhou-se, orando e, escassos minutos depois, o mar
estava tão calmo que nem uma brisa soprava. O muçulmano converteu-se
logo ali. Mais tarde, mudou o nome do seu barco para ‘Nova Vida´. Para
Deus, qualquer coisa é possível. O mesmo Jesus que acalmou o mar da
Galiléia (Mt. 14), ainda vive hoje – do mesmo jeito.
O Grupo
49 operava entre uma tribo de adoradores do sol. Ao estarem fazendo um
culto num dos edifícios, a chuva começou a cair torrencialmente. De
repente, aquela chuva torrencial parou e sol começou a brilhar muito
forte. Naquele preciso momento, todo o grupo viu Jesus nos céus
colocando-se acima do sol. Todos correram para fora para ver aquela
visão. Usando a oportunidade que surgiu com a visão como parábola, a
qual foi testemunhada por muitas pessoas em plena luz do dia, começaram
a pregar: “O Senhor Jesus é maior que o sol, pois foi Ele quem criou o
sol com as suas próprias mãos. Precisam adorar o Criador e não aquilo
que Ele criou”. Como resultado desta pregação, cerca de 20 adoradores de
sol converteram-se a Jesus. Quando o acontecido foi relatado numa vila
vizinha, nesse mesmo instante, várias pessoas enfermas ficaram
instantaneamente curadas. Não nos devemos lembrar, aqui, daquela visão
de Apoc.1, onde Jesus apareceu a João e está escrito “A sua face
brilhava como o sol na sua força”?
O
Senhor, não apenas fornece as provisões dos mensageiros que envia, mas
também lhes faz companhia na viagem. O Grupo 31, o qual era liderado
pelo Pastor Gideão, quase sempre viaja a pé durante a noite. Pela altura
da lua nova, as noites nos trópicos podem tornar-se assustadoramente
escuras. Devido a esse fato, o Senhor ocasionalmente ia adiante deles em
forma de luz, tal e qual ele fazia quando acompanhava os filhos de
Israel pelo deserto. Também, quando chovia, o grupo não se molhava. A
chuva caia dum lado e do outro do caminho, mas, nem uma gota caía no
caminho onde eles passavam. Eu já ouvi falar de experiências semelhantes
em outros campos missionários. No meu livro ‘Nome acima de todos os
nomes’, existe um relato de uma ocorrência similar, a qual envolveu um
cristão esquimó, Hester Egak.
O Grupo
47, também experimentou essa luz-maravilha em várias ocasiões. Uma
noite, foi-lhes dito para irem a uma cidade de nome N. De início,
tentaram alugar um carro, mas, o dono do carro que era mulçumano, não
quis alugar o seu veículo a eles depois de descobrir quem eram.
Decidiram ir a pé, sendo obedientes ao Senhor de qualquer jeito. Quando
já iam a caminho, de repente, o Senhor disse-lhes para pararem e orarem.
Eles obedeceram instantaneamente. Logo de seguida, aproximou-se um carro
que estava indo na mesma direção que eles e conseguiram alcançar a vila
seguinte. Nessa noite, o diretor da escola providenciou-lhes onde
dormirem. Era um quarto muito escuro e sem luz. Mas, apesar disso, o
quarto estava sendo iluminado misteriosamente pelo Senhor Jesus de forma
sobrenatural. No dia seguinte, continuaram a sua viagem. Na vila
seguinte não havia qualquer iluminação dentro da igreja. Também desta
vez, o Senhor iluminou toda a igreja para eles.
Nós
temos aqui um milagre parecido com aquele descrito em At. 12, onde a
cela em que Pedro se encontrava foi miraculosamente iluminada pela
aparição de um anjo. Também, em Ap. 22, lemos assim: “Não existirá mais
noite; não precisaram mais da luz do sol porque o Senhor seu Deus será a
sua luz eternamente”.
Esses
sinais envolvendo luz, são simples demonstrações da presença do Senhor e
do fato de Ele ser a nossa luz. Também dão-nos uma pequena prova de como
Ele, um dia, será a nossa luz eternamente. Todos aqueles que se
familiarizaram com o reino de Deus, nunca acharão que um destes milagres
seja algo fora do comum ou que se refiram a eles como sinais ou
milagres. São coisas simplesmente naturais em Deus e não têm nada de
absurdo nelas. Nós, simplesmente, concluímos através destes fatos, que o
Criador usa a sua criação para servir os seus propósitos. O universo
contém nele mesmo, muitas mais possibilidades de uso do que aquelas que
possamos imaginar. É um fato que a era de investigação nuclear vem
fazendo novas descobertas a cada dia que passa. Contudo, qualquer
cientista está capacitado a descobrir somente o que já existe e foi
implantado dentro da criação de Deus.
Alguns
dos milagres desse avivamento na Indonésia podem, de início, parecer-nos
um pouco estranhos e extravagantes. Mas, mesmo assim, não acho que sejam
assim tão pouco familiares para mim. Muitas vezes, perguntei-me a mim
mesmo acerca de certos fenômenos que ocorrem sob a tutela do ocultismo e
da feitiçaria e qual seriam as sua contra-semelhanças bíblicas, porque,
na verdade, muitos milagres satânicos são imitações dos milagres de
Deus. Foi o que aconteceu com Jambres e Janes no Egito, quando imitaram
Moisés. No Japão, por exemplo, existem um sacerdotes Shinto que praticam
a levitação. Eles são capazes de desaparecer do topo de uma montanha e
aparecer dez minutos depois noutra montanha acerca de 22 Km dali.
Foram-me narrados, muitas vezes, os incríveis feitos dos aborígines na
Austrália. Contam acerca deles, por exemplo, que certos membros de
determinadas tribos são capazes de correr de uma costa da Austrália até
a outra em quatro dias. Humanamente falando, isto é uma coisa impossível
de se realizar, porque teriam de andar cerca de novecentos quilômetros
por dia. Entre os tibetanos e alguns povos do Haiti, ouve-se falar dos
fenômenos que se chamam ‘Navegando no Vento’. Isto é uma forma de
feitiçaria que capacita certas pessoas com poderes ocultos a viajarem
distâncias muito longas num curto espaço de tempo. Mas, todas essas
coisas não deixam de ser realizadas através de poderes satânicos. Os
poderes que as envolvem são fatais para a alma humana.
Estes
tipos de fenômenos têm paralelo nas Escrituras e, na verdade, lemos de
alguns acontecimentos na Bíblia com efeitos parecidos, os quais se acham
numa dimensão completamente oposta e abençoada. Como exemplo, Enoque foi
transladado e Elias foi levado para o céu num redemoinho. Em Atos dos
Apóstolos lemos que Felipe foi transportado pelo Espírito de Deus e,
também lemos no Novo Testamento, sobre a ascensão de Jesus no Monte das
Oliveiras. Em cada caso específico, podemos encontrar um exemplo
parecido de como Deus venceu tanto a gravidade como a distância através
do Seu poder.
Vamos
agora abandonar esta longa introdução para nos virarmos para um milagre
que foi experimentado pelo Grupo 47. O grupo foi mandado por Deus para
irem pregar o evangelho numa certa vila que estava a cerca de 48 horas
de viagem dali. Partindo a pé, acabaram por chegar ao local em apenas 4
horas. Quando chegaram lá, encontraram os nativos todos reunidos lotando
a igreja. Passaram a descrever de como ouviram um som de trombeta vindo
das montanhas convocando-os para se reunirem e a população pensava que
era alguém do Grupo 47 avisando-os da sua chegada. Contudo, nenhum
membro do grupo possuía trombeta. Havia cerca de 50 pessoas enfermas
dentro da igreja e todos eles ficaram curados, incluindo três pessoas
que eram surdos de nascença. Após as suas línguas se soltaram, começaram
a produzir sons audíveis.
Com o
intuito de colocar mais um pedaço de lenha na fogueira das dúvidas das
pessoas que acham que estamos exagerando com estes relatos, iremos
mencionar um último exemplo. A pessoa que me trouxe a história foi
Nathan, um governante do distrital que já havia sido líder dum grupo.
Nathan descreveu-me que o grupo sob a liderança de Ruth, foi ameaçado de
morte por um grupo de soldados. Algum povo pagão incitou os soldados
contra o grupo. Certa noite, o cabo do exército estava reunido com seus
soldados, arquitetando e discutindo um plano para impedir a obra dos
cristãos. Enquanto estavam discutindo os seus planos, o grupo visado
reunia-se em oração noutro local. Conforme estavam orando, algo
inesperado aconteceu com Ruth. Ela achou-se momentaneamente entre os
soldados ouvindo todos os detalhes do plano que discutiam contra o grupo
que ela liderava. Contudo, os soldados não conseguiam vê-la. Quando Ruth
se achou de volta entre os Cristãos, relatou-lhes o que ouviu e todo
grupo começou a orar instantaneamente para que os soldados ficassem com
muito sono e se sentissem cansados ao ponto de abandonarem a execução
daquilo que planejavam. E aquilo que pediram aconteceu da forma que eles
pediram. Os soldados foram vencidos por uma grande vontade de dormir e
acabaram deixando de lado os planos e foram antes para casa dormir.
A
questão que aqui se coloca é como devemos olhar para este tipo de
experiência a luz das Escrituras. Primeiramente temos a história dos
anjos de Deus que abriram portas de prisões em duas ocasiões: At. 5:19 e
12:78. Também temos a narração de Paulo e de como ele foi levado para os
céus em II Co 2:1-4. Será que, a nosso ver, Deus perdeu o jeito de fazer
estes milagres atualmente? Será que agora somos somente enteados e já
não somos filhos? Não será verdade ainda que Jesus é o mesmo hoje, ontem
e eternamente?
Nós não
necessitamos de milagres como estes para sermos salvos. Contudo, se Deus
escolher esta maneira de operar dentro de um avivamento extraordinário,
como é o da Indonésia, não temos qualquer direito de nos tornarmos
ditadores de Deus ou de duvidarmos de casos reais. Em todo caso, a única
origem das dúvidas é a confiança que temos no nosso próprio
entendimento, no qual nos apoiamos facilmente. Confiamos mais em nós
próprios do que num Deus vivo todo poderoso. Será que já nos esquecemos
de como é viver dentro do mundo da Bíblia? Se for esse o caso, nem será
estranho que estas coisas nos pareçam inacreditáveis. Um dia, quando
Deus nos julgar, esses nativos analfabetos de Timor irão assentar-se na
cadeira do tribunal julgando o orgulho com o qual cobrimos a nossa
inteligência e formação.
O nosso
intelecto ainda será desafiado com mais relatos que se seguem neste
livro. Os cultos de santa-ceia numa área de avivamento são muito
participados. A natureza da fome pela Palavra e a natureza dos
acontecimentos provoca uma grande participação de todas as pessoas.
Conforme já mencionamos anteriormente, em alguns lugares, cerca de 9.000
nativos foram convertidos em apenas duas semanas. Seria de esperar que
estes recém nascidos em Cristo desejem ardentemente participar da ceia
do Senhor. Contudo, para eles não é só uma questão de festa ou de
comemoração, mas trata-se antes de uma comunhão, intensa e real, com o
próprio Senhor Jesus. Por isso, torna-se um evento de enormes
expectativas e de grande participação. Qualquer pessoa perguntaria logo:
“De onde virá o vinho para tanta gente”? Este povo, que já experimentou
da ajuda do Senhor de variadíssimas formas e em muitas ocasiões,
tornaram isto um assunto de oração. Um tempo mais tarde, o Senhor falou
com eles diretamente: “Encham alguns recipientes com água duma
nascente”. Foram imediatamente buscar essa água numa nascente e oraram
durante algumas horas. Quando chegou a hora da celebração da ceia, toda
a igreja tomou da água que foi transformada em vinho. Por ocasião deste
milagre, já havia acontecido três vezes.
Nós
temos aqui uma repetição do milagre sobre o qual lemos em João. 2. A
questão coloca-se, novamente, se iremos construir uma teologia baseada
em milagres ou no intelecto. Qual das duas é a pior? Temos que decidir
se vamos colocar a nossa confiança só em Deus e fazer aquilo que Ele
quer quando quer, ou se vamos depender das nossas capacidades
intelectuais e dos nossos pontos de vista mirrados e sem luz. Quanto a
mim, devido aos sofrimentos de Cristo na cruz e à sua ressurreição,
Jesus é suficientemente grande para salvar fazendo milagres ou não
fazendo milagres. Se Ele quiser ou achar melhor fazer os milagres que
temos ouvido, então, que a Sua vontade seja feita. Contudo, temos que
levar em conta que os nativos da Indonésia, no seu ardente desejo de
celebrar a ceia do Senhor, seriam impedidos de cumprir os seus anseios
porque não tinham pão nem vinho para comemorar aquilo que Jesus fez por
eles. Será que, para alguns intelectuais, Jesus deixou de ser o
Conselheiro Maravilhoso? Temos um Deus que opera milagres! Disso nunca
poderemos esquecer. “Cantem ao Senhor uma nova canção, pois Ele fez
coisas maravilhosas”, Sal 98:1. Eu prefiro colocar-me ao lado destes
servos de Cristo, simples e analfabetos, em Timor, ser participante da
sua fé simples e quase infantil, do que assentar-me numa roda de
escarnecedores racionalistas, os quais tentam, sem sucesso, rasgar as
partes da Bíblia que não se encaixa na sua maneira de pensar e de
raciocinar. Teríamos, deveras, um Deus muito pequeno se Ele fosse
obrigado a sujeitar-se e a pactuar com os planos e as idéias que fazem
dele os filósofos atuais.
XVII. A RELAÇÃO ENTRE O PECADO E A DOENÇA
Existe uma ligação estreita entre o pecado e a morte e também entre o pecado e
a doença. Paulo escreve em Rom.6:23 “que o salário do pecado é a morte”.
Através da queda de Adão, a doença e a morte entraram livremente para
este mundo, tendo a liberdade de operar. Nós desistimos onde elas
operam. “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e
pelo pecado a morte, assim, também a morte passou a todos os homens,
porquanto todos pecaram”, Rom.5:12.
Não podemos, contudo, tornarmos-nos irresponsáveis sem visão ao ponto de
acharmos que, através daquele curto circuito de Adão, passou a existir
sempre uma relação direta entre todas as doenças e o pecado. Este
pensamento ou teologia nunca deveria sequer entrar em nossos pensamentos
mais fortuitos, quanto menos dar-lhes voz na presença de uma pessoa
enferma. Não podemos dizer a todos os enfermos assim: “Cometeste pecado
e por isso adoeceste”!
O
próprio Senhor Jesus banalizou a teoria que as pessoas adoeciam porque
pecavam. Em Luc.13:4 Ele pergunta a seus discípulos: “Ou pensais que
aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram
mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?”. Em João
9, quando se referia ao homem que nasceu cego, os discípulos
perguntavam: “Mestre, quem pecou ele ou o seus pais para que nascesse
cego”? Jesus respondeu diretamente a sua falta de visão da verdade: “Ele
não ficou cego porque pecou e nem porque os pais dele tenha pecado, mas
antes para que as obras de Deus pudessem ser manifestas nele”.
É
verdade que a Bíblia atesta que existe uma ligação entre o pecado e a
doença, mas rejeita veementemente que todos os casos da doença tenham
como origem o pecado que cometemos. A Bíblia rejeita essa teoria de que
a doença tenha a sua origem sempre num pecado particular.
Com tudo
isto, no entanto, a Bíblia não exclui a possibilidade de, sob certas
circunstâncias ou mesmo sob circunstâncias dum avivamento, que haja uma
doença devido a um pecado. Os avivamentos são, de fato, circunstâncias
excepcionais, as quais não obrigam a que não haja doenças relacionadas
com o pecado. Até mesmo depois da era de Cristo existem ocasiões e
circunstâncias que são caracterizadas como sendo extraordinárias. Não
tomam o rumo normal duma vivência porque Deus intervém conforme quer,
pessoalmente e soberanamente.
Esta
verdade pode ser constatada em qualquer avivamento que seja real e, por
essa razão, encontramos várias ilustrações fidedignas neste movimento do
Espírito Santo que está varrendo a Indonésia contra o pecado. E, se Deus
está contra o pecado, pode também usar a doença para exterminá-lo.
Achamos Deus ali falando a estes nativos simples através de visões,
sonhos, aparições de anjos e, também, através de uma voz direta. Algumas
vezes fala através da doença e da cura. Sob outras circunstâncias, no
entanto, deveríamos lidar com esses fenômenos muito cautelosamente e
mesmo dentro de um avivamento real temos que nos precaver contra o diabo
e contra as pessoas falsas, pois, procuraram sempre injetar para dentro
da obra de Deus as suas visões e experiências demoníacas que não passam
de meras experiências satânicas ou físicas, ilusórias e enganadoras. É
verdade que satanás é o anjo da luz, um imitador e enganador por
excelência, o qual sobrevive à custa de desacatos e desordens de todo
tipo onde quer que passe.
Os
acontecimentos atuais, na Indonésia, revelam-nos claramente o modo como
Deus se movimenta através da santidade entre aqueles cristãos que se
limpam, modo esse visto poucas vezes por própria culpa das pessoas
noutras partes do mundo. A verdade que constatamos na área foi que, cada
mínima coisa que acontecesse ou que se fizesse, era diretamente afeta
pela presença de Deus que era genuína e real. Cada experiência que ali
ocorria, ganhava um novo significado apenas devido ao fato de Jesus se
encontrar realmente presente no meio do povo.
No caso
das curas dos enfermos significa que, quando Jesus manda os seus
mensageiros dizer a alguém para primeiro destruírem os seus instrumentos
de feitiçaria para depois serem curados, a promessa realiza-se sempre
que a condição é cumprida. De outro jeito não é. E isto, no entanto, não
significa que os membros com dons específicos dentro dos grupos estejam
autorizados a orar por qualquer pessoa que encontrem. Pelo contrário,
consultam sempre o Senhor pessoalmente em cada caso específico antes de
consultarem o coração que sente dó. É muitas vezes através do dom de
profecia que algumas pessoas ficam a saber que algumas doenças são
conseqüências de certos pecados próprios ou de seus antepassados. Em
casos especiais, como estes onde os pecados são revelados como sendo a
raiz e a origem da doença, acontece sempre as pessoas curarem-se quando
se arrependem e destroem o seu pecado para sempre.
A cura
dos doentes na Indonésia – e podemos afirmar que o mesmo acontece em
qualquer movimento de Deus que seja genuíno – nunca se opõe a qualquer
semelhança ou ensino daquilo que vem nas Escrituras. A única coisa que
não correspondeu completamente com a estrutura Bíblica, foi aquele
movimento de cura que antecedeu o avivamento. Contudo, os cristãos de
Timor reconheceram pessoalmente que assim era e viram essa verdade
porque Deus lhes revelou, pois estavam aptos e limpos para serem
instruídos pelo Senhor. O movimento de cura foi apenas uma voz no
deserto para preparar o caminho para tudo aquilo que iria seguir-lhe com
pureza e sob liderança das instruções do Senhor, tal e qual João Batista
abriu caminho para a vinda de Cristo.
Com
estes pequenos pensamentos bem delineados sobre aquilo que as Escrituras
nos ensinam a respeito disto, vamos então analisar alguns exemplos que,
mesmo que encaixem dentro da estrutura deste avivamento específico, não
podem servir de padrão para a igreja de Cristo em geral. Caso isto
aconteça, haverá muitos caminhos e maneiras de errarmos e nos desviarmos
da verdade.
Já
havíamos mencionado antes, que o Grupo 31 foi enormemente abençoado em
sua obra entre os enfermos e os doentes. Os jovens evangelistas
aconselham, contudo, os nativos adequadamente a limparem-se com Deus e
não terem qualquer pecado por confessar antes que eles lhes possam impor
as mãos para orarem pela sua recuperação. Por vezes, quando se faz um
culto especial dedicado inteiramente àquelas pessoas que precisam ser
tratadas de doenças físicas, a palavra de Deus é exposta com muita
sabedoria e calma em primeiro lugar. Logo de seguida, todos aqueles que
têm enfermidades (porque são muitas pessoas) são aconselhados a escrever
num papel o tipo de doença que possuem e o que desejam do Senhor. Quando
uma pessoa não sabe escrever, existe sempre um cristão por perto para
ajudá-la. Os papéis escritos são recolhidos e uma vez mais um membro do
grupo explica exaustivamente que a cura depende inteiramente da vontade
de Deus. Também lhes é afirmado que não podem esperar serem curados se
não estão preparados para entregarem a sua vida a Cristo em todos os
aspectos e se não se limparem completamente de todos os pecados. Após
esta preparação paciente e exaustiva – a qual pode demorar várias horas
– certos membros do grupo oram pelas pessoas com a imposição das mãos.
Mas, na verdade, os nativos sentem mais o poder de Deus do que as mãos
sobre eles. Aquele poder penetra fundo em todo seu ser. O culto é
encerrado com alguns testemunhos de pessoas que são encorajadas a
manifestarem-se e dando louvores e ação de graças em cânticos. Com
freqüência acontece todas as pessoas serem curadas mas, em muitos casos,
apenas cerca de 90% dos doentes presentes experimentam uma cura real.
Quando algumas pessoas não são curadas, são aconselhadas novamente e
analisam seu coração. Depois oram por elas pela segunda vez. Precisamos
realçar, para finalizar, que tudo isso ocorre dentro da mais completa
sobriedade, calma e sem aqueles sons de fundo que as igrejas falsas
costumam usar.
O Grupo
32 foi enviado pelo Senhor a certa vila onde havia 36 enfermos. Após
haverem pregado o evangelho e exposto toda verdade sobre o caminho para
Cristo lucidamente, os membros dos grupos exortaram-nos a renderem as
suas vidas ao Senhor em todas as áreas antes que pudessem nutrir
qualquer esperança de virem a ser curados de qualquer doença. Mas,
era-lhes dito que, mesmo que não fossem curadas, ainda assim seria a sua
obrigação entregarem as suas vidas a Cristo. Isso era o mínimo que o
Senhor esperava deles.
Quando
oraram pelos doentes, das 36 pessoas, 32 foram instantaneamente curadas.
Vamos mencionar um caso especial sobre a ligação que existe entre pecado
e doença. Uma criança estava às portas da morte por causa de uma
enfermidade. O Senhor mostrou ao líder do grupo a causa da doença. O pai
da criança havia sido chamado para a obra de Deus e ele recusou-se.
Quando o evangelista disse ao pai porque a criança estava doente,
arrependeu-se e a criança ficou imediatamente curada. Havendo mencionado
este exemplo, contudo, devemos frisar a necessidade de evitarmos más
compreensões da verdade e más construções de ideologias sobre o que
estamos aqui falando. O que teria acontecido se os 36 nativos fossem
confrontados desta forma “Vocês pecaram e por isso estão doentes!” Isso
teria sido uma falta de sabedoria e um erro muito diabólico. Mas, é isto
mesmo que muitos fazem, hoje em dia. De todos estes casos, apenas a
criança estava doente por causa do pecado. Com os outros 35 não era isso
que acontecia.
O Grupo
47 também experimentou um número de curas durante seu ministério. Temos
o exemplo de uma senhora que não conseguia dar à luz. Já estava em
trabalhos de parto há oito dias quando a líder do grupo, uma senhora de
35 anos, foi orar com ela. Enquanto orava, foi revelado que o pai da
criança estava em desobediência para com o Senhor. O Senhor havia
chamado para segui-lo e ele estava resistindo à vontade de Deus. Por
fim, arrependeu-se e, logo de seguida, a criança nasceu normalmente.
Em
fevereiro de 1968, o mesmo grupo passou por uma experiência semelhante.
A pessoa envolvida era novamente a líder do grupo que visitou uma outra
mulher, também com problemas de parto. Começando a orar por ela, o
senhor sussurrou-lhe no ouvido: “Tanto a mãe como o pai estão viciados
em álcool. Não ajudarei a mulher até que tenham abdicado do seu vício
para sempre”. O casal, contudo, não estava preparado para abdicar do
álcool e como resultado disso, a criança, ao nascer, parecia estar morta
e não respirou durante 8 horas. Os pais entraram numa luta interior
terrível e a preocupação levou-os a confessarem e deixar o seu pecado.
Após isso ter acontecido, o Senhor tornou a sussurrar no ouvido da
líder: “Toca na língua da criança pelo lado de trás dentro da sua
garganta”. Assim que fez o que o Senhor lhe mandou, a criança começou a
respirar. Mais de dez pessoas estiveram presentes e testemunharam este
milagre ao vivo. Este relato é fidedigno.
O líder
do Grupo 2 era Abel. O Senhor deu-lhe a seguinte tarefa: deveria ir
visitar uma família que tinha uma criança muito enferma há várias
semanas. A criança em questão não conseguia comer e chorava
incessantemente. Assim que Abel chegou ao local, perguntou logo ao pai
se ele tinha amuletos ou instrumentos de feitiçaria em casa. O pai
tentou evitar responder à pergunta. O Senhor mostrou a Abel então que,
de fato, havia instrumentos de feitiçaria naquele lar. Por fim, a
família reconheceu o seu pecado e trouxeram todos amuletos e
instrumentos de feitiçaria e magia para fora de casa – e eram muitos. A
criança começou a acalmar-se gradualmente conforme iam trazendo tudo
para fora, peça a peça. Quando trouxeram o último amuleto, a criança
deixou de chorar e acalmou-se completamente. Assim que Abel orou por
ela, a criança levantou-se logo e pediu algo para comer. Trouxeram-lhe
duas tigelas de arroz e ela comeu tudo. Estes exemplos ilustram muito
bem como os pecados do pai ou da mãe podem afetar diretamente os seus
filhos todos ou só um deles. Como pais, temos uma grande
responsabilidade para com os nossos filhos. “Visito a iniqüidade dos
pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração”, Ex.20:5. Todos os
pais cristãos não devem apenas orar pelos seus próprios filhos, mas
também por seus netos e bisnetos e geração seguinte. Eu sinto, no meu
coração, uma enorme responsabilidade a esse respeito, principalmente
quando vejo como os netos e os bisnetos de grandes homens de Deus acabam
por cair em pecados grosseiros.
XVIII. RELAÇÃO ENTRE O PECADO E O JUÍZO DE DEUS
O relacionamento entre o pecado e o juízo de Deus é em quase tudo similar
ao que acabamos de descrever sobre a relação entre pecado e doença.
Contudo, se conseguíssemos assimilar e levar em conta alguns casos onde
o juízo de Deus caiu sem dó sobre as pessoas, seria incorreto
generalizar fundamentados nestes casos. Se Deus fosse castigar
imediatamente todos aqueles que pecam o mundo tornar-se-ia num grande
campo de concentração e de tortura. Similarmente, se Deus requerer a
vida de alguém porque alguém pecou, ninguém estaria vivo na terra hoje.
Temos, por isso, de ser muito cuidadosos para não generalizarmos as coisas que
acontecem dentro dum avivamento e levá-las como sendo doutrinas
dominantes ao invés de serem coisas completarem e específicas que
ocorrem quando menos esperamos, é certo, mas dentro da vontade de Deus.
O Senhor é soberano e tem a liberdade de atuar fora dos nossos padrões.
Deus não pode ser pressionado ou impressionado para se moldar e aceitar
certa conduta ou doutrina apenas porque ele usou delas em certas
ocasiões que eram necessárias a Seu ver. O Espírito Santo é independente
de todos, ele é Deus e recusa-se a ser mandado e a ser instruído na
forma como deve atuar. Ele não precisa de professores. É um caso sério
de blasfêmia quando nós impomos nossa vontade como seres criados e
mandar Deus ir de um lado para o outro como se Ele não fosse Deus. Ele
atua, opera, decide, julga e abençoa; tudo Ele faz. Tendo isto em conta
vamos fazer um voto permanente de colocar de parte os nossos pensamentos
e doutrinas mais certas ou menos certas e tentarmos impressionar Deus e
as pessoas com elas. Vamos tirar a nossa pessoa do filme de Deus
esperemos na sua atuação.
Vamos transcrever aqui, antes de mais, alguns exemplos ilustrando com muita
clareza como Deus castiga as pessoas. Servem estes exemplos como
referência que todos serão castigados um dia. Mas, não servem para dizer
que acontecerá assim quando as pessoas se arrependem e também não
significa que Deus castiga logo após cada pecado.
O Grupo 31 trabalhou numa área dentro de uma das maiores cidades de Timor. Um
policial católico ouvia a mensagem e começou a dar risada: “O que vocês
estão dizendo é uma estupidez”. Após o grupo ter partido daquela cidade,
o homem que não se arrependera até ali, saiu para a mata com uma carroça
para apanhar lenha. Chegando à mata, colocou a sua arma na carroça com a
baioneta virada para cima. Conforme ia amontoando a lenha em cima da
carroça, a arma caiu e baioneta atravessou-lhe o corpo e matou-o
instantaneamente. Nathan, que era o presidente do distrito, foi chamado
para ser líder do Grupo 11. Juntamente com seu grupo, saiu para
evangelizar no norte da ilha. Contudo, os cristãos nominais da zona
incitaram a polícia local para impedirem que pregassem o evangelho da
verdade. Como resultado, o presidente da polícia (que também era cristão
nominal e alcoólatra), proibiu todo o trabalho de evangelização na área.
No início, o grupo de evangelistas sentiu-se desencorajado, mas Nathan
foi falar diretamente com o chefe da polícia e perguntou: “Quem é que
lhe deu as ordens para impedir a obra de Deus aqui na área? São ordens
dos governos que você esta cumprindo ou tudo isto é de sua autoria?” O
Chefe da polícia ficou sem jeito e não conseguiu esconder perante o
governador de distrito, admitindo: “Foram os crentes daqui. Eles
fizeram-me preocupar-me muito através de tudo que diziam e eu senti uma
grande necessidade de proibir o vosso trabalho. A ordem é de minha
autoria”. Após aquela conversa, a proibição foi revogada. Quando Nathan
voltou para o seu grupo, ele achou-os reunidos em fervorosa oração. Sem
lhes ter dito nada do que tinha feito, ajoelhou-se e entrou no espírito
de oração. Repentinamente, toda a casa onde se encontravam foi sacudida
como se fosse um tremor de terra, tal como aconteceu em Atos. 4:31: “E,
tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram
cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de
Deus”. Após esta experiência incrível alguns membros do grupo
levantaram-se cheios do Espírito Santo e afirmaram através de profecia
que Deus iria castigar todos os responsáveis pela ordem que os impedia
de pregar o evangelho. Três meses depois (quando já ninguém esperava) a
casa do chefe de polícia pegou fogo e ficou reduzida a cinzas. Não
sobrou nada do que ele tinha.
O juízo de Deus não cai somente sobre os descrentes, mas sobre qualquer crente
também, ainda mais se for crente só de nome. Poderemos constatar isso
mesmo através do exemplo que se segue. O Pastor Joseph, em certa
ocasião, acompanhava o Grupo 3 numa das suas missões. Isso mostra como
muitas vezes os pastores mudam de opinião e juntam-se aos grupos para
benefício de todos porque é Deus quem opera e quem assim ordena. O
Pastor Joseph é na verdade, o líder máximo da Igreja Presbiteriana.
Quando o avivamento começou, este pastor ficou muito desconfiado e
afastou-se do trabalho dos grupos. Ele estava na dúvida se tudo aquilo
seria mesmo a obra pura do Espírito Santo. Contudo, ao comprovar por ele
mesmo as coisas maravilhosas que Deus estava fazendo no seu meio, acabou
por cair para o lado da obra de Deus. Ficou inteiramente convencido da
genuinidade daquele movimento liderado, pois era liderado por Deus. Hoje
é uma das figuras que lideram este avivamento. Também é interessante
constatar que ele tornou-se apenas num membro do grupo e não líder,
sendo pastor. Este é um bom exemplo como Deus não depende da educação da
pessoa ou da hierarquia terrena quando ele opera – de fato, cada líder
de cada grupo, é uma escolha direta e exclusiva de Deus.
O grupo
saiu para visitar certa cidade na ilha, cuja igreja estava sendo
dilacerada e dividida por ciúmes e invejas entre duas facções dentro da
congregação. Os principais culpados era um casal de professores
cristãos. Quando o Pastor Joseph chegou àquela cidade, todos na igreja
se reuniram para lhe fazerem uma festa de boas vindas. Contudo, quando o
Pastor Joseph soube o que estavam preparando, disse-lhes com sabedoria e
sutileza: “Eu não vim aqui em visita oficial. Sou um membro dum grupo
que tem um líder”. E foi assim que, durante duas semanas, o Grupo 3
trabalhou e conviveu com esta igreja lançada numa ruína espiritual. Foi
então que o Senhor mostrou que os dois professores em questão deveriam
ser retirados dos seus cargos e substituí-los por outras pessoas. A
congregação estava de acordo. Mas, assim que o grupo saiu da cidade, as
guerrinhas internas começaram novamente. Os amigos e apoiantes dos
professores fizeram de tudo para invalidarem a decisão tomada pelo grupo
que, na verdade, era o próprio conselho de Deus. O Pastor Joseph e os
outros membros do grupo, chegando a Soe, ouviram dizer que havia anulado
a decisão de Deus. Enviaram uma mensagem de aviso aos cristãos em
disputa, que o juízo de Deus cairia sobre todos eles se chegassem a
destruir a igreja novamente através de contendas mesquinhas. Os homens
que substituíram os professores haviam sido diretamente escolhidos pelo
Senhor e não havia sido decisão de homem! Mas, as contendas não
cessaram. Devido a isso, o terrível juízo de Deus caiu sobre a igreja.
Vinte e nove pessoas que estavam envolvidas nas contendas morreram todas
repentinamente através de uma doença misteriosa. Esta história foi
confirmada mais tarde pelo Sr. Missionário Klein em 11 de Fevereiro de
1968. A testemunha principal, no entanto, é o próprio Pastor Joseph.
Outra forma de julgamento é aquela que serve apenas para corrigir quem está
errado.
O Grupo 31, um grupo que já mencionei em ocasiões anteriores e cuja obra e
frutos eu aprecio particularmente, estava trabalhando numa certa vila
quando seu líder, o Pastor Gideão, entrou numa casa onde havia uma
criança com tosse crônica. Conforme Gideão estava falando com o pai, que
era um líder da igreja local, descobriu em seu coração que ele estava
secretamente em oposição ao avivamento na área. Gideão confrontou-o e
disse-lhe: “O Senhor é espiritualmente orgulhoso. Por essa razão a sua
criança está doente”. Assim que o pai ouviu aquelas palavras, confessou
os seus pecados e arrependeu-se, mudando de atitude. Oraram pela criança
e ela ficou instantaneamente curada.
Certa
família, que ouviu falar da obra que os grupos estavam realizando,
começou a escarnecer e a dar risadas. Como resultado, um dos seus filhos
caiu numa enfermidade súbita e foi levado para o hospital. O Senhor
disse para Judite, a esposa do líder do Grupo 2, para ir visitar a
família. Quando ela se encontrou com os pais da criança, olhou nos olhos
deles e disse calmamente: “Vocês insultaram o Senhor criticando os
grupos que ele próprio enviou. Arrependam-se para poderem ter o vosso
filho de volta. O Senhor não precisará de médico para vos dar a criança
de volta”. Eles aceitaram a exortação, arrependeram-se e a criança ficou
curada em seguida.
Uma vez,
o Grupo 17 viajou até a ilha de Rote para cumprir o mandamento de Deus
numa missão. Os líderes da igreja local recusaram-lhes hospitalidade e
comida. “Eles só vieram aqui para se aproveitarem de nós”, afirmaram. Na
noite seguinte a este comentário, um dos líderes do grupo tentou acender
o seu candeeiro mais de dez vezes sem sucesso. No final, o Senhor
falou-lhe: “vocês falaram mal do trabalho do grupo que veio ajudar-vos.
Vão se retratar diante de Deus e ajudem-nos em tudo que necessitarem”. O
homem arrependeu-se imediatamente e colocou o seu coração para obedecer.
Na tentativa seguinte o seu candeeiro acendeu. Como foi maravilhosa
aquela noite! Quando o grupo terminou o período de testemunhos, 20
pessoas converteram-se e uma menina paralítica ficou curada. Na vila
seguinte, 400 das 500 pessoas que estavam doentes, foram curadas de suas
enfermidades.
Em terceiro lugar, existem formas de juízo que procuram exclusivamente a
santificação total dos crentes envolvidos. Vamos mencionar dois
exemplos.
A líder do Grupo 43 era uma mulher cristã de nome Abigal, a qual era analfabeta.
Contudo, havia sido o Senhor quem a chamou para a obra e, mesmo assim,
ela hesitou e retardou a obediência. Aconteceu, então, que começaram a
adoecer os filhos dela, um após o outro. Ela chamou um dos líderes dos
grupos e implorou-lhes para que orassem pelos seus filhos. Contudo, o
Senhor explicou: “Os filhos de Abigail adoeceram devido à desobediência
dela. Ela tarda em obedecer a minha palavra”. Quando Abigail ouviu
aquilo, arrependeu-se e tornou-se imediatamente obediente a Deus.
Conforme saiu, indo de casa em casa e levando a mensagem de Cristo, o
Senhor também lhe deu certa autoridade para curar pessoas. Ela encontrou
um homem de idade com um ferimento que não sarava. Após haver-lhe
mostrado o caminho para Cristo e ele ter confessado os seus pecados, ela
orou pelo homem e a ferida começou a secar e sarar à frente deles. Os
filhos dela também ficaram bons. Numa outra ocasião, o Senhor disse a
Abigail para ir visitar a prisão local e falar de Jesus aos que estavam
presos. Contudo, ela saiu de casa e foi dar o testemunho aos doentes dum
hospital. O Senhor não lhe havia falado nada sobre o hospital. Mais
tarde, quando já era quase noite, apercebeu-se que já não daria tempo
para visitar a prisão naquele dia. Virou e foi a caminho de casa.
Enquanto andava, a perna dela ficou paralisada. Não conseguia dar nem
mais um passo. Foi então que se apercebeu da sua desobediência e
implorou ao Senhor que lhe perdoasse. A perna dela ficou restabelecida
no mesmo momento. Isso ilustra como nós negligenciamos a tarefa que o
Senhor nos dá fazendo outras. Deus não requer de nós atividade e sim
obediência.
O Grupo
45 era liderado por um professor de 43 anos. Ele chamado pelo Senhor
através de um sonho. Viu as suas roupas velhas e sujas serem-lhes
tiradas e uma túnica nova sendo-lhe vestida. Ao mesmo tempo, ouviu uma
voz dizendo: “Esta é a túnica de Elias”. Quando acordou, duvidou da
veracidade do sonho. Contudo, durante o dia, um dos seus filhos queimou
o braço. O professor chamou um dos líderes e implorou que orasse pela
criança. Foi então que Deus mostrou qual era a causa. Arrependendo-se
logo o professor dispôs-se a obedecer ao Senhor, colocando-se à
disposição da vontade de Deus. Ele foi uma das pessoas a quem o Senhor
deu autoridade sobre os demônios e também para curar.
XIX. A PRESENÇA REAL DE JESUS NO AVIVAMENTO DA INDONÉSIA
O avivamento na Indonésia ainda é muito jovem e ainda se encontra em sua
fase inicial. É bem provável que dure até o dia do juízo. Que Deus
conceda que continue até a vinda de Cristo e que este maravilhoso
derramamento do seu Espírito não cesse até que o Senhor remova a tocha
do evangelho deste mundo para sempre e tome para si os mensageiros do
seu fogo.
O presbitério (sínodo geral da igreja) de Timor levou muito tempo até se
pronunciar sobre a natureza do avivamento e fazer um juízo sobre tudo
que estava acontecendo na ilha. Não tinham a certeza se era mais um
movimento falso ou se tudo aquilo vinha de Deus. O corpo administrativo
da igreja não tem apenas o direito, mas o dever de agir com a máxima
prudência. Quantas vezes, movimentos religiosos que nascem e levam o
estandarte com as inscrições de “avivamento”, não passam de epidemias
psíquicas que aprenderam muito bem ou a ser falsos ou a imitar a obra do
Espírito Santo por razões pessoais.
O que é que o corpo da liderança da igreja escreveu depois de ter observado os
acontecimentos durante um ano? Em primeiro lugar, produziram algumas
estatísticas no mínimo maravilhosas para um país entregue ao islamismo e
à bruxaria. Só no primeiro ano converteram-se 80.000 pessoas na ilha;
40.000 desses eram ex-comunistas e a outra metade eram pagãos
convencidos. Durante o mesmo intervalo de tempo, 15.000 casos de curas
permanentes estavam comprovados e documentados. Não eram casos como
aqueles que afirmam que as pessoas estão curadas – ou onde os próprios
acreditam que foram curados – e, quando chegam a casa, ainda estão
doentes. A assiduidade nos cultos cresceu fenomenalmente. Para termos
uma idéia, algumas igrejas tinham cerca de 30 membros assistindo os
cultos de domingo, os quais eram os mais freqüentados. Após o primeiro
ano do derramamento do Espírito Santo, as mesmas congregações tinham
acima de 500 membros ativos. Muitas das igrejas não tinham espaço
suficiente para albergar o povo que queria assistir às pregações,
movidos por uma fome da Palavra que se tornou incontrolável. Podemos
acrescentar a esses fatos que uma onda de arrependimento e santificação
varreu toda a igreja existente, desde os líderes até aos membros
moribundos. Mais de 100.000 amuletos e instrumentos de feitiçaria foram
contabilizados nas queimadas (fora os que não foram contados). Isto
apenas na ilha de Timor.
O
primeiro ano também viu nascer 72 grupos de evangelização que viajaram
por toda área sem qualquer ajuda ou promessa financeira, sem recursos e
pregando o evangelho por todo lado com muito sucesso.
Estas
estatísticas dizem respeito apenas ao que foi contabilizado pelo sínodo
da igreja local só no primeiro ano. Um dos pastores da ilha disse-me que
hoje, no fim do terceiro ano de avivamento, os números cresceram ainda
mais. A quantidade dos que se encontram convertidos e ativos, ascendeu
para mais de 200.000. No entanto, hoje é quase impossível contabilizar o
crescimento espontâneo das igrejas. Não podemos fazer uma contabilização
exata de todo o panorama existente na Indonésia. A história do que está
acontecendo aqui é maravilhosa demais e não existem palavras nem números
para as descrevermos. Preciso notar que antes do avivamento começar
quase não existiam crentes na ilha. Os números dos crentes na época nem
atingiam os três dígitos. Hoje existem crentes que não se consegue
contar. Parece areia do mar.
O número
de grupos evangelísticos cresceu muitíssimo e já ultrapassou a marca dos
duzentos. O número total de curas contabilizadas excedeu os 30.000.
Estes
números representam uma vitória clara para o Senhor Jesus na Indonésia
de hoje e desejamos que seja apenas o início. Mas, números somente não
revelam as características e a essência de qualquer avivamento genuíno.
O número
de crentes transformou por completo a visão e a estrutura de todas as
igrejas na área. É muito interessante compararmos os registros das
igrejas nas ceias nos anos 1963, 1966 e 1968. Se não soubéssemos que
havia ocorrido um avivamento por ali, qualquer um exclamaria: “O que é
que aconteceu para a igreja se multiplicar vinte vezes mais”? As ofertas
também falam por si. Quando os bolsos dos crentes não são tocados, nada
aconteceu dentro deles ainda. Temos que entregar toda a nossa vida a
Deus e por regra o bolso é a última coisa a ser entregue. A porta da
conta bancária de alguém é sempre a última porta a ser aberta para
Cristo. Em muitos casos não é aberta para Ele – ou é aberta para os
falsos profetas ou para ninguém. As estruturas das igrejas também foram
obrigadas a mudar. Os cultos mudaram. Em 1963, se as congregações
assistissem a um culto mais de uma hora, toda gente se queixava.
Contudo, hoje, os cristãos não permitem que o Pastor Gideão deixe o
púlpito sem ter falado sete ou oito horas sem parar. Eles queixam-se
agora se ele falar pouco! Os crentes na área do avivamento perdem
completamente a noção do tempo, não sentem fome nem sede, desvalorizam
ou não sentem cansaço e perdem todo senso de dinheiro, luxo ou de bem
estar. Mas, podemos acrescentar ainda mais a tudo isto. A estrutura
social das igrejas mudou radicalmente. Divisões sociais de classes
simplesmente não existem mais. O pastor, que é o diretor geral de todas
as igrejas, também é um simples membro de um grupo liderado por Deus e
por um analfabeto. É Deus quem designa os líderes dos grupos e todos são
obedientes, sem impor qualquer condição. Vemos, por exemplo, a irmã de
Pak Elias, uma mulher de nascimento nobre, sentada humildemente
conversando com mulheres analfabetas sobre o Deus que têm em comum.
Os
valores da sociedade e as hierarquias entre os cristãos simplesmente
deixaram de existir. A única coisa que permaneceu e que vale a pena
mencionar é o fato de podermos apontar uma causa e uma origem para tudo
isso: “Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas;
também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito
dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque aprouve
a Deus que nele habitasse toda a plenitude”, Col.1:17-19.
Isso
leva-nos outra vez a falar exuberantemente das características reais
deste avivamento: a real, genuína e sempre presente presença do Senhor
Jesus. É uma presença literal e real – é sentida em todo o lado. Como é
difícil para os crentes ocidentais imaginarem uma ocorrência destas.
Como é difícil para muitos de nós sabermos algo sobre a vontade de Deus
em relação a nós mesmos ou ao nosso trabalho. Contudo, este povo
simples, experimenta com muita simplicidade encorajamentos diretos do
Senhor, contatos diários com o um Senhor sempre presente e real. É
difícil imaginarmos uma situação destas. Só vivendo-a. Naturalmente que,
como teólogo, já fico imaginando como todas as seitas se aproveitaram
daquilo que é verdade para darem ênfase e mais credibilidade às suas
próprias revelações de mentiras enquanto afirmam que vêem de Deus. Os
falsos profetas do Velho Testamento também faziam o mesmo do mesmo
jeito. O ‘lumen internum’, a luz interior da visão ou revelação divina,
é constantemente assaltada e imitada dentro dos corações dos homens.
Também é sobejamente verdadeiro o fato de que, onde o Espírito Santo
opera de forma real, o diabo também envia os seus mensageiros com uma
bíblia na mão. Esses são os perigos que ameaçam todos os avivamentos que
são reais. Existe uma força satânica numa operação paralela e similar à
obra de Deus – a diferença entre a verdade e a mentira é muito tênue.
Mas,
este perigo não nos pode levar a insultar a obra do Espírito Santo e nem
a rejeitá-la como tal. Para usar um exemplo simples, podemos dizer que
seria uma grande tolice que as mulheres deixassem de ter filhos porque
as crianças são expostas a doenças. Não seria razão proibir e banir os
nascimentos do mundo. O mesmo se pode dizer do novo nascimento e dos
avivamentos. Não podemos desistir da verdade apenas porque existem mais
falsos do que verdadeiros no mundo.
Não
devemos forçar a nossa conduta por termos medo destes serrados ataques
demoníacos bem delineados e com isso ficar contra a obra de Deus. Não
podemos permitir que o diabo consiga matar dois coelhos com a mesma
paulada. Isto é, colocar as pessoas a favor da obra errada e, por outro
lado, colocar outras tantas contra a verdadeira obra de Deus por medo
daquilo que o diabo faz. Não podemos negar esta maravilhosa presença
real do Senhor Jesus por causa das imitações dos homens e do diabo. Em
nenhum outro avivamento deste século a presença do Senhor Jesus e a sua
liderança direta, tornaram-se tão evidentes como neste.
A
realidade duma continuada presença real do Senhor dentro desta área de
avivamento tem um significado escatológico, a qual pode ser igualada aos
tempos dos apóstolos. Isto é o que está acontecendo com nativos simples
em Timor e cuja importância pode não ser aceite e reconhecida.
Um Sinal da Segunda Vinda de Cristo
Quanto mais eu olho para os acontecimentos que se estão desenrolando em Timor,
mais me convenço de que Deus nos quer transmitir alguma mensagem que
deve ser entregue ao mundo inteiro. O avivamento na Indonésia não é de
maneira nenhuma apenas um acontecimento nacional e limitado àquele país.
Mas, creio que seja uma maravilhosa manifestação de Cristo que precisa
ser levada em conta por todo corpo de Cristo espalhado pelo mundo. O
Pastor Joseph teve um sonho que guardou para si durante algum tempo, o
qual ilustra muito bem esta tese. Mas, antes de descrever o sonho,
permitam antecipar-me aos meus críticos: eu sei que aquilo que a palavra
de Deus diz é mil vezes mais fiável do que qualquer sonho de qualquer
homem de Deus. Mas, existem sonhos que manifestam o que a palavra de
Deus diz. Eu já falei bastante sobre a realidade atual da Indonésia e,
por esta altura, já podemos ter uma noção da realidade espiritual ali
decorrente e qual a necessidade deste tipo de revelações para o povo que
não sabes ler e nem escrever. Também mencionei as razões que levam a
essa necessidade. Para além do mais, o Pastor Joseph é um dos homens
mais maduros e mais sóbrios de todos os avivamentos que eu alguma vez
presenciei em todo mundo. Ele é, ainda, o próprio presidente do sínodo
da igreja de Soe. Neste seu sonho, ele viu uma multidão composta de
gente de todas as nações debaixo do sol sendo atraídos de todas as
igrejas para frente de uma igreja. Cantavam um hino em conjunto e, mesmo
que a melodia fosse a mesma, cada um cantava no seu próprio idioma.
Assim que acordou, o Pastor Joseph pediu ao Senhor que lhe explicasse
qual o significado daquele sonho. A resposta veio em seguida: “O sonho
significa que o avivamento em Timor tem um significado e uma importância
universal”.
Estamos
vivendo onde o “satanás tem o seu trono”. Esse trono já conquistou os
púlpitos das igrejas evangélicas e não evangélicas do mundo ocidental.
Os teólogos desmentem a divindade de Cristo e anularam a necessidade da
sua presença real, colocando ênfase e autoridade no seu raciocínio das
coisas e nas suas doutrinas que servem como armas para se atacarem uns
aos outros e se diferenciarem entre eles destacando-se. Está acontecendo
a mesma coisa que vimos durante a Revolução Francesa de 1789.
Constatamos que já não é mais Deus que é reverenciado e adorado, mas é
antes o homem que é idolatrado, ouvido e seguido. O Espírito de Deus não
sofrerá e nem suportará esta tolice vinda seja de quem for – muito menos
dos teólogos que tem conhecimento da verdade. A blasfêmia destes
teólogos é evidente e só não vê quem não quer. Mas, sabemos que será
varrida do panorama mundial e acontecerá com ela aquilo que aconteceu
com a Torre de Babel, a qual não existe mais.
Na face
deste mundo vemos uma rebelião universal contra Deus. Mas, é neste mundo
que Jesus mostrou como se deve fazer as coisas usando um dos cantos do
mundo mais desprezado e menos importante: as ilhas longínquas da
Indonésia. Não será através da sabedoria dos teólogos que veremos Deus
fazer tudo aquilo que faz através de nativos simples e analfabetos. Deus
não precisa nem de teologia nem de teólogos – Ele só precisa ser Deus e
reinar literalmente. Ele está escolhendo novamente os mais desprezados e
os mais pequenos deste mundo para envergonhar todos os outros e para que
eles, um dia, se assentem nos tronos colocados no céu julgando a elite e
a nobreza da igreja e do mundo. Aquele que tiver olhos para ver, que os
usem bem. Muitos, contudo, preferem continuar cegos,
incompreensivelmente surdos e abnegados pelas causas próprias, as quais
não levaram a lado nenhum. A igreja de hoje está preenchida e lotada de
blasfemadores que amam ocupar os lugares principais, para não dizermos
os lugares de ensino e de discipulado onde ensinam somente e
obrigatoriamente aquilo que é muitas vezes inspirado e arquitetado no
coração de satanás sem se aperceberem que seja assim, sequer. É verdade
que ainda existem exceções e em muitos cantos do mundo há aqueles que
recusaram dobrar os seus joelhos a Baal, preferindo serem escarnecidos e
lançados em tribunais públicos e em tribunais de opinião para não
desprezarem alguma coisa que Cristo lhes revelou pessoalmente sobre como
se deve ser um discípulo verdadeiro.
Podemos
mencionar aqui a história de um irmão que foi escolhido para andar neste
caminho estreito e íngreme que leva ao céu. Uma vez, quando Dr. Prof.
Michel de Tübingen entrou numa sala de aulas, encontrou um papel escrito
à mão em cima de sua mesa. Um aluno seu havia deixado um bilhete para
ele ler dizia o seguinte: “Michel é o seu nome e Michel (que quer dizer
tolo) você é. Tudo que você ensina é lixo”. Isto ilustra o espírito de
rebelião contra Deus tanto naqueles que ensinam como nos que aprendem,
isto é, naqueles que são atualmente os melhores “seguidores” de Cristo.
O Senhor
achou por bem incendiar algumas igrejas e dar uma nova luz e uma nova
chance a este mundo. Para isso usou um dos cantos mais insignificantes
do planeta. Contudo, esta luz não serve apenas para agir como um contra
peso ou uma oposição contra o espírito humano. Não é – é muito mais que
isso. Toca a todos nós e fala-nos do fim dos tempos. Ou melhor, do
último troço do fim dos tempos. Quem será a pessoa que vai terminar o
mundo? Quem irá estar acima de todos e irá queimar o presente caos de
valores humanos? Quem está sentado no trono e reina para sempre? Quem
irá ter a última palavra? A quem é que Deus deu um nome acima de todos
os nomes? A resposta é obvia: é aquele que se curvou sob o peso do
pecado do mundo figurativamente representado através de uma cruz pesada
de maldição. Aquele que depois foi pendurado nessa cruz para salvação do
mundo no monte do Golgota. Sim, ele mesmo, aquele que sepultou as
maldições dos pecados que se espalham como praga pelos corações dos
homens e que só terminou no Hades pregando para os cativos de lá. Todo o
poder foi dado Àquele a quem a morte não conseguiu prender: ao Cordeiro
de Deus cujos louvores lotam o céu e um dia lotarão a terra.
Ele é
aquele que vem e as suas pegadas e forma de operar ficaram claramente
estampadas na ilha de Timor. Creio mesmo que, em mais nenhum outro lugar
do mundo, isto ficou tão óbvio, isto é, as pegadas de Jesus. Este
avivamento em Timor tem uma enorme importância escatológica. Muitos dos
nativos envolvidos nele profetizaram (e não eram falsos) que os
exércitos do céu já se preparam para aquele glorioso dia que será a
vinda do Cordeiro para acabar com o mundo.
XX. A RAZÃO DE SER DESTE LIVRO
O avivamento da Indonésia transmite-nos muitas mensagens e dá-nos muitas
lições de forma prática. Devemos, em primeiro lugar, estar cheios de
alegria que o Senhor derramou graciosamente esta benção maravilhosa
sobre os seus filhos. Quantas vezes ficamos cansados de esperar por
notícias deste gênero e elas não chegam. Todos aqueles que oram por um
avivamento genuíno sentir-se-ão motivados a persistirem em suas orações
e a não cessarem de orar. Contudo, Deus não se deixa influenciar e age
como Ele quer e onde Ele quer.
O derramamento de vida espiritual abundante na Indonésia deveria
colocar-nos na senda de uma busca santa e pura até que achemos. Os
nativos de Timor foram compelidos a entregar todas as suas feitiçarias,
amuletos e ídolos para serem queimados para sempre. Não será que também
é nosso tempo de entregarmos os nossos pecados secretos e ídolos do
coração para serem destruídos? Cada ídolo que possuímos é um rompimento
com a vida de Cristo em nós, o qual rouba os nossos frutos quando
trabalhamos. A mensagem principal deste avivamento para nós é: “Filhos
de Deus em todo mundo, purifiquem-se até ficarem mais brancos que a neve
e limpem-se de qualquer pecado que Deus diz que é pecado. Sem esta
santidade nunca haverá um derramamento do Espírito Santo sobre ninguém”.
Os eventos ocorridos na Indonésia, também deveriam estimular-nos a fé
abundantemente. A dimensão da nossa incredulidade revela-se no fato de
nós ainda questionarmos muitos dos milagres que ali ocorreram por
autoria de Deus. Que duvidássemos dos milagres falsos ainda seria
aceitável e desejável. Mas, durante anos viemos lendo sobre essas coisas
na Bíblia e quando elas acontecessem diante de nós, não conseguimos crer
nelas.
Também,
este avivamento deveria abrir-nos os olhos para a grandeza da glória de
Deus. Como um jovem cristão anos atrás, eu lia muitas palavras de Jesus
em João 14:12: “Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim,
esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas;
porque eu vou para o Pai”. As palavras “maiores obras” raramente
entravam na compreensão da minha mente. Eu nunca entendi muito bem. Mas,
após haver seguido Jesus por 39 anos, eu vi estas coisas cumprirem-se
diante dos meus olhos na ilha de Timor. Agora entendo melhor.
E, por
último, este acontecimento em tudo similar ao que aconteceu na era dos
Apóstolos, exige de nós cristãos que estejamos preparados. Devemos
preparar-nos e armar-nos com a idéia de que o dia final da chegada de
Jesus está para breve. Em meu livro ‘Der Kommende’, eu falo muito sobre
isso. Deus já está preparando Israel e seu povo para aquele grande dia.
A igreja real de Cristo está sendo limpa e preparada. O avivamento em
Timor só nos alerta ainda mais para esse fato.
A Nossa Responsabilidade
Estas
notícias vindas de Timor, sendo um encorajamento para todos nós,
devem-nos fazer dobrar os joelhos na mais profunda oração e humildade.
Mesmo que este acontecimento seja provavelmente o maior acontecimento
espiritual depois dos Apóstolos de que temos conhecimento, existem,
mesmo assim, muitos perigos contra esta nova era da história da igreja
de Cristo.
O
inimigo convocou todos os seus exércitos deste do inferno numa tentativa
de destruir, incapacitar ou danificar esta genuína obra do Espírito
Santo de Deus. Esta é a maior guerra mundial que alguma vez
enfrentaremos. Nunca houve outra igual. Uma batalha feroz está ocorrendo
no mundo espiritual, a qual apenas alguém com dons proféticos conseguirá
enxergar. A Indonésia tornou-se, atualmente, no alvo principal de
satanás neste mundo. Cada filho de Deus na Terra deve sentir no seu
coração o dever de entrar na união e na luta intercessora para que este
avivamento se mantenha intacto.
Já houve
um grande número de cristãos da Indonésia vítimas de orgulho e outros
pecados mais. Os milagres, as curas e a ressurreição dos mortos podem
subir facilmente à cabeça das pessoas. Mas, pela misericórdia de Deus,
sempre que isso aconteceu, as pessoas em questão perderam toda
autoridade que Deus lhes havia dado.
Alguns
outros caíram em pecado de imoralidade e promiscuidade. As vidas de
grupos mistos representam um desafio acrescido e também mostrou ser um
perigo. Aqueles que se entregaram aos namoros fora da vontade Deus
também perderam toda a sua autoridade.
Houve
outros que caíram no laço do dinheiro. Todos aqueles que foram curados
através deles mostraram agradecimento natural e espontâneo e davam o que
tinham para manifestá-lo. Mas, aqueles que oravam por eles, deveriam ter
levado em conta que o Senhor disse expressamente “De graça recebestes,
de graça daí”, Mt 10:8.
Também
houve pessoas que caíram em barulho e desordem. Sermos guiados pelo
Espírito não é sinônimo de êxtase e nem de barulho. Onde Deus reina
existe ordem, mesmo que não seja implementada pelo ser humano. Não
devemos colocar de lado regras comportamentais de bom senso apenas
porque estamos livres para sermos guiados por Deus abertamente.
Damos
graças a Deus que houve muitos desses que caíram que, após
reconsiderarem os seus caminhos, voltaram para Deus. Permitiram-se,
também, serem corrigidos por irmãos na fé aceitando exortações e
admoestações de bom grado e com toda a humildade. A humildade que
adquiram após terem voltado, manifestou claramente que Deus não os havia
expulsado para sempre do Seu reino.
Devido
ao fato de podermos partilhar e participar nestes eventos maravilhosos,
temos a obrigação colocada sobre nossos ombros de orarmos a Deus
intensamente para que este avivamento se mantenha. Os avivamentos não
são locais para farsantes piedosos e endoutrinados. Quando satanás
mobiliza os seus exércitos, os crentes também devem agrupar-se nas suas
respectivas fileiras ouvindo o chamamento e exortação do seu Rei. A
coisa mais importante que podemos fazer hoje, é a oração pura que é
ouvida. Intercessão é um ministério por si mesmo. No entanto, poucos
crentes o praticam. É com muita facilidade que deixamos nossos irmãos
serem ameaçados e sacudidos em seus fundamentos pelos poderes que
satanás tem para confundir o mundo. Os crentes deviriam aprender a lutar
nos seus joelhos conta o comunismo e outros males mais, como os que
estão acontecendo na China vermelha. Na Indonésia, temos muitos crentes
perseguidos e executados pelos servos do nosso inimigo. Não podemos
ficar parados a olhar sem fazer nada. Muitos tornaram-se culpados de
pecados da execução de seus irmãos em países oprimidos. Essa é uma das
principais razões porque escrevo este livro. Meu desejo é que nasça um
ardente desejo em todos para ajudarem a obra de Deus em todos os
aspectos em qualquer canto do mundo e, principalmente, dentro deles
mesmos. Quem está ouvindo este apelo? Mesmo que não consigamos ser
missionários ou evangelistas, podemos ser intercessores ativos, algo que
pode significar o sucesso das obras de todos aqueles que estão na linha
de frente da batalha. Aqueles que dão a cara por Cristo agradecem. Os
que se salvam também. Hudson Taylor tinha o mapa da China e ajoelhava-se
sobre ele todos os dias enquanto orava por aquele país perdido. Hoje, a
China tem cerca de 170.000.000 de evangélicos. Se formos missionários de
oração, seremos missionários de melhor tipo que há.
Como
seria maravilhosa a surpresa quando chegarmos à eternidade e cada irmão
do mundo ocidental encontrar-se dentro do céu com algum africano,
asiático ou outro que se salvou enquanto orava. Imaginemos esses crentes
perguntarem-nos: “Foi você que orou por mim enquanto eu estava perdido?
Foi a sua oração que Deus ouviu?” Eu tenho a certeza que muitos crentes
serão recebidos com essas coisas maravilhosas assim que entrarem no céu.
A única pergunta que se coloca é: você será um deles?
A nossa
história ainda não terminou. Mal começamos a contar as coisas deste
avivamento na Indonésia. Vamos agora ouvir a história de um dos
responsáveis por esta obra maravilhosa. Guardei o seu nome para o fim
para que a glória fosse dada a Deus logo no início. Vamos ouvir a
história de um homem a quem Deus usou de uma forma peculiar e o qual foi
um dos instrumentos mais importantes para tudo o que ali aconteceu.
XXI. PAK ELIAS
Os parágrafos seguintes são uma biografia muito superficial de um homem de
Deus que foi usado de uma forma muito particular neste avivamento.
Deixei a sua história para o fim intencionalmente, pois senti no meu
coração que a ‘biografia’ de Deus deveria está em primeiro lugar. Não se
deve subestimar o fato do homem, por vezes, ficar com parte da glória
que é unicamente de Deus. Qualquer forma de heroísmo ou de reverência a
heróis sempre termina com a carreira de qualquer homem de Deus, porque a
glória de Deus não Lhe é dada. Contudo, parece instintivo que as pessoas
consigam empurrar os evangelistas para cima dos pedestais, colocando-os
numa situação muito ingrata e muito venerável. Sempre que isso acontece,
a chama do Espírito Santo extingue-se mesmo que a fama do evangelista
perdure. Eu estou muitíssimo consciente dos perigos que envolvem uma
descrição da vida deste homem grandiosamente usado por Deus e de uma
forma invulgar e peculiar.
É um método que Deus usa para lidar com a humanidade perdida, selecionando
pessoas específicas para tarefas peculiares. Estes são três aspectos
deste fenômeno: a tarefa, o tempo de cumprir e o homem escolhido. Foi
assim que, no tempo do êxodo, a tarefa de libertar os filhos de Israel
das garras da escravidão no Egito e no auge do seu sofrimento, o homem
escolhido foi Moisés. Podemos verificar como em todos os métodos que
Deus usou para lidar com Israel havia sempre um triângulo divino. Quando
pensamos na construção do templo vemos que a tarefa era arranjar uma
habitação para a arca de Deus e que o homem escolhido foi Salomão.
Consideremos também o ministério de João Batista. A tarefa era preparar
o caminho para o Messias e o tempo da Sua aparição foi logo a seguir e
João foi a voz escolhida para clamar no deserto. O mesmo fundamento
aplicou-se na história da igreja. Se falarmos da reforma, como exemplo,
comprovamos que a tarefa era renovar a igreja cristã, o tempo disso
acontecer foi antes da era moderna – quase na época da descoberta da
América e outras terras – e o homem escolhido foi Martinho Lutero.
O
avivamento indonésio também manifesta este mesmo padrão. David Simeon e
o seu irmão estiveram juntamente com Pak Elias quando o avivamento
começou entre os estudantes da Escola Teológica de Java, onde o Pak
Elias ainda era um dos estudantes. Hoje, o Senhor promoveu Pak Elias
para um grau acima dos seus professores. Pak Elias é um nativo da
Indonésia e o Senhor achou por bem colocar Indonésios no comando deste
avivamento. Nem sempre é assim.
A tarefa
que tinha em mãos era a limpeza e a renovação integral da igreja quase
petrificada de Timor e a conversão dos muçulmanos para Deus. O tempo
apontado para esta obra foi após a conclusão das guerras com japoneses,
holandeses e comunistas. Não haveria mais guerras enquanto a obra
estivesse prosseguindo. O instrumento que Deus escolheu para esta obra
foi Pak Elias.
Todas as
biografias tornam-se monótonas quando são longas. Por esta razão irei
limitar o que digo para abreviar os comentários. Pak Elias nasceu em
1928, sendo filho mais novo de uma família de sete. O seu pai faleceu
quando ele tinha três meses de idade, o que significa que a sua infância
e adolescência foram muito penosas e difíceis. Sofreu muitas
necessidades.
Os anos
de juventude de Pak Elias ficaram marcados por muitas guerras e
revoluções, algo que só veio beneficiar este homem porque, além de saber
os dialetos de Timor e Ambom, ele também fala fluentemente indonésio,
japonês, holandês e inglês. Esses idiomas refletem, de certa maneira, o
tipo de formação que ele obteve: na escola primária na ilha de Rote;
escola secundária na ilha de Timor; formação como professor numa escola
em Ambom; professor em Java e finalmente um posto na Academia de
Bandung. Foi uma formação de educação, não apenas marcada pelas
diferentes mudanças políticas no seu país, mas, também, destacam-se
pelas distâncias entre etapas da sua formação. A dimensão real do
arquipélago da Indonésia é a cerca de 12.000 Km. Por isso, tanto
lingüisticamente como geograficamente, a formação de Pak Elias era a
mais apropriada para servir toda a Indonésia. Podemos comprovar a mão de
Deus no percurso da sua vida. Não foi Moisés preparado durante 40 anos
no deserto de Midiã antes de Deus o chamar para cumprir a sua tarefa?
Será que Davi perdeu aqueles anos entre os filisteus e que foi um tempo
em vão antes de receber a sua coroa? Os propósitos de Deus nem sempre
são reconhecidos até que as coisas já se tenham cumprido. Será, também,
que foi em vão que Pak Elias foi açoitado de um lado para o outro
através dos ventos da vida, passando de ilha em ilha na Indonésia?
Mesmo
com falta de dinheiro e vivendo sem ajuda para completar os seus
estudos, a carreira de Pak Elias pode ser considerada excepcional. Era
periodicamente forçado a trabalhar durante um tempo para juntar dinheiro
para poder continuar os estudos. Mesmo assim, a sua inteligência acima
da média permitiu que terminasse a sua formação acadêmica antes de seus
colegas. Quando tinha 23 anos já era diretor de uma escola secundária em
M. Estudou ainda mais depois disto e acabou sendo o diretor duma
Faculdade na mesma cidade. Com 29 anos e sendo diretor dessa faculdade e
ao mesmo tempo professor universitário, também tornou-se diretor de uma
escola com cerca de 2.000 estudantes. De fato, uma carreira excepcional!
Pak
Elias também era um homem muito respeitado em todos os círculos da
igreja. Com 24 anos era líder de todos os jovens da cidade de Bandung e
aos 26 tornou-se presbítero da igreja local. Para além disso, aos
domingos pregava para cerca de 2.000 estudantes da sua escola e também
para os 200 alunos da mesma faculdade onde era diretor. É um currículo
invejável.
A Ofensa
Tanto na sua vida pública como na igreja, era reconhecido como um líder nato. Foi
então que algo de extraordinário aconteceu com ele. Em novembro de 1957,
o Dr. Roland Brown do Instituto Bíblico de Moody nos Estados Unidos fez
uma campanha missionária no Leste de Java. Pak Elias assistiu ao culto
no dia 18 de Novembro e a mensagem mexeu muito com o seu coração. Quando
as pessoas foram convidadas a ir à frente entregar as suas vidas à
vontade de Deus e a Cristo, ele quis obedecer ao apelo. Mas, faltou-lhe
a coragem.
Naquela noite, uma batalha feroz deu-se dentro do seu coração. Era como se ele
ouvisse uma voz incriminando-o: “Tu não nasceste de novo”. Mas, em
resposta o diabo respondia: “Tu já pregas há sete anos e até já és líder
da igreja!” Aquela voz interior persistia: “És orgulhoso. Constróis o
teu próprio sucesso e crias a tua própria igreja. Deus não tem nada a
ver com o sucesso que tens”. Novamente o diabo respondia: “Sempre
viveste uma vida boa. Estás no caminho certo. Não existe nada de errado
que possam apontar em tua vida”.
A
batalha era feroz e continuou noite adentro. Por fim, o tentador
falou-lhe severamente: “Fica fora desses cultos! Eles não têm nada de
bom para ti”.
Mas Pak
Elias voltou ao culto no dia seguinte para ouvir o Dr. Brown. Novamente,
a mensagem falou profundamente com ele. Quando o missionário exortou as
pessoas a virem confessar os seus pecados publicamente, Pak Elias
esqueceu-se de tudo, levantou-se e foi para o altar. Entregou-se a
Jesus, confessou seus pecados e rendeu a sua vida integralmente ao
Salvador. Termos provas que a entrega foi genuína e integral. Também foi
aceito pelo Senhor.
A
conversão de Pak Elias caiu como uma bomba no meio do povo da igreja.
Não sabiam como reagir. Os pastores, os presbíteros da igreja, os
professores da escola dominical e também os membros de todas as igrejas
ficaram profundamente chocados e irados contra aquilo que ele fez. De
comum acordo, todos começaram a dizer: “Ou ele estava bem com Deus antes
e desviou-se, ou então sempre foi um hipócrita. Tanto uma coisa como
outra são coisas gravíssimas”. A razão porque as pessoas se enfureceram
tanto, na verdade, era porque eles deveriam fazer aquilo que Pak Elias
fez e nasceu um temor no subconsciente de todos aqueles que vivam sob
uma falsa segurança, a qual estava sendo ameaçada por aquele ato de um
líder seu.
Este é
um problema comum entre todos os membros das igrejas atuais. Não
conseguem aperceber-se o que realmente é a conversão e um novo
nascimento e nem a sua extensão, extensão ou implicação. O mesmo podemos
afirmar da grande maioria dos ministros do evangelho atuais e da grande
maioria dos líderes das congregações locais.
A
conversão de Pak Elias e o seu contato conseqüente com a escola
teológica do leste de Java resultaram na sua expulsão de presbítero da
igreja. Como isto é próprio do nosso mundo cristão atual! A igreja não
se endurece com blasfêmia dos ministros e dos pastores; não se ofende
quando os seus líderes bebem e fumam; não se importam de falar uns dos
outros e de brigarem; mas quando um homem, pela graça de Deus, se
converte de todas essas coisas, eles ficam endurecidos e rejeitam-no
irados. Durante os anos seguintes, Pak Elias foi proibido de pregar em
qualquer igreja. Mas, ele não se deixou afetar por esta condenação
porque o fogo de Deus queimava nele fervorosamente. Ele pregava nas ruas
e nas estradas por onde andava.
Envenenado por Cinzas e Enxofre
Em 1960, Pak Elias recomeçou os seus estudos. Freqüentou a Escola Teológica do
leste de Java e buscou uma nova formação. O ambiente espiritual da
escola respondia a todos os anseios e a todos os clamores com que o seu
coração bradava. Em 1961, ele já organizava e participava em campanhas
nas ilhas de Celebes, de Java e de Timor. Quando a organização ‘World
Vision’, a qual cuidava de crianças órfãs, reconheceu o seu valor,
convidou-o para ser seu vice-presidente. Em 1963, Pak Elias estava
trabalhando em Borneo e em Rote. Foi durante este trabalho que se
encontrou pela primeira vez com o Pastor Gideão, homem que acabou por se
converter através do seu ministério.
Mas, 1963 também foi um ano de crise. No dia 17 de Abril, o vulcão Agung na
Ilha de Bali, entrou em erupção e soterrou várias vilas. Pak Elias
estava ali presente, trabalhando numa campanha. Acabou por entrar na
ajuda humanitária levando muitas crianças para lugares seguros. As
estradas, contudo, estavam soterradas e cobertas com vários centímetros
de cinzas quentes, e como conseqüência, os pulmões de Pak Elias ficaram
terrivelmente queimados. No hospital, os médicos começaram a dura
batalha pela sua vida, a qual parecia ser em vão. No final,
aproximaram-se da sua família e disseram: “É tudo em vão! Os pulmões
dele sofreram muito e estão completamente queimados. É uma questão de
dias até ele morrer”. Veio uma hora de crise e a sua esposa chamou os
médicos responsáveis, os quais disseram: “Ele não vai sobreviver esta
noite”. A temperatura do eu corpo subiu até aos 39º. A inflamação
espalhou-se, também, para o seu fígado. À meia-noite, entre o dia 30 de
Abril e dia 1 de Maio, contudo, este paciente aparentemente em fase
terminal começou a cantar. Olhou para sua querida esposa e disse: “Esta
não será a minha última noite na terra. Ainda preciso glorificar o
Senhor Jesus. O Senhor deu-me dois versículos para confirmar a sua
vontade: “A ti também, Senhor, pertence a benignidade; pois retribuis a
cada um segundo a sua obra”; “Quando passares pelas águas, eu serei
contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares
pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”, Sal 66:12 e IS
43:2. Eu passei pelo fogo mas o Senhor livrou-me”. A sua profecia
cumpriu-se. Naquela noite, a condição de Pak Elias melhorou
substancialmente. No dia a seguir, ele já estava em recuperação total.
Enquanto
estava no hospital, ficou claro para ele que teria de abandonar a
organização ‘World Vision’ e dedicar toda a sua vida à pregação do
evangelho.
As
Portas Abriram-se
Em 1964,
Pak Elias foi uma vez mais pregar em Java numa campanha missionária. As
igrejas permaneciam encerradas para ele. Recebeu um convite para ir
pregar em Sumatra e viajou para lá. Foi lá que presenciou um grande
avivamento entre os muçulmanos, do qual já falamos.
Uma
noite, Pak Elias foi despertado pelo Senhor e foi-lhe revelado que iria
pregar para milhares de pessoas. Por essa altura, ele não tinha a mínima
idéia de como ou onde isso iria acontecer e nem o que aquela profecia
significava. Mas, sete anos após as igrejas haverem encerrado as portas
para ele, recebeu um convite de Bandung. A carta dizia que, todas as
igrejas da área, iriam participar ativamente na campanha. Pak Elias mal
conseguia acreditar no que estava lendo. Todas as igrejas pedindo para
ouvi-lo, a ele, o expulso? Não respondeu ao convite, mas, uns dias
depois, recebeu uma nova chamada com o mesmo convite. No entanto,
orando, não recebia nenhuma resposta da pare do Senhor e, por essa
razão, não se comprometera ainda. Mas, uma semana mais tarde, duas
pessoas chegaram de Bandung com outro convite formal para ir pregar na
campanha. Três convites! Deve ser a vontade de Deus, pensou. Decidiu ir.
A
campanha em Bandung foi um grande acontecimento. Havia 52 igrejas
diferentes e todos os pastores participaram ativamente naquela campanha.
Um grupo de 75 estudantes, juntamente com os seus professores, veio da
Escola Teológica de Java para ajudar na preparação da campanha. As
igrejas foram divididas em quatro grupos por ordem de distritos e os
estudantes e os professores dedicaram-se inteiramente à pregação da
Palavra. Durante aquele tempo de preparação, muitas pessoas foram
trazidas a um relacionamento direto com Jesus, os quais, por sua vez,
eram treinados a aconselhar pessoas para saberem como orientar as
pessoas que se iriam converter durante a campanha. Pak Elias foi o
instrumento usado para o efeito. Cada manhã entre 8.000 e 15.000 pessoas
vinham ouvir o evangelho e, ao todo, cerca de 3.000 limparam as suas
vidas com o Senhor. Os novos convertidos, contudo, não foram deixados ao
acaso e vários cultos foram organizados para orientá-los e para
edificá-los. Aquela obra de edificação e de seguimento dos novos
convertidos durou três meses e a campanha durou 18 semanas.
Homens
de negócios, professores universitários e estudantes foram alcançados
pela Palavra de Deus e, como resultado, Pak Elias venceu a barreira da
desconfiança que havia contra ele. Todas as igrejas aplaudiram a sua
obra, a qual antes rejeitavam friamente, indignados contra ele.
Autoridade
Em Lucas
9:1,2 lemos: “Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos
os demônios, e para curarem doenças; e enviou-os a pregar o reino de
Deus”. Onde vemos essa autoridade hoje no meio evangélico? Mesmo que
vejamos as igrejas cheias de oradores fantásticos, poucos deles
conseguem manifestar e evidenciar Cristo nos testemunhos que dão. E, o
numero de cristãos com os dons que Deus distribui pessoalmente, seja
para curar ou para expulsarem demônios, são escassos ou quase
inexistentes. Pak Elias já disse em várias ocasiões o seguinte: “Eu não
tenho autoridade para curar e nem para ressuscitar pessoas da morte”.
Mas, ele não disse nada sobre a autoridade que possui sobre demônios e
sobre forças ocultas. É um bom sinal que ele não fale das coisas que
possui. Sei que, todos aqueles que realmente possuem dons reais,
raramente falam deles. E comprovei que, todos aqueles que falam em seus
dons, são precisamente aqueles que não os possuem.
Vamos
ouvir uma história que se passou dentro da Escola Teológica em Java.
Havia um homem que era um feiticeiro muito poderoso. Inscreveu-se para
ser motorista dentro da Escola e foi aceite. Havia aprendido as suas
artes de feitiçaria em Meca e em Medina. Conta-se que, uma vez, quando
vivia na Índia, deixou-se enterrar vivo e ficou quatro semanas debaixo
de terra sem respirar. E, eis aqui, um homem enviado por Satanás mesmo
dentro da Escola de Deus! Apenas muito gradualmente os estudantes e os
professores tomaram consciência da sua presença. Conforme o tempo foi
passando, viram a sua habilidade e poder para matar cachorros e outros
animais com o seu olhar e poderes de concentração.
Os
líderes da Escola foram obrigados a intervir. Convocando o homem para
uma reunião, questionaram-no sobre os seus poderes ocultos.
Perguntaram-lhe: “É verdade que possuis estes poderes? Consegues matar
animais através dos teus poderes?” “Sim”, respondeu. “Não apenas mato
animais, mas também mato pessoas”. Fitando Pak Elias nos seus olhos,
acrescentou: “Não olhe diretamente para os meus olhos! Se o fizer,
dentro de segundos estará morto”. Pak Elias sentiu o desafio no ar e,
dentro de seu coração, orando, sentiu a paz de Deus para aceitar o
desafio. “Olhe para mim! Em nome de Jesus, ordeno que estes poderes de
Satanás sejam presos e inutilizados”. Passaram cinco segundos e
nada havia acontecido, nem a um e nem ao outro. Os dois homens
continuaram a fitar-se e o mágico (feiticeiro) caiu repentinamente no
chão, inconsciente. O seu corpo estava todo esticado e a sua carne dura
como pedra. Pak Elias não desejava que aquele homem morresse e disse:
“Em nome de Jesus, ordeno que te levantes”. O feiticeiro recuperou a
consciência. Os seus poderes satânicos haviam sido derrotados. Os
crentes, depois, começaram a conversar com ele e ele confessou ter
quatro agulhas de ouro enterradas dentro da carne dos seus braços.
Afirmava que aquela era a origem dos seus poderes. Ele desafiou alguns
dos estudantes a cortá-lo e a extraí-las. Fazendo uso duma faca, a sua
pele nem se beliscava. Novamente, Pak Elias ordenou, em nome de Jesus,
que aquelas agulhas saíssem. As agulhas começaram a movimentar-se e
saíram uma por uma sem ninguém mexer nelas. Por fim, o mágico cedeu e
prometeu entregar a sua vida a Jesus. Contudo, não cumpriu sua promessa
que fez, pois descobriram que ele ainda mantinha certos amuletos e
objetos dos quais recusava separar-se. Ele foi demitido das suas
funções. Apesar de ser um dos feiticeiros mais temidos de Java,
conseguiu, mesmo assim, ficar trabalhando durante quatro meses na Escola
que estava sendo usada por Deus para mudar a Indonésia. Satanás consegue
infiltrar-se dentro da obra de Deus de qualquer maneira – até mesmo
colocando feiticeiros temíveis, onde só Deus deveria estar operando.
Muito
poucos cristãos estão verdadeiramente atentos aos esquemas e aos planos
que Satanás elabora para confundir e para desarrumar a casa de Deus. Um
pastor dos mais sóbrios duma certa Igreja Pentecostal, disse-me uma vez:
“Descobrimos, muitas vezes, que várias pessoas com capacidades
satânicas, entram no nosso meio e falam em línguas estranhas. Causam
desordem e agora somos conhecidos por essa desordem”. A sua observação
foi corajosa e revela que tem certa capacidade para interpretar a Bíblia
normalmente.
Pak
Elias e o Pastor Gedeon estavam trabalhando juntos em Timor em certa
ocasião. Gedeon estava pregando num culto há cerca de meia hora quando
uma mulher da audiência levantou-se e tentou desorganizar a reunião. A
mulher era, na verdade, uma feiticeira e contradizia tudo aquilo que o
Pastor Gedeon dizia. Se ele dissesse que o sangue de Jesus nos limpa,
ela dizia que era mentira e assim continuava. Por fim, Pak Elias
virou-se para Gedeon e disse: Temos de silenciar esta mulher ou, senão,
o culto não vai dar em nada. Esta obra é de Satanás e não da mulher”.
Virou-se para a mulher e disse-lhe: “Em nome de Jesus, cale-se e venha à
frente ouvir a mensagem toda”. A senhora parou com as objeções e foi
para a frente ouvir a mensagem. No final, pediu para ser aconselhada,
mas não conseguia crer. Apesar disso, todas as pessoas dentro do culto,
incluindo o pastor e os presbíteros da igreja, tiveram oportunidade de
testemunhar o poder de Deus.
No seu
ministério, Pak Elias já experimentou vários tipos de perturbações nos
seus cultos. Num outro culto, onde muita gente estava presente, estava
uma feiticeira que pretendia perturbar a ordem. Ela saiu do seu banco e
foi cair como morta diante do púlpito. Duas pessoas foram vê-la e
disseram a Pak Elias: “Ela não está inconsciente. Está morta!” Pak Elias
não interrompeu o curso da pregação e entregou a mensagem toda. Depois
do término do culto, contudo, ele dirigiu-se à mulher e disse: “Em nome
de Jesus, levante-se”. A mulher pôs-se em pé logo de imediato e,
confessando todos os seus pecados, foi verdadeiramente salva deles.
A Proteção do Senhor
Pak Elias foi de avião, certa vez, para a ilha de S. para fazer uma campanha
missionária. Antes de ter chegado, um feiticeiro muçulmano que vivia na
ilha, teve uma visão na qual lhe havia sido revelado que um homem muito
perigoso iria chegar de Java e ele deveria matá-lo a qualquer custo. O
feiticeiro foi mandado pelo diabo a ir ao aeroporto, mas o homem não
conseguiu perpetrar o seu ato de assassinato porque havia muitos
policiais por perto. Pak Elias foi para certa casa, na qual haveria uma
reunião. O feiticeiro seguiu-o, mas também ali acabou por não fazer
nada, porque havia muita gente que impedia que ele se aproximasse o
suficiente para conseguir o que pretendia. No fim do culto, Pak Elias
saiu da casa para falar com as muitas pessoas que não haviam conseguido
entrar no lugar lotado. O feiticeiro achou que aquela seria a ocasião de
matá-lo. Ele era um excelente atirador de pedras, uma arte muito usual
na Indonésia ainda hoje. Para aumentar as suas hipóteses de sucesso, o
homem espetou algumas agulhas no seu rosto para chamar os seus poderes.
Achando o lugar ideal para lançar a pedra, o seu braço esticou-se para
atrás para arremessar a pedra. De repente, o seu braço ficou duro e não
conseguia dobrá-lo novamente. Pak Elias nem se apercebeu do que estava
acontecendo. No final da pregação, ele convidou as pessoas a virem
entregar-se a Cristo, arrependendo-se e confessando todos os seus
pecados. O feiticeiro veio entregar-se e confessou os seus pecados,
incluindo o pecado que o levara ali. Contou, mais tarde, que, no momento
que ia lançar aquela pedra, o solo debaixo dos seus pés mexeu-se e
cedeu. Confessou o seu terrível plano e, também, os seus roubos,
assassinatos e outras coisas mais. No dia seguinte, foi procurar todas
as famílias de quem roubara coisas e devolveu tudo o que tinha. Até
devolveu uma camisa que trazia vestida, despindo-se dela. Esta história
maravilhosa é uma ilustração do modo claro como o Senhor protege os Seus
mensageiros.
Os
muçulmanos daquela ilha, certa vez, insurgiram-se contra Pak Elias e
contra os outros cristãos. Os irmãos em Cristo tentaram proteger Pak
Elias, mas ele disse-lhes: “Deixem-nos aproximarem-se de mim. Aqueles
que estão conosco são mais do que os que estão com eles”. Os muçulmanos
avançaram. Repentinamente, um homem no meio da audiência, o qual tinha
vindo para ouvir o que os cristãos tinham a dizer, levantou-se. Ele era
um alto oficial do exército e bradou: “Se não pararem imediatamente com
a vossa demonstração e se não calarem, darei ordens aos meus soldados
para atirarem a matar! Vim aqui para ouvir este homem falar. Sentem-se e
ouçam também!” Os ativistas congelaram e alguns deles começaram a
sentar-se em lugares vazios. No fim do culto, o oficial veio conversar
com Pak Elias e disse: “Preciso de Jesus. O senhor pode ajudar-me a
encontrá-Lo? Por favor, mostre-me como devo fazer para segui-Lo”. O seu
pedido foi atendido. Certamente que ele era um irmão do centurião de
Atos 10.
Numa
outra ocasião, Pak Elias estava usando um gráfico de flanela com o
intuito de ilustrar o estado do coração do homem. Uma multidão de
muçulmanos havia sido incendiada por dois feiticeiros e aproximavam-se.
Os Cristãos começaram a preparar-se para o pior. No meio da mensagem,
Pak Elias falou com o povo cristão e pediu para que não se inquietassem
com nada e que dessem toda a atenção à mensagem. Ele lia o Salmo 2: “Por
que se amotinam as nações e os povos tramam em vão?...” quando terminou,
ele concluiu: “O Evangelho de Cristo precisa ser gritado nas trevas e
proclamado em voz alta onde existem trevas”. Enquanto falava, os dois
feiticeiros envolvidos acidentaram e, antes do culto ter terminado,
estavam ambos internados no hospital.
O último
ataque que iremos descrever terminou pior. Uma vez mais, deu-se com
muçulmanos. Tentaram, através de outra demonstração, impedir uma enorme
concentração de cristãos e de pessoas que desejavam ouvir a Palavra de
Deus. Dois homens, em particular, eram os maestros do tumulto. Como
terminou aquilo tudo? Uma semana mais tarde, um deles caiu dum
precipício no seu carro e o outro afogou-se no seu barco quando saiu
para o mar e uma onda súbita engoliu o seu barco. Devido a esses
acontecimentos, o povo que participava nos tumultos, ficou alarmado e
cheio de medo porque considerava aqueles dois homens como seus líderes.
Haviam escrito cartas para entregarem às autoridades locais,
queixando-se da obra que os crentes estavam fazendo na sua área. Mas,
aquelas cartas nunca chegaram a ser enviadas. Diziam: “É muito perigoso
entrarmos para a lista negra dos crentes, eles têm de estar a favor de
nós e não contra nós!” Foi assim que aquela ameaça de Satanás favoreceu
toda a obra de Jesus e dos seus filhos.
XXII. SABEDORIA A SEUS PÉS
Pak
Elias, pela graça de Deus, conseguiu alcançar tanto os sábios e
estudiosos como os analfabetos, os pequenos e os grandes, os importantes
e os insignificantes. No entanto, sabemos que estas coisas e estas
distinções nem existem para o Espírito Santo. Elas simplesmente não
existem! Quem acha que é alguma coisa, tornou-se nada. Mas aquele que se
apercebe da realidade da sua insignificância, diante da majestade de
Deus, recebe graça.
Já
ouvimos falar aqui dum professor universitário em Palemburg que,
reconhecendo os seus pecados e a sua própria pobreza de espírito, achou
Cristo numa campanha de Pak Elias na sua cidade. A história foi repetida
em Bandung onde uma mulher achou a chave da verdadeira sabedoria. Paulo
disse, acerca disso: “Conhecê-lo e a ao poder da Sua ressurreição”, Fil.
3:10.
Conhecer Jesus
Não existe caminho mais sublime que este. Mesmo que cavássemos as
profundidades dos credos, das existências e do mundo, nunca iríamos
achar verdade mais sólida. É somente Jesus que pode ser o lugar central
de todos os pensamentos dos homens. Nunca algum ser deve tentar retirar
esta verdade do seu lugar devido.
Vamos,
agora, ouvir o testemunho duma mulher excepcional. Ela não é apenas uma
advogada, mas, também é uma professora na Universidade de Bandung.
Quando conheci a Sra Mapalley na Indonésia, fiquei deveras interessado
na sua obra, pois, ela fez a sua tese de doutoramento tendo o ocultismo
como assunto – tal como eu. O título da sua obra é: “Uma Breve Análise
das Várias Formas de Ocultismo na Indonésia de Hoje”. Melhor ainda: ela
concordou traduzir para Indonésio o meu livro “Entre Cristo e Satanás”.
Vamos ouvir o testemunho dela.
-
Dois
anos atrás, Pak Elias fez uma campanha em nossa cidade. Na mesma semana,
um cantor pop muito conhecido, converteu-se. Ficou tão cheio do amor de
Cristo que, logo de seguida, ligou-me para me perguntar se estaria
disposta a cantar juntamente com ele num dos cultos. Concordei e
cantamos todas as noites um hino que tinha como tema o Filho Pródigo.
Inicialmente, nem suspeitava que aquele tema estava falando de mim. No
passar da semana, cada mensagem tornava-me ainda mais hiper-consciente
da minha ruindade e pobreza interior. Por fim, não agüentando mais,
entreguei-me a Cristo.
Como
resultado da minha conversão, pedi a Pak Elias para visitar a nossa
casa, na esperança de que os meus familiares achassem o caminho para
Cristo também. Naquela noite, sentia-me muito consciente de como
realmente havia sido perdoada pelo Senhor Jesus, radiava esperança no
futuro e experimentava uma alegria que ninguém conseguia tirar de mim.
Antes
desta experiência maravilhosa, a minha vida era gerida e
instrumentalizada por uma vida rotineira de igreja e eu segurava-me numa
visão doutrinária muito tradicional. O meu pai foi pastor evangélico e
ensinou-nos sempre a fazer as nossas orações. Mas, nós nunca fomos
instruídos a entregar as nossas vidas e todos os detalhes dela, um por
um, a Cristo.
Para
além dos meus estudos, a minha vida de criança e de jovem, também foi
dedicada ao desporto. Eu era uma tenista apaixonada e o meu passatempo
favorito era arrecadar troféus atrás de troféus.
Capacidades de Médium
Pode parecer estranho falarmos dos muitos crentes ainda presos em correntes
ocultas de opressão espiritual. Pode parecer ainda mais estranho dizer
que sofrem opressões sendo crentes. Foi terrível para mim quando
descobri que eu era uma das pessoas a quem se referiam as palavras de
êxodo 20:5: “Porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a
iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles
que me odeiam”. O meu avô, na verdade, foi um feiticeiro. Mesmo que o
meu pai tenha sido pastor, existia uma linhagem de poderes e de
correntes do diabo sobre toda a nossa família. Essas capacidades e
demonstrações satânicas encontraram expressão precisamente em mim. Já
quando eu era criança, notei que possuía certas habilidades de
adivinhação e de ocultismo. Ouvia vozes ocasionalmente e sentia a
presença real de seres invisíveis cantando para mim. Sempre que me
encontrava com alguma pessoa estranha, detectava imediatamente que tipo
de pessoa era e o que estava pensando. Para piorar as coisas ainda mais,
costumava ter certos sonhos que se realizavam mais tarde – algo que me
fez ter muito medo de sonhar.
Posso
dar um exemplo do qual me recordo neste momento. Após o meu casamento,
sonhei e vi que dois médicos inclinarem-se sobre mim numa cirurgia. Um
deles era Indonésio e o outro era Ocidental. Ainda me recordo da lâmpada
que iluminava a sala de cirurgia. Na manhã seguinte, contei à minha irmã
o que havia sonhado e ela serve como minha testemunha disto que estou
aqui dizendo. Uma semana depois, deu-me uma dor intensa na zona do meu
estômago e os médicos suspeitaram que fosse apendicite. Decidiram que
era necessário recorrerem a uma cirurgia. O sonho que tive
concretizou-se detalhadamente, incluindo os médicos e a lâmpada daquela
sala. O pior de tudo é sentirmos vergonha ou medo de falarmos destas
coisas.
As
minhas duas filhas também herdaram estas capacidades satânicas. A mais
velha tem capacidades telepáticas e uma disposição interior de
hiper-sensibilidade. Isto significa que ela tornava-se mais consciente
das coisas à sua volta do que outras pessoas. Ela funcionava como se
fosse um receptor de rádio, o qual apanhava no ar todos os sinais
invisíveis à sua volta. Mas, pior ainda, ela contatava diretamente com o
mundo dos espíritos e acordava de noite confrontando-se e debatendo-se
com terríveis batalhas. A outra filha também experimentava a presença de
seres invisíveis dentro de casa. Ela via mesmo os espíritos.
As
pessoas que trabalhavam em nossa casa também se apercebiam de muitas
coisas que se passavam no mundo invisível. Como exemplo, posso citar
como a cozinheira que me viu duas vezes dentro do quarto, vestindo-me,
quando eu nem estava em casa! Numa outra ocasião, a faxineira afirmou
que viu um ídolo de Bali dançando e pulando na minha janela com certo
ritmo. A minha filha entrou no quarto e perguntou irada: “Quem está
batendo na janela? Estão a enervar-me!”
Os
espíritos invisíveis pareciam atormentar todas as pessoas dentro de
casa. Já não sabíamos o que fazer. Uns meses mais tarde, David Simeon
visitou o nosso distrito com um grupo de estudantes da Escola Teológica.
Quando lhe contei o que estava acontecendo, fiquei surpreendida ao
verificar que ele, não apenas sabia do que se tratava, mas também tinha
experiência de expulsar demônios de casas e de pessoas! Depois de o
grupo ter entrado em todos os quartos da minha casa e comandado todos os
espíritos saírem dali em nome de Jesus, a nossa casa tornou-se um
ambiente de paz e de quietude.
O
Senhor ensinou-me muitas coisas através destas experiências estranhas.
Em primeiro lugar, nunca me havia apercebido que os pecados de
feitiçaria do meu avô poderiam exercer influencias sobre as nossas
vidas, mesmo que o meu pai tenha sido pastor. As opressões de ocultismo
podem, por isso, permanecer nas vidas de crentes nominais e até
conseguirem atingir várias gerações seguintes. A segunda lição que
aprendi, foi que, apesar da minha conversão ser genuína e evidente,
nunca havia sido verdadeiramente liberta daqueles poderes ocultos.
Necessitei de aconselhamento e de tratamento especializado. Deus foi
muito misericordioso para mim. Em terceiro lugar, aprendi que, até as
minhas filhas sofriam deste mal. Esta foi a parte mais dolorosa desta
experiência. Elas também herdaram as capacidades ocultas do meu avô. E,
por último, a nossa casa foi afetada também. As pessoas, sob opressões e
sob maldições deste gênero, geram opressões sobre aquilo que possuem e
sobre as coisas que os circundam.
Estas
foram as quatro lições específicas que retirei sobre como os pecados de
ocultismo e de feitiçaria são uma maldição automática colocadas sobre as
pessoas, até mesmo três e quatro gerações depois. Contudo, nunca teria a
coragem de falar sobre estas coisas, mesmo que fossem fatos reais e
fenômenos visíveis e palpáveis. Se não tivesse aprendido uma outra
lição, também não teria falado com ninguém sobre os nossos problemas. A
lição a mais que aprendi, também, foi que, mesmo sendo atormentados e
rodeados pelo poder do nosso inimigo de sempre, o poder do nosso Senhor
Jesus derrota para sempre até as insinuações das coisas que saem da
cartola e da boca de Satanás. Jesus derrotou todos os poderes do mal.
Por essa razão e através d’Ele, derrotamos qualquer inimigo e podemos
ser mais que vitoriosos sobre qualquer poder.
Com
estas grandes lições, aprendi a maior de todas: Jesus é e continuará
sendo vitorioso sobre qualquer coisa, sejam poderes na terra ou vindos
de Satanás e do inferno!
Olhando para trás, posso ver e entender porque razão Deus permitiu que
passasse por todas estas experiências. Mesmo que muitas pessoas estejam,
ainda, presas e oprimidas por poderes idênticos na Indonésia, não existe
mais ninguém em nosso país para além dos estudantes da Escola Teológica,
que saiba lidar com este fenômeno e, também, de aconselhar da maneira
certa as pessoas sob essas influencias de opressão. Pelo menos, eu
encontrei ajuda séria e eficaz nestes servos do Senhor. No mínimo, eles
são corajosos e enfrentam os poderes de Satanás sem virarem a cara.
Desde que a minha libertação aconteceu, Jesus enviou muitas pessoas até
mim para serem ajudadas e as quais também consegui aconselhar. Esta
escola de dificuldades preparou-me para a obra de libertação, também.
Todo
o poder vitorioso do nosso Senhor Jesus é a única resposta que temos
para todos os problemas deste mundo, incluindo os problemas e os dilemas
da feitiçaria e do ocultismo. Verdadeiramente.
Aqui termina o testemunho da Sra Mapalley. Fiquei sensibilizado pelo
testemunho desta mulher e senti-me encorajado a continuar esta grandiosa
obra na área do ocultismo. Animei-me pelo fato de esta professora
universitária ter chegado às mesmas conclusões que eu cheguei sobre este
tema. Só nos encontramos em 1968, mas, após ter lido os meus livros, ela
disse: Isto é exatamente aquilo que descobri por experiência própria!
Posso traduzir este livro para Indonésio?” Creio que o pedido veio do
Senhor.
XXIII. O DONO DE UMA PLANTAÇÃO ENCONTRA CRISTO
Nas
conferências do Leste de Java, tive o prazer de conhecer o Sr. Tanen
Djin. Ele falou-me em alemão. É um homem de enormes talentos. Fala
fluentemente em vários idiomas e viajou pelo mundo inteiro. Vamos deixar
que seja ele a contar-nos a sua história.
-
Nasci
em 1905. Os meus pais eram Confucionistas devotos. No tocante à minha
educação, freqüentei uma escola Holandesa. Devido às nossas convicções
religiosas muito fortes, eu e a minha esposa casamos de acordo com todos
os procedimentos da religião de Confúcio.
O
nosso casamento deu-nos três filhos: Boon, Hooi e Leong. Eles estudaram
em Roterdão, Londres e Amestardão. Leong tornou-se famoso como jogador
de xadrez, havendo-se tornado num dos melhores do mundo.
Eu e
a minha esposa éramos extremamente religiosos. Mas não sabíamos nada
sobre o Senhor Jesus. Começamos a orar a Deus em 1932, mas, como os de
Atenas em Atos 17, orávamos a um Deus desconhecido.
A 2ª
Guerra Mundial e as ocupações Japonesas foram momentos muito difíceis
para todos nós. Fomos perseguidos de muitas maneiras e atormentados com
impostos muito altos. Seguiu-se a guerra entre os Holandeses e os
Indonésios. Isso também nos afetou muito.
Depois veio a tragédia: o nosso filho exemplar e talentoso ficou
mentalmente doente. Recebemos um telegrama dos nossos amigos na Europa,
o qual nos informava que Leong havia sido admitido no hospital de
Amesterdão. O médico disse-me que ele sofria de um tipo de esquizofrenia
incurável. Foi um grande choque para toda a família e um abalo enorme
para mim. Ao falar com os seus médicos, disseram-me: “Leve-o de volta
para a Indonésia. Terá maiores hipóteses de se recuperar num ambiente
familiar no sol tropical”.
Voltamos para Bandung. Quando chegamos, Leong continuou a ser tratado.
Os médicos prescreveram-lhe os mesmos medicamentos que lhe haviam
prescrito no Holanda: Largactil, Librium e Serpasil.
Mal
souberam que o meu filho estava de volta, os seus antigos amigos
começaram a telefonar para casa. Incentivaram-no a participar no xadrez
novamente. Leong tinha, na verdade, feito parte da equipa internacional,
a qual havia viajado até Leipzig para as Olimpíadas de xadrez em 1960.
Ele conseguiu uma pontuação de 16,5 nos 20 possíveis. Os seus amigos
desejavam que ele fosse com eles para um campeonato na Europa em 1965.
Contudo, tudo aquilo apenas piorou o seu estado de saúde e ele acabou
por ser internado num hospital militar para ser tratado. Mas, não havia
qualquer esperança e as condições do Hospital não eram boas.
Tentamos de tudo para que ele saísse do hospital, pois os quartos eram
fechados com grades de ferro. Quando conseguimos, ele acalmou-se um
pouco. Na nossa ignorância, permitimos que o nosso filho fosse tratado
por um astrólogo. Foi um erro desastroso. Os pais desesperados fazem
qualquer coisa para poderem tratar os seus filhos. Mas, nem se apercebem
de que lhes estão a causar danos irreparáveis. Essa deveria ter sido a
última coisa a que recorrer. Colocamos o nosso filho sob os poderes das
trevas e ficou exposto a eles.
Depois de termos conversado com alguns obreiros missionários, os quais
tentaram mostrar-nos o caminho para Cristo no final de 1965, conseguimos
suspeitar que a nossa religião (de Confúcio) estava a enganar-nos.
Contudo, ainda não estávamos preparados para aceitar o Caminho Certo. No
entanto, começamos a orar ao Deus dos Cristãos esse ano – era apenas
mais um, para nós.
Em
Março de 1966, o Pastor Simeon e a sua esposa chegaram à nossa cidade
vindos da Escola Teológica e fizeram uma série de cultos e palestras. A
Sra. Simeon usou muito do seu tempo para nos aconselhar e ajudar. Ela
tentou levar-nos ao Senhor. Contudo, os nossos corações eram duros como
diamantes e não conseguiram segurar o apelo feito para nos entregarmos
Cristo.
Em
Maio do mesmo ano, Pak Elias chegou a Bandung com o seu grupo. Quando
ele encorajou as pessoas a irem à frente entregarem-se a Jesus e se
arrependerem dos seus pecados, finalmente decidimos tomar o passo
decisivo. Pela primeira vez em nossas vidas, todos os pesos caíram.
Estávamos muito preocupados, na altura, sobre o que os nossos pais iriam
dizer por abandonarmos a fé de Confúcio. Fomos correndo para casa e
contamos o que fizemos. Inicialmente, ficaram muito chocados e disseram:
“Agora não temos ninguém. Quem é que vai sacrificar para nós quando
morrermos? Ninguém nos irá visitar no outro mundo, depois de morrer”.
Tentamos confortá-los, mas não serviu de nada. Naquele preciso momento,
entraram Leong e a minha esposa apressadamente. Era muito visível a
alegria e o brilho nos seus olhos por se haverem entregado ao Senhor
Jesus. Os meus pais aperceberam-se da mudança também. Por essa razão,
acabaram por aceitar melhor o passo que havíamos dado.
Com
esta mudança em nossa vida e com o conhecimento de Jesus, a alegria
entrou para o nosso lar. Jesus transformou tudo. Nem dava para
acreditar. Era glorioso demais. Mais tarde, mais uma porção de alegria
redobrada foi-nos acrescentada com a visita de Pak Elias. Enquanto ele
estava conosco, confessei todos os meus pecados, um por um, diante dele,
experimentando o verdadeiro perdão de tudo quanto fiz. A enfermidade do
meu filho sumiu. Os médicos de Amesterdão estavam enganados: Jesus cura
ainda. Quando já não existe esperança, ainda sobram milhares de
hipóteses em aberto nas mãos do Senhor Jesus. O seu braço nunca será
curto demais de forma que não nos consiga ajudar. A cegueira do homem é
que o faz pensar que o braço de Deus não consegue salvar.
No
dia 21 de Julho de 1966, a minha esposa, Leong e eu fomos batizados. As
coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo através do Senhor Jesus
Cristo. Olhando para trás, não consigo entender porque razão nunca
decidi seguir Jesus antes. As coisas são tão claras. É muito estranho.
Não tenho explicação para as razões que me mantiveram tão longe de Deus
durante tanto tempo. Já poderia ter entregado a minha vida a Jesus há
tanto tempo! Por que tanta tolice, por que razão deixamos passar as
nossas vidas sem vida, se Ele é a fonte da coisa mais agradável que nos
pode acontecer, isto é, o perdão de todos os nossos pecados? Através
d’Ele temos paz com Deus, uma paz que ninguém pode tirá-la de dentro de
nenhum de nós!
O avivamento na Indonésia tocou profundamente em todos os
acordes meu coração. Desde que voltei daquelas terras longínquas, as
palavras do grupo de coral na Ilha de Ambon ainda estão nos meus ouvidos
e nos meus sentidos. Eles cantaram em alemão para nos darem as boas
vindas à sua terra.
Jesus minha alegria,
Tu pastoreas no meu coração;
Jesus minha coroa, como anseio pelo lugar onde estás!
Jesus, Tu és meu, eu pertenço-Te;
Não existe nada mais querido na terra para mim do que Tu.
Dr Kurt Koch
Germany
2ª PARTE
A GRANDE OPORTUNIDADE DA ÁSIA
Depois que saiu a 1ª edição deste livro na Alemanha, tive
a oportunidade de tornar a visitar a Ásia uma vez mais. As páginas que
seguem dão uma descrição das minhas experiências e daquilo que se passou
lá. Vai ler algumas das coisas que me tocaram muito profundamente. Temos
um intervalo de 16 meses entre este capítulo e o anterior. Vamos ter,
aqui, notícias mais recentes do que se está passando na Indonésia.
Muitas das coisas que irei descrever aqui têm a capacidade de nos deixar
quase suspensos no ar sem fôlego.
Nos jogos Olímpicos, um costume persiste ainda hoje. Os
atletas levam a tocha de fogo olímpico desde a cidade Grega chamada
Olympia, o lugar onde as olimpíadas originalmente começaram. A chama
olímpica é transportada de tocha em tocha até alcançar a cidade onde os
jogos seguintes se realizarão. Os atletas levam a chama de país para
país, atravessando todos os continentes até àquela cidade escolhida onde
se realizam os Jogos Olímpicos.
Nesta procissão de tochas acesas, achamos a ilustração
ideal para melhor percebermos como funciona a propagação do evangelho
pelo mundo. Há mais de 1900 anos atrás, as Boas Novas começaram a sua
caminhada para circularem pelo mundo através das tochas acesas dos
discípulos genuínos de Cristo. As primeiras paragens aconteceram nos
Países mediterrânicos durante a era do Império Romano. Roma era, na
altura, conhecida como o centro do mundo civilizado. Foi por esta razão,
tal qual havia dito nos capítulos anteriores, que Roma se tornou um dos
primeiros núcleos de onde partia a mensagem de Deus para o resto do
mundo.
A decadência da Igreja Cristã seguiu-se logo após a queda
do Império Romano. Os que se chamavam “sacerdotes de Cristo” na altura,
não tinham mais nada de semelhante com o Senhor. Gradualmente, o núcleo
e a essência do Cristianismo foram sendo transportados para a Europa
Central. A chama foi sendo levada para mais longe ainda. A obra
missionária feita por homens como Columba, Pirmin, Bonifácio, Ansverus
da raça Tectônica, foi preparando a nova era da civilização, sob cuja
proteção, o evangelho havia de ser propagado e levado para lugares mais
distantes ainda. A Reforma introduziu, por isso, através de Lutero e
Calvino, a segunda fase do transporte da chama de Jesus, a qual foi
iniciada em Pentecostes.
Toda a renovação teológica que ocorreu na altura da
Reforma foi logo seguida dum avivamento conhecido como o Movimento
Puritano. Foi dessa maneira que homens como Spener, Francke e
Zinzendorf, tornaram-se os instrumentos que aperfeiçoaram a obra
começada na Reforma, fornecendo-lhe aquilo que faltava. O movimento
Puritano tornou-se a locomotiva mais de acordo com as Escrituras e a
qual impulsionou e originou todos aqueles avivamentos dos séculos 18 e
19. Durante 350 anos, a Alemanha juntamente com a Suíça e outros países
Escandinavos, cuja história religiosa estava ligada entre eles,
tornou-se o centro espiritual do mundo. Foi a partir dali que se
espalhou a mensagem do Evangelho.
Mas, a providencia de Deus quis que o evangelho fosse
levado para mais longe ainda. Todas as raças e continentes tiveram
oportunidade de ouvirem de Cristo. Os séculos 18 e 19 viram nascer do
Império Britânico. Os frutos dessa escolha mostram claramente como o
Evangelho foi colocado nas mãos dum idioma que se tornaria a “Língua
Franca”, um idioma que se tornou internacional. Foi um grande benefício
para o evangelho e para os missionários de Deus dessa era. É muito fácil
seguirmos o percurso que a Tocha de Deus seguiu por ter sido colocada
nas mãos inglesas. Foi dessa maneira que o mundo ficou ao alcance da
mensagem de Cristo. Este 3º centro do Evangelho passou a Tocha
para os continentes e paises colonizados pela Grã Bretanha do outro lado
do Atlântico. Em Inglaterra, nomes com Wesley, Booth, Spurgeon, George
Muller e Hudson Taylor, fizeram brilhar a sua Luz Forte e Deus usou-os
para levarem a salvação a muita gente, tornando-se num movimento da
mensagem de Cristo impossível de parar. Já na América, as mãos de
Finney, Moody, Torrey, entre muitos outros, foram instrumentais para a
luz de Deus ser espalhada por muitos cantos do mundo. Olhando para o
mundo atual, parece-nos que só existe um evangelista que podemos
considerar como sendo portador da sobriedade e da verdade do Evangelho:
Billy Graham. Parece-me, também, ser a última mão anglo-saxônica pela
qual a Tocha é transportada para os campos missionários do mundo. No
entanto, a Tocha vai continuar seu percurso até ao fim do mundo.
Hoje, já no fim do século 20, o mundo tornou-se corrupto
e apto a propagar qualquer coisa (boa ou má) muito mais rápido que
nunca. Os neo-racionalistas teólogos filosóficos quase extinguiram a
chama do Evangelho no mundo Ocidental. O centro da mensagem de Cristo
passou atualmente para as mãos da Ásia. Todos aqueles que estão a par da
história da África e da Ásia perguntarão por que razão África foi
negligenciada na nossa humilde tarefa de tentarmos “adivinhar” qual o
percurso exato que a Tocha de Deus seguiu até aos dias de hoje. Foi de
propósito que deixei África para último.
Eis a razão: África tem experimentado um avivamento no
Uganda. Ali, também nasceram alguns evangelistas e missionários, dos
quais o mais conhecido é William Nagenda. Contudo, o avivamento no
Uganda não foi privilegiado nem destinado a enviar muitos missionários
para outras partes do mundo. Este avivamento era de fraca intensidade e
não teve poder suficiente para radiar sua luz para outros continentes.
Qual a razão? Mesmo não sendo fácil falar sobre os aspectos negativos
deste avivamento, teremos de admitir que os cristãos do Uganda sofrem
dum mal muito próprio e duma característica muito infeliz. Eles são
muito autoconfiantes e seguros deles próprios. Um Cristão Japonês, o
Professor Shimizu, confidenciou-me uma vez: “Achei a atitude dos
Cristãos Ugandeses um pouco repugnante. Não aceitam conselhos de
ninguém, não são muito humildes, não ouvem seus irmãos e exigem que
todos os ouçam”. Esta também foi a minha impressão nas várias ocasiões
que os visitei. Quando os lideres perdem a sua humildade, qualquer
avivamento perde as suas melhores capacidades e começa a morrer.
Parece-me ser esta a razão porque o Uganda não obteve o privilégio e a
oportunidade de enviar os seus missionários para outras partes do mundo.
Contudo, na Indonésia parece ser diferente. O avivamento
ali, mesmo sendo muito jovem ainda, envia já muitíssimos missionários
para outros países de todo o mundo. E assim, achamos o nosso 4º centro
de envio de missionários e da mensagem de Cristo ainda em fase de
desenvolvimento. A Tocha do evangelho está atualmente nas mãos da Ásia e
provavelmente ainda não alcançou a sua plenitude máxima. Mais de
1.000.000.000 de pessoas vive atualmente na Ásia e todos eles necessitam
pegar no evangelho o mais rapidamente possível para evitarem a
catástrofe devido aos massivos poderes do mal que os ameaçam já pelo
lado de dentro. Ainda é possível reverter toda a situação na Ásia e
torná-la num dos últimos centros do evangelho antes da segunda vinda de
Cristo. Estamos assistindo a uma ligeira mudança de turno do Ocidente
para o Oriente. O poder espiritual do mundo Ocidental está em declínio
muito acentuado. Muitas organizações missionárias perderam a sua
vitalidade espiritual e nem sabem o que é o primeiro amor porque nunca o
tiveram. Muitas outras perderam aquilo que tiveram. Contudo, a parte
mais triste é que todas elas parecem não se terem apercebido desse fato.
Muitos outros missionários Ocidentais já se tornaram em “pavios
fumegantes” e encontram-se à beira da extinção. Um dos líderes Asiáticos
mais conhecidos disse: “nos séculos anteriores, o Ocidente enviou muitos
missionários poderosos como Obreiros para a Ásia. Contudo, essa era
parece pertencer ao passado. Infelizmente, é essa a verdade. Por cada
missionário sólido e conforme as Escrituras que recebemos aqui, aparecem
muitos mais sem qualquer verdade dentro deles e sem haverem sido
enviados por Deus”. Este é um dos frutos e dos resultados do tipo de
teologia moderna que se ensina nas escolas Teológicas Ocidentais. Que
pode haver de bom nisto? Que pode sair de bom disto? Enquanto estou
escrevendo estas linhas, o presidente de uma escola Teológica aqui,
disse-me: “Sempre que enviamos os nossos estudantes cheios de entusiasmo
para as escolas Teológicas Ocidentais para que recebam treino e formação
superior, eles voltam vazios de poder, sem autoridade e, tudo aquilo que
possuíam antes de haverem saído de cá, não volta com eles. A Teologia
Ocidental simplesmente destrói o espírito humano, a fé Cristã e, em vez
de edificar, rouba tudo que um coração puro tem”. Como resultado, os
Asiáticos viram-se na necessidade e na obrigatoriedade de formarem os
seus próprios jovens em todos os aspectos. Foram obrigados a
distanciarem-se dos módulos e padrões Ocidentais e a criarem os seus
próprios centros de formação, nos quais proíbem a entrada de qualquer
Teologia Ocidental.
O tempo da Ásia está chegando rapidamente. Nenhum outro
continente bebeu tanto sangue martirizado como a Ásia. O solo da Ásia
está saturado de sangue dos santos. Em todos os países comunistas, os
clamores das orações dos seus santos mortos pela causa de Deus, chegam
aos céus. Será Deus incapaz de escutar essas orações? Claro que não! O
avivamento na Indonésia prova que Deus está atento a elas. Este novo
centro mundial para o Evangelho já enviou missionários para o Japão,
Tailândia, Paquistão, Alemanha e muitos outros paises estrangeiros.
Contudo, nada disto se está passando sem que haja uma feroz oposição!
Mas, isso faz parte dos ingredientes do crescimento e amadurecimento
dentro dos locais, onde Deus reina firmemente.
I. MONSTROS AMEAÇADORES DAS TREVAS
No Sudoeste da Ásia encontramos enormes fortalezas das
trevas que se erguem ferozmente contra a mensagem do evangelho. A maior
fortaleza e ameaça é, contudo, o Comunismo. Temos de assumir isso como
fato, mesmo quando as hipocrisias Russas e Chinesas tentam mostrar-se e
assumirem-se neutras e inativas. A atual explosão no crescimento da
população na Ásia também é uma ameaça séria por causa da fome e pela
falta de comida. Essa situação serve a todos os interesses comunistas.
Os espíritos imundos do Inferno encarnam neste sistema corrupto e
demoníaco (o Comunismo). Podemos provar e atestar isto através de
inúmeros exemplos credíveis vindos de fontes dignas de toda a confiança.
Por exemplo, numa das prisões comunistas, os guardas prisionais fizeram
uma cerimônia blasfema: um pastor evangélico preso pela sua fé foi
obrigado a presidir a um culto de ceia muito especial para o diabo. Ele
era obrigado a distribuir urina e excrementos humanos para todos aqueles
que participavam nessa ceia de blasfêmia horrenda. Isto é tanto uma
blasfêmia como uma oportunidade de tortura para estes guardas se
divertirem. Que melhor divertimento para Satanás poderia haver? E
sabemos que este não foi um caso isolado, pois houve muitos mais.
Podemos ler muitos destes exemplos nos livros do irmão mártir Richard
Wurmbrand, um homem que testemunhou pessoalmente muitas destas
atrocidades durantes os 14 anos de tortura que passou nas prisões
romenas. Não temos qualquer dúvida sobre a veracidade destes relatos,
pois existem muitas provas irrefutáveis. Também não duvidamos que todas
estas torturas sejam inspiradas por Satanás.
A segunda fortaleza das trevas que resiste e intimida a
Obra missionária na Ásia, é um conjunto de religiões que se instalaram
neste continente. Falamos, muito particularmente, do Islamismo. O
Islamismo experimentou um crescimento fenomenal, porque usa metodologia
muito agressiva e repressiva tal como fez a Igreja Católica no tempo da
Inquisição. Houve áreas (no passado) onde os Islâmicos eram um pouco
tolerantes em relação ao Cristianismo e outras religiões. Hoje,
contudo, mesmo que muitos muçulmanos estejam perdendo o seu interesse no
Islamismo, cresce a hostilidade contra qualquer outro credo ou religião
entre os seguidores de Maomé. Já havia dito isto em capítulos anteriores
e, por isso, irei apenas mencionar esse fato para tornar a realçá-lo.
Vamos, no entanto, usar alguns exemplos sobre o Islamismo e dos quais
temos provas.
No dia 1 de Outubro de 1967, 29 igrejas e edifícios
evangélicos foram destruídos na ilha de Celebes por uma grande multidão
de muçulmanos enraivecidos – tudo numa só noite. Mesmo que o órgão duma
igreja tenha sido queimado à frente da casa do chefe da polícia, ele nem
se importou com o que estava acontecendo. O chefe da policia vivia no
mesmo bairro onde algumas das igrejas foram queimadas.
No norte de Sumatra, muitas perseguições contra crentes
aconteceram em 1968. Na ilha de Banjak, cerca de 300 Cristãos foram
ameaçados de morte se não abandonassem a ilha ou, em alternativa, se não
aceitassem a religião muçulmana. Mesmo que 25 dos crentes tenham ido
para a religião muçulmana, os restantes foram para a ilha de Nais,
deixando para trás tudo o que possuíam.
Nesse mesmo ano, os muçulmanos destruíram uma igreja
evangélica na vila de Asahan. Os Bataks, uma tribo Cristã que é maior em
número que os muçulmanos da ilha, ficaram tão furiosos que destruíram,
também, duas mesquitas na ilha, movidos por vingança. Até podemos
entender qual a razão, mas, não está certa esta reação. Seguidor de
Jesus nunca retalia. Na verdade, qualquer tipo de retaliação apenas
fornece mais lenha aos muçulmanos para o fogo da sua violência, pois,
eles também sobrevivem através da propaganda anticristã a que possam
deitar a mão. Foi o que aconteceu aos Bataks, foi uma reação desastrosa,
pois aquilo apenas manifestou como eles ainda andam vivendo longe de
Cristo – ou longe dos Seus padrões de vida.
Nos meses de Setembro e Outubro de 1968 no Sul de
Sumatra, quatro cristãos foram assassinados por muçulmanos em Marta
Pura. Eles haviam-se convertido a Cristo há bem pouco tempo, deixando de
ser muçulmanos, mas acabaram pagando com suas vidas a sua conversão.
Contudo, o seu sacrifício nem foi em vão. Logo após a execução destes
filhos de Jesus, 60 outros muçulmanos converteram-se a Cristo. O último
ato de perseguição em 1968 foi um ataque a uma igreja em Kedini no Leste
de Java. O edifício foi simplesmente nivelado com o chão através das
chamas.
No ano seguinte (1969), uma vaga de novos ataques
muçulmanos começou a destruir as igrejas na área. No dia 17 de Janeiro,
a Igreja Reformada em Djatibarung (Leste de Java) foi completamente
destruída. O golpe seguinte foi em Slipi, um subúrbio de Jacarta, no dia
28 de Abril. No espaço de duas horas de ataques, uma igreja nova e
acabada de ser construída, foi destruída por cerca de 500 muçulmanos
ferozes. Como em outras ocasiões, um general do exército vivia a 100
metros da igreja e comunicou que nem se apercebeu dos desacatos que
houve. Eu visitei pessoalmente a igreja destruída. O edifício tinha sido
terminado dois meses antes de haver sido destruído. Sem qualquer ajuda
exterior, os cristãos conseguiram juntar cerca de 4.500 dólares para
construírem a sua igreja e, para os pobres indonésios cristãos, foi um
enorme sacrifício. Mas, ainda por cima, após o ataque, as autoridades
proibiram uma nova construção.
O ministro que inaugurou esta igreja em Slipi, também é
pastor de outras congregações. As outras igrejas que pastoreava também
foram ferozmente atacadas por muçulmanos. Não lhe é permitido pregar em
certos locais de culto porque os muçulmanos dos bairros ameaçaram usar a
força para impedir qualquer culto. Noutras igrejas, os muçulmanos
erigiram as suas próprias mesquitas ao lado do local onde as igrejas
haviam sido destruídas. E ai dos crentes que se atrevessem a
reconstruir!
O dono da casa onde estou sendo recebido agora é o
ministro da maior igreja da cidade. A sua igreja tem sempre luzes muito
fortes ligadas toda a noite e holofotes ao redor do edifício, pois, ele
confidenciou-me: “Nós não sabemos onde ou quando o próximo ataque vai
ser!”
O 3º monstro das trevas na Ásia é o ocultismo, juntamente
com as práticas de feitiçaria. As religiões do Oriente, juntamente com o
animismo, estão tão envolvidas com práticas satânicas, espiritismo e
forças demoníacas, que muitas vezes penetram nas próprias igrejas e
convivem com os cristãos dentro da igreja. Muitos crentes nominais,
mesmo prestando homenagem àquilo que a Bíblia diz, ainda mantêm os seus
amuletos e utensílios de feitiçaria, peças de feitiçaria, de cura e de
proteção e outras coisas mais às quais recorrem quando se sentem em
perigo ou em necessidade.
O avivamento em Timor começou assim que os habitantes das
ilhas começaram a queimar os seus amuletos de feitiçaria, tirando-os
para fora de suas casas. Vamos ver de forma resumida como aconteceu com
um caso especifico de um crente nominal. Marco, um jovem de 26 anos de
idade, foi uma testemunha ocular de grandes acontecimentos dentro do
avivamento, mas, nem mesmo assim parecia ter sido afetado por eles.
Ficou intocável mesmo vendo tudo aquilo que viu. Ele havia sido um
feiticeiro ativo durante muitos anos e muitas pessoas recorriam aos seus
serviços sempre que tinham problemas. Mas, na primavera de 1969, teve
uma manifestação direta do Senhor Jesus. Uma tarde, por volta das 18:00
horas, Marco viu uma figura muito resplandecente aproximando-se dele.
Ele caiu de rosto no chão em grande temor e perdeu a consciência. Ficou
como morto durante mais de 14 horas. As formigas já entravam e saiam de
sua boca e ouvidos e os seus familiares, quando o encontraram, começaram
por achar que estava morto. Na manhã seguinte, por volta das 8:00 horas,
recuperou a consciência. Passou a relatar a terrível experiência pela
qual passou. Havia sido levado até à porta do inferno. Um cavalo,
coberto de sangue, montado por algumas pessoas, passou diante dele.
Então, ouviu uma voz: “Este cavalo leva todas as pessoas que ainda não
abandonaram seus amuletos e feitiçarias”. Também relatou outras visões
que igualmente o haviam aterrorizado. Assim que terminou o seu relato
aos curiosos, foi buscar tudo o que tinha de feitiçaria e magia e
queimou. Depois de ter feito isso, o Senhor chamou-o para um ministério
pessoal. Eu tive a oportunidade de conhecer este irmão pessoalmente
quando passei na vila onde vivia.
Existe mais um baluarte agressivo das trevas na Ásia, ao
qual já fiz referência anteriormente. E o que seria? O intelectualismo
Ocidental dentro das escolas de Teologia juntamente com as suas críticas
contra a Bíblia e a favor do erro interpretativo. Alguns estudantes
contaram-me como se viram na necessidade de abandonarem os estudos duma
escola de Teologia na cidade de D. porque, diziam, estavam sendo mortos,
perdendo toda a sua fé através daquilo que estudavam. Em K. também
existe o mesmo problema. Os professores alemães e holandeses dessa
escola ensinam uma teologia moderna que é mortífera. O mais difícil de
acreditar é que essa escola encontra-se mesmo numa ilha onde Deus se
manifestou de forma poderosíssima. Ali mesmo, no meio dum avivamento,
Satanás colocou uma escola de teologia moderna para atrair alguém para
matar. Devido a esse fato, os cristãos locais, juntamente com os
estudantes, foram forçados a reunirem-se em conferência para decidirem o
que fazer em relação a esta nova ameaça contra a Obra do Senhor Jesus.
Outra dificuldade enorme que se tornou uma ameaça direta
contra a obra do Senhor, foram as práticas da Igreja Católica local e
suas “campanhas missionárias”, (conforme lhes chamam). Nesta era que é
conhecida como a era Ecumênica, umas coisas realmente incríveis estão
acontecendo. Enquanto estou escrevendo este curto relatório, o
superintendente da Igreja Reformada relatou-nos alguns dos terríveis
acontecimentos pelos quais os Católicos são responsáveis. Deram-nos
exemplos claros da intolerância dessa denominação para com a obra de
Deus, principalmente aquelas vindas dos missionários católicos que
operam na área. No norte da ilha, os católicos colocaram em prática o
seguinte esquema satânico: deram novos nomes a cerca de 60.000
animistas, batizaram-nos forçadamente e registraram-nos como membros da
Igreja. Realçamos o fato de que, nenhum destes animistas se converteu
até ao dia de hoje. Quero realçar também que estes são dados e
relatórios documentados e fornecidos pelas autoridades eclesiásticas
locais. Isto não pode, de maneira nenhuma, ser visto como propaganda
anti-católica maliciosa. Iremos ouvir mais relatos de casos devidamente
comprovados mais à frente.
Pudemos verificar que a Ásia sangra através múltiplos
ferimentos mortais. Contudo, esta chama que o Senhor Jesus acendeu na
Indonésia irá continuar a queimar e esperemos que permaneça até à Sua
vinda. No passado, alguns dos Seus mensageiros abençoados chegavam aqui
ao Oriente, vindos da América e da Europa. Hoje, vemos esta situação
sendo invertida: vemos missionários saírem da Ásia para converterem a
Cristo o mundo “Cristão” preso às suas teologias sob o poder do
racionalismo.
II. O NASCER DUM LIVRO
Vamos mudar o assunto por uns breves momentos e deixem-me
relatar algo mais leve. Grande parte deste livro foi escrito perto do
equador sob um sol abrasador. Uma camisa e um calção já são roupas a
mais, suficientes para nos sentirmos muito desconfortáveis. Muitos
insetos e pernilongos atormentam-nos incessantemente. Coloquei um copo
de água morna para beber aqui do meu lado, em cima duma mesa primitiva.
Desde que saí da Alemanha, nem uma única bebida fresca consegui arranjar
ainda. As únicas coisas que se acham por aqui são água morna e água
quente. Umas crianças irrequietas estão sentadas em frente da mesa
olhando fascinadas para a minha máquina de escrever portátil. Nunca
viram tal coisa antes! O barulho das suas risadas e brincadeiras
mistura-se com o som dos mais velhos conversando animadamente mais
distante. Um pouco mais adiante estão umas 25 pessoas cantando hinos a
Deus, batendo palmas e elevando suas vozes docilmente. Diante de mim
está um candeeiro a petróleo que teima em apagar-se com a brisa. Uso um
creme que repele os insetos, para ver se não me mordem. Coloquei uns
tampões em meus ouvidos para me poder concentrar no meu trabalho. Mas,
na verdade, estou extremamente exausto, pois tive de fazer vários cultos
e pregações. Posso-vos dizer que alguns de meus discursos e pregações
duraram mais de 12 horas sem parar. Estou com muita dificuldade para
concentrar-me neste momento. Parece-me uma tarefa quase impossível
ordenar os meus pensamentos e colocá-los em ordem no papel da máquina
diante de mim.
III. A BÍBLIA E A CORTINA DE FERRO
A besta Comunista que surgiu das profundezas do inferno
vem ameaçando a Ásia já por algum tempo e entra muito sutilmente neste
continente usando promessas falsas de liberdade. As suas garras aguçadas
insistem em “caçar” aqueles países que ainda não conseguiram desmembrar,
aqueles que agüentaram a pressão e ainda não cederam às suas pretensões
maliciosas. O Comunismo tem ambições e luxúrias territoriais e não olha
os meios para satisfazê-los, subjugando povos e nações que vivem em paz.
Mas, o seu alvo principal, é extinguir a chama do evangelho para sempre.
Disso nunca tenhamos dúvidas sequer.
Através da ajuda de Deus pude visitar praticamente todos
os Países do Oriente (Ásia). Onde quer que vá, vejo um conjunto
diferente de necessidades. Numa área existe falta de arroz; noutra, é a
falta de emprego; mas, em todos os Países (com exceção de Ceilão) vemos
que existe uma enorme falta de Bíblias, da Palavra escrita de Deus.
A fome pela Palavra de Deus ficou particularmente marcada
em meu coração num País específico da Ásia. Não posso dizer quais os
nomes para não colocar em perigo as vidas dos crentes que operam na
área. Os Países sob domínio Comunista não permitem que qualquer tipo de
literatura Bíblica entre em suas fronteiras. Contudo, para que o
Ocidente seja enganado e ludibriado, existem colégios “Bíblicos” que
mantêm as aparências continuando abertos e operativos. Servem apenas
para camuflarem as realidades através das aparências. Mas, mesmo nestas
“escolas Teológicas” existe uma escassez da Palavra escrita. No País em
que estou pensando duma forma particular, existe apenas uma Bíblia para
cada seis estudantes e quando saem dos Colégios, ficam sem qualquer
possibilidade de obterem uma cópia da Palavra de Deus. Os que vivem com
Deus e partem para pregar o evangelho de Cristo, costumam fazer uso
apenas daquelas partes que conseguiram copiar manualmente das Bíblias
que existiam naqueles seminários. Perguntei se não seria possível
arranjarmos mais Bíblias para estas pessoas. Um missionário
respondeu-me: “É possível através da Sociedade Bíblica Inglesa. Essa
Sociedade Bíblica tem Bíblias nos seus idiomas. A triste notícia é que
estão guardadas em Londres, apanhando o pó da estagnação, pois é ilegal
levar Bíblias para esses países”. Perguntei se não havia maneira de
consegui-las “contrabandear” para dentro desses países e de arranjar uma
maneira de as colocarmos nas mãos daqueles que delas necessitam. “Claro
que sim! Acabamos de enviar cerca de 500 Bíblias”, disse. E continuou
contando-me como foi possível transportarem aquelas Bíblias para aqueles
países Comunistas. Por questões de segurança, irei omitir aqui o relato
que ouvi, pois não podemos colocar em risco uma Obra tão bonita. Podemos
apenas mencionar que este missionário aprendeu com os próprios soldados
Vietcongues como cruzar as fronteiras sem ser apanhados, levando aquelas
preciosas cargas. Ele cruzava fronteiras impossíveis de serem
penetradas. O ódio e o rancor do orgulho não podem ser os únicos motivos
pelos quais nos sentimos autorizados a cruzar fronteiras de forma
ilegal. O amor de Cristo deve ser uma maior razão para “transgredirmos”
a leis internacionais sobre fronteiras. Deus não tem leis alfandegárias
para as respeitarmos se trabalhamos para Deus num mundo que Ele criou.
Querendo saber ainda mais sobre tudo aquilo, continuei perguntando
quantas Bíblias necessitavam e quanto elas custariam. “Precisamos com
urgência de cerca de 500 Bíblias e cerca de 10.000 Novos Testamentos.
Temos maneiras de cruzar a Cortina de Ferro. Só nos faltam as Bíblias.
Quanto aos preços, as Bíblias custam atualmente 1,5 dólares cada. Os
Novos Testamentos são muito mais baratos”.
A idéia de transportar Bíblias para além da Cortina de
Ferro não me deixou mais descansar. Uns dias depois, fui conversar com o
mesmo missionário novamente. Comuniquei-lhe que havia conversado com os
meus colaboradores na Suíça e na Alemanha e eles iriam oferecer aquelas
Bíblias e Novos Testamentos. E foi assim que combinamos fazer: as
Bíblias deveriam ser pedidas de Londres e os Novos Testamentos seriam
impressos na Índia ou em Hong Kong para reduzirmos os custos e
aumentarmos a quantidade.
Oremos pelo sucesso desta e de outras campanhas. O nosso
desejo é que cada cristão consiga pelo menos uma Bíblia e que a mensagem
de Cristo possa chegar a todos os cantos do mundo. Isto inclui os
lugares onde está proibido pelos homens a entrada de Bíblias.
IV. UMA VÍTIMA DA BESTA RELIGIOSA
Lemos no livro de Apocalipse, capitulo 13, que iriam
aparecer a Besta e o Falso Profeta na terra um dia. Estes irão
aterrorizar o mundo nos fins dos tempos. Esta aliança satânica entre uma
força política e uma força religiosa vai conseguir fabricar um casamento
entre Estado e Igreja, entre a Besta do Comunismo e a Besta da religião.
Seria um erro associarmos a besta religiosa apenas àquilo
que a Igreja Católica representa, ou a Besta somente ao Comunismo. O
fanatismo religioso e malicioso existe em todas as denominações porque
não se anda com Deus dentro das suas paredes. Todas as religiões que
excluam a presença de Jesus de forma real e a operação do Espírito Santo
de forma prática, caem dentro da categoria dessa besta religiosa. Pelos
frutos que dão podemos facilmente distingui-los.
Uns anos atrás, eu visitei várias vezes alguns países sul
americanos, onde a religião católica tem uma enorme aceitação. Na
Colômbia, um país que pode ser chamado a “Espanha das Américas”, conheci
um missionário que me relatou a seguinte história. Um evangelista
protestante foi tirado da sua cama à força numa noite e raptado sob o
olhar assustado da sua própria esposa. Umas semanas depois, ela recebeu
em casa pacotes com carne seca. As cartas que acompanhavam os pacotes
diziam que aquela era a carne do homem que havia sido raptado. Diziam,
também, que aquilo era o que iria acontecer com todos aqueles que
recusassem abraçar a religião católica e que não abandonassem a fé
protestante. Diziam que não existe salvação fora da Igreja Católica e
que deveriam estar preparados para serem igualmente mortos se não se
tornassem Católicos. Não temos a certeza se era mesmo a carne do homem
que desapareceu. Mas, em qualquer caso, o pobre homem nunca mais
apareceu. Podemos garantir a veracidade desta história.
Logo após este episódio, a maioria dos ataques de
terrorismo religioso contra protestantes na Colômbia cessaram quase por
completo. Isso ficou a dever-se à publicidade repugnante que os casos
como este trouxeram à opinião pública. Muitos dos governos expressaram
publicamente o seu repúdio por estes atos que se tornaram públicos e
conhecidos mundialmente. Contudo, nem assim devemos pensar que esta
besta religiosa deixou de lado as suas pretensões de exterminar a
verdade e os verdadeiros sobre a terra. A serpente voltará a mostrar a
sua cabeça assim que conseguir a próxima oportunidade ou vítima.
No Sudoeste da Ásia, um novo golpe sanguinário ocorreu no
dia 28 de Março de 1969. Os fatos desta história estão comprovados e
foram devidamente investigados. Não existem dúvidas sobre a veracidade
destes acontecimentos.
Para evitarmos qualquer tipo de retaliações contra as
pessoas que estão sendo agredidas, iremos omitir os seus nomes neste
livro. Mas, seja-nos permitido dizer que estou escrevendo esta história
no país onde ela ocorreu. Na verdade, preguei mais do que uma vez na
cidade onde tudo aconteceu.
Após muita preparação e oração, um grupo de estudantes
preparou-se para irem pregar o evangelho numa área predominantemente
Católica, mesmo na fronteira de seu país. Muitos irão logo dizer: Claro!
Que mais queriam? Que esperavam? Não precisam enviar missionários
protestantes para onde já existem muitos missionários católicos. Em
resposta a isto, podemos assumir que seria muito tolo acreditarmos que
todas as pessoas perto de qualquer igreja, seja ela católica ou
protestante, sejam pessoas convertidas. Os verdadeiros discípulos de
Cristo são uma pequena minoria. Que fique aqui o aviso: “A porta é
estreita e o caminho que leva à vida é muito apertado”. Poucos existem
que o tenham achado verdadeiramente. Nenhum cristão nominal terá acesso
a esse caminho. Todos os crentes nominais precisam ser evangelizados na
esperança de que alguns se convertam.
E foi assim que estes jovens soldados de Cristo saíram
pregando de uma vila Católica para a outra. Iam de casa em casa,
convidando as pessoas para assistirem aos cultos e o Senhor abençoava
poderosamente o seu trabalho. Em cada vila muitas pessoas achavam o
Senhor Jesus pela primeira vez. Mas, os lideres eclesiásticos (e não
só), movidos por uma ira cheia de inveja e de ódio religioso, nascido no
próprio inferno, fizeram coisas muito feias.
Quando terminaram certa campanha evangelística
que havia durado algumas semanas, o grupo decidiu voltar para casa. Um
deles, contudo, (chamemos-lhe Estevão), disse aos seus irmãos: Ontem à
noite o Senhor falou-me para eu continuar aqui pregando. Preciso
permanecer na área para evangelizar. Os outros membros do grupo
respeitaram a decisão que tomou e continuaram orando por ele depois de
haverem partido dali. Pelos frutos que a sua obra obteve, podemos
confirmar que ele havia ouvido bem a voz do Senhor. O Senhor usou-o
poderosamente.
As leis locais exigiam que Estevão informasse os
responsáveis da prefeitura da vila e ao prefeito a sua presença na área
antes de poder começar a trabalhar. Numa das vilas, os lideres locais
convocaram uma reunião para discutirem o assunto. Após uma discussão num
dialeto que Estevão não entendia, convocaram seis homens que, disseram,
iriam acompanhá-lo até à próxima vila. Já fora da vila, a cerca de uns 5
km, Estevão sentiu no ar uma força demoníaca muito estranha. Parou
imediatamente e, caindo de joelhos, levantou as suas mãos para o céu ao
mesmo tempo que se ajoelhava. Foi no preciso instante em que o
facão dos homens que o acompanhavam desferia o
golpe que o iria matar. Mas, como se havia ajoelhado naquele
instante, o facão atingiu apenas os seus dedos, cortando-os fora. Um
segundo golpe cortou fora a mão dele que ainda se encontrava erguida
para os céus em oração. Ele caiu momentaneamente no chão por causa da
dor que sentiu, mas ergueu-se de seguida e tornou a elevar os seus
braços para Deus e um braço sem mão estava apontando para o céu,
sangrando muito. Foi quando um terceiro golpe foi desferido na sua nuca
matando-o de imediato. O seu corpo foi puxado para fora do caminho e
encoberto com terra.
Mas, o
assassinato não ficou encoberto. Mesmo antes de o dia terminar, toda a
vila sabia do que se havia passado. O prefeito sentiu-se obrigado a
reunir o povo da vila e a “explicar” que haviam sido os comunistas que
assassinaram Estevão. E, no final do seu discurso, disse: “Se esta
notícia sair daqui da nossa vila, a pessoa responsável será morta!
Ninguém de fora poderá ficar sabendo do que aconteceu”.
Mas,
apesar das ameaças e dos avisos, não demorou muito tempo até que uma
denúncia escrita do que havia acontecido tivesse chegado a polícia duma
cidade vizinha. Na carta estava o local exato onde o corpo se encontrava
e também os nomes dos responsáveis pelo assassinato. A carta era
anônima. Teria sido muito arriscado colocar um nome naquela denúncia.
Usando a
informação da carta, o chefe da polícia achou o corpo com alguma
facilidade. Como o crime havia sido planejado e executado pelos
católicos, o chefe da polícia que era protestante, ordenou seis
policiais protestantes para executarem as detenções dos culpados, não
correndo o risco de não serem detidos. No dia seguinte, as forças
policiais cercaram a casa do prefeito. Ele foi obrigado a entregar
todos quantos eram diretamente responsáveis pelo assassinato. E
foi assim que todos os culpados foram presos. O prefeito da cidade
também ficou detido. Neste momento em que estou escrevendo este
relatório, estão aguardando o julgamento na prisão. Nas suas confissões,
os assassinos deram todos os detalhes do crime. Também confessaram que
haviam sido impulsionados por razões religiosas e pelos líderes da vila.
O fato
mais marcante, no entanto, nem foram as confissões
dos criminosos, mas antes a própria morte de Estevão. Conforme ele
estava sendo cortado pelos facões dos criminosos, nem se ouviu um único
grito ou lamentação da boca de Estevão. Partiu deste mundo sem um
murmúrio, sem uma lamentação. Não havia qualquer pensamento de rancor ou
de vingança em sua mente. Estava feliz porque ia ver seu Senhor,
contente pelo fato de ter sido achado digno de sofrer por amor a Cristo.
E foi assim que mais um mártir se uniu ao coro celestial,
partindo do Sul da Ásia. Mas, a semente que deixou está frutificando
muito, tal como aconteceu com as sementes de outro Estevão que foi
apedrejado fora dos muros de Israel na era dos apóstolos. Ele clamou:
“Senhor, não os tenhas como culpados deste pecado”. E rendeu o seu
espírito.
Quando o corpo de
Estevão foi recuperado, os seus pés estavam de fora da terra devido à
pressa de o enterrarem. Mas, o milagre foi que o seu corpo nem se havia
decomposto muito para o clima tropical dali. A notícia espalhou-se
por todas as vilas Católicas onde Estevão era ou tornou-se conhecido e
as pessoas saiam às ruas clamando que haviam assassinado um
santo.
V. NO AVIVAMENTO DA INDONÉSIA PELA SEGUNDA VEZ
Comida sobrenatural
Visitei em 1968, pela primeira vez, aquela área onde Deus
acendeu o Seu fogo. Desde esse tempo meu coração ganhou um enorme desejo
e empenho por toda aquela obra que Deus está fazendo na Indonésia.
Na primavera de 1969, tive a grande alegria de estar com
o irmão Pak Elias e com David Semeon quando eles visitaram a Alemanha
onde discursaram nas conferências que organizei em Stuttgart e Bretten.
Mesmo que em todas essas ocasiões não houvesse espaço para toda a gente
que veio ouvir as mensagens e isso tivesse sido motivo de grande alegria
para mim, a maior alegria foi Pak Elias ter-se oferecido para me
acompanhar pessoalmente para o centro do avivamento no fim desse mesmo
ano. Quase não consigo arranjar palavras para descreverem aquilo que vi
e, depois da minha conversão em 1930, vejo esta segunda visita à
Indonésia como o acontecimento mais marcante de toda a minha vida
espiritual até hoje.
Como aperitivo para a nossa viagem, participei de uma
conferência no leste de Java. Diariamente as pessoas eram colocadas
diante de Jesus Cristo em pessoa. O clímax foi (no
encerramento da conferência) que durou 9 horas!
Na Europa, um culto que durasse 3 horas seria muito longo
para mim. Mas, a coisa mais estranha foi que, depois das 9 horas de
culto, não me sentia cansado e não tinha qualquer sinal de exaustão. Na
verdade, parecia que estava melhor que quando começou o culto. Sentia-me
fortificado, revitalizado por dentro, como se tivesse ingerido um maná
secreto. David Semeon e seu irmão estiveram conversando comigo depois do
culto e comentei com eles aquilo que se estava passando comigo.
Responderam-me assim: “É a atmosfera espiritual que existe aqui. Existe
uma diferença muito grande entre este ambiente e um outro ambiente onde
as nossas forças são sugadas de suas forças e desgastadas. Neste
ambiente, as forças não são consumidas – são revitalizadas. É o oposto
de nos cansarmos, funciona em sentido inverso. No Ocidente, muitas
conferências missionárias, ao invés de nos revitalizarem, fazem-nos
sentir exaustos depois de haverem terminado”.
Dentro duma área e avivamento real, os crentes que vêm às
palestras das conferências, as quais podem durar até 12 horas num só
dia, recebem um maná secreto, uma comida que ninguém mais conhece senão
o próprio. É verdade que sabemos e até aceitamos que estas coisas vêm
descritas na Bíblia,
que aconteceram no passado e tudo mais. Mas, aceitamos com alguma
dificuldade que ainda hoje acontecem. Em Timor, elas acontecem
diariamente.
Comida Natural
Um dos privilégios que tive, foi conhecer Felipe, um
nativo desta ilha. Uma atmosfera espiritual parecia irradiar deste
homem, tudo à volta deste humilde servo de Cristo parecia contagiante e
atraía. Não consegui que fosse ele a contar-me a história da vida dele,
pois, é muito comum aqui ninguém falar das experiências próprias. Todos
brilham estranhamente falando somente de Jesus. Jesus é o seu tema
favorito e vê-se um estranho brilho nos olhos das pessoas falando de
Jesus. Não falam de si próprios. Mas, os amigos de Felipe tinham muito
que falar sobre este servo de Cristo. Eram coisas grandiosas e
tremendas. Ele é o líder do grupo 36. Numa ocasião, chegaram a certa
ilha, ele e mais os 10 membros do seu grupo. Queriam fazer uma campanha
missionária. Encontraram-se com o pastor da Igreja Reformada local e ele
disse-lhes: “Não vale a pena virem para cá. A vila é muito pobre e não
existe comida aqui e ninguém de nós poderá cuidar das necessidades do
vosso grupo”.
O grupo foi empurrado para a oração. Perguntaram ao
Senhor: “Senhor, é aqui que ficaremos, ou vamos para outro lugar?” Jesus
respondeu imediatamente: “Eu mesmo vos trouxe até aqui e Eu mesmo
providenciarei as vossas necessidades enquanto estiverem cá”.
Na manhã seguinte muito cedo, começaram o primeiro culto
que durou até cerca das 15:00 horas. Por essa hora já os jovens
missionários estavam esfomeados, pois não comiam nada desde o dia
anterior. Viraram-se para o Senhor e oraram, pedindo-Lhe que cuidasse
deles. E Deus respondeu-lhes: “Ide chamar o pastor da igreja que vos
falou e os lideres da igreja também”. Obedeceram. Ao todo, eram 39
pessoas e mais os membros do grupo. Reuniram-se todos em oração. De
repente, todos ali presentes viram numa visão uma mesa sendo colocada
diante deles com uma tolha de mesa branquíssima e cheia de manjares de
todo o tipo. Havia muita comida. Todos viam aquela mesa. Seguidamente
deu-se o milagre. Apareceram umas mãos distribuindo a comida às 50
pessoas ali presentes. Descobriram que, assim que colocavam a comida em
suas bocas, tornava-se algo que podiam mastigar de verdade. A comida
tornou-se real. Naquela noite a experiência repetiu-se e, durante os
três dias que o grupo permaneceu na ilha, aquele milagre aconteceu oito
vezes. O pastor da igreja, os presbíteros e os outros líderes,
juntamente com mais alguns cristãos, foram testemunhas oculares destes
milagres.
Temos na bíblia escrito da maneira como o pão foi
repartido entre os 5.000. Mas, aqui em Timor, temos um milagre da comida
a 50. No entanto, houve outras maneiras que Deus usou para alimentar os
seus servos.
Não esperamos que os racionalistas e os modernistas
descrentes creiam nas coisas que passaremos a descrever. Contudo,
queremos afirmar que as suas opiniões pouco importam. As suas atitudes
até rejeitam aquelas coisas que vêm na Bíblia e nem podemos esperar que
as realidades de Deus possam ser credíveis para eles. O único conselho
que podemos dar a tais pessoas é: “Vem e vê”, João 1:46. Venham ver por
vocês mesmos. A razão para a minha visita à ilha de Timor, era eu poder
entrar e participar na presença de Jesus de forma real e, querendo Deus,
esta não será aminha última visita ao local. É um fato e uma realidade
que podemos sentir a presença do próprio Senhor Jesus desde que
estejamos totalmente entregues e rendidos a Ele em todos os aspectos da
nossa vida. Timor é atualmente como o Monte da Transfiguração.
O Vinho de Deus
Vamos agora passar a descrever um outro milagre que irá
criar estupefação e, possivelmente, incredulidade em muitos crentes. Até
este momento, o milagre da transformação de água em vinho que ocorreu em
Canaã já aconteceu aqui em Timor oito vezes em diferentes ocasiões.
Vamos começar pela descrição que nos deu o líder do
Sínodo da Igreja Reformada em Timor. O Pastor Joseph, que é membro e
pastor da Igreja Reformada, recebeu a sua formação teológica no
Ocidente. Durante a conferência em Julho de 1969, ele deu um relatório
detalhado diante dum grupo de 120 missionários e estudantes vindos de
todos os continentes, de todas as coisas que aconteceram em toda a
Igreja. Foi no dia 12 de Julho. Eu estava presente na conferência e
recebi mais tarde o relatório por escrito e traduzido em inglês.
Relatórios destes são necessários porque os acontecimentos que vamos
passar a descrever são deveras muito maravilhosos. Eu já preguei
pessoalmente e por várias vezes na Igreja de Soe onde este milagre
ocorreu e pude certificar-me pessoalmente dos fatos após exaustiva
investigação. Os relatos aqui são comprovados e são reais. Vamos ler o
que o superintendente tem a dizer pessoalmente.
Não existem videiras na ilha de Timor. O vinho que sai da
uva simplesmente não existe por lá. Também é impossível importar vinho
devido à extrema pobreza da população da área. Existe, porém, um tipo de
vinho local que é extraído das palmeiras e, os habitantes locais,
alcoolizavam-se com esse vinho – eram viciados nele. Tem um grau muito
elevado de álcool. Antes de o avivamento ter começado, havia muito
alcoolismo na ilha. Mas, assim que o Espírito de Deus tomou posse dos
corações das pessoas, abandonaram o seu vicio e não mais suportavam
aquele vinho. Deixaram para sempre os utensílios que carregavam com eles
para transportarem a bebida. E houve muitas destilarias que foram
destruídas porque os seus donos se converteram. Contudo, isto criou um
enorme problema. A Igreja reformada usou sempre o vinho de palma para a
Santa Ceia. Mas, devido ao fato das igrejas federem imensamente a álcool
nos dias das ceias, os que abdicavam do vício eram fortemente tentados a
pecaram durante e após as ceias. O pior de tudo era que os alcoólatras
não se sentiam pressionados a abandonar o seu vício, porque mantinham a
desculpa que os crentes também usavam o vinho de palma. Diziam: “Se nas
igrejas se bebe vinho de palma, não deve haver nada de errado beber cá
fora também”.
Os crentes oravam incessantemente por uma solução para
aquele problema e a resposta não tardou em chegar. No dia 9 de Setembro
de 1967, uma senhora Cristã ouviu a voz de Deus dizendo: “Transformarei
água em vinho para a ceia de Outubro”. Aquela voz profética repetiu-se a
13 e a 17 de Setembro. A senhora pertencia aos grupos que saiam para
evangelizar e transmitiu a mensagem aos líderes locais. E foi assim que,
conforme o dia da ceia se ia aproximando, uns cântaros foram cheios de
água e os crentes oraram para que o milagre acontecesse. E o milagre
aconteceu. A Igreja de Soe experimentou aquele que veio a ser o primeiro
milagre da água transformada em vinho, no dia 5 de Outubro de 1967. O
superintendente Joseph estava presente naquele culto e participou do
milagre.
Em Dezembro de 1967 o milagre repetiu-se em outra ocasião
de ceia. O Senhor Jesus tornou a anunciar o milagre com antecedência,
anunciando-o umas semanas antes de haver acontecido. Em cada uma das
ocasiões, um grupo diferente de pessoas era escolhido por Jesus, uma a
uma, para participarem da oração que Deus iria ouvir.
Superintendente Joseph, em seu relatório, diz que o
milagre havia acontecido em cada culto de ceia desde Outubro de 1967.
Conforme já referi, até aquela data, já havia acontecido por oito vezes.
No dia 7 de Dezembro de 1968, Pak Elias e a sua esposa
também participavam dum culto de ceia onde o milagre aconteceu.
Relatou-me que, na altura, sentia-se tão miserável por dentro que sentiu
que deveria confessar todos os seus pecados um a um novamente. Mesmo
sabendo que Deus já o havia perdoado há muito tempo, não resistiu em
tornar fazê-lo, tal foi o sentimento que se apoderou dele, sentindo-se
indigno e vil!
A seguir a um desses cultos de ceia, foram armazenados
dois garrafões do vinho que sobrou. Conforme se aproximou o dia da ceia
seguinte, os grupos 4 e 11 foram os escolhidos por Deus para fazerem o
milagre acontecer. Ao todo eram necessários sete garrafões. No entanto,
dois dos garrafões tinham ainda vinho antigo. O Pastor Joseph estava de
acordo que fossem esvaziados para tornarem a ser usados e foi dada essa
tarefa a um dos crentes. O irmão que derramou o vinho, ao chegar a casa
encontrou a sua esposa sofrendo uma terrível hemorragia. Havia vomitado
a mesma quantidade de sangue que o vinho derramado. Ajoelhando-se ao
lado dela, implorou ao Senhor que a curasse. Foi contar ao
superintendente Joseph o que havia acontecido. Convocando todos os
líderes e presbíteros da congregação após contar-lhes o que aconteceu,
dirigiram-se para a casa do irmão para intercederem por ela. Ela
recuperou seu estado de saúde.
Depois de haver passado por aquela experiência, o irmão
resolveu inquirir do Senhor, questionando-O sobre o que deveriam fazer
com o vinho que sobrava. “Se não queres que esvaziemos os garrafões, que
faremos então?” Foi-lhes dada a instrução de usarem aquele vinho para a
cura de certo tipo de doenças, particularmente a anemia. Os crentes
foram obedientes.
Como resultado, este vinho foi distribuído a pessoas com
certo tipo de doenças. Descobriram, porém, que o vinho azedava se
ficasse descoberto por um tempo. Permanecia intacto durante uma semana e
ia azedando e, pela 4ª semana estava completamente azedo. Isto faz-nos
recordar o maná no deserto que apodrecia quando era guardado mais tempo
do que aquele que Deus permitia.
Muitos dos missionários que ouviram o Superintendente
relatar estas ocorrências começaram ap perguntar logo de imediato: Era
mesmo vinho, ou era suco de uva? Continha algum grau de álcool? A
resposta foi bastante esclarecedora. Não era nem suco e também não tinha
álcool! Isto serve como resposta para todos aqueles que gostam de
discutir sobre certas doutrinas e impor certos pontos de vista sobre os
outros. Era vinho autentico, mas não tinha álcool. Tanto os que
defendiam que não podia ser usado álcool nas ceias, como aqueles que
diziam que não podia ser usado suco, estavam certos. Quantas de nossas
diferenças teológicas serão respondidas desse jeito? Porque discutimos
tanto sobre tantas coisas?
Levando em conta que muitos teólogos “formados” achem
escandalosas estas repetições do milagre de Canaã, esclareceremos que
não precisamos da opinião deles para crermos em Jesus. Muitos deles até
já rejeitam os milagres que vêm na Bíblia e será muito compreensível que
rejeitem e que também recusem acreditar que acontecem em Timor.
Atribuirão estes milagres ao fanatismo que se está espalhando pelo
mundo. Também entendos quais as razões que os levam a pensar desse modo.
Cinco anos atrás, se me contassem isto que estou aqui contando, também
teria recusado dar credibilidade ao que ouvia. Posso ter certa simpatia
e compreensão pelas suas atitudes de descrença. Contudo, não podemos
esquecer que estes problemas de incredulidade poderão facilmente ser
resolvidos. Podemos aproximar-nos de Jesus, ou podemos visitar a ilha de
Timor pessoalmente. Vá a Soe e veja por si. Todas as coisas que
estou descrevendo aqui estão todas documentadas nos arquivos de Igrejas
sãs e podem, se Deus assim quiser, vir a ser experimentados por qualquer
um que esteja presente no local quando acontecerem.
Mas, queremos desde já avisar que nenhuma Igreja de Soe
será um local de peregrinação ou de turismo. Ninguém lá conseguirá
aproximar-se da mesa da ceia se não tiver a sua vida totalmente em ordem
diante de Deus. E, também, o engano de todos aqueles que se possam
aproximar da mesa do Senhor empolgados pela sua curiosidade, podem ter
uma surpresa muito desagradável. Qualquer pessoa com um pecado por
confessar, com qualquer atitude de impenitência ou de orgulho escondido,
engano marcado na sua consciência, ou qualquer outro pecado que não haja
sido perdoado e que tenha pecados secretos, não poderá pensar que seus
pecados não serão expostos diante de todos. Deus colocará todos na luz e
toda a gente ficará sabendos quais são os pecados. Será como no dia do
Juízo.
VI. EU TAMBÉM FUI TESTEMUNHA!
Como sou indigno! Muitas vezes não dei a glória a Deus e
muitas vezes não obedeci, seguindo meu próprio caminho quando poderia
ter buscado e achado o de Deus. Como as faltas no meu ministério me
acusam! Mas, fui testemunha do milagre também. A misericórdia de Deus
vai para além daquilo que podemos entender ou aceitar. Também presenciei
a transformação de água em vinho.
Logo após aquela conferência no Leste de Java, um grupo
estrangeiro partiu acompanhando Pak Elias numa visita-campanha no centro
da área de avivamento. Para além do nosso líder, Pak Elias, havia três
professores do Japão e Paquistão e também um jovem missionário
americano. Éramos representantes de cinco países diferentes e seríamos o
primeiro grupo de estrangeiros visitando o avivamento e
familiarizando-se com ele. Foi uma experiência inesquecível. Pak Elias
abordou-me e disse-me: “O senhor é o primeiro visitante da Alemanha que
vai ver as coisas que estão acontecendo no nosso meio pela graça de
Deus”.
Posso apenas repetir: é deveras um privilégio enorme –
algo que eu nunca mereci. Partimos para a ilha de Soe no dia 16 de Julho
de 1969. A viagem foi muito cansativa. As condições das estradas nem
conseguiriam ser imaginadas em países como Inglaterra ou Alemanha. Mesmo
havendo chegado com algumas horas de atraso, toda a congregação esperou
pacientemente por nós e nem abandonaram as instalações da Igreja.
Deram-nos as boas vindas muito efusivamente.
Nos dias que se seguiram, estivemos em movimento
contínuo, de culto em culto, de pregação em pregação. Não dá para
acreditar, mas alguns cultos duravam até 12 horas seguidas! Isso só
demonstra como as pessoas têm fome da palavra de Deus. Mas, também têm
capacidades muito grandes para absorverem e digerirem tanta comida
espiritual duma só vez!
Durante o tempo que permanecemos na ilha, tivemos o
privilégio de sermos testemunhas da transformação da água em vinho
juntamente com toda a igreja de Soe. Estas foram a nona e a décima vez
que o milagre aconteceu. Será que algum de vós consegue imaginar o que é
estarmos literalmente na presença do Criador do mundo?
O superintendente Joseph disse-nos que eles haviam sido
avisados seis semanas antes, que um grupo de estrangeiros iria
participar da ceia na Igreja de Soe. Mas, o mais interessante é o fato
que seis semanas antes, o grupo ainda nem havia sido formado! O grupo
formou-se apenas dois dias depois da conferência no Leste de Java haver
começado e foi preciso muita oração para que ficássemos sabendo qual
seria a composição do grupo!
No dia 5 de Julho, um grupo de 12 pessoas composto tanto
de mulheres como de homens, foi instruído por Deus pessoalmente para
orarem para que o milagre se tornasse possível. Seis mulheres receberam
a tarefa de irem buscar a água numa fonte que Deus indicou. A água foi
colocada em vasilhas grandes na presença de outras 18 pessoas e cobertas
com pano. Na sexta-feira dia 18 de Julho às 12:00 horas, o Senhor Jesus
comunicou aos seus filhos que o milagre havia acontecido. Tiraram o pano
de cima das vasilhas que haviam sido cheias de água e viram que era
vinho e que era verdade que o milagre havia acontecido de fato. Quando
vi a quantidade de vinho que havia, aproximei-me de um dos líderes e
disse: “Este vinho não será suficiente para as de 700 ou 800 pessoas que
irão participar da ceia”. “É verdade. Mas, nós vamos simplesmente
aguardar até que o Senhor Jesus nos dê mais instruções e que nos diga o
que mais devemos fazer. Temos de esperar até isso acontecer. Não podemos
fazer mais nada”. Foi então no dia de Sábado que o Senhor deu mais
instruções: “Reúnam-se amanhã às 4:00 horas da manhã e vos direi em qual
fonte irão buscar mais água. Depois, fiquem orando até às 7:00 da
manhã”. Obedeceram. Na manhã seguinte às 7:00 horas da manhã, o vinho
que faltaria chegou e mais água foi transformada em vinho na presença de
18 testemunhas.
Sempre que estes milagres aconteceram, as pessoas eram
guiadas por Deus e nada acontecia sem que Deus os houvesse guiado. O
Senhor instruía sempre um grupo diferente ou uma pessoa diferente para
ir buscar água e também para orar para que a transformação se desse. É
desta maneira que aquele privilégio é repartido por muitas pessoas. Mais
ainda, o Senhor dava instruções claras de que cada culto de ceia fosse
celebrado em locais diferentes. Dessa maneira, os milagres repartiam-se
por muitos locais e muitas mais pessoas tornar-se-iam participantes de
cada experiência.
Contudo, surgem aqui uns quantos problemas através destes
milagres. Nem será difícil imaginarmos as objeções a que nos iremos
sujeitar quando os racionalistas que lêem a Bíblia ouvirem falar destas
coisas. Posso garantir a veracidade destes acontecimentos pessoalmente.
Não se tratou de nenhuma forma de hipnotismo em massa. Não seria
possível sequer serem milagres fraudulentos como muitos que “acontecem”
hoje em dia. As pessoas que foram testemunhas oculares destes milagres
foram pastores sóbrios, médicos e magistrados, o governador do distrito,
(o qual se converteu a Jesus recentemente. Iremos ouvir mais sobre ele à
frente).
Entendo, até certo ponto, as objeções que surgem nas
cabeças dos crentes que possam estar a ler estes fatos. Do ponto de
vista humano, sei que estes milagres são incompreensíveis e até mesmo os
habitantes locais duvidavam deles muitas vezes. Contudo, quando uma
senhora cristã expressou a sua incredulidade acerca destes milagres, na
ocasião seguinte que se deu o milagre, ela foi chamada a participar na
transformação da água para vinho. Foi-lhe dito para estar presente e que
deveria permanecer lá até que o milagre tivesse acontecido mesmo. E foi
assim que, com os próprios olhos, ela viu a água ser transformada em
vinho. Dobrou-se suavemente sobre os seus joelhos e implorou ao Senhor
que lhe perdoasse a sua incredulidade. Um outro irmão contou-me a
seguinte história. Quando aconteceu o primeiro milagre, ele expressou a
sua incredulidade da seguinte forma: “Se esse milagre acontecer mesmo,
eu dou a minha vaca a alguém!” Imaginem a surpresa quando o homem foi
designado e chamado para ir buscar a água à fonte pessoalmente. Ele
dirigiu-se a fonte que Jesus indicara e mal começou a derramar a água
para dentro da vasilha, sentiu o odor do vinho. Olhando para a água, viu
que a água já era vinho. Colocando a vasilha no chão, ajoelhou-se
rapidamente e implorou ao Senhor que lhe perdoasse.
A maneira como o Senhor determina as execuções dos
milagres é muito marcante e digna de ser estudada. A obediência
minuciosa de todos os que estão envolvidos é absolutamente
imprescindível e essencial. Certo dia, o Senhor instruiu seis cristãos
para irem buscar água e não lhes indicou qual a fonte onde deviam ir
buscá-la. Quando chegaram fora da vila, o Senhor mandou que parassem e
que levantassem uma pedra. Eles obedeceram. Por baixo da pedra havia uma
fonte de águas límpidas com a qual encheram as vasilhas. No dia
seguinte, no entanto, a fonte secara novamente e não corria mais água
por ela.
Numa outra ocasião, as 18 pessoas que estavam orando,
foram mandadas a entregar o vinho ao pastor Micah. Quando chegaram à sua
casa, a sua esposa atendeu na porta e eles, muito naturalmente,
entregaram o vinho transformado a ela para que entregasse ao esposo.
Mesmo que achemos que a sua desobediência não foi total, o vinho voltou
a ser água. Conseqüentemente, oraram e jejuaram outros três dias mais
até que a água tivesse sido transformada novamente.
Na nona vez que aconteceu o milagre, no qual eu estava
presente, o Senhor direcionou 12 pessoas para orarem e jejuarem duas
semanas antes da ceia. Durante aquele tempo de oração, o Senhor
instruiu-os para comerem metade duma banana por dia, uma colher de arroz
e um copo de água. Nesta dieta magra, Deus comunicou-lhes
que orassem todas as manhãs durantes algumas horas, antes de irem para
os seus empregos. Contudo, é de realçar que aquela dieta trouxe-lhes uma
enorme benção.
No Domingo, dia 20 de Julho, celebramos a tão desejada ceia do Senhor.
Havia cerca de 600 pessoas presentes. Nunca em minha vida participei
numa festa tão linda. Nem podemos entender a alegria que sentimos quando
nos sentamos numa mesa sabendo que foi Jesus quem forneceu o vinho
pessoalmente. Alguém pode conceber tal alegria? O sabor permaneceu em
minha boca por mais de dez minutos.
Qual foi
o significado deste milagre? Uma coisa não pode significar: não serve
apenas para causar a sensação dum milagre, ou sensacionalismo. Não serve
ao sensacionalismo, antes anula-o; e o temor de Deus ali era evidente e
contagiante.
Mas,
basicamente, serviu para ajudar os pobres filhos de Jesus que creram
n’Ele a celebrarem uma ceia que, de outro modo, não teriam celebrado.
Nunca um deles provou sequer a suco da uva, muito menos saberiam o que
era o vinho. Contudo, não podemos esquecer que a transformação dos
corações dos homens é um milagre muito mais importante. É muito superior
a transformar água em vinho. Existem dons maiores do que os dons de
milagres. Jesus é, na verdade, o maior de todos os dons que podemos
receber. A encarnação de Jesus (Deus transformar-se em homem para nos
salvar), a reconciliação que consegue fazer dentro de nós, a
ressurreição, ascensão e a Sua segunda vinda são dons maiores que água
transformada em vinho. A salvação duma pessoa é dádiva maior que matar a
sede física de alguém. E, além do mais, a nossa fé não pode ter como
base a operação de milagres, mas somente Jesus Cristo, o Senhor e as
promessas de Deus. Só podemos segurar nesse fato e assim se abrirá o
caminho daquela grande alegria de sentirmos a presença de Jesus de forma
tão real – por invisível que seja. Isso acontece no século 20 ainda,
exibindo o mesmo poder, a mesma glória que manifestou quando andou em
Sua forma carnal cá na terra. É de fato maravilhoso comprovarmos que
Deus ainda opera os mesmos milagres numa era onde os teólogos Ocidentais
e não só, estão tentando tudo para apagar ou desvirtuar os milagres que
vêm descritos na Bíblia, atribuindo-lhes um valor mítico da antiguidade,
substituindo com eles, apenas, os mitos gregos e romanos de outrora.
Contudo, os acontecimentos atuais na Indonésia não podem mais deixar que
os consideremos como mitos. Na Indonésia não são mitos, mas antes são
manifestações reais do Senhor Jesus.
Estes
milagres de transformar água em vinho para as ceias, ainda tem um outro
significado. Quando Jesus andou na Galiléia, Ele estava começando a Sua
campanha de salvação do mundo, estava no inicio do Seu ministério
pessoal. Aquele milagre que vem descrito em João 2 foi dos primeiros
milagres de Jesus na Galiléia e não foi por acaso que foi feito numa
festa de casamento. A vinda do Messias é motivo da grande festa e de
alegria entre nós. E, do mesmo modo, podemos considerar ser a Sua
segunda vinda, pois para a Igreja Pura, a festa do casamento com o
Cordeiro de Deus será um dos acontecimentos mais marcantes e uma
daquelas coisas que ansiamos profundamente que venha a acontecer muito
rapidamente. É um desejo muito profundo em todos quantos têm uma
comunhão real com Ele. Estes milagres têm um significado escatológico
também. A festa do nosso próprio casamento está-se aproximando. O Senhor
Jesus está à porta. Tanto a primeira como a segunda vinda de Jesus são
tempos de grande alegria e será daquelas coisas que nenhum filho de Deus
esquecerá em toda a sua existência. Esta é a mesma alegria que todos os
crentes Indonésios estão experimentando atualmente. Na verdade, muitas
das profecias verdadeiras que foram proferidas neste avivamento,
apontavam para a proximidade da segunda vinda de Cristo. É possível que
estes milagres da transformação de água em vinho ainda continuem
acontecendo na Indonésia, em todos os lugares, desde que, as pessoas que
se vão salvando continuem fieis ao Senhor Jesus Cristo. Eis mais um
relato de uma historia que nos dará ainda mais luz sobre estes milagres
no século 20.
VII. MAMÃE LI
Mamãe Li foi chamada pelo Senhor pela primeira vez em 17 de Novembro de 1965.
Foi-lhe dito: “Tens de ir para a Nova Guiné para pregar o Meu evangelho
lá”. Mamãe Li respondeu: “Mas, Senhor não tenho qualquer formação para
pregar, não sou uma pessoa formada. Não podes enviar um dos meus
filhos?” Ela tinha na mente dela o pedido que a mãe dos filhos de
Zebedeu havia feito a Jesus em Mat.20:20. Deus aceitou aquela oração
dela parcialmente e esperou nova ocasião para tornar a chamá-la.
Mamãe Li
é mãe de 11 filhos. Se ela tivesse sido obediente ao Senhor
imediatamente, teriam passado por enormes dificuldades. Acho que não era
intenção do Senhor convocá-la logo para o evangelho, mas antes
prepará-la para uma futura chamada. Deus não havia especificado uma data
para ela ir. Posso servir de ilustração para essa verdade. Cerca de 40
anos atrás Deus chamou-me com as seguintes palavras: “Vai por todo o
mundo e prega o evangelho a todas as criaturas”,
Mar.16:15. Contudo, só 25 anos depois é
que esta se começou a concretizar o que Jesus me pediu. Mas, assim que
começou, todas as portas começaram a abrir-se nos cantos mais remotos e
impossíveis. Desde então, tive a oportunidade de visitar, como
missionário, mais de 100 países diferentes pregando o evangelho,
literalmente, a todas as criaturas. O chamado que o senhor me fez
concretizou-se.
Esta mulher simples tinha de esperar a sua oportunidade. Em 1967 o
esposo dela faleceu. Mas, até isso pode ser visto como o modo de
Deus abordar a vida dela. O esposo, provavelmente, nunca consentiria que
ela deixasse os 11 filhos com ele para ir pregar o evangelho em países
distantes. Entretanto, o Senhor respondeu às suas orações sobre os
seus filhos. Não tardou muito e dois deles haviam completado a sua
formação como missionários por conta própria. Mas, Jesus não
deixou de lado o Seu chamamento inicial em relação a ela. Mesmo que
nesta data ela já tivesse 47 anos de idade, Jesus tornou a chamá-la,
dizendo-lhe: “No ano que vem, precisas ir levar o evangelho para Java.
Depois disso, irei enviar-te para a Nova Guiné conforme já havia
prometido”. Se alguém olhasse para aquela mulher simples e sem recursos,
seria praticamente impossível acreditar que ela alguma vez conseguisse
cumprir aquela tarefa que Deus lhe estava dando. Contudo, precisamos
aprender a reconhecer que a maior lição de todas que Deus nos deseja
transmitir através deste avivamento, é que Ele usa as pessoas mais
simples, as mais vulneráveis e as mais humildes para cumprirem as Suas
tarefas mais importantes. A autoridade espiritual não entra na pessoa
devido aos dons que possui, mas antes devido à obediência de cada servo.
Não são os dons que nos dão autoridade, mas obediência nos detalhes mais
práticos.
Todo aquele período de espera não foi em vão. Mamãe Li tinha duas tarefas
principais para cumprir. Em primeiro lugar, ela foi escolhida para ser a
líder do grupo que orava e intercedia para que a água se transformasse
em vinho. Havia-lhe sido dada a tarefa de liderar aquele grupo de 1968
até 1970. Depois desse período haver passado, ela foi liberada dessa
tarefa e o Senhor prometera-lhe que chamaria outra pessoa para cumprir
aquele trabalho. Ela permaneceu sendo um dos membros do grupo e não mais
líder a partir daí. Acrescentando a isso, o Senhor ainda lhe prometeu
que efetuaria aquele milagre em todos os cultos de ceia enquanto ela
estivesse liderando o grupo. Eram quatro cultos desses por ano – dois em
cada igreja. Isto seria considerado uma promessa privilegiada, pois
sabemos como muitos e muitos missionários estrangeiros gostariam de
obter o privilégio de apenas poderem visitar o centro dos avivamentos –
quanto mais orarem para a água ser transformada em vinho! Mas,
afirmemos que, poucas pessoas conseguirão ter esse privilégio caso seus
motivos sejam o turismo de milagres.
O
segundo mandamento que ela recebeu, foi solucionar as disputas que havia
entre pastores de igrejas e entre denominações em geral que participavam
dos avivamentos. Mamãe Li, a partir de então, começou a ser conhecida
como a líder do Grupo da Paz.
A sua
primeira tarefa foi reconciliar dois pastores um com o outro, os quais
já não se falavam há mais de nove anos. Já tinha havido uma tentativa de
reconciliação promovida pelo presidente do Concelho Nacional das
Igrejas, sem qualquer sucesso. Mesmo tendo gasto muito tempo e tendo
viajado bastante para reconciliar os dois, a tentativa do presidente deu
em fracasso. Mas, quando Mamãe Li chegou para falar com eles, o Senhor
deu-lhe aquela autoridade que necessitava para ser bem-aventurada como
pacificadora, Mat.5:9 . Os dois homens
foram reconciliados. Mamãe Li viaja a pé. Ela andou duma ponta da ilha
até à outra, reconciliando pastores e presbíteros, como também outros
cristãos, seguindo sempre as instruções que Deus lhe ia dando.
Na
conferência que referi, eu não dei qualquer atenção àquela senhora
simples e humilde assistindo às palestras e conferências. Havia muita
gente ali presente e ela estava no meio do povo. Contudo, quando parti,
ela abordou-me e veio-me oferecer um tapete feito por ela, pedindo que
aquilo fosse uma maneira de eu recordá-la. Aquela expressão de amor e
carinho para comigo, pode até parecer banal para muita gente, mas
impressionou-me muito aquele gesto daquela mulher simples e humilde. E
dei ainda mais valor ao gesto assim que fiquei sabendo como era difícil
fazer aquele tipo de tapeçaria. Era um trabalho de muitos meses. Em
primeiro lugar, necessitavam extrair o material de certo tipo de raízes
que precisavam achar. Depois, eram tecidas linhas de todo tipo, as quais
eram tingidas seguidamente de várias cores. Só então começavam a fazer
os tapetes, os quais eram lindamente tecidos. Pak Elias cresceu naquela
área e conhecia muito bem aquele tipo de artesanato. Ele confidenciou-me
que levaria pelo menos seis meses para fazer um só daqueles tapetes.
Através disso, podemos medir o real valor daquela obra de arte, daquele
presente. Fui presenteado pelos cristãos locais com três daqueles
tapetes no total. Sentia-me muito envergonhado. Contudo, o amor de
Cristo naquelas vidas, tornava tudo aquilo muito normal e natural. Sobre
este amor de Cristo dentro das pessoas, iremos ouvir mais já a seguir.
VIII. VENDO E EXPERIMENTANDO O AMOR DE CRISTO
O avivamento ganha expressão de duas formas naquelas vidas que toca
profundamente. Nasce um amor por Cristo mais simples que se possa
imaginar, por um lado e, por outro, um amor sem igual para com o
próximo. Só vendo para podermos saber do que estou falando aqui. Os 150
grupos que existem atualmente cumprem Lucas 9:3 à risca, saindo sem
alforje, sem quaisquer provisões, sem dinheiro, sem comida e sem saber
onde irão dormir. Encontraram sempre problemas pela frente, mas nada que
nunca se tivesse resolvido dum jeito ou de outro. Em Soe, durante uma
conferência que houve lá, pude ser testemunha ocular da simplicidade e
da carência dos grupos que partiam. As 250 pessoas que participaram nas
conferências, nunca manifestaram a mínima das mínimas preocupações sobre
o local onde iriam dormir. Na verdade, devido à insuficiência de
alojamento no local e nas casas, muitos deles dormiam na rua debaixo das
árvores e isto não tocava apenas aos membros dos grupos, mas, também a
muitos outros crentes que vinham de muitos lugares distantes para
ouvirem as palavras de Deus. Havia gente de toda ilha ali presente. O
amor que tinham por Cristo não permitia que vissem nada daquilo como
sacrifício e viviam cantando e esforçando-se em conjunto naquele estado
de pobreza aparente. Todas as manhãs, antes do sol nascer, reuniam-se
para orarem e pedirem a Deus o pão daquele dia, nunca sabendo ao certo
de que jeito Deus iria providenciar alguma das suas muitas necessidades.
Foi muito comovente ouvir a oração dum cristão, Pak O. dentro da Igreja
lavado em lágrimas. Ele orava intensamente para que Deus providenciasse
tudo aquilo que os seus irmãos lá na rua fossem necessitar. Ele
implorava por aqueles mensageiros de Cristo abnegados e que se
concentravam nas palavras de Jesus quando tinham uma fome para saciar.
Conforme já havíamos dito, o outro lado do fruto deste amor por Cristo dentro dos
corações onde o Espírito Santo é abundantemente derramado, é o amor pelo
próximo. Este amor evidencia-se em todos os relacionamentos dentro da
ilha. No lugar das rixas e das brigas de antigamente, os vizinhos
reúnem-se todos os dias entre as 5:00 e as 6:00 horas da manhã para
orarem e lerem da Palavra de Deus. Andando pela ilha de manhã cedo,
podemos ouvir os cânticos dentro de todas as casas, os sussurros de
orações de muita gente, louvores a Deus e clamores das orações dos que
imploram mais alto. Toda a ilha levanta a voz a Deus àquela hora. Um dos
testemunhos maiores vem do departamento da polícia, pois, até eles
sentiram a diferença no comportamento das pessoas. Durante muitos anos,
as forças governamentais tentaram mil e uma coisas para terminarem com o
alcoolismo, as brigas e as mortes na ilha. Desnecessário será dizer que
nunca tiveram sucesso. Contudo, desde que o avivamento começou, todo o
mal cessou e a polícia ficou sem trabalho. Onde os espíritos das pessoas
cantam a Deus, os poderes das trevas fogem.
Esta
maneira de ser destes povos, este amor tão evidente, ganha contornos que
eu nunca consegui achar possível num mundo civilizado sequer. A sua
pureza e inocência é exclusiva. Não existe nada semelhante. Centenas de
visitantes iam chegando das aldeias e das ilhas vizinhas e a
hospitalidade daqueles povos era tão abnegada e tão evidenciada que
víamos tudo sendo dado livremente. Ninguém cobrava alojamento a ninguém.
Tudo era dado. Até davam quando não tinham. Numa casa em particular, por
exemplo, debaixo dum só teto onde nos encontrávamos, 40 pessoas passavam
por ali diariamente. Noutras duas ocasiões, contei entre 30 e 35 pessoas
na casa e o mínimo de pessoas que passou por ali foram dez. Lemos em At.4:32:
“Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma e
ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas
todas as coisas lhes eram comuns”.
Uma vez
conversei com um pai de família que hospedou todo o grupo internacional
do qual eu fazia parte. Permanecemos lá uma semana. Para além do nosso
grupo, havia várias visitas e convidados que iam chegando diariamente. E
aquela família pobre ainda tinha seis filhos para cuidar também. Como o
pai tinha um emprego pouco relevante num escritório, o qual era o seu
único rendimento, perguntamos qual era o segredo dele e como aquele
esquema de contabilidade funcionava. Como é que as contas e os cálculos
vindos da Palavra de Deus esticavam tanto assim. Como resposta àquela
pergunta foi-nos dado um testemunho de como Deus os trouxe todos à
salvação! A esposa era filha de um pastor que faleceu quando ela tinha
três anos de idade. Mesmo havendo crescido dentro dos ensinos da sua
igreja, nunca conheceu o Senhor pessoalmente. Assim que os ventos de
avivamento sopraram pela ilha toda, ela foi apanhada no poder de Deus e
foi confessar todos os seus pecados um por um e entregou-se a Jesus.
Logo após a sua conversão, começou a orar pela conversão do marido, o
qual, nessa época, era um oficial na Força Aérea. Sob o governo do
Presidente Sukarno, ele completou muitas missões contra as insurreições
nas Ilhas Celebes e matou muita gente. Mas, assim que o avivamento
começou, muitos dos nativos começaram a virar-se para o Senhor buscando
a salvação total. Por causa do seu orgulho, evitou a todo o custo
converter-se. Contudo, o Senhor na Sua grande misericórdia, deu-lhe uma
doença. Uma grande bolha surgiu, a qual, em muitos casos, é causa de
morte nos trópicos. O médico disse-lhe assim: “Caso a bolha rebente
internamente, o senhor morrerá. Se rebentar para o lado de fora, o
senhor sobreviverá”. A esposa que era uma heroína da oração suplicou ao
Senhor intensamente por ele e pediu a um pastor para visitá-lo.
O irmão pastor da Igreja Reformada que o
visitou, praticou literalmente tudo o que vem escrito em Tiago 5:14. No
dia seguinte, a bolha rebentou para o lado de fora e ele sarou
completamente. Após a sua conversão, não quis continuar na Força Aérea
para não ser obrigado a matar mais gente. Aproveitou a ocasião para se
demitir do cargo que tinha e trocou o seu emprego por uma posição muito
mal paga num escritório. E aqui, recebendo o salário mínimo
semanalmente, ele era quem hospedava os servos de Cristo que visitavam a
sua cidade. A sua casa, na verdade, era o alojamento central para todos
os missionários e evangelistas que visitavam a sua cidade. Mas, qual
seria o seu segredo? Como conseguiam alojar tantas pessoas ao mesmo
tempo com tão pouco? A esposa acabou por nos confidenciar timidamente:
“Quanto mais damos aos servos do nosso Senhor, mais bênçãos nós
recebemos de volta. Acabamos por descobrir que a hospitalidade nunca nos
deixa com menos coisas, mas sempre acabamos com mais do que aquilo que
tínhamos quando começamos a hospedar alguém aqui em casa”. Na verdade, o
Senhor nunca vai aceitar nada sem pagar de volta multiplicado por cem!
IX. KUSA NOPE
Kusa Nope é a 14ª geração duma linhagem de reis que reinaram em Timor durante
muitas gerações. Até 1948, manteve o título de Rei de Amanuban. Mas,
após os holandeses terem abandonado a Indonésia, ele foi eleito
governador do distrito se Soe. Contudo, o povo continuava a
chamá-lo de Rei , como sempre fizeram , e a sua aparência e
comportamento faziam-no merecer aquele título. Antes de falar sobre a
sua vida, vamos ouvir o testemunho da sua própria boca. Eu já tive o
privilégio de me encontrar com três reis diferentes em África como na
Ásia. Mas, aquele que mais me impressionou foi, seguramente, Kusa Nope.
Mantive comunhão e contato diário com ele enquanto permaneci no
território do qual ele era o governador eleito.
“Nasci em 1910 e freqüentei a escola em Soe. A minha mãe costumava enviar-nos
para a escola dominical, mas nunca consegui entender nada do que era
ensinado lá. Mais tarde, fui para a escola em K. e continuei os meus
estudos em Makassar, na Ilha de Celebes. A única razão porque ainda
freqüentava a igreja, era para manter as aparências diante de todos os
meus amigos. Nunca quis que pensassem que eu era um pagão. Mas, assim
que os meus amigos se começaram a afastar da igreja, também enveredei
pelo mesmo caminho, seguindo os seus exemplos. Quando começou a 2ª
Guerra Mundial, voltei para Soe. Na altura, fui batizado, mas, na
verdade, nem era cristão sequer. O meu único objetivo era enriquecer
rápido e conseguir uma alta posição na sociedade. Nem sequer pensava em
Jesus. De início, parecia que tudo estava contra os meus desejos e tive
muitos problemas com os governos, com os meus amigos e, também, com a
minha família. No entanto, fui obrigado a superá-los todos sem a ajuda
de Jesus.
Em 1967 houve uma campanha missionária em Soe. Foi então que a minha vida foi
entregue ao Senhor Jesus. Pouco tempo depois, uma mulher nativa entrou
no meu escritório com uma mensagem do Senhor Jesus para mim. Ela
disse-me: ‘O senhor tem 18 amuletos de feitiçaria no seu palácio em K. e
muitos mais no seu santuário familiar na montanha de Tombis. Precisam
destruí-los todos sem exceção’. Eu estava tão ocupado na altura que
acabei esquecendo aquela mensagem. Na verdade, o meu interior estava
recusando ser obediente e por essa razão esqueci-me. Uns tempos mais
tarde, quando tive uma ocasião para respirar, fui convidado a assistir a
um congresso do governo, o que favoreceu um pouco mais o adiamento da
minha obediência. Quando retornei para Soe, adoeci gravemente e fui
internado no hospital de K. para ser tratado. Depois de haver estado sob
observação durante algum tempo, os médicos aconselharam-me a ir para
Java para receber melhor tratamento nas clínicas universitárias de lá. A
minha pressão arterial andava perto dos 23 e tinha muitas outras queixas
também. Naquela mesma noite, o Senhor falou-me e disse-me: “Não vás para
Java. Volta para Soe”. Na manhã seguinte, quando comuniquei a minha
decisão ao médico, ele abanou a cabeça em desaprovação. Eu estava
plenamente convencido que aquela doença era obra do Senhor Jesus e que
resultara da minha desobediência quando Ele me mandou queimar os
amuletos de feitiçaria. De volta a Soe, o Senhor dobrou-me até ao ponto
onde eu finalmente estava disposto a destruir todos os objetos de
feitiçaria que possuía. Juntamente com 70 outros crentes, decidimos
escalar aquela montanha até ao santuário ancestral que tinha lá. Estava
tão enfraquecido pela enfermidade que tive de ser carregado no último
trecho de caminho. Finalmente, chegamos ao santuário dos rituais.
Quando terminamos, demos à montanha um novo nome: Horeb. À montanha vizinha
também demos o nome de Monte Sião, tal qual o Senhor nos mostrou que
fizéssemos. Eu tinha plena convicção que, assim que aqueles amuletos e
instrumentos de feitiçaria fossem destruídos, eu ficaria bom. Mas, isso
não veio a acontecer. Perguntei ao Senhor se deveria receber tratamento
em Java. Ele disse-me que não. “Vai de volta para o teu escritório para
trabalhares”. Pareceu-me um mandamento muito estranho naquele momento,
pois eu estava muito fraco. Mas, precisava mesmo aprender uma das
grandes lições da fé, de crer sem ver e de obedecer sem questionar
Jesus. Após hesitar por uns breves instantes, eu fui andando
devagarzinho para o meu local de trabalho. As pessoas ficaram surpresas
quando me viram entrar no escritório, pois havia perdido cerca de 20 kg
de peso desde a última vez que me haviam visto. Mas, assim que comecei a
trabalhar, as minhas forças foram voltando gradualmente e acabei ficando
completamente curado. A parte mais difícil de cada provação ou de cada
tribulação é e será sempre a obediência. Somente através da obediência
poderemos ser agradáveis a Jesus e apenas através dela conseguiremos
sentir as nossas vidas realmente preenchidas e abundantes."
Agora
que já ouvimos o testemunho da própria pessoa, gostaria ainda de
preenchê-lo com alguns detalhes que não foram contados aqui.
Quando o
grupo internacional chegou ao aeroporto de K., Kusa Nope já nos estava
esperando em antecipação para nos conhecer pessoalmente. Pak Elias ainda
me perguntou em jeito de brincadeira: “Já alguma vez viu um rei vir
esperar um evangelista no aeroporto?” Assim que o conhecemos,
descobrimos que ele era um irmão em Cristo muito humilde, o qual
sacrificou dois dias para nos poder acompanhar pessoalmente na nossa
viagem de seis horas desde K. até Soe. Só quem já viajou naquelas
estradas poderá imaginar que sacrifício aquilo representa para qualquer
pessoa! Quando estávamos a caminho, passamos pela montanha Horeb.
Parando, ficamos sabendo que Kusa Nope havia dado outros nomes àqueles
montes, nomes que o Senhor lhe havia indicado pessoalmente. Mas, Kusa
Nope também deu aqueles nomes a dois dos seus ônibus.
Após a
nossa chegada, fomos convidados da família real em duas ocasiões. Além
disso, o rei ia às conferências diariamente. Quando chegou o momento de
partirmos, ele colocou dois carros à nossa disposição para nos levar de
volta a K. No dia seguinte, mais um carro foi colocado ao nosso dispor
com chofer, para nos levar a qualquer lugar onde quiséssemos ir. A
impressão com que todos os membros do nosso grupo ficaram foi que ele
era um rei e que também era um irmão em Cristo muito humilde e muito
chegado a nós.
Enquanto
estive na área, pude ouvir os testemunhos dos 70 crentes que
acompanharam Kusa Nope para a montanha Tombis. Aquele local era, na
realidade, um santuário ritual onde eram feitos sacrifícios. Ali se
travou uma dura batalha contra as forças das trevas. A história do que
aconteceu lá em cima, vem narrada nos parágrafos que se seguem.
Os reis
de Amanuban possuíam aquele santuário de sacrifícios há centenas de
anos. Cerca de 300 anos atrás, uma das princesas chegou a ser
sacrificada naquele local. Os ídolos recompensavam os seus adoradores
enormemente, pois até mesmo os antecessores de Kusa Nope conseguiam
alcançar tudo aquilo que desejavam após sacrificarem naquele santuário.
Contudo, para nós que somos Ocidentais, tais coisas são inconcebíveis e
impensáveis. Temos por hábito banir de nossa maneira de pensar tudo
aquilo que seja mito ou história lendária.
Quando
chegaram ao local, o Senhor Jesus revelou-lhes que havia centenas de
amuletos escondidos em vários locais, os quais foram achados
precisamente nos locais indicados por Deus. Nem mesmo Kusa Nope sabia da
existência de muitos deles. Inicialmente, o Senhor mandou que os líderes
dos oito grupos ali presentes ficassem em pares, estrategicamente
colocados em quatro pontos formando um quadrado. Jesus indicou,
seguidamente, que todos os membros da família real se colocassem,
juntamente com os restantes 62 crentes que os acompanharam, no meio dos
pares que foram formados e colocados a certa distância, formando o
quadrado. Os crentes faziam um círculo à volta da família real. Os
amuletos iam sendo trazidos e foram colocados numa pilha. Todos
começaram a cantar os hinos de vitória do Senhor. No momento que
cantavam, os líderes dos grupos sentiram agressões reais vindas de
figuras fantasmagóricas e de seres das trevas. Eles eram agarrados e ao
mesmo tempo ouviam vozes imundas perguntando o que tinham vindo ali
fazer. “Porque nos expulsam daqui do nosso lugar? Nós temos direitos
sobre este lugar! Este lugar é nosso!” Àquelas vozes, os líderes
responderam: “Nós estamos aqui em nome do Senhor Jesus, com a autoridade
que Ele nos deu. Não estamos aqui em nosso próprio nome!” Ouvindo isto,
as figuras que os tentavam atormentar desapareceram sumindo visivelmente
entre as árvores, derrubando algumas delas conforme saíam expulsos.
Conforme os viam fugindo dali, os líderes dos grupos viram que aqueles
espíritos imundos se transformavam em figuras de animais como touros e
bodes. Depois, sumiram para sempre.
O grupo
foi comandado a formar uma cruz, todos em pé. Doze líderes tribais que
se haviam convertido e mais doze cristãos da Igreja deveriam fazer a
parte mais longa da cruz e os oito líderes de grupo a parte que cruzava.
Começando a orar, ordenaram aquelas forças satânicas para abandonarem
aquele local e nunca mais voltarem ali. Ao mesmo tempo, uma grande
fogueira foi feita e os amuletos e peças de arte e de feitiçaria foram
todas queimadas. Aquelas peças que não podiam ser queimadas, eram
quebradas em pedaços pequenos e destruídas. Para mim foi interessante
comprovar uma coisa que Deus mandou fazer, sendo que esta é a minha área
de investigação e Deus mandou fazer como eu sempre escrevi e ensinei que
deve ser feito. Deus disse-lhes: “Não basta destruírem esses objetos
inertes. Precisam fazer uma oração de renúncia sobre cada um deles. Têm
de ser renunciados em nome de Jesus, um por um”. As 70 pessoas que
estavam ali presentes testemunharam todas as coisas como elas se
passaram. Contudo, só mais tarde é que três outros objetos foram
destruídos. Só que, desta vez, foi feito o mesmo na presença de um único
evangelista.
E foi
assim que aquelas ataduras de ocultismo e feitiçaria foram quebradas
para sempre. Eram ataduras que estavam afetando de maneira drástica toda
a família real. O resultado foi uma sensação de liberdade e de
libertação muito profunda em toda a família. Como governador do
distrito, o rei tem na sua agenda uma reunião de oração mensal com 80
dos seus oficiais e líderes, durante a qual a Bíblia é lida em voz alta.
O rei ora por todos depois da leitura da palavra. Também têm uma reunião
todos os sábados depois de terminado o trabalho da semana onde oram e
têm comunhão espiritual entre todas as pessoas que trabalham no gabinete
ministerial. Nas ultimas eleições, muitas pessoas opunham-se à reeleição
de Kusa Nope. Mas isso era de se esperar. Nem os não cristãos e nem os
muçulmanos desejavam mais a reeleição de Kusa Nope. Contudo, o Senhor
confidenciou-lhe uma vez: “Não temas, pois serás reeleito. Coloquei-te e
colocar-te-ei neste posto para que Eu possa cumprir todo o Meu
propósito”. E aquela promessa cumpriu-se. O Senhor muitas vezes
comunicava ao rei quais eram os Seus desejos e a Sua vontade, muitas
vezes usando um dos líderes dos grupos para lhe comunicar a Sua vontade
e os Seus conselhos. Posso citar um exemplo. Eu estava sentado em casa
de Kusa Nope certo dia, quando uma mulher simples entrou trazendo-lhe
uma mensagem do Senhor Jesus relacionada com o trabalho na sua
administração.
Também
sucede o mesmo com os pastores das igrejas locais. Ocasionalmente, um
dos membros da igreja diz para o pastor sobre qual texto deve pregar num
culto específico. Na verdade, alguns dos cultos até chegaram a ser
interrompidos para que uma mensagem do Senhor Jesus fosse passada. Uma
vez, Pak Elias estava pregando em Soe e uma senhora manifestamente cheia
do Espírito Santo ergueu-se e interrompeu-o enquanto estava falando.
Contudo, isto são situações pontuais e circunstanciais e gostaria que
vissem como existe uma ordem dentro dos cultos, a disciplina mais linda
onde tudo funciona na perfeição sem que as coisas houvessem sido
planejadas antecipadamente. A disciplina é suprema, é evidente e é
contagiante. Até à presente data, nunca houve uma única vez onde tivesse
havido qualquer ato extravagante ou desnecessário de qualquer membro
como vem acontecendo entre os desviados e as seitas evangélicas atuais.
No entanto, sabemos que isso certamente acabará acontecendo, pois os
falsos entram em todo lado. Todos os avivamentos ficam descaracterizados
e terminam mal quando a disciplina e a ordem não se tornam imperativas.
A única pergunta que fica no ar é: será que as pessoas que participam
deste avivamento serão capazes de manter o rumo atual dos
acontecimentos? Será que se irão esquecer que é assim que estão sendo
abençoados atualmente e que não precisam inventar mais nada e nem
necessitam mudar o seu jeito atual, mas antes aperfeiçoá-lo? Será que
vão continuar aceitando as correções de Deus e as exortações dos irmãos
quando é Deus quem as envia? Vão continuar a ouvir e a discernir as
palavras vindas de Deus? É uma pergunta que fica no ar.
Eu apelo
aqui a todo o mundo que recebe respostas nas suas orações, que
intercedam por este avivamento. Peçam a Deus que o avivamento possa
manter o curso atual e que nunca degenere saindo por caminhos que Deus
irá deixar de abençoar, como tem abençoado estes que imperam
atualmente. Orem intensamente pelos líderes deste movimento, também,
para que se mantenham humildes, consagrados apenas a Deus
e à Sua causa e que, através dessa atitude, possam continuar
sendo servos dos seus conterrâneos e outros.
X. UM OFICIAL DO GOVERNO DESFRUTANDO DE MUITA GRAÇA DE DEUS
Nathan é secretário geral do governo de Soe. Encontrei este humilde irmão em duas
ocasiões, uma vez no Leste de Java e a outra em Timor. Nunca
conseguiremos esquecer a impressão que esta personalidade causa em nós.
Ele é uma dessas pessoas raras que mexe conosco sem se aperceber que o
está fazendo. A sua vida é o seu testemunho principal e toda a gente
fica impressionada com ele até quando nem uma única palavra sai da sua
boca. Eu próprio passei por essa experiência. Nunca vi alguém tão
próximo da realidade da imagem de Cristo como Nathan. Este é um daqueles
irmãos dos quais podemos afirmar (sem estarmos errados) de que a imagem
de Cristo já se encontra formada nele. Nunca vi nada igual. Um dos
missionários que nos acompanhava e que, como eu, assistiu às
conferências no Leste de Java, confidenciou-me em particular: “De todas
as coisas maravilhosas que estou vendo aqui na Indonésia, a que mais me
impressionou foi a vida de Nathan, a sensação que me deu só de estar
perto dele! O testemunho que mais me tocou nestas conferências, foi o de
Nathan”.
Nathan
usou o seguinte texto para o seu breve testemunho: “ Porque
assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é
santo: Num alto e santo lugar habito e também com o contrito e humilde
de espírito, para vivificar o espírito dos humildes e para vivificar o
coração dos contritos”, Is.57:15 .
Um dos segredos deste
avivamento é a enorme humildade que o caracteriza. É a característica
mais evidente de todas. Noutros avivamentos que testemunhei, como os do
Uganda, Coréia e Taiwan, mesmo que seja evidente certa humildade entre
eles, parece-me que em Timor destaca-se mais. Os convertidos ali
realmente possuem um espírito quebrantado e humilde. Sempre que estamos
na presença dum irmão nas mãos do Senhor, ficamos sem jeito só de estar
perto deles, ficamos com um sentimento de vergonha muito desconfortável
sempre que temos comunhão com qualquer um deles. O sentimento de sermos
indignos apodera-se de nós de tal maneira, que só queremos sair dali,
fugir para bem longe e escondermo-nos onde ninguém nos veja mais! Uma
vez, quando me pediram para pregar a palavra, senti-me completamente
deslocado. O meu coração bradava, gritava alto: “Eu preciso que sejam
vocês a pregar para mim! Não consigo ensinar-vos nada! Não sou capaz! Eu
preciso aprender convosco!” Contudo, não detectamos este sentimento de
incapacidade entre os nativos desta ilha. Eles demonstram até em seus
rostos que podem todas as coisas, pois é Jesus quem os fortalece.
A sua confiança é evidente, a sua segurança é simples. As suas vidas
demonstram, evidenciam poder claramente. E, por muito que eu tente
descrever aqui tudo o que eu gostaria de descrever, sinto que não
estou conseguindo. Durante todo o tempo que permaneci naquela ilha,
parecia que via o Senhor Jesus apontando para todos os meus pecados e
para todas as minhas falhas. Nunca me senti tão miserável como ali. Eu
nem conseguia orar mais nada. Só me lembro duma única oração que saia
dos meus lábios o tempo todo: “Querido Jesus, se não me libertares deste
sentimento de desespero, de incapacidade, eu irei perder-me para sempre.
Não estou agüentando mais!” Mas, profundamente em meu coração, estava
resolvido que, se fosse vontade de Deus, esta não seria a minha última
visita a Soe. Meus sentimentos eram contraditórios, pois queria muito
voltar para o lugar de onde desejava fugir. Creio de todo o meu coração,
que é da vontade de Deus que volte cá novamente.
Mas,
voltemos para o testemunho de Nathan e de como o Senhor Jesus lida com
ele e através dele. Em 1965, um dos grupos recebeu a instrução do Senhor
que Nathan deveria ser membro do grupo. A pessoa, chegando perto deste
oficial do estado, disse-lhe: “O Senhor Jesus comunicou-nos que o senhor
deve tornar-se um dos membros do grupo”. Nathan ficou perplexo. Ele
tinha idade suficiente para ser o pai do líder do grupo, tinha formação
acima da média. O que você acha? Ele iria subordinar-se a um líder
analfabeto com idade de ser seu filho? O que as autoridades iriam pensar
daquilo? Iriam liberá-lo do seu ofício? Ele comunicou ao jovem que
precisava pensar no assunto e também precisava dum tempo para comunicar
aos seus superiores a decisão que iria tomar. Para surpresa de todos, o
gabinete central deu o seu aval no dia 5 de Outubro de 1965. O governo
até forneceu um carro para levar o grupo para o local onde iriam fazer a
obra do Senhor. Quando o carro os deixou, parando onde não podia
continuar mais, ainda tiveram de caminhar até cerca das 23:00 horas para
chegarem onde Deus os enviara a pregar.
Foi
naquela primeira caminhada que eles começaram logo a experimentar a
ajuda direta de Deus e a presença de Jesus. O tempo todo, uma luz
estranha iluminava o caminho deles naquela escuridão dos trópicos.
Nathan ainda olhou para o céu para ver de onde vinha aquela luz
estranha, pensando que vinha da lua. Mas, não era. Nem havia lua. E eles
viam as suas sombras formadas enquanto andavam. Outros grupos
evangelísticos também experimentaram o mesmo milagre em várias ocasiões.
Conforme
se aproximavam da vila para onde se dirigiam, encontraram todos os
nativos reunidos num só lugar, os quais saíram a recebê-los. Eles
estavam muito assustados e lavados em lágrimas, pois contaram que
ouviram uma voz forte vinda das montanhas dizendo-lhes para aceitarem a
mensagem do evangelho. Ouviram logo a primeira mensagem, reunindo-se
numa das casas àquela hora. Nem esperaram pelo dia seguinte.
Quando o
grupo finalmente foi dormir, já passava muito da meia noite. Nathan
estava inquieto. Perguntava-se: “O que irá acontecer de manhã? Vamos
achar comida para toda a gente comer?" Era a época da seca e, ainda por
cima, havia uma grande escassez de alimento em toda área desde há muito
tempo. Contudo, no dia seguinte quando o grupo se reuniu para orar, o
Senhor disse-lhes: “Andem cerca de 1 km para fora da vila e lá acharão o
que comer. Darei a vossa comida”. Nathan duvidava em seu coração, mas
mesmo assim resolveu obedecer ao Senhor juntamente com o resto do grupo.
Quando chegaram mesmo ao local onde o Senhor lhes havia indicado, viram
um homem aproximando-se na direção deles. Falando com ele, descobriram
que era um líder da igreja local. Trazia um garrafão de suco de
palmeira, oferecendo-o ao grupo para beberem. O café da manhã havia sido
providenciado. Na Ásia, onde existe muita fome, as pessoas contentam-se
com muito menos do que no Ocidente. Os jovens missionários ficaram muito
comovidos com aquela maneira que o Senhor usou para providenciar-lhes
aquela refeição matinal. Alguns deles nem conseguiam conter as lágrimas
enquanto bebiam o suco de palmeira.
Chegando
à vila seguinte, acharam onde ficar. Foi numa casa dum senhor idoso. O
nosso anfitrião estava um tanto ou quanto preocupado sobre como iria
providenciar comida para toda aquela gente. Onde ele iria arranjar
comida para nove pessoas com todos na área passando fome? O grupo
tentou animá-lo e confortá-lo, mas sem êxito.
Os
evangelistas entregaram-se à oração. Mesmo que o Senhor os tenha dado a
palavra em Mat.4:4, “O homem nem só de pão viverá, mas de toda a palavra
que provém da boca de Deus”, o velhinho continuou duvidando. De repente,
o segundo milagre em relação às suas necessidades aconteceu: um homem
muito pobre apareceu à porta do local, oferecendo-lhes
uma vasilha de arroz e uma galinha para comerem. Com aquilo, a força
da incredulidade daquele homem foi quebrada e ele soluçava em
arrependimento por ter duvidado do Senhor. O grupo só podia dar louvores
a Deus por aquela pequena oferta vinda do céu.
Diariamente havia novos problemas para confrontá-los no tocante às suas
provisões. Na manhã seguinte, por exemplo, saíram de casa logo cedo para
procurarem algo para comerem. Voltaram todos com uma expressão de
decepção estampado no rosto. Não haviam conseguido nada. Contudo,
enquanto estavam falando do seu desapontamento, duas pessoas trouxeram
mais arroz para matar a fome dos convidados. De um só acordo, caíram
sobre os seus joelhos e agradeceram ao Senhor aquela provisão. Por esta
altura, Nathan já se havia transformado e arrependido de todas as suas
dúvidas e a cada novo milagre que acontecia, ficava maravilhado e
agradecido. Ele notou que o grupo nem planeava nada para o dia seguinte,
mas antes esperavam ardentemente que Jesus lhes comunicasse cada dia o
que deviam fazer. Isto é o que podemos chamar de verdadeira obediência,
pois tanto o antes quanto o depois fazem parte do obedecer. É este tipo
de obediência que está sendo negligenciado e esquecido em todo o
Ocidente. Se resolvessem obedecer a Jesus para sempre, não importa o que
fosse custar a Ele, a providência d’Ele estaria garantida.
As
providências de Deus no tocante ao pão de cada dia, não foi o único
milagre que Nathan viu acontecer naquela viagem missionária. De fato, o
aspecto mais relevante e mais importante de todos é a salvação de todas
as pessoas sem exceção. Também, neste aspecto, o grupo obteve
grandes sucessos. Mas, como seria de esperar, havia muita oposição à sua
obra também. Durante os seus períodos devocionais em oração, Deus
revelava-lhes os rostos e os pecados das pessoas que se iriam opor ao
seu trabalho ali na zona. Desse jeito, quando aqueles jovens discípulos
de Jesus se encontrassem com as pessoas que viam em suas orações, já
haviam orado o bastante para serem ouvidos a respeito da salvação dos
seus inimigos. Quando iam entrar numa vila ou aldeia, eram avisados
antecipadamente das duras batalhas que iriam enfrentar.
Numa das
vilas, o grupo foi chamado para visitarem certo homem que estava muito
doente na cama. A sua regra e conduta normal era orarem por cada família
sempre antes de entrarem na respectiva casa. Enquanto estavam orando
especificamente por aquele homem e sua família, o Senhor disse-lhes:
“Existe uma maldição sobre esta família. O pai esfaqueou a língua de um
homem várias vezes”. Quando o restante da família entrou em casa,
eles confrontaram o homem com o pecado que Deus lhes havia revelado.
Perguntaram: “O senhor vai-se arrepender desse pecado?” Ele responde:
“Vou sim!” Logo em seguida contou a toda a gente como havia
matado um homem a tiro quanto estava no exército e como lhe havia
espetado a baioneta na língua e na boca, várias vezes, levado por um
impulso de raiva e de vingança. Depois de confessar, o homem aceitou
pela fé em Jesus que estaria perdoado e entregou-se ao Salvador. Foi
então que um fato muito interessante foi trazido à luz. Depois do crime
que acabara de confessar, a sua esposa teve mais um filho. Aquele filho
já havia passado da idade de começar a falar, mas o grupo viu que aquela
criança não conseguia dizer uma única palavra sequer quando a
conheceram. Após a conversão do pai, oraram pela criança impondo-lhe as
mãos. No dia seguinte, a criança estava falando. Finalmente, aquela
maldição havia sido exposta e anulada para sempre.
Como ia
acontecendo por toda aquela área debaixo do avivamento, por onde o grupo
passasse, os habitantes das vilas e das aldeias traziam todos os seus
amuletos da sorte e de proteção, ídolos e artesanato usado nas
feitiçarias para serem queimados. Repetia-se vezes sem conta aquilo que
lemos em Atos 19. Só depois das ataduras haverem sido quebradas e
queimadas, os aldeões conseguiam entregar-se a Jesus. A glória de Deus
era tão evidente, era tão visível que nem temos palavras para explicar
tudo o que aconteceu. Nathan terminou o seu relatório com as seguintes
palavras: “Por favor, não cessem de orar por nós, para que nunca sejamos
vítimas de qualquer vaidade e de qualquer orgulho espiritual, para que o
Senhor Jesus possa continuar a operar deste jeito maravilhoso como tem
feito até aqui”.
XI. DEUS CHAMA ATRAVÉS DE VISÕES
Os profetas do Velho
Testamento foram chamados por Deus através de visões no início das suas
vidas proféticas. Isaías, por exemplo, viu o Senhor exaltado no templo
celestial. Jeremias viu uma vara de amendoeira e uma panela fervendo
quando Deus o chamou para a Sua obra. Ezequiel também recebeu muitas
visões do Senhor. E, assim, vemos que as visões estavam estreitamente
ligadas às capacidades proféticas das pessoas que eram realmente
chamadas. A mesma coisa vem acontecendo hoje na Indonésia. Vemos que as
profecias de Joel 2:28 e At.2:17 estão sendo cumpridas no nosso meio
ainda hoje: “Acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos
anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões”. Este avivamento
em Timor, por isso, tem tanto um significado profético como
escatológico. Isto confirma-se em cada ocasião que uma pessoa é chamada
para a extensa obra de Deus. Vamos ouvir, como exemplo, a linda história
de Felipe, o líder do grupo 36, um homem com quem passei maravilhosos
momentos de comunhão quando fiquei em sua casa. Ali, acabei ouvindo a
história da sua vida.
Felipe foi chamado a
12 de Setembro de 1965. Ele foi para a sua horta às 5:00 horas da manhã.
Ao sair de casa, viu uma figura muito resplandecente vestida com uma
roupa muito branca que chegava aos pés. Estava em pé a uns 5 m à frente
dele. As suas galinhas ficaram tão assustadas que começaram a voar
para todos os cantos, pulando das árvores onde é costume dormirem, em
Timor. O cachorro também deu o alarme e latiu. Felipe apanhou um grande
susto perguntando-se a ele próprio se estava vendo um espírito do mal ou
uma madre católica. Não seria nada de estranho que ele se questionasse
dessa maneira, pois ali em Timor (como em outras partes do mundo)
existem muitos fenômenos desse gênero dos “incubi” e dos “succubae”,
sobre os quais já escrevi em outros livros. Existem casos comprovados,
por exemplo, que o diabo aparece a uma pessoa numa figura humana
do sexo oposto para desviar essa pessoa. Felipe estava horrorizado e
muito assustado. Correu de volta para a porta de casa, da qual saia o
seu sobrinho gritando: “Acabei de ver uma estrela caindo para o teu
jardim!” “Onde?”, Felipe perguntou imediatamente. O seu sobrinho apontou
para o lugar específico onde aquela figura resplandecente havia estado.
Felipe ficou convicto que não tinha tido nenhuma alucinação.
Quando, por fim,
se acalmou, Felipe saiu para o terreno uma segunda vez e
começou a regar as árvores de fruto, as suas macieiras. De repente ouviu
uma voz forte falando com ele: “Dá água às pessoas”. Ele achou que
aquelas palavras eram estranhas demais, pois não se regava pessoas.
Continuou com o seu trabalho sem saber muito bem o que pensar de tudo
aquilo. Começou a cavar a terra num canto do terreno. A mesma voz
bradou-lhe: “Cava os corações dos homens”. Mais estranha ainda era
aquela palavra, pensou. Como podia ele cavar os corações dos homens com
aquela enxada que tinha na sua mão? Aquilo mataria qualquer pessoa! Como
todos os habitantes destas ilhas, as pessoas são tão simples que
entendem apenas o significado literal das palavras que ouvem.
Foi então que aquela
voz continuou explicando o significado das palavras que acabara de
ouvir: “Regar as pessoas, ou dar-lhes água, significa dar-lhes a água da
Vida e a Água da Vida é a Palavra de Deus. Cavar os corações dos homens
significa renová-los através do Espírito Santo. As ervas no teu terreno
simbolizam os pecados das pessoas que necessitam ser arrancados pelas
raízes para nunca mais tornarem a nascer. Arranca, por isso, todas as
ervas que achares e deixa-as secar ao sol e queima-as para sempre! Assim
que a tua Terra estiver limpa delas, começas a semear e a plantar e
assim colherás muitos frutos. Mas, lembra-te sempre duma coisa: o que
vai contar no final, não é como o tronco da tua árvore é, seja bonito ou
”.
Após esta lição
espiritual, Felipe teve uma visão como se estivesse vendo a si próprio
pregando para centenas de pessoas, todas em pé no seu terreno. A sua
mensagem baseava-se no capítulo 13 de Lucas e ele estava falando da
figueira que não dava fruto. Notou que a audiência consistia de pessoas
de África, da China e da Europa. Também havia policiais e soldados entre
a multidão e todos ouviam atentamente como se estivessem pregados no
chão sem se mexerem. Ele falava muito alto para que todas as pessoas no
fundo pudessem ouvi-lo também, mas nem assim a sua voz chegava a toda
gente. Resolveu ir para mais próximo do portão para ver se conseguia que
todos o ouvissem muito bem. Ele estava vendo tudo como se fosse um filme
real e pregou durante 5 horas seguidas. Quando passaram 5 horas, tudo
terminou. A visão também havia durado 5 horas. Quando terminou a visão,
em vez duma multidão, olhou e viu a sua mãe e os seus irmãos olhando e
rodando à volta dele, muito sérios, como se ele tivesse “viajado” ou
enlouquecido. Só então é que se deu conta de quanto tempo havia passado.
A sua mãe
implorou-lhe que entrasse e que comesse qualquer coisa. Felipe
respondeu-lhe: “Nem só de pão viverá o homem, mas de cada palavra que
sair da boca de Deus”. Felipe nunca havia tido qualquer contato com a
Bíblia ou com alguma Igreja. Começou a contar à sua família tudo o que
viu. Quando terminou de contar, entrou no seu quarto e foi orar. Era a
primeira vez que orava. De repente, viu algo escrito em letras brancas
diante dele: “Lê João 14:12”. Foi buscar uma Bíblia – pois ele não
conhecia nenhum versículo – e leu o versículo. “O que queres dizer com
isto Senhor? Não me posso tornar um evangelista. As pessoas que optam
por esse tipo de vida têm uma vida muito pobre e vivem cheios de
”.
Naquela noite, por
volta das 22:00 horas, Felipe estava orando novamente. Foi ali que teve
mais uma visão. Duas figuras muito resplandecentes vinham andando na
direção dele e vestiram-no com uma camisa e uma calça, colocando um
chapéu na sua cabeça e uma espada na sua mão. Aquelas figuras
disseram-lhe para ler Ef.6:10 e os versículos seguintes. Depois disso,
deram-lhe uma visão do caminho para N. e para todas as vilas onde ele
iria pregar o evangelho. Esta visão durou cerca de 12 horas. Na manhã
seguinte às 10:00 horas da manhã, a sua mãe entrou no quarto e viu que
ele ainda estava sentado na mesma cadeira onde se havia sentado na noite
anterior. Ele levantou-se, comeu qualquer coisa e às 11:00 horas da
manhã já estava vestido e partiu em direção a N. A sua mãe, muito
preocupada com aquelas atitudes muito estranhas do seu filho, mandou que
alguns dos seus irmãos o seguissem para verem o que iria
fazer e para o guardarem.
Felipe sentia uma
enorme paz dentro dele e começou a cantar enquanto andava. “Seguirei a
Ti, meu Senhor, isso é que é a minha Paz”. Conforme ia andando, as
pessoas saiam do seu caminho e iam para o outro lado da rua. Notou que
estavam todas encharcadas de suor porque andavam ao sol. De repente, viu
que ele não sentia calor e que nem transpirava! Olhou melhor e comprovou
que estava andando debaixo duma sombra. Olhando para cima viu uma nuvem
no céu que o acompanhava conforme andava. Viu porque razão os raios de
sol não o atingiam. Aquela sombra acompanhou-o por todo o caminho todo
Enquanto caminhava, a
sua obediência foi testada muitas vezes. Numa ocasião, quando um grupo
de pessoas passava, uma voz falou-lhe: “Fica parado e ora”. Felipe
protestou: “Vou parecer um Fariseu!” A voz insistiu: “Fica parado e
ora”. “Posso orar em meu coração de olhos abertos até as pessoas
passarem?” Ao que a voz respondeu: “Não! Ora em voz alta!” Desta vez ele
obedeceu. Os seus irmãos e irmãs que o acompanhavam ficaram muito
envergonhados sendo vistos com ele. Afastaram-se para bem longe!
No entanto, Felipe radiava alegria que nem conseguia expressar depois de
obedecer. Continuava seu caminho cantando. Durante os 20 km do percurso
até N., passou no mesmo teste variadíssimas vezes.
Alcançando a vila
onde os seus tios viviam, quando iam entrar na casa, o Senhor parou-o e
disse-lhe: “Precisas orar antes de entrar em qualquer casa”. Os tios e o
restante da família não entendiam nada do que se estava passando.
Ele começou a orar. Quando terminou de orar, cantou um hino que falava
da segunda vinda de Jesus. Quando se deu conta do que estava
acontecendo, toda a vila estava reunida à volta dele. Começou a pregar a
mensagem que viu na visão quando estava no seu jardim diante daquelas
centenas de pessoas. Como aconteceu na visão, a sua pregação durou
precisamente 5 horas, desde a 17:00 horas até às 22:00 horas. Quando
terminou, as pessoas voltaram para a suas casas e trouxeram todos os
amuletos, ervas de curas, ídolos e instrumentos de feitiçaria para fora
Aquelas
conversões dos habitantes da vila, porém, não foram os únicos frutos do
seu ministério. Felipe ficou perplexo ao ver que, enquanto estava
pregando, os cegos iam-se curando sem ninguém orar por eles e os
paralíticos começavam a andar também. E, na verdade, ele nem sequer
tinha noção de que aquele tipo de milagres era possível. Foi então que
se lembrou daquelas palavras em João 14:12 através das quais foi
chamado: “ Em
verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as
obras que eu faço e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o
Pai”.
Felipe permaneceu na vila mais dois dias antes de voltar para Soe.
No dia
26 de Setembro de 1965, Deus mostrou-lhe que deveria trabalhar em
conjunto com outro irmão em Cristo chamado Saulo. No dia 27 do mesmo
mês, pela manhã, visitaram as escolas em Soe. Onde passavam, as crianças
e os professores começavam a chorar e a pedir perdão pelos seus pecados.
Tornou-se impossível continuarem as aulas. Saulo adiantou a idéia de
irem para a igreja e fazerem um culto lá. Mas, quando chegaram lá com
toda a gente, não foi possível qualquer culto sequer, pois as pessoas
quase todas começaram a receber revelações e manifestações de Deus, com
o Espírito dando profecias. As crianças diziam umas para as outras: “Tu
tens amuletos da sorte em tua casa. Vai buscá-los. Tu tens raízes de
feitiço; tens um cinto de feitiçaria; tens ervas que os feiticeiros te
deram”. E foi assim o tempo todo. Cada pessoa obtinha a manifestação dos
pecados de quem se sentava ao seu lado. Mas, Felipe entrou em pânico!
Ele lembrara-se que ainda tinha amuletos de feitiçaria e outras coisas
ligadas à magia que havia trazido da Ilha das Flores. Ele começou a
duvidar se tudo aquilo que estava acontecendo ali estava conforme as
Escrituras. Mas, enquanto estava pensando e duvidando, uma criança falou
alto e disse: “Tu que estás duvidando, vai ler At.2:17-21. Lá verás que
o dom de profetizar foi prometido por Deus”. Felipe teve a noção de que
aquelas palavras estavam sendo dirigidas a ele. Mas, ele ficou feliz que
a criança nem havia mencionado o seu nome!
O
Espírito de Deus afetou tanta gente que a igreja começou a ficar repleta
de gente vinda de todos os lados. Acabou ficando tão lotada que havia
muita gente do lado de fora, as quais não conseguiam entrar. Conforme o
culto se desenrolava, os dois pastores vieram ver o que se estava
passando. O superintendente Joseph começou a duvidar de tudo aquilo,
inicialmente. Não tinha a certeza se era o Espírito de Jesus quem estava
operando tudo aquilo. Conforme os seus pensamentos iam avançando e
contrariando a sua cabeça, aquilo que ele estava pensando e achando foi
manifestado a uma pessoa. Aconteceu em mais de uma ocasião. Mas, no
final, não conseguiu continuar duvidando mais. Ficou quieto num canto e
deixou tudo acontecer sem interferir. E à medida que o dia ia
progredindo, ficava cada vez mais claro que era mesmo o Espírito Santo
operando. Hoje, este irmão é uma das figuras que lideram este
avivamento.
Naquela
noite, as pessoas não estavam na disposição de irem para casa. O culto
que começara de manhã continuou por toda a noite. Foi durante esta noite
que se fizeram 20 grupos de evangelização para saírem para pregar o
evangelho. Cada líder de cada grupo foi individualmente escolhido por
Jesus. Cerca das 2:00 horas da madrugada, 18 horas depois do culto ter
começado, Saulo pedia às pessoas para irem para casa. Quando Felipe
decidiu sair dali e ir para casa também, não achava a sua paz de
espírito. Por essa razão continuou em oração profunda durante o resto da
noite. Na manhã seguinte, depois duma voz lhe haver dado os versículos
que precisava ler, reuniu o seu grupo recém formado e partiu para K. A
roupa que levava vestida eram uma calça e uma camisa. Mas não tinha
sapatos, pois nem os possuía sequer. Durante os dois meses e meio
seguintes, ele e o seu grupo trabalharam arduamente pelo interior da
ilha pregando o evangelho por onde quer que passassem. Como não tinham
mais nenhuma roupa do que aquela que haviam levado no seu corpo, a que
levavam vestida começou a ficar cada dia mais suja. Perguntou ao Senhor
o que fazer. “Bate o pó da tua calça e da tua camisa”. Disse-lhe o
Senhor. Obedecendo, Felipe notou que as suas roupas ficavam limpas como
nunca. Aquele milagre aconteceu até ao dia que chegaram a casa. Só
depois da sua missão ter terminado é que o milagre deixou de ocorrer e
precisavam usar água e sabão para lavarem as suas roupas como como de
costume.
Muitas
vezes era muito embaraçoso para alguém conversar com Felipe, pois o
Senhor dava-lhe o Espírito de sabedoria e de conhecimento e por onde
passava os pecados secretos das pessoas eram-lhe manifestos e ele
revelava-os. Todas as impurezas dentro das consciências das pessoas eram
expostas diante de todos, salvo se Deus revelasse outro jeito. Um dia,
eu estava presente juntamente com dois irmãos estrangeiros que haviam
chegado comigo a Soe. Felipe virou-se para o homem do meu lado e
disse-lhe: “Quando o vi pela primeira vez em Java, vi uma chama
queimando na tua testa. Você tem objetos de ocultismo e feitiçaria em
sua casa. Agora estou vendo essa chama no lado de cima da sua cabeça!
Você tem instrumentos de ocultismo”. O meu companheiro esbugalhou os
olhos e exclamou: “É verdade! Eu levei uns objetos de ouro decorados com
pedras preciosas daqui da Ásia. Nunca pensei que eles fossem maus para
um cristão! Vou escrever uma carta para minha casa agora e
pedir à minha família para destruí-los imediatamente! Obrigado”. Achei
aquele episódio muito relevante, deveras interessante. Desde há muitos
anos que venho pregando que os crentes não devem possuir tais objetos,
nem como decoração em suas casas. Nada que sirva de lembrança ou
de instrumento de rituais deve ser obtido por alguém
dentro e fora do campo missionário.
Numa
outra ocasião, Felipe estava presente num culto onde um outro
evangelista nativo também estava presente. Durante a pregação, o
evangelista começou a sofrer uma dor intensa na sua orelha. Quando o
pobre homem já não conseguia agüentar aquela dor, Felipe começou a
inquirir tudo sobre a sua vida pessoal. Ficou claro que o evangelista
tinha em sua posse um par de brincos que fez com material retirado dum
ídolo. Assim que lançou os brincos na fogueira que estava sendo feita, a
dor passou imediatamente.
Nem
sempre Felipe era bem-vindo nas igrejas que visitava. Todos aqueles que
o ouviam pregar, especialmente os crentes mornos e frios e os líderes
das igrejas, tinham muito medo de estarem perto dele. O Senhor deu a
este seu mensageiro a capacidade de expressar tudo que havia nas vidas
diante dele. Para se concentrar melhor, ele fechava os seus olhos e os
pecados secretos eram-lhe revelados como se estivesse vendo um filme.
Quando ele se encontrava com uma pessoa pela primeira vez, obtinha uma
visão muito exata sobre todo o historial de pecado daquela pessoa. Logo
de seguida, ele faria de tudo para conseguir conversar com a pessoa em
questão e dizer tudo aquilo que o Espírito de Jesus lhe havia
manifestado.
Mas,
este dom profético que possuía nem era algo estático ou inofensivo.
Devido ao furor e à ira que provocava nas pessoas com quem falava, ele
foi orar a Deus para que lhe desse um outro jeito de trabalhar e de
fazer uso daquele dom. E o Senhor ouviu a oração do Seu servo. Antes de
entrar em qualquer vila, por exemplo, o Senhor revelava-lhe os pecados
secretos dos líderes das igrejas. Nos cultos ele pregava abertamente
contra aqueles pecados. Assim que terminava a sua pregação, havia uma
onda de limpeza entre as pessoas e nem descansavam até que a faxina
houvesse sido completa e total. Todas as igrejas que visitava eram
varridas por uma onda de limpeza total. Após a limpeza, muitos dos
doentes eram curados.
Em N.
uma moça foi-lhe trazida. Ela tinha um pé todo desfeito devido a um
acidente. O pé sangrava bastante. Felipe colocou as suas mãos sobre o
ferimento e sentiu o poder de Deus saindo de si. O sangue
foi imediatamente estancado. No dia seguinte já se podia ver nova pele
nascendo e a moça ficou totalmente curada pouco tempo depois.
O grupo
de Felipe era conhecido como o Grupo do Fogo. Já vimos um pouco do seu
trabalho. Mas, podemos acrescentar que, por onde passava o grupo, havia
chamas vindas de Deus sobre as igrejas, as quais eram vistas tanto pelos
líderes como pela população em geral. Os presentes na reunião também
viam aquelas chamas. Os nativos temiam muito aquele fogo, pois
acreditavam que ele manifestava todos os seus pecados secretos. Mas,
mesmo quando recusavam confessar os seus pecados abertamente e fugiam
para casa, as chamas que viam seguiam-nos e perseguiam-nos até casa.
Eles não eram abandonados e nem tinham qualquer descanso até se
limparem.
Pak
Elias disse-me uma vez: “Este irmão é espiritualmente um dos mensageiros
mais poderosos e mais eficazes em toda a ilha”. Mas, ele precisa muito
de todas as nossas orações. O diabo também sabe como tentá-lo e busca
muitas maneiras de anular por completo todo o seu ministério. Irá fazer
de tudo para que caia em algum pecado. A minha experiência sobre outros
avivamentos espalhados por outras partes do mundo, mostra claramente que
os pecados mais comuns nos quais os homens de Deus se enlaçam são o
orgulho, o sexo oposto e o dinheiro. Mas, existem muitos mais. Um dos
líderes de um grupo já caiu num pecado de orgulho. Ele caiu na
armadilha.
XII. UM SACERDOTE PAGÃO CHAMADO
Numa ilha a 8 km de Soe vivia certo sacerdote que tinha muitos seguidores. Um
dia, em 1963, tendo acabado de chegar ao seu pequeno templo, um clarão
de luz caiu sobre ele e ouviu uma voz: “O teu nome não será mais Ham,
mas sim Shem. Se não obedeceres, o Justo Juízo de Deus cairá sobre ti”.
Ham foi obediente. Naquele mesmo dia convocou os seus seguidores e
falou-lhes assim: “Deus manifestou-se a mim. Não devemos sacrificar ao
sol, à lua e às estrelas, mas antes a Quem criou tudo o que está nos
”.
Até ali, Ham e seus seguidores haviam sido adoradores do sol e, muitas vezes,
sacrificavam porcos e galinhas ao sol e à lua. Ouvindo o que ele havia
dito, 60 dos seus seguidores tornaram-se discípulos da sua nova fé.
Shem, como agora era chamado, foi enormemente abençoado devido à sua
obediência espontânea e imediata. Mesmo sendo analfabeto, o Senhor
ensinou-lhe um tipo de hieroglíficos e, através de revelação direta
também, mostrou-lhe como tudo foi criado. Ele escreveu. Mais tarde,
quando entrou em contato com os cristãos e leu para eles o que Deus lhe
havia revelou sobre como criou o mundo, viram que era precisamente
aquilo que vinha nos primeiros capítulos da Bíblia. Acrescentando às
revelações que teve, Deus disse-lhes que um dia ele seria visitado por
umas pessoas que lhe diriam mais coisas sobre a sua nova fé. Aquela
Um ano
após ter recebido aquele chamamento de Deus, alguns crentes que Deus
usava para orarem por pessoas enfermas, chegaram à vila. Shem, que era
leproso, foi maravilhosamente curado. Um ano depois, quando outros
crentes chegaram à sua ilha e lhe falaram de Jesus, ele entregou a sua
vida ao Salvador imediatamente.
Ele
começou a visitar os cultos e a ouvir a Palavra em Soe e também começou
a fazer uns cultos próprios com todos os seus seguidores. Eu também tive
a oportunidade de conhecer este querido irmão em Cristo e já nos
encontramos em duas ocasiões. Ele até me deixou tirar fotos dos seus
escritos hieroglíficos com que escrevera a criação do mundo. Devo
mencionar, ainda, que um outro irmão deu-me um desenho ilustrando como
Jesus apareceu por cima do sol, conforme aquilo que já descrevi no
capítulo anterior.
III. UMA MULHER É CHAMADA
O ministério das mulheres dentro da Igreja tem sido alvo de grande
polêmica e discussões entre muitos grupos de Cristãos em todo o mundo.
Numa área de avivamento real, o assunto nem é debatido, mas simplesmente
assumido conforme Deus manda fazer. Deus respondeu as essas polêmicas
Sarai foi chamada pela primeira vez a 29 de Setembro de 1965. Foi
repentinamente acordada de noite através duma voz forte. Inicialmente,
ela estava muito assustada e pensava que havia uma tempestade na rua que
a acordou. Mas foi então que ouviu melhor e a voz disse-lhe: “Lê
At.2:2”. Quando o irmão dela leu-lhe a passagem, ela desmaiou. Enquanto
ainda se encontrava inconsciente, a mesma voz falou-lhe e disse-lhe: “Lê
Mat.10:27-28”. Mais tarde ficou sabendo que toda a sua família também
ouviu aquela voz falando para ela. Por fim, a voz falou-lhe uma 3ª vez e
disse-lhe: “Vai, sai por todo lado pregando as mensagens que te vou
”.
Esta 3ª tarefa que recebeu foi seguida dum calor interior vindo sobre si.
Colocando as mãos sobre a sua cabeça onde aquela quentura começou, ela
clamou: “Senhor, ajuda-me, socorre-me”. Mas, em vez de aliviá-la, a
quentura ficou mais forte e continuou assim até ter recuperado do seu
desmaio. Depois daqueles momentos, Sarai sentiu que estava completamente
mudada por dentro.
Naquela
mesma noite, por volta das 18:00 horas, ela começou a pregar o evangelho
de Cristo. Gradualmente, os seus vizinhos e o resto da população da vila
reuniram-se à volta dela para ouvirem o que ela estava pregando. Mesmo
que não se tivesse preparado para pregar àquelas pessoas, ela falou tudo
aquilo que o Senhor lhe ia dando até às 3:00 horas da madrugada!
Enquanto
pregava, o Espírito de profecia encheu-a e ela começou a revelar os
pecados das pessoas e mencionandos quais os objetos de magia e de
feitiçaria que tinham nas casas escondidos. Todos os que ela mencionou
saíram correndo e buscaram todos os objetos de feitiçaria e de magia que
possuíam. Foram tantos objetos trazidos que se fez uma pilha enorme. No
dia seguinte, de manhã, todos aqueles objetos foram levados para a
Igreja e entregues ao Superintendente Joseph.
Após
este início de ministério glorioso e cheio de frutos, Sarai recebeu mais
mandamentos do Senhor. Um dia Deus disse-lhe: “Sai e vai pregar”. Ela
respondeu: “Mas, Senhor, não sou uma mulher com instrução. Nunca
estudei”. "Lê Mat.10:20”. “ Porque
não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós”.
Antes de sair para pregar, a Senhor revelou-lhe os rostos das pessoas
que deveriam compor o grupo dela. Eram três homens jovens e mais uma
mulher nativa. Antes da sua campanha ter começado, o Senhor deu-lhe uma
visão novamente. Viu dois mensageiros virem em direção a ela vestidos de
branco, os quais entregaram-lhe uma chave e disseram-lhe: “Esta é a
Chave das Palavras de Deus e com ela abrirás os corações dos homens”.
Sempre que o grupo saía para pregar, as palavras de Sarai tinham um
efeito tão sublime sobre as consciências das pessoas que a vinham ouvir,
que todos sem exceção traziam os seus amuletos e instrumentos de
feitiçaria para serem queimados na frente de todos. Aquilo enfureceu
algumas pessoas que secretamente planejaram assassiná-la. Sarai foi
avisada por Deus que alguém queria matá-la. Mas, quando
a pessoa viu que os seus planos para matá-la não iam dar certo,
acabou por se arrepender e veio entregar os seus
instrumentos de feitiçaria para serem queimados.
Um dos
efeitos paralelos àquela campanha era alguns doentes ficarem curados.
Sarai não se havia apercebido desse fato, inicialmente, mas durante as
suas pregações havia pessoas que eram curadas. Numa das mensagens dela,
uma pessoa enferma há muitos anos, pulou ao aperceber-se do que lhe
havia acontecido e clamou: “Fui curada! Fui curada!” Temos mais exemplos
ainda.
Um
velhinho paralítico desde três anos atrás, estava presente num dos
cultos. Enquanto ouvia a mensagem, descobriu que conseguia andar
normalmente. Depois daquilo, achou uma igreja e entrou nela. Ajoelhou-se
dentro da igreja e deu graças a Deus pela cura. Numa outra ocasião,
entre o povo que havia saído para ouvir o evangelho, estava um homem de
27 anos de idade, cego desde nascença. De repente, no meio da mensagem,
ele gritou: “Estou vendo luz!” Vindo à frente e entregando a sua vida a
Cristo, ele não apenas ficou soberanamente convertido, mas também foi
curado da sua cegueira.
Certo
homem de 50 anos de idade, mudo desde criança, ficou curado depois dos
cristãos terem orado por ele. Mais tarde, voltou para entregar o seu
coração a Jesus.
Havia,
na verdade, muitas pessoas curadas daquele jeito, muito mais do que
aqueles que os evangelistas se apercebiam. Mas, um fato a realçar:
descobriram que todos aqueles que não voltaram para entregarem as suas
vidas a Cristo após haverem sido curados, a sua doença voltava e ainda
voltava pior do que era antes da cura acontecer.
Após
trabalharem durante um extenso tempo na ilha de Timor, Sarai foi enviada
pelo Senhor para ir visitar a Ilha de Rote e fazer a Obra lá. Após
tentar obter a sua passagem sem sucesso, ela foi para a praia com o
grupo e sentando-se perguntaram ao Senhor como eles haviam de ir para
lá. “Como iremos atravessar o mar, Senhor?” Deus disse-lhes: “Esperem
mais sete dias e enviarei um “prau” (um barco pequeno típico da área).
Esperaram e como Deus lhes havia dito, sete dias depois um “prau” chegou
e levou-os a Rote. Sarai começou a trabalhar sob a liderança do Pastor
Gideão. Logo de em seguida, o mesmo Espírito
de Avivamento que varreu a Ilha de Timor, desceu sobre aquela Ilha de
Rote também. Quando Sarai trouxe os relatórios extensos da sua obra, ela
concluiu: “Se eu não lesse a minha Bíblia extensivamente durante um
único dia, sentia no meu coração como que o Senhor me ficasse acusando
de ser negligente. Mas, sempre que leio alguma passagem da Bíblia, o
Espírito Santo interpreta-a para mim, dando-me os significados de
versículo a versículo”.
XIV. QUEM ESTÁ MAIS CERTO?
Quando chegamos a Soe, o nosso grupo ficou enormemente maravilhado com o Grupo
Estiveram trabalhando no interior da ilha durante oito meses, longe de
tudo. Mas, pouco antes da nossa chegada, aquela mulher ouviu a voz do
Senhor dizendo: “Voltem para Soe. Um grupo de missionários internacional
está chegando para visitar a ilha brevemente”. Seria praticamente
impossível alguém contatá-los no meio da floresta e nas vilas, pois não
existem linhas telefônicas. Na verdade, não existem quaisquer meios de
comunicação no interior da ilha. O grupo começou a sua caminhada de
volta para Soe. Quando chegaram, perguntaram ao Superintendente Joseph:
“O grupo internacional já chegou? Os sete missionários que vêm visitar a
ilha já chegaram?” Joseph respondeu: “Não chegaram ainda. Pak Elias
escreveu-nos dizendo que irão chegar 10 pessoas nesse grupo
internacional e não sete”. “É impossível que sejam 10. Deus disse-nos
que eram sete”. Uns dias depois, nós chegamos à ilha. Éramos sete
pessoas e não 10. Três Cristãos Japoneses que deveriam ter vindo
conosco, não conseguiram os vistos de entrada na Indonésia a tempo de
embarcarem conosco. Aquela forma de comunicação que Deus usa está muito
mais avançada que a da era moderna. A informação daquele grupo no meio
da floresta trabalhando na conversão das pessoas era mais fiável e mais
seguro do que aquilo que Pak Elias escreveu ao Pastor Joseph.
Quando
estávamos conversando com aquela humilde serva do Senhor, ficamos
simplesmente maravilhados com os pequenos detalhes das operações do
Espírito Santo em sua vida pessoal. Como aconteceu com muitos outros,
ela foi chamada através duma visão. E, como vem acontecendo em TODOS os
casos, as suas visões estão intimamente ligadas com aquilo que dizem as
Escrituras. Isto é especialmente encorajador para todos nós no tocante a
estes muitos milagres e maravilhas. A pessoa que recebe uma visão é
levada a ler na Bíblia e é levada para um texto específico das
Escrituras. Quando a pessoa não sabe ler, o respectivo texto é lido em
voz alta para ela e ela memoriza o texto para sempre.
Após
haver sido chamada, Maria continuou recebendo diretivas e mandamentos do
Senhor que a levavam sempre para versículos nas Escrituras. Numa
ocasião, ela viu uma luz muito forte e viu-se rodeada de muitos anjos.
Uma voz disse-lhe: “Nada temas. No fim deste mundo, quando ele terminar,
todo o mundo será queimado através desta luz. Tu serás Minha testemunha.
Vai para todos os lados que eu te enviar, porque o tempo está terminando
e é curto demais. As pessoas precisam se arrepender logo!” Duvidando se
aquela voz era real e se aquelas palavras vinham mesmo do Senhor para
ela poder confiar nelas, Mary perguntou: “Quem é você?” A voz respondeu:
" Eu mesmo e as Palavras são minhas também”. Seguidamente ela viu as
mãos de Jesus e viu as feridas dos pregos na cruz. A voz continuou: “As
minhas mãos são furadas cada dia ainda hoje por cada pecado deste
mundo!” Maria estava muito assustada e disse: “Mas quem vai acreditar em
mim? Eu nem sei escrever, não tenho formação!” O Senhor respondeu: “Eu
vou te dar pessoas com quem trabalhar”. Logo em seguida ela viu os
rostos de cinco pessoas que iriam compor o grupo dela. O Senhor
continuou: “Nunca falarás as tuas próprias palavras, mas fala só as
minhas. Eu falarei por ti, através de ti e estarei sempre cobrindo a tua
retaguarda e cumprindo tudo o que falares”.
Enquanto
Mary narrava ao Pastor Joseph e a nós a história da sua chamada para
pregar o evangelho, ela acrescentou: “O Senhor deu-me um hino, mas não
entendo as palavras dele”. Começou a cantar a música em voz alta.
Estávamos estupefatos, pois ela cantava em inglês, sem qualquer erro. A
letra da música é esta: “Eu ouço meu Salvador chamando, ouço meu
Salvador chamando e dizendo "toma a tua cruz e segue-me".
O único
idioma que ela sabia era um dos dialetos locais. Ela nem consegue
expressar-se no idioma oficial do país, não sabe escrever e nem ler. E,
eis aqui a mulher cantando perfeitamente em inglês um hino ao Senhor!
Ela nunca havia ouvido alguém falar naquele idioma antes nos lugares
onde vivera.
Levaríamos muito tempo para descrever e detalhar todas as coisas que os
diferentes grupos de evangelização concretizaram em nome do Senhor.
Poderíamos escrever muito e em muitos livros sobre
o assunto. Mas, o que está acontecendo aqui é igual ao que o apóstolo
João afirmou: “ E
ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem
escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os
livros que se escrevessem”, João 21:25 .
Jesus ainda é o mesmo hoje e sempre.
XV. DE PERSEGUIDOR PARA DISCÍPULO
Andrew é
um oficial da polícia. Enquanto a nossa comitiva internacional
permaneceu em Soe, tivemos oportunidade de ouvir o testemunho dele. Aqui
segue a história que nos contou.
“Quando
o avivamento começou aqui em Timor, eu fui um dos seus opositores mais
ferozes. Decidi fazer de tudo para perseguir os cristãos e, quando Saulo
começou a pregar o evangelho nas escolas, eu mesmo o prendi e torturei-o
no posto da Polícia. Cheguei a arrancar o bigode dele.
A razão
porque eu me opunha tanto aos Cristãos era porque eu estava
profundamente preso nas coisas do ocultismo, em feitiçaria e outras
coisas mais. Venho da ilha de Sumba, onde as pessoas estão muito
enraizadas na magia negra. Ainda hoje é praticada lá. Sempre que alguém
sai da ilha, leva consigo certo tipo de amuletos e instrumentos de
ocultismo para que seja protegido onde for. Quando eu saí de lá, trouxe
comigo 66 desses amuletos de proteção e da sorte. Uma vez, quando alguém
tentou cortar a minha garganta com uma faca enorme, a faca foi
simplesmente impedida de cortar a minha pele, nem me magoou sequer. As
pedras negras que eu uso dentro da minha pele foram muito eficazes. Se
não fosse por elas, estaria morto já. Existiam, no total, 36 dessas
pedras dentro do meu corpo por baixo da pele. Continuei na minha
oposição ao avivamento durante quatro anos. Mas, em Fevereiro deste ano
(1969) fiquei muito doente. Nenhum médico conseguiu diagnosticar
qualquer doença em mim, mas tiraram a minha apêndice por precaução.
Contudo, não houve melhoras no meu estado de saúde e a causa de tudo
acabou não sendo a apendicite afinal. As causas eram os pecados que
Jesus ainda não me havia perdoado, os meus pecados de ocultismo e de
bruxaria. Por fim, temendo muito que a minha doença fosse incurável, fui
falar com um irmão Cristão, o qual me mostrou o caminho para Cristo.
Naquela mesma noite Jesus apareceu-me ao vivo e entreguei toda a minha
vida a Ele logo ali. Assim que entreguei a minha vida, fiquei
instantaneamente curado. Estando ainda em oração, a minha pele começou a
estourar em alguns lugares e aquelas pedras foram expulsas do meu corpo.
Depois disso, Jesus disse-me: “Vai dar o teu testemunho diante do povo e
conta diante de toda a Igreja tudo que aconteceu contigo, senão a doença
torna a voltar. Eu fui obediente e fiz o que mandou fazer”.
Toda a
comitiva estava presente quando Andrew nos deu o seu testemunho. Depois
de haver terminado, perguntei-lhe: “As pedras já saíram todas do teu
corpo? Tiveste de cortar a tua pele para retirar alguma delas?” Ele
respondeu: “Ainda não saíram todas. Ainda tenho uma pedra dentro de mim.
Apalpe aqui para ver. Está perto da minha nuca. Conseguirá senti-la, se
quiser”. Estiquei a minha mão e senti a pedra. Era do tamanho dum dedal.
Andrew continuou: “As outras 35 demoraram duas semanas para saírem
todas. Mas, em nenhuma delas foi necessário cortar a pele. Simplesmente
oramos e conforme orávamos, a pele rasgava-se e as pedras iam saindo,
sendo expulsas uma a uma. Ainda iremos orar até esta pedra sair também.
Esta que falta sair é a que tem maiores poderes satânicos”.
Tive a
informação recentemente que a última pedra também acabou por sair.
XVI. UM FEITICEIRO TRANSFORMA-SE
Pouco
tempo antes da nossa chegada em Timor, um homem muito temido em todo o
povo converteu-se. Tivemos a oportunidade de ouvir o seu testemunho,
também, quando estava sendo dado na Igreja de Soe. Enquanto esperava a
sua vez para falar, ele estava branco como a cal, tremendo devido ao
pensamento de ter de falar diante de tanta gente, (cerca dumas 1.000
pessoas). Através dum interprete, pude anotar algumas coisas.
Tito
clamou a Satanás por ajuda quando ainda tinha 15 anos de idade. “Dá-me
poderes de magia!”, implorou-lhe. Foi criado como animista e como
resultado da sua educação desenvolveu nele um tipo de visão de vida
virada para o ocultismo. Quando fez esse pedido a Satanás, ouviu uma voz
que lhe disse: “Sai para a frente da tua casa!” Fez como ouviu e depois
foi-lhe dito novamente: “Estende a tua mão”: Ao estender a mão, uma
força invisível manifestou-se e cortou a pele dos seus dedos e ele viu
uma pedra ser colocada dentro do ferimento. Seguidamente, a pedra
começou a subir pelo seu braço em direção ao coração e desceu pelo outro
braço seguindo a corrente sanguínea. Descobriu, mais tarde, que aquele
dom satânico conferiu-lhe grandes poderes. Nenhuma pessoa podia cruzar o
seu caminho. Usando aquele poder, começou a roubar, raptar e a seduzir
as mulheres das aldeias. Ele também estava capacitado para matar gente
através dos poderes que recebeu. Arranjou um emprego, primeiro
trabalhando para as autoridades locais. Mas, expulsaram-no pouco tempo
depois devido às suas práticas ocultas. A polícia tentou prendê-lo
muitas vezes sem qualquer êxito, pois ele usava um cinturão que lhe
garantia proteção. Fenômenos ocultos deste tipo também existem noutras
partes do mundo e, na Alemanha, por exemplo, existe a “Saga de
Siegfried” que se baseia na mesma idéia. No Oriente, contudo, estes
poderes são mesmo reais e o príncipe das trevas capacita muitos daqueles
que lhe servem com poderes vindos do próprio inferno.
Em Março
de 1969, Tito finalmente entregou-se a Cristo, rendendo a sua vida ao
Senhor. A sua conversão resultou duma visão que Deus lhe deu do Arcanjo
Gabriel. Mas, no dia do seu batismo, a 1 de Abril, ainda não havia sido
inteiramente liberto do seu passado de ocultismo. No entanto, a pedra
parou de andar dentro dele e foi parar no lugar por onde originalmente
entrou no seu corpo.
Quando
questionei com Pak Elias sobre o assunto, perguntando por que razão
aquela pedra não havia saído quando se converteu, ele respondeu: “Talvez
sirva para ele se recordar de onde Deus lhe tirou, para que se sinta
humilde, pois as pessoas esquecem-se facilmente depois de libertas.
Ele vai-se recordar dos seus maus caminhos e da falta de paz que tinha
para poder permanecer grato a Deus. A coisa mais importante foi aquela
pedra ter ficado sem todos os seus poderes através do sangue de Cristo”.
Ainda é possível que essa pedra saia mais dia menos dia, pois esperamos
que, a qualquer momento, ela corte a pele e salte para fora. Foi o que
aconteceu com o mágico Andrew, pois ele também não ficou totalmente
liberto dos seus poderes no dia da sua conversão.
Em Junho
de 1969, Tito ficou muito doente. Durante três dias não conseguiu comer
nada e foi atormentado por uma febre muito alta acompanhada de tremores
no seu corpo e de dores agudas no peito. Aquela doença foi usada por
Deus para chamá-lo para o ministério. No dia 1 de Julho ouviu uma voz
dizendo: “Tito, escuta-me. Não poderás comer durante dois períodos de
seis horas, pois nesses períodos preciso falar contigo e mostrar-te
algumas coisas. Vou-te dar um cajado da fé que poderás usar”. Tito
perguntou: “No que irei usar esse cajado?” A voz respondeu-lhe: “Usarás
esse cajado para destruir a fé Islâmica, o Budismo, o Animismo e o
Catolicismo. Essas religiões têm causado grandes males na Indonésia até
hoje”. Achei muito interessante Deus ter-lhe mencionado o Catolicismo
juntamente com as outras religiões. Deus não aprova nenhuma das condutas
e das práticas das igrejas ecumênicas atuais.
Quando
Tito recebeu aquela comissão vinda do Senhor, ele esta parcialmente
consciente e conseguia ouvir a sua esposa falando e fazendo troça dele
enquanto estava cozinhando. Contudo, o Senhor falou-lhe uma segunda vez
e dessa vez não estava ali presente e nem consciente do seu ambiente
natural. “Estou te chamando para o Meu serviço. Prega a Palavra. Estás
disposto e pronto a servir-Me?” Tito respondeu: “Eu nem sou a pessoa
mais indicada para Ti, Senhor. Eu fui um dos piores bandidos da vila!” O
Senhor não aceitou aquilo como resposta e não deixou de insistir com
ele. “Desejo que sejas Meu filho. Permanece no meu amor. Vai ler
Jeremias 48:10, a primeira parte do versículo e João 15:9. (Jeremias
48:10: '
Maldito aquele que fizer a obra do Senhor
negligentemente';
João
15:9 :
' Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu
amor'). Tal como um pássaro sai do seu ninho e torna a voltar
para ele, eu enviar-te-ei para lugares distantes e te trarei de volta
para aqui”.
Durante
a etapa seguinte do seu chamamento, o Anjo Gabriel apareceu-lhe e
disse-lhe: “O Senhor enviou-me para te levar até aos céus”, 2
Cor.12:2,3. Juntos entraram no céu. Tito ainda conseguia ver o sol, as
estrelas e a lua. Quando entraram, passaram por um tipo de ponte e
chegaram a um portão enorme que se abriu sozinho. Gabriel virou-se para
Tito e disse: “Este é o segundo Céu. Aqui o sol, a lua e as estrelas não
existem”. Após haverem entrado num portão, viu que o Segundo Céu estava
repleto duma luz maravilhosa. Continuaram caminhando, passando ponte
após ponte e quanto mais andava mais ele se apercebia da grande
diferença que havia entre a vida na terra e a vida dos céus.
Gabriel falou-lhe novamente: “Tu és muito privilegiado, vendo as coisas
que estás vendo. Muitos desejaram vê-lo e não viram. Outros que viram
caíram no chão como mortos!” (Apoc.1:17).
Enquanto
tomava consciência das diferenças entre a esfera terrestre e a esfera
celestial, Gabriel disse-lhe mais: “A razão porque te foi permitido ver
todas estas coisas gloriosas é para tu ires proclamar tudo o que viste
para o resto da humanidade que te vai ouvir. Não lances mais nenhum
olhar sobre a tua vida do passado, porque se olhares para trás perderás
tudo isto que estás vendo agora”.
Gabriel
continuou guiando Tito até entrarem no sétimo céu. Gabriel disse-lhe:
“Este é o sétimo céu”. Tito ficou abismado com a glória daquele lugar
mais sublime dos céus. Lá, mesmo diante dele, viu mesas preparadas para
uma grande festa, estendidas por muitos quilômetros e não via o fim
delas. As cadeiras eram de prata e de ouro. Cada uma delas estava
designada para uma pessoa específica. As mesas estavam ricamente
decoradas e continham maná celestial. À volta das mesas havia
ornamentações lindas e balançavam como que mexidas por uma leve brisa
muito suave e refrescante. Quando chegaram ao fim das mesas, havia dois
lugares especiais preparados para a Noiva e o Noivo. Gabriel disse a
Tito: “Proclama em todo lado e fala com as pessoas que se arrependam
logo. Diz-lhes para seguirem Jesus e prepararem-se para a festa do
casamento do Cordeiro”, (Luc.14:16–24; Mat.
22:2–24; Apoc. 19:6–10) . Depois daquilo, Tito foi aturdido por um
raio de luz e ele caiu sobre o solo e a visão do sétimo céu desapareceu.
Gabriel tocou no seu ombro levemente e ergue-o sobre os seus pés. Ele
foi levado de volta, percorrendo todo o caminho que fizera até ali.
Quando saiu do último palácio, Tito viu do seu lado esquerdo um rio
magnífico onde corria leite e mel e, do seu lado direito, um outro onde
corria ouro e prata. As correntes corriam pelo meio do Paraíso de Deus.
Continuando, aquelas correntes entravam no Jardim do Éden. Tito virou-se
para Gabriel e perguntou-lhe: “É este o lugar para onde os justos virão
viver? E se é, para onde vão os ímpios?” Gabriel respondeu-lhe: “O
Senhor não permite que vejas esse lugar. Contudo, posso te mostrar o
caminho que leva para lá. Com aquilo, Tito viu três caminhos maus
lotados de gente: homens, mulheres e crianças. Eram tantas as pessoas
que nem conseguia discernir os seus rostos. Tito ficou horrorizado
olhando estupefato para aquela massa interminável de gente indo na
direção do inferno. Ele começou a gritar chamando por eles, para que
saíssem do caminho. “Entrem na porta estreita! Entrem logo! Entrem e
serão salvos!” Mas, ninguém queria ouvir o que ele dizia. Ninguém ouvia.
Depois
de aquela visão ter terminado, Tito recebeu uma visão sobre a missão
para a qual estava sendo chamado. Ele viu o Senhor Jesus no meio de sete
anjos: quatro do Seu lado direito e três do Seu lado esquerdo. De
repente, o Espírito de Jesus caiu sobre ele e Tito sentiu em seu corpo
que havia sido curado. O seu espírito (o espírito de Tito) estava
pronto para reentrar na esfera terrestre e ele viu a sua casa
aproximando-se e viu a sua família quando estava chegando. Aquela visão
terminou com a visão de anjos tocando em seus familiares e eles todos se
curando das enfermidades que tinham. Entre esses familiares estava a sua
esposa que estava enferma há alguns anos.
Cerca da
meia noite, Tito voltou a ficar inconsciente. As duas visões duraram
precisamente 6 horas cada, tal como o Senhor lhe havia dito. Ele foi
confirmar e seus filhos e esposa estavam todos curados de suas doenças e
regenerados.
Tito
sabia agora, com maior convicção ainda, que havia sido chamado para o
ministério. Deus deu-lhe o mandamento de ir contar diante de toda a
igreja as visões que teve. Inicialmente Satanás tentou impedi-lo de
fazê-lo levando uma terrível mordida dum cachorro enorme na sua perna.
Mas, depois de haver orado, o ferimento começou a curar-se e no dia
seguinte estava quase sarado. Quando deu o seu testemunho, eu estava
sentado dentro da igreja escutando enquanto falava.
Estas
visões que nos contou merecem e precisam de algumas explicações. Elas
provocam em todos nós uma série de perguntas também. Como vamos
classificar tudo isto à luz das Escrituras? Que devemos fazer para
termos os pontos de vista das Escrituras sobre assuntos como estes?
-
1. Este avivamento em Timor é um caso fora do vulgar, algo a
entrar no extraordinário como acontecia no tempo dos apóstolos. Todos
estes sinais são próprios do que vêm ocorrendo ali.
2. As visões resultam e provêm diretamente das atuações
soberanas do Espírito Santo. As pessoas não as buscam. Estes nativos
Cristãos são pessoas simples, analfabetas e Deus escolheu falar-lhes
assim.
3. Todos estes sinais milagrosos têm um duplo propósito:
anunciar que a vinda do Senhor está para breve e encaixam-se direitinho
nas profecias que vemos em Joel 2:28 e Atos 2:17. Muitas são, na
verdade, as profecias que afirmam que a vinda do Senhor Jesus está bem
próxima. O tempo está ficando curto!
4. Estas visões estão de acordo com tudo aquilo que a Bíblia
diz e muitas das pessoas nem conheciam a Bíblia quando tiveram as
visões. Elas estão de acordo com as Escrituras.
5. Os que receberam as visões e as lições espirituais
tornaram-se pessoas abertas a correções e às exortações dos irmãos em
Cristo. Sempre que algo não esteja andando bem em suas vidas, eles ouvem
e corrigem-se.
6. As visões que tiveram não se tornaram mais importantes em
suas vidas que o Senhor, de quem elas falavam claramente.
7. A nossa fé não está baseada em visões, mas sim na
verdade. Ela está fundamentada e firmada na obra redentora de Jesus
Cristo naquela Cruz e na Sua ressurreição dos mortos.
8. Deus raramente dá uma visão antes de chamar alguém para a
Sua obra. A coisa mais importante que devemos ter em mente, é a
obediência incondicional à Palavra de Deus e ela fala em visões também.
9. Caso as visões se tornem autônomas e independentes da
Palavra de Deus, levarão a sensacionalismos de vários tipos e ao orgulho
espiritual. Nesses casos, ao invés de levarem a uma benção, levam as
pessoas à maldição e á perdição.
10. Devemos guardar nossos corações da crítica contra estas
experiências e visões na Indonésia. Existem muitas coisas similares que
são falsas. Não devemos ser precipitados a falar e nem a dizer alguma
coisa destas na Indonésia. Devemos compará-las abertamente com as
Escrituras e tirar as nossas conclusões de acordo com aquilo que elas
querem dizer e de acordo com aquilo que estas experiências querem
comunicar. Nada mais.
XVII. A OBRA DUM EVANGELISTA
Já
ouvimos o testemunho maravilhoso de Pak Elias neste livro. Mas, quero
contar mais algumas coisas relacionadas com a sua obra como ministro da
Palavra e como evangelista. Tive a oportunidade de conviver com este
irmão em Cristo em diversas ocasiões. A primeira vez que nos encontramos
foi no Leste de Java em 1968. A segunda vez foi na Alemanha numas
conferências que organizei onde tanto Pak Elias como David Semeon
participaram. A terceira vez foi quando estivemos um tempo juntos na
Indonésia naquela conferência no Leste de Java. A quarta vez foi
juntamente com aquele grupo internacional que se reuniu em Timor. Mas,
antes de prosseguir, permitam-me sublinhar um princípio do qual nunca
nos devemos esquecer. É muito fácil esquecermos um detalhe. Podemos cair
facilmente na tentação de adularmos o homem, colocarmos os homens que
admiramos num pedestal de admiração e de reverência. Isso é uma forma
sutil de idolatria, mas nem por isso deixa de ser
idolatria. Temos uma absoluta necessidade de nos recordarmos a quem
aquelas pessoas à entrada de Jerusalém clamavam “Hosana”. Aquelas
palavras e aquela reverência não eram dirigidas à mula que levava Jesus,
mas eram dirigidas ao Senhor em cima da mula. Temos tendência para
esquecermos esses fatos e começamos a adular a mula que carrega o
Senhor, ou a que leva o Senhor às pessoas.
Dezesseis meses separam esta parte do livro da anterior. Durante este
tempo, pude juntar e colocar em ordem algumas histórias que complementam
o relato que fiz acerca Pak Elias.
Este
homem de Deus estava pregando numa ilha da Indonésia em certa ocasião e
o Senhor usou o ministério dele para iniciar um poderoso avivamento
entre os muçulmanos. Vendo como muitos do seu povo se estavam
convertendo, um muçulmano surdo que aprendera a ler e a escrever antes
de ficar surdo, começou a ler as reportagens sobre o que se estava
passando. Por fim, veio conversar com Pak Elias e disse: “Se o Jesus que
tu pregas me fizer ouvir, eu crerei n’Ele”. Pak Elias sentiu o
desafio no ar. Por outro lado, sentiu aquela liberdade interior de orar
por ele. Impôs-lhe as mãos e o muçulmano sentiu uma força curadora fluir
por dentro dos seus ouvidos. Quando terminou a oração, viu que estava
ouvindo tudo novamente. Entregou a sua vida a Cristo conforme havia
prometido fazer.
Enquanto
Pak Elias esteve pregando na ilha, um Muçulmano rico compareceu numa das
suas pregações. Ficou tocado pela mensagem e, por essa razão, resolveu
ficar longe de tudo aquilo. Sentiu-se desconfortável e não gostou da
sensação que a verdade provocou nele. Contudo, três dias antes da
campanha evangelística terminar, a esposa principal desse muçulmano
encorajou-o a ir ouvir uma vez mais. Uma vez mais, a mensagem pegou
profundamente em seu coração e, conversando com Pak Elias mais tarde,
disse: “Se me conseguir ajudar, dou-lhe um carro novo”. O evangelista
respondeu: “É verdade que Deus pode ajudar o senhor. Mas é mentira que
você tenha de pagar por isso”. Ele continuou falando com Pak Elias:
“Tudo isso que me está dizendo é verdade? Cometi muitos pecados durante
a minha vida toda e todas as pessoas que me conhecem sabem como sou
ruim. Tenho 16 mulheres, roubei muito dinheiro a muitas pessoas e até já
assassinei”. Pak Elias mostrou-lhes o caminho para Cristo e tanto ele
como a sua esposa se converteram. Após haverem confessado todos os seus
pecados um por um publicamente, deu uma soma de dinheiro a cada uma das
suas mulheres e libertou-as para que pudessem seguir com suas vidas
terrenas de outra maneira. Mas, estava determinado a viver uma nova vida
juntamente com a esposa principal, vivendo ambos para o Senhor Jesus.
Numa outra ilha, onde era expressamente proibido pregar o evangelho
publicamente, Pak Elias entrou num táxi e começou a falar de Cristo para
todos os passageiros. (Nota do tradutor: o táxi em algumas partes do
mundo é um microônibus que leva várias pessoas). Uns meses mais
tarde foi-lhe relatado que o condutor do táxi converteu-se através da
pregação que fez enquanto fazia a viagem.
Um
professor veio a Pak Elias e disse-lhe: “Eu sou Cristão, mas quando leio
a Bíblia eu não entendo nada. Não aproveito nada daquilo que leio”. Pak
Elias respondeu-lhe: Existem três tipos de leitores da Bíblia: a) o
primeiro lê a Bíblia para achar argumentos contra ela; b) o segundo tipo
de leitor, curvado sob o peso e sob as exigências da sua própria
sabedoria e daquilo que ele próprio pensa e acha, examina criticamente
tudo aquilo que é verdade e que se assume apenas através da fé em Jesus.
Consegue, através disso, reduzir as verdades das Escrituras a um
escombro de detritos da mente humana; c) o terceiro tipo de leitor, por
outro lado, dá o valor à Bíblia que ela tem mesmo e colocam-se sujeitos
a Deus e à luz das Escrituras, consumindo cada palavra dela devidamente
através da compreensão espiritual”. O professor respondeu: “Estou é
vendo que pertenço ao segundo grupo!” No dia seguinte voltou para tornar
a conversar e, depois de haver confessado todos os seus pecados diante
de Pak Elias, submeteu toda a sua vida e o seu intelecto a Jesus e à
autoridade das Escrituras.
Um dos
maiores eventos durante o avivamento, foi a campanha em Irian Ocidental
na Nova Guiné em Março de 1969. Quando Pak Elias pregava, começou a
chover torrencialmente. Havia milhares de pessoas assistindo ao culto e
muitos deles estavam do lado de fora sob a chuva. O evangelista orou em
seu coração e sentiu a liberdade de mandar a chuva parar em nome de
Jesus, com toda a gente vendo. Aquela chuva cessou logo de imediato. Ele
orou, então, pedindo a Deus que a chuva se mantivesse longe dali
enquanto a pregação durasse. E foi isso mesmo que aconteceu. Começou a
chover de novo apenas depois do culto ter terminado. No dia seguinte à
noite, começou um vento forte fazendo um barulho ensurdecedor no
edifício onde as pessoas se encontravam ouvindo o evangelho. Conforme o
vento ia aumentando de intensidade, o teto de metal e de chapas rangia e
estava ameaçando ruir. Tornara-se impossível pregar uma única palavra,
pois ninguém conseguia ouvir ninguém. Novamente, Pak Elias recorreu ao
Senhor e comandou aos ventos que parassem e fez aquilo em nome de Jesus.
Perante a audiência, que era novamente composta de milhares de pessoas
e na qual se encontrava um missionário alemão (Willi Haseloh) que
foi testemunha destes fatos, os ventos cessaram quase imediatamente.
Durante
aquela campanha de 18 dias em Irian Ocidental, cerca de 3.000 pessoas
converteram-se a Jesus. Mas, também houve 250 jovens que se entregaram à
obra e à proclamação do Evangelho, os quais saíram a pregar para todos
aqueles a quem Deus os enviava.
Deus
também respondeu às orações em privado do seu servo. Numa noite, Pak
Elias viu-se a ele próprio por cima dum país distante e, quando a visão
terminou, começou a orar num idioma que ele não entendia. Memorizou
aquilo que falou sem entender e, uns meses mais tarde quando visitou a
Tailândia, comprovou que o idioma no qual orou era Tailandês. Esta sua
experiência não se tratou apenas dum caso de línguas estranhas, mas era
antes um caso idêntico ao que aconteceu em Atos 2 onde as pessoas
começaram a expressar-se em idiomas que não eram os seus.
É uma
experiência inesquecível podermos acompanhar este irmão numa campanha
evangelística. O seu trabalho para o Senhor é deveras maravilhoso. Mas,
como todos os outros servos do nosso Senhor, ele precisa muito de todas
as nossas orações e ainda mais daquelas que Deus possa ouvir. Oremos
para que o seu sucesso na obra nunca resulte em orgulho, nem dele e nem
dos seus seguidores. Se isso acontecer, o poder que tem ser-lhe-á
retirado. Acima de todas as outras necessidades que ele possa ter, vamos
pedir a Deus que ele possa discernir entre os espíritos enganadores que
tentam ajudar na pregação do evangelho para o torcerem conforme as
doutrinas das trevas e também para o livrarem das pragas pentecostais
que se propagaram por este mundo que conhecemos!
XVIII. OS HINOS DO AVIVAMENTO
Viajando
pelo mundo como missionário, tive muitas oportunidades de ouvir crentes
expressarem-se através de hinos e de músicas de Deus. Muito
ocasionalmente, no Ocidente, tive oportunidade de escutar grupos de
corais muito bem organizados, os quais deixavam os seus ouvintes secos
por dentro após haverem cantado e enquanto cantavam. Qual a técnica,
qual o talento que resulta se o Senhor estiver ausente? (Salmo 127)
Em
Barrow no Alasca, fiquei particularmente tocado e “derretido” com os
cânticos dum grupo da Igreja Presbiteriana. Eram tão bonitos que resolvi
gravar aqueles cânticos para mim. Também já mencionei como fui
profundamente tocado pelos cânticos de Cristãos em Ambom, na Indonésia.
Foram muito lindos para mim na altura que os ouvi.
Contudo,
nada daquilo que ouvi anteriormente se compara com os cânticos do
avivamento em Timor. A riqueza dos hinos dentro daquelas igrejas
Presbiterianas é simplesmente fabulosa. Mesmo que sejam aqueles hinos
tradicionais da Igreja Reformada, eles penetram em nossos corações, pois
aquelas vozes e aquelas palavras são realmente abençoadas, aplicadas e
dirigidas pelo Espírito Santo. Os mesmos hinos sem Deus nunca nos dizem
aquilo que deveriam dizer e nem da forma que deveriam expressar-se.
Através da vida, aquelas melodias antigas e mortas noutros lugares do
mundo, ganham uma vida estranha e muito linda quando cantadas com Deus
presente, ouvindo e fazendo ouvir. Todas ganham um novo significado.
Mas, os
verdadeiros hinos de avivamento são, na realidade, aqueles que são dados
diretamente por Deus. Os grupos não apenas tinham visões e ouviam vozes,
mas, também recebiam cânticos diretamente do Senhor. Por vezes, estes
simples, mas muito abençoados cristãos indonésios, saíam dos seus
encontros com o Senhor trazendo uma nova melodia, a qual
memorizavam depois de repetida para eles da própria boca do Senhor Jesus
umas 20 vezes. Que alegria é para nós podermos cantar este tipo de
hinos! Parece-nos que estão sendo cantados pelos anjos também. Dentro
das igrejas que cantam estes hinos passa uma alegria e certo bem-estar
espiritual que nem temos como descrever. Cremos mesmo que estes hinos
são cantados pelos anjos de Deus também nos coros celestiais e, quem
sabe, ao mesmo tempo em que nós cantamos. Devem ser hinos do mesmo tipo
que os pastores nos arredores de Belém ouviram quando o Salvador nasceu.
Antes de
começar a relatar o episódio seguinte, deixem-me dizer que este episódio
desencadeará muitas críticas no mundo Ocidental.
Um dia,
um grupo de crianças que se havia convertido no avivamento, estava
cantando hinos ao Senhor enquanto caminhavam para casa depois da escola.
Passaram por um caminho e havia umas pedras grandes do lado espalhadas
pelo terreno. Repentinamente, ouviram uma voz saindo das rochas dizendo
para eles: “Cantaram muito bem! Deixem-me ensinar-vos uma nova canção de
Jesus. Fiquem aqui enquanto canto para vocês…” As crianças, respondendo
com simplicidade, disseram: “Nós estamos com muita fome. Deixa-nos ir a
casa primeiro e depois voltaremos para aprender”. Eles apressaram-se,
levaram seus livros e sacolas para casa e, quando iam comer, descobriram
que a sua fome desaparecera! Saíram das suas cabanas, juntaram-se
novamente e foram de volta para o local de onde aquela voz lhes havia
falado. Quando lá chegaram, ouviram a mesma voz falando-lhes pela
segunda vez. Depois, começou a cantar uma canção e, pedindo-lhes para a
cantarem, repetiu-a até que aprendessem. Eles assim fizeram e, após
terem ouvido a canção umas 20 vezes, apanharam a melodia e memorizaram
as palavras. Voltaram para a vila cantando aquele hino enquanto
caminhavam. Quando o líder da escola Teológica os ouviu cantar, escreveu
a letra da música juntamente com a melodia. Este homem mostrou-me a
canção escrita em seu caderno.
Um
psicólogo ou parapsicólogo teria a maior das dificuldades para explicar
o fenômeno por trás desta experiência. Se um historiador Ocidental
tivesse que escrever alguma coisa sobre a Revolução Russa, escreveria
coisas muito . E, contudo, não é fácil negar a veracidade desta
ocorrência, pois as crianças não mentem acerca dum assunto deste gênero
e existe tanto a letra como a melodia para comprovar a veracidade do que
aconteceu.
XIX. FALSIFICAÇÃO DA VERDADE
Se um
historiador ocidental desse uma descrição da Revolução Russa, certamente
que os seus relatos seriam bem distintos daqueles que um historiador
russo daria sobre o mesmo evento. A alegada objetividade de qualquer
escritor depende, também, da atitude que toma em relação a um assunto e
para que lado se inclina a sua posição pessoal.
Por
experiência própria, posso confirmar que já li muitas coisas forjadas e
falsificadas sobre avivamentos que vêm acontecendo um pouco por todo o
mundo. Por essa razão achei-me colocado perante a obrigação de atuar e
de servir de vigia num posto soberano e privilegiado sobre este assunto.
Uma vez
na Alemanha certo cristão pentecostal disse-me: “O senhor sabe muito bem
que esse avivamento na Indonésia começou por causa das Igrejas
Pentecostais! Na verdade, são as únicas igrejas evangélicas através das
quais poderá acontecer um avivamento!” Do mesmo modo, um membro da
Organização L. Osborn declarou o seguinte: “O avivamento aconteceu
devido ao nosso trabalho na área”.
Poderíamos ficar felizes ignorando tais comentários. Se não fosse o caso
destes relatórios, vindos deles, já estarem a circular na imprensa
estrangeira em todo o mundo, nem deveríamos abrir a nossa boca.
Eu não
desejo de forma alguma denegrir os movimentos Pentecostais. Meu desejo é
falar a verdade dos fatos. Existem muitas pessoas que são sinceras
dentro do movimento Pentecostal. Para falar a verdade, eu nunca adotei
uma posição a favor duma Igreja ou contra outra. Existem falsos profetas
espalhados por todas as denominações e os teólogos modernos ocupam o
lugar indevido por trás dos muitos púlpitos espalhados por este mundo.
Eles são os que representam o maior perigo de todos, muito acima do
perigo dos movimentos Pentecostais que apalpam o terreno por onde se
movimentam. A maioria dos Pentecostais são pessoas confusas que misturam
a carne com o espírito e que ficam sem conseguir saber em que coisas
tropeçam.
Tenho o
dever colocado sobre mim de alertar e mostrar os fatos mais relevantes
do Avivamento da Indonésia, porque sou uma pessoa familiarizada com as
coisas que se passam lá. Conheço os limites e as fronteiras onde este
avivamento se move, tal como os outros se movem. Sei do que se trata,
sei como opera.
Em
primeiro lugar, eis aqui algo positivo. Pak Elias, um homem mais
familiarizado com este avivamento do que muitos outros, disse-me uma
vez: “Existem alguns irmãos Pentecostais na Indonésia que servem o
Senhor e nos apóiam neste movimento de Deus. Eles estão abertos e
receptivos às operações do Espírito Santo”.
Contudo,
o avivamento é dentro das Igrejas Reformadas da Indonésia. Não aconteceu
nas Igrejas Pentecostais. Por exemplo: havia uma igreja Pentecostal
perto do centro do avivamento, a qual viu a renovação espiritual das
pessoas, das vilas e das cidades acontecendo, viu as pessoas mudando e a
Igrejas Reformadas revivendo desde as cinzas, mas, eles próprios estavam
completamente fora daquela benção. Foram obrigados a encerrar a sua
igreja e a tornarem-se membros da Igreja Reformada para poderem ser
participantes da Benção que Deus estava derramando sobre o povo.
Existem
inúmeros grupos de Igrejas Pentecostais na cidade de K. e nenhuma delas
tornou-se participante da Benção. Uma circular escrita por um dos
líderes do movimento de Deus intitulada “Deus está marchando perto de
nós” contém alguns fatos muito interessantes. Ele escreveu assim: “É um
mistério que não conseguimos desvendar, mas Deus está com muitos
cuidados para proteger este avivamento de todos os tipos de engano e de
todos os ensinos de mestres falsos. Muitos pregadores chegaram do
estrangeiro expressando o seu desejo de pregarem nas igrejas onde Deus
estava. Isso aconteceu quando eu próprio estive ausente, pregando
noutros continentes. Sempre achei que as suas opiniões e visões sobre o
Espírito Santo eram muito estranhas. Mas, nunca deixei de considerá-los
genuínos. No entanto, era uma opinião pessoal. Através de revelações e
do dom genuíno de profecia que é muito freqüente em Timor, todos os
líderes das igrejas locais eram previamente avisadas de que alguns
homens falsificados iriam visitá-los desejando pregar nos seus púlpitos.
E, quando chegavam, os nativos e os crentes locais não davam um único
centímetro de terreno a essas pessoas que iam chegando. Eles
recusavam-lhes os púlpitos e nem arredavam pé, firmes no propósito de
nunca os ouvirem. Mesmo que eu já tenha visto muitos dons do Espírito
nestes círculos Presbiterianos das igrejas em Timor, nenhum deles tem
qualquer semelhança ou parceria com nenhuma igreja pentecostal e
comprovamos que as igrejas pentecostais ficaram de fora deste
avivamento. Em muitos casos, eram os opositores do avivamento”.
A
história do avivamento tem muitos casos com relatos similares. Vou
contar um que ouvi. David Wilkerson falou em Inglaterra e na Alemanha,
sendo convidado de alguns movimentos de certos grupos evangélicos. Após
isso, visitou Soe no centro do avivamento e ofereceu dinheiro para pagar
as despesas ao líder da Escola Teológica, para que ele pudesse visitar a
América e discursar em vários locais. Este líder nativo foi conversar
com Pak Elias sobre o assunto e pediu-lhe conselho. Depois de orarem
juntos viram claramente que aquilo não era a vontade de Deus e,
devolvendo o dinheiro, recusaram o convite. Noutra ocasião, enviaram
1.500 dólares para Pak Elias visitar a América. Após oração, Deus
mostrou-lhes claramente que aquilo não vinha d’Ele. O convite foi
recusado também. Essas experiências parecem querer-nos comunicar que os
nossos irmãos na Indonésia têm uma grande capacidade de discernimento,
maior do que a maioria dos crentes espalhados em Inglaterra e na
Alemanha.
O
próximo exemplo sublinha e realça ainda mais isto que estamos aqui
dizendo. Conforme já mencionei, Pak Elias e David Semeon estiveram
presentes numa série de conferências que organizei em Abril de 1969 na
Alemanha. Quando Pak Elias falou para às cerca de 3.000 pessoas que
estavam ali presentes para se entregarem a Cristo num culto em
Estugarda, ele ficou absorvido em oração e em silêncio durante uns
minutos, quando um homem na plataforma se levantou e começou a ‘orar’ em
línguas. Um momento depois vimos Pak Elias mandar o homem calar-se em
nome de Jesus. Mais tarde perguntei-lhe porque ele fez aquilo daquele
jeito e naquele momento (porque não esperou para mais tarde). Ele
simplesmente respondeu: “o Senhor Jesus mostrou-me que o diabo estava
usando aquele homem para interromper as decisões de muita gente ali
presente. O seu objetivo era interromper o culto e causar confusão no
nosso meio”. O outro irmão prosseguiu com a explicação do que aconteceu:
“Acontece com muita freqüência quando as pessoas estão para tomarem uma
decisão importante que salvará as suas vidas, que os Pentecostais falam
línguas e assim conseguem impedir que muitas pessoas se arranjem com
Deus. Essa é uma das armas muito usada por Satanás”. Um tempo depois
disto, encontrei o homem que falou em línguas. Fui procurá-lo para falar
com ele. Perguntei-lhe porque ele falou em línguas naquele culto.
Começou logo a pedir muitas desculpas pelo sucedido e continuou
explicando assim: “Eu senti um impulso muito grande de fazer aquilo e
nem sei o que foi, mas vi-me na necessidade de fazer aquilo e não me
controlei. Fui impulsionado a fazê-lo”. Devemos perguntar que tipo de
profeta é que não consegue controlar o seu dom ou o seu espírito!
Na
Indonésia, eu estava pessoalmente presente quando uma moça começou a
orar em línguas num dos cultos. Quando ela terminou ninguém se
manifestou e ninguém interpretou aquilo que ela disse. Um dos líderes
repreendeu-a severamente e disse: “Não conhece a Bíblia? Está escrito
que, se não houver quem interprete, não deve falar em línguas
estranhas?” O evangelista Indiano Bakth Singh também estava presente
naquele culto e disse-me mais tarde: “Assim que aquela moça se levantou
para falar aquelas línguas, eu comecei a orar para ela parar, pois
apercebi-me de imediato que aquilo que ela estava fazendo não era bom”.
Enquanto
permaneci em Timor, perguntei aos líderes sobre a questão de falarem em
línguas estranhas e qual a importância que isso tinha no avivamento da
Indonésia. A resposta que deram surpreendeu-me imenso. “No espaço de
dois anos e meio, cerca de 200.000 pessoas converteram-se na nossa ilha.
Experimentamos milhares de curas feitas por Deus (muitas delas sem
alguém pedir por elas), muitos milagres de fé aconteceram. Mas, não
tivemos conhecimento de nenhum caso de alguém falar em línguas
estranhas. Mesmo que haja, nunca alguém ousou manifestar que possuía
esse dom”.
Como
isto vai decepcionar os fanáticos e aqueles que andam enganados acerca
de Deus! Como os defensores de línguas estranhas vão ficar? Temos cerca
de 200.000 pessoas convertidas, mais de 30.000 curas divinas confirmadas
e comprovadas e nem um único caso de línguas estranhas! Na verdade, até
pode existir algum caso de línguas, mas que nunca manifestou possuir o
dom. Como todos aqueles que neste avivamento receberam dons de Deus,
ninguém se gloria dos dons que recebeu. Eles usam o que têm na presença
de Deus – se tiverem! Podemos confirmar aquilo que Paulo disse ao
Coríntios na sua 1ª carta. Comprovamos que aqui, também, o dom das
línguas não tem qualquer significado real, isto se tiver qualquer
significado sequer! Qualquer pessoa que tente injetar este dom no
avivamento, vindo de fora – e isso ocorreu várias vezes com pessoas
falsificadas oriundas do Ocidente – sairá da Indonésia com o selo de
falso na testa, com um atestado de falsidade e quem colocará esse selo
será Jesus e não qualquer homem. Os líderes locais estão avisados por
Deus para nunca permitirem qualquer pregação de nenhum líder de
denominação Pentecostal.
XX. FOGO NA ILHA DE ROTE
Enquanto
permaneci na Ilha de Timor, chegou-nos a notícia que cerca de 30 templos
locais haviam sido queimados e destruídos na Ilha de Rote. Isso foi no
verão de 1969. Qual foi a causa? A resposta mais conclusiva foi que o
avivamento na Ilha de Timor se estendeu para a Ilha de Rote. Esse
avivamento levou muitos milhares de nativos a converterem-se e,
consequentemente, destruíram (eles próprios o fizeram) logo de imediato
todos os templos pagãos existentes na ilha. Eram templos cheios de
amuletos, ídolos e instrumentos de feitiçaria. Os habitantes locais não
desejavam ter mais nada em comum com a sua velha vida. Mas, esta não
havia sido a primeira vez que isso aconteceu, pois a Luz de Deus estava
queimando a ilha.
Um lugar de Sacrifícios
Na costa
ocidental da Ilha de Rote existe uma formação de rochas imponente que
entra pelo mar. Durante séculos os habitantes locais usaram aquele lugar
para fazerem os sacrifícios aos seus deuses de pedra e de pau, deuses da
natureza e muitos mais. Existem muitos mistérios á
volta destas formações rochosas.
No
século 18, a ilha foi habitada por 19 reis diferentes, os quais andavam
sempre em guerra uns com os outros. Quando, finalmente, um dos reis
derrotou outros 16, o seu nome, Tolamanu, foi dado ao lugar de
sacrifícios. Os dois reis que sobraram, Foembura e Ndiihua, decidiram
enveredar por um plano desesperado. Sabendo que as forças holandesas
tinham o quartel-general em Batávia (conhecida hoje como Jacarta) e com
a esperança de conseguirem alguma ajuda da parte deles, prepararam-se
para viajar os 3.000 km que os separavam de Batávia. Levaram com eles
provisões de milho torrado com açúcar e partiram com a intenção de
complementarem as suas necessidades alimentares com peixes e as bananas
que iam apanhando no caminho. As bananas achariam em terra, nas ilhas
pelas quais iriam passar e, os peixes, no mar. Também fizeram planos
para arranjar a água que iriam beber nessas ilhas por onde passariam. A
aventura começou em 1729.
Devido
às correntes marítimas traiçoeiras que foram encontrando pelo caminho e
às mudanças constantes dos ventos, a viagem acabou por durar seis meses.
Cada um dos seus
barquinhos levava um símbolo com o nome de 'Sangga ndolu', o qual
significa “Procuramos paz e poderes”. Tinham a esperança, de certa
forma, de que as autoridades Holandesas lhes dessem poderes de
feitiçaria que pudessem ajudá-los a derrotar Tolamanu. Mas, ao
mesmo tempo, conservavam uma outra esperança de terminarem com as
guerras tribais que havia entre eles, na sua ilha.
Quando chegaram a Batávia, depararam-se com um problema
inesperado: o povo de lá falava numa língua estranha! Eles não sabiam
que havia outros idiomas. Será que a sua viagem havia sido em vão? A
viagem não foi em vão porque Deus, na Sua grande misericórdia e
sabedoria, preparara para eles algo diferente. Deus mesmo preparou
caminho para eles. Enquanto estiveram em Batávia, cruzaram com uma
mulher da Ilha de Rote, que reconhecendo as roupas que eles trajavam,
dirigiu-se a eles para lhes falar. Os seus rostos iluminaram-se de
alegria ao ouvirem o seu idioma ser falado.
Mas, como é que aquela interprete que acharam foi para
tão longe da ilha onde nasceu? Quando vivia ainda em Rote, encontrou um
marinheiro que se apaixonou por ela e logo se casou com ela, levando-a
para o seu barco. E eis aqui aquela mulher a servir de mediadora para os
dois reis. Foram apresentados ao governador Holandês e ficaram muito
desapontados quando descobriram que as autoridades coloniais não
possuíam aqueles poderes de magia e de feitiçaria que eles tanto
desejavam. Contudo, o governador agiu com sabedoria e, após haver
conversado com o missionário holandês que estava na ilha, entregou os
reis aos cuidados dele.
Foi através daquele ato que os reis acharam a paz que não
esperavam achar: ao invés da paz de guerra, acharam a paz de espírito e
fizeram a paz com Cristo. Foram convertidos e batizados e ganharam novos
nomes, isto é, Mesaque e Zacarias. Quando visitei a Ilha de Rote, fiquei
muito alegre ao achar descendentes daqueles reis. O pastor Gideão, cuja
história já relatei em páginas anteriores, é, na verdade, um descendente
direto do rei Zacarias.
A alegria que os dois reis experimentaram na sua nova fé
era tão evidente que decidiram voltar para Rote, deixando como presente
de agradecimento alguns dos seus servos em Batávia. Levavam com eles o
missionário através de quem acharam Cristo e ele aproveitou a viagem
para aprender o dialeto da Ilha de Rote. Chegaram a Rote em 1732, após
uma ausência de 3 anos.
O Fogo Sacrificial
Pela 1ª vez aquela Fortaleza de Rote sofreu um ataque espiritual. Os reis que
voltaram construíram uma Igreja e uma escola Cristã na ilha e
chamaram-na de Ti. Não demorou muito tempo até que a sua obra
encontrasse a oposição de Tolamanu. Apercebendo-se do fato da sua influência na
ilha estar em declínio acentuado, ele arquitetou um plano diabólico.
Organizou uma grande festa e convidou os dois reis Cristãos e o
missionário. Para não levantar quaisquer suspeitas, também convidou o
governador de K., o qual foi acompanhado do seu secretário. O clímax da
noite deu-se quando os seus convidados foram subjugados e amarrados com
cordas. Foram colocados num círculo sobre folhas secas e sacrificados
aos deuses nesta infame montanha rochosa de Tolamanu. Este havia de ser
o primeiro fogo de sacrifícios na Ilha de Rote, o qual tinha como lenha
a fé Cristã. Aconteceu tudo ainda em 1732, no mesmo ano que os reis
haviam chegado de Batávia.
Mas, se Tolamanu pensou que com aquilo destruiria a fé
Cristã na ilha, estava completamente enganado. Em Ti, a escola e a
Igreja continuaram a obra de Deus, enveredando com persistência no
ensino da mensagem de Cristo pela ilha. Aquele fogo de Deus mal havia
começado. O sangue daqueles mártires trouxe muitos frutos à ilha. A
escola foi um instrumento precioso no treinamento de professores
Cristãos e, conforme os anos iam passando, novas escolas foram surgindo
nas ilhas vizinhas e muitas pessoas foram ouvindo a mensagem do
Evangelho. Rote tornara-se, assim, o centro de uma obra missionária
relevante.
Nos Lugares de Caça de Tubarões
Hoje,
passaram mais de 200 anos sobre aquela data. Uma vez mais, Rote
tornou-se o centro espiritual para as ilhas da Indonésia. Tanto Pak
Elias como o pastor Gideão, cujos testemunhos já ouvimos, são nascidos
em Rote. Deus tem abençoado os seus ministérios duma maneira fabulosa
desde que o avivamento começou em 1964. Na verdade, todos os crentes que
iniciaram o avivamento, continuam manifestando uma coragem e uma audácia
incomparáveis no tocante à sua fé. O seguinte exemplo é muito relevante.
Duas
correntes marítimas, uma vinda da Austrália e a outra do ocidente,
chocam-se no mar entre a Ilha de Timor e a Ilha de Rote. As ondas do
mar, muitas vezes, erguem-se muito alto sem aviso prévio e muitas
embarcações pequenas ficam debaixo delas quando estão efetuando a viagem
entre Rote e Timor. Eu próprio tive oportunidade de passar por esses
perigos algumas vezes e pude comprová-los. Mesmo que tenha ficado apenas
molhado com alguns pingos de água, muitos pagaram aquela viagem com
vômitos e indisposição. Eu estou habituado e tornei-me imune a esses
elementos porque servi na Força Aérea durante muitos anos. Mas, durante
a viagem que fizemos, pude verificar como as pequenas embarcações eram
levadas até a parte de baixo ficar toda fora de água. O governador B.
contou-me que muitas embarcações se perdem naquele mar todos os anos. É
um pedaço de mar muito turbulento e perigoso. A catástrofe que irei
descrever agora ocorreu numa destas viagens. O pai do pastor Gideão
estava a bordo da embarcação que virou. Gideão contou-me o que
aconteceu.
Um
"Prau" (uma embarcação típica) estava tentando atravessar de uma ilha
para a outra quando virou, pouco antes de conseguir chegar à Ilha
de Rote. Havia 30 pessoas a bordo. Aquelas águas estão empestadas de
tubarões. Entre a tripulação havia dois pastores e muitos cristãos. O
pai do pastor Gideão estava preparado, pois Deus já lhe havia avisado
que iria chamá-lo. Três das pessoas, cheias de fé, ergueram as suas
Bíblias para o céu e clamaram ao Senhor: “Senhor, tu disseste que irias
estar conosco quando as águas nos quisessem afogar. Se for da tua
vontade, pedimos que nos salves”. Com aquele gesto de fé, os três moços
tentaram alcançar a Ilha de Rote nadando. No entanto, devido a
corrente forte, foram levados para longe de Rote e para o lado de
Semau. Como aquele acidente ocorreu à noite, eles não conseguiam
ver terra. Durante 12 horas continuaram lutando pelas suas vidas nas
ondas e, usando o tempo também para orarem em voz alta. Incrivelmente,
nem um único tubarão chegou perto deles. Deus fechou a boca dos Tubarões
como fechara a boca dos leões que queriam comer Daniel. Contudo nenhum
deles ficou exausto naquele mar bravo e turbulento.
No dia
seguinte deram à costa em Semau, mas, apesar do grande tormento que
passaram, alugaram um barco e foram para o local do acidente para
ajudarem as pessoas que naufragaram com eles. O pai do pastor Gideão
havia gritado para que trouxessem outro barco assim que alcançassem
terra. Mas, quando chegaram lá, não havia ninguém para resgatar. As
outras 27 pessoas morreram afogadas. Aquele acidente trágico ocorreu em
1966. Mas, aconteceu um milagre dentro daquela turbulência toda. Aquelas
Bíblias que ergueram como o símbolo da sua salvação, estavam ainda com
eles quando alcançaram terra. A água não as estragou e nem tinham uma
marca de água nelas.
Numa Vila Pequena
Estive em Rote na companhia de dois pastores nativos, o
Pastor Micah, o homem que pastoreou a igreja local em tempos anteriores
e o Pastor Gideão. A igreja de Micah tinha 30 membros, mas muitos deles
eram viciados em vinho de palma, a bebida que falamos no início deste
capítulo. Este tipo de vinho é obtido de açúcar de palmeira e, na
verdade, existem muitas destas palmeiras plantadas à volta da vila. Após
o Pastor Gideão ter tomado as rédeas da congregação, um avivamento
poderoso varreu toda a vila e atualmente todos os habitantes desta vila
são membros da igreja. São cerca de 300 membros, incluindo as crianças.
Na igreja há seis cultos por semana. Às segundas, os obreiros reúnem-se
para orarem e para falarem sobre o seu trabalho com todos os que
comparecerem. Cerca de 23 pessoas vêm a esta reunião fielmente. Às
terças existe um culto especialmente direcionado para os jovens que são
cerca de 60 e, às quartas, as mulheres reúnem-se para orarem, lerem a
Bíblia juntas e terem um tempo alargado de comunhão juntamente com Deus.
Às quintas, todos os adultos da vila reúnem-se para um estudo Bíblico.
Finalmente, aos domingos todas as pessoas vêm aos dois cultos. Houve,
também, um estudo Bíblico de formação que durou três meses em B. com o
objetivo de treinar 18 jovens evangelistas que se voluntariaram e isso
apenas na Igreja do Pastor Gideão. Sabemos que na Europa, por exemplo,
as entidades missionárias apelam muito para haver mais candidatos e mais
recrutas. Aqui em Timor os candidatos fazem fila para serem admitidos,
pelo simples fato de não existir espaço suficiente para tantas pessoas
que desejam trabalhar para Deus. Encontrei, uma vez, uma jovem
professora na Ilha de Rote. Ela há mais de um ano que implorava a Deus
para entrar numa Escola Bíblica de treinamento para servir no campo
missionário. Essa é a diferença que faz um avivamento na vida das
pessoas e numa comunidade.
Algo que aconteceu na vila merece ser mencionado. Há
alguns anos atrás William Nagenda do Uganda, visitou a Indonésia.
Ele falou sobre o tema “Andar na Luz” aos crentes locais. O que ele
queria dizer com “Andar na Luz”? Durante o avivamento em África, os
cristãos confessavam todos os seus pecados abertamente e publicamente. O
testemunho pessoal de William Nagenda é uma boa ilustração para esse
fato. É bom quando quem prega vive pessoalmente aquilo que ensina. Antes
da sua conversão, ela era o chefe de departamento dos impostos e
aproveitava muitas das ocasiões para roubar. Mas, assim que se
converteu, foi-se entregar à polícia e confessou os seus crimes. Quando
foi a julgamento no tribunal, o juíz não sabia o que fazer, pois não
tinha lei para quando um homem era o seu próprio acusador. Com isso
mandou libertar a William Nagenda. Aquela confissão de pecado era uma
ação muito radical contra ele próprio (humanamente falando, porque na
verdade era a favor dele). Contudo, muitos outros cristãos começaram a
seguir o exemplo e colocaram as suas vidas em ordem.
Aquela história causou um grande impacto nos seus
ouvintes indonésios. Desde então, foram-se formando muitos grupos que
iam trazendo os seus pecados todos para a luz. Na vila onde eu estava,
muitos cristãos vinham confessar seus próprios pecados abertamente uns
aos outros e uns com os outros. Também oravam uns pelos outros, para que
os seus pecados fossem perdoados e as suas vidas aplanadas a partir de
então. Daquele jeito, a igreja podia controlar os excessos e as faltas
entre os crentes. Mas, uma coisa seguramente não está acontecendo no
avivamento de Rote: os erros e os pecados dos outros não são divulgados
e nem comentados entre as pessoas que deles tem conhecimento.
Um Memorial da Oração
As portas para o Evangelho em Rote têm permanecido
literalmente abertas, na verdade, escancaradas. Desde que o avivamento
chegou à ilha que o progresso da mensagem tem sido fenomenal. Por
toda a ilha, onde quer que alguém vá, existe uma atmosfera espiritual
muito estranha de temor e reverência a Deus. Quando visitei pela
primeira vez os escritórios do governador da ilha, parecia a coisa mais
natural para ele passarmos um tempo de oração em vez de
apenas conversarmos. O mesmo aconteceu na casa do prefeito de B.
e na casa do prefeito de T. os quais são cristãos, cristãos
fiéis ao Senhor. Onde, no mundo ocidental, conseguiremos ver algo
semelhante acontecendo? Até houve oportunidade de passarmos um tempo de
oração no departamento de controle de passaportes na ilha!
Parece que, quando entramos aqui, entramos num mundo diferente. O que
vou passar a relatar foi o que me convenceu dessa realidade
definitivamente.
Aluguei
o único jipe que havia na ilha. Um dia fui visitar o local do novo
aeroporto. Ali descobri
que os crentes não apenas têm comunhão e oração uns com os outros dentro
do aeroporto, mas também dentro da própria pista. Eu nem conseguia
acreditar no que estava vendo com os meus próprios olhos! Muito menos
acreditaremos no que aconteceu ali poucos dias antes. Rote, na verdade,
é uma das ilhas mais difíceis de alcançarmos se viermos do exterior. Não
tem qualquer ligação com as outras ilhas, nem de barco, nem de avião e
muito menos de carro. A freqüente perda de barcos que viajam para a ilha
já foi mencionada aqui. Por essa razão, o governo enviou um homem com
muita capacidade para organizar a construção de um aeroporto local.
Tudo o que aconteceu após a sua chegada à ilha foi
simplesmente único e fantástico. A pista do aeroporto foi iniciada no
dia 7 de Julho de 1969 e, três semanas depois, todo o aeroporto estava
concluído. Como é que aquela obra foi feita tão rapidamente? A resposta
está, obviamente, nos habitantes da ilha. Sem qualquer salário e sem
qualquer compensação, todos os habitantes locais juntaram esforços e
trabalharam de sol a sol para completarem aquele pequeno milagre.
Somente na primeira semana, 3.500 habitantes (tanto homens como
mulheres) voluntariaram-se para trabalhar naquele projeto. Na 2ª semana,
mais 5.000 voluntários chegaram para ajudar. Na 3ª semana chegaram mais
3.000 pessoas. Dormiam ao relento durante a noite, comiam o arroz que
traziam de suas próprias casas. A primeira coisa a fazer foi
cortarem as árvores para planarem o terreno. Como não possuíam serras e
nem machados, usavam os seus facões para o efeito. Seguidamente, cavavam
a terra para arrancarem as raízes das árvores que cortavam, usando
ferramentas típicas feitas de madeira dura, pois também não havia
enxadas na ilha. As pedras eram quebradas em pedaços pequenos usando
outras pedras mais duras e espalharam-nas pela
pista que tinha uma largura de 110 m por 3 km de comprimento. A pista
foi coberta de seixos e de brita com 20 cm de altura. Finalmente, toda
aquela camada de pedrinhas foi coberta com um gênero de cimento branco
extraído dos corais. Os nativos não usavam caminhões para trazerem o
extrato de corais, mas usavam apenas baldes e outras vasilhas que
encontravam, colocando-as em um pau que, por sua vez, colocavam era
posto nos ombros uns dos outros para os levarem para a pista e colocarem
em cima das pedrinhas e da brita. Eles andavam descalços em cima dos
corais para extraírem o “cimento” deles. A única coisa que ficava
faltando era a chuva, pois, depois de estendido aquele “cimento” de
coral sobre as pedras na pista, a chuva sedimentava e endurecia a pista.
As pedrinhas ficavam cimentadas umas às outras e conseguiu-se uma pista.
A rotina diária era a seguinte: cada manhã, antes do dia
começar, havia um tempo para comunhão entre as pessoas. À noite, havia
culto para todas as pessoas em cima da própria pista. O evangelho era
pregado ali mesmo. Era freqüente ter mais de 1.000 pessoas em cada
culto. Mesmo dormindo ao relento, verificaram que não houve um único
caso de doença durante aquele tempo. Quando as pessoas chegaram a casa,
diziam: “Ninguém adoeceu porque todos os dias nós orávamos, entregando
cada pessoa aos cuidados de Deus”. Durante as três semanas de construção
daquela obra , mais de 10.000 pessoas ouviram o evangelho e muitos deles
pela primeira vez. A obra da pregação estava a cargo de quatro
evangelistas, um dos quais era o Pastor Gideão. Mesmo havendo mais 40
missionários que ajudavam na obra de Deus, não haviam pessoas
suficientes para entrevistarem e aconselharem todas as que buscavam
ajuda espiritual para confessarem todos os pecados juntamente com
aqueles que podiam orar com eles. Antes de haver aviões, o edifício do
aeroporto serviu para aconselhamento e a pista serviu para os cultos. No
campo missionário, não existe história semelhante. É verdade que muitas
pistas para aviões foram construídas nos campos missionários deste
mundo, mas, esta pista em R. não é apenas uma pista. Na verdade, é
uma pista construída sobre fundamentos e sobre alicerces muito sólidos.
Nem na Europa ou nos Estados Unidos com toda a tecnologia, maquinaria e
engenharia teriam conseguido terminar obra semelhante em apenas três
semanas. Aquela obra tinha outro Engenheiro por trás dela, Aquele que
arquitetou o mundo. Ele próprio direcionava tudo. Falta apenas dizer que
não havia um único arquiteto ou engenheiro ali presente para dirigir as
operações. Tudo se fez através da oração e com as pessoas a serem
direcionadas por Deus. Todas as pessoas que visitam o local não cessam
de ficar abismados com aquele “Milagre das Três Semanas”. Conforme eu ia
andando no meu jipe sobre aquela pista, pensei em como seria maravilhoso
poder estar ali presente na cerimônia de inauguração. Gostaria muito de
festejar com eles este esforço da oração e da orientação divina.
Gostaria de estar presente quando o 1º avião pousasse na pista.
É de realçar um fato: desde o primeiro dia que a
construção começou, os crentes não cessaram de implorar a Deus para que
aquele aeroporto não fosse a porta de entrada dos malefícios e dos
vícios mentais do mundo moderno ocidental. Pediam a Deus incessantemente
que não fosse uma pista de turismo, o qual iria trazer os pecados
ocidentais para a ilha. É uma coisa incrível como os nativos temem as
influências ocidentais sobre a sua vida. Apesar da benção óbvia sobre a
obra da aprovação do Senhor sobre ela, aqueles crentes imploravam que
Deus os livrasse dos pecados e das superficialidades ocidentais.
O Mágico-Mor
Já falei aqui sobre o Pastor Gideão e a sua conversão.
Mas, após ter conversado novamente com ele depois de um intervalo de 16
meses, permitam-me preencher aqui algumas coisas que ficaram por dizer.
O título acima pode induzir-nos em erro. Mas, vamos ver o que ele
significa.
É uma experiência, por si só, podermos ter comunhão com
este irmão simples. Contudo, não tenciono colocá-lo num pedestal, pois
tudo o que ele tem, recebeu-o do Senhor.
O número de congregações que ele pastoreia agora, subiu
de 30 para 52. Ele vai a pé de congregação em congregação, de vila em
vila e de cidade em cidade. Mas, mesmo que tivesse um carro, não
conseguiria tirar proveito dele, pois simplesmente não existem estradas
na ilha para os carros poderem circular. E, mesmo que com moto fosse
fácil circular na Ilha de Rote, não existem motos para comprar na ilha.
E, mesmo que houvesse uma, ninguém teria dinheiro suficiente para
comprá-la. O Pastor Gideão recusou a idéia de ter salário e quando a
Igreja lhe ofereceu ajuda financeira, ele disse: “Não, eu quero praticar
e saborear as palavras de Mateus 6:33 e quero permanecer dependente
apenas do Senhor”. Ele continua praticando este princípio de vida ainda
hoje. No entanto, o Senhor tem sido generoso com ele. Na verdade, ele
recebe mais do que todos os seus colegas de profissão que usufruem de um
salário. Todas as suas necessidades são providenciadas pelo Senhor. Na
verdade, costuma ser ele a dar aos seus colegas muito do que lhes falta.
No tocante a salários, ouvi falar de um pastor no meio da
selva que recebe seis dólares por mês. Outros recebem entre nove e doze
dólares mensais. O salário mais alto que vi foi um de 21 dólares. Estes
salários deverão chocar as pessoas no Ocidente, mesmo que admitamos que
as vidas destes irmãos são muito simples, muito menos complicadas que as
nossas. Como exemplo pode dizer-se que não têm qualquer despesa com a
eletricidade.
Esses luxos simplesmente não existem nesta zona onde
vivem. Para eles, até pão e batatas seria um luxo, pois o arroz é a base
da sua alimentação diária. Os seus sapatos também são muito baratos:
eles usam a própria sola, andam descalços! Um pastor que esperou por mim
em Sumatra, andou a pé cerca de 180 km sob o sol e o calor tropical
apenas para ir esperar-me! No final do percurso, ele já não conseguia
andar, pois os pés dele incharam e tornou-se dolorosa a caminhada. A
primeira coisa que fiz quando o vi, foi comprar-lhe um par de sapatos!
Alguns dos meus amigos que ouviram esta história, resolveram juntar uma
soma de dinheiro de vez em quando para acrescentar ao seu ‘salário
assustador’. Mas, sabemos que na eternidade eles irão receber muito mais
que qualquer um de nós.
O Pastor Gideão é um daqueles homens que diríamos que não
existe! Ele é confrontado diariamente com poderes satânicos de magia de
todos os tipos. Por essa razão decidiu pegar o touro de frente, pelos
chifres. A sua primeira missão foi confrontar um sacerdote num santuário
idólatra. Aquele santuário estava repleto de muitos tabus para todos os
habitantes da ilha. Dentro das grutas do santuário havia muitos
feiticeiros, muitos que liam cartas e outras coisas mais. Praticavam as
suas feitiçarias de noite e de dia. Em muitos casos, a questão das
cartas é uma doença geral naquela área. No início deste século, uma das
cavernas era usada por um anão praticante de artes satânicas.
Ele era muito conhecido e temido. Era um ‘espertalhão’ também e morreu
aos 30 anos de idade. Depois da sua morte, começou a ser venerado como
um deus dos que praticavam a terrível arte das cartas. Colocaram o seu
corpo num caixão dentro duma gruta. Essa gruta e o caixão
tornaram- envoltos em todo o tipo de mistério, misticismo e tabus.
Sempre que alguém entrasse na caverna, teria obrigatoriamente de colocar
uma moeda dentro do caixão como oferta. Naturalmente que, conforme o
tempo foi passando, as moedas encheram o caixão e o povo supersticioso
não caia
na tentação de tirar uma única moeda de lá! Quando o Pastor Gideão
chegou ao local, pegou no caixão, levantou com as suas mãos em nome de
Jesus e lanço-o no chão. Ficou em pedaços. Lançou, também, todas as
moedas dentro do mar por baixo das grutas. Os nativos ficaram abismados
com tal audácia e ficaram esperando que alguma coisa lhe acontecesse de
seguida, ou que viesse a morrer. Ele havia quebrado o tabu mais
sagrado da ilha. Mas, quando viram que nada lhe acontecia, ficaram a
achar que o tabu era ele! Ganharam um temor ao pastor e ele passou a ser
muito temido.
Este
servo muito ativo do Senhor, contudo, não se sentiu satisfeito com
aquela pequena vitória. Entrou na casa dum sacerdote, o qual tinha
muitos amuletos e instrumentos de feitiçaria. Tinha coletes de metal,
espadas, lanças de magia e outras coisas mais. Quando Gideão entrou, viu
que a esposa do sacerdote estava enferma. O feiticeiro falou com Gideão
dizendo-lhe: “Não estou conseguindo curar a minha esposa através dos
meus poderes. Se você a conseguir curar, eu deixarei de ser feiticeiro,
queimarei os meus amuletos de feitiços e me entregarei ao seu Deus”. O
Pastor Gideão respondeu-lhe: “O senhor não pode negociar com Deus. Ele
não negocia consigo. Primeiro, você vai queimar tudo aquilo que tem e só
depois disso iremos orar e quem sabe Deus responderá à nossa oração”. O
feiticeiro pediu um tempo para pensar. Mas, no dia seguinte já tinha
decidido o que fazer. Decidiu destruir tudo o que possuía de feitiçaria.
Assim que concluiu aquela tarefa, o Pastor Gideão orou juntamente com
ele pela esposa e o Senhor foi misericordioso curando-a. Quando as
pessoas nas redondezas ouviram falar do que acontecera, de como o Pastor
Gideão recusara negociar com o feiticeiro, veneraram-no ainda mais.
Uma das
maiores barreiras do ocultismo na área era um poderoso feiticeiro que
toda a gente temia. Os poderes que possuía capacitavam-no a matar
pessoas instantaneamente. Sacerdotes feiticeiros como este alegam que
enviam uma raposa voadora para cima de alguém e a pessoa morre pouco
tempo depois. O sacerdote tinha construído uma casa para a sua esposa ao
lado da sua. Ele odiava o Pastor Gideão e tudo o que ele representava.
Mas, já a sua esposa estava receptiva à mensagem. Gideão visitou-a. Mas,
algo muito misterioso aconteceu naquele momento. O sacerdote entrou em
trance na casa do lado e o seu espírito apareceu dentro da casa onde
Gideão e a mulher estavam conversando. Ele foi visto por eles enquanto
conversavam sobre Cristo. Quando viram aquele espírito, a esposa começou
a tossir e a cuspir sangue, enrolando os olhos para dentro como se
estivesse enlouquecendo. Naquele mesmo instante, Gideão sentiu umas
pontadas dolorosas nas suas costas, as quais continuaram a perturbá-lo
na noite seguinte. Por fim, ele viu-se na obrigação de se dirigir ao
espírito em nome de Jesus e as suas dores desapareceram no dia seguinte.
O pastor resolveu visitar o feiticeiro uma vez mais. Para além de todos
os instrumentos e amuletos de feitiçaria que possuía, também possuía uma
caixa de açúcar que ele alegava mataria quem se atrevesse a tocar nela
ou a tirá-la de onde estava. Gideão mandou que acendessem uma fogueira e
pegou na caixa e levou-a para fora, destruindo-a. Ele contou-me que,
tanto ele como os crentes que estavam com ele, viram gotas de sangue
caírem da caixa enquanto a transportava para o fogo. Toda a gente
conhecia os poderes daquele feiticeiro. Era muito famoso. Todos, também,
esperavam que Gideão morresse a qualquer momento. Mas, como nada
aconteceu (novamente), a fama do pastor espalhou-se pela ilha. Começou a
ser conhecido como sendo uma pessoa que tinha maiores poderes que
qualquer dos feiticeiros. Por essa razão, mal o pastor entrava nas
casas, as pessoas traziam de imediato todos os objetos de feitiçaria que
possuíam e pediam-lhe para destruí-los.
E
assim, ele começou a ser conhecido como o Mágico-Mor, o maior dos
mágicos e o seu nome começou a ser temido por toda a ilha. Todos os
sacerdotes e feiticeiros temiam-no muito também. E foi dessa maneira que
este humilde servo de Cristo conseguiu sobrepor-se às barreiras e aos
poderes do mal na ilha. Assim que os amuletos de feitiçaria eram
destruídos, as pessoas ficavam receptivas ao evangelho e a semente
germinava de seguida dentro deles. Na verdade, o avivamento só progride
quando isso acontece, quando os instrumentos de feitiçaria são queimados
juntamente com outros pecados. Deixem-me dizer novamente que achei
bastante significativo o que pastor Gideão disse: “Os amuletos e todas
as peças de feitiçaria não são apenas destruídas e queimadas, mas uma
oração de renúncia necessita ser feita sobre cada uma delas antes que os
poderes delas sejam quebrados e anulados para sempre. Só então os olhos
das pessoas se abrem para entenderem o evangelho”. No Ocidente, os
teólogos não estão a par desta absoluta e incontornável necessidade de
renúncia pública e aberta deste fenômeno da feitiçaria e da falsidade.
Qualquer falsidade religiosa precisa ser renunciada diante de Jesus. Os
ocidentais acham esta comida indigesta e desnecessária. O seu intelecto
não consegue digerir estas coisas. Existem certas coisas que
simplesmente não encaixam na maneira de pensar Ocidental e confirmamos,
muitas vezes, que as coisas do Reino de Deus operam de forma viva, de
maneira avivada, quando cumprimos as exigências básicas de entrada nele.
Deus opera através de regras contrariamente distintas e não está de
acordo com os racionalistas do Ocidente.
Mas,
uma coisa é certa nestes conflitos contra o mal: Jesus é sempre
vitorioso e é capaz de anular qualquer poder do mal, de feitiçaria e de
ocultismo na Ilha de Rote. Jesus pode ainda tornar-se dominante aqui. Os
poderes que dominavam a Ilha de Rote podem ser pontualmente todos
anulados e queimados. Esta ilha pode tornar-se a Ilha de Jesus. Gideão
tornou-se no instrumento que Deus usou para esse efeito, para alcançar
esse objetivo ainda este século. Nenhum cristão que queira ter sucesso
espiritual pode fazer seja o que for em seu próprio nome ou por sua
própria autoria. A única autoridade que vence é a d’Aquele que esmagou a
cabeça da serpente com a Cruz do Calvário.
Os Grupos de Evangelização
Os cristãos da Ilha de Rote têm os mesmos métodos de
evangelização que existem em toda a Ilha de Timor. Em 1969, havia três
grupos operando na ilha, o maior dos quais era composto por 15 membros e
era liderado pelo irmão Obed. Este grupo, contudo, operava em tempo
parcial, pois o seu líder ainda é funcionário do governo. Uma vez,
quando este grupo saiu para evangelizar na área onde os pagãos haviam
destruído os seus templos e os objetos de feitiçaria, terminando o seu
trabalho e desejando voltar para casa, os nativos imploraram-lhes para
não irem embora ainda. A fome da Palavra de Deus era intensa e
ajoelharam-se aos pés dos membros do grupo dizendo: “Por favor, não vão
embora ainda!
Queremos ouvir mais sobre Jesus!” ( Zac.8:23). É quase
impossível imaginarmos uma cena assim. Contrastando esta cena com o
Ocidente, vemos como as igrejas ocidentais usam música de fundo e tudo
mais para lhes roubarem os dízimos e para manterem os crentes dentro das
igrejas, dançam e pulam para ludibriarem jovens e "hipnotizarem-nos" nas
suas reuniões. Mas, eis aqui os nativos indonésios ao suplicarem em
desespero "incompreensível", para ouvirem um pouco mais da Palavra de
Deus! Porque o Juízo de Deus começará pela casa de Deus, as igrejas
ocidentais deveriam examinar os seus dilemas e os seus corações agora
para ver se irão passar no escrutínio da luz de Deus.
O líder
do segundo grupo é Samuel, o irmão de Gideão. Mesmo sem nunca ter
freqüentado uma escola teológica, este irmão está equipado e preparado
pelo Senhor e têm uma enorme autoridade espiritual. Os seus dons são
similares aos dos crentes da Ilha de Timor. Ele olha para um pessoa e
diz-lhe na sua cara quais são os seus pecados ocultos, todos aqueles que
impedem Deus de operar. Todos os pecados de feitiçaria, os amuletos,
entre outras coisas, são expostos através dos seus dons proféticos. O
seu ministério já trouxe muitos pagãos para o lado de dentro do Reino de
Deus.
O outro
grupo é liderado por Naaman. Ele tem um testemunho muito comovente para
nos contar. Foi líder do Partido Comunista na Indonésia e, após o
fracasso do golpe de estado dos Comunistas, foi preso e colocado na
lista de execução. Ficou esperando a morte e a solidão do desespero
levou-o a entregar-se a Cristo. Começou a orar muito dentro da prisão e
o seu coração descansou quando achou a verdade. Chegou o dia de ser
fuzilado. Todos os nomes que estavam acima do nome dele foram chamados.
Esperou, sabendo que lhe restavam apenas algumas horas de vida. Mas,
houve um atraso e, quando chegou a noite, ainda se encontrava na cela
vivo. Repentinamente, do escuro veio uma voz que lhe disse:
“Levanta-te”. Ele levantou-se pensando que o chamavam para ser morto.
Pensou: “Chegou a minha hora”. Mas aquela voz tornou a falar-lhe e
disse: “Sai da prisão para a liberdade”. Foi só então que notou que
todos os guardas estavam profundamente adormecidos. Saiu da prisão sem
qualquer problema. É uma repetição daquilo que aconteceu com Pedro em
Atos 12.
Não
sabendo o que fazer depois de se achar em liberdade, Naaman fugiu para a
floresta e escondeu-se por lá. O seu cabelo cresceu muito e passou dos
ombros. Comia frutas da floresta, mas, enfraqueceu rapidamente. Por fim,
levado pela fome, foi parar em uma vila
remota. Assim que os habitantes o viram, reconheceram-no de imediato.
Quiseram levá-lo para o posto de polícia mais próximo, mas, como havia
acabado de ser mordido por uma serpente venenosa, não conseguia
caminhar. O seu pé inchara muito e, por essa razão, foi entregue ao
prefeito da vila até que as autoridades locais fossem informadas do seu
paradeiro. Mas, o Senhor falou-lhe e disse-lhe: “Nada temas. Enviarei
alguém de manhã para te ajudar”. No dia seguinte chegou um policial
crente, o qual era sargento. Reconhecendo que ambos eram crentes, o
sargento disse-lhe: “Amanhã serás interrogado. Quando te fizerem certas
perguntas, responderás como te vou dizer. Se o fizeres, ninguém te fará
mal. Se não responderes como te falo, serás morto”. Obedecendo ao seu
irmão em Cristo, Naaman saiu em liberdade. Mas, ainda nem havia
esquecido aquela provação e já andava na rua pregando o evangelho. Isso
comprova que a sua conversão não havia sido motivada apenas pelo temor
da morte, mas antes que se havia entregue a Cristo verdadeiramente pelo
amor que nasceu dentro dele naqueles momentos de solidão. Trabalhou
durante um tempo na Ilha de Timor e o Senhor informou-lhe que deveria
formar um grupo e sair pregando em Rote. O Pastor Gideão descreveu-me
como Deus abençoava o seu ministério. Jesus saia pessoalmente com ele
para evangelizar. Muitos sinais confirmavam o seu ministério, também. E
a Palavra saída da sua boca, trazia muitas pessoas à convicção de pecado
e ao arrependimento imediato.
E foi
assim que a Ilha de Rote experimentou a presença de Jesus também. A
salvação chegou a esta ilha e está varrendo toda a Indonésia dos seus
ídolos e feitiçarias.
XXI. O ESTADO ESPIRITUAL DA INDONÉSIA
Entre 1964 e 1970, houve três grupos distintos que
acabaram sendo tocados pelo avivamento. Eles são: os muçulmanos, os
cristãos nominais e os animistas pagãos.
Quando o avivamento começou em 1964, o primeiro grupo a
ser alcançado foi o dos muçulmanos no Sul de Sumatra, muito
particularmente entre a tribo dos fabricantes de venenos da qual já
falamos. Cerca de 1.500 muçulmanos converteram-se na área,
incluindo um grande número de sacerdotes.
O avivamento também se espalhou para todos os muçulmanos
do Leste de Java, Sumbawa e Sul de Celebes. Mas, foi de forma mais
modesta do que aquela que aconteceu em Sumatra. Para além da conversão
dos muçulmanos nestas áreas específicas atingidas pelo fogo de Deus,
houve muitas conversões similares às do apóstolo Paulo às portas de
Damasco.
Mas, se falarmos em números de conversões, a maior
quantidade foi entre os crentes nominais das igrejas mortas e ortodoxas.
Antes do avivamento ter chegado à área, os cristãos eram conhecidos por
permanecerem ainda presos às tradições e aos ritos pagãos das áreas onde
se encontravam inseridos. Todo o crente que não destrua os seus
amuletos, os seus pecados ou sonhos na hora da sua conversão,
seguramente que voltará a recorrer a eles na hora da provação. O
derramamento espiritual que vem acontecendo nas ilhas de Rote e de Timor
alcançou muitas pessoas nos assentos de liderança do País e nos
governos, tanto locais como nacionais. O mesmo pode-se afirmar do
avivamento que houve no Leste de Java.
O terceiro grupo a ser atingido pelo fogo de Deus, foi um
grupo para o qual temos uma grande dificuldade de catalogar ou colocar
dentro de um grupo que seja uniforme ou padronizado. Na verdade, é
difícil reconhecermos as religiões locais como religiões, pois através
dos decretos governamentais apenas existem as religiões do Islã,
Hinduísmo, Catolicismo e Protestantismo. Fora destas religiões não
existe mais nenhuma que seja reconhecida oficialmente pelas entidades ou
decretos governamentais. Este terceiro grupo pode, por isso, ser
dividido em dois. É do conhecimento geral que muitos muçulmanos buscaram
uma bandeira cristã para se refugiarem devido à perseguição que caiu
sobre todos os que tinham aspirações ou concepções comunistas. No
entanto, este grupo inclui muitos animistas, muitos dos quais são
membros da Igreja Católica devido à campanha de batismos que aquela
instituição arquitetou e colocou em prática. Conforme já havia
mencionado no capítulo anterior, a tribo Karo-Batak está incluída nesta
onda de batismos em massa que a Igreja Católica colocou em prática,
aproveitando o decreto governamental que todas as pessoas deveriam ter
uma religião. Pude reunir mais material desde a minha última visita à
Indonésia, o qual ajudará a ter uma imagem mais correta de toda a
situação local. Tenho diante de mim alguns relatórios de um missionário
alemão, juntamente com alguns outros relatórios mais breves e mais
curtos de outros cristãos que trabalharam em Sumatra e os quais seguiram
de perto esta onda de batismos encetada pela Igreja Católica desde o seu
início.
Sempre que vemos uma enorme fila de gente esperando a sua
vez para serem batizados, dependerá muito do ministro que os batiza e se
eles se irão converter ainda ou não. Podem aproveitar a concentração de
pessoas para lhes apresentarem o Deus vivo em simultâneo com os batismos
que se tornaram uma exigência governamental em dado momento da vida da
Indonésia. Em muitos campos missionários hoje, o estado espiritual de
todas as pessoas é em todos os aspectos similar ao estado das igrejas
ocidentais. Dentro delas não existe um verdadeiro conhecimento do Deus
vivo e existe uma enorme variedade de misturas entre carne e espírito.
Como acontece aqui na Indonésia, estas pessoas têm poucas possibilidades
de se encontrarem face a face com Cristo e com a sua salvação entrando
pela porta do batismo. Mas, onde os líderes das igrejas são realmente
pessoas convertidas e fiéis a Cristo e fiéis à maneira de ensinar a
guardar tudo o que Cristo ensinou, células de crentes genuínos nascem
aproveitando a onda de avivamento real que se vem espalhando pela Ásia.
A onda de batismos também pode ser aproveitada para a pregação do
evangelho verdadeiro. Os avivamentos que vão acontecendo um pouco por
toda a Indonésia, são frutos dos esforços das pessoas em limparem-se
diante de Deus, depois das visitas dos grupos de evangelização. Por
exemplo, os estudantes cristãos em Bandung formaram um grupo e partiram
para pregar entre a tribo Karo-Batak. Eles são os responsáveis por
inúmeras conversões genuínas que ocorreram entre aquela tribo, que é
conhecida pelos milhares de batismos em massa que ocorreram entre eles.
As suas conversões devem-se às orações intensas dos estudantes e à sua
fidelidade ao evangelho. O Senhor também se revelou em muitos distritos
do País, onde muitos missionários viventes estiveram trabalhando
arduamente. Ninguém pode pensar que um avivamento não é um trabalho
árduo e abnegado. Mas, as conversões entre aquela tribo fazem a minoria
dos que passaram a chamar-se cristãos, pois a maioria deles são pessoas
que foram batizados em massa sem se haverem convertido sequer. A maioria
dos cristãos dali ficaram do lado de fora da graça que Deus
manifestou para com todo o povo da Indonésia.
Só
alguns estão aproveitando essa graça. Cremos, no entanto, que será muito
fácil para Deus converter toda a tribo a Ele. Oremos para que isso
aconteça rapidamente e que a Sua luz também passe a brilhar intensamente
entre as pessoas como os da tribo Karo-Batak.
XXII. A GRANDE OPORTUNIDADE DA ASIA
É hora de terminarmos. É pena, mas precisamos fechar
estes relatórios que viemos dando. Se Deus quiser, haverá ainda outras
edições deste livro e poderemos vir a acrescentar algo mais, ou não. O
avivamento continua em crescimento. Cada dia que passa, recebemos novas
noticias vindas de lá sobre algo maravilhoso que aconteceu. Apesar dos
perigos que este avivamento corre de morrer cedo, a graça de Deus vai
progredindo a firme passo.
Todos os avivamentos são ameaçados por pecados que tentam
de tudo para afogarem o trabalho vivo de Deus numa onda de descrédito ou
de pecado que desagrada Deus. Só assim os avivamentos morrem. Na
Indonésia, o que mais ameaça os crentes, é precisamente aquilo que é
extremamente vital para eles devido ao analfabetismo na área e à falta
de pessoas formadas que tenham apenas os interesses do Senhor em mente.
Existem pessoas formadas sem terem os interesses de Deus em mente e
existem pessoas que têm os interesses de Deus, mas que não são formadas.
O maior perigo para este avivamento é aquilo que o sustenta, isto é, a
enorme onda de visões e de revelações, vozes e aparições reais de anjos
e de Deus. Estes crentes precisam destas coisas para que a obra
progrida. Mas, é este gênero de coisas que desvirtuaram o Ocidente
Cristão. Precisamos entender todas estas coisa à luz da verdade do
evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo e basear tudo o que acreditamos
solidamente na Palavra de Deus juntamente com a manifestação do Senhor
Jesus em cada um de nós de forma pessoal e individual. A Palavra de Deus
e Jesus precisam tornar-se reais para todos nós.
Essa
Palavra de Deus é a base de tudo. Até agora, todas as manifestações e
revelações que vêm acontecendo na Indonésia são biblicamente
fundamentadas e são verdadeiramente vindas do nosso Senhor Jesus. O
mesmo já não se pode afirmar das muitas coisas “idênticas” que se vêm
espalhando pelo mundo como praga. Todos os milagres que ocorreram na
Indonésia têm características e selagens divinas. Mas, se um dia
desejarem que um avivamento morra, coloquem a esperança em milagres e
manifestações! Nenhum milagre real tem como finalidade a cura de alguém,
mas antes a revelação final de Jesus e a salvação dos pecados das
pessoas em geral. Juntamente com o pecado que pode entrar subtilmente
num ambiente são e bonito, existe a colocação de esperança em que
milagres aconteçam sem que eles sejam dirigidos, inspirados e
direcionados por Deus pessoalmente, os quais acontecem a seu devido
tempo e com as pessoas certas. Ele é que é Deus e não o milagre ou a
revelação. No entanto, até este momento temos razões de sobra para
darmos graças a Deus por tudo aquilo que vem acontecendo e imploramos a
Ele que guarde esta obra, que a mantenha pura porque foi Ele quem a
começou.
A
benção dum avivamento firma-se precisamente nisto: ele é totalmente e
solidamente dependente da Palavra de Deus. O derramamento do Espírito é
uma maravilhosa manifestação de Jesus e uma manifestação de grande parte
da glória d’Ele e do Espírito Santo do nosso Deus. Este avivamento na
Indonésia é um moderno “Atos do Espírito Santo” em versão do século 20.
As correntes de água viva e a benção espiritual que os nossos irmãos e
irmãs vêm experimentando dão uma luz sobre aquilo que realmente é e
dever ser o Reino de Deus entre todos nós. Revela-nos todo o Seu poder,
a Sua capacidade e isso através duma porta que Deus abriu na Ásia hoje.