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A VERDADE PODE SER DITA
"Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu baptismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?", Mat.3:7

Raramente se vê alguém nas nossas igrejas falando como João Baptista falava. E é pena que assim seja, pois quem lisonjeia com a boca pouco ou nada alcança e, na verdade, nem ama de facto. Se amarmos Deus, se por amor a Deus falamos das coisas que nos são verdadeiras e chegadas ao coração, é sempre impossível que alguém buscando perdão em Deus, ou apenas fugindo da ira de Deus, se ofenda quando dizemos que são raça de víboras, quando o são de verdade. Só não podemos acusar falsamente nestas circunstâncias.

Nunca o amor causou dano que não se reparasse ou que não recuperasse de volta, nunca feriu ao ponto de não poder restabelecer de novo. É sempre de lamentar que as pessoas que pregam hoje nada tenham em comum com João Baptista. Porque o amor é assim, porque restabelece e cura a ferida que causa, seja em quem for (desde que venham a Cristo depois e por isso lemos "Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no-la atará", Os 6:1), não achamos razões para encobrir seja o que for seja de quem for, nem de evitar falar a verdade oportunamente. Os fariseus eram raças de víboras de facto, engenhosas e enganosas. Logo, João sentia-se à vontade para o dizer aos próprios e ficar registado nas Escrituras que o disse. Caso eles não fossem, João não falaria assim. João primou-se pela verdade absoluta.  

Quando estamos julgando alguém então? A Bíblia fala-nos dum justo juízo e dum juízo injusto. Falar a verdade com nosso próximo (aos próprios) pelos motivos certos nunca será injustiça, pois o amor a tal coisa nos compele. A própria Bíblia fala-nos em Jeremias: "fale cada um a verdade com seu irmão". Sabemos e deduzimos por aquilo que Jesus diz em Mat.7 que quem julga por motivos errados, o faz apenas porque ele próprio é quem tem os pecados que vê nos outros (mesmo que os outros os tenham também). Por essa razão está em condições de julgar. Mas, porque quem julga até usa a verdade vezes sem conta para o fazer, não podemos considerar que o amor julga quando fala a verdade com o supremo motivo de clarificar questões que podem até glorificar a Deus e salvar quem ouve. O amor é verdadeiro e quem é verdadeiro fala a verdade. Quando falamos a verdade em Deus não nos podemos comparar a quem o faz por motivos de juízo injusto ou profano, ou ainda com motivos de esconder e encobrir seus próprios pecados. Se o diabo usar a Bíblia para alcançar seus fins, deixarei eu de usá-La porque o diabo a usa?

Nunca vi alguém falar a verdade oportunamente sem que tal haja suscitado um retorno favorável a quem ouviu e também a quem falou. Não vemos os fariseus responderem mal a João Baptista, pois sabiam que estavam em pleno erro, ou então nunca se deslocariam até ao deserto para confessarem pecados pelo nome e baptizarem-se logo ali para aquele arrependimento que traria obras que produziria fruto futuro. Vemos como estes fariseus que ali se deslocaram aceitavam a repreensão de João, vemos como em vez de se insurgirem, eles dobravam sob a verdade. É um crime horrendo que um pregador da palavra tema dizer a verdade com receio de perder a amizade de quem o ouve, ou de estar a ser ofensivo ou julgador injusto e impreciso. João era curto e recto em todas as palavras que usava, medindo-as muito bem, sendo bastante preciso; mas não era grosso e por isso estava cheio do Espírito Santo. Vemos que os resultados da sua pregação se estenderam muito para além dos anos, pois vemos convertidos seus pregando muitos anos mais tarde a nova sobre o Messias que nunca virams e sem nunca haverem passado por Pentecostes sequer. Por certo, haveria muitos que passaram por Pentecostes que nem por sombras faziam o que alguns discípulos de João fizeram, como Ananias e Safira fizeram por exemplo (Act.5). Os efeitos daquelas pregações no deserto eram duradouras e devastadoras para o pecado, mesmo sendo monótonas e repetitivas para alguns, sempre sobre arrependimento, usando muitas vezes as mesmas palavras; mas sabemos que o coração de João era sempre novo cada dia, mesmo que sua pregação fosse repetitiva e monótona. Temos o próprio testemunho de Jesus dizendo que não existiu alguém maior que João.

Quando os pregadores de hoje começarem a arranjar suas próprias vidas em Cristo, quando estes estiverem tão limpos como João estaria então, quando suas consciências estiverem imaculadas, só por si serão uma pregação e é de esperar que suas atitudes e palavras nos púlpitos mudem também. Não é de esperar que um pregador de consciência manchada fale como João, mas é de esperar que um de consciência limpa e em Deus fale como ele ou ainda melhor e mais claro. Vemos Pedro acusar as pessoas depois de Pentecostes dizendo de todo coração que "Mas vós negastes o Santo e Justo e pedistes que se vos desse um homicida (Barrabás)", Act.3:14. Que aconteceu após estas palavras acertadas e oportunas? As pessoas converteram-se sob o peso da verdade. Muitos pregadores não fariam tal coisa tal qual Pedro fez ali. A verdade usada por Deus é uma arma que cura depois de ferir num só golpe sem dó. Que os nossos pregadores aprendam a usar a Palavra justamente também. Amem.

José Mateus

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